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Vitória da Conquista, 30.11.2012 nº 17 [email protected] http://www.marcadefantasia.com/o-corpo-e-discurso.htm O corpo é discurso Em sua décima sétima edição, O corpo é discurso publica mais duas resenhas que falam sobre corpo e divulga informações acerca de eventos relacionados à Análise do Discurso. Também neste número, fazemos a apresentação do que aconteceu no curso Pensar com Foucault, que está sendo realizado pelo Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo – Labedisco. Colaboradores: EXPEDIENTE DE O CORPO Coordenação geral – Nilton Milanez Editores responsáveis – Nilton Milanez e Ciro Prates (CAPES) Revisão – Tyrone Chaves (UESB) e Sivonei Ribeiro Rocha (UESB) Editoração eletrônica (MARCA DE FANTASIA) – Henrique Magalhães CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Elmo José dos Santos (UFBA) Profa. Dra. Flávia Zanutto (UEM) Profa. Dra. Ivone Tavares Lucena (UFPB) Profa. Dra. Maria das Graças Fonseca Andrade (UESB) Profa. Dra. Mônica da Silva Cruz (UFMA) Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB) Profa. Dra. Simone Hashiguti (UFU) ISSN 2236-8221

-8221 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia · sujeito e o Poder, presente em Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica

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Vitória da Conquista, 30.11.2012 nº 17 [email protected] http://www.marcadefantasia.com/o-corpo-e-discurso.htm

O corpo é discurso

Em sua décima sétima edição, O corpo é discurso publica mais duas

resenhas que falam sobre corpo e divulga informações acerca de eventos

relacionados à Análise do Discurso. Também neste número, fazemos a

apresentação do que aconteceu no curso Pensar com Foucault, que está

sendo realizado pelo Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo –

Labedisco.

Colaboradores:

EXPEDIENTE DE O CORPO Coordenação geral – Nilton Milanez

Editores responsáveis – Nilton Milanez e Ciro Prates (CAPES) Revisão – Tyrone Chaves (UESB) e Sivonei Ribeiro Rocha (UESB)

Editoração eletrônica (MARCA DE FANTASIA) – Henrique Magalhães

CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Elmo José dos Santos (UFBA)

Profa. Dra. Flávia Zanutto (UEM) Profa. Dra. Ivone Tavares Lucena (UFPB)

Profa. Dra. Maria das Graças Fonseca Andrade (UESB) Profa. Dra. Mônica da Silva Cruz (UFMA)

Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB) Profa. Dra. Simone Hashiguti (UFU)

ISSN 2236-8221

No Brasil, o mundo é canibal:

o humor negro e o horror na animação

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funcionamento e manutenção do corpo, que passa a ser visto como uma

máquina. A segunda, atinge toda a população, em uma gestão sobre bens que

devem ser otimizados a toda espécie e não a um único indivíduo. Há, assim, a

normalização de mecanismos de disciplinarização que afirmam o que o

individuo precisa ter e ser para viver bem. Assim, não há repressão. Isto, que é

chamado biopoder, democratiza e convence todos de algo que se pretende ser

inerente a todo homem: a busca de um cuidado de si, que o complete em todos

os possíveis desejos de subjetivação, que é ter saúde, beleza e conforto. O

poder se torna sutil e silencioso. Ele convence sem que o indivíduo perceba.

Nessa busca de uma adequação do individuo, o poder regulariza o que é

normal e o que é anormal, criando uma estética do delinqüente, do doente, do

perverso. Assim, o poder atribui sentidos pela prática divisora. Ou seja, a vida

deve tornar-se mais sadia através da eliminação da derrota, da doença, do

incômodo. O poder traça uma partilha sobre os merecedores e os não

merecedores. Para a pesquisadora, mesmo que a vida seja o viés por onde a

govermentalidade se legitima, atuando com o um definidor entre o justo e o

injusto, o saudável e o doente, a violência foi jamais controlada, pois na busca

da vida esta também se torna útil.

Referência Kátia Menezes de Sousa: Discurso e biopolítica na sociedade de controle in: Tasso, Ismara, Navarro, Pedro (org.) Produção de identidades e processos de subjetivação em práticas discursivas – Maringá: Eduem, 2012. P. 42 – 55.

DISCURSO E BIOPOLÍTICA NA SOCIEDADE DE CONTROLE

Maria das Graças Amaral (UESB)

Kátia Menezes de Sousa, em seu texto Discurso e Biopolítica na

sociedade de controle, afirma que as mídias permitem uma circulação de

dizeres que confluem para o entendimento dela como um espaço de

circulação de sentidos, o que faz dela um suporte de enunciados diversos,

circulando diferentes discursos. Para a autora, essa relação se constitui ainda

mais, à medida que a mídia promove o papel de controlar os processos de

identificação dos sujeitos através do controle do discurso. Isso faz com que,

entre as demandas do povo e as do governo, a mídia haja como mediadora.

Para Kátia Menezes, esta situação cria a lei do que pode e o que não pode ser

dito. É neste sentido que a autora afirma existir um arquivo de discursos

políticos que faz com que a política brasileira seja pensada de um modo e não

de outro.

A pesquisadora prossegue afirmando que a governabilidade hoje

atinge não um individuo em particular, mas toda sociedade. Para isso, o poder

atua não somente pela consciência ou ideologia, mas também pelo corpo.

Neste sentido, a medicina contribuiu para uma estratégia biopolítica. Para

perceber isso, basta ver que, sob vários ângulos, o controle se dá no interior e

no exterior das pessoas, fazendo pensar, por exemplo, a garantia da saúde e

da longevidade. Citando Foucault, a autora argumenta que, a partir do século

XIX, a soberania deu lugar a biológica, que elege a defesa e a preservação da

vida nas táticas de governamentalidade. Para isso, as disciplinas e a biopolítica

assumem a função de adestramento do homem. A primeira estipula regras de

apto e útil aos anseios da cultura vigente. É nesse sentido que ele – o corpo – não

possui nada de natural, como quer alguns, mas é algo construído sócio-

historicamente, a partir de investimentos de poder que, inclusive, faz a sua

constituição parecer “natural”. É importante ressaltar, por meio da leitura do

texto, que os autores, partindo de Prado Souto e Trisotto em “O corpo

problematizado de uma perspectiva histórico-política”, indicam uma diferença

entre corpo e corporeidade: o corpo seria o objeto, o “recipiente” sobre o qual a

corporeidade seria “depositada”, isto é, a “alma”, a subjetividade dos sujeitos

produzida pelo corpo em contato com vários elementos externos. Corpo

globalizado, ressignificado, instrumentalizado: é dessa forma que nossa sociedade

relega ao corpo a qualidade de região a partir do qual a sensação de pertencimento

e de identidade (ou, em todo caso, de uma busca por ela) são deflagradas por meio

dos gestos, do uso de tatuagens, piercings e de práticas com o body building e que

contribuem para uma estética de si. Assim, Poliana Lachi e Pedro Navarro nos

mostra que o corpo e, de modo geral, o sujeito, é fabricado por inúmeros fatores e

esses fatores são movidos por investidas de micro poderes que orientam, o tempo

inteiro, a sociedade. A forma e a performance do corpo são controlados pela

ciência e pela estética, por exemplo, e isso justifica as intervenções no corpo por

meio de mudanças alimentares e de exercícios físicos, colocando em evidência a

existência do biopoder e, com isso, a configuração do corpo não como algo natural,

mas como oriundo e a serviço do discurso.

Referência

LACHI, Poliana; NAVARRO, Pedro. O Corpo moldado: Corporeidade mediada e subjetivação. In: TASSO, Ismara; NAVARRO, Pedro. Produção de identidades e processos de subjetivação. Maringá: Eduem, 2012. p. 17-39.

O CORPO MOLDADO: CORPOREIDADE MEDIADA E SUBJETIVAÇÃO

Jéssica Figueiredo (UESB)

Entender as formas de subjetivação e os discursos acerca do corpo: essa é

a proposta de Poliana Lachi e Pedro Navarro, no texto O Corpo moldado:

Corporeidade mediada e subjetivação. Para tanto, os autores mobilizam uma

articulação teórica entre postulados da Sociologia, Estudos Culturais e Análise do

Discurso, para compreender os efeitos de sentidos produzidos por discursos

sobre os corpos dos sujeitos e suas identidades, avaliando elementos

fundamentais como a modernidade e a mídia, para estabelecer pontes

cognoscíveis cuja finalidade é chegar a uma inteligibilidade da construção do

corpo no seio da sociedade. Segundo os autores, partindo do Gidens de

“Modernidade e identidade”, a modernidade produz mudanças nas práticas do

comportamento e nas instituições e isso ocasiona uma ressignificação daquilo

que os autores chamam de “instância última da sociedade”, isto é, do sujeito.

É importante ressaltar, de igual modo, de acordo com os autores, que a

mídia tem um lugar privilegiado no modelamento dos corpos, uma vez que, por

meio dos avanços tecnológicos, ela coloca em grande circulação os seus

produtos, fazendo, em uma rede integrada, emergir, no seio social,

transformações profundas e infiltrações na vida cotidiana dos sujeitos, mesmo

que essas infiltrações sejam alheias a eles. Os veículos midiáticos engendram, na

vida dos sujeitos, novas experiências e, com isso, novas formas de existência e,

nesse sentido, novos saberes sobre si e sobre o outro são construídos e colocados

em exercício. Dessa forma, o corpo sofre as coações da sociedade e, consoante

os autores do artigo, a modernidade e os instrumentos viabilizados a partir dela,

institui etapas para a produção de corpos que correspondem à normalização, à

modelação, à moralização e ao treinamento, visando, obviamente, torná-lo

apto

O debate foi conduzido pelo prof. Dr.

Nilton Milanez, coordenador do

evento, e a atividade contou com um

público razoável e participativo,

oferecendo discussões a partir de

vários pontos de vistas que cada um

dos estudantes presentes expunham.

Na noite do último dia 27, a

explanação foi de Alex Araújo,

doutorando em Memória, Linguagem

e Sociedade, pela Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia. Ele

apresentou o texto “Poder-Corpo”,

que faz parte da obra Microfísica do

poder, de Michel Foucault.

Pensar com Foucault é mais um

projeto desenvolvido no quadro de

estudos do Labedisco, sob a

coordenação do prof. Dr. Nilton

Milanez, no interior do projeto de

extensão “Análise do Discurso:

discurso fílmico, corpo e horror” e do

projeto de pesquisa “Materialidades

do corpo e do horror”.

PENSAR COM FOUCAULT

Ocorreram, nas noites de 20 e 27 de Novembro, a segunda e a terceira

palestras do evento Pensar com Foucault, organizado pelo Laboratório de

Estudos do Discurso e do Corpo – Labedisco. A primeira apresentação ficou

por conta do aluno de mestrado do programa de pós-graduação em Memória,

Linguagem e Sociedade, Ciro Prates. O conferencista apresentou o texto “O

sujeito e o Poder”, presente em Michel Foucault, uma trajetória filosófica:

para além do estruturalismo e da hermenêutica, de Hubert Dreyfus e Paul

Rabinow.

O Laboratório de Estudos do discurso e do corpo – Labedisco, esteve presente

com o seminário temático “De cabelo em pé! Horror no cinema e novas

materialidades do discurso” coordenado pelo prof. Dr. Nilton Milanez, no qual

foram apresentados trabalhos de pesquisadores da pós-graduação que

versavam sobre materialidades fílmicas e audiovisuais, tomando como fio

condutor o entrelaçamento dos postulados da AD francesa, sobretudo de

Michel Foucault, com as teorias do cinema.

O Laboratório se fez presente, também, por meio de outras apresentações

individuais de alguns dos seus integrantes.

No total, o evento realizou três conferências, 10 seminários temáticos, 80

comunicações individuais e 15 pôsteres, destacando-se a presença de grandes

pesquisadores da área do discurso: Beth Brait (PUCSP), Nilton Milanez (UESB/

Labedisco) Lucia Teixeira (UFF) e Maria do Rosário Gregolin (Unesp). O evento

contou com o apoio do ILUFBA, PPGLinC, PPGLitC, PPGEL (UNEB), PPGCEL

(UESB).

SEDis – SEMINÁRIO DE ESTUDOS DO DISCURSO

Ocorreu na UFBA, nos dias 12 a 14 de novembro, o SEDis, Seminário de

Estudos do Discurso. O evento, que é bianual, teve como tema Verbal, não

verbal, verbal-visual e foi organizado pelo Grupo de Estudos do Discurso,

Cultura e Sociedade (UFBA/CNPq), Departamento de Letras Vernáculas do

Instituto de Letras. O evento demonstrou a transdiscursividade e

interdiscursividade, ao aproximar varias falas que, por mais distintas que

fossem, na interrogação do relacionamento e questionamento do seu objeto

enquanto produção de sentidos no espaço social, se aproximavam no uso do

discurso, em suas diferentes abordagens teóricas, o que permitiu um balanço

sobre o que vem sendo produzido em diferentes universidades sobre tal

tema. Alguns dos principais grupos de pesquisa estiveram presentes para

divulgar resultados acerca dos estudos da AD no Brasil.

Está ocorrendo na UNEB, campus VI, em Caetité, das 19h às 21h, projeto de Extensão Linguagem, ensino e cinema: entrelaçamentos de práticas

discursivas interdisciplinares, coordenado pela profa. Dnda. Janaina de jesus Santos. Os encontros têm discutido os entrelaçamentos entre

linguagem, ensino e cinema a partir do viés da Análise do Discurso, a fim de levantar e discutir problemáticas da análise de imagens, tanto fixa

como em movimento, e evidenciar práticas interdisciplinares no ensino através da abordagem de filmes. O evento teve início 20 de novembro,

quando foi discutido os diálogos entre cinema e educação. No segundo encontro, em 27, do corrente mês, as discussões giraram em torno dos

elementos da linguagem cinematográfica. O próximo encontro será no dia 04/12, que terá por tema a Linguagem do cinema e temas transversais,

seguido de planejamento de atividades e análise de filme.

Dica de O corpo:

Leitura do livro Texto ou discurso?,

organizado por Beth Braith e Maria

Cecília Souza-e-Silva.

Leitura do livro Enunciação e sentido,

tramas de sentidos, organizado por

Maria da Glória di Fanti e Leci Borges

Barbisan.

PROJETO DE EXTENSÃO LINGUAGEM, ENSINO E CINEMA:

ENTRELAÇAMENTOS DE PRÁTICAS DISCURSIVAS

INTERDISCIPLINARES.

Está ocorrendo na UNEB, campus VI, em Caetité, das 19h às 21h, o projeto de

Extensão Linguagem, ensino e cinema: entrelaçamentos de práticas

discursivas interdisciplinares, coordenado pela profa. Dnda. Janaina de Jesus

Santos, coordenadora do Laboratório de Estudos do Audiovisual e do

Discurso – AUDISCURSO. Os encontros têm discutido os entrelaçamentos

entre linguagem, ensino e cinema a partir do viés da Análise do Discurso, a fim

de levantar e discutir problemáticas da análise de imagens, tanto fixa como

em movimento, e evidenciar práticas interdisciplinares no ensino através da

abordagem de filmes.

O evento teve início dia 20 de

Novembro, quando foram discutidos

os diálogos entre cinema e

educação. No segundo encontro, dia

27 do corrente mês, as discussões

giraram em torno dos elementos da

linguagem cinematográfica. O

próximo encontro será no dia 04 de

Dezembro, que terá como tema a

Linguagem do cinema e temas

transversais, seguido de

planejamento de atividades e análise

de filme.