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Relatório de pesquisa do PPm do grupo Vibe Solutions
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Universidade de Mogi das Cruzes
Joyce Cristina Leme Gomes 61096
Cleber Salles de Araújo 62392
Claudeci Salustiano do Nascimento 62450
Huang Hsin Yuan 63415
DO FUSCA AO NEW BEETLE: TRAJETÓRIA DE
CAMPANHAS.
Mogi das Cruzes
2009
Universidade de Mogi das Cruzes
Joyce Cristina Leme Gomes 61096
Cleber Salles de Araújo 62392
Claudeci Salustiano do Nascimento 62450
Huang Hsin Yuan 63415
DO FUSCA AO NEW BEETLE: TRAJETÓRIA DE
CAMPANHAS.
Orientação: Profª. Drª. Luci Bonini e
Prof. Fábio Inoue
Mogi das Cruzes
2
Projeto apresentado ao curso de
Comunicação Social - Publicidade e
Propaganda da Universidade de Mogi
das Cruzes como parte dos requisitos
para avaliação das bancas do curso.
2009
AGRADECIMENTOS
Considerando esta pesquisa como resultado de uma caminhada que
começou antes da universidade, os integrantes do grupo Vibe Solutions agradece,
primeiramente, a Deus, pois foi acreditando Nele que tornou à concretização dessa
pesquisa possível.
Mas, agradecer pode não ser uma tarefa fácil, nem justa. E para não ser
injusto, os integrantes do grupo agradecem antecipadamente a todos que de alguma
forma passaram pelas nossas vidas e contribuíram à construção de quem somos
hoje.
Agradecemos, particularmente, algumas pessoas pela contribuição direta na
construção desta pesquisa acadêmica:
Aos nossos familiares pela compreensão, carinho e apoio para que
chegássemos a essa etapa da vida.
À Profª. Drª. Luci Bonini, à Profª. Tânia A. Ferreira e ao Prof. Fábio Inoue,
devido ao companheirismo e amizade durante as orientações e as infinitas
discussões a respeito do tema.
Ao Diretor de Criação das campanhas publicitárias do Fusca, Alex
Periscinoto, visto que, nos auxiliou direta e indiretamente à conclusão dessa análise
ao dispor todas as informações pertinentes às campanhas do Fusca em livros,
revistas, sites e, também, em entrevistas.
À Diretora de Atendimento Vanessa Previero, da AlmapBBDO, por ter nos
auxiliado durante a análise das peças do Fusca e do New Beetle, mesmo que
participando apenas do job deste último.
À empresa Volkswagen por ter criado o Fusca e o New Beetle e, também, por
ter disponibilizado todo o conteúdo pertinente a nossa pesquisa em seu site. E à
agência AlmapBBDO, pelas campanhas publicitárias dos produtos.
Aos publicitários Marcos Miranda, Nivaldo Abdalla Júnior, Paulo Camossa,
Tathiane L. G. dos Santos pela orientação e assistência oferecida no transcorrer do
ano nas tarefas relacionadas à pesquisa.
3
E, finalmente, ao Fusca Clube de Mogi das Cruzes e aos “Fusqueiros” devido
ao auxilio na pesquisa realizada diretamente com eles onde se constatou a paixão
pelo produto, motivo este, que inspirou a nossa análise comparativa histórica.
4
"Uma gata pode dar cria dentro de um
forno velho e nem por isso os filhotes
serão pãezinhos." (Alex Periscinoto)
5
LISTA DE TABELAS
TABELA 01: Apresentação das peças publicitárias do Fusca e do New
Beetle ........................................................................................ 23
TABELA 02: Estado Civil dos pesquisados ................................................ 37
TABELA 03: Tem ou teve Fusca?.................................................................. 39
TABELA 04: Frequência de uso do Fusca ................................................... 40
TABELA 05: Propaganda preferida............................................................... 42
TABELA 06: A campanha do New Beetle enfatiza a sua funcionalidade
tal como as do Fusca?............................................................. 43
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 01: Propaganda do Fusca da década de 1950.............................. 23
FIGURA 02: Propaganda do Fusca da década de 1960.............................. 23
FIGURA 03: Propaganda do Fusca da década de 1960.............................. 24
FIGURA 04: Propaganda do Fusca da década de 1960.............................. 24
FIGURA 05: Propaganda do Fusca da década de 1970.............................. 25
FIGURA 06: Propaganda do Fusca da década de 1970.............................. 25
FIGURA 07: Propaganda do Fusca da década de 1970.............................. 26
FIGURA 08: Propaganda do Fusca da década de 1980.............................. 26
FIGURA 09: Propaganda do Fusca da década de 1980.............................. 26
FIGURA 10: Propaganda do Fusca da década de 1980.............................. 27
FIGURA 11: Propaganda do Fusca da década de 1990.............................. 27
FIGURA 12: Propaganda do Fusca da década de 1990.............................. 27
FIGURA 13: Propaganda do Fusca da década de 1990.............................. 27
FIGURA 14: Propaganda do New Beetle da década de 1990..................... 28
FIGURA 15: Gráfico: Estado civil dos pesquisados................................... 38
FIGURA 16: Gráfico: Tem ou teve Fusca?................................................... 39
FIGURA 17: Gráfico: Frequência de uso do Fusca..................................... 40
FIGURA 18: Gráfico: Propaganda Preferida................................................ 42
FIGURA 19: Gráfico: A campanha do New Beetle enfatiza as suas
funcionalidades tal como as do Fusca?................................. 44
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8
2. DO FUSCA AO NEW BEETLE: TRAJETÓRIA DE CAMPANHAS......................10
2.1 Histórico da empresa anunciante Volkswagen.................................................10
2.2. Histórico das agências...........................................................................................12
2.2.1 Alcântara Machado Publicidade....................................................................12
2.2.2 Proeme..................................................................................................................14
2.3 O objeto da pesquisa: A Volkswagen, o Fusca e o New Beetle...................15
2.3.1 Informações sobre as peças analisadas.....................................................21
2.3.2 Análise das peças publicitárias.....................................................................21
2.2.3 Pesquisa com o consumidor..........................................................................36
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................46
REFERÊNCIAS.........................................................................................................48
ANEXOS....................................................................................................................50
APÊNDICES..............................................................................................................79
8
1 INTRODUÇÃO
O grupo Vibe Solutions aborda nessa pesquisa algumas peças de campanhas
publicitárias do Fusca e New Beetle a fim de detectar se elas abordaram as suas
funcionalidades ou não.
Esta pesquisa, primeiramente, tem por objetivo geral analisar a trajetória da
campanha publicitária do automóvel Fusca e do seu sucessor New Beetle, ambos da
marca Volkswagen.
Busca-se especificamente conhecer a história da anunciante Volkswagen e as
suas respectivas agências publicitárias AlmapBBDO e Proeme, analisando assim
algumas de suas peças.
Este estudo é extremamente importante para nós como futuros publicitários e
a outros universitários do curso de Comunicação Social ou qualquer outra
universidade, pois visa buscar informações referentes às campanhas do Fusca e do
New Beetle para se conhecer o processo da Publicidade e Propaganda e agregá-la
à prática.
A pesquisa pode despertar o interesse de colecionadores, pesquisadores,
publicitários e de outras pessoas que tiverem curiosidades momentâneas para
conhecer melhor sobre a paixão nacional que foi o Fusca, permitindo com que esse
produto continue vivo na mente das pessoas e possivelmente influenciando as
futuras gerações da sociedade.
O projeto é indispensável para o universo acadêmico, pois visa à articulação
entre as disciplinas presentes no curso. Sendo assim, a pesquisa visa beneficiar a
sociedade e a nós mesmos, pois, ao mesmo tempo em que transmite a história da
anunciante Volkswagen, aborda fatos históricos pertinentes a “Comunicação”
proporcionando também o conhecimento sobre o funcionamento das agências
publicitárias.
A pesquisa foca-se no estudo de caso, tendo como base a abordagem
dedutiva, comparativa e historicista e como método o qualitativo.
Ou seja, o estudo de caso baseia-se na situação da análise das campanhas
publicitárias do Fusca que ocorreram no período de 1959 a 1993 e do New Beetle de
1998 a 2008.
9
Para a análise, a fundamentação teórica será embasada em algumas
referências bibliográficas renomadas bem como as telematizadas. Com isso, a
nossa pesquisa se baseará em Branco, Martensen e Reis (1990), Coelho (1997),
Sampaio (1999), Vanoye (1998), Vestergaard e Schoreder (1994), entre outros.
Desse modo, ficará a cargo de Branco, Martensen e Reis (1990), de explanar
e relatar os acontecimentos pertinentes a esfera da Comunicação Social/Publicidade
e Propaganda. Coelho (1997), por sua vez, auxiliará a compreender sobre a
influência que ocorreu nas propagandas do Fusca na esfera da Indústria Cultural. Já
Sampaio (1999) proporcionará o conhecimento pertinente ao funcionamento das
agências publicitárias bem como a sua organização entre outros pontos importantes.
Quanto a Vanoye (1998), Vestergaard e Schoreder (1994) enfatizarão a situação
comunicacional, a questão das funções da linguagem e, subseqüentemente, à
persuasão.
Dentre esses autores mencionados, serão utilizados alguns recursos
telematizados como revista e fontes retiradas da internet para retratar informações
sobre a Volkswagen, o Fusca, AlmapBBDO, Proeme, para mencionar alguns.
No item qualitativo, coletaremos dados dos prospects e dos atuais targets da
marca Volkswagen. Para isso, será aplicado um questionário fechado, onde os
entrevistados serão conduzidos a escolher itens pré - estabelecidos pelo grupo.
No final da pesquisa, no que se refere à análise das propagandas, pretende-
se responder a hipótese levantada (que foi mencionada no início do texto) e verificar
se as funcionalidades dos produtos realmente foram abordadas em suas peças
publicitárias. E, finalmente, concluir que as campanhas do Fusca evoluíram
juntamente com o produto.
Esta pesquisa se estrutura da seguinte maneira:
- Introdução: onde se apresenta o tema, a justificativa, os objetivos, a
metodologia e o desenvolvimento dessa pesquisa.
- Desenvolvimento: onde mostra, de acordo com os subcapítulos, a trajetória
da anunciante, dos produtos e das agências publicitárias; bem como as análises das
peças publicitárias, e os resultados da pesquisa com o consumidor.
- Considerações Finais: onde finaliza a pesquisa e faz as últimas reflexões a
cerca do tema, bem como sugere outros tópicos a serem pesquisados futuramente.
- Anexos e Apêndices: onde serão anexadas as peças analisadas, o
questionário da pesquisa com o consumidor etc.
10
2. DO FUSCA AO NEW BEETLE: TRAJETÓRIA DE
CAMPANHAS
2.1 Histórico da empresa anunciante Volkswagen
Essa pesquisa aborda as análises de algumas peças publicitárias do produto
Fusca. Porém, inicialmente, é pertinente conhecer a trajetória da empresa
Volkswagen no Brasil, visto que é a indústria idealizadora do nosso objeto de
estudo: as propagandas do Fusca e do New Beetle. E para haver uma campanha
publicitária, os autores Branco, Martensen e Reis (1990), Coelho (2003), Perez
(2004), Sampaio (1999), Vestergaard e Schroder (1996), Vanoye (1998) concordam
que precisa haver a empresa anunciante com seu respectivo produto, a agência
publicitária idealizadora da propaganda e o seu respectivo consumidor (target ou
prospect).
Para conhecer a trajetória da Volkswagen do Brasil seguem-se nos próximos
parágrafos informações retiradas no site da empresa.
Segundo o site, a empresa KdF – Stadt iniciou a sua trajetória na cidade
Wolfsburg, na Alemanha, porém logo teve o seu nome alterado para Volkswagen. A
empresa iniciou a sua trajetória no Brasil no dia 23 de março de 1953 ficando
conhecida como Volkswagen do Brasil Ltda. Nesse período, a indústria ficava
situada num armazém, na Rua do Manifesto, no bairro do Ipiranga (SP) e desse
galpão saíram os primeiros Fuscas (que até então era conhecido como Volkswagen
Sedan), cujas peças ainda eram importadas da Alemanha. No entanto, consta que o
Fusca já era produzido no Brasil pela empresa Brasmotor no sistema CKD
(Completely Knocked Down), ou seja, completamente desmontado. No período de
1953 a 1957 foram produzidos 2268 Fusca e a empresa contava com 12
funcionários.
Consta no site que, com uma demanda grande no setor automobilístico na
década de 50, o governo propiciou condições favoráveis para o estabelecimento da
fábrica e a empresa construiu a sua primeira em São Bernardo do Campo
inaugurando-a no dia 18 de novembro de 1959. Como no dia 03 de janeiro de 1959
já havia sido produzido o primeiro Fusca com peças nacionais, durante a
11
inauguração o Presidente Juscelino Kubistchek, o Governador Carvalho Pinto, o
Presidente da Volkswagen na Alemanha Heinrich Nordhoff e a do Brasil Friedrich
Schultz-Wenk tiraram uma foto, que ficaria marcada na história da empresa, pois
estes passearam com Fusca Conversível. Nesse ano o Fusca, com 8406 unidades
vendidas, foi considerado um sucesso sendo que o modelo predominante nesse
período era o de grande porte. A partir desse ano, a Volkswagen incentivou o
desenvolvimento dos fornecedores no país, obtendo 95% da nacionalização das
peças do Fusca no final de 1961. Em 1972, foi vendido aproximadamente 1 milhão
de unidades do Fusca.
Segundo a Volkswagen (2009), com o crescimento da produção de veículos,
a fábrica de Anchieta sobrecarregou-se e em 1976 a Volkswagen inaugurou a
unidade de Taubaté. Esta fábrica ficou responsável pelo fornecimento de peças
estampadas, injetada e de tapeçaria.
Em 1980, consta no site que, a Volkswagen criou o Gol para ser o sucessor
do Fusca na preferência do consumidor. E aquele bateu todos os recordes deste,
tornando-o o Best - Seller da marca, superando 5 milhões de unidades vendidas.
Também no final da década de 80, foi instituído pela Volkswagen o dia 20 de janeiro
como o “Dia Nacional do Fusca” em homenagem a vários fãs do automóvel que se
reuniam com o intuito de contar histórias sobre o modelo. O Fusca foi produzido até
1986 no Brasil atingindo a marca de 3,1 milhões de unidades vendidas
Em 1993, o site afirma que, a Volkswagen comemorava 10 milhões de
veículos produzidos. Nesse mesmo ano, relançava o Fusca, aproveitando as
vantagens fiscais oferecidas pelo governo federal durante a gestão do Presidente
Itamar Franco à produção e venda de carros populares.
Em 1996, a Volkswagen investiu cerca de R$ 500 milhões na construção de
duas fábricas: uma em Resende (RJ) e outra em São Carlos (SP) para a produção
de motores e também de caminhões e ônibus. O site ressalta que, após inaugurar
essas duas fábricas, a Volkswagen renovou o seu portfólio de produtos, incluindo
modelos importados e entre eles estava o New Beetle. Também nesse mesmo ano,
a Prefeitura Municipal de São Paulo incorporou o dia 20 de janeiro como o “Dia
Nacional do Fusca” no seu calendário de eventos.
Em 1999, de acordo com informações retiradas do site, a empresa inaugurou
a fábrica de São José dos Pinhais (PR) com o investimento de R$ 1,2 bilhão. Sendo
12
assim, a Volkswagen é a única empresa automobilística com 5 fábricas no Brasil. E
conta, atualmente, com 21 mil funcionários.
Em suma, conclui-se esse breve relato sobre a trajetória da Volkswagen no
Brasil. Porém, segue-se no próximo tópico o relato das agências que mantiveram a
conta desta empresa no período da produção e vendas do Fusca e New Beetle.
2.2. Histórico das agências
Como foi mencionado no subitem anterior, percebe-se que a evolução do
produto acompanhou a trajetória da Volkswagen (e vice-versa) no Brasil. Mas, além
disso, ao conhecer a história do produto e da agência publicitária responsável pela
sua conta, percebe-se o entrelaçamento entre a agência AlmapBBDO, a
Volkswagen e o Fusca no transcorrer de sua trajetória no Brasil, pois aquela se
lançou no mercado publicitário no mesmo período que o seu cliente fixou-se em São
Bernardo do Campo. Porém, naquela época a agência era conhecida como
Alcântara Machado Publicidade.
2.2.1 Alcântara Machado Publicidade
Branco, Martensen e Reis (1990) relatam em sua obra diversos nomes que
fizeram parte da história da agência Alcântara Machado Publicidade. Dentre esses
nomes, os autores mencionam Caio Alcântara Machado, José Alcântara Machado,
Alexandre José Periscinoto, Otto Scherb entre outros nomes.
Segundo os autores a história da Alcântara Machado iniciou-se com o seu
fundador Caio Alcântara Machado. Posteriormente, seu irmão José Alcântara
Machado associou-se a agência. Entretanto, em 1956 Caio Alcântara de Machado,
retirou-se da sociedade, fundando a Alcântara Machado Comércio e
Empreendimentos, cujo foco era promover exposições e feiras que fazem sucesso
até hoje em São Paulo, no Anhembi.
Durante três anos e meio, José Alcântara Machado dirigiu a agência
juntamente com Samuel Jorge de Mello, vindo da Lintas, e este, posteriormente se
desligou da agência para constituir a S.J. de Mello, em 1959.
13
Segundo Branco, Martensen e Reis (1990), no início da década de 1960
houve duas grandes transformações/associações à agência. A primeira delas foi à
vinda de Otto Scherb, que já havia passado pela Thompson e Denison, para se
tornar o diretor de planejamento e responsável pela conta da Volkswagen. Porém,
ele se desligou da agência, fundando a Proeme em 1962 e levando consigo a conta
da Volkswagen. Os autores mencionam que, na década de 1960 também, Alexandre
José Periscinoto ingressou na agência, deixando a posição de diretor do Mappin,
onde tivera a oportunidade de estagiar na agência DDB – Doyle, Dane, Bernbach
em 1958, em Nova York. Com a vinda de Alex Periscinoto, como vice-presidente e
diretor de criação na Alcântara Machado Publicidade, houve significativas
transformações tais qual a reformulação da agência estruturando-a em criação –
planejamento – administração, na maneira como era praticada na DDB, e a
instituição da dupla de criação. Sampaio (1999) comenta também que esse fato é
extremamente importante para a história da publicidade no Brasil, pois até então
essa estrutura não era utilizada pelas agências no Brasil e, a partir de então, as
agências concorrentes foram se adequando a essa estrutura nova trazida dos
Estados Unidos pelo publicitário Alex Periscinoto. Ao ser questionado sobre como
havia sido o encontro com a conta da Volkswagen, Periscinoto (2009) explicou
durante a entrevista para a revista eletrônica Autogiro (2009) que:
Bem, quando eu voltei dos Estados Unidos, fui trabalhar no Mappin novamente. Alguém me procurou de uma agência pequena, que tinha nove pessoas, dizendo que estava entrando em uma concorrência, me convidando para fazer uma campanha free lance. Perguntei qual era o produto e era a Volkswagen. Falei “Só se vocês me deixarem fazer uma coisa que eu vi em Nova York”. Deixaram, e a agência ganhou a conta. Aí ligaram de volta dizendo que estavam acusando, dizendo que o cara que fez a campanha não trabalhava na agência. Aí me convidaram para trabalhar lá, insistiram. Aceitei com a condição de trabalhar em dupla, com um diretor de criação forte, mandando tanto quanto o dono da agência. Aí fui e comecei a fazer, em 1960, a direção de criação e trabalhar em duplas. Começamos a pegar uma conta atrás da outra.
Depois de Periscinoto, segundo Branco, Martensen e Reis (1990), outros
publicitários se juntaram ao staff da agência Alcântara Machado e outras contas
foram conquistadas como a Gillete, por exemplo. A partir daí, a Alcântara Machado
Publicidade deu um grande impulso no seu escritório no Rio de Janeiro, levando
Caio A. Rodrigues para dirigi-lo. O escritório de São Paulo passou por grande
reformulação destacando a dimensão dada ao departamento de Tráfego, ou seja,
14
segundo Sampaio (1999) houve uma melhoria no sistema tornando as troca de
informações entre os departamentos mais práticas.
Os autores destacam que, na década de 1970, a agência contava com 150
profissionais e atendia as contas das empresas Volkswagen, Banco da Lavoura de
Minas Gerais (atual Banco Real), Gillete, Kibon, Leite Glória, Xerox entre outras.
A partir de 1973, Branco, Martensen e Reis (1990) comentam que, a agência
incorporou o sobrenome do Alex Periscinoto à sua razão social, passando a chamar
Alcântara Machado, Periscinoto Publicidade, cuja abreviação é Almap.
Em 1978, os autores salientam que, a agência criou a RPV, como subsidiária,
cujo intuito era prestar serviços de Relações Públicas, Assessoria de Imprensa e
Promoções de Vendas. A RPV foi à agência pioneira e destacou-se no marketing
político.
Em 1988, a BBDO World Wide comprou 19,9% das ações da agência
Alcântara Machado, Periscinoto Publicidade e esta se integrou ao grupo Ominicom.
Nesse mesmo ano, segundo Branco, Martensen e Reis (1990), a agência passou a
ser chamada AlmapBBDO, tendo a seguinte constituição acionária: José Alcântara
Machado, 56,07%; Alexandre José Periscinoto, 24,03% e BBDO, 19,90%.
O site da AlmapBBDO (2009), por sua vez, complementa que, em 1993, Alex
Periscinoto se desligou da agência e os publicitários José Luiz Madeira e Marcello
Serpa assumiram a direção. E a partir de então, a parceria com a Volkswagen foi
renovada, unindo comunicação inovadora à oferta de evolução tecnológica e alta
qualidade de seus modelos.
De acordo com a história, nota-se a relação entre agência AlmapBBDO e a
Volkswagen. No entanto, houve um breve período em que a conta migrou para a
Proeme. Esse assunto será abordado no parágrafo seguinte, no entanto, o enfoque
será dado apenas ao período que compreende essa migração, visto que o objetivo
dessa pesquisa é referente às propagandas do Fusca e New Beetle, e a conta da
Volkswagen retornou para a AlmapBBDO algum tempo depois.
2.2.2 Proeme
Sabe-se que a conta da Volkswagen foi levada da Alcântara Machado
Publicidade por Otto Scherb para a Proeme – Propaganda e Mercadologia Ltda. em
15
1962, quando este resolveu fundar a sua própria agência, junto com Plínio e Sérgio
Toni, Laerti Agnelli e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A agência,
segundo Branco, Martensen e Reis (1990), realizou uma campanha publicitária para
a Volkswagen do Brasil tornando-a conhecida e famosa de imediato no Brasil com o
título “Bom senso em automóvel”. Pouco tempo depois, os sócios se desligaram da
empresa, permanecendo Otto Scherb. Este se associou a Enio Mainardi e Harding
Gimenez, porém Scherb desligou-se da agência Proeme, levando consigo a conta
da Volkswagen novamente para a Alcântara Machado Publicidade. E é nessa
agência que permanece até os dias atuais.
Considerando a trajetória histórica da empresa e das agências mencionadas
anteriormente, o intuito desse projeto é se aprofundar no objeto de estudo que, nada
mais é do que, o estudo da marca “Volkswagen”. Sendo assim, esse é o assunto a
ser abordado no próximo item.
2.3 O objeto da pesquisa: A Volkswagen, o Fusca e o New Beetle
Durante a pesquisa, percebe-se que a Volkswagen (2009) teve a
preocupação na elaboração de seu logo e registrou a sua marca no Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Entretanto há dois pontos curiosos a
respeito do logotipo da empresa relacionados à criação desta marca: 1ª. Percebe-se
nas campanhas do Fusca que não houve alterações em seu formato no Brasil e 2ª.
O nome do criador do logotipo da Volkswagen perdeu-se na história da empresa.
Perez (2004) menciona que a marca foi criada para distinguir um produto do
outro diante de consumidor, pois este identifica a origem do produto, protegendo-o.
A autora também menciona que a marca facilita a compra e reduz o tempo de
decisão e confere o status diferenciado e, finalmente, confere extensões em seus
produtos tal qual acontece na Volkswagen.
A Volkswagen, segundo a autora é uma marca “guarda-chuva”, pois esta
engloba vários produtos dentro de uma única marca. A marca da Volkswagen,
embora não seja o intuito dessa pesquisa, possui além do Fusca, outros
modelos/extensões de automóveis também conhecidos pelo consumidor como a
Kombi, o Passat, o Gol etc. A autora (2004, p. 58) ainda completa que um logo
“Forte e autêntico é reconhecível e identificável mesmo em fragmentos” e completa
16
que “A Volkswagen, que significa “carro do povo”, construiu um logo que resiste à
fragmentação”. Sendo assim, é possível afirmar que essa marca ficou na memória
de seus consumidores e de maneira alguma poderá ser confundida com as outras
que também estão no mercado. Sampaio (1999) e Perez (2004), por sua vez
completam que, as marcas se tornaram o principal alvo das empresas e a
propaganda atua na sua construção e manutenção dando-lhe mais personalidade e
valor. Os autores também ressaltam que, o fato do consumidor ter se tornado mais
critico e exigente, contribuiu para essa super valorização da marca.
De acordo com o contexto social de cada década, pode-se aferir que,
segundo Branco Martensen e Reis (1990), houve a evolução histórica que
influenciou a comunicação no Brasil, mostrando a importância do momento da
sociedade às criações publicitárias. Percebe-se que, segundo o site da Volkswagen
(2009) e de acordo com a década de 1950, o Estado incentivou o desenvolvimento
tecnológico no país ao permitir que as empresas automobilísticas produzissem os
veículos.
Segundo o site da Volkswagen (2009), o Fusca iniciou a sua produção com
peças produzidas no Brasil a partir de 1959. Entretanto, o Fusca foi introduzido no
mercado brasileiro no início da década de 1950 quando as peças ainda eram
importadas da Alemanha. Como todo produto que é novidade na praça/mercado, o
Fusca era um produto caro no início de suas vendas no Brasil, pois visava à classe
que tinha acesso a comunicação (televisão, revista, jornal, rádio) e, naquele período,
segundo Branco, Martensen e Reis (1990), eram poucas pessoas que tinham
acesso a estes veículos de comunicação.
Depois de algum tempo, precisamente na década 1960, de acordo com o site
da Volkswagen (2009), o produto era produzido com peças inteiramente nacionais. E
nesse mesmo período, segundo Previero (2009) o fator social predominante era a
ascensão da mulher dentro da sociedade visto que, ela se inseriu no mercado de
trabalho, teve o direito ao voto etc. e por isso, segundo Dias (2006), o enfoque das
campanhas enfatizava a mulher.
De acordo com a década de 1970, Branco, Martensen e Reis (1990) afirmam
que, houve a introdução de novos recursos publicitários para serem utilizados na
divulgação dos produtos no mercado. E como as peças das campanhas, segundo
Dias (2009), enfatizavam que o Fusca era o segundo carro à família, possivelmente
destinado a mulher, pressupõe-se com isso que o automóvel era vendido à classe
17
social de poder aquisitivo mais elevado. Soares (2009)1 complementam que nesse
período o Brasil também estava passando pela ditadura militar, período este, em que
havia muita censura nas mídias televisivas, sonoras e impressas, confirmando assim
que as campanhas eram mais restritas a classe alta.
E, na década de 80, segundo o site da Volkswagen (2009), diante da crise
econômica que se instala no país, a produção e as vendas do Fusca começam a
entrar em declínio e, embora a empresa tentasse levantar as vendas, não obtém o
sucesso almejado, acabando assim com a produção do Fusca. Nesse período,
segundo Soares (2009)1, era considerada a “década perdida”, pois foca o plano
cruzado, a dívida externa, hiperinflação, movimentos sociais (Central Única dos
Trabalhadores (CUT), Diretas Já, Partido Trabalhista) etc. Segundo o site da
Volkswagen (2009), neste período houve a criação do Gol para suceder o Fusca no
mercado popular. Branco, Martensen e Reis (1990) complementam que houve
nesse período a renovação tecnológica como, por exemplo, a introdução do
Compact Disc, Music Television (MTV), dos outodoor e também de outras
segmentações de veículos automotivos etc. Por esse motivo o Fusca foi caindo no
conceito da sociedade e fazendo com que a Volkswagen renovasse o seu portfólio
para continuar no mercado automobilístico.
Na década de 1990, segundo Soares (2009)1, é considerada a década do
consumismo devido à troca da moeda anterior para o plano Real com o intuito de
amenizar a inflação existente. Devido a isso, segundo o site da Volkswagen (2009),
o Presidente Itamar Franco pede para a Volkswagen voltar a fabricar o Fusca pelo
fato de ser um modelo de carro barato e acessível à população. E assim aconteceu,
porém a Volkswagen logo cessou a produção ao perceber que as vendas do produto
iam mal e eram somente os colecionadores e fãs que estavam comprando o
automóvel e não a massa como era esperado pela empresa. Nesse período,
segundo Soares (2009), devido à redução da inflação, a população passou a
comprar mais, tornando-se consumista, devido à criação do shopping center, à
introdução da internet, fazendo com que os jovens se tornassem mais imediatistas.
Segundo Previero (2009), o New Beetle foi criado para atender a esse novo target,
nesse novo período tecnológico.
Então, Perez (2004) afirma que, quando a empresa insiste em padrões de
comunicação já desgastados, quando esta não se atualiza com relação ao seu
18
1 Anotações realizadas durante a aula de Economia e Política, ministrada pelo Prof. Mário Sérgio Soares, no dia 28/08/2009, na Universidade de Mogi das Cruzes. público alvo ela cai no esquecimento, e para que isso não ocorra, é necessário uma
readequação, incorporando as tendências da época e as mudanças socioculturais
da audiência para que mantenham um diálogo. Essa adequação pode ocorrer
através de pequenas alterações na logotipia, na abordagem publicitária ou na
criação e lançamento de um novo produto. Foi partindo desse princípio que, de
acordo com Perez (2004), a Volkswagen decidiu optar pelo lançamento do sucessor
do Fusca, com um design mais arrojado e inovador, dando-lhe o nome de New
Beetle. O novo produto foi inserido no mercado com o intuito de refletir e enfocar a
jovialidade à sua marca que se encontrava um tanto quanto desgastada para assim
levantar as vendas e roubar o mercado de seus concorrentes.
Para ganhar o mercado dos concorrentes é preciso, segundo Sampaio
(1999), haver um planejamento de inserção do produto Fusca e New Beetle na
praça e sua respectiva manutenção mediante as campanhas publicitárias. E para
isso, a empresa organizou o departamento de Propaganda e Marketing, com o
intuito de, segundo o Departamento de Markerting e Propaganda da Volkswagen
(2009) “desenvolver e concretizar a imagem da marca frente ao consumidor e
estabelecer o posicionamento através de campanhas institucionais, do produto e de
varejo”, ou seja, segundo Perez (2004), a empresa está fazendo a manutenção da
marca. Os autores Vestergaard, Schroder (1996), Vanoye (1998), Sampaio (1999)
complementam que, as campanhas publicitárias visam à divulgação da empresa
(instituição) e do produto através dos veículos de comunicação de modo atrativo e
persuasivo com o intuito de vender a sua marca e o seu produto para o consumidor.
De acordo com o Departamento de Marketing e Propaganda da Volkswagen
(2009), o cronograma das campanhas publicitárias pode variar de 03 a 06 meses (ou
mais) para ser realizadas. Para isso, as campanhas, também de acordo com
Sampaio (1999), seguem as seguintes etapas: Recebimento do Concept
(característica do produto); Reuniões de Planejamento (pode incluir pesquisa com
clientes e/ou potenciais clientes); Elaboração do Marketing Concept ; Briefing para a
Agência; Análise das Propostas Criativas/Plano de Mídia, Aprovação da Campanha,
Produção das Peças, Veiculação. A Volkswagen (2009) complementa que o tempo
da veiculação depende do tempo da necessidade da sustentação do produto. No
caso do Fusca, percebe-se uma grande concentração de campanhas publicitárias na
19
década de 60 e 70 presentes na internet e quanto ao New Beetle há duas
campanhas desde o seu lançamento em 1998. Portanto, Perez (2004) conclui que, o
novo produto (ou marca) que está sendo inserido no mercado, pode ser vinculado ao
anterior desde que aquele seja um produto bem aceito no mercado/praça, pois é
uma maneira de reduzir o custo com futuras campanhas publicitárias. De fato, a
imagem do produto New Beetle está vinculada ao Fusca, pois este possui
credibilidade perante os seus consumidores não havendo a necessidade de diversas
propagandas com o intuito de fixar o produto na mente das pessoas. (grifo nosso)
Quanto à verba destinada as campanhas publicitárias, a Volkswagen (2009)
salienta que, são determinadas anualmente e a sua distribuição obedece aos
critérios de planejamento de comunicação, em que constam os produtos a serem
lançados ou sustentados ao longo do ano e com intensidade. Vale salientar que, na
década de 80, quando a produção do Fusca estava quase cessando, a Volkswagen
estava lançando o Gol. Sendo assim, pode-se inferir que as campanhas do Gol
estavam em destaque naquela década enquanto, as propagandas do Fusca eram
esporádicas. Ainda de acordo com a Volkswagen (2009), eles contam com 3
ferramentas do marketing para atender ao seu cliente através do Webmarketing, da
Promoção de Vendas e do Merchandising.
Vestergaard e Schroder (1996), Vanoye (1998), Sampaio (1999) salientam
que, para haver um retorno favorável, o anunciante deve saber ousar, investir o
necessário, arriscar e deixar com que os profissionais especializados façam o seu
serviço da melhor forma possível. Quando Sampaio (1999) menciona “profissionais”,
ele sugere tanto a empresa e seu respectivo departamento de Propaganda e
Marketing quanto à agência possuidora de sua conta. A Volkswagen (2009) finaliza
que, a Agência Publicitária AlmapBBDO é a responsável pela sua conta no Brasil
atualmente. Entretanto, ao pesquisar sobre a história da comunicação, Branco,
Martensen e Reis (1990) mencionam que, como foi abordado anteriormente, além
dessa agência, a conta da Volkswagen também esteve com a Agência Proeme em
meados de 1960.
No decorrer desse texto, percebe-se, de acordo com a Volkswagen (2009),
que o produto Fusca esteve entrelaçado a trajetória da Volkswagen do Brasil em
todo o percurso por onde ela trilhou. Como a empresa quis atingir novos objetivos e
renovar o seu arsenal de produtos diante do consumidor, relançou o seu sucessor
com um design mais jovial e arrojado e deu-lhe o nome de New Beetle.
20
Observa-se que a Volkswagen complementa a sua marca através do produto
visto que, segundo Perez (2004), o design é a corporificação da idéia para transmiti-
la aos demais. Entretanto o design do New Beetle remete a lembrança do seu
antecessor que, por sua vez, possui formas mais arredondadas do que o New
Beetle. Perez (2004, p. 59) ao abordar sobre design e forma menciona que “curvas e
ondulações expressam dinamicidade, sensualidade e feminilidade”. A autora (2004,
p. 60) também menciona que “a esfericidade e o arrendondamento evocam
harmonia, suavidade e feminilidade”, complementa que “curvas são captadas como
femininas, suaves e continuas, evocando retorno”. Ela ressalta que, esferas, círculos
são simétricos, proporcionais e, com isso, cria ordem e alivia a tensão, porém se
tiver um toque assimétrico, quebra a monotonia de uma imagem, ou seja, o Fusca
quebrou a simetria colocando um único retrovisor na lateral que pertence ao
motorista.
A autora salienta que o tamanho pequeno para o ocidental é digno de pouca
importância e finaliza que algo robusto é considerado abrutalhado e obtuso.
Observa-se que há diferenças no design desses dois modelos. Nota-se que, embora
o New Beetle seja parecido com o Fusca, há traços naquele que indicam o círculo
bem como neste, porém aquele também possui a forma oblongada, ou seja, as
linhas retas finalizadas circularmente, segundo Perez (2004:52), “estendem o campo
de visão, parecendo captar mais de uma determinada cena e criando uma estética
dominante”.
Diante dessa reflexão a respeito do design, e ao analisar algumas peças,
percebe-se que na década de 1960 há propagandas que se destinam a mulher. Será
que há a possibilidade de o Fusca ser um carro fabricado para a mulher dirigir, visto
que o produto Volkswagen é um complemento da própria marca? Será que há
alguma relação entre esses dois quesitos? Por outro lado, nota-se que,
aparentemente, o Fusca cativou mais a legião masculina do que a feminina. Será
que isso mostra que há alguma relação com os traços ressaltados por Perez (2004)?
Embora Previero (2009) estivesse envolvida apenas com o job no New Beetle
em 2008, ao ser questionada sobre o enfoque na mulher durante as primeiras peças
publicitárias do Fusca, sugere que, esse “foi fabricado para ser o carro popular, pois
não havia outra segmentação mais especifica no mercado e”, completa que, “as
propagandas usavam a mulher, pois retratava uma época de conquistas dela e
dirigir era mais uma dessas conquistas”. Dias (2006) completa que, o enfoque
21
utilizado pela agência AlmapBBDO para vender o Fusca destacava-se no lema “o
segundo carro para a família”, visto que naquele período predominava a venda de
carros grandes.
Após esse breve estudo sobre a marca Volkswagen, o Fusca e o New Beetle,
no próximo item será abordado algumas informações prévias a respeito da análise
das mídias impressas.
2.3.1 Informações sobre as peças analisadas
Nessa parte da pesquisa será analisado treze peças de campanhas
publicitárias realizadas durante a trajetória do Fusca e uma peça do New Beetle.
As peças escolhidas estão separadas por décadas obedecendo, mas não
criteriosamente, três peças por decênio. Tais peças analisadas foram retiradas da
internet e focam a mídia impressa, embora existam diversas propagandas
veiculadas na televisão e no rádio também. De acordo com o formato das peças,
nota-se que as propagandas foram veiculadas em revista, jornal e outdoor, sendo
direcionadas para os homens e mulheres, de diferentes faixas etárias. Periscinoto
(2009) confirma que, o Fusca era vendido para qualquer faixa etária, situação
econômica ou social.
De acordo com Branco, Martensen, Reis (1990) e a Agência AlmapBBDO
(2009), as campanhas publicitárias realizadas para a anunciante Volkswagen,
tiveram a participação do Diretor de Criação Alexandre José Periscinoto, nas
campanhas do Fusca, e da Diretora de Atendimento Vanessa Previero, na
campanha do New Beetle.
2.3.2 Análise das peças publicitárias
As análises, segundo Vanoye (1998), Vestergaard e Schroder (1994), são
pertinentes à teoria comunicacional.. Entretanto, para auxiliar na leitura e análise das
propagandas, foi realizada uma tabela e categorizada, de acordo com os elementos
da comunicação, mas sob o prisma da Publicidade e Propaganda.
Para compreender a tabela, como é apresentado na próxima página, na
primeira coluna haverá a Figura analisada, ou seja, a peça publicitária, seguida da
22
Marca, Produto (emissor), Década/ Local, Motivo (Mensagem), Vantagens/Benefício
Apelo de Venda (mensagem/ referente), Público Alvo (receptor), Apontamentos
Semióticos (Código, Canal, Figuras da Linguagem etc.).
23
Tabela 01: Apresentação das peças publicitárias do Fusca e do New Beetle.
FIGURA MARCAPRO-DUTO
DÉCADA LOCAL
MOTIVOVANTAGENS /
BENEFICIO APELO DE VENDA
PÚBLICO ALVO
APONTAMENTOS SEMIÓTICOS
1
VolkswagenBrasileiro
-1950Brasil
Já está disponível no país.
Sair com a família / é compacto / inovador / é novidade no Brasil / é popular / é veloz / rende.
Família
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa e Referencial;- Possui Ruído e Redundância.
2
Volkswagen -1960Brasil
Mostra sutilmente que a mulher também precisa do carro.
Para ir ao trabalho e facilitar as atividades diárias da mulher.
Adultos: Mulheres (diretamen-te) e Homens (indireta-mente)
- Linguagem Sincrética;- Função da Linguagem: Conativa/Apelativa;- Possui Ruído e Redundância.
FIGURA MARCAPRO-DUTO
DÉCADALOCAL
MOTIVOVANTAGENS /
BENEFICIOAPELO DE VENDA
PÚBLICO ALVO
APONTAMENTOSSEMIÓTICOS
3
Volkswagen -1960Brasil
De uma maneira mais ousada, sugere para o homem comprar o produto para a mulher.
O produto é indispensável para o homem, pois este gosta de estar com o carro mesmo não precisando. E já que ele não pode e não quer ficar sem o produto, sugere que este compre outro à sua esposa.
Adultos: Mulheres (diretamen-te) e Homens (indireta-mente)
- Linguagem Sincrética;- Função da Linguagem: Conativa/ Apelativa;- Possui Ruído e Redundância.
4
Não marca na peça.
-1960Brasil
Mostra que o consumidor conhece o produto.
Mostra que o produto é confiável e que a sua mecânica não deixará o consumidor na não.
“A gente” (nós). Adultos.
- Linguagem Sincrética;- Função da Linguagem: Apelativa/Conativa;- Possui Ruído e Redundância.
FIGURA MARCAPRO-DUTO
DÉCADALOCAL
MOTIVOVANTAGENS /
BENEFICIOAPELO DE VENDA
PÚBLICO ALVO
APONTAMENTOSSEMIÓTICOS
5
Volkswagen Fuscão1970 Brasil
Indica a semelhança no quesito “reflexo” e “rapidez” entre o consumidor e seu o Fusca.
Indica que o produto se adéqua as necessidades do consumidor. Menciona as palavras “rapidez”, “motor 1500 cc”, “bitola larga”, “suspensão independente”, “barra estabilizadora no eixo traseiro”, “freios a tambor ou a disco”, “direção”, “feito sob medida”.
Você. (Adultos)
- Linguagem Sincrética;- Função da Linguagem Apelativa/ Conativa e Poética;- Possui Ruído e Redundância.
6
VolkswagenFusca 1300
1970 Brasil
Pede para o consumidor refletir e escolher o produto baseando-se nas vantagens que são apresentadas.
Mostra que o produto está a 16 anos no mercado, é bem vendido, de fácil acesso ao consumidor e possui boas qualidades.
Você. (Adultos)
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa e Poética; - Possui Ruído e Redundância.
FIGURA MARCAPRO-DUTO
DÉCADALOCAL
MOTIVOVANTAGENS /
BENEFICIO APELO DE VENDA
PÚBLICO ALVO
APONTAMENTOS SEMIÓTICOS
7
Volkswagen
Fusca (1300) / Fuscão (1500)
1970 Brasil
É um produto ideal àqueles que tem pressa e outros que tem mais pressa ainda.
O Fusca possui o motor 1300 e 1500, ambos são econômicos e velozes. O Fuscão garante maior potência, torque e velocidade. Possui bitola larga e barra compensadora no eixo traseiro.
Você / Homem / Mulher. (Adultos)
- Linguagem Sincrética;- Função da Linguagem: Apelativa/Conativa, Poética;- Possui Ruído e Redundância.
8
Volkswagen Fusca1980 Brasil
Questiona o consumidor se as tendências não são as linhas arredondadas. E chama a atenção, pois o Fusca é vermelho.
O design com linhas arredondadas. O resto do texto possui ruídos, mas dá para ler o slogan “Volkswagen: Você conhece, você confia”.
Você. (Adultos: Homens e Mulheres)
- Linguagem Sincrética;- Função da Linguagem Apelativa/ Conativa, Fática e Poética;- Possui Ruído e Redundância.
9
Volkswagen Fusca1980 Brasil
O Fusca ainda está sendo fabricado.
Mostra a durabilidade e credibilidade do produto no mercado (praça).
Você. (Adultos: Homens e Mulheres) – Classe popular.
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa e Poética;- Possui Ruído e Redundância.
FIGURA MARCAPRO-DUTO
DÉCADALOCAL
MOTIVOVANTAGENS /
BENEFICIOAPELO DE VENDA
PÚBLICO ALVO
APONTAMENTOSSEMIÓTICOS
10
Volkswagen Fusca1980 Brasil
Mostra que os outros carros precisam evoluir para chegar à perfeição do Fusca. O Fusca continua sendo o melhor carro da praça.
O Fusca possui o menor custo inicial, com taxas mais baixas de licenciamento e seguro. É econômico (faz 14 km com 1 l. de gasolina), robusto, resistente, durável, com fácil manutenção, (re) venda lucrativa, é popular (mais vendido no Brasil).
Você. (Adultos: Homens e Mulheres)
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa, Referencial e Poética;- Possui Ruído e Redundância.
11
Volkswagen -1990 Brasil
De 0 a 100 no tempo suficiente.
Velocidade é suficiente para o seu tempo. Confiabilidade no produto da Volkswagen em virtude do slogan "Você conhece, você confia".
Adultos: Homens e Mulheres
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa, Poética; - Possui Redundância.
12
Volkswagen -1990 Brasil
A volta do Fusca ao mercado Brasileiro.
Confiabilidade no produto da Volkswagen em virtude do slogan "Você conhece, você confia".
Adultos: Homens e Mulheres
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa, Poética;- Possui Redundância.
13
Volkswagen -1990 Brasil
A volta do Fusca ao mercado Brasileiro.
Confiabilidade no produto da Volkswagen em virtude do slogan "Você conhece, você confia".
Adultos: Homens e Mulheres
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa, Emotiva e Poética;- Possui Redundância.
FIGURA MARCAPRO-DUTO
DÉCADALOCAL
MOTIVOVANTAGENS /
BENEFICIOAPELO DE VENDA
PÚBLICO ALVO
APONTAMENTOSSEMIÓTICOS
14
VolkswagenNew Beetle
2000 Brasil
É um carro cheio de história.
Apresenta o design do sucessor do Fusca. E também remete a história que o Fusca traz devido aos objetos antigos que saem de dentro do New Beetle como, por exemplo, "máquina de escrever", "cubo mágico" etc. Isso mostra que o produto é bom, bem como foi o antecessor.
Adultos: Homens e Mulheres. Classe Social mais favorecida. (valor financeiro do carro é alto e está embutido na peça)
- Linguagem Sincrética;- Funções da Linguagem: Apelativa/ Conativa e Poética;- Possui Ruído e Redundância.
FONTE: Vibe Solutions.
Ao analisar essas propagandas, percebe-se que há algumas semelhanças
entre elas. A persuasão mencionada por Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye
(1998) e Perez (2004) se faz presente em todas as peças publicitárias
Verifica-se que o produto Fusca está presente nas figuras 01, 02, 04, 05, 06,
07, 08, 09, 11, 12 e 13, ou seja, segundo Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye
(1998), as fotos desses automóveis são apelativas devido ao seu tamanho, pois,
estão servindo de apoio e chamando a atenção para o texto presente nas peças.
Para Perez (2004), as cores dos automóveis também transmitem apelos
sensoriais ao seu público alvo e, segundo Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye
(1998) isso remete a apelação, pois chamam a atenção dos consumidores.
Percebe-se que a cor verde está presente no Fusca da figura 01 e 13. A
primeira peça, segundo Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye (1998) está repleta
de redundância para enfatizar a chegada do Fusca e da Volkswagen no Brasil.
Percebe-se isso, segundo Perez (2004), devido à predominância da cor verde do
Fusca, da marca da Volkswagen acima e do nome da empresa escrito por extenso
abaixo e no sublinhado “mais vendido” na Figura 01, pois faz alusão
metonimicamente a bandeira brasileira.
Essa redundância, segundo Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye (1998),
se repete nas palavras “Brasil” e na raiz da palavra “BRASILeiro” e também na
marca da empresa e em seu nome escrito por extenso. O sublinhado verde em
“mais vendido” sugere que ele é vendido no Brasil, entretanto, segundo Coelho
(2003) também sugere que os brasileiros devem seguir a tendência do resto do
mundo e adquirir esse produto. Isso mostra que o produto é vendido no mundo e
indiretamente no Brasil, significa que, segundo Coelho (2003) houve a
homogeneização quando este se refere ao mundo e sugere que o Brasil se iguale
aos demais países. Sendo que com o restante da mensagem, “as mesmas
características e o mesmo rendimento” enfatizam no quesito mencionado pelo autor.
Para enfatizar que o produto Volkswagen é bom e potente, segundo
Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) e Perez (2004), a agência publicitária
utiliza a linguagem indicial do Fusca correndo nas estradas brasileiras e confirma
isso ao escrever “já está correndo as estradas do Brasil”. A palavra “já” e
“Volkswagen Brasileiro” apenas enfatizam, devido a sua disposição no texto que a
Volkswagen e o Fusca já estavam no Brasil. Essa propaganda foi produzida em
1959 e, segundo o site da Volkswagen (2009), foi o ano em que a empresa foi
inaugurada em São Bernardo do Campo. Essa peça é a primeira propaganda da
anunciante e de acordo com os traços e a pintura, segundo Branco, Martensen e
Reis (1990), foi desenhada, pois naquele período da história da propaganda, as
peças eram produzidas manualmente pelos artistas.
Com relação à cor do Fusca da Figura 13, remete a idéia, segundo Perez
(2004), da Figura 1, no momento que este produto foi lançado no país em 1959.
Sabe-se que, segundo o site da Volkswagen (2009), a Figura 13 foi produzida
durante a gestão do presidente Itamar Franco, momento em que o produto foi
relançado no país. Segundo Perez (2004), essa peça publicitária está integrada a
peça de 1959, visto que aquela era um relançamento e por que não fazer alusão ao
lançamento desta?
Ainda de acordo com a autora, a agência enfatiza nessa peça, a
personificação do produto ao dizer “Buracos, voltei”, dando vida a um objeto.
Segundo Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye (1998), o produto ganha vida ao
ressaltar “voltei” e com isso, segundo Perez (2004) remete a todas as características
já mencionadas em outras campanhas publicitárias do produto. E, ao mesmo tempo,
nessa peça, de acordo com Perez (2004), nota-se uma dose de intimidação e
provocação por parte do Fusca para com os buracos com o intuito de descontrair o
seu público alvo, e ao mesmo tempo, sugere aos buracos para serem cautelosos,
pois o produto da Volkswagen está de volta e vai “aterrorizá-los”.
Além da Figura 01, essa peça publicitária também faz alusão as Figuras 05 e
10 (esta última será abordada mais adiante). Percebe-se na Figura 13, através
dessa personificação mencionada por Perez (2004), que essa peça faz alusão a
Figura 05, pois nesta propaganda, em sua linguagem verbal ressalta que “Existe um
carro que tem um reflexo tão rápido quanto o seu” e “desde a hora que v. dá a
partida é como se ele tomasse vida...”, ou seja, há novamente a personificação
mencionada por Perez (2004). Para a autora, a ondulação que o veículo faz na foto,
representa a dinamicidade do produto e, segundo Vestegaard, Schroder (1994) e
Vanoye (1998), isso se apóia no texto presente na peça, quando a agência coloca
“Existe um carro que tem um reflexo tão rápido quanto o seu”. Para Perez (2004), a
comparação é evidente entre o produto e o seu consumidor e ambos estão em total
sintonia, visto que o ser humano possui dinamicidade, vivacidade e isto está
presente na foto através das ondulações e da cor vermelha presente no carro. Em
contrapartida, Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) afirmam que a
linguagem verbal está de acordo com o seu público alvo, embora haja muitas letras
“v.” para abreviar a palavra “você”, tornando o texto compreensível e adequado ao
seu target. O interessante de se comentar a respeito dessa personificação, aludida
por Perez (2004) e corporificada pela agência publicitária é que, a partir de 1969 a
Walt Disney lançou os filmes em que o Fusca possuía vida, talvez, a agência tenha
se inspirado nessas produções: Se Meu Fusca Falasse (1969); As Novas Aventuras
do Fusca (1974); O Fusca Enamorado (1977). Além dessas, a Disney também
produziu os filmes: A Última Cruzada do Fusca (1980); Se meu Fusca Falasse
(1997) e Herbie - Meu Fusca Turbinado (2005).
Retornando a questão das cores proposta por Perez (2004), o Fusca
vermelho é predominante também nas figuras, 07, 08, 11 e 12. Sendo assim, na
Figura 12, a agência faz alusão novamente a personificação do produto ao colocar a
frase “Confirmado: existe reencarnação”. Para existir a reencarnação, é preciso
morrer. O Fusca deixou de ser fabricado pela Volkswagen na década de 80,
entretanto, foi relançado em 1993. É como se aludisse a idéia de que o Fusca
tivesse morrido na década anterior e reencarnado na década posterior. Essa
mensagem utilizada também remete ao slogan de outra peça da mesma campanha
publicitária “Buracos, voltei”. Entretanto, aquela pressupõe a vida e confirma isso, ao
utilizar o Fusca vermelho. A cor vermelha, segundo Perez (2004), além de
representar “vida”, também significa “paixão”. (grifo nosso)
Com relação à Figura 11, a conexão que se faz com as demais dessa
campanha publicitária é através da cor vermelha do carro, pois esta faz relação à
Figura 12. Entretanto, a mensagem “De 0 a 100 no tempo suficiente” utiliza-se uma
linguagem verbal mais enxuta, segundo Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye
(1998), recorrendo à elipse, segundo Perez (2004) e ocultando algumas palavras,
mas causando o mesmo impacto no seu público alvo.
A ausência de texto nas figuras 11, 12 e 13, se deve, segundo Vestergaard,
Schroder (1994), Vanoye (1998), ao objetivo de informar que o produto foi
relançado. Mas, de acordo com os autores, e também segundo Perez (2004), o local
aonde a mensagem será inserida também requer um número exato de letras /
palavras para ser bem visualizada e memorizada na mente das pessoas. E como, o
motivo “De 0 a 100 no tempo suficiente”, remete a idéia das propagandas anteriores,
onde estas enfatizam a funcionalidade do produto. Mais uma vez, de acordo com
Perez (2004), há a conexão com as campanhas publicitárias do produto já
produzidas no Brasil, como a da Figura 05, por exemplo, pois ambas indicam a
adequação do produto ao seu consumidor.
Além da cor vermelha do Fusca na Figura 08, a agência testa, segundo
Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998), o canal com o receptor devido ao
“Ué”. Nessa Figura ao negar, a propaganda afirma que a tendência é a linha
arredondada Segundo Perez (2004) isso indica que o Fusca é um carro popular,
pois está na moda devido as suas curvas arredondadas e de acordo com a palavra
“tendência”. Portanto, Coelho (2003) afirma que, a indústria cultural conseguiu
persuadir o seu público alvo com o intuito de vender o produto e torná-lo comum e
ao mesmo tempo desejado pela população brasileira. De acordo com a palavra
“tendência”, pressupõe-se, segundo Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998),
que o produto já tenha cativado a sua legião de fãs e é considerado a paixão
nacional.
Na figura 07, diferentemente das outras que contam apenas com um produto,
essa conta com dois: um Fusca vermelho e outro azul. Como já foi mencionado
anteriormente o significado proposto por Perez (2004) a respeito da cor vermelha, a
análise dessa peça se ateará a cor azul. Perez (2004) afirma que a cor azul é calma,
suave, relaxante e fria. Essa cor remete a cor presente metonimicamente à marca
da Volkswagen. E como o enfoque da marca sempre foi à segurança, confiança do
consumidor, provavelmente é isso que se busca nessa peça.
De acordo com a disposição da fotografia da Figura 07, os dois Fuscas estão
dispostos indicialmente, segundo Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) e
Perez (2004), propondo a comparação dos modelos e também das pessoas
apressadas e mais apressadas. A linguagem verbal dessa peça remete uma
comparação entre o homem e a mulher. Devido ao layout dessa propaganda, o
Fusca vermelho é “para quem tem pressa” e “... se você comprar um segundo carro
para a sua mulher, também é o ideal...” e o Fusca azul é “para quem tem muita
pressa” e o texto apelida como “Fuscão”. Perez (2004, p. 159) cita Fiorin para definir
que “o masculino pressupõe o feminino para ganhar sentido, e vice-versa” e é o que
acontece nessa figura. Há outro fator interessante nessa Figura ao remeter à idéia
de que o Fusca poderá ser comprado para ser o segundo veículo da família. Essa
tática, segundo Dias (2006) foi utilizada pela DDB na década de 50 para vender
esse produto, visto que os americanos não gostaram dele por achá-lo feio, pequeno
etc.
Como foi explicitado por Perez (2004) anteriormente a respeito da cor azul,
na figura 06, além desse item, nota-se a expressão “Pense inteligente” em tamanho
significativo, disposto abaixo do Fusca. Ao pensar sobre o “Pense”, que traduzida
para o inglês fica “Think”, remete a idéia ao case “Think Small”. Segundo Dias
(2006), esse case foi criado na década de 50, pela DDB, nos Estados Unidos, para
vender o Fusca, já que naquele período os americanos não compravam esse
produto em virtude de ser feio e ter relação com o ditador Hitler. Para Coelho (2003),
essa foi à maneira que a DDB encontrou para fazer o capital girar dentro da
sociedade, pois a agência induziu o consumidor a trocar o seu dinheiro pelo produto
almejado, no caso, o Fusca. Como aconteceu isso na DDB, e como logo em seguida
Periscinoto (2009) teve contato direto com essa agência, segundo Branco,
Martensen, Reis (1990) e o próprio publicitário (2009), muitas das estratégias
utilizadas nos Estados Unidos para vender o produto veio para o Brasil com ele.
Para finalizar a análise das propagandas dos Fuscas azuis, a Figura 09 faz
alusão há uma cidade grande, devido aos prédios presentes em seu background,
sendo provavelmente a cidade de São Paulo durante o pôr do sol. Segundo
Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) e Perez (2004), a propaganda sugere
a antítese, ou seja, idéias contrárias ao referir-se “não voltou” e “nunca foi embora”
para mostrar que o Fusca está presente na hora que todos saem dos seus serviços.
Vale reforçar que o azul do carro representa metonimicamente a Volkswagen, ou
seja, o Fusca está presente nas ruas e a Volkswagen também.
A relação entre figuras 09 e 10 são as cores vermelhas, pois naquela, é o pôr
do sol e nesta é o nevoeiro avermelhado. Na figura 10, o delinear branco se
contrasta ao vermelho sugerindo o formato de um Fusca. A cor branca, segundo
Perez (2009) sugere algo feliz, ativo, puro e inocente. A figura está em posição
vertical e remete ao contorno do Fusca, porém, se a posição for trocada para
horizontal, segundo Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) e Perez (2004),
pode-se localizar metaforicamente a três figuras indiciais. A primeira figura remete
ao formato da metade de um violoncelo, da garrafa, do cadeado, ou seja, essas
figuras aludem a feminilidade às duas primeiras e segurança à terceira figura. Perez
(2004) exemplifica isso se utilizando da 1º garrafa da Coca-Cola que foi criada
baseando-se num modelo de saia de mulher. A peça refere-se ao Fusca como
sendo perfeito, e Perez (2004, p. 62) conclui que “as formas arredondadas,
proporção e simetria, se misturam e criam percepções de harmonia, de suavidade e
de perfeição”. Vale relembrar que, segundo Perez (2004), as propagandas podem
estar interligadas. Sendo assim, o tema dessa campanha “A marca que conhece o
nosso chão” é rememorada posteriormente na Figura 13 “Buracos, voltei.”, pois
ambas aludem ao conhecimento do solo brasileiro.
Dias (2006) comentou anteriormente que, a DDB lançou a campanha nos
Estados Unidos enfatizando o Fusca como sendo o segundo carro para a família.
Percebe-se então que, de acordo com Branco, Martensen, Reis (1990) e Periscinoto
(2009), a Figura 02 e 03 faz alusão a essa estratégia de publicidade trazida da
agência americana pelo publicitário brasileiro.
Na Figura 02, para Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998), ocorre à
redundância do verbo “ir”, “levar”. Perez (2004) complementa que, embora
predomine outro tipo abordagem, nessa peça foi utilizada a abordagem racional,
pois enumera as vantagens de se ter esse produto como facilitador da vida diária da
esposa. Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) concordam que a propaganda
é finalizada com uma pergunta sugestiva “Não é justo que ela tenha um Volkswagen
só para ela?” com o intuito de induzir o seu publico alvo à compra do produto.
Na Figura 03, diante da redundância da foto do marido ao responder sempre
negativamente quando questionado sobre o empréstimo do automóvel percebe-se
que, para Perez (2004), essa negação ao empréstimo sugere a agregação de valor
ao produto Volkswagen. Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) e Perez
(2004) concluem que a sugestão à compra do veículo é mais ousada do que a
propaganda anterior.
Com relação à Figura posterior, segundo Branco, Martensen e Reis (1990),
provavelmente retirada da campanha publicitária promovida pela Proeme intitulada
“O bom senso em automóvel”, fica evidente a apelação devido ao exagero da
fotografia do Fusca. Essa peça também recorre, de acordo com Vestergaard,
Schroder (1994), Vanoye (1998), Perez (2004), a função poética, pois é possível
inferir a confiabilidade do produto diante do enunciado “Aqui a gente sabe o que a
gente tem”. Para os autores, também está sendo utilizadas as figuras da linguagem
poética, devido há a repetição da vogal nasal /ẽ/, isso significa que é um enunciado
assonante visto que brinca com a repetição da vogal nasal.
Percebe-se que, nas Figuras 02, 03, 04, há a predominância da cor preta nas
peças. De acordo com Branco, Martensen e Reis (1990), no período de veiculação
dessas peças publicitárias ainda não existia a coloração nas fotografias. Segundo os
autores, esse recurso foi incorporado à mídia publicitária na década de 70.
Nas outras figuras, as cores predominantes dos Fuscas são vermelho, verde
e azul. Com relação à figura 14, Previero (2009) afirma que, as cores do veículo são
mais ousadas. A figura do New Beetle é amarela, segundo Perez (2004), é uma cor
que representa a alegria, jovialidade etc. Nessa figura, segundo Perez (2004), o
vínculo entre o New Beetle e o Fusca fica evidente através da história desse e isso
se deve aos objetos antigos saindo daquele. A confirmação acontece, segundo
Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998), Perez (2004), através do texto “É um
carro cheio de histórias”. Nota-se que os brinquedos produzidos remetem ao período
que coincide com a produção do Fusca. Como há vários objetos saindo de dentro do
automóvel, fica um pouco confuso, porém é possível verificar isso no hotsite
produzido pela agência e que se encontra no site da anunciante.
De acordo com a análise das propagandas, percebe-se que, segundo Perez
(2004) todas as figuras faz à alusão a marca Volkswagen. Com relação ao nome do
produto, não aparece nas figuras 01, 02, 03, 04, 11, 12, 13, e 14. Percebe-se que
nas primeiras figuras, o produto ainda não havia sido batizado como “Fusca”. Nas
últimas, nota-se que, por ser admirado pelos brasileiros, não houve a necessidade
de colocar o nome junto ao produto. E na última figura, é o Fusca, segundo Previero
(2009), com um design inovador e moderno que recebeu um nome diferente do seu
antecessor.
Percebe-se ao analisar as propagandas que, segundo Vestergaard, Schroder
(1994), Vanoye (1998), nas primeiras figuras, a linguagem verbal é mais formal ao
passo que as últimas são mais objetivas e informais. As Figuras 05, 06, 07, 10
predominam, segundo os autores, a função referencial, pois explicitam sobre o
produto. Com relação às Figuras 08 e 09, há a predominância do texto, porém,
segundo Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998), tirando o enunciado, o
restante está repleto de ruído. Nota-se que a Figura 1 visa informar o público de que
o produto está sendo fabricado no Brasil. Na Figura 02, 03 e 07 enfoca-se que,
segundo Dias (2006), o carro como sendo o segundo para a família. A função
poética é predominante nas Figuras 04, 11, 12, 13 e 14. Na Figura 04, o texto
remete a palavra confiança. Já as Figuras 11, 12 e 13 remetem a idéia do retorno do
Fusca e é por isso que não houve necessidade da inserção do nome na
propaganda, pois fazem alusão as anteriores, de décadas diferentes.
De acordo com Perez (2004), as Figuras 01, 02, 03, 08, 09 a abordagem
predominante é a sociocultural, visto que há a idéia de nivelamento ao sugerir que o
Brasil se iguale ao resto do mundo, e que o marido compre também o Volkswagen
para a sua esposa. Nas Figuras 04, 05, 06, 07, 10, segundo a autora, a abordagem
é racional, visto que informa sobre as características do produto. Com relação às
Figuras 11, 12, 13 e 14, a abordagem é psicanalítica, visto que elas estão apelando
para o emocional do seu público alvo.
Antes de concluir esse item, de acordo com Vestergaard, Schroder (1994),
Vanoye (1998), Sampaio (1999), a disposição vertical das Figuras 01, 02, 03, 04, 05,
06, 07 e 10 possivelmente foram veiculadas em revistas. Devido à disposição
horizontal, as Figuras 08, 09 provavelmente foram veiculadas em jornais. No
entanto, as Figuras 11, 12 e 13, Dias (2006) afirma que foram veiculadas em
outdoors. E, finalmente, a última figura, devido ao seu formato, de acordo com
Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998), Sampaio (1999), certamente é uma
mídia impressa para ser veiculada em jornal, página dupla de revista e até mesmo
na internet, embora haja o hotsite para este último.
Como essa pesquisa aborda a evolução da propaganda do Fusca para
detectar se todas elas, durante a sua trajetória, enfatizaram a funcionalidade,
percebe-se que, segundo Branco, Martensen e Reis (1990), nas primeiras figuras, o
quesito da funcionalidade é mais abordado do que nas últimas, sendo mais
destacado na década de 1970. Porém, naquele período, o intuito era tornar o
produto popular, segundo Previero (2009), pois não havia variedade de veículos
como há atualmente e, Vestergaard, Schroder (1994), Vanoye (1998) completam
que, para isso era preciso explicar mais sobre o produto. Em contrapartida, nas
últimas peças analisadas, percebe-se que não houve a necessidade da explicação,
visto que a informação sobre o carro já havia atingido, segundo Coelho (2003) o
público de massa, com o auxilio da indústria cultural.
2.2.3 Pesquisa com o consumidor
Para confirmar se esta pesquisa está seguindo o seu curso exato, foi
elaborado um questionário estimulado fechado, utilizando-se de duas questões
semi-abertas (vide anexo 15) para ser aplicada em admiradores e colecionadores do
Fusca e New Beetle.
Esse questionário tem por objetivo detectar se o consumidor armazenou em
sua mente as funcionalidades anunciadas nas campanhas publicitárias e se essa
característica foi abordada em todas as campanhas dos produtos.
A pesquisa com o target foi aplicada em usuários da internet entre os dias 27
de setembro de 2009 e 14 de outubro de 2009. Verificou-se nesse período que: o
buscador Google fez 10.500.000 menções ao nome Fusca e 8.400.000, ao New
Beetle; existe por volta de 1.370.000 Blogs para o Fusca e 1.520.000, para o New
Beetle; e existe mais de 1000 comunidades no Orkut abordando o Fusca e 223, o
New Beetle. Sendo assim, a coleta de dados foi realizada com os internautas
associados às comunidades do Orkut “Fusca Clube de Mogi das Cruzes” e “Fusca
Clube do Brasil”.
A escolha das pessoas foi feita aleatoriamente, sendo todas admiradoras dos
produtos. A solicitação foi enviada através de pedidos vias scraps e o questionário
(vide apêndice A) enviado por e-mail. Foi contatado mais de 300 pessoas, incluindo
homens e mulheres, porém foi obtido apenas 30 feedbacks, sendo todos
masculinos.
A partir desse questionário, obteve-se o seguinte resultado:
FONTE: Vibe Solutions.
Tabela 02: Estado civil dos pesquisados
OpçãoNº de
Pessoas Porcentagem
Solteiro (a) 21 70,00%
Casado (a) 5 16,67%
Separado (a) 4 13,33%
Total 30 100%
70%
17%
13%
Solteiro(a)
Casado(a)
Separado(a)
Figura 15: Estado civil dos pesquisados.
O primeiro item a ser abordado no questionário foi à questão do estado civil.
Ao verificar o gráfico, percebe-se que 70% dos que responderam a nossa pesquisa
são solteiros, 17% são casados e 13% são separados.
Observa-se que, segundo Sampaio (1999), a escolha do veículo de
comunicação como mediadora da pesquisa influência no tipo de público que será
encontrado para respondê-la. A internet, para Sampaio (1999), é um veículo de
comunicação que está no mercado há apenas alguns anos em relação às demais
mídias, por isso a predominância das respostas é de solteiros e jovens, visto que
esses têm menos receio de mexer com essa nova tecnologia.
Para Vestergaard e Schoreder (1994) é extremamente importante ter o
conhecimento sobre o estado civil e idade, pois pessoas de determinadas faixas
etárias e estados civil tendem a pensar diferente dos demais grupos de pessoas.
Segundo Branco, Martensen e Reis (1990), as questões seriam basicamente
respondidas por pessoas mais velhas e provavelmente casadas ou separadas, visto
que, para os autores, o Fusca é um objeto antigo e as suas campanhas são
históricas. Mas, Coelho (2003) conclui que a paixão pelo Fusca se transferiu através
de gerações (de pais para filhos) devido à indústria cultural que há por de trás dela.
Além do mais, a questão da paixão de jovens e solteiros está de acordo com a
Figura 07, pois esta peça está dando destaque ao primeiro carro que a pessoa
possa comprar, pois remete a idéia de jovem e/ou solteiro, ou, de acordo com Dias
(2006), o segundo carro da família.
FONTE: Vibe Solutions.
97%
3%
Sim
Não
Figura 16: Tem ou teve o Fusca?
Essa questão foi abordada para mostrar que a cultura pode ser produzida,
assim como foi afirmado por Coelho (2003), pois a indústria cultural conseguiu
incorporar o Fusca como uma nova tendência durante a sua trajetória na mente e no
comportamento da sociedade e isso também ocorrerá com o New Beetle. Isso pode
ser constado ao notar que 97% das pessoas responderam que tem ou já tiveram o
Fusca e apenas 03% negaram essa pergunta. Isso mostra que, segundo Coelho
(2003) ao abordar sobre a indústria cultural, e Vestergaard, Schroder (1994) e
Vanoye (1998) ao mencionar sobre a persuasão, esses que não possuem o Fusca
ou o New Beetle poderão comprar os produtos futuramente, visto que a mídia tornou
esses objetos desejados de acordo com o seu público alvo, ou seja, “a paixão
nacional” dos brasileiros. (Grifo nosso)
Tabela 03: Tem ou teve Fusca?
OpçãoNº de
Pessoas Porcentagem
Sim 23 76,67%
Não 7 23,33%
Total 30 100%
Tabela 04: Frequência de uso do Fusca.
OpçãoNº de
Pessoas PorcentagemRaramente 11 36,67%De 1 a 2 Vezes 8 26,67%De 3 a 5 Vezes 4 13,33%Acima de 6 5 16,67%Não responderam 2 6,67%Total 30 100%
FONTE: Vibe Solutions.
36%
27%
13%
17%7%
Raramente
De 1 à 2 Vezes
De 3 à 5 Vezes
Acima de 6
Não responderam
Figura 17: Frequência de uso do Fusca.
Esse tópico abordado, ao verificar que 36% responderam que raramente
usam o Fusca e que 27% usam de 1 a 2 vezes por semana, confirma que, segundo
Dias (2006), o Fusca é visto como o segundo carro para a família. Porém, segundo
Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye (1998), Perez (2004) e até mesmo Coelho
(2003) afirmam que a campanha publicitária realmente persuadiu o seu target, pois o
intuito da publicidade é promover nas pessoas o desejo e o estímulo de possuir
aquele objeto mesmo não tendo utilidade para ela.
Mas, ainda assim há 17% que utilizam o carro acima de 6 vezes, e 13% que
usam de 3 a 5 vezes por semana. Ao analisarmos essa reposta, segundo Perez
(2004) e Sampaio (1999), esses 17% confirmam a funcionalidade do Fusca e o
utilizam com freqüência, ou seja, são esses consumidores que agregaram o valor ao
produto do Fusca e possivelmente retransmitindo esse valor ao sucessor New
Beetle, tornando-se clientes satisfeitos do produto e até mesmo da marca
Volkswagen. E há ainda, 7% que não mencionou a freqüência de uso do Fusca.
Antes da escolha da propaganda preferida, encontra-se uma questão aberta
estimulada em que o entrevistado deveria comentar o que as Figuras 01, 04, 07, 13
e 14 (vide anexo) representavam para ele. Muitos responderam que: “carro é bom,
resistente e durável”; “é um carro versátil, robusto e não necessita de muita
manutenção”; “as peças representam a evolução da propaganda no Brasil
juntamente com o Fusca”; “carro simples e útil”; “marcam a história da indústria
automobilística no Brasil”; “valorização, simplicidade e honestidade”; “anúncios do
carro mais popular do mundo”; “carro pequeno, manutenção barata, não gasta
combustível e todos gostam dele”; “é um carro que agüenta buracos”. “carro valente,
e pode ser dirigido em todos os tipos de pavimentação”; “valorizado não pela
aparência”; “representa que o Fusca nunca morre”; “muito valor”; “eficiência”.
É interessante ressaltar que, a pesquisa não enfatizou todas as propagandas
do Fusca, porém houve respostas que remetem a outras propagandas como a peça
“Aplique num negócio que nunca quebra” comentada por Periscinoto (2009) durante
a entrevista à revista eletrônica Autogiro. Periscinoto (2009) comenta em entrevista
que essa peça publicitária (entre outras) enfatiza o período em que o Brasil estava
tendo problemas financeiros e o Fusca era algo de valor e que sempre renderia
bem, mesmo que se o consumidor quisesse vendê-lo.
Há, entretanto, outra resposta para essa pergunta que vale ser transcrita na
integra, visto que se resume toda a trajetória das campanhas do Fusca:
As campanhas do Fusca sempre procuraram manter e confirmar os principais atrativos do carrinho: 1. O motor a ar que não ferve; 2. A economia de combustível, 3. A confiança na mecânica e construção, 4. O alto valor de revenda e custo-benefício. O Fusca foi idealizado para ser o carro do povo (Volks-wagen) e seu criador atingiu seu objetivo, criando um carro que conquistou a simpatia e a confiança de seus proprietários (ou não). Basta estar no trânsito, preso em um engarrafamento, vendo aquele mar de carros cinza e iguais. Quando passa um Fusca, o sorriso é inevitável. Seu charme, suas formas, sua aparência de feliz, conquistam e transformam o dia de adultos e crianças. Somos apaixonados por Fusca, e procuramos manter viva a história do carrinho ajudando ao próximo, realizando encontros beneficentes. Ter um Fusca é diferente... Só quem tem sabe. Não tenho um carro antigo, tenho o meu Fusca!
Após ler essas respostas, percebe-se que os entrevistados, fazem alusão à
questão da persuasão mencionada por Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye
(1998), isso é inquestionável em relação ao último entrevistado, pois este mesmo
afirma que é apaixonado pelo produto. Para Coelho (2003), o intuito da indústria
cultural é atingir e produzir a cultura de massa, e acrescenta que ela auxiliou na
construção dessa cultura no instante que o Fusca foi inserido nos postos de vendas
e anunciados pelos veículos de comunicação, alienando os seus consumidores e
induzindo-os à compra do automóvel. De acordo com a Volkswagen (2009) é devido
a esses clientes satisfeitos que foi instituído o dia 20 de janeiro como o dia nacional
do Fusca.
Tabela 05: Propaganda Preferida
DécadaNº de
Pessoas Porcentagem1950 2 6,25%1960 4 12,50%1970 9 28,13%1980 1 3%1990 8 25,00%2000 8 25,00%
Total 32 100%FONTE: Vibe Solutions.
6%13%
28%
3%25%
25% 1950
1960
1970
1980
1990
2000
Figura 18: Propaganda preferida.
A partir do momento que os pesquisados aludiram ao que as peças
publicitárias do Fusca e New Beetle representavam para eles, foi solicitado que
indicassem aquela peça que mais lhe agradaram. A Figura 07 obteve 28% de
aceitação do público, seguida de 25% destinadas as Figuras 13, 14 (cada uma),
13% à Figura 09 e 6% à Figura 01. (vide as Figuras em anexo). (Vale ressaltar que,
se o entrevistado quisesse, poderia marcar propaganda de outras décadas, por isso,
totaliza-se acima de 30 respostas.)
Sendo assim, para a propaganda que obteve a maior aceitação foi a da
década de 1970 e para Coelho, como foi mencionado anteriormente, isso se deve a
questão de haver a relação entre o feminino e o masculino presentes nela, pois
assim gera um equilíbrio na peça. Dias (2006), por sua vez, ressalta que nessa
campanha a abordagem escolhida, embora racional seja a sociocultural, pois, além
da comparação feita entre os dois modelos de Fusca, a agência publicitária foca-se
na esposa, no marido e naquele que está comprando o seu primeiro carro. Previero
(2009) complementa que naquele período não havia diferentes segmentações de
modelos de carros por isso compravam Fuscas de modelos diferentes. Coelho
(2003) confirma que, a indústria cultural é responsável pela indução do conceito
“carro popular”, sendo utilizado como meio de comunicação entre a persuasão
publicitária, mencionada por Vestergaard, Schroder (1994) e Vanoye (1998) e Perez
(2004), e seu respectivo público alvo.
Tabela 06: A campanha do New Beetle enfatiza a sua funcionalidade tal como as
do Fusca?
OpçãoNº de
Pessoas PorcentagemSim 12 40,00%Não 18 60,00%Total 30 100%
FONTE: Vibe Solutions.
40%
60%
Sim
Não
Figura 19: A campanha do New Beetle enfatiza a sua funcionalidade tal como as do Fusca?
Percebe-se no transcorrer dessa pesquisa que a alusão das respostas com
os entrevistados foi baseada na funcionalidade do Fusca. Para arrematar a questão
das funcionalidades nessa pesquisa, a última questão enfoca a Figura 14 e
questiona aos entrevistados “De acordo com as peças presentes nessa pesquisa,
você acha que a propaganda do New Beetle enfatiza as funcionalidades tal como é
abordado nas campanhas do Fusca?”, resultando 60% das respostas negativas e
40% afirmativas.
Com relação a essa questão, embora houvesse apenas o “sim” e “não”, foi
questionado o porquê dessa escolha. Obtiveram-se as seguintes repostas para a
afirmação: “São parecidas com as antigas”; “Não tem a aparência do Fusca, mas
vale à pena”; “As campanhas do Fusca sempre mostrou um carro versátil,
econômico, resistente e acessível. Já a campanha do New Beetle tentou buscar,
através do título, a memória e o conceito do Fusca. No entanto, apesar de ter as
características do Fusca, o New Beetle traz linhas mais arrojadas e não é tão
acessível assim”; “O seu design foi inovado com o intuito de aumentar a sua
fabricação”; “É compacto e carrega qualquer coisa”; “Enfatiza a velha história, é
pequeno e cabe muita coisa dentro”; “Remete ao histórico do Fusca sendo que este
é considerado carro bom de estrada ruim”; entre outras respostas.
Os entrevistados que responderam negativamente alegaram que: “Passa a
impressão que não tem compromisso com a funcionalidade”; “É um carro esportivo”;
“O carro é outro e o público alvo é outro, passou de carro popular a um carro de
classe média”; “O New Beetle deixou de ser Fusca, cuja maior funcionalidade era
“ser popular”. O New Beetle é sofisticado, mas não é apaixonante como o Fusca”; “O
New Beetle possui linhas suaves, diferentemente da robustez do Fusca”; “Sugere a
descendência do Fusca devido aos produtos que saem de dentro dele”;
“Equipamentos e conforto são destaques no carro”; “Mostra ser um carro luxuoso”;
etc.
Coelho (2003) afirma que as propagandas do Fusca já fizeram a sua legião
de fãs, devido à massificação do produto que ocorreu durante décadas e a
Volkswagen deve continuar estimulando o público alvo do New Beetle para que este
também faça parte da cultura. De acordo com Perez (2003), a Volkswagen vinculou
o New Beetle ao Fusca, visto que esse é bem conhecido na sociedade. Perez (2003)
completa que, o conceito do New Beetle é diferente do Fusca, devido ao
rejuvenescimento da marca Volkswagen, ou seja, o anunciante está se reciclando,
fazendo a manutenção da sua marca para atingir o público mais jovem. Para Perez
(2003) isso fica evidente no seu design e Previero (2009) conclui que atualmente há
diferentes segmentações de automóveis, diferente do período em que o Fusca foi
lançado e a Volkswagen lançou esse novo produto, com base no seu antecessor,
para acompanhar a tendência no mercado brasileiro e mundial. Perez (2004) afirma
que “Volkswagen” significa “carro popular. Previero (2009) ressalta que, de acordo
com a propaganda do New Beetle, o slogan da campanha é “Todo Mundo” e, além
disso, na peça está escrito “Não é à toa que todo mundo adora esse carro” e isso
induz que o New Beetle também será um carro popular. Coelho (2003) conclui que o
New Beetle será um carro popular devido à massificação proporcionada pela
indústria cultural juntamente com as estratégias persuasivas mencionada por
Vanoye (1998), Vestergaard e Schoreder (1994),
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa pesquisa intitulada “Do Fusca ao New Beetle: Trajetória de
Campanhas” abordou a história da Volkswagem e seus produtos Fusca e New
Beetle, seguindo-se da trajetória das agências idealizadoras das campanhas
produzidas no decorrer das décadas, AlmapBBDO e Proeme. No entanto, no
decorrer da história, segundo o site da Volkswagen e Branco, Martensen e Reis
(1990), verificou-se que o produto Fusca esteve entrelaçado à história tanto da
empresa quanto da agência AlmapBBDO. Nota-se com isso que, curiosamente, há o
crescimento gradativo tanto da empresa/ produto quanto da agência AlmapBBDO.
Segundo o site da anunciante, a Volkswagen começou a produzir os Fuscas
na cidade de São Paulo e contava inicialmente com 12 funcionários, ao passo que
de acordo com Branco, Martensen e Reis (1990), agência AlmapBBDO, que até
então era conhecida como Alcântara Machado Publicidade, contava com 09.
Embora a conta da Volkswagen tenha ido para a Proeme em 1962, tanto Previero
(2009) quanto Branco, Martensen e Reis (1990) desconhecem o tempo em que
esteve sob a supervisão de Otto Scherb. Percebe-se que, de acordo com os autores
e também de acordo com o Periscinoto (2009), o Diretor de Criação participou dos
jobs do Fusca, colocando em prática o que havia aprendido no período em que
esteve na agência DDB, em Nova York. E, por sua vez, segundo a diretora de
atendimento Vanessa Previero (2009), ela participou da última campanha publicitária
do New Beetle em 2008.
No decorrer dessa pesquisa, buscou-se de acordo com todos os autores
mencionados, compreender a marca da Volkswagen. Verificou-se que, segundo o
site da anunciante, no decorrer dos anos a empresa cativou os seus clientes através
das propagandas produzidas pelas agências, onde estas enfatizavam as
funcionalidades do Fusca, bem como transmitindo segurança, confiança ao seu
cliente. Foi através dessa estratégia utilizada, segundo os autores mencionados no
decorrer da pesquisa, que culminou essa legião de fãs do carro que é considerado a
paixão do brasileiro. Entretanto, percebeu-se que, de acordo com o site da
Volkswagen (2009), a empresa resolveu ampliar o seu acervo de veículos, e assim
fazer a manutenção da sua marca, agregando o público alvo mais jovem do que
aquele que foi conquistado com a produção do Fusca. Notou-se, entretanto, que a
Volkswagen não alterou a sua logotipia no decorrer dos anos, porém utilizou-se do
New Beetle para tal.
O design do New Beetle rememora o seu antecessor, entretanto, possui o
formato oblongado, sendo que o Fusca remete a característica robusta, esférica e
circular. De acordo com Perez (2004), os formatos pertencentes ao design do Fusca
remetem a idéia de suavidade, feminilidade, perfeição, ao passo que, com o New
Beetle, é um design dominante.
Ao analisar as peças publicitárias das décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980,
do Fusca e 2000, do New Beetle, percebeu-se que todas enfatizaram a
funcionalidade do produto. A campanha da década de 1990 remeteu a idéia das
peças que foram trabalhadas nas décadas anteriores, e para Perez (2004) foi
possível fazer essa relação visto que o produto Fusca esteve no mercado durante
anos. Sendo assim, pode ser inferido que a abordagem da funcionalidade aconteceu
de maneira indireta. Aproveitando que esse produto foi bem reconhecido no
mercado, a Volkswagen optou por, segundo a autora, fazer a conexão entre os
produtos e isso pode ser verificado na Figura 14, pois faz alusão ao passado devido
aos brinquedos e objetos antigos que saem de dentro do veículo.
Concluiu-se essa análise com a pesquisa de campo, com o intuito de conferir
se todas as peças abordavam as funcionalidades e se, perante o público alvo, esse
quesito era abordado nas propagandas anexadas à pesquisa. No decorrer da
pesquisa, percebeu-se que, o Fusca e o New Beetle são dois carros com conceitos
diferentes, embora ambos abordem a funcionalidade. Previero (2009) conclui que o
primeiro carro, o Fusca, era um carro popular, sendo que o New Beetle, diante o
consumidor, é um carro sofisticado, fashion.
Em suma, essa análise pode ser desdobrada futuramente através do design
do New Beetle, em suas campanhas publicitárias, e o reflexo que esse produto
produz sobre o seu target.
REFERÊNCIAS
LIVROS:
BRANCO, Renato C.; MARTENSEN, Rodolfo L. e REIS, Fernando. História da Propaganda no Brasil. SP: T. A. Queiroz, 1990.
COELHO, Teixeira. O que é indústria Cultural. SP: Brasiliense, 2003.
PEREZ, Clotilde. Signos da Marca. São Paulo: Thompson, 2004.
SAMPAIO, Rafael. Propaganda de A a Z: Como usar a propaganda para construir marcas e empresas de sucesso. RJ: Campus ABP. 1999.
SOARES, Mário S. Anotação durante a aula de Economia e Política. MC: UMC, 28/08/2009.
VANOYE, Francis. SABÓIA, Clarisse M., GEBARA, Ester M., OSAKABE, Haquira e LAHUD, Michel (trad.). Usos da Linguagem: Problemas e técnicas na produção oral e escrita. SP: Martins Fontes, 1998.
VESTERGAARD, Torben e SCHRODER, Kim. SANTOS, João A. SOUZA, Gilson C. C. (trad.), A linguagem da Propaganda. SP: Martins Fontes, 1996.
SITES:
BEST CARS WEB SITE. Entrevista: A embalagem do produto é que faz sua mística. [SP]. [2009]. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/bestcars/ colunas2/ a179a-2.htm> Acesso em: 13/05/2009. 14h10min.
DIAS, Kadu. Cérebro Criativo: Cases – Think Small. [2006]. Disponível em: <http://cerebrocriativo.blogspot.com/2006/02/cases-think-small.html>. Acesso em: 13/05/09. 15h15min.
Dias, Kadu. Cérebro Criativo: To remember - VW Fusca. [2006]. Disponível em: <http://cerebrocriativo.blogspot.com/2006_04_23_archive.html>. Acesso em: 13/05/09. 15h19min.
FUSCA CLUBE DE POÇO DE CALDAS/MG. Propagandas que marcaram época. [2009] Disponível em: <http://julianodr.sites.uol.com.br/propagandas.htm > Acessado em: 20/04/2008. 20h20min.
PREVIERO, Vanessa. Entrevista concedida via e-mail para o grupo Vibe Solutions. [SP] [13/10/2009] Disponível em: <http://joycegomes73.blogspot.com/2009/11/ entrevista-concedida-ao-grupo-vibe.html > Acessado em: 03/11/2009. 22h53 min.
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ANEXOS
ANEXO 1 – Figura 01: Propaganda da década de 1950
ANEXO 2 – Figura 02: Propaganda da década de 1960
ANEXO 3 – Figura 03: Propaganda da década de 1960
ANEXO 4 – Figura 04: Propaganda da década de 1960
ANEXO 5 – Figura 05: Propaganda da década de 1970
ANEXO 6 – Figura 06: Propaganda da década de 1970
ANEXO 7 – Figura 07: Propaganda da década de 1970
ANEXO 8 – Figura 08: Propaganda da década de 1980
ANEXO 9 – Figura 09: Propaganda da década de 1980
ANEXO 10 – Figura 10: Propaganda da década de 1980
ANEXO 11 – Figura 11: Propaganda da década de 1990
ANEXO 12 – Figura 12: Propaganda da década de 1990
ANEXO 13 – Figura 13: Propaganda da década de 1990
ANEXO 14 – Figura 14: Propaganda da década de 2000
APÊNDICES
APÊNDICE A – Questionário de pesquisa com o consumidor.
Nome: Idade:
Estado Civil: Solteiro Casado Separado Sexo: F M
1. Você tem (ou teve) Fusca? Sim Não Se sim, quantos?
2. Com qual freqüência você utiliza o Fusca?
Raramente De 3 a 5 vezes por semana
De 1 a 2 vezes por semana Mais de 6 por semana
3. Observando as peças das campanhas do Fusca, o que elas representam para você?
5. De acordo com as peças presentes nessa pesquisa, você acha que a propaganda do New Beetle enfatiza as funcionalidades tal como é abordado nas campanhas do Fusca?
Sim Por quê?Não
1950 1960
1980
1970
1990
2000
4. Qual das peças das campanhas mencionadas é a sua preferida? ____
APÊNDICE B – Entrevista concedida via e-mail ao grupo Vibe
Solutions pela Diretora de Atendimento Vanessa Previero, da
agência AlmapBBDO, no dia 13/10/2009.
VIBE: Boa noite Sra. Previero. O Grupo Vibe Solutions está realizando uma
pesquisa acadêmica a respeito das campanhas publicitárias do Fusca e do
New Beetle. Há algum tempo atrás, foi encaminhado um email ao Sr. Camossa
questionando sobre o responsável pelo atendimento da conta da Volkswagen
atualmente e ele encaminhou o seu email para o grupo. O grupo tem algumas
dúvidas referentes às campanhas do Fusca e até mesmo do New Beetle e
gostaria de saber se a senhora poderia ajudar em solucioná-las.
PREVIERO: Acho que eu não vou ter nem metade das respostas que o grupo quer,
pois a maior parte das perguntas se refere ao Fusca antigo e outras são baseadas
na história distante contada em livros, mas vou tentar responder tudo que eu souber.
Eu vou focar em coisas mais atuais sobre o New Beetle, a última campanha, seu
sucesso... De qualquer forma a VW tem dentro do site dela uma área dedicada aos
universitários, talvez você consiga algumas informações complementares da
história. O site é http://www.vw.com.br/universite
VIBE: Com relação às propagandas realizadas para a Volkswagen, como é o
relacionamento entre a agência e a empresa?
PREVIERO: O relacionamento entre a agência e o cliente é de uma grande parceria
e bem transparente, talvez por isso dê tão certo.
VIBE: Como é a Volks como cliente? O que ela permite fazer? O que não
permite? A empresa permite campanhas publicitárias mais agressivas?
PREVIERO: A VW é um ótimo cliente e até pelo tempo de trabalho tentamos sempre
propor campanhas que tenham a ver com o DNA da empresa, mas não existe algo
estabelecido do que se pode fazer ou não, vai do bom senso e do cumprimento as
leis.
VIBE: A empresa (ou outra instituição privada ou pública) impôs alguma
restrição em relação às propagandas do Fusca/ New Beetle?
PREVIERO: Fazia algum tempo que o New Beetle não ia ao ar e voltou em 2008,
não sofremos nenhum problema com essa campanha.
VIBE: Estive analisando algumas campanhas, e pude perceber a repetição das
cores vermelha, verde e azul no Fusca. As repetições são propositais ou eram
as cores de carros fabricados naquela época?
PREVIERO: Hoje o New Beetle combina com cores mais ousadas, mas creio que
vermelho, verde e azul eram as produções da época, até porque antigamente o
propósito do Fusca não era ser um ícone fashion.
VIBE: Ao analisar algumas campanhas, percebe-se que na década de 60 há
propagandas que enfatizam a mulher. Há a possibilidade de o Fusca ser um
carro fabricado para a mulher dirigir visto que o produto Volkswagen é um
complemento da própria marca? Há alguma relação entre esses dois quesitos?
PREVIERO: Creio que o Fusca foi fabricado para o uso de todos, acho que na
época não havia uma segmentação tão especifica, até pela pouca opção de
modelos que existiam no mercado, porém as propagandas usavam a mulher, pois
retratava uma época de conquistas delas e dirigir era mais uma dessas conquistas.
VIBE: No decorrer das propagandas, percebe-se que a ênfase do Fusca são as
suas funcionalidades. A senhora crê que, com relação ao New Beetle, o que
prevalece é a beleza e não a robustez do Fusca? A propaganda do New Beetle
enfatiza as funcionalidades tal como foi abordado nas campanhas do Fusca?
PREVIERO: O New Beetle além de ter um design inovador e moderno, ele é muito
forte, afinal é um VW e dispõe de uma série de itens como motor 2.0... (o design e
os features foram trabalhados na propaganda, ora em filme, sendo complementado
por demais meios como web e mídia impressa).
VIBE: As pessoas são sempre curiosas para saber qual foi o melhor e o pior
trabalho realizado. E eu lhe pergunto, qual das campanhas do Fusca/ New
Beetle a senhora sente “algo mais” (pode ser cômico, atraente, apaixonante
etc.) ao lembrar-se dessa campanha / propaganda? Por quê?
PREVIERO: Até pela participação direta no job, tenho um xodó especial pela última
campanha, que você encontra no site da VW.
VIBE: Em entrevista, o Sr. Periscinoto afirmou que o Fusca vendia para
qualquer faixa etária, situação econômica ou social. E com relação ao New
Beetle? Qual é o público alvo dele?
PREVIERO: O filme diz que o New Beetle é um carro para todos, isso fica bem claro,
cada momento tem um público diferente dirigindo o modelo.
São essas as perguntas e dúvidas que o grupo veio coletando desde o começo
do semestre. O grupo Vibe Solutions agradece carinhosamente pela gentileza
em conceder um tempinho para responder a essas perguntas e encerra aqui a
entrevista.
Grupo Vibe Solutions.