Ppla sessão 10

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INTEGRAÇÃO DA AMÉRICA LATINA

Pensamento Político Latino-AmericanoProf. Wagner Iglecias

Tema da sessão de hoje:

Populismo, Autoritarismo e Democracia

Objetivo da sessão de hoje:

Tomar contato com algumas manifestações de caráter populista que se tornaram históricas na América Latina, bem como discutir sua alternativa autoritária e a complexa construção do regime democrático no continente.

O populismo na América Latina: fenômeno social, forma de governo ou ideologia?

Manifestação que surge quando uma quantidade significativa de indivíduos sai de seus quadros sociais de origem e se transforma numa massa relativamente indiferenciada.

Ocorre também quando há perda de representatividade da classe dirigente.

E também quando surge na cena política a figura de um líder excepcionalmente dotado das características do carisma.

(Weffort, F. 1989)

Leitura contemporânea do populismo:

(visão crítica - deixe sua mensagem aqui)

Leitura do populismo na primeira metade do século XX:

Fenômeno político no qual determinadas lideranças conseguiam ter sensisbilidade política para aproximar-se do povo, compreender suas

aflições e carrega-las dali por diante como bandeiras, em um cenário onde as elites

políticas mantinham-se distantes do restante da sociedade e onde não haviam canais formais de interlocução e reivindicação de direitos para a

maioria da população.

O fato relevante é que o surgimento do populismo como fenômeno político rompe com a velha polaridade entre

liberais e conservadores que caracterizou a política latino-americana desde os movimentos de

Independência do início do século XIX até as primeiras décadas do século XX.

Vejamos dois dos mais sintomáticos exemplos do surgimento e do crescimento do populismo na América Latina

Populismo no México

A Revolução Mexicana1910

Queda de Porfirio Diaz por conta da sublevação de forças políticas regionais, comandadas por Emiliano Zapata, Pancho Villa e Venustiano

Carranza relativa à fraude eleitoral contra Francisco I. Madero

Todos foram mortos durante os mais de vinte anos de Guerra Civilque se sucederam. As forças contra-revolucionárias concentravam-se entre

grandes senhores de terra reacionários e apoiadores da Igreja Católica

A Revolução Mexicana1910

As principais demandas dos revolucionários

Reforma agráriaNacionalização dos recursos estratégicos do país

Sufrágio universalSeparação entre Estado e Igreja Católica

A Revolução Mexicana1910

Contra-revolução de 1913 – Victoriano HuertaHuerta versus Pancho Villa, Emiliano Zapata,

Venustiano Carranza e Álvaro Obregón

Derrota de Huerta em 1916Carranza e Obregón versus Villa e Zapata

Governo de Carranza entre 1917 e 1920, entre a direita e a esquerda, e o golpe de Obregón

Presidências de

Álvaro Obregón - 1920-1924Reforma agrária e combate ao poder da Igreja

Plutarco Ellias Calles - 1924-1928Combate ao poder da Igreja e fundação do PNR,

depois PRI

Lázaro Cárdenas - 1934-1938Nacionalização do petróleo

Estruturador do PRI, grande arena política do paísModernização institucional

Reforma agrária

Populismo na Argentina

História da ArgentinaSucessão de governos conservadores e autoritários

apoiados pelo poder econômico e político dos grandes proprietários rurais;Altos níveis de corrupção;

Promoção da modernização econômica do país;Aliança econômica com a Inglaterra;

Foco no modelo agro-exportador;Desenvolvimento “desigual”.

A União Cívica Radical e o papel das classes médias urbanas como ator político de contestação.

Período de 1880-1916Ditadura civil capitaneada pelo Partido Autonomista Nacional (PAN)

História recente da Argentina

A Argentina de Hypolito Yrigoyen1916-1922

Postura radical contra o PAN e todo o seu legadoReparação dos danos provocados pela República Conservadora

Respeito às leis e à democraciaCombate à corrupção

Liberdade políticaPolíticas sociaisCriação da YPF

A Argentina de Hypolito Yrigoyen1928-1930

Divisão interna do “radicalismo”;Incapacidade de responder à crise econômica mundial;

Crise política interna e intervenção nas províncias;Enfrentamentos com a oposição à direita e à esquerda;

Golpe de Estado em 1930.

A Década Infame - 1930-1943Dois presidentes militares sucedidos por dois presidentes civis

Apoio econômico e político dos grandes proprietários ruraisUCR proscrita

Fraudes eleitoraisRepressão política

Crise econômica por conta da crise internacionalAdoção forçada do modelo substitutivo de importações

Industrialização e ampliação da classe trabalhadoraCriação, autônoma, da Confederação Geral do Trabalho (CGT)

Novo período militar - 1943-1946O golpe dentro do golpe

Jovens militares, de correntes ideológicas diversas, vão ao poderJuan Domingo Perón ganha projeção no processo,

especialmente após se aliar aos movimentos de trabalhadoresCriação da legislação trabalhista urbana e rural

Criação do Banco Industrial de CréditoTentativa de golpe militar contra o Ministro Perón

Apoio dos movimentos operários a Perón

1945- A Argentina dividida outra vez

Por um lado Perón, e seus muitos aliados:Correntes militares

Sindicatos de trabalhadoresCaudilhos locais e chefes de províncias

Divergencias do radicalismo

Por outro a União Democrática:União Cívica Radical

Partidos de esqueda diversosLíderes políticos de Buenos Aires opostos ao federalismo

JUAN DOMINGO PERÓN

História da Argentina

Criação do Partido Justicialista (1947)Frentes sindicalista, política, feminina e da juventudeCarona no boom econômico do imediato pós-guerra

Estabilidade econômica possibilitando a implantação de amplas políticas de proteção social

Expansão do Estado via nacionalização de serviços públicosIncentivos à industrialização

2o. governo Perón – 1952-1955

Crise econômica a partir da década de 1950Deterioração das condições econômicas do Estado

Adoção de medidas impopularesMorte de Evita - 1952

1o. governo Perón - 1946-1952

Apoio político baseado no tripé Forças Armadas / Igreja / Massas Populares

Soberania nacional, independência econômica, justiça socialCarisma máximo e ligação direta entre líder e massas

EVITA PERÓNEVITA PERÓN

Sintetizando...

Características do populismo na América Latina:

Estado forte e personalista, baseado no nacional-desenvolvimentismo e na figura carismática do líder

Caracterizado pela criação e expansão seletiva de uma legislação de proteção social => é a expressão do Welfare latino-americano, mas muito distinto da Social-Democracia européia

Anteparo ao crescimento internacional do comunismo via controle das massas

Em que medida o surgimento do populismo reflete a crise de

hegemonia das elites dirigentes latino-americanas?

A crítica liberal ao fenômeno populista

Manifestação política vazia de conteúdo

Fenômeno baseado na demagogia do líder carismático e na ingenuidade do povo, adepto a emocionalidades

Expressão da ingorância popular em relação às questões políticas

Estado cooptado pelo líder e relação Estado/sociedade marcada pela cooptação e pela corrupção

A critica esquerdista ao fenômeno populista

Manifestação política vazia de conteúdo, e sobretudo de ideologia política

Mecanismo de manipulação da classe trabalhadora através do corporativismo que destruiu a combatitividade dos moviementos operários independentes e aumentou o controle do Estado sobre os trabalhadores

Instrumento de fracionamento das classes populares

Interpretações do populismo latino-americano

1- TEORIA DA MODERNIZAÇÃO: Populismo como um desvio na transformação das sociedades nacionais, de tradicionais em modernas, de rurais em urbanas, de agrárias em industriais

A rápida criação de massas de trabalhadores originou uma série de novas demandas políticas e sociais que não puderam ser acomodadas nos canais clássicos e institucionalizados de participação política

A falta de uma cultura coletiva e de participação política do homem do campo transplantado encontra na cidade uma estrutura política e partidária débil

Como resultado se tem uma postura individualista, passiva e dependente do Estado por parte do novo trabalhador urbano, logo facilmente manipulável

Principais expoentes desta visão:Octavio Ianni, Gino Germani e Torcuato di Tella

Interpretações do populismo latino-americano

2- VISÃO ESTADOCÊNTRICA: Populismo como resultado da combinação entre repressão estatal, manipulação política e atendimento de demandas pontuais e específicas da sociedade assalariada

“Estado de compromisso” – a manipulação é de duplo sentido. O Estado manipula as massas e é também por elas manipulado. Algo como “menos autonomia política em troca de mais oferta de bens sociais”

Principais expoentes desta visão:Francisco Weffort

Interpretações do populismo latino-americano

3- VISÃO NEOPOPULISTA: Ressurgimento tardio do fenômeno, já na década de 1990, em democracias em consolidação

Não há mais espaço para a repressão estatal e tampouco para a manipulação, mas sim para a persuasão, uma espécie de manipulação não-absoluta

Seria resultado da personalização ou da fulanização da política, especialmente nos dias atuais em que cultua-se o individualismo e os meios de comunicação de massa transformam líderes políticos em celebridades

E qual a saída histórica que as elites políticas e econômicas latino-americanas deram ao fenômeno populista?

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