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valeriya-rozhkova
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O século XVIII foi um século de algumas ambiguidades e indefinições, caracterizado por várias mudanças:
• Políticas: Revoluções liberais - Movimentações político-militares que, em
cada país, derrubaram o Absolutismo monárquico e implantaram a nova
ordem político-social do liberalismo;
• Económicas: novo dinamismo produtivo; novo comercio colonial; oficinas
domesticas; grandes manufaturas;
• Sociais: Crescimento populacional;
• Académicas: Desenvolvimento científico-técnico.
As consequências dessas mudanças foram:
• Ascensão social e política da burguesia: junto com a aristocracia política e
administrativa, esta classe formou a elite do Antigo Regime que beneficiou
do enriquecimento geral da época;
• Maior interesse pela educação e pela cultura: consequência da propagação
do pensamento iluminista, dominante no século XVIII. Considerava-se que
só pela educação seria possível levar os homens a perceber os erros em que
viviam e a reformar as sociedades segundo leis mais conformes à ordem
natural e à Razão.
AS LUZES (rupturas culturais e científicas):
No século XVIII, designou-se por Luzes o conhecimento racional, o saber
esclarecido, o único capaz de tornar claro (iluminar) todas as coisas. Aqueles que
aplicavam o conhecimento racional eram os iluministas, homens que ousavam
saber. Este valorizava o indivíduo por aquilo que ele possuía de mais valioso: a
sua Razão, único meio fidedigno para desvendar os segredos do Universo e
construir o conhecimento sobre a Natureza, os homens e as sociedades.
Concebia o conhecimento como o único meio de libertar o Homem da servidão,
dos preconceitos, dos erros e injustiças. O único caminho através do qual se
poderia construir o progresso e o bem-estar das populações, conduzindo-as à
felicidade , considerada como um direito natural de todos os homens e supremo
objectivo da sua existência.
O SALÃO
O Salão tornou-se o novo espaço de conforto e intimidade. A aristocracia começou
a passar mais tempo nas suas mansões privadas, que procurou tornar tão
confortáveis como a corte. A estética da moda privilegiava, na decoração dos
interiores, a beleza requintada e elegante, o luxo e a exuberância, a frivolidade, a
sensualidade e o intimismo. Assim, nasceu o Rococó que floresceu em ambientes
alegres, de bom viver. O crescente interesse das elites pelas coisas do espírito
tornou usuais as reuniões que tinham por objectivo o debate por áreas do saber, a
discussão literária, o exercício linguístico e a divulgação das línguas vivas ou a
apresentação de personalidades em voga - músicos, cantores de ópera, escritores,
filósofos e cientistas - à alta sociedade da época. Deste modo, o salão tornou-se o
centro de dinamização cultural!
O Rococó foi um movimento estético que floresceu na Europa entre o início e o fim do século XVIII. Nasceu em Paris por volta de 1715-20 como uma reação
da aristocracia francesa contra o Barroco suntuoso, palaciano e solene praticado no período de Luís XIV. Atingiu o seu apogeu em 1730 e entrou em declinio após
a morte de Luis XV (1774).
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Caracterizou-se acima de tudo pela sua índole hedonista e aristocrática, e na preferência por temas leves e sentimentais, estando nele impregnado um
espirito tolerante, crítico, irreverente, intimista e individualista que caracterizou o Homem do Século das Luzes. Fugiu assim às imposições canónicas apelando à
criatividade individual, excentricidade e a improvisação constante.
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Da França, onde assumiu a sua feição mais típica e onde mais tarde foi reconhecido como patrimônio nacional, o Rococó difundiu-se pela Europa e teve como importantes centros de cultivo a Alemanha, Inglaterra, Áustria e Itália, com
alguma representação também em outros locais, como a Península Ibérica, os países eslavos e nórdicos, chegando até mesmo às Américas.
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O rococó tem como principais características:
• Cores claras e suaves;
• Linhas delicadas, sinuosas e informais;
• Tons pastel e douramento;
• Representação da vida profana da aristocracia;
• Representação de Alegorias;
• Estilo decorativo;
• Unificação do espaço interno, com maior graça e intimidade;
• Texturas suaves;
Na arquitetura o rococó teve grande aceitação e desenvolvimento na Alemanha e na Austria. Esta é marcada pela sensibilidade, percebida na distribuição dos
ambientes interiores, destinados a valorizar um modo de vida individual e caprichoso. Dando-se principalmente nos espaços interiores ao nível de
adornação.
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Princípios:
• Diferenciação dos edificios dando atenção à sua função;
• Traçado exterior simples;
• Espaço interior que deve proporcionar conforto, comodida e intimidade;
• Uso de elementos decorativos barrocos, mais exagerados mas também mais
libertinos e sensuais;
• Novos elementos decorativos ( conchas, algas marinhas, rocalhos, etc);
• Utilização de materiais fingidos: falsos mármores (escariola), madeiras e estuques
pintados;
• Decoração excessiva, tanto nas fachadas quanto nos interiores;
• Curvas e contra curvas animam as paredes e os ritmos decorativos, afirmando a
assimetria;
• Artificialidade dos detalhes, mas sem a grandiosidade nem a religiosidade do barroco;
• Exagero formal.
Devido a isto a arquitetura civil foi a mais previligiada, aparacendo o hôtel e o château (palácio campestre).
Caracteristicas exteriores dos edificios:
• Perde-se a monumentalidade – edifícios baixos;
• Fachadas são mais alinhadas, nelas banem-se os elementos clássicos de decoração e
os ângulos retos sao suavizados por curvas;
• Os tetos apresentam ser de duas àguas;
• Porta e janelas são agora de maiores dimensões, encontram-se alinhadas na vertical
e na horizontal emolduradas com arcos de volta perfeita ou abatidos;
• Uso abundante do ferro furjado.
Os jardins seguem o exemplo do Barroco tendo um grande impacto na integração do cenário arquitetónico.
“É o tempo do efémero e do folguedo” m
Palácio de Queluz, Lisboa
Caracteristicas interiores dos edifícios:
• O plano das habitações centra-se no salão
principal;
• Divisões baixas, pequenas, independentes
e arredondadas;
• Paredes cobertas de exagerada decoração
pintadas em cores claras e ténues onde
sobressai o dourado e o prateado das
molduras dos painéis.
Arquitetura Relegiosa:
• Plantas longitudinais complexas;
• Exteriores simples mas cheios de janelas;
• Uso e abuso da concha como elemento decorativo;
• Decoração interior onde a pintura e a escultura se misturam com a arquitetura.
Próxima da estética barroca pela expressão plástica, mas igualmente oposta a ela pelas novas formas, objectivos e materiais, a escultura deste período
apresenta características inovadoras.
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Características específicas:
• Novos cânones estéticos – linhas curvas e contracurvas mais delicadas e fluidas;
• Na figura humana, utilizaram o cânone anatómico maneirista, de corpos alongados e
silhuetas caprichosas;
• Nos grupos escultóricos, as composições possuíam movimento e ritmo e um elevado
sentido cénico, fazendo o enquadramento perfeito da escultura com o cenário.
Podemos referir dois géneros:
• Escultura decorativa, parte integrante da arquitectura, cobrindo quase todas as
estruturas e superfícies construídas com rebuscados e movimentados relevos de
inspiração naturalista;
• Estatuária de pequeno porte, destinada sobretudo a interiores, com funções
decorativas e/ou de entretenimento.
Os materiais mais usados foram:
• A pedra e o bronze (esculturas grandes de exterior);
• O ouro e a prata (esculturas de pequena dimensão e objetos ornamentais);
• A madeira, a argila, o estuque e o gesso;
• A porcelana - biscuit (“O verdadeiro e inato material do Rococó”).
Abandono dos temas “nobres” e preferência por temas “menores”. Temas da pequena escultura: • Irónicos • Jocosos • Sensuais
Temas da estatuário monumental: • Mitológica • Profana • Religiosa
A pintura do Rococó divide-se em dois campos nitidamente diferenciados. Um deles forma um documento visual intimista e despreocupado do modo de vida e
da concepção de mundo das elites européias do século XVIII, e o outro, adaptando elementos constituintes do estilo à decoração monumental de igrejas
e palácios, serviu como meio de glorificação da fé e do poder civil.
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Temáticas:
• Cenas pastoris;
• Amor, sedução e erotismo;
• Hedonismo;
• Retrato.
Todos os temas foram tratados de forma ligeira e superficial. Composições ritmicas, exuberantes, ornamentados com elementos ligados ao mundo marinho, nos quais o cromatismo varias entre os brancos, azuis e rosas.
A pintura moral foi quase inexistente pois a decoração moral era feita através de pequenos painéis de tela colocados sobre os paineis decorativos fixos.
Antoine Watteau
Jean-Antoine Watteau (1684 – 1721) foi um grande pintor francês do movimento rococó era um homem inteligente e bastante esperto. Tendo sido uma das principais figuras deste período artístico, destacou-se pelas suas pinturas de temas galantes e pastorais. Brueghel, Bosch e Rubens foram suas principais inspirações, artistas que reconhecidamente se utilizavam da luz, sombra e de cores fortes nas suas obras.
François Boucher
François Boucher (1703 —1770) foi um pintor francês, um dos pintores que melhor soube interpretar o espírito do Rococó. É muito conhecido pelas suas pinturas idílicas (ambiente campestre e pelo amor suave e terno), plenas de volume e carisma, que vulgarmente recorriam a temas mitológicos e evocavam a Antiguidade Clássica.