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1
Choupana de Anchieta Século XVI
Igreja da Misericórdia Século XVII e XVIII
Chácara dos Ingleses Século XIX
Chácara do Arouche Século XIX, XX e XXI
2
IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBERY
NA SANTA CASA DE
MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO
DADOS DA EDITORA:
Impressão
ISBN
Gráfica
Patrocínio:
Dr. Antonio Cleidenir Tonico Ramos
Irmão Mesário da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo
4
TRABALHO DE PESQUISA
Autoria de Maria Nazarete de Barros Andrade - Coordenadora
do Museu Augusto Carlos Ferreira Velloso e da Capela da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
COLABORADORES:
Elizabete Eduarda Simões - Estagiária
Priscila Alves da Silva - Aprendiz
Luiz de Camões Vita Argolo - Jornalista
Dr. Luiz Sampaio Gouveia - Irmão Mesário da Irmandade da
Santa Casa de São Paulo
Dr. Pedro Jabur - Clínica Médica da Irmandade da Santa Casa de
São Paulo
Irmã Cristiana do Coração de Maria
Irmã Delta Toyama
Irmã Rosa Guedes
Irmã Satiko Yamaguchi
Irmã Judith Maria Muniz
Irmã Luiza Carolina Rocha da Silva
Irmã Maria de Lourdes Martins Sylvestre
5
Agradecimentos
Adriana Dinis Campos - Gerente de Comunicação da Santa Casa
de São Paulo
Terezinha Nogueira Carvalho
Solange Blanco
Magali de Oliveira Paula Souza - Diretora de Enfermagem da
Santa Casa de São Paulo
Fotógrafos:
Dr. Toshio Mochida - Médico Radiologista da Irmandade da
Santa Casa de São Paulo
Márcio Sayeg
Lucia Mindlin Loeb
6
Sumário
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO E A OBRA DE CARIDADE DAS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY .................................................................................................................. 9
PREFÁCIO ............................................................................................................................................. 10
MADRE THEODORA VOIRON ................................................................................................................ 14
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 20
EXEMPLO DE VIDA, DE CARIDADE E DE MISERICÓRDIA, CUIDANDO DOS ENFERMOS E ABANDONADOS. ........................... 20
A ORIGEM DAS IRMÃS ......................................................................................................................... 23
A CHEGADA DAS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY NO BRASIL ........................................................ 26
ORAÇÃO .................................................................................................................................................... 35 HINO A MADRE MARIA THEODORA VOIRON .................................................................................................... 35
VIRGEM MARIA SANTÍSSIMA ............................................................................................................... 37
SANTA CASA DE SÃO PAULO - BRASIL COLONIAL ................................................................................. 38
INÍCIO DA OBRA DE CARIDADE COM RELIGIOSOS ................................................................................................. 38 PE . JOSÉ DE ANCHIETA ................................................................................................................................ 39 PADRE MANOEL DA NÓBREGA ....................................................................................................................... 39 CACIQUE TIBIRIÇÁ (OU TEVEREÇÁ) .................................................................................................................. 41 COMPROMISSO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA IMPERIAL CIDADE DE SÃO PAULO ........................................ 42 VIRGEM MARIA SANTÍSSIMA ......................................................................................................................... 42
IGREJA DA MISERICÓRDIA ................................................................................................................... 43
SÉCULO XVII E XVIII .............................................................................................................................. 43
A MISERICÓRDIA E AS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY NA SANTA CASA DE SÃO PAULO ............... 46
DR. ANTONIO DE CAETANO DE CAMPOS .......................................................................................................... 48
AS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBERY: DA SAÚDE PÚBLICA A ASSISTÊNCIA SOCIAL ........................... 50
OBRAS DA MISERICÓRDIA.................................................................................................................... 52
HOSPITAL DA GLÓRIA .......................................................................................................................... 53
CHÁCARA DOS INGLESES - FATOS IMPORTANTES ................................................................................................ 54
MARIA ARSÊNIA BERTHET: A EXÍMIA DIRETORA .................................................................................. 56
ASYLO DOS EXPOSTOS E A RODA DOS ENJEITADOS ............................................................................. 58
DR. LUCAS ANTONIO MONTEIRO DE BARROS ................................................................................................... 59 RODA DOS EXPOSTOS .................................................................................................................................. 59 IRMÃ ÚRSULA ............................................................................................................................................ 60 PRIMEIRO EXPOSTO ..................................................................................................................................... 62 ULTIMO EXPOSTO ........................................................................................................................................ 65 IRMÃ MARIA AUXILIADORA MAGNANI ............................................................................................................ 67 DR. FRANCISCO ANTONIO DE SOUSA QUEIROZ ................................................................................................. 68 MADRE JOANNA PHILOMENA ........................................................................................................................ 70 DR. SYNÉSIO RANGEL PESTANA ..................................................................................................................... 75 DR. JOÃO MAURÍCIO DE SAMPAIO VIANNA ...................................................................................................... 79
7
IRMÃ MARIA ANGELINA ROULLIER. ................................................................................................................ 79
AS IRMÃS NO ENSINO EDUCACIONAL PAULISTA: O EXTERNATO SÃO JOSÉ .......................................... 81
IRMÃ MARIA SIMPLICIANA RAFFIN ................................................................................................................. 86
ASYLO DE MENDICIDADE: A ABNEGAÇÃO AO PRÓXIMO...................................................................... 94
AMÉRICO BRASILIENSE DE ALMEIDA MELLO FILHO ............................................................................................ 95 IRMÃ LUIZA CAROLINA ROCHA DA SILVA ........................................................................................................ 101
HOSPITAL DOS LÁZAROS .................................................................................................................... 103
DR. JOSÉ LOURENÇO DE MAGALHÃES ........................................................................................................... 107 DR. EMÍLIO MARCONDES RIBAS ................................................................................................................... 114
SANATÓRIO VICENTINA ARANHA ...................................................................................................... 116
MADRE PAULA DE SÃO JOSÉ ALMEIDA CARDOSO ............................................................................................ 118
LEPROSÁRIO SANTO ÂNGELO ............................................................................................................ 120
ASYLO SANTO ANTÔNIO DE ARARAS E AS MISSIONÁRIAS DE JESUS CRUCIFICADO DE CAMPINAS .... 122
HOSPITAL CENTRAL ............................................................................................................................ 128
ARCIPRESTE CÔNEGO JOÃO JACYNTO GONÇALVES DE ANDRADE ......................................................................... 128 QUADRILÁTERO DA SANTA CASA DE SÃO PAULO ............................................................................................. 130 BRASÃO DA SANTA CASA DE SÃO PAULO ....................................................................................................... 132 CAPELA NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA E AS IRMÃS DE CARIDADE ................................................................ 136 VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA ................................................................................................................... 140 NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA ............................................................................................................. 140
EXTERNATO SANTA CECÍLIA ............................................................................................................... 144
ATIVIDADES E MISSÃO DAS IRMÃS .................................................................................................... 148
REFEITÓRIO DA COMUNIDADE DAS IRMÃS ...................................................................................................... 149 IRMÃS DE SÃO JOSÉ NA PASTORAL ................................................................................................................ 151 REUNIÃO DA COMUNIDADE DAS IRMÃS ......................................................................................................... 152 LAVANDERIA ............................................................................................................................................ 154
ENFERMARIAS ................................................................................................................................... 157
MADRE MARIA EUGENIA JANIN. .................................................................................................................. 165 DR. ARNALDO AUGUSTO VIEIRA DE CARVALHO ............................................................................................... 166 IRMÃ MARTA ALEXANDRA VAGNOTI ............................................................................................................. 179 COZINHA ................................................................................................................................................. 182 IRMÃ AMBROSINA ..................................................................................................................................... 184 RESIDÊNCIA DAS IRMÃS .............................................................................................................................. 186
ESCOLA DE ENFERMAGEM S. JOSÉ ..................................................................................................... 191
MADRE DOMINOEUC ................................................................................................................................. 199 IRMÃ MARIA GABRIELA NOGUEIRA .............................................................................................................. 200 IRMÃ LUIZA DO CORAÇÃO DE MARIA ............................................................................................................ 202
PAVILHÃO CONDESSA ANNIE ÁLVARES PENTEADO - PEDIATRIA ........................................................ 203
IRMÃ URSULINA DE MARIA IASI ................................................................................................................... 206 IRMÃ MARGARIDA MARIA BANNWART ......................................................................................................... 210
8
INSTITUTO ARNALDO VIEIRA DE CARVALHO ...................................................................................... 213
IRMÃ NARCISA - A MILAGROSA ................................................................................................................... 214 IRMÃ FERNANDA ....................................................................................................................................... 215
PAVILHÃO FERNANDINHO SIMONSEN ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA ........................................... 217
IRMÃ APPARECIDA PRISNITY ........................................................................................................................ 219 IRMÃ DELTA TOYAMA ................................................................................................................................ 221 IRMÃ CRISTIANA DO CORAÇÃO DE MARIA ...................................................................................................... 225 DR. EURYCLEDES DE JESUS ZERBINI ............................................................................................................... 226 ROUPAS DO HÁBITO DAS IRMÃS DE SÃO JOSÉ DE CHAMBERY ............................................................................. 228
PAVILHÃO CONDE DE LARA ............................................................................................................... 229
IRMÃ ROSA GUEDES .................................................................................................................................. 230
DIVISÃO DE ENFERMAGEM ................................................................................................................ 232
IRMÃ JUDITH MARIA MUNIZ ....................................................................................................................... 234 IRMÃ CELITA FONSECA. .............................................................................................................................. 235 IRMÃ MARIA JOSÉ DO NASCIMENTO ............................................................................................................. 236
DEPARTAMENTO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA ........................................................................... 237
IRMÃ MARIA DE FÁTIMA ............................................................................................................................ 238 IRMÃ SATIKO YAMAGUCHI .......................................................................................................................... 239 IRMÃ EULÁLIA IASI .................................................................................................................................... 241
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO ................... 242
COLÉGIO SANT’ANA ........................................................................................................................... 246
HOMENAGENS RELIGIOSAS................................................................................................................ 249
OS RELIGIOSOS E A IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO ....................... 253
CAPITÃO MOR DOM SIMÃO DE TOLEDO PIZA ................................................................................................ 253 DOM FREI ANTONIO DA MADRE DE DEUS ...................................................................................................... 254 DOM LUIZ ANTONIO DE SOUZA BOTELHO MOURÃO (MORGADO DE MATHEUS) ................................................... 255 DOM FREI MANUEL DA RESSURREIÇÃO ......................................................................................................... 256 DOM MATHEUS DE ABREU PEREIRA ............................................................................................................. 257 DOM MANUEL JOAQUIM GONÇALVES DE ANDRADE ........................................................................................ 258 ARCIPRESTE CÔNEGO JOÃO JACYNTO GONÇALVES DE ANDRADE ......................................................................... 259
RELIGIOSOS COMO IRMÃOS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO............................................................ 261
MONSENHOR EZECHIAS GALVÃO DA FONTOURA ............................................................................................. 261 DOM ERNESTO DE PAULA ........................................................................................................................... 261
DEPOIMENTOS ................................................................................................................................... 264
ANINHA .................................................................................................................................................. 264 DRª. HELENA MÜLLER ............................................................................................................................... 266 GLAUCO CARNEIRO ................................................................................................................................... 269 DR. TOSHIO MOCHIDA ............................................................................................................................... 270
MUSEU DA IRMANDADE E O RESGATE DA HISTÓRIA ......................................................................... 271
IRMÃS NO MUSEU DA SANTA CASA DE SÃO PAULO.......................................................................................... 277
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 279
9
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO E A OBRA DE CARIDADE DAS IRMÃS DE
SÃO JOSÉ DE CHAMBÉRY
10
Prefácio
Já estava na hora de alguém contar a história das Irmãs de São José, uma
congregação que tem como princípios básicos o desprendimento, a
devoção, a caridade e o amor ao semelhante. As Irmãs têm muita ligação
com a Santa Casa de São Paulo, com o extinto Colégio São José, no bairro
da Liberdade; com as crianças enjeitadas na “Roda dos Expostos”. E tudo
isso tem muito a ver com a autora deste livro, Maria Nazarete,
coordenadora do Museu e da Capela da Santa Casa de São Paulo. Ninguém
melhor do que ela para nos revelar a saga das religiosas.
Maria Nazarete é uma pesquisadora dedicada, incansável. Quem conhece o
Museu da Santa Casa, localizado dentro do Hospital Central, na Vila
Buarque, aqui em São Paulo, pode avaliar a seriedade e o cuidado de suas
pesquisas. Neste livro, ela não deixou escapar nada da vida das Irmãs de
São José, cuja comunidade foi fundada no século XVII, pelo jesuíta Jean
Pierre Médaille, em Puy, pequena cidade francesa.
As Irmãs de São José mesmo na França, nunca tiveram vida fácil. No
período da Revolução Francesa muitas foram presas e algumas morreram
como mártires. Após a Revolução, elas se espalharam pelo mundo. Das
sete primeiras que vieram para o Brasil, uma morreu na viagem.
Aqui em São Paulo, as religiosas dirigiram o Hospital da Santa Casa,
participaram da fundação do Colégio São José, só para moças, que não
existe mais; tomaram conta do Hospital dos Lázaros; deram assistência aos
tuberculosos e leprosos pobres; entre outros tantos trabalhos. A história da
filantropia e da generosidade para com outrem passa obrigatoriamente
pelas Irmãs de São José
O livro é escrito de forma muito objetiva, com depoimentos, fotos. É uma
obra enriquecedora, que traz à luz de nossos dias o trabalho desenvolvido
11
por essas mulheres abnegadas, cujo altruísmo é uma marca de todas as suas
ações. Uma lição de caridade e de amor desinteressado ao próximo.
Dr. Kalil Rocha Abdalla
Provedor da Santa Casa de São Paulo
Amigo das Irmãs de São José de Chambery
12
Irmãs da Congregação de São José de Chambery na
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Fotografia de 1898, tirada na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, ao lado esquerdo da Capela Nossa Senhora da Misericórdia.
Santa Casa de Paulo
14
Madre Theodora Voiron
Temas me foram postos à disposição pelo gentilíssimo convite dos
responsáveis pelo Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, para
que fosse possível a escolha sobre o que escrevesse, a conter-se neste
trabalho.
Os assuntos teriam pertinência com pessoas, objetos ou fatos que são
guardados por esta meritória Instituição, cujo Museu é denodada iniciativa
de seus Irmãos em Misericórdia e gentilíssimos funcionários que a eles se
vinculam, em messe de extremo valor e empenho absolutamente admirável
e valoroso.
Preferi escrever sobre Madre Theodora.
A razão está em anos maravilhosos de construção de minha vida, que
passei na rua que lhe leva o nome, em prédio, em que mantive escritório,
em conjunto com grandes amigos, na convivência saudosa e alegre de
companheiros que partiram e que em verdade, não os tenho por perdidos e
porque ainda estão, em que pesem falecidos, na mais saudosa recordação
de meu coração, em presença eterna, enquanto eterno eu possa ser.
Dessa casa – em que certamente contei com as bênçãos de Madre Theodora
– dali saí para conhecer minha mulher, Eliana Brossi, a quem reputo a luz
que me guia na escuridão dos meus caminhos de luta, sempre perseverando
na busca de um ideal, que nem bem sei qual seja, mas que nasceu nos meus
sonhos de meninice dos pomares e dos frondosos mangueirais de minha
infância inesquecível, no calor afetuoso de minha terra de Santa Cruz do
Rio Pardo, local em que vivi até meus dez anos, de lembranças
imorredouras, em que pese tenha nascido paulistano e aqui viva há
cinquenta anos.
Ali na Madre Theodora, as energias eram de extrema positividade. De que
não posso jamais esquecer, ser de lá o lugar de onde partiram também, duas
15
pessoas muito importantes na minha vida e pensamento. Fato que somente
soube há muito pouco tempo.
Estaria eu na Madre Teodora a colher suas positivas energias anímicas?
Quem sabe?
Lá muita coisa marcou minha vida. Embora muitas ainda eu preserve no
recôndito sigiloso de minha alma. Esperando em Deus, tirar entendimento
para o quê ainda eu precise compreender e ajustar.
Vejam então que importante, para mim, escrever sobre Madre Maria
Theodora Voiron.
De um amigo santista, ouvi a ternura que sua mãe destinava a esta senhora.
Fé que tivera em seus milagres.
Voltando para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, em que
menino o frequentava nas tertúlias de Brasil Bandechi, Licurgo de Castro
Santos Junior (ou Filho?), Odilon Nogueira de Matos e Ernâni Donato,
dentre outros, lá conheci Roberto Machado Carvalho, que me levou, com
minha sogra, Therezinha e minha mulher, para conhecer Itu – em verdade,
quem não conhece Itu? – assim, sobretudo, a fim de ver locais para
peregrinação daquela sobre quem ele escrevera “A GLORIFICAÇÃO DA
SERVA DE DEUS”, Madre Maria Theodora Voiron.
Os sentimentos foram os mais agradáveis possíveis, para todos nós,
reafirmando a sensação de bem estar que a simples lembrança da Madre
Theodora sempre me inspirou. Dali em diante, também para minha sogra e
esposa.
Entretanto, se do ponto de vista subjetivo, me inspiram principalmente
estes valores, transcendentalmente, o desafio do mistério da santidade,
neste momento de reversão a uma prática católica, ainda reflexiva, talvez
tenha sido a mais marcante motivação desta minha iniciativa em escrever
sobre Madre Theodora.
16
O que leva uma pessoa, como, por exemplo, o taumaturgo de Assis,
Francisco, servo de Deus, a despir-se das vaidades do mundo e ornar-se
com as vestes do espírito, despojando-se das ilusões da vida, para penetrar
nas ilusões da alma e ainda assim continuar a viver em uma sublime lição,
para a existência, em que, sem dúvida, o exemplo que fica é para a vida?
Como pode em um tempo de absoluta materialidade, um ser humano,
atingir dimensões da sensibilidade, que a nós, enquanto integralmente
matéria, não nos é dado sentir?
Por que uma pessoa ultrapassa o limiar da percepção sensorial e passa a
viver, exatamente, a sentir-se e a agir em vida, como se fosse um anjo?
Superar os sentidos é fácil, o faquir o faz. Difícil é superar os sentidos e
reverter para a vida, como os Santos fazem, em êxtase espiritual. Fazendo
desta ascese um ato motivado em amor, integração e interação com a
energia de Deus e em prol da Humanidade, por amor ao próximo.
Não quero e não posso especular sobre qual seja a razão de ser da
Santidade. Muito menos sobre o processo da Igreja Católica Apostólica
Romana, que conduz um ser humano a este patamar.
Entretanto, fascinam-me as lições que se podem tirar dessas vidas que se
são incomuns, de fato, são exemplos, para nós comuns, do quanto podemos
ser mais do que comuns, para nós próprios e para os comuns de nossas
comunidades.
Buscando máximas e conselhos de Madre Maria Theodora Voiron, atrai-
me por esta: “Mostremos o rosto, que é de todos, sempre sereno, embora
chore o coração que é tão somente nosso.”
A doação que está neste anexim, talvez seja a superação do egoísmo, sem a
anulação da individualidade, em que, certamente, está a chave para a
superação de um mundo, que se perde no individualismo das
individualidades e no esquecimento da Humanidade, de que o ser é o
cosmos. De que o indivíduo é todo ele coletividade. De que a coletividade
17
está no senso de Deus. Que por tudo isto é uno, único e total. Como dizia
Santo Agostinho, o continente de todas as coisas, que é contido por
nenhuma. A Força além do Cosmos.
Quando vim para a Santa Casa de Misericórdia, pelas mãos de Kalil Rocha
Abdalla, em iniciativa pretérita que fora do inesquecível José Celestino
Bourroul, deram-me a palavra em missa inaugural.
Inspirou-me, uma dicção, “o amor de Cristo nos uniu”, de um excerto
litúrgico, em minha peroração.
Sou feliz por ter tido este estímulo e quero estender esta sensação a todos
os meus Irmãos em Misericórdia, compartilhando a compreensão da razão
de nossa união e unidade, neste trabalho, que pode muito bem exprimir a
razão de nossos dias.
Pois bem, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é inseparável da vida
de Madre Maria Theodora Voiron.
Em 1872, a Administração da Irmandade entregou às abnegadas Irmãs da
Congregação de São José, a que pertenceu Madre Maria Theodora, a
direção de seus hospitais, sob a liderança dela.
Pouco mais precisa ser escrito, para se ter a real dimensão do esforço desta
mulher. Somente quando se vê a travessia do tempo, que a superação destes
anos propiciou, até os nossos dias, conservada esta Casa para os deveres
das gerações futuras, entende-se o esforço de Madre Theodora e das Irmãs
de São José. Foram e são elas importante colaboração para o bem estar de
nossos doentes.
Quanto de santidade há de existir nessas bondosas Irmãs, como Madre
Theodora, que exprimem em seus semblantes o sorriso que consola,
quando em seus corações ainda podem estar marcas dos sofrimentos de
seus seres?
Assim, falar do Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e de
Madre Maria Theodora Voiron, é falar um pouco do muito que isto tudo
18
explica. Justifica porque há neste museu lembranças de Madre Maria
Theodora Voiron.
Na Igreja Católica Apostólica Romana existe um processo formal para
elevar uma pessoa ao estágio do reconhecimento de sua santidade.
O sujeito deste processo pode ser destacado com os títulos de Venerável,
Beato e Santo. Cada um deles corresponde a um estágio do processo em
que o ápice é o estado de Santo. Um Santo tem representação nos altares da
Igreja e seu exemplo pode ser cultuado pelos fiéis, porque teve confirmadas
em regular processo investigativo suas excepcionais virtudes humanas.
Madre Maria Theodora Voiron percorre este caminho. Desde já como
Venerável. Há de ser Beata e certamente, Santa. Como será reconhecida.
Sob as ogivas desta Casa, em que tanto sofrimento e santidade convivem,
temos, certamente, a vida e o espírito de uma Santa.
Importa, assim, com ela e por ela orar.
“Ó Jesus, Divino Salvador e Redentor nosso, pelos merecimentos infinitos
de vosso Sacratíssimo Coração, por intercessão de vossa Mãe Imaculada e
de seu caríssimo Esposo, dignai-vos glorificar a vossa piedosa e humilde
serva, Madre Maria Theodora Voiron, elevando-a à honra dos altares.
Pelo vosso entranhável amor às almas que se desabrocham para a vida,
concedei à juventude, na pessoa de Madre Maria Theodora, mais uma
intercessora no céu e, na terra, mais um modelo vivo de humildade e
espírito de apostolado. Glorificai, Senhor, glorificai a vossa serva, para que
mais se alargue o reinado do vosso Coração Santíssimo, pelo zelo e
dedicação das pessoas que vos são consagradas.
Ó minha Mãe Santíssima, ó glorioso São José, que fostes o guia e a
inspiração constante de Madre Maria Theodora, alcançai-nos a graça que
por sua intercessão vos pedimos, para maior glória de Deus, santificação da
juventude e aumento das vocações religiosas.
Amém.”
19
Por amor à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
O amor de Cristo nos uniu.
Ave Maria!
Dr. Luiz Antonio Sampaio Gouveia
Irmão Mesário da Irmandade da Santa Casa de São Paulo
Um homem de muita fé
20
Introdução
Exemplo de vida, de caridade e de misericórdia, cuidando dos enfermos e abandonados.
O que é misericórdia? Por definição de vocabulário, misericórdia é um
sentimento de compaixão, despertado pela desgraça ou pela miséria alheia;
a expressão misericórdia tem origem latina, é formada pela junção de
miserere (ter compaixão), e cordis (coração).
Mas o que impulsionou tal sentimento nesta grandiosa Instituição de
caridade que é a Santa Casa de São Paulo? Para isto, é necessário que
retornemos um pouco mais ao tempo, para fragmentar a história e entender
esta capacidade de compadecer e poder sentir aquilo que a outra pessoa
sente.
Em 1498, Lisboa, a jovem e viúva Rainha de Portugal Leonor de Lancaster,
juntamente com seu confessor Frei Miguel de Contreras, institui as
Misericórdias na Europa, com intenção de amparar os necessitados e
sofredores.
Ao aportarem em terras brasileiras, mais precisamente em São Paulo, os
Jesuítas Pe. José de Anchieta e Pe. Manoel da Nóbrega tiveram como
missão catequizar os índios evocando as graças divinas através das
ideologias pregadas pela Instituição da Misericórdia. Sendo assim, a
primeira sede da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo foi a própria
choupana de Anchieta, uma casinha extremamente simples, mas regada de
amor e compaixão ao próximo, com os religiosos Anchieta e Nóbrega na
cura dos enfermos e catequizando os índios.
No Séc. XVII e XVIII, a Santa Casa passou a funcionar na Igreja da
Misericórdia, um local propício ao acolhimento ao sofrimento humano.
Nesta casa de Deus, os religiosos ficavam a cargo de dar conforto a alma
21
das pessoas e alívio aos males do corpo, deu-se início assim, a infinita
preocupação com a saúde do necessitado.
No início do Século XIX, a Santa Casa de São Paulo muda-se para a
Chácara dos Ingleses, um local mais adequado para o trato aos enfermos, passando a denominar-se Hospital de Caridade, hasteando a bandeira da
Misericórdia como slogan de sua missão. Nesta casa singela, o Cirurgião
Dr. Caetano de Campos - primeiro médico da Irmandade - juntamente com
o então Provedor da Santa Casa Dr. Antonio da Silva Prado, Barão de
Iguape, idealizaram, em 1864, a vinda diretamente da França das
digníssimas Irmãs de São José de Chambery.
O projeto foi muito bem quisto, sendo oficialmente realizado em 1872. A
partir daí deu-se início a uma nova Era na Santa Casa, um novo caminho
que seria percorrido através de mãos firmes e almas caridosas. As Irmãs de
São José de Chambery, criaturas quase divinas, muito contribuíram na
formação da Irmandade da Santa Casa de São Paulo, vivendo em prol de
acalentar almas inquietas, enfermas e desamparadas.
Em 1884, data da Inauguração do novo Hospital do Arouche, as Irmãs de
São José já dirigiam o Hospital de Caridade. Ao lado dos Provedores,
Médicos, Diretores Clínicos e funcionários, as Irmãs realizavam todo o tipo
de serviço, seja na cozinha, lavanderia, escrituração, enfermaria e vida
espiritual, sempre com as irmãs de caridade.
A cada sonho idealizado e a cada novo prédio construído, as Irmãs de São
José tiveram efetiva colaboração para o funcionamento dos Hospitais,
Asylos e Escolas, como Asylo dos Expostos; Externato São José; Asylo de
Mendicidade; Hospital dos Lázaros; Externato Santa Cecília; Hospital
Vicentina Aranha; Leprosário Santo Ângelo; Escola de Enfermagem e
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; alem dos
pavilhões internos do Hospital Central: Pavilhão Conde de Lara, Pavilhão
22
Condessa Annie Álvares Penteado, Pavilhão Fernandinho Simonsen,
Centro Médico e Instituto Arnaldo Viera de Carvalho.
Devemos muito a essas criaturas de coração generoso, dócil e
amabilíssimas, a Cidade de São Paulo deve muito a elas. Bem aventurada,
as Irmãs foram e são venerados espíritos com a exclusiva missão de se doar
ao próximo cuidando dos pobres flagelados da fome e das epidemias,
praticando a indulgencia, as obras da misericórdia, a piedade e a bondade...
Suas vocações divinas.
23
A origem das Irmãs
A Congregação das Irmãs de São José de Chambéry, foi iniciada na França,
na cidade de Le Puy, em 15 de outubro de 1650, pelo Pe.Jean Pierre
Medaille, sacerdote jesuíta.
Cidade de Le Puy-en-Velay. Do alto do Monte Corneille está a colossal estátua de Nossa Senhora de França, dominando a cidade. Foi Feita com 231 canhões fundidos, tomados ao inimigo, na Guerra Criméia.
24
Em meados da Revolução Francesa, a sociedade vivia em calamidade, os
hospitais eram desorganizados, os asilos fechados; crianças, velhos,
doentes e inválidos famintos vagando pelas ruas.
Diante desse quadro, pessoas caridosas como, São Francisco de Salles e
São Vicente de Paulo, tentaram ajudar estes desvalidos, e dentre estas
pessoas destaca-se o Pe. Jesuíta Jean Pierre Médaille.
O Pe. Jesuíta Jean Pierre Médaille nascido em Carcassonne na França em
06 de outubro de 1610. Fundou em 1648 o “PEQUENO PROJETO” que
mais tarde passou a ser chamado Irmãs de São José de Chambèry, que logo
se espalhou por toda a França.
Seu primeiro trabalho foi no Hospicío Montferrand – Puy.
Jean Pierre Médaille
25
Com a multiplicação das Comunidades, tornou-se difícil ocultar por mais
tempo o Pequeno Projeto, modelado na Eucaristia, que irrompera vigoroso
e convidativo nas primeiras comunidades da zona rural de Le Puy.
Diante das dificuldades contrárias à sua obra, Padre Jean Pierre Médaille
foi ter com Monsenhor Henrique de Maupas, Bispo de Le Puy-en-Velay,
para expor-lhe o seu desejo: “fundar uma Congregação de vida
contemplativa e ativa, para atender, no serviço da caridade, os mais pobres,
unindo todas as pessoas entre si e com Deus”.
A 15 de outubro de 1650, numa cerimônia simples, nascia a Congregação
das Irmãs de São José, hoje, São José de Chambery.
Segundo Pe. Medaille, o trabalho missionário realizado por ele e pelas
Irmãs de São José seria a “semente de mostarda”, lançada na terra por ele e
as pioneiras, germinar e crescer em muitos outros países dos cinco
continentes.
26
A chegada das Irmãs de São José de Chambéry no Brasil
Em1856 a convite do Bispo de São Paulo, Dom Antonio Joaquim de
Mello, ituano e também bispo de Minas Gerais, e autorizado pela Superiora
Geral de Chambery, Madre Maria Felicidade Veyrat, vieram para São
Paulo sete Irmãs da Congregação de Chambery para trabalhar na Santa
Casa de Itú. A primeira Irmã Superiora foi Maria Basilia Genon, que
infelizmente faleceu na viagem em 26 de julho de 1858, junto com ela
vieram as Irmãs: Maria Justina Pepin, Maria Angelina Achard, Maria Elias
Mièvre, Martha da Cruz Goddet, Maria S. Paulo Angelier e Maria
Cunégonde Gros.
Posteriormente foram enviadas mais duas irmãs: Irmã Seraphina e a Madre
Maria Theodora Voiron - primeira Superiora Provincial, em Itu.
Partiram da cidade de Chambèry - França, para Itu - São Paulo, com a
intenção de fundar uma escola, cujo objetivo era educar meninas e cuidar
dos enfermos nas Santas Casas no Brasil.
Bispo Dom Antonio Joaquim de Mello
27
Imaculada Mãe de Deus: Padroeira da Congregação de São José de
Chambery
Reza o dogma católico que Maria, desde o primeiro instante de sua
conceição, foi preservada da nódoa do pecado original, por privilégio único
de Deus e aplicação dos merecimentos de seu divino Filho. Imaculada
Conceição é assim um dos importantes títulos com que é venerada a
Virgem Maria.
Sua imagem mostra Nossa Senhora sobre o globo terrestre esmagando com
os pés uma serpente, símbolo do pecado original. Ela tem os cabelos longos
caídos sobre os ombros. Usa uma túnica branca e um manto azul, e muitas
vezes se apresenta com uma coroa real. Sob seus pés aparece geralmente
um crescente de lua sendo que às vezes pisa sobre ele e a serpente envolve
a Terra. Em algumas imagens, sob os pés da Virgem também surgem
28
cabeças de anjos. A lua que aparece quase sempre sob seus pés, e simboliza
a substância passiva, que guarda em seu seio os raios do Sol. Segundo a
tradição Nossa Senhora apareceu a várias pessoas confirmando a sua
Conceição Imaculada e após a proclamação do dogma, ela deu-se a
conhecer em Lourdes, a Bernadete Soubirous dizendo: - "Eu sou a
Imaculada Conceição".
Festeja-se a Imaculada Conceição de Maria no dia 8 de dezembro
29
Madre Maria Theodora Voiron, nasceu em 06 de abril de 1835, na cidade
de Chambery, França. Entrou pra Congregação de São José em 17 de
outubro de 1852, professando a 15 de janeiro de 1855.
As vésperas de completar vinte e quatro anos de idade, Irmã Maria
Theodora embarca no porto de Havre, França, com destino ao Brasil.
Para acompanhá-la foi indicada a Irmã Maria Seraphina Thualion, sua
antiga mestra e conselheira.
A convite do Bispo Dom Antonio Joaquim de Melo aportou em Itú em
1858, já com a missão de Superiora no Colégio de Nossa Senhora do
Patrocínio.
Irmã Seraphina, companheira de viagem de Madre Maria Theodora Voiron
Madre Maria Theodora Voiron
A VENERÁVEL
30
A viagem do Porto de Santos a São Paulo foi feita por liteiras ou bangué
carregadas por mulas. A passagem da frente era conduzida por um
puxador e na passagem de trás um tocador.
O trajeto com uma serra coberta por um extenso matagal foi marcado por
chuvas abruptas, grottas profundas e horríveis buracos na subida da
grandiosa serra, tornando assim, a viagem uma completa tortura, passando
por vaqueiros, viajantes envolvidos pelas numerosas tropas que desciam e
subiam a estrada de Cubatão, conhecida pelos tropeiros pelas inúmeras
perdas de animais e cargas que atolavam no caminho.
Em 15 de junho de 1859, Irmã Theodora Voiron hospeda-se na Santa
Casa de Itu, para aguardar o termino das obras do Colégio Patrocínio.
Quando Bispo D. Antonio Joaquim de Melo viu aquela jovem de 24 anos
disse: “Mas... é uma criança! Uma criança! Que faremos com uma
criança?...”. percebendo o desagrado que arranjou, Irmã Theodora disse
que aceitaria qualquer cargo que quisessem lhe oferecer.
Durante quatro meses, Irmã Theodora, suportou , com extrema paciência,
algumas provações dadas pela Superiora Interina, Irmã Maria Justina
Pépin, com o objetivo de testar suas virtudes cristãs. Paciente, obediente e
Charrete onde era transportadas as Irmãs, do Porto de Santos a Cidade de Itú.
31
resignada, Irmã Theodora foi fiel serva do Senhor, D. Antonio corrigi suas
palavras iniciais: “Conclui que sua sensatez, sua discrição, sua prudência,
triunfaram sobre todos os obstáculos. Pareceu- me ver nela o bom senso e
condescendência, qualidades indispensáveis a uma Superiora. Tudo me
convenceu que ela devia governar”.
Em 1874, Irmã Maria Theodora Voiron foi nomeada Superiora da
Província Brasileira, que exerceu com pia dedicação até seu falecimento.
A Revda. Madre Theodora Voiron com sua grandiosa dedicação iniciou e
preservou o desenvolvimento da assistência caridosa no estado de São
Paulo. Muito auspiciosa em sua missão, dedica-se a ela fundações de
casas religiosas de ensino, onde se educava milhares de meninas paulistas,
colégios estes dirigidos pelas benemerentes Irmãs da Congregação de São
José, além de fundar orfanatos, asilos para idosos e crianças abandonadas,
hospitais e leprosários.
Madre Theodora Voiron faleceu ás 10h45min do dia 17 de Julho de 1925,
cuja sua existência foi dedicada a educação da mulher paulistana e ao
exercício da caridade. Recebeu da Igreja o título de Venerável, tendo fama
de santidade.
32
Registro Civil das Pessoas Naturais Certidão de Óbito
Carreiro da Madre Theodora Voiaron Sr. Antonio Benedito Ramos
De profissão lavrador, e de origem pernambucana, filho Custodio Clombo Alvestino Carabro e Felipa Benicio do Vale Carreiro que conduziu Madre Theodora Voiron de Santos - São Paulo até Itú, para fundar a Congregação de São José de Chambéry no Brasil. Faleceu no dia 28 de fevereiro de 1959 na Santa Casa de Misericórdia de Itú com 138 anos de idade.
Sr. Antonio Benedito Ramos
O Carreiro
33
eu processo de beatificação encontra-se em Roma, na Congregação para a
Causa dos Santos. Em fevereiro de 1989, com reconhecimento a sua
Colégio Nossa Senhora do Patrocínio. Externato que a Madre Maria Theodoro Voiron dirigiu quando foi enviada para o Brasil em 1858
Olímpia de Almeida Fonseca Prado, primeira aluna do Colégio patrocínio de Itú. Sob Coordenação das Irmãs de São José.
34
Madre Maria Theodora Voiron aos 39 anos
de idade, logo após receber a notícia de sua
nomeação como Superiora da Província
Brasileira. Foto de 1874
Madre Maria Theodora Voiron aos 60 anos
de idade, pouco antes de realizar sua quinta
viagem a Chambery. Foto de 1895
Madre Maria Theodora Voiron aos 84 anos
de idade, na comemoração dos seus 60 anos
de chegada ao Brasil. Foto de 1919
Madre Maria Theodora Voiron aos 74 anos
de idade, tirada por ocasião de sua última
visita a Chambery, França, em 1909
35
Hino a Madre Maria Theodora Voiron L. e M.: Ir. Míria T. Kolling
Refrão: Cruzando os mares mais distantes, O amor a Deus e aos semelhantes, Te trouxe à nossa terra: Vida nova fizeste germinar! Regada com lágrimas fecundas, Tua obra deixou marcas profundas, Que tempo algum pode apagar! 1. Das jovens educadora, Dos pobres anjos, protetora. A todos, Madre Teodora, Serviste com amor e fé! Amor que foi sofrer, Entrega do teu ser Ao Amado, Àquele que É! No espírito que é teu, Novo ideal nasceu Co’ as Irmãs de São José
2. Chamada a abrir fronteiras Na arte e cultura brasileiras, Fizeste acordar, pioneiro, Cada mulher destes Brasis! Foi grande a tua missão, Maior teu coração, E hoje o povo te bendiz! Aqui semeaste o bem, De olhar para o Além, Onde agora estás feliz! 3. Buscando o paraíso, Deus derramaste em te sorriso: Morrer, se fosse preciso, Pra ter mais vida o irmão! Tua força foi a cruz, O Amigo teu, Jesus; Tu, seu vinho, trigo e pão! Em tua pequenaz, Tão grande Ele te fez, Que não cabes em canção!...
Oração Para pedir a Beatificação Madre Maria Teodora
Ó Jesus, Divino Salvador e Redentor nosso, pelo merecimentos infinitos de vosso Sacratíssimo Coração e pela intercessão de vossa Mãe Imaculada e de seu castíssimo Esposo, São José dignai-vos glorificar vossa piedosa e humilde Serva, Irmã Teodora Voiron, que tanto trabalhou pela dilatação de Vosso Reino, concedendo-nos por sua intercessão a graça que solicitamos.
36
1
1 Fotos retiradas do livro: CARVALHO, Roberto Machado. A Glorificação da Venerável Madre Maria Theodora Voiron (1835-1925). Itú: Editora Ottoni, 1998.
37
Virgem Maria Santíssima
Padroeira de todas as Santas Casas, Virgem Maria Santíssima, que é
citada no Compromisso da Irmandade se resume a todas as Santas do
catolicismo.
Todas as “Marias” são veneradas na Irmandade, tomando corpo e
representando a divindade de todos aqueles que compõem a Instituição.
Como no Art. 1º do Compromisso em que diz:
“A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, constituída no
Século XVI, Tendo como padroeira a Virgem Maria Santíssima, é uma
sociedade civil beneficente de fins não lucrativo, que se propões ao
exercício da caridade, abrigando e socorrendo enfermos, velho, inválidos
e desamparados e será regida pelo presente Compromisso.”.
E segundo o Cônego Dr. José de Castro Nery, em 1946:
Eis aqui, no bom sentido que estas palavras possam ter, uma Nossa
Senhora comunista. Nossa Senhora do pão. Nossa Senhora do vinho.
Nossa Senhora dos teares. Nossa Senhora dos Remédios. Nossa Senhora
das Mercês. Nossa Senhora da Boa Viagem. Nossa Senhora da Boa
Morte. E por que é misericorde também para com o espírito, Nossa
Senhora do Bom Conselho. Nossa Senhora das Letras, Nossa Senhora da
Consolação. Nossa Senhora da Emenda. Nossa Senhora do Perdão. Nossa
Senhora da Condolência. Nossa Senhora da Prece. Numa palavra, Nossa
Senhora das Misericórdias.
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Santa Casa de São Paulo - Brasil Colonial Início da obra de caridade com religiosos
Choupana de Anchieta - 1ª sede da Misericordia de São Paulo, onde os jesuítas curavam os enfermos e catequizavam os índios
Pe . José de Anchieta Pe. Manoel de Nóbrega
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Sua primeira sede foi na Choupana de Anchieta, tendo os jesuítas e
apóstolos Pe. José de Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega como seus
fundadores.
Pe . José de Anchieta, nascido em San Cristóbal de La Laguna, Ilha de
Tenerife, Arquipélago das Canárias, Espanha, no dia 19/04/1534.
Desembarcou no Brasil em Salvador/BA, no dia 13/07/1553 e aqui viveu
por 44 anos. Chegou a capitania de São Vicente em 24/12/1553, região que
viveu e amou profundamente.
Catequista, Teatrólogo, Poeta, Enfermeiro e Engenheiro, faleceu em
09/06/1597 em Reritiba, povoado fundado por ele, hoje cidade de Anchieta
– no Estado de Espírito Santo.
Padre Manoel da Nóbrega, nascido em Portugal, em 18/10/1917 e
falecido em 18/10/1570 no Rio de Janeiro, praticava a Misericórdia
curando os índios de suas enfermidades e catequizando-os. Os jesuítas
foram os enfermeiros, médicos, engenheiros e professores dos colonos.
Em 1992 o papa João Paulo II, se pronunciou no sentido de homenagear os
jesuítas.
Localizado no Páteo do Colégio, esta casinha de palha e taipa de pilão,
onde se vivia todos os irmãos, servia como abrigo para todos aqueles que
necessitassem de atendimento, promovendo a cura e a misericórdia aos
doentes, e necessitados. Hoje, uma parede desta choupana ainda é visível
no Museu Anchieta.
Em meados do século XVI, o atendimento médico em busca da cura de
enfermidades, era realizado pelas ordens religiosas. Como aconteceu com o
Jesuíta José de Anchieta, cuidando, educando e curando os índios em sua
humilde choupana.
40
Padre Manoel da Nóbrega idealizou erguer uma cidade no Planalto de
Piratininga.
Foi ali que o padre jesuíta Manuel da Nóbrega celebrou a primeira missa no
dia 25 de janeiro, num altar improvisado, marcando assim, a fundação da
Cidade de São Paulo.
Em palavras de Pe. José de Anchieta:
Primeira Missa em São Paulo Fundação da Cidade de São Paulo, pintura de Oscar Pereira da Silva - 1903. São Paulo, Pinacoteca do Estado
“A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!”
41
Cacique Tibiriçá (ou Tevereçá)
Grande cacique combatente que colaborou com a fundação de Piratininga.
Chamado por Anchieta de “Fundador e Conservador da Casa de
Piratininga”, morreu em 1562.
A Santa Casa de São Paulo forneceu toda a cera para fabricação de velas
utilizadas no velório dele.
Baseada nestas informações acredita – se que a Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo foi fundada no ano de 1560.
Os restos mortais foram sepultados na cripta da Catedral da Sé, em São
Paulo.
42
Em 1516 é composto o Compromisso da Confraria da Misericórdia da
Cidade de Lisboa, este Compromisso é empregado até hoje por todas as
Irmandades da Santa Casa do Mundo, fazendo-nos lembrar da verdadeira
vocação desta belíssima obra filantrópica.
Compromisso da Santa Casa de Misericórdia da Imperial Cidade de São Paulo Virgem Maria Santíssima
PADROEIRA DAS SANTAS CASAS
1ª Que seja livre de toda a infâmia, de facto e de direito; 2ª Que seja de idade ao menos de vinte annos;
3ª Que seja de bom entendimento, e saiba ao menos lêr e escrever; 4ª Que tenha algum meio de subsistencia honesto
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Igreja da Misericórdia
Século XVII e XVIII
No século XVII, os noviços da Companhia de Jesus faziam instalações de
enfermarias improvisadas, por muitas vezes em suas casas, pedindo
esmolas para auxílio no cuidado aos enfermos, e embora leigos no trato a
medicina, dedicavam-se piamente aos doentes, expostos e indigentes.
Em seção da Mesa de 31 de dezembro de 1714, na Provedoria de Izidro
Tinoco de Sá, foi utilizada pela primeira vez a palavra “Hospital” para
designar a Santa Casa de Misericórdia.
44
No século XVIII, a Igreja da Misericórdia, além de prestar seus serviços
divinos, socorrem os enfermos indigentes e prestavam sepultamentos.
Em 1744, a Mesa Administrativa compra 4 casas contiguas a Igreja, para
assessorar o trato aos doentes.
Considerada a segunda sede da Santa Casa de São Paulo - Século XVII. O
escravo Joaquim Pinto de Oliveira, mais conhecido como Preto Thebas, foi
responsável pela construção de obras importantes no Séc. XVIII: a torre da
primeira Catedral da Sé; talhou a pedra de fundação do Mosteiro São
Bento; o Chafariz da Misericórdia.
O Chafariz da Misericórdia foi o primeiro chafariz publico em São Paulo,
sendo o primeiro sistema público de abastecimento regular de água em toda
São Paulo.
Das casas compradas, uma delas esteve alugada a Camara Municipal
servindo de cadeia, uma servia de enfermaria dos Regimentos de Mexias e
Pintura de Wasth Rodrigues
Desenho de Augusto Esteves
45
Voluntários, e outras duas moradas na rua direita seria feito o Hospital de
Caridade para os pobres.
Até 1824, a Igreja da Misericórdia e estas casas eram utilizadas como
enfermarias de caridade aos pobres.
A Igreja da Misericórdia realizava a procissão da Visitação de Nossa
Senhora a Santa Isabel, realizada no dia 2 de julho. Essa procissão foi
abolida a partir de 1884, por ocasião da transferência do Hospital para o
terreno do Arouche, onde anos mais tarde instalará a Capela da Irmandade.
Em 07 de agosto de 1887 a Mesa decidiu autorizar o Provedor a Demolir a
Igreja, para facilitar o trabalho de venda, sendo gastos, nessa demolição
1:060:650.
Largo da Sé, 1907. Foto Aurélio Becherini
Todo anos ocorria as
procissões da Igreja da
Sé à Igreja da
Misericórdia em
homenagem a visitação
de Nossa Senhora a sua
prima Isabel
46
A misericórdia e as Irmãs de São José De Chambéry na Santa Casa de São Paulo
No final do século XIX, a Santa Casa de São Paulo estava atravessando
uma fase difícil, devido a falta absoluta de pessoal habilitado ao trato dos
doentes e a deficiente organização dos serviços que devia prestar.
Diante desta dificuldade e impressionado com a eficiência e organização
das Irmãs da Congregação de São José de Chambery, na cidade de Itú São
Paulo, dirigido pela Abnegada Irmã Madre Theodora Voiron, o então
Provedor da Irmandade, Dr. Antonio da Silva Prado, Barão de Iguape,
pediu da França a vinda das Irmãs de São José de Chambéry.
O projeto da vinda das Irmãs de São José de Chambery da França é datado
de 10 de abril de 1864, sendo somente aprovado pela Mesa Administrativa
da Irmandade em 06 de março de 1971.
Dr. Antonio da Silva Prado - Barão de Iguape
Provedor da Santa Casa de São Paulo
47
Em 1872, o próprio Barão de Iguape custeou pessoalmente a viagem das
cinco Irmãs da França que aqui chegaram. Essas irmãs eram: Irmã Maria
Arsênia Berthet, Irmã Emerenciana Chavanel, Irmã Luiza S. Miguel
Boyer e Irmã Anna Maria Gotland. A elas foram confiados os pacientes
a quem serviam como enfermeiras, além de prestarem serviços de
escriturárias do hospital, preparação das receitas médicas, cozinheiras e
além de conforto espiritual aos enfermos.
Maria Arsênia Berthet Irmã Emerenciana Chavanel
48
Dr. Antonio de Caetano de Campos
Já em 1875, o médico Dr. Antonio Caetano de Campos, primeiro e único
médico do Hospital, Diretor Clínico não oficial e Irmão da Mesa
Administrativa da Santa Casa de São Paulo, o primeiro a se expressar a
respeito do trabalho das Irmãs na Santa Casa de São Paulo, já na rua da
Glória. “Devemos as Irmãs de Caridade, em grande parte o estado
relativamente brilhante do nosso hospital pelo seu zelo aos pacientes e
eficientes administradoras”.
Dr. Antonio de Caetano de Campos
Sugeriu ao Provedor Barão de Iguape
a vinda das Irmãs de São José de
Chambéry.
49
Dr. Caetano escreve sobre as Irmãs:
“Se o pudor, o brio nacional, o cavalheirismo e a gratidão não saco uma
mentira para nós Brasileiros; se especialmente nós, que construímos a
Irmandade da Santa Casa de São Paulo devemos as Irmãs de caridade, em
grande parte, o estado relativamente brilhante do nosso Hospital, é força
confessar que estas distintas Senhoras são credoras de atenção de nossa
parte. Devemos lembrar-nos de que não é o lucro material o que elas aqui
vieram buscar; que não é uma vida ociosa, nem mal preenchida, o
galardão que elas ambicionam; que não é nem o repouso, nem o lucro,
nem nenhuma outra vantagem deste gênero o que nós ofertamos em paga
dos serviços; que Senhora de uma ilustração e dedicação acima da
ordinária, entregues à proteção única da benemerência dos seus atos,
postas no meio de uma classe que não prima comumente nem pela boa
educação, nem pelos hábitos de boa vida, ou sequer pelo cuidado de seu
corpo e de sua alma, precisam de certo bem - estar que as faça esquecer ao
menos suas próprias necessidades”.
50
As irmãs de São José de Chambery: da saúde pública a assistência social
No século XVIII, já havia a preocupação referente a saúde pública da
Província de São Paulo e as primeiras providencias para assistência aos
indigentes, enfermos, aos lázaros e aos expostos.
O atendimento a saúde era realizado em termos de caridade, através da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, primeiramente
quando esta era instalada na Rua da Glória - Chácara dos Ingleses e
posteriormente na Chácara do Arouche.
Quando as Irmãs de São José de Chambery chegaram aqui na Santa Casa
de São Paulo, estas ficaram responsáveis pela Direção do Hospital
juntamente com o Mordomo (Major João Braz da Silva), sendo que uma
Irmã servia na botica sob a inspeção do Médico Cirurgião (Dr, Caetano de
Campos). As Irmãs de Caridade recebiam da Santa Casa de São Paulo, um
ordenado de 250$000.
Em regulamento aprovado em 22 de maio de 1864, Seção VI das
Enfermarias e Ajudantes:
Art. 18 - As Irmãs de São José, como auxiliares do serviço sanitário
debaixo da direção e inspeção da Irmã Superiora, serão encarregadas do
serviço das enfermarias e quartos particulares de pensionistas.
Art. 19 - Como enfermeiras chefes das enfermarias são obrigadas a:
§ 1º - Cumprir religiosamente as prescrições dos médicos.
§ 2º - Dirigir e fiscalizar o serviço a cargo dos ajudantes e serventes,
instruindo-os no modo de cumprirem as suas obrigações.
§ 3 º - Observar os acidentes e sintomas novos apresentados pelos
enfermos, e referi-los ao Médico Interno, se não for hora de se achar no
Hospital o médico encarregado da respectiva enfermaria,
51
§ 4º - Acompanhar os clínicos no ato das visitas e dar-lhes informações
sobre o que tenham observado em suas ausências, e receber as
determinações.
§ 5º - Aplicar e fazer aplicar os remédios internos e externos que estiveram
ao seu alcance, e no caso de duvida, recorrer ao Medico Interno.
§ 6º - Formar diariamente o mapa especial das dietas, segundo as
prescrições dos facultativos, para serem preparadas; recebê-las da cozinha e
distribuí-las aos doentes.
§ 7º - Conservar em boa ordem e estado de limpeza não só as enfermarias,
como todo o necessário que lhe esteja confiado.
§ 8º - Ter o maior cuidado possível no asseio e ventilação das enfermarias.
§ 9º - Velar para que os enfermos se conservem com ordem e respeito nas
enfermarias, e cumpram as prescrições dos médicos.
§ 10º - Não consentir que pessoa estranha entre nas enfermarias, e nem que
se entregue aos doentes objeto algum, sem permissão da Irmã Superiora.
§ 11º - Reclamar da Irmã Superiora todos os utensílios e objetos
necessários para o serviço das enfermarias.
Art. 20 - Os ajudantes tem inteira obrigação de cumprir as ordens das
enfermeiras em tudo o que disser respeito ao serviço.
52
Obras da Misericórdia
Na devoção a Divina Misericórdia praticada pelas Irmãs da Congregação
de São José de Chambery, as 14 Obras da Misericórdia de São Tomas de
Aquino - Séc.XII - são agrupadas em 7 espirituais 7 corporais:
Para as Irmãs de São José de Chambery praticar as obras da misericórdia é
estar um passo adiante de Jesus amando e respeitando o enfermo.
Sete Espirituais
Sete Corporais
Ensinar aos simples;
Remir cativos e presos;
Dar bom conselho a quem pede;
Visitar e curar os enfermos;
Castigar com caridade os que erram;
Cobrir os nus;
Consolar os tristes e desconsolados;
Dar de comer aos famintos e pobres;
Perdoar as injúrias recebidas;
Dar de beber aos que tem sede;
Suportar com paciência as
deficiências do próximo;
Dar pousada aos peregrinos e
pobres;
Rogar a Deus pelos vivos e mortos.
Sepultar os finados.
53
Hospital da Glória
A relação da Irmandade da Santa Casa de São Paulo com as Irmãs de São
José de Chambery foi iniciada no Hospital da Rua da Glória, nº 37 -
Chácara dos Ingleses, com a intenção de se obter uma melhor direção do
estabelecimento.
A primeira Irmã da Congregação de São José de Chambery a dirigir o
Hospital, primeiro na Rua da Glória posterior na Chácara do Arouche, foi a
Madre Maria Arsênia Berthet, que dedicou 34 anos de sua vida a caridade e
benevolência ao próximo.
Juntamente com Dr. Caetano de Campos, a Madre Maria Arsênia,
organizou o trabalho no hospital, distribuindo a cada enfermaria uma irmã
supervisora atendendo os pacientes durante o dia e a noite.
54
Chácara dos Ingleses - Fatos Importantes
Passagem de Santos a São Paulo, nas águas do Tamanduateí onde se lavava os pés e dava de
beber aos animais (posteriormente, virou rua dos lavapés);
Cemitério da cidade, uma Igreja dos Aflitos, acima ficava o Campo da Forca, hoje chamado de
Praça da Liberdade;
Residência de Domitila de Castro Canto e Mello - 1817 e 1822 (Marquesa de Santos);
1821 - O enforcamento de Francisco José das Chagas (o Chaguinha);
1824 - 1º Bilhete da Loteria, com a finalidade de angariar verbas para o sustento dos flagelados
ali internados;
1825 - A Roda dos Expostos; Asylo Sampaio Viana;
Abrigou estudantes da faculdade de Direito, próximo a Rua da Glória (hoje famosa rua dos
estudantes)
Em 20 de Novembro 1830, no dia do atentado a Líbero Badaró, na misericórdia da gloria, os
médicos lamentavam os que foram em socorro do atentado, inclusive o estudante de Direito.
55
Além da ajuda das beneméritas Irmãs de São José de Chambery, a Santa
Casa de São Paulo, na rua da glória, contou muito com a ajuda e apoio das
damas paulistanas: Dona Veridiana Prado e Dona Ana Belarmino Ribeiro
de Andrada.
Com ajuda das damas da sociedade, fora completamente refeitos a portaria,
a capela, o salão de entrada e duas salas contíguas, pintados os quartos e as
enfermarias; construídos móveis e implementada melhor higiene.
Veridiana Valéria da Silva Prado, nasceu em São
Paulo em 11 de fevereiro de 1825. Foi uma
aristocrata brasileira, que realizou grandes eventos a
fim de remeter as rendas para a Irmandade da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo.
Doou quantias vultosas para O Asylo Sampaio
Vianna, Móveis e leitos para a Santa Casa de São
Paulo, roupas para os doentes e realizou leilões a fim
de arrecadar dinheiro para a Irmandade.
Considerava a Santa Casa de São Paulo como um
filho seu, tamanho carinho e dedicação que dedicava
ao Hospital
56
Maria Arsênia Berthet: a exímia diretora
A Reverenda Madre, nascida na cidade de Chambery, França, em 26 de
julho de 1839, Maria Arsênia Berthet pertencia a uma família de católicos
fervorosos. Aos 24 anos entrou para a Congregação de São José de
Chambery, onde exerceu o cargo de ecônoma e de professora em Cruet.
Veio para o Brasil em 1872, a pedido do Provedor Dr. Antonio da Silva
Prado, assumindo o cargo de Superiora da Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo. Seus trabalhos começaram no Hospital da Glória - 3ª sede da
Santa Casa - onde São Paulo era praticamente uma cidade-aldeia fazendo-
se lembrar a primitiva cidade de Piratininga.
A bondosa Irmã dirigiu o Hospital da Santa Casa e o Asylo de
Mendicidade, quando este também funcionou na casa da Rua da Glória.
Durante a gestão da Madre Arsenia, o Asylo de Mendicidade recolheu
cerca de quarenta pobres, que além de idade avançada, careciam de
cuidados médicos e espirituais. Estas pobres almas caridosas, recebendo o
enorme carinho da Irmã, lhe deram o afetuoso nome de “mamãe”.
Em 1880 juntamente com o auxílio do então Provedor da Santa Casa,
Arcipreste João Jacyntho Gonçalves, Madre Arsênia inaugura, anexado ao
57
Asylo de Mendicidade, o Externato S. José uma instituição dedicada a
instrução e educação das crianças. Foi a concretização de um antigo sonho
da caridosa Madre.
Em 1884, a Irmã Arsênia transfere-se para as novas dependências da Santa
Casa, na chácara do Arouche onde funciona atualmente, para exercer suas
funções em prol da caridade e fé.
Como exemplo de sua superioridade frente ao Hospital, um caso polemico
ocorrido em 04 de outubro de 1891, aponta que a Madre Arsênia pede
providencias para a prisão do Dr. Carlos Penna acusando-o de ter chutado
um enfermeiro. O então Mordomo do Hospital Central, Dr. Fernando
Albuquerque, alega que foi o empregado que faltara ao respeito com o
médico e que tentara agredir o Dr. Penna, motivo pelo qual pede sua
demissão. A Mesa da Santa Casa aprova a demissão do Dr. Penna,
atendendo ao pedido da Madre Superiora. O Dr. Fernando Albuquerque
abandona a Mordomia do Hospital por sentir-se desautorizado por causa de
uma Irmã.
Em 12 de dezembro de 1906, a Santa Casa de São Paulo perde sua
Superiora, que se dedicou por 34 anos sua vida a esta benevolente
instituição. Ao falecer, a Irmandade a concede o importante título de Irmã
Grande Benfeitora.
58
Asylo dos Expostos e a Roda dos Enjeitados
Em 1810, quando Franco e Horta era Governador da Província de São
Paulo e Provedor da Santa Casa de São Paulo, sua esposa, D. Luísa
Catarina Chibert de Horta dirigiu ao Imperador uma petição para a
instalação da Roda dos Expostos.
Preocupada com a calamidade de crianças abandonadas nas ruas, D. Luísa
Horta escreve uma requerimento a punho pedindo a decisão urgente para
um projeto da roda dos expostos.
Em 1924 o Provedor Dr. Lucas Antonio Monteiro de Barros - Visconde de
Congonhas do Campo - envia uma nova petição ao Imperador, solicitando
nomeação de esmoleres para construir o novo hospital e a roda.
Em 02 de julho de 1825 foram inaugurados, respectivamente, o Hospital de
Caridade e a Roda dos Expostos na Chácara dos Ingleses.
Misericordia da Rua da Gloria retratado a bico de pena por Augusto Esteves (1891- 1966)
O prédio também fora utilizado como Asylo dos Expostos até 1896
59
A Casa dos Expostos funcionava no Hospital da Rua da Glória, atendendo,
juntamente com os enfermos, as crianças abandonadas por suas famílias.
Em 1825 foi adotada pela Santa Casa de São Paulo a “Roda dos Expostos”
que ficava em uma das janelas do pavimento térreo.
Dr. Lucas Antonio Monteiro de Barros
(Visconde de Congonhas do Campo)
Provedor da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo de 1824 a 1826.
Responsável pela instalação do Hospital de
Caridade e a Roda dos Expostos na Rua da
Glória em 02 de julho de 1825 da Santa Casa
de São Paulo
Roda dos Expostos
A Roda constituía de um cilindro oco
confeccionada em madeira de Pinho de Riga,
atribuída ao Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo, que girava em seu eixo 180º colocada em
muros com uma abertura voltada para a rua,
destinada a receber as crianças abandonadas. Na
lateral esquerda da peça, ficava um sino, que
soava na residência das Irmãs de São José de
Chambéry e ou na residência do guardião,
avisando que dentro dela havia uma criança
depositada.
60
A Roda recebeu crianças de todas as classes sociais, na pesquisas de mais
de 4.696 abandonadas, onde todas estas receberam carinho e amor das
Irmãs de as Caridade, outros livros de registro enviados ao Asylo Sampaio
Vianna que não foram localizados.
Em 1896 a Casa dos Expostos deixou de funcionar na Chácara dos
Ingleses, mas a Roda acompanhou a mudança do Hospital de Caridade para
a Chácara dos Ingleses no Pacaembu. A Roda só foi extinta em 1950
(dados do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), mas mesmo assim, a
Santa Casa recebeu crianças até 1960.
Assim como no trato aos enfermos, as Irmãs de São José de Chambery
possuíram papel de grande destaque, pois elas eram responsáveis pelos
primeiros cuidados aos recém-nascidos e, posteriormente, sua educação.
Irmã Úrsula De alma simples e pura, Irmãs Úrsula abraçou a vida religiosa aos 15 anos de idade, prestando serviços ao Externado São José. Em 1892 foi transferida para o Hospital Central, onde trabalhou até sua morte.
Trabalhou por muitos anos na Enfermaria Infantil e seção de Lactante da Casa dos Expostos, cuidando e resgatando os recém-nascidos abandonados na Roda durante longos anos.
De sentimento puro e bondade sem limites, tratou os enfermos com toda dedicação e as criancinhas com todo carinho.
Por muitos, a Irmã Úrsula era o maior exemplo de amor ao próximo, manifestando diariamente a missão das Irmãs de São José de Chambery, recebeu muitas crianças da Roda dos Expostos.
Faleceu em 01.07.1932 recebendo homenagens da Mesa Administrativa da Santa Casa de São Paulo pelos seus valiosos serviços prestados em nome da caridade.
A Revista A Cigarra confere uma publicação em relação a morte da Irmã Úrsula
61
Em 1932, o Irmão Dr. Sampaio Vianna pede a palavra na Mesa para fazer o
necrológio da Irmã Ursula, falecida no Hospital Central:
Entrada da Santa Casa de São Paulo, pela Rua D. Veridiana. Observa-se a localização da Roda dos Expostos. 1932
“Attendendo aos extraordinarios e dedicados serviços prestados pela Irmã
Úrsula falecida nesta Capital em 1º do corrente nos serviços de moléstias do
Hospital Central e no de lactante do Asylo de Expostos por espaço de mais
de 40 anos, propomos que de accordo com o artº 2º. Letra B § 2º. Do acto
Addicional de compromisso seja dado o nome da saudosa extincta ao 3º.
Pavimento do Pavilhão Fernandinho Simonsen, secção Feminina.”.
62
Primeiro exposto
Consta no primeiro Livro de Registros dos Expostos escrito pelas Irmãs de São José de Chambery, de numero 01, o primeiro Registro de uma criança exposta com o nome de Ariana da Silva Albuquerques ( anexo ) no dia 16 de Novembro de 1876, achado na Roda às 12h00 da noite.
Há relatos da existência de documentos com registros anteriores, mas que não foram localizados.
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Tradução:
Registro do Exposto José Sylvio. Deixado na Roda dos Expostos do dia 22 de maio
de 1922, juntamente com uma fotografia de sua mãe, uma imagem do Sagrado
Coração de Jesus rasgado ao meio e um bilhete intitulado: “Dor de Mãe”.
21- 05-1922 Dor de Mãe Filho não posso agasalhar-te a vida Parece que a vida me vai finar Quem te pudesse, a ti Serafim Levar junto a mim, para a campa final A campa eu vou ai depois da morte Quem sabe a morte que minha alma tem Que anseios filho que assaz profundo Vai neste mundo a vida de tua mãe À todos perdôo que me deram E guarda os segredos que me ouviste aqui E se avistares do Senhor a sede Por mim lhe pede que eu também morri Vai filho que te deram seus cantos Por estes prantos que os meus olhos tem E se em mim perder maternal ternura A Virgem pura que seja sua Mãe
Teu pai rogado por inglória surda Que vida orrenda viverá também Sem o destino nosso, não puder saber Se foi morrer, meu filho e tua Mãe Seu morrer de deixarei somente Hum beijo ardente de derradeiro adeus São os tezouros que eu para ti contenho Nada mais tenho que oferecer-te os Céus Fim Pelas chagas de Cristo Lhe peço guardarem este papel Junto com meu filho que eu se deus Me der vida e saúde daqui alguns mezes darei O que eu puder para encontrar meu filho peço não o darem sem que levem uma carta igual a esta e o retrato também Se morrermos sem nos vermos mais de Deus nos junte nos Céus Adeus Meu Filho pede a Deus por mim Adeus.
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Carta Recebam-me
Carta deixada com a criança Antonio Moreira de Carvalho na Roda dos
Expostos.
Datado de 27 de Junho de 1922
Frente Tradução da Carta: “Recebam-me Chamo-me Antonio Sou um Orphansinho De pai, porque elle abandonou minha mãe. Ella é muito boa e Me quer bem, mas Não pode tratar de mim. Estou magrinho assim Porque ella não tem leite É muito pobre e precisa trabalhar. Por isso elle me poz Aqui para a Irmã Ursula Tratar de mim. Não me entreguem a ninguém Porque minha mãe
Algum dia vem me buscar O meu nome inteirinho é Antonio Moreira de Carvalho E o da m/ mãe é Angélica. Estou com sapinho e com fome. Minha mamãe não sabe tratar de sapinho e não Sabe o que me dar Para eu ficar gordinho. Minha mãe também agradece aos Srs. Pelo bom trato que me derem.”. 27-6-.1922
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Ultimo exposto
A ultima criança que passou pela Roda, quando desativada , foi Maria Assunta, entregue em 20 de Dezembro de 1950, conforme matrícula n° 4580 no último Livro de Registro de Matrículas.
Última criança entregue na Irmandade em 26 de Dezembro de 1960, chamada Glória Graciana Sampaio, conforme matricula nº 4696.
Página de um caderno de culinária da Irmã Maria Luiza da Congregação de São José de Chambéry, com trabalho das crianças expostas. Datado 13 de Julho de 1954
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Em janeiro de 1896, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia por
permuta feita com a herança do finado João Maurício Wanderley, arremata
a grande Chácara Wanderley, localizada no Pacaembu entre o Araçá e o
alto das Perdizes. Em 02 de Julho de 1896 inaugura-se o Asylo dos
Expostos Sampaio Vianna.
Com a intenção de se separar as crianças de tenra idade dos doentes do
Hospital, a Irmandade toma posse de uma casa muito espaçosa, que outrora
era residência do Sr. João Wanderley.
Asylo dos Expostos - 1898
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Para melhor acomodação aos expostos, foram construídos no
estabelecimento dois novos pavilhões, que facilitaram o trabalho das Irmãs
no cuidado de seus “filhos adotivos”.
Em setembro de 1904, sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Sousa
Queiroz, as Irmãs de São José de Chambery foram formalmente
contratadas para a administração do Asylo e cuidado as crianças.
As Irmãs responsáveis foram: Superiora: a Irmã Joanna Philomena;
auxiliares: Irmã Emerenciana, Irmã Luiza Amélia, Irmã Maria Seraphina e
Irmã Maria do Patrocínio. Dedicadas educadoras, as Irmãs em seu
constante esforço pelo bem do próximo, deu uma boa criação, educação e
Irmã Maria Auxiliadora Magnani
No dia 06 de agosto de 1897, deu entrada na Chácara do Wanderley, dois
irmãos órfãos, que perderam o seus pais vitimas de febre amarela, sendo
que uma dessas crianças era a Marina Veridiana Magnani (Irmã Maria
Auxiliadora Magnani). Tendo como a ilustríssima Sra. Veridiana Prado
como sua madrinha, Irmã Maria Auxiliadora devotou sua vida a vida
religiosa, ingressando no noviciado em 23 de setembro de 1921, sendo
admitida para a tomada de hábito em 21 de julho de 1922.
Realizou seus trabalhos principalmente nos Colégios de Jaú, Franca e
Piracicaba onde permaneceu por muito tempo como professora e mestras
das internas. Em piracicaba, foi exímia professora de francês.
Pelas suas alunas ficou conhecida pela dedicação e severidade quanto a
disciplina. Nas horas de lazer, era vista como mãe, pois era zelosa e
amorosa.
No dia 26 de maio de 1985, a querida Irmã Maria Auxiliadora após 88
anos de vida, foi encontrar-se com o Senhor, por quem unicamente viveu.
68
amor as crianças enjeitadas, sendo que por muitas vezes substituíam suas
mães, dando aos pequeninos amor e carinho incondicional.
Dr. Francisco Antonio de Sousa Queiroz Provedor da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo de 1902 a 1917
70
Por muitas vezes a Irmã Diretora tomava o lugar do Mordomo, na
competência de demitir e contratar novos funcionários. As Irmãs auxiliares
eram responsáveis por todos os afazeres do Asylo, inclusive na educação
das crianças. A escola era dividida em 3 seções: Feminina, masculina e
para menores de 5 anos de ambos os sexos.
Havia também no Asylo uma Sapataria que produzia o calçado dos
expostos; um estábulo que fornecia leite para o próprio Asylo e o Hospital
Central, Asylo de Mendicidade; Oficina de costura e Banda de Musica.
Em 1905, a Irmã Emerenciana deixa o Asylo para assumir o cargo de
Superiora do Hospital dos Lázaros, entrando então para o estabelecimento
as Irmãs M. Lina, M. Justina e M. Antonieta.
No Asylo davam entrada crianças com mais de 3 anos de idade, as menores
eram entregues as Amas de Leite (lactantes), que ganhavam um ordenado
pelo trato as crianças. A seção de lactantes era confinada a Irmã Úrsula que
também era encarregada da enfermaria de crianças no Hospital Central, que
sempre desempenhou seus afazeres com o maior carinho e zelo. Reza que a
Irmã pegou muitas crianças abandonadas na Roda.
Madre Joanna Philomena, Superiora do
Asylo dos Expostos, de 1904 a 1917.
Dirigia a seção de costura do Asylo, que
produzia anualmente milhares de peças de
roupas para o serviço, inclusive para os
enxovais das criancinhas expostas que mais
tarde viriam a se casar.
Faleceu em 24.02.1917
71
Em 1910, o Asylo dos Expostos foi atacado pela epidemia do sarampo,
atacando 58 asilados. Dos atacados muitos estiveram em perigo a vida, com
complicações próprias de sarampo, mas graças aos inestimáveis cuidados e
carinho da Irmã Seraphina, que foi dedicada enfermeira cuidando de cada
um dos pequeninos doentes.
Em setembro do mesmo ano, os asilados também foram atacados pela
gripe, devido a baixa temperatura da estação. 18 crianças apontaram
problemas intestinais e torácicos. Mais uma vez, as Irmãs de São José de
Irmãs da Congregação de São José de Chambery com crianças no Asylo Sampaio Vianna
72
Chambery se mostraram insubstituíveis para o trato com as crianças,
cuidando e curando os amparados.
Em 1912, o Capelão do Asylo dos Expostos era da Congregação do
Imaculado Coração de Maria.
Em 1913, a Mesa Conjuncta na provedoria do Dr. Francisco Antonio de
Sousa Queiroz homenageia as Irmãs de São José, dizendo: São todas
dignas de nosso reconhecimento, esforçando-se cada vez mais, pelo
engrandecimento da nossa Santa Casa de São Paulo, prestando a caridade
com abnegação e carinho.
73
Em 24.02.1917, falece a Madre Superiora Joanna Philomena que o ocupou
o cargo de diretoria do Asylo por 14 anos, desempenhando a árdua e
delicada tarefa de cuidar e instruir os menores. O Mordomo, João Maurício
de Sampaio Vianna se refere a Irmã:
Capela provisória do Asylo dos Expostos da Chácara Wanderley
“A Irmã Joanna Philomena tanto elevou a Congregação das Irmãs de S. José,
pela distincção de seu trato e pelo carinho e zelo que nunca poupou aos
asylados entregues a sua guarda deixando de sua passagem por aquelle
estabelecimento as saudades as mais sinceras e o preito de muita gratidão por
parte da Mordomia.”.
74
Como tributo de gratidão e apreço a imagem da Irmã Joanna Philomena, a
Irmandade, mandou construir no cemitério da Consolação, em São Paulo,
um mausoléu onde repousa a bondosa Irmã.
Devido a morte da Madre Superiora Joanna Philomena, a Irmã São Luiz,
que era secretária do Hospital Central e prestava serviços junto a Irmã
Úrsula na seção de lactantes e na enfermaria de crianças, tomou posse
como Superiora do Asylo dos Expostos.
A Irmã São Luiz veio para o Brasil em 1874, trazida pela
Superiora Provincial em sua 2ª viagem a Europa. Aos 19
anos foi professora no Colégio Nossa Senhora do
Patrocínio em Itú, professorando por 4 anos. Em 1887,
no Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de São
Paulo prestou serviços de secretária, e trabalhou junto a
Irmã Úrsula na seção de lactantes e na enfermaria de
crianças. Tomou posse como superiora do Asylo dos
Expostos em 1917, deixando o cargo em 1921, para
trabalhar na Santa Casa de Misericórdia de Campinas.
Faleceu em 1929. Irmã São Luiz
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Dr. Synésio Rangel Pestana Foi médico adjunto da Santa Casa de São Paulo
participando de diversos serviços, sendo nomeado em
1907, pelo próprio Arnaldo Vieira de Carvalho.
Chefe da 1a Clínica Médica de Mulheres, cargo que
ocupou até 1910.
Nesse ano tornou-se chefe do Asilo de Expostos,
prestando relevantes serviços até 1927, trabalhando
lado a lado com as Irmãs de São José de Chambery.
Foi Diretor Clínico dos Hospitais de 1927 a 1946
Reza que o Dr. Synésio, por grande admiração pelas
Irmãs de São José, escreveu uma carta elogiando-as
pelo belíssimo trabalho que desenvolveram em nome
a Misericórdia da Santa Casa de São Paulo.
Asylo dos Invalidos - 1929. Fotografia de Leon Liberman
76
No ano de 1932, foi rezada uma missa pela alma da caridosa Irmã Luiza
Marcelina, que dedicou 18 anos de sua vida em prol das crianças mais
necessitadas. Como homenagem, uma das seções das oficinas de trabalhos
manuais do Asylo levava seu nome.
Em 1933, falece com 55 anos de idade a Irmã Anna Joaquina, que
durante 22 anos dedicou sua vida ao cuidado com os menores
abandonados. Sua vida religiosa foi um exemplo de humildade cristã e
benevolência ao próximo. Em seção da Mesa Administrativa da Irmandade
de 22 de agosto de 1933, foi lançado em ata um voto de profundo pesar
pelo falecimento da querida Irmã de São José de Chambery.
No ano de 1935, a eficiente Irmã Anna Thereza de Jesus Fonseca falece
após uma rápida enfermidade que a assolou. Conhecida pelas demais Irmãs
e funcionários pela sua inteligência e raras virtudes, foi professora em 1887
no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio e Itú aos 21 anos. Depois de
prestar serviços também em Campinas, Taubaté, no Seminário das
Educandas da Glória e no Colégio Sant’Anna, foi para o Asylo dos
Expostos, onde durante 20 anos prestou os mais dedicados e relevantes
serviços.
Em 1936 é extinto o Serviço de Amas no Asylo dos Expostos, sendo
antigamente as “amas” ou “criadeiras” responsáveis pelos cuidados dos
recém-nascidos. Estas amas, geralmente muito pobres, recebiam uma
quantia mensal para criar os expostos em sua própria residência ate
completarem três anos, quando eram enviados ao Asylo.
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Por mostrar este serviço insuficientemente nos cuidados das crianças, seja
pela alimentação ou condições de saúde e higiene, o Asylo dos Expostos
cria o seu próprio Berçário em 20 de outubro de 1936, localizado na Rua
Frederico Steidel, 157.
As crianças que eram designadas ao berçário vinham da Roda dos
Expostos, abandonado nas enfermarias da Santa Casa, da Polícia, do
Juizado de Menores, da administração dos Manicômios e de várias outras
procedências.
A criança ao chegar no berçário tinha logo sua ficha organizado por uma
Irmã, encarregada de transcrever todas as informações acerca dos expostos
e os pertences deixados com ela, como: roupa, certidão de nascimento e ou
carta. Caso a criança não tenha registro, logo era providenciado um em
cartório.
Berçário
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As irmãs também eram responsáveis pela alimentação do recém-nascido,
pela assepsia do bebe e higiene das roupas e da casa.
No mesmo ano, em 1936, o “Asylo dos Expostos Chácara Wanderley”,
mudou de nome, passando a ser designados “Asylo Sampaio Vianna”,
mantendo o mesmo serviço de assistência aos expostos, continuando as
Irmãs responsáveis pelos cuidados e educação as crianças.
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Dr. João Maurício de Sampaio Vianna Mordomo do Asylo dos Expostos de 1904 a 1936 e Irmão Mesário
da Santa Casa de São Paulo desde 1900.
O Asylo dos Expostos foi um grande teatro para suas ações
beneméritas. Sabia o nome de todos os exilados, conhecendo seus
defeitos e qualidades. Idealizava construções em prol da melhoria
de vida e preocupava-se com o futuro das crianças.
Pelos seus incalculáveis serviços prestados a Irmandade, recebeu
em vida todas as homenagens que lhe eram devidas, sendo eleito
Irmão Benfeitor, Irmão Benemérito e Irmão Protetor.
Todos os qualificavam como um ser íntegro, tendo um coração
generoso, e alma nobre. Com isso, após sua morte, em 30.05.1936,
o Asylo dos Expostos passou a ser chamado “Asylo Sampaio
Vianna”.
Irmã Maria Angelina Roullier.
Nascida em 1857 em Saint Alban - França. Veio para o Brasil em 1880, para
servir a Santa Casa de São Paulo como professora dos expostos, que nessa época
eram abrigados no Hospital Glória.
Quando o Hospital transferiu-se para a Chácara do Arouche, a bondosa Irmã
acompanhou os menores para o novo hospital, sendo Diretora do Externato Santa
Cecília.
Quando o Asylo dos Expostos transferiu-se para a Chácara do Wanderley, Irmã
Roullier professorou por lá durante muitos anos
Sempre bondosa e preocupada com a educação dos menores, dedicou 55 anos de
sua vida aos pequeninos.
Conhecida por todos como um ser de espírito alegre, comunicativo e trabalhador;
inteligente, culta e piedosa praticou a religião de sua crença com grande fervor.
Faleceu aos 80 anos em 03 de abril de 1937
80
As Irmãs ficaram a cargo da Direção do Asylo dos Expostos Sampaio
Vianna até o ano de 1944, deixando o departamento para reorganizar o
Externato Santa Cecilia, de propriedade da Congregação.
Em 1946, o Asylo Sampaio Vianna era afligido pela varíola, contaminando
diversas crianças. Graças ao afinco empenho das Irmãs de São José e do
Chefe de Clínica, Dr. Leite Bastos, cada criança foi vacinada, sendo a
doença erradicada no estabelecimento.
Em 1949, foi fundada a “Cruzadinha”, sob benção do Revmo. Padre João
Batista Monteiro Leite - Capelão do Colégio.
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As Irmãs no ensino educacional paulista: O Externato São José
Fundado em 12 de abril de 1880 com o concurso da Irmã Maria
Arsênia e do Capelão da Santa Casa que a esse tempo era Cônego João
Jacinto Gonçalves de Andrade
O único local disponível do Hospital para funcionar o Colégio São José ficava a entrada do jardim, sendo um cômodo abandonado ha algum tempo; havia sido servido de cavalariça ha algum tempo. O Barão de Iguape doou um conto de réis para reforma da salinha, que após ser realizada a devida preparação, o que era antes um lugar feio, transformou-se em uma verdadeira sala de aula: arejada, clara e acolhedora, a primeira matricula foi apenas 10 alunas no primeiro curso no final do ano já contava com mais 40 alunas e tal foi a consagração que lhe deu a seguir a população de São Paulo, graças a Congregação de São Jose de Chambery Tendo por patrono São José.
83
As primeiras mestras do Colégio foram: Irmã Luisa Agatha Trosset, Irmã
Maria Anthelma Billoud, Irmã Maria Serafina Thualion, Irmã Maria
Emanuela Junqueira da Costa, Irmã Maria Honoriana Maison. Elas
formavam o primeiro grupo de Irmãs de São José a lecionar na instituição.
Enviada por Madre Theodora Voiron, a Irmã Luisa Agatha Trosset foi a primeira mestra do Colégio, na Provedoria de Arcipreste João Jacyntho Gonçalves.
Não havendo móveis, a Irmã Luiza improvisou com tábuas as mesas para as alunas. Para ensinar leitura ela recortava, pacientemente, títulos de jornais e colava em cartilhas, para alfabetizar as crianças.
Serviu a Santa Casa por 44 anos, falecendo em 26 de agosto de 1923.
D. Carolina Lanzellotti, 1ª aluna matriculada no Externato S. José em 1880.
Irmã Luisa Agatha Trosset Discípula de Madre Maria Arsênia
84
De 1885 a 1888, Madre Maria Gertrudes Yvroud era então a Superiora
do Asilo de Mendicidade e Superiora do Externato, sendo que estas duas
obras coexistiam no mesmo recinto.
O ensino no externato era organizado e entregue a sete professoras Irmãs
de São José, vindas da França. A língua francesa era aprendida
naturalmente e muitas matérias eram estudadas em livros escritos em
francês, acreditava-se que a cultura recebida da Europa deveria ser passada
as meninas do colégio.
A Irmã Seraphina Thualion foi responsável pela fundação da tradicional
Paróquia de Santa Cecília, São Paulo e a Pia Associação das Filhas de
Maria.
Até o ano de 1889 o colégio era gratuito, quando, por iniciativa do Sr.
Provedor, Dr. Rafael de Barros, começou a se cobrar a quantia de dois mil
85
réis de mensalidade, mas somente as famílias que podiam pagar. A pequena
verba era utilizada para a compra de materiais escolares, mobiliário e
prêmios as alunas.
No mesmo ano, o Capelão Padre Hipólito Evangelista Braga, que foi
criança da Roda, admitiu as primeiras Aspirantes a Pia União das Filhas de
Maria, a qual se tornou agregada a Roma em 15 de agosto de 1890. A
primeira Presidente da Pia União foi a aluna do externato, Emilia Boa-
Nova, de 17 anos. Pia União desempenhará, por mais de 78 anos, uma
importante função espiritual e apostólica no externato e na cidade de São
Paulo.
Em 1904 a organização do curso era dividido em três seções: Curso Infantil
ou Elementar; Curso Preliminar e Curso Superior ou de Aperfeiçoamento
(2º grau).
Em 1905, é aprovado uma ata manifestando a satisfação da mesa pela
ótima direção do estabelecimento de ensino, exaltando as qualidades e
dedicação do quadro de funcionários, em especial a Irmã Carolina de Jesus
Oliveira e Irmã Maria Simpliciana Raffin.
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Irmã Maria Simpliciana Raffin, nascida em Arbin, França, no ano de
1860. Aos 15 anos de idade ingressou na Congregação das Irmãs de São
José de Chambery (França). Bem jovem ainda, com saúde fragilizada,
sonhava que vindo para o Brasil ficaria curada. As superioras entenderam
essa aspiração religiosa e em 1880 a mandaram para o Brasil. Muito
dinâmica, virtuosa, sentindo circular em suas veias o amor pela educação,
logo em 1885 foi Diretora do Externato São José, anexo ao Asilo dos
Inválidos - SP - num prédio da Rua da Glória no centro da capital.
Salientou-se muito na dedicação aos doentes atingidos pela gripe Espanhola
(1957).
Em 1924, Maria Theodora Voiron, Superiora Provincial das Irmãs de São
José de Chambery percebendo a força do caráter e a riqueza de seu coração
enviou Irmã Maria Simpliciana para fundar um colégio em Santos, onde era
muito pequeno o número de escolas empenhadas na evangelização de
crianças e jovens.
Chegando em Santos, Irmã Maria Simpliciana, Irmã Maria Leontina
Amstalden, Irmã Maria Letícia de Jesus Franzen, Irmã Maria Edith
Renaudin e Irmã Guilhermina foram generosamente acolhidas pela família
Vaz Guimarães e logo abriram o colégio à Rua Dr. Cókrane nº 53.
Sendo tão expressiva a procura pelas famílias santistas, Irmã Simpliciana
percebe logo que precisava de um espaço maior para responder à demanda
de tantas candidatas. Adquiriu então um terreno à Avenida Dona Ana Costa,
nº 373 e começou logo a construção. Nasceu o colégio São José, cujo
funcionamento foi autorizado e reconhecido pelo Decreto Federal nº 148 de
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Em 1910, as funções de capellão do Asylo e do Externato sempre na
responsabilidade do Revmo. Padre Alfredo Valdés da Ordem de Santo
Agostinho que as exerceu com zelo e dedicação e as Irmãs de caridade de
São José.
Em 1911, devido a transferência do Asylo de Mendicidade para o Bairro do
Jaçanã, Guapira, o Colégio São José passou a ocupar todo o terreno que a
Irmandade possuía na Rua da Glória.
Em relatório, o Dr. Américo Brasiliense se refere as distintas Irmãs de São
José de Chambéry elogiando-as:
“Por ultimo, cabe-me dizer que continuei a prestar meus serviços médicos
no antigo edifício da Rua da Glória, na parte em que continua a funcionar
o Externato S. José, á Exma. Superiora, Irmãs e pessoal que ali residem, e
onde o estado sanitário se mantém sempre perfeito”.
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O antigo prédio do externato começou a ser demolido em 1914, a mando
do Arquiteto Dr. Ramos de Azevedo, para ser construído um edifício
próprio para o colégio. Em 1915 deu-se início as construções com auxílio
dos donativos enviados pelas alunas da Pia União das Filhas de Maria do
Externato. Ainda com as obras em andamento, o ano letivo de 1919 pode
ser realizado no novo prédio na Rua da Glória; faltavam apenas duas alas
laterais e a Capela, construídas, respectivamente, em 1921 e 1924.
Inaugurada em 08 de dezembro de 1924 a Capela do Externato São José. Esta data de inauguração foi escolhida por ser festa da Imaculada da Conceição de Nossa Senhora e aniversário do Arquiteto Ramos de Azevedo
90
Em 1918 foi aprovado um novo Regulamento, o Externato São José
passava a ministrar três Cursos, sendo estes: Curso Primário de 5 anos.
Curso Geral de 3 anos e Curso Especial sem duração fixada. O Curso
Primário admitia meninas maiores de sete anos; o Curso Geral admitiam
meninas que concluíram o Curso Primário, onde tinham aulas adicionais de
Corte e Costura, Bordado, Polidez, Religião e Frances; e o Curso Especial
admitia meninas que queriam aperfeiçoar-se em qualquer uma das
seguintes disciplinas: português, Frances, inglês, italiano, alemão, pintura,
desenho, musica, violino, piano, trabalhos manuais, artes decorativas,
datilografia, taquigrafia, etc.
91
Classe do curso secundário em 1925. Note-se que algumas alunas estão co
m tênis, de uso obrigatório no decorrer do dia para assegurar a conservação
dos corredores e salas, rigorosamente encerados. As alunas de preto estão
de luto.
O uniforme adotado, usado de 1913 até 1930, consistia de blusa branca,
com gola redonda e saia azul marinho pregueada.
Alunas do Externato em 1950
92
Ao longo dos anos, o Colégio São José foi evoluindo cada vez mais,
procurando acompanhar as mudanças do país, da cidade, da configuração
social e do sistema educativo da nação.
Em 1941 se diplomou a primeira turma de bacharéis do colégio. Tal feito
faz com que a Mesa Administrativa da Irmandade conceda as dedicadas
Irmãs de São José a ampliação do prédio para acomodar 15 classes de
Curso Ginasial, mais 14 de Curso Primário e 4 de Curso Comercial.
Externato São José - 1942
93
Em 1947, o Externato São José passa a ser chamado de Colégio São José.
Em 1955, já consta em relatório que a atividade social do Colégio era
muito intensa. Orientadas pelas Irmãs de São José, no dia 15 de outubro as
alunas prestaram aos Srs. Professores uma significativa homenagem, além
de prestigiar a memória do Pe. José de Anchieta - 1º mestre em nossa
Piratininga.
Na Páscoa, foi realizado a festa de Corpus-Christi, comparecendo 1.200
guardas civis. Era realizado também todo ano a festa de Natal.
Sempre elogiadas e condecoradas por Provedores, Mordomos, Diretores
Clínicos e Médicos da Santa Casa de São Paulo, as Irmãs de São José de
Chambery possuíram um papel muito importante na educação das mulheres
paulistas, foram responsáveis pelos parâmetros educacionais que vemos
hoje. Sob sua constante direção, as Irmãs fizeram do Colégio um ícone do
ensino brasileiro, juntamente com a Irmandade da Santa Casa, que sempre
cuidando dos indigentes, nunca voltou as costas ao seu colégio da Glória.
Dom Agnello Rossi – cardeal arcebispo de São Paulo – em companhia da Irmã Cecília Amélia que foi Diretora do Colégio no período de 1963 a 1969. Na foto ainda podemos ver a Irmã Ismênia de Jesus Fonseca e a recepcionista Ana Magalhães (Aninha) que trabalhou no colégio por mais de quarenta anos.
D. Agnello foi um dos Arcebispos de São Paulo que sempre esteve presente nas obras de caridade tanto do Colégio S. José, quanto da Santa Casa de São Paulo.
Sempre bondoso e humilde, D. Agnello praticava a misericórdia juntamente com as Irmãs de São José de Chambery.
94
Asylo de Mendicidade: A abnegação ao próximo 04.07.1885
O Asylo de Mendicidade funcionava na Rua da Glória, nº 37, no mesmo
prédio onde funcionava anteriormente o Hospital de Caridade. Foi fundado
em 04 de julho de 1885, pelo Chefe de polícia, Dr. Hipólito de Camargo.
Desde sua inauguração as Irmãs de São José de Chambery dirigiram e
trabalharam esta instituição no trato aos desvalidos e desamparados, estes
enfermos eram em geral: idosos, deficientes mentais, crianças, deficientes
físicos, epiléticos, paraplégicos, deficientes visuais e etc.
95
As Irmãs eram também responsáveis pelas fichas de identificação de cada
paciente, reformaram as fichas médicas e ajudando a atualizar o
Regulamento interno.
Mas apesar da enorme dedicação das Irmãs de São José o prédio era
precário e faltava um melhor trato com questões higiênicas; as paredes
eram úmidas e havia superlotação de pobres doentes. Era admirável saber,
que apesar das más condições do estabelecimento, as Irmãs conseguirem
manter o asseio a qual se notava. O heroísmo dessas notáveis caridosas era
impressionante.
O médico responsável pelo trato aos enfermos era o Dr. Américo
Brasiliense.
Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho Sanitarista, nasceu na cidade de São Paulo em 24.03.1864.
1889 - Graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Fundou a Escola de Farmácia, Odontologia e Obstetrícia, onde foi
Catedrático de Matéria Médica e Terapêutica.
Na Irmandade da Santa Casa de São Paulo foi Irmão Protetor,
Médico Adjunto e Assistente.
1904 a 1939 - Chefe de Clínica do Asilo de Inválidos, sob
Diretoria Clínica de Dr. Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, Dr.
Diogo Teixeira de Faria e Dr. Synésio Rangel Pestana.
Foi inspetor sanitário em comissão e auxiliar do Dr. Emílio Ribas.
Dr. Américo representada o tipo de médico da velha geração, da
qual mantinham-se as velhas tradições.
Muito amigo das Irmãs de São José, auxiliava-as na limpeza do
Hospital
08.04.1942 - Faleceu em na cidade de São Paulo
96
A administração e fiscalização Interna do
Asylo dos Inválidos ficavam a cargo da
Irmã Superiora Madre Maria Carolina
de Jesus Oliveira, cuja superiora sempre
tem se mostrado incansável no desempenho
correto dos seus árduos deveres, pelo que
sempre foi digna de louvor.
Todas as roupas dos asilados eram confeccionadas pela Irmã Superiora
juntamente com uma auxiliar de costura.
Em 1910, as Irmãs de São José de Chambery era as mestras e orientadores
dos cursos primários, secundários e curso especial.
O Curso Primário, era as sessões de infantil, preliminar com o programa
dos grupos escolares e escola normal primária.
O Curso Secundário criado pelas irmãs que abrange também as matérias do
curso normal secundário.
E o Curso Especial, cujo as disciplinas são os trabalhos manuais, desenhos,
perspectiva, frances, português, pinturas, flores e musica. Sob
administração das Irmãs, sendo uma Diretora e secretária, dez irmãs
professoras, dezesseis professoras auxiliares e ou substitutas. Os
empregados subalternos do asylo também serviam ao externato São José.
Em 02 de julho de 1911 é inaugurado o novo Asylo de Inválidos no Bairro
de Guapira, onde foram transferidos todos os doentes e as Irmãs
responsáveis pelo trato aos enfermos, dentre essas Irmãs estava a Diretora
do Estabelecimento - Madre Maria Carolina de Jesus e mais cinco Irmãs
auxiliares, sendo a Irmã Maria Philomena de Lima responsável pela seção
97
das mulheres e Irmã Maria Lina Ribas d´Avilla, incumbida pela seção de
homens.
O Capelão responsável pela Capela era o Revmº. Padre Eugenio Beaup da
Ordem dos Missionários da N. S de Salette.
Em 1921 falece a Irmã Madre Superiora Carolina de Jesus Oliveira, que
durante 31 anos exerceu o cargo de Diretora do Asylo de Inválidos,
caridosa e bondosa, fez da sua vida missão de fazer o próximo um pouco
mais feliz.
99
Em substituição, foi nomeada a Irmã Maria Filomena, que a muito vinha
exercendo a função de Secretária e Ajudante da estimada Madre Carolina
de Jesus.
Em relatório de 1930, sob Provedoria de Dr. Antonio de Pádua Salles, as
Irmãs de São José de Chambery recebem o seguinte elogio do Mordomo
José dos Santos Azevedo:
“A Revma. Irmã Superiora, com o diligente concurso de suas dignas
auxiliares, muito se esforçou para que sua administração interna do Asylo
corresse sempre na mais perfeita ordem, e tanto aquella como a estas,
cumpre-nos consignar aqui os nossos sinceros louvores e agradecimentos,
não somente por este facto, como também pela carinhosa assistência
assiduamente prestada, por todas, aos pobres asylados”.
100
Em 1936, a direção do Hospital de Mendicidade Dom Pedro II - Antigo
Asilo de Mendicidade - ficou a cargo da Madre Patrocínio, que falece em
1940.
Em 1941, a direção foi realizada pela Irmã Luiza Estanislau.
Em 1953, a Madre Superiora Maria Adrelina fica na direção do Hospital.
Em 1954, o Mordomo do Hospital de Convalescente Dom Pedro II,
Annibal Paes de Barros, em seu relatório elogia as Irmãs de Caridade pelos
seus préstimos serviços:
“Cumpro o dever de agradecer o excelente auxílio prestado pela Reverenda
Madre Superiora Maria Adrelina e suas Irmãs de véu, sempre dedicadas ao
Asylo, servindo os Asilados com caridade cristã”.
101
Irmã Luiza Carolina Rocha da Silva
Ingressou no noviciado da Congregação de
São José de Chambery em 08.12.1943. Fez
seus votos perpétuos em 02.02.1948.
Trabalhou no Colégio N. S do Patrocínio
em Itu como professora de trabalhos
manuais, No Hospital Geriátrico Dom
Pedro II (Asylo dos Inválidos) praticou com
dedicação a assistência religiosa aos
pacientes, funcionários e comunidade no
ano de 1975 a 2007. Segundo ela:
“Eu, Irmã Luiza Carolina, da Congregação de São José de Chambery, me
sinto muito feliz de ter, por muitos anos, feito parte desse grupo de pessoas
que, constantemente, está junto aos idosos e convalescentes. Sou
privilegiada porque, através deles, vi e contemplei os diferentes rostos de
Cristo e realizei minha missão de ser presença do “grande amor de Deus”
não só para os idosos e convalescentes, mas para a Igreja, na família e no
mundo. Junto a todos pratiquei as obras da misericórdia espirituais e
corporais com a certeza de que Deus é quem nos conduz. Indo e vindo,
trevas e luz. Tudo é graça, Deus nos conduz.”.
Atualmente, com 93 anos de idade, Irmã Carolina é responsável pelos
trabalhos na Capela Nossa Senhora da Misericórdia do Hospital Central da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
“Louvo e agradeço a Deus por continuar minha pastoral junto aos doentes
da Santa Casa de São Paulo e peço a Ele que ajude a todos, em cada um
dos setores, a serem pessoas que fazem a diferença, que sejam um benção
aos doentes contando sempre com a presença e ajuda do Senhor que nunca
falha, que nunca falta”
102
Irmã Luiza Carolina servindo aos convidados da Mesa Administrativa da Irmandade. De boina preta, se vê a Sra. Maria do Carmo Platt de Macedo Soares - esposa do Ex - Provedor Dr. José Cássio de Macedo Soares;
103
Hospital dos Lázaros 1803
As autoridades governamentais do Estado de São Paulo do Séc. XIX e XX
preocupadas com a rápida propagação das doenças contagiosas, incentiva a
criação de grupos que atenderiam estes doentes.
Surge assim, no Séc. XIX – Hospital dos Lázaros da Rua João Theodoro;
Séc. XX – Hospital de Guapira, Asilo-Colônia Santo Ângelo e Hospital
Vicentina Aranha.
Reconstituição artística de Roberto Grünvald do Hospital de Lázaros da Rua João Teodoro (sem data)
104
Em 1802, o Governador e Capitão General Antonio José da Franca e
Horta arrematou o terreno da Chácara da Olaria para construção do
Hospício dos Lázaros, no valor de 120$100.
Em 1803 foi construída uma pequena casa para alojar 13 epidêmicos.
Com os precários conhecimentos de séculos anteriores, muitos
curadores / médicos com suas técnicas terapêuticas, preconizavam a
morte dos doentes, mesmo tendo a intenção de curá-los.
Essas técnicas eram sangrias, suadouros, choques elétricos, bebidas
aciduladas e banhos diários e prolongados.
Em 1830 a Santa Casa junto a Câmara, lamentava a triste situação dos
lazarentos. A Câmara enviava um só médico, onde seus honorários eram
pagos pela Santa Casa de São Paulo.
De 1831 a 1856 a situação dos morféticos piora devido aos poucos
recursos obtidos, a casa não oferecia condições de tratamento. Muitos
doentes preferiam mendigar em ruas a ficar sob alojamento.
Devido à falta de conhecimento da doença por parte da medicina, pouco
se podia fazer pelos leprosos, sendo que na prática o Leprosário servia
como um depósito de doentes que recebiam comida e roupa.
Quando as Irmãs de São José de Chambery vieram para a Santa Casa,
em 1871, elas auxiliaram no cuidado aos morféticos da Rua João
Theodoro, empenharam-se incessantemente para amenizar os
sofrimentos físicos e espirituais destes desvalidos.
Mas devido as más condições do prédio era necessário um novo local
para se realizar adequados cuidados. Sendo assim, sob Provedoria de
Dr. José Alves de Cerqueira César, a Irmandade compra um sitio no
bairro de Guapira no distrito de Sant’Anna. Edifício construído, a
princípio, sob direção do Engº e Arquiteto Dr. Victor Andrigo e,
finalizado por Dr. Francisco de Paula Ramos de Azevedo.
105
1904 – Antigo Externato de Santa Cecília foi desocupado para abrigar uma
enfermaria de tuberculosos. O Externato foi transferido para Rua Vitallis,
hoje conhecido como Rua Martinico Prado.
Neste prédio trabalhou os sanitaristas Dr. Emílio Ribas e Américo
Brasiliense no atendimento aos tuberculosos, juntamente com Irmã Marie
Emerenciana.
Mesmo após a inauguração do Leprosário de Guapira (1904) - Hospital São
Luiz Gonzaga (1932), muitos doentes vítimas da tuberculose eram tratados
neste barracão.
106
04.09.1904 – Inauguração da Colônia Guapira sob provedoria do Dr.
Francisco Antonio de Sousa Queiroz, que Recebeu doentes de todo o
Brasil.
Com Missa celebrada pelo Revmo. Pe. Valentim Soares – Agostiniano.
Neste dia foram distribuídos, pela Irmandade, esmolas em dinheiro aos
doentes;
Recolhidos 43 leprosos, sendo 27 homens e 16 mulheres. Sob
responsabilidade do Dr. José Lourenço de Magalhães e Irmã Emerenciana.
107
O novo Hospital dos Lázaros compunha-se de um pavilhão Central, com
sala de recepção, refeitório dos homens e mulheres, cozinha, morada dos
subdiretores e duas alas ligadas entre si;
Para a direção do Hospital dos Lázaros na Colônia de
Guapira foi nomeada em 14.09.1905 a Irmã Marie
Emerenciana Francisca Chavanel, cuja bondade e
dedicação já era sentida quando era enfermeira no
Hospital de Caridade da Chácara do Arouche.
No Hospital a superiora trabalhou com o Dr. Emílio Ribas,
auxiliado pelo Dr. Américo Brasiliense.
Devotou-se de corpo e alma na sublime missão de alentar
e confortar os pobres enfermos. A caridosa Irmã, com seu
zelo, paciência e dedicação tudo conseguiu.
1927 – por motivo de doença, Irmã Emerenciana se afasta
do Hospital
29.04.1928 - Faleceu, onde a Mesa da Santa Casa de São
Paulo se pronuncia com profundo pesar pela morte da
querida Irmã.
Irmã Marie Emerenciana Francisca Chavanel
Dr. José Lourenço de Magalhães nasceu em Sergipe em
1831. Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da
Bahia em 1856.
Médico Leprólogo do Hospital dos Lázaros desde quando
este ficava na Rua João Theodoro no Bom retiro, auxiliado
sempre pelas Irmãs de São José.
Faleceu em 1905, sendo substituído pelo Dr. Erasmo do
Amaral.
109
Chácara com 108 alqueires de terra.
Fornecia leite e verduras ao Hospital Central, Hospital dos Inválidos e do
Guapira.
Havia um estábulo (para 42 animais); barracão para fabricação de sabão;
moinho de fubá e serra circular; residência dos empregados;
Charretes que eram utilizadas para transportar alimentos, servindo também de ambulâncias para transporte de pacientes
110
06.09.1904 – em Guapira,
foi inaugurada duas
escolas de ensino
primário, uma para cada
sexo, no total de 42
alunos, meninos e adultos.
As Irmãs de São José
foram as professoras dos
enfermos.
Sob Provedoria de Dr. Antonio de
Pádua Salles e com o esforço da
Diretora Irmã Emerenciana, a chácara
do Guapira foi reflorestada,
possibilitando que todos os doentes
receberam lotes de terras para cultivo de
hortaliças – chicória crespa, escarola,
almeirão, ervilhas verdes, feijão e
batatinha;
No dia da Inauguração, foi realizado um
almoço pelas Irmãs de São José, com
discursos dos distintos cavalheiros, ao
som de música, e aos doentes foi
distribuído dinheiro.
112
Capela do Hospital dos Lázaros sob proteção da Nossa Senhora da
Conceição e São Lázaro. No centro, São Luiz Gonzaga.
As confissões e comunhões eram frequentes no Hospital dos Lázaros, havia
devotos que comungavam diariamente, as visitas ao Santíssimo eram quase
ininterruptas.
Hospital dos Lázaros - Fachada Principal
113
A comunhão da 1ª sexta feira do mês era praticada com fervor por muitos
doentes, exceto o caso de morte repentina, onde não houvesse um doente
que morresse sem receber os sacramentos. Os enfermos pobres recorriam
as orações da manha e da tarde, assistiam Santa Missa, que era celebrada
por um dos missionários do Salette, que ficavam a cargo da capelania do
hospital desde sua fundação.
Em relatório de 1918 as Irmãs de São José de Chambery recebem a
seguinte homenagem do Dr. José Carlos de Macedo Soares, Mordomo do
Hospital dos Lázaros:
Em 1929, a Irmã Madre Maria
Apparecida Guimarães substituiu a Irmã
Emerenciana na Direção do Hospital São
Luiz Gonzaga a lutar pelos enfermos
dessamparados e excluídos.
As Irmãs Affonsina Bernardo e Irmã
Patrocínio também auxiliavam a Superiora
Marie Emerenciana nas obras beneméritas
do Hospital dando continuação a obra.
“As venerandas Irmãs de São José, entre as quais se encontram duas
filhas de nobres famílias paulistas, vivem estoicamente naquele retiro,
com a abnegada Irmã Superiora, em cômodos exíguos e paupérrimos,
situados no corpo central do edifício, rodeadas pelos dormitórios dos
leprosos, entregues todas inteiramente ao seu sublime apostolado de
caridade, animando os enfermos, confortando os agonizantes e fechando
carinhosamente os olhos dos que aos expedirem o ultimo alento, só vêm
ao seu lado - o olhar cheio de bondade e a boca transbordando de
esperança - essas santas criaturas assombrosas de coragem para as quais
são poucas todas as nossas homenagens”.
114
Em relatório de 1918, o então Diretor Clínico do Hospital dos Lázaros, Dr.
Emílio Ribas, elogia as senhoras da sociedade e o eminente arcebispo de
São Paulo:
“Merece também especial menção a Associação Protectora dos
Morpheticos ultimamente fundada n’esta Capital por distinctas senhoras
do nosso mais elevado meio social, por iniciativa de S. Exa. Revma.., Snr.
D. Duarte Leopoldo, eminente arcebispo de São Paulo.”.
Dr. Emílio Marcondes Ribas, infectologista e sanitaristas, nasceu
em 11.04.1862 na Cidade de Pindamonhangaba - São Paulo.
1887 - Graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
1895 - Inspetor Sanitário, combateu a febre bubônica, varíola e febre
amarela.
Companheiro de batalha com Oswaldo Cruz, Adolfo Lutz, Vital
Brasil e Carlos Chagas, que lutaram para livrar a cidade e os campos
das epidemias no país.
Irmão, médico assistente, adjuntos e Diretor Clínico do Hospital São
Luiz Gonzaga da Irmandade da Santa Casa de São Paulo.
1895 - Emilio Ribas se enpenhou nos trabalhos e na solução do
problemas da lepra e da tuberculose no Hospital que a muito vinha
sofrendo com a batalha pela cura.
Organizou, juntamente com Joaquim Pereira de Almeida, o edifício
do Leprosário de Santo Angelo da Irmandade, com o intuito de
atender os morféticos.
1904 - no Hospital dos Lazaros - São Luiz Gonzaga Pioneiro na
Renovação Sanitária do Brasil liderou com as epidemias, inclusive a
tuberculose.
115
Dr. Emílio Ribas, juntamente com o apoio das Irmãs de São José de
Chambéry, ia em busca de pessoas que o patrocinassem em sua árdua tarefa
de cuidar dos leprosos. Em 1918, obteve do Sr. Presidente do Estado alguns
instrumentos indispensáveis que lhe permitiram atender a vários casos de
moléstia ocular que exigiam intervenção imediata.
Em 03.07.1932 o Hospital de Lázaros foi reformado e ampliado, recebendo
o nome de São Luiz Gonzaga. O Primeiro Hospital Geral para Tuberculose
do Estado de São Paulo
116
Sanatório Vicentina Aranha 1924
Inaugurado em 27 de abril de 1924, pelo Provedor Dr. Antonio de Pádua
Salles, o Sanatório Vicentina Aranha, de S. José dos Campos, tendo como
Mordomo o Dr. Alberto de Menezes Borba. Foi uma idealização da Santa
Casa de São Paulo para tratamento dos tuberculosos, sendo o Dr. Caio
Machado de Oliveira Diretor Clínico do estabelecimento.
Desde sua inauguração, o Sanatório tem recebido os dedicados serviços das
Irmãs de São José de Chambery, sendo dirigido com grande competência
pela Irmã Superiora Anna Isabel e auxiliada por mais seis Irmãs.
As Irmãs eram responsáveis pelo trato médico aos enfermos, bem como
orientação espiritual, carinho e zelo aos necessitados. A superiora além de
responsável pelos empregados a seu cargo, também cuidava da cozinha e
117
dispensa do sanatório, confortava e animava os doentes sempre com
carinho e abnegação.
Em 1925, o Mordomo Dr. Alberto de Menezes Borba, em relatório elogia
as Irmãs de S. José:
Em 1927, a Direção do Sanatório Vicentina Aranha passa a ser realizada
pela Irmã Maria Philomena de Lima, prestando com notável inteligência
o seu cargo atribuído. Por iniciativa própria, a Irmã solicita que se realizem
pequenas construções no sanatório, como por exemplo, 5 casas para melhor
acomodar os empregados.
A Capela do Sanatório ficava a responsabilidade do Revdmo. Padre José
Maria Brandi e, posterior, Revdmo. Padre Ascanio Brandão.
A horta e o pomar existente no sanatório são dirigidos pela prestimosa Irmã
Alda, abastecendo toda a casa com verduras e legumes.
Em 1930, a Irmã Paula de São José, toma a Direção do Sanatório
Vicentina Aranha, recebendo o seguinte elogio pelo então Mordomo Dr.
Alberto de Menezes Borba:
“Devemos nesse particular render as merecidas homenagens ás abnegadas
Irmãs de Caridade da Irmandade de S. José que há longos annos prestam
inestimáveis serviços ás casas da Irmandade da Sta. Casa e Misericórdia
de São Paulo, e o mesmo fazem em relação a este Sanatório, desde sua
fundação, como auxiliares na parte administrativa, zelando pela
moralidade e seriedade do estabelecimento”.
“Não sabemos com que palavras exprimir todo o nosso reconhecimento
e enthusiasmo pelas qualidades inexcedíveis das Revdmas. Irmãs de S.
José. Essas religiosas, a cuja frente permanece com a Graça de Deus, a
bondosissima e zelosissima Irmã Paula de São José, são verdadeiros anjos
tutelares dos que se tratam no sanatório”.
118
Em 1948, o Diretor Clínico Nelson S. D’Avila segue com a seguinte
menção as Irmãs:
“Á incansável e constante dedicação da bondosa Irmã Paula dispensada
ao nosso Sanatório, e ás novas não menos dedicadas Irmãs de São José, a
nossa justa gratidão”
Madre Paula de São José Almeida Cardoso Nasceu em São Paulo a 27 de julho de 1897. Estudou no Externato São José, em São Paulo; tendo terminando seu curso brilhantemente desejou ser religiosa. Não tendo a idade requerida, ensinou, durante dois anos, neste mesmo Externato onde conquistou a estima de seus alunos, professores e Inspetores.
O que a caracterizou toda a sua vida foi um grande espírito de fé. Foi à luz da fé que ela aprendeu esta ciência que caracteriza os santos e que ela soube tão bem ensinar às suas Irmãs através de suas lições, seus sábios conselhos e, principalmente pelos seus exemplos.
Organizou com entusiasmo nossa Escola de Enfermagem que, como toda boa obra, começou com dificuldades e se desenvolveu com muitos sacrifícios.
Recebeu os últimos sacramentos com plena consciência, pediu perdão à comunidade agradecendo às Irmãs, em particular as que cuidavam dela e que não cessavam de lhe dar sinais de respeito e de filial afeição.
Todas as pessoas que conheceram a querida Madre Paula de São José têm a certeza de terem, agora, uma protetora junto de Deus. Faleceu em 07 de novembro de 1958.
119
Em 1957, O Mordomo do Sanatório, Dr. Antonio Carlos de Camargo
Vianna, dita as seguintes palavras:
Dos anos de 1926 a 1966, as seguintes Irmãs foram Superioras do
Sanatório Vicentina Aranha:
1 - Madre Ana Elizabeth;
2 - Madre Maria Philomena Lima;
3 - Madre Paula de São José;
4 - Madre Josefina da Imaculada;
5 - Madre Margarida Sacramento;
6 - Madre Olímpia da Apresentação Carvalho;
7 - Madre Maria de Lourdes Silva;
8 - Maria das Dores Paula Souza;
9 - Madre Maria Prisciliana Matos;
10 - Madre Maria José Miranda.
“No período em exame, como o apoio da DD. Mesa Administrativa, pode
o Sanatório manter a mesma alta eficiência de sempre, no tratamento dos
numerosos doentes que ali se internaram, mercê da capacidade dos ilustres
componentes de seu Corpo Clínico, dos desvelos das Revmas. Irmãs da
Congregação de São José e da cooperação dos seus funcionários e
empregados, todos os quais fizeram jus, pela sua ação, ao reconhecimento
da Irmandade”.
120
Leprosário Santo Ângelo 1928
Em 1917 a Associação Protectora dos Morpheticos, fez doação à Santa
Casa de São Paulo dois terrenos para construção do Leprosário Santo
Ângelo;
Projeto elaborado pelo Arquiteto Adelardo Soares Caiuby, sob orientação
do Dr. Emílio Ribas e Dr. Joaquim Ribeiro de Almeida;
Em 03.05.1928 foi Inaugurado o Leprosário Santo Ângelo no município de
Mogi das Cruzes, com a missão de ajudar o Hospital de Guapira nas
acomodações dos leprosos.
As Irmãs de São José de Chambery também ficaram a cargo de administrar
o novo leprosário, sendo uma Irmã Superiora e sete religiosas.
121
Escola Primária onde as
professoras eram as
dedicadas Irmãs de São
José de Chambery
Oficina de Costura
movida à eletricidade
– Doentes trabalhando
Casa para família leprosa
122
Asylo Santo Antônio de Araras e as Missionárias de Jesus Crucificado de Campinas
1929
Em decorrência do falecimento de Dn. Benedicta Alves de Mello Nogueira,
a Irmandade da Santa Casa de São Paulo, arrecadou os bens doados pela
distinta senhora, um total de 1.170:090$000, o que possibilitou a
construção do “Asylo de Santo Antonio para Órfãs” na cidade de Araras -
São Paulo.
As obras de adaptação do prédio de araras foram realizadas pelo Escritório
Técnico Ramos de Azevedo, sob direção do Dr. Del Débbio.
123
Em 14.03.1929 a Mesa Administrativa aprovou o contrato entre a
Irmandade, representada pelo então Provedor Senador Antonio de Pádua
Salles, e as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado de Campinas,
representada pela Madre Geral Irmã Maria do Calvário, para administração
do novo estabelecimento.
As Irmãs tomaram posse no dia 13.06.1929, em presença do Exmo.
Revmo. Sr. Dom Francisco Barreto, eminente Bispo de Campinas. Na
mesma sessão, foi nomeado o Dr. José Carlos de Macedo Soares como
Mordomo do Asylo Santo Antonio. A Superiora responsável pela direção
do Asylo era a Irmã Lucia de Jesus Crucificado.
Toda a herança de Dn. Benedicta fora doado a Irmandade, incluindo todos
seus bens imobiliários e mobiliários situados em Portugal, para a
manutenção do Asylo que seria instalado em sua residência em Araras.
Segundo a vontade da doadora, o Asylo abrigaria 60 meninas pobres e
órfãs, recebidas até os 12 anos de idade, ficando sob responsabilidade da
santa Casa até completarem 18 anos de idade.
Dr. José Carlos de Macedo Soares - Mordomo do Asylo Santo Antonio e Revmo. Sr. Dom Francisco Barreto
124
A Irmandade deveria aplicar as joias doadas da seguinte maneira: todos os
anos premiará com uma dessas joias a asylada que mais se distingui no seu
bom comportamento e nos seus estudos, mas somente a joia será entregue
quando a asylada completar 18 anos. Esgotadas as joias, terá a mesma
aplicação as roupas, louças e quaisquer outro objeto de valor.
O Asylo Santo Antonio de Araras foi inaugurado em 13.06.1929, com a
presença do Provedor Senador Antonio de Pádua Salles, Sr. Dom Francisco
de Campos Barreto, Dr. Augusto Meirelles Reis, Dr. Plínio Barreto, Dr.
Synésio Rangel Pestana, Dr. Alberto de Menezes Borba, Dr. José Cássio de
Macedo Soares, dentre outros.
No contrato com as Irmãs Missionários de Jesus Crucificado reza que:
1º As Irmãs obrigam-se a assumir a direção do Asylo, mantendo no
estabelecimento 7 irmãs;
2º A Irmã Superiora terá plena autonomia na direção do estabelecimento;
3º Os empregados do Asylo serão nomeados e demitidos pela Superiora. O
número de empregados e suas funções serão determinados pela Superiora,
com aprovação do Mordomo.
4º Cada Irmãs receberá o salário de cento e cinquenta mil réis;
5º Além do ordenado as Irmãs tem direito a cama, mesa, luz e lavagem de
roupa por conta da Santa Casa de São Paulo;
6º A aceitação do Asylado só poderá ser realizado mediante ordem da
Irmandade;
7º A Superiora providenciará o pagamento aos encarregados, além de gerar
todos os anos um relatório com as atividades do estabelecimento;
8º As Irmãs obrigam-se a ministrar as asyladas, além da educação religiosa
e cívica, instrução educacional, além de transmitir o conhecimento da arte
feminina, como cozinha, costura e outros trabalhos domésticos.
Em 1930, o Mordomo do Asylo, Dr. Cássio de Macedo Soares, prestigia o
trabalho das Irmãs Missionárias da seguinte forma:
125
Em 1933, é organizado a Escola Profissional Feminina anexa ao Asylo,
para alunas com 15 anos de idade, dividido nas seguintes seções:
Seção A: aulas diárias de desenho profissional, corte e costura de roupas
brancas.
“É realmente notável a dedicação das Irmãs Missionárias de Jesus
Crucificado que dirigem o Asylo, notadamente a senhora Superiora Irmã
Lúcia de Moraes, que consegue aliar aos altos dotes de inteligência e
educação uma cativante bondade”.
Alunas do Asylo Santo Antonio de Araras - 29.12.1929
126
Seção B: aulas diárias de desenho profissional, bordados, artes aplicadas e
flores, tricot e crochet.
Seção C: Curso Comercial: escrituração mercantil e cursos de guarda-livros
e secretaria.
Seção D: economia doméstica; arte culinária; arranjos de casa, puericultura.
As professoras mestres responsáveis pelo ensino na escola eram as próprias
Irmãs da Congregação de Jesus Crucificado, juntamente com duas
professoras do Instituto Profissional da Capital.
Capela do Asilo Santo Antonio
127
Em 1937, a Irmã Geralda Maria de Jesus Eucarístico toma a Direção do
Asylo Santo Antonio de Araras.
Em 1941, passa a direcionar o Asylo a Irmã Célia Maria do Coração de
Jesus Crucificado.
As práticas religiosas do Asylo ficavam a Cargo das Irmãs e do Revmo. Pe.
Alarico Zacharias.
Em 1943, o Mordomo do Asilo Djalma Forjaz, exprimi o seguinte elogio ás
Irmãs:
“A direção do Asilo no ano de 1943 esteve a cargo da Revma. Irmã Célia do
Coração de Jesus Crucificado, que, com o auxílio de outras devotas Irmãs,
imprimiu-lhe uma administração merecedora dos aplausos e do
reconhecimento de todos os que acompanham com carinho a vida e o
desenvolvimento de tão útil instituição.”.
128
Hospital Central 1884
Em 1884 é inaugurado o novo Hospital de Caridade da Santa Casa de São
Paulo na chácara do Arouche. Na época a Provedoria estava a cargo do
Arcipreste Cônego João Jacynto Gonçalves de Andrade.
Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo de
1880 a 1886;
Doou todos os seus bens para Santa Casa de Misericórdia de São Paulo;
Idealizador da construção e inauguração do Hospital da Caridade da
Irmandade da Santa Casa de São Paulo em 1884, conhecido como Hospital
do Arouche.
Convidado a ocupar o cargo de Capelão da Irmandade que sempre exerceu
até a época em que administrou o hospital.
Arcipreste Cônego João Jacynto Gonçalves de Andrade
129
1879 - 1° Projeto da Santa Casa de São Paulo para construção do novo Hospital da Caridade.
Engenheiro e Arquiteto - Luiz Pucci, que reservou a cobertura para apartamentos. Em 1884, ano de sua inauguração, 70 freiras da Congregação de São José de Chambery instalaram-se ali.
130
Quadrilátero da Santa Casa De São Paulo
A Santa Casa de São Paulo abrange um quarteirão com as ruas Dr. Cesário
Mota Jr, Marques de Itu, Veridiana Prado e Jaguaribe com área de
48.514.97m2 e área construída de 22.176.80 m2., localizado na antiga
chácara do Arouche.
O prédio foi concluído em 1884. Arquitetura estilo gótico com arcos em
ogivas e com abóbodas nervuradas, torres pontiagudas arrematadas por
pináculos e vitrais longilíneos, fachadas com tijolos de várias olarias, telhas
e pisos franceses, torres com telhas ardósia, janelas com vidrais decorativos
por Conrado Sorgenicht.
131
A imagem de Jesus Cristo de braços semi abertos é dedicada ao Provedor
Arcipreste João Jacyntho Gonçalves de Andrade e a Comissão de obras que
edificaram o Hospital Central.
Inaugurada em 20.12.1950, a pedido de Dona Genoveva, que deixou um
legado para a Santa Casa de mais de 6 milhões de cruzeiros, na ocasião, ela
solicitou que fossem retirados 100 mil cruzeiros para a construção dessa
estátua. No dia da Inauguração, o provedor Dr. José Cássio de Macedo
Soares, discursando contou:
A JESUS EM SEUS POBRES
Em 1880, os mesários, tendo a frente o provedor, Cônego Jacyntho de Gonçalves, saíram pelas ruas de São Paulo pedindo esmolas e conseguiram a vultuosa soma de 800 contos de réis com a qual foi construído o prédio do atual Hospital Central, que ficou pronto em 1884, quando foi deita a mudança das instalações que estavam na rua da Glória. Naquela ocasião, o cônego Jacyntho sugeriu que se fizesse uma estátua com o dístico “A Jesus Cristo em seus pobres”.
132
Brasão da Santa Casa de São Paulo
A Mesa Administrativa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo criou uma Comissão para a elaboração do brasão da Irmandade. Esta comissão era composta pelos Drs. Francisco de Paula Ramos de Azevedo, João Maurício Sampaio Viana e Frederico de Vergueiro Steidel. Em Relatório do Provedor Dr. José Alves de Cerqueira César - Período sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz. Início do Séc. XX.
Gino Catani, convidado pela Mesa Administrativa da Santa Casa de São Paulo, pintou o Salão Nobre da Irmandade onde o emblema foi inserido na pintura, em 1907. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.
A pintura da Capela da Irmandade foi atribuída a Gino Catani e Benedito Calixto, que além de amigos trabalhavam em conjunto.
O escudo oval, confeccionado em bronze, é circundado por dois filetes paralelos que limitam um cordão de contas. A Coroa de Rainha lembra a Coroa Real.
Engº e Arq. Francisco de P. Ramos de Azevedo
133
Na pintura desenhada por Gino Catani em 1907, deixou clara a sobreposição do A e V, que significam: Ave. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.
A cruz lembra a religião católica. Desenho de Gino Catani, 1907. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.
134
Na pintura desenhada por Gino Catani em 1907, a letra M significa: Maria, Mãe da Misericórdia. Sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz.
Em pintura de Gino Catani em 1907, sob Provedoria do Dr. Francisco Antonio de Souza Queiroz, a linha que sustenta a Cruz lembra o Planalto de Piratininga.
135
A primeira Irmã Superiora do Hospital Central foi a Reverendíssima
Madre Arsênia, que desde a instalação do Hospital na Rua da Glória vem
prestando seus valorosos serviços a caridade.
Em novembro de 1899, a Santa Casa de São Paulo enfrentou o surto de
peste bubônica. Mos consultórios do Hospital, Dora distribuído remédios
gratuitos aqueles que não possuíam condições de pagar, além, claro, de
abrigar os doentes acometidos pela doença.
Enfermaria de Mulheres. Em destaque Madre Maria Arsênia e Dr. Arnaldo
Vieira de Carvalho - Diretor Clínico da Irmandade.
136
Capela Nossa Senhora da Misericórdia e as Irmãs de Caridade
Em 16 de setembro de 1888 é nomeado o capelão Pe. Antonio Varchi em
lugar do falecido Pe. Anthelmo Goud.
Em 19 de abril de 1891, o Irmão Eduardo Prates propõe, na sessão da
Mesa, a construção da Capela da Irmandade com o fim de desocupar uma
enfermaria.
O então Provedor Dr. Raphael Tobias de Aguiar Paes de Barros, Barão de
Piracicaba, informa ter uma proposta do Arquiteto Luiz Pucci para a
Capela, a qual só não foi iniciada por falta de recursos.
137
A Mesa encarregou então o Irmão Eduardo Prates de renovar a subscrição
de donativos e administrar as obras, sob a responsabilidade do Dr. Luiz
Pucci. Graças ao esforço e trabalho de Prates foram iniciados os trabalhos.
Com o andamento das obras em 10 de julho de 1882, o Irmão Eduardo
Prates consulta a mesa para saber se deve aplicar ladrilhos ou assoalho no
piso da Capela.
O Provedor então, diz que ele tem toda liberdade para definir o assunto,
informando que está disposto a financiar os ladrilhos se o Irmão Prates não
o fizer. Em 18 de junho de 1893, o Irmão Eduardo Prates comunica que a
Cia Central Paulista fez o donativo das telhas francesas fabricadas em
Marseille para a cobertura da nossa Capela.
Os vitrais da nova Capela são de fabricação da Empresa Conrado
Sörgenicht, mas não temos informação de quem seriam os doadores.
Em fevereiro de 1894, o Diretor da Companhia Mechanica e Importadora
de São Paulo anunciou que as janelas seriam fornecidas por sua Empresa
gratuitamente. Aos 17 de junho do mesmo ano, o Irmão Eduardo Prates
informa que foi entregue a nova Cruz para a capela, feita com material de
duas cruzes da antiga Igreja da Misericórdia.
O altar da nova Capela é o mesmo que estava instalado na Igreja da
Misericórdia - primeira sede oficial da Santa Casa de São Paulo - sendo que
os laterais foram doados para o Asilo Bom Pastor, em virtude de não serem
aproveitados para a nova Capela.
Em 19 de maio de 1895, o Irmão Eduardo Prates comunica o término das
obras; no entanto os trabalhos de acabamento e decoração ainda não
estavam terminados. A Irmandade recebeu em 18 de novembro de 1894 a
doação de 50.000$000,00 (cinqüentas contos de réis) doados pelo Irmão
Prates em memória de sua cunhada Maria Hyppolitha dos Santos Silva,
Marquesa de Três Rios, com o fito de complementar as obras da Capela.
138
O sino da nova Capela foi confeccionado refundindo o antigo sino da Igreja
da Misericórdia situada à Rua Direita. O custo geral da construção da
Capela importou em 111:338$744,00.
Em 1887, o padre Hypolito Evangelista Braga, antigo exposto criado pela
Santa Casa de São Paulo, celebrou sua primeira missa na Capela do
Hospital.
A Capela foi inaugurada em 1900-1901, possuindo estilo arquitetônico
gótico com influência barroca.
Em 1907, todos os atos religiosos foram praticados pelos Reverendíssimos
Padres do Immaculado Coração de Maria.
Além de prestar serviços aos enfermos e necessitados, as Irmãs de São José
de Chambery ficaram a cargo dos serviços religiosos juntamente com os
Padres da Ordem de São Camillo, como consta em relatório de 1939.
Em todo dia 02 de julho de todo ano era realizada a festa da visitação de
Santa Izabel, estando sempre presente as Irmãs de São José, representantes
dos poderes públicos e autoridades eclesiásticas. Em 1936, realizou-se
missa cantada, pelo Reverendo Padre Innocente Radrizzani, Superior da
Ordem de S. Camillo Lellis, acolytado pelos Padres Capellães da
Irmandade. Pregou ao Evangelho o ilustre sacerdote jesuíta
Reverendíssimo Padre José Danti, Reitor do Collegio S. Luiz, produzindo
eloquente e erudita peça oratória.
Em relatório de 1936, o Mordomo do Hospital Central, Dr. Augusto
Meirelles Reis relata:
“Agradeço ás virtuosas Irmãs de S. José, dirigidas pela abnegada e
benemérita Superiora Madre Eugenia pelos immensos serviços que
prestam á instituição e bem assim aos Reverendíssimos Padres de S.
Camillo que tão bem dirigem o serviço religioso da Irmandade”.
139
Em 1888, por proposta do Irmã Major Domingos Sertorio, foi aprovada a
admissão de uma lista de irmãos, encabeçada pelo Engenheiro Luiz Pucci e
integrada por 21 padres, entre os quais o Pe. Dr. José Valois de Castro.
Atualmente, a Irmã Terezinha Ferreira do Amaral Mello, coordena os
trabalhos na Capela e toca o sino anunciando as missas ao longo do dia.
Irmã Terezinha nasceu em 31 de dezembro de 1932 em Saltinho, comarca
de Piracicaba. Entrou para a Congregação em 1954 com 25 anos,
formando-se como Assistente Social.
Capela Nossa Senhora da Misericórdia - Missa de Formatura da Escola de Enfermagem São José - 1975.
Da esquerda para direita: Pe. José Bet, Irmã Cristiana (Eunice José), Irmã Judith (Francisca Muniz) Irmã Satiko Yamaguchi.
140
Visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel, a Santa Casa de São Paulo comemorava no dia 02 de junho de cada ano, a Nossa Senhora era conduzia em um andor, em procissão da Catedral a Igreja da Misericórdia com uma festa solene e visita ao enfermo.
Neste dia, o sino da capela anunciava a festa solene com um toque as 06h00 da manha ate a hora da procissão.
dgfg
Pintura atribuída a Gino Catane, amigo e parceiro de Benedito Calixto -
pintada de 1907 a 1913.
Nossa Senhora da Misericórdia é a Padroeira da Capela da Santa Casa de São Paulo, que por sinal leva o seu nome em homenagem.
Padroeira daqueles que necessitam de um auxílio, aceitando e protegendo em seu manto aqueles que clamam por socorro
141
Em 08 de outubro de 1923, a Capela da Santa Casa de São Paulo, passa a
ser assumida pelos padres Camilianos, sob direção do Pe. Inocente
Radrizzani, que em 1946 inaugura um curso de enfermagem, realizado por
iniciativa própria, na Santa Casa de São Paulo.
Em 11 de fevereiro de 1933, ocorreu a inauguração do Seminário de Vila
Pompeia, comemorando o 10º aniversário da chegada dos camilianos no
Brasil. Benção do Superior Geral Pe. Germano Curti.
Irmã Ana Rita também fez um excelente trabalho na Capela, entre os anos
de 1945 a 1960.
Em 1946, em homenagem ao dia de visitação de Nossa Senhora, o Cônego
Dr. José de Castro Nery discursa na Capela Nossa Senhora da Misericórdia
os preceitos da Santa Casa de São Paulo, evocando as obras da misericórdia
e a benemérita obra social que é a Santa Casa.
Padres Camilianos na Santa Casa de São Paulo - 1918
142
Pe Vitoriano Giovannini - Camiliano.
Celebrando na Capela da Nossa Senhora
da Misericórdia, quando as missas eram
realizadas com o padre de costas para os
fiéis.
Fotografia de 1940
Pe. Avelino Bernardo Panni, celebrando na
Capela Nossa Senhora da Misericórdia.
Durante muito tempo foi capelão e mordomo
da Capela da Santa Casa de São Paulo
Já lá se vão quatro séculos. E era sempre a 2 de Julho, dia da Visitação a
Santa Isabel, que se elegiam, na sala do capítulo, os “ treze homens bons,
virtuosos e de boa fama” para regerem os destinos da Irmandade. A pobre
capelinha, nesse dia, tinha “mantas e panos” e ramos verdes, predominando
o junco. O claustro adjacente resguardava-se com toldos retirados às velas
dos navios surtos no porto, - lembrando quiçá aqueles que “por mares nunca
dantes navegados, passaram muito alem da Taprobana”.
143
Irmãs de São José de Chambéry, em 19 de março de 2011 Celebração na Capela Nossa Senhora da Misericórdia com Pe. Luizinho Claretiano Igreja Coração de Maria
Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, celebra uma missa na Capela Nossa Senhora da Misericórdia da Santa Casa de São Paulo na companhia das Irmãs de São José de Chambery
Da esquerda para direita: Sra. Maria Nazarete de Barros – Coordenadora do Museu; Irmã Luiza Carolina; Irmã Eliane Costa Santana; Dom Odilo Scherer, Irmã Delta Toyama e Irmã Geralda Hypólito
144
Sempre querida por todos, Irmã Tereza trabalhou por muitos anos na Santa Casa de São Paulo em vários setores, além de dedicar seu tempo como professora e Assistente Social.
Atualmente Irmã Tereza Coordena com muita maestria a Capela Nossa Senhora da Misericórdia.
146
EXTERNATO SANTA CECÍLIA
Sob idealização de Madre Arsênia, fora fundado no quadrilátero da Santa
Casa de São Paulo numa das dependências projetada por Luiz Pucci, o
Externato Santa Cecília, com intenção de educar e instruir meninas carentes
do bairro. Em 1904, porem, essas dependências foram requisitadas para
abrigar enfermarias, tendo a Irmandade transferido o Externato para o
terreno da Rua Vitalis, hoje Rua Martinico Prado.
As Irmãs de São José de Chambery ficaram a cargo tanto da educação das
meninas, quanto da construção do novo edifício. Em 1909, a escola fora
reinaugurada tendo a Irmã São Luiz Boyer como primeira diretora.
Esse edifício que anos mais tarde, veio a sediar a Escola de Enfermagem
São José, em 1945, da qual falaremos adiante.
Externato Santa Cecília em construção
147
Escadaria do Externato Santa Cecília.
Destaca-se a Irmã Delta, primeira da esquerda para direita.
Irmãs na frente do Externato São José
Muito bondosa e carinhosa Ir. Emília Margonari, de família religiosa, foi Diretora da Creche da Igreja Santa Cecília, onde posterior foi convidada a Coordenar Social da Igreja mostrando muita competência em seu trabalho.
148
ATIVIDADES E MISSÃO DAS IRMÃS
Na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, as Irmãs de
São José de Chambery trabalhavam com afinco e metodicamente para
garantir um excelente atendimento e atenção aos pacientes.
De segunda a segunda, o telefonista de plantão soava os sinos da Capela
Nossa Senhora da Misericórdia, para acordar as Irmãs no horário das 5:00
da manhã, onde elas compareciam a Santa Missa antes mesmo do desjejum.
Após o café da manha, as Irmãs se dispersavam cada qual indo ao pavilhão
destinada para atender a grande demanda dos enfermos.
Ao meio dia, as Irmãs se reuniam no refeitório da Comunidade, onde a
refeição era servida por outras Irmãs responsáveis pela cozinha. Após o
almoço, elas retornavam as enfermarias, onde permaneciam ate as 17:30,
indo a Capela fazer orações.
Após as orações, as Irmãs jantavam e ficavam no recreio antes de se
recolher. Muitas Irmãs retornavam as enfermarias onde permaneciam a
noite para acompanhar a evolução dos enfermos.
Todos os dias, as benevolentes Irmãs dedicavam plenamente suas vidas ao
próximo, curando suas feridas corporais e espirituais, rogando e velando as
curas de seus males.
Além de exercerem seus ofícios na Santa Casa de São Paulo, as Irmãs de
São José de Chambery cursavam inglês, que era ensinado pelo Irmão da
Mesa Administrativa, Dr. Arnaldo Ventura, na década de 70.
Até hoje o Dr. Ventura possui grande amizade com as Irmãs, lembrando-se
delas com enorme carinho.
150
Capela da Residência das
Irmãs
Recreio das Irmãs
Nota-se no canto direito da imagem, uma Irmã tocando violino em seu momento de lazer
151
Irmãs de São José na Pastoral
pastoral da saúde
Irmã Delta Toyama na Pastoral da Criança
Irmã Luiza Carolina no trabalho da Pastoral de Enfermos no Hospital Geriátrico D. Pedro II
152
Reunião da Comunidade das Irmãs
Em todo tempo de trabalho das Irmãs de São José na Santa Casa de São
Paulo, estas organizavam-se primorosamente através de reuniões, onde se
planejavam a Pastoral de Saúde na Irmandade.
As Irmãs realizavam leitura sobre a pastoral dos enfermos e discutiam
soluções sobre como aprimorar o atendimento espiritual aos doentes,
discutindo assuntos das atividades ambulatoriais; acompanhamento
domiciliar a pessoas idosas; visitas domiciliares e hospitalares, com
enfoque na melhoria da qualidade de visa, conforto espiritual e até auxílio
financeiro.
Tratavam também dos trabalhos realizados por elas mesmas e como
distribuir as atividades em todos os setores, seja na lavanderia, cozinha,
refeitório, capela ou nas enfermarias dos pavilhões da Irmandade.
Caderno de reuniões - de 1969 a 1975
153
As reuniões das Irmãs aconteciam no refeitório ou Sala da Comunidade. As vezes, ocorria também fora das dependências da Irmandade, como no Terraço Itália
Irmãs de São José de Chambéry no Terraço Itália Destaca-se a Irmã Celita Fonseca (de óculos)
154
Lavanderia
No final do Séc. XIX e início do Séc. XX, o Departamento de Lavanderia
funcionou em um galpão nas mediações da Rua Dona Veridiana, onde as
Irmãs de São José de Chambery lavavam as roupas dos enfermos
manualmente em pequenos tanques de cimento e ou azulejo, no mesmo
local era de costume costurar e passar as roupas em ferro à brasa, para
atender a todas as enfermarias.
Irmãs no Serviço de Lavanderia do Hospital
156
Para auxiliar o trabalho das Irmãs, o Dr. Ayres Neto confeccionava,
juntamente com sua mulher, roupas bordadas para as enfermarias do
Hospital Central.
Em relatório de 1902, o Mordomo do Hospital Central, Dr. Alberto da
Silva e Sousa, cita as Irmãs de São José de Chambery:
“Sempre com o máximo de zelo continuam a prestar seus dedicados
serviços á nossa pia instituição, tendo a sua frente a virtuosa Irmã
Superiora Maria Arsênia, tornado todas dignas de louvores.”
Irmãs passando roupa - 1969 Irmã Rosa Guedes, Irmã Marina e Irmã Ruth Serafim.
157
ENFERMARIAS
Em 1903, é preocupante a situação do Hospital Central frente as epidemias
e superlotação das enfermarias infantis.
Desde o ano de 1904, as Irmãs de São José participavam ativamente na
assistência aos tuberculosos pobres. O local de atendimento era na famosa
5ª Enfermaria de Medicina.
159
Em relatório de 1907, ainda havia a preocupação de superlotação das
enfermarias do Hospital. A administração do Hospital, conta-se as também
as Irmãs de São José, tiveram que lançar mão de colchões no chão, tendo
nessa situação cerca de 135 doentes, sendo que na enfermaria infantil havia
duas crianças em cada cama.
Em 1908, o então Mordomo do Hospital, solicita a vinda de mais Irmãs da
Congregação de São José, pois seu numero se mostra insuficiente com a
crescente quantia de enfermos no Hospital.
160
Em 1909, devido a grande quantidade de pacientes, na enfermaria de
crianças são postos colchões no chão para atender os enfermos.
Em 1910, o Diretor Clínico Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho entra em
acordo com a Exma. Superiora Geral das Irmãs da Congregação de São
José para que ficasse elevado a duas o numero de Irmãs enfermeiras em
cada enfermaria, de maneira a ficar uma durante o dia e outra durante a
noite, havendo sempre uma pessoa responsável pelo serviço.
Em 1912, a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi
estabelecida pela Lei nº 1357 e assinada pelo Presidente do Estado Dr.
161
Francisco de Paula Rodrigues Alves, para que as aulas fossem ministradas
no interior do complexo hospitalar da Irmandade. Com isso, os trabalhos
das Irmãs aumentaram ainda mais, sendo elas responsáveis por acompanhar
os alunos nas enfermarias e auxiliar os professores médicos nas aulas
práticas.
Revista “A Cigarra” de 1914
162
Em 1916, a Superiora do Hospital era a Irmã Luiza Agatha, que
coordenando as dedicadas irmãs deu continuidade ao belíssimo trabalho na
assistência aos necessitados.
Discípula da primeira Superiora Irmã Maria Arsenia
Berthet. Foi nomeada para substituir a Irmã Arsenia após
seu falecimento e anteriormente já exercia a função de 2º
Superiora desde 14 de setembro de 1875, há 44 anos
prestando relevantes serviços a Santa Casa de São Paulo.
Devido ao esforço cada vez mais pelo engrandecimento a
Santa Casa, que muito lhe deve a altura em que se acha, tão
notáveis tem sido esses serviços e tão eficaz a orientação
dada aos mesmos pela Superiora atual, a que devendo esta
ir com a Superiora Provincial à Casa Matriz em 1909, a
Mesa Administrativa resolveu como prova de simpatia,
conceder á Irmã Luiza Agatha um valioso auxilio para a
sua viagem à Europa. Religiosa da ordem de São José de
Chambéry e primeira Professora do Colégio São José.
Faleceu em 26 de Agosto de 1923
Irmã Luisa Agatha Trosset
163
Em 1918, o Diretor Clínico dos Hospitais, Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho,
elogia as Irmãs da seguinte forma:
“Preciso testemunhar meu reconhecimento as dedicadíssimas Irmãs de
São José de Chambery, cujo espírito de sacrifícios e cujos sentimentos de
caridade, não esmorecendo mesmo perante a morte, permitimos levarmos
a bom termo nossa honrada, mas pesada tarefa. A elas devemos, como
mesários, publica gratidão e manifestações de reconhecimento.”
Sala de Operações do Hospital Central
Local de trabalho dos médicos e Irmãs enfermeiras
164
No mesmo ano de 1918, São Paulo era assolada pela epidemia da Gripe
Espanhola. As Irmãs de São José muito se empenharam no tratamento aos
contaminados, mas infelizmente, duas das Irmãs vieram a falecer vítimas
do contagio, essas Irmãs eram as dedicadas Ir. Maria Esperança e Ir.
Maria Cesarina. A Santa Casa de São Paulo prestou-lhes todas as
homenagens devidas e foi colocada nas enfermarias a seu cargo placas de
bronze, ficando assim perpetua a sua memória eternamente.
Em 1919, o então Provedor da Irmandade Senador Antonio de Lacerda
Franco, cita as Irmãs em relatório com a seguinte descrição:
Para substituir a Irmã Superiora Luiza Agatha Trosset, a Direção do
Hospital passa para a digníssima Irmã Madre Maria Eugenia Janin.
“A direção do Hospital Central e dos outros departamentos da nossa
Irmandade continua confiada as dignas Irmãs de São José que com toda
dedicação e competência desempenham com desvelo a sua caridosa
missão de enfermeiras, o que aqui consigno com os mais merecidos
agradecimentos aos seus relevantes serviços”
165
Madre Maria Eugenia Janin.
Em 1893 serviu no Colégio do Bom Conselho e de
1894 a 1899 no Externato S. José, ambos em
Taubaté. No ano de 1899 foi transferida para o
Hospital Central, e dessa data até 1916 ocupou
diversos cargos dos mais humildes aos mais
elevados, sempre contente, nada pedindo, nada
desejando, tudo aceitando de bom humor e coração
aberto.
Em 1913 se formou como enfermeira na Escola de
Enfermagem.
Trabalhou na cozinha, na portaria, na 1ª clínica
Cirúrgica de Homens e no Pavilhão Masculino de
Pensionista.
Devido ao reconhecimento de suas habilidades,
assumiu a direção da Santa Casa de
Pindamonhangaba, como Superiora, até o ano de
1920. Em 1922 foi Superiora no Hospital Santa
Isabel de Taubaté
Em 1923 foi a Terceira Superiora da Irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Junto com as Irmãs de São José, administrava as
enfermarias e dependências, nomeando e dirigindo
todos os empregados do Hospital.
166
Dr. Arnaldo possuía muito apreço pelas Irmãs de São José de Chambery,
sempre elogiando seu trabalho caridoso da qual nunca dispensou. Em 19 de
junho de 1920, foi feito uma homenagem ao Dr. Arnaldo, tendo o Irmão
Frederico de Vergueiro Steidel pronunciando as seguintes palavras:
Muitas pessoas são devotas ao Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho,
principalmente quando procuram cura de alguma moléstia, como é o caso
Dr. Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, nasceu em
Campinas em 05.01.1867.
Diplomou-se em 1888 pela Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro. Depois de formado, ocupou importantes
cargos, como: consultor e assistente da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo; médico responsável pela
Hospedaria dos Imigrantes e, já em 1889, médico
adjunto, cirurgião, vice-diretor clínico da Santa Casa.
Em 1893, diretor do Instituto Vacinogênico, cargo que
ocupou até 1913, e, finalmente, em 1894, indicado para
chefe de clínica cirúrgica e, em seguida, diretor clínico
do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo.
Faleceu em 05 de junho de 1920.
Fui muitas vezes testemunha das suas expressões de respeitosa veneração,
que dedicava as irmans de caridade, que aqui exercem o seu santo mister,
e elle traduzia essa amizade pelo carinho e solicitude, com que as tratava
na vida diária, e nas emergências em que precisavam dos seus serviços.
Dentre todas eu o ouvi sempre referir-se com admiração e respeito a
irman S. Luiz
167
de Dona Maria de Lima Costa e sua irmã Marina Lopes da Silva, que
sempre quando estão adoentadas rezam pedindo ajuda do Dr. Arnaldo que
nunca as faltou.
Em 05 de julho de 1924, deu-se início ao movimento rebelde
desencadeando na conhecida Revolução de 1924. A metrópole foi
terrivelmente bombardeada, sendo que muito inocentes foram atingidos.
Em cerca de 48 horas morreram 503 habitantes e foram feridos 4.864
pessoas. A Santa Casa, como Hospital destinado e preparado a receber as
vítimas, transformará, pela primeira vez, o Hospital do Sangue.
Fora liberado nove enfermarias masculinas, duas femininas e uma infantil
para das lugar as vítimas d revolução. O Salão Nobre, onde acontece
diversas solenidades, fora transformado em dormitório para os médicos e
estudantes.
Com o auxílio das Irmãs de São José, os feridos que adentravam ao
Hospital eram examinados na portaria e distribuídos pelas diversas
enfermarias.
Em 1928, falece a dedicada Irmã Antonieta Dagand, que por mais de 35
anos prestou os mais altos serviços a Santa Casa, principalmente a 2ª
enfermaria de medicina de homens. Em relatório do mesmo ano, o Dr.
Dutra Meira transcreve seu pesar:
“Poucos a conheceram, ninguém mesmo sabem quem foi; só aquelles que
trabalhavam junto della, só aquelles que receberam de suas mãos o obulo
da piedade. Grande e apagada é a vida dessas senhoras do bem. Grande,
pela magnitude de sua vida - só feita para benefícios, - apagada porque é
obscura e se passa na sala dos miseráveis, daquelles que encontram na hora
da desgraça o pão sagrado da Santa Casa. Não se pode fazer exacta idéa do
merecimento dellas.”
168
Em 1932, em plena Revolução Constitucionalista, a Santa Casa de São
Paulo foi alocada como Hospital do sangue, atendendo os feridos em
combate ou atacado por moléstias. As Irmãs de São José de Chambery
ficaram dia e noite nos postos do Hospital, servindo como enfermeiras no
trato aos enfermos.
Além das Irmãs de São José de Chambery outras ordens religiosas também
auxiliaram a Santa Casa durante a Revolução, como os Missionários do
Coração de Maria, Colégio Des Oiseaux e enfermaria Santa Luzia.
Em 1938, os serviços religiosos e direção do Hospital pelas caritativas
Irmãs de São José, tendo a sua frente a grande Superiora Madre Maria
Eugenia, foram bons e dignos de elogios. O pessoal administrativo,
funcionários e enfermeiros procedem sempre bem, atendendo aos seus
serviços, com respeito e dedicação.
Em 1939, o então Provedor da Irmandade, Dr. Antonio de Pádua Salles,
homenageia as Irmãs com a seguinte menção:
Em 20 de junho de 1942 a Mesa Administrativa resolve dar as seguintes
homenagens as Irmãs de São José de Chambery, em comemoração aos 70
anos de serviços a Irmandade: 1ª - Lançar na ata um voto de gratidão pelos
inestimáveis serviços prestados. 2ª - consignar um voto de reconhecimento
e saudade as Superioras falecidas em serviços a Instituição. 3ª - celebrar no
“As Irmãs de São José de Chambery virtuosas colaboradoras da
Irmandade, chefiadas pela Venerada Madre Superiora Maria Eugenia
Janin, prestaram a sua carinhosa assistência aos doentes internados e a
sua eficiente colaboração a administração da Santa Casa de São Paulo
merecendo por isso o nosso sincero agradecimento. Do mesmo modo, são
os credores de nossa gratidão os Reverendíssimos Capelães da
Irmandade, incansáveis no sagrado ministério”.
169
dia 1º de Julho, na capela do Hospital Central, missa solene pelo descanso
eterno da alma das religiosas falecidas e pela felicidade das que aqui
trabalham. 4ª - conferir o título de Irmã Protetora á Reverendíssima
Superiora Provincial, Madre Josephina d’Annunciação Gex. 5ª - conferir
o título de Irmã Benemérita á Reverendíssima Superiora do Hospital
Central, Madre Maria Eugenia Janin.
Em 1944, falece em Itú a reverendíssima Irmã Maria Gabriela Guiguet, que
durante muitos anos serviu na 1ª enfermaria de mulheres do Hospital
Central.
Em 1945, A Superiora Madre Maria Eugenia Janin, recebeu homenagem da
Mesa Administrativa com seu quadro pintado a óleo na galeria dos
Protetores, comemorando seus 50 anos de serviços religiosos.
Dr. Synésio Rangel Pestana, Diretor Clínico, em discurso fala:
“Madre Eugenia é bondade personificada, generosa, suave no modo de
agir, enérgica sem alterar a sua voz, mesmo para repreender. Para o seu
coração feito para perdoar, ninguém é propriamente mau; para todas as
faltas alheias encontra sempre uma atenuante.”
5ª Enfermaria de Cirurgia de Homens.
Grupo de auxiliares destacando-se:
1- Dr. José Soares Hungria, chefe.
2- Dr. Plínio Ribeiro Cardoso.
3- Dr. José Soares Hungria Filho, assistente.
4- Irmã Nazarena, enfermeira.
171
Em 1946, no Hospital Central, foi cedida na enfermaria de ginecologia uma
seção para alojamento de irmãs doentes, com ampliação dos cômodos
sanitários e copa, tendo sido executados serviços de encanadores,
pedreiros, eletricistas, carpinteiros, pintores e vidraceiros pelas turmas de
conservação.
Em relatório de 1948, o Mordomo do Hospital Central Mário Franca de
Azevedo designar o seguinte elogio as Irmãs:
Em 20 de outubro de 1949, foi consignado em ata um voto de
congratulações com a Exma. Superiora Provincial da Congregação de São
José, Madre Josephina d’Annunciação Gex, por haver sido condecorada
pelo Presidente da Republica, Marechal Eurico Gaspar Dutra, com as
insígnias da Ordem do Cruzeiro.
Em 1949, foi concedida as Irmã diplomada como enfermeira em alto
padrão e em padrão médio, uma remuneração de Cr$ 1.200,00 e
Cr$1.000,00.
“As Reverendíssimas Irmãs de S. José, com seu elevado espírito de
abnegação, mantiveram os serviços de enfermagem e o da direção das
várias seções do Hospital na mais impecável ordem e asseio, como vem
sempre acontecendo. É com pezar que registro o falecimento de duas
dessas infatigáveis filhas de S. José, a Irmã Maria Florentina Corrér e a
Irmã Gasparina Bello, as quais durante muitos anos exerceram seu mister
de caridade nesta Santa Casa, onde eram de todos queridas e respeitadas,
por sua dedicação e bondade”
172
Em 1955, o então Provedor da Irmandade, Dr. José Cássio de Macedo
Soares, menciona as Irmãs em São José em relatório:
Desejamos deixar consignado neste relatório, os nossos melhores
agradecimentos as bondosas Irmãs da Congregação de São José, a cujos
trabalhos e dedicação a nossa Irmandade são um penhor de gratidão e
reconhecimento que não cessamos de proclamar; ao seu alevantado espírito
de religião e caridade devemos o tratamento de alto nível de humanidade
com os que são assistidos todos os necessitados entregues as suas bondosas
mãos.
173
Em 21 de junho de 1956 o Mordomo do Hospital, Dr. Zeferino Ferreira
Velloso, dita os seguintes elogios as Irmãs de São José:
No dia 05 de julho de 1956, o Provedor Dr. José Cássio de Macedo Soares
diz em relatório:
Em 1957, durante a Gripe Asiática, as enfermarias da Santa Casa de São
Paulo trabalhava a pleno vapor, para atender a grande demanda dos
infectados. As Irmãs trabalhavam dia e noite em prol dos enfermos, sob a
Direção da Madre Maria Gabriela, que chefiava a enfermaria o Hospital
Central.
O Asilo Sampaio Vianna, situado no Pacaembu, foi transformado em
Hospital de Emergencia com 200 leitos. Os asilados foram removidos para
o 5º andar do Pavilhão Fernandinho Simonsen, onde as Irmãs cuidavam dos
novos habitantes do Hospital Central.
Em 07 de novembro de 1966, o então governador Laudo Natel lembra:
Homenagem as bondosas Irmãs de São José de Chambery pela
colaboração por ter conduzido esta instituição ao seu fim precípuo de
prestar serviços aos necessitados.
As bondosas Irmãs da Congregação de São José de Chambery e o Capelão
recebem os nossos melhores agradecimentos cujo trabalho e dedicação a
nossa Irmandade recebe um penhor de gratidão e reconhecimento que não
cessamos de proclamar; ao seu alevantado espírito de religião e caridade
devemos o tratamento de alto nível de humanidade com que são assistidos
os nossos necessitados as nossas bondosas mãos.
174
A grande importância que teve o Hospital de Emergencia aberto pela Santa
Casa durante a epidemia de “gripe asiática” de 1957. Esse hospital foi
posto em funcionamento em 48 horas no prédio do Asilo Sampaio Vianna e
ficou à disposição do governo do Estado; contribuiu para fazer baixar a
mortalidade geral, porque foi aqui a região de maior mortalidade no
mundo; destacou também a ação do Dr. Alcântara Machado, idealizador e
realizador desta grande obra
Hospital de Emergencia - 1957.
Corpo Clínico, junto com o 1- Dr. Alcântara Machado de Campos, 2 - Apyla Pereira Barreto, enfermeiras e sob a seta Irmã de São José de Chambery
175
JORNAL DIÁRIO DA NOITE
30 de setembro de 1957
Recorte do “Jornal Diário da Noite” destacando o pronto atendimento da Santa Casa de São Paulo em plena Gripe Asiática. Além de utilizar as enfermarias do Hospital Central, O Educandário Sampaio Vianna transformou-se em um Hospital de Emergencia.
Ambulâncias do Estado iniciaram o transporte dos enfermos mais graves para o hospital de emergência.
176
Na 5ª Clínica de Homens, em uma pequena sala de operações, aconteceu
um acidente que poderia ter acarretado proporções maiores se não fosse a
destreza da Irmã Ermância, na época a Mesa Administrativa resaltou:
quando ela nos trouxe uma bandeja com instrumentos retirados da estufa,
ainda quentes, e ao tentar resfria-los rapidamente despejando éter em cima
(erro grave!), deu-se uma forte explosão, um início de incêndio e todos
saíram da sala, menos a irmã, que controlou a situação e restabeleceu a
normalidade; felizmente ninguém ficou ferido, nem mesmo os doentes
anestesiados.
Em 03 de outubro de 1978, falece a Madre Maria Jacyntha da Silva, ex
diretora do colégio do Patrocínio, em Itú, fundadora da Escola Normal
Livre anexa ao colégio, de duas escolas de enfermagem, da Faculdade de
Hospital de Emergencia - 1957
Chegada de donativos. Destaca-se o auxílio de uma Irmã.
177
Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora do Patrocínio e primeira
brasileira provincial da Congregação de São José de Chambery
Irmãs da Congregação de São José de Chambery na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 1969
179
Irmã Marta Alexandra Vagnoti
A Irmã Marta, pertencente à uma família tradicional de São Paulo, filha de
industrial, resolveu ser freira aos 16 anos de idade. Seu pai não gostou
muito da ideia e a ofereceu uma viagem a Itália, para que pensasse melhor,
mas já convicta de sua decisão, rejeitou a proposta. Aos 21 anos entrou
para a Congregação.
Pelos corredores da Santa Casa de São Paulo vestia-se sempre na mais
completa humildade, andando sempre de branco. Muito simpática, era vista
por todos como benevolência em pessoa, dedicando o seu tempo em auxílio
aos mais necessitados. Trabalhou por mais de 30 anos como enfermeira,
onde posterior dedicou-se as crianças carente da periferia.
Em 20 de agosto de 1975, a Irmã Marta, antiga enfermeira e assistente
social da Santa Casa de São Paulo, cria a organização Mutirão ao Pobre,
que visa ajudar comunidades carentes a conseguir materiais e ajudar nas
construções de conjuntos habitacionais. Graças aos seus esforços, a Irmã
Marta ajudou na construção do primeiro núcleo junto ao Recolhimento do
Irmã Marta Alexandra Vagnoti Enfermeira e Assistente Social
180
Guapira, em terrenos pertencentes a Santa Casa de São Paulo, o que muito
contribuiu para a remoção de favelas ali existentes. Depois disso, outros
núcleos foram construídos, o que nos mostra a imensa dedicação da Irmã
em ajudar o próximo.
Irmã Caetana Stoti também ajudou bastante no Mutirão ao Pobre. Visando ajudar os mais carentes, a Irmã recolhia e separava materiais reciclados.
Pela sua benevolência, Irmã Caetana era conhecida pela sua garra e perseverança.
Irmã Caetana preparando sopa aos pobres lutou a vida toda catando nos lixos objetos que pudesse ser aproveitados em prol dos necessitados.
181
Símbolo de caridade, Irmã Caetana fala da seguinte forma:
“A Santa Casa é a minha terceira família. Dei minha vida a essas três
famílias: meus pais e irmãos, minha Congregação e a Santa Casa... Ainda
agora, em 1894, se tem um pobre para atender, eu vou para a chacrinha de
Caieiras e cuido dele. Há tempos, a Santa Casa me emprestou uma terra no
Jaçanã e passei 14 anos lá, cuidando de mais de 30 doentes. Hoje são só
cinco ou sei. Há 35 anos que faço essa caridade. Os pobres são bem-
aventurados. Se você despreza um pobre, despreza a mim. Pego mais para
cuidar de pobres homens do que de mulheres - estas são cheias de tolices,
enquanto os homens são pau-pau, pedra-pedra. Quando estão recuperados,
arrumo um emprego para eles.
Lembro-me de muitas crises aqui, no governo do Ademar de Barros, que
trabalhava aqui e saiu, e não ajudou depois a Santa Casa em nada.
Estávamos meio abandonados, não tínhamos crédito, íamos comprar arroz
no Largo do Arouche. A Irmã Superiora juntava uma turma de doentes e a
cada quinze minutos rezávamos o terço, para que a Santa Casa pudesse
endireitar. Dr. Sinésio sugeriu à Superiora mandar os doentes que
estivessem melhores para casa, pois era preferível a fechar a Santa Casa.
Naquela noite, morreu um português que deixou 17 milhões para a Santa
Casa e nos salvou. Hoje, eu confesso que estou com fogo no pé: não vejo
ninguém se mexendo, não diminuem os empregados, estragam comida na
cozinha, estão todos dormindo... eu nunca fico quieta, sempre faço tudo o
que posso, e as pessoas me ajudam também... Sobre a Irmandade? Olha,
foi assim: a Rainha de Portugal falou para o Rei: - Eu tenho tanta tristeza
de ver esses pobrezinhos morrerem na rua, deixa eu fazer um hospital. O
rei deixou e ela reuniu 72 membros, cada um tem uma função, todos são
unidos. São gente boa, católicos ricos, aposentados, de quem a Santa Casa
cuidará deles, se precisarem... Sim, a caridade ainda é possível no mundo
de hoje...”
182
Cozinha
Assim como em todos os setores da Santa Casa de São Paulo, a Cozinha foi
administrada pelas caridosas Irmãs. Preocupadas com a alimentação de
todos os que passam pela Irmandade, seja pacientes, funcionários, médicos
e enfermeiros, as Irmãs preparavam cada refeição com grande atenção e
zelo. Dentre as diversas Irmãs que chefiou cozinha, tínhamos a Irmã Tereza
Nicolini e Irmã Inocência que dedicaram longos anos ao setor.
Irmã Teresa Nicolini na cozinha do Hospital Central
Dona Maria SemZanque.
Funcionária da cozinha de longos anos. Famosa pelas suas deliciosas rosquinhas que servia aos Irmãos da Mesa Administrativa. Em seu trabalho, era orientada pelas Irmãs de São José.
184
Irmã Ambrosina
Vista por todos como Dócil, meiga e atenciosa com todos os enfermos,
trabalhou no Departamento de Oftalmologia Feminino e na Pastoral dos
doentes da Santa Casa de São Paulo por muitos anos
Uma paciente ao visitar o Museu da Santa Casa de São Paulo, reconheceu a
fotografia de Irmã Ambrosina entre o Acervo. Relatou que antes de realizar
uma cirurgia oftalmológica, sonhou que a Irmã levava uma bandeja com
objetos cirúrgicos como se estivesse acompanhando a operação.
Em palavras da paciente:
Irmã Ambrosina faleceu em Itú, em 04 de setembro de 1982.
“Graças ao bom Deus que no dia de minha cirurgia ocorreu tudo bem e até o momento estou ótima das vistas. Hoje, tenho uma foto da Irmã Ambrosina em minha casa, como forma de me lembrar constantemente a graça alcançada”.
Irmã Ambrosina com os pacientes da Oftalmologia - 1955
185
As Irmãs da Congregação de São José também trabalharam no necrotério
da Santa Casa de São Paulo, fundado em 1908.
No Laboratório de Anatomia Patológica, as Irmãs trabalharam com grandes
médicos, como Dr. Alfonso Bovero, Dr. Oscar Monteiro de Barros e Dr.
Walter Edgar Maffei.
RESIDENCIA DAS
IRMÃS
Dr. Walter Edgar Maffei era chamado de grande mestre cientista que criou o setor de patologia da Santa Casa de São Paulo, chefiando o setor por longos anos.
Dr. Maffei teve a distinta colaboração das Irmãs de São
186
Residência das Irmãs
Desde a fundação do Hospital Central na Chácara do Arouche, em 1884, a
cobertura do edifício era destinada exclusivamente as Irmãs de São José de
Chambery. Na década de 60, com a criação da Faculdade de Medicina da
Santa Casa de São Paulo, o local foi utilizado pelos residentes formandos
em medicina. Com isso, as Irmãs foram alocadas no antigo prédio utilizado
no final do século XIX para tratamento dos tuberculosos.
187
O local foi adaptado para clausura das Irmãs de São José de Chambery, que
ficaram até década de 80. Por volta de 1985, em gestão do Provedor Dr.
Mario Altenfelder, houve uma reforma projetada por Ruy Otake, para
adaptação do Centro Médico do Hospital Santa Isabel da Irmandade da
Santa Casa de São Paulo.
Atualmente, as Irmãs voltaram a residir na cobertura do Hospital Central,
onde possuem uma belíssima visão de todos os campos da Santa Casa,
Irmandade esta que ajudaram a construir com tanta dedicação, carinho e
zelo.
189
Em outubro de 1992, as Irmãs da Congregação de São José comemoraram
os 120 anos de trabalho na Santa Casa de São Paulo.
191
ESCOLA DE ENFERMAGEM S. JOSÉ
No início do século XX, por volta do ano de 1905, a Irmandade da Santa
Casa de São Paulo já expressava a vontade de se criar uma escola de
enfermagem. Em 1913, por iniciativa do Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho,
foi instituída uma escola de enfermeiras, onde se formaram dez alunas,
estas eram: Irmã Maria Ursula Ferraz, Irmã Maria Eugenia Janin,
Irmã Maria Esperança Cezarina Rezende, Irmã Margarida Maria
Bannwart, Irmã Maria Vicente de Mattos, Irmã Maria Clementina
Franccardi, Irmã Ambrosina Trettel, Irmã Michaella Boaff.
Devido a morte do Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, em 1920, a escola de
enfermagem foi encerrada retomando suas atividades só em 05 de janeiro
de 1945, quando foi fundada a Escola de Enfermagem S. José, primeira
escola de auxiliar de enfermagem do país.
A organização do curso foi feito com a colaboração da Escola de
Enfermeiras do Hospital São Paulo e pautado sob os moldes da mesma e de
outras Escolas. As Irmãs de São José de Chambery foram responsáveis
integralmente na escola de enfermagem, visando sempre a necessidade
urgente de preparar enfermeiras em maior quantidade. A Congregação de
São José de Chambery contou com o apoio das Madres Franciscanas
Missionárias de Maria, para a organização Didática e Pedagógica do curso.
No Hospital Central foi designada a 2ª Medicina de Mulheres e 2ª Clínica
de Mulheres como as primeiras enfermaria-escola. Na ocasião a clínica
estava sob diretoria do Dr. Euvaldo Rebouças de Carvalho.
Em 1948, o Dr. José de Alcântara Machado Filho passou a representar a
Escola de Enfermagem perante a Mesa Administrativa; fez com que em
1949 a reverenda Madre Geral, em visita ao Brasil, prometesse a vinda de
duas Irmãs Americanas enfermeiras para orientar na organização do curso.
192
As Irmãs de São José da América do Norte eram: Sister Mary Mechtilde e
Sister Francis James, que passaram 4 meses observando e orientando a
organização da Escola de Enfermagem S. José.
As Irmãs de São José tem pela Memória do Dr. José Alcântara Machado
uma veneração que atravessa os anos e incorpora ao espírito da própria
Congregação. Segundo a Irmã Gabriela Nogueira, que na época era atual
Superiora da Comunidade de São José:
Depois de 1949 anos exercendo o cargo da administração da Santa Casa de
São Paulo, dirigiu as Irmãs de São José a seguinte saudação, segundo o
Livro O Poder da Misericórdia Vol. II do Escritor e Jornalista Glauco
Carneiro :
“Afetivamente, emocionalmente, a Escola de Enfermagem São José é parte da Santa Casa. Foi o Dr. José Alcântara Machado Filho, um dos mesários, que olhou para a Escola e percebeu o valor da mesma, descobriu o beneficio que ela representava para a Irmandade. A partir de 1970 foi se modificando a estrutura e em 1982 a instituição se confessou incapaz de continuar a contribuir para a manutenção da Escola... Tivemos então de procurar a Congregação dos Padres Camilianos e sugerimos que assumissem nossa Escola. Agora nós só temos aqui o curso de auxiliares de enfermagem, quanto o curso de graduação transferiu-se para a sociedade dos camilianos”. Dr. José Alcântara Machado Filho
193
“Nessa longa peregrinação, de quase meio século, convivi com as virtuosas Irmãs
de São José contando sempre com a sua collaboração efficiente, com a sai
irrestricta lealdade, com sua amizade sincera e carinhosa e por isso pude dar
cumprimento exacto aos deveres dos cargos que aqui exerci, amparado e
prestigiado pela sua honrosa solidariedade.
Das mais antigas companheiras, amigas, dedicadas e carinhosas, creio existirem
muitos poucas, além da querida Madre Eugenia: Irmã Margarida, desde os bons
tempos da 1ª enfermeira de Medicina de Homens; Irmã Vicentina, caracter leal e
recto, que nunca me faltou com a sua solidariedade; Irmã Ambrosina,a alma do
serviço de Ophtalmologia Feminina, desde os tempos de Pedro Pontual, modesta e
humilde, procurando sempre esconder o seu real valor; Irmã Clementina, que
desde a installação da enfermaria de Gynecologia alli dirige superiormente os seus
serviços, com energia, exactidão e bondade; e a boa e dedicada Irmã Christina,
que desde 1911 conheci em diversos postos e há muito tempo, na 1ª Clínica
Médica de Homens, suportando o peso de um dos serviços mais difíceis do
Hospital Central, com paciência, caridade e abnegação.
Das que o Senhor chamou para a sua eterna glória, lembro-me com saudade e
respeito da Irmã Ursula, minha companheira dos tempos da velha enfermaria de
crianças, antes da construcção dos Pavilhões Condessa Penteado e Fernandinho
Simonsen, da Irmã Martha Francischinelli do Pavilhão Pensionista de Homens, do
tempo do meu internato, da Irmã Cesaria, do serviço do Laboratório Central e da
lavanderia; Irmã Maria Cesaria do Pavilhão de Pensionista de Mulheres, da Irmã
Esperança, da 1ª Clínica Cirúrgica de Mulheres, da Irmã Antonietta Bagand, da 2ª
Clínica Medica de Homens, do tempo de Arthur Mendonça.
Sou muito reconhecido as prezadas Irmãs que aqui trabalham e as que já
trabalharam nas nossas diversas casas e estão hoje afastadas, servindo a outras
instituições, pelas constantes provas de carinhosa amizade, de acatamento a minha
autoridade de chefe, que foi sempre, exercida, antes como companheiro mais
velho do que rigidamente como chefe”
194
Em relatório de 1947, consta que havia duas escolas de enfermagem
existentes na Santa Casa, mas nenhuma pertencendo a Irmandade. Uma, é a
Escola de Enfermagem São José da Congregação e São José de Chambery,
destinada a formar enfermeiras diplomadas. Outra é a Escola São Camilo
organizada pelos padres da Ordem de São Camilo de Lélis a que pertencem
aos Capelães do Hospital, destinada a formar enfermeiros licenciados,
estando aberto a homens e mulheres, empregados da Santa Casa ou não,
funcionando ambos nas dependências do Hospital.
Em 05 de abril de 1950, a Santa Casa de São Paulo consegue autorização
oficial para o funcionamento de sua Escola de Auxiliares de Enfermagem,
por intermédio do Mesário Dr. Aureliano Chaves.
Muitas das alunas Escola de Enfermagem eram abrigadas e mantidas pela
Santa Casa de São Paulo, onde cobria todas as despesas para formar novas
enfermeiras.
No dia 08 de março de 1959, formam-se no curso de Enfermagem os
alunos da turma de 1957 - B, tendo como padrinho o Dr. Pedro Jabur,
estando presente na formatura o Dr. Alcântara Machado - Mordomo da
Escola de Enfermagem S. José, Dr. Leme da Fonseca, Dr. José Soares
Hungria Filho, Dr. Walter Edgar Maffei, Prof. Dr. João Guilherme de
Oliveira Costa e Dr. Paulo Godoy - Diretor Clínico dos Hospitais, e Irmã
Maria Gabriela - Diretora da Escola de Enfermagem S. José.
Nosso médico Dr. Pedro Jabur entregando os diplomas
195
Auditório da Escola de Enfermagem São José - 1956
Formatura de Curso de Auxiliar de Enfermagem.
Formatura da Turma de 1957 da Escola de Enfermagem S. José
Nota-se da esquerda para direita: Madre Maria Gabriela; Ir. Felicia; Dr. Pedro Jabur; Ir. Tereza.
196
Formatura da Turma de 1957 da Escola de Enfermagem S. José Da esquerda para a direita: Dr. Pedro Jabur (padrinho da turma), Dr. José de Alcântara Machado (Mordomo da Escola), Dr. Paulo de Godoy Moreira e Costa (Diretor Clínico), Dr. João Guilherme de Oliveira Costa (administrador), Irmã Maria Gabriela Nogueira (Diretora da Escola) e
Escola de Auxiliares de Enfermagem - 1957.
Grupo de Formandas com o paraninfo, Dr. José Soares Hungria FIlho
197
A escola de enfermagem S. José contribuiu não só para a Santa Casa de
São Paulo, como para outros hospitais do país. O elevado nível de
conhecimento obtido pelas Irmãs de São José influenciaram outras
congregações no país, juntamente com Madre Dominoeuc da Congregação
das Franciscanas Missionárias de Maria, as Irmãs de São José reforçaram
as normas cristãs obtendo significativas mudanças na qualidade de
atendimento aos enfermos.
198
Irmãs Maria Felícia e Irmã do Divino Coração.
Trabalharam na Escola de Enfermagem
Irmã Goreth Vioto trabalhou por muitos anos na Escola de Enfermagem S. José sendo professora e posteriormente Diretora.
199
Madre Dominoeuc, da Congregação das Franciscanas Missionárias de
Maria, dirigia o serviço de enfermagem no Pronto Socorro do Hospital São
Paulo. Um dia apareceu uma senhora em trabalho de parto necessitando
urgentemente de atendimento, como o Hospital não possuía leitos, a
paciente foi recusada. No dia seguinte, o marido da paciente retornou com
o filho nos braços, acusando o Hospital de ter matado sua mulher por
negligencia médica.
O fato marcou profundamente Madre Dominoeuc, que decidiu cuidar da
criança e providenciar um local onde esses casos não fossem recusado,
mas ao transmitir suas ideias a sua superiora, esta lhe disse que seria
preciso um sinal divino para concretizar suas ideias, já que as dificuldade
para a realização seriam imensas.
Poucos dias depois, o sinal divino veio através de uma amiga da
enfermeira Adele Salvatore que estivera a casar, sabendo da dificuldade da
Madre Dominoeuc, esta distinta senhora doou seu riquíssimo colar de
diamantes e esmeraldas e do dedo um anel não menos valioso e disse a
amiga: “se ela precisa de um sinal, aqui está ele”.
Com a quantia arrecadada pelas joias, foi possível a Madre Dominoeuc dar
inicio a construção do novo hospital, à rua Loefgren, para o que contaram
com o apoio de D. José Gaspar de Affonseca e Silva, arcebispo de São
Paulo e do governador Adhemar de Barros. Assim, surgiu essa casa de
caridade, construída especialmente para atender as gestantes solteiras e
mais desamparadas. Para demonstrar o caráter da religiosa de Madre
Dominoeuc, uma irmã uma vez contou:
... “eu estava, junto com uma colega, ajoelhada diante da porta da sala de
partos, onde um caso grave estava sendo atendido:
- O que as irmãzinhas estão fazendo aí?
- Estamos rezando pela doente.
- Pois levantem-se e entrem para ajudar que é uma oração mais
eficiente!...”
200
Irmã Maria Gabriela Nogueira Grande madre muito querida por todos
Nascida em 24 de agosto de 1921, formou-se pela Escola de Enfermagem
do Hospital São Paulo em 1946.
Em outubro de 1946 iniciou seus trabalhos na Irmandade da Santa Casa de
São Paulo.
Grande colaboradora na fundação da Escola de Enfermagem S. José, foi
muito amiga do Dr. José Alcântara Machado Filho, onde juntos lutaram
lado a lado para a realização do sonho das Irmãs de São José de Chambery.
Foi a terceira Diretora da Escola de Enfermagem, anterior a Irmã Rosa
Guedes e Irmã Antonieta Maria de Barros Bernardes.
Durante a manifestação da Gripe Asiática do ano de 1957, Irmã Maria
Gabriela ficou a cargo da Enfermaria do Hospital Central, trabalhando com
afinco dia e noite para atender a demanda de pacientes.
Em 1963, juntamente com seu amigo Dr. Emilio Athie, Irmã Maria
Gabriela acompanhou a criação da Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo, sendo uma das primeiras professoras da nova
faculdade. Acompanhava os alunos da Faculdade de Enfermagem e alunos
201
da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que
estagiavam juntos e ensinava os princípios básicos da medicina aos
estudantes. Muitos doutores e alunos questionavam-se como era possível
uma Irmã enfermeira dar aulas a futuros médicos.
Em 20 de fevereiro de 1973, a Irmã Maria Gabriela é nomeada provincial
da Congregação de São José, pelas suas qualidades pessoais e preocupação
com o bem estar do próximo.
Participava dos festejos da Santa Casa de São Paulo, como em 1984, onde a
Irmandade comemorava o centenário.
Em 03 de março de 1989, é realizada na Santa Casa de São Paulo uma
homenagem a Irmã pelos seus 43 anos de serviços prestados para esta
instituição. No mesmo ano, a Irmã afasta-se da Divisão de Enfermagem S.
José para cuidar das Irmãs idosas.
O nome da Irmã Maria Gabriela ainda é muito citado entre os corredores da
Irmandade, devido ao seu comprometimento com a caridade e ao progresso
da Instituição. Seus feitos perante a Santa Casa serão sempre lembrados
pelos seus pacientes e alunos.
202
Diploma da Irmã Maria de Lourdes Martins Sylvestre formada em 1971, quando freira e aluna da Faculdade de Enfermagem
Irmã Luiza do Coração de Maria
Irmã Luiza do Coração de Maria - Ana Eulália Conrado Dias - nascida em 09/09/1927, na
cidade de Franca, filha de Lolo Dias e Eulália Conrado Dias. Atualmente é a Superiora da
Congregação.
A partir de 1956, quando concluiu o curso de graduação em obstetrícia, passou a trabalhar
na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, supervisionando o andar de urologia,
endoscopia, otorrinolaringologia e gastroenterologia até o ano de 1962.
De 1962 a 1966, passou a trabalhar como diretora da Escola de Enfermagem Madre Maria
Theodora.
De 1966 a 1972 foi Diretora da Escola de Enfermagem São José e Supervisora da
Comunidade.
Após 1972, permaneceu durante 14 anos como diretora e enfermeira na Casa de Repouso
Taboão da Serra, localizada no município de Taboão da Serra.
Em 1989 foi para uma comunidade religiosa no município de Tremembé, Estado de São
Paulo, como supervisora da casa.
Em 2006 voltou para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
203
PAVILHÃO CONDESSA ANNIE ÁLVARES PENTEADO - PEDIATRIA
1925
A Pediatria da Santa Casa de São Paulo - Pavilhão Condessa Annie Álvares
Penteado, foi mais um dos palcos de atuação das Irmãs de São José de
Chambery.
O Departamento de Pediatria Condessa Penteado funciona desde 1921,
com cinco andares o pavilhão possui serviços próprios de emergência,
terapia intensiva, cirurgia e subespecialidades como clínica de
adolescentes, cardiologia, endocrinologia, gastroenterologia, imuno-alergia,
infectologia, nefrologia, neonatologia, neurologia, onco-hematologia,
pneumologia e reumatologia.
O Pavilhão foi inaugurado oficialmente em 05 de fevereiro de 1925,
contando com o trabalho das Irmãs voltado a atividade assistencial
204
abrangendo cuidados com o desenvolvimento infantil, bem como
procedimentos clínicos e cirúrgicos complexos para o atendimento de
crianças que apresentavam graves doenças.
Diversas Irmãs de São José de Chambery ficaram incumbidas de prestar
seus serviços na Pediatria, como Irmã Maria Candida, Irmã Ursulina de
Maria Iasi e Irmã Margarida Maria Bannwart.
Irmã Maria Rosa Cursino com uma criança da pediatria - 1960
Irmãs de São José com as crianças no parque infantil - 1956
206
Irmã Ursulina de Maria Iasi
Nascida em 07 de novembro de 1924 em São Paulo, Philomena Iasi sentia
vocação em ser freira desde tenra idade.
Formada em enfermagem pela Faculdade Paulista de Medicina.
Aqui na Santa Casa de São Paulo supervisionou por longos anos a
Enfermagem da Pediatria da Irmandade, sendo bastante querida pelos seus
pacientes e funcionários do hospital.
Acompanhou o estágio dos alunos da Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo na área pediátrica.
Em 20.06.1978, a Irmã Ursulina Maria recebe o pelos serviços prestados
ao hospital durante 30 anos. Segundo José Soares Hungria Filho, “ela é um
exemplo de eficiência e dedicação que merece ser seguido: trabalhar
com alegria”.
207
Muito devota de São José, Irmã Ursulina Iasi prestou 58 anos de serviço a
Santa Casa sem nunca antes pensar em abandonar esta benévola Instituição
Filantrópica. Segundo Irmã Ursulina:
“Os pacientes se sentem tão bem aqui. Dizem que estão num castelo de
bondade - nosso Castelo da Misericórdia.”.
Diploma do título de Irmã Benemérita da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, à Irmã Ursulina Iasi.
209
Família da Irmã Ursulina Iasi. Todas as mulheres da família foram freiras. Em destaque, respectivamente, Irmã Eulália e Irmã Ursulina
210
Irmã Margarida Maria Bannwart
Irmã Margarida Maria Bannwart, nasceu na Sarnensis, na Suíça, em 20 de
julho de 1876, com nome de batismo de Marie Rosálie. Seus pais por serem
cristãos fervorosos educaram sua filha pelos preceitos da piedade.
Em 1894, entrou no Noviciado de Itu mostrando desde o começo sua
vocação a servir ao Senhor. Em 26.02.1897 pronunciou seus Votos
Perpétuos e, no dia seguinte, foi nomeada enfermeira no Hospital Central
da Santa Casa de São Paulo.
Dedicou-se, em primeira instancia a Medicina de Homens. O Diretor
Clínico, Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, e os médicos pertencentes ao
Corpo Clínico tecem elogios a caridosa Irmã, dizendo: “Trabalhei quatorze
anos com a Irmã Margarida Maria e sempre a admirei. Ela via em cada
doente a pessoa de Cristo. Foi perto dela que aprendi a arte de cuidar dos
doentes”.
Trabalhou também na pediatria por mais de 20 anos, sendo respeitada
pelos médicos e toda a equipe. Ela era uma verdadeira mãe para as crianças
doentes, cheia de atenções e de solicitude.
Para as enfermeiras que trabalhavam com ela, era uma conselheira sempre
disponível a ajudar, desenvolvendo a competência e a consciência
profissional.
Quando se havia epidemias que atingiam não só os doentes, mas as demais
Irmãs também, Irmã Margarida atendia os enfermos fosse a hora precisa,
indo de um leito ao outro dia e noite, cuidando, consolando e encorajando
os enfermos, e quando a hora da morte se aproximava rezava junto ao
doente encaminhando sua alma.
Quando a vida religiosa, sua Superiora dizia: “Irmã Margarida Maria era de
uma pontualidade notável em seus exercícios espirituais e de comunidade.
Cada mês, ela considerava um dever o prestar contas exatas de seu
211
emprego; quando ela devia notar alguma coisa a uma Irmã, era com tal
espírito das Constituições e de caridade que os seus comentários produziam
sempre resultados felizes”.
Quando ficou doente já com mais idade, dedicou-se a costura, uma vez
impossibilitada de percorrer as enfermarias a socorro aos necessitados.
Sempre muito generosa durante sua vida, também durante sua doença.
Enfermaria da Santa Casa de São Paulo
Da esquerda para direita: Irmã Agueda, Irmã Margarida Maria, Dr. Pinheira Cintra e Dr. Diogo de Faria. Foto de 1932
212
Nunca se queixou pela sua infortuna enfermidade, sempre manteve um
sorriso de uma alma verdadeiramente unida a Cristo.
Faleceu no Hospital Central de São Paulo, no dia 12 de junho de 1963, com
83 anos de idade voltados a plena consagração a Deus e auxílio ao
desamparado. Em seu funeral, A Santa Casa rendeu-lhe a seguinte
homenagem: “Para nós ela sempre será o verdadeiro exemplo de Irmã de
São José e a sua lembrança nos deixa um apelo a cantar com o salmista:
sim, o senhor é bom. Ele, a rocha, em quem não existe nenhum mal”.
1ª Jornada 13.07.1952
Em destaque, Madre Paula
213
INSTITUTO ARNALDO VIEIRA DE CARVALHO 1929
Em 1920, preocupados com a propagação do câncer, foi nomeado pela
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo uma comissão composta pelos
doutores Arnaldo Vieira de Carvalho, Oswaldo Portugal e Raphael
Penteado de Barros, para organizar a Instituição com nome de Instituto
Arnaldo Vieira de Carvalho - IAVC.
Em 23 de novembro de 1924, o provedor da Santa Casa de São Paulo Dr.
Antonio de Padua Salles comunica que a Mesa Administrativa autoriza a
construção do prédio nas dependências do terreno.
A execução da obra foi cedida ao escritório do Dr. Ramos de Azevedo,
sendo as obras iniciadas em 1924 e finalizadas em 1929. Inaugurado em 05
214
de novembro de 1929 é iniciado os trabalhos médicos e científicos com
atendimento dos primeiros pacientes portadores de câncer.
Desde sua instalação no quadrilátero da Santa Casa, as Irmãs de São José
de Chambery muito colaboraram no exercício das funções do IAVC,
principalmente em questões religiosas. Na época, o Dr. José Ayres Netto
homenageia as Irmãs com a seguinte menção:
“As Irmãs se revelara, ao longo dos anos, cada dia mais merecedora de
admiração, graças aos extraordinários dotes de piedade e paciência,
verdadeiramente cristãs, emoldurados por coração boníssimo e raras
qualidades de caráter, que a distinguiram no decurso de sua espinhosa
tarefa, cotidianamente exercida com sacrifício e ímpar dedicação”.
Irmã Narcisa - A Milagrosa Irmã Narcisa trabalhava no velho Centro Cirúrgico, onde ela ajeitava, em três salinhas, toda a atividade operatória do Hospital, sem precisar de aviso com antecedência.
Seu irmão, José Rodolfo Perazzollo, era o Porteiro da Santa Casa de São Paulo, sendo uma pessoa muito conhecida, atendendo a todos com solicitude e delicadeza irradiando simpatia.
215
Em reunião da Mesa Administrativa de 23 de janeiro de 2008, o Irmão
Mesário, Dr. Luiz Rodrigues de Moraes, se refere a Irmã da seguinte
maneira:
Irmã Fernanda Nascida em 16 de março de 1930, Irmã Fernanda trabalhou em diversas áreas no Hospital central. Descrita por todos como pequena de estatura, mas gigante de coração, Irmã Fernanda fazia questão de andar de branco.
Faleceu em na Santa Casa de São Paulo, após uma operação no dia 29 de janeiro de 2008
Vestida com o antigo hábito das Irmãs de São José sempre branquinho como o lírio, Irmã Fernanda não deixou esta vestia até sua morte. Com aparência tradicional, trazia entretanto um coração atualizadamente apostólico e missionário, não medindo tempo, cansaço ou dificuldades para ir ao encontro dos pobres e realizar sua missão. era isso o que eu queria dizer e relembrar que as freiras precisam, pelo trabalhos que elas dedicam à Santa Casa há muitos anos, ser relembradas por tudo isso que elas fazem, como essa Irmã Fernanda que ficou aqui durante muito anos
Foto de Maria Nazarete
216
Aprovação pelo Arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, ao pedido feito pelo padre João Caruzzi, para a criação da “V Pia União de São José” na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Dom Carlos Carmelo Cardeal de Vasconcelos Motta (Bom Jesus do Amparo, 16 de julho de 1890 — Aparecida, 18 de setembro de 1982) foi um sacerdote católico brasileiro; vigésimo quarto bispo do Maranhão e seu segundo arcebispo; décimo quinto bispo de São Paulo, sendo seu terceiro arcebispo e primeiro cardeal. Foi também o primeiro arcebispo de Aparecida. Em 20 de abril de 1946, em homenagem a construção do Pavilhão para crianças com Tuberculoses no HSLG, foi organizado uma festa natalina para os doentes internados, com a colaboração e doação do casal João Augusto do Amaral. Nessa data foi celebrada uma missa pelo Cardeal Arcebispo de São Paulo, Carlos Carmelo Vasconcelos Motta, sendo inaugurado durante a festa seu retrato a óleo sobre tela, oferecido também pelo casal João Augusto do Amaral.
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PAVILHÃO FERNANDINHO SIMONSEN ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
1931
Em 04 de Abril de 1925, foi concebido, pela Sra. Rachel Simonsen, um
valioso donativo em memória ao seu filho Fernando Simonsen, que foi
internato por um longo período para tratar de um problema pendicular
agudo, porém, não resistiu a doença e veio a falecer.
12.06.1927 - em ata da mesa, o Irmão Dr. Roberto Simonsen apresentou
seus estudos relativos a execução do Pavilhão Fernandinho Simonsen
destinado a Cirurgia Infantil e Ortopédica. O Dr. Simonsen chegou a
conclusão de que se poderá executar cerca de ¾ partes do Pavilhão
projetado pelo escritório do Dr. Ramos de Azevedo, de acordo com o
programa fornecido pelo Dr. Rezende Puech constituindo a parte executada
um todo homogêneo e capaz de permitir o seu imediato funcionamento pela
importância máxima de Rs. 1.350$000$000. Para chegar a este orçamento
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foram feitos de acordo com a repartição de Obras com o Dr. Rezende
Puech e com o Dr. Synésio Rangel Pestana, Diretor Clínico da Irmandade
em caráter provisório que não afetavam o funcionamento do Pavilhão Rs.
753:433$500. O Dr. Puech tomou o compromisso de fazer elevar esse
credito com outros donativos a 850:000$000.
17.07.1927 - dá início as obras do Pavilhão Fernandinho Simonsen.
16.07.1930 - é lida a proposta de que todos os anos, no dia 12 de julho, data
de falecimento de Fernandinho Simonsen, uma missa por essa intuição na
Capela do Hospital Central e que no dia 19 de julho, dia de São Vicente de
Paula, padroeiro do Pavilhão Fernandinho Simonsen seja rezada uma missa
todos os anos.
19.07.1931 - Inauguração do Pavilhão Fernandinho Simonsen
Desde a fundação do Pavilhão Fernandinho Simonsen, as Irmãs da
Congregação de São José de Chambery veem desenvolvendo um
excepcional trabalho, visando tanto o tratamento das dores dos enfermos =,
quando os malefícios da alma dos necessitados.
Dentre as Irmãs que deram início no Pavilhão, destacam-se: Irmã Benedita
Miranda, Irmã Valéria, Irmã Engrácia e Irmã Maria da Santa Face.
18.08.1931 - rifado um Chevrolete em benefício ao pavilhão, vendendo-se
970 bilhetes, resultando na quantia geral de 194:000$000, sendo sorteado o
Sr. Francisco Salgado em 31 de julho.
Após a generosa doação, foi possível que se ampliasse o edifício que foi
inaugurado em 1931 em homenagem a memória de Fernandinho Simonsen.
Entre 1958 a 1960 a Irmã Cristiana do Coração de Maria ocupou o cargo de
Supervisora Geral do Pavilhão Fernandinho Simonsen, tendo as seguintes
Irmãs responsáveis pelas áreas:
1º andar: Irmã Maria Anchieta;
2º andar: Irmã Celita Fonseca;
3º andar: Irmã Delta Toyama;
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4º andar: Irmã Engrácia;
5º andar: Irmã Esmeralda Rego.
Hoje, continua com a presença da Irmã Maria Apparecida Prisnitz.
O Pavilhão Fernandinho Simonsen foi palco de grandes feitos médicos
tendo as Irmãs da Congregação de São José de Chambery inestimáveis
colaboradoras para tais sucessos. Aqui, foi realizada em 26 de fevereiro de
1942, uma cirurgia cardíaca de alto risco. Chega na Santa Casa de São
Paulo um menino de sete anos, Disnei Zanolini, que ao brincar de martelar
uma bigorna um estilhaço penetrou em seu coração. O primeiro a atender a
criança foi o Dr. Orlando Graner, que ao verificar a gravidade da situação
constata que é necessário uma equipe cardíaca, mas naquele momento o
único que havia de plantão era o Dr. Zerbini. Dr. Zerbini encaminha o
paciente ao Centro Cirúrgico, abre seu peito e sutura a artéria coronária
para estancar a hemorragia. A cirurgia foi um sucesso.
Irmã Apparecida Prisnity Entrou na Congregação em 1955, realizando seus votos perpétuos em 1963.
Foi enfermeira no Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de São Paulo, até alcançar o cargo de Supervisora do Pavilhão Fernandinho Simonsen.
220
Em maio de 1967, a então princesa do Japão, Michiko, é recepcionada no Pavilhão Fernandinho Simonsen pela Irmã Ursulina e pela Irmã Delta.
Em destaque, Princesa Michiko e Irmã Ursulina
Irmã Delta quebra protocolo japonês, quando cumprimenta Princesa Michiko tocando em suas mãos.
221
Irmã Delta Toyama
Nascida em Guatapará, no dia 31 de agosto de 1925.
Quando possuía 10 anos de idade ao fazer a primeira comunhão, sentiu o
chamado de Cristo.
Sonhando em ser religiosa e consagrando-se a Deus, recusou vários
pedidos de casamento, quando seu pai insistiu em um noivado, Delta fugiu
de casa.
Fez curso de auxiliar de enfermagem passando a trabalhar na Santa Casa de
São Paulo cuidando de seus queridos pacientes.
Chegou ao Pavilhão Fernandinho Simonsen em 1958 como auxiliar de
enfermagem na unidade de crianças de sexo feminino.
Fez Faculdade de Enfermagem e durante 25 anos deu aula na Escola de
Enfermagem São José. Em 2004 recebeu o COREN a Certidão de
Responsabilidade Técnica como Coordenadora de Estágios e Título de Dra.
Delta Toyama.
222
Irmã Delta no Berçário da Santa Casa de São Paulo. Outubro de 1998
Este paciente da foto era cuidado e assistido pela Irmã Delta, passando a ser chamada por ele de “mamãe”, forma de reconhecimento por sua dedicação e bondade.
223
Em destaque Irmã Delta no Pavilhão Fernandinho Simonsen - 1967
Em palavras da Irmã Delta Toyama:
EUNICE JOSÉ -
“Dou graças a Deus pelo dom da minha vida, por ter-me conduzido a esta
maravilhosa Casa de Misericórdia. Feliz, posso dedicar-me por 50 anos
aos doentes em diversos setores. Passando visita no Pavilhão Fernandinho
são poucos os amigos (as) que posso encontrar com aqueles a qual
comecei a trabalhar. Tenho saudades. O tempo passa. Nós, Irmãs da
Congregação em resposta ao apelo do Vaticano II, começamos a nos
renovar nas obras e na espiritualidade, continuando o carisma, ‘Vidas a
serviço da vida’. A todos vocês Equipe de Saúde do Pavilhão
Fernandinho, desejo que o Deus que é Pai, o Amor que é Jesus Cristo,
conceda o Espírito que nos dá sabedoria e revelação para podermos
realmente conhecê-lo, e que ilumine o coração de cada um, com grande
amor ao próximo, a fim de compreender a verdadeira vocação, a qual nos
chama, e que em si contem a riqueza da herança por Ele reservada para
aqueles que o servem.”.
224
Assim como a Irmã Ursulina, Irmã Delta Toyama também possui uma Irmã devota a Deus, mas que pertence a Congregação da Imaculada Conceição.
Na fotografia, da esquerda para direita: Irmã Delta Toyama e Irmã Aparecida Toyama
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Irmã Cristiana do Coração de Maria
Nascida no dia 23 de julho de 1922 em Ribeirão Corrente a 15 minutos de
Franca. Desde pequena sentia o chamado de Deus, sentindo-se diferente de
outras meninas de sua idade, pois queria alcançar as maravilhas do céu.
Quando pequena cuidava de uma senhora que possuía uma ferida no olho,
arrumava a casa, fazia comida e trocava seu ferimento. A partir daí, Irmã
Cristiana dava seus primeiros passos na santíssima missão de ajudar ao
necessitado.
Quando adolescente integrou-se a uma vida cristã, fazendo parte da Pia
União e Juventude Estudantil Católica.
Realizou seu noviciado em 27 de janeiro de 1947.
Irmã Cristiana possuía 4 irmãs e 2 irmãos que nunca se separavam, por
isso, quando foi para Itú chorava todos os dias de saudades. Em um dia seu
irmão mais velho disse ao seu pai: “ela não vai se acostumar longe de nós,
irei busca-la!”. Quando seu irmão chegou a Itú, Irmã Cristiana abre seu
coração dizendo que quer consagrar sua vida a Jesus. Seu irmão escreve
uma carta dizendo que se ela se arrependesse de sua decisão poderia
retornar ao seio familiar, pois ninguém criticaria sua atitude.
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Em 1949 fez curso de enfermagem em Campinas pela PUC - Pontifica
Universidade Católica. Depois de formada trabalhou na Santa Casa de
Campinas no Centro Cirúrgico.
Ao chegar à Santa Casa de São Paulo, em 1955, exerceu suas funções como
enfermeira no Pavilhão de Ortopedia e Traumatologia Fernandinho
Simonsen.
Em 1958 foi transferida para o Hospital de Tuberculose São Luiz Gonzaga,
onde cuidou com afinco e dedicação das pobres almas atormentadas pelas
terríveis enfermidades.
Em 1960, voltou para o Pavilhão Fernandinho Simonsen, onde exerceu as
funções de enfermeira, logo após supervisionou as Unidades da Ortopedia e
foi responsável também pelo Centro Cirúrgico, Ambulatório e Pronto
Socorro, trabalhando ao lado do Dr. Dino de Almeida, Dr. Waldir da Silva
Prado, Emílio Athie, Victor Pereira dentre tantos. Além de dar aulas na
Escola de Enfermagem S. José.
Dr. Eurycledes de Jesus Zerbini
Em seus vários anos de trabalho pelo
Pavilhão, a Irmã Cristiana pode participar
de vários acontecimentos da história da
medicina, como por exemplo, o caso de
menino Disnei Zanolini, que no ano de
1942, ao brincar de martelar uma bigorna
um estilhaço penetrou em seu coração, o
primeiro a atender a criança foi o Dr.
Orlando Graner no Pavilhão Fernandinho
Simonsen, que ao verificar a gravidade da DR. EURYCLEDES DE JESUS ZERBINI
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situação constata que é necessária uma equipe cardíaca, mas naquele
momento o único que havia de plantão era o residente Dr. Zerbini que
encaminha o paciente ao Centro Cirúrgico, abre seu peito e sutura a artéria
para estancar a hemorragia. A cirurgia foi um sucesso.
Depois de aposentada, dedicou-se ao professorado na Escola de
Enfermagem São José.
Hoje, a competente e benevolente Irmã Cristiana volta sua vida
integralmente a vida religiosa proporcionando aos pacientes da Santa Casa
uma palavra amiga e cristã as acalentando almas agitadas.
Irmã Cristiana no trato aos doentes em 1964.
Sempre dedicada e carinhosa, cuidou dos enfermos como uma mãe cuida de seu próprio filho.
Irmã Cristiana no Museu Augusto Carlos Ferreira Velloso da Irmandade da Santa Casa de São Paulo.
Colaborou inúmeras vezes com o resgate do trabalho das Irmãs no Hospital de Caridade
228
Roupas do Hábito das Irmãs de São José de Chambery
Hábito das Irmãs de S. José quando chegaram aos Brasil, vindas da França,
para missão específica aos doentes.
Todas as roupas utilizadas pelas Irmãs eram confeccionadas por elas
mesmas. As roupas constituíam-se de:
Serre Tetê (Touca); Cornette (Prot. Pescoço); Bandeau (Prot. Testa);
Voilon (Sub Véu); Voile (Véu); Murça (Gota); Hábito; Bavette (Peito);
Pantalon (Calção); Camisa; Saia; Bolso; Pointe (Lenço Triangular); Meias;
Sapatos; Manguito (Manguinha); Cordão; Terço; Crucifixo; Alfinetes.
Total de 21 peças.
“A vida é um momento bonito que se renova constantemente. Para mim, é
um grande espetáculo de Deus. É a chance de poder responder ao que
Deus pensou quando me trouxe ao mundo. O amanhã será lindo e
eterno!...”.
Palavras de Irmã Delta Toyama - São Paulo, 12/04/2006.
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PAVILHÃO CONDE DE LARA 1935
Pronto Atendimento Ambulatorial do Hospital Central
Em homenagem ao Sr. Antonio de Toledo Lara (Conde de Lara), grande
doador e Irmão Protetor da Irmandade, em 1935, deu-se inicio a construção
do novo edifício, sob-responsabilidade do engenheiro chefe S. Olavo F.
Caiuby e da equipe interna da Irmandade da Santa Casa de São Paulo.
A construção do pavilhão foi realizada em etapas sendo inaugurada
oficialmente em 1939 e sua estrutura física é dividida em seis andares, além
do subsolo e térreo.
230
Irmã Rosa Guedes.
Trabalhou na Escola de Enfermagem São
José e no Banco de Sangue, onde realizou a
centralização deste setor. Atuou em
movimentos populares de saúde e Conselhos
Locais de saúde.
Trabalhou também no Serviço de Arquivo
Médico Estatístico.
Chefiava todos os laboratórios do Hospital
Central, trabalhando por muito tempo no
Centro Cirúrgico.
Em seu estágio nos Estados Unidos, Irmã
Rosa Guedes observou que a Irmandade da
Santa Casa de São Paulo tinha as mesmas
excelentes condições de atendimento que o país de ponta possuía.
Atualmente, Irmã Rosa Guedes é coordena e administra a Residência, as
Irmãs que residem na Santa Casa de São Paulo.
Outras Irmãs também se destacaram no Conde de Lara, como Irmã Olivia,
Irmã Iracema de Carvalho, Irmã Maria José, Irmã Maria do Rosário e Irmã
Ambrosina.
Do ano de 1959 a 1995, outra Irmã que se destacou foi Ir. Letícia, que
trabalhou junto com Dr. Aroldo, Dr. Péretz e Dr. Waldir da Silva Prado, no
setor de gastro.
232
DIVISÃO DE ENFERMAGEM
Até o ano de 1945, a Enfermagem da Santa Casa foi feita por práticos de
Enfermagem e Atendentes, orientados pelas Irmãs de São José de
Chambery portadoras de preparo técnico adquirido no trabalho, na
aprendizagem com que se dispunham a transmitir alguns conhecimentos de
utilidade imediata.
Em 1945, chegaram na Santa Casa as duas primeiras Irmãs formadas em
Enfermagem, pela Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo, da Escola
Paulista de Medicina, Hoje Escola de Enfermagem. Este ano de 1945
marca o início do ensino organizado e formal da Enfermagem Na Santa
Casa de São Paulo.
Em 1949, quando se formou algumas auxiliares de enfermagem, religiosas
e leigas, estas passaram a trabalhar na Irmandade, aumentando a área de
influencia da Enfermagem com melhores possibilidades de assistência aos
enfermos.
Em 1957, a Escola de Enfermagem passou a receber homens no curso, para
preencher lacuna de assistência de enfermagem individualizada para
pacientes do sexo masculino.
Em 1958, a Irmã Maria Gabriela Nogueira era responsável pela
Enfermagem e Escola de Enfermagem S. José, ficando até o ano de 1967.
em 1960, já havendo um numero considerado de Enfermeiras (o) e
Auxiliares de Enfermagem trabalhando nas diversas unidades de
enfermagem.
Em 20 de dezembro de 1966, foi aprovado o Regulamento da Santa Casa
de São Paulo. Este acontecimento trouxe para a enfermagem, que até então
não possuía situação definida, a posição de Divisão de Enfermagem
Em janeiro de 1967 foi estudado o Regimento de Divisão de Enfermagem.
233
Em 1967, a Irmã Francisca Tereza Oliveira Teixeira fica no cargo de
Diretora da Divisão até o ano de 1987
A Divisão da Enfermagem da Santa Casa de São Paulo, sob domínio das
Irmãs de São José de Chambery, salientaram a missão de aprimorar uma
assistência humana, individualizada e o mais completo possível.
Na Divisão de Enfermagem, a Diretora era responsável por:
- Coordenar e controlar as atividades técnicas e administrativas;
- Baixar instruções de serviço aplicáveis nas Unidades que constituem a
Divisão;
- Visar o expediente da Divisão, encaminhando-o ao Superintendente,
quando for o caso.
- Apresentar ao Superintendente, anualmente ou quando for solicitado,
relatório das atividades da Divisão.
- Propor a designação de Supervisoras e Encarregadas das Unidades sob
sua direção;
- Encaminhar os pedidos e propor ao Superintendente a admissão ou
dispensa dos servidores;
- Designar servidores para substituir ocupantes de funções gratificadas e
efetuar, quando necessário, remanejamento dos servidores dentro da
Divisão;
- Propor elogios e penas disciplinares;
- Propor escala de férias e suas alterações;
- Assessorar o Superintendente no estudo dos assuntos relacionados com o
Hospital;
- Cumprir e fazer cumprir as determinações do Superintendente.
Do ano de 1987 a 1990 a Irmã Judith Maria Muniz abraça o cargo de
diretoria.
Em 1976, a Irmã Satiko Yamaguchi passou a ser diretora do Curso Técnico
de Enfermagem São José, ficando na direção durante 28 anos.
234
Irmã Judith Maria Muniz
Irmã Judith sempre esteve ligada a área da saúde, mesmo ante de sua
formação para a vida religiosa realizou visitas para a orientação à saúde no
Lar dos Vicentinos em Itu. Quando formada, administrou o serviço de
enfermagem da Clínica Médica e do Centro Cirúrgico da Santa Casa de
Campinas.
Quando instalada na Santa Casa de São Paulo, irmã Judith foi professora no
curso de Enfermagem administrado na Escola de Enfermagem São José,
sendo posterior, Diretora da Faculdade de Enfermagem São José e, quando
a instituição passou a ser de propriedade da Sociedade Beneficente São
Camilo, assumiu a direção da Faculdade de Enfermagem São Camilo.
Foi Diretora da Divisão de Enfermagem nos anos de 1987 a 1990
Segundo as palavras da Irmã Judith:
As Irmãs são instrumentos nas mãos de Deus junto aos que sofrem;
participam da alegria dos que se recuperam e da chegada de novas vidas,
alem de se manterem fiéis a seu compromisso com a defesa da vida.
235
Irmãs da Enfermagem da Santa Casa de São Paulo - 1950
Irmã Celita Fonseca. Foi Superiora das Irmãs e enfermeira da Santa Casa durante longos anos.
Capelã da Capela da Santa Casa de São Paulo
Conhecida por todos pela sua calma, bondade e paciência.
Ajudou muito na organização do Museu da Santa Casa de São Paulo
236
Irmã Maria José do Nascimento
Trabalhou na Enfermagem e na portaria da Comunidade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, desde 19 de março de 1943
Irmãs enfermeiras em frente a Capela Nossa Senhora da Misericórdia
Da esquerda para direita: Ir. Maria Gabriela Nogueira - Superiora da Comunidade; Ir. Geny Eiras - Supervisora do Colégio São José; Ir. Maria Selya - Enfermeira e Madre Provincial; Ir. Eulália Iasi - Vice Diretora da Divisão de Enfermagem; Ir. Teresa Cristina Potrick - Professora; Ir. Elenice Buoro - Psicóloga; Ir. Marta Alessandra - Enfermeira e Assistente Social; Ir. Ursulina de Maria - Enfermeira e Supervisora de Enfermagem; Ir. Celita Fonseca - Enfermeira; Ir. Maria Bernadete Leme Monteiro - Vice Diretora da Escola de Enfermagem S. José e Membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo
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DEPARTAMENTO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA -
DOG
O Departamento de Obstetrícia e Ginecologia (D.O.G.I) foi fundado em
1966 sob direção do Dr. Pedro Ayres Netto e pela faculdade Sylla O.
Mattos. Em janeiro de 1969, a direção da Faculdade junto com a
Provedoria da Santa Casa decidiu que as Chefias de Departamentos
deveriam trabalhar em tempo integral, elegendo Pedro Ayres Netto, Sylla
O. Mattos e Adaucto Martinez, diante a impossibilidade dos dois primeiros
trabalharem em tempo integral, Dr. Adaucto Martinez assumiu a chefia de
1969 até 1981. Seguido pelos diretores: Prof. Dr. Sebastião Piato (1981-
1990), Prof. Dr. José Júlio de Azevedo Tedesco (1990-1996), Prof. Dr.
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Sérgio Roucourt (1996-2000) e atualmente, Prof. Dr. Roberto Adelino de
Almeida Prado.
As Irmãs de São José também realizaram inúmeros trabalhos no DOG,
auxiliando nos partos e procedimentos ginecológicos. Dentre as Irmãs que
trabalhavam no Departamento destaca-se a competente Ir. Joana de Santa
Theresa, que dedicava seu tempo integral as mulheres enfermas.
Em 1940, o médico adjunto do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Dr. Benjamim Reis, elogia as Irmãs Ludovina e Narcisa:
Irmã Maria de Fátima Enfermeira obstétrica e administradora do
Departamento de Ginecologia, Centro Cirúrgico
da Santa Casa de São Paulo. Foi também
missionária na Libéria, voltou para o Brasil, foi
para o Paquistão, onde veio a falecer em 17 de
outubro de 1988
Peço a V. Exc. Licença para consignar aqui meus agradecimentos ás boas
e distinctas Irmã Ludovina e Narcisa, pelo auxílio que prestaram ao
ambulatório, para que o seu funcionamento corresse regularmente.
239
Irmã Satiko Yamaguchi
Nascida em Ribeirão Preto, Irmã Satiko dedicou sua vida a religiosidade,
tendo em vista a missão de sempre ajudar aos mais necessitados.
Em prol deste ideal, Irmã Satiko formou-se como Enfermeira Obstétrica
pela Faculdade de Enfermagem Madre Maria Teodora, em Campinas.
Em 1962, veio para São Paulo trabalhar na Santa Casa, exercendo seus
conhecimentos no 4º andar da Pediatria do Pavilhão Condessa Álvares
Penteado, onde cuidava de crianças de 0 a 3 anos de idade. Acompanhava e
orientava os estagiários da Escola de Enfermagem São José em tratos
pediátricos.
De 1970 a 1975, passou a orientar os alunos da Escola de Enfermagem no
Departamento de Obstetrícia e Ginecologia - DOG.
Nos anos de 1976 a 2004 ocupou o cargo de Diretora do Curso Técnico de
Enfermagem na Escola S. José. Durante este período, seu relacionamento
com a Santa Casa foi de muita importância não só em termos de parceria de
trabalho, mas, sobretudo, no apoio as iniciativas educacionais.
240
Desde 2004, Irmã Satiko reside em Jaú, onde vem desenvolvendo um
Projeto Social com mais 250 crianças carente.
Com isso, a bondosa Irmã prova a sua verdadeira vocação: amparar com
extrema misericórdia aquele que necessita do seu cuidado e assistência.
Irmã Satiko (1ª da esquerda para direita) orientando as estagiárias Maria Ifigênia e Wandiney Afonso no berçário da Santa Casa de São Paulo em 1973.
241
Irmã Eulália Iasi - Irmã de Ursulina Iasi
Foi Diretora de Enfermagem da Irmandade da Santa Casa de São Paulo. Após, administrou o Hospital de Convalescentes D. Pedro II - Jaçanã, durante muitos anos.
Governador José Serra cumprimentando a Irmã Maria Luiza. Ao fundo Irmã Luiza Carolina e Irmã Cristiana do Coração de Maria José.
04.08.2007
242
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO
1963
Prédio atual da FCMSCSP inaugurado em 11.03.2014
243
Idealizado pelo Corpo Clínico da Misericórdia Paulista e pela Irmã Maria
Gabriela, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo foi
fundada em 1963 e surgiu com a função de formar novos médicos para
compor o corpo clínico.
O primeiro Diretor da Instituição foi o Dr. Emílio Athiê (cirurgião), Irmã
Maria Gabriela Nogueira, Enfermeira e Diretora de Enfermagem,
seguindo-se os Doutores Renato Jacob Woiski (pediatra), Adauto Barbosa
Lima (clínico cardiologista), Orlando Jorge Aidar (anatomista), Waldemar
de Carvalho Pinto Filho (ortopedista), Stanislau Krynski (psiquiatra), João
Fava (cirurgião), sendo o antigo Diretor o Professor Doutor Ernani Geraldo
Rolim (clínico) e atual Professor Doutor Valdir Golin.
Em 03 de outubro de 1963, o Centro Academico da Faculdade de Ciencias
Médicas da Santa Casa de São Paulo leva o nome de Manuel de Abreu em
sua homenagem.
Centro Acadêmico “Manoel de Abreu”. Posse da primeira diretoria.
Sob seta, Irmã Maria Gabriela.
244
Em 25.05.1963 foi realizada a primeira missa no pátio interno da Santa Casa, por D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Cardeal Arcebispo de São Paulo.
Criadores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 22 de outubro de 1962, no Club Nacional, em São Paulo
245
Formandos da 1ª Turma da FCMSCSP em frente ao colégio Santa Cecília.
Primeira Turma da
Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de
São Paulo.
Da esquerda para direita:
Dr. Osmar Pedro Arbix de
Camargo, Dr. Seiji
Nakakubo, Dr. Aurélio
Antônio Miotto e Dr.
Augusto César Silvério.
246
COLÉGIO SANT’ANA
O Colégio Santana teve seu início em 18/12/1892, construído graças aos
esforços das Irmãs de São José de Chambery.
Por muito tempo, a Capela Santa Cruz e o Colégio Santana foram pontos
de referência em documentos oficiais da cidade. E em 12 de Julho de 1908,
foi inaugurado parte da construção da Igreja Sant’ana, começando as
funções e tornando-se Matriz de fato.
No Colégio Sant’ana foram realizados experiências testando o aparelho
telefônico sem fio, sendo assim o colégio entra para a história das
telecomunicações do Brasil e do Mundo, pois no solo desta escola foram
feitas as “primeiras experiências de transmissão de voz humana, sem
auxílio de fios, que se tem notícia na história mundial das
telecomunicações.
247
As Irmãs do Colégio Santana mobilizaram-se para a instalação da 1ª linha
telefônica no bairro, conseguindo que, em 16/03/1912, a Companhia
Telefônica instalasse o 1º aparelho da região, com ligação direta para a
cidade em seu prédio.
O crescimento e expansão do colégio foi alcançado graças ao desempenho
das queridas Irmãs de São José, e embora o Colégio não seja da Irmandade
da Santa Casa de São Paulo, deve-se destacar merecidamente este
belíssimo empenho das Irmãs caridosas.
249
HOMENAGENS RELIGIOSAS
Medalha do Papa Paulo VI Com imagem do Papa Paulus VI, “Pont Maximus”. Procedência: Roma - 1975 (ano santo)
Medalha Centenário da chegada das Irmãs de São José de Chambery no Brasil (1858 - 1958). Com imagem de Nossa Senhora da Misericórdia.
Medalha Sacra Com Efígie de João Paulo II e N. S. Aparecida. 1980
Medalha Dom Duarte Leopoldo E Silva Com efígie de D. Duarte. Homenagem ao bispado de D. Duarte Leopoldo e Silva (1904 - 1929)
250
Em 14.10.1992, a Congregação de São José completou 120 anos de sua
chegada ao Brasil e recebeu a homenagem da Mesa, completada pela
inauguração de uma placa comemorativa. Segundo as palavras do Dr. José
Soares Hungria Filho:
Medalha 2º Congresso Eucarístico Nacional Com os escritos no verso: “ecce panis angelorum”: “eis o pão dos anjos”. - 1936
Medalha Papa João Paulo II Com efígie do Papa João Paulo II, em comemoração á sua visita ao Brasil em 1980.
“Não pode passar sem uma palavra de louvor o trabalho magnífico realizado pelas Irmãs de São José, que nos velhos tempos foram enfermeiras, assistentes sociais, professoras, cozinheiras, jardineiras, copeiras e o que mais tivesse sido necessário; souberam, também, acompanhar o progresso, preparando-se para o futuro. Infelizmente, a queda no número de vocações não tem permitido a renovação dos antigos quadros”.
252
Benção de João Paulo II Bênção do Papa Pio XII
Solidéo do Papa Pio XII Prato decorativo pintado a mão com imagem de fotografia Papa Paulus
Medalhão com a imagem do Papa João Papa II
253
OS RELIGIOSOS E A IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO
Simão de Toledo Piza nasceu em Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, em
1612 .
Vem a ser um dos principais ancestrais da tradicional família Toledo Piza.
Simão era filho de Juan Castelhanos de Piza e dona Grácia da Fonseca. Foi
batizado na igreja da Sé, em Angra do Heroísmo, no dia 4 de novembro de
16122 . Sobre seu passado em Portugal e sua imigração ao Brasil pouco se
sabe
Em 12 de fevereiro de 1640, em São Paulo, casou-se com Maria Pedroso,
filha de Sebastião Fernandes Correia, primeiro provedor e contador da
Junta da Real Fazenda da Capitania de São Paulo e São Vicente, e de Ana
Ribeiro, membro da tradicional família Freitas, também de São Paulo.
Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo. Capitão- Mor na época do Brasil colônia de 1721 a 1722 e de
1737 a 1738.
D. Simão faleceu em São Paulo, no ano de 1668, sendo sepultado na igreja
da Santa Casa de Misericórdia da cidade.
Capitão Mor Dom Simão De Toledo Piza
254
Nascido em 26 de maio de 1697 - Lisboa, Frei Antonio da Madre de Deus
foi um frade franciscano, sacerdote católico português e segundo bispo de
São Paulo.
Ingressou na Ordem dos Frades Menores, onde professou no Convento de
Nossa Senhora da Arrábida, da Província de Arrábida. Já frade, foi
ordenado sacerdote, em 20 de dezembro de 1721.
No dia 24 de novembro de 1749 foi nemeado bispo de São Paulo por Dom
João V. A 16 de março de 1750, aos 52 anos, foi confirmado, por breve do
Papa Bento XIV.
Foi sagrado bispo no dia 6 de setembro de 1750, pelas mãos de Dom
Tomás Cardeal de Almeida, Patriarca de Lisboa, sendo consagrante Dom
João de Azevedo, Bispo de Diocese de Portalegre e Castelo Branco,
Portugal. Estando no Convento de Mafra, tomou posse como bispo da
Diocese de São Paulo, por procuração, a 18 de outubro de 1750, através do
vigário capitular, Mateus Lourenço de Carvalho.
Exerceu esta função até 19 de março de 1764, quando veio a falecer.
Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo de 1754 a 1757.
Dom frei Antonio da Madre de Deus Bispo da Diocese de São Paulo
255
PROVEDOR
Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
de 1766 até 1769.
Pertenceu a uma Família nobre de Portugal. Primeiro Governador da
Capitania de São Paulo.
Foi muito ativo as causas de contaminação da Lepra, em uma de suas cartas
ele cita:
“ o terrível castigo do mal de São Lázaro com que a justiça Divina desde
hum tempo a esta parte vay afligindo os Povos desta América se tem
principiado a manifestar prezentemente em muitas partes desta Capitania
de São Paulo, principalmente nas villas mais vezinhas ao Certão, e tão bem
nesta Cidade já há algumas pessoas feridas do mesmo mal”.
Tão preocupado estava o Morgado que, para prevenir uma epidemia,
solicitava ordens régias para organizar lazaretos, alegando falta de tempo
para consulta a Lisboa (carta ao Vice-Rei Conde de Cunha).
Dom Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão (Morgado De Matheus)
256
Nascido em janeiro de 1718 em Lisboa - Portugual. Graduado em leis e
Cânones. Era frade franciscano e foi ordenado sacerdote em 25 de fevereiro
de 1741. Fez parte do Conselho da Inquisição.
A sua nomeação régia para Bispo de São Paulo ocorreu no reinado de Dona
Maria I .
No dia 17 de junho de 1771, aos 53 anos, foi confirmado, por Breve do
Papa Clemente XIV, Bispo de São Paulo.
Foi sagrado bispo, no dia 28 de outubro de 1771, pelas mãos de Dom
Manuel do Cenáculo de Vilas-Boas, bispo da Beja, sendo consagrantes:
Dom Bartolomeu Manuel Mendes dos Reis , bispo de Macau e depois
bispo de Mariana e Dom Miguel Antônio Barreto de Meneses, bispo de
Bragança e Miranda.
Tomou posse como bispo da Diocese de São Paulo, a 17 de julho de 1772,
por procuração passada ao Cônego Antônio de Toledo Lara , em 7 de
dezembro de 1771.
Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo de 1776 a 1777
Dom Frei Manuel da Ressurreição Bispo de São Paulo
257
Nascido em 08 de agosto de 1742 em Campanário - Portugal. Dotado de
inteligência privilegiada, possuía uma cultura invejável. Estudou em Paris e
Coimbra, tendo se formado em Direito Canónico. Foi ordenado sacerdote
em 1761, aos vinte anos de idade. Foi clérigo secular do hábito de São
Pedro, tendo exercido o ministério sacerdotal nas freguesias de Ventosa do
Bairro e Almedina, na Diocese de Coimbra.
No dia 2 de agosto de 1794 foi indicado bispo de São Paulo por Dom João,
regente de Portugal. A 1 de junho de 1795, aos 52 anos, foi confirmado,
por breve do Papa Pio VI.
Estando em Portugal, tomou posse como bispo da Diocese de São Paulo,
por procuração, a 19 de março de 1796, através do Arcipreste do Cabido, o
Protonotário Apostólico Monsenhor Doutor Paulo de Sousa Rocha, que
governou o bispado até a sua chegada.
O novo bispo chegou a Santos a 2 de maio de 1797, junto com seu sobrinho
o arcediago Cônego Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade e o bacharel
Francisco Vieira Goulart. Aí permaneceu por curto período, a fim de
descansar e, depois seguiu para sua sede.
Dom Matheus de Abreu Pereira Bispo de São Paulo
258
Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo de 1803 a 1804 e de 1805 a 1806 e quarto Bispo de São Paulo de
1794 a 1824.
Dom Mateus exerceu foi bispo de São Paulo até 5 de maio de 1824, quando
veio a falecer, aos oitenta e um anos.
Nasceu em 14 de março de 1767 em Quinta Grande, Ilha da Madeira -
Portugal . Foi ordenado sacerdote em 8 de setembro de 1797, aos vinte e
dois anos de idade, por seu tio Dom Mateus. Foi clérigo secular, tendo sido
nomeado, em São Paulo, cônego e, mais tarde, arcediago do Cabido. Foi
provisor e vigário-geral de seu tio.
Tendo sido indicado bispo de São Paulo por Dom Pedro I, Imperador de
Brasil; a 25 de junho de 1827, aos 52 anos, foi confirmado, por breve do
Papa Leão XII.
Foi sagrado bispo, em São Paulo, no dia 28 de outubro de 1827, sendo
sagrante principal Dom José Caetano da Silva Coutinho, então bispo do
Rio de Janeiro.
Foi Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo de 1829 a 1831 e de 1834 a 1847
Faleceu em 26 de maio de 1847
Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade
Bispo de São Paulo
259
Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
de 1880 a 1886.
Doou todos os seus bens para Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Idealizador da construção e inauguração do Hospital da Caridade da
Irmandade da Santa Casa de São Paulo em 1884, conhecido como Hospital
do Arouche. Justiça lhe foi reconhecida, mais tarde tendo seu retrato
inaugurado na galeria dos Provedores. Homem de viva fé na execução da
obra sendo verdadeiramente seu idealizador e construtor, um valiosíssimo
Provedor, homem humilde que deixou a Provedoria foi terminar os seus
dias como Capelão do Asilo dos Leprosos da Santa Casa de São Paulo,
convivendo e prestando-lhes toda assistência moral e espiritual aos doentes
e aos pobres. Apesar de seu calvário, recebeu inúmeras homenagens pela
obra construída. Faleceu em 18 de janeiro de 1898 com 70 anos na Cidade
de Vassouras.
Em 23 de janeiro de 1898 a Mesa Administrativa da Irmandade da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo com profundo pesar durante um longo
tempo, um voto de gratidão e reconhecimento dos seus relevantes serviços
como o maior impulsor das obras do novo Hospital da Santa Casa de São
Paulo que consagrou toda sua atividade com tenacidade e perseverança
Arcipreste Cônego João Jacynto Gonçalves de Andrade
260
para o engrandecimento da Instituição que no 30º dia de seu falecimento
celebrasse uma missa na Capela do Hospital em sufrágio de sua alma.
261
RELIGIOSOS COMO IRMÃOS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
Monsenhor Ezechias Galvão da Fontoura
Irmão Mesário da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo e Mordomo do Sanatório Vicentina Aranha. Prestou
serviço pastoral durante longo tempo na Capela da Santa Casa de
São Paulo. Nasceu no dia 05 de fevereiro de 1899, na rua da
Liberdade. Filho de Luiz de Paula e de Constantina Cúndaride
Paula, italianos naturais de Rende, Província de Cosenza, na
Calábria. Padre Capelão e Vigário da Capela do Menino Jesus e
Santa Luziaem 1942. Procurador Geral da Mitra Diocese de São
Paulo, Bispo de Jacarezinho, Bispo Emérito de Piracicaba, Bispo
Titular de Hierocesareia, Diocese de Jacarezinho, Discípulo de Dom
Duarte Leopoldo e Silva Panni. Diretor Espitirual da Sociedade de
São Vicente de Paulo e das Damas de Caridade, servindo ao Reino
de Cristo entre pobres e doentes, repousa entre princípios da Igreja
Católica na Cripta da Catedral Metropolitana de São Paulo, por
arquiescência e benevolência do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arms,
faleceu no Hospital Santa Izabel da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo, em 01.01.1995 às 3h20 aos 96 anos.
Dom Ernesto de Paula
Natural de São Paulo foi presbítero secular, cônego da Catedral
da Sé de São Paulo, lente de direito Canônico do seminário
episcopal, escrivão da Câmara Eclesiástica e secretário do
bispado. Autor dos livros “Questões Religiosas” e “Lições de
Direito Eclesiástico”. Foi Irmão Mesário da Irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
263
Ex Provedor Dr. Domingos Ferreira Neto com Irmã Luiza Carolina em 2009
Na imagem fotográfica, observamos que as Irmãs de São José estavam presentes na Mesa Administrativa sempre ao lado dos Mordomos, Diretor Clínico e Provedor.
Da esquerda para direita: Dr. Luiz Oriente - Diretor Clínico; Dr. Waldemar de Carvalho Pinto Filho; Dr. Adriano Marrey - desembargador; não identificado; Dr. Mário Altenfelder - Provedor da Santa Casa de São Paulo; Dr. João Yunes e Irmã Gabriela Nogueira.
264
DEPOIMENTOS:
Aninha
Aqui na Santa Casa de São Paulo muitos médicos, funcionários e pacientes
lembras das Irmãs de caridade com muito carinho, como é o caso da
Aninha, paciente da Santa Casa desde seus 8 anos de idade, que posterior,
veio a trabalhar na Irmandade onde permanece até hoje. Em seus relatos
Ana diz:
“Entrei como paciente na Santa Casa de São Paulo em 1948, para fazer
cirurgias plásticas, depois de um acidente que tive em casa, onde me trouxe
queimaduras profundas no corpo.
Tinha 8 anos quando aqui cheguei e a primeira freira a qual mantive
contato foi a Irmã Maria Benedita. Lembro-me muito bem dela, era muito
suave com as crianças, fazia questão de rezar o terço a tarde com todas os
pacientes pequeninos. Foi com ela, e com Pe. Camilo da Ordem Camiliano,
Capelão da Capela Nossa Senhora da Misericórdia do Hospital Central, que
realizei minha primeira comunhão deitada em uma cama. Fui a primeira
criança a receber comunhão enquanto internada. A Irmã Maria Benedita
marcou muito minha vida.
Outra freira a qual tive bastante contato foi Irmã Engrácia, que possuía um
problema na coluna que dificultava sua locomoção. Ela era considerada um
anjo por todos, muito querida pelas crianças.
Também mantive contato com a Irmã São Geraldo, que chefiava o Pavilhão
Conde de Lara, muito severa e brava, Irmã São Geraldo administrava com
mãos de ferro o Pavilhão, deixando tudo na mais perfeita ordem e
disciplina.
Madre Paula, na época, era Superiora do Hospital Central, chefiava a Santa
Casa inteira, lembro-me perfeitamente dela quando realizava pelo Hospital
265
uma caminhada com todas as Irmãs. Era lindo de se ver quando todas as
freiras vestidas de branco, menos a Madre Paula que andava de preto,
percorriam a Santa Casa por inteira, as 17:30 elas começavam sua
caminhada, onde conversavam e saudavam os pacientes, que assistiam a
chamada “Volta Olímpica das Irmãs”. Quando eu ficava nos jardins da
Santa Casa, a Irmã Marta Alexandre sempre me presenteava com uma
maçã, nunca me esquecerei a felicidade que sentia quando recebia tal
presente, e mesmo quando não podia comparecer ao jardim, ficava pela
janela admirando o passeio das Irmãs.
Com as Irmãs fiz parte da Pia União das Filhas de Maria, onde no dia 02 de
julho de todo ano realizávamos uma festa no 2º andar da lavanderia, além
de realizarem o apostolado.
Em 1961, comecei a trabalhar na recepção do Pavilhão de Ortopedia, sendo
instruída pela Irmã Cristiana, Irmã Engrácia e Irmã Adélia. Irmã Cristiana
tinha paciência em ensinar e aprendi muito com ela, lembro-me que por
ficar na recepção recebia muitas doações em dinheiro, onde eu separava e
passava para a Irmã Cristiana responsável também pela parte “contábil”.
Irmã Cristiana foi muito importante pra mim, pois me ajudava no meu
namoro com um funcionário, naquela época não se podia envolver-se com
um empregado, era contra as regras da Instituição, então a Irmã repassava
nossos recados amorosos, e quando anunciamos que iríamos nos casar a
Irmã me ajudou a preparar o casamento. Gosto muito dela e guardo lindas
lembranças.
Da Irmã Ursulina lembro da sua presença de espírito enérgica, era muito
querida das crianças, por onde dedicou longos anos de sua vida. Houve um
caso bem marcante na vida da querida Irmã, entrou na Santa Casa uma
criança bastante debilitada necessitando de cuidados, a Irmã Ursulina se
apegou muito a este menino considerando-o como um filho. Quando ele fez
16 anos morreu decorrente a complicações de sua doença, quando este
266
menino faleceu a Irmã Ursulina ficou muito triste, nós funcionários ficamos
comovidos pela sua dor e seu amor ao próximo. Foi uma passagem bastante
emocionante.
Da Irmã Caetana guardo lindas lembranças, ela era extremamente humilde
e carinhosa, um verdadeiro anjo! Recolhia das ruas materiais reciclados e
os vendias para comprar pão para os doentes do Conde de Lara, ajudava-a a
carregar os alimentos. Ela era uma personificação da bondade humana.
Quando Irmã Marta Alexandre estava doente muito debilitada, um dia antes
de sua morte fui visita-la e ao vê-la tão miudinha em cima de uma cama
meu coração se apertou e chorei bastante. A Irmã pegou na minha e disse:
“Não chore Aninha, vou para a casa do Pai”. Quando faleceu eu ia para seu
túmulo fazer orações e pedir uma luz, pois eu passava por momentos
difíceis e depressivos, após essas orações meus problemas foram
solucionados instantaneamente, sinto que ela me ajudou bastante mesmo
após sua morte.
Sob responsabilidade das Irmãs, todas as enfermarias eram limpas e
organizadas, e uma vez a enfermaria mais bem tratada ganhava prêmios,
inclusive os funcionários que ganhavam medalhas de honra ao mérito.
Havia também a Irmã São Francisco, lembro que ela era muito inteligente e
ficou conhecida como a “Irmã motorista”, pois transportava comida,
materiais e pessoas para outras dependências distantes da Santa Casa.
E é assim que me lembro das Irmãs de Caridade, almas boas e gentis que
dedicavam suas vidas pelas vidas dos próximos”.
Drª. Helena Müller
Ana Bezerra da Silva
De paciente á funcionaria da Santa Casa de São Paulo.
267
Médica anato-patologista e professora da Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo, Dr. Helena Muller lembra das Irmãs de
Caridade com muito carinho:
“Vocês precisam frequentar a Santa Casa de São Paulo. É lá que se
aprende!”. Isso dizia o Prof. Dr. Walter Edgar Maffei aos alunos da
Faculdade de Medicina de Sorocaba, onde era o titular da Anatomia
Patológica . tinha razão, pois o Hospital - Escola da Faculdade era
insuficiente para a demanda do ensino.
E vários de nós fomos, durante anos, no período das férias para aprender
nas muitas enfermarias de clínica médica e de cirurgia. E essas enfermarias
eram como “feudos” e tinhas a supervisão de uma freira da Congregação de
São José de Chambery. E elas se empenhavam no sentido de sua
enfermaria ser a melhor e receber muitos alunos para estágio, onde
controlava a presença de cada estagiário e seu desempenho.
Uma das mais conhecidas era a Irmã Ursulina de Iasi, da Pediatria. Outra
era a Madre São Geraldo que, mais tarde, foi transferida para o Hospital
Santa Isabel da Irmandade de Misericórdia de Taubaté.
Nesse Hospital, ela trabalhou para criar o Serviço de Anatomia Patológica,
o que contou com o apoio do Prof. Maffei. Como dizia o saudoso Prof.
Waldir da Silva Prado: “Um Hospital sem Anatomia Patológica é um corpo
sem alma”, foi ele que conseguiu a reestruturação do Serviço de Anatomia
Patológica do Hospital São Luiz Gonzaga, do Jaçanã.
Madre São Geraldo conseguiu que se montasse o serviço de Anatomia
Patológica no Hospital Santa Isabel de Taubaté. Até hoje, esse serviço está
em pleno funcionamento.
Com a instalação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo (FCMSCSP), as freiras diplomadas ministraram aulas, e outras
atuaram em outros nosocômios.
268
Uma das mais atuantes foi Irmã Maria (irmã de Irmã Ursulina), que
supervisionou o recém criado Pronto Socorro Central da Santa Casa de SP.
Nos primeiros anos de funcionamento da FCMSCSP ocorreu um episódio
que demonstra o interesse e o carinho que tinha pelos alunos.
Uma aluna engravidou. Preocupadas com sua situação, conseguiram que
ela fosse levada para o Hospital Santa Isabel de Taubaté (na calada da
noite) e lá passou a trabalhar no Serviço de Anatomia Patológica recebendo
alojamento no Hospital, onde se fez seu pré natal e, numa manhã de 25 de
dezembro, teve sai filhinha.
Outra Irmã muito querida foi Irmã Marta, devotada a causas sociais. Muito
bonita, era comparada a atriz Ingrid Bergman.
Também a discreta e tímida Irmã Menino Jesus, irmã da freira Ursulina,
deve ser lembrada, assim como Ir. Caetana que se empenhava na ajuda aos
pobres.
É impossível lembrar de todos essas abnegadas criaturas, mas todas deram
seu melhor pelo Hospital. Fazem falta atualmente.
Dra. Helena Müller
269
Glauco Carneiro
Nascido em Fortaleza, em 18 de dezembro de 1938. Diplomou-se em 1964
pela Faculdade Nacional de Direito no Rio de Janeiro, tendo especialização
em Comunicação e Relações Públicas.
Trabalhou no “O Cruzeiro”, “O Globo”, “O Jornal”, “Manchete”,
“Tendência” e outros periódicos no Rio de Janeiro e São Paulo. Assistente
da presidência dos “Diários Associados”. Trabalhou durante 10 anos na
Fundação do Bem-Estar do Menor, lançando a revista “Brasil Jovem”.
Assessor de Imprensa do Ministério da Justiça e do Ministério das Relações
Exteriores, bem como o da Secretaria de Promoção Social do Governo do
Estado de São Paulo.
Publicou os seguintes livros: História da Revolução Brasileira (1965); O
Revolucionário Siqueira Campos (1966); A Face Final de Vargas (com
Lourival Fontes 1966); Um repórter no mundo português (1971); Lusardo -
O ultimo caudilho (1977/1978); Cunha Bueno - História de um político
(1982) e dentre tantos.
O que destacamos aqui, é seu belíssimo trabalho no livro O Poder da
Misericórdia Vol. I (1986); O Poder da Misericórdia Vol. II (1986) e O
Poder da Misericórdia Vol. III (2010).
270
Nestes livros sobre a Irmandade da Santa Casa de São Paulo, Glauco
Carneiro nos prova mais uma vez a sua fama de exímio pesquisador e
historiador. Em três volumes ele consegue narrar toda a trajetória desta
grandiosa instituição desde seus primórdios em Portugal até os dias atuais.
Homenageamos aqui este grande mestre, por manter a história da
Irmandade tão viva e marcante, sem nunca se esquecer do trabalho das
Irmãs de São José de Chambery.
Dr. Toshio Mochida
Além de Médico Radiologista da Santa Casa de São Paulo, Dr. Toshio
também é conhecido como um exímio fotógrafo, contribuindo ao Museu
com um gigantesco acervo contando com mais de cinco mil fotografias,
relatando através de imagens a belíssima história da nossa Irmandade.
271
MUSEU DA IRMANDADE E O RESGATE DA HISTÓRIA
Em memória aos que construíram e mantiveram esta Instituição, com mais
de 450 anos de existência, o Museu guarda e cultua documentos que visam
contar parte deste grande esforço.
Em Junho de 2000, nasce o Museu de Memória da Misericórdia da Santa
Casa de São Paulo, inaugurado em Março de 2001 que reúne uma série de
documentos, aparelhos e instrumentos médicos do final do Século XIX e
XX e farmacêutico todos do Século XIX, além de uma pinacoteca com
retratos pintados a óleo sobre tela que guarda a memória de grandes
doadores da história de São Paulo, que contribuíram para formação e
manutenção desta Instituição. E em 26 de Outubro de 2011 o Museu recebe
o nome de Augusto Carlos Ferreira Velloso o seu fundador.
As histórias resgatadas e muitos objetos históricos referente a Congregação
de São José de Chambery, fora obtidos através das Irmãs de Caridade, que
muito carinhosamente ajudaram a resgatar a trajetória de seu trabalho e
religiosidade.
Hoje, o Museu possui um acervo de mais de 7500 peças distribuídas em 07
salas, estas são: Obras de Arte, Farmácia Antiga, Hall dos Grandes
Doadores, Hall dos Provedores, Aparelhos e Instrumentos Médicos,
Documentos e Objetos Históricos e um Salão Nobre que o destaque com
moveis fabricado no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e uma pintura
de 1907 de Gino Catani.
277
Irmãs no Museu da Santa Casa de São Paulo
Irmã Ursulina de Maria Iasi
Visitou o Museu várias vezes pra contar sua história
e das Irmãs de São José
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Em 2000, quando iniciei a organização do Museu com o Engennheiro
Augusto Carlos Ferreira Velloso e o Advogado Luiz Rodrigues de Moraes,
levantamos as Irmãs que estavam esquecidas.
Fizemos um arquivo com fotos e as estórias das inesqueciveis Irmãs.
Elaborei e dei algumas palestras que muito fez lembrar a presença das
queridas Irmãs da Congregação de São José na Santa Casa de São Paulo,
em São Paulo e em outros lugares do Mundo.
Maria Nazarete de Barros Andrade
A Coordenadora do Museu, Maria Nazarete de Barros e a Irmã da Congregação de São José de Chambery, Ir. Delta Toyama.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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e do Rei. São Paulo: Press Grafic. Editora, 1986.
CARNEIRO, Glauco. O Poder da Misericórdia. Vol. II. Ascensão e queda
do liberalismo. São Paulo: Press Grafic. Editora, 1986
CARNEIRO, Glauco. O Poder da Misericórdia. Vol. III. A era
contemporânea da maior instituição de benemerência do país e suas
relações com a história política, médica e assistencial de São Paulo
1560/1984/2009. São Paulo: Atheneu Editora, 2010.
CARVALHO, Roberto Machado. A Glorificação da Venerável Madre
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MESGRAVIS, Laima. A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1599?
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VAUBLANC, Benédicte de. Madre Saint Jean Marcoux. Uma mulher de fé
e de profundo amor. 2012
Poliantéia – Homenagem a Madre Theodora Voiron Superiora Provincial
da Congregação das Irmãs de São José de Chambery - 1859 – 1919
Relatórios da Mesa Conjuncta e Administrativa da Irmandade da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo dos anos de 1900 à 1957.
Mais coração nas mãos: relato de imagens da peregrinação da relíquia do
coração de São Camilo por ocasião dos 90 anos da chegada dos camilianos
no Brasil / Organizado por Leo Pesini. - 1. Ed. - São Paulo: Província
Camiliana Brasileira, 2012.
http://portal.sipeb.com.br/santana/historia/
http://www.ceara.pro.br/cearenses/listapornomedetalhe.php?pid=32385
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http://www.arquidiocesesp.org.br/content/dom-carlos-carmelo-cardeal-de-
vasconcelos-motta
http://www.a12.com/santuario-nacional/noticias/detalhes/ha-31-anos-
morria-dom-carlos-carmelo-primeiro-arcebispo-de-aparecida