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' 24399 d^vá/x-i^ta/ ^te^io-na/ ^^ettcwa/ de ó^cwzáz ( ^a^a^mz HABEAS CORPUS (HC) N. 15 Relator: Juiz Newton Trisotto Relatora designada. Juíza Eliana Paggiarin Marinho Impetrantes: Cláudio Gastão da Rosa Filho e Patrícia Ribeiro Mombach Paciente: Roberto Prudêncio Neto Impetrada: Juíza da 86 a Zona Eleitoral - Brusque - HABEAS CORPUS - DESARQUIVAMENTO DAS "PEÇAS DE INFORMAÇÃO" E ABERTURA DE INQUÉRITO POLICIAL - EXISTÊNCIA DE PROVAS NOVAS QUE AUTORIZAM O PROSSEGUIMENTO DA INVESTIGAÇÃO - TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL PELA VIA DO HABEAS CORPUS - MEDIDA EXCEPCIONALÍSSIMA, SÓ ADMISSÍVEL E M CASOS CLAROS DE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA O SEU PROSSEGUIMENTO - INOCORRÊNCIA - DENEGAÇÃO DA ORDEM. Vistos, etc. A C O R D A M os Juizes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em manter o Juiz Sérgio Torres Paladino n a presidência d o julgamento deste processo, indicado na sessão do dia 27 de janeiro de 2010, para proferir o voto de desempate e, por maioria de votos - vencidos o Relator e os Juizes Rafael de Assis Horn e Oscar Juvêncio Borges Neto e com o voto de desempate do Juiz Sérgio Torres Paladino - em denegar a ordem, cassando a liminar concedida e determinando, ainda, seja providenciada cópia d o C D juntado aos autos e encaminhada à Polícia Federal, com todas as cautelas relativas à manutenção do segredo d e justiça, nos termos do voto da Relatora designada, que fica fazendo parte integrante da decisão.

24399 - Principal - TRESC · ocorrência de crime eleitoral supostamente praticado pelos senhores Ademir ... Situa-se ho conceito de novas provas o depoimento de indiciado que noticia

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HABEAS CORPUS (HC) N. 15 Re la to r : J u i z N e w t o n T r i so t t o R e l a t o r a d e s i g n a d a . Juíza Eliana Paggiarin Marinho I m p e t r a n t e s : Cláudio Gastão da R o s a F i lho e Patrícia R ibe i ro M o m b a c h P a c i e n t e : R o b e r t o Prudêncio N e t o I m p e t r a d a : Juíza da 8 6 a Z o n a Ele i tora l - B r u s q u e

- HABEAS CORPUS - DESARQUIVAMENTO DAS "PEÇAS DE INFORMAÇÃO" E ABERTURA DE INQUÉRITO POLICIAL -EXISTÊNCIA DE PROVAS NOVAS Q U E A U T O R I Z A M O PROSSEGUIMENTO DA INVESTIGAÇÃO - TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL PELA VIA DO HABEAS CORPUS - MEDIDA EXCEPCIONALÍSSIMA, SÓ ADMISSÍVEL E M C A S O S C L A R O S DE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA O S E U PROSSEGUIMENTO -INOCORRÊNCIA - DENEGAÇÃO DA O R D E M .

V i s t o s , e tc .

A C O R D A M os J u i z e s d o T r ibuna l R e g i o n a l E le i to ra l d e S a n t a C a t a r i n a , à u n a n i m i d a d e , e m m a n t e r o J u i z Sérgio To r res P a l a d i n o n a presidência d o j u l g a m e n t o d e s t e p r o c e s s o , i nd i cado na sessão d o d ia 2 7 de j a n e i r o d e 2 0 1 0 , pa ra p ro fe r i r o vo to d e d e s e m p a t e e, po r ma io r i a d e vo tos - v e n c i d o s o Re la to r e os J u i z e s R a f a e l de A s s i s H o r n e O s c a r Juvêncio B o r g e s N e t o e c o m o v o t o d e d e s e m p a t e d o J u i z Sérgio To r res Pa lad ino - e m d e n e g a r a o r d e m , c a s s a n d o a l im ina r c o n c e d i d a e d e t e r m i n a n d o , a i nda , se ja p r o v i d e n c i a d a cópia d o C D j u n t a d o a o s a u t o s e e n c a m i n h a d a à Polícia Fede ra l , c o m t o d a s a s cau te l as re la t i vas à manutenção d o s e g r e d o d e justiça, nos t e r m o s d o vo to da Re la to ra d e s i g n a d a , q u e f i c a f a z e n d o pa r t e i n t e g r a n t e da decisão.

HABEAS CORPUS (HC) N. 15

V O T O (VENCIDO)

O S E N H O R JUIZ NEWTON TRISOTTO (Relator):

01. Cláudio Gastão da R o s a F i lho e Patrícia R ibe i ro M o m b a c h i m p e t r a r a m habeas corpus e m favo r d e R o b e r t o Prudêncio Ne to . N a petição in ic ia l , i n s c r e v e r a m :

" 0 1 . O Ministério Público, por meio do ilustre Promotor de Justiça Muri lo Casemiro Mattos, da 8 6 a Zona Eleitoral de Brusque, opinou pelo arquivamento do inquérito policial que visava investigar cr imes eleitorais, os quais supostamente teriam sido comet idos pelo paciente e outro, por não vis lumbrar a ocorrência de tais delitos nas escutas telefônicas interceptadas em ação penal em trâmite na Comarca de Tijucas (Operação Arrastão), o que foi defer ido pelo ilustre Magistrado Edemar Leopoldo Scholosser, f l . 10 do apenso l , e m 08.10.08. 02 . Com base em depoimento prestado por Roberto José Lídio, em 25 de março do corrente ano, o Promotor de Justiça da 5 a Zona Eleitoral requisitou para a Polícia Federal de Itajai a instauração de inquérito policial em desfavor do paciente, a legando que sua campanha teria sido patrocinada pelo 'líder de uma organização criminosa'. 0 2 . 1 . O pleito fundava-se na dita prova nova, colhida através do citado depoimento prestado por Roberto José Lídio (fl. 02/04 do apenso I). 03. O inquérito foi então instaurado mediante a requisição do Promotor de Justiça Eroni José Salles, da 5 a Zona Eleitoral de Brusque, f l . 03, destacando que documentos que poderiam subsidiar a investigação encontravam-se 'arquivados na 8 6 a Zona Eleitoral (Justamente aqueles que foram considerados inaptos a justif icar uma investigação policial). ' 04 . Tendo em vista o desprezo para com o prazo processual que delimita a conclusão do inquérito policial, bem como, a total ausência d e prova nova capaz de instaurar outra investigação preliminar pelos mesmos fatos, cujo inquérito anterior foi arquivado, a defesa protocolizou ao referido Promotor, em 13.08.2009, sol icitando a conclusão das investigações e anexando resposta ao pedido de explicação criminal interposto em desfavor de Roberto José Lídio, onde este retifica as declarações que foram consideradas prova nova. 05. O ilustre Promotor oficiou à Delegacia de Polícia Federal sol ici tando 'informações acerca do inquérito policial instaurado para investigar a ocorrência de cr ime eleitoral supostamente praticado pelos senhores Ademir Braz de Souza e Roberto Prudêncio Neto' (fl. 15). 06 . O delegado, além de não responder o ofício, ao que parece, dir igiu-se diretamente à juíza Karem Francis Schubert Reimor, sem ouvir o dono da ação penal , justamente o Promotor que requisitou o inquérito, requerendo a prorrogaçãodoH*fazo das investigações patrocinadas pela Policia Federal , cujo Djôitdrai deferia o, em 25.08.2009, concedendo a Magistrada mais 60

a a conclusão da investigação (fls. 08/09). 0 7 . Não há como síegar o insuportável constrangimento i legal imposto ao paciente, pois: i) não foi observada a incompetência do Promotor da 5 a Zona Eleitoral, doutor Eroni, que inclusive faz remição a documentos arquivados pelo Promotor de Justiça da 8 6 a Zona Eleitoral; ii) como não existe delegacia de polícia federal em Brusque, deve a polícia estadual atuar de forma

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(^wiêuvia/ ^te^io^ia/ ^éeifówcU cie (§fa#hêa '^atawina

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supletiva, conforme resolução do TSE; Ni) as investigações prolongam-se de forma abusiva, extrapolando todos os prazos legais; iv) a prorrogação de prazo não pode ser deferida pela magistrada, sem a oitiva do Ministério Público; e v) não pode ser renovado inquérito arquivado sem prova nova".

A r r e m a t a r a m - n a c o m r e q u e r i m e n t o s n o s t e r m o s q u e s e g u e m :

"39. Conforme já exposto, foi designada a oitiva e indiciamento do paciente na Delegacia de Polícia Federal da Comarca de Itajaí para o dia 27/10/2009, nos autos do inquérito policial em tela, razão pela qual requer seja concedida a liminar, no sentido de sobrestar a investigação, com a conseqüente suspensão do referido ato , até o ju lgamento do mérito do presente writ. [...] 42. Eminentes Julgadores, patenteado o inegável constrangimento i legal, tendo em vista a requisição de abertura de inquérito realizada por Promotor incompetente, investigação policial levada a efeito por autor idade policial incompetente, ausência de prova nova capaz d e subsidiar reabertura de inquérito policial, bem como o excesso de prazo na investigação, requer-se a concessão do writ, para o f im de determinar o t rancamento do presente inquérito policial" (f ls. 02/19).

P e l a s razões a b a i x o r e p r o d u z i d a s , c o n c e d i , "parcial e provisoriamente, a liminar postulada, tão somente para suspender o ato a que alude o despacho do Delegado Anníbal Wust do Nascimento Gaya. Vale dizer: indiciamento criminal de Roberto Carlos Prudêncio Neto 'pela prática do delito descrito no art. 299 do Código Eleitoral":

"3. No Recurso em Habeas Corpus n. 9627, na ementa inscreveu o Ministro Vicente Leal: 'O Código de Processo Penal, em seu art. 18, autoriza a reabertura de inquérito policial, já arquivado, quando houver notícia de provas novas, indicativas da existência de crime ou de descoberta da autoria. Situa-se ho conceito de novas provas o depoimento de indiciado que noticia

a prática de delitos por parte de empresa, fato este susceptível de alterar o quadro tático, ensejando o prosseguimento das investigações'. 4. Emerge dos autos: a) O Promotor Eroni José Saltes requereu a abertura de inquérito valendo-se das declarações prestadas por Roberto José Lidio (fls. 48-51). b) O Inquérito anteriormente instaurado foi arquivado. c) A Juíza Eleitoral autorizou, em 25.08.2009 (fls. 26/28), a prorrogação do inquérito por mais 60 (sessenta) dias. O prazo se encerrou em 23.10.2009. Não encontro nas declarações de Roberto José Lidio elementos suficientes a justificar o indiciamento de Roberto Prudêncio Neto como incurso nas sanções do art. 299 do Código Eleitoral. Na parte relacionada com o pleito, o declaraniaJimitQU-se a dizer: 'QUE além da campanha eleitoral de Ademir, ppde^ãmmar quk ALEANDER também patrocinou a campanha eleitoral de 'ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO; QUE não sabe dizer quanto ALEANDER pagquj>ara a campanha de PRUDÊNCIO e ADEMIR, 'porém não foi pouco'; QUE para a sua campanha também 'pediu uma ajuda' a ALEANDER, porém ele negou dizendo que 'já estava financiando o

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Ç^rSjtncd 'Wie^ma/ <9^ i£^W ' d e <S%znJa ^alam-na-

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PRUDÊNCIO e o ADEMIR (fls. 50/51). 5. Não há nos autos fotocópias de todo inquérito arquivado. No entanto, ao arquivamento alude o Promotor Eleitoral Eroni José Salles ao requerer a instauração de inquérito policial (fl. 22)" ( f ls. 9 6 / 9 7 ) .

P r e s t a d a s as informações pe lo Ju i z G e o m i r R o l a n d P a u l - então s u b s t i t u i n d o a Juíza K a r e n F ranc i s S c h u b e r t R e i m e r , t i tu lar d a 8 6 a Z o n a E le i to ra l ( f ls . 1 1 3 / 1 1 4 ) - e e n t r a n h a d o s n o v o s d o c u m e n t o s ( f ls . 1 1 9 / 2 2 5 ) , p ro fe r i decisão d e t e r m i n a n d o :

"a) a tramitação do processo em segredo de justiça, pois instruído com transcrições de interceptações de comunicação telefônica (Lei n. 9.296/1997, art. 1o).

b) a intimação do impetrante para se manifestar, no prazo de 48 (quarenta e oito horas), sobre oS novos documentos apresentados.

c) após o decurso desse prazo, com ou sem manifestação do impetrante, a remessa do feito à Procuradoria Regional Eleitoral para manifestação" ( f ls . 2 2 6 / 2 2 7 ) .

O s i m p e t r a n t e s s e m a n i f e s t a r a m s o b r e o s d o c u m e n t o s . I ns i s t i r am n o s p e d i d o s f o r m u l a d o s na petição in ic ia l ( f ls . 2 3 1 / 2 4 3 ) .

O P r o c u r a d o r R e g i o n a l E le i to ra l Cláudio Du t ra Fon te l l a e x a r o u p a r e c e r n o s e n t i d o d a : a) revogação d o "despacho que determina o trâmite em segredo de justiça do feito"; b) "denegação da ordem de h a b e a s c o r p u s " . D i s s e S u a Excelência:

"inicialmente, cumpre salientar que o Ministério Público não vislumbra qualquer razão para que o feito tramite em segredo de justiça. O que determina o caput do art. 1° da Lei n° 9.296/96 é que a interceptação telefônica se dará em segredo de justiça, mas, üma vez feita a transcrição da prova regular e legalmente coletada - e esta juntada aos autos - ela é pública como regra processual. Ou seja, não será por efeito de ter-se obtido instrumento probatório mediante escuta telefônica judicialmente autorizada que o feito, automaticamente, deverá tramitar em segredo de justiça. Se assim não for, todo e qualquer processo em que houver determinação de escuta telefônica como meio de prova correrá, como regra, em segredo de justiça. E não é esse o escopo da Lei que regulamenta o inciso XII, parte final, do artigo 5o da Constituição Brasileira. Impõe-se, por conseguinte, seja revogada a determinação de segredo de justiça deste processo. Quanto ao mérito propriamente dito, observa-se que o paciente foi eleito vereadpr^em Brtkaue pela Coligação 'PD T/PMN/PRB' no pleito eleitoral

fsato, envolvendo-se, no decorrer da campanha eleitoral, em condutas que, ao menos em tese, constituem-se em crimes eleitorais, especialmente relacionados na compra de votos e doações ilegais em prol de sua candidatura. De plano, cabe esclarecer que foi enviado ao Promotor Eleitoral da 86a Zona Eleitoral CD contendo degravações telefônicas, mídia esta oriunda de

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processo que então tramitava na Justiça Estadual, relativo à denominada 'Operação Arrastão'. Tal CD continha informações dando conta da prática de crimes eleitorais praticados na Comarca de Brusque. Ocorre que, em açodado juízo, o Promotor Eleitoral da 86a Zona formou convicção no sentido de promover o arquivamento daquelas peças de informação. O Juízo Eleitoral, então, ao deferir o arquivamento, determinou antes a autuação do feito na classe 'inquérito policial' (fl. 137). Ora, em Direito há uma máxima que nos diz que desimporta o nomem júris dado ao ato, mas sim a sua substância! E, como se vê do simples compulsar das fls. 132-141 destes autos, substancialmente, o que ali estão contidas são meras peças de informação. Frise-se que o próprio Promotor que pediu o arquivamento se referiu ao material que tinha em mãos como 'peças informativas' (fl. 136). Não houve, até este momento fático, portanto, a regular instauração de inquérito policial, nos termos do art. 8° da Res. TSE n° 22.376/2006. Na seqüência, todavia, o Delegado de Policia Federai responsável pela citada 'Operação Arrastão' remeteu novamente ao Ministério Público cópia de depoimento que reforçava as provas daquele CD outrora enviado, no sentido do cometimento de crimes eleitorais, pelo que sugeriu fossem um e outro anexados para melhor serem esclarecidos os fatos no âmbito da Justiça Eleitoral (fl. 47), razão pela qual aquele Promotor Eleitoral diligentemente requisitou, atendendo o disposto no art. 8o da Res. TSE n° 22.376/2006, a instauração do inquérito policial para tanto (fl. 22). Vê-se do oficio da fl. 47 que a ilustre Autoridade Policial não dirige sua missiva a este ou aquele Promotor, mas à 'Promotoria Eleitoral da Comarca de Brusque'. Como não havia nada que prevenisse o Juízo da 86a Zona, o documento foi distribuído à Promotoria Eleitoral da 5a Zona. E o Promotor nela oficiante, de forma perspicaz e diligente, dentro das formalidades legais, reqúereu a instauração do pertinente inquérito policial. Nada mais que isso! Repisando o já argumentado: não há que se falar em inquérito arquivado, mas sim em meras peças informativas, o que não impede seja dado prosseguimento às investigações em curso no inquérito policial ora impugnado, ainda mais havendo indícios veementes dos ilícitos eleitorais neie apontados. De outra banda, quanto à atribuição da Policia Federal para apurar os crimes eleitorais, tem-se que esta está expressamente prevista, nos termos do art. 144 da Constituição da República de 1988 e, em especial, no art. 1° da Res. TSE n° 22.376/2006, sendo que a competência da Polícia Civú è apenas supletiva (parágrafo único do art. 2° daquela Resolução). Por fim, quanto ao prazo legal estipulado pela legislação infraconstitucional para o término das investigações - além desse ser impróprio, não implicando nulidade ~, não houve extrapolação daquele, uma vez que, conforme

clarecido pela autoridade policial, 'o termo a quo contou-se a partir da data recebimento dos autos nesta Delegacia, e não do dia em que proferido o

despachoj^e--pivrm§acão' (fl. 146, primeiro parágrafo), restando cumprido o respetfivo prazo assinaiado pelo Juiz Eleitoral, nos termos do art. 10, § 3°, do CPP' [os destaques corjstam do original].

A c r e s c e n t o :

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- E m 01.10.2008, o Ju i z P e d r o W a l i c o s k i C a r v a l h o , d a C o m a r c a d e T i j u c a s , r e m e t e u a o "Juiz Eleitoral da Comarca de Brusque" cópia d o "material colhido" p e l o D e l e g a d o d a Polícia F e d e r a l César A u g u s t o Mar t i nez na d e n o m i n a d a "Operação Arrastão", ma te r ia l e n c a r t a d o n o s A u t o s n. 0 7 2 . 0 8 . 0 0 4 8 0 2 - 3 , q u e s e o r i g i n o u n o p e d i d o d e "interceptação telefônica" f o r m u l a d o pe lo "Departamento de Polícia Federal - Superintendência Regional em Santa Catarina" ( f l . 5 6 ) ;

- E m 07.10.2008, o P r o m o t o r Mur i lo C a s e m i r o M a t t o s , d a 8 6 a Z o n a E l e i t o r a l / B r u s q u e , po r te r oco r r i do o "término do processo eleitoraf, o p i n o u pe lo "arquivamento das peças informativas ora encaminhadas, com o sigilo que o caso requer [o d e s t a q u e não c o n s t a d o or ig ina l ] o q u e não impede futuras medidas, diante de outros dados seguros e adequados para a apuração dos fatos, em atenção aos ditames legais" ( f ls . 1 3 5 / 1 3 6 ) .

- E m 13.10.2008, o Ju i z E le i to ra l E d e m a r L e o p o l d o S c h l o s s e r a c o l h e u o p a r e c e r . N a decisão, a s s e n t o u :

"Registre-se e autue-se, como inquérito eleitoral. Trata-se de documentos encaminhados pela Justiça Estadual da comarca de Tijucas/SC decorrentes de investigações realizadas pela Policia Federal na denominada 'Operação Arrastão', na qual se apurou indicativos de suspeita de ocorrência de fraude eleitoral envolvendo candidato à eleição proporcional do município de Brusque/SC. O representante do Ministério Público Eleitoral, por meio de fundamentada manifestação, concluiu peta inexistência de elementos probatórios suficientes à deflagração de respectiva ação penal contra os suspeitos pela prática delitiva, manifestando-se pelo arquivamento das peças informativas encaminhadas a este juízo. Induvidoso que, totalmente pertinente a manifestação Ministerial, posto que as denúncias da prática de fraude eleitoral carecem de elementos suficientes para edificar a deflagração de uma ação penal por crime eleitoral, sem olvidar que a autoridade investigadora não trouxe à baila novos indicativos de provas quanto à prática delituosa. E depois, imperativo consignar, o meio inidôneo da obtenção dos elementos indiciários, posto que relativos a interceptação telefônica de outra investigação policial, deflagrada em razão de autorização judicial. Destarte, não vislumbro outra alternativa, senão o arquivamento dos documentos, conforme requereu o douto representante Ministerial, ressalvada a hipótese de seu desarquivamento, caso novos indicativos probatórios venham ser coligidos aos autos.

„ Ante o exposto, determino o arquivamento das peças informativas encaminhadas pela Justiça Estadual de Tijucas/SC, ressalvada a hipótese de seu desarquivamento, caso se verifique a ocorrência de novos elementos de provas quejiJusliíiQve. Copsidefãndõ~ o meto pelo qual foram obtidos os elementos informativos, e

-considerando ainda a existência de investigações policiais que tramitam em segredo de justiçai na comarca de Tijucas, determino que o material encaminhado a este juízo, composto de nove laudas e um CD, permaneçam

Ó^wéjMicd ^le^oriaé %éeikwa/ de ÓTa-nJa ^afa-vin-a-

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nos autos em envelope lacrado por este magistrado, somente podendo ser aberto por determinação judiciar ( f ls. 1 3 7 / 1 3 8 ) .

O "ma te r i a l co l h i do " cons i s t e e m u m C D c o m gravação d e diálogos telefônicos i n t e r c e p t a d o s - diálogos d e g r a v a d o s pe los a g e n t e s d a Polícia F e d e r a i A v e l i n o d a S i l va e Mar i a Lu i za d e L ima Estácio ( f ls . 6 0 / 6 4 ) :

- Diálogos entre Pardal (Nauro Galassini) e Nelson (Nelson Tilh

Data; 16.09.2008

"Nelson: Eu queria pelo menos uns 8 cúbicos de brita que o Mila t inha fa lado pra t i . Tu sabe que lá em casa tem 6 votos. Pardal : Eu vou ter que dar uma passada aí, entendesse? <-) Nelson: Tu não mandava lá pra mim? Pardal: Eu vou ter que ir aí. Nelson: Quando é que tu vem?" Data: 17.09.2008

"Pardal : De que tamanho é isso aí que tu diz? Nelson: O tamanho do terreno? Parda l : É Nelson: Ele dá 25 por 15. Pardal : É só morro? Nelson: Não é muito morro não, é um lugar até bem acessível, é totalmente acessível assim né. Só o que eu conseguisse ali se fosse só um meio dia alguma coisa ass im já estaria bom. O resto eu mesmo pagava. Tais entendendo? Pardal : Ahan. Nelson: O que eu conseguisse daí tava jóia. (...) Pardal : Eu vou ter que conversar primeira coisa com o pessoal aqui, pra ver como tá esse negócio aí de máquina. Nelson: Oh , vou te dizer o seguinte, eu te consigo uma boa quant idade de voto, te dou o número da urna tudo direit inho pode confiar que é garant ido. Pardal : Eu vou ver isso aqui e vou te dar o retomo, amanhã ou até sexta-feira eu d igo. (...) Nelson: Oh , o que eu conseguir a i tá bom tá, se for só um meio dia qualquer coisa assim tá b o m . Pardal : Tem que ser o que? Uma retro, patrola.

'} Nelson: Aqu i teria que ser um Pocã né. Pardal : Uma Pocã. Tá bom, marquei aqui. Ne lson^ P a r d a l : Tá bom. Nelson: Tá jóia. Pardal : Valeu entãc Nelson: Valeu, brigadSo".

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- Diálogo entre Pardal (Nauro Galassinl) e Rosa (Rosa Maria Mendes Rescarollh

Data: 22.09.2008 Resumq: Rosa quer dinheiro para cirurgia, Rosa disse que Roberto Prudêncio mandou falar com Pardal, em troca de votos. Pardal perguntou se ela tem documentos. Endereço de Rosa: Rua Bertoldo Toti, 835, Bairro Bateias. Fone: 33503969

- Diálogo entre Pardal (Nauro Galassini) e Volnei (Volnei Montibellerí

Data: 23.09.2008

Diálogo 1:

"Volnei : Tais t rabalhando pro Prudêncio né? Pardal : Sim, s im. Volnei: Então tem uma turma aqui embaixo do limoeiro que esta se formando lá no segundo grau e ele estão precisando de ajuda. São 25 eleitores e quarenta formandos, eles queriam umas coisinhas para fazer uma rifa. Pardal : Tá, e o que seria isso. Volnei : Sei lá, a lguma coisinha, um DVD, uma agradinho. Diz que é viávei? Pardal: Mas é coisa quente? Volnei : Eles fa laram que a formatura não vai sair se eles não arrecadarem dinheiro. ( • - )

Volnei : Então são 25 eleitores, tem 40 formandos. Eles fa laram que qualquer coisa que eles conseguir o dinheiro para festa eles vão falar com o pai, com a mãe, com o irmão e tal. Pardal : E se arrumar coisa pra rifa. Volnei : Pois é, é isso que eu preciso. (...)

Pardal : Daqui a pouco eu te ligo".

Diálogo 2: "Pardal : Um DVD tá bom? Volnei : DVD? Ah , pra aquele negócio lá? Pardal: É, pra rifa. Volnei : É. Pardal : Mas tem que ser garantido, né bicho. Volnei : Eu falei com os guri lá, que vieram pedir para mim, ai eu disse eu tenho um candidato que se seu falar com ele, ele arruma, mas vocês tem que fer quantos votos tem e quem vota pra Brusque para ver se compensa. Pardal : É (...)

^oJf leJTQuinze eles votam de certeza, daí vão falar com os pais pra ver se consegue pegar mais uns votinhos. Pardal : Porque um DVD, custa de 150 a 200 conto... (...)

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T r a n s c r e v o t r e c h o s d a s declarações d e R o b e r t o José Lídio: 9

Pardal: Então faz o seguinte, compra essa semana, paga, traz a nota, liga pra mim eu já te pago. Pode ser? Volnei :Tu que sabe. Pardal : Não tá fechado. Volnei : O que que é? Pardal : Um DVD, vai lá compra um DVDzinho já barato. Vai numa loja, manda eles comprar, já pagar, traz a nota para mim que eu já pago".

Diálogo 3

"Pardal : Tu deixa eu vou comprar aqui, porque nós já temos em conta aqui o preço. Volnei : Tá. Pardal : Então sexta feira ele pega comigo. (...) Pardal : Mas daí é o que eu digo, é coisa garantida né? Volnei : Não, não, é comigo o negócio".

- Diálogo entre Parda l (Nauro Galassini) e Nene (Eliomar Zuchetti)

"Nene: Não é melhor nós pegar e ele vir aqui entregar isso ai pros guri ali? Pardal : Não, não, da l eu vou entregar. (...) Pardal: Pergunta se eu posso ir lá e fazer a entrega do presente para eles fazer a rifa em nome de Roberto Prudêncio. (...) Pardal: Ê um presente pra sala, não diz quem é, vou dizer que é um amigo meu, não diz que é política, daí na hora eu meto f icha".

- E m 03.06.2009, o D e l e g a d o da Polícia F e d e r a l Lu i z C a r l o s Kor f f R o s a F i l ho r e q u e r e u à "Promotoria Eleitoral da Comarca de Brusque" a instauração d e inquérito po l i c ia l . A o r e q u e r i m e n t o , a b a i x o r e p r o d u z i d o , a c o s t o u o "auto de qualificação e interrogatório de Roberto José Lídio":

"Encaminho a Vossa Excelência cópia autenticada do depoimento prestado por Roberto José Lidio nos autos do inquérito policial n. 0757/2008-SR/DPF/SC (Operação Arrastão), no qual o mesmo declara que Ademir Braz de Souza e Roberto Pedro Prudêncio Neto, candidatos a vereador em Brusque na última eleição, tiveram suas campanha patrocinadas por Aleander Muiler, líder da organização criminosa desmantelada no curso da referida investigação. Outrossim, ante os termos do art. 8o da Resolução n. 22.376/2006 do Tribunal Superior Eleitoral, sugiro que o depoimento encaminhado seja anexado ao material enviado anteriormente ao Juízo Eleitoral de Brusque através do ofício n. 072080048023-000-001 da 2a Vara de Tijucas, de 01/10/2008, uma vez que reforça os indícios de prática de crimes eleitorais (corrupção eleitojzttfá5mpra~>iB votos) já existentes, requisitando-se à Delegacia de

íícia Federal emytajaí/SC, unidade com atribuições sobre o municipio de Brusque, a instauijação de inquérito policial eleitoral para uma completa apuração dos fatos' ( f ls . 4 7 / 5 2 ) .

(£/pé/wM<i/ í¥i#€fio4%aé %/ei£awi/de Ó^n/a ^atctmvia

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[...] QUE comunicou sua prisão a sua esposa ELIANE; QUE não deseja contatar nenhum advogado para este interrogatório; QUE há vinte anos é Comissário de Polícia Civil e está lotado na Comarca de Brusque/SC, há vinte anos; Q U E aufere por mês cerca de R$ 2.800,00, não possuindo outra fonte de renda; Q U E responde pela alcunha de 'AZUL'; QUE não tem conhece nem tem relacionamento com: RAFAEL MENDES DE M E L O e REGILANE REGINA LANA; QUE conhece ALEANDER MULLER, por este viver em Brusque e possuir pontos de máquinas caça níqueis; QUE todavia, não sabe dizer quantos pontos ALEANDER possui; QUE conhece também os pais de ALEANDER; QUE também conhece ALEANDER porque foi candidato a Vereador em Brusque e hoje é 3° suplente de Vereador na cidade, sendo portanto pessoa conhecida; QUE ALEANDER não patrocinou de nenhuma forma sua campanha nas últimas eleições; QUE também conhece o irmão de ALEANDER, A L A N , o qual também é proprietário de máquinas caça níqueis; QUE conhece NAURO GALASSINI, vulgo Pardal, de Brusque, sabendo que ele trabalha na Prefeitura Municipal e também que trabalhou na campanha do candidato eleito a vereador ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO; QUE Pardal intitula-se assessor do Desembargador CARLOS PRUDÊNCIO; [...] QUE trabalha subord inado ao DPC ADEMIR BRAZ DE SOUZA, porém trabalha na Delegacia da Comarca e ADEMIR na Delegacia Regional; [...] QUE pode afirmar que ADEMIR e ALEANDER se conhecem e que possuem relacionamento, sendo que inclusive ALEANDER patrocinou a campanha eleitoral de ADEMIR; QUE além da campanha eleitoral de ADEMIR, pode afirmar que ALEANDER também patrocinou a campanha eleitoral de ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO; QUE não sabe dizer quanto ALEANDER pagou para a campanha de PRUDÊNCIO e ADEMIR, 'porém não foi pouco'; QUE para sua campanha a vereador também pediu 'uma ajuda' a ALEANDER, porém ele negou dizendo que 'já estava financiando o PRUDÊNCIO e ADEMIR'; Q U E esperava angariar entre 10 e 20 mil reais de ALEAN DER; Q U E não sabe se o DPF MANCHA possui relacionamento com A L E A N D E R MULLER; QUE 'por todo mundo saber em Brusque' também tem conhec imento de que ALAN e ALEANDER possuem diversos pontos de jogos com máquinas caça níqueis em Brusque/SC; [...] ( f ls . 4 8 / 5 1 ) .

- E m 08.06.2009, o P r o m o t o r d e Justiça Mur i l o C a s e m i r o M a t t o s , da C o m a r c a d e B r u s q u e , r e p a s s o u o r e q u e r i m e n t o a o P r o m o t o r E le i to ra l E ron i José S a l l e s , da 5 a Z o n a E le i to ra l , " p a r a a s providências que entender necessárias", r e s s a l t a n d o q u e "dos documentos referidos pelo Delegado Federal, subscritor do ofício n. 4153/2009, entre os papéis enviados, arquivados na 86a Zona, consta um CD gravado dé conversas transcritas que podem ser úteis numa eventual investigação /ser deflagrada pela unidade da Polícia Federal de Ita- jat/SC ( f l . 2 0 3 ) .

, * E m 09.06.2009, o P r o m o t o r E le i to ra l E ron i José Sa l les r equ i s i t ou diretàrnfthte a o D e l e g a d o R o b e r t o Mário d a C u n h a Co rde i r o d a D e l e g a c i a da Polícia F e d e / a f d e Itajaí/SC, po r intermédio d e ofício, "a instauração de inquérito policial para investigar a ocorrência de crime eleitoral, supostamente praticado pelos Senhores Ademir Braz de Souza e Roberto Pedro Prudêncio, conforme demonstra o

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(^^iét&nai ^te^üma/ ^/edòwzé de Ó^anfa <^a^a^òna/

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ofício n. 4153/2009, anexo, enviado pelo Departamento de Polícia Federal -Superintendência Regional em Santa Catarina" ( f l . 2 2 ) .

- E m 03.07.2009, o D e l e g a d o da Polícia F e d e r a l Anníbal W u s t d o N a s c i m e n t o G a y a e x p e d i u po r ta r ia i ns tau rado ra d e inquérito, c o n s i g n a n d o :

"RESOLVE Instaurar inquérito policial eis que os documentos citados noticiam a compra de votos de eleitores de Brusque/SC, durante o último pleito municipal, em benefício do então candidato a vereador, ROBERTO PEDRO PRUDÊNCIO NETO, bem como doações ilegais a este e ao também candidato a vereador ADEMIR BRAZ DE SOUZA. Tais fatos, em tese, configuram o crime capitulado no art. 299 do Cód. Eleitoral e transgressão aos artigos 23 e 81 da Lei n. 9.504/1997 [destaque não consta do original] sem prejuízo de outras implicações penais verificadas no decorrer das investigações" ( f l . 2 2 ) .

- E m 25.08.2009, a Juíza K a r e m Franc i s S c h u b e r t R e i m e r , d a 8 6 a Z o n a E le i t o ra l , c o n c e d e u m a i s "60 dias de prazo para conclusão das investigações" ( f ls . 2 6 / 2 8 ) .

- E m 27 e 28.10.2009, f o r a m o u v i d o s N e l s o n Ti l l ( f ls . 1 7 7 / 1 7 8 ) , E l i o m a r Z u c h e t t i ( f ls . 1 8 2 / 1 8 3 ) , V o l n e i Mon t ibe l l e r ( f ls. 1 8 7 / 1 8 8 ) e R o s a Mar i a M e n d e s R e s c a r o l l i ( f l . 1 9 2 ) .

- E m 28.10.2009, o D e l e g a d o Anníbal W u s t d o N a s c i m e n t o G a y a p r e s t o u "informações atinentes aos autos do Inquérito Policial Federal n. 255/2009, oriundo da Delegacia de Polícia Federal em Itajaí/SC ( f ls . 1 4 4 / 1 4 5 ) . A o ofício a c o s t o u peças d o inquérito po l ic ia l q u e já s e e n c o n t r a v a m n o s a u t o s d o habeas corpus.

- E m 30.10.2009, fo i i n t e r r ogado N a u r o Ga l l ass i n i ( f ls . 3 3 1 / 3 3 2 ) .

02. O mérito da pretensão d e d u z i d a n o habeas corpus t e m po r f u n d a m e n t o questões d e n a t u r e z a e m i n e n t e m e n t e p r o c e s s u a l .

A jurisprudência é r e m a n s o s a no sen t i do d e q u e "o inquérito policial, ou outro procedimento investigatório, constitui peça meramente informativa, sem valor probatório, apenas servindo de suporte para a propositura da ação penal. Eventual vício ocorrido nessa fase não tem o condão de contaminar a ação penal, sendo que a plena defesa e o contraditório são reservados para o processo, quando há acusação formalizada por meio da denúncia" ( S T J , H C n. 1 9 . 5 4 3 , M i n . Laur i ta V a z ) .

luz d e s s e ejiteftétfqento e pe las razões q u e p a s s o a a l inhar , à exceção ctáquela r e l a c i o n a d a a o s p r e s s u p o s t o s a u t o r i z a d o r e s d o d e s a r q u i v a m e n t o d a s "jpeçjfs de informação", re je i to t o p a s a s teses p r o p o s t a s pe los i m p e t r a n t e s :

02.01. Não h o u v e q u e b r a d o princípio d o " p r o m o t o r n a t u r a l " pe lo fa to d e a/i/istauração d e inquérito po l ic ia l te r s ido requ i s i t ada pe lo P r o m o t o r d a 5 a Z o n a

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Ele i to ra l e não pe lo P r o m o t o r da 8 6 a Z o n a E le i to ra l - o n d e fo ra a r q u i v a d o o "ma te r i a l c o l h i d o " pe la Polícia F e d e r a l e r e m e t i d o pe lo Ju i z de Di re i to d a C o m a r c a d e T i j u c a s . C o m o é cediço, "o principio do promotor natural está ligado à persecuçào criminal, não alcançando inquérito, quando, então, ocorre o simples pleito de diligências para elucidar dados relativos à prática criminosa" ( R H C n. 9 3 . 2 4 7 , M i n . M a r c o Aurélio).

02.02. S a l v o situações e x c e p c i o n a líssi m a s - q u e não se e n c o n t r a m p r e s e n t e s no c a s o e m e x a m e - não au to r i za o t r a n c a m e n t o do inquérito po l ic ia l o f a t o d e te r s i do e x t r a p o l a d o o p r a z o pa ra sua conclusão. D e a c o r d o c o m p r e c e d e n t e s d o S u p e r i o r T r i b u n a l d e Justiça, "não obstante o considerável lapso de tempo decorrido desde a instauração do inquérito policial, nenhum constrangimento ilegal por excesso de prazo para sua conclusão se evidencia na espécie, não apenas porque não demonstrada nenhuma desídia na condução da investigação, mas também tendo em conta que a Paciente se encontra em liberdade, não sofrendo qualquer constrição em sua liberdade de locomoção" ( H C n. 4 4 . 6 4 9 , M i n . Lau r i t a V a z ; H C n. 8 9 . 6 5 4 , M i n . Napoleão N u n e s M a i a F i lho) .

Reg i s t r o q u e o p r a z o pa ra e n c e r r a m e n t o d a s investigações fo i p r o r r o g a d o po r u m a única v e z .

02.03. A Resolução n. 2 2 . 3 7 6 , d e 2 0 0 6 , d o T r i b u n a l S u p e r i o r E le i to ra l , prevê e x p r e s s a m e n t e a legitimação da Polícia F e d e r a l pa ra i ns tau ra r inquérito po l ic ia l v i s a n d o a apuração d e c r i m e s e le i to ra is :

"art. 1o O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição da Justiça Eleitoral, sempre que houver eleições, gerais ou parciais, em qualquer parte do Território Nacional (art. 2° do Decreto-Lei n. 1.064, de 24 de outubro de 1968, e Res. -TSE n. 11.218, de 15 de abril de 1982). Art. 2o A Polícia Federal exercerá, com prioridade sobre suas atribuições regulares, a função de policia judiciária em matéria eleitoral, limitada às instruções e requisições do Tribunal Superior Eleitoral, dos Tribunais Regionais e dos Juizes Eleitorais (Res. TSE n. 8.906, de 5 de novembro de 1970 e art. 94, § 3°, da Lei n. 9.504/97). Parágrafo único. Quando no local da infração existir órgãos da Polícia Federal, a Polícia Estadual terá atuação supletiva (Res. - TSE n. 11.494, de 8 de outubro de 1982 e Acórdãos n. 16.048, de 16 de março de 2000 e n. 439, de 15 de maio de 2003)".

A d e m a i s , "as atribuições no âmbito da polícia judiciária não se submetem aos mesmos rigores previstos para a divisão de competência, haja vista que a autoridade policial pode empreender diligências em circunscrição diversa, independentemente da expedição de precatória e requisição" ( S T J , H C n. 4 4 . 1 5 4 , M i n . Hélio Quáglia B a r b o s a ) .

Care_c©"deconsistência jurídica a alegação d e q u e a investigação fo i patípci

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03. O inquérito po l ic ia l fo i i n s tau rado pa ra a p u r a r a prática d e c o n d u t a s v e d a d a s n o s d i spos i t i vos l ega is a segu i r t ransc r i tos :

- Código Eleitoral

"Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa".

-Lei n. 9.504/1997

"Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei. § 1o As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas: I - no caso de pessoa física, a dez por cento dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição; II - no caso em que o candidato utilize recursos próprios, ao valor máximo de gastos estabelecido pelo seu partido, na forma desta Lei. § 2° Toda doação a candidato específico ou a partido deverá ser feita mediante recibo, em formulário impresso ou em formulário eletrônico, no caso de doação via internet, em que constem os dados do modelo constante do Anexo, dispensada a assinatura do doador. § 3° A doação de quantia acima dos limites fixados neste artigo sujeita o infrator ao pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia em excesso. § 4° As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas na conta mencionada no art. 22 desta Lei por meio de: I - cheques cruzados e nominais ou transferência eletrônica de depósitos; II - depósitos em espécie devidamente identificados até o limite fixado no inciso I do§ 1° deste artigo. III - mecanismo disponível em sitio do candidato, partido ou coligação na internet, permitindo inclusive o uso de cartão de crédito, e que deverá atender aos seguintes requisitos: a) identificação do doador; b) emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação realizada. § 5° Ficam vedadas quaisquer doações em dinheiro, bem como de troféus, prêmios, ajudas de qualquer espécie feitas por candidato, entre o registro e a eleição, a pessoas físicas ou jurídicas. § 6° Na hipótese de doações realizadas por meio da internet, as fraudes ou erros cometidos pelo doador sem conhecimento dos candidatos, partidos ou coligações não ensejarão a responsabilidade destes nem a rejeição de suas contas eleitorais. §/7° O limite previsto no inciso I do § 1° não se aplica a doações estimáveis im dinheiro relativas à utilização de bens móveis ou imóveis de propriedade

'do doedor, desde^que^ç valor da doação não ultrapasse R$ 50.000,00 (cinquenta^mirréais)".

"Art. 81. As doações e dontribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais poderão ser feitas a partir do registro dos comitês financeiros dos partidos ou coligações.

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§ 1o As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas a dois por cento do faturamento bruto do ano anterior à eleição. § 2° A doação de quantia acima do limite fixado neste artigo sujeita a pessoa jurídica ao pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia em excesso. § 3o Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, a pessoa jurídica que ultrapassar o limite fixado no § 1o estará sujeita à proibição de participar de licitações públicas e de celebrar contratos com o Poder Público pelo período de cinco anos, por determinação da Justiça Eleitoral, em processo no qual seja assegurada ampla defesa. § 4o As representações propostas objetivando a aplicação das sanções previstas nos §§ 2° e 3o observarão o rito previsto no art. 22 da Lei Complementar n° 64, de 18 de maio de 1990, e o prazo de recurso contra as decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficiar.

03.01. C o n q u a n t o o Ju i z E le i to ra l E d e m a r L e o p o l d o S c h l o s s e r , p o s t e r i o r m e n t e a o p a r e c e r d o P r o m o t o r de Justiça Mur i l o C a s e m i r o M a t t o s , t e n h a d e t e r m i n a d o o reg i s t ro e a autuação do "ma te r ia l co lh ido " pe la Polícia F e d e r a l c o m o "inquérito eleitoraf, é e v i den te q u e inquérito po l ic ia l não h a v i a , po is a s u a instauração t e m c o m o p r e s s u p o s t o u m a "requisição do Ministério Público ou da Justiça Eleitoraf o u u m a "prisão em flagrante delito" (Resolução T S E n. 2 2 . 3 7 6 / 2 0 0 6 , ar t . 8 o ) . H a v i a , porém, "peças de informação", q u e f o r a m a r q u i v a d a s e m razão d o p e d i d o f o r m u l a d o pe lo P r o m o t o r E le i to ra l q u e , rep i to , a s s i m s e m a n i f e s t o u :

"A documentação contida nos documentos inclusos - oriundos da 2a Vara da Comarca de Tijucas e encaminhados a esta 86a Zona Eleitoral - colhidos em razão de interceptação telefônica realizado pelo Departamento de Polícia Federal (Delegacia Regional Executiva) em operação deflagrada naquela comarca denominada "Arrastão" (CD incluso), identificaram 'a ocorrência de crimes eleitorais que estariam sendo cometidos na cidade de Brusque/SC. Extrai-se das conversas interceptadas, importantes indícios do possíveis crimes eleitorais (art. 299 da Lei 4737/65), envolvendo, por ora, a campanha do candidato Roberto Pedro Prudêncio Neto. Contudo, conforme registrado pelos agentes federais "não foi possível, entretanto, a confirmação por esta equipe de tais informações através de serviço de acompanhamento e vigilância por ser o crime ora mencionado estranho à investigação em curso e a área de ocorrência fora da circunscrição desta Superintendência Regional". Com relação a situação apresentada, como é do conhecimento de Vossa Excelência, no dia 24 de setembro, em seu gabinete, participamos de uma

iuniâo reservada com os agentes da polícia federal, oportunidade em que /ficou consignado que os referidos funcionários públicos, diante de novos dados investigatórios - mediante acompanhamento de vigilância - seriamos informadps^e~~~ãssim\ tomaríamos outras providências eventualmente

Ssárias. Entretanto, até o preèente momento, excetuando o que foi registro na escuta telefônica da 'operação arrastão', nada foi agregado como efetivo e inídôneo meio de prova indiciaria, capaz de deflagrar, quem sabe,

Ç0w£u4iaJ ^ie^i<ma/ ^Jeifova/ de Ó$m/a ^afavwia

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outras medidas importantes ao esclarecimentos dos fatos passíveis de incriminação na esfera eleitoral" (f\. 136 ) .

03.02. O P r o m o t o r E le i to ra l Eron i José Sa l les requ i s i t ou a instauração d e inquérito po l ic ia l a c o l h e n d o p e d i d o d o D e l e g a d o da Polícia F e d e r a l Lu iz C a r l o s Kor f f R o s a F i lho f o r m u l a d o à v is ta d a s declarações p r e s t a d a s pe lo Comissário d e Polícia R o b e r t o José L i d i o n o s a u t o s d o Inquérito Pol ic ia l n . 0 7 5 7 / 2 0 0 8 - S R / D P F / S C (Operação Arrastão). N o p e d i d o , s u g e r i u "que o depoimento encaminhado seja anexado ao material enviado anteriormente ao Juízo Eleitoral de Brusque através do oficio n. 072080048023-000-001 da 2a Vara de Tijucas, de 01/10/2008, uma vez que reforça os indícios de prática de crimes eleitorais (corrupção eleitoral/compra de votos) já existentes" (fl. 47).

I n s tau rado o inquérito, a u t u a d o s o b o n. 0 2 5 5 / 2 0 0 9 , o D e l e g a d o Anníbal W u s t d o N a s c i m e n t o G a y a i n te r rogou N e l s o n Til l ( f ls . 1 7 7 / 1 7 8 ) , E l i o m a r Z u c h e t t i ( f l s . 1 8 2 / 1 8 3 ) , V o l n e i Mon t i be l l e r ( f ls . 1 8 7 / 1 8 8 ) e N a u r o Ga l l ass in i ( f ls . 3 3 1 / 3 3 2 ) , e inqu i r iu R o s a Mar i a M e n d e s Rescaro l l i ( f l . 192 ) , c u j a s c o n v e r s a s f o r a m g r a v a d a s . D e s t a c o e x c e r t o s d a s declarações po r e l es p r e s t a d a s :

"QUE confirma as informações repassadas às f ls. 13/14, admit indo que manteve o contato indicado às fls. 16/17, eis que é proprietário do número 47 3355 6133; QUE o diálogo transcrito à f l . 17, com o número 47 3396 6736 , não foi realizado pelo ora interrogado; QUE efetuou um único contato telefônico com o indivíduo conhecido como PARDAL, a partir de recomendação de um freguês da lanchonete do ora interrogado, de cujo nome não se recorda; QUE como a brita solicitada não foi entregue, o ora interrogado não mais l igou para PARDAL; QUE não tinha conhecimento do candidato que era apoiado por PARDAL, entretanto, se o caminhão de brita fosse providenciado, o ora interrogado certamente conseguir ia os votos de sua família para o candidato seria indicado por PARDAL" ( N e l s o n Ti l l ) .

"QUE conf i rma as informações repassadas à f l . 13 e o contato indicado à f l . 20 ; Q U E não se recorda de ter efetuado outro contato com PARDAL, em virtude dos fatos ora invest igados; QUE PARDAL é amigo do ora interrogado de longa data, tendo sido acionado, em outras ocasiões, ar rumando bola de futebol e jogo de camisas; QUE no caso ora tratado, o ora interrogado manteve contato com PARDAL, em face da formatura da turma de ensino médio do Colégio Carlos Fantini, solicitando a lgum brinde para viabil izar uma rifa, objet ivando levantar dinheiro para festa de formatura; QUE PARDAL conseguiu um aparelho de DVD, sendo este entregue a VOLNEI MONTIBELLER; QUE o ora interrogado sustenta que não estava presente, quando do repasse do DVD aos formandos; QUE tinha conhecimento de que BÂRDAL trabalhava na campanha do então candidato a vereador ROBERTO

RUDÊNCIO; QUE PARDAL efet ivamente entregou o D V D para VOLNEI , entretanto, o^ofe-^lfiTélrogacto não sabe se foi PARDAL , ROBERTO PRUpÊNeiOou o próprio VOJÍNEI quem repassou tal aparelho à turma de

- - f o f m a n d o s " ( E l i o m a r Z u c h e t

Q U E conf i rma as informações repassadas às fls. 13/14 e os contatos

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Ç$wi/>u?ia/ &te<jficm&é ̂ ç/^ei/ò/pa/cie G^an-fa '^a/a.mtia,

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indicados às fls. 18/19; QUE tais contatos foram os únicos mant idos com PARDAL, no intuito de conseguir a doação de um brinde para viabil izar a festa de formatura da turma do irmão do ora interrogado; QUE conhece PARDAL há cerca de anos, em virtude de encontros para a prática de espor tes, sendo este conhecido por arrumar presentes e pequenas doações, tais como, jogos de camisas, troféus, bolas; QUE nas transcrições telefônicas ora invest igadas, PARDAL conseguiu um aparelho de DVD, que foi ent regue à turma do irmão do ora interrogado; QUE para tanto PARDAL solicitou que os formando fossem avisados de que a doação havia part ido do então candidato a vereador ROBERTO PEDRO PRUDÊNCIO NETO; QUE o aparelho ac ima foi deixado na casa do ora interrogado por PARDAL, sendo então repassado à turma de formandos; QUE PARDAL trabalhava na campanha do candidato ROBERTO PRUDÊNCIO NETO; QUE o ora interrogado garant iu a PARDAL, naquela oportunidade, boa quant idade de votos para o candidato ROBERTO PRUDÊNCIO NETO, conforme referido nas transcrições telefônicas" (Vo lne i Mon t ibe l l e r ) .

"QUE conf i rma integralmente as informações repassadas às f ls. 13/14 e o contato telefônico indicado às fls. 17/18; QUE não efetuou novo contato telefônico com PARDAL porque assim foi orientada por seu marido, d izendo este que não adiantaria, pois seria perda de tempo e que a cirurgia da ora declarante era urgente; QUE então, a ora declarante conseguiu dinheiro emprestado com seu cunhado, e realizou acordo com a empresa onde trabalha, obtendo a quantia necessária e efet ivando a cirurgia; QUE o contato referido às f ls. 17/18 foi motivado, exclusivamente, por doença grave da ora declarante (câncer de útero); QUE como a ora declarante, num primeiro momento , não t inha numerário para pagar a cirurgia, seus vizinhos sugeriram que, por ser época eleitoral, procurasse algum político que pudesse ajudar; Q U E foi venti lado, então, o nome do candidato PRUDÊNCIO, pertencente a uma família concei tuada de Brusque; QUE o contato de fls. 1/18 foi o único que fez a ora declarante e, sendo que nunca manteve contato com pessoas da família PRUDÊNCIO" ( R o s a Mar i a M e n d e s Rescaro l l i ) .

"QUE conf i rma os diálogos transcritos ás f ls. 16/20, admit indo que era o interlocutor "PARDAL", que manteve os contatos ali relacionados; QUE sustenta que não praticou cr ime eleitoral, eis que há muitos anos realiza pequenos favores e doações a diversas pessoas de Brusque e região; QUE pediu votos e apoio ao então candidato a vereador ROBERTO PEDRO PRUDÊNCIO NETO, entretanto, nega que tenha oferecido qualquer bem ou vantagem, em troca destes votos; QUE os pedidos indicados às fls. 16/20 foram intermediados pelo ora interrogado apenas por car idade, e não em troca de votos para ROBERTO PRUDÊNCIO; QUE conhece a família PRUDÊNCIO há cerca de 10 anos, prestando pequenos serviços nas horas vagas como motorista; QUE nunca se apresentou como assessor de quem quer que seja da família PRUDÊNCIO, embora algumas pessoas da região reconheçam o ora interrogado como alguém muito próximo ao íesem^aj^adorPRUDENCtp e ao seu filho ROBERTO PRUDÊNCIO; QUE

-preso por 57 dias em virtude da Operação Arrastão, respondendo atua lmente o processo em l iberdade, por formação de quadri lha , exploração de jogo de azar e corrupção ativa e passiva" ( N a u r o Ga l lass in i ) .

16

(á%tiâtíMoi ^^e^iona/ ^ç/eilowaé de Ó^anfa '^a/a-m-nu

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T e n d o e m v is ta o s t e r m o s da por ta r ia , o s f a t os t idos c o m o d e l i t u o s o s , e a s p r e m i s s a s a n t e r i o r m e n t e e s t a b e l e c i d a s , impõe-se perqu i r i r :

a) há relação en t re os f a tos d e q u e t r a t a m a s "peças d e informação" e a s declarações d e R o b e r t o José Lídio, d e q u e se v a l e r a m o D e l e g a d o Anníbal W u s t d o N a s c i m e n t o G a y a pa ra r e q u e r e r e o P r o m o t o r E ron i José Sa l l es p a r a requ is i t a r a instauração d e inquérito po l ic ia l?

b) S e n d o pos i t i va a respos ta , a a u t o r i d a d e po l ic ia l a p r e s e n t o u "novas provas" q u e j us t i f i ca r i am o d e s a r q u i v a m e n t o d a s "peças d e informação"?

Ex t ra i - se d o s a u t o s , e s t r e m e d e dúvidas: a s declarações d e R o b e r t o José Lídio s e r v i r a m pa ra jus t i f i ca r o p e d i d o d e abe r t u ra d e inquérito po l ic ia l . Porém, n e l a s não há alusão a o s f a tos r e l a c i o n a d o s c o m o s diálogos g r a v a d o s q u e , e m t e s e , p o d e r i a m c o n f i g u r a r c r i m e d e "corrupção e le i to ra l " ( C E , ar t . 2 9 9 ) . O nominado referiu-se exclusivamente sobre as doações feitas por Aleander para as campanhas eleitorais de "ADEMIR e PRUDÊNCIO".

Enfatizo: E s s a s "doações" não f o r a m m e n c i o n a d a s n a s "peças d e informação".

03.03. P rece i t ua o Código d e P r o c e s s o P e n a l q u e , "depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia" (ar t . 18) .

Dispõe a i n d a q u e , "se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender" (ar t . 2 8 ) .

E m to rno d o t e m a não há controvérsia doutrinária o u j u r i s p r u d e n c i a l , p r i n c i p a l m e n t e após a edição, pe lo S u p r e m o T r i buna l F e d e r a l , d a Súmula n. 5 2 4 :

"Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas".

D a d o u t r i n a e d a jurisprudência co lac i ono lições e acórdãos v e r s a n d o s o b r e a matérias

W êçãó^penal pública Jncondicionada e condicionada, dês que Satisfeita a condição, são regidas pelo princípio da legalidade ou obrigatoriedade. Isso significa que o Ministério Público ao receber

17

(Í^VÍ/WMCU Wletfwnai ^péetâcwa/ ae Santa ^aJa&vna

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autos de inquérito ou pecas de informação, tratando-se de fato típico, autoria conhecida e respaldo probatório, dará início à ação penal, ofertando a denúncia. [...} Se por acaso o fato não for atípico, ou, ainda que o seja, se a autoria é desconhecida, ou se não houver um mínimo de prova sensata, não poderá nem deverá o Ministério Público promover a ação penal. O processo é medida grave, severa, e por isso mesmo, para que seja instaurado, é indispensável haja, nos autos de inquérito ou nas pecas de informação, elementos sérios, idôneos, a mostrar que houve uma infração penal, e indícios mais ou menos razoáveis de que o seu autor foi a pessoa apontada no procedimento informativo ou nas peças de informação. Do contrário, incumbe ao Ministério Público requerer ao Juiz o respectivo arquivamento. [...] Se o magistrado as acolher [as razões do Ministério Público), o inquérito, ou pecas de informação, ou a representação, ou até mesmo a requisição do Ministro da Justiça, será arquivado. E, uma vez arquivado, não se admite o desarquivamento sem novas provas, nos precisos termos da Súmula 524 do STF. Segundo entendimento correto da Excelsa Corte, essas novas provas são aquelas que produzem alteração no panorama probatório dentro do qual foi concebido e acolhido o pedido de arquivamento. A nova prova há de ser substancialmente inovadora e não apenas formalmente nova [ p r o m o v i os d e s t a q u e s ] " ( F e r n a n d o da Cos ta T o u r i n h o F i lho , Código de processo penal comentado, Sa ra i va , 1 2 a e d . , p. 1 3 6 ) .

"De la t i o c r im in i s a o Ministério Público: da mesma forma que qualquer pessoa está autorizada a comunicar a ocorrência de um crime à autoridade policial, para que haja, em sendo o caso, a instauração de inquérito policial (art. 5°, § 3°, CPP), é natural que o mesmo se dê no tocante ao Ministério Público, titular da ação penal. Assim, pode qualquer pessoa encaminhar ao promotor de justiça uma petição, requerendo providências e fornecendo dados e documentos, para que as medidas legais sejam tomadas. Não possuindo os documentos necessários, deve indicar o lugar onde possam ser obtidos, bem como todos os elementos para formar o convencimento do Estado-acusação. A providência do representante do Ministério Público deve ser, como regra, requisitar a instauração de inquérito policiai, embora possa ele denunciar diretamente, se a pessoa enviou documentos suficientes para instruir a ação penal. Eventualmente, é cabível o

tudo do conteúdo das peças recebidas e, concluindo não haver ime a ser apurado, promover o seu arquivamento junto ao órgão

''do Poder Judiçiáfio^Vomp deixa claro o art. 28, ao mencionar o arquivamento das 'pecas/de /nformacãoTpromovi o s d e s t a q u e s ] "

" ( G u i l h e r m e d e S o u z a N u c c / Código de processo penal comentado, RT, 2 0 0 6 , 5 a e d . , p. 134 ) .

18

(á^^iéii/ricU &i#<^€Mia/ ^péeifôwa/ de $a#ifa <^at<wòi<i

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"Controle de arquivamento do inquérito policial ou de pecas de informação: é feito pelo Judiciário, justamente em homenagem ao princípio da obrigatoriedade da ação penal. [...] Determinando o arquivamento, somente se reabre a investigação havendo novas provas. Desacolhendo [o juiz] o pedido, deve remeter o inquérito ou as pecas de informação ao Procurador-Geral, que deliberará a respeito. Não se trata de uma avaliação de conveniência e oportunidade, mas de legalidade e justa causa para a ação penal [ p r o m o v i o s d e s t a q u e s ] " ( G u i l h e r m e d e S o u z a N u c c i , Código de processo penal comentado, R T , 2 0 0 7 , 6 a e d . , p. 124 ) .

"Arquivado o inquérito por falta de provas, a autoridade policial poderá, enquanto não se extinguir a punibilidade pela prescrição (CP, arts. 109 e 107, IV), proceder a novas pesquisas, desde que surjam outras provas, isto é, novas provas, que alterem o 'panorama probatório dentro do qual foi concebido e acolhido o pedido de arquivamento do inquérito' (Mirabete, Processo penai, cit. p. 58) (Súmula 524 do STF)" ( F e r n a n d o C a p e z , C u r s o d e p r o c e s s o p e n a l , S a r a i v a , 2 0 0 8 , 1 5 a e d . , p. 1 0 4 / 1 0 5 ) .

" O ato judicial que ordena, no Supremo Tribunal Federal, o arquivamento do inquérito ou de pecas de informação, a pedido do Procurador-Geral da República, motivado pela ausência de 'op in io de l i c t i ' derivada da impossibilidade de o Chefe do Ministério Público da União identificar a existência de elementos que lhe permitam reconhecer a ocorrência de prática delituosa, é insuscetível de recurso (RT 422/316), embora essa decisão - por não se revestir da autoridade da coisa julgada (RT 559/299-300 - RT.621/357 - RT 733/676) - não impeça a reabertura das investigações penais, desde que (a) haja provas substancialmente novas (RTJ 91/831 - RT 540/393 - RT 674/356 - RT 710/353 - RT 760/654) e (b) não se tenha consumado, ainda, a prescrição penal. Doutrina. Precedentes [ p r o m o v i os d e s t a q u e s ] " ( S T F , P e t - A g R 2 5 0 9 , M i n . C e l s o d e Me l lo ) .

"Arquivado o inquérito ou as peças de informação a requerimento do Órgão do Ministério Público, a ação penal não pode ser iniciada sem novas provas. Precedente" ( S T J , R H C 1 7 6 9 2 , M i n . G i l s o n D i p p ) .

"PROCESSUAL PENAL - ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL -REABERTURA - NOVAS PROVAS • SÚMULA 524-STF - EXCEÇÃO DE COISA JULGADA. - ARQUIVADO O INQUÉRITO OU AS PEÇAS DE

^FORMAÇÕES A REQUERIMENTO DO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO 'PÚBLICO, NÃQ^POÜE A AÇÃO PENAL SER INICIADA SEM NOVAS PROVASr^NOVASYXWA8 S A 0 AQUELAS QUE PRODUZEM ALTERAÇÃO NO PANORAMA PROBATÓRIO DENTRO DO QUAL FOI CONCEBIDO E ACOLHIDO O PEDIDO DE ARQUIVAMENTO, E NÃO AQUELAS, APENAS/ FORMALMENTE NOVAS. - INTELIGÊNCIA DA

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SÚMULA 524-STF. - PRELIMINAR DE EXCEÇÃO DE COISA JULGADA ACOLHIDA [promovi os destaques] " ( S T J , A P N 1 9 8 9 0 0 0 7 0 6 8 1 , M i n . B u e n o d e S o u z a ) .

"Se o processo foi arquivado a pedido do Ministério Público, somente poderia ser desarquivado ante a produção de novas provas, a teor do artigo 18, do Código de Processo Penal e consoante Súmula n°. 524, do STF, sob pena de nulidade absoluta" ( T J M G , Proc . n. 1 . 0 1 7 7 . 0 5 . 0 0 4 0 9 5 - 1 / 0 0 1 ( 1 ) , D e s . P e d r o V e r g a r a ) .

a) não s e t e m , in casu, inquérito po l ic ia l a r q u i v a d o , m a s tão s o m e n t e o a r q u i v a m e n t o d e "peças de informação";

b) o d e s a r q u i v a m e n t o d e "peças de informação" s u b m e t e - s e à reg ra d o ar t . 18 d o Código d e P r o c e s s o P e n a l e d o e n u n c i a d o da Súmula 5 2 4 d o S T F ;

c) a s declarações de R o b e r t o José Lídio não c a r a c t e r i z a m "prova substancialmente nova" ( S T F , P e t - A g R 2 5 0 9 ; M i n . C e l s o d e Me l lo , j u l g . e m 1 8 . 0 2 . 2 0 0 4 ) d e m o d o a au to r i za r o desarquivamento d a s "pecas de informação" p a r a jus t i f i ca r a a b e r t u r a d e inquérito po l i c ia l ;

d) a destinação d e recu rsos f i n a n c e i r o s pa ra a c a m p a n h a e le i to ra l d e A d e m i r B r a z d e S o u z a e R o b e r t o Prudêncio N e t o não ca rac te r i za c r i m e e le i to ra l ; o s p r a z o s p a r a a j u i z a m e n t o d e ações v i s a n d o a cassação do m a n d a t o - representação e le i t o ra l , investigação jud i c i a l e le i to ra l , ação d e impugnação d e m a n d a t o e le t i vo e r e c u r s o c o n t r a expedição d e d i p l o m a - há mu i t o se e s g o t a r a m ; não e s t a v a m q u a n d o o P r o m o t o r E le i to ra l Mu r i l o C a s e m i r o M a t t o s r e q u e r e u o a r q u i v a m e n t o d a s "peças de informação" e n c a m i n h a d a s pe lo Ju iz d a C o m a r c a d e T i j u c a s ;

e) não s e n d o u t i l i zadas a s "peças d e informação", não há, pe lo m e n o s po r o r a , j u s t a c a u s a p a r a ins tau ra r inquérito po l ic ia l pa ra apuração da prática, e m t e s e , d o c r i m e d e "corrupção e le i to ra l " ( C E , ar t . 2 9 9 ) .

04. O P r o c u r a d o r R e g i o n a l E le i to ra l Cláudio Du t ra Fon te l la "não vislumbra qualquer razão para que o feito tramite em segredo de justiça" [ p r o m o v i o d e s t a q u e ] .

O u t r o fo i o e n t e n d i m e n t o d o P r o m o t o r d e Justiça Mur i l o C a s e m i r o M a t t o s , então P r o m o t o r d a 8 6 a Z o n a E le i to ra l . A o reque re r " o arquivamento da peças informativas" r e s s a l v o u q u e s e i m p u n h a a observância d o "sigilo que o caso requer".

A o / p r e s t a r informações, o Ju iz G e o m i r R o l a n d Pau l r e m e t e u do is

072.09006890-6, consistente em Pedido) de Quebra de Sigilo de Dados e /ou Telefôgfó&Tgue tramitou perante a 2a Vara da Comarca de Tijucas". S o b r e e s s e s documepr fos , p ro fe r i a decisão ( f l . 2 5 0 / , q u e m o t i v o u a r e s p o s t a d o P r o c u r a d o r

C o n c l u o :

e n v e l o p e s Ia c o n t e n d o "cópia do Processo n.

20

Ç^wiáiitfw/ ̂ le^úm^ cie Ó)cmta ^a/a.Mwa

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R e g i o n a l E le i to ra l ( f ls . 3 6 5 / 3 6 6 ) . N o s e g u n d o e n v e l o p e (f l . 134 ) e n c o n t r a - s e u m C D c o n t e n d o a s gravações d o s diálogos i n t e r cep tados q u e e n s e j a r a m a instauração d o inquérito po l ic ia l e m f a c e d o p a c i e n t e (Inquérito Pol ic ia l F e d e r a l n. 0 2 5 5 / 2 0 0 9 ) .

Não se p o d e a fas ta r a hipótese d e h a v e r gravação d e diálogos de p e s s o a s q u e não estão s o b investigação; de p e s s o a s q u e p o d e r i a m te r o s s e u d i re i tos f u n d a m e n t a i s à "intimidade" e à "vida privada" ( C R , ar t . 5 o , X ) v i o l a d o s .

Ressa l t o :

a) a Constituição da República e x p r e s s a m e n t e prevê q u e a p u b l i c i d a d e d o s a t o s p r o c e s s u a i s poderá se r res t r ing ida "quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem" (ar t . 5 o , L X ) ;

b) c o m o "s ig i lo " v ise i p rese rva r d i re i tos d a s p e s s o a s q u e t i v e r a m s u a s c o n v e r s a s g r a v a d a s , e não o p a c i e n t e ;

c) j u l g a d o o habeas corpus, não há n e c e s s i d a d e d e se r m a n t i d o o s e g r e d o d e justiça. Porém, e n t e n d o q u e d e v e se r v e d a d a a a b e r t u r a , s e m autorização j ud i c i a l , d o e n v e l o p e c o n t e n d o o C D n o q u a l estão g r a v a d a s as c o n v e r s a s telefônicas i n t e r c e p t a d a s pe la Polícia F e d e r a l ( f l . 1 3 4 ) .

05. O equívoco d o P r o m o t o r Mur i lo C a s e m i r o M a t t o s a o s u g e r i r o a r q u i v a m e n t o e d o Ju i z E le i to ra l E d e m a r L e o p o l d o S c h l o s s e r a o a rqu i va r a s "peças d e informação" não jus t i f i cam o d e s p r e z o à le i . R e s p e i t a n d o , po r óbvio, o s q u e p e n s a m d e m o d o d i v e r s o , e n t e n d o q u e nós, j u i z e s , não p o d e m o s cor r ig i r u m a decisão j u d i c i a l e q u i v o c a d a c o m ou t ra q u e a f ron ta a le i e princípios d e Di re i to .

C o m a s adaptações q u e se f a z e m necessárias, i n v o c o a eloqüente lição d o M in i s t ro C e l s o d e M e l l o :

"A invocação das razões de Estado - além de deslegitimar-se como fundamento idôneo de justificação de medidas legislativas - representa, por efeito das gravíssimas conseqüências provocadas por seu eventual acolhimento, uma ameaça inadmissível às liberdades públicas, à supremacia da ordem constitucional e aos valores democráticos que a informam, culminando por introduzir, no sistema de direito positivo, um preocupante fator de ruptura e de desestabitização político-jurídica. Nada compensa a ruptura da ordem constitucional. Nada recompõe os gravíssimos efeitos que derivam do gesto de infídelidade ao texto da Lei Fundamental. A defesa da Constituição não se expõe, nem deve submeter-se, a qualquer juízo de oportunidade ou de conveniência, muito menos a avaliações

ficionàrías fundadas em razões de pragmatismo governamental. A 1ação do Poder e de seus agentes, com a Constituição, há de ser,

/necessariameaterümãrotação de respeito. Se^efrrúeterminado mominto histórico, circunstâncias de fato ou de direito aclamarem a alteração da Constituição, em ordem a conferir-lhe um sentido

de maior contemporaneidade, para ajustá-la, desse modo, às novas 21

(^Fibúna/ ^R&jfüma/ ^/etfówcU d& ÓJan/a ^ata^n^a

HABEAS CORPUS (HC) N. 15

exigências ditadas por necessidades políticas, sociais ou econômicas, impor-se-á a prévia modificação do texto da Lei Fundamental, com estrita observância das limitações e do processo de reforma estabelecidos na própria Carta Política" (AD I n° 2 . 0 1 0 - M C ) .

06. E m relação a o vo to q u e pro fe r i na sessão d o d ia 0 3 . 1 2 . 2 0 0 8 , a c r e s c e n t o :

06.01. Dispõe o Código d e P r o c e s s o P e n a l q u e "a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria" (ar t . 4 o ) . V a l e d izer : a atribuição c o n f e r i d a po r le i à a u t o r i d a d e po l ic ia l d iz respe i to a p e n a s a elucidação d e c o n d u t a s c r i m i n o s a s , d e n a t u r e z a p e n a l .

O d e s c u m p r i m e n t o da L e i n. 9 . 5 0 4 / 1 9 9 7 cons t i tu i , s a l v o disposição lega l e m contrário, infração d e na tu reza admin i s t ra t i va , q u e d e v e se r a p u r a d a po r m e i o d o p r o c e d i m e n t o próprio, in ic iado po r "reclamação ou representação" d e "qualquer partido político, coligação ou candidato" o u d o Ministério Público d i r ig ida à Justiça E le i to ra l , r e l a t a n d o ' f a tos , indicando provas, indícios e circunstâncias" (Le i n . 9 . 5 0 4 / 1 9 9 7 , ar t . 96 ) .

A s infrações a o s a r t s . 2 3 e 81 d a L e i n. 9 . 5 0 4 , d e 1 9 9 7 , não c a r a c t e r i z a m " c r i m e e le i to ra l " . Não p o d e m se r i nves t i gadas e m "inquérito po l i c ia l " .

M a i s u m a v e z , v a l h o - m e d a jurisprudência para reforçar a t e s e :

"O ordenamento jurídico não autoriza, nas representações da Lei n° 9.504/97, cujo procedimento se descreve no art. 96, a aplicação de sanções decorrentes da prática de crimes eleitorais, como o definido no §4° do art. 33, dessa Lei, os quais devem ser apurados em sede própria" ( T R E P R , Proc . n. 1125 , J u i z Gi l T ro t ta Te l l es ) .

"O artigo 41A da Lei 9504/97 regula conduta político-eleitoral, sem caráter criminal e assim é nula a sentença que, apreciando essa conduta, condena o representado nas penas do artigo 39, § 5o, inciso III, da mesma lei, que regula responsabilidade criminal, cujo processo é de iniciativa exclusiva do Ministério Público, ainda mais que ofende o princípio da ampla defesa do réu" [promovi o destaque] ( T R E P R , Proc . n. 1 7 7 1 , Ju i z M a r c o s d e L u c a F a n c h i n ) .

"A sanção prevista no art. 42, § 2o, da Lei n. 9.504/97 não constitui crime, mas punição de caráter administrativo. Narração de prática de ilícito eleitoral de natureza cível, e não denúncia pela prática de crime eleitoral" ( T R E M G , 5 8 1 2 0 0 7 , Ju i z T i a g o P in to ) .

(c f p e d i d o d e instauj^cão d e inquérito pol ic ia l o P r o m o t o r e le i to ra l não a l u d e àqueles d ispos i t i y j j s^ep^ f isTre fenVse a p e n a s à "ocorrência de crime eleitoral, supostefrTT&nte praiieâdo pelos Senhops Ademir Braz de Souza e Roberto Pedro Prudê\ntidUfk?2).

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HABEAS CORPUS (HC) N. 15

S u r p r e e n d e , o u t r o s s i m , q u e não t e n h a Mar i a M e n d e s Resca ro l l i e N e l s o n T i l l . C o m o é 2 9 9 d o Código E le i to ra l também a q u e l e q u e dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantager

07. À v is ta d o e x p o s t o , d o inquérito po l ic ia l e m c u r s o na o n . 0 2 5 5 / 2 0 0 9 .

E l i o m a r Z u c h e t t i , R o s a j t a m - s e às p e n a s d o ar t . para si ou para outrem,

p r o m e t e r abstenção.

" t r a n c a m e n t o " í a u t u a d o s o b

23

06.02. S u r p r e e n d e o f a t o d e q u e o D e l e g a d o d a Polícia F e d e r a l ter , na po r ta r i a i ns tau rado ra . d o inquérito po l ic ia l , m e n c i o n a d o o s re fe r idos d i spos i t i vos l ega i s .

•na, HABEAS CORPUS (HC) N. 15

VOTO VISTA (VENCEDOR)

A S E N H O R A JUÍZA ELIANA PAGGIARIN MARINHO ( R e l a t o r a d e s i g n a d a ) : S r . P r e s i d e n t e , ped i v is ta d o s au tos , após o v o t o p ro fe r i do pe lo e m i n e n t e Re la to r .

1 . E s t o u d e p leno a c o r d o c o m o v o t o d o Re la to r n o q u e d i z respe i to às questões p r e l i m i n a r e s a n a l i s a d a s . I gua lmen te n o q u e a fe ta à interpretação d a d a a o s a r t s . 18 e 2 8 do Código d e P r o c e s s o P e n a l . E f e t i v a m e n t e , a r q u i v a d o o inquérito o u as peças d e informação, a p e d i d o d o Ministério Público e po r decisão j u d i c i a l , a r e a b e r t u r a d a s investigações s o m e n t e é possível d i an te d e n o v a s p r o v a s . A c o m p a n h o também o raciocínio do Re la to r q u a n d o e s c l a r e c e q u e o mate r ia l ob j e to d e a r q u i v a m e n t o d e v e s e r e n t e n d i d o c o m o m e r a s peças d e informação, s e n d o a distribuição d o e x p e d i e n t e c o m o inquérito ( d e t e r m i n a d a pe lo M M . Ju i z ) a p e n a s po r razões cartorárias.

A propósito d o a r q u i v a m e n t o das m e n c i o n a d a s peças d e informação, t o d a v i a , t e n h o c o m o necessárias a l g u m a s considerações. Para tan to , i m p o r t a n t e d e início t r a n s c r e v e r o in te i ro teo r da manifestação d o Ministério Público:

"A documentação contida nos documentos inclusos - or iundos da 2 a Vara da Comarca de Tijucas e encaminhados a esta 8 6 a Zona Eleitoral - colhidos em razão de interceptação telefônica realizado pelo Departamento de Policia Federal (Delegacia Regional Executiva) em operação def lagrada naquela comarca denominada "Arrastão" (CD incluso), identif icaram "a ocorrência de crimes eleitorais que estariam sendo cometidos na cidade de Brusque/SC".

Extrai-se das conversas interceptadas, importantes indícios de possíveis cr imes eleitorais (art. 299 da Lei 4737/65), envolvendo, por ora, a campanha do candidato Roberto Pedro Prudêncio Neto.

Contudo, conforme registrado pelos agentes federais "não foi possível, entretanto, a confirmação por esta equipe de tais informações através de serviço de acompanhamento e vigilância por ser o crime ora mencionado estranho à investigação em curso e a área de ocorrência fora da circunscrição desta Superintendência Regional".

C o m relação a situação apresentada, como é do conhecimento de Vossa Excelência, no dia 24 de setembro, em seu gabinete, part ic ipamos de uma reunião reservada com os agentes da policia federal , oportunidade em que f icou consignado que os referidos funcionários públicos, diante de novos dados investigatórios - mediante acompanhamento e vigilância - ser iamos informados e assim, tomaríamos outras providências eventualmente necessárias.

Entretanto, até o presente momento , excetuando o que foi registrado na escuta telefônica da "operação arrastão", nada foi agregado como efetivo e inidôneo meio de prova indiciaria, capaz de deflagrar, quem sabe, outras medidas importantes ao esclarecimento dos fatos passíveis de incriminação na esfera elei toral. f~~S\ •*

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Ass im, considerando o término do processo eleitoral, suger imos o arquivamento das peças informativas ora encaminhadas, com o sigilo que o caso requer, o que não impede futuras medidas, diante de outros dados seguros e adequados para a apuração dos fatos, em atenção aos di tames legais".

O u v i as primeiras 40 (quarenta) ligações c o n s t a n t e s n o C D a n e x a d o a o s a u t o s . D e i x o reg i s t rado , i nc lus i ve , q u e o mater ia l e s t a v a l ac rado pe la M M . Juíza E le i to ra l e, pa ra tan to , v io le i o e n v e l o p e , p r o v i d e n c i a n d o p o s t e r i o r m e n t e n o v o l ac re , a g o r a c o m m i n h a a s s i n a t u r a .

O q u e ouv i é a l go no mínimo p e r t u r b a d o r . Não ac red i t o q u e , e m eleições rea l i zadas e m município d e médio por te , c o m o é o c a s o d e B r u s q u e , e m ou t ra o p o r t u n i d a d e o Ministério Público Ele i tora l t e n h a t ido a c e s s o a mate r ia l tão fa r to , i n d i c i a d o d o comércio d e v o t o s . T r a t a - s e de ligações telefônicas rea l i zadas o u r e c e b i d a s p o r p e s s o a q u e s e d e n o m i n a P A R D A L ( P A R D A L PRUDÊNCIO e m u m a d a s c o n v e r s a s ) . E m t o d a s e l as P A R D A L s e c o m p r o m e t e a e n t r e g a r ma te r i a i s (remédios, br i ta , a re ia , combustível pa ra v i a g e m , t e l has pa ra c a s a s , etc. ) o u serviços ( c o n s u l t a s médicas e /ou e x a m e s ) , s e n d o q u e e m b o a pa r t e d a s c o n v e r s a s há referência e x p r e s s a a o número d e vo tos q u e c o r r e s p o n d e m à c o n t r a p a r t i d a pe la " a j u d a " . P e r c e b e - s e , d a s c o n v e r s a s , q u e mu i t as p e s s o a s d a c i d a d e l i g a v a m d i r e t a m e n t e pa ra P A R D A L já s a b e n d o q u e e le pode r i a a t e n d e r s e u s p e d i d o s . A l g u n s l i g a v a m p o r indicação d o c a n d i d a t o . P A R D A L , nas c o n v e r s a s , a n o t a endereços p a r a a e n t r e g a , iden t i f i ca beneficiários, c o m b i n a de ta l hes s o b r e o número d e v o t o s . N a seqüência, f az ligações p r o v i d e n c i a n d o as b e n e s s e s .

D e p o i s d e ouv i r as gravações, não p o s s o de i xa r d e m a n i f e s t a r m e u d e s c o n f o r t o c o m o a r q u i v a m e n t o d a s "peças de informação". C o m o d e v i d o r e spe i t o a o M M . P r o m o t o r E le i to ra l e a o M M . J u i z q u e a c a t o u a manifestação m in i s te r i a l , a decisão p e l o a r q u i v a m e n t o d o mate r ia l e n c a m i n h a d o pe la Polícia Fede ra l é, no mínimo, p r e o c u p a n t e . Primeiro, p o r q u e se os c i nco diálogos d e g r a v a d o s pe la a u t o r i d a d e po l ic ia l p o d e r i a m , e m t e s e , s e r c o n s i d e r a d a s c o m o indícios f r acos d e u m a possível ocorrência d e ilícito e le i to ra l , o m e s m o não s e p o d e d i ze r d a s ou t ras t a n t a s ligações g r a v a d a s no C D q u e a c o m p a n h o u o mate r ia l esc r i t o . C o m e fe i to , t r a ta -se de ma te r i a l f a r to , mu i t o ma is q u e indiciário. N e n h u m ou t ro e l e m e n t o p rec i sa r i a se r a g r e g a d o p a r a q u e s e e s t i v e s s e d ian te d e e l e m e n t o s su f i c i en tes pa ra a instauração d e p r o c e d i m e n t o investigatório. Segundo, p o r q u e pa ra q u e a a u t o r i d a d e po l ic ia l i n i c i a s s e investigações a c e r c a d a q u e l e s indícios era indispensável a requisição po r p a r t e d o M M . P r o m o t o r E le i to ra l , na fo rma d o art . 8 o da Resolução T S E n. 2 2 . 3 7 6 / 2 0 0 6 .

I nobs tan te as considerações a c i m a c u m p r e , t o d a v i a , ana l i sa r s e o d e p o i m e n t o e n c a m i n h a d o n o s e g u n d o m o m e n t o pe la a u t o r i d a d e pol ic ia l p o d e se r c o n s i d e r a d o "prova substancialmente nova", d e m o d o a j us t i f i ca r o d e s a r q u i v a m e n t o d a s "peças d e informação" p a r a subs id ia r a abe r tu ra d e inquérito po l ic ia l .

C^rôó^nué ^ie^ü>9ux/ ̂ /eifówa/ de (§fcttfUa. '^a/á&èna,

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2 . Po is b e m . O n o v o e l e m e n t o e n c a m i n h a d o pe la Polícia F e d e r a l é o in te i ro teo r d o A u t o d e Qualificação e Interrogatório de R O B E R T O JOSÉ LÍDIO, extraído da m e s m a investigação jud ic ia l q u e in te rcep tou as c o n v e r s a s telefônicas g r a v a d a s n o C D . E m s u a s declarações, R O B E R T O JOSÉ LÍDIO a f i rma q u e "QUE conhece NAURO GALASINI, vulgo PARDAL, de Brusque, sabendo que ele trabalha na Prefeitura Municipal e também que trabalhou na campanha do candidato eleito a vereador ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO" e q u e "pode afirmar que ALEANDER também patrocinou a campanha eleitoral de ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO; QUE não sabe dizer quanto ALEANDER pagou para a campanha de PRUDÊNCIO e ADEMIR, 'porem não foi pouco'; QUE para sua campanha a vereador também pediu 'uma ajuda' a ALEANDER, porém, ele negou dizendo que 'já estava financiando o PRUDÊNCIO e ADEMIR"- grifei.

Aqui está a razão de minha divergência. D i f e r e n t e m e n t e d o q u e e n t e n d e u o M M . Re la to r , p e n s o q u e o d e p o i m e n t o a c i m a t raz p e l o m e n o s do i s e l e m e n t o s n o v o s , su f i c i en tes para au to r i za r a " reabe r tu ra " d a s peças d e informações a r q u i v a d a s a n t e r i o r m e n t e , qua i s s e j a m :

a) l iga P A R D A L a o c a n d i d a t o R O B E R T O . A p o n t a q u e , nas s u a s d i v e r s a s c o n v e r s a s , q u a n d o . P A R D A L re fe r ia -se a o " R o b e r t i n h o " , e s t a v a p o s s i v e l m e n t e a g i n d o e m n o m e do c a n d i d a t o a v e r e a d o r R O B E R T O C A R L O S PRUDÊNCIO N E T O . O u s e j a : P A R D A L es ta r i a n e g o c i a n d o vo tos e m n o m e d o c a n d i d a t o , po is t r aba lha r i a pa ra e le .

b) a o o n t a o possível f i nanc iado r da c a m p a n h a . N a s c o n v e r s a s telefônicas não s e p e r c e b e , pe lo m e n o s não d e f o r m a d i re ta , referência à o r i g e m d o s r e c u r s o s p a r a a fa r ta distribuição d e b e n s e serviços fe i ta po r P A R D A L e m t r oca d e f a v o r e s e le i t o ra i s . A indicação d o n o m e d e u m possível f i n a n c i a d o r d a c a m p a n h a d o c a n d i d a t o a v e r e a d o r é indício i m p o r t a n t e pa ra as investigações, também n o q u e a fe ta à prática d o ilícito d o art . 2 9 9 d o Código Ele i tora l , po is m u i t o p r o v a v e l m e n t e e v e n t u a i s doações e m t roca d e vo tos não t e n h a m s ido r e g i s t r a d a s c o m o d e s p e s a s d e c a m p a n h a .

• T e n h o , p o i s , c o m o jus t i f i cado o d e s a r q u i v a m e n t o d a s "peças d e informação" e a a b e r t u r a d o inquérito po l ic ia l , tal c o m o r e a l i z a d o . Não ve jo razão p a r a q u e o i n d i c i a m e n t o d e R O B E R T O C A R L O S PRUDÊNCIO N E T O pe la prática d o ar t . 2 9 9 d o Código Ele i to ra l não se e fe t i ve .

R e g i s t r o , a i n d a , q u e na l inha da jurisprudência pacífica d o s T r i buna i s Pátrios, o t r a n c a m e n t o d e inquérito pol ic ia l pe la v ia d o habeas corpus cons t i tu i m e d i d a excepcionalíssima, só admissível e m c a s o s c la ros d e ausência d e j u s t a c a u s a pa ra o s e u p r o s s e g u i m e n t o . Não é o c a s o d o s au tos , o n d e , c o m o já s e v iu a c i m a , a par t i r d o d e p o i m e n t o ma is r e c e n t e m e n t e e n c a m i n h a d o pe la a u t o r i d a d e po l ic ia l a o P r o m o t o r E le i to ra l n o v o s e l e m e n t o s f o r a m a g r e g a d o s aos i n i c i a lmen te r e c e b i d o s , m o s t r a n d o - s e p r e s e n t e s , no s e u somatório, indícios su f i c i en tes pa ra as investigações cabíveis.

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3. C o m a d e v i d a vênia do M M . Re la to r , também m a n i f e s t o m i n h a divergência n o q u e d iz respe i to a o trâmite d e s t e p r o c e s s o e m r e g i m e d e s e g r e d o d e justiça, c o m a a m p l i t u d e q u e lhe foi d a d a .

A proteção d o s d a d o s f o rnec i dos pe la a u t o r i d a d e po l ic ia l , e m e s p e c i a l o C D c o m c o n v e r s a s telefônicas, p o d e ser fe i ta da m e s m a m a n e i r a c o m o já a c o n t e c e u na p r i m e i r a instância. M a n t e n d o - s e o mater ia l e m e n v e l o p e s l a c r a d o s p e l o Juízo d o p r o c e s s o , p r e s e r v a - s e a i n t i m i d a d e d a s p e s s o a s q u e r e a l i z a r a m as ligações o u f o r a m r e f e r i d a s nas c o n v e r s a s , g a r a n t i n d o - s e o s ig i lo .

Porém, c o n s i d e r a n d o a presença n o s a u t o s d e c i nco c o n v e r s a s telefônicas d e g r a v a d a s , i nc l us i ve t ransc r i tas n o vo to do M M . Re la to r , é r e a l m e n t e necessário q u e os au tos não t e n h a m l iv re a c e s s o e q u e es ta decisão não se ja p u b l i c a d a na s u a íntegra.

D e fa to , o s ig i lo não é d o p r o c e s s o ( q u e mantém públicos os a tos s e m s ig i l o ) e m e n o s a i nda d o réu (cu jo c r ime não é a c o b e r t a d o pe lo s ig i lo ) , m a s tão s o m e n t e d o s s e g r e d o s l e g a i s . Não s e n d o possível a separação dos a tos c o m conteúdo s ig i l oso , situação q u e é u s u a l , dá-se a classificação d o p r o c e s s o c o m o e m s e g r e d o d e justiça, pa ra q u e s o m e n t e t e n h a m a c e s s o a o s a u t o s as pa r t es , s e u s p r o c u r a d o r e s e se r v i do res c o m d e v e r lega l d e agi r n o fe i to - o q u e não exc lu i a p u b l i c i d a d e d e a tos s e m transcrição d a s informações cons t i t uc i ona l o u l e g a l m e n t e p r o t e g i d a s ( c o m o é o c a s o e m reg ra d a s decisões j ud i c i a i s ) .

N e s s e s e n t i d o , s o m e n t e não ve jo razão pa ra a autuação d o p r e s e n t e habeas corpus i den t i f i cando o pac ien te a p e n a s pe las s u a s in ic ia is , d a d a a ausência d e a m p a r o lega l o u motivação fática pa ra t a n t o .

4 . A s s i m , v o t o n o sen t ido , d e d e n e g a r a o r d e m , c a s s a n d o a l im ina r i n i c i a l m e n t e d e f e r i d a e d e t e r m i n a n d o o p r o s s e g u i m e n t o d o inquérito po l i c ia l , b e m c o m o r e v o g a n d o e m p a r t e o r e g i m e d e s e g r e d o d e justiça.

E a i n d a , a t e n d e n d o à solicitação fe i ta pe la Polícia F e d e r a l , c o n s o a n t e ofício e n c a m i n h a d o à C o r r e g e d o r i a , d e t e r m i n a r p r o v i d e n c i e - s e cópia d o C D j u n t a d o a o s a u t o s , e n c a m i n h a n d o - a àquele órgão, c o m t o d a s as c a u t e l a s re la t i vas à manutenção d o s e g r e d o d e justiça.

É c o m o vo to .

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VOTO VISTA

O S E N H O R JUIZ RAFAEL DE ASSIS HO RN: Ped i v is ta d o s au tos , após os vo tos p r o f e r i d o s pe los E m i n e n t e s J u i z e s N e w t o n Tr iso t to , q u e c o n c e d e u a o r d e m d e habeas corpus, e E l i ana M a r i n h o e O d s o n C a r d o s o F i lho , q u e a d e n e g a v a m .

1 . E s t o u d e p leno a c o r d o c o m o vo to d o Rela tor , a c o m p a n h a d o p e l o s d e m a i s J u i z e s , n o s e n t i d o d e c o n h e c e r e d e n e g a r a o r d e m , q u a n t o às s e g u i n t e s alegações do i m p e t r a n t e : a ) fa l ta d e atribuição d o P r o m o t o r d a 5 a Z o n a E le i to ra l ; ti) ausência d e atribuição d a Polícia F e d e r a l ; i i i) extrapolação d e p r a z o lega l das investigações; iv) i m p o s s i b i l i d a d e d e prorrogação d e p r a z o d a s investigações pe la m a g i s t r a d a s e m prévia oi t iva d o Ministério Público.

2 . Também e n t e n d o q u e a proteção dos d a d o s s i g i l osos , f o r n e c i d o s pe la a u t o r i d a d e po l i c ia l , e m espec ia l o C D c o m c o n v e r s a s telefônicas, d e v e se r fe i ta m e d i a n t e a manutenção d o mater ia l e m e n v e l o p e s l a c r a d o s p e l o Juízo d o p r o c e s s o , limítando-se o a c e s s o a o s au tos p r o p r i a m e n t e d i tos , não h a v e n d o razões pa ra decretação d o s e g r e d o d e justiça.

3 . Q u a n t o à p re tensa i l ega l i dade d o d e s a r q u i v a m e n t o d a s peças de informação s e m n o v a s "p rovas" , c o n t u d o , há questão q u e m e c h a m o u a atenção, razão pe la qua l reso lv i ped i r v is ta dos a u t o s .

Não v i s l u m b r o , data máxima venia, q u a l q u e r a to p ra t i cado pe la e m i n e n t e juíza e le i to ra l da 8 9 a Z o n a E le i to ra l , única autoridade impetrada, no s e n t i d o d e d e t e r m i n a r o u re fe renda r o d e s a r q u i v a m e n t o d a s peças d e informação s e m n o v a s " p r o v a s " .

A a u t o r i d a d e i m p e t r a d a l im i tou -se a r e f e r e n d a r (i) a atribuição d o P r o m o t o r d a 5 a Z o n a E le i t o ra l ; (íi) a atribuição da polícia f e d e r a l ; iii) a poss ib i l i dade d e prorrogação d o p r a z o d a s investigações ( s e n d o q u e de fe r iu a p e n a s 6 0 d ias p a r a conclusão d a s investigações, a o contrário d o s se is m e s e s r e q u e r i d o s pe lo D e l e g a d o d a Polícia F e d e r a l ) ; iv) a poss ib i l i dade d e d e f e r i m e n t o da prorrogação d e p r a z o das investigações s e m prévia o i t iva d o Ministério Público (f ls. 2 6 / 2 8 ) . En t r e t an to , ta is a tos p r a t i c a d o s pe la a u t o r i d a d e i m p e t r a d a f o r a m r e c o n h e c i d o s c o m o j u d i c i o s o s por es ta C o r t e , d e n e g a n d o a o r d e m q u a n t o às alegações da i m p e t r a n t e re la t i vas a ta is p o n t o s . A única p r e t e n s a i l ega l i dade q u e poder ia se r atribuída à m a g i s t r a d a , r e f e r e n t e à alegação d e d e s a r q u i v a m e n t o s e m n o v a s p r o v a s , se r ia ter d e i x a d o d e se m a n i f e s t a r q u a n t o à r e g u l a r i d a d e , o u não, d o p r o c e d i m e n t o d e d e s a r q u i v a m e n t o d a s peças d e informação p r o m o v i d o pe lo Ministério Públicio e , t a c i t a m e n t e , e n c a m p a d o o a to p r a t i c a d o pe lo P r o m o t o r d e Justiça Ele i tora l n o m o m e n t o e m q u e o juízo d e 1 o

g r a u d e f e r i u a prorrogação das investigações po r 60 ( s e s s e n t a ) d i as .

C o n t u d o , o próprio i m p e t r a n t e a s s e v e r a q u e : "O inquérito foi então instaurado mediante a requisição do Promotor de Justiça Eroni José Saltes, da 5a

Zona Eleitoral de Brusque, fl. 03, destacando que documentos que poderiam subsidiar a investigação encontravam-se 'arquivados na 86a Zona Eleitoral

^ 2 8

Ç^viéttncd Q^le<^i<m*zé ̂ ietfewU'de C$xm/<z ^^cUa&éwa,

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(Justamente aqueles que foram considerados inaptos a justificar uma investigação policial)" ( f ls . 5 ) . O u se ja , o próprio i m p e t r a n t e r e c o n h e c e q u e a a u t o r i d a d e q u e requ i s i t ou a instauração d e inquérito pol ic ia l m e d i a n t e d e s a r q u i v a m e n t o d a s peças d e informação s e m n o v a s " p r o v a s " foi o P r o m o t o r da 5 a Z o n a E le i to ra l , não a d u z i n d o , e m m o m e n t o a l g u m , e m q u e res id i r ia a atuação da m a g i s t r a d a q u a n t o à questão ( d e s a r q u i v a m e n t o s e m n o v a s "p rovas " ) .

Po r c o n s e g u i n t e , o habeas corpus, n e s t e a s p e c t o , não p o d e se r c o n h e c i d o , po r não ter s i d o i m p e t r a d o e m f a c e da a u t o r i d a d e q u e e f e t i v a m e n t e p r a t i c o u o a t o t ido po r i l ega l .

4 . En t r e t an to , m e s m o não s e n d o c a s o de c o n h e c i m e n t o , e n t e n d o q u e , c o m p e t i n d o a o s T r i b u n a i s R e g i o n a i s E le i tora is a apreciação d e habeas corpus c o n t r a a to p ra t i cado po r P r o m o t o r d e Justiça E le i to ra l , a o r d e m poderá s e r c o n c e d i d a de ofício p o r es ta Co r t e , c a s o se e n t e n d a c o n f i g u r a d a coação i lega l , c o n f o r m e dispõe o ar t . 6 5 4 , parágrafo 2 o , d o C P P .

A competência des ta Cor te para j u l g a r habeas corpus e m f a c e d e a to p r a t i c a d o po r P r o m o t o r d e Justiça Ele i tora l res ta inequívoca, d i an te d o d i s p o s t o n o ar t . 2 9 , I, "e", da Le i 4 7 3 7 / 6 5 , c.c. ar t . 9 6 , III , da Ca r ta M a g n a , h a v e n d o p r e c e d e n t e s d o S T F e S T J n o s e n t i d o d e q u e a competência pa ra j u l g a r habeas corpus con t r a a to d o Ministério Público d e 1 o g r a u será d o T R F , c a s o federa l ( R E 2 8 5 5 6 9 / S P , re i . M i n . Mo re i r a A l v e s ) , o u d o T J , s e es tadua l ( R H C 2 5 0 6 9 , re i . M i n . Fe l ix F i sche r ) .

4 . 1 . Q u a n t o a o mérito, peço permissão p a r a , e m p r ime i r o lugar , a d o t a r o e n t e n d i m e n t o no s e n t i d o d e q u e o inquérito po l ic ia l não ge ra "a tos d e p rova " , o u se ja , a s informações n e l e con t i das não têm o status d e p rova e m s e n t i d o es t r i to . P o r t a n t o , a le i tura q u e faço d o ar t igo 18 d o Código d e P r o c e s s o P e n a l , aplicável à espécie, a o re fe r i r - se a o t e r m o "p rovas " , é de "a tos d e investigação".

G E R A L D O P R A D O e n s i n a q u e "(...) o que parece prova por ser uma informação só é assim considerado quando ingressa em processo, perante juiz competente, e se submete ao contraditório."(Limite às Interceptações Telefônicas e a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, Lúmen Júris, 2 0 0 6 , 2 a edição, p. 5 8 ) .

A U R Y L O P E S Jr. , a o c i tar O R T E L S R A M O S , f a z a distinção en t re A t o s d e P r o v a e A t o s d e Investigação, verbis:

"Como explica ORTELS RAMOS, uma mesma fonte e meio pode gerar atos com naturezas jurídicas distintas e, no que se refere à valoração jurídica, podem ser divididos em dois grupos: atos de prova e atos de investigação.

Sobre os atos de prova, podemos afirmar que:

a) estão dirigidos a convencer ójuiz da verdade de uma afirmação;

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b) estão a serviço do processo e integram o processo penai;

c) dirigem-se a formar um juízo de certeza - tutela de segurança;

d) servem à sentença;

e) exigem estrita observância da publicidade, contradição e imediação;

f) são praticados ante o juiz que julgará o processo.

Substancialmente distintos, os atos de investigação (instrução preliminar):

b) estão a serviço da investigação preliminar, isto é, da fase prê-processual e para o cumprimento de seus objetivos;

c) servem para formar um juízo de probabilidade, e não de certeza;

d) não exigem estrita observância da publicidade, contradição e imediação, pois podem ser restringidas;

e) servem para a formação da opinio delicti do acusador;

f) não estão destinados à sentença, mas a demonstrar a probabilidade do fumus commissi delicti para justificar o processo (recebimento da ação penal) ou não-processo (arquivamento);

g) também servem de fundamento para decisões interlocutórias de imputação (indiciamento) e adoção de medidas cautelares pessoais, reais ou outras restrições de caráter provisional;

h) podem ser praticados pelo Ministério Público ou pela Polícia Judiciária.

Partindo desta distinção, conclui-se facilmente que o IP somente gera atos de investigação e, como tais, de limitado valor probatório. Seria um contra-senso outorgar maior valor a uma atividade realizada por um órgão administrativo, muitas vezes sem nenhum contraditório ou possibilidade de defesa e ainda sob o manto do segredo." (Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional, Lúmen Júris, 2 0 0 8 , V o l u m e I, 3 a edição, p . 2 7 9 / 2 8 0 ) .

N u m s e g u n d o m o m e n t o , a i n d a q u e nao seja ob je to d e s t e writ, r essa l vo o m e u e n t e n d i m e n t o q u a n t o à l e g a l i d a d e , o u não, d o p r o c e d i m e n t o de c o m p a r t i l h a m e n t o d e " p r o v a s " , l e i a m - s e informações, o r i u n d a s d e " e n c o n t r o fo r tu i to " , a s s i m e n t e n d i d o c o m o "(...) a informação obtida em interceptação telefônica que traga indicações (indiciárias ou não) acerca de infração penal .distinta da que estava

não se referem a uma afirmação, mas uma hipótese;

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/eòÔcwtd de G,

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sendo investigada pela mencionada wà."(GeraJdo P r a d o , o b . ci t . , p. 5 9 ) . Isto p o r q u e o inquérito po l ic ia l s e in ic iou c o m b a s e nas informações s u r g i d a s f o r t u i t a m e n t e n a s transcrições d e interceptações telefônicas originárias d a d e n o m i n a d a Operação Arrastão da Justiça F e d e r a l , a qua l não t i nha o ob je t i vo de i nves t i ga r q u a l q u e r c r i m e e le i t o ra l .

Mu i t o e m b o r a o S u p r e m o T r i buna l Fede ra l t e n h a dec i d i do , a i nda q u e po r m a i o r i a , s o b r e a cons t i t uc i ona l i dade d o c o m p a r t i l h a m e n t o d e informações n o j u l g a m e n t o d o Inquérito n . 2 4 2 4 , re i . M i n . C e z a r Pe luso , c o m u n g o d a m e s m a preocupação e s t a m p a d a pe lo Min is t ro M a r c e l o R ibe i ro , no vo to p ro fe r i do n o R e c u r s o Ordinário n. 1 5 9 6 / M G , a s s i m v a z a d o :

"(...) Preocupa-me, contudo, que, com base na tese de que se pode quebrar o sigilo e fazer investigação para apurar determinada questão, que é autorizada pela Constituição, e, a partir daí, apurar qualquer outra questão que surja. Esse procedimento pode resultar em devassa absoluta na vida do cidadão, sem autorização da Constituição.

A Constituição diz que é para apurar criminalmente, questão criminal. Mas, em razão da prova surgida de modo fortuito, apura-se qualquer questão."

S u p e r a d a s tais questões semânticas e principiológicas, p a s s o r e a l m e n t e a a n a l i s a r a questão d e mérito.

4 . 2 . C o n f i g u r a d a a competência d e s t a Co r t e , p r i m e i r a m e n t e , g o s t a r i a d e reg is t ra r q u e a c o l h o a s j u d i c i o s a s ponderações da Juíza E l i ana M a r i n h o , q u a n d o a s s e v e r a q u e :

"O que ouvi é algo no mínimo perturbador. Não acredito que, em eleições realizadas em município de médio porte, como é o caso de Brusque, em outra oportunidade o Ministério Público Eleitoral tenha tido acesso a material tão farto, indiciário do comércio de votos. (...). Com o devido respeito ao MM. Promotor Eleitoral e ao MM. Juiz que acatou a manifestação ministerial, a decisão pelo arquivamento do material encaminhado pela Polícia Federal é, no mínimo, preocupante."

Também c o n s i d e r o q u e , nes te c a s o , o P r o m o t o r de Justiça da 8 6 a Z o n a E le i t o ra l , c o m t o d o r espe i t o q u e a instituição d o Ministério Público m e r e c e , l a b o r o u e m equívoco. A arrecadação ilícita de r e c u r s o s para f i n a n c i a m e n t o d e c a m p a n h a e le i to ra l e a conseqüente prestação d e c o n t a s m e r e c e u reflexão d o Min is t ro C A R L O S A Y R E S B R I T T O , q u a n d o e s c l a r e c e u q u e ta is t e m a s c o n s t i t u e m a " f r ag i l i dade es t ru tu ra l da Justiça E le i to ra l ; do is c a l c a n h a r e s d e Aqu i l es " , nos s e g u i n t e s t e r m o s :

"Nós sabemos que a corrupção na própria Administração Pública principia pela arrecadação, pelo Caixa 2, pela arrecadação espúria de

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recursos e conseqüente prestação de contas, também, de forma irregular.

O financiamento espúrio de campanha vai ser cobrado. Quem financia, cobra, quando não é a própria parte que o faz, valendo-se de meios escusos. E cobra sobre a forma de dispensa de licitação de verbas, convenhamos, orçamentárias, e nomeações para cargos, funções etc." ( R O n. 1 5 0 9 / M G , Re i . M i n . J o a q u i m B a r b o s a , p. 16 /3 /09 ) .

T o d a v i a , t an to o Re la to r c o m o os vo tos contrários c o n v e r g e m no s e n t i d o d e q u e "efetivamente, arquivado o inquérito ou as peças de informação, a pedido do Ministério Público e por decisão judicial, a reabertura das investigações somente é possível diante de novas provas" ( vo to da Juíza E l i ana M a r i n h o ) . Po r c o n s e g u i n t e , a divergência, q u a n t o a o mérito d e s t e habeas corpus, está l im i tada s o m e n t e à análise d o d e p o i m e n t o e n c a m i n h a d o n o s e g u n d o m o m e n t o pe la a u t o r i d a d e po l i c ia l , p a r a e fe i to d e ver i f i car s e o m e s m o p o d e se r c o n s i d e r a d o "prova substancialmente nova", a jus t i f i ca r o d e s a r q u i v a m e n t o d a s "peças d e informação" pa ra s u b s i d i a r a a b e r t u r a d e inquérito pol ic ia l para investigação d o c r ime p r e v i s t o no ar t . 2 9 9 , d o Código E le i to ra l .

P a r a t a n t o , necessário e s t a b e l e c e r o conce i t o d e " p r o v a " substancialmente n o v a e "p rova " formalmente n o v a .

N e s t e s e n t i d o , é o magistério d e P A U L O R A N G E L :

"A primeira (prova substancialmente nova) é aquela que, efetivamente, já existia e não foi 'produzida' no momento oportuno, mas que muda oor corpplçto o quadro probatório, aduzindo informações que autorizam, no caso de arquivamento do inquérito policial, a propositura da ação penal.

Exemplo: o inquérito policial foi arquivado por falta de base para denúncia, não obstante terem sido ouvidas cinco testemunhas, que nada informaram acerca do fato, a ponto de autorizar a o p i n i o del ic t i do Ministério Público. Entretanto, uma sexta testemunha, que já existia, porém não foi ouvida no momento próprio, comparece e dá todas as informações necessárias, apontando autoria, a materialidade e demais circunstâncias do delito. Neste caso, o conteúdo, a essência desta prova é, realmente, nova.

Na segunda hipótese (prova formalmente nova), temos aquela prova que, efetivamente, já existia e não foi 'produzida' no momento oportuno, mas que NÃO muda o quadro probatório, pois não traz nada de novo oara os autos de inquérito policial. Neste caso, não obstante a prova ser nova, o seu conteúdo em nada difere do aue no inquérito consta.

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Exemplo: as mesmas cinco testemunhas que prestaram depoimento no inquérito citado acima e que nada informaram sobre o fato e a autoria, A sexta testemunha aparece e alega que sequer foi ouvida; inclusive, traz para o autos um documento escrito por terceiro que pensa ser importante. Entretanto, tanto seu depoimento como o documento nada acrescentam a ponto de mudar o quadro probatório. Neste caso, as provas (depoimento e documento) são novas, mas de conteúdos idênticos. Ou seja, não autorizam o Ministério Público a formar a sua opínb delicti. Nada acrescentam de novo, pois apenas no seu aspecto formal são novas, porém, os seus conteúdos são idênticos." (Direito Processual Penal, Lúmen Júris, 2 0 0 8 , 1 5 a edição, p .202 /203 ) - g r i fe i .

4 . 3 . A "prova substancialmente nova", s e g u n d o o parquet, se r ia o in te i ro t eo r d o A u t o d e Qualificação e Interrogatório d e R O B E R T O JOSÉ LÍDIO, extraído d a m e s m a investigação jud ic ia l q u e hav ia i n t e r c e p t a d o as c o n v e r s a s telefônicas g r a v a d a s no C D . E m s u a s declarações, R O B E R T O JOSÉ LÍDIO a f i rma q u e "conhece NAURO GALASINI, vulgo PARDAL, de Brusque, sabendo que ele trabalha na Prefeitura Municipal e também que trabalhou na campanha do candidato eleito a vereador ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO" e q u e "pode afirmar que ALEANDER também patrocinou a campanha eleitoral de ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO; QUE não sabe dizer quanto ALEANDER pagou para a campanha de PRUDÊNCIO e ADEMIR, 'porem não foi pouco'; QUE para sua campanha a vereador também pediu 'uma ajuda' a ALEANDER, porém, ele negou dizendo que 'já estava financiando o PRUDÊNCIO e ADEMIR"-grifei.

S o m e n t e c o m b a s e no re fe r ido d e p o i m e n t o p r e s t a d o e m 2 5 d e março d e 2 0 1 0 , o P r o m o t o r d e Justiça da 5 a Z o n a E le i to ra l r equ i s i t ou pa ra a Polícia F e d e r a l d e Itajaí a instauração d e inquérito pol ic ia l "para investigar a ocorrência de crime eleitoral, supostamente praticado pelos Senhores Ademir Braz de Souza e Roberto Pedro Prudêncio, conforme demonstra o ofício 4153/2009, anexo, enviado pelo Departamento de Polícia Federal - Superintendência Regional em Santa Catarina" ( f l s . 2 2 ) .

Ta l ofício n. 4 1 5 3 / 2 0 0 9 ( f ls . 3 4 2 ) m e n c i o n a d o pe lo parquet, no q u e se r e f e r e a o d e p o i m e n t o , é d o segu in te teor : "Encaminho a Vossa Excelência cópia autenticada do depoimento prestado por Roberto José Lídio nos autos do inquérito policial n. 0757/2008-SR/DPF/SC (Operação Arrastão), no qual o mesmo declara que Ademir Braz de Souza e Roberto Pedro Prudêncio Neto, candidatos a vereador em Brusque na última eleição, tiveram suas campanhas patrocinadas por Aleander Muller. líder da organização criminosa desmantelada no curso da referida investigação" - g r i fe i . C o n f o r m e b e m a s s e v e r o u tal ofício d a Polícia F e d e r a l , u t i l i zado pe lo parquet c o m o f u n d a m e n t o p a r a i ns tau ra r o inquérito po l ic ia l e d e s a r q u i v a r as peças d e informação, a "nova p r o v a " se r ia u m d e p o i m e n t o q u e "declara gue Ademir Braz de Souza e Roberto Pedro Prudêncio Neto, candidatos a vereador em Brusaue na última eleição, tiveram suas campanhas patrocinadas oor Aleander Muller, líder da organização criminosa desmantelada no curso da referida investigação"- g r i fe i . _ V

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D i a n t e d i sso , data máxima venia, não há c o m o d i s c o r d a r das conclusões d o e m i n e n t e Re la to r que , a o e x a m i n a r as declarações d e R o b e r t o José L id io , a s s e v e r a q u e : "nelas não há alusão aos fatos relacionados com os diálogos gravados que,-em tese, poderiam configurar crime de "corrupção eleitoral" (CE, art. 299). 0 nominado referiu-se exclusivamente a respeito das doações feitas por Aleander para as campanhas eleitorais de "ADEMIR e PRUDÊNCIO. (...) A destinação de recursos financeiros para a campanha eleitoral de Ademir e Roberto Prudêncio Neto não caracteriza crime eleitoral; os prazos para ajuizamento de ações visando a cassação do mandato - representação eleitoral, investigação judicial eleitoral, ação de impugnação de mandato eletivo e recurso contra expedição de diploma - há muito se esgotaram; não estavam esgotados quando o Promotor Eleitoral Murilo Casemiro Mattos requereu o arquivamento das "peças de informação"encaminhadas pelo Juiz da Comarca de Tijucas"(grifos n o s s o s ) .

O u se ja , o s u p o s t o f a t o a d u z i d o pe la a u t o r i d a d e pol ic ia l c o m f u n d a m e n t o n o re fe r ido d e p o i m e n t o , d e q u e o pac ien te t e v e s u a c a m p a n h a e le i to ra l f i n a n c i a d a po r u m a organização c r im inosa não con f i gu ra q u a l q u e r c r i m e eleitoral passível d e investigação, m u i t o m e n o s o p rev i s to n o a r t . 2 9 9 , d o Código E le i to ra l . P o r o u t r o l ado , t o m o a l i b e r d a d e d e n o v a m e n t e t r a n s c r e v e r as p a l a v r a s d o e m i n e n t e Re la to r : "os prazos para ajuizamento de ações visando a cassação do mandato -representação eleitoral, investigação judicial eleitoral, ação de impugnação de mandato eletivo e recurso contra expedição de diploma - há muito se esgotaram"! Por c o n s e g u i n t e , data máxima venia, e n t e n d o não s u b s i s t i r e m mo t i vos , c o m f u n d a m e n t o n o tal d e p o i m e n t o , p a r a i ns tau ra r inquérito po l ic ia l e d e s a r q u i v a r as peças d e informação.

S e g u n d o respeitável vo to d i ve rgen te da E m i n e n t e Juíza E l iana M a r i n h o , o re fe r i do d e p o i m e n t o cons t i t u i r - sena p rova nova p o r q u e :

"a) liga PARDAL ao candidato ROBERTO. Aponta que, nas suas diversas conversas, quando PARDAL referia-se ao "Robertinho", estava possivelmente agindo em nome do candidato a vereador "ROBERTO CARLOS PRUDÊNCIO NETO". Ou seja: PARDAL estaria negociando votos em nome do candidato, pois trabalharia para ele.

b) aponta o possível financiador da campanha. Nas conversas telefônicas não se percebe, pelo menos não de forma direta, referência à origem dos recursos para a farta distribuição de bens e serviços feita por PARDAL em troca de favores eleitorais. A indicação do nome de um possível financiador da campanha do candidato a vereador é indício importante para as investigações, também no que afeta à prática do ilícito do art. 299 do Código Eleitoral, pois muito provavelmente eventuais doações em troca de votos não tenham sido registradas como despesas de campanha."

En t re tan to , t o d o o raciocínio d a e m i n e n t e Juíza pa r t e da n e c e s s i d a d e d e agregação d o re fe r i do d e p o i m e n t o t ido c o m o "p rova n o v a " a o s d e m a i s e l e m e n t o s

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c o n t i d o s n a s peças d e informação já a r q u i v a d a s . C o n t u d o , aí res ide o m o t i v o d e m i n h a discordância.

A s " n o v a s " investigações se i n i c i a ram a par t i r d e e n t r e v i s t a s e d e p o i m e n t o s d a s p e s s o a s q u e a p a r e c e r a m n a s transcrições (peças d e informação q u e já h a v i a m s i d o a r q u i v a d a s ) , c o n f o r m e a f i rma t e x t u a l m e n t e o D e l e g a d o d e Polícia F e d e r a l :

"Inicialmente, determinou-se a realização de diligência policial, no sentido de se entrevistarem os indivíduos que aparecem nas transcrições, a fim de que fossem qualificados, por nome completo e endereço, os interlocutores NELSON, ROSA, VOLNEI e NENE, relacionados na transcrição de conversas gravadas com autorização da Justiça (e respectivos números telefônicos), confirmando com aludidos indivíduos se os fatos e doações narradas em tais conversas realmente aconteceram." (o f i c io d e f ls . 3 2 5 / 3 2 8 ) .

S e g u n d o a dou t r i na a n t e r i o r m e n t e c i tada , a " p r o v a " nova d e v e t raze r , p o r si só, e l e m e n t o s su f i c i en tes pa ra d e m o n s t r a r indícios d a prática do de l i to q u e s e p r e t e n d e inves t iga r . E la d e v e s e r " s u b s t a n c i a l m e n t e nova " , o u se ja , d e v e se r u m a " p r o v a " q u e , e f e t i v a m e n t e , já ex is t ia e não foi " p r o d u z i d a " n o m o m e n t o o p o r t u n o , m a s q u e muda por completo o quadro probatório até então existente, a d u z i n d o informações q u e , p o r s i só, a u t o r i z a m , no c a s o d e a r q u i v a m e n t o d o inquérito ( o u d a s peças d e informação), a instauração d e inquérito pol ic ia l e p ropos i t u ra da ação p e n a l .

Não b a s t a q u e a "p rova " se ja , c o m o n o p r e s e n t e c a s o , " f o r m a l m e n t e n o v a " , o u s e j a , a q u e l a q u e , e f e t i v a m e n t e já ex is t ia e não foi " p r o d u z i d a " n o m o m e n t o o p o r t u n o , m a s q u e , n o m e u e n t e n d e r , não mudou o quadro probatório até então existente, po i s não t raz n a d a d e re levan te e n o v o além d o q u e já c o n s t a v a n a s peças d e informação an tes a r q u i v a d a s . N e s t e c a s o , não o b s t a n t e o re fe r i do d e p o i m e n t o formalmente se r u m a "p rova " n o v a , s e u conteúdo, além d e não t r a z e r n a d a d e r e l e v a n t e além d o q u e já c o n s t a v a n a s peças d e informação a r q u i v a d a s , c o n f o r m e b e m o b s e r v o u o e m i n e n t e Re la to r , sequer narra um fato criminoso passível de investigação.

B e m v e r d a d e q u e , s e g u n d o jurisprudência pacífica dos T r i b u n a i s Pátrios, o " t r a n c a m e n t o " d e inquérito po l ic ia l pe l a v ia d o habeas corpus cons t i tu i m e d i d a excepcionalíssima, só admissível e m c a s o s c l a ros d e ausência d e j u s t a c a u s a p a r a o s e u p r o s s e g u i m e n t o . En t r e t an to , n e s t e c a s o , e n t e n d o m a n i f e s t a ausência d e j u s t a c a u s a pa ra s e u p r o s s e g u i m e n t o e a i l ega l i dade d o d e s a r q u i v a m e n t o d a s peças d e informação, e m c o n t r a r i e d a d e a o con t ido n o art . 18, d o C P P , e s t a n d o a c a u s a r c o n s t r a n g i m e n t o i l ega l , razão pe la q u a l , data máxima venia, m e r e c e s e r c o n c e d i d a , de ofício, a o r d e m pa ra d e t e r m i n a r o a r q u i v a m e n t o d o

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Ó^riittvned SR^t&Mai ^éetàwa/ cie óicwUa, '^aéawénct,

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inquérito po l i c i a i , ou , c o m o e n t e n d e m a lguns dou t r i nado res , pa ra t r anca r o inquérito p o l i c i a l 1 .

5 . A s s i m , vo to n o s e n t i d o de a c o m p a n h a r o R e l a t o r no q u e s e re fe re à não decretação d o s e g r e d o d e justiça e a o c o n h e c i m e n t o parc ia l d o habeas corpus, d e n e g a n d o - o n e s t a p a r t e ; o u s a n d o d iverg i r dos q u e m e a n t e c e d e r a m , não c o n h e c e r d o habeas corpus no q u e s e re fe re à i l ega l i dade d o d e s a r q u i v a m e n t o d a s peças d e informação s e m n o v a s " p r o v a s " dev ido à i l eg i t im idade ad causam da a u t o r i d a d e i m p e t r a d a ; e n t r e t a n t o , pe los f u n d a m e n t o s a c i m a d e l i n e a d o s , além d a q u e l e s c o n t i d o s n o v o t o d o Re la to r , c o n c e d o a o r d e m de ofício pa ra d e t e r m i n a r o i m e d i a t o a r q u i v a m e n t o d o inquérito po l ic ia l , também e n t e n d i d o c o m o o s e u t r a n c a m e n t o .

É c o m o v o t o .

1 No tocante ao termo "trancar", PAULO RANGEL explica: Neste ponto, penítenciamos-nos com o leitor por havermos, nas edições anteriores, utilizado o termo comum do foro, qual seja, 'trancar' o inquérito policial ou a ação penal, pois, em verdade o termo, tecnicamente, é incorreto. Não se tranca ação penal ou inquérito policial, mas sim arquiva-se o inquérito ou extingue-se o processo com (ou sem) julgamento do mérito. A ação tem seu pedido julgado procedente ou improcedente, mas jamais trancado. A doutrina usa essa expressão (trancar') sem que ela tenha qualquer previsão em lei. Trata o inquérito ou o processo como se fossem portas que se trancam. Por isso, pedimos desculpas nesta edição, onde daremos o tratamento técnico devido á matéria (ob. crt., p. 890).

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HABEAS CORPUS (HC) N. 15

VOTO VISTA

O S E N H O R JUIZ SAMIR OSÉAS SAAD: S e n h o r P res i den te , ped i v is ta d o s a u t o s após t e r e m v o t a d o o re lator , e m i n e n t e Ju i z N e w t o n T r i so t to , s e g u i d o d o s n o b r e s c o l e g a s , o s J u i z e s O d s o n C a r d o s o F i lho , E l iana Pagg ia r i n M a r i n h o e R a f a e l d e A s s i s H o r n , es te a c o m p a n h a n d o o re la tor pe la concessão da o r d e m , e a q u e l e s , e m divergência, pe la denegação.

Após análise d o s au tos , c o n s t a t a - s e q u e o D e p a r t a m e n t o d e Po l ic ia F e d e r a l ( D e l e g a c i a R e g i o n a l E x e c u t i v a ) , e m s e t e m b r o d e 2 0 0 8 , d e f l a g r o u u m a operação d e n o m i n a d a d e "arrastão" e d u r a n t e as investigações f o r a m i n t e r c e p t a d a s ligações telefônicas e n v o l v e n d o a c a m p a n h a e le i to ra l d o c a n d i d a t o a V e r e a d o r R o b e r t o P e d r o Prudêncio Ne to na c i dade d e B r u s q u e .

A Polícia F e d e r a l n a q u e l e m o m e n t o , e n t e n d e n d o q u e os f a tos não s e r e l a c i o n a v a m c o m a operação d e f l a g r a d a , e n c a m i n h o u cópia do C D , c o m a degravação d o s diálogos en t re N e l s o n , R o s a Mar ia , V o l n e i e Nenê, c o m " P a r d a l " , i den t i f i cado c o m o N a u r o Ga l lass in i , q u e na gravação m e n c i o n a q u e t r a b a l h a v a pa ra o p a c i e n t e .

D e p o s s e d e s s a s peças i n fo rma t i vas e c o m o n a d a m a i s foi a p u r a d o , o r e p r e s e n t a n t e d o Ministério Público, c o m atribuições na Justiça E le i to ra l , r e q u e r e u o a r q u i v a m e n t o p o r e n t e n d e r q u e até a q u e l e m o m e n t o não ex is t ia m e i o d e p rova ind ic ia r ia c a p a z d e de f lag ra r , o q u e não i m p e d i a fu tu ras m e d i d a s , d i an te d e ou t ros d a d o s a d e q u a d o s para apuração dos f a t o s .

O M M . J u i z E le i to ra l , às f ls . 1 3 7 - 1 3 8 , de fe r iu o a r q u i v a m e n t o .

E m c o n t i n u i d a d e a m e n c i o n a d a operação "arrastão", e m 2 5 d e março d e 2 0 0 9 , R o b e r t o José L id io , v u l g o "Azu l " , p r e s t o u d e p o i m e n t o na Superintendência da Polícia F e d e r a l , r e l a t ando q u e t e v e c o n h e c i m e n t o de q u e A l e a n d e r Mu l le r , q u e a t u a l m e n t e é 3 o s u p l e n t e de V e r e a d o r na c i d a d e de B r u s q u e , possu i p o n t o s d e máquinas caça-níqueis e te r ia pa t r oc i nado a c a m p a n h a a V e r e a d o r d e A d e m i r B r a z e R o b e r t o P e d r o Prudêncio Ne to .

A n t e e s s e fa to , a a u t o r i d a d e pol ic ia l e n c a m i n h o u cópia d o d e p o i m e n t o a o r e p r e s e n t a n t e do Ministério Pub l i co E le i to ra l da c o m a r c a d e B r u s q u e , es te então, o f i c iou a o D e l e g a d o d e Polícia Fede ra l d e Itajaí { f ls . 22 ) , r e q u i s i t a n d o a instauração d e inquérito po l ic ia l pa ra i nves t i ga r a ocorrência d e c r ime e le i t o ra l .

R e c e b i d o o ofício, a a u t o r i d a d e pol ic ia l b a i x o u po r ta r i a i n s t a u r a n d o inquérito po l ic ia l q u e r e c e b e u o n. 0 2 5 5 / 2 0 0 9 , con t ra R o b e r t o P e d r o Prudêncio N e t o e A d e m i r B r a z d e S o u z a , e n t e n d e n d o , q u e , e m t e s e , o d e p o i m e n t o d e R o b e r t o José L id io , v u l g o " A Z U L " , con f i gu ra o c r ime cap i t u l ado no art . 2 9 9 d o Código Ele i tora l e transgressão a o s ar t igos 2 3 e 81 da Lei n . 9 . 5 0 4 / 1 9 9 7 , s e m prejuízo d e ou t ras implicações p e n a i s ve r i f i cadas n o deco r re r da instrução.

(á^vi/Kiwaé ^¥íe^t<^nai ^Cçéetfewd'de Ó^c&n/á- <^a/a^cncc

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N o s a u t o s d o H C , a d e f e s a a l ega q u e o Inquérito Pol ic ia l t raz c o n s t r a n g i m e n t o i legal a o p a c i e n t e , além d e ou t ras questões q u e de ixo d e ana l i sa r , v i s to q u e t o d o s os a r g u m e n t o s e p r e l i m i n a r e s susc i t adas na in ic ia l já f o r a m d e v i d a m e n t e a n a l i s a d a s pe lo i lustre Re la to r Ju i z N e w t o n T r i s o t t o e n o s vo tos de v is ta já p r o f e r i d o s pe los J u i z e s E l iana Pagg ia r i n M a r i n h o e Rafae l d e Ass i s H o r n .

E m f a c e d is to , p a s s o à análise d o s f a t o s .

A s peças i n fo rma t i vas a r q u i v a d a s pe la Justiça E le i to ra l d e B r u s q u e , f o r a m e n c a m i n h a d a s à a u t o r i d a d e po l ic ia l , e m f a c e d e n o v a p rova , po is a degravação q u e c o n s t a nas peças a n t e r i o r m e n t e a r q u i v a d a s ( f ls . 3 5 - 3 9 ) , c o m o m e n c i o n a d o a c i m a , a p e n a s re la ta diálogos en t re N e l s o n , R o s a M a r i a , Vo lne i e Nenê, c o m " P a r d a l " ( i den t i f i cado c o m o N a u r o Ga l l ass in i ) , e q u e es te último t r a b a l h a v a pa ra R o b e r t o P e d r o Prudêncio N e t o . E m m o m e n t o a l g u m é m e n c i o n a d o o n o m e d e R o b e r t o José L id io , v u l g o "Azu l " , po r t an to es ta n o v a declaração se rv i u c o m o notícia d e u m n o v o q u a d r o probatório, c a r a c t e r i z a n d o - s e s e m dúvida c o m o p r o v a n o v a .

É d e ressa l ta r q u e as p e s s o a s q u e c o n s t a m na transcrição d o " D V D " já f o r a m o u v i d a s , no inquérito, s o b r e a possível c o m p r a d e vo tos e , no q u e c o n c e r n e às p r o v a s e n v o l v e n d o o s u p o s t o financiamento d e c a m p a n h a p r e v i s t o n o s ar t igos 2 3 e 8 1 da Le i n . 9 . 5 0 4 / 1 9 9 7 , e n v o l v e n d o o pac ien te e a p e s s o a d e A l e a n d e r Mu l le r , n e n h u m o u t r o d e p o i m e n t o foi co lh ido .

A d e m a i s , o fa to d e a a u t o r i d a d e po l ic ia l ter c a p i t u l a d p na Por ta r ia o c r i m e p r e v i s t o n o a r t . 2 9 9 d o Código Ele i tora l e n a transgressão d o s a r t i gos m e n c i o n a d o s d a lei d e regência, não i m p e d e q u e d ian te d a s p r o v a s c o l e t a d a s o r e p r e s e n t a n t e d o Ministério Público d a c o m a r c a reque i ra o a r q u i v a m e n t o do inquérito po l ic ia l o u ofereça denúncia a o s envo l v i dos c o m n o v a capitulação.

C o m o fo i s a l i e n t a d o , pa ra o d e s a r q u i v a m e n t o é s u f i c i e n t e a notícia d e n o v a s p r o v a s , l e g i t i m a n d o o p r o s s e g u i m e n t o d a s investigações e n c e r r a d a s pe la decisão d e a r q u i v a m e n t o . Já a p ropos i t u ra da ação pena l dependerá do s u c e s s o d e s t a s investigações, o u se ja , na e fe t i va produção d e n o v a s p r o v a s . S e m tal requ i s i t o , faltará justa causa pa ra a ação pena l , d e v e n d o a denúncia se r re je i t ada .

D e s t a r t e , o d e s a r q u i v a m e n t o d o inquérito pol ic ia l n a d a m a i s s ign i f i ca , c o m o a s s e v e r a o Prof . Afrânio S i lva J a r d i m , d o q u e u m a decisão admin i s t ra t i va persecutória n o s e n t i d o d e mod i f i ca r os e fe i t os d o a r q u i v a m e n t o . E n q u a n t o es te t e m c o m o conseqüência a cessação das investigações, a q u e l e t e m c o m o e fe i to a r e t o m a d a d a s investigações i n i c i a lmen te pa ra l i sadas pe la decisão de a r q u i v a m e n t o ( P r o c e s s o P e n a l , R io d e Jane i r o , F o r e n s e , 2 0 0 0 , p .173 ) .

O f a t o d a s peças t e r e m s i d o s a r q u i v a d a s , não i m p e d e m o s e u d e s a r q u i v a m e n t o . O M a g i s t r a d o l oca l , a o aco lhe r a promoção min is te r ia l , a s s e v e r o u ( f l s . 1 3 7 - 1 3 8 ) :

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Ante o exposto, determino o arquivamento das peças informativas e encaminhadas pela justiça Estadual de Ti jucas/SC, ressalvada a hipótese de seu desarquivamento, caso se verif ique a ocorrência de novos e lementos de provas que o justi f ique.

D i z o ar t igo 18 d o Código d e P r o c e s s o P e n a l :

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autor idade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autor idade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas t iver notícia [Gr i fos no o r ig ina l ] .

D e p r e e n d e - s e d o re fe r ido d i spos i t i vo l ega l , q u e não há i m p e d i m e n t o na revisão d a decisão q u e d e t e r m i n a o a r q u i v a m e n t o , d e s d e q u e s u r j a m n o v a s p r o v a s d e s c o n h e c i d a s a n t e r i o r m e n t e . C o m o r e s s a l t a d o , t an to pe la dou t r i na q u a n t o p e l a jurisprudência, f a z - s e necessário q u e as p r o v a s c o l e t a d a s s e j a m s u b s t a n c i a l m e n t e n o v a s . Aliás, n e s s e sen t i do , a Súmula 5 2 4 d o S T F : "Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas ."

S o b r e o t e m a , válidas as considerações d e F E R N A N D O D A C O S T A T O U R I N H O F I L H O (c.f. " P r o c e s s o P e n a l , V o l . 1 , 16 a e d . , p. 2 5 2 ) :

Convém ponderar a observação de que, se o Juiz determinar o arquivamento de inquérito , em virtude de não haver o órgão do Ministério Público encontrado elementos para a propôsitura da ação penal , nada obstará possa a Autoridade Policial, tendo ciência de outras provas, empreender novas investigações, nos termos do art. 18 do CPP, mesmo porque o despacho que determina o arquivamento não faz coisa julgada, como , aliás, se percebe da leitura do disposit ivo supra- indicado. Nem poderia fazer, porque não se trata de decisão definit iva, de mérito. E somente as decisões que def inem o juízo, que resolvem o meri tum causae é que transi tam em ju lgado [ G r i f o u - s e ] .

C o m e s s a s considerações, peço vênia ao i lus t re re la to r pa ra a c o m p a n h a r a divergência e vo ta r pe la denegação da ordem. Q )

E c o m o v o t o .

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V O T O (VISTA)

O S E N H O R JUIZ SÉRGIO T O R R E S PALADINO:

1 . Sr . P r e s i d e n t e , o relatório é a q u e l e c o n t i d o n o vo to d o e m i n e n t e j u i z re la tor , a o q u a l m e ref i ro , po r b rev i dade , e po r c o l o c a r c o m precisão os f a tos o c o r r i d o s .

Já h a v e n d o j us t i f i cado o m e u p e d i d o d e v is ta , b e m a s s i m o s m o t i v o s q u e m e l e v a r a m a p ro fe r i r s o m e n t e , a g o r a , o m e u vo to , p a s s o , então, a declará-lo, f a z e n d o - o , na p r ime i ra sessão possível após o término d e m i n h a s férias.

C o m o já d i s s e r a , não t e n d o o u v i d o t o d o s o s v o t o s a n t e r i o r m e n t e p r o f e r i d o s , não m e sen t i e m condições d e lançar o m e u , após manifestá-los os i lus t res j u i z e s S a m i r e O s c a r , na sessão d o d ia 2 7 d e j a n e i r o último.

Pa ra u m j u l g a m e n t o responsável, e m b o r a já h o u v e s s e , pe lo c o n h e c i m e n t o pa rc ia l q u e t i nha d o p r o c e s s o , i ns i nuado a m i n h a posição, s e n t i - m e na obrigação d e f a z e r o p e d i d o d e v is ta .

A t e n d e n d o à m i n h a solicitação, r e c e b i , p r o n t a m e n t e , da m i n h a a s s e s s o r i a , t o d o o m a t e r i a l necessário a o e x a m e d a matéria, t e n d o in i c iado o s m e u s e s t u d o s , a i n d a e m férias, d u r a n t e o espaço en t re as d u a s v i a g e n s q u e e m p r e e n d i , c o m p l e t a n d o - o s , a i n d a n o g o z o de las , q u a n d o d o m e u re to rno .

2 . Fe i to e s s e e s c l a r e c i m e n t o , impõe-se d iscut i r , p r e l i m i n a r m e n t e , a alegação a p r e s e n t a d a pe lo a d v o g a d o d o pac ien te após o m e u p e d i d o d e v i s t a , no s e n t i d o d e q u e "o empate exige, como consectário natural (argumenta-se a d nauseam, ) , a concessão da ordem". N a petição, i n s c r e v e u :

"05. Devido ao cômputo da votação, houve empate, ou seja, três votos favoráveis à concessão, e três votos desfavoráveis. 06. Não obstante a ocorrência do empate, em vez de ter sido proclamado o resultado do julgamento, no sentido da concessão da ordem, para propiciar o trancamento do inquérito policial contra o paciente, o Presidente não o proclamou, tendo o Desembargador Sérgio Torres Paladino pedido vista, sob o argumento de que, na situação sob análise, cabe a ele o voto de minerva. 07. Sucede que, data venia, o pedido de vista não deveria ter sido deferido, por força das regras cogentes contidas nos arts. 664 do Código de Processo Penal, 21, § 3o, do Regimento Interno do Tribunal Regional Eleitoral e 164, parágrafo único, do RISTF. 08. Constatado o empate na votação, sua Excelência, o Desembargador Newton Trisotto, então Presidente em exercício do TRESC (em razão do gozo do Presidente efetivo), transferiu, equivocadamente, a Presidência da sessão do julgamento para o Vice-Presidente, Desembargador Sérgio Torres Paladino".

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N o q u e s e re fe re a irresignação, o R e g i m e n t o In te rno d e s t e T r i b u n a l dispõe q u e c o m p e t e a o v i ce -p res iden te "substituir o Presidente nos seus impedimentos, suspeições ou eventuais ausências" (Resolução T R E S C n. 7 . 3 5 7 / 2 0 0 3 , a r t . 2 1 , I). O d e s e m p e n h o d a s atribuições a fe tas à presidência e x s u r g e c o m o decorrência na tu ra l d o exercício d o c a r g o d e v i c e - p r e s i d e n t e . Cons t i t u i p r e r r o g a t i v a q u e l he é i ne ren te , i n d e p e n d e n t e m e n t e d a o r d e m d e antigüidade d o s J u i z e s q u e compõe o P l e n o .

A s s i m , s e m consistência jurídica - o u m e s m o lógica - a t e s e d a d e f e s a , pe lo q u e d e v e s e r re je i t ada .

3 . E m b o r a h o u v e s s e , rep i to , i n s i nuado , a n t e s , a m i n h a posição, i m p r e s s i o n o u - m e , l e v a n d o - m e a u m a m a i o r reflexão, o vo to d o e m i n e n t e j u i z re la tor . D i s s e S . E x a . , e c o m s o b r a d a s razões, q u e a hipótese não c o m p o r t a v a , a g o r a , ve r i f i ca r a i d o n e i d a d e , o u não d o s e l e m e n t o s d e p r o v a s a r q u i v a d o s a o p r o s s e g u i m e n t o d a s investigações o u instauração d e inquérito. T r a t a v a - s e , is to s i m , d e ver i f i ca r s e o d o c u m e n t o ( d e p o i m e n t o d e R o b e r t o Lídio), j u n t a d o , após, a o s a u t o s , constituía p r o v a n o v a c a p a z d e e n s e j a r a reabe r tu ra d a s investigações, c o n f o r m e exigência d o art . 1 8 , d o Código d e P r o c e s s o P e n a l , l e m b r a d o p o r S . E x a .

E n t e n d e u o e m i n e n t e j u i z re lator , s e g u n d o d i s s e , após mu i t a reflexão, q u e o re fe r i do d o c u m e n t o não possuía vínculo c o m a p rova a r q u i v a d a , q u e re fe r ia , u n i c a m e n t e , a s u s p e i t a d e c r i m e e le i to ra l , q u a n d o e le se r e p o r t a v a , e x c l u s i v a m e n t e , a u m a infração d e caráter admin i s t ra t i vo , p rev is ta e m ou t ro d i s p o s i t i v o d a Le i E le i t o ra l , s e m relação, po is c o m o u t r a , d e o r d e m p e n a l , a q u e s e r e f e r i a m os d o c u m e n t o s a r q u i v a d o s .

T o m a d o , a g o r a , d e dúvidas — até, p o r q u e , m e s m o não t e n d o , a n t e r i o r m e n t e , c o n h e c i m e n t o in tegra l d o p r o c e s s o , já i ns inua ra po r ocasião d o p e d i d o d e v i s ta , posição contrária a o e n t e n d i m e n t o d o j u i z re la tor — p r o s s e g u i n a s m i n h a s p e s q u i s a s , já não tão ce r t o da insinuação a f i r m a d a .

D e f a t o , c o m o en fa t i zou o j u i z re la tor , o s e l e m e n t o s d e p r o v a s a r q u i v a d o s r e f e r i a m a existência d o c r i m e d e corrupção e le i to ra l , e n q u a n t o o d e p o i m e n t o d e Lídio, no s e n t i d o d e q u e A l l e a n d e r — s e g u n d o o D e l e g a d o d e Polícia F e d e r a l ( f ls . ) , c h e f e d e u m a "quad r i l ha " e m B r u s q u e — f i n a n c i o u c o m r e c u r s o s , c e r t a m e n t e , d a contravenção, a c a m p a n h a d o p a c i e n t e , r eve lava a ocorrência d a infração d e caráter adm in i s t r a t i vo , su je i ta a ou t r a p e n a l i d a d e .

Não s e m razão, po is , s o b e s s e p r i s m a , o vo to d o e m i n e n t e j u i z re la tor .

O u v i , na seqüência, e , po r repe t i das v e z e s , o vo to d a e m i n e n t e juíza E l i a n a . S . E x a . re fe r iu h a v e r o u v i d o d o C D c o n s t a n t e d o s a u t o s — já a l o j a d o n e l e s

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I m p e n d e reg is t ra r , d e in i c io , q u e a presidência da sessão fo i t r ans fe r i da p e l o J u i z N e w t o n T r i so t t o a n t e s d o Ju i z S a m i r Oséas S a a d pro fer i r s e u v o t o , o u s e j a , a n t e r i o r m e n t e a o e m p a t e da votação.

Ç^vèóuvta/ ^ie^onaé Iç/eifem/ de (Sanfa ^afawmi

HABEAS CORPUS (HC) N. 15

p o r ocasião d o a r q u i v a m e n t o — as p r ime i ras q u a r e n t a ( 4 0 ) interceptações, i nc lus i ve u m diálogo en t re o pac ien te e " P a r d a l " , c o n f e s s o o p e r a d o r da c a m p a n h a , e m q u e a q u e l e lhe r o g a v a o a t e n d i m e n t o a p e d i d o s de e le i to res . E m ou t ros diálogo, a g o r a , e n t r e " P a r d a l " e e le i t o res , a e m i n e n t e juíza o u v i u , d e s s e s , p e d i d o s d e remédios, b r i tas , a r e i a , t e l has pa ra c a s a s , combustível para v i a g e n s , além d e ou t ros t a n t o s p a r a c o n s u l t a s médicas e realizações d e e x a m e s . D e " P a r d a l " , o u v i u , e m r e s p o s t a , l he f o s s e m r e p a s s a d o s o s respec t i vos endereços p a r a "p rov i denc ia r as r e m e s s a s " . D i z e n d o - s e e s t a r r e c i d a pe lo q u e o u v i u , S. Exa . u t i l i zou a s expressões " p r e o c u p a n t e " , d e f i n i n d o o açodado a r q u i v a m e n t o , e "pe r tu rbador " , a n t e " m a t e r i a l tão fa r to " a in ib i r a m e d i d a . C o n c l u i u , então, S. Exa . , q u e as doações d e A l l e a n d e r — q u e s e g u n d o Lídio, não f o r a m p o u c a s — s e não f o r a m reg is t radas c o m o d e s p e s a s d e c a m p a n h a , " p r o v a v e l m e n t e " s e r v i r a m à s u p o s t a c o m p r a d e v o t o s , entrelaçando, então, o m a t e r i a l a r q u i v a d o e o d e p o i m e n t o d e Lídio.

N o m e s m o t o m , o vo to d o ju iz O d s o n , q u e e n f a t i z o u "o s u r g i m e n t o d a provável f o n t e d e c u s t e i o c o m r e c u r s o s ilícitos", r e fe r i ndo -se , e v i d e n t e m e n t e , à s u p o s t a c o m p r a d e v o t o s pe lo pac i en te . O ju i z Sami r , p o r s u a v e z , d e f e n d e n d o q u e a s declarações d e Lídio t i n h a m o caráter d e p rova n o v a , s in te t i zou " q u e n e n h u m d e p o i m e n t o d o s a r q u i v a d o s l i gava , então, o pac ien te a A l l e a n d e r " , f a z e n d o - a a g o r a o docurríento, após, j u n t a d o .

P r o v a n o v a , no m e u sent i r , "é a q u e l a p r o d u z i d a po r p e s s o a s d i v e r s a s d a q u e l a s q u e d e r a m o r i g e m a q u e fo i a r q u i v a d a , m a s q u e c o m e la t e m a l g u m a relação".

O s v o t o s d o s e m i n e n t e s j u i z e s , e m q u e s u s t e n t o a m i n h a posição, dão-m e , a g o r a , e , d e f i n i t i v a m e n t e , a ce r t eza d e s s a relação, o u se ja , as doações d e A l l e a n d e r p o d e m te r s e r v i d o pa ra p rop ic ia r a s u p o s t a c o m p r a d e v o t o s , circunstância q u e a p r o v a a r q u i v a d a não r e v e l a v a .

A s s i m , e m b o r a reconheça, pe lo q u e d i s s e n a o p o r t u n i d a d e própria, q u e o v o t o d o e m i n e n t e j u i z re la to r t e m b o a s e s c o r a s , a c o m p a n h a d o , aliás, também, c o m b o n s a r g u m e n t o s , po r o u t r o s do i s j u i z e s , t e n d o , e m c o n t a , c o n t u d o , a independência e n t r e a s instâncias cível e p e n a l , e n t e n d o c o m o necessário, a n t e a revelação c o n s t a n t e d o d e p o i m e n t o d e Lídio, o p r o s s e g u i m e n t o d a s investigações, l e m b r a n d o q u e não s e está, n e s s e m o m e n t o , c o g i t a n d o - s e d e condenação, seque r , m e s m o , d e denúncia, senão, a p e n a s , b o m repet i r , d e instauração d e inquérito.

N e s s e s e n t i d o , convém ressa l ta r se r a s s e n t e o e n t e n d i m e n t o d e q u e "o simples indiclamento em procedimento investigatório não caracteriza constrangimento ilegal reparàvel através de habeas corpus" ( S T J , H C n. 7 3 . 7 4 7 , M i n , G i l s o n D ipp ) .

A jurisprudência d o s T r i buna i s também é r e m a n s o s a no s e n t i d o d e q u e o t r a n c a m e n t o d o inquérito pol ic ia l s o m e n t e é ace i to e m hipóteses excepcionalíssimas, "quando transparece dos autos, de forma inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade" ( S T J ,

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H C n. 1 1 1 . 6 3 8 , M i n . Napoleão N u n e s M a i a F i lho) , circunstâncias não d e m o n s t r a d a s n o c a s o e m e x a m e .

P o r e s s e m o t i v o , vo te i c o m a divergência.

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EXTRATO DE ATA

HABEAS CORPUS N° 15 (37749-64.2009.6.24.0000) - HABEAS CORPUS - LIMINAR RELATOR: JUIZ N E W T O N TR ISOTTO IMPETRANTE(S) : CLÁUDIO GASTÃO DA ROSA FILHO; PATRÍCIA RIBEIRO M O M B A C H PACIENTE(S) : R O B E R T O PRUDÊNCIO N E T O A D V O G A D O ( S ) : CLÁUDIO GASTÃO DA ROSA FILHO; PATRÍCIA RIBEIRO M O M B A C H IMPETRADO(S) : JUÍZA DA 8 6 a Z O N A ELEITORAL - BRUSQUE

PRESIDENTE D A SESSÃO: JUIZ CLÁUDIO BARRETO DUTRA P R O C U R A D O R REGIONAL ELEITORAL: CLÁUDIO D U T R A FONTELLA

Decisão: a respei to da questão susci tada pelo paciente nos autos, o Tribunal decidiu, à unanimidade, manter o Juiz Sérgio Torres Paladino na presidência do ju lgamento deste processo, indicado na sessão do dia 27 de janeiro de 2010, para proferir o voto de desempate, em razão de já terem proferido voto os demais ju izes da Corte. Após o voto do presidente des ignado, Juiz Sérgio Torres Paladino, o Tribunal decidiu, por maioria, vencidos o Relator e os Juizes Rafael de Assis Horn e Oscar Juvêncio Borges Neto, denegar a ordem, cassando a liminar concedida. Designada para o acórdão a Juíza Eliana Paggiar in Marinho. Não votou a Juíza Cláudia Lambert de Faria, em razão de já haver proferido o seu voto na sessão de 14 de dezembro de 2009 o Juiz Odson Cardoso Filho. Presentes os Juizes Sérgio Torres Paladino, Eliana Paggiar in Marinho, Samir Oséas Saad , Oscar Juvêncio Borges Neto e Cláudia Lambert de Faria.

SESSÃO DE 08.03.2010.

EXTRATO DE ATA

HABEAS CORPUS N° 15 (37749-64.2009.6.24.0000) - HABEAS CORPUS - LIMINAR RELATOR". JUIZ NEWTON TRISOTTO RELATORA DESIGNADA: JUÍZA ELIANA PAGGIARIN MARINHO IMPETRANTE(S)-. CLÁUDIO GASTÃO DA ROSA FILHO; PATRÍCIA RIBEIRO MOMBACH PACIENTE(S): ROBERTO PRUDÊNCIO NETO ADVOGADO(S): CLÁUDIO GASTÃO DA ROSA FILHO; PATRÍCIA RIBEIRO MOMBACH IMPETRADO(S): JUÍZA DA 86 a ZONA ELEITORAL - BRUSQUE

PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ CLÁUDIO BARRETO DUTRA PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: CLÁUDIO DUTRA FONTELLA

Decisão: A respeito da questão suscitada pelo paciente nos autos, o Tribunal decidiu, à unanimidade, manter o Juiz Sérgio Torres Paladino na presidência do julgamento deste processo, indicado na sessão do dia 27 de janeiro de 2010, para proferir o voto de desempate, em razão de já terem proferido voto os demais juizes da Corte. Após o voto do presidente designado, Juiz Sérgio Torres Paladino, o Tribunal decidiu, por maioria, vencidos o Relator e os Juizes Rafael de Assis Horn e Oscar Juvêncio Borges Neto, denegar a ordem, cassando a liminar concedida. Designada para o acórdão a Juíza Eliana Paggiarin Marinho. Não votou a Juíza Cláudia Lambert de Faria, em razão de já haver proferido o seu voto na sessão de 14 de dezembro de 2009 o Juiz Odson Cardoso Filho. Presentes os Juizes Sérgio Torres Paladino, Eliana Paggiarin Marinho, Samir Oséas Saad, Oscar Juvêncio Borges Neto e Cláudia Lambert de Faria.

SESSÃO DE 08.03.2010.

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EXTRATO DE ATA

HABEAS CORPUS N° 15 (37749-64.2009.6.24.0000) - HABEAS CORPUS - LIMINAR RELATOR: JUIZ N E W T O N TR ISOTTO RELATORA DESIGNADA: JUÍZA ELIANA PAGGIARIN MARINHO IMPETRANTE(S) : CLÁUDIO GASTÃO DA R O S A FILHO; PATRÍCIA RIBEIRO M O M B A C H PACIENTE(S) : R O B E R T O PRUDÊNCIO NETO A D V O G A D O ( S ) : CLÁUDIO GASTÃO DA ROSA FILHO; PATRÍCIA RIBEIRO M O M B A C H IMPETRADO(S) : JUÍZA DA 8 6 a Z O N A ELEITORAL - B R U S Q U E

PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ CLÁUDIO B A R R E T O DUTRA P R O C U R A D O R REGIONAL ELEITORAL: CLÁUDIO DUTRA FONTELLA

Decisão: foi assinado o Acórdão n. 24.399, referente a este processo. Presentes os Juizes Sérgio Torres Paladino, Eliana Paggiar in Marinho, Samir Oséas Saad, Rafael de Assis Horn, Oscar Juvêncio Borges Neto e Cláudia Lambert de Faria.

SESSÃO DE 15.03.2010.