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UPMAN – business advisers Porto | Rua do Passeio Alegre, 20 | Centro Empresarial do Porto | 4150-570 Porto T. +351 220 108 012 | F. +351 220 108 013 S. João da Madeira | Rua Comendador Raínho, 1192 | 3700-231 S. João da Madeira T. +351 256 826 234 | F. +351 256 826 252 E. [email protected] | Web: www.upman.com.pt Portuguese Shoes: crescer em tempos de crise Modernização, design e promoção internacional já levaram a um aumento de 22% nas exportações em 2011 Por UPMAN – business advisers, Abril 2011 O setor do calçado é apontado como um dos que mais tem vindo a contribuir para a competitividade de Portugal, posicionando-se já como um dos setores mais exportadores na economia nacional. Os dados mais recentes, divulgados pela APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos, referem-se a Janeiro e Fevereiro de 2011 e dão conta de um crescimento de 22% nas exportações de calçado português (o mesmo período em 2010 apresentava um crescimento de 5%). No cômputo geral, em 2010, as empresas portuguesas de calçado exportaram para mais de 130 países, num volume de negócios superior a 270 milhões de euros. Se considerarmos que este mesmo setor é tido como um dos mais tradicionais e se debate desde há vários anos com uma concorrência asiática feroz e agressiva (a China é o maior exportador mundial de calçado tendo, em 2002, introduzido no mercado europeu 551 milhões de pares de sapatos, correspondentes a quase 2,3 mil milhões de euros e atingindo assim uma quota de 42,16% das importações europeias), estes dados ganham uma dimensão e um peso ainda maiores e transformam o sector do calçado num case-study merecedor de toda a nossa atenção. Mas no que toca a exportar é mais difícil dizer que fazer. Para conseguir fazer frente aos outros players no mercado – com preços extremamente competitivos as empresas de calçado portuguesas viram-se forçadas a desenvolver uma estratégia diferente, assente em fatores diferenciadores que tiveram por base a inovação, a modernização tecnológica do setor produtivo, a aposta em materiais de elevada qualidade conjugados com componentes de moda e design. Tudo isto levou a um reposicionamento do calçado português que passou a destinar- Ilustração 1: Crescimento das exportações de calçado português Ilustração 2: Em 2002, a China introduziu no mercado europeu 551 milhões de pares de sapatos

Upman: Análise ao Setor do Calçado

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UPMAN – business advisers Porto | Rua do Passeio Alegre, 20 | Centro Empresarial do Porto | 4150-570 Porto T. +351 220 108 012 | F. +351 220 108 013 S. João da Madeira | Rua Comendador Raínho, 1192 | 3700-231 S. João da Madeira T. +351 256 826 234 | F. +351 256 826 252

E. [email protected] | Web: www.upman.com.pt

Portuguese Shoes: crescer em tempos de crise

Modernização, design e promoção internacional já levaram a um aumento de 22% nas

exportações em 2011

Por UPMAN – business advisers, Abril 2011

O setor do calçado é apontado como um dos que mais tem vindo

a contribuir para a competitividade de Portugal, posicionando-se

já como um dos setores mais exportadores na economia nacional.

Os dados mais recentes, divulgados pela APICCAPS – Associação

Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de

Pele e seus Sucedâneos, referem-se a Janeiro e Fevereiro de

2011 e dão conta de um crescimento de 22% nas exportações de

calçado português (o mesmo período em 2010 apresentava um

crescimento de 5%). No cômputo geral, em 2010, as empresas

portuguesas de calçado exportaram para mais de 130 países,

num volume de negócios superior a 270 milhões de euros.

Se considerarmos que este mesmo setor é tido como um dos mais

tradicionais e se debate desde há vários anos com uma

concorrência asiática feroz e agressiva (a China é o maior

exportador mundial de calçado tendo, em 2002, introduzido no

mercado europeu 551 milhões de pares de sapatos,

correspondentes a quase 2,3 mil milhões de euros e atingindo

assim uma quota de 42,16% das importações europeias), estes

dados ganham uma dimensão e um peso ainda maiores e

transformam o sector do calçado num case-study merecedor de

toda a nossa atenção.

Mas no que toca a exportar é mais difícil dizer que fazer. Para

conseguir fazer frente aos outros players no mercado – com preços

extremamente competitivos – as empresas de calçado

portuguesas viram-se forçadas a desenvolver uma estratégia

diferente, assente em fatores diferenciadores que tiveram por

base a inovação, a modernização tecnológica do setor

produtivo, a aposta em materiais de elevada qualidade

conjugados com componentes de moda e design. Tudo isto levou a

um reposicionamento do calçado português que passou a destinar-

Ilustração 1: Crescimento das exportações de calçado português

Ilustração 2: Em 2002, a China introduziu no mercado europeu 551 milhões de pares de sapatos

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se, essencialmente, a segmentos mais altos e internacionais, e a ser

visto como um produto arrojado, irreverente e fashion, proveniente

de um país que é visto lá fora como altamente tradicional. O

investimento em feiras, a promoção externa, assim como uma

estratégia empresarial que passa pela valorização do produto

foram ações decisivas para o sucesso desta estratégia.

Não obstante, a criação da marca Portuguese Shoes – Designed by

the Future para identificação – com orgulho – dos sapatos made in

Portugal, assim como todas as campanhas de promoção feitas em

torno da mesma, permitiu que hoje, dois anos depois de ter sido

lançada no mercado, os sapatos portugueses sejam percecionados

como produtos de valor acrescentado, estando presentes em mais

de 130 países, em locais tão distantes como Japão, Iraque, Bolívia

ou Austrália. A nova campanha, com a assinatura “The sexiest

industry in Europe”, está já a dar resultados; um editorial na

Vogue Portugal ou a presença nas páginas da conceituada revista

Elle são provas de que os sapatos portugueses estão na moda.

Na prática, e considerando a fileira do setor do calçado, houve

uma clara aposta em determinados processos que geraram

impacto de forma célere e eficaz: design e concepção, produção,

qualidade e marketing, vendas e serviço ao cliente.

Contudo, a época de instabilidade financeira que o País

atravessa, agravada com a perspetiva de medidas ainda mais

austeras fruto da presença do FMI em Portugal, promete afetar a

sociedade em geral, e o setor empresarial em particular. Na

opinião da APICCAPS, os empresários do setor vêem com bons

olhos a vinda do FMI, na medida em que acreditam que a mesma

permitirá às empresas continuar a obter financiamento para dar

resposta às encomendas que têm em carteira e às iniciativas que

pretendem realizar. Segundo o Boletim de Conjuntura da

APICCAPS editado pelo Centro de Estudos de Gestão e Economia

Aplicada da Universidade Católica do Porto, em 2010, “para

muitas empresas, as principais dificuldades prendem-se agora

com o acesso a fatores de produção, nomeadamente com o

preço das matérias-primas e com a escassez de mão de obra

qualificada”.

Imagens da campanha Portuguese Shoes: The Sexiest Industry, da APICCAPS

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Estes aspetos, aliados à dificuldade em manter os bons resultados

num mercado cada vez mais globalizado, altamente competitivo e

caracterizado por um clima de desconfiança e precaução dos

consumidores são, precisamente, os desafios que o setor do

calçado enfrenta em 2011 e que, provavelmente, se prolongarão

pelos próximos anos. De que forma pode um dos sectores mais

competitivos da economia portuguesa resistir e vencer a crise que

está a afectar todos os mercados é a pergunta que se impõe.

Na ausência de fórmulas milagrosas, há que analisar cautelosa e

meticulosamente as apostas que foram feitas e os resultados

gerados, com vista a extrair as melhores lições e basear uma

estratégia futura de sobrevivência à crise e conquista de quota de

mercado(s).

Mas, independentemente dessa estratégia, a mesma assentará,

inequivocamente, no reforço dos processos que se revelaram

diferenciadores (design e concepção, produção, qualidade e

marketing, vendas e serviço ao cliente), bem como, na aposta da

melhoria contínua e optimização dos restantes processos da

cadeia de valor.

Várias iniciativas ajudarão a atingir o objetivo último de qualquer

organização: criar valor para o acionista, reduzindo custos e

aumentando a sua rentabilidade.

Planear e monitorizar recorrentemente o seu desempenho

organizacional; integrar na gestão da cadeia logística

fornecedores, parceiros e clientes a montante e a jusante,

respetivamente; garantir informação fidedigna em tempo útil

para a tomada de decisão; definir, medir, analisar, inovar e

controlar as operações; focar na melhoria contínua das operações

e dos processos de negócio com a implementação de melhores

práticas (Lean); e, não menos importante, a capacidade de atrair,

reter e motivar o principal ativo das organizações – as Pessoas,

vetores estratégicos que poderão contribuir para sedimentar e

valorizar cada vez mais os Portuguese Shoes.

Ilustração 3: Representação generalista da cadeia de valor do setor do calçado