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PATROCÍNIO E DOAÇÃO

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Publicado na Revista SÍNTESE n º 19 Direito Empresarial

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,

Revista SINTESE Direito Empresarial

AND Ill- N° 19- MARco/ABRil2011

DIRETOR

Elton Jose Donato

DIRETORA EDITORIAl

Maria Liliana C. V. Polido

EDITORA

Herica Eduarda Geromel Vasques

CoNSElHO EDITORIAl

Alberto Flores Rosa Alexandre Priess

Anderson Vichinkeski Teixeira Arnalda Wald

Caleb Salomao Pereira Cesar Roberto Bittencourt

Daniel Ustarroz (Coordenador) Danilo Borges dos Santos Gomes de Araujo

Ederson Garin Porto Eliane Maria Octaviano Martins

Euclides Rosa Filho Fabio Ulhoa Coelho

Francisco Xavier Amaral

Gilberta StUrmer Giuseppe Vettori Gustavo Filipe Barbosa Garcia lves Gandra Martins Joao Glicerio de Oliveira Filho Jose Augusto Delgado Jose Tadeu Neves Xavier Mariangela Guerreiro Milhoranza Raul Cervini Ricardo Lobo Torres Ruy Rosado de Aguiar Junior Vera Maria Jacob de Fradera

CoLABORADORES DESTA E01cAo

Alberto Flores Rosa, Antonio Raimundo Pereira Neto. Daniel Ustarroz, Denis Borges Barbosa, Eliane M. Octaviano Martins, Humberto Theodora Junior. Joao Glicerio de Oliveira Filho,

Jose Aldfzio Pereira Jr., Keila Chagas Cabrera. Manoela Barbosa Machado, Marcelo Terra Reis, Marco Aurelio Bicalho de Abreu Chagas, Pedro Alfonso Labariega Villanueva,

Tanise Eliane Riga, Tiago Bitencourt de David

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r

E com grande satisfa<;ao que apresentamos a edi<;ao de n2 19 da Revista SfNTESE Oireito Empresarial.

N6s, da Sfntese, queremos destacar que, em sua nova versao, a revista continuara mantendo a qualidade, a credibilidade, a preocupa<;ao com a ex­celencia dos trabalhos cientfficos e o rigorismo tecnico com que as primeiras 18 (dezoito) edi<;6es da Revista }urfdica Empresarial foram desenvolvidas sob o comando da Editora Notadez.

Temos a grata missao de dar continuidade a esse brilhante trabalho, tra­zendo o que hade mais atual e interessante no mundo do Direito Empresarial.

Nesta edi<;ao voce ja encontrara novas se<;6es editoriais e novas conteudos te6ricos e praticos, que levarao ate voce as principais e atuais tendencias doutrina­rias e jurisprudenciais sabre os mais variados temas de Direito Empresarial.

Movidos par essa visao de atualidade, elegemos como tema para o As­sunto Especial dessa edi<;ao o "Contrato de Patrodnio", que esta inserido no mundo economico e desempenha uma importante fun<;ao de comunica<;ao em­presarial, ja que, para muitas empresas, e utilizado como instrumento valido para a difusao de sua marca.

Nao resta duvida que o patrodnio publicitario e um fenomeno contem­poraneo que assumiu importancia transcendental como valiosa ferramenta de financiamento para multiplas atividades empresariais.

Para discorrer sabre varios temas relacionados ao contrato de patrod­nio, estamos publicando quatro relevantes artigos doutrinarios: o primeiro, do Especialista e Professor Daniel Ustarroz, que buscou identificar os elementos caracteristicos do contrato a partir de sua fun<;ao juridico-economica; o se­gundo, de autoria do Professor Pedro Alfonso Labariega Villanueva, que tratou do conceito e das especies do contrato de patrodnio; o terceiro, do Dr. Denis Borges Barbosa, que abordou, de forma detalhada, as caracterfsticas deste con­trato; e, par ultimo, o do Advogado e Assessor Juridico da Associa<;ao Comercial de Minas- ACMinas, Dr. Marco Aurelio Bicalho de Abreu Chagas, que apontou as diferen<;as existentes no contrato de patrodnio.

Na Parte Geral, reunimos a colabora<;ao de varios autores, entre os quais destacamos os seguintes juristas: Humberto Theodora Junior, Marcelo Ter­ra Reis, Joao Glicerio de Oliveira Filho, Manoela Barbosa Machado, Antonio Raimundo Pereira Neto, Eliane M. Octaviano Martins.

Na Parte Especial da Revista, destacamos, na Se<;ao Acontece, a publica­<;ao do artigo intitulado "A Polemica lnconstitucionalidade do FAP", de autoria do Dr. Jose Aldizio Pereira Junior; e, na Se<;ao Jurisprudencia Comentada, comen­tarios ao julgamento do Recurso Especial n2 907.655/ES acerca da "Possibilidade de Descumprimento Contratual em Rela<;ao de Consumo Gerar Dana Moral (Ex­trapatrimoniai) lndenizavel", de autoria do Dr. Tiago Bitencourt de David.

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Uma grande novidade e a se<;ao intitulada "Contrato", que traz um mo­delo de contrato sabre um determinado assunto. Nessa edi<;ao, contamos com a importante participa<;ao dos Drs. Alberto Flores Rosa, Keila Chagas Cabrera e Tanise Eliane Rigo, que enriqueceram ainda mais o conteudo da Revista com a publica<;ao do modelo de "Termo de Confidencialidade para Envio de Amostra de Produtos".

Nesta edi<;ao temos o prazer de informar a inclusao de duas novas se<;6es fixas. A primeira e a se<;ao denominada "Clipping Juridico", onde oferecemos a voce, leitor, textos concisos que destacam, de forma resumida, os principais acontecimentos do periodo, tais como noticias, projetos de lei, normas relevan­tes, entre outros. A outra novidade que colocamos a sua disposi<;ao e a "Re­senha Legislativa", que consiste em uma coletanea das norm as pub I icadas no periodo de edi<;ao da Revista.

lnformamos, ainda, que passaremos a publicar tambem a Se<;ao Sumulas, que traz a publica<;ao das sumulas dos principais Tribunais do Pais, sempre que forem publicadas no periodo da edi<;ao da Revista.

Aproveite esse rico conteudo e tenha uma 6tima leitura!!!

Maria Liliana C. V. Polido

Diretora Editorial

Assunto Especial

CONTRATO DE PATROciNIO

DouTRINAS

1. 0 Contrato de Patrocinio no Direit Coerencia na Sua Execu<;ao) Daniel Ustarroz ............................ .

2. 0 Contrato de Patrocinio Pedro Alfonso Labariega Villanuev,

3. Nota sabre o Contra to de Patrocini Denis Borges Barbosa ................... .

4. Patrocinio e Doa<;ao Marco Aurelio Bicalho de Abreu C

jURISPRUDENCIA

1 . Ac6rdao na f ntegra {TJSP) ............. .

2. Ementario ..................................... .

Parte Geral DOUTRINAS

1. 0 Mandado de Seguran<;a Coletivc Coletivas Constitucionais Humberto Theodora junior .......... .

2. A Exigencia da Outorga Conjugal r Discussoes sabre o Tema Marcelo Terra Reis ....................... .

3. A Presun<;ao de Ocorrencia do Da1 Antecipada do Cheque P6s-Datado Joao Glicerio de Oliveira Filho e

4. As Sociedades de Fato ou lrregulan Analise como Direito Comparado Antonio Raimundo Pereira Neto ...

5. lncoterms® 2010: as Novas Regras of Commerce (ICC) para a Interpret nos Contratos de Compra e Venda Eliane M. Octaviano Martins ........ .

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Assunto Especial

(ONTRATO DE PATROcfNIO

DOUTRINAS

1. 0 Contrato de Patrocinio no Direito Brasileiro (eo Dever de Coerencia na Sua Execuc;ao) Daniel Ust{nroz .......................................................................................... 7

2. 0 Contrato de Patrocinio Pedro Alfonso Labariega Villanueva ......................................................... 35

3. Nota sabre o Contrato de Patrocinio Denis Borges Barbosa ............................................................................... 60

4. Patrocinio e Doac;ao Marco Aurelio Bicalho de Abreu Chagas .................................................. 62

jURISPRUDENCIA

1. Ac6rdao na Integra (TJSP) ......................................................................... 66

2. Ementario ................................................................................................. 70

Parte Geral DOUTRINAS

1. 0 Mandado de Seguranc;a Coletivo em Cotejo com as Ac;oes Coletivas Constitucionais Humberto Theodora Junior ...................................................................... 75

2. A Exigencia da Outorga Conjugal na Prestac;ao do Aval: Discussoes sabre o Tema Marcelo Terra Reis ................................................................................... 95

3. A Presunc;ao de Ocorrencia do Dana Moral na Apresentac;ao Antecipada do Cheque P6s-Datado Joao Glicerio de Oliveira Filho e Manoela Barbosa Machado ................ 108

4. As Sociedades de Fato ou lrregulares Brasileiras em uma Analise como Direito Comparado Argentino Antonio Raimundo Pereira Neto ............................................................ 126

5. lncoterms® 201 0: as Novas Regras da International Chamber of Commerce (ICC) para a lnterpretac;ao dos Termos de Comercio nos Contratos de Compra e Venda de Mercadorias Eliane M. Octaviano Martins .................................................................. 136

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Contrato de Patrocinio

Patrocinio e Doacao

MARCO AUREliO BICALHO DE ABREU CHAGAS Advogado, Assessor Jurfdico da Associagao Comercial de Minas- AC-Minas.

0 patrocinio e a transferencia definitiva e irreversivel de dinheiro ou ser­

vic;:os, ou a cobertura de gastos ou a utilizac;:ao de bens m6veis ou im6veis do patrocinador, sem a transferencia de dominio. Pode ser dado a pessoas fisicas,

ou juridicas, com ou sem fins lucrativos. Ao patrocinador e permitido divulgar

sua marca.

A doac;:ao, por sua vez, e a transferencia definitiva e irreversivel de dinhei­ro ou bens em favor de pessoas fisicas ou juridicas de natureza cultural, sem fins lucrativos, para a execuc;:ao de programa, projeto ou ac;:ao cu ltura l aprovados pelo Ministerio da Cultura.

No caso da doac;:ao, o investidor nao pode utilizar publicidade nem exi­gir, gratuitamente, parte do produto cu ltura l.

Os contribuintes que realizam doac;:oes e patrocinios para projetos cu ltu­

rais enquadrados no art. 18 da Lei Rouanet (Lei Federal nQ 8.313/1991) poderao

deduzir do Impasto de Renda devido 100% do valor investido, respeitando-se

o limite de 4% do impasto devido, no caso de pessoas juridicas, e 6% no caso de pessoas fisicas.

0 doador ou patrocinador podera deduzir do impasto devido na decla­rac;:ao do Impasto sobre a Renda os va lores contribuidos em favor de projetos culturais enquadrados no art. 26 da Lei Rouanet.

No caso das pessoas fisicas, 80% das doac;:oes e 60% dos patroci­nios, respeitando-se o limite de 6% do impasto devido.

No caso das pessoas juridicas tributadas com base no lucro real,

40% das doac;:oes e 30% dos patrocinios, respeitando-se o limite de 4% do impasto devido.

As Fundac;:oes e Associac;:oes que promovem a educac;:ao o u exercem ati­vidades de pesquisa cientifica, de cu ltura, artistica ou fi lantr6pica, comprovadas possuindo o titulo de Utilidade Publica Federal podem receber doac;:oes de pes­

soas juridicas, dedutiveis ate o limite de 2% do lucro operacional.

Qual entao a diferenc;:a entre patrocinio e doac;:ao?

ROE N' 19 - Mar -Abr/2011 - ASSUNTO ESPECIAL- OOUTRINA ................. .

0 patrocinio da o direito de o patroci1 doac;:ao nao existe a divulgac;:ao.

0 Dr. Rodrigo Mendes Pereira, em tr cursos e Contratos", assevera que a Lei Fed€

conhecida como Lei Rouanet, tem como pr

pessoas fisicas e juridicas, de deduc;:ao no 1

tidos em projetos culturais. Essa lei determi culturais pode ser feito sob a forma de doa definidos:

Doac;:ao: a transferencia gratuita, em caral de natureza cultural, sem fins lucrativos, realizac;:ao de projetos culturais, vedado c gac;:ao desse ato.

Patrocfnio: a transferencia gratuita, em Cl

dica de natureza cultural, sem fins lucrati1 projetos culturais com a finalidade promc

0 CONTRATO DE DOACAO, SEGUNDO 0 CODIGO CIVI

Segundo o C6digo Civil Brasileiro (a r1 o contrato em que uma pessoa, por liberal bens ou vantagens para o de outro" e "o ,

encargos da doac;:ao, caso forem a benefici1 teresse geral".

Sabre doac;ao, transcreve-se trecho c Junior, no qual consta uma coletimea do 1

ristas:

Doac;:ao pura segundo a doutrina de Caic lebrada sob a inspirac;:ao do animo Iibera mutac;:ao do bern no prop6sito de favoreo e sem subordinar-se a qualquer condic;:ac ~oes de direito civil, t. 3, p. 173).

[ ... ]

Washington de Barros Monteiro, em sua c cargo como incumbencia cometida ao de terceiro, ou de interesse geral (Obrigat;6E encargo como uma determinac;:ao que, im a este adere, restringindo-a (Ato jurfdico,

0 jurisconsulto Clovis Bevilaqua precisa s6ria, em virtude da qua l se restringe a va1 lecendo o fim a que deve ser aplicado a< prestac;:ao (Teoria geral do direito civil, p.

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RDl N" 19- Mar-Abr/2011- ASSUNTO ESPECIAL- OOUTRlNA ..................................... ............................................................ ...... 63

0 patrocinio da o direito de o patrocinador fazer uso da divulga<;:ao. Ja na doa<;:ao nao existe a divulga<;:ao.

0 Dr. Rodrigo Mendes Pereira, em trabalho intitulado "Capta<;:ao de Re­cursos e Contratos", assevera que a Lei Federal de lncentivo a Cultura, tambem conhecida como Lei Rouanet, tem como principia fundamental a permissao, a

pessoas fisicas e juridicas, de dedu<;:ao no lmposto de Renda de valores inves­tidos em projetos culturais. Essa lei determina que o investimento em projetos culturais pode ser feito sob a forma de doa<;:ao e/ou patrocinio, assim por ela definidos:

Doa<;:ao: a transferencia gratuita, em carater definitivo, a pessoa ffsica ou jurfdica de natureza cultural, sem fins lucrativos, de numerarios, bens ou servi<;:os para a realiza<;:ao de projetos culturais, vedado o uso de publicidade paga para a divul­ga<;:ao desse ato.

Patrocinio: a transferencia gratuita, em carater definitivo, a pessoa ffsica ou jurf­dica de natureza cultural, sem fins lucrativos, de numerarios para a realiza<;:ao de projetos culturais com a finalidade promocional ou institucional de publicidade.

0 CONTRATO DE DOACAO, SEGUNDO 0 CODIGO CIVIL

Segundo o C6digo Civil Brasileiro (arts. 538 e 553) "considera-se doa<;:ao o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrim6nio bens ou vantagens para o de outro" e "o donatario e obrigado a cumprir os encargos da doa<;:ao, caso forem a beneficia do doador, de terceiro, ou do in­teresse geral".

Sobre doa<;:ao, transcreve-se trecho do texto de Aldo Batista dos Santos

junior, no qual consta uma co letanea do posicionamento de renomados ju­ristas:

Doa<;:ao pura segundo a doutrina de Caio Mario da Silva Pereira e a doa<;:ao ce­lebrada sob a inspira<;:ao do an imo liberal exclusivamente, isto e, que envolve a muta<;:ao do bem no prop6sito de favorecer o donatario, sem nada I he ser exigido e sem subordinar-se a qualquer condi<;:ao, ou motiva<;:ao extraordinaria (/nstitui­roes de direito civil, t. 3, p. 173).

[ ... ]

Washington de Barros Monteiro, em sua obra Curso de direito civil, explica o en­cargo como incumbencia cometida ao donatario pelo doador, em prol deste, de tercei ro, ou de interesse geral (Obrigaroes, t. V, p. 122). Vicente Rao entende o encargo como uma determina<;:ao que, imposta pelo autor do ato de liberalidade, a este adere, restringindo-a (Ato jurfdico, p. 429).

0 jurisconsulto Clovis Bevilaqua precisa o encargo como a determina<;:ao aces­s6ria, em virtude da qual se restringe a vantagem criada pelo ato jurfdico, estabe­lecendo o fim a que deve ser aplicado a coisa adquirida, ou impondo uma certa presta<;:ao (Teoria geral do direito civil, p. 306).

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64 ................................... ......... .. .......................................................... ROE N' 19- Mar-Abr/2011- ASSUNTO ESPECIAl- OOUTRINA

Especialmente sobre doa~ao com encargos, transcreve-se trecho de de­cisao (Ac6rdao nQ 2.000/99/CS) da Camara Superior do Conselho de Contri­buintes da Secretaria do Estado da Fazenda de Minas Gerais:

Apesar de constituir-se num ato juridico bilateral estabelecido pelas vontades do doador e do donatario, trata-se de um contrato unilateral, onde se sobressai a figura do animus donandi, ou seja, a vontade de doar.

A doac;:ao modal ou com encargo, e um tipo de doac;:ao, a qual, segundo Caio Mario da Silva Pereira, vema ser "aquela que, sem prejuizo do animus donandi, contem imposic;:ao de um dever ao donatario [ ... ]. (/nstituic;c5es de direito civil. Rio de janeiro: Forense, v. Ill, 1993. p. 174)

Conforme cita~ao do bem elaborado parecer da Auditoria Fiscal (fls. 583 a 590), Arnoldo Wald, ao abordar a doa~ao, destaca: "o encargo nao suspen­de a realiza~ao da doa~ao, criando apenas uma obriga~ao para o beneficiario [ ... )". Nao e um contrato bilateral e oneroso. "A despropor~ao existente normal­mente entre o encargo e a doa~ao eo animus donandi que inspira esta ultima nao perm item, todavia, tal interpreta~ao. Evidentemente se o encargo tiver valor superior a doa~ao, ja nao estaremos no dominio das liberalidades enos encon­traremos perante um outro contra to [ ... ). Sempre, todavia, que a I iberal idade for superior ao encargo, teremos, nessa propor~ao, uma doa~ao" (Contratos e obrigar;oes. Sao Paulo: RT, 1987. p. 231).

Contrato de Patrocfnio. Esclarecimento sobre a forma em que o termo sera aqui utilizado.

No C6digo Civil brasileiro, nao existe um contrato tipico denominado Contrato de Patrocinio. Segundo o Dicionario Aurelio, patrocinio e "2. Custeio de um programa de televisao, radio, etc., para fins de propaganda". ja segundo a Lei Rouanet, conforme acima ja exposto, tanto a doa~ao, quanto o patrocinio sao "transferencias gratuitas, em carater definitivo, sendo certo que na hip6tese de doa~ao e "vedado 0 uso de publicidade paga para a divulga~ao desse ato", e na hip6tese de patrocinio existe "a finalidade promocional ou institucional de publicidade".

Ora, pela ausencia de uma defini~ao mais precisa de patrocinio, acredi­ta-se que se pode considerar patrocinio, no ambito das rela~oes envolvendo as organiza~oes sem fins lucrativos do Terceiro Setor, como sendo um contrato no qual uma pessoa fisica ou juridica financia um programa, projeto ou evento de uma organiza~ao sem fins lucrativos, e no qual lhe e permitido o uso de publi­cidade para a divulga~ao deste ato.

Assim, mesmo aos que entendam que a denomina~ao patrocinio nao e a mais adequada, esclarece-se que o termo sera aqui utilizado para caracterizar um contrato de financiamento (transferencia gratuita e em carater definitivo) a um programa, projeto ou evento de uma organiza~ao sem fins lucrativos. E ob­serve-se, ainda, que nesse contexto, o contrato de financiamento (ou patrocinio)

ROE N' 19- Mar-Abr/2011- ASSUNTO ESPECIAl- OOUTRINA

possui natureza juridica de urn contrc: e, mediante o recebimento de uma d ou evento, a organiza\=ao como contt atos em favor do doador, que possib ~ao, inclusive para fins promocionais

Finalmente, ressalta-se, confor nao suspende a realiza\=aO da doa\=a• beneficia rio[ ... )". Nao e urn contrato I tente normal mente entre o encargo e; esta ultima nao permite, todavia, tal ir tiver valor superior a doa\=aO, ja nao €

nos encontraremos perante urn outro c lidade for superior ao encargo, teremo! forma, dificil seria entender que em u programa, projeto ou evento de uma o no interesse da sociedade, possa o en< em: <http://integracao.fgvsp.br/ano6/1 C

CONClUSAO

Os termos "patrocinio" e "doa\=a dades, como as aqui apontadas e sao i brando que

as receitas de patrocfnio com compe c;:ao e veiculac;:ao, pelo patrocinado, do patrocinador, ou o patrocinio set tributac;:ao.

0 patrocfnio sem contrapartida igualr gurar- segundo parecer fiscal- doar,:~

Assim sao especies de doa\=ao: a , realizados pel a organiza\=aO. Por exemplc o nome do doador; autoriza\=aO para o us< ~ao em materia is de comunica\=aO do doa1 projeto desenvolvido pelo doador. Por e> de show, percentual sobre a venda de pro

Normalmente, a doa~ao e realizada

Na doa~ao tambem nao se exige pu

Assim, os dois termos podem ser uti fins lucrativos, funda~ao, associa\=ao, pois pendendo de cada caso concreto, como vi!

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RDf N'19- Mar-Abr/2011 - ASSUNTO fSPfCIAL- OOUTRINA .................................. ............... ....... ..........•. . ...... .............. ........... 6 5

possui natureza juridica de um contrato de doar;ao modal ou com encargos, isto e, mediante o recebimento de uma doar;ao para realizar um programa, projeto ou evento, a organizar;ao como contrapartida ou encargo pratica determinados atos em favor do doador, que possibilitem a ele divulgar a realizar;ao da doa­\aO, inclusive para fins promocionais.

Finalmente, ressalta-se, conforme foi acima transcrito, que "o encargo nao suspende a realizar;ao da doar;ao, criando apenas uma obrigar;ao para o beneficiario [ ... ]". Nao e um contrato bilateral e oneroso. "A desproporr;ao exis­tente normal mente entre o encargo e a doar;ao eo animus donandi que inspira esta ultima nao permite, todavia, tal interpretar;ao. Evidentemente se o encargo tiver valor superior a doar;ao, ja nao estaremos no dominio das liberalidades e nos encontraremos perante um outro contrato [ ... ]. Sempre todavia que a libera­lidade for superior ao encargo, teremos, nessa proporr;ao, uma doar;ao" .. Desta forma, dificil seria entender que em um financiamento (ou patrocinio) de um programa, projeto ou evento de uma organizar;ao sem fins lucrativos, que atua no interesse da sociedade, possa o encargo superar a liberalidade (Disponivel em: <http://i ntegracao. fgvsp.br/ano6/1 0/opi n iao. htm> ).

CONCLUSAO Os termos "patrocinio" e "doar;ao" sao distintos e atendem a peculiari­

dades, como as aqui apontadas e sao identificadas nos casos concretos, lem­brando que

as receitas de patrocinio com compensa~ao, consubstanciada esta pela divulga­~ao e veicula~ao, pelo patrocinado, de material de propaganda e publicidade do patrocinador, ou o patrocfnio sem essa contrapartida, nao se submetem a tributa~ao.

0 patrocfnio sem contrapartida igualmente nao se sujeita a tributa~ao par confi­gurar- segundo parecer fiscal - doa~ao desinteressada do patrocinador.

Assim sao especies de doar;ao: a com encargos (contrapartida) a serem realizados pela organizar;ao. Por exemplo, a colocar;ao de placa na parede com o nome do doador; autorizar;ao para o uso da marca ou logomarca da organiza­\aO em materia is de comunicar;ao do doador. E a doar;ao vinculada a evento ou projeto desenvolvido pelo doador. Por exemplo, percentual sabre a bilheteria de show, percentual sobre a venda de produtos.

Normalmente, a doar;ao e realizada em dinheiro ou em bens.

Na doar;ao tambem nao se exige publicidade.

Assim, os dois termos podem ser utilizados no balanr;o da entidade sem fins lucrativos, fundar;ao, associar;ao, pois nao se sujeitariam a tributar;ao, de­pendendo de cada caso concreto, como vista.

Page 11: PATROCÍNIO E DOAÇÃO

n

indice por Assunto Especial DOUTRINA

Assunto

CONTRATO DE PATROCiNIO

• 0 Contrato de Patrocfnio (Pedro Alfonso Labariega Villanueva) ...................................... .35

• 0 Contrato de Patrocfnio no Direito Brasilei­

ro (e o Dever de Coerencia na Sua Execuc;:ao) (Daniel Ustarroz) ................................................... 7

Nota sobre o Contrato de Patrocfnio (Denis Borges Barbosa) ............................ 60

• Patrocfnio e Doac;:ao (Marco Aurelio Bica lho de Abreu Chagas) .. . ..... .. ..... .... ... ........................ 62

Au tor

DANIEL UsrARROz

• 0 Contrato de Patrocfnio no Direito Brasileiro (eo Dever de Coerencia na Sua Execuc;:ao) .... .... ... 7

DENIS BORGES BARBOSA

• Nota sobre o Contrato de Patrocfnio ....... .... .. ..... . 60

MARCO AURELIO BICALHO DE ABREU CHAGAS

• Patrocfnio e Doac;:ao ............ ...... . . . ............. 62

PEDRO ALFONSO LABARIEGA VILLANUEVA

• 0 Contrato de Patrocfnio .................................... 35

AC6RDAO NA iNTEGRA

CoNTRATO DE PATROCiNIO

• Direitos de imagem - Contrato de cessao entre tecnico de futebol contratado por clube patro­cinado pelo cessionario - Rescisao do contra­to entre o clube e o tecnico, por acordo, com acerto das verbas nele previstas - Ac;:ao visando cobrar as verbas previstas no contrato de cessao de direitos de imagem - Contestac;:ao - Alega­c;:ao de rescisao do contrato de cessao em de­correncia da rescisao do contrato com o clube - Afirmac;:ao de culpa do autor pela rescisao - lnterpretac;:ao de clilUsula relativa a permanen-cia da validade do contrato de cessao, mesmo

em face da rescisao do contrato com o clube - Reconvenc;:ao - Pretensao de recebimento de multa contratual - Sentenc;:a julgando pro­cedente a ac;:ao e improcedente a reconvenc;:ao - Apelac;:ao improvida (TJSP) ... .. ........ .. ........ 966, 66

EMENTARIO

A(AO DE COBRAN(A

Contrato de patrocfnio - ac;:ao de cobranc;:a - neg6cio juridico - litigancia de ma-fe- inocor-rencia . . ......................... 967, 70

ANULA(AO DE NEG6CIO JURiDICO

• Contrato de patrocfnio - duplicatas - anula-c;:ao de neg6cio juridico ... . ................. 970, 71

(ONTRATO DE PATROCiNIO

Contrato de patrocfnio - ac;:ao de cobranc;:a - neg6cio juridico-litigancia de ma-fe- inocor-rencia ......... ........ ... ... .. ... .. ...................... .... 967, 70

• Contrato de patrocfnio - aceitac;:ao verbal -alegac;:ao- inadmissibilidade ...................... 968, 70

• Contrato de patrocfnio - clausulas contra-tuais- interpretac;:ao ...... . ................. 969, 70

• Contrato de patrocfnio - duplicatas - anula-c;:ao de neg6cio juridico .............................. 970, 71

• Contrato de patrocfnio - fundamentac;:ao re-cursal- inocorrencia .................................. 977, 73

• Contrato de patrocfnio - obrigac;:ao de fazer -tutela- pressupostos- ausencia ................. 972, 73

• Contrato de patrocfnio - poderes para con­tratac;:ao- teoria da aparencia- indenizac;:ao- redu-c;:ao .... .. .. ..... ........... .. ... ... ...... .... ... .. ..... ....... 973, 73

• Contrato de patrocfnio - recurso - agravo de instrumento - pec;:as - declarac;:ao de autenti-cidade- ausencia ..... .. .... ........................... 974, 73

• Contrato de patrocfnio - responsabilidade sub-sidiaria- desconfigurac;:ao .......................... 975, 74

• Contrato de patrocfnio - sanc;:ao contratual -ausencia - descumprimento ... ........ ............ 976, 7 4

• Contrato de patrocf n io - sociedades empresa­rias - regularidade fisca l - exigencia - incom-patibilidade ........................... .... ...... .. ........ . 977, 74

• Contrato de patrocfnio - teoria da aparencia -protesto de duplicatas- emissao ................. 978, 74

DUPLICATA

• Contrato de patrocfnio - duplicatas - anula-c;:ao de neg6cio juridico .............................. 970, 71

• Contrato de patrocfnio - teoria da aparencia -protesto de duplicatas- emissao ................. 978, 74

SOCIEDADE

• Contrato de patrocfnio - sociedades empresa­rias - regularidade fiscal - exigencia - incom-patibilidade. . ...................................... 977, 74

TUTELA

• Contrato de patrocfnio - obrigac;:ao de fazer -tutela- pressupostos- ausencia ...... ..... 972, 73

indice Geral DOUTRINA

Assunto

A<;:OES COLETIVAS

0 Mandado de Seguranc;:a Coletivo em Co­tejo com as Ac;:iies Coletivas Constitucionais (Humberto Theodora Junior).. . ............ .75

ROE N' 19- Mar-Abr/2011 - iNDI&E AlfABETICO ERE

A vAL

• A Exigencia da Outorga Conjugal na Pres do Aval: Discussoes sobre o lema (M;

Terra Reis).

(ONTRATO DE COMPRA E VENDA

• lncoterms'" 2010: as Novas Regras da national Chamber of Commerce (ICC) p 1 nterpretac;:ao dos Termos de Comercio Contratos de Compra e Venda de Mercac (Eiiane M. Octaviano Martins) .............. .... .

DANO MORAL

A Presunc;:ao de Ocorrencia do Dano ral na Apresentac;:ao Antecipada do Ch P6s-Datado (Joao Glicerio de Oliveira Fil Manoela Barbosa Machado) ...

SOCIEDADE

• As Sociedades de Fa to ou irregulares Brasil em uma anal ise como DireitoComparadoA1 tino (Antonio Raimundo Pereira Neto)

Au tor ANTONIO RAIMUNDO PEREIRA NETO

As Sociedades de Fato ou irregulares Bra ras em uma analise com o Direito Compa Argentino.... . .......... ........ ... ... .

EuANE M. OCT A VIANO MARTINS

• lncoterms® 2010: as Novas Regras da lnte tiona I Chamber of Commerce (ICC) para a 11 pretac;:ao dos T ermos de Comercio nos Contr de Compra e Venda de Mercadorias ......... .. .

HUMBERTO THEODORO jUNIOR

• 0 Mandado de Seguranc;:a Coletivo em tejo com as Ac;:oes Coletivas Constitucio

joAo GucERIO DE OuvEIRA FILHO

• A Presu nc;:ao de Ocorrencia do Dano I ral na Apresentac;:ao Antecipada do Che. P6s-Datado ...

MANOELA BAR80SA MACHADO

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MARCELO TERRA REIS

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ACONTECE

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Page 12: PATROCÍNIO E DOAÇÃO

SiNTESE. Uma empresa do Grupo lOB. lOB lnforma<;:oes Objetivas Publica<;:oes Jurfdicas Ltda Rua Antonio Nagib Ibrahim, 350

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Auto ri c)ade e rn f"l ~ Jh lic<l::,(H .'~ .lu 1 fdic.~·.

Sao Paulo, 22 de agosto de 2011.

Ilmo. Sr. Marco Aurelio Bicalho de Abreu Chagas

E com grata satisfac;ao que comunicamos a v.sa. que o artigo intitulado (a) "Patrodnio e Doac;ao", de sua autoria, foi publicado (a) na edic;ao n° 19 (Mar­Abr/2011) da Revista SINTESE Direito Empresarial.

Com os nossos agradecimentos, enviamos anexo um exemplar da referida publicac;ao.

Esperamos contar sempre com as suas brilhantes lic;oes doutrinarias, que muito contribuem para o desenvolvimento do direito.

Atenciosamente,

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Cristiano Basaglia Coordenador Editorial Produtos Juridicos

lOB - Informac;oes Objetivas Publicac;oes Juridicas

Dr. Marco Aurelio Bicalho de Abreu Chagas Assessor Juridico da Associac;ao Comercial de Minas - AC-Minas