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ABRIL 16 Residência Artística Realidade e Fantasia: Uma tênue linha passeia entre ambos

Residência Artística 2016 - 1

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ABRIL 16Residência Artística

Realidade e Fantasia:Uma tênue linha passeia entre ambos

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Artistas indicados:

Bartolomeo Gelpi

Katia Canton

Melissa Lagôa

Renata Madureira

Realização:

Baía dos Vermelhos

Produção Executiva:

Arte Marca

Curadoria e produção de texto:

Simone Höfling

ABRIL 16Residência Artística Realidade e Fantasia: Uma tênue linha passeia entre ambos

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A residência

A proposta conceitual da residência artística de Abril no Complexo Cultural Baía dos Vermelhos no ano de 2016 abordou o questionamento da tênue linha que passeia entre a realidade e o sonho.

Sob curadoria da artista Simone Höfling, a residência ocorreu durante o mês de abril de 2016 e foi a primeira residência no segmento de artes visuais de Vermelhos.

A curadora reuniu 4 artistas brasileiros, em uma casa cravada na Mata Atlântica, para se dedicarem exclusivamente a sua produção, vivenciando uma espécie de confinamento.

Esse deslocamento propiciou a eles exercer o próprio sonho de sistematicamente produzir seus trabalhos.

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Conceito

Vermelhos, um local cravado em meio à densa mata Atlântica que desce até o mar e encontra tensa a linha do horizonte em contraponto a um incansável farol.Farol que desde muito tempo recebe, indica o caminho e tranquiliza o navegante que busca a segurança do porto.

O pensamento humano navega entre a realidade ordinária, que é a própria vida, e os acontecimentos extraordinários que a preenchem de sentido. No tempo da vida quotidiana, fragmentos da rotina se elevam a tal ponto entre o gênio e a insensatez.

O espaço e o tempo de Vermelhos são fruto do sonho de alguém. E essa fantasia é um belo exemplo da insensatez que se torna extraordinária ocorrência da vida e nos leva a questionar qual o peso e importância devemos atribuir ao encantamento.

Vermelhos é por natureza um ponto de tensão, descoberta e convergência.O fascínio de estar em Vermelhos propicia uma espécie de desprendimento do mundo regular e previsível, nos revela o verdadeiro tempo das coisas. A natureza pungente te toca e leva a confortavel percepção de que os valores atribuídos ao dia a dia não passam de mera deturpação da realidade.

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Os artistas convidados puderam experimentar o desprendimento de suas vidas tidas como reais abrindo canais para a fantasia, o encantamento e o verdadeiro significado da vida. Assim como o navegante que encontra o farol, fazendo do sonho de chegar uma confortável realidade.

Vermelhos é por natureza um ponto de tensão, descoberta e convergência.

O fascínio de estar em Vermelhos propicia uma espécie de desprendimento do mundo regular e previsível, nos revela o verdadeiro tempo das coisas. A natureza pungente te toca e leva a confortavel percepção de que os valores atribuídos ao dia a dia não passam de mera deturpação da realidade. O tempo do relógio, a pressa da vida, as expectativas pobres de sentido. Encontra-se aqui, aquele que busca na terra sua raiz.

Os artistas convidados puderam experimentar o desprendimento de suas vidas tidas como reais abrindo canais para a fantasia, o encantamento e o verdadeiro significado da vida. Assim como o navegante que encontra o farol, fazendo do sonho de chegar uma confortável realidade.

Realidade e Fantasia: Uma tênue linha passeia entre ambos

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Bartolomeo Gelpi: Em busca da transcendência

Bartolomeo Gelpi busca o sagrado. E suas pinturas remetem a essa procura. De maneira ritualística, seu processo criativo em ABRIL se compôs de tempo para natação, para pinturas em campo, meditação e leitura. Todas as manhãs bem cedo, descia até a costeira, enfrentava o mar e atravessava a nado a Baía dos Vermelhos. Ao entrar no mar sintonizava-se com a natureza da ilha, para só daí efetivamente pintar. Esse rito abria canais em seu interior e o sensibilizava para o trabalho diário de pintor.O rigor e disciplina dessas ações, reverbera e pulsa em seus trabalhos. São como rituais que solenemente executa buscando transcender a efêmera condição humana e seus atos condicionados e ordinários. Contrário a isso, o artista imprime intenção a suas ações. Cada movimento tem silenciosa e veemente participação da alma, vivendo o aqui e agora com consciência. E essa presença que independe da retina é a única personagem em suas paisagens.

Bartolomeo Gelpi: Em busca da transcendência

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Olhar o horizonte de Vermelhos é como fazer uma oração: te eleva! Explorando temas próprios da paisagem, o artista enfrentou a rígida linha do horizonte que circunda Ilhabela tomando apoio na imensurável beleza que dá nome ao arquipélago. Se o sublime remete ao divino, podemos considerar Ilhabela um templo natural. E sob essa ótica, a ilha torna-se solo fértil tanto para a pesquisa estética do artista quanto sua procura por signos de sua existência. Uma das pinturas realizadas por Bartolomeo durante a residência ABRIL, teve especial significado que para compreendermos, precisamos voltar 20 anos no tempo. Quando ainda bem jovem, o artista passava os verões na praia da Armação, no norte da ilha. E foi em uma dessas temporadas que após ganhar de Natal um kit de pintura, passava horas a fio pintando repetidamente uma cena a beira mar, objetivando com isso o aprimoramento de sua percepção daquele lugar.

Bartolomeo Gelpi: Em busca da transcendência

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E foi na dedicação a esse exercício que cogitou pela primeira vez a possibilidade de se tornar pintor por profissão. Se o sonho foi o cerne da residência ABRIL em 2016, fez todo sentido receber Bartolomeo, o pintor, em Vermelhos vinte anos após a primeira vez que projetou em Ilhabela, o sonho de se tornar artista. Sem esforço, Ilhabela te impacta pelo belo. E assim como Pancetti que se enamorava pelas linhas da recortada costa brasileira, repleta dos azuis do mar e do céu vibrante, Bartolomeo encontrou-se nelas como profissional e como ser humano em busca de significado e transcendência.

Bartolomeo Gelpi: Em busca da transcendência

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Melissa Lagoa: Pragmatismo e imaginação

Melissa Lagoa trabalha intensamente cada detalhe de suas pinturas. É explícito o cuidado da artista com o acabamento e resultado visual de suas obras.

Quando Melissa chegou a Vermelhos para iniciar o período de residência, já trazia na bagagem cuidadoso projeto acompanhado de tecidos estampados, desenhos e imagens aptas a serem transferidas para a tela.Em um primeiro momento revela o intenso pragmatismo de seus projetos e produz calmamente aquilo que já idealizou e amadureceu previamente.

Porém durante a produção de suas obras, parece mergulhar em um universo fantástico, não se privando de encontrar novas soluções e detalhes suavemente inseridos na composição. Suavidade essa, própria da artista cuja feminilidade se revela em delicadas linhas de contorno e no movimento orgânico das formas que cria.

Trabalhando a pintura em espaço raso, figura e fundo fundem-se, criando um novo lugar no mundo, aonde você não sabe ao certo o que vem antes e o que vem depois.

Melissa Lagoa: Pragmatismo e imaginação

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As imagens criadas por Melissa são repletas de simbolismos: um pássaro, uma rosa, uma borboleta, uma padronagem. Cada novo elemento acrescenta uma gama de significados à composição, preenchendo-a de conteúdo simbólico. Suas obras assemelham-se a contos de fadas.

É aí que nos deparamos com o verdadeiro cerne de sua produção: o pragmatismo de seus projetos são o lastro da obra de Melissa com o mundo real. Ao preservar objetivos bem definidos na concepção da obra, a artista se permite mergulhar em seu íntimo e nos revelar simbolicamente toda a fantasia que a permeia e seduz. Criando um contraponto entre o real e o imaginário.

O desenvolvimento profissional de Melissa Lagoa revela subliminarmente essa dualidade. Sua extensa experiência como ilustradora sempre a ligou ao mundo real, fazendo de sua criatividade um meio de vida e sustento. E agora ao resgatar sua produção artística, deixa-se levar pelo fantástico.

Ter Melissa Lagoa em Vermelhos foi como preencher a residência de fantasia e imaginação que generosamente a artista compartilhou com todos que ali puderam estar.

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Katia Canton – Castelos de areia

O trabalho realizado por Katia Canton durante a residência em Ilhabela caracterizou-se pelo encontro institucional entre o Complexo Cultural Baía dos Vermelhos e a Associação Barreiros, que atua com jovens de Ilhabela em situação de risco social. Isso é claro, sem deixar de mencionar que a artista naquele momento atuava como diretora do MAC – Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.Durante o workshop ”Castelos de Areia”, ministrado a jovens entre 14 e 16 anos, pediu primeiramente que cada participante se apresenta-se e discorresse sobre aquilo que os move e entusiasma. Os jovens foram incentivados a falar, sem bloqueios ou influência externa, sobre as coisas para as quais se permitem dedicar seu tempo, trazendo à tona a possibilidade de seguirem profissionalmente as áreas de interesse discutidas pelo grupo. A abordagem é relevante por envolver jovens cursando o último ano do ensino fundamental, vivenciando, portanto, as incertezas que nos trazem os períodos de mudança em nossas vidas.Na sequencia a esse debate, foram convidados a realizar uma grande pintura coletiva, que, como em uma colcha de retalhos, trazia de maneira simbólica cada um dos ideais individuais discutidos antes.

Katia Canton: Castelos de Areia

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Como fechamento dessa oficina, os alunos foram levados a praia para construírem em grupo castelos de areia, que trouxessem, em si, símbolos daquilo que sonhavam fazer futuramente.Os castelos de areia representam de maneira quase tautológica nossa postura diante de sonhos que insistimos realizar, mesmo sabendo que, em uma simples mudança de maré, podem desmanchar e se deixarem levar por uma onda que avança mais do que esperamos e carrega consigo aquilo que sonhamos e criamos.O que nos leva a persistir nos sonhos? Qual é essa força propulsora que nos torna realizadores na vida?Em uma residência artística calcada sobre a ideia do sonho, torna-se pertinente questionar sobre a origem do sonho e a diferença entre sonhos e realizações. Se por um lado a realização tem sua gênese no sonho, o inverso não se completa. Uma realização para existir precisa um dia ter deixado o campo das ideias e migrado para o mundo concreto.

Katia Canton: Castelos de Areia

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Renata Madureira – Apropriar-se e eternizar

O processo criativo de Renata Madureira funciona como um laboratório aonde compulsivamente apropria-se de imagens e as redefine sob uma ótica contemporânea.Tais apropriações, hora são de imagens naturais, hora de imagens de arquivo. Para clarificar tal classificação, consideremos as seguintes definições:• Imagens naturais: elementos encontrados na natureza, como folhas, frutos,

sementes, insetos e flores.• Imagens de arquivo: Imagens captadas pela retina humana através da fotografia

e obtidas pela artista através de sucessivas pesquisas em publicações, internet ou em arquivos pessoais.

Em Vermelhos tanto colocou em prática suas intervenções em fotografias antigas como apropriou-se da riqueza de elementos naturais que encontrou em Ilhabela/SP. Vivenciou a compulsão, própria de seu processo criativo, cuja recorrente experimentação a leva a produção de diversos trabalhos.

A artista anseia por dominar o tempo. Busca se não imortalizar velhas imagens, ao menos conferir-lhes longevidade.

Renata Madureira: Apropriar-se e eternizar

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Toma para si, transforma e devolve!

Usa processos da fotografia próprios do séculos XIX para com ajuda da luz solar revelar a silhueta dos elementos naturais que toma para si. Dessa forma, aquele vegetal ou inseto que pouco tempo permaneceria vivo, tem sua silhueta retida em uma tela. São os cianótipos que expostos em maior ou menor tempo ao sol, contornam de azuis imagens as quais se apropria e busca prolongar a vida.

Ao selecionar fotos antigas deixa explícita a acidez de seu humor. Imagens estranhas à sociedade atual, seja engraçada ou crítica aos hábitos e valores de um tempo que não volta mais. Trabalha essas imagens, hora eliminando detalhes, hora dando ênfase a situação retratada. Para daí transferi-las para a tela e se necessário novamente intervir com tinta.

Renata Madureira dialoga com a realidade da própria vida e sua efêmera condição, a vida passa e como rastro deixa o tempo cristalizado por meio de uma imagem fotográfica.O que é mais real? A banalidade da vida ou o registro dela eternizado em um fotografia?

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