O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrer

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O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrer

Prof: GERSON DE SOUZA

A Morte, a figura sombria em que em nenhuma época o homem foi capaz de lutar contra ela. Um tabu que temos como a única certeza que temos na vida, que não conseguimos esquecê-la ou nega-la.

Tentamos controla-la com os avanços da

ciência, tendo a esperança de que as

contribuições com a medicina, ciências

humanas e sociais, possa tirar um pouco desta

inquietude que nos persegue desde quando

nos conhecemos por seres humanos. O

Homem, segundo a ciência, é o único ser vivo

que tem consciência da própria finitude.

EUTANÁSIA

Historicamente, as atitudes perante a morte foram passando de uma aceitação espontânea, sendo a ela incorporada como um fato natural, esperado e superado, para atitudes nas quais é considerada tau, vergonhosa, destruidora.

Os avanços científicos e tecnológicos de vários campos, aí se incluindo a medicina, contribuíram para estigmatizar a morte: não mais natural, mas sim inimiga a ser vencida a qualquer preço.

Questões como eutanásia, distanásia, doação de órgãos, prolongamento artificial da vida ou do morrer, entre outras, implicam repensar sérias questões bioéticas.Implicam também um repensar a formação dos profissionais de saúde, essencialmente voltada para o manuseio técnico da doença e a busca da sua cura.

Quando se fala aos médicos que se deve conversar abertamente com o paciente, em fase terminal, a respeito de sua doença e do estágio em que ela se encontra, observa-se uma enorme onda de protestos e negativas, sob a alegação de que ocultar do paciente essa informação é um “ato de caridade”.

Embora o local onde predominantemente a

morte ocorra seja, hoje em dia, o hospital,

quando do diagnóstico de uma doença que

levará o paciente á morte, a medicina

paliativa tenta resgatar o lugar da morte

como o natural, procurando assegurar que a

morte aconteça de forma digna, cuidadosa,

respeitosa e o menos dolorosa possível.

A MORTE NATURAL NO DOMICÍLIO

Nossa cultura ocidental não está preparada para enfrentar a morte. O consumismo, o culto ao corpo, o progresso, a valorização da juventude e a negação da velhice, entre outros, nos levam a esquecer que a morte existe. Não temos espaço para dialogar sobre o fim da vida.

Sabemos que morrer é uma parte do nosso

ciclo vital. Ela é um direito que todos os seres

humanos tem. Mas a morte não é aceita

pelas pessoas, não é entendida, é rejeitada

pela sociedade porque não estamos

acostumados nem fomos educados com a

idéia de que um dia morreremos. Não fomos

preparados para conviver com a morte.

A morte hoje, diante de tantos avanços

tecnológicos e científicos, tem sido

prolongada; a medicina quer estender a vida,

garantir a longevidade e a imortalidade,

talvez seja este um dos seus maiores desafios

atuais, mas ao mesmo tempo quer decidir por

meio de um grupo ou de uma equipe até

quando a pessoa deverá viver.

Os profissionais de saúde, em especial os médicos acreditam que têm obrigação de prolongar eternamente uma vida, criando um clima d tensão e ressentimentos muito grande em vários dias quando não consegue evitar a morte.

Se por um lado a tecnologia e a medicina tenha propiciado condições melhores de vida ao homem, por outro lado trouxe também à tona questões éticas sobre o retardamento do processo de morrer, ainda que não se tenha qualidade de vida.

Morrer com os melhores recursos tecnológicos nem sempre é o que o paciente mais necessita. A compreensão dos familiares, o apoio dos amigos, a solidariedade são os sentimentos que certamente devem envolver as pessoas no momento que estão morrendo.

Por que a morte nos causa tanto medo? Será que gostaríamos de ser imortais? Com tantas inovações, diagnósticos eficientes, novas técnicas cirúrgicas, medicamentos potentes, métodos sofisticados de prevenção de doenças, clonagem, células-tronco, cura para doenças raras, tudo isso nos leva a esquecer que a morte seja possível.

Com o objetivo de vencer os obstáculos existentes na formação dos profissionais e nas políticas de saúde que têm surgido algumas organizações, embora ainda incipientes, com o propósito de resgatar o exercício da essência da medicina. Porém, há necessidade de muito se fazer a fim de que possamos enxergar um horizonte digno, ético e eficaz no combate à dor e ao sofrimento de milhões de pessoas.

EUTANÁSIA

A eutanásia, atualmente, é conceituada como a ação que tem por finalidade levar à retirada da vida do ser humano por considerações tidas como humanísticas, à pessoa ou à sociedade, é ética e legalmente incorreta no Brasil.

O enfermeiro deve ser ciente do seu código de ética, o qual traz claramente em seu artigo nº 29, quanto às proibições: “Promover a eutanásia ou participar em prática destinada a antecipar a morte do cliente”.

DISTANÁSIA

A distanásia é sinônimo de tratamento fútil ou inútil, sem benefícios para a pessoa em sua fase terminal. É o processo pelo qual se prolonga meramente o processo de morrer, e não a vida propriamente dita, tendo como consequência morte prolongada, lenta e, com frequência, acompanhada de sofrimento, dor e agonia.

Quando há investimento à cura, diante de um caso de incurabilidade, trata-se de agressão à dignidade dessa pessoa. As medidas avançadas e seus limites devem ser ponderados visando a beneficência para o paciente e não a ciência vista como um fim em si mesma.

ORTOTANÁSIA

Ortotanásia é a arte de morrer bem, humana e corretamente, sem ser vitimado pela mistanásia, por um lado, ou pela distanásia, por outro, e sem abreviar a vida, ou seja, recorrer à eutanásia. Tem como grande desafio o resgate da dignidade do ser humano em seu processo final, onde há um compromisso com a promoção do bem-estar da pessoa em fase terminal.

Mistanásia; é também denominada de morte miserável, fora e antes da hora.  três situações:

1º) a grande massa de doentes e deficientes que, por motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes, pois não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico.

2º) os doentes que conseguem ser pacientes para, em seguida, se tornar vítimas de erro médico e, terceiro.

3º) Os pacientes que acabam sendo vítimas de má-prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos.

REFERÊNCIAS

1- Biondo CA, Silva MJP, Secco LMD. Distanásia, eutanásia e ortotanásia: percepções dos enfermeiros de unidades de terapia intensiva e implicações na assistência. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2009;17(5):613-19.2- Mascarenhas NB, Rosa DOS. Bioética e formação do enfermeiro: uma interface necessária. Texto contexto - enferm. 2010;19(2):366-71.3- Pessini L, Barchifontaine CP. Problemas atuais da bioética. 7ª ed. São Paulo: Centro Universitário São Camilo; 2005.

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