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FACULDADE ANHANGUERA UNIDADE CAMPUS II – SANTO ANDRÉ
CURSO ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
WILLIAM SILVA MARIN
RA 105.301.1071
8º SEMESTRE
SANTO ANDRÉ 24/03/2014
Resenha de obra literária. 20 HORAS
Resenha: Inovação: A Arte de Steve Jobs
Título: Inovação: a arte de Steve Jobs
Autor: Carmine Gallo
Número de páginas: 237
Editora: Lua de Papel
Introdução e Capítulo I – O que Steve faria?
Inicialmente, é oportuno observar que esse livro foi escrito durante a
mais grave recessão econômica atravessada pelos Estados Unidos desde
a Grande Depressão da década de 30. E isso constitui o mote perfeito
para o autor dizer que são justamente dentro desses períodos de
recessão que são lançadas as bases para as grandes inovações. Pode ser
que, exatamente agora, estejam sendo incubadas as ideias e inovações
que dominarão o cenário econômico no decorrer dos próximos anos. É
preciso, então, tirar proveito de suas forças para gerar as oportunidades
que criarão valor para as pessoas.
Engraçado como isso se aplica com perfeição ao trabalho de Steve Jobs
na Apple. Embora os últimos dez anos tenham sido praticamente
uma década perdida para os investidores em ações, a Apple foi na
direção diametralmente oposta. Graças às contínuas e
surpreendentes inovações na área de entretenimento, computadores e
telecomunicações, a Apple conseguiu, recentemente, se tornar a
empresa mais valiosa do mundo, e isso mesmo após a mais recente,
ainda, saída de Jobs do comando da Apple. Isso é um feito notável, ainda
mais considerando que, quando Jobs, que foi co-fundador da empresa,
reassumiu a presidência da Apple, nos idos de 1997, ela estava à beira
da falência. Conseguir transformar a cultura de uma empresa, levando-
a, em pouco mais de uma década, ao posto de empresa mais valiosa do
mundo, indototalmente na contramão do mercado de ações, que teve,
como afirmamos acima, uma década perdida, é um feito, repito, notável.
O trabalho inovador de Steve Jobs está calcado em sete princípios,
identificados pelo autor do livro, a partir de pesquisas junto a
empregados e ex-empregados da Apple, estudos de outras pessoas de
sucesso na área tecnológica ou de outros ramos de negócios, e,
sobretudo, a partir de dados coletados do próprio Jobs, por meio de
análises de suas entrevistas, discursos e apresentações. Vamos a eles?
(obs.: as palavras entre colchetes não integram os princípios, apenas
expressam, em uma única palavra, o núcleo essencial de cada princípio
enumerado, de acordo com as conclusões que extrai da leitura do texto).
Princípio 1: faça o que você gosta [paixão]
É preciso, antes de mais nada, seguir seu coração, nem que para isso
seja necessário quebrar paradigmas e fazer aquilo que parece loucura
ou não tenha aparentemente nada a ver com aquilo que você espera de
seu futuro. O autor exemplifica com curso de caligrafia que Jobs
frequentou, quando ainda era universitário (nota: ele, assim com Bill
Gates, abandonou a faculdade no meio do caminho). Caligrafia não tinha
nada a ver com a paixão de Jobs por eletrônica, pareciam dois pontos
absolutamente desconectados. Mas Jobs teve o “estalo” de se
interessar pela arte de caligrafia, e isso foi fundamental para que ele
tivesse o insight necessário quando, dez anos depois, estava projetando
o primeiro Macintosh. Como diz o autor (p. 17):
“Jobs fez o curso de caligrafia por um único motivo: ele o considerou
fascinante. Ele não sabia como os pontos se ligariam em sua vida, mas
se ligaram. Os pontos não se ligam olhando para frente, Jobs diria. Os
pontos se ligam só quando olhamos para trás. Devemos confiar que, ao
seguir nossa curiosidade, as peças, no fim, se encaixarão”.
Encontrar aquilo que você gosta vai demandar trabalho, portanto, não
se acomode. É preciso perseverança e muita força de vontade para
encontrar uma atividade que esteja em linha com suas aptidões e suas
paixões. O primeiro passo para inovar, consiste, assim, em, uma vez
encontrada sua paixão, você confiar nela, mesmo nos momentos de
adversidade. Logo, é preciso ter essa “sede” de buscar algo que te
apeteça, ainda que, para isso, seja necessário mudar de emprego.
Conclui o autor (p. 28, 42):
“Siga seu coração e não se acomode em um caminho que é
inconsistente com o que você sente que é seu destino verdadeiro [...] Se
você for um funcionário preso a um emprego que odeia, tome
providências hoje, mesmo pequenas, para encontrar uma empresa ou
um cargo mais compatível com suas habilidades e sua verdadeira
vocação. Você nunca se sentirá suficientemente inspirado para criar
inovações estimulantes se não gostar da sua função.”
Princípio 2: cause impacto no universo [visão]
Carmine Gallo trabalha, nos dois capítulos que compõem esse princípio,
com a importância de desenvolver uma visão, capaz de inspirar pessoas
e de criar produtos que atendem as expectativas dessas pessoas. Para
ter visão, é indispensável enxergar além do horizonte, sendo que ela, a
visão, motiva a inovação, conservando a energia num nível elevado,
mesmo diante de inevitáveis contratempos.
E o que é visão? Basicamente, a visão é uma imagem, uma imagem de
um mundo melhor construído a partir de seu produto ou serviço. Uma
visão que inspira deve satisfazer três critérios: deve ser concisa,
específica e constante.
Princípio 3: ponha seu cérebro para funcionar [criatividade]
Inovação tem tudo a ver com criatividade, e criatividade consiste em
conectar coisas, em fazer associações, ou seja, conectar com êxito
questões, problemas ou ideias de diversos campos aparentemente sem
relação. Para que você seja um ser mais criativo, é preciso, digamos
assim, “pensar fora da caixa”, e isso se consegue mais facilmente
quando você “obriga” seu cérebro a trabalhar de forma diferente,
bombardeando-o com novas experiências e novos problemas. Isso criará
novos campos de conexão e novas associações entre suas sinapses
cerebrais, fazendo com que seu cérebro enxergue as coisas de modo
diferente, realizando novos julgamentos e novas percepções.
Lembre-se do curso de caligrafia realizado por Jobs na sua fase
“hippie”. Justamente por não ter aparentemente nada a ver com
eletrônica é que tal curso despertou em Jobs o insight necessário para
criar um tipo de arte de caligrafia (tipologia de fontes) que faria
distinguir o Macintosh dos demais computadores pessoais fabricados na
época. Isso é criatividade. Jobs inovou porque “enxergou” as coisas de
modo diferente, e enxergou as coisas de modo diferente porque se
submeteu a experiências diferentes, que fizeram seu cérebro trabalhar
com novas associações, e criar ideias novas a partir dessa percepção
inteiramente distinta da realidade.
Isso pode levar anos. Não quer dizer que escapar de sua rotina o levará
instantaneamente a ser criativo de uma hora para outra. Não é fazendo
um curso de cerâmica agora que o levará a ter poderosos “eurekas” já
amanhã. Não, não é bem assim. O processo de criatividade e inovação
pode levar anos. Mas você deve confiarna sua intuição e na sua
curiosidade. Volto a enfatizar a questão da ligação dos pontos, por sua
relevância (p. 101):
“‘Você não pode ligar os pontos olhando para a frente; você só pode
ligá-los olhando para trás’, Steve Jobs afirmou, em seu discurso de
paraninfo, em Stanford. ‘Assim, você tem de confiar que os pontos, de
alguma forma, se ligarão no futuro. Você tem de confiar em alguma
coisa: intuição, destino, vida, carma, seja o que for. Essa abordagem
nunca me desapontou e fez toda a diferença na minha vida’”.
Princípio 4: venda sonhos em vez de produtos [cliente]
Um dos princípios que sustentam a inovação é a capacidade de
satisfazer as necessidades dos clientes. Eles, os clientes, devem ser o
foco final de sua ação, e não o produto ou serviço que você fabrica. O
problema, nos negócios de hoje, é que muitos empresários veem os
clientes como cifrões, e nada mais. É por isso que Jobs não gosta de
trabalhar com os grupos de foco: porque eles não funcionam. Os
clientes só sabem que tem uma necessidade, segundo Jobs, quando se
preenche uma lacuna que os clientes não sabiam que tinham. É daí que
vem um dos mantras da inovação: criar sentido para as coisas. A
inovação encontra seu ambiente propício para florescer quando se
percebe que inovar não é criar produtos melhores, mas sim criar
pessoas e famílias mais felizes. Em certo sentido, os clientes são
egoístas, e aí é que está a chave para o sucesso: atender o desejo de
egoísmo deles, por mais paradoxal que isso possa parecer. Essa
passagem do texto esclarece o princípio 4 de forma magistral (p. 133):
“Seus clientes não se interessam por você. Soa desagradável, mas é
verdade. Eles não se interessam pelo sucesso de sua empresa. Eles não
se interessam por seu produto ou serviço. Eles se interessam por eles
mesmos, por seus sonhos, por seus objetivos. No entanto, eles se
interessarão muito mais se você ajudá-los a alcançar seus objetivos, e,
por isso, você deve entender seus objetivos, assim como suas
necessidades e desejos mais profundos”.
Dentro desse contexto, não poderia deixar de mencionar a inovação
proporcionada por um brasileiro, noticiada nessa terça-feira pela
Folha e republicada no meu Twitter: a invenção de um fogão a lenha
que cozinha e gera energia ao mesmo tempo. Isso não é somente
criatividade, isso é inovação. O Brasil precisa de mais engenheiros
como Ronaldo Sato, o criativo autor da invenção. Certamente, ele
projetou esse fogão multiuso não pensando na criação do produto como
destinatário final, mas sim em como esse produto poderia melhorar a
vida de pessoas onde a energia elétrica é um bem de escassa
disponibilidade, como a região amazônica. Aliás, é público e notório
que, nesse denominado “país dos bacharéis”, onde se tem mais
faculdades de Direito que o resto do mundo inteiro (1.200 no Brasil
contra 1.100 no resto do mundo, segundo estimativas), é necessário
investir mais na formação de engenheiros e outros profissionais de
ciências exatas.
Por isso, é salutar a iniciativa do Governo Federal em investir em
programas de bolsas de estudos no exterior, principalmente da área de
ciências exatas, pois é sabido que omercado com maior deficiência
de mão de obra qualificada no País, é aquele das áreas de
tecnologia da informação e de engenharia.
Princípio 5: diga não para mil coisas [simplicidade]
Um dos sucessos dos produtos da Apple reside na sua simplicidade, que
significa não só “dizer não para mil coisas”, como também enfocar no
significado essencial do produto. Especificamente em relação aos
produtos como iPod, iPhone e iPad, dentre outros, Jobs acredita que o
design não é apenas aparência: ele integra e diz respeito ao próprio
funcionamento das coisas. Em outros termos, design é função. Nisso,
aliás, reside um dos grandes trunfos da Apple, pois a simplicidade atrai
mais pessoas, e permite, portanto, que mais pessoas possam usar seus
produtos, e o melhor, sem ter que recorrer a manuais de instrução.
Atire o primeiro iPod quem não conhece alguém que não tenha desejado
um produto da Apple, ou quem efetivamente não tenha um. É qualquer
coisa de impressionante a universalidade dos usuários da Apple,
particularmente do último deles, o iPad. Pessoas tão diferentes de tão
diferentes áreas estão usando o aparelho: a presidente Dilma, a criança
de 2 anos que aparece no vídeo do YouTube , seu pai (ou, mais incrível
ainda, seu tio, ou, o cúmulo do incrível, sua avó), representantes de
vendas de laboratórios farmacêuticos, políticos dos mais diversos
sistemas de poder do mundo (incluindo, claro, Obama, que deu até
autógrafo num iPad), pilotos de aviação comercial, garçons em
restaurantes, substituindo os menus (com sensores de segurança,
obviamente, para que nenhum cliente tente levar o menu para casa),
apresentadores de TV, eu … É uma coisa que “pegou”, e pegou,
dentre outros motivos, porque tinha a simplicidade no seu núcleo
conceitual. Simples assim.
Princípio 6: Crie experiências incríveis [serviço]
O autor destaca a necessidade de as empresas prestarem um serviço de
excelência no atendimento aos clientes, citando casos de sucesso nessa
área, envolvendo não só a Apple (no caso, o serviço prestado nas Apple
Stores), como também outras empresas, sobretudo algumas que
ganharam destaque nesses três últimos anos, justamente na contramão
da recessão na economia norte-americana. Um ponto em comum entre
elas residia exatamente no atendimento diferenciado, personalizado e
de qualidade.
Com efeito, numa era em que redes sociais (blogs, Facebook, Twitter
etc.), funcionam como espécies de “SACs expostos em praça pública“,
ter capacidade de criar experiências incríveis funcionam como um dos
pilares de sustentação da inovação. Empresas que maltratam seus
clientes correm o sério risco não só de perderem os clientes que foram
maltratados (o que é natural), como também virarem (com razão)
motivo de chacota nas redes sociais, afastando os potenciais clientes
(que é tão ruim quanto, ou pior que, perder clientes que já estavam em
sua base).
Princípio 7: domine a mensagem [comunicação]
De nada adianta você ter uma ideia inovadora se não souber comunicar
essa ideia, e isso só se faz se você tiver a capacidade de transmiti-la de
modo convincente e persuasivo. Jobs tem, dentre uma de suas
qualidades, a capacidade de criar, segundo os “entendidos do ramo”,
um denominado “campo de distorção da realidade” quando faz (ou
fazia) as apresentações (keynotes) dos produtos da Apple. Na verdade, a
excelência na comunicação pode ser percebida não só nessas
apresentações, mas também nos comerciais de TV da empresa, alguns
considerados os melhores de todos os tempos, como esse e esse.
Mais uma coisa…não se deixe desanimar pelos tolos
Todas as pessoas passam por adversidades, no entanto, só terão
sucesso com a inovação aquelas que forem corajosos o suficiente para
“acreditar em seus princípios e de lutar por eles diante de grandes
adversidades” (p. 225). Todo grande inovador tem sua cota de céticos,
ainda mais nesse período recessivo pelo qual passa a economia mundial,
por isso, é importante não se deixar abater por eles. Achei muito
apropriada a citação de Thomas Friedman, nesse contexto recessivo
americano, que expressa bem a mentalidade que precisa ser assumida
pelas pessoas (p. 228):
“Para o país prosperar, ele precisa de mais novas empresas e não de
socorros financeiros [...] Os empregos bem remunerados não resultam
de socorros financeiros. Eles resultam de novas empresas. E de onde as
novas empresas surgem? Elas surgem a partir de pessoas inteligentes,
criativas e inspiradas que assumem riscos”.
Conclusão
Trata-se de um excelente livro, com conteúdo de primeira linha. É
evidente que a inovação nem sempre produz resultados de sucesso, e a
própria Apple lançou, ao longo dos últimos anos, produtos que foram
um fiasco de vendas. Porém, isso éabsolutamente natural e faz parte
dos riscos do negócio. O importante, no final das contas, é acertar mais
do que errar. E, se uma empresa saiu da beira da falência, para ser a
mais valiosa do mundo, é de se supor que ela tenha acertado mais do
que errado. E foi isso que aconteceu e tem acontecido com a Apple.
Aliás, ela acertou muito mais(mas muito mais mesmo) do que errou.
A inovação não ocorre sozinha, e é preciso se cercar de pessoas mais
talentosas, sendo isso justamente um dos pilares de sustentação da
Apple. Isso ficou um pouco ofuscado no livro, o que é natural, pois o
autor focou no fundador da empresa e que comandou a reviravolta de
inovação dela. Tampouco foram abordados aspectos polêmicos de sua
personalidade (como a fama de ele ser rude com funcionários), o que
igualmente é natural num livro que pretenda privilegiar pontos positivos
de seu trabalho. No entanto, fazendo um balanço geral, pode-se afirmar
que o livro foi bem escrito e, ademais, recheado com “links” para
artigos da Internet e vídeos do YouTube, ou seja, um livro próprio dessa
era digital.
Inovação: a arte de Steve Jobs é um “manual”, digamos assim, com
princípios básicos que acendem a chama da inovação, e que pode ser
útil tanto para empreendedores que querem desenvolver e aprimorar
seus negócios, quanto para outros profissionais e outras pessoas que
apenas querem melhorar aspectos de sua vida pessoal e profissional.
Leitura recomendada!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!