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f ACULDADEDEMEDICINADEPORTOALEGRE

THESEapresentada á

Facul~a~e~e Me~icina IJePOJ1toAlegrea 10 e defendida a 18 de Março de 1920

pelo

Dro JoãoCandidoMaia filhoNascido a 6 de Agosto de 1898. Natural do Rio Grande do Sul

Filho legitimo do Coronel João Candido Maiae D." Maria Carlota Guimarães Maia

afim de obter o grão de Doutor em Medicina

DISSERTAÇÃO:REACÇÕES DE SANGUE OCCULTO

(Contribuição ao seu estudo)

(OADEIRA DE PATHOLOGIA GERAL)

Approvada com distincção----, ~-

. 1920

O:FFICINAS GRAPHICAS DA LIVRARIA SELBACHDE J. R. DA FONSECA & CIA. - PORTO ALEGRE

"11" 1/111111/1/111"" :::;::c.Ked. UFRGS

Reaccoesde sangueocculto. Co

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t ~1~'r

FACULDADEDE MEDICINADE PORTOALERRE

Director - Prof. Sarmento LeiteVice-director - Prof. Serapião MarianteSecretario - Prof. Dias Campos

CORPO DOCENTE

Cadeiras

Pbysica medica. . .. o o . . ... ..., o o o . oo . oChimica medica. o.. . .. . . . o. . .. . . . . o. oo..Historia natural medica oo:. oo..........Histologia e embryologia . o . o o oo o . .. o o o

Anatomia descriptiva o o o o o o o. o o o o O'" o. o

Pbysiologia o .. . .. .. .. .. o.. o..Microbiologia o' o o.. .. o.. o . .. oo , o . o o o .. o o

Clinica propedeutica medica... o. o. . o. ..ClInica propedeutica cirurgica o o o . . o o o . o

patbologia geral o. .o. .. . .. .. .. .. . .. oAnatomia e physiologia pathologicas o o .

Pbarmacologia e arte de formular o

Patbologia cirurgica .. .. .. .. o... o. o. o. o.Clinica dermatologica e syphiligraphicaClinica ophtalmologica .. o o. o o 0,0'" o. o o o.

Clinica cirurgica o. o o o o o .. o .. o o o o .. .. o o o .

Anatomia medico-cirurgica e operaçõesTherapeutica . . o. o. .. ... . oo..........

Clinica medica ooo.. .. . .. .. .. .. .. o.. .

Clinica pediatrica medica e hygiene in-fantil .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. o..

Clinica pediatrica cirurgica e orthopediaClinica oto-rbino-Iaryngologica ooo. o. o. .Pathologia medica o. ....Hygiene oo . o. . .. . .. oo. .. o.Medicina legal o. .. . . . . oo.. .. .. ooClinica obstetrica o.. oo. o.. o.......

CI!n!ca gynecolo~ica ooo. o.. o. .. . .. .. oo..C lUlca neurologlca oo. .. .. oo.. .. o.. .. .. oClinica psycbiatrica .. o o.. .. .. o.. .. oCbimica analytica o.. oo o o o. o o.. o o oo o.

Pbarmacologia ... o.. . .. o.. oo.. oo.. .. o.. .

Clinica de prothese... o. . .. oo.. . .. . .. .. oClinica estomatologica oo. . . . . . . . . . . oPathologia e therapeutica e hygiene den-

tarias o ... .. ooooooo.. . .. . .. .. . .

SUBSTITUTOS

Professores

Ney CabralC. FischerSarmento BarataMarques Pereira

{Moysés MenezesSarmento Leite

Fabio BarrosPereira IniboPlinio Gama (interino)G. Blessmann (substituto)Mario TottaGonçalves ViannaPaula EstevesDiogo FerrazUlysses Nonoba)'Victor de Britto

{

Frederico FalkA. FrancoFróes da FonsecaDias Campos

{

Tbomaz MarianteAurelio PyOctavio de Souza

Gonçalves CarneiroNogueira FloresJultlo Velho (interino)Alberto SouzaVelboPyAnnes DiasFreire FigueiredoSerapião MarianteRaul Moreira (substituto)Luiz GuedesWaldemar Castro linterino)

{Ivo Corseuil (interino)Argemiro Galvão (interino)F. TrindadeJ. Paranhos

Cirne Lima

5." Secção o o o o o Octacilio RosaI

10.' Secção . oo Martim Gomes7." " o o o o o Freitas de Castro 12." " . oo Guerra Blessmann

16." secção. o Ranl Moreira

Em disponibilidade: Mario Bittencourt - Prof. Jubilado: Carvalho Freitas

Prof. honorarios: Carlos Barbosa e Olinto de Oliveira

NOTA - A Faculdade não approva nem reprova 8S opiniões emit-t idas nas theses pelos seus auctores.

Q/~ meud Jtiéi1;~:1laed

d~7tÚ2J:z ,ta{;~liaa:z?í'(}f/ita~e

...----

. "L'observation clinique demeureratoujours le procédé le plus sur de la sé-méiologie et du diagnostic,. mais tantde recherches de laboratoire ont élargison domaine, qu'il n'est plus possibleaujourd'hui de s'abstraire de.s enseigne-ments qu' elles poursuivent".

f

p.r Albert Rabin.

\

I ae a nossa monographia dividida- em tres capitulos: o primeiro em

que são feitas considerações de or-dem geral; o segundo abrangendo a technicadas reacções basicas e principaes modifica-ções apresentadas, figurando entre aquellasa de Thévenon Rolland, da qual não nosconstam estudos; o terceiro versando sobrecausas de erro e indices de sensibilidade.

I

Summario - Os processos corantes, historico, principios.A pesquiza de sangue em clínica. Colheita. do ma-terial.

A presença do sangue nas fezes, no conteudogastrico e na urina, mesmo em quantidade minima,representa, não raro, um elemento de grande valorpara o di1lgnostico, e, dentre os processos maiscommumente usados para a sua constatação, équasi sempre aos chamados methodos cd.rantes queaquelle recorre, não só pela facilidade da sua exe-cução, como tambem pela grande vantagem quealguns delles levam a-qualquer dos seus congene- .res, sob o ponto de vista da sensibilidade.

De ha muito se vêm applicando na clinica osmethodos corantes de evidenciação do sangue, pa-recendo ter sido Heller, em 1858-,o primeiro a utili-sal-os, precipitando, com os phosphatos alcalino-terrosos da urina, a hematina posteri~rmente re-

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duzida a hemochromogeno, como verificaram Villee Derrien (1).

Em 1863 Van Deen, utilisando-se da acçãoperoxydasica ou, como preferem alguns, pseudo-peroxydasica ou peroxylitica do sangue mediantea qual, este, quando em presença de corpos oxy-genados ou ozonisados e de productos ditos acce-ptores, liberta daquelles o oxygenio activo, que éfixado por estes, creou a sua reacção, élo inicial deuma longa cadeia de reacções de sangue occulto.As colorações typicas obtidas são devidas, ao quese suppõe, á hematina.

Areacção de Van Deen teve não poucos imi-tadores. Assim Schõnbein, no mesmo anno; A l-mens, em 1875; Hühnerleld, em 1878; Mialhe, em1880; Lechnis, em 1887; Brücke, em 1889; Weber,em 1893; Falk, em 1897; Schaer, em 1898; Holland,Schumm, em 1906; Gehrmann, em 1909; Bardach-Silberstein, em 1910; Müller, Spehls, Wacker, em1911; lnouye, Zoepperitz, em 1912.

O mesmo principio, que levou Van Deen aidear sua reacção, constituiu a base, em 1887, dareacção de Korczynski; e Jaworski; em 1901, dareacção de Rossel, modificada em 1903 por Schaere de Riegler; em 1903, da reacção de Meyer, que foiorigem das reacções de Utz no mesmo anno; de A l-barran, Delearde, Slowzow, em 1909, de Telmon-Sardou, Triboulet-Perinneau, Lejeune, em 1910;de Boas, RavennaJ Rivat, em 1911.

Utilisando.ainda a acção peroxylitica, são lan-çadas as reacções de Adler em 1904, originando asde Assanelli e Einhorn, em 1907. Ascarelli, Borda,Citron, em 1908. Messerschmidt, Weinberg, em

1) J. Ville et E. Derrien - Chimie biologique medi-cale - 1914.

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1909. Greef Macweeney, em 1910; de Boas, em1906; de Fleig, em 1908; de Ganassini, em 191.1;finalmente, a de Thevenon-Rolland, provavelmentea mais recente, em 1917.

L. Bard (2) synthetisa, desta forma, a utilidadeclinica de uma pesquiza de sangue: ou a cor dasubstancia a examinar não indica a presença desangue que nella se acha em quantidade minima,ou se trata de verificar se uma coloração suspeitaé bem devida a essa presença.

Na primeira circumstancia figura a utilidadeda quasi totalidade das reacções de que nos occu-pamos.

Numerosas vezes se encontra o clinico na con-tingencia de recorrer á pesquiza de sangue occulto,constituindo a hemorrhagia um symptoma fre-quentissimo de importancia variavel, por vezes ex-cepcional. A sua simples constatação concorre, nãoraro, para elucidação de problemas de d1fficilsolução.

E assim, evidenciando hemorrhagias, poderãoos methodos corantes ser applicados ao conteudogastrico, afora na verificação das perdas sangui-neas esophageanas, laryngeas ou pharyngeas, en-tre outras situações, em casos de ulcera gastrica,no curso da qual, como constataram Boas, Rossel,Hartmann, Smilinsky, Joachim, Clemm, Ewalde outros (3), a importancia da hemorrhagia occul-ta supera a da hyperchloridria, e em casos de can-cer gastrico, em que a frequencia das hemorrhagiasvae, segundo os autores acima, de 70 a 100%.

2) L. Bard - Precis des examens de Iaboratoire -1918.

3) Prol. I. Boas - Diagnose e terapie deIla maIattiedello stomaco. Seconda edizÍone italiana soIla quinta te-desca, tradotta daI Dott. Giuseppe Commessatti - 1909.

-10 -

Ainda no conteudo gastrico, outras opportuni-dades de applicaçãodos processos corantes se nosdeparam. Basta que lembremos as perdas sangui-neas gastricas determinadas, seja por estase portae, aqui, como observa C. Fraga, (4) especialmentenas cirrhoses anascit~cas; seja por estases venosasmais ou menos prolongadas, reportando-se a af-fecções cardiacas, hepaticas ou pulmonares; eainda pelas intensas pyrexias infecciosas, taes co-mo febre typhica, febre amarella, malaria, peste,etc.; quer por escorbuto, hemophilia, arterio-escle-rose, processo syphilitico, septicemias, colelithiase,gastrite, quer mesmo por certas affecções nervosas,como hysteria, tabes, etc.

Em rapida resenha diremos da pesquiza desangue nas fezes, não esquecendo que é aos me-thodos corantes que dão preferencia Schmidt, Gaul-tier, Roux, Fiessinger, Enriquez e outros.

Assim, sem falar das affecções gastricas jámencionadas, ella pode ser feita nos tumores, nasulcerações intestinaes, nos processos ulcerativos deorigem inflammatoria, infecciosa, toxica, e tantos'outros; nas embolias da arteria mesenterica; nacolite mucosa chronica; estases venosas das affec-ções cardiacas, cirrhose hepatica, varices, arterio-esclerose, etc.

Vem, a proposito, reprodu.zir o' conceito deSchmidt (5): "Nelle ulcerazioni intestinali e pure.frequente Ia perdita di sangue colle feci, speúial-mente si non si tien conto soltanto delle perditenotevoli di sangue riconoscibili ad occhio nudo(feci picee), ma anche delle cosidette emorragie---

4) Clementino Fraga - Notas e licções clinicas -1918.

5) Prol. A. Schmidt - Trattato delle malattie intesti-nali, traduzione deI dott. Giacommo FeIdmann - 1915.

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"I

occulte dimostrabili sontanto coi metodi chimici.Nothnagel giudica il 101'0valore diagnostico inquesto modo: "quando si ha sangue nelIe feci incasi nei quali si púo in genere pensare alIa possi-bilità di ulceri, esso sta con grande verosimiglianzaad indicare Ia presenza delIe ulceri stesse."

Causas secundarias como epistaxis, hemo 1'-rhagias buccaes, hemoptyses, cujo sangue possa serdeglutido, polypos do recto, hemorrhoidas, invagi-nação intestinal, verminose e outras podem tam-bem tQrnar positivo o resultado de uma pesquiza desangue no conteúdo gastrico ou nas fezes, con-vindo, pois, tel-as sempre em vista, evitando errosde diagnosticos.

A extrema frequencia dI:!-hematuria, derivandoquer de causas locaes, traumatismos, estado con-gestivo, inflammações, modificações devidas ale:..sões organicas, corpos extranhos, quer de causasgeraes, como, entre outras, a variola, o sarampo, afebre amarelIa, as ictericias graves, a escarlatina,a febre typhica, o escorbuto, a doença de Werlhof,a leucocythemia, doenças em que, com Guyon, (6)- a hematuria reveste uma significação prognosti-ca ~xtremamente grave - ou reportando-se a cau-sas parasitarias: filariose, bilharziose, estrongilose,etc., fornece ainda vasta opportunidade de appli-cação ás reacções de sangue occulto, o mesmo sedando, embora co~ menos frequencia, em relaçãoá hemoglobinuria nas suas varias origens. .

Os processos de que nos occupamos são se-cundari'amente extensivos ao escarro, aos liquidosde pleuris e ascite e ao liquido cephalo-rachiano,convindo lembrar, no tocante aos ultimos, que osangue que se introduz pela agulha, no acto de sua

6) F. Guyon - Maladies des voies urinaires - Tomepremie r - 1903.

.

- 12-

penetração, póde ser o bastante para dar urna re-acção positiva.

Na technica rigorosa de urna pesquiza desangue, urna serie de medidas, variaveis, em facede certas condições occasionaes, se impõe.

Em se tratando do conteúdo gastrico, na hypo-these de urna colheita em jejum, é de recommen-dar com Boas (7) cuidadosa lavagem destinada aafastar os residuos alimentares possivelmente con-tidos no estomago, entre os quaes poder-se-iamachar fragmentos de carne, aptos a darem, por simesmos, reacções positivas: após a lavagem po-der-se-á administrar ao paciente um repasto deprova, que não contenha hemoglobina alimentarnem substancias capazes de impedir as reacções,sendo empregado de p.referencia o de Ewald-Boas,assim constituido: um pequeno pão de 35 grammase duas taças de chá, substituiveis por 400 grammasd'agua: urna hora após, proceder-se-a á extracçãodo conteúdo gastrico por meio de sonda, operaçãoque requer a maxima cautéla, de modo a evitarerosões, que, determinando a penetração de sangueno estomago, desvirtuariam o resultado dapes-quiza.

Ha mesmo quem, com Agasse-Lafont (8) pre-fira, para o exame, um conteúdo gastrico vomitado,ao obtido por sondagem.

Relativamente ás fezes, a precaução inicialconsiste em submetter o paciente, durante tres dias,no minimo, ao regime lacteo absoluto, corno precei-tua Sergent (9) ou, o que é preferivel, á abstenção

7) Prof. I Boas - loco cito8) E. Agasse-Lafont - Les applications pratiques du

laboratoire a Ia clinique - 1915.

9) Dr. Emile Sergent - Technique clinique medicaleet semeiologie elt:mentaires - 1918.

- 13 --

rigorosa de hemoglobina alimentar, alimentos de-masiado gordurosos e substancias ricas em albu-mina que, conforme observação de Goiffon, (tO)por nós corroborada, entravam grandemente áiireacções nos extractos aceto-ethereos, suppondoGoiffon que o acido acetico, em se combinando áalbumina, não permitte a hematina pôr-se emcontacto com o ether, que a dissolveria.

Avultando entre as causas de erro substanciasmedicamentosas, é de utilidade não prescrevel-as,nem directamente, nem indirectamente, por meiode productos que nellas se transformem, em se eli-minando.

Como tem demonstrado a observação, nemsempre as perdas sanguineas, no curso das diversasentidades morbidas são continuas, predominando,por vezes, a forma intermittente. A proposito deulceração chronica e do cancer gastrico, Roux sa-lienta que um resultado negativo isolado não pódeservir de base a criterio algum, tornando-se entãonecessario repetir a pesquiza em dias consecutivos.

Taes são as precauções de ordem geral que senos afiguram indispensaveis ao bôm exito e de-vida interpretação de uma reacção de sangue oc-culto.

Outros cuidados particulares a cada reacçãoserão relatados quando da sua exposição.

10) M. R. Goijjon - La Presse Medicale - 1913.

II

gummario - Technica das reacçóes nos diversos meios.

Reacção de Heller

REACTIVü.- A reacção de Heller utilisa comoreactivo tão sómente uma lixivia de soda a 10%ou, na falta desta, uma de potassa á mesma con-centração.

Na urina. Verifique-se inicialmente a reacçãoda urina em exame, a acidez sendo indispensavel;na hypothese de alcalinidade ajuntem-se-Ihe, comoaconselha Mindes (11) ,algumas gottas de uma so-lução de chlorureto de baryo.

Colloquem-se num tubo de ensaio 9 centimetroscubicos do reactivo. Produz-se uwa coloração es-verdeada. Leva-se em seguida á ebulição, semagitar. . I

11) J. Mindes- Analisi dell'orina- 1914.

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- 16-

A reacção positiva traduzir-se-á pelo appareci-mento de um precipitado vermelho carregado, emminusculos flócos mais ou menos abundantes, de-positando-se lentamente no fundo do tubo.

Ville e Derrien (12) substituem a lixivia alca-lina por duas pastilhas de potassa, dispensando aebulição. Conforme verificamos, tal modificaçãoem nada affecta o valor da reacção.

No conteúdo gastrico. - A uma pequena quan-tidade do material suspeito previamente filtrado,accrescente-se egual quantidade de urina, verifi-cada normal, e addicionem-se-Ihe 5 a 10 gottas doreactivo.

Leve-se após o todo á ebulição. A leitura dareacção será feita como precedentemente.

Na hypothese do material suspeito já estarcolorido por substancias ingeridas, como observaBoas (13) difficultando, quiçá impossibilitandoa leitura da reacção, recolher-se-á por filtração oprecipitado obtido, dissolvendo-o após em acidoacetico, que lhe tomará a côr.

12) J. Ville et E. Derrien - loco cito13) Prof.,I. Boas - lococito

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Reacção de Van Deen

REACTIVOS. - O corpo acceptor empregado éa tintura de guayaco ou, como aconselha AddersPlimmer, uma solução de acido guayaconico, seuprincipal elemento.

Prepara-se a tintura de guayaco, seja comSchumm, addicionando a2 ou 3 centimetros cu-bicos de alcool a 90% uma pequena porção de ra-sura de guayaco ou de resina pulverisada, filtran-do, após uma ou duas horas, seja, o que preferimos,levando ao fogo por 2 ou 3 minutos, em balão con-stantemente agitado, uma mistura de 5 grammasde rasura de guayaco em 100 centimetros cubicosde alcool a 90%, submettendo-a em seguida á fil-tração.

Conforme Hoppe-Seyler, (14) a tintura de gua-yaco, guardada em frasco de tampa esmerilada eao abrigo da luz, conserva-se por algum tempo; épreferivel, entretanto, preparal-a na occasião.

14) Hoppe-Seyler - Thierfelder, Handbuch d. Chem.Analyse, achte Auflage - Berlin 1909.

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Os oxydantes inicialmente empregados forama essencia de therebentina ozonisada pela exposiçãodurante alguns dias ao ar e á luz, e o oleo de there-bentina ozonisado por longa exposição ao ar e áluz diurna diffusa, diluido após em quintuplaquantidade de oleo de therebentina commum.

Posteriormente foram-lhes propostas, em sub-stituição a agua oxygenada, que lhes, leva realvantagem utilizada na concentração optima de 12volumes e outras substancias, como as seguintes,cujo poder oxydante, verificamos ser inferior: rea-ctivo de Hühnerfeld, constituido por uma misturade 10 partes de chloroformio, 1 de acido acetico, e1 d'agua; essencias de limão, de eucalypto, de al-fazema e ether sulfurico methylado.

Ville e Mestrezat (15) propuzeram dar maiorpoder oxydante á essencia de therebentina arejada,pela activação da mesma, agitando-a com aguaoxygenada e submettendo-a em seguida a repetidaslavagens d'agua. No curso de nossas experienciasverificamos o augmento do ,poder oxydante da es-sencia, de therebentina activada, obtendo com ellaós mesmos indices 'de sensibilidade da agua oxy-genada; esta ultima, entretanto, deve ser o oxy-dante preferido, não só pela. maior facilidade deleitura dos resultados, como tambem por se encon-trar prompta para utilisação.

Na urina. - Duas technicas são de uso cor-rente: a primeira, classica, consiste no accrescimoem cópo de ensaio a 5 centimetros cubicos de urinapreviamente fervida, de reacção neutra ou fraca-mente acida, de 112centimetro cubico da tintura deguayaco e a seguir de 2 a 3 gottas d'agua oxy-

15) J. Ville et E. Derrien - loco cito

..

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- 19 -

genada; a segunda consiste em operar sobre umasolução etherea de hematina, assim obtida: a 10centimetros cubicos de urina accrescentar, , comoaconselha Brandeis, (16) 20 gottas de acido ace-tico glacial; após a necessaria agitação, addicionarao todo 8 ou 10 centimetros cubicos de ether sul-furico e agitar novamente; isto feito, decantar-se-ão 5 centimetros cubicos dó ether em questão. Noether decantado se praticará a reacção, accrescen-tando-se-Ihe successivamente Y2centimetro cubicoda tintura de guayaco e 2 a 3 gottas d'agua oxy-genada. .

Uma reacção positiva traduzir-se-á, em se em-pregando a primeira technica, por côr azul turque-sa, que se accentúa; em se tratando da segunda,por coloração violeta, ambas instaveis. A sua in-

. tensidade varia êom o grau de diluição sanguinea.Feita sobre o extracto aceto-ethereo, con-

forme constatamos, a reacção de Van Deen, comoqualquer de suas congeneres, em nada perde desensibilidade, fornecendo resultados muito maisexactos do que os da primeira technica.

No conteúdo gastrico. - Ainda aqui poder-se-á fazer a reacção, seja com Van Deen, directa-mente sobre o material suspeito, seja com Weber.sobre o soluto ethereo de hematina.

Na primeira hypothese, a 5 centimetros cubi-cos do material eD;lexame, junta-se 1 da tinturade guayaco e a seguir 5 ou 6 gottas d'agua oxy-genada. Após a devida agitação procede-se á lei-tura, como na urina.

A' technica precedente é de preferir-se a deWeber. Assim, a 10 centimetros cubicos do pro-

16) R. Brandeis - L'Urine normale et pathologique- 1914.

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- 20 -

dueto suspeito, diluidos em 3 ou 4 d'agua,comoaconselha Boas (17) em se tratando de conteudosennegrecidos ou em borra de café, precaução ex-tensivel ás reacções que seguem, accrescentem-se3 centímetros cubicos de acido acetíco glacial, eagite-se durante alguns minutos e junte-se aotodo 8 a 10 centimetros cubicos de ether sulfurico.

Obtída assim a solução etherea de hematina,realise-se sobre ella areacção, guardando as medi-das da technica de Van Deen.

Nas fezes. - Processo de Weber. - Tomem-se,do centro do bolo fecal 8 ou 10 grammas de fezese addicione-se-Ihes em copo de ensaio a quanti-dade d'agua estrictamente necessaria á sua lique-facção.

Obtida esta, segue-se a mistura a % de seu vo-lume de acido acetico glacial. Após um lapso detempo, nunca inferior a 10 minutos, derramem-secautelosamente, no fundo do copo, evitando-se aformação de emulsão, 8 centimetros cubicos deether sulfurico, que decantados serão agitados du-rante alguns instantes, com 4 ou 5 centímetros cu-bicos d'agua.

Transportados 2 ou 3 centímetros cubicos doether assim lavado a um tubo de ensaio, accrescen-tem-se-lhes 1 ou 2 centímetros cubicos da tinturade guayaco e 1/2centímetro cubico d'agua oxyge-nada.

Uma cor violeta, de intensidade yariavel, tar-dia nas grandes diluições, trahe a presença dosangue.

17) Prol. I. Boas - loco cito

JIIII

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Tal é a technica combinada de J. C. Roux (18)e de M. R. Goiffon (19) que, no decorrer de nossasexperimentações, verificamos ser a melhor, prefe-rivel até á de Schumm, (20) que consegue o ex-tracto aceto-ethereo, submettendo 4 grammas defezes liquidas ou liquefeitas a lavagens succes-sivas, com alcool-ether na proporção de 30 centi-metros cubicos para cada um, cessando as lavagensquando é levissimamente amãrellada a cor do li-quido filtrado; em seguida addicciona ao residuo4 centimetros cubicos de acido acetico, que é filtra-do e ajuntado ao duplo ou triplo do seu volume deether: finalmente, após 2 ou 3 lavagens na metadedo seu volume d'agua, estará o ether aproveitavelpara a reacção.

A prova de Van Deen é praticavel sobre papelde filtro, seguindo-se a technica de Zoeppe.ritz. Paraisto, feito o soluto ethereo de hematina, accrescente-se-lhe a tintura de guayaco, deixe-se cahir sobre opapel de filtro uma ou duas gottas de therebentinaozonisada e outras tantas da solução, de forma que,em se encontrando as duas manchas, constituam,no seu limite de separação uma raia azul, indiciode reacção positiva.

O papel de filtro utilisado deve ser previamenteexperimentado com acido acetico, de um lado,tintura de guayaco e therebentina do outro, poistaes substancias, como refere Roux, (21) são porsi sufficientes para azul ar certos papeis de filtro.

18) Mathieu & Roux - Pathologie gastro intestinale- Tome ler - 1913.

19) Prof. Giuliano Daddi - Manuale di ricerche cli-niche - 1910.

20) M. R. Goiffon - lococito21) Mathieu & Roux - lococito

..

Reacção de Schõnbein

E' uma modificação da prova de Van Deen.

REACTIVOS.- Os oxydantes usados são a there-bentina ozonisada e a aguaoxygenada a 12 vo-lumes, que agem sobre a tintura de guayaco. ComCarlson (22) recommendamos à substituição da.primeira pela segunda, accentuando entretanto quetal troca não é possivel, em se operando sobre so-luções ethereas de hematina, pois a agua oxyge-nada determina sua coloração uniforme, não seproduzindo o annel caracteristico da reacção.

Na urina. - Requer, como a reacção de VanDeen, fraca acidez ou neutralidade .e prévia ebuli-ção. Tomem-se 5 centimetros cubicos da urina emtaes condições, em cópo de ensaio e por outro ladojuntem-se em partes eguaes o oxydante e a tinturade guayaco (1 centimetro cubico de cada), mistu-rando-os convenientemente. Accrescente-se caute-

22) Hoppe-Seyler - lococito

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losamente o reactivo á urina, de modo a se sepa-rarem.

Se o oxydante empregado for a therebentinaozonisada formar-se-á, no limite das duas cama-das, um annel pardacento, que lentamente se tor-nará azul indigo.

Empregando-se como oxydante a agua oxy-genada produzir-se-á, quasi instantaneamente, umannel azul estavel e que se intensifica com o tempo.

Em se tratando do soluto ethereo de hematina,o unico oxydante a utilizar serà a therebentinaozonisada, que determinará o apparecimento deum annel violeta estavel.

No conteúdo gastrico. - A pesquiza directa,como a feita no extracto ethereo, não discorda datechnica acima.

Nas fezes. - Prompto o extracto aceto-ethereo,de accordo com as prescripções exaradas a pro-posito da reacção de Van Deen, procede-se de ac-cordo com as indicações supra.

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Reacção de Korczynski e Jaworski

REACTIVOS. - Constam de alguI}s centigram-mas de chlorato de potassio e de uma solução aquo-sa de ferrocyanureto de potassio a 10%.

Na urina. - Tomam-se numa capsula de por-cellana 2 ou 3 centimetros cubicos de sedimento da

urina, em exame cuja reacção acida deve ser veri-ficada previamente, accrescente-se-Ihe uma pitadade chIo rato de potassio e em seguida, 2 ou 3 gottasde acido chlorydrico concentrado. Aqueça-se o to-do a chamma fraca até o desprendimento total dechloro, feito o que, aj untem-se-Ihe 2 ou 3 gottas deferrocyanureto de potassio.

Uma coloração azul da Prussia, produzindo-se immediatamente ao contacto do ferrocyanuretocom a urina, indica a presença do sangue namesma.

No conteÚdo gastrico. - A technica a seguiré em tudo identica á precedente, devendo-se, em seexaminando conteúdos gastricos escuros, accres-centar-Ihes tantas gottas 'de acido chlorydricoquantas forem necessarias ao seu aclaramento.

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Reacção de Rossel

REACTIVOS.- A formula de Rossel

Aloina . . . . . .Alcool a 90%

2 ou 3 grammas100 "

permanece, como o reactivo de escolha, superior áde Schaer

Aloina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 ou 3 grammasSol. aquosa de hydrato de chlo-

ral a 75% """"""" 100 "

que alem de pouco sensivel, entrava muito a leiturados resultados, pelo tom levemente avermelhadoque tem.

O soluto de Rossel, de cor amarello carregado,deve ser preparado na occasião, dada a rapidez comque se altera. O oxydante a empregar é a aguaoxygenada a 12 volumes.

Na urina. - 10 centimetros cubicos da urinaem analyse serão acidulados com 20 gottas deacido acetico glacial. Após tel-os agitado intensa-

l

.

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mente por alguns minutos, ajuntem-se-Ihes 8 ou 10centimetros cubicos deether sulfurico que, pelaagitação, dissolverão a hematina porventura exis-tente na urina em exame; sobre tal ether, devida-mente decantado, leve-se a effeito a reacção.

Para isto, em tubo de ensaio tomem-se-Ihe 5centimetros cubicos, juntando-se a estes 1 centi-metro cubico da solução de aloina e 5 gottas d'a-gua oxygenada. Agitado o tubo por alguns instan-tes, em havendo sangue, uma bella coloração ver-melha estavel não tardará a produzir-se.

Tal é a technica que reputamos melhor: outrasha menos recommendaveis, como a de agir directa-mente sobre a urina, a de Mindes (23) que - a 10centimetros cubicos de urina addicciona algunscentímetros cubicos de peroxydo de hydrogenio a3% e mais um pouco de aloina em pó, agitando eaquecendo após, por breve tempo. .

Alguns autores effectuam a reacção de Rosselcom papel de aloina, que nada mais é que papelde filtro embebido, por alguns instantes, no solutoalcoolico de aloina. Para utilisar tal papel deve-semergulhal-o na urina, retiral-o e sobre elle deitaralgumas gottas d'agua oxygenada. Embora taltechnica não affecte a sensibilidade da reacção,convem saber que certos papeis de aloina, ao sim-ples contacto com o oxydante, colorem-se no ver-melho caradteristico de reacção positiva.

No conteúdo gastrico. - Preparado o extractoacetho-ethereo do conteúdo suspeito, tomem-se-Ihe5 centimetros cubicos e accrescentem-se a essa

parte d'elle 2 do reactivo e 1 do oxydante.

23) J. Mindes -loco cito

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III

I

IIr

Nas fezes. - Obtida a solução etherea de he-matina pela technica Roux-Goiffon, descripta aproposito da reacção de Van Deen, deverão ser ac-crescentados, a 5 centimetros cubicos da mesma,2 da tintura de aloina e 1 da agua oxygenada.