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maio . junho . julho . 2017 1 Advocacia Negócios Nº2 MAI . JUN . JUL . 2017 PUBLICAÇÃO JURÍDICA SOBRE O UNIVERSO EMPRESARIAL & UMA CARGA DIFÍCIL DE AGUENTAR Empresas lutam para sobreviver ao peso dos tributos no Brasil

Advocacia · advocacia de negócios baseada em relacionamentos firmes com os nossos clientes, ... Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) da empresa

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AdvocaciaNegócios

Nº2 MAI . JUN . JUL . 2017

PUBLICAÇÃO JURÍDICA

SOBRE O UNIVERSO EMPRESARIAL&

UMA CARGA DIFÍCIL DE AGUENTAREmpresas lutam para sobreviver ao peso dos tributos no Brasil

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PRINCIPAIS SÓCIOS

David Gonçalves de Andrade Silva, Ivo Neri

Avelar, Letícia Caram André e Rocha Miranda

DIRETOR JURÍDICO

Rodrigo Rocha de Sá Macedo

ANALISTA DE COMUNICAÇÃO

Thiago Rezende

PROJETO GRÁFICO-EDITORIAL,

CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONTEÚDO

Partners Comunicação Integrada

(31) 3029-6888

www.partnerscom.com.br

JORNALISTA RESPONSÁVEL

Ana Carolina Bicalho – 11.867/MG

DESIGNER GRÁFICO

Renata Coutinho de Moura

REVISÃO

Letícia Pimentel

ANDRADE SILVA ADVOGADOS – AS|A

Nova Lima (Grande Belo Horizonte)/MG -

Contato: +55 31 2103-9560 • Brasília/DF

– Contato: +55 61 3343-0170 • São Paulo/

SP – Contato: +55 11 3937-6441 •

andradesilva.com.br

“EDITORIAL

A Andrade Silva Advogados completou 18 anos. Desde o nosso primeiro dia de trabalho, acreditamos e nos empenhamos na construção de uma advocacia de negócios baseada em relacionamentos firmes com os nossos clientes, estabelecidos a partir do conhecimento profundo de seus negócios, de seus mercados e, sobretudo, de suas particularidades. Procuramos, nesses 18 anos, fortalecer e inspirar em nossa equipe a vontade inarredável na prestação de serviços jurídicos de excelência. Também estabelecemos profundas parcerias com nossos clientes, o que nos permitiu, apesar das turbulências, continuar crescendo de forma constante e segura.

Investimos muito em novas tecnologias, de modo a oferecer aos nossos clientes informações, dados e elementos seguros para suas decisões, por meio de instrumentos gráficos gerenciais, ultrapassando a senda dos costumeiros relatórios de tramitação processual. Franqueamos aos nossos clientes acesso automático e via web a todo o seu acervo digitalizado de processos e demandas legais. Estabelecemos instrumentos de gestão alinhados às melhores práticas de mercado, criando um conselho gestor com a participação dos sócios de capital e de representantes dos sócios de serviço, apoiado por experiente consultoria.

Assim, após 18 anos daquele primeiro dia, redobramos nossa fé em Deus, em nossa força de trabalho e na capacidade da nossa extraordinária equipe em seguir pavimentando nossos caminhos, com os mesmos valores que nos trouxeram até aqui e que, certamente, irão nos levar sempre adiante, por muitos e muitos anos.

DAVID GONÇALVES DE ANDRADE SILVA

SÓCIO-FUNDADOR

APÓS 18 ANOS DAQUELE

PRIMEIRO DIA, REDOBRAMOS

NOSSA FÉ EM DEUS, EM

NOSSA FORÇA DE TRABALHO

E NA CAPACIDADE DA NOSSA

EXTRAORDINÁRIA EQUIPE

EM SEGUIR PAVIMENTANDO

NOSSOS CAMINHOS.

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ARTIGOS

TRIBUTÁRIO I Novo REFIS abrange débitos de pessoas físicas

e jurídicas, de direito público ou privado

TRIBUTÁRIO II Saiba o que esperar do Plano de Regularização

de Créditos Tributários

SOCIETÁRIOEntenda a modalidade de sociedade

unipessoal denominada subsidiária integral

TRABALHOReforma trabalhista prevê regulamentação

do teletrabalho

ESPECIAL Com oitava maior carga tributária do mundo,

Brasil tenta vencer os desafios de prosperar

ENTREVISTA Novo presidente do Setcemg, Gladstone Lobato

tem missão de representar as demandas setor

REPORTAGENS

CURTAS

04

JURISPRUDÊNCIA COMENTADA

ACONTECE

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06

09

14

19

FOTOS: PIXABAY

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TRIBUTÁRIO I

Publicada na Edição Extra do Diário Oficial da União,

a Medida Provisória nº 783/2017 instituiu um novo

REFIS junto à Receita Federal e à Procuradoria-Geral

da Fazenda Nacional, regulamentada recentemente

no âmbito da Receita Federal do Brasil pela Instrução

Normativa nº 1.711/2017. O novo REFIS veio batizado de

Programa Especial de Regularização Tributária (PERT) e

abrange débitos das pessoas físicas e jurídicas, de direito

público ou privado, inclusive aquelas que se encontram

em recuperação judicial.

Os débitos (tributários ou não) abrangidos pela MP

são os vencidos até 30 de abril de 2017, entre os quais

aqueles que tenham sido objeto de parcelamentos

anteriores rescindidos ou ativos. O requerimento ao

PERT pode ser efetuado no site da Receita Federal do

Brasil, no endereço www.rfb.gov.br, a partir de 3 de julho

e até 31 de agosto deste ano.

Dentre as implicações de adesão ao PERT, chama a

atenção o dever de pagar regularmente as parcelas

consolidadas dos débitos e os débitos vencidos após

30 de abril de 2017, estejam esses inscritos ou não

em Dívida Ativa da União. Outra implicação que pode

ser considerada negativa é a vedação da inclusão dos

débitos que compõem o PERT em qualquer outra forma

IVO NERI AVELAR *

UM REFIS QUASE ESPECIAL

de parcelamento, exceto no parcelamento ordinário

estabelecido na Lei nº 10.522/2002.

Quanto aos débitos que não podem ser liquidados com

benefícios do programa, a Medida Provisória traz:

I – apurados na forma do simples;

II – apurados na forma do simples doméstico;

III – provenientes de tributos passíveis de retenção na

fonte, de desconto de terceiros ou de sub-rogação;

IV – devidos por pessoa jurídica com falência decretada

ou por pessoa física com insolvência civil decretada;

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V – devidos pela incorporadora optante pelo Regime

Especial Tributário do Patrimônio de Afetação;

VI – constituídos mediante lançamento de ofício

efetuado em decorrência da constatação da prática de

crime de sonegação, fraude ou conluio.

O contribuinte que aderir ao PERT terá de fazer conta, já

que a forma de liquidação dos débitos perante a Receita

Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional

possui modalidades diferentes de pagamentos.

O valor mínimo de cada prestação mensal será de R$ 200,

quando o devedor for pessoa física e de, no mínimo, R$

1 mil quando o devedor for pessoa jurídica, sendo que o

deferimento do pedido de adesão está condicionado ao

pagamento do valor à vista ou da primeira prestação, que

deverá ocorrer até o último dia útil do mês do requerimento.

Os contribuintes devedores que fizeram a adesão ao

parcelamento, disposto na Medida Provisória nº 766/2017,

não estão impedidos de aderir ao PERT. Contudo, caberá ao

fisco regulamentar como deverá ocorrer a transição.

Como o material aprovado pela Comissão Mista de

deputados e senadores que avaliou o texto da extinta

Medida Provisória nº 766/2017 trouxe melhores

condições para quitação dos débitos, não se pode dizer

que a atual forma de parcelamento foi de todo ruim, pois

trouxe bons benefícios para o contribuinte devedor.

* IVO NERI AVELAR

É ADVOGADO, CONTADOR E SÓCIO DO ESCRITÓRIO

ANDRADE SILVA ADVOGADOS.

O NOVO REFIS

VEIO BATIZADO DE

PROGRAMA ESPECIAL DE

REGULARIZAÇÃO TRIBUTÁRIA

(PERT) E ABRANGE DÉBITOS

DAS PESSOAS FÍSICAS E

JURÍDICAS, DE DIREITO

PÚBLICO OU PRIVADO.

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ESPECIAL

Não é novidade que a carga

tributária no Brasil é uma das

maiores do mundo. Somente em

2016, o brasileiro precisou trabalhar

cinco meses e um dia, ou 153 dias,

para conseguir arcar com todos os

tributos. Em média, 40% da renda de

cada trabalhador foi destinada para o

pagamento de impostos, tanto sobre

o patrimônio como sobre produtos

e serviços. Os dados são do Instituto

Brasileiro de Planejamento Tributário

(IBPT) e ganham proporções ainda

POR POLIANA NAPOLEÃO mais desanimadoras quando

pensamos em empresas. Nesse caso,

o peso dos tributos é maior e varia

conforme cada atividade.

Em âmbito federal, os principais

tributos a serem pagos pelas

empresas, como contribuição ao PIS

e a Cofins, Imposto de Renda (IR) e

a Contribuição Social sobre o Lucro

Líquido (CSLL), têm bases de cálculo

diferentes. E também existem

outras taxas, como a de localização,

fiscalização e funcionamento

(TFLF). Na esfera estadual, há

o Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS) e, na

municipal, o Imposto sobre Serviços

de Qualquer Natureza (ISSQN). Em

ambos, a alíquota varia conforme o

local onde é vendida a mercadoria

ou prestado o serviço.

Considerando tantos tributos,

algumas corporações chegam a

destinar quase 50% de sua receita

para pagá-los. “Em uma empresa

prestadora de serviços, por exemplo,

os tributos federais sobre lucro/

faturamento, em média, chegam

a quase 15%, sendo necessário

considerar, ainda, aqueles que

MÃO PESADA NO BOLSO DO EMPRESARIADO

Altas tributações e certo desconhecimento fazem com que empresas destinem até 50%

da receita ao pagamento de tributos

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.BRTRIBUTOS

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incidem sobre a folha de salários

(mais de 28% sobre o valor da folha,

em média) e o ISSQN de até 5%”,

explica a advogada Daniela Faustino,

coordenadora da área tributária da

Andrade Silva Advogados.

Segundo a especialista, a carga

tributária aumenta o custo da

atividade e, como consequência, o

preço final do serviço ou produto,

o que pode prejudicar o consumo.

Daniela também chama a atenção

para a complexidade do sistema

tributário brasileiro. “Os empresários

ainda precisam lidar com variadas

taxas, além de serem submetidos a

alíquotas de empréstimos, operações

financeiras e outras com valores

diferenciados”, acrescenta.

NOVAS TAXAS,

VELHOS PROBLEMAS

Nos últimos anos, em função da crise

econômica e do déficit das contas

públicas, o governo brasileiro fez

pequenas reformas na legislação

que aumentaram ainda mais a

carga tributária. O Imposto Sobre

Produtos Industrializados (IPI) é um

exemplo. Foi reajustado e aumentou

o preço de produtos específicos,

como o das bebidas.

“No caso de Minas, a alíquota

base do ICMS é de 18%. Porém,

antes, existiam vários benefícios

para algumas mercadorias,

como máquinas e produtos, que

estabeleciam uma alíquota de 12%.

Isso foi revogado em 2016”, diz

Daniela. Ela conta que, na esfera

federal, houve a desoneração da

folha de salários, principalmente

para empresas de transporte de

cargas. “Era um benefício excelente,

mas infelizmente também foi

revogado”, lamenta.

A LEGISLAÇÃO

COMO ALIADA

Como ainda não há sinal de mudança,

resta ao empresário ficar atento

à legislação tributária, para não

perder dinheiro pagando tributos a

mais, seja por desconhecimento ou

mesmo por comodidade. Ele também

deve ter cuidado para não cometer

irregularidades, que podem trazer

consequências futuras, inclusive

prejuízos. “Devido à complexidade da

legislação tributária, muitas empresas

recolhem tributos em valor superior

ao devido. Assim, é fundamental uma

assessoria jurídica. O planejamento

tributário pode ajudar o empresário

a reduzir a carga de impostos. Uma

das formas, entre várias, é a análise

de qual regime de tributação é o

mais adequado para o negócio (se

Simples Nacional, lucro real ou lucro

presumido)”, exemplifica Daniela.

A advogada reforça que o

conhecimento quanto à legislação

tributária é um importante

aliado. “Saber como funciona o

sistema tributário brasileiro e as

peculiaridades de cada negócio

permite a análise de alternativas

legais para a economia de tributos.

Quando o empresário tem acesso a

esse tipo de informação e recurso,

ele consegue adotar medidas

necessárias para ter competitividade

e não colocar em risco a saúde

financeira do negócio”, afirma.

Um exemplo disso foi a conquista

obtida pela Andrade Silva

Advogados no início do ano. O

escritório conseguiu uma liminar

para uma empresa de transporte

rodoviário de carga, sediada em

Betim, na Região Metropolitana de

Belo Horizonte, que possibilitou

uma economia de cerca de 23% em

contribuições previdenciárias. A

Justiça de Minas Gerais reconheceu

como indevida a inclusão do ICMS

e do ISSQN na base de cálculo da

Contribuição Previdenciária sobre a

Receita Bruta (CPRB) da empresa.

Assista à entrevista de Daniela Faustino sobre o tema

para a TV Horizonte

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PRINCIPAIS TRIBUTOS PAGOS PELAS EMPRESAS

Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ)

FEDERAIS

Incide sobre a arrecadação das empresas e é recolhido para a Receita Federal. A base de cálculo, a periodicidade de apuração e o prazo de recolhimento variam conforme a opção de tributação (lucro real, presumido ou arbitrado), podendo ser trimestral ou mensal.

Todas as empresas que possuem folha de pagamento devem recolher a contribuição ao INSS. A alíquota varia de 25,8% a 28,8%, dependendo da atividade da empresa. O cálculo da contribuição é feito em cima da folha salarial.

Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços de

Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicações (ICMS)

Incide sobre operações relativas à circulação de mercadorias, aos serviços de transporte e comunicações, à entrada de mercadoria importada, ao fornecimento de mercadorias com prestação de serviço e ao fornecimento de alimentação e bebidas por qualquer estabelecimento. As alíquotas variam conforme a localidade. De tudo que é arrecadado, 75% fica para o governo estadual e 25% é repassado aos municípios.

Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN)

Prestadores de serviço, empresas e autônomos são obrigados a recolher o ISSQN. A alíquota varia conforme a legislação de cada município. A base de cálculo é o preço do serviço obtido pela receita mensal de caráter permanente do contribuinte ou pelo valor cobrado na prestação de serviço eventual.

ESTADUAIS

MUNICIPAIS

Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor

Público (PIS/Pasep)

Administrada pela Receita Federal, é apurada mensalmente sobre o valor do faturamento mensal das empresas privadas, públicas e de economia mista ou da folha de pagamento, no caso das entidades sem fins lucrativos. A alíquota varia de 0,65% a 1,65%. O prazo de recolhimento é até o último dia útil da quinzena do mês seguinte.

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

Também é administrada pela Receita Federal e tem apuração e pagamento definidos pela opção de tributação. O prazo de recolhimento é o mesmo do IRPJ.

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)

Incide sobre o faturamento mensal das empresas. A periodicidade da apuração é mensal e as alíquotas variam de 3% a 7,6%. O prazo de recolhimento é até o último dia útil da quinzena do mês seguinte.

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Incide sobre produtos industrializados nacionais e estrangeiros. Apurado a cada 10 dias, é recolhido até o terceiro dia útil do decêndio subsequente – no caso de cigarros e bebidas – ou até o último dia útil do decêndio seguinte – para os demais produtos.

Fonte: Portal Brasil

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Entre os termômetros da economia

brasileira, um dos mais indicativos é

o número de caminhões na estrada.

Afinal, é por meio das rodovias

que se desafoga a maior parte

das produções dos país. Quando o

segmento de transporte de carga

ENTREVISTA

Gladstone Lobato, empresário de Pedro Leopoldo, assume o desafio de ajudar empresários do transporte

de carga a superarem as dificuldades do setor

POR THIAGO SILVÉRIO

SEM MEDO DE PEDRAS NO MEIO DA ESTRADA

dá sinais de enfraquecimento, como

agora, fica mais claro o diagnóstico

de que ainda falta muito para o Brasil

voltar a crescer.

Entre 2015 e 2016, o faturamento

do setor, que gira em torno de R$ 60

bilhões por ano, caiu pouco mais de

5%. Muitas empresas fecharam as

portas. As que resistiram mantêm

uma frota ociosa, somando cerca de

180 mil veículos. Gladstone Lobato

cita esses números incansavelmente

e deixa claro o difícil trabalho

que terá pela frente. Em julho, o

empresário de Pedro Leopoldo

assumiu a presidência do Sindicato

das Empresas de Transporte de Carga

do Estado de Minas Gerais (Setcemg).

Em entrevista exclusiva concedida

no último mês, Lobato falou

dos desafios enfrentados

pelas empresas, que vão da má

infraestrutura viária à falta de clareza

na legislação. Diz que a saída passa,

primeiro, em estreitar o diálogo

com o poder público e, segundo, em

manter o otimismo. “Até porque se a

gente parar, o país para também.”

Em julho, você assumiu a

presidência do Setcemg. Qual

caminho você percorreu para, hoje,

comandar a principal entidade do

segmento no estado?

Comecei muito cedo, quase criança,

acompanhando meu pai. Quando

nasci, ele já tinha adquirido a

empresa de ônibus de passageiros

que viria a ser a Expresso Unir. Em

1974, ele fundou a Transavante. Eu

tinha 15 anos e já estava ao lado dele.

Na verdade, trabalho desde os 14.

Minha primeira função na carteira foi

a de cobrador de ônibus em uma das

linhas que serviam Pedro Leopoldo.

Depois que me formei, acabei me

dedicando mais à Transavante.

É também do meu pai que vem

o interesse pela representação

de classe. Na década de 60, ele

participou das primeiras reuniões

que fundariam o Sindicato das

Empresas de Transporte de

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Passageiros, organização que, nos

anos 80, eu também integraria.

Acabei me dedicando mais às

negociações com entidades

trabalhistas, principalmente em

campanhas salariais. Há uns 10

anos, quando ingressei na Setcemg,

continuei me empenhando nessas

negociações. Acredito que o

trabalho foi benfeito e me rendeu

a honra de participar da diretoria

neste ano.

Como você avalia o setor de

transporte de carga? Por que o

faturamento vem caindo?

Não há dúvidas de que já vivemos

dias melhores. O faturamento das

empresas caiu 5,3% entre 2015 e

2016. Ainda é um mercado robusto,

que gira em torno de R$ 60 bilhões

por ano. A crise, porém, veio forte.

Em Minas Gerais, que demanda

muito transporte de produtos

primários, como café e minério de

ferro, o arrefecimento da economia

foi mais acentuado. A queda na

construção civil, que vinha numa

crescente, abalou muito a indústria

de cimento, forte na Região

Metropolitana, e, de tabela, afetou-

nos muito também.

A essa crise se somam as

intervenções do Governo na

economia, quase sempre erradas.

Tempos atrás, foi liberado um

financiamento generoso para

aquisição de caminhões. Nosso

mercado inflou. Eram médicos,

donos de padaria e outros

profissionais que nada entendiam

do negócio resolvendo investir

em transporte de carga. Nosso

mercado não tem barreira de

entrada. Qualquer um pode se

tornar transportador. No Japão,

por exemplo, para exercer a função,

é preciso ter no mínimo cinco

caminhões e comprovar recursos

suficientes para mantê-los.

Precisamos de uma legislação mais

forte nesse sentido, porque exercer

essa atividade não é fácil. Você tem

de preparar a mão de obra, dar

qualificação para os motoristas,

manter um cronograma rigoroso

de revisão de frota, cuidar da

segurança, enfim, você apresenta

essas vantagens ao cliente, e ele,

claro, vai optar pelo mais barato,

por uma empresa que não faz esse

investimento todo. Com mais gente

operando, o preço do frete caiu.

O pior é que, mesmo com o preço

baixo, sem ter o que carregar, criou-

se um cenário de frota ociosa. Hoje,

há estimativas de aproximadamente

180 mil caminhões parados.

A legislação é um problema?

Do jeito como é construída, sim. A

começar pela tributação. E não falo

sobre o peso dos encargos, que é

imenso, um obstáculo para todos

os setores. No transporte de carga,

os impostos chegam a 35% do

faturamento. O problema maior são

as mudanças constantes nas regras,

que nos dão insegurança para

investir. Parece brincadeira, mas o

empresário não sabe o que ele tem

de pagar de imposto. Cada estado

tem uma tributação específica, e

criam-se novas leis a todo momento,

muitas vezes sem que empregados

e empregadores sejam ouvidos. Só

de projetos para serem votados são

366. Há um marco regulatório para

o setor, ainda em tramitação no

Congresso, que nenhum empresário

conseguiu ver até hoje.

Uma das novas leis foi a nº 12.619,

a Lei do Motorista. Determina

horários de pegar serviço, deixar

O EMPRESÁRIO

NÃO SABE O QUE

ELE TEM DE PAGAR

DE IMPOSTO.

CADA ESTADO TEM

UMA TRIBUTAÇÃO

ESPECÍFICA, E

CRIAM-SE NOVAS LEIS

A TODO MOMENTO,

MUITAS VEZES SEM

QUE EMPREGADOS

E EMPREGADORES

SEJAM OUVIDOS.

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carga e almoçar – decisões que os

próprios motoristas já tomavam

sozinhos, sem qualquer ingerência.

O que veio depois da lei foi uma

enxurrada de processos trabalhistas

em cima das empresas. É claro

que os motoristas devem ser

protegidos. Ninguém discorda que

eles são os principais agentes do

setor. A questão é que a lei, do

jeito que foi formulada, resultou na

criação de uma verdadeira indústria

de processos, que está quebrando

muitas empresas.

E a infraestrutura? Em quanto as

estradas ruins prejudicam o setor?

A sensação que tenho é de que

a estrutura viária nunca foi

preocupação do poder público,

sobretudo em Minas Gerais.

Temos a maior malha rodoviária

do país, e nenhuma estrada em

condições boas de tráfego. No Vale

do Aço, nas cidades de Ipatinga

e Coronel Fabriciano, região de

alta produção siderúrgica, não há

um trecho razoável. Até quando

a economia vai bem e a demanda

por carregamentos aumenta, os

prejuízos de não se conseguir

trafegar em vias ruins são enormes.

A BR 381 está sendo reformada

com muita lentidão. Em estradas

assim, aparecem

mais acidentes. São

vidas que se perdem,

veículos quebrados,

cargas perecíveis

estragando. O pior é

que tudo depende das

estradas. Se o Governo

se planejasse e fizesse

um cronograma sério

de investimentos nas

rodovias mineiras, a

economia do estado

saltaria. Do comércio

à indústria, tudo se

desenvolveria.

A gente já se dispôs

a ajudar. Estamos

sempre buscando o

diálogo. Um exemplo é

a questão da segurança

na estrada, outro

problema sério que exige uma

atenção especial do Governo. De

uns tempos para cá, o Setcemg

promoveu importantes parcerias

com as polícias Civil e Militar. São

ações que estão dando bons frutos.

Basicamente, estreitamos os canais

de comunicação e, por meio deles,

conseguimos recuperar cargas e ver

algumas quadrilhas sendo presas.

É uma iniciativa que está sendo,

inclusive, copiada em outros estados.

Com tantos problemas, ainda é

possível pensar em dias melhores?

Temos de acreditar, claro, e

continuar trabalhando firme.

Transporte de carga é elo. É o setor

que une os outros. Leva da indústria

para o comércio, do campo para os

portos. Se a economia recomeçar

a girar, a gente vai voltar a crescer.

E os movimentos de retomada me

parecem que estão acontecendo.

Ainda tímidos, é verdade, mas

acontecendo. Algumas reformas,

como a trabalhista(*), parece-me

que vão se encaminhar. Com ela,

penso que as contratações voltarão.

A renda da população sobe, as

demandas crescem e os caminhões

rodam outra vez. Temos de estar

preparados para quando isso

ocorrer. O Brasil depende do nosso

setor fortalecido. Se o que você

quer chegou a sua mão, pode ter

certeza de que foi de caminhão.

(*) Na data da concessão da entrevista, a reforma trabalhista ainda não havia sido aprovada no Senado.

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TRIBUTÁRIO II

O Governador do Estado de Minas Gerais promulgou

a Lei nº 22.549, de 30 de junho de 2017, instituindo no

âmbito estadual o Plano de Regularização de Créditos

Tributários, com condições e reduções especiais para

quitação do crédito tributário, inclusive mediante dação

em pagamento de bens móveis, obras de arte (pasmem!),

imóveis ou compensação por meio de precatórios.

Trata-se de um abrangente programa de parcelamento,

que contempla, inclusive, a remissão de muitos créditos

tributários, pormenorizados em vários dispositivos da

lei. No âmbito do ICMS, poderão ser incluídos débitos,

multas e demais acréscimos legais, vencidos até 31 de

dezembro de 2016, formalizados ou não, inscritos ou não

em dívida ativa, ajuizada ou não sua cobrança.

Referidos débitos de ICMS poderão ser pagos à vista

ou parceladamente. Na hipótese de pagamento à

vista, será aplicada a redução de 95% das multas e dos

juros. Na hipótese de parcelamento, serão aplicados

os seguintes percentuais de redução das multas e dos

juros: (a) 90% para pagamentos realizados em até seis

parcelas iguais e sucessivas; (b) 80% para pagamentos

realizados em até 12 parcelas iguais e sucessivas; (c) 70%

para pagamentos realizados em até 24 parcelas iguais e

sucessivas; (d) 60% para pagamentos realizados em até

AR TI GO

DAVID GONÇALVES DE ANDRADE SILVA *

MINAS GERAIS CRIA PLANO DE

REGULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS

36 parcelas iguais e sucessivas; (e) 50% para pagamentos

realizados em até 60 parcelas iguais e sucessivas; e (f)

40% para pagamentos realizados em até 120 parcelas

iguais e sucessivas. Semelhantes regras de anistia, em

relação a multas e juros, vigoram para os demais tributos

estaduais (ITCD, IPVA, taxas).

É importante ressaltar, dentre as várias hipóteses

de remissão do crédito tributário, a que foi alvo de

regulamentação no art. 19 da Lei, contemplando os

créditos de ICMS derivados da guerra fiscal, isto é, aqueles

relativos à redução do valor do imposto devido a título de

substituição tributária ou relativos a estorno de crédito

de ICMS decorrente do recebimento de mercadorias ou

serviços em operações ou prestações interestaduais,

abrigadas por incentivo ou benefício fiscal concedido fora

do âmbito do Confaz (Resolução 3.166/01).

Pela citada norma, o Estado de Minas ficará autorizado

a suspender, temporariamente, a exigibilidade

desses créditos tributários, cujos fatos geradores

tenham ocorrido até a data de publicação da Lei

e, posteriormente, podendo extingui-los, uma

vez comprovado o cumprimento dos termos da

moratória. Nesses casos, a concessão da moratória

ficará condicionada a um compromisso formal, pelo

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contribuinte interessado, de

não dedução de valor superior

ao permitido a título de

imposto relativo à operação

própria do contribuinte

remetente, além da renúncia

ao direito e desistência das

ações judiciais e impugnações

administrativas.

Também assume importância

as alterações trazidas ao art.

22 da Lei nº 6.763/75, com

vistas a regulamentar, no

âmbito do Estado de Minas

Gerais, a decisão do Supremo

Tribunal Federal (STF) sobre a

devida restituição do ICMS –

Substituição Tributária, ou seja,

quando o valor antecipadamente presumido for maior

do que aquele efetivamente praticado na saída. Com

efeito, em outubro do ano passado, o STF, nos autos do

RE 593.849, com força de repercussão geral, decidiu ser

devida a restituição do ICMS pago a mais no regime de

substituição tributária para frente, se a base de cálculo

efetiva da operação for inferior à presumida.

Pela sua nova redação, o contribuinte substituído

deverá recolher o valor relativo à complementação do

imposto devido por substituição tributária ICMS-ST,

quando a base de cálculo da operação a consumidor

final se efetivar em montante superior à base de

cálculo presumida, ou o Estado deverá restituir-lhe a

diferença, caso não se efetive o fato gerador presumido,

inclusive quanto ao aspecto quantitativo, isto é,

quando a efetiva saída para o consumidor final se der

em bases menores àquelas presumidas. Em substituição

à sistemática de cobrança ou restituição das diferenças,

quando o fato gerador presumido não se efetivar,

inclusive quanto ao seu aspecto quantitativo, poderá

ser regulada a definitividade da base de cálculo do

imposto devido por substituição tributária, mediante

expressa anuência do contribuinte, em regime especial.

Lado outro, ampliou-se a possibilidade de compensação

de créditos de precatórios judiciais com débitos

inscritos em dívida ativa, retirando à lei as travas

temporais previstas na antiga redação do art. 11 da Lei

nº 14.699/03, que se referiam a débitos de natureza

contenciosa inscritos em dívida ativa há, pelo menos, um

ano antes do requerimento da compensação ou demais

débitos inscritos em dívida ativa até 30 de novembro

de 2011. Assim sendo, quaisquer débitos tributários

inscritos em dívida ativa, independentemente da

data de sua inscrição, poderão ser quitados mediante

compensação com precatórios judiciais.

A lei, assim, por sua extensão e complexidade, tratando de

diversas e específicas hipóteses de remissão, parcelamentos

e abatimentos, e alterando substancialmente vários

dispositivos da legislação tributária mineira, merece grande

e cuidadosa reflexão, valendo ressaltar, todavia, que veio em

ótima hora, nestes conturbados tempos de crise em que está

mergulhado o país.

* DAVID GONÇALVES DE ANDRADE SILVA

É ADVOGADO E SÓCIO-FUNDADOR DO ESCRITÓRIO

ANDRADE SILVA ADVOGADOS.

FOTO: CANALDOENSINO.COM.BR

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JURISPRUDÊNCIA COMENTADA

A DECISÃO DO STF E A SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nos Recursos

Extraordinários 646721 e 878694, ambos em regime de

repercussão geral, equiparar cônjuges e companheiros

para fins de sucessão, um do outro, inclusive em uniões

homoafetivas. Essa decisão rompe mais um paradigma

importante e reflete, diretamente, nas questões

patrimoniais decorrentes da sucessão, ao considerar

inconstitucional o art. 1790 do Código Civil. A norma

estabelecia condições menos favoráveis ao companheiro

e à companheira, na sucessão de um ou de outro,

equiparando-os, todos, às condições de sucessão aplicáveis

aos cônjuges em geral (art. 1.829 do Código Civil).

Segundo o STF, não existe elemento de discriminação

que justifique o tratamento diferenciado entre

cônjuge e companheiro estabelecido pelo Código Civil,

independentemente da orientação sexual. Em função

disso, a partir de agora, quem vive em união estável,

inclusive decorrente de relação homoafetiva, participará

da sucessão do outro, com base nas mesmas regras

aplicáveis aos cônjuges.

Na redação do art. 1790

do Código Civil, declarada

inconstitucional pelo

STF, a companheira

ou o companheiro

participava da

sucessão do outro

quanto aos bens

adquiridos

onerosamente

POR DAVID GONÇALVES DE ANDRADE SILVA

NESTE ESPAÇO, NOSSOS ADVOGADOS COMENTAM AS PRINCIPAIS NOTÍCIAS DA ÁREA JURÍDICA DO BRASIL.

na vigência da união estável, segundo concorresse, ou não,

com filhos comuns ou descendentes apenas do autor da

herança. Disputando com filhos comuns, o (a) companheiro

(a) herdava, por força da referida norma, uma quota

equivalente àquela atribuída ao filho comum. Se competisse

com filhos descendentes só do autor da herança, tocava à

parceiro (a) apenas metade do que cabia a cada um daqueles

filhos. E se concorresse com outros parentes sucessíveis,

tocar-lhe-ia apenas um terço da herança.

Com essa decisão do STF, a sucessão, mesmo em relação

homoafetiva, se dará conforme as mesmas regras previstas

no art. 1.829 do Código Civil, para a sucessão legítima,

isto é, primeiramente aos descendentes, em concorrência

com o cônjuge ou companheiro (a), a depender do

regime de bens do casamento ou união; em segundo

lugar, aos ascendentes em concorrência com o cônjuge

ou companheiro (a); e em terceiro lugar, exclusivamente

ao cônjuge ou companheiro (a) – se não existirem nem

ascendentes, nem descendentes. Não existindo nenhum

desses (nem descendentes, nem ascendentes, nem

cônjuge, companheiro ou companheira), a sucessão

legítima se defere aos colaterais.

Portanto, a nova ordem

sucessória se estabelece,

com inteira justiça,

espelhando-se a regra

do art. 1829 do Código

Civil aos companheiros

ou companheiras,

inclusive no âmbito

das relações

homoafetivas.

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ROBERTO PAPINI*

ADMISSÃO DE NOVOS ACIONISTAS

EM SUBSIDIÁRIA INTEGRAL

De acordo com a Lei das Sociedades por Ações (LSA),

não pode ser inferior a dois o número de acionistas para

a constituição e o funcionamento de uma sociedade

anônima. O princípio da pluralidade de acionistas no

direito brasileiro, porém, sofre duas exceções. A primeira

é no caso da empresa pública, em que o capital pode ser

exclusivo da União. A outra modalidade de sociedade

unipessoal surgiu com a reforma da LSA em 1976,

designada por subsidiária integral.

A subsidiária integral pode ser criada por meio de duas

formas. A primeira delas, conhecida como modalidade

originária de constituição de subsidiária integral, é criada

por constituição, mediante escritura pública, sob a forma

de companhia, tendo como único acionista uma sociedade

brasileira – ou seja, esta última, a controladora, pode ser

limitada ou anônima. A outra forma de criação se dará por

conversão de uma sociedade já existente em subsidiária

integral, mediante: (a) aquisição por sociedade brasileira

de todas as ações de uma companhia ou (b) incorporação

de todas as ações do capital social ao patrimônio de outra

companhia brasileira.

Observa-se que, ao longo dos anos, a subsidiária integral,

pelas vantagens que oferece, cada vez mais se afirma

como instrumento de grande utilidade em qualquer

processo de reorganização societária. Por outro lado,

os motivos que levam o empresário a criar a sociedade

unipessoal são os mais diversos.

Já vimos, por exemplo, em um cenário de alienação de

controle – por razões de ordem tributária, comercial ou

administrativa –, a conversão da nova controlada em

subsidiária integral, preservando-lhe a personalidade

jurídica e a autonomia. A subsidiária integral poderá ser

também o instrumento adequado para implementar

a personificação de um determinado departamento

da companhia, como forma de conferir-lhe autonomia

decisória e de gestão, o mesmo acontecendo no caso de

personificação de um determinado objeto da sociedade

ou, ainda, da atividade-meio para a realização da

atividade principal.

Ressalta-se que à subsidiária integral será permitido, a

qualquer tempo, recompor a pluralidade de acionistas,

seja por meio da cessão de suas ações a terceiros ou da

admissão de novos acionistas em aumento de capital. O

princípio da livre reversão se aplica à subsidiária integral,

independentemente da respectiva modalidade de criação.

No entanto, no caso de criação por incorporação de

ações – forma derivada de criação de subsidiária integral

SOCIETÁRIO

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regida pelo artigo 252 da LSA –, a reconversão de

subsidiária integral em sociedade pluripessoal deverá

observar exigência legal específica. Referimo-nos ao art.

253 da LSA, que assegura aos acionistas da sociedade

controladora o direito de preferência para: (a) adquirir

ações do capital da subsidiária integral, se a companhia

decidir aliená-las no todo ou em parte; e (b) subscrever o

aumento de capital desta, se a companhia decidir admitir

outros acionistas.

É certo que a dispensa de se estender tal exigência

(direito de preferência) às demais modalidades de

constituição de subsidiária integral não constitui matéria

inteiramente pacificada. A doutrina tende, no entanto, a

perfilhar entendimento restritivo, atribuindo o direito de

preferência conferido pelo art. 253 apenas aos acionistas

da companhia controladora da subsidiária integral

constituída mediante incorporação de ações.

Para tanto, invoca-se argumento que emerge

da própria Exposição de Motivos da LSA. Neste

documento (Exposição de Motivos), após admitir que

a incorporação de ações, tal como na incorporação

de uma companhia em outra, implica em privar os

acionistas da incorporadora de subscrever o aumento

de capital necessário para efetivar a incorporação,

anuncia-se – como forma de compensação para evitar

que a subsidiária integral possa servir de instrumento

para prejudicar acionistas minoritários da companhia

controladora – o exercício do direito de preferência

para aquisição ou subscrição de ações do capital da

subsidiária integral, tal como assegurado no art. 254.

Em verdade, na dicção do art. 253 da LSA

(correspondente ao art. 254 referido na Exposição

de Motivos), não há menção expressa à figura da

incorporação de ações, o que, a nosso ver, não justifica

interpretá-lo de forma não restritiva, em detrimento

da interpretação construída com base na Exposição de

Motivos. Além disso, se considerarmos que o direito de

preferência assegurado pelo art. 253, de acordo com

a Exposição de Motivos, tem por finalidade específica

compensar os acionistas da companhia controladora

(impedidos por lei de subscrever o aumento de capital

realizado mediante incorporação de ações no momento

da criação da subsidiária integral), forçoso será concluir,

a contrario sensu, sua inaplicabilidade às demais formas

de criação de subsidiária integral.

Observa-se que, tanto na modalidade originária de

criação de subsidiária integral como na modalidade

derivada de conversão mediante aquisição de ações, não

ocorre, em nenhuma delas, o cerceamento ao exercício

do direito de preferência, uma vez que ambas se

processam independentemente de aumento de capital.

Por último, é importante salientar que o art. 253, ao

assegurar aos acionistas da controladora preferência

para adquirir ações do capital da subsidiária (no caso

de a companhia decidir aliená-lo no todo ou em parte),

excepcionalmente, amplia o exercício desse direito

essencial, conferido por lei (art. 109) especificamente

para subscrição de ações, o que pressupõe aumento de

capital e emissão de ações novas.

RESSALTA-SE QUE À

SUBSIDIÁRIA INTEGRAL SERÁ

PERMITIDO, A QUALQUER

TEMPO, RECOMPOR A

PLURALIDADE DE ACIONISTAS,

SEJA POR MEIO DA CESSÃO

DE SUAS AÇÕES A TERCEIROS

OU DA ADMISSÃO DE NOVOS

ACIONISTAS EM AUMENTO

DE CAPITAL.

* ROBERTO PAPINI

É ADVOGADO E COORDENADOR DA ÁREA SOCIETÁRIA

DA ANDRADE SILVA ADVOGADOS.

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TRABALHO

BIANCA DIAS DE ANDRADE*

OS PRINCIPAIS ASPECTOS

DO TELETRABALHO

O teletrabalho é uma forma de prestação de serviço

em que o trabalhador exerce suas funções em local não

definido pela empresa contratante, sendo, em regra,

na própria casa do trabalhador, e, obrigatoriamente,

com instrumentos relacionados à tecnologia. Nesse tipo

de prestação de serviços, em regra, não há o contato

direto entre os contratados e os contratantes, sendo a

comunicação realizada por meios eletrônicos.

Até a sanção da Lei nº 13.467/2017, em 13 de julho

de 2017, não havia regulamentação própria para o

teletrabalho, havendo grande discussão acerca de como

ele deveria ser tratado na prática. Entretanto, a referida

lei, que trata da reforma trabalhista, altera expressamente

a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), inclusive, as

disposições acerca do teletrabalho.

Assim, a partir da vigência das novas regras, que terá início

em 120 dias da publicação da lei, esse tipo de prestação

de serviço passará a ser regulamentado, contando com

regras específicas. Entre elas, podemos citar a necessidade

de constar do contrato de trabalho que o serviço será

prestado na modalidade de trabalho a distância, bem como

de explicitar as atividades a serem desenvolvidas.

Além disso, o empregador deverá orientar os empregados

sobre as precauções referentes aos riscos de doenças e

acidentes de trabalho, sendo que o empregado assinará um

termo de responsabilidade, comprometendo-se a cumprir

as referidas orientações.

Uma importante alteração legal é o enquadramento do

teletrabalhador no artigo 62 da CLT, que determina que

ele não estará submetido ao controle de jornada em tal

modalidade de relação trabalhista e, por consequência, não

receberá por eventuais horas extras trabalhadas.

Haverá, ainda, possibilidade expressa de alteração da

modalidade teletrabalho para a presencial, por iniciativa

do empregador, desde que haja alteração do contrato de

trabalho e que a transição ocorra em período mínimo de 15

dias. Empregado e empregador também poderão acordar,

por escrito, sobre a mudança da modalidade presencial

para o teletrabalho.

Vale mencionar, ainda, que os custos com o

teletrabalho, entre os quais, o fornecimento de

equipamentos e gastos com internet e energia elétrica,

em regra, serão ônus do empregador e não integrarão

a remuneração do empregado, haja vista serem

considerados ferramentas para o trabalho. As questões

relacionadas aos custos do teletrabalho também

deverão constar do contrato de trabalho.

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O teletrabalho se assemelha ao trabalho em domicílio,

por ser modalidade de trabalho a distância, mas

com ele não se confunde. No trabalho em domicílio,

o empregado realiza as atividades em sua própria

casa, mas está subordinado ao empregador. Já no

teletrabalho, não há exigência de que seja exercido na

própria casa do empregado, bastando apenas que não

seja na empresa.

Há casos em que uma empresa mantém um local

fixo para trabalho, denominado de telecentro, sendo

que a comunicação ocorre pelos meios eletrônicos,

caracterizando-se, também, como teletrabalho.

A principal característica do teletrabalho é que os meios

utilizados para sua execução sejam eletrônicos e que

a comunicação seja realizada por meios telemáticos,

ou seja, uso combinado do computador e dos meios de

telecomunicação – obrigatoriedade que não se aplica ao

trabalho em domicílio.

Entre suas vantagens, podemos citar o fato de o

trabalhador ter mais tempo disponível e ganhar em

qualidade de vida, uma vez que não faz o trajeto de ida

e volta à empresa. Também contribui para uma maior

inclusão social, pois o teletrabalho facilita a contratação

de profissionais com deficiência física, bem como de

mulheres que precisam conciliar trabalho e maternidade.

Para a empresa contratante, destacamos como vantagens

a desnecessidade de gastos com a estrutura física da

empresa e com a redução no custo com transporte para

os trabalhadores. Ainda há a possibilidade de se contratar

pessoas mais qualificadas que residem em outras cidades.

Entretanto, há algumas desvantagens. Uma delas é os

trabalhadores ficarem isolados, não havendo a interação

presencial e saudável com os colegas, além de poder

ocorrer um envolvimento da vida pessoal com o trabalho,

se não houver muita disciplina. Também há um aumento

de gastos com telecomunicações e riscos de vazamento

de dados sigilosos da empresa e de seus clientes.

Ainda assim, o teletrabalho tem se destacado como

tendência, principalmente com as inovações tecnológicas

encurtando distâncias. E, com a regulamentação pela

Lei nº 13.467/2017, a expectativa é de que haja maior

segurança jurídica quanto à tal modalidade de trabalho.

* BIANCA DIAS DE ANDRADE

É ADVOGADA E COORDENADORA DA ÁREA

CORPORATIVA DA ANDRADE SILVA ADVOGADOS.

O TELETRABALHO

TEM SE DESTACADO

COMO TENDÊNCIA,

PRINCIPALMENTE COM AS

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

ENCURTANDO DISTÂNCIAS.

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UM GIRO SOBRE OS TRIBUTOS

Já que o tema da vez são os tributos no Brasil, a

Andrade Silva Advogados tem se consolidado como

uma importante referência no assunto. Em julho, o

escritório realizou, em dois momentos, a palestra

Reestruturação de passivos fiscais à luz dos programas

especiais de parcelamento.

O primeiro, no dia 17, ocorreu na sede da AS|A, em Nova

Lima, e foi conduzido pelo sócio-fundador David Gonçalves

de Andrade Silva e pela coordenadora da área tributária

do escritório, Daniela Faustino. Já no dia 19, dr. David

levou a palestra para a Fecomércio MG, numa parceria

com o Sindicato do Comércio Varejista de Maquinismos,

Ferragens, Tintas e Material de Construção de Belo

Horizonte e Região Metropolitana (Sindimaco BH).

Nos dois encontros, empresários de diversos setores

marcaram presença. Foram abordados aspectos do Plano

de Regularização de Créditos Tributários, do Governo

do Estado de Minas Gerais; e do Programa Especial de

Regularização Tributária (PERT), do Governo Federal.

Além de mostrar como os gestores podem aproveitar

essas duas oportunidades para movimentar seus

negócios, também foram apresentados mecanismos de

gestão do passivo fiscal.

FRUTO DA PARCERIA AS|A E TECHMALL

No dia 5 de julho, a sede da Andrade Silva Advogados,

em Nova Lima, recebeu a palestra Investimento Anjo.

O tema tem despertado o interesse de boa parte dos

empreendedores, principalmente na área de tecnologia.

No evento, foram apresentadas as novas oportunidades

de investimento com a edição da Lei Complementar

nº 155/16, a chamada Lei do Investidor Anjo. Os

participantes também conheceram as diferentes formas

como a AS|A e a aceleradora de startups Techmall

podem contribuir para alavancarem seus investimentos.

A palestra foi ministrada pela advogada e sócia da

Andrade Silva Advogados, Priscila Spadinger; pelo

diretor comercial da Techmall, Vinícius Roman; e pelo

CEO da aceleradora, Andrea Flugs.

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