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Universidade de Évora Departamento de Planeamento Paisagístico e Biofísico Curso de Engenharia Biofísica Requalificação Biofísica e Paisagística de Dois Troços do Rio Lis e do Rio Lena Trabalho de Fim de Curso realizado por Rita Sousa n.º13860 Évora, Junho 2005

Graduation Final Thesis Rita Sousa

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Requalificação Biofísica e Paisagística de Dois Troços do Rio Lis e do Rio Lena

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  • 1. Universidade de vora Departamento de Planeamento Paisagstico e Biofsico Curso de Engenharia BiofsicaRequalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio LenaTrabalho de Fim de Curso realizado por Rita Sousa n.13860vora, Junho 2005

2. Este trabalho no inclui as observaes e criticas feitas pelo jri. 3. AgradecimentosDesejo aqui expressar o agradecimento aos meus pais e irm por toda a compreenso e apoio que me deram nos momentos mais difceis. Ao Pedro e ao Vitu toda a colaborao e ideias. Sandra e Patrcia, sem as quais no teria sido possvel a realizao deste trabalho. A todos os meus amigos que me apoiaram na realizao deste trabalho 4. ndice Geralndice Geral CAPTULO I Introduo 1.1 Programa de Estgio ..51.2 Cronograma de Estgio .61.3 Introduo .71.4 Objectivo ...91.5 Enquadramento Legal de Parque Urbano ..10CAPTULO II Caracterizao e Anlise da Bacia Hidrogrfica do Rio Lis 2.1 Caracterizao Biofsica .132.1.1 Demografia/ Sectores de Actividade132.1.2 Geologia e Geotecnia .142.1.3 Hidrologia .152.1.4 Hidrogeologia ......172.1.5 Geomorfologia .182.1.6 Solos .182.1.7 Clima .192.1.8 Classificao Ecolgica .202.2 Qualidade da gua .212.3 Principais Actividades que Afectam o Rio Lis e Afluentes 242.4 Situaes Extremas do Sistema Fluvial ..26CAPTULO III UOGP 14 Parque Urbano 3.1 Caracterizao da UOGP 14 Parque Urbano .283.2 Levantamento das Unidades de Ocupao do Solo .293.3 Condicionantes Legais/ Biofsicas .......333.3.1 Reserva Ecolgica Nacional (R.E.N.) ..333.3.2 Reserva Agrcola Nacional (R.A.N.) 343.3.3 Zonas Inundveis 353.3.4 Domnio Pblico Hdrico (DPH) 363.3.5 Aproveitamento Hidroagrcola do Vale do Lis 363.4 Potencialidades e Limitaes da Zona de Interveno do Parque Urbano ..37CAPTULO IV Proposta de Requalificao 4.1 Proposta de Requalificao Biofsica e Paisagstica 404.2 Objectivos da Proposta ..40 5. 4.3 Enquadramento Terico da Proposta ..414.4 Projecto de Requalificao Biofsica e paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e Rio Lena ..504.4.1 Elementos Constituintes do Projecto 504.4.2 Caracterizao e Anlise da rea de Interveno .514.4.3 Caracterizao e Anlise do Projecto ..524.4.4 Projecto de Execuo .544.4.4.1 Modelao ..544.4.4.2 Altimetria .554.4.4.3 Planimetria ..554.4.4.4 Pavimentos e Drenagem ..554.4.4.5 Plantao de rvores e Arbustos 574.4.4.6 Sementeira .......................594.4.4.7 Obras de Engenharia Biofsica 604.4.5 Manuteno .65CAPTULO V - Concluso 5. Concluso ..67Bibliografia .71Lista de Figuras .........74Lista de Quadros 76Lista de Anexos .........77Anexo I Estimativa Oramental 78Anexo II Clculo do volume de movimentao de terras .81Anexo III Clculos Hidrulicos ..85Anexo IV Cadernos de Encargos .88Anexo V Cartografia condicionantes biofsicas .116Anexo VI Elementos Grficos 6. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoCAPTULO I Introduo1.1 Programa de Estgio - Estagiria Rita Santos Sousa - Licenciatura Engenharia Biofsica - Local do Estgio Cmara Municipal de Leiria Departamento de Urbanismo - Orientador Sandra Cadima - Perodo de Estgio 1 Novembro 2004 a 30 Junho 2005No mbito da elaborao do Plano de Urbanizao da Cidade de Leiria, que est actualmente na fase de Anteplano, prev-se na planta de zonamento uma Unidade Operativa de Planeamento e Gesto referente a Parque Urbano (U14), para o qual deve ser elaborado um Plano de Pormenor. Considerando as valncias do curso de Engenharia Biofsica definiu-se um trabalho, na rea de interveno do Parque Urbano, direccionado para a requalificao biofsica e paisagstica do Rio Lis, por este ser o elemento natural estruturante do parque.Rita SousaUniversidade de voraJunho 20055 7. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo1.2 Cronograma de EstgioNovembro Dezembro Contacto com os servios do Departamento de Urbanismo da Cmara Municipal de Leiria Definio do tema de estgio Recolha de informao na Cmara Municipal de Leiria Contacto com entidades exteriores Cmara Municipal de Leiria: LeiriaPolis; Direco Regional do Ambiente; Associao de Regantes do Vale do Lis; SIMLISJaneiro Fevereiro Caracterizao biofsica da bacia Hidrogrfica do Lis Levantamento da situao existente da rea da UOGP do Parque Urbano Caracterizao e anlise da situao existenteMaro Abril Elaborao de elementos grficos de caracterizao da ocupao do solo Potencialidades e limitaes da rea de interveno do Parque Urbano Seleco de uma rea integrada na UOGP do Parque Urbano, que inclua um troo do Rio Lis, para a elaborao de um projecto de requalificao biofsica e paisagstica Caracterizao e anlise da rea do projectoMaio Junho Elaborao do Projecto de requalificao biofsica e paisagstica Concluso do Trabalho de Fim de CursoRita SousaUniversidade de voraJunho 20056 8. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo1.3 IntroduoCom a expanso das cidades e subrbios surgiu a consequente reduo da qualidade de vida urbana, a degradao da paisagem e a desertificao e abandono do meio rural.Pensar a qualidade do espao pblico urbano significa ter presente os objectivos ambientais a incorporar no s nas estratgias futuras de planeamento urbano e ordenamento do territrio, mas tambm nas intervenes urbanas a nvel local (Alves, 2003).Sendo que os espaos verdes urbanos existentes na cidade de Leiria so na sua maioria espaos de enquadramento e ornamentao, no estando dimensionados nem equipados para desempenhar funes de recreio e lazer da populao, surge assim a necessidade de criao de espaos verdes de elevado valor ambiental, esttico e recreativo, inseridos na estrutura urbana como o caso do Parque Urbano da Cidade de Leiria.O Parque Urbano destina-se principalmente ao recreio, lazer e convvio da populao. A existncia de um equilbrio entre reas construdas e reas com vegetao fundamental no sentido de atrair populao de todos os estratos populacionais, sociais e etrios. O Rio Lis um elemento estruturante e principal constituinte do Parque Urbano da Cidade de Leiria.O crescente reconhecimento de valores naturais e culturais associados aos rios e as suas zonas de influncia tm conduzido reflexo e crtica relativa aos impactes ambientais causados por medidas estruturais de regularizao fluvial.Rita SousaUniversidade de voraJunho 20057 9. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoA regularizao fluvial, como forma de interveno nos leitos e caudais para permitir diversas utilizaes pelo homem, um processo desenvolvido desde os tempos mais remotos. Os sistemas fluviais tm sido fortemente intervencionados e transformados, nomeadamente nas pocas recentes, em que os impactes dos diferentes usos assumem uma extensa dimenso e relevncia, comparativamente aos verificados em pocas precedentes.Os efeitos destes processos de regularizao levaram artificializao dos sistemas fluviais, com a modificao do seu regime e dinmica, alterando e destruindo as comunidades biolgicas componentes dos seus sistemas. Por outro lado o uso dos rios como sistema de recolha de resduos, levou progressiva alterao da qualidade das guas que serviam de recepo dos produtos resultantes da laborao industrial e das guas residuais dos aglomerados, principalmente nas zonas de grande densidade urbana. Atingiram-se nveis elevados de poluio, agravada pela concentrao de adubos e pesticidas utilizados na agricultura intensiva, arrastados pelas guas pluviais para a rede de drenagem.A conservao dos sistemas fluviais, de acordo com os conceitos emergentes no mbito da conservao da natureza, tem sido apontada como forma de promover a preservao dos valores associados a estes sistemas e inserir esse objectivo nas estratgias de gesto integrada de bacias hidrogrficas, de proteco de recursos hdricos, gesto da rede fluvial e de ordenamento da paisagem e do territrio.Os rios surgem ento como espaos de carcter natural, que se podem associar a parques e zonas verdes e outros espaos abertos que a cidade moderna carece, constituindo-secomoelementosestruturadoresdoespao,orientandoodesenvolvimento de reas de recreio e lazer.Rita SousaUniversidade de voraJunho 20058 10. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoNeste trabalho faz-se o levantamento de todas as unidades de ocupao do solo da Unidade Operativa de Planeamento e Gesto U14 Parque Urbano da Cidade de Leiria at interseco do Rio Lis com a Ribeira dos Milagres. Esta unidade tem uma rea total de 200 hectares, e est inserido na sua totalidade na bacia hidrogrfica do rio Lis.Sendo que o rio Lis um elemento fundamental no Parque Urbano da Cidade de Leiria, elaborou-se um projecto de proteco, requalificao, recuperao e consequente valorizao biofsica e paisagstica de troos dos rios Lis e Lena. Para tal recorreu-se utilizao de tcnicas construtivas de engenharia biofsica de estabilizao e cobertura das margens e implementaram-se sebes arbreas e galerias ripcolas visto que estas estruturas biofsicas so de extrema importncia para a estabilizao das margens e para o enquadramento de vias e caminhos, e apresentam grande valor natural e paisagstico, funcionando como corredores verdes e assegurando o continuum naturale.Este projecto tem em considerao valores ecolgicos e estticos, bem como os riscos de cheia, no processo de deciso relativo ao ordenamento e planeamento deste sistema.1.4 ObjectivoOs objectivos deste trabalho so: A caracterizao da Unidade Operativa de Planeamento e Gesto U14 Parque Urbano da Cidade de Leiria (Plano de Pormenor Proposto) at interseco do rio Lis com a Ribeira dos Milagres, atravs do levantamento de campo das unidades de ocupao do solo; Rita SousaUniversidade de voraJunho 20059 11. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoAvaliao das potencialidades e das limitaes do local inventariado; Elaborao de um projecto de requalificao biofsica e paisagstica; O objectivo especfico do projecto o de valorizar ecologicamente, funcionalmente e esteticamente o espao escolhido, atravs da renaturalizao das margens do Rio Lis e do Rio Lena, atravs da implementao de tcnicas de estabilizao e cobertura das margens, constituindo galerias ripcolas adaptadas edafo-climaticamente.1.5 Enquadramento Legal de Parque UrbanoA estrutura ecolgica urbana foi criada com o objectivo de promover um continuum naturale integrado dentro do espao urbano, como foi consagrado na Lei de Bases do Ambiente, de modo a dotar a cidade de um sistema constitudo por vrios bitopos e por corredores que os interliguem, representados quer por ocorrncias naturais, quer por espaos existentes criados para o efeito, que sirvam de suporte vida silvestre (Magalhes, 2001).O Parque Urbano est inserido na estrutura ecolgica urbana, podendo incluir equipamento desportivo, didctico e cultural e destina-se principalmente ao recreio, lazer e convvio da populao. A sua concepo dever incluir reas verdes, nomeadamente bosquetes arbreo-arbustivos, clareiras, relvados, prados.O parque urbano apresenta vrias funes tais como: Conservao da natureza e proteco da paisagem, possibilitando assim o contacto do Homem com a Natureza; Purificao da atmosfera e regularizao climtica;Rita SousaUniversidade de voraJunho 200510 12. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoOrganizao e estruturao do espao urbano, contribuindo para o equilbrio entre zonas construdas e reas com vegetao; Equilbrio psicofisiolgico dos habitantes da cidade atravs do contacto com a Natureza; Promoo e valorizao do convvio social; Lazer e recreio; Ordem cultural, cientfica e educativa, sendo esta componente tambm uma forma de recreio, dentro da acepo que o ensino e a aprendizagem podem e devem ter um carcter ldico.O parque urbano dever ser um exemplo ecolgico, ambiental e biofsico (Manso, 2001).Conforme o Decreto-Lei n. 310/2003, 10 de Dezembro do Ministrio das Cidades, Ordenamento do Territrio e Ambiente, decreta no Artigo 2 que o mbito municipal concretizado atravs de vrios instrumentos, tal como os planos municipais de ordenamento do territrio, que compreendem os Planos Directores Municipais, os Planos de Urbanizao e os Planos de Pormenor. No Artigo 10 do mesmo DecretoLei os instrumentos de gesto territorial identificam a estrutura ecolgica. Segundo o Artigo 70 os planos municipais de ordenamento do territrio visam estabelecer a definio de estrutura ecolgica municipal.A nvel municipal e segundo o Projecto de Regulamento do Plano de Urbanizao de Leiria (2002), captulo V - Unidades Operativas de Planeamento e Gesto (UOPG), Artigo 39, o Plano de Urbanizao institui vrias UOPG, que se encontram delimitadas na Planta de Zonamento, escala 1:5000, incluindo a U14 Parque Urbano da Cidade de Leiria para a qual se elaborar Planos de Pormenor.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200511 13. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoNa seco VIII Espaos Afectos Estrutura Ecolgica Urbana, segundo o Artigo 26, a estrutura ecolgica constituda pelo conjunto das reas que, pela sua natureza e sensibilidade, se destinam a equipar e qualificar os espaos urbanos onde se inserem, a facilitar a drenagem natural e a contribuir para o equilbrio ambiental e ecolgico do territrio, no sendo permitida a sua desafectao para outras finalidades. O Artigo 27 informa que a estrutura ecolgica urbana constituda por vrias categorias de espao, incluindo o Parque Urbano.O Parque Urbano encontra-se definido no Artigo 35: a rea para este fim delimitada na planta de zonamento, constituindo o interface entre as franjas urbanas, o rio Lis e a ribeira dos Milagres, que ser obrigatoriamente sujeita a plano de pormenor e projectos de execuo e deve complementar equipamento de uso pblico, destinado a valorizar as condies de animao, atraco, desfrute e vigilncia da unidade, sendo que pelo menos 60% da rea do Parque Urbano deve constituir espao verde sem equipamento edificado, assegurando uma soluo de continuidade.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200512 14. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoCAPTULO II Caracterizao e Anlise da Bacia Hidrogrfica do Lis2.1 Caracterizao Biofsica da Bacia Hidrogrfica do Rio LisA caracterizao biofsica desta unidade foi feita com base nos estudos de enquadramento realizados para o Programa POLIS e nos estudos de caracterizao realizados no mbito do Plano de Urbanizao da Cidade de Leiria.Figura 1. Bacia Hidrogrfica do Lis (fonte www.adp.pt)2.1.1 Demografia/ Sectores de ActividadeA cidade de Leiria encontra-se situada na Regio (NUT III) do Pinhal Litoral, sendo a cidade mais populosa entre Coimbra e Lisboa. o centro de uma vasta rea de concelhos litorais de caractersticas predominantemente urbanas.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200513 15. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoEm termos demogrficos, trata-se de uma sub-regio extremamente dinmica, j que para alm do poder de atraco que exerce sobre a populao de fora, apresenta uma estrutura etria muito jovem. A vida econmica do concelho baseia-se sobretudo no sector secundrio e no tercirio, tendo o sector primrio uma expresso econmica menor. Ou seja faz parte de uma faixa litoral desenvolvida com nveis de produo e emprego elevados.2.1.2 Geologia e GeotecniaA bacia hidrogrfica do Lis desenvolve-se inteiramente sobre terrenos da denominada Orla Mesocenozica Ocidental. A cabeceira da bacia inicia-se numa importante unidade geomorfolgica, o Macio Calcrio Estremenho, onde se d a recarga que alimenta as principais nascentes do Lis, desenvolvendo-se em seguida sobre uma zona bastante aplanada, constituda fundamentalmente por terrenos Cenozicos de cobertura.Recorrendo Carta Geolgica na escala 1:50000, folha 23-C e respectiva nota explicativa (1968), h que referir na zona em estudo a ocorrncia de:- Aluvies e depsitos de fundo de vale (a), sendo que em Leiria os aluvies do Rio Lis tm entre 8 a 10 metros de espessura e so representados, na parte superior, por argilas iodosas acastanhadas e acinzentadas e, na base, por areias amarelas com burgaus;- Um complexo arentico, com algumas intercalaes argilosas, s vezes com restos de vegetais fsseis do Cretcico Inferior (C1-2);Rita SousaUniversidade de voraJunho 200514 16. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo- Um complexo calcrio Margoso Lusitaniano Inferior (J3ab) e de um complexo Hetangiano-Reciano (J1ab), em que os afloramentos so constitudos por margas vermelhas ou cinzentas, com gesso, e por calcrios, ambos datados do Jurssico. A tectnica diaprica presente nos diapiros do Lena, Leiria Parceiros e Monte Real, relacionada normalmente com fracturas profundas, est associada ao aparecimento de fontes termais.2.1.3 HidrologiaA bacia hidrogrfica do rio Lis tem uma rea aproximadamente de 945 km2 e est localizada no centro do pas entre 39 31 e 39 58 de latitude Norte e 836 e 8 58 de longitude Oeste.O rio Lis tem uma orientao dominante S-NW e nasce na Serra dos Candeeiros a 500 metros de altitude, perto da povoao de Fontes e desenvolve-se ao longo de 39.5 km, desaguando em Vieira de Leiria.Ao longo do seu percurso o Rio Lis imprime na paisagem vales fundos e planos, que so verdadeiras plancies aluvionares com larguras de 300 a 500 metros, sendo excepo o ligeiro estreitamento do vale do Lis quando da sua passagem pelos calcrios associados estrutura diaprica de Leiria.O Rio Lis tem vrios afluentes: - Margem Esquerda: - Ribeira da Tbua - Vale dos Barreiros - Rio Lena - Rio Seco Rita SousaUniversidade de voraJunho 200515 17. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo- Margem Direita: - Rio Fora - Ribeira dos Milagres - Ribeira da Caranguejeira ou do Sirol - Ribeira do FreixialEm termos de caracterizao genrica do regime de escoamento, o Rio Lis e os seus afluentes comportam-se como cursos de gua do tipo torrencial, com forte variabilidade dos caudais ao longo do ano hidrolgico.Devido escassez de dados de caudais mximos nas estaes hidromtricas da bacia, recorre-se aplicao de tcnicas de anlise estatstica dos caudais de ponta. A melhor aproximao passa pelo clculo do hidrograma sinttico de resposta a uma chuvada de projecto com determinada probabilidade de ocorrncia (no excedncia).No quadro 1 apresentam-se para vrios perodos de retorno, os caudais de ponta e os volumes das cheias para vrias seces do Rio Lis, obtidos pelo mtodo referido.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200516 18. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoQuadro 1. Valores dos caudais e de cheia modelados. Sub-baciaPerodo de333216728827391952971002482286310536121354605501585371100182615423980142638833153567110186686625228840750259957110029110745500365134871000397146795342125171042215332255261899450604217791006832459850086831225100021005(A= 393 km )64741000Leiria19250025025(A= 158 km )566710Lena1685246021000(A= 117 km )136500Sirol378025 211110(A= 111 km )Volume (10 m )5Lis-SirolCaudal (m /s)94834116retorno2.1.4 HidrogeologiaOs sistemas aquferos abrangidos total ou parcialmente pela bacia hidrogrfica do Lis so os seguintes: Alpedriz, Leirosa - Monte Real, Maceira, Macio CalcrioRita SousaUniversidade de voraJunho 200517 19. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoEstremenho, Ourm; Pousos - Caranguejeira e Vieira de Leiria - Marinha Grande. Estes aquferos encontram-se em meio poroso e em meio crsico.2.1.5 GeomorfologiaA nvel de geomorfologia pode-se dividir a bacia hidrogrfica do Lis em dois troos:Troo Superior do Lis Sub-bacias do Lis e do Lena. Esta zona desenvolve-se sobre o Macio Calcrio Estremenho, com permeabilidade muito elevada e drenagem atravs de galerias que surgem superfcie no rebordo do Macio.Troo Inferior do Lis Sub-bacia do Lis entre a costa e Leiria. Pode ser dividida em duas zonas: a jusante, entre a costa e Monte Redondo, possui declives baixos e estende-se sobre areias e cascalhos que possuem permeabilidade alta (estas caractersticas propiciaram as condies para uma rede hidrogrfica com uma densidade de drenagem fraca e o escoamento processa-se com alguma dificuldade); a zona a montante, desenvolve-se sobre arenitos, calcrios margosos e margas que possuem baixa permeabilidade (estas condies propiciam um escoamento elevado e uma maior densidade de drenagem).2.1.6 SolosA bacia hidrogrfica do Lis pode ser dividida em quatro grandes manchas correspondendo cada uma a um dado tipo de solo.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200518 20. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoCerca de 40% da bacia composta por solos podzolizados que predominam a jusante de Leiria. So solos pobres, por vezes muito cidos e com fracas capacidades de reteno de gua.No Sul da bacia e cobrindo cerca de 20% da sua rea correm os luvissolos clcicos. Apresentam uma boa capacidade de reteno de gua e uma boa fertilidade quando profundos. A sua descontinuidade no espao, prpria das regies calcrias em que ocupam pequenas depresses isoladas por vastas extenses de afloramentos rochosos, e a sua pequena espessura tornam invivel a prtica de uma agricultura desenvolvida.Nas colinas greso-argilosas, a jusante dos calcrios, ocorrem os cambissolos que cobrem cerca de 28% da rea da bacia. So solos medianamente ricos, que quando corrigidos permitem uma ocupao agrcola intensiva.Os aluviossolos profundos e frteis ocorrem nos vales da rede hidrogrfica, representando cerca de 7% da sua rea.2.1.7 ClimaTal como no restante territrio de Portugal Continental, o clima Mediterrnico com presena de duas estaes bem definidas tanto do ponto de vista trmico como pluviomtrico. Ou seja, com Veres quentes e sem precipitao e Invernos com temperaturas suaves mas fortemente pluviosos.O clima pode ser caracterizado a partir de dados obtidos da rede udomtrica existente na bacia composta por 10 estaes. Rita SousaUniversidade de voraJunho 200519 21. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoA precipitao na bacia apresenta uma forte variabilidade interanual, concentrando-se nos meses de Inverno. A precipitao mdia anual ligeiramente inferior a 1000 mm.A temperatura mdia anual, segundo a estao meteorolgica de Monte Real relativamente ao perodo de 1956/57 1993/94 de 14.8 C. O ms mais frio o ms de Janeiro com uma temperatura mdia de 9.8 C sendo o ms de Julho o mais quente, com uma temperatura mdia de 19.9 C.A evaporao mdia anual segundo os dados da estao de Monte Real no perodo de 1955/56 1992/93 de 83.5 mm. O ms com maior evaporao o ms de Maio com 89.9 mm de evaporao mdia, sendo o ms de Dezembro aquele com menor evaporao mdia 40.2 mm.A maior parte da bacia atingida por nevoeiros de adveco litoral, frequentes no perodo de Vero.Os ventos dominantes sopram dos quadrantes N e NW principalmente durante os meses de Vero. A disposio do relevo, nomeadamente da orientao e a abertura dos vales do Lis e Lena, associada orientao predominante dos ventos, leva fcil penetrao na bacia dos ventos martimos hmidos.2.1.8 Classificao EcolgicaA Carta Ecolgica de Portugal baseia-se na floresta climtica onde so consideradas espcies florestais ou arborcolas indicadoras do clima e tambm em ndices de caracterizao termo-pluviomtricos.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200520 22. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoDe acordo com esta classificao ecolgica de Albuquerque (1954), esta rea situa-se na zona ecolgica Fitoclimtica Atlntica, Mediterrneo-Atlntica, de nvel basal inferior aos 400 metros. A caracterizao autoftica desta zona ecolgica caracterizase pelos seguintes elementos: - Castanea sativa - Olea europaea - Pinus pinaster - Pinus pinea - Quercus faginea - Quercus robur - Quercus suber2.2 Qualidade da guaUm dos maiores problemas da bacia hidrogrfica do Lis a poluio da gua. Segundo a classificao da qualidade da gua para usos mltiplos do Instituto da gua (INAG), a qual permite definir os potenciais usos da gua em funo da sua qualidade, os resultados obtidos revelaram uma gua extremamente poluda (classe E). Esta classificao faz com que a gua em questo seja considerada inadequada para a maioria dos usos, podendo constituir uma ameaa para a sade pblica e ambiental.Esta poluio tem origem em descargas provenientes da indstria pecuria, nomeadamente suiniculturas, avirios, curtumes, lagares de azeite, destilarias e serrao de mrmores, localizadas a montante da zona de interveno, bem como de guas residuais domsticas no tratadas e de efluentes de pequenas indstriasRita SousaUniversidade de voraJunho 200521 23. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismometalomecnicas e estaes de servio, que so descarregadas, a partir das margens, no troo urbano do rio.A qualidade da gua do rio, ainda fortemente condicionada pela qualidade da gua da ribeira do Sirol, que encontra o rio Lis a jusante de S. Romo. Trata-se de uma ribeira que, recebendo descargas de indstrias pecurias e de pequenos aglomerados populacionais localizados a montante, contribui para a degradao da qualidade da gua do rio.As descargas directas no rio e seus afluentes, que influenciam a qualidade das guas, sobretudo durante o Vero, em que o caudal e o poder de diluio das guas do rio so menores, tornam-se inquietantes no s em termos negativos que influenciaro qualquer iniciativa de valorizao das margens, como at nas consequncias que podero ocasionar na qualidade da gua de abastecimento pblico zona baixa da cidade de Leiria, a qual tem origem predominantemente numa captao feita a partir do rio Lis.Com o objectivo de resoluo, de forma conjunta e integrada, dos problemas de poluio da bacia hidrogrfica do Lis, de forma a potenciar a sua revalorizao ambiental foi criada a SIMLIS (Saneamento Integrado dos Municpios do Lis). Os municpios abrangidos so a Batalha, Leiria, Marinha Grande, Ourm e Porto de Ms.A SIMLIS tem a responsabilidade da concepo, construo e explorao de um sistema multimunicipal de recolha, tratamento e rejeio final das guas residuais provenientes das redes dos cinco municpios abrangidos, com vista a: Solucionar os problemas de poluio da bacia do rio Lis, de forma conjunta e integrada;Rita SousaUniversidade de voraJunho 200522 24. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoContribuir para a resoluo dos problemas da poluio industrial e das suiniculturas; Revalorizar e melhorar os ecossistemas da bacia hidrogrfica do rio Lis; Melhorar a qualidade de vida da populao.O sistema multimunicipal de saneamento do Lis ter capacidade para tratar 56 mil m3/dia de efluentes, ser constitudo por 331 quilmetros de Emissrios, 11 Estaes de Tratamento de guas Residuais (ETAR) e 26 Estaes Elevatrias.Algumas das obras da SIMLIS j se encontram concludas, tal como: Emissrios: Vieira de Leiria; Olhalvas 1 Fase; Ponte das Mestras 1 Fase; pequenos troos dos emissrios da Ponte das Mestras e de Olhalvas 1 Fase; Ftima Fases I e II; Pedreiras e Bidoeira, Rede de Saneamento Domstico da Maceira Fase I e II. ETAR: Juncal, Pedreiras e Ftima. Estaes Elevatrias: novo sistema elevatrio da Ponte das Mestras; Vieira de Leiria.Obras em fase de concluso: Olhalvas Norte e Sul 2 Fase; Troo final e de reabilitao dos emissrios do Vale Gracioso; Estao elevatria de Boleiros Ftima Fase III.Obras em curso: Emissrios: Ponte das Mestras 2 Fase; Emissrios Nascentes 1 Fase do subsistema Norte; G1 e G2, estao e conduta elevatria da Pedra e troo inicial do interceptor geral; Ftima Fases III (tneis); interceptor geral e emissrios Poente do subsistema Norte. Rita SousaUniversidade de voraJunho 200523 25. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoEstaes Elevatrias: estaes e condutas elevatrias do subsistema Norte; Ftima Fase III Cova da Iria. Rede de Saneamento domestico de Maceira 3, 5 e 6 Fases.Obras a iniciar: ETAR Norte (incio da construo); Estaes elevatrias da Maceira; Remodelao da ETAR das Olhalvas.2.3 Principais Actividades que Afectam o Rio Lis e AfluentesOs rios tm sido os ecossistemas mais explorados pelo Homem ao longo da sua histria, disponibilizando vrios recursos, sendo uma das suas caractersticas mais atractivas o movimento unidireccional da corrente, constituindo um recurso renovvel, um sistema rpido de transporte e de remoo de afluentes, e uma fonte potencial de energia.So muitas as actividades humanas que alteram os componentes dos ecossistemas fluviais e cada vez maior a afectao destas actividades a grandes superfcies, a grandes distncias desde a origem, e com maior intensidade em funo do crescente poder tecnolgico e do desenvolvimento dos pases. O quadro que se segue enumera as principais actividades humanas que afectam os sistemas fluviais.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200524 26. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoQuadro 2. Principais actividades humanas que afectam os sistemas fluviais. A azul evidenciamse as principais alteraes registadas na Bacia do Lis (adaptado Plano Estratgico Programa Polis). Inter-Bacia Contaminao atmosfrica e deposio cida Transvases entre bacias Intra-Bacia - Alteraes do Uso do Solo: a. Repovoao e Desflorestao b. Urbanizao c. Desenvolvimento agrcola d. Drenagens - Actividades nas linhas de gua e plancies de inundao: a. Remoo da vegetao ripcola b. Obras de preveno de cheias c. Dragagens e canalizaes d. Extraco de inertes e. Agricultura e Plantaes f. Pastorcia g. Actividades recreativas - Impactes dentro do Rio: a. Regulao de caudais b. Contaminao orgnica e inorgnica c. Contaminao trmica d. Extraco/ Incorporao de caudais e. Explorao de espcies autctones f. Introduo de espcies exticas g. NavegaoRita SousaUniversidade de voraJunho 200525 27. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoAs alteraes do uso do solo por repovoao, desflorestao, urbanizao, culturas em regadio, drenagens, etc. alteram o regime hidrolgico e as relaes solo-gua nas vertentes, tendo repercusso imediata nos caudais em termos de entradas totais, distribuio das mesmas ao longo do ano, e carga de sedimentos ou eroso total transportada at aos leitos. No entanto so as actividades desenvolvidas nas proximidades do leito, ou no seu interior, que tm um impacte maior e mais visvel nos ecossistemas fluviais, alterando profundamente a vida aqutica existente.2.4 Situaes Extremas do Sistema FluvialAt ao incio do sculo XX eram frequentes as inundaes na cidade de Leiria, no pelos caudais lquidos extremos ento verificados mas, mais como resultado do forte assoreamento do leito.Devido ao assoreamento progressivo o leito do rio Lis encontrava-se em muitos pontos mais alto que os campos, tornando-se impossvel o escoamento das guas. Formavam-se em consequncia pauis permanentes ou temporrios que impediam o cultivo dos terrenos extremamente frteis.A seco do leito era insuficiente, no comportando sequer as cheias normais do Inverno, fazendo-se a sua descarga para os campos. A capacidade de transporte de material slido, que aflua em quantidades enormes ao rio, era diminuta devido s deficientes condies hidrulicas do seu leito e derivao de guas feita por descarregadores.At ao ano de 1901 foram executados vrios trabalhos de regularizao no curso do rio Lis com o objectivo de evitar as cheias, mas nenhum se mostrou to eficaz como Rita SousaUniversidade de voraJunho 200526 28. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismoas obras de regularizao e correco torrencial iniciadas pela ento criada Junta Directora da Bacia do rio Lis e mais tarde continuados pela Direco Geral dos servios Florestais e Aqucolas.As obras de regularizao fluvial consistiram essencialmente no aprofundamento, alargamento e ligeira rectificao do leito do rio, numa extenso de 30 km desde a cidade de Leiria at foz, permitindo o escoamento da mxima cheia prevista, e na construo de diques marginais elevados, de forma a ficarem com o seu coroamento acima do nvel de guas altas extraordinrias. Com o fim de aumentar a capacidade de transporte slido, o leito do rio em toda a sua extenso, constitudo por uma seco de leito menor e leito maior, sendo o primeiro dimensionado de modo a comportar as guas altas normais, prevendo-se o funcionamento do leito maior apenas 30 dias por ano, apenas nas ocasies de grandes cheias. Conseguiu-se assim diminuir consideravelmente, o transporte de caudal slido nos cursos de gua da bacia e, consequentemente, o risco de inundaes.Actualmente as inundaes na zona de Leiria atravessada pelo Lis so insignificantes, muito por fora da canalizao do rio nas zonas mais problemticas, onde as guardas de alvernaria existentes tm confinado as cheias mais severas. Estas obras foram dimensionadas para fazer face a um caudal mximo de 210 m3/s.As intervenes antrpicas no sentido de defesa contra as cheias deram origem a diversas modificaes e adaptaes no regime hidrulico e hidrolgico, na diversidade biolgica, nos tipos de utilizao e modos de vida dos sistemas fluviais, com reflexos nas caractersticas biofsicas dos corredores fluviais.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200527 29. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoCAPTULO III UOGP 14 Parque Urbano3.1 Caracterizao da UOGP 14 Parque UrbanoA UOGP 14 Parque Urbano, situa-se na bacia hidrogrfica do rio Lis, na zona denominada por Campos do Lis, e que compreende entre os limites da Cidade de Leiria e a zona de interseco da Ribeira dos Milagres com o Rio Lis. Tem uma rea total de 200 hectares. A cartografia do enquadramento desta unidade apresentada no Anexo VI.Esta zona um vale largo e aplanado que compreende declives que vo desde os 30 metros at aos 19 metros. Este ligeiro declive acompanha a jusante do rio, contornada a Norte por uma zona mais elevada onde se encontra o espao urbano.Tem como elemento central o rio Lis, que como se explicou anteriormente foi alvo de intervenes de regularizao, o que resultou na elevao das margens de modo a diminuir as inundaes provocadas pelas cheias. No rio Lis no existe galeria ripcola, estando sempre ladeado por um denso canial.Nesta unidade existe um sistema de regadio do Vale do Lis composto por valas de rega e de enxugo paralelas ao rio Lis e vrias condutas de gua.Outro elemento existente o rio Lena, principal afluente do rio Lis que se encontra poludo devido s descargas de efluentes tendo por isso um cheiro extremamente desagradvel. No entanto este rio apresenta uma galeria ripcola bem desenvolvida constituda por salgueiros (Salix), choupos (Populus) e freixos (Fraxinus angustifolia).Rita SousaUniversidade de voraJunho 200528 30. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoExiste ainda uma rede de caminhos de terra batida, onde existe um caminho que acompanha e se desenvolve ao longo das margens do rio, e outros secundrios que servem apenas de acesso aos veculos de apoio explorao agrcola existente.Ao nvel da ocupao do solo, fez-se o levantamento de campo de todas as unidades existentes na rea em estudo, resultando uma carta de ocupao do solo na rea do Parque Urbano, que se encontra no Anexo VI.3.2 Levantamento das Unidades de Ocupao do SoloA cartografia utilizada para o trabalho de campo foi disponibilizada pela Cmara Municipal de Leiria, em formato digital e em formato de papel escala 1:2000. Contactou-se tambm a Associao de Regantes do Vale do Lis, que disponibilizou a informao cadastral 1:2500 do Projecto Hidroagrcola do Vale do Lis.Para a realizao do levantamento de campo recorreu-se tambm utilizao de fotografias areas do ano 2000 disponibilizadas pela Cmara Municipal de Leiria.Depois de recolhida a informao base iniciou-se o levantamento de campo das diferentes unidades de uso do solo. As unidades de ocupao do solo inventariadas e as respectivas reas foram:Rita SousaUniversidade de voraJunho 200529 31. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoAgricultura rea = 971107 m2Fotografia 2. Agricultura.Baldio rea = 246279 m2Fotografia 3. Zona de baldio.Canial (Arundo donax) no caso do canial no se obteve a rea porque apenas se marcou de forma linear.Fotografia 4. Canial.Choupal adulto (Populus alba choupo branco) rea = 77276 m2Fotografia 5. Choupal adulto.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200530 32. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoChoupal juvenil (Populus alba choupo branco) rea = 10060 m2Fotografia 6.Choupal juvenil.Construes nova ponte rea = 3342 m2Construes novas existentes rea = 873 m2Fotografia 7. Novas construes.Estao de Tratamento de guas Residuais rea = 33290 m2Eucaliptal/ Choupal rea = 18464 m2Eucaliptal/ Pinhal rea = 13824 m2Galeriaripcola(Alnusglutinosa-amieiros, Fraxinus angustifolia - freixos, Salix - salgueiros, Populus choupos, Hedera helix hera) rea = 3617 m2 Fotografia 8. Galeria ripcola.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200531 33. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoOlival (Olea europaea var. europaea) rea = 1457 m2Pomar rea = 143184 m2Fotografia 9. Pomar.Quercneas (Quercus sp.) rea = 8343 m2Silvado (Rubus ulmifolius) rea = 1579 m2Fotografia 10. Silvado.Vinha rea = 28123 m2Viveiro de choupos rea = 19922 m2Viveiro de vinha rea = 54089 m2Viveiros Quinta da Gndara rea = 97255 m2Fotografia 11. Viveiros Quinta da Gndara.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200532 34. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoAps a elaborao grfica correspondente a este levantamento obteve-se uma Carta de Ocupao do Solo que se encontra no Anexo VI.3.3 Condicionantes BiofsicasCom o intuito de identificar os condicionalismos ocupao, bem como avaliar os recursos naturais presentes, foram delimitadas no Plano Directo Municipal as reas do territrio abrangidas pelos diversos tipos de servides e restries de utilidade pblica. As servides administrativas e restries de utilidade pblica com estatuto legal existentes na rea do Parque Urbano de Leiria so: Reserva Ecolgica Nacional (R.E.N.); Reserva Agrcola Nacional (R.A.N.); Zonas Inundveis; Domnio Pblico Hdrico (DPH); Aproveitamento Hidroagrcola do Vale do Lis.3.3.1 Reserva Ecolgica NacionalA Reserva Ecolgica Nacional foi criada com a finalidade de " possibilitar a explorao dos recursos e a utilizao do territrio com salvaguarda de determinadas funes e potencialidades, de que dependem o equilbrio ecolgico e a estrutura biofsica das regies, bem como a permanncia de muitos valores econmicos, sociais e culturais " (Decreto-Lei n. 93/90 de 19 de Maro) e integra " todos as reas indispensveis estabilidade ecolgica do meio e utilizao racional dos recursos naturais, tendo em vista o correcto Ordenamento do Territrio " (Decreto-Lei n. 321/83 de 5 de Julho).Rita SousaUniversidade de voraJunho 200533 35. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoA REN est dividida em diferentes ecossistemas: zonas costeiras, zonas ribeirinhas, guas interiores e reas de infiltrao mxima ou apanhamento e zonas declivosas, estando estas zonas por sua vez divididas em ecossistemas particulares (praias, sapais, lagoas, cabeceira da linha de gua, escarpas com declive superior a 5%, etc.).Na rea do Parque Urbano os 200 hectares existentes esto totalmente abrangidos pela Reserva Ecolgica Nacional, sendo os ecossistemas com maior expresso, as zonas ameaadas pelas cheias e as reas de infiltrao mxima.3.3.2 Reserva Agrcola NacionalA existncia de reas de Reserva Agrcola Nacional (Decreto-Lei n. 196/89 de 14 de Junho, alterado pelo Decreto-Lei n. 274/92 de 12 de Dezembro) traduz a existncia no territrio das zonas com melhor potencial de produo primria a nvel pedolgico e que, como tal, no podem sofrer alteraes irreversveis dessa situao, fundamental de um ponto de vista biofsico, econmico e social.Esta condicionante regulamenta os usos dos solos englobados nas classes mais produtivas por forma a "defender e proteger as reas de maior aptido agrcola e garantir a sua afectao agricultura de forma a contribuir para o desenvolvimento da agricultura portuguesa e para o correcto ordenamento do territrio" (Decreto-Lei n. 196/89). um conjunto de reas que face s suas caractersticas morfolgicas, climatricas e sociais, apresenta maiores aptides para a produo de bens agrcolas. So essencialmente solos do tipo A e B, solos de baixas aluvionares e coluviais, podendo tambm serem solos Ch cuja integrao possa ser conveniente. A proposta e gesto Rita SousaUniversidade de voraJunho 200534 36. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismodas reas da RAN so da competncia das Direces Regionais da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.Estes solos sob regime de RAN devem ser exclusivamente afectos agricultura (Artigo 8) sendo proibidas todas as aces que diminuam ou destruam as suas potencialidades agrcolas.Por outro lado carecem de parecer prvio favorvel das Comisses Regionais da Reserva Agrcola vrios tipos de interveno no territrio, nomeadamente e pelas alteraes introduzidas pelo Decreto-Lei n. 274/92 de 12 de Dezembro, as operaes e explorao florestal quando decorrentes de projectos aprovados ou autorizados pela Direco Geral de Florestas (Artigo 9).Na rea do Parque Urbano os 200 hectares existentes esto totalmente abrangidos pela Reserva Agrcola Nacional.3.3.3 Zonas InundveisDe modo a evitar o agravamento dos riscos de cheias nas zonas urbanas, devido s alteraes efectuadas na rede de drenagem natural, em consequncia da obstruo das linhas de gua, da ocupao das reas contguas aos cursos de gua, da impermeabilizao de extensas reas, o Decreto-Lei n. 368/98, de 21 de Novembro, estipula que sejam considerados nos Planos Municipais de Ordenamento do Territrio, as zonas vulnerveis ocorrncia de cheias e riscos de inundao. Este Decreto-Lei determina que nos regulamentos dos PMOT, sejam estabelecidas as restries necessrias para reduzir os riscos de cheia.A rea do Parque Urbano est na sua totalidade inserida numa zona inundvel. Rita SousaUniversidade de voraJunho 200535 37. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo3.3.4 Domnio Pblico HdricoDe acordo com o Decreto-Lei n. 468/71, de 5 de Novembro, considera-se que a margem das guas no navegveis nem flutuveis, nomeadamente torrentes, barrancos e crregos de caudal descontnuo, tem a largura de 10 metros.Considera-se Domnio Pblico Hdrico, de acordo com o artigo 5 do mesmo DecretoLei, os leitos e margens de quaisquer guas navegveis ou flutuveis sempre que tais leitos e margens lhe pertenam, e bem como os leitos e margens das guas no navegveis nem flutuveis que atravessam terrenos pblicos do Estado; consideramse Objecto de Propriedade Privada, sujeitos a Servides Administrativas, os leitos e margens das guas no navegveis nem flutuveis que atravessem terrenos particulares, bem como as parcelas dos leitos e margens das guas do mar e de quaisquer guas navegveis ou flutuveis que forem objecto de desafectao ou reconhecidas como privadas nos termos deste diploma.Assim esta condicionante incide sobre todo o rio Lis e Lena, presentes na rea de estudo.3.3.5 Aproveitamento Hidroagrcola do Vale do LisEsta obra, cuja construo se realizou de 1943 a 1957, situa-se ao longo das margens do rio Lis e seu afluente Lena, nos concelhos de Leiria (1.800 hectares) e da Marinha Grande (345 hectares), beneficiando, segundo o projecto da Obra, uma rea total de 2.145 hectares. Est em curso um processo de desanexaes de solos ocupados com infra-estruturas de apoio rea urbana de Leiria, pelo que esta rea beneficiada ser, num futuro prximo, ligeiramente reduzida. Rita SousaUniversidade de voraJunho 200536 38. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoO Aproveitamento Hidroagrcola do Vale do Lis composto por uma rede de rega onde a distribuio da gua efectuada por uma rede com um desenvolvimento total de 222.2 metros; e por uma rede de enxugo com 140.2 metros. Alm desta rede, existem ainda colectores de encosta com o comprimento total de 36.7 metros, que funcionam como obras de defesa no Inverno e, no Vero, so aproveitados em parte como canais de rega.Verificou-se na rea de interveno do Parque Urbano a existncia de reas integradas no permetro de rega do Vale do Lis, de acordo com os elementos fornecidos pelo Instituto de Hidrulica, Engenharia Rural e Ambiente (IHERA).A cartografia referente s condicionantes biofsicas descritas encontra-se no Anexo V.3.4 Potencialidades e Limitaes da Zona de Interveno do Parque UrbanoAps o levantamento de campo e caracterizao biofsica da zona escolhida para implementar o Parque Urbano da Cidade de Leiria avaliaram-se as potencialidades e as limitaes desta zona.Uma limitao o facto do rio Lis estar rodeado por um denso canial (Arundo donax), o que implica uma desmatao e limpeza da zona adjacente linha de gua.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200537 39. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoFotografia 12. Rio Lis com canial a rodear as margens.O Lis tambm uma linha de gua muito artificializada e condicionada a nvel de dimenses do leito, visto que este est dimensionado de modo a encaixar as cheias centenrias.Outro factor a ter em conta para a elaborao de um projecto nesta rea que todos os terrenos so privados e tm uma utilizao agrcola, sendo este facto um impedimento para a elaborao de algo que exceda a zona adjacente s linhas de gua e aos caminhos.Uma das potencialidades deste local o facto de estarmos na presena de duas linhas de gua com grande potencial paisagstico, recreativo e ecolgico.No caso do Rio Lena de salientar a existncia de uma galeria ripcola constituda por salgueiros (Salix), choupos (Populus) e freixos (Fraxinus angustifolia) como se pode ver na fotografia 13.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200538 40. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoFotografia 13. Rio Lena com vegetao nas margens.Outra potencialidade deste local, futuramente, a delimitao de uma rea destinada a hortas sociais urbanas, visto que esta uma zona tipicamente agrcola, mantendose assim esta funcionalidade.As hortas sociais urbanas devero ter uma dimenso de 200 m2 e serem compartimentadas com sebes vivas. Como equipamento de apoio tero uma rede de rega e acessos, devendo proceder-se ainda construo de abrigos para armazenamento de utenslios.As hortas sociais urbanas esto a adquirir cada vez mais importncia nas cidades modernas que tm carncia de espaos rurais, havendo uma crescente procura por parte das pessoas que habitam esses espaos modernos e que sentem necessidade de uma aproximao ao rural atravs da agricultura.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200539 41. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoCAPTULO IV PROPOSTA DE REQUALIFICAO4.1 Proposta de Requalificao Biofsica e PaisagsticaAps a anlise realizada com base no levantamento de campo, condicionantes biofsicas, potencialidades e limitaes, da unidade operativa de planeamento e gesto Parque Urbano da cidade de Leiria, elaborou-se uma proposta de ordenamento biofsico e paisagstico, tendo em vista a requalificao biofsica e paisagstica de dois troos do Rio Lis e Rio Lena. A rea de interveno a zona de confluncia do rio Lena com o rio Lis, e a rea envolvente.4.2 Objectivos da PropostaOs objectivos principais desta proposta de requalificao biofsica e paisagstica de dois troos do Rio Lis e Rio Lena so a: Requalificaopaisagsticaconcebendoumapaisagemagradveleenquadrada no espao; Requalificao ecolgica atravs da criao e melhoria dos habitats e outros sistemas ecolgicos de modo a atingir um equilbrio adequado s caractersticas biofsicas existentes; Requalificaofuncionaldesenvolvendoascondiesnecessriaseadequadas optimizao do espao, numa perspectiva de proteco e equilbrio ambiental, no que diz respeito utilizao do futuro Parque Urbano de Leiria, por parte do pblico.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200540 42. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoPretende-se assim revitalizar e renaturalizar estes rios de elevado interesse urbanstico, ambiental e paisagstico, adaptando-se este projecto realidade e ao potencial do espao.4.3 Enquadramento Terico da PropostaO rio constitui uma paisagem natural e cultural que tem servido de referncia para o Homem ao longo de toda a sua existncia.Segundo Saraiva (1999), o rio a espinha dorsal ou nervura da estrutura hidrolgica do territrio, estrutura complexa que a actividade humana tende, geralmente a simplificar, reduzindo a diversidade dos sistemas naturais que dela dependem e, concomitantemente, a sua riqueza intrnseca bem como a variedade esttica que lhe est associada.O sistema fluvial surge enquadrado no conceito de corredor fluvial ou corredor rio, sistema este que abrange no s todo o sistema de drenagem superficial e margens, como todo o sistema adjacente de influncia ripcola incluindo a vida animal associada (Angold, 1993; Budd et al., 1987, cit in Saraiva, 1999).Um corredor fluvial constitudo por vrios sistemas interdependentes, relacionados entre si e que se distinguem transversalmente (Pereira, 2001): Leito Espao fsico por onde drena a gua do escoamento. Apresenta uma extenso varivel ao longo do ano, dependendo do caudal, podendo-se distinguir quatro nveis distintos: nvel de estiagem (altura do escoamento mnimo anual na poca estival de menor precipitao), nvel mdio (altura mdia de escoamento ao longo do ano), nvel normal de cheia (altura de Rita SousaUniversidade de voraJunho 200541 43. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismoescoamento mximo anual na poca de maior precipitao) e nvel mximo de cheia (corresponde zona inundvel calculada em funo de perodo de retorno). As intervenes a nvel do leito devero ter presente este dinamismo que mais acentuado em climas mediterrneos com escoamentos torrenciais; Corpo de gua Elemento central do corredor que apresenta uma dinmica muito acentuada; a sua energia cintica, varivel longitudinalmente, confere-lhe a funo de transporte de materiais provenientes da bacia hidrogrfica. A gua possibilita a existncia de flora e fauna distintas da envolvente, nomeadamente a ictiofauna, bem como algumas espcies de herpetofauna e at de mamferos que dependem de gua corrente. A qualidade da gua um factor fundamental para a sustentabilidade dos sistemas ribeirinhos e para as actividades humanas. Galeria Ripcola Em alguns casos ocupa parcialmente o leito, principalmente os taludes, podendo ocupar uma faixa mais ou menos estreita. Tem as seguintes funes: fonte de alimento e abrigo para a fauna terrestre e anfbia; reduo do teor de nutrientes dissolvidos e em suspenso, resultantes da elevada taxa de desnitrificao nos solos aluviais, promovida pela alternncia das condies aerbias e anaerbias, pela capacidade de filtrao e remoo de nutrientes; diminuio da luminosidade; diminuio da temperatura da gua; estruturao do vale; funo paisagstica e esttica; consolidao e estabilizao das margens, proteco contra a eroso; diminuio da velocidade de sada da gua para os terrenos agrcolas em situaes de cheia. O seu estado de naturalizao depende das intervenes humanas, directa e indirectamente. Sistema Antrpico Este sistema pode ser agrcola, constitudo por espcies exticas e a maior parte das vezes monoculturas. Em muitos casos esta ocupao pode at ser urbana. O sistema antrpico , em grande medida oRita SousaUniversidade de voraJunho 200542 44. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismoresponsvel pela degradao da qualidade da gua, quer por poluio difusa, quer por efluentes industriais, urbanos e agrcolas.De um modo geral, os corredores fluviais apresentam as seguintes caractersticas ecolgicas (Forman e Godron, 1986):Estrutura linear ou curvilnea, relacionada com as caractersticas morfolgicas da rede de drenagem; Elevadograudeconexocomsistemasadjacentes,actuandosimultaneamente como elemento de ligao e separao entre eles; Favorecimento de condies de refgio e proteco, constituindo habitats para um elevado nmero de espcies; Existncia de gradientes, ou seja, mudanas graduais na composio e abundncia das espcies, o que d origem a funes condutoras de movimento e circulao de espcies biolgicas; Efeitos de orla, de filtragem e/ou de barreira; Existncia de relaes funcionais com as guas subterrneas, favorecendo o seu fluxo ascendente, bem como na circulao de guas superficiais, controlando as funes de escoamento e infiltrao, a reteno de nutrientes e sedimentos e a proteco contra a eroso; Grande tolerncia e flexibilidade face s modificaes cclicas do regime de caudais do rio; Controlo do desenvolvimento de plantas aquticas por ensombramento; Riqueza e diversidade paisagstica e valorizao cnica da paisagem.Sujeitos poluio e artificializao pelas obras de regularizao, os rios assumem uma degradao crescente que se reflecte no condicionamento das utilizaes, no afastamento das actividades urbanas de maior prestgio e na profunda alterao dos Rita SousaUniversidade de voraJunho 200543 45. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismosistemas biolgicos a eles associados. Canalizados e poludos, de cor e cheiro desagradveis, sem vida animal ou vegetal ou com a presena de vegetao invasora e desadequada ecologicamente, transformam-se em elementos indesejados pelas populaes.As intervenes antrpicas no sentido de controlo e defesa contra as cheias do origem a diversas modificaes e adaptaes no regime hidrolgico e hidrulico, na diversidade biolgica, nos tipos de utilizao e modos de vida nos sistemas ribeirinhos, com reflexos nas caractersticas biofsicas dos corredores fluviais.Actualmente com o desenvolvimento de atitudes e programas que consideram na gesto dos sistemas fluviais, o seu potencial ecolgico e a diversidade, bem como a riquezaestticaepaisagstica,recorre-seutilizaodemetodologiasambientalmente ajustadas s especificidades fsicas e culturais das regies, alternativamente a solues artificializantes em planos e projectos de interveno fluvial.A interveno nos corredores fluviais, deve assentar num conjunto de princpios e meios tcnicos, tendo em conta as mltiplas dimenses e funes destes sistemas, de acordo com estratgias que conjuguem a utilizao dos recursos com objectivos de conservao, valorizao, recuperao ou restauro. Assim sendo deve ser tomada em considerao a continuidade funcional entre elementos ecologicamente mais activos na paisagem, permitindo o fluxo de energia e circulao de materiais e seres vivos; a meandrizao, atravs da possibilidade de incremento da orla, ou seja das superfcies limite entre diferentes elementos da paisagem; a elasticidade ou a capacidade de adaptao diversidade de situaes; e a intensificao da actividade ecolgica nos elementos estruturais dos ecossistemas e da capacidade de auto-regenerao.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200544 46. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoUm factor de grande importncia neste projecto de requalificao biofsica e paisagstica foi a implementao de vegetao ripcola. A vegetao ripcola constitui uma das componentes essenciais dos corredores fluviais, devendo as suas caractersticas, estrutura e dinmica ser devidamente analisadas nos processos de interveno relativos aos sistemas fluviais. As suas funes ecolgicas podem caracterizar-se de acordo com o esquema que se segue:Figura 14. Esquematizao das funes desempenhadas pela vegetao ripcola na paisagem (Saraiva, 1999).VARIVEIS DE CONTROLOGUACLIMA- influncias de montante - variao natural - influncias antropognicas- microclima - mesoclimaGEOMORFOLOGIA- natureza e textura do substrato - n. de ordem do curso de gua - largura do leito de cheiaUSO DO SOLO- agricultura - floresta - recreio - outrosVEGETAO RIPCOLAEstruturaHABITATS AQUTICOS- controlo de temperatura - proviso de abrigo - proviso de substrato - manuteno de caudais durante a estiagemGrau de cobertoDiversidade de espciesVIDA SELVAGEM TERRESTREComposio em espciesBENEFCIOS SOCIO-ECONMICOS- microclima - coberto vegetal - recursos de alimentao - territrio/ locais de nidificao - conectividade dos corredores- defesa conta as cheias - qualidade cnica e esttica - recreioREGULAO DOS ECOSSISTEMAS- estabilidade do leito - controle da eroso - filtragem/ reteno de sedimentos - defesa contra as cheias - tratamento de guas residuais - controlo de pesticidasRita SousaUniversidade de voraJunho 200545 47. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoPara a elaborao deste projecto de requalificao e a recuperao da estrutura ecolgica do corredor fluvial, utilizaram-se um conjunto de princpios utilizados na recuperao e restauro de corredores fluviais na Alemanha (Wasserwirtschaft, 1980 cit in Saraiva, 1999), adaptados a este caso:Unidade Entre os ecossistemas aquticos, anfbios e terrestres existem interaces dinmicas e intensas. O leito do rio, leito de estiagem, margens e leito de cheia constituem uma unidade ecolgica e funcional que deve ser considerada globalmente. Diversidade As paisagens fluviais tm uma variedade especfica de estrutura e bitopos, baseada na manuteno da cadeia trfica dos ecossistemas. As medidas a implementar devem ter em considerao a diversidade estrutural do rio e das suas margens, mantendo-a ou aumentando-a. Dinmica A dinmica do curso de gua depende dos processos de eroso e sedimentao que se verificam na bacia e o seu equilbrio com o regime de caudais. Estes processos, assim como a sua frequncia e durao, determinam as caractersticas dos bitopos associados ao sistema fluvial. Individualidade Cada sistema fluvial tem a sua individualidade prpria baseada nas condies naturais e na influncia humana na bacia hidrogrfica, leito de cheia, margens e no prprio curso de gua. Assim sendo deve-se contrariar a uniformizao das medidas de interveno, a fim de evitar a monotonia nas paisagens fluviais. Continuidade O rio e o vale aluvionar constituem bitopos lineares, cujas biocenoses se adaptam de maneira especfica s condies locais, nomeadamente no que diz respeito mobilidade e expanso das espcies. Deve-se ento preservar, recuperar ou restaurar a continuidade dos sistemas fluviais.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200546 48. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoManuteno orientada A maior parte dos bitopos, tanto no meio aqutico como no meio terrestre, diferenciam-se em termos de estrutura de desenvolvimento e maturidade, em resultado de interaces mtuas durante um perodo de tempo mais ou menos longo. Deve procurar manter-se as estruturasexistentesecologicamentemaisdesenvolvidas,atravsdeprocessos de manuteno orientada. Desenvolvimento integrado Deve ter-se em conta a dinmica e evoluo dos processos naturais, aquando das medidas de interveno e manuteno. No entanto, qualquer interveno significa uma perturbao na dinmica natural do sistema. Concepo naturalista As medidas de concepo naturalista so sempre preferidas em relao a outra que utilizam materiais mais rgidos. No entanto combinaes adequadas de materiais rgidos com elementos vegetais podem tambm originar elementos estruturais habitveis pela flora e fauna.Neste projecto de requalificao recorreu-se utilizao de tcnicas construtivas de engenharia biofsica. Estas tcnicas baseiam-se em mtodos construtivos que se apoiamemprocessosbiolgicos,procurandoobterumafuncionalidadesimultaneamente estrutural e ecolgica (Fernandes, 1987). Recorrem a materiais flexveis, principalmente material vivo, como espcies de vegetao seleccionadas por critrios de adequao ecolgica e funcional, bem como a materiais inertes, conjugados com o material vivo.A utilizao de tcnicas construtivas em linhas de gua tem particular importncia dada a sua riqueza ecolgica e paisagstica, impossvel de manter utilizando exclusivamente tcnicas lineares de engenharia civil com materiais rgidos e estranhos ao meio em que so inseridos.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200547 49. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoSegundo Fernandes (1987), as tcnicas construtivas utilizando materiais vivos como a vegetao, apresentam, relativamente s tcnicas convencionais, que apenas usam materiais inertes, um conjunto de vantagens e desvantagens, sintetizadas no seguinte quadro:Quadro 3. Vantagens e desvantagens do uso da vegetao como material de construo face aos materiais inertes.Material vegetalInertesVantagensDesvantagens Tendem a perder a sua eficcia devido No se degrada, regenera-se e tem uma capacidade corroso e degradao, no possuindo de estabilizao crescente capacidade de regenerao Desenvolvem o papel protector de modo elstico,So estruturas estveis e pouco deformveisabsorvendo com facilidade as aces agressivasrelativamente aos agentes agressivos No preenchem quaisquer funes biolgicasSo biologicamente e ecologicamente activos ou ecolgicas Possibilitam a valorizao paisagstica de estruturas Constituem elementos estranhos na paisagemDesvantagensVantagensNo preenchem em todas as situaes as exigncias So mais estveis de consolidao e segurana requeridas Exigem uma aplicao adaptada e dependente das So independentes das caractersticas do local caractersticas do local, no sendo passveis de e de aplicao menos limitada temporalmente construo em qualquer poca do ano Atingem a sua eficcia tcnica apenas aps um certo So imediatamente funcionais intervalo de tempo Exigem normalmente mais espaoExigem normalmente pouco espao frequente existirem mtodos construtivos que combinam a utilizao simultnea de materiais construtivos vivos e tcnicas de engenharia civil da maior ou menor rigidezRita SousaUniversidade de voraJunho 200548 50. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismoconsoante os problemas, riscos e factores de agressividade do meio, potenciando a funcionalidade ecolgica, hidrolgica e paisagstica do sistema intervencionado.Quanto aos diversos tipos de tcnicas construtivas, estas no podem ser classificadas tendo por base os materiais de construo, pois as combinaes existentes so variadas, mas sim tendo em conta a sua funo (Tremoceiro, 1999): Tcnicas combinadas de apoio, suporte e consolidao combinam normalmente inertes e vegetao para escoramento do terreno e consolidao de materiais instveis (muros de gabies, muros em degrau, etc.); Tcnicas de drenagem biotcnica embora de baixa eficincia quando comparada com os sistemas tradicionais, permitem resultados aceitveis quando uma boa drenagem no fundamental (drenos de faxinas vivas, canais vivos, etc.); Tcnicas de estabilizao destinam-se construo em locais onde ocorram foras mecnicas no solo que impliquem a sua imediata estabilizao em profundidade, e onde normalmente no se d uma alterao significativa do perfil do terreno (faxinas, rolos biodegradveis, gradeamentos, etc.); Tcnicas de cobertura tm como principal funo a cobertura rpida da superfcie do solo (redes e geotexteis biodegradveis, sementeiras, etc.); Tcnicas especficas para linhas de gua incluem-se aqui as construes colocadas transversalmente ou longitudinalmente linha de gua (barragens de correco torrencial, barreiras de troncos, etc.); Tcnicas complementares so aquelas que se destinam a assegurar a segurana do sistema instalado e a acelerar o processo de instalao da vegetao (plantaes de lenhosas e rizomas, sementeiras, fertilizaes, etc.).Rita SousaUniversidade de voraJunho 200549 51. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo4.4 Projecto de Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e Rio LenaCom base em todos os princpios referidos neste enquadramento terico elaborou-se um projecto de ordenamento biofsico e paisagstico, tendo em vista a requalificao e a recuperao da estrutura ecolgica do corredor fluvial, que est intensamente alterado e artificializado devido execuo do projecto de regularizao, controlo de cheias e adaptao ao regadio, neste rio.4.4.1 Elementos constituintes do projectoPeas escritas- Relatrio de estgio - Caderno de encargos Clusulas tcnicas especiais (Anexo IV)Peas desenhadas- Plano de Modelao do Terreno - Curvas de Nvel Propostas - Plano de Altimetria - Plano de Planimetria - Plano de Drenagem e Pavimentos - Plano de Plantao de rvores e Arbustos - Plano de Sementeira - Plano de Pormenores de Construo - Plano Geral Rita SousaUniversidade de voraJunho 200550 52. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo- Plano Geral (Pormenor) - CortesAs peas desenhadas encontram-se no Anexo VI.4.4.2 Caracterizao e Anlise da rea de IntervenoA rea de interveno tem um total de 16.8 hectares e estende-se ao longo das margens do Rio Lis e do seu afluente Rio Lena, sendo portanto a zona de confluncia destes dois rios. uma zona plana com declives que variam desde os 23 metros at aos 28 metros. O elemento central desta rea o rio Lis, que devido s intervenes de regularizao a que foi sujeito tem as margens elevadas em relao aos campos agrcolas que o envolvem, de modo a impedir as inundaes provocadas pelas cheias.Esta zona est inserida nos Campos do Lis, e a ocupao do solo dominante na sua envolvente a agricultura. O rio Lis tem as margens ladeadas por um denso canial, o rio Lena apresenta as margens cobertas por vegetao ripcola bem desenvolvida, constituda por salgueiros (Salix), choupos (Populus) e freixos (Fraxinus angustifolia).Existe uma rede de caminhos bem estruturada em que alguns acompanham o percurso do rio, e outros que servem de acesso aos terrenos agrcolas envolventes.A imagem que se segue uma fotografia area da zona de interveno tirada no ano 2000 em que se pode observar a ocupao do solo (agricultura), as margens rodeadasRita SousaUniversidade de voraJunho 200551 53. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismode canial no caso do Rio Lis e com alguma vegetao ripcola no caso do Rio Lena, e os acessos existentes.Imagem 15. Fotografia area da zona de interveno.Caracterizao e Anlise do ProjectoNo mbito do Parque Urbano da Cidade de Leiria, a concepo apresentada pretende criar um bom enquadramento biofsico e paisagstico com toda a envolvente natural ou naturalizada.Prevista a despoluio do Rio Lis pela SIMLIS, obter-se- a renaturalizao do leito e das suas margens.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200552 54. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoConsiderou-se de extrema importncia a implementao de sebes arbreas e galerias ripcolas visto que estas estruturas biofsicas, de grande importncia para a estabilizao das margens das linhas de gua e para o enquadramento de vias e caminhos, apresentam grande valor natural e paisagstico, funcionando como corredores verdes e assegurando o continuum naturale.Recorreu-se utilizao de tcnicas construtivas de engenharia biofsica que se baseiam em processos biolgicos e apresentam uma funcionalidade estrutural e ecolgica, sendo por isso a sua implementao em linhas de gua muito importante a nvel biofsico e paisagstico.Este projecto tem como base as peas escritas e desenhadas, onde esto definidos os tipos e reas de interveno. Os critrios do projecto de execuo a serem seguidos e desenvolvidos, so os seguintes: - Desmatao e limpeza, ou seja toda a vegetao atpica e infestante que neste caso o canial, deve ser retirado bem como qualquer entulho existente no leito; - As rvores constituintes da galeria ripcola existentes no Rio Lena devero ser mantidas, sendo apenas podadas por um tcnico especializado; - Manter as dimenses do leito do rio Lis de modo a encaixar as cheias centenrias; - Rectificar e dimensionar as margens no caso do Rio Lena, sendo que no rio Lis devem manter-se as margens existentes recorrendo apenas utilizao de tcnicas de estabilizao e cobertura, tambm aplicadas no Rio Lena como est definido nos cortes tipos apresentados nas peas desenhadas.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200553 55. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo4.4.4 Projecto de Execuo4.4.4.1 ModelaoSendo uma zona agrcola extremamente aplanada, a modelao proposta recair principalmente na criao de margens mais diversificadas para os cursos de gua e numa leve escavao do leito, de modo a criar uma topografia mais diversificada. Deste modo, para o Rio Lis, dividido nos troos 1, 2 e 3, mantiveram-se as caractersticas hidrulicas, no caso do Rio Lena, dividido nos troos 4 e 5, prope-se para o troo 4 um declive de 1% que contribuir para um escoamento mais rpido, seguido do troo 5 com um declive de 0,8%, onde o escoamento se efectuar com uma velocidade bastante reduzida, de modo a no provocar eroso na zona de confluncia com o Rio Lis. Os valores de comprimento e caudal dos troos, bem como os clculos hidrulicos feitos para o rio Lena encontram-se no Anexo III.No Anexo VI encontra-se o Plano de Modelao (1/1000) que apresenta as curvas de nvel e os pontos cotados existentes e os pontos cotados que resultam da modelao de terreno feita. Apresenta-se tambm no mesmo anexo uma carta com as Curvas de Nvel Proposta (1/1000), ou seja aquelas que resultam no fim da modelao de terreno.No Anexo II apresentam-se os modelos digitais do terreno (existente e proposto), feitos em ArcView GIS e o clculo atravs da lgebra de mapas, dos volumes de aterro e escavao, resultantes da modelao proposta.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200554 56. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo4.4.4.2 AltimetriaNo caso da Altimetria, s apresentada para o Rio Lena, porque no caso do Rio Lis no se alterou o perfil das margens, sendo que a nica modificao feita foi a aplicao de tcnicas construtivas nos taludes existentes.Para combater os problemas de eroso nas linhas de gua, sero aplicadas nas suas margens, diversas tcnicas de Engenharia Biofsica, as quais tm como principal objectivo a estabilizao e consolidao das mesmas como j foi referido. Esta estabilizao faz-se essencialmente atravs da implementao de vegetao que se vai desenvolver e acabar por constituir a estrutura de suporte s margens. A definio dos pontos essenciais para a aplicao das tcnicas encontra-se no Plano de Altimetria que se encontra no Anexo VI.4.4.4.3 PlanimetriaA planimetria consistiu na representao do fundo do leito, leito de estiagem, leito de cheia, taludes e respectivas tcnicas. Dentro desses limites nada mais ser implementado, excepto sementeiras e plantaes como ser descrito posteriormente nos respectivos planos. O Plano de Planimetria encontra-se no Anexo VI.4.4.4.4 Pavimentos e DrenagemExistem no projecto duas ordens de caminhos, um de primeira ordem com cerca de 4,5 m de largura e outro de segunda ordem com cerca de 3 m.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200555 57. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoPara o caminho de primeira ordem, que mais largo, pretendido que seja o caminho principal de circulao, menos naturalizado que o secundrio, visto que tambm servir de acesso para os proprietrios dos terrenos agrcolas.O caminho de segunda ordem funciona como percurso secundrio sendo apenas pedonal e ciclvel e tem como objectivo ser um caminho natural que acompanha as linhas de gua em toda a sua extenso.Estes factos fazem com que os pavimentos para cada uma das ordens de caminhos sejam diferentes.Conforme ilustrado no Plano de Drenagem e Pavimentos, que se encontra no Anexo VI, proposto no projecto, a utilizao, para o caminho de 1 ordem, de duas camadas de 20cm de espessura de material inerte sobre terra compactada. A primeira de tufo grosseiro, servindo como base para o tout-venant, permitindo assim o uso do caminho por parte de veculos.Para o caminho de 2 ordem proposta a utilizao de apenas uma camada de 20 cm de tufo fino, por cima de terra bem compactada. Este facto deve-se utilizao prevista para este caminho, visto que apenas pedonal e ciclvel.Os lancis a construir encontram-se tambm representados no Plano de Drenagem e Pavimentos (Anexo VI). O material de construo utilizado foi o pinho tratado com 12 CCA. A sua construo ser conforme o representado nos esquemas constantes do plano.Para cada uma das ordens de caminhos proposta a construo de valas de drenagem, de modo a evitar que a gua resultante da precipitao escoe e se Rita SousaUniversidade de voraJunho 200556 58. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismoconcentre nos caminhos. Os prprios caminhos apresentam um ligeiro desnvel do centro para as margens de modo a escoar a gua que se queira acumular na zona central (zona primordial de passeio), como est representado nos esquemas constantes do Plano de Drenagem e Pavimentos (Anexo VI).Em ambos os caminhos a vala projectada possui cerca de 60 cm de largura e 15 cm de altura. Quando esta cruza o caminho aumenta de largura para cerca do dobro e passa a possuir cerca de 10 cm de altura de modo a no ser um obstculo aos transeuntes. Para a construo das valas de drenagem proposta a utilizao de pedras como material de construo.As valas de drenagem sero construdas de modo a conduzirem a gua para as linhas de gua. Os pormenores de construo das valas de drenagem encontram-se no Plano de Drenagem e Pavimentos (Anexo VI).4.4.4.5 Plantao de rvores e ArbustosA proposta relativa reflorestao recair sobre espcies espontneas caractersticas da regio em estudo, ou seja no sero utilizadas espcies exticas. O elenco florstico foi escolhido de acordo com os tipos de habitats que vo ser criados, um mais xrico e outro mais hmido (galeria ripcola). Deste modo, e como se encontra ilustrado no Plano de Plantao de rvores e arbustos que se encontra no anexo VI, recorreu-se ao seguinte elenco florstico:Alnus glutinosa (10 unid.) Fraxinus angustifolia (32 unid.) Olea europaea (17 unid.) Rita SousaUniversidade de voraJunho 200557 59. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoPopulus nigra (38 unid.) Populus alba (47 unid.) Pinus pinea (17 unid.) Quercus faginea (10 unid.) Salix salvifolia (21 unid.) Salix fragilis (9 unid.) Calluna vulgaris (17 unid.) Crataegus monogyna (84 unid.) Erica umbellata (15 unid.) Lavandula pedunculata (79 unid.) Lonicera peryclimenum (113 unid.) Myrtus communis (61 unid.) Pistacia lentiscus (84 unid.) Rhamnus alaternus (44 unid) Rosmarinus officinalis (63 unid.) Ruscus aculeatus (95 unid.) Sambucus nigra (39 unid.) Salix atrocinerea (57 unid.)Este elenco florstico constituir o ponto de partida para que com o passar do tempo apaream outras espcies bem adaptadas s condies edafo-climticas da zona em estudo.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200558 60. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismo4.4.4.6 SementeiraO plano de sementeira composto pela implementao de dois tipos de prados, um prado de regadio e um prado misto para taludes. Estes prados sero semeados atravs de hidrosementeira.A aplicao destas misturas ir conferir ao solo uma cobertura adequada e segura, que serve como proteco no que diz respeito aos processos erosivos que possam vir a ocorrer na zona de interveno. Deste modo, prope-se a aplicao de um prado de regado junto s linhas de gua e um prado misto nos taludes. Ambos os prados funcionaro como base ao aparecimento de novas espcies que acabaro por colonizar este espao. Prados propostos:Prado de Regado MISTURA B prado resistente ao pisoteio com alguma florao Sementeira razo de 40gr/m2 Total = 321kgGazo Festuca rubra ----------- 20% Lolium perenne --------- 20% Festuca ovina ----------- 15% Cynodon dactilon ------- 15% Agrotis tenuis ----------- 10% Flores Trifolium repens -------- 10% Melilotus officinalis ----- 5% Lotus corniculatus ------ 5%Rita SousaUniversidade de voraJunho 200559 61. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoPrado Misto MISTURA F mistura mista para taludes Sementeira razo de 40gr/m2 Total = 237 kgLupinus luteus ----------------- 5% Dactilis glomerata ------------ 10% Festuca stolonifera ----------- 5% Trifolium subterraneum ----- 10% Cynodon dactilon ------------- 15% Coronilla glauca -------------- 10% Lonicera sp -------------------- 20% Pistacia lentiscus ------------- 5% Cistus crispus ---------------- 15%As reas de aplicao das respectivas sementeiras esto representadas no Plano de Sementeira que se encontra no Anexo VI.4.4.4.7 Obras de Engenharia BiofsicaPara as margens destes dois rios esto propostas vrias tcnicas construtivas de engenharia biofsica a serem implementadas. As que foram utilizadas para este projecto tm como principal objectivo a estabilizao e cobertura das margens, sendo essenciais no combate dos problemas de eroso. Quando a vegetao aplicada neste tipo de tcnicas estiver estabelecida vai actuar como factor de consolidao por si prpria. A vegetao que se prope utilizar na aplicao das tcnicas , no que respeita a rvores, Salix salvifolia e em relao a herbceas, Thypha latifolia, Thypha angustifolia e Phragmites australis. Rita SousaUniversidade de voraJunho 200560 62. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoComo j foi referido para a realizao do projecto, o Rio Lis foi dividido em trs troos distintos (troo 1, 2 e 3) e o Rio Lena foi dividido em dois troos (troo 4 e 5), especificados nos clculos hidrulicos e estudados em separado. Com o intuito de criar diversidade na morfologia do curso de gua utilizaram-se vrias tcnicas diferentes para os vrios troos.As obras de Engenharia Biofsica realizadas foram de vrios tipos, conforme se pode ver pelos cortes esquemticos representados no Plano de Planimetria no Anexo VI.A descrio das tcnicas que se seguem foi feita com base em vrios autores: Schiechtl e Stern (1997), Bentrup e Hoag (1998) e Donat (1995).- Torres de Thypha latifolia, Thypha angustifolia e Phragmites australisConsiste na aplicao das respectivas espcies, com a raiz desenvolvida e protegida em torro.As vantagens desta tcnica so: A simplicidade; Construo pouco dispendiosa; Utilizao de espcies tolerantes.As suas desvantagens so: A construo s ser possvel durante um perodo de tempo curto; No apresentar proteco imediata; Dificuldade em controlar o crescimento; Pouco tolerante a stios sombrios.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200561 63. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoEsta tcnica foi aplicada: Troo 1 margem direita; Troo 2 nas duas margens; Troo 4 na margem esquerda; Troo 5 na margem direita.- Rolo de caniosA sua implementao consiste na colocao de estacas de madeira de 1m com intervalos de 1-1,5m. Paralelamente e por trs desta linha cavado um canal (0,50x0,50m) onde se coloca a rede para fazer o rolo. Esta rede cheia com pedra, terra e rizomas na parte superior, depois unida de maneira a formar um rolo de 0,4m de dimetro, e por fim enche-se com terra.Figura 16. Rolo de canio (adaptado de Schiechtl e Stern, 1997).As vantagens desta tcnica so: Proteco imediata aps a construo; No necessitar de manuteno; Resistente poluio.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200562 64. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoAs desvantagens so: Custo mais alto que no caso dos torres; Tempo de construo limitado.Esta tcnica foi aplicada no: Troo 1 margem esquerda; Troo 4 na margem direita.- FaxinaConsiste num conjunto de ramos vivos de Salix salvifolia atados de modo a formar um feixe com um dimetro de 0,30m. Cava-se um canal horizontal onde colocada a faxina, crava-se a estaca vertical e por fim enche-se com terra. Apenas os ramos do topo da faxina ficam mostra. No caso da faxina do troo 3 que tem ainda uma estaca viva de Salix salvifolia, esta estaca cravada antes de se fazer o canal.Figura 17. Faxina (adaptado de Schiechtl e Stern, 1997)Rita SousaUniversidade de voraJunho 200563 65. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoOs benefcios desta tcnica so: Construo rpida e simples; Movimentao do solo mnima; Promover o desenvolvimento de vegetao clmax.As suas desvantagens so: Ser necessrios ramos flexveis e direitos; Ser susceptvel a desmoronamentos.Esta tcnica foi utilizada no: Troo 3 na margem direita; Troo 5 na margem esquerda.- Estacaria vivaConsiste em colocar um conjunto de estacas vivas saudveis de Salix salvifolia com um comprimento de 0.65m e um dimetro de 0.01m, afastadas entre si 0.70m, perpendiculares ao solo.Figura 18. Estacaria viva (adaptado de Schiechlt e Stern, 1997)Rita SousaUniversidade de voraJunho 200564 66. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoAs vantagens desta tcnica so: No apresentar grandes custos; Ser um mtodo rpido; Excelente estabilizao e efeito esttico; Pouca manuteno.As desvantagens so: A estabilizao s ocorre depois do enraizamento; A sua construo s possvel na poca de dormncia.Esta tcnica foi aplicada no troo 3 margem esquerda.Os pormenores de aplicao das tcnicas descritas esto representados no Plano de Pormenores de Construo (em Anexo VI).4.4.5 ManutenoO processo de manuteno referente a este projecto foi tomado em considerao. De linhas simples e funcionais, as operaes de conservao e manuteno esto muito limitadas gesto dos macios arbustivos e das herbceas vivazes.Desta forma, deve proceder-se: Mensalmente recolha de lixos, ramos secos, folhas, flores velhas; Tratamento de pragas e doenas logo que sejam detectadas; Retancha de rvores sempre que surjam rvores mortas; Retancha de arbustos e herbceas quando esteja comprometido o aspecto esttico ou funcional da rea plantada; Rita SousaUniversidade de voraJunho 200565 67. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoMonda de ervas infestantes nas reas plantadas com herbceas vivazes, de modo que da presena de invasoras no resulte prejuzos para as plantas instaladas; Fertilizao geral com adubao levemente azotada, pelo menos uma vez por ano; Deve proceder-se vistoria e substituio, quando necessrio, dos tutores, evitando podas, havendo apenas, regra geral, a supresso de ramos secos ou doentes; Realizar trabalho de desbaste necessrio da vegetao arbrea e arbustiva, de modo a que o seu desenvolvimento futuro decorra conforme o previsto; Limpeza peridica das valas de drenagem; Manuteno dos pavimentos da rede de caminhos; Remoo de material que possa de alguma forma obstruir as linhas de gua.Rita SousaUniversidade de voraJunho 200566 68. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de UrbanismoCAPTULO V Concluso5. ConclusoNo mbito da elaborao do Plano de Urbanizao da Cidade de Leiria, prev-se uma Unidade Operativa de Planeamento e Gesto referente ao Parque Urbano. O Parque Urbano est inserido na estrutura ecolgica urbana e a sua concepo dever conter reas verdes, nomeadamente bosquetes arbreo-arbustivos, clareiras, relvados, prados, podendo incluir equipamento desportivo, didctico e cultural. Com a criao de zonas verdes como o Parque Urbano pretende-se obter uma requalificao ambiental e valorizao paisagstica do espao urbano.Um dos objectivos deste trabalho consistia no levantamento das unidades de ocupao do solo da Unidade Operativa de Planeamento e Gesto Parque Urbano da Cidade de Leiria. Destaca-se a predominncia da agricultura com um rea total de 971107 m2, ou seja 97 hectares o que representa quase 50% da rea total do Parque Urbano. Evidencia-se tambm a presena de baldio com uma rea de 246279 m2 (24.6 hectares), e de pomar com uma rea de 143184 m2 (14 hectares). Salienta-se ainda a presena do choupal, que apesar de ter sido dividido em trs unidades de uso do solo diferentes pode ser considerado como um nico uso, com uma rea total de 107258 m2 (10.7 hectares).Em relao s condicionantes biofsicas, h que salientar a importncia da Reserva Ecolgica Nacional e a Reserva Agrcola Nacional que condicionam partida os projectos que se podero implementar na zona.Analisaram-se tambm as potencialidades e as limitaes da rea estudada. Considerou-se como a maior potencialidade, o facto de estarmos na presena de uma Rita SousaUniversidade de voraJunho 200567 69. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismolinha de gua (rio Lis) com grande potencial paisagstico recreativo e ecolgico. O rio Lena tambm uma linha de gua com grande potencial, visto que existe uma galeria ripcola bem constituda com a presena de salgueiros, choupos e freixos.Salienta-se ainda o facto de que esta zona que predominantemente agrcola, ser o local ideal para futuramente se fazer a delimitao de uma rea onde se implantassem hortas sociais urbanas, visto que estas cada vez esto a adquirir mais importncia nas cidades modernas com carncia de espaos rurais.Qualquer proposta de requalificao para o rio Lis nesta rea est desvantajosamente condicionada pelas dimenses do seu leito, preparado para encaixar cheias centenrias na cidade de Leiria, e implica a necessidade de uma desmatao e limpeza do canial que envolve o rio.Aps a anlise de todas estas consideraes, e no mbito de um correcto ordenamento do territrio e desenvolvimento sustentvel, considerou-se de extrema importncia a elaborao de um projecto de requalificao de um troo do Rio Lis e do Rio Lena, visto serem elementos fundamentais e estruturantes do espao. Pretendese assim melhorar o ambiente urbano valorizando as margens dos rios Lis e Lena na perspectiva ambiental, esttica e tambm cultural, no sentido da reaproximao da populao ao rio.Visto que os elementos centrais neste projecto so os rios Lis e Lena considerou-se prioritria a valorizao deste habitat. O sistema fluvial surge enquadrado no conceito de corredor fluvial, ou seja um sistema que abrange toda a rede de drenagem superficial, margens e meio adjacente de influncia ripcola incluindo a vida animal associada. Assim sendo as margens das linhas de gua foram revestidas de vegetao ripcola, contribuindo assim para a criao de habitats muito interessantes Rita SousaUniversidade de voraJunho 200568 70. Requalificao Biofsica e Paisagstica de Dois Troos do Rio Lis e do Rio Lena Cmara Municipal de LeiriaDepartamento de Urbanismopara a colonizao animal, sendo as espcies utilizadas constantes do elenco autctone regional.Destaca-se a importncia da implementao de tcnicas construtivas de engenharia biofsica adaptadas a situaes de recuperao e requalificao de sistemas fluviais. As tcnicas utilizadas tm como finalidade a estabilizao e cobertura das margens. Alm da utilizao das tcnicas recorreu-se tambm sementeira de dois tipos de prados diferentes, um prado de regado e um prado misto adaptado a taludes. Recorreu-se tambm plantao de rvores e arbustos autctones nas margens dos rios com a funo de estabilizao e cobertura.O elenco florstico utilizado constituir o ponto de partida para que com o passar do tempo apaream outras espcies bem adaptadas s condies edafo-climticas da zona de projecto.A vegetao resultante da implementao de tcnicas constr