Slide Ilha das Bruxas

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POR QUE FLORIANÓPOLIS

É CONHECIDA COMO

“ILHA DAS BRUXAS”?

CARTAZ COM MAPA CONCEITUAL DA PESQUISA

HISTÓRIA / ORIGEM DE FLORIANÓPOLIS

Os primeiros habitantes de Florianópolis foram os índios tupi-guaranis que viviam da pesca e da agricultura.

Os primeiros europeus a virem para o litoral catarinense datam por volta do século XVI (16).

A fundação efetiva do povoado de Nossa Senhora do Desterro (atualmente Florianópolis) se deu com a iniciativa do bandeirante paulista Francisco Dias Velho, em 1673.

O efetivo povoamento da região ocorreu entre 1748 e 1756, com a chegada de cerca de 6.000 (seis mil) colonizadores açorianos e algumas centenas de madeirenses.

No século XIX (19), Desterro foi elevada a categoria de cidade. Tornou-se capital da Província de Santa Catarina, em 1823, quando o Imperador D. Pedro II visitou a capital.

A ilha de Santa Catarina traz, junto com a sua história, as lendas de um lugar encantado e misterioso. As lendas falam de reuniões de bruxas, bruxas que atacam pescadores, que roubam barcos, que voam em vassouras bruxólicas

As lendas contam sobre dois tipos de bruxas: a terráquea – bruxa por opção própria – e, a espiritual – predestinada devido ao fato de ser a sétima filha de um casal sem varões (homens). De acordo com a tradição, para se evitar essa maldição, a irmã mais velha deve batizar a mais nova.

FOLCLORE: LENDA E MITO

As crenças, costumes, tradições e histórias sobre bruxas foram trazidas pelos colonizadores vindos da Ilha dos Açores.

Aqui, na Ilha de Santa Catarina, elas tinham como atividades de curandeiras, parteiras e conselheiras.

A palavra bruxa ou feiticeira foi transferida para as mulheres vivas ou mortas que realizavam magia negra e encantamentos para o mal.

Tudo isso faz parte do nosso folclore.

FOLCLORE é a cultura de origem popular, constituído de costumes e tradições populares transmitidos de geração em geração.

Folk = povo lore = saber

As LENDAS brasileiras são originárias da mistura dos povos, da nossa colonização, da nossa cultura. Elas não são mentiras e nem verdades absolutas; são histórias que passam de geração em geração, que resistem ao tempo e povoam o imaginário das pessoas.

O MITO, por sua vez, é a personagem da qual a lenda trata.

FRANKLIN CASCAES

Franklin Joaquim Cascaes nasceu em sua casa, em Itaguaçu, em 16 de outubro de 1908.Os pais dele se chamavam Serafim Joaquim Cascaes e Maria Catarina Cascaes. Eram muito religiosos e devotos de Santo Antônio.Quando criança estudou em escolas isoladas existentes em sua região. Parou certo tempo de estudar para ajudar o pai na lavoura e no trabalho da pesca. As obrigações religiosas eram observadas com rigor: a família acompanhava e participava de diversos eventos religiosos.Com 21 anos de idade ainda não tinha concluído os estudos. Trabalhou como servente na Escola Profissional Feminina. Ao mesmo tempo em que trabalhava, nessa época, conseguiu terminar os seus estudos e chegou ao posto de professor na Escola Técnica Federal de Santa Catarina. Nesse lugar ensinou escultura, desenho, modelagem e alfaiataria.

Mais tarde, com idade madura, Franklin casou-se com a professora Elizabeth Pavan. Não tiveram filhos porque ela não podia tê-los. Em abril de 1970, Franklin fica viúvo.

Em seguida, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou o Museu de Antropologia. No setor de pesquisa organizaram-se coleções de artefatos e de arte popular de origem regional. Franklin foi convidado para trabalhar no Museu e organizou grandes exposições com temas de tradições ligados pelos açorianos.

Além de suas esculturas realizadas em argila, que retratavam religiosidade, brincadeiras infantis e outros, também se sobressaiam seus desenhos feitos com nanquim bico-de-pena. Enfim, artista, folclorista e professor, Franklin Joaquim Cascaes faleceu em 15 de março de 1983. Criou e recriou imagens, figuras variadas, deixou escritos da cultura açoriana e dos florianapolitanos, incluindo seus costumes, tradições, crenças e suas bruxas.

 

OBRAS

Principais obras

Contos

•Balanço bruxólico •Nossa Senhora, o linguado e o siri •A Bruxa metamorfoseou o sapato •Balé das mulheres bruxas •Mulheres bruxas atacando cavalos •O Boitatá •Mulheres dando nós em caudas e crinas de cavalos

Livros

•O Fantástico na Ilha de Santa Catarina (Volumes 1 e 2)

foto/divulgação: Dieve Oehme

Desenho feito a bico-de-pena por Franklin CascaesEm suas andanças pelo litoral de Santa Catarina, Franklin Cascaes registrava tudo o que via e ouvia em relação às manifestações culturais. Desenhos, textos e gravações sobre as Festas do divino, boi-de-mamão, tradições diversas, lendas e crenças locais, além de trechos autobiográficos fazem parte de um rico acervo.

obra_franklin_cascaes.jpgbruxapreta.blogspot.com

Imagem: montagem da obra “Viagem bruxólica”, de Franklin Cascaes e

o brasão ...

carnavalescosc.com.br

Velha Bruxa / 1960 / Nanquim sobre papel pardo / 0,335x0,525 mhttp://www.clicrbs.com.br/especial/sc/rbs30anos/81,0,564,17775,Franklin-Cascaes.html

A Bruxa Grande / 1976 / Nanquim sobre papel / 0,650x0,431 mhttp://www.clicrbs.com.br/especial/sc/rbs30anos/81,0,564,17775,Franklin-Cascaes.html

Bruxa fera da Ilha da Madeira / Nanquim sobre papel e colagem / 0,664x0,502 m http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/rbs30anos/81,0,564,17775,Franklin-Cascaes.html

Bruxa dos tempos modernos / 1976 / Nanquim sobre papel / 0,655x0,475 mhttp://www.clicrbs.com.br/especial/sc/rbs30anos/81,0,564,17775,Franklin-Cascaes.html

BRUXAS: CONCEITO, PERFIL, PRECONCEITO ÀS BRUXAS, LOCAIS DE OCORRÊNCIA BRUXÓLICAS EM FLORIANÓPOLIS

Conceito

No conto “Noites de encantamento”, de Raul Caldas Filho, a personagem Sinhá Vitelina, do Ribeirão da Ilha, diz que:

“bruxaria é a maldade que ainda domina o mundo e se aloja na cabeça das pessoas. É o ódio, a inveja, o despeito, a luxúria, a violência, a maledicência, a ganância, a roubalheira, a injustiça, a desigualdade, a guerra, o querer a desgraça dos outros. [ ... ]. Tem também os vícios, como o cigarro e o álcool, provocações que vêm do reino maligno. E o dinheiro, invenção demoníaca, ainda comanda as ações dos homens. Tudo isso é bruxaria. É preciso acreditar nas bruxas, para lutar contra elas”. (13 Cascaes, p.86)

De uma forma geral, nos dicionários da língua portuguesa, bruxa significa:

“mulher que usa forças supostamente sobrenaturais para causar o mal, prever o futuro e fazer feitiços; mulher má e/ou feia; boneca de trapos”. (HOUAISS, 2004. p 113)“mulher que faz bruxarias; feiticeira”. (AURÉLIO, p 154)

PRECONCEITO COM AS BRUXAS

As bruxas da Ilha tinham uma vida muito melhor se comparadas às que foram perseguidas pela Inquisição. Lá, quando descobertas, precisavam fazer uma confissão de arrependimento, sob tortura, para exorcizar o demônio que havia dentro delas.

Aqui, a acusada só recebia uma surra e um banho com água salgada. Na Europa, elas acabavam sempre na fogueira, independente de confissão. Em Florianópolis, o isolamento já as condenava, não havia acusação; a punição era sempre a mesma.

Os antigos também diziam que a 7ª filha de um casal sem filho homem, a 1ª filha deve batizar a irmã mais nova.

Também, são utilizadas réstias de alho dentro de casa para se proteger contra as bruxas.

Com o tempo, as bruxas foram substituídas por médicos, boticários e farmacêuticos.

LUGARES

Para ser bruxa, a iniciação acontece às sextas-feiras ao crepúsculo. Os lugares preferidos são as casas mal-assombradas, grutas de pedra, ranchos de canoa de pescadores e beira de praias isoladas.Os lugares, em Florianópolis, onde mais fatos bruxólicos ocorreram foram:

•PONTA DAS CANAS;•RIBEIRÃO DA ILHA;•PÂNTANO DO SUL;•LAGOINHA DO JACARÉ DO RIO TAVARES;•SERTÃO DO PERI;•LAGOA DA CONCEIÇÃO.

PERFIL DAS BRUXAS

Pelas histórias infantis, desenhos animados e filmes, normalmente, as bruxas são narigudas, tem verruga no nariz, são desajeitadas de corpo, são más, tem vassouras para voar, tem caldeirão e usam poções mágicas para fazer seus atos bruxólicos (exs.: bruxa dos Sete Mares, bruxa de João e Maria, as bruxas de Avalon).

Mas, também temos, por outro lado, a bruxa que se apresenta elegante e bonita (ex.: bruxa da Branca de Neve).

Franklin Cascaes, em seus desenhos e coletas de dados, apresenta-as sob todas as formas apresentadas acima.

No conto “Uma noite de profunda insônia solitária”, de Amilcar Neves, elas “são um horror de feias, malvadas a mais não poder e inteiramente submissas aos caprichos diabólicos de Lúcifer, o anjo caído”. (13 Cascaes, p.31)

Neste mesmo conto, elas também são lembradas sob outras formas: “Ilha das velhas faceiras e, também, das moças prosas as bruxas dos teus recantos são lindas que nem as rosas”. (p.31)

“Não param de chegar mulheres por todos os lados. Chegam, se despem, pegam o vaso do unto sem sal, untam com ele os corpos nus uma das outras, riem muito, invocam a fórmula mágica – “Por debaixo do telhado e por riba do silvado, já vamos com mil diabos” – e vão se mostrando mais bonitas do que qualquer rosa”. p.32)

“Trata-se de uma bruxa negra, um corpo lindíssimo, de misse para levar Nova Iorque. Chego a engasgar-me só de vê-la vir requebrando, dengosa, toda nua, untada, untuosa. Ela se aproxima muito pertinho, muito junto, aperta Franque contra o peito, os seios firmes espetando suas faces, entrando-lhes pelas orelhas. Enquanto ela se enrosca pelo corpo dele, sussurramente, ronronante, os quadris inquietos, as coxas impacientes, ela ainda encontra tempo e, em especial, sangue frio para me aconselhar”. (p.32)

No conto “Noites de encantamento”, de Raul Caldas Filho, a bruxa que está se iniciando pronuncia as seguintes palavras mágicas: “ Por cima dos silvados e por baixo dos telhados, já vamos com mil diabos”. E saem por aí para praticar as suas malas-artes. Existem também os Congressos Bruxólicos, uma vez por ano, que contam com a presença do próprio Demônio. (13 Cascaes, p.85)

REZA PARA AFASTAR BRUXA

TREZE RAIO TEM O SÓLI, TREZE RAIO TEM A LUZ,

SARTA DIABO QU´ESTA ALMA NÃO É TUA.

TOSCA MAROSCA, RABO DE ROSCA, VASSOURA NA TUA

MÃO,

RELHO NA TUA BUNDA E AGUILHÃO NOS TEUS PÉ.

POR RIBA DO SILVADO E POR DEBAXO DOS TELHADO,

SÃO PEDRO, SÃO PAULO E SÃO FONTISTA,

POR RIBA DA CASA SÃO JOÃO BATISTA.

BRUXA, TATARA-BRUXA TU NÃO ENTRA

NESTA CASA POR TODOS OS SANTOS DOS SANTOS.

AMÉM.

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS:

CARDOSO, Flávio José. MIGUEL, Salim. 13 Cascaes. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 2ª reimpressão, 2009.

Minidicionário Aurélio

Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Organizado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C ltda. - 2ª ed. rev. E aum. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

DVD FRANKLIN CASCAES. Documentário. Série Alma de Artista. Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes. 2008.

www.maryjolinguas.blogspot.com, em 06/10/2011

http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/rbs30anos, em 28/11/2011.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Franklin_Cascaes, em 06/10/2011.