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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
EQUILIBRIO ECOLÓGICO
TOBIAS BARRETO-SE
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2008
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AMANDA GOIS SANTOS
GRAZIELE DE JESUS MENEZES
JOSÉ MESSIAS P. DO NASCIMENTO
MARIA PAIXÃO DA CRUZ
MARIA ZORAIDE ALMEIDA SANTOS
NICELMA SANTANA
EQUILIBRIO ECOLÓGICO
Trabalho apresentado a disciplina
Ciências, Tecnologia, Meio Ambiente e
Qualidade de vida do Prof.° José Oliveira
Santana. Do Curso em Pedagogia da
Universidade do Vale do Acaraú - UVA
TOBIAS BARRETO-SE
2008
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus queridos
amigos, companheiros de todos os
momentos, bons e ruins; muito obrigado
vocês são as pessoas que mais amo neste
mundo.
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SUMÁRIO
AGRICULTURA, PECUÁRIA E SEDENTARIZAÇÃO 05
AS TRANSFORMAÇÕES URBANAS E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS 07
O TRABALHO E A RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA: O PARADOXO 12
O CRESCIMENTO POPULACIONAL E OS DESEQUILIBRIOS NO AMBIENTE 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19
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AGRICULTURA, PECUÁRIA E SEDENTARIZAÇÃO
As áreas de exploração com agricultura e a pecuária de corte no Brasil têm
apresentado sintomas sérios de ruptura na sustentabilidade dos recursos naturais. A
degradação das pastagens, a queda na produtividade das lavouras, o empobrecimento da
fertilidade do solo, a baixa retenção de água no solo e o aumento do processo erosivo são
sintomas do manejo inadequado que prejudica o meio ambiente.
As tecnologias para a recuperação e manejo sustentável dos solos degradados dos
Cerrados, tanto para as áreas de pastagens como de agricultura, visam à melhoria das
propriedades do solo, evitando a erosão, como também a quebra do equilíbrio que facilita a
ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras e uma maior diversificação das atividades
econômicas no meio rural.
Principais requisitos para a integração agricultura e pecuária
Para a produção de grãos em áreas de pastagens, considerando-se que o uso da
agricultura é uma atividade de maior risco e requer certa especialização por parte dos
produtores, o pecuarista deve considerar alguns parâmetros para fazer uso da agricultura, tais
como:
a. Solos favoráveis para a produção de grãos, em áreas de clima propício.
b. Infra-estrutura mínima para a produção de grãos (máquinas, equipamentos e
instalações).
c. Acesso facilitado para a entrada de insumos e a saída de produtos.
d. Recursos financeiros para os investimentos na produção.
e. Domínio da tecnologia requerida para a produção.
f. Assistência técnica.
g. Possibilidade de arrendamento da terra ou de parceria com produtores tradicionais de
grãos.
No caso do uso da agricultura para recuperação e renovação de pastagens, em geral, os
custos podem, em anos normais, serem amortizados total ou parcialmente, já no primeiro ano
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de cultivo. Uma menor quantidade de insumos, operações de preparo de solo, conservação do
solo, a partir do segundo ano, possibilitam também obter margens positivas.
Para a produção de carne em áreas de lavoura de grãos, os principais requisitos são:
a. Infra-estrutura mínima para pecuária de corte (curral, cercas, água e outras).
b. Recursos financeiros para os investimentos na atividade.
c. Domínio das tecnologias requeridas para o sistema.
d. Assistência técnica.
e. Possibilidade de arrendamento da terra e/ou parceria com produtores tradicionais de
pecuária de corte.
A exploração intensiva da atividade de pecuária de corte, principalmente na recria e
engorda de animais cruzados, em solos corrigidos e adequado manejo sanitário e nutricional,
poderá apresentar uma maior rentabilidade econômica, com menor risco, quando comparado
com a produção de soja, milho, feijão, arroz, sorgo e outras.
Principais vantagens do uso de integração agricultura e pecuária
a. Recuperação mais eficiente da fertilidade do solo - como as culturas anuais são mais
exigentes em fertilidade do solo, uma atenção maior a esse aspecto é certamente dada.
b. Facilidade de aplicação de práticas de conservação de solo - esta é uma prática
corriqueira entre os agricultores, os quais também possuem equipamentos apropriados.
c. Recuperação com custos mais baixos - o lucro obtido com a cultura amortiza os gastos
da recuperação.
d. Facilidade na renovação da pastagem - em geral no plantio de culturas anuais o
preparo do solo é mais intensivo, com o uso de herbicidas, proporcionando uma
redução no potencial de sementes no solo, possibilitando a troca de espécie forrageira,
principalmente as braquiárias.
e. Melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo - com a rotação
lavoura-pastagem, evitando-se a monocultura, eliminam-se camadas compactadas,
bem como incorporam-se resíduos animais (esterco), raízes e palhada de grãos e
forrageira, estimulando-se a vida do solo pelo incremento de material orgânico.
f. Controle de pragas, doenças e invasoras - pela quebra do ciclo de pragas e doenças.
g. Aproveitamento de adubo residual - parte do adubo fertilizante aplicado à cultura
permanece no solo, sendo depois aproveitado pela pastagem.
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h. Maior eficiência na utilização de máquinas, equipamentos e mão-de-obra na fazenda,
os quais terão uma otimização do uso por maior período de tempo no ano.
i. Diversificação do sistema produtivo - possibilita a diversificação de pastagens. A
empresa pode explorar tanto as fases de cria, recria e engorda, como a produção de
grãos. Isto lhe dá maiores garantias contra os riscos climáticos e flutuações de
mercado.
j. Aumento da produtividade do negócio agropecuário, tornando-o sustentável em
termos econômicos e agroecológicos.
SEDENTARIZAÇÃO
Na antropologia evolucionária, sedentarismo é um termo aplicado à transição cultural
da colonização nômade para a permanente. Na transição para o sedentarismo, as populações
semi-nômades possuíam um acampamento fixo para a parte sedentária do ano. O
sedentarismo se tornou possível com novas técnicas agrícolas e pecuárias. O desenvolvimento
do sedentarismo aumento a agregação populacional e levou à formação de vilas, cidades e
outras formas de comunidades.
Sedentarismo forçado, ou sedentarização ocorre quando um grupo dominante
restringe os movimentos de um grupo nômade.
Este é um processo pelo qual as populações nomádicas têm passado desde o início da
agricultura, até hoje, onde a organização da sociedade moderna impôs demandas que
forçaram as populações aborígenes a adotar um habitat fixo.
AS TRANSFORMAÇÕES URBANAS E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS
Por cerca de 4 bilhões de anos o balanço ecológico do planeta esteve protegido. Com o
surgimento do homem, meros 100 mil anos, o processo degradativo do meio ambiente tem
sido proporcional à sua evolução.
No Brasil, o início da influência do homem sobre o meio ambiente pode ser notada a
partir da chegada dos portugueses. Antes da ocupação do território brasileiro, os indígenas
que aqui habitavam (estimados em 8 milhões) sobreviviam basicamente da exploração de
recursos naturais, por isso, utilizavam-nos de forma sustentável (WALLAVER, 2000).
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Após a exterminação de grande parte dos índios pelos portugueses, o número de
habitantes do Brasil se reduziu a três milhões no início do século XIX. Foi nesse período que
começaram as intensas devastações do nosso território. À época, o homem se baseava em
crenças religiosas que pregavam que os recursos naturais eram infindáveis, então, o término
de uma exploração se dava com a extenuação dos recursos do local. Infelizmente, essa cultura
tem passado de geração em geração e até os dias de hoje ainda predomina (WALLAVER,
2000).
Com a descoberta do petróleo em 1857 nos EUA, o homem saltou para uma nova era:
o mundo industrializado, que trouxe como uma das principais conseqüências a poluição. Ou
seja, além de destruirmos as reservas naturais sobrecarregamos o meio ambiente com
poluentes. Os acontecimentos decorrentes da industrialização dividiram o povo em duas
classes econômicas: os que espoliavam e os que eram espoliados. A primeira classe
acumulava economias e conhecimento, enquanto a segunda vivia no estado mais precário
possível. A segunda classe pela falta de recursos, utilizava desordenadamente as reservas
naturais, causando a degradação de áreas agricultáveis e de recursos hídricos e, com isso,
aumentando a pobreza. O modelo econômico atual está baseado na concentração–exclusão de
renda. Ambos os modelos econômicos afetam o meio ambiente. A pobreza pelo fato de só
sobreviver pelo uso predatório dos recursos naturais e os ricos pelos padrões de consumo
insustentáveis.
As causas das agressões ao meio ambiente são de ordem política, econômica e
cultural. A sociedade ainda não absorveu a importância do meio ambiente para sua
sobrevivência. O homem branco sempre considerou os índios como povos “não civilizados”,
porém esses “povos não civilizados” sabiam muito bem a importância da natureza para sua
vida. O homem “civilizado” tem usado os recursos naturais inescrupulosamente priorizando o
lucro em detrimento das questões ambientais. Todavia, essa ganância tem um custo alto, já
visível nos problemas causados pela poluição do ar e da água e no número de doenças
derivadas desses fatores.
A preocupação com o meio ambiente caminha a passos lentos no Brasil, ao contrário
dos países desenvolvidos, principalmente em função de prioridades ainda maiores como, p.
ex., a pobreza. As carências em tantas áreas impedem que sejam empregadas
tecnologias/investimentos na área ambiental. Dessa forma, estamos sempre atrasados com
relação aos países desenvolvidos e, com isso, continuamos poluindo.
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A única forma para evitar problemas futuros, de ainda maiores degradações do meio
ambiente, é através de legislações rígidas e da consciência ecológica.
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PROBLEMAS AMBIENTAIS ATUAIS
Embora estejam acontecendo vários empreendimentos por parte de empresas, novas
leis tenham sido sancionadas, acordos internacionais estejam em vigor, a realidade apontada
pelas pesquisas mostra que os problemas ambientais ainda são enormes e estão longe de
serem solucionados.
É preciso lembrar que o meio ambiente não se refere apenas as áreas de preservação e
lugares paradisíacos, mas sim a tudo que nos cerca: água, ar, solo, flora, fauna, homem, etc.
Cada um desses itens está sofrendo algum tipo de degradação. Em seguida serão apresentados
alguns dados dessa catástrofe.
FAUNA
A fauna brasileira é uma das mais ricas do mundo com 10% das espécies de répteis
(400 espécies) e mamíferos (600 espécies), 17% das espécies de aves (1.580 espécies) a maior
diversidade de primatas do planeta e anfíbios (330 espécies); além de 100.000 espécies de
invertebrados.
Algumas espécies da fauna brasileira se encontram extintas e muitas outras correm o
risco. De acordo com o IBGE há pelo menos 330 espécies e subespécies ameaçadas de
extinção, sendo 34 espécies de insetos, 22 de répteis, 148 de aves e 84 de mamíferos. As
principais causas da extinção das espécies faunísticas são a destruição de habitats, a
caça/pesca predatórias, a introdução de espécies estranhas a um determinado ambiente e a
poluição (WALLAVER, 2000). O tráfico de animais silvestres movimenta cerca de 10 bilhões
de dólares/ano, sendo que 10% corresponde ao mercado brasileiro, com perda de 38 milhões
de espécimes.
A poluição, assim como a caça predatória, altera a cadeia alimentar e dessa forma
pode haver o desaparecimento de uma espécie e superpopulação de outra. P. ex., o gafanhoto
serve de alimento para sapos, que serve de alimento para cobras que serve de alimento para
gaviões que quando morrem servem de alimento para os seres decompositores. Se houvesse
uma diminuição da população de gaviões devido à caça predatória, aumentaria a população de
cobras, uma vez que esses são seus maiores predadores. Muitas cobras precisariam de mais
alimentos e, conseqüentemente, o número de sapos diminuiria e aumentaria a população de
gafanhotos. Esses gafanhotos precisariam de muito alimento e com isso poderiam atacar
outras plantações, causando perdas para o homem. É importante lembrar que o
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desaparecimento de determinadas espécies de animais interrompe os ciclos vitais de muitas
plantas.
FLORA
Desde o princípio de sua história o homem tem exercido intensa atividade sobre a
natureza extraindo suas riquezas florestais, pampas e, em menor intensidade, as montanhas.
As florestas têm sido as mais atingidas, devido ao aumento demográfico elas vêm sendo
derrubadas para acomodar as populações, ou para estabelecer campos agricultáveis (pastagens
artificiais, culturas anuais e outras plantações de valor econômico) para alimentar as mesmas.
Essa ocupação tem sido realizada sem um planejamento ambiental adequado causando
alterações significativas nos ecossistemas do planeta. As queimadas, geralmente praticadas
pelo homem, são atualmente um dos principais fatores que contribuem para a redução da
floresta em todo o mundo, além de aumentar a concentração de dióxido de carbono na
atmosfera, agravando o aquecimento do planeta. O fogo afeta diretamente a vegetação, o ar, o
solo, a água, a vida silvestre, a saúde pública e a economia. Há uma perda efetiva de macro e
micronutrientes em cada queimada que chega a ser superior a 50% para muitos nutrientes.
Além de haver um aumento de pragas no meio ambiente, aceleração do processo de erosão,
ressecamento do solo entre vários outros fatores. A queimada não é de todo desaconselhada
desde que seja feita sob orientação e facilmente controlada. Apesar do uso de sistemas de
monitoramento via satélite, os quais facilitam a localização de focos e seu combate, ainda é
grande o número de incêndios ocorridos nas florestas brasileiras.
150 mil Km2 de floresta tropical são derrubados por ano, sendo que no Brasil, são em
torno de 20 mil km2 de floresta amazônica. Além desta, a mata Atlântica é a mais ameaçada
no Brasil e a quinta no mundo, já tendo sido devastados 97% de sua área (VITOR, 2002).
RECURSOS HÍDRICOS
Já ouvimos falar muito sobre a guerra do petróleo e os países da OPEP. Como se sabe,
a maior concentração de petróleo conhecida está localizada no Golfo Pérsico. Porém, o
petróleo deste novo século que também causará muitas guerras é outro: a água. Mais da
metade dos rios do mundo diminuíram seu fluxo e estão contaminados, ameaçando a saúde
das pessoas. Esses rios se encontram tanto em países pobres quanto ricos. Os rios ainda
sobreviventes são o Amazonas e o Congo. A Bacia do Amazonas é o maior filão de água doce
do planeta, correspondendo a 1/5 da água doce disponível. Não é à toa que há um interesse
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mundial na proteção dessa região. Não é porque a Amazônia é o pulmão do mundo, isso já foi
comprovado que todo o oxigênio produzido por essa floresta é consumido por ela mesma. Em
um futuro próximo o mundo sedento virá buscar água na Bacia do Amazonas e o Brasil será a
OPEP da água. Por isso, temos que ter muito cuidado para não sermos surpreendidos e
dominados por nações mais poderosas. Apenas 2% da água do planeta é doce, sendo que
90% está no subsolo e nos pólos. Cerca de 70% da água consumida mundialmente, incluindo
a desviada dos rios e a bombeada do subsolo, são utilizadas para irrigação. Aproximadamente
20% vão para a indústria e 10% para as residências. Atualmente a água já é uma ameaça a paz
mundial, pois, muitos países da Ásia e do Oriente Médio disputam recursos hídricos.
Relatórios da ONU apontam que 1 bilhão de pessoas não tem acesso a água tratada e com isso
4 milhões de crianças morrem devido a doenças como o cólera e a malária (DIAS, 2000). A
expectativa é de que nos próximos 25 anos 2,76 bilhões de pessoas sofrerão com a escassez de
água. A escassez de água se deve basicamente à má gestão dos recursos hídricos e não à falta
de chuvas. Uma das maiores agressões para a formação de água doce é a ocupação e o uso
desordenado do solo. Para agravar ainda mais a situação são previstas as adições de mais de 3
bilhões de pessoas que nascerão neste século, sendo a maioria em países que já tem escassez
de água, como Índia, China, Paquistão.
OCUPAÇÃO DO SOLO
O acesso a terra continua sendo um dos maiores desafios de nosso país. O modelo
urbanístico brasileiro praticamente se divide em dois: a cidade oficial (cidade legal, registrada
em órgãos municipais) e a cidade oculta (ocupação ilegal do solo). A cidade fora da lei, sem
conhecimento técnico e financiamento público, é onde ocorre o embate entre a preservação do
meio ambiente e a urbanização. Toda legislação que pretende ordenar o uso e a ocupação do
solo, é aplicada à cidade legal, mas não se aplica à outra parte, a qual é a que mais cresce.
As conseqüências dessa ocupação desorganizada já são bastante conhecidas:
enchentes, assoreamento dos cursos de água devido ao desmatamento e ocupação das
margens, desaparecimento de áreas verdes, desmoronamento de encostas, comprometimento
dos cursos de água que viraram depósitos de lixo e canais de esgoto. Esses fatores ainda são
agravados pelo ressurgimento de epidemias como dengue, febre amarela e leptospirose.
Outro fator que está afetando o solo é o mau uso na agricultura. 24 milhões de toneladas de
solo agricultável são perdidos a cada ano correspondendo, no momento, a 30% da superfície
da Terra. E o pior é que a situação tende a agravar-se. Trata-se de um fenômeno mundial
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cujos prejuízos chegam a 26 bilhões de dólares anuais, e, com isso a sobrevivência de 1 bilhão
de pessoas está ameaçada. As maiores causas da desertificação são o excesso de cultivo e de
pastoreio e o desmatamento, além das práticas deficientes de irrigação (MOREIRA, 2000).
O TRABALHO E A RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA: O PARADOXO
No princípio da humanidade, havia uma unicidade orgânica entre o homem e a
natureza, onde o ritmo de trabalho e da vida dos homens associava-se ao ritmo da natureza.
No contexto do modo de produção capitalista, este vínculo é rompido, pois a natureza, antes
um meio de subsistência do homem, passa a integrar o conjunto dos meios de produção do
qual o capital se beneficia.
No processo de apropriação e de transformação dos recursos pelo homem, através do
trabalho, ocorre o processo de socialização da natureza. O trabalho torna-se então, o mediador
universal na relação do homem com a natureza. '(…) o trabalho é, num primeiro momento,
um processo entre a natureza e o homem, processo em que este realiza, regula e controla por
meio da ação, um intercâmbio de materiais com a natureza'. Partindo desse pressuposto, a
separação do homem de suas condições naturais de existência não é "natural", mas histórica,
tendo em vista que a prática humana encontra-se vinculada a sua história.
Para CASSETI (1991), as transformações sofridas pela natureza, através do emprego
das técnicas no processo produtivo, são um fenômeno social, representado pelo trabalho, e as
relações de produção mudam conforme as leis, as quais implicam a formação econômico-
social e, por conseguinte, as relações entre a sociedade e a natureza.
A sociedade contemporânea, consubstanciada numa dinâmica complexa e
contraditória, possui uma organização interna, a qual representa um conjunto de mediações e
relações fundamentadas no trabalho. Sob o capitalismo, o qual se identifica com a reprodução
ampliada do capital e que necessita da produção de mercadorias como veículo de produção da
mais-valia para possibilitar a sua expansão, a relação homem-meio apresenta-se como
contradição capital-trabalho, pois se pensarmos do ponto de vista abstrato, os homens se
relacionam com a natureza para a transformar em produtos. Se pensarmos do ponto de vista
real, o trabalho é um processo de produção/reprodução de mercadorias.
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No capitalismo, portanto, o acesso aos recursos existentes na natureza passam por
relações mercantis, visto que sua apropriação pelo capital implica a eliminação de sua
"gratuidade natural". Portanto, a incorporação da natureza e do próprio homem ao circuito
produtivo é a base para que o capital se expanda.
No processo de acumulação do capital, o trabalhador tem sido despojado do conjunto
dos meios materiais de reprodução de sua existência e forçado a transformar sua força de
trabalho em mercadoria, a serviço do próprio capital, em troca de um salário. O capital separa
os homens da natureza, em seu processo de produção/reprodução e impõe que o ritmo do
homem não seja mais o ritmo da natureza, mas o ritmo do próprio capital.
Sabemos que na relação capital x trabalho há um antagonismo, haja visto que o capital
nutre-se da exploração do trabalho do homem. Nesta relação, como o homem realiza o
trabalho capitalizado, ao entrar em contradição com o capital, ele entra em contradição com a
própria natureza.
Segundo Moreira, quando o capital busca cada vez mais a produtividade do trabalho e,
assim, a elevação da taxa de exploração do trabalho e da natureza, ele amplia a base de
alienação do trabalho e da própria natureza, gerando uma dicotomia entre sociedade e
natureza.
"A alienação do trabalho reproduz-se a todas as instâncias da sociedade capitalista:
aliena-se o homem da natureza, dos produtos, do saber, do poder e dos próprios
homens. Se o poder sobre os homens nas „sociedades naturais‟ passa pelo controle
da terra, sob o capital o poder passa pela alienação do trabalho".
A perda da identidade orgânica do homem com a natureza, se dá a partir do capital,
que gera a contradição e que, na contradição, gera a perda da identificação do homem com a
natureza e, conseqüentemente, a degradação ambiental.
O processo social de produção, cuja referência está na produção de valores de uso,
submete a força de trabalho e os meios de produção aos seus desígnios, impulsionando a
utilização irracional dos recursos naturais, o desperdício de matérias-primas, de energia e de
trabalho, provocando assim, a destruição da natureza e a conseqüente "crise ecológica".
Essa "crise ecológica", constitui-se num dos aspectos desse „mundo às avessas‟ que a
alienação mercantil e capitalista do ato social de trabalho institui.
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Assim, o processo de constituição da classe proletária, que se dá a partir da separação
das condições objetivas de produção, ou seja, dos meios de produção (especialmente da terra
e, através dela a natureza) e de sua inserção no trabalho fabril, explica, em primeira instância,
a subordinação do proletariado à lógica capitalista de exploração da natureza. Essa separação,
pressupõe a perda do domínio sobre as técnicas agrícolas e a compreensão dos processos
naturais por parte do proletariado, distanciando-o assim da natureza.
Na atividade produtiva, própria do capitalismo, prevalece a fragmentação e a
atomização do trabalhador, reificando (coisificando) o homem e suas relações. Dessa forma,
ela não realiza adequadamente a interação do homem com a natureza.
O proletariado, despossuído dos meios de produção, só realiza a sua subjetividade na
medida em que aliena sua capacidade de trabalho a quem detém as condições objetivas, ou
seja, ao capitalista.
Segundo ANTUNES, o modo de produção capitalista, o trabalhador é reduzido a uma
mercadoria, à medida que vende sua força de trabalho para o capitalista em troca de um
salário. Assim, o trabalho "que deveria ser a forma humana de realização do indivíduo reduz-
se à única possibilidade de subsistência do despossuído".
A dimensão abstrata que o trabalho adquire, conduz ao mascaramento da sua
dimensão concreta (de trabalho socialmente necessário) e, conseqüentemente, à fetichização
da mercadoria, encobrindo assim, "(...) as dimensões sociais do próprio trabalho, mostrando-
as como inerentes aos produtos do trabalho". (Op.cit.127)
Segundo Thomaz Jr.(1995),
"O procedimento do cientificismo fetichizou os riscos a que a sociedade foi
submetida, tendo em vista que o desenvolvimento incomensurado das ciências e das
técnicas põe em xeque o futuro da humanidade, socializando de forma profunda e
ampla todas as mazelas do produtivismo, conclamando a todos à preservação da
natureza, todavia virando as costas para o chamamento lançado pelos movimento
ecológicos e alguns partidos políticos comprometidos que se vinculam à tese da
insubordinação da práxis social à lógica da reprodução do capital".
Nesse sentido, a luta de classe do proletariado (e demais segmentos da sociedade)
deveria suscitar uma reformulação profunda da sociedade e colocar em xeque a estrutura
organizacional da sociedade capitalista, ampliando a "luta anticapitalista". Mas, para que esta
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luta ganhe uma dimensão ecológica, se faz necessário uma "verdadeira revolução cultural no
movimento operário". Dada a indiferença do trabalhador com o trabalho que exerce.
Já a tecnologia não é indiferente aos propósitos de sua criação, ou seja, ela está à
serviço do capital e, portanto, voltada para a produção de mais-valia. Assim, quanto mais
aumenta a capacidade de extração de sobretrabalho, maior é a quantidade de recursos naturais
explorados, de matéria-prima transformada.
A crise ecológica requer um repensar sobre a forma como está estruturada e como
funciona a sociedade contemporânea. O modo como é gerida a natureza, o modo de produção
e de consumo, os meios de produção, o modo de vida, as técnicas aplicadas, a tecnologia
utilizada e a ciência a seu serviço, no sentido de reaproximar o homem da natureza (Bihr,
1999). Dito de outro modo, essa crise ecológica/ ambiental evidenciada através de dois
elementos característicos da sociedade contemporânea: tecnologia e crescimento, nos incita ao
questionamento de um estilo de desenvolvimento internacionalizado, que revela-se enquanto
modelo de desenvolvimento ambientalmente predatório e socialmente injusto, manifestado,
principalmente nos processos de modernização da agricultura, de urbanização e de exploração
desenfreada dos recursos naturais.
O CRESCIMENTO POPULACIONAL E OS DESEQUILIBRIOS NO
AMBIENTE
Os estudiosos de todos os tempos têm se dedicado ao problema dos conglomerados de
seres humanos e seus reflexos na economia, sociologia e política, desenvolvidos por estas
comunidades. Sabe-se que as populações vivem de acordo com as condições daquele
ambiente em termos de alimentação, vestimentas, habitação e muitos outros elementos que a
comunidade precisa. Pois, isto conduziu a preocupações incomensuráveis por pessoas que
sentiam que, se as coisas continuassem do jeito como estavam, os problemas iriam causar
dificuldades bem mais catastróficas do que pensavam. Estas questões têm deixado as
autoridades ligadas aos problemas populacionais, numa situação de grande perplexidade e
constante vigilância quanto à população urbana e/ou rural, numa ligação direta com a
produção de alimentos para esta população que cresce descontroladamente.
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A superfície da Terra está em constante processo de transformação e, ao longo de seus
4,5 bilhões de anos, o planeta registra drásticas alterações ambientais. Há milhões de anos, a
área do atual deserto do Saara, por exemplo, era ocupada por uma grande floresta e os
terrenos que hoje abrigam a floresta amazônica pertenciam ao fundo do mar. As rupturas na
crosta terrestre e a deriva dos continentes mudam a posição destes ao longo de milênios. Em
conseqüência, seus climas passam por grandes transformações. As quatro glaciações já
registradas – quando as calotas polares avançam sobre as regiões temperadas – fazem a
temperatura média do planeta cair vários graus. Essas mudanças, no entanto, são provocadas
por fenômenos geológicos e climáticos e podem ser medidas em milhões e até centenas de
milhões de anos. Com o surgimento do homem na face da Terra, o ritmo de mudanças
acelera-se.
AGENTES DO DESEQUILÍBRIO
A escalada do progresso técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar
e transformar a natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo
de alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia dominada pelo
homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de poluição. A invenção da
máquina a vapor, por exemplo, aumenta a procura pelo carvão e acelera o ritmo de
desmatamento. A destilação do petróleo multiplica a emissão de gás carbônico e outros gases
na atmosfera. Com a petroquímica, surgem novas matérias-primas e substâncias não-
biodegradáveis, como alguns plásticos.
Crescimento populacional – O aumento da população mundial ao longo da história
exige áreas cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas de cultivo que
aumentem a produtividade da terra. Florestas cedem lugar a lavouras e criações, espécies
animais e vegetais são domesticadas, muitas extintas e outras, ao perderem seus predadores
naturais, multiplicam-se aceleradamente. Produtos químicos não-biodegradáveis, usados para
aumentar a produtividade e evitar predadores nas lavouras, matam microrganismos
decompositores, insetos e aves, reduzem a fertilidade da terra, poluem os rios e águas
subterrâneas e contaminam os alimentos. A urbanização multiplica esses fatores de
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desequilíbrio. A grande cidade usa os recursos naturais em escala concentrada, quebra as
cadeias naturais de reprodução desses recursos e reduz a capacidade da natureza de construir
novas situações de equilíbrio.
Economia do desperdício – O estilo de desenvolvimento econômico atual estimula o
desperdício. Automóveis, eletrodomésticos, roupas e demais utilidades são planejados para
durar pouco. O apelo ao consumo multiplica a extração de recursos naturais: embalagens
sofisticadas e produtos descartáveis não-recicláveis nem biodegradáveis aumentam a
quantidade de lixo no meio ambiente. A diferença de riqueza entre as nações contribui para o
desequilíbrio ambiental. Nos países pobres, o ritmo de crescimento demográfico e de
urbanização não é acompanhado pela expansão da infra-estrutura, principalmente da rede de
saneamento básico. Uma boa parcela dos dejetos humanos e do lixo urbano e industrial é
lançada sem tratamento na atmosfera, nas águas ou no solo. A necessidade de aumentar as
exportações para sustentar o desenvolvimento interno estimula tanto a extração dos recursos
minerais como a expansão da agricultura sobre novas áreas. Cresce o desmatamento e a
superexploração da terra.
Lixo – Acúmulo de detritos domésticos e industriais não-biodegradáveis na atmosfera,
no solo, subsolo e nas águas continentais e marítimas provoca danos ao meio ambiente e
doenças nos seres humanos. As substâncias não-biodegradáveis estão presentes em plásticos,
produtos de limpeza, tintas e solventes, pesticidas e componentes de produtos
eletroeletrônicos. As fraldas descartáveis demoram mais de cinqüenta anos para se decompor,
e os plásticos levam de quatro a cinco séculos. Ao longo do tempo, os mares, oceanos e
manguezais vêm servindo de depósito para esses resíduos.
Resíduos radiativos – Entre todas as formas de lixo, os resíduos radiativos são os
mais perigosos. Substâncias radiativas são usadas como combustível em usinas atômicas de
geração de energia elétrica, em motores de submarinos nucleares e em equipamentos médico-
hospitalares. Mesmo depois de esgotarem sua capacidade como combustível, não podem ser
destruídas e permanecem em atividade durante milhares e até milhões de anos. Despejos no
mar e na atmosfera são proibidos desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente
seguras de armazenar essas substâncias. As mais recomendadas são tambores ou recipientes
impermeáveis de concreto, à prova de radiação, que devem ser enterrados em áreas
geologicamente estáveis. Essas precauções, no entanto, nem sempre são cumpridas e os
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vazamentos são freqüentes. Em contato com o meio ambiente, as substâncias radiativas
interferem diretamente nos átomos e moléculas que formam os tecidos vivos, provocam
alterações genéticas e câncer.
Ameaça nuclear – Atualmente existem mais de quatrocentas usinas nucleares em
operação no mundo – a maioria no Reino Unido, EUA, França e Leste europeu. Vazamentos
ou explosões nos reatores por falhas em seus sistemas de segurança provocam graves
acidentes nucleares. O primeiro deles, na usina russa de Tcheliabínski, em setembro de 1957,
contamina cerca de 270 mil pessoas. O mais grave, em Chernobyl , na Ucrânia, em 1986,
deixa mais de trinta mortos, centenas de feridos e forma uma nuvem radiativa que se espalha
por toda a Europa. O número de pessoas contaminadas é incalculável. No Brasil, um
vazamento na Usina de Angra I, no Rio de Janeiro, contamina dois técnicos. Mas o pior
acidente com substâncias radiativas registrado no país ocorre em Goiânia, em 1987: o
Instituto Goiano de Radioterapia abandona uma cápsula com isótopo de césio-137, usada em
equipamento radiológico. Encontrada e aberta por sucateiros, em pouco tempo provoca a
morte de quatro pessoas e a contaminação de duzentas. Submarinos nucleares afundados
durante a 2a Guerra Mundial também constituem grave ameaça. O mar Báltico é uma das
regiões do planeta que mais concentram esse tipo de sucata.
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