101
1 Ética, Ciência e Tecnologia 2º semestre / 2014

Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

  • Upload
    lyduong

  • View
    228

  • Download
    6

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

1

Ética, Ciência e Tecnologia2º semestre / 2014

Page 2: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

PRÓ-REITORIA DE ENSINO2014

COLETÂNEAFORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA

Ensino Presencial

Terceiro Eixo Temático

OrganizadorasCristina Herold Constantino

Débora Azevedo Malentachi

ColaboradorasFabiana Sesmilo de Camargo Caetano

Aline Ferrari

Direção GeralPró-Reitor Valdecir Antônio Simão

2

Page 3: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

SUMÁRIO

Considerações Iniciais................................................................................................................... 04

Textos Selecionados...................................................................................................................... 05

Hans Jonas: o imperativo tecnológico e a ética da responsabilidade.............................................. 05

Sociedade da informação / Sociedade do conhecimento................................................................. 11

Reflexões sobre a convergência midiática e mídias sociais............................................................. 13

O que é uma sociedade em rede? .................................................................................................. 15

Brasileiro passa mais tempo na internet que na TV......................................................................... 19

Ciberativismo: ativismo nasce nas redes e mobiliza as ruas do mundo.......................................... 21

A internet agora tem lei..................................................................................................................... 23

Confira seis perguntas e respostas sobre o futuro da internet no Brasil.......................................... 25

Google deve retirar vídeos ofensivos do YouTube........................................................................... 26

Microsoft desenvolve sistema de tradução por voz.......................................................................... 29

Como e por que é preciso ensinar crianças a programar................................................................. 30

Como o consumidor mudou o seu comportamento.......................................................................... 31

O comportamento nas redes sociais................................................................................................ 32

Paraplégico chuta bola com exoesqueleto de Nicolelis, mas quase ninguém viu............................ 34

Selvageria, medo e ignorância......................................................................................................... 35

O desafio de uma geração conectada.............................................................................................. 40

Tireoide preservada.......................................................................................................................... 42

Brasil perdeu 112 pesquisas de remédios por lentidão de órgãos públicos..................................... 44

Programa Ciência sem Fronteiras apresenta mais problemas de gestão........................................ 45

Colômbia faz 1º implante de coração artificial na América do Sul................................................... 46

Estudo aponta que causas do autismo seriam genéticas e ambientais........................................... 47

Nasa anuncia descoberta de planeta habitável fora do Sistema Solar............................................ 48

Pesquisadores criam biofábricas de proteínas e reproduzem teia de aranha.................................. 50

Pele artificial criada por laboratório da USP evitará testes com animais no Brasil.......................... 51

Embriões clonados geram células-tronco para curar diabetes.........................................................

Uma vida melhor para os diabéticos................................................................................................

A vacina brasileira contra a Aids......................................................................................................

Ciência na música popular brasileira................................................................................................

Tiras, charges e imagens.................................................................................................................

Músicas.............................................................................................................................................

52

53

56

60

64

69

Filme................................................................................................................................................. 72

Considerações Finais..................................................................................................................... 73

Considerações Iniciais3

Page 4: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Basta um clique ou um simples comando de voz para nos conectarmos a um ou vários programas e aparatos tecnológicos de última geração ao mesmo tempo. Na era do imediatismo e do consumismo desenfreado, pensamos e respiramos tecnologia. Quanto mais servidos por ela, mais dependentes nos tornamos de seus benefícios, das facilidades que nos oferece, de todo o conforto que propiciam. Você consegue se imaginar vivendo num lugar onde não há qualquer tecnologia que seja? Talvez por alguns dias? Algumas horas? No máximo, alguns minutos?! Para a maioria de nós, realmente é quase inimaginável e até desconfortável o simples ato de pensar na longínqua possibilidade de abstenção tecnológica.

De mãos dadas com a tecnologia, a ciência caminha a passos largos. Tecnociência. Será este um casamento perfeito? Sabemos que a tecnociência produz conhecimentos, entretanto, sem uma reflexão crítica e ética acerca de tais conhecimentos a sociedade “projeta-se trôpega por um longo e escuro túnel”. O primeiro texto selecionado para compor este material propõe com muita propriedade considerações profundas sobre os efeitos da ciência e dos avanços tecnológicos sobre a humanidade. O uso ou mau uso que o homem faz da tecnociência pode mesmo culminar num apocalipse gradual? Qual o nosso papel e quais as nossas ações para evitar esse apocalipse e seus efeitos destrutivos na sociedade, no seio familiar, na humanidade?

Há muito para se falar e pensar acerca da ciência, da tecnologia e da ética que deveria estar intrínseca a este universo onde o homem encontra-se completamente envolvido pelo espetáculo de suas próprias criações e descobertas. Pode o homem cientista, criador e dominador tornar-se vítima completamente dominada por suas invenções? Como pode algo servir e dominar, libertar e escravizar ao mesmo tempo? Como pode algo feito pelo e para o homem distanciar-se da ética essencialmente humana? Será que Arnold Toynbee estava certo quando disse que “tornamo-nos deuses na tecnologia, mas permanecemos macacos na vida”? Somos reféns da tecnologia?

Na sequência, essas e outras reflexões serão propostas. Que nossos olhos possam contemplar as belezas deste mundo tecnológico fascinante, conhecer mais sobre o que há de melhor e mais criativo nesta esfera fantástica e ilimitada de invenções... Que possamos também respirar um

pouco mais aliviados com as boas novas trazidas pela ciência... Mas, sobretudo, que nossos olhos sejam perspicazes o bastante para vigiar e analisar os rastros que a ciência e a tecnologia estão deixando na minha, sua, nossa história. A tecnociência que temos à nossa disposição pode ser indispensável, todavia, importa-nos, primeiro, valorizar o que somos e o que, de fato, é insubstituível. É preciso olhar para quem somos diante de toda a tecnologia que temos, olhar para o próximo que está diante de nós e, de fato, enxergar quem ele é e, deste modo, atuarmos juntos como protagonistas de histórias realmente significativas, construídas a partir das virtudes que nos torna essencialmente humanos. Paul Adams disse tudo: “Precisamos entender mais de pessoas do que de tecnologia.” Esta premissa constitui a dimensão imensurável que não se pode perder no universo onde reinam a tecnologia e a ciência... Que façamos da tecnologia, da ciência, da ética e das boas ideias pontos de partida para o nosso crescimento pessoal e, por extensão, para a construção de uma sociedade cada vez mais justa e solidária...

Uma ótima leitura!

Organizadoras

4

Page 5: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Textos Selecionados

Estamos ligados no automático, no iPod, iPed, iPhone, Smartphone, também no Facebook, Friendbook, Whatsapp, MSN e outros gêneros afins, e daqui a pouco tudo isso se tornará obsoleto. Novidades surgem, também, na ciência, na qual muitos depositam fé incondicional... Sem fé, é impossível agradar aos cientistas... A sensação é de que a vida de cada indivíduo está nas mãos desta dupla aparentemente infalível e sem limites: ciência e tecnologia. Mas serão mesmo infalíveis? Até que ponto? Quais os limites, por exemplo, nas experiências realizadas em nome da ciência? Por qual ética respondem? De que modo o homem usa a tecnologia que cria? Quais as ideias ou intenções que movem o coração do homem no uso da ciência e da tecnologia? Como fica a vida e as relações humanas diante de tudo isso? Sem dúvida, precisamos de uma pausa para ler e pensar...

Hans Jonas: o imperativo tecnológico e a ética da responsabilidade

José Eduardo de SiqueiraMédico, Doutor em Bioética pela Universidade do Chile,Professor de Clínica Médica e Bioética da Universidade Estadual de Londrina

Hans Jonas aponta para o choque causado pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki como o marco inicial do abuso do domínio do homem sobre a natureza causando sua destruição. Diz textualmente numa entrevista publicada no 171 da revista Esprit do mês de  maio de 1991: "Ela pôs em marcha o pensamento em direção a um novo tipo de questionamento, amadurecido pelo perigo que representa para nós próprios o nosso poder, o poder do homem sobre a natureza". Porém, mais do que a consciência de um apocalipse brusco, ele percebeu o sentimento de um possível apocalipse gradual decorrente do perigo crescente dos riscos do progresso técnico global e seu uso inadequado. Até então, o alcance das prescrições éticas reduzia-se ao âmbito da relação com o próximo no momento presente. Era uma ética antropocêntrica e voltada para a contemporaneidade. A moderna intervenção tecnológica mudou drasticamente essa plácida realidade, colocando a natureza para uso humano e passível de ser alterada radicalmente. Assim, para Jonas, o homem passou a manter com a natureza uma relação de responsabilidade, pois ela se encontra sob seu poder. Grave, também, além da intervenção na natureza extra-humana, é a manipulação do patrimônio genético do ser humano que poderá introduzir alterações duradouras de imprevisíveis consequências futuras. Conclui dizendo que é necessária uma nova proposição ética que contemple a natureza e não somente a pessoa humana. Esse novo poder da ação humana impõe alterações na própria natureza da ética.

5

Page 6: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Todas as éticas tradicionais obedeciam as seguintes premissas que se intercombinavam mutuamente: 1.  A condição humana, resultante da natureza do homem e das coisas, permanecia fundamentalmente imutável para sempre; 2. Baseado nesse pressuposto, podia-se determinar com clareza e sem dificuldade o bem humano; 3.  O alcance da ação humana e de sua consequente responsabilidade estava perfeitamente delimitado.

Todo bem ou todo mal que sua capacidade inventiva pudesse proporcionar situava-se sempre dentro dos limites de ação do ser humano, não afetando a natureza  das coisas extra-humanas. A natureza não era objeto da responsabilidade humana, pois cuidava de si mesma. A ética tinha que ver com o aqui e o agora. Em substituição aos antigos imperativos éticos, entre os quais o imperativo kantiano que se constitui no parâmetro exemplar: "Age de tal maneira que o princípio de tua ação transforme-se numa lei universal", Jonas propõe um novo imperativo: "Age de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica" ou formulado negativamente "não ponhas em perigo a continuidade indefinida da humanidade na Terra".

A tremenda vulnerabilidade da natureza submetida à intervenção tecnológica do homem mostra uma situação inusitada, pois nada menos que toda biosfera do planeta torna-se passível de ser alterada, o que torna imprescindível considerar que não somente o bem humano deve ser almejado, mas também o de toda a natureza extra-humana. 

Outras possíveis intervenções na natureza própria do ser humano revelam as proporções do desafio para o pensamento ético com relação à condição humana propriamente dita. Jonas elenca uma série de interrogantes críticas. Com relação ao prolongamento da vida humana, ele pergunta: Até que ponto isto é desejável? E, sobre o controle da conduta humana, devemos provocar sentimentos de felicidade ou de prazer na vida das pessoas através de estímulos químicos? Com relação à manipulação genética, onde o homem toma em suas mãos sua própria evolução: estaremos qualificados para o papel de criador? Quem serão os escultores da nova imagem do homem? Segundo que critérios e em base de que modelos? Terá o homem o direito de mudar o patrimônio genético do próprio homem? E adverte: "Ante um potencial quase escatológico de nossa tecnologia, a ignorância sobre as últimas consequências será em si mesma razão suficiente para uma moderação responsável [...] Há outro aspecto digno de menção, os não-nascidos carecem de poder [...] Que força deve representar o futuro no presente?"

Diante de um poder tão extraordinário de transformações estamos desprovidos de regras moderadoras para ordenar as ações humanas. Esse enorme desajuste somente poderá ser corrigido, no entendimento de Jonas, pela formulação de uma nova Ética.

Jonas, ao formular o seu imperativo de responsabilidade, está pensando menos no perigo da pura e simples destruição física da humanidade, mas sim na sua morte essencial, aquela que advém da desconstrução e a aleatória reconstrução tecnológica do homem e do meio ambiente.

Há uma interação entre a pesquisa e o poder. Essa nova ciência leva a um conhecimento anônimo que não mais é feito para obedecer à verdadeira função do saber durante toda a história da humanidade, a de ser incorporada nas consciências, na busca meditada e ponderada da qualidade da vida humana. O novo saber é depositado nos bancos de dados e usado de acordo

6

Page 7: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

com os meios e segundo as decisões dos que detém o poder. Há um verdadeiro desapossamento cognitivo, não só entre os cidadãos, mas também entre os cientistas, eles próprios hiperespecializados sem o domínio de todo o saber produzido.

A pesquisa, por sua vez, é gerenciada por instituições tecnoburocráticas. A tecnociência vai produzindo conhecimentos que, sem sofrer qualquer reflexão crítica, transformam-se em regras impostas à sociedade que, obediente a essa máquina cega de saber, projeta-se trôpega por um longo e escuro túnel. Husserl, numa famosa conferência sobre a crise da ciência europeia, já identificara um buraco cego no objetivismo científico. Era a ausência da consciência de si mesmo. A partir do momento em que, de um lado, ocorreu o divórcio da subjetividade humana, reservada à filosofia, e a objetividade do saber, que é próprio da ciência, o conhecimento científico desenvolveu as tecnologias mais refinadas para conhecer todos os objetivos possíveis, mas se tornou completamente alheio à subjetividade humana. Ficou cego para a marcha da própria ciência, pois a ciência não pode se conhecer, não pode autoanalisar-se com os métodos de que dispõe hoje em dia. É o que Morin denomina "ignorância da ecologia da ação", ou seja, toda ação humana, a partir do momento em que é iniciada, escapa das mãos de seu iniciador e entram em jogo as múltiplas interações próprias da sociedade, que a desviam de seu objetivo e às vezes lhe dão um destino oposto ao que era buscado inicialmente.

Para que haja responsabilidade é preciso existir um sujeito consciente. Ocorre que o imperativo tecnológico elimina a consciência, elimina o sujeito, elimina a liberdade em proveito de um determinismo. A hiperespecialização das ciências mutila e desloca a noção de homem. Em vários países latino-americanos, por exemplo, a economia oficial despreza a noção de cidadania quando elabora planos macroestruturais atendendo a pressupostos emanados de setores financeiros dos países centrais. A ideia de homem foi desintegrada. As subespecialidades da biologia eliminam a ideia de vida humana integral em benefício da concepção de moléculas, de genes, do DNA. Não mais se

contempla a ideia do homem total nessa ciência navegante do minúsculo. Esse divórcio entre os avanços científicos e a reflexão ética fizeram com que Jonas propusesse novas dimensões para a responsabilidade, pois "a técnica moderna introduziu ações de magnitudes tão diferentes, com objetivos e consequências tão imprevisíveis que os marcos da ética anterior já não mais podem contê-los".

Ciência e tecnologia de mãos dadas: alguns desafios

As conquistas da ciência se expressam pela tecnologia. A experiência da guerra e, posteriormente, as investigações espaciais e os grandes laboratórios industriais evidenciam que o desenvolvimento técnico depende estreitamente da ciência e o progresso da ciência depende fundamentalmente da técnica. A ciência cria novos modelos tecnológicos e a técnica cria novas linhas de objetivos científicos. A fronteira é tão tênue que não se pode identificar onde está o espírito da  ciência e a ação da tecnologia. Ciência e tecnologia, alma e corpo do novo imperativo que comanda os passos das investigações básicas, bem como da biologia, da física, da neurologia, da genética, enfim, daquilo que consideramos os tão necessários avanços do conhecimento. Básica ou aplicada, a investigação é sempre tecnocientífica e a simples observação do que sucede em um laboratório de pesquisa não permite distinguir se são

7

Page 8: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

procedimentos aplicados ou não. Sempre e em todo lugar, o aparato tecnológico está presente e tem peso decisivo.

A técnica se converte na essência do poder e passa a ser manifestação natural das verdades

contidas na ciência. Se a  ciência teórica podia ser chamada de pura e inocente, a tecnociência, ao ser intervencionista e modificadora do mundo não o é. A práxis deve sempre ser passível de uma reflexão ética. Exatamente por isso, as questões éticas se colocam hoje no plano das investigações chamadas básicas, pois o projeto de saber leva inevitavelmente ao fazer e ao poder. Num contexto contemporâneo a pergunta kantiana: "O que posso saber?" deve conter a questão:

O que posso fazer ou o que posso fabricar?  O questionamento ético, portanto, ocorre em todos os instantes da produção do conhecimento científico.

A pergunta que Jonas formula é: "O que poderia satisfazer mais a uma busca consciente da verdade?" Recorda as palavras de Oppenheimer que após anos trabalhando em um laboratório na busca da fissão nuclear e observando sua aplicação em Hiroshima teria assinalado que, naquele momento, o cientista puro tomou conhecimento do pecado. Desde então, a paz de consciência dos cientistas foi abalada em todos os campos da investigação. Sempre presente estava a dúvida: O que posso fazer? Quando hoje alguns  cientistas preocupados com seus labores dizem irritados: "Estamos perdendo tempo com essas reflexões filosóficas que a nada conduzem e nos impedem que nos debrucemos sobre nossos microscópios!", recebem de Gadamer a seguinte resposta: "Não é verdade! As ideias gerais são vitais, a necessidade que há de integrar nosso saber é muito mais universal do que a universalidade das ciências!" Oxalá tenha razão Popper quando afirma que "a história das ciências, como a de todas as ideias humanas, é uma história de sonhos irresponsáveis, de teimosia e de erros. Porém, a ciência é uma das raras atividades humanas, talvez a única, na qual os erros são sistematicamente assinalados e, com o tempo, constantemente corrigidos." Diante dessa afirmação de Popper é mandatório indagar sobre como se considerar, então, as vítimas fatais da tecnociência.

O que falar, por exemplo, sobre as vítimas de Hiroshima e Nagasaki? Não se concebe, portanto, hoje, uma ciência que não esteja alicerçada numa sólida consciência ética do pesquisador, principalmente levando-se em conta que ele não mais detém habitualmente o cargo de mando, mas sim está a serviço de gestores do poder que nem sempre cultivam preocupações dessa

natureza. É preciso considerar que a ciência não tem a missão providencial de salvar a humanidade, porém, detém poderes ambivalentes sobre o desenvolvimento futuro da humanidade. Indiscutivelmente houve um avanço extraordinário quando a ciência, no século XVII, desvinculou-se da religião e do Estado e, desde então, criou seu próprio imperativo: "conhecer por conhecer", sem respeitar limites e gozando de total liberdade.

Hoje, vivemos um rico momento de autocrítica. Parafraseando um pensador francês contemporâneo, que disse ser a guerra um fato complexo demais para que a sociedade a deixe exclusivamente nas mãos dos generais, diríamos que a tecnociência é poderosa demais para que

a deixemos exclusivamente na seara dos cientistas. Mumford em Técnica e Civilização, considera que há que se ter em conta o equívoco que cometemos em

8

Page 9: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

subestimar nossa capacidade de integrar tecnologia e sociedade. Segundo o autor, as novas tecnologias e inventos desacompanham-se de uma reflexão filosófica porque se acredita ser desnecessário introduzir quaisquer juízos de valores entre máquinas e pensamentos. Em resumo, imagina-se que os males que afligem a sociedade humana podem sempre ter uma solução proporcionada pela ciência. Funda-se, então, a crença de que se pode com a ciência prescindir dos valores, o que passa a ser então, paradoxalmente, o novo sistema de valores. A sociedade esqueceu de considerar que a técnica é autônoma em relação à moral, não lhe devotando nenhuma atenção, pelo contrário, não suporta qualquer juízo moral. A técnica é completamente alheia a um juízo dessa natureza e evolui segundo uma norma inteiramente casual. Não pode o homem construir seu destino baseado numa cega ordem de fenômenos de grande poder de transformação e destituída de valores éticos. Para tanto, torna-se imperioso uma nova filosofia da ciência, o que significa uma mudança paradigmática. A cultura grega dispunha de um saber de grande alcance, mas que não conduzia a um significativo poder de transformação. Ao contrário, o saber moderno, de forte assento técnico, se faz acompanhar de um extraordinário poder de transformação, destituído, porém, de uma reflexão ética que exerça moderação sobre o imperial poder da tecnociência.

A proposta de um novo paradigma

Os cientistas, por serem humanos, nem sempre admitem seus erros e limitações, o que faz da aceitação de um novo paradigma uma tarefa de progressiva conversão que não comporta a força, mas sim o convencimento lento e gradual. A ciência tem um compromisso primacial com a compreensão cada vez mais detalhada e refinada da natureza. Faz-se mister reconhecer que os novos paradigmas raramente possuem todos os elementos persuasivos dos predecessores que, não infrequentemente prevalecem por séculos, porém, contém o gérmen de respostas mais adequadas para os problemas que apontam para o futuro. Assim é o imperativo de Jonas que ainda não chegou a completar vinte anos e se oferece para substituir o imperativo Kantiano que já comemorou duzentos.

Ainda na perspectiva de considerar a responsabilidade das ações humanas, desnecessária é a afirmação que o homem, e somente ele, no reino animal, é capaz de mudar o curso da  história da vida com suas intervenções. Numa estrada que se bifurca é o caminhante  que detém a opção da escolha. Os rumos são diversos, assim como o destino final. Uma vereda pode terminar num

precipício, enquanto a outra numa fonte de águas puras. Assim, parece ocorrer com a tecnologia moderna que nos vai apresentando bifurcações cada vez mais numerosas. É justamente nesses pontos de bifurcação que se impõe a questão da escolha que, quase sempre, ganha contornos apropriados através de uma decisão ética. Diante das bifurcações que se apresentam, o que quer que façamos, quaisquer que sejam os critérios utilizados para nossa opção, somos sabedores que o produto final obtido depende exclusivamente de nossa decisão.

A responsabilidade de cada ser humano para consigo mesmo é indissociável daquela que se deve ter em relação a todos os demais. Trata-se de uma solidariedade que o liga a todos os homens e à natureza que o cerca. Parece, portanto, evidente que a resultante final dessa reflexão busque atender também o universal. Concluímos, com Jonas, que o ser humano precisa

9

Page 10: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

responder, com seu próprio ser, a uma noção mais ampla e radical da responsabilidade que é a referente à natureza humana e extra-humana, já que a tecnologia hodierna permite ações transformadoras num espectro que vai do genoma humano ao plano cósmico. A antiga ideia de natureza acomodava-se à inatingível ordem natural que definia os contornos das normas éticas. Hoje, trabalhamos com uma concepção inteiramente distinta de natureza. O curso da existência não é mais dependente de uma lei superior que reserva ao ser humano a condição de espectador, muito pelo contrário, é ele hoje o agente das transformações e tem, à sua mercê, toda a existência e nela intervém como bem lhe aprouver. A ideia de natureza deve, portanto, ser ora considerada como propriedade, domínio do homem. Talvez nem mesmo o próprio Bacon pudesse conceber um poder tão extraordinário, um domínio tão absoluto da natureza. Impossível, diante dessa realidade é não interpor à atitude científica exigências de uma nova responsabilidade ética.

O que caracteriza o imperativo de Jonas é a sua orientação para o futuro, mais precisamente para um futuro que ultrapassa o horizonte fechado no interior do qual o agente transformador pode reparar danos causados por ele ou sofrer a pena por eventuais delitos que ele tenha perpetrado. Segundo Paul Ricoeur, o vínculo entre responsabilidade e perigo para a humanidade impõe que se acrescente ao conceito de responsabilidade um traço que o distingua definitivamente da imputabilidade. Considera-se responsável, sente-se afetivamente responsável, aquele a quem é confiada à guarda de algo perecível. E o que há de mais perecível que a vida desviada para a morte pela inconsequente intervenção do homem? Assim melhor compreende-se a ideia de vida que se apresenta na formulação do imperativo de Jonas. Ante essa possibilidade escatológica da morte substituindo a vida, compreende-se por que esse futuro longínquo é o lugar de um temor específico para o qual Jonas introduz a figura da "heurística do temor". Um temor que tem por objeto eventuais perigos que ameaçam a humanidade no plano de sua permanência, de sua sobrevivência. Emblemáticos são os perigos que afetam o ecossistema dentro do qual se desenvolvem as atividades humanas ou os que resultam das manipulações biológicas aplicadas à reprodução humana ou à identidade genética da espécie humana ou, ainda, a intervenção

química ou cirúrgica sobre o comportamento do homem. Em suma, pela técnica, o homem tornou-se perigoso para o homem, e isso ocorre na medida em que ele põe em perigo os grandes equilíbrios cósmicos e biológicos que constituem os alicerces vitais da humanidade.

A ameaça que o homem faz pesar sobre o homem toma, de algum modo, o lugar das ameaças às quais os outros seres vivos já estão submetidos por ações humanas. À vulnerabilidade da vida, o homem da era tecnológica acrescenta um fator desagregador suplementar que é a sua própria obra. A vida no planeta deteve sua própria regulamentação durante muito tempo, pois a própria natureza constituía-se em cerca intransponível para o agir humano. Agora, porém, o agir do homem, deixando de ser regulado por fins naturais, se transforma no centro de um desequilíbrio específico. Hoje percebemos a força desse agente transformador. Por sua dimensão cósmica, por seus efeitos cumulativos e irreversíveis, as técnicas introduzem distorções tão definitivas que criam uma periculosidade sem precedentes na história da vida. A preservação da vida sempre teve um custo, todavia, com o homem moderno, esse custo, esse preço a ser pago pode ser a

destruição total. De maneira proporcional ao incremento da periculosidade do homem, cresce em importância sua responsabilidade como tutor de todas as formas de vida.

Disponível em: http://www.unopar.br/portugues/revfonte/v3/art7/body_art7.html Acesso em: 19 jun 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.

10

Page 11: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Depois de um mergulho nos conceitos e ideias provocadoras de Hans Jonas, extremamente pertinentes para abrir os olhos da nossa mente, vamos ampliar conhecimentos sobre algumas sociedades que nos cercam... Como, por exemplo, a sociedade do conhecimento, do saber, e também a sociedade da informação... Qual a origem e qual o sentido dessas nomenclaturas? O que significam? Vamos conferir...

Sociedade da informação / Sociedade do conhecimentoSally Burch

Estamos vivendo numa época de mudanças ou numa mudança de época? Como caracterizar as profundas transformações que acompanham a acelerada introdução na sociedade da inteligência artificial e as novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC)? Trata-se de uma nova etapa da sociedade industrial ou estamos entrando numa nova era? “Aldeia global”, “era tecnotrônica”, “sociedade pós-industrial”, “era - ou sociedade - da informação” e “sociedade do conhecimento” são alguns dos termos cunhados com a intenção de identificar e entender o alcance destas mudanças. Mas, enquanto o debate continua no âmbito teórico, a realidade se adianta e os meios de comunicação escolhem os nomes que temos de usar.

Fundamentalmente, qualquer termo que usemos é um atalho que nos permite fazer referência a um fenômeno - atual ou futuro - sem ter de descrevê-lo todas às vezes; mas o termo escolhido não define, por si só, um conteúdo. O conteúdo surge dos usos em um dado contexto social que, por sua vez, influem nas percepções e expectativas, uma vez que cada termo carrega consigo um passado e um sentido (ou sentidos), com sua respectiva bagagem ideológica. Era de se esperar, então, que qualquer termo que se queira empregar para designar a sociedade na qual vivemos, ou à qual aspiramos, seja objeto de uma disputa de sentidos, por trás da qual se confrontam diferentes projetos de sociedade.

No contexto da Cimeira Mundial da Sociedade da Informação (CMSI), há dois termos que ocuparam o cenário: sociedade da informação e sociedade do conhecimento com suas respectivas variantes. Mas, apesar de o âmbito ter imposto o uso do primeiro, desde o início houve falta de conformidade e nenhum termo conseguiu um consenso.

Sociedade da informação

Na década passada, “sociedade da informação” foi, sem dúvida, a expressão que se consagrou como o termo hegemônico, não porque expresse necessariamente uma clareza teórica, mas graças ao batismo que recebeu nas políticas oficiais dos países mais desenvolvidos e a glorificação que significou ter uma Cúpula Mundial dedicada à sua honra.

Os antecedentes do termo, contudo, datam de décadas anteriores. Em 1973, o sociólogo estadunidense Daniel Bell introduziu a noção da “sociedade de informação” em seu livro O advento da sociedade pós-industrial [1]. Neste livro, ele formula que o eixo principal desta sociedade será o conhecimento teórico e adverte que os serviços baseados no conhecimento terão de se converter na estrutura central da nova economia e de uma sociedade sustentada na informação, onde as ideologias serão supérfluas.

Esta expressão reaparece com força nos anos 90, no contexto do desenvolvimento da Internet e das TIC. A partir de 1995, foi incluída na agenda das reuniões do G7 (depois, G8, onde se reúnem os chefes de Estado ou governos das nações mais poderosas do planeta). Foi abordada em fóruns da Comunidade Europeia e da OCDE (os trinta países mais desenvolvidos do mundo) e foi adotada pelo governo dos Estados Unidos, assim como por várias agências das Nações Unidas e pelo Banco Mundial. Tudo isso com uma grande repercussão mediática. A partir de 1998, foi escolhida, primeiro na União Internacional de Telecomunicações e, depois, na ONU para nome da Cúpula Mundial programada para 2003 e 2005.

11

Page 12: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Neste contexto, o conceito de “sociedade da informação” como construção política e ideológica se desenvolveu das mãos da globalização neoliberal, cuja principal meta foi acelerar a instauração de um mercado mundial aberto e “autorregulado”. Política que contou com a estreita colaboração de organismos multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, para que os países fracos abandonem as regulamentações nacionais ou medidas protecionistas que “desencorajassem” o investimento; tudo isso com o conhecido resultado da escandalosa intensificação dos abismos entre ricos e pobres no mundo.

Na verdade, no final do século, quando a maioria dos países desenvolvidos já havia adotado políticas de desenvolvimento da infraestrutura das TIC, ocorre o espetacular auge do mercado de ações da indústria das comunicações. Entretanto, os mercados do Norte começam a se saturar. Assim, intensificam-se as pressões com relação aos países em desenvolvimento para que deixem a via livre ao investimento das empresas de telecomunicações e informática em busca de novos mercados para absorver seus excedentes de lucros. Neste contexto convocado pela CMSI; esse panorama se modifica, entretanto, uma vez que a bolha do mercado de ações estoura, a partir do ano 2000. No entanto, esta realidade e o papel-chave que as tecnologias da comunicação desempenharam na aceleração da globalização econômica, sua imagem pública, está mais associada aos aspectos mais “amigáveis” da globalização como a Internet, a telefonia celular e internacional, a TV via satélite, etc. Assim, a sociedade da informação assumiu a função de “embaixadora da boa vontade” da globalização, cujos “benefícios” poderiam estar ao alcance de todos, se pelo menos fosse possível diminuir o “abismo digital.” [2]

Sociedade do conhecimento

A noção de “sociedade do conhecimento” (knowledge society) surgiu no final da década de 90. É empregada, particularmente, nos meios acadêmicos como alternativa que alguns preferem à “sociedade da informação”.

A UNESCO, em particular, adotou o termo “sociedade do conhecimento” ou sua variante “sociedades do saber” dentro de suas políticas institucionais. Desenvolveu uma reflexão em torno do assunto que busca incorporar uma concepção mais integral, não ligada apenas à dimensão econômica. Por exemplo, Abdul Waheed Khan (subdiretor-geral da UNESCO para Comunicação e Informação), escreve [3]: “A Sociedade da Informação é a pedra angular das sociedades do conhecimento. O conceito de “sociedade da informação”, a meu ver, está relacionado à ideia da “inovação tecnológica”, enquanto o conceito de “sociedades do conhecimento” inclui uma dimensão de transformação social, cultural, econômica, política e institucional, assim como uma perspectiva mais pluralista e de desenvolvimento. O conceito de “sociedades do conhecimento” é preferível ao da “sociedade da informação” já que expressa melhor a complexidade e o dinamismo das mudanças que estão ocorrendo. [...] o conhecimento em questão não só é importante para o crescimento econômico, mas também para fortalecer e desenvolver todos os setores da sociedade”.

Um detalhe neste debate, que apenas diz respeito aos idiomas latinos, é a distinção entre “conhecimento” ou “saber” (em inglês, ambos são traduzidos como “knowledge society”). A noção de “saberes” implica certezas mais precisas ou práticas, enquanto que conhecimento abarca uma compreensão mais global ou analítica. André Gorz considera que os conhecimentos se referem aos “conteúdos formalizados, objetivados, que não podem, por definição, pertencer às pessoas... O saber está feito de experiências e práticas que se tornaram evidências intuitivas e costumes” [4]. Para Gorz, a “inteligência” abarca toda a gama de capacidades que permite combinar saberes com conhecimento. Sugere, então, que “knowledge society” seja traduzida por “sociedade da inteligência”. Em todo caso, geralmente, neste contexto, utiliza-se indistintamente sociedade do conhecimento e do saber, embora em espanhol, pelo menos, conhecimento pareça ser mais comum. [...]

Disponível em: http://vecam.org/article519.html Acesso em: 17 jun 2014. Adaptado.

12

Page 13: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Mídias sociais, convergência e consumo midiático, o hábito de consumir televisão conectado. Inteligência coletiva e cultura participativa... Como assim?! Se você já é um expert em tudo isso, certamente irá se identificar com este texto. Quem ainda não está ligado ou conectado nesses lances tecnológicos, quem sabe a hora é esta... Hora de ponderar as informações...

Reflexões sobre a Convergência Midiática e Mídias Sociais

Em Cultura da Convergência, Henry Jenkins fundamenta o cenário contemporâneo da comunicação a partir de três pilares: a inteligência coletiva, a cultura participativa e a convergência midiática.

a) Inteligência coletiva – aqui o autor se refere a uma nova forma de consumo, no qual discursos são construídos e reconstruídos colaborativamente. Segundo Pierre Lèvy, essa inteligência coletiva pode ser considerada como “globalmente distribuída, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real” e “conduz a uma mobilização efetiva das competências”. Basta observarmos como, cada vez mais, os usuários conectados, e sem ‘amarras’ para a produção e compartilhamento de conteúdos, remixam o que veem pela frente.

b) Cultura Participativa - Jenkins caracteriza a postura do novo consumidor midiático que, segundo ele, teria a “habilidade de transformar uma reação pessoal em uma interação social, cultura de espectador em cultura participativa”. Ou seja, o consumidor cada vez está mais distante da condição passiva (tábula rasa).

c) Convergência Midiática – por fim, Jenkins parte de uma perspectiva culturalista (e não apenas de um determinismo tecnológico) para mostrar como, principalmente com uso crescente da Internet, a informação hoje passa por diferentes canais midiáticos, complexificando a experiência do consumo e integrando diferentes meios nesse processo (TV, Rádio, Cinema, Games, Mídias Sociais etc.).

Exemplo: as fronteiras do consumo midiático são hibridizadas pela internet, permitindo que um usuário possa consumir diferentes mídias de forma integrada.

Neste cenário, as Mídias Sociais surgem como ambientes profícuos para a observação da convergência do consumo midiático, uma vez que a internet hibridiza as fronteiras entre os meios,

13

Page 14: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

permitindo que usuários compartilhem experiências, desejos, percepções sobre atividades diversas do seu cotidiano. Quantas vezes você já observou no Twitter, Facebook, Google+ etc. pessoas tecendo comentários sobre novelas da Globo, jogos de futebol, resenhas de livros, filmes do cinema, games e uma infinidade de manifestações acerca das suas experiências de consumo? Seja através de computadores, tablets, smartphones, Smart TV’s e outros dispositivos com acesso à internet, o consumo midiático deixa de ser algo hermético e limitado geograficamente, passando a ser potencializado por conversações e trocas de experiências em escala global.

Exemplo: a experiência de consumo ganha “vida” em outros espaços interacionais.

Hoje, a possibilidade de registro e resgate de informações compartilhadas publicamente nas mídias sociais abre precedentes para a observação e análise do fenômeno da convergência do consumo midiático. Logo, por meio da coleta e análise de diversos dados (ex.: menções, check-ins, compartilhamentos e outros tipos de atividades realizadas nessas mídias), é possível mergulhar na complexidade deste consumo integrado de mídias e destacar particularidades que emergem de variáveis sociais e técnicas presentes na relação entre: indivíduos + dispositivos tecnológicos + aplicações web.

Vale lembrar que a convergência midiática não traz apenas modificações na relação entre indivíduos e mídias, complexificando a experiência do consumo, mas, também, na própria produção midiática, uma vez que o acesso aos feedbacks do público permite que produtores/desenvolvedores agora levem ainda mais em consideração a opinião e as conversações em rede. Como exemplo, podemos citar casos como a  Viacon Media Networks, organização de entretenimento televisivo que inclui canais como Comedy Central, TV Land, Spike e Gametrailers. A Viacon possui hoje uma equipe focada em monitoramento de conversações que versam sobre seus canais, permitindo, através das mídias sociais, descobrir como seus espectadores estão se sentindo e/ou se engajando em torno das programações. Com essa prática, a Viacon consegue reunir informações estratégicas para o seu posicionamento, uma vez que tem acesso ao que realmente importa para seu público (através dos feedbacks, em alguns casos simultâneos às programações).

Partindo desse cenário, este post inicia uma série de reflexões que serão feitas neste Blog sobre a observação e Análise da Convergência do Consumo Midiático através de Interações em Mídias Sociais. Serão levantadas questões, perspectivas, metodologias, dados, pesquisadores, etc. que se debruçam no entendimento deste fenômeno e sobre suas implicações na comunicação e nas relações sociais contemporâneas.

Segue uma apresentação feita por Gabriel Ishida (Analista de Mídias Sociais da DP6 e pesquisador na Unicamp) sobre a chamada ‘Social TV’ – “experiência de assistir televisão

14

Page 15: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

juntamente com o compartilhamento nas mídias sociais”. Neste material, Ishida aponta como, a partir das conversações nas mídias sociais, o ritual de consumo televisivo e as interações sociais acerca destes conteúdos ganham novas configurações, permitindo, em alguns casos, o monitoramento da experiência do consumidor de forma simultânea às programações. Para isso, o autor cita exemplos e dados que demonstram como o hábito de consumir televisão conectado é cada vez mais frequente em diversos países.

Confira o material de Gabriel Ishida neste link: http://pt.slideshare.net/gabrielishida/social-tv-smwsp2012

Disponível em: http://marcelayres.com.br/blog/reflexoes-sobre-a-convergencia-midiatica-e-midias-sociais/ Acesso em: 17 jun 2014.“As sociedades sempre viveram em rede” e, no universo digital, essa rede se estende às esferas virtuais, tornando ainda mais dinâmico o fluxo e a troca rápida de informações, bem como a capacidade de gerar e processar conhecimento. Segundo consta no artigo a seguir, “a forma ativa como nos integramos faz com que nos aproximemos mais dos outros e, no fundo, também de nós mesmos”. A forma ATIVA como nos integramos, atitude completamente oposta ao comportamento passivo e alienado. Qual o nosso perfil nessa rede? Ativos? Passivos? Indiferentes? Interessados? Negligentes? Participativos? De um jeito ou de outro, já estamos na rede, fazemos parte da sociedade... De que modo atuamos nela, é nisso que precisamos pensar...

O que é uma Sociedade em Rede?

“Numa perspectiva histórica mais ampla, a sociedade em rede representa uma transformação qualitativa da experiência humana” (Manuel Castells)

Antes de responder a esta pergunta é preciso compreender o significado de dois conceitos: SOCIEDADE e REDE.

A SOCIEDADE é formada por todos os seres humanos que ocupam um determinado espaço num determinado tempo. O espaço pode ser um país ou região, por exemplo, e o tempo que, historicamente, pode ser bastante longo, mas que, sociologicamente ou estatisticamente, pode ser extremamente curto. Ainda há uma terceira dimensão a considerar aqui, a dos traços de união entre os elementos, que podem ser os mais variados: família, vizinhança, trabalho, povoação de origem, origem étnica, opções políticas, país, etc.

Já a REDE é um conjunto de nós interligados por relações aleatórias que permitem o fluxo de informação. Abstraindo essa definição para a nossa sociedade, pode-se considerar que a primeira rede da qual fazemos parte é a família. Nesta, os nós são os familiares e todos eles se comunicam, trocam experiências e se entreajudam para o bem comum. Outra rede que integramos é a escola. Aqui também há a comunicação e a troca de experiências que formam uma rede um pouco mais abrangente.

Partindo desse raciocínio, vamos ao longo da vida fazendo parte de várias redes, trabalho, grupo de amigos, associações e todas elas acabam por ficar interligadas através de um ou mais nós (pessoas) até chegarmos a uma rede maior que podemos considerar a sociedade.

Deste entendimento de rede apresentado na esfera da vida privada (família, escola, entre outros) denota-se certa limitação, seja por espaço, tempo ou traços de união. Algumas dessas limitações poderão ser, no entanto, ultrapassadas através das tecnologias de informação e comunicação.

15

Page 16: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

As sociedades sempre viveram em rede, ou em redes; lembremos que no passado as tribos indígenas partilhavam informação através dos tambores e de sinais de fumo, construindo a sua própria rede de comunicação. No entanto, segundo Castells (2006), o avanço tecnológico proporcionou um aumento exponencial do efeito de rede, modelando a sociedade atual, na qual se insere a sociedade da informação e do conhecimento.

As tecnologias modernas, por exemplo, permitem a formação de redes informais e comunidades de aprendizagem cuja afinidade é o encontro num ambiente virtual. Da mesma maneira, as afinidades existentes ou geradas podem proporcionar a formação de redes porque o encontro de interesses semelhantes (de qualquer tipo) induz a procura dos meios de comunicação (ou tecnologias) adequados.

Ao somar SOCIEDADE + REDE encontra-se uma construção moderna, apesar de sociedade e de rede terem antecedentes que reportem ao passado. Percebe-se que o conceito SOCIEDADE EM REDE não é uma mera soma das partes e, sim, o resultado do imbricamento das afinidades com as tecnologias, que permite e/ou mantém em comunicação, em tempo real, pessoas e grupos de pessoas independentemente da sua localização geográfica, tempo e traços de união. Tem a possibilidade de o seu âmbito ser tão global quanto o mundo inteiro como, por exemplo, os sistemas financeiros, ou tão local ou localizado quando se pretenda como, por exemplo, o grupo de pessoas que frequentaram uma dada escola.

Esta associação moderna de afinidades e tecnologia permite uma liberdade e/ou uma configuração variável que dependem apenas da vontade dos nós/pessoas na sua formação, extensão ou extinção. É, assim, uma propriedade da mais elevada importância para todos os aspetos da vida em comum nesta segunda década do séc. XXI.

A sociedade em rede é a sociedade da descoberta do outro ! Nunca como hoje, o desconhecido esteve ao nosso alcance. O medo nasce do desconhecido e a grande teia comunicacional que nos envolve deveria servir para aplacar as iras e os medos, fossemos nós tão desenvolvidos como a rede. O homem na sua imperfeição criou uma ferramenta extraordinária, ainda subaproveitada.

Na descoberta do outro, o indivíduo acaba por se encontrar consigo próprio. Como Castells (2005) refere, a identidade é por vezes a única fonte de significado e, nesse sentido, aquilo que nos identifica também nos aproxima. Num mundo em mudança pautada pelas desestruturações sociais, cada vez mais nos aproximamos daqueles que nutrem interesses comuns.

Integrados num determinado contexto social, fazemos inevitavelmente parte de um conjunto de redes, das quais não nos podemos desagregar. No entanto, e face ao crescimento diário das tecnologias que as desenvolvem e fortalecem, estão em nossas mãos a criação e a inclusão em novas redes e fontes de partilha. A forma ativa como nos integramos faz com que nos aproximemos mais dos outros e, no fundo, também de nós mesmos.

Estamos a viver uma fase que Castells (2005) designou como Revolução Informacional e Tecnológica, atribuída a uma evolução associada a grandes redes comunicacionais, que interfere em diversas esferas sociais e em diferentes domínios (científico, económico, político e cultural). Estas transformações estão a mudar o mundo em que hoje vivemos e a forma como comunicamos.

A forma como produzimos e divulgamos a informação caracteriza esta nova forma de estar no mundo transformando, qualitativamente, a experiência humana. E é neste paradigma que assenta a ideia de rede, correspondendo às naturais relações/interações, entre as pessoas, mas assente numa nova dimensão tecnológica incentivada pela Internet.

16

Page 17: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

A tecnologia atual, criada pelos homens para suprir necessidades da sociedade, desenvolveu novos meios de comunicação, rápidos, poderosos e eficazes – com a Internet em primeiro plano – permitindo que redes anteriormente restritas a determinados contextos possam hoje interligar-se quase sem constrangimentos. A Internet e em concreto a World Wide Web, por esta e por outras razões, é considerada a “rede das redes”, que permite a comunicação a uma escala global.

A própria Internet, como a sociedade, também evolui para a Web 2.0, suportando a crescente participação ativa dos seus utilizadores na partilha de informação, como referenciado por Tim O’Reilly: “Web 2.0 é a mudança para uma Internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva”.

Desde sempre a sociedade funcionou em rede, mas a explosão do uso da Internet fez com que as redes se estruturassem em torno de plataformas online. Para além do contato interpessoal passamos a ter como recurso de socialização o contato via web, em múltiplas áreas de interesse, em variados idiomas e em localizações geográficas até então inacessíveis.

Novas oportunidades surgem, quer em matéria de negócios, quer no que diz respeito à aprendizagem, contudo novos perigos estão à espreita. É mais que atual o ditado “diz-me com quem andas dir-te-ei quem és”, só que agora “anda-se” no ciberespaço.

A sociedade em rede é analisada por Lévy (1999), “cibercultura”, sendo este o espaço onde se trocam interações potenciadas pela realidade virtual e que surge a partir de uma cultura informatizada. As pessoas vivenciam uma nova relação espaço-tempo quando mergulham na virtualidade e Lévy utiliza a analogia da “rede” para explicar a formação de uma “inteligência coletiva”. Não é possível ignorar o impacto das tecnologias na vida humana nem na vida em sociedade; são novas linguagens, novos usos, novas percepções, novas identidades, novas simbologias que se emaranham numa rede que apanha na sua malha famílias, amizades, interações laborais, fenômenos econômicos, movimentações sociais…

Resta saber a serviço de quem se encontram as tecnologias? Que mudanças nos impõem e quem domina quem? Que valores se alteram numa sucessão de relações mediadas pelas máquinas?

Lévy aponta o computador como uma nova ferramenta de experiência e pensamento. Embora saibamos que o universo digital é composto por um sistema de código binário, é a partir da Internet, com as suas múltiplas potencialidades e ferramentas, que muitas das nossas experiências são vivenciadas. Podemos falar de uma cultura comunitária virtual formada por todas as pessoas que utilizam a rede e é nesse espaço cultural que os indivíduos experienciam potencialidades em que a escrita, a leitura, a música ou as imagens assumem novas configurações e é nesse espaço virtual que emerge um novo conceito de sociabilidade.

Vivemos numa era em que a comunicação superou barreiras e em que a Internet e a Sociedade em Rede têm permitido a troca rápida de informação, bem como capacidade de processar e gerar conhecimento.

De fato a sociedade gera e tem necessidade das tecnologias e as tecnologias existem porque as sociedades se servem delas tirando benefícios sociais, políticos, educacionais, entre outros. O desenvolvimento tecnológico invade o nosso quotidiano, aproximando espaços/tempos, alterando a nossa capacidade de comunicação, a forma como pensamos e como nos relacionamos com os outros.

Desde sempre existiu alguém que lança a primeira ideia, ou pelo menos lança as tendências, seja na arquitetura, na psicologia, na moda, nas ciências de um modo geral. A propagação do conhecimento (ou as tais ideias iniciais) sem a rede torna-se mais lento, ou ainda inexistente, é qualquer coisa como na proporção matemática 1:1 (um para um).

17

Page 18: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Com a Sociedade em Rede, que faz uso das tecnologias de comunicação, esse tipo de intercomunicação, propagação de conhecimentos já se torna 1:N (um para muitos) ou ainda N:N (muitos para muitos).

No mundo em rede, enfrentamos um grande desafio de reconstrução da nossa forma de ser e de estar no mundo; temos uma panóplia de possibilidades inesgotáveis. Sobre a nossa identidade atuam influências de novos códigos que se traduzem numa rede de interações de diversas naturezas, permitindo um fluxo que decorre numa velocidade nunca antes imaginada em termos de tempo-espaço tecnológico.

A sociedade em rede consubstancia-se no novo ambiente social e tecnológico – era digital, permitindo a comunicação a nível local e global e a expansão permanente das novas tecnologias trazendo um aumento significativo de interatividade de muitos para muitos.

Porém, não significa o mesmo que sociedade da informação e do conhecimento. Esta corresponde à sociedade com novas capacidades de (re)organização recorrendo às tecnologias da informação e da comunicação com atividades que têm por base as redes de comunicação digital. O desenvolvimento das tecnologias traz alterações profundas: globalização, aceleração e instantaneidade da circulação da informação, a realidade mediatizada pela tecnologia, dando origem ao homo digitalis.

Respondendo a pergunta feita inicialmente: O que é uma Sociedade em Rede?

Podemos dizer que:

A sociedade em rede, como a conhecemos atualmente, é o conjunto de seres humanos que partilham interesses comuns, ligados por pontos e ferramentas que facilitam a comunicação e a partilha de experiências entre si. Nesta partilha coletiva, cada indivíduo ruma ao descobrimento da sua identidade individual e coletiva.

Referências:

CASTELLS, M. A sociedade em rede. Tradução Roneide V. Majer. 8ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.CASTELLS, M., Cardoso, G., org. A sociedade em rede – do conhecimento á acção política. Lisboa: Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 2006.LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo, 1999. O’REILLY, T. What is Web 2.0? Design Patterns and Business Models for the Next Generation of Software. http://www.oreilly.com/pub/a/oreilly/tim/news/2005/09/30/what-is-web-20.html

Nota: Trabalho elaborado em conjunto pela turma MPeL na unidade curricular “Educação e Sociedade em Rede”.

Disponível em: http://mpel.ruipascoa.net/?p=267 Acesso em: 17 jun 2014. Adaptado e Grifos das organizadoras.“Preferem a TV, mas passam mais tempo na internet.” Não é por acaso que tem se tornado cada vez mais crescente a aquisição de Smart TV´s. A tentativa de unir a tecnologia agradável com a utilitária parece que está dando certo... A seguir, você também poderá conferir que o acesso à web depende da escolaridade e da renda, e quando se trata de informações mais confiáveis, “os jornais sobem e a internet cai”. Confira as estatísticas e outras curiosidades.

18

Page 19: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Brasileiro passa mais tempo na internet que na TV

Mas é a TV a mídia preferida, escolhida por 76,4% dos entrevistados, seguida da internet 13%

Internet está ganhando a briga com a TV - Reprodução

O brasileiro com acesso à internet passa mais tempo na web todos os dias do que em qualquer outro meio de comunicação. Em média, são 3h39 diárias. Apesar disso, a TV é o meio preferido da maior parcela da população, e os jornais impressos são os mais confiáveis como fonte de informação. Já blogs, redes sociais e notícias publicadas na web contam com a menor taxa de confiança da população. É o que revela uma pesquisa inédita feita pelo Ibope a pedido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Entre os entrevistados, 53% dizem confiar sempre ou muitas vezes no que leem nos jornais impressos. 50% confiam nas notícias que ouvem no rádio; 49% confiam nas notícias televisivas; 40% nas publicadas em revistas; 28% nas que saem nos sites; 24% nas divulgadas pelas redes sociais e 22% confiam nos blogs.

Segundo o estudo, o brasileiro fica em média 3h29 por dia assistindo televisão. E a TV é a mídia preferida da população, escolhida por 76,4%. O aparelho está presente em 97% dos lares brasileiros. A segunda colocada na preferência nacional é a internet, com 13%, seguida do rádio, 8%, ouvido em média durante 3h07 diárias; os jornais são o veículo preferido por 1,5% dos entrevistados. De acordo com a pesquisa, o tempo dedicado à leitura diária de jornal é de 1h05. Já para as revistas os entrevistados dizem dedicar 1h06 do dia, e 0,3% indicaram o meio como preferido.

As redes sociais são os sites mais acessados. Nos fins de semana, 71% clicam nelas. O Facebook é o site mais citado pelos entrevistados, seguido pelo globo.com e G1. Curiosamente, o Facebook também é o campeão de acessos entre os que querem se informar. 32% dos entrevistados recorrem às redes sociais para essa finalidade.

Entre os programas televisivos mais citados espontaneamente, o Jornal Nacional é o campeão, lembrado por 35% dos entrevistados. A novela Amor à Vida, que ocupava o horário das 21h na época da pesquisa, ficou em segundo lugar e o Jornal da Record, em terceiro. Nos fins de semana, programas de auditório são os preferidos. As rádios mais citadas foram a O Dia FM; Beat 98 FM e Band FM.

Os jornais mais lembrados são o Extra, em primeiro, o Super Notícia, o Meia Hora e O Globo. O Rio de Janeiro é o estado que mais lê jornais diariamente, com 16%. As revistas mais citadas são Veja, Caras, Época e Istoé.

19

Page 20: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Já os programas transmitidos por veículos públicos e estatais são pouco conhecidos ou não contam com a preferência da população. 74% não conhecem o programa semanal de rádio Café com a Presidente e 66% não ouvem a Voz do Brasil. Já a TV Brasil é conhecida por 37% dos entrevistados.

A televisão é assistida diariamente por 65% dos entrevistados. O rádio é o segundo meio de comunicação mais utilizado, ouvido por 61%, e a internet ocupa a terceira posição, com o acesso de 47% dos entrevistados. Na outra ponta, 75% disseram que não leem jornais impressos e apenas 6% têm o hábito de ler jornais diariamente. Revistas são a mídia menos presente na vida dos entrevistados: 85% dizem nunca ler e 1% apenas o fazem diariamente.

O levantamento foi realizado entre os dias 12 de outubro e 6 de novembro do ano passado com 18.312 entrevistados maiores de 16 anos em 848 cidades nos 26 estados e Distrito Federal. A publicação, cuja primeira edição é divulgada em ano eleitoral, será reeditada anualmente e servirá como referência para as ações de comunicação do governo.

Embora a maioria da população (53%) ainda não tenha acesso à rede mundial de computadores, ela tem grande adesão dos jovens: 77% dos entrevistados com menos de 25 anos têm contato com a rede, contra apenas 3% dos maiores de 65. Outro dado é que quanto maior a escolaridade e a renda do brasileiro, maior o acesso à web. Entre as famílias com renda superior a cinco salários mínimos, 78% têm internet em casa, enquanto que entre as com renda de até um salário mínimo somente 16% têm o serviço disponível em suas residências. Quem tem diploma universitário também tem grande probabilidade de contar com internet em casa: 84% têm. Já entre os que estudaram até a quarta série do ensino fundamental, só 20% têm. As regiões metropolitanas e de maior renda per capita também têm mais usuários de internet. O DF é o campeão, com 63% de internautas, seguido do estado de São Paulo (62%).

“Percebe-se uma estreita correlação entre renda e acesso à web”, constata a publicação, intitulada “Pesquisa Brasileira de Mídia 2014: Hábitos de Consumo de Mídia Pela População Brasileira”.

Ações do governo

Ao comentar a Pesquisa Brasileira de Mídia 2014 - Hábitos de Consumo de Mídia Pela População Brasileira, o ministro de Comunicação Social, Thomas Traumann, disse que embora o levantamento não traga nenhuma informação surpreendente, mostra que o retrato dos hábitos de informação dos brasileiros é complexo. Segundo ele, ao mesmo tempo que a internet é usada por um número muito maior de pessoas, ela conta com baixo grau de confiança dos usuários, enquanto que o jornal impresso conta com menos leitores, mas mantém sua credibilidade histórica.

— Quase metade dos brasileiros usa a internet como meio cotidiano de informação. Ao mesmo tempo, você tem outro dado em relação à confiabilidade, que é exatamente o oposto. Ou seja: quando você coloca qual é a informação mais confiável, os jornais sobem e a internet cai, o que mostra que toda a história e a credibilidade do meio impresso continua sendo um referencial para as pessoas. A internet é muito mais acessada, porém o grau de confiabilidade dela ainda é muito mais baixo comparado ao número de pessoas que a utilizam — ponderou Traumann.

O ministro afirmou que o estudo mostra que a internet é um espaço privilegiado onde as ações do governo devem estar e que o governo focará suas políticas nesse meio.

O chefe da Assessoria de Pesquisa de Opinião Pública e Planejamento da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Vladimir Gramacho, disse que a pesquisa custou R$ 2,4 milhões e que a decisão de realizá-la foi tomada em agosto de 2012 para suprir o governo de dados confiáveis para otimizar o processo de comunicação e prestação de contas à população.

20

Page 21: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Campanhas sobre saúde, trânsito e outras políticas levarão os resultados da pesquisa em consideração.

Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/brasileiro-passa-mais-tempo-na-internet-que-na-tv-diz-pesquisa-11810499 Acesso em: 16 jun 2014.

VÍDEOViciados em Tecnologia

A dependência cibernética já é tratada como dependência em drogas. Confira o depoimento de uma internauta que pediu demissão do trabalho, abandonou as crianças, se separou do marido, pesava 80 quilos e chegou a pesar 47. Tudo em virtude de seu vício pela internet.Confira! http://noticias.r7.com/videos/viciados-em-tecnologia-doenca-e-grave-e-precisa-de-tratamento/idmedia/52e905830cf2401273d29926.html

O risco da dependência cibernética é preocupante, mas não podemos nos esquecer das gigantescas possibilidades por trás do uso

consciente e inteligente da tecnologia, sobretudo para organizar manifestações sociais e políticas que falam e gritam em nome dos povos de vários países. Foi, por exemplo, o que ocorreu no Irã. Por ocasião da reeleição suspeita de Mahmoud Ahmadinejad, comícios foram proibidos, a comunicação foi cortada, a imprensa local camuflou o ocorrido, mas os iranianos fizeram uso do Twitter e do Youtube para expressar sua indignação e revelar ao mundo os fatos ocorridos. Confira!

Ciberativismo: ativismo nasce nas redes e mobiliza as ruas do mundo

Quando você busca apoiar uma causa social, o que faz? Provavelmente uma das primeiras coisas é acessar a internet: fazer uma doação, compartilhar campanhas e experiências, assinar uma petição ou confirmar presença em algum protesto. Esses são alguns dos exemplos de como a rede vem ampliando o ativismo social e político e criando novas formas de atuação e mobilização, compondo o que é chamado de ciberativismo.

O ciberativismo é um termo recente e consiste na utilização da internet por grupos politicamente motivados que buscam difundir informações e reivindicações sem qualquer elemento intermediário com o objetivo de buscar apoio, debater e trocar informação, organizar e mobilizar indivíduos para ações, dentro e fora da rede. Com essas possibilidades, todos podem ser protagonistas de uma causa.

21

Page 22: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Egípcios protestam usando máscaras que simbolizam os hackers dos Anonymous

A internet pode ser usada ainda como um canal de comunicação adicional ou para coordenar ações offline de forma mais eficiente. Além disso, permite a criação de organizações online, permitindo que grupos tenham sua base de atuação na rede; o que possibilita ações no próprio ambiente da rede, como ocupações virtuais e a invasão de sites por hackers.

O autor Sandor Vegh no livro "Classifying forms of online activism: the case of cyberprotests against the World Bank, de 2003" (o livro, sem tradução brasileira, é considerado uma referência sobre o tema), comenta que as estratégias de utilização da internet para o ciberativismo objetivam aprimorar a atuação de grupos, ampliando as técnicas tradicionais de apoio.

Vegh cita três categorias de atuação do ativismo online: 1) conscientização e promoção de uma causa (por exemplo, divulgar o outro lado de uma notícia que possa ter afetado a causa ou uma organização); 2) organização e mobilização (convocar manifestações, fortalecer ou construir um público); e 3) ação e reação.

Exemplos desse tipo de ativismo vão desde petições online, criação de sites denúncia sobre uma determinada causa, organização e mobilização de protestos e atos que aconteçam fora da rede, flashmobs, hackerativismo e o uso de games com uma função política e social.

Casos recentes

Embora as primeiras formas de ativismo online datem do início da década de 1990, movimentos recentes no Brasil e no mundo vêm mostrando o potencial dessa nova forma de reorganização.

No Irã, por exemplo, em 2009, o Twitter se mostrou um importante campo de batalha no ambiente virtual, após a reeleição suspeita de fraude do então presidente Mahmoud Ahmadinejad, que gerou protestos e confrontos com a polícia iraniana. Com comícios proibidos, a comunicação cortada, a imprensa local camuflando o ocorrido e jornalistas estrangeiros proibidos de ficarem no país, os iranianos utilizaram o Twitter e o YouTube para mostrar ao mundo o que realmente estava acontecendo. Os protestos da Primavera Árabe seguiram o mesmo caminho.

22

Page 23: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Um dos casos mais emblemáticos do século 21 talvez seja o do WikiLeaks, site criado pelo jornalista Julian Assange que divulgou informações sigilosas de vários países, principalmente sobre os Estados Unidos e a Guerra do Afeganistão.

O celular e as redes sociais também se mostraram uma poderosa "arma" nos protestos de junho de 2013 no Brasil. Apostando na dinâmica rede-rua, foi pelo Facebook que os organizadores do MPL (Movimento Passe Livre) conseguiram a adesão de centenas de milhares de pessoas, sendo que boa parte delas participou dos protestos nas ruas de diversas cidades brasileiras. Outro grupo que chamou atenção durante os protestos foi o Mídia Ninja, cuja atuação foi baseada nas transmissões ao vivo dos protestos pela internet, enquadrando-se na primeira forma de ciberativismo proposta por Vegh.

Hackers e games

Os hackers também ganharam um papel de destaque dentro do ciberativismo, no que é chamado de ativismo hacker -- ou hacktivismo, definido com uma prática de hacking, phreaking ou de criar tecnologias para alcançar um objetivo social ou político. Um dos principais grupos de hackers ativistas é o Anonymous, criado em 2003, e que ganhou vertentes por todo o mundo.

Os games também entraram na onda do ativismo. Uma iniciativa interessante nesse sentido é o site Molleindustria. Com o slogan “Games radicais contra a ditadura do entretenimento”, o objetivo do site é usar a estética dos games para promover a crítica social e política. Quem acessar o site irá encontrar jogos sobre pedofilia e padres, a guerra do petróleo, como gerir uma lanchonete do McDonalds e o mais interessante: o internauta será sempre colocado numa posição desconfortável, para vivenciar na pele – mesmo que virtualmente – as mais diversas situações.

Disponível em: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ciberativismo-o-ativismo-da-rede-para-as-ruas-o-ativismo-da-rede-para-as-ruas.htm Acesso em: 13 jun 2014.

Os dois textos a seguir trazem informações sobre as regras que agora compõem o universo da internet. Um dos objetivos da lei é impor a ordem, estabelecer limites, organizar a casa e, quem sabe, resgatar a ética. Fique por dentro das novidades amparadas pela lei. Após, confira algumas ocorrências que dizem respeito ao Google, como, por exemplo, o pedido de retirada de vídeos difamatórios. Injustiças causadas virtualmente ferem pessoas reais e, sem dúvida, trata-se, também, de uma questão ética...

A Internet agora tem lei

Depois de quase três anos tramitando no Congresso Nacional, o Marco Civil da Internet, uma espécie de “constituição” da rede que define direitos e deveres, tanto de usuários quanto de provedores, finalmente foi aprovado na Câmara dos Deputados. O texto, que sofreu uma série de pressões das empresas de telecomunicações para ser alterado, saiu muito próximo do que o governo pretendia, principalmente no que se refere ao que ficou conhecido como a neutralidade da rede. De acordo com a redação final do Marco Civil, as empresas agora não poderão decidir que tipo de serviço ou conteúdo irá circular com maior ou menor velocidade na rede (veja quadro abaixo).

23

Page 24: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

24

Page 25: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Apesar da aprovação na Câmara, o marco civil da internet ainda não está em vigor. Para que a lei passe a valer o texto precisa ser aprovado no Senado e, depois, ser sancionado pela presidenta da República, Dilma Rousseff. Após a queda de braço na Câmara – e a série de concessões que o Planalto fez para convencer o PMDB a aceitar a redação final, dificilmente haverá sobressaltos no Senado.

Apesar de o resultado em torno da nova lei não ter sido unânime, o Marco Civil da Internet preenche uma lacuna importante na legislação brasileira. Várias questões envolvendo a regulamentação do uso e da comercialização de acesso à internet não tinham regras claras. A expectativa é de que ao menos a maior parte da nova lei já esteja em vigor até o início do próximo semestre.

Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/354777_A+INTERNET+AGORA+TEM+LEI Acesso em: 26 mai 2014.

Confira seis perguntas e respostas sobre o futuro da internet no Brasil

Após a aprovação do Marco Civil da Internet pelo plenário da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (25), os internautas levantam dúvidas sobre os rumos da internet no Brasil. A partir de comentários e interações nas redes sociais, Portal EBC levantou as principais dúvidas para ajudar a esclarecer alguns pontos. Confira.

1) O que é o Marco Civil mesmo?

O projeto de lei 21626/11, conhecido popularmente como o Marco Civil da Internet, é uma espécie de "constituição" que vai reger o uso da rede no Brasil definindo direitos e deveres de usuários e provedores da web no país. No dia 25 de março de 2014, após quase três anos de tramitação na Câmara, o plenário da casa aprovou o texto final do projeto, que segue para análise e votação no Senado antes de ser sancionado pelo Executivo.

2) Onde encontro o texto aprovado no plenário da Câmara?

Você pode ter acesso ao texto completo no site http://www.ebc.com.br/tecnologia/2014/03/veja-o-texto-aprovado-na-camara-sobre-marco-civil-da-internet.

2) Quais direitos o Marco Civil vai me garantir?

Além de criar um ponto de referência sobre a web no Brasil, o Marco prevê a inviolabilidade e sigilo de suas comunicações. O projeto de lei regula o monitoramento, filtro, análise e fiscalização de conteúdo para garantir o direito à privacidade. Somente ordens judiciais para fins de investigação criminal podem ter acesso a esses conteúdos. Além disso, prevê a não suspensão de sua conexão, exceto em casos de não pagamento e a manutenção da qualidade contratada da sua conexão.

As empresas que descumprirem as regras poderão ser penalizadas com advertência, multa, suspensão e até proibição definitiva de suas atividades. E ainda existe a possibilidade de penalidades administrativas, cíveis e criminais.

25

Page 26: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

3) Como é essa história de guardar logs por 6 meses?

Antes de tudo, log é um termo em inglês utilizado na informática para identificar qualquer informação de acesso. Nele há dados como horário de criação de um arquivo, alteração etc., mas não o conteúdo em si. Segundo o Marco Civil, os provedores de conexão são proibidos de guardar os registros de acesso a aplicações de internet. Ou seja, o seu rastro digital em sites, blogs, fóruns e redes sociais não ficará armazenado pela empresa que te dá acesso à web.

Mas, pelo artigo 15 do PL, toda empresa constituída juridicamente no Brasil (classificada como provedora de aplicação) deverá manter o registro desse traço por seis meses. Elas também poderão usá-lo durante esse período nos casos em que usuário permitir previamente. Mesmo assim, são proibidos de guardar dados excessivos que não sejam necessários à finalidade do combinado com o usuário.

4) Então meus e-mails vão ser apagados após seis meses?

Não. Os provedores de aplicação terão que apagar os seus registros de acesso após seis meses, mas todos os serviços oferecidos como e-mails, fóruns de discussão etc. são mantidos na rede conforme termos de contrato estabelecido.

5) E o que é a neutralidade da rede?

O princípio da neutralidade foi estabelecido junto à concepção da web. Ele diz que a rede deve ser igual para todos, sem diferença quanto ao tipo de uso. Assim, ao comprar um plano de internet, você paga somente pela velocidade contratada e não pelo tipo de página que você vai ou poderá acessar. Em acordo com a oposição ao governo, o texto aprovado prevê que a neutralidade será regulamentada por meio de decreto após consulta à Agência Nacional de Telecomunicações e ao Conselho Gestor da Internet (CGI). Resumindo: você acessa o que quiser, independente do tipo de conteúdo. Paga, de acordo, com o volume e velocidade contratados.

6) O que são data centers e por que eles não precisam estar no do Brasil?

O relator do projeto retirou do texto a exigência de data centers no Brasil para armazenamento de dados. Um data center é uma central de computadores com grande capacidade de armazenamento e processamento de dados onde ficam, normalmente, os arquivos dos sites, e-mails e os logs de acesso. Com as denúncias de espionagem eletrônica feita pelos Estados Unidos, o governo brasileiro tinha proposto o armazenamento de dados somente em máquinas dentro do território brasileiro, mas essa obrigação saiu do texto aprovado.

Disponível em: http://www.ebc.com.br/tecnologia/2014/03/faq-marco-civil-tire-suas-duvidas-sobre-o-futuro-da-internet-no-brasil Acesso em: 13 jun 2014.

Google deve retirar vídeos ofensivos do YouTube

O Google possui viabilidade técnica de controle de vídeos no YouTube. Por isso, tem a obrigação de encontrar e retirar conteúdo ofensivo veiculado na ferramenta. Portanto, a vítima não é obrigada a informar os endereços eletrônicos (URLs) exatos que causaram ofensa. Esse foi o entendimento da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao determinar que a empresa retirasse em até 24 horas do YouTube os filmes adulterados da campanha publicitária da motocicleta Dafra, sob pena de multa de R$ 500 por dia de descumprimento.

26

Page 27: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Em seu voto, o ministro Luis Felipe Salomão, relator do caso, contestou a alegação do Google de não existir atualmente tecnologia capaz de possibilitar a adoção de filtros de bloqueio. “A alegada incapacidade técnica de varredura de conteúdos incontroversamente difamantes é algo de venire contra factum proprium, inoponível em favor do provedor de internet. Não se concebe, por exemplo, que a ausência de ferramentas técnicas à solução de problemas em um produto novo no mercado isentaria a fabricante de providenciar solução do defeito”, registrou Salomão.

De acordo com o ministro, “se a [empresa] Google criou um ‘monstro indomável’, é apenas a ela que devem ser imputadas eventuais consequências desastrosas geradas pela ausência de controle dos usuários de seus sites”. Para o ministro, não é crível que uma empresa do porte da Google não possua capacidade técnica para identificar as páginas que contenham, de forma clara e objetiva, o conteúdo indicado pelos autores como ilícitos.

O Google informou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal. Sobre a decisão, a empresa afirma que, além de ser de impossível cumprimento, não reflete a jurisprudência dominante no próprio STJ. "O Google reafirma que não dispõe de filtros para monitorar de maneira prévia o conteúdo colocado no YouTube e consegue remover apenas vídeos cujos endereços (URLs) tenham sido especificados", diz.

Involução humana

Salomão apontou que a internet tem sido utilizada de forma rotineira para apedrejamentos virtuais, por isso é exatamente importante saber qual é o limite de responsabilidade dos provedores da internet.

“Os verdadeiros ‘apedrejamentos virtuais’ são tanto mais eficazes quanto o são confortáveis para quem os pratica: o agressor pode recolher-se nos recônditos ambientes de sua vida privada, ao mesmo tempo em que sua culpa é diluída no anonimato da massa de agressores que replicam, frenética e instantaneamente, o mesmo comportamento hostil, primitivo e covarde de seu idealizador, circunstância a revelar que o progresso técnico-científico não traz consigo, necessariamente, uma evolução ética e transformadora das consciências individuais”, explicou o ministro.

Certamente, afirma o relator em seu voto, os rituais de justiça sumária e de linchamentos morais praticados por intermédio da internet são as barbáries típicas do nosso tempo. “Nessa linha, não parece adequado que o Judiciário adote essa involução humana, ética e social como um módico e inevitável preço a ser pago pela evolução puramente tecnológica, figurando nesse cenário como mero expectador”, conclui.

De acordo com o ministro, o provedor de internet — administrador de redes sociais —, ainda em sede de liminar, deve retirar informações difamantes a terceiros manifestadas por seus usuários, independentemente da indicação precisa, pelo ofendido, das páginas em que foram veiculadas as ofensas (URLs). 

Reconhecendo a importância do conhecimento jurídico para soluções relacionadas ao tema, o ministro Luis Felipe Salomão destacou que fatores tecnológicos e saberes conexos devem ser considerados. Em seu voto, sugeriu que fosse feita uma audiência pública com a participação de entidades da sociedade civil para um maior embasamento teórico em questões similares.

“Parece extremamente útil a convocação, em tempo oportuno e se assim considerar adequado a Turma julgadora, de audiência pública para melhor exame dessas celeumas que, exponencialmente, vêm crescendo no âmbito judicial”, afirmou, antes de citar audiências bem sucedidas feitas pelo Supremo Tribunal Federal. 

27

Page 28: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Vídeo difamatório

No caso analisado, a Dafra ingressou com ação após uma campanha publicitária de suas motos ser adulterada e veiculada no YouTube. Na adulteração da peça audiovisual, o som original foi sobreposto. A nova narração, que contava com uma voz bastante semelhante a do ator contratado, denegria a marca com termos chulos e palavras de baixo calão.

Após notificação extrajudicial, o Google do Brasil retirou o vídeo do ar. Na tela de exibição apareciam os dizeres: “este vídeo não está mais disponível devido à reivindicação de direitos autorais por Dafra”. Ainda assim, a ação não foi suficiente para impedir novas publicações do mesmo vídeo. 

A fabricante de motos e a agência de publicidade entraram então na Justiça. Em suas alegações, afirmavam que o Google não adotou as medidas necessárias para evitar novas exibições de vídeos com o mesmo conteúdo no site, independentemente do título dado. Alegavam também que a empresa não adotou mecanismos efetivos de bloqueio em relação à ferramenta de buscas. 

No pedido, requeriam que o Google deixasse de exibir imediatamente o filme pirata, tanto com o título dado à falsa campanha, quanto com outro título qualquer que direcionasse para a marca e nome empresarial Dafra, a menos que se tratasse de conteúdo previamente autorizado. Acessoriamente, solicitaram a inclusão de texto de advertência personalizado, o fornecimento dos dados de identificação de todos os usuários que disponibilizaram o vídeo e imposição de multa diária, além de indenização por danos morais. 

Impossibilidade técnica

Na primeira instância, o juiz determinou a retirada imediata do vídeo do ar e determinou a multa diária no valor de um salário mínimo. Houve recurso do Google, alegando que a obrigação técnica imposta era juridicamente impossível de ser cumprida. Segundo a empresa, não existe atualmente tecnologia que possibilite a adoção de filtros de bloqueio capazes de identificar a disponibilização de material fraudulento. O Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu a impossibilidade técnica de controle prévio, mas manteve a determinação da retirada do conteúdo. 

O acórdão paulista determinou a retirada do filme pirata citado na inicial e de qualquer outro título que faça referência ao termo Dafra. Entendeu também que seria razoável que, uma vez cientificada de outros vídeos similares, o Google retirasse o material do ar em 24 horas. O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos vídeos com a simples indicação do endereço eletrônico, ou URL, sem que haja uma determinação judicial. O prazo de 24 horas para a retirada dos vídeos também foi contestado. 

Ao analisar o recurso, Salomão explicou que, ao reconhecer “certa impossibilidade de controle prévio”, o acórdão não trata de vídeos futuros envolvendo o mesmo título mencionado ou com nome diverso do citado na inicial. Deste modo, a obrigação do Google alcançaria somente os vídeos com o título “Dafra — Você por cima”, acrescido de locução imprópria, tendo sido suas URLs indicadas pelas autoras ou não.

Em seu voto, Salomão afastou a alegação de censura prévia feita pela empresa de serviços online e reafirmou a possibilidade do fornecimento da identificação eletrônica de quem disseminou o vídeo. Essa tese já está, segundo a decisão, pacificada no STJ.

Quanto ao prazo de 24 horas, o ministro afirmou que “considerada a velocidade com que a informação circula na internet, é o bastante para potencializar o dano gerado, não se mostrando prudente dilatá-lo ainda mais”. A multa por descumprimento foi reduzida para o valor de R$ 500 por dia.

28

Page 29: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Divergência

A ministra Isabel Gallotti acompanhou a maior parte do entendimento do ministro relator, porém esclareceu que, para ela, seria fundamental que as páginas a serem suprimidas no resultado das buscas e do banco de dados tenham a URL indicada. Segundo a ministra, “não há que se falar em subjetividade na exclusão de URLs indicadas, pois estamos tratando de um vídeo específico, mesmo que tenha sido postado no YouTube com indexação e nomes distintos”.

Para a ministra, dado o modo de operação da retirada do vídeo do ar, o prazo de 24 horas deveria ser dilatado para 72 horas. O ministro Raul Araújo acompanhou esse entendimento. Porém, os ministros Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi seguiram o voto do relator e o prazo de 24 horas foi mantido.

Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-mar-20/google-retirar-videos-ofensivos-youtube-mesmo-indicacao-urls Acesso em: 2 jun 2014.

Você conhece o sistema de tradução por voz? Confira abaixo uma novidade... Talvez já ultrapassada... Afinal, a tecnologia corre até mais rápido do que somos capazes de acompanhar...

Microsoft desenvolve sistema de tradução por voz

O Skype se popularizou como uma ferramenta de chat de vídeo em tempo real. Mas para quem queria conversar com pessoas de outros países, as barreiras de idiomas ainda existiam. Agora a Microsoft quer trabalhar exatamente esta questão e fez uma demonstração de um recurso que pode ser lançado no Skype, no futuro. Ele vai permitir a tradução das falas dos participantes da conversa ao vivo.

Batizado de Skype Translator, a função é baseada em uma tecnologia da Microsoft Research e deve ser apresentada em detalhes durante a Code Conference 2014. No vídeo de teste, Gurdeep Pall, vice-presidente da divisão Skype, conseguiu conversar ao vivo com uma funcionária alemã da microsoft. Ambos só falaram em seus idiomas nativos.

A ferramenta fez todo o trabalho de tradução simultânea de inglês para alemão e vice-versa. Veja o resultado:

Pall não deu detalhes sobre como a tecnologia funciona, mas explicou que o processo de tradução é feito em três etapas: primeiro a fala de cada pessoa é capturada, depois é convertida em texto (a conversão aparece na forma de legenda); na segunda parte, a parte escrita é traduzida; e na terceira, um sintetizador de voz torna a tradução audível para os participantes do chat.

Informações sobre os idiomas que serão suportados pelo Skype Translator não foram reveladas. Mas a empresa deve disponibilizar a primeira versão do tradutor como um aplicativo beta para Windows 8.1 até o final de 2014.

Até lá é preciso aprimorar a solução, que não funciona perfeitamente ainda. A Microsoft tem planos de aprofundar os estudos em tradução fazendo com que o software seja capaz de pronunciar palavras com as mesmas pausas naturais de uma conversa, para “humanizar” um pouco mais o clima robótico dos sintetizadores.

Disponível em: http://revistaw.com.br/blog/traducao-ao-vivo-no-skype/ Acesso em: 2 jun 2014. Adaptado.

29

Page 30: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Dominar as ferramentas tecnológicas contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico. Nesse sentido, o contato com essas ferramentas desde a infância traz benefícios ao aprendizado das crianças. É o que diz a entrevista e, até aqui, tudo perfeito! Todavia, não podemos ficar presos nas linhas do texto... A partir das suas concepções e do que já leu acerca das implicações tecnológicas sobre a vida das pessoas, analise os prós e os contras dessa relação precoce. O que também é preciso ensinar às crianças para que não se tornem reféns dessas ferramentas? Ensiná-las a usar o ctrl+c, em seguida o ctrl+v e, assim, tornarem-se repetidoras de informações? Ou ensiná-las a pensar, a selecionar e filtrar informações criticamente, a recriar e a criar o novo a partir do velho?

EntrevistaComo e por que é preciso ensinar crianças a programar

André Bechara já tinha passado por inúmeras empresas de tecnologia como especialista em Ciências da Computação. Decidiu sair do Brasil para montar a própria desenvolvedora de softwares que acabou diretamente pela crise financeira de 2008. Diante das limitações de negócios na época, ele resolveu procurar alternativas e, quem sabe, empreender de novo. “Encontrei esse nicho de educação, para ajudar pessoas a programar”, relembra. Assim nasceu a Startup Cursos, uma escola de treinamento que ensina crianças a programar e desenvolver jogos. Ele contou à Revista W mais detalhes sobre a sua trajetória neste inusitado projeto:

Revista W: Como surgiu essa ideia?

André Bechara: Estudei computação e trabalhei muitos anos com desenvolvimento de software. Saí do país para montar uma fábrica de softwares, mas depois da crise econômica de 2008 o mercado ficou muito ruim. Por isso busquei outras alternativas e encontrei esse nicho de educação, para ensinar as pessoas a programar para computadores. Eu já dava treinamento para estagiários nas empresas em que trabalhei. O pessoal chegava meio cru da faculdade, não tinha base entre o que via lá e o que acontecia no mercado de trabalho. Então, comecei com foco nos adultos, com cursos de desenvolvimento de aplicativos e só depois abri um curso voltado para jogos. Percebi que havia muita gente nova, que nunca tinha programado games e tinha muito interesse. Questionei se não havia uma forma de ensinar crianças a programar jogos ao menos. Fiz uma pesquisa com o que já tinha no mundo em metodologias e criei um programa baseado no que encontrei.

W: Como funciona o método de ensino?

AB: Ele é baseado em desafios crescentes. Passamos do programa mais básico para o mais complicado. Sempre é um problema prático. Ao contrário do que vemos nas faculdades, ensinamos a teoria e deixamos que o aluno pratique. Acredito que só se aprende programação na prática. Tudo faz parte de uma necessidade em resolver um problema, buscando soluções. Por isso, para crianças, partimos do jogo mais simples, apresentamos a ferramenta de programação e aí o aluno tenta sozinho resolver a questão. E mostramos toda a teoria por trás.

W: Você acredita que essa geração tem mais facilidade para aprender códigos?

AB: Sim, Estou impressionado com essa nova geração. Para se ter uma ideia, se eles têm alguma dúvida vão sozinhos para o YouTube e buscam como fazer nos vídeos. Às vezes, pergunto para algum aluno: “Como você resolveu isso sozinho?” e ele responde que achou a solução na internet. São crianças que já tem o hábito de buscar para aprender alguma coisa. Elas usam muito bem as ferramentas de pesquisa e aprendem rápido.

30

Page 31: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

W: Quais são as vantagens em aprender código desde cedo?

AB: São várias. A principal é desenvolver o raciocínio lógico. Para programar é preciso dividir um problema em pedaços menores. Afinal, o computador é “burro” e é preciso que você quebre tudo como se fosse uma receita de bolo. Esse processo de desmembrar um problema é que vai ajudar o aluno em todas as carreiras ligadas a exatas, como matemática, engenharia, física, por exemplo. Além do raciocínio lógico, também há também a parte criativa. Elas criam histórias, personagens, como será a pontuação do jogo, então são trabalhados os dois lados.

W: Qual é a idade média dos alunos?

AB: São blocos de 8 a 12 anos, para o infantil, de 12 a 16 no juvenil e a partir de 16 para adultos.

W: Atualmente o mercado sofre para encontrar profissionais qualificados. Você acredita que iniciativas como essa podem resolver isso no futuro?

AB: Trabalhei muito tempo com engenharia de software e realmente existe uma falta de capacitação. Como a área de tecnologia muda rápido, tudo o que uma pessoa autodidata sabe acaba se tornando rapidamente obsoleto. Mas para formar os conhecimentos básicos de programação é preciso aprender a formar algoritmos, resolver problemas e trabalhar com raciocínio lógico. As tecnologias podem até mudar, mas os fundamentos necessários para programar são os mesmos, não mudam de uma linguagem para a outra.

Publicado originalmente na edição 160 da Revista W. Toda e qualquer reprodução deve citar a fonte. 

Disponível em: http://revistaw.com.br/entrevistas/criancas-programadoras/ Acesso em: 13 jun 2014.

É mais fácil, cômodo e rápido deixar-se levar na direção da onda do que remar contra a maré. O texto abaixo trata sobre as mudanças no comportamento dos consumidores frente às novidades e facilidades propiciadas pela tecnologia. Em seguida, veja também o comportamento de usuários nas redes sociais. Quando estão conectados às redes eles buscam atividades que exigem menos esforço. Para variar, é a lei do menor esforço em evidência...

Como o consumidor mudou o seu comportamento

Fátima Bana*

Estive em alguns eventos e eles sempre nos acrescentam muito, por isso decidi compartilhar aqui com vocês alguns pontos que com certeza vamos ver no nosso mundo e-commerce em breve. Que o smartphone vem transformando a nossa vida, isso já é realidade, hoje temos a internet nas grandes cidades, que virou tão importante quanto a energia elétrica (quem nunca se perguntou como as pessoas trabalhavam antes da invenção da internet?), mas nos últimos tempos grandes players estão fazendo história usando o mobile.

Veja uma grande marca de artigos esportivos, na Finlândia, quem vai à loja não precisa se preocupar com o horário e não estou falando de loja online, na loja física eles possuem uma vitrine eletrônica que exibe fotos em imagens 3D e permite que o cliente compre, tirando uma foto pelo celular (lógico que usando seu aplicativo mobile e-commerce).

[...] O consumidor consome mais tendo mais informações, esse é um caso claro. E ao analisarmos o comportamento daqueles que usam aplicativos das redes, verificamos que os consumidores

31

Page 32: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

“heavy users” acabam tendo um ticket médio de 40% mais que os outros que estão menos informados.

A Deloitte Americana apresentou um estudo que mostra claramente que o consumidor munido de um smartphone sente-se mais seguro ao finalizar a compra em qualquer ambiente, seja ele online ou off-line.

Aí vem a pergunta: o que nós do e-commerce podemos fazer para criar essa experiência multicanal? A ideia que me surge está muito ligada aos aplicativos mobile, pois se o meu concorrente está no shopping, eu quero saber quando o meu consumidor está chegando perto dele (um aplicativo mobile bem dirigido com sua área de tecnologia pode te responder isso antes mesmo de você perguntar) e impactá-lo com uma promoção ou um aviso dos seus pontos de fidelidade, bem antes dele chegar na porta do meu concorrente e namorar a vitrine dele.

Já sabemos que nos EUA (segundo a Forrester) 40% das vendas que ocorrem no mundo físico são influenciadas pelo canal digital, esse número cresce a passos largos e em dois anos chegará a 60%.

E o mais interessante é que podemos pegar carona inclusive na Televisão, por pesquisas internas descobrimos que 35% das pessoas que estão na frente da telinha estão com algum dispositivo em mãos e quando assistem a uma propaganda, rapidamente pesquisam o produto na internet – BINGO! Usar a relação de palavras-chave para trazer o que iria para o concorrente para sua página pode ser inteligente e infinitamente mais barato que uma propaganda em horário nobre, basta ter um marketing bem preparado para estratégias de concorrência e guerrilha.

Sempre considerei o avanço da internet como uma revolução na forma de consumir, assim como foi com a chegada dos carros, da eletricidade e de tudo que mudou nossa forma de interagir, isso está cada vez mais óbvio nas grandes cidades e vem crescendo nas menores, levando o acesso aos produtos a cada canto do país.

* Fátima Bana – Mestre em comportamento digital do consumidor pela UCLA/USA. Certificada EFMD (European Foundation for Management Development) com o selo CEL. Mais de 10 anos de experiência em estratégia e inteligência de marketing digital e offline no varejo. Pós-graduada em comunicação com o mercado pela ESPM. Possui diversos cursos de especialização e MBAs, entre eles: neuromarketing, varejo, e-commerce marketing, branding e pricing, ballanced scorecard, omni-channel, entre outros, sempre realizados nas melhores instituições de ensino do país e do exterior (ESPM, UCLA, Harvard, FGV, etc.).

Disponível em: http://revistaw.com.br/opiniao/o-cliente-multi-tela/ Acesso em: 13 jun 2014. Adaptado.

O comportamento nas redes sociais

Engajamento, curtidas, compartilhamentos… Saiba o que o usuário quer e como uma marca deve analisar o seu público nas plataformas sociais

Não é novidade que a importância do marketing digital cresce a cada ano, tanto para as pessoas como para as empresas que o utilizam para se aproximar dos seus clientes. As redes sociais são um dos canais mais procurados e são utilizadas para criar relacionamento mais próximo com o público. Sua utilização tem como foco o engajamento dos usuários online, que mede o quanto uma pessoa está envolvida com alguma coisa, nesse caso, com a marca em questão.

Um estudo desenvolvido em conjunto por Arnaldo Silva Junior, Jorge Correia-Neto e eu, foram identificados aspectos que influenciam as interações dos usuários no Facebook. Essa é atualmente a rede social mais utilizada pelos brasileiros – segundo o Socialbakers, o Brasil é o país que possui o segundo maior número de usuários do Facebook no mundo, sendo que aproximadamente 28% de brasileiros (56 milhões) utilizam essa plataforma.

32

Page 33: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Mas não é apenas o aumento no número de usuários que deve ser estudado. É preciso também conhecer e compreender o perfil dessas pessoas que utilizam as redes sociais, para que as empresas saibam a melhor forma de investir em seu marketing. Para que isso seja bem feito e traga bons resultados, é fundamental que seja feito um planejamento de comunicação, que deve se basear no comportamento do seu público alvo, qualquer que seja o segmento de atuação da empresa.

Para compreender esse processo, fizemos um estudo com as 05 maiores páginas de instituições de ensino superior no Facebook. Analisamos todas as postagens dessas páginas durante determinado período para identificar a variação do engajamento do público de acordo com o tipo de conteúdo.

É preciso ter em mente que a equipe responsável pelas publicações deve estar sempre atenta a esses aspectos e criar postagens seguindo as características que mais influenciam seu público. Desse modo, haverá um maior engajamento e, consequentemente, retorno do investimento em mídia social para a marca – algo que é muito cobrado pelas empresas.

Outra constatação da pesquisa foi que, em geral, as taxas de curtidas nas páginas estudadas são superiores às de compartilhamento que, por sua vez, superam as de comentários. E o que isso indica? Que os usuários buscam atividades que exijam menos esforço de sua parte quando utilizam as redes sociais. Curtir exige menos “trabalho” (cliques) do que compartilhar, que é mais simples do que comentar. Desse modo, para obter um comentário ou compartilhamento (que aumenta o alcance da marca mais do que um simples curtir), as empresas precisam ser mais criativas em seu conteúdo, estimulando os usuários.

O resultado da pesquisa foi publicado em um artigo apresentado no Simpósio Brasileiro de Tecnologia da Informação e foi publicado na Revista Brasileira de Administração Científica.

Disponível em: http://revistaw.com.br/opiniao/o-comportamento-nas-redes-sociais/ Acesso em: 13 jun 2014.

Exoesqueleto Nicolelis. A mídia mostrou e anunciou aos brasileiros que essa invenção impressionante apareceria em público na Copa do Mundo 2014, abrilhantando ainda mais o evento tão aguardado. Infelizmente, o espetáculo não durou mais que três segundos. Todos que esperavam ansiosos por essa apresentação ficaram decepcionados. Nicolelis não comentou as críticas decorrentes desse episódio, pois, segundo ele, o que vale mesmo é que a invenção deu certo! Entretanto, transformar vários anos de pesquisa em meros três segundos é talvez ainda mais impressionante que a própria invenção...

33

Page 34: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Paraplégico chuta bola com exoesqueleto de Nicolelis, mas quase ninguém viu

O brasileiro paraplégico Juliano Pinto, de 29 anos, chutou a Brazuca na abertura da Copa do Mundo de 2014, em São Paulo, nesta quinta-feira (12). Mas quase ninguém viu. A transmissão ao vivo estava na festa e, de repente, mostrou o chute, com a bola já em movimento, e o homem em pé com braço erguido. Um segundo, e a câmera voltou para a festa.

O momento esperado da ciência demonstra o exoesqueleto - uma estrutura metálica que dá sustentação ao corpo e reage a comandos do cérebro, como andar e chutar - criado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. O estudo iniciado em 2001 tem sua primeira exibição pública.

Ainda serão publicados os estudos científicos que embasam e explicam a tecnologia usada para fazer com que uma pessoa que não consegue movimentar os membros por uma ruptura na medula possa, com impulsos do cérebro, comandar uma estrutura robótica.

Na internet, muitas pessoas reclamaram da pouca exibição, que não mostrou o paciente levantar da cadeira de rodas, andar e chutar a bola, como havia sido intensamente prometido. A TV Globo tentou, depois, se redimir ao reprisar e narrar o chute, mas como não havia mais imagens gravadas, não conseguiu mostrar o paciente andando e chutando a bola. No pouco mais de 1 segundo, só é possível ver um pequeno movimento e a bola já em movimento.

Nicolelis não comentou as críticas à má exibição de sua pesquisa e apenas comemorou na rede social: "Nós conseguimos", disse em inglês. Em entrevista ao Jornal Nacional, o pesquisador afirmou que a Fifa disponibilizou apenas 15 segundos para seus anos de pesquisa e que a TV não registrou.

Em comunicado, ele disse: "Foi um grande trabalho de equipe e destaco, especialmente, os oito pacientes, que se dedicaram intensamente para este dia. Coube a Juliano usar o exoesqueleto, mas o chute foi de todos. Foi um grande gol dessas pessoas e da nossa ciência".

Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2014/06/12/paraplegico-anda-com-exoesqueleto-de-nicolelis-e-da-chute-na-copa.htm Acesso em: 13 jun 2014.

34

Page 35: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Por um lado, invenções nobres que favorecem o homem. Por outro, a tragédia cujas raízes são a ignorância e a atitude impulsiva, descontrolada e selvagem do homem que se deixa manipular e enganar por informações e imagens divulgadas na internet. Muito difícil encontrar palavras para descrever o que aconteceu com Fabiane. Indescritível, impensável, inaceitável. A sociedade está mesmo doente. As pessoas não pensam antes de agir. Parecem movidas muito mais por um instinto animal, desprovidas da virtude racional. Assemelham-se aos animais... Na verdade, isso ainda lhes serve de elogio...

Selvageria, medo e ignorância

"É ela, é ela, é ela!”, gritavam moradores de Morrinhos, um dos bairros mais pobres de Guarujá, litoral paulista, no sábado, dia 3. Um círculo de pessoas formou-se ao redor da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos. A primeira delas desferiu um golpe de madeira em sua cabeça. Derrubou-a com a Bíblia que tinha nas mãos. Mais de 100 pessoas se aproximaram. Várias atiraram pedras, muitas desferiram socos e pontapés, outras arrastaram Fabiane como uma boneca de trapos pelo chão, em meio a vielas e casas de palafita. Desacordada, ela foi atirada por cima de uma ponte, seu corpo já inerte. Um morador desferiu, com um pedaço de madeira, um golpe em sua cabeça. Outro jovem aproximou-se e passou com a roda da bicicleta sobre ela. “Moça, se você não fizer nada, você vai morrer na mão desse povo!”, chegou a dizer uma moradora. Fabiane morreu dois dias depois. Chegou a ser levada viva ao hospital, mas não resistiu ao bárbaro ataque de uma multidão que acreditava estar diante de uma sequestradora de crianças. Em Morrinhos, o boato de uma onda de sequestros fora alimentado por uma página na rede social Facebook. Nenhuma criança desaparecera na região, e Fabiane não era culpada de crime algum. Foi brutalmente assassinada coletivamente, devido a uma fantasia que ganhou vida em computadores e celulares da comunidade onde morava.

A selvageria que matou uma dona de casa inocente foi filmada pelas câmeras de diversos telefones celulares, de agressores e testemunhas. Em algum momento, num dos vídeos, Fabiane ainda estava consciente. Balbuciava: “Não fui eu”. Houve quem tentasse acorrer em sua defesa, porém foi barrado e ameaçado de agressão. Alguns curiosos dirigiram-se ao local de táxi para assistir à barbárie, avisados por meio de redes sociais. “Pegaram ela”, dizia uma das mensagens. O que era boato se transformara em espetáculo de tortura, presenciado por cidadãos que tinham ouvido falar sobre uma mulher que sequestrava crianças para fazer magia negra. “Os boatos veiculados pelas redes sociais não são verdadeiros”, disse Luiz Ricardo Lara, delegado do 1º Departamento de Polícia de Guarujá, responsável pelas investigações do assassinato de Fabiane.

A coisa mais próxima do que dizia o boato acontecera muito longe dali, no Rio de Janeiro. Em 2012. Um caso real de sequestro no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio, gerou um retrato falado, divulgado na internet. Rapidamente, usuários reproduziram as imagens, que chegaram a Guarujá. Segundo a história, que já virara lenda, na cidade paulista a sequestradora passara a praticar magia negra. Um de seus principais promotores foi a página Guarujá Alerta, hospedada no Facebook. Criada em novembro de 2012, ela tem mais de 57 mil seguidores. Apresenta-se como uma “página de fatos, acontecimentos, notícias, reclamações e sugestões do morador e turista de Guarujá”. Na prática, serve como plataforma de divulgação e avisos sobre crimes na cidade. No dia 25 de abril, o Guarujá Alerta divulgou a história dos sequestros. Um texto falava sobre uma mulher que roubava crianças da região para fazer bruxaria. Usuários publicaram retrato falado com uma suspeita negra e jovem. Num ambiente fértil para a desinformação, surgiu na página do Guarujá Alerta uma foto real, colorida, relacionada à suspeita – e apagada da página depois do

35

Page 36: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

linchamento de Fabiane. A foto mostrava uma loira que, descobriu-se depois, também não tinha ligação com sequestro algum. Fabiane tinha poucas semelhanças com qualquer uma das imagens. Era mais magra e mais velha que a mulher do desenho feito no Rio, mas um dia antes de ser morta clareara o cabelo. A partir da confusão na página do Facebook, moradores de Morrinhos colocaram na cabeça a ideia de uma loira criminosa que nunca existiu.

A internet e algumas redes sociais vêm sendo usadas no Brasil como canal de ações de moradores contra o avanço da criminalidade. Convencidos de que precisam ajudar a polícia, ou mesmo céticos sobre a capacidade das forças policiais, moradores organizam-se em ambientes digitais. Sem capacidade profissional para distinguir fato de ficção, muitos sites apenas alimentam o medo e o desejo de vingança do público que os consome.

Diego Scarpa, advogado do dono do Guarujá Alerta, diz que tem colaborado com as investigações sobre o assassinato de Fabiane. Afirma já ter enviado à polícia material com as postagens sobre os rumores de sequestros. Admite que parte das publicações foi apagada do site – Scarpa afirma não saber o motivo. O responsável pela página depôs no dia 6, sem ser identificado pela polícia. Ele conversou por telefone com ÉPOCA, mas não informou seu nome ou qualquer outro dado

36

Page 37: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

pessoal. Reconheceu não ser jornalista. Disse sofrer dezenas de ameaças e jamais ter dito que o rumor que levou à morte de Fabiane era verdadeiro. Também afirmou não se lembrar de ter publicado a foto de uma mulher loira em sua página. A imagem, diz ele, foi publicada por usuários. “Arrependimento não tenho, porque estamos colaborando com a polícia, ajudando a população de Guarujá de alguma forma.” Segundo o responsável pelo Guarujá Alerta, a popularidade da página rendeu-lhe uma parceria informal com o 21º Batalhão de Polícia Militar do município, para divulgar fatos policiais em primeira mão. A polícia não confirma o acordo.

Antes de chegar a Guarujá, a lenda sobre a sequestradora de crianças, nascida no Rio, passou por Três Rios, Rio de Janeiro, em abril deste ano, também alimentada por um site na internet – o Entre-rios. Um dia após um desmentido da polícia, o site paranaense Pontal Notícias divulgou o mesmo retrato falado, acrescido de informações sem base na realidade – afirmava que a sequestradora praticava magia negra e agia em Pontal do Paraná. Ao jornal O Globo, o administrador da página, de 17 anos, disse que informa “a população do que acontece em nossa volta, sem enrolação, de modo claro e objetivo”.

A preocupação com o avanço da criminalidade é a matéria-prima de muitos outros espaços digitais. O site Viver em Santos é o correspondente do Guarujá Alerta na cidade vizinha. Criado em 2012, já tem 110 mil seguidores. O Crimes São José, voltado para moradores de São José

37

Page 38: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

dos Pinhais, no Paraná, é acompanhado por 7 mil usuários. ÉPOCA identificou ao menos dez sites espalhados pelo país com o mesmo propósito. A maioria longe dos grandes centros urbanos. Defensores de ações drásticas contra criminosos, esses espaços na internet se transformam em plataformas para clamores bárbaros. No dia em que Fabiane foi linchada, um usuário da página Viver em Santos publicou uma fotografia de um homem detido pela polícia. “Deviam (sic) ter amarrado no poste e encher de porrada (sic)”, dizia um dos comentários. A socióloga Jacqueline Sinhoretto, da Universidade Federal de São Carlos, afirma que aqueles frustrados com o aumento da violência usam esses sites como plataforma para combater o que consideram excesso de direitos humanos a criminosos. “Trata-se de uma necessidade de eles se reafirmarem”, diz. “E eles ganharam espaço por meio das redes sociais.”

Não é fácil identificar responsáveis por crimes iniciados na internet. Pela lei atual, postagens falsas ou ofensivas devem ser retiradas imediatamente pelo responsável por páginas ou redes sociais, desde que comunicados por alguém – como a própria vítima ou terceiros. O estabelecimento de culpa depende da avaliação individual de cada juiz responsável por esses casos. O Marco Civil da Internet, que entrará em vigor no fim de junho, é tímido sobre a questão. Segundo ele, um conteúdo impróprio deve ser retirado do ar de forma obrigatória pelo provedor do conteúdo apenas se houver ordem judicial. “A velocidade da Justiça não acompanha a dinâmica e a disseminação veloz de conteúdo na rede”, afirma Renato Ópice Blum, especialista em Direito Digital. Ao falar a ÉPOCA, algumas das testemunhas que prestaram depoimento à polícia sobre o linchamento de Fabiane identificaram um culpado do crime tão vago quanto inimputável: “A culpa foi da internet”. Para Isabela Guimarães Del Monde, especialista em Direito Digital, a atuação dos internautas precisa ser mais consciente e responsável. “Muitas pessoas com ensino superior publicam e falam coisas que não falariam fora da internet”, diz Isabela. “O mau uso das redes sociais pode servir à prática de crime.” Um site dedica-se a fazer o movimento contrário. O e-Farsas busca desmentir boatos propagados na internet. Seu dono, Gilmar Lopes, diz desmentir ao menos um boato por dia.

Em 2014, o Brasil já registrou outros casos de agressões coletivas a criminosos ou suspeitos. Em janeiro, um adolescente de 15 anos foi espancado por mais de dez homens e amarrado nu a um poste, no Flamengo, Zona Sul do Rio. Os agressores diziam que se tratava de um assaltante. Em Teresina, Piauí, um vídeo foi publicado na internet com cenas de um homem amarrado e atirado sobre um formigueiro. Para Jacqueline Sinhoretto, os linchadores têm plena consciência da gravidade de sua atitude. “O importante para eles é que alguém pague pela violência da mesma forma. Eles estão conscientes disso e sabem o que fazem”, diz. Há poucas estatísticas sobre linchamentos no Brasil. Com base em registros da imprensa, o Núcleo de Estudos da Violência, da Universidade de São Paulo, calculou que, de 1980 a 2006, houve ao menos 1.179 casos no país.

Fabiane de Jesus deixou marido e duas filhas – uma de 13 anos, outra de apenas 1. Na primeira semana de investigação, a polícia prendeu três acusados de participar do linchamento – Valmir Dias Barbosa, de 47 anos, Lucas Rogério Fabrício Lopes, de 19, e Carlos Alex Oliveira de Jesus, de 22. Lucas Lopes disse estar “muito arrependido”. A polícia ainda investiga o peso que os boatos compartilhados na página do Guarujá Alerta tiveram no linchamento. Se apurada a real intenção do dono da página em promover algum tipo de violência, ele pode ser processado por incitação ao crime – tal como os demais usuários que tenham compartilhado o boato em redes sociais. A pena para esse crime é de três a seis meses de reclusão. Caso os rumores tenham sido alimentados apenas por usuários do site, seu dono não pode ser considerado responsável. “Queremos justiça”, diz o cunhado de Fabiane, Nildo Alves das Neves, de 42 anos. “Um país sério

38

Page 39: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

tem de acabar com essa mamata da internet, onde todo mundo faz o que quer, e ninguém faz nada. Esses sites cometem barbaridades e põem em risco a vida de inocentes.” Mais que isso. Põem em risco a crença nas leis e nas relações civilizadas dentro da sociedade brasileira. Qualquer linchamento é um episódio revoltante, gravíssimo, intolerável no mundo do século XXI. O linchamento de um inocente, baseado em boatos alimentados por grupos organizados, é uma tragédia ainda maior, que vitima a sociedade como um todo.

Disponível em www.epoca.com.br. Acesso em: 17 jun 2014.

Não tem como não se indignar diante dos fatos apresentados no texto anterior. Num mundo com tanta tecnologia e tantas possibilidades de conexão, são assustadoras a apatia, a indiferença e a frieza crescentes entre as pessoas. Desde que o mundo se fez mundo, tragédias acontecem, mas não podemos simplesmente nos conformar com as mazelas da sociedade. Não podemos viver conectados nas tecnologias e desconectados das pessoas, indiferentes ao sofrimento alheio. Precisamos entender por que e para que estamos aqui. Precisamos de referenciais positivos que nos ensinem a estar conectados, sim, com o nosso tempo e com todos os aparatos tecnológicos possíveis que temos à nossa disposição, mas com o discernimento necessário para que essa conexão sirva também para nos aproximar das pessoas. O texto a seguir trata com muita simplicidade

39

Page 40: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

sobre esse assunto. Leia-o com atenção, reflita e retenha para si o que achar mais conveniente.

O desafio de uma geração conectada

Vivemos em um dos períodos mais fascinantes da história da humanidade. Acredito nunca ter havido na história um momento onde o mundo esteve tão aberto e acessível para quem quer que seja. Os níveis de tecnologia alcançados poderiam até ser esperados e sonhados, mas de forma alguma com tamanha acessibilidade e popularidade. De dentro de nossas casas podemos conhecer e viajar por todo o mundo em tempo real, em ângulos diferentes e até falar abertamente com pessoas de idiomas e culturas nunca imaginados.

Não estar conectado nesta geração é praticamente impossível. Existem movimentos contracultura, mas que também utilizam as ferramentas virtuais (sites, e-mails, blogs…) na internet, sendo um contrassenso de sua radicalidade.

É dessa maneira que esta geração tem aprendido a viver, conectados. A Geração Milênio (nascidos a partir de 1980) não sabe ser ou viver longe de alguma conexão. Ficar sem o celular, internet ou televisão é um martírio, uma crise de identidade, um lapso de personalidade. A comunicabilidade em muitas situações deixou de ser uma ferramenta de informação para tornar-se um vício. Todos estão “na REDE”, de uma maneira ou de outra.

Diante desse quadro no qual fazemos parte da pintura, como podemos desafiar esta geração a viver bem os desígnios de Deus? Se vivemos neste tempo, é porque Deus nos chamou para sermos sal e luz aqui, neste contexto, nestas circunstâncias. E nosso referencial para viver bem e superar os desafios de nossa época continua sendo e sempre será a maneira como Jesus viveu. Olhando para Jesus, podemos encontrar algumas orientações para este desafio de Conexões.

Jesus foi um homem intensamente conectado com seu tempo e com as pessoas da sua época. Relacionava-se com todos os tipos, todas as classes, todas as posições sociais, de todas as formas e maneiras. Jesus estava sempre envolvido em uma grande rede de relacionamentos, sempre conectado com o mundo à sua volta.

Entre tantas conexões, poderíamos destacar quatro grupos nas relações de Jesus: A multidão, os fariseus, os discípulos, e os enfermos e necessitados. A multidão sempre o acompanhava para ouvir palavras de esperança e ver milagres acontecerem, mas as pessoas deste grupo não se

40

Page 41: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

comprometeram com Jesus a ponto de mudarem de vida. Os fariseus consideravam Jesus um rival religioso, uma ameaça à religião pura, e por isso tramavam sempre contra ele, tentando derrubá-lo. Os discípulos foram escolhidos a dedo, um a um; eram pessoas simples, sem grandes habilidades, mas que desfrutaram por três anos da intimidade do mestre e com ele aprenderam a viver. Já os enfermos e necessitados eram pessoas desprezadas, rejeitadas, que encontravam em Jesus esperança e cura; alguns tornavam-se discípulos depois desses milagres, outros recomeçavam a vida à sua maneira.

Se analisarmos nossas vidas hoje, não encontraremos estes mesmos tipos de relacionamentos? Pessoas que vem e vão; pessoas que tentam nos derrubar; pessoas que são marcadas e influenciadas pelo relacionamento conosco; e até pessoas que necessitam de compaixão e afeto.

A maneira como Jesus encarou e vivenciou as experiências com estes grupos nos ensina sobre como também devemos agir em nossa rede de relacionamentos. Jesus nunca rejeitou a multidão; Ele lhes deu pão e peixe na multiplicação, nunca negou uma conversa, mesmo sabendo que eles não ficariam. Aos fariseus Jesus dava respostas que revelavam a verdade sobre as suas vidas, mas também lhes davam a oportunidade de mudança; Ele queria transformá-los pela verdade. Quanto aos discípulos, Jesus investiu muito neles, confiando-lhes o ide, a continuidade, a missão de proclamar as boas novas da salvação a toda terra. E aos necessitados e enfermos ele curou, sarou, libertou, não pela condicional de se tornarem seus discípulos, mas porque era cheio de compaixão e solidariedade.

Apesar das diferenças ao lidar com cada grupo, uma coisa era comum em todos os casos: a personalidade e a convicção de Jesus em estar fazendo a vontade de Deus. Cristo sempre foi o mesmo, independente de quem estava diante dele.

Creio que hoje Jesus estaria utilizando os celulares, a internet, os meios de comunicação e outros recursos para compartilhar sua abundante vida, mas com certeza nada disto mexeria com a sua identidade e com a sua missão. Ele era conectado sim com o seu mundo, mas nenhuma conexão era mais forte que a conexão de Jesus com o Pai e com o Espírito Santo. A convicção de Jesus Cristo sobre a sua identidade e sua missão era tão profunda que nenhuma conexão seria capaz de influenciá-lo ou confundi-lo.

Esse é o ponto! Esse é o desafio para nossa geração! Para onde as conexões de hoje nos têm levado? Será que a identidade de nossos jovens e adolescentes, a geração milênio, se esconde atrás de um computador ou de um celular?! Se assim for, a juventude de nossos dias não passa de reféns dominados e seduzidos por um senhor mau e exigente. Mas, se apesar das conexões inevitáveis com multidão, fariseus, doentes e discípulos, formos capazes de ajudá-los a construir uma identidade forte e uma consciência de missão profunda, então as conexões serão pontes de libertação, bênção e conhecimento da verdade.

Os relacionamentos, independente do grupo com quem se convive, devem reproduzir a maneira como Jesus se relacionava: portas abertas, confronto visando liberdade, discipulado, cura, através da consciência de identidade e missão. Esse é o grande desafio para esta geração, GERAÇÃO CONECTADA.

Rodolfo Franco Gois, pastor da Igreja Presbiteriana Independente Liberdade (Maringá/PR) e Diretor Pastoral do TeenStreet Brasil (www.teenstreetbrasil.com.br). [email protected]

Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2011/01/25/o-desafio-da-geracao-conectada/ Acesso em: 10 jun 2014. Grifos das organizadoras.

41

Page 42: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Nas considerações iniciais deste material afirmamos que, de mãos dadas com a tecnologia, a ciência anda a passos largos. Que bom que seja assim e que assim continue. Grandes saltos na ciência são fundamentais para o tratamento de tantas doenças, para amenizar a dor dos pacientes, prevenir e curar enfermidades. A seguir, fique por dentro das novidades que prometem sucesso em tratamentos de apatias que atingem a tireoide e “estruturas nobres” que a cercam.

Tireoide preservada

Novos métodos permitem remover nódulos na glândula sem a necessidade de cirurgia

Em média, uma em cada sete mulheres tem nódulos na glândula tireoide. Se crescerem rápido demais, incomodarem e se sua aparência despertar o receio de que sejam malignos ou de que venham a se converter em câncer, a recomendação é removê-los. Até agora, o método predominante para isso é a cirurgia, o que pode implicar remoção parcial ou total da glândula e a necessidade de fazer reposição hormonal. Muitos centros médicos nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, porém, começam a colocar em prática métodos menos invasivos para reduzir bastante as dimensões dos nódulos ou eliminá-los. Os cientistas estão estudando principalmente o desempenho das ondas de radiofrequência, do laser e das micro-ondas. As técnicas geram calor, o que leva à morte dos tecidos nodulares. 

Testes com pacientes estão em andamento principalmente na Coreia, nos Estados Unidos e na Itália. Um dos aspectos mais investigados é a segurança do procedimento para não atingir estruturas nobres que cercam a tireoide, como as artérias carótidas, a traqueia e o nervo laríngeo (relacionado à voz).

RECURSOSO médico Rahal, do Albert Einstein, confirmou a eficácia

do laser e planeja testar a aplicação de micro-ondas

O pesquisador italiano Roberto Valcavi concluiu recentemente um dos primeiros estudos que comparam o desempenho de duas dessas técnicas. Ele submeteu 54 mulheres com nódulos benignos grandes à ablação por radiofrequência, enquanto outras 54 foram tratadas com laser. “O grupo submetido à radiofrequência teve resultados melhores e mais rápidos”, disse Valcavi. Na Coreia, no Centro Asan, 692 pacientes experimentaram o método, com igual sucesso. Alguns, entre eles homens, tinham nódulos volumosos, daqueles que desfiguram o pescoço e são chamados de bócio. No período de seis meses a um ano, houve reduções de até 75% do tamanho.

42

Page 43: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

No Brasil, os radiologistas intervencionistas Antônio Rahal e Rodrigo Gobbo, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, submeteram, em caráter experimental, 33 mulheres com nódulos benignos ao tratamento com laser. “Verificamos que se trata de uma terapia precisa, com resultados tão eficazes quanto os da radiofrequência”, afirma Rahal. O procedimento é realizado por meio da introdução de um a quatro feixes de fibra óptica no interior do nódulo por onde serão conduzidas as ondas de energia do laser. Sob temperatura elevada, as células sofrem necrose e morrem. A paulista Aline Gandra, 24 anos, passou pela terapia. “Até agora o nódulo não voltou”, diz.

Logo após a conclusão do teste, os especialistas do Albert Einstein pediram a aprovação do procedimento e do aparelho à Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Foi em 2012, mas ainda esperamos a liberação. Enquanto isso, não podemos usar sem que seja em pesquisa”, diz Gobbo. No Brasil, as mulheres que precisam remover nódulos contam apenas com duas opções: a cirurgia ou a alcoolização (injetam-se doses de álcool puro no interior dos nódulos para murchá-los). Em geral, o método precisa ser repetido mais de uma vez. “As brasileiras precisam ter acesso a métodos menos agressivos, como a radiofrequência”, diz a endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo.

Há mais técnicas em estudo. Uma delas é a eletroporação (usa pulsos elétricos para perfurar a membrana das células, levando-as à morte), em teste em centros americanos e europeus. Por aqui, a equipe do Einstein pretende iniciar ainda este ano um protocolo experimental utilizando as micro-ondas.

As principais vantagens dessas técnicas em face da cirurgia são a eliminação dos nódulos sem cortes e as chances de preservação da glândula. “Essa espécie de implosão do nódulo, matando as células, é um benefício porque elimina a possibilidade de que ele

43

Page 44: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

aumente de tamanho e provoque sintomas ou adquira aspectos sugestivos de câncer”, diz Maria Fernanda.

O cirurgião Luiz Paulo Kowalski, chefe do departamento de cabeça e pescoço do A. C. Camargo Cancer Center, em São Paulo, pensa diferente. Ele acredita que, se houver possibilidade de o nódulo vir a ser câncer, deve ser removido cirurgicamente. “Se não há risco, pode ser acompanhado e não precisa ser extraído”, diz. O cirurgião Sérgio Arap, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, diz que é cedo para dar um veredicto. “Falta um acompanhamento a longo prazo das pacientes para conhecer os resultados depois de cinco anos, por exemplo”, afirma.

Os avanços incitam também a preocupação com sua aplicação adequada. “Esses procedimentos se destinam a pacientes com nódulos benignos. O câncer não pode ser tratado dessa forma”, disse à ISTOÉ o médico Damian Dupuy, diretor de radiologia do Rhode Island Hospital, nos Eua. Ele é um dos principais pesquisadores das novas tecnologias. Sua recomendação é a de que só depois de comprovar que o nódulo é benigno (por duas punções seguidas da análise dos tecidos) se pode optar por um método menos agressivo.

Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/354774_TIREOIDE+PRESERVADA Acesso em: 2 jun 2014.

Muitas oportunidades são perdidas em virtude da lentidão... Isso acontece com qualquer um... Mas não deveria acontecer com o nosso país, com país nenhum, sobretudo em se tratando de pesquisas que poderiam resultar em excelentes benefícios para a saúde pública. Enfim, segue a notícia... e ficamos na torcida para que histórias assim não sejam recorrentes...

Brasil perdeu 112 pesquisas de remédios por lentidão de órgãos públicos

Segundo a Aliança, o processo para a aprovação da pesquisa clínica no Brasil demora entre 12 e 15 meses.

A demora para aprovação da pesquisa clínica no país fez com que o Brasil deixasse de participar do desenvolvimento de 112 remédios. É o que apontam dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, divulgados essa semana no lançamento da Aliança Pesquisa Clínica Brasil, que pretende sensibilizar as agências reguladoras para a mudança da regulação do setor.

“Não estamos querendo facilidade, queremos agilidade neste processo”, disse Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira, entidade participante do movimento.

Necessária para o desenvolvimento de novos medicamentos, a pesquisa clínica é a fase em que os desenvolvedores testam o novo remédio em voluntários e compara o resultado com os efeitos das drogas mais modernas do mercado usado por outro grupo de pacientes.

Laboratórios e universidades de todo o mundo buscam ao mesmo tempo diversos países para executarem suas pesquisas, e junto delas também vão investimentos nas entidades que a recebem, inclusive em universidades. Para isso são elaborados protocolos que explicam, entre outras coisas, no que consiste à pesquisa, a que tipo de procedimento o paciente será submetido, os possíveis sintomas. Estes protocolos são avaliados pelos países, que autorizam ou não a pesquisa.

Segundo a Aliança, o processo para a aprovação desta fase no Brasil, que é o sexto maior mercado farmacêutico do mundo e 15º em participação em pesquisas clínicas, demora entre 12 e 15 meses, enquanto que nos Estados Unidos, maior mercado mundial de medicamentos e maior centro de pesquisa, dura cerca de dois meses e na maioria dos países europeus dura pouco mais

44

Page 45: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

de dois meses e meio. Nos vizinhos Peru e Argentina, esse processo demora cerca de quatro meses.

De acordo com o professor da PUC de Porto Alegre e membro da Aliança, Carlos Barrios, há em média 170 mil estudos em andamento em todo o mundo, menos de 2% deles estão acontecendo no Brasil. “De acordo com a nossa potencialidade nós temos uma proporção irresponsável de estudos que a gente poderia participar e não participa”.

Segundo Barrios, a pesquisa clínica beneficia o paciente que participa, porque tem acesso a um tratamento potencialmente melhor do que os existentes, com o acompanhamento de especialistas, beneficia a instituição, que vai receber recursos porque o paciente está entrando na pesquisa clínica, também beneficia o investigador, que está produzindo a pesquisa naquela instituição e, eventualmente, vai ganhar informações, conhecimentos, publicações e vai receber pelo trabalho. Ele também ressalta que o país ganha recursos e também o patrocinador ganha porque, eventualmente, vai produzir uma droga comercial. “É um círculo virtuoso”, diz.

“Com essa demora, o Brasil aborta a possibilidade de o paciente ter acesso a ótimos tratamentos, o país perde transferência de conhecimento inovação. O desenvolvimento está intimamente ligado à pesquisa”, avalia Irani Francischetto, diretora executiva do Centro de Diagnóstico e Pesquisa da Osteoporose do Espírito Santo e membro da Aliança.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, principal órgão do setor de medicamentos, reconhece que a pesquisa clínica tem papel estratégico na vinda de recursos e conhecimento ao país. A entidade se comprometeu recentemente a apresentar ao Senado proposta que melhorem os prazos atuais.

Segundo a agência, em 2012 foi publicada determinação que autoriza pesquisas clínicas já avaliadas por outras agências reguladoras que têm os mesmos critérios adotados no Brasil, como Estados Unidos, Europa, Japão, Austrália e Canadá.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/ciencia/brasil-perdeu-112-pesquisas-de-remedios-por-lentidao-de-orgaos-publicos/110169 Acesso em: 13 abr 2014.

Como vão os órgãos que fomentam a pesquisa, a Ciência? Por que o Ciência sem Fronteiras “não vem conseguindo atrair para o Brasil cientistas de outras nacionalidades e pesquisadores brasileiros que atuam em países desenvolvidos”? O que pode ser feito para reverter esse quadro? Confira as informações.

Programa Ciência sem Fronteiras apresenta mais problemas de gestão

Os primeiros problemas envolveram atrasos no depósito das bolsas e auxílio-alimentação dos bolsistas.

Lançado em 2011 com o objetivo de internacionalizar o sistema de ensino brasileiro, oferecer intercâmbio para docentes e pesquisadores estrangeiros e reduzir a distância entre as universidades nacionais e as de outros países mais bem classificadas nos rankings comparativos de qualidade de ensino, o Ciência sem Fronteiras apresenta um número cada vez maior de problemas de gestão, o que pode comprometer seu sucesso. Os primeiros problemas envolveram atrasos no depósito das bolsas e auxílio-alimentação dos bolsistas. Como ficaram sem recursos para pagar aluguel e comer, algumas universidades britânicas tiveram de oferecer empréstimos de emergência aos estudantes brasileiros. Em seguida, descobriu-se que o governo mandou para o exterior milhares de bolsistas que não tinham condição de assistir às aulas e de participar de experiências compartilhadas em laboratórios, por falta de fluência em inglês.

45

Page 46: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

As autoridades educacionais tentaram realocar esses estudantes em universidades portuguesas, mas constataram que havia excesso de demanda para essas instituições e suspenderam o programa para Portugal. Depois, por discordar dos critérios adotados pelo governo para a seleção de bolsistas, a iniciativa privada deixou de bancar todas as bolsas que havia prometido em 2011.

Agora, depois de três anos de funcionamento, sabe-se que o Ciência sem Fronteiras também não vem conseguindo atrair para o Brasil cientistas de outras nacionalidades e pesquisadores brasileiros que atuam em países desenvolvidos. A informação consta da ata da 10.ª reunião do comitê executivo do programa. Das 101 mil bolsas para serem distribuídas entre 2011 e 2014, cerca de 2 mil são destinadas para "pesquisador visitante especial", com o objetivo de trazer professores e pesquisadores estrangeiros que tenham "liderança internacional".

Outras 2 mil bolsas são destinadas ao que os dois órgãos que lideram o programa - a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - chamam de "jovens talentos". Ou cientistas brasileiros em início de carreira que, depois de obtido o doutorado no exterior, decidiram não voltar para o País, por falta de condições de trabalho e de estímulo no ambiente acadêmico nacional.

Para tentar contornar o problema, as autoridades educacionais chegaram a cogitar a possibilidade de incluir na categoria dos "jovens talentos" os pós-doutorandos brasileiros que foram para o exterior pelo Ciência sem Fronteiras. Mas, quando receberam a bolsa de pós-doutorado, eles assinaram um contrato com a Capes e o CNPq comprometendo-se a retornar ao País logo após o término dos estudos. Em outras palavras, como têm a obrigação legal de voltar, esses pós-doutorados não estão sendo "atraídos", como pretende o programa. Por isso, os dois órgãos de fomento à pesquisa descartaram essa "solução".

A proposta de aumentar a presença de pós-graduandos brasileiros em instituições de excelência no exterior e atrair cientistas estrangeiros para trabalharem no País é decisiva para melhorar a qualidade do ensino. "Ela rompe com décadas de isolamento de nossos cursos de pós-graduação, o que levou a um sistema autorreferente e atrasado em relação ao que se ensina no resto do mundo", afirma Leandro Tessler, professor de física da Unicamp.

Mas, do modo atabalhoado como o Ciência sem Fronteiras foi posto em prática, seu desempenho ficará muito aquém do esperado. "O grande nó é a quantidade de bolsas. De onde saiu esse número de mais de 100 mil bolsas? Era melhor ter feito um programa menor, mas com um processo seletivo mais rigoroso", diz o ex-reitor de graduação da Unicamp Marcelo Knobel, no que tem inteira razão. E também lembra, acertadamente, que, por estarem ainda num estágio inicial de formação acadêmica, muitos bolsistas não têm a maturidade necessária para desenvolver projetos de pesquisa no exterior. Infelizmente, é de forma inepta que a educação pública tem sido gerida no Brasil.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/ciencia/programa-ciencia-sem-fronteiras-apresenta-mais-problemas-de-gestao/107230 Acesso em: 22 abr 2014.

Pela primeira vez, coração artificial salva uma vida na América do Sul. Ótima notícia que vale a pena ser contada. O empenho dos médicos que realizam anos de pesquisa objetivando esse tipo de intervenção é, simplesmente, mais que uma demonstração ética pertinente à profissão, exemplo de persistência, determinação, paixão pela ciência e pela vida!

Colômbia faz 1º implante de coração artificial na América do Sul

46

Page 47: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Para fazer esse tipo de intervenção, a equipe médica, composta por 25 profissionais de várias especialidades, precisou de mais de oito anos de preparação.

Especialistas colombianos fizeram, com êxito, uma cirurgia de implante do dispositivo de assistência ventricular Heartmate 2, conhecido como “coração artificial”, a primeira realizada na América do Sul, informaram, nessa quarta-feira (23), fontes médicas. A operação, de seis horas, feita na Fundação Cardiovascular da Colômbia, na cidade de Bucaramanga, permitiu salvar a vida de Cielo González Díaz, uma professora de 51 anos, segundo a instituição.

Para fazer esse tipo de intervenção, a equipe médica, composta por 25 profissionais de várias especialidades, precisou de mais de oito anos de preparação.

“Graças ao Heartmate 2, os pacientes que têm doenças cardíacas terminais e que não podem receber um transplante por motivos como idade, peso ou condição física, ou pela falta da cultura de doação de órgãos, têm agora a oportunidade de ter uma vida normal e produtiva”, disse Leonardo Salazar, um dos médicos que liderou a equipe.

De acordo com o especialista, atualmente há mais de 17 mil pessoas na América do Norte, Europa e Ásia com esse dispositivo, implantado agora pela primeira vez em um paciente na América do Sul.

Dados da Fundação Cardiovascular da Colômbia mostram que há cerca de 1 milhão de pacientes que sofrem de problemas cardíacos, causa de uma em cada três mortes naturais no país.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/ciencia/colombia-faz-1-implante-de-coracao-artificial-na-america-do-sul/110907 Acesso em: 24 abr 2014.

Não faz muito tempo o autismo era quase desconhecido. E desde que passou a ser estudado, até os dias de hoje, muitas dúvidas, diagnósticos controvertidos, preconceitos foram vivenciados. Atualmente, pesquisadores apontam as possíveis causas do autismo, mas cientistas ainda não as sustentam.

Estudo aponta que causas do autismo seriam genéticas e ambientais

O resultado partiu da análise de dados de mais de 2 milhões de pessoas na Suécia entre 1982 e 2006, o maior estudo já realizado sobre as origens genéticas do autismo

Washington - Um amplo estudo realizado na Suécia mostra que os fatores ambientais são tão importantes quanto a genética como causa do autismo.

"Ficamos surpresos com o resultado, porque não esperávamos que os fatores ambientais fossem tão importantes para o autismo", comentou Avi Reichenberg, pesquisador do Mount Sinai Seaver Center for Autism Research, em Nova York.

Estes fatores, não analisados pelo estudo, poderiam incluir, segundo os autores, o nível sócio-econômico da família, complicações no parto, infecções sofridas pela mãe e o uso de drogas antes e durante a gravidez. Os pesquisadores disseram terem se surpreendido ao descobrirem que a genética tem um peso de cerca de 50%, muito menor do que as estimativas anteriores, de 80% a 90%, segundo um artigo publicado no Journal of the American Medical Association.

O resultado partiu da análise de dados de mais de 2 milhões de pessoas na Suécia entre 1982 e 2006, o maior estudo já realizado sobre as origens genéticas do autismo, que atinge uma em cada 100 pessoas no mundo.

47

Page 48: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Estatísticas americanas recentes revelam que uma em casa 68 pessoas é autista nos Estados Unidos. Os autores da pesquisa trabalham no King's College de Londres e no Instituto Karolinska de Estocolmo. Os cientistas ainda desconhecem as origens do autismo. Estudos recentes apontam para uma origem pré-natal deste fenômeno patológico.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/ciencia/estudo-aponta-que-causas-do-autismo-seriam-geneticas-e-ambientais/111475 Acesso em: 22 mai 2014.

A ciência extrapola os limites do nosso planeta e não existem limites para o que ainda está por ser desvendado. Veja que interessante! Há indícios de que um planeta fora do Sistema Solar, quase do mesmo tamanho que a Terra, tenha água. Segundo cientistas, o fato de existir água em um planeta já o torna habitável. Confira as informações.

Nasa anuncia descoberta de planeta habitável fora do Sistema SolarAnúncio reforça a possibilidade de encontrar planetas similares à Terra na nossa galáxia, a Via Láctea.

A ilustração mostra como seria o exoplaneta, denominado Kepler-186f. Foto: NASA Ames/ SETI Institute/ JPL-Caltech

Cientistas descobriram o primeiro planeta fora do Sistema Solar de tamanho semelhante ao da Terra e onde pode existir água em estado líquido, o que o torna habitável.

48

Para quem deseja saber um pouco mais sobre o autismo e ir muito além das suas causas, indicamos o fantástico filme Temple Grandin, ilustrado ao lado.

Emocionante, inspirador, desafiador!

Assista-o! Você não irá se arrepender!

Page 49: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

A descoberta reforça a possibilidade de encontrar planetas similares à Terra na nossa galáxia, a Via Láctea, segundo uma equipe internacional de astrônomos liderada por um profissional da Nasa. O trabalho foi publicado na edição, desta quinta-feira (17), da revista científica americana Science.

"É o primeiro exoplaneta do tamanho da Terra encontrado na zona habitável de outra estrela", destaca Elisa Quintana, astrônoma do centro de pesquisas Ames, da Nasa, que ficou à frente da pesquisa. "O que torna esta descoberta algo particularmente interessante é que este planeta, batizado de Kepler-186f, tem o tamanho terrestre e está em órbita ao redor de uma estrela classificada como anã, menor e menos quente do que o sol, na zona temperada onde a água pode ser líquida", afirmou.

Considera-se que esta zona seja habitável porque a vida como a conhecemos tem possibilidades de se desenvolver naquele ambiente, segundo os pesquisadores. Para Fred Adams, professor de Física e Astronomia da Universidade de Michigan, "trata-se de um passo importante na busca para descobrir um exoplaneta idêntico à Terra".

Nos últimos vinte anos foram detectados cerca de 1.800 exoplanetas, dos quais cerca de vinte orbitam ao redor de sua estrela em uma zona habitável. Mas esses planetas são muito maiores do que a Terra e, por isso, é difícil, devido ao seu tamanho, determinar se são de composição gasosa ou rochosa.

A 490 anos-luz do Sol

Segundo modelos teóricos sobre a formação planetária, estabelecidos a partir de observações, os planetas que têm raio 1,5 vez inferior ao da Terra têm poucas chances, por causa do seu tamanho, de acumular uma atmosfera espessa como os planetas gasosos gigantes do nosso sistema solar.

"Nestes anos aprendemos que há uma transição líquida entre os exoplanetas cujo raio é 1,5 vez o da Terra", explica Stephen Kane, um astronauta da Universidade de San Francisco, co-autor da descoberta. "Quando o raio é entre 1,5 e 2 vezes o do raio terrestre, os planetas são grandes o suficiente para acumular uma atmosfera espessa de hidrogênio e hélio", acrescentou.

O exoplaneta Kepler-186f tem raio 1,1 vez maior do que o da Terra e entra na categoria de planetas rochosos do nosso Sistema Solar, como Terra, Marte e Vênus.

"Levando em conta o pequeno tamanho do planeta, tem grandes possibilidades de ser rochoso e ter uma atmosfera. Se essa atmosfera oferecer boas condições, a água pode existir em estado líquido na superfície", explica Emelie Bolmont, pesquisadora da Universidade de Bordeaux, França, que participou da descoberta. Bolmot acrescentou que, para se ter certeza de que é realmente rochoso, "seria preciso obter a massa do planeta, o que não é possível com os instrumentos atuais".

O Kepler-186f está em um sistema estelar situado a 490 anos-luz do Sol (um ano luz = 9,46 trilhões de quilômetros) e conta com outros cinco planetas, todos de tamanho parecido com o da Terra, mas situados fora da zona habitável. Em novembro de 2013, os astrônomos consideraram que existem bilhões de planetas de tamanho terrestre potencialmente habitáveis. Essa conclusão se baseia nas observações do telescópio espacial Kepler, lançado em 2009 para esquadrinhar mais de 100 mil planetas similares ao nosso e situados nas constelações de Cisne e Lira.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/ciencia/nasa-anuncia-descoberta-de-planeta-habitavel-fora-do-sistema-solar/110509 Acesso em: 26 mai 2014.

49

Page 50: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

A seguir, conheça quais os procedimentos que tornaram possível aos pesquisadores produzir fibras com as mesmas características que as teias de aranha, flexíveis e resistentes, “duas características cobiçadas pelas indústrias”. O que é ainda melhor é que a reprodução desse material pelas indústrias ocorrerá de forma sustentável e econômica. Em seguida, confira também a criação de peles artificiais em laboratórios, o que tornará possível evitar testes com animais no Brasil. Mais dois grandes avanços decorrentes da tecnociência.

Pesquisadores criam biofábricas de proteínas e reproduzem teia de aranha

O objetivo é formar uma plataforma tecnológica que poderá ser usada na fabricação de produtos farmacêuticos com baixo custo e de forma sustentável.

Houve um tempo em que a humanidade precisava extrair matéria-prima direta da natureza para sobreviver. Ao longo dos anos e com o desenvolvimento das tecnologias, o homem passou a produzir tudo o que precisa para sua existência. Porém, ainda existem materiais que somente os seres recolhidos nos biomas são capazes de fabricar. Mas isso já está mudando.

A teia da aranha, por exemplo, é flexível e resistente, duas características cobiçadas pelas indústrias. Assim como os plásticos, as fibras das aranhas servem para inúmeros artigos, desde materiais médicos, como fio para microssutura, até para a defesa nacional, na produção de coletes à prova de balas. Mas seriam necessários milhares destes animais para produção das fibras em escala industrial.

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram uma forma de produzir fibras com as mesmas características das teias de aranha, mas sem precisar retirar o animal da fauna. Isso possibilita a reprodução do material pelas indústrias de forma sustentável e econômica. “Nós desenvolvemos uma tecnologia onde fizemos o genoma de várias aranhas, coletadas nos biomas brasileiros, e dominamos a parte de produzir essas moléculas no laboratório com bactérias transgênicas”, explicou o doutor em engenharia genética e coordenador da pesquisa na Embrapa, professor Elíbio Rech.

50

Page 51: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Outra descoberta foi a produção de moléculas de proteínas recombinantes por meio de biofábricas. O objetivo é formar uma plataforma tecnológica que poderá ser usada na fabricação de produtos farmacêuticos com baixo custo e de forma sustentável.

Remédios

Segundo o professor Elíbio Rech, a ideia é usar plantas já domesticadas, a exemplo da soja, como biorreatores, e avaliar todos os sistemas capazes de produzir moléculas para os setores farmacêutico e industrial. “E isso tem ligação com o desenvolvimento de produtos que venham ao encontro de uma sustentabilidade, de uma bioeconomia”, explica.

As proteínas recombinantes são feitas artificialmente a partir de genes clonados. Neste caso, os pesquisadores conseguiram reproduzir em larga escala, dentro do grão de soja ou na folha de tabaco, proteínas que podem ser utilizadas para criar antígenos contra o câncer, antiviral do HIV, hormônio do crescimento e o fator de coagulação IX, para tratar pessoas com hemofilia.

A escolha da soja, de acordo com Rech, foi devido à capacidade de estocagem e à durabilidade das sementes, que podem manter as moléculas ativas por até cinco anos. Já o tabaco é uma planta na qual é possível produzir as proteínas de forma mais rápida do que em outros sistemas. “Nossos resultados indicam que a semente de soja consegue acumular a molécula Cyanovirin - que atua na replicação do HIV- em alto nível. Por outro lado, conseguimos acumular o antígeno contra câncer em alta quantidade nas folhas de tabaco”, conta.

Para o coordenador do projeto, o baixo custo da produção e em maior quantidade contribui para o mercado, já que implica na redução do custo final do produto. “O que faz é expandir o agronegócio - voltado para a produção de alimentos - para a produção de matéria- prima de altíssimo valor agregado para o setor farmacêutico. É uma expansão da aplicação da agricultura para outros segmentos”, acrescenta ele. O estudo foi financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (Fapdf) com recursos de R$ 1.534.090,48.

Disponível em: http://www.d24am.com/amazonia/ciencia/pesquisadores-criam-biofabricas-de-proteinas-e-reproduzem-teia-de-aranha/110273 Acesso em: 22 mai 2014.

Pele artificial criada por laboratório da USP evitará testes com animais no Brasil

Estruturas celulares da pele artificial, aumentadas em microscopio, foram desenvolvidas pela USP.

A pesquisa, lançada na Universidade em 2005, é coordenada pela professora da Faculdade de Ciências Famarcêuticas da USP (Universidade de São Paulo) Sylvia Stuchi Maria-Engler e visa

51

Page 52: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

desenvolver técnicas alternativas à experimentação animal. Com a transferência tecnológica do projeto para o governo brasileiro, parceria iniciada em 2013, o objetivo é que o país possa produzir a pele em escala industrial dentro de alguns anos.

O objetivo do projeto, explica a especialista, é desenvolver o kit de pele artificial para o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. De acordo com ela, estão sendo feito pequenos "ajustes protocolares" antes que a transferência de tecnologia possa ser efetivada. A pesquisa utiliza fragmentos de pele de doadores humanos. As células são purificadas e são estocadas em um banco.

Se for necessário, explica Sílvia, a pele pode ser totalmente reconstruída – tanto o epitélio quanto a derme. A pesquisa poderá ajudar no desenvolvimento de novas moléculas usadas em medicamentos contra o câncer de pele ou feridas crônicas provocadas pelo diabetes, por exemplo. A estrutura de pele desenvolvida pela USP também pode ser usada para a fabricação de cosméticos.

De acordo com Sílvia, o banco de pele pode armazenar apenas células. "O que é possível manter em banco são as células da pele, que são os queratinócitos e o melanócito, que fornece o pigmento e os fibroblastos, que formam a derme", explica. A descoberta também contribuirá para a diminuição da utilização de animais em testes farmacológicos, como prevê a nova diretiva do Concea (Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal), esclarece a pesquisadora.

A polêmica voltou à tona no Brasil depois da ação de ativistas em um laboratório em São Roque, que liberaram dezenas de cães da raça Beagle utilizados em testes [...] "Tivemos a determinação de, nos próximos cinco anos, estabelecermos métodos alternativos, e não utilizar mais animais para cosméticos. O Concea foi além, determinando também o fim do teste em animais para produtos farmacêuticos."

Sílvia explica que, apesar dessa instrução, o uso de animais em testes para medicamentos continua sendo imprescindível. "O teste pré-clínico envolve testes in-vitro e in-vivo, que é um modelo animal, e muito utilizado. O que estamos fazendo nos testes alternativos é minimizar, reduzindo o número de animais e desenvolvendo um novo desenho experimental", diz.

Disponível em: http://www.portugues.rfi.fr/geral/20140507-pele-artificial-criada-por-laboratorio-da-usp-evitara-testes-com-animais-no-brasil Acesso em: 19 jun 2014.

“A diabetes é uma doença crônica que se tornou um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Caracterizada pelo excesso de glicose na corrente sanguínea, a enfermidade traz prejuízos terríveis quando não controlada.” Saiba mais sobre este assunto nos dois próximos textos e fique por dentro das excelentes novidades que podem curar ou, ao menos, atribuir mais qualidade de vida aos diabéticos.

Embriões clonados geram células-tronco para curar diabetes

Os cientistas fizeram as células-tronco se transformarem em células capazes de secretar insulina.

Agora são três: na esteira dos laboratórios do Oregon e da Califórnia que anunciaram ter criado embriões humanos clonando células de pessoas vivas, um laboratório de Nova York anunciou nesta segunda-feira ter feito isso e muito mais.

Além de clonar as células de uma mulher com diabetes e produzir embriões e células-tronco que são suas cópias genéticas perfeitas, os cientistas fizeram as células-tronco se transformarem em células capazes de secretar insulina.

52

Page 53: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Isso despertou esperanças de se realizar um sonho de longa data das pesquisas com células-tronco, a saber, criar células de reposição específicas para pacientes com diabetes, Mal de Parkinson, defeitos cardíacos e outras moléstias devastadoras. Mas também deixou implícito que o que a Igreja Católica e defensores do direito à vida vêm alertando há tempos pode ser iminente: a criação científica de embriões humanos a pedido.

A trinca de sucessos "aumenta a probabilidade de que embriões humanos sejam produzidos para gerar terapia para um indivíduo específico", disse o professor associado de bioética Insoo Hyun, da Universidade Escola de Medicina Case Western Reserve, em Cleveland, nos Estados Unidos. E "a criação de mais embriões humanos para experimentos científicos é certa".

O progresso acelerado na pesquisa com células-tronco embrionárias começou em maio passado. Os cientistas, liderados por Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, relataram ter criado embriões humanos saudáveis nos primeiros estágios da vida - esferas ocas de cerca de 150 células - pela fusão de óvulos com células de um feto, em um experimento, e de uma criança em outro.

No início deste mês, cientistas do Instituto de Células Tronco CHA, em Seul, na Coreia do Sul, anunciaram ter obtido o mesmo feito com células de pele de dois homens adultos. Em cada caso, os cientistas usaram uma versão da técnica que criou a ovelha Dolly em 1996, o primeiro clone de um mamífero adulto. Chamada de transferência somática de núcleo celular (Scnt, na sigla em inglês), a receita exige que se remova o DNA nuclear de um óvulo, fundindo-o com uma célula de uma pessoa viva e estimulando cada óvulo a começar a se dividir e multiplicar. O embrião resultante inclui células-tronco que podem se tornar qualquer tipo de célula humana.

Embora isso soe bastante simples, enormes obstáculos técnicos impediram os cientistas de obter Scnt humano durante mais de uma década de tentativas. Agora que têm uma receita confiável, incluindo os nutrientes certos para manter os ovos e a cronometragem certa para começar sua divisão, eles têm "uma maneira reproduzível e confiável para criar células de reposição específicas para pacientes via clonagem", disse o doutor Robert Lanza, cientista-chefe da Tecnologia Avançada de Células e co-autor da monografia do Instituto CHA.

Disponível em: http://new.d24am.com/amazonia/ciencia/embries-clonados-geram-celulastronco-para-curar-diabetes/111147 Acesso em: 24 mai 2014.

Uma vida melhor para os diabéticos

Isso será possível graças às novidades que acabam de chegar ao Brasil - e às que estão por vir. Entre elas estão remédios que controlam a glicemia, emagrecem e ajudam a baixar a pressão arterial e uma insulina

com efeito de até 40 horas.

Acompanhe uma entrevista com o endocrinologista Walmir Coutin

Um robusto conjunto de novidades que começam a chegar ao Brasil irá mudar para muito melhor a vida dos 12 milhões de diabéticos do País. Entre elas estão remédios que controlam a doença, ajudam a perder peso e ainda contribuem para baixar a pressão arterial, a primeira insulina com ação de até 40 horas e aparelhos que permitem acompanhar a evolução da

enfermidade com maior precisão. Somados aos outros avanços que estão por vir, esses recursos representam a maior virada até agora na luta contra a doença. “Estamos vivendo uma era de ouro em relação ao tratamento da diabetes”, afirma o endocrinologista Walter Minicucci, presidente da

53

Page 54: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Sociedade Brasileira de Diabetes. “E o panorama do futuro também é bastante promissor”, acredita.

A diabetes é uma doença crônica que se tornou um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Caracterizada pelo excesso de glicose na corrente sanguínea, a enfermidade traz prejuízos terríveis quando não controlada. Está, por exemplo, diretamente associada ao aumento do risco de eventos cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral, e figura como uma das principais causas de cegueira no mundo. Por isso, a urgência em se encontrar maneiras mais eficazes de combatê-la, antes que seja tarde demais.

A diabetes é uma doença crônica que se tornou um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Caracterizada pelo excesso de glicose na corrente sanguínea, a enfermidade traz prejuízos terríveis quando não controlada. Está, por exemplo, diretamente associada ao aumento do risco de eventos cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral, e figura como uma das principais causas de cegueira no mundo. Por isso, a urgência em se encontrar maneiras mais eficazes de combatê-la, antes que seja tarde demais.

Felizmente, algumas dessas estratégias começaram a desembarcar no País nas últimas semanas. Na segunda-feira 17, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou para comercialização no Brasil a primeira insulina com efeito de até 40 horas. Trata-se da Tresiba (degludeca), fabricada pelo laboratório Novo Nordisk. A insulina é o hormônio que permite a entrada, nas células, da glicose que está circulando no sangue. Quando há algum problema na sua fabricação ou no seu funcionamento, há o acúmulo de açúcar na corrente sanguínea que tanto estraga o organismo. Os portadores do tipo 1 da doença não conseguem fabricar insulina, já que as células que a produzem são destruídas pelo próprio corpo. Por essa razão, são obrigados a recorrer a uma solução externa: injeções diárias de insulina – às vezes mais de uma – para conseguir manter o nível adequado de glicose.

Até hoje, o tempo mais longo de efeito de uma insulina injetável era de 24 horas. Ou seja, o paciente não podia ficar mais de um dia sem reaplicar o remédio, sob risco de sofrer novamente com o excesso de açúcar no sangue. Com a Tresiba, ganha um tempo extra de janela, caso seja necessário. “Recomendamos que os pacientes tomem uma dose por dia, mas os benefícios da insulina se mantêm por até 40 horas”, explica a endocrinologista Mariana Narbot, gerente médica do Novo Nordisk no Brasil. Isso significa que o diabético terá maior flexibilidade para os intervalos entre as aplicações. Se tomou uma dose às dez da manhã de um dia, não precisará injetar a

54

Page 55: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

próxima dose impreterivelmente às dez da manhã do dia seguinte. “Ele ficará com uma melhor qualidade de vida”, diz Mariana

Espera-se também para os próximos meses a entrada no mercado das duas primeiras medicações que atuam nos rins – o Forxiga, do Laboratório AstraZeneca, e o Invokana, da Janssen. Os órgãos têm papel importante para o equilíbrio das taxas de glicose no sangue, ao permitirem a reabsorção de parte do açúcar por eles filtrada. A nova classe de drogas – de uso

oral – impede justamente esse processo. O resultado é que o açúcar é eliminado pela urina, assim como o sódio. “Há uma queda importante na concentração de glicose”, explica o endocrinologista Walmir Coutinho, presidente eleito da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade.

Na conta final, o paciente acaba com a glicemia controlada e ainda pode sofrer perda de peso e queda na pressão arterial. Em estudos realizados com o Forxiga, por exemplo, a média de perda de peso, após um ano de uso, foi de três a quatro quilos. E houve diminuição de cinco milímetros de mercúrio na pressão arterial sistólica (máxima). Por exemplo, um indivíduo cuja pressão era de 150 mmHg x 80 mmHg pode ter experimentado uma diminuição para 145 mmHg x 80 mmHg. “São vantagens importantíssimas em se

tratando de diabéticos, já que a combinação da doença com obesidade e hipertensão arterial é algo perigoso, elevando brutalmente o risco para doenças cardiovasculares”, diz o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. O efeito colateral mais importante observado foi infecção genital causada por fungos (a eliminação de muito açúcar pela urina muda a flora bacteriana da região,

55

Page 56: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

deixando a área mais propensa à proliferação desses micro-organismos). O Laboratório Pfizer também está desenvolvendo uma droga do gênero (ertugliflozin), sob análise em estudo clínico.

Essas medicações reforçam um arsenal já encorpado depois da chegada de remédios que atuam sobre as incretinas, hormônios produzidos pelo intestino e que desempenham papel importante para o equilíbrio dos níveis glicêmicos. “Eles são muito eficientes”, assegura a endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo. A médica Sophia Caldas, 27 anos, faz uso do remédio e está conseguindo controlar a doença. “Também parei de comer pão, macarrão e doce. E meço a glicose todos os dias”, conta.

O monitoramento da doença será outro aspecto ainda mais facilitado.  Deve chegar nos próximos meses ao Brasil uma nova geração de monitores de glicemia. Fabricado pela Sanofi Diabetes em parceria com a Agamatrix, o IBGStar ™ é capaz, por exemplo, de medir as taxas de açúcar, enviar as informações para iPhone ou iPod Touch e  compartilhar os dados com médicos e familiares. O paciente pode criar uma espécie de diário digital da evolução do tratamento, armazenando informações sobre as oscilações nos níveis glicêmicos, entre outras.

Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/349185_UMA+VIDA+MELHOR+PARA+OS+DIABETICOS Acesso em: 18 jun 2014.

Segundo o artigo a seguir, ainda existem etapas a serem vencidas, mas o que realmente importa é que a ciência nacional persiste na busca do antídoto que impedirá a contaminação pelo vírus HIV. Os procedimentos são altamente complexos, mas as expectativas são promissoras. Confira!

A vacina brasileira contra a Aids

Cientistas da USP dão um passo importante e, pela primeira vez, o Brasil produz um imunizante com potencial para conter o avanço do HIV

PROMESSACunha Neto testa em macacos uma vacina feita com conjunto de fragmentos do vírus HIV.

A imunidade dos animais aumentou mais do que se esperava

56

Page 57: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Encontrar uma vacina contra a Aids é uma das batalhas mais desafiadoras já travadas pela ciência. O HIV, vírus causador da doença, ainda detém a vantagem por sua incrível habilidade de se modificar e, assim, escapar da mira dos imunizantes em estudo. Na semana passada, a divulgação dos resultados positivos de um teste com uma nova vacina deu mais fôlego às esperanças de se chegar, um dia, a uma substância capaz de impedir a contaminação pelo vírus. E a boa notícia vem da Universidade de São Paulo, resultado de um trabalho feito por pesquisadores brasileiros. O recurso, desenvolvido e fabricado por especialistas da Faculdade de Medicina (FMUSP), foi ministrado a quatro macacos Rhesus da colônia do Instituto Butantan, em São Paulo.

Os efeitos do imunizante, conhecido pela sigla HIVBr18, surpreenderam até mesmo o cientista que lidera o estudo, Edécio Cunha Neto, professor de imunologia da FMUSP. “Não esperava uma resposta tão boa dos macacos quando abri o estudo. Eles tiveram um aumento importante da imunidade”, diz o cientista. “No pior resultado, a imunidade deles contra o HIV aumentou entre três e cinco vezes em relação a testes anteriores com camundongos. No melhor, a capacidade de identificar o vírus e produzir anticorpos específicos aumentou até dez vezes.” As defesas dos primatas têm grande semelhança com o sistema imunológico humano. Além disso, esses animais são vulneráveis ao SIV, vírus com características muito parecidas com as do HIV. “As boas respostas do organismo dos macacos indicam que há maiores chances de dar certo também em humanos”, anima-se o pesquisador.

Não é a primeira vez que na luta contra a Aids se produz uma vacina eficiente em macacos. Mas o fármaco criado pela FMUSP é o único a reunir uma coleção tão grande de fragmentos do vírus – os pesquisadores combinaram em um mesmo imunizante 18 pequenos pedaços das proteínas (peptídeos) presentes no HIV. Isso qualifica a pesquisa brasileira. Em outros estudos realizados por centros de pesquisas internacionais, avaliaram-se conjuntos bem menores de proteínas do vírus. São esses peptídeos que provocam o sistema de defesa a produzir anticorpos contra eles. O corpo aprende a reconhecer o inimigo e a impedir seu avanço.

Outra especificidade do imunizante criado na universidade paulista é que as amostras foram extraídas de regiões do HIV mais preservadas de mutações. Isso é uma forma de dificultar tentativas do vírus de fugir do alcance da vacina usando suas mutações como subterfúgio e também de fazer com que o imunizante funcione para um número maior de pessoas. “Testes feitos in vitro com amostras de sangue de 32 portadores de HIV com condições genéticas e imunológicas bastante variadas mostraram que, em mais de 90% dos casos, pelo menos um dos

57

Page 58: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

peptídeos foi reconhecido por células de defesa do organismo”, conta Cunha Neto. O grupo desenvolveu então uma versão da vacina com fragmentos de todos os subtipos capazes de induzir respostas do organismo.

PERSPECTIVAO americano Fauci acredita que novos dados sobre o funcionamento

do corpo e do vírus irão revigorar a busca da vacina

Até o final de 2014, o estudo feito com os quatro animais será ampliado para um total de 28 macacos. Nessa fase, os cientistas irão testar outros meios para inserir os fragmentos do HIV no organismo. A finalidade é escolher aquele que induzirá uma resposta mais forte antes de começarem os estudos em humanos. “Até agora usamos um adenovírus (causa resfriado). Vamos experimentar outros vírus, como o da vacina da febre amarela”, disse o especialista. Se tudo correr bem nesta etapa, a previsão é de que os testes em humanos comecem em três anos. Serão feitos com uma população saudável e com baixo risco de contrair o HIV. O objetivo é investigar a segurança do fármaco, a resposta imunológica que provoca e por quanto tempo os anticorpos permanecem no organismo.

A criação de uma vacina contra a Aids feita totalmente no Brasil é um marco na história da ciência nacional. É consenso: independentemente dos resultados finais que apresentará, o imunizante é uma prova de que importantes descobertas podem ser feitas quando o País consegue unir pesquisadores capacitados e recursos (estes, por sinal, na maioria das vezes estão aquém do necessário). De saída, a ciência brasileira já ganhou mais conhecimento sobre o vírus, sobre as técnicas capazes de estudá-lo e sobre as ferramentas usadas para criar uma vacina contra ele. É uma evolução e tanto.

Por outro lado, em relação às expectativas dirigidas ao desempenho final da vacina, prevalece a cautela. E é normal que seja assim, visto que a experiência da FMUSP se encontra ainda em etapa bastante preliminar. “O experimento com o grupo maior de macacos pode trazer dados interessantes e indicar se o trabalho irá em frente”, diz o virologista Ricardo Diaz, da Universidade Federal de São Paulo. “Já vimos muitas vacinas não passarem das fases iniciais de estudos”, observa o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcellos, de São Paulo. O próprio responsável pelo trabalho também é ponderado. “Os resultados com os macacos são promissores, mas ainda existem muitas etapas a serem vencidas antes de realmente termos uma vacina eficaz em humanos”, diz.

58

Page 59: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Em artigo publicado recentemente na revista científica “The New England Journal of Medicine”, o cientista americano Anthony Fauci também se pergunta sobre o futuro das vacinas. Um dos pioneiros na pesquisa da Aids, ele está à frente do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. Em seu artigo, Fauci comenta que o número de mortes e de pessoas infectadas pela Aids caiu cerca de um terço no mundo todo em relação aos seus momentos de maior pico. “Essa diminuição ocorreu sem uma vacina, o que coloca a questão se ela é necessária para acabar com a pandemia”, afirma o especialista.

Para ele, medidas como a terapia antirretroviral, a distribuição constante de preservativos e agulhas limpas, a prevenção da transmissão mãe-filho e as terapias preventivas de pré-exposição feitas com os próprios medicamentos antirretrovirais permitiram a redução do número de casos e mortes. Fauci defende, porém, que o mundo continue a buscar uma vacina para reforçar ainda mais as defesas. Ela será particularmente importante em lugares como muitos países africanos, onde a doença avança e faltam recursos de prevenção e de tratamento. “É essencial, ainda que não seja fácil de obter”, diz o pesquisador. “A única garantia de um final sustentado para a pandemia de Aids é uma combinação da prevenção com a implantação de um fundo suficiente e eficaz para a vacina de HIV”, argumenta o cientista. Fauci encerrou seu artigo convocando a comunidade envolvida na luta contra o HIV a se comprometer com a busca da vacina.

59

Page 60: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/349187_A+VACINA+BRASILEIRA+CONTRA+A+AIDS Acesso em: 18 jun 2014.

Além de pensar sobre ciência, também podemos cantá-la... Suas novidades inspiram compositores e a poesia musical atribui uma beleza singular aos vários aspectos que compõem este universo científico. Para encerrar este bloco temático, propomos uma pausa para apreciarmos a relação entre música e ciência. Confira algumas das canções que fazem referência aos seus conceitos e elementos. Em seguida, fique com as tiras, imagens, charges, mais músicas e a resenha de um filme para novas reflexões... Boa diversão!

Ciência na música popular brasileira

Temas científicos permeiam a cultura popular e encontram expressão através da pena de poetas e compositores

A música é uma das artes mais ligadas à matemática e à física. Até os albores do século XVI, ela era considerada um ramo da matemática. No período medieval, constituía uma de suas disciplinas, integrando o quadrivium: aritmética, geometria, astronomia e música. Tomava-se, então, como música, os seus aspectos teóricos, sem ligação direta com sua execução prática. A música é uma arte escorada em medidas precisas, o que garante nova aproximação com a ciência, e tem uma base física importante: são os sons afinados pela cultura que a constituem. Por outro lado, ela foi usada muitas vezes como metáfora e como inspiração para interpretar o mundo, em particular nos modelos cosmológicos, ou em tentativas de descrever a estrutura da sociedade humana.

Além dessas ligações entre música, matemática e física, outros aspectos emergem nas suas relações com a ciência: a construção de instrumentos musicais, que guarda ligação direta com o conhecimento físico e tecnológico da matéria e da acústica; as relações profundas entre o tempo,

60

Page 61: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

conceito central da ciência moderna, e a música, seus ritmos e frequências; o comportamento sonoro, que inspirou modelos para a descrição da luz e que possibilitou posteriormente avanços importantes nos meios de comunicação; as mudanças profundas que a ciência e a tecnologia possibilitaram na reprodução em massa das obras de arte, aqui incluída a música; as conexões culturais mais amplas, subjacentes tanto à música como à ciência, dois componentes da atividade criativa humana, individual ou coletiva.

O objetivo deste artigo é explorar, de forma preliminar, um aspecto dessa relação complexa entre ciência e música: como, nas letras de canções da música popular brasileira, surgem e se expressam temas e visões sobre a ciência, a tecnologia e seus impactos na vida moderna. Essa análise pode ser interessante para um exercício interdisciplinar, ainda mais porque a música carrega elementos motivadores, com potencial para despertar o interesse por determinado tema ou acontecimento, particularmente entre os jovens.

Na música de Gilberto Gil, Quanta (1995), ganhou espaço um conceito fundamental e complexo da física moderna: o quantum, introduzido pelo físico alemão Max Planck como um artifício matemático no início do século XX e estendido e tomado mais a sério por Einstein:

Quanta do latim/ Plural de quantum/ Quando quase não há/ Quantidade que se medir/ Qualidade que se expressar

Fragmento infinitésimo/ Quase que apenas mental/ Quantum granulado no mel/ Quantum ondulado do sal/ Mel de urânio, sal de rádio/ Qualquer coisa quase ideal

Cântico dos cânticos/ Quântico dos quânticos/ (...)

Já Marisa Monte procura ciência nas coisas e lança mão de átomos em A Alma e a Matéria (2001), composição de Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e dela própria:

Procuro nas coisas vagas ciência/ Eu movo dezenas de músculos para sorrir/ Nos poros a contrair, nas pétalas do jasmim/ (...)

Procuro na paisagem cadência/ Os átomos coreografam a grama do chão/ Na pele braile pra ler na superfície de mim/ Milímetros de prazer, quilômetros de paixão/ (...)

Em Átimo de pó, de Gilberto Gil e Carlos Rennó (1995), brincou-se com o som e a rima de palavras relacionadas à ciência:

Entre a célula e o céu/ O DNA e Deus/ O quark e a Via-Láctea/ A bactéria e a galáxia

Entre agora e o eon/ O íon e Órion/ A lua e o magnéton/ Entre a estrela e o elétron/ Entre o glóbulo e o globo blue

Eu, um cosmos em mim só/ Um átimo de pó/ Assim: do yang ao yin

61

Page 62: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Eu e o nada, nada não/ O vasto, vasto vão/ Do espaço até o spin/ (...)

O tempo é um dos temas mais recorrentes na literatura universal, pela vinculação óbvia com a vida e a morte. Também na música esse assunto surge frequentemente. Caetano Veloso dedicou-lhe a bela canção Oração ao Tempo, do disco "Outras palavras" (1981):

(...) Compositor de destinos/ Tambor de todos os ritmos/ Tempo, tempo, tempo, tempo/ Entro num acordo contigo/ Tempo, tempo, tempo, tempo

Por seres tão inventivo/ E pareceres contínuo/ Tempo, tempo, tempo, tempo/ um dos deuses mais lindos/ Tempo, tempo, tempo, tempo/ (...)

Já Alceu Valença criou a Embolada do Tempo:

O tempo em si/ Não tem fim/ Não tem começo/ Mesmo pensado ao avesso/ Não se pode mensurar/ (...)

Buraco negro/ A existência do nada/ Noves fora, nada, nada/ Por isso nos causa medo

Tempo é segredo/ Senhor de rugas e marcas/ E das horas abstratas/ Quando paro pra pensar/ (...)

Você quer parar o tempo/ E o tempo não tem parada.

Termos e conceitos da biologia foram explorados no humor do Casseta & Planeta em Mitocôndria (1994):

Todos vieram de lá. Ah! (bis)/ Mitocôndria, aparelho de Golgi/ Ribossoma e membrana celular./ Todos vieram de lá ô, ô, do DNA, á, á (bis)/ Passando por microvilosidades e anticorpos,/ As impurezas do organismo/ Vão sendo absorvidas, absorvidas, absorvidas/ Purinas, pirinas e pirimidinas,/ Fosfatos, glicídios e as vitaminas,/ Combatendo as "toquicinas"/ Ribonucléico, desoxirribonucléico! (bis)/ A ê a, oi! A ê a, oi! A ê a, oi! tugurugudu!

Produtos científicos ou tecnológicos que têm um impacto importante na sociedade, a exemplo da penicilina, são tomados como mote artístico, como pode ser visto na música de Caetano Veloso. Em Livro ele fala da radiação do corpo negro e da expansão do universo:

Tropeçavas nos astros desastrada/ Quase não tínhamos livros em casa

E a cidade não tinha livraria/ Mas os livros que em nossa vida entraram/ São como a radiação de um corpo negro/ Apontando pra a expansão do Universo/ Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso/ (E, sem dúvida, sobretudo o verso)/ É o que pode lançar mundos no mundo.

O surgimento das novas tecnologias de comunicação tem grande impacto na sociedade e considerável repercussão no universo musical. Em 1967, foi a vez de Chico Buarque tecer sua ironia poética e suas considerações sociológicas sobre a influência da televisão:

O homem da rua/ Fica só por teimosia/ Não encontra companhia/ Mas pra casa não vai não/ Em casa a roda/ Já mudou, que a moda muda/ A roda é triste, a roda é muda/ Em volta lá da televisão/ (...)

62

Page 63: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Os namorados/ Já dispensam seu namoro/ Quem quer riso, quem quer choro/ Não faz mais esforço não/ E a própria vida/ Ainda vai sentar sentida/ Vendo a vida mais vivida/ Que vem lá da televisão/ O homem da rua/ Por ser nego conformado/ Deixa a Lua ali de lado/ E vai ligar os seus botões/ No céu a Lua/ Encabulada e já minguando/ Numa nuvem se ocultando/ Vai de volta pros sertões.

Na década de 1990, Gilberto Gil incluiu Pela Internet no já mencionado álbum "Quanta" e, com ela, explorou o 'infomar', seus termos técnicos e a globalização emergente:

Criar meu web site/ Fazer minha home-page/ Com quantos gigabytes/ Se faz uma jangada/ Um barco que veleje/ Que veleje nesse infomar/ Que aproveite a vazante da infomaré/ Que leve um oriki do meu velho orixá/ Ao porto de um disquete de um micro em Taipé [...] Eu quero entrar na rede/ Promover um debate/ Juntar via Internet/ Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar/ O chefe da Macmilícia de Milão/ Um hacker mafioso acaba de soltar/ Um vírus pra atacar programas no Japão

Eu quero entrar na rede pra contactar/ Os lares do Nepal, os bares do Gabão/ Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular/ Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

A ameaça dos usos e abusos da ciência e da tecnologia não passou despercebida. A força agressiva da bomba atômica que literalmente implodiu a sociedade foi lembrada na poesia de Vinícius de Moraes que, combinada com a melodia de Gerson Conrad, se transformou no grande sucesso "Rosa de Hiroshima", gravada pelo grupo musical Secos & Molhados em 1973:

Pensem nas crianças/ Mudas telepáticas/ Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas mulheres/ Rotas alteradas/ Pensem nas feridas/ Como rosas cálidas/ Mas, oh, não se esqueçam/ Da rosa da rosa/ Da rosa de Hiroshima/ A rosa hereditária/ A rosa radioativa/ Estúpida e inválida/ A rosa com cirrose/ A anti-rosa atômica/ Sem cor sem perfume/ Sem rosa sem nada.

As canções foram sempre um referencial importante sobre a cultura de sua época e sobre visões, representações e atitudes do homem diante do mundo, da vida e da sociedade. A ciência e a percepção sobre ela e seus impactos permeiam a cultura popular e encontram expressão através da pena de poetas e compositores. Às vezes temas de ciência ou conceitos dela emanados assumem papel proeminente nas letras; já outras vezes a referência à ciência e avanços tecnológicos é apenas secundária ou incidental dentro da temática do poema musicado. Buscamos aqui identificar alguns exemplos em que temas de ciência e tecnologia povoaram o imaginário de compositores da música popular brasileira.

A possibilidade desses materiais adquirirem uso didático ou voltado para a divulgação científica pode ser inferida, mas não foi, aqui, ponto de interesse maior. Longe de apresentar um trabalho abrangente sobre o tema, nosso objetivo foi ilustrar, por meio da música, que a ciência faz parte do tecido cultural da sociedade brasileira, servindo de inspiração para muitos artistas, poetas e compositores. Temos ainda a pretensão de estimular a memória e a reflexão do leitor curioso, que certamente encontrará diversos exemplos similares na música brasileira.

* Ildeu de Castro Moreira é professor do Instituto de Física e do Programa de Pós-graduação em História da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dirige o Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia. É membro do Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

* Luisa Massarani é jornalista especializada em ciências. Coordena o Centro de Estudos do Museu da Vida, Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz. 

Disponível em: http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/4015/ci-ncia-na-m-sica-popular-brasileira.html Acesso em: 18 jun 2014.

63

Page 65: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

http://vavajuventude.blogspot.com.br/2011/12/ciencia-tecnologia-e-sociedade.html

http://www.reidacocadapreta.com.br/2011/04/18/tirinha-tecnologica-engracada-do-dia-armazenamento-de-dados/

65

Page 66: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

http://historiacepae.blogspot.com.br/2013/04/para-entender-revolucao-tecnico.html

http://ntcisinternetmp3.blogspot.com.br/

66

Page 67: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

http://calango74.blogspot.com.br/2007/08/humor-influncia-da-tecnologia.html

http://calango74.blogspot.com.br/2007/08/humor-influncia-da-tecnologia.html

67

Page 68: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

http://ascostaferrerira.bloguepessoal.com/35381/estrutura-e-superestrutura-da-sociedade/

http://www.jornaldaciencia.org.br/Images/charges/2014/amplcharge759.gif

Confira a notícia a qual a charge acima faz referência:

http://www.jornaldaciencia.org.br/impresso/JC759.pdf

68

Page 69: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Músicas

Pela InternetGilberto Gil

Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes

Se faz uma jangada Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve um oriki do meu velho orixá

Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve meu e-mail até Calcutá Depois de um hot-link Num site de Helsinque

Para abastecer

Eu quero entrar na rede Promover um debate

Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar O chefe da milícia de Milão

Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus pra atacar programas no Japão

Eu quero entrar na rede pra contactar Os lares do Nepal, os bares do Gabão

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

http://www.vagalume.com.br/gilberto-gil/pela-internet.html#ixzz35BVlVpBK69

Page 70: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Admirável Chip NovoPitty

Pane no sistema alguém me desconfigurou Aonde estão meus olhos de robô?

Eu não sabia, eu não tinha percebido Eu sempre achei que era vivo

Parafuso e fluído em lugar de articulação Até achava que aqui batia um coração Nada é orgânico é tudo programado E eu achando que tinha me libertado

Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer: Reinstalar o sistema

Refrão

Pense, fale, compre, beba Leia, vote, não se esqueça

Use, seja, ouça, diga Tenha, more, gaste, viva

Pense, fale, compre, beba Leia, vote, não se esqueça

Use, seja, ouça, diga Não senhor, Sim senhor, Não senhor, Sim senhor

Pane no sistema alguém me desconfigurou Aonde estão meus olhos de robô?

Eu não sabia, eu não tinha percebido Eu sempre achei que era vivo

Parafuso e fluído em lugar de articulação Até achava que aqui batia um coração Nada é orgânico é tudo programado E eu achando que tinha me libertado

Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer: Reinstalar o sistema

Refrão

Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer: Reinstalar o sistema

http://www.vagalume.com.br/pitty/admiravel-chip-novo.html#ixzz35BXvsBMY

70

Page 71: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

A Ciência Em SiArnaldo Antunes

Se toda coincidênciaTende a que se entendaE toda lendaQuer chegar aquiA ciência não se aprendeA ciência apreendeA ciência em si

Se toda estrela cadenteCai pra fazer sentidoE todo mitoQuer ter carne aqui

A ciência não se ensinaA ciência inseminaA ciência em si

Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesarDo avião a jato ao jabotiDesperta o que ainda não, não se pôde pensarDo sono eterno ao eterno devirComo a órbita da terra abraça o vácuo devagarPara alcançar o que já estava aquiSe a crença quer se materializarTanto quanto a experiência quer se abstrair

A ciência não avançaA ciência alcançaA ciência em si

http://letras.mus.br/arnaldo-antunes/91283/

71

Page 72: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Filme

Análise crítica do filme Eu Robô x Sociedade

No filme podemos enxergar uma comunidade massificada, onde as pessoas se acomodaram frente aquilo que lhes disseram ser o melhor e o mais seguro. A sociedade do filme gira em torno da sensação de conforto que os robôs causam, afinal eles estão presentes em tudo, executam praticamente todas as tarefas, e tem a garantia, por parte de seu criador, de que nunca farão mal às pessoas. Há essa acomodação por parte da maioria, pois assumir uma postura diferente significa pensar, mudar paradigmas, emitir opiniões etc.

O que se nota é que existem pessoas que têm uma visão diferente da maioria, enxergam esse modo de vida como prejudicial, e tentam agir para que isso seja modificado. A primeira pessoa que percebe a necessidade de mudança é o próprio criador da Inteligência Artificial. Ele é um homem que vive

em constante vigilância, manipulado, oprimido, mas mesmo assim descobre uma maneira de chamar a atenção da pessoa que ele acreditava ser capaz de mudar a situação de massificação da sociedade. O que ele faz é criar um robô com uma forma de funcionamento quase igual a do homem, como sentimentos, sensações, sonhos, e depois de pronta a criação ele se suicida, o que atrai a atenção de seu amigo.

Com esse cenário armado o amigo começa a tentar entender o que aconteceu e acontece, passando a agir como agente transformador da situação. Juntamente com o robô criado por seu amigo e com a ajuda de outra pessoa, começam a  enxergar a verdadeira situação, e partem para uma investigação e consequente luta com os robôs e os poderosos que não queriam mudanças, e por fim quebram aquela casca que mantinha a sociedade em uma cegueira.

Analisando racionalmente e de forma distanciada, porém vinculada, essa sociedade, pode-se perceber que se trata de uma situação onde poucos têm acesso às informações, e a grande maioria vive na cegueira, e no fundo não quer modificar essa situação. As pessoas aceitaram o que lhes disseram e prometeram como a verdade, como uma coisa boa e aos poucos foram se distanciando da realidade, do livre arbítrio, da consciência, e passaram a viver também como robôs, como seres enfraquecidos, que dependiam dos outros para dizer o que era melhor, e principalmente dependentes dos robôs para executar suas atividades e lhes dar sensação de conforto.

O ser humano tem excesso de autoconfiança, acreditando que é capaz de controlar tudo e todos, e que, inclusive suas criações tecnológicas nunca lhe fugirão a esse controle. O filme mostra que isso é um erro, uma vez que foi a tecnologia desenvolvida pelo homem que lhe traiu, lhe manipulou, lhe massificou. Conforme se foi dando inteligência às maquinas e considerando-as como algo cada vez mais indispensável, ou seja, tirando o livre arbítrio do homem, colocando-o como quase que inteiramente dependente de algo, essa tecnologia, como que num movimento natural de acontecimentos, foi aprisionando o homem em sua ignorância. Para quebrar esse circulo de prepotência exagerada que aprisiona e aliena o homem, só mesmo a existência de pessoas que por qualquer razão conseguem se distanciar da situação e enxergá-la por um prisma diferente. Isso é o que acontece com as comunidades, é necessário que pessoas com outra forma de pensar entrem em contato com elas e aos poucos vão lhe dando outras opções de como enxergar a vida.

Disponível em: http://www.gna.psc.br/psicoterapia-psicologa-artigos/analise-critica-do-filme-eu-robo-x-sociedade Acesso em: 19 jun 2014.

72

Page 73: Web viewA Internet e em concreto a World Wide Web, ... O Google recorreu então ao STJ alegando ser impraticável fornecer os dados dos responsáveis pela postagem dos

Considerações Finais

Ciência e tecnologia são os principais pilares que movem o mundo, a sociedade, as pessoas. Em virtude dessa complexa e intensa dinâmica na qual estamos todos direta ou indiretamente envolvidos, é fundamental pararmos por alguns instantes para apreciar o mundo além desses pilares. Olhar e enxergar a nós mesmos e ao outro por detrás das invenções, das máquinas de última geração, das experiências científicas e, sobretudo, resgatar os valores éticos essenciais à construção e desenvolvimento das relações humanas.

Desfrutemos, sim, de todos os benefícios que a ciência e a tecnologia nos proporcionam, mas não nos esqueçamos de que eles estão a serviço da vida, da qualidade de vida, da dignidade humana que, talvez, deva ser o principal alvo a ser alcançado, o que obrigará a humanidade a manter o olhar fixo no ser, não a tornando refém de si mesma e de suas invenções.

Se, de um lado, o meio acadêmico nos impele ao conhecimento e, portanto, na direção do mundo contemporâneo conectado a tudo o que a ciência e a tecnologia nos oportunizar, por outro, somos igualmente responsáveis por sabermos encaminhar esse conhecimento refletidamente com sabedoria, autocrítica e propostas que engrandeçam a vida humana, apontando-lhe sentidos para viver, criar, conhecer, modificar, mas, também, para conviver, compartilhar, sentir, desfrutar, consolidar relações, pessoas, vida, amizade, família... sem os quais a ciência e a tecnologia não fazem nenhum sentido.

Esperamos que sua breve navegação pelo mundo da ciência e da tecnologia aqui apresentado seletivamente tenha lhe permitido conhecer mais, informar-se melhor. Sobretudo, que a dúvida presente e salutar a todo pensamento científico o leve a questionar os meios, os fins e o processo...

Sucesso!

Organizadoras

73