28

© 2017, Goethe-Institut Portugal e Edições tinta-da-china · Alberto de Lacerda Das Monster 137 António Gedeão Anti-Anne Frank 139 Ruy Belo Der Tod zu Mittag 141 ... Bertolt

  • Upload
    vanminh

  • View
    227

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

© 2017, Goethe-Institut Portugal e Edições tinta-da-china

Edições tinta-da-china

Rua Francisco Ferrer, 6-A

1500-461 Lisboa

Email: [email protected]

www.tintadachina.pt

Título | Titel

Às Vezes São Precisas Rimas Destas —

Poesia Política Portuguesa e de Expressão Alemã (1914-2014)

Manchmal braucht man solche Reime —

Politische Poesie in Portugal und im deutschsprachigen Raum (1914-2014)

Autores | Autoren

José Afonso, Manuel Alegre, Fernando Pinto do Amaral, Eugénio de Andrade,

Sophia de Mello Breyner Andresen, João Apolinário, Ingeborg Bachmann,

Franz Richard Behrens, Ruy Belo, Gottfried Benn, José Bento, Wolf Biermann,

Ilse Blumenthal-Weiss, Jorge de Sousa Braga, Fiama Hasse Pais Brandão,

Volker Braun, Bertolt Brecht, Hermann Broch, Werner Bukofzer, Papiniano Carlos,

Armando Silva Carvalho, Paul Celan, Natália Correia, Gastão Cruz, José Cutileiro,

Heinz Czechowski, Daniela Danz, Friedrich Christian Delius, Mário Dionísio,

Hilde Domin, Kurt Drawert, Günter Eich, Adolf Endler, Hans Magnus Enzensberger,

António José Fernandes, José Gomes Ferreira, Reinaldo Ferreira, Lion Feuchtwanger,

Daniel Filipe, António José Forte, Erich Fried, António Gedeão, Egito Gonçalves,

Günter Grass, Durs Grünbein, Manuel Gusmão, Ana Hatherly, Georg Heym,

Arno Holz, Peter Huchel, Luiza Neto Jorge, Marie Luise Kaschnitz, Erich Kästner,

Irmgard Keun, Tomaz Kim, Sarah Kirsch, Wilhelm Klemm, Barbara Köhler,

Uwe Kolbe, Karl Kraus, Alberto de Lacerda, Gomes Leal, Mário-Henrique Leiria,

Luís Veiga Leitão, Alfred Lichtenstein, Ilse Losa, Jorge Gomes Miranda,

Adolfo Casais Monteiro, Walter Mossmann, Vasco Graça Moura,

David Mourão-Ferreira, Heiner Müller, António Rebordão Navarro,

José de Almada Negreiros, Günter Neumann, Carlos de Oliveira, Alexandre O’Neill,

Fernando Assis Pacheco, Cristovam Pavia, Fernando Pessoa, António Ramos Rosa,

Nelly Sachs, José Carlos Ary dos Santos, José Saramago, Kurt Schwitters,

Jorge de Sena, José Miguel Silva, João Rui de Sousa, August Stramm, Miguel Torga,

Georg Trakl, Kurt Tucholsky, Mário Cesariny de Vasconcelos

Selecção de poemas | Auswahl der Gedichte

Joachim Sartorius, Fernando J. B. Martinho, João Barrento, Helena Topa

Coordenação | Koordination

Gabi Ellmer, Helena Topa

Prefácios | Vorworte

Joachim Sartorius, Fernando J. B. Martinho

Textos introdutórios | Einführungstexte

Fernando J. B. Martinho

Tradução | Übersetzung

Aires Graça [AG], Almeida Faria [AF], Barbara Leß-Correia Mesquita [BM],

Gabriela Fragoso [GF], Helena Topa [HT], Ilse Pollack [IP], Inés Koebel [IK],

João Barrento [JB], Markus Sahr [MS], Niki Graça [NG], Odile Kennel [OK],

Paulo Quintela [PQ], Vera San Payo de Lemos [VSPL], Yvette Centeno [YC]

Revisão | Lektorat

Jan Kuhlbrodt

Edições tinta-da-china

Composição e capa | Layout und Umschlag

Edições tinta-da-china (Pedro Serpa), a partir de detalhe de

On the Way to the Trenches, de Christopher R. W. Nevinson.

1.ª edição: Setembro de 2017

isbn: 978-989-671-391-1

depósito legal: 430277/17

Danksagung 12

Anmerkung des Herausgebers 14

Joachim Sartorius Aus Resten Poesie 18

Fernando J. B. Martinho Einführung 29

Georg Heym Der Krieg I 44

Wilhelm Klemm Schnee 48

Wilhelm Klemm An der Front 50

Wilhelm Klemm Vormarsch 52

Wilhelm Klemm Schlacht an der Marne 54

Wilhelm Klemm Schlachtenhimmel 56

Alfred Lichtenstein Die Schlacht bei Saarburg 58

Alfred Lichtenstein Abschied 60

Franz Richard Behrens Ostpreußischer

Kinderreim 1915 62

Franz Richard Behrens Bombenwurf 64

August Stramm Patrouille 66

Georg Trakl Im Osten 68

Georg Trakl Grodek 70

Gomes Leal Das Monster will Blut 73

Fernando Pessoa Plünderung der Stadt 75

Arno Holz Noch eins! 80

Kurt Tucholsky Achtundvierzig 1919 84

Paul Celan Du liegst im großen Gelausche 88

Manuel Alegre Berlin: Der Fluss und Rosa 91

Durs Grünbein Novembertage / 1923 92

Kurt Tucholsky Zehn Jahre deutsche

»Revolution« 1928 94

Erich Kästner Kennst du das Land, wo die

Kanonen blühn? 96

Bertolt Brecht Lob des Revolutionärs 100

Bertolt Brecht Lob des Kommunismus 102

José de Almada Negreiros Pamphlet über

die Gesellschaft 105

Hermann Broch Stimmen 1933 112

Karl Kraus Man frage nicht 116

Bertolt Brecht Über die Bedeutung des

zehnzeiligen Gedichtes in der 888. Ausgabe

der Fackel 118

Kurt Schwitters Eisenbahn 122

Fernando Pessoa Antonio de Oliveira Salazar 125

Fernando Pessoa Dieser Senhor Salazar 127

Bertolt Brecht Der Kälbermarsch 128

Bertolt Brecht Das Lied vom Anstreicher Hitler 130

José Gomes Ferreira Sterben wirst du!… Sterben

wirst du!… 133

Alberto de Lacerda Das Monster 137

António Gedeão Anti-Anne Frank 139

Ruy Belo Der Tod zu Mittag 141

Luís Veiga Leitão Für ein Fahrrad, gezeichnet

in der Zelle 145

Mário Dionísio Porträt in Vorderansicht und Profil 147

David Mourão-Ferreira Verlassenheit oder

Fado Peniche 151

Jorge de Sena „Wer sie hat…“ 153

Jorge de Sena Brief an meine Kinder über Goyas

Erschießung der Aufständischen 155

Ana Hatherly Diese Leute / Jene Leute 161

José Carlos Ary dos Santos Das Messer 163

João Rui de Sousa Dir, Hoffnung 165

Agradecimentos 13

Nota do editor 15

Joachim Sartorius De restos de poesia 19

Fernando J. B. Martinho Apresentação 28

Georg Heym A guerra I 45

Wilhelm Klemm Neve 49

Wilhelm Klemm Na frente de batalha 51

Wilhelm Klemm Ofensiva 53

Wilhelm Klemm A Batalha do Marne 55

Wilhelm Klemm O céu da batalha 57

Alfred Lichtenstein A Batalha de Saarburg 59

Alfred Lichtenstein Despedida 61

Franz Richard Behrens Rima infantil,

Prússia Oriental, 1915 63

Franz Richard Behrens Bombardeio 65

August Stramm Patrulha 67

Georg Trakl No leste 69

Georg Trakl Grodek 71

Gomes Leal O monstro quer sangue 72

Fernando Pessoa Saque da cidade 74

Arno Holz Mais uma coisa! 81

Kurt Tucholsky Quarenta e oito 1919 85

Paul Celan Estás deitado na amplidão da escuta 89

Manuel Alegre Berlim: rio e Rosa 90

Durs Grünbein Os dias de Novembro / 1923 93

Kurt Tucholsky Dez anos de «revolução»

alemã 1928 95

Erich Kästner Conheces o país onde

os canhões florescem? 1928 97

Bertolt Brecht Louvor do revolucionário 101

Bertolt Brecht Elogio do comunismo 103

José de Almada Negreiros Panfleto social 104

Hermann Broch Vozes 1933 113

Karl Kraus Não me perguntem o que até

agora andei a fazer eu 117

Bertolt Brecht Sobre o significado do poema

de dez versos publicado no n.o 888

da revista Die Fackel (Outubro de 1993) 119

Kurt Schwitters Caminho-de-ferro 123

Fernando Pessoa Antonio de Oliveira Salazar 124

Fernando Pessoa Este senhor Salazar 126

Bertolt Brecht A marcha dos bezerros 129

Bertolt Brecht A canção do Hitler pinta-paredes 131

José Gomes Ferreira Tu vais morrer!…

Tu vais morrer!… 132

Alberto de Lacerda O monstro 136

António Gedeão Anti-Anne Frank 138

Ruy Belo Morte ao meio-dia 140

Luís Veiga Leitão A uma bicicleta

desenhada na cela 144

Mário Dionísio Retrato de frente e de perfil 146

David Mourão-Ferreira Abandono ou fado Peniche 150

Jorge de Sena «Quem a tem…» 152

Jorge de Sena Carta a meus filhos sobre os

fuzilamentos de Goya 154

Ana Hatherly Esta gente / essa gente 160

José Carlos Ary dos Santos A faca 162

João Rui de Sousa A ti, esperança 164

INHALT ÍNDICE

António José Forte Noch nicht 169

Natália Correia Gesang des emporgestiegenen

Landes 171

Eugénio de Andrade Die verbotenen Wörter 175

António Ramos Rosa Telegramm ohne besondere

Klassifikation 177

Paul Celan Schibboleth 184

Reinaldo Ferreira Die an den Toren Madrids starb 189

Carlos de Oliveira Beschreibung des Kriegs in

Guernica 191

Ilse Losa 1. September 1939 203

Peter Huchel Deutschland 206

Heinz Czechowski Frieden 208

Adolfo Casais Monteiro Europa (1946) 211

Tomaz Kim Vor den Schüssen, dem Schrecken, dem

Sterben 215

Marie Luise Kaschnitz Hiroshima 216

António José Fernandes Das Frühlingsexperiment 219

António Rebordão Navarro Gedicht über Aikichi

Kuboyama 221

José Bento Hier das erste Modell einer neuen,

von uns gebauten Maschine 223

Bertolt Brecht Zum Freitod des Flüchtlings W. B. 232

Manuel Gusmão Port-Bou, 26.-27. September 1940 235

Nelly Sachs In der Flucht 242

Irmgard Keun Abendstimmung in Scheveningen 244

Hilde Domin Mit leichtem Gepäck 246

Bertolt Brecht Über die Bezeichnung Emigranten 248

Bertolt Brecht Nur was sie zu ihrem Unterhalt

brauchen 250

Miguel Torga Dies Iræ 255

Sophia de Mello Breyner Andresen Weil 257

Egito Gonçalves Nachrichten von der Blockade 259

Fernando Assis Pacheco Hier 263

Fernando Assis Pacheco Der Rentner von Caxias 265

Alexandre O‘Neill Das wenig originelle Gedicht

von der Angst 267

José Cutileiro Die Ängste 273

Cristovam Pavia Litanei der Rua dos Fanqueiros 275

Mário Cesariny de Vasconcelos Kaffeehaus 277

José Saramago Lieber schweigen 279

José Saramago Psalm 136 281

Papiniano Carlos Lass unbekümmert uns gehen 283

João Apolinário Es sollen alle unbedingt wissen 285

José Afonso Vampire 287

Paul Celan Todesfuge 294

Paul Celan Es war Erde in ihnen 298

Ilse Blumenthal-Weiss Konzentrations lager-

Landschaft 300

Lion Feuchtwanger Gesang der Toten 304

Mário-Henrique Leiria Dachau 307

Egito Gonçalves Schweigeminute in Buchenwald 309

Günter Eich Inventur 316

Werner Bukofzer Sommerkorso 1945 320

Ingeborg Bachmann Alle Tage 322

Günter Eich Geometrischer Ort 324

António José Forte Ainda não 168

Natália Correia Cântico do país emerso 170

Eugénio de Andrade As palavras interditas 174

António Ramos Rosa Telegrama sem

classificação especial 176

Paul Celan Schibboleth 185

Reinaldo Ferreira A que morreu às

portas de Madrid 188

Carlos de Oliveira Descrição da

guerra em Guernica 190

Ilse Losa 1 de Setembro 1939 202

Peter Huchel Alemanha 1939 207

Heinz Czechowski Paz 209

Adolfo Casais Monteiro Europa (1946) 210

Tomaz Kim Antes da metralha e

do medo e da morte… 214

Marie Luise Kaschnitz Hiroxima 217

António José Fernandes A experiência

da Primavera 218

António Rebordão Navarro Poema de Aikichi

Kuboyama 220

José Bento Eis o primeiro modelo

de uma nova máquina 222

Bertolt Brecht Na morte livre do fugitivo W. B. 233

Manuel Gusmão Port-Bou, 26-27 de

Setembro de 1940 234

Nelly Sachs Na fuga 243

Irmgard Keun Nocturno em Scheveningen 245

Hilde Domin Com bagagem leve 247

Bertolt Brecht Sobre a designação de emigrantes 249

Bertolt Brecht Só o que precisam

para seu sustento 251

Miguel Torga Dies Iræ 254

Sophia de Mello Breyner Andresen Porque 256

Egito Gonçalves Notícias do bloqueio 258

Fernando Assis Pacheco Aqui 262

Fernando Assis Pacheco O pensionista de Caxias 264

Alexandre O’Neill O poema pouco original

do medo 266

José Cutileiro Os medos 272

Cristovam Pavia Litania da Rua dos Fanqueiros 274

Mário Cesariny de Vasconcelos Pastelaria 276

José Saramago Antes calados 278

José Saramago Salmo 136 280

Papiniano Carlos Caminhemos serenos 282

João Apolinário É preciso avisar toda a gente 284

José Afonso Vampiros 286

Paul Celan Fuga da morte 295

Paul Celan Havia terra neles 299

Ilse Blumenthal-Weiss Paisagem de campo de

concentração 301

Lion Feuchtwanger Cântico dos mortos 305

Mário-Henrique Leiria Dachau 306

Egito Gonçalves Minuto de silêncio

em Buchenwald 308

Hans Magnus Enzensberger Früher 328

Hans Magnus Enzensberger Stadtrundfahrt 332

Hans Magnus Enzensberger landessprache 336

Günter Neumann Lied vom Wirtschaftswunder 348

Gottfried Benn Außenminister 352

Günter Eich Wacht auf, denn eure Träume sind

schlecht! 356

Wolf Biermann Ermutigung 360

Manuel Alegre Nambuangongo, mon amour 367

Fernando Assis Pacheco Die Garrotte 369

Fiama Hasse Pais Brandão Neue Schiffe 373

Luiza Neto Jorge Apokryphe Ballade 375

Gastão Cruz Was werd ich tun im Herbst, wenn die

Vögel brennen 377

Daniel Filipe Vaterland, Ort des Exils 379

Sophia de Mello Breyner Andresen 25. April 387

Armando Silva Carvalho Politik und Poesie 389

José Carlos Ary dos Santos April hat die Türen

aufgemacht 395

Uwe Kolbe Berlin 398

Durs Grünbein Novembertage I. 1989 402

Heiner Müller Leichter Regen auf leichtem Staub 404

Heiner Müller BESUCH BEIM ÄLTEREN

STAATSMANN 406

Heiner Müller SELBSTKRITIK 2 ZERBROCHENER

SCHLÜSSEL 410

Barbara Köhler Rondeau Allemagne 412

Volker Braun Das Eigentum 414

Sarah Kirsch Ich wollte meinen König töten 416

Kurt Drawert Mit Heine 418

Paul Celan Einem Bruder in Asien 424

Erich Fried Was alles heißt 426

Friedrich Christian Delius Ein Foto 430

Adolf Endler Santiago 434

Heiner Müller Epitaph Guevara 436

Günter Grass In Ohnmacht gefallen 438

Daniela Danz Gobelin 440

Sarah Kirsch Ende des Jahres 444

Vasco Graça Moura beslan. lied der toten kinder 447

Vasco Graca Moura kampfgedicht 451

Jorge Gomes Miranda Beschreibung des Kriegs

in Bagdad 453

Walter Mossmann Ballade von Seveso 462

Friedrich Christian Delius Geschichte vom

Rheinfisch 468

Sarah Kirsch Waldstück 470

Jorge de Sousa Braga Portugal 473

Fernando Pinto do Amaral Zeitgeist 477

Manuel Alegre Rettungsprogramm 481

José Miguel Silva Der Herr Generaldirektor spricht 483

Biografische Notizen 487

Quellen- und Urheberrechtshinweise 519

Günter Eich Inventário 317

Werner Bukofzer Corso estival de 1945 321

Ingeborg Bachmann Todos os dias 323

Günter Eich Lugar geométrico 325

Hans Magnus Enzensberger Dantes 329

Hans Magnus Enzensberger Passeio turístico 333

Hans Magnus Enzensberger fala nacional 337

Günter Neumann Canção do milagre económico 349

Gottfried Benn Ministro dos Negócios Estrangeiros 353

Günter Eich Acordem, que os vossos sonhos

são maus! 357

Wolf Biermann Ânimo 361

Manuel Alegre Nambuangongo, meu amor 366

Fernando Assis Pacheco O garrote 368

Fiama Hasse Pais Brandão Barcas novas 372

Luiza Neto Jorge Balada apócrifa 374

Gastão Cruz Que farei no outono quando ardem 376

Daniel Filipe Pátria, lugar de exílio 378

Sophia de Mello Breyner Andresen 25 de Abril 386

Armando Silva Carvalho Política e poesia 388

José Carlos Ary dos Santos As portas que

Abril abriu 394

Uwe Kolbe Berlim 399

Durs Grünbein Dias de Novembro I. 1989 403

Heiner Müller Chuva leve sobre leve poeira 405

Heiner Müller VISITA AO VELHO ESTADISTA 407

Heiner Müller AUTOCRÍTICA 2

CHAVE QUEBRADA 411

Barbara Köhler Rondeau Allemagne 413

Volker Braun O que é nosso 415

Sarah Kirsch Eu quis matar o meu rei 417

Kurt Drawert Com Heine 419

Paul Celan A um irmão na Ásia 425

Erich Fried O que as coisas significam 427

Friedrich Christian Delius Uma foto 431

Adolf Endler Santiago 435

Heiner Müller Epitáfio Guevara 437

Günter Grass Queda na impotência 439

Daniela Danz Gobelin 441

Sarah Kirsch Fim do ano 445

Vasco Graça Moura beslan. canção das

crianças mortas 446

Vasco Graça Moura poema de combate 450

Jorge Gomes Miranda Descrição da guerra

em Bagdad 452

Walter Mossmann Balada de Seveso 463

Friedrich Christian Delius História do peixe

do Reno 469

Sarah Kirsch Área florestal 471

Jorge de Sousa Braga Portugal 472

Fernando Pinto do Amaral Zeitgeist 476

Manuel Alegre Resgate 480

José Miguel Silva Fala o director-geral 482

Notas biográficas 487

Bibliografia, fontes e direitos de autor 519

Die Herausgabe eines Buches mit deutsch- und portugiesischsprachigen Gedichten Dutzender Autoren im Original und in Übersetzung erfordert den Einsatz und die Zusammenarbeit verschiedener Institutionen und Personen, denen wir an dieser Stelle unseren Dank aussprechen möchten:

§ Der Leiterin des Goethe-Instituts Portugal, Claudia Hahn-Raabe.

§ Joachim Sartorius, João Barrento, Fernando J. B. Martinho und Helena Topa für die Auswahl der Gedichte der Anthologie.

§ APEG — Associação Portuguesa de Estudos Germanísticos, insbesondere Ana Margarida Abrantes und Gerald Bär.

§ Botschaft von Portugal in Berlin, in Person von Ana Patrícia Severino.

§ Allen Autoren, welche der Aufnahme ihrer Gedichte in die Anthologie großzügig zugestimmt haben:

Alberto de Lacerda (Angehörige), António Ramos Rosa (Angehörige), Armando Silva Carvalho, Egito Gonçalves (Angehörige) Fernando Pinto do Amaral, João Rui de Sousa, Jorge de Sousa Braga, José Bento, José Gomes

Ferreira (Angehörige), José Miguel Silva, José Saramago (Angehörige), Luís Veiga Leitão (Angehörige), Manuel Alegre, Manuel Gusmão, Mário Cesariny de Vasconcelos (Manuel Rosa), Mário Dionísio (Angehörige), Ruy Belo (Angehörige), Vasco Graça Moura (Angehörige).

§ Den Übersetzerinnen und Übersetzern Aires Graça, Almeida Faria, Barbara Leß-Correia Mesquita, Gabriela Fragoso, Helena Topa, Ilse Pollack, Inés Koebel, João Barrento, Markus Sahr, Niki Graça, Odile Kennel, Paulo Quintela, Vera San Payo de Lemos, Yvette Centeno.

§ Den Lektoren Jan Kuhlbrodt und Madalena Alfaia.

§ Fernando Rosas und Steffen Dix für ihren wertvollen Rat bei der historischen und literarischen Kontextualisierung der Gedichte.

§ Rosa Maria Martelo und Bruno Monteiro für ihre freundliche Unterstützung bei der Auswahl der portugiesischen Gedichte.

§ António Sousa Ribeiro für die freundliche Genehmigung der Veröffentlichung der Übersetzungen von Paulo Quintela.

A tarefa de editar um livro que reúne a poesia de dezenas de autores, de língua alemã e portugueses, cujos textos se publicam no original e em tradução, implicou congregar o trabalho e o esforço de várias instituições e pessoas, a quem gostaríamos de exprimir o nosso reconhecimento.

§ À directora do Goethe-Institut Portugal, Claudia Hahn-Raabe.

§ A Joachim Sartorius, João Barrento, Fernando J. B. Martinho e Helena Topa, pela selecção dos poemas que compõem esta antologia.

§ À APEG — Associação Portuguesa de Estudos Germanísticos, em particular a Ana Margarida Abrantes e Gerald Bär.

§ À Embaixada de Portugal em Berlim, na pessoa de Ana Patrícia Severino.

§ Aos autores que acederam a que os seus poemas figurassem graciosamente nesta antologia: Alberto de Lacerda (familiares), António Ramos Rosa (familiares), Armando Silva Carvalho, Egito Gonçalves (familiares) Fernando Pinto do Amaral, João Rui de Sousa, Jorge de Sousa Braga,

José Bento, José Gomes Ferreira (familiares), José Miguel Silva, José Saramago (familiares), Luís Veiga Leitão (familiares), Manuel Alegre, Manuel Gusmão, Mário Cesariny de Vasconcelos (Manuel Rosa), Mário Dionísio (familiares), Ruy Belo (familiares), Vasco Graça Moura (familiares).

§ Aos tradutores Aires Graça, Almeida Faria, Barbara Leß-Correia Mesquita, Gabriela Fragoso, Helena Topa, Ilse Pollack, Inés Koebel, João Barrento, Markus Sahr, Niki Graça, Odile Kennel, Paulo Quintela, Vera San Payo de Lemos, Yvette Centeno.

§ Aos revisores Jan Kuhlbrodt e Madalena Alfaia.

§ Aos consultores Fernando Rosas e Steffen Dix, pelo apoio inestimável no enquadramento histórico e literário dos poemas no contexto do século xx.

§ A Rosa Maria Martelo e a Bruno Monteiro, pela amável colaboração na selecção de poemas portugueses.

§ A António Sousa Ribeiro, que autorizou gentilmente a publicação de traduções de Paulo Quintela.

DANKSAGUNG AGRADECIMENTOS

12 13

Ausgangspunkt des vorliegenden Buches ist die von Joachim Sartorius im Jahr 2014 herausgegebene Anthologie Niemals eine Atempause. Handbuch der politischen Poesie im 20. Jahrhundert. Aus ihr stammen alle ursprünglich in deutscher Sprache verfassten Texte, ergänzt um einige weitere, deren poetische und politische Relevanz wir den portugiesischen Lesern nicht vorenthalten möchten.

Die Auswahl der portugiesischen Gedichte erfolgte nach rein subjektiven Kriterien, jedoch unter Berücksichtigung der deutschsprachigen Gedichte, zu denen vielfältige Verbindungen bestehen.

Die Orthografie der Gedichte folgt immer der Orthografie des Originals. In den übrigen portugiesischen Texten findet die vor dem Übereinkommen zur Orthografie von 1990 geltende Rechtschreibung Anwendung; in den deutschen die derzeit geltende Rechtschreibung.

Die übersetzten Texte sind mit den Initialen des jeweiligen Übersetzers versehen:

AG — Aires GraçaAF — Almeida FariaBM — Barbara Leß-Correia MesquitaGF — Gabriela FragosoHT — Helena TopaIP — Ilse PollackIK — Inés KoebelJB — João BarrentoMS — Markus SahrNG — Niki GraçaOK — Odile KennelPQ — Paulo QuintelaVSPL — Vera San Payo de LemosYC — Yvette Centeno

Die Originaltexte befinden sich auf den geraden, die Übersetzungen auf den ungeraden Seiten.

O presente livro teve como ponto de partida a antologia de Joachim Sartorius Niemals eine Atempause. Handbuch der politischen Poesie im 20. Jahrhundert, publicada em 2014. Provêm dessa antologia todos os textos escritos originalmente em alemão, acrescidos de mais alguns cuja relevância poética e política nos pareceu importante trazer aos leitores portugueses.

A selecção dos poemas portugueses seguiu um critério pessoal, tendo em conta, no entanto, os poemas em língua alemã com os quais existem claras correspondências.

A ortografia dos poemas segue sempre a dos originais. A dos restantes textos segue, no caso dos portugueses, a norma ortográfica anterior ao Acordo Ortográfico, e, no caso alemão, a actual ortografia.

Os tradutores são indicados, junto aos respectivos textos, através das siglas:

AG — Aires GraçaAF — Almeida FariaBM — Barbara Leß-Correia MesquitaGF — Gabriela FragosoHT — Helena TopaIP — Ilse PollackIK — Inés KoebelJB — João BarrentoMS — Markus SahrNG — Niki GraçaOK — Odile KennelPQ — Paulo QuintelaVSPL — Vera San Payo de LemosYC — Yvette Centeno

Os originais encontram-se sempre nas páginas pares, as traduções, nas páginas ímpares.

ANMERKUNG DES HERAUSGEBERS NOTA DO EDITOR

14 15

Joachim Sartorius

DE RESTOS DE POESIA

I. Poesia e poder

Em todos os tempos houve escritores políticos, sempre houve poesia politicamente empenhada. Mas no século xx um grande número de autores vinculou-se a uma ou outra ideologia: Arthur Koestler, Ernst Jünger, André Malraux, Jean-Paul Sartre, Ezra Pound, para citar apenas alguns, poucos. Contudo, em retrospectiva, parece que este século assu-miu uma feição tal que obrigou os intelectuais, os artistas e os escritores a tomarem partido. E os poetas? Estes movem-se num campo de forças muito particular. Por definição, o poeta é o solitário, é aquele se se reco-lhe, que mergulha na contemplação. Quando não agarra nos problemas do seu tempo, a sua obra parece inútil, como que desqualificada. Por outro lado, a poesia que pratica a solidariedade e se empenha no colec-tivo é muitas vezes oca, comprometida com o espírito da época, sem durabilidade. Contudo, há um corpus considerável de poemas que são «políticos» e que, portanto, reflectem as grandes lutas e os conflitos do século xx, sendo, ao mesmo tempo, bons poemas.

A partir desses poemas, é possível revisitar as catástrofes, as revol-tas, mas também as mudanças deste último século. Ao fazer a selecção de poemas alemães para esta antologia procurei, em última análise, encontrar textos que escrevessem e reflectissem a história política, mas sob a forma inconfundível do poema. A ideia que tinha em mente era uma versão diferente, menos comum, do livro de história: um livro de história escrito através de poemas. Portanto, uma colectânea de reacções às rupturas e revoluções do século xx através dos meios da poesia, com as suas metáforas, as suas mensagens secretas e com a arte da agitação que lhe é própria.

A maior parte das vezes, a história é reescrita pelos vencedores. Não só venceram o combate, mas decidem também a seu favor o

Joachim Sartorius

AUS RESTEN POESIE

I. Poesie und Macht

Zu allen Zeiten gab es politische Schriftsteller, gab es engagierte Lite-ratur. Aber im 20. Jahrhundert sind die Autoren, die sich der einen oder anderen Ideologie verschrieben haben, Legion: Arthur Koestler, Ernst Jünger, André Malraux, Jean-Paul Sartre, Ezra Pound, um nur einige wenige zu nennen. Es scheint im Rückblick, gerade dieses Jahrhundert war so beschaffen, dass die Intellektuellen, die Künstler, die Schriftsteller Partei ergreifen mussten. Und die Dichter? Sie bewe-gen sich in einem besonderen Spannungsfeld. Per definitionem ist der Dichter ein Einsamer, auf dem Rückzug, in Betrachtung versunken. Wenn er die Probleme der Epoche nicht aufgreift, scheint sein Werk ohne Nutzen, wie disqualifiziert. Auf der anderen Seite ist die Poesie, die Solidarität übt und sich dem Kollektiven verschreibt, oft hohl, dem Zeitgeist verpflichtet, ohne Dauer. Gleichwohl gibt es einen beacht-lichen Corpus von Gedichten, die „politisch“ sind, also die großen Kämpfe und Auseinandersetzungen des 20. Jahrhunderts widerspie-geln und zugleich gute Gedichte sind.

Es lassen sich an solchen Gedichten die Katastrophen, die Verwer-fungen, aber auch die Aufbrüche des letzten Säkulum nachzeichnen. Bei der Auswahl der deutschen Gedichte in dieser Anthologie ging mir letztlich um Texte, die politische Geschichte schreiben bzw. reflektie-ren, aber in der ganz eigenen unverwechselbaren Weise des Gedichts. Was mir vorschwebte, war eine eine andere, eine ungewöhnliche Spielart des Geschichtsbuchs: Ein Geschichtsbuch, geschrieben von Gedichten. Eine Sammlung also von Reaktionen auf die Zäsuren und Umbrüche des 20. Jahrhunderts mit den Mitteln des Gedichts, mit seinen Metaphern, seinen Kassibern und mit der ihm eigenen Erre-gungskunst.

18 19

ht

combate pela memória. Os poetas não são vencedores. Não reescre-vem. Talvez o poema seja a única «mercadoria» do mundo que menos tem a ver com poder. Ou, como dizia a crítica literária alemã Ijoma Mangold: «Aquilo que se pode imaginar de mais contrário ao poder é o poema. No melhor dos casos, a poesia é a verdade impotente, da qual a política se esquiva.»

II. Definições

Há um número incontável de poemas políticos, um mar deles. Se defendermos a tese de que todo o poema, mesmo o bucólico, tem rele-vância social — quase pela negativa —, então estaremos diante de um oceano de poemas «políticos». Por isso, ao pensar a selecção e compi-lação dos poemas desta antologia, a definição de duas questões assu-miu uma importância decisiva: O que é um poema político? E quando é que um poema político é um bom poema, um poema conseguido?Para mim, um poema é político quando tem um tema político, por-tanto quando o ponto de partida para escrever o poema é de natureza política, ou quando o autor pretende, através do poema, seguir um objectivo político e situá-lo num contexto político. Um poema polí-tico deve, portanto, conter mensagens sobre a realidade política. Na poesia política, a ética e a estética cruzam-se quase sempre. A moder-nidade — acima de tudo com Baudelaire e Mallarmé — tinha defen-dido uma estética autónoma da arte pela arte. No século xx, contudo, perante o horror que nele se desenrolou, rapidamente se tornou claro que este posicionamento já não era sustentável. Assim, ganhava cada vez mais força uma vertente que se afastava tanto do texto hermético como do subjectivismo lírico e procurava dar a palavra aos factos, portanto à narração e à argumentação, sem deixar de parte o modo de sentir específico do poema. Neste contexto, há poemas com uma boa mensagem e de feitura duvidosa, tal como há bons poemas com uma mensagem duvidosa. O juízo que diz se este é ou não um bom poema tem de ser de ordem estética e é, em última análise, completamente

Meist wird Geschichte von den Siegern umgeschrieben. Nicht nur haben sie den Kampf gewonnen, sie entscheiden auch den Kampf der Erinnerung für sich. Dichter sind keine Sieger. Sie schreiben nicht um. Vielleicht ist auf der Welt das Gedicht die eine „Ware“, die am wenigs-ten mit Macht zu tun hat. Oder, wie es der deutsche Literaturkritiker Ijoma Mangold sagte: „Der denkbar größte Gegensatz zur Macht ist das Gedicht. Im besten Fall ist Lyrik die ohnmächtige Wahrheit, um die sich die Politik drückt“.

II. Definitionen

Es gibt politische Gedichte ohne Zahl. Es ist ein Meer. Hängt man der These an, dass jedes Gedicht, auch das bukolische, gesellschaftliche Relevanz hat — quasi ex negativo —, so hat man es mit einem Ozean „politischer“ Gedichte zu tun. Bei der Zusammenstellung der Gedichte dieser Anthologie und ihrer Engführung waren daher zwei Definiti-onen von zentraler Bedeutung: Was ist ein politisches Gedicht? Und wann ist ein politisches Gedicht ein gutes, ein gelungenes Gedicht?

Für mich heißt ein Gedicht dann ein politisches Gedicht, wenn es ein politisches Thema hat, also der Anlass, das Gedicht zu schreiben, ein politischer gewesen ist, oder wenn der Autor mit dem Gedicht eine politische Absicht verfolgen und es in einen politischen Kontext stel-len will. Ein politisches Gedicht soll also Nachrichten über politische Realität enthalten. Fast immer überschneiden sich Ethik und Ästhetik in einem politischen Gedicht. Die Moderne — allen voran Baudelaire und Mallarmé — hatte einer autonomen l´art pour l´art-Ästhetik das Wort geredet. Im 20. Jahrhundert wurde aber angesichts des Schre-ckens, der sich darin abspielte, bald deutlich, dass diese Haltung so nicht mehr einzunehmen ist. So wurde eine Richtung immer stärker, die sich sowohl vom hermetischen Text wie vom lyrischen Subjekti-vismus abgrenzte und versuchte, Fakten sprechen zu lassen, also zu erzählen und zu argumentieren, ohne den dem Gedicht spezifischen Empfindungsgeist hinter sich zu lassen. In diesem Rahmen gibt es

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

20 21

a u s r e s t e n p o e s i e d e r e s t o s d e p o e s i a

Fernando J. B. Martinho

APRESENTAÇÃO

Em 1980, o poeta Egito Gonçalves coligiu, num volume intitulado Poemas Políticos (1952-1979), a maior parte dos poemas escritos entre as referidas duas datas, que considerou «caberem na acepção mais directa daquela designação». Para dilucidação de tal designa-ção, poder-nos-ão ajudar as considerações sobre o poema político de uma conhecida poeticista alemã, Käte Hamburger, num seu livro, Die Logik der Dichtung, cuja primeira edição data de 1957. Segundo ela, «a noção de poema político significa que é uma situação política que é, enquanto tal, o tema ou o objecto do poema e que, portanto, este tema não é apenas o ensejo de uma experiência e de uma criação emocionais». Ainda de acordo com a poeticista alemã, «embora haja todos os tipos de transição entre os poemas emocionais e aqueles que, realistas e críticos, são produzidos sob o influxo de situações e even-tos políticos», somente acerca destes últimos se poderia propriamente falar de poesia política. O que, aqui, nos parece importante sublinhar nas palavras de Käte Hamburger, muito cingidas, às vezes, à lógica própria de uma tese global, é a largueza e a diversidade de tipos de transição que ela reconhece existirem entre os «poemas emocionais» e aqueles que são motivados por situações e eventos políticos, e o que isso, afinal, sugere relativamente à instabilidade das fronteiras entre uns e outros. A este respeito, poderíamos lembrar um conhecido poema de Jorge de Sena, «Uma pequenina luz», em que o contexto da sua publicação é de extrema relevância. Aparentemente, tratar-se-ia apenas de um poema sobre a esperança e a necessidade de a manter viva, acesa. Mas a circunstância de o poema ter vindo inicialmente a lume, em 1951, na revista A Serpente, do Porto, orientada por poetas pertencentes a um círculo de oposicionistas à Ditadura, faz com que, em face do supracitado contexto, o leitor se aperceba de que o poeta está a falar de uma esperança muito concreta, que é a que, apesar de

Fernando J. B. Martinho

EINFÜHRUNG

Im Jahr 1980 stellte der Lyriker Egito Gonçalves in einem Sammelband mit dem Titel Poemas Políticos (1952-1979) die meisten der in dem genannten Zeitraum verfassten politischen Gedichte zusammen, auf die für ihn „diese Bezeichnung im engeren Sinn zutraf“. Als Hilfe bei der Klärung des Begriffs des politischen Gedichts können die Überle-gungen der renommierten deutschen Literaturwissenschaftlerin Käte Hamburger in ihrem erstmals im Jahr 1957 erschienenen Buch Die Logik der Dichtung dienen. Danach komme im politischen Gedicht der politischen Situation als solcher die Bedeutung von Thema und Gegenstand des Gedichts zu. Das Thema stelle also nicht nur den Anlass für eine sich dem subjektiven Empfinden verdankende Erfah-rung und Schöpfung dar. Jedoch gebe es, heißt es weiter bei Hambur-ger, alle möglichen Arten von Übergangsformen zwischen Gedichten, die ein subjektives Empfinden ausdrücken, und realistisch-kritischen Gedichten, die unter dem Einfluss politischer Situationen und Ereig-nisse entstanden seien. Man könne jedoch nur bei letzteren von politi-scher Lyrik im eigentlichen Sinne sprechen. Aufschlussreich an diesen Gedanken Käte Hamburgers, die zuweilen eng an ihre übergeordnete These einer der Dichtung eigenen Logik anknüpfen, sind die Band-breite und die Vielfalt der Übergangsformen, die sie zwischen Gedich-ten, die ein subjektives Empfinden ausdrücken, und solchen Gedichten erkennt, die durch politische Situationen und Ereignisse motiviert sind, und was letztlich aus der Verschwommenheit der Grenzen zwischen beiden folgt. In diesem Zusammenhang sei an ein bekanntes Gedicht von Jorge de Sena mit dem Titel „Ein winziges Licht“ erinnert, in dem der Kontext der Veröffentlichung von allergrößter Bedeutung ist. Scheinbar handelt es sich lediglich um ein Gedicht über die Hoffnung und die Notwendigkeit, das von ihr ausgehende Licht lebendig und brennend zu erhalten. Dadurch jedoch, dass das Gedicht zum ersten

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

28 29

a p r e s e n t a ç ã oe i n f ü h r u n g

bm

«bruxuleante», há que manter, no seu brilho «indefectível», face aos ventos de adversidade que a Ditadura do Estado Novo representa.

Quase no termo de um dos livros mais estimulantes sobre as rela-ções entre a poesia e a política (Poetry & Politics: 1900-1960), de 1966, o ensaísta britânico C. M. Bowra escreveu as seguintes palavras: «A poesia sobre assuntos públicos tem tanto direito a existir como a poesia sobre qualquer outro assunto, uma vez que ajuda a apreen-dê-los de ângulos inesperados e a tratá-los seriamente sem ceder à influência entorpecente de métodos mais baixos de comunicação. Nem há qualquer razão para que não deva ser tão boa como qual-quer outra poesia que trate de outros temas.» Percebe-se mesmo em que sentido a polaca Szymborska pode dizer num poema («Filhos do Tempo») incluído no volume organizado por Joachim Sartorius, em 2014, sobre a poesia política do século xx, e de onde foram retirados, na sua grande maioria, os poemas alemães da presente antologia: «Os versos apolíticos são também políticos.» É sabido, aliás, que os pre-conceitos contra a poesia política provêm, em larga medida, da ênfase posta na função poética jakobsoniana por certas correntes críticas do século passado, e que um crítico italiano, Alfonso Berardinelli, põe decisivamente em causa, e para o qual, aliás, em La Poesia Verso la Prosa. Controversie sulla Poesia Lirica Moderna, de 1994, «os pro-cedimentos da literariedade seriam […] procedimentos que separam a poesia da comunicação, que isolam a poesia da comunicação, que isolam a função auto-referencial ou poética de outras funções linguís-ticas, e que, por fim, isolam a poesia de outros géneros, sobretudo da prosa». Este crítico, a propósito de uma «tendência da poesia para se deslocar rumo à prosa», chega mesmo a dizer que «alguns dos maiores e mais originais poetas de Novecentos são tipicamente antilí-ricos e prosásticos e aplicaram toda a sua inventividade formal na luta e no atrito com conteúdos e mensagens que pareciam refractários à linguagem poética: Eliot, Maiakovski, Brecht escreveram meditações, manifestos, monólogos dramáticos e discursos políticos em verso». O poeta português Ruy Belo, por sua vez, num livro que pretendia que fosse mais entendido como «um livro novo» do que uma antologia

Mal 1951 in der von oppositionellen Lyrikern geführten Zeitschrift A Serpente in Porto erschien, versteht der Leser, dass der Verfasser von einer ganz konkreten Hoffnung spricht, deren Licht, auch wenn es „flackert“, angesichts der widrigen Winde der Diktatur des Estado Novo in seinem „unvergänglichen“ Glanz bewahrt werden muss.

Fast am Ende eines der geistreichsten Bücher über die Beziehungen zwischen Poesie und Politik, Poetry & Politics: 1900-1960, schrieb der britische Essayist Cecil Maurice Bowra 1966: „Die Lyrik über gesellschaftliche Themen hat eine genauso große Existenzberechti-gung wie die Lyrik über jedes andere Sujet, da sie hilft, die Themen aus unverhofften Blickwinkeln zu erfassen und sie ernsthaft zu behandeln, ohne dem einschläfernden Einfluss niederer Kommunikationsformen zu unterliegen. Es gibt keinen Grund, warum sie nicht ebenso gut sein sollte wie Lyrik über irgendein anderes Thema.“ In diesem Sinne ist auch zu verstehen, was die polnische Lyrikerin Wisława Szymborska in dem Gedicht „Kinder der Zeit“ meint, wenn sie schreibt: „Die apolitischen Verse sind auch politisch“. Dieses Gedicht wurde ebenso wie die Mehrzahl der deutschsprachigen Gedichte in der vorliegen-den Anthologie einem 2014 von Joachim Sartorius herausgegebenen Handbuch der politischen Poesie im 20. Jahrhundert entnommen. Die Vorurteile gegenüber politischer Poesie stammten im vergange-nen Jahrhundert im Übrigen weitgehend von kritischen Anhängern der Poetik Roman Jakobsons. Entscheidend in Frage gestellt wurden sie von dem italienischen Kritiker Alfonso Berardinelli, der in La Poe-sia Verso la Prosa. Controversie sulla Poesia Lirica Moderna im Jahr 1994 bemerkte, dass die „Verfahren des Literarischen die Poesie von der Kommunikation trennen; sie unterscheiden die selbstreferentielle poetische Funktion von anderen sprachlichen Funktionen und damit letztlich die Poesie von anderen Gattungen und insbesondere von der Prosa.“ Bezüglich einer „Tendenz der Poesie in Richtung Prosa” stellt Berardinelli zudem sogar fest, dass „einige der größten und originells-ten Lyriker des 19. Jahrhunderts eindeutig anti-lyrisch und prosaisch waren und ihre gesamte formale Erfindungsgabe auf den Kampf und das Ringen um Inhalte und Botschaften verwendeten, die einer

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

30 31

a p r e s e n t a ç ã oe i n f ü h r u n g

Gomes Leal: «O Monstro Quer Sangue», in: Águia, Abril/Junho 1916.

Der Erste Weltkrieg, der, von niemandem geahnt, vier Jahre (von 1914 bis 1918) dauern sollte, kostete mehr als zehn Millionen Menschen das Leben und ließ überwältigend viele Verletzte und Kriegsversehrte zurück. Zu den mehr als 65 Millionen zum Militär Einberufenen gehörten auch Dichter und Schriftsteller. Einige von ihnen fanden in diesem Krieg auf der einen oder anderen Seite des Konflikts den Tod oder sollten an dessen unheilvollen Folgen leiden.

Wie bekannt, standen Portugal und Deutschland auf verschiedenen Seiten des Konflikts. Im portugiesischen Fall wurde ein erstes Kontingent des Expeditionskorps erst im Januar 1917 nach Flandern entsandt, um an dem Kriegsgeschehen in Europa teilzunehmen. Die ersten Streitkräfte jedoch brachen noch 1914 nach Angola und Mosambik auf, die Grenzen zu deutschen Kolonien aufwiesen. Die Bilanz der portugiesischen Teilnahme sowohl auf dem Kriegsschauplatz in Europa als auch in den Kolonien war allgemein negativ. Und dies obwohl das Land zu den Alliierten gehörte, die als Sieger aus dem Krieg hervorgingen. Deutschland erlitt eine schwere Niederlage, was tiefe Veränderungen im eigenen Land nach sich

zog und schließlich zur Gründung der Weimarer Republik führte.

Die Gedichte der deutschen Autoren spiegeln den scharfen Schmerz derer, die unmittelbar den Krieg erlebten. Die Autoren sind überwältigt von dem weltumspannenden Konflikt, in den sie verwickelt sind, oder drücken den Schmerz über die Trennung von geliebten Menschen oder die Erfahrung eines Unwirklichen aus, das Gefühl, sich außerhalb von allem zu bewegen, was dem Leben einen Sinn verleiht: „Wen kümmert das Gestern, das Heute oder das Morgen?“. In gewissen Fällen kann die Ironie eines Kinderreims als Schutz vor dem Absurden des Krieges herhalten.

Unter dem Zeichen von Hobbes, für den der natürliche Zustand des Menschen der Krieg war, sieht einer der hier vorgestellten portugiesischen Dichter den Krieg aus der Ferne als ein blutdürstiges Monster. Ein anderer greift auf einen alten Topos zurück: die Gleichgültigkeit des Kosmos und der Natur gegenüber allem, was zwischen Menschen an Grausamem und Schrecklichem geschehen mag.

A Primeira Guerra Mundial, que durou imprevistamente quatro anos, entre 1914 e 1918, provocou mais de dez milhões de mortos, e um número avassalador de feridos e mutilados. Entre os mais de 65 milhões de homens mobilizados, figuravam escritores e poetas, alguns dos quais, quer de um lado, quer do outro lado do conflito, encontraram nela a morte, ou dela vieram a sofrer as mais nefastas consequências.

A Alemanha e Portugal situaram-se, como é bem sabido, em diferentes lados do conflito. No caso nacional, no que diz respeito ao teatro de guerra europeu, apenas em Janeiro de 1917 se verificou a partida para a Flandres do primeiro contingente do Corpo Expedicionário Português. Mas as primeiras expedições para Angola e Moçambique, que confinavam com colónias alemãs, partiram de Lisboa logo em 1914. O balanço que pode fazer-se da participação portuguesa quer nos teatros de operações militares na Europa, quer nos das colónias, foi em geral negativo, apesar de o País fazer parte dos Aliados, que saíram vencedores da guerra. A Alemanha sofreu uma pesada derrota, o que determinou mudanças profundas no país, que levaram à República de Weimar.

Os poemas dos autores alemães reflectem bem a pungência de quem viveu a experiência da guerra, e tanto os pode surpreender indignadamente o carácter mundial do conflito em que estão envolvidos, como expressar a dor da separação dos que lhes são queridos, ou experimentar a sensação de irrealidade e de estarem fora de tudo o que dá sentido à vida: «Ninguém quer saber de ontem, nem de hoje, nem de amanhã.» A ironia de uma rima infantil, pode, em certos casos, servir-lhes de defesa perante o absurdo da guerra.

Sob o signo de Hobbes, para quem o estado do Homem era o da guerra, um dos poetas portugueses aqui representados vê esta, lá longe, como um monstro sedento de sangue. O outro, por sua vez, prefere recorrer ao velho tópico da indiferença do cosmos e da natureza ao que de mais terrível pode acontecer entre os homens.

42 43

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

Georg Heym

DER KRIEG I

Aufgestanden ist er, welcher lange schlief, Aufgestanden unten aus Gewölben tief. In der Dämmrung steht er, groß und unerkannt, Und den Mond zerdrückt er in der schwarzen Hand.

In den Abendlärm der Städte fällt es weit, Frost und Schatten einer fremden Dunkelheit, Und der Märkte runder Wirbel stockt zu Eis. Es wird still. Sie sehn sich um. Und keiner weiß.

In den Gassen faßt es ihre Schulter leicht. Eine Frage. Keine Antwort. Ein Gesicht erbleicht. In der Ferne wimmert ein Geläute dünn Und die Bärte zittern um ihr spitzes Kinn.

Auf den Bergen hebt er schon zu tanzen an Und er schreit: Ihr Krieger alle, auf und an. Und es schallet, wenn das schwarze Haupt er schwenkt, Drum von tausend Schädeln laute Kette hängt.

Einem Turm gleich tritt er aus die letzte Glut, Wo der Tag flieht, sind die Ströme schon voll Blut. Zahllos sind die Leichen schon im Schilf gestreckt, Von des Todes starken Vögeln weiß bedeckt.

Über runder Mauern blauem Flammenschwall Steht er, über schwarzer Gassen Waffenschall. Über Toren, wo die Wächter liegen quer, Über Brücken, die von Bergen Toter schwer.

Georg Heym

A GUERRA I

Levantou-se aquela que há muito dormia,Levantou-se da sua tumba funda e fria.Ergue-se com a aurora, grande e desconhecida,Esmaga a Lua na mão enegrecida.

Atravessa o ruído nocturno da cidadeGeada e sombra de uma estranha obscuridade,Faz-se gelo o bulício dos mercados.Espanto geral. Entreolham-se, ficam calados.

Em vielas escuras um abraço, leve tremor,Uma pergunta. Sem resposta. Um rosto perde a cor.Ouve-se ao longe o som dos sinos, abafado,E a barba treme no queixo afilado.

Já pelos montes em sua dança vai,Clamando: vós, guerreiros, erguei-vos e avançai.Abana a negra cabeça, os ares ribombam,Na fronte, mil caveiras uma grinalda formam.

Ergue-se como torre, ficam os últimos fogos já frios.Morre o dia, e cheios de sangue vão os rios.Nos canaviais, cadáveres espalhados, à sorte,Cobre-os o branco dos grandes pássaros da morte.

Ei-la, sobre a torrente azulada de chamas, nos muros,Dominando com o estertor das armas caminhos escuros.Sobre portões onde jaz muito guarda estendido,Sobre pontes, pesadas de tanto morto aí esquecido.

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

44 45

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Pelos campos, noite adentro seu fogo vai lançando,Persegue um cão vermelho de fauces ferozes, gritando.O negro mundo da noite salta da escuridão,A toda a volta iluminado por terrível vulcão.

E milhares de barretes vermelhos, espalhadosPelas planícies sombrias, estandartes hasteados,E o que lá em baixo nas ruas enxameia,Ela o varre para as fogueiras, e mais as ateia. E as chamas vão engolindo florestas, numa voragem,E os morcegos amarelos de garras cravadas na ramagem.E ela com a sua vara, qual moço carvoeiro,Fustiga as árvores para que suba o braseiro.

Uma grande cidade afundou-se em fumo amarelado,Mergulhou sem um som no abismo escancarado.Mas de pé, sobre escombros em brasa, um portento,Gira o archote três vezes no revolto firmamento,

No halo de luz das nuvens desfeitas,No deserto frio das trevas já mortas,Para que da noite feita pó o fogo escorra,E enxofre e chamas desçam sobre Gomorra.

In die Nacht er jagt das Feuer querfeldein Einen roten Hund mit wilder Mäuler Schrein. Aus dem Dunkel springt der Nächte schwarze Welt, Von Vulkanen furchtbar ist ihr Rand erhellt.

Und mit tausend roten Zipfelmützen weit Sind die finstren Ebnen flackend überstreut, Und was unten auf den Straßen wimmelt hin und her, Fegt er in die Feuerhaufen, daß die Flamme brenne mehr.

Und die Flammen fressen brennend Wald um Wald, Gelbe Fledermäuse zackig in das Laub gekrallt. Seine Stange haut er wie ein Köhlerknecht In die Bäume, daß das Feuer brause recht.

Eine große Stadt versank in gelbem Rauch, Warf sich lautlos in des Abgrunds Bauch. Aber riesig über glühnden Trümmern steht Der in wilde Himmel dreimal seine Fackel dreht,

Über sturmzerfetzter Wolken Widerschein, In des toten Dunkels kalten Wüstenein, Daß er mit dem Brande weit die Nacht verdorr, Pech und Feuer träufet unten auf Gomorrh.

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

46 47

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

Wilhelm Klemm

SCHNEE

Nun ist wieder Schnee gefallen.Das Land liegt weiß wie ein Roman.Seltsam, unwirklich. Ein Leben ohne HülleWandern unsre Gedanken. Wach auf, mein Freund!

Hörst du nicht das Schießen? Es ist Krieg, Weltkrieg.Überlege es nur, Weltkrieg! Was in Vorträumen gelbSpukte, ist Wahrheit. Blicke nicht in die Flocken,Die fallen wie immer und je. Nimm Stelzen der Phantasie.

Jage auf Geisterschenkeln über all die BegebnisseEntlang die Wege und Umwege Gottes,Die du nie begreifst. Bis dein atemloses HerzPlötzlich anhält. Und du dich wiederfindest, unter dem Helm.

Die Aktion, 20.3.1915

Wilhelm Klemm

NEVE

Voltou a cair neve, e a terraTem a alvura de um romance.Estranha, irreal. Vagueiam os nossos pensamentos,Como uma vida nua. Acorda, meu amigo!

Não ouves o troar dos canhões? Há guerra, guerra mundial.Imagina só: guerra mundial! Os fantasmas amareladosDo limiar do sonho são reais. Não olhes para os flocosQue caem como sempre. Sobe para as andas da fantasia.

Persegue com passos espectrais, percorrendo tudoO que acontece, os trilhos e atalhos de Deus,Que nunca entenderás. Até que o teu coração sem fôlegoSubitamente pare. E tu te reencontres sob o capacete.

Die Aktion, 20-3-1915

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

48 49

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Wilhelm Klemm

NA FRENTE DE BATALHA

A terra está deserta. Os campos parece que choram.Por uma estrada maldita vai um carro cinzento.Abateu o telhado de uma casa.Cavalos mortos apodrecem em charcos.

Os traços castanhos, ao longe, são trincheiras.No horizonte, sem pressas, uma granja em chamas.Estalam tiros, o eco esvai-se — pop, pop, pauuu.Cavaleiros desaparecem lentamente no mato despido.

Nuvens de morteiros abrem em flor, dissipam-se. Um desfiladeiroengole-nos. Mais além, a infantaria encharcada, lamacenta.A morte é tão indiferente como a chuva que começa a cair.Ninguém quer saber de ontem, nem de hoje, nem de amanhã.

E toda a Europa é uma rede de arame farpado,as fortificações dormitam em silêncio.De aldeias e cidades sobe o mau cheiro das ruínas negras,e como títeres jazem os mortos entre as frentes de batalha.

Gloria!, Primavera de 1915

Wilhelm Klemm

AN DER FRONT

Das Land ist öde. Die Felder sind wie verweint.Auf böser Straße fährt ein grauer Wagen.Von einem Haus ist das Dach herabgerutscht.Tote Pferde verfaulen in Lachen. Die braunen Striche dahinten sind Schützengräben.Am Horizont gemächlich brennt ein Hof.Schüsse platzen, verhallen — pop, pop, pauuu.Reiter verschwinden langsam in kahlem Gehölz. Schrapnellwolken blühen auf und vergehen. Ein HohlwegNimmt uns auf. Dort hält Infanterie, naß und lehmig.Der Tod ist so gleichgültig wie der Regen, der anhebt.Wen kümmert das Gestern, das Heute oder das Morgen?

Und durch ganz Europa ziehen die Drahtverhaue,die Forts schlafen leise.Dörfer und Städte stinken aus schwarzen Ruinen,wie Puppen liegen die Toten zwischen den Fronten.

Gloria!, Frühjahr 1915

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

50 51

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Wilhelm Klemm

VORMARSCH

Die Truppen marschierten, marschierten mager und wildVor Anstrengung. Anderen schliefen im Graben —Auf dem Felde standen Pferde in schweren DeckenGrade gegenüber dem Sonnenuntergang.

Wolken hingen herab, himmlische Eingeweide,Die langsam und traurig über die Erde schleifen.Wagen fahren auf. Große Feuer brennen.Graue Soldaten stehen darum wie Riesen.

Feierlich strahlen die goldenen Flammen.Und unter den langen Mänteln und schmutzigen FeldröckenSeh ich schon Rippenbögen und Röhrenknochen,die sich heute noch seltsam und still bewegen.

Die Aktion, 27.2.1915

Wilhelm Klemm

OFENSIVA

As tropas marchavam, marchavam, magras e raivosasDo esforço. Outros dormiam nas trincheiras —No terreno, cavalos com pesadas mantasErectos contra o pôr-do-Sol.

As nuvens escorriam, entranhas do céu,Arrastando-se, lentas e tristes, sobre a terra.Chegam carros. Ardem grandes fogos.Soldados baços, pardos, postados ali como gigantes.

Chamas douradas brilham numa festa.E sob os longos casacões e as fardas sujasVejo já as costelas arqueadas e os ossos compridosQue hoje ainda se movem num estranho silêncio.

Die Aktion, 27-2-1915

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

52 53

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Wilhelm Klemm

A BATALHA DO MARNE

Lentamente, as pedras começam a mover-se e a falar.As ervas endurecem, são metal verde. As florestas,Esconderijos baixos, densos, engolem colunas distantes.O céu, mistério branco de cal, ameaça estalar.

Duas horas colossais reduzem-se a minutos.O horizonte vazio ergue-se como vela enfunada.O meu coração é do tamanho de Alemanha e França juntas,Atravessado por todos os projécteis do mundo.

A bateria levanta a sua voz de leãoLançando-a seis vezes pelos campos. As granadas uivam.Silêncio. Ao longe, ferve o fogo da infantaria,Dias, semanas a fio.

Die Aktion, 24-10-1914

Wilhelm Klemm

SCHLACHT AN DER MARNE

Langsam beginnen die Steine sich zu bewegen und zu reden. Die Gräser erstarren zu grünem Metall. Die Wälder, Niedrige, dichte Verstecke, fressen ferne Kolonnen. Der Himmel, das kalkweiße Geheimnis, droht zu bersten.   Zwei kolossale Stunden rollen sich auf zu Minuten. Der leere Horizont bläht sich empor. Mein Herz ist so groß wie Deutschland und Frankreich zusammen, Durchbohrt von allen Geschossen der Welt.   Die Batterie erhebt ihre Löwenstimme Sechsmal hinaus in das Land. Die Granaten heulen. Stille. In der Ferne brodelt das Feuer der Infanterie, Tagelang, wochenlang.

Die Aktion, 24.10.1914

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

54 55

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Wilhelm Klemm

SCHLACHTENHIMMEL

Jeden Morgen hebt der Tag die Sonne,Ein blutiges Kind, empor zum Himmel.Das Heer schüttelt sich wie ein großer Vogel.Ins Gelände geduckt, irgendwo südwärts, ist — der Feind.

In der Feme räuspert Gewehrfeuer.Und jetzt zersprengen die Kanonen den Horizont.Unsichtbare Kolosse der LuftHeulen auf, kreischen verzweifelt, platzen.

Die Schrapnells flecken den HimmelWie einen Panther. Riesiges Raubtier,Lauert er über uns, und verspricht dochWie immer und je die ewige Ruhe.

Die Aktion, 21.11.1914

Wilhelm Klemm

O CÉU DA BATALHA

Manhã após manhã o dia levanta o Sol,Seu filho ensanguentado, até ao céu.O exército sacode-se como um grande pássaro.Escondido no terreno, algures a sul — o inimigo.

Na distância, o som rouco do fogo das armas.E agora os canhões deixam o horizonte em estilhaços.Colossos do ar, invisíveis,Sobem uivando, giram em desespero, rebentam.

Os morteiros deixam o céu malhadoComo pantera. Gigantesca feraÀ espreita sobre as nossas cabeças, prometendo,Como sempre, o eterno descanso.

Die Aktion, 21-11-1914

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

56 57

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Alfred Lichtenstein

A BATALHA DE SAARBURG

No nevoeiro, a terra é só bolor.Pesada como chumbo, a tarde cai.A toda a volta faísca um estrondo eléctrico,Feito em pedaços, tudo geme e se esvai.

No horizonte fumegam aldeiasComo candeeiros fracos, de fancaria.E eu, só e abandonado,Na linha de fogo da infantaria.

Bandos de pássaros de cobre, e inimigos,Zunindo, cercam-me numa dançaCoração e cabeça. E eu, de péNo ar cinzento, enfrento a matança.

Alfred Lichtenstein

DIE SCHLACHT BEI SAARBURG

Die Erde verschimmelt im Nebel.Der Abend drückt wie Blei.Rings reißt elektrisches KrachenUnd wimmernd bricht alles entzwei.

Wie schlechte Lampen qualmenDie Dörfer am Horizont.Ich liege gottverlassenIn der knatternden Schützenfront.

Viel kupferne feindliche VögeleinSurren um Herz und Hirn.Ich stemme mich steil in das GraueUnd biete dem Morden die Stirn.

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

58 59

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Alfred Lichtenstein

ABSCHIED

kurz vor Abfahrt zum Kriegsschauplatz

für Peter Scher

Vorm Sterben mache ich noch mein Gedicht.Still, Kameraden, stört mich nicht.

Wir ziehn zum Krieg. Der Tod ist unser Kitt.O, heulte mir doch die Geliebte nit.

Was liegt an mir. Ich gehe gerne ein.Die Mutter weint. Man muß aus Eisen sein.

Die Sonne fällt zum Horizont hinab.Bald wirft man mich ins milde Massengrab.

Am Himmel brennt das brave Abendrot.Vielleicht bin ich in dreizehn Tagen tot.

Alfred Lichtenstein

DESPEDIDA

pouco antes de partir para o teatro de guerra

para Peter Scher

Faço ainda o poema antes da hora de morrer.Silêncio, camaradas, deixem-me agora escrever.

Vamos para a guerra, a morte no bornal.Se ao menos meu amor não caísse num choro tal!

Coisa estranha, com a morte não me aterro.E agora a mãe! Um homem tem de ser de ferro.

Já cai o Sol no horizonte, enfim.E a amena vala comum espera por mim.

No céu vermelho cai o dia, absorto,Daqui a treze dias talvez eu esteja morto.

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

60 61

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Franz Richard Behrens

RIMA INFANTIL, PRÚSSIA ORIENTAL, 1915

Dirigível de ouro, inchado,Come o besouro mau, alado.Tão gordinho sobre as serras,Traz a paz às nossas terras!

Franz Richard Behrens

OSTPREUSSISCHER KINDERREIM 1915

Dicker gelber ZeppelinFriß die freche FliegerbienHängst so fett am WolkenrandSchenk uns Fried und Heimatland.

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

62 63

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Franz Richard Behrens

BOMBENWURF

Herrlichkeit will SchmerzDie wildesten FarbenGeilen nun mal ebenIn zerrissenen Leichen bleibenSchauen klafft SchaudernGießt ein Silbertropfen insBlaublankFließen vier ZährenStahlplatten klappenSchlüssel poltern hohleEisenstiegen herabZackendHeulsekundenFeige bin ich nichtWarum schmeißen sich dennDeine Beine so plötzlichHerum?Schlucktest so wahnsinnigMillimeterTaumelSelbstauslachenAlleszerlachenKriegverlachenKettenkreise SchädelbergeHöhnen mich anRussenDie ich nie und nimmer sah

Franz Richard Behrens

BOMBARDEIO

A grandeza pede dorAs mais desvairadas coresGritam lascivas, assim, sem maisEm cadáveres destroçados e ficamO olhar abre-se o horrorDeita uma gota de prata noBrilho do azulCorrem quatro lágrimasChapas de aço batemChaves rolam ruidosas porDegraus de ferro abaixo ocosEm ziguezagueBreves uivosCobarde é que eu não souEntão por que é que as tuas pernasDe repente começamA agitar-se?Engoliste tão loucamenteA vertigemMilimétricaRir-se de siRir-se de tudoRir-se da guerraCírculos fechados montes de caveirasOlham-me com sarcasmoRussosQue nunca vi na minha vida

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

64 65

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

August Stramm

PATRULHA

As pedras inimizamJanela arreganha traiçãoTroncos estrangulamMontes arbustos resfolham sussurrantementeBerramMorte.

August Stramm

PATROUILLE

Die Steine feindenFenster grinst VerratÄste würgenBerge Sträucher blättern raschligGellenTod.

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

66 67

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

jb

Georg Trakl

IM OSTEN

Den wilden Orgeln des Wintersturms Gleicht des Volkes finstrer Zorn, Die purpurne Woge der Schlacht, Entlaubter Sterne.

Mit zerbrochnen Brauen, silbernen Armen Winkt sterbenden Soldaten die Nacht. Im Schatten der herbstlichen Esche Seufzen die Geister der Erschlagenen.

Dornige Wildnis umgürtet die Stadt. Von blutenden Stufen jagt der Mond Die erschrockenen Frauen. Wilde Wölfe brachen durchs Tor.

Georg Trakl

NO LESTE

Igual ao órgão feroz da tormenta de InvernoÉ a lôbrega cólera do povo,A vaga purpúrea da batalha,De estrelas desfolhadas.

Com frontes quebradas, braços de prataAcena a soldados moribundos a noite.Na sombra do freixo outonalGemem os espíritos dos mortos.

Ermo espinhoso cinge a cidade.De degraus sangrentos expulsa a luaAs mulheres aterradas.Lobos ferozes irromperam pelas portas.

à s v e z e s s ã o p r e c i s a s r i m a s d e s t a sm a n c h m a l b r a u c h t m a n s o l c h e r e i m e

68 69

o m o n s t r o q u e r s a n g u ed a s m o n s t e r w i l l b l u t

pq