Semana De Arte Moderna - Prof. Kelly Mendes - Literatura

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“Manifestado especialmente pela arte, mas manchando também com violência os

costumes sociais e políticos, o movimento modernista foi o prenunciador, o preparador e

por muitas partes o criador de um estado de espírito nacional. A transformação do

mundo, com o enfraquecimento gradativo dos grandes impérios, com a prática europeia

de novos ideais políticos, a rapidez dos transportes e mil e uma outras causas

internacionais, bem como o desenvolvimento da consciência americana e brasileira, os

progressos internos da técnica e da educação, impunham a criação de um espírito novo

e exigiam a reverificação e mesmo a remodelagem da Inteligência nacional. Isto foi o

movimento modernista, de que a semana de arte moderna ficou sendo o brado coletivo

principal.”

Revezamento do poder nacional executada na República Velha pelos estados de São Paulo-produção de café - e Minas Gerais - maior pólo eleitoral do país

da época e produtor de leite.)

SURGIMENTO DA BURGUESIA INDUSTRIAL, PRINCIPALMENTE EM

SÃO PAULO

A Primeira Guerra Mundial gerou um surto de industrialização e

consequentemente urbanização, isso significou o surgimento de uma

burguesia industrial cada dia mais forte, mas marginalizada pela política

econômica do governo, voltada para a produção e exportação do café.

Que se dirigiam para regiões economicamente prósperas , tanto na zona

rural, onde havia o café, como na zona urbana, onde estavam as indústrias.

Nesse período, o Brasil recebeu cerca de 1,5 milhão de imigrantes.

Uma burguesia de caráter

reivindicatório, formada

entre outros, por

funcionários

públicos, comerciantes, m

ilitares, e profissionais

liberais, descontentes

com as pressões dos

“barões de café”, da alta

burguesia e também pelo

operariado.

A massa urbana em São Paulo era constituída de tipos muito

diversos. Poderíamos encontrar pela cidade andando na mesma

calçada, um barão do café, um operário anarquista, um padre, um

burguês, um nordestino, um professor, um negro, um

comerciante, um advogado, um militar..., realmente uma

“paulicéia desvairada”

ANTECEDENTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA

•1911 - Oswald de Andrade funda o semanário

humorístico O Pirralho.

•1912 - Oswald de Andrade traz da Europa ideias futuristas de Marinetti

- Último passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde.

•1915 - Marco inicial do Modernismo em Portugal => Revista Orpheu

(Almada Negreros, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro).

•1916 - Primeira redação de Memórias Sentimentais de João

Miramar, de Oswald de Andrade.

•1917:

- Oswald de Andrade conhece Mário de Andrade.

- Mário de Andrade (=Mário Sobral) publica o livro Há uma gota de

sangue em cada poema.

- Menotti del Picchia publica o poema regionalista Juca Mulato.

- Guilherme de Almeida publica Nós, poesias de cores passadistas.

- Manuel Bandeira estréia com o livro Cinza das Horas.

- Cassiano Ricardo publica A frauta de Pã (moldes parnasianos).

- O Pirralho publica a primeira versão de Memórias Sentimentais

de João Miramar, com ilustrações de Di Cavalcanti.

- Di Cavalcanti realiza exposição de caricaturas em São Paulo.

- Rumorosa exposição de Anita Malfatti / Crítica de M. Lobato =>

Paranóia ou Mistificação ? / Apoio de Mário de Andrade, Oswald de

Andrade, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Di Cavalcanti.

1917 - Exposição de Anita Malfatti.

•1918 - Publicação de Messidor, de G. de Almeida.

- Publicação de Carnaval, de M. Bandeira.

•1920 - O grupo de jovens modernistas descobre um jovem escultor, Victor

Brecheret, criador do “estado de espírito”, segundo os modernistas.

Segundo Mário de Andrade , Brecheret foi o criador do “estado de espírito”

dos modernistas, e afirma: “Porque Victor Brecheret, para nós, era no

mínimo gênio”

•1921 - Manifesto do Trianon, em homenagem a Menotti del

Picchia, por ocasião do lançamento de seu livro As Máscaras / Crítica de

Oswald de Andrade aos passadistas em defesa da arte moderna.

-Mário de Andrade escreve as poesias de Paulicéia Desvaiarada.

- Mestres do Passado => série de artigos críticos, escritos por Mário de

Andrade, sobre os poetas parnasianos, que ainda dominavam o

ambiente literário oficial => escândalo.

- Exposição de Di Cavalcanti - Fantoches da Meia-Noite. /

Encontro com Graça Aranha =>idealização da Semana de Arte

Moderna.

Foi, como se esperava: um

notável fracasso, a recita de

ontem da pomposa Semana de

arte moderna, que melhor e

mais acertadamente deveria

chamar-se: Semana de Mal- às

artes.(Correio Paulistano. São Paulo, 18 fev. 1922)

Não é só um problema de

estética, mas deve ser estudado como

fenômeno de patologia mental. Todas

as extravagâncias do futurismo

originam-se de um verdadeiro estado

de espírito mórbido.(Folha da Noite. São Paulo, 15. Fev. 1922)

O desejo incontido de “chamar a atenção” e

ingenuidade de certos espíritos desprovidos

de qualquer preparo, o desequilíbrio de

alguns cérebros e o verdor da mocidade são

os principais motivos e o que caracteriza os

adeptos dessa escola. Criar é um privilégio de

gênio e , evidentemente, futurista não pode

ser gênio.

( Folha da Noite. São Paulo, 16 fev. 1922)

Da Noite

Nós, que pensamos que a grande arte

deve ser compreendida, por

todos, esperamos, cheios de

curiosidade, a realização desse certame

e prometemos desde já, a nossa crítica

severa contra a iniciativa.

(A gazeta. São Paulo, 30 jan. 1922)

A Semana de Arte Moderna está

para acabar. É pena porque , com

franqueza, se do ponto de vista

artístico aquilo representa o

definitivo fracasso da escola

futurista, como divertimento, foi

insuperável.

(A gazeta. São Paulo, 22 fev. 1922)

De um lado artistas de fama faziam

versos, recitavam trechos de

prosa, enchiam o ambiente de harmonia.

De outro alguns indivíduos , que

chegaram a envergonhar o gênero

humano, por dele conservarem apenas o

“aspecto”, ladravam e cacarejavam.

(Jornal do comércio. São Paulo, 18 fev. 1922)

13 de fevereiro – 1º festival

Exposição de telas: Anita Mafalti, Di Cavalcante, John Graz, Zina Aita, Almeida Prado e Vicente do Rego.

Esculturas: Victor Brechetet.

Projetos de arquitetura: Antonio Moya e George Przirembel.

Conferências: A emoção estética na arte moderna, de Graça Aranha; A pintura e a escultura moderna no Brasil, de Ronald de Carvalho;Palestra sobre estética, de Mário de Andrade.

Apresentações musicais: D. Edriophtalma (Eric Satie), de Ernani Braga; Octeto – três danças africanas: farrapos, Kaukulus e Kankikis de Villa-Lobos.

Declamação de poemas: Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.

15 de fevereiro – 2º festival Conferências: Arte e

estética, de Menotti Del Picchia;

Perennis poesia, de Renato de

Almeida.

Apresentações musicais: Guiomar Novaes

Declarações de Poemas: Os

sapos, de Ronald de Carvalho; A

escrava que não é Isaura, de

Mário de Andrade; e outros

textos.

Apresentações de danças: Yvonne Daumerie.

Os Sapos – Manuel Bandeira

Enfunando os papos,Saem da penumbraAos pulos, os sapos.A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,Berra o sapo-boi:

- "Meu pai foi à guerra!"- "Não foi!" -- "Foi!" -- "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,Diz: - "Meu cancioneiroÉ bem martelado.

Vede como primoEm comer os hiatos!Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos.

O meu verso é bomFrumento sem joioFaço rimas com Consoantes de apoio.

Que soluças tu,Transido de frio,Sapo cururuDa beira do rio...

“Mas como tive coragem pra dizer versos diante duma vaia tão

barulhenta que eu não escutava no palco o que Paulo Prado me

gritava da primeira fila das poltronas?... Como pude fazer uma

conferência sobre as artes plásticas, na escadaria do

teatro, cercado de anônimos que me caçoavam e ofendiam a

valer?...”

17 de fevereiro: 3º festival

Conferência: Reafirmação dos

objetivos fundamentais do

modernistas brasileiro.

Apresentações musicais: Villa-Lobos, Alfredo Gomes, Ernani

Braga, Paulinha d’Ambrósio, Lima

Viana, Maria Emma, Lucília Villa-

Lobos, Pedro Vieira e Antão Soares.

“Não se trata de futurismo e sim de um calo arruinado...”

Oswald de AndradeMário de AndradeManuel BandeiraGraça Aranha

Klaxon – primitivista e futurista

divulgar as propostas do

modernismo;

Manifesto da poesia pau-brasil

– incentivar a integração entre

as tendências

nativa, colonizada, tradicional

e moderna.

Movimento Verde-amarelo e

Escola da Anta- adoram o tupi e

a anta como símbolos nacionais.

Manifesto regionalista-

valorização das tradições

nordestinas;

A revista – difundir o

Modernismo em MG;

Festa – grupo espiritualista;

Revista Antropofagia- contre

Verde –Amarelo. Inspiração:

Abaporu. Duas dentições:;