Domínios Brasileiros - Campos Sulinos - Pampas Gaúchos

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Universidade Federal do Espirito Santo Centro de Ciências Humanas e Naturais - CCHN

Curso de GeografiaBiogeografia

DOMINIOS BRASILEIROS CAMPOS SULINOS – PAMPAS GAÚCHOS

Anderson, Bruno Lima, Gabriel Nogueira e Pedro Ozanan

Campos se referem a um tipo de vegetação composta predominantemente por gramíneas e outras herbáceas, classificado como Estepe no sistema fitogeográfico internacional, e que alimenta aproximadamente 65 milhões de ruminantes (BERRETA, 2001).

Campos Sulinos

No Brasil os Campos Sulinos também são conhecidos como: Campos do Sul, Campanha Gaúcha ou Pampa. Porém, os Pampas são apenas um pedaço das terras dos Campos Sulinos. O Bioma engloba também campos mais altos e algumas áreas semelhantes a savanas.

Área de Campos mais altos. Serra Gaúcha - RS Área Semelhante a Savana. Vista PanorâmicaCampos Gaúchos - RS

Campos Sulinos

Localização O Bioma Campos compreende 500mil km² (latitudes: 24° e 35° S; longitudes: 57° e 63° W), abrangendo o Uruguai, Nordeste da Argentina, Sul do Brasil, e parte do Paraguai (PALLARÉS et al 2005).

A parte brasileira do Bioma é conhecida como Campos Sulinos ou Pampa, e representa 2,07 % (176.496 km2) do território nacional. O seu reconhecimento como Bioma é recente, pois somente a partir de 2004 o Bioma Campos Sulinos foi desmembrado do Bioma Mata Atlântica.

Segundo o IBGE (2005), ele abrange a metade meridional do Estado do Rio Grande do Sul (RS), se delimitando apenas com o Bioma Mata Atlântica na metade norte do Estado

Clima Os Campos Sulinos são marcados por um clima subtropical, sendo caracterizado por altas temperaturas no verão, chegando a 35ºC, possuindo um inverno marcado com geadas podendo, também, haver a ocorrência de neve em algumas regiões, registrando temperaturas negativas.

Inverno nos Pampas.

Verão nos Pampas.

Santana do Livramento – RS Janeiro é o mês mais quente do ano com uma temperatura média de 24.9 °C. 12.5 °C é a temperatura média de Julho. Durante o ano é a temperatura mais baixa.

Fonte: climate-date.org

Fonte: climate-date.org

Pelotas – RS Janeiro é o mês mais quente do ano com uma temperatura média de 23.4 °C. A temperatura média em Julho, é de 12.7 °C. Durante o ano é a temperatura média mais baixa.

A precipitação média está em torno de 1200mm e 1600 mm anuais com chuvas concentradas nos meses de inverno sendo um clima frio e úmido (da Silva Júnior & Sasson,1995; Uzunian & Birner, 2001).

Santana do Livramento - RS

Precipitação

96 mm é a precipitação do mês Agosto, que é o mês mais seco. O mês de maior precipitação é Outubro, com uma média de 150 mm.

Pelotas – RSO mês mais seco é Novembro com 70 mm. A maioria da precipitação cai em Setembro, com uma média de 139 mm.

Destacam-se como rios importantes deste Bioma o Santa Maria, o Uruguai, o Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em três bacias hidrográficas: a do Uruguai, a do Guaíba e a Litorânea. Além disso, próximos ao litoral existem muitos lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior da América Latina, com 265 km de comprimento.

Hidrografia

Mapa Hidrográfico.

Vegetação

A vegetação é predominantemente herbácea, com alturas que variam de 10 a 50 cm, dentre elas gramíneas, leguminosas e compostas, compondo uma paisagem homogênea.

Predominância de gramíneas.

Diversificação de vegetação gramíneas e arbustivas.

É mais diversificada nas proximidades de áreas mais altas, caracterizada por ser mais densa, arbustiva e arbórea nas encostas de planaltos, onde existem matas com grandes pinheiros, e ao longo dos cursos de água, além de haver a ocorrência de banhados (Chomenko, 2006).

Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados, ambientes alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido banhado é o de Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para preservação de tão importante ecossistema.

Ultimo grande alagamento em 2002.

Relevo

O relevo nos Campos Sulinos é suavemente ondulado, aplainado entre 500m e 800m de altitude. Predominam planícies, mas podem ser encontradas algumas colinas, na região conhecidas como “coxilhas”. Além das coxilhas existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são comuns.

Coxilhas no Rio Grande do Sul.

A extensão que comporta o maior percentual de área do Bioma é composta por quase toda parte da: Planície Litorânea, Planalto Sul-rio-grandense, Depressão Central e Planalto da Campanha, além de se estender também por parte do Planalto das Araucárias.

Geomorfologia

SoloNa região dos Pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são

normalmente procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas. Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo ”terra roxa“.

Solo conhecido como “Terra Roxa”, rica em Fe.

Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso.

Cor avermelhado do solo.

A partir do esquema de eventos geológicos que ocorreram nas unidades litológicas expostas no Pampa Olaen, em Córdoba, Argentina (modificado de Sureda et al., 2002) é possível transportar os dados para a realidade dos Campos Sulinos (ou Pampas do Brasil).

Litologia

Estimativas recentes indicam que esta região é composta de pelo menos 3.000 plantas vasculares, com 450 espécies de gramíneas e 150 de leguminosas, além de 385 aves e 90 mamíferos (Nabinger, 2007), sendo parte destas espécies chamadas endêmicas, pois só ocorrem neste ecossistema.

Ecossistema

Os campos pampeanos, na sua composição de flora e fauna, podem ser considerados tão importantes quanto uma floresta tropical, para a conservação da biodiversidade planetária. Entre as árvores de maior porte, que são fornecedoras de madeira, temos o louro-pardo, o cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira, a caroba, a canafístula, a bracatinga, a unha-de-gato, o pau-de-leite, a canjerana, o guatambu, a timbaúva, o angico-vermelho, entre outras espécies características como a palmeira-anã ( Diplothemium campestre ). Os campos sulinos possuem uma diversidade de mais de 515 espécies. Já os terrenos planos das planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-ondulado, são colonizadas por espécies pioneiras campestres que formam uma vegetação do tipo ‘savana aberta’ (Ambiente Brasil, 2007).

Estudo desenvolvido na região (Boldrini et al . 2006) dos campos de altitude, envolvendo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no entorno do rio Pelotas e afluentes, foram contabilizadas 1.087 espécies. As famílias com maior número de representantes foram: Asteraceae (277), Poaceae (238), Fabaceae (88), Cyperaceae (71), Solanaceae (31), Apiaceae (30), Rubiaceae (29), Lamiaceae (24) e Euphorbiaceae (23), as quais constituem 75% (809 spp.) do total de espécies. As demais famílias perfazem 25% (278 spp.).

Família Asteraceae. Família Poaceae. Família Fabaceae.

Entre os mamíferos, pelo menos 25 das cerca de 96 espécies continentais não-voadoras do Rio Grande do Sul habitam campos, sendo 14 de forma exclusiva e 11 de forma facultativa ou em combinação com outros hábitats (Eisenberg & Redford 1999, González 2001, Fontana et al. 2003, Reis et al. 2006, Cáceres et al. 2007, Bencke et al. no prelo);

Entre as aves, 120 das 578 espécies nativas continentais são primariamente adaptadas a hábitats campestres ou savânicos, o que representa 21% do total (Valério De Patta Pillar et al.2009);

Garcia et al. (2007) compilaram uma lista de 50 espécies de anfíbios para a ecorregião Campos, ou Uruguayan Savanna (sensu WWF 2001);

A região abriga 97 espécies de répteis segundo (sensu Morrone 2001).

Endemismo

Endemismos e espécies ameaçadas são indicadores importantes para a indicação de áreas para conservação e revelam locais com particularidades próprias. No pampa gaúcho, há, no mínimo, 2,5 mil espécies da flora e de trezentas a quatrocentas espécies de aves. Dessas 2,5 mil espécies da flora, 10% estão em situação de ameaça. Um dos animais mais ameaçados de extinção é o Gato dos Pampas (Felis Colocolo ), que mede 85 cm, sendo 25 cm de calda. O habitat dele se estende desde o Sul da Patagônia, por quase toda a Argentina, Chile, peru e Equador. É de hábito noturno, como a maioria dos felinos. No Brasil atinge até o Estado de Mato grosso do Sul, onde é encontrado em todo “chapadão”.

Pressões Antrópicas A economia da porção meridional, localizada na metade Sul, menos industrializada é baseada em atividades rurais, como a pecuária de corte. E apesar de abranger metade do território, a região concentra um quarto da população, sendo responsável por apenas 21% do PIB do Estado. É nesse contexto que se insere boa parte da extensão do Bioma Campos Sulinos, ou seja, grande parte de sua extensão, hoje, está ocupada por propriedades que lidam com o gado. (Observatório Social, 2008).

A agricultura também existe na região. O plantio de arroz, soja e eucalipto é responsável por grande parte do desmatamento e erosão do solo nos pampas. Porém, nenhuma das ameaças que circundam este Bioma, nos dias atuais, é tão preocupante como a expansão das plantações de árvores exóticas (eucalipto, pinus e acácia-negra) que vem ocorrendo na região.

O mapa da esquerda mostra a distribuição dos pampas e dos ecossistemas que o cercam, enquanto o mapa direito destaca as áreas remanescentes de vegetação característica dos campos sulinos (vermelho-escuro) as áreas de vegetação alterada (vermelho-claro).

Preservação x Conservação

Dentre as unidades de conservação existentes no Rio Grande do Sul das que abrangem o Bioma Campos Sulinos citamos duas importantes:

• Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã;

• Estação Ecológica do Taim.

APA do Ibirapuitã

A APA do Ibirapuitã está localizada na região sudoeste do Rio Grande do Sul, nos municípios de Alegrete (15,22%), Quaraí (12,22%), Santana do Livramento (56,81%) e Rosário do Sul(15,22%) num perímetro de 260 Km, fazendo divisão com o Uruguai.

Foi criada em 20 de maio de 1992 pelo Decreto Federal n°529. Possui uma extensão territorial de318.757,00 hectares.

Estação ecológica do Taim (ESEC Taim)

Estação Ecológica do Taim foi criada em 1978, é administrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Possui uma área de 33.815 hectares, situando-se na estreita faixa de terra entre o Oceano Atlântico e a Lagoa Mirim. Compreende partes dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul.

www.sentineladospampas.eco.br

O Pastoreio Racional Voisin é um sistema racional de manejo de pastagem que preconiza a divisão da área de pasto em várias parcelas, onde, na mesma, são fornecidos água e sal mineral. Além disso, os pastos são manejados de tal forma que, aumentam sua produtividade.

4 LEIS DO PASTOREIO RACIONAL VOISIN

DUAS RELACIONADAS ÀS PLANTAS

1ª LEI UNIVERSAL – LEI DO REPOUSO 2ª LEI UNIVERSAL – LEI DE OCUPAÇÃO.

DUAS RELACIONADAS COM OS ANIMAIS

3ª LEI UNIVERSAL – LEI DO RENDIMENTO MÁXIMO (LEI DA AJUDA).4ª LEI UNIVERSAL – LEI DOS RENDIMENTOS REGULARES

SingularidadesOs Campos Sulinos possuem algumas particularidades que os diferem

dos outros seis Biomas brasileiros.

Um pesquisador chamado Lindmann em 1906 fez a seguinte pergunta: “Por que tanto campo no RS se o clima seria favorável à presença de florestas ?

• Os períodos climáticos que ocorreram entre 42.000-10.000a.C. Desde a era gelo, as gramíneas dominam, indicando que o clima era frio e seco. Não havia árvores.

• Em 10,000 a.C as temperaturas se elevaram mas as araucárias não expandiram-se pois o clima permaneceu seco. A mata Atlântica migrou para o sul ao longo da costa onde as condições eram mais favoráveis.

• De 10.000a.C até os dias atuais o fogo tornou-se cada vez mais presente. Isto ocorreu provavelmente pela chegada de indígenas que se alimentavam da caça e realizavam o manejo do seu habitat.

• Em torno de 4000a.C o clima tornou-se úmido, permitindo a expansão das florestas. A velocidade de expansão aumentou grandemente até 1100a.C, levando a substituição das pastagens nativas pela floresta, formando grandes áreas florestais no planalto do RS. Porém esta expansão na ocorreu de forma a ocupar todo o espaço hoje ocupado pelos Campos Sulinos.

• Outros fatores surgiram já no século 17 com a introdução de equinos e bovinos por parte dos Jesuíta.

Importância de sua preservaçãoOs campos deste Bioma, pela sua diversidade biológica (flora,

invertebrados, peixes, répteis e anfíbios, aves e mamíferos), além dos fatores abióticos e pressão antrópica a que estão submetidos, estão contemplados como área de extrema importância biológica para conservação. Entre outros motivos para sua preservação, acrescenta-se o fato de que abaixo do solo dos Campos Sulinos está o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce subterrânea do mundo, dividida entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.

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