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Este documento é cópia do original assinado digitalmente por LUIZ FERNANDO GOES ULYSSEA. Para conferir o original, acesse o site http://www.mp.sc.gov.br, informe o processo 08.2015.00230080-8 e o código 720E02. fls. 605 Promotoria Regional do Meio Ambiente 9ª Promotoria de Justiça de Criciúma 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAZENDA DA COMARCA DE CRICIÚMA / SANTA CATARINA URGENTE – HÁ PEDIDO DE LIMINAR O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por seu Promotor de Justiça em exercício nesse Juízo, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 127, 'caput', artigo 129, incisos II e III, e artigo 225, todos da Constituição Federal, artigo 25, inciso IV, alínea "a", da Lei 8.625/93, artigo 82, inciso VI, alínea "b", da Lei Complementar Estadual nº 197/00, e com base no Inquérito Civil nº 06.2009.00001126-0, vem, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR em face do ESTADO DE SANTA CATARINA, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ 82.951.229/0001-76, representado pelo Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral do Estado de Santa Catarina (art. 12, inc. I, do CPC), podendo ser localizado no Centro Administrativo do Governo, situado na Rodovia SC 401, Km 5, nº 4.600, Florianópolis/SC, CEP 88.032-900, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos: 1. DA LEGITIMIDADE ATIVA O Representante do Ministério Público, em exercício nesse juízo, possui legitimidade ativa para propor a presente ação, com fulcro no artigo 127 da Constituição Federal, que estabelece que o "Ministério Público é instituição

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Promotoria Regional do Meio Ambiente9ª Promotoria de Justiça de Criciúma

1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA

FAZENDA DA COMARCA DE CRICIÚMA / SANTA CATARINA

URGENTE – HÁ PEDIDO DE LIMINAR

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA,

por seu Promotor de Justiça em exercício nesse Juízo, no uso de suas atribuições

legais, com fulcro no artigo 127, 'caput', artigo 129, incisos II e III, e artigo 225,

todos da Constituição Federal, artigo 25, inciso IV, alínea "a", da Lei 8.625/93,

artigo 82, inciso VI, alínea "b", da Lei Complementar Estadual nº 197/00, e com

base no Inquérito Civil nº 06.2009.00001126-0, vem, perante Vossa Excelência,

propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR

em face do ESTADO DE SANTA CATARINA, pessoa jurídica de

direito público interno, CNPJ nº 82.951.229/0001-76, representado pelo

Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral do Estado de Santa Catarina (art. 12,

inc. I, do CPC), podendo ser localizado no Centro Administrativo do Governo,

situado na Rodovia SC 401, Km 5, nº 4.600, Florianópolis/SC, CEP 88.032-900,

pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos:

1. DA LEGITIMIDADE ATIVA

O Representante do Ministério Público, em exercício nesse juízo,

possui legitimidade ativa para propor a presente ação, com fulcro no artigo 127 da

Constituição Federal, que estabelece que o "Ministério Público é instituição

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permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa

da ordem jurídica e dos interesses sociais e individuais indisponíveis".

Uma de suas funções institucionais é a de "zelar pelo efetivo

respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos

assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua

garantia" (art. 129, inc. II, da CF/88).

Para o Poder Público respeitar os direitos garantidos pela

Constituição Federal, o Ministério Público utiliza o instrumento processual da

Ação Civil Pública, conforme está inserido no artigo 129, inciso III, da Constituição

Federal. A via processual ora eleita destina-se, entre outros objetivos, à proteção

do meio ambiente e à responsabilização pelos danos causados a interesses

difusos e coletivos (Art. 1º, incisos I e IV, da Lei 7.347/85 c/c seu art. 5º).

Édis Milaré, in Ação Civil Pública na Nova Ordem Constitucional,

adverte que a Constituição Federal, no artigo 129, inciso III, ampliou as hipóteses

de cabimento da Ação Civil Pública em relação ao disposto na Lei nº 7.347/85 de

modo a permitir seu ajuizamento para proteção "do patrimônio público e social, do

meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos". Vai além ao afirmar

que "a expressão, por sua generalidade, alarga o campo de abrangência da Ação

Civil Pública, quer para o Ministério Público, e ainda para terceiros legitimados, já

que convertida em instrumento de defesa não só do meio ambiente, do

consumidor e do patrimônio cultural, mas de todos e quaisquer interesses difusos

e coletivos que estejam a exigir a tutela judicial" (ob. Cit., p. 14).

2. DOS FATOS

O Inquérito Civil Público que instrui a presente Ação Civil Pública foi

instaurado em 18 de junho de 2009, pela 9ª Promotoria de Justiça de Criciúma,

com atribuição na Defesa do Meio Ambiente, a partir da remessa dos autos do

Inquérito Civil instaurado na Promotoria de Justiça de Forquilhinha, com o objetivo

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de "compelir o Estado de Santa Catarina a efetuar a compensação dos danos

ambientais decorrentes do corte de vegetação nativa em área de preservação

permanente, situada na cabeceira 27, do Aeroporto Diomício Freitas, no

Município de Forquilhinha/SC" (fl. II do IC que instrui a presente Ação Civil

Pública).

Para tanto, convém esclarecer, inicialmente, que o presente

procedimento tramitou no âmbito do Ministério Público Federal, uma vez que

entre as possíveis responsáveis pelo fato estava a Empresa Brasileira de

Infraestrutura – INFRAERO. Posteriormente, eliminada a responsabilidade da

INFRAERO e ausentes as hipóteses previstas no artigo 109 da Constituição

Federal de 1988, os autos foram remetidos ao Ministério Público Estadual, mais

especificamente à Promotoria de Justiça de Forquilhinha (fls. 205/207 do IC que

acompanha a presente ACP) e, posteriormente, a esta Promotoria de Justiça.

Com efeito.

Visando esclarecer os fatos narrados na portaria inicial, num

primeiro momento, o Administrador do Aeroporto Diomício Freitas foi oficiado,

oportunidade em que respondeu que o referido aeródromo não possuía nenhuma

licença ambiental, no entanto, ressaltou, a necessidade "do desmate nas

cabeceiras das pistas em função da necessidade de instalação dos equipamentos

que são: (VOR, DME, e um PAPI), equipamento estes de vital importância, que

vem auxiliar na aproximação de pouso das aeronaves" (fl. 10 do IC que instrui a

presente Ação Civil Pública).

Nessa linha, foi o que consignou o Comandante do Segundo Centro

Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – CINDACTA II, no ofício

de fl. 16 do Inquérito Civil que acompanha a presente, ao afirmar que "efetuou

novo levantamento de obstáculos no Aeroporto de Criciúma/Forquilhinha, nos

dias 07, 08 e 09 de junho, tendo sido constatada a real necessidade e

eliminação das árvores existentes no setor de aproximação da cabeceira

27." (grifo nosso)

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A respeito, também vale o registro do que consta no Parecer nº

15/DO-OTA/04 (fl. 17 do IC que acompanha a presente ACP), vejamos:

[...].

4.2 - Há previsão de implantação de um auxílio à navegação (VOR), no setor de

aproximação da pista 27, sendo que o levantamento levou em conta o ponto

escolhido para a instalação desse equipamento, que possui uma Zona de Proteção

bastante restritiva, não admitindo obstáculos num raio de 100 metros de sua base

e possuindo, a partir desse raio, uma rampa de proteção de 1:50 (a cada 50 metros

na horizontal é permitido um obstáculo de um metro).

5 ANÁLISE

O levantamento realizado mostra que a maioria das árvores existentes violam as

superfícies delimitadoras de obstáculos estabelecidas pela Portaria 1141/GM5, de

08 de dezembro de 1987, para a pista 27 do aeródromo de Criciúma/Forquilhinha

(SBCM) e para o auxílio à navegação (VOR) a ser implantado.

[...].

6. CONCLUSÃO

Com base nos dados levantados pela equipe de topografiaa do V COMAR, bem

como na vistoria realizada no local, fica clara a necessidade de remoção das

árvores existentes, conforme descrito na análise acima, visando a restituir a

operacionalidade normal do aeroporto de Criciúma/Forquilhinha, bem como a

permitir a implantação do auxílio à navegação (VOR).

[...].

A Prefeitura Municipal de Forquilhinha, administradora do Aeroporto

Diomício Freitas, por sua vez, elaborou o Inventário Florestal para Autorização de

Corte de Vegetação (fls. 35/71 do IC que acompanha a presente ACP).

De acordo com o referido estudo, das 10 (dez) áreas subdivididas

contempladas para serem revegetadas, 7 (sete) delas pertencem ao Município de

Criciúma, e apenas 3 (três) ao Município de Forquilhinha (fl. 38 do IC que

acompanha a presente ACP).

Do referido estudo se extrai que:

[...].

6. MEDIDAS COMPESNATÓRIAS SUGERIDAS

A recuperação do ambiente em áreas degradadas pela supressão vegetal tem sua

obrigação amparada na própria Constituição Federal de 1988, no artigo 225 e da

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Lei nº 4.771/65, que responsabiliza o executor da supressão vegetal a

recuperar a área ou como medida compensatória realizar o plantio em outras

áreas localizadas no município em que aconteceu a supressão.

A proposta de revegetação da área contempla as recomendações propostas no

manual de recuperação de áreas degradadas com técnicas de revegetação editado

pelo IBAMA em 1990.

Portanto, em conformidade à Legislação Ambiental vigente, o Projeto de

Supressão de Vegetação desde que motivado por necessidade real desta

supressão, como o presente caso, se faz necessário acompanhar de um Projeto de

Compensação para recomposição, se não de toda, de parte da vegetação a ser

suprimida. Para tanto, encaminha-se uma proposta de Recomposição Florística de

âmbito municipal para a cidade de Criciúma, considerada a mais prejudicada em

função da localização das matas a serem suprimidas, apesar da localização do

Aeroporto Diomício Freitas encontrar-se em terras do município de Forquilhinha.

[...]

6.1. Considerações iniciais

[...].

Com a retirada da vegetação, haverá a necessidade de se aplicar uma medida

compensatória, através do reflorestamento de quantidade proporcional ao que será

suprimido, o que representa para o presente caso aproximadamente 12 hectares

[...].

Para minimizar as consequências da supressão proposta se faz a presente

proposta de medida compensatória com o plantio de espécies de mata nativa,

assim como a retirada do local de mudas de espécies endêmicas da área para

colocação em outras áreas do Município de Criciúma.

O reflorestamento das áreas selecionadas tem por finalidade a manutenção

da diversidade da vegetação no município, a estabilidade do solo, proteção

dos regimes hídricos, o sustento da fauna aquática e silvestre desse bioma, e

a prevenção de erosão das áreas, entre outras.

[...]. (fls. 58/59 do IC que acompanha a presente ACP) (grifo nosso)

E assim foi expedido pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA) a

Autorização para Corte de Vegetação nº 056/04 (fls. 125/127 do IC que

acompanha a presente ACP), prevendo, para tanto, as seguintes medidas

mitigadoras e compensatórias:

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Medidas Mitigadoras:

- As Bromélias (caraguatás), orquídeas e xaxins encontradas nas áreas

autorizadas ao corte deverão ser remanejadas para Áreas de Proteção Ambiental

que garantam suas preservação.

- O empreendedor deverá apresentar no prazo de 03 (três) meses, plano de

recuperação ambiental para as áreas de APP's (mata ciliar) do Rio Sangão, com

espécies nativas de baixo porte.

Medida compensatória ambiental:

- Deverá ser apresentado no prazo de 03 (três) meses a contar da data deste, uma

área florestada na mesma Bacia Hidrográfica do empreendimento, para avaliação e

concordância desta Fundação – FATMA e posterior averbação a margem da

matrícula, com área mínima de 16,0 hectares, em compensação ambiental

referente à Supressão de Vegetação, conforme prevê o § único do art. 8º do

Decreto nº 5835/02.

Ainda no que toca às medidas compensatórias, segundo se extrai do

"INVENTÁRIO FLORESTAL DE ÁRVORES NATIVAS E EXÓTICAS PARA

AUTORIZAÇÃO DE CORTE EM ÁREA OCUPADA PELO CONE DE

APROXIMAÇÃO DA CABECEIRA 27 DO AEROPORTO DIOMÍCIO FREITAS

NOS MUNICÍPIO DE FORQUILHINHA E CRICIÚMA", mais especificamente na fl.

60, verifica-se que as mesmas foram distribuídas em quatro áreas no Município

de Criciúma, totalizando 12 hectares, com implantação de 625 mudas de árvores

por hectare, totalizando 7.500 mudas de essências nativas, distribuídas da

seguinte forma:

- Lagoa do Verdinho = 2 hectares -1.250 mudas;

- Morro do Céu = 5 hectares – 3.125 mudas;

- Morro da Cruz = 4 hectares – 2.500 mudas;

- Parque Ecológico José Milanese = 1 hectare – 625 mudas.

E para a recuperação da Área de Preservação Permanente (APP)

do Rio Sangão foi elaborado o Plano de Recuperação da Área Degradada –

PRAD (Anexo I do IC que acompanha a presente ACP).

Pois bem.

De tudo o que se colheu durante a instrução do Inquérito Civil que

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acompanha a presente Ação Civil Pública, não restam dúvidas de que a retirada

das árvores existentes no entorno do Aeroporto Diomício Freitas mostrava-se

fundamental para a implementação de equipamentos na pista de pouso das

aeronaves, visando a instalação de equipagem de auxílio à navegação.

Tal medida mostrava-se importante até mesmo para garantir a

segurança do transporte aéreo, uma vez que a existência de vegetação poderia

interferir nos mecanismos de auxílio à navegação.

Entre o Governo do Estado de Santa Catarina e a Empresa

Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – INFRAERO, foi firmado o termo de

convênio nº 004/2005/0001 (fls. 142/151 do IC que acompanha a presente ACP),

no qual ficou discriminadas as cláusulas e condições a que se obrigam ao

cumprimento os partícipes.

O item 4.2, por sua vez, anota as obrigações assumidas pelo

Estado de Santa Catarina, dentre elas, destaca-se:

4.2.4.1 O PROTOCOLO DE INTENÇÕES deverá refletir, prioritariamente, os

objetivos almejados no presente Instrumento e, em especial:

[...];

c) A execução das compensações e/ou indenizações ambientais exigidas

pela Fundação do Meio Ambiente – FATMA, bem como as medidas

mitigadoras impostas pelo Ministério Público Federal em função do

desmatamento de área no prolongamento da pista pela cabeceira 27, para

permitir a instalação do equipamento de VOR; (grifo nosso)

[...]

Questionada a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional

de Criciúma sobre as providências tomadas para cumprimento das medidas

compensatórias, o então Secretário Acélio Casagrande, em 28 de Julho de 2005,

respondeu que "para o cumprimento das medidas compensatórias estabelecidas

na Autorização para Corte de Vegetação 056/04, informamos que já fo

apresentada a FATMA as áreas a serem florestadas, sendo que, em virtude de

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tais medidas compensatórias terem de ser realizadas no Município de Criciúma e

com a mudança do governo municipal, estamos tratando com o novo secretário

do meio ambiente, juntamente com os outros envolvidos, para nos próximos dias

definir calendário de execução das medidas compensatórias".

No mesmo ofício, o então Secretário de Estado, Senhor Acélio Casa-

grande, requisitou o "prazo de 60 dias para o cumprimento da medida

compensatória previstos no Termo de Convênio, o qual trata da transferência do

Aeroporto Diomício Freitas, a empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária

– NFRAERO".

Quanto ao cumprimento das condicionantes da Autorização para

Corte nº 056/04, a Fundação do Meio Ambiente (FATMA), por intermédio do

Ofício DICA/GELAR 002550 (fl. 201 do IC que acompanha a presente ACP),

subscrito pelo Analista Técnico em Gestão Ambiental, Engenheiro Agrimensor

João Tadeu G. Almeida, informou que não ocorreu o acompanhamento dos

trabalhos executados. Disse mais, que "Quando da nossa vistoria em 04 de

outubro do corrente ano, identificamos que as condicionantes do AuC nº 056/04

não haviam sido atendidas, tanto na recuperação ambiental das áreas de APP

(mata ciliar) do Rio Sangão com espécies nativas de baixo porte, como no

atendimento a compensação ambiental prevista no Parágrafo único do Art. 8º do

Decreto Estadual nº 5835/02." E finalizou dizendo que "observamos que na

margem esquerda do rio foi implantado um reflorestamento com espécies

exóticas (eucaliptos), desrespeitando completamente o que foi proposto (fotos

anexas)" (fls. 201/204 do IC que acompanha a presente ACP).

Dando seguimento a instrução do Inquérito Civil, em atenção a

requisição Ministerial, o Secretário de Estado da Administração, Senhor Antônio

Marcos Gavazzoni, informou que "a efetiva execução das referidas medidas

compensatórias, ainda não se iniciou, em virtude do orçamento estadual já estar

fechado, sendo possível o lançamento das despesas de contratação de um

empresa para realização do serviço apenas no próximo ano." (fl. 234 do IC que

acompanha a presente ACP).

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Como se vê, houve total descaso do Demandado no sentido de dar

cumprimento às medidas compensatórias previstas.

Não se pode olvidar que a derrubada de aproximadamente 12

hectares de vegetação, em sua maioria nativa, não poderia ficar isenta de uma

medida compensatória proporcional ao dano causado. Contudo, essa é a

lamentável realidade, uma vez que não se tem notícia no Inquérito Civil que

instrui a presente Ação Civil Pública da implementação das medidas

compensatórias previstas.

A propósito, atendendo requisição desta Promotoria de Justiça, a

Polícia Militar Ambiental (fls. 267/288 do IC que acompanha a presente ACP)

realizou vistoria nas quatro áreas acima mencionadas (Lagoa do Verdinho, Morro

do Céu, Morro da Cruz e Parque Ecológico José Milanese), locais em que foram

previstas as medidas compensatórias, oportunidade em que verificou que o

plantio das mudas NÃO FOI EXECUTADO!

Diante dessa inércia, foi requisitado informações a respeito da

execução do Plano de Recuperação da Área Degradada, que via compensar os

danos ambientais decorrentes do corte de vegetação nativa em área de

preservação permanente, localizado na cabeceira B27 do Aeroporto Diomício

Freitas, bem como quanto ao cumprimento das condicionantes da Autorização

para Corte nº 056/2004 emitida pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA), ao

então Secretário de Estado da Regional de Criciúma, Senhor Luiz Fernando

Cardoso, porém, lamentavelmente, não houve resposta (fl. 294 do IC que

acompanha a presente ACP).

Mais recentemente, o atual Secretário de Desenvolvimento Regional

de Criciúma, Senhor João Rosa Filho Fabris, em resposta ao Ofício

0457/2015/09PJ/CRI, informou que "foi pesquisado no sistema da Secretaria

Regional de Estado e nada foi encontrado", e que "foi encaminhado um ofício a

Gerencia da FATMA de Criciúma (doc. Anexo), visando solicitar uma cópia do

referido Plano de Recuperação da Área Degradada (PRAD) e da autorização de

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Corte nº 056-2004, a fim de ser dado cumprimento integral por parte do Estado"

(fl. 303 do IC que acompanha a presente ACP)

Diante de todo o exposto, não restam dúvidas de que não há

alternativa ao Ministério Público do Estado de Santa Catarina, senão o

ajuizamento da presente Demanda, visando obter provimento judicial no sentido

de compelir o Demandado ao cumprimento de obrigação de fazer, consistente em

executar as medidas mitigadoras e compensatória previstas na AuC nº

056/04.

3. DO DIREITO

Primando pelo bem estar do povo e pela justiça social, o legislador

constituinte originário inseriu, dentro do Título VIII (Da Ordem Social), um capítulo

próprio referente à proteção e direito ao meio ambiente.

Estabeleceu, assim, no artigo 225 da Constituição Federal de 1988,

que "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e

futuras gerações".

Como meio de assegurar a eficácia desses direitos incumbiu ao

poder público:

Art. 225. [...]

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover manejo

ecológico das espécies e ecossistemas;

III - definir, para todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus

componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão

permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a

integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

[...].

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem

em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam

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os animais à crueldade.

Na mesma senda, assinala o artigo 2º, inciso I, da Lei nº 6.938/81:

Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,

melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,

no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da

segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os

seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o

meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e

protegido, tendo em vista o uso coletivo.

O meio ambiente como patrimônio público exige uma reformulação

ética no trato das questões ambientais. As formulações jurídicas não podem

afastar-se da ideia de que os recursos naturais são bens de interesse maior,

essenciais à própria sobrevivência do homem no planeta ("presentes e futuras

gerações").

Em sendo patrimônio da coletividade, recai sobre esses bens e

recursos uma espécie de hipoteca social, como adverte Edis Milaré. Daí que "os

proprietários de recursos naturais e bens ambientais, seja a que título for, sob o

ponto de vista ético não são senão gestores desse patrimônio, com a agravante

de serem tanto mais cobráveis quanto mais manipularem e utilizarem tais

recursos e bens, usufruindo deles em detrimento dos interesses comunitários de

hoje e de amanhã".

Para as degradações ambientais, que são de difíceis recomposições

e restaurações, instituiu-se, como forma de reparação do dano, a adoção de

medidas compensatórias, que podem ser dividas em reparatórias,

compensatórias e indenizatórias.

Enquanto a restauração ecológica visa à reintegração,

recomposição ou recuperação dos bens ambientais lesados e compreende, mais

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do que a restauração do status quo ante, a reabilitação dos recursos naturais

afetados; a compensação consiste na substituição do bem degradado por outro

funcionalmente equivalente, de forma que o patrimônio natural permaneça, no

seu todo, qualitativa e quantitativamente inalterado; e, a indenização, por sua vez,

representa o ressarcimento monetário dos prejuízos causados ao equilíbrio

ecológico, à biodiversidade e ao bem-estar da coletividade.

In casu, o desmatamento da vegetação nativa localizada na

cabeceira 27 mostrava-se necessário para viabilizar as melhorias no sistema de

pouso do aeroporto Diomício Freitas.

Nesse sentido, sabe-se que o artigo 3º, inciso VIII, da Lei nº

12.651/2012 – Código Florestal, considera como utilidade pública as obras de

infraestrutura destinadas aos serviços públicos de transporte.

Por outro lado, é certo que tal intervenção não poderia ficar isenta

de medidas ambientais visando compensar as lesões causadas ao meio

ambiente. Dessa forma, a Autorização para Corte nº 056/04 previu medidas

mitigadoras e medidas compensatórias que foram totalmente ignoradas pelo

Demandado, em total discordância com a legislação ambiental vigente.

Contudo, ao que tudo indica, nenhuma das medidas mitigadoras e

compensatórias foram executadas pelo Demandado ESTADO DE SANTA

CATARINA, que é um dos responsáveis, de acordo com o artigo 225 da

Constituição Federal, pela preservação do meio ambiente equilibrado.

Assim sendo, tem-se que a destruição de floresta nativa em

desacordo com a legislação ambiental e sem a correspondente compensação

ambiental enseja a necessidade de recuperação dos danos causados.

4. DA RESPONSABILIDADE DO DEMANDADO

Trata-se de agressão ao meio ambiente natural, promovida pelo

Demandado ESTADO DE SANTA CATARINA, por omissão, consistente em

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promover a supressão de vegetação nativa e em área de preservação

permanente, sem o cumprimento das medidas compensatórias e mitigadoras

impostas, atingindo bens juridicamente tutelados pela legislação citada.

Isso porque o ESTADO DE SANTA CATARINA, por meio do Termo

de Convênio nº 004/2005/0001, comprometeu-se a elaborar protocolo de

intenções que contemplasse, prioritariamente, a execução das medidas

compensatórias e mitigadoras em função do desmatamento ocorrido no local.

Esta intervenção foi praticada de forma livre e consciente, e a ação

executada causou e causa dano ao meio ambiente, pois promoveu a degradação

da qualidade ambiental, com alteração adversa das características do meio

ambiente no local do fato, daí decorrendo a caracterização da responsabilidade

civil do Demandado por ação contrária aos dispositivos legais citados.

5. DO DANO AMBIENTAL E SUA RECUPERAÇÃO

A reparação encontra abrigo no disposto no § 3º do artigo 225 da

Constituição Federal de 1988, que determina que "as condutas e atividades

consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas

físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente

da obrigação de reparar os danos causados".

Para Édis Milaré (In Direito do Ambiente. 4ª ed. São Paulo: Revista

dos Tribunais, 2005. p. 741), de fato a recuperação natural do ambiente

degradado é a modalidade mais adequada de reparação do dano, "e a primeira

que deve ser tentada, mesmo que mais onerosa". E justifica sua posição

afirmando, com Paulo Affonso Leme Machado, que "não basta indenizar, mas

fazer cessar a causa do mal, pois um carrinho de dinheiro não substitui o sono

recuperador, a saúde dos brônquios ou a boa formação do feto”1

Constatada a ocorrência de infração às normas legais aplicáveis ao

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caso, bem como do dano ambiental daí decorrente, além do nexo de causalidade

entre a conduta do requerido e o dano, cumpre ao Ministério Público requerer

provimento jurisdicional que determine de imediato a recuperação ambiental da

área degredada.

A legislação brasileira não conceitua o dano ambiental. Não

obstante, alguns conceitos têm sido construídos, pelo que, em vista da sua

importância, mister que se transcreva. Veja-se:

[...] Com reconhecida autoridade, Antônio Herman V. Benjamin, após observar que

o conceito normativo é teleologicamente biocêntrico e ontologicamente ecocêntrico,

define o dano ambiental "como a alteração, deterioração ou destruição, parcial ou

total, de quaisquer dos recursos naturais, afetando adversamente o homem e ou a

natureza".

Nessa linha, também, é o conceito que se colhe de José Rubens

Morato Leite, para quem:

Dano ambiental significa, em uma primeira acepção uma alteração indesejável ao

conjunto de elementos chamados meio ambiente, como, por exemplo, a poluição

atmosférica; seria assim, a lesão ao direito fundamental que todos têm de gozar e

aproveitar o meio ambiente apropriado. Contudo, em sua segunda conceituação,

dano ambiental engloba os efeitos que essa modificação gera na saúde das

pessoas e em seus interesses.

E nesse contexto, a lição que desponta do magistério de Álvaro Luiz

Valery Mirra:

O dano ambiental pode ser definido como toda a degradação do meio ambiente,

incluindo os aspectos naturais, culturais e artificiais que permite e condicionam a

vida, visto como um bem unitário imaterial coletivo e indivisível, e dos bens

ambientais e seus elementos corpóreos e incorpóreos específicos que o compõem,

caracterizador da violação do direito difuso e fundamental de todos à sadia

qualidade de vida em um ambiente são e ecologicamente equilibrado.

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Os conceitos acima, podemos definir o dano ambiental como a lesão

ou perigo de lesão causada pelo homem aos componentes ambientais,

compreendendo não só o dano ao meio ambiente em si, como os danos à vida, à

saúde e à integridade física.

Logo, em atenção ao disposto no artigo 14, §1º, da Lei que trata da

Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), e artigo 225, §3º, da

Constituição Federal de 1988, é dever do Demandado reparar o dano ambiental

ocorrido.

A reparação há de ser completa ("todos os efeitos adversos

provenientes da conduta lesiva devem ser objeto de reparação, para que ela

possa ser considerada completa" - na linguagem de Francisco José Marques

Sampaio). É corolário do princípio da máxima reparação ou da reparação integral.

Do princípio poluidor-pagador também ressai a responsabilidade do

demandado, posto que responsável pela recuperação da área em que ocorreu a

degradação ambiental.

Indubitável, no caso em apreço, que o desmatamento de 17,63

hectares de vegetação nativa e mata ciliar causou danos ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, e que as medidas mitigadoras e compensatórias

devem ser cumpridas em sua integralidade.

Tem-se, contudo, que as medidas acima não reparam totalmente o

dano. Cumpre, portanto, ao Ministério Público, em obediência ao princípio da

reparação integral, exigir mais.

Veja-se o que diz o artigo 4º, inciso VII, da Lei 6.938/81:

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou

indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de

recursos ambientais com fins econômicos.

Depreende-se do dispositivo legal que, se a recuperação do meio

ambiente através do pedido cominatório não for suficiente, é de se admitir a

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cumulação com pedido indenizatório, como 'in casu'.

Dito de outro modo há danos reversíveis e irreversíveis. Em relação

aos primeiros, deve o demandado, através de obrigação de fazer, repará-los.

Quando, entretanto, há irreversibilidade, alternativa não há senão a reparação

mediante indenização.

A jurisprudência, aliás, é tranquila nesse sentido:

PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA

TUTELA DO MEIO AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO FAZER E

DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS ART.

3º DA LEI 7.347/85. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. ART. 225, § 3º, DA

CF/88, ARTS. 2º E 4º DA LEI 6.938/81,ART. 25, IV, DA LEI 8.625/93 E ART. 83

DO CDC. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DO POLUIDOR-PAGADOR E DA

REPARAÇÃO INTEGRAL.

[...]

2. O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas

constitucionais (CF, art. 225, §3º) e infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º),

está fundado, entre outros, nos princípios da prevenção, do poluidor-pagador e da

reparação integral.

3. Deveras, decorrem para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e

obrigações de variada natureza, comportando prestações pessoais, positivas e

negativas (fazer e não fazer), bem como de pagar quantia (indenização dos danos

insuscetíveis de recomposição in natura), prestações essas que não se excluem,

mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso.

4. A ação civil pública é o instrumento processual destinado a propiciar a tutela ao

meio ambiente (CF, art. 129, III) e submete-se ao princípio da adequação, a

significar que deve ter aptidão suficiente para operacionalizar, no plano

jurisdicional, a devida e integral proteção do direito material, a fim de ser

instrumento adequado e útil.

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5. A exegese do art. 3º da Lei 7.347/85 ("A ação civil poderá ter por objeto a

condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não

fazer"), a conjunção Á"ou" deve ser considerada com o sentido de adição

(permitindo, com a cumulação dos pedidos, a tutela integral do meio

ambiente) e não o de alternativa excludente (o que tornaria a ação civil

pública instrumento inadequado a seus fins).

6. Interpretação sistemática do art. 21 da mesma lei, combinado com o art. 83 do

Código de Defesa do Consumidor ("Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses

protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes

de propiciar sua adequada e efetiva tutelaÁh) bem como o art. 25 da Lei

.625/1993, segundo o qual incumbe ao Ministério Público Á"IV - promover o

inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei: a) para a proteção,

prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente (...)".

7. A exigência para cada espécie de prestação, da propositura de uma ação civil

pública autônoma, além de atentar contra os princípios da instrumentalidade e da

economia processual, ensejaria a possibilidade de sentenças contraditórias para

demandas semelhantes, entre as mesmas partes, com a mesma causa de pedir e

com finalidade comum (medidas de tutela ambiental), cuja única variante seriam os

pedidos mediatos, consistentes em prestações de natureza diversa.

8. Ademais, a proibição de cumular pedidos dessa natureza não encontra

sustentáculo nas regras do procedimento comum, restando ilógico negar à ação

civil pública, criada especialmente como alternativa para melhor viabilizar a tutela

dos direitos difusos, o que se permite, pela via ordinária, para a tutela de todo e

qualquer outro direito.

9. Recurso especial desprovido. (grifo nosso) (Resp Especial nº 625249).

Corroborando o que se disse acima, mas sob outro enfoque, a

indenização deve compreender também "os efeitos ecológicos e ambientais da

agressão inicial a um bem ambiental determinado, as perdas de qualidade

ambiental ocorridas no interregno entre o prejuízo e a efetiva recomposição do

meio degradado, os danos futuros, os danos irreversíveis ao meio ambiente e os

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danos morais coletivos sofridos pela sociedade como reflexo da degradação de

bens e recursos ambientais".

Vale frisar, por oportuno, que a biodiversidade perdida (ao menos a

curto e médio prazo) deve ser ressarcida em atenção a fundamentalidade do

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225 da Lei Maior).

Não há que se falar em bis in idem, haja vista que a indenização em

pecúnia corresponderá à parcela do dano que é ontologicamente irreversível.

6. DO PEDIDO LIMINAR

Imperiosa, no presente caso, a concessão de liminar, porque

presentes a fumaça do bom direito e o perigo da demora, ex vi do artigo 12 da Lei

nº 7.347/85.

No que alude ao fumus boni iuris, indubitável é a plausibilidade do

direito pleiteado, já que amplamente comprovado que foram realizadas

intervenções em área de preservação permanente, bem como a supressão de

vegetação nativa, demonstrando a ilegalidade do comportamento exercido pelo

Demandado, vez que em desrespeito à autorização para corte de árvores

expedida pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA).

Da mesma forma, o periculum in mora do julgamento da lide é

visivelmente flagrante. Está caracterizado pelo prejuízo causado ao meio

ambiente com a dificuldade e, quiçá, impossibilidade, da recomposição dos danos

ao meio ambiente, cada vez mais degradado com a ação depredatória do

homem.

Discorrendo sobre o tema, manifesta-se o professor Paulo Afonso

Leme Machado:

Os valores defendidos nas ações civis públicas necessitarão de uma compreensão

crescente dos Juízes. Muitas vezes aparecerão formas sutis de pressão, acenando-

se com o desemprego, como se o emprego tivesse como componente necessário

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a doença e o prejuízo ambiental.

Demonstrado, assim, o fumus boni iuris e o periculum in mora, a

concessão da liminar é a medida que se impõe para a proteção do meio ambiente

e, consequentemente, do interesse público, evitando-se maiores danos a

coletividade.

Com base na documentação em anexo e nos fatos acima narrados,

portanto, com lastro no artigo 12 da Lei 7.347/85, o Ministério Público requer seja

determinada a imediata execução das medidas mitigadoras e medida

compensatória previstas na AuC nº 056/04.

8. DO PEDIDO

Diante do quadro fático que ora se apresenta, requer o MINISTÉRIO

PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA:

1.) seja a presente Ação Civil Pública, e os documentos que a

acompanham (Autos do Inquérito Civil nº 06.2009.00001126-0 - Volume 1, capa à

fl. 290, Volume 2, fls. 291 a 304 e Anexo I), recebida, autuada e processada de

acordo com o rito ordinário, com a observância das regras vertidas no

microssistema de proteção coletiva (arts. 21 da LACP e 90 do CDC);

2.) a citação do Demandado ESTADO DE SANTA CATARINA para

que, querendo, apresente sua resposta, no prazo de Lei, sob pena de revelia e

suas consequências jurídicas;

3.) a publicação no órgão de imprensa oficial de edital sobre a

propositura da presente ação, para cumprimento do disposto no artigo 94 da Lei

n.º 8078/90;

4.) que as diligências oficiais sejam favorecidas pelo artigo 172, §2º,

do Código de Processo Civil.

5.) a comunicação pessoal dos atos processuais, nos termos do

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artigo 236, §2º, do Código de Processo Civil, e do artigo 41, inciso IV, da Lei

8.625/93;

6.) para a obtenção do "resultado prático equivalente", com

fundamento no artigo 12 da Lei nº 7.347/85, sejam deferidas as seguintes

medidas de natureza cautelar:

6.1.) a concessão de mandado liminar, independentemente de

manifestação do Demandado, determinando a execução imediata das medidas

mitigadoras e medida compensatória previstas na AuC nº 056/04, sob pena

de multa diária no valor de R$ 10.000,00, que deverá reverter para o fundo que

trata o artigo 13 da Lei 7.347/85;

6.2.) elaborar, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a contar da

data da intimação da decisão, por responsável técnico habilitado, acompanhado

de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), novo Projeto de Recuperação

de Área Degradada (PRAD), sendo sujeito a avaliação e aprovação da Fundação

do Meio Ambiente (FATMA);

6.3.) implantar o projeto referido no item anterior assim que

aprovado pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA), não podendo a execução

do projeto ultrapassar 180 (cento e oitenta) dias a partir da sua aprovação;

6.4.) manter a Área de Preservação Permanente (APP) isenta de

demais destruições, removendo, adotando o afastamento da margem do córrego

em 30 (trinta) metros, conforme estabelecido pela Legislação Federal;

6.5.) encaminhar relatório mensal visando comprovar a execução do

Plano de Recuperação da Área Degradada;

6.6.) proceder o reflorestamento das áreas elencadas no Inventário

Florestal de fls. 36/80 do ICP que acompanha a presente Ação Civil Pública,

situadas na Lagoa do Verdinho, Morro do Céu, Morro da Cruz e Parque Ecológico

José Milanese, localizados no Município de Criciúma, tudo de acordo com a

orientação dada pelo órgão ambiental competente.

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7.) no mérito, a procedência integral da presente Ação Civil

Pública para:

7.1.) sejam tornados definitivos os pedidos liminares;

7.2.) condenar o Demandado ESTADO DE SANTA CATARINA, na

obrigação de fazer, consubstanciada na recuperação total da área degradada,

mediante o cumprimento da medidas mitigadoras e medida compensatória

previstas na Autorização de Corte nº 056/04;

7.3.) implantar o Plano de Recuperação da Área Degradada (PRAD)

assim que aprovado pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA), não podendo a

execução do projeto ultrapassar 180 (cento e oitenta) dias a partir da sua

aprovação, da área de preservação permanente do Rio Sangão;

7.4.) proceder o reflorestamento das áreas elencadas no Inventário

Florestal de fls. 36/80 do ICP que acompanha a presente Ação Civil Pública,

situadas na Lagoa do Verdinho, Morro do Céu, Morro da Cruz e Parque Ecológico

José Milanese, localizados no Município de Criciúma, tudo de acordo com a

orientação dada pelo órgão ambiental competente;

7.5.) seja imposta ao Demandado, para o caso de inadimplemento

quanto às obrigações impostas (em decisão interlocutória ou na sentença), multa

diária a ser fixada no patamar mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a ser

revertida para o Fundo de Reconstituição dos Bens Lesados do Estado de Santa

Catarina (CNPJ 76.276.849/0001-54, Conta Corrente nº 63.000-4, Agência nº

3582-3, Banco do Brasil), que trata o artigo 13 da Lei nº 7.346/85;

7.6.) seja o Demandado condenado ao pagamento de todas as

custas processuais e honorários advocatícios incidentes;

8.) seja igualmente reconhecida a isenção de custas e demais

emolumentos processuais em relação ao Ministério Público na forma da

legislação vigente.

Requer-se, finalmente, a produção de provas, se necessário, por

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todos os meios em direito admitidos, em especial perícias, vistorias, inspeções

judiciais, juntada de documentos e oitiva de testemunhas, estas oportunamente

arroladas, inclusive com a inversão do ônus da prova.

A causa tem valor inestimável, no entanto, em atenção ao disposto

no artigo 258 do Código de Processo Civil, dá-se a ela o valor de R$ 50.000,00

(cinquenta mil reais).

Termos em que,

Pede deferimento.

Criciúma, 19 de Agosto de 2015.

Luiz Fernando Góes UlysséaPromotor de Justiça

Assinado Digitalmente