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I
«IMII'"ISTtRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO ESTADo DÊ ROI'"DÓ:>JIA.. . I
EXCELENTíSSIMO SENHOR RELATOR
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEiTORAL DO ESTADO DE RONDÔNIA
.-
~
Ação de Investigação Judicial Elenoral nO1588-36.2014.6.2.0000 _'Classe 3 .'Representante: Coligilção "Frente Muda Rondônia" , .. . . .
Representados: Confúcio Aires Moura; palÍicl Pereira; Coligação "Rondônia no Caminho Certo"
. - \
O MINISTÉRIO. PÚBLICO ELEITORAL, p~la Procuradora subscritora, nos "-
autos de Ação de InvestigaçãO Judiclaiem epígrafe, na condição de custos legis, vem apresentar
manifestação, a par dos fundamentos jurídicos a seguir consi~ados. ''.
.1-Dos Fatos •
Trata-se de ação de investigação judicial eleitoral ajuizada pela Coligação "Frentemuda Rondô!1Áa",formadá pelas agr~rríiações PSDB, PSDC, PSD, DEM_ PMN, PSC, PTdoB, PHS,. . . . . .. . .PEN, PRJ3,' contra o candidato a Governador, .ora reeleito, Confúcio Aires Moura, seu vice Daniel
'Peréira e a Coligação "Rondônia no Caminho Certo", imputando'aos representados a prática. de, .abuso de poder econôt1'!ico consistente n'a. distribuição de gêneros alimentícios diversos na
convenção cstadual do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB. no À:lia29.06.2014,- .."....
69 ;216-0527/0500 - wwwprrQ,~o.br. '. . '. .E-mail:prero@mpt ..mp.br . ~r .. .Av. Abuna nO 1759, Sllo Joao Bosco, CEP 76803-749, Porto V~lho-RO
fiMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCLRADORlA Rt:GIONAL ELEITORAL NO ESTADO DE RONDÔNIA
---------------".""~--_._" .._--_ ..-._--------------------
na casa de sl10ws denominada "Talismã 21 "~o
Às fls, 406/486. consla o Acórdão que julgou parcialmente procedente o pedido
inicial, rctcrente à cassação do registro de candidatw:a dos interessados em epígrafe,
Após. a Coligação "Frente Muda Rondônia" opôs os Embargos de Declaração defls. 489í492.
De igual modo, a Coligação "Rondônia no caminho certo" apresentou Embargos
de Declaração com pedido de efeitos modificativos, às fls. 493/521,
Dessa forma, por meio do Despacho de n. 523, o egrégio TRE determinou a
intimação do representante para manifestação acerca do pedido do representado,
Assim, a' coligação "Frente Muda Rondônia" ofertou manifestação às f1s.
575/582, quanto aos embargos opostos pela Coligação "Rondônia no Caminho Certo",
Após. vieram os autos para manifestação ministeriaL
Relatado, no essencial,
II - Dos Fundamentos Jurídieos
l. Dos embargos de fls. 489/492:
Nos embargos de fls. 489(492, a. Coligação "Frente Muda Rondônia" alega .que o
Acórdão nO 30í20 15fI'RE não mencionou como se dará a cassação de registro dos diplomas de
Governador e Vice, mzã0 pela qual pugna pela imediata execução da sanção aos representados e a-subsequente diplomação dos candidatos Expedito -Júnior e Neodi Oliveira, para os respectivos.
cargos, com a expedição de oficio à Assembleia Legi-slativa de Rondônia para quc promova a posse.
Afirma, ainda, que a fluência de prazo recursal não se afigura argumento aplo a
impedir a produção de efeilos imediatos pelo Acórdão embargadO', uma vez que os recursos
eleitorais não são dotados de efeito suspensivo, nos terrl10s do art. 257, Código EleitoraL\ .
Pois bem. Como jà mencionado por esta Procuradoria Regional EleitoraL em
parecer emitido na petição 56-90.2015.6.22.0000 (na qual os embargant~s requerem a diplomação
693216-0527/0500 - www.prrompf.mpbr . ._" .E-mail: prero@mpf.mp.br '.' . ~'JAv. Abunã nO1759, São João Bosco.CEP 76803-749. Porto Velho-RO '-
PAI!,. :2
MPF
, eMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURA!lOR1A REGIONAL ELEITORAL NO ESTADO DE RmmÔNIA
'.
I .
do candidato Expedito Júnior e seu vice, ein razão c!a éassação do ~trial Governador e Vice), em
casos c~mo cste~ em qu~ se pretende a sucessão na chefiaçlo Poder Ex,;:cutivo, prudente aguardar o. . I.
prazo destinado a interPosiçãO de recursos 'e, tendo sido' opostos 'emb~gos declaratórios, o aguardo. '..de 'seu julgamento pela Corte ..
. Ade!l1ais, não obstante o disposto no art. 257 do Código Eleitoral, sabe-se que a. , . . '. ' . )
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral i~clina-se à 'possibiliçladede 'empréstimo do efeito
suspensivo a recursos ordinários ou especiais.. I . !
O fundamento para a concessão de tal efeito é que as sucessivas alternâncias no.' '.' , .
exercício do cargo de chefe do poder executivo ger;ui.ani insegurança jurídica e descontinuidade
.administrativa, devendo, pois, ser evitadas,
Nesse sentido:
(.,.) .IV .~AlternânciaS sucessiv~s na chefia do Poder Executivo. A título decomplemento, ressalta-se que o proyimento 'dos agravos .regimentais resultaria emnova ,I,llternãncia l1a chefia do Poder Executivo Municipal - o prefeiio e o vice-. prefeiio cassados foram destituídos. dos respectivos cargos pelo. TREIBA ereconduzidos após a decisão monocrática do e. Mni. Ricardo Lewandowski. O. TSE entende que sucessivas alternâncias no exercício do. cargo de prefeitogeram insegurança j'uridica e descontinuidade administrativa e, lIor esscmotivo, devem ser evitadas. Nesse sentido, o seguinte precedente: .[ .... ] Na /pendência 'dos processos de. impugnação deve-se evitar o rodízio
J coostante de pessoas na adíninistrnção municipal. Alterações sucessivas noexercicio do cargo de prefeito geram insegumnça juridica, \.perplexidade edescontinuidade administrativa. Por isso, não é .llconselhável apressar a'reáli7.ação de novas eleições, quando há possibilidade de o candidato cassado.ter seu recurso provido. [ ... ] (AMS 3.3451 RN, Rei. Min. Humberto Comes de. Barros, DJ de 2.9..2005) (sem destaque no original).
Grifo nosso(TSE - AgR:- AC: Agrávo Regimental em Ação eau'telar n° 130,275 .:.Ma:rcionilioSouzalBA; Acórdão de 30/0812011; Relator(a) Min .. FATIMA NANCY"ANDRIGHl ~ Publicação: DJJ;: - Diário da 'Justiça Eletrônico, Data 22/0W2011,.Página 54). Grifei. .
2. Dos embargos de fls. 493/521 .
No tocante aos Embargos de fls. 493/521 opostos 'pela "Coligação Rondônia no
.. 69 3216-0627/0500 - www.prro.mPf.mp.~ ' .. E-mail: prero@mpf.mp.br . ....Av.Abuna nO1759, sao Joao Bosco, CEP 03-749, Porto Velho-RO
" ,\.
MINISTÉiuo PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO ESTADO DE RO!\"DÔNIA
Caminho Certo" e Daniel l(ereira com pedido de efeitos modificativos, obsérva-se que foram
apontadas as seguintes omissões eíou obscuridades:
•
erecem acolhimento, porém,.em parte. Veja-se .
em ser rejeitados os embargos em relação aos seguintes Ilontos:
emandada, omissão' acerca da diferença entre distribuição dc
o, omissão quanto ao exame de pedido alternativo de aplicação
a) OmisslIo q'uanto à coligação demandada;b) Omissão quanto ao destino dos votos dados aos candidatos alcançados pelacassação dos diplomas e seus efeitos/reflexos no pleito eleitoral;c) Omissão acerca da diferença entre distribuição de alímenlos e serviço derefeição:' I
d) Omissão quanto ao exame de pedido alternativo de aplicação de pena de multa;e) Obsc 'dade e dúvida.no voto do Juiz Delson Xavier, cujo voto 'transbordou osljmites jurisdição e ingressou em .seara de atuação das partes, tudo "isso apósencerrad a instrução processual, com a agravante de não disponibilizar à parte aos. requerid s a possibilidade de exercer o contraditório e amplá defesa, apanágios. dodevido oeesso iegal.
Pois.bem.
Os embargos
De plano, de
omissão quanto à coligaçãoalimentós e serviço de r:efciç
de pena de multa.
. 1
á) Da alegadá omissão quant
Com efeit
à coligação demandada:
na ação de investigação judicial eleitoral somente podem ser,
responsabilizados pessoas físicas, ou seja, candidatos e eventuais particulares que concorram com a
prática abusiva.
Isso porque as sanções decorrentes da ação de investigação são cassação de
registro ou diploma e/ou inelegibilidade, penalidades que não são aplicáveis a pessoasjurídicas ou
.entes despersonalizados.
A respeito:
( ... ) Pessoas juridicas não podem integrar ode investigação judicial eleitoral pela razão de nãoprevistas na Lei Complementar no 64/90. ( ... )
'.polo passIVo emestarem' sujeitas às
açãopenas
693216-052710500 - www.prro.mpf.mp.br .~E-mal!: prero@mpf.mp.br _ j
Av.Abunã nQ 1759, Slio João Bosco, CEP 76803-749, Porto Velho-RO
Pág. -I
MPF
fiMI1'I1STÉRfO PÚBLICO FÉDERAL •.
PROCURADORIA. REGIONAL ELEITORAL NO ESTADO DE RONDÔNIA
Grifo nossoTSE - RP 1033; Relaíor Ministro FRANCISCOCESAR ASFOR ROCHA. Dl _Diário dejustiça, Data l3/!~/2006, Página 169
Sabe-se que coligações não são pessoas iurídicas em sentido,estríto, mas a elas se
equiparam na medida que, segundo a jurisprudência do Supremo, atuam como se fossem um ."superpartido":
A coligação assume perante os demais partidose coligações, os órgãos da Justiça'Eleitoral e, também, os eleitores, natureza de superpartido; ela formaliza suacomposição, registra seus candiclatós,apresenta-se nas peçàs publicitárias e noshorários 'eleitoraise, a partir dosvotos, forma quociente próprio, que não pode serassumido isoladamente pelos partidosque a ,compunhllll1nem 'pode ser por elesapropriado(. ..) .
GrifonossóSTF - MS 30260iDF - Relatora Ministra CÁRMEN LÚCIA. DJe-166DIVULGADOEM29-08-2011PUBLlC30-08-2011
(
. Desse modo, a coligação sequer deveria figurar no polo passivo da ação e, como
tal, eventual Omissão sobre os efeitos do julgado em relação a ela mostra-se totalmente irrelevante ..
b) Da alegada omissão acerca da dife~nça entr.e distribuição de ali,mentos e serviço derefeição:
Trata-se de matéria de mérito, a ser lançada em sede de recurso ordinário e nãoem declaratórios. Ademais, sabe-se que os declaratórios não se prestam a promover novojulgamento da causa:
(... ) Os embargos de declaraçã~ são cabiveis. apenas para sanar omissão,contradição ou obscuridàde, não se prestando a promover o novo julgamentoda causa.
Grifo nossoTSE - ED-AgR-AI 11241- RelatorMinistro FELlX FISCHER. DJE - Diário daJustiça Eletrônico,Tomo 197,Data 16/10/2009,Págína 22
c) Da alegada omissão quanto ao exani~ de pedido alternativo de aplicação' de pena de multa:
. Re~salte-se que a ação em questão é uma' investigação judiqíaI eleitoral, regida
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•
, fiaMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
.PROCURe\DORIA REGIOML ELEITORAL NO ESTADO DE ,RO'l/DÔNIA
pelo art. 22 da LC 64/90.
Com efeito, na ação de investigação judicial eleitoral as sanções, possíveis são
apenas duas: a cassação do registro ou do diploma e a inelegibi'lidade. se considerarmos essa última
eomo sanção.
Art. 22. Qualquer partido políti'co. coligação, candidato ou Ministério PúblicoEleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral. diretamente ao Corregedor-Geralou Regional, relatando fatos e indicando provas, indicios e circunstâncias e pedirabertura de investigaçãojudicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso dopoder econômicoou do poder de autoridade,ou utilização indevida de veículos oumeios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido polftieo.obedecidoo seguinterilo:(...)XIV - julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação doseleitos, o Tribunaldeclarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajamcontribuídopara a práticado ato. cominando-lhessanção de inelegibilidade'paraaseleiçôes a se realizarem nos. 8 '(oito) anos subsequentes à eleiçào em que severificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamentebeneficiado pela interferênciado poder econômico ou pelo desvio ou abuso dopoder de autoridade ou dos meios,de comunicação, determinando a remessa dosautos ao Ministério Público Eleitoral, para instauraçào de processo ,disciplinar. sefor o caso, c de ação penal, ordenandoquaisqueroutras providências que a espéciecomportar,
Grifo nosso
Ora. não se pode conftmdir AIJE por abuso dc poder com representações por
captação ilícita de sufrágio (Lei 9.504/97, art. 41-A) ou conduta vedada (Lei 9.504/97. art. 73 S5).
Essas últimas seguem o procedimento da ação de investigação judicial eleitoral, mas, na essência.não são AIJES.
Seguir o mesmo proccdimento de uma determinada ação significa apcnas que li
reprcscntação toma por empréstimo o rito por ela adotado, sem maiores conexões, principalmentequanto às sanções.
Dcsse modo, o Ministério Público Eleitoral manifesta-se pela rejeição dos
embargos declaratórios de fls. 493/521 em relação aos seguintes pontos: I) omissão quanto à
coligação demandada, 2) omiss'ão acerca da diferençà entre distribuição lIe alimentos e
serviço de refeição e 3) omissão quanto ao exame de pedido alternativo de aplicação de penaPãg.6
MPF
sucessivamente.
-MINiSTÉRIO PúBLICO FEDERALPROCURADORIA REGIONAL ELEITOR.'\L NO ESTADO DE RONDÔNIA
, .'
de multa.
No tocante àomis$ão quanto ao ~estino dos votos dados aos candidatos'.alcançados pela cassação dos diplomas e seus efeitos/reflexos no pleito eleitoral, os embargosmerecem acolhimento.
Com efeito, a cassação do diploma de candidaIos eleitos a cargo majoritário(Governador e Vice-governador) implica, além da anulação dos votos obtidos pelos candidatos, a
necessidade de enfrentamento de questão reflexa e relevante, qual seja, a sucessão à titularidade dopoder.
Fala-se isso porque, no caso de wna eleição .majoritária, a cassação do candidato
eleito pode implicar 3 (três) situações distintas: .1) nova çleição, caso a nulidade tenha atingido
candidato eleito com mais de 50% dos votos válidos; 2) assunção do segundo colocado, caso este,
no primeiro turno, tenha mais de 50% dos votos válidos, excluídos os votos anulados do candidato
cassado. Quer dizer, anulando-se os votos do candi9ato eleito .em segundo turno, 'deve o Tribunal
aferir se, no primeiro turno, o segundo colocado obteve mais votos que todos os outros
concorrentes; 3) realização de nova eleição, caso o segundo colocado tenha votação inferior aoi
somatório dos votos obtidos pelos demais candidatos, os que foram classificados em 30, 4° lugar,. .
julgado:o TSE já teve oportunidade de analisar casos como este, a exemplo' do seguinte.. \ .
(.. ;) Eleição decidida em segundo turno. Cassado o diploma pela prática de atos. tipificados como abuso de poder, couduta vedada e captação ilidta desufrágio, deve ser diplomado o candidato que. obteve o segundo lugar.Precedente (... ) ,
Grifo nossoTSE RCED nO 671 Relator Ministro ROBERTO GRAUDJE - Diário da Justiça Eletrônico,Tomo59, Data 03/03/2009, Página 35
Ressalte-se, porém, que a assunção. do segundo colocado não é automática nos
casos de segundo turno. Aleitura da ementa, por si s6, não é suficiente para esclarecer a questão. A
respeito, ~olaciona-se trecho do voto do eminente Ministro CARLOS AYRES BRITOS no julgadodo R.CED 671:
69 3216-0527/0500 - www.prro.mpf.mP-Jl.( . ri"':" ~E-mai!: prero@mpf.mp.br ~Av..Abunã nO1759, São João Bosco, CEP 76803-749, PortoVelho-RO
e.. . ."
MINISTÉRIO PCBUCO FEDERALPROCURADORIA REGIONAL ELEITOR4.L NO ESTADO DE RONDÔNIA
(...) Então, quando se anulam os votos conferidos a um candidato em segundoturno - no caso, numericamente vencedor -, o intémrete. retroagc no seu raciocínioao primeiro turno. para equacionar a situação. e fará um cálculo sobre os votos doprimeiro turno remanescentemente válidos: Por que remanescentemente vál idos'?Porque, dos votos do primeiro turno. são excluIdos aqueles conferidos ao candidatoque. no' segundo turno. veio a tê-los anulados. Assim. o interprete retroage aoprimefro turno e apura a votação válida. aquela çonferida aos candidatos quc nãotiveram contra sI decreto Judicial de nulidade de votos.O quc ocorre no caso do Maranhão? A candIdata que tirou o segundo lugar naprimeira oportunIdade. agora con1 esses votos remanescentemente válidos. obteve.cinguenta por cento mais um de votos? Obteve. Então. o pl"inc ípio damajoritariedade. que e insito à democracia, foi observado, Não é caso. portaitto. dese aplicar o artigo 224. Foi assim que fizemos no caso da Paraíba e não no caso dcLondrina, Por que não o fizemos no caso de Londrina? Porque. com a anulacão dos.votos dados ao candidato que obteve o primeiro lugar no segundo turno c aretroacão do cálculo para o primeiro turno, o que tirou em segundo lugar noprimeiro turno teve menos votos que o terceiro e quarto colocados. Então, oterceiro e quarto colocados juntos tiveram mais votos de que o scgundo colocadono primeiro turno. O segundo colocado não obteve etnquenta por cento mais um devotos vál idos no primeiro turno. já excluídos os votos conferidos ao que tirou emprimeiro lugar no segundo turno, Portanto. estamos sendo coerentes. Assim se tezem dois outros casos de perda de mandato de governador: Flamarion Portela, deRondônia, c Mão Santa. do Piauí. Não estamos inovando nada, absç.lutamentcnada.
Grifo nosso
Ora. se essa discussão constitui matéria 'que é levada a julgamento cm sede
recursal, evideutemente se trata de uma que~tão relevante que merece ser tratada pehi Corte e não
apenas resolvida no àmbito administrativo dc cumprimento da decisão, considerada a grandeza dos
interesses em jogo.
Nesse ponto, devem os embargos sere acolhidos,'
d) Da alegada obscuridade e dúvida no voto d<!Juiz Delson Xavier, cujo voto transbordou os
limites da jurisdição e ingressou em seara de atuação das partes, tudo isso após encerrada a
instrução processual, kom a agravante de não' disponibilizar às partes a possibilidade de
exercer o contraditório e a ampla defesa, apanágios do .devido processo legal:
. Sabe-se que ~ magistrado não está vinculado ao fundamento legal invocado pelas
partes ou mesmo adotado pela instància a quo, podendo qualificar juridic'!ffiente os fatos trazidos
.693216-052710500_- www.prro.mpf.mp.brE-mail: prero@mpf.mp.br .' ',;:r- .Av.Abunã n° 1759, São João Bosco, CEP 76803-749, P0r>Velho-RO
Pág; 8
MPF
.. ,eMIXlSTÉRIO PÚBLICO FEDEML
PROCUMDORIA REGIONAL ELEITOR-\L NO ESTADO DE RONDÔNIA
ao seu conhecimento, conforme o principio iura .novit curia e o brocardo jurídico "dá-me o fato,que te darei o direito".
Nesse sentido, o Colendo STJ:
(... ) O juiz não está vinculadoaos fundamentosjurídicostrazidos pelas partes, masaos fatos expostos nos autos, podéndo decidir a causa com base em outros. dispositivos legais.O STJ adota o princípiodojura novit curia. (. ..)Grifo nosso' .STJ -AgRg noAREsp 54239 MS. RelatorMinIstroHERMANBENJAMINDJe 03/02/2015
reendendo osde tais dili ênClas foi reve ado somente na ocasião' da sess
Porém, no pr1lsente caso, verifica-se que. o voto questionado não se limitou ainovar fundamentos 'uridicos mas re 1izou instru ão robatória com lementar não re uestada na
DRAP da coli a'ão no Processo n. 388-91.2014.6.22.000, bem ainda consulta aó site da casa de eventos Talismã 21. de onde extraiu
informa 'ões cU:'a utiliza ão re ercutiu no cam o dos interesses rocessuais da arte sem ue fosse
o ortunizado aos r correntes o révio contraditório e a am la defesa na me ida em ue o resultado
atores do processo:
Com efeito, em matéria processual, as garantias fundamentais são inafastáveis e,como tal, não podem ser. suprimidas ainda que, para tanto, hajá como justificativa a busca daverdade dos fatos.
Inegável que, no atual panorama constitucional, . os princípios juridicos sãodotados de normatividade e aqueles que têm base constitucional.e asseguram direitos fundamentais
ganham destaque, de modo que somente podem ser afastados em razão da necessidade excepcional
Ida tutela de direitos fundamentais de igualou maior peso, o que. no presente caso, não se verifica.
já que a celeridade processual não. justifica o atropelo a garantias processuais da envergadura docontraditório.
A preocupação. com contradiiório é tão evidente que, na 'redação do novo CPC, a .Lei 13.105/2015, consta expressamente o dever do magistrado de zelar pelo contraditório em favordas partes:
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Fog.9
MPFMInIaIório _ Fede<cI
a~
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROClIRADORIA REGIONAL ELEITORAL NO ESTADO DE RONDÔNIA
Ar!. 7QF, asseguradaàs partes paridade de tratamento em relação ao cxercícío dedireitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e àaplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivocoutraditório,
Gri1'0 '10550
Sabe-se que ,o novo CPC ainda' não vige, mas, sçm dúvida. demonstra a
preocupação com a efetividade das garantias constitucionais que devem ser asseguradas no, processo.
Nesse sentido, o STF:
(.,.) O diréito do réu à observância, pelo Estado, da garantia pertinente ao"due process o/ iaw", além de traduzir expressão eoncreta do direito de defesa,'também encontra suporte legitimador em convenções internacio~ais queproclamam a essencialidade dessa franquia processual, que compõé o próprioestatnto constitucional do direito de defesa, enquanto complexo de princípios ede normas que amparam qualquer acusado em sede de persecução criminal(, ..) .
Grifo nossoSTF - HC 111567AgRJAM- Relator Ministro CELSO .DE MELLO. DJe-213DIVULG29-10-2014 PUBLlC30-16-2014
,Ressalte-se, mais, que o devido procésso deve ser assegurado não só na sua
dimensão formal, mas, principalmente, na sua dimensão substantiva; o que pressupõe efetividade dagarantia,
Todavia, fato é que tal matéria não merecc tratamento' em sede de embargos
declaratórios, na medida que tenciona a rcdiscussão sobre ,qucstão de mérito. a qual encontraasscnto na ctapa recursaL
Por tais motivos, considerando que ,li matéria constitui tema a ser tratado no
recurso ordinário e não em declaratórios, a Procuradoria Regional Eleitoral entende pela suarejeição.
/
Por fim, esta PRE deixa de se manifestar quanto
525!571, pois ain,danão apresentadas as contrarrazões.
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ao recurso ordinário de fls.
Pá!!. 10
MPF
•
• taMINISTÉRIOPÚBLICOFEDER"'L
PROCURADORIAREGIONALELEITORALNOESTADODERONDÔNIA
III- Conclusão
, Pelo exposto, firme nessas considerações, a PROCURADORIA
REGIONAL ELEITO,RAL manifesta-se pelo conhecimento dos embarg~s declaratórios de
ambas partes, No mérito, manifesta-se pela rejeição dos embargO!l de fls. 489/492 é peloacolhimento parcial d9S embargos de fls. 493/521, apenas 1)0 que tange ao esclarecimento da
questão relativa ao destino dos votos dados aos candidatos alcançados pela cassação dos
diplomas e seus ereitos/refleXOS70 pl . o~leit-;;~Y/-'-\\ .
j j _------tk,/ -- Po#oV~hoIRO,31 de março de 2015./ / i \
\ .)
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Pág.1I
MPFMInhIórioP,iibll<o-
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