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SOCIABILIZAÇÃO DO BRASILEIRO
Metodologia da Pesquisa
Para o presente estudo foram u/lizados dados encontrados na Internet,
de Ins/tutos idôneos na área de pesquisa, bem como papers, ar/gos e
trechos de livros de autores renomados das áreas de Sociologia,
Comunicação e História, além de entrevistas realizadas por conhecidos
veículos de comunicação do país.
Presença do Brasileiro na Internet
O Brasil é o país mais presente em redes
sociais. De acordo com a Nielsen, que realizou
estudo durante o mês de abril, 86% dos
internautas brasileiros estão presentes em sites
do segmento. No total, mais de cinco horas
foram gastas com sites como Orkut, YouTube e
TwiNer no mês, somente no Brasil.
Fonte: ADNews 16/06/2010
Mas por quê o
brasileiro è tão
sociável?
Historicamente e sociologicamente existem 3 possíveis
explicações para a alta sociabilidade do brasileiro:
1 Festas
3 Informalidade e Oralidade
2 Personalismo
1Festas
O estudo das Festas no Brasil As FESTAS consitutem um tema privilegiado pelos estudiosos brasileiros no âmbito da sociabilização. Mas são poucos os textos que buscam uma apreensão ideológica do tema.
As festas, no período colonial, serviam como elemento de compressão de tensões sociais.
Eram patrocinadas pelo Estado e a Igreja.
Por muitos anos, a insa/sfação da população que habitava a colônia foi abafada por inicia/vas que visavam distrair a grande massa.
Romarias, saraus, entrudos (carnavais) e até enterros públicos eram mo/vos para celebrar.
Congado em São João Del Rei.
Adaptação das Festas Através da incorporação de negros, mulatos e índios, tais eventos tenderam a adquirir uma cor local.*
*Termo extraído do texto de Caio Boschi Espaços de sociabilidade na América Portuguesa e historiografia brasileira contemporânea.
Acréscimos culturais: celebrações como a Lavagem do Bonfim e os Congados estão repletas de sincre/smo religioso e mistura de culturas forçada pelo contexto histórico-‐geográfico.
A lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim em Salvador é feita por baianas adeptas do Candomblé, que associam Oxalá ao Senhor do Bonfim.
Festas e resistência cultural
Segundo Silvia H. Lara, em Campos da violência: escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro, estas manifestações populares representavam também uma forma de resistência cultural, que acabava por preservar a iden/dade cultural daquele grupo.
Acomodação e Neogciação vistas como estratégias de resistência na preservação de sua iden/dade.
Portanto…
O brasileiro possui uma tradição histórica de promover festas e integração.
As festas podem aqui ser entendidas como fator de preservação da idenNdade dos mais desfavorecidos.
A submissão do índio e do negro ao europeu gerou um
sincreNsmo cultural e religioso, o qual favoreceu a preservação das idenNdades originais ou pelo menos parte delas.
Aplicando às Redes Sociais
A iden/dade con/nua a ser construída em espaços públicos, mas agora
digitais, e o testemunho/interação com o “outro” mantém-‐se essencial.
As festas ainda são locais de integração e interação, mas a rede possibilitou
extender as relações para os momentos que precedem (Data, local e hora
da festa podem ser discu/dos com todos os convidados, independente do
número) e sucedem o evento (registros da festa: comentários verbais e
fotos).
2Personalismo
O Sistema de Dádivas
Marcel Mauss aprofunda a idéia de Durkheim acerca da existência de uma
obrigação social coleFva que se impõe sobre as diferenças individuais, para
assegurar a reprodução social, mas supera o « pai fundador » ao reconhecer que
tais diferenças individuais contêm em si o germe da totalidade e, por isso, essas
partes (os indivíduos ou grupos de indivíduos) contêm, igualmente, as sementes da
autonomia e da liberdade.
Trecho extraído da pág. 6 do texto de Leonardo MoNa: Dádiva e Sociabilidade no Brasil, publicado na Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 6, volume 13.
“
”
Dádiva =
Dar, Receber e Retribuir
O Sistema de Dádivas
A dádiva é comum em países de 3°
Mundo, em que sendo o Estado
ineficiente e a racionalidade econômica
caó/ca, os grupos tendem a organizar-‐se
de forma a suprir suas necessidades
básicas usando sistemas de reciprocidade,
como os mu/rões.
Mu/rão de voluntários do Projeto um Teto para o Meu País contrói casas em periferia no Brasil.
O Sistema de Dádivas no Brasil
No país, o estudo foi incialmente associado ao clientelismo políNco.
Noção de permanente endividamento do doador
face ao donatário.
O mais importante é não ferir o código moral
vigente: a lealdade do eleitor e o bem material
visto sob o prisma emocional.
Uma troca…
Amizade, carinho e reconhecimento
Favores pessoais, profissionais e
polí/cos
Lealdade do eleitor Doação Material
Visão do donatário
Visão do doador
ANtude do donatário
ANtude do doador
O Sistema de Dádivas no Brasil
Muito u/lizado no Coronelismo Nordes/no, em
que havia frequentemente uma relação de
“apadrinhamento.”
Segundo Sérgio Buarque de Holanda, a sociedade
brasileira tende ao personalismo, o uso de
contatos pessoais para assuntos profissionais e
vice-‐versa. Tal caracterís/ca teria sido uma herança
lusitana.
Geração do Dito Popular
Vale mais um amigo na praça do que dinheiro no bolso.
Trecho extraído da pág. 8 o texto de Leonardo MoNa Dádiva e Sociabilidade no Brasil, publicado na Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 6, volume 13.
“
”
O Jeitinho Brasileiro
O jeiFnho brasileiro surge como vetor através do qual a sociedade brasileira estabelece uma igualdade e uma jusFça social que se consubstanciam, não através de um acesso justo de todos aos bens materiais e nem mesmo pelo tratamento igualitário dispensado a todos por parte das diferentes insFtuições sociais e do Estado brasileiro. Ele se expressa através de uma hierarquia de necessidades que desconhece desigualdades sociais e igualdades legais e se volta, exclusivamente, para as desigualdades situacionais num claro indício de que o indivíduo, tomado como referência, não é o cidadão brasileiro definido pelo nosso sistema legal, mas o cidadão brasileiro definido por um sistema moral, e parte de uma totalidade mais ampla que a sociedade: a humanidade.
Trecho extraído de Barbosa 1992:134 apud MoNa 2002:115
“
”
O Jeitinho Brasileiro
Foi a deixa para a criação de expressões autoritárias do /po: “Você sabe com quem está falando?”
Intenção de subs/tuir o indivíuo por pessoa, deixando de lado as formalidades em favor da construção de um laço social direto.
Segundo Barbosa (1992), o jeito é diferente do favor, uma vez que, enquanto se pode dar um “jei/nho” com qualquer pessoa, ao se pedir um favor deve-‐se saber com quem se está tratando.
Conhecido como o modo que os brasileiros têm de driblar trâmites burocráNcos.
O Jeitinho na visão do estrangeiro
Exagero na in/midade, burocracia, falta de planejamento e impontualidade.
Mas também um ambiente de trabalho mais informal e descontraído: maior facilidade na convivência.
Um bom trabalho em equipe, melhor do que em outras nações. Os brasileiros possuem jogo de cintura para enfrentar problemas que aparecem sem aviso prévio.
Desde a invenção de Zé Carioca pelos Estúdios Disney, o JeiNnho Brasileiro tornou-‐se estereóNpo de todo brasileiro: malandro e mau trabalhador. Mas quem vem para o país a trabalho passa a ter uma outra visão. O JeiNnho provocaria:
O Jeitinho na visão do estrangeiro
Excesso de improviso pode deixar a impressão de desleixo.
Mistura de assuntos públicos e par/culares, sendo estes muito u/lizados como gancho no início de negociações.
Es/lo mais personalizado de liderar muitas vezes faz com que a hierarquia seja temida. Embalagem de batata frita usada como subs/tuta de cano
em sistema automo/vo.
Portanto…
O Sistema de Dádivas ou Jei;nho Brasileiro possui uma origem histórica, que remonta o desenvolvimento da nossa sociedade e a forma hierárquica de organização polí/ca e social.
O Jei;nho Brasileiro pode ser traduzido como uma maior informalidade e personalismo, mesmo em ambiente de trabalho, principalmente se feita uma comparação com outros países.
Aplicando às Redes Sociais
Aumento no uso das Redes Sociais para manter contatos de trabalho, sendo o LinkedIn um exemplo autên/co, por se declarar Rede de Contatos Profissionais. Contribui para enfa/zar o personalismo no ambiente de trabalho.
Em sites como o Orkut, comunidades de “categoria”, como dos “Publicitários”, “Médicos” e “Advogados” também formam grupos que discutem o mercado de trabalho e até oportunidades efe/vas de emprego.
No TwiNer encontra-‐se em ascensão perfis que divulgam vagas de estágio e trabalho. Como exemplo, tem-‐se o @trampos, com mais de 28.000 seguidores.
Twitter – Personalismo nas Redes
Perfil de Trampos no TwiNer.
3Informalidade e Oralidade
Informalidade e Oralidade
A própria cons/tuição histórica do país mostra um desenvolvimento de improviso, centrado sempre nos produtos de exportação, esquecendo-‐se a metrópole colonizadora de construir uma estrutura decente ao bom funcionamento do país. O Brasil era apenas uma grande mina de extração de riquezas. Com sua grande extensão, as leis nem sempre se faziam cumprir e a linguagem informal era apenas reflexo da desordem e do personalismo reinantes.
E se a colônia era vista exclusivamente como fonte de riquezas, os portugueses pouco interesse /nham em ensinar a gente daqui a escrever. Na verdade, /nham interesse no analfabeNsmo como forma de controle social, da mesma forma como u/lizavam as fes/vidades.
Uma cultura oral
De Portugal, foram trazidos apenas religiosos e
parte da elite como representates dos letrados.
Assim, apenas documentos religiosos e de Estado
eram escritos.
O Catolicismo imposto aos na/vos lhes era
repassado através da própria cultura oral. Alguns
jesuítas aprendiam canções em tupi e subs/tuíam
as letras por ensinamentos cristãos no próprio tupi,
a fim de gerar conversões mais eficientes.
Fonte: Jancsó, István eKanton, Iris, Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa
Ao povoar o Brasil, os portugueses tomaram uma série de medidas que reforçaram a oralidade do país.
Uma cultura oral
Apesar da diminuição do analfabe/smo, é grande o número de pessoas que não
compreendem integralmente aquilo que lêem. Segundo pesquisa do IBOPE, o
analfabe/smo funcional a/ngia 64% da população, em 2005.
Fonte: Censo de 2000 -‐ IBGE
Diminuição do
Analfabe/smo de 56%
para 13% em 60 anos.
Uma cultura oral
Sociedades baseadas na cultura escrita
tendem a conseguir informações sem a
necessidade de conversar/interagir
com o outro.
A absorção de cultura è independente
dos relacionamentos.
Contudo, no Brasil há um costume de as pessoas pedirem informações. Até mesmo
no caso de se precisar ler um manual, boa parte dos indivíduos tenderá a pedir
ajuda a alguém.
Para Maffesoli (2004), a comunicação é o que liga um
indivíduo ao outro, é o cimento social e a cola do mundo
pós-‐moderno. E quanto maior é a troca entre indivíduos,
mais se intensifica a relação.
A cultura oral no Brasil reforça tais pontos e traz à luz
uma forte caracterísNca do brasileiro: a sociabilidade.
Traços da Informalidade linguística
Como já citado, o informalismo linguís/co
reforça o personalismo nas relações que seriam
supostamente formais.
A diminuição do Analfabe/smo no Brasil se deu
de fato apenas no século XX, com o país
passando por uma forte industrialização. Foi o
tempo da modernização, com intensificação das
migrações campo-‐cidade e a eleição de um
governo democrá/co popu l i s ta , ma i s
assistencialista. Até então, o oral era
esmagadoramente a linguagem predominante.
Traços da Informalidade linguística
A oralidade reforçou o uso das
formas coloquiais, com criação de
expressões e ditos populares.
O uso frequente de alguns termos
no coloquial também provocou
mudanças na gramá/ca, que
passou a absorver algumas formas
de uso corrente.
Portanto…
O desenvolvimento tardio do Brasil como país e a tendência ao personalismo fizeram da linguagem oral e da informalidade as formas predominantes de comunicação, até mesmo na obtenção de cultura e informação.
Mesmo com a diminuição das taxas de analfabeNsmo, muitos brasileiros ainda não conseguem compreender o sen/do real dos textos, mostrando que no país ainda predomina a cultura oral.
A comunicação é o cimento social que une o brasileiro e o torna um povo altamente sociável.
Aplicando às Redes Sociais Há uma frequente reprodução da fala oral no meio digital, com estruturas que fogem à gramá/ca, como abreviações inexistentes, vírgulas fora de lugar e períodos escritos pela metade.
Uso das redes sociais como forma de manter contatos e cul/var relacionamentos, que antes demandavam presença para con/nuar.
Troca de mensagens leves, entendidas como fofocas, que segundo Wilson (2007) se cons/tuem em “Uma conversa entre duas pessoas cujo tema é uma 3ª pessoa que não está presente”. O quê remete diretamente à reprodução da informalidade em âmbito digital. Tal /po de troca têm dominado as conversas brasileiras, refle/ndo a dificuldade e pouco interesse da população em questões de cunho técnico-‐cien~fico ou até mesmo problemá/cas sociais.
Informalidade: Fofocas no Orkut
Informalidade: Fofocas no Orkut
Grande adesão a temas de fofoca (em amarelo) em contraste com temas mais sérios (em vermelho), como a problemá/ca dos trotes.
Revisão Bibliográfica -‐ Aguiar, Narla. Retratos da Leitura do Brasil. Ar/go do site do Ministério da Cultura (28/05/2008).
-‐ BOSCHI, Caio. Espaços de Sociabilidade na América Portuguesa e Historiografia Brasileira
Contemporânea.
-‐ Corrêa, Cynthia H. W. Uma Abordagem Teórica sobre a Formação de Tribos Virtuais: do Banal ao
Intelectual.
-‐ Mar/ns, Paulo H. As Redes Sociais, o Sistema da Dádiva e o Paradoxo Sociológico.
-‐ Mota, Leonardo de A. Dádiva e sociabilidade no Brasil, Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 6, volume
13(2): 107-‐123 (2002).
-‐ Pavarin, Guilherme. Acesso à internet cresce 8,2% no Brasil. Ar/go do site INFO (31/03/2010).
-‐ Sigollo, Rafael. O “jeiFnho brasileiro” na visão dos gringos. Ar/go do Jornal Valor Econômico
(04/01/2010).
-‐ Soban, Liv. Um olhar de Estrangeiro. Entrevista do site Canal do RH (05/2006).
-‐ Wilson, Tracy. Como funciona a fofoca. Ar/go do Site Como Tudo Funciona. (Possui referências
bibliográficas).
Contatos Camila Kawachiya Silveira
camila.kawachiya@gmail.com TwiNer: @camiks
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