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forumdeconcursos.com · 9/10/2003  · 15.2.Cessão de herança e cessão de contrato . 15.3.Regras do Código Civil 15.3.1.Escritura pública 15.3.2.Direitos do cessionário 15.3.3.Cessão

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Impresso no Brasil Printed in Brazil

Direitos exclusivos para o Brasil na lngua portuguesa Copyright 2016 by EDITORA FORENSE LTDA. Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Travessa do Ouvidor, 11 Trreo e 6 andar 20040-040 Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) 3543-0770 Fax: (21) 3543-0896 [email protected] | www.grupogen.com.br

O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poder requerer a apreenso dos exemplares reproduzidos ou a suspenso da divulgao, sem prejuzo da indenizao cabvel (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). Quem vender, expuser venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depsito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, ser solidariamente responsvel com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reproduo no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98).

1 edio 2007 / 2 edio 2008 / 3 edio 2009 / 4 edio 2010 / 5 edio 2013 / 6 edio 2014 / 7 edio 2016

Capa: Danilo Oliveira Produo digital: Geethik

Fechamento desta edio: 10.12.2015

CIP Brasil. Catalogao na fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

N13c

Nader, Paulo

Curso de direito civil, v. 6: direito das sucesses/Paulo Nader. 7. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016.

Inclui bibliografia ISBN 978-85-309-6873-1

1. Herana e sucesso Brasil. 2. Partilha de bens Brasil. 3. Inventrio de bens Brasil. I. Ttulo. II. Ttulo: Direito das Sucesses.

07-0995 CDU 347.65(81)

Aos queridos netos Rmulo, Vtor, Eduardo, Caio, Henrique e Carolina

a quem desejo um Mundo de Paz e Justia Social e de quem espero, no

futuro, uma contribuio efetividade destes valores.

NDICE SISTEMTICO

Prefcio

Nota do Autor

Parte 1

SUCESSO EM GERAL

CAPTULO 1 INTRODUO AO DIREITO DAS SUCESSES

1.Generalidades

2.Modalidades de Sucesso

3.Direitos Transmissveis e Intransmissveis

4.Fundamentos Doutrinrios da Sucesso

5.Antecedentes Histricos

6.Conflito de Leis no Espao

Reviso do Captulo

CAPTULO 2 PRINCPIOS DA SUCESSO EM GERAL

7.Consideraes Prvias

8.Abertura da Sucesso

8.1.Conceito

8.2.Morte real

8.3.Comorincia

8.4.Ausncia

8.5.Desaparecidos em movimentos polticos

9.Lugar da Sucesso

10.Sucesso Legtima e Testamentria

11.Conflito de Leis Sucessrias no Tempo

12.Disponibilidade por Testamento

Reviso do Captulo

CAPTULO 3 PRINCPIOS BSICOS DA HERANA

13.Indivisibilidade da Herana

14.Dvidas da Herana

15.Cesso de Direitos Hereditrios

15.1.Noo

15.2.Cesso de herana e cesso de contrato

15.3.Regras do Cdigo Civil

15.3.1.Escritura pblica

15.3.2.Direitos do cessionrio

15.3.3.Cesso de bens individuados

15.3.4.Preferncia dos coerdeiros

16.Inventrio e Administrao da Herana

16.1.Noo de inventrio

16.2.Administrao da herana

Reviso do Captulo

CAPTULO 4 DA VOCAO HEREDITRIA

17.Generalidades

18.Capacidade Sucessria

18.1.Sucesso legtima

18.2.A capacidade sucessria legtima no Direito Comparado

18.3.Sucesso testamentria

19.Incapacidade Relativa para Herdar ou Receber Legado

19.1.Pessoa que escreve o testamento a pedido

19.2.Testemunhas

19.3.Concubino de pessoa casada

19.4.Oficial do ato

19.5.Simulaes

Reviso do Captulo

CAPTULO 5 ACEITAO E RENNCIA DA HERANA

20.Consideraes Prvias

21.Aceitao da Herana

21.1.Conceito

21.2.Direito Romano

21.3.Caracteres

21.4.Capacidade

21.5.Modalidades

21.5.1.Aceitao direta

21.5.2.Aceitao indireta

21.6.Efeitos jurdicos

22.Renncia da Herana

Reviso do Captulo

CAPTULO 6 EXCLUSO DA HERANA POR INDIGNIDADE

23.Consideraes Prvias

24.Conceito de Indignidade

25.O Reconhecimento Judicial

26.Causas de Indignidade

26.1.Ad rubricam

26.2.Homicdio doloso ou sua tentativa

26.3.Calnia em juzo contra o autor da herana

26.4.Crime contra a honra do hereditando ou de seu consorte

26.5.Oposio de obstculos livre disposio por

testamento

26.6.Observao final

27.Efeitos da Indignidade

27.1.Excluso da herana

27.2.Adiantamento de herana

27.3.Frutos e rendimentos

27.4.Indenizao

27.5.Representao por descendentes em linha reta

27.6.Excluso de usufruto e administrao

27.7.Excluso parcial da herana de sucessores

27.8.Herdeiro aparente

27.9.Posio do consorte

28.Reabilitao do Indigno

Reviso do Captulo

CAPTULO 7 HERANAS JACENTE E VACANTE

29.Consideraes Prvias

30.A Hereditas Jacens no Direito Romano

31.Conceito de Herana Jacente

32.Outros Supostos de Jacncia

33.Conceito e Efeitos da Herana Vacante

34.Procedimentos

34.1.Arrecadao e nomeao de curador

34.2.Habilitao de crdito

34.3.Declarao de vacncia

35.Vacncia e Deserdao

Reviso do Captulo

CAPTULO 8 PETIO DE HERANA

36.Consideraes Prvias

37.Notcia Histrica

38.Conceito

38.1.Noo geral

38.2.O conceito no plano da lgica formal

39.Natureza da Ao

40.Medida Cautelar

41.Prescrio

42.Outras Disposies Legais

42.1.Extenso do objeto

42.2.Restituio dos bens do acervo

42.3.Alienao de bens sem justo ttulo

42.4.Pagamento de legado por herdeiro aparente

Reviso do Captulo

Parte 2

SUCESSO LEGTIMA

CAPTULO 9 ORDEM DA VOCAO HEREDITRIA

43.Consideraes Prvias

44.Modalidades de Parentesco, Classes, Linhas e Contagem de Graus

44.1.Parentesco

44.2.Classes

44.3.Linhas de parentesco

44.4.Graus de parentesco

45.Sucesso entre cnjuges

45.1.Ad rubricam

45.2.Concorrncia com descendentes

45.2.1.Regime de comunho universal ou de

separao obrigatria de bens

45.2.2.Regime de comunho parcial e inexistncia

de bens particulares

45.3.Concorrncia com ascendentes

45.4.Herana sem concorrncia

45.5.Direito real de habitao

45.6.A classe do cnjuge suprstite

45.7.Deserdao do cnjuge

45.8.Casamento putativo

46.Sucesso entre Companheiros

46.1.Generalidades

46.2.As diversas hipteses do art. 1.790

46.2.1.Exigncias bsicas para a herana

46.2.2.Em concorrncia com descendentes comuns

46.2.3.Em concorrncia com descendentes do

sucedido

46.2.4.Concorrncia com demais herdeiros

46.2.5.Exclusividade na herana

46.2.6.Direitos reais de habitao e de usufruto

47.Os Descendentes e a Ordem da Vocao Hereditria

48.Os Ascendentes

49.Os Colaterais

50.A Eficcia da Lei no Espao

Reviso do Captulo

CAPTULO 10 HERDEIROS NECESSRIOS

51.Generalidades

52.Conceito

53.Consideraes Histricas

54.Notas sobre o Direito Comparado

54.1.Direito italiano

54.2.Direito portugus

54.3.Direito peruano

55.Regras Bsicas do Cdigo Civil

55.1.O elenco dos herdeiros necessrios

55.2.Quociente e clculo da legtima

55.3.Clusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e de

incomunicabilidade sobre os bens da legtima

55.3.1.Conceitos

55.3.2.Extenso da inalienabilidade

55.3.3.Justa causa

55.3.4.Sub-rogao do gravame

55.3.5.Inalienabilidade e usufruto

55.3.6.A clusula de inalienabilidade e a usucapio

55.3.7.Carter antissocial da clusula

55.3.8.Converso dos bens da legtima

55.3.9.A exigncia de justa causa e os testamentos

antigos

55.4.Qualidade cumulativa de herdeiro

55.5.Os colaterais e sua excluso da herana

Reviso do Captulo

CAPTULO 11 REPRESENTAO SUCESSRIA

56.Conceito

57.Representao e Ordem Privada

58.Direito de Transmisso Consecutiva e Representao

59.Requisitos

59.1.Representao por descendentes

59.2.Impossibilidade do representado

59.3.Legitimidade do representante

59.4.Sobrevida do sucessor-substituto

59.5.Concepo do representante posterior morte do

representado

59.6.Ausncia de soluo de continuidade

60.Aceitao de Herana e Representao

61.Efeitos Jurdicos

62.Disposies do Cdigo Civil de 2002

62.1.Ncleo conceitual da representao

62.2.O titular do direito de representao

62.3.A quota de herana do sucessor legitimrio

62.4.Hiptese de mais de um representante

62.5.Renncia herana do sucessor premorto

Reviso do Captulo

Parte 3

SUCESSO TESTAMENTRIA

CAPTULO 12 NOO GERAL DE TESTAMENTO

63.Consideraes Prvias

64.Fundamento do Direito de Testar

65.Escoro Histrico

65.1.Direito Romano

65.2.Ordenaes Filipinas

65.3.Consolidao das leis civis

65.4.O primeiro Cdigo Civil

66.Liberalidades

67.Conceito, Natureza Jurdica e Caracteres do Testamento

67.1.Ad rubricam

67.2.Definio

67.3.Natureza jurdica

67.4.Caracteres

67.4.1.Negcio jurdico unilateral

67.4.2.Ato personalssimo

67.4.3.Formalidade

67.4.4.Revogabilidade

67.4.5.Mortis causa

67.4.6.Gratuidade

68.Regras Preliminares do Cdigo Civil

68.1.A liberdade de testar

68.2.O objeto das disposies

68.3.Negcio jurdico personalssimo e revogvel

68.4.Invalidade do testamento prazo decadencial

69.Capacidade de Testar

70.Formas Ordinrias de Testamento

71.Testamento Conjuntivo: Conceito, Espcies e Proibio

71.1.Conceito

71.2.Espcies

71.3.Proibio

Reviso do Captulo

CAPTULO 13 TESTAMENTO PBLICO

72.Noo Geral

73.Direito Comparado

73.1.Code Napolon

73.2.Cdigo Civil italiano

73.3.Cdigo Civil portugus

73.4.Direito argentino

74.Disposies do Cdigo Civil de 2002

74.1.Ad rubricam

74.2.Requisitos

74.2.1.Requisito preliminar

74.2.2.Lavratura

74.2.3.Fidelidade da transcrio

74.2.4.Unidade do ato e de lugar

74.2.5.Meno ao local, data e horrio

74.2.6.Atos subsequentes lavratura

74.3.Surdez e cegueira e direito de testar

Reviso do Captulo

CAPTULO 14 TESTAMENTO CERRADO

75.Noo Geral

76.Direito Comparado

76.1.Code Napolon

76.2.Cdigo Civil italiano

76.3.Cdigo Civil portugus

76.4.Cdigo Civil argentino

77.Disposies do Cdigo Civil de 2002

77.1.Cdula testamentria

77.2.Termo de aprovao

77.3.Nota de aprovao

77.4.Abertura do testamento

77.5.Aproveitamento do negcio jurdico como testamento

particular

77.6.Revogao do testamento cerrado

77.7.Responsabilidade do tabelio

Reviso do Captulo

CAPTULO 15 TESTAMENTO PARTICULAR

78.Noo Geral

79.Direito Comparado

79.1.Code Napolon

79.2.Cdigo Civil italiano

79.3.Cdigo Civil portugus

79.4.Cdigo Civil argentino

80.Disposies do Cdigo Civil de 2002

80.1.Trao diferencial

80.2.Redao da cdula testamentria

80.3.Leitura do texto

80.4.Confirmao em juzo

80.5.Testamento de emergncia

Reviso do Captulo

CAPTULO 16 CODICILO

81.Apresentao do Instituto

82.Antecedentes Histricos

82.1.Ad rubricam

82.2.Institutas de Justiniano

82.3.Ordenaes Filipinas

82.4.Consolidao das leis civis

83.Disposies do Cdigo Civil

83.1.Conceito

83.2.Revogao

83.3.Codicilo fechado

83.4.Cumprimento do codicilo

83.5.Plano de lege ferenda

Reviso do Captulo

CAPTULO 17 TESTAMENTOS ESPECIAIS

84.Generalidades

85.Antecedentes Histricos

85.1.Roma

85.2.Frana

85.3.Ordenaes Filipinas

85.4.Consolidao das leis civis

85.5.Os Cdigos Bevilqua e Reale

86.Testamento Martimo e Aeronutico

86.1.Especificidades do testamento martimo

86.2.Especificidades do testamento aeronutico

86.3.Disposies comuns aos testamentos martimo e

aeronutico

87.Testamento Militar

87.1.Generalidades

87.2.O disponente

87.3.Condies em que pode ser feito

87.4.Caracteres do testamento militar

87.4.1.Simplicidade das formas

87.4.2.No interveno de notrio

87.4.3.Provisoriedade

87.5.Modalidades de testamento militar

87.5.1.Testamento semelhante ao pblico

87.5.2.Testamento semelhante ao cerrado

87.5.3.Testamento nuncupativo

87.6.Caducidade dos testamentos militares

87.6.1.Caducidade do testamento militar

semelhante forma pblica ou cerrada

87.6.2.Caducidade do testamento nuncupativo

Reviso do Captulo

CAPTULO 18 DISPOSIES TESTAMENTRIAS

88.Generalidades

89.Instituio de Herdeiro ou Legatrio

89.1.Ad rubricam

89.2.Nomeao pura e simples

89.3.Nomeao sob condio

89.4.Nomeao para certo fim ou modo

89.5.Nomeao por certo motivo

89.6.Nomeao a termo

90.Interpretao de Clusulas Testamentrias

91.Disposies Nulas

91.1.Condio captatria

91.2.Pessoa incerta e no determinvel

91.3.Indicao genrica de favorecidos

91.4.Determinao do favorecido confiada a terceiro

91.5.Determinao do objeto da herana ou legado pelo

favorecido ou terceiro

91.6.Nulidade de nomeaes vedadas

92.Disposies Anulveis

93.Ineficcia de Disposies Testamentrias

94.Critrios Especiais de Partilha

94.1.Nomeao de dois ou mais herdeiros

94.2.Nomeaes individuais e em grupo

94.3.As sobras da poro disponvel

94.4.Algumas quotas no definidas

94.5.Objetos excludos do testamento

95.Inalienabilidade e outras clusulas restritivas

Reviso do Captulo

CAPTULO 19 LEGADO: DISPOSIES GERAIS

96.Conceito de legado

97.A Instituio entre os Romanos

98.Ineficcia do Legado

99.Legado de Coisa Alheia

99.1.Aspectos gerais

99.2.Legado de coisa certa em face do regime de comunho

de bens

100.Determinao da Coisa por seu Espao Habitual

101.Legado de Crdito e de Quitao de Dvida

101.1.Legado de crdito ou legatum nominis

101.2.Legado de quitao de dvida ou legatum liberationis

102.Legado e Compensao de Dvida

103.Legado de Alimentos

104.Legado de Usufruto

105.Legado de Imvel

105.1.No se incluem no legado

105.2.Incluem-se

105.3.Ttulo de domnio

Reviso do Captulo

CAPTULO 20 EFEITOS DO LEGADO E DO SEU PAGAMENTO

106.Generalidades

107.Domnio e Posse da Coisa Legada

108.Direito de Pedir o Legado

109.Pagamento do Legado

109.1.Ad rubricam

109.2.Legado em dinheiro

109.3.Renda vitalcia ou penso peridica

109.4.Legado de educao

109.5.Legado de coisa genrica

109.6.Legado alternativo

109.7.Responsabilidade pelo cumprimento do legado

110.Legado com Encargo

111.Isonomia no Recebimento dos Legados

Reviso do Captulo

CAPTULO 21 CADUCIDADE DOS LEGADOS

112.Consideraes Prvias

113.Modificao da Coisa Legada

114.Alienao Total ou Parcial da Coisa Legada

115.Perecimento da Coisa

116.Evico da Coisa

117.Indignidade do Legatrio

118.Premorte do Legatrio

119.Perecimento da Coisa em Legado Alternativo

120.Desapropriao da Coisa Legada

121.Caducidade nos Testamentos Especiais

Reviso do Captulo

CAPTULO 22 DIREITO DE ACRESCER

122.Conceito

123.Direito Romano

123.1.Noes gerais

123.2.Direito de acrescer entre herdeiros

123.3.Direito de acrescer entre legatrios

124.Fundamento

125.Os Coerdeiros e o Direito de Acrescer

126.Os Colegatrios e o Direito de Acrescer

127.Disposies Comuns aos Coerdeiros e Colegatrios

128.Legado de Usufruto Conjunto

Reviso do Captulo

CAPTULO 23 DA SUBSTITUIO VULGAR E DA RECPROCA

129.Consideraes Prvias

130.Ordenaes Filipinas

131.Substituio Vulgar

132.Substituio Recproca

Reviso do Captulo

CAPTULO 24 DA SUBSTITUIO FIDEICOMISSRIA

133.Conceito

134.Caracteres

134.1.Negcio jurdico testamentrio

134.2.Dupla liberalidade

134.3.Temporariedade

134.4.Dever de o fiducirio conservar o objeto

134.5.Aquisio sucessiva

135.O Direito Romano

136.Paralelo entre Fideicomisso e Usufruto

137.Substituio Fideicomissria e Vulgar

138.Disposies do Cdigo Civil

138.1.Consideraes prvias

138.2.Conceito legal

138.3.Converso do fideicomisso em usufruto

138.4.Situao jurdica do fiducirio

138.4.1.Direitos

138.4.2.Obrigaes

138.5.Situao jurdica do fideicomissrio

138.5.1.Direitos

138.5.2.Obrigaes

138.6.Extino do fideicomisso

138.7.Caducidade do fideicomisso

138.7.1.Causas ligadas ao fideicomitente

138.7.2.Causas ligadas ao objeto

138.7.3.Causas ligadas ao herdeiro ou legatrio

139.Substituio Fideicomissria nas Doaes

140.Fideicomisso Residual

Reviso do Captulo

CAPTULO 25 DESERDAO

141.Conceito

142.Deserdao Parcial

143.O Direito Romano

144.Requisitos

144.1.Iniciativa do auctor successionis

144.2.Qualidade de herdeiro necessrio

144.3.A forma do ato

144.4.Tipicidade do ato de ingratido e justificativa

144.5.Comprovao judicial

145.Fundamentos

146.Disposies do Cdigo Civil

146.1.Causas gerais do art. 1.814

146.2.Deserdao dos descendentes

146.2.1.Ofensa fsica

146.2.2.Injria grave

146.2.3.Relaes ilcitas com a madrasta ou com o

padrasto

146.2.4.Desamparo na doena grave

146.3.Deserdao de ascendentes

147.Efeitos

148.Abertura da Sucesso e Prova da Causa de Deserdao

Reviso do Captulo

CAPTULO 26 REDUO DAS DISPOSIES

TESTAMENTRIAS

149.Consideraes Prvias

150.Anotaes Histricas

151.Ordem das Redues

151.1.Disposio a latere

151.2.Reduo de quotas de herdeiros institudos

151.3.Reduo dos legados

151.4.Critrio de reduo fixado pelo testador

151.5.Legado de prdio divisvel critrio de reduo

151.6.Hiptese cumulativa de legitimrio e legatrio

152.Reduo das Doaes Inoficiosas

153.Ao de Reduo das Liberalidades Mortis Causa

Reviso do Captulo

CAPTULO 27 REVOGAO E ROMPIMENTO DO

TESTAMENTO

154.Conceito de Revogao

155.Revogao e Figuras Afins

156.Paralelo entre a Revogao do Testamento e da Lei

157.O Poder Revogatrio

158.Espcies de Revogao

158.1.Revogao expressa

158.2.Revogao tcita

158.3.Revogao presumida

159.O Cdigo Civil e a Revogao

159.1.Forma

159.2.Espcies de revogao consideradas

159.3.Caducidade e invalidade do testamento revogador

159.4.Abertura ou dilacerao de testamento cerrado pelo

testador

160.Rompimento do Testamento

160.1.Ad rubricam

160.2.Supervenincia de descendente sucessvel

160.3.Desconhecimento da existncia de outros herdeiros

necessrios

160.4.Hiptese de no rompimento

Reviso do Captulo

CAPTULO 28 TESTAMENTEIRO

161.Conceito

162.Antecedentes Histricos

163.Natureza Jurdica

164.Caracteres

164.1.Funo personalssima

164.2.Voluntariedade

164.3.Regras supletivas

164.4.Onerosidade

165.O Instituto Luz do Cdigo Civil

165.1.Nomeao

165.2.Posse e administrao da herana

165.3.Deveres do testamenteiro

165.3.1.Requerimento do inventrio

165.3.2.Registro do testamento

165.3.3.Prazo de cumprimento e prestao de

contas

165.3.4.Responsabilidade

165.3.5.Defesa da validade do testamento

165.3.6.Prmio ou vintena

165.3.7.Acmulo de funes

Reviso do Captulo

Parte 4

INVENTRIO E PARTILHA

CAPTULO 29 INVENTRIO

166.Conceito

167.Natureza Jurdica

168.Inventrio Negativo

169.Bens Excludos de Inventrio

170.Inventrio e Legislao

170.1.Consideraes gerais

170.2.Inventariante

170.3.Primeiras declaraes

170.3.1.Identificao do morto

170.3.2.Indicao dos herdeiros

170.3.3.Relao dos bens e dvidas

170.4.Citaes e impugnaes

170.5.Omisso de herdeiro nas primeiras declaraes

170.6.Avaliao do acervo hereditrio

170.7.ltimas declaraes e clculo do imposto causa mortis

171.Arrolamento

171.1.Arrolamento sumrio

171.1.1.Herdeiros capazes e com partilha amigvel

171.1.2.Herdeiro nico

171.2.Arrolamento comum

172.Partilha

Reviso do Captulo

CAPTULO 30 SONEGADOS

173.Consideraes Prvias

174.Quando se Caracteriza

175.Insuficincia das Hipteses Legais

176.Sanes

177.Ao de Sonegados

Reviso do Captulo

CAPTULO 31 PAGAMENTO DAS DVIDAS

178.Consideraes Prvias

179.Direito Romano

180.Normas Materiais e Formais

180.1.A garantia dos credores

180.2.Requerimento dos credores

180.3.Despesas funerrias

180.4.Ao regressiva

180.5.Exigncia de legatrios e credores

180.6.Herdeiro devedor

181.Os Legatrios e as Dvidas da Herana

Reviso do Captulo

CAPTULO 32 COLAO

182.Consideraes Prvias

183.Conceito

184.Fundamento

185.Sistemas de Colao

185.1.Colao real

185.2.Colao ad valorem

186.O Direito Romano

187.O Cdigo Civil de 2002

187.1.A obrigao de conferir

187.2.Dispensa de colao

187.3.Representao do herdeiro donatrio

187.4.O cmputo dos valores conferidos

187.5.Insuficincia de bens no acervo

187.6.O valor de colao dos bens doados

187.7.Doaes sujeitas reduo

187.8.Doao por ambos os cnjuges

Reviso do Captulo

CAPTULO 33 PARTILHA

188.Generalidades

189.Conceito

190.Espcies

190.1.Partilha extrajudicial sem homologao

190.2.Partilha amigvel com homologao

190.3.Partilha judicial

190.4.O autor da sucesso e a partilha

190.4.1.Partilha-testamento

190.4.2.Partilha-doao

191.Bens Insuscetveis de Diviso Cmoda

192.Conferncia de Frutos

193.Sobrepartilha

194.Formal de Partilha

195.Execuo da Partilha

Reviso do Captulo

CAPTULO 34 GARANTIA DOS QUINHES HEREDITRIOS

196.Generalidades

197.Delimitao dos Direitos e Obrigaes

198.Evico dos Bens Herdados

199.Excludentes da Responsabilidade

200.A Indenizao dos Coerdeiros

201.Vcios Redibitrios

Reviso do Captulo

CAPTULO 35 ANULAO DA PARTILHA

202.Consideraes Prvias

203.Anulao da Partilha Amigvel

204.Anulao da Partilha Judicial

205.Ao de Petio de Herana

Reviso do Captulo

BIBLIOGRAFIA

PREFCIO

Introduo ao Estudo do Direito e Filosofia do Direito so livros

notveis, indispensveis, ambos de autoria de Paulo Nader, que, se tivesse

escrito s esses dois, j estaria consagrado na literatura jurdica nacional.

Agora, o eminente professor vem produzindo o Curso de Direito Civil,

obra completa, profunda, repleta de informaes, aliando o rigor cientfico

e o apuro tcnico simplicidade, qualidade didtica. trabalho de mrito

evidente e enorme utilidade para estudantes e advogados, magistrados e

membros do Ministrio Pblico, tabelies e defensores pblicos,

operadores jurdicos em geral.

Alguns pensadores, seguidores de ideologias socializantes,

desprestigiam a sucesso hereditria, argumentando que ela gera riquezas

sem o correspondente trabalho. O fato indesmentvel que o direito das

sucesses atende a uma necessidade social e, h milnios, est presente na

vida dos povos. Venceu todas as objees, superou as vicissitudes e se

imps. No Brasil, inclusive, o direito de herana vem garantido na prpria

Constituio Federal (art. 5o, XXX). Paulo Nader demonstra que este ramo

jurdico indispensvel, at porque projeta princpios e regras da famlia e

da propriedade.

Aqui, verificamos que nem sempre a morte extingue tudo. Pela

transmisso da herana, vai ocorrer a passagem do patrimnio do defunto

aos seus sucessores. patente, nesta matria, a noo de continuidade, de

algo da vida alm da vida. Quando acaba a existncia terrena de algum,

comea a aplicao das normas que regulam o destino de bens e direitos

que foram deixados. Com engenho e arte, o autor nos mostra como tudo

isso acontece.

Acompanhando a evoluo social, poltica e jurdica ocorrida nas

ltimas dcadas do sculo passado, o direito sucessrio conheceu

transformaes importantes, mudanas significativas no Cdigo Civil de

2002, e basta ver a nova fisionomia da sucesso legtima, iluminada pelo

princpio da igualdade e do papel destacado que nela exerce o cnjuge

sobrevivente. Paulo Nader, com esmero e capricho, numa sntese de

erudio com naturalidade, que poucos conseguem alcanar, aproveitando

sua larga experincia de magistrado e professor universitrio, num estilo

leve, agradvel, analisa amplamente a matria, formula e resolve questes,

expe o que no mudou com uma viso atualizada, apresenta as novidades

que so muitas , concorda, discorda, sugere. No deixa passar nada em

branco. Informa, ensina, d respostas. Modestamente, batizou de Curso o

que um autntico e verdadeiro Tratado.

Este volume nos leva a uma viagem fascinante pelo Livro V da Parte

Especial do Cdigo Civil. Explana, inicialmente, os fundamentos, as bases

filosficas, as disposies gerais da sucesso. Em seguida, percorre a

sucesso legtima, e todos os aspectos controvertidos do assunto so

estudados, especialmente a sucesso dos cnjuges e a dos companheiros

(que, no Cdigo, est mal localizada e maltratada). Prossegue pela sucesso

testamentria, descrevendo minuciosamente as formas dos testamentos e os

vrios institutos relativos sucesso voluntria, que decorre dos atos de

ltima vontade. Conclui com o inventrio e a partilha, dando nfase

figura da colao, descomplicando o embaraado tema.

Como os juristas de ponta, o autor faz uma interpretao sistemtica,

construtiva, teleolgica dos preceitos da Lei Civil, vinculando-os aos

princpios constitucionais. E sempre com o apoio da melhor doutrina, que

indica quando se faz necessrio, e da jurisprudncia.

Convidado, tenho a elevada honra que muito agradeo de estar

prefaciando o Direito das Sucesses e conclamo o leitor a adquiri-lo. Uma

obra desta importncia e magnitude no vai demorar nas livrarias, esgotar

brevemente.

Desfrutei do privilgio de ler os originais deste extraordinrio trabalho

de Paulo Nader, e muito aprendi. Fiquei entusiasmado. No me sinto

apenas apresentando um grande livro, uma belssima composio jurdica.

Tenho certeza de que estou prefaciando um clssico. Sim, um clssico.

Quem viver ver.

Rio de Janeiro, maro de 2007.

Zeno Veloso

Professor de Direito Civil e Direito Constitucional.

Doutor Honoris Causa da Universidade da Amaznia.

Notrio Saber reconhecido pela Universidade Federal do Par.

Membro da Academia Brasileira de Letras Jurdicas.

1 Tabelio de Notas de Belm do Par.

NOTA DO AUTOR

Algum declarou que preciso coragem para escrever e lanar uma

obra de Direito Civil na atualidade brasileira. Refletimos durante algum

tempo sobre a afirmativa e chegamos a algumas concluses.

Quem a fez motivou-se nas dificuldades hermenuticas que o Cdigo

Civil de 2002 traz ao estudioso e, possivelmente, na instabilidade da

legislao processual, cuja sucesso de leis apresenta reflexos na

Juscivilstica, derrogando disposies, quando no alterando, com

abrangncia, alguns institutos, como os do inventrio e partilha. Isto sem

falar na expectativa em que os civilistas se encontram diante da iminente

modificao de numerosos artigos do Cdigo Civil, dada a multiplicidade

de projetos de leis, com este objeto, alm do novo Cdigo de Processo

Civil.

Tais circunstncias, entretanto, em vez de desencorajarem o jurista,

devem inquiet-lo e induzi-lo a dar a sua contribuio, ainda que na falta de

subsdios doutrinrios ou jurisprudenciais nos quais possa apoiar a sua

linha de raciocnio e as suas concluses. Se os especialistas no se fazem

presentes, externando as suas opinies quando a comunidade universitria e

operadores do Direito carecem de orientao, qual ser a fonte, ento, para

a redefinio da ordem jurdica? A omisso, nestas circunstncias,

imperdovel.

O Cdigo Civil, tambm no tocante ao Livro das Sucesses, apresenta

vrias questes controvertidas, muitas interrogaes que desafiam os

especialistas. Tal situao no chega a ser extraordinria, pois no se fazem

codificaes perfeitas, em nosso Pas ou em qualquer outra parte.

Promulgado um Cdigo, a sua ampla e satisfatria definio obra do

tempo e decorrncia do trabalho de especialistas. Aos poucos, estas lies

ganham os tribunais, transformando-se em ementas jurisprudenciais ou em

smulas.

Consciente da misso dos juscivilistas, abordamos a matria sucessria,

deixando a nossa contribuio exegese dos seus institutos. Quanto aos

temas controvertidos, que so muitos, alm de discorrer sobre os diversos

entendimentos, emitimos a nossa compreenso. Pensamos que a verdade

cientfica tende a surgir do entrechoque de opinies. A dialtica hegeliana

(tese, anttese, sntese) tambm aplicvel e valiosa na Cincia do Direito.

Entre os temas que ensejam conflito doutrinrio, especial ateno

dedicamos herana entre companheiros, vista do mal elaborado art.

1.790. Entendendo que a ordem sucessria estabelecida em Lei orienta-se

na vontade presumida do de cujus, correspondendo ao seu testamento

virtual, conclumos que, na falta de parentes sucessveis, toda a herana

deve ser devolvida ao companheiro, independentemente da poca e da

onerosidade da aquisio dos bens. Entre transmitir o patrimnio para o

Municpio, Distrito Federal ou Unio e deix-lo para o companheiro, esta

nos pareceu a presumida vontade do auctor hereditatis.

Um dos desafios lanados aos especialistas em Sucesses no vem

diretamente do Cdigo Civil, mas da Lei n 11.441, de 04 de janeiro de

2007, que objetiva a acelerao dos feitos cveis e o descongestionamento

do Judicirio. Trata-se de um texto de poucos artigos, mas com reflexos em

diversos institutos, inclusive de Famlia. Afora a separao e divrcio

consensuais, ela instituiu o inventrio e partilha amigveis, dispensando-se,

tanto naqueles quanto nestes, a homologao judicial.

A redefinio da ordem civil, luz deste instrumento legal, exigir a

contribuio da doutrina e a chancela jurisprudencial. A citada Lei, no que

tange matria sucessria, foi objeto de consideraes ao longo desta obra.

Ao entregar mais este volume do Curso de Direito Civil comunidade

universitria e aos operadores do Direito, desejamos consignar especial

agradecimento aos eminentes juristas Antnio Carlos Mathias Coltro e

Zeno Veloso, que gentilmente aquiesceram ao convite, respectivamente,

para redigir a matria de quarta capa e prefaciar a obra. Especialistas de

projeo nacional com notria experincia terica e prtica na Dogmtica

Civil, ambos tm contribudo, especialmente com seus livros e palestras,

compreenso e ao aperfeioamento do Direito Civil brasileiro.

SUCESSO EM GERAL

INTRODUO AO DIREITO DAS SUCESSES

Sumrio: 1. Generalidades. 2. Modalidades de sucesso. 3. Direitos transmissveis e intransmissveis.4. Fundamentos doutrinrios da sucesso. 5. Antecedentes histricos. 6. Conflito de leis no espao.

1.GENERALIDADES

Com o evento morte, algumas relaes jurdicas se extinguem, como as

pertinentes aos direitos conjugais, enquanto outras subsistem, verificando-

se apenas a mudana na titularidade, como no jus domini, que transmitido

a herdeiros ou legatrios. No mbito do Jus Positum no verdadeira a

afirmativa mors omnia solvit (i. e., a morte dissolve todas as coisas),

dada a transmissibilidade de direitos. Da podermos afirmar,

acompanhando Hernandez Gil, que a morte provoca o fim da vida humana,

mas juridicamente a transcende.1

As coisas que pertenciam ao de cujus (autor da herana) no se

tornam res nullius (coisa sem dono), pois so transmitidas aos

sucessores.2Tratando-se de sucesso legtima ou ab intestato (sem

testamento), o patrimnio se transfere a membros da famlia, conforme o

critrio legal; se testamentria, s pessoas indicadas no ato de ltima

vontade. H hiptese, como se ver, em que a liberdade de testar apenas

relativa, podendo a sucesso resultar da conjugao do critrio legal e

vontade do testador.

O Direito das Sucesses parte do Direito Civil que estabelece normas

sobre a transmisso mortis causade acervo patrimonial. certo que a morte

no provoca apenas sucesso na esfera patrimonial, como Franois Terr e

Yves Lequette enfatizam,3pois esta se opera tambm em outros mbitos,

como no poltico, mas o objeto deste sub-ramo do Direito Civil apenas o

patrimnio do sucedido, seu conjunto de bens, direitos e obrigaes de

natureza econmica.

O direito subjetivo sucesso no deriva, exclusivamente, do fato

jurdico morte, pois indispensvel, ainda, que o de cujus tenha deixado

um patrimnio a partilhar. Alm da morte, h de haver relaes jurdicas de

natureza econmica, nas quais o auctor hereditatis figurava como titular do

polo ativo ou passivo, pois no apenas os valores so transmissveis mortis

causa, mas tambm as dvidas.4

Os princpios fundamentais que regem o Direito das Sucesses so de

ordem pblica, inderrogveis por ato de vontade, como o relativo escala

da sucesso, tecnicamente denominada ordem da vocao hereditria, e a

proibio de acordo sobre herana de pessoa viva (pacta corvina). Dentro

de certos limites estabelecidos pelo Cdigo Civil, a pessoa natural pode

dispor sobre a prpria sucesso, mediante testamento e, ainda, provocando

a deserdao motivada, valendo-se os herdeiros de ao judicial. A

chamada sucesso contratualinexiste em nosso ordenamento. Tambm

denominada pacta de succedendo, consiste no acordo pelo qual o titular de

patrimnio convenciona com algum a disposio de seus bens para depois

de sua morte. Tal contrato considerado contrrio ordem moral, da no

possuir validade em nosso Direito Civil, da mesma forma que a pacta

corvina. A sucesso contratual, ao ver de Clvis Bevilqua, alm de

despertar sentimentos imorais, impede a liberalidade por ato de ltima

vontade.5 No obstante, o Cdigo Civil admite, pelo art. 2.018, a partilha de

bens por ascendentes, mediante ato inter vivos, preservada a legtima dos

herdeiros necessrios, permissivo este que, para Clvis Bevilqua, retira a

pureza do sistema.6

O Direito das Sucesses possui estreitos vnculos com o Direito de

Famlia e com o Direito das Coisas, pois, de um lado, os herdeiros

legtimos so membros da famlia (cnjuge, companheiro, descendentes,

ascendentes, colaterais) e, de outro, a sucesso configura um dos modos de

aquisio de propriedade.7

De certa forma, como assevera Morandire, o Direito das Sucesses

constitui um prolongamento da propriedade e da famlia. Da primeira,

porque trata de uma das formas de sua aquisio, alm de induzir a diviso

de terras; da segunda, pois a sucesso se opera, na frmula da lei, no

mbito familiar, notadamente entre os descendentes, ascendentes e

consorte.8

Enquanto em nosso ordenamento os pactos antenupciais no

comportam acordo sobre a sucesso mortis causa, o Code Napolon o

admite em contrato antenupcial, como observam Aubry e Rau.9 As

disposies esto nos arts. 1.082 e 1.083. Todavia, o art. 1.389 limita a

autonomia da vontade dos futuros cnjuges, declarando que nenhuma

conveno poder mudar a ordem legal de sucesso.

O vocbulo sucesso provm de succedere e significa substituir

algum. Na esfera jurdica, d-se a sucesso tambm entre pessoas vivas,

perspectiva que escapa, todavia, presente rea de estudo. Por ato inter

vivos, a sucesso ocorre em diferentes modalidades de transmisso das

obrigaes: na cesso de crdito, o credor substitudo por terceiro;

na assuno de dvida, a sucesso se opera no polo passivo; na cesso de

contrato, terceiro sucede uma das partes na totalidade dos seus direitos e

obrigaes, ocupando a sua posio. Pelos contratos de compra e venda,

troca e doao verifica-se a sucesso inter vivos de direitos.

O Direito das Sucesses regula apenas a substituio de titularidades

em decorrncia do fenmeno morte. Em sentido estrito, sucesso significa

apenas a transmisso mortis causa. Isoladamente empregado, o vocbulo

apresenta esta acepo. Sob o aspecto subjetivo, sucesso a

universalidade de bens (universitas rerum) a que os herdeiros fazem jus;

objetivamente considerado, o vocbulo referncia ao patrimnio deixado

pelo de cujus.

Em matria de sucesso relevante a distino entre expectativa de

direito e direito sucesso. Este se verifica apenas com o bito do titular

de um patrimnio. Antes deste fato natural, para os parentes prximos

existe apenas uma expectativa de direito. Se o titular dos bens falecer antes

de quem se encontra na linha sucessria, deixando herana, ter-se- o

direito sucesso. Caso a ordem de sucesso hereditria seja alterada,

apenas quem se encontra na expectativa de direito poder ser alijado da

herana, pois, se o bito ocorreu antes da mudana na linha sucessria,

haver direito adquirido.

Objeto da sucesso o patrimnio do falecido, composto por ativo e

passivo, ou seja, por umauniversalidade de direito (universum jus, mone

jus, universa bona).10 Assim, quem sucede assume a titularidade tanto de

direitos quanto de obrigaes. O patrimnio deixado pelo de cujus,

denominado herana, se compe de direitos e obrigaes presentes e

futuros. O vocbulo herana empregado, na doutrina, em dupla acepo.

Em sentido amplo, acima empregado, corresponde totalidade das relaes

jurdicas deixadas por morte, abrangendo, portanto, direitos e

obrigaes.11 Stricto sensu refere-se aos bens efetivamente devidos aos

herdeiros, aps o pagamento das dvidas.12 O vocbulo empregado, ainda,

ora em sentido objetivo, para indicar o patrimnio deixado pelo de cujus,

ora em sentido subjetivo, como fenmeno de sub-rogao dos herdeiros nos

direitos e obrigaes.13 O vocbulo herana provm do

latim hereditas (ao de herdar), pertinente a herus (dono, proprietrio).

Ao lado da noo jurdica de herana, ora exposta, o vocbulo

empregado em sentido metajurdico. Assim que se fala em herana

gentica, como transmisso de caracteres biolgicos a descendentes e

emherana cultural, como acervo de valores espirituais, impregnados ou

no em objetos naturais (livros, quadros artsticos, obras em geral). A

herana cultural, revestindo-se de valor econmico, integra o acervo

patrimonial a ser partilhado entre herdeiros.

A transmisso do patrimnio para os sucessores no se opera revelia

de herdeiros e legatrios, pois pressupe a sua concordncia. Estes devem

manifestar a sua vontade, dizendo se aceitam ou rejeitam a sucesso. As

obrigaes podem ser to elevadas, que aos interessados no convenha a

sucesso. Durante um certo perodo, aps a morte, a sucesso dos direitos e

obrigaes pode ficar indefinida, mas, com a partilha, a aquisio do

patrimnio se verifica com efeito retroativo, no ocorrendo juridicamente

algum hiato entre as titularidades. Pela doutrina, tal fato

denominado saisine, ou seja, le mort saisit le vif (i. e., ao morto sucede

o vivo).14 Neste sentido, a exposio de Florentino, jurisconsulto

romano: Heres quaudoque adeundo hereditatem, iam tunc a morte

successisse defuncto intelligitur (i. e., Qualquer que seja o tempo em que

o herdeiro receba a herana, entende-se que sucedeu o defunto desde a sua

morte).15

Embora as pessoas jurdicas se assemelhem cada vez mais s pessoas

naturais, apenas estas possuem estatuto sucessrio. Ordinariamente, as

pessoas jurdicas sucedem e so sucedidas em obrigaes por atos entre

vivos, mas nada impede que sejam beneficiadas em testamentos.

O ato de suceder traz consigo no apenas a ideia de substituio, mas

tambm de continuidade. As relaes jurdicas preexistentes tm o

seguimento de acordo com as peculiaridades anteriores troca de

titularidade.

A sucesso mortis causa requer o concurso de vrios requisitos,

conforme se infere da exposio supra: I) a morte real ou ausncia de uma

pessoa natural, titular de um patrimnio. A morte , ao mesmo tempo, a

causa eficiente da sucesso e o momento em que se verifica a abertura

desta. Considerado o patrimnio como a totalidade de bens e obrigaes,

pode-se afirmar que toda pessoa titular de um patrimnio, ainda que este

seja insignificante.16 Mas, obviamente, no se instaura a sucesso quando

desprezvel o patrimnio deixado pelo de cujus. morte equipara-se a

ausncia; II) a existncia de parente sucessvel, na forma da lei, ou por

declarao de ltima vontade (testamento); III) capacidade do herdeiro ou

legatrio para suceder ou inexcluso por indignidade. Inegavelmente, a

capacidade a regra, enquanto a incapacidade, a exceo; IV) aceitao da

herana ou legado, dado que ningum pode ser forado a receber bens,

contrariamente sua vontade.17

A disciplina da transmisso de patrimnio mortis causa integra o Livro

V do Cdigo Civil vindo em ltimo lugar na sequncia dos Livros. Tal

ordem precisa, pois a compreenso do Direito das Sucesses pressupe o

conhecimento dos demais sub-ramos do Jus Civile. Como a sucesso se

opera precipuamente no mbito familiar e se refere a relaes jurdicas que

tm por objeto, em especial, os direitos obrigacionais e os reais, a ordem

codificada se justifica plenamente, servindo de orientao, inclusive, ao

ensino nas universidades.

Embora a plenitude de disposies do Cdex, a constitucionalizao do

Direito Civil engloba tambm as Sucesses, ex vi do art. 5, inciso XXX, da

Lei Maior, ao enunciar que garantido o direito de herana.Para

diversos autores o Direito das Sucesses alcanado, tambm, pelo

princpio que erige a dignidade da pessoa humana como um dos

fundamentos do Estado Democrtico de Direito (art. 1, III, da CF), pois

promove valores existenciais. Para Euclides de Oliveira, a atribuio de

bens da herana aos sucessores deve ser pautada de acordo com esse

critrio de valorizao do ser humano, de modo a que o patrimnio

outorgado lhes transmita uma existncia mais justa e digna dentro do

contexto social.18 Ainda em sede constitucional, art. 226, 6, destaca-se o

princpio de igualdade de direitos entre os filhos nascidos ou no de relao

matrimonial ou por adoo.

Cogita-se, na esfera doutrinria, sobre a inconstitucionalidade das

regras do Cdigo Civil que preveem a deserdao (art. 1.814) e indignidade

(art. 1.961), sob o argumento de que estas figuras constituem penas

perptuas, enquanto a Lei Maior veda as penas desta natureza, vista do

art. 5, inciso XLVII, letra b. Tal concluso, todavia, se nos afigura sem

fundamento, pois a disposio constitucional tem em mira a pena privativa

de liberdade e no a de ndole patrimonial, pois, do contrrio, no se

justificaria a pena de multa, que de ndole permanente.

A sucesso ganha dimenso prtica com o inventrio, que o

procedimento pelo qual se definem os herdeiros e legatrios, o acervo

patrimonial, apura-se o imposto de transmisso e promove-se a partilha de

bens, expedindo-se o formal de partilha ou carta de adjudicao. Por sua

natureza administrativa, o inventrio no comporta questes de maior

indagao e, quando estas surgem, so enviadas para as vias ordinrias.

Enquanto a sucesso observa as regras de Direito Civil, o inventrio segue

as de Direito Processual Civil. Como se ver, exige-se o inventrio judicial

apenas havendo testamento ou interessado incapaz. Se todos maiores e

acordes, o inventrio e a partilha podero ser feitos por escritura pblica,

consoante o caput do art. 610 do Cdigo de Processo Civil de 2015.

Na viso do jurista portugus Jos de Oliveira Ascenso, o Direito das

Sucesses um sub-ramorelativamente abandonado da cincia

jurdica.19 Em nosso pas, sob a vigncia do Cdigo Bevilqua, primorosas

obras foram produzidas nesta matria, destacando-se os tratados de autoria

de Carlos Maximiliano, Orosimbo Nonato e Arthur Vasco Itabaiana de

Oliveira. Outros notveis civilistas contriburam para a compreenso do

ordenamento pretrito, enquanto novos expoentes de nossa cultura jurdica

se dedicam exegese do atual Direito das Sucesses, recomposto pelo

Cdigo Civil de 2002.

2.MODALIDADES DE SUCESSO

H duas modalidades bsicas de sucesso mortis causa: a ttulo

singular e a ttulo universal. Tem-se a primeira, quando a determinado

legatrio cabe um bem definido em testamento, independentemente da

dimenso do patrimnio, enquanto pela segunda os herdeiros participam da

totalidade do patrimnio, mediante quotas, no necessariamente iguais. Em

um mesmo procedimento pode haver a concomitncia das duas

modalidades: sucessor a ttulo singular e a ttulo universal, sendo possvel,

ainda, que algum participe da sucesso em ambos os ttulos. Quem sucede

a ttulo singular denominado legatrio, enquanto os que o so a ttulo

universal chamam-se herdeiros.20 Como Orlando Gomes adverte, h

importncia prtica na distino entre legatrio e herdeiro, pois enquanto

este assume direitos e obrigaes, aquele no responde pelas dvidas do

esplio, no sendo representante do falecido.21 Para que um legatrio

assuma dvida, indispensvel que esta tenha sido includa em testamento,

configurando-se ento o legado com encargo. Caso o legatrio no aceite o

legado, este se reverte aos herdeiros.

A sucesso a ttulo universal d-se no plano mortis causa e em caso de

ausncia, esta ltima em suas duas modalidades: com ou sem declarao.

De certa forma, opera-se tambm nos casamentos celebrados em regime de

comunho universal de bens.22 Em se tratando de morte presumida com

declarao de ausncia, a sucesso definitiva precedida da provisria.

Com o desaparecimento da morte civil, em que apenas poltica e

legalmente se operava o fim da personalidade jurdica, a sucesso entre

vivos apenas a ttulo singular. Relativamente s pessoas jurdicas

possvel a sucesso a ttulo universal. O fato se registra quando uma

empresa, por exemplo, na totalidade de seu patrimnio, objeto de

alienao. O adquirente assume, destarte, tanto o ativo quanto o passivo.

A doutrina distingue outras modalidades de sucesso. A que se opera

por fora de lei chamadasucesso legal ou legtima. Por ela so

convocados a suceder os membros da famlia e de acordo com avocao

hereditria. A sucesso se faz a ttulo universal e sucessores so os

herdeiros. Tem lugar quando o titular do patrimnio no deixa testamento.

A denominao sucesso legtima criticada por alguns, pois, na ordem

natural, o que no se inclui no rol das coisas legtimas padece de

ilegitimidade. In casu, tal pecha se aplicaria outra modalidade de

sucesso, a testamentria, mas sem qualquer viso de procedncia.

Verifica-se a sucesso voluntria ou testamentria quando a

transmisso se opera por fora de testamento. A sucesso se d a ttulo

singular, se os legatrios so contemplados com determinados bens; a ttulo

universal, na hiptese de os herdeiros serem favorecidos com um

percentual sobre a herana. Os beneficiados podem ser herdeiros legtimos

ou no. Se algum deseja favorecer algum filho, para depois de sua morte,

a frmula adequada a destinao de bens por testamento. Havendo

herdeiros necessrios (descendentes, ascendentes, cnjuge), a parte

disponvel em testamento se limita metade do patrimnio do testador.

Denomina-se legtima a metade destinada aos herdeiros necessrios.

Aquela espcie, que resulta da combinao das sucesses

legal e voluntria, chamada sucesso mista.23

A doutrina distingue ainda a chamada sucesso anmala, que se

verifica sempre que lei especial excetua certas transmisses mortis

causa das regras da vocao hereditria, dando-lhes tratamento

diferenciado. At h pouco tempo, como lembra Jos Luiz Gavio de

Almeida, o estrangeiro no podia suceder em aes de bancos, em aes

de companhias de seguro, em aes de empresas de aviao ou navegao

etc. A sucesso relativa aos direitos autorais, sob a vigncia do Cdigo

Civil de 1916 e antes da Lei n 9.610/98, enquadrava-se nesta modalidade,

pois herdavam apenas os parentes at em segundo grau.24

3.DIREITOS TRANSMISSVEIS E

INTRANSMISSVEIS

Sob o ponto de vista da aderncia ao seu titular, o direito subjetivo

pode ser transmissvel ou intransmissvel. Na primeira espcie, como a

prpria terminologia revela, a titularidade suscetvel de alterao, j na

segunda imutvel. Por outro lado, a principiologia que orienta a

transmisso inter vivos no aplicvel mortis causa. H direitos

transmissveis entre pessoas vivas e intransmissveis mortis causa, do

mesmo modo que h intransmissibilidade restrita ao plano inter vivos. De

um modo geral, o critrio coincidente: os direitos transmissveis em vida

o so tambm em razo de morte, o mesmo se podendo dizer em relao

aos intransmissveis.

A intransmissibilidade pode originar-se da natureza do direito, da

lei ou de conveno. Na primeira hiptese, as caractersticas do direito

impedem a mudana de titularidade. o que se verifica quanto ao direito a

alimentos, ao uso, habitao, ao usufruto. Desta ndole so tambm outros

direitos, como os polticos e os conjugais. s vezes a intransmissibilidade

deriva exclusivamente da lei, como se verifica no direito revogao de

doao. Outro exemplo se configura com o direito de prelao, constitudo

por clusula contratual entre vendedor e comprador e pela qual,

pretendendo este alienar o bem, quele assistir o direito de aquisio, tanto

por tanto. De acordo com o art. 520 do Cdigo Civil, o direito

intransmissvel inter vivos e mortis causa. Pelo Cdigo Civil portugus, art.

420, a regra da intransmissibilidade deste direito supletiva, prevalecendo

apenas se as partes no a afastaram.25

Por conveno, especialmente contratos, pode-se vedar a sucesso na

titularidade de determinado direito. A promessa de compra e venda

ordinariamente comporta, em favor do compromissrio adquirente, a

transmisso do direito inter vivos e mortis causa, mas nada impede que se

convencione a intransmissibilidade.26 possvel, tambm, como prev o art.

420 do Cdigo Civil portugus, acima referido, que, por conveno, um

direito se torne transmissvel.

Os direitos polticos (votar e ser votado), os personalssimos (direito ao

nome, vida, liberdade), nos quais tambm se incluem os familiais

(vnculos conjugais, poder familiar, guarda, visita), so absolutamente

intransmissveis por ato inter vivos ou mortis causa. Os direitos

patrimoniais de durao vitalcia, como ouso, habitao, usufruto, renda

vitalcia, tambm o so. Os alimentos se enquadram nesta classe, mas com

o advento do Cdigo Civil de 2002 as obrigaes do alimentante tornaram-

se transmissveis mortis causa (art. 1.700).

O direito de indenizao, tanto por danos materiais quanto morais,

transmissvel por herana, conforme prev o art. 943 do Cdigo Civil. No

Direito Comparado a matria no pacfica. No Direito alemo verifica-se

a transmisso apenas quando o de cujus, ao falecer, deixa ao judicial em

andamento. O Cdigo Civil portugus omisso a respeito, mas a doutrina

tende a reconhecer a transmissibilidade mortis causa.27 No ordenamento

ptrio, pelo citado artigo do Cdex, a obrigao de indenizar tambm

transmissvel em razo de morte. Tal disposio, como alertam Carlos

Alberto Menezes Direito e Srgio Cavalieri Filho, deve ser interpretada em

conjunto com os arts. 1.792 e 1.997 do Cdigo Civil, e art. 796 do Cdigo

de Processo Civil de 2015, ou seja, os herdeiros se responsabilizam de

acordo com as foras da herana intra vires hereditatis.28

Relativamente aos direitos do autor, objeto de transmisso inter

vivos e mortis causa apenas o direito patrimonial e parte do direito

moral. O autor de uma obra literria no pode alienar a autoria, que

direito moral, mas pode ceder o direito de explorao econmica (edio).

Para Inocncio Galvo Telles o direito moral do autor

transmissvel mortis causa, mas, entenda-se, o direito de reivindicar a favor

do falecido a autoria de obra, combatendo-se plgio, usurpao, mutilaes

ou deturpaes. Sob este aspecto, inequvoca a transmisso do

direito.29 Suscetvel, tambm, de transmisso mortis causa o direito

investigao de maternidade ou paternidade, desde que o pretenso filho, ao

falecer, fosse incapaz. Se o diretamente interessado faleceu deixando em

andamento a ao, assistir aos herdeiros o direito de prosseguir no feito. O

art. 1.606 da Lei Civil dispe a respeito.

Do exposto, conclui-se que no apenas os direitos patrimoniais se

transmitem mortis causa, contudo sobre esta afirmao cabe a advertncia

de Galvo Telles: Mas o que no se pode contestar que a sucesso nos

direitos pessoais, embora de verdadeira sucesso se trate, processa-se

margem da sucesso no patrimnio.30

Quanto revogao de doao por motivo de ingratido do donatrio, o

direito correspondente intransmissvel a herdeiros, mas estes podem dar

continuidade ao ajuizada pelo de cujus. a dico do art. 559 do

Cdigo Civil. Cabe apenas ao doador a avaliao da conduta do donatrio;

da justificar-se o direito ao prosseguimento na ao. Se a ingratido

patenteia-se por homicdio doloso, assistir aos herdeiros o direito de

pleitear a revogao, entendendo-se que esta somente no foi exercitada

pelo de cujus por falta de condies. Se este, todavia, antes de falecer

chegou a externar o seu perdo, a liberalidade se tornar irrevogvel.

4.FUNDAMENTOS DOUTRINRIOS DA SUCESSO

Os autores discutem quanto legitimidade da sucesso mortis

causa por pessoas naturais e jurdicas de Direito Privado. No se questiona

quanto sucesso por Municpio, Distrito Federal ou Unio, que se opera

na falta de familiares sucessveis e de testamento (art. 1.844, CC).

Havemos de reconhecer, com Colin e Capitant, que o presente tema no

guarda relevncia prtica, pois a transmisso de bens por morte costume

enraizado e plenamente aceito pelas sociedades.31 A matria em pauta no

objeto de anlise da Cincia do Direito Civil, mas da Filosofia do Direito

Civil que, por suas concluses, influencia no campo dogmtico. Os

argumentos aqui expendidos so, pois, metajurdicos.

As escolas socialistas, contrrias ao instituto da sucesso mortis causa,

consideram injusta a aquisio de direitos nestas condies, entendendo

que o patrimnio deva originar-se de esforo prprio. Por outro lado, a

expectativa de uma grande herana tende a gerar, nos herdeiros, o esprito

de acomodao, a ociosidade. As crticas sucesso partiram, tambm, dos

adeptos da Escola do Direito Natural. Os jusnaturalistas do sc. XVIII

consideravam a propriedade e a sucesso apenas direitos convencionais,

frutos da lei, sendo passveis de extino. Pensava Montesquieu que la loi

naturelle ordonne aux pres de nourrir leurs enfants, mais quelle noblige

pas de les faire hritiers (i. e., a lei natural ordena aos pais que

alimentem seus filhos; no os obriga a constitu-los seus herdeiros). As

regras sobre sucesso e partilha seriam reguladas apenas por leis polticas

ou civis, isto , no teriam sede no Direito Natural.32 Para os seguidores de

Montesquieu e Rousseau, a sucesso seria injusta, pois permite que os bens

pertenam aos incapazes, quando o certo que fiquem em poder dos mais

aptos.

Pensadores de prestgio situaram a sucesso na esfera do Direito

Natural. Entre eles, o jurisconsulto Paulo afirmava: A razo natural, como

se fosse uma espcie de lei tcita, atribui aos filhos a herana de seus pais

e os convida a essa sucesso como a uma coisa que lhes

devida...33 Embora concordando que o direito herana pelos filhos

correspondia a uma lei natural, Papiniano negava tal fundamento para o

direito dos pais sucesso dos filhos, entendendo que esta se operava por

princpio de compaixo.34 Em igual linha de pensamento as palavras do

apstolo Paulo: No so os filhos que devem acumular e conservar bens

para seus pais, mas os pais para seus filhos.35

Para as escolas individualistas, a transmisso por morte considerada

efeito necessrio do sistema da propriedade privada. Alguns autores

anotam que a sucesso chega a ser to antiga quanto a propriedade.36Jos de

Oliveira Ascenso expe neste sentido, considerando que, admitida a

propriedade privada, seria ilgico que o Estado absorvesse tudo morte

de cada um, eventualmente para redistribuir depois, criando instabilidade

nas relaes patrimoniais.37 Em igual sentido expe Galvo Telles: ... o

instituto sucessrio um lgico consectrio da propriedade individual ou

pessoal, pois, onde esta existe, existe tambm aquele como seu

complemento indispensvel.38 De fato, a admisso da propriedade privada

conduz, obrigatoriamente, sucesso mortis causa entre particulares.39 Da

ser admissvel que se conteste, conjuntamente, a propriedade e a sucesso;

o que no seria coerente a defesa de um dos institutos e a rejeio do

outro.40

Na viso de Pietro Cogliolo, a sucesso se justifica pela combinao de

dois institutos: propriedade efamlia.41 Desenvolvendo esta linha de

pensamento, Valverde y Valverde v, no Direito de Sucesses, um

complemento tanto do Direito de Propriedade quanto do Direito de Famlia.

A propriedade no seria completa se no pudesse ser transmitida, e a

famlia, para alcanar seus fins, requer para os seus membros o direito de

herdar.42 Tambm Demolombe justifica a herana na instituio

familiar: O alvo poltico e social da transmisso hereditria dos bens a

conservao da famlia... O prncipe da Escola da Exegese foi impiedoso,

todavia, ao justificar a excluso, da linha sucessria, de filhos nascidos fora

do matrimnio, argumentando que a honra do casamento no permitia que

os frutos da desordem pudessem ser beneficiados com os direitos

hereditrios, reservados aos filhos de unio legtima.43

Mas o fundamento da sucesso no se esgota nesta linha de

argumentao. Entre os autores que sustentam a legitimidade da

propriedade privada, entretanto, h quem rejeite a sucesso mortis causa,

entendendo que os bens devem ser adquiridos pelo trabalho e que o

patrimnio do de cujus deveria destinar-se coletividade.44

de se reconhecer, no plano conjetural e tambm por constatao

histrica, que a extino da propriedade privada no torna inexistente a

herana, apenas a esvazia de contedo e diminui a importncia da polmica

doutrinria.45 No regime sovitico, a propriedade particular no chegou a se

extinguir plenamente, nem a sucesso. Na Rssia, o Decreto de 27 de abril

de 1918, que declarava a abolio do direito de sucesso, no obteve

efetividade, dada a reao da sociedade. Inicialmente entendeu-se que a

no transmisso alcanava apenas os bens excedentes a 10.000 rublos;

posteriormente, outros decretos ampliaram o direito sucesso. No entanto,

os particulares usavam uma srie de subterfgios, como a simulao de

dvidas, para impedirem que os bens, com a morte, se destinassem

coletividade.

Favorveis ao instituto, a doutrina registra vrios outros argumentos.

Diz-se que a prole uma projeo da pessoa no tempo, pois, mais do que

bens materiais, os filhos herdam de seus pais a carga gentica e o

condicionamento moral, criado pela formao de hbitos, pela educao.

Natural, assim, que a continuidade se estenda, igualmente, aos bens

acumulados durante a existncia. Aps ampla exposio cientfica, em que

demonstrou o condicionamento biolgico dos descendentes, Jos

DAguano argumentou neste sentido, afirmando que se se transmitem

hereditariamente as qualidades biolgicas dos antepassados, e em grande

parte as anomalias orgnicas, os vcios de conformao, certas espcies de

enfermidades, as virtudes e os defeitos, devem tambm transmitir-se os

bens.46 Em outras palavras, e bem antes no tempo, Eurpedes

afirmava: Os filhos so para todos os homens uma segunda vida.47 Os

individualistas do sc. XIX apontavam por fundamento da sucesso a

presumida afeio do morto.48 Coelho da Rocha justificava a

sucesso mortis causa na presuno da vontade do defunto, deduzida do

amor, que os homens naturalmente tm aos seus parentes.49 Tal alegao,

embora retrate a generalidade das hipteses, no se aplica a numerosas

situaes, como aquela em que o sucedido sequer conhece o herdeiro ou

quando o rejeita.

A certeza de que os bens, por sua morte, se destinaro aos membros da

famlia induz o titular de direitos a desenvolver projetos de trabalho, a

produzir riquezas, contribuindo para o desenvolvimento social. O contrrio,

se a morte causasse o fim dos direitos, as coisas se tornariam res nullius, os

crditos e as dvidas se extinguiriam, provocando insatisfao e

desestabilizando os credores. A morte destes beneficiaria os devedores,

provocando-lhes o enriquecimento sem causa. As pessoas da terceira idade,

por sua vez, seriam discriminadas no mundo dos negcios, devido ao justo

receio de que as suas relaes jurdicas, com a sua morte, no teriam

continuidade. A sucesso mortis causa, diversamente, fator de segurana

jurdica. Para Gonzlez Poveda, a continuidade das relaes jurdicas a que

o de cujus se vinculava uma necessidade de um ponto de vista

sociolgico, seguridade jurdica e atividade econmica....50

A intransmissibilidade mortis causa, se instituda em termos absolutos,

alm de provocar insegurana jurdica, levaria a manobras as mais diversas,

visando a contornar o obstculo legal. Os bens certamente seriam

distribudos em vida, seja por meios lcitos, como as doaes, seja por

escusos. Como anota Cunha Gonalves, somente em casos de morte sbita

de pessoas incautas o patrimnio se reverteria para a coletividade.51 Para o

jurista luso, propriedade que se extingue com a morte do seu titular e no

se transmite a sucessor, por sua vontade expressa ou presumida, no

propriedade, mas sim usufruto vitalcio. A falta de sucesso implicaria,

ainda, o roubo e a pilhagem dos bens que pertenciam ao de cujus.Tal a

importncia da sucesso, tambm para a continuidade da famlia, que at

os sovietes ou comunistas da Rssia, que extinguiram a propriedade das

terras e das fbricas, no tiveram a coragem de abolir a sucesso, embora

a limitassem em extenso ou valor.52

Embora sem fundamentar a transmisso mortis causa no Direito

Natural, entendemos que tanto a sucesso legtima quanto a testamentria

correspondem ordem natural das coisas. O ordenamento ptrio, como se

ver, se ajusta s expectativas da sociedade e dos meios jurdicos, embora

carea de aperfeioamento, a fim de se extirpar algumas distores e de se

apurar a linguagem de alguns dispositivos do Cdex que, presentemente,

esto dificultando a exegese do instituto.

A polmica sobre a legitimidade da sucesso mortis causa, atualmente

sem alcance prtico, pois a instituio se encontra consagrada na

generalidade das legislaes, tem assento apenas no mbito doutrinrio e

com a finalidade de proporcionar maior compreenso sobre a

transmisso mortis causa. Esta, todavia, comporta um tipo de anlise,

capaz de influenciar os ordenamentos. Diz respeito margem de liberdade

do titular de patrimnio na disposio de seus bens em razo da morte. No

Direito Romano prevalecia o princpio da mxima liberdade de testar,

enquanto no antigo Direito germnico tal poder era reduzido, pois

predominava a consanguinidade na sucesso.53No Direito ptrio,

combinam-se os dois sistemas: ao lado da sucesso legtima, em que os

herdeiros so membros da famlia, h a sucesso testamentria. A

autonomia da vontade, todavia, no absoluta, pois havendo herdeiros

necessrios (descendentes, ascendentes, cnjuge) a liberdade de disposio

se limita metade do patrimnio do testador.

5.ANTECEDENTES HISTRICOS

A transmisso de bens em razo de morte prtica antiga, registrada

em codificaes milenares. No Cdigo de Hammurabi (2000 a.C.), por

exemplo, encontram-se diversas e esparsas disposies sobre herana, uma

delas, inclusive, relativa deserdao de filho. Esta somente era admitida

com a reincidncia de falta grave. Aos juzes cabia a avaliao das faltas,

que o pai imputava ao filho, as quais deveriam ser suficientemente graves

para resultarem na deserdao.54 De uma forma indireta o pai podia

postergar a sucesso pelos filhos: os bens por ele doados esposa,

formalizadamente, no integravam o acervo hereditrio e, por sua morte,

no podiam ser reivindicados pelos filhos. A me, neste caso, podia doar

tais bens ao filho preferido, ficando impedida de alien-los para terceiros.

Tal regra consta do 150 do Cdigo.55

Na antiqussima famlia patriarcal, em que o patrimnio comum

permanecia sob o poder do pater familias e para o qual confluam os

recursos obtidos pelo grupo domstico, inclusive pelos fmulos, a sucesso

se registrava na pessoa do pater e, por via de consequncia, a

administrao dos bens. A chefia familiar se fazia na pessoa do filho mais

velho e, na falta deste, partia-se para a adoo, incorporando-se o novo

filho religio domstica, como expe Paula Lacerda.56 Para os romanos a

morte sem herdeiros constitua desonra. Sob a Lei das XII Tbuas, na falta

de descendentes chamavam-se os agnados colaterais mais prximos

sucesso, a fim de se salvaguardar as cerimnias fnebres e a explorao

agrcola.57

Na Antiguidade a propriedade possua carter coletivo e os direitos

correspondentes eram exercidos pelo chefe de famlia. No dizer de Planiol,

Ripert e Boulanger, esta a ideia mais antiga que explica o direito de

sucesso: O chefe de famlia exerce os direitos da comunidade familiar.

Por sua morte substitudo por um dos membros da famlia, convertido em

chefe. O herdeiro ocupa o lugar do defunto, assegura o culto privado e

mantm o grupo.58

Cada lar possua seu deus e o respectivo culto religioso. A convico

de que a vida no terminava totalmente com a morte e que, pelo culto

familiar, melhor sorte beneficiava a existncia transcendente induzia

o pater familias a assegurar a continuidade do culto e da chefia familiar.

Havia grandes cerimnias fnebres em homenagem aos ancestrais, cuja

memria era cultivada. A funo da propriedade era a permanncia do

culto hereditrio. A propriedade e o culto se ligavam umbilicalmente, a

ponto de no se poder adquirir um deles separadamente.59 A regra

fundamental da sucesso, afirma Fustel de Coulanges, constava na Lei de

Manu: A pessoa herdeira, seja quem for, fica encarregada de fazer as

oferendas sobre o tmulo.60 Para o filho, que assumia a chefia do lar, em

substituio ao pai, no cabia aceitar ou rejeitar a herana, como assinala

Fustel de Coulanges: A continuao da propriedade, como a do culto,

para o filho uma obrigao tanto como um direito.61

Como a prtica religiosa orientava a sucesso do pater familias pelo

filho mais velho e o patrimnio familiar ficava sob o seu poder, as filhas

no herdavam. Isto se justificava, pois, ao casar, a mulher deixava o seu lar

e ingressava no do marido, passando a praticar o culto religioso da nova

famlia. Tal regra se observava na ndia, Grcia e em Roma. Estas so as

ideias mais gerais sobre a sucesso na Antiguidade, mas havemos de

reconhecer que perdura uma nvoa de incerteza sobre a matria, impondo-

se a concluso de Fustel de Coulanges: No temos a prova de que a filha

estivesse excluda da herana, mas temos a certeza de que, se casada, nada

herdava de seu pai, e, se solteira, nunca poderia dispor do que havia

herdado. Se era herdeira, s o era provisoriamente, sob condies, quase

em simples usufruto...62 H. Sumner Maine aponta a divergncia entre os

autores mais antigos sobre a herana na Antiguidade clssica.63

Este foi o sistema seguido na ndia, Grcia e em Roma, na Antiguidade

clssica, onde, segundo alguns, no havia a sucesso testamentria, a qual

teria sido instituda, em Roma, com a Lei das XII Tbuas.64 Esta afirmativa

contestada por Eugne Petit, para quem tanto a sucesso ab

intestato quanto a testamentria existiram em Roma desde a sua fundao.

A Lex Duodecim Tabularum apenas teria absorvido os costumes da

poca.65 A preocupao em assegurar o culto aos mortos motivava os

romanos a nomearem os sucessores de sua preferncia, mediante ato de

ltima vontade. certo que a designao de herdeiro por testamento

possua preeminncia em relao designao por lei. Diz Eugne

Petit: Quando um herdeiro testamentrio nomeado regularmente, aceito

por este, a ningum mais pertence a sucesso. Mas o pai de famlia pode

morrer intestato, ou seja, sem ter feito testamento vlido: ento, somente

nesse caso, a lei designa herdeiro, chamado ab intestato.66

Conforme j se destacou, no Direito Romano, alm dos bens, o filho

herdava as dvidas, ainda que estas superassem o ativo, hiptese

caracterizadora da chamada hereditas damnosa. O patrimnio do filho se

confundia, ento, com o do falecido pai. Mais tarde, na decadncia do

Direito Romano, surgiu a figura dobenefcio de inventrio, que, ao ser

invocada pelo herdeiro, significava que assumia as dvidas apenas dentro

das foras da herana (intra vires hereditatis).67

6.CONFLITO DE LEIS NO ESPAO

Relativamente ao conflito de leis no espao, a sucesso por morte ou

ausncia, de acordo com o art. 10 da Lei de Introduo s normas do

Direito Brasileiro, sujeita-se ao princpio lex loci domicilii do causante,

independentemente do objeto da herana e do lugar em que esta se

encontre.

A Constituio Federal, pelo art. 5, inciso XXXI, consagrou o

princpio do prlvement, reproduzido na Lei de Introduo s normas do

Direito Brasileiro, 1 do art. 10, com a redao dada pela Lei n 9.047, de

18.5.1995. A hiptese de sucesso de bens situados no pas, pertencentes

a estrangeiro que possua filhos ou cnjuge brasileiros, quando ento se

aplicar a nossa lei, caso seja mais favorvel aos nossos nacionais do que a

lei pessoal do de cujus.

Em qualquer hiptese, tratando-se de bens situados em nosso pas, o

inventrio e partilha tm o seu curso perante a autoridade judiciria

brasileira, ainda que o de cujus residisse no Exterior. a dico do art. 23,

inciso II, do Cdigo de Processo Civil de 2015.68 Consequncia lgica da

regra a no execuo, no Brasil, de sentena homologatria de partilha,

prolatada fora do pas e cujos bens aqui se encontrem situados. Aplica-

se, in casu, o art. 15, alnea a, da Lei de Introduo s normas do Direito

Brasileiro.69

Relativamente aos testamentos, prevalece o princpio locus regit actum,

mas tais atos de ltima vontade se tornam ineficazes em nosso pas, quando

ofendem a soberania nacional ou atentam contra os princpios de ordem

pblica e bons costumes, ex vi do teor do art. 17 da Lei de Introduo s

normas do Direito Brasileiro. Este Estatuto autoriza as autoridades

consulares brasileiras, no exterior, a lavrarem, entre outros atos,

testamentos, desde que no vedada a sua prtica pela legislao do pas da

sede do consulado (art. 18).

REVISO DO CAPTULO

Generalidades. Para o de cujus que deixa patrimnio (bens mveis ou imveis, crditos etc.) a lei prev a sucesso, figurando os descendentes, consortes, ascendentes, colaterais, como sucessores. A possibilidade da transmisso dos bens, com a morte, especialmente aos filhos, cnjuge ou companheiro, um estmulo a mais para quem se mantm na ativa trabalhando, embora a idade avanando. A sucesso pode ser legtima ou testamentria. No primeiro caso, a relao de herdeiros ditada pelo Cdigo Civil; se testamentria, herdeiros sero os nomeados no ato de ltima vontade. A ordem da sucesso legtima estabelecida apenas pela lei. Havendo os chamados herdeiros necessrios (descendentes, ascendentes,

consortes), a liberdade de testar limita-se metade do patrimnio. O vocbulo sucesso provm do latim succedere, que significa substituir algum. Expectativa de direito e direito sucesso. De fundamental importncia a distino que se pe anlise. Enquanto no ocorrer o bito, aqueles que se encontram na linha sucessria possuem apenas expectativa de direito, ou seja, se o titular do patrimnio vier a falecer e a ordem sucessria no for alterada, a expectativa se transforma em direito. Requisitos para a sucesso: a) morte real ou ausncia de pessoa natural e titular de patrimnio; b) parente sucessvel ou testamento; c) capacidade do herdeiro ou legatrio para suceder; d) aceitao da herana ou legado.

De grande importncia na sucesso o procedimento de inventrio, que no comporta questes de maior indagao. de natureza administrativa.

Modalidades de sucesso. Estas so duas: a ttulo singular e a ttulo universal. D-se a primeira quando bens do patrimnio so destinados por testamento e os beneficiados so chamados por legatrios; tem-se a segunda, quando os chamados herdeirosparticipam da totalidade do patrimnio. Os legatrios no respondem pelas dvidas do esplio.

Direitos transmissveis e intransmissveis. Alguns direitos no so transmissveis dada a sua natureza, enquanto outros decorrem de fora de lei ou de conveno. Por fora da natureza do direito, temos a intransmissibilidade do direito a alimentos, ao uso, habitao, ao usufruto. Outros so intransmissveis por fora da lei, como o direito revogao da doao. Por conveno a restrio pode ser imposta ao adquirente, como em alguns contratos de promessa de compra e venda. Quanto aos direitos do autor, por fora de lei intransmissvel a parte do direito moral, ou seja, a que se refere autoria.

Fundamentos doutrinrios da sucesso. O tema em questo de ordem filosfica e, na atualidade, no apresenta divergncias doutrinrias pelo menos no mundo capitalista, que aceita a sucesso legtima e a testamentria. Como os filhos recebem uma herana gentica dos pais, por que no poderiam receber a patrimonial? Por outro lado, quem avana na idade no se sente desestimulado a produzir, uma vez que o aumento de seu patrimnio beneficiaria aos seus herdeiros, geralmente aos filhos e netos. Para o socialismo radical, o patrimnio de cada pessoa deve ser apenas o resultado de seu trabalho ao longo do tempo. A herana seria um desestmulo aqueles que se encontram na expectativa de herdar.

Conflito de leis no espao. As normas sucessrias a serem observadas em caso de conflito de leis no espao so as do domiclio dode cujus, seguindo-se, pois, o princpio lex loci domicilii. Em relao aos bens localizados no pas pertencentes a estrangeiro que tenha filho ou consorte brasileiros, a lei a ser aplicada ser a brasileira caso beneficie aos nossos nacionais, ocorrendo o falecimento daquele. Quanto aos testamentos, a lei do pas onde foram elaborados, salvo se esta atentar contra a soberania nacional, a ordem pblica ou aos bons costumes.

_____________ 1Diz Antonio Hernndez Gil: El acabamiento fsico de la persona crea un vaco en el orden fsico. No se da tal vaco en el orden jurdico y sociolgico. Podramos decir que as como desde el punto de vista religioso se dota a la muerte de un sentido trascendente, as tambin desde el punto de vista jurdico. La muerte trasciende jurdicamente, y el problema ante el que nos encontramos es precisamente el de esa trascendencia. Em Obras Completas Derecho de Sucesiones, reproduo da edio de 1971, Madrid, Espasa-Calpe, S. A., 1989, tomo IV, p. 459. 2Em nossa lngua no h um vocbulo tcnico para denominar o autor da sucesso, da recorrer-se expresso de cujus, forma abreviada da expresso de cujus successione agitur (i. e., de cuja sucesso se trata). Na lngua espanhola, emprega-se o vocbulo causante, enquanto em alemo diz-se Erblasser. 3Consoante os juristas Franois Terr e Yves Lequette, a sucesso no implica apenas a transmisso de patrimnio: ... Outre la succession aux biens, il existe nombre de successions aux droits extrapatrimoniaux du dfunt. Plus largement,

ct de la successio in bonis, il faut faire une place ce que lon appela dans lancienne France la successio in dignitatibus et que lon pourrait nommer aujourdhui la succession au pouvoir: pouvoir conomique (direction dune entreprise) pouvoir social (un rseau de relations), pouvoir culturel (dynastic duniversitaires, de comdiens), pouvoir politique (dynastie dhommes publics). Il est vrai que, dans cette voie, lon quitte progressivement le terrain du droit, du moins du droit priv, car la succession au pouvoir entendons au pouvoir conomique et social nest pas indiffrent au droit. Droit Civil Les Successions Les Libralits, 3 ed., Paris, Dalloz, 1997, 3, p. 3. 4Jos Paulo Cavalcanti, considerando as sucesses em geral, entendia: Nenhuma sucesso mero efeito de fato jurdico, mas sempre, ela mesma, um fato jurdico, da espcie dos fatos jurdicos complexos, porque composto por dois distintos fatos jurdicos (que podem, por sua vez, ser simples ou complexos): a) relaes jurdicas transmissveis, ou, pelo menos, uma relao jurdica transmissvel; b) um outro fato jurdico (por exemplo, a morte, um negcio), cuja necessria conexo com o primeiro configure a transmisso. Direito Civil Escritos Diversos, 1 ed., Rio de Janeiro, Editora Forense, 1983, p. 431. 5Cdigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Comentado, 11 ed., Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves Editora Paulo de Azevedo Ltda., 1958, vol. IV, p. 202. 6Op. cit., vol. IV, p. 202. 7Da Pinto Ferreira afirmar que o Direito das Sucesses possui uma dupla natureza: pois no s um aspecto patrimonial de Direito de Famlia, como ainda um modo de aquisio da propriedade. Tratado das Heranas e dos Testamentos, 1 ed., So Paulo, Editora Saraiva, 1983, p. 5. 8Lon Julliot de la Morandire, Droit Civil, 2 ed., Paris, Dalloz, tomo 4, 1965, 504, p. 242. 9Cours de Droit Civil Franais, 4 ed., Paris, Imprimerie et Librairie Gnrale de Jurisprudence Marchal, Billard et Cie., Imprimeurs-diteurs, 1873, tomo 6, 589, p. 267. 10O Cdigo Civil japons, pelo art. 896, conceituou o objeto da herana, referindo-se ao conjunto de direitos e obrigaes, excetuados os de natureza personalssima. 11Resp. 658244/CE, STJ, 3 turma, rel. Min. Nancy Andrighi: Civil e Processual. Inventrio. Contas-poupana abertas antes do falecimento. Doao de pai para filhos. Adiantamento da legtima (art. 1.171 do CC/1916; art. 544 do CC/2002). Obrigao de prestar contas aos demais herdeiros. Inexistncia. Obrigao de colacionar. Se o pai abre contas-poupana em conjunto com alguns dos filhos e posteriormente retira-se da titularidade das referidas contas, os valores nelas depositados no integram o patrimnio do esplio dos pais, pois tem-se verdadeira doao de pai para filhos, ou seja, adiantamento da legtima (cf. art. 1.171 do CC/1916; art. 544 do CC/2002). Recurso especial no conhecido. Julg. em 07.03.2006, pub. em 20.03.2006, DJ, p. 268. 12Cf. Jos Puig Brutau, Fundamentos de Derecho Civil, 3 ed., Barcelona, Bosch, 1990, tomo V, vol. 1, p. 30. 13V. em Jos Castn Tobeas, Derecho Civil Espaol, Comum y Foral, 9 ed., Madrid, Reus, S. A., tomo 6, vol. 1, 1989, p. 80. 14O adgio, que do sc. XIII, diz: Le mort saisit le vif, son hoir (hritier) le plus proche, habile lui succder (i. e., Ao morto sucede o vivo, seu herdeiro mais prximo, hbil a lhe suceder). 15Digesto, Livro XXIX, tt. II, frag. 54.

16Sobre a teoria do patrimnio mnimo, v. em Roberto Senise Lisboa, Manual de Direito Civil Direito de Famlia e das Sucesses, 3 ed., So Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2004, vol. 5, 24.3, p. 379. 17V. em Luiz da Cunha Gonalves, Direitos de Famlia e Direitos das Sucesses, 1 ed., Lisboa, Edies tica, 1955, 81, p. 332. Para o autor luso a incapacidade se caracteriza com a indignidade, enquanto para Aubry e Rau as duas figuras se distinguem. O que no foi concebido, poca da abertura da sucesso, incapaz de suceder. Assim, quem nasceu aps trezentos dias da morte do de cujus ser incapaz para suceder. Quem, apesar de concebido poca da morte, nascer sem vida, ser incapaz de suceder. D-se a indignidade quando sentena judicial declara que algum praticou atitude antijurdica contra o autor da sucesso, ficando impedido de suced-lo. Op. cit., tomo 6, 591, p. 273. 18Direito de Herana A Nova Ordem da Sucesso, 1 ed., So Paulo, Editora Saraiva, 2005, p. 2. 19Direito Civil Sucesses, 1 ed., Coimbra, Coimbra Editora, Limitada, s/d., 6, p. 20. 20Pelo art. 660, o Cdigo Civil espanhol definiu as figuras do herdeiro e legatrio: Llmase heredero al que sucede a ttulo universal, y legatario al que sucede a ttulo particular. 21Sucesses, 12 ed., atualizada por Mrio Roberto Carvalho de Faria, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2004, 6, p. 8. 22Cf. Caio Mrio da Silva Pereira, Instituies de Direito Civil Direito das Sucesses, 15 ed., atualizada por Carlos Roberto Barbosa Moreira, Rio de Janeiro, Editora Forense, vol. VI, 2004, Introduo, p. 3. 23Cf. Luis Dez-Picazo e Antonio Gulln, Sistema de Derecho Civil, 8 ed., Madrid, Tecnos, 2001, vol. IV, p. 298. 24Cdigo Civil Comentado, 1 ed., So Paulo, Editora Atlas S. A., Coleo coordenada por lvaro Villaa Azevedo, 2003, vol. XVIII, p. 21. 25Em nosso pas, segundo entendimento de Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, a regra tambm dispositiva. O art. 520 do atual Cdex reproduo ipsis verbis do art. 1.157 do Cdigo Bevilqua.Tratado de Direito Privado, 1 ed., Rio de Janeiro, Editor Borsi, 1962, tomo 39, 4.310, p. 207. 26Neste sentido, v. em Inocncio Galvo Telles, Direito das Sucesses Noes Fundamentais, 2 ed., Lisboa, Centro de Estudos de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 1973, 17, p. 69. Inocncio Galvo Telles elaborou o Anteprojeto de Cdigo Civil portugus, de 1966, na parte relativa a Sucesses. 27Para Inocncio Galvo Telles o direito de indenizao transmissvel em razo de morte, no ordenamento portugus: Temos em vista o direito de indenizao. Este direito transmite-se ou no por morte? Cremos que a resposta no pode deixar de ser afirmativa... Como vimos, a regra quanto aos direitos patrimoniais a transmissibilidade; essa regra no aqui derrogada nem pela natureza do direito nem por disposio de lei. Op. cit., 21, p. 83. 28Comentrios ao Novo Cdigo Civil, 1 ed., Rio de Janeiro, Editora Forense, coleo coordenada por Slvio de Figueiredo Teixeira, 2004, vol. XIII, p. 319. 29Op. cit., 14, p. 60. 30Inocncio Galvo Telles, op. cit., 15, p. 64. 31Ambroise Colin e Henri Capitant, Cours lmentaire de Droit Civil Franais, 10 ed., Paris, Librairie Dalloz, 1955, tomo 3, 861, p. 441. 32Do Esprito das Leis, Livro XXVI, cap. 6.

33Quum ratio naturalis, quasi lex quaedam tacita, liberis parentum hereditatem addiceret, velut ad debitam successionem eos vocando... Digesto, Livro XLVIII, tt. XX, frag. 7. 34Cf. Hugo Grcio, O Direito da Guerra e da Paz (De Jure Belli ac Pacis), trad. de Ciro Mioranza, Iju, Editora Uniju, 2004, vol. I, Livro II, Cap. VII, 4, n 2, p. 451. 35II Corntios XII, 14. 36Neste sentido a opinio de Guillermo A. Borda, Tratado de Derecho Civil Argentino Sucesiones, 1 ed., Buenos Aires, Editorial Perrot, 1958, tomo I, 1, p. 10. 37Op. cit., 8, p. 23. 38Op. cit., 51, p. 230. 39G. Baudry-Lacantinerie fundamenta a sucesso no carter perptuo da propriedade: La notion du droit de succession rsulte ncessairement de la perptuit du droit de proprit. La proprit ne serait pas un droit perptuel , si elle prenait fin avec le propritaire. Pour tre perptuelle, il faut quelle lui survive. A la mort du propritaire, la proprit passera celui auquel le dfunt laura transmise par testament, et, dfaut de testament, ou si le lgataire dsign ne peut ou ne veut recueillir le legs, lhritier dsigne par la loi. Prcis de Droit Civil, 10 ed., Paris, Librairie de la Socit du Rcueil J.-B. Sirey et du Journal du Palais, 1910, tomo 3, 446-bis, p. 309. 40Cf. Guillermo A. Borda, op. cit., tomo I, 1, p. 10. 41Filosofia do Direito Privado, Lisboa, Livraria Clssica Editora, 1915, XXXII, 267. 42Calixto Valverde y Valverde, Tratado de Derecho Espaol, 3 ed., Valladolid, Talleres Tipogrficos Cuesta, 1926, tomo V, p. 8. 43C. Demolombe, Cours de Code Napolon, Trait des Successions, 4 ed., Paris, Auguste Durand, Libraire e Hachette et Cie. Libraires, 1870, tomo XIV, 6, p. 4. 44Cf. Alberto Trabucchi, Instituciones de Derecho Civil, trad. espanhola da 15 ed. italiana, Madrid, Editorial Revista de Derecho Privado, 1967, tomo II, 363, p. 372. 45Anota Luis de Gsperi que muchos se aficionen a ver en la herencia un corolario de la propiedad privada. Sin duda que, donde sta no se computa, magra es la herencia, pero no inexistente... los bolcheviques creyron posible suprimir la herencia por la abolicin de la propiedad privada. Mas fue en vano... Tratado de Derecho Hereditario, 1 ed., Buenos Aires, Tipogrfica Editora Argentina, 1953, tomo I, 3, p. 10. 46Gnesis y Evolucin del Derecho, 1 ed. argentina, Buenos Aires, Editorial Impulso, 1943, 210, p. 452. 47Eurpedes (480-406 a.C.), poeta trgico da Grcia, em Andrmaca, (VII, 14), cf. Hugo Grcio, op. cit., vol. I, Livro II,