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Insustentabilidade versus Sustentabilidade
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Negócios usuais ou Não usuais: está feliz em seu trabalho?
João S. Furtado [email protected] fev.2014
A expressão Business as Usual (BAU) percorre o Planeta e identifica a empresa cujo modelo de produção e de ne-‐gócios não atende às necessidades para a sustentabilidade. Business as Unusual (BAUn) é a antítese.
BAU – em seu melhor perfil – representa a empresa bem gerenciada, independente, estável, eficiente, conscien-‐te dos riscos, controlada, focada, competitiva, progressivamente volátil. É reativa, move-‐se por conformidade, comando-‐e-‐controle, segundo limites ou padrões estabelecidos e planejamento detalhista. BAUN – em sua me-‐lhor proposta – diz-‐se mais preventiva, além da conformidade, resiliente, adaptável, reinventável ao universo de atividades. Tem mais habilidade analítica e quantitativa; reconhece melhor as oportunidades e seu papel no mundo progressivamente volátil, turbulento, complexo, aberto para interconectividade. É mais bem ajustável à globalização, ao mundo digital e à responsabilidade.
O planejamento, na BAU, é fechado, ancorado no consumo, destinado a conquistar e remediar impactos, quando denunciados. Na BAUn, é aberto, sistêmico, compartilhado, a fim de prevenir para não ter que curar. É focado nas consequências e inspirado na elasticidade do mercado e grandes interesses da sociedade. A BAU se move para o lucro e a BAUn não apenas, pois inclui o propósito e mudar para melhor.
A BAU é conduzida por dirigentes, que almejam o topo da hierarquia em organogramas que refletem o poder no poder, regido por obediência e com o compromisso de melhorar para o investidor. O CEO é de curta duração, com bônus e promoções. Na BAUn, o poder é embutido, distribuído e está nas ideias, inovação e melhoria para as pessoas. A BAU pensa em projetos e fazer o que é certo para o negócio. A BAUn considera sistemas, fazer o certo para o negócio, pessoas e o planeta. A liderança na BAU é por posição atribuída e superação de números previs-‐tos (forecast), com cronograma e metas físicas. Na BAUn por posição conquistada; facilitação de equipes; falar e entregar (walking the talk).
Na BAU, os recursos da terra são a base para “o negócio é o negócio”. Na BAUn, são bens comuns de interesse di-‐fuso. O espaço para a BAU é o mercado, com economia de escala, monopólio, aquisições e fusões. O concorrente é para ser superado, vítima da competição cumulativa a curto prazo. Para a BAUn é o Planeta, a extensão da base da pirâmide, affordability, cadeia de valor, comunidade e justiça social. São as parcerias estratégicas, a associação interinstitucional e as novas formas de negócios, como princípios de longo prazo.
A BAU se preocupa com o máximo retorno do Capital, foco no crescimento continuado e Bottom Line Financeiro. A BAUn busca criar valor para as partes envolvidas com foco na melhoria compromissada com desmaterialização e detoxificação integradas aos ganhos econômicos.
O retorno, de curto prazo na BAU, é desejado por redução de custos por unidade de produção, aumento do valor do produto e alta margem de lucro, aumento de vendas e ganhos por diferenciação de produtos. A BAUn busca por conservação do caixa financeiro sem desprezar a melhoria das condições de consumidores e outras partes.
A BAU preza a marca, o conhecimento do consumidor e o investimento de impacto para gerar ganhos financei-‐ros. Na BAUn, prevalecem: imagem, reputação e conhecimento da comunidade. A BAU reforça estruturas rígi-‐das, inspiradas em medição, controle e redução de usos e despesas. A BAUn promove o empreendedorismo natu-‐ral, cocriatividade, flexibilidade e gestão do conhecimento.
O processo produtivo da BAU é aberto, baseado em extrair recurso, aquecer, modificar, transportar, consumir, despejar restos, sem considerar a capacidade de carga. A tecnologia é para produzir mais, com ganhos de eficiên-‐cia. Na BAUn, é o fechamento de ciclos (economia circular), comprometidos em tomar recursos emprestados, usar, prestar serviços e devolver matéria prima. Para a BAU, o produto (com qualidade superior e funcionalida-‐de) deve atender e dar prazer ao consumidor, com diversidade e mesmo com a não-‐necessidade. Na BAUn, é para necessidades reais.
Leitura recomendada
Hutchins, Giles. 2013. The nature of business. New Society Pub.223 pp.
Dietz, R. & O’Neill. 2013. Enough is enough. BK Barrett-‐Koehler Publ., 240 pp.
Sukhdev, P. 2013. Corporação 2020. Planeta Sustentável. 378 p.