A não violência arma do povo

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Apresentação sobre a ação não violenta como método de conquista da terra e enfrentamento dos conflitos agrários.

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A não violência, arma do povo.

COMISSÃO PASTORAL DA TERRAREGIONAL RONDÔNIA

Oficina sobre conquista de terra e conflitos agrários, Ariquemes, Rondônia,

22 de Novembro de 2012..

A distribuição da terra no Brasil e em Rondônia sempre foi injusta, beneficiando os grandes proprietários. Enquanto centenas de famílias não conseguem um pedaço de chão para viver.

Os conflitos agrários tem atingido 2.444 famílias de Rondônia em 2011. Ainda temos 7.000 famílias de sem terra.

Este ano de 2102 já houve em Rondônia os homicídios de 01 indígena e 05 agricultores por causa de terra e meio ambiente.

E uma tentativa de homicídio.

Muitos posseiros e sem terra sendo expulsos por pistoleiros... Ou despejados pelos servidores do poder.

Na tentavam de reocupar uma área de posseiros em Chupinguáia, Udo Wahlbrink, presidente do sindicato de Vilhena e outras liderançasforam presos, e continuam acusados de “terrorismo, seqüestro e invasão de terras”.

Também foram matados um fazendeiro e diversos pistoleiros.

Muitas perguntas se nos apresentam: É legítimo a luta pela terra? É possível a conquista da terra sem violência?

Como apagar as marcas da violência e superar a injustiça?

Como reagir a tanta injustiça e violência?

A CPT tenta inspirar-se nos princípios cristãos

"Não aprovamos violência embora recebamos violência"Pe. Ezequiel

“Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao uso de todos os homens e de todos os povos”. Documento Populorum Progressio, 22 Princípio moral do Destino Universal dos Bens da Criação.

Seguindo a doutrina social das igrejas, a CPT defende o direito a terra dos pequenos agricultores

Jesus anuncia uma nova realidade: “Felizes os mansos porque possuiram a terra. Felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados.” MT. 5, 6

De fato Jesus rejeitou a violência.

Ele foi o primeiro mártir.

“Jesus disse a Pedro: “Guarda a tua espada na bainha. Será que eu não vou beber o cálice que o Pai me deu?”Evangelho de João 18, 11

Com Jesuscristo,

Nós renunciamos a violência, porém não renunciamos a justiça.

Em Jesus Deus nos mostra a força invencível da verdade, da justiça e do amor.

Grandes líderes acreditaram na força da verdade e do amor. Lutaram pela VIDA e rejeitaram a violência

Martin Luther King

Gandhi guiou o seu povo na luta pela independência da Índia com o que ele chamou de “AÇÃO NÃO VIOLENTA” ou “caminho da verdade” (sathigraha)

Para Gandhi nada (nem a violência)é mais forte do que a “força da verdade”, Ele é um dos grandes inspiradores do

movimento mundial pela não violência ativa.

“Ação não violenta”

Não é pacifismo, não é somente um método de resolver

conflitos, não é cobardia,

passividade ou submissão, não é somente um meio

de convencer, nem uma religião...

“ O que é uma Ação Direta Não Violenta?

É uma ferramenta da Nãoviolência e da Desobediência Civil. É pública, pedagógica, participativa, coordenada, encaminhada a ganhar espaços de liberdade e/ou recuperar direitos sociais arrebatados ou proibidos pelo poder”.

Pode levar a uma vulneração ou enfrentamento com a legalidade vigente. Procura intervir através dos fatos para explicitar publicamente uma situação de injustiça, interromper um processo ou situação que se considere ilegítima, etc.

São ações diretas de protesto, reivindicação, pressão, etc. executadas por grupos que se preparam, decidem e as realizam de forma assambleária, com muita preparação prévia e de orientação não violenta.

Pode ser de diversos tipos (informativa, de denúncia, de confrontação...) e desenvolver simultaneamente ações e estratégias que requerem diversos níveis de compromisso ou preparação.

De fato, muitas lutas da história foram vencidas por ações não violentas.

Enfrentando três tipos de violência:

- A violência direta.

- A violência estrutural.

- A violência cultural.

- A violência direta.

A violência que se vê, que provoca danos físicos e psicológicos do agressor para a vítima.

- A violência estrutural.

Provocada pela desigualdade social, pelas leis injustas e privilégios de uns em detrimento de outros…

… Provocada pelos aparatos de justiça inoperantes ou manipulados e sistemas políticos excludentes.

- A violência cultural.

Dos discursos, informações, crenças e idéias que apóiam sistemas injustos: como o racismo, a discriminação, o machismo…

-Tentando

desmoralizar com mentiras e meias verdades como que “os sem terra só querem terra para vender”

- Toda ação não violenta começa por desmascarar as mentiras.

- Mostrar com valentia e imparcialidade que a justiça e a verdade está de nosso lado.

Divulgar a informação do lado dos camponeses e dos atingidos.

Estar prontos a dialogar e ouvir a parte de razão que os outros também tem.

A espiral da violência

Responder a violência com mais violência tende a provocar uma violência maior.

Porém, como reagir e se defender frente as agressões e ameaças?

É legítima a luta armada?

Se violência provoca mais violência, como parar este círculo vicioso?

O poder do povo é o contrário ao poder da violência.

Ao Estado, quem lhe da o poder é o povo.

Ao contrário do poder bélico e das armas, a ação não violência está ao alcance de todos.

O maior heroísmo está no caminho da paz.

“Morrer se for preciso, matar nunca”

Marechal Rondon

Devemos exigir a cada autoridade

Como polícia, promotoria, defensoria, juízes cargos políticos...

Exercer a favor do povo os poderes que do povo recebeu.

Não Colaborando com a injustiça

Durante trezentos anos, vários milhares de Britânicos tinham governado mais de trezentos milhões de Indianos.

Gandhi dirigiu-se às multidões e pediu-lhes que deixaram de colaborar com os Britânicos.

Não colaboração e Desobediência civil: dois métodos de ação não violenta.

Uma lei injusta proibia aos indianos de tirar sal da água do mar.

Gandhi chamou o povo da Índia a desobedecer a lei e iniciou a Marcha do Sal até o mar.

Foi o começo da luta pacífica pela independência.

Objeção de consciência

De fato, ninguém pode nos obrigar a cumprir uma lei que viole nossa consciência ética e moral.

“É preciso obedecer a Deus antes do que aos homens” (Atos 5,29)

Nos Estados Unidos, um pequeno grupo de estudantes negros começou a desobedecer a lei que lhes proibia a entrada em lanchonetes “só para brancos.”

De 1980 a 1988, na Polônia os trabalhadores com greves desafiaram o governo comunista soviético e o derrubaram. O seu líder, Lech Walesa chegou a presidente de 1990-1995.

Com uma greve “de pernas fechadas”camponesas de Barbacoas (Colômbia) conseguiram que os homens se comprometessem a arrumar as estradas de acesso à cidade.

Desobedecendo a lei, as ocupações dos sem terra durante muitos anos têm conseguido acelerar a reforma agrária no Brasil.

Ocupações e manifestações são formas de luta não violenta

Nos perguntamos: Com quais ações não violentas hoje podemos mudar a desigualdade de acesso à terra?

Podemos acabar com anos de impunidade e obter a condena dos culpados pelas mortes e agressões em conflitos agrários?

Podemos obter mudanças diante da inoperância e passividade do INCRA e do Governo na defesa dos pequenos agricultores e da reforma agrária?

Podemos obter uma Justiça que tenha em conta a função social da terra e que apóie os pequenos agricultores?

Como unir forças com as comunidades tradicionais?

Podemos planejar uma atuação mais unificada na conquista pacífica da terra?

“Jamais subestime o poder dum numero reduzido de pessoas para cambiar o mundo; de fato são os

únicos que o tem conseguido mudar.” M. Mead

... Pois a justiça é o caminho da paz.

- Fotografias de diversas fontes.- Texto inspirado na publicação “Não Violência, Manual de Introducción a la Noviolencia en la perspectiva de transformación de conflictos” de Pax Christi Internacional.- Comissão Pastoral da Terra de Rondônia, Brasil.

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