25
UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS - FACE ALEXANDER CORREIA MARQUES MÉTODOS HÍBRIDOS: Unificando o framework SCRUM e guia o PMBOK para uma gestão ágil de projetos Belo Horizonte 2015

Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

UNIVERSIDADE FUMEC

FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS - FACE

ALEXANDER CORREIA MARQUES

MÉTODOS HÍBRIDOS:

Unificando o framework SCRUM e guia o PMBOK para uma gestão ágil de projetos

Belo Horizonte

2015

Page 2: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

ALEXANDER CORREIA MARQUES

MÉTODOS HÍBRIDOS:

Unificando o framework SCRUM e o guia PMBOK para uma gestão ágil de projetos

Artigo Científico apresentado à UNIVER-SIDADE FUMEC como requisito parcial para obtenção do certificado de Especia-

lista em Gerenciamento Estratégico de Projetos Orientador: Prof. Renato Ávila Soares

Souza

Belo Horizonte

2015

Page 3: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

RESUMO

O termo projetos é caracterizado por incertezas e mudanças. Com isso, é im-

portante se preocupar com o seu gerenciamento. Cada dia que passa, as organiza-

ções possuem a necessidade de resultados mais ágeis. Mesmo possuindo diferentes características e níveis de maturidade, a maioria tem dificuldade em ge-renciar projetos. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi a utilização de uma técni-

ca única de gerenciamento de projetos. Para tanto, utilizou-se um estudo bibliográfico das abordagens PMBOK e SCRUM. A coleta de informações foi reali-zada através de um levantamento bibliográfico e os resultados obtidos mostram que

a implementação de uma metodologia ágil de gestão de projetos pode ajudar uma organização a controlar melhor suas entregas, burocratizar menos os projetos e, a-lém disso, gerar mais valor aos seus clientes.

Palavras-chave: Gerenciamento de Projetos. PMBOK. SCRUM.

ABSTRACT

The term projects is characterized by uncertainty and change. Thus, it is im-

supporting worry about their management. Each day that passes, organizes tions have the need for more agile results. Even with difference-ing characteristics and ma-turity levels, most have difficulty managing projects. Thus, the aim of this study was

the use of a single technical project management. For this, we used a bibliographic study of PMBOK and SCRUM approaches. Data collection was conducted through a literature review and the results show that the implementation of an agile project

management can help an organization better control your deliveries, less bureaucra-tized projects and also generate more value to its customers.

Keywords: Project Management. PMBOK. SCRUM.

Page 4: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

3

1. INTRODUÇÃO

Gerenciar projetos que estejam dentro do orçamento, prazo e qualidade, e que

atendam as necessidades e os objetivos dos clientes são grandes desafios que te-

mos atualmente. Muitos fatores existentes fazem com que vários projetos não te-

nham o sucesso esperado.

O PMI possui um guia de gerenciamento de projetos que é atualmente um dos

mais utilizados no mundo, porém, muitas pessoas se queixam desse guia ser muito

engessado e complexo. Já o SCRUM é um framework leve para desenvolver e man-

ter produtos complexos, além de ser muito utilizado na área de desenvolvimento de

software. Todavia não possui quase nenhuma formalização e por conta disso não

possui muita aceitação dos clientes envolvidos nesse tipo de projeto.

Os métodos utilizados nesse trabalho são uma pesquisa bibliográfica e um estu-

do sobre o gerenciamento ágil em projetos, usando o método tradicional do guia do

PMI e o framework SCRUM.

O trabalho proposto permite explorar o que melhor existe nas duas técnicas com

objetivo de unificar o gerenciamento de projetos e entregar para o cliente o que de

fato ele considera como importante. Os meios para atingir o objetivo serão discutidos

ao longo deste trabalho.

2. PROJETO

Nas empresas e em nossas vidas pessoais, utilizamos e ouvimos falar cons-

tantemente a palavra projeto. Temos a necessidade de utilizá-la, pois, a todo o mo-

mento buscamos atingir um objetivo no qual não é possível alcançá-lo sem que haja

um esforço. Segundo o PMI (2013, p.03)1, “Projeto é um esforço temporário empre-

endido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza dos proje-

tos indica que eles têm um início e um término definidos.”

Para Cruz (2013), os projetos não possuem duração fixa.

Um projeto pode ter duração de horas, semanas ou anos, além de não haver restrições para pessoas envolvidas ou recursos alocados. Um projeto pode ser: A criação de um novo sistema de tecnologia da

1 Project Management Institute, Inc, Um guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia

PMBOK), elaborado após consenso de voluntários por meio de um processo para o desenvolvimento desses padrões. Neste artigo será utilizado PMI como referência ao Guia PMBOK.

Page 5: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

4

informação; A concepção de um novo modelo de automóvel; Uma pesquisa para o desenvolvimento de um novo medicamento; O lan-çamento de uma nova campanha de marketing. (CRUZ, 2013, p.02).

2.1. Gerenciamento de projetos

De acordo com Kerzner (2007, p15),”A gestão de projetos pode ser definida

como o planejamento, a programação e o controle de uma série de tarefas integra-

das de forma a atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos participantes do

projeto”. Para o PMI (2013, p.06), o gerenciamento de um projeto inclui, mas não se

limita a:

Identificação dos requisitos;

Tratamento das diferentes necessidades, preocupações e expectativas

das partes interessadas no planejamento e execução do projeto;

Estabelecimento, manutenção e execução de comunicações ativas, e-

ficazes e colaborativas entre as partes interessadas;

Gerenciamento das partes interessadas visando o atendimento aos re-

quisitos do projeto e a criação das suas entregas;

Equilíbrio das restrições conflitantes do projeto que incluem, mas não

se restringem a:

o Escopo;

o Qualidade;

o Cronograma;

o Orçamento;

o Recursos;

o Riscos.

Segundo Cruz (2013, p11), “O gerenciamento de projetos é a aplicação con-

trolada e coordenada de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas aos

eventos do projeto a fim de atingir seus objetivos”.

2.2. Ciclo de vida e fases em gerenciamento de projetos

De acordo com o PMI (2013), no início de um projeto os níveis de custo e

pessoal são baixos, todavia, atingem um valor máximo enquanto o projeto é execu-

tado e caem de forma acelerada quando o projeto é finalizado. Os projetos possuem

Page 6: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

5

diferentes características, tamanhos e complexidades, porém podem ser definidos

em uma estrutura genérica apresentada na figura 01.

Figura 01 – Níveis típicos de custo e pessoal em toda estrutura genérica do ciclo de

vida de um projeto

Fonte: PMI, 2013, p.39

De acordo com o PMI (2013), os riscos e incertezas são maiores no início do

projeto. A medida que ocorrem entregas e decisões são tomadas esse risco diminui.

Já o custo de mudanças nos projetos é menor no início e aumenta gradativamente

ao longo do projeto. Na figura 02 é possível ver tal variação.

Figura 02 – Impacto de variável com base no tempo do projeto

Fonte: PMI, 2013, p.40

Page 7: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

6

De acordo com Rita (2009), para o gerenciamento nos pequenos projetos uti-

lizam-se os processos de iniciação, planejamento, execução, controle e monitora-

mente e encerramento. Todavia, em grandes projetos se faz necessária a divisão em

fases, onde o processo pode ser repetido diversas vezes. Portanto, a medida que

uma fase é realizada, executam-se todas as etapas do processo, desde a iniciação

até o encerramento. Após a finalização, passa-se para a fase seguinte e executa-se

o processo até o término de todas as fases.

Segundo o PMI (2013, p.42), “não existe uma estrutura ideal que pode ser a-

plicada a todos os projetos. Embora práticas comuns no setor normalmente levem à

utilização de uma estrutura preferida. Na figura 03 é apresentado um exemplo de

projeto com uma única fase”.

Figura 03 – Exemplo de projeto com fase única

Fonte: PMI, 2013, p.42

Conforme o PMI (2013), quando os projetos têm várias fases, estas são par-

tes, em geral, de um processo sequencial projetado para garantir um controle ade-

quado do projeto e obter o produto, serviço ou resultado desejado. Na figura 04 é

apresentado um projeto contendo mais de uma fase de forma sequencial.

Page 8: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

7

Figura 04 – Exemplo de projeto com três fases

Fonte: PMI, 2013, p.43

2.2.1. Ciclo de vida iterativo e incremental

Segundo o PMI (2013, p.45), “Ciclos de vida iterativos e incrementais são a-

queles em que a fase do projeto (também chamada de iterações) intencionalmente

repete uma ou mais atividades de projeto à medida que a compreensão do produto

pela equipe do projeto aumenta.”

Ainda de acordo com o PMI (2013), é desenvolvida uma visão de alto nível

sobre o produto ou serviço. Contudo, o escopo é detalhado e elabora uma iteração

de cada vez, permitindo que ocorram diversas entregas e que se somadas resultam

na entrega total do projeto. Este tipo de ciclo é normalmente utilizado quando se tem

muitas mudanças no objetivo e escopo do projeto e quando as entregas realizadas

às partes interessadas por cada iteração são benéficas e geram valor ao negócio.

Para Cruz (2013, p.17), “o incremental vem exatamente do fato que, a cada

entrega (final da fase), o produto ganha mais um pedaço e vai crescendo e sendo

incrementado com mais valor, até que se torne um produto completo”.

2.2.2. Ciclo de vida adaptativo

Segundo Cruz (2013), o ciclo de vida adaptativo também é iterativo e incre-

mental, porém se diferencia pelo fato de possuir iterações bem mais rápidas com

tempo e custo fixo. O PMI da importância para este tipo de ciclo cada vez mais usu-

al. De acordo com o PMI (2013, p.46),”os métodos adaptativos geralmente são pre-

feridos quando se lida com um ambiente de rápida mutação, quando os requisitos e

escopo são difíceis de definir antecipadamente, e quando é possível definir peque-

nas melhorias incrementais que entregarão valor às partes interessadas.” Para o

Page 9: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

8

PMI (2013), o intuito deste ciclo é manter as partes interessadas mais altamente in-

fluenciadas reduzindo assim o custo com mudanças.

2.3. Maturidade em gestão de projetos

De acordo com KERZNER (2007), todas as empresas atravessam o processo

de maturidade em gerenciamento de projetos e isto precede o estado da arte.

Existem fases do ciclo de vida para a maturidade em gestão de pro-jetos. Praticamente todas as empresas que alcançaram algum grau de maturidade passaram por estas fases. A cultura da organização e a natureza do negócio irão ditar o tempo gasto em cada uma delas. (KERZNER, 2007, p.45).

Na figura 05 são detalhadas as fases do ciclo de vida para a maturidade em

gestão de projetos.

Figura 05 – Ciclo de vida da maturidade

Fonte: KERZNER, 2007, p.45

Segundo Kerzner (2007 p.52), uma empresa que conclui de forma eficiente

todas as fases de maturidade está apta a responder com um “sim” as questões a

seguir:

Sua organização adotou um sistema de gestão de projetos e o utilizou?

Introduziu uma metodologia que conduziu ao sucesso em gestão de

projetos?

Page 10: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

9

Assumiu o sério compromisso com o planejamento ao lançar cada no-

vo projeto?

Minimizou o número de mudanças de escopo mediante o comprometi-

mento com objetivos realistas?

Reconhece que controle de custo e controle de produção são insepa-

ráveis?

Escolheu as pessoas certas para a gestão de projetos?

Os executivos recebem informações em nível de promotor do projeto

em vez de aquelas destinadas aos gerentes de projetos?

Os executivos reforçaram o comprometimento dos gerentes de área e

deram verdadeiro apoio aos seus esforços?

A empresa da mais atenção aos resultados do que aos próprios recur-

sos?

Ela incentiva e recompensa a melhoria na comunicação, cooperação,

trabalho em equipe e confiança?

Os gerentes seniores costumam partilhar o reconhecimento por proje-

tos bem sucedidos com a equipe e com os gerentes de áreas?

A empresa tem por norma concentrar-se na identificação e correção

antecipada, rápida e econômica dos problemas?

Os participantes utilizam software de gestão de projetos mais como

uma ferramenta e não como um substituto do planejamento bem feito e

da comunicação interpessoal?

Sua empresa instituiu um programa de treinamento para todos os fun-

cionários baseado nas experiências aprendidas em projetos?

Ainda segundo Kerzner (2007), o que funciona bem para uma empresa pode

não funcionar bem a outra. As melhores práticas são desenvolvidas internamente

observando o que executou com sucesso e o que tem maior probabilidade de fun-

cionar bem no futuro se for repetido em vários projetos com diversos clientes.

Page 11: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

10

3. Metodologia de Gerenciamento de Projetos

Segundo Xavier et al. (2014, p.163), “uma metodologia é apenas uma dimen-

são do que é necessário para aumentar a maturidade em gerenciamento de proje-

tos. Para tal, devemos: sistematizar o gerenciamento de projetos, programas e

portfólio, abordando as seguintes dimensões: pessoas (capacitação), processos

(metodologia), governança (estrutura política) e tecnologia (software)”.

3.1 PMBOK

O guia do PMI é uma referência na área de gerenciamento de projetos. Ele foi

desenvolvimento por voluntários e o seu conteúdo tem por objetivo ajudar as pesso-

as a gerenciarem projetos utilizando as boas práticas. Para Mogollon (2014), o guia

do PMI é uma ótima referência na gestão de projetos.

Um guia de boas práticas em gerenciamento de projetos é o PMI, pois, ele reúne processos, ferramentas, técnicas e artefatos. Em mui-tos anos tem mostrado a sua eficiência no sucesso de um projeto. Além disto, o PMI conta com uma base de vocabulário que permite o intercambio e a troca de experiência entre os gerentes de projetos que praticam este gerenciamento. (MOGOLLON, 2014)

O PMI possui cinco grupos de processos que abrangem dez áreas de conhe-

cimento. A partir desta união o PMI 5ª edição apresenta 47 processos que são suge-

ridos no gerenciamento de um projeto desde o seu início até o seu encerramento.

De acordo com Cruz (2013, p.22 e 23), de forma resumida as 10 áreas de co-

nhecimento do Guia PMI são:

Gerenciamento da integração do projeto:

É a área para consolidar, articular e integrar desde o início do projeto

até o seu final, gerenciando proativamente as expectativas das partes

interessadas e contribuindo para atender os requisitos do negócio.

Gerenciamento do escopo do projeto:

É a are que controla o que está e ou não incluído no projeto.

Gerenciamento do tempo do projeto:

Page 12: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

11

É a área destinada a controlar o cronograma do projeto, bem como os

esforços necessários para realizar os trabalhos do mesmo, desde o i-

nício até o final das atividades.

Gerenciamento de custo do projeto:

Inclui atividades para controlar estimativas, orçamentos e custos do

projeto.

Gerenciamento de qualidade do projeto:

É a principal área para contribuição da melhoria contínua de procedi-

mentos, metodologias e políticas envolvidas com a realização e o ge-

renciamento de projetos.

Gerenciamento dos recursos humanos do projeto:

Inclui as atividades que organizam e gerenciam a equipe do projeto.

Gerenciamento das comunicações do projeto:

É uma das áreas mais importantes, pois, o gerente de projetos investe

maior parte do seu tempo na comunicação com os membros da equipe

e outras partes interessadas no projeto, tanto internas quanto externas

a organização.

Gerenciamento de riscos do projeto:

É a principal área e maior responsável por aumentar a probabilidade e

o impacto dos eventos positivos, conhecidos como oportunidades, e

por reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos no proje-

to.

Gerenciamento das aquisições do projeto:

É a área responsável por gerenciar e monitorar os contratos do projeto.

Gerenciamento das partes interessadas do projeto:

É a área responsável por manter um diálogo contínuo com os stake-

holders do projeto para atingir suas necessidades e expectativas.

A figura 06 ilustra as áreas de conhecimento, os grupos de processo e os 47

processos existentes no guia PMI.

Page 13: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

12

Figura 06 – Grupo de processos de gerenciamento de projetos e mapeamento das áreas de

conhecimento

Fonte: PMI, 2013, p.61

Page 14: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

13

Para Cruz (2013), o guia PMI é flexível e muito adaptável, pois, o uso dos

processos varia de projeto para projeto, considerando tamanho, complexidade, ex-

tensão, valor e outras variáveis mensuráveis. Contudo, sua aplicação não é simples

e depende de fatores como experiência da equipe e metodologia utilizada.

3.2 SCRUM

O SCRUM é um framework para gerenciamento de projetos que é muito util i-

zado na área de desenvolvimento de software. Todavia, ele é indicado principalmen-

te para o desenvolvimento de qualquer produto, pois, é um framework iterativo e

incremental. De acordo com Cruz, (2013, p.31), “os projetos são divididos em ciclos

repetitivos (iterativos) e curtos, para que possam ser modificados e adaptados para

corrigir os desvios (incrementais). Estes ciclos podem durar de duas a quatro sema-

nas e são chamados de sprints”. Na figura 07 é possível observar o ciclo clássico do

SCRUM.

Figura 07 – Ciclo de desenvolvimento do SCRUM

Fonte: Alan Braz, 2015

Page 15: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

14

Para os criadores do SCRUM, Schwaber e Sutherland (2013, p.3),” o SCRUM

é um framework dentro do qual as pessoas podem tratar e resolver problemas com-

plexos e adaptativos, enquanto produtiva e criativamente entregam produtos com o

mais alto valor possível”. Ainda de acordo com Schwaber e Sutherland (2013), o

SCRUM é definido como um framework leve, simples de entender e extremamente

difícil de dominar. Consistem nos times do SCRUM associados a papéis, eventos,

artefatos e regras.

O SCRUM é fundamentado nas teorias empíricas. Schwaber e Sutherland

(2013) afirmam que

o conhecimento vem da experiência e de tomada de decisões base-adas no que é conhecido. O SCRUM emprega uma abordagem itera-tiva e incremental para aperfeiçoar a previsibilidade e o controle de

riscos. (SCHWABER; SUTHERLAND, 2013, p.4).

De acordo com Schwaber e Sutherland (2013, p.4), três pilares apoiam o con-

trole de processos empírico: transparência, inspeção e adaptação.

Transparência: Aspectos significativos devem estar visíveis aos res-

ponsáveis pelos resultados. Esta transparência requer aspectos defini-

dos por um padrão comum para que os observadores compartilhem um

mesmo entendimento do que está sendo visto;

Inspeção: Os usuários SCRUM devem, frequentemente, verificar os ar-

tefatos SCRUM e o progresso em direção a detectar variações. Esta

inspeção não deve, no entanto, ser tão frequente que atrapalhe a pró-

pria execução das tarefas;

Adaptação: Se um inspetor determina que um ou mais aspectos de um

processo desviou para fora dos limites aceitáveis, e que o produto re-

sultado será inaceitável, o processo ou o material sendo produzido de-

ve ser ajustado;

O time SCRUM é composto por: product owner, time de desenvolvimento e

scrum master. Segundo Schwaber e Sutherland (2013), o produtct owner é o res-

ponsável por maximizar o valor do produto ou do trabalho. Ele gerencia o backlog do

produto e tem a visão geral do produto a ser concebido. O time de desenvolvimento

é composto por pessoas auto-organizadas e responsáveis por transformar o backlog

do produto em incrementos de funcionalidades potencialmente utilizáveis. O SCRUM

Page 16: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

15

master é o responsável por garantir que o SCRUM seja entendido e executado. A-

lém disso, ele trabalha para o time de desenvolvimento ajudando a remover impedi-

mentos e para o product owner encontrar técnicas de facilitação no gerenciamento

efetivo do backlog do produto.

De acordo com Schwaber e Sutherland (2013), há eventos e artefatos no

SCRUM usados para criar uma rotina, minimizar a necessidade de reuniões não

planejadas e fornecer transparência e oportunidades para inspeção e adaptação. Os

eventos e artefatos são listados no quadro 01.

Quadro 01 – Eventos e Artefatos do SCRUM

Eventos e Artefatos

SCRUM Propósito Regras

Sprint

Time-boxed de 1 mês ou

menos, durante o qual um

pronto versão incremental

potencialmente utilizável do

produto, é criado

Não são feitas mudanças que possam

por em perigo o objetivo da Sprint;

As metas de qualidade não diminu-

em;

O escopo pode ser clarificado e rene-

gociado entre o Product Owner e o

Time de Desenvolvimento quanto

mais for aprendido.

Reunião de planeja-

mento

O trabalho a ser realizado na

Sprint é planejado na reunião

de planejamento da Sprint.

Este plano é criado com o

trabalho colaborativo de todo

o Time SCRUM

Responde as seguintes questões:

Qual o objetivo da sprint?

O que pode ser entregue como re-

sultado do incremento da próxima

sprint;

Como o trabalho necessário para

entregar o incremento será reali-

zado?

Reunião Diária

A Reunião Diária do SCRUM

é um evento time-boxed de

15 minutos, para que o Time

de Desenvolvimento possa

sincronizar as atividades e

criar um plano para as pró-

ximas 24 horas. Esta reunião

é feita para inspecionar o

Durante a reunião os membros do Time de

Desenvolvimento esclarecem:

O que eu fiz ontem que ajudou o

Time de Desenvolvimento a aten-

der a meta da Sprint?

O que eu farei hoje para ajudar o

Time de Desenvolvimento atender

a meta da Sprint?

Page 17: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

16

trabalho desde a última reu-

nião diária, e prever o traba-

lho que deverá ser feito

antes da próxima reunião di-

ária

Eu vejo algum obstáculo que im-

peça a mim ou o Time de Desen-

volvimento no atendimento da

meta da sprint

Revisão da Sprint

A revisão da sprint é execu-

tada no final da sprint para

inspecionar o incremento e

adaptar o Backlog do Produ-

to se necessário.

A reunião de revisão inclui os seguintes

elementos:

Os participantes incluem o Time

SCRUM e os Stakeholders chaves

convidados pelo Product Owner;

O Product Owner esclarece quais

itens do Backlog do produto foram

“Prontos” e quais não foram “Pron-

tos”;

O Product Owner discute o Bac-

klog do Produto tal como está. Ele

(ou ela) projeta as prováveis datas

de conclusão baseado no progres-

so até a data (se necessário);

O grupo todo colabora sobre o que

fazer a seguir, e é assim que a

Reunião de Revisão da Sprint for-

nece valiosas entradas para a Re-

união de Planejamento da próxima

Sprint;

Retrospectiva da Sprint

A retrospectiva da sprint é

uma oportunidade para o

Time SCRUM inspecionar a

si próprio e criar um plano

para melhorias a serem apli-

cadas na próxima Sprint

O propósito da retrospectiva da sprint é:

Inspecionar como a última Sprint

foi em relação às pessoas, aos re-

lacionamentos, aos

processos e às ferramentas;

Identificar e ordenar os principais

itens que foram bem e as potenci-

ais melhorias;

Criar um plano para implementar

melhorias no modo que o Time

SCRUM faz seu trabalho

Page 18: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

17

Backlog do produto O Backlog do Produto é uma

lista ordenada de tudo que

deve ser necessário no pro-

duto, e é uma origem única

dos requisitos para qualquer

mudança a ser feita no pro-

duto

O Backlog do Produto lista todas as carac-

terísticas, funções, requisitos, melhorias e

correções que formam as mudanças que

devem ser feitas no produto nas futuras

versões. Os itens do Backlog do Produto

possuem os atributos de descrição, ordem,

estimativa e valor.

Backlog da sprint

O Backlog da Sprint é um

conjunto de itens do Backlog

do Produto selecionados pa-

ra a Sprint, juntamente com

o plano para entregar o in-

cremento do produto e atingir

o objetivo da Sprint.

Conforme o trabalho é realizado ou com-

pletado, a estimativa do trabalho restante é

atualizada. Quando elementos do plano

são considerados desnecessários, eles

são removidos. Somente o Time de De-

senvolvimento pode alterar o Backlog da

Sprint durante a

Sprint. O Backlog da Sprint é altamente vi-

sível, uma imagem em tempo real do tra-

balho que o Time de Desenvolvimento

planeja completar durante a Sprint, e per-

tence exclusivamente ao Time de Desen-

volvimento.

História de usuário Identificar requisitos de ma-

neira simples.

Utilizar informações como: Quem? O que?

Aonde?

Ex.: Como um [ator] eu quero [ação] para

[funcionalidade].

Fonte: Schwaber e Sutherland, 2013, p.12 a 15 (adaptado)

4 UNINDO PMBOK X SCRUM

De acordo com CRUZ (2013, p.46), “o objetivo principal entre o SCRUM e o

guia do PMI é evidenciar de uma forma que se torne natural como uma etapa de um

pode se encaixar em uma fase de outro, sem forçar a barra”. O SCRUM pode ser a-

plicado a qualquer projeto que busque o gerenciamento ágil, desde que ele seja a

engrenagem principal.

Page 19: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

18

4.1 Iniciação e planejamento

Segundo Cruz (2013), no primeiro momento é importante a utilização dos pro-

cessos do guia PMI para iniciar um projeto. Os clientes não abrem mão de uma for-

malização inicial, principalmente projetos grandes e complexos. Para isso são

utilizadas técnicas descritas no PMI, tais como:

o TAP (Termo de Abertura do Projeto);

o Identificação das partes interessadas;

o Desenvolvimento do plano do projeto;

o Criação do plano de gerenciamento comunicação;

o Criação do plano de gerenciamento de riscos;

o Criação do plano de gerenciamento qualidade;

o Criação do plano de gerenciamento aquisições;

o Criação do plano de gerenciamento das partes interessadas;

o Criação do plano de gerenciamento do escopo.

Vale ressaltar que os papéis do gerente de projetos, product owner, scrum

master e time de desenvolvimento participam desta fase inicial de planejamento do

projeto e utilizam técnicas do SCRUM, principalmente no plano de comunicação,

como por exemplo, a utilização no projeto do quadro kanban, a realização dos even-

tos de revisão e retrospectiva e a proximidade da equipe para interações de desen-

volvimento do projeto.

De acordo com Cruz (2013), o product owner realiza o levantamento das his-

tórias com os clientes, com o objetivo de coletar e definir o escopo do projeto. Neste

primeiro momento o importante é detalhar as histórias das sprints mais próximas e

que mais geram valor ao cliente. Os pacotes de trabalho levantados fornecem insu-

mos para a criação da EAP (Estrutura Analítica do Projeto), que é uma das ferra-

mentas gráficas mais utilizadas para visualização dos entregáveis do projeto.

Ao final deste levantamento, é definido o time e a quantidade de sprints ne-

cessárias para a execução do trabalho e utilizam-se os processos da área de geren-

ciamento de recursos humanos do PMI. Por fim é gerado o backlog e apresentado

as entregas à equipe do projeto. Na figura 08 é demonstrado o processo de levan-

tamento do escopo.

Page 20: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

19

Figura 08 – Processo de levantamento do escopo

Fonte: Criado pelo autor

4.2 Execução

Para Schwaber e Sutherland (2013), após apresentar o backlog do produto ao

time, é priorizada a sprint inicial, preparado o ambiente e definido o conceito de pron-

to. Esse último é uma combinação para esclarecer de fato o que é considerado pron-

to para a equipe do projeto na conclusão de uma história. O product owner

apresenta para o time o backlog contendo as histórias priorizadas referente às pró-

ximas entregas. Cabe ao time realizar a estimativa de esforço necessário para con-

clusão destas histórias, comprometendo-se com as entregas e ao final quebrar as

histórias em tarefas menores e mais fáceis de serem desenvolvidas.

De acordo com Cruz (2013), para gerenciar as entregas do projeto é sugerido

o detalhamento do cronograma definido no quadro 02.

Id. Cronograma Data inicial Data Final

01 Reuniões de detalhamento de requisitos (itens de backlog)

realizados antes da Sprint para definição do escopo

DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA

02 Período de aprovação do escopo pelo cliente DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA

03 Próxima Sprint (História1, História 2, História 3) DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA

04 Finalização da Sprint DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA

05 Reunião de revisão da sprint com o cliente DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA

06 Período de testes de validação e aceite do cliente DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA

07 Período de entrega do produto validado e aceito DD/MM/AAAA DD/MM/AAAA

Fonte: Cruz, 2013, p.26 (adaptado)

Page 21: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

20

Segundo Cruz, (2013), a execução da sprint consiste em utilizar um quadro

de tarefas, inserindo as histórias na primeira coluna, as tarefas na segunda, seguido

pelas colunas: a fazer, fazendo e feito. Os integrantes do time pegam as tarefas lo-

calizadas na coluna a fazer e as colocam na coluna fazendo. Assim que todas as a-

tividades forem concluídas, elas devem ser movidas para a coluna feito. Ao final da

sprint o objetivo é ter todas as tarefas de todas as histórias posicionadas na coluna

feito. Na figura 09 é possível visualizar o quadro de tarefas.

Figura 09 – Quadro de Tarefas

Fonte: Cruz, 2013, p.218

4.3 Monitoramento

De acordo com o guia do PMI (2013), o monitoramente contínuo do projeto

deve fornecer a equipe do projeto uma compreensão clara da saúde do mesmo.

Cruz (2013) destaca que o SCRUM sugere que o quadro de tarefas seja atualizado

diariamente. Além disso, a reunião diária de 15 minutos proporciona ao time uma

Page 22: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

21

inspeção de progresso na direção da meta da sprint. Uma forma de monitoramento

importante do projeto é a reunião de retrospectiva.

Segundo Cruz (2013), a reunião de retrospectiva da sprint permite:

o Registrar lições aprendidas;

o Gerar painel de maturidade organizacional;

o Atualização do painel de controle;

o Reportar o desempenho;

o Monitorar e controlar os riscos.

4.4 Encerramento

Segundo Cruz (2013), nesta abordagem de gerenciamento unificado a fase é re-

lacionada às entregas. O encerramento de uma fase consiste na entrega de uma

versão planejada, como por exemplo, o término de 4 sprints que pode resultar em

uma entrega do produto real para o cliente de forma que gere valor para o mesmo.

Para Cruz (2013), o encerramento de uma fase geralmente compreende os proces-

sos de:

o Entrega de valor;

o Acompanhamento e orientação da homologação da entrega;

o Controle da qualidade;

o Atualização do painel de controle com o quadro de tarefas (kanban);

o Validação do escopo;

o Gerenciamento de mudanças;

o Controle de aquisições.

Cruz (2013) cita que na fase de homologação o cliente pode identificar mudanças

no projeto. Estas mudanças precisam ser aprovadas pelo comitê de mudanças e en-

tram no escopo da próxima entrega a ser realizada.

Ainda de acordo com Cruz (2013), o encerramento do projeto ocorre quando to-

das as fases forem encerradas e a documentação do projeto for preenchida. Para

projetos com apoio de fornecedores, é importante que os contratos sejam encerra-

dos.

Page 23: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

22

3 CONCLUSÃO

O estudo realizado ao longo deste trabalho permite demonstrar que a união do

método tradicional e ágil busca um único objetivo que é o de atender os requisitos

de negócio e qualidade solicitados pelo cliente. Os processos das áreas de conhe-

cimento presente no guia do PMI encaixam perfeitamente nos eventos, artefatos,

papéis e responsabilidades do SCRUM. As ferramentas aqui listadas são técnicas

que podem auxiliar a organização no sucesso do projeto.

Para definir uma metodologia a ser adotada no gerenciamento de projetos é im-

prescindível conhecer os ativos organizacionais de uma empresa. A maturidade é

também extremamente importante para aplicação da metodologia. O que foi desen-

volvido neste trabalho é uma sugestão de utilização. Cabe a organização identificar

o que é melhor pra ela lembrando que o mais importante é a geração de valor para o

cliente.

Page 24: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

23

Referências

PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). Um guia do conhecimento em ge-

renciamento de projeto: PMBOK.Quinta Edição, Project Management Institute, Inc,

2013.

SCHWABER, Ken e SUTHERLAND Jeff. Guia do SCRUM. Um guia definitivo para o

SCRUM: as regras do jogo Disponível em: <http://www.fabiocruz.com.br/wp-

content/uploads/2013/09/SCRUM-Guide-Portuguese-BR2013.pdf>. Acesso em: 01

de mar 2015. Traduzido por Fábio Cruz, 2013

CRUZ, Fábio. SCRUM e PMBOK unidos no gerenciamento de projetos. Brasport,

2013.

KERZNER, H. Gestão de projetos [recurso eletrônico]: as melhores práticas. Dispo-

nível em:

<https://books.google.com.br/books?id=Xe3yFG_81_UC&printsec=frontcover&dq=ke

rzner&hl=pt-

BR&sa=X&ei=VsyMVKuzCJPHsQTS74LIAw&ved=0CCEQ6AEwAA#v=onepage&q&f

=false>. Acesso em: 13 dez. 2014, segunda edição, 2007.

XAVIER, Magno da Silva et al. Metodologia de gestão de projetos Methodware. Dis-

ponível em:

https://books.google.com.br/books?id=FwCoAgAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=m

etodologias+de+gerenciamento+de+projetos&hl=pt-

BR&sa=X&ei=9tPrVMfEMfHLsASh9IGQDQ&redir_esc=y#v=onepage&q=metodologi

as%20de%20gerenciamento%20de%20projetos&f=false. Acesso em: 23 fev. 2015,

terceira edição, 2014.

BRAZ, Alan. Precisa-se de Projetos Scrum pra Estudo de Caso. Disponível em:

<https://alanbraz.wordpress.com/2011/05/17/precisa-se-de-projetos-scrum/>.Acesso

em: 07 dez. 2015.

Page 25: Unificando PMBOK e SCRUM no gerenciamento de projetos

24

MOGOLLON, Miguel Eduardo, As metodologias ágeis no framework do PMBOK. Um

guia para PMP’s,Disponível em:http://blog.octo.com/pt-br/as-metodologias-ageis-no-

framework-do-pmbok/>. Acesso em: 01 out. 2014.

MULCAHY, Rita PMP. Preparatório para o exame de PMP, 7. ed. São Paulo:

RMC Publications, inc, 2011.