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Edição da Associação Empresarial de Portugal Outubro 2010 N.183

Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

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Na edição de Outubro de 2010 do Relatório Mensal de Economia damos particular destaque à Proposta de Orçamento do Estado para 2011, dando já conta dos termos do acordo entre o Governo e o PSD, com vista a sua viabilização na Assembleia da República. Ainda no capítulo da economia nacional, analisamos as últimas projecções do Banco de Portugal para 2010 e 2011. No plano internacional, a apreciação do euro e o aumento das cotações das matérias-primas são más notícias para a actividade empresarial; pela positiva, realçamos o fim oficial da recessão nos Estados Unidos da América, bem como a evolução positiva do desempenho industrial e do clima de confiança dos agentes económicos na Europa.

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Page 1: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

Edição da Associação Empresarial de Portugal

Junho 2010 N.180

Outubro 2010 N.183

Page 2: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010
Page 3: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

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S U M Á R I O

DESTAQUE ...................................................................... 2

ECONOMIA INTERNACIONAL 1. União Europeia / Zona do Euro ................................................................................ 5

2. Estados Unidos da América .............................................................................. 12

3. Japão .............................................................................. 15

4. Mercados e Organizações Internacionais .............................................................................. 17

ECONOMIA NACIONAL

1. Envolvente Política, Social e Económica .............................................................................. 25

2. Economia Monetária e Financeira .............................................................................. 46

3. Economia Real .............................................................................. 48

FICHA TÉCNICA

Propriedade

AEP - Associação Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA PALMEIRA

Director

José António Barros

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Redacção

AEP/ Gabinete de Estudos

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Maria do Céu Filipe

Maria de Lurdes Fonseca

Nuno Torres

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Sede de Redacção

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de Portugal

Edifício de Serviços

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de Portugal

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Mensal

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Depósito Legal

N.o 28804

Registo no ICS: 117830

É autorizada a reprodução dos

trabalhos publicados, desde

que

citada a fonte e informada

a direcção da revista.

Page 4: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

2 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

D E S T A Q U E

Economia Internacional

O Conselho Europeu [abriu] o caminho para procedimentos mais exigentes com vista

à aplicação efectiva de multas aos países que não cumprirem o Pacto de Estabilidade

e Crescimento. (pág. 5)

Os dados de Setembro do Eurostat indicam uma evolução positiva no desempenho

industrial (…) (pág. 9)

Os últimos resultados (…) apontam para uma melhoria ligeira do clima de confiança

dos agentes económicos na zona do euro e na UE. (pág. 11)

Em Setembro, o comité do NBER (National Bureau of Economic Research) anunciou

o fim oficial da recessão económica nos Estados Unidos (…) (pág. 12)

(…) a informação mais recente do instituto Conference Board sugere que a retoma da

economia norte-americana se continuará a processar de forma lenta nos próximos

meses. (pág. 14)

Destacou-se (…) a subida significativa do euro face às principais moedas (…) (pág.

18)

Em Setembro registou-se uma acentuada valorização dos principais índices

accionistas internacionais (…) (pág. 18)

As cotações médias das matérias-primas aumentaram pelo terceiro mês consecutivo

em Setembro (…) (pág. 21)

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3

Economia Nacional

As projecções económicas do Banco de Portugal (…) apontam para um

crescimento do PIB de 1.2% em 2010 e para uma estagnação em 2011 (…) (pág.

25)

O BdP defende que “o cumprimento escrupuloso dos objectivos orçamentais

actualmente delineados surge como indispensável”. (pág. 26)

No final de Setembro, o Governo apresentou um conjunto de medidas adicionais

de consolidação (…), antecipando algumas das medidas da Proposta de

Orçamento do Estado de 2011 (…) (pág. 27)

A Proposta de Orçamento do Estado para 2011 (…) assume uma redução do

défice das administrações públicas para 4.6% do PIB (pág. 28)

A alteração da taxa do IVA, o alargamento da base de incidência do IRC, a

introdução de limites globais para as deduções à colecta e para os benefícios

fiscais terão um impacto muito significativo (…) (pág. 37)

Entrou em vigor no dia 30 de Setembro o diploma (…) que estabelece, (…) o

procedimento aplicável à extinção das tarifas reguladas de venda de electricidade

a clientes finais (…) (pág. 43)

No mercado secundário de dívida pública, o mês de Setembro ficou marcado por

uma subida muito significativa das yields nacionais (…) (pág. 46)

O índice accionista de referência PSI-20 valorizou-se em Setembro pelo terceiro

mês consecutivo, embora à custa de um reduzido número de títulos com elevado

peso, tendo-se verificado uma evolução negativa na maioria das cotações (…)

(pág. 47)

Em Agosto, o crescimento homólogo da produção industrial manteve-se

praticamente inalterado em 1.2% (…) (pág. 52)

Em Setembro, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa de

variação homóloga de 1.9%, igual à de Agosto. (pág. 56)

Page 6: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Page 7: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

5

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

1. União Europeia / Zona do Euro

1.1. Envolvente

A Comissão Europeia propôs a criação de um imposto sobre as actividades

financeiras (IAF), em simultâneo com o apoio à fixação de outra taxa sobre as

operações financeiras (IOF), que poderia ajudar a financiar a resposta aos “grandes

desafios mundiais, como o desenvolvimento ou as mudanças climáticas”.

O Conselho Europeu de 28 e 29 de Outubro aprovou o relatório do Grupo de

Missão sobre a Governação Económica, abrindo assim o caminho para

procedimentos mais exigentes com vista à aplicação efectiva de multas aos

países que não cumprirem o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Houve

também consenso sobre a possibilidade de penalizações aos países que falhem

sistematicamente a correcção dos seus desequilíbrios macroeconómicos.

Nas conclusões do Conselho ficou expresso que o Presidente Rompuy irá analisar a

possibilidade de eventuais sanções políticas aos países incumpridores, como a

suspensão do direito de voto, mas não houve acordo sobre este ponto, que implicaria

a revisão dos tratados.

Os 27 líderes europeus concordaram ainda com a criação de um mecanismo

permanente de gestão de crises, mas delegaram no presidente do Conselho Europeu

a tarefa de analisar a melhor forma de funcionamento desse mecanismo, devendo

pronunciar-se sobre o assunto em Dezembro.

Page 8: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

6 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

1.2. Política Monetária

Indicadores monetários e financeiros – zona do euro

09: III 09: IV 10: I 10: II Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10

Agregado Monetário M3 (1)

2.50 -0.10 -0.20 0.00 -0.20 0.00 0.10 0.50 -

Taxas de Juro Mercado Monetário

- taxa overnight 0.36 0.36 0.34 0.35 0.34 0.35 0.48 0.43 0.45

- Euribor a 3 meses 0.87 0.72 0.66 0.69 0.69 0.73 0.85 0.90 0.88

Yields Obrig. Estado a 10 anos (2)

3.69 3.67 3.54 3.14 3.00 3.03 3.01 2.48 2.67

Taxas de Juro Bancárias

- Depósitos a prazo até 1 ano 1.73 1.67 1.80 2.09 2.04 2.15 2.31 2.20 -

- Emprést. até 1 ano a empresas(3)

3.45 3.32 3.25 3.23 3.25 3.25 3.30 3.38 -

Fonte: Banco Central Europeu; valores médios do período, em percentagem; (1)

Taxa de variação homóloga em média móvel de três meses, em percentagem. Valores corrigidos de todas as

detenções de instrumentos negociáveis por agentes residentes fora da área do euro. (2)

Obrigações com notação AAA. (3)

Taxas de juro para empréstimos a taxa variável até 1 milhão de euros.

Na reunião de 7 de Outubro de 2010, o Conselho do BCE continuou a

considerar apropriado o nível das taxas de juro directoras, tendo, por

conseguinte, decidido mantê-las inalteradas (em 1%, no caso da taxa aplicável às

operações principais de refinanciamento, valor fixado a 13 de Maio de 2009). Como

habitualmente, a decisão teve como base as análises económica e monetária

regulares, que continuam a apontar, globalmente, para uma evolução moderada

da actividade económica e dos preços a médio prazo, embora a incerteza seja

ainda elevada, o que enviesa no sentido descendente os riscos para estas

previsões. A análise económica continua a incorporar a perspectiva de um

abrandamento da actividade no segundo semestre, tanto na área do euro como na

economia mundial, enquanto a análise monetária confirma o fraco crescimento da

moeda e do crédito, reduzindo as preocupações com pressões inflacionistas a médio

prazo.

Segundo o BCE, as expectativas de inflação continuam firmemente ancoradas

em conformidade com o objectivo de manter as taxas de inflação abaixo, mas

próximo, de 2% no médio prazo. No geral, a actual orientação da política

monetária permanece acomodatícia e será ajustada conforme apropriado, assim

como a cedência de liquidez e as modalidades de colocação, tendo em conta

que todas as medidas não convencionais tomadas durante o período de fortes

tensões nos mercados financeiros (em plena consonância com o mandato do

BCE) são, por definição, de natureza temporária. Para o efeito, o Conselho do

BCE continuará a acompanhar muito atentamente todos os desenvolvimentos no

período que se avizinha.

Page 9: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

7

O BCE referiu ainda, no âmbito da análise monetária, que os bancos têm vindo a

aumentar de forma gradual a dimensão global dos seus balanços, mas o

desafio continua a ser o de expandir a disponibilização de crédito ao sector não

financeiro quando a recuperação da procura se intensificar. Se necessário, com

vista a responderem a este desafio, os bancos devem reter lucros, recorrer ao

mercado para reforçarem ainda mais as respectivas bases de capital ou tirar

total partido das medidas estatais de apoio à recapitalização.

Em termos de políticas orçamentais, com impacto sobre as decisões monetárias, o

Conselho do BCE destacou os anúncios recentes de alguns países da área do

euro relativamente a medidas destinadas a fazer face aos desequilíbrios

orçamentais existentes. Segundo o BCE, vários países (entre os quais Portugal)

têm de vencer desafios consideráveis, o que requer medidas correctivas

imediatas, ambiciosas e convincentes. São necessários planos de consolidação

plurianuais credíveis que fortaleçam a confiança do público na capacidade de os

governos regressarem a finanças públicas sustentáveis, o que permitirá uma

redução dos prémios de risco das taxas de juro, apoiando o crescimento

sustentável no médio prazo. Em todos os países da área do euro, os orçamentos

para 2011 devem reflectir o empenho numa consolidação orçamental ambiciosa, em

consonância com os compromissos assumidos pelos países ao abrigo dos

respectivos procedimentos relativos aos défices excessivos. Qualquer eventual

evolução orçamental positiva, resultante de factores como uma conjuntura mais

favorável do que o esperado, deve ser explorada para acelerar o progresso da

consolidação orçamental.

Destacam-se ainda outras decisões do BCE para além das taxas de juro, tomadas já

na segunda metade de Outubro. No dia 17 de Outubro, o Conselho do BCE

decidiu classificar a European Financial Stability Facility (EFSF) como “Agência

– outra entidade excepto instituição de crédito”, o que significa que os

instrumentos de dívida por ela emitidos serão inseridos na categoria de liquidez II,

sendo assim elegíveis para utilização como activos de garantia em operações de

crédito do Eurosistema. Poucos dias antes, em 14 de Outubro de 2010, o

Conselho do BCE criou a possibilidade da instituição abrir contas em nome da

Comissão Europeia ou de um banco central nacional da União Europeia com

vista ao processamento de pagamentos efectuados no âmbito do mecanismo

europeu de estabilização financeira, sendo a abertura das contas realizada a

pedido da Comissão Europeia ou do banco central nacional de um Estado-Membro

beneficiário. O mecanismo referido assegura que a ajuda financeira da União

Page 10: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Europeia seja fornecida – sob a forma de empréstimos ou linhas de crédito a serem

atribuídos mediante decisão do Conselho da União Europeia – a um ou vários

Estados Membros que registem, ou se encontrem sob grave ameaça de

registar, perturbações económicas ou financeiras graves decorrentes de

situações excepcionais fora do seu controlo. Em 21 de Setembro de 2010, fora já

adoptada uma decisão semelhante relativa à administração dos empréstimos da

EFSF aos Estados Membros cuja moeda é o euro.

Por último, salientam-se também os resultados de um inquérito do BCE sobre o

acesso ao financiamento das PME na área do euro, que apontam para uma

melhoria no período de análise, entre Março e Setembro. A proporção de PME

que reportaram uma deterioração no acesso ao crédito bancário diminuiu de 42%

para 24%, passando de 10% para 12% a percentagem das que indicaram uma

melhoria no acesso ao crédito. Os factores com impacto na disponibilidade de

financiamento externo melhoraram de uma forma genérica, com destaque para os

que se relacionam com as perspectivas económicas. No que se refere às grandes

empresas, também cobertas pelo inquérito como grupo de referência, a taxa de

sucesso dos pedidos de empréstimo permaneceu estável num nível elevado, e

a situação financeira global mostrou sinais de clara melhoria.

1.3. Economia Real

Segundo estimativas do World Economic Outlook do FMI, publicado no início de

Outubro, a zona do Euro deverá ver o seu PIB crescer 1.7% em 2010 e 1.5% em

2011. Os preços crescerão 1.6% em 2010 e 1.5% em 2011, enquanto o desemprego

se deverá situar em 10% e 10.1% respectivamente em cada um destes anos.

Relativamente ao comércio externo, os dados do Eurostat apontam para um

défice da balança comercial da zona do euro de 6.7 mil milhões de euros em

Agosto, contra um défice de 2.8 mil milhões de euros em igual mês de 2009 e

um excedente de 6.2 mil milhões em Julho (valores não ajustados da

sazonalidade). Estes números decorrem de um aumento de 1.0% nas exportações,

entre Julho e Agosto, e de 1.8% nas importações (valores ajustados da

sazonalidade).

O conjunto da União Europeia apresentou em Agosto um défice de 17.3 mil milhões

de euros na balança comercial contra um défice de 12.4 mil milhões de euros em

Julho de 2009 e um défice de 6.2 mil milhões de euros em Julho de 2010 (valores não

ajustados da sazonalidade). Entre Julho e Agosto, as exportações da UE baixaram

0.1% e as importações aumentaram 1.3% (valores ajustados da sazonalidade).

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Se os valores acima forem ajustados da sazonalidade, terá ocorrido um défice de 1.4

mil milhões de euros na zona do euro e de 14.2 mil milhões de euros no conjunto da

União, evoluções negativas relativamente ao mês de Julho.

Os dados de Setembro do Eurostat indicam uma evolução positiva no desempenho

industrial, com um aumento de 1.0% na zona do euro e de 0.8% no conjunto da

União. Em termos homólogos, registou-se uma subida deste indicador (7.9% na zona

do euro e 7.5% no conjunto da União), confirmando os sinais de evolução positiva

Da análise do desempenho dos agrupamentos de bens, destacam-se, pela positiva

os bens de capital.

Produção Industrial na zona do euro

Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun 10 Jul 10 Ago 10

Total da Indústria 7.7 9.2 9.7 8.2 7.2 7.9

Bens Intermédios 11.9 15.6 14.5 11.9 9.6 10.8

Energia 5.8 5.2 7.6 3.4 2.4 0.7

Bens de capital 4.8 8.7 9.0 8.8 9.0 11.2

Bens de consumo duradouro 1.6 0.4 6.3 7.6 5.2 7.3

Bens de consumo não duradouro 6.5 3.0 3.9 3.8 3.8 4.0

Fonte: Eurostat; tvh em %, valores revistos

Ao nível dos Estados-membros e em termos homólogos, saliente-se, pela positiva, o

crescimento da produção industrial na Alemanha e na Polónia (11.5% e 13.0%,

respectivamente). Em Espanha, a produção industrial aumentou em 1.4% contra

0.5% em Julho. Fora da zona do euro, a produção industrial do Reino Unido passou

de uma tvh de 3.0% em Julho para 4.2% no mês de Agosto.

Em relação aos indicadores de procura interna final, os dados do Eurostat mostram

que o volume de negócios do comércio a retalho em Agosto diminuiu em 0.4%

na zona do euro e em 0.3% no conjunto da União Europeia. Em termos

homólogos, verificaram-se aumentos de 0.6% e de 0.8%, respectivamente.

Volume de Negócios no Comércio a Retalho

Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10

União Europeia 1.6 -0.9 0.9 1.3 1.1 0.8

Zona do euro 1.8 -0.4 0.9 1.4 1.1 0.6

Fonte: Eurostat, tvh em %, valores corrigidos

Page 12: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

10 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Em Setembro, a taxa de variação homóloga dos preços na zona do euro subiu

para 1.8%, mais 0.2 p.p. do que em Agosto. No conjunto da União Europeia, os

preços aumentaram 2.2%, também mais 0.2 p.p. que em Agosto.

Evolução da Inflação

tvh Taxas

médias

de 12

meses

Taxa

mensal

Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Set 10-09 Set-10

União Europeia 1.9 2.1 2.0 2.2 1.7 0.2

Zona do euro 1.4 1.7 1.6 1.8 1.2 0.2

Fonte: Eurostat, % variação HCPI

Entre os países da zona do euro, as taxas homólogas de inflação mais baixas

verificaram-se na Irlanda (-1.0%), na Alemanha (1.3), e na Eslováquia (1.1%) e as

mais elevadas na Grécia e no Chipre (5.7% e 3.6%, respectivamente). Na Espanha,

os preços subiram, também em termos homólogos, 2.1%. Fora da zona do euro, os

preços subiram 3.1% no Reino Unido.

A inflação subjacente na zona do euro foi de 1.0% (valor provisório), idêntica à de

Agosto e de Julho.

De acordo com dados do Eurostat (ajustados de sazonalidade), a taxa de

desemprego da zona do euro fixou-se em 10.1% no mês de Agosto, o mesmo

valor verificado nos quatro meses anteriores. O Eurostat estima assim que 15.9

milhões de pessoas na zona do euro (menos 20 000 que em Julho e mais 59 000 que

no mesmo mês de 2009) se encontrassem em situação de desemprego no mês em

destaque. Considerando o cômputo geral da UE, a taxa de desemprego manteve-se

nos 9.6%, com cerca de 23 milhões de desempregados.

Taxa de Desemprego

Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10

União Europeia 9.6 9.6 9.6 9.6 9.6 9.6

Zona do euro 10.0 10.0 10.1 10.1 10.1 10.1

Fonte: Eurostat; % da população activa, ajustada de sazonalidade. Valores revistos.

Os países da zona do euro (com dados disponíveis) com taxas de desemprego mais

baixas eram, em Julho, os Países Baixos (4.5%) e a Áustria (4.3%). Por outro lado, o

país com taxa mais alta de desemprego era a Espanha (20.5%). A taxa de

desemprego desceu muito ligeiramente ou estabilizou em grande parte dos

países da zona do euro.

Page 13: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

11

Os últimos resultados fornecidos pelos inquéritos aos consumidores e às

empresas (compilados pela Comissão Europeia) apontam para uma melhoria

ligeira do clima de confiança dos agentes económicos na zona do euro e na UE.

Indicador de Confiança na União Europeia

Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10

Indústria -9 -7 -5 -6 -4 -2 -2

Construção -29 -28 -30 -32 -31 -31 -29

Comércio a retalho -4 0 -4 -4 0 1 2

Serviços 1 4 2 4 6 5 5

Consumidores -14 -12 -15 -15 -14 -11 -12

Indicador do Clima

Económico (ESI)

99.8 101.9 100.2 100.3 102.1 103.1 103.4

Fonte: Comissão Europeia. Poderá ter ocorrido uma quebra de série em Maio devido à utilização de novos fornecedores

de informação.

Este indicador subiu, na zona do euro, para os 103.2 pontos (melhoria de 0.9 pontos

relativamente a Agosto). A grande maioria dos países da União Europeia registou

alterações positivas neste indicador, com as excepções mais perceptíveis na Bélgica,

na Dinamarca, na Grécia, na Itália e na Hungria.

De acordo com a informação dos últimos meses, detecta-se uma melhoria do clima

económico, tanto na zona do euro como no conjunto da União, ainda que o

ritmo de evolução seja lento.

Índice de Clima Económico (ESI) - UE e zona euro

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

110,0

120,0

Jan

-07

Fev

-07

Mar

-07

Ab

r-0

7

Mai

-07

Jun

-07

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ab

r-0

8

Mai

-08

Jun

-08

Jul-

08

Ag

o-0

8

Set

-08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez

-08

Jan

-09

Fev

-09

Mar

-09

Ab

r-0

9

Mai

-09

Jun

-09

Jul-

09

Ag

o-0

9

Set

-09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez

-09

Jan

-10

Fev

-10

Mar

-10

Ab

r-1

0

Mai

-10

Jun

-10

Jul-

10

Ag

o-1

0

Set

-10

ESI - UE ESI -zona euroFonte: Comissão Europeia

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12 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

2. Estados Unidos da América

2.1. Envolvente Política, Social e Económica

Em Setembro, o comité do NBER (National Bureau of Economic Research)

anunciou o fim oficial da recessão económica nos Estados Unidos, tendo por

base um conjunto alargado de indicadores económicos, para além do PIB. Segundo o

NBER, a recessão iniciada em Dezembro de 2007 terminou em Junho de 2009,

pelo que qualquer eventual retracção futura da actividade económica será uma nova

recessão. Só agora foi possível confirmar a mudança de fase no ciclo

económico, pois em Abril estava ainda em aberto o risco de prolongamento da

recessão.

No mesmo mês, a Reserva Federal deixou inalterados os seus principais

referenciais de política monetária (taxa fed funds entre 0% e 0.25% e tamanho do

balanço, que é estabilizado com o reinvestimento dos rendimentos dos activos

detidos), mas indicou que reforçará a expansão monetária caso se torne

necessário para apoiar a retoma económica e o retorno da inflação, cujas

perspectivas reviu em baixa. Segundo a Reserva Federal, as medidas de inflação

subjacente estão abaixo dos níveis mais adequados para promover o objectivo de

máximo emprego com estabilidade de preços a longo prazo devido ao baixo nível de

utilização da capacidade produtiva, que deverá recuperar de forma gradual. Esta

situação permite antecipar a continuação de baixas taxas de juro por um período

prolongado, como vem sendo reiterado pela Reserva Federal. O comunicado da

decisão confirmou ainda que a retoma económica abrandou nos últimos meses,

com o consumo a aumentar de forma modesta, restringido pela elevada taxa de

desemprego, pela redução da riqueza imobiliária e pela restrição do crédito, que

também afecta o investimento, agora a recuperar a um ritmo bastante inferior ao do

início do ano.

Já em Outubro, no decorrer de um discurso, o Presidente da Reserva Federal, Ben

Bernanke, revelou que os membros do Comité de Política Monetária geralmente

consideram a taxa de inflação consistente com o mandato da Reserva Federal

como sendo 2% ou um pouco inferior, dando assim mais um passo na sua

intenção de estabelecer um objectivo de inflação. Esta definição, ainda que de

forma implícita e informal, de uma meta de inflação, torna mais transparente a

Page 15: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

13

actual condução da política monetária, ao permitir uma melhor justificação da

provável nova leva de medidas de natureza quantitativa, sinalizada em Setembro,

onde se espera o anúncio de mais compras de títulos do Tesouro com um timing bem

definido. O discurso de Bernanke visou também ancorar as expectativas do

público quanto ao regresso a uma taxa de inflação de 2%.

O défice federal dos EUA reduziu-se de 1.41 para 1.29 biliões de dólares (8.9%

do PIB) no ano fiscal de 2010, terminado em Setembro. Apesar da melhoria das

contas públicas, a situação orçamental continua a ser complicada, segundo o

secretário do Tesouro, Tim Geithner, faltando ainda um longo caminho para reparar

os dados causados pela crise económica, incluindo os elevados défices orçamentais.

Já no final de Setembro, a Câmara de Representantes aprovou legislação com

vista a punir a China no caso de desvalorização da sua moeda, o que suscitou

imediatas reacções de repúdio por parte das autoridades chinesas, considerando a

legislação contrária às regras da OMC. Embora o destino final da peça legislativa

seja ainda incerto, pois terá ainda de passar no Senado e ser assinado pelo

Presidente Obama, revela a frustração crescente dos partidos democrata e

republicano com as políticas económicas da China, nomeadamente a cambial. A

pressão do Congresso reforça a intervenção de cariz mais diplomático que tem

sido exercida pela Administração Obama. O Secretário do Tesouro, Tim

Geithner, revelou que partilha os receios implícitos no pacote legislativo,

reiterando que a China deve permitir uma descida significativa, mesmo que

gradual, do yuan renmimbi.

2.2. Economia Real

A mais recente síntese da conjuntura da Reserva Federal (Livro Bege), com

informação de meados de Setembro até início de Outubro, confirmou o fraco

crescimento da actividade económica. Os relatórios estaduais reportaram

aumentos modestos nas vendas a retalho e nos serviços, e uma evolução pouco

favorável no mercado residencial, com a produção industrial a manter ainda algum

dinamismo. A evolução dos salários e dos preços dos bens finais continuou a ser

caracterizada pela estabilidade, apesar da subida dos preços das matérias-primas,

que não está a ser passada para os consumidores finais.

A taxa de inflação homóloga medida pelo índice de preços no consumidor

manteve-se em 1.1% no mês de Setembro, mas o indicador de inflação

Page 16: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

14 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

subjacente (que exclui as rubricas de alimentação e energia) recuou para o nível

mais baixo desde 1961 (0.8%, menos 0.1 p.p. que em Agosto).

Em temos de dados sectoriais, a informação mais recente permite destacar o

abrandamento da produção industrial, alguma retoma do dinamismo nos

serviços, e uma evolução menos desfavorável na construção:

- o índice de produção industrial abrandou pelo terceiro mês consecutivo, em termos

homólogos, em Setembro (tvh de 5.4%, após 6.4% e 7.5% nos dois meses

precedentes, conduzindo a uma tvh de 6.5% no terceiro trimestre, menos 0.8 p.p. que

no anterior);

- o índice compósito ISM não industrial registou uma subida em Setembro (para 53.2

pontos, recuperando parte da descida verificada desde Maio), indicando uma

recuperação parcial do dinamismo perdido nos últimos meses;

- as despesas de construção registaram uma quebra homóloga 10% em Agosto, em

termos nominais, inferior à registada em Julho (10.7%) e à quebra homóloga de

Janeiro a Agosto (11.2%), confirmando que a tendência de desagravamento se

mantém.

Em Setembro, a taxa de desemprego permaneceu em 9.6%, um nível ainda

historicamente elevado, próximo do máximo recente de 10.1% registado em

Outubro último. O número de postos de trabalho do sector não agrícola recuou

de forma mais acentuada, reflectindo o agravamento no Estado (provavelmente

ainda associada ao fim dos censos e às dificuldades orçamentais dos governos

estaduais) e a menor progressão do emprego no sector privado, onde a quebra na

construção se sobrepôs à atenuação das perdas na indústria e ao reforço dos ganhos

nos serviços.

Em termos de indicadores avançados, a informação mais recente do instituto

Conference Board sugere que a retoma da economia norte-americana se

continuará a processar de forma lenta nos próximos meses. O índice dos

indicadores avançados aumentou pelo terceiro mês consecutivo em Setembro, mas a

um ritmo baixo, enquanto o índice de confiança dos consumidores registou um recuo,

reflectindo as condições ainda difíceis no mercado de trabalho.

Page 17: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

15

3. Japão

3.1. Envolvente Política, Social e Económica

Em Setembro, o novo ministro da economia e política fiscal do Japão, Banri

Kaieda, mostrou-se muito preocupado com o impacto económico do recente

incidente diplomático entre a China e o Japão, na sequência do choque de um

barco de pesca chinês com a guarda costeira japonesa em águas disputadas pelos

dois países no mar Este da China. Kaieda destacou o cancelamento de reservas

por turistas chineses e as restrições impostas pelas autoridades chinesas à

exportação de minerais raros (usados em muito produtos electrónicos) para o

Japão. Entretanto, o ministro apelou ao rápido levantamento destas restrições e

prometeu a procura de substitutos e fontes alternativas para estes recursos

estratégicos. A China tem negado a imposição de tais restrições, mas os

exportadores nipónicos asseguram que as expedições têm sido repetidamente

adiadas nos portos chineses.

No dia 5 de Outubro, o Banco do Japão anunciou um conjunto de medidas para

tornar as condições monetárias mais acomodatícias, de modo a contrariar o

abrandamento da retoma económica, que decorre, nomeadamente, do menor

dinamismo no exterior, da apreciação do iene e do esgotamento dos programas de

estímulo da procura. As medidas compreendem: i) a redução da taxa de juro de

referência de 0.1% para um intervalo de 0% a 0.1%; ii) a indicação de que a taxa

de juro será mantida num valor próximo de zero enquanto for julgado

necessário, tendo em conta o novo entendimento de estabilidade de preços a médio

e longo prazo (inflação homóloga do IPC entre 0 e 2%) e a avaliação de outros

factores de risco, como desequilíbrios financeiros; iii) o estabelecimento de um

programa temporário de compra de activos variados (incluindo títulos de dívida

pública e de empresas, e títulos ligados ao crédito imobiliário), que serão aceites

como colateral nas operações do Banco do Japão no mercado monetário. O

principal objectivo deste programa, que ascende a 5 biliões de ienes (35 biliões,

contabilizando o programa em curso de compra de títulos de dívida pública), é

reduzir as taxas de juro de longo prazo através da descida dos prémios de

risco. A compra de títulos de Tesouro japonês neste âmbito (70% do total) será

apenas temporária, servindo um propósito diferente do programa já existente de

compra destes títulos. Na avaliação das perspectivas económicas, o Banco do

Japão considerou que o retorno a um cenário de crescimento sustentado com

estabilidade de preços está agora adiado, com grande probabilidade, tendo sido

salientada a incerteza no andamento da economia norte-americana, o principal

mercado de exportação do país.

Page 18: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

16 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

O Governo saudou as medidas de estímulo monetário do Banco do Japão,

tendo já anunciado a preparação de um novo programa orçamental de apoio à

economia, entre 4 e 5 biliões de ienes, depois da aprovação, em Setembro, de

um pacote de emergência de 918 mil milhões de ienes com vista a criar 200 mil

postos de trabalho e a aumentar o PIB real em 0.3%. Segundo o Governo, o novo

programa não exigirá a emissão de mais dívida, podendo ser financiado com as

verbas acima do esperado nas receitas fiscais, e abaixo do orçamentado na despesa

com juros, em conjunto com os fundos não usados do Orçamento de 2009.

No que se refere à política cambial, o Governo nipónico apelou a um maior

sentido de responsabilidade por parte da China e da Coreia do Sul, que vai

receber a próxima reunião do G20 e é um concorrente directo na exportação de

produtos electrónicos. O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, defendeu que

esforços individuais para depreciar as moedas não têm lugar na cooperação que se

pretende no seio do G20. Desde o colapso do banco Lehamn Bothers, em Setembro

de 2008, o iene subiu 29% face ao dólar, enquanto o won coreano recuou 1.2% e o

yuan subiu apenas 2.3%. O ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, considerou que a

Coreia do Sul intervém no mercado cambial de forma activa, enquanto a China

começou a adoptar uma política mais flexível, mas a um ritmo muito lento. Sobre a

intervenção cambial do Banco do Japão em Setembro, num valor estimado de 25

mil milhões de dólares, as autoridades nipónicas defendem que serviu apenas

para contrariar a elevada volatilidade do iene e não para fixar um determinado

nível cambial em particular.

3.2. Economia Real

Em Outubro, o relatório mensal do Banco do Japão confirmou o abrandamento

da retoma económica. As exportações e a produção industrial têm perdido

dinamismo, mas o investimento continua a dar sinais de recuperação, beneficiando

da melhoria da confiança empresarial. O consumo permanece limitado pelas

condições difíceis de emprego e rendimento, mas mesmo assim tem vindo a

recuperar. No sector público, o investimento continua em quedar. Em termos de

perspectivas, o Banco do Japão espera que a economia recupere um crescimento

moderado após um período de abrandamento. No que se refere aos preços, espera-

se que a quebra homóloga dos preços no consumidor diminua à medida que o

desequilíbrio entre a oferta e a procura se for atenuando.

Page 19: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

17

Em Agosto, o índice de preços no consumidor manteve uma quebra homóloga

de 0.9%, persistindo também o recuo de 1.9% no indicador de inflação

subjacente, que exclui as componentes de energia e alimentação.

A despesa de consumo das famílias trabalhadoras aumentou pelo terceiro mês

consecutivo em Agosto, em termos homólogos (2.7%, mais 1.7 p.p. que em

Julho), após uma subida bastante significativa do rendimento disponível em

Junho (7.5%, tendo-se seguindo variações de -0.3% em Julho e 0.6% em Agosto).

A taxa de desemprego diminuiu pelo segundo mês consecutivo em Agosto,

mas de forma pouco significativa (0.1 p.p., para 5.1%, um valor historicamente

elevado para o Japão), recuando apenas para o nível registado em Abril.

Nos indicadores avançados, a informação mais recente sugere a intensificação

do abrandamento económico nos próximos meses. Em Setembro, o inquérito

Tankan de confiança empresarial, conduzido pelo Banco do Japão, deu conta de uma

melhoria das condições de negócio no terceiro trimestre, mas sinalizou uma

deterioração das perspectivas para o próximo trimestre nas grandes empresas

industriais, o que acontece pela primeira vez desde Dezembro de 2008. O índice de

confiança dos consumidores recuou em Setembro pelo segundo mês consecutivo.

4. Mercados e Organizações Internacionais

4.1. Mercado de Câmbios

Cross rates das principais divisas internacionais

(fecho das sessões de início e fim das semanas de Setembro)

Dólares por

Euro

Libras por

Euro

Ienes por

Euro

Libras por

Dólar

Ienes por

Dólar

Quarta, 1 1.280 0.831 107.540 0.649 84.016

Sexta, 3 1.283 0.833 108.380 0.649 84.448

Segunda, 6 1.287 0.838 108.420 0.651 84.216

Sexta, 10 1.273 0.823 106.840 0.647 83.961

Segunda, 13 1.280 0.831 107.690 0.649 84.126

Sexta, 17 1.306 0.836 111.980 0.640 85.743

Segunda, 20 1.307 0.838 112.070 0.641 85.720

Sexta, 24 1.341 0.853 113.200 0.636 84.402

Segunda, 27 1.348 0.850 113.520 0.631 84.232

Quinta, 30 1.365 0.860 113.680 0.630 83.294

Variação (1) 7.63% 4.26% 6.17% -3.13% -1.36%

(1) Variação registada entre a última cotação do(s) mês(es) em análise e a última cotação do mês anterior.

Nota: cálculo com base no ´fixing’ do Banco Central Europeu

Page 20: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

18 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Em Setembro, a evolução do mercado de câmbios ficou assinalada pela

primeira intervenção cambial oficial do Banco do Japão em 6 anos,

conseguindo reduzir a cotação do iene com o dólar face aos novos máximos de

15 anos registados no início do mês, o que limitou a apreciação mensal a 1.4%.

Destacou-se ainda a subida significativa do euro face às principais moedas

(para máximos de 6 meses face ao dólar, 4 face à libra e 2 em relação ao iene)

devido à perspectiva de que o BCE não irá acompanhar o cada vez mais

provável reforço das medidas quantitativas de política monetária pelos bancos

centrais dos EUA, Inglaterra e Japão. Este factor predominou sobre os receios

em torno do risco de crédito soberano nas economias periféricas endividadas

da zona do euro e a divulgação de alguns dados económicos menos favoráveis na

Europa. Para além do enfraquecimento do dólar nos principais câmbios

(limitado, no caso do iene, pela intervenção do Banco do Japão), regista-se ainda a

depreciação da moeda norte-americana face ao yuan, intensificando-se ao

longo de Setembro, em linha com os sucessivos apelos do Governo norte-

americano nesse sentido. Este movimento confirma a flexibilização do regime

cambial chinês anunciada em Junho, após uma suspensão de dois anos justificada

pela crise financeira internacional.

A variação das principais taxas de câmbio no cômputo do mês foi a seguinte:

apreciação do euro na cotação com o dólar (7.63%), o iene (6.17%) a libra (4.26%), e

recuo do dólar face à libra (3.13%) e ao iene (1.36%).

4.2. Mercados Bolsistas Internacionais

Em Setembro registou-se uma acentuada valorização dos principais índices

accionistas internacionais (para máximos de quase cinco meses),

correspondendo ao maior optimismo quanto à retoma económica global, dada a

continuação de um forte dinamismo nos países emergentes (nomeadamente na

China) e a sinalização de reforço das políticas monetárias quantitativas para

apoiar a actividade económica nos EUA, Japão e Inglaterra. Estas medidas

adicionais foram encaradas pelos mercados como necessárias para contrariar

um natural abrandamento em face do gradual esgotamento das medidas anteriores,

notando-se um desanuviamento dos receios de recaída em recessão nas

economias mais desenvolvidas, para o que contribuiu o anúncio do fim da

recessão nos EUA pelo NBER. Destaca-se ainda a subida dos títulos do sector

financeiro devido à regulação menos onerosa do que o esperado nos acordos

Page 21: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

19

de Basileia III, sobretudo devido ao longo período de implementação dos novos

requisitos de capital, significando que não há necessidade imediata de reforço de

capital pelos bancos. Esta subida foi, no entanto, limitada pelos receios em torno da

crise de crédito soberano na Europa, em particular relativamente aos bancos com

exposição à Irlanda.

Nos Estados Unidos, o índice de referência Dow Jones Industrials (DJI),

representativo dos títulos mais tradicionais, apresentou um ganho mensal de 7.7%,

o mais elevado desde Julho do ano passado, enquanto o índice tecnológico

Nasdaq subiu 12%, situando-se, em ambos os casos, em máximos de quase

cinco meses. Com estas subidas, os índices passaram a registar um saldo

positivo desde o início do ano (3.5% e 4.4%, respectivamente).

No mercado de dívida pública, a sinalização de medidas adicionais de expansão

monetária pela Reserva Federal conduziu a uma descida significativa da yield

de referência dos 10 anos (para 3.53% no dia 30, após um máximo de 3.77% a

meio do mês e 3.58% no dia 1).

A valorização dos índices accionistas foi um pouco menos significativa nas

duas principais praças europeias, reflectindo os receios em torno do risco de

crédito soberano em vários países da zona do euro. O índice alemão Dax Xetra teve

um ganho mensal de 5.1%, enquanto o congénere inglês Ftse-100 subiu 6.2%,

passando também, em ambos os casos, a apresentar variações positivas desde o

início de 2010 (4.6% e 2.5%, respectivamente).

8146,52

10725,43

9908,39

11205,03

9686,48

10858,14

5000,00

6000,00

7000,00

8000,00

9000,00

10000,00

11000,00

12000,00

13000,00

14000,00

15000,00

01

/04

/09

20

/04

/09

07

/05

/09

26

/05

/09

12

/06

/09

01

/07

/09

20

/07

/09

06

/08

/09

25

/08

/09

11

/09

/09

30

/09

/09

19

/10

/09

05

/11

/09

24

/11

/09

11

/12

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30

/12

/09

18

/01

/10

04

/02

/10

23

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/10

12

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31

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19

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06

/05

/10

25

/05

/10

11

/06

/10

30

/06

/10

19

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/10

05

/08

/10

24

/08

/10

10

/09

/10

29

/09

/10

Índ

ice (em

po

nto

s)

Estados Unidos - índice Dow Jones Industrials

Fonte: Yahoo Finance

Page 22: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

20 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

No Japão, o índice Nikkei-225 valorizou-se 6.2% no cômputo de Setembro, para

o que contribuiu a intervenção cambial do Banco do Japão a travar a apreciação

do iene, que vinha a prejudicar as cotações do sector exportador.

4.3. Mercados de Matérias-Primas

2008 2009 2T 10 3T 10 Ago-10 Set-10

Brent (Mar do Norte) 97.7 61.9 78.7 76.4 76.7 77.8

Algodão 71.4 62.8 90.0 93.0 90.3 104.7

Alumínio (99,7% pureza) 2 577.9 1 699.2 2 096.2 2 090.3 2 110.5 2 171.3

Cobre 6963.5 5 165.3 7 024.9 7 261.0 7 302.7 7 729.6

Chumbo 2093.3 1 719.4 1 952.1 20 39.9 2 082.8 2 192.9

Níquel 21 141.5 14 672.4 22 456.6 21 229.1 21 448.8 22 690.1

Estanho 18 466.6 13 602.7 17 819.1 20 544.7 20 733.1 22 694.4

Zinco 1 884.8 1 658.4 2 028.0 2 015.2 2 047.5 2 151.0

Minério de Ferro (Fe) (1)

140.6 101.0 167.0 205.0 205.0 205.0

Fonte: Fundo Monetário Internacional

Cotações Spot; média das cotações diárias, excepto no caso do algodão (média das cotações semanais).

Unidades: brent: dólares por barril; algodão: cêntimos de dólar (cts USD) por libra de peso (1 libra de peso equivale a

453.6 gramas); alumínio (grau de pureza mínimo de 99,5%), cobre, chumbo, níquel, estanho, zinco: dólares por

tonelada; minério de ferro: cts USD por 1% Fe DMTU (Dry Metric Ton Unit), tendo o minério Carajas Fines (Brasil) um

conteúdo de 67.55% Fe DMTU – por exemplo, uma cotação de 77 cts USD / DMTU (Carajas) equivale a 52,01 USD /

tonelada. (1)

os preços do Minério de ferro são fixados trimestralmente (anualmente, antes de Abril de 2010) pelas três principais

empresas a nível mundial (Rio Tinto, BHP Militon e Vale), constituindo a referência para os restantes produtores.

3000,00

3600,00

4200,00

4800,00

5400,00

6000,00

6600,00

7200,00

7800,00

8400,000

1/0

4/0

9

20

/04

/09

07

/05

/09

26

/05

/09

12

/06

/09

01

/07

/09

20

/07

/09

06

/08

/09

25

/08

/09

11

/09

/09

30

/09

/09

19

/10

/09

05

/11

/09

24

/11

/09

11

/12

/09

30

/12

/09

18

/01

/10

04

/02

/10

23

/02

/10

12

/03

/10

31

/03

/10

19

/04

/10

06

/05

/10

25

/05

/10

11

/06

/10

30

/06

/10

19

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/10

05

/08

/10

24

/08

/10

10

/09

/10

29

/09

/10

Índ

ice (em

po

nto

s)

Alemanha e Reino Unido

Alemanha

índice Dax Xetra

Reino Unido

índice Footsie 100

Fonte: Yahoo Finance

Page 23: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

21

As cotações médias das matérias-primas aumentaram pelo terceiro mês

consecutivo em Setembro (embora a menor ritmo), a reflectir a depreciação

significativa do dólar, em que se encontram cotadas, restrições de oferta, e

rumores de uma escalada de desvalorizações competitivas a partir da Ásia

depois da intervenção cambial do Japão. Apesar da conjuntura ainda ser marcada por

uma forte incerteza, as perspectivas para a economia mundial são favoráveis,

sobretudo em função do dinamismo dos países emergentes, o que também tem

suportado a procura de matérias-primas.

No petróleo, o preço médio do barril de brent aumentou 2,6% em Setembro

(para 77.8 dólares). Em meados do mês, o Secretário-geral da OPEP, Abdalla El-

Badri, revelou que o cartel está „confortável‟ com o intervalo actual de preços

entre 70 a 80 dólares por barril, e sinalizou que não deverá haver mexidas da meta

de produção na reunião de Outubro.

A cotação média do algodão voltou a registar uma progressão assinalável em

Setembro (7.3%), para 104.7 cêntimos de dólar por libra de peso, o valor mais

elevado desde Junho de 1995, ano em que a fasquia de 1 dólar fora superada

pela primeira vez desde a Guerra Civil dos EUA. A forte subida reflecte os

receios de escassez global da matéria-prima com a aposta de longo prazo dos

agricultores em culturas mais rentáveis, para além da especulação crescente dos

fundos de investimento. Várias agências governamentais têm alertado que o

nível de stocks da matéria-prima atingirá brevemente o mínimo de uma década,

para o que tem contribuído o forte crescimento das importações de algodão da

China (mais de 100% nos primeiros oito meses do ano), havendo nesta altura uma

forte incerteza relativamente às próximas colheitas nos EUA, China e Índia.

Salienta-se também a perspectiva de fusão de duas das maiores empresas do

sector, representando em conjunto 30% das exportações mundiais de algodão em

bruto, o que acentuará ainda mais a concentração no sector após a falência de

muitos pequenos operadores com a crise financeira.

Nos metais, as restrições de oferta prendem-se sobretudo com a falta e

investimento nas minas, como é o caso do cobre e do estanho, que registaram

progressões de 8.2% e 13.9% das respectivas cotações médias em Setembro.

Destacaram-se ainda as subidas de 13% no chumbo, de 10.9% no zinco, de 9.7% no

níquel e de 6.1% no alumínio.

Page 24: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

22 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

4.4. Comércio Internacional / Organização Mundial do Comércio (OMC)

Segundo dados coligidos pela OMC, o comércio mundial cresceu cerca de 25%

em valor no final do segundo trimestre de 2010, em termos homólogos,

retomando a sua evolução positiva em cadeia. Em volume, e relativamente a igual

trimestre de 2009, o comércio mundial terá crescido cerca de 14%.

Fonte: OMC

Entretanto, no seu World Economic Outlook, o FMI prevê um crescimento em

volume do comércio internacional de 11.4% em 2010 e de 7% em 2011.

4.5. Organizações Económicas Internacionais

Em informação divulgada no início do mês de Outubro, a OCDE considera que os

seus Indicadores Compostos Avançados – CLI mostram, agora, que o pico da

recente expansão já foi atingido na maioria das economias da OCDE. Com

excepção da Alemanha, do Japão e da China nota-se, assim, que o ritmo de

expansão diminuiu claramente na generalidade dos países. Os Estados Unidos terão,

também, atingido o pico da expansão desde a última divulgação destes indicadores

em Setembro.

Comércio Mundial

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

4000000

4500000

20

05

Q1

20

05

Q2

20

05

Q3

20

05

Q4

20

06

Q1

20

06

Q2

20

06

Q3

20

06

Q4

20

07

Q1

20

07

Q2

20

07

Q3

20

07

Q4

20

08

Q1

20

08

Q2

20

08

Q3

20

08

Q4

20

09

Q1

20

09

Q2

20

09

Q3

20

09

Q4

20

10

Q1

20

10

Q2

Milhões de dólares

Page 25: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

23

Fonte: OCDE, indicadores ajustados de amplitude

O FMI divulgou as suas previsões para a evolução das diversas economias no

World Economic Outlook, revendo as suas projecções, na generalidade dos

casos, em alta para 2010 e em baixa para 2011. Segundo esta organização, a

consolidação orçamental necessária exigirá novos ajustamentos em 2011 o que

implicará retracção no crescimento.

Previsões do FMI

Previsões Diferença em relação às previsões

de Julho (p.p.)

2010 2011 2010 2011

PIB

Mundo 4.8 4.2 +0.2 -0.1

EUA 2.6 2.3 -0.7 -0.6

Zona do Euro 1.7 1.5 +0.7 +0.2

Alemanha

Espanha

Reino Unido 1.2 2.1 -0.1 -0.4

Japão 2.8 1.5 +0.4 -0.3

Economias avançadas -3.2 2.7 2.2 +0.1

China 9.1 10.5 9.6 0.0

Índia 5.7 9.7 8.4 +0.3

Brasil -0.2 7.5 4.1 +0.4

Rússia -7.9 4.0 4.3 -0.3

Economias emergentes ou em

desenvolvimento

desenv.

2.5 7.1 6.4 +0.3

Fonte: FMI. valores em tvh

Indicadores Avançados da OCDE

85

90

95

100

105

110

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ap

r-2

00

8

May

-20

08

Jun

-20

08

Jul-

20

08

Au

g-2

00

8

Sep

-20

08

Oct

-20

08

No

v-2

00

8

Dec

-20

08

Jan

-20

09

Feb

-20

09

Mar

-20

09

Ap

r-2

00

9

May

-20

09

Jun

-20

09

Jul-

20

09

Au

g-2

00

9

Sep

-20

09

Oct

-20

09

No

v-2

00

9

Dec

-20

09

Jan

-20

10

Feb

-20

10

Mar

-20

10

Ab

r-1

0

May

-20

10

Jun

-10

Jul-

10

Ag

o-1

0

Portugal United States Euro area

OECD - Total United Kingdom Germany

Page 26: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

24 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Page 27: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

25

E C O N O M I A N A C I O N A L

1. Envolvente Política, Social e Económica

Projecções Macroeconómicas

Previsões de Outono Diferença em relação às

previsões de Verão (p.p.)

2009 2010 2011 2010 2011

PIB -2.6 1.2 0.0 +0.3 -0.2

Consumo privado -1.0 1.8 -0.8 +0.5 +0.1

Consumo público 2.9 1.5 -1.0 +2.4 -0.4

FBCF -11.9 -4.2 -3.2 -0.9 -1.6

Procura Interna -3.0 0.4 -1.2 +0.4 -0.1

Exportações -11.8 7.9 4.5 +2.7 +0.8

Importações -10.9 4.2 0.4 +2.5 +1.1

Contribuições para o PIB

Procura Interna -3.4 0.5 -1.2 +0.4 0.0

Exportações Líquidas 0.8 0.7 1.2 -0.2 -0.1

Fonte: BdP, Boletim Económico de Outono, valores em tvh, excepto contribuições para o PIB (em p.p.).

As projecções económicas do Banco de Portugal, publicadas no Boletim

Económico do Outono, apontam para um crescimento do PIB de 1.2% em 2010

e para uma estagnação em 2011, sem que o BdP tenha tido em conta, neste

exercício de previsão, as medidas de austeridade anunciadas no passado mês

de Setembro e constantes da proposta de Orçamento do Estado para 2011.

Tendo em conta o desempenho da economia portuguesa durante o segundo trimestre

de 2010, as projecções apresentadas pelo BdP para este ano foram revistas em

alta, no que se refere à evolução do PIB. Esta revisão decorre principalmente do

comportamento do consumo (privado e público) e das exportações, contrariado

parcialmente pelo aumento (maior do que o anteriormente previsto) das importações.

Assim, o crescimento económico em 2010 deverá ser impulsionado tanto pela

procura interna (contributo de 0.5 p.p.) como pela procura externa líquida (contributo

de 0.7 p.p.).

Estas previsões para 2010 implicam uma contracção da procura interna já na

segunda metade do ano, bem como um abrandamento das exportações, em

Page 28: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

26 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

linha com o crescimento da procura externa dirigida às empresas portuguesas,

do que muito provavelmente resultará uma queda do PIB, em cadeia, nos dois

últimos trimestres do ano.

Para 2011, as previsões são já de crescimento negativo em todas as rubricas da

procura interna e de desaceleração das exportações (para 4.5%), devendo as

importações responder a esta evolução com um forte abrandamento, para uma

taxa de crescimento de apenas 0.4%. O crescimento nulo do PIB resultará, assim,

de contributos iguais, mas de sinal contrário, da procura interna (-1.2 p.p.) e da

procura externa líquida (1.2 p.p.).

Note-se que o BdP não antecipa ganhos de quotas de mercado das exportações

portuguesas, cuja evolução seria idêntica à da procura externa relevante para a

economia portuguesa.

Em suma, o BdP aponta para que o “inadiável processo de ajustamento económico”

se intensifique já a partir da segunda metade de 2010, dando particular ênfase à

necessidade de consolidação orçamental face à avaliação do risco da economia

portuguesa nos mercados de financiamento internacionais.

Resulta claro deste Boletim que é o acesso facilitado ao BCE que tem permitido

suprimir, de facto, a restrição de financiamento externo, que de outra forma já se teria

feito sentir, tanto sobre o Estado como sobre a banca e a economia em geral. Em

particular, o financiamento do sector público foi suportado inteiramente, em termos

líquidos, pelo sistema bancário residente, que se foi refinanciando junto do BCE,

aproveitando as medidas não convencionais (e temporárias) de política monetária

postas em prática por este banco central.

O BdP defende que “o cumprimento escrupuloso dos objectivos orçamentais

actualmente delineados surge como indispensável”. O não ajustamento

orçamental implicaria um” ajustamento abrupto do desequilíbrio das contas externas”,

com custos “incomensuravelmente mais elevados”, “uma contracção inaudita da

procura interna e um aumento substancial do desemprego”.

O FMI, no seu World Economic Outlook, sem considerações específicas,

apresenta previsões para a evolução do PIB português muito próximas das do

BdP, com um crescimento de 1.1% em 2010 e uma estagnação em 2011,

também sem ter em conta as medidas de austeridade anunciadas em Setembro.

Jorg Dressing, director-assistente do departamento de research do FMI,

Page 29: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

27

apontou para uma queda de 1.4%, tendo em conta o efeito recessivo daquelas

medidas.

Mais recentemente, o cenário macroeconómico em que se baseia a proposta de

Orçamento do Estado para 2011 aponta para um crescimento do PIB em 2011

de 0.2%, sustentado por um aumento das exportações de 7.3% (bastante acima

dos 3.2% esperados para a evolução da procura externa relevante). O Orçamento do

Estado proposto implicaria uma redução de 8.8% do consumo público, mas a

previsão para o consumo privado (-0.5%) é mais optimista do que a do BdP.

Note-se contudo que, nesta proposta de Orçamento do Estado, a previsão das

receitas é feita com base num cenário diferente, que implicaria uma queda do

PIB em termos reais de 0.7% em 2011.

Contas Públicas

No final de Setembro, o Governo apresentou um conjunto de medidas

adicionais de consolidação (além das anunciadas em Maio, altura em que foram

revistas as metas do Programa de Estabilidade e Crescimento, PEC) para cumprir

as metas orçamentais para 2010 e 2011, antecipando algumas das medidas da

Proposta de Orçamento do Estado de 2011, que é analisada mais abaixo. São

referidas, a seguir, as principais medidas anunciadas para cumprir o défice de

7.3% do PIB em 2010, assim como os principais desvios identificados,

entretanto, pelo ministro das Finanças Teixeira dos Santos (na sequência da

apresentação da Proposta de Orçamento do Estado para 2011). A despesa

extraordinária relativa à aquisição dos submarinos (cerca de 1000 m.e.) e a

execução abaixo do previsto da receita não fiscal (desvios de 500 m.e. numa

concessão não realizada pela Estradas de Portugal e 400 m.e. em outras receitas)

serão compensadas pela receita extraordinária decorrente da transferência de

planos de pensões da Portugal Telecom para a CGA (cerca de 2600 m.e.). Esta

receita irrepetível permitirá ainda colmatar um desvio de 500 m.e. na despesa

com o SNS e outro de 260 m.e. nas autarquias, segundo o ministro das Finanças.

De forma a atenuar os riscos da execução orçamental até ao final do ano,

antecipam-se, já para 2010, as seguintes medidas também previstas para 2011:

- eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos dois primeiros

escalões e extinguir os quarto e quinto escalões desta prestação;

- reduzir as ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções,

eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público

de aposentação;

Page 30: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

28 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

- reduzir as despesas com medicamentos e meios complementares de diagnóstico no

âmbito do SNS e redução dos encargos com a ADSE;

- congelar as admissões e reduzir o número de contratados;

- reduzir as despesas de investimento;

- aumentar as taxas em vários serviços públicos designadamente nos sectores da

justiça e da administração interna;

- aumentar em 1 p.p. a contribuição dos trabalhadores para a CGA.

Pouco depois, o presidente do Eurogrupo, o comissário europeu dos assuntos

económicos e o Presidente do BCE, saudaram em conjunto as medidas de

austeridade “ambiciosas” anunciadas por Portugal, mas instaram o Governo a

complementá-las com reformas estruturais adicionais e abrangentes para

relançar a competitividade portuguesa e o crescimento económico.

A Proposta de Orçamento do Estado para 2011, apresentada a meio de Outubro,

assume uma redução do défice das administrações públicas para 4.6% do PIB

(que aumenta 1.9% em termos nominais), na óptica da Contabilidade Nacional, face

a 7.3% em 2010. Os valores correspondem exactamente às metas orçamentais

mais exigentes que o Governo se propôs atingir em Maio de 2010 (menos 2

pontos percentuais e 1 p.p., respectivamente, que na actualização de Março do

Programa de Estabilidade e Crescimento), num contexto de forte tensão

relativamente ao risco de crédito soberano.

Contudo, a meta de 2010 apenas é atingida com recurso à receita de capital

extraordinária decorrente da incorporação do Fundo de Pensões da Portugal

Telecom na CGA (2600 m.e.), sem o qual o défice seria de 8.8% do PIB. Segundo a

Proposta de orçamento, o desvio em alta de 1.5 p.p. face à nova meta de 7.3% do

PIB resulta sobretudo da contabilização não prevista de dois submarinos

(consumo intermédio no valor de 0.6% do PIB) e da evolução abaixo do esperado

da “outra receita corrente”. Note-se que o aumento significativo (0.6% do PIB)

inicialmente projectado para esta componente residual de receita não fora explicado

no relatório orçamental de 2010. Para a derrapagem orçamental em 2010

contribuiu ainda a incapacidade de contenção da despesa corrente primária, já

que a rubrica, ao invés de diminuir, aumentou cerca de 4%, quer face ao valor

orçamentado, quer face a 2009, excluindo o valor relativo aos submarinos.

Em 2011, a diminuição do défice das contas públicas em 4447 m.e. resulta de uma

descida semelhante na despesa (que recua 5.3%), com a receita a manter-se

praticamente inalterada. Em percentagem do PIB, o recuo do peso da despesa (3.4

p.p., para 45.4%) é superior ao registado na receita (0.8 p.p., para 40.8%), explicando

a diminuição do défice de 7.3% para 4.6%.

Page 31: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

29

Proposta de Orçamento do Estado para 2011 (óptica da Contabilidade Nacional)

2010 Peso no 2011 Peso no 2011/2010

(EE) PIB (OE) PIB valor % p.p. PIB

RECEITAS CORRENTES 67 577 39.1% 69 832 39.7% 2 255 3.3% 0.5

da qual: receita fiscal e contributiva 53 840 31.2% 56 567 32.2% 2 727 5.1% 1.0

- Receita fiscal 38 267 22.2% 40 492 23.0% 2 225 5.8% 0.8

- imp. Indirectos (s/ Produção e importação) 23 158 13.4% 24 632 14.0% 1 474 6.4% 0.6

- impostos directos (s/ Rend. e património) 15 109 8.8% 15 860 9.0% 751 5.0% 0.3

- contribuições sociais 21 348 12.4% 21 298 12.1% -50 -0.2% -0.3

das quais: contribuições sociais efectivas 15 573 9.0% 16 075 9.1% 502 3.2% 0.1

- outra receita corrente 7 963 4.6% 8 042 4.6% 79 1.0% 0.0

DESPESAS CORRENTES 79 066 45.8% 75 825 43.1% -3 241 -4.1% -2.7

da qual: despesa corrente primária 74 084 42.9% 69 499 39.5% -4 585 -6.2% -3.4

desp.corr.prim. sem submarinos 73 084 42.3% 69 499 39.5% -3 585 -4.9% -2.8

- consumo intermédio 9 038 4.7% 8 638 4.9% -400 -4.4% 0.3

do qual: 2 submarinos em 2010 1 000 0.6% -1 000 -100.0% -0.6

- despesas com pessoal 20 846 12.1% 19 271 11.0% -1 575 -7.6% -1.1

- prestações sociais 38 675 22.4% 37 820 21.5% -855 -2.2% -0.9

- juros 4 982 2.9% 6 326 3.6% 1 344 27.0% 0.7

- subsídios 1 458 0.8% 799 0.5% -659 -45.2% -0.4

- outra despesa corrente 4 068 2.4% 2 971 1.7% -1 097 -27.0% -0.7

DESPESAS CORRENTES sem submarinos 78 066 45.2% 75 825 43.1% -2 241 -2.9% -2.1

SALDO CORRENTE -11 489 -6.7% -5 993 -3.4% 5 496 -47.8% 3.2

SALDO CORRENTE sem submarinos -10 489 -6.1% -5 993 -3.4% 4 496 -42.9% 2.7

RECEITA DE CAPITAL 4 282 2.5% 2 029 1.2% -2 253 -52.6% -1.3

da qual: Fundo Pensões PT em 2010 (FP) 2 600 1.5% 0.0% -2 600 -100.0% -1.5

RECEITA DE CAPITAL sem FP 1 682 1.0% 2 029 1.2% 347 20.6% 0.2

DESPESA DE CAPITAL 5 337 3.1% 4 133 2.3% -1 204 -22.6% -0.7

SALDO DE CAPITAL -1 055 -0.6% -2 104 -1.2% -1 049 99.4% -0.6

SALDO DE CAPITAL sem FP -3 655 -2.1% -2 104 -1.2% 1 551 -42.4% 0.9

RECEITA TOTAL 71 859 41.6% 71 861 40.8% 2 0.0% -0.8

RECEITA TOTAL sem FP 69 259 40.1% 71 861 40.8% 2 602 3.8% 0.7

DESPESA TOTAL 84 403 48.9% 79 958 45.4% -4 445 -5.3% -3.4

DESPESA TOTAL sem submarinos 83 403 48.3% 79 958 45.4% -3 445 -4.1% -2.9

SALDO GLOBAL -12 544 -7.3% -8 097 -4.6% 4 447 -35.5% 2.7

SALDO GLOBAL sem FP e submarinos -14 144 -8.2% -8 097 -4.6% 6 047 -42.8% 3.6

SALDO PRIMÁRIO -7 562 -4.4% -1 771 -1.0% 5 791 -76.6% 3.4

SALDO PRIMÁRIO sem FP e submarinos -9 162 -5.3% -1 771 -1.0% 7 391 -80.7% 4.3

Valores em milhões de euros (m.e.); EE - estimativa de execução; p.p. - pontos percentuais.

Contudo, para se apreciar adequadamente o acentuado esforço de consolidação

em 2011 é preciso excluir, em 2010, a receita irrepetível do Fundo de Pensões

Page 32: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

30 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

da PT e a despesa com submarinos. Nesse caso, o défice orçamental reduz-se

6047 m.e., de 8.2% para 4.6% do PIB, em resultado de uma descida de 2.9 p.p.

do peso da despesa no produto e um acréscimo de 0.7 p.p. no caso da receita,

correspondendo a variações de -3445 e 2602 m.e. em termos absolutos e a taxas de

variação de -4.1% e 3.8%, respectivamente.

A evolução da despesa em percentagem do PIB corresponde à descida de 2.8

p.p. na despesa corrente primária (para 39.5% do PIB), pois o recuo de 0.7 p.p.

no investimento (para 2.3% do PIB) compensa uma subida similar nos juros

(para 3.6% do PIB).

Na despesa corrente primária, destaca-se a descida de 1.1 p.p. nos custos com

o pessoal, decorrendo sobretudo do corte progressivo nos vencimentos brutos acima

de 1500 euros mensais (conduzindo a um corte de 5% na massa salarial global) e do

congelamento das promoções, progressões e contratações de pessoal. Outras

medidas de contenção nesta rubrica incluem a redução das ajudas de custo, horas

extraordinárias e acumulação de funções (incluindo a acumulação de vencimentos e

pensões do Estado) e a redução em 20% das despesas com a frota automóvel.

Segue-se a redução de 0.9 p.p. nas prestações sociais, a reflectir,

nomeadamente, a diminuição dos custos com o Serviço Nacional de Saúde, o

congelamento das pensões, a redução em 20% nas despesas com o Rendimento

Social de Inserção, a eliminação do aumento extraordinário de 25% do abono de

família nos dois primeiros escalões e da prestação nos dois escalões mais elevados,

assim como a redução dos encargos com a ADSE.

Destaca-se ainda a redução de 0.7 p.p. nas “outras despesas correntes” e de

0.4 p.p. na despesa com subsídios, assim como o acréscimo de 0.3 p.p. nos

consumos intermédios (que corresponde a uma descida de 0.3 p.p. incluindo a

despesa com submarinos em 2010). O aumento da despesa comparável com

consumos intermédios parece resultar de uma reclassificação de despesas de

saúde suportadas pela ADSE, da rubrica “despesa com pessoal - segurança social”,

para a rubrica “outros serviços de saúde”. Assim, o corte acima referenciado nas

despesas com pessoal poderá estar sobreavaliado devido a esta reclassificação, que

apenas é mencionada na apreciação das contas do subsector Estado em

Contabilidade Pública, mas parece ser também aplicável à presente análise em

Contabilidade Nacional para o conjunto das administrações públicas.

No que se refere ao investimento, a descida acentua-se em 2011 (22.6%, após

11.4% em 2010), conduzindo a um peso no PIB de apenas 2.3%, um dos valores

mais baixos de que há registo. Apesar das restrições ao investimento para

Page 33: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

31

cumprir as metas orçamentais e aliviar as pressões dos mercados

internacionais, os grandes projectos do TGV e do novo aeroporto de Lisboa

(para já sem grandes verbas associadas) são mantidos no Orçamento do Estado,

estando prevista a adjudicação de obras em 2011.

Em termos de receita, o Orçamento do Estado prevê um aumento de 2255 m.e.

da receita corrente (explicando 37.3% da melhoria do saldo orçamental

comparável), que conduz a um aumento do seu peso no PIB em 0.5 p.p. (para

39.7%), mais do que a subida de 0.2 p.p. que se observa na receita de capital

comparável.

Dentro das receitas correntes, a subida de 0.8 p.p. nas receitas fiscais (1698

m.e.), para 23% do PIB, mais do que compensa a quebra de 0.3 p.p. nas

contribuições sociais (para 12.1% do PIB), que é amortecida pela entrada em vigor

do novo Código Contributivo, pelo alinhamento da contribuição dos trabalhadores

para a CGA com a taxa de contribuição para a Segurança Social, e pela integração

do sector bancário no regime geral da Segurança Social a partir do início de 2011.

Entre as principais medidas que justificam o aumento da receita fiscal, destaca-

se o aumento da taxa normal do IVA (para 23%) e a revisão dos produtos

sujeitos a taxas reduzidas, a redução da despesa fiscal e a imposição de uma

contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso na UE.

Segundo o Governo, sem as referidas medidas, registar-se-ia uma quebra da receita

fiscal (1.3%, em Contabilidade Pública, em lugar de um crescimento de 6.2%).

As outras receitas correntes mantêm o seu peso no PIB em 4.6%, sendo que a

sua diminuição é evitada pela revisão geral do sistema de taxas, multas e

penalidades, e por outras receitas ligadas às telecomunicações, explorações

hídricas e jogos.

Em suma, a Proposta de Orçamento do Estado de 2011 apresenta uma

acentuada redução do défice, exigida pela forte pressão dos mercados

internacionais num contexto de risco de crédito soberano agravado. A

consolidação orçamental proposta assenta maioritariamente numa redução

sem precedentes da despesa, mas cerca de um terço do esforço corresponde

ao acréscimo de receita corrente, com destaque para o aumento do IVA.

Refira-se ainda que a forte redução do défice orçamental não impede um novo

agravamento significativo da dívida pública, que passa para 86.6% do PIB após

82.1% e 76.1% nos dois anos precedentes.

No final de Outubro, o Governo e o principal partido designaram duas

delegações para chegar a uma base de entendimento para aprovação do

Page 34: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

32 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Orçamento do Estado, o que só foi conseguido numa segunda ronda negocial,

já depois da reunião do Conselho de Estado convocada pelo Presidente da

República, onde o acordo orçamental foi considerado crucial para o futuro do País.

As principais alterações à Proposta de Orçamento visam minorar o impacto das

medidas de austeridade sobre as famílias e as empresas, tendo um custo

estimado de 500 m.e., que será compensado com medidas a determinar pelo

Governo (depreende-se que maioritariamente do lado da despesa), de modo a

manter o objectivo de 4.6% do PIB para o défice público em 2011. Depois de

analisados os condicionalismos existentes nas contas públicas e de avaliação das

possibilidades de reforço da meta de redução da despesa pública corrente primária

definida para 2011, foram acordados entre as duas delegações os seguintes

ajustamentos à proposta de Orçamento para 2011:

a) No IRS, a manutenção do actual esquema de deduções fiscais para as

despesas das famílias com a educação, saúde e habitação com excepção

dos dois últimos escalões de rendimentos mais elevados;

b) Uma vez que o Governo considera que a credibilidade internacional do

esforço exigido pela consolidação orçamental a que está comprometido

para 2011 exige, imperativamente, o aumento da taxa normal do IVA em

dois pontos percentuais, a delegação do PSD aceitou esta restrição, com a

introdução dos aperfeiçoamentos seguintes:

i) Não alteração das taxas reduzida e intermédia de IVA para os

produtos alimentares e para alimentação humana;

ii) Concordância pela delegação do Governo da proposta da delegação

do PSD no sentido de se iniciar um programa de redução sustentada

da Taxa Social Única (TSU) paga pelas empresas. A delegação do

Governo partilha a preocupação estratégica subjacente a esta política

no sentido da redução dos custos de produção das empresas estimulando

a competitividade e o emprego. Não havendo condições para iniciar este

movimento já em 2011, o Governo compromete-se a reforçar o

processo de consolidação orçamental de modo a poder concretizar

esta medida estratégica;

iii) Dentro da preocupação de contribuir para a melhoria da tesouraria das

empresas num contexto de crédito difícil e para uma maior eficiência das

compras do sector público administrativo e empresarial, as duas

delegações convergiram na necessidade de garantir os mecanismos

jurídicos, administrativos e procedimentais para o cumprimento

efectivo do prazo de 60 dias no pagamento aos fornecedores.

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33

No âmbito da preocupação conjunta quanto à sustentabilidade das finanças

públicas a prazo e do reforço da credibilidade da política orçamental e da

qualidade das políticas públicas em geral, ambas as delegações concordaram:

a) Quanto às parcerias Público-Privadas (PPP) e Concessões, que implicam

encargos para os contribuintes, hoje e no futuro, convergiu-se na

necessidade de as reponderar e reavaliar atendendo ao contexto actual de

financiamento da economia portuguesa, o qual obriga à redefinição de

prioridades na alocação dos recursos. A delegação do Governo informou que

já está em curso a reavaliação na óptica da análise do custo-benefício e

dentro dos princípios gerais seguintes:

i) Não celebração de novos contratos enquanto não se completar, com

urgência, a reavaliação dos seus encargos plurianuais no quadro dos

compromissos já existentes;

ii) Reanalisar prioritariamente, com urgência, as PPP e grandes obras,

sem excepção, ainda não iniciadas ou na fase inicial de construção;

iii) Relativamente aos contratos antigos ainda vivos, reanalisá-los

jurídica, económica e financeiramente atendendo às novas

circunstâncias dos mercados financeiros.

Para o reforço da celeridade da análise em curso, ambas as Delegações

concordaram na criação imediata de um grupo de trabalho, constituído por

personalidades qualificadas, escolhidas de comum acordo, independentes e de

perfil adequado, e com meios de apoio que considere necessários à

execução deste mandato.

b) Em linha com as melhores práticas internacionais e com as

recomendações da União Europeia no que respeita à melhoria do

enquadramento orçamental e da sua transparência, ambas as delegações

concordaram em propor ao Governo e à Assembleia da República a

criação célere de uma entidade com as atribuições e o grau de

independência adequados. Esta entidade terá a missão de avaliar a

consistência dos objectivos relativamente aos cenários macroeconómico e

orçamental, a evolução das finanças públicas e a sua sustentabilidade de

longo prazo, incluindo o cumprimento das regras orçamentais plurianuais,

actuando quer no âmbito do sector público administrativo, quer do sector

empresarial do Estado. Para tal, a entidade será dotada de independência

técnica e de competências de acesso à informação disponível para o exercício

das suas funções. A delegação do Governo salientou que o executivo já tem

em estudo essa questão e outras no âmbito da revisão em curso da Lei do

Enquadramento Orçamental. Para a operacionalização desta decisão,

ambas as delegações concordaram na criação imediata de um grupo de

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E C O N O M I A N A C I O N A L

trabalho constituído por reputados especialistas na matéria para elaboração

da citada proposta.

Ainda no âmbito da sustentabilidade das contas públicas, ambas as delegações

concordarem que uma redução sustentada da despesa pública exige o

aprofundamento da reestruturação em curso tanto do sector público

administrativo como do sector público empresarial (SPE). O processo deverá

ter como objectivo a racionalização das macro-estruturas, micro-estruturas,

processos, funções e programas, e basear-se nas metodologias de optimização

aplicáveis e no benchmarking com a organização dos países com administrações

mais avançados na relação qualidade/custo. A delegação do governo informou

que dará seguimento a um levantamento célere dos organismos e entidades da

administração directa e indirecta do Estado, do SPE, regional e local, susceptíveis

de racionalização, extinção ou fusão, de forma a avaliar os respectivos

impactos orçamentais e a assegurar uma maior contenção de custos.

Estimativa de Execução Orçamental do Estado

Jan-Set 2009 Jan-Set 2010 Variação

homóloga

Variação

OE 2010

Receita corrente 25 663.9 26 032.0 1.4% 1,1%

Despesa corrente 32 692.8 33 782.2 3.3% 3,7%

da qual: despesa corrente primária 28 774.2 30 087.9 4.6% 2,9%

Saldo corrente -7 028.9 -7 750.2 10.3% 12.0%

Receita de capital 359.5 487.7 35.7% 146.4%

Despesa de capital 2 440.6 2 055.2 -15.8% -9.8%

Saldo de capital -2 081.1 -1 567.5 -24.7% -35.0%

Saldo de execução orçamental -9 110.0 -9 317.7 2.3% 1,3%

Saldo primário -5 191.4 -5 623.4 8.3% -3.5%

valores em milhões de euros (m.e.); óptica da Contabilidade Pública.

Nota: os valores de despesa excluem activos financeiros, passivos financeiros e a transferência para o Fundo de

Regularização da Dívida Pública.

Fonte: Direcção-geral do Orçamento (DGO) - Boletim de Execução Orçamental

Segundo a mais recente síntese de execução orçamental da DGO, o subsector

Estado acumulou um défice de 9317.7 m.e. entre Janeiro e Setembro, o que

traduz um agravamento de 1.3% (207.7 m.e.), com a deterioração do saldo corrente

a sobrepor-se à melhoria do saldo de capital. A descida do saldo orçamental

resultou de uma subida ligeiramente mais forte da despesa do que da receita

(2% e 1.9%, respectivamente, face a metas orçamentais iniciais de 2.7% e 3.2% para

o conjunto do ano, agora insuficientes face ao novo objectivo para o défice),

destacando-se a desaceleração da despesa face à execução de Agosto (2.7%),

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ainda que devido, sobretudo, à quebra mais forte do investimento (15.8%, face a

5.3% até Agosto).

Refira-se que o Estado foi o único subsector das administrações públicas a

registar uma deterioração das contas nos períodos em confronto, a par com a

redução do excedente da Segurança Social (em 116 m.e.), sendo o único com

um saldo negativo significativo (o défice da administração regional é muito menor,

e diminuiu).

Ainda que a despesa total do Estado esteja a crescer abaixo do orçamentado

inicialmente, tal deve-se ao recuo não esperado da despesa com juros (5.7%) e

ao reforço assumido da quebra do investimento (15.8%, face a uma descida

orçamentada de 9.8%) para cumprir os novos objectivos das contas públicas. A

despesa corrente primária não só não está a recuar em linha com o anunciado

em Maio para cumprir os novos compromissos orçamentais, como está a subir

muito mais do que inicialmente orçamentado (4.6%, face a uma meta original de

2.9%, desacelerando apenas ligeiramente face à subida de 4.8% até Agosto), isto

ainda sem contar com os dois submarinos (1000 m.e.) que não estavam previstos

para este ano nem no orçamento inicial nem na actualização de Maio do PEC.

Na despesa corrente primária, destacam-se as subidas de 5.2% das

transferências correntes e de 3.6% da despesa com pessoal (após corrigir a

reclassificação de verbas das contribuições do Estado para a CGA em 2009).

Ao nível da despesa com pessoal, o maior crescimento regista-se na rubrica

“Segurança Social” (12.3%) devido ao aumento da contribuição dos serviços da

administração directa do Estado para a CGA, mas assume um maior peso a subida

de 1.7% nas remunerações certa e permanentes, que decorre dos novos

sistemas salariais das forças de segurança e dos militares, de alterações salariais

de docentes do ensino não superior e ainda da contratação extraordinária de

pessoal a termo pelo INE no âmbito do Recenseamento Agrícola e da preparação

do Censos 2011.

Dentro das transferências, realça-se o peso preponderante da subida de 10.4%

nas transferências para a Segurança Social, reflectindo o cumprimento da

respectiva lei de bases, para além do aumento de 6.5% das verbas para o SNS,

onde se salienta a assunção, a partir de 2010, dos encargos de saúde prestados aos

beneficiários dos subsistemas públicos. Regista-se ainda o crescimento muito

significativo (6.9%) das “outras transferências correntes” justificado pelo

aumento dos encargos com bolsas de ensino Superior e pela reclassificação das

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E C O N O M I A N A C I O N A L

transferências para as instituições de ensino superior com natureza fundacional, que

até Junho de 2009 se processavam por transferências para a Administração Central.

Em termos de poupanças, observam-se apenas as descidas de 0.3% nas

aquisições de bens e serviços e de 3.4% na despesa com subsídios, em ambos

os casos com reduzida expressão orçamental.

Nas receitas, o acréscimo de 3.3% da receita fiscal (mais 2.1 p.p. que o

previsto), sobrepõe-se à descida da receita não fiscal (8.6%), que tem origem na

sua componente corrente (quebra de 14.6%),1 determinando o comportamento abaixo

do esperado da receita total. Daqui resulta que a receita corrente está a crescer

ligeiramente acima do esperado (1.4%, face a um objectivo de 1.1%), mas a

receita de capital apresenta uma progressão abaixo do previsto (35.7%, que

compara com uma meta de 146.4%).

A subida da receita fiscal provém dos impostos indirectos (aumento homólogo

de 10.4%), que contrariam a quebra de 5.5% nos impostos directos. Nestes, o

IRC diminui 1.5% e o IRS recua 7.6%, o que, no segundo caso, reflecte um aumento

dos reembolsos mais a influência do novo regime de transferências da participação

variável deste imposto para os municípios (que passou a ser feita mensalmente, ao

invés de 2009, em que foi efectuada apenas no último trimestre).

Nos impostos indirectos, salienta-se o crescimento de 13.9% da cobrança de

IVA, bastante acima da meta orçamental de 3.6%, mas em linha com a subida de

13.9% até Agosto, apesar da subida da taxa de imposto, que estará a ser contrariada

pelo abrandamento da actividade no segundo trimestre. Outro contributo

importante para o aumento da receita fiscal provém da subida de 22.4% no

Imposto sobre o Tabaco, devido ao forte crescimento da introdução ao consumo.

Destaca-se ainda o aumento de 20.4% no Imposto sobre Veículos e de 15.2% no

Imposto Único de Circulação. Pela negativa, a principal quebra ocorreu no Imposto

de Selo (7.9%), explicada fundamentalmente pela diminuição das operações

financeiras. O recuo de 0.5% do ISP, associado ao decréscimo do consumo de

gasolinas, teve um impacto pouco significativo sobre a evolução da receita.

Em termos de taxas de execução, os valores até Setembro foram de 73.4% na

receita (76.5% no caso das receita fiscal) e de 71.3% na despesa (72.9% no caso da

despesa corrente primária), situando-se, nos dois casos, abaixo do padrão de

execução uniforme ao longo do ano (75%).

1 Segundo a DGO, o recuo desta componente corrente das receitas não fiscais fica sobretudo a dever-se às

"Transferências correntes", "Reposições não abatidas nos pagamentos", em grande parte traduzindo

movimentos internos à administração pública, e "Rendimentos da propriedade".

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Em suma, os dados da DGO evidenciam um aumento do défice do Estado e a

redução do excedente da Segurança Social, que contrariam a evolução favorável

nos restantes subsectores. A incapacidade do Estado conter a despesa corrente

primária (onde pesam sobretudo as subidas das transferências para a Segurança

Social e para o SNS, e o aumento dos custos com pessoal) e o recuo das “outras

receitas correntes” (que confirma o optimismo das previsões iniciais) parecem ser

os principais factores a impedir uma boa execução orçamental nesse subsector.

Em termos de perspectivas, e numa óptica de cumprimento das metas orçamentais

estabelecidas em Maio, sob apertado escrutínio externo, espera-se que a despesa

continue a desacelerar devido ao efeito desfasado das medidas de contenção.

Contudo, este abrandamento poderá ser contrariado pelo aumento esperado na

despesa com juros.

Ao nível da receita, espera-se um reforço do crescimento do IVA devido ao

aumento da taxa de imposto em Julho, embora o provável abrandamento

económico na segunda metade do ano possa contrariar este efeito.

Note-se ainda que a análise detalhada da execução orçamental continua a ser

dificultada pela mudança de critérios de classificação de despesas, bem como por

alterações no padrão temporal de execução ao longo do ano.

Sistema Fiscal

O Governo entregou à Assembleia da República a Proposta de Lei de

Orçamento do Estado para 2011 (OE 2011) através da qual visa, essencialmente,

diminuir o impacto da crise financeira na sustentabilidade das finanças do

Estado.

Registam-se nesta Proposta de Lei alterações significativas nos principais impostos

do sistema fiscal português: IRC, IVA e IRS. A alteração da taxa do IVA, o

alargamento da base de incidência do IRC, a introdução de limites globais para

as deduções à colecta e para os benefícios fiscais terão um impacto muito

significativo, quer para as empresas, quer para as famílias.

Em sede de IRC

Destaca-se o facto de, através de medidas aplicáveis no âmbito da eliminação da

dupla tributação económica se proceder a um considerável alargamento da

base de incidência do imposto. Com estas medidas procede-se a um considerável

alargamento da base de incidência do IRC.

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E C O N O M I A N A C I O N A L

Regista-se também o aumento das taxas de retenção na fonte, bem como o

agravamento das taxas de tributação autónoma. Estas últimas são elevadas em

10% quando o sujeito passivo apresente prejuízos fiscais no período de tributação em

que ocorram os factos que dão origem à tributação autónoma.

No âmbito deste imposto:

A dedução de prejuízos fiscais passa a estar sujeita a certificação legal das

contas por parte de um Revisor Oficial de Contas (termos a definir por portaria).

Prevê-se, em situações específicas, agravamento da taxa de tributação

autónoma dos encargos com viaturas ligeiras de passageiros ou mistas.

Com o objectivo de evitar a fraude e evasão fiscal impõe-se, em sede de IRC e de

IRS, às denominadas “contas-jumbo” a taxa mais elevada aplicável a rendimentos

de capitais. Trata-se de contas bancárias que servem de veículo de investimento

em fundos e investimentos imobiliários mas em que os beneficiários não são

identificados, o que inviabiliza a retenção na fonte do imposto. Assim, é criada

uma taxa liberatória de 30%, a aplicar através de retenção na fonte a título

definitivo, sobre todos os rendimentos que sejam pagos ou colocados à

disposição em contas abertas em nome de um ou mais titulares por conta de

terceiros não identificados.

No âmbito do resultado da liquidação, a dedução de benefícios fiscais passa a

não poder resultar num montante de IRC liquidado inferior a 90% daquele

que seria apurado na ausência daqueles benefícios.

Com o OE para 2010 esta percentagem passou de 60% para 75%.

Passam a estar excluídos deste regime apenas os benefícios fiscais: (i) que

revistam carácter contratual; (ii) o SIFIDE II, (iii) às Zonas Francas; (iv) que

operem por redução de taxa; (vi) à criação de emprego; (vi) decorrentes do regime

aplicável às SGPS, SCR e ICR e (vii) decorrentes da aplicação do mecanismo de

eliminação da dupla tributação económica dos lucros distribuídos por sociedades

residentes nos países africanos de língua oficial portuguesa e na República

Democrática de Timor-Leste.

É criada uma contribuição sobre o sector bancário que incide sobre o passivo

apurado e aprovado pelos sujeitos passivos, deduzido dos fundos próprios de

base e complementares e dos depósitos abrangidos pelo Fundo de Garantia de

Depósitos e o valor dos instrumentos financeiros derivados fora do balanço

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apurado pelos sujeitos passivos. No primeiro caso a taxa poderá variar entre

0,01% e 0,05% e no segundo entre 0,0001% e 0,0002%.

É reduzido de seis para quatro anos o período de reporte dos prejuízos

fiscais e menos-valias apurados por pessoas colectivas e outras entidades

residentes que não exerçam, a título principal, uma actividade comercial, industrial

ou agrícola.

A Proposta de Lei do OE 2011 contempla medidas excepcionais de apoio ao

financiamento das empresas:

No caso de suprimentos e outros empréstimos de sócios de PME, prevê-se

um aumento para 6% do actual spread de 1,5% sobre a taxa euribor a 12

meses, para efeitos de aceitação como custo fiscal da remuneração de

suprimentos e outros empréstimos feitos pelo sócio à sociedade.

Este prémio sobre as taxas de mercado pretende ser um incentivo para que as

sociedades se financiem junto dos respectivos sócios.

Prorroga para o triénio 2011 – 2013 o incentivo relativo à remuneração

convencional do capital social que consiste na dedução ao lucro tributável de

IRC de 3% das entradas de capital realizadas no âmbito de constituição de

sociedades ou de aumento de capital social de PME.

Alarga a isenção do Imposto do Selo aos empréstimos com características

de suprimentos efectuados pelos sócios às sociedades, eliminando a

exigência de um prazo inicial de um ano e da obrigação do seu reembolso não

ocorrer antes de decorrido aquele prazo como requisito para a isenção.

Ao nível dos Benefícios Fiscais

O beneficio fiscal à criação de emprego passa a poder ser concedido mais do

que uma vez por trabalhador desde que admitido por entidades não relacionadas,

nos termos do regime dos preços de transferência estabelecido no Código do IRC.

É criado o SIFIDE II - Sistema de Incentivos Fiscais em Investigação e

Desenvolvimento Empresarial, que vigorará nos períodos de tributação de 2011

a 2015, em condições semelhantes às actualmente em vigor no âmbito do SIFIDE.

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E C O N O M I A N A C I O N A L

O Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI) é estendido até 31 de

Dezembro de 2011, por se considerar um instrumento útil no apoio aos pequenos

projectos de investimento e ao combate ao desemprego.

No que se refere à Segurança Social:

É adiada para 2014 a entrada em vigor das normas do Código Contributivo

relativas à diferenciação da taxa contributiva da entidade empregadora em

função do tipo de contrato de trabalho. Está aqui incluído o agravamento da

taxa contributiva em 3 pontos percentuais com contratos a termo, bem como a

redução de 1 ponto percentual nos contratos a termo.

Ficam igualmente adiadas para 2014 as normas relativas à base contributiva

dos trabalhadores dependentes, respeitantes a participações nos lucros da

empresa e valores despendidos pela entidade empregadora com aplicações

financeiras a favor dos trabalhadores e prémios relacionados com o desempenho

da empresa.

A nova taxa contributiva devida pela entidade contratante de prestações de

serviço (trabalhadores independentes) só será devida no caso de 80% ou mais do

valor da actividade ser prestado à mesma empresa.

A incidência contributiva sobre o uso pessoal de veículo que gere encargos

para a entidade empregadora depende de acordo escrito e ocorrerá em casos

limitados.

É criada uma contribuição extraordinária de solidariedade aplicável às

reformas, pensões e subvenções pagas a um único titular, cujo valor mensal seja

superior a 5.000€. Ao montante que exceda este valor passa a ser aplicável uma

contribuição extraordinária de 10%.

Em sede de IVA

É aumentada de 21% para 23% a taxa normal do IVA e são revistas as listas I e II

de bens tributados à taxa reduzida (6%) e intermédia (13%).

Esta subida do IVA coloca Portugal no grupo dos seis países da União Europeia com

o IVA mais elevado. Ainda que muito penalizador para cidadãos e empresas, o forte

agravamento do IVA poderá produzir um encaixe relevante nas contas públicas no

curto prazo. No entanto, não pode desprezar-se a grande diferença de taxas que

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passa a verificar-se com o País vizinho e os impactos negativos que isso poderá

acarretar.

No âmbito do IRS

As taxas marginais do imposto passam a variar entre 11,5% e 46,5% e os

escalões apresentam um acréscimo de 2,2%.

Criam-se limites para os valores dedutíveis quer no âmbito das deduções à

colecta quer no âmbito dos benefícios fiscais que variam em função do

escalão de rendimento colectável.

No caso das deduções à colecta, o somatório das deduções com despesas de

saúde, de educação e formação, encargos com lares e encargos com imóveis fica

sujeito a limites que variam entre 800€ e 1.100€.

Deixam de ser dedutíveis à colecta os encargos com seguros de vida e acidentes

pessoais, excepto no caso de pessoas portadoras de deficiência ou com profissão

de desgaste rápido.

No caso dos benefícios fiscais e de legislação avulsa a dedução total fica

limitada entre 0€ e 100€. Estão aqui incluídas as contribuições para fundos de

pensões e PPR, encargos com energias renováveis, seguros de saúde,

contribuições para o regime público de capitalização e os donativos.

O valor da dedução específica para as pensões de valor anual superior a

22.500€ é de 6.000€, deduzida, até à sua concorrência, de 20% da parte que

exceder aquele valor anual. Actualmente, esta redução é de 13% aplicável

relativamente a pensões de valor superior a 30.240€.

Os juros de suprimentos passam a estar sujeitos a uma taxa de retenção na

fonte de 21,5%.

Nos Impostos Especiais de Consumo

Prevê-se um aumento geral da taxa de 2,2% nos produtos produto sujeitos a IEC –

bebidas alcoólicas, produtos petrolíferos e energéticos e tabaco.

No Imposto sobre Veículos

É introduzido um coeficiente anual de actualização ambiental na fórmula do ISV em

consequência do qual, se verifica um acréscimo genérico de 5% na componente

ambiental do cálculo do IVS para 2011.

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E C O N O M I A N A C I O N A L

No âmbito da Lei Geral Tributária

Com o intuito de reforçar a combate à fraude fiscal são reforçadas as obrigações

de comunicação das instituições de crédito e sociedades financeiras.

A Administração Tributária pode aceder a toda a informação bancária relativa a

contribuintes que tenham dívidas tributárias sem necessidade do seu

consentimento.

Outras Disposições relevante na Proposta de OE 2011:

A taxa de juros de mora passa a ter vigência anual com início a 1 de Janeiro de

cada ano.

Fixa em 2,25 € o valor mensal da contribuição para o audiovisual a cobrar em

2011.

Com vista à viabilização da Proposta de Orçamento do Estado para 2011, o

Governo e o PSD chegaram a um protocolo de entendimento, no qual, em

matéria fiscal se destacam os seguintes ajustamentos à Proposta de OE 2011:

No IRS, mantém-se as actuais regras de deduções fiscais para as despesas com

educação, saúde e habitação, com excepção dos dois últimos escalões de

rendimentos mais elevados;

No IVA, mantém-se a actual composição das listas I e II a que se aplicam a taxa

reduzida e intermédia relativamente aos produtos alimentares e aos produtos para

alimentação humana;

Na Segurança Social, é assumido o compromisso de iniciar um programa de

redução sustentada da Taxa Social Única paga pelas empresas.

O Conselho de Ministros aprovou o diploma que introduz no ordenamento

jurídico português a arbitragem em matéria tributária, como forma alternativa de

resolução jurisdicional de conflitos no domínio fiscal.

A arbitragem tributária permitirá que os processos que opõem os contribuintes ao

Estado, em matéria fiscal, possam ser decididos através tribunais arbitrais que

decidirão os litígios com os mesmos efeitos e força jurídica que um tribunal tributário.

A arbitragem tributária é instituída com os objectivos de imprimir uma maior

celeridade na resolução de litígios e reduzir a pendência de processos nos tribunais

judiciais.

O processo arbitral tributário caracteriza-se pela redução das formalidades exigidas

nos tribunais e pelo estabelecimento de um limite temporal de seis meses para a

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adopção da sentença arbitral, com possibilidade de uma única prorrogação, que

nunca poderá exceder os seis meses.

Consagra-se um regime transitório que prevê a possibilidade de os sujeitos passivos

submeterem aos tribunais arbitrais a apreciação dos actos tributários que se

encontrem pendentes de decisão há mais de dois anos, com dispensa de pagamento

de custas judiciais.

Política Industrial e Comercial e Investimentos Públicos

Foram estabelecidas as regras de implementação do regime de cobrança de

taxas de portagem em todas as auto-estradas sem custos para o utilizador

(SCUT). O diploma, publicado no Diário da República de 22 de Setembro

(Resolução do Conselho de Ministros n.º 75/2010), introduziu os princípios da

universalidade e da discriminação positiva na cobrança de taxas de portagem

para os utilizadores locais das regiões mais desfavorecidas.

O início de cobrança de taxas de portagem ocorreu no dia 15 de Outubro nas Scut

Norte Litoral, Grande Porto e Costa da Prata e ocorrerá até ao dia 15 de Abril de 2011

nas restantes Scut (Interior Norte, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e Algarve).

O regime de discriminação positiva adoptado consiste num sistema misto de

isenções e de descontos para as populações e empresas locais, através de

isenções nas primeiras dez utilizações mensais e de descontos de 15% nas

utilizações seguintes da respectiva auto-estrada Scut. Trata-se de um regime

transitório de isenções, que estará em vigor até 30 de Junho de 2012.

Entrou em vigor no dia 30 de Setembro o diploma (Decreto-Lei n.º 104/2010 – I

Série n.º 190, de 29/09) que estabelece, em concretização da Estratégia para a

Energia 2020, o procedimento aplicável à extinção das tarifas reguladas de

venda de electricidade a clientes finais com consumos em muita alta tensão

(MAT), alta tensão (AT), média tensão (MT) e baixa tensão especial (BTE).

A extinção das tarifas reguladas - a partir de 1 de Janeiro de 2011 - de venda a

clientes finais de electricidade com consumos em MAT, AT, MT e BTE, justifica-se

pelo desenvolvimento entretanto verificado no mercado da electricidade, reforçado

com a criação e funcionamento do Mercado Ibérico da Electricidade, a que acresce a

necessidade de conformação do conceito de comercializador de último recurso, de

acordo com as exigências comunitárias.

Os consumidores em Baixa Tensão com potência contratada até 41.4 kW, onde se

incluem todos os consumidores domésticos e pequenas empresas, continuarão a

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44 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

poder ser fornecidos pelo Comercializador de Último Recurso, pagando as

respectivas tarifas fixadas pela ERSE.

O Governo aprovou, na generalidade, para consulta e audição dos parceiros

interessados, um diploma que regula a possibilidade de abertura de farmácias

vinte e quatro horas por dia, todos os dias da semana.

Com esta iniciativa, o Governo pretende ir ao encontro dos interesses dos

consumidores utentes das farmácias e dar um passo no sentido da promoção do

acesso ao medicamento e da livre iniciativa, com inteira salvaguarda do interesse

público.

Política Social e Laboral

No âmbito das medidas de consolidação orçamental, no que se refere à atribuição de

prestações familiares, o Conselho de Ministros aprovou o Decreto-Lei que

elimina a atribuição do abono de família em relação aos escalões mais

elevados, bem como o aumento extraordinário de 25% nos dois primeiros

escalões.

Na apresentação do balanço semestral do plano de combate à fraude e evasão

contributiva, a Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social declarou que a

recuperação de dívida entre Janeiro e Junho totalizou mais de 205 milhões de

euros, o que permitirá ultrapassar a meta para 2010, que é de 400 milhões de

euros.

Neste âmbito, a Segurança Social notificou no primeiro semestre 83 802 entidades

empregadoras que lhe devem 451.8 milhões de euros.

Neste período, foram estabelecidos 28 558 acordos com devedores com vista à

regularização da dívida. Pela primeira vez, mais de 50 por cento da recuperação de

dívida foi conseguida através destes acordos, que permitiram recuperar 110.8

milhões de euros.

Num total de 42 526, as penhoras (na sua maioria bancárias) permitiram recuperar 67

milhões de euros de dívida.

Ainda no âmbito da recuperação de dívida, no primeiro semestre deste ano, a

Segurança Social notificou 9 246 gerentes para pagarem com os seus bens as

dívidas das empresas onde trabalham, no montante de 202.8 milhões de euros.

Ainda no âmbito do balanço do primeiro semestre de 2010, regista-se que:

- O Estado deixou de gastar 33 milhões de euros, pelo facto de o subsídio de

desemprego ter sido retirado a 52 044 pessoas (por estarem a trabalhar, ou por

Page 47: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

45

faltarem à apresentação quinzenal, ou por recusarem emprego conveniente ou por

encontrarem trabalho por intermédio do centro de emprego).

- O Estado deixou de gastar 4.1 milhões de euros por baixas por doença, que

face a fiscalização em junta médica não foram consideradas justificadas.

- Registou-se um corte no Rendimento Social de Inserção (RSI) no valor de 3.1

milhões de euros resultante de 2220 RSI cortados ou suspensos em consequência

de 21 mil fiscalizações ao RSI.

Através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 74/2010, de 17/09, foi aprovado

o II Plano para a Integração dos Imigrantes (2010-2013) composto por 90

medidas distribuídas por 17 áreas de intervenção.

Este Plano tem como finalidade progredir nos níveis de integração já alcançados por

Portugal no que se refere às políticas de integração dos imigrantes.

As confederações patronais e a UGT estão de acordo na necessidade de rever o

acordo que tem como objectivo elevar o salário mínimo nacional (SMN) para

500 euros em 2011. A CGTP não aceita este retrocesso e defende a implementação

do aumento da remuneração mínima já acordado. Neste âmbito, o Ministério do

Trabalho aceitou discutir o tema no âmbito do Pacto para o Emprego.

No âmbito da Iniciativa Formação para Empresários, mais de 4000 empresários

iniciaram em Setembro acções de formação, na primeira fase desta Iniciativa

destinada a PME que envolve um financiamento público de cerca de 19.3 milhões de

euros.

Sistema Monetário e Financeiro

Em Outubro, a Autoridade da Concorrência autorizou, sem restrições, a oferta

pública de aquisição do Montepio Geral ao Finibanco, considerando que a

operação não é susceptível de criar ou reforçar uma posição dominante da qual

possam resultar entraves significativos à concorrência efectiva nos mercados

identificados.

No mesmo mês, o Banco de Portugal admitiu a liquidação do BPN se a

privatização prevista falhar, apelando ao Governo para concluir rapidamente

esse dossier porque a instituição não pode funcionar com uma situação líquida

negativa (de cerca de 2 mil m.e.).

Page 48: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

46 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

2. Economia Monetária e Financeira

2.1. Taxas de Juro

Euribor Obrigações do Tesouro

6 meses 12 meses 5 anos 10 anos

09: III 1.016 1.236 2.93 3.86

09: IV 0.994 1.248 3.07 4.06

10: I 0.958 1.215 3.55 4.52

10: II 1.041 1.306 4.69 5.98

10: III 1.146 1.433 5.31 6.36

Julho 10 1.145 1.417 4.15 5.31

Agosto 10 1.137 1.414 4.17 5.48

Setembro 10 1.146 1.433 5.31 6.36

3 Setembro 2010 1.134 1.414 4.23 5.63

10 Setembro 2010 1.135 1.418 4.58 5.90

17 Setembro 2010 1.141 1.427 4.93 6.26

24 Setembro 2010 1.137 1.422 5.24 6.43

30 Setembro 2010 1.146 1.433 5.31 6.36

Fonte: Banco de Portugal e Reuters; valores em percentagem; taxas anualizadas a 360 dias.

Nota: Valores de final de semana/mês/trimestre; os valores para as Obrigações do Tesouro referem-se às

yields do mercado secundário.

Em Setembro, as taxas de juro do mercado monetário europeu permaneceram

praticamente inalteradas (ainda perto dos mínimos históricos registados em Março),

traduzindo a manutenção das taxas directoras do BCE e o prolongamento já

esperado dos empréstimos ilimitados a taxa fixa no início do mês. A taxa Euribor

a 1 mês aumentou um ponto base (p.b.) em comparação de final de mês, para 0.63%,

tendo-se verificado um acréscimo de 2 p.b. na maturidade de 12 meses (para 1.43%),

pelo que a inclinação da curva de rendimentos do mercado monetário praticamente

não se alterou.

No mercado secundário de dívida pública, o mês de Setembro ficou marcado

por uma subida muito significativa das yields nacionais, traduzindo a

deterioração da situação orçamental e o risco associado de instabilidade

política, com os diferenciais face ao referencial de menor risco (bund alemão) a

aumentaram para perto de máximos históricos. As taxas de juro de longo prazo

corrigiram em baixa na parte final do mês, depois do Governo ter apresentado

medidas adicionais para assegurar as metas do défice para 2010 e 2011. As

preocupações com o risco de crédito soberano estiveram em destaque durante

o mês de Setembro também devido à forte deterioração das contas públicas na

Page 49: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

47

Irlanda, para além de emissões de dívida dos países mais em foco. As yields

nacionais a 5 anos e 10 anos aumentaram 114 p.b. e 88 p.b. em comparação de

final de mês (para 5.31% e 6.36%, respectivamente), o que se traduziu numa

diminuição da inclinação da curva de rendimentos no mercado obrigacionista. Em 28

de Setembro, antes das medidas adicionais de consolidação orçamental, as

taxas a 5 e 10 anos atingiram máximos mensais de 5.64% e 6.64%,

representando os níveis mais elevados desde Maio de 2010 e Maio de 1997,

respectivamente.

2.2. Mercado de Valores Mobiliários

Índice PSI-20

(valores de fecho das sessões de início e fim das semanas de Setembro)

Quinta, 1 Sexta, 2 Seg, 5 Sexta, 9 Seg, 12 Sexta, 16 Seg, 19 Sexta, 23 Seg, 26 Sexta, 30

7 019.28 7 075.73 7 106.22 7 317.93 7 305.09 7 137.11 7 111.70 7 252.70 7 291.84 7 371.79

Índice composto pelo cabaz das 20 acções mais importantes do mercado, sujeito a uma revisão semestral; 31-12-92=

3000.

O índice accionista de referência PSI-20 valorizou-se em Setembro pelo terceiro

mês consecutivo, embora à custa de um reduzido número de títulos com

elevado peso, tendo-se verificado uma evolução negativa na maioria das

cotações, a reflectir a difícil situação orçamental e económica do país. O PSI-20

subiu 1.5% em variação mensal (sensivelmente o mesmo que em Agosto), bastante

abaixo das valorizações registadas nas principais praças internacionais, mantendo

uma perda significativa desde o início do ano (11.3%).

O valor negociado em bolsa recuperou 22.3% em termos mensais, mas recuou

31% em comparação homóloga, o que reduziu para 33.8% a subida homóloga do

total acumulado no ano.

Entre os títulos que compõem o PSI-20, apenas quatro tiveram um saldo

positivo, todos eles com um peso bastante significativo no índice. A PT

valorizou-se 6% com a perspectiva de distribuição de um dividendo

extraordinário depois da alteração de participações no mercado brasileiro, tendo

recebido uma recomendação de compra da HSBC. A EDP, também com um elevado

peso, subiu 4.7% com a entrada de investidores institucionais numa perspectiva

de longo prazo, devido ao posicionamento no mercado angolano. Por seu turno,

o BCP escapou à tendência de quebra na banca nacional devido ao reforço de

participação da angolana Sonangol (para 10.168%, que constitui a maior posição

de um accionista individual no banco), tendo-se valorizado 1.4% no mês. A maior

Page 50: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

48 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

valorização mensal pertenceu à Jerónimo Martins (12.5%), beneficiando de boas

notícias no mercado polaco.

No lado das perdas, as descidas mensais mais acentuadas pertenceram à

INAPA (14.9%) e à Zon (8.8%).

3. Economia Real

3.1. Actividade Económica Global

O indicador de clima económico do INE – síntese da informação de carácter

qualitativo relacionada com as principais actividades económicas – manteve-se, em

Setembro, estável, muito perto do zero.

No entanto, a apreciação individual dos diversos indicadores fornecem sinais mistos

acerca da conjuntura nacional, com o indicador de confiança dos consumidores a

variar agora positivamente, o mesmo se passando com o da indústria transformadora,

como aconteceu em Agosto, enquanto os indicadores da construção e dos serviços

continuaram a ter variação negativa.

Índice de Clima Económico - Portugal

-3,5

-3

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

Fev

-07

Mar

-07

Ab

r-0

7

Mai

-07

Jun

-07

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ab

r-0

8

Mai

-08

Jun

-08

Jul-

08

Ag

o-0

8

Set

-08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez

-08

Jan

-09

Fev

-09

Mar

-09

Ab

r-0

9

Mai

-09

Jun

-09

Jul-

09

Ag

o-0

9

Set

-09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez

-09

Jan

-10

Fev

-10

Mar

-10

Ab

r-1

0

Mai

-10

Jun

-10

Jul-

10

Ag

o-1

0

Set

-10

Fonte: INE

Page 51: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

49

O indicador de confiança da indústria transformadora melhorou relativamente a

Agosto em 0.9 pontos (de -11.5, nesse mês, para -9.6) continuando a trajectória

de evolução positiva reiniciada em Junho. Esta evolução deveu-se,

fundamentalmente, a uma evolução claramente positiva nas expectativas acerca da

procura global e de uma evolução positiva nas opiniões acerca dos stocks de

produtos acabados e nas perspectivas de produção para os próximos 3 meses.

O indicador de confiança do comércio regrediu 1.7 pontos, depois de em Junho

ter tido um comportamento positivo. No que diz respeito ao comércio por grosso, o

indicador passou de -4.5 em Agosto para -6.7 em Setembro, e no caso do comércio a

retalho, o evolui negativamente em 2.3 pontos, de -1.9 em Agosto para -3.2 em

Setembro. Em ambos os sub agrupamentos tal comportamento resultou de evoluções

claramente negativas nos saldos das respostas relativas ao volume de vendas e à

actividade para os próximos 3 meses.

O indicador de confiança dos serviços melhorou, pela primeira vez em cinco

meses, passando de -10.3 pontos em Agosto para -9.8 pontos em Setembro. É

de destacar o contributo das expectativas de actividade para os próximos 3 meses

para esta evolução positiva.

O indicador de confiança da construção e obras públicas continuou a ter uma

evolução desfavorável, passando de -40.6 pontos para -41.6 pontos. A

deterioração no saldo das respostas nas duas questões inquiridas, carteira de

encomendas actual e perspectivas de emprego para os próximos 3 meses,

contribuíram ambas para esta evolução.

O indicador de confiança dos consumidores teve novamente uma evolução

positiva em Setembro, seguindo a tendência de Agosto, para -37.4, relativamente

aos -40.4 verificados neste último mês. Esta evolução ficou a dever-se à melhoria de

todos os sub-indicadores que o compõem.

Curiosamente, o indicador compilado pela UE refere uma melhoria do clima

económico em Portugal.

Page 52: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

50 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

3.2. Procura Interna

3.2.1. Consumo

Fonte 09:IV 10:I 10:II Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10

Indic. Coincidente do Consumo Privado BdP 1.2 2.6 2.7 2.5 2.1 1.5

Indic. Confiança dos Consumidores (1) INE -30.0 -35.4 -40.1 -40.1 -42.0 -40.4 -37.4

Venda de automóveis não comerciais ACAP -6.0 69.1 48.9 62.5 18.3 13.6 15.1

Importações de bens de consumo (2)

INE -1.8 -0.5 6.9 5.6 -1.4 3.2

Vol. de neg. do comércio a retalho (3)

INE -0.2 0.8 0.3 -0.8 -0.4 -0.7

Crédito ao consumo (4)

BdP 1.9 1.8 1.5

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior. em percentagem (salvo indicação em contrário);

(1) Inquéritos de Conjuntura aos Consumidores e à Indústria Transformadora; saldo de respostas extremas (média

móvel de 3 meses); (2) Taxa de variação homóloga em temos nominais. (3) Taxa de variação em termos reais; índices

de sazonalidade e dos dias úteis; (4) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.

O indicador coincidente do consumo privado, do BdP, continua a mostrar um

abrandamento relativamente aos meses anteriores. Outros indicadores

disponíveis mantêm-se pouco animadores.

Em Agosto (valores rectificados), o volume de negócios do comércio a retalho

diminui 0.7% em termos homólogos, registando uma retracção relativamente ao

mês anterior. A despesa em bens alimentares registou uma tvh de 1.3%, abaixo do

ritmo de Julho mas acima do valor de Junho (valores revistos). A despesa em bens

não alimentares, registou uma tvh de -2.4%, contra -3.9% em Julho (note-se

entretanto, e ao contrário de meses anteriores, que, retirando os combustíveis, a

evolução é agora negativa em -2.3%.)

A venda de automóveis não comerciais recuperou ligeiramente em Setembro. O

crédito ao consumo desacelerou em Agosto relativamente a meses anteriores.

3.2.2. Investimento

Fonte 09:IV 10:I 10:II Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10

Indicador de FBCF INE -8.7 -2.8 -1.2 -2.1 -1.2 -1.2 -1.4

Vendas de veículos comerciais ligeiros ACAP -16.8 19.6 29.1 30.7 37.0 14.5 12.4 7.7

Importações bens de investimento INE -9.9 -9.4 -16.3 -16.0 -10.7 -33.2 -11.8

Índice produção bens de investimento INE -18.7 -0.7 -1.0 -2.2 0.8 2.9 3.9

Vendas de cimento BdP -15.6 -9.4 -6.1 -2.2 -4.6 -7.0 -2.2 -4.5

Índice de Produção na Construção INE -9.2 -8.2 -8.1 -5.7 -9.4 -8.2 -4.6

Crédito para compra de habitação (1)

BdP 3.1 3.3 3.2 3.1

Crédito às sociedades não financeiras (1)

BdP 0.2 1.3 1.2 1.1

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior. em percentagem (salvo indicação em contrário); Índices

de produção de bens de investimento corrigidos.

(1) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.

Page 53: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

51

Os indicadores relativamente ao investimento continuam a não dar sinais de

recuperação. O indicador de FBCF permaneceu em terreno negativo em Agosto,

agravando-se relativamente a Julho.

O índice de produção de bens de investimento foi dos poucos indicadores a ter uma

evolução positiva nos meses mais recentes, assim como no índice de importação de

bens de investimento, que teve uma queda inferior à de meses anteriores.

Igualmente, o índice de produção na construção experimentou uma quebra inferior à

de meses anteriores, apesar da quebra mais acentuada nas vendas de cimento. No

mês de Agosto deu-se uma ligeira desaceleração no crescimento do crédito às

empresas e do crédito à habitação.

3.3. Comércio Internacional

Resultados Globais preliminares

Mai 09-Jul 09 Mai 10-Jul 10 Variação

Total

Saída (Fob) 7 907.2 9 029.2 14.2%

Entrada (Cif) 12 854.9 14 138.0 10.0%

Saldo -4 947.7 -5 108.8 -3.3%

Taxa de Cobertura 61.5% 63.9% -

União Europeia a 27

Expedição 5 869.6 6 667.6 13.6%

Chegada 9 985.4 10 379.9 4.0%

Saldo -4 115.7 -3 712.3 9,8%

Taxa de Cobertura 58.8% 64.2% -

Países Terceiros

Exportação 2 037.6 2 361.6 15.9%

Importação 2 869.5 3 758.2 31.0%

Saldo -831.9 -1 396.5 -67,9%

Taxa de Cobertura 71.0% 62.8% -

em milhões de euros; Fonte: INE

No trimestre em análise (Junho a Agosto), as saídas aumentaram de novo, em

termos homólogos, e as entradas continuaram a registar uma evolução que,

apesar de continuar a ser significativa – em linha com a retoma do comércio

mundial – permanece inferior à das saídas, conduzindo a uma melhoria da taxa de

cobertura em 2.4 p.p. face ao mesmo período de 2009. O défice comercial agravou-

se em cerca de 3.3% em relação ao mesmo período de 2009 mas recuperou cerca de

1% face ao trimestre de Maio a Julho de 2010.

Page 54: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

52 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Relativamente aos países terceiros, se excluirmos os combustíveis, a taxa de

cobertura foi de 97,7% (98,5% no período anterior) contra 118,7% no mesmo período

do ano de 2009. O défice energético foi, neste trimestre, de 1 497 milhões de euros,

mais 244 milhões que o verificado em igual trimestre de 2009 e mais 197 milhões que

no trimestre anterior.

Em termos de variações, relativamente a igual trimestre de 2009, destacam-se, nas

saídas, o aumento de 39% nos fornecimentos industriais (com destaque para os

produtos transformados) e de 20.7% no material de transporte acessórios e, nas

entradas, o aumento de 20.5% nesta mesma última rubrica e de 24.8% nos

combustíveis e lubrificantes.

3.4. Conjuntura na Indústria

Em Agosto, o crescimento homólogo da produção industrial manteve-se

praticamente inalterado em 1.2% (mais 0.1 p.p. que em Julho), destacando-se,

sobretudo, o regresso a uma variação média anual positiva (0.1%), pela primeira

vez desde Novembro de 2007. A melhoria de andamento teve origem na

indústria transformadora, que retomou o crescimento em termos homólogos

(variação de 3.1%, face a -0.3% em Julho) e em média anual (0.7%, após 0% em

Julho), contrariando a evolução negativa do ramo de electricidade, gás, vapor, água e

ar frio (variação homóloga de -7%, após 6.2% em Julho, e reforço da perda média

anual para 1.4%).

-22,0

-20,0

-18,0

-16,0

-14,0

-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

Ago

-08

Set-

08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez-0

8

Jan

-09

Fev

-09

Ma

r-0

9

Ab

r-0

9

Ma

i-0

9

Jun

-09

Jul-

09

Ago

-09

Set-

09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez-0

9

Jan

-10

Fev

-10

Ma

r-1

0

Ab

r-1

0

Ma

i-1

0

Jun

-10

Jul-

10

Ago

-10

Índice de Produção industrial

(Variação homóloga, %)

INDÚSTRIATRANSFORMADORA

INDÚSTRIA GERAL

Fonte: INE

Page 55: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

53

Na divisão por agrupamentos, apenas as indústrias de energia registaram uma

deterioração do andamento homólogo, evidenciando a primeira quebra desde Abril

(tvh de -3.8%, após 5% em Julho). O agrupamento de bens de consumo retomou

uma variação homóloga positiva (tvh de 1.2%, após -2.3% em Julho), e o ritmo de

crescimento aumentou nos bens intermédios e de investimento (0.4 e 5.9 p.p.,

respectivamente, para 2.7% e 7.6%). A evolução média anual também melhorou na

generalidade das indústrias, com excepção das produtoras de energia (abrandamento

para uma tvm 12m de 2.1%); destaca-se o desagravamento significativo das perdas

nas indústrias de bens de investimento (de 8.2% para 6.6%), as únicas que ainda

apresentam uma variação média anual negativa, já que os bens intermédios

retomaram uma trajectória de crescimento em Agosto (tvm 12m de 0.9%, após -0.2%

em Julho).

Índice de produção industrial

09: II 09: III 09: IV 10: I 10: II Jun-10 Jul-10 Ago-10

TVH TVM 12m

Índice Geral -9.5 -7.1 -4.4 3.7 2.8 3.7 1.1 1.2 0.1

Por ramos:

Industrias Extractiva -16.2 -26.7 -11.9 -28.5 0.3 14.6 18.4 -0.6 -11.3

Ind. Transformadora -12.3 -7.4 -3.9 6.0 3.2 4.7 -0.3 3.1 0.7

Elect., Gás, Vapor, Água, Ar 12.2 -0.7 -5.6 -0.3 0.7 -4.2 6.2 -7.0 -1.4

Águas, saneamento, outros -3.5 0.1 6.1 4.0 4.1 2.4 6.4 7.0 4.6

Por grandes agrupamentos:

Bens de Consumo -6.8 -1.3 -0.5 2.4 0.4 0.5 -2.3 1.2 0.2

Bens Intermédios e outros* -15.1 -12.2 -2.8 3.7 6.7 8.1 2.3 2.7 0.9

Bens de Capital -16.6 -18.2 -17.7 0.7 -1.1 1.2 1.7 7.6 -6.6

Energia 5.7 1.2 -3.0 7.8 0.8 1.5 5.0 -3.8 2.1

Fonte: INE; dados com correcção de efeitos de calendário; Base: 2005=100; CAE Rev.3; Taxas de variação percentual

homóloga (tvh), excepto na última coluna (taxa de variação média de 12 meses – tvm 12m); * Inclui a recolha,

tratamento e eliminação de resíduos.

Atendendo à divisão da indústria transformadora em subsectores, os dados

actuais permitem destacar, quanto a comportamentos negativos:

(i) a manutenção da contracção nas indústrias de máquinas e aparelhos eléctricos

(tvm 12m de -2.5% em Agosto), de minerais não metálicos (-5%), do vestuário (-

0.8%), do tabaco (-0.3%), de impressão (-5.6%), de equipamento eléctrico (-0.6%), de

produtos farmacêuticos (-2.7%) de couro (-3.1%) e de veículos automóveis (-12.7%);

a quebra de produção nas indústrias de madeira e cortiça (tvm 12m de -1.1%, após

0.4% em Julho);

Page 56: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

54 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

(ii) o abrandamento da produção nas indústrias de bens alimentares (de uma tvm

12m de 3.1% em Julho, para 2.6% em Agosto), de bebidas (de 0.6% para 0.2%) e

metalúrgicas de base (de 22% para 19.5%).

Quanto a comportamentos positivos, salienta-se:

(i) a aceleração da produção nas indústrias de recolha e tratamento de resíduos (de

uma tvm 12m de 4.3% em Julho, para 4.6% em Agosto), de produtos petrolíferos (de

19.3% para 21%), de produtos químicos (de 12.2% para 15%), de pasta e papel (de

5.1% para 5.3%), e de borracha e plásticos (de 13.8% para 14.8%); a retoma do

crescimento nas indústrias de produtos metálicos (tvm 12m de 0.2% em Agosto, após

-0.1% em Julho), e de mobiliário e colchões (de uma tvm 12m de -2.3% para 1%);

(ii) a manutenção de um andamento positivo da produção nas indústrias têxteis (tvm

12m de 2.5% em Agosto).

Os dados mais recentes da actividade industrial, do inquérito à indústria

transformadora de Setembro, sugerem uma perda temporária de dinamismo. As

avaliações da produção corrente recuaram face a Agosto, mas as apreciações da

procura melhoraram em termos agregados, mantendo-se elevadas no mercado

externo e recuperando ligeiramente no mercado nacional. As respostas sobre os

stocks de produtos acabados apontaram para uma diminuição do nível de

existências.

-80,00

-70,00

-60,00

-50,00

-40,00

-30,00

-20,00

-10,00

0,00

10,00

20,00

Set-

06

No

v-0

6

Jan

-07

Ma

r-0

7

Ma

i-0

7

Jul-

07

Set-

07

No

v-0

7

Jan

-08

Ma

r-0

8

Ma

i-0

8

Jul-

08

Set-

08

No

v-0

8

Jan

-09

Ma

r-0

9

Ma

i-0

9

Jul-

09

Set-

09

No

v-0

9

Jan

-10

Ma

r-1

0

Ma

i-1

0

Jul-

10

Set-

10

Produção e Procura na Indústria Transformadora

Média Móvel de 3 meses - s.r.e.

PRODUÇÃO

PROCURA EXTERNA

PROCURA INTERNA

Fonte: INE

Page 57: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

55

De acordo com a desagregação dos dados por tipo de bens, a descida das

avaliações sobre a produção e os stocks de produtos acabados teve origem

nos bens de investimento, mais do que compensando o aumento nos bens

intermédios e de consumo. Já no caso da procura, a tendência generalizada foi de

melhoria das avaliações do mercado nacional e de estabilização no mercado externo.

No índice de volume de negócios, os dados de Agosto evidenciaram uma

retoma do dinamismo perdido em Julho (com o ritmo de crescimento homólogo a

aumentar para 14.7%, em variação nominal, face a 6.4% e 10.4% nos dois meses

anteriores), correspondendo, em parte, a uma subida mais forte dos preços na

produção (tvh de 4.4%, após 3.9% e 4.2% nos dois meses precedentes). A

aceleração das vendas foi mais forte no mercado externo, que passou de uma

subida homóloga de 14.2% para 26.7%, face a 9.4% no mercado nacional (mais 7.2

p.p. do que em Julho). A melhoria de andamento das vendas foi também visível em

média anual, com o crescimento a passar para 4% (1.7% no mercado nacional e

8.2% no externo), mais 2.6 p.p. que em Julho.

Ao nível dos agrupamentos, as indústrias da energia foram as únicas a registar

um andamento homólogo menos favorável das vendas em Agosto, com o ritmo

de crescimento homólogo a diminuir de 28.1% para 16.5%. O agrupamento de bens

de consumo recuperou uma variação homóloga positiva (tvh de 8%, após -5% em

Julho), tendo-se observado uma aceleração muito significativa nas indústrias de bens

de investimento e de bens intermédios (para tvh de 19.5% e 15.1%, respectivamente,

após 4% e 6.2% em Julho). Em termos de variação média anual, a melhoria foi

generalizada, registando-se uma retoma do crescimento nos bens intermédios (para

1.7%), o desagravamento das perdas nos bens de consumo (para -1.3%) e uma

aceleração nos demais agrupamentos (para 3.9% nos bens de investimento e 14.9%

na energia).

A informação avançada disponível, do inquérito à indústria transformadora de

Setembro, evidenciou uma melhoria significativa das perspectivas de produção

a três meses, apontando também para uma pequena desaceleração dos preços

de venda. Estas perspectivas permitem antecipar a continuação de um andamento

favorável das vendas, pelo menos a curto prazo.

Em Agosto, o índice de emprego acentuou o ritmo de quebra homóloga (0.2

p.p., para 1.9%), contrariando a tendência de desagravamento que se vinha a

observar há mais de um ano. Em variação média anual, contudo, continuou a

registar-se um recuo da quebra de emprego (0.4 p.p., para 4.1%), que foi similar

Page 58: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

56 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

ao registado no índice de horas trabalhadas, mantendo-se, por isso, uma ligeira

descida da ocupação laboral na indústria.

3.5. Emprego e Desemprego

Fev 10 Mar 09 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10

Taxa de Desemprego 10.4 10.6 10.8 10.9 11.0 10.8 10.7

Fonte: Eurostat. dados ajustados de sazonalidade. valores revistos.

Uma vez que os dados fornecidos pelo INE têm carácter trimestral, apresentam-se as

estimativas do Eurostat, que apontam para uma ligeira diminuição da taxa de

desemprego em Agosto relativamente aos valores de Abril a Julho.

De acordo com as estatísticas do Instituto de Emprego e Formação Profissional, no

final do mês de Agosto, estavam registados nos Centros de Emprego cerca de

549 mil desempregados, um aumento de 0,3% em relação a Julho. Relativamente

ao mesmo período de 2009 este número representa um acréscimo de 9,6%. O

número de desempregados de longa duração (mais de um ano) aumentou, em

termos anuais, 37,5%, representando 41,2% dos inscritos. Em termos das diversas

situações de desemprego, as mulheres representavam 54,8% dos inscritos (mais 1,3

p.p. do que em Julho), os maiores de 25 anos, 88,2% e as pessoas à procura de

primeiro emprego, 7,5%.

3.6. Preços

09:IV 10:I 10:II Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Set 10 Tvm 12

m

IPC Total -0.7 0.3 1.0 1.1 1.2 1.8 1.9 1.9 0.6

IPC bens -1.9 -0.1 1.2 1.2 1.5 2.3 2.5 2.6 0.4

IPC serviços 1.2 0.9 0.7 0.8 0.8 1.2 1.2 1.2 0.9

Fonte: INE e Banco de Portugal

Taxas de variação percentual face ao período homólogo do ano anterior, salvo outra indicação.

Em Setembro, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa de

variação homóloga de 1.9%, igual à de Agosto. A variação média dos últimos doze

meses aumentou em 0.3 p.p. para 0.6%.

A tvh do IPC foi superior em 1.3 p.p. à do indicador da inflação subjacente (medido

pelo índice total excepto produtos alimentares não transformados e industriais

energéticos), que teve uma variação homóloga de 0.6%, 0.2 p.p. inferior à verificada

em Agosto.

Page 59: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

57

No mês de Setembro, é de destacar apenas uma descida de preços (em termos

homólogos) no vestuário e calçado (-1.9%), na saúde (-2.0%) e nas comunicações (-

1.9%). Todos os restantes componentes do IPC experimentaram aumentos nos

preços. As maiores subidas verificaram-se nas bebidas alcoólicas e tabaco (5.2%), na

habitação, água, gás, etc. (5.1%), nos transportes (4.1%), e na educação (3.0%).

A evolução recente dos preços medidos pelo IHPC mostra que a inflação em Portugal

continua acima da média da zona do euro.

Evolução do IHPC (tvh em %)

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Jan

-97

Ab

r-9

7Ju

l-9

7O

ut-

97

Jan

-98

Ab

r-9

8Ju

l-9

8O

ut-

98

Jan

-99

Ab

r-9

9Ju

l-9

9O

ut-

99

Jan

-00

Ab

r-0

0Ju

l-0

0O

ut-

00

Jan

-01

Ab

r-0

1Ju

l-0

1O

ut-

01

Jan

-02

Ab

r-0

2Ju

l-0

2O

ut-

02

Jan

-03

Ab

r-0

3Ju

l-0

3O

ut-

03

Jan

-04

Ab

r-0

4Ju

l-0

4O

ut-

04

Jan

-05

Ab

r-0

5Ju

l-0

5O

ut-

05

Jan

-06

Ab

r-0

6Ju

l-0

6O

ut-

06

Jan

-07

Ab

r-0

7Ju

l-0

7O

ut-

07

Jan

-08

Ab

r-0

8Ju

l-0

8O

ut-

08

Jan

-09

Ab

r-0

9Ju

l-0

9O

ut-

09

Jan

-10

Ab

r-1

0Ju

l-1

0

Portugal Área EuroFonte: Banco de Portugal

ùltimos dados: Setembro

2010

Page 60: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

58 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

3.7. Conjuntura de Pagamentos com o Exterior

2007 2008 2009 Ago-09 Ago-10 Var.%

Balança Corrente -17 074 -21 699 -17 262 -11 544 -11 076 -4.1%

Mercadorias -19 206 -22 985 -17 496 -11 136 -11 545 3.7%

Serviços 6 533 6 602 5 983 3 845 4 348 13.1%

Rendimentos -7 004 -7 781 -7 883 -5 479 -5 471 -0.1%

Transferências Correntes 2 603 2 464 2 135 1 226 1 592 29.9%

Balança de Capital 2 097 2 650 1 393 1 099 854 -22.3%

Balança Financeira 14 424 19 121 15 424 10 242 10 890 6.3%

Investimento Directo -1 775 1 313 1 136 1 414 -33 s.s.

De Portugal no exterior -4 013 -1 872 -931 -519 -1 917 269.4%

Do exterior em Portugal 2 238 3 185 2 067 1 933 1 884 -2.5%

Investimento de Carteira 10 043 14 662 13 261 10 601 -18 494 s.s.

Activos -7 988 -12 178 -16 451 -13 317 -9 540 -28.4%

Passivos 18 031 26 840 29 712 23 918 -8 954 s.s.

Outro Investimento 5 271 2 974 827 -1 874 30 118 s.s.

Activos -11 647 11 916 172 799 -6 924 s.s.

Passivos 16 918 -8 942 655 -2 673 37 042 s.s.

Derivados Financeiros 173 251 120 46 256 456.5%

Activos de Reserva 713 -79 80 55 -957 s.s.

Erros e Omissões 554 -70 445 203 -668 s.s.

Dados provisórios expressos em milhões de euros (m.e.); s.s. – sem significado.

Fonte: Banco de Portugal.

Notas prévias: i) a análise evolutiva das várias rubricas da Balança de Pagamentos deve ser feita com especial cautela,

atendendo ao carácter provisório dos dados e à disparidade de valores da componente “erros e omissões” nos períodos

em confronto, esperando-se a sua redução e redistribuição pelas outras componentes da Balança de Pagamento.

Nos primeiros oito meses de 2010, o défice da balança corrente diminuiu 4.1%

em termos homólogos, para 11076 m.e., segundo dados provisórios do Banco de

Portugal. A melhoria do saldo corrente traduziu o aumento do excedente das rubricas

de serviços (em 503 m.e.) e transferências (em 366 m.e.), mais do que compensando

o agravamento do défice da balança de mercadorias (em 409 m.e.), com o défice da

balança de rendimentos a manter-se praticamente inalterado.

Na Balança de Capital, os dados indicaram uma redução de 22.3% no saldo

excedentário (para 854 m.e.), que traduz, de forma aproximada, o afluxo líquido de

fundos comunitários. O défice conjunto das balanças de capital situou-se, assim, em

10222 m.e., traduzindo uma diminuição de 2.1% (223 m.e.).

Page 61: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

59

Esta ligeira diminuição as necessidades de financiamento da economia não

ficou expressa na balança financeira, cujo excedente aumentou 6.3%, mas na

rubrica de erros e omissões, o que realça o carácter provisório dos dados,

esperando-se uma redistribuição desta rubrica em posteriores revisões dos dados. De

acordo com os dados actuais, o alargamento do excedente da balança

financeira traduziu o forte aumento do saldo de “outro investimento”, mais

concretamente dos passivos das autoridades monetárias, traduzindo o crédito

obtido pela banca portuguesa por via do BCE devido à dificuldade de

financiamento nos mercados internacionais. Aqueles passivos aumentaram 39.7

mil m.e., face a uma subida de 7.7 mil m.e. nos activos. A evolução da rubrica

sobrepôs-se à forte quebra do saldo de investimento de carteira, que traduziu a

quebra dos passivos com a venda maciça de acções e obrigações nacionais

por estrangeiros e, em menor medida, a quebra do investimento directo líquido

(em resultado de um aumento dos fluxos de saída e da ligeira redução das entradas

de capital). Merece ainda referência a quebra do saldo de activos de reserva devido à

compra de activos cambiais.

Page 62: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

60 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Principais sítios da Internet consultados na elaboração do Relatório Mensal de

Economia:

Economia Internacional:

www.boj.or.jp/en (Banco do Japão)

www.ecb.int (Banco Central Europeu)

www.bloomberg.com (agência noticiosa Bloomberg)

www.bea.doc.gov (Bureau of Economic Analysis - EUA)

www.bls.gov (Bureau of Labor Statistics - EUA)

www.census.gov (Census Bureau - EUA)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.conference-board.org (Instituto Conference Board - EUA)

www.cbo.gov (Congress Budget Office - EUA)

www.esri.cao.go.jp/en (Economic and Social Research Institute - Japão)

www.euronext.com (Euronext – cotações do PSI-20)

http://epp.eurostat.cec.eu.int/portal/ (Eurostat)

www.federalreserve.gov (Federal Reserve - EUA)

www.ft.com (Financial Times)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

www.stat.go.jp/english (Gabinete de Estatística japonês)

www.mof.go.jp (Ministério das Finanças japonês)

http://metalsplace.com (notícias sobre metais)

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

http://europa.eu.int/index_pt.htm (Portal da União Europeia)

http://finance.yahoo.com (Secção Financeira do Yahoo)

http://metalsplace.com (sítio especializado em notícias sobre metais de base)

Economia Nacional:

www.bportugal.pt (Banco de Portugal)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.cmvm.pt (Comissão de Mercados de Valores Mobiliários)

www.dre.pt (Diário da República Electrónico)

www.dgo.pt (Direcção-Geral do Orçamento – Ministério das Finanças)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

www.gpeari.min-financas.pt (Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e

Relações Internacionais – Ministério das Finanças)

www.iapmei.pt (IAPMEI)

www.ine.pt (Instituto Nacional de Estatística)

Page 63: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010

61

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

www.portugal.gov.pt/ (Portal do Governo)

www.incentivos.qren.pt (Sistemas de incentivos – QREN)

Page 64: Relatório Mensal de Economia - Outubro de 2010