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REGIME DE TRABALHO EMPREGO PÚBLICO

Emprego Público

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REGIME DE TRABALHO

EMPREGO PÚBLICO

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APRESENTAÇÃO

A Constituição Federal de 1988 vislumbrou a exigência da Administração Pública instituir e implantar o modelo estatutário. Na década de 90 com a Emenda Constitucional nº 19/98, deu inicio as mudanças constitucionais associadas à Reforma Administrativa, oportunidade em que foi redefinido o conceito de emprego público, com subordinação às normas da CLT.

“As mudanças constitucionais associadas à Reforma Administrativa redefiniram o conceito de emprego público, que passa agora a ser característico de um funcionário próprio não-estável, subordinado às normas do direito privado da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Com isto foi reintroduzida a relação contratual direta no âmbito do setor público, restrito ao indivíduo como pessoa física, vez que a negociação coletiva na administração pública é admitida, mesmo não havendo regras estabelecidas e uma sistematização a ser observada pelo Poder Público na condução dessa negociação.

. O servidor público tradicional, que é um estatutário, tem seu regime de trabalho estabelecido por normas gerais permanentes e impessoais, com funções, regras e remuneração habitualmente definidas por lei. Ao contrário, o celetista observa uma relação contratual que sempre pressupõe uma liberdade de”. negociação de preços e condições de fornecimento de utilidades”. (Roberto Passos Nogueira, em discussão do tema Estatutário e Celetista, junto ao SUS).

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NOÇÕES GERAISTraçaremos algumas considerações sobre os regimes jurídicos possíveis de serem

adotados pela Administração Pública Brasileira: o Regime Estatutário e o Regime Celetista. O primeiro, é regido pelo Direito Administrativo, disciplinado pela Constituição e pelos estatutos próprios dos servidores, sob a tutela do Direito Público, e o segundo pelo Direito do Trabalho, disciplinado pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Até a publicação da Constituição Federal de 1988, a Administração Pública adotava a CLT para regular as relações trabalhistas, com os então chamados empregados públicos;

A CF/88 estabeleceu para a Administração Pública o Regime Jurídico Único, estabelecendo sua adoção pela administração direta, pelas autarquias e fundações, extinguindo a possibilidade do ingresso em outro regime jurídico, que não fosse o estatutário, universalizando esse modelo de regime;

Com a instituição do Regime Jurídico Único pelos entes federal e estaduais, os empregados públicos tiveram seus empregos transformados para o regime estatutário;

Na década de 90, com a Emenda Constitucional nº 19, de 05.06.98, se presenciou uma evolução das políticas públicas, conhecida como Reforma Administrativa do Estado – o modelo estatutário não foi descartado, mas descrito sob nova ótica, como aplicável apenas as funções exclusivas e estratégicas de Estado, reservando às funções “não-exclusivas” de Estado a intervenção de relações contratualistas;

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Em 22 de fevereiro de 2000, a Lei nº 9.962 disciplinou o regime de emprego público do pessoal da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, como uma medida fundamental para reorganizar as estruturas da administração pública, com ênfase para uma administração gerencial, baseada na eficiência do serviço público;

No Estado do Pará o regime de emprego foi regulado no ano de 2000, através da Lei nº 6.338/00; em Minas Gerais, em 2003, mediante a Lei Complementar nº 73/03;

Apesar da possibilidade da contratação pelos Estados de empregados públicos, não se tem conhecimento de nenhum Estado adotando tal regime, exceto a União, e assim mesmo para casos pontuais.

NOÇÕES GERAIS

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ASPECTOS PRINCIPAIS DAS LEGISLAÇÕES EXISTENTES

Constituição Federal/88

Os servidores estatutários ocupam cargos públicos,regidos pelos respectivos regulamentos; Os empregados públicos ocuparão empregos públicos, vinculados à CLT e à legislação

disciplinadora, e serão contratados por prazo indeterminado; Ambas as categorias (estatutário e celetista) estão submetidos ao controle fiscal e financeiro

dos entes federados, estabelecido pela União, consubstanciado na Lei de Responsabilidade Fiscal;

Tanto os estatutários como os empregados públicos só serão admitidos ao serviço público mediante processo seletivo pela via de concurso público;

O empregado público será submetido às regras de aposentadoria do Regime Geral de Previdência Social, com valores equivalentes aos limites aplicados aos trabalhadores da iniciativa privada, podendo recorrer ao sistema complementar;

Os entes da Federação deverão promulgar lei específica para disciplinar o regime de emprego público e autorizar abertura de quadros próprio no âmbito da Administração Pública.

Lei Federal Ordinária Nº 9.962/00 Com o veto à alínea “a” do inciso I, §2º do art. 1º, o Governo Federal poderá estender o

regime da Consolidação da Leis do Trabalho para qualquer carreira do serviço público; O §1º do art. 1º trouxe a possibilidade de transformação dos atuais cargos públicos em

empregos, exceto a vedação prevista no inciso II, do §2º do art. 1º; O contrato de trabalho terá prazo indeterminado.

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Lei do Estado do Pará LO Nº. 6.338/00

A criação de emprego público e a transformação de cargo em emprego dependerão de lei específica, com exceção dos cargos em comissão;

A contratação observará a forma constitucional, observada a natureza e a complexidade do emprego;

A rescisão contratual poderá ser por ato unilateral da Administração, desde que seja formalmente motivado, assegurado, em qualquer caso, o contraditório e a ampla defesa.

• São casos de rescisão contratual:

acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; crime contra a Administração Pública, nos termos da lei penal; faltas ao serviço, sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias intercalados,

durante 12 meses; participação em gerência ou administração de empresa privada ou exercício

do comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comandatário; atuação, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas,

salvo quando se tratar de benefício previdenciário ou assistenciais a parentes até o segundo grau e ao cônjuge ou companheiro;

aceitação de comissão, emprego ou pensão de Estado estrangeiro; prática de falta grave, nos termos do art. 482 da CLT; redução do quadro de pessoal por excesso de despesa; insuficiência de desempenho, apurada em avaliação periódica de

desempenho.

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Lei do Estado de Minas Gerais – LC Nº. 73/03

Não poderá ser submetido ao regime de emprego público:

• o servidor que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividade exclusiva de Estado, nos termos do art. 4º desta Lei;

• o servidor ocupante de cargo público de provimento em comissão;• o servidor ocupante de cargo de provimento efetivo ou detentor de função

pública na data de publicação das leis a que se refere o parágrafo único do art. 2º;

• o agente que exerça atividade permanente em órgão da Administração Pública direta, ou entidade autárquica ou fundacional do Poder Executivo.

São atividades exclusivas de Estado as carreiras de Procurador do Estado, Fiscal de Tributos, Policial Civil, Defensor Público, Policial Militar e Bombeiro Militar.

O contrato de trabalho terá prazo determinado de até doze meses, prorrogável uma única vez por igual período;

A rescisão por ato unilateral da administração pública ocorrerá nas casos expressos na lei;

Na rescisão do contrato de trabalho, fica assegurado ao empregado público o contraditório e a ampla defesa;

Os contratos de pessoal decorrentes exclusivamente de autonomia gerencial de que trata o § 10 do art. 14 da Constituição do Estado não estão sujeitos à determinação de prazo;

O empregado público contribuirá para o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais – IPSEMG, para fins exclusivos de assistência médica e hospitalar, em percentual igual ao dos ocupantes de cargo público.

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DIFERENÇAS ENTRE OS REGIMES O Regime Estatutário, com a Reforma Administrativa do Estado, tende a ser mais restrito

ao exercício das atividades exclusivas de Estado, consideradas funções típicas ou essenciais da administração pública – carreiras das áreas jurídicas, policial, de fiscalização, de regulação, e para aquelas consideradas estratégicas para a administração.

O Regime Celetista, portanto passa a ser a referência para as atividades não-exclusivas de Estado, para as carreiras e empregos isolados de funções não-essenciais da administração direta, fundacional e autárquica.

A contribuição previdenciária e a aposentadoria dos empregados públicos far-se-á pelo

Regime Geral de Previdência Social – RGPS, enquanto dos servidores estatutários será pelo Regime Próprio de Previdência da União, dos Estados e dos Municípios, com a possibilidade de ambos recorrerem de um regime complementar de previdência.

Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS para os empregados públicos,

No regime de emprego público a rescisão do contrato de trabalho poderá ocorrer por iniciativa da administração, de forma unilateral, garantindo o contraditório e a ampla defesa.

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SEMELHANÇAS ENTRE OS REGIMES

Ambos os Regimes de Trabalho estão submetidos às normas constitucionais de ingresso mediante concurso público e aos parâmetros de controle fiscal e financeiro da União e dos entes federados, através da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Destaca-se: A forma de ingresso embora seja pela via do concurso público existe a intenção de que o processo seletivo seja mais simplificado para o Emprego Público, conforme seja verificada a complexidade das atividades a serem desenvolvidas.

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PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DE LEGISLAÇÃO VIGENTE

I – FORMA DE INGRESSO

Seleção pública, mediante prova ou prova e títulos, nos termos da Constituição e do regulamento.

Seleção pública simplificada, para os empregos de Nível Superior e Nível Médio, com apenas uma Prova Objetiva, sendo 50% para conhecimento específico relativo à atribuição do emprego e os outros 50% distribuídos em conhecimentos gerais. Para alguns empregos de nível superior, quando a natureza e a complexidade do emprego exigirem, deverá constar de prova de títulos para a seleção pública.

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II – REQUISITOS PARA O INGRESSO

A admissão do candidato far-se-á mediante ato admissional baixado pelo órgão ou entidade contratante.

O prazo de apresentação do candidato será de 15 dias improrrogáveis, a contar da data de sua convocação;

Anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, estabelecendo o período de experiência de 6 meses, que será objeto de avaliação, cujos critérios de avaliação serão estabelecidos em regulamento próprio.

Após aprovação do período de experiência, o contrato passa a ser por prazo indeterminado.

Serão exigidos, para admissão, os seguintes documentos comprobatórios:

Diploma de curso de graduação de ensino superior, expedido por instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação (para os graduados no ensino superior);

Certificado de conclusão de curso de ensino médio ou fundamental, expedido por instituição de ensino reconhecida pelo Conselho Estadual de Educação;

Carteira de Identidade; Cadastro de Pessoas Físicas (CPF); Comprovante de quitação com a Justiça Eleitoral; Comprovante de quitação com o Serviço Militar; Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); Comprovante de registro no órgão de classe.

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III - NATUREZA JURÍDICA DO REGIME DE EMPREGO PÚBLICO

Não haverá o pagamento de férias em dobro, acumuladas durante o período de 2 anos, não podendo a Administração deixar de concedê-las, nesse período, ressalvado nos casos que serão objeto de regulamento;

Haverá contribuição para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, de acordo com as normas da CLT.

Ao empregado público não será atribuído o adicional por tempo de serviço.

Fará jus ao Programa de Integração Social – PIS.

As horas extraordinárias serão remuneradas de acordo com o disposto na Consolidação das Leis do Trabalho.

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IV - JORNADA DE TRABALHO

A jornada de trabalho do regime de emprego público será de 40 (quarenta) horas semanais, tanto para a administração direta como para as autarquias e fundações.

Nos casos de órgãos e entidades cuja jornada de trabalho seja de 30 horas semanais, o valor da remuneração corresponderá a essa jornada.

V - APOSENTADORIA DO EMPREGADO PÚBLICO

O empregado público terá sua contribuição previdenciária recolhida ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS e se aposentará por esse regime previdenciário.

VI - MOVIMENTAÇÃO DO EMPREGADO

Não serão adotadas, pela Administração, a Redistribuição, como formas de movimentação de empregado público.

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VII - RESCISÃO CONTRATUAL

Dar-se-á a rescisão contratual, por parte da Administração:

quando for verificado que o servidor está acumulando ilicitamente cargos, empregos ou funções públicas;

quando o Governo estiver com desequilíbrio das contas pública em relação as receitas correntes líquidas e as despesas com pessoal, na forma preconizada pela Lei de Responsabilidade Fiscal;

quando o empregado não for aprovado no contrato de experiência; quando for apurada a insuficiência de desempenho do servidor e após ser dada

oportunidade de recurso. Neste caso, ao servidor deverá ter sido dado conhecimento dos padrões de desempenho exigidos pelo órgão ou entidade para o qual presta serviços;

quando for praticada falta grave de acordo com o disposto no art. 482 da CLT, quais sejam:

• ato de improbidade (desonestidade, maldade, perversidade);• incontinência de conduta ou mau procedimento; • negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do

empregador e quando constituir ato de concorrência à instituição para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;

• condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena;

• desídia (negligência) no desempenho das respectivas funções;• embriaguez habitual ou em serviço;• violação de segredo da instituição;

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VII - RESCISÃO CONTRATUAL

Dar-se-á a rescisão contratual, por parte da Administração:

• ato de indisciplina ou de insubordinação;• abandono de emprego;• ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer

pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

• ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

• prática constante de jogos de azar;• prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos

atentatórios à segurança nacional.

A rescisão contratual, quando tratar-se de falta grave nos termos do disposto no art. 482 da CLT, e no caso de acumulação ilícita de emprego/cargo/função pública, será formalmente concretizada após apuração da falta, mediante a abertura de sindicância administrativa simplificada, no prazo máximo de 30 dias, improrrogáveis, com amplo direito de defesa.

Em caso de extinção de órgão ou entidade, a administração deverá proceder a rescisão contratual dos empregados públicos, com o pagamento das verbas indenizatórias devidas. A critério da Administração, poderá haver o remanejamento daqueles que obtiveram melhor conceito na avaliação de desempenho, até no total de número de empregados necessários à Administração.

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VIII - ABRANGÊNCIA DO REGIME DE EMPREGO PÚBLICO

O regime de emprego público abrange os órgãos e entidades da administração direta, autárquica e fundacional.

O emprego público não poderá ser contemplado para as atividades exclusivas de Estado e para as consideradas estratégicas para o funcionamento da administração.

O emprego público deve ser utilizado principalmente para as áreas de suporte e de serviços da administração, e para aquelas em que a rotatividade de mão-de-obra, em razão das peculiaridades do serviço, é bastante elevada.

O regime de emprego público pode ser estruturado em carreiras específicas, desde que haja afinidades nos empregos, e em cargos isolados.

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PONTOS CRÍTICOS

A não existência de regras e procedimentos de negociação coletiva entre as entidades sindicais e o Poder Público.

A Lei do Estado de Minas Gerais estabelece que o contrato de trabalho será por prazo determinado de até de 12 (doze) meses, prorrogável uma única vez, por igual período.

Prevê também a Lei de Minas Gerais que a criação de emprego público fica restrita à atividade que requeira força de trabalho temporária, periódica ou sazonal.

O empregado público, por ser regido por um contrato de trabalho, sob a tutela da Consolidação das Leis do Trabalho e tendo ingressado mediante concurso público, adquire estabilidade no serviço público?

O conceito de carreira se aplica ao empregado público, ou continua restrita aos servidores estatutários?

Cabe Aviso Prévio de ambas as partes nos casos de rescisão contratual, considerando tratar-se de princípio de direito social previsto na Constituição Federal?

Os contratos de pessoal decorrentes exclusivamente da autonomia gerencial que trata o § 10 do art. 14 da Constituição do Estado não estão sujeitos a determinação de prazo;

É possível a transformação de cargos efetivo provido, para emprego público, quando se sabe que as regras dos regimes de trabalho são diferentes?

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CONCLUSÃO

1 –A atual legislação vigente da União, que baliza as legislações estaduais, não atende as necessidades de flexibilização e celeridade nos procedimentos de contratação e rescisão contratual dos empregados públicos;

2 – Instituição de Lei Complementar Federal estabelecendo as regras e procedimentos do regime de emprego público, para que balize os entes federativos na concepção de suas legislações estaduais sobre a matéria;

3 – A proposição de Lei Complementar da União de ser encaminhada ao Congresso Nacional via Conselho Nacional de Secretários de Administração – CONSAD, em articulação com o Governo Federal, por intermédio dos Ministérios do Trabalho e Previdência e Social e Ministério do Planejamento , Orçamento e Gestão, através da Secretária de Recursos Humanos do Governo Federal;

4 – O Conselho Nacional de Secretários de Administração – CONSAD, através dos Secretários de Administração articule suas bancadas na Câmara e no Senado Federal para aprovação da Lei Complementar.