of 11 /11
BULLYING NÃO É BRINCADEIRA. BULLYING NÃO É BRINCADEIRA.

Cartilha Bullying

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Text of Cartilha Bullying

  • 1. BULLYING NO BRINCADEIRA. BULLYING NO BRINCADEIRA.
  • 2. PESQUISA E REDAO FINAL Soraya Soares da Nbrega Escorel Promotora de Justia da Infncia e Juventude Joo Pessoa/PB Alley Borges Escorel Promotor de Justia da Infncia e Juventude Joo Pessoa/PB Ellen Emanuelle de Frana Barros Assessoria de Promotoria Infncia e Juventude PROJETO GRFICO Rafael Leal Ao Marketing Promocional IMPRESSO Grfica JB Junho de 2009 Todos os dias, alunos no mundo todo sofrem com um tipo de violncia que vem mascarada na forma de brincadeira. Estudos recentes revelam que esse comportamento, que at bem pouco tempo era considerado inofensivo e que recebe o nome de bullying, pode acarretar srias conseqncias ao desenvolvimento psquico dos alunos, gerando desde queda na auto-estima at, em casos mais extremos, o suicdio e outras tragdias. Diogo Dreyer
  • 3. 01 O QUE BULLYING? Bullying uma palavra de origem inglesa, que no tem uma traduo em portugus, utilizada em muitos pases para descre- ver atos de violncia fsica ou psicolgica, intencionais e repeti- dos, sem motivao evidente, praticados por uma ou mais pesso- as contra outra(s), causando dor e angstia, dentro de uma relao desigual de poder, tornando possvel a intimidao da vtima. BULLYING NO BRINCADEIRA. Se pudesse ser traduzido, seria algo como intimidao, desejo consciente e deliberado de maltratar uma pessoa e coloc-la sob tenso. um problema mundial, presente em todas as escolas e Esta publicao tem o objetivo de refletir sobre o fenmeno espaos comunitrios, no estando restrito a nenhum tipo espec- bullying, considerando suas facetas e consequncias (psicolgi- fico de instituio ou local de convivncia social, caracterizando- cas, pedaggicas ou jurdicas). Trata-se de sensibilizar educa- se como uma prtica de excluso que se manifesta por atitudes dores, famlias, profissionais das diversas reas do conhecimento agressivas e anti-sociais, cuja falta de entendimento e atendimen- e sociedade em geral para a importncia de um trabalho educativo to adequado resultar em srios traumas para a vtima. (preventivo), capaz de inibir e evitar aes de violncia, seja na escola, na rua, em casa ou por meio virtual, despertando nas Quase desconhecido pela comunidade jurdica e equipes de pessoas o reconhecimento do direito de toda criana e adolescen- atendimento, o bullying (violncia que afronta dignidade da te a viver em um ambiente familiar, escolar e comunitrio de pessoa humana, produzindo vtimas e agressores, culpados e respeito s diferenas individuais, onde se exercite a tolerncia inocentes) comea a ganhar espao em estudos e pesquisas como via capaz de formar cidados conscientes e participantes desenvolvidos por especialistas, pedagogos e psiclogos que ativos da construo de uma cultura de paz. lidam com a educao.
  • 4. 02 POR QUE BULLYING NO BRINCADEIRA? Bullying no brincadeira porque s existe brincadeira quando todos os envolvidos se divertem. Quando uns se divertem e outros sofrem (porque so os objetos da diverso), no pode haver brinca- deira e sim violncia. O Ministrio Pblico do Estado da Paraba (Promotoria da Infncia e Juventude) no encara o bullying como brincadeira, mas como algo srio e que precisa ser enfrentado pela sociedade com urgncia e permanentemente. TODOS TM RECEIO DE QUE O FILHO SEJA ALVO DE HUMILHAO, EXCLUSO OU BRINCADEIRAS DE MAU GOSTO POR PARTE DOS COLEGAS, PARA CITAR EXEMPLOS DA PRTICA, MAS POUCOS SO OS QUE SE PREOCUPAM EM PREPARAR O FILHO PARA QUE ELE NO SEJA AUTOR DESSAS ATIVIDADES Rosely Sayo BULLYING NO BRINCADEIRA. (www.blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/ acessado em 06/03/08)
  • 5. 03 04 COMO CONSEQUNCIAS ARTIGO 146 DO CDIGO PENAL Constranger algum, mediante violncia ou grave ameaa, ou depois de lhe haver reduzido, por OCORRE? qualquer outro meio, a capacidade de resistncia, crime de constrangimento ilegal. ARTIGO 147 DO CDIGO PENAL Ameaar algum, por palavra, escrita ou gesto, ou SINAIS qualquer outro meio simblico, tambm crime e o autor dever responder na justia. NO QUERER IR ESCOLA ARTIGO 5 - Lei 8.069/90 SENTIR-SE MAL PERTO DA HORA DE SAIR DE CASA ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE PEDIR PARA TROCAR DE ESCOLA CONSTANTEMENTE Nenhuma criana ou adolescente ser objeto de VOLTAR DA ESCOLA COM ROUPAS OU LIVROS RASGADOS qualquer forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso, punido APRESENTAR BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR na forma da lei qualquer atentado, por ao ou ABANDONO DOS ESTUDOS omisso, aos seus diretos fundamentais. ISOLAMENTO ARTIGO 17 - Lei 8.069/90 ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE SINTOMAS O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da DEPRESSO integridade fsica, psquica e moral da criana e do adolescente, abrangendo a preservao da imagem, AGRESSIVIDADE da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e AUTO-DESTRUIO, SENTIMENTO DE VINGANA crenas, dos espaos e objetos pessoais. BAIXA AUTO-ESTIMA QUEM TRANSFORMA O MUNDO NO SO ANSIEDADE/MEDO AS MAIORIAS ACOMODADAS, MAS SIM AS SENTIMENTOS NEGATIVOS MINORIAS DETERMINADAS PROBLEMAS INTERPESSOAIS Maurice Duverger
  • 6. 05 QUEM SO AGRESSORES. QUEM SO? So geralmente os lderes da turma, os mais populares, aqueles AS VTIMAS? que gostam de colocar apelidos e fazer gozaes com os colegas mais frgeis. So aqueles que no respeitam as dife- renas alheias e se aproveitam da fragilidade do colega para exclu-lo do grupo e executar as gozaes e humilhaes. OS DIFERENTES: Cor de cabelo, cor de pele, deficincias, forma de se vestir, sotaque. comum abordarem colegas com problemas de obesidade, baixa-estatura, deficincia fsica, ou outros aspectos culturais, OS INDEFESOS: Os tmidos, que mostram medo e at choram. So os preferidos dos bullies. tnicos ou religiosos, o que muito srio, por trazer consequn- cias jurdicas, muitas vezes desconhecidas pelos autores, seus OS QUE SE ISOLAM DO GRUPO: Os pouco sociveis e que familiares e a prpria vtima. tm dificuldade de relacionamento e de se defender. Os agentes de bullying, se no tratados por profissionais, tm grande probabilidade de se tornarem adultos com comporta- As vtimas sofrem humilhaes e recebem apelidos que lhes mentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, expem ao ridculo, podendo, s vezes, perder sua prpria inclusive, atitudes delinquentes ou criminosas. Fica a o referncia e identidade, eis que passam a ser conhecidas alerta para a famlia! apenas por apelidos pejorativos, que reduzem sua auto-estima. Elas, por serem diferentes - diferenas sociais, econmicas, TESTEMUNHAS As testemunhas so alunos que no sofrem nem praticam fsicas e intelectuais - so perseguidas, humilhadas, intimidadas, bullying, mas convivem diariamente com o problema e se ignoradas ou excludas, silenciando o sofrimento em razo da omitem por medo e insegurana. So representadas pelos timidez ou por medo ou vergonha de demonstrar fraqueza. alunos que sabem de tudo, presenciam muitas vezes o abuso, mas se sentem ameaados, porque, se delatarem o autor, ALERTA podero se tornar as prximas vtimas. Da a omisso, o silncio. Mas elas terminam por ser cmplices da situao. As consequncias para quem sofre bullying so imprevisveis, Isso causa um incmodo e uma insegurana que podem podendo ser as mais diversas possveis, desde isolamento, at influenciar negativamente em sua rotina. PRECISO, POIS, agresses, homicdios e tentativas de suicdio. ATENO!
  • 7. 06 CIBERBULLYING O CIBERBULLYING a verso virtual do bullying, medida que ocorre no espao da rede mundial de computadores (Internet). Essa modalidade vem preocupando especialistas e educadores, por seu efeito multiplicador do sofrimento das vtimas e pela velocidade em que essas informaes so veiculadas. As modernas ferramentas da Internet e de outras tecnologias de informao e comuni- cao mveis ou fixas, so os instrumentos utilizados para disseminar essa prtica com intuito de maltratar, humilhar ou constranger, sendo uma forma de ataque perverso que extrapola em muito os muros das escolas, ganhando dimenses incalculveis, sendo elas os conhecidos Orkut, MSN, Blogs, Flogs, chats e celulares. Nestes casos, o bullying ocorre atravs de e-mails, torpe- dos e/ou scraps, muitas vezes de forma annima. O autor insulta, espalha rumores e boatos sobre os seus colegas e seus familiares, at mesmo sobre os profissionais da escola. E essa situao se torna difcil de ser enfrentada por algumas pessoas. A principal diferena do bullying para o ciberbullying est nos mtodos e ferramentas utilizadas pelo praticante. Enquanto o bullying ocorre no mundo real, o ciberbullying ocorre no mundo virtual.
  • 8. 07 COMO ENFRENTAR PRTICAS DE BULLYING? VITIMIZAO ONLINE Identificando e denunciando o agressor, quebrando o silncio; UM GRANDE PROBLEMA Mobilizando toda a comunidade escolar para uma campanha permanente em prol de uma cultura de paz e o respeito s diferenas; NO BRASIL Implantando regras anti-bullying envolvendo os professores, os funcio- nrios, os alunos, os pais e a justia (Regimento Interno da Escola); Estimulando o protagonismo juvenil. medida que o conhecimento do tema vem sendo disseminado e a comunidade escolar se conscientizan- DENUNCIE. DISQUE 100. do, as vtimas e seus familiares tm procurado a justia SUA IDENTIDADE SER PRESERVADA. para a adoo das providncias legais. Contribua com a preveno. No permita que algum sofra. No Muitos agressores (cyberbullying) j foram identifica- silencie. No seja omisso. Caso seja vtima, procure ajuda dos seus pais, da escola, de um profissional ou simplesmente procure ajuda da dos e responderam a processos, seja na rea civil justia. (danos morais) ou infrao (medida scioeducativa - adolescente , ou sano penal - a partir dos 18 anos de DEVER LEGAL DE DENUNCIAR idade). Na web, os agressores virtuais, sejam adoles- ECA, Art. 245 - Os profissionais de educao tm o DEVER LEGAL de comunicar autoridade competente (Conselho Tutelar, Juiz da centes ou adultos, sempre deixam rastros, o que facilita Infncia ou Promotor de Justia) casos de suspeita ou ocorrncia a identificao, o trabalho de investigao e a conse- confirmadas de violncia contra crianas e/ou adolescentes. quente responsabilizao. Delegacias Especializadas em Crimes Cibernticos j dispem de recursos para identificar a origem de mensagens virtuais. Nos casos de infraes contra a honra - calnia, difa- mao e injria - recordistas de ocorrncia entre os adolescentes, a vtima deve imprimir as pginas ou e- mails onde foram publicadas as ofensas para servirem de prova na abertura do procedimento.
  • 9. 08 So dois os caminhos que podem ser utilizados para E a famlia? Como pode ajudar o filho que pratica bullying viabilizar o trabalho preventivo. O primeiro segue a via da ou sofre em decorrncia dessa prtica? orientao (educao) e o outro a imposio de limites por meio do dilogo e do exemplo. Investir na preveno, em importante que os pais dialoguem sempre com seus filhos, qualquer aspecto que seja, valido para proteger quem orientando-os e participando mais de sua vida escolar e sofre com o bullying, para alertar a sociedade sobre a estabelecendo limites, prprios da educao. necessrio temtica ainda pouco estudada e para coibir que tambm que os pais estejam mais presentes e atentos ao aes violentas se disseminem. comportamento de seus filhos, observando qualquer mudan- a brusca de suas atitudes, sempre ensinando o respeito s PREVENO Vamos aniquilar essa malquerncia. diferenas, que fundamental. preciso ainda saber ouvir o No queremos mais filho, sem julgar ou criticar, reforando os sentimentos de saber dessa maldita segurana e confiana no ambiente familiar, no ignorando a violncia. timidez do filho ou o seu jeito mais gozador, pois ambos Vamos construir uma precisam de ajuda e acompanhamento. cultura da infncia para que elas tenham defensores E a escola? Como pode ajudar? em toda instncia. As escolas devem investir mais na preveno, atravs do (Borges, 1998) esforo permanente de sua equipe, procurando sempre incluir nas suas prticas educacionais dirias e atividades extras, temas para discutir com a famlia e os alunos. Somente com o fortalecimento da relao PAIS, ALUNOS e ESCOLA, cada um colaborando dentro de sua competncia, haver resultado qualquer trabalho para coibir as manifestaes de violncia dentro da escola. importante ainda estimular a discusso aberta sobre a temtica juntamente ao corpo docente, pais e alunos, com a execuo de propostas de atividades que trabalhem a afetividade e a emoo, o respeito e a tolerncia.
  • 10. A construo de uma sociedade justa e menos desigual s PARA SABER MAIS: ser possvel se cada indivduo possuir dentro de si, como valor maior, a busca incessante pela justia e pelo respeito dignidade humana. O enfrentamento prtica do Bullying uma importante colaborao na construo de uma sociedade FILMES diferente! UM AMOR PARA RECORDAR MENINAS MALVADAS TIROS EM COLUMBINE Alley Borges Escorel / Promotor de Justia MP-PB NUNCA FUI BEIJADA BANG-BANG VOC MORREU! LEONEL, P DE VENTO A PROMOTORIA DA INFNCIA E JUVENTUDE EM PROL DA DIGNIDADE HUMANA REFERNCIAS E SUGESTES DE LEITURA Precisamos romper com a cultura do silncio, do preconceito e da discriminao. Precisamos fazer algo para cessar essa violncia, Beaudoin e Taylor. Bullying - Estratgias de sobrevivncia para crianas e adolescentes. Editora Artmed Bookman. 2007. que se caracteriza como violao dos direitos das crianas e Beaudoin e Taylor. Bullying e Desrespeito: Como acabar com adolescentes. No podemos deixar nossas crianas adoecerem, essa cultura na escola. Editora Artmed. 2006. no podemos deixar nossas crianas morrerem. Devemos intervir Cleo Fante. Fenmeno Bullying. Editora Verus. 2005. para impedir que ela ocorra. Portanto, SEJAMOS a VOZ das crianas e adolescentes que sofrem todos os dias, de forma silenci- SITES osa, nas escolas do Brasil inteiro. Seja qual for a sua profisso: Faa a diferena! O bullying se estuda h mais de 30 anos. Ns WWW.OBSERVATORIODAINFANCIA.COM.BR que estamos atrasados nesse estudo e na sua preveno. Alis, o WWW.DIGANAOAOBULLYING.COM.BR nosso pas est atrasado h mais de 20 anos no estudo e no trata- WWW.BULLYING.PRO.BR mento deste fenmeno mundial. NOMOREBULLYING.BLIG.IG.COM.BR NOSSA LUTA: por uma cultura de tolerncia e respeito s dife- renas. NOSSA INTENO: que a Campanha Bullying No Brincadeira se estenda a todo Brasil. BULLYING NO BRINCADEIRA. NOSSO DESAFIO: trazer o bullying para a ateno do grande pblico, atravs dessa campanha.
  • 11. Mensagem Final O bullying uma prtica que cresce a cada dia, de forma silenciosa e assustadora, merecendo a ateno da sociedade em geral e aes concretas de preveno capazes de inibir a sua disseminao. Se verdade que o autor do bullying, uma vez identificado, no pode nem deve ficar impune, porque a legislao (Lei 8.060/1990 - ECA) determina que os que praticam atos dessa natureza respondero a procedimentos, ficando sujeitos a cumprir medida scioeducativa proporcional ao ato praticado, enquanto adolescentes, menores de 18 anos de idade, verdade tambm que deve haver um trabalho de sensibilizao junto aos pais e familiares no sentido de orient-los quanto ao tema, para que entendam que no se trata de brincadeira e que o assunto realmente srio e traz conseqncias, deixando marcas profundas. Felizmente os episdios que terminam em homicdio ou suicdio so raros, mas no so poucas as vtimas do bullying que por medo ou vergonha sofrem em silncio durante anos, e quando resolvem reagir, as conse- quncias so desastrosas. Da a importncia do trabalho preventivo e do enfrentamento direto do problema. Mas isso s ser possvel se houver o envolvimento de todos os atores sociais. Temos plena convico de que o enfrentamento prtica do bullying fundamental para garantir que crianas e adolescentes sejam respeita- dos, atravs da construo de um novo entendimento da situao. O grande desafio trazer o bullying para a ateno do grande pblico, convocando a todos para o trabalho de incentivo a uma cultura de paz e de respeito s diferenas, numa luta permanente pela garantia de direitos humanos, contrapondo-se prticas de violao da dignidade humana. Soraya S. Nbrega Escorel Promotora de Justia Infncia e Juventude - Joo Pessoa/PB REALIZAO: MINISTRIO PBLICO DA PARABA PROCURADORIA GERAL DE JUSTIA PROMOTORIA DA INFNCIA E JUVENTUDE DA CAPITAL PATROCNIO: GOVERNO MUNICIPAL