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Encontro dos Violinos Ana Waddington Resendes Arte Editora

O encontro dos violinos

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Este livro foi escrito, ilustrado e paginado por mim.

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Page 1: O encontro dos violinos

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Encontro dos ViolinosAna Waddington Resendes

Arte Editora

Page 2: O encontro dos violinos

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Título

Ilustrações Concepção gráficaExecução gráfica Pré-impressão

Impressão e acabamento

Depósito legal

ISBN

Encontro dos ViolinosAna Waddington Resendes

Ana Waddington Resendes

Centro de Cópias Print Work

Nº 08478/96

972-56-1668-2

Dedicatória

A todos aqueles que sempre me apoiaram com este projecto (Cristina Marques, António Tomás, Maria Aguiar, Jorge Simões e Sara Oliveira) e ao outro vio-lino (Marco Baptista da Fonseca).

Page 3: O encontro dos violinos

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II Encontro Dos Violinos

Energia

De Violino ao peito

Poema cor-de-ti

O encontro dos Violinos

Consciêncialização

I Violino Sem Alma

Criança escrevendo

Aniversário

Auto-retrato

Coragem para viver

Olham mas não veêm

Carta para quem cá fica

Sozinha

Loucura

Um vómito de emoções

Inquietude

III Melodia Final

Noite de Verão

As coisas boas da vida

Melodia final

Indice

10|11

08|09

12|13

14|15

16|17

18|19

20|21

22|23

24|25

26|27

30|31

32|33

34|35

36|37

38|39

46|47

42|43

44|45

Page 4: O encontro dos violinos

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Violino Sem Alma

Page 5: O encontro dos violinos

Poeta, vendo com o coração,Olhando a amarga verdade,Entrega a palavra com o seu “não”,Tentando, sem maldade,A beleza da sua idade...

Poesia, amarga ou doce,Oradores de preces sentidas,Entrada dura e desesperada:Sempre com o coraçãoImagina a sua realidade,Amigo da doce maldade.

Criança escrevendo

Choro como uma criançaMas afinal é isso que sou.

Sou apenas uma criança que, Como todas, amou.A dor de ser criançaE de não poder ser...

Doem-me os músculos,Dói-me o cérebro,A dor de crescer!

Quem me deraO tempo em que chorava

E ninguém me criticava.Quem me dera esse tempo...

Sou uma criança!Eu não posso ser poeta,

A idade não me deixa nem a liberdade prisioneira de amar.

Este é o amargo sabor,Este é o sentimento de dor -

A dor de estar vivo!

Esfaqueiam-se...Matam-se...E eu aqui,No silêncio ensurdecedorDos meus pensamentosE da minha dor.

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Page 6: O encontro dos violinos

Tudo quer se apagarE ir com as ondas do mar.Mas não está escrito na areia, Está escrito na Terra – Vive comigo, em mim.Cicatrizes que não saram!

Sou só!Sou desejos de melhorasQue nunca chegam nunca vêmSou mudanças que não acontecem.Sou paixão que arde sem chama...

Sou talvez um poucoDa dor que passou por mimE feriu na alma,E sangrou nas lágrimas!

Os anos passam, correm, voamE na verdade, Tudo o que quer mudar aqui fica,Igual, à espera de se ir.

Aniversário

Sinto-me poço de lembranças,Foz de saudades

E cemitério de esperanças.

O tempo passa por mimComo um trovãoQue rasga e destrói,Que marca e abala...

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Page 7: O encontro dos violinos

Seus olhos são mel,Que não é doce nem amargo.

São pincel!Pintura alegre nas cores

Mas tão fúnebre em valores!

Manto escuro e longoQue a aquece:É em toda ela

A única coisa bela...

Que rapariga misteriosaE que intenso é descobri-la!Aparenta tranquilidade E segurança.Na realidade é uma viagem(Uma profunda mudança)Vê-la de perto.

Auto-retrato

Conhecê-la é uma caminhadaEm noite de nevoeiro.É julgar que ela é amadaE ver que afinal é veleiro!

Frágil criança,Foi abandonada pela ‘sperança.Triste consciência de solidão – Coração exposto no chão!

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Page 8: O encontro dos violinos

Grito por minhas coragens!Minha esperança – Busco-a por entre as folhagens.Esse sol que brilhava bonitoQueimou tudo em que acredito!A ilusão. Falta-me coragem para acreditar...

Coragem para viver

Falta-me coragemPara dizer: sim!Falta-me coragemPara dizer: não!Caio no chão...

Calejada de tantas feridas,Perdida, me encontro em outras vidas!

Nem sei se conheço essa gente,Só sei, que me fazem contente!Não tenho coragem de negar...

Faltam-me forçasPara te enfrentar!Falta-me energia

Para te amar!Tornei-me numa pessoa fria...

Sem ânimo, sigo!Onde está minha coragem?

Deixei-a em tua casa?Podias me ter lembrado de a levar!

Agora onde a vou eu buscar?

Procurei-a no desejo de te ter,Mas o medo de te perder

É maior, não deixa este amor ferver!Vou destruir o sentimento,

Falta-me coragem para te ter!

Perdi tudo, porque não quis ter mais nada!Deixei-me absorver...Já não sei o que é uma fada!Talvez por isso esteja prestes a morrer.É a morte da alma. Falta-me coragem para viver!

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Page 9: O encontro dos violinos

Se um dia fosses almaQue vivesse neste corpo,

Cheio de memórias,Entendias o que te não digo...

Sentias que amar não chegaE que querer não é poder!

A beleza deste mundoÉ só um poço sem fundo!

Olham mas não veêm

Se eu tivesse uma tela,E tintas e mãos,Pintava os meus olhosE tu neles vias a minha dor.Mas como não vês alémDa minha figura e do que olhasA minha dor é benigna(Só no teu coração)...

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Page 10: O encontro dos violinos

Das minhas crençasFiz um mundo.Das tuas doresDestróis o teu!

E posso garantirQue nada do que eu garantoÉ real,Porque só eu aqui vivo!

Quando notaresA brisa que pairaOu a chuva que cai,Saberás que estou!

Quando tudo parecer calmoE o mar estiver estático,E as árvores mortas,Saberás então que durmo neles!

Quando o “tempo” te magoarE o “onde” te destruirLembra-te que “quando” quer que “seja”,Estou! - Para abraçar tudo isso...

Carta para quem cá fica

O vento gritou mais altoE o mar correu para o céu.

As estrelas, cintilantes, choraram – Finalmente recebiam quem esperavam!

Não chores mais,As minhas feridas sararam!

Liberta-te de mim.Breve é a dor que te dói...

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Toda a matéria tornou-se espíritoE as lágrimas radiavam luz...

Tudo mudou, Até para quem ficou!

Page 11: O encontro dos violinos

Estradas cercadas,Questões colocadas.Vidas separadasPela decisão da imunidade eterna.

Um desejo.Uma recaída sentimentalQue fora interrompidaPela razão. A razão dizia “não”!

Um grito de socorro!Ninguém me ouve,

Ninguém me vê....Mas porquê?

Sozinha

Assim, mais uma vez,Vou indo por ai.

Sozinha no meu pensamento,Sem qualquer sentimento.

Eu e a minha lógica emocional.Eu nas minhas feridas escondidas.

As entranhas da minha almaQue fingem inexistência.

Fiquei presa, fiquei dependente,Fiquei viciada nessa estrada.

Fui simplesmente aprendendo a ser sozinha!

Uma estrela que brilha,No meu céu coberto.Um choro perdido no

Vazio dos meus passos.

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Page 12: O encontro dos violinos

Enterro da alma,Sobrevivência do corpo...

Confiar num solQue está a planetas daqui.E saber que a chuva vem das nuvensQue estão mesmo ao pé de mim.

Loucura

Louco aquele que em palavrasQuis traduzir o mar e o amor.Mais louca ainda euPor em palavras dizer que sofro.

Que nem histórias, nem poesias;Nem quadros, nem fantasiasDitam a sua essência:Que exagero de existência.

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Page 13: O encontro dos violinos

Um vómito de emoções

Às vezes pensoQue gostava de estar só....

E depois olho.E vejo.

Incapaz de fazer o que está certoMesmo sabendo o que devia fazer.

Mas que semelhança estranha,Entre mim e este pedaço de papel!

Um vómito de emoções!Preciso de dizerE não acho as palavras....

Sentir o conforto da alma.

Estou a chorarPorque precisava das palavras,

Das frases....

Deixaram-me entregue a mim mesma.

Este amontoar de letras,Este grupo de palavras,

Estas coisas que ambicionam ser frases,Não dizem nada...

Não são nem um pouco daquilo que deviam ser!

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Inquietude

Finjo que estou bem.Não sou capaz de me entregarAo avesso da minha alma.

Estou de leve a sentir a tristeza.Será da música, será da escrita?Será que há alguma beleza?Não consigo respirar, estou aflita!

Num vaguear neste quarto,Fecho os olhos.As pálpebras, de leve, caiem.Perco as forças.Jazo na madeira gasta deste chão...

Algemas tuas...Que o que dói não é estar algemada.

Doem-me as algema!

Não, não consigo. Nem o grito!Ahhh!Uma lágrima de leve...Não, não consigo! Nem a lágrima!

Que inquetude,Que nervoso miudinho.Um tremer por dentro Que não se quer revelar.

Ahhh!Que dói mais por não sair!Errr!Um berro num repente...

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Page 15: O encontro dos violinos

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Encontro dos Violinos

Page 16: O encontro dos violinos

Energia

Vou agir sem certezas,Vou contornar estes medos,E vou destruir estes rochedosQue são como presas!

Vou saltar o tempoE correr no espaço.Este medo do que façoPrende o meu passo…

Vou agir, porque me dói este estar paradoVou falar porque me cansa este tédio,Vou sentir porque não posso mais fugir!

Vou esticar este cabo de aversãoE mostrar-lhes toda a minha razão.

Vou apagar verdades com mentiras.Porque as mentiras são como safiras

Que brilham e regalam,Que cegam e que abalam!

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Page 17: O encontro dos violinos

De violino ao peito,De olhar de guerreiro que se sente,Veste roupa de perfume.

De violino ao peito

Mesmo ao longe ela sentiuAquele arrepio...Desconcertada,

Olhava o homem da espada!

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Page 18: O encontro dos violinos

Poema cor-de-ti

Vazio surreal.Uma dor que nem dói.Ciclo vicioso que me conduz sempre até aqui.

Black soul!Esperança de voltar onde nunca estive.Contrui um casteloQue afinal era só papel - Frágil, caiu em falso!

E eu fraca,Como antes,Volto ao fundo,Para um dia me voltar,Forte, como vou voltar a pensar:Vou-me levantar!

E mais tarde cair...

Estou cansada.Dói-me as pernas.Alma ao relento.Soltei-a. Já estava exausta.E agora dei-a de comer aos lobos.

Culpa minha que me entreguei?Não. Culpa tua que em palavras me amaste.E eu crente, querendo-te deixei.Amarraste meu coração a um vão.Soltaste! Caiu estatelado, Fraco, perdido, ensanguentado no chão!

Floresta negra e assombrada.Alma penada.

Cor-de-medo, cor-de-ti.

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Page 19: O encontro dos violinos

O encontro dos violinos

Quando te vi

Arrepiei-me.

Senti-me navegar,

Quis conhecer o teu mar.

Serenei-o para o poderes percorrer.

O teu violino a tocar:

Inspirei-me

De te ver sorrir,

De sentir o teu beijar.

Beijei a tua melodia.

Namorei o teu olhar.

Mas tive medo de me aproximar...

Estendi-te a mão, fiz-te corar.

E eu comecei a deixar-me levar.

Dei-te a mão....

Agarrei-a com força!

Dei-te o coração.

Beijei a tua boca, suave,

Como um toque de setim,

num beijo sem fim.

É como voar num mar de alecrim.

É despir-me para me vestir de ti.

É sentir-te dentro de mim,

Sentir-te quente aqui.

É amar-te em palavras.

É amar-te em olhares,

No mais fértil dos pomares.

Marco, meu amor!

Ana, minha amada...

Sou tua!

Eu sei!

E tu és meu, meu bem.

Tocar-te, sentir as tuas costas.

Amar-te e sentir a tua alma!

Sentir-te em castelos de amor,

Em tardes de eterno calor:

A loucura da nossa paixão!

É abrir o coração,

Mergulhar na imensidão,

Do que é aceitar-te.

É querer-te toda.

É beijar o corpo, é beijar a alma.

Amar-te é sentir a calma

Da tua beleza

De encontro ao meu ser.

É jazer em teu leito.

É um abraço eterno.

É fogo!

É gelo,

Que queima sem magoar,

Que despe o meu olhar...

É ver a tua alma nua.

É ela ser tua.

É ser todo para me dar.

É ir ao teu ouvido e sussurrar:

Palavras quentes

Que abraçam, que chamam,

Que inflamam!

É pegar na tua mão e encostá-la ao meu coração.

É aprender e ensinar.

É voar e dançar.

É saber partilhar.

Dizer o teu nome sem parar!

É amar, amar, amar...

Tenho os lábios secos meu amor.

Eu trato disso com calor.

Sinto a minha voz a perder-se

Quando me reteso todo num espasmo de prazer.

Sou incapz de conter

O que vem de dentro de mim!

É possuir-te em lençois de carmesim,

Num desejo que me deixa fora de mim!

É teres-me todo, assim...

E querer dar-te tudo, só a ti.

São ondas de paixão.

É beijar todo teu coração.

É amar esteja onde estiver.

É ver um violino e ouvir-te a ti.

É querer-te aqui.

É sentir-te em mim!

É ter te toda e seres o meu violino.

É ser tocada por ti e ser melodia,

Ser prazer, ser amor!

É afinar o teu corpo no meu.

É estar contigo no limite do céu.

Tocar o teu corpo só com um véu.

E de leve deixá-lo cair... nua!

É apertar a minha mão na tua

E soltar esta loucura:

Nos nossos corpos em desejo

Dá-se o encontro

Dá-se o beijo!

Co

m a

par

ticip

ação

de

Mar

co F

on

seca

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Consciêncialização

Que triste consciencializaçãoDa pobreza que vai no meu coração.Não é saudade, nem culpa tua.Sou eu - vim nua!

(Que frio...)

Mas pouco importa que o seja.O que importa agora é o amor de quem me beija.

É ser capaz de ter Sol, sem pedir calor.Importa é não me conformar com a dor.

Porque no fundo nem dói.Porque no fundo é só frio.

Porque até sou feliz e amo!

É este passado cheio de gente,Gente tão vazia.É essa a causa desta alegria-descontente.E eu que pensava que a lembrança, Adormecida, longe jazia.Que pena estar presente!

A lembrança? Já pouco me incomodaE já nada me apoquenta!Mas ficou em mim no que sou.E é só por isso que incomoda...

Mentira, mentira, mentira!

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Melodia Final

Page 22: O encontro dos violinos

Noite de Verão

A lua vai alta e luminosa,Brilha grande e poderosa,

E faz desta noite bela,Lugar de saudade – a luz da lua, a luz da vela.

O céu está azul,Está quente cá fora.

Mas num repente vem um arrepio,É um frio de dentro, que não vai embora.

Não tenho só saudades.Não são só lembranças.É o cheiro do perfume,É o calor dos seus braços,É a falta de um beijo,Dos seus abraços.,De, num bocejo,Cair no seu peito e adormecer...Lembrar que vale a pena viver!

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Page 23: O encontro dos violinos

As coisas boas da vida

As coisas boas da vida são como a geada:São uma tempestade geladaQue nos envolve e solta numa vertigem revolta.É como uma alma mortaQue ressuscita! É um inspirar sôfrego.É a melodia da natureza...São sons sublimes a subir,Sons que nunca caem.

Co

m a

par

ticip

ação

de

Mar

co F

on

seca

São notas soltas cor de mel.É um mar que afoga a dor.É a penitência quebrada;É a voz, o canto de uma pessoa amada.É olhar nos olhos e mergulhar.É simplesmente deixar andar.É correr e parar,Olhar à volta e pensarQue as coisas belas da vida são como a geada - Derretem para voltar!

São momentos, instantes perfeitos.São mansões em desejos!São a lua e o sol;São o calor e a luz;São a sombra fresca;São a noite emersa;Estrelas que cintilam eternas - São janelas abertas!

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A melodia final

É mais que paixão.É mais que amor - É o beijo de um cavaleiro numa flor...

Beijo de leve,Beijo forte, com mais corpo.

Beijos de alma inteira!

O calor da pele que roça noutra,Da alma que abraça outra.

Um quarto fechado,Um colchão:

Um homem e uma mulherQue escolhem o chão!

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