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3 DE FEVEREIRO DE 2010\2em foco 3 DE FEVEREIRO DE 2010\3 em foco

EditorialE se fingíssemos que não há problema nenhum?

PAULA TELO ALVES

H á uns anos, em casa deuma amiga portugue-sa, conheci um imi-

grante perfeitamente integra-do. Ele tinha vindo fazer unsarranjos em casa dela, numbairro central da capital luxem-burguesa, e quando veio àcozinha despedir-se, fê-lo emportuguês. Até aqui, nada demais, não fosse ele ser loiro eter pinta de eslavo. Portuguêsirrepreensível, porém. Não re-

sisti à curiosidade (não é impunemente que se éjornalista), e ele confirmou as minhas suspeitas: erajugoslavo. E onde tinha aprendido a falar portu-

guês? "Nas obras!", naturalmente. Francês,nem uma palavra; português, fluente comoum nativo da Figueira.

É assim por esse país fora: a língua oficialdos "chantiers" (estaleiros de construção) éo português. Quem trabalhe nas obrasacabará tarde ou cedo a falá-lo, mesmo quenão tenha nascido em Portugal, porque aproporção de trabalhadores portugueses éesmagadora. E porque a necessidade faz oengenho, é natural que muitos nunca te-nham sentido a necessidade, nem tido aocasião, de aprender outra língua. Há 20anos, quando estes homens vieram para oLuxemburgo, não se lhes pedia mais queserem capazes de construir uma parede ou

armarem estruturas de betão. Mas o mundopula e avança e hoje é preciso certificar ascompetências e aprender todos os dias. E aestes homens que nunca tiveram que falaruma palavra em francês, que em muitoscasos não têm mais que a quarta classe,pede-se-lhes hoje que voltem aos bancosda escola e aprendam novas competências– em francês. E façam testes – em francês, alíngua estrangeira nas obras.

Não sei se a solução passa por dar cursosde formação em português a estes homens,se por lhes dar aulas de francês, se por darformação adaptada, em termos de conteú-do, às suas competências (para alguns, adificuldade passa não só pela língua como

pela matemática e pelo raciocínio abstracto– é preciso que aprendam a aprender). Oque sei é que há um problema que é precisoresolver, e não é aceitável que o patronato,que aceitou anos a fio que os seus trabalha-dores falassem apenas e só português,venha agora demitir-se de encontrar solu-ções para um problema que ajudou a criar.Não vale é fingir que o problema não existe,porque atrás deste vêm outros, como odesemprego e a exclusão social.

Na resolução de todos os problemas,metade do trabalho passa por identificá-lo; a outra, por encontrar respostas.Coragem, portugueses, já só falta a solu-ção!

Ministros do Trabalho de Portugal e Luxemburgo encontraram-se em Barcelona

Grupo de trabalho é a respostano combate ao desemprego

Helena André, ministra da Seguraça Social e do Trabalho portuguesa, encontrou-se em Barcelona com os seus homólogosluxemburgueses: Nicolas Schmit e Mars di Bartolomeo. Os responsáveis políticos trocaram impressões sobre o desempregodos portugueses no Grão-Ducado e também sobre os sistema de reformas Foto: SIP

Os ministros do Trabalho do Lu-xemburgo e de Portugal encontra-ram-se, na semana passada, emBarcelona, à margem da CimeiraInformal de ministros da UE.

Na agenda, os dois ministrostinham a situação dos trabalhado-res portugueses, sobretudo os dosector da construção civil, queconstituem o grosso dos desempre-gados inscritos na ADEM (Adminis-tração do Emprego).

Em Barcelona, os dois ministrosacordaram constituir um grupo detrabalho que vai avaliar a situação eencontrar soluções para fazer face àsituação dos portugueses.

Christophe Schiltz, chefe de Ga-binete do ministro do Trabalho lu-xemburguês, confirmou ao CON-TACTO que os dois ministros fala-ram sobre a possibilidade da forma-ção profissional dos portuguesesser feita em português, mas que"essa é uma questão que vai agoraser estudada no âmbito do grupo detrabalho que foi criado".

Sem data marcada para o iníciodas reuniões, o chefe de Gabinetedo ministro Nicolas Schmit reco-nhece que é particularmente difícilpara os trabalhadores portuguesesdo sector da construção civil en-contrarem um novo trabalho oumesmo recorrer à formação profis-sional.

"Os portugueses que trabalhamnas obras têm baixas qualificações,só falam praticamente português eo francês é muito deficiente. Assimé muito difícil poderem aceder àformação profissional".

Em Lisboa, o Gabinete da minis-tra diz que este grupo de trabalhopretende "facilitar uma mobilidadede trabalho de qualidade entre osdois países e articular as interven-ções de formação profissional, querno combate ao desemprego, quernuma facilitação maior da integra-ção no mercado de trabalho".

Recorde-se que os representantesda central sindical luxemburguesaOGB-L pediram na semana passadaà ministra do Trabalho e da Solida-riedade Social portuguesa, HelenaAndré, a colaboração de Portugalna formação profissional dos emi-grantes portugueses desemprega-dos no Luxemburgo.

Os responsáveis do sindicato lu-xemburguês estiveram reunidos emLisboa com a ministra do Trabalho

e na altura os sindicalistas puseramo dedo na ferida: "Temos um pro-blema muito concreto: os portu-gueses falam a língua portuguesa,mas não falam as outras. Os profes-sores (da formação profissional) sãotodos de língua luxemburguesa,francesa ou alemã. Como é que vãocomunicar?", questionou à saída doencontro Carlos Pereira, dirigenteda OGB-L.

Os sindicalistas do OGB-L pedi-ram ao Governo português "umacolaboração mais forte com Portu-gal", chegando mesmo a pedir quealguns técnicos portugueses se des-loquem ao Luxemburgo para quepossam dar formação profissional

em português – uma proposta queo sindicato vem fazendo desde2008. Segundo o sindicato, a mi-nistra portuguesa foi receptiva àproposta da OGBL.

A taxa de desemprego dos portu-gueses no Grão-Ducado é elevadíssi-ma. De acordo com Carlos Pereira,um em cada três desempregados noLuxemburgo é português. "Dos 20mil desempregados, uma terça parteé de nacionalidade portuguesa".

Dados da ADEM revelam queactualmente estão 3.700 portugue-ses desempregados no país.

Em Barcelona ficou já agendadoum segundo encontro entre osministros do trabalho dos dois paí-

ses. Uma reunião que, segundoinformação recolhida junto do Ga-binete da ministra Helena Andrédeverá acontecer durante a deslo-cação ao Conselho Europeu doemprego agendado para 8 deJunho.

Em matéria de Segurança Social,o Ministério do Trabalho em Lisboagarante que também está previstapara Abril uma reunião, "decorrentede uma iniciativa já anterior, quedeverá ser uma segunda etapa denegociações para agilização da co-ordenação dos regimes de Segu-rança Social, nomeadamente emmatéria de pensões".

■ Domingos Martins

OGB-L quer que trabalhadores portugueses na construção tenham formação na língua materna

"A língua que reina nos chantiers é o português"

Foto: Marc Wilwert

Estão há 20 anos no Lu-xemburgo mas só falamportuguês, "a língua quereina nas obras". Antes, aexperiência chegava paracertificar as suas competên-cias e progredir na carreira.Hoje, pede-se-lhes que vol-tem aos bancos da escola eobtenham certificação teóri-ca, mas a língua é um pro-blema. O pouco francês queaprenderam não chega paraterem formação nesse idio-ma, garante a OGB-L, quequer uma solução para ostrabalhadores portuguesesdo sector.

P edro Pedreiro (chamemos-lheassim*) trabalha nas obras desdeque chegou ao Luxemburgo, há

20 anos. Faz parte dos milhares depedreiros e carpinteiros de cofragem("maçons") que a convenção colectivado sector agrupa na categoria B, e estáno terceiro escalão. Na gíria da con-venção colectiva e para efeitos salari-ais, é um B3. Isto quer dizer que estecarpinteiro é capaz de trabalho autó-nomo, de ler uma planta de construçãoe de executar as indicações de um"croquis". Já teve 23 homens a seucargo durante três anos, e a empresaonde trabalha ficou "muito orgulhosa"com o seu trabalho. Mas para passar aoescalão seguinte (chefe de equipa) epassar a receber um salário de acordocom as funções que já desempenha, alei luxemburguesa exige que as suascompetências sejam certificadas peloIFSB (Institut de Formation Sectorieldu Bâtiment), um instituto criado em2002 para dar formação aos trabalha-dores da construção. No exame deaptidão, Pedro chumbou duas vezes efoi obrigado a frequentar a formaçãopara B2, um grau abaixo do que exercehá 20 anos. Mas no exame final docurso de B2, voltou a chumbar.

"Correu mal por eu não perceber ofrancês. Eles deviam primeiro dar umaformação em francês ou dar as aulasem português, porque senão só facili-tam a vida aos luxemburgueses, aosbelgas e franceses. E não são eles quevão ensinar os portugueses a traba-lhar!", queixa-se. "O nosso problema éfalarmos sempre com portugueses. Eucompreendo o francês e a falar desen-

rasco-me mais ou menos, mas a escre-ver e a ler tenho dificuldades", admite.

"FRANCÊS É A MAIORDIFICULDADE"

Pedro não é caso único, garante JoséPinto, presidente do sindicato da cons-trução na OGB-L. "Conheço excelentestrabalhadores que chumbaram três ve-zes no exame". O sindicalista vemdefendendo que o IFSB dê formaçãoem português – uma proposta que aOGB-L lançou em 2008 (ver caixa) –,com formadores que poderiam vir doInstituto de Formação Profissional emPortugal.

"Actualmente, é a língua portu-guesa que reina no 'chantier' [estaleirode construção]. Em algumas empresas,75 % dos trabalhadores são portugue-ses. Temos jugoslavos, franceses, bel-gas e falam todos português, e quandonão falam compreendem. Na minhaempresa, até um luxemburguês que látemos fala português", explica aoCONTACTO.

Se o português é língua franca nasobras, na formação profissional é um"handicap". "Há pessoas que traba-lham há 20 anos no Luxemburgo e nãofalam uma palavra de francês. Algu-mas são analfabetas. 'Oui, chef', 'non,chef', é tudo o que sabem dizer". É ocaso de Fernando*. "Sei fazer o meunome e pouco mais. Francês não falonada", diz este operário de 56 anos. Econta a história de quando o chefe lheveio dizer que pusesse óculos de pro-tecção. "Eu respondi-lhe 'Oui' mas nãopercebi nada, e ele não percebia por-que é que eu dizia que sim e nãopunha os óculos".

Fernando é "um excelente carpin-teiro de cofragem", garante José Pinto,tal como José*, de 52 anos, que só tema quarta classe e fala um francês

rudimentar. "Mas se mandarmos esteshomens fazerem a tal formação, daquia vinte anos ainda não passaram".Riem-se os dois e concordam. "Eu jánão tenho cabeça para isso", descul-pa-se José. Mas Fernando, analfabeto,não é tão pessimista: "Eu era o maisvelho da família e não pude ir à escola,tive de ir trabalhar para ajudar os meus

irmãos. Mas agora em Portugal hávelhos de 70 anos a aprender compu-tadores. Há sempre tempo para apren-der".

APRENDER A APRENDERAntónio Ferreira da Costa chegou aoLuxemburgo em 1988 e teve de seadaptar às circunstâncias.

"Nos primeiros cinco ou seis anosfoi difícil, porque trabalhei com italia-nos. Aqui há uns anos, eu falavamelhor o italiano que o francês. Depoiscomprei um dicionário e comecei atraduzir algumas palavras, e agora dápara desenrascar em qualquer parteonde vá, mas nas coisas mais compli-cadas prefiro pedir ajuda a alguém".

Tem 47 anos e a quarta classe. Noexame de aptidão do Instituto deFormação para o Sector da Constru-ção, um teste prévio obrigatório paraser admitido nos cursos, chumbou. Elee mais 21 pessoas. "Éramos 27, todosportugueses. Só passaram seis".

Apesar de ter a categoria profissio-nal de B2 (a meio do escalão) há 22anos, teve de recomeçar do zero efrequentar o curso para o grau inferior,e as dificuldades que encontrou nãoforam só linguísticas.

"[O curso] havia de estar traduzidopara português. É a primeira dificul-dade para nós. Há palavras que nãoconhecemos e temos de perguntar aomonitor. Uma vez nem o monitor sabiao que aquela palavra queria dizer.Depois, o pessoal é especialista a tra-balhar, e eles dão muita matéria quenão se aplica na realidade".

O que lhe valeu foi que a formadora"falava devagarinho e traduzia algu-mas coisas para português". "E depoishavia lá os que falavam bem o francês,e traduziam-nos. Ajudávamo-nos unsaos outros".

"Em muitos casos, as designaçõestécnicas não são as que os trabalhado-res conhecem", explica o presidente dosindicato de construção da OGB-L. "Àsvezes chama-se a um instrumento 'umchavelho', toda a gente diz 'passa-meo chavelho' e toda a gente sabe o queé, mas as pessoas não sabem o nometécnico", observa José Pinto. O quenão os impede de serem bons profissi-onais, garante. "Uma vez um formadordisse-nos: 'O que é que vocês estãoaqui a fazer [na formação para B1]?Vocês sabem mais que muitos B2 ouB3 que passaram por aqui, só que elespassaram o teste [de admissão] e vocêsnão!", conta António da Costa.

"A gente sabe o que está a fazer,não é preciso ir à escola para saber oque está a fazer, mas é preciso ir àescola para ter trabalho", resume An-tónio.

E não é só a língua que colocadificuldades a estes homens, garanteFilipe*, com 43 anos e o 9o ano do

liceu. Filipe chumbou no exame deaptidão para B3 e teve de fazer o cursode B1, apesar de exercer a profissãocomo B2. "A língua para mim foi umgrande obstáculo. E a matéria, que épara engenheiros e não para trabalha-dores da construção. Para quem tempouca escola em Portugal, que é o casoda maioria das pessoas, o curso édificílimo", garante.

Na sua turma, a maioria ficou pelocaminho. "Éramos 10, todos portu-gueses, e só passaram quatro [noexame final], uns por causa da língua,outros porque são pessoas com umacerta idade e já não entra nada nacabeça".

António da Costa foi um dos quepassou o exame de B1 no ano passadoe está ansioso por que o chamem parao curso seguinte. "Se me chamarempara B2, vou fazê-lo", garante aoCONTACTO. E depois das dificuldadespor que passou, já tem saudades daescola.

"Eu no início dava-me o sono,porque não estou habituado a estarsentado. E é tudo diferente do queestamos habituados. Uma vezpediram-nos para calcular o volume deterra retirado de uma vala, dando-nosas medidas, e eu não sabia fazer isso. Eos ângulos: no 'chantier' estamos ha-bituados a traçar com régua e lápis, eeles lá no IFSB trabalham com umsistema diferente. Foi difícil, ficava aestudar até à meia-noite porque haviamuitos cálculos, às vezes doía-me acabeça, mas agora já tenho saudades equero continuar", conta ao CONTAC-TO.

É bom que continue: só tem di-ploma de B1, e se "perder o emprego efor para outro, vai ser contratadocomo B1" apesar de actualmente tra-balhar como B2, avisa o sindicalista daOGB-L. Descer de escalão significabaixar de salário, dos 13,7450 eurospor hora que auferem os B2 para os12,4846 que a convenção colectivaprevê para os B1 – menos 222 euros aofim do mês. E não fazer a formaçãosignifica ficar preso no mesmo escalão,a ganhar o mesmo salário até à re-forma – ou até serem "incapazes detrabalhar por causa de problemas desaúde, quando um bom operário podiaser convertido num técnico se tivesseformação", lamenta José Pinto.

■ Paula Telo Alves* A maioria dos entrevistados nesta

reportagem pediu o anonimato.

Dificuldades l inguíst icas dos trabalhadores do sector da construção

Um problema à espera de soluçãoDesde 2002 que a lei exige umdiploma emitido pelo Institut deFormation Sectoriel du Bâtiment(IFSB) para progredir de escalãoprofissional e aumentar de salário.Antes, bastava a antiguidade.

Para a maioria dos portuguesesdo sector, isso significa fazer for-mação e exames numa língua quenão dominam.

Na OGB-L, há muito que sediscute o problema, que não selimita "aos trabalhadores que estãono activo e afecta muitos no de-semprego", frisa o presidente dosindicato da construção. E o as-sunto já chegou ao governo lu-xemburguês.

"Já falámos ao ministro Biltgen[titular da pasta do Emprego naúltima legislatura] e agora falámosao Nicolas Schmit [actual ministrodo Emprego e da Imigração]", re-corda José Pinto.

Em Novembro, o embaixador dePortugal no Luxemburgo já abor-dara o problema com Schmit: 32 %dos desempregados são portugue-ses, o que representa 10 % dapopulação activa portuguesa. Mui-tos "são pessoas que ainda não têmidade para a reforma e que estãoem situação precária", "emprega-dos pouco qualificados" a quem "acrise no sector da construção afec-tou particularmente", disse nessaaltura Pessanha Viegas ao CON-TACTO.

"O problema é que não domi-nam o francês escrito e nem sequerpassam nos testes de admissãopara poderem receber formação. Acomunidade portuguesa funciona

ainda muito em circuito fechado, eo português é a língua utilizada notrabalho e na família. Uma possibi-lidade que discuti com o ministroNicolas Schmit seria fazer testesorais de admissão. A outra é darformação em português, com acolaboração do instituto de forma-ção profissional equivalente emPortugal", avançou na altura aoCONTACTO.

Uma proposta primeiro avan-çada pela OGB-L em 2008 mas aque muitos se opõem, a começarpelo Instituto de Formação para oSector da Construção.

"Os patrões são contra [a forma-ção em português], e o IFSB éfinanciado integralmente pelo pa-tronato", diz Luc de Matteis, secre-tário do sindicato de construçãoque José Pinto preside. "Falámoscom a ministra do Trabalho portu-guesa para ver o que se podia fazerpara ajudar estes trabalhadores,mas a discussão não é tão simplescomo isso. Não basta 'importar'formadores portugueses, porquedepois os patrões exigem que osoperários falem francês", diz Lucde Matteis

José Pinto acha a exigência ir-realista. "Nas empresas as pessoasdizem: 'Ah, mas eles deviam apren-der francês'. Mas é difícil, paraalguém que tem 40 ou mais anos etem uma profissão pesada fisica-mente, ir agora aprender uma lín-gua de raiz. Estas pessoas nosúltimos 20 anos foram úteis nos'chantiers' [estaleiros de constru-ção], e agora de um momento parao outro têm de fazer formação por

causa dos patrões. Em vez de enfi-armos as pessoas num buraco, por-que não dar-lhes formação emportuguês?", insiste.

Luc de Matteis hesita."É preciso termos cuidado para

não tomarmos decisões que pare-cem boas mas que depois agravamo problema", recomenda. "A ques-tão não é obrigar as pessoas aaprender francês por uma questãonacionalista, por ser uma da lín-guas do país, mas para estaremprotegidas. Quem só fala portu-guês está fragilizado no trabalho,os patrões pagam-lhes menos eeles não se sabem defender".

Dar formação em francês é asolução que o secretário do sindi-cato da construção prefere, mastambém aí há vários problemas. Éque a lei luxemburguesa não prevêlicenças para aprendizagem dofrancês: o "congé linguistique"aprovado em 2008 só contempla oluxemburguês, e aprender uma lín-gua nova leva tempo, diz JoséPinto.

"É preciso encontrar uma solu-ção a curto prazo para que ostrabalhadores que estão cá há 20ou mais anos possam evoluir entre[os graus de] B1 e B3", insiste. "Ostrabalhadores portugueses queagora chegam já têm mais habilita-ções, e daqui a dez anos não haveráeste problema".

O assunto vai ser objecto dediscussão de um grupo de trabalhocriado pelos ministros do Empregodos dois países (ver artigo na pá-gina 2).

■ Paula Telo Alves

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