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Jogo do Brasil no Sábado (28/06) e a liberdade de consciência dos Adventistas do
Sétimo Dia
Lucas Samuel Rojo
Este é um assunto que toca em princípios de liberdade de consciência. Sobre isso,
existem alguns textos de exemplo:
(1) "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas,
mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas." 1 Coríntios 6:12
(2) "Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos mais
uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso
irmão." Romanos 14:12.13
(3) "Em questões de consciência, a alma deve ser deixada livre. Ninguém deve controlar o
espírito de outro, julgar por outro, ou prescrever-lhe o dever. Deus dá a toda alma liberdade de
pensar, e seguir suas próprias convicções." O Desejado de Todas as Nações, p. 550
Abaixo, inicia-se a argumentação sobre a razão dos textos dados acima, de uma
maneira mais simples para facilitar a compreensão.
(1) Paulo, o apóstolo, fala sobre atitudes pecaminosas entre os romanos, e, no verso 12, diz
que tudo é lícito para ele. Mas os males morais que ele menciona (9,10) não devem ser
alistados como "lícitos". O cristão tem a liberdade de fazer aquilo que Deus ensinou ser o mais
benéfico para a humanidade. Pode fazer qualquer coisa que esteja em harmonia com a
vontade de Deus revelada em Sua Palavra. O cristão, consciente de seu dever, não vai
entender estas palavras como permissão para se aventurar no mal, mencionado nos versos 9 e
10;¹
(2) Cada crente será responsável por si mesmo diante de Deus, em questões de consciência.
Paulo diz para não julgar, mas usa um trocadilho. O julgamento não é proibido na Bíblia:
a) "Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça" (João 7:24);
b) "Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado
por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar
os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!" 1 Coríntios 6:2,3
Deus deu aos seres humanos, representados de pessoas com autoridade para isso,
como no caso dos juízes e advogados, o conhecimento e a inteligência para resolver casos (gr.
kritêria, traduzido como "tribunais"). Paulo dá base à esse argumento dizendo que os salvos
haverão de julgar o mundo (v. 2) e os anjos [rebelados] (v. 3). Portanto, o tipo de julgamento
condenado na Bíblia, além do critério da aparência (a), envolve o ato de “condenar”:
c) "Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e
sereis perdoados;" (Lucas 6:37; ver também: Mateus 7:1,2; 6:14,15).
Em Mateus 7:1, Jesus Se refere em especial ao fato de julgar as intenções das pessoas,
não ao "discernir", que seria o fato de julgar se determinados atos são certos ou errados; afinal,
leis, princípios e normas, especialmente às contidas na Bíblia, servem para isso. Somente
Deus, que lê os pensamentos, pode julgar as pessoas segundo as intenções. Assim, quando
Paulo diz: "não nos julguemos", o significado é "não criticar uns aos outros", e em seu
trocadilho, dá duas razões para não fazer isso: (1) As pessoas deverão todas se
responsabilizar perante Deus sobre o uso da consciência; e (2) o amor cristão: "suportando-vos
uns aos outros em amor," (Efésios 4:2). Acima de tudo, ele enfatiza o risco de se colocar em
uma situação de se tornar “tropeço ou escândalo” ao irmão que é fraco na fé (Romanos 14:1),
ou seja, que não possui uma ampla compreensão dos temas envolvidos com a fé cristã.
Mesmo que o cristão deva, e seja livre para abandonar os critérios legalistas que anteriormente
tinha, o amor ao próximo é uma proibição de usar essa liberdade [em coisas boas] para
prejudicar o(a) irmão(ã) débil na fé [mesmo que não seja intencionalmente. Se esse é o caso, o
que o ato de frequentar cinema, teatro, estádios, etc., não poderia fazer nesse sentido? “E
deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo
que pecais” (1 Coríntios 8:12). ¹
(3) A mensageira do Senhor, Ellen G. White, dirige o pensamento sobre Romanos 14:12: A
liberdade que Deus dá, é plena, total. Deus nunca teve por objetivo que uma pessoa sirva de
consciência para outra(s). Nenhum(a) cristão(ã) deve submeter seu pensamento, sua liberdade
de pensar, ao pastor e aos anciãos de sua igreja, ou a quem quer que seja, por mais
conhecimento bíblico e/ou santidade demonstrem ter.
Portanto, em razão dos argumentos acima apresentados, se você pensa em “policiar”
seu(s) irmão(s) na fé na situação do jogo do Brasil no Sábado, pense melhor, se levante da
cadeira de juiz que pertence a Deus. Além do mais, faça tudo ao seu alcance para não realizar
uma obra que deve ser realizada pelo pastor e os anciãos de uma igreja local. E você, que é
um(a) cristão(ã) consciencioso(a), e pensa/planeja frequentar certos lugares não
recomendados nem na Bíblia, ou por EGW e também pela igreja (ver Manual da Igreja[2010],
p. 150,151 e 169), lembre-se de seus irmãos na fé, que não possuem ainda uma melhor
compreensão sobre o tema da liberdade cristã, por exemplo, e não se coloque numa situação
em que estes venham a sentir-se “escandalizados”, e sua atitude acabe se tornando um
pretexto para que eles errem ou mesmo abandonem a fé.
Um cordial abraço.
Referências
¹Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia/Francis D. Nichol (editor versão em inglês); Vanderlei Dorneles
(editor versão em português) – Série logos, [v. 5, p. 369; v. 6, p. 698, 703, 767, 768, 771 e 772]. Casa Publicadora
Brasileira, 2013, Tatuí, SP.
²Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, edição revisada na Assembleia Geral de 2010/tradução Ranieri Sales.
– 21ª ed., Casa Publicadora Brasileira, 2011, Tatuí, SP.
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