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UNIVERSIDADE FEEVALE CAROLINA DIAS AFIUNE MARKETING EXPERIMENTAL E O CONSUMO DE MODA: COMO ALCANÇAR FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA Novo Hamburgo 2010

Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

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Marketing experimental e o consumo de moda: como alcançar fidelização de clientes através da experiência

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Page 1: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

UNIVERSIDADE FEEVALE

CAROLINA DIAS AFIUNE

MARKETING EXPERIMENTAL E O CONSUMO DE MODA: COMO ALCANÇAR

FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA

Novo Hamburgo 2010

Page 2: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

CAROLINA DIAS AFIUNE

MARKETING EXPERIMENTAL E O CONSUMO DE MODA: COMO ALCANÇAR

FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito necessário à obtenção do grau

de Bacharel em Design de Moda e Tecnologia

pela Universidade Feevale.

Orientadora: Camila Bisol Brum Scherer

Novo Hamburgo

2010

Page 3: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

CAROLINA DIAS AFIUNE

Trabalho de Conclusão do Curso de Design de Moda e Tecnologia, com título

MARKETING EXPERIMENTAL E O CONSUMO DE MODA: COMO ALCANÇAR

FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA, submetido ao corpo

docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau

de Bacharel.

Aprovado por:

____________________________________________

Professora Orientadora: Camila Bisol Brum Scherer

____________________________________________

Professora: Joelma Rejane Maino (Banca Examinadora)

____________________________________________

Professora: Joeline Maciel Lopes (Banca Examinadora)

Novo Hamburgo, junho de 2010

Page 4: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família e meus amigos, ambos muito especiais para mim,

que estiveram sempre ao meu lado, acreditando, me dando força, com paciência e

carinho ao longo desses cinco anos de graduação.

A todos os professores que contribuíram para o meu crescimento pessoal e

profissional, durante o curso. E em especial, a minha orientadora que me deu apoio

durante todo o processo do trabalho de conclusão.

Page 5: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

RESUMO

O presente trabalho analisa a importância do marketing experimental, no consumo

de moda, para a fidelização de clientes. A partir do comportamento de consumo e

suas influências nos aspectos culturais, sociais, pessoais e psicológicos; se

desenvolvem as causas que levam o consumidor a tomar sua decisão de compra.

Sendo o processo de consumo, autoral, realiza-se um estudo sobre a moda, estilo e

tendência; estes em conjunto, geram a busca do consumidor por autenticidade. Uma

vez que a marca, é uma importante razão para a venda do produto, menciona-se

também sobre sua importância em agregar valor, através de vínculo emocional.

Neste sentido, o marketing experimental se insere no conteúdo como método para

aproximar a empresa e o público. Através de suas estratégias com foco na

experiência, são citadas soluções para aproximar e fidelizar clientes. Conquistar

lealdade de consumo é um método eficaz para as empresas de moda em agregar

valor à marca e manter sua rentabilidade estável ou ascendente.

Palavras-chave:

Consumo – Moda – Fidelização – Marketing Experimental.

Page 6: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

ABSTRACT

This study analyzes the importance of experimental marketing, consumption of

fashion, to customer loyalty. From the consumer behavior and its influence on the

cultural, social, personal and psychological aspects; develop the causes that lead

consumers to make their buying decision. As the consumption process authorial,

conducts a study on fashion, style and trend. And these together generate the

consumer search for authenticity. Once the brand is a significant reason for sale the

product, it is mentioned also on their importance in adding value through emotional

attachment. In this sense, the experimental marketing inserted into the content, how

method to approximate the company and the public. Through their strategies with a

focus on experience, are cited to bring solutions and retain customers. Gaining

consumer loyalty is an effective technique for fashion companies in adding value to

the brand and maintain its profits solid or rising.

Keywords:

Consumer – Fashion – Loyalty – Experiential Marketing.

Page 7: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Folha Top of Mind 2006, seguimento: Varejo de Moda...............p. 17

Figura 1.2: Logo Gang...................................................................................p. 17

Figura 1.3: Lojas Marisa................................................................................p. 18

Figura 1.4: Vitrine Le Lis Blanc......................................................................p. 18

Figura 1.5: Formação do Estilo de Vida.........................................................p. 22

Figura 1.6: Site Lojas Renner........................................................................p. 23

Figura 1.7: Pirâmide de Maslow....................................................................p. 27

Figura 2.1: Sistematização da moda.............................................................p. 35

Figura 2.2: Movimentos de Estilo...................................................................p. 38

Figura 2.3: Posh Tweens...............................................................................p. 44

Figura 2.4: Expo Teens…………………………………………………………..p. 45

Figura 2.5: Linker People…………………………………………………………p. 46

Figura 2.6: Unique Sons………………………………………………………….p. 46

Figura 2.7: Sense Girls…………………………………………………………...p. 47

Figura 2.8: Mind Builders…………………………………………………………p. 48

Figura 2.9: Singular Women…………………………………………………..…p. 49

Figura 2.10: DeLux Men………………………………………………...………..p. 49

Figura 2.11: Normal Breakers………………………………….………………..p. 50

Figura 2.12: Pleasure Growers……………………………………………….…p. 51

Figura 3.1: Marcas e Símbolos......................................................................p. 61

Figura 3.2: Louis Vuitton................................................................................p. 62

Figura 3.3: Burberry.......................................................................................p. 62

Figura 3.4: Brand Equity................................................................................p. 64

Figura 3.5: Marca de Valor............................................................................p. 65

Figura 3.6: Pirâmide da lealdade...................................................................p. 68

Figura 4.1: Pirâmides Escalonárias...............................................................p. 72

Figura 4.2: Concorrência Direta x Indireta.....................................................p. 75

Figura 4.3: Lojas ZARA..................................................................................p. 78

Figura 4.4: Loja PUKET.................................................................................p. 78

Figura 4.5: Sapatilha PUKET.........................................................................p. 79

Page 8: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

Figura 4.6: Perfume Melissa..........................................................................p. 79

Figura 4.7: Desfile Chocofest Gramado.........................................................p. 80

Figura 4.8: Relógio o.d.m. Chocolate............................................................p. 81

Figura 4.9: Sapato Usaflex............................................................................p. 81

Figura 4.10: Sapato Crocs.............................................................................p. 82

Figura 4.11: Campanha Diesel 2009.............................................................p. 85

Figura 4.12: Campanha C&A 2001................................................................p. 86

Figura 4.13: Bermuda anti-celulite Invel........................................................p. 86

Figura 4.14: Logos Tommy e Lacoste............................................................p. 87

Figura 4.15: Estrela de Hallmark...................................................................p. 89

Figura 4.16: EKG Emocional.........................................................................p. 90

Page 9: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1: Estágios de ciclo de vida quanto ao consumo............................p.21

Quadro 1.2: Imagens do Autoconceito..........................................................p. 24

Quadro 1.3: Janela de Johari.........................................................................p. 25

Quadro 1.4: Papéis de Compra.....................................................................p. 30

Quadro 4.1: MKT Experimental x MKT Tradicional.......................................p. 74

Page 10: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................p. 12

1. COMPORTAMENTO DO CONSUMO.....................................................p. 15

1.1. FATORES CULTURAIS.....................................................................p. 15

1.2. FATORES SOCIAIS...........................................................................p. 19

1.3. FATORES PESSOAIS.......................................................................p. 20

1.4. FATORES PSICOLÓGICOS..............................................................p. 26 2. MODA E ESTILO.....................................................................................p. 32

2.1. COMPREENDENDO MODA..............................................................p. 33

2.2. O ESTILO DE CADA UM...................................................................p. 36

2.3. O QUE É TENDENCIA? ...................................................................p. 40

2.4. CONSUMO AUTORAL: QUANDO A MODA, ESTILO E TENDENCIA SE

ENCONTRAM....................................................................................p. 42 2.4.1. Posh Tweens………………………………………………..……p. 44

2.4.2. Expo Teens.............................................................................p. 45

2.4.3. Linker People..........................................................................p. 45 2.4.4. Unique Sons………………………………………………………p. 46 2.4.5. Sense Girls………………………………………………………..p. 47 2.4.6. Mind Builders……………………………………………………..p. 47 2.4.7. Singular Women.....................................................................p. 48 2.4.8. DeLux Men..............................................................................p. 49 2.4.9. Normal Breakers.....................................................................p. 50 2.4.10. Pleasure Growers........................................................p. 50

2.5. TENDÊNCIAS COMPORTAMENTAIS..............................................p. 52

Page 11: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

2.5.1. Expectativa Progressiva........................................................p. 52

2.5.2. Experimente Isso! ..................................................................p. 53

2.5.3. Consumo Contraditório.........................................................p. 54

2.5.4. Consumidores de Concreto..................................................p. 54

2.5.5. Formando Novas Tribos........................................................p. 55

2.5.6. Sofisticando............................................................................p. 56

2.5.7. Déficit de Confiança...............................................................p. 57

2.5.8. No Vagão das Marcas............................................................p. 58 3. INFLUENCIA DA MARCA NA FIDELIZAÇÃO.......................................p. 59

3.1. A RELEVÂNCIA DA MARCA.............................................................p. 59

3.2. VALOR DA MARCA...........................................................................p. 63

3.3. FIDELIZAÇÃO DA MARCA................................................................p. 66 4. MARKETING EXPERIMENTAL..............................................................p. 70

4.1. MARKETING: DO TRADICIONAL AO EXPERIMENTAL..................p. 70

4.1.1. Evolução do Marketing Tradicional......................................p. 71

4.1.2. Conceitos de Marketing: Tradicional x Experimental.........p. 74

4.2. INTRODUÇÃO AO MARKETING EXPERIMENTAL..........................p. 76

4.2.1. Sentidos..................................................................................p. 77

4.2.2. Sensações................................................................................p.82 4.2.3. Pensamentos..........................................................................p. 83 4.2.4. Ação.........................................................................................p. 85 4.2.5. Identificação............................................................................p. 87

4.3. FIDELIZAÇÃO EMOCIONAL.............................................................p. 88

CONCLUSÃO................................................................................................p. 93 REFERÊNCIAS.............................................................................................p. 97

Page 12: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

GLOSSÁRIO DE MARCAS........................................................................p. 102

Page 13: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

12

INTRODUÇÃO

Com a entrada do novo milênio, com a globalização e os avanços

tecnológicos da informatização e da comunicação, o consumidor de moda

contemporâneo, sofreu algumas transformações. Seus desejos e necessidades

tornaram-se mais exigentes e imediatistas. Ao que tudo indica, ele não aceita mais

os produtos e conceitos impostos pela mídia como: bom, bonito e barato. O

consumidor autoral compra conforme o seu gosto diante a moda lançada, contradiz

tendências, rejeita procedências imorais ou antiéticas, exige qualidade e quebra

mitos de certo ou errado no quesito vestir-se.

O mercado da moda, em conseqüência de sua ascensão, tem exibido

inúmeras marcas, dos mais variados nichos, em grande extensão mundial. Em

decorrência de sua expansão, a concorrência do setor torna-se mais acirrada. Para

reter a atenção de novos clientes e manter clientes antigos, as empresas de moda,

procuram alinhar a inovação e tecnologia à métodos mais eficazes para estabelecer

o consumo. Uma dessas proposições é evidenciar valor à marca – que se relaciona

diretamente com a fundamentação do marketing.

O marketing tradicional é uma metodologia instituída pelas empresas para

se analisar, compreender e desenvolver estratégias para satisfazer o mercado. Já o

conceito experimental é uma visão contemporânea para estimular o consumo,

através de estratégias que visam o estímulo emocional e individual nos clientes.

Sendo assim, a presente pesquisa discorre sobre a relação do marketing

experimental e consumo de moda. Deste modo, se pretendeu verificar como a

metodologia experimental impulsiona a fidelização de clientes. Supõe-se que no

consumo de moda autoral, as estratégias experimentais propõem aproximação,

conhecimento da marca e estímulo das sensações e emoções; para se gerar desejo

ao consumidor e lealdade a marca.

O principal objetivo do trabalho é compreender como a fidelização do

consumo de moda é impulsionada pelo marketing experimental. Já os objetivos

específicos, procuram desmistificar o processo de consumo e fidelização de clientes;

o significado de moda, estilo e tendência; e o marketing experimental e sua

aproximação com o consumo de moda.

Page 14: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

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O foco da experiência individualizada para os clientes, impulsiona o

consumidor à vivencias gratificantes; fortalecendo o vínculo emocional com a marca,

ocasionando em fidelização. Esta relação de carinho visa gerar ações positivas, por

conseqüência, como reconhecimento da marca e propaganda boca-a-boca.

O tema foi proposto, com o intuito de agregar conhecimentos ao meio

acadêmico e mercado de moda, relacionados ao âmbito mercadológico, psicológico

e sociológico. E também, pelo assunto “marketing experimental e consumo de

moda” possuir poucas referências para estudo, justifica-se o inediatismo deste

projeto.

A pesquisa sobre consumo de moda e marketing experimental se apresenta

com base em objetivos exploratórios, visando tornar o assunto mais claro e

dinâmico. A natureza do estudo é aplicada, findando gerar conhecimento sobre o

tema e solucionar problemas da atualidade. A proposição de metodologia é

hipotético-dedutiva, a fim de proporcionar uma construção decrescente da ideia em

questão: fidelização do consumo de moda através do marketing experimental. A

abordagem do conteúdo é qualitativa e o procedimento técnico é fundamentado em

pesquisa bibliográfica através da triangulação de dados secundários extraídos de

livros, artigos científicos entre outros. Visando isso, a dinâmica da pesquisa foi

subdividida em quatro seções.

A primeira aborda sobre consumo de moda. Nesse contexto é analisado o

processo de consumo quanto a fatores: culturais, sociais, pessoais e psicológicos.

Para compreensão do assunto se relacionou as motivações que levam o indivíduo a

necessitar de um bem determinado e a emitir desejo por este; buscar e escolher

conforme suas preferências (baseadas na imagem na qual o indivíduo tem, ou

deseja ter de si); e decidir se o produto desejado atende suas expectativas e seu

poder aquisitivo.

A segunda etapa se conceitua em moda, estilo e tendência, a fim de

relacioná-los ao consumo autoral. Também se contextualiza sobre a formação dos

grupos geracionais, com o propósito de relacionar o comportamento destes ao

consumo voltado para experimentação e individualidade. Ainda nesta etapa, se

aborda sobre tendências comportamentais da atualidade, visando relacioná-las com

propósitos de fidelização de consumo.

Page 15: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

14

Na terceira parte, se apresenta a marca como um importante influente no

processo de fidelização. Sendo assim, se discorre sobre seus principais aspectos

como: logo, símbolo, slogan, conceito, público e direcionamento. O alinhamento

dessas características é proposto como estratégias para agregar valor à marca; já

que a valorização é referida como o importante meio de se aproximar, identificar e

fidelizar clientes.

Na quarta seção, se caracteriza o marketing tradicional e experimental, com

proposição de diferenciá-los, visando demonstrar que a estratégia experimental –

aplicada tanto no varejo, quanto no produto – é mais eficaz para fidelização do

consumidor de moda. São mencionadas estratégias, sensoriais, emocionais, de

pensamento, de ação e de identificação. Estas são apresentadas visando identificá-

las ao processo de fidelização de consumo, na aproximação com o cliente,

assimilação deste com a marca, conscientização e cultivo de compra. Ao final é feita

uma relação do marketing experimental aplicado ao consumo de moda e é traçado o

método de fidelização emocional.

As seções apresentadas contextualizam o trabalho em uma ordem de

raciocínio lógico, findando melhor entendimento. Durante todas as etapas, foram

demonstrados figuras, quadros e exemplos reais e hipotéticos, visando tornar o

estudo mais próximo da realidade e gerando melhor compreensão. Ao final, é

apresentado um glossário de marcas – utilizadas ao longo do trabalho – onde é

identificado o nome, logo e site oficial de cada, objetivando suprir possíveis dúvidas

a respeito das mesmas.

Page 16: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

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1. COMPORTAMENTO E CONSUMO

O presente capítulo tem como objetivo analisar o comportamento de

consumo dentro do universo da moda. A compra possui um significado simbólico às

pessoas; gera conforto, satisfação, pertencimento, supre carências, entre outros

atributos. Portanto, como o desejo é gerado por uma necessidade momentânea, ao

supri-la, o indivíduo logo desenvolve outro desejo. Deste modo, entende-se que o

consumo trata-se da busca interminável pela satisfação.

A moda por gerar produtos estéticos, representa ao consumidor uma

projeção visual; fazendo com que o indivíduo busque identificação de sua própria

imagem com a imagem da marca, ou do produto. A finalidade do consumo de moda

para Coelho (1995) é o embelezamento do corpo pelo uso da roupa. A autora

explica que atraindo os olhares pra si, o indivíduo fortalece sua autoestima. Portanto,

Coelho (1995) aborda também que a necessidade do olhar do outro, é uma forma de

aprisionamento social. Ou seja, uma vez que o indivíduo precisa da aprovação do

outro para se autoaprovar, ele ficará à mercê das regras da sociedade.

Portanto, o que leva este sujeito a aderir, um ou outro produto, depende da

sua constituição de personalidade e percepção. Existem alguns fatores que

influenciam o consumo de moda, como fatores culturais, sociais, pessoais e

psicológicos. Sendo assim, o tema aborda sobre esses fatores que fazem parte do

processo de consumo e da construção da personalidade do indivíduo, na decisão de

compra.

1.1. FATORES CULTURAIS

Os fatores culturais são referentes ao ambiente em que o indivíduo se

encontra. Para Kotler (2001), o meio no qual a pessoa está inserida a influencia no

seu modo de agir e pensar devido a formação que ela desenvolve, ao longo da vida,

a respeito de princípios e valores. O autor reforça esta ideia quando comenta que “à

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16

medida que cresce, a criança adquire certos valores, percepções, preferências de

sua família e de outras instituições” (IBIDEM, p.183).

A cultura herdada pelo indivíduo o fará dar continuidade a um

comportamento ritualístico¹, seguido por gerações anteriores a ele. Na cultura

Islâmica, por exemplo, Somma (2009) descreve que o chador, hijab, niqab, burca e

jilbab² são modelos de vestimentas e véus que encobrem as formas do corpo

feminino, os cabelos e até mesmo o rosto das muçulmanas como uma forma de

preservação aos costumes. Ou seja, simbolizam o comprometimento da muçulmana

com os seus valores culturais religiosos.

O contexto anterior é um exemplo de ritual cultural religioso abrangente. No

entanto, existem rituais de menor contingência que possuem relação às

nacionalidades, regiões, cidades, comunidades ou ambientes mais específicos

denominados por Kotler (2001) como sub culturas.

O Brasil por abranger uma extensa faixa territorial e por ter sido colonizado

por diferentes povos é um país de grande diversidade cultural; cada região possui

alimentação, hábitos e linguagens diferentes. Devido essa diversidade algumas

empresas descobriram na adaptação e no marketing direcionado³, uma

oportunidade de conquistar mercados em regiões distintas e distantes.

O Rio Grande do Sul, por exemplo, por ser um estado fortemente ligado a

questões tradicionalistas e folclóricas, como cita Fagundes (1977) [4]; apresenta

uma preferência predominante por marcas que reverenciam sua terra. Brito (2006)

reafirma esta ideia quando aponta que a holandesa C&A foi a marca mais lembrada

como varejista de moda em 2006, como demonstra a figura 1.1. Ela foi citada em

13% dos casos em quase todo o país. A exceção foi a região Sul, onde a marca foi

citada apenas em 8% das lembranças, contra 13% da gaúcha Renner, em que em

contrapartida, foi lembrada apenas em 3% na média do país.

_____________

¹ Que mantém uma linha cotidiana ² Ver também SOMMA, (2009, p. 2). ³ Estratégias voltadas para um mercado-alvo, ver também Kotler (2000, p. 277-298). [4] FAGUNDES, Antonio Augusto. Indumentária gaúcha. Porto Alegre, RS: Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, 1977. 81 p. (Coleção cadernos gaúchos 2)

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Figura 1.1: Folha Top of Mind 2006, seguimento: Varejo de Moda. Fonte: BRITO, Denise, Folha On Line: Dinheiro, 2006.

Este exemplo citado na imagem 1.1, é um referencial de comportamento do

consumidor para empresa – no quesito preferência regional. Já no comportamento

de empresa para o consumidor, pode se exemplificar o caso da Gang que apresenta

como slogan: “A loja que te entende”, demonstrado na figura 1.2. O slogan além de

transmitir a proposta da marca que é se comunicar com o mundo jovem, dando

importância a ele; ainda enfatiza a relação com o público gaúcho. A mensagem

descrita na segunda pessoa: “a loja que te entende”, em outras regiões como o

sudeste, a mesma frase seria colocada como: a loja que entende você. Ou seja, a

Gang propõe uma aproximação com o seu público jovem local através da

linguagem.

Figura 1.2: Logo Gang. Fonte: Gang: Sobre a Gang, 2010.

Uma vez que a cultura é formada por sub culturas, Kotler (2001) diz que

estas são compostas por classes sociais. Para Solomon (2002) esta divisão abrange

grupos semelhantes, não só em termos de rendimento, como também de posição

social, ocupação, gosto, vestimenta, ideias e valores. Karsaklian (2000) propõe,

ainda, que as classes apresentam preferências notáveis por marcas de produtos,

meios de comunicação e linguagem.

Nas lojas de roupas populares como a Marisa, apresentada na figura 1.3

abaixo, pode-se observar que as vitrines freqüentemente destacam as palavras

“oferta”, “promoção”, ou “liquidação” e também costumam ser bastante carregadas

Page 19: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

18

em cores, estampas e variedades de modelos. Já nas butiques, como a Le Lis Blanc

(figura 1.4), as vitrines são compostas por peças-chaves, ou seja, roupas que

passam o conceito da marca e da estação, com tons de cores próximos e preços

são dispostos discretamente.

Figura 1.3: Lojas Marisa. Fonte: FAROL, Shopping: Sala de Imprensa, 2010.

Figura 1.4: Vitrine Le Lis Blanc. Fonte: Portal Vitrine Jardins , 2010.

Page 20: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

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No exemplo das figuras 1.3 e 1.4 nota-se que, além das diferenças nas

preferências de consumidores de classes distintas, o ambiente também é bastante

determinante para aproximar ou afastar um determinado público.

Pode-se ressaltar que, o comportamento de consumo do indivíduo é

influenciado por um universo cultural, dividido em sub culturas nas quais a

sociedade se distingue em classes. De modo geral, os grupos que compõe as

classes apresentam semelhanças não só no aspecto cultural, mas também no

social, que será desenvolvido na próxima subseção.

1.2. FATORES SOCIAIS

Os fatores sociais são referentes a necessidades de companhia. Para Kotler

(2001), o meio social de um indivíduo, é composto por grupos de pessoas mais

próximas e mais distantes. Portanto, ambas exercem influências sobre as atitudes e

comportamentos deste indivíduo, nomeadas pelo autor de grupos de referências.

Alguns grupos de afinidades são primários, como família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, com os quais a pessoa interage contínua e informalmente. As pessoas também pertencem a grupos secundários, como grupos religiosos e profissionais e associações de classe, que normalmente são formais e exigem menor interação contínua (KOTLER, 2001, p. 185).

Dentro do grupo primário proferido por Kotler (2001) está a família. Kasaklian

(2000), explica que a importância dos grupos primários está na constituição da fonte

básica de aprendizagem de atitudes e formação da personalidade dos indivíduos.

Solomon (2002) menciona que a organização familiar tradicional (mãe, pai e filhos)

diminuiu e que as pessoas estão enfatizando relações entre amigos e outros

familiares para ter companhia e apoio social.

A família de um indivíduo, sendo ligada ou não por laços de sangue, é o

conjunto de pessoas mais próximas e que conviverão mais tempo com ele. Devido à

ligação de estima, a intimidade e confiança gerada pelo tempo de convivência do

grupo, muitas das experiências vivenciadas de cada integrante será passada, de

Page 21: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

20

algum modo, para os outros. Por isso, a influência da família é tão preponderante

diante das demais. (KOTLER 2001 e KARSAKLIAN 2000).

Ainda dentro da questão dos grupos mencionados por Kotler (2001),

considera-se que tanto nos primários, quanto nos secundários, os agentes

influenciadores são pessoas que o indivíduo reconhece algum tipo de qualidade. E

quanto maior for o número de pessoas dentro deste mesmo grupo a reconhecer as

tais qualidades, maior será o seu papel de status. O autor complementa que o papel

de status determina o quão importante e influente é a imagem do indivíduo diante do

grupo.

O consumidor suporta cada vez menos as dificuldades, e os fatos de querer pertencer a um grupo de referência específico faz com que as pessoas adquiram determinados produtos prontamente, os quais „autorizarão‟ sua entrada em tais grupos (SOLOMON, 2002, p. 88).

Dentro do universo da moda, por exemplo, o estilo define o status do sujeito.

As chamadas “It Girls”, são meninas reconhecidas por sua identidade visual,

disseminada em canais de comunicação como: blogs, sites de relacionamento e

revistas. Por gerarem uma série de modismos, elas possuem altos papéis de status

dentro destes grupos.

Para Kotler (2001) o indivíduo busca através de suas referências imagens

para se projetar. Com isso as marcas e estilos são importantes aliadas para

representação do que se deseja comunicar: “as pessoas escolhem produtos que

comunicam seu papel de status” (IBIDEM, p. 188). Nesse aspecto, a marca pode

conduzir seu público à socialização e adequação ao ambiente.

Contudo, considera-se que os fatores sociais exercem, em maior ou menor

grau, influencia sobre o consumidor (dependendo da proximidade e importância do

influenciador). E também, inferem de um modo geral, na formação da personalidade

e percepção das pessoas, se combinado aos fatores pessoais.

1.3. FATORES PESSOAIS

Page 22: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

21

Os fatores pessoais são maneiras de perceber e interpretar informações, as

transformando em escolhas. Entre os principais influentes estão: o ciclo de vida, o

estilo de vida, a personalidade e autoimagem.

A idade determina a fase de vida qual a pessoa se encontra. Por isso, suas

necessidades e desejos também são diferentes. Solomon (2002), diz que pessoas

de idades semelhantes, mesmo com personalidades distintas, tendem a

compartilhar valores e experiências culturais comuns.

Para Kotler (2001), existem nove estágios de ciclo de vida que se relacionam

ao consumo, demonstrados no quadro 1.1 abaixo:

Estágio Descrição Comportamento de consumo

1- Solteiro Jovem que não mora com a família

Poucas contas a pagar. Líder de opinião de moda. Voltado para atividades de lazer.

2- Recém-casados Casais jovens sem filhos Maior quantidade de contas. Maior média de compras por bens duráveis.

3- Ninho cheio I Casais com filhos com menos de 6 anos

Compras para casa no auge. Interesse por produtos novos.

4- Ninho cheio II Casais com filho caçula com 6 anos ou mais

Posição financeira melhor. Compram em maior quantidade e são menos influenciáveis pela propaganda.

5- Ninho cheio III Casais com filhos dependentes Posição financeira ainda melhor. Alguns filhos com emprego. Compra de bens duráveis de luxo.

6- Ninho vazio I Casais mais velhos sem filhos e ativos

Satisfação financeira. Voltados para o lazer, luxo, gostam de dar presentes. Não se interessam por produtos novos.

7- Ninho vazio II Casais mais velhos sem filhos aposentados.

Drástico corte de renda. Não costumam sair de casa. Compram remédios e consultas médicas

8- Sobrevivente solitário ativo

Solteiro ativo. Renda boa, porém não suficiente

9- Sobrevivente solitário aposentado

Solteiro ou viúvo aposentado. Mesmas necessidades médicas. Necessidade de atenção, afeição e segurança.

Quadro 1.1: Estágios de ciclo de vida quanto ao consumo.

Fonte: Adaptado de KOTLER, 2001, p. 190 (grifo nosso).

Segundo os dados apresentados pelo autor (Ibidem), os casais jovens com

filhos pequenos têm mais interesse por produtos e marcas novas, ao contrário de

casais de adultos mais velhos, que tem preferência por produtos e marcas

conhecidas; as famílias maiores compram em maior quantidade; e que os jovens

Page 23: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

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solteiros e casais mais velhos, ambos ativos, interessam-se por produtos que

proporcionam experiências e lazer (grifo nosso).

A ocupação desses indivíduos também interfere no consumo, pois pessoas

ativas consomem mais bens e serviços. Já os aposentados, dão prioridade aos

produtos de sobrevivência e saúde. Outra determinante é o preço e o tipo de produto

que o indivíduo poderá adquirir. “O operário comprará roupas de trabalho [...] Um

presidente de empresa comprará ternos [...]” (KOTLER, 2001, p. 190).

Outro fator de influencia é o estilo de vida, proferido por Solomon (2002),

como modo que a pessoa decide gastar seu tempo e dinheiro. Os estilos de vida

variam mesmo inseridos dentro de um universo semelhante em renda, cultura,

ocupação e faixa etária. Kotler (2001) apresenta um esquema, representado na

figura 1.5 abaixo, que define estilos de vida como um padrão de vida escolhido pela

pessoa, que interage com seu ambiente e se expressa através da escolha de

produtos, atividades, interesses e opiniões (grifo nosso).

Figura 1.5: Formação do Estilo de Vida. Fonte: SOLOMON, 2002, p.147.

Solomon (2002) define que a formação do estilo de vida provém das

características e vivências do indivíduo, associadas ao ambiente em que vive e às

escolhas que fará durante a vida. Portanto, como mensura o autor (Ibidem, p. 146):

“[...] os estilos de vida não ficam petrificados [...] os gostos e preferências das

pessoas evoluem ao longo do tempo [...]”. Ou seja, o estilo varia de acordo com o

ciclo de vida da pessoa, assim como suas aprendizagens e conquistas.

Page 24: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

23

No varejo, algumas marcas utilizam o estilo de vida para segmentar suas

lojas. As Lojas Renner, por exemplo, são organizadas por estilos de vida visando

facilitar a identificação do público com as suas sub marcas. A Blue Steel, por

exemplo, é descrita como uma marca jovem, que reflete um estilo de vida urbano,

descolado, despretensioso, alegre e sonhador. Já a Cortelle, é apresentada como

uma marca adulta, relacionada ao trabalho, à família, à conquista de sonhos e à

valores tradicionais. No entanto, a empresa percebeu que as pessoas não se

identificam apenas com um estilo. Devido a este fato o slogan da marca,

apresentado na figura 6, pronuncia: “Você tem seu estilo, a Renner tem todos”.

Figura 1.6: Site Lojas Renner. Fonte: Site Lojas Renner, 2010.

Alguns estudiosos tentam entender como a personalidade impacta na

escolha de um determinado produto ou marca. Braghirolli (1995 apud Karsaklian

2000, p.35), diz que a personalidade é “o conjunto total de características próprias

do indivíduo que, integradas, estabelecem a forma pela qual ele reage

costumeiramente ao meio ambiente”. Já Karsaklian (2000) menciona que o conjunto

dessas características estende-se em dois níveis: um observável (com respostas

externas) e outro não observável (com respostas internas); porém que ambos os

níveis coincidiam, mesmo não sendo preponderante em todos os casos.

Page 25: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

24

Traduzido a ideia Karsaklian (2000) para o consumo, pode-se considerar

que do ponto de vista externo – observável, segundo a teoria de traços de Guilford

(1959 apud Karsaklian 2000) [5], o consumidor que apresenta traço sociável,

expansivo e persuasivo, por exemplo, tendem a ousar mais no visual e a

experimentar novidades; já um consumidor de traço tímido, reflexivo e sério, tende a

escolher por marcas tradicionais, conhecidas e consagradas. E do ponto de vista

interno – não observável, a autora diz que “a personalidade constitui-se numa

variável hipotética”, ou seja, incerta que pode mudar de acordo com o fato. (IBIDEM,

p. 36, grifo nosso)

Solomon (2002) contrapõe abordando sobre estudos que demonstram que

as pessoas não parecem exibir comportamentos estáveis. O autor dinamiza ainda,

que o comportamento coerente é um modo conveniente de pensar sobre os outros;

pois afirma que “podemos ser rebeldes ou respeitáveis dependendo da situação”

(IBIDEM, p.139).

Todavia, ainda não se sabe, se a personalidade impacta na decisão de

compra de modo linear ou disforme. No entanto, pode-se direcionar um produto para

as características mais marcantes da pessoa e assemelhar a imagem da marca com

seu autoconceito.

Por autoconceito, a visão sob a qual o sujeito se percebe. Karsaklian (2000,

p.41) observa a existência de um vínculo entre o produto comprado e a percepção

que o indivíduo tem, ou gostaria de ter, de si; menciona a que o autoconceito é

composto por imagens distintas apresentadas no quadro 1.2:

Imagem Significado

Eu real Aquele que pensamos ser;

Eu ideal Aquele que queremos ser;

Eu para os outros Aquele que podemos ser aos olhos do outros;

Eu ideal para os outros Aquele que gostaríamos de ser para os outros.

Quadro 1.2: Imagens do Autoconceito.

Fonte: Adaptado de Karsaklian, 2000, p.41.

_____________

[5] Característica permanente da personalidade susceptível de ser medida, ver também Karsaklian (2000, p. 38-40).

Page 26: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

25

Karsaklian (2000) ainda explica que a dissonância entre o ser real e ideal

pode causar uma ação compensatória resultante em consumo. Para ela (Ibidem,

p.41) “muitos serviços e produtos são bem sucedidos porque apelam para as

fantasias dos consumidores”. Essas fantasias muitas vezes são a válvulas de

escape para essas pessoas – podem ocasionar experiências bem diferentes da

realidade cotidiana.

Para Luft (1969 apud Santos 2001), a compreensão do ser perante si e

perante os outros é uma necessidade do homem em se adequar com o mundo e

consigo. Luft e Ingham (1969 apud Santos 2002) propõe outra estruturação de

autoconhecimento, a partir da Janela de Johari, visualizado no quadro 1.3:

Quadro 1.3: Janela de Johari. Fonte: Adaptado de Luft 1969, p.33 apud Santos 2001, p.28.

Na Janela de Johari, os quadrantes rosa, representam aquilo que os outros

conhecem e desconhecem a respeito de um indivíduo, os laranjas representam

aquilo que o ser conhece e desconhece ao seu respeito e os amarelos são o

cruzamentos dos quadrantes rosa e laranja que formam quatro tipos de Eu:

1) Eu aberto: é formado pelos comportamentos conhecidos pelo próprio

indivíduo e por qualquer outro que o observe.

2) Eu secreto: é formado por comportamentos conhecidos pelo próprio

indivíduo, porém desconhecidos para os outros.

3) Eu Cego: é formado por comportamentos não reconhecidos pelo próprio

indivíduo, porém observável para os outros.

Page 27: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

26

4) Eu Desconhecido: é formado por comportamentos não reconhecidos

tanto pelo próprio indivíduo, como para os outros.

Para Santos (2001) as informações contidas nos quadrantes amarelos,

variam, à medida que o grau de confiança recíproca e o intercâmbio do feedback,

entre os relacionamentos do ser, aumentam ou diminuem. “Como resultado deste

movimento, o tamanho e o formato dos quadrantes sofrerão modificações no interior

da Janela” (IBIDEM, p. 29). Fritzen (1990 apud Santos 2001) explica que quanto

maior o eu aberto do ser, maior será a compreensão deste consigo e pelos outros.

Ocasionando maior prospecção de autoconfiança no indivíduo, em decorrência do

maior entendimento entre as partes relacionadas.

Nas duas estruturações de ambos dos autores (Karsaklian 2000; Luft 1969),

observa-se que a imagem do ser depende da sua projeção sobre si e sobre os

outros. Portando, Karsaklian (2000) menciona que a imagem visualizada pelo ser

pode não representam a mesma visualizada pelas outras pessoas – elas podem

variar de acordo com autoconsciência do individuo, pois nem sempre, a pessoa sabe

expressar aquilo que deseja como também, não é consciente do que expressa.

Ainda sobre a projeção da auto-imagem, cita-se o programa “Esquadrão da

Moda” do canal SBT. O programa é conduzido por consultores de imagem e moda,

que têm a responsabilidade de demonstrar para os convidados como transmitir para

os outros a mesma imagem que eles possuem de si próprios, através do visual. Ou

ainda como eles podem aprimorar sua imagem, a tornando autoconfiante. Essa

tarefa, normalmente, se inicia com a presença de um espelho. Solomon (2002)

utiliza também o conceito de espelho para fazer uma metáfora a respeito do olhar

que projetamos sobre nossa imagem:

Como espelhos distorcidos em um parque de diversões, nossa avaliação de quem somos pode variar, dependendo de qual perspectiva estamos considerando e com que precisão somos capazes de prever as avaliações sobre nós (IBIDEM,p. 117).

Contudo, considera-se que não só as dissonâncias de culturas e influências

sociais, como também as pessoais são determinantes na decisão de escolha, do

indivíduo. Solomon (2002) reafirma esta ideia, quando menciona que os produtos

Page 28: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

27

são escolhidos não por só por sua finalidade, mas por seu significado e

representação. Portanto, como os fatores pessoais implicam em formações

psicológicas, estas são analisadas na próxima subseção.

1.4. FATORES PSICOLÓGICOS

Os fatores psicológicos que antecedem a decisão de compra. Os principais

influentes desse são: motivações, freios, necessidades, percepções, aprendizagem

e atitudes. Karsaklian (2000), explica que o primeiro desencadeador de compra é o

motivo. O comportamento de motivação é estimulado normalmente por uma

necessidade momentânea que levará o indivíduo a supri-la.

O motivo pode ser desenvolvido como uma condição interna relativamente duradoura que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir num comportamento orientado um objetivo, possibilitando a transformação ou a permanência de situação (SAWREY e TELFORD 1976, p.18 apud KARSAKLIAN 2000, p. 22).

Solomon (2002) relata que as necessidades são ligadas a tensões

psicológicas que sugerem carência de algum tipo de sentimento como: fome, medo,

respeito, estima, integração, admiração, entre outros. E a intensidade dessa tensão,

que determinará o prazo para satisfazer a necessidade. “Uma vez que a meta é

alcançada, a tensão é reduzida e a motivação retrocede” (IBIDEM, p. 95).

Para Maslow (1970 apud Karsaklian 2000, p. 30) as necessidades humanas

se organizam em hierarquias; procurando satisfazê-las, o indivíduo segue uma

determinada ordem de importâncias demonstradas pela figura 1.7 abaixo:

Page 29: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

28

Figura 1.7: Pirâmide de Maslow. Fonte: MASLOW apud KARSAKLIAN, 2000, p. 30.

Como representado na figura 1.7, as necessidades podem ser divididas

segundo Maslow (1970 apud Karsaklian 2000) em cinco quesitos:

1) Fisiológicas: trata-se de necessidades mais básicas como: fome, sede,

sexo, sono, etc;

2) Segurança: implicam em trazer proteção física como moradia e

transporte; e psíquica como emprego fixo, seguro de vida, plano de

saúde, entre outros;

3) Afeto: se referem aos laços formados entre os relacionamentos de

amor, amizade, famílias, amigos e namorados;

4) Estima e Status: estão relacionadas à aceitação social em que o

indivíduo se encontra. São carências de atenção, prestígio, status,

reconhecimento, entre outras;

5) Auto-realização: são baseadas no encontro do indivíduo consigo, ou

seja, quando ele se predispõe a desenvolver suas potencialidades.

Santos (2001) complementa destacando que “as necessidades não são

escalonárias, mas sim situacionais.” Para autora o ser humano nunca está

plenamente satisfeito, pois a satisfação é uma sensação momentânea: “para poder

viver, é preciso estar insatisfeito” (IBIDEM, p.20).

Page 30: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

29

Ainda sobre a hierarquia das necessidades entende-se que alguns produtos

podem satisfazer várias necessidades, de diferentes níveis mutuamente. A

vestimenta, por exemplo, pode ser citada como um desses produtos.

1) Fisiológicas: uma vez que protege do frio;

2) Segurança: por encobrir a nudez;

3) Afeto: por projetar imagem, gera inclusão nos grupos sociais/ tribos;

4) Estima e Status: por traduzir uma simbologia – muitas vezes emitida por

marcas de luxo;

5) Auto-realização, por ser capaz de gerar desenvolvimento pessoal –

como o caso das vestimentas que possuem etiqueta verde [6].

Do ponto de vista de Solomon (2002) a hierarquia das necessidades deve

ser valorizada por refletir as diferentes prioridades dos consumidores. Para o autor,

estas necessidades variam em diferentes situações de consumo e estágios de vida;

e não porque especifica o avanço exato do consumidor a escala de necessidades.

O modo pelo qual o consumidor opta em satisfazer essas necessidades é

traduzido por Karsaklian (2000) como desejos e preferências. A autora ainda

complementa que os desejos podem ser estimulados, mesmo que não haja uma

necessidade preponderante. A própria moda pode ser considerada como exemplo.

De um modo geral, as pessoas são motivadas a comprar roupas novas pelo desejo

que a peça ou marca emite.

Da mesma forma que as necessidades podem ser impulsionadas, elas

também podem ser inibidas por forças psicológicas as quais Karsaklian (2000)

nomeia como freios. A autora os classifica em dois aspectos:

1) Inibições: que são forças ligadas a opinião das pessoas;

2) Medos: que se vinculam ao risco ocasionado pela compra.

Deste modo, considera-se que ambos os motivos são causados por insegurança,

pois a escolha gera freqüentes riscos ao consumidor. Para Solomon

(2002), a escolha provém da percepção à mensagem transmitida pelo produto. Esta

_____________

[6] Revelam que o produto possui baixo impacto ambiental. Ver também, site ABIT, 2010. Disponível em: <http://www.abit.org.br/site/agenda.asp?id_menu=5&IDIOMA=PT>.

Page 31: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

30

percepção é explicada pelo autor como o processo pelo qual as sensações são

selecionadas, organizadas e interpretadas – resultando em credibilidade/

desconfiança ou atratividade/ repúdio pelos produtos.

As pessoas que tendem a ser sensíveis relativamente à aceitação social e as opiniões dos outros, por exemplo, são mais influenciadas por uma fonte atraente, enquanto as mais orientadas internamente são vulneráveis a uma fonte confiável (SOLOMON, 2002, p. 190).

Kotler (2001) complementa que a percepção é de caráter pessoal e que é

composta basicamente por três agentes:

1) Atenção seletiva: é o modo como a pessoa capta as informações;

2) Distorção seletiva: é o modo como a pessoa interpreta a informação;

3) Retenção seletiva: é o modo como a pessoas guarda as informações

que recebe.

Por exemplo, hipoteticamente, uma pessoa ao passear por um shopping,

visualiza várias ofertas expostas pelas vitrines. Portanto, o que a leva a parar diante

de uma loja e desejar um produto é a atenção seletiva. Ela analisa a mercadoria

quanto a seu custo-benefício e diante da sua distorção seletiva, formula uma

percepção se o produto vale ou não o que custa. Se considerar o produto válido,

possivelmente irá comprá-lo. E dependendo da experiência de compra (satisfatória,

ou não), a pessoa terá uma retenção seletiva (positiva ou negativa), sobre a marca

da peça.

Deste modo, a interpretação da mensagem do produto faz com que o

consumidor decida pela compra. Já o processo de escolha, diante da percepção de

Kotler (2001) é composto por: aprendizagem, crenças, atitudes e papéis de compra.

A aprendizagem de consumo é adquirida a partir de uma experiência

vivenciada pela compra; podendo ser satisfatória ou discriminante, dependendo do

desempenho do produto às expectativas do cliente. Estas, por sua vez, geram

crenças a respeito do produto ou marca.

As crenças se traduzem como créditos. A partir de vivências, experiência, ou

mensagens transmitidas por influenciadores ou pela própria marca, o consumidor

desenvolve uma opinião sobre o produto. Para Kotler (2001, p.197) as crenças são

Page 32: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

31

“atitudes correspondentes a avaliações, sentimentos e tendências de ações

duradouras, favoráveis ou não [...]”.

Kotler (2001) menciona ainda, que a decisão final do consumidor, varia

conforme o tipo de necessidade, pois o produto depende também, dos agentes

envolvidos na compra. O autor define cinco papéis, demonstrados no quadro 1.4

abaixo:

Papéis Atribuição

Iniciador Pessoa que sugere a ideia da compra ou serviço;

Influenciador Pessoa cujo ponto de vista ou conselho, influencia na decisão;

Decisor Pessoa que decide pela compra: o que, como e onde comprar;

Comprador Pessoa que efetivamente realiza a compra: pagador;

Usuário Pessoa que consome ou usa o produto ou serviço.

Quadro 1.4: Papéis de Compra.

Fonte: Adaptado de Kotler 2001, p. 199.

Em um exemplo hipotético de papéis de compra, no qual estão presentes

três sujeitos: a mãe, o filho adolescente e o vendedor da loja; considera-se como

iniciador, o adolescente que aponta um tênis para mãe comprar. Como a mãe, neste

caso é a decisora de compra e o adolescente é o usuário final, ele também assumirá

o papel de influenciador, justificando à mãe, os motivos da compra. Parcialmente

convencida, a mãe, ao entrar na loja, sofre influências, desta vez pelo vendedor

(influenciador), que irá expor as atribuições do produto e as condições de

pagamento, já que a mãe também é a compradora. Convencida ela efetuará a

compra.

Considera-se que dentro dos papéis de consumo, todos têm seu valor, no

entanto um se destaca: o decisor. Solomon (2002) aborda que este por ser a

autoridade financeira, torna-se o principal alvo de influências. E estas influências

poderão ser maiores ou menores dependendo dos laços de confiança entre os

sujeitos. Sendo assim, considera-se que os papéis de compra variam conforme a

relação entre os interessados.

Deste modo, os fatores psicológicos influenciam o indivíduo no processo da

decisão pelo consumo, desde as motivações iniciais até as influencias finais. Isso

Page 33: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

32

ocorre pelo consumo ser praticado a partir de mensagens subjetivas que são

construídas durante o desenvolvimento desse indivíduo, sua educação e formação

de personalidade, valores e moral [7]. O entrelaçamento entre os fatores culturais,

sociais, pessoais e psicológicos formarão a identidade do indivíduo.

Sendo a moda, formada por tendências que disseminam estilos, que por sua

vez, constroem identidades visuais; o capítulo seguinte, trata esses assuntos. Ele

também destaca uma nova linha de consumidores, que apresentam caráter autoral

no consumo de moda; agrupados por ciclo e estilo de vida.

_____________

[7] Conjunto de regras de conduta.

Page 34: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

33

2. MODA E ESTILO

A moda por variar conforme a evolução do comportamento humano, diante

dos acontecimentos da época, torna-se um objeto de estudo social, político e

econômico. A indumentária, dentro do contexto histórico, é utilizada para confortar,

identificar e diferenciar as pessoas. O objeto “vestuário” possibilita que o usuário

transponha tanto suas qualidades, quanto seus defeitos. Ele permite que a pessoa

conceitue sua imagem e exiba características como: glamour, requinte, status,

sensualidade, respeito, entre outros. Cidreira (2005) explica que nesse aspecto, os

estilistas têm um importante papel de adaptar à roupa os desejos mais inconscientes

das pessoas.

Portanto, a roupa precisa sintonizar com a personalidade do indivíduo. Para

Cidreira (2005, p.13) “[...] o tipo de vestimenta que se adota está ligado a certos

aspectos do comportamento e da personalidade”. Além de possuir um significado

pessoal, a veste transmite também um simbolismo para sociedade. Como menciona

autora (Ibidem, p. 11), “desde o nascimento, o ser humano é marcado pelo entorno

social” que metaforicamente, funciona como “o olhar da sociedade”. Este valoriza a

estética como o propulsor do status. Desta maneira, a moda se torna a modeladora

da imagem.

No entanto, para que um estilo disseminado pela moda se torne um sucesso

de vendas é necessário destacar algumas etapas do processo de produção, tais

como: pesquisa, criação, lançamento, consenso, consumo, massificação e desgaste.

Sendo as tendências iniciadoras deste processo, este capítulo aborda sobre os

caminhos crescentes e decrescentes de estilo – considerando a segmentação da

moda atual (alta-costura, prêt-à-porter, fast fashion e fake fashion).

Relacionando os segmentos de moda por hierarquia de público, considera-

se que a alta-costura encontra-se no pico, já que é consumida por uma restrita

parcela de pessoas com alto poder econômico. Em seguida, o prêt-à-porter se

direciona aos consumidores de elite. Posteriormente, o fast fashion é orientado ao

público popularizado. E na base, o fake fashion se dissemina para o público de

massa. Deste modo, questionam-se: Como as tendências tornam-se populares? E

de que maneira a moda torna-se autoral?

Page 35: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

34

Sendo assim, este capítulo especifica a moda, em seus aspectos

mercadológicos e sociais. Isto implica na contextualização de seu significado,

importância e processo de formação das tendências, estilos, identidades e grupos

geracionais (que exercem o consumo autoral).

2.1. COMPREENDENDO MODA

A moda é um importante objeto de estudo social, econômico, psicológico,

cultural e semiótico. Para Miranda [2008], a palavra moda vem do latim modus, que

significa modo, maneira. Já Bernard (2003) propõe a etimologia da palavra moda

pela expressão em inglês fashion, que deriva do latim faction, ou facere, cujo

significando é fazendo ou fabricando. Outro significado de fashion, proposto pelo

autor é referente a fetiche, ou objetos de fetiche, pois esta palavra também vem da

raiz facere.

Independente de sua origem, Ferreira (2008, p. 2) afirma que a palavra

moda, modus, mode ou fashion “remete à imagem, corpo, estilo, tendência, roupas,

indumentária, adorno, traje, beleza, entre outras alinhavadas ao sistema da moda”.

Para a autora o sistema da moda engloba aspectos filosóficos, sociológicos,

antropológicos, psicológicos e artísticos; assim como os processos da indústria.

Todavia, considerando Caldas (2004) o significado de moda simboliza uma

freqüência elementar:

A moda do vestuário é um tipo de fenômeno que, por seu caráter dominante, acabou por transformar-se no modelo acabado do consumo: a produção acelerada e constante da obsolescência programada, numa permanente corrida em diante (IBIDEM, p.214).

Caldas (2004) refere-se à moda como um processo industrial, de produção e

desgaste. O produto vestuário é confeccionado para ter um tempo de uso

determinado pela tendência da estação. Tornando-se descartável quando sua

temporada termina.

Page 36: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

35

Sob a percepção de Souza e Oelze (1998)¹ compreende-se que a moda é

uma mudança contraditória de ciclo de vida; pois no momento que esta atinge uma

grande contingencia, ou seja, um grande número de usuários; inicia sua queda.

Complementando a ideia dos autores, Treptow (2003) propõe o ciclo da moda,

segmentado em cinco fases: lançamento, consenso, consumo, massificação e

desgaste.

1) Lançamento: onde é gerado um novo estilo;

2) Consenso: esse estilo é aceito pelo público;

3) Consumo: o estilo torna-se aquisição;

4) Massificação: o estilo torna-se popular e muitas pessoas o aderem;

5) Desgaste: devido sua popularização o estilo perde seu caráter inovador

e é substituído por outro;

As fases do ciclo da moda propostas por Treptow (2003) são referentes à

etapa processual da indústria, que lança estilos, seguindo tendências do mercado.

Já Lipovetsky (1989) considera a moda como três fases sociológicas: o efêmero, a

sedução e a diferenciação marginal (grifo nosso).

1) Efêmero: que diz respeito à depreciação da roupa como objeto de

desejo;

2) Sedução: é modo como o indivíduo se relaciona com seu autoconceito

(ser e o parecer);

3) Diferenciação marginal: transmite a individualidade das sociedades

(formação de classes sociais).

A partir da ideia de Lipovetsky (1989), considera-se que a moda torna-se um

processo cíclico (figura 2.1): os indivíduos são atraídos pela sedução que gera

status, ou supri alguma necessidade momentânea; deste modo, o sujeito desenvolve

_____________

¹ SOUZA & OELZE (org). Da psicologia da moda: um estudo sociológico. Simmel e a modernidade. Brasília,

Ed. UNB, 1998.

Page 37: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

36

uma individualização, gerando uma diferenciação marginal; que por sua vez, tem um

curto ciclo de apreciação, caindo no efêmero, que lançará novos objetos de

sedução.

Figura 2.1: Sistematização da moda. Fonte: Elaborado pelo autor.

Complementando a ideia de sedução de Lipovetsky (1989) os autores Souza

e Oelze (1998) dizem que a moda é capaz de satisfazer as necessidades humanas

tanto individuais, quanto sociais.

A moda oferece a elas precisamente essa combinação: por um lado, a região da imitação geral, a moda nas correntes sociais mais amplas; por outro lado, a distinção, a ênfase, o adorno individual da personalidade (SOUZA; OELZE, 1998, p.166).

Ainda sobre os aspectos atrativos da moda, sob o ponto de vista

psicanalítico, Coelho (1995) comenta que para mulher a moda é um mecanismo de

ostentação de poder, através da sedução. A autora considera que o poder social é

transmitido pela aparência, sendo assim, a roupa é a afirmação social da imagem

psíquica.

Na pesquisa Projeto Rotina citada por Gehrke (2009), percebe-se que a

moda possui significados diferentes para os sexos feminino e masculino. A autora

destaca que para as meninas, a roupa é um objeto essencial para aceitação social e

aparência. Já para os meninos, a roupa é um componente para auto-afirmação das

suas habilidades.

Efêmero

Sedução

Diferenciação Marginal

Page 38: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

37

Levando em consideração a percepção de Coelho (1995) para o universo

Masculino, encontra-se semelhança no significado da vestimenta como apropriação

de poder. Portanto, o poder masculino não é obtido através da sedução e sim pela

auto-afirmação, como menciona Gehrke (2009). Uma vez que os homens também

necessitam posicionar uma imagem, a moda torna-se reputação em status social e

autoconfiança.

Ainda sobre os aspectos diferenciadores da moda, Lipovetsky (1989)

entende que o seu surgimento da segunda metade do século XIV, com uso de

vestuários que diferenciava nitidamente os sexos: “curto e ajustado para o homem,

longo e justo para a mulher” (Ibidem, p.29). Deste modo, como descreve Ferghali e

Dwyer (2001), a moda passa a ser projetada para o corpo do usuário e não o

contrário.

[...] um primeiro momento se impôs durante cinco séculos, da metade do século XIV à metade do século XIX: é a fase inaugural da moda, onde o ritmo precipitado das frivolidades e o reino das fantasias instalaram-se de maneira sistemática e durável. A moda já revela seus traços sociais e estéticos mais característicos, mas para grupos muito restritos que monopolizam o poder de iniciativa e de criação. Trata-se do estágio artesanal e aristocrático da moda. (IBIDEM, p.25)

Para Treptow (2003), antes do fenômeno moda, a roupa era associada à

identificação e diferenciação das classes sociais; e se restringia às opções de

matéria-prima e condições tecnológicas de um povo. Após a Revolução Comercial,

os materiais tornaram-se mais abrangentes, pois o oriente passou a se relacionar

com o ocidente. Este fato gerou, nas altas classes, um desejo de individualização

instituindo-se a moda.

Nesse sentido, a roupa agregou um significado pessoal para cada indivíduo

e perante a sociedade, como menciona Barthes (2001 apud Cidreira, 2005, p.95):

“vestir-se é um ato de significação e, portanto, um ato profundamente social

instalado no coração mesmo da dialética das sociedades”. Essa individualização da

imagem, medindo expressar a personalidade e percepções de cada indivíduo são

transmitidas para a moda como: identidade de estilo – tema discorrido na próxima

seção.

Page 39: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

38

2.2. O ESTILO DE CADA UM

Através da significação do estilo se evidenciará a dualidade da moda, em

gerar uma constante busca por imitação, ao mesmo tempo em que promove a

individualidade. O estilo pode ser um tipo de tendência, ou forma pessoal de se

vestir, ou se conceituar (caso das marcas). É caracterizado pelo uso da imagem e

possui um papel de diferenciador, uma vez que traduz os conceitos e percepções do

sujeito que o sustenta. Diante das suas diferentes colocações, o estilo é

contextualizado, quanto ao significado e aplicação na moda.

Sob a perspectiva etimológica, Cidreira (2005) menciona que o termo

provém do latim stilus, significando ferramenta para escrever impressões – o estilete.

No entanto, a autora afirma que o termo na atualidade, seria empregado como

conjunto de traços indentitários, que exprimem pensamentos, sentimentos e

emoções; resultando em unidade. “Daí advém a ideia do estilo enquanto um esforço

de criar uma marca pessoal, estética ou temporal, insinuando-se para além da

existência ordinária” (IBIDEM, p. 118).

Para Rigueiral (2002, p.156 apud Treptow 2003, p.59) estilo “[...] é a maneira

como uma pessoa busca se identificar e posicionar seus produtos”. Ou seja, é o

modo como o sujeito transpõe sua imagem, medindo expressar sua personalidade e

percepções.

Para Cidreira (2005, p.119) “cada estilo é uma língua, [...] que a expressão

se confunde com a coisa expressa”. Assim como a linguagem, o estilo se expressa

de maneira natural. Advêm de uma vivência pessoal, aderida dentro de um meio no

qual o indivíduo desenvolve suas percepções; de forma inconsciente. Como remete

a autora (Ibidem, p.119): “É a ponta do iceberg, capaz de tornar visível algo

invisível.”

Nesse sentido, a roupa possui um significado pessoal para cada indivíduo e

perante a sociedade. Por isso, se entende que a roupa não age sozinha, já que

precisa de um sujeito para sustentar sua imagem. “[...] o tipo de vestimenta que se

adota está ligado a certos aspectos do comportamento e da personalidade”

(CIDREIRA, 2005, p.13).

Page 40: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

39

O estilo Punk, por exemplo, referido por Garcia (apud Treptow 2003, p.30)

surgiu do manifesto de jovens londrinos ao desemprego. O mercado de trabalho em

Londres, da década de 70, consistia em indústrias de confecções. Em resposta à

indústria de moda, os punks começaram a usar roupas destruídas e sujas. Mais

tarde essa imagem é aderida como um novo padrão visual. Estilistas como Viviane

Westwood, adaptam o estilo que passa ser usado por outras pessoas (não

relacionadas ao movimento), o tornando uma tendência de moda.

Para Treptow, (2003) a moda é lançada como proposta de estilo. Sua origem

é disseminada ou por um estilista, ou por uma celebridade, ou grupos de jovens, das

ruas, entre outros. Jones (2002, p.23 apud Treptow, 2003, p.27) apresenta dois

movimentos de lançamento: o crescente – trickle-down (gotejamento); e decrescente

– boubble-up (ebulição), ilustrados na figura 2.2.

Figura 2.2: Movimentos de Estilo.

Fonte: Treptow, 2003, p. 28.

O trickle-down começa da elite da moda, ou seja, do lançamento de alta-

costura ou estilo de uma estrela pop como a Lady Gaga. As pessoas que estão mais

próximas dessas celebridades e formadoras de opinião o adotam primeiro. Assim

que é notado pela imprensa, o estilo passa a ser aderido por marcas de prêt-à-

porter, seguido por marcas de fast fashion, onde é incorporado pelo mercado de

massa; por ultimo segue para empresas de fake fashion onde é disseminado ao

público geral. Este movimento é considerado crescente, por iniciar com uma

pequena parcela de público, que dissemina o estilo, até este atingir um grande

número de pessoas.

Page 41: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

40

Já o boubble-up faz o caminho oposto (decrescente). Inicia nas ruas, como

no caso do punk e grunge, no qual os grupos desenvolvem um estilo específico de

vestir-se. Seguidamente, o mercado de moda atribui um nome, a esses grupos, e

começa a divulgá-los. Os formadores de opinião logo aderem o estilo, em uma

versão mais sofisticada; e por último este aparece nas marcas de luxo e passarelas.

Treptow (2003) afirma ainda que independente de como surja o estilo, para

ser moda precisa ter uma aceitação social extensa, através da identificação e

imitação das pessoas em geral. O estilo é o modo como cada ser expressa seus

pensamentos, emoções, experiências, formados por um conjunto de traços de

personalidade que resultam em uma identidade – pode ser aferido como ideia de

criar uma marca pessoal. Onafray (1993 apud Cidreira 2005, p. 118) define estilo

como “[...] uma expressão de individualidade, busca de uma singularidade através

de um gesto único, intransferível”.

Por apresentar um ritmo, ou seja, uma forma estrutural que se repete dentro

de uma composição de peças diferentes, o estilo torna o todo semelhante. Esse

ritmo pode tomar posse de um grupo de pessoas, que por sua vez, apresentarão

uma semelhança de imagem. Estes grupos sociais, relacionados por imagem,

formam as tribos.

A idéia de estilo vai nos auxiliar a entender certos agrupamentos nos quais a aparência, a composição do look é um dos elementos de reconhecimento e aglutinação; bem como a reconhecer o consumidor com um participante do jogo da moda, capaz de se apropriar de modo singular de uma, duas peças do vestuário, numa atitude criativa que consegue, assim, ser ao mesmo tempo universal e particular [...] (CIDREIRA, 2005, p.127).

Traçando um novo cenário para a moda, Garcia (apud Treptow 2003, p.31)

entende que “o consumidor cria o seu visual com liberdade, combinando peças de

diferentes marcas, buscando expressar sua identidade”. A autora cita como exemplo

a customização, ou seja, a remodelação do visual da peça, para adaptá-la ao perfil

do usuário – tornando-a única.

Para Garcia (apud Treptow 2003, p.31) a busca do usuário pela identidade,

se expressa “no modo como este imprime sua marca pessoal”. A autora ainda

aposta que – em decorrência da disseminação do estilo pessoal; a tendência é o fim

Page 42: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

41

da fidelização às marcas. Para entender melhor a dinâmica de tendências, este é o

tema da próxima subseção.

2.3. O QUE É TENDENCIA?

As tendências são formadas por uma união de fatores sócio-culturais que

influenciam e são influenciados pelo comportamento das pessoas de forma

generalizada. Segundo Caldas (2004) a palavra tendência deriva do latim tendentia,

do verbo tendere, que significa “tender para”, “inclinar-se para”, ou “ser atraído por”.

Sendo assim, o autor aborda que a palavra vem de uma ação estimulada por um

objeto – não muito diferente de seu sentido atual. A tendência possui uma

significância no sentido de apontar uma direção, sem determinar certeza em atingi-

la. Trata-se de suposições dogmáticas a respeito de uma tese de comportamento.

O que se pretende, [...] é simplesmente diminuir – mais do que isso, eliminar – o grau de incertezas, reinante seja na esfera individual, seja social, com relação a quase tudo que existe, no mercado financeiro, às formas de seduzir o outro, do tipo de roupa que se deve ou não usar, ao caminho da realização profissional, das preferências do consumidor, à velhice e á própria morte (CALDAS, 2004, p.36).

Observando a ideia posicionada por Caldas (2004) entende-se o motivo

pelo o qual as empresas de moda se interessem em conhecer as tendências.

Portanto, de que maneira pode-se prever cores, formas, texturas e tecidos que serão

incorporadas pelos estilistas em suas coleções?

Para Caldas (2004), como um modo de diminuir riscos nos setores têxteis e

de confecção, as indústrias do ramo trocam informações de pesquisa. Além disso, o

autor afirma que essas empresas, antes de desenvolverem sua produção, consultam

comitês de cores internacionais, birôs de estilo, além de feiras profissionais. Estas

entidades estabelecem padrões de base para desenvolvimento de produção, com

uma data pré-estipulada para lançamento.

Os birôs de estilo, por exemplo, são empresas especializadas em avaliar

acontecimentos sociais, políticos e econômicos, para traduzi-los como inspirações

de cores, texturas, silhuetas, tecidos e aviamentos. A união dessas referências, é

Page 43: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

42

vendida posteriormente para as empresas de vestuários em forma de caderno de

tendência, como menciona as autoras Ferghali e Dwyer (2001). Hoje, esses

cadernos de tendências, também são apresentados de forma virtual, ou eletrônica.

Portanto, as pesquisas podem ser realizadas também através de visitações

à feiras internacionais, vitrines, internet, ou ainda revistas – por observação de

catálogos e editorias de moda. Como aborda Ferghali e Dwyer (2001, p.16): “as

novas tendências podem estar tanto expostas numa vitrine, quanto podem ser

percebidas nas ruas”. O meio de pesquisa ocorrerá de acordo com o interesse e

verba da cada empresa ou estilista. As tendências também são estabelecidas de

acordo com os segmentos do mercado, tais como: masculino, feminino, infantil,

acessórios, até de marketing como menciona as autoras.

Seguidamente, as pesquisas de tendências se transformarão em inspiração

para os estilistas desenvolverem suas coleções. Garcia (apud Treptow 2003, p.31)

descreve que “a capacidade de filtrar tendências e transformá-las, produzindo novas

propostas que manifestem as características pessoais” do estilista, é o modo deste

afirmar a sua identidade dentro de uma marca, ou coleção.

Já na etapa de consumo, Gladwell (apud Rech e Perito 2009) coloca que a

transmissão das tendências é atribuída a três tipos de personagens: os

comunicadores, manvers ou experts e vendedores.

Os comunicadores são os agentes responsáveis em estabelecer relações

casuais com grande número de pessoas; são formados na sua maioria, por pessoas

públicas e mídia e agem na etapa inicial da transmissão da tendência. Já mavens,

ou experts são especialistas em determinadas áreas – trata-se de sociólogos,

antropólogos, economistas, entre outros profissionais – dotados pelo conhecimento

e informação. Estes dinamizam sua comunicação no processo intermediário de

consenso da tendência. Ajudam a justificar as causas das novas proposições. E os

vendedores são os profissionais engajados em persuadir e conquistar as pessoas de

maneira irresistível – atuam no ponto de venda.

Segundo Erner (2005 apud Rech e Perito 2009), para um estilo tornar-se

consumado é preciso ser endossado por uma personalidade da moda, como por

exemplo: estilistas, atores, cantores, entre outros. “A tendência surge quando uma

pessoa capacitada a cria” (Ibidem, p.5). Devido o poder de influência essas

personalidades, é comum que façam uso de roupas de alto valor, emprestadas ou

Page 44: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

43

até doadas como forma de promoção da marca, como acontece na premiação do

Oscar. “Quando uma celebridade é vista portando esse artigo uma epidemia

começa, a mídia de moda a divulga e milhares de pessoas a imitam”. (RECH;

PERITO, 2009, p.5)

Portanto, como já foi mencionado, assim como existem os movimentos de

estilo de trickle-down (gotejamento), que direcionam tendências a partir de

celebridades; também existe o boubble-up (ebulição), que torna o indivíduo o próprio

condutor de novos estilos. Caldas (2004, p.59) aponta que “o indivíduo transformou-

se em vetor, à medida que passou a ter maior liberdade para apropriá-la da moda e

personalizá-la”.

Deste modo, considera-se que as tendências não são ditadoras de moda e

sim direcionadoras. Rech e Perito (2009, p.5) afirmam que “as tendências não

impõem, e sim seduzem, todos os que estão sujeitos à mídia que as divulga a adotá-

las como parte de seu discurso particular”.

Sendo assim, Barreto (2006 apud Rech e Perito 2009) atribui à autonomia

do consumidor algumas dinâmicas, tais como: a emancipação da rua em relação à

mídia; a liberdade do consumidor em filtrar as tendências de maneira individual; o

interesse pela novidade; e por fim, menciona que o símbolo de status foi substituído

pelo de estilo. Diante da dinâmica, cada vez mais autêntica do novo consumidor em

direcionar suas vontades e percepções, para aderir uma tendência ou estilo, a

próxima subseção aborda o tema consumo autoral.

2.4. CONSUMO AUTORAL: QUANDO A MODA, ESTILO E TENDENCIA SE

ENCONTRAM

Após a compreensão moda, estilo e tendência; esta subseção aborda

sobre o entrelaçamento desses conceitos pelo consumo autoral. Com a entrada do

século XXI, houve notáveis mudanças comportamentais refletidas no consumo. A

principal (destacada por Hill, Lewis e Bridges) é a questão da troca no

posicionamento do cliente. Segundo os autores o consumidor espectador

compreensivo passa à autor decisivo (grifo nosso).

Page 45: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

44

A moda ao lançar novas tendências, propõe novas relações de cores,

texturas, formas para serem incorporadas pelo estilo do consumidor. Deste modo,

ao escolher as proposições e transplantá-las para seu visual como um dinamismo

único, o indivíduo torna-se autor da própria imagem.

O chamado consumo autoral é relacionado à mudança comportamental do

consumidor em questionar os produtos instituídos pelo mercado e pela mídia. Como

já mencionado nas tendências de Hill (2003), este novo consumidor, é exigente –

não aceita as imposições do mercado; é desconfiado e bem informado; e está

constantemente procurando se satisfazer através de novas experiências.

Segundo Morace (2009) estamos vivendo em uma nova era – a terceira

onda – onde o design e a inovação criativa tornam-se a experiência estética: o

design thinking. Para o autor, estamos vivendo em uma Renascença 2.0, na qual ele

justifica como o ressurgimento do espírito criativo do homem. Este fato, explica o

crescimento da inovação, em tecnologia e comunicação.

A inovação dos aparelhos celulares é um bom exemplo disso; os modelos

atuais possuem inúmeras funções como: SMS, GPS, MP3, acessam a internet,

fotografam, filmam, entre outros atributos. Essa mobilidade promovida pela

tecnologia faz os usuários interagirem entre si e se conectarem com o mundo.

Na era Google, o conhecimento está a um clique de distancia. Com o grande oráculo ao alcance de todos nós, nos transformamos em experts, em sabichões de curiosidades inúteis ou até mesmo de rodas intelectuais. Difícil mesmo é entender o que é relevante e o que é efêmero, o que é um valor permanente da sociedade, o que cairá no esquecimento, o que é um sinal repetido na sociedade (MORACE, 2009, p.5, grifo nosso.)

As gerações que cresceram se relacionando com livres conteúdos virtuais

das tecnologias, aprenderam absorver o conhecimento de forma criativa e interativa.

Portanto, devido as diferenças de personalidade, essas pessoas apresentam

semelhanças e distinções em alguns aspectos de estilo de vida, preferências,

percepções, entre outros.

O agrupamento desses novos consumidores é destacado por Morace (2009)

em dez grupos geracionais, o qual o autor os identifica por semelhança de ciclo de

vida e estilo. O consumo autoral se dá através de grupos geracionais propostos

através da análise de seus estilos de vida. “Esse novo consumidor [...] não se

Page 46: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

45

identifica nas marcas e produtos, mas os considera companheiros de vida” (Ibidem

p. 6). Para isso o autor considerou fatores pessoais, culturais, sociais e psicológicos

tais como: preferências, desejos, vida privada, trabalho, lazer, ócio, amor, religião,

faixa etária, sexo, entre outros.

O autor (Ibidem) ainda menciona que não se trata apenas de observar como

as pessoas se vestem; é necessário extrair informações e interpretá-las de forma

abrangente para se chegar às megatendências. A partir destas, pode-se estipular

onde residem esses consumidores, dentro do mercado global. Para isso, se

destacará os dez grupos geracionais propostos por Morace (2009):

2.4.1. Posh Tweens

São pré-adolescentes de aproximadamente 8 a 12 anos, que estão atentos

às novidades, gostam de seguir tendências e valorizam as marcas e grifes.

Apresentam comportamento precoce; dominam a tecnologia e possuem grande

influência sobre seus pais nas decisões de compras. Esse nicho de consumidores

tem levado as marcas de grifes adultas a desenvolverem linhas infanto-juvenis,

como é o caso da Brooksfield Junior, VR Kids, Maria Bonitinha, Gap Kids, entre

outras. Esta é a geração autoral mais nova proposta por Morace (2009).

Figura 2.3: Posh Tweens.

Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2009.

Page 47: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

46

2.4.2. Expo Teens

São adolescentes de 12 a 20 anos, que possuem um diferencial estético,

criativo, traduzindo sua identidade. O estilo é apropriado da arte, da música, do

grafismo, design. Por possuírem pais ausentes esses jovens substituem o suporte

estrutural familiar, pelo tecnológico. Conectam-se através de internet em redes

virtuais, SMS, MSN, celular, entre outros. Como geração autoral Morace (2009)

coloca que são frenéticos compulsivos, que valorizam o consumo como experiência

integral.

Figura 2.4: Expo Teens.

Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

2.4.3. Linker People

São jovens adultos de mais ou menos 20 a 35 anos, que seguem um estilo

de vida urbano e se adornam por tecnologia. São consumidores curiosos e

interessados, gostam de experimentar novos comportamentos, estilos de moda,

tecnologias. Caracterizam-se em habitar uma condição virtual e social integradas.

Page 48: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

47

Como consumidores são informados, exigentes e analíticos: privilegiam os produtos

que evidenciam baixo custo e alta performance (mais por menos). São sensíveis a

tudo que é interativo, gostam de compartilhar experiências da maneira mais simples

possível.

Figura 2.5: Linker People.

Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

2.4.4. Unique Sons

São jovens adultos de 20 e 35 anos que apresentam características

individualistas, egocêntricas, narcisistas e consumistas. Morace (2009) os apresenta

como a geração dos filhos únicos ou “filhinhos de papai”. Formam a nova burguesia

urbana: produzem altas despesas que são mantidas pelos pais. Do ponto de vista

estético, o autor menciona que são jovens elegantes, que mantém em equilíbrio o

tradicionalismo e audácia nas suas combinações. Sentem-se únicos, mas gostam de

cultuar relações sociais, onde exibem suas potencialidades.

Page 49: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

48

Figura 2.6: Unique Sons.

Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

2.4.5. Sense Girls

Trata-se de mulheres adultas de 25 a 40 anos que apresentam

características refinadas, exóticas e sensíveis. Apreciam o estilo único e esfera

romântica. Propõe uma nova estética de beleza e mudam paradigmas.

Caracterizadas por sofisticação sensorial, expressam suas emoções através das

escolhas. São conscientes de si, sabem o que procuram. Como consumidoras

apreciam produtos e serviços contidos de experiências que relacionam o

entretenimento à cultura.

Figura 2.7: Sense Girls.

Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

Page 50: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

49

2.4.6. Mind Builders

Homens de 35 a 50 anos que expressam a nova burguesia intelectual.

Possuem profissões de raciocínio estratégico e criativo; são experts em tecnologia;

são ligados ao território de origem; falam vários idiomas. Expressam desejo de ser

uma elite cosmopolita. Apresentam características de espontaneidade, criatividade e

persuasão. Do ponto de vista estético são refinados e pouco ostensivos. Morace

(2009) diz que para eles, as viagens são histórias (gostam de partilhar experiências

vivenciadas); e buscam no seu tempo livre caminhos alternativos, porém,

complementares ao trabalho. Como consumidores gostam de produtos intrigantes,

que representem expressões culturais, intelectuais ou de inovação.

Figura 2.8: Mind Builders. Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

2.4.7. Singular Women

São mulheres independentes, de 35 a 50 anos que expressam audácia e

segurança, credibilidade. Sua sensualidade é transmitida por sua feminilidade e sua

Page 51: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

50

aceitação estética. Apresentam alegria de viver e são livres de preconceitos.

Gostam de projetos que refletem novos valores emergentes e novas propostas

estéticas. Como consumidoras são críticas e analistas; gostam de produtos ou

serviços que expressem simplificação e dêem voz aos seus desejos e necessidades.

Figura 2.9: Singular Women. Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2009.

2.4.8. DeLux Men

São “os novos ricos” – homens de 45 a 60 anos que se identificam com os

conceitos de prestígio e distinção. Estes construíram seu patrimônio com o sucesso

profissional; são do ramo da construção civil, finanças, mídia, arte e política.

Caracterizam-se por apresentarem um estilo de vida tradicional e prudente. Morace

(2009) os considera como utilitários de “Luxo Comportado”, ou seja, sem ostentação,

mais relacionado à saúde, segurança e escolaridade. Como consumidores gostam

de produtos ou serviços que apresentem excelência, refinamento, status social e

privilégio.

Page 52: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

51

Figura 2.10: DeLux Men.

Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

2.4.9. Normal Breakers

São homens e mulheres de 45 a 60 anos que possuem uma visão crítica e

criativa da realidade em que vivem. São adeptos a transgressão e tecnologia.

Caracterizam-se por introspecção – estão voltados para assuntos de caráter social e

ambiental. Morace (2009) os descreve como geração da “inquietude criativa”. São os

novos e antigos rebeldes que se posicionam contra problemáticas sociais e

cotidianas. Como apresenta o autor, essa geração propõe uma nova atitude e

perspectiva de vida, orientada a conscientização e a responsabilidade, onde a

mudança da passa de: eu para nós. Como consumidores possuem preferências por

produtos que exploram a dimensão social, com atenção e sensibilidade ou ainda

dinamizam uma experiência compensatória.

Page 53: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

52

Figura 2.11: Normal Breakers.

Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

2.4.10. Pleasure Growers

São homens e mulheres da melhor idade que representam a geração dos

baby boomers. Não aceitam o comportamento típico da terceira idade, procuram por

um estilo de vida jovial e informal. Caracterizam-se por ações experimentais

cotidianas, exploração mental e inovações relacionadas à estética jovial. Gostam de

cuidar da aparência, planejar ações, compartilhar experiências, transgredir. Como

consumidores buscam por experiências que os façam realizar desejos e aventuras,

que os dê emoção e os traga felicidade.

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53

Figura 2.12: Pleasure Growers. Fonte: Adaptado de The Sartorialist 2010.

Os dez grupos geracionais, relacionados por Morace (2009), são os nichos

de consumidores da atualidade, que exercem o consumo autoral. Uma vez que

estes se agrupam por estilos de vida; possuem autoconfiança para se expressar;

lançam e aderem tendências, conforme seu gosto e poder econômico. Todavia, por

serem exigentes, esses grupos fazem uso das tendências da moda, para criar sua

identidade visual (grifo nosso).

Esses indivíduos exibem identidade e autenticidade na aparência e

disseminam modismos. Além da moda, eles se relacionarem bem com a tecnologia

(estão a par dos últimos lançamentos e novidades). E o conhecimento gerado por

estes, os tornam exigentes e analíticos. Por isso, priorizam produtos que exerçam

uma compensação satisfatória, ocasionada por experiência.

Diante das características, desses grupos, se considera que estes

representam o novo nicho de consumidores da atualidade, apresentados por Lewis e

Bridges (2004). Visando reverter o comportamento desses consumidores, em

estratégias que objetivem a fidelização, a próxima seção contextualiza sobre as

tendências comportamentais de Hill (2003).

2.5. TENDÊNCIAS COMPORTAMENTAIS

As tendências são entendidas como fatores de âmbito social, político,

econômico ou religioso, que influenciam o comportamento das pessoas de forma

generalizada. Segundo Hill (2003), existem algumas tendências que impulsionam o

comportamento de consumo da atualidade. Estas são decorrentes de mudanças

ocorridas a partir da virada do século, ocasionadas pelos avanços tecnológicos em

comunicação e informatização.

Esses novos consumidores, para Lewis e Bridges (2004), possuem

escassez em tempo, atenção e confiança. Apresentam características de

individualismo e independência. Expressam maior envolvimento com questões

Page 55: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

54

sociológicas; são mais informados. Portanto, os autores abordam que a mudança

mais significante, dessa nova geração, é sua busca por autenticidade.

Sendo assim, para se entender o novo comportamento de consumo se

explica algumas das tendências formuladas por Hill, a citar: Expectativa progressiva,

Experimente isso, Consumo contraditório, Consumidores de concreto, Formando

novas tribos, Sofisticando, Déficit de confiança e No vagão das marcas. Nessas

tendências também se evidencia o grau de fidelização dos clientes com as marcas;

e ainda, se demonstra como criar estratégias utilizando-as à favor da fidelização.

2.5.1. Expectativa Progressiva

Esta tendência é explicada por Hill (2003), sob uma observação do

comportamento humano, que as pessoas nunca estão satisfeitas. Como já foi

abordado anteriormente, na subseção dos fatores psicológicos, o ser humano é

dotado por contínuo desejo de suprir necessidades. Hill (2003) explica que a

satisfação é momentânea, pois à medida que uma marca oferece experiências

positivas ao indivíduo ele conseqüentemente desenvolverá uma expectativa de que

a mesma marca sempre o satisfaça, sendo que seus desejos nem sempre são os

mesmos.

Por exemplo, uma pessoa que entra em uma loja de roupas em busca de uma

calça, pode sair dela com uma calça, uma lingerie, o sapato, montando o look

completo.

Deste modo, entende-se que esta é uma tendência contra a fidelização, pois

como menciona Hill (2003) o processo de conquista ao cliente é infinito. Ao longo do

tempo, o cliente desenvolverá outros desejos que se não forem constantemente

transformado em realizações, o envolvimento do mesmo com a marca será

fragilizado e possivelmente, se tornará alvo fácil para concorrência.

2.5.2. Experimente Isso!

Page 56: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

55

São tendências observadas por Hill (2003), quanto à crescente oferta de

experiências das empresas e marcas aos consumidores. O autor (Ibidem, p. 229)

afirma que “a experiência é o próximo serviço”, ou seja, não basta oferecer um

produto repleto de qualidades, pois o consumidor insaciável irá querer outras

atribuições; um modo de realizá-las é através da experiência.

A Melissa, por exemplo, foi uma as pioneiras a introduzir em seus produtos

uma experiência olfativa. Seus sapatos possuem um aroma único, desenvolvido pela

marca, que lembra algodão doce e chiclete. Essa fragrância adocicada remete a

uma associação nostálgica de infância, que agrega valor ao produto.

A experiência é uma forma de envolver o consumidor através da emoção.

Ela proporcionará lembranças gratificantes que ao consumidor que o fará desejar

experimentá-la novamente. “Nesse universo de domínio das marcas, os produtos

deixam de serem pacotes de características funcionais e passam a ser meios para

fornecer e melhorar as experiências para o consumidor” (SCHMITT, 2001, p.26).

Deste modo, considera-se que as marcas geradoras de experiências ao

consumidor, através do produto ou serviço, estarão potencializando fidelização.

Todavia, essas experiências precisam ser atualizadas frequentemente para

satisfazer as crescentes necessidades dos clientes.

2.5.3. Consumo Contraditório

Refere-se ao fato que as pessoas apresentam comportamentos

contraditórios de consumo. Hill (2003) explica que as pessoas querem fazer a coisa

certa, mas como nem sempre é possível, elas tentam fazer o mais correto.

Como não há ainda soluções cabíveis para todos os problemas ambientais,

por exemplo, algumas pessoas tentam ajudar comprando roupas com etiquetas

ecológicas. Essas etiquetas, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e

de Confecção (ABIT, 2010), asseguram premissas de regularidade social e

ambiental. Esses critérios mencionam que o produto, não possui vínculo com

trabalho infantil, oferecem aos seus empregados salários justos e horas de trabalho

Page 57: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

56

aceitáveis. Ou ainda menciona que algodão da peça é isento de pesticidas e

fabricados com redução ou exclusão de produtos químicos.

Criar oportunidades e experiências para que o consumidor se sinta cúmplice

de uma atividade social ou ambiental que implique em beneficio maior, agregará

valor ao produto. A Hering, por exemplo, reverte a renda gerada pelos produtos da

linha câncer de mama, para o Instituto Brasileiro do Controle de Câncer (IBCC). Ou

seja, na compra de produtos dessa linha a pessoa estará ajudando uma causa

social.

Deste modo, entende-se que o consumo contraditório é uma tendência a

fidelização, quando considerada como uma estratégia para gerar novas experiências

de socialização e inclusão. Caso o contrário, essa tendência pode gerar instabilidade

ao consumo.

2.5.4. Consumidores de Concreto

Hill (2003) explica esta tendência como um comportamento “inatingível” do

consumidor, em se proteger da mídia e da publicidade. O autor justifica que o

comportamento acontece em resposta ao volume excessivo de informações nas

quais as pessoas são expostas diariamente.

Como já foi estudando anteriormente, nos fatores psicológicos, a percepção

funciona como um filtro criado para absorver apenas o que é de interesse da

pessoa. Deste modo é necessário que a marca esteja engajada na criação de

mensagens que atinjam a percepção do consumidor.

Segundo o Case das Lojas Marisa (2006), para se aproximar do público e

criar campanhas personalizadas, de acordo com o perfil comportamental do cliente,

a Marisa, implantou o sistema Virtual Target. Através desse dispositivo, são

elaboradas ações de e-mail marketing direcionado, no qual o cliente escolhe as

informações que deseja receber. Propondo uma estratégia de marketing direcionado

ao cliente, a marca ganha empatia pelo consumidor - resultante em consumo e

vantagem competitiva no mercado de varejo e e-commerce (comércio virtual).

Page 58: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

57

Todavia, a tendência em si, pressupõe infidelidade do consumidor em

aceitar novos produtos. Por outro lado, este comportamento implica que o

consumidor cativo de uma marca não se deixa seduzir pela concorrência. Sendo

assim, presume-se que a concretização dos clientes pode ser a favor da fidelização

construída com a marca.

2.5.5. Formando Novas Tribos

Essa tendência é sobre a formação de grupos sociais – as tribos. Hill (2003)

aborda que atualmente, esses grupos não se limitam ao território habitacional do

indivíduo. Com a interconexão propagada pela internet, telefonia móvel e ainda pela

redução de custo de viagens aéreas; as pessoas podem desenvolver

relacionamentos de longa distância.

Um mesmo indivíduo pode pertencer a vários grupos como: familiar, do

trabalho, da faculdade, das viagens, das festas, os virtuais, entre outros. Para

Monteiro (2006) a aproximação dos integrantes ocorre entorno de um líder distante,

como um ídolo musical ou esportivo. A autora menciona ainda que dentro de cada

grupo, existem líderes de influência que são denominados de “formadores de

opinião”.

Dentro da tribo do surf, por exemplo, segundo a pesquisa do departamento

de marketing da Quicksilver brasileira, realizada em 2002, os consumidores de

surfwear praticantes (5%) – são os formadores de opinião. Estes exercem influência

sobre os simpatizantes (95%) – aspirantes ao surf (SARTORI, 2005, p.40).

Uma vez que os integrantes das tribos demonstrem interesses em comum, é

usual que estes também apresentem preferências por determinadas marcas. “[...]

reconhecida como o fenômeno das Tribos Urbanas, o vestuário tem servido de

elemento definidor de individualidades, que buscam seus iguais [...]” (ELIAS, 1996

apud MONTEIRO, 2006, grifo nosso).

Posicionar a marca dentro de uma tribo, ou de um estilo de vida é um modo

de direcioná-la para a fidelização. O público desta, por estar envolvido com tribo,

absorve melhor mensagens da marca, que interagem com seu meio. Sendo assim,

Page 59: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

58

considera-se que esta é uma tendência propícia a fidelização do indivíduo, se a

marca fizer uso do direcionamento para uma tribo, ou um grupo específico.

2.5.6. Sofisticando

Essa tendência é apresentada por Hill (2003) como um comportamento de

freqüente busca pela qualidade. O autor menciona que as pessoas criaram hábito

em comprar versões mais atuais e caras, de itens de consumo. Em conseqüência a

este fato, considera-se também que esta tendência impulsiona o descarte dos

produtos.

A própria moda pode ser relacionada como efêmera, uma vez que a cada

nova estação são lançadas novas coleções pelas marcas, liquidando as antigas ou

as retirando das lojas. A projeção das campanhas em geral, impulsiona os

consumidores a aderirem novos produtos a cada lançamento. Para Teixeira (2007),

a contínua melhoria na elaboração de produtos, gera bem-estar aos consumidores.

Além disso, possuir um produto de última geração em relação à tecnologia,

ou da última tendência de moda, pode ser considerado como um sinônimo de status

para as pessoas. Sendo assim, entende-se que a sofisticação é também um

comportamento social do consumidor, de mostrar-se atualizado e reconhecido

perante as pessoas de seu meio. Já para as empresas essa tendência é um

estímulo para o investimento em inovação, seja tecnológica, ambiental ou visual.

Deste modo, entende-se que a sofisticação é uma tendência a infidelidade,

considerando-se a constante busca do consumidor pelo novo e melhor. No entanto,

essa inquietude de consumo pode beneficiar uma marca inovadora. Os clientes

continuarão adquirindo novos produtos, só que da mesma marca – gerando

fidelização.

2.5.7. Déficit de Confiança

Page 60: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

59

Esta tendência é atribuída por Hill (2003) em relação à desconfiança do

consumidor a respeito de um produto novo. O autor menciona que as pessoas,

frequentemente, suspeitam sobre a credibilidade, durabilidade e qualidade; ou seja,

dos créditos atribuídos ao produto ou marca.

De fato, o consumidor não gosta de sentir-se enganado, por isso na hora

dele escolher um produto é levado em consideração à credibilidade atribuída pela

marca, ou pela empresa. “As marcas são, portanto, um meio de assegurar certo

nível de qualidade e reduzir o risco da compra pelos atributos percebidos e

associados ao produto ou empresa. Elas sintetizam as expectativas do consumidor.”

(SOUZA & NEMER 1993, p.13 apud GERHKE, 2009, p.18).

Por esses fatores, entende-se que as marcas que fazem publicidade

baseada em evidências, desenvolvem uma relação de maior confiança com os

clientes. Essa afinidade pode ser construída pela empresa, a partir da credibilidade

de seus produtos, ou ainda, da conduta de honestidade e objetividade com seus

clientes.

Deste modo, considera-se que devido ao déficit de confiança dos

consumidores, as marcas que geram confiança, têm mais chances de conquistar

clientes fieis. “À medida que a lealdade da marca aumenta a vulnerabilidade da base

dos consumidores à ação da concorrência diminui” (AAKER, 1998, p. 41). Sendo

assim, entende-se que essa tendência potencializa a fidelização; uma vez que o

consumidor apresenta comportamento de desconfiança a uma nova marca, entende-

se que está mais propenso a fidelização, com uma marca que confia.

2.5.8. No Vagão das Marcas

Essa tendência proposta por Hill (2003) ocorre devido à ascensão do

número de marcas registradas. O registro das marcas proporciona o direito autoral

das mesmas. Desta forma elas não podem ser copiadas. Schimitt (2001) prevê,

diante da importância que as marcas representam na atualidade, que em futuro

próximo “tudo será marca” (IBIDEM, p.23).

Page 61: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

60

Hill (2003) aborda que a marca tornou-se um negócio e “quanto mais intensa

for a competição, mais elas valem” (Ibidem, p. 233). Segundo a pesquisa da Brandz

Top 100: Most Valuable Global Brans (2009)², na categoria Luxo, as três mais

valiosas eram: a Louis Vuitton (avaliada em 19,395 bilhões de dólares), Hermès

(7,862 bilhões) e Gucci (7,468 bilhões).

Para Schimitt (2001) quanto maior for o valor percebido pela marca, maior

será sua rentabilidade monetária. A marca, por representar uma simbologia, emite

uma percepção ao consumidor. Esta poderá por sua vez agregar um valor positivo

ou negativo ao produto. Por isso, as marcas que apresentam experiências

gratificantes ao consumidor têm mais chances de ganhar reconhecimento e

conquistar fidelização de clientes. Sendo assim, esta tendência direciona fidelização,

através da construção de marcas de valor.

No total destas oito características do novo consumidor, nota-se

predominância por tendências que vão contra a fidelização de consumo. No entanto,

observa-se também que existem maneiras de reverter esses apontamentos,

principalmente pelo uso de experiências autenticas, promovidas pelas influencias da

marca sob o consumidor. Devido sua importância neste aspecto, a seção seguinte

faz uma análise mais profunda sobre a marca na fidelização.

________________

² As 100 marcas mais valiosas do mundo de 2009.

Page 62: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

61

3. INFLUENCIA DA MARCA NA FIDELIZAÇÃO

Neste capítulo será discorrido sobre o papel da marca no processo de

fidelização. A marca agrega um conceito que é transmitido para o produto; por isso,

se relaciona com consumidores pela emoção. Ela é a ponte entre cliente e produto;

tem o poder de promover identificação, motivação, desejo, decisão de compra,

experiência, satisfação e fidelização, ao cliente.

Para Robinette, Brand e Lenz (2002) as necessidades humanas mudaram

pouco ao longo da história, pois prevalece a ideia das pessoas sentirem-se ligadas

umas as outras, pertencerem a algum grupo e serem tratadas com respeito e

carinho. Por causa desses tipos de sentimentos Solomon (2002, p. 224, grifo do

autor) afirma que “as pessoas formam preferências por uma marca e podem

literalmente não mudar de idéia por toda a vida”. Essas pessoas, mencionadas pelo

autor, preferem se manter pelas marcas que confiam e gostam; do que se

arriscarem ao desapontamento.

Para tanto será analisado o processo de fidelização do consumidor através

da imagem percebida pela marca. Esse processo será dividido em: relevância da

marca – explicará como o conjunto da sua imagem com seu valor atraem os

consumidores; valor da marca – contextualizará como criar elo entre marca e cliente

e mercado; e fidelização de marca – abordará a trajetória do processo de fidelização

entre marca e consumidor.

3.1. A RELEVÂNCIA DA MARCA

Em conseqüência dos avanços tecnológicos na comunicação e

informatização existe um elevado número de marcas de moda espalhadas por todo

o mundo. O que difere o sucesso de uma marca, em relação à outra, é a empatia

gerada por sua imagem, para seu público.

A formação visual de uma marca é composta por elementos como: nome,

símbolo, slogan e imagem. Já para a sua estruturação simbólica é necessário

Page 63: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

62

desenvolver uma associação da sua identidade com: o público, o produto, a

embalagem, a ambientação do canal de venda, a comunicação, a publicidade e a

experiência gerada pela compra. Se os elementos integrantes da marca, forem

coerentes com a sua proposta; é provável que a compra resulte em satisfação.

Para Robinette, Brand e Lenz (2002) uma vez desenvolvida a identidade de

uma marca, deve-se lutar para que a percepção da marca pelos consumidores seja

a correta. A identidade e imagem da marca devem coincidir a fim de que a confiança

se desenvolva entre elas.

A Puma, por exemplo, segundo o dossiê da HSM (2004) em 1993, depois de

constantes prejuízos e crescente deterioração de sua imagem, foi assumida por

Jochen Zeitz, que promoveu uma grande mudança na reestruturação estratégica da

marca. A nova identidade da Puma enfatizava o estilo de vida, e dava a ela uma

conotação cool¹. Além disso, algumas celebridades como Brad Pitt e Gwyneth

Paltrow, foram contratadas para legitimar o conceito da marca. Devido a este fato,

ela conseguiu atrair novos públicos, em decorrência da criação de sub-marcas

como: Puma Ville, Puma Football, Puma Running, Puma Motorsport, entre outras.

Também foi possível se posicionar no mercado como uma das maiores fornecedoras

de calçado, vestuário e acessórios.

Observando o caso da Puma, nota-se que a partir do novo direcionamento

de enfoque, a marca gerou uma melhor identificação entre o cliente e o produto.

Além disso, a associação da Puma com as celebridades foi culminante para levar o

seu conceito à percepção do consumidor. A conceito da marca tem como finalidade,

agregar valor ao produto.

Randazzo (1996, p. 25 apud Gehrke 2009, p.15) diz que “sem marca, o

produto é uma coisa – uma mercadoria, um saquinho de café ou uma lata de sopa”.

Gehrke (2009) complementa que é a marca que enobrece o produto e o transforma

em entidade detentora de personalidade, alma, identidade e valores.

Para Treptow (2003), a identidade da marca é conjunto das percepções

atribuídas pelo mercado e pelo consumidor. Uma marca pode projetar, por exemplo,

arrojo e modernidade, como John Galiano, ou um conceito de minimalismo como

_____________

¹ Legal, descolada.

Page 64: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

63

Yamamoto. Para Aaker (1998), a marca ainda identifica e diferencia os bens e

serviços e protege, tanto o consumidor como os fabricantes, da concorrência. “As

associações únicas de marca estabelecem-se por meio de atributos de produtos,

nomes, embalagens, estratégias de distribuição e propaganda” (IBIDEM, p. 8).

A identidade visual da marca também é muito importante para identificação

do consumidor. Karsaklian (2000) afirma que imagem é um conjunto de percepções,

que o consumidor tem de algo ou alguém, que formam associações e julgamentos

vinculados ao universo perceptuais do ser. A autora diz ainda, que esses universos

estabelecidos pela imagem podem comportar elementos visuais que transcendem

as palavras. Algumas marcas como Nike e Chanel construíram uma imagem de

associação simbólica com o seu nome, expressas na figura 3.1.

Figura 3.1: Marcas e Símbolos. Fonte: Elaborado pelo autor.

O símbolo ajuda a fixar a imagem da marca na mente do consumidor, além

disso, pode caracterizar um posicionamento ou uma atitude atribuída pela marca. A

Chanel, por exemplo, possui um posicionamento de sobriedade clássica e

tradicionalismo, já a Nike, possui uma atitude de concretude. O símbolo também tem

serventia para consolidar status à marca.

Ainda na questão da simbologia, existem marcas que desenvolvem

padronagens patenteadas a fim de alinhar a imagem da marca com a do produto.

Louis Vuitton, por exemplo, possui uma, composta pelas iniciais da marca e

símbolos florais estilizados (figura 3.2). Já a Burberry possui padronagem em certo

tipo de xadrez (imagem 3.3).

Page 65: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

64

Figura 3.2: Louis Vuitton. Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 3.3: Burberry. Fonte: Elaborado pelo autor.

No caso da Louis Vuitton e Burberry – exibir sua marca através de uma

padronagem personalizada é uma maneira de valorizar a marca e consolidar status

Page 66: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

65

ao usuário. Por tratar-se de produtos de alto custo, ocasionados principalmente pela

valorização da marca, é natural que o usuário do produto queira a marca exposta no

produto e não na etiqueta. Sendo assim, na próxima se contextualizará sobre o valor

da marca.

3.2. VALOR DA MARCA

O valor da marca representa o quanto ela é importante pela percepção do

consumidor e o quanto pode gerar de rentabilidade a empresa. Para se desenvolver

valor é necessário que a marca cultue um relacionamento emocional com o

consumidor. Este vínculo é realizado através da simbologia e da imagem da marca

sob a percepção do cliente. Deste modo se discorrerá sobre os processos para

obter-se uma marca de valor.

Para Aaker (1998) o valor da marca pode ser evidenciado através do

comportamento de consumo. Segundo o autor, quando o consumidor compra

repetidas vezes uma mesma marca, mesmo existindo concorrentes com

características superiores – possivelmente a marca evidencia valor. Já se o

consumidor comprar observando as características e o preço do produto (indiferente

ao nome da marca) – provavelmente a marca não impõe valor.

Kotler (2004, p.198) aborda que certas marcas, por exercerem um

posicionamento de valor tão intenso para com os consumidores, “tornam-se

sagradas”. Solomon (2002, p.225. grifo do autor) afirma que “devido aos laços

emocionais que podem surgir entre os consumidores leais e os produtos, usuários

fieis reagem de modo mais veemente quando esses produtos são alterados,

remodelados ou eliminados”.

Aaker (1998) apresenta o brandy equity (figura 3.4), como um conjunto que

de ativos e passivos ligados ao nome e símbolo de uma marca que acrescentam ou

subtraem valor, tanto para empresa, quanto para o cliente. O autor os classifica

como: lealdade a marca, conhecimento do nome, qualidade percebida, associações

à marca e outros ativos.

Page 67: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

66

Figura 3.4: Brand Equity. Fonte: Aaker, 1998, p. 18.

Para Aaker (1998) a lealdade á marca, é essencial ao Brand Equity.

Formando clientes leais, se reduz a competição do mercado. Para isso é necessário,

além de manter o interesse e a empatia, do cliente com a marca, propagar um bom

desempenho do produto e uma boa propaganda. Há benefícios também na lealdade,

nos negócios entre empresa e comércio, já que os consumidores leais esperam que

a marca esteja sempre disponível (IBIDEM).

Uma marca conhecida tem mais chances de ser escolhida. Os consumidores

sentem-se mais confortáveis em comprar marcas familiares. Para Kotler (2004) na

hora de escolher um nome para marca é aconselhável que se observe a

personalidade e o público alvo do produto, para adequar o nome ao conceito. Ainda

é importante checar o significado do nome e de sua pronuncia em outras línguas;

para que a marca não contradiga seu conceito original – nos casos de exportação.

Page 68: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

67

Outro importante elemento para a valorização de uma marca é sua

qualidade percebida, pois exerce influência direta nas decisões de compra de um

indivíduo e no vínculo de lealdade com a marca. Essa percepção se dá em torno de

um julgamento geral do consumidor a respeito do produto. O resultado dessa

percepção gera uma associação à imagem da marca. Essas associações do

consumidor são baseadas em valores subjetivos da marca como: desenvolver um

envolvimento com o cliente; transpor confiança e credibilidade; promover

experiências positivas; entre outras ações.

Existem outros ativos também mencionados por Aaker (1998) como, por

exemplo, as patentes, ou seja, o registro da marca. Estas têm o objetivo de proteger

os consumidores de se confundirem com uma marca semelhante. Já através do

controle e relacionamento com os canais de distribuição, pode-se obter um histórico

do desempenho da marca, que proporcionará a companhia dados para análise

interna; ou seja, um retorno para aprimoramentos.

Já para Kotler (2004) o desenvolvimento de uma marca forte no mercado

que agregue valor envolve dois aspectos, demonstrado pela figura 3.5:

Figura 3.5: Marca de Valor. Fonte: Elaborado pelo autor.

O primeiro quadro (figura 3.5) demonstra o desenvolvimento da proposta de

valor. Esta implica em traçar um posicionamento amplo, ou seja, direcionar uma

Page 69: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

68

estratégia competitiva para: diferenciar o produto, ser líder em preço baixo ou

atender a um nicho. Essa proposta de valor também posiciona benefícios ou

atributos; seja ter a maior qualidade, o menor preço, ou ainda o maior prestígio.

Ainda dentro da proposta de valor, por esta estabelecer um custo ao

produto, ela também posiciona um preço. Para Kotler (2004) o posicionamento do

preço pode ser estabelecido de três maneiras: mais por mais – são os chamados

artigos de luxo, de alta qualidade e alto custo; mais pelo mesmo – seria um produto

semelhante à qualidade de um de luxo, portanto por um preço bem menor; mesmo

por menos – oferecer a marca por preço menor, como no caso dos outlets.

Contudo para a marca exercer uma proposta de valor ela precisará

desenvolver uma estratégia direcionada ao conceito do produto. Desenvolvendo

uma proposta total – que seria o conjunto de benefícios e aspectos sugeridos pela

oferta e custo, a marca conseguirá agregar valor em maior contingência.

Já o segundo quadro (figura 3.5), o processo de desenvolvimento de valor é

a construção de uma marca. Para isto requer-se o desenvolvimento de um nome

que deve incorporar as associações, promessas e a identidade da marca. Também

é necessário criar-se associações e promessas positivas; ou seja, benefícios,

valores da empresa, personalidade da marca, e tipos de usuários.

Para construir uma identidade para a marca é necessário construir uma

imagem que possua slogan, cores, logotipo e uma história associada à ela. Além

disso, é preciso administrar suas qualidades e fragilidades quanto à vitalidade

(diferencial) e estrutura (alto preço, ou alta familiaridade com o mercado-alvo), para

mantê-la no mercado. Assegurando a imagem da marca é provável que o resultado

seja equivalente com a experiência proposta.

Observando-se as duas estruturas desenvolvidas por Aaker (1998) e Kolter

(2004), nota-se que para ambos os autores, o valor da marca é composto por:

identidade visual (nome e símbolo), identidade monetária (posicionamento do custo),

identidade qualitativa (benefícios, atributos) e identidade compensatória (geração de

experiências positivas). A última, por atribuir satisfação ao consumidor também é

responsável por criar um elo de fidelização com o mesmo.

3.3. FIDELIZAÇÃO DA MARCA

Page 70: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

69

Solomon (2002) coloca que para existir lealdade, deve-se haver também um

comportamento repetitivo de compra acompanhado de atitude positiva em relação à

marca. Pois se o consumidor não demonstrar um apego emocional sobre a marca,

então este faz suas compras em decorrência de hábito. “Quando há pouco ou

nenhum compromisso com determinada marca, instrumentos promocionais [...],

podem ser suficientes para „descongelar‟ o padrão habitual de um consumidor”

(IBIDEM, p. 224).

Para Kotler (2001) existem quatro estágios quanto ao grau de fidelidade do

consumidor com a marca, entre eles estão:

1) Fiéis convictos: consumidores que compram sempre a mesma marca;

2) Fiéis divididos: consumidores que são fiéis a duas ou três marcas;

3) Fiéis inconstantes: consumidores que mudam constantemente de uma

marca para outra;

4) Infiéis: consumidores que não são fiéis a nenhuma marca.

No entanto, levando-se os estágios de Kotler para o universo da moda, será

que o consumidor se manterá fiel a apenas uma marca, por mais estima que sinta

por ela? Para Parreiras (2009) a fidelidade é relativa e momentânea.

Talvez, fidelidade não seja o termo mais adequado para explicar porque um consumidor compra determinado produto com freqüência [...] Certamente, algumas marcas nos vestem melhor que outras. Mas ao longo da vida, experimentamos muitas e muitas marcas diferentes, adquiridas nos mais variados pontos de venda (PARREIRAS, 2009).

Para Aaker (1998) o status de fidelização do consumidor com a marca, pode

ser dividido em cinco níveis de lealdade, apresentado na figura 3.6:

Page 71: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

70

Figura 3.6: Pirâmide da lealdade. Fonte: Adaptado de Aaker 1998, p. 41.

Considerando a hierarquia da lealdade de Aaker (1998) e adaptando-a ao

nicho da moda, se evidência cinco níveis de fidelização que se assemelham à

estruturação do autor (Ibidem).

1) Fidelização de conquista: são os consumidores que tem orgulho de

possuírem produtos da marca. Sua empatia com a marca os fará

recomendá-la para outras pessoas. Esse tipo de fidelização é

frequentemente exercido por marcas de luxo.

2) Fidelização Preferencial: são consumidores que gostam muito da

marca e a associam-na com uma experiência positiva. São,

normalmente, as marcas preferidas de uma pessoa de determinado

segmento como: jeanswear, stretwear, entre outros.

3) Fidelização Inconstante: são consumidores que estão satisfeitos,

porém são suscetíveis a mudanças que exibam melhores benefícios de

custo ou desempenho. Podem ser consideradas como compras de

vitrine – exercem uma atratividade momentânea que leva a pessoa ao

consumo.

Page 72: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

71

4) Fidelização Habitual: são consumidores que não exibem insatisfação,

mas também não demonstram envolvimento com a marca. Compram

por conveniência de ocasião e não costumam procurar alternativas.

5) Fidelização Indiferente: são consumidores que não possuem menor

apego com a marca. Compram conforme a utilidade e preço.

Mesmo que a fidelização por uma única marca não seja um ato contínuo no

universo da moda, desenvolver uma estratégia de fidelização é relevante para

manter clientes. Além disso, os consumidores poderão comunicar benefícios da

marca a outras pessoas, propiciando a conquista de novos compradores.

As marcas são, portanto, um meio de assegurar certo nível de qualidade e reduzir o risco da compra pelos atributos percebidos e associados ao produto ou empresa. Elas sintetizam as expectativas do consumidor.” (SOUZA & NEMER 1993, p.13 apud GERHKE, 2009, p.18).

A experiência, nesse caso, pode ser utilizada com uma metodologia para

agregar valor a marca, visando a fidelização. Como foi destacado anteriormente, o

consumidor da atualidade está mais propício a se relacionar com marcas que os

façam sentir importantes e que prolonguem o a prazo da satisfação. Sendo assim, a

próxima seção, aborda sobre marketing experimental, como uma nova estratégia

para conquistar e fidelizar clientes.

Page 73: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

72

4. MARKETING EXPERIMENTAL

Entende-se por marketing, um conjunto de estratégias de planejamento,

para desenvolver processos dentro de uma organização. Estas atividades são

realizadas para efetivar uma relação de troca entre mercado e empresa, gerando

satisfação pra ambos. Portanto, as empresas, atualmente, enfrentam três grandes

desafios segundo Kotler (2001): a globalização, os avanços tecnológicos e a

desregulamentação.

Deste modo, o marketing atua como gerenciador da demanda, promovendo

estratégias para conceituar o produto no mercado e torná-lo de valor e atrativo à

percepção do cliente. Entretanto, com o grau de confiança abalado, os clientes

tornam-se mais exigentes e menos fieis às marcas, como propõe Morace (2009).

Com a concorrência mais acirrada e os custos mais altos, o resultado para as muitas

empresas é diminuição de margem de lucro.

Por outro lado, algumas empresas empreendedoras estão aderindo a novas

estratégias para atrair e conquistar clientes; elas estão oferecendo além de seus

produtos e serviços, entretenimento em forma de experiências como menciona

Kotler (2001). Esse novo posicionamento é referido por Schimitt (2001) como

marketing experimental.

A partir de uma inovação na logística de direcionamento, o marketing

experimental é proposto por Schmitt (2001) para induzir um vínculo emocional entre

consumidor – produto. Através das sensações, esse dinamismo propõe

experimentação de novas emoções, visando satisfazer e fidelizar clientes. Sendo

assim, essa seção contextualiza o significado e aplicação do marketing

experimental. Considera-se, nesta etapa, sua trajetória inicial – com o marketing

tradicional – até sua propagação atual, visando experiência e fidelização com o

consumidor, através de vínculo emocional.

4.1. MARKETING: DO TRADICIONAL AO EXPERIMENTAL

Page 74: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

73

Desde o seu surgimento, o marketing vem se modernizando e se adaptando

aos novos rumos do mercado. Para Kotler (2001) o marketing do século XX era

muito mais simples, pois era proposto em torno do resultado de vendas e

direcionado ao consumo de massa. Com a entrada do novo milênio, com a

globalização e os avanços tecnológicos da informatização e da comunicação, o

autor (Ibidem, p.17) relata que “o mercado tornou-se imensamente mais complexo”.

Sendo assim o marketing também passou por mudanças, considerando-as, esta

subseção aborda sobre o aprimoramento do marketing desde seu surgimento até a

atualidade.

4.1.1. Evolução do Marketing Tradicional

Sendo o marketing uma metodologia instituída pelas empresas para se

analisar, compreender e desenvolver estratégias para satisfazer o mercado, gerando

lucro, ele será o tema dessa etapa. Segundo Carneiro (2008) a palavra marketing é

uma expressão anglo-saxônica que deriva do latim mercátus. Para a língua

portuguesa, veio do inglês, significando: mercadologia, comercialização ou ação de

mercado. Para Bartels (1976 apud Carneiro 2008) os conceitos básicos de

marketing surgiram com o nascimento do Journal of Marketing, em 1936, e da

American Marketing Association (AMA)¹.

A primeira definição da AMA de 1935, como descreve Frederico (2008) era

baseada na maximização da atividade de vendas. “O marketing consistia numa

atividade de negócios, exercida de forma a maximizar a eficiência da produção e

distribuição de bens e serviços” (IBIDEM, p.1). Já no segundo conceito da AMA, de

1985, proferido pelo autor, marketing consistia em criar valor ao consumidor no

processo de troca, sendo que o sucesso de vendas era advindo da satisfação dos

clientes. Mas tarde, em 2005 o AMA o caracterizou como uma função

____________

¹ Organização composta por profissionais de marketing, que a mais de 60 anos, estabelece práticas

relacionadas ao marketing.

Page 75: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

74

organizacional de processos que envolvem comunicação e criação, promovendo

uma relação de valor aos clientes, objetivando acentuar a satisfação destes e da

organização envolvida.

A evolução do conceito de marketing para AMA é relacionado por Kotler

(2001) em uma síntese de dois modelos. O autor estabelece pirâmides comparativas

(figura 4.1) contendo a escala de importância de cada integrante do processo de

marketing. Sendo a primeira o marketing tradicional (considerado por ele antiquado)

e outro moderno, que apresenta o cliente como o centro do lucro da empresa.

Figura 4.1: Pirâmides Escalonárias. Fonte: Adaptado de Kotler 2001, p. 45.

A primeira pirâmide destaca como maior importância a alta administração,

depois a gerencia de nível médio, seguido pelo pessoal da linha de frente e os

clientes na base. Já a segunda, propõe uma inversão de prioridades: no topo estão

os clientes, que são os responsáveis pela rentabilidade no negócio; depois vem o

pessoal da linha de frente, que faz o contato direto com os clientes, atendendo-os e

satisfazendo-os; em seguida se encontra os gerentes de nível médio, que são

responsáveis pelo treinamento do pessoal e por torná-los capazes de satisfazer os

clientes; e na base está a alta administração, cuja tarefa é contratar e apoiar a

gerencia. Ainda, os clientes laterais da segunda pirâmide, representam o

comprometimento de todos os integrantes do processo – desde a alta administração

– em encontrar, conhecer e atender clientes.

Page 76: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

75

Para Schmitt (2001, p. 28) “O marketing tradicional foi desenvolvido para era

industrial e não para a da informação das marcas e da revolução das comunicações

que estamos presenciando”. Para Frederico (2008) marketing na atualidade é o

ponto central da teoria de negócio de Peter Drucker ². Esta teoria consiste em

encontrar e manter clientes; ou seja, não existindo clientes, também não haveria

negócio.

Pode-se presumir que sempre haverá necessidade de algum esforço de vendas, mas o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. A meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou serviço se adapte a ele e venda por si só. O ideal é que o marketing deixe o cliente pronto para comprar (DRUCKER apud KOTLER 2001, p. 30).

Já Kotler (2001) segue uma visão de marketing administrativo, voltado para

planejamento estratégico. Esta proposta visa oportunizar o negócio, gerando lucros.

Entre os conceitos centrais do marketing mencionadas pelo autor estão: traçar um

mercado-alvo; buscar clientes em potencial; atender demanda de necessidades e

desejos; propor produtos e ofertas; promover valor e satisfação ao cliente; monitorar

trocas e transações; estabelecer relacionamentos e redes; criar canais de marketing

e distribuição; projetar cadeia de suprimentos; analisar concorrência e ambiente

mercadológico; e disseminar um mix de marketing (preço, praça, produto e

promoção).

Portanto Schmitt (2001) aborda que mesmo com as mudanças propostas

pelo marketing atual, este ainda mantém o conceito e a metodologia do tradicional.

Para o autor, o marketing administrativo desenvolve suas estratégias diante das

características e benefícios do produto; seus métodos são analíticos, quantitativos e

verbais; os clientes são vistos como tomadores de decisões racionais; e o

estabelecimento das categorias de produto e concorrência, ocorre de forma restrita.

Mesmo considerando, algumas dessas ideias ultrapassadas, Schmitt (2001)

concorda que o marketing tradicional possui um bom embasamento para direcionar

tomadas de decisão.

____________

² DRUCKER, Peter Ferdinand. Administração de organizações sem fins lucrativos: princípios e práticas. 2. ed. São Paulo, SP: Pioneira, 1994. 166, [1] p.

Page 77: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

76

Todavia, Kotler (2001) aponta que a tendência é que os clientes se tornem

cada vez mais exigentes quanto à qualidade de produtos/ serviços e se mostrem

mais sensíveis ao preço na busca por valor. Perante esses fatos, o autor menciona

que tem crescido o número de empresas que se associam seus produtos e serviços

à entretenimentos, através de experiências.

4.1.2. Conceitos de Marketing: Tradicional x Experimental

Existem notáveis diferenças entre os conceitos de marketing. Para Schmitt

(2001), por exemplo, há distinções básicas entre o marketing experimental e o

tradicional, fundamentado suas características e benefícios; expostos no quadro 4.1:

Segmento MKT Experimental MKT Tradicional

Foco Na experiência do consumidor

Nas características e benefícios

Categorização de produto

Sessão de consumo (abrangente)

Categorização de produto (restrito)

Consumidores Racionais e emocionais Racionais

Métodos e ferramentas

Ecléticos Analíticos, quantitativos e verbais

Visão da Marca Marca = Experiência Marca = Identidade

Quadro 4.1: MKT Experimental x MKT Tradicional.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A primeira característica é o foco. Enquanto o marketing tradicional possui

foco voltado para as características e benefícios do produto, o marketing

experimental se concentra na experiência do consumidor. Esta pode ser efetuada

por valores sensoriais, emocionais, comportamentais, cognitivos e de identificação.

Já na parte da categorização de produto, o tradicional norteia principalmente

a concorrência direta, ou seja, produtos do mesmo setor disputam os clientes. Por

exemplo: jeans Levi‟s e jeans Lee.

No experimental a concorrência traçada é mais abrangente. Para Schmitt

(2001, p.43) “[...] estamos nos afastando do pensamento no produto isolado e

seguindo um setor de consumo sociocultural (VCSC) para ampliar seu significado

Page 78: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

77

para o consumidor”. Por exemplo, uma bolsa da marca Louis Vuitton, que gera

sentimentos de status ao usuário, concorre com outras marcas de mesmo

direcionamento, tanto em acessórios, quanto roupas, produtos de beleza, ou até

mesmo automóveis (figura 4.2).

Figura 4.2: Concorrência Direta x Indireta. Fonte: Elaborado pelo autor.

O marketing experimental também propõe uma nova ideia: os consumidores

são motivados pela emoção, além da razão. Além disso, Schmitt (2001) menciona

diferenças na metodologia de cada conceito: o marketing tradicional utiliza

ferramentas analíticas e quantitativas e o experimental utiliza métodos diversos: a

proposta é adequar a metodologia às situações – empregando boas idéias.

Outro diferencial ente os dois conceitos é que o marketing tradicional vincula

a marca à estratégia de identificação com o cliente. Já o experimental relaciona a

marca à experiência; sugere além do apelo à imagem da marca, envolver o coração

e a mente do consumidor através de experiências. “Os consumidores querem ser

Page 79: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

78

estimulados, divertidos, instruídos e desafiados. Eles procuram marcas que lhe

possam fornecer experiências e depois passem a fazer parte da sua vida”

(SCHIMITT, 2001, p.47). Sendo assim, o diferencial do marketing experimental

consiste em experiência da marca vivida pelo consumidor, através de métodos

diversos que estimulem emoção e os façam comprar.

4.2. INTRODUÇÃO AO MARKETING EXPERIMENTAL

Sob a visão etimológica da palavra, Schimitt (2001) diz que em alemão,

“exprimir experiência” é erlebinis, que vem do verbo “viver” leben. Nesse sentido, o

autor relaciona experimentar com vivenciar. Já para Pendlebury (2005) a palavra

está relacionada ao conteúdo formulado pela mente de um indivíduo, a respeito de

sensações e percepções que este obteve de um sujeito. Immanuel Kant ³ resume

esta ideia afirmando que “a experiência é a percepção compreendida”.

Trazendo o conceito da palavra para o marketing, Robinette e Brand (2002,

p. 58) dizem que: “experiência é o conjunto de pontos nos quais as empresas e os

consumidores trocam estímulos sensoriais, informações e emoções”. As trocas, no

varejo, ocorrem no ponto de venda e os autores ainda propõem três circunstâncias

de troca: as transacionais, as informativas e emocionais ou ponto de contado.

As trocas transacionais ocorrem quando o intercambio é realizado pelo

pagamento de serviços ou produtos. Já as informativas são referentes a

compartilhamento de dados. Acontece quando, por exemplo, o cliente procura o

vendedor para ser informado do custo ou de alguma especificação da mercadoria.

Já as emocionais ou ponto de contato acontecem quando a empresa, marca, ou

oferta se conecta emocionalmente ao cliente. Por exemplo, quando a empresa envia

um e-mail, ou faz uma abordagem pessoal ao cliente, questionando-o se ele está

satisfeito com o produto ou atendimento.

Visto como a emoção funciona dentro da visão do marketing, a seguir, se

_____________

³ KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. 4 ed. São Paulo, SP: Nova Cultural, 1991. 2v.

Page 80: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

79

explica como esta pode ser utilizada, para oportunizar as empresas. A estrutura

proposta por Schimitt (2001) propicia transformar experiências em estratégias de

mercado.

Os modelos estratégicos do marketing experimental são utilizados para

melhorar a imagem de identificação da empresa, ou reposicionar um marca

decadente. Entre seus objetivos está o de promover inovação, para diferenciar a

empresa, assim como seus produtos e serviços da concorrência. Sendo assim, as

estratégias podem ser aplicadas tanto no ponto de venda, quanto no produto, como

será exemplificado a seguir. Essa dinâmica se dá através da indução à experiência

na relação de compra, visando promover fidelização entre marca e cliente.

Para Schimitt (2001) as estratégias experimentais podem ser divididas em

cinco áreas: sentidos, sensações, pensamentos, ações e identificação. Contendo

cada uma, propósitos diferentes, apresenta-se as características destas

separadamente.

4.2.1. Sentidos

A estratégia sensorial é projetada para gerar experiências através dos cinco

sentidos: audição, visão, tato, paladar e olfato. Uma vez que o consumidor é

estimulado a experimentar um aroma, uma textura, ou qualquer outra vivência que o

aproxime da marca ou produto, este se torna mais vulnerável à compra. E ainda se a

sua associação for positiva, é provável que repita a compra.

Estas estratégias criadas, por serem relacionadas à identidade da marca,

dificilmente podem ser copiadas pela a concorrência. Sendo assim, sua aplicação

torna-se um diferenciador para motivar clientes e agregar valor aos produtos. Para

empregar os sentidos como estratégias de aproximação, serão citados exemplos

para explorar cada sentido.

Iniciando pela visão, dentro das empresas vinculadas a moda, existem

inúmeros exemplos de marcas que utilizam a imagem para seduzir os clientes. Seja

na organização ou arquitetura da loja, nas vitrines, no design dos produtos, na

aparência dos funcionários, entre outros.

Page 81: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

80

A ZARA, por exemplo, que possui um conceito de requinte e sofisticação, é

uma marca que explora muito o sentido da visão. As lojas (figura 4.3) são projetadas

para fazer os clientes se sentirem em uma loja de luxo, ao invés de uma loja de

departamento. E, também, são dispostas em grandes centros de comércio ou em

shopping centers; o ambiente é clean e organizado. Suas vitrines também expõem

as mercadorias com o mesmo conceito de luxo da marca.

Figura 4.3: Lojas ZARA.

Fonte: Adaptado do Site: Mundo das Marcas, 2006.

Já a PUKET, por ser uma marca jovem e despojada, trabalha a imagem de

suas lojas de outra forma. Os pontos de venda (figura 4.4) possuem uma estrutura

moderna, sem vitrines – os produtos são dispostos para que fiquem propositalmente

ao alcance dos clientes. A composição da loja é alegre e colorida – remete ao

despojamento e jovialidade que a marca transmite. Os produtos são chamativos,

envolventes e projetam infância.

Page 82: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

81

Figura 4.4: Loja PUKET. Fonte: Portal da Propaganda, 2009.

Outro sentido que a PUKET direciona é o olfato. A marca, além de possuir

um aroma exclusivo (que lembra chiclete e tuti-fruti) possui uma linha de meias-

sapatilhas com o mesmo perfume (4.5).

Figura 4.5: Sapatilha PUKET. Fonte: Portal da Propaganda, 2009.

Outra empresa que propõe uma aproximação com o cliente pelo emprego do aroma

é a MELISSA. Todos os seus sapatos possuem o aroma da marca. Além disso, a

empresa lançou em outubro de 2009, um perfume (figura 4.6) com o tradicional

aroma, criado pela Casa Givaudan [4], segundo o Blog Melissa (2009). O sentido da

_____________

[4]Indústria Química de origem Suíça atuante no segmento de fabricação de essências para aromas e fragrâncias.

Page 83: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

82

Figura 4.6: Perfume Melissa. Fonte: Blog Melissa, 2009.

audição é estimulado, principalmente, nos pontos de venda e nos sites das

empresas. A música transmite aproximação com o cliente, uma vez que compõe a

identidade das marcas.

Nas lojas e multimarcas da CANTÃO, os lojistas recebem um CD com as

músicas da nova coleção. A trilha sonora é elaborada pela empresa Tecla Music

Brand, com a proposição de que os clientes se sincronizem com a marca.

Já a FARM, possui em seu site a Rádio Farm, que disponibiliza uma lista de

músicas para ouvir enquanto se navega. As músicas disponibilizadas pela marca

enfatizam seu conceito feminino e autêntico.

Tratando-se do paladar, algumas marcas propõem referências de alimentos

em suas criações para atrair o consumidor pelo desejo que o alimento causa,

através de estampas e formatos. O Chocolate, por exemplo, é uma matéria muito

utilizada.

O evento “Chocofest” de Gramado, na sua edição de 2010, realizou um

desfile do estilista Márcio Weiss, com peças a base de chocolate (figura 4.7). “As

peças são feitas com uma base de arame revestida de tecido. Depois, vem o banho

de chocolate, que aumenta em até 300% o peso da roupa e a deixa bem rígida”

(DUARTE, 2010).

Page 84: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

83

Figura 4.7 Desfile Chocofest Gramado. Fonte: Blog do Curioso, 2010.

Outra marca que também fez uso do chocolate para inovar e atrair clientes,

foi a “o.d.m. Watches”. A empresa japonesa, especializada em design de relógios,

lançou uma linha inspirada nas barras de chocolate (figura 4.8).

Figura 4.8: Relógio o.d.m. Chocolate. Fonte: o.d.m. Design: Collections Chocolate, 2009.

Por fim, no sentido do tato, a área da moda possui diversas marcas que

exploram as texturas dos tecidos, materiais ou formatos para aproximar o cliente

pelo tato. Gerar conforto, por exemplo, é uma estratégia bastante explorada no setor

calçadista. Marcas como USAFLEX (figura 4.9), CROCS (figura 4.10), entre outras,

desenvolvem calçados utilizando materiais mais maleáveis e macios, ocasionando

comodidade para os pés dos consumidores.

Page 85: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

84

Figura 4.9: Sapato Usaflex. Fonte: Revista Usaflex, [1 ed.] 2009, p. 4,5.

Figura 4.10: Sapato Crocs. Fonte: Site Crocs, 2010.

Através de campanhas ao estímulo dos sentidos, os consumidores são

motivados à experimentar os produtos e comprá-los. O objetivo dos sentidos é

proporcionar às empresas um diferencial na motivação de compra destes clientes e

promover valor à marca, a partir das sensações. Adequando os sentidos à

identidade da marca ou ao conceito dos produtos e serviços, o consumidor é

estimulado se aproximar da mesma. Conseqüentemente, a aproximação leva o

consumidor a desenvolver um sentimento pela marca.

Page 86: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

85

4.2.2. Sensações

As sensações são estratégias vinculadas à experiência que geraram

emoção no processo de compra. Schimitt (2001, p.150) diz que “buscar prazer e

evitar o sofrimento – ou, de modo mais completo, sentir-se bem e não querer sentir-

se mal – é um dos princípios básicos do viver”. Sendo assim, estratégias que

ocasionem prazer, ou crie bons sentimentos com o consumidor, podem estabelecer

uma relação mais duradoura de lealdade.

O humor é proposto por Schimitt (2001) como um estado de emoção leve,

que é ocasionado por um desencadeador. Este, pode trata-se de fatores cotidianos

que despertam mau humor, ou bom humor, dependendo da situação.

Uma música irritante num bar ou uma comissária de bordo intrometida pode atrapalhar uma conversa com um amigo e deixar uma pessoa de mau humor, sem perceber que foi a música ou a comissária que a deixaram assim. A pessoa vai dizer que não gostou do café, ou não gostou do vôo (SCHIMITT, 2001, p.132).

Já a emoção é proposta pelo autor, como um sentimento forte e nítido. Pode

ser vinculado a fatores negativos, positivos ou neutros: os negativos causam

sentimentos de raiva, inveja, rancor; os positivos geram amor, carinho, afeto; e os

neutros causam bem estar, harmonia, tranquilidade. Com isso, considera-se que a

emoção, muitas vezes, é decisiva no processo de compra.

As pessoas antes de perceberem seus desejos, carregam consigo

sentimentos (muitas vezes) negativos como: vergonha, impaciência, intolerância,

tristeza; sentimentos estes que fazem a pessoa projetar-se para dentro, como

menciona Schimitt (2001), ou seja, torna-se introspectiva. Para fazer esses clientes

mudarem seu estado de humor, para fora, é necessário manipular o cenário da

compra. Deixando o cliente à vontade, feliz, ou contente. Consequentemente este

consumirá mais, ficará satisfeito com a marca e transmitirá sua satisfação a outros

conhecidos (IBIDEM).

Deste modo, para as empresas gerarem experiências que emanem

sensações positivas, Robinette, Brad e Lenz (2002) dizem que o profissional atuante

Page 87: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

86

precisa criar condições para explorar o contado emocional com o cliente como:

garantir que o ambiente seja agradável; facilitar o processo de compra; aumentar a

eficiência de tempo; possuir bons vendedores; criar vínculo com os clientes; entre

outras coisas. Portanto, para oferecer uma proposta sensível à perspectiva do

consumidor, as empresas precisam elaborar estratégias de pensamento para mudar

paradigmas pré-existentes.

4.2.3. Pensamentos

Essa estratégia objetiva incentivar o consumidor a reavaliar as proposições

de exercidas pela sociedade, para que o consumidor obtenha outras hipóteses de

pensamento. Esta projeção consiste em atrair o potencial criativo do consumidor

para a empresa, ou marca.

De acordo com Schimitt (2001) o comportamento psicológico do consumidor

envolve tanto pensamento convergente (analítico, de raciocínio lógico), quanto o

divergente (flexível, original, livre de regras). Considera-se que esses dois

comportamentos são referentes aos dois lados do cérebro, relacionados por

Robinette, Brand e Lenz (2002) como respectivamente: o esquerdo (do raciocínio

lógico) e o direito (dos sentimentos inconscientes). Essas duas partes são

responsáveis pela avaliação proposta da marca ou produto.

De acordo com os psicólogos, a criatividade consiste de quatro fases: 1.fase de preparação analítica; 2. Fase de incubação; 3. Fase de iluminação [...]; e 4. Fase de avaliação. O pensamento divergente ocorre principalmente, durante as fases 2 e 3, mas a primeira e a última fases requerem o pensamento convergente (SCHIMITT, 2001, p. 155).

Sendo assim, para aplicar estratégias que atinjam esses dinamismos, é

necessário elaborar mensagens qualitativas e coerentes aos pensamentos. Schimitt

(2001) menciona que para o pensamento convergente as definições precisam ser

diretas, levando o consumidor até a resposta lógica da proposta. Já as o

pensamento divergente, conduz o consumidor a encontrar a sua resposta pessoal,

ou um raciocínio mais elaborado.

Page 88: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

87

Todavia, as propostas de comunicação têm objetivo de estabelecer uma

sensação de surpresa no consumidor, causando-lhes interesse pela aproximação e

experimentação. Se a surpresa for intrigante – afetando o estado de harmonia o

consumidor – este provavelmente será instigado a repensar seus conceitos.

A Diesel é um exemplo de marca que desenvolve suas campanhas

publicitárias visando a projeção de pensamento de seu público. Em uma campanha

de 2009 (figura 4.11), usou o tema do aquecimento global para fazer um apelo

provocativo a causa social.

Figura 4.11: Campanha Diesel 2009.

Fonte: Letras: Marketing Social, 2009.

Deste modo a Diesel, entre outras empresas, incitam o consumidor a pensar

de uma maneira racional e emocional. Este dinamismo de provocar (gerando

interesse e inquietude) desperta a real proposta: a da motivação de compra e do

interesse pela marca. Este interesse, por sua vez, conduzirá o consumidor a uma

ação de compra.

4.2.4. Ação

A estratégia de ação é projetada para persuadir os consumidores a agir à

favor de um apontamento da propaganda, se direcionar a um estilo de vida, ou ainda

mudar o seu modo de se relacionar. Estes propósitos visam conduzir o cliente às

Page 89: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

88

experiências físicas e reais que mudem seus hábitos cotidianos e os façam interagir

com a marca. Para isso, Schimitt (2001) propõe três tipos de técnicas de ação: as

relacionadas com o corpo, com estilo de vida, e de interação.

As ações corporais são relacionadas às formas de experiência que afetam a

estabilidade física e motora dos consumidores, fazendo-os a agir em prol da

propaganda. “O marketing apropriado dessas experiências do físico depende

basicamente de criar produtos, estímulos e climas certos” (SCHIMITT, 2001, p. 170).

Já nas ações de estilo de vida, o intuito é conduzir o consumidor à um

padrão de vida que o interesse, diante de suas atividade e escolhas. Para isso, é

necessário desenvolver propostas que indiquem um conceito a ser seguido.

A condução pode ser feita por um slogan que desperte uma ação, como o da

NIKE – “Just do it” (simplesmente faça); ou ainda usar modelos desse estilo, como a

marca C&A que contratou a modelo Gisele Bündchen para a campanha de 2001,

relacionando a popularidade da top model com a moda da marca (figura 4.12); ou

ainda fazer apelos como: Havaianas “as legítimas”.

Figura 4.12: Campanha C&A 2001. Fonte: Grito Magazine: C&A e Gisele Bündchen em campanha histórica.

Portanto, não só as propagandas são responsáveis por conduzir ações,

alguns produtos, como a bermuda anti-celulite da marca Invel, por exemplo,

desenvolvem ações à favor do corpo. No caso desta, se promete melhorar a

aparência da pele e a micro-circulação sangüínea, promovendo qualidade de vida. A

ação gerada pelo produto visa tanto promover um de estilo de vida saudável, quanto

uma ação motora de bem estar.

Page 90: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

89

Figura 4.13: Bermuda Anti-Celulite Invel. Fonte: Invel, 2010.

Ainda nas ações, as estratégias podem ser criadas pelo modo de interação. O

objetivo desta é promover experiências relacionando as pessoas. Este dinamismo

pode ser aplicado entre lojistas e clientes; na propaganda de uma marca; ou ainda

em uma promoção, ou campanha gerada pela mesma.

No aspecto geral, as ações são experiências que conduzem o consumidor a

exercer uma compra, ou a interagir com a marca, aproximando-o e desenvolvendo

com este uma relação de estima. Portanto, para interação entre clientes e marca é

necessário uma conduta de identificação.

4.2.5. Identificação

A estratégia de identificação relaciona as pessoas com o conceito social e

cultural da marca. Essa conduta visa vincular pessoas à grupos sociais. Deste

modo, através do consumo, o sujeito exerce uma escolha que o individualiza, ao

mesmo tempo em que o congrega ao um meio de vivência.

Muitas marcas usam a identificação para gerar desejo de pertencimento ao

consumidor. Portanto, a identificação, não implica somente na aproximação com um

grupo, mas também na diferenciação entre outro grupo, como aborda Schimitt

Page 91: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

90

(2001). Os logos, por exemplo, das marcas Tommy Hilfiger e Lacoste, por exemplo,

apresentados na figura 4.14, geram simbolismos de status ao consumidor, devido o

conceito das marcas, de ser mais tradicionais e elitizadas.

Figura 4.14: Logos Tommy e Lacoste. Fonte: Adaptado do Site: Mundo das Marcas, 2006.

Esta dinâmica visa proporcionar às marcas apelos que as tornem

reconhecidas pela identificação. Essa estratégia vai de encontro às tendências

mencionadas por Hill (2003) do capítulo 1: Formando Novas Tribos, no sentido de

necessidade em pertencer a um grupo; e No vagão das Marcas, na questão da

própria marca em exercer autoafirmação aos seus clientes. Deste modo, a

experiência de identificação é uma forma de transmitir pela imagem um conceito da

marca, ou uma qualidade que a pessoa deseja vincular a si mesma.

Contudo, ao mesmo tempo em que, individualmente, as estratégias de

sensações, sentimentos, pensamentos, ações e identificações promovem uma

experiência para o cliente; em conjunto, elas geram uma experiência total. Uma vez

que, as sensações funcionam como motivadoras de compra, os sentimentos são os

interlocutores da relação afetiva entre cliente e marca. Já o pensamento é o

propulsor de interesse desse cliente, sendo a ação indutora do seu

comprometimento com a marca. E a identificação, torna a experiência de caráter

pessoal, gerando aproximação dos conceitos da marca com as pretensões do

cliente. Deste modo, as estratégias conduzem o processo de compra ao de

fidelização com o consumidor (grifo nosso).

4.3. FIDELIZAÇÃO EMOCIONAL

Page 92: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

91

Como discorrido anteriormente os novos consumidores são mais

individualistas, independentes, informados, possuem menos tempo, também são

menos fiéis. Portanto, procuram por auto-realização buscando autenticidade e

envolvimento emocional. Sendo a fidelização o alvo principal para o uso do

marketing experimental neste trabalho, esta subseção aborda sobre os diferentes

métodos de induzir o consumidor a fidelidade. Os conceitos são demonstrados

através da visão de diferentes autores, utilizando a experiência voltada para

emoção.

Segundo Lewis e Bridges (2004) existem dois tipos de fidelidade: a

Pseudofidelidade – que possui um resultado em curto prazo – ou seja, o consumidor

fica propenso a uma oportunidade melhor de compra; e a Fidelidade Autêntica, que

gera um resultado em longo prazo – tornando o consumidor envolvido.

Conforme Robinett, Brand e Lenz (2002) para criar uma fidelização

duradoura com o cliente, não basta apenas gerar satisfação pelo produto, ou

serviço; os autores apontam que a empresa precisa se envolver como um todo –

através do relacionamento de valor. Para isto, os autores propuseram a “Estrela de

Hallmark” (figura 4.15), que parte das determinações dos clientes, pelo o que seria

mais importante. Sendo assim, a estrela possui cinco determinantes: patrimônio,

experiência, energia, dinheiro e produto.

Figura 4.15: Estrela de Hallmark. Fonte: Adaptado de Robinett; Brad; Lenz, 2002, p. 35.

Page 93: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

92

O Produto e o Dinheiro são propostos como o lado racional da estrela. Trata-

se dos pontos planejados pelo marketing tradicional sob visão de Schimitt (2001).

São as necessidades lógicas procuradas pelos clientes, em um produto ou serviço,

como: benefícios, características e custos.

Já as outras pontas são voltadas para as dinâmicas emocionais priorizadas

por Robinett, Brand e Lenz (2002). O Patrimônio faz relação ao valor da marca

percebido pelo cliente. A Experiência é a relação de valor desenvolvida entre

clientes e marcas. E a Energia, trata-se do valor dado, pelos consumidores, ao

tempo (IBIDEM).

Segundo a percepção de Lewis e Bridges (2004), o novo consumidor possui

escassez de tempo, atenção e confiança. Relacionando as carências do consumidor

citada pelos autores, com as necessidades emocionais de Robinett, Brand e Lenz

(2002), considera-se que as propostas se cruzam: a energia – tempo; experiência –

atenção; e patrimônio – confiança. Portanto, para aplicar cada uma dessas funções

da estrela de Hallmark, se explicam os meios para gerenciá-las, através de Robinett,

Brand e Lenz (2002) e Atkin (2007).

Para os autores (Ibidem) o marketing emocional, engloba a experiência e

produz resultado em fidelização. Portanto, para que esse conceito funcione de fato,

é necessário destacar o relacionamento entre as empresas e clientes em pontos

distintos: “os estágios introdutórios da Aquisição; a Assimilação, fase de

conhecimento mútuo; os esforços permanentes da fase de Cultivo; e o estágio às

vezes difícil da Reativação” (IBIDEM, p. 177, grifo do autor).

O Emotional Key Grup (EKG) (figura 4.16) é uma ferramenta desenvolvida

pela Hallmark para monitorar e prever o grau de envolvimento emocional dos

clientes em diferentes pontos do ciclo de vida do consumidor, orientado ao

comportamento.

Page 94: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

93

Figura 4.16: EKG Emocional. Fonte: Robinett; Brand; Lenz, 2002, p.118.

A primeira fase consiste na aquisição que é o processo de escolha e

compra. Para essa etapa Robinett, Brand e Lenz (2002) propõem foco na identidade

da marca, ou seja, no Patrimônio, para atrair clientes potenciais. Para fazê-lo, os

autores direcionam estratégias voltadas para cenário de compra e relacionamento.

Os cenários de compra devem transmitir empatia e envolver o cliente; assim como

os vendedores – que, também, são responsáveis pelo relacionamento pessoal. Com

isso, o consumidor associará a experiência de compra à marca. Para Atkin (2007), a

identificação com a marca é o modo do sujeito se afirmar.

A segunda fase, a assimilação trata-se a aprendizagem absorvida pelo

consumidor na primeira compra. Nessa etapa, a confiança é frágil, pois o

consumidor está iniciando sua conexão com o marca. As estratégias dessa parte

visam o reforço à importância, valorização e cuidado com o cliente. Para Atkin

(2007, p. 61) é preciso criar uma “mitologia de importância da pessoa”; ou seja,

desenvolver uma cultura na empresa, de tentar suprir todas as carências e desejos

dos clientes. De modo metafórico, seria dizer ao consumidor, que a empresa se

preocupa com ele.

Já o cultivo é a proposição de fortificar os elos de confiança criados entre a

marca e o cliente. Ocorre quando o consumidor já assimilou a marca e está disposto

Page 95: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

94

a comprá-la, novamente. Como menciona Atkin (2007) para atrair o culto à marca é

necessário cultivar seu isolamento. Sendo assim, o autor (Ibidem, p.40) propõe:

1) Determinar o senso de diferença dos seus clientes em potencial: propor

um conceito autêntico que isole o público que se deseja atingir.

Ex: “Gang a marca que te entende”

2) Declarar suas próprias diferença em relação à doutrina e a linguagem:

mencionar explicitamente através de mídia, propaganda sobre a

imagem que a marca idealiza de si, visando diferenciá-la.

Ex: “As Anatômicas só a Ipanema tem”.

3) Distinguir-se do mundo externo: propor caracterizações ou conceitos

que diferenciem a marca como culto. Criar um símbolo para marca é

um modo de distingui-la.

Ex: Luis Vuitton, Channel, Nike.

4) Demonizar o outro: não basta afirmar a diferença da marca, é preciso

reafirmá-la perante a concorrência que será inferiorizada pela marca.

Ex: “Havaianas as legítimas”

Para Robinett, Brand e Lenz (2002, p.122) “quando os clientes se

transformam nos melhores vendedores da organização, a empresa acabou de criar

a mais poderosa ferramenta de marketing que existe”.

O último processo (reativação) envolve duas partes: a renovação e a

reconquista. Essas abordagens identificam novas ações de conquista ao cliente,

visando manter o grau de fidelidade com os consumidores leais e resgatar novos

compradores, ou clientes infiéis e descontentes.

Ao todo, esse processo, envolve tempo, pois é ele que afirma a fidelidade

das pessoas como mencionam Robinett, Brand e Lenz (2002). Porém, os autores

abordam que para isso, tem de haver: benefícios mútuos entre as partes – marca e

cliente; compromisso, dedicação, autenticidade, franqueza e comunicação com o

consumidor.

Page 96: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

95

CONCLUSÃO

A análise comportamental do consumidor de moda, junto ao marketing

experimental, possibilitou o desenvolvimento do presente trabalho. Buscou-se ao

longo de sua análise a seguinte questão: “De que maneira o marketing experimental

impulsiona o processo de fidelização no consumo de moda?”. A reflexão dessa

problemática procurou responder tanto o objetivo geral, quanto os específicos em

compreender como a fidelização do consumo de moda é impulsionada pelo

marketing experimental. Assim como, analisar o processo de consumo e fidelização

de clientes; contextualizar o significado de moda, estilo e tendência; e caracterizar o

marketing experimental e sua aproximação com o consumo de moda.

Com o desenvolver do trabalho, se percebeu a influência dos fatores culturais,

sociais, pessoais e psicológicos diante da tomada de decisão do consumidor.

Relacionando esses aspectos as estratégias do marketing experimental, entende-se

que este utiliza essas influências à favor do consumo; através de estratégias que

visam experiências de aproximação, identificação e vínculo emocional.

Nos fatores culturais e sociais, o marketing experimental se alia aos

influentes na ambientação e socialização do indivíduo, respectivamente. Conforme a

cultura, difundida pela sociedade local, o sujeito absorverá determinados hábitos

referentes a esta. Nesse aspecto, a experiência é proposta por meio da

individualização de nichos de segmento; através de estratégias que posicionam o

produto para um público local, ou de determinado ciclo e estilo, de vida.

Nos fatores pessoais, nota-se que o marketing experimental posiciona a

individualidade e autenticidade. Por a sociedade empregar a individualização e

ainda, pelos consumidores possuírem personalidades e preferências distintas; a

experiência é induzida, neste aspecto, para fazer as pessoas se sentirem únicas.

Já nos fatores psicológicos, a experiência é utilizada para suprir as

necessidades e desejos mais profundos das pessoas. Pela contextualização das

estratégias de fidelização abordadas no trabalho, mostra-se que o cultivo do cliente,

pode ser trabalhado em todos os aspectos do processo de consumo: na motivação,

identificação com a marca, percepção de valor, ação de compra e aprendizado.

Page 97: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

96

Sendo assim, a abordagem experimental no processo de consumo, mostrou-

se como modo de oportunizar uma vivência ao consumidor. Ainda por se posicionar

pela emoção, suas estratégias conduzem ao suprimento de carências psicológicas,

resultantes em aproximação e empatia com a marca. Notou-se que os consumidores

que se identificam com a marca, e não só com o produto, adquirem um elo mais

forte com a mesma, resultando em uma possibilidade mais efetiva de fidelização.

Também foi relacionado na segunda parte do projeto, sobre o significado de

moda, estilo e tendência, proporcionando o entendimento do processo no consumo

da moda. Uma vez que, juntos, estes aspectos formam o consumidor autoral,

denominado por Morace (2009), observou-se que estes consumidores apresentam

peculiares comportamentais geradas pela propagação da tecnologia e globalização.

Portanto, como a modernização afeta pessoas de diferentes ciclos de vida,

instituiu-se grupos geracionais. Pela descrição da cada um, pode-se identificar de

modo geral, características semelhantes: busca de autenticidade e escassez de

tempo, atenção e confiança. Fatores estes, que o marketing experimental, tenta

suprir através de inovação estratégica.

Nas tendências referidas por Hill (2004), identificou-se o comportamento dos

novos consumidores autorais. Dentro desse aspecto, leva-se a crer, que o marketing

experimental se adapta na proposta de gerar inovação; promovendo também

diferenciação para cada nicho de consumidor; e se distanciando da concorrência

pela utilização de valor agregado à marca. Ainda sobre as tendências, notou-se que

mesmo em aspectos comportamentais que vão em direção oposta à fidelização, é

possível revertê-los em estratégias que aproximem marca e cliente.

Na terceira seção, identificou-se que marca de valor é uma importante

influência sob o consumidor, de identificação, aproximação e desejo. Ao se discorrer

sobre as metodologias em se criar valor, entendeu-se que a partir da concordância

de seu conceito, com estrutura visual e fundamentação organizacional; se

aumentaria as probabilidades de tornar o consumidor leal à marca.

Já na quarta parte do trabalho, compreendeu-se através da comparação do

marketing tradicional com o experimental, que o último contém melhor estratégia

para conquistar fidelização; e que se melhor se adapta ao consumidor de moda

autoral. Para comprovação da eficiência de suas dinâmicas, foram demonstradas

diversas atuações do marketing experimental, em empresas do ramo da moda.

Page 98: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

97

Observou-se nas exemplificações, que propostas inovadoras, impulsionam os

consumidores à compra. Nas ações experimentais, notam-se interação com o

consumidor. Desde o primeiro contado, as estratégias posicionam o envolvimento

entre a marca e o cliente, visando torná-lo um adepto permanente da marca. Para

isso, são propostas experiências de caráter sensitivo, emocional, físico ou psíquico;

– que podem ser empregados no conceito da marca, no produto, ou no ponto de

venda – findando gerar bem estar. Sentindo-se feliz, o cliente fica mais vulnerável à

compra.

Sobre a fidelização de consumo, pode-se ainda destacar a importância das

empresas em cultivar sua relação com seus clientes, pois este é um meio de

proteger os adeptos à marca da concorrência. Nesse sentido, pode-se relacionar a

estrela de Hallmark como um método de aplicar o marketing experimental – através

de estratégias interativas e persuasivas com o consumidor – visando à fidelização

dos mesmos.

Por fim, levando-se em consideração a hipótese proposta, que o marketing

experimental impulsiona a fidelização de clientes na moda, sendo o consumo

autoral; pela análise do presente trabalho, compreende-se que o marketing

experimental possui métodos eficazes em impulsionar fidelização. Isso ocorre uma

vez que o marketing experimental agrega inovação e criatividade em sua

metodologia.

Para se sobressair perante a concorrência, o marketing experimental propõe

absorção nas demandas do mercado, transformando as necessidades em

oportunidades. O uso da marca como entidade de desejo, é também uma de suas

estratégias que aproximam e conquistam clientes. Assim como, a utilização das

tendências, ao seu favor. O consumo atual demonstra imediatismo, autenticidade e

vínculo social, sendo assim, o marketing gera experiências individualizadas, para

atrair e proteger clientes da concorrência. Deste modo, comprova-se que seus

métodos são eficazes em impulsionar fidelização.

O presente trabalho analisou de um modo geral, as principais influências que

do comportamento do consumidor de moda, que os leva a escolha de compra.

Portanto, acredita-se que é possível fazer uma análise mais profunda e segmentada,

aos aspectos que envolvem a fidelização do consumidor de moda, por grupos

geracionais. Desta forma, sugere-se para pesquisas correlacionadas, a conquista

Page 99: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

98

de nichos de mercados geracionais. Ou ainda, como a aplicação das estratégias de

marketing experimental, principalmente na área sensorial, é aplicada geralmente

sobre o ponto de venda; sugere-se uma pesquisa direcionada ao produto.

Atualmente, encontram-se poucas referências de estilistas autorais que

conseguem trabalhar com os cinco sentidos em um mesmo produto. Por isso, a

proposta para o Trabalho de Conclusão e Desenvolvimento de Coleções II, abordará

o tema: Marketing Sensorial aplicado ao produto, como meio de conquistar clientes.

A coleção será desenvolvida para o público feminino de faixa etária entre 15 a 25

anos, que se identificam com um estilo de vida urbano e descolado. Essas jovens

estão vivenciando a transformação da adolescência para fase adulta; carregam

inseguranças, incertezas e ao mesmo tempo procuram se mostrar capazes,

atraentes e admiráveis.

Pretende-se nesta construção, materializar o desejo dessas meninas em

vestuário. Para isso o tema de inspiração será o “Chocolate”, que funcionará como

desencadeador de sentimentos e sensações. As peças serão construídas para

instigar os cinco sentidos, através de texturas, formatos, sons, aromas e estampas.

O principal objetivo desta coleção é vincular o marketing experimental ao produto de

moda. Alinhando o desejo do consumidor à criatividade e à tecnologia, propõe-se

um modo de reinventar a moda e conquistar clientes.

Page 100: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

99

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Page 105: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

104

GLOSSÁRIO DE MARCAS

Calçado

Marca Site Logo

Crocs http://www.crocs.com.br/

Havaianas http://br.havaianas.com/

Ipanema http://www.ipanemaanatomica.co

m.br/

Melissa http://www.melissa.com.br/

Usaflex http://www.usaflex.com.br/

Jeanswear

Lee http://www.lee.com.br/

Levi‟s http://www.levi.com.br/brasil/

Lojas de

Departamento

C&A http://www.cea.com.br/

Marisa http://www.marisa.com.br/

RENNER http://www.lojasrenner.com.br/

Zara http://www.zara.com/

De Luxo

Burberry

Chanel http://www.chanel.com/

Diesel http://www.diesel.com/

Gucci http://www.gucci.com/

Hermès http://www.hermes.com/index_us.

html

Lacoste http://www.lacoste.com.br/bra/mai

n.html

Page 106: Trabalho de Conclusão I - Curso Design de Moda

105

De Luxo

Louis Vuitton http://www.louisvuitton.com/

Marca Site Logo

Tommy Hilfiger http://usa.tommy.com/tommy/

Moda Jovem

Gang http://www.gang.com.br/geral/ind

ex.asp

Hering http://www.hering.com.br/

Lacoste http://www.lacoste.combr/bra/mai

n.html

PUKET http://www.puket.com.br/

Sportwear

Pumma http://www.puma.com/

Nike http://www.nike.com/nikeos/p/nike

/pt_BR/

Quicksilver http://brazil.quiksilver.com/index.a

spx

Moda Feminia

Cantão http://ww2.cantao.com.br/site201

0/

Farm http://www.farmrio.com.br/

Le Lis Blanc http://www.lelis.com.br/ri/

Outras

Hallmark http://www.hallmark.com/webapp/

wcs/stores/servlet/home|10001|1

0051|-1

Invel http://www.invel.com.br/bermuda

_anticelulite_bioceramica_invel.p

hp?id=3

o.d.m.

Watches

http://www.odmdesignusa.com/en

g/shop_products/shop/61/page:2