15

Click here to load reader

Tcc ecologistica nalba angélica 2009

Embed Size (px)

DESCRIPTION

As discussões sobre responsabilidade ambiental ocupam cada vez mais espaço nos meios empresariais, poderes públicos, sociedade, organizações não governamentais e ambientalistas; questões como: condição do ar, escassez de recursos, superpopulação, fome, destruição da camada de ozônio, aquecimento global, desertificação, chuva ácida, entre outras. Ser uma empresa social e ambientalmente responsável implica traçar novas gestões estratégicas envolvendo de forma integrada e harmônica todos os setores da organização bem como seus dirigentes, colaboradores e stakeholders.

Citation preview

Page 1: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

1

FACULDADES INTEGRADAS TERESA D´ÁVILA

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Nalba Angélica Sene 1

João Marcelo Ribeiro 1

Luiz F. Franqueira 1

André Alves Prado 2

Ecologística - Gestão Ambiental Estratégica na Cadeia de

Transportes Modais

LORENA – SP

2009

1 Graduando do Curso de Administração de Empresas das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila 2 Professor Orientador do Curso de Administração de Empresas das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila

Page 2: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

2

ABSTRACT

The present article demonstrates that the discussions about environmental responsibility occupy space more and more in the managerial ways. Some companies have been noticing that environmental actions can represent real competitive advantages; but so that it is legitimated as such it is indispensable to the integration of the whole chain logistics. In this sense this study was used of the bibliographical methodology to also approach the environmental aspects of Ecologistc well-known as Green Logistics, as well as its advantages and disadvantages in the chain of modal transports and to describe with an environmental focus its particularities, trying to observe the main environmental points in every chain logistics. This way it is ended that a lot of companies have been doing a strategic weapon of the environmental logistics in its planning of business and in agreement with specialists, the area of Ecologistc comes being considered as an important element in the maintainable strategic planning of the organizations.

Key words: environmental responsibility, green logistics, ecologistc

1 INTRODUÇÃO

As discussões sobre responsabilidade ambiental ocupam cada vez mais espaço nos

meios empresariais, poderes públicos, sociedade, organizações não governamentais e

ambientalistas; questões como: condição do ar, escassez de recursos, superpopulação, fome,

destruição da camada de ozônio, aquecimento global, desertificação, chuva ácida, entre

outras.

Ser uma empresa social e ambientalmente responsável implica traçar novas gestões

estratégicas envolvendo de forma integrada e harmônica todos os setores da organização bem

como seus dirigentes, colaboradores e stakeholders (pessoa ou grupo com interesse na

performance da organização e do meio em que ela opera).

Diante desse cenário as empresas acompanham constantemente e de forma estratégica

o ciclo de vida dos seus produtos; com intuito de compreender de onde vêem às matérias-

primas utilizadas e para onde irão os produtos fabricados, os subprodutos e os resíduos da

cadeia produtiva; uma vez que elas tornam-se co-responsáveis pelos impactos sociais e

ambientais que afetam o planeta. Algumas empresas têm percebido que ações ambientais

podem representar reais vantagens competitivas; mas para que se legitime como tal é

imprescindível a integração de toda a cadeia logística.

O artigo visa abordar os aspectos ambientais da Ecologística também conhecida como

Logística Verde, bem como suas vantagens estratégicas de competitividade na cadeia logística

Page 3: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

3

e descrever com um enfoque ambiental suas particularidades, procurando observar alguns dos

principais pontos ambientais na área logística.

Muitas organizações têm feito da logística uma arma estratégica em seu planejamento

de negócios. E de acordo com especialistas, a área da Ecologística vem sendo considerada

como um elemento importante no planejamento estratégico das organizações.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

2.1 Definição de Logística

A logística é de suma importância para o sucesso das organizações, sendo tratada

como uma visão empresarial que direciona os desempenhos das empresas; tendo como meta

reduzir o lead time entre o pedido, a produção e a demanda, de modo que o cliente receba

seus bens ou serviço no momento que desejar, com suas especificações predefinidas, local

especifico e, principalmente, o preço desejado.

Para melhor entender a Logística como um processo integrado de administração dos

recursos financeiros, materiais e de informação referente ao pleno atendimento do cliente, faz-

se necessário apresentar alguns conceitos.

Segundo Ballou (1987), a logística empresarial trata de todas

as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam

o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-

prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos

de informação que colocam os produtos em movimento, com

o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos

clientes a um custo razoável.

Para Leite (2003), pode-se definir a Logística como um processo de planejamento,

implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações

relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às

exigências dos clientes.

Page 4: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

4

Na figura 1 abaixo, apresenta-se um esquema de fluxo de produtos e/ou serviços.

Figura 1 – Modelo de Cadeia de Relacionamento. Fonte: WOOD (1997) apud. Leite (2003), adaptado pelos próprios autores.

2.1.2 Escopo do Sistema de Transporte

O transporte, para a maioria das organizações, é a atividade logística mais importante,

simplesmente porque absorve, em média, de um a dois terços dos custos logístico. Nenhuma

empresa moderna pode operar sem providenciar a movimentação de suas matérias-primas ou

de seus produtos acabados. O transporte é considerado um elemento muito importante para a

economia, se não o mais importante do custo logístico das empresas.

Tipos de Modais

Para Pozo (2004), “os sistemas básicos de transportes para carga, os quais são considerados pelos agentes de transportadores e associações de exportador, são cinco: ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e aeroviário. A importância desses modelos de transportes varia com o tempo é explicada de acordo com sua carga”:

Page 5: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

5

� Ferroviário: é um sistema de transporte lento, de matérias-primas ou manufaturados,

porém, de baixo valor para longas distâncias.

� Rodoviário: serviços de rotas curtas de produtos acabados ou semi-acabados; oferece

entregas razoavelmente mais rápidas e confiáveis de cargas parceladas. Assim, é o

sistema mais competitivo no mercado de pequenas cargas.

� Aeroviário: apesar de um transporte caro, sua vantagem se dá por sua velocidade

principalmente em longas distâncias, sem calcular o tempo de coleta e entrega e

também o manuseio no solo. Sua vantagem em termos de perdas e danos é bastante

segura, não há necessidade de reforços e embalagens, desde que o trecho terrestre não

exponha a carga e que no aeroporto elas não estejam sujeitas a roubos.

� Hidroviário: a disponibilidade e confiabilidade são fortemente influenciadas pelas

condições meteorológicas. Além de manusear mercadorias a granel, esse meio de

transporte também leva bens de alto valor, principalmente operadores internacionais,

que costumam transportar em contêineres.

� Dutoviário: transporte de fluidos por tubulações; sua movimentação é bastante lenta,

mas a lentidão é compensada pelas 24 horas por dia de trabalho sem descanso; fatores

meteorológicos não são significativos.

No Brasil, a utilização dos modais de transporte está distribuída de acordo com

a Figura 2:

57,50%21,20%

17,40%

3,50% 0,40%

Rodoviario

Ferroviario

Hidroviario

Dutoviario

Aeroviario

Figura 2: Gráfico de utilização dos modais de transporte no Brasil. Fonte: Pozo (2004) adaptado pelos autores

Page 6: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

6

2 Logística Reversa

Para Leite (2003), do ponto de vista operacional, a logística reversa é entendida como

a movimentação de mercadorias no sentido contrário do fluxo de abastecimento do mercado

consumidor.

Conceitualmente, ela acaba por integrar-se em vários processos, como no

desenvolvimento de produtos, na relação com os fornecedores, no processo de aquisição e de

manufatura, na comercialização e no descarte, no sentido de evitar ou minimizar os prováveis

efeitos negativos ao meio ambiente, aos negócios, às pessoas a até ao país.

Dentro da perspectiva do negócio a logística reversa, refere-se como um processo

dentro da cadeia de valor que tem como função principal a devolução ao ponto de origem de

materiais ou produtos acabados. Relaciona-se com a importância da redução de energia na

reutilização de materiais ou na reciclagem destes, no tratamento de resíduos, na substituição

ou no conserto de mercadorias. (CHOPRA; MEINDL, 2003).

A logística reversa, por meio de sistemas operacionais diferentes em cada categoria de

fluxos, tem como objetivo tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais

constituintes ao ciclo produtivo ou de negócio, agregando: valor ecológico, legal e de

localização ao planejar as redes reversas. A tabela 1 apresentada abaixo, ilustra os diferentes

tipos de fluxos logísticos.

Fluxos diretos

� Com fornecedores (fornecimento de materiais e de componentes)

� Com clientes (produtos, peças de reposição, materiais promocionais

e de propaganda).

Fluxos reversos

� Com fornecedores (embalagens, reparo).

� Com fabricantes (eliminação, reciclagem).

� Com clientes (excesso de estoque, reparos).

Tabela 1: Fonte: Dornier et (2000) apud Leite (2003), adaptado pelos próprios autores.

Page 7: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

7

2.2.1 Norma ISO 14000:2004

O mercado global está assumindo a responsabilidade de proteger o meio ambiente, não

apenas para ganhar a confiança dos clientes, mas também para entender e atender as

exigências das principais normas ambientais.

A norma ISO 14000 é uma ferramenta que auxilia as organizações a identificar,

gerenciar e priorizar seus riscos ambientais. A norma faz com que as empresas dêem uma

maior atenção ás questões relacionadas ao meio ambiente e exige o comprometimento com a

prevenção da poluição e com os programas de melhorias.

Para Donato (2008), a referida norma colocou a questão ambiental na agenda da alta

administração das empresas e levou o tema meio ambiente aos colaboradores de todos os

níveis, forçando as empresas a investir nos processos com vista à melhoria contínua e

provocou um efeito-cascata na cadeia produtiva, com fornecedores de empresas certificadas

sendo obrigadas, por força do mercado, a também implantar o Sistema de Gestão Ambiental.

Na logística com enfoque ambiental, o cumprimento ás normas vigentes, as exigências

ambientais e as normas ISO 14000 são consideradas primordiais, visto que decisões passam a

ser estratégicas para as empresas.

Segue abaixo um comparativo entre as principais características estratégicas numa

tomada de decisão entre a logística convencional e a logística com enfoque ambiental,

conforme a Tabela 2:

Tomada de

Decisões

Logística

Convencional

Itens Adicionados na Logística com

Enfoque Ambiental

Estratégia

de estoques

- níveis de estoques

- disposição de estoques

- métodos de controle

- sucateamento, desperdício e refugo de

materiais.

- obsolescência e sobra de estoques

- consumo de energia

- reciclagem dos materiais

impacto ambiental das falhas de

processo

Page 8: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

8

Estratégia

de localização

- número, tamanho e localização

das instalações.

- designação de pontos de

estocagem para os pontos de

fornecimento

- armazenagem pública ou

privada

- eficiência energética

- impacto ambiental da localização

- desenvolvimento de fornecedores

dentro das praticas ambientais

- impacto ambiental do gerenciamento

de projetos

- minimização da energia consumida na

distribuição

Estratégia

de transportes

- modais de transportes

- roteirização / programação do

transportador

- tamanho / consolidação do

transporte

- redução do consumo de energia com o

transporte

- poluição por emissão de gases

- reciclagem de materiais utilizados

para a embalagem e transporte

- poluição causada por transportes

freqüentes

- congestionamentos

- logística reversa para retorno de

embalagem e descarte do material após

sua vida útil.

Tabela 2: Fonte: LEITE (2003), adaptado pelos próprios autores.

2.2.1 Histórico da Logística Verde ou Ecologística

Para Donato (2008), o movimento da Ecologística também conhecida como Logística

Verde surgiu no início do século XXI, onde vários fatores foram observados, dando início a

este novo conceito:

• A crescente poluição ambiental decorrente da emissão dos gases gerados pela

combustão incompleta dos combustíveis fósseis durante os diversos sistemas de

transporte;

• A crescente contaminação dos recursos naturais como conseqüência de cargas

desprotegidas, tais como: caminhões com produtos químicos que se acidentam e

contaminam rios e navios petroleiros que contaminam os oceanos;

• A necessidade de desenvolvimento de projetos adequados à efetiva necessidade do

produto contido, de forma a evitar que as ações geradas pelo transporte ou

Page 9: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

9

armazenagem não causem avarias à embalagem de produto químico, petroquímico,

defensivo agrícola e farmacêutico.

As operações logísticas na atualidade são conduzidas por pressões ambientais severas,

contudo, empresas incentivadas pelas Normas da série ISO 14000:2004 preocupadas com

a gestão ambiental estão criando uma nova área na logística que é a Ecologística, e

começam a destinar para reciclar os produtos resultantes de seus processos produtivos que

antes eram ou lançados no meio ambiente ou queimados a céu aberto, como por exemplo:

pneus, óleo lubrificantes, bateria veicular e estacionária, água de lavagem de frotas etc.,

que passaram a se destacar como matéria-prima e deixaram de ser tratadas como lixo.

Dessa forma, observa-se o fenômeno da logística reversa no processo de reciclagem,

uma vez que alguns desses materiais retornam aos diferentes centros produtivos em forma

de matéria-prima.

Para Leite (2008), empresas modernas utilizam-se da logística reversa, diretamente ou

por meio de terceirização com empresas especializadas, como forma de ganho de

competitividade no mercado, conforme mostra os dados da Figura 3 que apresenta os

motivos estratégicos para as empresas operarem os canais reversos - extraída de recente

pesquisa realizada nos Estados Unidos em empresas de diversos setores.

Motivos estratégicos para as empresas operarem os canais

reversos

65%

33%

29%

28%

27%Aumento de competitividade

Limpeza de canal-estoque

Respeito às legislações

Revalorização econômica

Recuperação de ativos

Figura 3: Rogger e Tibben-Lembke (1999). apud. Leite (2008) – adaptado pelos autores.

Page 10: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

10

Segundo Donato (2008), pode-se afirmar que a Ecologística utiliza a logística reversa

como ferramenta operacional, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos

resíduos na esfera produtiva e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do Ciclo

de Vida dos Produtos, já que a logística reversa viabiliza a devolução para a produção as

matérias-primas que serão reaproveitadas.

2.3 Aspectos e Impactos Ambientais da Atividade Logística

Preocupadas com as questões ambientais, as empresas estão cada vez mais adotando

políticas de Desenvolvimento Sustentável (DS) – para as organizações as atividades

empresariais logísticas devem incorporar tecnologias para uma produção limpa.

Durante a atividade logística são gerados alguns resíduos não-inertes que necessitam

de disposições adequadas; áreas de disposições e triagem devem ser devidamente

monitoradas, assegurando a não contaminação do solo e lençóis freáticos. A destinação de

resíduos sólidos deve ser feita por empresas especializadas e licenciadas por órgão ambiental,

com encaminhamento destes resíduos principalmente para reciclagem.

As empresas devem investir no uso racional de recursos e no controle das emissões

atmosféricas e na redução da geração de resíduos tanto líquidos como sólidos, reduzindo os

impactos negativos do processo logístico sobre o meio ambiente. (DONATO 2008)

As organizações de classe mundial que implantaram o DS – atingiram um índice

significativo no Desenvolvimento Logístico Sustentável. O principal objetivo da implantação

de DS é contribuir para que as empresas cresçam sem causar impactos ambientais.

A definição jurídica de impacto ambiental no Brasil vem expressa no art. 1º da

Resolução nº. 001, de 1986 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, nos

seguintes termos: (Brasil - Resolução CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Publicada no

DOU, de 17 de fevereiro de 1986, Seção 1, páginas 2548-2549).

“Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais”.

Page 11: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

11

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para realização deste trabalho utilizou-se da metodologia de pesquisa bibliográfica,

conforme classificação de Lakatos (2002), a pesquisa bibliográfica, ou fontes secundárias,

abrange a bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo.

De acordo com Mattar (2005), essa técnica representa uma das formas mais rápidas e

econômicas de amadurecer ou aprofundar um problema de pesquisa; por meio do

conhecimento dos trabalhos já realizados por outros pesquisadores. Foram realizados

levantamentos em livros, periódicos, artigos, textos para discussões e consultas entre outros, e

assim, obter dados que sustentam o objetivo deste trabalho, qual seja evidenciar os aspectos

ambientais da Ecologística também conhecida como Logística Verde, bem como suas

vantagens e desvantagens na cadeia de transportes modais e descrever com um enfoque

ambiental suas particularidades.

3.2 ESTUDO DE CASO

3.2.1 Case: Unilever do Brasil

Para Adeodato (2003), o transporte de carga incorpora uma nova e complexa variável

que vai além da redução de custos, segurança ou rapidez na entrega. Cifrões, mapas de rota e

medidas como quilometragem, peso e volume dividem espaço nas planilhas de logística com

enfoque ambiental com uma conta típica dos tempos modernos: a quantidade de gases do

efeito estufa liberada pelos veículos; o mercado exige a matemática ambiental. Muitas

empresas têm feito da logística ambiental uma arma estratégica em seu planejamento de

negócio e de acordo com especialistas, a área da Ecologística vem sendo considerada como

um elemento de suma importância no planejamento estratégico das organizações.

• Ações Ambientais na área Logística da Unilever do Brasil.

Na Unilever do Brasil o fluxo de mercadorias é mapeado com seus valores para

permitir a definição de um cronograma que prevê o tempo de carga e descarga e a duração dos

percursos - tudo programado por computador. Aproveita-se ao máximo a capacidade dos

veículos, tendo como resultado a redução da quantidade de viagens, que passaram de 18.731

para 16.319 anuais após o início do esquema. Em 2008, a companhia deixou de emitir 2.400

Page 12: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

12

toneladas de dióxido de carbono por conta do novo procedimento, expandindo para as

operações com fornecedores de matéria-prima. O compromisso ambiental também no

transporte já é um item de satisfação do consumidor. Ressalta-se que o esforço não se reduz

ao planejamento da logística - inclui também o desenvolvimento de novos produtos e

embalagens capazes de reduzir custos, e emissões de gases-estufa na sua distribuição. É o

caso do amaciante de roupas concentrado, lançado em 2008, para reduzir o consumo de água

nas lavagens e o tamanho das embalagens. Além de empregar menos matéria-prima de fontes

não renováveis e diminuir o volume de lixo após o consumo, o produto ocupa menos espaço

nos caminhões, o que implica menos liberação de gases poluentes para transportá-lo. A nova

versão do amaciante proporcionou economia de quase 2 mil viagens de caminhão por ano - ou

seja, uma redução de combustível em torno de 67%. Em 2005, ao diminuir em um décimo o

tamanho da embalagem clássica de sabão em pó, que passou a ter formato horizontal, a

empresa conseguiu colocar 6% mais produtos nos caminhões. São ações como essas que

contribuíram para a companhia atingir a meta global de reduzir em 25% os gases do efeito

estufa até 2012, em comparação aos índices de 2004. No Brasil, entre 2004 e 2008, a

diminuição de dióxido de carbono foi de 59%.Referente à emissão de CO2 a empresa Unilever

cumpre a meta estabelecida para 2008 e continua contribuindo para atingir a meta global da

companhia, conforme Figura 4:

Figura 4: % de Redução de CO2 Unilever Brasil x Unilever Global - Kg/Ton. Fonte: Adaptado pelos próprios autores.

% Redução de CO2 Unilever Brasil x Unilever Global - Kg/Ton

55,97 51,67

171,75

149,17

109,23121,57

146,77164,58

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

2005 2006 2007 2008

Unilever Brasil

Unilever Global

Page 13: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

13

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Conforme dados disponibilizados pela empresa - todas as unidades fabris da Unilever

desenvolvem dentro do programa de sustentabilidade - uma avaliação por amostragem das

emissões atmosféricas dos caminhões dos fornecedores, para análise da intensidade de fumaça

preta. Quando é detectada alguma irregularidade, a empresa responsável é informada por

meio de um comunicado e deve providenciar a correção.

De acordo com Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a queima

de combustíveis pelo transporte é a terceira maior fonte de poluentes que contribuem para o

aquecimento global, atrás da geração de energia e da produção industrial, conforme Figura 5:

Figura 5: Gráfico Mudanças Climáticas IPCC. Fonte: Adaptado pelos próprios autores.

No Brasil, automóveis, caminhões, navios e aviões representam 9% dos gases-estufa,

perdendo apenas para o desmatamento e mudanças no uso da terra.

O setor de transportes está acordando - os compradores externos olham para a cadeia

de fornecimento com uma visão integrada dando preferência para fornecedores que emitem

menos carbono. A estratégia é comprar de quem está perto, em função de menor emissão de

poluentes com o transporte. A maior distância só se justifica se o valor do frete for

significativamente reduzido, pois a poluição significa custo e o carbono é mais um item

considerado nas políticas de compras sustentáveis. A tendência ganha força em países que

assumiram metas para reduzir gazes do efeito estufa no Protocolo de Kyoto - além da

regulação imposta pelos governos, com regras para evitar emissões, o tema transformou-se

em instrumento de mercado. Como efeito-dominó, está presente não apenas nos planos

estratégicos e de sustentabilidade das indústrias, envolve também o setor de transporte de

Mudanças Climaticas - IPCC

14%

21%

17%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Queima de combustível pelo

transporte

Geração Energia

Produção Industrial

Page 14: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

14

carga. O país tem 44% de sua frota com mais de 20 anos de uso e a situação é crítica porque

os caminhões velhos poluem dez vezes mais. O transporte rodoviário é responsável por 63,8%

das emissões de dióxido de carbono no município de São Paulo.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que o conceito de logística verde ou ecologística está aí como ferramenta

operacional, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos resíduos na esfera da

produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do ciclo de vida dos

produtos. O maior empecilho para as empresas é o fato de uma gestão ambiental eficiente

gerar grandes custos; deve-se atentar que o descumprimento das normas impostas pelos

órgãos fiscalizadores quase sempre acaba se transformando em multas pesadas. As decisões

de destinação, armazenamento e principalmente de transporte de produtos e/ou resíduos são

interdependentes e devem ser tomadas visando à redução dos custos globais e ao mesmo

tempo cumprir as exigências ambientais. O efeito de uma responsabilidade ambiental

eficiente dentro da área logística cria para as organizações novas oportunidades empresariais e

profissionais, aumentando não só a qualidade de vida da população, mas a competitividade

dos seus produtos no mercado.

Page 15: Tcc ecologistica nalba angélica 2009

15

REFERENCIAS ADEODATO, Sergio: Logística Verde. Disponível em: <http://www.fatorambiental.com.br/portal/index.php/2009/08/03/logistica-verde/> - acesso em 22/08/09. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimento/Logística Empresarial; tradução Raul Rubenich. 5ª ed. Porto Alegre. Bookman, 2006. BOWERSOX, D CLOSS, D. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 2001. BRASIL - Resolução CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Publicada no DOU, de 17 de fevereiro de 1986, Seção 1, páginas 2548-2549. CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. DONATO, Vitório, Logística Verde. Uma Abordagem Sócio-ambiental. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS, ISO 14000. Disponível em: <http://www.softexpert.com.br/norma-iso14000.php> - acesso em 22/08/09. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Mariana de Andrade. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas. 2002. LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. MATTAR, Fauze Najib, Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais - Uma Abordagem Logística. São Paulo: Atlas, 2004. WOOD JR., T., Zuffo. apud. LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. p. 1-15