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Aceleradora Serpro: Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade Serge Normando Rehem Viviane Dias Malheiros de Pinho Alexandre Rodrigues Gomes Tema: Gestão Pública Inovadora Nº de páginas: 30

Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

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Este trabalho apresenta a proposta da Aceleradora Serpro, cuja missão é fomentar a criação e o desenvolvimento de “startups internas”, para maximizar o sucesso de projetos de inovação, e estruturar um modelo de execução da inovação baseado nos 3 Ps: Protótipo, Piloto e Produto. Diferente das aceleradoras tradicionais, que alavancam outras empresas em troca de participações societárias, uma aceleradora intra-empresa deve focar em promover o empreendedorismo interno e disseminar inovação para as outras áreas na empresa. Em última instância, a recompensa da Aceleradora Serpro será facilitar a geração de produtos e serviços inovadores que facilitem a vida do cidadão, economizando seu tempo e dinheiro no acesso aos serviços públicos. Palavras-chaves: empreendedoris

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Aceleradora Serpro: Transformando Ideias emServiços Inovadores com Intraempreendedorismo e

Agilidade

Serge Normando Rehem

Viviane Dias Malheiros de Pinho

Alexandre Rodrigues Gomes

Tema: Gestão Pública Inovadora

Nº de páginas: 30

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Folha de Rosto

Título do Trabalho: Aceleradora Serpro: Transformando Ideias em Serviços Inovadores com

Intraempreendedorismo e Agilidade

Tema: Gestão Pública Inovadora

Currículos

Serge Normando Rehem é Especialista em Sistemas Distribuídos pela UFBA (Universidade

Federal da Bahia) e possui MBA em Administração pela Unifacs (Universidades Salvador). Já

liderou o grupo de usuários JavaBahia, fundador do evento e Grupo LinguÁgil, que divulga as

Metologias Ágeis e a filosofia do Programador Poliglota. Analista de sistemas do Serpro desde

1997, atualmente lidera a regional Salvador da Coordenação Estratégica de Tecnologia (Cetec).

Viviane Malheiros é doutora pela USP (Universidade São Paulo) e Project Manager Professional

(PMP). No Serpro há 16 anos, atualmente na Cetec, coordena inovações e pesquisas aplicadas

no tema experiência do usuário (ex.: mobilidade e mapas). Foi pesquisadora visitante na

University of Maryland, Baltimore County, EUA; e colaboradora do projeto internacional Qualipso.

Viviane tem ampla experiência em melhoria de processo e gestão de desenvolvimento de

software. Possui trabalhos publicados em eventos nacionais e internacionais.

Alexandre Rodrigues Gomes é Sócio-Diretor da SEA Tecnologia, em Brasília. Junto com sua

equipe, foi pioneiro na prestação de serviços profissionais em Software Livre e Métodos Ágeis

para o Governo Federal e compartilha hoje com seus clientes a visão da TI como política pública

para a entrega de valor ao cidadão, da promoção da transparência, da participação e do controle

social.

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Resumo

Na busca por inovação, muitas organizações tendem - inicialmente e equivocadamente - a focar

apenas na criatividade. Sistema de coletas de propostas, ambientes físicos divertidos e informais,

fomento à participação dos funcionários em eventos, incorporação de novos chavões ao

vocabulário. Resultado: ideias, muitas ideias. Criatividade é fundamental para inovação, mas não

é suficiente garanti-la. Tão importante quanto uma boa ideia, são os mecanismos e a estratégia

para assegurar sua incorporação à rotina da organização, agregando valor ao negócio. Sem

estes, um “sistema de inovação” pode cair em total descrédito. Projetos com alto potencial muitas

vezes fracassam porque são conduzidos no mesmo ritmo e forma que os tradicionais. É preciso

compreender que realizar as operações diárias é diferente de “executar inovação”, embora ambas

sejam essenciais para a sobrevivência das empresas em longo prazo. Para as atividades

operacionais, o foco é repetir com ajustes, melhorando sempre. No cerne da inovação estão a

incerteza, os riscos e as mudanças, que exigem quebrar regras, pensar e agir diferente. Para

inovar de fato, as questões principais são: como transformar uma boa ideia em produto inovador?

E mais, como fazer a transição e incorporar uma inovação ao processo produtivo? Cultura,

métodos, técnicas e processos precisam ser repensados e adequados. É preciso definir uma

estratégia e mecanismos que enfatizem a “execução da inovação” e a sua “transição para o dia a

dia”. Neste sentido, este trabalho apresenta a proposta da Aceleradora Serpro, cuja missão é

fomentar a criação e o desenvolvimento de “startups internas”, para maximizar o sucesso de

projetos de inovação, e estruturar um modelo de execução da inovação baseado nos 3 Ps:

Protótipo, Piloto e Produto. Diferente das aceleradoras tradicionais, que alavancam outras

empresas em troca de participações societárias, uma aceleradora intra-empresa deve focar em

promover o empreendedorismo interno e disseminar inovação para as outras áreas na empresa.

Em última instância, a recompensa da Aceleradora Serpro será facilitar a geração de produtos e

serviços inovadores que facilitem a vida do cidadão, economizando seu tempo e dinheiro no

acesso aos serviços públicos.

Palavras-chaves: empreendedorismo, inovação, startup, agilidade, aceleradora

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SumárioIntrodução........................................................................................................................................ 41. Inovação ......................................................................................................................................6

1.1. Conceituação........................................................................................................................61.2. Principais Barreiras...............................................................................................................71.3. Modelo A-F e o Sistema de Inovação Total...........................................................................81.4. O DNA do Inovador...............................................................................................................91.5. A Inovação no Serpro..........................................................................................................10

2. Empreendedorismo e Startups...................................................................................................132.1. A Startup Enxuta.................................................................................................................142.2. Startups internas e inovação...............................................................................................152.3. Experimentação, erro e aprendizado..................................................................................162.4. Acelerando as iniciativas de inovação.................................................................................17

3. Aceleradora Serpro....................................................................................................................193.1. Serviços oferecidos pela aceleradora.................................................................................19

3.1.1. Competências.............................................................................................................203.1.2. Conexões....................................................................................................................223.1.3. Experimentação..........................................................................................................233.1.4. Execução....................................................................................................................24

3.2. A Aceleradora na estrutura organizacional do Serpro.........................................................253.4. A equipe de inovação..........................................................................................................263.4. Fontes de ideias para a execução da inovação..................................................................27

Conclusão......................................................................................................................................28Referências....................................................................................................................................29

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Introdução

Para melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, o governo brasileiro precisa inovar.

Em um mundo cada vez mais rápido, conectado e com tantas informações disponíveis, a

população demanda por serviços mais rápidos, menos burocráticos e acessíveis de

qualquer lugar. Um canal direto de comunicação, o cruzamento de informações, a

velocidade de disponibilização das informações e serviços, além da integração entre os

mesmos, são cada vez mais necessários. Neste contexto, a tecnologia da informação tem

um papel fundamental. Por isso, a inovação para o Serpro é tão crucial. Como grande

parceiro de órgãos do governo no provimento de serviços, o Serpro precisa estar atento a

novidades e rápidas mudanças tecnológicas e apropriar-se deste conhecimento para

propor serviços cada vez mais diferenciados e adequados.

Alguns projetos de inovação tecnológica, iniciativas para gestão da inovação e

discussões para nivelar o conhecimento em torno do tema estão em andamento na

empresa (Seção 1.4). Isto é muito bom. Mas, estas inciativas, sistemas de coleta de

ideias, fomento a participação em eventos, colaboração e recurso financeiro para algumas

ideias são apenas um lado da moeda. Para de fato inovar - trazer novidade com valor

agregado para os serviços oferecidos - duas questões principais precisam ser

respondidas : Como transformar uma boa ideia em um produto inovador? Como fazer a

transição e incorporar uma inovação no processo produtivo?

Para isto, é importante: (i) questionar e rever processos, ferramentas, métodos e

tecnologias; (ii) aproximar-se do cliente final, o cidadão; e (iii) repensar a cultura,

aumentando o gosto pela mudança e diminuindo a apego pela estabilidade. É preciso

definir uma estratégia e novos mecanismos que enfatizem a “execução da inovação” e

sua “transição para o dia a dia”.

Neste sentido, este trabalho propõe a criação da Aceleradora Serpro para

promover o empreendedorismo interno, disseminar a inovação para outras áreas da

empresa e fazer a ponte entre as mudanças tecnológicas externas, projetos inovadores

isolados e a produção em escala de serviços diferenciados e inovadores.

A inspiração para propor a Aceleradora Serpro veio do modelo de startups.

Responder rapidamente a mudanças; correr riscos e, eventualmente, fracassar: tudo isso

faz parte do dia a dia dos empreendedores e das startups. É possível aprender como

estes pensam e agem; para promover internamente em uma grande empresa a agilidade

e a capacidade de enxergar além do cotidiano.

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A Aceleradora Serpro aparece para viabilizar uma estratégia de inovação

tecnológica para o Serpro, com a missão de fomentar a criação de startups internas e

aumentar a chance de projetos inovadores. Em última instância, a Aceleradora Serpro

facilitará a geração de produtos e serviços inovadores que melhorem a vida do cidadão,

economizando seu tempo e dinheiro no acesso aos serviços públicos.

Na primeira parte deste trabalho, serão apresentados os conceitos chave para

compreender a inovação e as dificuldades e armadilhas encontradas na sua implantação

em empresas de grande porte (Seção 1). Além disso, serão apresentados: conceitos de

empreendedorismo e o que são e como trabalham as empresas startups (Seção 2) e as

aceleradoras.

A segunda parte do trabalho apresenta a proposta de Aceleradora Serpro (Seção

3), discorrendo sobre a estratégia para inovação e os serviços oferecidos.

Nas conclusões, os principais assuntos discutidos são retomados, além de

sugeridos alguns trabalhos futuros almejando ultrapassar as fronteiras da empresa.

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1. Inovação

1.1. Conceituação

Inovação, na sua etimologia, significa novidade ou renovação [1]. A palavra é derivada do termo

latino innovation, e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece

com padrões anteriores. No livro O Outro Lado da Inovação [2], os autores simplificam: Inovação é

“Qualquer projeto que é novo para você e possui resultados incertos”. Neste trabalho, será

utilizada uma definição simplificada que abrange tanto a perspectiva de novidade, quanto a de

execução e entrega de valor: inovação é algo que traga novidade e valor agregado.

Do ponto de vista empresarial, a inovação pode materializar-se de várias formas. O Manual

de Oslo [3] traz uma definição para inovação que destaca as diferentes possibilidades de

materialização : “Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou

significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo

método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas

relações externas.” Esta definição focada em implementação é adotada pela Pesquisa de

Inovação Tecnológica (PINTEC)1 [4], consequentemente utilizada em muitas empresas brasileiras.

A Figura 1 apresenta uma tipificação da inovação de acordo com estes níveis de implementação.

Figura 1: Tipos de implementação da inovação. Adaptado de [3]

Sob a ótica do impacto da mudança, a inovação pode ser classificada de duas formas [5]:

• incremental (também chamada de sustentadora ou gradual): “é uma tecnologia que

1 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio da Financiadora deEstudos e Projetos – FINEP, lançou 5 edições da Pesquisa de Inovação (PINTEC) - 2000, 2003, 2005, 2008 e 2011,visando a criar um sistema de informações sobre as atividades de inovação das empresas no Brasil. São pesquisadasempresas industriais e de determinados serviços selecionados seguindo recomendações internacionais.

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resulta em um produto ou serviço melhor". Não se trata de um valor menor na equação da

inovação e fornece proteção em relação à corrosão causada pela concorrência [6,7];

• radical (encontra-se também como ruptora ou disruptiva): traz um novo conjunto de

atributos que permitem ao produto ser usado de uma maneira diferente dos que existiam

antes. Rompe as trajetórias existentes, inaugurando uma nova rota de tecnologia [6].

Alguns autores [8] ainda sugerem um tipo intermediário, semirradical. O quadro da Figura 2

ajuda a classificar a inovação considerando Modelo de Negócio e Tecnologia.

Figura 2: Classificando a inovação. Extraído de [8].

1.2. Principais Barreiras

“Preciso de inovação na minha empresa: vou colocar uns móveis maneiros e uns puffs coloridos,

uma sala de jogos, promover umas palestras legais e liberar uma tarde por semana para meu

pessoal fazer o que quiser”.

O resultado da “estratégia” acima pode ser apenas um bocado de ideias, sem gerar uma

inovação. Além da real compreensão do significado da inovação (Seção 1.1), a confusão de

Inovação com criatividade é um dos principais problemas apontados por Kottler e Trias de Bes [8].

A falta de coordenação e controle é outra dificuldade comum. Ninguém sabe exatamente

quem são os responsáveis pelos processo de inovação da empresa. Por mais que se deseje uma

empresa onde a inovação esteja totalmente incorporada nos processos e na cultura, sem uma

estratégia de implantação e métodos de acompanhamento de desempenho é muito difícil

concretizar resultados estruturados.

O foco no curto prazo e nas operações cotidianas é apontado como a principal barreira à

inovação por 71% dos altos executivos que responderam à pesquisa Business Innovation Survey,

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2008 [9]. As empresas enfrentam o desafio de conciliar a eficiência diária, a manutenção das

regras e o sistema de trabalho com os processos de mudança, melhoria e inovação.

1.3. Modelo A-F e o Sistema de Inovação Total

Na literatura, é comum encontrar processos de inovação abordados como um livro de receitas ou

um manual de instrução. Com algumas variações de nomenclatura, as fases propostas por vários

autores são organizadas como na Figura 3.

Objetivos → Pesquisa → Ideias → Avaliação → Desenvolvimento → Lançamento

Figura 3: Fases comuns a processos de inovação. Adaptado de [8].

Acontece que pode ser um erro considerar que todo e qualquer projeto inovador precisa

passar necessariamente por todas essas fases e de forma sequencial. Para Kottler e Trias de Bes

[8], fases ou estágios de um processo de inovação não podem ser predeterminados, mas devem

emergir como resultado de um conjunto de funções ou papéis desempenhados por certos

indivíduos. Esta é a proposta do Modelo A-F. Um conjunto de seis funções básicas que devem ser

atribuídas a pessoas específicas a cada projeto, conforme a necessidade. Cada equipe é livre

para criar seu processo e determinar quais são as interações necessárias. As seis funções

básicas são [8]:

• (A)tivadores – iniciam o processo, sem preocupação com estágios ou fases;

• (B)uscadores – investigam. Especialistas em buscar informações e fornecê-las para o

grupo

• (C)riadores – produzem ideias para o restante do grupo. Concebem novos conceitos e

possibilidades

• (D)esenvolvedores – transformam ideias em produtos. Inventam coisas.

• (E)xecutores – implementam e executam. Levam a inovação para a organização e o

mercado.

• (F)acilitadores – aprovam despesas e investimentos. Evitem paralização. Instrumentam o

processo.

A dinâmica de interação entre as seis funções é resumida na Figura 4, fazendo-se um

paralelo com os conhecidos “seis Is da inovação”.

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Figura 4: Modelo A - F. Adaptado de [8]

Embora aprofundar no Modelo A - F esteja fora do escopo deste trabalho, uma

noção superficial da existência desses perfis, e do principal papel de cada um, é importante para

compreender a proposta da Aceleradora Serpro, mais adiante.

1.4. O DNA do Inovador

Que hábitos comportamentais os principais inovadores da nossa era tem em comum?

Responder esta pergunta é o objetivo livro o DNA do Inovador [13]. Fruto de pesquisas com 500

inovadores e outros 500 executivos, os autores identificaram cinco competências de descoberta,

apresentadas na Figura 5:

• pensamento associativo, ou associação: a habilidade de combinar ideias, problemas e

questões que aparentemente nada tem a ver entre si;

• questionar, desafiando com frequência o status quo;

• observar, prestando atenção ao mundo a sua volta;

• cultivar o networking, descobrindo e testando ideias por meio de uma rede diversificada

de pessoas com experiências e perspectivas diferentes;

• experimentar, constantemente testando ideias novas.

Figura 5: O DNA do Inovador. Extraído de [13].

Ao contrário dos inovadores, que buscam transformar modelos de negócio, produtos ou

processos existentes, a maior parte dos executivos trabalha para oferecer de forma eficiente a

próxima etapa do que deve ser feito dentro do modelo de negócio existente. Ou seja, trabalha

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dentro dos padrões estabelecidos. Tais executivos são excelentes na execução de quatro

competências de transmissão: analisar, planejar, implementar com atenção aos detalhes e

executar de forma disciplinada [13].

À primeira vista, o perfil dos executores pode parecer desinteressante para a ótica da

inovação, uma vez que eles têm dificuldade de “pensar fora da caixa”. No entanto, como será visto

do decorrer deste trabalho, tais competências são essenciais para transformar uma ideia

inovadora em realidade. É necessário equilibrar os diferentes perfis para que os resultados de

inovação almejados sejam efetivamente alcançados.

1.5. A Inovação no Serpro

No Serpro, desde 2010, existe uma política de inovação (DE-020/2010) [10], que visa estruturar as

ações voltadas para o tema e adota como referencial as definições de inovação do Manual de

Oslo[3]. Segundo esta política, no contexto de governo, investimentos em pesquisa,

desenvolvimento e inovação (P&DI) se traduzem em maior capacidade das suas instituições em

responder à sociedade, o que vai além do ganho com produtividade, ainda que este permaneça

como objetivo importante.

Destacam-se na política de inovação do Serpro as diretrizes: fomentar o conhecimento científico-

tecnológico, bem como a inovação gerada por ele; promover ações que estimulem o

desenvolvimento das competências ligadas ao espírito inovador; tornar disponíveis tecnologias

que facilitem a criação de produtos e processos inovadores; incorporar o risco como parte natural

do processo de inovação; e garantir um processo de disseminação da cultura da inovação.

O Serpro também possui um Programa de Inovação, desde 2011 (OE 116/2011) [11]. Este

programa não detalha como a inovação pode ser implementada de fato, mas apenas aponta, de

forma bem resumida, algumas estratégias para garantir o seu sucesso. O Serpro, está

estabelecendo um grupo de trabalho (comitê) para revisar e complementar o programa, o que

poderá resultar na proposição de um modelo de inovação para a empresa.

Um de Processo de Inovação (PSIn) [12] também foi proposto pelo Serpro. Montado de

forma multidisciplinar a partir de um grupo de trabalho, o PSin foca a captação e seleção de ideias

propostas por empregados, visando também garantir incentivos financeiros para a execução das

escolhidas.

Política, Programa e Processo são iniciativas complementares ainda não implantadas no

Serpro. Percebe-se claramente que estão mais focadas na gestão da inovação e não na sua

execução ou transição para o dia a dia.

Existe ainda outra iniciativa mais focada em inovação tecnológica. O planejamento

estratégico atual do Serpro busca tratar o nó crítico "Iniciamos a inovação pela tecnologia e não

pelo negócio". Esta visão é compatível com a definição de Nicholas Donofrio de que “inovação é a

criação de mais valor na interface entre tecnologia e o modelo de negócio”, citada por [7]. Assim,

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estão previstos: (i) a geração de protótipos funcionais para cada uma das linhas de inovação

tecnológica da empresa, a saber: Mobilidade, Geo, Plataforma como Serviço e Mineração de

Dados; e (ii) ciclos de capacitação - tecnologia para o negócio e negócio para tecnologia.

Existe uma coordenação estratégica focada em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&DI)

tecnológica na empresa, além de uma área de ações governamentais que também trata do tema

inovação.

Alguns produtos e serviços desenvolvidos pelo Serpro são considerados inovadores no

Brasil e no mundo. Os sistemas de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) são dos mais

conhecidos, notoriamente em função do seu programa de preenchimento de declarações e

sistema de envio eletrônico pela internet. As soluções para dispositivos móveis, uma inovação

recente fruto de mais um bem sucedido trabalho de parceria com a Receita Federal, estão em

destaque na Revista Tema de julho de 2013 (Figura 6).

Figura 6: Capa da Revista Tema, 218 de julho de 2013

Apesar das iniciativas e exemplos mencionados, observa-se que o Serpro é conservador

no que tange a promoção da inovação. Muitos dos produtos/serviços desenvolvidos são software

sob demanda. Poucas vezes serviços são oferecidos para antecipar a necessidade do cliente

(governo). Além disso, percebe-se uma grande importância dada a controle e qualidade dos

processos de desenvolvimento e produção, que são necessários em estratégias voltadas para

baixo custo ou aumento da eficiência operacional e, não necessariamente, para inovação.

As discussões em andamento ainda não propõem uma estruturação ou direcionamento

das ações de inovação com ênfase na execução da inovação e na sua transição para operação

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contínua. A proposta apresentada neste trabalho visa justamente preencher esta lacuna.

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2. Empreendedorismo e Startups

Robert D. Hisrich [14] define empreendedorismo como o processo de criar algo diferente e com

valor, dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos - financeiros, psicológicos e

sociais – correspondentes, e recebendo como recompensa a satisfação econômica e pessoal. Em

1952, Schumpeter [15], já associava a imagem do empreendedor ao inovador: "O empreendedor

é a pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos

produtos/serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos

materiais e tecnologias".

O termo empreendedor vem do francês entrepreneur e significa aquele que assume riscos

e começa algo novo. Segundo Chiavenato [16], o empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera

um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e

inovando. O autor [16] destaca três características básicas que identificam o espírito

empreendedor (Figura 7): 1) necessidade de realização; 2) disposição para assumir

riscos, afinal convivem diariamente com a possibilidade de fracasso financeiro, desavenças

familiares, consequências psicológicas; e 3) autoconfiança - acreditam em suas habilidades

pessoais para superar desafios.

Figura 7: As três características básicas do empreendedor. Extraída de [16]

Em resumo, o espírito empreendedor envolve emoção, paixão, impulso, inovação, risco e

intuição[16]. Intraempreendedor (ou Empreendedor Corporativo [17]) é o termo utilizado quando o

colaborador apresenta este perfil, tratando o negócio da empresa como se fosse o seu dono e

assumindo total responsabilidade por suas ações. O processo em que o indivíduo ou grupo de

uma organização existente cria um novo empreendimento ou desenvolve uma inovação é,

portanto, conhecido como intraempreendedorismo.

Grandes corporações muitas vezes tentam imitar os pequenos negócios, justamente para

ganhar agilidade na tomada de decisões e nas alterações de rumo com relação aos seus

mercados, produtos e serviços. Recentemente, algumas grandes corporações começam a

incorporar o modelo de pequenas empresas chamadas: “startups”.

O termo startup já foi sinônimo de iniciar uma empresa e colocá-la em funcionamento. Uma

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definição mais atual e aceita, a partir da publicação do livro A Startup Enxuta [18] é: "é uma

instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema

incerteza”.

2.1. A Startup Enxuta

Buscando inspiração no Pensamento Lean, da Toyota, Eric Ries [18] sugere um método de

trabalho baseado em pequenos lotes e vários ciclos curtos Construir-Medir-Aprender (Figura 8).

O autor pressupõe que não é possível trabalhar com as metodologias/ técnicas/

ferramentas tradicionais, considerando o cenário de incerteza enfrentado pelas startups. Ele

apresenta o conceito de Produto Mínimo Viável (MVP – Minimum Available Product), o menor

esforço necessário para se dar uma volta completa nesse ciclo, acelerando assim, o aprendizado.

Um MVP pode ser uma landing page2, um protótipo, uma pesquisa, qualquer coisa que busque a

validação de uma estratégia.

Figura 8: Ciclo contruir-medir-aprender. Adaptado de [18]

Com foco em experimentação e construção de Produtos Mínimos Viáveis que permitam

obter feedback constante dos potenciais clientes, é possível eliminar desperdícios construindo "o

produto certo", mudando a estratégia ("pivotear") sempre que necessário (e baseando-se em

métricas úteis).

Aprender implica em fazer previsões melhores, uma capacidade de eminente e

imediatamente prática. Dada à novidade e a incerteza dos projetos inovadores, as suposições

iniciais são meros palpites. À medida que se aprende, as suposições são convertidas em

conhecimento. Os palpites se tornam estimativas com base em informações, que tendem a se

tornar previsões confiáveis (Figura 9) [2].

2 Landing page é a página de destino ou página de entrada, é a página por onde o visitante chega a um site, quando um usuário clica em um resultado de busca ou em um anúncio de banner ou links patrocinados, Definição da Wikipedia.

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Figura 9: Aprendizado melhoram previsões. Adaptado de [2]

2.2. Startups internas e inovação

Foi a leitura do capítulo 12 do livro a Startup Enxuta [18] que provocou a ideia da Aceleradora

Serpro. O autor discorda da sabedoria convencional que sustenta que as empresas, quando ficam

maiores, perdem a capacidade de inovar. A visão dele é que os empreendedores podem construir

organizações que equilibrem a manutenção dos clientes e modelos de negócios existentes com a

aquisição de novos clientes a criação de novos modelos de negócio. Para ter êxito, as equipes de

inovação devem ser estruturadas como startups internas dentro da organização. Elas devem

possuir três atributos estruturais:

• recursos escassos, mas seguros - Em grandes organizações é comum a

necessidade de ações políticas para garantia de orçamentos. Não é rara a perda repentina

de, por exemplo, 10% do orçamento, implicando em medidas emergenciais de redução de

gastos nos departamentos. Acostumada a operar “no limite”, a mesma perda de 10%

poderia ser fatal em uma startup. Por esta razão a ideia é ter orçamentos reduzidos, porém

protegidos de interferências externas.

• autoridade independente para desenvolvimento - A quantidade de aprovações e

interferência encontradas em projetos de grandes organizações é um dos grandes

responsáveis pela demora e ineficiência. As startups internas devem ter autonomia para

construir produtos e serviços reais, não apenas protótipos, sem tanta interrupção. Esses

obstáculos desaceleram o ciclo construir-medir-aprender e devem ser mantidos no menor

nível possível. Por isso, é altamente recomendável a formação de equipes multifuncionais,

com dedicação integral dos representantes de todas as áreas envolvidas na criação ou

lançamento dos produtos iniciais.

• interesse pessoal no resultado - em organizações governamentais sem fins

lucrativos, a recompensa financeira não deve ser o principal motivador. As pessoas das

equipes precisam, portanto, identificar seu interesse pessoal em colaborar com o projeto.

Os fatores são inúmeros: testar seu potencial, gosto por desafios, aprendizado de novas

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Palpites Previsõesconfiáveis

Estimativas com base em

informações

Aprendizado

Pre

visã

oTempo

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ferramentas, métodos ou tecnologias, desejo de reconhecimento da alta direção e dos

colegas, a oportunidade de liderar novos projetos inovadores ou simplesmente o

sentimento de fazer parte de algo importante.

2.3. Experimentação, erro e aprendizado

Assim como uma startup convencional, uma startup interna carece de espaço e liberdade para

experimentação, erro e aprendizado. A recomendação de Ries [18] é que deve ser criado um

mecanismo claro e transparente de dar poder às equipes de inovação montadas como startups

internas. Ele considera um erro ocultar a inovação da organização como um todo, por exemplo

utilizando atividades secretas ou equipes de inovação fora da sede. O clima gerado pode ser de

desconfiança.

O raciocínio inverso também é necessário: Como proteger a organização controladora das

startups internas? Afinal pode ser perigoso disseminar a experimentação e as possibilidades de

falha em qualquer produto ou serviço da empresa. Deve-se lembrar que o lucro é fruto de

operação continuada e estáveis, então há que se estabelecer limites. Ries [18] sugere que seja

delimitada uma área restrita (sandbox) para a inovação, que permita experiências em apenas

partes restritas do produto ou serviço. Também podem ser estabelecidas regras como: nenhum

experimento pode afetar mais do que uma quantidade específica de clientes, todo experimento

deve ser realizado em ciclos de até tantas semanas (poucas semanas, para inovações

incrementais; um pouco mais de tempo, para as disruptivas). As equipes devem monitorar as

métricas e reações dos clientes de todo experimento e cancelá-lo se algo catastrófico acontecer.

As empresas devem enxergar a importância dos perfis de inovação e execução. O

Empreendedor pode ser visto como um cargo, fornecendo uma carreira promissora para os

profissionais que gostam de criar (mas não de manter) coisas novas. Aos intraempreendedores

deve ser dado o direito de seguir junto com um produto, ou então monta-se uma estratégia para

transferência de conhecimentos e capacitação de uma nova equipe. O mesmo vale para os

executores que desejem participar do início de outras inovações. É saudável esta migração em

dois sentidos, afinal assim as equipes de inovação não ficam desconectadas da realidade, nem os

executores totalmente agarrados ao status quo. Todos ganham.

2.4. Acelerando as iniciativas de inovação

Uma startup também é considerada uma empresa em estágio de desenvolvimento em um

ambiente de alta incerteza que busca um modelo de negócio escalável e de alto impacto [19].

Uma empresa estabelecida que já tenha claro o seu produto e seu mercado, portanto, não se

enquadra nesta categoria.

Normalmente formadas por equipes pequenas e contando com poucos recursos, muitas

vezes as startups buscam apoio externo para acelerar o processo de encontrar um modelo de

16

Page 18: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

negócio rentável. As incubadoras e aceleradoras podem fornecer este apoio.

Ribeiro [19] explica as principais diferenças entre as duas: “Os trabalhos que uma

aceleradora e uma incubadora realizam são similares, principalmente no sentido de que elas

apoiam empresas incipientes ou nascentes. Geralmente, uma incubadora trabalha com empresas

ainda em prototipagem ou com o desenvolvimento de uma tecnologia que ainda não é um

negócio. Já uma aceleradora costuma trabalhar com empresas que estão na sua fase de

validação de produto e mercado, ou seja, em geral estas empresas (startups) já têm um MVP

(Minimal Viable Product) para testar suas hipóteses.”.

A definição da Wikipedia3 é mais sucinta: Aceleradoras são um tipo moderno de

incubadoras de empresas. Diferentemente das incubadoras, que geralmente são financiadas pelo

governo, as aceleradoras são empresas com fins lucrativos e financiadas com capital privado.

As aceleradores lançam processos de participação aberta, procurando apoiar

financeiramente as startups selecionadas, além de oferecer consultoria, treinamento e

participação em eventos durante um período de três a seis meses, normalmente. Em troca, as

aceleradoras recebem participação acionária nas startups.

Acompanhando o ambiente favorável ao empreendedorismo e inovação encontrados no

Brasil atualmente, o Ministério de Ciência e Tecnologia lançou o programa Startup Brasil4,

apoiando projetos na área de TI que sejam inovadores e colaborem para o desenvolvimento

nacional. A meta é acelerar 150 startups de software e serviços de TI até 2016, sendo até 25%

delas internacionais. As três fases consistem em selecionar primeiro as aceleradoras, depois as

startups e enfim executar os processos de aceleração.

Já estão previstas 3 edições até 2016, envolvendo um montante total de R$40 milhões.

Este bom exemplo de investimento do governo é um estímulo à proposição deste trabalho:

incentivar também o intraempreendedorismo, valorizando os profissionais inovadores que

trabalham dentro da máquina pública e que muito podem contribuir.

* Apenas MCTI e suas agências (CNPq ou FINEP).

3 Wikipedia, definição de Aceleradora: http://pt.wikipedia.org/wiki/Aceleradora4 Programa Startup Brasil: http://startupbrasil.mcti.gov.br

17

Page 19: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

Tabela 1: Programa Startup Brasil. Fonte http://startupbrasil.mcti.gov.br/programa

18

Page 20: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

3. Aceleradora SerproA Aceleradora Serpro proposta neste trabalho está alinhada com as diretrizes da Política Serpro

para inovação, apresentada na Seção 1.4 e concretiza algumas das diretrizes, apresentando uma

proposta de como realizá-las na prática.

A Aceleradora Serpro complementa as iniciativas de trabalhar o tema de inovação na

empresa (Seção 1.4). A proposta é contemplar na organização um espaço para vencer as

barreiras: da burocracia; do foco em aumento da eficiência operacional; do excesso de

padronização; do medo de errar e da pressão de entregas emergenciais.

A premissa para atuação da Aceleradora é que o projeto a ser acelerado traga uma

inovação tecnológica. Os objetivos da Aceleradora Serpro são:

• estimular o intraempreendedorismo; fomentando a criação e o desenvolvimento

de “startups internas”, para maximizar o sucesso de projetos de inovação, acelerando-os;

• disseminar a inovação para outras áreas da empresa, tratando da transferência de

uma tecnologia inovadora para a empresa;

• promover a experimentação, enfatizando a prototipação e o aprendizado por meio

de pilotos (estudos de caso);

• apoiar a execução de uma ideia inovadora até que esta se torne um produto ou

serviço com real entrega de valor para o cliente.

A ideia de criar uma Aceleradora Serpro é permitir que um grupo de pessoas com

conhecimento e, principalmente perfil adequado, fique disponível para promover a aceleração de

projetos por meio de consultoria, transferência tecnológica, estabelecimento de conexões. Os

serviços que podem ser oferecidos pela Aceleradora para a empresa estão descritos na Seção

3.1, enquanto que considerações sobre o perfil da equipe aceleradora são colocadas na Seção

3.4.

Para desempenhar bem o seu papel é importante que a Aceleradora esteja integrada a

estrutura organizacional (Seção 3.2). Só assim, a Aceleradora Serpro poderá promover a

inovação, com ênfase em execução, buscando a sinergia com as equipes já estruturadas no

Serpro e por meio: da experimentação de novas ideias, estratégias e tecnologias; da

variedade na utilizacao de metodos, tecnicas e ferramentas, e de uma grande flexibilidade

na execucao de tarefas. Estes são fatores críticos para o sucesso da inovação.

3.1. Serviços oferecidos pela aceleradora

A coisa mais importante que uma aceleradora tem para oferecer não é o dinheiro, mas sim acesso

ao conhecimento, experiência, ideias para contornar problemas, metodologias de aceleração,

pessoas especialistas [21]. Esses recursos são muito mais valiosos do que o dinheiro,

19

Page 21: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

principalmente em se tratando de empresa de grande porte como o Serpro. É por meio dos

serviços propostos que é possível estabelecer um clima de empreendedorismo interno, garantindo

agilidade na condução dos projetos e flexibilidade na execução de processos tradicionais que nem

sempre serão compatíveis com a inovação sendo introduzida.

Uma visão iconográfica da proposta de Aceleradora Serpro é apresentada na Figura 6 e

consolida a base conceitual exposta nas duas primeiras seções deste trabalho. Nesta visão, é

possível perceber os princípios que orientam as atividades da Aceleradora: agilidade,

empreendedorismo e inovação, os acionadores no centro da Figura 8. É possível também

visualizar de forma categorizada os serviços (valor a ser agregado) que a Aceleradora pode

oferecer.

Figura 10: Serviço oferecidos pela Aceleradora Serpro

Estes serviços foram organizados em 4 dimensões, apelidadas de C2E2, de acordo com

sua natureza. Cada dimensão é representada na Figura 105: Competências, Conexões,

Experimentação e Execução.

3.1.1. Competências

Competência é a integração e a coordenação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e

atitudes (C.H.A.) que, na sua manifestação, produzem uma atuação diferenciada6. Por contar com

profissionais experientes e capacitados, a Aceleradora Serpro pode auxiliar as startups internas na

aquisição das competências necessárias ao desafio enfrentado. A ideia não é oferecer um pacote

5 A Figura é baseada no formato do brinquedo Genius. um brinquedo muito popular na década de 1980 que buscava estimular a memorização de cores e sons.6 Definição da Wikipedia, em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Competência_(administração)

20

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pronto, mas sim uma atuação sob medida direcionada a cada pessoa da equipe. O objetivo

somatório dos conhecimentos, habilidades e atitudes encontrados numa equipe multidisciplinar

seja suficiente para garantir o sucesso dos projetos de inovação.

Para ter sucesso nesta atuação, é importante que os profissionais da Aceleradora estejam

atualizados quanto aos conceitos de inovação, empreendedorismo e startups aqui resumidos. No

campo do “saber” (conhecimentos), existem várias técnicas/metodologias/ferramentas inovadoras

que podem ser aplicadas em cenários de risco e incerteza, como Design Thinking, Business

Model Canvas, Personas, Métodos Ágeis de Desenvolvimento de Software (Scrum, XP, FDD),

Pensamento Lean, Customer Development, Personas, Lean Validation Board, User Experience

(UX) dentre outros7. Novidades surgem todo dia, novas buzzwords, então há que se evitar os

modismos. Conhecer as possibilidades e saber indicar a solução certa para o problema é um dos

desafios da Aceleradora.

No campo do “saber fazer” (habilidade), na Aceleradora deve existir pessoas capazes de

se comunicar bem, trabalhar em equipe e transmitir conhecimentos sobre as mais diversas

formas: seminários, cursos, workshops, palestras, consultorias, mentorias. Conhecer e saber

aplicar algumas das ferramentas aqui citadas também é fundamental, pois sentar e trabalhar junto

com as startups aceleradas pode ser um dos métodos mais eficazes de capacitação.

No campo do “comportamento” (atitudes), é fundamental apresentar o espírito

empreendedor. Iniciativa, bom-humor, comprometimento, disposição, gosto por desafios.

Vale salientar todas as competências desejáveis nas startups aceleradas devem ser

encontradas também na Aceleradora, afinal "O exemplo não é a melhor forma de educar, é a

única."8. Todos os perfis do modelo A-F (Seção 1.3), em menor ou maior grau, devem estar

disponíveis na Aceleradora. Dentre estes, merecem destaque os perfis: Ativadores (iniciação),

Facilitadores (instrumentação) e Executores (implementação).

No contexto de uma organização de Tecnologia da Informação, o exercício do papel dos

Buscadores (informação) também é muito importante, por isso recomenda-se que seus

profissionais trabalhem diretamente com pesquisa aplicada ou estejam muito próximos dos

pesquisadores, acompanhando as ondas tecnológicas em uma vigilância constante. Segundo

Toldo et al. [20], as vantagens apontadas para a realização de pesquisas tecnológicas na empresa

são muitas, dentre elas a facilidade de acesso a novas tecnologias e elevação da capacidade da

empresa em assimilar e explorar conhecimento já existente.

Deve ser dada especial atenção a seleção/ formação e motivação de pessoas

considerando que o Serpro é uma empresa pública e que seus profissionais ingressam mediante

concurso público. Na pesquisa “Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções 2013” [22],

alguns números chamaram a atenção: 11% dos brasileiros dos empreendedores formais e

7 Várias dessas técnicas e ferramentas são extremamente interessantes e adequadas a projetos de inovação. Apesar da tentação de entrar em detalhes em pelo menos algumas delas, preferiu-se aqui focar mais no porque8 Frase atribuída a Albert Schweitzer, médico e filósofo alemão.

21

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informais entrevistados declararam preferir voltar a ser empregados a serem donos do próprio

negócio. Os principais motivos seriam a estabilidade no emprego e a precaução quanto às

incertezas de mercado (Figura 11).

Figura 11: Motivos para não empreender

Se este resultado puder ser extrapolado para as pessoas que optaram fazer concurso

público (empregados do Serpro), pode-se dizer que é importante trabalhar este viés de evitar

incertezas, já que conviver, e até gostar de incertezas, é tão favorável para a promoção da

inovação.

3.1.2. Conexões

A motivação para cooperar esta relacionada a aspectos organizacionais, tais como estrutura

organizacional, preocupação com a medição (indicadores e métricas) e orientação empresarial.

Muito tempo pode ser perdido em projetos com excessivas autorizações (típicas de estruturas

funcionais) e execução de processos de controle, que são importantes para medir a eficiência dos

processos utilizados em larga escala, mas que têm um peso muito grande na execução de

projetos acelerados. Neste mesmo sentido, uma orientação empresarial por atendimento de

demanda, pode inibir a colaboração em projetos inovadores, que se antecipam a necessidade do

cliente ("mas o cliente não solicitou esta funcionalidade ou melhoria").

Para a entrega de um projeto acelerado, o networking é fundamental. Está no núcleo do

DNA do inovador. É preciso conhecer pessoas chaves nas áreas da empresa e estimulá-las a

contribuir mesmo que a mudança possa trazer um trabalho adicional ou desconforto pelo

desconhecido.

A aceleradora deve ser capaz de transitar entre as áreas e fazer o meio de campo,

coordenando as ações entre as áreas e provendo acesso privilegiado aos recursos para os

projetos acelerados.

É essencial, para entregar os serviços da dimensão Conexões, que a Aceleradora tenha

22

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uma independência de atuação reconhecida. Ela assume parte as funções desempenhadas pelo

papel Facilitador do Modelo A-F e, em menor escala, o papel de Ativador.

Além de conexões para um projeto acelerado, pode ser necessário coordenar ações

corporativas para introdução de uma inovação. Apesar de muitos projetos não precisarem de

capital, pode ser necessário, por exemplo, um trabalho de coordenação para aquisição

corporativa de um serviço ou ferramenta estratégicos que, se tratados no contexto individual de

um projeto custariam bem mais. A aceleradora poderá apoiar, por exemplo, coordenando a

definição de requisitos entre diferentes projetos que carecem de uma mesma tecnologia e

acionando a prospecção alternativas para apoiar, por exemplo, processos de aquisição ou adoção

de uma ferramenta de software livre. Outra forma de prestar o serviço de coordenação é a

conexão com assessoria jurídica, para avaliação das implicações legais que o uso de uma nova

tecnologia pode trazer.

3.1.3. Experimentação

A inovação, como já foi dito, caracteriza-se pela novidade. Por isso, prototipação rápida e em

quantidade é muito importante. Desenvolver experimentalmente e testar antes de desenvolver um

produto para produção permite exercitar e errar o quanto antes, sem a pressão da eficiência e

produtividade tão perseguida em processos produtivos. Isto é a base do ciclo Construir-Medir-

Aprender, apresentado no item 2.1.

A Aceleradora deve viabilizar a disponibilização de recursos necessários aos experimentos,

como por exemplo um laboratório para prototipação. Um ambiente propício para criar, examinar,

testar, descobrir novidades e treinar. Este ambiente deve fornecer recursos de hardware e

software de acordo com necessidade dos projetos e ações corporativas encaminhadas e deve ter

também um processo bastante flexível de trabalho, que comporte as diversas características que

um projeto inovador pode ter. Por exemplo, para um projeto que utilize dispositivos móveis, ter

alguns destes dispositivos no laboratório é fundamental.

Esta é o objetivo do modelo 3P, proposto na Figura 7.

23

Page 25: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

Figura 11: Modelo de inovação tecnológica 3P

A ideia de trabalhar com piloto (ou estudo de caso) é focar no controle das variáveis que

influenciam no desenvolvimento e ter uma execução bem sucedida do projeto. Esta execução

controlada é fundamental para o aprendizado. O piloto permite o empacotamento de lições

aprendidas e o início de fundamentação para estabelecer um padrão industrial de uso da

inovação. Como já é um serviço funcional que será entregue em produção, o piloto ajuda a fazer

a ponte entre protótipos e produção em operação contínua.

Para de fato analisar o valor da inovação para o negócio, é importante que o piloto seja

funcional e seja entregue para produção. Ou seja, funcional. Em algum momento o conhecimento

adquirido com estudos, prototipações e estudos de caso deverá transferido para as áreas

produtivas da empresa, de forma a ganhar em eficiência e escala.

3.1.4. Execução

O sucesso real de uma inovação se dá no lançamento do novo serviço ou produto e sua produção

em larga escala. As iniciativas inovadoras precisam se integrar ao portfólio geral da empresa, com

impactos em vendas, marketing e negócios. Esta é uma fase que despende bastante energia e

perfis adequados. O uso da equação simplificada “inovação = ideias”, com pouca ênfase na

implementação, é a principal causa do fracasso de muitas iniciativas.

A fórmula “inovação = ideias + execução” [2] se mostra mais adequada. Como a transição

da nova tecnologia para o dia a dia da empresa é fundamental para a inovação, no sentido de

agregar valor aos serviços oferecidos, a aceleradora deve ter um foco considerável em

transferência de tecnologia para operação contínua. Esta será a única forma de ganhar em escala

de produção. À medida em que uma nova tecnologia vai se tornando conhecida, é possível

estruturar o conhecimento relacionado a esta tecnologia e começar a definir um padrão industrial

24

Page 26: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

para seu uso.

A partir de protótipos e de pilotos (estudos de caso), ou seja de experimentação, passa-se

a dominar a tecnologia e a entender como ela poderá ser adotada na empresa. Cada nova

tecnologia introduzida deve ser compatibilizada com o ambiente operacional da empresa, onde os

procedimentos tornam-se mais rotineiros. Para transferir o conhecimento adquirido em projetos

piloto para os processos operacionais, treinamento de disseminadores e mentoria aos primeiros

grupos que foram utilizar a nova tecnologia são fundamentais.

Um problema comum a ser enfrentado é que os funcionários seguem os produtos que

desenvolvem conforme eles se movem de fase. Dois problemas podem ser gerados, neste caso.

Em algum tempo, os gerentes criativos ficam presos em rotinas operacionais, em vez de criar

novos produtos e serviços. Se não tomarem cuidado, muito em breve serão surpreendidos

defendendo o status quo. Além disso, será necessário formar um novo grupo de pessoas para

trabalhar os protótipos e pilotos e a formação deste perfil nem sempre é trivial.

Nas startups internas aceleradas, muita ênfase será dada às funções de Desenvolvedores

e Executores do Modelo A-F, uma forma de realmente viabilizar a chegada dos novos produtos ou

serviços apresentando valor agregado aos clientes. Isto sim está alinhado ao mais modernos

conceitos de inovação.

3.2. A Aceleradora na estrutura organizacional do Serpro

Não é interessante criar uma única área na empresa que seja responsável por projetos

inovadores. Este não é o objetivo da Aceleradora. É importante que a inovação tecnológica

permeie a empresa e que as equipes da estrutura funcional (negócio, desenvolvimento, suporte,

operações) sejam responsáveis pela entrega do serviço inovador e sejam sujeitos ativos no

desenvolvimento do produto ou serviço, com o apoio da Aceleradora. Desta forma é possível

promover o aprendizado por meio da experiência e a transferência do conhecimento/tecnologia

torna-se mais efetiva.

Por estas razões, a Aceleradora deve possuir características organizacionais de matriz

fraca, ou seja, formada uma equipe pequena com atuação no formato de coordenação e

facilitação. A Aceleradora precisa ser uma área separada das áreas de execução

(desenvolvimento e produção), pois é importante que a inovação não concorra com o dia a dia,

com as situações emergenciais ou com a pressão por entregas rápidas aos clientes. Do contrário,

ela não será priorizada.

A proposta é que a Aceleradora Serpro seja materializada como uma coordenação

estratégica que trabalhe pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. Este posicionamento:

(i) está alinhado com o foco em inovação tecnológica; (ii) traz o benefício de aproveitar o

conhecimento desenvolvido em pesquisas aplicadas para a transferência de tecnologia; (iii)

garante a perspectiva de coordenação e facilitação; e, por fim, (iv) posiciona a inovação

25

Page 27: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

estrategicamente.

3.4. A equipe de inovação

Nas startups tradicionais as pessoas se reúnem por várias razões: a busca de um sonho, o desejo

de enriquecer, o aproveitamento de uma oportunidade. As empresas privadas têm facilidade de

contratar e estabelecer parcerias, respeitando-se as limitações de orçamento.

Em empresas públicas, como o Serpro, não é tão simples. Contratação de novos

funcionários, apenas mediante concurso público. Processos de aquisição ou estabelecimento de

acordos de cooperação devem seguir ritos burocráticos, normalmente numa velocidade aquém da

desejada. É grande o desafio de montar as equipes de inovação com os perfis adequados.

Normalmente as iniciativas de inovação são montadas a partir de parcerias entre equipe

dedicada e pessoal compartilhado [2] (Figura 12). A primeira é constituída especificamente

para a iniciativa. Na segunda, os profissionais mantém suas atuais responsabilidades e alocam

parte do seu tempo para apoiar a equipe de inovação. A distribuição percentual das

responsabilidades é muito peculiar e deve ser pensada e definida caso a caso. É preciso avaliar

corretamente a capacidade da estrutura funcional vigente, pois o pessoal compartilhado tende a

repetir os processos que já conhecem.

A equipe da Aceleradora Serpro deve ser dedicada. As equipes das startups internas

podem ser dedicadas ou compartilhadas. No Serpro, deve-se evitar criar novas áreas específicas

para projetos de inovação, a não ser quando devidamente justificado, dando preferencia à

formação de equipes multidisciplinares alocadas no departamento funcional considerado mais

adequado. Apoiada pela Aceleradora, a “startup interna” deve criar seu próprio modelo de

organização. É importante ter consciência das dificuldades encontradas nesse modelo, sabendo

gerenciar bem os conflitos e disputas de poder que normalmente ocorrem.

Figura 12: Equipe de Inovação. Adaptado de [2]

3.4. Fontes de ideias para a execução da inovação

O ConSerpro chega a sua décima edição. Ao todo, são mais de mil propostas ou projetos que

visam resolver problemas apresentando soluções nas diversas áreas temáticas, passando por

infraestrutura, negócios, desenvolvimento e gestão. O grande dilema é: o que fazer com tantas

ideias?

26

ParceriaPessoal Compartilhado

EquipeDedicada

EmpresaEstrutura Funcional

Page 28: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

A Aceleradora Serpro pode imediatamente começar a atuar acelerando algum dos projetos

oriundos do ConSerpro edição 2013 ou anteriores, por indicação da diretoria. Uma vez

implantado, o Processo Serpro de Inovação (PSin) também pode servir entrada. Campanhas

internas de comunicação podem ser realizadas para estimular a participação. Qualquer que seja a

origem das ideias, é importante que os projetos acelerados apresentem resultados concretos,

para evitar cair no descrédito.

A partir de uma boa ideia, a inovação tem grandes chances de ocorrer (Figura 13). A

Aceleradora Serpro vem para auxilar na criação e desenvolvimento da startup interna, que deve

ser formada por uma equipe multidisciplinar trabalhando com ciclos curtos de construir-medir-

aprender. A Figura 13 a seguir resume a proposta.

Figura 13: Implementando ideias para Inovação

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Page 29: Aceleradora Serpro - Transformando Ideias em Serviços Inovadores com Intraempreendedorismo e Agilidade

ConclusãoComo grande parceiro do governo no provimento de serviços, o Serpro precisa estar sintonizado

nas novidades tecnológicas e apropriar-se deste conhecimento para propor serviços cada vez

mais diferenciados e adequados. A inovação está em pauta na empresa, com destaque, inclusive,

no seu planejamento estratégico. Ainda assim, algumas lacunas importantes relacionadas a como

disseminar a inovação no dia a dia e conciliar os benefícios e desafios da inovação com as

atividades de produção e aumento da eficiência operacional precisam ser tratadas.

Este trabalho propôs a Aceleradora Serpro, fundamentada em um vasto referencial teórico,

que abrangeu: conceitos de inovação, empreendedorismo, funcionamento de empresas startups,

incubadoras e aceleradoras. A literatura relacionada é farta. Além da proposta da Aceleradora,

uma contribuição importante deste trabalho é a identificação e consolidação de literatura

disponível na área, bem como um levantamento das iniciativas relacionadas a inovação no

Serpro.

O objetivo da Aceleradora é promover o empreendedorismo interno no Serpro e

disseminar inovação para as outras áreas na empresa, partindo-se do pressuposto que para de

fato inovar, não é suficiente que a empresa tenha resultados e iniciativas isoladas de inovação.

Mas, sim, que possua uma estratégia organizacional e mecanismos que incorporem a inovação

nos processos e áreas produtivas, enfatizando a execução da inovação. A Aceleradora Serpro é

complementar as iniciativas de inovação existentes na empresa, buscando proporcionar um

espaço propício para criar, examinar, testar e aprender.

Diversos aspectos relacionados a como implantar a Aceleradora no Serpro foram

considerados, entre eles: quais serviços a Aceleradora oferecerá e como estes serviços

contribuem para promover a inovação; como a Aceleradora pode ser integrada na estrutura

organizacional do Serpro; seu modelo de funcionamento; e o perfil necessário das equipes.

Posicionando-se entre a pesquisa e os processos produtivos em escala e acelerando a introdução

de tecnologias inovadoras na empresa, a Aceleradora garantirá a produção de serviços

inovadores de forma ampla.

A própria implantação da Aceleradora pode seguir os princípios de experimentação,

empreendedorismo apresentados. Como trabalho futuro, sugere-se a definição de equipe para

experimentar o modelo e acelerar um projeto de inovação tecnológica. A partir deste projeto, os

autores podem observar o modelo de startups internas e aceleradora proposto, testá-lo e melhorá-

lo. Adicionalmente, a experiência da Aceleradora Serpro pode ser aproveitada em outros órgãos

de governo, para assim atender os anseios de agilidade e inovação manifestados pela sociedade

brasileira.

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Referências

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[4] PESQUISA, DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA–PINTEC. Pesquisa de Inovação Tecnológica2005. Disponível em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pintec/2005/default.shtm. Acesso em:24 de jul. 2013.

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[6] ALVARENGA NETO, R.C.D. Em Busca da Interface. Revista HSM Management, Novemebro-Dezembro, 2012.

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[8] TRÍAS DE BES, F; KOTTLER, P. A Bíblia da Inovação: Princípios fundamentais para levar acultura da inovação contínua às organizações.. Editora Leya, São Paulo, 2011.

[9] STRATEGOS. Business Innovation Survey. Portugal, 2008. Disponível em:http://www.strategos.com/getdoc/?did=75&type=articles&doc=business_innovation_survey_report_2008.pdf. Acesso em 26 jul. 2013.

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[12] SERPRO. Processo de Inovação (PSIn). Acesso restrito.

[13] DYER, J; GREGERSEN, H; CHRISTENSEN, C. DNA do inovador. Editora Hsm, 2012.

[14] HISRICH, Robert D. et al. Empreendedorismo. Bookman, 2008.

[15] SCHUMPETER, J. A. The creative response in economic history. Journal of Economic History,Nov. 1947. p. 149-159.

[16] CHIAVENATO, I. Empreendedorismo Dando Asas ao Espírito Empreendedor. Terceira Edição.Editora Saraiva, 2009.

[17] HOSKISSON, R. E.; IRELAND, R. D.; HITT, M. A. Administração Estratégica. 2a. Ed. EditoraThomson Pioneira, 2005.

[18] RIES, ERIC. A Startup Enxuta. Leya, 2012.

[19] RIBEIRO, GUSTAVO. Especialista tira dúvidas sobre aceleradoras e incubadoras deempresas. Disponível em http://www.sidneyrezende.com/noticia/199838+especialista+tira+duvidas+sobre+aceleradoras+e+incubadoras+de+empresas. Acesso em: 30 de jul. 2013.

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[20] TOLDO, L.A.; GONÇALVES NETO, C; RODRIGUES,M. Adoção de Estratégias de Inovação:Um Estudo em Empresas de Software do Estado do Rio de Janeiro. XXXI Encontro da ANPAD,2007.

[21] PAPAYA VENTURES. Dinheiro não é o maior benefício que uma aceleradora tem a oferecer.Disponível em: http://papayaventures.com/blog/?p=673. Acesso em: jul. 2013.

[22] ENDEAVOR BRASIL. Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções 2013. Disponível em:http://promo.endeavor.org.br/pesquisa-empreendedores-relatorio-completo. Acesso em: 23 jul.2013.

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