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Indivíduo de comportamento alegre e despreocupado, considerado
normalmente irresponsável, dado a vícios e noitadas divertidas nas rodas de
amigos, sempre regada a alguma bebida etílica, por vezes excessivamente
descontraído em ambientes festivos e prazerosos, personifica o conhecido
boêmio.
Durante muito tempo, essa expressão foi
utilizada para rotular esse tipo, nunca olhado
com “bons olhos” porque era havido como
desregrado, indisciplinado,
inconveniente, incapaz de permanecer em
qualquer emprego ou de constituir e sustentar família, relegando as responsabilidades em
preferência dos encantos da vida
mundana.
Este era o conceito desse freqüentadorcontumaz da “dolce vita”, um vocábulo originário do antigo reino da Boêmia, região na atualidade geograficamente
incorporada a República Tcheca, onde no passado remoto imperavam as orgias e
bacanais promovidos pela própria realeza.
Ainda hoje, embora tenhaevoluído, a palavra permanece com esse estigma pejorativo,
quando não empregada em tom de brincadeira aos apreciadores
desse “modus vivendi”.
Ainda hoje, embora tenhaevoluído, a palavra permanece com esse estigma pejorativo,
quando não empregada em tom de brincadeira aos apreciadores
desse “modus vivendi”.
Talvez a célebre canção“Volta do Boêmio”,
preferência musical da primeira metade do século passado terá
influído para sua reputação maculada.
Não obstante, uma das cervejas de melhor
qualidade da mesa do brasileiro, leva o seu
nome no rótulo.
O boêmio não é necessariamente um desastrado, um desacreditado,
um zero à esquerda.
A história registra que o interesse e fascínio pelas facécias noturnas
não se limitam a indivíduos medíocres, frustrados ou sem
sucesso na vida.
Muitos intelectuais, políticos bem sucedidos, escritores, poetas, expoentes e
luminares da ciência, da literatura e da música foram ou são personagens desse
cenário lúdico, em cujos pagos construíram célebres obras e composições, como o
grande Vinícius de Morais que inspirado pelo belo visual de uma jovem carioca e
sob os efeitos de generosas doses de uísque, produziu em parceria com Tom Jobim, companheiro de copo, numa
mesa de bar: “Garota de Ipanema”, uma das mais belas e famosas canções
populares brasileiras.
Muitos intelectuais, políticos bem sucedidos, escritores, poetas, expoentes e
luminares da ciência, da literatura e da música foram ou são personagens desse
cenário lúdico, em cujos pagos construíram célebres obras e composições, como o
grande Vinícius de Morais que inspirado pelo belo visual de uma jovem carioca e
sob os efeitos de generosas doses de uísque, produziu em parceria com Tom Jobim, companheiro de copo, numa
mesa de bar: “Garota de Ipanema”, uma das mais belas e famosas canções
populares brasileiras.
Na época desses artistas outros não menos admirados como Noel Rosa,
Ari Barroso, Dorival Caymmi, Nelson Gonçalves, Vicente
Celestino, Chico Alves, Braguinha e Toquinho, também jamais negaram suas inscrições na
velha e aliciante boemia.
Nas primeiras décadas do século XIX encontramos, figuras posteriormente
notáveis, à mesa dos bares e botequins, notívagos
incorrigíveis como Machado de Assis, Olavo
Bilac, Emilio de Menezes, Lima Barreto,
entre outros astros consagrados do nosso firmamento literário estando o autor de
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, nos dias
atuais, no primeiro time da literatura mundial, ao lado de Cervantes, Dante e
Shakespeare.
Já em tempos mais recuados, grandes boêmios marcaram passagem por esse
hábito, à exemplo de Castro Alves, Tobias e Lima Barreto, Alberto
Guimarães, Silvio Romero e Gonçalves Dias, autores dos maisdeclamados poemas do século XX.
Isto deixa claro que a boemia tão repudiada, às
vezes por dissimulados
moralistas, nunca impediu, em tempo algum, o sucesso de
quem tem valor e até a glória de
pessoas indiscutivelmente
talentosas, em qualquer campo de
atividade.
Se é verdade que a bebida alcoólica produz efeitos deletérios no organismo
humano, não menos verdade é a força de sua inspiração e criatividade nas pessoas engessadas por timidez ou introspecção,
nas que não conseguem sequer fazer umadeclaração de amor sem ruborizar.
Durante a arrancada para o
desenvolvimento, Juscelino
Kubitschek foi considerado, devido a
sua boemia, o presidente bossa-
nova na construção de Brasília e sempre esteve cercado de outros consagrados
gênios a exemplo, de Lúcio Costa,
Oscar Niemeyer e Vinícius de Moraes.
Na Paraíba, inúmeros aficcionados dasnoitadas de maneira alegre e descontraída como Júlio Rique, Samuel Souto, José Romero Rangel, Abmael Morais, Lúcio
Lins, Abelardo Jurema (o pai), Raimundo Asfora, Osmar de Aquino, Virginius da Gama e Melo, Ideltônio Palitot, Silvio
Porto, Bosco Barreto, Edvaldo Mota, Luiz Dias Rodrigues (Luizito), Ronaldo Cunha
Lima, Evandro Nóbrega, Severino Cartaxo, Roberto Ney, José Afonso
Gayoso (o filho), Orlando Gonçalves, Alfonso Bernal, Raulino Maracajá e
tantos outros.
Afinal, envelhecer sem ter muito o que contar é algo
extremamente entristecedor.
O poeta Ronaldo Cunha Lima sempre mereceu destaque em
todas as ocasiões, especialmente nas mesas de bares.
Contam que numa consulta médica de rotina o profissional indagou: Você bebe? Ele simplesmente respondeu:
Doutor, o senhor quer saber se eu bebo ou está me convidando?
“A cerveja e a cachaça são os
piores inimigos do homem.
Mas o homem quefoge dos seus inimigos é um
covarde”.
Texto: “VIDA DE BOÊMIO”Autor: RAFAEL HOLANDA LINS (Psicólogo, Professor, com larga experiência na área de saúde e bem-estar do idoso)Música: “CHÃO DE ESTRELAS” (Silvio Caldas)Imagens: cedidas pelo autor do texto e outras da InternetFormatação: Mercês Carvalho
merces.cc@hotmail.com
16/01/2012 12/04/2023 07:13 AM
Visite o site www.longevida.com
Homenagem especial:poeta, político e
boêmio.
Ronaldo da Cunha Lima e Rafael Holanda Lins
(dez/1994)
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