534

© EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · [email protected] Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

  • Upload
    vudan

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA
Page 2: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA
Page 3: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

10-1505

© EDITORA MÉTODO

Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional

Rua Dona Brígida, 701, Vila Mariana – 04111-081 – São Paulo – SP Tel.: (11) 5080-0770 /(21) 3543-0770 – Fax: (11) 5080-0714

Visite nosso site: www.editorametodo.com.br

[email protected]

Capa: Rafael Molotievschi

Produção: TypoDigital

Foto de Capa: Military parade 3 – Stanley Elliott (sxc.hu)CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

Abreu, Jorge Luiz Nogueira de

Direito Administrativo Militar / Jorge Luiz Nogueira de Abreu. - Rio de Janeiro :Forense ; São Paulo : MÉTODO, 2010.

Bibliografia

1. Direito militar. 2. Disciplina militar. 3. Processo administrativo. I. Título.

CDU: 344

ISBN 978-85-309-3845-1

A Editora Método se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição(impressão e apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo).Os vícios relacionados à atualização da obra, aos conceitos doutrinários, às concepçõesideológicas e referências indevidas são de responsabilidade do autor e/ou atualizador.

Todos os direitos reservados. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, éproibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônicoou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sempermissão por escrito do autor e do editor.

2010

Page 4: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

À minha esposa, ao meu filho, aos meus pais e irmãos,

minha gratidão pelo amor e carinho que sempredemonstraram, bem como pelo constante incentivo e

compreensão, em especial, durante as longas horas em queestive engajado na elaboração deste livro.

Page 5: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Temos por objetivo contribuir para o preenchimento de uma imensa lacunadoutrinária. O ordenamento jurídico castrense, ao menos em sua essência, pouco temse alterado ao longo dos anos. Todavia, infelizmente, raríssimas são as obras queversam sobre a Administração Pública Militar – Forças Armadas, Polícias Militares,Corpos de Bombeiros Militares – e seus membros.

Da mesma forma, a jurisprudência sobre o tema é extremamente rarefeita, talvezem razão de a própria lei (Estatuto dos Militares) ter condicionado o acesso ao PoderJudiciário ao prévio esgotamento das vias administrativas. E a inobservância destarestrição acarretava, inclusive, sanções na esfera disciplinar, que podiam variar desimples repreensão à prisão ou detenção, ou seja, penas administrativas que importamprivação de liberdade. Por isso, poucos foram os militares que se aventuraram aingressar em juízo em busca da tutela jurisdicional de seus direitos.

Aliando a experiência adquirida ao longo de quase 20 (vinte) anos de serviçosprestados à gloriosa Força Aérea Brasileira, como oficial aviador e assessor jurídicoda Base Aérea do Recife, bem como a conquistada como professor de Direito Militarem curso preparatório para concurso público e no exercício do cargo de Procuradordo Estado de Pernambuco, em especial, nas demandas entre o Estado e seus agentesmilitares, pretendemos abordar de forma didática, prática e com linguagem acessívelos aspectos mais relevantes das Forças Armadas, das Polícias Militares e Corpos deBombeiros Militares, e do regime jurídico de seus membros.

Obviamente, não temos a pretensão de esgotar o assunto, nem tampouco dedestinar este livro aos grandes mestres e teóricos em direito, mas, sim, àqueles que sedefrontam rotineiramente com temas voltados às instituições militares, comoMagistrados, Promotores e Procuradores de Justiça, Procuradores de Estado,Defensores Públicos, advogados, acadêmicos, militares em geral, e demais pessoasque tenham afinidade com o tema.

Page 6: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Este livro destina-se, ainda, àqueles que desejam prestar concursos públicos paracarreiras jurídicas como Ministério Público Militar, Juiz-Auditor da Justiça Militar daUnião e dos Estados, Defensoria Pública, para admissão nos quadros e serviçosjurídicos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, dentre outros.

Page 7: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

É sensacional a ideia de lançar um livro sobre o Direito Administrativo Militar,tendo como autor o professor Jorge Luiz Nogueira de Abreu, que é meu colega naProcuradoria-Geral do Estado de Pernambuco, tendo sido, por mais de vinte anos,oficial aviador e assessor jurídico da Base Aérea Militar do Recife, além de terlecionado diversas matérias relacionadas com o regime militar em cursos destinados àpreparação para concursos públicos. O autor acumula, enfim, excepcional experiênciano trato do assunto, reunindo um cipoal de conhecimentos que servirá de liçõesprecisas para seus leitores.

Toda essa experiência foi reunida no livro que ora se lança, resultando numtrabalho claro, didático, preciso e objetivo. A qualidade do livro faz com que ele sirvanão somente para estudantes que estão a se preparar para exames de concursospúblicos, mas, de igual modo, de material imprescindível para os profissionais quelidam com o Direito Militar.

O autor consegue discorrer sobre os principais assuntos desse interessante ramodo Direito, examinando seu conceito, suas fontes e suas relações com os demaisramos da área jurídica, sem deixar de expor, sobre o regime jurídico, os princípios eos poderes da Administração Pública Militar.

Para além disso, o autor discorre, com detalhes, sobre o ato jurídico militar.Depois, trata das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares, explicando arespeito de seus membros, de suas atribuições constitucionais e de seu regimejurídico, sobretudo de suas normas gerais de organização.

Prosseguindo, Jorge passa a expor, com minúcias, sobre as normas relativas àsForças Armadas brasileiras. Em seguida, explicita os detalhes acerca do serviço militarobrigatório e alternativo, daí se seguindo capítulo específico sobre a prestação doserviço militar pelos estudantes de medicina, farmácia, odontologia e veterinária e,bem assim, pelos médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários.

Page 8: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A partir daí, o livro passa a detalhar as regras relativas aos militares das ForçasArmadas brasileiras, contendo capítulos próprios a respeito dos direitos e garantiasindividuais e coletivas dos militares, de seu regime jurídico, da carreira militar, doingresso nas Forças Armadas, da disciplina e hierarquia militar, dos cargos e funçõesmilitares e do comando e subordinação, das obrigações e deveres militares, dosConselhos de Justificação e Disciplina nas Forças Armadas, dos direitos eprerrogativas dos militares – aí incluída sua remuneração e demais vantagens –, dassituações especiais, da exclusão do serviço ativo e do tempo de serviço.

No exame de cada assunto, o autor colaciona seleta jurisprudência dos tribunaissuperiores, além de reunir os enunciados das súmulas de jurisprudência dominante.

Enfim, o livro preenche uma lacuna do mercado editorial e oferece ao públicomaterial de primeira qualidade, com linguagem simples, objetiva e acessível, servindoaos estudantes e constituindo fundamental ferramenta para o profissional que lidacom o assunto, sobretudo para o membro do Ministério Público Militar, Juiz-Auditorda Justiça Militar, Defensoria Pública e advogados públicos.

Leonardo José Carneiro da CunhaMestre em Direito pela UFPE. Doutor em Direito pela

PUC/SP. Professor-adjunto da Faculdade de Direito doRecife (UFPE). Procurador do Estado de Pernambuco e

advogado.

Page 9: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

AC Apelação Cível

ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade

ADIn Ação Direta de Inconstitucionalidade

AG Agravo

AgCP Agência da Capitania dos Portos

AgR Agravo Regimental

AGU Advocacia-Geral da União

AI Agravo de Instrumento

AI-AgR Agravo Regimental no Agravo de Instrumento

AJB Águas Jurisdicionais Brasileiras

AJN Águas sob Jurisdição Nacional

AMAJME Associação dos Magistrados das Justiças Militares Estaduais

AMS Apelação em Mandado de Segurança

Apelfo Apelação

APELREEX Apelação/Reexame necessário

AVODAC Autorização de voo do Departamento de Aviação Civil

AVOEM Autorização de voo do Estado-Maior da Aeronáutica

BEL Boletim Eleitoral

Page 10: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

BN Base Naval

CAM Certificado de Alistamento Militar

CAN Correio Aéreo Nacional

CCCPMM Caixa de Construção de Casas para o Pessoal do Ministério da Marinha

CDN Conselho de Defesa Nacional

CECAN Centro do Correio Aéreo Nacional

CF Constituição Federal

Cf. Conforme

CFIAe Caixa de Financiamento da Aeronáutica

CFN Corpo de Fuzileiros Navais

Cjust Conselho de Justificação

Cmt Ex Comandante do Exército

COMAR Comando Aéreo Regional

COMDABRA Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro

COMGAR Comando Geral do Ar

COMTA Comando de Transporte Aéreo

CONJUR Consultoria Jurídica

CP Código Penal

CP Capitania dos Portos

CPC Código de Processo Civil

CPG Comissão de Promoções de Graduados

CPM Código Penal Militar

CPO Comissões de Promoção de Oficiais

CPPM Código Penal Militar

CS Comissão de Seleção

CSM Circunscrições de Serviço Militar

CSN Conselho de Segurança Nacional

Page 11: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

CTN Código Tributário Nacional

D log. Diretoria de Logística

Dec. Decreto

DelCP Delegacia da Capitania dos Portos

DelSM Delegacias de Serviço Militar

Des. Desembargador

DF Distrito Federal

DFPC Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados

DGP Departamento-Geral do Pessoal

DIRAP Diretoria de Administração do Pessoal

DJ Diário da Justiça

DJe Diário da Justiça do Estado

DJU Diário da Justiça

DN Distrito Naval

DPAer Diretoria do Pessoal da Aeronáutica

DPM Diretoria do Pessoal da Marinha

DSM Diretoria do Serviço Militar

EAS Estágio de Adaptação e Serviço

EIAC Embargos Infringentes na Apelação

EIS Estágio de Instrução e Serviço

EDiv. Embargos de Divergência

EMFA Estado-Maior das Forças Armadas

EREsp Embargos de Divergência em Recurso Especial

Ex Exército

FCA Folheto do Comando da Aeronáutica

Fed. Federal

Page 12: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

FHE Fundação Habitacional do Exército

FUNSA Fundo de Saúde da Aeronáutica

FUSEX Fundo de Saúde do Exército

FUSMA Fundo de Saúde da Marinha

HD Habeas Data

ICA Instrução de Comando da Aeronáutica

IEMFDV Institutos de Ensino, Oficiais ou Reconhecidos, Destinados à Formação de Médicos,Farmacêuticos, Dentistas ou Veterinários

IG Instruções Gerais

IN Instrução normativa

INCAER Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica

JAAer Juntas de Alistamento da Aeronáutica

JIS Junta de Inspeção de Saúde

JSM Juntas de Serviço Militar

LC Lei Complementar

LOMAN Lei Orgânica da Magistratura Nacional

LRM Lei de Remuneração dos Militares

MC Medida Cautelar

MD Ministério da Defesa

MFDV Médicos, Farmacêuticos, Dentistas e Veterinários

MHz MegaHertz

MP Medida Provisória

MPM Ministério Público Militar

MS Mandado de Segurança

MT Mar Territorial

NPA Norma Padrão de Ação

OA Órgãos Alistadores

Page 13: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ODS Órgão de Direção Setorial

OFOR Órgãos de Formação de Oficiais da Reserva

OM Organização Militar

ON Orientação normativa

PAF Porte de Arma de Fogo

PAPEEX Plano de Assistência Pré-escolar do Exército

PAR Parágrafo

PATFLU Patrulha Fluvial

PATNAV Patrulha Naval

PC Plataforma Continental

PEC Proposta de Emenda Constitucional

PN Portaria normativa

PNR Próprio Nacional Residencial

POUPEx Associação de Poupança e Empréstimo

Proc. Processo

QAA Quadro de Acesso por Antiguidade

QAE Quadro de Acesso por Escolha

QAM Quadro de Acesso por Merecimento

R Regulamento

R/1 Reserva Remunerada. 1.ª Classe da Reserva

R/2 Reserva não Remunerada. 2.ª Classe da Reserva

R/3 Reserva não Remunerada. 3.ª Classe da Reserva

RADA Regulamento de Administração da Aeronáutica

RAE (R-3) Regulamento de Administração do Exército

RAF Royal Air Force

RCHC Recurso em Habeas Corpus

RCOR Regulamento do Corpo de Oficiais de cada Força

Page 14: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

RDAer Regulamento Disciplinar da Aeronáutica

RDE Regulamento Disciplinar do Exército

RDIOF Representação de Indignidade para o Oficialato

RDM Regulamento Disciplinar da Marinha

RDP Revista de Direito Público

RE Recurso Extraordinário

RE-AgR Agravo Regimental no Recurso Extraordinário

REO Remessa Ex Officio

REPROGAer Regulamento de Promoções de Graduados da Aeronáutica

REsp Recurso Especial

RHC Recurso Ordinário em Habeas Corpus

RI/STM Regimento Interno do STM

RJTSE Revista de Jurisprudência do TSE

RM Região Militar

RM1 Reserva Remunerada. 1ª Classe da Reserva

RM2 Reserva Remunerada. 2ª Classe da Reserva

RM3 Reserva Remunerada. 3ª Classe da Reserva

RMS Recurso Ordinário em Mandado de Segurança

RSE Recurso em Sentido Estrito

RT Revista dos Tribunais

RTJ Revista Trimestral de Jurisprudência

SERMOB Serviços de Recrutamento e Mobilização

SFH Sistema Financeiro da Habitação

SISCAN Sistema do Correio Aéreo Nacional

SISCEAB Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

SRMZAe Serviços de Recrutamento e Mobilização de Zona Aérea

Page 15: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

SSMR Seções de Serviço Militar Regional

STG Seções de Tiro de Guerra

STF Supremo Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça

STM Superior Tribunal Militar

TRF Tribunal Regional Federal

TSE Tribunal Superior Eleitoral

UF Unidade da Federação

VHF Very High Frequency (Frequência Muito Alta)

ZAe Zonas Aéreas

ZEE Zona Econômica Exclusiva

ZC Zona Contígua

ZSM Zonas de Serviço Militar

V FAE Quinta Força Aérea

Page 16: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

I. DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR1.1. Conceito1.2. Relações do direito administrativo militar com os demais ramos do direito1.3. Fontes do Direito Administrativo Militar1.4. Resumo da matéria1.5. Exercícios de fixação

II. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MILITAR: REGIME JURÍDICO,PRINCÍPIOS NORTEADORES E PODERES2.1. Considerações iniciais2.2. Regime jurídico administrativo2.3. Princípios norteadores da Administração Pública Militar

2.3.1. Legalidade2.3.2. Impessoalidade2.3.3. Moralidade2.3.4. Publicidade2.3.5. Eficiência2.3.6. Supremacia do interesse público2.3.7. Presunção de legitimidade e veracidade2.3.8. Autotutela2.3.9. Continuidade do serviço público

Page 17: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

2.3.10. Motivação2.3.11. Razoabilidade e proporcionalidade2.3.12. Segurança jurídica2.3.13. Boa-fé2.3.14. Hierarquia

2.4. Poderes da Administração Pública Militar2.4.1. Poder regulamentar2.4.2. Poder normativo2.4.3. Poder hierárquico2.4.4. Poder disciplinar2.4.5. Poder vinculado2.4.6. Poder discricionário2.4.7. Poder de Polícia

2.4.7.1. Conceito2.4.7.2. Fundamento2.4.7.3. Objeto2.4.7.4. Finalidade2.4.7.5. Limitações2.4.7.6. Atributos2.4.7.7. Sanções2.4.7.8. Manifestações2.4.7.9. Atribuições de polícia2.4.7.10. Setores de atuação da polícia administrativa2.4.7.11. Prescrição da ação punitiva no âmbito da Administração Federal2.4.7.12. Polícia administrativa e polícia judiciária. Distinção2.4.7.13. Poder de polícia e as Forças Armadas

2.5. Resumo da matéria2.6. Exercícios de fixação

Page 18: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

III. ATO ADMINISTRATIVO MILITAR3.1. Ato administrativo. Conceito3.2. Ato administrativo militar

3.2.1. Conceito3.2.2. Atos administrativos militares típicos e atípicos3.2.3. Atos administrativos militares típicos

3.2.3.1. Classificação3.2.3.2. Atributos3.2.3.3. Elementos ou requisitos3.2.3.4. Espécies3.2.3.5. Causas de extinção

3.3. Resumo da matéria3.4. Exercícios de fixação

IV. POLÍCIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES4.1. Membros4.2. Atribuições constitucionais4.3. Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação

e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros estaduais4.4. Normas de organização da polícia militar e do corpo de bombeiros militar do

Distrito Federal4.5. Organização e manutenção. Efetivação4.6. Direção superior4.7. Agente público militar estadual e distrital. Disciplinamento constitucional

4.7.1. Prerrogativas, direitos e deveres inerentes às patentes4.7.2. Perda do posto e graduação4.7.3. Posse em cargo ou emprego público civil4.7.4. Sindicalização, greve e filiação a partido político4.7.5. Militares dos Estados e do Distrito Federal alistáveis e elegíveis

Page 19: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

4.7.6. Direitos sociais4.7.7. Restrições e garantias, respectivamente, impostas e conferidas aos

servidores públicos civis pela Constituição e estendidas aos militares4.7.8. Regime jurídico, condições de ingresso e concurso público4.7.9. Remuneração4.7.10. Contagem do tempo de contribuição e de serviço

4.8. Forças Auxiliares do Exército4.9. Escala hierárquica nas polícias militares

4.9.1. Precedência hierárquica entre militares das Forças Armadas e dasPolícias Militares em igualdade de posto e graduação

4.10. Prestação voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares desaúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de BombeirosMilitares

4.10.1. Criação4.10.2. Duração da prestação do serviço4.10.3. Admissão4.10.4. Auxílio pecuniário

4.11. Resumo da matéria4.12. Exercícios de fixação

V. AS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS5.1. Definição constitucional5.2. Normas gerais de organização, preparo e emprego das Forças Armadas

5.2.1. Considerações iniciais5.2.2. Organização5.2.3. Orçamento5.2.4. Preparo5.2.5. Emprego5.2.6. Atribuições subsidiárias

5.3. Ministério da Defesa

Page 20: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

5.3.1. Histórico5.3.2. Criação5.3.3. Competência5.3.4. Estrutura organizacional5.3.5. Ministro da Defesa

5.4. Ministérios Militares. Transformação em Comandos da Marinha, do Exército eda Aeronáutica. Autarquias e Fundação Habitacionais

5.4.1. Ministério da Marinha5.4.2. Ministério do Exército5.4.3. Ministério da Aeronáutica5.4.4. Transformação em Comandos Militares

5.4.4.1. Comando da Marinha5.4.4.2. Comando do Exército5.4.4.3. Comando da Aeronáutica5.4.4.4. Comandantes de Força

5.4.5. Autarquias e fundação habitacionais5.4.5.1. Caixa de Construções de Casas para o Pessoal do Ministério da

Marinha (CCCPMM)5.4.5.2. Fundação habitacional do Exército5.4.5.3. Caixa de Financiamento Imobiliário da Aeronáutica

5.5. Resumo da matéria5.6. Exercícios de fixação

VI. SERVIÇO MILITAR INICIAL OBRIGATÓRIO E ALTERNATIVO6.1. Histórico6.2. Conceito6.3. Finalidade6.4. Obrigatoriedade6.5. Voluntariado

Page 21: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

6.6. Duração6.7. Divisão territorial6.8. Direção geral do serviço militar6.9. Órgãos de direção do serviço militar6.10. Execução do serviço militar e órgãos do serviço militar6.11. Recrutamento

6.11.1. Considerações iniciais6.11.2. Alistamento e seleção6.11.3. Isenções

6.11.3.1. Conceito6.11.3.2. Hipóteses

6.11.4. Reabilitação6.11.5. Convocação e distribuição do contingente6.11.6. Incorporação6.11.7. Matrícula

6.12. Adiamento de incorporação e de matrícula6.12.1. Conceito6.12.2. Hipóteses

6.13. Dispensa de incorporação6.13.1. Conceito6.13.2. Hipóteses

6.14. Interrupção do serviço militar obrigatório6.15. Prorrogações do serviço militar6.16. Licenciamento6.17. Reservista e disponibilidade6.18. Certificados de alistamento militar, de reservista, de isenção e de dispensa de

incorporação6.19. Documentos comprobatórios de situação militar6.20. Direitos dos convocados e reservistas

Page 22: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

6.21. Deveres dos reservistas6.22. Impedimentos decorrentes da não quitação das obrigações militares6.23. Acordos de reciprocidade de prestação do serviço militar6.24. Serviço alternativo ao serviço militar obrigatório

6.24.1. Conceito6.24.2. Locais de prestação6.24.3. Documento comprobatório da prestação do serviço alternativo6.24.4. Recusa ou cumprimento incompleto

6.25. Resumo da matéria6.26. Exercícios de fixação

VII. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO MILITAR PELOS ESTUDANTES DEMEDICINA,FARMÁCIA, ODONTOLOGIA, VETERINÁRIA, E PELOSMÉDICOS, FARMACÊUTICOS, DENTISTAS E VETERINÁRIOS17.1. Modalidades7.2. Obrigatoriedade7.3. Voluntariado7.4. Duração7.5. Convocação7.6. Seleção7.7. Incorporação7.8. Excedentes7.9. Estágio de adaptação e serviço (EAS)7.10. Promoção7.11. Convocações posteriores7.12. Estágio de Instrução e Serviço (EIS)7.13. Prorrogações do tempo de serviço7.14. Direitos dos MFDV7.15. Deveres dos estudantes candidatos à matrícula no IEMFDV

Page 23: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

7.16. Deveres dos MFDV7.17. Deveres dos oficiais MFDV da reserva de 2.ª classe ou não remunerada7.18. Resumo da matéria7.19. Exercícios de fixação

VIII. MILITARES DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS8.1. Denominação8.2. Militares na ativa8.3. Militares na inatividade8.4. Reserva das Forças Armadas8.5. Oficiais das Forças Armadas

8.5.1. Conceito8.5.2. Ingresso na carreira de Oficial8.5.3. Situação

8.5.3.1. Na ativa8.5.3.2. Na reserva8.5.3.3. Reformados

8.5.4. Condição jurídica dos oficiais da ativa e da reserva remunerada (R/1)8.5.5. Condição jurídica dos oficiais da reserva não remunerada

8.5.5.1. Considerações iniciais8.5.5.2. Manutenção do posto e da patente8.5.5.3. Direitos, prerrogativas e deveres inerentes à patente do oficial da

reserva não remunerada8.5.5.4. Normas infraconstitucionais aplicáveis aos oficiais da reserva não

remunerada8.6. Praças das Forças Armadas

8.6.1. Conceito8.6.2. Praças especiais8.6.3. Condição jurídica

Page 24: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

8.7. Resumo da matéria8.8. Exercícios de fixação

IX. DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS E REGIMEJURÍDICO DOS MILITARES9.1. Direitos e garantias individuais e coletivas e os militares9.2. Regime Jurídico dos Militares9.3. Resumo da matéria9.4. Exercícios de fixação

X. A CARREIRA MILITAR10.1. Peculiaridades10.2. Acumulação do exercício da atividade militar com cargo, emprego ou função

pública civil não eletiva por militar da ativa10.3. Militar da ativa e diplomação em cargo eletivo10.4. Militar da reserva remunerada. Percepção simultânea de proventos da

inatividade militar e remuneração de cargo, emprego ou função pública civil10.5. Resumo da matéria10.6. Exercícios de fixação

XI. INGRESSO NAS FORÇAS ARMADAS11.1. Incorporação, matrícula e nomeação11.2. Concurso público

11.2.1. Considerações iniciais11.2.2. Hipóteses de obrigatoriedade

11.3. Requisitos e condições específicas para o ingresso11.4. Compromisso militar11.5. Resumo da matéria11.6. Exercícios de fixação

Page 25: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

XII. DISCIPLINA E HIERARQUIA MILITAR12.1. Disciplina militar

12.1.1. Conceito12.2. Hierarquia militar

12.2.1. Conceito12.2.2. Ordenação vertical da autoridade por postos e graduações12.2.3. Ordenação horizontal da autoridade dentro de um mesmo posto ou

graduação12.2.4. Ordenação vertical e horizontal da autoridade entre militar ativo e

inativo12.2.5. Ordenação da autoridade entre militar da ativa e da reserva,

remunerada ou não, convocado para o serviço ativo12.2.6. Ordenação da autoridade entre praças especiais e as demais praças12.2.7. Precedência entre militares e civis12.2.8. Círculos hierárquicos nas Forças Armadas12.2.9. Posto

12.2.9.1. Patente12.2.9.2. Vedação constitucional à concessão de postos militares a civis12.2.9.3. Titularidade de postos e patentes militares12.2.9.4. Princípio constitucional da garantia da patente12.2.9.5. A garantia das patentes em sua plenitude12.2.9.6. Perda do posto e da patente12.2.9.7. Pensão militar

12.2.10. Graduação12.2.10.1. Conceito12.2.10.2. Acesso12.2.10.3. Perda da graduação12.2.10.4. Consequências jurídicas da perda da graduação

12.2.11. Uso do posto e da graduação pelo militar inativo12.3. Resumo da matéria

Page 26: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

12.4. Exercícios de fixação

XIII. CARGOS, FUNÇÕES MILITARES, COMANDO E SUBORDINAÇÃO13.1. Cargo militar13.2. Provimento13.3. Vacância13.4. Função militar13.5. Comando

13.5.1. Considerações iniciais13.5.2. Conceito13.5.3. Competência para o exercício da função de comando, chefia e direção

13.6. Subordinação13.7. Resumo da matéria13.8. Exercícios de fixação

XIV. OBRIGAÇÕES E DEVERES MILITARES14.1. Valor militar14.2. Ética militar14.3. Deveres militares

14.3.1. Dever de cumprir rigorosamente as ordens emanadas14.4. Violação das obrigações e dos deveres militares no âmbito das Forças

Armadas14.4.1. Crimes militares14.4.2. Contravenções ou transgressões disciplinares

14.4.2.1. Definição14.4.2.2. Classificação14.4.2.3. Justificativas, atenuantes e agravantes14.4.2.4. Sujeição aos regulamentos disciplinares14.4.2.5. Apuração

Page 27: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

14.5. Regulamentos disciplinares das Forças Armadas: lei ou decreto?14.6. Regulamentos disciplinares das Forças Armadas vigentes à época da

promulgação da Constituição Federal de 1988. Recepção como leis ordinárias14.7. Transgressão e punição disciplinar militar. Peculiaridades14.8. Punições disciplinares militares nas Forças Armadas

14.8.1. Aspectos iniciais14.8.2. Finalidade14.8.3. Espécies14.8.4. Competência para aplicar punição disciplinar14.8.5. Proibição de dupla punição por uma mesma transgressão disciplinar14.8.6. Relevação do cumprimento da punição disciplinar14.8.7. Cancelamento de punição disciplinar14.8.8. A incomunicabilidade do transgressor para interrogatório14.8.9. Prescrição14.8.10. Habeas corpus e punição disciplinar14.8.11. Alterações no comportamento militar

14.9. Resumo da matéria14.10. Exercícios de fixação

XV. CONSELHOS DE JUSTIFICAÇÃO E DISCIPLINA NAS FORÇASARMADAS15.1. Conselho de Justificação

15.1.1. Fato gerador15.1.2. Nomeação15.1.3. Composição15.1.4. Impedimentos15.1.5. Prazo para conclusão15.1.6. Procedimento15.1.7. Natureza jurídica da decisão proferida pelo STM

Page 28: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15.1.8. Prescrição15.1.9. Aplicação subsidiária do Código de Processo Penal Militar

15.2. Conselho de Disciplina15.2.1. Conceito15.2.2. Fato gerador15.2.3. Nomeação15.2.4. Composição15.2.5. Impedimentos15.2.6. Prazo para a conclusão15.2.7. Procedimento15.2.8. Oficial curador15.2.9. Recurso15.2.10. Aplicação subsidiária do Código de Processo Penal Militar15.2.11. Prescrição

15.3. Resumo da matéria15.4. Exercícios de fixação

XVI. DIREITOS E PRERROGATIVAS DOS MILITARES16.1. Percepção de remuneração, quando em atividade, e de proventos, na

inatividade16.1.1. Remuneração

16.1.1.1. Considerações iniciais16.1.1.2. Hipóteses de suspensão e de cessação16.1.1.3. Composição

16.1.2. Proventos16.1.2.1. Hipóteses de suspensão e de cessação

16.1.3. Teto da remuneração e dos proventos16.1.4. Descontos16.1.5. Remuneração e indenizações dos militares no exterior

Page 29: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.2. Proventos integrais do militar com mais de trinta anos de serviço16.3. Proventos integrais do militar com menos de trinta anos de serviço16.4. Estabilidade quando praça16.5. Uso das designações hierárquicas16.6. Ocupação de cargo correspondente ao posto ou à graduação16.7. Assistência médico-hospitalar para si e seus dependentes16.8. Funeral para si e seus dependentes16.9. Alimentação16.10. Fardamento16.11. Moradia para militar em atividade16.12. Constituição de pensão militar16.13. Promoção

16.13.1. Conceito16.13.2. Critérios de promoção

16.13.2.1. Antiguidade16.13.2.2. Merecimento16.13.2.3. Escolha16.13.2.4. Por bravura16.13.2.5. Post mortem

16.13.3. Ingresso no quadro de acesso e lista de escolha16.13.3.1. Interstício16.13.3.2. Aptidão física16.13.3.3. Condições peculiares16.13.3.4. Conceito profissional16.13.3.5. Conceito moral

16.13.4. Promoção em ressarcimento de preterição16.13.5. Promoção por ocasião de transferência para a inatividade remunerada16.13.6. Ato de promoção de oficiais

16.14. Transferência a pedido para a reserva remunerada

Page 30: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.15. Férias, afastamentos temporários do serviço e licenças16.15.1. Férias16.15.2. Afastamentos temporários do serviço16.15.3. Licença

16.15.2.1. Conceito16.15.2.2. Espécies16.15.2.3. Hipóteses de interrupção das licenças especial, para tratar de

interesse particular e para acompanhar cônjuge ou companheiro(a)16.16. Demissão e licenciamento voluntários16.17. Porte de arma16.18. Recurso, pedido de reconsideração, queixa ou representação

16.18.1. Considerações iniciais16.18.2. Recurso16.18.3. Pedido de reconsideração16.18.4. Queixa e representação16.18.5. Efeito suspensivo

16.19. Livre acesso ao Poder Judiciário independentemente do prévio exaurimentodas vias administrativas

16.20. Prerrogativas dos militares16.20.1. Conceito16.20.2. Espécies

16.20.2.1. O uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemasmilitares

16.20.2.2. Deferências tipicamente militares16.20.2.3. Cumprimento de pena de prisão ou detenção em organização

militar da respectiva Força16.20.2.4. Julgamento em foro especial16.20.2.5. Ser encaminhado à autoridade militar nos casos de prisão em

flagrante delito16.20.2.6. Dispensa dos serviços de jurado e na Justiça Eleitoral

Page 31: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.21. Resumo da matéria16.22. Exercícios de fixação

XVII. SITUAÇÕES ESPECIAIS17.1. Considerações iniciais

17.1.1. Agregação17.1.1.1. Conceito17.1.1.2. Casos de agregação17.1.1.3. Competência para promover agregação17.1.1.4. Condição jurídica do agregado

17.1.2. Reversão17.1.2.1. Conceito17.1.2.2. Competência para efetuar a reversão17.1.2.3. Hipóteses de reversão a qualquer tempo

17.1.3. Excedente17.1.3.1. Conceito17.1.3.2. Condição jurídica do excedente

17.1.4. Ausente17.1.5. Deserção

17.1.5.1. Conceito17.1.5.2. Contagem do prazo de graça17.1.5.3. Interrupção do tempo de serviço17.1.5.4. Suspensão temporária do direito à remuneração17.1.5.5. Agregação do oficial declarado desertor17.1.5.6. Agregação da praça desertora com estabilidade assegurada17.1.5.7. Exclusão e reinclusão no serviço ativo das praças especiais e sem

estabilidade declaradas desertoras17.1.6. Desaparecido e extraviado

17.1.6.1. Desaparecido

Page 32: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

17.1.6.2. Extraviado17.1.6.3. A remuneração e os proventos do militar desaparecido ou

extraviado17.1.6.4. Interrupção do serviço militar17.1.6.5. A agregação17.1.6.6. Exclusão do serviço ativo17.1.6.7. Processo de habilitação à pensão militar17.1.6.8. Reaparecimento do militar

17.1.7. Comissionado17.2. Resumo da matéria17.3. Exercícios de fixação

XVIII. EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO18.1. Considerações iniciais

18.1.1. Desligamento18.1.2. Inclusão na reserva das Forças Armadas

18.2. Casos de exclusão18.2.1. Transferência para a reserva remunerada

18.2.1.1. Conceito18.2.1.2. Modalidades18.2.1.3. Suspensão18.2.1.4. Proventos18.2.1.5. Outros direitos pecuniários

18.2.2. Reforma18.2.2.1. Conceito18.2.2.2. Modalidades18.2.2.3. Tempo de serviço necessário à reforma por incapacidade definitiva

para o serviço ativo das Forças Armadas18.2.2.4. Tempo de serviço necessário à reforma do militar considerado

inválido

Page 33: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

18.2.2.5. Proventos18.2.2.6. Retorno ao serviço ativo ou transferência para a reserva

remunerada do militar reformado18.2.2.7. Situação das praças especiais reformadas18.2.2.8. Incapacidade definitiva para a atividade aérea militar18.2.2.9. Reforma dos conscritos

18.2.3. Demissão18.2.3.1. Conceito18.2.3.2. Tipos18.2.3.3. Indenizações18.2.3.4. Situação jurídica do oficial demitido

18.2.4. Licenciamento18.2.4.1. Conceito18.2.4.2. Tipos18.2.4.3. Reinclusão na Força de origem da praça licenciada para fins de

matrícula em estabelecimento de ensino de formação ou preparatório deoutra Força singular ou auxiliar

18.2.4.4. Indenizações18.2.4.5. Situação do militar licenciado18.2.4.6. Hipóteses de suspensão do licenciamento18.2.4.7. Licenciamento do militar temporário que estiver respondendo a

inquérito policial militar ou a processo penal militar18.2.5. Anulação de incorporação e desincorporação da praça

18.2.5.1. Anulação da incorporação18.2.5.2. Desincorporação

18.2.6. Exclusão a bem da disciplina18.2.6.1. Conceito18.2.6.2. Fato gerador18.2.6.3. Ampla defesa e contraditório18.2.6.4. Retorno à situação militar anterior

Page 34: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

18.2.6.5. Competência18.2.6.6. Situação da praça excluída

18.2.7. Falecimento18.2.8. Perda do posto e da patente, deserção e extravio

18.3. Resumo da matéria18.4. Exercícios de fixação

XIX. TEMPO DE SERVIÇO19.1. Considerações iniciais19.2. Tempo de efetivo serviço

19.2.1. Conceito19.2.2. Cômputo

19.3. Anos de serviço19.3.1. Conceito19.3.2. Acréscimos

19.4. Resumo da matéria19.5. Exercícios de fixação

Anexo I

Anexo II

Bibliografia

Page 35: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

As Forças Armadas e Auxiliares possuem órgãos próprios, agentes públicossubmetidos a regime jurídico específico e institutos ímpares, como agregação,deserção, incorporação, desincorporação, comissionamento, reserva, reversão,licenciamento, etc., sem paralelo na Administração Pública “civil”. Daí a realnecessidade de se promover um estudo científico, individualizado e sistematizadodeste setor especial da Administração, por meio de uma disciplina jurídicaespecializada. A doutrina a tem denominado Direito Administrativo Militar.

1.1. CONCEITO

Adotando um critério descritivo e integrativo, definimos, didaticamente, DireitoAdministrativo Militar como sub-ramo especializado do Direito Administrativo queestuda os princípios (de direito administrativo) e preceitos jurídicos que, de formasistemática, regem as atividades peculiares das Forças Armadas (Marinha, Exército eAeronáutica) e Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares), seusórgãos, membros militares e atividades jurídicas não contenciosas, voltadas aocumprimento, de forma concreta, direta e imediata, de suas destinaçõesconstitucionais e demais fins a elas atribuídas legalmente1.

A partir desta definição, conclui-se que o Direito Administrativo Militar:

I – É um sub-ramo especializado do direito administrativo comum, afeto àsatividades de administração praticadas no âmbito das Forças Armadas e dasPolícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Não se trata, portanto, deramo do direito público dotado de autonomia científica2, mas, sim, de umaespecialização técnico-funcional do direito administrativo.

Page 36: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Oportuno se faz relembrar que, para se aferir, cientificamente, a autonomia deuma disciplina jurídica, é necessária a constatação de determinados requisitos3.

De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello4, uma disciplina jurídica éconsiderada autônoma quando corresponder a um conjunto sistematizado deprincípios e normas que lhe dão identidade, diferenciando-a das demais ramificaçõesdo direito.

Para José Cretella Júnior5, um ramo do direito é autônomo quando tem: a) umobjeto próprio; b) institutos próprios; c) método próprio; d) princípios informativospróprios.

Apesar de inexistir um consenso entre os doutrinadores sobre quais requisitossão, de fato, indispensáveis ao reconhecimento da autonomia de uma disciplinajurídica, dois têm sido unanimemente adotados, a saber: a) existência de objetopróprio; b) presença de princípios informativos particulares que a diferencie dasdemais.

O direito administrativo militar, inegavelmente, possui objeto próprio, i.e., aAdministração Pública Militar, seja no sentido subjetivo ou orgânico (órgãos e agentesmilitares), seja no objetivo (atividade ou função administrativa militar). Possui,também, institutos específicos, não encontrados na Administração Pública “civil”,como a deserção e o comissionamento. Todavia, não é dotado de princípiosinformativos próprios capazes de lhe dar identidade em relação ao direitoadministrativo comum.

De fato, os princípios informativos deste são os mesmos do daquele, ou seja, asupremacia do interesse público sobre o particular e a indisponibilidade do interessepúblico. Estes princípios, na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello6, constituem“as pedras de toque” do regime jurídico-administrativo, ou seja, a unidade nuclear, oalicerce sobre o qual se constrói o direito administrativo como um todo, inclusive odireito administrativo militar.

Cabe ressaltar, ainda, que os demais princípios norteadores do direitoadministrativo também o são do direito administrativo militar. É certo que, por vezes,tais princípios assumem contornos mais rígidos no âmbito militar, como no caso doprincípio da continuidade do serviço público, ante a vedação absoluta de greve aosmilitares (art. 142, § 3.º, IV, da CF/1988), ou da hierarquia e da disciplina, cujaobservância é exigida em todas as circunstâncias da vida (art. 14, § 3.º, da Lei6.880/1990), diferentemente do que ocorre com os servidores públicos civis. Taispeculiaridades, no entanto, não são suficientes para conferir ao direito administrativomilitar autonomia científica.

Page 37: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

De outro lado, entendemos ser indispensável, por razões meramente didáticas,um estudo apartado do direito administrativo militar, não só pela importância erelevância de seu conteúdo, mas, também, pela estrita relação existente com outrosramos do direito, como, por exemplo, o direito constitucional, penal e processualpenal militar, eleitoral, comercial. Por estes motivos, torna-se imperioso atribuirautonomia didática à disciplina em voga, a fim de que o direito administrativo militarseja inserido nos cursos de graduação e pós-graduação em Direito, como disciplinaindependente, o que, aliás, já vem sendo feito. E esta necessidade se torna ainda maispremente na medida em que este sub-ramo do direito administrativo comum tem sidoobjeto de avaliação específica em vários concursos públicos, a exemplo damagistratura militar estadual e federal, ministério público militar estadual e federal,ingresso nos quadros e serviços de Direito, como oficial das Forças Armadas, dentreoutros.

II – É um conjunto sistêmico e harmônico de normas de direito, apartando-se,portanto, das de natureza política ou de ação social.

III – Disciplina, de forma peculiar, a estrutura (órgãos e agentes militares) dasForças Armadas e Auxiliares, que se baseiam, precipuamente, na hierarquia edisciplina. Exclui-se, por conseguinte, do âmbito do direito administrativomilitar, o servidor civil (estatutário e empregado público), lotado emorganizações militares, regido pelo Regime Jurídico Único ou pela CLT.

IV – Estão excluídas de seu âmbito as atividades estatais abstratas (legislativas),indiretas (judiciais) e as mediatas (ações sociais).

1.2. RELAÇÕES DO DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR COM OS DEMAISRAMOS DO DIREITO

O Direito é uma unidade lógica, formada por princípios e normas interligadas,interdependentes, constituindo um sistema jurídico unitário. Por conseguinte, osdiversos ramos que o compõem, necessariamente, se interagem, se relacionam entresi.

O direito administrativo militar, como não poderia deixar de ser, interage com osdemais ramos do direito, em especial, com o direito:

a) constitucional. Tradicionalmente, as Constituições têm reservado capítulosespecíficos para os militares, versando sobre questões como regime jurídicoestatutário, direitos e deveres, etc.;

Page 38: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) penal militar. Esta relação ocorre de várias formas, a exemplo da definição,pelo direito administrativo militar, de expressões como “militares em situaçãode atividade”, “militares da reserva”, “militares reformados”7, “funçãomilitar”8, “incorporação”9, dentre outras contidas no Código Penal Militar;

c) processual penal militar. A interação é constante, em especial, com acomunicabilidade dos efeitos de decisão administrativa sobre o processopenal e da decisão judicial sobre o processo administrativo disciplinar. Aprática de transgressão disciplinar grave, cujo conceito está adstrito ao direitoadministrativo militar, poderá acarretar a revogação da suspensão condicionalda pena (art. 614, III, do CPPM) ou do livramento condicional (art. 632, c, doCPPM). Por outro lado, a sentença penal absolutória inviabiliza a punição naesfera disciplinar militar, se ficar provada, na ação penal, a inexistência dofato ou que o acusado não foi o seu autor;

d) comercial. Ao militar, por força do art. 29 da Lei 6.880 é vedado comerciarou tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócioou participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima oupor quotas de responsabilidade limitada, sob pena de prática de transgressãodisciplinar10. A delimitação do alcance deste artigo está jungida a institutosafetos ao direito comercial;

e) eleitoral. O direito administrativo militar, por vezes, se vale de institutostípicos do direito eleitoral, como candidatura a cargo eletivo, diplomação,partido político, etc. Exemplificando: o militar que contar com mais de dezanos de serviço, ao se candidatar a cargo eletivo, será agregado, afastando-seda atividade11; se eleito, será, no ato da diplomação, transferido para a reservaremunerada12. O oficial e a praça das Forças Armadas serão submetidos,respectivamente, a Conselho de Justificação e de Disciplina se pertencerem apartido político suspenso ou dissolvido por força de disposição legal oudecisão judicial, ou que exerçam atividades prejudiciais ou perigosas àsegurança nacional13;

f) internacional público. As obrigações decorrentes dos tratados e convençõesinternacionais firmados pelo Brasil, no que se refere à atividade militar, aexemplo dos acordos de reciprocidade para a prestação do serviço militarfirmados com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, peloDecreto 50.144 e com a República Italiana, pelo Decreto 56.417 sãoexecutadas por meio de atos e normas regidos pelo direito administrativomilitar.

Page 39: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

1.3. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR

São as mesmas do direito administrativo comum, a saber: a lei em sentido lato, ajurisprudência, o costume e os princípios gerais do direito.

Lei em sentido amplo é a regra abstrata, geral e impessoal, englobando a MagnaCarta e respectivas emendas, as leis complementares, ordinárias, delegadas, medidasprovisórias, decretos, regulamentos militares, tratados, instruções de comando,portarias, etc.

A jurisprudência consiste em decisões semelhantes sobre uma determinadamatéria, proferidas, reiteradamente, pelos tribunais.

O costume é a norma não escrita que o uso consagrou. É a reiteração de umdeterminado comportamento que assume força de obrigação legal, pois é obedecidoconsciente e constantemente pela coletividade. Entretanto, somente os costumespraeter legem e secundum legem podem ser admitidos como fonte de direitoadministrativo militar, sendo defesa a utilização do costume contra legem.

Os princípios gerais do direito são normas fundamentais que se encontram nabase de toda legislação, constituindo-lhe a diretiva, o roteiro, que orienta o sistemalegislativo de um povo em dado momento histórico. São pressupostos básicos dosquais descendem as normas14.

1.4. RESUMO DA MATÉRIA

Conceito

Direito Administrativo Militar é o sub-ramo especializado do Direito Administrativo queestuda os princípios (de direito administrativo) e preceitos jurídicos que, de formasistemática, regem as atividades peculiares das Forças Armadas e Auxiliares, seus órgãos,membros militares e atividades jurídicas não contenciosas, voltadas ao cumprimento, deforma concreta, direta e imediata, de suas destinações constitucionais e demais fins a elasatribuídos legalmente.

Relações com os demais ramos do direito

O direito administrativo militar se relaciona com outros ramos do direito, como o direitoconstitucional, penal e processual penal militar, eleitoral, comercial, internacional público.

Fontes

Page 40: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

São fontes do direito administrativo militar: a lei em sentido lato, a jurisprudência, ocostume e os princípios gerais do direito.

Lei em sentido amplo é a regra abstrata, geral e impessoal.A jurisprudência consiste em decisões semelhantes sobre uma determinada matéria,

proferidas, reiteradamente, pelos tribunais.Costume é a norma não escrita que o uso consagrou. Somente os costumes praeter legem e

secundum legem podem ser admitidos como fonte de direito administrativo militar, sendodefesa a utilização do costume contra legem para esse fim.

Princípios gerais do direito. São pressupostos básicos dos quais descendem as normas.

1.5. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (COMAer – EAOT 2002) – NÃO é fonte do direito administrativo a/o:a) lei.b) doutrina.c) contrato.d) jurisprudência.

2. (COMAer – EAOT 2003) – A lei, a doutrina, a jurisprudência e oscostumes são:a) inerentes, exclusivamente, ao direito administrativo.b) fontes de direito administrativo.c) codificações do direito administrativo.d) ramos do direito.

GABARITO

1. c 2. b

1 Para Antônio Pereira Duarte, o Direito Administrativo Militar pode ser entendido como sub-

Page 41: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ramo do Direito Administrativo comum que, por meio de um conjunto de princípios jurídicosentrelaçados, disciplina e regula a atuação dos órgãos militares, dos agentes e servidoresmilitares, objetivando atingir a função constitucionalmente reservada às Forças Militarizadas(DUARTE, Antônio Pereira. Direito administrativo militar. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 4).

2 Para alguns autores, porém, o Direito Administrativo Militar é um ramo autônomo do direito.Dentre eles destacam-se: a) Paulo Tadeu Rodrigues Rosa, que define Direito AdministrativoMilitar como sendo o ramo autônomo do Direito que possui seus próprios fundamentos eprincípios que guardam estreitas relações com o Direito Penal, sendo que muitas faltasadministrativas podem levar a um processo-crime perante as auditorias militares (ROSA, PauloTadeu Rodrigues. Direito Administrativo Militar. Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Lumen Juris,2005, p. 4.); b) para Giovanni Duarte d’Andrea, Direito Administrativo Militar, que estuda os atosadministrativos praticados pelos componentes dos quadros das Forças Armadas ou ForçasAuxiliares (Bombeiros e Policiais Militares) que, em tese, violam o disposto nos RegulamentosDisciplinares, que possui alguns regramentos diversos do Direito Administrativo, que envolve osservidores públicos civis, é uma ciência jurídica autônoma, requerendo magistradosespecializados para oferecerem um julgamento técnico que permita ao militar se sentirverdadeiramente num Estado Democrático de Direito (D’ANDREA, Giovanni Duarte.Competência do Superior Tribunal Militar para julgamento de ações relativas às transgressõesdisciplinares. In: Âmbito Jurídico. Rio Grande, 60, 31/12/2008 [Internet]. Disponível em<http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4587>. Acesso em: 14 mar. 2009); c) Jorge César deAssis entende que a fixação do Direito Administrativo Militar como disciplina autônoma tevecomo marco importante, a edição em 1995 da obra de Antônio Pereira Duarte, DireitoAdministrativo Militar (ASSIS, Jorge César de. Considerações sobre aspectos essenciais dodireito militar. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 36, 02/01/2007 [Internet]. Disponível em:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1440>. Acesso em: 14 mar. 2009).

3 Há, no entanto, doutrinadores, como Antônio Carlos Cintra do Amaral, que não admitem aexistência de ramos autônomos do Direito. Para o referido jurista, citando Alfredo Augusto Becker(Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 1963), a evolução econômica e socialda humanidade dentro do ritmo vertiginoso da aceleração da história quebrou todos os ramosclássicos do direito, de modo que uma das grandes tarefas do jurista contemporâneo é estabelecera nova e racional divisão (“autonomia”) didática do direito (AMARAL, Antônio Carlos Cintra do.O princípio da eficiência no direito administrativo. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ –Centro de Atualização Jurídica, 14, junho-agosto, 2002. Disponível na Internet:<http://www.direitopublico.com.br>. Acesso em: 14 mar. 2009).

4 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo:Malheiros, 2004, p. 45.

5 CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p.8.

6 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo:

Page 42: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Malheiros, 2006, p. 52.7 Art. 9.º do CPM.8 Arts. 213 e 329 do CPM.9 Arts. 14, 51, b, 183, 186, do CPM.10 Constitui transgressão disciplinar;exercer o militar da ativa qualquer atividade comercial ou

industrial, ressalvadas as permitidas pelo Estatuto dos Militares (Item 121, do anexo I, do Decreto90.608/1984, Regulamento Disciplinar do Exército).

11 Art. 14, § 8.º, da CF/1988, combinando com o arts. 52, b, e 82, XIV, da Lei 6.880/1980.12 Art. 52, b, da Lei 6.880/1980.13 Art. 2.º, V, da Lei 5.836/1972 e art. 20, IV, do Decreto 71.500/1972.14 CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2000,

p. 85.

Page 43: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As Forças Armadas constituem um corpo especial da Administração que sedistingue do setor civil pela militarização com enquadramento hierárquico de seusmembros organizados em unidades armadas e preparadas para o combate1. Taisconsiderações, feitas as devidas adaptações, são aplicáveis às Polícias e Corpos deBombeiros Militares, ressalvando-se, apenas, que os militares estaduais possuemdestinação constitucional distinta dos militares federais2.

Não obstante às peculiaridades acima, a rigor, tecnicamente, não seria corretoadotar a expressão “Administração Pública militar” ou “Administração militar” comosinônima de Forças Armadas, Polícias Militares ou Corpos de Bombeiros Militares,uma vez que induziria à ideia de bipartição da Administração Pública Direta Federalou Estadual, respectivamente, que é una, em civil e militar3.

Todavia, a doutrina4, a jurisprudência5 e até mesmo o legislador6 têm adotado asexpressões “Administração Pública Militar” e “Administração militar”, ao se referiremàs Forças Armadas, Polícias Militares e Corpos de Bombeiro Militares. Didaticamente,assim também o faremos.

As Forças Armadas, Polícias Militares e Corpos de Bombeiro Militares sãoórgãos públicos7 pertencentes, respectivamente, à Administração Federal, Estadual ouDistrital. Por conseguinte, não possuem personalidade jurídica, não são sujeitos dedireitos e obrigações nem possuem capacidade para estarem em juízo. A atuação dosmembros das Forças Armadas é imputada à União, sendo essa representada judicialou extrajudicialmente pela Advocacia-Geral da União8, e a dos agentes militares doefetivo das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares, aos Estados ou ao DistritoFederal, cuja representação compete às respectivas Procuradorias9.

A Administração Militar, feitas as devidas adaptações e observadas as

Page 44: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

particularidades da atividade castrense, submete-se ao regime jurídico-administrativoimposto à Administração Pública.

2.2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Em decorrência da supremacia do interesse público sobre o particular, daindisponibilidade do interesse público e das limitações a que o Estado está sujeitofrente aos direitos e garantias individuais, a Administração Pública, inclusive a militar,se sujeita a um regime jurídico próprio, distinto do direito privado, denominadoregime jurídico administrativo.

Este regime garante à Administração determinadas prerrogativas, colocando-a emposição de supremacia em relação ao particular. Dentre elas, destacam-se as seguintes:a) requisições civis e militares em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (art.22, I, CF/1988); b) servidões, inclusive militares (Decreto-Lei 3.437/41); c) o poder deexpropriar, alterar ou rescindir, unilateralmente, contratos; d) a autotutela; e)executoriedade; f) imunidade tributária; g) presunção de legitimidade dos atosadministrativos; h) juízo privativo; i) prazos dilatados em juízo, etc.

Por outro lado, a Administração se sujeita a restrições cuja inobservância acarretaa nulidade do ato administrativo e, em alguns casos, até mesmo a responsabilização daautoridade que o editou. Parte significativa destas limitações está descrita no art. 37 daCF/1988. Por força deste dispositivo, a administração pública direta ou indireta dequalquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípiosobedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficiência e, também, aos preceitos descritos em seus incisos.

Diante das particularidades da atividade castrense, estaria a Administração Militarsujeita, integralmente, às restrições descritas no caput, incisos e parágrafos do art. 37da CF/1988?

Alguns autores, com base no art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988, sustentam quesomente os incisos XI, XIII, XIV e XV, do art. 37 são aplicáveis aos milicianos e àAdministração Militar.

Discordamos deste entendimento. A nosso ver, o art. 142, § 3.º, VIII, daCF/1988, versa, tão somente, sobre questões afetas à remuneração dos agentespúblicos militares, assegurando e impondo-lhes, respectivamente, direitos (art. 37,XV) e vedações (art. 37, XI, XIII e XIV) aplicáveis aos servidores públicos civis, sem,no entanto, eximir a Administração Militar do dever de obediência às restriçõescontidas nos demais incisos do referido art. 37, desde que compatíveis com a

Page 45: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

atividade militar.De fato, parece-nos evidente que a Administração Pública Militar não pode se

esquivar, e.g., da regra contida no inciso XXI do art. 37 da CF/1988, que determina arealização de licitação pública para a contratação de serviços, compras, obras, sob ofrágil argumento de que o art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988 a ele não faz menção. Damesma forma, não nos afigura razoável afirmar que a Administração Militar Estadualnão estaria obrigada a condicionar o ingresso voluntário nas polícias e corpos debombeiros militares à prévia aprovação em concurso público, em virtude de o art.142, § 3.º, VIII, não se referir ao inciso II do art. 3710.

Por estes motivos, levando em consideração as particularidades da atividadecastrense, entendemos que a Administração Pública Militar obedecerá aos princípiosda legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência11, previstos nocaput do art. 37 da CF/1988, bem como aos incisos I12, II13, III, IV, IX14, XIX, XX,XXI, feitas as devidas adaptações15, e aos §§ 2.º, 4.º, 5.º, 6.º, 10, 11.

Os demais incisos não se aplicam à Administração Militar em razão da manifestaincompatibilidade com a atividade militar. É o que ocorre, por exemplo, com o incisoXVI, em virtude da proibição absoluta de se acumular cargo ou emprego público civilpermanente com atividade militar, como prevê, expressamente, o art. 142, § 3.º, II, daCF/1988.

2.3. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MILITAR

Os princípios são mandamentos nucleares de um sistema, seu verdadeiroalicerce, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhe o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão, ensina Celso AntônioBandeira de Mello (RDP, 15:284). Sendo certo que violar um princípio é muito maisgrave que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não a umespecífico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a maisgrave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípioviolado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seusvalores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão desua estrutura, afirma esse notável administrativista (RDP, 15:284). Mesmo assim suaaplicação não é absoluta, nem se pode afirmar que entre eles há hierarquia16.

Alguns dos princípios que norteiam a Administração Pública estão positivados,outros não. A Carta Política de 1988, e.g., prevê, expressamente, a sujeição daAdministração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios aos princípios da legalidade,

Page 46: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência17. Há, também, dispositivoslegais, a exemplo da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que dispõem sobre outrosprincípios que devem ser obedecidos por toda a Administração Pública.

A Administração Militar, parte integrante da Administração Pública Direta, estásujeita aos princípios seguintes, que informam o direito administrativo comum.

2.3.1. Legalidade

O princípio da legalidade surgiu com o Estado de Direito quando a lei passou aser um instrumento de delimitação da atuação administrativa e de garantia dos direitosindividuais. Desde então, a vontade da Administração passou a decorrer da lei18, razãopela qual a ela deve se submeter integralmente.

Por tais razões, à Administração militar é defeso conceder direitos ou imporobrigações ou vedações, via ato administrativo, sem prévio suporte legal. Se assim ofizer, o ato administrativo poderá ser invalidado pelo Poder Judiciário ou pela própriaAdministração, nesse último caso, no exercício do poder da autotutela19. Logo, aoagente público militar, no exercício de sua atividade funcional, é vedado se afastar,desviar ou extrapolar os limites da lei, sob pena nulidade do ato praticado20 e violaçãode preceito da ética militar21. Tal conduta poderá, inclusive, configurar a prática decrime militar22 ou de transgressão disciplinar23, como, também, de ato de improbidadeadministrativa.

2.3.2. Impessoalidade

O princípio em questão possui duas vertentes, a saber:

a) a de que o administrador público deve praticar seus atos, colimando sempreo interesse público, sem beneficiar, por meio de favoritismo, ou prejudicar,por meio de perseguições, esta ou aquela pessoa. Enfim, com o princípio daimpessoalidade, a Constituição visa obstacularizar atuações geradas porantipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias, nepotismo,favorecimentos diversos, muito comuns em licitações, concursos públicos,exercício do poder de polícia. Busca desse modo, que predomine o sentido defunção, isto é, a ideia de que os poderes atribuídos finalizam-se ao interessede toda a coletividade, portanto a resultados desconectados de razõespessoais24. Nesse sentido, constitui, inclusive, preceito da ética militar queimpõe aos militares o dever de ser justo e imparcial no julgamento dos atos e

Page 47: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

na apreciação do mérito de seus subordinados25;b) a de se imputar a realização dos atos da administração aos órgãos e entidades

públicas, vedando a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos,conforme dispõe, expressamente, o art. 37, § 1.º, da CF/1988.

2.3.3. Moralidade

Na precisa lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro26, haverá ofensa ao princípioem questão sempre que a Administração ou o administrado que com ela se relacionajuridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes,as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade ou a ideiacomum de honestidade. O descumprimento do princípio em questão implica ainvalidação do ato praticado.

A moralidade, no âmbito das Forças Armadas, antes mesmo da Constituição de1988, já encontrava guarida no Estatuto dos Militares27, que impõe a seus membros: a)probidade e lealdade em todas as circunstâncias (art. 31, III); b) conduta moral eprofissional irrepreensível (caput do art. 28); c) probidade no exercício das funçõesdecorrentes do cargo (art. 28, II,); d) proceder de maneira ilibada na vida pública eparticular (art. 28, XIII).

Desse modo, o militar que venha a praticar ato contrário ao princípio em tela,necessariamente, estará violando obrigações e deveres militares, razão pela qual suaconduta poderá constituir crime militar ou transgressão disciplinar28.

2.3.4. Publicidade

Os atos praticados pela Administração devem ser divulgados de forma ampla eirrestrita, ressalvadas, apenas, as hipóteses em que o sigilo seja imprescindível àsegurança da sociedade e do Estado29. Decisões secretas, editais ocultos, publicidaderestrita ao mínimo exigido por lei (e conhecido de pouquíssimos) não atendem, deforma alguma, aos princípios constitucionais e, sobretudo, à transparência daAdministração, como assevera Lúcia Valle Figueiredo30.

Portanto, a negativa, no âmbito da Administração Militar, de se conceder vistasou de se fornecer cópias de fichas de avaliação anual de desempenho ao militaravaliado, de informações constantes em banco de dados das comissões de promoçãoreferentes ao próprio interessado, etc., ainda que classificadas administrativamentecomo sigilosas, malfere o princípio da publicidade31.

O princípio da publicidade viabiliza o controle do ato praticado pela

Page 48: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Administração, permitindo-se aferir sua legalidade, legitimidade, moralidade ouquaisquer outras ofensas à ordem jurídica. Com a regular publicação, o atoadministrativo, em regra, começa a produzir efeitos, não podendo o administradoalegar desconhecimento do mesmo. Inicia-se, também, a fluência dos prazosdecadenciais e prescricionais para impugnações administrativas ou judiciais.

Decorre do princípio da publicidade o direito de receber dos órgãos públicosinformações de seu interesse particular32 (art. 5.º, XXXIII, da CF/1988), de obtercertidões em repartições públicas para a defesa de direitos e esclarecimento desituações de interesse pessoal (art. 5.º, XXXIV, alínea b, da CF/1988, c/c Lei 9.051, de18 de maio de 1995).

2.3.5. Eficiência

Para a Administração Pública, o princípio da eficiência está relacionado à ideia,dentre outras, de presteza, rapidez, perfeição, racionalização da estruturaorganizacional da máquina administrativa, maximização do emprego de meiosmateriais e humanos, qualificação e aperfeiçoamento profissional dos servidores, afim de se satisfazer, de forma eficaz, os interesses da coletividade.

Este princípio possui duas vertentes que se completam. A primeira estárelacionada ao servidor público, ou seja, ao seu aprimoramento e qualificaçãoprofissional, à maneira com que deve desempenhar suas funções. A segunda, com aconstante busca do aperfeiçoamento da estrutura organizacional da Administração.

Oportuno dizer que não se pode, em prol da eficiência, transgredir os demaisprincípios que norteiam a Administração. Destarte, é defeso ao agente público violarprincípios como o da legalidade, da moralidade, impessoalidade, sob o pretexto deestar agindo em nome da eficiência.

O princípio da eficiência foi introduzido no texto constitucional (caput do art.37) pela Emenda Constitucional 19, de 04 de junho de 1988, que promoveu a reformaadministrativa. Todavia, no âmbito da Administração Militar, a eficiência já norteava aatividade de seus membros. O Estatuto dos Militares, desde 1980, impõe aosintegrantes das Forças Armadas eficiência no exercício das funções que lhe couberemem decorrência do cargo (art. 28, II), zelo pelo preparo próprio, moral, intelectual efísico (art. 28, VI), o emprego de todas as suas energias em benefício do serviço (art.28, VII). A infração destes preceitos constitui violação das obrigações militares e, porconseguinte, a possível prática de crime militar33 ou transgressão disciplinar34, comodispõe o art. 42 da Lei 6.880/1980.

Convém ressaltar, por derradeiro, que o princípio em exame prescreve, ainda, às

Page 49: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Forças Armadas o dever de agir com eficiência na prestação dos serviços públicos aelas atribuídos subsidiariamente, como, por exemplo, no controle de tráfego marítimo,segurança da navegação marítima, controle do tráfego aéreo, na segurança danavegação aérea, Correio Aéreo Nacional (CAN), fiscalização da produção,exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo edemais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma defogo de colecionadores, atiradores e caçadores35, etc.

2.3.6. Supremacia do interesse público

Em nome do bem de toda a coletividade, o interesse público sobrepõe-se aoprivado. Por isso, o legislador, quando da elaboração das leis, deve conferir àAdministração, em nome desta supremacia, poderes para desapropriar, promoverintervenções, punir, fiscalizar, etc., observados os direitos e garantias fundamentais, afim de legitimar a atuação da autoridade administrativa que, em função do princípioda legalidade, necessariamente, se vincula à vontade da lei.

Com base neste princípio, a Administração Pública Militar poderá: a) promoverrequisições militares em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (art. 22, III, daCF/1988); b) efetuar servidões militares e desapropriações (arts. 1.º e 2.º do Decreto-Lei 3.437/1941); c) convocar o cidadão brasileiro para o serviço militar obrigatório(art. 143 da CF/1988 e Lei 4.375, de 17 de agosto de 1964); d) promover aincorporação, mediante mobilização ou convocação, pelo Ministério da Defesa, porintermédio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, dos integrantes da reserva dasForças Armadas, e das organizações assim definidas em lei36 (art. 8.º, parágrafo único,da LC 97/1999), etc.

2.3.7. Presunção de legitimidade e veracidade

Diante do dever de obediência ao princípio da legalidade, presume-se que todosos atos praticados pela Administração Pública estão em conformidade com as normaslegais e que são verdadeiros. Trata-se de presunção juris tantum, ou seja, que admiteprova em contrário, cabendo ao interessado produzi-la.

Por conseguinte, os atos administrativos criam, de imediato, obrigações para oadministrado, independentemente de sua anuência, podendo ser executados, desdelogo, pela própria Administração, na forma prevista em lei.

2.3.8. Autotutela

Page 50: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Por esse princípio, a Administração Pública tem o dever de controlar seuspróprios atos, anulando os ilegais, independentemente de prévia chancela do PoderJudiciário, e revogando os inconvenientes e inoportunos. Enfim, cabe à própriaAdministração controlar a legalidade dos atos vinculados e o mérito dosdiscricionários. Este, inclusive, é o entendimento sumulado pelo STF. De acordo coma Suprema Corte, a administração pública pode declarar a nulidade dos seus própriosatos (Súmula 346) e anulá-los, quando eivados de vícios que os tornem ilegais,porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ouoportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, aapreciação judicial (Súmula 473).

2.3.9. Continuidade do serviço público

Este princípio visa assegurar a regularidade na prestação dos serviços públicosessenciais e necessários à coletividade. Com propriedade, Maria Sylvia Zanella DiPietro37 aponta consequências decorrentes do princípio em questão, a saber: a)proibição de greve nos serviços públicos; essa vedação, que antes se entendiaabsoluta, está consideravelmente abrandada, pois a atual Constituição, no artigo 37,inciso VII, determina que o direito de greve será exercido “nos termos e nos limitesdefinidos em lei específica”; b) necessidade de institutos como a suplência, adelegação e a substituição para preencher as funções públicas temporariamente vagas;c) a impossibilidade, para quem contrata com a Administração, de invocar a exceptionon adimplenti contractus nos contratos que tenham por objeto a execução de serviçopúblico; d) a faculdade que se reconhece à Administração de utilizar os equipamentose instalações da empresa que com ela contrata, para assegurar a continuidade doserviço; e) com o mesmo objetivo, a possibilidade de encampação da concessão deserviço público.

Em relação à proibição de greve no serviço público, o princípio em análiseassume contornos mais rigorosos na Administração Militar. Inegavelmente, a missãoconstitucional atribuída às Forças Armadas caracteriza-se como serviço público dedefesa, imprescindível à própria sobrevivência do Estado brasileiro. Por isso, deve serprestado de forma regular, permanente, contínua e ininterrupta, não podendo estar, deforma alguma, sujeito a paralisações. Não foi por outro motivo que a Constituiçãovedou, expressamente, aos militares o direito à greve38. Trata-se de vedação absolutaque, em hipótese alguma, pode ser mitigada.

2.3.10. Motivação

Page 51: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Pelo princípio da motivação, a Administração deve expor os fundamentos de fatoe de direito da decisão administrativa39.

Como salienta Lúcia Valle Figueiredo, a motivação atende a duas faces do dueprocess of law: A formal – porque está expressa no texto constitucional básico; e asubstancial – sem motivação não há possibilidade de aferição da legalidade ouilegalidade, da justiça ou da injustiça de uma decisão administrativa40.

Para Diógenes Gasparini, a motivação é necessária para todo e qualquer atoadministrativo, consoante já decidiu o STF (RDP, 34:141). Hoje, com mais razão, essaafirmação é de todo pertinente, pois a Constituição Federal exige que até as decisõesadministrativas dos Tribunais sejam motivadas (art. 93, X). Daí a correta observaçãode Lúcia Valle Figueiredo (Curso de direito administrativo, 7. ed., rev., atual. e ampl.São Paulo: Malheiros, 2004, p. 53): “Ora, se, quando o Judiciário exerce funçãoatípica – a administrativa – deve motivar, como conceber esteja o administradordesobrigado da mesma conduta?” E continua este insigne professor: No âmbitofederal essa discussão não mais se coloca, pois a Lei 9.784/1999, em seu art. 50, prevêa necessidade de motivação dos atos administrativos sem fazer qualquer distinçãoentre os vinculados e os discricionários, embora mencione nos vários incisos dessedispositivo quando a motivação é exigida. Referidos incisos, no entanto, mencionamsituações que podem estar relacionadas tanto a atos administrativos vinculados, comoa discricionários, o que reforça o entendimento de que ambos devem ser motivados.A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaraçãode concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões oupropostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato (§ 1.º)41.

Importante se faz consignar a existência de julgados impondo à AdministraçãoMilitar o dever de fundamentar os atos discricionários – a exemplo do licenciamentodo serviço ativo de militar do corpo de feminino da reserva –, para que se possaconstatar a efetiva satisfação do interesse público e a obediência às diretrizesconstitucionais42.

2.3.11. Razoabilidade e proporcionalidade

De acordo com a Suprema Corte, o devido processo legal em sua dimensãomaterial abarca os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade43. Arazoabilidade pressupõe uma correlação lógica e racional entre o fato (motivo) e acorrespondente ação da Administração Pública, que deve ser pautada no sensocomum, na eficiência, moralidade, economicidade, justiça, prudência. Exige-se daAdministração uma adequação congruente entre os meios por ela utilizados e os fins a

Page 52: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

serem alcançados, evitando-se os excessos que caracterizam a desproporcionalidadeda medida. Assim sendo, é de se concluir que o conceito de razoabilidade está adstritoao de proporcionalidade, constituindo esta a própria essência daquela.

No direito administrativo militar, o princípio da proporcionalidade estápositivado nos regulamentos disciplinares da Aeronáutica e do Exército, quepreconizam, explicitamente, que a punição aplicada ao militar infrator deve serproporcional à gravidade da falta praticada44.

2.3.12. Segurança jurídica

A segurança jurídica é condição indispensável para a própria existência do Estadode Direito45. Sem ela, situações que se encontravam consolidadas sob a égide de umadeterminada interpretação normativa poderiam ser desconstituídas em função demudanças de entendimento, acarretando graves crises de insegurança. Por isso, édefesa a aplicação retroativa da nova interpretação.

O princípio em tela foi retratado no art. 2.º, XIII, da Lei 9.784/1999, segundo oqual, nos processos administrativos, a interpretação da norma administrativa deve seraquela que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, sendovedado o emprego retroativo da nova interpretação.

Tenha-se presente que alterações na interpretação das normas administrativas,visando ao interesse público, são inevitáveis e até benéficas. Todavia, não podemretroagir, pois, do contrário, gerar-se-iam insegurança e instabilidade jurídica.

2.3.13. Boa-fé

A relação entre a Administração Pública e o administrado deve ser pautada,inteiramente, na confiança. Para tanto, ambos devem agir com boa-fé, ou seja, comhonestidade, lealdade, moralidade. Comprovada a má-fé do administrado, aAdministração deve, a qualquer tempo, anular o ato administrativo do qual decorramefeitos favoráveis para ele. Se, entretanto, o administrado agiu de boa-fé, o direito àanulação decairá em cinco anos, contados da data em que o ato foi praticado46.

Impende observar que, constatada a boa-fé do administrado, a anulação de atoadministrativo, em razão de errônea interpretação normativa ou má aplicação de lei,não implicará restituição de valores a ele pagos, especialmente quando se tratar deverba de natureza alimentar47.

Page 53: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

2.3.14. Hierarquia

A hierarquia administrativa, instituto do qual deriva o princípio da hierarquia, éum critério de estruturação organizacional verticalizado, de forma piramidal, no qualos diversos órgãos que compõem a Administração são dispostos, na forma da lei, emvários níveis hierárquicos distintos. O mesmo ocorre nas relações funcionais entre osservidores públicos. Por isso, fala-se em superiores e inferiores ou subordinados.

A estrutura hierarquizada viabiliza o exercício desconcentrado das diversasfunções administrativas, assegurando aos superiores o poder de rever atos dossubordinados, de delegar e avocar atribuições, de coordenar, de dar ordens, de punir,de decidir conflitos de competência entre subordinados e impondo aos subordinadoso dever de obediência. Enfim, é no alicerce do instituto da hierarquia que estácolocado o princípio hierárquico, proposição que legitima a disposição efuncionamento das peças articulares da máquina administrativa48.

Na Administração Militar, o princípio em voga deve possuir contornosextremamente rígidos, sob pena de se instaurar a subversão e promiscuidade nasinstituições militares. Por isso, o respeito à hierarquia deve ser mantido em todas ascircunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados49,independentemente de estarem ou não nas dependências dos quartéis ou no exercíciode atividades militares. Ainda em razão da hierarquia, o acesso às autoridadessuperiores deve seguir, rigorosamente, a cadeia de comando, ou seja, a sequênciahierárquica dos cargos militares descritos no organograma da Administração Militar,sob pena de transgressão à disciplina castrense50.

2.4. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MILITAR

À Administração Militar, para fazer valer a supremacia do interesse públicoperante o administrado e realizar as diversas atividades administrativas que lhe sãoafetas, foram conferidos poderes51, como o normativo, regulamentar, disciplinar, depolícia, vinculado e discricionário.

2.4.1. Poder regulamentar

A Administração Pública detém um poder normativo geral que, didaticamente,pode ser dividido em regulamentar e normativo. O poder regulamentar, exercido peloChefe do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos), éefetivado por meio da expedição de regulamentos executivos e independentes, essestambém denominados de autônomos, e visam, respectivamente: a) explicitar o teor

Page 54: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

das leis, viabilizando sua correta aplicação, dada a impossibilidade de o legisladorabarcar todas as minúcias da matéria por ele disciplinada; b) dispor sobre matérias desua competência, reservadas à lei, mas que carecem de disciplinamento legal.

O regulamento executivo sofre algumas limitações quanto à: a) forma, vez que oregulamento deve ser veiculado, necessariamente, por meio de decreto; b)constitucionalidade, pois há matérias cujo disciplinamento está adstrito ao campo dareserva legal, por força de expressa previsão constitucional, como nos casos de prisãodecorrente de crimes propriamente militares e de transgressão disciplinar52, de fixaçãode condições ao ingresso nas Forças Armadas, limites de idade, transferência domilitar para a inatividade, remuneração, estabilidade, prerrogativas53, etc. Não deve,também, exceder os limites da função executiva, o que significa dizer que não podesubstituir a função legislativa formal (do Poder Legislativo), modificando ou ab-rogando leis formais; de outro lado, não pode ultrapassar as fronteiras da lei queexplica, dispondo ultra ou extra legem (cf. Conflito entre poderes, 1994, p. 74). Aopoder regulamentar é vedado também restringir preceitos da lei54.

Por outro lado, na regulamentação autônoma, há verdadeira inovação na ordemjurídica. Inicialmente, a Constituição Federal de 1988, ao condicionar a expedição dedecretos à fiel execução da lei (art. 84, IV), excluiu a possibilidade de regulamentaçãoautônoma. No entanto, com a Emenda Constitucional 31/2001, reestabeleceu-se oregulamento autônomo no direito brasileiro, para a hipótese específica inserida naalínea a do art. 84, VI, da CF/198855.

Há, ainda, o chamado regulamento delegado ou habilitado. Nestes casos, oChefe do Poder Executivo, com base em autorização legal, regulamenta matériareservada à lei. Esse tipo de regulamento não é admitido em nosso sistema jurídico,por materializar verdadeira burla ao princípio da reserva legal. Tomemos comoexemplo o art. 5.º, LXI, da CF/1988, que reserva à lei definir as transgressõesdisciplinares e crimes propriamente militares punidos com prisão. O legisladorinfraconstitucional não poderá se esquivar dessa obrigação constitucional, delegando-a ao Chefe do Poder Executivo.

2.4.2. Poder normativo

É exercido por meio da edição de resoluções, portarias, instruções, deliberações,regimentos, etc., expedidos por autoridades como Ministros de Estado, Secretários,dentre outros, tendo seu alcance restrito ao âmbito do órgão que os editou. Estes atosnão podem contrariar a lei nem, tampouco, inovar a ordem jurídica. Em outrosdizeres, não podem criar direitos, nem impor restrições, deveres e penalidades, sob

Page 55: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

pena de ilegalidade.Importante salientar que a amplitude do poder normativo dos Comandantes da

Marinha, do Exército e da Aeronáutica sofreu uma drástica redução com a criação doMinistério da Defesa. Por não mais serem Ministros de Estado, não detêmcompetência para expedir instruções56 para a execução das leis, decretos eregulamentos, especialmente, quando versarem sobre legislação militar comum às trêsForças, por se tratar de atribuição constitucionalmente deferida ao Ministro daDefesa57. Isto, inclusive, é o que preconizam o art. 27, VII, i, da Lei 10.683/2003, e oart. 1.º, IX, do Decreto 6.223/2007, ao atribuírem ao Ministro de Estado da Defesacompetência para versar sobre legislação militar. Com isso, o legislador, a um sótempo, garantiu ao Ministro da Defesa o pleno exercício da direção superior dasForças Armadas como, também, evitou que, para uma mesma norma, fossemexpedidas instruções distintas por cada Comandante Militar, como, aliás, ocorria nopassado, antes da extinção dos Ministérios Militares58. Nada obsta, entretanto, que,expedida pelo Ministro instrução geral para as três Forças, os Comandantes daMarinha, do Exército e da Aeronáutica editem atos administrativos normativos a fimde adequá-la às peculiaridades de cada Força, desde que com ela não sejamincompatíveis.

Oportuno se torna dizer que o Ministro da Defesa, no exercício da direçãosuperior das Forças Armadas, expediu a Portaria 559/MD, de 03 de maio de 200559,que dispõe sobre padronização na elaboração de atos normativos60, ordinatórios e decomunicação expedidos no âmbito do Ministério da Defesa. De acordo com a referidaportaria, aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica compete regular,apenas, os atos normativos, ordinatórios e de comunicação específicos para ofuncionamento de suas respectivas Forças, podendo se valer, para tanto, de outrosatos nela não abrangidos (arts. 1.º, § 2.º, e 10)61.

A inobservância destas limitações implicará a nulidade do ato normativopraticado pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, por vícioquanto à competência.

2.4.3. Poder hierárquico

O poder hierárquico decorre da hierarquia administrativa. Constituem faculdadesou desdobramentos deste poder: a) dar ordens; b) controlar as atividades dossubalternos, aferindo sua legalidade e o fiel cumprimento de obrigações; c) anular, deofício ou por provocação dos interessados, atos eivados de ilegalidade, ou revogá-los,se inconvenientes ou inoportunos; d) avocar e delegar funções, desde que não sejam,

Page 56: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

respectivamente, de competência exclusiva do inferior e do superior62; e) editar atosnormativos de efeito interno, para regulamentar a atuação dos órgãos subordinados.

Resumindo, por força do poder hierárquico, incumbe ao superior dar ordens eaos subordinados, o dever de obediência, cumprindo-as fielmente.

2.4.4. Poder disciplinar

O poder disciplinar deriva do poder hierárquico. Todavia, com ele não seconfunde. Consiste, em suma, no poder de apurar infrações disciplinares e de aplicarpunições aos servidores63 e às demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.

O poder disciplinar é discricionário, o que, no entanto, deve ser entendido nosseus devidos termos. A Administração não tem liberdade de escolha entre punir e nãopunir, pois, tendo conhecimento de falta praticada pelo servidor, tem,necessariamente, que instaurar o procedimento adequado para a sua apuração e, se foro caso, aplicar a pena cabível. Não o fazendo, a autoridade competente para tantoincidirá, em tese, em crime de condescendência criminosa, previsto no art. 320 doCódigo Penal, e em improbidade administrativa, conforme artigo 11, inciso II, da Lei8.429, de 2/06/199264.

Na esfera militar não é diferente. Constitui crime militar, tipificado no art. 322 doCPM, deixar de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício docargo, ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento daautoridade competente. Configura, ainda, transgressão ou contravenção disciplinardeixar de punir, quando for o caso, o subordinado que cometer transgressão ou deixarde comunicá-la à autoridade competente65. Poderá, ainda, a autoridade militar incidirem improbidade administrativa66.

Assinala-se, ainda, que, no âmbito do poder disciplinar militar, tal como ocorrecom os servidores públicos civis, a discricionariedade existe em função de algunsfatores, a saber: a) ausência de tipificação rigorosa como ocorre no Direito Penal, vezque, de regra, não há previsão de uma penalidade específica para cada tipo detransgressão disciplinar cometida67. Caberá à autoridade competente, dadas ascircunstâncias, fixar a penalidade que melhor se adequar ao caso concreto; b)existência de transgressões ou contravenções disciplinares que não possuem umadefinição precisa, como, por exemplo, “dirigir-se ou referir-se a superior de mododesrespeitoso”68 ou “censurar atos de superiores”69. Nesses casos, a autoridade militar,diante da situação fática, poderá enquadrar a conduta do subordinado numa ou noutraespécie de transgressão ou contravenção disciplinar.

Page 57: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

2.4.5. Poder vinculado

No preciso magistério de Celso Antônio Bandeira de Mello70, haverá atuaçãovinculada e, portanto, um poder vinculado, quando a norma a ser cumprida jápredetermina, de modo completo, qual o único comportamento possível que oadministrador está obrigado a tomar perante casos concretos, cuja compostura estejadescrita, pela lei, em termos que não ensejam dúvidas quanto ao seu objetivoreconhecimento.

Nesses casos, quando violados os limites estabelecidos em lei, o atoadministrativo será ilegal, podendo ser invalidado pela própria administração (deofício ou a requerimento do administrado, no exercício da autotutela) ou pelo PoderJudiciário, mediante provocação do interessado.

É cediço que os atos administrativos em geral possuem requisitos, elementos oucondições de validade, a saber: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Acompetência71, a finalidade72 e a forma estão, sempre, no âmbito da vinculação. Osdemais, ou seja, o objeto e o motivo, também estarão no campo da vinculação, se a leiassim dispor. Caso contrário, estarão na seara da discricionariedade.

Na esfera da Administração Pública Militar, são exemplos de atos decorrentes dopoder vinculado: a) transferência para a reserva remunerada ex officio do militar queatingir a idade-limite descrita no art. 98, I, da Lei 6.880/1980; b) reforma ex officioprevista no art. 106, I, da Lei 6.880/1980; c) demissão ex officio do oficial que tomarposse em cargo ou emprego público permanente estranho à sua carreira (art. 142, §3.º, II, da CF/1988, e art. 117 da Lei 6.880/1980), etc.

2.4.6. Poder discricionário

Este poder se faz presente sempre que a lei facultar, implícita ou explicitamente,ao administrador a prática de um determinado ato com base em critérios subjetivos,i.e., apoiado em um juízo de conveniência e oportunidade. Com outras palavras: opoder discricionário se materializa quando a lei propicia certa margem de liberdade73

ao agente público, que poderá escolher, dentre as soluções possíveis nela descritas, amais oportuna e conveniente para um determinado caso concreto. A oportunidade estárelacionada ao melhor momento em que o ato deve ser praticado para satisfazer ointeresse público. A conveniência se refere, em síntese, à utilidade do ato. Aoportunidade e a conveniência constituem o denominado mérito do atoadministrativo.

Como ressaltado, a atuação discricionária, quando autorizada por lei, restringe-se

Page 58: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ao objeto e ao motivo do ato administrativo, haja vista que a competência, a finalidadee a forma são sempre vinculadas. Se a lei prevê, de forma clara e precisa, a situaçãofática – motivo – que enseja a prática de um determinado ato, não caberãointerpretações subjetivas e, consequentemente, atuação discricionária.

Por outro lado, se a lei se valer de conceitos fluídicos, imprecisos, vagos,plurissignificativos, impondo ao administrador uma apreciação subjetiva diante de umdeterminado caso concreto, ter-se-á uma atuação discricionária, como nos casos emque o legislador emprega expressões como “conduta irregular”, “ato que afete a honrapessoal e o pundonor militar ou decoro da classe”74. Salienta-se que conceitosjurídicos indeterminados nem sempre conduzem à discricionariedade. Em havendocritérios objetivos para a aferição de seu conteúdo, não existirá espaço para adiscricionariedade.

Em razão do princípio da separação dos Poderes, o mérito do ato administrativonão está sujeito ao controle do Poder Judiciário. De fato, o juiz não pode substituir odiscricionarismo do administrador pelo seu, invadindo espaço de atuação legalmentereservado àquele. Ademais, não é ocioso relembrar que o administrador, em contatopermanente com a realidade fática, tem plenas condições de valorar o momento maisoportuno e conveniente para a realização de um determinado ato administrativo. Nãose pode olvidar, no entanto, que competirá, sempre, ao Poder Judiciário analisar alegalidade de todo e qualquer ato praticado pela administração, inclusive no exercíciodo poder discricionário.

Convém salientar que, atualmente, a vedação à incursão do Poder Judiciário nomérito do ato administrativo tem sido mitigada, com base nos princípios darazoabilidade e da proporcionalidade75. Desse modo, tem-se permitido o controlejurisdicional de atos manifestamente desarrazoados e desproporcionais.

Se a Administração indica o motivo que ensejou a prática de um atodiscricionário, fica vinculada à veracidade e a existência do mesmo. Trata-se da teoriados motivos determinantes. Se o motivo invocado for falso ou inexistente, ojudiciário, quando impulsionado, poderá anular o ato76.

Na esfera militar, são exemplos de atos decorrentes do poder discricionário: a)engajamento77 ou reengajamento78 dos incorporados, que será deferido segundo aconveniência das Forças Armadas (art. 33 da Lei 4.375/1964 c/c arts. 128 a 130 doDecreto 5.7654, de 20 de janeiro de 1966)79; b) licenciamento ex officio de militarestemporários por conveniência do serviço (art. 121, § 3.º, alínea b, da Lei6.880/1980)80; c) relevação do cumprimento de punição disciplinar quando aautoridade competente verificar que a reprimenda surtiu o efeito desejado (art. 51, 1,do RDAer); d) agravamento ou atenuação de punições disciplinares impostas por seus

Page 59: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

subordinados quando a autoridade competente as julgar insuficientes ou excessivasem face da transgressão cometida (art. 50 do RDAer), etc.

Por fim, há de se ressaltar que o poder discricionário, cuja validade e amplitudedecorrem da lei, não se confunde com poder arbitrário que, por natureza, é contrário àlei ou excede seus limites.

2.4.7. Poder de Polícia

2.4.7.1. Conceito

O poder de polícia, também conhecido como poder ordenador ou atividadeinterventiva, consiste na imposição de limitações ao exercício de direitos e liberdadesindividuais em prol do interesse da coletividade, do bem comum strictu sensu. Noexercício desse poder, o Estado colima a convivência harmoniosa entre osadministrados, contendo os excessos antissociais por meio de normas e de atosmateriais.

O legislador infraconstitucional, em redação minuciosamente explicativa,conceituou poder de polícia como sendo a atividade da administração pública que,limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ouabstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, àordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício deatividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, àtranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais oucoletivos. Ressaltou, ainda, que o exercício do poder será regular quandodesempenhado pelo órgão competente, nos limites da lei aplicável, com observânciado processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, semabuso ou desvio de poder81.

Enfim, o poder de polícia consiste em atividade inerente ao Poder Público82 eobjetiva a frenagem do exercício de atividades lícitas, mas que são consideradasprejudiciais ou inconvenientes ao interesse da coletividade.

2.4.7.2. Fundamento

O poder de polícia tem por fundamento o princípio da supremacia do interessepúblico sobre o particular.

Page 60: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

2.4.7.3. Objeto

O poder de polícia (polícia administrativa) tem por objeto todo bem, direito ouatividade individual que possa afetar a coletividade ou pôr em risco a segurançanacional.

2.4.7.4. Finalidade

Visa proteger o interesse público, a coletividade, restringindo a prática deatividades antissociais, perniciosas à convivência harmoniosa em sociedade.

2.4.7.5. Limitações

A Administração, no exercício do poder de polícia, tem o dever de observar,dentre outros, os seguintes princípios: a) legalidade; b) impessoalidade; c) moralidade;d) proporcionalidade entre a sanção aplicável e a infração ou o dano produzido; e)devido processo legal; f) motivação dos atos administrativos.

Contudo, em casos de urgência, quando há risco à segurança ou saúde pública ouquando do flagrante de prática de infração instantânea, comprovada pela lavratura docompetente auto, a Administração poderá aplicar punição sumária, sem facultar aoadministrado o direito de defesa, sujeitando-se, entretanto, a posteriori, à apreciaçãopelo Poder Judiciário da legalidade e da proporcionalidade do ato praticado.

2.4.7.6. Atributos

São atributos do poder de polícia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e acoercibilidade.

A discricionariedade consiste na escolha, com base em critérios de oportunidadee conveniência, do melhor momento de atuação, dos meios materiais a seremempregados e da sanção, dentre as estabelecidas em lei, aplicável ao caso concreto.

Convém salientar que, por vezes, a norma de regência impõe ao administradoruma única conduta a ser adotada diante de um determinado caso. Aqui, a atuação doagente público será, necessariamente, vinculada. Um exemplo disso é a concessão delicenças para pilotar aeronaves. Uma vez preenchidos os requisitos legais, aAdministração é obrigada a fornecer a respectiva licença.

A autoexecutoriedade permite que a Administração execute diretamente medidasde polícia (atos materiais), independentemente de prévia autorização do Poder

Page 61: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Judiciário. Entretanto, no caso de o administrado se sentir lesado, poderá acionar ojudiciário a fim de que seja aferida a legalidade da medida adotada.

Pode, ainda, a Administração, em razão deste atributo, utilizar formas de coação einibição, como, por exemplo, a imposição de multa. Contudo, se o particular não aadimplir voluntariamente, sua cobrança, necessariamente, deverá ser feita por meio demedida judicial cabível, por força do art. 5.º, LIV e LV, da CF/1988. É, portanto,defesa a expropriação forçada de bens do particular para saldar eventuais penalidadespecuniárias a ele impostas. Por isso, pode-se afirmar que a autoexecutoriedade nãoestá presente em todas as medidas de polícia.

A coercibilidade está ligada intimamente à autoexecutoriedade, vez que estapressupõe a existência daquela. A coercibilidade imprime ao poder de polícia umcaráter imperativo, motivo pelo qual as medidas de polícia são impostas,coativamente, aos administrados.

2.4.7.7. Sanções

São medidas punitivas – distintas das decorrentes do poder disciplinar e daprática de ilícitos penais – previamente estabelecidas em lei. Podem ser inibidoras,impostas compulsoriamente pela Administração, ou dissuasivas, isto é, que impelem oadministrado a fazer ou deixar de fazer algo, como, p.ex., as multas.

Em geral, as sanções são: a) multas; b) apreensões de bens e mercadorias; c)embargos administrativos em obras; d) proibição de fabricação de determinados bens;e) destruição de mercadorias; f) demolição de edificações, etc.

2.4.7.8. Manifestações

O poder de polícia se manifesta, em regra, pela forma escrita ou verbal,admitindo-se, ainda, a simbólica, como são os silvos dos policiais de trânsito, asinalização do tráfego, veículos e pedestres, etc. Nota-se que a forma verbal é admitidano direito administrativo, justamente, para possibilitar a manifestação de atos depolícia em casos de urgência, onde não se pode perder tempo83.

2.4.7.9. Atribuições de polícia

O Poder Legislativo e o Executivo possuem atribuições de polícia distintas84. Oprimeiro cria, abstratamente, por meio da lei, condicionamentos e limitações aoexercício das liberdades individuais. O segundo, nos limites da lei, poderá: a)

Page 62: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

regulamentá-la, editando atos gerais, abstratos e impessoais e, por vezes, de efeitosconcretos, tais como decretos, resoluções, portarias, instruções, despachos, etc.; b)atuar repressivamente, impondo medidas concretas de coerção – sanções –previamente estabelecidas em lei, a exemplo do fechamento de estabelecimentos,apreensão de mercadorias; c) praticar medidas preventivas, ou seja, atos materiaiscomo os de fiscalização, realizados por pessoal técnico-especializado. Neste últimocaso, constatadas irregularidades, os fiscais devem advertir o infrator, aplicar sançõesou lavrar o competente auto de infração.

No âmbito das medidas preventivas, está a expedição de alvarás, instrumentos deveiculação de licença ou autorização para a prática de ato, atividade ou exercício dedireito condicionado ao crivo do poder de polícia. Podem ser definitivos ou precários.

No primeiro caso, o administrado possui direito subjetivo à obtenção do alvará(licença), desde que preencha todos os requisitos legais para a concessão. Trata-se deum ato vinculado. Uma vez concedida, não poderá ser revogada sumariamente, salvonos casos de justificado interesse público superveniente, mediante indenização85.Entretanto, poderá ser cassada, se o administrado descumprir as normas legais para asua execução, ou anulada, acaso sejam constatadas irregularidades na concessão.Nestes casos, será indispensável a instauração de processo administrativo, asseguradosos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório86.

No segundo caso, a Administração, no exercício do poder discricionário,concede, por mera liberalidade, alvará de autorização, como nos casos de porte dearma. Aqui, ao contrário do que ocorre com a licença, a concessão será precária e, porconseguinte, revogável a qualquer tempo, sem direito à indenização.

2.4.7.10. Setores de atuação da polícia administrativa

Os setores de maior expressão na atuação da polícia administrativa são: políciasanitária, polícia de viação, polícia de costumes, polícia das profissões, polícia decomércio e indústria, polícia de comunicação, polícia ambiental, polícia deestrangeiros, polícia edilícia, dentre outros.

2.4.7.11. Prescrição da ação punitiva no âmbito da Administração Federal

Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, diretaou indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislaçãoem vigor, contados da prática do ato ou, no caso de infração permanente oucontinuada, do dia em que tiver cessado87. Igualmente, restará prescrita se os

Page 63: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

procedimentos administrativos se quedarem paralisados por mais de três anos emrazão de pendência de julgamento ou de despacho. Transcorrido o lapso prescricional,os autos serão arquivados de ofício ou a requerimento do interessado, sem prejuízo,se for o caso, da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação.

A prescrição será interrompida nos seguintes casos: a) com a citação do indiciadoou acusado, inclusive se efetivada por edital; b) por qualquer ato inequívoco, queimporte apuração do fato; c) pela decisão condenatória recorrível.

De outro lado, a prescrição será suspensa durante a vigência dos compromissosde cessação ou desempenho previstos, respectivamente, nos arts. 53 e 58 da Lei 8.884,de 11 de junho de 1994, e do termo de compromisso a que se refere o § 5.º do art. 11da Lei 6.385, de 07 de dezembro de 1976, com redação dada pela Lei 9.457, de 05 demaio de 1997.

Se o fato objeto da ação punitiva também for tipificado como crime, a prescriçãoserá regida pela lei penal.

2.4.7.12. Polícia administrativa e polícia judiciária. Distinção

Costuma-se diferenciar polícia administrativa da judiciária pelo caráterpreventivo daquela e repressivo desta. Todavia, tal critério não se presta paradistingui-las com eficácia e precisão. Como salienta Maria Sylvia Zanella Di Pietro88, apolícia administrativa pode agir preventivamente (como, por exemplo, proibindo oporte de arma ou a direção de veículos automotores), como pode agir repressivamente(a exemplo do que ocorre quando apreende a arma usada indevidamente ou a licençade motorista infrator).

A polícia administrativa, em síntese, visa impor aos administrados condutascomissivas ou omissivas em prol do interesse público, da convivência harmoniosa dacoletividade, coibindo excessos antissociais. Incide, portanto, sobre bens, direitos eatividades. É inerente à Administração Pública, sendo exercida, de forma pulverizada,pelos diversos órgãos que a compõem.

A polícia judiciária, cujo exercício é privativo de determinados órgãos, como aspolícias civis, visa, basicamente, reprimir a prática de atos considerados ilícitos penais,razão pela qual incide sobre pessoas e é regida por normas processuais penais.

2.4.7.13. Poder de polícia e as Forças Armadas

As Forças Armadas exercem poder de polícia, seja no campo judiciário militar,seja no administrativo.

Page 64: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A polícia judiciária militar atua repressivamente, objetivando coibir a prática dosilícitos penais militares descritos no Código Penal Militar89. O exercício e acompetência da polícia judiciária militar estão delimitados nos arts. 7.º e 8.º do Códigode Processo Penal Militar – CPPM90.

Às Forças Armadas, além da missão descrita no caput do art. 142 da CF/1988,foram conferidas atribuições subsidiárias na forma explicitada na LC 97/1999. Nocumprimento dessas, exercem poder de polícia (polícia administrativa), impondo aosadministrados obrigações de fazer e não fazer em prol do interesse público, daconvivência harmoniosa da coletividade, coibindo excessos antissociais.

À Marinha, por exemplo, cabe, subsidiariamente, o cumprimento das seguintesatribuições91: a) orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas,no que interessa à Defesa Nacional; b) prover a segurança da navegação aquaviária; c)implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e nas águasinteriores, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, federal ouestadual, quando se fizer necessária, em razão de competências específicas. Dada aespecificidade destas atribuições, é da competência do Comandante da Marinha o tratodelas, ficando designado, para tal fim, como Autoridade Marítima92.

No exercício destas atividades, a referida autoridade exerce atos típicos de políciaadministrativa, como, por exemplo, regulamentação de leis por meio da elaboração denormas para: a) habilitação e cadastro dos aquaviários e amadores; b) tráfego epermanência das embarcações nas águas sob jurisdição nacional, bem como suaentrada e saída de portos, atracadouros, fundeadouros e marinas; c) inscrição dasembarcações e fiscalização do registro de propriedade; d) registro e certificação dehelipontos das embarcações e plataformas, com vistas à homologação por parte doórgão competente; e) execução de obras, dragagens, pesquisa e lavra de minerais sob,sobre e às margens das águas sob jurisdição nacional, no que concerne aoordenamento do espaço aquaviário e à segurança da navegação, sem prejuízo dasobrigações frente aos demais órgãos competentes; f) aplicação de penalidades peloComandante93.

A Marinha efetua também atos de fiscalização. É o que ocorre na inspeção naval,atividade de cunho administrativo, que consiste na fiscalização da pesca no litoralbrasileiro, do cumprimento de leis, normas e regulamentos delas decorrentes, e dosatos e resoluções internacionais ratificados pelo Brasil no que se refere à salvaguardada vida humana e à segurança da navegação, no mar aberto e em hidrovias interiores,e à prevenção da poluição ambiental por parte de embarcações, plataformas fixas ousuas instalações de apoio. A inspeção será realizada pela Patrulha Naval94 nas águasjurisdicionais brasileiras, na plataforma continental brasileira e no alto-mar,

Page 65: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

respeitados os tratados, convenções e atos internacionais ratificados pelo Brasil.Os meios navais empregados na mencionada patrulha, ao se aproximarem de

navios ou de embarcações para realizarem inspeções, devem ostentar a BandeiraNacional e as insígnias, que deverão estar iluminadas, se a abordagem ocorrer duranteo período noturno. Deve-se, ainda, transmitir a ordem de “parar” por meio de sinaisde rádio, visuais e auditivos, nas distâncias compatíveis. A abordagem será efetivadapor um grupo de visita e de inspeção, composto por militares previamente designadospelo comandante que portarão armamento portátil, pertencente à dotação do Comandoda Marinha, cujo emprego fica condicionado à prática de atos hostis que os exponhama risco de morte ou lesão corporal. O grupo de visita e inspeção poderá ser integradopor representantes de órgão federal ou estadual95 quando a patrulha estiver atuando,em colaboração com o Serviço de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura, nadefesa da fauna e flora aquática96.

Se, durante a fiscalização, forem constatadas irregularidades, a AutoridadeMarítima poderá imputar aos infratores as seguintes sanções: a) apreensão docertificado de habilitação; b) apreensão, retirada do tráfego ou impedimento da saídade embarcação; c) embargo de construção, reparo ou alteração das características deembarcação; d) embargo da obra; e) embargo de atividade de mineração e debenfeitorias realizadas97. A imposição destas medidas administrativas não obsta aaplicação das penalidades descritas no art. 16 da Lei 9.537/1997, a saber: a) multa; b)suspensão do certificado de habilitação; c) cancelamento do certificado de habilitação;d) demolição de obras e benfeitorias. As penas descritas nas letras “a” e “d” poderãoser cumuladas com qualquer das outras.

Registra-se, por derradeiro, que, se a embarcação estrangeira, submetida àinspeção naval, apresentar irregularidades na documentação ou condiçõesoperacionais precárias, representando ameaça de danos ao meio ambiente, àtripulação, a terceiros ou à segurança do tráfego aquaviário, a Autoridade Marítimapoderá ordenar à mesma que: a) não entre no porto; b) não saia dele; c) saia das águasjurisdicionais ou arribe em porto nacional.

As atribuições subsidiárias do Exército estão descritas no art. 17-A da LC97/1999. No cumprimento de algumas delas, inegavelmente, exerce poder de polícia.A título de exemplo, citam-se as seguintes: a) registro e a concessão de porte detrânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e derepresentantes estrangeiros em competição oficial de tiro realizada em territórionacional; b) autorização e fiscalização da produção98, exportação, importação,desembaraço alfandegário e do comércio de armas de fogo e demais produtoscontrolados, inclusive do registro e do porte de trânsito de arma de fogo de

Page 66: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

colecionadores, atiradores e caçadores, excetuadas as atribuições descritas no art. 2.ºda Lei 10.826, de 22 de dezembro de 200399; c) autorização para a aquisição e oregistro de arma de fogo de uso restrito100; d) anuir importação de armas, munições ede acessórios de uso restrito101 (arts. 18 e 51 do Decreto 5.123, de 1.º de julho de2004), que poderá ser negada102 ou restringida por motivos de oportunidade econveniência, se tais produtos estiverem sendo fabricado no país, por indústriaconsiderada de valor estratégico pelo Exército, nos termos do art. 190 do Decreto3.665, de 20 de novembro de 2000; d) exportação de armas, munições e demaisprodutos controlados pelo Exército, que dependerá de autorização do Comandante doExército; e) fiscalização das atividades exercidas por pessoas físicas e jurídicas queenvolvam produtos controlados103, por intermédio de seus órgãos subordinados ouvinculados.

O Comandante do Exército brasileiro exerce, ainda, as seguintes atribuiçõesinerentes ao poder de polícia: a) edição de normas de regulamentação técnica eadministrativa para a fiscalização dos produtos controlados; b) imposição de medidascomo apreensão de material, destruição de material apreendido, interdição deestabelecimentos, cassação de registros, nos casos de infrações ao R-105, apuradasmediante regular processo administrativo, etc.

Na Aeronáutica, o poder de polícia se faz presente, em especial, no controle doespaço aéreo, visando à segurança do transporte aeronáutico.

2.5. RESUMO DA MATÉRIA

Regime jurídico administrativo

Em decorrência da supremacia do interesse público sobre o particular, daindisponibilidade do interesse público e das limitações a que o Estado está sujeito frente aosdireitos e garantias individuais, a Administração Pública, inclusive a militar, se sujeita a umregime jurídico próprio, distinto do direito privado, denominado regime jurídicoadministrativo. Este regime garante à Administração determinadas prerrogativas, colocando-a em posição de supremacia em relação ao particular. Por outro lado, submete-a a restriçõescuja inobservância acarreta a nulidade de seus atos.

Princípios norteadores da Administração Pública Militar

Administração Pública Militar obedecerá aos seguintes princípios:a) Legalidade. A vontade da Administração decorre da lei, razão pela qual a ela deve se

submeter integralmente;

Page 67: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) Impessoalidade. Este princípio apresenta duas vertentes: a) a de que o administradorpúblico deve praticar seus atos, colimando sempre o interesse público, sem beneficiar, pormeio de favoritismo, ou prejudicar, por meio de perseguições, esta ou aquela pessoa; b) a dese imputar a realização dos atos da administração aos órgãos e entidades públicas, vedandoa promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos;

c) Moralidade. Haverá ofensa ao princípio em questão sempre que a Administração ou oadministrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei,ofenderem a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios dejustiça e de equidade ou a ideia comum de honestidade;

d) Publicidade. Os atos praticados pela Administração devem ser divulgados de formaampla e irrestrita, ressalvadas, apenas, as hipóteses em que o sigilo seja imprescindível àsegurança da sociedade e do Estado. O princípio em questão viabiliza o controle do atopraticado pela Administração, permitindo-se aferir sua legalidade, legitimidade, moralidadeou quaisquer outras ofensas à ordem jurídica;

e) Eficiência. Está relacionado à ideia de presteza, rapidez, perfeição, racionalização daestrutura organizacional da máquina administrativa, maximização do emprego de meiosmateriais e humanos, qualificação e aperfeiçoamento profissional dos servidores, etc., a fimde se satisfazer, de forma eficaz, os interesses da coletividade. Este princípio possui duasvertentes que se completam. A primeira, relacionada ao servidor público, ou seja, ao seuaprimoramento e qualificação profissional, à maneira com que deve desempenhar suasfunções; a segunda, à constante busca do aperfeiçoamento da estrutura organizacional daAdministração;

f) Supremacia do interesse público. Em nome do bem de toda a coletividade, o interessepúblico sobrepõe-se ao privado. Por força deste princípio, a Administração Pública Militarpoderá: a) promover requisições militares em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;b) efetuar servidões militares e desapropriações; c) convocar o cidadão brasileiro para oserviço militar obrigatório, etc.;

g) Presunção de legitimidade e veracidade. Presume-se que todos os atos praticadospela Administração Pública estão em conformidade com as normas legais e que sãoverdadeiros. Trata-se, no entanto, de presunção juris tantum, ou seja, que admite prova emcontrário;

h) Autotutela. Em razão deste princípio, a própria Administração Pública tem o poder decontrolar a legalidade dos atos vinculados e o mérito dos discricionários, ou seja, de anularos ilegais, independentemente de prévia chancela do Poder Judiciário, e revogar osinconvenientes e inoportunos;

i) Continuidade do serviço público. Este princípio visa assegurar a regularidade naprestação dos serviços públicos essenciais e necessários à coletividade. Em razão da missãoconstitucional atribuída às Forças Armadas, caracterizada como “serviço público dedefesa”, imprescindível à própria sobrevivência do Estado brasileiro, e às polícias militarese corpos de bombeiros militares, aos militares é vedada a greve;

j) Motivação. A Administração deve expor os fundamentos de fato e de direito da decisão

Page 68: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

administrativa;k) Razoabilidade. Essa pressupõe uma correlação lógica e racional entre o fato (motivo)

e a correspondente ação da Administração Pública, que deve ser pautada no senso comum;l) Proporcionalidade. Adequação congruente entre os meios por ela utilizados e os fins a

serem alcançados, evitando-se os excessos que carracterizam a desproporcionalidade damedida;

m) Segurança jurídica. É condição indispensável para a própria existência do Estado deDireito. Por este princípio, torna-se defesa a aplicação retroativa de nova interpretação dadaa uma determinada norma;

n) Boa-fé. A relação entre a Administração Pública e o administrado deve ser pautada,inteiramente, na confiança. Para tanto, ambos devem agir com boa-fé, ou seja, comhonestidade, lealdade, moralidade;

o) Hierarquia. Decorre da hierarquia administrativa. Por este princípio, os superioreshierárquicos têm o poder de rever atos dos subordinados, de delegar e avocar atribuições, decoordenar, de dar ordens, de punir, de decidir conflitos de competência entre subordinados.Na Administração Militar, o princípio em voga assume contornos extremamente rígidos,sendo um dos pilares indispensáveis à própria existência das instituições militares.

Poderes da Administração Pública Militar

Poder regulamentar. É exercido pelo Chefe do Poder Executivo (Presidente daRepública, Governadores e Prefeitos), por meio da expedição de regulamentos executivos eindependentes, esses também denominados autônomos. Os primeiros visam explicitar o teordas leis; o segundo, dispor sobre matérias de sua competência, reservada à lei, mas quecarece de disciplinamento legal, promovendo uma verdadeira inovação na ordem jurídica.Por fim, há, ainda, o regulamento delegado ou habilitado, quando o Chefe do PoderExecutivo, com base em autorização legal, regulamenta matéria reservada à lei. Esse tipo deregulamento não é admitido em nosso sistema jurídico.

Poder normativo. É exercido por meio da edição de resoluções, portarias, instruções,deliberações, regimentos, etc., expedidos por autoridades como Ministros de Estado,Secretários, dentre outros, tendo seu alcance restrito ao âmbito do órgão que os editou.

Poder hierárquico. Por este poder, incumbe ao superior dar ordens e aos subordinados, odever de obediência, cumprindo-as fielmente.

Poder disciplinar. Decorre do poder hierárquico. Todavia, com ele não se confunde.Consiste no poder de apurar infrações disciplinares e de aplicar punições aos servidores eàs demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.

Poder vinculado. Haverá atuação vinculada e, portanto, um poder vinculado, quando anorma a ser cumprida já predetermina, de modo completo, qual o único comportamentopossível que o administrador está obrigado a tomar perante casos concretos.

Poder discricionário. É exercido quando a lei propicia certa margem de liberdade ao

Page 69: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

agente público que poderá escolher, dentre as soluções possíveis descritas em lei, a maisoportuna e conveniente. Não se confunde com poder arbitrário que, por natureza, é contrárioà lei ou excede seus limites.

Poder de PolíciaConceito. Consiste na imposição de limitações ao exercício de direitos e liberdades

individuais em prol do interesse da coletividade, do bem comum stricto sensu.Fundamento. Princípio da supremacia do interesse público sobre o particular.Objeto. Todo bem, direito ou atividade individual que possa afetar a coletividade ou pôr

em risco a segurança nacional.Finalidade. Proteger o interesse público, a coletividade, restringindo a prática de

atividades antissociais, perniciosas à convivência harmoniosa em sociedade.Limitações. A Administração, no exercício do poder de polícia, tem o dever de observar,

dentre outros, os seguintes princípios: a) legalidade; b) impessoalidade; c) moralidade; d)proporcionalidade entre a sanção aplicável e a infração ou o dano produzido; e) devidoprocesso legal; f) motivação dos atos administrativos.

Atributos. São atributos do poder de polícia a discricionariedade, a autoexecutoriedade ea coercibilidade. A discricionariedade consiste na escolha, com base em critérios deoportunidade e conveniência, do melhor momento de atuação, dos meios materiais a seremempregados e da sanção, dentre as estabelecidas em lei, aplicável ao caso concreto. Aautoexecutoriedade permite que a Administração execute diretamente medidas de polícia(atos materiais), independentemente de prévia autorização o Poder Judiciário.

Sanções. São medidas punitivas, distintas das decorrentes do poder disciplinar e daprática de ilícitos penais, previamente estabelecidas em lei. Exemplos: a) multas; b)apreensões de bens e mercadorias; c) embargos administrativos em obras; d) proibição defabricação de determinados bens; e) destruição de mercadorias; f) demolição de edificações,etc.

Manifestações. Em regra, pela forma escrita ou verbal, admitindo-se, ainda, a simbólica,como são os silvos dos policiais de trânsito, a sinalização do tráfego, veículos e pedestres,etc.

Setores de atuação da polícia administrativa. Polícia sanitária, polícia de viação,polícia de costumes, polícia das profissões, polícia de comércio e indústria, polícia decomunicação, polícia ambiental, polícia de estrangeiros, polícia edilícia, etc.

Prescrição da ação punitiva no âmbito da Administração Federal. Prescreve em cincoanos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta ou indireta, no exercício dopoder de polícia.

Polícia administrativa e polícia judiciária. Distinção. A polícia administrativa, emsíntese, visa impor aos administrados condutas comissivas ou omissivas em prol do interessepúblico, da convivência harmoniosa da coletividade, coibindo excessos antissociais. Apolícia judiciária, cujo exercício é privativo de determinados órgãos, como as políciascivis, visa, basicamente, reprimir a prática de atos considerados ilícitos penais, razão pela

Page 70: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

qual incide sobre pessoas e é regida por normas processuais penais.Poder de polícia e as Forças Armadas. As Forças Armadas exercem poder de polícia,

seja no campo judiciário militar, seja no administrativo.

2.6. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (STM – Juiz-Auditor 2005) – São princípios da Administração Pública:a) legalidade, moralidade e discricionariedade.b) impessoalidade, publicidade e supremacia dos interesses particulares.c) finalidade, motivação e sigilo.d) legalidade, finalidade e eficiência.

2. (STM – Juiz-Auditor 2005) – Qual dos diplomas legais abaixo tem umartigo definindo Poder de Polícia?a) Decreto-lei 200, de 1967.b) Lei 5.172, de 1966.c) Decreto-lei 900, de 1969.d) Lei 10.406, de 2002.

3. (COMAer EAOT 2008) – Segundo a administrativista Maria SylviaZanella Di Pietro (in Direito Administrativo, Atlas, 17.ª ed.) “sendoDireito Administrativo de elaboração pretoriana e não codificado, osprincípios representam papel relevante nesse ramo do direito,permitindo à Administração e ao Judiciário estabelecer o necessárioequilíbrio entre os direitos dos administrados e as prerrogativas daAdministração”(p. 67). Assim, dois são os princípios fundamentais eque decorrem da bipolaridade do Direito Administrativo, ou sejam, daliberdade do indivíduo e da autoridade da Administração. Portanto,são eles identificados como sendo:a) a impessoalidade e o controle ou tutela.b) a legalidade e a especialidade.c) a razoabilidade e a hierarquia.d) a legalidade e a supremacia do interesse público sobre o particular.

Page 71: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

4. (Comando Exército Admissão 2008 ao QCO/QC 2009) – Em relação aosprincípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública,analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativacorreta.I – O princípio da impessoalidade possui duas facetas: aquela relacionada à necessária

destinação da atividade administrativa a todos, sem quaisquer favoritismos oudiscriminações; e aquela que diz respeito à prática de atos administrativos não serimputável a certo agente público, mas ao órgão administrativo em nome do qual o atofoi praticado.

II – O princípio da eficiência, previsto pela EC 19/1998, estabelece que a atividadeadministrativa deve ser exercida com rapidez, perfeição e rendimento, buscando oalcance rápido do melhor resultado com máximo de racionalidade e o mínimo dedesperdício de recursos públicos.

III – O princípio da publicidade obriga a divulgação de atos e contratos da AdministraçãoPública para fins de amplo conhecimento, eficácia e controle, ressalvadas ashipóteses de sigilo relacionadas à segurança nacional e a certos processosadministrativos inquisitivos e de retificação de dados.

a) somente a I está correta.b) somente a I e II estão corretas.c) somente a I e III estão corretas.d) somente a II e III estão corretas.e) todas estão corretas.

5. (Comando Marinha ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar damarinha T/2008. direito) – “O direito da Administração de anular osatos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para osdestinatários decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que forampraticados, salvo comprovada má-fé”. Esta redação, prevista no art. 54da Lei 9784/1999, exterioriza o princípio da:a) tutela.b) indisponibilidade do interesse público.c) proteção à confiança.d) eficiência.

6. (CESPE/OAB RJ/2007.2) – O poder de polícia:a) consiste sempre em uma atividade discricionária.

Page 72: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) pode ser exercido por particulares, mesmo quanto a atos de império.c) pode envolver atos de fiscalização e sanção.d) não restringe a liberdade ou a propriedade.

7. (CESPE/OAB/2008.1, adaptada) – Julgue os itens abaixo:I – No exercício do poder regulamentar, o chefe do Poder Executivo só pode disciplinar e

alterar, mediante decreto, as leis que tenham sido originariamente propostas por ele.II – O poder de polícia não pode ser delegado a pessoas de direito privado, ainda que

sejam integrantes da administração pública, pois elas não são dotadas do poder deimpério necessário ao desempenho da atividade de polícia administrativa.

III – O poder disciplinar é exercido de modo vinculado, pois, diante de infraçõesfuncionais praticadas por servidor, a administração não possui discricionariedade noato de escolha da penalidade que deve ser aplicada, devendo ater-se aos rígidoscomandos estabelecidos em lei.

8. (CESPE/OAB NE/2006.3) – Assinale a opção correta quanto aospoderes e deveres dos administradores públicos.a) O poder de delegação e o de avocação decorrem do poder hierárquico.b) A possibilidade de o chefe do Poder Executivo emitir decretos regulamentares com

vistas a regular uma lei penal deriva do poder de polícia.c) O poder discricionário não comporta nenhuma possibilidade de controle por parte do

Poder Judiciário.d) O poder regulamentar é exercido apenas por meio de decreto.

9. (Juiz Militar TJM/SP 2007) – Em relação ao poder vinculado para aprática de ato da Administração Pública, pode-se afirmar que:a) a autoridade pública pode praticá-lo livremente, segundo seu convencimento, desde

que não desrespeite os mandamentos legais pertinentes.b) a autoridade pública desfruta de certa margem de liberdade, para exame da

conveniência e oportunidade do mesmo.c) o agente público vincula-se à vontade de seu superior hierárquico, sujeitando-se à

apreciação subjetiva deste.d) o agente público atende prévia e objetiva tipificação legal, adotando um único

comportamento possível.e) não mais é admissível no sistema legal brasileiro, em que todo ato administrativo

deriva do poder discricionário puro.

Page 73: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

10. (Juiz Militar TJM/SP 2007) – É correta a assertiva de que o Poder dePolícia, no âmbito de cada Estado de Federação,a) é exercido, privativamente, pelas Polícias Militar e Civil, a primeira na condição de

polícia de manutenção da ordem pública e a segunda como polícia judiciária.b) consiste na atividade estatal, exercida por toda a Administração Pública, de

condicionar a liberdade e a propriedade de seus cidadãos, ajustando-as aosinteresses coletivos.

c) é exercido, exclusivamente, por meio de coerção fática e concreta sobre o particular,no sentido de que respeite os limites de sua liberdade e propriedade.

d) poder ser exercido, além das Polícias Militares e Civis, também e apenas pelasGuardas Municipais e Metropolitana.

e) está presente somente quando o agente público age valendo-se de seu poderarbitrário.

Gabarito

1. d 2. b 3. d

4. e 5. a 6. c

7. I - Errado;ii - Errado;iii - Errado.

8. a 9. d

10. b

1 FERREIRA, Pinto. Comentários à constituição brasileira. São Paulo: Saraiva, 1989, v. 5, p.224.

2 As Polícias e Corpos de Bombeiros Militares são denominados forças auxiliares, constituindo areserva do Exército. Àquelas cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública, aopasso que a estes, a execução de atividades de defesa civil e demais atribuições descritas em lei(art. 144, §§ 5.º e 6.º, da CF/1988).

3 A Administração Pública Federal compreende, em sentido subjetivo ou orgânico, todo oaparelhamento do Estado – pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos –, nele incluído oMinistério da Defesa, as Forças Armadas e seus membros. Ou seja, é um todo indivisível. O

Page 74: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

mesmo ocorre com a Administração Pública Estadual e Distrital.4 Dentre os doutrinadores, citamos: Antônio Pereira Duarte, para quem a Administração Militar

compõe um conjunto de órgãos distribuídos pelos diferentes escalões das Forças Armadas,objetivando operacionalizar suas atividades (Direito administrativo militar. Rio de Janeiro:Forense, 1998, p. 29), e Eliezer Pereira Martins (Da impossibilidade jurídica de instauração deconselho de justificação para apuração de conduta de oficial da reserva não remunerada. JusNavigandi, Teresina, ano 7, n. 63, mar. 2003. Disponível em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3853>. Acesso em: 08 jan. 2007), dentre outros.

5 RMS 25.159, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Informativo 408, etc.6 Por exemplo, o art. 9.º, II, alíneas b, c, e, e III, alíneas a, b, d, do Código Penal Militar.7 Órgão público pode ser definido com compartimento na estrutura estatal a que estão cometidas

funções determinadas, sendo integrado por agentes que, quando executam, manifestam a própriavontade do Estado. Pelo conceito, é fácil verificar que há intrínseca relação entre o órgão e apessoa de direito público. Esta é que é a unidade jurídica, e, portanto, dotada de personalidadejurídica. O órgão é cada um dos centros de competência administrativa, ou seja, cada céluladotada de funções previamente determinadas. Sendo assim, o órgão configura-se como entejurídico despersonalizado, vale dizer, como integrante da pessoa há de ser naturalmente despidode personalidade. (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Personalidade Judiciária de ÓrgãosPúblicos. Revista Eletrônica de Direito do Estado (REDE), Salvador, Instituto Brasileiro deDireito Público, n. 11, julho/agosto/setembro, 2007. Disponível na Internet:<http://www.direitodoestado.com.br/rede.asp>. Acesso em: 29 mar. 2009).

8 A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou mediante algum órgãovinculado, representa judicialmente a União. Cabem à Advocacia-Geral da União as atividades deconsultoria e assessoramento jurídico ao Poder Executivo, nos termos da Lei Complementar 73, de10 de fevereiro de 1993 (CUNHA, Leonardo José da. A Fazenda Pública em Juízo. 2. ed. rev.ampl. e atual. São Paulo. Dialética, 2005, p. 19). Isto, inclusive, é o que dispõe, expressamente, oart. 131 da CF/1988. Por conseguinte, é defeso ao oficial do serviço ou quadro complementar deDireito das Forças Armadas e assessores jurídicos civis representarem judicial ouextrajudicialmente a União (Marinha, Exército ou Aeronáutica), como, também, exercerematividades de consultoria e assessoramento jurídico a órgãos militares. Não é ocioso relembrar,ainda, que o oficial, enquanto militar da ativa, não pode exercer a advocacia em razão da vedaçãocontida no art. 28, VI, da Lei 8.906, de 4 de julho de 1994. Logo, não pode desempenhar asatividades acima mencionadas, por serem privativas de advogado, conforme preceitua o art. 1.º doEstatuto da Advocacia. Em sentido semelhante, conferir Nota DECOR/CGU/AGU 007/2007-SFT,que versa sobre consulta formulada pela Consultora Jurídica Adjunta do Comando da Aeronáuticaquanto à possibilidade de os “Adjuntos Jurídicos (oficiais do quadro de Direito) e AssessoresJurídicos (civis) elaborarem análises jurídicas em processos e submetê-los ao respectivo Núcleode Assessoramento Jurídico – NAJ para aprovação, quando for o caso.” De acordo com a referidanota, aprovada pelo Advogado-Geral da União, “o assessoramento jurídico dos órgãos militaressomente poderá ser feito pelos órgãos consultivos que integram a Advocacia-Geral da União,quais sejam, as Consultorias Jurídicas-Adjuntas dos Comandos Militares, a Consultoria Jurídica

Page 75: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

do Ministério da Defesa e os Núcleos de Assessoramento Jurídico.” E enfatiza: “caso os órgãosmilitares não submetam os processos administrativos, após a análise realizada pelos militaresbacharéis em Direito à Advocacia-Geral da União, restará caracterizada a prática de ato ilegal.”O inteiro teor da nota técnica em questão se encontra disponível no seguinte endereço eletrônico:<http://www.unafe.org.br/dmdocs/unafe_encaminha_nota.pdf>.

9 Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação judicial e aconsultoria das respectivas unidades federadas (art. 132 da CF/1988).

10 Por força do art. 42, § 1.º, da CF/1988, o art. 142, § 3.º, VIII, aplica-se aos militares dosEstados, do Distrito Federal e dos Territórios.

11 Este, inclusive, é o entendimento do STF: “Os princípios gerais regentes da AdministraçãoPública, previstos no art. 37, caput, da Constituição, são invocáveis de referência à administraçãode pessoal militar federal ou estadual, salvo no que tenha explícita disciplina em atenção àspeculiaridades do serviço militar.” (ADI 1.694-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em30/10/1997, DJ de 15/12/2000).

12 O STF, por diversas vezes, tem enfatizado a sujeição da Administração Pública Militar aodisposto no art. 37, I, da CF/1988, consoante se depreende dos seguintes julgados:“Administrativo. Concurso público. Exame psicotécnico. Polícia militar do Estado do Rio Grandedo Norte. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido de que o examepsicotécnico, de caráter eliminatório, deve constar de lei em sentido formal para ser exigívelquando da realização de concurso público. Isto segundo o inciso I do art. 37 da Carta Magna (RE330.546-AgR, Relator Ministro Carlos Velloso, e o RE 342.405-AgR, Relator Ministro Eros Grau,entre outros). Agravo regimental a que se nega provimento.” (RE 340413 AgR, Relator(a): Min.Carlos Britto, Primeira Turma, julgado em 30/08/2005, DJ 16/12/2005).

“Concurso público. Exame psicotécnico com caráter eliminatório, sem previsão legal. Alegadaofensa ao ‘caput’ e aos incisos I e II ao art. 37 da CF/1988. Hipótese em que a exigência se mostradescabida, em face dos apontados dispositivos constitucionais. Recurso conhecido e provido.”(RE 241.393, Relator(a): Min. Ilmar Galvão, Primeira Turma, julgado em 14/09/1999, DJ15/12/2000. Republicação: DJ 15/12/2000, p. 108).

13 Em observância ao disposto no art. 37, II, da CF/1988, no âmbito do Comando da Marinha, amatrícula nos cursos que permitem o ingresso voluntário nesta Força dependerá de aprovaçãoprévia em concurso público (art. 9.º, Lei 11.279, de 09 de fevereiro de 2006).

14 Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público, dentre outras, asatividades especiais nas organizações das Forças Armadas para atender à área industrial ou aencargos temporários de obras e serviços de engenharia (art. 2.º, VI, alínea a, da Lei 8.745, de 09de dezembro de 1993).

15 Ivan Barbosa Rigolin (in O servidor público na Constituição de 1988, São Paulo: Saraiva,1989, p. 196) adota entendimento semelhante. Para o referido autor, as demais disposições dosarts. 37 e 38, quando não expressamente inaplicáveis, ou quando incompatíveis com a natureza doserviço militar, estendem-se aos servidores militares (e entendemos aplicáveis, do art. 37, os incs.II – com a devida adaptação –, III, IV, X, XI, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XXI; o art. 38 é aplicável,

Page 76: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

feitas todas as necessárias adaptações).16 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 7.17 Art. 37 da CF/1988.18 O termo “lei” deve ser entendido de forma ampla, englobando não só as normas positivadas,

que compõem o ordenamento jurídico, como, também, os princípios que o regem.19 Conferir Súmulas 346 e 473 do STF.20 O Poder Judiciário tem reconhecido a ilegalidade de portarias que, extrapolando os limites da

norma superior, inovam a ordem jurídica, restringindo direitos. Nesse sentido, colacionam-se osseguintes arestos: “Administrativo. Servidor Militar. Complemento. Decreto 722/1993. Tema nãoventilado na instância a quo. Inadmissibilidade. Ausência de Prequestionamento. Incidência daSúmula 211/STJ. Lei 8.237/1991. Incorporação ao soldo para integrar base de cálculo degratificação. Impossibilidade. Regulamentação por meio de Portaria. Inovação Vedada.Precedentes. I – omissis. II – omissis. III – omissis. IV – Consoante já se manifestou este SuperiorTribunal de Justiça, Portaria Ministerial não pode extrapolar os limites de norma hierarquicamentesuperior. Precedentes. V – No caso dos autos, a Portaria n.º. 994-SC/5 estabeleceu que asgratificações serão calculadas com base no valor do soldo acrescido do complemento”, inovandoquanto critério do cálculo das gratificações, indenizações e demais vantagens devidas ao militar,em confronto com o que dispõe a Lei 8.237/1991. VI – Recurso desprovido.” (STJ. RESP 54151.Processo: 200301002310/RS. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relator: Min. Gilson Dipp. DJ17/05/2004).

“Recurso Especial. Administrativo. Militar. Transferência para reserva remunerada. Indenização deTransporte. Decreto 986/1993. Limitação da distância nos termos de Portaria. Impossibilidade.Precedente. Recebimento da diferença. O militar transferido para a reserva remunerada tem direitoao recebimento da ‘Indenização de Transporte’ que, no caso, foi devidamente autorizada pelaadministração, mas com a limitação de quilômetros imposta pela Portaria 588/GM. Legislaçãoafrontada. Direito ao recebimento da ‘diferença’. Precedentes. Recurso provido.” (STJ. RESP588.159. Processo: 200301634960/RS. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relator: Min. JoséArnaldo da Fonseca. DJ 14/02/2005).

21 Art. 28, IV, da Lei 6.880/1980.22 Como, por exemplo, o tipificado no art. 324 do CPM (“Deixar, no exercício de função, de

observar lei, regulamento ou instrução, dando causa direta à prática de ato prejudicial àadministração militar: Pena – se o fato foi praticado por tolerância, detenção até seis meses; sepor negligência, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, de três meses a umano”). De acordo com o STM, a norma em comento foi recepcionada pela Constituição de 1988.Nesse sentido, conferir: “Recurso criminal. Art. 324 do CPM. Norma penal em branco.Constitucionalidade. Tipicidade. Esta Corte Castrense já firmou o entendimento esposado peladoutrina de que ‘as leis penais em branco em sentido estrito não afetam o princípio da reservalegal, pois sempre haverá uma lei anterior, embora complementada por regra jurídica de outraespécie’. A tipificação do art. 324 do CPM exige que a norma penal em branco sejacomplementada por lei, regulamento ou instrução formalmente expedido e que a peça acusatória

Page 77: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

indique claramente o dispositivo da norma complementar que deixou de ser observado peloAcusado, bem como o prejuízo por ele causado à Administração Militar. A inobservância danorma será recriminada penalmente se o dever de observá-la for funcionalmente imputado aoagente por determinação legal, regulamentar ou instrutória. Recurso improvido. Decisãomajoritária.” (STM. Rcrimfo – Recurso Criminal (FO). Processo 1999.01.006536-4/RJ. Relator:Sérgio Xavier Ferolla. DJU 20/05/1999).

23 Art. 42 da Lei 6.880/1980.24 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10. ed. São Paulo: RT, 2006, p. 126.25 Art. 28, V, da Lei 6.880/1980.26 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.

79.27 Lei 6.880/1980.28 Art. 42 da Lei 6.880/1980.29 Art. 5.º, XXXIII, da CF/1988.30 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 8. ed. São Paulo: Malheiros,

2006, p. 62 e 63.31 “Constitucional. Habeas Data. Militar da Aeronáutica. Matrícula em curso da Ecemar. Pedido

indeferido. Acesso a documentos funcionais. Negativa da administração. Regra constitucionalbasilar: Publicidade. Exceção: sigilo. Ordem concedida. 1. ‘O ‘habeas data’ configura remédiojurídico-processual, de natureza constitucional, que se destina a garantir, em favor da pessoainteressada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito deacesso aos registros existentes; (b) direito de retificação dos registros errôneos e (c) direito decomplementação dos registros insuficientes ou incompletos. Trata-se de relevante instrumento deativação da jurisdição constitucional das liberdades, que representa, no plano institucional, a maisexpressiva reação jurídica do Estado às situações que lesem, efetiva ou potencialmente, osdireitos fundamentais da pessoa, quaisquer que sejam as dimensões em que estes se projetem’ (HD75/DF, Rel. Ministro Celso de Mello, Informativo STF 446, de 1/11/2006). 2. A exceção aodireito às informações, inscrita na parte final do inciso XXXIII do art. 5.º da Constituição Federal,contida na expressão ‘ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança dasociedade e do Estado’, não deve preponderar sobre a regra albergada na primeira parte de talpreceito. Isso porque, embora a Lei 5.821/1972, no parágrafo único de seu art. 26, classifique adocumentação como sendo sigilosa, tanto quanto o faz o Decreto 1.319/1994, não resulta de taisnormas nada que indique estar a se prevenir risco à segurança da sociedade e do Estado,pressupostos indispensáveis à incidência da restrição constitucional em apreço, opondo-se aoparticular, no caso o impetrante, o legítimo e natural direito de conhecer os respectivosdocumentos, que lastrearam, ainda que em parte, e, assim digo, porque deve existir, também, certosubjetivismo na avaliação, a negativa de sua matrícula em curso da Escola de Comando e EstadoMaior da Aeronáutica – ECEMAR, como alegado. 3. A publicidade constitui regra essencial,como resulta da Lei Fundamental, art. 5.º, LX, quanto aos atos processuais; 37, caput, quanto aosprincípios a serem observados pela Administração; seu § 1.º, quanto à chamada publicidade

Page 78: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

institucional: 93, IX e X, quanto às decisões judiciais, inclusive administrativas, além dejurisprudência, inclusive a Súmula 684/STF, em sua compreensão. No caso, não há justificativarazoável a determinar a incidência da exceção (sigilo), em detrimento da regra. Aplicação,ademais, do princípio da razoabilidade ou proporcionalidade, como bem ponderado pelo órgão doMinistério Público Federal. 4. Ordem concedida.” (STJ. HD 91/DF, Rel. Ministro ArnaldoEsteves Lima, Terceira Seção, julgado em 14/03/2007, DJ 16/04/2007, p. 164).

32 Conferir Lei 11.111, de 05 de maio de 2005, que regulamenta a parte final do disposto no incisoXXXIII do caput do art. 5.º da Constituição Federal e dá outras providências.

33 Por exemplo: deixar o comandante de manter a Força sob seu comando em estado de eficiência:Pena – suspensão do exercício do posto, de três meses a um ano (art. 197 do CPM).

34 Constitui transgressão disciplinar trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de atenção, emqualquer serviço ou instrução (art. 10, n. 16, do Decreto 76.322, de 22 de setembro de 1975 –RDAer).

35 Art. 24 da Lei 10.826, de 22 de setembro de 2003.36 Conferir art. 4.º, § 1.º, da Lei 6.880/1980.37 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.

74.38 Art. 42, § 1.º, e art. 142, § 3.º, IV, da CF/1988.39 O princípio da motivação está previsto nos arts. 2.º e 50 da Lei 9.784/1999.40 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 8. ed. São Paulo: Malheiros,

2006, p. 53.41 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 23 e 24.42 “Corpo Feminino da Aeronáutica – Permanência definitiva – Ato que a define – Motivação

inexistente – Efeito. A Administração Pública não é reconhecido o direito potestativo de fazercessar relação jurídica mantida com servidor. A permanência definitiva de integrante do CorpoFeminino da Aeronáutica possui regência reveladora de que o ato a ser praticado pelo Ministro deEstado da Aeronáutica há de ter respaldo em motivação consentânea com o interesse público. Oartigo 13 da Lei 6.924/1981 impõe, na definição da permanência, ou não, no serviço ativo, oatendimento as necessidades da Aeronáutica e o respeito à regulamentação do que nela contido edemais regulamentos em vigor. Prevendo o § 2.º do artigo 23 do Decreto 86.325/1981 a submissãodo que requerido a Comissão de Promoções de Graduados, que deve considerar as informaçõescomplementares e as relativas ao conceito, a proficiência da requerente nos serviços prestados,emitindo parecer a ser encaminhado ao Ministro de Estado da Aeronáutica ‘para apreciação eaprovação quanto a permanência definitiva de praças do QFG em atividade militar’, descabeconcluir pela legalidade do ato de desligamento quando lançado ao mundo jurídico sem qualquermotivação.” (STF. RMS;21.485/DF, Segunda Turma. Relator: Min. Marco Aurélio. DJ01/07/1993).“Administrativo. Corpo Feminino da Reserva da Aeronáutica. decisão de licenciamento doserviço ativo. Discricionariedade. Ausência de fundamentação. Invalidade. Precedentes do STJ e

Page 79: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

STF. 1. Ainda que se trate de ato discricionário – como efetivamente o é a dispensa de militar doserviço ativo da Força Aérea –, a decisão administrativa deverá ser acompanhada das razões quea fundamentam e justificam, para que se possa constatar a efetiva satisfação do interesse público ea obediência às diretrizes constitucionais. À míngua de fundamentos precisos e concretos, impõe-se a invalidação da medida administrativa. 2. Ademais, o Decreto 86.325/1981, que criou o CorpoFeminino da Reserva da Aeronáutica, dispõe, no art. 22, § 2.º, que ‘Cabe à Comissão dePromoções de Oficiais (CPO), à luz das informações complementares e das informações deconceito e de proficiência, prestadas sobre as requerentes durante o seu período em ServiçoAtivo, selecionar e emitir parecer, encaminhando-o ao Ministro de Estado da Aeronáutica paraapreciação e aprovação, quanto à permanência definitiva de Oficiais do QFO em AtividadeMilitar’. 3. Precedentes do STF e STJ (STF, RMS-21485/DF; Relator Min. Marco Aurélio); (STJ,RESP 260181/RJ; Relator (a) Min. José Arnaldo da Fonseca), (STJ, REsp 196798/RJ. Relator(a)Min. Vicente Leal), (STJ, MS 1890/DF. Relator(a) Min. José Dantas), (STJ, MS 662/DF.Relator(a) Min. Milton Luiz Pereira). 4. Apelação e remessa oficial improvidas. Sentençamantida.” (TRF – Primeira Região. Apelação Cível – 200201000005035. Processo:200201000005035 UF: MG. Órgão Julgador: Primeira Turma. Relator: Desembargador FederalLuiz Gonzaga Barbosa Moreira).

43 “Não se pode desconhecer que as normas legais devem observar, quanto ao seu conteúdo,critérios de razoabilidade, em estrita consonância com os padrões fundados no princípio daproporcionalidade, pois, como se sabe, todas as normas emanadas do Poder Público devemajustar-se à cláusula que consagra, em sua dimensão material, o princípio do ‘substantive dueproces of law’ (CF, art. 5.º, LIV), eis que, no tema em questão, o postulado da proporcionalidadequalifica-se como parâmetro de aferição da própria constitucionalidade material dos atos estatais”(RTJ 160/140-145 – ADI 1.063/DF, Rel. Min. Celso de Mello. RTJ 176/578-580, Rel. Min. Celsode Mello, Pleno).

44 Art. 35, n. 1, do Decreto 90.608/1984, Regulamento Disciplinar do Exército, ou art. 37, I, doDecreto 4.346/2002, para aqueles que entendem que esse “revogou” aquele, e art. 37, n. 1, doDecreto 76.322/1975.

45 “Recentemente, porém, houve três decisões do Supremo Tribunal Federal – MC – 2.900-RS. 2.ªTurma, relator Min. Gilmar Mendes (08/03/2003), Informativo do STF 231; MS 24268/MG,relator Min. Gilmar Mendes (15/03/2004), Informativo do STF 343 e MS 22.357/DF, relator Min.Gilmar Mendes, DJU de 24/05/2004 – qualificando a segurança jurídica como princípioconstitucional na posição de subprincípio do Estado de Direito, harmonizando-se, assim, por essesarestos pioneiros da nossa mais alta Corte de Justiça, linhas de entendimento já afloradas nadoutrina, em geral sem grande rigor técnico, na legislação e em acórdãos de alguns tribunais, masque passam a gozar, agora, de um valor e de uma autoridade que ainda não possuíam.” (COUTO ESILVA, Almiro do. O Princípio da Segurança Jurídica (Proteção à Confiança) no Direito PúblicoBrasileiro e o Direito da Administração Pública de Anular seus Próprios Atos Administrativos: oprazo decadencial do art. 54 da lei do processo administrativo da União (Lei 9.784/1999). RevistaEletrônica de Direito do Estado, Salvador, Instituto de Direito Público da Bahia, n. 2,abril/maio/julho, 2005. Disponível na Internet: <http://www.direitodoestado.com.br>. Acesso em29 jan. 2009).

Page 80: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

46 Art. 54 da Lei 9.784/1999.47 “Servidor público. Militar. Cardiopatia grave. Reforma. Concedida a partir do requerimento

administrativo. Revisão do benefício previdenciário. Termo inicial. A partir da constatação dadoença. Valores recebidos indevidamente por 4 meses. Errônea interpretação. Devolução.Impossibilidade. Boa-Fé. Precedentes. Agravo desprovido. 1. É indevida a restituição dos valorespagos aos Servidores Públicos, quando constatada a boa-fé do beneficiado, em decorrência deerrônea interpretação ou má aplicação da lei pela Administração Pública. 2. Agravo regimentaldesprovido.” (Superior Tribunal de Justiça. AGA – Agravo Regimental no Agravo de Instrumento– 703991. Processo: 200501444392 UF: DF Órgão Julgador: Quinta Turma. Relatora: MinistraLaurita Vaz).“Agravo regimental. Recurso especial. Militar inativo. Valores recebidos indevidamente. Boa-fé.Restituição. Impossibilidade. Agravo regimental a que se nega provimento. 1. Segundo aorientação jurisprudencial pacificada no STJ, descabe a reposição dos valores percebidos porservidor público, ou militar, que, de boa-fé, recebeu em seus proventos, ou remuneração, valoresadvindos de errônea interpretação ou má aplicação da lei pela Administração, mostrando-seinjustificado o desconto. No presente caso o ato de incorporação da gratificação decretado peloGovernador do Estado do Rio Grande do Sul foi revisto pelo Tribunal de Contas, após oito anos,tendo o próprio órgão auxiliar da regularidade nas contas públicas asseverado que só após apublicação da decisão quanto à ilegalidade da incorporação é que se faria a sustação dorespectivo pagamento. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” (AgRg no REsp792.307/RS, Rel. Ministro Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP), Sexta Turma,julgado em 19/02/2009, DJe 16/03/2009).No mesmo sentido, a Súmula 34 da AGU, que assim dispõe: “Não estão sujeitos à repetição osvalores recebidos de boa-fé pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequadainterpretação da lei por parte da Administração Pública.”

48 CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2000,p. 49.

49 Art. 14, § 3.º, da Lei 6.880/1990.50 É o que, p. ex., dispõe o art. 37, LXXX, da Lei Estadual 6.833, de 13 de fevereiro de 2006, que

institui o Código de Ética e Disciplina da Polícia Militar do Pará. De acordo com o artigo emquestão, constitui transgressão disciplinar deixar de seguir a cadeia de comando, sem prejuízo deacesso à Corregedoria.

51 Na realidade, são poderes-deveres, vez que não encerram uma faculdade, mas, sim, umaobrigação, i.e., um dever de agir na busca do bem comum. Por isso, esses poderes sãoirrenunciáveis.

52 Art. 5.º, LXI, da CF/1988.53 Art. 142, § 3.º, X, da CF/1988.54 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 10. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2006. p. 116.

Page 81: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

55 DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 89.56 Deve-se observar que as instruções são atos inferiores às leis, aos decretos e aos regulamentos.

As instruções assumem três funções: a) regulamentar as leis, assemelhando-se, neste caso, aosdecretos regulamentares presidenciais, tendo seu âmbito de validade, contudo, restrito aoMinistério. Observar que não existe qualquer óbice no sentido de a referida lei ser regulamentadapor decreto presidencial. Aliás, trata-se do modo normal, na medida em que a hipótese decompetência privativa do Presidente da República, nos exatos termos do art. 84, IV. No entanto,existindo regulamento presidencial, não caberá regulamentação da mesma matéria através deinstrução ministerial. Os Ministros devem restringir-se às matérias que não tenham sidoregulamentadas por decreto regulamentar presidencial (neste caso dispõe sobre o que decretoregulamentar deixou de disciplinar), ou toda lei, inexistindo o regulamento presidencial; b)regulamentar decretos e c) regulamentos (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado.13. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 472).

57 Art. 87, II, da CF/1988.58 Foi o que ocorreu, p. ex., com as Portarias R-588/GM6/1996, 383/GM6/1998, R-289/GC/1999,

editadas pelo extinto Ministério da Aeronáutica com o fito de “regulamentar” a Lei 8.237/1991 e oDecreto 986/1993, que dispunham sobre a concessão de indenização de transporte aos militares daMarinha, do Exército e da Aeronáutica. Tais portarias impuseram restrições ao pagamento daindenização, tão somente, aos militares desta última Força. Desse modo, milicianos daAeronáutica que, à época, foram transferidos para a reserva remunerada tiveram o direito àindenização de transporte restringido ou suprimido, em razão das citadas portarias, ao passo queos da Marinha e do Exército não, o que, desenganadamente, materializava ofensa ao princípio daisonomia.

59 Disponível no seguinte endereço eletrônico: <https://www.defesa.gov.br/bdlegis/index.php?page=lista_pesquisa>.

60 São atos normativos (art. 2.º): Portaria Normativa (PN), Instrução Normativa (IN) e OrientaçãoNormativa (ON).

61 A Administração militar costuma utilizar nomenclatura própria para os atos normativos. NoComando da Aeronáutica, por exemplo, existem as Instruções de Comando (ICA), Normas padrãode ação (NPA), etc.

62 O Presidente da República, Comandante Supremo das Forças Armadas, delegou competênciasaos Ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, na forma descrita no Decreto 2.790, de29 de setembro de 1998. Com a criação do Ministério da Defesa, as atribuições contidas no citadodecreto passaram a ser exercidas pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,desde que não colidam com as atribuições do Ministro da Defesa (art. 19 da LC 97/1999)previstas no art. 27, VII, da Lei 10.683, de 28 de maio de 2003, e no art. 1.º do anexo I, doDecreto 6.223, de 04 de outubro de 2007.

63 Existem servidores públicos civis lotados nas diversas Organizações Militares da Marinha,Exército e Aeronáutica, ocupando vários cargos de natureza civil. A Administração Militar, noexercício do poder disciplinar, aplicará aos funcionários civis as penalidades descritas na Lei

Page 82: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

8.112/1990. Aos agentes militares, as sanções disciplinares contidas nos RegulamentosDisciplinares (RDM, RDE e RDAer).

64 DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 91.65 Art. 6.º, 27 do RDM e art. 10, n. 78 do RDAer.66 Art. 14, § 3.º, da Lei 8.429, de 02 de junho de 1992.67 Ao contrário dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, o Código Disciplinar dos

Militares do Estado de Pernambuco (Lei 11.817/2000), em sua parte especial (arts. 75 a 188),atendendo ao comando descrito no art. 5.º, LXI, da CF/1988, descreve as transgressõesdisciplinares e a respectiva pena restritiva de liberdade aplicável. Exemplificando: Não cumprir,por negligência, ordem legal recebida. Pena: Prisão, de 11 a 20 dias (art. 81). Assim, nesteEstado, a discricionariedade da autoridade competente, no que se refere à aplicação de sançãorestritiva de liberdade, cinge-se, apenas, ao quantitativo de dias impostos, e não ao tipo de pena(prisão ou detenção).

68 Art. 10, n. 21, do RDAer.69 Art. 10, n. 23, do RDAer.70 MELLO. Celso Antônio Bandeira de. Discricionariedade e controle jurisdicional. 2. ed. São

Paulo: Malheiros, 2006, p. 9.71 A competência decorre de expressa atribuição legal.72 A finalidade estará sempre adstrita ao interesse público previamente estabelecido em lei.73 Essa margem de liberdade decorre do caráter geral e abstrato da lei, que, dificilmente, regulará,

de forma minuciosa, a atuação administrativa.74 Art. 2.º, I, do Decreto 71.500, de 05 de dezembro de 1972.75 “Mandado de segurança. Processo administrativo disciplinar. Aplicação da pena de demissão.

Pedido de reconsideração recebido sem efeito suspensivo. Prerrogativa da administração pública.Segurança denegada. 1. A concessão de efeito suspensivo ao pedido de reconsideração interpostocontra decisão de processo administrativo disciplinar, embora não prevista expressamente noprocedimento regulado pelos arts. 174 e seguintes da Lei 8.112/1990, é considerada prerrogativaque se entende discricionária da Administração Pública. 2. Embora discricionário, o atoadministrativo, em tela, é suscetível de controle jurisdicional, que se realiza por meio dosprincípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 3. Decisão administrativa que se entenderazoável, diante da inexistência de fato novo e de provas que justificam a inocência do Impetrante.4. Segurança denegada.” (MS 9.776/DF, Rel. Ministro Paulo Medina, Terceira Seção, julgado em11/05/2005, DJ 01/08/2005 p. 317).

76 “Recurso especial. Administrativo. Militar temporário. Licenciamento. Ato discricionário.Razões. Teoria dos motivos determinantes. Vinculação. Vício. Anulação. Moléstia. Incapacidadedefinitiva. Reforma ex officio. I – Apesar de o ato de licenciamento de militar temporário sesujeitar à discricionariedade da Administração, é possível a sua anulação quando o motivo que oconsubstancia está eivado de vício. A vinculação do ato discricionário às suas razões baseia-se naTeoria dos Motivos Determinantes. II – É incapaz definitivamente para o serviço ativo das Forças

Page 83: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Armadas, para efeitos de reforma ex officio (art. 106, II, da Lei 6.880/1980), o militar que éportador de síndrome definida no art. 1.º, inciso I, alínea ‘c’, da Lei 7.670/1988. Recursoconhecido e desprovido.” (REsp 725.537/RS, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgadoem 19/05/2005, DJ 01/07/2005 p. 621).

77 Prorrogação voluntária do tempo de serviço do incorporado.78 Prorrogação do tempo de serviço, uma vez terminado o engajamento. Podem ser concedidos

sucessivos reengajamentos à mesma praça, obedecidas as condições que regulam a concessão.79 “Direito administrativo. Militar temporário. Reengajamento. Ato discricionário da

administração. Recurso especial conhecido e provido. 1. O ato de reengajamento de praça édiscricionário da Administração, prescindindo de motivação, de modo que não há ilegalidade noato de licenciamento ex officio de cabos da Aeronáutica após oito anos de serviço. Precedentes doSTJ. 2. Recurso especial conhecido e provido.” (REsp 766.580/RJ, Rel. Ministro Arnaldo EstevesLima, Quinta Turma, julgado em 06/09/2007, DJ 22/10/2007 p. 351).

80 “Administrativo. Militar temporário. Sindicância. Licenciamento ex officio a bem da disciplina.Conduta incompatível com a disciplina castrense. Licenciamento ex officio. Ausência de vício. 1.O vínculo do militar temporário com as Forças Armadas é precário, máxime quando ele não éestável, nos termos do art. 50, inciso IV, letra a, da Lei 6.880/1980 (porque não completou dezanos de serviço), permitindo a lei seu licenciamento ao nutum exclusivo da Administração Militar.2. Quando se tratar de militar temporário não estável, o licenciamento é de acordo com aconveniência da Administração, não cabendo ao Poder Judiciário adentrar ao juízo dediscricionariedade que a lei lhe concede em tal hipótese. 3. O ato de licenciamento de militartemporário a bem da disciplina, porque considerada sua conduta incompatível com a disciplinacastrense, apurada em sindicância militar formal, não merece reprovação (Precedentes deste TRFe do STJ). 4. Apelação provida. 5. Remessa oficial prejudicada.” (TRF – Primeira Região.Apelação Cível – 199732000048079. Processo: 199732000048079. Primeira Turma. Relator:Desembargador Federal Eustáquio Silveira. DJ 15/09/2003).

81 Art. 78 do Código Tributário Nacional, com redação dada pelo Ato Complementar 31, de28/12/1966.

82 A regra é a indelegabilidade da atribuição de polícia administrativa. Seu exercício sobre umadada matéria, serviço de táxi, por exemplo, cabe ao Município que o realiza com seus recursospessoais e materiais, pois é a pessoa competente para legislar. Embora essa seja a regra, admite-se a delegação desde que outorgada a uma pessoa pública administrativa, como é a autarquia, ou auma pessoa governamental, como é a empresa pública. Desfrutam dessa delegação, a exemplo deoutros entes, o Banco Central do Brasil, as agências reguladoras... Essa delegação, sempre por lei,é ampla e pode abranger “o estabelecimento de normas, bem como a designação de agentes depolícia” (GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p.136).

83 LAZZARINI, Álvaro. Estudos de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Revista dosTribunais, 1999, p. 195.

84 A expressão “atribuição de polícia” pode ser tomada tanto em sentido amplo como em sentido

Page 84: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

estrito. Em sentido amplo, abrange, além dos atos do Executivo, os do Legislativo. Em sentidoestrito, alcança somente os atos do Executivo (GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 131).

85 Nos casos de concessão de licença para construir, a indenização somente será devida se a obrajá tiver sido iniciada.

86 Art. 5.º, LIV e LV, da CF/1988.87 Art. 1.º da Lei 9.873, de 23 de novembro de 1999.88 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. Ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.

112.89 Decreto-Lei 1.001, de 21 de outubro de 1969.90 Decreto-Lei 1.002, de 21 de outubro de 1969.91 Art. 17 da LC 97/1999.92 Art. 17, parágrafo único, da LC 97/1999.93 Art. 4.º da Lei 9.537/1997.94 Art. 1.º, parágrafo único, do Decreto 5.129, de 06 de julho de 2004.95 Arts. 4.º, 5.º, §§ 1.º e 2.º, 6.º, do Decreto 5.129/2004.96 Art. 1.º, a, da Lei 2.419, de 10 de fevereiro de 1955.97 Art. 16, I a V, da Lei 9.537, de 11 de dezembro de 1997.98 A fabricação de produtos controlados por parte da Marinha e da Aeronáutica, para uso das

Forças Armadas, independe de autorização do Exército.99 Arts. 9.º e 24 da Lei 10.826/2003.100 Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de

segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas peloComando do Exército (art. 11 do Decreto 5.123/2004).

101 De acordo com o art. 15, I, do Decreto 3.665/2000, armas, munições e acessórios de usorestrito são considerados produtos controlados, sujeitos, portanto, à fiscalização do Exércitobrasileiro.

102 STJ MS 11.833/DF, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 22/11/2006, DJ06/08/2007. Conferir, ainda: “Administrativo. Importação de Miras-Laser. Mercadoria de usoproibido. Cancelamento de autorização. Possibilidade. Poder de polícia do estado. I – À luz doartigo 21, inciso VI, da Constituição Federal, compete à União autorizar e fiscalizar a produção eo comércio de material bélico. II – A Autorização administrativa consiste em ato administrativounilateral, discricionário e precário por meio do qual a Administração faculta ao particular o usoprivativo de bem público, ou o desempenho de atividade material, ou a prática de ato que, semesse consentimento, seriam legalmente proibidos. III – A Administração, ao cancelar, a pedido daDiretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Ministério do Exército, com esteio no art.123 do Regulamento 105, aprovado pelo Decreto 1.246/1936 e alterado pelo Decreto

Page 85: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

55.649/1965, autorização concedida ao particular para importação de miras-laser, tendo em vistaa mudança de classificação de controle da mercadoria para de uso proibido, operado pela PortariaMinisterial 67/1996, atuou dentro dos lindes da legalidade, em sintonia com os critérios deconveniência e oportunidade peculiares à sua atividade. IV – Recurso desprovido.” (TRF2. AMS18.495. Processo: 9702140510/RJ. Relator: Desembargador Federal Sérgio Schwaitzer. ÓrgãoJulgador: Sexta Turma. DJU 04/09/2002).

103 Os produtos controlados estão especificados, por ordem alfabética e numérica, com indicaçãoda categoria de controle e o grupo de utilização a que pertencem, nos anexos I, II e III, do Decreto3.665/2000.

Page 86: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

3.1. ATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO

Pode-se definir sinteticamente ato administrativo como a manifestação volitivaunilateral da Administração Pública, regida por regime jurídico de direito público,capaz de gerar efeitos jurídicos imediatos para si e para os administrados. Difere-se,portanto, dos fatos administrativos, que são realizações materiais da Administração,como a demolição de um prédio, de uma ponte, e dos contratos administrativos que,por sua natureza, são atos bilaterais.

A Administração Pública Militar, no exercício da função administrativa, praticaatos unilaterais voluntários que geram efeitos jurídicos. Ontologicamente, estes atosem nada se diferem dos atos administrativos executados pela Administração PúblicaCivil. Ambos possuem idênticos atributos, requisitos de validade ou elementosestruturais, e se sujeitam, igualmente, aos mesmos princípios informativos do DireitoAdministrativo comum. Contudo, para fins didáticos, adotaremos a nomenclatura atoadministrativo militar, já utilizada pela doutrina e jurisprudência, para distingui-lo doato administrativo praticado pela Administração Pública Civil.

3.2. ATO ADMINISTRATIVO MILITAR

3.2.1. Conceito

Segundo Farlei Martins de Oliveira, o ato administrativo militar pode serconceituado como todo aquele proveniente da Administração Militar que, agindonessa qualidade, tem por fim imediato modificar, adquirir, resguardar, transferir eextinguir situação jurídica ou impor obrigações em relação aos militares ou aospróprios órgãos dela integrantes1.

Page 87: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Para Antônio Duarte Pereira2, ato administrativo militar é todo aqueleproveniente da Administração Militar e que cria, modifica ou extingue situaçãojurídica em relação ao servidor militar ou aos próprios órgãos dela integrantes. E, comacerto, prossegue o referido autor: “é curial dizer que o ato administrativo militar nãoé diferente do ato administrativo lato sensu, somente porque é praticado no âmbito daAdministração Militar e por uma autoridade militar. A carga de discricionariedade ouvinculação ínsita a determinado ato administrativo não se transmuda pelo simples fatode ter a sua consecução advinda de um administrador militar.”

Definimos ato administrativo militar como sendo toda manifestação volitivaunilateral da Administração Pública Militar, regida por regime jurídico de direitopúblico, capaz de gerar efeitos jurídicos imediatos para si e para os administrados emgeral. Assim, excluídos estão os contratos administrativos, por serem atos bilaterais,como, também, os fatos administrativos.

3.2.2. Atos administrativos militares típicos e atípicos

Os atos administrativos militares podem ser divididos em típicos e atípicos.Os atos administrativos militares atípicos são aqueles comuns à atividade

administrativa em geral, cujo objeto não envolve questões intrínsecas à atividade ecarreira militar, razão pela qual não serão objeto de estudo. São exemplos: a) multapor ocupação irregular de próprio nacional residencial, aplicada com base na Lei8.025/1990; b) aplicação, em processos licitatórios, de penalidades de advertência oumulta, na forma prevista na Lei 8.666/1993; c) nomeação, demissão, punição deservidor público civil pertencente aos quadros de pessoal civil das Forças Armadas eAuxiliares; d) autorização de fabricação, exportação, importação e comércio de armasde fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito dearma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores, nos termos do art. 24 da Lei10.826/2003, etc.

Os atos administrativos militares típicos em tempo de paz são aqueles que têmpor objeto e conteúdo questões intrínsecas à atividade e carreira militar. Em regra, sãodestinados aos membros das Forças Armadas e Auxiliares. Como exemplo, citam-se:punição disciplinar de agente militar, incorporação, desincorporação, desligamento,licenciamento, demissão, exclusão do serviço ativo, reforma, promoção, transferência,convocação, nomeação e exoneração de cargos militares, comissionamento, portarias,instruções de comando, normas padrão de ação, diretriz de comando, afetas aoserviço militar3, etc. Em tempo de guerra, os atos administrativos militares típicos queresultem em atos de guerra, como a destruição de pontes, de indústrias, aeroportos,

Page 88: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

aeronaves, navios, ainda que civis, serão considerados atos de império4.

3.2.3. Atos administrativos militares típicos

3.2.3.1. Classificação

Os atos administrativos militares típicos, em razão de suas peculiaridades, podemser classificados da maneira seguinte:

I – Em federais, estaduais ou distritais. Os federais são expedidos pelaAdministração Pública Militar Federal; os estaduais e distritais, porAdministração Pública do Estado-Membro e do Distrito Federal,respectivamente.

II – Quanto aos destinatários, em gerais e individuais.

São gerais os atos que atingem um grupo de militares que se encontra numamesma situação. De regra, são atos normativos editados pela Administração Militar,como regulamentos, portarias, instruções de comando, normas padrão de ação, dentreoutros. Exemplo: Regulamento Disciplinar da Marinha.

Individuais são os dirigidos a destinatários certos, a exemplo da nomeação eexoneração de cargos militares, agregação, reversão, reabilitação, etc.

III – Quanto à liberdade da Administração Militar para decidir, em vinculados ediscricionários. O primeiro decorre do exercício do poder vinculado. Osegundo, do poder discricionário.

Dentre outros, são atos administrativos militares vinculados: a) o licenciamentoex officio por término do tempo de serviço, quando não for mais possível suaprorrogação, por meio de engajamento ou reengajamento; b) a demissão ou olicenciamento ex officio, respectivamente, do oficial ou da praça que tome posse emcargo ou emprego público civil permanente (art. 142, § 3.º, II, da CF/1988, c/c art. 117e 122 da Lei 6.880/1980); c) transferência ex officio para a reserva remunerada domilitar nos casos descritos no art. 98 da Lei n. 6.880/1980; d) agregação do oficialdesertor (art. 454, § 1.º, do CPM), etc.5.

São exemplos de atos discricionários: a) engajamento e reengajamento; b)inclusão voluntária em quota compulsória; c) licenciamento por conveniência do

Page 89: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

serviço; d) reinclusão de praça com estabilidade assegurada, quando licenciada parafins de matrícula em estabelecimento de ensino de formação ou preparatório de outraForça Singular ou Auxiliar, no caso de não conclusão do curso.

IV – Quanto à formação da vontade, os atos administrativos militares típicospodem ser simples, complexos e compostos.

Os atos simples decorrem da declaração de vontade de um único órgão, sejasimples ou colegiado. Exemplos: a) nomeação de Conselho de Justificação (art. 4.º daLei 5.836/1972); b) decisão do Conselho de Disciplina, tomada por maioria de votosde seus membros (art. 12, § 2.º, do Decreto 71.500/1972).

Os atos complexos são formados pela junção de vontades de dois ou maisórgãos, sejam singulares ou colegiados, para a formação de um ato único. Exemplo: a)atos de promoção de oficial-general pelo Presidente da República. Nestes casos, osComandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, no âmbito de suasrespectivas Forças, juntamente com o Ministro da Defesa, apresentam a lista deescolha ao Presidente da República, a quem compete promover os oficiais-generais(art. 7.º da Lei Complementar 97/1999). O mesmo se dá com os atos de nomeação deoficiais-generais para os cargos militares que lhes são privativos, efetivados peloPresidente da República.

Atos compostos são os formados pela manifestação de vontade de um únicoórgão, mas que dependem da ratificação de um outro, como nos casos dehomologação, visto, autorização, aprovação, etc. Exemplos: a) aprovação peloComandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica do julgamento proferido peloConselho de Justificação (art. 13 da Lei 5.836/1972); b) confirmação pelo Presidenteda República de promoção por bravura não efetivada por ele (art. 29, § 2.º, da Lei5.821/1972).

V – Quanto aos efeitos, podem ser constitutivos ou declaratórios.

Atos constitutivos são os que criam, modificam ou extinguem direitos ousituações jurídicas já existentes. Exemplos: a) promoções por antiguidade,merecimento, escolha, post mortem, bravura; b) punições disciplinares; c) nomeaçõese exonerações de cargos militares, etc.

Atos declaratórios são os que apenas reconhecem a existência de uma situação defato ou de direito preexistente. Não criam, alteram ou extinguem direitos e deveres.Exemplos: certificados de alistamento militar, de reservista, de dispensa de

Page 90: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

incorporação e de isenção.

3.2.3.2. Atributos

A doutrina tem reconhecido como atributos dos atos administrativos a presunçãode legitimidade e veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade.Estes atributos estão presentes, também, nos atos administrativos militares típicos. Noentanto, em razão da rígida e inflexível hierarquia e disciplina castrense, assumem, porvezes, contornos mais austeros.

3.2.3.2.1. Presunção de legitimidade e veracidade

A Administração Pública está adstrita ao princípio da legalidade. Daí surge apresunção de legitimidade dos atos administrativos, ou seja, de que foram editados emconsonância com a lei, e da veracidade dos fatos aduzidos pela Administração, razãopela qual as declarações, certidões e atestados por ela fornecidos são dotados de fépública. Todavia, não se trata de presunção juris et de jure, mas juris tantum,admitindo prova em contrário, a ser produzida pelo administrado.

A presunção de legitimidade está presente em todos os atos administrativos, semexceção.

3.2.3.2.2. Imperatividade

É o atributo que os tornam compulsórios para o administrado,independentemente de sua concordância ou aprovação. Tal qualidade é chamada, porRenato Alessi, de poder extroverso do ato administrativo. Não obstante, não éencontrado nos atos administrativos que outorgam direitos (permissão, autorização)nem nos meros atos administrativos (atestado, certidão)6.

Nos atos administrativos militares típicos, a imperatividade, às vezes, acarretaobrigações ímpares aos administrados, sem equivalência na Administração PúblicaCivil, como, por exemplo, a prestação do serviço militar obrigatório pelo cidadãoincorporado7 a uma organização militar da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.Este atributo só é encontrado nos atos administrativos militares típicos que impõemdeveres aos administrados. Logo, não estão presentes nos atos declaratórios nemnaqueles que conferem direitos solicitados por terceiros, como nos casos de demissãoe licenciamento do serviço ativo a pedido.

Page 91: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

3.2.3.2.3. AutoexecutoriedadeEste atributo, presente em alguns atos administrativos militares típicos, viabiliza

sua execução imediata e direta pela própria Administração Militar, independentementede prévia intervenção judicial. Para tanto, poderá valer-se de meios diretos de coerção.Porém, em havendo lesão ou ameaça de lesão a direito, o interessado poderá buscar atutela jurisdicional, com arrimo nos arts. 5.º, XXXV, e 37, § 6.º, da CF/1988, a fim deobter reparação pelos eventuais danos suportados. A autoexecutoriedade só é admitidanos casos previstos em lei ou quando for essencial à defesa e proteção do interessepúblico.

Na esfera militar, a autoexecutoriedade permite que a Administração Militarexecute diretamente medidas ímpares, sem paralelo na Administração Pública Civil. Atítulo de exemplo, cita-se a segregação forçada do militar punido disciplinarmentecom pena restritiva de liberdade, executada pela própria Administração Militar,independentemente de prévia intervenção do Poder Judiciário, hipótese chancelada,expressamente, pela atual Constituição (art. 5.º, LXI, da CF/1988).

Salienta Maria Sylvia Zanella Di Pietro8 que este atributo é chamado, pelosfranceses, de privilège d’action d’office ou privilège du préalable; porém, algunsautores o desdobram em dois: a exigibilidade, que corresponde ao privilège dupréalable, pelo qual a Administração toma decisões executórias criando obrigaçãopara o particular sem necessitar ir preliminarmente a juízo; e a executoriedade, quecorresponde ao privilège d’action d’office (privilégio da ação de ofício), que permiteà Administração executar diretamente a sua decisão pelo uso da força. E prossegue ailustre autora: o que é importante ressaltar é o fato de que, em ambas as hipóteses, aAdministração pode autoexecutar as suas decisões, com meios coercitivos próprios,sem necessitar do Poder Judiciário. A diferença, nas duas hipóteses, está apenas nomeio coercitivo; no caso da exigibilidade, a Administração se utiliza de meios indiretosde coerção, como a multa ou outras penalidades administrativas impostas em caso dedescumprimento do ato. Na executoriedade, a Administração emprega meios diretosde coerção, compelindo materialmente o administrado a fazer alguma coisa,utilizando-se inclusive da força.

Nos atos administrativos militares típicos, a exigibilidade decorreria, porexemplo, das multas aplicadas aos considerados refratários9, conforme dispõe o art.46 da Lei 4.375/1964, Lei do Serviço Militar.

3.2.3.2.4. TipicidadeAlguns autores, como Maria Sylvia Zanella Di Pietro, incluem, ainda, a tipicidade

Page 92: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

no rol dos atributos dos atos administrativos. Por este atributo, o ato administrativodeve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzirdeterminados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançarexiste um ato definido em lei. Trata-se de decorrência do princípio da legalidade, queafasta a possibilidade de a Administração praticar atos inominados; estes são passíveispara os particulares, como decorrência do princípio da autonomia da vontade10.

3.2.3.3. Elementos ou requisitos

O tema em análise apresenta divergências doutrinárias, a começar pelaterminologia utilizada, vez que alguns fazem distinção entre as expressões “elementos”e “requisitos”. Adotaremos os dois vocábulos como sinônimos.

A discordância repousa, ainda, sobre a quantidade e a nomenclatura doselementos ou requisitos. Seguindo a orientação contida no art. 2.º da Lei 4.717/1965,indicamos a competência, finalidade, forma, motivo e objeto como requisitos dos atosadministrativos em geral, inclusive dos atos administrativos militares típicos.

3.2.3.3.1. CompetênciaA competência decorre da lei, sendo por ela delimitada. É, portanto, elemento

vinculado do ato administrativo. Por esta razão, quando praticado por agenteincompetente ou, ainda que competente, tenha extrapolado os limites de suasatribuições legais, o ato será ilegal, inválido, nulo, em decorrência de vício quanto àcompetência. Exemplificando: um tenente-coronel da Aeronáutica, comandante deunidade aérea, é competente para aplicar punição disciplinar a todos os militares queservirem sob seu comando11. Assim, se um sargento “A”, sem estabilidade assegurada,pertencente ao efetivo desta unidade aérea, pratica uma determinada transgressãodisciplinar, caberá ao aludido oficial aplicar-lhe, discricionariamente, a puniçãodisciplinar que melhor se adequar ao caso concreto. Se optar pela pena de prisão, nãopoderá ultrapassar o limite máximo contido no anexo II do RDAer, quadro depunições máximas, que, neste caso, são 20 (vinte) dias. Todavia, se este teto forultrapassado, o ato será ilegal, em decorrência da extrapolação da competência a eleatribuída por lei. Por outro lado, se o referido comandante optar por aplicar pena delicenciamento a bem da disciplina, este ato também será ilegal, pois esta pena só podeser aplicada pelo Presidente da República ou por oficiais em função de tenente-brigadeiro, major-brigadeiro ou de brigadeiro, consoante dispõe o quadro de puniçõesmáximas.

Page 93: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Por decorrer sempre de lei, a competência é imprescritível e inderrogável, nãopodendo ser ampliada nem restringida pela simples vontade de seu titular. De outrolado, poderá ser objeto de delegação ou de avocação, caso não tenha sido atribuídacom exclusividade pela lei a determinado agente ou órgão.

Dentre as principais normas que versam sobre competência de órgão e agentes noâmbito da Administração Militar Federal, citam-se as seguintes: a) Lei 10.863/2003; b)Decreto 2.790/1998; c) Decreto 6.223/2007; d) Decreto 5.417/2005; e) Decreto5.751/2006; Decreto 6.834/2009; f) Decreto 88.540/1993; g) Decreto 76.322/1975; h)Decreto 90.608/198412; i) Portaria 808/MD, de 20 de maio de 2008.

3.2.3.3.2. FinalidadeÉ o fim, o objetivo do ato administrativo praticado, que será a satisfação do

interesse público. A finalidade está sempre definida de forma explícita ou implícitapela lei. Por conseguinte, não cabe ao administrador escolher outra, ou substituir aindicada na norma administrativa, ainda que ambas colimem fins públicos. Nesteparticular, nada resta para escolha do administrador, que fica vinculado integralmenteà vontade legislativa13. Trata-se, portanto, de elemento vinculado do atoadministrativo.

O desvirtuamento da finalidade estabelecida em lei concretiza desvio de poder oudesvio de finalidade e, consequentemente, a ilegalidade do ato.

3.2.3.3.3. FormaÉ o formato com que o ato administrativo é exteriorizado. Em regra, a forma é

definida previamente em lei, razão pela qual se diz que o ato administrativo é formal.Nestes casos, a forma será elemento vinculado do ato.

A forma escrita é a mais comum. Porém, excepcionalmente, podem serexternados por meio de gestos, toques de corneta, silvos de apito, ordens e comandosverbais, via rádio, sinais visuais, etc.

A inobservância da forma legal vicia o ato administrativo, acarretando suanulidade.

3.2.3.3.4. MotivoÉ a circunstância de fato e de direito que determina ou permite a execução do ato

administrativo. O motivo poderá estar ou não definido de forma explícita em lei. Na

Page 94: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

primeira hipótese, será elemento vinculado, ou seja, o ato só poderá ser realizado seestiver presente a situação prevista na lei; na segunda não, cabendo ao administrador,discricionariamente, diante do caso concreto, praticar ou não o ato administrativo.

A inexistência do motivo apontado no ato ou a indicação de motivo falso oinvalida. Isto porque, conforme a consagrada teoria dos motivos determinantes, avalidade do ato se vincula aos motivos nele aduzidos. Logo, se inverídico ouinexistente o motivo alegado, o ato será nulo.

Motivo e motivação não se confundem. Aquele se refere à situação fática ou dedireito capaz de ensejar a prática do ato administrativo. Esta, por outro lado, consistena exposição, narração, explicitação, descrição do motivo, devendo ser explícita.

A doutrina diverge quanto à obrigatoriedade de se motivar os atosadministrativos. Todavia, atualmente, o entendimento tem convergido para anecessidade da motivação, independentemente de o ato ser discricionário ouvinculado, excetuando-se, obviamente, as hipóteses em que a lei a dispensa, como nocaso de exoneração ad nutum.

3.2.3.3.5. ObjetoÉ o conteúdo do ato administrativo, o efeito jurídico por ele pretendido.O objeto constituirá elemento vinculado do ato administrativo quando a lei

eleger, especificamente, apenas um objeto para a satisfação de uma determinadafinalidade pública. Isto ocorre, por exemplo, quando o militar é transferido para ainatividade, por ter atingido as idades-limites descritas no art. 98, I, alíneas a, b e c, daLei n. 6.880/1980. Neste caso, a lei prevê, expressamente, o objeto do atoadministrativo a ser praticado: a transferência ex officio do miliciano para a reservaremunerada. De outro lado, será elemento discricionário do ato quando a leiestabelecer mais de um objeto capaz de satisfazer a finalidade pública.Exemplificando: na Aeronáutica, a autoridade competente, diante do caso concreto,poderá aplicar ao militar infrator pena disciplinar de repreensão, detenção, prisão,licenciamento a bem da disciplina ou exclusão a bem da disciplina14.

3.2.3.4. Espécies

Os atos administrativos militares típicos podem ser divididos em três espécies, asaber: a) normativos; b) ordinatórios; c) enunciativos.

Page 95: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

3.2.3.4.1. Ato normativoSão aqueles que contêm um comando geral do Executivo, visando à correta

aplicação da lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar a norma legal a serobservada pela Administração e pelos administrados. Esses atos expressam emminúcia o mandamento abstrato da lei e o fazem com a mesma normatividade da regralegislativa, embora sejam manifestações tipicamente administrativas15.

São exemplos de atos administrativos militares normativos:

I – Decreto. Ato administrativo de competência exclusiva dos Chefes dosPoderes Executivos Federal, Estadual e Distrital. Pode ser: a) regulamentar oude execução; b) autônomo ou independente. O primeiro será expedido parafiel execução da lei (art. 84, IV, da CF/1988); o segundo, para disciplinarmatéria não regulada por lei. Como salienta Maria Sylvia Di Pietro16, a partirda Constituição de 1988, não há fundamentação para o decreto autônomo nodireito brasileiro, salvo nas hipóteses previstas no art. 84, VI, da Constituição,com a redação dada pela Emenda Constitucional 32/2001;

II – Regulamentos. São atos normativos veiculados por meio de decretos.Exemplos: Regulamentos Disciplinares da Marinha, do Exército e daAeronáutica;

III – Portaria normativa – PN. Expedida pelo Ministro da Defesa, para disciplinara aplicação de leis, decretos e regulamentos ou para estabelecer diretrizes edispor sobre matéria de sua competência;

IV – Instrução normativa – IN. Podem ser expedidas:a) pelos Secretários do MD e pelo Chefe do Estado-Maior de Defesa, em

virtude de competência regimental ou delegada, para estabelecerinstruções e procedimentos de caráter geral necessários à execução de leis,decretos e regulamentos, ou complementares a portarias normativas einstruções normativas;

b) pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em virtudede competência regimental ou delegada, para estabelecer instruções eprocedimentos de caráter geral, no âmbito de interesse de cada Força,necessários à execução de leis, decretos e regulamentos, oucomplementares a instruções normativas.

3.2.3.4.2. Ato ordinatório

Page 96: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

São atos que regulamentam o funcionamento da Administração Militar e oprocedimento a ser adotado por seus agentes. Restringem-se ao âmbito interno daAdministração. Além dos atos comumente expedidos pela Administração PúblicaCivil, a Administração Militar, em virtude das peculiaridades da atividade castrense,tem adotado nomenclatura própria para determinados atos ordinatórios, como, porexemplo, Norma Padrão de Ação (NPA), empregada na Aeronáutica.

3.2.3.4.3. Ato enunciativoSão todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar um

fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seuenunciado. Dentre os atos mais comuns desta espécie, merecem menção as certidões,os atestados e os pareceres administrativos17.

Inclusa nesta categoria está, ainda, a apostila, ato administrativo editado pelaAdministração Pública Militar Federal que consiste na anotação feita abaixo de textosou no verso de decretos e portarias de efeitos pessoais e concretos (nomeação,promoção, ascensão, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento,reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade eaposentadoria), visando corrigir flagrante imprecisão material do texto original (errosna grafia de nomes próprios, equívocos em datas, etc.), sem que haja alteração dasubstância do ato já publicado. Corresponde à averbação. No Exército, além dashipóteses acima, a apostila também é utilizada para a confirmação das promoções dosoficiais, sendo lavrada em documento denominado folha de apostila ou firmada noverso da carta patente.

3.2.3.5. Causas de extinção18

A doutrina não é unânime quanto à nomenclatura empregada. Porém,usualmente, são consideradas causas de extinção dos atos administrativos em geral: a)revogação; b) anulação ou invalidação; c) cassação; d) caducidade ou decaimento;e) contraposição; f) renúncia; g) termo final.

3.2.3.5.1. Revogação

Consiste na extinção de um ato administrativo válido, legítimo e eficaz, com baseem critérios de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.Assim, o agente público, no exercício do poder discricionário, poderá revogar um atoque, apesar de legítimo, se tornou inconveniente ou inoportuno. É, porém, defesa a

Page 97: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

revogação dos atos consumados, dos declarados por lei como irrevogáveis, dosvinculados, por não darem margem à atuação discricionária do administrador, dos quegeram direito adquirido, e dos enunciativos.

Por recair, exclusivamente, sobre ato constituído em conformidade com a lei, arevogação produz efeitos ex nunc, ou seja, da data da revogação para frente, mantidosos efeitos produzidos até então. O ato revocatório (revogação) é privativo daAdministração, não podendo ser efetivado pelo Poder Judiciário.

3.2.3.5.2. AnulaçãoÉ a extinção de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, efetuada pela própria

Administração19, no exercício da autotutela, ou pelo Poder Judiciário, quandoacionado pelos meios judiciais cabíveis. Em razão da ilegalidade do ato, sua anulaçãoproduzirá efeitos ex tunc, ou seja, opera efeitos retroativos. Consequentemente, asrelações entre as partes ficam desfeitas.

Em decorrência do princípio da legalidade, a Administração Pública, via de regra,tem o dever, e não a mera faculdade, de anular os atos ilegais. Entretanto, comoobserva Maria Sylvia Zanella Di Pietro20, em circunstâncias determinadas, quando oprejuízo resultante da anulação puder ser maior do que o decorrente da manutençãodo ato ilegal, a Administração poderá, discricionariamente, convalidar ou anulá-lo.Nestes casos, o interesse público norteará a decisão da Administração. E arremata aautora: embora reconhecendo essa possibilidade da Administração, é necessárioobservar determinadas condições mencionadas por Miguel Reale (1980:62): que o atonão se origine de dolo, não afete direitos ou interesses privados, nem cause dano aoerário21.

O direito de a Administração Pública Civil ou Militar anular os atosadministrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai emcinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Nocaso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á dapercepção do primeiro pagamento22.

3.2.3.5.3. CassaçãoDecorre do descumprimento das obrigações e condições fixadas no ato

administrativo por seu destinatário ou beneficiário. Tem caráter punitivo. Exemplo:cassação de autorização de porte de arma de fogo (PAF) do militar da Aeronáutica quefor detido portando arma de fogo em estado de embriaguez alcoólica ou sob efeito de

Page 98: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

substâncias químicas ou alucinógenas, com ocorrência lavrada, independente decondenação (art. 58, III, da Portaria 686/GC3, de 22 de junho de 2005).

3.2.3.5.4. Caducidade ou decaimentoÉ a extinção do ato administrativo em decorrência de norma superveniente que

passa a proibir uma situação anteriormente autorizada.

3.2.3.5.5. Contraposição

Consiste na extinção de um ato em razão da expedição de um outro que geraefeitos contrários ao primeiro. Exemplo: a desincorporação do militar que secontrapõe a sua incorporação a uma organização militar.

3.2.3.5.6. RenúnciaÉ a abdicação voluntária de um direito ou vantagem que lhe foi conferido por

meio de um determinado ato administrativo. Exemplo: renúncia ao ato de matrículaem curso ou estágio militar indispensável à promoção.

Cumpre salientar que a renúncia a direitos, no âmbito militar, sofre severasrestrições em razão da hierarquia e disciplina, podendo, inclusive, acarretar puniçõesadministrativas ao militar renunciante, como é o caso, na Aeronáutica, da recusa apagamento e a alimentação, condutas enquadradas como transgressão disciplinar (art.10, n. 85, do RDAer).

3.2.3.5.7. Termo finalÉ a extinção do ato administrativo em função do término legal de sua vigência.

Exemplo: engajamento23 e reengajamento24 concedidos aos militares temporários.Findo o lapso temporal firmado, os atos administrativos em questão serão extintos.Consequentemente, o miliciano será excluído das Forças Armadas, mediantelicenciamento ex officio por conclusão do tempo de serviço, salvo nas hipóteses emque a Administração Militar, discricionariamente, conceder novas reconduções,observado, no entanto, o prazo máximo permitido em lei.

3.3. RESUMO DA MATÉRIA

Page 99: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Ato administrativo. É a manifestação volitiva unilateral da Administração Pública, regidapor regime jurídico de direito público, capaz de gerar efeitos jurídicos imediatos para si epara os administrados.

Ato administrativo militar. É a manifestação volitiva unilateral da Administração PúblicaMilitar, regida por regime jurídico de direito público, capaz de gerar efeitos jurídicosimediatos para si e para os administrados.

Atos administrativos militares atípicos. São aqueles comuns à atividade administrativaem geral, cujo objeto não envolve questões intrínsecas à atividade e carreira militar.

Atos administrativos militares típicos. Têm por objeto e conteúdo questões intrínsecas àatividade militar. Como exemplo, citam-se: incorporação e a desincorporação a umaorganização militar. Classificam-se em: a) federal, estadual ou distrital; b) gerais eindividuais; c) vinculados e discricionários; d) simples, complexos e compostos.

São atributos do ato administrativo militar típico: presunção de legitimidade everacidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade.

A presunção de legitimidade e veracidade está presente em todos os atosadministrativos, sem exceção.

A imperatividade torna os atos administrativos compulsórios para o administrado,independentemente de sua concordância ou aprovação.

A autoexecutoriedade permite a execução imediata e direta do ato pela própriaAdministração Militar, independentemente de prévia intervenção judicial.

Pela tipicidade, o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamentepela lei como aptas a produzir determinados resultados.

Elementos ou requisitos do ato administrativo militar típico: competência, finalidade,forma, motivo e objeto.

Espécies de ato administrativo militar típico: a) ato normativo, que contém um comandogeral do Executivo, visando à correta aplicação da lei; b) ato ordinatório que regulamenta ofuncionamento da Administração Militar e o procedimento a ser adotado por seus agentes; c)ato enunciativo, no qual a Administração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou aemitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado.

Causas de extinção: a) revogação; b) anulação ou invalidação; c) cassação; d)caducidade ou decaimento; e) contraposição; f) renúncia; g) termo final.

3.4. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (STM – Juiz-Auditor 2005) – A nomeação de Ministro do SuperiorTribunal Militar é:

Page 100: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) ato simples.b) ato discricionário.c) ato complexo.d) ato de império.

2. (Promotor – MPM) – O ato administrativo que cria nova situaçãojurídica individual para seus destinatários em relação àAdministração, chama-se:a) alienativo.b) constitutivo.c) modificativo.d) declaratório.

3. (Promotor – MPM) – A nomeação do Procurador-Geral da JustiçaMilitar é um ato administrativo:a) declaratório.b) modificativo.c) complexo.d) discricionário.

4. (Comando Aeronáutica – EAOT 2003) – O ato administrativo, formapela qual a administração realiza sua função, caracteriza-se:a) pela manifestação volitiva da administração.b) por ser um fato administrativo.c) por ser indiferente ao objetivo do interesse público a atingir.d) por não ser revestido da competência da autoridade que o pratica.

5. (Comando Aeronáutica – EAOT 2003) – Assinale a alternativa quecompleta a lacuna abaixo.A supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz, realizada pela administração – e

somente por ela – por não mais lhe convir a existência, denomina-se ___________.a) anulaçãob) revogação

Page 101: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) convalidaçãod) correção

6. (Comando Aeronáutica – EAOT 2005) – Análise as assertivas abaixo.I – Poder vinculado ou regrado é aquele que o Direito Positivo – a lei – confere à

Administração Pública para a prática de ato de sua competência.II – A atividade discricionária encontra plena justificativa na impossibilidade de o

legislador catalogar na lei todos os atos que a prática administrativa exige.III – O ato discricionário praticado por autoridade incompetente, ou realizado por forma

diversa da prescrita em lei, ou de finalidade estranha ao interesse público, é ilegítimoe anulável.

IV – Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública paracondicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, embenefício da coletividade ou do próprio Estado. Está(ão) INCORRETA(S) apenas:

a) I.b) III.c) II e IV.d) I e II.

7. (Comando Aeronáutica – EAOT 2008) – O ato administrativo é espéciede ato jurídico. Não há uniformidade de pensamento entre osdoutrinadores na indicação dos atributos do ato administrativo. Noentanto, há muito que se colocam em posição de supremacia sobre oparticular. Assim, considera-se correta:a) presunção de veracidade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõe a

terceiros, independentemente de sua concordância.b) autoexecutoriedade consiste em atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto

em execução pela Administração Pública, sem necessidade de intervenção do PoderJudiciário.

c) tipicidade é o atributo que diz respeito aos fatos e diz respeito à conformidade do atocom a lei.

d) imperatividade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figurasdefinidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

8. (STM Juiz-Auditor 1996) – O ato administrativo legal e perfeito quevenha a se tornar inconveniente ou contrário ao interesse público

Page 102: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

deve ser:a) revogado ou anulado pela Administração.b) revogado pela Administração.c) revogado por decisão judicial ou administrativa.d) anulado por ato administrativo ou judicial.

9. (OAB NE – 2006.1) – Os atos administrativos possuem atributos queos diferenciam dos atos provados. Assinale a opção que nãoconfigura atributo exclusivo do ato administrativo:a) presunção de legitimidade.b) imperatividade.c) autoexecutoriedade.d) legalidade.

10. (OAB NE 2006.1) – Julgue os seguintes itens, referentes a atosadministrativos:I – Ato vinculado ou regrado é aquele para cuja realização a lei estabelece requisitos e

condições.II – Ato discricionário pode ser praticado pela administração com liberdade de escolha

de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade edo modo de sua realização.

III – Ato nulo é aquele que a administração, e somente ela, pode invalidar, por motivo deconveniência, oportunidade ou justiça.

IV – Ato revogável é o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou defeitosubstancial em seus elementos constitutivos ou em seu procedimento formativo.

Estão certos apenas os itens:a) I e II.b) I e III.c) II e IV.d) III e IV.

11. (Comando Marinha quadro técnico do corpo auxiliar da MarinhaT/2004. Direito) – O direito da Administração Pública Federal de anularatos administrativos de que decorram efeitos jurídicos favoráveispara os destinatários, de boa-fé, é, em regra, exercitável:

Page 103: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) a qualquer tempo.b) no prazo decadencial decenal.c) no prazo de 2 anos.d) no prazo prescricional decenal.e) no prazo de 5 anos.

12. (Comando Marinha – quadro técnico do corpo auxiliar da MarinhaT/2004. Direito) – É sabido que atos discricionários, também, admitemjusticiabilidade, sopesadas as circunstâncias determinantes de suaprática. Supondo que a Administração Pública exonere um servidorpúblico de um cargo declarado em lei de livre nomeação e exoneração,justificando as razões pelas quais o praticou e admitida à apreciaçãojudicial desse ato, por ter sido inquinado de nulidade, suajurisdicionalização deverá fazer-se, sobretudo, mediante aferição dopressuposto de validade legal conceituado, especificamente, comoa) Legalidade.b) Razoabilidade.c) Finalidade.d) Motivo.e) Mérito.

13. (Comando Marinha – quadro técnico do corpo auxiliar da MarinhaT/2005. Direito) – Analise as afirmativas abaixo.O ato administrativo pode ser revogado:I – por ter sido praticado por autoridade incompetente.II – por ter perdido sua utilidade.III – por ferir direito líquido e certo do particular.Assinale a opção correta.a) apenas a afirmativa III é verdadeira.b) apenas a afirmativa I é verdadeira.c) apenas a afirmativa II é verdadeira.d) apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.e) as afirmativas I, II e III são verdadeiras.

Page 104: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Gabarito

1. c 2. b 3. c

4. a 5. b 6. b

7. b 8. b 9. d

10. a 11. e 12. d

13. c

1 OLIVEIRA, Farlei Martins de. Revista Jurídica do Ministério da Defesa. Brasília: Ministérioda Defesa, Consultoria Jurídica. ano 2, n. 4, nov. 2005, p. 109.

2 DUARTE, Antônio Pereira. Direito administrativo militar. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 10.3 Estes institutos serão abordados especificamente nos capítulos III, XIII, XIV, XVI e XVIII.4 “Direito internacional. Ação de indenização. Vítima de ato de guerra. Estado estrangeiro.

Imunidade absoluta. 1 – A imunidade acta jure imperii é absoluta e não comporta exceção.Precedentes do STJ e do STF. 2 – Não há infelizmente como submeter a República Federal daAlemanha à jurisdição nacional para responder a ação de indenização por danos morais emateriais por ato de império daquele País, consubstanciado em afundamento de barco pesqueirono litoral de Cabo Frio – RJ, por um submarino nazista, em 1943, durante a Segunda GuerraMundial. 3 – Recurso ordinário conhecido e não provido.” (RO 66/RJ, Rel. Ministro FernandoGonçalves, Quarta Turma, julgado em 15/04/2008, DJE 19/05/2008).

5 Estes institutos serão abordados especificamente no Capítulo XVIII.6 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006, p.

76.7 Incorporação é o ato de inclusão do convocado ou voluntário em organização militar da ativa,

bem como em certos órgãos de formação de reserva.8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.

194.9 Refratário é o brasileiro que não se apresenta para a seleção de sua classe na época determinada

ou que, tendo-o feito, ausenta-se sem a haver completado. Não será considerado refratário o quefaltar, apenas, ao alistamento, ato prévio à seleção, bem como o residente em município nãotributário, há mais de um ano, referido à data de início da época da seleção da sua classe (art. 3.º,n. 35, do Decreto 57.654/1966).

Page 105: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

10 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.195.

11 Art. 42, n. 2, f, do RDAer.12 Para os que entendem que este decreto encontra-se revogado, conferir Decreto 4.346/2002.13 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,

1997, p. 135.14 Art. 15 do RDAer.15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,

1997, p. 161.16 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.

223.17 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,

1997, p. 175.18 Importante salientar que os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder

regulamentar ou dos limites de delegação legislativa poderão ser sustados pelo CongressoNacional (art. 49, V, da CF/1988).

19 A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Súmula 346 do STF.A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais,porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ouoportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciaçãojudicial. Súmula 473 do STF.

20 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.227.

21 Em sentido contrário: “Se os atos administrativos afrontam o ordenamento jurídico e, por essarazão, são tidos como inválidos, não cabe falar em convalidação (supressão retroativa dailegalidade de um ato administrativo). Não se convalida o que é inválido. O que se admite é acorreção de pequenas irregularidades, que não consubstanciam a invalidade, a exemplo de víciosgráficos (troca de letras e números). Os que admitem a anulabilidade podem falar emconvalidação.” (GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. rev. e atual. São Paulo:Saraiva, 2006, p. 116 e 117).

22 Art. 54, § 1.º, da Lei 9.784/1999.23 Engajamento: Prorrogação voluntária do tempo de serviço do incorporado.24 Reengajamento: Prorrogação do tempo de serviço, uma vez terminado o engajamento. Podem ser

concedidos sucessivos reengajamentos à mesma praça, obedecidas as condições que regulam aconcessão.

Page 106: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

4.1. MEMBROS

Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituiçõesorganizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do DistritoFederal e dos Territórios1.

4.2. ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS

Às polícias militares cabem o policiamento ostensivo e a preservação da ordempública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei,incumbe a execução de defesa civil2.

4.3. NORMAS GERAIS DE ORGANIZAÇÃO, EFETIVOS, MATERIAL BÉLICO,GARANTIAS, CONVOCAÇÃO E MOBILIZAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES ECORPOS DE BOMBEIROS ESTADUAIS

Compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de organização,efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares ecorpos de bombeiros militares3. Todavia, por meio de lei complementar, a Uniãopoderá autorizar os Estados a legislarem sobre questões específicas das matérias acimalistadas.

A Constituição, ao atribuir, com exclusividade, à União competência para legislarsobre estes temas, em especial, a organização, o efetivo de pessoal e o material bélicoa serem utilizados pelas polícias militares, visou preservar a integridade da RepúblicaFederativa do Brasil, formada pela junção indissolúvel dos Estados, dos Municípios edo Distrito Federal, coibindo, assim, que os entes da federação se organizem, deforma isolada ou conjunta, por meio de forças militares, para fins separatistas.

Page 107: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

4.4. NORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR E DO CORPO DEBOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

Consoante entendimento consolidado na Suprema Corte, por força dos arts. 21,XIV, e 22, XXI, da CF/1988, compete privativamente à União legislar sobre a estruturaadministrativa e o regime jurídico do pessoal da polícia militar e corpo de bombeirosmilitar do Distrito Federal, sendo vedada a edição de lei distrital sobre o tema4.

Atualmente, a Lei Federal 6.450, de 14 de outubro de 1977, alterada pela Lei12.086, de 06 de novembro de 2009, disciplina a organização básica da polícia militardo Distrito Federal.

4.5. ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO. EFETIVAÇÃO

Cabe aos Estados da Federação, obedecidas as normas gerais editadas pela União,efetivar a organização e manter as polícias militares e corpos de bombeiros militares, eà União, as instituições militares do Distrito Federal.

4.6. DIREÇÃO SUPERIOR

As polícias militares e corpos de bombeiros militares estaduais subordinam-seaos Governadores dos Estados5, a quem compete, no exercício da direção superior daAdministração Pública Militar Estadual, as seguintes atribuições: a) iniciativa privativade lei específica que verse sobre o provimento de cargos, promoções, estabilidade,remuneração, reforma, transferência para a reserva, ou seja, sobre o regime jurídicodos membros das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares (arts. 42, §1.º, 61, § 1.º, II, “f”, e 142, X, da CF/1988)6, em razão do princípio da simetria7; b)nomear e exonerar o Comandante-Geral das respectivas Polícias Militares; c) conferirpatentes aos oficiais, etc.

A polícia militar e o corpo de bombeiros distrital subordinam-se ao Governadordo Distrito Federal, cabendo ao Governo do DF utilizá-los na forma disposta em leifederal8. Todavia, ao contrário do que ocorre nos Estados, as atribuições doGovernador do Distrito Federal são mais restritas, em função do disposto art. 21, XIV,da CF/1988, que atribui à União a organização e a manutenção das instituiçõesmilitares do DF. Desse modo, ao Chefe do Poder Executivo do Distrito Federal édefesa, e.g., a iniciativa de lei que disponha sobre: a) organização da estruturaadministrativa da polícia militar e corpo de bombeiros militares9, ou seja, sobrerecrutamento, seleção para estágio de adaptação e curso de adaptação de oficiais dos

Page 108: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

quadros de policiais militares de administração, especialistas e músicos10; b)vencimentos11, vantagens12, promoção, transferência para a reserva, enfim, sobre oregime jurídico dos policiais militares e bombeiros militares13.

As vedações acima são extensivas, também, ao respectivo parlamento. Porém,como já decidiu o STF, ao Chefe do Poder Executivo do Distrito Federal competirá,privativamente, a iniciativa de lei distrital14 que venha a estabelecer vantagens ougratificações específicas, decorrentes do exercício de função militar em órgão daAdministração Pública do DF, como, por exemplo, no Gabinete Militar doGovernador, pois, nestes casos, as despesas daí resultantes correrão exclusivamentepor conta dos recursos orçamentários próprios do Distrito Federal15.

Ao Governador do DF competem, ainda, as seguintes atribuições: a) nomear eexonerar o Comandante-Geral da Polícia Militar; b) baixar, por meio de decreto,normas para a qualificação policial militar das praças; c) propor o efetivo da políciamilitar; d) conferir patentes aos oficiais, etc.

4.7. AGENTE PÚBLICO MILITAR ESTADUAL E DISTRITAL. DISCIPLINAMENTOCONSTITUCIONAL

4.7.1. Prerrogativas, direitos e deveres inerentes às patentes

As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidaspelos Governadores dos Estados e do Distrito Federal e asseguradas em plenitude aosoficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postosmilitares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das PolíciasMilitares e Corpos de Bombeiros Militares16.

Impõe-se salientar que a Carta Política de 1988 (art. 12, § 3.º), ao listar,taxativamente, o rol de cargos privativos de brasileiros natos, não fez menção ao deoficial das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, mas, tão somente,ao de oficial das Forças Armadas. Consequentemente, o brasileiro naturalizado poderáser oficial daquelas corporações militares. Todavia, não poderá fazer parte da 2.ªclasse da reserva do Exército.

4.7.2. Perda do posto e graduação

O oficial das polícias militares e corpos de bombeiros militares só perderá oposto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por

Page 109: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

decisão proferida pelo tribunal estadual competente. Se for condenado na justiçacomum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentençatransitada em julgado, será, igualmente, submetido ao julgamento acima citado,estando, por consequência, sujeito à dupla perda17. Ao assim dispor, a Constituiçãoassegurou aos oficiais a vitaliciedade dos postos e patentes18.

O Texto Fundamental (art. 125, § 4.º), igualmente, condiciona a perda dagraduação das praças à decisão proferida por tribunal competente19. Desse modo, aelas não mais se aplica a pena acessória de exclusão descrita nos arts. 98, IV, e 102 doCódigo Penal Militar (CPM), sendo necessário, para tanto, processo específico,descrito no aludido dispositivo constitucional, como já decidiu o STF20. Cumpresalientar, ainda, que a Corte Suprema pacificou entendimento no sentido de que o art.125, § 4.º, não é aplicável aos casos de expulsão promovida administrativamente pelaautoridade policial competente, em decorrência da prática de atos incompatíveis como exercício da função militar21. Este, inclusive, é o teor da Súmula 673 do STF22.Logo, forçoso concluir, com base no entendimento consolidado pelo Guardião daConstituição, que o art. 125, § 4.º, da CF/1988 não conferiu à praça estadualvitaliciedade plena como fez com os oficiais23.

4.7.3. Posse em cargo ou emprego público civil

Os militares estaduais e distritais da ativa, ainda que médicos ou profissionais desaúde, ao tomarem posse em qualquer cargo ou emprego público civil permanente,serão transferidos para a reserva, nos termos da lei, salvo nos casos descritos no art.17, § 1.º, do ADCT. É, portanto, defesa a acumulação de cargo ou emprego públicocivil permanente com o exercício da atividade castrense pelo agente militar estadual.Trata-se de proibição de caráter absoluto.

Se estiver na reserva remunerada ou for reformado, não poderá percebersimultaneamente os proventos de aposentadoria com a remuneração do cargo,emprego ou função pública, em virtude da vedação contida no art. 37, § 10, daCF/1988.

No entanto, se a posse for em cargo, emprego ou função pública civiltemporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficarão agregados24 aorespectivo quadro e somente poderão, enquanto permanecerem nessa situação, serpromovidos por antiguidade, contando-se-lhes o tempo de serviço apenas para aquelapromoção e transferência para a reserva. Após dois anos de afastamento, contínuo ounão, serão transferidos para a reserva, nos termos da lei25.

Page 110: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

4.7.4. Sindicalização, greve e filiação a partido político

Aos militares estaduais e distritais são proibidas a greve e sindicalização26. Aprimeira, em razão da natureza e essencialidade do serviço público por eles prestado(segurança pública), que, inegavelmente, não pode estar sujeito a paralisações. Asegunda visa à manutenção da rígida hierarquia e disciplina castrense, institutosindispensáveis à própria existência das instituições militares. Inevitavelmente, essesprincípios constitucionais seriam mitigados se permitida a sindicalização. É defesa,ainda, ao militar da ativa a filiação a partido político.

4.7.5. Militares dos Estados e do Distrito Federal alistáveis e elegíveis

Os militares dos Estados e do Distrito Federal alistáveis são elegíveis, atendidasas seguintes condições:

a) se contar com menos de 10 (dez) anos de serviço, deverão ser afastados daatividade27;

b) se contar com mais de 10 (dez) anos de serviço, será agregado pelaautoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato dadiplomação, para a inatividade. Neste caso, o militar terá direito à licençaremunerada durante o período em que permanecer agregado28. Se eleito ediplomado, fará jus à acumulação dos proventos de inatividade proporcionaisao tempo de serviço e à remuneração do cargo eletivo, nos termos do art. 37,§ 10, da CF/1988.

Como já decidiu a Suprema Corte, dada a proibição de filiação a partido político(art. 42, § 1.º, e 142, § 3.º, V, da CF/1988), não se exige dos militares da ativa, comocondição para a elegibilidade, filiação partidária29.

4.7.6. Direitos sociais

Os militares dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do arts. 42, § 1.º, e142, § 3.º, VIII, da CF/1988, fazem jus aos seguintes direitos sociais30: a) décimoterceiro salário; b) salário-família; c) gozo de férias anuais remuneradas acrescidas de,pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; d) licença-gestante, semprejuízo do emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias; e) licença-paternidade, nos termos fixados em lei; f) assistência gratuita aos filhos e dependentesdesde o nascimento até cinco anos de idade em creches e pré-escolas.

Page 111: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Trata-se de rol taxativo, sendo defeso ao intérprete ampliá-lo. Contudo, nadaimpede que o legislador infraconstitucional, no exercício da atribuição a ele outorgadapelo art. 142, § 3.º, X, da CF/1988, confira aos militares outros direitos sociais nãoabrangidos pelo inciso VIII do referido artigo.

4.7.7. Restrições e garantias, respectivamente, impostas e conferidas aosservidores públicos civis pela Constituição e estendidas aos militares

Aos militares dos Estados e do Distrito Federal foram estendidas restrições egarantias, impostas e asseguradas, respectivamente, aos servidores públicos civis pelosseguintes incisos do art. 37 da CF/1988: a) XI – teto constitucional; b) XIII – vedaçãoà vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para efeito deremuneração de pessoal do serviço público; c) XIV – os acréscimos pecuniáriospercebidos por servidor público não podem ser computados nem acumulados parafins de concessão de acréscimos ulteriores; d) XV – o subsídio e os vencimentos dosocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nosincisos XI e XIV do art. 37 e nos arts. 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I, daCF/198831.

4.7.8. Regime jurídico, condições de ingresso e concurso público

A lei disporá sobre o ingresso nas polícias militares e corpos de bombeirosmilitares, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência domilitar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas eoutras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suasatividades32.

Remetemos o leitor ao capítulo IX, que versa sobre o regime jurídico dosmilitares das Forças Armadas, ressaltando, apenas, que a iniciativa de lei, nos casosdas polícias militares e corpos de bombeiros militares dos Estados, em razão doprincípio da simetria, é privativa dos respectivos Governadores. No Distrito Federal,em razão do art. 21, XIV, e XXI, da CF/1988, compete, privativamente, à Uniãolegislar sobre o tema.

O ingresso nas polícias militares e corpos de bombeiros militares, por servoluntário, depende de prévia aprovação em concurso público de provas ou deprovas e títulos33.

4.7.9. Remuneração

Page 112: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Reza o art. 144, § 9.º, da CF/1988, inserido pela Emenda Constitucional 19/1998,que os servidores policiais integrantes das polícias militares dos Estados e do DistritoFederal serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,vedado acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba derepresentação ou outra espécie remuneratória34.

Os subsídios só poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada ainiciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesmadata e sem distinção de índices35. Os subsídios também estão sujeitos ao tetoconstitucional.

Como já ressaltou o Superior Tribunal de Justiça, a modificação no sistemaremuneratório dos policiais militares por meio da implantação do subsídio fixado emparcela única, adequando-o aos ditames da Constituição, não ofende ao princípio dairredutibilidade de vencimentos nem viola direito adquirido dos servidores36 quandonão há redução no valor nominal da remuneração anteriormente percebida.

Por fim, necessário se faz frisar que, nas unidades da federação onde não seimplantou o subsídio, é defesa a edição de norma local, ainda que de iniciativa dosrespectivos Governadores, que assegure “a percepção de soldo não inferior ao saláriomínimo”, por contrariar a parte final do art. 7.º, IV, da CF/1988, que veda avinculação do salário-mínimo para qualquer fim37 e a Súmula Vinculante 4 do STF38.

4.7.10. Contagem do tempo de contribuição e de serviço

O art. 42, § 1.º, da CF/1988 assegurou aos militares dos Estados e do DistritoFederal a contagem do tempo de contribuição federal, estadual ou municipal paraefeito de aposentadoria (transferência para a reserva remunerada) e o tempo deserviço correspondente para efeito de disponibilidade39.

4.8. FORÇAS AUXILIARES DO EXÉRCITO

As polícias militares e corpos de bombeiros militares são considerados forçasauxiliares e reserva do Exército40. De acordo com o art. 2.º, § 2.º, c, da Lei 2.552/1955,os oficiais das polícias militares em serviço ativo ou na inatividade, enquanto nãoatingirem a idade limite de permanência da reserva do Exército, fazem parte da 2.ªclasse da reserva (R/2) da Força Terrestre.

4.9. ESCALA HIERÁRQUICA NAS POLÍCIAS MILITARES

Page 113: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A escala hierárquica nas Polícias Militares é a seguinte:

I – oficiais de Polícia: a) coronel; b) tenente-coronel; c) major; d) capitão; e)primeiro-tenente; f) segundo-tenente;

II – praças especiais de Polícia: a) aspirante a oficial; b) alunos da Escola deFormação de Oficiais da Polícia;

III – praças de Polícia – graduados: a) subtenente; b) primeiro-sargento; c)segundo-sargento; d) terceiro-sargento; e) cabo; f) soldado.

4.9.1. Precedência hierárquica entre militares das Forças Armadas e dasPolícias Militares em igualdade de posto e graduação

Em igualdade de posto e graduação, os militares das Forças Armadas em serviçoativo e da reserva remunerada têm precedência hierárquica sobre o pessoal dasPolícias Militares41.

4.10. PRESTAÇÃO VOLUNTÁRIA DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS E DESERVIÇOS AUXILIARES DE SAÚDE E DE DEFESA CIVIL NAS POLÍCIASMILITARES E NOS CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES

4.10.1. Criação

Os Estados e o Distrito Federal, nos termos da Lei 10.029, de 20 de outubro de2000, poderão instituir a prestação voluntária de serviços administrativos e de serviçosauxiliares de saúde e de defesa civil nas polícias militares e nos corpos de bombeirosmilitares.

4.10.2. Duração da prestação do serviço

A prestação voluntária dos serviços terá duração de um ano, prorrogável por, nomáximo, igual período, a critério do Poder Executivo, ouvido o Comandante-Geral darespectiva instituição militar.

O prazo poderá ser reduzido nos seguintes casos: a) em virtude de solicitação dointeressado; b) quando o voluntário apresentar conduta incompatível com os serviçosprestados; c) em razão da natureza do serviço prestado.

Page 114: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

4.10.3. Admissão

Os Estados e o Distrito Federal estabelecerão os critérios de admissão dosvoluntários, os requisitos necessários para o desempenho das atividadescorrespondentes e o quantitativo, que não poderá exceder a proporção de umvoluntário para cada cinco integrantes do efetivo determinado em lei para a respectivapolícia militar ou corpo de bombeiros militar.

Poderão prestar serviços como voluntários os homens, maiores de dezoito emenores de vinte e três anos, que excederem às necessidades de incorporação dasForças Armadas e as mulheres pertencentes a esta faixa etária.

A prestação voluntária dos serviços não gera vínculo empregatício nem obrigaçãode natureza trabalhista, previdenciária ou afim, sendo, ainda, vedados a essesprestadores, sob qualquer hipótese, nas vias públicas, o porte ou o uso de armas defogo e o exercício do poder de polícia42.

4.10.4. Auxílio pecuniário

Os admitidos fazem jus ao recebimento de auxílio mensal, de naturezaindenizatória, fixado pelos Estados e pelo Distrito Federal, destinado ao custeio dasdespesas necessárias à execução do serviço voluntário, cujo valor não poderá excedera dois salários-mínimos.

4.11. RESUMO DA MATÉRIA

Membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares

São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios os membros das PolíciasMilitares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquiae disciplina.

Atribuições constitucionais

Às polícias militares cabem o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública;aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe aexecução de defesa civil.

Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros

Page 115: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

estaduais

Compete à União legislar sobre normas gerais de organização, efetivos, material bélico,garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares.

Normas de organização da polícia militar e do corpo de bombeiros militar doDistrito Federal

De acordo com o Supremo Tribunal Federal, por força dos arts. 21, XIV, e 22, XXI, daCF/1988, compete privativamente à União legislar sobre a estrutura administrativa e oregime jurídico do pessoal da polícia militar e corpo de bombeiros militar do DistritoFederal, sendo vedada a edição de lei distrital sobre o tema.

Direção superior

As polícias militares e corpos de bombeiros militares estaduais e do Distrito Federalsubordinam-se, respectivamente, aos Governadores dos Estados e do Distrito Federal.

Prerrogativas, direitos e deveres inerentes às patentes

As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas aosoficiais das polícias militares e corpos de bombeiros militares pelos Governadores dosEstados e do Distrito Federal. O brasileiro naturalizado poderá ser oficial dessascorporações militares.

Perda do posto e graduação

O oficial das polícias militares ou corpos de bombeiros militares só perderá o posto e apatente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão proferidapelo tribunal estadual competente.

Posse em cargo ou emprego público civil

Os militares estaduais ou distritais, ainda que médicos ou profissionais de saúde, aotomarem posse em cargo ou emprego público civil permanente, serão transferidos para areserva, nos termos da lei.

Sindicalização, greve e filiação a partido político

Aos militares estaduais e distritais são proibidas a greve e sindicalização.

Militares dos Estados e do Distrito Federal alistáveis e elegíveis

Os militares dos Estados e do Distrito Federal alistáveis são elegíveis, atendidas asseguintes condições: a) se contarem com menos de 10 (dez) anos de serviço, serão afastadosda atividade; b) se contarem com mais de 10 (dez) anos de serviço, serão agregados pela

Page 116: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

autoridade superior e, se eleitos, passarão para a inatividade.

Direitos sociais

Aos militares dos Estados e do Distrito Federal foram conferidos os seguintes direitossociais: a) décimo terceiro salário; b) salário-família; c) gozo de férias anuais remuneradasacrescidas de, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; d) licença-gestante, semprejuízo do emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias; e) licença-paternidade,nos termos fixados em lei; f) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimentoaté cinco anos de idade em creches e pré-escolas.

Regime jurídico, condições de ingresso e concurso público

A lei em sentido estrito disporá sobre o ingresso nas polícias militares e corpos debombeiros militares, os limites de idade.

Remuneração

Remuneração: subsídio fixado em parcela única.

Escala hierárquica nas polícias militares

A escala hierárquica nas Polícias Militares é a seguinte: I) oficiais de Polícia: a) coronel;b) tenente-coronel; c) major; d) capitão; e) primeiro-tenente; f) segundo-tenente; II) praçasespeciais de Polícia: a) aspirante a oficial; b) alunos da Escola de Formação de Oficiais daPolícia; III) praças de Polícia – graduados: a) subtenente; b) primeiro-sargento; c) segundo-sargento; d) terceiro-sargento; e) cabo; f) soldado.

Prestação voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares desaúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de BombeirosMilitares

A prestação voluntária serviços administrativos e de serviços auxiliares de saúde e dedefesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares terá duração de umano, prorrogável por, no máximo, igual período. Os voluntários fazem jus ao recebimento deauxílio mensal, de natureza indenizatória.

4.12. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (PMDF – Soldado 2001) - Acerca da hierarquia e da disciplina policialmilitar, julgue os itens a seguir.

Page 117: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) Os alunos da Escola de Formação de Oficiais Policiais Militares são denominadospraças especiais e frequentam o círculo de praças.

b) Os aspirantes a oficial PM são hierarquicamente superiores aos subtenentes PM efrequentam o círculo de oficiais subalternos.

2. (TJTO – Juiz 2007) – Quanto à organização do Estado, julgue o item aabaixo.a) Uma lei distrital que conceda gratificação de produtividade aos policiais militares do

Distrito Federal (DF) não viola a regra de competência privativa da União para legislarsobre organização e manutenção da Polícia Militar do DF.

3. (TJM/SP – Juiz Militar 2007) – Segundo entendimento dominante noColendo Supremo Tribunal Federal, é possível, em concurso público,especialmente para admissão nos quadros da Polícia Militar, aexigência de altura mínima ou máxima do candidato?a) Sim, desde que conste expressamente, de norma administrativa do Estado e do

edital.b) Não, salvo se houver previsão expressa em Lei do Estado.c) Não, em hipótese alguma, por afronta ao art. 5.º, inc. I, da Constituição Federal.d) Sim, desde que o mínimo não seja superior a 1,70 m e o máximo, inferior a 2,0m.e) Sim, a critério da Comissão Examinadora do Concurso.

4. (PMDF – Sargento 2003 Adaptada) – Julgue o item a abaixo.É vedado aos sargentos o alistamento eleitoral.

5. (Delegado Civil MS 2006, adaptada) – Julgue a afirmação abaixo,quanto à segurança pública no texto constitucional:a) Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos

corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe aexecução de atividades de defesa civil.

6. (Delegado Civil RJ 2001) – Acerca dos princípios constitucionaisaplicáveis à segurança pública, assine a alternativa correta:a) Os estados-membros possuem competência legislativa plena para legislar acerca da

segurança pública, sendo de competência da Assembleia Legislativa, em conjunto com

Page 118: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

o Governador do Estado, deliberar sobre a política de segurança.b) O problema da segurança pública é de âmbito nacional, tendo em vista a ponderação

de interesses na Constituição, competindo, portanto, à União, e somente a ela, legislarsobre o tema.

c) Acerca de garantias, direitos e deveres das polícias civis, o estado-membro limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

d) Compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de efetivo, materialbélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos debombeiros militares.

e) Aos servidores públicos militares, incluindo os membros das polícias militares e doscorpos de bombeiros militares, é lícita a sindicalização, sendo vedado o direito àgreve.

7. (Delegado Civil TO 2008) - A respeito das normas constitucionais noâmbito da segurança pública, julgue o item que se segue:As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, apesar de serem forças

auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aosgovernadores. Isso é válido também para a polícia militar e a polícia civil do DistritoFederal (DF), que também são subordinadas ao governador do DF.

Gabarito

1. a) Errado;b) certo. 2. Errado 3. b

4. Errado 5. Certo 6. d

7. Certo

1 Art. 42 da CF/1988, com redação dada pela Emenda Constitucional 18, de 1998.2 Art. 144, § 5.º, da CF/1988.3 Art. 22, XXI, da CF/1988. Conferir Decreto-Lei 667, de 02 de julho de 1969, regulamentado

pelo Decreto 88.77, de 30 de setembro de 1993.4 “Constitucional. Distrito Federal. Polícia militar e corpo de bombeiros militar. Competência

Page 119: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

privativa da União. C.F., art. 21, XIV e 22, XXI. Lei Distrital 914, de 13/09/1995. I. –Competência privativa da União para organizar e manter a Polícia Militar e o Corpo deBombeiros Militar do Distrito Federal: competência da União para legislar, com exclusividade,sobre a sua estrutura administrativa e o regime jurídico do seu pessoal. II. – Precedentes do STF:ADIn 1.045 (MC), Marco Aurélio, Lex 191/93; ADIn 1.359, Marco Aurélio; SS 846 (AgRg),Pertence; RE 198.799, Galvão; ADIn 1.475-DF, Gallotti, DJ de 04/05/2001; RE 241.494/DF,Gallotti, Plenário, 27/10/1999. III. – ADIn julgada procedente.” (ADI 1359, Relator(a): Min.Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 21/08/2002, DJ 11/10/2002).

5 Art. 144, § 6.º, da CF/1988, c/c art. 4.º do Decreto-Lei 667/1969.6 “Ação direta de inconstitucionalidade. Lei complementar 255/2002, do Estado do Espírito Santo.

Regime jurídico de servidores públicos militares estaduais. Iniciativa de lei reservada ao Chefedo Poder Executivo. Violação ao art. 61, § 1.º, II, c e f, da Carta Magna. Ao dispor sobrepromoção e transferência para a reserva de Sargentos e Subtenentes da Polícia Militar e do Corpode Bombeiros do Estado, tratou o Diploma em questão, inegavelmente, de matéria atinente aoregime jurídico dos servidores militares estaduais, cuja elaboração normativa, sem a iniciativa doGovernador, afrontou a reserva prevista no art. 61, § 1.º, II, c e f da CF, comando quejurisprudência desta Corte entende ser de observância obrigatória para os Estados e DistritoFederal, por encerrar corolário do princípio da independência dos Poderes. Precedentes: ADI872-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, ADI 2.466-MC, Rel. Min. Moreira Alves, ADI 250, Rel.Min. Ilmar Galvão, ADI 2.742, Rel. Maurício Corrêa e ADI 2.393, Rel. Min. Sydney Sanches.Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga procedente.” (ADI 2741, Relator(a):Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 21/08/2003, DJ 12/09/2003).

7 Como leciona Pedro Lenza, as hipóteses previstas na Constituição Federal de iniciativareservada do Presidente da República, pelos princípios da simetria e da separação de Poderes,devem ser observadas em âmbito estadual, distrital e municipal, ou seja, referidas matérias terãode ser iniciadas pelos Chefes do Executivo (Governadores dos Estados e do DF e Prefeitos), sobpena de se configurar inconstitucionalidade formal subjetiva (LENZA, Pedro. Direitoconstitucional esquematizado. 13. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 388).

8 Arts. 32, § 4.º, e 144, § 6.º, da CF/1988, c/c art. 4.º do Decreto-Lei 667/1969 e o art. 4.º da LeiFederal 6.450/1977.

9 “Distrito Federal: serviços locais de segurança pública (Polícia Militar, Polícia Civil e Corpode Bombeiros): competência privativa da União para organizar e manter os organismos desegurança pública do Distrito Federal, que envolve a de legislar com exclusividade sobre a suaestrutura administrativa e o regime jurídico do seu pessoal: jurisprudência do STF consolidada noRE 241494: cautelar deferida para suspender a vigência da LD 1481/97.” (ADI 2102 MC,Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2000, DJ 07/04/2000).

10 Organização da Carreira da Polícia Militar do DF e Vício Formal: “O Tribunal julgouprocedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Distrito Federal paradeclarar a inconstitucionalidade da Lei distrital 1.481/1997, que trata dos Quadros de OficiaisPoliciais Militares de Administração, Oficiais Policiais Militares Especialistas, Oficiais PoliciaisMilitares Músicos, e dispõe sobre o recrutamento, a seleção para o estágio de adaptação e o curso

Page 120: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de adaptação dos oficiais, além de dar outras providências. Entendeu-se que a norma impugnadaafronta o disposto no art. 21, XIV, da CF, haja vista que cuida da própria organização da carreirada Polícia Militar do Distrito Federal, matéria de competência exclusiva da União. Asseverou-se,ademais, que, mesmo que a matéria tratada na lei em questão estivesse compreendida no âmbitolegislativo do Distrito Federal, a iniciativa seria do Governador, e não da Câmara Legislativa,ante o disposto no art. 61, II, a, c e f, da CF. Precedentes citados: ADI 1136/DF (DJU de13/10/2006); ADI 858/RJ (DJE de 28/03/2008); ADI 3267/MT (DJU de 24/06/2005); ADI1124/RN (DJU de 08/04/2005); ADI 2.988/DF (DJU de 26/03/2004).” (ADI 2102/DF, rel. Min.Menezes Direito, 15/04/2009. Informativo 542, Brasília, 13 a 17 de abril de 2009).

11 “Agravo regimental no recurso extraordinário. Distrito Federal. Servidores militares. Reajustede 28,86%. Extensão. 1. Os servidores militares do Distrito Federal fazem jus ao reajuste de28,86% concedido pelas Leis ns. 8.662/1993 e 8.627/1993 aos servidores do Ministério daPrevidência Social e estendido a todos os servidores civis por este Tribunal. Este reajuste deveser compensado com os acréscimos decorrentes do reposicionamento concedido pela Lei8.627/1993 a determinadas categorias. Precedentes. 2. A Polícia Militar do Distrito Federal éorganizada e mantida pela União, a quem compete, privativamente, legislar sobres sua estruturaadministrativa, o regime jurídico e a remuneração de seus servidores. Precedentes. 3. Osvencimentos dos servidores militares são regulados por lei federal, em razão do disposto no art.21, XIV, da Constituição do Brasil. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.”(RE 549.031 AgR, Relator(a): Min. Eros Grau, Segunda Turma, julgado em 24/06/2008, DJE 152divulgado em 14/08/2008 e publicado 15/08/2008).

12 “Recurso extraordinário. Constitucional. Administrativo. Servidor policial do Distrito Federal.Fixação de vencimentos. Competência da União Federal. 1. Servidor policial do Distrito Federal.Vencimentos. Competência da União para organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e ocorpo de bombeiros, tendo em vista o preceito do artigo 21, XIV, da Constituição. 2. Lei Distrital.Fixação de vencimentos e vantagens a categorias funcionais do Distrito Federal mantidas, porexpressa disposição constitucional, pela União Federal. Impossibilidade. Precedentes. Recursoextraordinário conhecido e provido, para cassar a segurança.” (RE 241.494, Relator(a): Min.Octavio Gallotti, Tribunal Pleno, julgado em 27/10/1999, DJ 14/11/2002).

13 “Ação direta de inconstitucionalidade. Lei Distrital 709/1994. Autorização concedida ao PoderExecutivo para promover ex-componentes da polícia militar e do corpo de bombeiros nãobeneficiados por decreto anterior à CB/1988. Regime jurídico dos policiais e bombeiros militaresdo Distrito Federal. Competência exclusiva da União. Violação do art. 21, XIV, da Constituição doBrasil. 1. A Lei distrital 709/1994 é inconstitucional, visto que dispõe sobre matéria decompetência exclusiva da União. O texto normativo atacado diz respeito à promoção de ex-componentes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal – regime jurídicodos policiais militares e membros do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal – afrontandoo disposto no art. 21, inciso XIV, da Constituição do Brasil. 2. Pedido julgado procedente paradeclarar inconstitucional a Lei Distrital 709/1994.” (ADI 1136, Relator(a): Min. Eros Grau,Tribunal Pleno, julgado em 16/08/2006, DJ 13/10/2006).

14 Com base no princípio da simetria e no art. 61, § 1.º, II, a, da CF/1988.

Page 121: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15 “Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 186, de 22/11/1991, do Distrito Federal, art. 3. eparágrafos. Gratificação de representação pelo exercício de função militar, devida aos servidoresmilitares do Distrito Federal, lotados no Gabinete Militar do Governador e Vice-Governadoria.Incorporação aos proventos de inatividade, desde que o servidor militar tenha exercido os cargosou funções pelo prazo mínimo de dois anos consecutivos ou não. As despesas daí resultantescorrerão a conta dos recursos orçamentários próprios do Distrito Federal, conforme o art. 4. domesmo diploma. Alegação de ofensa ao art. 21, XIV, e ao par. 4. do art. 32, ambos da ConstituiçãoFederal. Se é certo que, pelo art. 21, XIV, da Constituição, a União compete organizar e manter apolicia militar e o corpo de bombeiros militares do Distrito Federal, sendo federal a lei que fixavencimentos desses servidores militares, não e menos exato que, com base no art. 32 e par. 1., daLei Magna, incumbe ao Distrito Federal organizar seus serviços, aí compreendidos, a evidência enotadamente, os referentes ao Gabinete do Governador, competindo-lhe estabelecer gratificações,em lei distrital, pelo exercício de funções de confiança ou de cargos em comissão. Lei que assimdisponha não invade a esfera de competência legislativa da União Federal. De acordo com o art.42 e par. 2., da Constituição, são servidores militares do Distrito Federal os integrantes de suapolícia militar e de seu corpo de bombeiros militares, sendo as patentes dos respectivos oficiaisconferidas pelo Governador do Distrito Federal, a quem estão subordinados, ‘ut’ art. 144, par. 6.,da Constituição. Emprestando ao art. 3. e seus parágrafos, da Lei 186, de 1991, a exegese que cabeatribuir-lhes, diante do disposto no art. 4. Do mesmo diploma, segundo o qual as despesasprovenientes da execução dessa lei correrão a conta do Distrito Federal, compreendendo-se,também, as relativas a incorporação aos proventos das gratificações nela previstas, não há verconflito dos dispositivos impugnados com as normas constitucionais trazidas a confronto(Constituição, art. 21, XIV, e § 4.º do art. 32). Ação direta de inconstitucionalidade julgadaimprocedente, cassada a medida liminar.” (ADI 677, Relator(a): Min. Néri da Silveira, TribunalPleno, julgado em 11/03/1993, DJ 21/05/1993).

16 O tema em questão será abordado com maior profundidade no capítulo XII, item 12.2.9.17 Art. 42, § 1.º, 125, § 4.º, e 142, § 3.º, VI e VII, da CF/1988.18 A perda do posto e da patente e a vitaliciedade serão analisadas com maior profundidade

posteriormente.19 “Por tribunal competente devemos entender os Tribunais de Justiça Militar das unidades que os

têm, ou seja, as dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, ou os Tribunais deJustiça das demais unidades federadas que não têm Tribunal de Justiça Militar.” (LAZZARINI,Álvaro. Temas de direito administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 232).

20 “Praças da Polícia Militar estadual: perda de graduação: exigência de processo específico peloart. 125, § 4.º, parte final, da Constituição, não revogado pela Emenda Constitucional 18/98:caducidade do art. 102 do Código Penal Militar. O art. 125, § 4.º, in fine, da Constituição, deeficácia plena e imediata, subordina a perda de graduação dos praças das policias militares àdecisão do Tribunal competente, mediante procedimento específico, não subsistindo, emconseqüência, em relação aos referidos graduados o artigo 102 do Código Penal Militar, que aimpunha como pena acessória da condenação criminal a prisão superior a dois anos. A EC18/1998, ao cuidar exclusivamente da perda do posto e da patente do oficial (CF, art. 142, VII),

Page 122: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

não revogou o art. 125, § 4.º, do texto constitucional originário, regra especial nela atinente àsituação das praças.” (RE 358.961, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgadoem 10/02/2004, DJ 12/03/2004).

21 “Praça da Polícia Militar. Licenciamento por conveniência do serviço. Competência. – Falta deprequestionamento das questões relativas aos incisos LIII, LV e LVII do art. 5.º da Constituição. –Por outro lado, o Plenário desta Corte, ao julgar o RE 199.800, apreciando caso análogo aopresente, decidiu, quanto à alegação de ofensa ao artigo 125, § 4.º, da Constituição, que a práticade ato incompatível com a função militar pode implicar a perda da graduação como sançãoadministrativa, não se havendo de invocar julgamento pela Justiça Militar Estadual, porquanto aesta compete decidir sobre a perda da graduação das praças somente como pena acessória doscrimes que a ela coube decidir. – Dessa orientação não divergiu o acórdão recorrido. Recursoextraordinário não conhecido.” (RE 283.393, Relator(a): Min. Moreira Alves, Primeira Turma,julgado em 20/03/2001, DJ 18/05/2001). No mesmo sentido: “Agravo regimental em agravo deinstrumento. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Perda de graduação. Competência. 1. Areforma do acórdão recorrido depende do reexame da matéria fático-probatória. Recursoextraordinário incabível ante a incidência do óbice da Súmula 279-STF. 2. A competência daJustiça Militar, prevista no artigo 125, § 4.º, da Constituição Federal, é somente para decidir sobrea perda de graduação das praças quando esta constituir pena acessória de crime militar. 3.Precedente. Agravo regimental a que se nega provimento.” (AI 286.636 AgR, Relator(a): Min.Maurício Corrêa, Segunda Turma, julgado em 07/11/2000, DJ 23/02/2001).Em sentido assemelhado: “Não incide o disposto no art. 125, § 4.º, da Constituição Federal noscasos de aplicação da penalidade de demissão por ilícitos disciplinares, porquanto a norma sedestina, tão-somente, aos casos de cometimento de crimes militares. Súmula 673 do c. STF.Precedentes deste c. STJ.” (RMS 28.887/PE, Rel. Ministro Félix Fischer, Quinta Turma, julgadoem 16/04/2009, DJE 11/05/2009).

22 O art. 125, § 4.º, da Constituição não impede a perda da graduação de militar medianteprocedimento administrativo (Súmula 673 do STF).

23 Em sentido contrário, Álvaro Lazzarini assim dispõe: “Foi assim que surgiu com a promulgaçãoda norma constitucional do art. 125, § 4.º, estendendo às praças a mesma prerrogativa davitaliciedade dos oficiais, anteriormente, já reconhecida pela jurisprudência.” (LAZZARINI,Álvaro. Temas de direito administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 228).

24 Agregação é a situação na qual o policial militar da ativa deixa de ocupar vaga na escalahierárquica do seu quadro, nela permanecendo sem número.

25 Art. 42, § 1.º, e art. 142, § 3.º, III, da CF/1988.26 “Sobre o inciso IV do art. 142 escrevi: ‘A sindicalização e a greve são proibidas para os

militares. O dispositivo parece-me salutar. A sindicalização não tem sentido. Os militaresrepresentam a categoria de servidores públicos de maior relevância para o País, poisencarregados da proteção da pátria. Se, de um lado, todos os demais servidores são importantes,nenhum deles se reveste, nos momentos de crises internas ou internacionais, da importância domilitar. E, em um mundo que ainda não abandonou o recurso extremo da guerra, havendo, no ano2000, inúmeros focos de conflitos armados entre as nações e dentro delas permanecendo’, a

Page 123: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

categoria é fundamental. Em meu livro ‘Desenvolvimento econômico e segurança nacional –Teoria do limite crítico’ fiz um levantamento da história humana a partir das guerras, mostrandoque, mesmo na época da Pax Romana, havia guerras de fronteira e inúmeros conflitos na Ásia.Certamente as haveria também na África e na América, dados, todavia, que, à falta de documentosprivados, não foi possível levantar. Permitir a sindicalização seria, portanto, admitir que ossindicatos pudessem impor às Forças Armadas seus pontos de vista e reivindicações, emdetrimento do interesse nacional. Quem escolhe a carreira das armas sabe, de antemão, que nãopoderá sindicalizar-se, até por respeito à hierarquia, condição fundamental para que haja ordem ecomando nas Forças Armadas. A greve, em momento de crise institucional ou de ameaça externa,poderia, inclusive, colocar em risco toda a nação, por falta de defesa (Comentários àConstituição do Brasil, 5.º vol., Ed. Saraiva, 2000, p. 189/190).” MARTINS, Ives Gandra daSilva. Regime geral dos servidores públicos e especial dos militares: imposição constitucionalpara adoção de regime próprio aos militares estaduais: inteligência dos artigos 40, 20, 42 e 142,3.º, inciso X, do texto supremo: parecer. Revista do Instituto de Pesquisas e Estudos, Bauru, 44,p. 307-338, set./dez. 2005. Disponível em:<http://www.ite.edu.br/ripe/ripe_arquivos/ripe44.pdf>. Acesso em: 1 out. 2008.

27 Impõe-se salientar que o sentido da expressão “deverá afastar-se da atividade”, contida no art.14, § 8.º, I, da CF/1988, e, por conseguinte, a possibilidade ou não de se demitir ou licenciar exofficio o militar que, com menos de 10 (dez) anos de serviço, se candidatar a cargo eletivo, estásendo apreciada pelo plenário do STF, no RE 279.469/RS, conforme noticiado no Informativo 343do STF, a seguir reproduzido: “Iniciado o julgamento de recurso extraordinário afetado aoPlenário pela Segunda Turma, em que se discute se o art. 14, § 8.º, I, da CF, determina a exclusãodo militar que conte menos de dez anos de serviço quando da candidatura a cargo eletivo ouapenas permite o seu afastamento provisório – ‘O militar alistável é elegível, atendidas asseguintes condições: I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;’.Trata-se, na espécie, de recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça doEstado do Rio Grande do Sul que reconhecera a ex-servidor militar – demitido ex officio, combase no citado artigo, por ter pedido afastamento para candidatar-se ao cargo de vereador quandocontava com menos de dez anos de serviço – o direito à reintegração no serviço ativo, com oressarcimento das vantagens devidas. O Min. Maurício Corrêa, relator, confrontando omencionado artigo com a disciplina da mesma matéria na EC 1/1969 – que previa, expressamente,a exclusão do serviço ativo do militar que contasse com menos de cinco anos, na hipótese decandidatura a cargo eletivo –, proferiu voto no sentido de conhecer, mas negar provimento aorecurso, por entender que a perda definitiva do cargo, na espécie, ofenderia o princípio daproporcionalidade, além de violar a garantia assegurada pela CF, inclusive a militares, de amploexercício dos direitos políticos inerentes à cidadania. O Min. Carlos Velloso, por sua vez,considerando que a interpretação dada pelo acórdão recorrido teria equiparado as situaçõesdefinidas nos incisos I e II, apesar de diversas, e tendo em conta, ainda, a orientação do TSE naConsulta 571 (Resolução 20.598, de 13/04/2000), votou pelo conhecimento e provimento dorecurso, por entender caracterizada a ofensa ao art. 14, § 8.º, I, da CF/1988. Após os votos dosMinistros Joaquim Barbosa e Carlos Britto, acompanhando o Min. Maurício Corrêa, pediu vista oMin. Cezar Peluso”. RE 279469/RS, rel. Min. Maurício Corrêa, 14/04/2004. (RE 279.469). Até aedição deste livro, o STF ainda não havia dado prosseguimento ao julgamento do recurso em

Page 124: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

questão.28 “Constitucional. Administrativo. Militar. Candidatura a cargo eletivo. Agregação. Percepção da

remuneração. Direito líquido e certo. Recurso ordinário provido. 1. Ao militar agregado para finsde candidatura eleitoral é assegurada a percepção de sua remuneração integral, conforme previstono art. 14, § 8.º, II, da Constituição Federal. Precedentes. 2. Recurso ordinário provido”. (RMS19.168/AM, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta turma, julgado em 12/09/2006, DJ09/10/2006 p. 313). No mesmo sentido, o STF assim decidiu: “Licença. Militar. Elegibilidade.Longe fica de contrariar o inciso II do § 8.º do artigo 14 da Constituição Federal provimento queimplique reconhecer ao militar candidato o direito a licença remunerada, quando conte mais dedez anos de serviço.” (AI 189.907 AgR, Relator(a): Min. Marco Aurélio, Segunda Turma, julgadoem 29/09/1997, DJ 21/11/1997).

29 Art. 14, § 8.º, da CF/1988 e art. 52 da Lei 6.880/1980. Dada a proibição de filiação a partidopolítico, não se exige dos militares da ativa, como condição para a elegibilidade, a filiaçãopartidária. Nesse sentido:

“Constitucional. Eleitoral. Militar da ativa (sargento) com mais de dez anos de serviço.Elegibilidade. Filiação partidária. CF, art. 14, § 3.º, V; art. 14, § 8.º, II, art. 42, § 6.º CódigoEleitoral, art. 5.º, parágrafo único. Lei 6.880/1980, art. 82, XIV, § 4.º I) Se o militar da ativa ealistável, e ele elegível (CF, art. 14, § 8.º). Porque não pode ele filiar-se a partido político (CF,art. 42, § 6.º), a filiação partidária não lhe e exigível como condição de elegibilidade, certo quesomente a partir do registro da candidatura e que será agregado (CF, art. 14, par. 8., II; Cod.Eleitoral, art. 5., parag. único; Lei 6.880, de 1980, art. 82, XIV, par. 4.). II) Recurso Extraordinárioconhecido e provido.” (AI 135.452, Relator(a): Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em20/09/1990, DJ 14/06/1991).

30 Art. 42, § 1.º, e art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988.31 Sobre o tema, conferir, ainda, o capítulo II.32 Art. 42, § 1.º, e 142, § 3.º, X, da CF/1988.33 Conferir, ainda, capítulo XI, item 11.2.34 Convém salientar que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o art. 144. § 9.º, da CF/1988

é norma constitucional de eficácia limitada, motivo pelo qual a instituição de subsídio depende deprévia atividade legiferante. Neste sentido, conferir: “Constitucional. Administrativo. Recursoordinário em mandado de segurança. Policial militar do Estado de Goiás. Remuneração porsubsídio. Norma constitucional de eficácia limitada. Direito líquido e certo. Inexistência. Recursoimprovido. 1. O preceito contido no art. 144, § 9.º, da Constituição Federal, segundo o qual osservidores policiais serão remunerados por subsídio, constitui norma constitucional de eficácialimitada. 2. Segundo o art. 37, inc. X, da própria Lei Fundamental, a remuneração dos servidorespúblicos e o subsídio poderão ser fixados ou alterados tão-somente por lei específica. Dessemodo, não há como prestar a tutela jurisdicional requerida para simplesmente transformar a atualforma de remuneração dos recorrentes, integrantes da Polícia Militar do Estado de Goiás, emsubsídio. A solução demanda o exercício da função legiferante. 3. A circunstância de a LeiDelegada Estadual 4/2003, com suas modificações subseqüentes, ter estabelecido o subsídio para

Page 125: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

o Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de Goiás não permite a extensão dessa forma deremuneração aos integrantes da carreira militar, à míngua de expressa disposição legal. 4. Recursoordinário improvido.” (RMS 20.730/GO, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma,julgado em 22/05/2007, DJ 11/06/2007).

35 Nos termos da Súmula 647 do STF, compete privativamente à União legislar sobre vencimentosdos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal.

36 “Direito administrativo. Agravo regimental no recurso ordinário em mandado de segurança.Policiais militares reformados do Estado de Mato Grosso. Lei complementar estadual 71/2000.Instituição de subsídio. Ofensa a direito adquirido e ao princípio da irredutibilidade devencimentos. Não-ocorrência. Precedentes do STF e do STJ. Agravo improvido. 1. O SuperiorTribunal de Justiça tem assentado que a modificação operada no sistema remuneratório dospoliciais militares reformados do Estado de Mato Grosso pela Lei Complementar Estadual71/2000, que instituiu o subsídio fixado em parcela única e excluiu, por conseguinte, determinadasverbas e vantagens, inclusive já incorporadas, à míngua de ofensa ao princípio da irredutibilidadede vencimentos, não violou direito adquirido dos servidores. 2. Agravo regimental improvido.”(AgRg no RMS 23.600/MT, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em19/08/2008, DJE 15/09/2008).

37 “Remuneração de servidor militar estadual: norma local que assegura a percepção de soldo nãoinferior ao salário mínimo: inconstitucionalidade. Infringe a proibição de vinculação ao saláriomínimo (CF, art. 7.º, IV, parte final) a garantia de soldo não inferior ao salário mínimo, outorgadapela Constituição do Rio Grande do Sul aos servidores militares do Estado. Precedente doPlenário (RE 198.982, Galvão, j. 5/08/1998).” (RE 238.338, Relator(a): Min. SepúlvedaPertence, Primeira Turma, julgado em 10/11/1998, DJ 05/02/1999).

“Servidores militares do Estado do Rio Grande do Sul. Soldo nunca inferior ao salário-mínimoassegurado pela Constituição estadual. Inconstitucionalidade. – O Plenário desta Corte, ao julgar oRE 198.982, declarou a inconstitucionalidade da remissão feita, no ‘caput’ do art. 47 daConstituição do Estado do Rio Grande do Sul, ao inciso I do art. 29 da mesma Carta, por entenderque essa norma ofende o artigo 7.º, IV, da Constituição Federal que proíbe a vinculação dosalário-mínimo para qualquer fim, uma vez que, sendo o soldo apenas uma parcela da remuneraçãototal dos servidores militares do referido Estado, as demais que compõem essa remuneração e queincidem sobre o soldo estariam vinculadas ao salário-mínimo. Recurso extraordinário conhecido eprovido.” (RE 248.316, Relator(a): Min. Moreira Alves, Primeira Turma, julgado em 14/04/2000,DJ 07/04/2000).

38 “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado comoindexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem sersubstituído por decisão judicial” (Súmula Vinculante 4 do STF).

39 Nos termos do art. 125, § 3.º, inc. V, do Decreto-Lei 9-A/1982 (Estatuto dos Policiais Militaresdo Estado de Rondônia), não é computável, para efeito algum, o tempo decorrido em cumprimentode pena restritiva de liberdade individual, por sentença passada em julgado, desde que não tenhasido concedida suspensão condicional da pena, quando, então, o tempo que exceder ao período dapena será computado para todos os efeitos, caso as condições estipuladas na sentença não o

Page 126: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

impeçam. Com base neste artigo, o Estado de Rondônia deixou de reconhecer, para efeitos deaposentadoria e antiguidade, o tempo de serviço prestado por policial militar durante o períodoem que cumpriu, em regime aberto, pena restritiva de liberdade. Todavia, o Tribunal de Justiça deRondônia reconheceu, com base no art. 40, § 9.º, da CF/1988, o direito à contagem deste tempo deserviço e o correspondente tempo de contribuição, uma vez que o policial trabalhou normalmenteao longo deste período, tendo sido inclusive compulsado a recolher as verbas previdenciárias.Nesse sentido, conferir: “Declaratória. Policial militar agregado em virtude de condenaçãocriminal. Descontos na remuneração. Legalidade. Não cômputo do prazo de cumprimento de penapara fins de aposentadoria e antiguidade. Contribuição com o regime previdenciário. Nãocabimento. Policial militar afastado do policiamento ostensivo e adido ao quadro de praças dacorporação, em virtude de condenação criminal, transitada em julgado, não faz jus a mesmaremuneração auferida pela função da qual foi afastado. Tendo o policial militar cumprido pena emregime aberto e contribuído regularmente com o regime previdenciário, há de se contar o períodode cumprimento de pena para fins de antiguidade e aposentadoria.” (TJRO. Apelação Cível.Processo 100.005.2004.002113-6. Origem: Ji-Paraná/RO (2.ª Vara Cível). 2.ª Câmara Especial.Relator: Desembargador Renato Mimessi. Data de julgamento: 13/06/2006).

40 Art. 144, § 6.º, da CF/1988, e art. 4.º, II, a e b, da Lei 6.880/1980.41 Art. 27 do Decreto-Lei 667/1969.42 O STJ já decidiu que, no âmbito da Polícia Militar do Estado de São Paulo, os prestadores do

serviço voluntário, nos termos da Lei federal 10.029/2000 e da Lei estadual Lei 11.064, de 8 defevereiro de 2002, não são considerados militares, mas civis. Por isto não podem ser processadose julgados pela Justiça Militar Estadual, por força do art. 125, § 4.º, da CF/1988. Nesse sentido,conferir: “Processual penal. Habeas corpus. Prestação voluntária de serviço. Soldado PMvoluntário. Incompetência da Justiça Militar. 1. A atividade desenvolvida pelo Soldado PMVoluntário, prestador de serviço auxiliar, tem cunho meramente administrativo e social, nãopodendo ser equiparado ao policial militar. 2. Compete à Justiça Militar Estadual processar ejulgar apenas os policiais e bombeiros militares nos crimes militares, definidos em lei. 3.Reconhecida a competência da Justiça Comum Estadual para processar e julgar o paciente. 4.Ordem concedida.” (HC 66.442/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em07/10/2008, DJE 28/10/2008). No mesmo sentido, o seguinte precedente do STJ: HC 62.100/SP,Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em 28/05/2008, DJE 04/08/2008.

Page 127: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

5.1. DEFINIÇÃO CONSTITUCIONAL

As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, sãoinstituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia edisciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se àdefesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquerdestes, da lei e da ordem (art. 142 da CF/1988).

Do conceito acima, é possível tecer sobre as Forças Armadas as consideraçõesseguintes.

a) São constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica1. Vale lembrar que nemsempre foi assim. Primeiramente, a Força Militar, expressão utilizada naConstituição de 18242, era composta pela Força Armada de Mar e pela ForçaArmada de Terra. Somente com a criação do antigo Ministério daAeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, é que surgiu o terceiro braço armado,denominado, à época, Forças Aéreas Nacionais. A Constituição de 19463 foi aprimeira a incorporar ao texto constitucional a composição tríplice das ForçasArmadas, o que foi sendo mantido nas Constituições posteriores. Convémsalientar que esta composição poderá ser alterada no futuro, com a inclusãode novos ramos bélicos especializados às Forças Armadas, em virtude dasconstantes inovações tecnológicas.

b) São instituições nacionais permanentes e regulares. A Constituição de 1891foi a primeira a conferir às Forças de Terra e de Mar a condição deinstituições nacionais4 permanentes5. Tal previsão, entretanto, no magistériode José Afonso da Silva6, já se encontrava de forma implícita na Constituiçãode 1824, que se referia a Forças militares permanentes de mar e terra (art.146). As Constituições posteriores mantiveram, em seu bojo, a mesma

Page 128: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

previsão7.

Enquanto nacionais, as Forças Armadas, embora integradas ao Poder Executivo,conquanto o braço armado da Administração, devem servir, acima de tudo, à Nação.Constituem-se não num instrumento do Governo e sim numa garantia da Pátria8.

De acordo com Pontes de Miranda, declaram-se permanentes as Forças Armadas,para que nunca possam ser dissolvidas9. Por isso, embora não conste, expressamente,no rol das cláusulas pétreas (art. 60, § 4.º, da CF/1988), não podem ser abolidas,suprimidas ou extintas por meio de emenda constitucional, mas, tão somente, porAssembleia Nacional Constituinte10.

Em sendo instituições regulares, é defesa a assimilação às Forças Armadas detropas irregulares11, ou seja, que não componham regularmente os efetivos daMarinha, do Exército12 e da Aeronáutica, fixados por lei. Por outro lado, parafuncionarem com regularidade, devem possuir efetivos de pessoal e meios materiaisnecessários ao cumprimento de sua destinação constitucional e demais atribuiçõessubsidiárias estabelecidas em lei.

Finalizando, por serem instituições permanentes e regulares, “os membros dasForças Armadas não são convocados apenas em momentos de comoção interna ou deconflito externo”13 para, em seguida, serem dispensados. Pela mesma razão, as Forçasde Mar, Terra e Ar vinculam-se à própria vida do Estado, perdurando, sem solução decontinuidade, enquanto este existir.

c) São organizadas com base na hierarquia e disciplina. A hierarquia e adisciplina, princípios constitucionais inerentes às instituições militares, são osalicerces institucionais das Forças Armadas. A hierarquia militar consiste naordenação da autoridade por postos e graduações dentro da estruturaorganizacional das Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidadecrescem com o grau hierárquico. A disciplina é a rigorosa observância e oacatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições quefundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular eharmônico. A disciplina e o respeito hierárquico devem ser mantidos emtodas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remuneradae reformados.

d) Sujeitam-se à autoridade suprema do Presidente da República.Tradicionalmente, o legislador constitucional tem submetido as ForçasArmadas ao Comando Supremo do Chefe do Poder Executivo14. Trata-se decomando político15. O comando tático e operacional compete aos

Page 129: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Convém salientar que o Chefe do Poder Executivo Federal, no exercício docomando das Forças Armadas, deve ater-se ao princípio constitucional da hierarquiamilitar, sob pena de produzir danos irreparáveis à disciplina castrense. Por isso, emregra, ao emanar, e.g., ordens, orientações ou diretrizes aplicáveis às Forças de Mar,Terra e Ar, deverá repassá-las, primeiramente, ao Ministro da Defesa, a quem competea direção superior das Forças Armadas. Caberá a esta autoridade retransmiti-las aosComandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Evidentemente, em situaçõesexcepcionais, o Comandante Supremo poderá lidar diretamente com os Comandantesda Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

No Comando das Forças Armadas, compete ao Presidente da República exerceras seguintes atribuições: a) iniciativa privativa de leis que fixem ou modifiquem osefetivos das Forças Armadas16; b) nomear e exonerar os Comandantes da Marinha, doExército e da Aeronáutica; c) promover oficiais-generais e nomeá-los para os cargosque lhes são privativos17; d) declarar guerra, no caso de agressão estrangeira18; e)celebrar a paz19, etc.

O Presidente da República, na condição de Comandante Supremo, seráassessorado pelo Conselho Militar de Defesa20, no que concerne ao emprego de meiosmilitares, e pelo Ministro de Estado da Defesa, nos demais assuntos pertinentes à áreamilitar.

e) Destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, poriniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. São, portanto, os garantesmateriais da própria subsistência do Estado e da perfeita realização dos seusfins21, atuando preventiva e repressivamente contra ameaças internas ouexternas. Preventivamente, por meio do poder de dissuasão. Quanto maisbem treinadas e aparelhadas forem as Forças Armadas brasileiras, maior seráo grau de intimidação à prática de atos internos ou externos que atentemcontra a soberania nacional, a garantia dos poderes constitucionais e da lei eda ordem. Repressivamente, por meio da força, para repelir agressõesexternas ou internas. Dispõe, portanto, o Estado brasileiro de permanente,valiosa e indispensável instituição voltada à manutenção da forma federativa,da soberania, da independência nacional, da garantia dos poderes constituídose, em casos excepcionais, da lei e da ordem.

A Constituição Federal, ao destinar as Forças Armadas para a defesa da pátria e

Page 130: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

condicionar a declaração de guerra externa à prévia agressão estrangeira22, aboliu oemprego da força militar nas chamadas guerras de conquistas, em que se objetiva aampliação do território nacional, mediante anexação total ou parcial de territórios deoutras nações23. Alinhando-se à Lei Maior, o Decreto 5.484, de 30 de junho de 200524,que aprova a política de defesa nacional, preconiza, expressamente, a rejeição à guerrade conquista.

5.2. NORMAS GERAIS DE ORGANIZAÇÃO, PREPARO E EMPREGO DAS FORÇASARMADAS

5.2.1. Considerações iniciais

Nos termos do Estatuto Supremo, cabe à Lei Complementar estabelecer asnormas gerais a serem adotadas na organização, preparo e emprego das ForçasArmadas25. Em atenção à exigência constitucional, foi publicada a LC 69, de 23 dejulho de 1991, que disciplinou a matéria.

Todavia, a criação do Ministério da Defesa e a transformação dos MinistériosMilitares em Comandos impuseram uma reformulação geral no sistema até entãoutilizado, o que foi feito pela Lei Complementar 97, de 09 de junho de 1999.

5.2.2. Organização

Na estrutura hierarquizada das Forças Armadas, o Presidente da República ocupao primeiro escalão, exercendo o Comando Supremo. No segundo escalão, encontra-seo Ministro da Defesa, que exerce a direção superior das tropas federais, assessoradopelo Conselho Militar de Defesa, pelo Estado-Maior de Defesa, pelas Secretarias edemais órgãos definidos em lei. Em posição hierárquica inferior, estão osComandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que, no âmbito de suasatribuições, exercem a direção e a gestão da respectiva Força.

Em tempo de paz, os efetivos das Forças Armadas são fixados e alterados por leide iniciativa privativa do Presidente da República26, a qualquer tempo, sempre quenecessário27. Declarada guerra, no caso de agressão estrangeira, o Chefe do PoderExecutivo Federal, dependendo do caso concreto, decretará, total ou parcialmente,mobilização nacional28, mediante decreto29, incrementando o efetivo das ForçasArmadas e, se for o caso, os meios materiais necessários para a execução das açõesmilitares.

Page 131: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

As Forças Armadas devem dispor, de forma regular, dos meios orgânicos(instalações militares, equipamentos bélicos, etc.) necessários ao cumprimento de suadestinação constitucional e das atribuições subsidiárias a elas impostas por lei. Paratanto, a cada uma das Forças singulares devem ser alocados, anualmente, recursosorçamentários suficientes para a atualização (modernização) e manutenção de seuaparelhamento bélico.

5.2.3. Orçamento

O orçamento do Ministério da Defesa contemplará as prioridades da política dedefesa nacional, explicitadas na lei de diretrizes orçamentárias. Em razão disso, oPresidente da República, a quem compete, privativamente, enviar ao CongressoNacional o projeto de lei de diretrizes orçamentárias30, deverá ater-se, na elaboraçãodo referido projeto, às prioridades da política de defesa nacional descritas no Decreto5.484, de 30 de junho de 2005. No orçamento, deverão ser identificadas as dotaçõesorçamentárias próprias da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que farão a gestão,de forma individualizada, dos recursos a eles destinados.

5.2.4. Preparo

Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica exercem o comandooperacional de suas respectivas Forças. A eles compete o preparo de seus órgãosoperativos e de apoio, obedecidas as políticas estabelecidas pelo Ministro da Defesa.

Dentre outras, o preparo consiste no exercício das seguintes funções:

a) constante atividade de planejamento, especialmente, em tempos de paz. Cita-se, a título de ilustração, o prévio planejamento da mobilização nacional,visando garantir a eficácia e eficiência deste procedimento, no caso deeventual estado de beligerância;

b) organização e articulação. A organização se refere à estrutura militar,constituída, em geral, de grandes Comandos, Estado-Maior, Comando deForças, Diretorias, Comandos de Unidades Militares, como Bases Aéreas,Parques, Unidades de Apoio e Logística, etc. A articulação está relacionada àdistribuição das organizações militares no território nacional, objetivando aflexibilidade e as diferentes necessidades de emprego;

c) instrução e adestramento. A primeira consiste na transmissão teórica deconhecimentos técnico-especializados para a tropa sobre emprego e

Page 132: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

manutenção de equipamentos, técnicas de combate, etc. Concluída ainstrução, passa-se a adestrar o homem, ou seja, a pôr em prática osensinamentos teóricos ministrados;

d) desenvolvimento de doutrina militar, ou seja, do conjunto de meios,princípios, valores, técnicas, métodos, sistemas e normas indispensáveis àorganização, ao preparo e ao emprego das Forças Armadas. A doutrina militaré, por excelência, dinâmica, uma vez que necessita de se adequar,constantemente, ao dinamismo das guerras e à sofisticação dos equipamentosbélicos;

e) pesquisas específicas na área militar, colimando o desenvolvimento de novasplataformas de armas, radares, carros de combate, aeronaves, sistemas dearmamentos, etc.;

f) atividades de inteligência, especialmente em nível estratégico. Oconhecimento de inteligência em nível estratégico resulta da obtenção,análise, interpretação e disseminação de conhecimentos sobre as situaçõesnacional e internacional, no que se refere ao Poder Nacional, aos óbices, àssuas vulnerabilidades, às possibilidades e a outros aspectos correlatos, compossível projeção para o futuro31. A atividade de inteligência divide-se emdois segmentos, a saber: 1) inteligência, destinada, especificamente, àprodução de conhecimento, ou seja, à obtenção de dados; 2)contrainteligência, voltada para identificar, impedir, reduzir, neutralizar ainteligência adversa, salvaguardando dados sigilosos;

g) logística, que consiste na antevisão e no fornecimento dos meios (humanos,materiais, serviços, instalações) necessários à realização de uma guerra. Ahistória tem mostrado que a logística é um dos fatores determinantes para oresultado final de um combate;

h) mobilização militar, a ser planejada de modo a assegurar os recursosnecessários à rápida transformação estrutural das Forças Armadas,fornecendo-lhes pessoal com habilitações requeridas para o preenchimentode claros, além dos meios materiais na qualidade e especificação necessárias.Por tais razões, a fim de se garantir a eficiência e eficácia da mobilizaçãomilitar, algumas atividades devem ser realizadas previamente, como: 1)colocação de encomendas educativas nas indústrias; 2) formação ecadastramento de reservas aptas; 3) incremento de pesquisa edesenvolvimento tecnológico de interesse militar; 4) busca de padronização enacionalização de materiais e itens de interesse militar32.

Page 133: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

No preparo das Forças Armadas, poderão ser planejados e executados exercíciosoperacionais em áreas públicas, adequadas à natureza das operações, ou em áreasprivadas cedidas para esse fim. O planejamento e a execução destes exercíciosoperacionais poderão ser realizados com a cooperação de órgãos de segurança públicae de órgãos públicos com interesses afins.

Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica devem, ainda, adotar,no preparo de suas respectivas Forças singulares, os seguintes parâmetros: a)permanente eficiência operacional singular e nas diferentes modalidades de empregointerdependentes (operações combinadas entre as Forças singulares); b) procura daautonomia nacional crescente, mediante contínua nacionalização de seus meios, nelaincluídos pesquisa e desenvolvimento, visando ao fortalecendo da indústria nacional.Imprescindíveis, portanto, para este fim, a criação e a manutenção de centros deensino de excelência, como o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica – ITA e oInstituto Militar de Engenharia – IME; c) correta utilização do potencial nacional,mediante mobilização criteriosamente planejada.

5.2.5. Emprego

As Forças Armadas, nos termos da Constituição, são destinadas à defesa daPátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer desses, dalei e da ordem33. A Lei Complementar 97/1999 (art. 15) prevê, além destas atribuições,a participação das Forças Armadas em operações de paz34.

Tem-se questionado a constitucionalidade deste artigo sob o argumento deinovação não especificada na Carta Política. A nosso ver, a participação da Marinha,do Exército e da Aeronáutica em operações de paz é decorrência lógica dos princípiosconstitucionais da defesa da paz, da solução pacífica dos conflitos e da cooperaçãoentre os povos para o progresso da humanidade, princípios que regem a RepúblicaFederativa do Brasil nas suas relações internacionais35. Destarte, não vislumbramosinconstitucionalidade na lei em comento. Não se pode olvidar, no entanto, que, emdecorrência do princípio da não intervenção36, as Forças Armadas brasileiras somentepoderão participar de missões de paz e de segurança internacional quandoregularmente solicitadas pelo Conselho de Segurança da Organização das NaçõesUnidas, o que, inclusive, constitui uma obrigação assumida pelo Brasil perante aquelaorganização37.

O emprego das Forças Armadas é de responsabilidade do Presidente daRepública, competindo-lhe a decisão, por iniciativa própria ou em atendimento aopedido de quaisquer dos poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do

Page 134: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.Uma vez definido o emprego na defesa da Pátria, na garantia dos poderes

constitucionais, da lei e da ordem, ou na participação em operações de paz, o Chefedo Poder Executivo Federal determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativaçãode órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação:

a) diretamente ao Comandante Supremo (Presidente da República), no caso deComandos Combinados38, compostos por meios adjudicados pelas ForçasArmadas e, quando necessário, por outros órgãos;

b) diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, para fim de adestramento, emoperações combinadas, ou quando da participação brasileira em operações depaz;

c) diretamente ao respectivo Comandante da Força, respeitada a direçãosuperior do Ministro da Defesa, no caso de emprego isolado de meios de umaúnica Força.

Cumpre ressaltar que o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e daordem39, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, só ocorrerá depoisde esgotados40 os instrumentos destinados à preservação da ordem pública, daincolumidade das pessoas e do patrimônio. Nesses casos, a autoridade competentedeverá transferir, mediante ato formal, o controle operacional41 dos órgãos desegurança pública necessários ao desenvolvimento das ações à autoridade encarregadadas operações, a qual deverá constituir um centro de coordenação de operações,composto por representantes dos órgãos públicos sob seu controle operacional oucom interesses afins.

O emprego e o preparo das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem sãoconsiderados atividades militares para fins de aplicação do art. 9.º, II, alínea c, doDecreto-Lei 1.001, de 21 de outubro de 1969 – Código Penal Militar. Os militares quevenham a responder a inquérito policial ou a processo judicial por sua atuação nagarantia da lei e da ordem serão assistidos ou representados judicialmente pelaAdvocacia-Geral da União42.

5.2.6. Atribuições subsidiárias

A LC 97/1999 conferiu às Forças Armadas atribuições subsidiárias gerais eparticulares. Cabe à Marinha, ao Exército e à Aeronáutica, como atribuição comum,subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional43 e a defesa civil44 –

Page 135: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

incluindo-se, nessa última, a participação em campanhas institucionais de utilidadepública ou de interesse social45 –, na forma determinada pelo Presidente da República.

Como atribuições subsidiárias particulares, compete, respectivamente, a cadaForça singular as funções seguintes.

I – Marinha:a) orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no

que interessa à defesa nacional;b) prover a segurança da navegação aquaviária;c) contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam

respeito ao mar;d) implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e

nas águas interiores, em coordenação com outros órgãos do PoderExecutivo, federal ou estadual, quando se fizer necessária, em razão decompetências específicas;

e) cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressãoaos delitos de repercussão nacional ou internacional, quanto ao uso domar, águas interiores e de áreas portuárias, na forma de apoio logístico, deinteligência, de comunicações e de instrução.

Cabe ao Comandante da Marinha o exercício destas atividades, ficandodesignado, para este fim, como Autoridade Marítima;

II – Exército:a) contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam

respeito ao Poder Militar Terrestre;b) cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e,

excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras eserviços de engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante;

c) cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressãoaos delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional,na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e deinstrução;

d) atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteiraterrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em

Page 136: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentreoutras, as ações de patrulhamento, revista de pessoas, de veículosterrestres, de embarcações e de aeronaves, prisões em flagrante delito;

III – Aeronáutica:a) orientar, coordenar e controlar as atividades de Aviação Civil;b) prover a segurança da navegação aérea;c) contribuir para a formulação e condução da Política Aeroespacial

Nacional;d) estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante concessão, a

infraestrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária;e) operar o Correio Aéreo Nacional;f) cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão

aos delitos de repercussão nacional e internacional, quanto ao uso doespaço aéreo e de áreas aeroportuárias, na forma de apoio logístico, deinteligência, de comunicações e de instrução;

g) atuar, de maneira contínua e permanente, por meio das ações de controledo espaço aéreo brasileiro, contra todos os tipos de tráfego aéreo ilícito,com ênfase nos envolvidos no tráfico de drogas, armas, munições epassageiros ilegais, agindo em operação combinada com organismos defiscalização competentes, aos quais caberá a tarefa de agir após aaterragem das aeronaves envolvidas em tráfego aéreo ilícito.

Compete ao Comandante da Aeronáutica o exercício destas atividades, ficandodesignado, para este fim, Autoridade Aeronáutica.

5.3. MINISTÉRIO DA DEFESA

5.3.1. Histórico

O desejo de se criar um Ministério único, para promover a integração e acoordenação das atividades administrativas e operacionais desempenhadas pelaMarinha, Exército e Aeronáutica, é antigo, tendo sido positivado, pela primeira vez, noDecreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967. De acordo com o art. 168 do referidodecreto-lei, o Poder Executivo deveria promover estudos, visando à criação doMinistério das Forças Armadas, para oportuno encaminhamento do projeto de lei ao

Page 137: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Congresso Nacional. Todavia, este dispositivo foi revogado pelo Decreto-Lei n.900/1968, frustrando-se a criação do aludido Ministério.

O tema voltou à tona, durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1988, pormeio de inúmeras propostas de emendas aos projetos e anteprojetos da Constituição.Contudo, a criação do ministério unificado não foi efetivada.

Em 1995, o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, declarou, emseu plano de governo, a intenção de criar o Ministério da Defesa, com o intuito deotimizar o sistema de defesa nacional, formalizar uma política de defesa sustentável eintegrar as três Forças, racionalizando, assim, suas atividades. Coube ao EMFA,durante os anos de 1995 e 1996, a realização dos estudos necessários à criação doMinistério da Defesa, e ao senador Élcio Álvares, nomeado Ministro Extraordinário daDefesa, a implantação do referido ministério.

5.3.2. Criação

Em 10 de junho de 199946, o Ministério da Defesa foi criado com o objetivo deintegrar as três Forças singulares e enfatizar, de uma vez por todas, como lecionaWalber de Moura Agra, a subordinação das forças militares ao poder civilestabelecido47.

A Emenda Constitucional 23, de 02 de setembro de 1999, adaptou a ConstituiçãoFederal à criação do Ministério da Defesa. A Lei 9.649/1998, com redação dada pelaMP 2.216-37, de 200148, incluiu o Ministério da Defesa no rol dos Ministérios,definindo sua área de competência49. Atualmente, a Lei 10.683, de 28 de maio de 2003,disciplina a matéria50.

5.3.3. Competência

Ao Ministério da Defesa, órgão da Administração Pública Direta Federal,compete51: a) política de defesa nacional; b) política e estratégia militares; c) doutrina eplanejamento de emprego das Forças Armadas; d) projetos especiais de interesse dadefesa nacional; e) inteligência estratégica e operacional no interesse da defesa; f)operações militares das Forças Armadas; g) relacionamento internacional das ForçasArmadas; h) orçamento de defesa; i) legislação militar; j) política de mobilizaçãonacional; k) política de ciência e tecnologia nas Forças Armadas; l) política decomunicação social nas Forças Armadas; m) política de remuneração dos militares epensionistas; n) política nacional de exportação de material de emprego militar, bemcomo fomento às atividades de pesquisa e desenvolvimento, produção e exportação

Page 138: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

em áreas de interesse da defesa e controle da exportação de material bélico de naturezaconvencional; o) atuação das Forças Armadas, quando couber, na garantia da lei e daordem, visando à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e dopatrimônio, bem como sua cooperação com o desenvolvimento nacional e a defesacivil e o apoio ao combate a delitos transfronteiriços e ambientais; p) logística militar;q) serviço militar; r) assistência à saúde, social e religiosa das Forças Armadas; s)constituição, organização, efetivos, adestramento e aprestamento das forças navais,terrestres e aéreas; t) política marítima nacional; u) segurança da navegação aérea e dotráfego aquaviário e salvaguarda da vida humana no mar; v) política aeronáuticanacional e atuação na política nacional de desenvolvimento das atividadesaeroespaciais; w) infraestrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária.

5.3.4. Estrutura organizacional

O Ministério da Defesa tem a seguinte estrutura organizacional52:

I – órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado:a) Gabinete;b) Consultoria Jurídica;

II – órgãos de assessoramento:a) Conselho Militar de Defesa;b) Estado-Maior de Defesa: 1. Vice-Chefia do Estado-Maior de Defesa; 2.

Subchefia de Comando e Controle; 3. Subchefia de Inteligência; 4.Subchefia de Operações; 5. Subchefia de Logística;

III – órgãos específicos singulares:a) Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais: 1.

Departamento de Política e Estratégia; 2. Departamento de InteligênciaEstratégica; 3. Departamento de Assuntos Internacionais;

b) Secretaria de Ensino, Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia: 1.Departamento de Logística; 2. Departamento de Mobilização; 3.Departamento de Ciência e Tecnologia; 4. Departamento de Ensino eCooperação;

c) Secretaria de Organização Institucional: 1. Departamento de Organizaçãoe Legislação; 2. Departamento de Planejamento Orçamentário eFinanceiro; 3. Departamento de Saúde e Assistência Social; 4.

Page 139: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Departamento de Administração Interna;d) Secretaria de Aviação Civil: 1. Departamento de Política de Aviação Civil;

2. Departamento de Infraestrutura Aeroportuária Civil; 3. Departamentode Infraestrutura de Navegação Aérea Civil;

IV – órgãos de estudo, de assistência e de apoio:a) Escola Superior de Guerra;b) Hospital das Forças Armadas;c) Centro de Catalogação das Forças Armadas;d) Representação do Brasil na Junta Interamericana de Defesa;

V – órgão setorial: Secretaria de Controle Interno;VI – Forças Armadas:

a) Comando da Marinha;b) Comando do Exército;c) Comando da Aeronáutica;

VII – órgão colegiado: Conselho de Aviação Civil – CONAC;VIII – entidades vinculadas:

a) autarquia: Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC;b) empresa pública: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária –

INFRAERO.

5.3.5. Ministro da Defesa

Será escolhido dentre os brasileiros maiores de vinte e um anos que estejam nopleno exercício dos direitos políticos53. O cargo de Ministro da Defesa é privativo debrasileiro nato54.

Compete ao Ministro da Defesa exercer a direção superior das Forças Armadas,que a ele estão subordinadas (arts. 3.º e 9.º da LC 97/1999), assessorado peloConselho Militar de Defesa, órgão permanente de assessoramento, pelo Estado-Maiorde Defesa, pelas Secretarias e demais órgãos descritos em lei, além das atribuiçõesdescritas no art. 87 da CF/1988, no art. 27, VII, da Lei 10.683/2003 e no art. 1.º doDecreto 6.223/2007.

5.4. MINISTÉRIOS MILITARES. TRANSFORMAÇÃO EM COMANDOS DA

Page 140: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

MARINHA, DO EXÉRCITO E DA AERONÁUTICA. AUTARQUIAS E FUNDAÇÃOHABITACIONAIS

5.4.1. Ministério da Marinha

D. João V, por meio de Alvará, em 28 de junho de 1736, criou a Secretaria deEstado da Marinha e Domínios Ultramarinos, cuja atribuição, em síntese, era aadministração da Força de Mar portuguesa.

Em 1808, com o estabelecimento da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, oConde de Anadia, D. João Rodrigues de Sá e Menezes, por decreto do PríncipeRegente, foi confirmado como titular da referida Secretaria, formalizando a suainstalação no Brasil. Antes de seu retorno a Portugal, em 1821, D. João nomeou ostitulares das Secretarias de Estado que constituiriam o Governo do Reino do Brasil,indicando como Secretário de Estado da “Repartição da Marinha” o Chefe deEsquadra Manoel Antônio Farinha55.

Em virtude do art. 39 da Lei 243, de 30 de novembro de 1841, foi editado oDecreto 114, de 04 de janeiro de 1842, reformando a Secretaria de Estado dosNegócios da Marinha. A Lei 23, de 30 de outubro de 1891, reorganizou os serviços daAdministração Federal, distribuindo-os em seis ministérios, sendo um deles oMinistério da Marinha.

5.4.2. Ministério do Exército

D. João V, por meio de Alvará, em 28 de junho de 1736, criou a Secretaria deEstado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Com a Lei 23/1891, foi criado oMinistério da Guerra. Por força do art. 202 do Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de1967, o Ministério da Guerra passou a ser denominado Ministério do Exército.

5.4.3. Ministério da Aeronáutica

O Ministério da Aeronáutica foi criado pelo Decreto-Lei 2.961, de 20 de janeirode 1941. Em virtude do art. 8.º da referida norma, todo pessoal militar da arma deaeronáutica do Exército e do Corpo da Aviação Naval, inclusive as respectivasreservas, passaram a constituir uma corporação única, subordinada ao Ministério daAeronáutica, com a denominação de Forças Aéreas Nacionais. Igualmente, o pessoalcivil permanente ou extranumerário pertencente à Aeronáutica do Exército, à AviaçãoNaval e ao Departamento de Aeronáutica Civil foi transferido para o Ministério da

Page 141: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Aeronáutica.

5.4.4. Transformação em Comandos Militares

Por força do art. 20 da Lei Complementar 97/1999, com a criação do Ministérioda Defesa, os Ministérios Militares foram transformados em Comandos da Marinha,do Exército e da Aeronáutica.

5.4.4.1. Comando da Marinha

5.4.4.1.1. Conceito

O Comando da Marinha é o órgão integrante da Estrutura Regimental doMinistério da Defesa, subordinado diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, quetem por propósito preparar a Marinha para o cumprimento da sua destinaçãoconstitucional e atribuições subsidiárias.

5.4.4.1.2. CompetênciaAo Comando da Marinha compete:

a) formular a política naval e a doutrina militar naval;b) propor a constituição, a organização e os efetivos, bem como executar o

aprestamento das Forças Navais;c) formular o planejamento estratégico e executar o emprego das Forças Navais

na defesa do País;d) contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam

respeito ao mar;e) orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que

interessa à defesa nacional;f) prover a segurança da navegação aquaviária e a salvaguarda da vida humana

no mar;g) produzir material bélico de seu interesse;h) realizar adestramento militar e a supervisão de adestramento civil no interesse

da segurança da navegação nacional;

Page 142: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

i) executar a inspeção naval;j) implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e nas

águas interiores, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo,federal ou estadual, quando se fizer necessário, em razão de competênciasespecíficas.

5.4.4.1.3. Estrutura organizacionalO Comando da Marinha tem a seguinte estrutura organizacional:

I – órgão de direção geral: Estado-Maior da Armada;II – órgão de assessoramento superior: Almirantado;III – órgãos de assistência direta e imediata ao Comandante da Marinha: a)

Gabinete do Comandante da Marinha; b) Centro de Inteligência da Marinha;c) Procuradoria Especial da Marinha; d) Secretaria da ComissãoInterministerial para os Recursos do Mar;

IV – órgãos de direção setorial: a) Comando de Operações Navais; b) Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais; c) Diretoria-Geral de Navegação; d)Diretoria-Geral do Material da Marinha; e) Diretoria-Geral do Pessoal daMarinha; f) Secretaria-Geral da Marinha;

V – organizações militares da Marinha;VI – órgãos colegiados: a) Conselho de Almirantes; b) Conselho de Ciência e

Tecnologia da Marinha; c) Conselho do Planejamento de Pessoal; d) Conselhodo Plano Diretor; e) Conselho Financeiro e Administrativo da Marinha; f)Comissão de Promoções de Oficiais; g) Comissão para Estudos dosUniformes da Marinha;

VII – entidades vinculadas: a) Caixa de Construções de Casas para o Pessoal daMarinha; b) Empresa Gerencial de Projetos Navais – EMGEPRON;

VIII – órgão autônomo vinculado: Tribunal Marítimo.

5.4.4.1.3.1. Organização das Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais daMarinha e áreas de jurisdição dos Comandos de Distritos Navais

As Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais constituem-se dos seguintesComandos de Força, diretamente subordinados ao Comando de Operações Navais:

Page 143: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

I – Comando em Chefe da Esquadra (ComemCh);II – Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (ComFFE);III – Comando do 1.º Distrito Naval (Com1.ºDN);IV – Comando do 2.º Distrito Naval (Com2.ºDN);V – Comando do 3.º Distrito Naval (Com3.ºDN);VI – Comando do 4.º Distrito Naval (Com4.ºDN);VII – Comando do 5.º Distrito Naval (Com5.ºDN);VIII – Comando do 6.º Distrito Naval (Com6.ºDN);IX – Comando do 7.º Distrito Naval (Com7.ºDN);X – Comando do 8.º Distrito Naval (Com8.ºDN);XI – Comando do 9.º Distrito Naval (Com9.ºDN).

A Esquadra, sob o comando do Comandante em Chefe da Esquadra, constitui onúcleo principal das unidades navais e aéreas da Marinha. São diretamentesubordinados ao ComemCh o:

I – Comando da 1.ª Divisão da Esquadra (ComDiv-1);II – Comando da 2.ª Divisão da Esquadra (ComDiv-2);III – Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav);IV – Comando da Força de Submarinos (ComForS);V – Comando de Força de Superfície (ComForSup).

Subordinam-se diretamente ao ComForSup o:

I – Comando do 1.º Esquadrão de Escolta (ComEsqdE-1);II – Comando do 2.º Esquadrão de Escolta (ComEsqdE-2);III – Comando do 1.º Esquadrão de Apoio (ComEsqdAp-1).

A Força de Fuzileiros da Esquadra, sob o comando do Comandante da Força deFuzileiros da Esquadra (ComFFE), constitui o núcleo principal das unidades defuzileiros navais. Estão diretamente subordinados ao ComFFE o:

Page 144: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

I – Comando da Divisão Anfíbia (ComDivAnf);II – Comando da Tropa de Reforço (ComTrRef);III – Comando de Tropa de Desembarque (CmdoTrDbq).

Os Distritos Navais, sob o comando dos Comandantes de Distritos Navais,constituem os núcleos regionais de unidades navais, aéreas e de fuzileiros navais. Sãodiretamente subordinados aos Comandos de Distritos Navais os comandos de forças,flotilhas, grupamentos e unidades, sob a denominação genérica de Forças Distritais.

Os Comandos de Distritos Navais têm jurisdição sobre as seguintes áreas:

I – Comando do 1.º Distrito Naval (Com 1.ºDN), com sede no Rio de Janeiro(RJ):

a) área marítima, sob jurisdição brasileira, compreendida entre as linhas demarcação de 109° e 130°, com origem respectivamente, nos pontos dolitoral brasileiro das divisas entre os Estados da Bahia-Espírito Santo eSão Paulo-Paraná, exceto o mar territorial no Estado de São Paulo,acrescida da área marítima correspondente às ilhas da Trindade e MartinVaz;

b) área fluvial e lacustre que abrange as bacias fluviais, lagos e lagoasexistentes na área terrestre sob sua jurisdição;

c) área terrestre que abrange os Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro eos municípios dos Estados de Minas Gerais com sede ao sul do paralelode 18°30’S e a leste do meridiano de 44°30’W, bem como as ilhas daTrindade e Martins Vaz;

II – Comando do 2.º Distrito Naval (Com2.ºDN), com sede em Salvador (BA):a) área marítima sob jurisdição brasileira, compreendida entre as linhas de

marcação de 115.º e 109.º, com origem respectivamente, nos pontos dolitoral brasileiro das divisas entre os Estados de Alagoas-Sergipe e Bahia-Espírito Santo, exceto a parte marítima correspondente as ilhas daTrindade e Martin Vaz;

b) área fluvial e lacustre que abrange a hidrovia do Rio São Francisco amontante da hidroelétrica de Paulo Afonso e as demais bacias fluviais,lagos e lagoas existentes na área terrestre sob sua jurisdição;

c) área terrestre que abrange os Estados de Sergipe, Bahia e os municípiosdo Estado de Minas Gerais com sede ao norte da poligonal definida pelos

Page 145: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

paralelos de 18°30’S, meridiano de 44°30’W, paralelo de 20°00’S,meridiano de 47°00’W e paralelo de 18°00’S;

III – Comando do 3.º Distrito Naval (Com3.ºDN), com sede em Natal (RN):a) área marítima, sob jurisdição brasileira, compreendida entre as linhas de

marcação de 019° e 115°, com origem, respectivamente, nos pontos dolitoral brasileiro das divisas entre os Estados do Piauí-Ceará e Alagoas-Sergipe, bem como a área marítima correspondente às ilhas de Fernandode Noronha, Arquipélago de São Pedro e São Paulo e Atol das Rocas;

b) área fluvial e lacustre que abrange a hidrovia do Rio São Francisco, ajusante da hidroelétrica de Paulo Afonso e as demais bacias fluviais, lagose lagoas existentes na área terrestre sob sua jurisdição;

c) área terrestre que abrange os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte,Paraíba, Pernambuco e Alagoas, bem como o Atol das Rocas e oArquipélago de São Pedro e São Paulo;

IV – Comando do 4.º Distrito Naval (Com4.ºDN), com sede em Belém (PA):a) área marítima sob jurisdição brasileira compreendida entre as linhas de

marcação de 041°30’ e 019°, com origem respectivamente, no pontodefinido pela coordenadas de latitude 004°30’05”N e longitude051°38’02”W, e no ponto do litoral brasileiro da divisa entre os Estadosdo Piauí-Ceará;

b) área fluvial e lacustre que abrange as bacias fluviais, lagos e lagoas naárea terrestre sob sua jurisdição;

c) área terrestre que abrange os Estados do Amapá, Maranhão, Pará e Piauí;V – Comando do 5.º Distrito Naval (Com5.ºDN), com sede em Rio Grande (RS):

a) área marítima sob jurisdição brasileira compreendida entre as linhas demarcação de 130° e 128°, com origem respectivamente, no ponto dolitoral brasileiro da divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná, e noFarol do Chuí;

b) área fluvial e lacustre que abrange a hidrovia do rio Paraná, a partir dasfozes dos rios Paraná e Paranapanema, e as demais bacias fluviais, lagos elagoas na área terrestre sob sua jurisdição;

c) área terrestre que abrange os Estados do Paraná, Santa Catarina e RioGrande do Sul;

VI – Comando do 6.º Distrito Naval (Com6.ºDN), com sede em Ladário (MS):

Page 146: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) área fluvial e lacustre que abrange as bacias fluviais, lagos e lagoas naárea terrestre sob sua jurisdição;

b) área terrestre que abrange os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso doSul;

VII – Comando do 7.º Distrito Naval (Com7.ºDN), com sede em Brasília (DF):a) área fluvial e lacustre que abrange as hidrovias do rio Araguaia e do rio

Tocantins, até a foz do rio Araguaia, e as demais bacias fluviais, lagos elagoas na área terrestre sob sua jurisdição;

b) área terrestre que abrange o Distrito Federal e os Estados de Goiás eTocantins;

VIII – Comando do 8.º Distrito Naval (Com8.ºDN), com sede em São Paulo(SP):

a) área marítima correspondente ao mar territorial no Estado de São Paulo;b) área fluvial e lacustre que abrange as hidrovias do rio Paraná, até a foz do

rio Paranapanema, do rio Paranaíba e do rio Paranapanema e as demaisbacias fluviais, lagos e lagoas na área terrestre sob sua jurisdição;

c) área terrestre que abrange o Estado de São Paulo e os municípios doEstado de Minas Gerais com sede a oeste do meridiano de 44°30’W e suldo paralelo de 20.º00’W, e os com sede a oeste do meridiano de 47°00’We sul do paralelo de 18°S00’S.

IX – Comando do 9.º Distrito Naval (Com9.ºDN), com sede em Manaus (AM):a) área fluvial e lacustre que abrange as bacias fluviais, lagos e lagoas na

área terrestre sob sua jurisdição;b) área terrestre que abrange os Estados do Acre, Amazonas, Rondônia e

Roraima.

A jurisdição dos Comandos de Distritos Navais, nas áreas marítimas, estende-seàs áreas oceânicas que, por acordos, tratados ou convenções internacionais, sejam daresponsabilidade do Brasil para quaisquer efeitos, bem como ao litoral marítimo,estreitos, canais, enseadas, portos e ilhas litorâneas de suas áreas terrestres.

5.4.4.2. Comando do Exército

Page 147: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

5.4.4.2.1. ConceitoO Comando do Exército é o órgão integrante da Estrutura Regimental do

Ministério da Defesa, subordinado diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, quetem por propósito preparar o Exército para o cumprimento da sua destinaçãoconstitucional e atribuições subsidiárias.

5.4.4.2.2. Competência

Ao Comando do Exército compete:

a) formular a política e a doutrina militares terrestres;b) propor a constituição, a organização e os efetivos, bem como aparelhar e

adestrar as forças terrestres;c) formular o planejamento estratégico e executar o emprego da Força Terrestre

na defesa do País;d) participar na defesa da fronteira marítima e na defesa aérea;e) participar no preparo e na execução da mobilização e desmobilização

nacionais;f) exercer as atividades estabelecidas nos arts. 23, 24 e 27 da Lei 10.826, de 22

de dezembro de 2003, Estatuto do Desarmamento, naquilo que lhe couber;g) contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam

respeito ao Poder Militar Terrestre;h) cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e,

excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviçosde engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante;

i) cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aosdelitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, naforma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução;

j) atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteiraterrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou emcoordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentreoutras, as ações de: 1) patrulhamento; 2) revista de pessoas, de veículosterrestres, de embarcações e de aeronaves; 3) prisões em flagrante delito.

Page 148: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

5.4.4.2.3. Estrutura organizacionalO Comando do Exército tem a seguinte estrutura organizacional:

I – órgão de direção geral: Estado-Maior do Exército;II – órgãos de assessoramento superior: a) Alto Comando do Exército; b)

Conselho Superior de Economia e Finanças;III – órgãos de assistência direta e imediata ao Comandante do Exército: a)

Gabinete do Comandante do Exército; b) Centro de Comunicação Social doExército; c) Centro de Inteligência do Exército; d) Secretaria-Geral doExército;

IV – órgãos de direção setorial:a) Departamento-Geral do Pessoal: 1. Chefia; 2. Diretoria de Serviço Militar;

3. Diretoria de Controle de Efetivos e Movimentações; 4. Diretoria deAvaliação e Promoções; 5. Diretoria de Civis, Inativos e Pensionistas; 6.Diretoria de Assistência ao Pessoal; 7. Diretoria de Saúde;

b) Departamento de Ensino e Pesquisa: 1. Chefia; 2. Diretoria de Formação eAperfeiçoamento; 3. Diretoria de Especialização e Extensão; 4. Diretoriade Ensino Preparatório e Assistencial; 5. Diretoria de Assuntos Culturais;6. Diretoria de Pesquisa e Estudos de Pessoal;

c) Departamento de Engenharia e Construção: 1. Chefia; 2. Diretoria deObras Militares; 3. Diretoria de Obras de Cooperação; 4. Diretoria dePatrimônio;

d) Departamento Logístico: 1. Chefia; 2. Diretoria de Transporte eMobilização; 3. Diretoria de Suprimento; 4. Diretoria de Manutenção; 5.Diretoria de Material de Comunicações, Eletrônica e Informática; 6.Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados; 7. Diretoria de Materialde Aviação do Exército;

e) Secretaria de Economia e Finanças: 1. Chefia; 2. Diretoria deContabilidade; 3. Diretoria de Auditoria; 4. Diretoria de GestãoOrçamentária; 5. Centro de Pagamento do Exército;

f) Departamento de Ciência e Tecnologia: 1. Chefia; 2. Diretoria do ServiçoGeográfico; 3. Diretoria de Fabricação; 4. Centro de Avaliações doExército; 5. Centro de Desenvolvimento de Sistemas; 6. Centro Integradode Telemática do Exército; 7. Centro Tecnológico do Exército; 8. InstitutoMilitar de Engenharia;

Page 149: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

g) Comando de Operações Terrestres;V – comandos militares de área;VI – organizações militares do Exército;VII – entidades vinculadas: a) Indústria de Material Bélico do Brasil; b) Fundação

Habitacional do Exército; c) Fundação Osório.

5.4.4.2.3.1. Comandos Militares de Área e Regiões MilitaresOs Comandos Militares de Área compõem a Força Terrestre. Suas respectivas

áreas de jurisdição são as seguintes:

I – Comando Militar da Amazônia – CMA – com sede na cidade de Manaus –AM e jurisdição sobre os territórios das 8.ª e 12.ª Regiões Militares;

II – Comando Militar do Nordeste – CMNE – com sede na cidade do Recife – PEe jurisdição sobre os territórios das 6.ª, 7.ª e 10.ª Regiões Militares;

III – Comando Militar do Oeste – CMO – com sede na cidade de Campo Grande– MS e jurisdição sobre o território da 9.ª Região Militar;

IV – Comando Militar do Planalto – CMP – com sede na cidade de Brasília – DFe jurisdição sobre o território da 11.ª Região Militar;

V – Comando Militar do Leste – CML – com sede na cidade do Rio de Janeiro –RJ e jurisdição sobre os territórios das 1.ª e 4.ª Regiões Militares;

VI – Comando Militar do Sudeste – CMSE – com sede na cidade de São Paulo –SP e jurisdição sobre o território da 2.ª Região Militar;

VII – Comando Militar do Sul – CMS – com sede na cidade de Porto Alegre –RS e jurisdição sobre os territórios das 3.ª e 5.ª Regiões Militares.

O Comando Militar do Oeste será exercido, cumulativamente, com o Comandoda 9.ª Divisão de Exército. Os Comandos Militares de Área estão subordinadosdiretamente ao Comandante do Exército.

As Regiões Militares, no Exército Brasileiro, estão assim divididas:

a) 1.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados do Rio de Janeiro e doEspírito Santo e sede do Comando na cidade do Rio de Janeiro/RJ;

b) 2.ª Região Militar, com jurisdição sobre o Estado de São Paulo e sede do

Page 150: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Comando na cidade de São Paulo/SP;c) 3.ª Região Militar, com jurisdição sobre o Estado do Rio Grande do Sul e

sede do Comando na cidade de Porto Alegre/RS;d) 4.ª Região Militar, com jurisdição sobre o Estado de Minas Gerais, exceto a

área do Triângulo Mineiro (a área limitada a Leste pelos Municípios deAraguari, Indianópolis, Nova Ponte e Uberaba, inclusive) e sede do Comandona cidade de Belo Horizonte/MG;

e) 5.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados do Paraná e de SantaCatarina e sede do Comando na cidade de Curitiba/PR;

f) 6.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados da Bahia e de Sergipe esede do Comando na cidade de Salvador/BA;

g) 7.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados do Rio Grande do Norte,da Paraíba, de Pernambuco e de Alagoas e sede do Comando na cidade doRecife/PE;

h) 8.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados do Pará e do Amapá, aárea do Estado do Tocantins limitada ao Sul pelos municípios deWanderlândia, Babaçulândia e Xambioá (estes inclusive) e as áreas dosMunicípios de Açailândia, João Lisboa, Imperatriz, Amarante do Maranhão,Montes Altos, Sítio Novo, Porto Franco, Estreito e Carolina, todos no Estadodo Maranhão, e sede do Comando na cidade de Belém/PA;

i) 9.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados do Mato Grosso do Sul edo Mato Grosso, e sede do Comando na cidade de Campo Grande/MS;

j) 10.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados do Ceará, do Piauí e doMaranhão (exceto a área sob jurisdição da 8.ª RM) e sede do Comando nacidade de Fortaleza/CE;

k) 11.ª Região Militar, com jurisdição sobre o Distrito Federal, os Estados deGoiás e do Tocantins (exceto a área sob jurisdição da 8.ª Região Militar) e aárea do Triângulo Mineiro, e sede do Comando na cidade de Brasília/DF;

l) 12.ª Região Militar, com jurisdição sobre os Estados do Amazonas, do Acre,de Roraima e de Rondônia e sede do Comando na cidade de Manaus/AM.

5.4.4.3. Comando da Aeronáutica

5.4.4.3.1. Conceito

Page 151: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O Comando da Aeronáutica é o órgão integrante da Estrutura Regimental doMinistério da Defesa, subordinado diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, quetem por finalidade preparar os órgãos operativos e de apoio da Aeronáutica para ocumprimento da sua destinação constitucional e das atribuições subsidiárias.

5.4.4.3.2. CompetênciaAo Comando da Aeronáutica compete:

a) formular a Política Militar Aeronáutica;b) propor a constituição, a organização e os efetivos, bem como aparelhar e

adestrar a Força Aérea Brasileira;c) formular o seu Planejamento Estratégico Militar;d) executar ações relativas à defesa do País, no campo aeroespacial;e) contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam

respeito à aviação, ao controle do espaço aéreo, às atividades espaciais, àinfraestrutura aeronáutica e à espacial e às atividades afins com a destinaçãoconstitucional da Aeronáutica, especialmente as relativas a recursos e aodesenvolvimento científico, tecnológico e industrial de interesse aeronáutico eespacial;

f) operar o Correio Aéreo Nacional;g) implementar e fiscalizar o cumprimento de leis, regulamentos e normas de

interesse aeronáutico, em coordenação com outros órgãos governamentais,quando for necessário, em razão de competências específicas da Aeronáutica;

h) cooperar na produção de bens ou na execução de obras e serviçosespecializados, quando a cooperação for de interesse do preparo daAeronáutica, na forma em que for acordada e mediante indenizaçãoobrigatória, no caso de firmada com entidades privadas;

i) cooperar, na sua área de atuação, com os órgãos governamentais responsáveispelo controle das atividades de aviação civil e da infraestrutura aeronáutica;

j) estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante concessão, ainfraestrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária de sua competência;

k) incentivar e realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento relacionadascom as atividades aeroespaciais;

l) contribuir para o fortalecimento da indústria aeroespacial e de defesa;

Page 152: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

m) prover a segurança da navegação aérea;n) exercer o controle do espaço aéreo brasileiro, observado o disposto no § 2.º

do art. 8.º da Lei 11.182, de 27 de setembro de 200556;o) cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão

aos delitos de repercussão nacional e internacional, quanto ao uso do espaçoaéreo e de áreas aeroportuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência,de comunicações e de instrução;

p) atuar, de maneira contínua e permanente, por meio das ações de controle doespaço aéreo brasileiro, contra todos os tipos de tráfego aéreo ilícito, comênfase nos envolvidos no tráfico de drogas, armas, munições e passageirosilegais, agindo em operação combinada com organismos de fiscalizaçãocompetentes, aos quais caberá a tarefa de agir após a aterragem das aeronavesenvolvidas em tráfego aéreo ilícito.

5.4.4.3.3. Estrutura organizacionalO Comando da Aeronáutica tem a seguinte estrutura organizacional:

I – órgão de direção-geral: Estado-Maior da Aeronáutica;II – órgãos de assessoramento superior:

a) Alto-Comando da Aeronáutica;b) Conselho Superior de Economia e Finanças da Aeronáutica;

III – órgãos de assistência direta e imediata ao Comandante da Aeronáutica:a) Gabinete do Comandante da Aeronáutica;b) Comissão de Promoções de Oficiais da Aeronáutica;c) Centro de Comunicação Social da Aeronáutica;d) Centro de Inteligência da Aeronáutica;e) Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica;f) Assessoria Parlamentar do Comandante da Aeronáutica;g) Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos;h) Assessoria de Segurança Operacional do Controle do Espaço Aéreo;

IV – órgãos de direção setorial:a) Comando-Geral de Apoio: 1. Centro Logístico da Aeronáutica; 2.

Page 153: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Diretoria de Engenharia da Aeronáutica; 3. Diretoria de MaterialAeronáutico e Bélico;

b) Comando-Geral de Operações Aéreas: 1. Comando de DefesaAeroespacial Brasileiro; 2. Comissão de Aeroportos da Região Amazônica;3. Primeira Força Aérea; 4. Segunda Força Aérea; 5. Terceira Força Aérea;6. Quarta Força Aérea; 7. Quinta Força Aérea; 8. Primeiro ComandoAéreo Regional; 9. Segundo Comando Aéreo Regional; 10. TerceiroComando Aéreo Regional; 11. Quarto Comando Aéreo Regional; 12.Quinto Comando Aéreo Regional; 13. Sexto Comando Aéreo Regional;14. Sétimo Comando Aéreo Regional;

c) Comando-Geral do Pessoal: 1. Diretoria de Administração do Pessoal; 2.Diretoria de Intendência; 3. Diretoria de Saúde;

d) Departamento de Aviação Civil57;e) Departamento de Controle do Espaço Aéreo: 1. Comissão de Implantação

do Sistema de Controle do Espaço Aéreo; 2. Comissão para Coordenaçãodo Projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia; 3. Centros Integradosde Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo;

f) Departamento de Ensino da Aeronáutica: 1. Academia da Força Aérea; 2.Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica; 3. Comissão deDesportos da Aeronáutica; 4. Escola de Especialistas de Aeronáutica; 5.Escola Preparatória de Cadetes do Ar; 6. Universidade da Força Aérea;

g) Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial: 1. ComissãoCoordenadora do Programa Aeronave de Combate; 2. Instituto deAeronáutica e Espaço;

h) Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica;V – organizações militares da Aeronáutica;VI – entidade vinculada: Caixa de Financiamento Imobiliário da Aeronáutica.

5.4.4.3.3.1. Comandos Aéreos RegionaisO espaço aéreo brasileiro é dividido em sete Zonas Aéreas, cada qual sob a

jurisdição de um Comando Aéreo Regional (COMAR). Os Comandos AéreosRegionais estão subordinados ao Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) epossuem jurisdição sobre os seguintes Estados:

Page 154: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) I COMAR – Pará, Maranhão e Amapá;b) II COMAR – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,

Sergipe, Bahia e Piauí;c) III COMAR – Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;d) IV COMAR – São Paulo e Mato Grosso do Sul;e) V COMAR – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;f) VI COMAR – Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Distrito Federal;g) VII COMAR – Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.

5.4.4.4. Comandantes de Força

5.4.4.4.1. Generalidades

Os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica sãoprivativos de oficiais-generais do último posto da respectiva Força, sendo-lhesassegurada a precedência hierárquica sobre os demais oficiais-generais das três ForçasArmadas58. Ao serem indicados para o cargo de Comandante de Força, os queestiverem na ativa, quando empossados, serão transferidos para a reserva remunerada.

Aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são asseguradostodos os direitos e prerrogativas do serviço ativo, inclusive a contagem de tempo deserviço, enquanto estiverem no exercício destes cargos. Por outro lado, sujeitam-seaos deveres decorrentes do serviço ativo59.

Os Comandantes Militares, no âmbito de suas respectivas Forças, devemapresentar ao Ministro da Defesa a lista de escolha, elaborada na forma da lei, para apromoção de militares aos postos de oficiais-generais e indicar os oficiais-generaispara a nomeação aos cargos que lhes forem privativos. O citado Ministro apresentaráos nomes ao Presidente da República, a quem compete promover os oficiais-generaise nomeá-los para os cargos que lhes são privativos60.

Os Comandantes de Força, nas infrações penais comuns e nos crimes deresponsabilidade, ressalvado o disposto no art. 52, I, da CF/198861, serão processadose julgados pelo Supremo Tribunal Federal62. Os habeas data, habeas corpus emandados de segurança impetrados contra ato destas autoridades militares serãoprocessados e julgados pelo Superior Tribunal de Justiça63.

Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são membros natosdo Conselho de Defesa Nacional, órgão de consulta do Presidente da República nos

Page 155: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, edo Conselho Militar de Defesa64, órgão de assessoramento do Presidente no queconcerne ao emprego de meios militares.

5.4.4.4.2. Competência

5.4.4.4.2.1. Considerações iniciaisO Presidente da República, no uso de suas atribuições65, estabeleceu as estruturas

regimentais dos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, conferindo aoMinistro da Defesa e aos Comandantes Militares funções específicas66, delimitando, deforma clara e precisa, o âmbito de competência de cada um.

Ao Ministro de Estado foram concedidas atribuições administrativas eoperacionais de interesse geral, isto é, comuns às três Forças, permitindo-lhe, assim, opleno exercício da direção superior da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. AosComandantes de Força foram conferidas competências de interesse específico de cadaArma, subsidiárias às outorgadas ao Ministro de Estado. Com isso, o Chefe Supremoimpôs, no âmbito da Administração Militar, uma relação de coordenação esubordinação entre o Ministro da Defesa e os Comandantes Militares, evidenciando,deste modo, a sujeição hierárquico-disciplinar destes àquele. É, portanto, defeso aosComandantes de Força exercer as atribuições conferidas ao Ministro da Defesa – oque, aliás, já determina, expressamente, o art. 19 da LC 97/1999 –, sob pena denulidade do ato administrativo praticado, por vício quanto à competência, e de práticade infração ao dever militar67 e à ética militar68, o que poderá constituir crime militarou transgressão disciplinar, nos termos do art. 42 da Lei 6.880/1980.

Por força do Decreto 2.790/1998, o Presidente da República delegou aosComandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica competência para a ediçãodos seguintes atos referentes a oficiais e praças de suas respectivas Forças:

a) transferência para reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários esubalternos;

b) reforma de oficiais da ativa e da reserva, inclusive a de oficial-general daativa, após este ser exonerado ou dispensado do cargo ou comissão peloPresidente da República;

c) demissão a pedido, ex offício e por sentença passada em julgado de oficiaissuperiores, intermediários e subalternos;

Page 156: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

d) promoção aos postos de oficiais superiores;e) promoção post mortem de oficiais superiores, intermediários e subalternos;f) agregação ou reversão de militares;g) designação e dispensa de militares para missão de caráter eventual ou

transitória no exterior;h) nomeação e exoneração de militares, exceto oficiais-generais, para cargos e

comissões no exterior, criados em ato do Presidente da República;i) nomeação e exoneração de membros efetivos e suplentes das respectivas

Comissões de Promoção de Oficiais;j) nomeação ao primeiro posto de oficiais dos diversos corpos, quadros, armas

e serviços;k) nomeação de capelães militares;l) melhoria ou retificação de remuneração de militares na inatividade, inclusive

diárias de asilado, quando o ato inicial não tiver sido regulado por decreto;m) concessão de condecorações destinadas a recompensar bons serviços

militares, a contribuição ao esforço nacional de guerra, a reconhecer serviçosprestados às Forças Armadas, a reconhecer a dedicação à profissão e ointeresse pelo seu aprimoramento e premiar a aplicação aos estudos militaresou à instrução militar, conforme classificação contida no Decreto 40.556, de17 de dezembro de 1956;

n) pensão a beneficiários de oficiais, de conformidade com o disposto noDecreto 79.917, de 8 de julho de 1977;

o) execução do disposto do art. 8.º e seus parágrafos do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias69;

p) baixar atos regulamentares sobre organização, condições de ingresso,permanência, exclusão e transferência de corpos, quadros, armas, serviços ecategorias de oficiais superiores, intermediários e subalternos, no âmbito dosrespectivos Ministérios.

Por fim, há de se ressaltar que, até que se proceda à revisão dos atos normativospertinentes, as referências legais a Ministério ou a Ministro de Estado da Marinha, doExército e da Aeronáutica passam a ser entendidas como a Comando ou aComandante dessa Força, desde que não colidam com atribuições do Ministério ouMinistro de Estado da Defesa.

Page 157: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

5.4.4.4.2.2. Comandante da MarinhaAo Comandante da Marinha, além das atribuições previstas na legislação em

vigor e consoante diretrizes do Ministro de Estado da Defesa, incumbe:

I – exercer o comando, a direção e a gestão da Marinha;II – orientar a elaboração e supervisionar a execução dos programas setoriais da

Marinha;III – zelar pela aptidão da Força no cumprimento da sua missão constitucional e

das suas atribuições subsidiárias;IV – propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado da

Defesa, dentro dos limites da Lei:a) criação, ativação, reativação, desativação, extinção, propósito,

organização, denominação, localização, subordinação e transformação dosórgãos de direção geral, de direção setorial e de assistência direta eimediata ao Comandante da Marinha, bem como das Forças Navais,Aeronavais e de Fuzileiros Navais, comandadas por Almirantes;

b) estabelecimento das áreas marítimas, fluviais, lacustres e terrestres dejurisdição dos Comandos de Distritos Navais;

c) designação de oficial-general da reserva remunerada para o serviço ativo;V – dispor sobre a criação, ativação, reativação, desativação, extinção, propósito,

organização, denominação, localização, área de jurisdição, subordinação etransformação das organizações da Marinha, respeitados o efetivo fixado emlei, a dotação orçamentária alocada ao Comando da Marinha e ascompetências estabelecidas no inciso IV;

VI – baixar atos relacionados à gestão do pessoal militar e civil do Comando daMarinha, além daqueles previstos na legislação em vigor, referentes a:

a) indicação de oficiais-generais para cargos e comissões permanentes noexterior;

b) designação de militar da reserva remunerada, exceto oficial-general, parao serviço ativo;

c) transferência para a reserva remunerada de praças;d) estabelecimento das normas referentes à prestação de tarefa por tempo

certo por militares da reserva remunerada ou reformados;e) reinclusão de militares;

Page 158: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

f) autorização de viagem de pessoal e organizações militares do Comando daMarinha ao exterior quando os propósitos forem de adestramento,intercâmbio, conclave, simpósios, conferência, pesquisa científica,representação, ação de presença, cooperação ou estreitamento de laços deamizade com países amigos;

g) formulação, aprovação, implementação de programas de capacitação equalificação de pessoal no exterior;

h) autorização de participação de pessoal civil em órgãos colegiados ougrupos de trabalho fora do âmbito do Comando da Marinha, bem comoem conferências, congressos, treinamento ou outros eventos similares;

VII – julgar, em última instância, recursos administrativos e disciplinaresrelacionados com o pessoal militar da Força;

VIII – autorizar a prorrogação do prazo para término de inquérito policial militar,na condição excepcional prevista no § 2.º do art. 20 do Decreto-Lei 1.002, de21 de outubro de 1969;

IX – regulamentar os assuntos relativos ao serviço militar, no âmbito doComando da Marinha, exceto os de competência do Ministro de Estado daDefesa;

X – baixar atos normativos referentes à concessão de porte de armas, no âmbitodo Comando da Marinha, observada a legislação vigente;

XI – aprovar os regulamentos das organizações militares, entidades e órgãosvinculados;

XII – baixar atos relativos à mobilização, no âmbito do Comando da Marinha,exceto as de competência do Ministro de Estado da Defesa;

XIII – definir e classificar, no âmbito do Comando da Marinha, material deemprego militar;

XIV – formular a legislação específica e aprovar as normas próprias doComando da Marinha;

XV – estabelecer, no âmbito do Comando da Marinha, a rescisão contratualquando do interesse público e aplicar a pena de declaração de inidoneidade;

XVI – estabelecer normas relativas aos procedimentos operacionais referentes àexecução de certames licitatórios e à celebração de acordos e atosadministrativos, bem como autorizar sua realização, no âmbito do Comandoda Marinha, observada a legislação vigente;

Page 159: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

XVII – autorizar a aquisição de equipamentos fabricados e entregues no exterior,para a qual os recursos tenham sido aprovados e alocados ao Comando daMarinha;

XVIII – estabelecer condições operacionais para o credenciamento de entidadesconsignatárias, no âmbito do Comando da Marinha, no que se refere aosistema de pagamento do pessoal da Marinha;

XIX – manifestar-se sobre as Tomadas de Contas Anuais das Unidades Gestorasdo Comando da Marinha;

XX – celebrar e rescindir convênios, termos aditivos, ajustes, contratos, acordose outros instrumentos de mútua cooperação, observadas as competênciasprevistas na Lei Complementar 97, de 1999;

XXI – negociar contratos referentes a operações de crédito, na forma dalegislação em vigor;

XXII – designar um Almirante de Esquadra, do Corpo da Armada, para exercer,interinamente, o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada, noimpedimento eventual do titular;

XXIII – exercer as atribuições de Autoridade Marítima;XXIV – baixar atos normativos para cobranças de serviços de salvamento

marítimo e reboque contratado.

O Comandante da Marinha poderá, ainda, delegar, admitida a subdelegação,competência para a prática de atos administrativos, na forma da legislação em vigor.

5.4.4.4.2.3. Comandante do Exército

Ao Comandante do Exército, além das atribuições previstas na legislação emvigor e consoante diretrizes do Ministro de Estado da Defesa, incumbe:

I – exercer o comando, a direção e a gestão do Exército;II – orientar a elaboração e supervisionar a execução dos programas setoriais do

Exército;III – zelar pela aptidão da Força no cumprimento de sua missão constitucional e

das suas atribuições subsidiárias;IV – propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado da

Defesa, dentro dos limites da lei:

Page 160: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) criação, ativação, reativação, desativação, extinção, organização,denominação, localização, subordinação, transformação, funcionamento,fixação ou alteração de numeração, natureza, composição, sede decomando e área de jurisdição das organizações militares do Exército, cujocomando, chefia ou direção sejam privativos de oficial-general;

b) estabelecimento das áreas de jurisdição dos comandos militares de área edas regiões militares; c) designação de oficial-general da reservaremunerada para o serviço ativo;

V – dispor sobre a criação, ativação, reativação, desativação, extinção,transferência, numeração, denominação, localização, transformação,organização, natureza, área de jurisdição, subordinação e o funcionamentodas organizações militares do Exército, cujo comando, chefia ou direção nãoseja privativa de oficial-general, respeitados o efetivo fixado em lei e adotação orçamentária alocada ao Comando do Exército;

VI – baixar atos relacionados à gestão do pessoal militar e civil do Comando doExército, além daqueles previstos na legislação em vigor, referentes a:

a) indicação de oficiais-generais para cargos e comissões permanentes noexterior;

b) designação de militar da reserva remunerada, exceto oficial-general, parao serviço ativo;

c) transferência de praças para a reserva remunerada;d) estabelecimento de normas referentes à prestação de tarefa por tempo

certo por militares da reserva remunerada ou reformados;e) reinclusão de militares;f) declaração de aspirante a oficial;g) nomeação e designação de militares para cargos de comando, chefia e

direção, oficiais de seu gabinete, comissões fora da Força e demaismovimentações, exceto nos casos que forem de competência doPresidente da República;

h) regulamentação de qualificações militares de praças;i) autorização da viagem de pessoal e organizações do Comando do Exército

ao exterior, quando os propósitos forem de adestramento, intercâmbio,conclave, participação em simpósios e conferências, pesquisa científica,representação, ação de presença, cooperação ou estreitamento de laços deamizade com países amigos;

Page 161: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

j) formulação, aprovação e implementação dos programas de capacitação equalificação de pessoal no exterior;

l) autorização de participação de pessoal civil em órgãos colegiados ougrupos de trabalho fora do âmbito do Comando do Exército, bem comoem conferências, congressos, treinamento ou outros eventos similares;

VII – julgar, em última instância, os recursos disciplinares e administrativosrelacionados com o pessoal militar da Força;

VIII – autorizar a prorrogação do prazo para término de inquérito policial militar,na condição excepcional prevista no § 2.º do art. 20 do Decreto-Lei 1.002, de21 de outubro de 1969, que dispõe sobre o Código de Processo Penal Militar;

IX – regulamentar os assuntos relativos ao Serviço Militar no âmbito doComando do Exército, exceto os de competência do Ministro de Estado daDefesa;

X – baixar atos normativos referentes à concessão de porte de armas no âmbitodo Comando do Exército, observada a legislação vigente;

XI – aprovar os regulamentos das organizações militares do Comando doExército;

XII – baixar atos relativos à mobilização, no âmbito do Comando do Exército,exceto os de competência do Ministro de Estado da Defesa;

XIII – definir e classificar, no âmbito do Comando do Exército, material deemprego militar;

XIV – formular a legislação específica e aprovar as normas próprias doComando do Exército;

XV – estabelecer, no âmbito do Comando do Exército, a rescisão contratual,quando do interesse público, e aplicar a pena de declaração de inidoneidade;

XVI – estabelecer normas relativas aos procedimentos operacionais referentes àexecução de certames licitatórios e à celebração de acordos e atosadministrativos, bem como autorizar sua realização, no âmbito do Comandodo Exército, observada a legislação vigente;

XVII – autorizar a aquisição de equipamentos fabricados e entregues no exterior,para a qual os recursos tenham sido aprovados e alocados ao Comando doExército;

XVIII – estabelecer condições operacionais para o credenciamento de entidadesconsignatárias, no âmbito do Comando do Exército, no que se refere ao

Page 162: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sistema de pagamento do pessoal do Exército;XIX – manifestar-se sobre as tomadas de contas anuais das unidades gestoras do

Comando do Exército;XX – celebrar e rescindir convênios, termos aditivos, ajustes, contratos, acordos

e outros instrumentos de mútua cooperação, observadas as competênciasprevistas na Lei Complementar 97, de 9 de junho de 1999;

XXI – negociar contratos referentes a operações de crédito, na forma dalegislação em vigor;

XXII – conceder e cassar autonomia administrativa das organizações militares;XXIII – supervisionar a execução da Política Militar Terrestre;XXIV – autorizar a realização de cursos e estágios no Comando do Exército para

outras organizações militares ou civis, nacionais ou estrangeiras;XXV – ratificar dispensas de licitação;XXVI – controlar as polícias militares e os corpos de bombeiros militares nos

aspectos relativos ao material bélico, incluída a autorização para adquirirarmas e munições e acompanhar sua organização e efetivos, na forma dalegislação em vigor.

O Comandante do Exército poderá, ainda, delegar, admitida a subdelegação,competência para a prática de atos administrativos, na forma da legislação em vigor.

5.4.4.4.2.4. Comandante da Aeronáutica

Ao Comandante da Aeronáutica, além das atribuições previstas na legislação emvigor e consoante diretrizes do Ministro de Estado da Defesa, incumbe:

I – exercer o comando, a direção e a gestão da Aeronáutica;II – orientar a elaboração e supervisionar a execução dos programas setoriais da

Aeronáutica;III – zelar pela aptidão da Força para o cumprimento de sua missão

constitucional e de suas atribuições subsidiárias;IV – propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado da

Defesa, dentro dos limites da lei:a) a criação, ativação, desativação ou reativação, extinção, organização,

Page 163: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

denominação, localização, subordinação, transferência, transformação,funcionamento, sede de comando e área de jurisdição das organizaçõesmilitares da Aeronáutica, cujo comando, chefia ou direção seja privativade oficial-general;

b) a designação de oficial-general da reserva remunerada para o serviçoativo.

V – dispor sobre a criação, ativação, desativação ou reativação, extinção,organização, denominação, localização, subordinação, transferência,transformação, funcionamento, sede de comando e área de jurisdição dasorganizações militares da Aeronáutica, cujo comando, chefia ou direção nãoseja privativa de oficial-general, respeitados o efetivo fixado em lei e adotação orçamentária alocada ao Comando da Aeronáutica;

VI – baixar atos relacionados à gestão do pessoal militar e civil da Aeronáutica,além daqueles previstos na legislação em vigor e de acordo com asorientações do Ministro de Estado da Defesa, referentes a:

a) indicação de oficiais-generais para cargos e comissões permanentes noexterior;

b) designação de militar da reserva remunerada, exceto oficial-general, parao serviço ativo;

c) transferência para a reserva remunerada de militares, exceto oficiais-generais;

d) estabelecimento de normas referentes à prestação de tarefa por tempocerto por militares da reserva remunerada ou reformados;

e) reinclusão de militares;f) declaração de aspirante a oficial;g) nomeação e designação de militares para cargos de comando, chefia e

direção, de oficiais de seu gabinete, para órgãos colegiados ou comissõesfora da Força e demais movimentações, no âmbito de sua competência;

h) autorização de viagem de pessoal e organizações militares do Comandoda Aeronáutica ao exterior quando os propósitos forem de adestramento,intercâmbio, conclave, simpósios, conferência, pesquisa científica,representação, ação de presença, cooperação ou estreitamento de laços deamizade com países amigos;

i) formulação, aprovação, implementação de programas de capacitação equalificação de pessoal no exterior;

Page 164: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

j) autorização de participação de pessoal civil em órgãos colegiados ougrupos de trabalho fora do âmbito do Comando da Aeronáutica, bemcomo em conferências, congressos, treinamento ou outros eventossimilares;

VII – julgar, em última instância, recursos administrativos e disciplinaresrelacionados com o pessoal militar da Força;

VIII – autorizar a prorrogação do prazo para término de inquérito policial militar,na condição excepcional prevista no § 2.º do art. 20 do Decreto-Lei 1.002, de21 de outubro de 1969;

IX – regulamentar os assuntos relativos ao Serviço Militar no âmbito doComando da Aeronáutica, exceto os de competência do Ministro de Estado daDefesa;

X – baixar atos normativos referentes à concessão de porte de armas no âmbitodo Comando da Aeronáutica, observada a legislação vigente;

XI – aprovar regulamentos do Comando da Aeronáutica;XII – baixar atos relativos à mobilização, no âmbito da Força, exceto os de

competência do Ministro de Estado da Defesa;XIII – definir e classificar, no âmbito do Comando da Aeronáutica, material de

emprego militar;XIV – formular a legislação específica e aprovar normas próprias do Comando

da Aeronáutica;XV – estabelecer, no âmbito do Comando da Aeronáutica, a rescisão contratual,

na hipótese do interesse público;XVI – estabelecer normas referentes à realização de certames licitatórios e à

declaração de acordos e atos administrativos e não administrativos, bemcomo autorizar sua realização no âmbito do Comando da Aeronáutica;

XVII – autorizar a aquisição de equipamentos fabricados e entregues no exterior,para a qual os recursos financeiros tenham sido aprovados e alocados aoComando da Aeronáutica;

XVIII – estabelecer condições para o credenciamento de entidadesconsignatárias, no âmbito do Comando da Aeronáutica;

XIX – manifestar-se sobre as tomadas de contas anuais das unidades gestoras doComando da Aeronáutica;

XX – celebrar e rescindir, como representante do Ministério da Defesa nos

Page 165: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

assuntos afetos ao Comando da Aeronáutica, convênios, termos aditivos e deajuste, contratos, acordos e outros instrumentos de mútua cooperação;

XXI – negociar contratos referentes a operações de crédito, na forma dalegislação em vigor;

XXII – designar um tenente-brigadeiro, do corpo de oficiais da ativa daAeronáutica, para exercer, interinamente, o cargo de Chefe do Estado-Maiorda Aeronáutica, no impedimento eventual do titular;

XXIII – exercer as atribuições de Autoridade Aeronáutica;XXIV – propor ao Ministro de Estado da Defesa a fixação de valores das tarifas

de uso das telecomunicações Aeronáuticas e dos auxílios à navegação aéreaem todo o território nacional;

XXV – fixar os valores da tarifa de uso das comunicações e dos auxílios ànavegação aérea e da tarifa de uso das comunicações e dos auxílios-rádio evisuais em área terminal de tráfego aéreo em todo o território nacional;

XXVI – aprovar os Planos Básicos de: Zona de Proteção de Aeródromos,Zoneamento de Ruído, Zona de Proteção de Helipontos e Zona de Proteçãode Auxílios à Navegação Aérea e o Plano Específico de Zona de Proteção deAeródromos;

XXVII – estabelecer o regime jurídico das tarifas de uso das comunicações e dosauxílios à navegação aérea em rota.

O Comandante da Aeronáutica poderá, ainda, delegar, admitida a subdelegação,competência para a prática de atos administrativos, na forma da legislação em vigor.

5.4.5. Autarquias e fundação habitacionais

A Caixa de Construções de Casas para o Pessoal do Ministério da Marinha, aFundação Habitacional do Exército e a Caixa de Financiamento Imobiliário daAeronáutica, vinculadas ao Ministério da Defesa por meio dos Comandos da Marinha,do Exército e da Aeronáutica, respectivamente, destinam-se a atividadesabsolutamente estranhas à missão constitucional das Forças Armadas e às atribuiçõessubsidiárias a elas impostas.

5.4.5.1. Caixa de Construções de Casas para o Pessoal do Ministério da Marinha(CCCPMM)

Page 166: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A Caixa de Construções de Casas para o Pessoal do Ministério da Marinha(CCCPMM), autarquia federal, criada pela Lei 188, de 15 de janeiro de 193670, dotadade autonomia administrativa, operacional, jurídica e financeira, tem sede e foro nacidade do Rio de Janeiro e jurisdição em todo território nacional. Integra o SistemaFinanceiro da Habitação (SFH), no tocante às atividades imobiliárias especificamenteligadas ao referido sistema.

A CCCPMM destina-se a facilitar a aquisição de moradia própria ao pessoal doMinistério da Marinha. São beneficiários os militares de carreira e os servidores civisdo quadro e tabela permanentes do Comando da Marinha e dos órgãos vinculados,mantendo esta condição durante a inatividade.

A Diretoria da CCCPM é composta por um Presidente, indicado peloComandante da Marinha e nomeado pelo Presidente da República, e de um DiretorExecutivo, nomeado pelo Comandante da Marinha. Os militares em exercício deatividades na CCCPMM serão agregados e considerados, para todos os efeitos, comoem serviço ativo, nos termos do art. 81, I, da Lei 6.880/198071.

A CCCPM é representada, judicialmente, pela Procuradoria-Geral Federal, nostermos da Portaria AGU 530, de 13 de julho de 2007, publicada no DOU de16/07/2007, com anexo constante na Portaria 334, de 31 de março de 2009 (VI, letra c,n. 16), que regulamenta a representação judicial das autarquias e fundações públicasfederais pelos órgãos de execução da Procuradoria-Geral Federal.

5.4.5.2. Fundação habitacional do Exército

A Fundação Habitacional do Exército – FHE, criada pela Lei 6.855, de 18 denovembro de 1980, é pessoa jurídica de direito privado com finalidade social, sede eforo em Brasília/DF. Integra o Sistema Financeiro da Habitação – SFH, tendo porobjetivo gerir a Associação de Poupança e Empréstimo – POUPEx72.

O oficial da ativa, a praça da ativa com permanência assegurada e os inativos,quando associados da POUPEx, são os beneficiários do sistema de poupança sob asupervisão da Fundação Habitacional do Exército – FHE. Os demais associados,admitidos em caráter excepcional, são regidos exclusivamente pelas normas doSistema Financeiro da Habitação, ressalvados os casos de atendimento a programashabitacionais de interesse governamental, nos termos do Estatuto da FundaçãoHabitacional do Exército – FHE.

A contratação de empregados pela Fundação Habitacional do Exército – FHE seráfeita por concurso público, exceto para as funções de confiança. O pessoal da FHE éregido pela legislação trabalhista. Poderá ser colocado à disposição da citada fundação

Page 167: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

servidor do Comando do Exército ou de entidade a ele vinculada, sendo-lheassegurados o vencimento, o salário e a remuneração do cargo e função, bem comotodas as vantagens e direitos a que faça jus, como se estivesse no órgão de origem.Nestes casos, o período que o funcionário ou empregado permanecer a serviço daFundação Habitacional do Exército será considerado, para todos os efeitos da vidafuncional, como de efetivo exercício do cargo ou emprego que ocupa no órgão ouentidade de origem.

De acordo com a Súmula 324 do STJ, compete à Justiça Federal processar ejulgar ações de que participa a Fundação Habitacional do Exército, equiparada àentidade autárquica federal, supervisionada pelo Ministério do Exército73. No entanto,as demandas trabalhistas, envolvendo a referida fundação e os empregados regidospela Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, serão processadas e julgadas pelaJustiça do Trabalho. A FHE é representada, judicialmente, pela Procuradoria-GeralFederal, nos termos da Portaria AGU 530, de 13 de julho de 2007, publicada no DOUde 16/07/2007, com anexo constante na Portaria 334, de 31 de março de 2009 (VI, letrad, n. 17). Os bens e direitos da FHE não respondem pelas obrigações da POUPEx.

As ações em que a Associação de Poupança e Empréstimo figure como parteserão processadas e julgadas pela Justiça Comum Estadual, vez que a POUPEX épessoa jurídica de direito privado, com independência patrimonial, possuindo,inclusive, personalidade jurídica distinta da FHE74.

5.4.5.3. Caixa de Financiamento Imobiliário da Aeronáutica

A Caixa de Financiamento Imobiliário da Aeronáutica (CFIAe), autarquia deregime especial, criada pela Lei 6.715, de 12 de dezembro de 1979, dotada deautonomia administrativa e financeira, tem sua sede na cidade do Rio de Janeiro.

A CFIAe integra o Sistema Financeiro da Habitação – SFH, tendo por objetivo:

a) produzir unidades habitacionais para venda a seus beneficiários;b) proporcionar a seus beneficiários recursos para aquisição de unidades

habitacionais em construção ou concluídas, observados os prazos de “habite-se” estabelecidos pelo Sistema Financeiro de Habitação;

c) proporcionar a seus beneficiários recursos para a construção de unidadeshabitacionais em terrenos de suas propriedades;

d) proporcionar a seus beneficiários recursos para ampliação ou reforma desuas unidades habitacionais;

Page 168: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

e) proporcionar a seus beneficiários os recursos necessários à aquisição deterrenos e à simultânea construção de unidades habitacionais;

f) produzir unidades habitacionais para uso oficial do Ministério daAeronáutica, com recursos financeiros de programas do Sistema Financeiroda habitação.

A Caixa de Financiamento Imobiliário da Aeronáutica é administrada por umpresidente e dois diretores, nomeados pelo Presidente da República. Seu quadro depessoal é regido pela legislação trabalhista, sendo o acesso ao mesmo feito medianteaprovação em concurso público.

Poderão ser colocados à disposição da CFIAe servidores do Comando daAeronáutica e de entidades da administração indireta a ele vinculadas. A estesfuncionários serão assegurados o vencimento, o salário e a remuneração do cargo efunção, bem como todas as vantagens e direitos a que fazem jus no órgão de origem.Continuarão a contribuir para instituição de previdência a que forem filiados, sem quehaja interrupção na contagem de tempo de serviço no órgão ou entidade de origem,para todos os efeitos da legislação trabalhista, previdenciária e normas internas. Operíodo em que os aludidos funcionários permanecerem a serviço da CFIAe seráconsiderado, para todos os efeitos da vida funcional, como de efetivo exercício docargo ou emprego que ocupam no órgão ou entidade de origem.

A CFIAe é representada, judicialmente, pela Procuradoria-Geral Federal, nostermos da Portaria AGU 530, de 13 de julho de 2007, publicada no DOU de16/07/2007, com anexo constante na Portaria 334, de 31 de março de 2009 (VI, letra c,n. 16).

5.5. RESUMO DA MATÉRIA

Forças Armadas

Definição constitucional

As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, são instituiçõesnacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob aautoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantiados poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Atribuições subsidiárias

Page 169: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A LC 97/1999 conferiu, ainda, às Forças Armadas atribuições subsidiárias gerais eparticulares.

Normas gerais de organização, preparo e emprego das Forças Armadas

Organização

Na estrutura hierarquizada das Forças Armadas, o Presidente da República ocupa oprimeiro escalão, exercendo o Comando Supremo. No segundo escalão, encontram-se oMinistro da Defesa, que exerce a direção superior das tropas federais, assessorado peloConselho Militar de Defesa, pelo Estado-Maior de Defesa, pelas Secretarias e demaisórgãos definidos em lei. Em posição hierárquica inferior, estão os Comandantes da Marinha,do Exército e da Aeronáutica, que, no âmbito de suas atribuições, exercem a direção e agestão da respectiva Força.

Orçamento

O orçamento do Ministério da Defesa contemplará as prioridades da política de defesanacional, explicitadas na lei de diretrizes orçamentárias.

Emprego

O emprego das Forças Armadas é de responsabilidade do Presidente da República,competindo-lhe a decisão, por iniciativa própria ou em atendimento ao pedido de quaisquerdos poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal,do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.

Ministério da Defesa

Com a criação do Ministério da Defesa, os Ministérios da Marinha, do Exército e daAeronáutica foram transformados em Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.O Ministro será escolhido dentre os brasileiros maiores de vinte e um anos que estejam nopleno exercício dos direitos políticos. O cargo de Ministro da Defesa é privativo debrasileiro nato. Compete ao Ministro da Defesa exercer a direção superior das ForçasArmadas, que a ele estão subordinadas.

Comando da Marinha

O Comando da Marinha é o órgão integrante da Estrutura Regimental do Ministério daDefesa, subordinado diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, que tem por propósitopreparar a Marinha para o cumprimento da sua destinação constitucional e atribuiçõessubsidiárias.

Comando do Exército

Page 170: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O Comando do Exército é o órgão integrante da Estrutura Regimental do Ministério daDefesa, subordinado diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, que tem por propósitopreparar o Exército para o cumprimento da sua destinação constitucional e atribuiçõessubsidiárias.

Comando da Aeronáutica

O Comando da Aeronáutica é o órgão integrante da Estrutura Regimental do Ministério daDefesa, subordinado diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, que tem por finalidadepreparar os órgãos operativos e de apoio da Aeronáutica para o cumprimento da suadestinação constitucional e das atribuições subsidiárias.

Comandantes de Força

Os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são privativos deoficiais-generais do último posto da respectiva Força, sendo-lhes assegurada a precedênciahierárquica sobre os demais oficiais-generais das três Forças Armadas. Ao serem indicadospara o cargo de Comandante de Força, os que estiverem na ativa serão transferidos para areserva remunerada quando empossados.

Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica exercem o comandooperacional de suas Forças. A eles compete o preparo de seus órgãos operativos e de apoio,obedecidas as políticas estabelecidas pelo Ministro da Defesa.

Autarquias e fundação habitacionais

Caixa de Construções de Casas para o Pessoal do Ministério da Marinha(CCCPMM)

A Caixa de Construções de Casas para o Pessoal do Ministério da Marinha (CCCPMM),autarquia federal, criada pela Lei 188, de 15 de janeiro de 1936, dotada de autonomiaadministrativa, operacional, jurídica e financeira, tem sede e foro na cidade do Rio deJaneiro e jurisdição em todo território nacional. Integra o Sistema Financeiro da Habitação(SFH), no tocante às atividades imobiliárias especificamente ligadas ao referido sistema.

Fundação habitacional do Exército

A Fundação Habitacional do Exército – FHE, criada pela Lei 6.855, de 18 de novembrode 1980, é pessoa jurídica de direito privado com finalidade social, sede e foro emBrasília/DF. Integra o Sistema Financeiro da Habitação – SFH, tendo por objetivo gerir aAssociação de Poupança e Empréstimo – POUPEx.

Caixa de Financiamento Imobiliário da Aeronáutica

A Caixa de Financiamento Imobiliário da Aeronáutica (CFIAe), autarquia de regimeespecial, criada pela Lei 6.715, de 12 de dezembro de 1979, dotada de autonomia

Page 171: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

administrativa e financeira, tem sua sede na cidade do Rio de Janeiro.

5.6. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Comando da Aeronáutica – EAOT 2003) – Assinale a alternativa quecompleta, correta e respectivamente, as lacunas abaixo:As forças armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são

instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na___________ e na ___________, sob a autoridade suprema do ___________, edestinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativade qualquer destes, da lei e da ordem.

a) educação / obediência / Presidente da Repúblicab) hierarquia / disciplina / Presidente da Repúblicac) hierarquia / disciplina / Ministro da Defesad) educação / obediência / Ministro da Defesa

2. (Comando da Aeronáutica – EAOT 2008, Adaptada)- A Constituiçãobrasileira de 1988 estabelece que as Forças Armadas são instituiçõespermanentes e regulares que se destinam à defesa da Pátria, àgarantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquerdestes, da lei e da ordem. Assim é incorreto afirmar que:a) as Forças Armadas não poderão ser dissolvidas, salvo por decisão de uma

Assembleia Nacional Constituinte.b) as Forças Armadas foram declaradas na Constituição de 1824, como instituições

nacionais permanentes.c) o serviço militar é obrigatório nos termos da lei.

3. (Comando do Exército – Admissão 2006 AO QCO/QC 2007) – Emlinhas gerais, a fixação e a modificação do efetivo das ForçasArmadas no Brasil obedece, basicamente, ao seguinte procedimento:a) iniciativa de membro da Câmara dos Deputados; votação na Câmara dos Deputados;

votação no Senado Federal; sanção do Presidente da República.b) iniciativa de membro do Senado Federal; votação na Câmara dos Deputados; votação

no Senado Federal; sanção do Presidente da República.

Page 172: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) iniciativa do Presidente da República; votação no Senado Federal; votação na Câmarados Deputados.

d) iniciativa de membro do Senado Federal; votação no Senado Federal; votação naCâmara dos Deputados; sanção do Presidente da República.

e) iniciativa do Presidente da República; votação na Câmara dos Deputados; votação noSenado Federal; sanção do Presidente da República.

4. (STM – Juiz-Auditor 1996) – Os Distritos Navais são Organizações daMarinha do Brasil. O 5.º Distrito Naval (5.º DN) tem jurisdição sobre asOrganizações Militares da Marinha nos seguintes Estados:a) São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.b) Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.c) São Paulo e Paraná.d) Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

5. (STM – Juiz-Auditor 1996) – O Comando Militar do Oeste (CMO) é umdos Comandos Militares de Área do Exército Brasileiro, comjurisdição sobre Organizações do Exército nos seguintes Estados:a) Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.b) Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.c) Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia.d) Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

6. (STM – Juiz-Auditor 1996) – Os Comandos Aéreos Regionais sãoOrganizações da Aeronáutica com jurisdição sobre OrganizaçõesMilitares em diferentes Estados. Os Estados de Goiás e Mato Grosso eo Distrito Federal estão localizados na jurisdição do:a) I Comando Aéreo Regional (COMAR I).b) III Comando Aéreo Regional (COMAR III).c) V Comando Aéreo Regional (COMAR V).d) VI Comando Aéreo Regional (COMAR VI).

7. (Comando da Aeronáutica – EAOT 2002) – Os mandados desegurança e os habeas data contra ato dos Comandantes da Marinha,

Page 173: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

do Exército e da Aeronáutica são processados e julgados,originalmente, pelo/pelaa) Supremo Tribunal Federal.b) Superior Tribunal de Justiça.c) Justiça Federal.d) Tribunal Regional Federal.

8. De acordo com o art. 142 da CF/1988 e a LC 97/1999, a autoridadesuprema no âmbito das Forças Armadas é exercida:a) pelo Ministro de Estado da Defesa, a quem compete a direção superior das Forças

Armadas.b) pelo Ministro de Estado da Defesa, a quem as Forças Armadas estão subordinadas.c) pelo Ministro de Estado da Defesa, a quem compete, com exclusividade, a direção e

gestão da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.d) ao Presidente da República, na condição de Comandante Supremo das Forças

Armadas, assessorado pelo Conselho Militar de Defesa, nos assuntos referentes aoemprego de meios militares.

e) ao Presidente da República, na condição de Comandante Supremo das ForçasArmadas, assessorado pelo Ministro de Estado de Defesa, nos assuntos referentesao emprego de meios militares.

9. No que se refere ao Ministro de Estado da Defesa, assinale aalternativa correta:a) será escolhido dentre os brasileiros natos maiores de vinte e um anos que estejam no

pleno exercício dos direitos políticos.b) será escolhido dentre os brasileiros natos e naturalizados maiores de vinte e um anos

que estejam no pleno exercício dos direitos políticos.c) será escolhido dentre os brasileiros natos maiores de trinta e cinco anos que estejam

no pleno exercício dos direitos políticos.d) será escolhido dentre os brasileiros natos e naturalizados maiores de trinta e cinco

anos que estejam no pleno exercício dos direitos políticos.e) o Ministro de Estado da Defesa exerce a direção superior das Forças Armadas,

assessorado pelo Conselho de Defesa Nacional.

10. No que diz respeito aos cargos de Comandante da Marinha, doExército e da Aeronáutica, assinale a alternativa incorreta:

Page 174: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são privativos deoficiais-generais do último posto da respectiva Força, sendo-lhes assegurada aprecedência hierárquica sobre os demais oficiais-generais das três Forças Armadas.

b) ao serem indicados para o cargo de Comandante de Força, os militares quesatisfaçam as exigências legais e que estejam na ativa serão transferidos para areserva remunerada quando empossados.

c) aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são assegurados todosos direitos e prerrogativas do serviço ativo, inclusive a contagem de tempo de serviço,enquanto estiverem no exercício destes cargos.

d) compete aos Comandantes Militares apresentar diretamente ao Presidente daRepública a lista de escolha, elaborada na forma da lei, para a promoção aos postosde oficiais-generais e indicar os oficiais-generais para a nomeação aos cargos quelhes forem privativos.

e) os Comandantes de Força, nas infrações penais comuns e nos crimes deresponsabilidade, ressalvado o disposto no art. 52, I, da CF/1988, serão processadose julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

11. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliarda marinha T/2006. Direito) – A declaração de guerra é competência:a) da União, podendo ser feita, em caso de agressão estrangeira, pelo Presidente da

República, mediante autorização ou referendo do Congresso Nacional.b) do Congresso Nacional, por meio de decreto legislativo sancionado pelo Presidente

da República, ouvido o Conselho Nacional de Defesa.c) do Presidente da República, autorizado pelo Conselho Nacional de Defesa.d) do Senado, mediante resolução sancionada pelo Presidente da República, ouvido o

Conselho Nacional de Defesa.e) da União, podendo ser feita, em caso de agressão estrangeira, pelo Presidente do

Senado Federal.

Gabarito

Page 175: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

1. b 2. b 3. e

4. d 5. d 6. d

7. b 8. d 9. a

10. d 11. a

1 Como salienta Walber de Moura Agra, citando Paulo Napoleão da Silva: “Embora a Marinhaseja o menor dos ramos das Forças Armadas, ela sempre figura em primeiro lugar na enumeraçãoconstitucional. A razão disso é histórica e cerimonial: o Ministério da Marinha foi o primeirodentre os militares a ser criado no País; e mais, o Brasil foi descoberto por mar. Essa precedênciacerimonial, inclusive, faz com que em igualdade de condições um oficial da Marinha tenhaprecedência aos das outras Armas em qualquer ato ou cerimônia oficial, e esteja teoricamente emcomando” (AGRA, Walber de Moura. Curso de direito constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro:Forense, 2007, p. 621).Cumpre observar, no entanto, que a Constituição de 1891, talvez em razão do relevante papel doExército na Proclamação da República, dissociou-se da Carta Política de 1824, invertendo aordem de antiguidade das Forças Armadas. Com isso, a Força de Terra passou a figurar antes daForça de Mar (art. 14 da CF/1991). As Constituições de 1934, 1936 e 1946 mantiveram ainversão. Somente com a CF/1967 é que se restabeleceu a correta ordem de antiguidade entre asForças, o que foi mantido pela atual Carta Magna.

2 Título 5.º, Capítulo VIII.3 “Art. 176 – As forças armadas, constituídas essencialmente pelo Exército, Marinha e

Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes, organizadas com base na hierarquia e nadisciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei.”

4 “A utilização da expressão instituição nacional, à época, visou proibir os Estados Membros decriarem instituições dessa espécie” (BARBOSA, João. Constituição Federal brasileira. 2. ed.Rio de Janeiro: Briguiet, 1924, p. 68). “Sendo nacionais, não podem ser regionalizadas, poisexercem a sua missão constitucional em todo o território nacional” (FERREIRA, Pinto.Comentários à constituição brasileira. São Paulo: Saraiva, 1989, v. 5, p. 224).

5 Art. 14 da CF/91: “As forças de terra e mar são instituições nacionais permanentes, destinadas àdefesa da Pátria no exterior e à manutenção das leis no interior.”No dizer de Carlos Maximiliano Pereira dos Santos, “É uma singularidade da ConstituiçãoBrasileira a existência de artigo especial que declara permanentes as forças armadas e fixa oslimites de sua obediência. (...) Explica-se a originalidade apontada. A victoria da idéa republicanafoi precipitada por um levante de quarteis decorrente das Questões Militares. Originaram-se estas

Page 176: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

exactamente de disputas acerca dos limites do acatamento e da obediência que officiaes deviamaos seus superiores e aos ministros das pastas civis. Enfim, havendo o Governo Imperialmobilizado a Guarda Nacional, firmou-se a crença de que teve em mira dissolver o Exército emmomento opportuno e precipitar o advento do reinado da Princesa Isabel. O Projeto deConstituição foi elaborado por ordem do Governo Provisório, que tinha por chefe o GeneralDeodoro, alma das Questões Militares. Eis porque o texto exigiu que o Exército jámais fossedissolvido e que obedecesse apenas aos superiores hierarchicos e dentro dos limites da lei”(SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos. Comentários à constituição brasileira de 1891.Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. Ed. fac-similar, p. 242).

6 SILVA, Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2006,p. 772.

7 “Art. 162 – As forças armadas são instituições nacionais permanentes, e, dentro da lei,essencialmente obedientes aos seus superiores hierárquicos. Destinam-se a defender a Pátria egarantir os Poderes constitucionais, e, ordem e a lei” (CF/1934). “Art. 161 – As forças armadassão instituições nacionais permanentes, organizadas sobre a base da disciplina hierárquica e dafiel obediência à autoridade do Presidente da República” (CF/1937). “Art. 176 – As forçasarmadas, constituídas essencialmente pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, são instituiçõesnacionais permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridadesuprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei” (CF/1946). “Art. 92 – As forçasarmadas, constituídas pela Marinha de Guerra, Exército e Aeronáutica Militar, são instituiçõesnacionais, permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob aautoridade suprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei” (CF/1967). “AsForças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituiçõesnacionais permanentes e regulares...” (art. 142 da CF/1988).

8 FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. Comentários à constituição brasileira: emendaconstitucional n. 1, de 17 de outubro de 1969. São Paulo: Saraiva, 1974, 3v, p. 178.

9 MIRANDA, Pontes de. Comentários à constituição de 1967. Tomo III (arts. 34 a 112). Revistados Tribunais, 1967, p. 384.

10 Em sentido assemelhado: “As Forças Armadas deveriam ser, e na verdade são, cláusula pétreaconstitucional” (POLETTI, Ronaldo. Constituição anotada. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p.396).

11 Como, por exemplo, tropas compostas de mercenários internacionais que, por vezes, prestamserviços a determinados países envolvidos em conflitos armados.

12 As polícias militares e corpos de bombeiros militares são considerados forças auxiliares ereserva do Exército (art. 144, § 6.º, da CF/1988). Logo, se, em tempo de guerra, foremincorporadas à Força Terrestre, passam a ser consideradas tropas regulares.

13 MARTINS. Ives Gandra da Silva. Revista IOB de Direito Administrativo. Ano I, n. 11,novembro de 2006, p. 7.

14 Art. 148 da CF/1824, art. 48, § 3.º, da CF/1891, art. 56, § 7.º, da CF/1934, art. 161 da CF/1937,art. 176 da CF/1946, art. 92 da CF/1967, arts. 84, XIII, e 142 da CF/1988.

Page 177: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15 O Comando político, em tempo de paz, consiste, basicamente, na confecção de projetos de lei ena edição de atos administrativos normativos de interesse das Forças Armadas, na nomeação deoficiais-generais para determinados cargos militares, etc. Em tempo de guerra, compreende afixação de diretrizes gerais referentes ao conflito, como, por exemplo, o objetivo do confronto, ouseja, guerra defensiva ou de retaliação à agressão estrangeira, a utilização de armas de maiorpotencial de destruição (quando, onde e como), a fim de abalar o moral do inimigo e despertar napopulação do país hostil o desejo de paz, forçando, assim, seus representantes a assinaremarmistício, etc., como ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Presidente dos EUAautorizou a utilização de bombas atômicas, culminando na imediata trégua dos japoneses.

16 Art. 61, § 1.º, I, da CF/1988. A discussão e votação do projeto de lei de iniciativa do Presidenteda República referente à fixação ou alteração do efetivo das Forças Armadas terão início naCâmara dos Deputados. Se aprovado pela Câmara, será revisto pelo Senado Federal, em um sóturno de discussão e votação, e enviado para a sanção do Presidente da República. Conferir,ainda, art. 48, III, da CF/1988.

17 Art. 84, XIII, da CF/1988.18 Compete privativamente ao Presidente da República declarar Guerra, no caso de agressão

estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida nointervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, amobilização nacional (art. 84, XIX, da CF/1988). Compete à União declarar a Guerra e celebrar apaz (art. 21, II, da CF/1988).

19 Art. 84, XX, da CF/1988.20 O Conselho Militar de Defesa é composto pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da

Aeronáutica e pelo Chefe do Estado-Maior de Defesa.21 FAGUNDES, M. Seabra. As Fôrças Armadas na Constituição. Revista de Direito

Administrativo, vol. IX, jul.-set., 1947, p. 2.22 Art. 84, XIX, da CF/1988.23 O art. 88 da CF/1991 já proibia, expressamente, as guerras de conquista. Como enfatizou Carlos

Maximiliano, “O art. 88 é dos que mais concorrem para que se considere ser a ConstituiçãoBrasileira a mais adiantada e liberal do mundo. Prohibe, em absoluto, a guerra de conquista: opaiz não póde fazel-a nem auxiliar outro que pretenda leval-a a effeito. O estatuto supremoconsagrou a tradição nacional: empenhou-se o Brasil em varias guerras, e nunca arrancou aovencido um pedaço de território. As suas próprias fronteiras foram fixadas por meio de tratadospacíficos e julgamentos arbitraes” (SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos. Comentários àconstituição brasileira de 1891. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. Ed. fac-similar, p. 788-789).

24 Item 6.2, III, do Decreto 5.484/2005.25 Art. 142, § 1.º, da CF/1988.26 Art. 61, § 1.º, I, da CF/1988.27 Registra-se que as Constituições de 1824 (art. 15, XI), 1891 (art. 34, n. 17), 1934 (art. 39, n. 2)

Page 178: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

e 1946 (art. 67, § 1.º) adotaram o princípio da periodicidade na fixação do efetivo das ForçasArmadas. A Constituição de 1988, no entanto, seguindo a linha traçada pela Carta Política de1967, não mais adotou o referido princípio. Com isso, fixado o efetivo das Forças Armadas, oPresidente da República somente exercerá nova iniciativa de lei nesse sentido quando, em razãoda conjuntura, julgar necessário.

28 A mobilização nacional visa angariar pessoal qualificado, mediante convocação de militares dareserva remunerada, da reserva não remunerada e reservistas, a fim comporem um efetivonecessário para repelir agressão estrangeira. Buscam-se, igualmente, com a mobilização nacional,meios materiais indispensáveis para as ações militares. Ver Lei 11.631, de 27 de dezembro de2007, que dispõe sobre mobilização nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização –SINAMOB.

29 Art. 84, XIX, da CF/1988.30 Art. 84, XXIII, da CF/1988.31 ESCOLA Superior de Guerra. Manual Básico, volume II, Assuntos específicos, Rio de Janeiro,

2008, p. 99.32 ESCOLA Superior de Guerra. Manual Básico, volume II, Assuntos específicos, Rio de Janeiro,

2008, p. 125.33 Art. 142 da CF/1988.34 “A primeira participação do Exército Brasileiro em Missões de Paz ocorreu em 1947, quando

observadores militares foram enviados aos Bálcãs. A primeira participação com tropa em missõesde paz ocorreu no Oriente Médio, integrando a 1.ª Força de Emergência das Nações Unidas(UNEF-I), no período de 1957 a 1967. Sob a égide da Organização dos Estados Americanos(OEA), o Brasil participou com um efetivo de batalhão (FAIBRAS) da Força Interamericana dePaz, criada pela OEA para intervir na crise política que havia eclodido na República Dominicana(1965-1966). Posteriormente a essa participação, houve um decréscimo no número de missões até1989. Em 1994, foram enviadas tropas para Moçambique. Em setembro de 1995, para Angola e,em 1999, para o Timor Leste. No ano de 2004, o Exército desdobrou tropas no Haiti, com oexpressivo efetivo de mais de 1200 homens, computando os oficiais de estado-maior da Força daONU. Nos últimos anos, além do envio dos contingentes, militares brasileiros vêm prestandorelevantes serviços à ONU como observadores e oficiais de estado-maior na África, na AméricaCentral, na Europa e na Ásia; e à OEA, como supervisores de desminagem nas missões daAmérica Central e da América do Sul. No ano de 2004, o Brasil ocupava a 53.ª posição noranking dos países contribuidores de tropa, oficiais de estado-maior da Força da ONU,observadores militares e policiais. Com a participação na Missão de Estabilização das NaçõesUnidas no Haiti (MINUSTAH), em 2008, encontra-se na 18.ª posição, e sua participação vemtrazendo crescente prestígio para a política externa e o Exército, aumentando a projeção do Paísno cenário internacional” (Revista Verde-Oliva. Brasília. Ano XXXV, n. 198. Jul/ago/set 2008, p.40 a 41).

35 Art. 4.º, VI, VII e IX, da CF/1988.36 Art. 4.º, IV, da CF/1988.

Page 179: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

37 Art. 43, 1, da Carta da ONU: “Todos os Membros das Nações Unidas, a fim de contribuir para amanutenção da paz e da segurança internacionais, se comprometem a proporcionar ao Conselho deSegurança, a seu pedido e de conformidade com o acordo ou acordos especiais, forças armadas,assistência e facilidades, inclusive direitos de passagem, necessários à manutenção da paz e dasegurança internacionais.”

38 As operações combinadas são as compostas por elementos (materiais e humanos) de mais deuma Força singular, sob o comando operacional único do Comandante do Comando Combinado(CMT CMDO CBN).

39 Na garantia da lei e da ordem, as Forças Armadas deverão agir preventiva e repressivamente,de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, de acordo com asdiretrizes baixadas em ato do Presidente da República (Decreto 3.897, de 24 de agosto de 2001,que fixa as diretrizes para o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem).

40 “Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da Constituição, inclusiveno que concerne às Polícias Militares, quando, em determinado momento, indisponíveis,inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional” (art. 3.º,parágrafo único, do Decreto 3.897/2001).

41 Controle operacional corresponde ao poder conferido à autoridade encarregada das operações,para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas, a serem desempenhadas por efetivos dosórgãos de segurança pública, obedecidas as suas competências constitucionais ou legais.

42 Art. 7.º, § 3.º, do Decreto 3.897/2001.43 No exercício de tal atribuição, as Forças Armadas atuam na concretização de um dos objetivos

fundamentais da República Federativa do Brasil, ou seja, garantir o desenvolvimento nacional(art. 3.º, I, da CF/1988).

44 Por exemplo, em casos de calamidade pública.45 Rotineiramente, são mobilizados contingentes das Forças Armadas, especialmente do Exército,

para participarem de campanhas de vacinação, combate preventivo a doenças como dengue, etc.46 Data comemorativa da criação do Ministério da Defesa. Informação disponível em:

<https://www.defesa.gov.br/eventos/index.php?page=datas_comemorativas>. Acesso em: 09 dez.2008.

47 AGRA, Walber de Moura. Curso de direito constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007,p. 622. Salienta, ainda, o referido autor, citando Paulo Valdes, que “‘Poderia se afirmar que oprincípio da subordinação da organização militar, as Forças Armadas, segundo qualquer prismaenfocado, ao poder político não é apenas uma exigência prática derivada da nova realidade dadefesa, como atividade global, complexa e integrada, mas também com uma íntima integração comum princípio anterior, o princípio da organização estatal, inquestionável sob o ponto de vistademocrático’ (VALDES, Roberto L. Blanco. La ordenación constitucional de la defensa. Madrid:Tecnos, 1988, p. 22)”.

48 Art. 13, V, da Lei 9.649/1998.49 Art. 14, V, da Lei 9.469/1998.

Page 180: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

50 Arts. 25, VII, e 27, VII, da Lei 10.683/2003.51 Art. 27, VII, da Lei n. 10.683/2003, e anexo I, do art. 1.º do Decreto 6.223, de 4 de outubro de

2007.52 Art. 2.º do Decreto 6.223/2007.53 Art. 87 da CF/1988.54 Art. 12, § 2.º, VII, da CF/1988.55 Fonte: Ordem do Dia 2/2008, do Exmo. Sr. Julio Soares de Moura Neto Almirante de Esquadra,

Comandante da Marinha. Disponível em:<http://www.mar.mil.br/diversos/Boletim/bn280708.htm>. Acesso em: 08 dez. 2008.

56 Art. 8.º, § 2.º, da Lei 11.182/2005: “A ANAC observará as prerrogativas específicas daAutoridade Aeronáutica, atribuídas ao Comandante da Aeronáutica, devendo ser previamenteconsultada sobre a edição de normas e procedimentos de controle do espaço aéreo que tenhamrepercussão econômica ou operacional na prestação de serviços aéreos e de infra-estruturaaeronáutica e aeroportuária”.

57 De acordo com o art. 42 da Lei 11.182/2005, “instalada a ANAC, fica o Poder Executivoautorizado a extinguir o Departamento de Aviação Civil – DAC e demais organizações doComando da Aeronáutica que tenham tido a totalidade de suas atribuições transferidas para aANAC, devendo remanejar para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão todos oscargos comissionados e gratificações, alocados aos órgãos extintos e atividades absorvidas pelaAgência.” Nos termos do art. 5.º do Decreto 6.834/2009, “o Ministro de Estado da Defesaencaminhará à Casa Civil da Presidência da República, até 31 de janeiro de 2010, proposta dedecreto tratando da extinção do Departamento de Aviação Civil – DAC.”

58 Trata-se de hipótese de precedência funcional (art. 17 da Lei 6.880/1980, c/c art. 5.º,§ 1.º, daLC 97/1999).

59 Art. 5.º, § 3.º, da Lei Complementar 97/1999.60 Art. 84, XIII, da CF/1988, combinado com o art. 7.º da Lei Complementar 97/1999.61 Art. 52, I, da CF/1988. “Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar o

Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como osMinistros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes damesma natureza conexos com aqueles.”

62 Art. 102, I, c, da CF/1988.63 Art. 105, I, b, da CF/1988.64 O Conselho Militar de Defesa é composto pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da

Aeronáutica e pelo Chefe do Estado-Maior de Defesa.65 Art. 84, IV e VI, alínea a, da CF/1988, combinado com o art. 6.º da Lei Complementar 97/1999.66 Ministro da Defesa – art. 1.º, do anexo I, do Decreto 6.223, de 04 de outubro de 2007.

Comandante da Marinha – art. 26 do Decreto 5.417/2005. Comandante do Exército – art. 20 doDecreto 5.751/2006. Comandante da Aeronáutica – art. 23 do Decreto 6.834/2009.

Page 181: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

67 Art. 31, IV, da Lei 6.880/1980.68 Art. 28, IV e XI, da Lei 6.880/1980.69 Art. 8.º do ADCT: “É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a

data da promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivaçãoexclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que foramabrangidos pelo Decreto Legislativo 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos atingidos peloDecreto-Lei 864, de 12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo,emprego, posto ou graduação a que teriam direito se estivessem em serviço ativo, obedecidos osprazos de permanência em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas ascaracterísticas e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares eobservados os respectivos regimes jurídicos. § 1.º – O disposto neste artigo somente gerará efeitosfinanceiros a partir da promulgação da Constituição, vedada a remuneração de qualquer espécieem caráter retroativo. § 2.º – Ficam assegurados os benefícios estabelecidos neste artigo aostrabalhadores do setor privado, dirigentes e representantes sindicais que, por motivosexclusivamente políticos, tenham sido punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento dasatividades remuneradas que exerciam, bem como aos que foram impedidos de exercer atividadesprofissionais em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos. § 3.º – Aoscidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica, emdecorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica S-50-GM5, de 19 de junho de1964, e S-285-GM5 será concedida reparação de natureza econômica, na forma que dispuser leide iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze meses a contar dapromulgação da Constituição. § 4.º – Aos que, por força de atos institucionais, tenham exercidogratuitamente mandato eletivo de vereador serão computados, para efeito de aposentadoria noserviço público e previdência social, os respectivos períodos. § 5.º – A anistia concedida nostermos deste artigo aplica-se aos servidores públicos civis e aos empregados em todos os níveisde governo ou em suas fundações, empresas públicas ou empresas mistas sob controle estatal,exceto nos Ministérios militares, que tenham sido punidos ou demitidos por atividadesprofissionais interrompidas em virtude de decisão de seus trabalhadores, bem como emdecorrência do Decreto-Lei 1.632, de 4 de agosto de 1978, ou por motivos exclusivamentepolíticos, assegurada a readmissão dos que foram atingidos a partir de 1979, observado o dispostono § 1.º.”

70 Regulamentada pelo Decreto n. 2.013, de 26 de setembro de 1996.71 Art. 22 do Decreto 2.013/1996.72 A Associação de Poupança e Empréstimo – POUPEx, criada pela Fundação Habitacional do

Exército – FHE, é constituída sob a forma de sociedade civil de âmbito nacional.73 Com a transformação do Ministério do Exército em Comando do Exército e a criação do

Ministério da Defesa, a supervisão deve ser feita pelo Ministério da Defesa.74 “Agravo de instrumento. Revisão de contrato de financiamento imobiliário. Poupex como agente

financeiro. Personalidade jurídica distinta da Fundação Habitacional do Exército. FHE.Competência da Justiça Estadual. A Poupex se constitui em associação de caráter eminentementeprivado, voltando-se para os interesses específicos de seus associados, o que afasta a competência

Page 182: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

da Justiça Federal para o conhecimento de ações entre a mesma e particular. II – A FHE e aPOUPEX possuem personalidades jurídicas distintas, inclusive com independência patrimonialexpressamente prevista no art. 27 da Lei 6.855/1980. III – Não tendo a FHE participado docontrato de financiamento imobiliário, correta a decisão que a excluiu do pólo passivo da açãorevisional do mesmo, determinando a remessa dos autos à Justiça Estadual.” (TRF2. AG 89113.Processo: 200202010034126/RJ. Órgão Julgador: Sexta Turma. Rel. Des. Fed. Sérgio Schwaitzer.DJU 13/06/2002).

Page 183: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

6.1. HISTÓRICO

Previa a Constituição de 1824 (art. 145) que todos os brasileiros eram obrigados apegar em armas, para sustentar a independência e integridade do Império, e defendê-lo de inimigos externos ou internos.

A Carta Magna de 1891 manteve a obrigatoriedade do serviço militar para adefesa da Pátria. Determinou que o Exército e a Armada (Marinha) seriam compostospelo voluntariado, sem prêmio, e, em falta deste, pelo sorteio (art. 87, § 4.º). Baniu-se,assim, o recrutamento militar forçado (art. 87, § 3.º)1.

A Lei 1.860, de 04 de janeiro de 1908 (art. 1.º), regulamentando a CF/1891,preconizava que todo o cidadão brasileiro, desde a idade de 21 a 44 anos completos,era obrigado ao serviço militar, que seria prestado por voluntários e, na falta desses,por sorteados2. Entretanto, como salienta José Alberto Leal3, esta lei não foi posta emprática, por descaso das autoridades e falta de apoio da opinião pública. Tal situaçãoinduziu Olavo Bilac, nos anos de 1915 e 1916, a liderar uma campanha cívica por todoo país, pela necessidade e importância da prestação injuntiva do serviço militar comodever de todos os cidadãos brasileiros. Paulatinamente, a pregação empreendida pelo“Príncipe dos Poetas” encontrou eco na sociedade brasileira, resultando em leis edecretos que, editados em 1918, 1920, 1934, 1939 e 1946, deram ao Serviço Militarconformação semelhante à atual. Em reconhecimento, recebeu o título de Patrono doServiço Militar Brasileiro4 e, no dia 16 de dezembro, sua data natalícia, é comemoradoo Dia do Reservista5.

As Constituições de 1934 e de 1937 mantiveram a obrigatoriedade do serviçomilitar. Regulamentando o art. 164 da CF/1937, foi publicado o Decreto-Lei 95.000, de23 de julho de 1946, Lei do Serviço Militar. Uma das principais inovações por eleintroduzidas foi a implantação do recrutamento na forma de convocação geral por

Page 184: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

classes constituídas de indivíduos nascidos no mesmo ano civil e designados pelo anode nascimento ou pela idade dos que as compunham (art. 5.º).

As Cartas de 1946, 1967 e de 1969, seguindo a tradição, perpetuaram aobrigatoriedade do serviço militar. Durante o regime militar, foi publicada a Lei 4.375,de 17 de agosto de 1964, denominada Lei do Serviço Militar, tendo sido mantido osistema de recrutamento por classes.

Atualmente, por força do art. 143 da CF/1988, o serviço militar é obrigatório nostermos da lei, sendo que, em tempo de paz, as mulheres e os eclesiásticos ficamisentos, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. Todavia, em casos demobilização, as mulheres prestarão, de acordo com as suas aptidões, serviçosdecorrentes das necessidades militares, correspondentes aos encargos de mobilizaçãoe em organizações civis que interessem à defesa nacional.

6.2. CONCEITO

Consiste no exercício de atividades específicas, desempenhadas nas ForçasArmadas, e compreenderá, na mobilização, todos os encargos relacionados com adefesa nacional. Os brasileiros prestarão o serviço militar incorporados6 emorganizações militares da ativa ou matriculados7 em órgãos de formação de reserva.

6.3. FINALIDADE

O serviço militar inicial obrigatório tem por finalidade a formação de reservasdestinadas a atender às necessidades de pessoal das Forças Armadas, no que se refereaos encargos relacionados com a defesa nacional, em caso de mobilização.

6.4. OBRIGATORIEDADE

Como já dito, a obrigatoriedade do serviço militar tem sido tradição nasConstituições brasileiras, que foi mantida pela atual (art. 143 da CF/1988). O carátercompulsório do serviço tem por base a cooperação consciente dos brasileiros, sob osaspectos espiritual, moral, físico, intelectual e profissional, na segurança nacional.Como salienta Celso Antônio Bandeira de Mello8, os cidadãos recrutados para oserviço militar obrigatório exercem um verdadeiro munus público.

Os brasileiros naturalizados e por opção são obrigados ao serviço militar a partirda data em que receberem o certificado de naturalização ou da assinatura do termo deopção.

Page 185: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Em tempo de paz, a obrigação para com o serviço militar começa no 1.º dia dejaneiro do ano em que o cidadão completar 18 (dezoito) anos de idade e subsistirá até31 de dezembro do ano em que completar 45 (quarenta e cinco) anos. Em tempo deguerra, este período poderá ser ampliado, de acordo com os interesses da defesanacional.

Àqueles que alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal odecorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximiremde atividades de caráter essencialmente militar, serão atribuídos serviços alternativos,na forma da lei (art. 143, § 1.º, da CF/1988)9.

6.5. VOLUNTARIADO

Dos 17 (dezessete) aos 45 (quarenta e cinco) anos de idade, será permitida aoshomens, reservistas ou não, a prestação do serviço militar voluntário10, medianteautorização dos Comandantes de Força, com a finalidade de atender necessidadesnormais, eventuais ou específicas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica11.

À mulher também é permitida a prestação do serviço militar voluntário, quepoderá ser instituído, discricionariamente, por cada Força Armada.

6.6. DURAÇÃO

O serviço militar inicial dos incorporados terá a duração normal de 12 (doze)meses12. De acordo como o art. 6.º da Lei 4.375/1964, os Ministros da Guerra, daMarinha e da Aeronáutica, atuais Comandantes do Exército, da Marinha e daAeronáutica, respectivamente, poderão reduzir este período em até dois meses oudilatá-lo por até seis meses. Em havendo interesse nacional, a dilação do tempo deserviço militar dos incorporados, além de 18 (dezoito) meses, poderá ser feitamediante autorização do Presidente da República. Em todos os casos, durante operíodo de dilação, as praças por ela abrangidas serão consideradas engajadas.

A contagem de tempo de serviço militar terá início no dia da incorporação ou damatrícula. Não será computado como tempo de serviço: a) o período que oincorporado estiver cumprindo pena imposta por meio de sentença transitada emjulgado; b) qualquer período anterior ao ano a partir do qual é permitida a aceitaçãodo voluntário; c) o período decorrido sem aproveitamento, de acordo com asexigências dos respectivos regulamentos, pelos matriculados em órgãos de formaçãode reserva.

Quando, por motivo de força maior, como, por exemplo, incêndios, inundações,

Page 186: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

devidamente comprovado, faltarem dados para contagem de tempo de serviço militar,caberá aos Comandantes de Força arbitrar o tempo a ser computado para cada casoparticular, a partir dos elementos de que dispuserem.

Em tempo de guerra, o período de prestação do serviço militar poderá serampliado, de acordo com os interesses da defesa nacional.

6.7. Divisão territorial

O território nacional, para efeito do serviço militar, compreende:

a) Juntas de Serviço Militar (JSM), correspondentes aos MunicípiosAdministrativos;

b) Delegacias de Serviço Militar (DelSM), abrangendo uma ou mais Juntas deServiço Militar;

c) Circunscrições de Serviço Militar (CSM), abrangendo diversas Delegacias deServiço Militar, situadas, tanto quanto possível, no mesmo Estado;

d) Zonas de Serviço Militar (ZSM), abrangendo duas ou mais Circunscrições doServiço Militar. No Exército, a Zona de Serviço Militar Norte abrange as CSMlocalizadas no território das 7.ª, 8.ª e 10.ª RM, a de Serviço Militar Centrocompreende as CSM localizadas no território das 1.ª, 2.ª, 4.ª, 6.ª, 9.ª e 11.ª RMe a de Serviço Militar Sul abarca as CSM localizadas nas 3.ª e 5.ª RM. NaMarinha e na Aeronáutica, as ZSM serão organizadas, quando necessário, porproposta dos respectivos Comandantes.

Para fins de aplicação da Lei de Serviço Militar, o Distrito Federal é equiparado aEstado, e as suas divisões administrativas, assim como a ilha de Fernando deNoronha, a Municípios.

Os Municípios serão considerados tributários ou não tributários, conforme sejamou não designados pelo Plano Geral de Convocação anual como contribuintes àconvocação para o serviço militar inicial. Aqueles, dentro das suas possibilidades elocalização, poderão contribuir para as organizações militares da ativa de uma ou maisForças singulares, para os órgãos de formação de reserva ou para ambos,simultaneamente.

6.8. DIREÇÃO GERAL DO SERVIÇO MILITAR

Page 187: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O art. 10 da Lei 4.375/1964 atribuía ao Estado-Maior das Forças Armadas(EMFA) a direção geral do serviço militar. Todavia, com a sua extinção13, o Presidenteda República delegou ao Ministro de Estado da Defesa competência para aprovar osPlanos de Convocação para o serviço militar inicial, vedando, expressamente, asubdelegação14. Sendo assim, ao referido Ministro, a quem compete dispor sobre oserviço militar15, foi atribuída, com exclusividade, a direção geral do serviço militar, oque, aliás, é inerente a sua condição de dirigente superior das Forças Armadas.

Caberá aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica a direção,planejamento e execução do serviço militar no âmbito da respectiva Força.

6.9. ÓRGÃOS DE DIREÇÃO DO SERVIÇO MILITAR

São órgãos de direção do serviço militar: a) na Marinha, a Diretoria do Pessoal daMarinha (DPM); b) no Exército, a Diretoria do Serviço Militar (DSM); c) naAeronáutica, a Diretoria do Pessoal da Aeronáutica (DPAer). Cada diretoria possuiregulamento próprio.

6.10. EXECUÇÃO DO SERVIÇO MILITAR E ÓRGÃOS DO SERVIÇO MILITAR

Na Marinha, a Diretoria do Pessoal da Marinha (DPM) é responsável pelaexecução do serviço militar, valendo-se para tanto dos seguintes órgãos: a) DistritosNavais (DN), órgãos de planejamento, execução e fiscalização nos territórios de suaJurisdição; b) Bases Navais (BN), órgãos de execução e fiscalização do serviço militar,subordinados aos Distritos Navais respectivos; c) Capitanias dos Portos (CP), que,juntamente com suas Delegacias (DelCP) e Agências (AgCP), são órgãos executantesnos territórios de sua jurisdição, subordinadas aos Distritos Navais respectivos; d)Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), órgão de execução do serviço militar relativo aopessoal a ele destinado.

São órgãos alistadores na Marinha: a) Diretoria do Pessoal da Marinha; b)Distritos Navais; c) Capitanias dos Portos; d) Delegacias das Capitanias dos Portos; e)Agências das Capitanias dos Portos; f) Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro; g)Centro de Armamento da Marinha; h) outros órgãos ou comissões, assim declaradospelo Comandante da Marinha16.

No Exército, a execução do serviço militar fica a cargo das Regiões Militares que,em seu território, possuem para tal fim os seguintes órgãos: a) as Seções de ServiçoMilitar Regional (SSMR) e as de Tiro de Guerra (STG), órgãos regionais deplanejamento, execução e coordenação; b) as Circunscrições de Serviço Militar

Page 188: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

(CSM), órgãos regionais de execução e fiscalização; c) as Delegacias de ServiçoMilitar (DelSM), órgãos executores e fiscalizadores; d) as Juntas de Serviço Militar(JSM), órgãos executores nos Municípios Administrativos; e) os Órgãos Alistadores(OA).

São órgãos alistadores no Exército: a) Juntas de Serviço Militar; b)Circunscrições de Serviço Militar; c) Órgãos Alistadores (OA), sob a responsabilidadede organizações do Exército.

Na Aeronáutica, a execução do serviço militar fica a cargo das Zonas Aéreas(ZAe)17 que dispõem, para o exercício deste mister, dos seguintes órgãos: a) osServiços de Recrutamento e Mobilização de Zona Aérea (SRMZAe)18; b) as Juntas deAlistamento da Aeronáutica (JAAer), nas unidades e estabelecimentos.

São órgãos alistadores na Aeronáutica: a) Serviços de Recrutamento eMobilização de Zona Aérea; b) Juntas de Alistamento da Aeronáutica; c) Comissões deSeleção, a funcionarem junto a repartições públicas civis ou militares, autárquicas e deeconomia mista, federais, estaduais e municipais e estabelecimentos de ensino eindustriais; d) outros órgãos, assim declarados pelo Comandante da Aeronáutica19.

Nos Municípios administrativos, as Juntas de Serviço Militar, como órgãos deexecução, serão presididas pelos prefeitos, tendo como secretários um funcionáriomunicipal ou agente estatístico local, um e outro, de reconhecida idoneidade moral20.

Os Consulados do Brasil são órgãos executores do serviço militar no exterior,quanto aos brasileiros que se encontrarem dentro de sua jurisdição.

6.11. RECRUTAMENTO

6.11.1. Considerações iniciais

O recrutamento, inerente à prestação do serviço militar voluntário ou obrigatório,compreende: a) seleção; b) convocação; c) incorporação ou matrícula nos órgãos deformação de reserva; d) voluntariado. O recrutamento deve ser regido pelo princípioda universalidade21.

6.11.2. Alistamento e seleção

Antes de se submeter à seleção, o brasileiro, obrigatoriamente, deverá seapresentar para o alistamento nos primeiros seis meses do ano em que completar 18(dezoito) anos de idade. Os voluntários poderão fazê-lo a partir da data em que

Page 189: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

completarem 16 (dezesseis) anos de idade.Os brasileiros naturalizados ou por opção deverão se alistar no prazo de 30

(trinta) dias, a contar da data em que receberem o certificado de naturalização ou daassinatura do termo de opção.

Os residentes no exterior poderão se alistar nos Consulados do Brasil medianteapresentação de comprovante de residência.

Ao ser alistado, todo o brasileiro receberá imediata e gratuitamente, do órgãoalistador, o certificado de alistamento militar (CAM).

Durante o alistamento da classe22, a critério dos Comandantes de Região Militar,de Distrito Naval ou de Comando Aéreo Regional, poderão ser constituídasComissões de Seleção (CS), nas organizações militares em que funcionarem órgãosalistadores, com a finalidade de realizarem a inspeção de saúde dos alistandos23. Osjulgados incapazes definitivamente receberão certificados de isenção. Os demaisdeverão se apresentar, na época da seleção da classe, para serem submetidos à novainspeção de saúde.

Efetivado o alistamento, os brasileiros da classe a ser convocada24, residentes emmunicípios tributários, ficam obrigados a apresentar-se para a seleção, a ser realizadadentro do segundo semestre do ano em que completarem 18 (dezoito) anos de idade,independentemente de editais, avisos e notificações, em locais e prazos fixadospreviamente. Aqueles que não se apresentarem para a seleção durante o períodoalocado para o contingente de sua classe ou que, tendo-o feito, se ausentarem sem ater completado, serão considerados refratários25. Os que se apresentarem para aseleção, sem terem realizado o alistamento, deverão, previamente, ser alistados noórgão competente.

Serão submetidos à seleção os conscritos, ou seja, aqueles que compõem a classechamada para se submeter à seleção, tendo em vista a prestação do serviço militarinicial, os voluntários, desde que satisfaçam às condições fixadas pelos Comandantesde Força, e os pertencentes a classes anteriores, ainda em débito com o serviço militar.

A seleção será realizada por meio de Comissões de Seleção (CS), constituídas pormilitares da ativa ou da reserva e, se necessário, completadas com civis devidamentequalificados.

Efetiva-se a seleção com base nos seguintes aspectos: a) físico, por meio deinspeção de saúde e de provas de aptidão física; b) cultural, por meio de testes deseleção; c) psicológico, mediante entrevistas, etc.; d) moral.

Os submetidos à inspeção de saúde, para fins de prestação do serviço militar,serão classificados em quatro grupos, a saber: a) grupo “A”, quando satisfizerem os

Page 190: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

requisitos regulamentares, possuindo boas condições de robustez física (Apto “A”); b)grupo “B-1”, se, incapazes temporariamente, puderem ser recuperados em curto prazo(Incapaz B-1)26; c) grupo “B-2”, quando, incapazes temporariamente, puderem serrecuperados, porém sua recuperação exija um prazo longo e as lesões, defeitos oudoenças, de que foram ou sejam portadores, desaconselhem sua incorporação oumatrícula (Incapaz B-2)27; d) grupo “C”, quando forem incapazes definitivamente, i.e.,irrecuperáveis, por apresentarem lesão, doença ou defeito físico consideradosincuráveis e incompatíveis com o serviço militar (Incapaz C)28.

A seleção para matrícula nos órgãos de formação de reserva será realizada nasépocas fixadas para a seleção da classe a ser convocada, de acordo com o estabelecidono Plano Geral de Convocação e nos regulamentos dos respectivos órgãos.

6.11.3. Isenções

6.11.3.1. Conceito

É a dispensa do serviço militar decorrente de condições físicas, mentais oumorais que inabilite o brasileiro a prestá-lo em caráter permanente ou enquantopersistirem.

6.11.3.2. Hipóteses

São isentos do serviço militar:

a) por incapacidade física ou mental definitiva, em qualquer tempo, os queforem julgados inaptos em seleção ou inspeção e considerados irrecuperáveispara o serviço militar nas Forças Armadas29;

b) em tempo de paz, por incapacidade moral, os convocados que estiveremcumprindo sentença por crime doloso, os que depois de incorporados foremexpulsos das fileiras e os que, quando da seleção, apresentarem indícios deincompatibilidade que, comprovados em exame ou sindicância, revelemincapacidade moral para integrarem as Forças Armadas.

6.11.4. Reabilitação

O incapaz poderá ser reabilitado ex officio ou a pedido, mediante requerimentodirigido aos Comandantes de RM, DN ou COMAR, conforme a origem do certificado

Page 191: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de isenção.Se a incapacidade decorrer de lesão, doença ou defeito físico do qual se julgue

recuperado, o incapaz poderá requerer sua reabilitação. Para tanto, será submetido àinspeção de saúde. Se julgado:

a) “Apto A”, deverá ser apresentado à seleção da primeira classe a serincorporada;

b) “Incapaz B-1” ou “Incapaz B-2” fará jus, desde logo, ao certificado dedispensa de incorporação, com a inclusão prévia no excesso do contingente;

c) “Incapaz C” continuará na mesma situação em que se encontrava.

O isento por incapacidade moral, em decorrência de estar cumprindo sentençapor crime doloso quando convocado, poderá ser reabilitado mediante requerimentoapresentado após o cumprimento da pena. O pedido deverá estar instruído comatestado de boa conduta, emitido pelo estabelecimento prisional em que cumpriu apena e, também, se for o caso, de igual atestado firmado pela autoridade policialcompetente, referente aos últimos dois anos. Em se tratando de isento, por ter sidojulgado incapaz moralmente durante a seleção, o brasileiro poderá requerer areabilitação, passados dois anos da data em que foi julgado inapto. O requerimentodeverá ser instruído com atestado de bons antecedentes, referentes aos últimos doisanos, firmado pela autoridade policial competente.

Nestes dois casos de isenção por incapacidade moral, o incapaz que forreabilitado antes de completar 30 (trinta) anos de idade deverá concorrer à seleçãocom a primeira classe a ser incorporada e, nessa triagem, submeter-se a examespsicotécnicos. Aquele que tiver mais de 30 (trinta) anos de idade será dispensado deincorporação, com inclusão prévia no excesso do contingente.

A reabilitação dos expulsos das organizações militares da ativa ou dos órgãos deformação de reserva só poderá ser efetivada após dois anos da data da expulsão. Umavez reabilitados, farão jus à substituição de seu certificado pelo de dispensa deincorporação ou de reservista, conforme o grau de instrução alcançado.

6.11.5. Convocação e distribuição do contingente

Anualmente, os brasileiros pertencentes a uma única classe a ser convocada e osconsiderados em débito com o serviço militar inicial30, uma vez satisfeitas ascondições de seleção, serão convocados para prestá-lo. A classe convocada será

Page 192: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

constituída por aqueles que completarem 19 (dezenove) anos de idade entre 1.º dejaneiro e 31 de dezembro do ano em que deverão ser incorporados em organizaçãomilitar da ativa31 ou matriculados em órgãos de formação de reserva32.

A distribuição dos contingentes dependerá dos quadros de efetivos a preencher,levando-se em consideração os claros abertos e as necessidades e possibilidades dematrícula nos órgãos de formação de reserva. Os “preferenciados”33, ou seja, os queexercerem atividades de grande interesse da respectiva Força34, terão destinopreferencial para a mesma.

Todos os brasileiros, inclusive os que não tenham prestado serviço militar, estãosujeitos, a qualquer tempo, à convocação de emergência, em condições determinadaspelo Presidente da República, para a manutenção da ordem ou evitar a suaperturbação, ou, ainda, em caso de calamidade pública.

Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica poderão convocarpessoal da reserva para participarem de exercícios, manobras e aperfeiçoamento deconhecimentos militares.

6.11.6. Incorporação

Incorporação é o ato de inclusão do convocado ou voluntário numa organizaçãomilitar da ativa das Forças Armadas.

Concorrerão à incorporação os brasileiros que, após a seleção, tenham sidoconvocados para tanto e recebido um destino. Em regra, por força do princípio daproximidade da residência, serão incorporados numa das organizações militareslocalizadas no município de sua residência35. Somente nos casos de absolutaimpossibilidade de preenchimento de seus próprios claros é que será permitida atransferência de convocados de uma para outra zona de serviço militar.

Para cada organização militar será destinado um contingente de convocados parasuprir suas necessidades de incorporação. As organizações destinatárias poderãocomplementar a seleção originária, visando escolher aqueles que, de fato, serão nelaincorporados. Os que excederem às necessidades da organização serão incluídos noexcesso do contingente.

O convocado à incorporação36 que deixar de se apresentar no destino a eleatribuído no prazo estipulado;ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial deincorporação, será declarado insubmisso, incorrendo na prática de crime militar,tipificado no art. 183 do CPM. Se já tiver sido incorporado, a ausência, sem licença daunidade em que serve, por mais de oito dias, configurará a prática de crime de

Page 193: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

deserção (art. 187 do CPM).Os insubmissos e desertores, quando se apresentarem ou forem capturados, serão

obrigatoriamente incorporados ou reincluídos, se julgados aptos para o serviço militar,em inspeção de saúde. Os insubmissos, enquanto aguardam a inspeção médica,mantêm a condição de civil, sendo colocados em encostamento ou depósito emorganização militar para fins de justiça37. A incorporação ou reinclusão deverá serefetuada, em princípio, na organização militar para que haviam sido designadosanteriormente. Se absolvidos ou condenados pelos crimes de insubmissão oudeserção, após o cumprimento das penas impostas, completarão ou prestarão oserviço militar, salvo se adquirirem a condição de arrimo após a insubmissão oudeserção, permanecendo nesta condição depois de absolvido ou do cumprimento dapena38, ou tenham mais de 30 (trinta) anos de idade e desde que hajam sidoabsolvidos39, quando serão desincorporados e excluídos do serviço ativo. Nesteúltimo caso, se condenados, prestarão o serviço militar após o cumprimento da pena.O insubmisso que se apresentar ou for capturado, se julgado incapaz para o serviçomilitar em inspeção de saúde, ficará isento do processo e da inclusão no serviço ativo.

Terão prioridade para incorporação nas organizações militares da ativa:

a) os convocados que, tendo recebido destino de incorporação ou de matrículaem uma RM, DN ou COMAR, venham a transferir sua residência para oterritório de outro;

b) os conscritos das classes anteriores que obtiverem adiamento deincorporação para se candidatar à matrícula em escolas, centros ou cursos deoficiais da reserva, bem como em institutos de ensino, oficiais oureconhecidos, destinados à formação de médicos, dentistas, farmacêuticos ouveterinários, e não satisfizerem as condições exigidas para a matrícula ou nãose apresentarem findos os prazos concedidos;

c) os que, tendo obtido adiamento de incorporação, por estarem matriculadosem cursos de formação de oficiais das polícias militares e corpos debombeiros, interromperem os cursos antes de um ano, sem direito àrematrícula e os que interromperem em qualquer tempo os cursos dosinstitutos de ensino destinados à formação de médicos, dentistas,farmacêuticos ou veterinários, desde que não tenha sido possível a matrículaem órgãos de formação de reserva;

d) os brasileiros naturalizados e os por opção, estes desde que tenham sidoeducados no exterior;

Page 194: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

e) os que apresentarem melhores resultados na seleção.

Em igualdade de condições de seleção, terão prioridade para incorporação: a) osrefratários; b) os demais brasileiros, pertencentes a classes anteriores, ainda em débitocom o serviço militar; c) os brasileiros por opção, desde que educados no Brasil; d) ospreferenciados.

6.11.7. Matrícula

Matrícula é o ato de admissão do convocado ou voluntário em qualquer escola,centro, curso de formação de militar da ativa ou órgão de formação de reserva.

Concorrerão à matrícula nos órgãos de formação de reserva os brasileiros que,após a seleção, tenham sido convocados à matrícula e recebido o destinocorrespondente.

De acordo com o art. 25 da Lei 4.375/1964, o convocado selecionado e designadopara a incorporação ou matrícula que não se apresentar à organização militar que lhefor designada, dentro do prazo marcado, ou que, tendo-o feito, se ausentar antes doato oficial de incorporação ou matrícula, será declarado insubmisso. Todavia,conforme já decidiu o STF, ao menos para fins penais, o dispositivo em questão foirevogado pelo art. 183 do CPM40, vez que esse faz menção, apenas, à incorporação,sendo silente quanto à matrícula41.

Os brasileiros matriculados em escolas superiores ou no último ano do ensinomédio, quando convocados para o serviço militar inicial, serão considerados comprioridade para matrícula ou incorporação nos órgãos de formação de reservasexistentes na guarnição militar em que os mesmos estiverem frequentando cursos,satisfeitas as demais condições de seleção previstas nos regulamentos desses órgãos.

6.12. ADIAMENTO DE INCORPORAÇÃO E DE MATRÍCULA

6.12.1. Conceito

O adiamento de incorporação e de matrícula constitui o ato de transferência doconscrito de uma classe para outra posterior à sua, mediante requerimento dointeressado, apresentado durante a época da seleção.

6.12.2. Hipóteses

Page 195: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Poderão ter a incorporação adiada:

a) por um ou dois anos, os candidatos às escolas de formação de oficiais daativa ou a escola, centro ou curso de formação de oficiais da reserva dasForças Armadas, desde que satisfaçam, na época da seleção, ou possam vir asatisfazer, dentro desses prazos, as condições de escolaridade exigidas para oingresso nos citados órgãos de formação de oficiais;

b) pelo tempo correspondente à duração do curso, os que estiveremmatriculados em institutos de ensino destinados à formação de sacerdotes eministros de qualquer religião ou de membros de ordens religiosas regulares;

c) os que se encontrarem no exterior e o comprovem, ao regressarem aoBrasil42;

d) os matriculados em cursos de formação de oficiais das Polícias Militares eCorpos de Bombeiros, até o término ou interrupção do curso;

e) os que estiverem matriculados ou que se candidatem à matrícula em institutosde ensino destinados à formação de médicos, dentistas, farmacêuticos eveterinários, até o término ou interrupção do curso43.

De outro lado, o conscrito julgado “Incapaz B-1”, por ocasião da seleção, terá aincorporação obrigatoriamente adiada por um ano, concorrendo à nova seleção com aclasse seguinte.

6.13. DISPENSA DE INCORPORAÇÃO

6.13.1. Conceito

É o ato pelo qual os brasileiros são dispensados de incorporação em organizaçõesmilitares da ativa, tendo em vista situações peculiares ou por excederem àspossibilidades de incorporação nessas organizações.

6.13.2. Hipóteses

São dispensados de incorporação os brasileiros da classe convocada:

a) residentes há mais de um ano, a contar da data de início da época de seleção,em município não tributário ou em zona rural de município somente

Page 196: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

tributário de órgão de formação de reserva;b) residentes em municípios tributários, excedentes às necessidades das Forças

Armadas44;c) matriculados em órgão de formação de reserva;d) matriculados em estabelecimentos de ensino militares onde o aluno não seja

obrigatoriamente incorporado, quando o estabelecimento dispuser de órgãode formação de reserva, no qual estejam também matriculados45;

e) operários funcionários ou empregados de estabelecimentos ou empresasindustriais de interesse militar, de transporte e de comunicações, que foremdeclarados diretamente relacionados com a Segurança Nacional;

f) arrimos de família, enquanto durar essa situação46.

6.14. INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO

O serviço ativo das Forças Armadas será interrompido: a) pela anulação daincorporação; b) pela desincorporação; c) pela expulsão; d) pela deserção47.

A anulação da incorporação acarreta a exclusão do serviço ativo das ForçasArmadas. Ocorrerá, em qualquer época, nos casos em que tenham sido verificadasirregularidades no recrutamento, inclusive as relacionadas com a seleção.

Desincorporação é o ato de exclusão da praça do serviço ativo de uma ForçaArmada por: a) moléstia por moléstia, em consequência da qual o incorporado venhaa faltar ao serviço durante 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, durante a prestaçãodo serviço militar inicial; b) moléstia ou acidente que torne o incorporadodefinitivamente incapaz para o serviço militar; c) aquisição da condição de arrimoapós a incorporação; d) condenação irrecorrível, resultante da prática de crime comumde caráter culposo; e) ter sido insubmisso ou desertor e adquirir a condição de arrimoapós a insubmissão ou deserção, permanecendo nesta condição depois de absolvidoou do cumprimento da pena, ou tenha mais de 30 (trinta) anos de idade e desde quehaja sido absolvido, quando será desincorporado e excluído do serviço ativo; f)moléstia ou acidente, que torne o incorporado temporariamente incapaz para o serviçomilitar, só podendo ser recuperado em longo prazo.

A expulsão advirá: a) por condenação irrecorrível resultante da prática de crimecomum ou militar, de caráter doloso; b) pela prática de ato contra a moral pública,pundonor militar ou falta grave que, na forma da lei ou de regulamentos militares,caracterize seu autor como indigno de pertencer às Forças Armadas; c) pelo ingressono mau comportamento contumaz, de forma a tornar-se inconveniente à disciplina e à

Page 197: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

permanência nas fileiras.

6.15. PRORROGAÇÕES DO SERVIÇO MILITAR

Aos incorporados que concluírem o tempo de serviço a que estiverem obrigadospoderá, desde que o requeiram, ser concedida sua prorrogação, uma ou mais vezes,como engajados ou reengajados, segundo as conveniências da Força Armadainteressada. Trata-se de ato discricionário48.

6.16. Licenciamento49

É o ato de exclusão ex officio da praça do serviço ativo de uma Força Armada,após o término do tempo de serviço militar inicial, com a sua inclusão na reserva.

A praça que, ao término do tempo de serviço, se encontrar baixada emenfermaria ou hospital, será submetida à inspeção de saúde para fins de licenciamentoex officio, se não for o caso de reforma. Mesmo depois de licenciada, desincorporada,desligada ou reformada, continuará em tratamento, até a alta hospitalar, porrestabelecimento ou a pedido.

O licenciamento poderá ser concedido, também, a pedido da praça engajada oureengajada que conte com mais da metade do tempo de serviço a que estiver obrigada,desde que não haja prejuízo para o serviço militar.

6.17. RESERVISTA E DISPONIBILIDADE

Reservistas são as praças50 componentes da reserva das Forças Armadas51, nelaincluída ao serem licenciadas, desincorporadas ou desligadas, nos termos da Lei doServiço Militar, permanecendo na disponibilidade, vinculadas à organização militar naqual prestaram o serviço militar inicial ou à outra que lhes tiver sido indicada, duranteo prazo fixado pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, deacordo com as necessidades de mobilização52.

Os reservistas compõem duas classes, a saber: a) 1.ª categoria, quando atingemum grau de instrução que os habilite ao desempenho de funções militares qualificadasou especializadas no âmbito da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica; b) 2.ªcategoria, quando recebem, no mínimo, a instrução militar suficiente para o exercíciode função geral básica de caráter militar.

Serão incluídos, ao serem licenciados, desincorporados, ou desligados, em razão

Page 198: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

do grau de instrução militar, obtido na forma acima descrita:

I – na reserva de 1.ª categoria:a) as praças;b) os alunos das escolas de formação de oficiais para a ativa, que tenham

completado com aproveitamento, no mínimo, um ano do respectivocurso. Se forem desligados antes, deverão ser apresentados à seleção daprimeira classe e terão prioridade para a incorporação;

c) os alunos das escolas de formação de graduados para a ativa, bem comoas praças ou alunos dos órgãos de formação de reservistas de 1.ª categoriaque tenham completado um ano de curso;

II – na reserva de 2.ª categoria:a) as praças;b) os alunos dos órgãos de formação de reservistas de 2.ª categoria,

inclusive dos tiros de guerra e centros de formação de reservistas daMarinha, que terminarem, com aproveitamento, toda a instrução militar;

c) os alunos das escolas preparatórias de cadetes do Exército e daAeronáutica, do Colégio Naval, das escolas de aprendizes de marinheiros,das escolas de marinha mercante e dos centros de formação de marítimosque tiverem completado, no mínimo, um ano de curso comaproveitamento, desde que satisfeita condição de idade mínima para aprestação do serviço militar inicial53;

d) os alunos dos colégios militares que tenham concluído a instrução militarcom aproveitamento e satisfeito condição de idade mínima para aprestação do serviço militar inicial;

e) as praças das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros que tenhamcompletado um ano de serviço, bem como os alunos das escolas deformação de oficiais destas corporações que tiverem completado um anode curso e satisfeito condição de idade mínima para a prestação doserviço militar inicial.

O brasileiro excluído da Polícia Militar dos Estados ou do Distrito Federal porconclusão de tempo de serviço, antes de 31 de dezembro do ano em que completar 45(quarenta e cinco) anos de idade, será considerado reservista da 2.ª categoria, nasgraduações e qualificações atingidas, se, antes de nela ingressar, era portador de

Page 199: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

certificados de isenção, de dispensa de incorporação ou de reservista, quer de 1.ª, querde 2.ª categoria, com graduação inferior à atingida. Nos demais casos, permanecerá nacategoria, na graduação e na qualificação que possuía antes da inclusão na PolíciaMilitar54.

Os reservistas, enquanto permanecerem em disponibilidade55, deixam de sermilitares, retornando à condição de cidadãos civis. Todavia, quando convocados,reincluídos, designados ou mobilizados, serão, compulsoriamente, incluídos na ativa,regressando à condição jurídica de militares das Forças Armadas para todos os efeitoslegais.

6.18. CERTIFICADOS DE ALISTAMENTO MILITAR, DE RESERVISTA, DE ISENÇÃOE DE DISPENSA DE INCORPORAÇÃO

De acordo com a Lei do Serviço Militar, aos brasileiros serão fornecidos osseguintes certificados:

a) de alistamento militar (CAM). É o documento comprovante da apresentaçãopara a prestação do serviço militar inicial. É fornecido gratuitamente;

b) de reservista. É o documento comprovante de inclusão do cidadão na reservada Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, sendo de formato único para astrês Forças Armadas. É concedido gratuitamente. Nele será incluída acategoria a que pertence o reservista. Para que o reservista esteja em dia comsuas obrigações militares, durante o período em que permanecer emdisponibilidade, seu certificado deverá receber, anualmente, anotação deapresentação;

c) de isenção. É o comprovante de que o brasileiro está isento do serviço militarem razão dos motivos descritos anteriormente. É fornecido gratuitamente;

d) de dispensa de incorporação. É fornecido, mediante pagamento da taxamilitar56 correspondente, aos dispensados de incorporação.

É vedado, a quem quer que seja, reter certificados de alistamento, de reservista,de isenção ou de dispensa de incorporação ou incluí-los em processo burocráticos,ressalvados os casos de suspeita de fraude de pessoa ou da coisa e nas hipóteses doalistado, reservista ou dispensado de incorporação que incorrer em multa, enquantonão efetuar o respectivo pagamento.

Page 200: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

6.19. DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DE SITUAÇÃO MILITAR

São documentos comprobatórios de situação militar57:

1) o certificado de alistamento militar, nos limites da sua validade;2) o certificado de reservista;3) o certificado de dispensa de incorporação58;4) o certificado de isenção;5) a certidão de situação militar, destinada a: a) comprovar a situação daqueles

que perderam os seus postos e patentes ou graduações; b) comprovar asituação dos aspirantes a oficial ou guardas-marinha; c) instruir processo,quando necessário;

6) a Carta Patente para oficial da ativa, da reserva e reformado das ForçasArmadas ou de corporações consideradas suas reservas;

7) a provisão de reforma, para as praças reformadas;8) o atestado de situação militar, quando necessário, para aqueles que estejam

prestando o serviço militar, válido apenas durante o ano em que for expedido;9) atestado de se encontrar desobrigado do serviço militar, até a data da

assinatura do termo de opção pela nacionalidade brasileira, no registro civildas pessoas naturais, para aquele que o requerer;

10) o cartão ou carteira de identidade: a) fornecidos pelos Comandos daMarinha, do Exército e da Aeronáutica para os militares da ativa, da reserva ereformados das Forças Armadas; b) fornecidos por órgão legalmentecompetente para os componentes das corporações consideradas como reservadas Forças Armadas.

6.20. DIREITOS DOS CONVOCADOS E RESERVISTAS

Os funcionários públicos federais, estaduais ou municipais, bem como osempregados, operários ou trabalhadores, qualquer que seja a natureza da entidade emque exerçam suas atividades, quando incorporados ou matriculados em órgão deformação de reserva, por motivo de convocação para prestação do serviço militarinicial, com prejuízo do exercício do cargo ou emprego, terão assegurado o retornoaos mesmos dentro dos 30 (trinta) dias que se seguirem ao licenciamento ou términode curso59. O convocado que engajar perderá o direito de retorno.

Page 201: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Os brasileiros, quando incorporados por motivo de convocação para manobras,exercícios, manutenção da ordem interna ou guerra, terão assegurado o retorno aocargo, função ou emprego que exerciam ao serem convocados. Se forem servidoresfederais, estaduais ou municipais, terão direito de optar pela remuneração quepercebiam antes da convocação. O incorporado que engajar perderá estes direitos.

Os convocados terão direito, também, ao transporte por conta da União, dentrodo território nacional: a) da sede do município em que residem para a organizaçãomilitar onde forem fixados, quando selecionados e designados para incorporação, evice-versa, se, por motivos estranhos à sua vontade, devem retornar para o municípiode sua residência; b) para retornarem às localidades em que residiam ao seremincorporados quando, licenciados, assim o desejarem, desde que o requisitem até 30(trinta) dias após o licenciamento.

O tempo de contribuição60 e o tempo de serviço ativo prestado nas ForçasArmadas pelos convocados, quando a elas incorporados, serão computados,respectivamente, para efeito de aposentadoria e de disponibilidade61. Para fins deaposentadoria pelo Regime Geral de Previdência Social, conferir art. 55, I, da Lei8.213, de 24 de julho de 199162.

6.21. DEVERES DOS RESERVISTAS

Constituem deveres do reservista:

a) apresentar-se, quando convocado, no local e prazo que lhe tiverem sidodeterminados;

b) comunicar, dentro de 60 (sessenta) dias, pessoalmente ou por escrito, àorganização militar mais próxima, as mudanças de residência;

c) apresentar-se, anualmente, no local e data que forem fixados, para fins deexercício de apresentação das reservas ou cerimônia cívica do Dia doReservista;

d) comunicar à organização militar a que estiver vinculado a conclusão dequalquer curso técnico ou científico, comprovada pela apresentação dorespectivo instrumento legal, e bem assim qualquer ocorrência que serelacione com o exercício de qualquer função de caráter técnico ou científico;

e) apresentar ou entregar à autoridade militar competente o documento dequitação com o serviço militar de que for possuidor, para fins de anotações,substituições ou arquivamento, nos casos descritos em lei.

Page 202: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Os reservistas que deixarem de cumprir qualquer um destes deveres não estarãoem dia com as suas obrigações militares.

6.22. IMPEDIMENTOS DECORRENTES DA NÃO QUITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕESMILITARES

Nenhum brasileiro, entre 1.º de janeiro do ano em que completar 19 (dezenove) e31 de dezembro do ano em que completar 45 (quarenta e cinco) anos de idade,poderá, sem fazer prova de que está em dia com as suas obrigações militares:

1) obter passaporte ou prorrogação de sua validade;2) ingressar como funcionário, empregado ou associado em instituição, empresa

ou associação oficial, oficializada, subvencionada ou cuja existência oufuncionamento dependa de autorização ou reconhecimento do GovernoFederal, Estadual ou Municipal;

3) assinar contrato com o Governo Federal, Estadual ou Municipal;4) prestar exame ou matricular-se em qualquer estabelecimento de ensino;5) obter carteira profissional, matrícula ou inscrição para o exercício de

qualquer função e licença de indústria e profissão;6) inscrever-se em concurso para provimento de cargo público63;7) exercer, a qualquer título, sem distinção de categoria ou forma de pagamento,

qualquer função ou cargo público: a) estipendiado pelos cofres públicosfederais, estaduais ou municipais; b) de entidades paraestatais e dassubvencionadas ou mantidas pelo poder público;

8) receber qualquer prêmio ou favor do Governo Federal, Estadual ouMunicipal.

6.23. ACORDOS DE RECIPROCIDADE DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO MILITAR

O Brasil firmou acordos de reciprocidade de prestação do serviço militar com oReino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (Decreto 50.144, de 27 de janeiro de1961) e com a República Italiana (Decreto n. 56.417, de 04 de junho de 1965).

6.24. SERVIÇO ALTERNATIVO AO SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO64

Page 203: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

6.24.1. Conceito

Serviço alternativo ao serviço militar obrigatório consiste no exercício deatividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo,em substituição às atividades de caráter essencialmente militar.

6.24.2. Locais de prestação

O Serviço Alternativo será prestado em organizações militares da ativa e emórgãos de formação de reservas das Forças Armadas ou em órgãos subordinados aosMinistérios Civis, mediante convênios entre estes e o Ministério da Defesa, por meiodos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, desde que haja interesserecíproco e, também, sejam atendidas as aptidões do convocado.

6.24.3. Documento comprobatório da prestação do serviço alternativo

Finda a prestação do serviço alternativo, será conferido ao cidadão brasileiro ocertificado de prestação alternativa ao serviço militar obrigatório, com os mesmosefeitos jurídicos do certificado de reservista.

6.24.4. Recusa ou cumprimento incompleto

A recusa ou cumprimento incompleto do serviço alternativo, sob qualquerpretexto, por motivo de responsabilidade pessoal do convocado, implicará o nãofornecimento do certificado acima mencionado, pelo prazo de dois anos após ovencimento do período estabelecido. Findo este lapso temporal, o certificado só seráemitido após a decretação, pela autoridade competente, da suspensão dos direitospolíticos do inadimplente65, que poderá, a qualquer tempo, regularizar sua situaçãomediante cumprimento das obrigações devidas.

6.25. RESUMO DA MATÉRIA

Serviço militar inicial obrigatório

O serviço militar é obrigatório nos termos da lei, sendo que, em tempo de paz, as mulherese os eclesiásticos ficam isentos, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. Oscidadãos recrutados para o serviço militar obrigatório exercem um verdadeiro munus

Page 204: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

público.Os brasileiros naturalizados e por opção são obrigados ao serviço militar a partir da data

em que receberem o certificado de naturalização ou da assinatura do tempo de opção.Os brasileiros prestarão o serviço militar incorporados em organizações militares da ativa

ou matriculados em órgãos de formação de reserva.Àqueles que alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de

crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades decaráter essencialmente militar, serão atribuídos serviços alternativos, na forma da lei.

Será permitido aos homens, reservistas ou não, dos 17 (dezessete) aos 45 (quarenta ecinco) anos de idade, a prestação do serviço militar voluntário, mediante autorização dosComandantes de Força. À mulher também é permitida a prestação do serviço militarvoluntário, que poderá ser instituído, discricionariamente, por cada Força Armada.

O serviço militar inicial dos incorporados terá a duração normal de 12 (doze) meses. OsComandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, respectivamente, poderão reduzireste período em até dois meses ou dilatá-lo por até seis meses. Em havendo interessenacional, a dilação do tempo de serviço militar dos incorporados, além de 18 (dezoito)meses, poderá ser feita mediante autorização do Presidente da República.

O território nacional, para efeito do serviço militar, compreende: a) Juntas de ServiçoMilitar; b) Delegacias de Serviço Militar; c) Circunscrições de Serviço Militar; d) Zonas deServiço Militar.

Compete ao Ministro de Estado da Defesa aprovar os Planos de Convocação para oserviço militar inicial, sendo vedada a subdelegação.

São órgãos de direção do serviço militar: a) na Marinha, a Diretoria do Pessoal daMarinha; b) no Exército, a Diretoria do Serviço Militar; c) na Aeronáutica, a Diretoria doPessoal da Aeronáutica.

O recrutamento é regido pelo princípio da universalidade e compreende: a) seleção; b)convocação; c) incorporação ou matrícula nos órgãos de formação de reserva; d)voluntariado.

O brasileiro deve se apresentar para o alistamento nos primeiros seis meses do ano emque completar 18 (dezoito) anos de idade. Os voluntários poderão fazê-lo a partir da data emque completarem 16 (dezesseis) anos de idade. Efetivado o alistamento, os brasileiros daclasse a ser convocada, residentes em municípios tributários, ficam obrigados a apresentar-se para a seleção, a ser realizada dentro do segundo semestre do ano em que completarem 18(dezoito) anos de idade, independentemente de editais, avisos e notificações, em locais eprazos fixados previamente.

A seleção é efetivada com base nos seguintes aspectos: a) físico, mediante inspeção desaúde e de provas de aptidão física; b) cultural, por meio de testes de seleção; c)psicológico, mediante entrevistas, etc.; d) moral.

A isenção do serviço militar se dá: a) por incapacidade física ou mental definitiva; b) emtempo de paz, por incapacidade moral.

Page 205: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A classe convocada será constituída por aqueles que completarem 19 (dezenove) anos deidade entre 1.º de janeiro e 31 de dezembro do ano em que deverão ser incorporados emorganização militar da ativa ou matriculados em órgãos de formação de reserva.

Incorporação é o ato de inclusão do convocado ou voluntário numa organização militar daativa das Forças Armadas. O convocado à incorporação que deixar de se apresentar nodestino a ele atribuído no prazo estipulado;ou, apresentando-se, ausentar-se antes do atooficial de incorporação, será declarado insubmisso.

Matrícula é o ato de admissão do convocado ou voluntário em qualquer escola, centro,curso de formação de militar da ativa ou órgão de formação de reserva.

O adiamento de incorporação e de matrícula constitui o ato de transferência do conscritode uma classe para outra posterior à sua, mediante requerimento do interessado, apresentadodurante a época da seleção.

Dispensa de incorporação é o ato pelo qual os brasileiros são dispensados deincorporação em organizações militares da ativa, tendo em vista situações peculiares ou porexcederem às possibilidades de incorporação nessas organizações.

O serviço ativo das Forças Armadas será interrompido: a) pela anulação da incorporação;b) pela desincorporação; c) pela expulsão; d) pela deserção.

Aos incorporados que concluírem o tempo de serviço a que estiverem obrigados, poderá,desde que o requeiram, ser concedida, discricionariamente, sua prorrogação, uma ou maisvezes, como engajados ou reengajados, segundo as conveniências da Força Armadainteressada.

Licenciamento é o ato de exclusão ex officio da praça do serviço ativo de uma ForçaArmada, após o término do tempo de serviço militar inicial, com a sua inclusão na reserva.

São documentos comprobatórios de situação militar: 1) o certificado de alistamentomilitar; 2) o certificado de reservista; 3) o certificado de dispensa de incorporação; 4) ocertificado de isenção; 5) a certidão de situação militar; 6) a Carta Patente para os oficiais;7) a provisão de reforma, para as praças reformadas; 8) o atestado de situação militar; 9)atestado de se encontrar desobrigado do serviço militar; 10) o cartão ou carteira deidentidade fornecidos pelos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e porórgão legalmente competente para os componentes das corporações consideradas comoreserva das Forças Armadas.

O Brasil firmou acordos de reciprocidade de prestação do serviço militar com o ReinoUnido da Grã-Bretanha, Irlanda do Norte e com a República Italiana.

Serviço alternativo ao serviço militar obrigatório

Serviço alternativo consiste no exercício de atividades de caráter administrativo,assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às atividades de caráteressencialmente militar. O cidadão que o concluir receberá o certificado de prestaçãoalternativa ao serviço militar obrigatório, com os mesmos efeitos jurídicos do certificado de

Page 206: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

reservista. A recusa ou cumprimento incompleto do serviço alternativo poderá acarretar asuspensão dos direitos políticos do inadimplente.

6.26. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (STM – Juiz-Auditor 2005) – A obrigação para com o serviço militar,em tempo de paz, começa no dia 1.º de janeiro do ano em que ocidadão completar 18 (dezoito) anos de idade e subsistirá até 31 dedezembro do ano em que completar 45 (quarenta e cinco) anos.

O cidadão que, regularmente alistado para o serviço militar, nãocomparecer na ocasião e no local marcados para a seleção, ou que,tendo-o feito, se ausentar sem a ter completado, será considerado:a) refratário.b) desertor.c) incapaz.d) insubmisso.

2. (STM – Juiz-Auditor 2005) – Incorporação é o ato de inclusão doconvocado ou voluntário para o serviço militar em uma organizaçãomilitar das Forças Armadas. A Lei do Serviço Militar (Lei 4.375, de 17de agosto de 1964) estabelece que o convocado poderá ter suaincorporação adiada:a) se estiver matriculado ou for candidato à matrícula em estabelecimentos de ensino

destinados à formação de médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários.b) se estiver matriculado em Órgão de Formação de Reserva.c) se for arrimo de família.d) se for julgado incapaz definitivamente para o serviço militar.

3. (MPM – Promotor 2005) – A prorrogação voluntária do tempo deserviço do incorporado denomina-se:a) Engajamento.b) Reincorporação.

Page 207: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) Dilação do tempo de serviço.d) Adição.

4. (Comando Exército – Admissão 2007 ao QCO/QC 2008) – Oinsubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito aoquartel por menagem e será submetido à inspeção de saúde. Se forjulgado incapaz na inspeção de saúde o insubmisso:a) não ficará isento do processo, nem ficará isento de inclusão no serviço militar.b) ficará isento do processo, mas fica sujeito à inclusão no serviço militar.c) ficará isento do processo e da inclusão no serviço militar.d) ficará na condição de refratário.e) terá suspensa temporariamente sua inclusão no serviço militar.

5. (Delegado Polícia Civil GO 2003) – Por motivo de credo religioso, Joãoda Silva, convocado para prestar serviço militar, recusa-se a fazê-lo,negando-se também a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.Para justificar sua conduta, afirma que a Constituição Federal acata,nesse caso, a objeção de consciência por motivo de crença religiosa,sem prever sanção para o objetor.

Nesse caso, João está enganado, pois a Constituição:a) inclui a hipótese figurada entre as que provocam perda ou suspensão de direitos

políticos.b) não admite a objeção de consciência por motivos de crença religiosa, devendo o

objetor ser detido em dependência das Forças Armadas.c) admite a objeção de consciência somente para dispensar o objetor da obrigatoriedade

do voto.d) admite a objeção de consciência apenas por motivos de convicção filosófica.

6. (Delegado Polícia Civil SC 2008) – As Forças Armadas, constituídaspela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituiçõesnacionais permanentes e regulares, organizadas com base nahierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente daRepública, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderesconstitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Page 208: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Sobre as Forças Armadas, é correto afirmar:a) Caberá habeas corpus em relação a certas punições disciplinares militares.b) Ao militar é proibida a greve e permitida a sindicalização.c) O militar ativo e inativo não pode estar filiado a partidos políticos.d) As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo

de paz; sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.

7. (STM – Juiz-Auditor 1996) – A Lei 4.375, de 17 de agosto de 1964, Leido Serviço Militar, relaciona os Órgão de Direção e Execução doServiço Militar. Nos Municípios brasileiros, as Juntas de ServiçoMilitar, como Órgão de Execução, são presididas pelo:a) Comandante da respectiva Região Militar.b) Prefeito Municipal.c) Estado Maior das Forças Armadas.d) Chefe ou Comandante da Organização Militar da cidade.

8. (STM – Juiz-Auditor 1996) – O documento comprovante de inclusãode brasileiro na Reserva da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica é:a) Certificado de Reservista.b) Certificado de Apresentação.c) Certificado de Incorporação.d) Certificado de Alistamento Militar.

9. (STM – Juiz-Auditor 1996) – A Execução do Serviço Militar, noExército, ficará a cargo de:a) Comandos Militares de Área.b) Delegacias do Serviço Militar.c) Regiões Militares.d) Diretoria do Serviço Militar.

10. (Comando da Marinha – quadro técnico do corpo auxiliar da MarinhaT/2006. Direito) – A pessoa que se exime de prestar serviço militar,alegando motivo de crença religiosa, e se recusa a prestar serviçosalternativos:

Page 209: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) não pode ser privada de nada, porque a Constituição prevê liberdade de credoreligioso.

b) tem seus direitos e garantias individuais suspensos.c) perde a nacionalidade brasileira.d) é privado do direito de votar e ser votado.e) é considerado apátrida.

11. (MPM – Promotor 1999) – Quanto ao status administrativo, qual asituação do insubmisso e do desertor capturados, enquanto nãosubmetidos à inspeção de saúde:a) Serão encostados (ou em depósito) a Organização Militar, para fins de justiça,

mantendo a condição de civis.b) Serão imediatamente incorporados à Unidade, anulando-se o ato caso sejam

declarados incapazes no exame de saúde.c) Serão incluídos e imediatamente classificados em disponibilidade, aguardando o

resultado da inspeção de médica.d) Serão agregados, não perdendo a condição de civis até a definição da Junta de

Inspeção de Saúde, sendo considerados assemelhados.

12. (MPM – Promotor 1999) – No tema das interrupções do serviçomilitar, podemos definir os conceitos de anulação da incorporação,desincorporação e expulsão, respectivamente, como:a) Declaração de nulidade do ato de incorporação e seu efeito real; sendo expulsão a

baixa desonrosa das Forças Armadas.b) Desfazimento do ato administrativo de incorporação; exclusão por motivo específico

adquirido; e baixa desonrosa por motivo disciplinar ou penal;c) Nulidade da convocação e afastamento do corpo de tropa por movimentação; sendo a

expulsão o licenciamento ex officio por motivo disciplinar, ideológico ou político.d) Desfazimento da incorporação por irregularidade na seleção; afastamento definitivo

por motivo de saúde; não vigorando a expulsão na vigência da atual Constituição.

Gabarito

Page 210: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

1. a 2. a 3. a

4. c 5. a 6. d

7. b 8. a 9. c

10. d 11. a 12. b

1 Como salientou Carlos Maximiliano Pereira dos Santos: “A União legisla sobre a defesanacional, organizando-a e instruindo os soldados e officiaes. Não póde empregar o processoimperial e tyrannico do recrutamento forçado, isto é, o de apanhar os indivíduos nas ruas, aarbítrio de officiaes inferiores e dos delegados de policia, e incluil-os nas fileiras. Também não élicito offerecer prêmios para attrahir os cidadãos ao serviço da pátria: esse uso, do antigoregímen, rebaixava a carreira honrosa e enchia de desclassificados os batalhões do Exercito e osnavios da Armada. Procede-se hoje ao alistamento militar de todos os cidadãos maiores de 21annos, divididos em classes, conforme a idade. Chamam-se voluntários; excluem-se os débeis,enfermos e os de má conduta; os claros restantes são preenchidos mediante sorteio entre osalistados da primeira classe; esgotada esta, recorrem á segunda, e assim por diante. É deste modoque se interpreta e applica o art. 87” (SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos. Comentários àconstituição brasileira de 1891. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. Ed. fac-similar, p. 788).

2 “Quando em 1916 o Presidente Wenceslau Braz e o Ministro da Guerra General Caetano de Fariapuzeram em execução, pela primeira vez no Brasil, o sorteio militar instituido pelo códigosupremo em 1891 e regulado por lei ordinária (n. 1.860, de 4 de Janeiro de 1908), houve muitospedidos de ‘habeas-corpus’. Offereceram varios fundamentos, inclusive a insconstitucionalidade;porém os juízes seccionaes e o Supremo Tribunal Federal atenderam só a um – o da menoridade.Quem não completou 21 annos, ainda não goza dos direitos e, portanto, não tem os deveres decidadão brasileiro. Os próprios volutarios, antes de se tornarem pessoas sui juris, isto é, dehaverem attingido á maioridade, não podem envergar a farda sem o consentimento expresso dosPaes ou tutores, que, desattendidos, arraçam da fileira, pelos meios judiciaes, o filho ou pupillo”(SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos. Comentários à constituição brasileira de 1891.Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. Ed. fac-similar, p. 788).

3 LEAL, José Alberto. Serviço militar obrigatório – a alternativa adequada. Disponível naInternet: <http://dsm.dgp.eb.mil.br/Diversos/Servi%E7o%20militar%20obrigatorio.pdf>. Acessoem: 4 abr. 2009.

4 Art. 1.º do Decreto 58.222, de 16 de abril de 1966.5 Decreto-lei 1.908, de 26 de dezembro de 1939.

Page 211: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

6 A incorporação é o ato de inclusão do convocado ou voluntário em organização militar da ativa,bem como em certos órgãos de formação de reserva.

7 A matrícula consiste no ato de admissão do convocado ou voluntário em órgão de formação dereserva, bem como em certas organizações militares de ativa, tais como escola, centro ou curso deformação de militar da ativa. Sempre que o convocado ou voluntário for designado para matrículaem um órgão de formação de reserva, ao qual fique vinculado para prestação de serviço, emperíodos descontínuos, em horários limitados ou com encargos limitados apenas àquelesnecessários à sua formação, será incluído no referido órgão e matriculado, sem, contudo, serincorporado. Quando o convocado ou voluntário for matriculado em uma escola, centro ou cursode formação de militar da ativa, ou órgão de formação de reserva, ao qual fique vinculado demodo permanente, independente de horário, e com os encargos inerentes às organizações militaresda ativa, será incluído e incorporado à referida escola, centro, curso ou órgão.

8 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. rev. e atual. Ed.Malheiros, 2004, p. 232.

9 Conferir Lei 8.239, de 04 de outubro de 1991, que regulamenta o art. 143, §§ 1.º e 2.º, daConstituição Federal e dispõe sobre a prestação de serviço alternativo ao serviço militarobrigatório.

10 Ao nosso ver, a hipótese em comento se restringe aos casos de prestação voluntária de serviçomilitar obrigatório, a exemplo dos médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários, que mesmoreservistas, que podem, voluntariamente, prestar este munus público, cuja imposição decorre daLei 5.292/1967.

11 Para efeito do serviço militar, a incapacidade civil do menor cessará na data em que completar17 (dezessete) anos. Sendo assim, os voluntários que, no ato de incorporação ou matrícula,tiverem 17 (dezessete) anos incompletos, deverão apresentar documento hábil, de consentimentodo responsável.

12 O serviço militar dos matriculados em órgãos de formação de reserva terá a duração previstanos respectivos regulamentos.

13 Art. 19, XIV, da Lei 9.649, de 27 de maio de 1998, incluído pela MP 2.216-37, de 31 de agostode 2001.

14 Art. 1.º do Decreto 3.702, de 27 de dezembro de 2000.15 Art. 1.º, XVII, do anexo I, do Decreto 6.223/2007.16 O Ministério da Defesa estabeleceu a sistemática utilizada pelo Exército Brasileiro como base

para a implantação do modelo unificado, por ser um sistema informatizado, testado e abrangenteem todo o território nacional, sendo denominado Sistema Eletrônico de Recrutamento Militar eMobilização (SERMILMOB). Consequentemente, os Órgãos de Alistamento (OA) da Marinha e daAeronáutica foram desativados, ficando as Juntas de Serviço Militar (JSM) responsáveis porrealizar o alistamento do conscrito para as três Forças (itens 2.2 e 2.3 da Portaria Normativa1.739/MD, de 22 de dezembro de 2008).

17 O nosso País, para efeito de jurisdição sobre o espaço aéreo, é dividido em sete Zonas Aéreas,

Page 212: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

cada uma sob jurisdição do respectivo Comando Aéreo Regional (COMAR), subordinados aoComando Geral do Ar (COMGAR), cujo somatório de influências cobre todo o território nacional.Fonte: <http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?page=comgar>. Acesso em: 07 abr. 2009.

18 São os chamados Serviço de Recrutamento e Mobilização (SERMOB) de cada COMAR.19 Os Órgãos de Alistamento (OA) da Aeronáutica foram desativados, ficando as Juntas de

Serviço Militar (JSM) responsáveis por realizar o alistamento do conscrito para as três Forças(itens 2.2 e 2.3 da Portaria Normativa 1.739/MD, de 22 de dezembro de 2008.

20 Art. 11, § 1.º, da Lei 4.375/1964.21 Item 2.2, letra a, das Instruções gerais para a coordenação da conscrição nas Forças Armadas

(Decreto 66.949, de 23 de julho de 1970).22 Classe é o conjunto dos brasileiros nascidos entre 1.º de janeiro e 31 de dezembro de um

mesmo ano. É designada pelo ano de nascimento dos que a constituem.23 Como já salientado, atualmente, os órgãos alistadores (OA) da Marinha e da Aeronáutica estão

desativados (Portaria Normativa 1.739/MD, de 22 de dezembro de 2008).24 Classe convocada é o conjunto de brasileiros, de uma mesma classe, chamado para a prestação

do serviço militar, quer inicial, quer sob outra forma e fase.25 Não será considerado refratário o brasileiro: a) que faltar, apenas, ao alistamento, na época

normal de alistamento da sua classe; b) residente em município não tributário há mais de um ano,contados a partir da data de início da seleção da sua classe.

26 Os conscritos que forem julgados “Incapaz B-1” em duas inspeções de saúde, realizadas para aseleção de duas classes distintas, qualquer que seja o diagnóstico, serão incluídos, desde logo, noexcesso do contingente. Terão anotados nos respectivos CAM o grupo em que foram classificados,o número do diagnóstico e a expressão “excesso do contingente”.

27 Os conscritos julgados “Incapaz B-2” serão incluídos, desde logo, no excesso do contingente,fazendo-se nos CAM o grupo em que foram classificados, o número do diagnóstico e a expressão“excesso do contingente”.

28 Os conscritos e voluntários julgados “Incapaz C”, em qualquer das inspeções, receberão ocertificado de isenção do serviço militar.

29 São considerados irrecuperáveis os portadores de lesões, doenças ou defeitos físicos que ostornem incompatíveis para o serviço militar nas Forças Armadas e que só podem ser sanados ouremovidos com o desenvolvimento da ciência.

30 São considerados em débito com o serviço militar todos os brasileiros que não tenhamcumprido as obrigações dele decorrentes nos prazos fixados em lei. Por conseguinte, ficamsujeitos às obrigações impostas aos da classe que estiver sendo selecionada, sem prejuízo dassanções e prescrições descritas na Lei do Serviço Militar e em seu decreto regulamentador.

31 São consideradas organizações militares da ativa: a) os corpos de tropa; b) as repartições,estabelecimentos, navios, bases navais ou aéreas ou qualquer outra unidade tática ouadministrativa que faça parte do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica.

Page 213: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

32 Órgão de formação de reserva é a denominação genérica dada aos órgãos de formação deoficiais, graduados e soldados para a reserva.

33 “Preferenciados – Brasileiros com destino preferencial para uma das Forças Armadas, nadistribuição anual do contingente, por exercerem atividades normais de grande interesse darespectiva Força, e que ficarão vinculados à mesma, quanto à prestação do Serviço Militar equanto à mobilização. Determinados preferenciados têm os mesmos deveres dos reservistas.” (art.3.º, n. 32, do Decreto 57.654/1966).

34 No caso da Marinha, aqueles que tiverem: a) um ano de exercício nas profissões para as quaisse matricularam nas Capitanias dos Portos, suas Delegacias ou Agências; b) exercido, por um ano,atividades técnico-profissionais em bases, fábricas, centros de construção ou reparo naval,estaleiros, diques, carreiras, oficinas ou terminais marítimos, bem como os que estiveremmatriculados, há mais de um ano, em escolas técnico-profissionais concernentes às atividadesnavais; c) como Escoteiro do Mar, pelo menos três anos de atividade escoteira; d) com pelo menosum ano de serviço em atividades de fotogrametria e cartografia náutica em estabelecimentosnavais; e) inscritos em associações de pesca submarina registradas nas Capitanias dos Portos eque contarem pelo menos três anos de atividade regular nessas associações. No Exército, os queexercerem profissões: a) ou tiverem aptidões de interesse especial; b) como operário funcionárioou empregado de estabelecimentos ou empresas industriais de interesse militar, de transporte e decomunicações, que forem anualmente declarados diretamente relacionados com a SegurançaNacional, desde que não estejam preferenciados para a Marinha ou para a Aeronáutica. NaAeronáutica: a) estiverem matriculados nas Escolas Técnicas de Aviação; b) estiveremmatriculados nas Escolas de Pilotagem das Associações de Voo, das Empresas de AviaçãoComercial, dos Aeroclubes e os que forem possuidores de habilitação como piloto de avião; c)pertencerem ao escoteirismo aéreo, ou praticarem voo a vela; d) forem aprendizes de artífice,operários ou técnicos de qualquer grau, em fábricas, indústrias ou oficinas de materialaeronáutico; e) exercerem função técnico-profissional em Empresas de Aviação Comercial,desportiva, de atividades comuns ou de execução de levantamento aerofotogramétrico; f) foremservidores civis do Comando da Aeronáutica, com mais de um ano de serviço.

35 Sobre o tema, conferir a Recomendação Conjunta 2/2007, de 30 de Novembro de 2007,expedida pelo Ministério Público Militar, que, em suma, assim dispõe: “ResolvemRECOMENDAR ao Comandante da 3.ª Região Militar que: 1. determine expressamente no PlanoRegional de Convocação que o princípio da proximidade da residência deve ser observado, tantoquanto possível, como critério de prioridade durante o processo de seleção, distribuição,designação, seleção complementar e incorporação dos conscritos para as Organizações Militaressediadas na área da 3.ª RM.”Disponível em: <http://www.mpm.gov.br/site/mpm/servicos/assessoria-de-comunicacao/atuacao-do-mpm/documentos/SM%20-%20Rec%20Prox%20Res.pdf>. Acesso em: 30 maio 2009.

36 Não obstante ao disposto no art. 25 da Lei 4.375/1964, a expressão “convocado àincorporação”, contida no art. 183 do CPM, aplica-se apenas ao selecionado para convocação edesignado para a incorporação, não englobando o selecionado para convocação a matrícula emorganização militar, como já decidiu o STF no RHC 77.272, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,

Page 214: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Primeira Turma, julgado em 22/09/1998, DJ 06/11/1998). Este tema será abordado novamente noitem 6.11.7.

37 Encostamento (ou depósito) é o ato de manutenção do convocado, voluntário, reservista,desincorporado, insubmisso ou desertor na organização militar, para fins específicos, declaradosno ato (alimentação, pousada, justiça etc.).

38 Neste caso, fará jus ao certificado de dispensa de incorporação ou de reservista, conforme ograu de instrução alcançado.

39 Aqui, o cidadão terá direito ao certificado de dispensa de incorporação ou de reservista, deacordo com o grau de instrução alcançado.

40 Art. 183 do CPM. “Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo quelhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação. Pena –impedimento de 3 (três) meses a 1 (um) ano.”

41 “Defensor Público: a intimação da decisão denegatória de habeas corpus há de fazer-se aoDefensor Público impetrante – que é parte – e não somente a outro acaso designado para servirjunto ao Tribunal. Crime militar: insubmissão: falta à matrícula em Tiro de Guerra: inexistência docrime, dada a revogação pelo C. Pen. Militar de 1969 do art. 25 da Lei do Serviço Militar (L.4.735/1964), de modo a reduzir a incriminação à falta de apresentação do convocado paraincorporação, mas não para a matrícula.” (RHC 77272, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence,Primeira Turma, julgado em 22/09/1998, DJ 06/11/1998).Dada a pertinência, passa-se a transcrever trecho do voto proferido no julgado acima: “Nãoimporta – senão para reforçar a procedência do pedido – que, como enfatizou o acórdão, o art. 183do atual C. Pen. Militar tenha redação idêntica à do art. 159 do de 1944. É que na vigência doCódigo anterior, para que o tipo de insubmissão alcançasse a ausência à matrícula, foi necessárioque o art. 25 da Lei de Serviço Militar (L. 4.375/1964) dispusesse: ‘Art. 25. O convocadoselecionado e designado para incorporação ou matrícula, que não se apresentar à OrganizaçãoMilitar que lhe for designada, dentro do prazo marcado ou que, tendo-o feito, se ausentar antes doato oficial de incorporação ou matrícula, será declarado insubmisso. Parágrafo único. A expressão‘convocado à incorporação’, constante do Código Penal Militar (art. 159), aplica-se aoselecionado para convocação e designado para a incorporação ou matrícula em OrganizaçãoMilitar, o qual deverá apresentar-se no prazo que lhe for fixado’. Ora, essa norma de extensão foirevogada pelo art. 183 do Código de 1969, precisamente na medida em que, sem reproduzi-la,voltou à redação original do Código anterior que não a continha. Cuidando-se de um novo CódigoPenal – que tratou inteiramente da matéria – o art. 2.º, § 1.º, LICC, elide qualquer tentativa desobrevivência, ao menos para fins criminais, do referido art. 25 da Lei do Serviço Militar.”No mesmo sentido, conferir o seguinte precedente: RHC 77290, Relator(a): Min. Marco Aurélio,Segunda Turma, julgado em 06/10/1998, DJ 27/11/1998.

42 Os residentes no exterior, inclusive os que ali estiverem frequentando cursos, que o comprovem,mediante a apresentação do CAM e do passaporte, ao regressarem ao Brasil, terão a situaçãomilitar regularizada do seguinte modo: a) o tempo passado no exterior será considerado comoadiamento de incorporação, sem necessidade de requerimento, devendo ser paga a taxa militar

Page 215: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

correspondente; b) concorrerão à seleção da primeira classe a ser incorporada.43 O TRF1 entendeu que a hipótese em comento abarca a residência médica, por ser essa uma

sequência natural na formação profissional do médico. Nesse sentido: “Mandado de segurança.Serviço militar. Convocação. Médico recém-formado aprovado em concurso para residênciamédica: Natureza complementar dos estudos e aprovação em processo seletivo (art. 29, e da Lei4.375/1964 e art. 1.º da Lei 6.932/1981). Liminar concedida. Concorrência dos requisitos do art.7.º, II, da Lei 1.533/1951. Decisão mantida. 1. A liminar em mandado de segurança tem naturezade ‘cautela’ e está rigorosamente adstrita à concorrência de seus pressupostos (art. 7.º, II, da Lei1.533/1951). 2. A ‘relevância do fundamento’ reside no fato de o impetrante encontrar-sematriculado em ‘instituto de ensino’ (art. 29, ‘e’, da Lei 4.375/1964) com o fito de especializar-seem um dos ramos da medicina (art. 1.º da Lei 6 932/1981), seguindo a ordem natural de suaformação profissional, não havendo embasamento legal para exigir dele que se exima de darcontinuidade à sua qualificação profissional para incorporar às fileiras da marinha. 3. Sem aliminar, a segurança, se concedida a final, será ineficaz, na medida em que o impetrante, aprovadoem processo seletivo, não poderia iniciar seus estudos de ‘residência médica’. 4. Concorrentes,por isso, os seus pressupostos, merece prestigiada a liminar concedida. Agravo não provido.Agravo regimental prejudicado. 5. Peças liberadas pelo Relator em 17/10/2000 para publicaçãodo acórdão.” (AG 2000.01.00.021911-0/AM, Rel. Juiz Luciano Tolentino Amaral, PrimeiraTurma, DJ de 13/11/2000, p. 21).No mesmo sentido, conferir: “Médico. Adiamento do serviço militar. Residência médica.Cabimento. 1. É possível adiar a prestação de serviço militar obrigatório para período posterior,em virtude de estar a parte autora freqüentando Programa de Residência Médica. 2. Apelação eremessa oficial improvidas.” (TRF4, AC 2004.71.00.008928-8, Terceira Turma, Relatora VâniaHack de Almeida, DJ 02/08/2006).

44 Nestes casos, ficarão, durante o período de prestação do serviço militar inicial da classe a quepertencem, à disposição da autoridade militar competente, para atender a chamada complementardestinada ao preenchimento dos claros das organizações militares já existentes ou daquelas quevierem a ser criadas.

45 Se interromperem o curso, antes de completar a instrução nesses órgãos, serão submetidos àseleção com a sua classe ou com a seguinte, caso a sua já tenha sido incorporada.

46 São considerados arrimos de família: a) o filho único de mulher viúva ou solteira, daabandonada pelo marido ou da divorciada, à qual sirva de único arrimo ou o que ela escolherquando tiver mais de um, sem direito a outra opção; b) o filho que sirva de único arrimo ao paifisicamente incapaz para prover o seu sustento; c) o viúvo ou divorciado que tiver filho menor deque seja único arrimo; d) o casado que sirva de único arrimo à esposa ou à esposa e filho menor;e) o solteiro que tiver filho menor de que seja único arrimo; f) o órfão de pai e mãe que sustenteirmão menor ou maior inválido ou interdito, ou ainda irmã solteira ou viúva que viva em suacompanhia; g) o órfão de pai e mãe, que sirva de único arrimo a uma de suas avós ou avôdecrépito ou valetudinário, incapaz de prover os meios de subsistência. Para fins de dispensa deincorporação, só será considerada a situação de arrimo quando, comprovadamente: a) o conscritosustentar os dependentes mencionados anteriormente e não dispuser de recursos para efetivar essa

Page 216: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

função, caso seja incorporado; b) o sustentado não dispuser de recursos financeiros ou econômicospara a própria subsistência.Reconhecendo o direito à dispensa do serviço militar ao arrimo de família, conferir:“Administrativo. Dispensa do serviço militar. Arrimo de família. A teor do disposto na Lei4.375/1964 (artigo 30, alínea f), está dispensado do serviço militar obrigatório aquele for ‘arrimode família’.” (TRF4, AG 2005.71.10.005167-6, Terceira Turma, Relatora Vânia Hack de Almeida,DE 11/04/2007).“Administrativo. Militar. Condição de arrimo de família comprovada. Desincorporação doserviço militar obrigatório do Exército. Sentença mantida. Remessa desprovida. 1. A Carta Magnagarante proteção à família e exalta o dever de assistência dos filhos a seus pais, quando incapazesde prover o próprio sustento. No caso em tela, comprovou o impetrante sua condição de arrimo defamília, que lhe é imposta pelo dever de assistência ao seu genitor acometido de doença grave eaos demais membros da família dependentes daquele. 2. A Lei 4.375/1964, que dispõe sobre anatureza, obrigatoriedade e duração do serviço militar, retificada posteriormente pela Lei4.754/1965, em seu art. 30, estabelece os casos de dispensa ao cumprimento do serviço militarobrigatório, entre os quais se inclui o dos cidadãos que são arrimos de família, em sua alínea f. 3.Embora a medida liminar tenha sido satisfativa, já que o seu cumprimento pelo impetrado, com adesincorporação do impetrante, esgotou o objeto da impetração, correta a sentença de mérito queconcedeu a segurança, confirmando a liminar anteriormente deferida e a tornando definitiva. Tendoem vista a provisoriedade e precariedade das medidas liminares, inclusive as satisfativas, somentea sentença de mérito pode torná-las definitivas e imutáveis, por ser a única capaz de produzircoisa julgada formal e material. 4. Remessa oficial desprovida. Sentença mantida.” (TRF1.REOMS 2003.36.00.009721-0/MT, Rel. Desembargador Federal Antônio Sávio de OliveiraChaves, Primeira Turma, DJ 05/11/2007, p. 16).

47 Estes institutos serão analisados com maior profundidade nos capítulos posteriores.48 “Administrativo. Militar. Reintegração nas fileiras do Exército. Ação ordinária. Procedência. –

A atividade administrativa de engajamento ou exclusão, de praças temporárias nas fileiras doExército, sujeita-se ao princípio geral da discricionariedade.” (TRF4, AC 2003.72.00.001871-1,Quarta Turma, Relator Valdemar Capeletti, DJ 30/06/2004).

49 Sobre licenciamento, conferir, também, o Capítulo XVIII, item 18.2.4, do livro.50 Praças são os não oficiais. Por conseguinte, os oficiais que integram a reserva das Forças

Armadas não são reservistas.51 Art. 3.º, 40, do Decreto 57.654, de 20 de janeiro de 1966, que regulamenta a Lei de Serviço

Militar (Lei 4.375, de 17 de agosto de 1964).52 Art. 3.º, n. 13, do Decreto 57.654/1966.53 Art. 20 do Decreto 57.654/1966. “Será permitida aos brasileiros a prestação de Serviço Militar

como voluntário, a partir do ano em que completarem 17 (dezessete) anos e até o limite de idadefixado no artigo anterior, e na forma do prescrito no Art. 127 e seus parágrafos, desteRegulamento.”

Page 217: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

54 Art. 13 do Decreto 57.654/1966.55 Durante o período passado em disponibilidade, o reservista fica vinculado à organização militar

na qual prestou o serviço militar inicial ou a outra que lhe tiver sido indicada, devendo informareventual mudança de residência.

56 Taxa Militar é a importância em dinheiro, cobrada pelos órgãos do serviço militar aosconvocados que obtiverem adiamento de incorporação ou a quem for concedido o certificado dedispensa de incorporação. Terá o valor da multa mínima que corresponde a 1/30 (um trinta avos)do salário-mínimo vigente no País.

57 Conferir, ainda: “Administrativo. Conselho Regional de Medicina. Inscrição. Certificado dequitação com o serviço militar. 1. A decisão judicial que entendeu como ilegal a convocação doautor para prestação do serviço militar é documento hábil como prova de quitação exigida peloConselho Regional de Medicina. 2. Apelação improvida.” (TRF4, AC 2003.72.00.006095-8,Quarta Turma, Relator Jairo Gilberto Schafer, DE 12/11/2007).

58 “Administrativo. Mandado de segurança. Serviço militar obrigatório. Certificado de dispensade incorporação por excesso de contingente. Inscrição do impetrante no Conselho Regional deMedicina. Recusa. Descabimento. Lei 5.292/1967. Decreto 57.654/1966. I – Afigura-sedesprovida de fundamento, no caso, a recusa, pelo Conselho Regional de Medicina do Estado doAmazonas, do Certificado de Dispensa de Incorporação, por excesso de contingente (art. 95,Decreto 57.654/1966), apresentada pelo impetrante como prova de sua quitação junto ao serviçomilitar obrigatório, para fins de inscrição no referido conselho. II – Nos termos do § 2.º, do art.166 do citado Decreto, ‘o Certificado de Dispensa de Incorporação, com as devidas anotaçõesquando for o caso, é documento comprobatório de estar o brasileiro em dia com as suasobrigações militares’. III – Apelação e remessa oficial desprovidas.” (AMS 2000.32.00.000296-1/AM, Rel. Desembargador Federal Souza Prudente, Sexta Turma, DJ de 2/10/2002, p. 204).

59 “Ao servidor público federal, estadual ou municipal fica garantido o direito de optar pelaremuneração que percebia antes da convocação ou mobilização” (art. 19, parágrafo único, da MP2.215-10/2001). Sendo assim, o art. 60, § 1.º, da Lei 4.375/1964, encontra-se derrogado.

60 Os soldados com menos de dois anos de efetivo serviço não são contribuintes obrigatórios dapensão militar (art. 27 da MP 2.215-10/2001).

61 Vide art. 40, § 9.º, da CF/1988, e Súmula 10 do STF (O tempo de serviço militar conta-se paraefeito de disponibilidade e aposentadoria do servidor público estadual).

62 “Art.;55.;O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento,compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados deque trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado: I – o tempo deserviço militar, inclusive o voluntário, e o previsto no § 1.º do art. 143 da Constituição Federal,ainda que anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, desde que não tenha sidocontado para inatividade remunerada nas Forças Armadas ou aposentadoria no serviço público.”

63 Não obstante esta vedação esteja contida no art. 74, letra f, da Lei 4.375/1964, entendemos seraplicável à espécie a Súmula 266 do STJ, que assim dispõe: “O diploma ou habilitação legal parao exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.”

Page 218: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Consequentemente, o documento de quitação das obrigações militares só deve ser exigido docandidato no ato da posse, sendo, assim, defeso condicionar a inscrição no certame à préviaapresentação do referido documento. Em sentido semelhante, conferir: “Constitucional.Administrativo. Concurso para professor adjunto. Documentos de habilitação profissional equitação para com o serviço militar. Imediato indeferimento. Ausência de razoabilidade no ato daautoridade. Ao indeferir de plano o pedido de inscrição de candidato que não entregou documentoreferente à habilitação profissional e de quitação para com o serviço militar, a autoridade nãoatuou com razoabilidade, pois era possível a concessão de prazo que a situação fosseregularizada. A jurisprudência do superior tribunal de justiça sedimentou-se no sentido de que odocumento comprobatório de habilitação legal para o exercício do cargo somente deve ser exigidona posse e não na inscrição para o concurso público (Súmula 216). Apelação e remessa oficial aque se nega provimento.” (TRF5. AMS 65.190/CE. Processo 98.05.48478-5. Terceira Turma. Rel.Des. Fed. Manuel Maia. DJ 05/09/2002).

64 Ver art. 143, § 1.º, da CF/1988 e Lei 8.239/1991.65 De acordo com o art. 15, IV, da CF/1988, a recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou

prestação alternativa, nos termos do art. 5.º, VIII, enseja a perda ou suspensão dos direitospolíticos.

Page 219: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

7.1. MODALIDADES

Nos termos da Lei 5.292/1967, o serviço militar prestado pelos MFDV, emprincípio, será feito sob uma das seguintes modalidades: a) estágio de adaptação eserviço (EAS); b) estágio de instrução e serviço (EIS).

7.2. OBRIGATORIEDADE

Os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários (MFDV) que, comoestudantes, tenham obtido adiamento de incorporação2 até o término do respectivocurso e os que possuam certificados de dispensa de incorporação3 ficam sujeitos àprestação do serviço militar inicial obrigatório, no ano seguinte à conclusão do curso,perdurando esta obrigação até o dia 31 de dezembro do ano em que completarem 38(trinta e oito) anos de idade, no caso de o serviço militar ser prestado na forma deestágio de adaptação e serviço (EAS).

Tem prevalecido, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a tese de que ocidadão brasileiro, dispensado de incorporação por excesso de contingente, não podeser convocado posteriormente para a prestação do serviço militar como MFDV, já queo caput do art. 4.º da Lei 5.292/1967 teria imposto este munus, apenas, aos que, comoestudantes, obtiveram adiamento de incorporação. Por isso, no entender predominantedo STJ, o art. 4.º, § 2.º, da Lei 5.292/1967, aplica-se, tão somente, às hipóteses deadiamento de incorporação, não podendo ser empregado nos casos de dispensa deincorporação por excesso de contingente ou pelo fato de o município não sercontribuinte para a prestação do serviço militar obrigatório4. Em outras palavras, nãoobstante o aludido art. 4.º, § 2.º, da Lei 5.292/1967 faça expressa menção à dispensade incorporação, pacificou-se o entendimento no STJ de que o dispensado deincorporação não pode ser novamente convocado para, efetivamente, prestar o

Page 220: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

serviço militar, agora na qualidade de MFDV.Discordamos deste entendimento. Primeiramente, deve-se frisar que o serviço

militar é obrigatório, nos termos da lei (art. 143 da CF/1988), e o dispensado deincorporação, obviamente, ainda não o prestou. Atualmente, as Leis 4.375/1964 e5.292/1967 disciplinam de forma geral e especial, respectivamente, a prestação doserviço militar inicial, tendo sido ambas recepcionadas pela Constituição vigente. Oart. 4.º, § 2.º, da Lei 5.292/1967, ao impor aos MFDV portadores de certificados dedispensa de incorporação sujeição ao serviço militar, criou, legitimamente, umaexceção à regra contida em seu caput. Tal prática, aliás, decorre de técnica legislativaessencial à ordenação lógica das disposições normativas que compõem um artigo,como, inclusive, preceitua, explicitamente, o art. 11, III, alínea c, da LeiComplementar 95, de 26 de fevereiro de 19985. Portanto, não se pode desprezar aressalva contida no aludido art. 4.º, § 2.º, sob pena de lhe conferir inutilidade, o que édefeso. A propósito, não é ocioso rememorar a lição de Carlos Maximiliano, segundoo qual vige em nosso ordenamento jurídico o brocado verba cum effectu suntaccipienda, ou seja, “‘Não se presumem, na lei, palavras inúteis’. Literalmente:‘Devem-se compreender as palavras como tendo alguma eficácia’. As expressões doDireito interpretam-se de modo que não resultem frases sem significação real,vocábulos supérfluos, ociosos, inúteis”6.

Pois bem, as hipóteses de dispensa de incorporação estão especificadas,taxativamente, no art. 30 da Lei 4.375/1964, nelas incluídas, dentre outras, a isençãoem razão de excesso de contingente. Logo, ainda que o brasileiro tenha sidodispensado da incorporação por excesso de contingente, poderá ser convocado para aprestação do serviço militar obrigatório, agora na qualidade de MFDV, observados oslimites etários descritos em lei7.

Finalizando, entendemos que somente médicos, farmacêuticos, dentistas eveterinários que já prestaram, efetivamente, o serviço militar obrigatório sedesincumbiram deste ônus e dever cívico imposto pela Carta Magna, razão pela qualnão podem ser novamente convocados para prestá-lo na condição de MFDV. Osdemais, desde que aptos física e moralmente, poderão ser convocados, ainda quedispensados anteriormente por excesso de contingente.

7.3. VOLUNTARIADO

Os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários, excetuados os oficiais dareserva de 1.ª classe ou remunerada8, independentemente do quadro ou corpo, quetenham terminado o curso em qualquer tempo, uma vez satisfeitas as exigências legais,

Page 221: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

poderão prestar o serviço militar como voluntários, quaisquer que sejam seusdocumentos comprobatórios de situação militar. É permitida, ainda, aos MFDV, quesejam oficiais da reserva de 2.ª classe ou não remunerada, a prestação do serviçocomo voluntários, nos serviços de saúde ou veterinária das Forças Armadas, por meiode estágios de instrução e serviço (EIS)9.

Os MFDV, quando voluntários para a prestação do estágio de adaptação e serviço(EAS), terão prioridade de incorporação, desde que satisfeitas as condições deseleção.

7.4. DURAÇÃO

O serviço militar prestado pelos MFDV terá a duração de 12 (doze) meses.Todavia, quando prestado na forma de estágio de adaptação e serviço (EAS), poderá:a) ser reduzido em até dois meses ou dilatado em até seis meses, pelos Comandantesde Força; b) ser dilatado além de 18 (dezoito) meses, em caso de interesse nacional,mediante autorização do Presidente da República. Estas abreviações e prorrogaçõesserão feitas mediante ato específico e terão caráter compulsório.

7.5. CONVOCAÇÃO

Os MFDV portadores de certificados de dispensa de incorporação sãoconsiderados convocados para a prestação do serviço militar no ano seguinte aotérmino do curso10.

O plano geral de convocação para o serviço militar, elaborado anualmente peloMinistro da Defesa, deverá conter as prescrições necessárias à convocação dos MFDV.

Os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários que obtiverem bolsas deestudo, de caráter técnico-científico, relacionadas com o respectivo diploma, até o diaanterior ao marcado para a designação à incorporação, poderão obter, ainda,adiamento de incorporação, por prazo correspondente ao tempo de permanência noexterior. Ao regressarem ao Brasil, estarão sujeitos à prestação do EAS.

7.6. SELEÇÃO

A seleção dos MFDV sujeitos à prestação do serviço militar é realizada em funçãode aspectos físico, psicológico e moral. Para tanto, no segundo semestre do últimoano do curso, deverão apresentar-se, obrigatoriamente, para fins de seleção,independentemente de editais, avisos ou notificações.

Page 222: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A seletiva compreenderá: a) inspeção de saúde que comprove aptidão física parao oficialato; b) apreciação das informações provenientes dos institutos de ensino,oficiais ou reconhecidos, destinados à formação de médicos, farmacêuticos, dentistasou veterinários (IEMFDV), dos atestados de boa conduta e de bons antecedentessociais e políticos, além de outros elementos disponíveis; c) testes de seleção, sempreque possível e necessário; d) entrevista.

O estudante possuidor de certificado de dispensa de incorporação ou o que tiverobtido adiamento de incorporação até o término do curso e não se apresentar àseleção ou que, tendo-o feito, se ausentar, sem a ter completado, será consideradorefratário11. Por força do art. 17 da Lei 5.292/1967, os refratários não poderão prestarexames do último ano do curso, nem receber diploma ou registrá-lo, ficando, ainda,sujeitos à penalidade prevista nesta lei.

Os submetidos à seleção que não satisfizerem as condições para ingresso noCorpo de Oficiais da Reserva: a) se de incorporação adiada até a terminação do curso,farão jus ao certificado de dispensa de incorporação; b) se portadores dos certificadosde reservista ou de dispensa de incorporação, continuarão na situação em que seencontravam na reserva. Os de incorporação adiada ou portadores dos certificados dereservista ou de dispensa de incorporação que forem julgados incapazes física oumoralmente, farão jus ao certificado de isenção.

7.7. INCORPORAÇÃO

Os MFDV convocados, depois de selecionados, serão incorporados nasorganizações designadas, na situação de aspirantes a oficial ou guardas-marinha dareserva de 2.ª classe ou não remunerada. Os voluntários, quando oficiais da reserva de2.ª classe ou não remunerada (inclusive das Forças Auxiliares) de qualquer quadro oucorpo, serão incorporados no posto em que se encontram.

Sempre que possível, a incorporação será realizada na Força Armada eorganização militar de preferência do convocado. Porém, em caso de necessidade doserviço, os MFDV serão incorporados em qualquer Força e organização militar.

Se a quantidade de MFDV exceder às necessidades ou possibilidades das OM,terão prioridade de incorporação, dentro das Regiões Militares (RM), satisfeitas ascondições de seleção: a) os voluntários, qualquer que seja o documentocomprobatório de situação militar e o instituto de ensino a que pertencerem; b) os quetiverem obtido adiamento de incorporação até a terminação do curso; c) os portadoresdo certificado de dispensa de incorporação. Dentro das prioridades, em igualdade decondições de seleção, terão precedência: a) os solteiros, entre eles os refratários e os

Page 223: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

mais novos; b) os casados e arrimos, entre eles os de menor encargo de família e osrefratários.

O convocado selecionado e designado para incorporação que não se apresentar àorganização militar que lhe for designada dentro do prazo marcado ou que, tendo-ofeito, se ausentar antes do ato oficial da incorporação, será declarado insubmisso, nasituação militar em que se encontrava no ato da designação para a incorporação12. Aose apresentar ou ser capturado, será incorporado como soldado, marinheiro13 ou nagraduação ou posto que possuir, desde que julgado apto para o serviço militar eminspeção de saúde. Se for absolvido, prestará o serviço militar pelo tempo necessáriopara completar o período para o qual estava obrigado. Se condenado, após ocumprimento da pena: a) completará o tempo de serviço a que estava obrigado, nasituação de praça, se teve sua incorporação adiada ou era portador de certificado dedispensa de incorporação; b) será imediatamente licenciado, se reservista de 1.ª ou 2.ªcategoria, aspirante a oficial, guarda-marinha e oficial da reserva de 2.ª classe ou nãoremunerada (inclusive das Forças Auxiliares) de qualquer quadro ou corpo.

7.8. EXCEDENTES

Sempre que, anualmente, as disponibilidades dos médicos, farmacêuticos,dentistas e veterinários que terminarem os respectivos cursos e estiverem sujeitos àprestação do Serviço Militar como MFDV superar as necessidades ou possibilidadesde incorporação nas organizações militares das Forças Armadas, incluídas asnecessárias majorações e respeitadas as prioridades de incorporação, além dadeclaração de instituto de ensino não tributários, nos termos do art. 11 da Lei5.292/196714, poderão ser adotadas as seguintes medidas:

a) as Regiões Militares (RM), ouvidos os Distritos Navais (DN) e os ComandosAéreos Regionais (COMAR), poderão dispensar da seleção e,consequentemente, da incorporação, os MFDV sob sua responsabilidade quesejam portadores do certificado de dispensa de incorporação ou tiveremobtido adiamento de incorporação até o término do curso;

b) o órgão responsável pela distribuição poderá considerar dispensados deincorporação os que, embora selecionados, excedam as necessidades.

Os MFDV portadores de certificados de dispensa de incorporação, ao concluíremo curso, serão considerados excedentes e, em consequência, dispensados da prestaçãodo serviço militar sob a forma de estágio de adaptação e serviço, quando: a)

Page 224: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

pertencentes a institutos de ensino declarados não tributários pelo plano geral deconvocação; b) dispensados de seleção e de incorporação na forma descrita na letra ado parágrafo anterior; c) tiverem idade igual ou superior a limite de permanência nasituação hierárquica de aspirante a oficial ou guarda-marinha.

Os excedentes que obtiveram adiamento de incorporação até a terminação docurso terão anotado, no certificado de alistamento militar (CAM), a situação deexcedentes pela Lei de Prestação de Serviço Militar pelos Médicos, Farmacêuticos,Dentistas e Veterinários (LMFDV). Em consequência, serão dispensados do serviçomilitar inicial e farão jus ao certificado de dispensa de incorporação, a partir de 31 dedezembro do ano da seleção, sendo considerados em situação especial, com osmesmos deveres dos reservistas. Os que forem portadores de certificado de dispensade incorporação terão anotado, no respectivo certificado, a situação de excedente e aconsequente dispensa de incorporação pela LMFDV. Em ambos os casos, estesexcedentes, se convocados, o serão na qualidade de MFDV.

7.9. ESTÁGIO DE ADAPTAÇÃO E SERVIÇO (EAS)

O EAS constitui o modo pelo qual os MFDV, ao término dos respectivos cursosde formação, prestarão o serviço militar obrigatório. Destina-se a adaptá-los àscondições peculiares da atividade militar e ao preenchimento de claros nos serviços desaúde das Forças Armadas.

7.10. PROMOÇÃO

Os aspirantes a oficial e guardas-marinha incorporados para o EAS serãopromovidos ao posto de segundo-tenente da reserva de 2.ª classe ou não remunerada,após decorridos seis meses da data de incorporação, desde que satisfaçam ascondições fixadas no Regulamento do Corpo de Oficiais da Reserva (RCOR) de cadaForça15.

Com a promoção, são incluídos no Corpo de Oficiais da Reserva, na situaçãocorrespondente a MFDV, continuando convocados como oficiais até a conclusão doEAS. Se não satisfizerem as condições necessárias à promoção, não serão promovidosna atividade, durante o estágio, nem ao serem licenciados, após a conclusão do tempode serviço militar. Impõe-se registrar, ainda, que não serão incluídos no Corpo deOficiais da Reserva, pois o aspirante a oficial é praça especial.

Após o término do EAS, o MFDV, promovido ao posto de segundo-tenente dareserva de 2.ª classe ou não remunerada, fará jus à promoção a primeiro-tenente, a

Page 225: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

contar do dia do licenciamento, desde que satisfaçam as condições estabelecidas noRCOR de cada Força.

O oficial da reserva de 2.ª classe ou não remunerada (inclusive das ForçasAuxiliares), de qualquer quadro ou corpo, que já era titular do posto de segundo-tenente, ao prestar o EAS como voluntário, terá direito à promoção a primeiro-tenente, a contar do dia do licenciamento, caso satisfaça as condições estabelecidas noRCOR de cada Força. Se possuía posto superior ao de segundo-tenente, terá suapromoção regulamentada pelo RCOR de cada Força.

Em sendo concedidas prorrogações do tempo de serviço, na forma de EIS, aspromoções obedecerão ao disposto no RCOR de cada Força.

7.11. CONVOCAÇÕES POSTERIORES

Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica poderão convocar osMFDV, oficiais da reserva de 2.ª classe ou não remunerada, para exercícios, inclusivede apresentação das reservas, manobras e aperfeiçoamento de conhecimentos técnico-militares, como, também, para o EIS.

Os MFDV que, ao serem diplomados pelos IEMFDV, não forem incorporadospara a prestação do EAS, em razão de terem sido considerados excedentes ou deserem portadores de documentos comprobatórios de quitação do serviço militar, serãorelacionados para fins de cadastramento em separado. Se convocados, posteriormente,o serão como MFDV, desde que exerçam atividades civis correspondentes àshabilitações conferidas pelos respectivos diplomas e satisfaçam as condições previstasno RCOR da Força a que estejam vinculados. Também serão convocados comoMFDV, no caso de chamamento posterior, os que tenham sido diplomados emqualquer época, qualquer que seja o documento de quitação do serviço militar de quesejam portadores, se preencherem os requisitos acima listados.

7.12. ESTÁGIO DE INSTRUÇÃO E SERVIÇO (EIS)

Os MFDV, oficiais da reserva de 2.ª classe ou não remunerada, poderão serconvocados, posteriormente, pelos Comandantes de Força para o estágio de instruçãode serviço, devendo o ato de convocação especificar as condições segundo as quais oEIS será realizado.

De preferência, os convocados para a prestação deste estágio deverão serincorporados em organização militar de sua escolha. Todavia, em caso de necessidadedo serviço, serão incluídos em qualquer OM. As condições de promoção dos

Page 226: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

estagiários durante o EIS serão fixadas pelo RCOR de cada Força. Excepcionalmente,os chamados para o EIS poderão prestá-lo em situação hierárquica diferente da quepossuam, desde que em consonância com disposições do RCOR de cada Força.

O EIS tem por objetivo atualizar e complementar a instrução militar anterior, bemcomo atender à necessidade de preenchimento de claros de MFDV nas OM.

Em qualquer época, seja qual for o documento comprobatório de situação militarque possuam, os MFDV poderão ser objeto de convocação de emergência, emcondições determinadas pelo Presidente da República, para evitar perturbação daordem ou para sua manutenção, ou, ainda, em caso de calamidade pública.

7.13. PRORROGAÇÕES DO TEMPO DE SERVIÇO

Aos MFDV que concluíram o EAS poderá ser concedida, discricionariamente,prorrogação do tempo de serviço, sob a forma de EIS, mediante requerimento dointeressado aos comandantes dos órgãos competentes de cada Força. Quandodesignados para o serviço militar na modalidade de estágio de instrução e serviço,poderão, igualmente, solicitar a dilatação do tempo de serviço.

Compete aos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, no âmbito decada Força, estabelecer as condições e prazos das prorrogações. Cumpre ressaltar que,nos casos de prorrogação de prazo, a autoridade competente deverá levar emconsideração o tempo de serviço militar prestado pelos MFDV, sob qualquer aspecto,inclusive o cumprido em outra Força singular, ainda que não na qualidade deMFDV16, e em qualquer época, para que não supere o prazo total de 10 (dez) anos,contínuos ou não. Sendo assim, os pedidos de prorrogação que implique extrapolaçãodo limite temporal acima deverão ser indeferidos.

7.14. DIREITOS DOS MFDV

Os MFDV, quando convocados e designados à incorporação em OM para aprestação do EAS, terão direito, se for o caso, a: a) transporte, inclusive de bagagens;b) diárias decorrentes do deslocamento de sua residência à organização de destino,para cobrir despesas com pousada, alimentação e locomoção urbana; c) ajuda decusto; d) auxílio para aquisição de uniforme no valor correspondente a dois meses desoldo, calculados com base na situação hierárquica da incorporação e de acordo como que for aplicável da legislação especifica para os militares em atividade, em especial,a Lei de Remuneração dos Militares (LRM). Com exceção do transporte, que seráprovidenciado pela OM competente mais próxima da residência do designado, as

Page 227: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

demais indenizações e o auxílio para aquisição de uniforme serão providenciados pelaunidade militar de destino, após a incorporação.

Aos aspirantes a oficial, guardas-marinha e oficiais da reserva de 2.ª classe ounão remunerada, MFDV, quando incorporados, em caráter obrigatório ou voluntário,serão assegurados, durante a prestação do serviço militar, os vencimentos,indenizações e demais direitos prescritos na LRM, em igualdade de condições com osmilitares em atividade17.

Os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários, em sendo funcionáriospúblicos federais, estaduais ou municipais, bem como empregados, operários outrabalhadores, qualquer que seja a natureza da entidade em que exerçam suasatividades, quando incorporados em OM das Forças Armadas para a prestação doEAS e, em razão disso sejam obrigados a deixarem o cargo ou emprego, terãoassegurado o retorno aos mesmos, dentro dos 30 (trinta) dias que se seguirem aolicenciamento, salvo se declararem, por ocasião da incorporação, não pretenderem aele voltar18. Perderão este direito os que, após o EAS, tiverem obtido prorrogação deseu tempo de serviço.

Os MFDV, quando convocados por motivo de manutenção da ordem interna ouguerra, terão assegurados o retorno ao cargo, função ou emprego que exerciam nomomento da convocação, como, também, as indenizações e demais direitos fixados naLRM para os militares em atividade, sendo-lhes assegurada, ainda, a opção pelaremuneração militar ou pela que percebia antes do chamamento19. Contudo, não farãojus à garantia de retorno e ao direito de opção pelos vencimentos militares os MFDVque tiverem se apresentado voluntariamente para a convocação ou obtiveremprorrogação de tempo de serviço para o qual foram convocados.

7.15. DEVERES DOS ESTUDANTES CANDIDATOS À MATRÍCULA NO IEMFDV

Constitui dever dos estudantes candidatos à matrícula nos IEMFDV que, nostermos do art. 7.º, § 1.º, da Lei 5.292/1967, obtiverem adiamento de incorporação pordois anos, apresentar-se, após decorrido um ano, ao órgão do serviço militarcompetente.

Os estudantes matriculados em IEMFDV cuja incorporação tenha sido adiada atéo término do curso20 ou que sejam portadores de certificados de dispensa deincorporação e, ainda, os voluntários, na forma do art. 4.º, § 3.º, da Lei 5.292/1967,deverão apresentar-se para a seleção no último ano do curso do respectivo IE.

Page 228: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

7.16. DEVERES DOS MFDV

São deveres dos médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários diplomadospelos IE correspondentes, qualquer que seja o documento comprobatório de situaçãomilitar de que sejam possuidores, com exceção, apenas, dos que forem designados àincorporação em organização militar para a prestação do EAS:

a) comunicar a conclusão do respectivo curso, comprovando-a por meio dodiploma legal, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data do seutérmino;

b) comunicar a conclusão de qualquer curso de pós-graduação, demonstrando-apor meio de diploma legal, dentro do prazo de 180 (cento e oitenta) dias, apóso recebimento do certificado;

c) se possuidores do certificado de dispensa de incorporação ou de reservista,os fixados na Lei do Serviço Militar e sua regulamentação21, até atingirem 38(trinta e oito) anos de idade;

d) se aspirantes a oficial, guardas-marinha, oficiais da reserva de 2.ª classe ounão remunerada (inclusive das Forças Auxiliares) de qualquer quadro oucorpo, os determinados pelo RCOR de cada Força, até a idade máxima depermanência no Corpo de Oficiais da Reserva;

e) apresentar-se, quando convocados, no local e prazo que lhes tiverem sidodeterminados.

7.17. DEVERES DOS OFICIAIS MFDV DA RESERVA DE 2.ª CLASSE OU NÃOREMUNERADA

Além dos estabelecidos no RCOR de cada Força, são deveres dos oficiais MFDVda reserva de 2.ª classe ou não remunerada:

a) apresentar-se, quando convocados, no local e prazo que lhes tiverem sidodeterminados;

b) comunicar, dentro de 60 (sessenta) dias, pessoalmente ou por escrito, à RM,DN ou ao COMAR, a mudança de residência ou domicílio, até a idade limitede permanência do oficial no serviço ativo das Forças Armadas;

c) apresentar-se, anualmente, no local e prazo fixados, para fins de exercício deapresentação das reservas ou cerimônia cívica em homenagem ao Patrono do

Page 229: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Serviço Militar;d) comunicar, diretamente ou por escrito, à RM, DN ou COMAR, a conclusão

de qualquer curso de pós-graduação, comprovada com a apresentação dodiploma legal, dentro do prazo de 180 (cento e oitenta) dias após orecebimento do certificado, até a idade limite de permanência do oficial noserviço ativo das Forças Armadas;

e) apresentar ou entregar à autoridade militar competente o documentocomprobatório de situação militar de que for possuidor, para fins deanotação, substituição ou arquivamento, na forma prescrita na Lei 5.292/1967,na LSM, e respectiva regulamentação.

7.18. RESUMO DA MATÉRIA

Prestação do serviço militar pelos estudantes de medicina, farmácia,odontologia e veterinária e pelos médicos, farmacêuticos, dentistas eveterinários

Modalidades

O serviço militar prestado pelos MFDV, em princípio, será feito sob uma das seguintesmodalidades: a) estágio de adaptação e serviço (EAS); b) estágio de instrução e serviço(EIS).

Obrigatoriedade

Os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários (MFDV) que, como estudantes, tenhamobtido adiamento de incorporação22 até o término do respectivo curso, e os que possuamcertificados de dispensa de incorporação23 ficam sujeitos à prestação do serviço militarinicial obrigatório, no ano seguinte à conclusão do curso, perdurando esta obrigação até odia 31 de dezembro do ano em que completarem 38 (trinta e oito) anos de idade, no caso deo serviço militar ser prestado na forma de estágio de adaptação e serviço (EAS). Temprevalecido no Superior Tribunal de Justiça, a tese de que o cidadão brasileiro, dispensadode incorporação por excesso de contingente, não pode ser convocado posteriormente para aprestação do serviço militar como MFDV.

Voluntariado

É permitido aos médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários, excetuados os oficiaisda reserva de 1.ª classe ou remunerada, independentemente do quadro ou corpo, que tenhamterminado o curso em qualquer tempo, uma vez satisfeitas as exigências legais, prestar o

Page 230: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

serviço militar como voluntários.

Duração

O serviço militar prestado pelos MFDV terá a duração de 12 (doze) meses.

Convocação

Os MFDV portadores de certificados de dispensa de incorporação são consideradosconvocados para a prestação do serviço militar no ano seguinte ao término do curso.

Seleção

A seleção dos MFDV sujeitos à prestação do serviço militar é realizada em função deaspectos físico, psicológico e moral.

Incorporação

Os MFDV convocados, depois de selecionados, serão incorporados nas organizaçõesdesignadas, na situação de aspirantes a oficial ou guardas-marinha da reserva de 2.ª classeou não remunerada. Os voluntários, quando oficiais da reserva de 2.ª classe ou nãoremunerada (inclusive das Forças Auxiliares) de qualquer quadro ou corpo, serãoincorporados no posto em que se encontrarem.

Promoção

Os aspirantes a oficial e guardas-marinha incorporados para o EAS serão promovidos aoposto de segundo-tenente da reserva de 2.ª classe ou não remunerada, após decorridos seismeses da data de incorporação, desde que satisfaçam as condições fixadas no Regulamentodo Corpo de Oficiais da Reserva (RCOR) de cada Força.

Após o término do EAS, o MFDV, promovido ao posto de segundo-tenente da reserva de2.ª classe ou não remunerada, fará jus à promoção a primeiro-tenente, a contar do dia dolicenciamento, desde que satisfaçam as condições estabelecidas no RCOR de cada Força.

Prorrogações do tempo de serviço

Aos MFDV que concluíram o EAS poderá ser concedida, discricionariamente,prorrogação do tempo de serviço, sob a forma de EIS, mediante requerimento do interessadoaos comandantes dos órgãos competentes de cada Força.

Convocações posteriores

Os MFDV, oficiais da reserva de 2.ª classe ou não remunerada, poderão ser convocados,posteriormente, pelos Comandantes de Força para o estágio de instrução de serviço, devendoo ato de convocação especificar as condições segundo as quais o EIS será realizado.

Page 231: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Em qualquer época, seja qual for o documento comprobatório de situação militar quepossuam, os MFDV poderão ser objeto de convocação de emergência, em condiçõesdeterminadas pelo Presidente da República, para evitar perturbação da ordem ou para suamanutenção, ou, ainda, em caso de calamidade pública.

Direitos dos MFDV

Os MFDV, quando convocados e designados à incorporação em OM para a prestação doEAS, terão direito, se for o caso, a: a) transporte, inclusive de bagagens; b) diáriasdecorrentes do deslocamento de sua residência à organização de destino, para cobrirdespesas com pousada, alimentação e locomoção urbana; c) ajuda de custo; d) auxílio paraaquisição de uniforme no valor correspondente a dois meses de soldo, calculados com basena situação hierárquica da incorporação e de acordo com o que for aplicável da legislaçãoespecífica para os militares em atividade, em especial, a Lei de Remuneração dos Militares(LRM).

Deveres dos estudantes candidatos à matrícula no IEMFDV

Constitui dever dos estudantes candidatos à matrícula nos IEMFDV que, nos termos do art.7.º, § 1.º, da Lei 5.292/1967, obtiverem adiamento de incorporação por dois anos,apresentar-se, após decorrido um ano, ao órgão do serviço militar competente.

Deveres dos MFDV

São deveres dos médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários diplomados pelos IEcorrespondentes, qualquer que seja o documento comprobatório de situação militar de quesejam possuidores, com exceção, apenas, dos que forem designados à incorporação emorganização militar para a prestação do EAS: a) comunicar a conclusão do respectivo curso;b) comunicar a conclusão de qualquer curso de pós-graduação; c) se possuidores docertificado de dispensa de incorporação ou de reservista, os deveres fixados na Lei doServiço Militar e sua regulamentação, até atingirem 38 (trinta e oito) anos de idade; d) seaspirantes a oficial, guardas-marinha, oficiais da reserva de 2.ª classe ou não remunerada(inclusive das Forças Auxiliares) de qualquer quadro ou corpo, os determinados peloRCOR; e) apresentar-se, quando convocados.

Deveres dos oficiais MFDV da reserva de 2.ª classe ou não remunerada

São deveres dos oficiais MFDV da reserva de 2ª classe ou não remunerada, além dosestabelecidos no RCOR de cada Força: a) apresentar-se, quando convocados; b) comunicara mudança de residência ou domicílio; c) apresentar-se, anualmente, para fins de exercíciode apresentação das reservas ou cerimônia cívica em homenagem ao Patrono do ServiçoMilitar; d) comunicar a conclusão de qualquer curso de pós-graduação; e) apresentar àautoridade militar competente o documento comprobatório de situação militar de que forpossuidor, para fins de anotação, substituição ou arquivamento.

Page 232: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

7.19. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. O serviço militar prestado pelos MFDV, em princípio, será feito sobuma das seguintes modalidades:a) curso de formação de oficiais da reserva ou estágio de adaptação ao oficialato.b) estágio de formação de oficiais da reserva e estágio de adaptação e serviço.c) estágio de adaptação e serviço e estágio de instrução e serviço.d) estágio de adaptação e serviço, estágio de instrução e serviço e curso de formação

de oficiais da reserva.e) estágio de adaptação e serviço, estágio de adaptação e serviço e estágio de

instrução e serviço.

2. Tem prevalecido, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a tese deque o cidadão brasileiro, dispensado de incorporação por excesso decontingente:a) pode ser convocado posteriormente para a prestação do serviço militar como MFDV.b) não pode ser convocado posteriormente para a prestação do serviço militar como

MFDV.c) pode ser convocado posteriormente, somente se pertencer a município tributável.d) pode ser convocado posteriormente, desde que não tenha atingido, ainda, 38 (trinta e

oito) anos de idade.e) pode ser convocado posteriormente, devendo ser incorporado à organização militar

para o EAS como aspirante a oficial ou guarda-marinha e promovido ao posto desegundo-tenente da reserva de 2.ª classe ou não remunerada, após decorridos seismeses da data de incorporação.

3. Assinale a alternativa correta:a) os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários, excetuados os oficiais da reserva

de 1.ª classe ou remunerada, poderão prestar o serviço militar como voluntários,quaisquer que sejam seus documentos comprobatórios de situação militar.

b) é defeso aos MFDV que sejam oficiais da reserva de 2.ª classe ou não remunerada, aprestação do serviço como voluntários, nos serviços de saúde ou veterinária dasForças Armadas, por meio de estágios de instrução e serviço (EIS).

c) O serviço militar prestado pelos MFDV terá a duração de 18 (dezoito) meses.

Page 233: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

d) O convocado selecionado e designado para incorporação que não se apresentar àorganização militar que lhe for designada dentro do prazo marcado ou que, tendo-ofeito, se ausentar antes do ato oficial da incorporação, será declaro refratário.

4. No que se refere à prorrogação voluntária do tempo de serviço doMFDV, assinale a alternativa correta:a) aos MFDV que concluíram o estágio de adaptação e serviço poderá ser concedida

prorrogação do tempo de serviço, sob a forma de EAS.b) o ato administrativo que concede a prorrogação do tempo de serviço, sob a forma de

EIS, é vinculado.c) concluído o estágio de adaptação e serviço, compete aos comandantes das

organizações militares a que estejam incorporados os MFDV estabelecer ascondições e prazos das prorrogações do tempo de serviço, sob a forma de EIS.

d) o tempo de serviço militar prestado pelos MFDV, sob qualquer aspecto, inclusive ocumprido em outra Força singular, ainda que não tenha sido na qualidade de MFDV, eem qualquer época, não pode superar o prazo total de 10 (dez) anos, contínuos ounão.

e) os MFDV, quando designados para o serviço militar na modalidade de estágio deinstrução e serviço, não poderão solicitar a dilatação do tempo de serviço.

5. Assinale a alternativa incorreta. Os MFDV, quando convocados edesignados à incorporação em OM para a prestação do EAS, terãodireito:a) se for o caso, a transporte, inclusive de bagagens.b) diárias decorrentes do deslocamento de sua residência à organização de destino.c) a ajuda de custo.d) a auxílio para aquisição de uniforme.e) a adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas.

6. É dever dos oficiais MFDV da reserva de 2.ª classe ou nãoremunerada, além dos estabelecidos no RCOR de cada Força:a) comunicar, dentro de 80 (oitenta) dias, pessoalmente ou por escrito, à RM, DN ou ao

COMAR, a mudança de residência ou domicílio, até a idade limite de permanência dooficial no serviço ativo das Forças Armadas.

b) apresentar-se, semestralmente, no local e prazo fixados, para fins de exercício deapresentação das reservas ou cerimônia cívica em homenagem ao Patrono do Serviço

Page 234: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Militar.c) comunicar, diretamente ou por escrito, à RM, DN ou COMAR, a conclusão de

qualquer curso de pós-graduação, comprovada com a apresentação do diploma legal,dentro do prazo de 180 (cento e oitenta) dias após o recebimento do certificado, até aidade limite de permanência do oficial no serviço ativo das Forças Armadas.

d) requer a prorrogação do tempo de serviço se, durante o EAS, concluir curso de pós-graduação de interesse da OM em que esteja vinculado.

e) apresentar-se, apenas quando convocado pessoalmente, no local e prazo fixados,para fins de exercício de apresentação das reservas ou cerimônia cívica emhomenagem ao Patrono do Serviço Militar.

7. Aos aspirantes a oficial, guardas-marinha e oficiais da reserva de 2.ªclasse ou não remunerada, MFDV, quando incorporados, em caráterobrigatório ou voluntário, serão assegurados(as), durante a prestaçãodo serviço militar:a) apenas os vencimentos descritos na LRM, em igualdade de condições com os

militares em atividade.b) apenas as indenizações prescritas na LRM, em igualdade de condições com os

militares em atividade.c) apenas os vencimentos, indenizações e demais direitos prescritos em legislação

específica para os MFDV.d) vencimentos, indenizações e demais direitos prescritos na LRM, em igualdade de

condições com os militares em atividade.e) apenas a uma ajuda de custo, para cobrir despesas com alimentação e locomoção,

pois o MFDV cumpre um múnus público.

8. No que se refere à incorporação do MFDV, assinale a alternativaincorreta:a) os MFDV convocados, depois de selecionados, serão incorporados nas organizações

designadas, na situação de aspirantes a oficial ou guardas-marinha da reserva de 2.ªclasse ou não remunerada.

b) os voluntários, quando oficiais da reserva de 2.ª classe ou não remunerada (inclusivedas Forças Auxiliares) de qualquer quadro ou corpo, serão incorporados no posto emque se encontrarem.

c) sempre que possível, a incorporação será realizada na Força Armada e organizaçãomilitar de preferência do convocado.

d) o convocado selecionado e designado para incorporação que não se apresentar à

Page 235: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

organização militar que lhe for designada dentro do prazo marcado ou que, tendo-ofeito, se ausentar antes do ato oficial da incorporação, será declarado insubmisso.

e) o convocado selecionado e designado para incorporação que não se apresentar àorganização militar que lhe for designada dentro do prazo marcado ou que, tendo-ofeito, se ausentar antes do ato oficial da incorporação, será declarado desertor.

9. O serviço militar do MFDV, quando prestado na forma de estágio deadaptação e serviço (EAS), poderá:a) ser reduzido em até três meses ou dilatado em até um ano, pelos Comandantes de

Força.b) ser dilatado além de 18 (dezoito) meses, em caso de interesse nacional, mediante

autorização do Presidente da República.c) ser dilatado além de 12 (doze) meses, em caso de interesse nacional, mediante

autorização do Presidente da República.d) ser dilatado além de 18 (dezoito) meses, em caso de interesse nacional, mediante

autorização do Ministro da Defesa.e) ser dilatado além de 12 (doze) meses, em caso de interesse nacional, mediante

autorização do Ministro da Defesa.

10. Os médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários, quandofuncionários públicos federais, estaduais ou municipais, bem comoempregados, operários ou trabalhadores, qualquer que seja anatureza da entidade em que exerçam suas atividades, quandoincorporados em OM das Forças Armadas para a prestação do EAS eem razão disso sejam obrigados a deixarem o cargo ou emprego:a) terão assegurado o retorno aos mesmos, dentro dos 30 (trinta) dias que se seguirem

ao licenciamento, salvo se declararem, por ocasião da incorporação, não pretenderema ele voltar.

b) terão assegurado o retorno aos mesmos, dentro dos 60 (sessenta) dias que seseguirem ao licenciamento, salvo se declararem, por ocasião da incorporação, nãopretenderem a ele voltar.

c) terão assegurado o retorno aos mesmos, dentro dos 90 (noventa) dias que seseguirem ao licenciamento, salvo se declararem, por ocasião da incorporação, nãopretenderem a ele voltar.

d) terão assegurado o retorno aos mesmos, dentro dos 45 (quarenta e cinco) dias quese seguirem ao licenciamento, salvo se declararem, por ocasião da incorporação, nãopretenderem a ele voltar.

Page 236: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

e) terão assegurado o retorno aos mesmos, dentro dos 15 (quinze) dias que seseguirem ao licenciamento, salvo se declararem, por ocasião da incorporação, nãopretenderem a ele voltar.

Gabarito

1. c 2. b 3. a

4. d 5. e 6. c

7. d 8. e 9. b

10. a

1 Por força do art. 1.º do Decreto 74.475, de 29 de agosto de 1974, o quadro de oficiais do serviçode veterinária do Exército foi extinto. Todavia, de acordo com o art. 3.º da referida norma, osestudantes de veterinária continuarão a prestar o serviço militar, na forma da legislação específica,isto é, como preceitua a Lei 5.292/1967.

2 Importante salientar que o adiamento de incorporação, na forma prevista no art. 7.º da Lei5.292/1967, poderá ser deferido ao interessado mediante requerimento escrito, dirigido àautoridade competente. Nesse sentido, conferir: “Penal militar. Serviço militar. 1) adiamento deincorporação, de estudantes candidatos a matrícula nos institutos de ensino destinados a formaçãode médicos e outras especialidades profissionais (art. 7.º da Lei 5.292, de 8.6.67). O adiamentodepende de requerimento do interessado, o que se deve entender como ‘requerimento escrito’ enão mero requerimento oral, que, de resto, nem este ficou provado no caso dos autos”. (RHC58.858, Relator(a): Min. Soares Munoz, Segunda Turma, julgado em 19/05/1981, DJ 12/06/1981).

3 De acordo com o art. 4.º da Lei 5.292, de 08 de junho de 1967, além do portador de certificadode dispensa de incorporação, estão sujeitos à prestação de serviço militar obrigatório os MDFVdetentores de certificados de reservista de 3.ª categoria. No entanto, necessário se faz esclarecerque estes certificados deixaram de ser fornecidos, pois a reserva, no que concerne às praças, é,atualmente, constituída, apenas, pelos reservistas de 1.ª e 2.ª categorias, por força do art. 35 da Lei4.375/1964, não mais subsistindo a 3.ª categoria. A reserva de 3.ª categoria a que a Lei5.292/1967 faz alusão refere-se ao regime anterior, adotado durante a vigência do Decreto-Lei9.500/1946, revogado pela Lei 4.375/1964. Dispunha o art. 55, § 3.º, deste decreto-lei, que osconvocados que fossem aprendizes de escolas técnico-profissionais de fábricas, arsenais ouestaleiros das Forças Armadas, de usinas siderúrgicas de interesse da defesa nacional, de fábricasde aviões e motores, ou possuíssem certificado de conclusão de curso das referidas escolas, desde

Page 237: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

que solicitado pelos citados estabelecimentos, eram dispensados de incorporação e incluídos nareserva de terceira categoria. Recebiam, para fins de comprovação de quitação do serviço militar,certificados de reservista de 3.ª categoria. Não é ocioso esclarecer que a Lei 5.292/1967, duranteo início de sua vigência, alcançou estes reservistas, pois, naquela época, ainda existiam cidadãosbrasileiros portadores deste tipo de certificado. Atualmente, eventuais reservistas de 3.ª categoriaencontram-se dispensados da prestação do serviço militar como MFDV, na modalidade EAS, porterem mais de 38 anos de idade. Aliás, estão definitivamente dispensados de prestarem o serviçomilitar, já que, certamente, possuem, nos dias de hoje, mais de 45 (quarenta e cinco) anos deidade.

4 “Administrativo e processual civil. Negativa de vigência ao art. 535 do Código de ProcessoCivil. Fundamentação deficiente. Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. Serviço militar.Dispensa. Município não-tributário. Convocação posterior. Profissional da área de saúde.Impossibilidade. 1. A mera argüição de que o Tribunal a quo não se manifestou a respeito dasquestões suscitadas nos embargos de declaração, não sendo esclarecido de maneira específica,ponto a ponto, quais questões, objeto da irresignação recursal, não foram debatidas pela Corte deorigem, faz incidir, na hipótese, a Súmula 284 da Suprema Corte. 2. O art. 4.º, § 2.º, da Lei5.292/1967 aplica-se aos casos de ‘adiamento de incorporação’, não podendo ser empregado noscasos de ‘dispensa’ por excesso de contingente ou pelo fato do município não ser contribuinte paraa Prestação do Serviço Militar Obrigatório, hipótese dos autos. 2. Recurso desprovido.” (REsp1.066.532/RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 28/10/2008, DJE 17/11/2008).No mesmo sentido, conferir os seguintes precedentes: a) REsp 380.725⁄RS, 6.ª Turma, Rel. Min.Maria Thereza de Assis Moura, DJ de 09⁄10⁄2006; b) REsp 617.725⁄RS, 6.ª Turma, Rel. Min.Paulo Gallotti, DJ de 05⁄12⁄2005.

5 Art. 95, III, c, da Lei 95/1998: “expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares ànorma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida.”

6 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2002,p. 204.

7 Em sentido semelhante, conferir: “Administrativo. Serviço militar. Universitário. MFDV. Lei5.292/1966. Convocação. Princípio da razoabilidade. Os universitários dos cursos de medicina,farmácia, odontologia e veterinária – MFDVs, que foram dispensados da incorporação ou querequereram o seu adiamento, não ficam indefinidamente à mercê da convocação para integrarOrganização Militar da Ativa das Forças Armadas. O ato convocatório, reza o art. 9.º da Lei5.292/1967 e orienta o princípio da razoabilidade, deve seguir-se ao ano da conclusão daformação acadêmica, sob pena de decaimento da possibilidade. Cessada, no caso concreto, acondição que autorizou o sobrestamento da prestação do serviço militar, e tendo de imediatosobrevindo a convocação do ex-aluno, carece de consistência a pretensão do recorrente, mesmosendo ele portador do Certificado de Dispensa de Incorporação, porquanto tem aplicação nahipótese o § 2.º do art. 4.º da Lei 5.292/1967.” (TRF4, AG 2003.04.01.025168-7, Terceira Turma,Relator Luiz Carlos de Castro Lugon, DJ 08/10/2003).“Civil. Indenização. Danos materiais e morais. Militar. Área de saúde. Dispensa por excesso decontingente. Convocação posterior. Possibilidade. Lei 5.292/1967. Aplicabilidade. I. A

Page 238: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Constituição Federal em seu art. 5.º, V, garante a indenização da lesão moral, independente deestar, ou não, associada a prejuízo patrimonial. II. O dano moral se configura sempre que alguém,injustamente, causa lesão a interesse não patrimonial. III. Tem-se por aplicável a Lei 5.292/1967,que dispõe sobre a prestação do serviço militar pelos estudantes de Medicina, Farmácia,Odontologia e Veterinária e pelos Médicos, Farmacêuticos, Dentistas e Veterinários que obtiveramadiamento de incorporação até o término do respectivo curso. Também é certo que o convocadoportador de Certificado de Dispensa de Incorporação, por inclusão no excesso de contingente,continua, contudo, sujeito a convocações posteriores, em outras formas e fases do Serviço Militar,por aplicação do artigo 106 c/c os artigos 117 e 119 do Decreto 57.654/1966; e que, na hipótesede seu posterior ingresso em curso de Medicina, submete-se, após a formatura, a prestação doServiço Militar (até 31 de dezembro do ano em que completar 38 anos de idade), como militartemporário integrante do Corpo de Oficiais da Reserva de 2.ª Classe, nos termos da Lei5.292/1967, por disposição expressa do artigo 245 do pré-falado Decreto 57.654/1966. IV. Tem-se como indevida a indenização por dano moral perseguida, visto ser possível nova convocaçãoapós a sua dispensa. V. Danos materiais e morais não comprovados. VI. Apelação improvida.”(TRF5, AC 435108. Processo 200580000067869/AL, Quarta Turma, Rel. Des. Ivan Lira deCarvalho, DJ 27/05/2008).Ainda sobre o tema, conferir o voto-vencido proferido no REsp 956.297/RS, Rel. Ministro CarlosFernando Mathias (Juiz federal convocado do TRF 1.ª Região), Rel. p/ Acórdão Ministro NilsonNaves, Sexta Turma, julgado em 12/11/2007, DJE 2/06/2008.

8 A proibição decorre, em especial, da incompatibilidade lógica de um militar ser, ao mesmotempo, da reserva de 1.ª categoria ou remunerada e da reserva de 2.ª categoria ou não remunerada.Além disto, coíbe-se a acumulação de proventos da inatividade militar, auferidos em razão de omilitar já estar incluído na reserva de 1.ª categoria, com a remuneração advinda da prestação deserviço militar na qualidade de reserva de 2.ª categoria, ou reserva não remunerada, o que,inclusive, é defeso em função do art. 37, § 10, da CF/1988.

9 Neste caso, não haverá acumulação de proventos de inatividade com remuneração, pois o oficialda reserva de 2.ª categoria, ou não remunerada, enquanto não for convocado para a ativa, nãoaufere proventos ou remuneração. Por conseguinte, somente fará jus à remuneração decorrente daatividade militar a partir da efetiva incorporação às Forças Armadas como MFDV.

10 Conferir item 7.2 supra, no qual se retratou o entendimento do STJ de que os dispensados deincorporação por excesso de contingente não estão sujeitos à prestação do serviço militarobrigatório como MFDV.

11 Também serão considerados refratários os estudantes reservista de 1.ª ou 2.ª categoria, aspirantea oficial, guarda-marinha, oficial da reserva de 2ª classe ou não remunerada (inclusive das ForçasAuxiliares) de qualquer quadro ou corpo, que, tendo-se apresentado à seleção, como voluntário, seausentar, sem a ter completado.

12 Exemplificando: se o convocado já era oficial da reserva de 2.ª categoria ou graduado, p. ex.,sargento, permanecerá nesta condição.

13 Se o convocado não era titular de posto ou de graduação, decorrente da prestação de serviçomilitar anterior, não mais será incorporado como aspirante a oficial, mais sim como soldado ou

Page 239: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

marinheiro.14 Art. 11. da Lei 5.292/1967. “Todos os IEMFDV serão tributários, com exceção dos declarados

não tributários pelo PGC, por proposta dos Ministros Militares, sempre que, anualmente asdisponibilidades superem as necessidades ou possibilidades de incorporação nas ForçasArmadas, dentro de cada Região Militar (RM), Distrito Naval (DN) ou Zona Aérea (ZAe),respeitadas as prioridades para a incorporação prevista no art. 19. Atualmente, como ditoanteriormente, compete ao Ministro da Defesa a elaboração do PGC.”

15 Marinha – Decreto 4.780, de 15 de julho de 2003. Exército – Decreto 4.502, de 09 de dezembrode 2002. Aeronáutica – Decreto 6.854, de 25 de maio de 2009.

16 De acordo com o art. 134 da Lei 6.880/1980, o tempo de serviço nas Forças Armadas começa aser contado na data de ingresso em qualquer organização militar da Marinha, do Exército ou daAeronáutica.

17 De fato, nos termos do art. 3.º, § 1.º, a, II, da Lei 6.880/1980, são militares da ativa osincorporados às Forças Armadas para a prestação de serviço militar inicial, durante os prazosprevistos na legislação que trata do serviço militar, ou durante as prorrogações daqueles prazos.Sendo assim, os MFDV, enquanto incorporados, são considerados militares da ativa para todos osfins. Consequentemente, fazem jus aos direitos descritos no art. 50 do Estatuto dos Militares,dentre eles os de natureza remuneratória, desde que compatíveis com a condição jurídica demilitar temporário, ostentada pelos MFDV. Por isso, obviamente, não terão direito, p. ex., àtransferência a pedido para a reserva remunerada (art. 50, IV, alínea n, da Lei 6.880/1980), umavez que o direito à inativação remunerada só foi conferido aos militares de carreira. Convémregistrar, ainda, que o art. 19 da MP 2.215-10/2001, por sua vez, dispõe, textualmente, que osconvocados ou mobilizados – abarcando, assim, os MFDV que se encontram prestando o serviçomilitar obrigatório em razão de convocação ou de mobilização – têm direito à remuneração nelaprevista. Na mesma linha, o art. 42 da LMFDV, ao preconizar a aplicação da legislação específicapara os militares em atividade aos MFDV. Em sentido assemelhado, conferir, ainda, o seguintejulgado: “Administrativo. Serviço militar obrigatório. Incorporação de médicos, farmacêuticos,dentistas e veterinários. Indenização de transporte e bagagem. Ajuda de custo. Cabimento.Aplicação das Leis 5.292/1967 e 6.880/1980 e do Decreto 986/1993. 1. A legislação não fazdistinção entre militares da carreira e militares temporários quando destinados a compor aorganização militar. 2. São devidos aos MFDV, que se deslocam da sede de sua residência, emconseqüência das Leis 5.292/1967, 6.880/1980, bem como do Decreto 986/1993, o auxíliotransporte de bagagem e ajuda de custo, os quais devem ser calculados dentro dos limites legais deacordo com a patente e a situação pessoal do militar. Precedentes. 3. Apelação e remessa oficialdesprovidas. Sentença mantida.” (TRF1. AC 1997.32.00.000523-9/AM, Rel. DesembargadorFederal Antônio Sávio de Oliveira Chaves, Primeira Turma, e-DJF1 06/05/2008, p. 10). Instaesclarecer que o Decreto 986/1993 foi revogado pelo Decreto. 4.307/2002. Contudo, o art. 29deste manteve, literalmente, a previsão contida no art. 7.º daquele, razão pela qual o entendimentojurisprudencial em voga continua aplicável aos MFDV.

18 O direito em questão não se aplica aos MFDV que se apresentaram como voluntários para aprestação do EAS.

Page 240: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

19 Art. 19, parágrafo único, da MP 2.215-10/2001 e art. 42, § 1.º, da Lei 5.292/1967.20 Nestes casos, os estudantes deverão, também, apresentar-se, anualmente, ao órgão do serviço

militar competente, com a situação, como estudante, devidamente comprovada, a fim de terematualizada a sua situação militar.

21 Lei 4.375/1964 e Decreto 57.654/1966.22 Importante salientar que o adiamento de incorporação, na forma prevista no art. 7.º da Lei

5.292/1967, poderá ser deferido ao interessado mediante requerimento escrito, dirigido àautoridade competente. Nesse sentido, conferir: “Penal militar. Serviço militar. 1) adiamento deincorporação, de estudantes candidatos a matrícula nos institutos de ensino destinados a formaçãode médicos e outras especialidades profissionais (art. 7. da Lei 5.292, de 08/06/1967). Oadiamento depende de requerimento do interessado, o que se deve entender como ‘requerimentoescrito’ e não mero requerimento oral, que, de resto, nem este ficou provado no caso dos autos.”(RHC 58.858, Relator(a): Min. Soares Munoz, Segunda Turma, julgado em 19/05/1981, DJ12/06/1981).

23 De acordo com o art. 4.º da Lei 5.292, de 08 de junho de 1967, além do portador de certificadode dispensa de incorporação, estão sujeitos à prestação de serviço militar obrigatório os MDFVdetentores de certificados de reservista de 3.ª categoria. No entanto, necessário se faz esclarecerque estes certificados deixaram de ser fornecidos, pois a reserva, no que concerne às praças, é,atualmente, constituída apenas, pelos reservistas de 1.ª e 2.ª categorias, por força do art. 35 da Lei4.375/1964, não mais subsistindo a 3.ª categoria. A reserva de 3.ª categoria a que a Lei5.292/1967 faz alusão refere-se ao regime anterior, adotado durante a vigência do Decreto-Lei9.500/1946, revogado pela Lei 4.375/1964. Dispunha o art. 55, § 3.º, deste decreto-lei que osconvocados que fossem aprendizes de escolas técnico-profissionais de fábricas, arsenais ouestaleiros das Forças Armadas, de usinas siderúrgicas de interesse da defesa nacional, de fábricasde aviões e motores, ou possuíssem certificado de conclusão de curso das referidas escolas, desdeque solicitado pelos citados estabelecimentos, eram dispensados de incorporação e incluídos nareserva de 3.ª categoria. Recebiam, para fins de comprovação de quitação do serviço militar,certificados de reservista de 3.ª categoria. Não é ocioso esclarecer que a Lei 5.292/1967, duranteo início de sua vigência, alcançou estes reservistas, pois, naquela época, ainda existiam cidadãosbrasileiros portadores deste tipo de certificado. Atualmente, eventuais reservistas de 3.ª categoriaencontram-se dispensados da prestação do serviço militar como MFDV, na modalidade EAS, porterem mais de 38 anos de idade. Aliás, estão definitivamente dispensados de prestarem o serviçomilitar, já que, certamente, possuem, nos dias de hoje, mais de 45 (quarenta e cinco) anos deidade.

Page 241: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

8.1. DENOMINAÇÃO

Originariamente, a Carta Política de 1988 atribuiu aos integrantes das ForçasArmadas a qualidade de servidores públicos militares federais2. Entretanto, a EmendaConstitucional 18/1998 retirou do art. 42 a matéria referente aos militares das ForçasArmadas, transferindo-a para o § 3.º do art. 142, acrescentado por aquela Emenda. Aintenção confessada foi a de tirar dos militares o conceito de “servidores públicos”que a Constituição lhes dava, visando, com isso, a fugir do vínculo aos servidorescivis que esta lhes impunha. Formalmente, deixaram de ser conceituados comoservidores militares. Ontologicamente, porém, nada mudou, porque os militares são,sim, servidores públicos em sentido amplo, como eram considerados na regraconstitucional reformada. São agentes públicos, como qualquer outro prestador deserviço ao Estado. A diferença é que agora se pode separar as duas categorias emagentes públicos administrativos e agentes públicos militares, em lugar de servidorescivis e militares3.

Atualmente, os membros das Forças Armadas são denominados militares4,formando uma categoria especial de servidores da Pátria, e se encontram na ativa5 ouna inatividade6.

8.2. MILITARES NA ATIVA

São considerados militares federais na ativa: a) os de carreira7; b) osincorporados8 às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial9, enquantoassim se permanecerem; c) os componentes da reserva das Forças Armadas, quandoconvocados10, reincluídos11, designados12 ou mobilizados; d) os alunos de órgão deformação de militares da ativa e da reserva; e) em tempo de guerra, todo cidadãobrasileiro mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas.

Page 242: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Também serão considerados militares federais na ativa o pessoal componente daMarinha Mercante, da Aviação Civil e das empresas declaradas diretamenterelacionadas com a segurança nacional, quando convocados ou mobilizados para oserviço ativo nas Forças Armadas.

No âmbito dos Estados, caberá à lei local indicar os militares estaduais que seencontram na ativa13.

8.3. MILITARES NA INATIVIDADE

São considerados militares na inatividade: a) os da reserva remunerada, quandopertençam à reserva das Forças Armadas e percebam remuneração da União, porémsujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização;b) os reformados, isto é, os dispensados, definitivamente, da prestação de serviço naativa, mas que continuam a perceber remuneração da União; c) os da reservaremunerada e, excepcionalmente, os reformados, executando tarefa por tempo certo14,segundo regulamentação para cada Força Armada.

No âmbito dos Estados, caberá à lei local indicar os militares estaduais que seencontram na inatividade.

8.4. RESERVA DAS FORÇAS ARMADAS

A reserva das Forças Armadas é composta pelo pessoal sujeito à incorporação,mediante mobilização ou convocação, pelo Ministério da Defesa, por intermédio daMarinha, do Exército e da Aeronáutica. Nesta categoria, encontram-se15: a)individualmente: os militares da reserva remunerada e os demais cidadãos emcondições de convocação ou de mobilização para a ativa; b) no seu conjunto: asPolícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares16.

Constituem, também, a reserva das Forças Armadas, a Marinha Mercante, aAviação Civil e as empresas declaradas diretamente relacionadas com a segurançanacional.

8.5. OFICIAIS DAS FORÇAS ARMADAS

8.5.1. Conceito

São milicianos detentores de postos e de patentes militares, preparados, ao longo

Page 243: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

da carreira, para o exercício de funções de comando, chefia e direção17. Estãoagrupados em quatro círculos hierárquicos, a saber: o dos oficiais subalternos, oficiaisintermediários, oficiais superiores e o dos oficiais generais.

O cargo de oficial das Forças Armadas é privativo de brasileiros natos18.

8.5.2. Ingresso na carreira de Oficial

O ingresso na carreira de Oficial é feito nos postos iniciais, assim consideradosna legislação específica de cada corpo, quadro, arma ou serviço, desde que satisfeitasas exigências legais.

8.5.3. Situação

Os oficiais das Forças Armadas se encontram numa das seguintes situações: a) naativa; b) na reserva remunerada; c) na reserva não remunerada; d) reformados. Osprimeiros estão em atividade, ao passo que os demais não.

8.5.3.1. Na ativa

São os que estão em serviço ativo, em atividade, ou seja, no desempenho decargo, comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou atividade consideradade natureza militar nas organizações militares das Forças Armadas, bem como naPresidência da República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da Defesa enos demais órgãos, quando previsto em lei ou quando incorporados às ForçasArmadas.

8.5.3.2. Na reserva

São os que se encontram em situação de inatividade e incluídos,compulsoriamente, no Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força.

Na Marinha, o Corpo de Oficiais da Reserva é integrado pelos oficiais da reservade 1.ª (RM1), 2.ª (RM2), 3.ª (RM3) e 4.ª (RM4) classes19.

No Exército, os oficiais da reserva integram o Corpo de Oficiais da Reserva que,nos termos do art. 2.º da Lei 2.552, de 03 de agosto de 1955, é constituído por trêsclasses, a saber: a) 1.ª Classe da Reserva (R/1); b) 2.ª Classe da Reserva (R/2); c) 3.ªClasse da Reserva (R/3).

Na Aeronáutica, o Corpo de Oficiais da Reserva, de acordo com o art. 4.º, § 1.º,

Page 244: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

do Decreto 6.854, de 25 de maio de 2009, é composto pelos oficiais da reserva de 1.ªClasse (R/1), de 2.ª Classe (R/2) e de 3.ª Classe (R/3).

Os oficiais R/1 e RM1 integram a reserva remunerada. Os Oficiais R/2, RM2, R/3,RM/3 compõem a reserva não remunerada. A principal diferença entre os oficiais dareserva remunerada e os da reserva não remunerada reside na percepção de proventosdecorrentes da inatividade. Aqueles o percebem, enquanto estes não. Ambos, noentanto, estão sujeitos à prestação obrigatória de serviço na ativa, medianteconvocação ou mobilização.

A 1.ª Classe da Reserva (R/1 e RM1) dos Corpos de Oficiais da Reserva écomposta por oficiais da ativa transferidos, voluntária ou compulsoriamente, para areserva remunerada, nos termos do Estatuto dos Militares (arts. 96 a 103).

A 2.ª Classe da Reserva (R/2 e RM2) é constituída pelos seguintes oficiais: a) decarreira, demitidos do serviço ativo a pedido ou ex officio, por terem tomado posseem cargo público civil permanente20 (arts. 115 a 117 da Lei 6.880/1980). Convémregistrar que, se a demissão ex officio se der em razão da perda do posto e da patente,nos termos do art. 142, § 3.º, VI, da CF/1988, o oficial não será incluído na reservadas Forças Armadas21; b) provenientes de institutos de formação e de outras fontes derecrutamento de oficiais da reserva, quando licenciados por conclusão do tempo deserviço ou do estágio ou, ainda, por conveniência do serviço; c) das polícias militaresem serviço ativo ou na inatividade dessas corporações enquanto não atingirem aidade-limite de permanência da reserva do Exército.

A Reserva de 3.ª Classe da Marinha (RM3) é composta por cidadãos dereconhecida competência técnico-profissional ou de notória cultura científica que, nostermos do Estatuto dos Militares, forem nomeados oficiais e incluídos na reserva daMarinha22. A 3.ª Classe da Reserva (R/3) do Exército é formada por oficias dosquadros de serviços ou técnicos, nomeados oficiais da reserva no decurso de umaguerra externa e nas condições estabelecidas no regulamento do Corpo de Oficiais daReserva do Exército. A Reserva de 3.ª Classe da Aeronáutica (R/3) é constituída porcidadãos de reconhecida competência técnico-profissional ou de notória culturacientífica que, nos termos do Estatuto dos Militares, forem convocados para o serviçona ativa em caráter transitório, nomeados oficiais e incluídos na Reserva daAeronáutica, compondo a Reserva não Remunerada.

A reserva de 4.ª Classe da Marinha (RM4) é composta pelos demais brasileirosnão incluídos na RM1, RM2 e RM3, os quais, de acordo com o Regulamento da Leido Serviço Militar e com o Regulamento da Lei de Prestação do Serviço Alternativo23,estejam em condições de serem convocados para o serviço militar ou para o serviçoalternativo.

Page 245: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Por fim, a exclusão do Corpo de Oficiais da Reserva de cada Força ocorrerá noscasos descritos em legislação específica24.

8.5.3.3. Reformados

São os que se encontram em situação de inatividade, dispensados,definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas que percebem proventos deinatividade pagos pela União.

8.5.4. Condição jurídica dos oficiais da ativa e da reserva remunerada (R/1)

A condição jurídica destes oficiais é definida pela Constituição Federal, peloEstatuto dos Militares, pelos Regulamentos para os Corpos de Oficiais da Reserva daMarinha, do Exército e da Aeronáutica e pelas demais normas que lhes outorgam eimpõem, respectivamente, direitos, prerrogativas, deveres e obrigações.

8.5.5. Condição jurídica dos oficiais da reserva não remunerada

8.5.5.1. Considerações iniciais

Os oficiais da reserva não remunerada das Forças Armadas têm sua condiçãojurídica definida pela Constituição Federal, pelos Regulamentos para os Corpos deOficiais da Reserva da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e pelas demais normasque lhes conferem e instituem, respectivamente, direitos, prerrogativas, deveres eobrigações.

8.5.5.2. Manutenção do posto e da patente

O oficial, ao ser transferido para a reserva não remunerada ou nela reincluído25,não perde o posto e patente26. Isto porque, nos termos do art. 142, § 3.º, VI, daCF/1988, o oficial só perde o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato oucom ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempode paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra27. Ao dispor nesse sentido, a CartaPolítica de 1988, seguindo a tradição constitucional brasileira, atribuiu vitaliciedade28

aos postos e às patentes militares, pois só serão perdidos por decisão judicial.Não é por outro motivo que os arts. 116 e 117 da Lei 6.880/1980 preveem,

respectivamente, que os oficiais demitidos a pedido ou ex officio – neste último caso,

Page 246: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

por terem tomado posse em cargo ou emprego público civil permanente – sejamtransferidos para a reserva não remunerada, mantendo os postos que possuíam naativa.

Enfim, a patente e, por conseguinte, o posto militar sobrevivem à reforma e àtransferência para a reserva, remunerada ou não. Todavia, com elas, cessa suaefetividade, passando o oficial à condição de inativo.

8.5.5.3. Direitos, prerrogativas e deveres inerentes à patente do oficial da reserva nãoremunerada

A Magna Carta (art. 142, § 3.º, I), seguindo a orientação firmada nasConstituições pretéritas29, dispõe que as patentes, com prerrogativas, direitos e deveresa elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas, em suaplenitude, aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados.

Do referido artigo, conclui-se que:

a) Há direitos, prerrogativas e deveres que são inerentes às patentes militares, ouseja, que, por natureza, estão ligados umbilicalmente a elas, formando umtodo indivisível30. Consequentemente, pode-se afirmar que não existempatentes militares sem os direitos, as prerrogativas e os deveres a elasinerentes e vice-versa. Dentre eles, destacam-se: a) as honras, dignidades,distinções devidas ao grau hierárquico (posto); b) prisão especial, quandosujeitos a prisão, antes de condenação irrecorrível (art. 242, f, do CPPM); c)ser processado e julgado pelo Conselho Especial de Justiça, exceto osoficiais-generais, nos delitos previstos na legislação penal militar (art. 27, I,da Lei 8.457/1992); d) agir, ainda que na inatividade, de acordo com osdeveres, obrigações e preceitos da ética militar, sob pena de perda do posto eda patente, se declarados indignos ou incompatíveis com o oficialato; e)sujeitar-se, mesmo na reserva, à legislação específica, qual seja, aoRegulamento do Corpo de Oficiais da Marinha, do Exército ou daAeronáutica;

b) Por serem direitos, prerrogativas e deveres inerentes às patentes, independemda condição jurídica em que o oficial se encontra (ativa, reserva remuneradaou não e reformado). Não foi por outro motivo que a Constituição (art. 142,§ 3.º, I, in fine) os assegurou, em sua plenitude, em sua inteireza, aos oficiaisda ativa, da reserva e reformados. No entanto, há uma situação que reclamaespecial atenção: qual é o alcance da expressão oficias da reserva? Refere-se,

Page 247: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

apenas, aos oficiais da reserva remunerada ou engloba, também, os dareserva não remunerada?

Entendemos que o legislador constitucional, ao fazer alusão ao gênero oficial dareserva, abarcou, intencionalmente, as espécies reserva remunerada e reserva nãoremunerada, pois, como ensina Carlos Maximiliano, “Quando o texto menciona ogênero, presumem-se incluídas as espécies respectivas; se faz referência ao masculino,abrange o feminino; quando regula o todo, compreendem-se também as partes”31. Defato, a conclusão acima não poderia ser diferente, uma vez que tanto os oficiais dareserva remunerada como os da reserva não remunerada, mesmo na inatividade,continuam sendo detentores de postos e patentes militares. Além do mais, se assimnão quisesse, a Lei Ápice faria menção, apenas, a uma das espécies, excluindo, assim,a outra. Como não o fez, é defeso ao intérprete restringir a abrangência da norma emanálise, excluindo do seu alcance os oficiais da reserva não remunerada, sob pena deviolação do princípio, vigente em nosso ordenamento jurídico, de que não é dado aointérprete distinguir ou diferenciar onde a lei não o fez, nem admite32.

Salienta-se, ainda, que, em sendo o art. 142, § 3.º, I, da CF/1988 norma deaplicação imediata, nem mesmo a lei poderá, a pretexto de imprimir-lhe interpretaçãoautêntica, excetuar de sua abrangência os oficiais da reserva não remunerada. Istoporque, na lição de Canotilho Gomes e Vital Moreira, o cânone interpretativofundamental é o de que as leis devem ser interpretadas de acordo com as normassuperiores da Constituição, e não o inverso. Admitir que a Constituição possa serinterpretada a partir das leis poderá significar a aceitação do sentido inconstitucionaldestas, em desfavor do verdadeiro sentido da norma constitucional, que deve serobtido mediante a utilização de um procedimento hermenêutico autônomo33.

Assim sendo, todos os oficiais, independentemente da condição jurídica em quese encontram (ativa, reserva, remunerada ou não, ou reformados), fazem jus aprerrogativas e direitos inerentes às suas patentes militares. Por outro lado, sujeitam-se, também, às obrigações delas decorrentes34. Em sentido semelhante, é a lição dorenomado professor Ives Gandra da Silva35. De acordo com o insigne jurista, ao tecerconsiderações sobre o art. 142, § 3.º, I, da CF/1988, as patentes, concedidas peloPresidente da República, implicam o gozo das prerrogativas inerentes a elas, assimcomo asseguram os direitos e deveres decorrenciais, lembrando-se que não as perdemos oficiais reformados e da reserva que mantêm os títulos e os postos militares a quechegaram. A Constituição assegura, inclusive, o uso de uniformes das ForçasArmadas em cerimônias oficiais.

É preciso destacar, ainda, que o oficial da reserva não remunerada que

Page 248: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

inobservar os deveres e obrigações inerentes ao seu posto e patente poderá perdê-los,se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, após representaçãoendereçada ao STM pelo Ministério Público Militar36, nos casos descritos no art. 142,§ 3.º, VII, da CF/1988. Nesse sentido, aliás, tem decidido, acertadamente, o SuperiorTribunal Militar (STM), sob o fundamento de que o oficial R/2 ou RM/2 deveconduzir-se, mesmo na inatividade, com base nos preceitos éticos e morais quenorteiam os membros das Forças Armadas37.

8.5.5.4. Normas infraconstitucionais aplicáveis aos oficiais da reserva não remunerada

No âmbito infraconstitucional, destacam-se, dentre outras, as seguintes normasaplicáveis aos oficiais da reserva não remunerada:

I – Art. 2.º, II, alíneas a e b, da Lei n. 6.391/1976, que atribuiu aos integrantes dareserva não remunerada, juntamente com os da reserva remunerada, acondição jurídica de pessoal militar na inatividade38;

II – Art. 2.º da Lei 2.552/1955 e art. 116, § 3.º, da Lei 6.880/1980, que incluem osoficiais demissionários no Corpo de Oficiais da Reserva de cada Força,submetendo-os ao Regulamento do Corpo de Oficiais da Reserva da Marinha,do Exército ou da Aeronáutica. Em razão disso, tem-se entendido que estesoficiais conservam a condição de militar da reserva39;

III – O Decreto-Lei 1.002, de 21 de outubro de 1969, Código de Processo PenalMilitar, que assegura, explicitamente, aos oficiais da reserva não remuneradaprerrogativas inerentes a seus postos e patentes. Dentre os dispositivos demaior relevo, realçam-se os seguintes:

a) Art. 7.º, § 2.º, do CPPM, segundo o qual, em se tratando de delegaçãopara a instauração de inquérito policial militar, deverá aquela recair emoficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, dareserva, remunerada ou não, ou reformado. Preservou-se, dessa forma, aprecedência hierárquica, prerrogativa intrínseca às patentes militares;

b) Art. 73 do CPPM. Por este dispositivo, o acusado, quando oficial40 ougraduado, não perderá, embora sujeito à disciplina judiciária, asprerrogativas do posto ou graduação. Se preso ou compelido a seapresentar em juízo, por ordem da autoridade judiciária, seráacompanhado por militar de hierarquia superior a sua. Novamente, olegislador prestigiou a precedência hierárquica, prerrogativa inerente àspatentes militares;

Page 249: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) Art. 97 do CPPM. Reza o referido artigo que, nas Circunscrições ondeexistirem Auditorias especializadas41, a competência de cada uma decorrede pertencerem os oficiais sujeitos a processo perante elas aos quadros daMarinha, do Exército ou da Aeronáutica. Como oficiais, para os efeitosdeste artigo, se compreendem os da ativa, os da reserva, remunerada ounão, e os reformados;

d) Art. 108 do CPPM, que estabelece a competência pela prerrogativa doposto42;

e) Art. 242, f, do CPPM, que assegura aos oficiais das Forças Armadas,inclusive aos da reserva, remunerada ou não, e aos reformados o direito ea prerrogativa de serem recolhidos à prisão especial, à disposição daautoridade competente, quando sujeitos a prisão, antes de condenaçãoirrecorrível. Trata-se de prerrogativa inerente à patente e ao posto deoficiais, motivo pelo qual não foi estendida às praças e graduados daMarinha, do Exército e da Aeronáutica;

IV – Art. 27, I, da Lei 8.457, de 04 de setembro de 1992. De acordo com esteartigo, compete ao Conselho Especial de Justiça processar e julgar oficiais,exceto oficiais-generais, nos delitos previstos na legislação penal militar43. Aoagir dessa maneira, o legislador garantiu aos oficiais da ativa, da reserva,remunerada ou não, ou reformados, foro privilegiado em razão daprerrogativa do posto. Este, inclusive, tem sido o entendimento firmado peloSuperior Tribunal Militar44;

V – Art. 13 do Decreto-Lei 1.001, de 21 de outubro de 1969, Código Penal Militar(CPM), segundo o qual o militar da reserva, ou reformado, conserva asresponsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito daaplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra ele é praticado crimemilitar. A expressão “militar da reserva” abrange, necessariamente, o oficialR/2 ou RM/2, uma vez que o Código de Processo Penal Militar (arts. 7.º, §2.º, 97 e 242, f) a ele faz expressa menção, assegurando-lhe, inclusive, asprerrogativas de seu posto45;

VI – Art. 209, n. 6, do Decreto 57.654, de 20 de janeiro de 1966, que confere àcarta patente força de documento comprobatório da situação militar do oficialda reserva.

8.6. PRAÇAS DAS FORÇAS ARMADAS

Page 250: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

8.6.1. Conceito

São os não oficiais, ou seja, militares detentores de graduações descritas noanexo I deste livro.

8.6.2. Praças especiais

São os guardas-marinha, os aspirantes a oficial e os alunos de órgãos específicosde formação de militares.

8.6.3. Condição jurídica

É definida pela Constituição e pela legislação, que outorgam direitos eprerrogativas e lhes impõem deveres e obrigações.

8.7. RESUMO DA MATÉRIA

Militares das Forças Armadas Brasileiras

Denominação

Os membros das Forças Armadas são denominados militares, formando uma categoriaespecial de servidores da Pátria, e se encontram na ativa ou na inatividade.

Militares na ativa

São considerados militares federais na ativa: a) os de carreira; b) os incorporados àsForças Armadas para prestação de serviço militar inicial; c) os componentes da reserva dasForças Armadas, quando convocados, reincluídos, designados ou mobilizados; d) os alunosde órgão de formação de militares da ativa e da reserva; e) em tempo de guerra, todocidadão brasileiro mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas. Caberá à lei localindicar os militares estaduais e distritais que se encontram na ativa.

Militares na reserva

São considerados militares na inatividade: a) os da reserva remunerada; b) os reformados;c) os da reserva remunerada e, excepcionalmente, os reformados, executando tarefa portempo certo. A lei local indicará os militares estaduais e distritais que se encontram nainatividade.

Page 251: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Reserva das Forças Armadas

A reserva das Forças Armadas é composta pelo pessoal sujeito à incorporação, mediantemobilização ou convocação, pelo Ministério da Defesa, por intermédio da Marinha, doExército e da Aeronáutica. Nesta classe, incluem-se: a) individualmente: os militares dareserva remunerada e os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilizaçãopara a ativa; b) no seu conjunto: as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares.

Oficiais das Forças Armadas

Oficiais são militares detentores de postos e de patentes militares. Estão agrupados emquatro círculos hierárquicos, a saber: o dos oficiais subalternos, oficiais intermediários,oficiais superiores e o dos oficiais-generais. O ingresso na carreira de oficial é feito nospostos iniciais, assim considerados na legislação específica de cada corpo, quadro, arma ouserviço. Somente os brasileiros natos poderão ser oficiais das Forças Armadas.

Os oficiais das Forças Armadas se encontram numa das seguintes situações: a) na ativa; b)na reserva remunerada; c) na reserva não remunerada; d) reformados.

Na Marinha, o Corpo de Oficiais da Reserva é integrado pelos oficiais da reserva de 1.ª(RM1), 2.ª (RM2), 3.ª (RM3) e 4.ª (RM4) classes.

No Exército, os oficiais da reserva integram o Corpo de Oficiais da Reserva, constituídopor três classes, a saber: a) 1.ª Classe da Reserva (R/1); b) 2.ª Classe da Reserva (R/2); c)3.ª Classe da Reserva (R/3).

Na Aeronáutica, o Corpo de Oficiais da Reserva é composto pelos oficiais da reserva de1.ª Classe da Reserva (R/1) e de 2.ª Classe da Reserva (R/2).

Reformados são os que se encontram em situação de inatividade, dispensados,definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas que continuam a perceberremuneração da União.

A condição jurídica dos oficiais da ativa e da reserva remunerada é definida pelaConstituição Federal, pelo Estatuto dos Militares, pelos Regulamentos para os Corpos deOficiais da Reserva da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e pelas demais normas queoutorgam direitos e prerrogativas e lhes impõem deveres e obrigações.

Os oficiais da reserva não remunerada das Forças Armadas têm sua condição jurídicadefinida pela Constituição Federal, Regulamentos para os Corpos de Oficiais da Reserva daMarinha, do Exército e da Aeronáutica e pelas demais normas que conferem direitos eprerrogativas e lhes instituem deveres e obrigações.

O oficial, ao ser transferido para a reserva não remunerada ou nela reincluído, não perdeo posto e patente. Consequentemente, faz jus às prerrogativas e direitos inerentes às patentesmilitares, como, também, se sujeita às obrigações delas decorrentes. Está sujeito à perda doposto e da patente se julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, em razão derepresentação endereçada ao STM pelo Ministério Público Militar, nos casos descritos noart. 142, § 3.º, VII, da CF/1988.

Page 252: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A carta patente é o documento comprobatório da situação militar do oficial da reserva nãoremunerada.

Praças das Forças Armadas

Praças são os não oficiais, ou seja, militares detentores das graduações. Sua condiçãojurídica é definida pela Constituição e pela legislação, que outorgam direitos e prerrogativase lhes impõem deveres e obrigações. São consideradas praças especiais os guardas-marinha,os aspirantes a oficial e os alunos de órgãos específicos de formação de militares.

8.8. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (STM Juiz-Auditor 2005) – De acordo com os preceitosconstitucionais vigentes, são denominados “militares”:a) somente os oficiais integrantes das Forças Armadas.b) os membros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.c) os membros das Forças Armadas e da Polícia Federal.d) os membros da ativa das Forças Armadas.

2. (Comando Aeronáutica – EAOT 2005) – Um jovem nascido noestrangeiro, filho de pai brasileiro e mãe francesa, atualmenteresidindo no Brasil, deseja prestar concurso público para ingresso naEscola Preparatória de Cadetes do Ar. Se aprovado poderá ele serfuturamente nomeado oficial da Força Aérea Brasileira?a) Não, porque mesmo naturalizado o cargo é privativo de brasileiro nato.b) Sim, desde que o regimento interno da Força Aérea Brasileira permita.c) Sim, desde que haja previsão de reciprocidade em favor de brasileiros em seu país

de origem.d) Sim, desde que faça opção pela nacionalidade brasileira.

3. Assinale a alternativa incorreta. São considerados militares federaisna ativa:a) os de carreira.b) os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial.

Page 253: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) os componentes da reserva das Forças Armadas, quando convocados, reincluídos,designados ou mobilizados.

d) os alunos de órgão de formação de militares da ativa e da reserva.e) os da reserva remunerada e, excepcionalmente, os reformados, executando tarefa

por tempo certo.

4. Os oficiais são militares detentores de:a) postos e graduações.b) postos e patentes.c) patentes e graduações.d) patentes, apenas.e) postos, apenas.

5. São considerados reformados os oficiais:a) que se encontram dispensados temporariamente da prestação de serviço na ativa.b) que se encontram dispensados definitivamente da prestação de serviço na ativa, sem

perceber remuneração da União.c) que se encontram dispensados temporariamente da prestação de serviço na ativa,

percebendo remuneração da União.d) que se encontram em situação de atividade, dispensados, definitivamente, da

prestação de serviço na ativa, mas que continuam a perceber remuneração da União.e) que se encontram em situação de inatividade, dispensados, definitivamente, da

prestação de serviço na ativa, mas que continuam a perceber remuneração da União.

6. O oficial, ao ser transferido para a reserva não remunerada ou nelareincluído:a) perde o posto e a patente.b) perde apenas o posto.c) perde apenas a patente.d) não perde o posto e patente.e) passa, automaticamente, para um posto acima do que possuía na ativa.

7. Qual o documento comprobatório da situação militar do oficial R/2?a) carta patente.

Page 254: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) certificado de reservista.c) certificado de dispensa do serviço militar.d) certificado de isenção do serviço.e) certificado de cumprimento do serviço militar como militar de carreira.

8. As praças das Forças Armadas possuem:a) postos e graduações.b) postos, graduações e patentes.c) apenas graduações.d) patentes e graduações.e) postos, apenas.

9. São consideradas praças especiais:a) os guardas-marinha, os aspirantes a oficial e os alunos de órgãos específicos de

formação de militares.b) conscrito durante o serviço militar inicial.c) o soldado de 1.ª classe.d) os guardas-marinha, os aspirantes a oficial.e) os aspirantes a oficial e os alunos de órgãos específicos de formação de militares.

10. A Reserva de 3.ª Classe da Marinha (RM3) é composta por:a) cidadãos de reconhecida competência técnico-profissional ou de notória cultura

científica que, nos termos do Estatuto dos Militares, forem nomeados praças eincluídos na reserva da Marinha.

b) cidadãos de reconhecida competência técnico-profissional ou de notória culturacientífica que, nos termos do Estatuto dos Militares, forem nomeados oficiais eincluídos na reserva da Marinha.

c) cidadãos que cursaram escolas técnicas de interesse da Marinha, aprovados emseleção simplificada para o ingresso nos quadros da Marinha, e nomeados praças dareserva remunerada.

d) cidadãos de reconhecida competência técnico-profissional ou de notória culturacientífica que, nos termos do Estatuto dos Militares, forem nomeados praças eincluídos na reserva remunerada da Marinha.

e) cidadãos de reconhecida competência técnico-profissional ou de notória culturacientífica que, nos termos do Estatuto dos Militares, forem nomeados oficiais e

Page 255: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

incluídos na reserva remunerada da Marinha.

Gabarito

1. b 2. d 3. e

4. b 5. e 6. d

7. a 8. c 9. a

10. b

1 Também são denominados militares os membros das Polícias Militares e Corpos de BombeirosMilitares (art. 42 da CF/1988), razão pela qual as considerações contidas no item 8.1 destecapítulo a eles se estendem. Oportuno se faz salientar que, por força dos arts. 42, caput, e 142, §3.º, da CF/1988, que fazem alusão, exclusivamente, a militares federais, estaduais e distritais, édefeso aos Municípios terem em seus quadros de servidores agentes públicos militares, nemmesmo para comporem as Guardas-Municipais. Em sentido assemelhado: JUSTEN FILHO,Marçal. Curso de direito administrativo. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 723.

2 Art.;42 da CF/1988 em sua redação original.3 SILVA, Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 27. ed. revista e atualizada. São

Paulo: Malheiros, 2006, p. 701 e 702. Em sentido semelhante: “Para alguns doutrinadores, comessa mudança constitucional, os militares não podem mais ser considerados servidores públicos.Entretanto, essa mudança não alterou a condição deles de servidores públicos. Eles são umacategoria especial, que será regida pelas normas que vierem a ser instituídas pela UniãoFederal...” (MOTTA, Carlos Pinto Coelho (Coord.). Curso prático de direito administrativo. 2.ed. rev., atual. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 1.020).

4 Art. 142, § 3.º, da CF/1988, com redação dada pela EC 18/1998.5 São equivalentes as expressões “na ativa”, “da ativa”, “em serviço ativo”, “em serviço na ativa”,

“em serviço”, “em atividade”, ou “em atividade militar” (art. 6.º da Lei 6.880/1980).6 Art. 3.º, § 1.º, alíneas a e b, da Lei 6.880/1980.7 Militares de carreira são os da ativa que, no desempenho voluntário e permanente do serviço

militar, tenham vitaliciedade ou estabilidade assegurada ou presumida. Via de regra, ingressam nasForças Armadas mediante concurso público de provas ou de provas e títulos para as escolas ouinstituições de ensino militar, destinadas à formação de graduados ou oficiais da ativa, a exemplo

Page 256: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

do Colégio Naval, Academia Militar das Agulhas Negras, Academia da Força Aérea, Escola deEspecialista da Aeronáutica, etc.

8 Incorporação é o ato de inclusão do convocado ou voluntário em uma organização militar daativa das Forças Armadas.

9 Ver Lei 4.375/1964, que versa sobre o serviço militar obrigatório, e Lei 5.292/1967, que dispõesobre a prestação do serviço militar pelos estudantes de medicina, farmácia, odontologia eveterinária e pelos médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários.

10 Convocação é o ato pelo qual os brasileiros são chamados para prestarem serviço militar, querinicial, quer sob outra forma ou fase.

11 Reinclusão é o ato pelo qual o reservista ou desertor passa a reintegrar uma organização militar.12 Designação é o ato pelo qual os brasileiros, após julgados aptos em seleção, são designados

para incorporação ou matrícula a fim de prestar o serviço militar, quer inicial, quer sob outraforma ou fase.

13 Exemplificando, no Estado do Acre, encontram-se na ativa: “a) os militares estaduais decarreira; b) os componentes da reserva remunerada, quando convocados para encargos previstosnos Estatutos dos Militares desta unidade da federação; c) os alunos de órgãos de formação demilitares estaduais da ativa.” (art. 3, § 1.º, I, alíneas a, b, c, da Lei Complementar Estadual 164, de03 de julho de 2006).

14 Os militares da reserva remunerada e, excepcionalmente, os reformados poderão prestar tarefapor tempo certo, ou seja, executar atividades de interesse da Marinha, do Exército e daAeronáutica, mediante recebimento de adicional, calculado sobre os proventos que efetivamenteestiverem recebendo, quando nomeados para esse fim. De acordo com o art. 25 da MP 2.215-10/2001 (LRM), este adicional corresponderá a três décimos dos proventos que estiverempercebendo.

15 Art. 4.º da Lei 6.880/1980.16 Ver art. 144, § 6.º, da CF/1988.17 Importante ressaltar que, com a Constituição Federal de 1934, os postos e as patentes passaram

a ser privativos dos militares, ressalvadas, apenas, as concessões honoríficas efetuadas em atoanterior à promulgação da referida Carta Política (art. 165, § 3.º, da CF/1934). As Constituiçõessubsequentes mantiveram a mesma restrição (art. 160, b, da CF/1937, art. 182, § 1.º, da CF/1946,art. 94, § 1.º, da CF/1967 e art. 142, § 3.º, I, da CF/1988). Desde então, só aos militares, maisespecificamente aos oficiais das Forças Armadas, das Polícias Militares e dos BombeirosMilitares, podem ser conferidos postos e patentes militares, sendo vedadas concessões, a títulohonorífico, aos cidadãos civis.

18 Art. 12, § 3.º, VI, da CF/1988.19 Decreto 4.780, de 15 de julho de 2003.20 Não se trata, aqui, de penalidade disciplinar, mas de imperativo constitucional que veda,

expressamente, a acumulação da atividade militar com o cargo ou emprego público civilpermanente. Por isso, o oficial, ao tomar posse no cargo ou emprego público civil permanente,

Page 257: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

será transferido, imediatamente, para a reserva não remunerada, mantendo o posto e a patente quepossuía na ativa, passando a integrar a 2.ª Classe da Reserva (R/2 ou RM2).

21 O oficial perde o posto e a patente quando é declarado indigno do oficialato ou com eleincompatível, por decisão do Superior Tribunal Militar, em tempo de paz, ou de Tribunal Especial,em tempo de guerra, em decorrência de julgamento a que for submetido. Trata-se de típicapenalidade disciplinar decorrente de inaptidão para com o oficialato. Nesses casos, o ex-oficial,além de perder o posto e a patente, receberá certificado de isenção do serviço militar, razão pelaqual não ingressará na reserva das Forças Armadas. Por este motivo, após efetivada a demissão,não serão incluídos na 2.ª Classe da Reserva (R/2 ou RM2). Enfim, a demissão ex officiodecorrente da perda do posto e da patente acarreta o rompimento definitivo de todos os laços queo vinculavam às Forças Armadas, motivo pelo qual o ex-oficial reassume a condição jurídica decidadão civil.

22 Art. 10, §§ 1.º e 2.º, da Lei 6.880/1980, c/c art. 4.º, III, do Decreto 4.780/2003. Entendemos queo citado o art. 10, §§ 1.º e 2.º, não foi recepcionado pela Constituição de 1988, pelas razõesexpostas no capítulo XI, item 11.1.

23 Portaria 2.681-COSEMI, de 28 de julho de 1992.24 Marinha – Decreto 4.708/2003. Exército – Decreto 4.502/2002. Aeronáutica – Decreto

6.854/2009.25 Os oficiais oriundos dos órgãos de formação de oficiais da reserva, quando licenciados por

conclusão do tempo de serviço ou por conveniência do serviço público, são reincluídos na reservanão remunerada.

26 Como salienta, acertadamente, Ives Gandra da Silva Martins, “A perda de posto e da patente ésempre uma punição. É que a reforma ou a reserva não provoca a perda do posto e da patente,conforme determina o inciso I do parágrafo em comento. A dupla perda é uma punição que poderáocorrer em duas hipóteses, ou seja, se o comportamento do oficial for considerado indigno comrelação à corporação e à sociedade, ou se for ele incompatível com a maneira de ser da vidamilitar.” (MARTINS. Ives Gandra da Silva. Revista IOB de Direito Administrativo. Ano I, n. 11,novembro de 2006, p. 17). A expressão “o inciso I do parágrafo em comento” refere-se ao art.142, § 3.º, I, da CF/1988.

27 O art. 142, § 3.º, VI, da CF/1988, ao preconizar que o oficial “só perderá” o posto e a patentenos casos de indignidade e incompatibilidade com o oficialato, vedou, expressamente, qualqueroutra causa de perda. Consequentemente, é defeso ao intérprete e até mesmo ao legisladorinfraconstitucional ampliarem as hipóteses descritas no artigo em análise.

28 A vitaliciedade dos postos e das patentes vem sendo conferida, tradicionalmente, aos oficiaisdas Forças Armadas, como se depreende dos seguintes dispositivos constitucionais: art. 149 daCF/1824, art. 76 da CF/1891, art. 165, § 1.º, da CF/1934, art. 160, parágrafo único, da CF/1937,art. 182, § 2.º, da CF/1946, art. 94, § 2.º, da CF/1967, art. 142, § 3.º, VI, da CF/1988.

29 Art. 182 da CF/1946, e art. 94 da CF/1967.30 Evidentemente, há direitos, prerrogativas e deveres cuja efetividade e sujeição,

respectivamente, por força de lei, cessam com a transferência para a inatividade, como é o caso

Page 258: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

da percepção de remuneração pelo oficial que tomar posse em cargo público civil permanente.Nesta hipótese, o militar será imediatamente transferido para a reserva não remunerada (art. 142, §3.º, II, da CF/1988, c/c art. 117 da Lei 6.880/1980), deixando, assim, de receber vencimentospagos pela União. O mesmo ocorre em relação ao uso do uniforme pelos oficiais inativos (reserva,remunerada ou não, e reformados), que, em razão do art. 77, § 1.º, c, da Lei 6.880/1980, dependede prévia autorização da autoridade competente.

31 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2002,p. 201.

32 Ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus: onde a lei não distingue, não pode ointérprete distinguir.

33 CANOTILHO, J. J. Gomes; MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituição. Coimbra:Coimbra editora, 1991, p. 53-54.

34 Em sentido semelhante, o entendimento de: a) Fábio Sérgio do Amaral, segundo o qual, dentreas prerrogativas que detém o oficial da reserva (inclusive não remunerada) podem sermencionadas: as honrarias que lhe foram concedidas, o uso de títulos, uniformes, insígnias eemblemas, regras de tratamento e sinais de respeito, cumprimento de prisão especial emestabelecimento militar, entre outras, as quais perderá caso seja declarado indigno para ooficialato ou com ele incompatível. (AMARAL, Fábio Sérgio. A perda do posto e da patente dooficial PM inativo e a cessação de pagamento de proventos de inatividade. Revista de Estudos &Informações, n. 18, dezembro de 2006, p. 19 a 20, Belo Horizonte, Tribunal de Justiça Militar deMinas Gerais); b) Luiz Carlos Couto, Delegado de Polícia Civil do Paraná, adota entendimentoparecido. Para ele, “Todos os anos centenas de jovens, se tornam Oficiais da Reserva nãoremunerada, após concluírem Curso de Formação e Estágios de Instrução para Oficiais daReserva, outros como os Oficiais da Marinha Mercante recém-formados, também os tornam, semcontar como aqueles Oficiais de Carreira mais maduros que deixam a vida militar, em busca denovos horizontes na vida civil. E sendo assim carregam consigo seus deveres, direitos eprerrogativas e dentre elas o tratamento especial quando presos por algum infortúnio que a vida osreserva.” E continua o autor: “Devem ainda, todas as Autoridades, Policiais ou Judiciárias,Comuns ou Militares, observarem estritamente, quando no trato dos Oficiais da Reserva nãoremunerada os seguintes deveres: Prerrogativas de seu posto – conforme determina o art. 73, doCPPM: ‘O acusado que for oficial ou graduado não perderá, embora sujeito à disciplinajudiciária, as prerrogativas do posto ou graduação. Se preso ou compelido a apresentar-se emjuízo, por ordem da autoridade judiciária, será acompanhado por militar de hierarquia superior asua”; algemação – de modo algum poderão ser algemados, quando do cometimento de crimemilitar, conforme estabelece o § 1.º do art. 234, do CPPM e também entendo que igualprocedimento no crime comum, em face de inteligência dos arts. 3.º e 295, ambos do CPP, tendoem vista que até o presente momento o emprego de algemas não foi disciplinado por DecretoFederal, conforme dispõe o art. 199, da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal); e identificaçãomilitar – a regra é de que o Oficial da RNR, possua carteira de identidade militar, conforme porexemplo no Exército, onde se concede aos seus Oficiais R/2, com validade indeterminada,constando posto, classe, arma, quadro ou serviço, conforme dispões a Portaria 073/DGP, de 28 Set2000, sendo que as Forças Auxiliares que são reservas deste, devem ter o tratamento isonômico,

Page 259: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

como ainda seguindo no mesmo norte a Marinha e a Aeronáutica.” (COUTO, Luiz Carlos. Asprisões a que se submetem os oficiais da reserva não remunerada. Disponível em: <http://www.cesdim.org.br/temp.aspx?PaginaID=85 >. Acesso em: 15 dez. 2008).Ainda sobre o tema, colhe-se o seguinte aresto: “Administrativo. Militar da reserva. Renovação dacarteira. – O art.42, par. 1 da Constituição Federal, assegura, tanto aos oficiais da ativa como aosda reserva, o uso da respectiva patente, com prerrogativas, direitos e deveres a ela inerentes.Entre tais prerrogativas inclui-se a carteira de identificação. Remessa de Oficio não Provida.Decisão unanimidade, desprovimento.” (Tribunal – Segunda Região. Reo – Remessa ex officio.Processo: 9302082237 UF: RJ. Órgão julgador: Primeira Turma. Data da decisão: 08/11/1993.Data da publicação: 04/01/1994. DJ 04/01/1994. Relator: Juiz Clelio Erthal).Dada a relevância e pertinência, passa-se a transcrever o voto proferido no acórdão acimatranscrito: “Conforme já relatado (...), 1.º Tenente da Reserva R/2, tendo servido ao Exército noperíodo de 29 de janeiro de 1986 a 29 de janeiro de 1990, requereu ao General Comandante da 1.ªRegião Militar, em abril de 1991, a renovação da sua carteira de identidade, não logrando êxito napretensão. O pedido foi negado com fundamento na Portaria 076-DGP, de 14/08/1987. Emconsequência, impetrou a presente segurança, alegando que, pertencendo-lhe, com exclusividade, ouso da referida carteira, tem o direito líquido e certo de promover a sua renovação, com base noartigo 42, § 1.º da Constituição Federal, segundo o qual, ‘As patentes, com prerrogativas, direitose deveres a elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva oureformados das Forças Armadas, das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dosEstados, Territórios e do Distrito Federal, sendo-lhes privativos os títulos, postos e uniformes’.Apreciando o pedido, a Juíza da 21.ª Vara Federal/RJ concedeu a segurança, ao argumento de quea Portaria 76 DGP, na qual se estribou a Autoridade Impetrada para indeferir o pedido, fere odisposto no art. 42 da Constituição Federal. E por isso não deve ser cumprida. Remetidos os autosa este Tribunal, o Representante do Ministério Público Federal opinou no sentido da confirmaçãoda sentença, nos seguintes termos: ‘Analisados, opina este órgão do Ministério Público pelaconfirmação da sentença, devendo ser improvida a remessa. Com efeito, a norma contida nodispositivo constitucional invocado é de absoluta clareza, porque assegura ao oficial da reserva(que não especifica ser remunerada ou não) direitos inerentes ao posto conquistado (...).”

35 MARTINS. Ives Gandra da Silva. Revista IOB de Direito Administrativo. Ano I, n. 11,novembro de 2006, p. 12-13.

36 Trata-se de representação para declaração de indignidade ou incompatibilidade com ooficialato, promovida pelo MPM (art. 116, II, da Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1993),visando à perda de posto e de patente, quando o oficial é condenado na justiça comum ou militar apena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado.

37 “Representação para declaração de indignidade. Oficial da reserva não-remunerada condenadodefinitivamente pela justiça militar ante a prática do concurso de crimes de peculato e estelionato.Presença, ‘in casu’, da falta residual administrativo-disciplinar em afronta aos preceitos éticos-morais que presidem o conduzir-se dos integrantes das Forças Armadas. Procedência darepresentação, em decisão uniforme, para declarar-se o representado indigno para o oficialato,cassando-se-lhe o posto e a patente.” (Rdiof – Representação de Indignidade. Proc:

Page 260: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

1991.01.000020-2 UF: DF. Data da Publicação: 17/12/1991).“Representação para declaração de indignidade – Segundo Tenente R/2 do Exercito, nãoconvocado, usando indevidamente farda de oficial do exército com o objetivo de assegurar otransporte, em ônibus comercial, de drogas como maconha e haxixe. Confissão plena do crime. Osagentes da policia federal, além das drogas em suas bagagens, lograram encontrar mais delas emseu quepe. Condenado na justiça comum a pena de reclusão de três anos e multa por tráfico dedrogas. Condenado na justiça militar a dois meses e vinte dias de detenção, como incurso no art.172 do CPM. Sentenças transitadas em julgado. Incidência dos parágrafos segundo e terceiro doart. 93 da carta magna. Inteligência do artigo 99 do diploma castrense. Disposição do art. 55 doDecreto 90.600/1984. Por unanimidade, o Tribunal declarou o representado indigno do oficialato,com a perda de posto e patente.” (STM. Processo RDIOF – Representação de Indignidade n.1987.01.000016-4. Data da Publicação: 17/03/1988).

38 “Art. 2.º. O Pessoal Militar compõe-se de: I – omissis; II – Pessoal na Inatividade: a) na reservaremunerada: os que, pertencendo à reserva do Exército, percebem remuneração da União, estãosujeitos à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização; b) na reserva nãoremunerada: os que, pertencendo à reserva do Exército, embora não percebendo remuneração daUnião, estão sujeitos à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização.”

39 “Administrativo e processo civil. Militar demissionário. Pensão militar. MP 2.215-10/2001.Contribuição específica de 1,5%. 1 – O militar demissionário, conquanto não perceba qualquerremuneração, ingressa na reserva no mesmo que posto que tinha no serviço ativo, tendo a suasituação regida pelo Regulamento do Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força (art. 116,§ 3.º, da Lei 6.880/1980); razão pela qual se infere que o mesmo conserva a condição de militar,podendo ser beneficiado pelo art. 31 da MP 2.215-10/2001, que lhe assegura a possibilidade decontinuar contribuindo para a pensão militar isolada, de acordo com o que antes previa o art. 2.ºda Lei n. 3.765/1960. 2 – A utilidade da contribuição em testilha, por certo, reside napossibilidade de assegurar pensionamento às filhas maiores de ex-militar – que não mais sãoprevistas como dependentes. Ressalte-se que o art. 31 da MP 2.215-10/2001 expressamenteressalva os benefícios da redação original da Lei 3.675/1960, dentre os quais se insere o rol dedependentes do militar, o qual, por sua vez, excluía apenas os filhos do sexo masculino, maioresde vinte e um anos (art. 7.º). 3 – Apelação e remessa necessária desprovidas.” (TRF2. AMS –Apelação em Mandado de Segurança – 54.642. Processo: 2001.51.01.017865-1 UF: RJ. ÓrgãoJulgador: Sexta Turma. julgamento: 19/10/2004. DJU 27/10/2004, p. 165).

40 O legislador, ao utilizar a expressão “oficial”, referiu-se ao gênero, razão pela qual abarcou asespécies, quais sejam, os da ativa, da reserva, remunerada ou não, e os reformados.

41 Atualmente, por força do art. 11, § 2.º, da Lei 8.457/1992, as Auditorias têm jurisdição mista,cabendo-lhes conhecer dos feitos relativos à Marinha, Exército e Aeronáutica.

42 Falsa identidade. Incompetência do Conselho Permanente de Justiça do Exército para processare julgar oficial R/2, em razão da prerrogativa do posto. Regra dos arts. 108 do Código deProcesso Penal Militar e artigos 13, letra a e 24, § 1.º da Lei de Organização Judiciária Militar.”(STM. Apelfo – Apelação (FO) Cód. 40. Processo 1984.01.044228-6 UF: MG, Relator: AntonioCarlos de Seixas Telles, DJ 07/05/1985).

Page 261: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

43 Os não oficiais, ou seja, as praças, são processados e julgados pelo Conselho Permanente deJustiça (art. 27, II, da Lei 8.457/1992).

44 “Competência do Conselho Especial de Justiça. I – O Oficial da segunda classe da reserva temassegurada a prerrogativa de ser julgado pelo Conselho Especial de Justiça, quando pratica crimemilitar. Inteligência do art. 27, I, da Lei 8.457, de 04/09/1992 (Lei da Organização Judiciária daUnião). II – Recurso provido por decisão uniforme. Decisão: Em 12/03/2002, Prosseguindo nojulgamento interrompido na 7.ª Sessão, em 26/02/2002, após o pedido de vista do Ministro JoséJulio Pedrosa, o Tribunal, por unanimidade, deu provimento ao recurso ministerial para,declarando a incompetência do Conselho Permanente de Justiça da Auditoria da 5.ª CJM paraprocessar e julgar o 1.º tem. Ex R/2 (...), anular os atos decisórios praticados por aqueleColegiado e determinar a constituição de um Conselho Especial de Justiça para o feito, deconformidade com o Art. 27, inciso I da Lei 8.457/1992 c/c o Art. 508 do CPPM.” (STM. RecursoCriminal (FO) 2001.01.006895-9-PR. Ministro Relator: Expedito Hermes Rego Miranda. DJ:5/01/2002).“Falsa identidade. Incompetência do Conselho Permanente de Justiça do Exército para processar ejulgar oficial R/2, em razão da prerrogativa do posto. Regra do artigo 108 do Código de ProcessoPenal Militar e artigos 13, letra a, e 24, § 1.º da Lei de Organização Judiciária Militar.” (STM.Apelfo – Apelação (FO) Cód. 40. Processo 1984.01.044228-6 UF: MG, Relator: Antonio Carlosde Seixas Telles, julgamento 21/03/1985. DJ 7/05/1985).

45 Jorge Alberto Romeiro adota entendimento semelhante. De acordo com o referido autor,“Militar da reserva ou reformado é o que se encontra em inatividade. A diferença entre eles é aseguinte: o militar da reserva, remunerada ou não (o art. 97 do CPPM alude a essas duascategoriais de reserva), está sujeito, ainda, à prestação de serviço militar na ativa, medianteconvocação ou mobilização, enquanto o reformado está dispensado, definitivamente, da prestaçãode serviço ativo” (ROMEIRO, Jorge Alberto. Curso de Direito Penal Militar: Parte Geral. SãoPaulo: Saraiva, 1994, p. 28-29). De fato, como ensina Carlos Maximiliano, vige em nossoordenamento jurídico o brocardo verba cum effectu sunt accipienda, ou seja, “‘Não se presumem,na lei, palavras inúteis’. Literalmente: ‘Devem-se compreender as palavras como tendo algumaeficácia’. As expressões do Direito interpretam-se de modo que não resultem frases semsignificação real, vocábulos supérfluos, ociosos, inúteis”. (MAXIMILIANO, Carlos.Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 204). Portanto, olegislador castrense, ao fazer menção expressa aos oficias da reserva não remunerada (arts. 7.º, §2.º, 97 e 242, f, do CPM), assegurando-lhes direitos e prerrogativas inerentes a seus postos epatentes, assim como o fez com os oficiais da ativa, da reserva remunerada e reformados, quis,intencionalmente, colocar todos os oficiais em igualdade de condições, atribuindo-lhes,indistintamente, para fins de aplicação da lei penal, a condição jurídica de militares.

Page 262: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

9.1. DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS E OS MILITARES

Os direitos e garantias individuais e coletivos são aquele conjunto de preceitosjurídicos que, por sua natureza mesma, são inalienáveis ao homem como tal,fundamentados em seu sentimento de justiça; são manifestações de um resguardar-sefrente à Organização Política e aos quais só se conhece, como limites, os mesmosdireitos pertencentes a outro indivíduo, tal como no imperativo Kantiano: o direito deum determina onde começa o direito do outro1.

Estes direitos e garantias, enquanto direitos fundamentais, caracterizam-se pelauniversalidade, ou seja, destinam-se, de modo indiscriminado, a todos os sereshumanos, como leciona Pedro Lenza2.

O art. 5.º da Constituição Federal de 1988 assegura aos brasileiros – inclusive aosmilitares3 – e aos estrangeiros direitos e garantias individuais.

Por outro lado, a Lei Ápice4 dispõe serem as Forças Armadas organizadas combase na hierarquia e na disciplina, princípios essenciais e indispensáveis à própriaexistência de tais instituições. Logo, os militares, obrigatoriamente, devem se sujeitar àrigorosa disciplina e ao estrito acatamento à hierarquia militar, sob pena deresponsabilização na esfera disciplinar ou penal, como preceitua a própriaConstituição (art. 5.º, LXI).

Como, então, conciliar o exercício de direitos e garantias individuais e coletivoscom a sujeição hierárquico-disciplinar quando, aparentemente, se conflitarem?

Entendemos que solução do impasse está na ponderação de valores ouponderação de interesses. Como ensina Luís Roberto Barroso, trata-se de técnica pelaqual se procura estabelecer o peso relativo de cada um dos princípios contrapostos.Como não existe um critério abstrato que imponha a supremacia de um sobre o outro,deve-se, à vista do caso concreto, fazer concessões recíprocas, de modo a produzir um

Page 263: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

resultado socialmente desejável, sacrificando o mínimo de cada um dos princípios oudireitos fundamentais em oposição. O legislador não pode, arbitrariamente, escolherum dos interesses em jogo e anular o outro, sob pena de violar o texto constitucional.Seus balizamentos devem ser o princípio da razoabilidade e a preservação, tantoquanto possível, do núcleo mínimo do valor que esteja cedendo passo. Não há, aqui,superioridade formal de nenhum dos princípios em tensão, mas a simplesdeterminação da solução que melhor atende ao ideário constitucional na situaçãoapreciada5.

Desse modo, os direitos e garantias individuais consagrados na ConstituiçãoFederal não podem servir de blindagem, de escudo, para a prática de atos que atentemcontra a hierarquia e a disciplina militar. Em contrapartida, estas não podem servir depretexto para excluírem aqueles. Consequentemente, o militar, no exercício de umdireito ou garantia individual e coletiva, deve se abster de praticar ato atentatório àhierarquia e à disciplina castrense, sob pena de ser responsabilizado na esferadisciplinar ou penal, conforme dispuser a legislação de regência. É o que se passa, p.ex., com um militar da ativa que, punido disciplinarmente com pena privativa deliberdade, por autoridade incompetente, de próprio punho, impetra habeas corpus,referindo-se à aludida autoridade de forma desrespeitosa. Neste caso, o militar deveráser responsabilizado pela ofensa ao dever militar – respeito à hierarquia e disciplina6

–, ainda que lhe seja concedida a ordem no writ.Por fim, em razão das peculiaridades da carreira militar, a Carta Política,

expressamente, vedou – ou ao menos limitou em parte – aos militares o gozo dealguns dos direitos e garantias individuais descritos no aludido art. 5.º. Comoexemplos, citamos: a) o habeas corpus em relação ao mérito das puniçõesdisciplinares, por força do art. 142, § 2.º, da CF/1988; b) o direito à liberdade deassociação para fins lícitos e à criação de associações, diante da proibição desindicalização prevista no art. 142, § 3.º, IV, da CF/1988; c) o direito ao livre exercíciode qualquer trabalho, ofício ou profissão, em razão do caráter compulsório do serviçomilitar inicial (art. 143 da CF/1988); d) o direito à livre manifestação do pensamento,por força dos princípios da hierarquia e da disciplina (art. 142 da CF/1988), motivopelo qual o subordinado não pode censurar ou criticar ato de superior hierárquico,sob pena de incorrer em prática de transgressão disciplinar7 ou, até mesmo, de crimemilitar8, etc.

9.2. REGIME JURÍDICO DOS MILITARES

Os servidores públicos civis da União, excetuando-se os sujeitos ao regime

Page 264: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

celetista, e os militares estão submetidos a regime jurídico estatutário9, instituído porlei de iniciativa privativa do Presidente da República10. Aqueles têm a base de seuregime jurídico disciplinado, minuciosamente, pela Constituição Federal, ao passo queestes não. Isto se dá em razão das inúmeras peculiaridades da carreira militar, o que,de fato, inviabilizaria um disciplinamento analítico do tema, nos moldes realizadospara os servidores civis. Ademais, como destaca Ivan Barbosa Rigolin, não seriarazoável a Constituição, além de enfeixar um grande universo de institutos civis comofaz, também pretender abarcar o todo particular e diverso mundo dos militares; tal nãoé papel para a Constituição, mas efetivamente para a lei e para os regulamentosinfralegais, que de resto existem em volume nada desprezível11. Portanto, agiu bem aCarta Política ao remeter à lei o disciplinamento do regime jurídico dos militares (art.142, § 3.º, X, da CF/1988).

Cumpre salientar que a atuação do legislador infraconstitucional na elaboraçãodo regime jurídico dos militares está condicionada à observância das diretrizesmínimas fixadas no Texto Fundamental, a exemplo das contidas no art. 142, queconfere e impõe, respectivamente, direitos, prerrogativas e deveres aos militares.

Por estas razões, o regime jurídico dos militares, necessariamente, deverácontemplar os direitos sociais descritos no inciso VIII, § 3.º, do art. 142 da CF/1988, asaber: a) décimo terceiro salário; b) salário-família; c) férias anuais remuneradas compelo menos um terço a mais do que o salário normal; d) licença à gestante, semprejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 (cento e vinte) dias12; e)licença-paternidade; f) assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde onascimento até cinco anos de idade, em creches e pré-escolas. Há de se esclarecer,ainda, que o rol de direitos sociais, definido no inciso VIII, § 3.º, do art. 142, étaxativo, não cabendo ao intérprete ampliá-lo. Contudo, nada impede que o legisladorinfraconstitucional, no exercício da atribuição a ele outorgada pelo art. 142, § 3.º, X13,confira aos militares outros direitos sociais não abrangidos pelo mencionado incisoVIII, como, aliás, o tem feito. A título de exemplo, cita-se o direito ao salário-mínimona forma descrita no art. 7.º, IV e VII, da CF/1988. Tem-se entendido que este direitosocial não foi estendido aos militares, pois o art. 142, § 3.º, VIII, da Carta Maior, a elenão faz alusão14. Todavia, o legislador infraconstitucional conferiu-lhes este direito,excluindo, apenas, as praças prestadoras de serviço militar inicial e as praças especiais,salvo o guarda-marinha e o aspirante a oficial15. Da mesma forma, o art. 142, § 3.º,VIII, da CF/1988 é silente em relação ao adicional de remuneração para atividadespenosas, insalubres ou perigosas, previsto no art. 7.º, XXIII, razão pela qual osmilitares a ele não fariam jus. Contudo, o legislador assegurou-lhes o direito emquestão, na forma de adicional de compensação orgânica, parcela remuneratóriamensal devida ao militar para compensação de desgaste orgânico resultante do

Page 265: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

desempenho continuado de determinadas atividades especiais16. O mesmo ocorre naspolícias militares e corpos de bombeiros militares, que, em regra, instituem, em lei,gratificações de risco ou de periculosidade.

O regime jurídico dos militares deverá conter, também, as proibições e garantiasdescritas no art. 37, XI, XIII, XIV e XV, da CF/1988, em razão do art. 142, § 3.º,VIII17. Importante ressaltar que o legislador infraconstitucional não poderá isentar osmilitares das vedações nem excluí-los das garantias descritas nos incisos XI, XIII, XIVe XV do art. 37, sob pena de afronta à Constituição.

Convém destacar, ainda, que, como ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, noliame de função pública, composto sob a égide estatutária, o Estado, ressalvadas aspertinentes disposições constitucionais impeditivas, deterá o poder de alterarlegislativamente o regime jurídico de seus servidores, inexistindo a garantia de quecontinuarão sempre disciplinados pelas disposições vigentes quando de seu ingresso.Então, benefícios e vantagens, dantes previstos, podem ser ulteriormente suprimidos.Bem por isto, os direitos que deles derivem não se incorporam integralmente, deimediato, ao patrimônio jurídico do servidor (firmando-se como direitos adquiridos),do mesmo modo que nele se integrariam se a relação fosse contratual. Assim, exempligratia, se o adicional por tempo de serviço a que os servidores públicos federaisfaziam jus, de 1% por ano de tempo de serviço, por força do art. 67 da Lei 8.112,viesse a ser extinto, como o foi pela inconstitucional Medida Provisória 1.909-15, de29/06/1999, hoje 2.225-45, de 4/09/2001, os que já houvessem completado esteperíodo continuariam a perceber os acréscimos aos vencimentos que deles houvessemresultado, por já haver perfazido o necessário à aquisição do direito quanto àssobreditas parcelas; contudo, a partir da lei extintiva não mais receberiam novosacréscimos que lhes adviriam dos anuênios sucessivamente completados18. Em sendoestatutário o liame que une os militares à União, poderá ser alterado por lei, sempreque necessário, vez que inexiste direito adquirido a regime jurídico estatutário19.

As considerações feitas ao longo deste capítulo são empregáveis aos militaresestaduais, já que a eles se aplica o art. 142, §§ 1.º e 2.º, da CF/1988, por força do art.42, § 1.º.

9.3. RESUMO DA MATÉRIA

Direitos e garantias individuais e coletivas e os militares

Os direitos e garantias individuais e coletivos, enquanto direitos fundamentais,

Page 266: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

caracterizam-se pela universalidade, ou seja, destinam-se, de modo indiscriminado, a todosos seres humanos.

O art. 5.º da Constituição Federal de 1988 assegura aos brasileiros – inclusive aosmilitares – e aos estrangeiros direitos e garantias individuais.

Os direitos e garantias individuais consagrados na Constituição Federal não podem servirde blindagem, de escudo, para a prática de atos que atentem contra a hierarquia e adisciplina militar. Por outro lado, estas não podem servir de pretexto para excluir aqueles.Há de se efetuar uma ponderação de valores ou ponderação de interesses. O militar, noexercício de um direito ou garantia individual e coletiva, deve se abster de praticar atoatentatório à hierarquia e à disciplina castrense, sob pena de ser responsabilizado na esferadisciplinar ou penal, conforme dispuser a legislação de regência.

A Constituição, expressamente, vedou – ou ao menos limitou em parte – aos militares ogozo de alguns dos direitos e garantias individuais descritos no aludido art. 5.º. Exemplos: a)o habeas corpus em relação ao mérito das punições disciplinares (art. 142, § 2.º, daCF/1988); b) o direito à liberdade de associação para fins lícitos e à criação de associações,diante da proibição de sindicalização prevista no art. 142, § 3.º, IV, da CF/1988; c) o direitoao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão em razão do caráter compulsóriodo serviço militar inicial (art. 143 da CF/1988); d) o direito à livre manifestação dopensamento, por força dos princípios da hierarquia e da disciplina (art. 142 da CF/1988),motivo pelo qual o subordinado não pode censurar ou criticar ato de superior hierárquico,sob pena de incorrer em prática de transgressão disciplinar ou, até mesmo, de crime militar,etc.

Regime jurídico dos militares

Os militares estão submetidos a regime jurídico estatutário, instituído por lei de iniciativaprivativa do Presidente da República.

O regime jurídico dos militares, necessariamente, deverá contemplar os seguintes direitossociais: a) décimo terceiro salário; b) salário-família; c) férias anuais remuneradas com pelomenos um terço a mais do que o salário normal; d) licença à gestante, sem prejuízo doemprego e do salário, com duração de 120 (cento e vinte) dias; e) licença-paternidade; f)assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de idade emcreches e pré-escolas.

O rol definido no inciso VIII, § 3.º, do art. 142, é taxativo, não cabendo ao intérpreteampliá-lo. Contudo, nada impede que o legislador infraconstitucional, no exercício daatribuição a ele outorgada pelo art. 142, § 3.º, X, confira aos militares outros direitos sociaisnão abrangidos pelo mencionado inciso VIII. Exemplo: direito ao salário-mínimo.

Em sendo estatutário o liame que une os militares à União, aos Estados, do DistritoFederal e Territórios, poderá ser alterado por lei, sempre que necessário, vez que inexistedireito adquirido a regime jurídico estatutário.

Page 267: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

9.4. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. O art. 5.º da Constituição Federal de 1988:a) não se aplica aos militares, vez que são regidos por normas específicas que lhes

impõem direitos e deveres próprios da categoria.b) aplica-se incondicionalmente aos militares, que poderão, livremente, exercer e gozar,

em sua plenitude, todos os direitos e garantias nele descritos.c) aplica-se a todos os oficiais e praças das Forças Armadas, exceto aos conscritos

durante o período do serviço militar obrigatório.d) aplica-se a todos os militares. Todavia, a própria Constituição, expressamente,

vedou-lhes, ainda que em parte, o gozo de alguns dos direitos e garantias individuais.e) aplica-se a todos os oficiais e praças das Forças Armadas, exceto às praças

especiais.

2. Aos militares é defeso(a):a) a ampla defesa e o contraditório nos processos administrativos em geral, em razão

dos princípios da hierarquia e da disciplina.b) a ampla defesa e o contraditório apenas nos procedimentos de apuração de faltas

disciplinares.c) o acesso ao Poder Judiciário antes de esgotados todos os recursos administrativos

cabíveis.d) o direito de petição.e) a impetração de habeas corpus em relação ao mérito das punições disciplinares.

3. Um militar A, em razão de suposto abuso de poder praticado porsuperior hierárquico, que lhe era desafeto, resolve, com base no art.5.º, XXXIV, da CF/1988, exercer o direito de petição, noticiando àautoridade competente as irregularidades. Ao relatar os fatos, fazduras críticas pessoais ao superior, afirmando, inclusive, que omesmo não possui condições mínimas para ser oficial das ForçasArmadas e que seu comportamento afeta sobremaneira o decoro daclasse. Neste caso, o militar A:a) terá exercido legitimamente um direito constitucional, razão pela qual não poderá ser

punido disciplinarmente.b) não terá seu pedido apreciado pela autoridade superior, pois aos membros das

Forças Armadas, em razão dos princípios da hierarquia e da disciplina (art. 142 da

Page 268: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

CF/1988), não foi assegurado o direito de petição.c) terá seu pedido apreciado pela autoridade superior, vez que o direito de petição,

enquanto direito individual, foi assegurado aos militares. Todavia, sua conduta poderáconstituir crime militar ou transgressão disciplinar, vez que, ao realizar críticaspessoais ao superior, acabou por praticar ato atentatório à hierarquia e à disciplinacastrense.

d) não terá seu pedido apreciado pela autoridade superior, devendo, ainda, ser punidodisciplinarmente.

e) não terá seu pedido apreciado pela autoridade superior, devendo, ainda, serinstaurado inquérito policial militar para apurar a prática de crime militar.

4. (OAB NE – 2008.2) – Com relação ao que dispõe a CF acerca dadisciplina das forças armadas, assinale a opção incorreta:a) A sindicalização é proibida ao militar.b) Ao militar que esteja em serviço ativo é proibida a filiação a partido político.c) Os eclesiásticos são isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz.d) É garantida ao militar a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.

5. (Comando Aeronáutica – EAOT 2005) – Entre as proposições abaixo,assinale a alternativa correta.a) São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre os

militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções,estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva.

b) A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de dois terços dos membrosdo Congresso Nacional.

c) É da competência privativa do Presidente da República aprovar o estado de defesa ea intervenção federal, autorizar o estado de sítio ou suspender qualquer uma dessasmedidas.

d) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade e comuns, bem como osMinistros de Estado e os Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica nos crimesda mesma natureza conexos com aqueles.

6. De acordo com o art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988, os militares fazem jusa:a) décimo terceiro salário, adicional noturno e de periculosidade.

Page 269: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) décimo terceiro salário, salário-mínimo fixado em lei, repouso semanal remunerado,preferencialmente aos domingos.

c) décimo terceiro salário, salário-família, férias anuais remuneradas com pelo menosum terço a mais do que o salário normal, licença à gestante.

d) décimo terceiro salário, irredutibilidade do salário, férias anuais remuneradas compelo menos um terço a mais do que o salário normal, licença à gestante.

7. A Constituição Federal de 1988 assegurou, expressamente, aosmilitares os seguintes direitos sociais:a) salário-mínimo e fundo de garantia por tempo de serviço.b) salário-mínimo e licença à gestante.c) salário-mínimo e irredutibilidade do salário.d) licença à gestante e salário-família.e) salário-mínimo e remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em

cinquenta por cento, à do normal.

8. Assinale a alternativa correta.a) o rol de direitos sociais conferidos aos militares pelo art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988,

é taxativo.b) a Constituição confere expressamente aos militares o adicional de remuneração para

as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.c) os militares temporários estão sujeitos a regime celetista.d) é possível a acumulação de cargo de médico militar com o de médico civil, nos termos

do art. 37, XVI, da CF/1988, quando houver compatibilidade de horários.e) a Constituição assegurou aos militares o direito de greve nos termos e nos limites

definidos em lei específica.

9. (MPM – Promotor 2005) – Quanto às Forças Armadas, assinale aalternativa incorreta:a) O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil

permanente será transferido para a reserva, nos termos da lei.b) O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou

função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficaráagregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessasituação, ser promovido por antiguidade.

c) O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele

Page 270: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz,ou de tribunal especial, em tempo de guerra.

d) A lei complementar disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites deidade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade,os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiaisdos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelascumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

Gabarito

1. d 2. e 3. c

4. e 5. a 6. c

7. d 8. a 9. d

1 DANTAS, Ivo. Constituição & processo. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2007, p. 94.2 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 13. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:

Saraiva, 2009, p. 672.3 “Os princípios da hierarquia e da disciplina, ínsitos na seara militar (artigo 142, ‘caput’ da CF) e

necessários à estrutura organizacional miliciana, são dotados, na sua axiologia, de menorintensidade daqueles conferidos aos direitos e garantias fundamentais do homem, não chegando,assim, a ponto de retirar a validade plena e imediata destes. Os militares, conquanto insertos numaestrutura administrativa própria, são, antes de tudo, cidadãos cujos direitos e garantias estãoamplamente assegurados em nosso direito constitucional.” (TRF3. RHC – Petição de recursoordinário em habeas corpus – 526. Processo: 200261030000036/SP. Órgão Julgador: QuintaTurma. Relatora: Juíza Suzana Camargo. DJU 27/09/2005).“Constitucional. Administrativo. Militar. Atividade científica. Liberdade de expressãoindependente de censura ou licença. Garantia constitucional. Lei de hierarquia inferior.Inafastabilidade. Processo administrativo disciplinar. Transgressão militar. Inexistência. Falta dejusta causa. Punição anulada. Recurso provido. I – A Constituição Federal, à luz do princípio dasupremacia constitucional, encontra-se no vértice do ordenamento jurídico, e é a Lei Suprema deum País, na qual todas as normas infraconstitucionais buscam o seu fundamento de validade. II –Da garantia de liberdade de expressão de atividade científica, independente de censura ou licença,constitucionalmente assegurada a todos os brasileiros (art. 5.º, IX), não podem ser excluídos osmilitares em razão de normas aplicáveis especificamente aos membros da Corporação Militar.

Page 271: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Regra hierarquicamente inferior não pode restringir onde a Lei Maior não o fez, sob pena deinconstitucionalidade. III – Descaracterizada a transgressão disciplinar pela inexistência deviolação ao Estatuto e Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Santa Catarina, desaparece ajusta causa que embasou o processo disciplinar, anulando-se em consequência a puniçãoadministrativa aplicada. III – Recurso conhecido e provido.” (STJ. RMS 11.587/SC, Rel. MinistroGilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 16/09/2004, DJ 03/11/2004, p. 206).

4 Art. 142 da CF/1988.5 BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional

brasileiro (Pós-modernidade, teoria crítica e pós-positivismo). Revista Diálogo Jurídico,Salvador, CAJ – Centro de Atualização Jurídica, v. I, n. 6, setembro, 2001. Disponível em:<http://www.direitopublico.com.br>. Acesso em: 19 jan. 2009.

6 Art. 31, IV, da Lei 6.880/1980.7 Art. 10, n. 23, do RDAer, por exemplo.8 Art. 166 do CPM.9 “Regime estatutário é aquele estabelecido em lei por cada uma das unidades da federação e

modificável unilateralmente, desde que respeitados os direitos adquiridos pelo servidor. Quandonomeados, eles ingressam numa situação jurídica previamente definida, à qual se submetem com oato da posse; não há qualquer possibilidade de qualquer modificação das normas vigentes pormeio de contrato, ainda que com a concordância da Administração e do servidor, porque se tratade normas de ordem pública, cogentes, não derrogáveis pelas partes.” (DI PIETRO, Maria SylviaZanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 434).

10 São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre militaresdas Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade,remuneração, reforma e transferência para a reserva (art. 61, § 1.º, II, alíneas c e f, da CF/1988).Pelo princípio da simetria, o regime jurídico dos militares dos Estados será disciplinado por leide iniciativa dos respectivos Governadores. No caso da polícia militar e corpo de bombeiros doDistrito Federal, compete à União legislar sobre o tema (art. 21, XIV, da CF/1988).

11 RIGOLIN, Ivan Barbosa. O servidor público nas reformas nas reformas constitucionais. 2. ed.ampl. e atualizada. Belo Horizonte: Fórum, 2006, p. 211.

12 Tem-se reconhecido à militar temporária o direito à estabilidade provisória conferida à gestanteaté cinco meses após o parto, por força dos arts. 7.º, XVIII, e 142, § 3.º, VIII, da CF/1988, c/c oart. 10, II, b, da ADCT. Neste sentido, conferir: “Constitucional. Administrativo. Agravoregimental no recurso extraordinário. Licença maternidade de militar temporária. Art. 7.º, XVIII, eart. 142, VIII, CF/1988. Possibilidade. Precedentes. 1. A estabilidade provisória advinda delicença maternidade decorre de proteção constitucional às trabalhadoras em geral. 2. O direitoamparado pelo art. 7.º, XVIII, da Constituição Federal, nos termos do art. 142, VIII, da CF/1988,alcança as militares. 3. Inexistência de argumento capaz de infirmar o entendimento adotado peladecisão agravada. 4. Agravo regimental improvido.” (RE 523.572 AgR, Relator(a): Min. EllenGracie, Segunda Turma, julgado em 06/10/2009, DJE 204 divulgado em 28/10/2009 e publicadoem 29/10/2009). “Administrativo. Militar. Contrato temporário. Licenciamento. Prorrogação.

Page 272: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Licença gestante. O militar temporário permanece nas fileiras da ativa enquanto for daconveniência e oportunidade do Comando da Região Militar, sendo a relação jurídica estabelecidaentre ele e o serviço das armas de natureza transitória (art. 3.º, inc. II, Lei 6.391/1976). Assim, ovínculo jurídico que prende ao Estado o militar temporário é de natureza especial, não seaplicando as normas atinentes ao contrato de trabalho. Embora incontestável a condição de militartemporária da impetrante, devendo regra especial pautar a relação desta perante a Administração,o que consiste na ausência do direito à estabilidade assegurada aos militares de carreira, entende-se que ato administrativo não pode contrastar com a determinação constitucional de proteção àmaternidade. Aplica-se a estabilidade provisória conferida à gestante até cinco meses após o partoinsculpida no art. 7.º, inciso I c/c art. 10, inciso II, b da CF às militares, até mesmo por força doart. 142, § 3.º, inciso VIII da CF que estende, expressamente, aos militares o disposto no art. 7.º,inciso XVIII do mesmo diploma legal. Prequestionamento delineado pelo exame das disposiçõeslegais pertinentes ao deslinde da causa. Precedentes do STJ e do STF.” (TRF4, AMS2005.71.02.001208-3, Terceira Turma, Relator Vânia Hack de Almeida, publicado em01/11/2006). No mesmo sentido: TRF2. AG 145227. Processo: 200602010027220/RJ ÓrgãoJulgador: Oitava Turma Especializada. Relator: Desembargador Federal Guilherme Calmon/noafast. Relator. DJU de 13/09/2006. Em sentido contrário: “Agravo de instrumento. Militar. Agravode instrumento em face de decisão que deferiu liminar para determinar a reintegração darequerente ao serviço militar da Aeronáutica para que permaneça adida à Escola de Especialistasda Aeronáutica enquanto permanecer a sua condição de gestante até o 5.º mês após o eventualparto. Dispositivos constitucionais que cuidam das estabilidades das empregadas gestantesestendidos às militares. Estabilidade não estendida às trabalhadoras temporárias. Contratotemporário que atingiu o prazo limite estabelecido pela Administração Militar. Agravo deinstrumento provido. 1. O prazo limite de prestação de serviço para militares Médicos,Farmacêuticos, Dentistas e Veterinários – MFVD – é de 9 anos, conforme Portaria COMGEP93/5EM que regulamenta no âmbito da Força Aérea os arts. 39 a 41 da Lei 5.292/1967. 2. Apretensão da parte autora é manter-se incorporada ao serviço militar enquanto perdurar suagravidez, inclusive com a concessão de licença-maternidade e a estabilidade gestante, mesmo queisso importe em permanecer na Força Aérea além do prazo limite estipulado pela AdministraçãoMilitar. 3. O art. 142, § 3.º, da Constituição Federal estendeu expressamente às militares odisposto no art. 7.º, XVII, qual seja, a ‘licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,com duração de cento e vinte dias’. 4. A vedação de dispensa arbitrária ou sem justa causa daempregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, tal comoprevista no art. 10, II, b, dos Atos das Disposições Transitórias, embora não haja expressa mençãode sua aplicação às militares, decerto que a mesma garantia deve ser estendida sob pena de setratar desigualmente pessoas na mesma condição. 5. A agravada foi incorporada às fileiras daForça Aérea na excepcional qualidade de servidora militar temporária ‘MFDV’. 6. Usando domesmo raciocínio utilizado até o momento sobre a extensão da estabilidade às gestantes militares,forçosamente tem-se que admitir o entendimento acerca da possibilidade ou não da extensão daestabilidade gestante às empregadas temporárias, uma vez que a autora é servidora militartemporária. 7. Não há previsão legal sobre o direito da empregada temporária à estabilidadegestante. Precedente do Tribunal Superior do Trabalho. 8. A autora teve prorrogada suaincorporação no serviço militar até o máximo legal, prazo este que não pode ser superado pela

Page 273: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

concessão de estabilidade à gestante porquanto, como visto, a autora é, ou era, servidora militartemporária, e às trabalhadoras temporárias não foi estendida tal estabilidade. 9. Não se trata nocaso de dispensa ‘arbitrária’ ou ‘imotivada’, mas de término do ‘período de prestação de trabalhomilitar’, pois as partes envolvidas, especialmente a agravada, tinham plena consciência do termofinal da prestação do serviço militar. 10. Não pode invocar a autora sua gravidez com o fim deprorrogar incorporação ao serviço militar, porquanto operado o prazo limite estabelecido em lei.11. As autoridades militares também se acham presas ao princípio da legalidade, de modo que oComandante da Escola de Especialistas da Aeronáutica não tinha outra alternativa senão ordenar odesligamento da tenente Márcia Aparecida da Cunha Villela, estivesse ou não grávida. 12. Asmulheres podem prestar serviço militar na condição de voluntárias e uma vez incorporadas passama integrar quadro de oficiais temporários (art. 6.º, Lei 6.837/1980) e desde então começam acomputar ‘tempo de serviço’ (art. 134, § 1.º, a, Lei 6.880/1980 – Estatuto dos Militares) que,contínuo ou não, não pode atingir 10 (dez) anos, cabendo ao respectivo Comando Militarestabelecer condições e os prazos de prorrogações, que não podem exceder os 10 (dez) anos (art.41 e parágrafo único da Lei 5.292/1967). 13. Assim, a lei abriu espaço discricionário para oComandante do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica, fixar o prazo máximo de permanência doconvocado voluntário. No caso da Aeronáutica a Portaria n.º 93 de 19 de outubro de 2005estabeleceu que no caso de militar convocado voluntário médico, veterinário, farmacêutico e –como é o caso da recorrida – dentista, esse prazo fatal será de 9 (nove) anos. 14. Consta que atenente Márcia já serviu esses 9 (nove) anos e ao mantê-la na Aeronáutica é que violaria alegalidade. Agravo de instrumento provido.” (TRF2. AG 268.043. Processo200603000402217/SP. Órgão Julgador: Primeira Turma. Rel: Juiz Johonson Di Salvo. DJU09/05/2007).

13 A lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outrascondições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, asprerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suasatividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra(art. 142, § 3.º, X, da CF/1988). Enfim, caberá a lei ordinária disciplinar o regime jurídico dosmilitares.

14 Súmula Vinculante 6 do STF. Não viola a constituição o estabelecimento de remuneraçãoinferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.No mesmo sentido: “Constitucional. Serviço Militar obrigatório. Soldo. Valor inferior ao saláriomínimo. Violação aos arts. 1.º, III, 5.º, caput, e 7.º, IV, da CF. Inocorrência. RE desprovido. I – AConstituição Federal não estendeu aos militares a garantia de remuneração não inferior ao saláriomínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. II – o regime a que submetem osmilitares não se confunde com aquele aplicado aos servidores civis, visto que têm direitos,garantias, prerrogativas e impedimentos próprios. III – Os cidadãos que prestam serviço militarobrigatório exercem um munus público relacionado com a defesa da soberania da Pátria. IV – Aobrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para aadequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. V – Recursoextraordinário desprovido.” (RE 551.453-6/MG, Relator: Min. Ricardo Lewandowski, DJE 117,de 26/06/2008, publicação 27/06/2008. Ementário 2.325-7).

Page 274: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15 Art. 18, caput, e § 2.º, da Medida Provisória 2.215-10, de 31 de agosto de 2001.16 Art. 1.º, II, d, da MP 2.215-10/2001.17 Trata-se de rol taxativo, não cabendo ao intérprete ampliá-lo nem reduzi-lo. Por conseguinte, os

agentes públicos militares não têm direito à livre-associação sindical, à greve, havendo, inclusive,vedação expressa neste sentido (art. 142, § 3.º, IV, da CF/1988), à revisão geral anual, sempre namesma data e sem distinção de índices, da remuneração e à acumulação remunerada de cargospúblicos, previstos, respectivamente, nos incisos VI, VII, X e XVI do art. 37 da CF/1988.

18 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 21. ed. revista eatualizada até a Emenda Constitucional 52, de 8/03/2006, São Paulo: Malheiros, 2006, p. 243-244.

19 “Recurso ordinário em mandado de segurança. Policial militar. Regime Jurídico remuneratório.Direito adquirido. Ausência. Irredutibilidade de vencimentos. Direito líquido e certo. Prova pré-constituída. Não comprovação. – O regime jurídico estatutário que disciplina o vínculo entre oservidor público e a Administração não tem natureza contratual, em razão do que inexiste direito ainalterabilidade do regime remuneratório, desde que seja sempre respeito a garantia constitucionalda irredutibilidade de vencimentos. – Inexiste direito líquido e certo a ser amparado na via estreitado mandado de segurança nas hipóteses em que não se possa constatar, de plano, a alegadadiminuição do quantum remuneratório em face da edição da Lei Estadual 11.950/1993, que alterouo regime remuneratório dos policias militares do Estado de Goiás. – Precedentes. – Recursoordinário desprovido.” (STJ. ROMS 13892. Processo n. 200101546187/GO. Órgão Julgador:Sexta Turma. Relator: Min. Vicente Leal. DJU de 19/12/2002).

Page 275: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

10.1. PECULIARIDADES

A carreira militar, privativa do pessoal da ativa, caracteriza-se por ser umaatividade continuada e inteiramente devotada às finalidades precípuas das ForçasArmadas, denominada atividade militar.

Por ser continuada, impõe ao militar da ativa disponibilidade integral. Em outrosdizeres, o agente público militar deve estar disponível para a atividade militar 24 (vintee quatro) horas por dia, todos os dias da semana – inclusive aos sábados, domingos eferiados –, sem fazer jus à remuneração extra ou a qualquer outro tipo decompensação. Daí por que não se aplica aos membros das Forças Armadas o dispostono art. 7.º, XIII, XV, XVI, da CF/19881.

O inteiro devotamento às finalidades precípuas das Forças Armadas sujeita omilitar da ativa a um regime de dedicação exclusiva, sendo-lhe defeso o exercício deoutra atividade profissional, inclusive a prática de atos de comércio2, ainda quedurante os períodos de folga. Excepcionalmente, no intuito de desenvolver a práticaprofissional, permite-se aos oficiais titulares dos quadros ou serviços de saúde e deveterinária o exercício de atividades técnico-profissionais no meio civil, desde quenão haja prejuízo para o serviço3.

A disponibilidade integral não impede afastamentos temporários do serviço,como férias, luto, instalação4, trânsito5, núpcias, licença especial para tratamento desaúde própria ou de pessoa da família, para tratar de interesse particular, etc.

10.2. ACUMULAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE MILITAR COM CARGO,EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA CIVIL NÃO ELETIVA POR MILITAR DAATIVA

Page 276: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Diante das peculiaridades da carreira militar, dentre elas a dedicação exclusiva e adisponibilidade integral, é vedado ao militar da ativa acumular o exercício da atividademilitar com cargo, emprego ou função pública civil, ainda que não remunerada6. Porisso, ao tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, será transferidopara a reserva não remunerada, nos termos do art. 142, § 3.º, II, da CF/19887 c/c arts.117 ou 122 da Lei 6.880/1980, se oficial ou praça, respectivamente, passando àsituação de inatividade. De outro lado, se a posse for em cargo, emprego ou funçãopública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficaráagregado8 ao respectivo quadro, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuosou não, transferido para a reserva (art.142, § 3.º, III, da CF/1988). Convém salientarque, neste último caso, não haverá acúmulo do exercício de atividade militar comcargo, emprego ou função pública civil, já que, em razão do art. 82, XIII, da Lei6.880/1980, o miliciano agregado será afastado, temporariamente, do serviço ativo,somente a ele retornando por meio da reversão9.

Enfim, para os militares, a regra é a impossibilidade de acumulação de cargos,independentemente da graduação, posto, quadro, arma ou serviço. A única exceção àregra acima é a prevista no art. 17, § 1.º, do ADCT, que assegurou o exercíciocumulativo de dois cargos ou empregos privativos de médicos que, antes dapromulgação da atual Carta Política, já vinham sendo exercidos por médicos militaresna administração pública direta ou indireta10. Ressalvada a hipótese retro, atualmente,nem mesmo o médico militar poderá cumular o exercício da atividade castrense comoutro cargo ou emprego público civil, ainda que de médico, por força do art. 142, §3.º, II e III, da CF/198811.

10.3. MILITAR DA ATIVA E DIPLOMAÇÃO EM CARGO ELETIVO

O militar da ativa alistável12 é elegível, atendidas as seguintes condições13: a) secontar com menos de dez anos de serviço14, deverá afastar-se da atividade (art. 14, §8.º, I, da CF/88). Por força do art. 52, parágrafo único, “a”, da Lei 6.880/1980, oafastamento da atividade será através da exclusão do serviço ativo mediante demissãoou licenciamento ex officio, sem direito a qualquer remuneração (art. 52, parágrafoúnico, a, da Lei 6.880/1980)15; b) se contar com mais de dez anos de serviço, seráagregado pela autoridade superior, afastando-se, temporariamente, do serviço ativo16.

Neste último caso, por força do art. 52, parágrafo único, b, da Lei 6.880/1980, omilitar deveria ser “considerado em licença para tratar de interesse particular”, comprejuízo da remuneração17. No entanto, como têm decidido acertadamente o STJ e oSTF, a Carta Política de 1988 (art. 14, § 8.º, II) não recepcionou a ressalva acima.

Page 277: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Portanto, o militar da ativa que contar com mais de dez anos de serviços tem direito àlicença remunerada durante o período em que permanecer agregado18. Se eleito,passará, automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (reservaremunerada), percebendo os proventos proporcionais ao tempo de serviço. Terádireito, ainda, a acumulá-los com a remuneração do cargo eletivo, nos termos do art.37, § 10, da CF/1988.

Por fim, importante registrar que os militares, inclusive os estaduais, deverãoobservar os prazos de desincompatibilização previstos na Lei Complementar 64/1990,de 18 de maio de 1990.

10.4. MILITAR DA RESERVA REMUNERADA. PERCEPÇÃO SIMULTÂNEA DEPROVENTOS DA INATIVIDADE MILITAR E REMUNERAÇÃO DE CARGO,EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA CIVIL

De acordo com o § 10 do art. 37 da CF/1988, acrescentado pela EmendaConstitucional 20/1998, é vedada a percepção simultânea de proventos deaposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com remuneração de cargo,emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma daConstituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livrenomeação e exoneração.

Em razão disso, os militares da reserva remunerada não podem percebersimultaneamente proventos da inatividade militar com remuneração de cargo,emprego ou função pública, exceto nos casos de cargo eletivo ou em comissão, pois aprimeira ressalva contida no § 10 do art. 37, não é aplicável aos militares, visto que oart. 142, § 3.º, II, da CF/1988, veda, categoricamente, a eles a acumulação da atividademilitar com cargo ou emprego público civil permanente. Convém registrar que, antesmesmo da EC 20/1998, a Corte Suprema já havia firmado o entendimento de que eraimpossível a acumulação, quando envolvidos cargos inacumuláveis na atividade19.

A nosso ver, em razão da vedação contida no art. 37, § 10, da CF/1988, o militarque ultrapassar dois anos de afastamento, contínuos ou não, em função de posse emcargo em comissão, declarado em lei de livre nomeação, será transferido para areserva remunerada (art. 142, § 3.º, III, da CF/1988), podendo perceber,simultaneamente, proventos proporcionais da inatividade militar com a remuneraçãodo referido cargo. Porém, se a posse for em cargo ou emprego público civiltemporário, que não seja em comissão, será transferido para a reserva remunerada,sendo defesa a percepção simultânea de proventos da inatividade militar com aremuneração do cargo ou emprego em questão. Neste último caso, durante o exercício

Page 278: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

do cargo ou emprego público civil, deve ser assegurado o direito de opção entre aremuneração deste e os proventos de inatividade militar, aplicando-se, por analogia, odisposto no art. 98, § 4.º, a, da Lei 6.880/1980 e no art. 6.º, parágrafo único, da MP2.215-10/2001.

De outro giro, de acordo com o art. 11 da EC 20/1998, a vedação prevista no art.37, § 10, da CF/1988 não se aplica aos militares que, até a data da sua publicação,tenham ingressado novamente no serviço público por concurso público de provas oude provas e títulos ou pelas demais formas previstas na Constituição. Sendo assim,podem acumular proventos da inatividade militar com a remuneração do cargo,emprego ou função pública de que sejam titulares.

Convém registrar, ainda, que a Suprema Corte firmou o entendimento de que, seantes da entrada em vigor da EC 20/1998, os militares já preenchiam os requisitos paraaposentadoria no cargo ou emprego público civil, podem acumular os proventos deledecorrente com os da inatividade militar20.

Por fim, o art. 17, § 1.º, do ADCT, considerou lícito o exercício cumulativo dedois cargos ou empregos privativos de médicos que, à época da promulgação daConstituição de 1988, já vinham sendo exercidos por médicos militares naadministração pública direta ou indireta. Logo, nestes casos, ao serem transferidospara a reserva remunerada, poderão perceber, simultaneamente, proventos dainatividade militar com a remuneração do cargo ou emprego público civil, nos termosdo art. 37, § 10, da CF/1988. Ao se aposentarem no cargo ou emprego público civil,farão jus à percepção simultânea de proventos da inatividade militar e do cargo ouemprego público civil.

10.5. RESUMO DA MATÉRIA

Carreira militar

A carreira militar, privativa do pessoal da ativa, caracteriza-se por ser uma atividadecontinuada e inteiramente devotada às finalidades precípuas das Forças Armadas,denominada atividade militar.

O militar está sujeito a regime de dedicação exclusiva, sendo-lhe defeso o exercício deoutra atividade profissional, inclusive a prática de atos de comércio, ainda que durante osperíodos de folga. Excepcionalmente, permite-se aos oficiais titulares dos quadros ouserviços de saúde e de veterinária o exercício de atividades técnico-profissionais no meiocivil, desde que não haja prejuízo para o serviço.

Page 279: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Acumulação do exercício da atividade militar com cargo, emprego ou funçãopública civil não eletiva por militar da ativa

É vedado ao militar da ativa acumular o exercício da atividade militar com cargo,emprego ou função pública civil, ainda que não remunerada. Se tomar posse em cargo ouemprego público civil permanente, será transferido para a reserva não remunerada; se aposse for em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que daadministração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro, sendo, depois de dois anos deafastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva. Exceção à regra: art. 17, § 1.º, doADCT, que assegurou o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos demédicos que, antes da promulgação da atual Carta Política, já vinham sendo exercidos pormédicos militares na administração pública direta ou indireta.

Militar da ativa e diplomação em cargo eletivo

O militar da ativa alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: a) se contar commenos de dez anos de serviço, será excluído do serviço ativo mediante demissão oulicenciamento ex officio, afastando-se da atividade sem qualquer remuneração; b) se contarcom mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior, afastando-se,temporariamente, do serviço ativo.

Militar da reserva remunerada. Percepção simultânea de proventos dainatividade militar e remuneração de cargo, emprego ou função pública civil

Os militares da reserva remunerada não podem perceber simultaneamente proventos dainatividade militar com remuneração de cargo, emprego ou função pública, exceto nos casosde cargo eletivo ou em comissão. Tal vedação, no entanto, não se aplica aos militares que,até a data da publicação da EC 20/1998, tenham ingressado novamente no serviço públicopor concurso público de provas ou de provas e títulos, e pelas demais formas previstas naConstituição.

10.6. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Comando Exército – Admissão 2006 ao QCO/QC 2007) – A carreiramilitar é caracterizada por atividade continuada e inteiramentedevotada às finalidades precípuas das Forças Armadas, denominadaatividade militar. Entretanto, com base na legislação, verifica-se queaos militares da ativa é permitido:a) ser sócio gerente em sociedade comercial.b) ser acionista em sociedade anônima.

Page 280: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) exercer atividade remunerada na iniciativa privada, fora do expediente.d) gerenciar empresa de sua propriedade.e) acumular um cargo público de professor.

2. (TRT1 – Analista Judiciário 2008) – Assinale a opção que apresentacargos públicos que permitem a uma mesma pessoa a acumulaçãolícita desses cargos.a) Dois cargos de professor em escolas públicas e médico do serviço público federal.b) Advogado da União e advogado da empresa pública.c) Médico militar e médico de secretaria de saúde do estado, quando ingressou nos

cargos antes da promulgação da CF.d) Militar da reserva remunerada e agente de segurança judiciário que ingressou no

serviço público em maio de 2000.e) Três cargos públicos de magistério, sem incompatibilidade de horários.

3. (MPAM – Promotor de Justiça 2007. Adaptada) – A respeito dasnormas constitucionais que regem os órgãos de defesa do Estado edas instituições democráticas, julgue os itens que se seguem.I – Como regra, não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

Contudo, admite-se a veiculação desse instrumento contra punição disciplinar militarquando a discussão se referir a pressupostos de legalidade.

II – O militar da ativa não pode estar filiado a partido político. Assim, ainda que ele sejaalistável, é inelegível, pois a filiação partidária é exigível como condição deelegibilidade.

4. (MPM – Promotor 2005. Adaptada) – Quanto às Forças Armadas,assinale a alternativa incorreta:a) O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil

permanente será transferido para a reserva, nos termos da lei.b) O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou

função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficaráagregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessasituação, ser promovido por merecimento.

c) O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com eleincompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz,ou de tribunal especial, em tempo de guerra.

Page 281: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

d) A lei ordinária disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, aestabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, osdireitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiaisdos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelascumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.

5. (Comando Aeronáutica – EAOT 2002) – O militar que tomar posse emcargo ou emprego público civil permanente será:a) transferido para a reserva.b) agregado.c) reformado.d) excedente.

6. (Comando Aeronáutica – EAOT 2002) – Com relação às ForçasArmadas e aos militares, marque (V) para as afirmativas verdadeiras e(F) para as falsas, assinalando, a seguir, a alternativa que apresenta asequência correta.( ) O militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil

permanente será transferido para a reserva remunerada, nos termos da lei.( ) Em tempo de paz, o serviço alternativo alcançará os já alistados que alegaram

imperativo de consciência para se eximirem de atividades essencialmente militares.( ) Não caberá habeas corpus em relação as punições disciplinares militares, segundo o

que prevê a Constituição.( ) Aos militares da ativa são proibidas a sindicalização e a greve; podendo os mesmos

filiarem-se a partidos políticos, desde que não ocupem função em seus diretórios.a) F, F, V, Fb) V, F, V, Vc) F, V, V, Fd) V, V, F, V

7. Um militar foi transferido para a reserva remunerada em 2007. Em2008, presta concurso público para o cargo de Procurador do Estadode Pernambuco. Assinale a alternativa correta:a) poderá acumular proventos da inatividade militar com remuneração de cargo

procurador do Estado de Pernambuco, sendo, no entanto, defesa a percepçãosimultânea de proventos da inatividade militar com os proventos decorrentes do cargo

Page 282: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de procurador.b) poderá acumular proventos da inatividade militar com os proventos do cargo público.c) ao tomar posse no cargo de Procurador do Estado de Pernambuco, ficará agregado

ao respectivo quadro, podendo perceber simultaneamente os proventos da inatividademilitar com a remuneração do cargo público civil.

d) ao tomar posse no cargo de Procurador do Estado de Pernambuco, ficará agregadoao respectivo quadro, podendo perceber simultaneamente os proventos da inatividademilitar com a remuneração do cargo público civil, sendo, no entanto, defesa apercepção simultânea de proventos da inatividade militar com os proventosdecorrentes do cargo de procurador.

e) não poderá acumular os proventos da inatividade militar com a remuneração do cargode Procurador do Estado.

8. Assinale a alternativa correta:a) o militar, apesar de alistável, não é elegível em razão da dedicação exclusiva à

atividade militar.b) todos os militares são alistáveis e elegíveis.c) consoante entendimento firmado pelo TSE, o impedimento ao exercício do voto

permanece durante a conscrição, salvo nos casos em que o conscrito tenha obtidotítulo de eleitor antes do alistamento militar.

d) consoante entendimento firmado pelo TSE, o impedimento ao exercício do votopermanece durante a conscrição, ainda que o conscrito tenha obtido título de eleitorantes do alistamento militar.

e) consoante entendimento firmado pelo TSE, a proibição de votação só alcança o militardurante o primeiro ano da prestação do serviço militar obrigatório, não abarcando operíodo correspondente à prorrogação voluntária do tempo de serviço, sob a formaengajamento ou reengajamento.

9. O militar alistável e elegível, se contar com mais de dez anos deserviço, será agregado pela autoridade superior, afastando-se,temporariamente, do serviço ativo. Se eleito:a) permanecerá agregado, percebendo, apenas, a remuneração do cargo eletivo. Findo

o mandato, retornará para a ativa.b) passará, automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade não remunerada,

percebendo a remuneração do cargo eletivo.c) passará, automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (reserva

remunerada), percebendo os proventos integrais. Terá direito, ainda, a acumulá-los

Page 283: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

com a remuneração do cargo eletivo.d) passará, automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (reserva

remunerada), percebendo os proventos proporcionais ao tempo de serviço. Terádireito, ainda, a acumulá-los com a remuneração do cargo eletivo.

e) permanecerá agregado, percebendo os proventos proporcionais ao tempo de serviço.Terá direito, ainda, a acumulá-los com a remuneração do cargo eletivo.

10. (MPM – Promotor 1999) – Capitão do Exército e guarda-marinhaempossados no cargo de auditor fiscal do tesouro, segundo oEstatuto próprio deverão ser:a) Transferidos para a reserva remunerada.b) Transferidos para a reserva não remunerada.c) Demitido ex officio o primeiro e licenciado ex officio o segundo, e transferidos para a

reserva não remunerada.d) O primeiro transferido para a reserva remunerada, se contar com mais de 10 (dez)

anos de serviço; o segundo licenciado e incluído na reserva não remunerada.

Gabarito

1. b 2. c 3. I - Certo;II - Errado.

4. b 5. a 6. c

7. e 8. d 9. d

10. b

1 Esta, inclusive, é a previsão contida no art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988, que dispõe,taxativamente, sobre os direitos sociais aplicáveis aos militares. Cumpre salientar que olegislador infraconstitucional poderá, com base no art. 142, § 3.º, X, da CF/1988, conceder aosmilitares outros direitos sociais além dos descritos no aludido art. 142, § 3.º, VIII, como jáenfatizado.

2 Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar parte ou na gerência de sociedade ou dela ser

Page 284: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sócio ou participar, salvo na condição de acionista ou quotista, em sociedade anônima ou porquotas de responsabilidade limitada (art. 29 da Lei 6.880/1980).

3 Art. 29, § 3.º, da Lei 6.880/1980.4 Instalação é o afastamento total do serviço, concedido ao militar para atender às necessidades

decorrentes de sua instalação, no destino, quando movimentados de uma localidade para outra.5 Trânsito é o afastamento total do serviço, concedido ao militar quando movimentado de uma

localidade para outra.6 Como enfatiza Diogo de Figueiredo Moreira Neto, trata-se de proibição absoluta (MOREIRA

NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral eparte especial. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 330).

7 Em razão da vedação contida no art. 142, § 3.º, II, da CF/1988, que não contempla quaisquerexceções, aliada ao fato de o art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988 não fazer menção ao inciso XVI doart. 37, entendemos que o esse inciso não se aplica aos militares. Cumpre salientar, no entanto, quehá julgado no STF, a nosso ver equivocado, sugerindo a aplicação do art. 37, XVI, da CF/1988 aosmilitares da reserva remunerada, consoante se depreende do seguinte acórdão:“Ação direta de inconstitucionalidade. Lei complementar 53, de 30/08/1990. Estatuto dospoliciais militares do Estado do Mato Grosso do Sul. Art. 91, inc. VI e § 2.º. Reserva remuneradae exercício de cargo público que não o magistério. Art. 37, XVI da Constituição Federal. Osdispositivos impugnados, pelo simples fato de possibilitarem ao policial militar – agente público– o acúmulo remunerado deste cargo (ainda que transferido para a reserva) com outro que não sejao de professor, afrontam visivelmente o art. 37, XVI da Constituição. Impossibilidade deacumulação de proventos com vencimentos quando envolvidos cargos inacumuláveis na atividade.Precedentes: RE 163.204, Rel. Min. Carlos Velloso, RE 197.699, Rel. Min. Marco Aurélio eAGRRE 245.200, Rel. Min. Maurício Corrêa. Este entendimento foi revigorado com a inserção do§ 10 no art. 37 pela EC 20/1998, que trouxe para o texto constitucional a vedação à acumulaçãoretro mencionada. Vale destacar que esta mesma Emenda, em seu art. 11, excetuou da referidaproibição os membros de poder e os inativos, servidores e militares, que, até a publicação daEmenda, tenham ingressado novamente no serviço público por concurso público de provas ou deprovas e títulos, ou pelas demais formas previstas pela Constituição Federal. Ação direta deinconstitucionalidade que se julga procedente para, ressalvadas as hipóteses previstas na normatransitória do art. 11 da EC 20, de 15/12/1998, declarar a inconstitucionalidade do inc. VI e do §2.º do art. 91 da Lei Complementar 53, de 30/08/1990, do Estado do Mato Grosso do Sul.” (ADI1541, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 5/09/2002, DJ 4/10/2002).

8 A agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica deseu corpo, quadro, arma ou serviço, nela permanecendo sem número (art. 80 da Lei 6.880/1980).

9 Arts. 86 e 87 do Estatuto dos Militares.10 “Embargos de declaração. Processo civil. Cumulação indevida de cargos públicos. Médico.

Omissão inexistente. Inaplicabilidade do § 1.º do art. 17 do ADCT. 1. Revela-se pela redação do §1.º do art. 17 do ADCT, que somente estavam protegidos pelo comando aqueles médicos que seencontravam em exercício cumulativo na promulgação da Lei Básica. Portanto, a imperialidade do

Page 285: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

dispositivo esvaziou-se no dia seguinte, isto é, em 06 de outubro de 1988. 2. A norma dos §§ 1.º e2.º do art. 17 do ADCT não assegurou o retorno ao cargo de médicos e profissionais da saúde quese exoneraram, ou foram demitidos, antes do advento da Constituição Federal, por efeito deacumulação proibida, como se tivessem eles revogado os respectivos atos de dispensa,interpretação que, no caso, é de todo descabida, visto ser indiscutível que o referido dispositivobeneficiou tão-somente aqueles que, à data de sua edição, se achavam no exercício dos ditoscargos, como ressai manifesto de seu texto. Precedente do STF.” (TRF4, EDAC 96.04.40798-8,Terceira Turma, Relator Luiza Dias Cassales, DJ 06/12/2000).

11 “Administrativo. Concurso público. Médico. Clínica médica. Membro das Forças Armadas.Impossibilidade de cumulação de cargos. A parte impetrante, na condição de militar, estáimpedida de cumular outro cargo público, nos termos do disposto no art. 142, II, § 3.º, da CF.”(TRF4, AMS 2004.71.02.000438-0, Quarta Turma, Relator Márcio Antônio Rocha, DJ14/06/2006).

12 Os conscritos, durante o serviço militar obrigatório, não podem se alistar (art. 14, § 2.º, daCF/1988). Cumpre ressalvar que o impedimento ao exercício do voto permanece durante aconscrição, ainda que o conscrito tenha obtido título de eleitor antes do alistamento militar. Nessesentido: “Alistamento eleitoral – Impossibilidade de ser efetuado por aqueles que prestam oserviço militar obrigatório – Manutenção do impedimento ao exercício do voto pelos conscritosanteriormente alistados perante a Justiça Eleitoral, durante o período da conscrição (RJTSE –Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 10, Tomo 1, p. 305). Em assim sendo, o conscrito,enquanto permanecer nesta condição, não estará no pleno gozo da capacidade eleitoral ativa.Logo, não possuirá legitimidade ativa para propor ação popular.”Sobre o conceito de conscrito, para fins de aplicação do art. 14, § 2.º, da CF/1988, o TSE editou aResolução 15.850, de 03 de novembro de 1989, publicada no DJ de 21/11/1989 e no BEL –Boletim Eleitoral, Volume 467, p. 790, que assim dispõe: “1. Eleitor. Serviço militar obrigatório.2. Entendimento da expressão “conscritos” no art. 14, § 2.º da CF. 3. Aluno de órgão de formaçãoda reserva. Integração no conceito de serviço militar obrigatório. Proibição de votação, ainda queanteriormente alistado. 4. Situação especial prevista na Lei 5.292. médicos, dentistas,farmacêuticos e veterinários. Condição de serviço militar obrigatório. 5. Serviço militar emprorrogação ao tempo de soldado engajado. Implicação do art. 14, § 2.º da CF.”

13 Art. 14, § 8.º, da CF/1988 e art. 52 da Lei 6.880/1980. Dada a proibição de filiação a partidopolítico, não se exige dos militares da ativa, como condição para a elegibilidade, a filiaçãopartidária. Nesse sentido: “Constitucional. Eleitoral. Militar da ativa (sargento) com mais de dezanos de serviço. Elegibilidade. Filiação partidária. CF, art. 14, § 3.º, V; art. 14, § 8.º, II, art. 42, §6.° Código Eleitoral, art. 5., parágrafo único. Lei 6.880/1980, art. 82, XIV, § 4.º, I) Se o militar daativa e alistável, e ele elegível (CF, art. 14, § 8.º). Porque não pode ele filiar-se a partido político(CF, art. 42, § 6.º), a filiação partidária não lhe é exigível como condição de elegibilidade, certoque somente a partir do registro da candidatura e que será agregado (CF, art. 14, § 8.º, II; Cod.Eleitoral, art. 5.º, parágrafo único; Lei 6.880, de 1980, art. 82, XIV, § 4.º). II) RecursoExtraordinário conhecido e provido.” (STF. AI 135.452, Relator(a): Min. Carlos Velloso, TribunalPleno, julgado em 20/09/1990, DJ 14/06/1991).

Page 286: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

14 O prazo fixado no art. 52, parágrafo único, e no art. 82, XIV, da Lei 6.880/1980, que era decinco anos, foi ampliado para dez, por força do art. 14, § 8.º, da CF/1988. Oportuno se torna dizer,ainda, que a expressão “anos de serviço” empregada na Constituição está definida,minuciosamente, no art. 137 da Lei 6.880/1980.

15 Impõe-se salientar que o sentido da expressão “deverá afastar-se da atividade”, contida no art.14, § 8.º, I, da CF/1988, é atualmente apreciada pelo plenário do STF, no RE 279.469/RS,conforme noticiado no Informativo 343 do STF, a seguir reproduzido: “Iniciado o julgamento derecurso extraordinário afetado ao Plenário pela Segunda Turma, em que se discute se o art. 14, §8.º, I, da CF, determina a exclusão do militar que conte menos de dez anos de serviço quando dacandidatura a cargo eletivo ou apenas permite o seu afastamento provisório – ‘O militar alistável éelegível, atendidas as seguintes condições: I – se contar menos de dez anos de serviço, deveráafastar-se da atividade;’. Trata-se, na espécie, de recurso extraordinário interposto contra acórdãodo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que reconhecera a ex-servidor militar –demitido ex officio, com base no citado artigo, por ter pedido afastamento para candidatar-se aocargo de vereador quando contava com menos de dez anos de serviço – o direito à reintegração noserviço ativo, com o ressarcimento das vantagens devidas. O Min. Maurício Corrêa, relator,confrontando o mencionado artigo com a disciplina da mesma matéria na EC 1/69 – que previa,expressamente, a exclusão do serviço ativo do militar que contasse com menos de cinco anos, nahipótese de candidatura a cargo eletivo –, proferiu voto no sentido de conhecer, mas negarprovimento ao recurso, por entender que a perda definitiva do cargo, na espécie, ofenderia oprincípio da proporcionalidade, além de violar a garantia assegurada pela CF, inclusive amilitares, de amplo exercício dos direitos políticos inerentes à cidadania. O Min. Carlos Velloso,por sua vez, considerando que a interpretação dada pelo acórdão recorrido teria equiparado assituações definidas nos incisos I e II, apesar de diversas, e tendo em conta, ainda, a orientação doTSE na Consulta 571 (Resolução 20.598, de 13/04/2000), votou pelo conhecimento e provimentodo recurso, por entender caracterizada a ofensa ao art. 14, § 8.º, I, da CF/1988. Após os votos dosMinistros Joaquim Barbosa e Carlos Britto, acompanhando o Min. Maurício Corrêa, pediu vista oMin. Cezar Peluso.” RE 279.469/RS, rel. Min. Maurício Corrêa, 14/04/2004. (RE 279469). Até aedição deste livro, o STF ainda não havia dado prosseguimento ao julgamento do recurso emquestão.Sobre o tema, Pedro Roberto Decomain, citando Manoel Gonçalves Ferreira Filho, observa: “Arespeito do art. 14, § 8.º, I, da CF/1988, que diz que o militar com menos de dez anos de serviçodeve afastar-se da atividade, se desejar concorrer a mandato eletivo, Manoel Gonçalves FerreiraFilho observa o seguinte: ‘no direito anterior (Emenda 1/1969, art. 150, § 1.º, a) o militar que,contando até cinco anos de serviço se candidatasse seria excluído do serviço ativo. O texto acimaparece dizer que isto não mais é exigido. Entretanto, se assim for, não haverá diferença na situaçãoaqui prevista e na do militar com mais de dez anos de serviço, que regula o inciso seguinte’. Essaconclusão realmente é reforçada pela parte final do inciso II, do parágrafo, que diz que o militarcom mais de dez anos de serviço, se eleito, passará para a inatividade no ato da diplomação”(DECOMAIN, Pedro Roberto. Elegibilidade e inelegibilidade. 2. ed. São Paulo: Dialética, 2004,p. 103-104).

16 Art. 14, § 8.º, II, da CF/88 c/c art. 82, XIV, da Lei 6.880/1980.

Page 287: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

17 Art. 69, parágrafo único, da Lei 6.880/1980.18 “Constitucional. Administrativo. Militar. Candidatura a cargo eletivo. Agregação. Percepção da

remuneração. Direito líquido e certo. Recurso ordinário provido. 1. Ao militar agregado para finsde candidatura eleitoral é assegurada a percepção de sua remuneração integral, conforme previstono art. 14, § 8.º, II, da Constituição Federal. Precedentes. 2. Recurso ordinário provido. (RMS19.168/AM, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta turma, julgado em 12/09/2006, DJ09/10/2006 p. 313). No mesmo sentido, o STF assim decidiu: Licença – Militar – Elegibilidade.Longe fica de contrariar o inciso II do § 8.º do art. 14 da Constituição Federal provimento queimplique reconhecer ao militar candidato o direito a licença remunerada, quando conte mais dedez anos de serviço.” (AI 189907 AgR, Relator(a): Min. Marco Aurélio, Segunda Turma, julgadoem 29/09/1997, DJ 21/11/1997).

19 “Ação direta de inconstitucionalidade. Constituição do Estado de Alagoas. Art. 50, parágrafoúnico. Desconsideração dos proventos de inatividade para os efeitos de acumulação de cargos.Art. 37, XVI da Constituição Federal. O dispositivo impugnado, ao estabelecer indistintamente queos proventos da inatividade não serão considerados para efeito de acumulação de cargos, afronta oart. 37, XVI, da CF, na medida em que amplia o rol das exceções à regra da não cumulatividade deproventos e vencimentos, já expressamente previstas no texto constitucional. Impossibilidade deacumulação de proventos com vencimentos quando envolvidos cargos inacumuláveis na atividade.Precedentes: ADIn 1.541, de minha relatoria; RE 141.373, Rel. Min. Néri da Silveira; RE163.204, Rel. Min. Carlos Velloso; RE 245.200-AgR, Rel. Min. Maurício Corrêa e RE 197.699,Rel. Min. Marco Aurélio. Este entendimento foi revigorado com a inserção do § 10 no art. 37 pelaEC 20/1998, que trouxe para o texto constitucional a vedação à acumulação retro mencionada.Vale destacar que esta mesma Emenda, em seu art. 11, excetuou da referida proibição os membrosde poder e os inativos, servidores e militares, que, até a publicação da Emenda, tenham ingressadonovamente no serviço público por concurso público de provas ou de provas e títulos, ou pelasdemais formas previstas pela Constituição Federal. Ação direta de inconstitucionalidade julgadaparcialmente procedente.” (ADI 1.328, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em12/05/2004, DJ 18/06/2004).

20 “Constitucional. Administrativo. Servidor Público: Aposentadoria: Acumulação: Proventos dareserva militar com os de aposentadoria em cargo civil. EC 20/1998, art. 11. I. – Militarreformado que reingressa no serviço público, em cargo civil, e que vem a aposentar-se neste, antesda edição da EC 20/98. Acumulação permitida: EC 20/1998, art. 11. II. – Precedentes do SupremoTribunal Federal. III. – M.S. deferido.” (MS 25.050/DF, Órgão julgador: Pleno. Relator: Min.Carlos Velloso. DJ 06/05/2005).

Page 288: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

11.1. INCORPORAÇÃO, MATRÍCULA E NOMEAÇÃO

O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante incorporação, matrícula ounomeação, a todos os cidadãos brasileiros1 que preencham os requisitos estabelecidosem lei e nos regulamentos do Comando da Marinha, do Exército e da Aeronáutica2.

Incorporação é o ato de inclusão do convocado3 ou do voluntário em umaorganização militar da ativa ou em órgãos de formação de reserva4. A Constituiçãocondiciona a incorporação de deputados e senadores, embora militares, mesmo emtempo de guerra, à licença, respectivamente, da Câmara dos Deputados ou do SenadoFederal5, e a dos Deputados Estaduais à licença da respectiva Assembleia Legislativa6.Ante o silêncio do Texto Fundamental, é de se concluir que o legislador constitucionalnão conferiu aos vereadores o mesmo tratamento.

Matrícula é o ato de admissão do convocado ou do voluntário em qualquerescola, centro, curso de formação da ativa ou órgão de formação da reserva. Quandoo convocado ou voluntário for designado para matrícula em um órgão de formação dereserva, ao qual fique vinculado para prestação de serviço em períodos descontínuos,em horários limitados ou com encargos restritos apenas àqueles necessários à suaformação, será nele incluído e matriculado, sem, contudo, ser incorporado. Porém,quando o convocado ou voluntário for matriculado em uma escola, centro ou cursode formação de militar da ativa, ou órgão de formação de reserva, ao qual fiquevinculado de modo permanente, independente de horário, e com os encargosinerentes às organizações militares da ativa, será incluído e incorporado à referidaescola, centro, curso ou órgão7.

Para a matrícula em estabelecimentos de ensino militar, destinados à formação deoficiais da ativa e da reserva ou de graduados, além das condições relativas ànacionalidade, idade, aptidão física, idoneidade moral, é necessário que o interessado

Page 289: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

não exerça ou não tenha exercido atividades prejudiciais ou perigosas à segurançanacional8.

A nomeação9, forma excepcional de ingresso nas Forças Armadas, é o ato peloqual o brasileiro possuidor de reconhecida competência técnico-profissional ou denotória cultura científica, mediante aquiescência, passa a ser incluído nos quadros ecorpos da reserva e convocado para o serviço na ativa em caráter transitório, quandohouver conveniência para o serviço de quaisquer das Forças Armadas10. É o queocorre, exempli gratia, com a 3.ª classe da reserva (R/3) do Exército, composta debrasileiros natos, nomeados oficiais da reserva dos quadros de serviços ou técnicos,no decurso de guerra externa, e nas condições estabelecidas no Corpo de Oficiais daReserva do Exército – R-6811, como preceitua o art. 2.º, § 3.º, da Lei 2.552, de 03 deagosto de 1955.

A nomeação inicial será em postos (para os oficiais) ou graduações (para os nãooficiais) a serem estabelecidos em razão da idade, atividades civis e responsabilidadesque lhes serão atribuídas, nas condições reguladas por ato do Poder Executivo.

11.2. CONCURSO PÚBLICO

11.2.1. Considerações iniciais

Leciona José dos Santos Carvalho Filho que o concurso público é, na verdade, omais idôneo meio de recrutamento de servidores públicos. (...) Baseia-se o concursoem três postulados fundamentais. O primeiro é o princípio da igualdade, pelo qual sepermite que todos os interessados em ingressar no serviço público disputem a vagaem condições idênticas para todos. Depois, o princípio da moralidade administrativa,indicativo de que o concurso veda favorecimento e perseguições pessoais, bem comosituações de nepotismo, em ordem a demonstrar que o real escopo da Administração éo de selecionar os melhores candidatos. Por fim, o princípio da competição, quesignifica que os candidatos participem de um certame, procurando alçar-se aclassificação que os coloque em condições de ingressar no serviço público12.

Transcritas estas breves reflexões sobre concurso público, passa-se a analisar oscasos em que ele se torna obrigatório no âmbito da Administração Pública Militar.

11.2.2. Hipóteses de obrigatoriedade

Inicialmente, cumpre observar que o ingresso nas Forças Armadas ocorre de

Page 290: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

forma obrigatória ou voluntária. Nas Polícias e Corpos de Bombeiros Militares, aadmissão é sempre voluntária.

A obrigatoriedade, em regra, decorre do serviço militar inicial que, por força doart. 143 da CF/1988, deve ser prestado, na forma da lei13, por todos os brasileiros14,salvo as mulheres e eclesiásticos, que, em tempo de paz, dele ficam isentos.Entendemos que, neste caso, o caráter compulsório do serviço militar inicial o tornaincompatível com a realização de concurso público de provas ou de provas e títulos.

E nos casos em que o serviço militar não é obrigatório, ou seja, quando oingresso nos corpos de graduados ou de oficiais das Forças Armadas, ainda que porprazo determinado, ocorre de forma voluntária?

A nosso sentir, nesta hipótese, a Administração Militar deve, obrigatoriamente, sesujeitar à restrição descrita no art. 37, II, da CF/198815, ou seja, ao concurso públicode provas ou de provas e títulos, como, aliás, já se manifestou a Suprema Corte16. Sóassim será possível conferir efetividade aos princípios da igualdade17, daimpessoalidade, moralidade e eficiência, princípios aos quais a Administração Militartem o dever de obediência18. Ademais, a seleção dos interessados pela via do concursopúblico democratiza o acesso às hostes militares19.

Resumindo: o ingresso compulsório nas Forças Armadas para prestação doserviço militar inicial é incompatível com a realização de concurso público. Todavia,em tempo de paz, o ingresso voluntário, ainda que de forma temporária20, nas fileirasmilitares, dependerá sempre de prévia aprovação em concurso público21.

11.3. REQUISITOS E CONDIÇÕES ESPECÍFICAS PARA O INGRESSO

Nos termos do art. 142, § 3.º, X, da CF/1988, a lei disporá, dentre outras, sobre oingresso nas Forças Armadas e os limites de idade, consideradas as peculiaridades desuas atividades22. Ao assim dispor, a Carta Política submeteu a matéria em questão aoprincípio da reserva legal absoluta23.

De fato, como acentua José Afonso da Silva24, é absoluta a reserva constitucionalde lei quando a disciplina da matéria é reservada pela Constituição à lei, comexclusão, portanto, de qualquer outra fonte infralegal, o que ocorre quando elaemprega fórmulas como: “a lei regulará”, “a lei disporá”, “a lei complementarorganizará”, “a lei criará”, “a lei poderá definir”, etc. Por conseguinte, as condições ecritérios de ingresso nas hostes militares, incluindo-se a limitação de idade, só podemser fixados por lei em sentido estrito, sendo defesa regulamentação por meio de atoadministrativo normativo25.

Page 291: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Convém enfatizar que, até o presente momento, salvo no caso de ingresso nosquadros de capelães militares26, inexiste lei stricto sensu regulamentando as condiçõese os critérios de ingresso na Forças Armadas27. O Estatuto dos Militares (Lei6.880/1980) é silente sobre o tema, restringindo-se a estabelecer formas e condiçõesgenéricas de ingresso nas fileiras militares28. Imperioso, portanto, o disciplinamentodeste relevante tema, mediante lei de iniciativa do Presidente da República29, queespecifique, minuciosamente, as condições e os critérios para o ingresso nas ForçasArmadas, em atenção ao art. 143, § 3.º, X, da Carta Política vigente30.

De outro giro, ao fixar as condições específicas para o ingresso na carreiramilitar, o legislador infraconstitucional deve se ater à natureza, às atribuições, àspeculiaridades da atividade militar e estabelecer uma correlação lógica e racional entretais condições e as razões de sua ocorrência, sob pena de malferir os princípios darazoabilidade31 e igualdade. Esta, inclusive, é a orientação firmada pelo PretórioExcelso, que assim dispôs: “a adoção, pelo Poder Público, do critério fundado naidade do candidato importará em ofensa ao postulado fundamental da igualdade” (RTJ135/528, Rel. Min. Sepúlveda Pertence), se, a esse tratamento diferenciado instituídopelo legislador, não corresponder motivo bastante que o justifique lógica eracionalmente. Isso significa, portanto, que se impõe identificar, em cada casoocorrente, no texto da lei que estipulou o limite etário, a existência de um vínculo de“correlação lógica entre o fator de discrímen e a desequiparação procedida” (CelsoAntônio Bandeira de Mello, O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. p. 47,2.ª ed., 1984, RT), sob pena de não se legitimar, em tema de ingresso no serviçopúblico, o tratamento normativo que o Poder Público vier a estabelecer em basesdiferenciadas: “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentidode que a norma constitucional que proíbe tratamento normativo discriminatório, emrazão da idade, para efeito de ingresso no serviço público (...), não se reveste decaráter absoluto, sendo legítima, em consequência, a estipulação de exigência deordem etária, quando esta decorrer da natureza e do conteúdo ocupacional do cargopúblico a ser provido” (RTJ 179/210-211, Rel. Min. Celso de Mello)32.

Diante da ausência de lei dispondo sobre as condições e critérios para o ingressonas Forças Armadas, as autoridade militares as têm fixado por meio de atosadministrativos normativos (portarias, editais, etc.) que, por ferirem o princípio dareserva legal absoluta, são manifestamente ilegais33.

11.4. COMPROMISSO MILITAR

Todo cidadão, após ingressar nas Forças Armadas, prestará compromisso de

Page 292: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

honra, no qual afirmará a sua aceitação consciente das obrigações e dos deveresmilitares, como, também, manifestará sua firme disposição de bem cumpri-los34.

Este compromisso solene é prestado sob a forma de juramento à BandeiraNacional, na presença da tropa ou guarnição formada, conforme cerimonialespecífico, tão logo o militar tenha adquirido um grau mínimo de instrução que reflitao perfeito entendimento de seus deveres como integrante das Forças Armadas35. Oguarda-marinha e o aspirante a oficial prestam compromisso nos estabelecimentos deformação, na forma preconizada nos respectivos regulamentos.

11.5. RESUMO DA MATÉRIA

Ingresso nas Forças Armadas

O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante incorporação, matrícula ounomeação, a todos os cidadãos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em leie nos regulamentos do Comando da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Incorporação é o ato de inclusão do convocado ou do voluntário em uma organizaçãomilitar da ativa ou em órgãos de formação de reserva. A incorporação de deputados esenadores dependerá de licença, respectivamente, da Câmara dos Deputados ou do SenadoFederal. Da mesma forma, os Deputados Estaduais só poderão ser incorporados medianteprévia autorização da respectiva Assembleia Legislativa. A imunidade em questão nãoalcança os Vereadores.

Matrícula é o ato de admissão do convocado ou do voluntário em qualquer escola, centro,curso de formação da ativa, ou órgão de formação da reserva.

A nomeação é o ato pelo qual o brasileiro possuidor de reconhecida competência técnico-profissional ou de notória cultura científica, mediante aquiescência, passa a ser incluído nosquadros e corpos da reserva e convocado para o serviço na ativa em caráter transitório,quando houver conveniência para o serviço de quaisquer das Forças Armadas.

O ingresso compulsório nas Forças Armadas para prestação do serviço militar inicial éincompatível com a realização de concurso público. Todavia, em tempo de paz, o ingressovoluntário, ainda que de forma temporária, nas fileiras militares dependerá de préviaaprovação em concurso público, salvo, evidentemente, os casos do voluntariado naprestação de serviço militar obrigatório.

Nos termos do art. 142, § 3.º, X, da CF/1988, a lei disporá, dentre outras, sobre o ingressonas Forças Armadas e os limites de idade, consideradas as peculiaridades de suasatividades. Submeteu-se, assim, a matéria em questão ao princípio da reserva legal absoluta.Diante da ausência de lei dispondo sobre a matéria em comento, as autoridades militares atem fixado por meio de atos administrativos normativos (portarias, editais, etc.) que, por

Page 293: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ferirem o princípio da reserva legal absoluta, são manifestamente ilegais.

Compromisso militar

Todo cidadão, após ingressar nas Forças Armadas, prestará compromisso de honra, noqual afirmará a sua aceitação consciente das obrigações e dos deveres militares, como,também, manifestará sua firme disposição de bem cumpri-los.

11.6. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Delegado Polícia Civil – GO 2003) – Sobre Defesa do Estado e dasInstituições Democráticas, pode-se afirmar corretamente que:a) há previsão constitucional e legal de atuação direta das Forças Armadas no combate

ao tráfico de substâncias entorpecentes ou drogas afins;b) a declaração do estado de guerra depende da oitiva formal do Congresso Nacional;c) mesmo que o congressista queira incorporar-se às Forças Armadas, ainda que em

tempo de guerra, não poderá fazê-lo por sua exclusiva vontade, salvo se renunciar aomandato;

d) o Presidente do Congresso Nacional designará Comissão composta de cinco de seusmembros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao Estadode Sítio;

e) sob nenhuma circunstância poderá o indivíduo alegar imperativo de consciência paraeximir-se de obrigação militar.

2. (TJM/SP – Juiz Militar 2007) – Segundo entendimento dominante noColendo Supremo Tribunal Federal, é possível, em concurso público,especialmente para admissão nos quadros da Polícia Militar, aexigência de altura mínima ou máxima do candidato?a) Sim, desde que conste expressamente, de norma administrativa do Estado e do

edital.b) Não, salvo se houver previsão expressa em Lei do Estado.c) Não, em hipótese alguma, por afronta ao art. 5.º, inc. I, da Constituição Federal.d) Sim, desde que o mínimo não seja superior a 1,70 m e o máximo, inferior a 2,0m.e) Sim, a critério da Comissão Examinadora do Concurso.

Page 294: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

3. De acordo com a Lei 6.880/1980, Estatuto dos Militares, o ingresso nasForças Armadas é facultado a todos os brasileiros mediante:a) incorporação, matrícula e agregação.b) incorporação, matrícula e requisição.c) recrutamento, incorporação e matrícula.d) recrutamento, voluntariado e agregação.e) incorporação, matrícula e nomeação.

4. A nomeação:a) é o ato de inclusão do convocado ou do voluntário em uma organização militar da ativa

ou em órgãos de formação de reserva.b) é o ato de admissão do convocado ou do voluntário em qualquer escola, centro, curso

de formação da ativa, ou órgão de formação da reserva.c) é o ato pelo qual o brasileiro possuidor de reconhecida competência técnico-

profissional ou de notória cultura científica, mediante aquiescência, passa a serincluído nos quadros e corpos da ativa e convocado para o serviço na ativa em caráterpermanente, quando houver conveniência para o serviço de quaisquer das ForçasArmadas.

d) é o ato pelo qual o brasileiro possuidor de reconhecida competência técnico-profissional ou de notória cultura científica, mediante aquiescência, passa a serincluído nos quadros e corpos da reserva e convocado para o serviço na ativa emcaráter transitório, quando houver conveniência para o serviço de quaisquer dasForças Armadas.

e) é o ato pelo qual o brasileiro, nato ou naturalizado, possuidor de reconhecidacompetência técnico-profissional ou de notória cultura científica, medianteaquiescência, passa a ser incluído, como oficial ou praça, nos quadros e corpos dareserva e convocado para o serviço na ativa em caráter transitório, quando houverconveniência para o serviço de quaisquer das Forças Armadas.

5. Julgue os itens abaixo:I – todo cidadão, após ingressar nas Forças Armadas, prestará compromisso de honra,

no qual afirmará a sua aceitação consciente das obrigações e dos deveres militares.II – o compromisso militar é solene, sendo prestado sob a forma de juramento à

Bandeira Nacional, na presença da tropa ou guarnição formada, conforme cerimonialespecífico.

III – o compromisso militar é prestado antes da incorporação, matrícula ou nomeação,sendo condição indispensável ao ingresso nas Forças Armadas.

Page 295: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

IV – quando o convocado ou voluntário for designado para matrícula em um órgão deformação de reserva, ao qual fique vinculado para prestação de serviço em períodosdescontínuos, em horários limitados ou com encargos restritos apenas àquelesnecessários à sua formação, será nele incluído, matriculado e incorporado.

6. (MPM – Promotor 1999) – A convocação de Vereador para a prestaçãodo serviço militar inicial, de acordo com a lei, é condicionada a:a) Licença prévia da respectiva Câmara Municipal.b) Licença da Justiça Eleitoral.c) Convocação regular da classe a que pertence.d) Resolução da presidência do legislativo municipal.

7. (Comando Aeronáutica – provimento de cargos de professor dacarreira de magistério superior da aeronáutica 2009 – prova deDireito)-Assinale a alternativa correta.a) A incorporação às Forças Armadas de Senadores, embora militares e ainda que em

tempo de guerra, dependerá de prévia licença do Senado Federal.b) Por expressa determinação constitucional, a proposta de emenda à Constituição

tendente a abolir o regime de Governo não poderá ser objeto de deliberação.c) A lei, ao entrar em vigor, tem efeito imediato e geral, podendo, no entanto, em

determinadas situações, retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, o direito adquiridoe a coisa julgada.

d) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar, por maioria absoluta de seusmembros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente daRepública e os Ministros de Estado.

Gabarito

1. c 2. b 3. e

4. d

5. I - Certo;II - Certo;

iii - Errado;iv - Errado.

6. c

7. a

Page 296: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

1 O cargo de oficial das Forças Armadas é privativo de brasileiro nato (art. 12, § 2.º, VI, daCF/1988).

2 Art. 10 da Lei 6.880/1980.3 Convocação – É o ato pelo qual os brasileiros são chamados para a prestação do Serviço

Militar, quer inicial, quer sob outra forma ou fase (art. 30, n. 6, do Decreto 57.564, de 20 dejaneiro de 1966).

4 Art. 3.º, n. 21, do Decreto 57.654/1966.5 Art. 53, § 7.º, da CF/1988 e art. 13, parágrafo único, da Lei 6.880/1980.6 Por força do art. 32, § 3.º, da CF/1988, a regra em comento abarca dos Deputados Distritais.7 Art. 3.º, n. 25, do Decreto 57.654/1966.8 O Decreto-Lei 4.766/1942 define crimes militares contra a segurança do Estado. A Lei

7.170/1983 define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelecendoseu processo e julgamento.

9 O termo “nomeação” possui acepções distintas no âmbito das Forças Armadas. Dentre elas,citam-se: a) forma excepcional de ingresso nas Forças Armadas; b) sinônimo de designaçãomilitar, ou seja, do ato pelo qual se atribui ao militar de determinado cargo; c) atribuição depostos a militares da ativa, como, por exemplo, nos casos de suboficiais e sargentos quepreencham os requisitos estabelecidos na legislação castrense, e o acesso ao posto inicial dacarreira dos oficiais capelães (art. 8.º, parágrafo único, da Portaria 16, de 04 de Janeiro de 1983,que versa sobre “Instruções Gerais para a Promoção de Oficiais da Ativa do Serviço deAssistência Religiosa do Exército – IG10-53”) e dos oficiais do Serviço de Saúde, Quadro deEngenheiros Militares e Quadro Complementar de Oficiais da Força em comento (art. 43,parágrafo único, do Decreto 3.998, de 05 de outubro de 2001, art. 25 do Decreto 98.314, de 19 deoutubro de 1989, que “Aprova o Regulamento para o Quadro Complementar de Oficiais doExército – (R – 41)” e art. 1.º, V, a, da Portaria 441-CMT Ex, de 06 de setembro de 2001, que“Delega competência ao Chefe do DGP”).

10 Art. 10, § 1.º, da Lei 6.880/1980. Ao nosso sentir, o dispositivo em questão não foirecepcionado pela Constituição de 1988, pois, em tempo de paz, como salientaremos a seguir, oingresso voluntário nas Forças Armadas, ainda que de forma temporária, depende de préviaaprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos.

11 Decreto 4.502, de 09 de dezembro de 2002.12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 6. ed. rev. e atual. Rio

de Janeiro: Lumen Juris, 2000, p. 453.13 Lei 4.375, de 17 de agosto de 1964, regulamentada pelo Decreto 57.654, de 20 de janeiro de

1966, e Lei 5.292, de 08 de junho de 1967, regulamentada pelo Decreto 63.704/1968.14 Aos brasileiros que, em tempos de paz, depois de alistados, alegarem imperativo de

consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica oupolítica, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar, serão atribuídos, na

Page 297: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

forma da lei, serviço alternativo (art. 143, § 1.º, da CF/1988 e Lei 8.239, de 04 de outubro de1991).

15 Sobre a sujeição da Administração Militar ao disposto no art. 37, II, da CF/1988, conferircapítulo II, item 2.2.

16 “Constitucional. Lei estadual. Estatuto dos policiais militares do Estado de Alagoas. Leipromulgada em 1992. Dispositivo que permite, após o licenciamento do serviço ativo, a pedido, areinclusão do militar. Plausibilidade jurídica da matéria. Ofensa ao art. 37, II, da CF. Precedentes.Liminar deferida”. (ADI 2.620, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29/11/2007, Informativo490).

17 Como já decidiu o Supremo Tribunal Federal, “o respeito efetivo à exigência de préviaaprovação em concurso público qualifica-se, constitucionalmente, como paradigma de legitimaçãoético-jurídica da investidura de qualquer cidadão em cargos, funções ou empregos públicos,ressalvadas as hipóteses de nomeação para cargos em comissão (CF, art. 37, II). A razãosubjacente ao postulado do concurso público traduz-se na necessidade essencial de o Estadoconferir efetividade ao princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei, semdistinção de qualquer natureza, vedando-se, desse modo, a prática inaceitável de o Poder Públicoconceder privilégios a alguns ou de dispensar tratamento discriminatório e arbitrário a outros.”(ADI 2.364 MC, Relator(a): Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 1/08/2001, DJ14/12/2001).

18 “Os princípios gerais regentes da Administração Pública, previstos no art. 37, caput, daConstituição, são invocáveis de referência à administração de pessoal militar federal ou estadual,salvo no que tenha explícita disciplina em atenção às peculiaridades do serviço militar.” (ADI1.694-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 30/10/1997, DJ de 15/12/2000).

19 Atualmente, grande parte dos contingentes militares é composta por cidadãos brasileirosoriundos das classes sociais mais baixas, atraídos à caserna não só pela profissão militar, mas,também, pela remuneração e estabilidade dela decorrentes.

20 Neste sentido, conferir decisão liminar proferida pelo Juízo da 20.ª Vara Federal do Rio deJaneiro em Ação Civil Pública (Processo 2008.51.01.019461-4), que determinou à União aimediata suspensão dos processos seletivos para o serviço técnico temporário, regulados peloseditais 2/2008 SSMR e 3/2008 SSMR, da 1.ª Região Militar do Exército, vez que a seleção nãoseria efetivada mediante concurso público de provas ou de provas e títulos.

21 Em sentido assemelhado, Diógenes Gasparini preceitua: “Tais agentes públicos ingressam noquadro do pessoal militar mediante recrutamento ou concurso. Nas Forças Armadas, o ingresso depessoal nos seus quadros faz-se por recrutamento, que é a convocação para a prestação do serviçomilitar, ou por concurso (exame de ingresso) nos cursos de formação de sargentos e de oficiais. Aobrigatoriedade do serviço militar, consoante estabelece o art. 143 da Constituição Federal, éincompatível com o concurso” (GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. rev. eatual. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 252), Alexandre de Moraes observa: “Como fora salientadoem edições anteriores dessa obra, a organização e o regime único dos servidores públicosmilitares já diferia entre si, até porque o ingresso nas Forças Armadas dá-se tanto pela viacompulsória do recrutamento oficial, quanto pela via voluntária do concurso de ingresso nos

Page 298: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

cursos de formação oficiais” (MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 13. ed. São Paulo.Atlas, 2003, p. 360) e Ivan Barbosa Rigolin (O servidor público na Constituição de 1988, SãoPaulo: Saraiva, 1989, p. 196), que assim assevera: “as demais disposições dos arts. 37 e 38,quando não expressamente inaplicáveis, ou quando incompatíveis com a natureza do serviçomilitar, estendem-se aos servidores militares (e entendemos aplicáveis, do art. 37, os incs. II –com a devida adaptação –, III, IV, X, XI, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XXI; o art. 38 é aplicávelfeitas todas as necessárias adaptações).” Conferir, ainda, trecho da decisão interlocutóriaproferida nos autos do Processo 200751010312011, pelo Juízo da 18.ª Vara Federal do Rio deJaneiro, que deferiu medida liminar determinando a suspensão imediata do processo seletivo deOficiais de 2.ª Classe da reserva da Marinha, previsto no Edital 2/2007, do Comando do 1.ºDistrito Naval da Marinha, nos seguintes termos: “Ora, é evidente a ausência de razoabilidade dasnormas editalícias ora impugnadas, mormente porque, nos termos do item 12 do respectivo Edital,o ingresso do voluntário nos quadros da Marinha dar-se-á em conformidade com o estabelecido noinciso III, da alínea a, do art. 3.º, da Lei 6.880/1980, in verbis: Art. 3° Os membros das ForçasArmadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidoresda Pátria e são denominados militares. § 1.º Os militares encontram-se em uma das seguintessituações: a) na ativa: (...) III – os componentes da reserva das Forças Armadas quandoconvocados, reincluídos, designados ou mobilizados; Dessa forma, em sendo os candidatosselecionados considerados militares da ativa quando da incorporação, em similaridade decondições com os demais componentes do quadro da Marinha do Brasil, parece imperativa asubmissão do respectivo certame às regras do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal. Peloexposto, defiro a liminar vindicada, para suspender o processo seletivo de Oficiais de 2.ª Classeda reserva, previsto no Edital 2/2007, do Comando do 1.º Distrito Naval da Marinha, nos termosacima expendidos.”Em sentido contrário: “Não são aplicáveis aos militares, por exemplo, as regras constitucionaispertinentes ao concurso público” (FURTADO, Lucas Rocha. Curso de direito administrativo.Belo Horizonte: Fórum, 2007, p. 899).

22 Por força do art. 42, § 1.º, da CF/1988, aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dosTerritórios aplica-se o art. 142, § 3.º, X, sendo necessário relembrar que compete à União aorganização e manutenção da polícia militar e do corpo de bombeiros militares do DF (art. 21,XIV, da CF/1988).

23 Em sendo absoluta a reserva legal, entendemos que o legislador infraconstitucional não poderádelegar o disciplinamento desta matéria ao Poder Executivo, sob pena de afronta ao art. 142, § 3.º,X, da CF/1988. Em outras palavras, é defesa a fixação de limites de idade e demais condições deingresso nas Forças Armadas por meio de decreto, portaria, editais, etc., ainda que haja expressaautorização legal neste sentido. Por esta razão, a nosso sentir, a expressão “cujo editalestabelecerá as condições de escolaridade, preparo técnico e profissional, sexo, limites de idade,idoneidade, saúde, higidez física e aptidão psicológica requeridas pelas exigências profissionaisda atividade e carreira a que se destinam”, contida no art. 9.º, in fine, da Lei 11.279/2006, colidecom o dispositivo constitucional acima aludido. Portanto, a delegação em tela é manifestamenteinconstitucional. Importante salientar que a matéria em análise foi submetida a Corte Suprema, quereconheceu a repercussão geral do tema em acórdão assim ementado:

Page 299: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

“Constitucional. Art. 142, § 3.º, inciso X, da Constituição da República: Lei sobre ingresso nasForças Armadas. Art. 9.º da Lei 11.279/2006. Limite de idade: fixação em edital. Manifestaçãopela existência de repercussão geral. Reconhecida a repercussão sobre o tema relativo àconstitucionalidade do art. 9.º da Lei 11.279/2006, que atribui ao edital de concurso público paraingresso nas forças armadas a fixação das condições de escolaridade, preparo técnico eprofissional, sexo, limites de idade, idoneidade, saúde, higidez física e aptidão psicológica, à luzdo disposto no art. 142, § 3.º, inciso X, da Constituição da República.” (RE 572.499 RG,Relator(a): Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/10/2008, DJE 206 divulg. 30/10/2008 publicação31/10/2008). Até a presente data, o recurso em questão não havia sido apreciado.

24 SILVA, Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 26. ed., São Paulo: Malheiros,2006, p. 423 e 424.

25 “Agravo Regimental em Recurso Extraordinário. Concurso Público. Brigada Militar do Estadodo Rio Grande do Sul. Limitação Etária. Decreto Estadual 37.536/1997. Inviabilidade. ReservaLegal. 1. A imposição do critério discriminatório – limite de idade máximo – para inscrição noconcurso público da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul deverá observar o postuladoda reserva legal. A edição do Decreto estadual 37.536/1997 não é instrumento legislativo hábilpara a imposição da restrição etária no certame. Precedentes. 2. Agravo regimental improvido.”(STF. Ag. Reg. no Recurso Extraordinário 458.735-1/RS. Relatora: Min. Ellen Gracie).“Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Concurso público. Limite de idade. Ausência deprevisão legal. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento” (STF. AI-AgR463533/RS – Rio Grande do Sul. Ag. Reg. no Agravo de Instrumento. Relator(a): Min. GilmarMendes. Julgamento: 29/11/2005. Órgão Julgador: Segunda Turma). Ver também os seguintesprecedentes: STF. AI 541.289/RS – Rio Grande do Sul. Relator: Min. – Eros Grau. STF. AI.446.234/RJ – Rio de Janeiro. Relator: Min. Gilmar Mendes.“Concurso público (Forças Armadas). Limitação de idade (impossibilidade). Lei em sentidoformal (inexistência). Precedentes (aplicação). Agravo regimental (desprovimento).” (AgRg noREsp 1086605/RS, Rel. Ministro Nilson Naves, Sexta Turma, julgado em 03/02/2009, DJE27/04/2009).“Concurso público. Exército. Escola Preparatória de Cadetes. Limite de idade. O C. SupremoTribunal Federal e esta Corte tem se manifestado pela legalidade de disposição editalícia na qualsão previstos limites de idade mínimo e máximo para o ingresso nas carreiras militares, em razãoda atividade peculiar por eles exercida, desde que tal limitação, também esteja prevista emlegislação específica. Precedentes. Ademais, a avaliação das condições físicas do candidatopoderá ser feita durante o processo de seleção, a fim de selecionar aquele que possa melhordesempenhar a função militar” (TRF4, AG 2006.04.00.030165-8, Terceira Turma, Relator VâniaHack de Almeida, publicado em 29/11/2006).Em sentido contrário, admitindo a fixação de idade-limite por meio de portaria, ante a ausência delei formal regulando a matéria: “Administrativo. Concurso público. Forças Armadas. Limite deidade. Disciplina por portaria do Ministério da Aeronáutica. Possibilidade. Aplicação direta daConstituição pela administração. 1. A ausência da lei prevista no art. 142, § 3.º, X, da Constituiçãonão significa a possibilidade de ingresso de pessoa de qualquer idade nas Forças Armadas. É esse

Page 300: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

– ausência de lei – um dos casos em que a Administração pode e deve aplicar diretamente asnormas e princípios constitucionais. 2. Não seria razoável que, admitida uma pessoa com idadeavançada, viesse, com pouco tempo de serviço, a ser promovida ou a passar para a reservaremunerada em função da idade-limite de permanência em determinado posto. 3. Não consta doart. 142, § 3.º, VIII, da Constituição a aplicação, aos militares, da disposição do art. 7.º, XXX, e,conforme a Súmula 683/STF, a contrario sensu, o limite de idade para a inscrição em concursopúblico se legitima quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a serpreenchido. 4. Remessa oficial e apelação a que se dá provimento.” (TRF1. AC2001.39.00.010435-0/PA, Rel. Desembargador Federal João Batista Moreira, Quinta Turma, DJde 11/09/2006, p. 141).

26 De acordo com o art. 18, III, da Lei 6.923, de 29 de junho de 1981, o interessado em ingressarnos quadros de capelães militares deverá ter entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade.

27 Insta aclarar que a Lei 11.279/2006 não fixa os critérios e requisitos para o ingresso nas ForçasArmadas, apenas confere ao legislador infralegal a atribuição de fazê-la. Logo, esta norma não secoaduna com o comando descrito no art. 142, § 3.º, inciso X, da Constituição da República, queimpõe a sujeição do tema ao princípio da reserva legal absoluta. Assim, eventual fixação decritérios e requisitos de ingresso nas Forças Armadas por meio de atos administrativosnormativos, como editais e portarias, deverá ser considerada ilegal.

28 É o caso da idade. O art. 11 da Lei 6.880/1980, Estatuto dos Militares, não fixa a idade máximapara o ingresso nas fileiras militares, apenas elege a “idade” como condição para o acesso àsForças Armadas. Por este motivo, tal dispositivo, que é anterior a atual Magna Carta, não atendeao comando constitucional descrito no art. 142, § 3.º, X. Sendo isso, enquanto não houver lei emsentido estrito estipulando expressamente a limitação em voga, é defesa sua fixação por meio deeditais ou portarias e, até mesmo de decreto, sob pena de se restringir, por meio de ato normativoinfralegal, o que a lei não restringiu, como, também, de se violar o princípio da reserva legalabsoluta contido no art. 142, § 3.º, X, da CF/1988. Este, inclusive, é o entendimento consolidadono âmbito do STF e do STJ. Neste sentido, conferir, dentre outros, o inteiro teor dos seguintesjulgados: AI 523.254 AgR, Relator(a): Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em20/09/2005, DJ 14/10/2005, RE 327.784 AgR, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, PrimeiraTurma, julgado em 7/12/2004, DJ 18/02/2005, AI 463.533 AgR, Relator(a): Min. Gilmar Mendes,Segunda Turma, julgado em 29/11/2005, DJ 3/02/2006, REsp 1067538/RS, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, julgado em 21/05/2009, DJE 3/08/2009, AgRg no REsp 1.086.605/RS, Rel.Ministro Nilson Naves, Sexta Turma, julgado em 3/02/2009, DJE 27/04/2009.

29 Art. 61, § 1.º, II, f, da CF/1988.30 Alguns Estados, em atenção ao disposto no art. 142, § 3.º, X, da CF/1988, disciplinaram as

condições e critérios de ingresso nas hostes militares estaduais por meio de lei em sentido estrito,a exemplo do Acre (art. 11 da Lei Complementar Estadual 164/2006).

31 “... percebe-se que o princípio da razoabilidade encontra terreno extremamente fértil deaplicação na seara do concurso público, com relevantes repercussões no seu controlejurisdicional, dada a sua natureza de elemento limitador da discricionariedade administrativa. (...)Assim sendo, o princípio da razoabilidade funciona como verdadeiro “freio” da postura

Page 301: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

discricionária, no afã de compatibilizá-la com os direitos dos administrados, via adoção decritérios racionais e lógicos no processo de escolha e valoração das soluções administrativas,máxime no que concerne à estipulação do sentido e alcance de conceitos legais indeterminados”(MAIA, Márcio; QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro de. O regime jurídico do concurso público e o seucontrole jurisdicional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 36-37).

32 STF AI 505.380/MG – Minas Gerais. Relator: Min. Celso de Mello. No mesmo sentido, osseguintes precedentes: STF RMS 21.046, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, maioria,DJ de 14/11/1991, STF RE 177.570, Rel. Min. Carlos Velloso, 2.ª Turma, unânime, DJ de28/02/1997, STF AI 535.041, Rel. Min. Cezar Peluso, decisão monocrática, DJ de 31/03/2005,STF RE-AgR 345.598, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 19/08/2005.

33 Não ofende o art. 37, I da CF (“os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aosbrasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei;”) decisão que declara a nulidade doexame psicotécnico em concurso público, tendo em vista a falta de previsão legal para talprocedimento. Com base nesse entendimento, a Turma manteve acórdão do Tribunal de Justiça doEstado de Minas Gerais que entendera ilegal a exigência, prevista em resolução editada peloComandante-Geral da Polícia Militar, do exame psicotécnico como requisito para a admissão nacarreira de oficial de saúde da Polícia Militar estadual: RE 228.356-MG (rel. Min. Ilmar Galvão,29/09/1998, Informativo 125, Brasília, 21 a 25 de setembro de 1998). Ainda sobre o tema,conferir: STF. AI 631146. Rel. Ministro Gilmar Mendes, julgado em 04/12/2006, publicado em DJ28/02/2007). Neste sentido, conferir, ainda, a Súmula 686 do STF (só por lei se pode sujeitar aexame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público).“Mandado de segurança. Concurso público. Exame psicológico instituído através de portaria.Invalidade. 1. O artigo 142, inciso X, da Constituição Federal, reserva à lei dispor ‘sobre oingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições detransferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, as prerrogativas e outrassituações especiais dos militares.’ 2. Por isso, é irregular a portaria que estabelece avaliaçãopsicológica como condição para ingresso na Força. 3. Apelação e remessa desprovidas.” (TRF1.AMS 1998.01.00.084937-3/DF, Rel. Juiz Evandro Reimão Dos Reis (conv), Terceira TurmaSuplementar, DJ 26/06/2003, p. 68).“Administrativo. Concurso público. Discriminação por altura não prevista em lei. A Portaria60/2004-DEP, que regulamenta o ingresso no serviço militar exige dos candidatos do sexofeminino a altura mínima de 1,55m, o que não se apresenta razoável, porquanto inexiste imperativode natureza funcional que fundamente esta discriminação e, tampouco, lei prevendo esta limitação.Precedente do STF.” (TRF4, AC 2005.71.02.000027-5, Quarta Turma, Relator Márcio AntônioRocha, DE 8/10/2007).

34 Em regra, os Estados também impõem a seus militares compromissos de honra.35 Nos termos do art. 168, V, da Portaria Normativa 660/MD, de 19 de maio de 2009, “o

compromisso é realizado pelos recrutas, perante a Bandeira Nacional desfraldada, com o braçodireito estendido horizontalmente à frente do corpo, mão aberta, dedos unidos, palma para baixo,repetindo, em voz alta e pausada, as seguintes palavras: ‘Incorporando-me à Marinha do Brasil(ou Ao Exército Brasileiro ou à Aeronáutica Brasileira) – Prometo cumprir rigorosamente – as

Page 302: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ordens das autoridades – a que estiver subordinado – respeitar os superiores hierárquicos – tratarcom afeição os irmãos de armas – e com bondade os subordinados – e dedicar-me inteiramente aoserviço da Pátria – cuja honra – integridade – e instituições – defenderei – com o sacrifício daprópria vida’.”

Page 303: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

12.1. DISCIPLINA MILITAR

12.1.1. Conceito

A disciplina militar consiste na rigorosa observância e acatamento integral dasleis, regulamentos, normas e disposições que regem a vida castrense. Materializa-sepor meio do perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dosmembros das Forças Armadas.

A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas ascircunstâncias da vida entre os militares da ativa, da reserva remunerada ereformados, ainda que no âmbito civil1, sob pena de prática ato contrário ao devermilitar2.

12.2. HIERARQUIA MILITAR

12.2.1. Conceito

A hierarquia militar é a ordenação vertical e horizontal da autoridade dentro daestrutura das Forças Armadas.

12.2.2. Ordenação vertical da autoridade por postos e graduações

Decorre do escalonamento vertical da autoridade, em níveis diferentes, por meiodos postos e graduações que compõem a escala hierárquica das Forças Armadas3.Exemplificando: um capitão possui grau hierárquico superior ao do primeiro-tenente,do segundo-tenente, do aspirante a oficial, do suboficial, do primeiro-sargento. Em

Page 304: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

contrapartida, possui grau hierárquico inferior ao do major, do capitão de corveta, dotenente-coronel, do coronel.

12.2.3. Ordenação horizontal da autoridade dentro de um mesmo posto ougraduação

A precedência hierárquica entre os militares da ativa que se encontram nummesmo posto ou graduação se dá pelo tempo de permanência nele, ou seja, pelaantiguidade no posto ou na graduação4, salvo nos casos de precedência funcionalestabelecida em lei5.

Deste modo, o capitão “A”, promovido em dezembro de 2005, terá precedênciahierárquica sobre o capitão “B”, promovido em abril de 2006, em razão daantiguidade, isto é, do tempo de permanência no posto. Em havendo empate no tempode permanência, a precedência hierárquica dar-se-á da seguinte forma6: a) entremilitares do mesmo corpo, quadro, arma ou serviço, pela posição nas respectivasescalas numéricas ou registros existentes em cada Força; b) nos demais casos, pelaantiguidade no posto ou graduação anterior. Persistindo o empate, recorrer-se-á,sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores e, por fim, à data de praça7. Seainda assim persistir o empate, a data de nascimento será o último critério dedesempate. O militar de mais idade terá prevalência hierárquica.

12.2.4. Ordenação vertical e horizontal da autoridade entre militar ativo einativo

A precedência hierárquica entre o militar ativo e inativo será aferida em razão doposto ou da graduação de que sejam titulares. Desta forma, um major que se encontrana reserva, ou seja, na inatividade, tem precedência hierárquica sobre um capitão daativa.

De outro lado, dentro de um mesmo posto ou graduação, o militar da ativa teráprevalência hierárquica sobre o inativo, independentemente da antiguidade.Exemplificando: um suboficial “A” na ativa, promovido a esta graduação emdezembro de 2007, terá precedência hierárquica sobre um suboficial “B” da reserva,ainda que este tenha sido promovido à graduação suboficial em dezembro de 2005.

12.2.5. Ordenação da autoridade entre militar da ativa e da reserva,remunerada ou não, convocado para o serviço ativo

Page 305: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Dar-se-á em função do posto ou da graduação de que sejam titulares. Umprimeiro-tenente da reserva, remunerada ou não, convocado para o serviço ativo teráprecedência hierárquica sobre um segundo-tenente da ativa.

Por outro lado, em havendo igualdade de posto ou de graduação, a precedênciahierárquica será aferida pela antiguidade no posto ou na graduação.

12.2.6. Ordenação da autoridade entre praças especiais e as demais praças

A precedência hierárquica entre praças especiais e as demais praças será aferidada seguinte forma:

a) os guardas-marinha e os aspirantes a oficial são hierarquicamente superioresàs demais praças;

b) os aspirantes, cadetes e alunos da Escola de Oficiais Especialistas daAeronáutica são hierarquicamente superiores aos suboficiais e aossubtenentes;

c) os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do Colégio Naval têmprecedência sobre os terceiros-sargentos, aos quais são equiparados;

d) os alunos dos órgãos de formação de oficiais da reserva, quando fardados,têm precedência sobre os cabos, aos quais são equiparados;

e) os cabos têm precedência sobre os alunos das escolas ou dos centros deformação de sargentos, que a eles são equiparados, respeitada, no caso demilitares8, a antiguidade relativa.

12.2.7. Precedência entre militares e civis

A precedência entre militares e civis, em missões diplomáticas ou em comissãono País ou no estrangeiro, bem como nas solenidades oficiais, é regulamentada emlegislação especial9.

12.2.8. Círculos hierárquicos nas Forças Armadas

Os militares são agrupados em dois grandes círculos hierárquicos, a saber: o dosoficiais e o das praças. Colima-se, com isso, o desenvolvimento do espírito decamaradagem, de um ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuoe da hierarquia militar.

Page 306: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O círculo dos oficiais é dividido em: a) círculo dos oficiais-generais; b) círculo deoficiais superiores; c) círculo de oficiais subalternos. O círculo das praças é compostopelos: a) círculo de suboficiais, subtenentes e sargentos; b) círculo de cabos esoldados. Os integrantes de cada um dos círculos hierárquicos estão listados no anexoI deste livro.

12.2.9. Posto

É o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do Presidente da República econfirmado em Carta Patente10. O posto é inseparável da patente11.

12.2.9.1. Patente

É o título de investidura no oficialato. São elementos obrigatórios da CartaPatente12: a) o Brasão das Armas da República; b) a denominação do respectivoComando: Comando da Marinha, Comando do Exército, Comando da Aeronáutica13;c) o título do documento: Carta Patente de Oficial, Carta Patente de Oficial Superiorou Carta Patente de Oficial-General; d) os dados do oficial: posto, nome, corpo, arma,quadro ou serviço; e) o ato que motivou a sua lavratura; f) a identificação do DiárioOficial da União que publicou o ato; g) o decreto ou portaria que regulamentou aexpedição da Carta Patente; h) data da lavratura, anos decorridos de proclamação daIndependência e da República; i) nome e assinatura de quem a confere e de quem alavra; j) o registro do arquivo.

12.2.9.2. Vedação constitucional à concessão de postos militares a civis

Foi a Constituição Federal de 193414 que, pela primeira vez, vedou,expressamente, a concessão honorífica de postos militares a civis, ressalvando,apenas, aqueles que já tinham sido conferidos por atos anteriores a suapromulgação15. A fim de enfatizar a vedação acima, dispôs, explicitamente, no art.165, § 3.º16, que os postos eram privativos dos militares17, ou seja, dos oficiais dasForças Armadas. As demais constituições mantiveram a mesma restrição18,perpetuando a vedação constitucional à concessão de postos militares a civis.

12.2.9.3. Titularidade de postos e patentes militares

A Carta Magna de 198819, mantendo a tradição, preconiza, expressamente, que aspatentes e os postos militares são privativos dos oficiais da ativa, da reserva e

Page 307: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

reformados, que só os perderão se forem declarados indignos ou incompatíveis com ooficialato, por decisão de tribunal militar, em tempo de paz, ou tribunal especial, emtempo de guerra. Portanto, nem a reforma, nem a transferência para reserva,remunerada ou não, acarretam a perda de posto e de patente.

Em outras palavras, uma vez conferida patente e posto ao militar das ForçasArmadas, a titularidade dos mesmos se torna vitalícia, razão pela qual será mantidaindependentemente da condição jurídica em que o oficial se encontre (ativa, reserva,remunerada ou não, ou reformados). Só com a dupla perda prevista no art. 142, § 3.º,VI, da CF/1988, é que o oficial será privado de sua patente e posto.

12.2.9.4. Princípio constitucional da garantia da patente

As Constituições brasileiras adotaram o princípio constitucional da garantia dapatente20, ao condicionarem sua perda à decisão de tribunal militar, nas hipóteses nelasdescritas taxativamente21.

A “perpetuidade das patentes e postos militares” aparece, pela primeira vez, noprojeto de constituição do Império do Brasil de 1823, art. 247, como se vê nos Anaisda Assembleia Constitucional, vol. V, p. 23, citados por João Barbalho, em seusComentários, p. 341, dispositivo que foi acolhido na Constituição Imperial de 25 demarço de 1824, art. 14922. Pode-se afirmar que, desde então, o legisladorconstitucional vem conferindo vitaliciedade às patentes e aos postos militares23, poistoda vez que a Constituição da República prevê que a perda do cargo público dependede decisão judicial, estamos diante de hipótese de vitaliciedade24.

12.2.9.5. A garantia das patentes em sua plenitude

A Constituição de 189125 foi a primeira a garantir, expressamente, as patentes emsua plenitude. Todavia, não fazia menção aos oficiais da reserva e reformados, o quesuscitava dúvidas quanto à sua extensão a estes oficiais. A fim de dirimi-las, a CartaPolítica de 193426 passou a fazer expressa alusão aos oficiais da ativa, da reserva ereformados, tendo sido seguida pelas demais27.

A Magna Carta de 194628 alterou a redação utilizada pelas Constituições de 1934 e1937, passando a dispor que as patentes, com as vantagens, regalias e prerrogativas aelas inerentes, eram garantidas, em toda a plenitude, aos oficiais da ativa, da reserva ereformados. A Carta Magna de 196729, neste ponto, pouco diferiu da anterior. Apalavra regalias foi excluída do texto e o termo deveres nele foi incluído. A atualConstituição30 apenas substituiu a palavra vantagens por direitos.

Page 308: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Observa-se, portanto, que, desde a Carta de 1934, as Constituições têmassegurado aos oficiais, independentemente da condição jurídica em que se encontram(ativa, reserva ou reformado), a patente militar em sua plenitude, ou seja, em suainteireza, de forma plena, i.e., com todos os direitos, prerrogativas e deveres a elasinerentes. Destarte, subtraí-los, ainda que parcialmente, implica desfalcar a patente,torná-la não plena, enfim, violar a garantia constitucional expressamente prevista noart. 142, § 3.º, I.

Não é por outro motivo que Manoel Gonçalves Ferreira Filho assim leciona:“Assegurando as patentes a Constituição garante também as vantagens e prerrogativasque delas decorrem. Cria, portanto, uma situação jurídica definitivamente constituídaem favor do titular da patente, em relação a suas prerrogativas e vantagens. Assim, emface do texto constitucional, o oficial, seja da ativa, da reserva ou reformado, nãopode ter as prerrogativas e vantagens decorrentes de sua patente diminuídas qualquerque seja o fundamento31”.

Oportuno se torna dizer que a Lei Ápice, ao garantir a patente em sua plenitude,assegurou aos oficiais da ativa o direito à efetividade da patente32, protegendo-oscontra atos que, a margem da lei, imponham-lhes, abusiva e arbitrariamente, ainativação prematura e forçada, seja pela reforma, seja pela transferência para areserva, remunerada ou não33. Por isso, a perda compulsória da efetividade da patentesomente ocorrerá nos casos descritos na própria Constituição (arts. 14, § 8.º, I e II,142, § 3.º, II, III e VI) ou em lei que, nos termos do art. 142, § 3.º, X, da CF/1988,disponha sobre outras condições de transferência do militar para a inatividade, comonos casos de transferência para a reserva remunerada ex officio (art. 98), inclusão emquota compulsória (art. 99 a 103), reforma (art. 104 a 114), todos previstos na Lei6.880/1980.

12.2.9.6. Perda do posto e da patente

12.2.9.6.1. Causas: indignidade ou incompatibilidade com o oficialatoO oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou

com ele incompatível, por decisão de tribunal militar34 de caráter permanente, emtempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra35. Ao assim dispor, aConstituição estabeleceu, taxativamente, a indignidade e a incompatibilidade com ooficialato como causas únicas de perda de posto e de patente militar36, sendo defesoao legislador infraconstitucional ampliá-las37.

A indignidade ocorre quando graves razões de ordem moral tornam o indivíduo

Page 309: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

um desadaptado ao alto padrão ético das corporações militares. A incompatibilidadeassenta em razões ligadas à natureza da função militar. Não implica para o atingido emconsiderá-lo moralmente incapaz para o exercício da profissão, e sim um desajustadoàs suas exigências e aos seus deveres. Aqui entrarão, talvez, razões ligadas aconvicções políticas (não propriamente estas) que, por meio de sucessivasconstatações de insubmissão ou de transgressão aos deveres funcionais, façamconcluir pela inadaptação do oficial ao espírito militar de disciplina38.

Dispõe o art. 142, § 3.º, VII, da CF/1988 que o oficial condenado na justiçacomum ou militar à pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentençatransitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no art. 142, § 3.º, VI39.Neste caso, compete ao Ministério Público Militar promover a declaração deindignidade ou de incompatibilidade para o oficialato40, mediante representaçãoencaminhada ao Superior Tribunal Militar41, órgão competente para processar e julgá-la42. Se o oficial for julgado indigno ou incompatível com o oficialato pelo STM,perderá seu posto e sua patente.

Como se pode notar, o art. 142, § 3.º, VII, da CF/1988 não veicula uma novacausa de perda de posto e de patente, mas, tão somente, hipótese em que o oficial,necessariamente, fica sujeito à eventual declaração de indignidade ouincompatibilidade com o oficialato pelo tribunal militar.

12.2.9.6.2. SujeiçãoO art. 142, § 3.º, VI e VII, da CF/1988, ao se referir ao gênero oficial, abarcou,

indistintamente, os da ativa, da reserva, remunerada ou não, e os reformados. E nãopoderia ser diferente, pois todos, independentemente da condição jurídica em que seencontram, são titulares de postos e de patentes. Por isso, o oficial, mesmo nainatividade, remunerada ou não, deverá abster-se de praticar atos que o torne indignoou incompatível com o oficialato, sob pena de perda do posto e da patente.

Contudo, há de se registrar as seguintes peculiaridades:

a) os oficiais da ativa, da reserva remunerada e reformados estão sujeitos àdupla perda, na forma prevista no art. 142, § 3.º, VI, da CF/1988, quandojulgados culpados pelo Conselho de Justificação43 ou em decorrência derepresentação de indignidade ou de incompatibilidade para o oficialatoelaborada pelo MPM, no caso de condenação na justiça comum ou militar apena privativa de liberdade superior a dois anos44;

b) os oficiais da reserva não remunerada, por força do art. 1.º, parágrafo único,

Page 310: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

da Lei 5.836/1972, não são submetidos a Conselho de Justificação45. Todavia,sujeitam-se à perda de posto e da patente, na forma preconizada no art. 142, §3.º, VI, da CF/1988, em virtude de representação de indignidade ou deincompatibilidade para o oficialato, elaborada pelo MPM, no caso decondenação na justiça comum ou militar à pena privativa de liberdadesuperior a dois anos, fundamentada no art. 142, § 3.º, VII, que, ao fazeralusão ao gênero oficial, englobou, necessariamente, suas espécies, quaissejam, o oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, e reformados46. Nãofosse assim, um oficial da reserva não remunerada, exempli gratia,condenado na justiça comum por homicídio doloso, estupro ou atentadoviolento ao pudor – condutas que, manifestamente, retratam sua indignidadecom o oficialato – à pena privativa de liberdade superior a dois anos, porsentença transitada em julgado, não perderia seu posto e patente. Porconseguinte, em caso de convocação ou mobilização geral, este oficial, emtese, após o cumprimento da pena, poderia ser incorporado às fileiras daForça a que estiver vinculado, no posto e patente que possuía na ativa, nãoobstante sua manifesta indignidade para o oficialato. Por isso, entendemosque, nas hipóteses descritas no art. 142, § 3.º, VII, da CF/1988, o oficial dareserva não remunerada está sujeito à dupla perda.

12.2.9.6.3. Consequências jurídicas da declaração de indignidade ou incompatibilidadecom o oficialato pelo STM47 em tempos de paz

Uma vez declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível, o oficial dasForças Armadas: a) perderá o posto e a patente, independentemente da condiçãojurídica em que se encontre; b) se estiver na ativa, será demitido ex officio sem direitoa qualquer remuneração ou indenização; c) se estiver na reserva remunerada oureformado, perderá o direito à percepção de proventos na inatividade na data em quefor privado do posto e da patente48; d) receberá a certidão de isenção do serviçomilitar; e) não será incluído na reserva das Forças Armadas, se estiver na ativa, ouserá dela excluído, acaso se encontre na reserva.

12.2.9.7. Pensão militar

Os beneficiários do oficial da ativa, da reserva remunerada ou reformadodeclarado indigno ou incompatível com o oficialato, terão direito à percepção depensão militar para a qual o ex-oficial tenha contribuído, como se ele houvessefalecido49.

Page 311: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

12.2.10. Graduação

12.2.10.1. Conceito

É o grau hierárquico das praças, ou seja, dos não oficiais. É conferido, na formada lei, pela autoridade militar competente. As graduações, adotadas pela Marinha,Exército e Aeronáutica, estão descritas no anexo I deste livro.

12.2.10.2. Acesso

O acesso às graduações iniciais da carreira é feito mediante nomeação e, àssubsequentes, pela promoção.

12.2.10.3. Perda da graduação

À praça das Forças Armadas não foi assegurada vitaliciedade da graduação, anteao silêncio eloquente do art. 142, § 3.º, VI, da CF/198850. Logo, a perda não estácondicionada à decisão proferida por tribunal militar51.

Nos termos do art. 127 da Lei 6.880/1980, a perda da graduação decorre daexclusão a bem da disciplina, aplicada ex officio à praça com estabilidade assegurada,nos casos descritos no art. 125, ou do licenciamento ex officio a bem da disciplinaimposto à praça sem estabilidade assegurada. Perderá, também, a graduação a praçacondenada na Justiça Militar à pena privativa de liberdade, por tempo superior a doisanos, já que, nesses casos, a ela será aplicada a pena acessória de exclusão das ForçasArmadas52.

12.2.10.4. Consequências jurídicas da perda da graduação

A praça, ao perder a graduação: a) não será incluída na reserva das ForçasArmadas; b) receberá certificado de isenção do serviço militar; c) não terá direito aqualquer remuneração ou indenização.

12.2.11. Uso do posto e da graduação pelo militar inativo

O militar inativo, ao fazer uso do posto ou da graduação, deve indicar aabreviatura respectiva da situação jurídica em que se encontra, ou seja, reserva oureformado.

Page 312: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

12.3. RESUMO DA MATÉRIA

Disciplina militar

A disciplina militar consiste na rigorosa observância e acatamento integral das leis,regulamentos, normas e disposições que regem a vida castrense. A disciplina e o respeito àhierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre os militares.

Hierarquia militar

A hierarquia militar é a ordenação vertical e horizontal da autoridade dentro da estruturadas Forças Armadas.

A ordenação vertical da autoridade decorre do escalonamento vertical da autoridade, emníveis diferentes, por meio dos postos e das graduações que compõem a escala hierárquicadas Forças Armadas.

A ordenação horizontal da autoridade dentro de um mesmo posto ou graduação se dá pelotempo de permanência nele, ou seja, pela antiguidade no posto ou na graduação, salvo noscasos de precedência funcional estabelecida em lei.

A ordenação vertical e horizontal da autoridade entre militar ativo e inativo será aferidaem razão do posto ou da graduação de que sejam titulares. De outro lado, dentro de ummesmo posto ou graduação, o militar da ativa terá prevalência hierárquica sobre o inativo,independentemente da antiguidade.

A ordenação da autoridade entre militar da ativa e da reserva, remunerada ou não,convocado para o serviço ativo se dá em função do posto ou da graduação de que sejamtitulares. Em havendo igualdade de posto ou de graduação, a precedência hierárquica seráaferida pela antiguidade no posto ou na graduação.

Círculos hierárquicos nas Forças Armadas

Os militares são agrupados em dois grandes círculos hierárquicos, a saber: o dos oficiaise o das praças. O primeiro é composto pelos: a) círculo dos oficiais-generais; b) círculo deoficiais superiores; c) círculo de oficiais subalternos. O segundo, pelos: a) círculo desuboficiais, subtenentes e sargentos; b) círculo de cabos e soldados.

Posto e patente

Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do Presidente da República econfirmado em Carta Patente.

Patente é o título de investidura no oficialato.A Constituição Federal de 1934, pela primeira vez, vedou, expressamente, a concessão

honorífica de postos militares a civis, ressalvando, apenas, aqueles que já tinham sido

Page 313: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

conferidos por atos anteriores a sua promulgação. As demais constituições mantiveram amesma restrição.

A Carta Política de 1988 preconiza, expressamente, que as patentes e os postos militaressão privativos dos oficiais da ativa, da reserva e reformados, que só os perderão se foremdeclarados indignos ou incompatíveis com o oficialato, por decisão de tribunal militar, emtempo de paz, ou tribunal especial, em tempo de guerra. Trata-se do princípio constitucionalda garantia da patente. A “perpetuidade das patentes e postos militares” aparece, pelaprimeira vez, no projeto de constituição do Império do Brasil de 1823, tendo sido acolhidopelo Constituição Imperial de 25 de março de 1824. Desde então, o legislador constitucionalvem conferindo vitaliciedade às patentes e aos postos militares, vez que a dupla perdadepende de decisão judicial.

A Constituição de 1891 foi a primeira a garantir, expressamente, as patentes em suaplenitude. A atual Constituição manteve a garantia em questão. Salienta-se que a Lei Ápice,ao garantir a patente em sua plenitude, assegurou aos oficiais da ativa o direito à efetividadede suas patentes, protegendo-os contra atos que, à margem da lei, imponha-lhes, abusiva earbitrariamente, a inativação prematura e forçada, seja pela reforma, seja pela transferênciapara a reserva, remunerada ou não.

Perda do posto e da patente

Causas: indignidade ou incompatibilidade com o oficialato. A indignidade ocorre quandograves razões de ordem moral tornam o indivíduo um desadaptado ao alto padrão ético dascorporações militares. A incompatibilidade assenta em razões ligadas à natureza da funçãomilitar. Uma vez declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível, o oficial dasForças Armadas: a) perderá o posto e a patente; b) se estiver na ativa, será demitido exofficio sem direito a qualquer remuneração ou indenização; c) se estiver na reservaremunerada ou reformado, perderá o direito à percepção de proventos na inatividade na dataem que for privado do posto e da patente; d) receberá a certidão de isenção do serviçomilitar; e) não será incluído na reserva das Forças Armadas, se estiver na ativa, ou será delaexcluída, acaso se encontre na reserva.

Os beneficiários do oficial declarado indigno ou incompatível com o oficialato terãodireito à percepção de pensão militar para a qual o ex-oficial tenha contribuído, como se elehouvesse falecido.

Graduação

Graduação é o grau hierárquico das praças, ou seja, dos não oficiais. É conferido, naforma da lei, pela autoridade militar competente. O acesso às graduações iniciais da carreiraé feito mediante nomeação e, às subsequentes, pela promoção.

À praça das Forças Armadas não foi assegurada vitaliciedade da graduação, ante aosilêncio do art. 142, § 3.º, VI, da CF/1988.

Perda da graduação

Page 314: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A perda da graduação decorre: a) da exclusão a bem da disciplina, aplicada ex officio àpraça com estabilidade assegurada; b) do licenciamento ex officio a bem da disciplinaimposto à praça sem estabilidade assegurada; c) da condenação na Justiça Militar à penaprivativa de liberdade, por tempo superior a dois anos, já que, nesses casos, a ela seráaplicada a pena acessória de exclusão das Forças Armadas.

A praça, ao perder a graduação: a) não será incluída na reserva das Forças Armadas; b)receberá certificado de isenção do serviço militar; c) não terá direito a qualquerremuneração ou indenização.

Uso do posto e da graduação pelo militar inativo

O militar inativo, ao fazer uso do posto ou da graduação, deve indicar a abreviaturarespectiva da situação jurídica em que se encontra, ou seja, reserva ou reformado.

12.4. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (STM – Juiz-Auditor 2005) – O Estatuto dos Militares (Lei 6.880, de 9de dezembro de 1980), em seu art. 17, estabelece que: “A precedênciaentre militares da ativa do mesmo grau hierárquico, oucorrespondente, é assegurada pela antiguidade no posto ougraduação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecidaem lei”. Desta forma, consideram-se como correspondentes osseguintes postos na Marinha, no Exército e na Aeronáutica,respectivamente:a) Contra-Almirante, General de Divisão e Major-Brigadeiro.b) Capitão de Corveta, Capitão (Exército) e Capitão (Aeronáutica).c) Almirante de Esquadra, General de Exército e Tenente-Brigadeiro.d) Capitão-Tenente, Primeiro-Tenente (Exército) e Primeiro-Tenente (Aeronáutica).

2. (STM – Juiz-Auditor 1996) – A correspondência entre postos e asgraduações da Marinha, do Exército e da Aeronáutica obedecem àordenação da autoridade, baseada nos círculos hierárquicos e naescala hierárquica das Forças Armadas. O oficial do Exército no postode Coronel corresponde na Marinha a:a) Capitão-Tenente.b) Capitão de Corveta.

Page 315: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) Capitão de Fragata.d) Capitão de Mar e Guerra.

3. Julgue os itens a seguir.I – A hierarquia militar é ordenação vertical e horizontal da autoridade dentro da estrutura

das Forças Armadas.II – A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias

da vida apenas entre os militares da ativa.III – A precedência hierárquica entre os militares da ativa que se encontram num mesmo

posto ou graduação se dá pelo tempo de permanência nele, ou seja, pela antiguidadeno posto ou na graduação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecida emlei.

IV – A precedência hierárquica entre o militar ativo e inativo será aferida em razão dotempo de serviço ativo nas Forças Armadas.

V – Dentro de um mesmo posto ou graduação, o militar da reserva ou reformado teráprevalência hierárquica sobre o ativo, em razão da antiguidade no posto ou nagraduação.

4. No que se refere aos círculos hierárquicos nas Forças Armadas,assinale a alternativa correta:a) os militares são agrupados em três grandes círculos hierárquicos, a saber: o dos

oficiais, o das praças especiais e o das praças.b) o círculo dos oficiais é dividido círculo dos oficiais-generais, círculo de oficiais

superiores e círculo de oficiais subalternos.c) o círculo das praças é composto pelos círculos de suboficiais, subtenentes e círculo

de cabos e soldados.d) o aluno de escola ou centro de formação de sargentos só pode frequentar o círculo

de cabos e soldados.e) o guarda-marinha frequenta o círculo de oficiais superiores.

5. Julgue os itens abaixo:I – os guardas-marinha e os aspirantes a oficial são hierarquicamente inferiores às

demais praças.II – os alunos da Escola Naval são hierarquicamente superiores aos suboficiais e

subtenentes.III – os alunos de Escola Preparatória de Cadetes não têm precedência hierárquica

Page 316: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sobre os terceiros-sargentos, mas são a eles equiparados.IV – os alunos dos órgãos de formação de oficiais da reserva, quando fardados, têm

precedência sobre os cabos, aos quais são equiparados.V – os cabos têm precedência sobre os alunos das escolas ou dos centros de formação

de sargentos, que a eles são equiparados, respeitada, no caso de militares, aantiguidade relativa.

6. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar daMarinha T/2008. Direito) – Considerando o Título V, Capítulo II, daConstituição da República, no que se refere aos militares das ForçasArmadas, é correto afirmar que:a) o oficial será submetido a Conselho de Justificação, por ter sido condenado a pena

privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado.b) o militar tem direito à assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o

nascimento até 7 (sete) anos de idade em creches e pré-escolas.c) o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente

será agregado e incluído na cota compulsória.d) o ato normativo disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a

estabilidade e outras condições de transferência para a inatividade.e) as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, dos oficiais da

Marinha são conferidas pelo Presidente da República.

7. Assinale a alternativa incorreta:a) posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do Presidente da República e

confirmado em Carta Patente.b) patente é o título de investidura no oficialato.c) é possível, nos casos descritos em lei, a concessão honorífica de postos militares a

civis.d) o posto é inseparável da patente.e) as Constituições brasileiras, tradicionalmente, têm adotado o princípio constitucional

da garantia da patente.

8. O oficial perderá o posto e a patente quando:a) for demitido ex officio por ter tomado posse em cargo ou emprego público civil

permanente.b) for transferido para a reserva não remunerada.

Page 317: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

c) for transferido para a reserva remunerada.d) for reformado por incapacidade física permanente.e) for declarado indigno com o oficialato.

9. Assinale a alternativa correta:a) a Constituição de 1824 foi a primeira a garantir, expressamente, as patentes em sua

plenitude.b) a perpetuidade das patentes e postos militar apareceu, pela primeira vez, na

Constituição de 1891.c) a Carta Magna de 1988, mantendo a tradição, preconiza, expressamente, que as

patentes e os postos militares são privativos dos oficiais da ativa, da reservaremunerada e reformados.

d) a Constituição Federal de 1934 foi a primeira a vedar, expressamente, a concessãohonorífica de postos militares a civis.

e) A Constituição de 1946 foi a primeira a garantir, expressamente, as patentes em suaplenitude.

10. A Constituição de 1988, no que se refere às Forças Armadas,assegurou:a) aos oficiais e praças a vitaliciedade de postos e graduações.b) apenas aos oficiais a vitaliciedade de postos.c) apenas às praças a vitaliciedade das graduações.d) a garantia das graduações em sua plenitude.e) a vitaliciedade de postos e graduações apenas em tempo de paz.

11. Uma vez declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível, ooficial das Forças Armadas:a) perderá a graduação, independentemente da condição jurídica em que se encontre.b) se estiver na ativa, será demitido ex officio, fazendo jus à indenização correspondente

a um soldo do posto do oficial por cada ano de serviço prestado.c) se estiver na reserva remunerada ou reformado, perderá o direito à percepção de

proventos na inatividade na data em que for privado do posto e da patente.d) receberá a certidão de dispensa do serviço militar.e) se estiver na ativa, será imediatamente incluído na reserva das Forças Armadas.

Page 318: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

12. Os beneficiários do oficial declarado indigno ou incompatível com ooficialato:a) terão direito à percepção de pensão militar para a qual o ex-oficial tenha contribuído,

como se ele houvesse falecido.b) não terão direito à percepção de pensão militar.c) farão jus a uma indenização correspondente a um soldo do posto do oficial por ano de

serviço prestado.d) terão direito à percepção da metade do valor da pensão militar para a qual o ex-oficial

tenha contribuído, como se ele houvesse falecido.e) terão direito à percepção de um terço do valor da pensão militar para a qual o ex-

oficial tenha contribuído, como se ele houvesse falecido.

13. No que se refere às praças das Forças Armadas, julgue os itensabaixo:I – graduação é o grau hierárquico das praças.II – a graduação é conferida pelo Presidente da República.III – o acesso às graduações iniciais da carreira é feito mediante promoção e, às

subsequentes, pela nomeação.IV – a perda da graduação da praça está condicionada à decisão proferida por tribunal

militar.V – a praça condenada na Justiça Militar à pena privativa de liberdade, por tempo

superior a dois anos, perderá a graduação.

14. A praça, ao perder a graduação:a) será incluída automaticamente na reserva das Forças Armadas.b) receberá certificado de reservista.c) terá direito a proventos proporcionais ao tempo de serviço.d) receberá certificado de isenção do serviço militar.e) receberá certificado de dispensa do serviço militar.

15. (STM – Juiz-Auditor 1996) – O Oficial, em tempo de paz, perderá oposto e a patente se for declarado indigno do oficialato ou com eleincompatível, em decorrência de julgamento a que for submetido e pordecisão do:a) Conselho Especial de Justiça.

Page 319: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) Superior Tribunal Militar.c) Tribunal Especial.d) Conselho de Justificação.

Gabarito

1. c 2. d

3. i - Certo;ii - Errado;iii - Certo;

iv - Errado;v - Errado.

4. b

5. I - ERRADO;II - CERTO;

III - ERRADO;IV - CERTO;V - CERTO.

6. e

7. c 8. e 9. d

10. b 11. c 12. a

13. i - Certo;ii - Errado;iii - Errado;iv - Errado;v - Certo.

14. d 15. b

1 Ainda que no âmbito civil, fora da caserna e durante o momento de lazer, o espírito de disciplinae de apreço existentes entre os integrantes das Forças Armadas devem ser externados por meio dasformas de saudação militar e dos sinais de respeito. Por isso, se, e.g., um militar da Aeronáutica,uniformizado ou em trajes civis, que deixar de cumprimentar seu superior hierárquico, ainda queesse não esteja uniformizado, cometerá transgressão disciplinar, por força do art. 10, n. 25, doRegulamento Disciplinar da Aeronáutica – RDAer.

2 Art. 31, IV, da Lei 6.880/1980.3 A escala hierárquica das Forças Armadas está descrita no anexo I deste livro.4 A antiguidade em cada posto ou graduação é contada a partir da data da assinatura do ato da

Page 320: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

respectiva promoção, nomeação, declaração ou incorporação, salvo quando estiver taxativamentefixada outra data.

5 Art. 17 da Lei 6.880/1980.6 Art. 17, § 2.º, da Lei 6.880/1980.7 Na hipótese de existir mais de uma data de praça, inclusive em outra Força singular, prevalece a

antiguidade do militar que possua maior tempo de efetivo serviço na praça anterior ou nas praçasanteriores.

8 A ressalva em questão se refere ao ex-cabo que, cursando escola de formação de sargento, passaà condição de aluno. Neste caso, somente os cabos que tiverem mais tempo de permanência nagraduação de cabo é que terão precedência hierárquica sobre aquele. Exemplificando. Um cabo“A”, promovido em 2005, é aprovado no concurso de seleção para a Escola de Formação deSargentos Especialistas da Aeronáutica. Ao ser matriculado no curso de formação, em 2008,assume a condição de praça especial, na qualidade de aluno. Por conseguinte, terá precedênciahierárquica sobre os cabos promovidos a essa graduação em data posterior a sua promoção acabo. De outro giro, os cabos promovidos antes de 2005 terão precedência hierárquica sobre ele.

9 Decreto 70.274, de 09 de março de 1972, que “Aprova as normas do cerimonial público e aordem geral de precedência”.

10 As patentes dos oficiais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, são conferidas pelosrespectivos governadores (art. 42, § 1.º, da CF/1988).

11 CAVALCANTI. Temístocles Brandão. A Constituição Federal comentada. 2. ed. vol. IV, Rio deJaneiro: José Konfino, 1949, p. 122.

12 Art. 1.º, parágrafo único, do Decreto 2.144, de 07 de fevereiro de 1997.13 Por força da EC 23/1999 combinada com os arts. 19 e 20 da LC 97/1999, as referências ao

Ministério da Marinha, do Exército e da Aeronáutica contidas no Decreto 2.144/1997 passaram aser Comando da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

14 Art. 165, § 3.º, da CF/1934.15 Como salientado por Paulo Sarasate, a Carta Política de 1934 manteve indiretamente os títulos

de “generais honorários” concedidos aos civis Flôres da Cunha, Paim Filho e Ataliba Leonel(SARASATE, Paulo. A Constituição ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos,1967, p. 413).

16 Art. 165, § 3.º, da CF/1934: “Os títulos, postos e uniformes militares são privativos do militarem atividade, da reserva ou reformado, ressalvadas as concessões honoríficas efetuadas em atoanterior a esta Constituição”.

17 “A declaração de que os títulos e postos são privativos dos militares da ativa, da reserva oureformados, impede o abuso destes e a liberalização daqueles, seja sob a forma honorária de quese abusou em certos períodos da Primeira República, seja através de corporações para-militarescomo a extinta Guarda Nacional. A vedação constitucional, já o sustentamos em parecer naConsultoria Geral da República, não atinge as honras militares. Estas, que não se confundem comos títulos e postos, podem ser atribuídas a civis, embora o devam ser impessoalmente, em atenção

Page 321: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

às funções e não aos indivíduos. A sua finalidade é assegurar a certas autoridades, notadamenteatravés dos regulamentos de continências, o tratamento a que têm direito pela sua posição na vidapolítico-administrativa do país” (FAGUNDES, M. Seabra. As Fôrças Armadas na Constituição.Revista de Direito Administrativo. vol. X, out.-dez. 1947, p. 12).

18 Art. 160, c, da CF/1937, art. 182, § 1.º, da CF/1946, art. 94, § 1.º, da CF/1967, art. 142, § 3.º, I,da CF/1988.

19 Art. 142, § 3.º, I e VI, da CF/1988.20 MIRANDA, Pontes de. Comentários à Constituição de 1967. Tomo III (arts. 34 a 112). Revista

dos Tribunais, 1967, p. 395.21 Ver art. 149 da CF/1824, art. 76 da CF/1891, art. 165, § 1.º, da CF/1934, art. 160, parágrafo

único, da CF/1937, art. 182, § 2.º, da CF/1946, art. 94, § 2.º, da CF/1967, art. 142, § 3.º, VI, daCF/1988.

22 CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição brasileira de 1988. vol. V, arts. 38 a91. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997, p. 2457.

23 A vitaliciedade das patentes e postos, que é universal, constitui princípio pacificamente aceitono direito constitucional brasileiro (FAGUNDES, M. Seabra. As Fôrças Armadas na Constituição.Revista de Direito Administrativo. Vol. X, outubro-dezembro-1947, p. 10). No mesmo sentido, apreciosa lição de Diógenes Gasparini, ao afirmar que o militar, ao ascender ao oficialato, passa aocupar um posto vitalício (Direito administrativo. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006,p. 253). Ainda sobre o tema, colhem-se os ensinamentos de José Cretella Júnior, segundo o qual ooficial das Forças Armadas é detentor de cargo vitalício (CRETELLA JÚNIOR, José.Comentários à Constituição brasileira de 1988. vol. V, arts. 38 a 91. 2. ed. Rio de Janeiro:Forense Universitária, 1997, p. 2464) e de Ronaldo João Roth que assim leciona: A concessão dapatente e do posto é feita pelo Executivo enquanto a perda deles é ato do Judiciário, daí aconclusão da vitaliciedade do cargo do Oficial. (ROTH, Ronaldo João. Os limites da perda doposto e da patente. Revista Direito Militar, AMAJME, n. 31, setembro/outubro, 2001, p. 36).

24 LAZZARINI, Álvaro. Temas de direito administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000,p. 225.

25 Art. 74 da CF/1891. As patentes, os postos e os cargos inamovíveis são garantidos em toda asua plenitude.

26 Art. 165 da CF/1934. “As patentes e os postos são garantidos em toda a plenitude aos oficiaisda ativa, da reserva e aos reformados do Exército e da Armada.”

27 Art. 160, b, da CF/1937, art. 182 da CF/1946, art. 94 da CF/1967 e art. 142, § 3.º, I, daCF/1988.

28 Art. 182 da CF/1946. “As patentes, com as vantagens, regalias e prerrogativas a elas inerentes,são garantidas em toda a plenitude, assim aos oficiais da ativa e da reserva, como aosreformados.”

29 Art. 94 da CF/1967. “As patentes, com as vantagens, prerrogativas e deveres a elas inerentes,são garantidas em toda a plenitude, assim aos oficiais da ativa e da reserva, como aos

Page 322: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

reformados.”30 Art. 142, § 3.º, I, da CF/1988.31 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. v. 2,

arts. 104 a 250. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 80.32 A efetividade da patente não se confunde com a vitaliciedade a ela conferida. Por força desta, o

oficial, mesmo na inatividade, mantém o posto e a patente, que só serão perdidos por decisão detribunal militar, nos termos do art. 142, § 3.º, VI, da CF/1988. A efetividade, por outro lado,refere-se ao exercício da atividade militar, que, com a reforma ou transferência para a reserva,remunerada ou não, cessa.

33 Oportuno se faz transcrever episódio histórico, ocorrido há mais de um século, mas que seadéqua perfeitamente ao tema em análise. O caso foi assim relatado por Carlos Maximiliano:“Apesar da antiguidade da garantia das patentes e vantagens respectivas, o Marechal FlorianoPeixoto, Vice-Presidente em exercício, reformou, por Decreto de 7 de Abril de 1892, onzegeneraes de terra e mar, que lhe dirigiram uma representação política em termos incompatíveiscom a disciplina. Houve a tentativa de revolta de 10 de Abril. O Executivo decretou o estado desitio e logo em seguida, no dia 12, a reforma de 6 officiaes da Armada e 13 do Exército (RuyBarbosa – Os actos Inconstitucionaes do Congresso e do Executivo ante a Justiça Federal,1893, p. 151-53). A princípio o Poder Judiciário recusou attender ás reclamações dosprejudicados; porém, afinal, reverteram todos á actividade.” (SANTOS, Carlos MaximilianoPereira dos. Comentários à constituição brasileira de 1891. Brasília: Senado Federal, ConselhoEditorial, 2005. Ed. fac-similar, p. 771).

34 No âmbito das Forças Armadas, compete ao Superior Tribunal Militar processar e julgarrepresentação para decretação de indignidade de oficial ou sua incompatibilidade para com ooficialato e julgar os feitos originários dos Conselhos de Justificação (art. 6.º, I, h, e II, f, da Lei8.457/1992). Na esfera das polícias militares e corpos de bombeiros militares, cabe à JustiçaMilitar estadual decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais dos Estados (art. 125, §4.º, da CF/1988).

35 Art. 142, § 3.º, VI, da CF/1988.36 Em sentido assemelhado: “A dupla perda é uma punição que ocorrerá em duas hipóteses, ou

seja, se o comportamento do oficial for considerado indigno com relação à corporação e àsociedade, ou se for ele incompatível com a maneira de ser da vida militar. Nitidamente, as duashipóteses têm relevância diversa, mas acarretam a mesma pena.” (MARTINS. Ives Gandra daSilva. Revista IOB de Direito Administrativo. Ano I, n. 11, novembro de 2006, p. 17).

37 O art. 142, § 3.º, VI e VII, da CF/1988, revogou os arts. 98, I, e 99 do CPM, que previam comopena acessória a perda automática do posto e da patente quando o oficial fosse condenado à penaprivativa de liberdade por tempo superior a dois anos. Houve, ainda, derrogação do art. 604 doCPPM, no que se refere à comunicação da perda do posto e da patente.

38 FAGUNDES, M. Seabra. As Fôrças Armadas na Constituição. Revista de DireitoAdministrativo, Vol. IX, julho-setembro, 1947, p. 7.

39 Ver art. 120, I, da Lei 6.880/1980.

Page 323: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

40 Art. 116, II, da Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1993. Se a pena privativa de liberdadefor de até dois anos, o oficial será submetido ao Conselho de Justificação (art. 2.º, IV, da Lei5.836, de 5 de dezembro de 1972).

41 Art. 112 do Regimento Interno do STM: “Transitada em julgado a sentença da Justiça comum oumilitar que haja condenado o Oficial das Forças Armadas à pena privativa de liberdade superior adois anos, o Procurador-Geral da Justiça Militar formulará Representação para que o Tribunaljulgue se o representado é indigno ou incompatível para com o oficialato.”

42 Art. 6.º, I, i, da Lei 8.457/1992.43 Art. 16, I, da Lei 5.836/1972.44 Art. 142, § 3.º, VII, da CF/1988.45 No mesmo sentido, conferir: MARTINS, Eliezer Pereira. Da impossibilidade jurídica de

instauração de conselho de justificação para apuração de conduta de oficial da reserva nãoremunerada. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 63, mar. 2003. Disponível em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3853>. Acesso em: 08 jan. 2007, e ASSIS, JorgeCésar de. Curso de direito disciplinar militar – Da simples transgressão ao processoadministrativo. Juruá, 2008, p. 247.

46 Sobre o tema, o STM assim tem se manifestado: “Representação para declaração deindignidade. Oficial da reserva não-remunerada condenado definitivamente pela justiça militarante a prática do concurso de crimes de peculato e estelionato. Presença, ‘in casu’, da faltaresidual administrativo-disciplinar em afronta aos preceitos ético-morais que presidem oconduzir-se dos integrantes das Forças Armadas. Procedência da representação, em decisãouniforme, para declarar-se o representado indigno para o oficialato, cassando-se-lhe o posto e apatente.” (Rdiof – Representação de Indignidade. Proc: 1991.01.000020-2 UF: DF. Data daPublicação: 17/12/1991).“Representação para declaração de indignidade – Segundo Tenente R/2 do Exercito, nãoconvocado, usando indevidamente farda de oficial do exército com o objetivo de assegurar otransporte, em ônibus comercial, de drogas como maconha e haxixe. Confissão plena do crime. Osagentes da policia federal, além das drogas em suas bagagens, lograram encontrar mais delas emseu quepe. Condenado na justiça comum a pena de reclusão de três anos e multa por tráfico dedrogas. Condenado na justiça militar a dois meses e vinte dias de detenção, como incurso no art.172 do CPM. Sentenças transitadas em julgado. Incidência dos parágrafos segundo e terceiro doart. 93 da carta magna. Inteligência do art. 99 do diploma castrense. Disposição do art. 55 doDecreto 90.600/1984. Por unanimidade, o Tribunal declarou o representado indigno do oficialato,com a perda de posto e patente.” (STM. Processo RDIOF – Representação de Indignidade n.1987.01.000016-4. Data da Publicação: 17/03/1988).

47 No caso de oficiais das polícias ou bombeiros militares, a declaração de indignidade ouincompatibilidade com o oficialato será declarada pelo Tribunal de Justiça Militar estadual ou, emnão havendo esse, pelo respectivo Tribunal Justiça.

48 Art. 13, II, da MP 2.215-10/2001.49 Art. 7.º do Decreto-lei 510, de 22 de junho de 1938, c/c art. 5.º do Decreto 49.096, de 10 de

Page 324: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

outubro de 1960. Não se trata, aqui, de aplicação de pena de morte civil, vez que, como ensinaSílvio de Salvo Venosa, este tipo de pena não mais existe em nosso ordenamento, embora hajaresquício dela, como, por exemplo, no art. 157 do Código Comercial. No mesmo sentido também oart. 1.816 do atual (antigo art. 1.599). “...Eram reputados como civilmente mortos. Comoconsequência, podia ser aberta a sucessão do condenado como se morto fosse; perdia ele osdireitos civis e políticos e dissolvia-se seu vínculo matrimonial. O direito moderno repudiaunanimemente esse tipo de pena, embora permaneçam traços como os apontados anteriormente,mais como uma solução técnica do que como pena” (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil:parte geral. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004, v. 1, p. 192). Na realidade, as normas acima citadasvisam amparar os beneficiários do ex-oficial, assegurando-lhes a percepção da pensão militarpara a qual este tenha contribuído. Importante frisar que esta medida não acarreta ao ex-militarquaisquer implicações na órbita de seus direitos civil.

50 Ao contrário do que sempre ocorreu com os oficiais das Forças Armadas, o legisladorconstitucional, ao longo da história, jamais atribuiu vitaliciedade às graduações de suas praças.Este entendimento, inclusive, já era defendido a mais de um século atrás por Carlos Maximilianoque assim dispunha: “Não aproveita ás praças de pré a garantia constitucional; os propriossargentos perdem facilmente as divisas e até a farda” (SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos.Comentários à constituição brasileira de 1891. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial,2005. Ed. fac-similar, p. 771).

51 “Administrativo. Lei 8.429/1992. Inexistência de violação do princípio bicameral. Presunção deconstitucionalidade até que sobrevenha a eventual declaração de inconstitucionalidade.Procedimento específico para o julgamento de militar federal, quanto à perda do posto e da patente(art. 142, § 3.º, incisos VI e VII). Aplicabilidade tão-somente aos oficiais das forças armadas, nãosendo este o caso do apelante (primeiro sargento). Violação dos artigos 9.º, I, e 11, I e II, da Lei deimprobidade administrativa. omissis. 5. A Constituição previu procedimento específico para ojulgamento de militar federal, quanto à perda do posto e da patente (142, § 3.º, incisos VI e VII).Conforme se observa da redação dos mencionados incisos, o Constituinte de 1988 olvidou daspraças (sargento, cabo e soldado) das Forças Armadas, ao contrário do que fez com os praças damilícia estadual no art. 125 da CF/1988. Dessa forma, tendo em vista que o art. 142, § 3.º, incisosVI e VII, da CF/1988 só se aplica aos oficiais das Forças Armadas, não sendo este o caso doapelante (primeiro sargento), nada impede que seja decretada a perda de sua graduação ou patentepela Justiça Comum.” (TRF2. Apelação Cível 412.631, Processo 1997750010074758, SextaTurma Especializada, Relator: Des. José Antônio Lisboa Neiva, DJU 27/06/2008).

52 Arts. 98, IV, e 102 do CPM. Salienta-se que o legislador constitucional não estendeu às praçasdas Forças Armadas a garantia contida no art. 125, § 4.º, da CF/1988, razão pela qual a elas éaplicada, automaticamente, a pena acessória de exclusão quando condenadas à pena privativa deliberdade por prazo superior a dois anos.

Page 325: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A estrutura organizacional das Forças Armadas é composta de cargos e funçõesespecíficos, típicos da Administração Militar, criados em razão da necessidadeadministrativa e operacional de cada Força. São preenchidos por militares quesatisfaçam, cumulativamente, aos requisitos de grau hierárquico e de qualificaçãoprofissional exigidos para o seu desempenho.

13.1. CARGO MILITAR

É um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a ummilitar em serviço ativo, especificado nos quadros de efetivos ou tabelas de lotaçãodas Forças Armadas, ou previsto, caracterizado ou definido como tal em outrasdisposições legais1. São exemplos de cargos militares: Comando da Marinha, doExército e da Aeronáutica, Comando de Unidades Militares, Chefe de Seção, etc.

13.2. PROVIMENTO

O provimento do cargo militar, em caráter efetivo ou interino, far-se-á por ato denomeação ou determinação expressa da autoridade competente. O militar ocupante docargo fará jus aos direitos a ele correspondentes, na forma descrita na legislação deregência2.

13.3. VACÂNCIA

Considera-se vago o cargo militar: a) a partir de sua criação e até que um militarnele tome posse; b) desde o momento em que o militar exonerado, ou que tenharecebido determinação expressa da autoridade competente, o deixe e até que outro

Page 326: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

militar nele tome posse; c) quando seu titular tenha falecido, tenha sido consideradodesertor, extraviado, ou feito prisioneiro.

13.4. FUNÇÃO MILITAR

A função militar consiste no exercício das obrigações inerentes ao cargo militar.As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade, duração, vulto ou natureza, nãoforem catalogadas como funções inerentes aos cargos militares, serão cumpridascomo encargo, incumbência, comissão, serviço ou atividade militar ou de naturezamilitar.

13.5. COMANDO

13.5.1. Considerações iniciais

Os primeiros escalões da estrutura organizacional das Forças Armadas sãocompostos de Comandos, Centros, Diretorias, Departamentos, Secretarias, Divisões,Institutos, etc. A gerência de cada um desses é exercida por militares investidos emcargos de comando, chefia e direção.

13.5.2. Conceito

O Comando consiste na soma da autoridade, dos deveres e das responsabilidadesde que o militar é legalmente investido, quando conduz homens3 ou dirige umaorganização militar. Está vinculado ao grau hierárquico, constituindo uma prerrogativaimpessoal. O militar, no exercício do comando, se define e se caracteriza como chefe.Ao comando se assemelham as figuras de diretor e chefe de organização militar.

13.5.3. Competência para o exercício da função de comando, chefia e direção

Compete, exclusivamente, aos oficiais o exercício da função de comando, chefiae direção, razão pela qual, ao longo de suas carreiras, são exaustivamente preparadospara esse fim. Ao graduado cabe auxiliar e complementar as atividades dos oficiais,seja no adestramento e emprego de meios, seja na instrução e administração4.

13.6. SUBORDINAÇÃO

Page 327: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Decorre, unicamente, da sujeição hierárquico-disciplinar que o TextoFundamental impõe aos membros das Forças Armadas. De outro ângulo, trata-se deum dever de submissão decorrente de imposição constitucional, motivo pelo qual, demodo algum, afeta a dignidade da pessoa humana.

É importante assinalar que a subordinação não se confunde com servidão, comsujeição à prepotência, a maus-tratos, a tratamento degradante, vexatório, humilhante,injusto, etc. Por isso, o superior hierárquico tem a obrigação de tratar o subordinadodignamente e com urbanidade5. Consequentemente, conduta que implique rigorexcessivo, violência ou ofensa aviltante contra subordinado constituirá crime militar6

ou transgressão disciplinar7.

13.7. RESUMO DA MATÉRIA

Cargo e função militar

Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a ummilitar em serviço ativo. Seu provimento, em caráter efetivo ou interino, far-se-á por ato denomeação ou determinação expressa da autoridade competente.

Considera-se vago o cargo militar: a) a partir de sua criação e até que um militar neletome posse; b) desde o momento em que o militar exonerado, ou que tenha recebidodeterminação expressa da autoridade competente, o deixe e até que outro militar nele tomeposse; c) quando seu titular tenha falecido, tenha sido considerado desertor, extraviado, oufeito prisioneiro.

A função militar consiste no exercício das obrigações inerentes ao cargo militar.

Comando

Comando consiste na soma da autoridade, dos deveres e das responsabilidades de que omilitar é legalmente investido, quando conduz homens ou dirige uma organização militar.

Compete, exclusivamente, aos oficiais o exercício da função de comando, chefia edireção. Ao graduado cabe auxiliar e complementar as atividades dos oficiais, seja noadestramento e emprego de meios, seja na instrução e administração.

Subordinação

Subordinação decorre, exclusivamente, da sujeição hierárquico-disciplinar que aConstituição impõe aos membros das Forças Armadas.

Page 328: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

13.8. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Julgue os itens abaixo:I – Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a

um militar em serviço ativo.II – A função militar consiste no exercício das obrigações inerentes ao cargo militar.III – Compete, exclusivamente, aos graduados o exercício da função de comando, chefia

e direção.IV – Ao oficial cabe auxiliar e complementar as atividades dos graduados, seja no

adestramento e emprego de meios, seja na instrução e administração.V – Conduta que implique rigor excessivo, violência ou ofensa aviltante contra

subordinado constituirá crime militar ou transgressão disciplinar

2. Considera-se vago o cargo militar:a) a partir de sua criação e até que um militar nele tome posse.b) desde o momento em que o militar exonerado, ou que tenha recebido determinação

expressa da autoridade competente, o deixe e até que outro militar nele tome posse.c) quando seu titular tenha falecido.d) quando seu titular tenha sido considerado desertor, extraviado, ou feito prisioneiro.e) todas as alternativas estão corretas.

Gabarito

1. i - Certo;ii - Certo;

iii - Errado;iv - Errado;v - Certo.

2 – errado

1 Por exemplo, o Decreto 5.724, de 16 de março de 2006, e o Decreto 5.926, de 9 de outubro de2006, que dispõem, respectivamente, sobre cargos privativos de oficiais-generais do Exército e daAeronáutica.

2 Dentre tais direitos, citam-se: honras, sinais de respeito, precedência, gratificação de

Page 329: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

representação nos casos descritos no art. 3.º, VIII, a, da MP 2.215-10/2001, etc.3 Aqui, o termo comando é empregado, genericamente, ao militar que, temporária e

esporadicamente, em razão de seu grau hierárquico, comanda subordinados, sendo ou não titularde cargo específico de comando, como, p. ex., na execução de atividades operacionais durantemanobras militares.

4 No exercício destas atribuições, os suboficiais, subtenentes e sargentos devem se impor pelalealdade, pelo exemplo e pela capacidade profissional e técnica, incumbindo-lhes assegurar aobservância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras do serviço e das normas operativaspelas praças que lhes estiverem diretamente subordinadas, bem como a manutenção da coesão(espírito de corpo) e do moral destas em todas as circunstâncias. Os cabos, taifeiros-mores,soldados de primeira classe, taifeiros de primeira classe, marinheiros, soldados, soldados desegunda classe e taifeiros de segunda classe são, essencialmente, elementos de execução dasordens, serviços, etc.

5 Art. 31, VI, da Lei 6.880/1980.6 Art. 174 do CPM, art. 175 do CPM e art. 176 do CPM, respectivamente.7 Constituem transgressões disciplinares: a) tratar o subordinado hierárquico com injustiça,

prepotência ou maus-tratos (art. 10, n. 42, do Decreto 76.322/1975 – RDAer); b) não tratarsubalterno com justiça (art. 7.º, n. 21, do Decreto 88.545/1983 – RDM); c) dirigir-se ou referir-seao subalterno em termos incompatíveis com a disciplina militar (Art. 7.º, n. 22, do RDM).

Page 330: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Aos membros das Forças Armadas, ainda que fora do serviço, são impostosdeveres e obrigações cuja violação constitui crime militar, contravenção outransgressão disciplinar, e, ainda, fator impeditivo à concessão de condecorações1. Asobrigações militares são compostas pelo valor militar e ética militar.

14.1. VALOR MILITAR

É externado, essencialmente, por meio de manifestações de: a) patriotismo,traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever militar e pelo solene juramentode fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida; b) civismo e culto dastradições históricas; c) fé na missão elevada das Forças Armadas; d) espírito decorpo2, orgulho pela organização na qual o militar serve; e) amor à profissão dasarmas e entusiasmo com que é exercida; f) constante aprimoramento técnico-profissional.

14.2. ÉTICA MILITAR

Consiste no sentimento do dever, no pundonor militar3, no decoro da classe. Aética militar impõe a cada um dos membros das Forças Armadas, mesmo nainatividade, conduta moral e profissional irrepreensíveis, como, também, a estritaobservância dos seguintes preceitos: a) amar a verdade e a responsabilidade comofundamento de dignidade pessoal; b) exercer, com autoridade4, eficiência e probidade,as funções que lhe couberem em decorrência do cargo; c) respeitar a dignidade dapessoa humana; d) cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções eordens das autoridades competentes; e) ser justo e imparcial no julgamento dos atos ena apreciação do mérito dos subordinados; f) zelar pelo seu preparo próprio, moral,

Page 331: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

intelectual e físico, como, também, pelo dos subordinados; g) empregar todas asenergias em benefício do serviço; h) praticar a camaradagem e desenvolver,permanentemente, o espírito de cooperação; i) ser discreto em suas atitudes, maneirase na linguagem escrita e falada; j) abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, dematéria sigilosa de qualquer natureza; l) acatar as autoridades civis; m) cumprir seusdeveres de cidadão; n) proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular; o)observar as normas da boa educação; p) garantir assistência moral e material ao seu lare conduzir-se como chefe de família modelar; q) conduzir-se, mesmo fora do serviçoou quando já na inatividade, de modo que não sejam prejudicados os princípios dadisciplina, do respeito e do decoro militar; r) abster-se de fazer uso do posto ou dagraduação para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminharnegócios particulares ou de terceiros; s) abster-se, na inatividade, do uso dasdesignações hierárquicas: 1) em atividades político-partidárias; 2) em atividadescomerciais; 3) em atividades industriais; 4) para discutir ou provocar discussões pelaimprensa a respeito de assuntos políticos ou militares, excetuando-se os de naturezaexclusivamente técnica, se devidamente autorizado; 5) no exercício de cargo oufunção de natureza civil, ainda que na Administração Pública; t) zelar pelo bom nomedas Forças Armadas e de cada um de seus integrantes, obedecendo e fazendoobedecer aos preceitos da ética militar.

Vedou-se, ainda, ao militar da ativa, em nome da ética miliciana, comerciar outomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar,exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima ou por quotas deresponsabilidade limitada5. O oficial da ativa que descumprir a proibição em telacometerá, em tese, crime militar tipificado no art. 204 do Código Penal Militar (CPM).Trata-se de crime próprio, uma vez que só pode ser cometidos por oficiais da ativa.

Por outro lado, se a praça não observar a proibição em voga, não cometerá oilícito penal acima tipificado. Todavia, poderá ser responsabilizada na esferadisciplinar6.

14.3. DEVERES MILITARES

Em função do liame que vincula os milicianos à Pátria e ao serviço militar, osoficiais e praças das Forças Armadas estão sujeitos a uma série de deveres típicos dacarreira militar, que compreendem, essencialmente: a) a dedicação e fidelidade àPátria, cuja honra, integridade e instituições devem ser defendidas mesmo com osacrifício da própria vida; b) o culto aos Símbolos Nacionais (Bandeira Nacional, HinoNacional, Armas Nacionais e Selo Nacional) por meio das honras, continências e dos

Page 332: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sinais de respeito a eles prestados, nos termos preconizados no Regulamento deContinências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar das Forças Armadas7; c)a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias8; d) a disciplina e o respeito àhierarquia militar; e) a obrigação de tratar o subordinado dignamente, comurbanidade, serenidade, bondade, justiça, educação, imparcialidade, sem, no entanto,comprometer a disciplina e a hierarquia; f) o rigoroso cumprimento das obrigações edas ordens emanadas, que devem ser cumpridas, prontamente, pelo subordinado9.

14.3.1. Dever de cumprir rigorosamente as ordens emanadas

A estrutura organizacional das Forças Armadas, nos termos fixados pelaConstituição, impõe a seus membros uma rígida sujeição hierárquico-disciplinar.Consequentemente, os militares têm o dever – não se admitindo qualquer tipo demitigação – de cumprir, rigorosamente, as ordens legais emanadas por seussuperiores. Nestes casos, a obediência deve ser incondicional, pois, como afirmaPaulo Sarasete10, fazendo menção a João Barbalho, um exército que não obedece eque discute – acrescenta –, em vez de ser uma garantia da honra e segurançanacionais, constitui-se em perigo público. A crítica das ordens superiores e asdeliberações tomadas coletivamente pela força pública influem, de modoprejudicialíssimo, na disciplina e tornam o Exército incompatível com a liberdade civilda nação.

É, portanto, defeso ao subordinado deixar de cumprir ordens legais, porconsiderá-las incorretas, injustas ou desacertadas, sob pena de se instaurar, no âmbitodas Forças Armadas, um estado latente de subversão, de desordem, de desobediência,prejudicialíssimo à hierarquia e à disciplina, bases institucionais da Marinha, doExército e da Aeronáutica.

Ocorre que, por vezes, são emanadas ordens manifestamente ilegais, isto é,contrárias aos preceitos regulamentares e legais. Estariam os militares, em função dasujeição hierárquico-disciplinar, compelidos a cumpri-las?

Os regulamentos militares sinalizam positivamente. De acordo com o art. 7.º, §3.º, do Decreto 90.608/198411, quando a ordem contrariar preceito regulamentar, oexecutante poderá solicitar sua confirmação por escrito, cumprindo a autoridade que aemitiu atender à solicitação. Em sentido semelhante, é a previsão contida no art. 2.º doDecreto 76.322, de 22 de setembro de 1975. Reza, ainda, o art. 245 do Regulamento deAdministração da Aeronáutica – RADA12, que todo responsável pelo cumprimento deordens que, a seu ver, impliquem prejuízo à União ou que contrariem dispositivoslegais deverá ponderar a respeito com a autoridade que as determinou, ressaltando as

Page 333: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

consequências da sua execução. Se, apesar da ponderação, a autoridade persistir naordem, o subordinado a cumprirá, mediante determinação por escrito e, a seguir,participará, também por escrito, que a ordem foi executada. Tomadas estas medidas, osubordinado ficaria isento de responsabilidades advindas da execução da ordem. Namesma linha, dispõe o art. 120, parágrafo único, do Regulamento de Administraçãodo Exército (RAE) – (R-3)13.

Entendemos, no entanto, que estas normas são inconciliáveis com o EstadoDemocrático de Direito, com o princípio da legalidade (art. 37 da CF/1988)14 e com aprópria missão constitucionalmente atribuída às Forças Armadas, qual seja, a garantiada lei e da ordem. Enfim, são incompatíveis com a atual ordem constitucional.

Ao nosso sentir, o dever de obediência imposto constitucionalmente aos militaresnão tem o condão de impeli-los à prática de atos manifestamente ilegais, pois ninguémpossui o dever de cometer ilegalidades15. No entanto, há de se enfatizar que a recusade obediência deve se restringir, apenas, aos casos em que a ordem sejamanifestamente ilegal ou criminosa, isto é, que a ilegalidade e ilicitude sejam patentes,flagrantes, claras, notórias. Isto ocorre, por exemplo, quando o oficial de dia ordenaaos integrantes da equipe de serviço a prática de atos que acarretem intensosofrimento físico e mental a pessoa civil apreendida no interior de uma organizaçãomilitar, a fim de coibir novas invasões. Aqui, a ilegalidade e ilicitude da ordem sãomanifestas, pois impõem aos subordinados a prática de atos de tortura física emental16. Neste caso, a recusa de obediência não poderá acarretar ao insubmissoresponsabilização na esfera penal17, administrativa ou disciplinar.

De outro lado, se a ordem não for manifestamente ilegal ou criminosa, osubordinado tem o dever de cumpri-la rigorosamente, não só em função da hierarquiae da disciplina, mas, também, do princípio da presunção relativa de legitimidade dosatos administrativos18. Aqui, a obediência deve ser absoluta. Se assim não o fizer, seráresponsabilizado, na esfera penal militar, pela prática de crime de recusa de obediência(art. 163 do CPM)19, ou na disciplinar, observado o disposto no art. 42, § 2.º, da Lei n.6.880/1980.

14.4. VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES MILITARES NO ÂMBITODAS FORÇAS ARMADAS

A violação das obrigações ou dos deveres militares constituirá crime militar,contravenção ou transgressão disciplinar. O Decreto-Lei 1.001, de 21 de outubro de1969, Código Penal Militar, dispõe sobre os crimes militares em tempos de paz e deguerra. As contravenções ou transgressões disciplinares20 estão descritas nos

Page 334: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Regulamentos Disciplinares de cada Força singular.A violação dos preceitos da ética militar será tão mais grave quanto mais elevado

for o grau hierárquico de quem a praticar21. Por esta razão, uma mesma infraçãopoderá acarretar penalidades distintas aos infratores, ainda que praticada em concurso.Isto ocorre, e.g., com o exercício de comércio, vedado aos militares por força do art.29 da Lei 6.880/1980. Para os oficiais da ativa, a inobservância da proibição constituicrime militar22, ao passo que, para os não oficiais, configura, apenas, transgressãodisciplinar23.

14.4.1. Crimes militares

Em tempo de paz, consideram-se crimes militares24:

I – os crimes de que trata o Código Penal Militar, quando definidos de mododiverso na lei penal comum ou nela não previstos, qualquer que seja oagente, salvo disposição especial;

II – os crimes previstos no Código Penal Militar, embora também o sejam comigual definição na lei penal comum, quando praticados: a) por militar emsituação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ouassemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, emlugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado,ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão dafunção, em comissão de natureza militar ou em formatura, ainda que fora dolugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado,ou civil; d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contramilitar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar emsituação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob aadministração militar, ou a ordem administrativa militar;

III – os crimes praticados por militar da reserva ou reformado, ou por civil,contra as instituições militares, considerando-se como tais os compreendidosnos itens I e II, supra, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob aadministração militar ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugarsujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ouassemelhado ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar,no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formaturaou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração,exercício, acampamento, acantonamento25 ou manobras; d) ainda que fora do

Page 335: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de naturezamilitar ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação daordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitadopara aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.

Em tempo de guerra, consideram-se crimes militares26:

I – os especialmente previstos no Código Penal Militar para o tempo de guerra;II – os crimes militares previstos para o tempo de paz;III – os crimes previstos no Código Penal Militar, embora também o sejam com

igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquerque seja o agente: a) em território nacional ou estrangeiro militarmenteocupado; b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer apreparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outraforma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la aperigo;

IV – os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstosno Código Penal Militar, quando praticados em zona de efetivas operaçõesmilitares ou em território estrangeiro militarmente ocupado.

14.4.2. Contravenções ou transgressões disciplinares

14.4.2.1. Definição

Contravenção ou transgressão disciplinar é toda ação ou omissão que nãoconstitua crime militar27, ofensiva à ética, às obrigações ou aos deveres militares, ou,ainda, que afete a honra pessoal, o pundonor militar, o decoro da classe, e, como tal, éclassificada pelos regulamentos disciplinares das Forças Armadas28.

14.4.2.2. Classificação

As transgressões ou contravenções disciplinares, nos regulamentos disciplinaresdo Exército e da Aeronáutica, são classificadas em graves, médias e leves; na Marinha,em graves e leves.

A autoridade competente, levando em consideração a pessoa do transgressor, ascausas que motivaram a prática da infração, o ilícito em si e suas consequências para a

Page 336: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

disciplina, o serviço ou para a instrução, promoverá a classificação da infração.No Exército, a transgressão à disciplina que acarrete ofensa à honra pessoal, ao

pundonor militar ou ao decoro da classe será classificada como grave29. NaAeronáutica, a transgressão disciplinar de natureza desonrosa, ofensiva à dignidademilitar, atentatória às instituições ou ao Estado, que constitua indisciplina de voo,comprometa a saúde ou coloque em perigo a vida humana, que decorra de negligênciaou imprudência na manutenção, operação de aeronave ou viaturas, de forma a afetar asua segurança, será classificada como grave30.

14.4.2.3. Justificativas, atenuantes e agravantes

Os regulamentos disciplinares de cada Força descrevem, taxativamente, ascircunstâncias atenuantes, agravantes e justificativas da transgressão disciplinar.

Quando ocorrerem apenas circunstâncias agravantes, a punição poderá seraplicada em seu grau máximo. De outro giro, ocorrendo somente circunstânciasatenuantes, a sanção tenderá para o grau mínimo previsto em cada regulamento. Noconcurso entre agravantes e atenuantes, levar-se-á em consideração a preponderânciade umas sobre as outras na aplicação da punição.

Em havendo concurso de transgressões disciplinares relacionadas entre si oucometidas simultaneamente ou seguidamente, as de menor potencial ofensivo serãoconsideradas circunstâncias agravantes daquela de maior potencial ofensivo. É ahipótese do militar da Aeronáutica que, estando com o uniforme em desalinho31, aoser interpelado pelo superior, a ele se dirige de modo desrespeitoso32, fato este nãopresenciado por outros militares. A primeira transgressão disciplinar, por ser de menorpotencial ofensivo, será considerada agravante da segunda.

14.4.2.4. Sujeição aos regulamentos disciplinares

Nos termos dos regulamentos disciplinares da Marinha, do Exército e daAeronáutica, os militares da ativa, da reserva remunerada33 e os reformados34 estãosujeitos às penalidades disciplinares neles descritas.

Há de se ressaltar que o militar da reserva, no regular exercício de profissão civilque lhe garanta, por lei, a inviolabilidade de seus atos e manifestações, não poderá serpunido disciplinarmente pela prática destes, ainda que definidos em regulamentosmilitares como contravenções ou transgressões disciplinares. É o caso, p. ex., domilitar inativo no exercício da advocacia, por estar acobertado pela imunidade previstano art. 133 da CF/1988 e no art. 2.º, §§ 2.º e 3.º, da Lei 8.906/199435, ou no exercício

Page 337: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de mandato de Senador ou Deputado Federal, por força do art. 53 da CF/1988, quelhe confere imunidade por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos36.

14.4.2.5. Apuração37

A infração disciplinar militar deverá ser apurada mediante regular processoadministrativo, assegurando-se ao acusado o contraditório e a ampla defesa38, com osmeios e recursos a ela inerentes, nos termos do art. 5.º, LV, da CF/198839, sob pena denulidade da sanção aplicada40.

14.5. REGULAMENTOS DISCIPLINARES DAS FORÇAS ARMADAS: LEI OUDECRETO?

De acordo com art. 5.º, LXI, da CF/1988, ninguém será preso senão em flagrantedelito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvonos casos de transgressão militar ou crime militar propriamente dito, definidos em lei.

De outro lado, reza o art. 47 do Estatuto dos Militares que os regulamentosdisciplinares das Forças Armadas especificarão e classificarão as contravenções outransgressões disciplinares, estabelecendo as normas relativas à amplitude e aplicaçãodas penas disciplinares, à classificação do comportamento militar e à interposição derecursos contra as penas disciplinares.

Muito se tem debatido sobre a possibilidade ou não de as transgressõesdisciplinares apenadas com restrição de liberdade serem definidas por decreto, nostermos do art. 47 da Lei 6.880/1980, ante ao disposto no art. 5.º, LXI, in fine, daCF/1988. O ponto central dos debates tem sido a recepção ou não deste dispositivolegal pela Constituição Federal de 1988. Surgiram, então, basicamente, duas correntesantagônicas, a saber:

a) o art. 47 da Lei 6.880/1980 teria sido recepcionado inteiramente pelaConstituição, motivo pelo qual os regulamentos disciplinares poderiam serregidos por decreto, por força da delegação nele contida41. De outro prisma:para os adeptos desta corrente, o constituinte delegou o regramento damatéria ao legislador infraconstitucional que, por sua vez, delegou ao Chefedo Poder Executivo Federal.

Não aderimos a esta corrente. Na precisa lição de José Afonso da Silva42, doponto de vista do vínculo imposto ao legislador, a reserva de lei pode ser absoluta ou

Page 338: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

relativa. Alguns admitem também uma terceira, dita reserva forçada, que, na verdade,ingressa no campo da reserva absoluta. É absoluta a reserva constitucional de leiquando a disciplina da matéria é reservada pela Constituição à lei, com exclusão,portanto, de qualquer outra fonte infralegal, o que ocorre quando ela empregafórmulas como: “a lei regulará”, “a lei disporá”, “a lei complementar organizará”, “a leicriará”, “a lei poderá definir”, etc. É relativa a reserva constitucional de lei quando adisciplina da matéria é em parte admissível a outra fonte diversa da lei, sob a condiçãode que esta indique as bases em que aquela deva produzir-se validamente. Assim équando a Constituição emprega fórmulas como as seguintes: “nos termos da lei”, “noprazo da lei”, “com base na lei”, “nos limites da lei”, “segundo critérios da lei”, etc.São, em verdade, hipóteses em que a Constituição prevê a prática de ato infralegalsobre determinada matéria, impondo, no entanto, obediência a requisitos oucondições reservadas à lei. Por exemplo, é facultado ao Poder Executivo, por decreto,alterar alíquotas dos impostos sobre importação, exportação, produtos industrializadose operações de crédito, etc., atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei(art. 153, § 1.º, da CF/1988)43.

Adotando os fundamentos doutrinários acima, entendemos que a Constituição(art. 5.º, LXI), ao se valer da expressão “definidos em lei”, condicionou o regramentoda matéria à reserva de lei absoluta. Portanto, tornou-se defesa, após suapromulgação, a definição de transgressão disciplinar apenada com privação deliberdade por meio de decreto, portaria ou de qualquer outro ato administrativonormativo44. Trata-se, na realidade, de valorosa garantia fundamental ao direito àliberdade da pessoa humana, vez que impede o abuso e o arbítrio do poder público naimposição de restrições à liberdade de ir e vir.

Ainda que assim não se entenda, há de se registrar que a delegação contida noart. 47 da Lei 6.880/1980, no que concerne à definição de transgressão oucontravenção disciplinar punidas com penas privativas de liberdade, está fulminadapor força do art. 25, I, do ADCT45.

b) O art. 47 da Lei 6.880/1980 teria sido revogado pela Constituição Federal de1988, por não ter sido por ela recepcionado46.

Também discordamos deste entendimento. A supremacia das normasconstitucionais no ordenamento jurídico e a presunção de constitucionalidade das leise atos normativos editados pelo poder público competente exigem que, na funçãohermenêutica de interpretação do ordenamento jurídico, seja sempre concedidapreferência ao sentido que seja adequado à Constituição Federal. Assim, no caso de

Page 339: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

normas com várias significações possíveis, deverá ser encontrada a significação queapresente conformidade com as normas constitucionais, evitando sua declaração deinconstitucionalidade e consequente retirada do ordenamento jurídico47. Porconseguinte, o art. 47 da Lei 6.880/1980 deve ser interpretado conforme aConstituição, excluindo-se interpretações que autorizem a definição de contravençõesou transgressões disciplinares apenadas com restrição de liberdade por meio de atoinfralegal, adequando-o, desta forma, ao comando do art. 5.º, LXI, da CF/1988. Porestes motivos, pensamos não existir inconstitucionalidade ou ilegalidade emregulamento disciplinar que, após a promulgação da Carta Política de 1988, venha aser veiculado por decreto e que disponha sobre classificação do comportamentodisciplinar, interposição de recursos, contravenções ou transgressões disciplinares,penas disciplinares, desde que não sejam restritivas de liberdade48, etc.

14.6. REGULAMENTOS DISCIPLINARES DAS FORÇAS ARMADAS VIGENTES ÀÉPOCA DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.RECEPÇÃO COMO LEIS ORDINÁRIAS

Quando a Constituição Cidadã foi promulgada, vigiam o Decreto 88.545, de 26de julho de 1983, Regulamento Disciplinar da Marinha, o Decreto 90.608, de 4 dedezembro de 1984, Regulamento Disciplinar do Exército, e o Decreto 76.322, de 22 desetembro de 1975, Regulamento Disciplinar da Aeronáutica.

Não obstante a notória incompatibilidade formal, no que se refere àstransgressões disciplinares punidas com restrição de liberdade, é inegável que,materialmente, estes regulamentos, de um modo geral, são compatíveis com a atualConstituição, tendo sido por ela recepcionados49. Ressalta-se, porém, que a novaordem constitucional recepciona os instrumentos normativos anteriores, dando-lhesnovo fundamento de validade e, muitas das vezes, nova roupagem. Explica-se: com oadvento de nova Constituição, a ordem normativa anterior, comum, perde seu antigofundamento de validade para, em face da recepção, ganhar novo suporte. Da mesmaforma, aquela legislação, ao ser recebida, ganha a natureza que a Constituição novaatribui a atos regentes de certas matérias. Assim, leis anteriores tidas por ordináriaspodem passar a complementares; decretos-leis podem passar a ter natureza de leisordinárias; decretos podem obter características de leis ordinárias50.

Assim sendo, para nós, o Decreto 88.545/1983 (Regulamento Disciplinar para aMarinha), o Decreto 90.608/1984 (Regulamento Disciplinar do Exército) e o Decreto76.322/1975 (Regulamento Disciplinar da Aeronáutica), recepcionados materialmentepela Constituição, passaram à condição de lei ordinária51. Consequentemente, após a

Page 340: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

promulgação da Carta de 1988, somente lei em sentido estrito poderá modificá-los ourevogá-los.

São, portanto, insubsistentes as alterações promovidas pelo Decreto 1.011, de 22de dezembro de 1993, no Decreto 88.545/1983 (RDM), uma vez que este, por terassumido o status de lei ordinária, não pode ser alterado por decreto (ato infralegal).Inócua, também, pelo mesmo motivo, a pretensa revogação do Decreto 90.608/1984pelo Decreto 4.346, de 26 de agosto de 2002.

Por fim, oportuno se faz ressaltar que, em concursos públicos para o ingresso nasForças Armadas, na Magistratura Militar e no Ministério Público Militar, as avaliaçõestêm abordado o Decreto 88.545/1983, com as alterações efetuadas pelo Decreto1.011/1993, e o Decreto 4.346/2002, razão pela qual recomendamos ao concursando oestudo destas normas.

14.7. TRANSGRESSÃO E PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. PECULIARIDADES

Como ensina Hely Lopes Meirelles, não se deve confundir o poder disciplinar daAdministração com o poder punitivo do Estado, realizado por meio da Justiça Penal.O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna da Administração e,por isso mesmo, só abrange as infrações relacionadas com o serviço; a puniçãocriminal é aplicada com finalidade social, visando à repressão de crimes econtravenções definidas nas leis penais, e por esse motivo é realizada fora daAdministração ativa, pelo Poder Judiciário.

Com apoio nesta premissa, o ilustre autor apresenta duas conclusões,amplamente aceitas pela doutrina e jurisprudência, transcritas a seguir.

I – A punição disciplinar e a criminal têm fundamentos diversos, e diversa é anatureza das penas. A diferença não é de grau; é de substância. Dessasubstancial diversidade resulta a possibilidade da aplicação conjunta das duaspenalidades sem que ocorra bis in idem. Por outras palavras, a mesmainfração pode dar ensejo a punição administrativa (disciplinar) e a puniçãopenal (criminal), porque aquela é sempre um minus em relação a esta. Daíresulta que toda condenação criminal por delito funcional acarreta a puniçãodisciplinar, mas nem toda falta administrativa exige sanção penal52.

E continua o saudoso professor: a punição administrativa ou disciplinar nãodepende de processo civil ou criminal a que se sujeite também o servidor pela mesmafalta, nem obriga a Administração a aguardar o desfecho dos demais processos, nem

Page 341: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

mesmo em face da presunção constitucional de não culpabilidade. Apurada a faltafuncional, pelos meios adequados (processo administrativo, sindicância ou meiosumário), o servidor fica sujeito, desde logo, à penalidade administrativacorrespondente. A punição interna, autônoma que é, pode ser aplicada ao servidorantes do julgamento judicial do mesmo fato. E assim é porque, como já vimos, oilícito administrativo independe do ilícito penal. A absolvição criminal só afastará oato punitivo se ficar provada, na ação penal, a inexistência do fato ou que o acusadonão foi o seu autor.

Esta lição, no entanto, não é inteiramente aplicável aos militares53. Isto porque atransgressão disciplinar e o crime militar têm idêntico fundamento, qual seja, aviolação das obrigações ou dos deveres militares, como preceitua, expressamente, oart. 42 da Lei 6.880/1980. Deste modo, a diferença entre elas é de grau, não desubstância, pois os bens jurídicos tutelados são os mesmos. Tanto é assim que, emalgumas situações, é possível a desclassificação de crime militar para transgressãodisciplinar, como ocorre nos casos descritos nos arts. 209, § 6.º, 240, § 1.º, 250, 254,parágrafo único, todos do CPM. O mesmo não ocorre com o servidor público civil.

Destarte, o crime militar e a transgressão disciplinar se distinguem, apenas, emfunção do grau da ofensa às obrigações e aos deveres militares54, competindo aolegislador tipificar determinada conduta como crime militar ou enquadrá-la comotransgressão disciplinar. Se a ofensa for considerada mais grave, será tipificado comocrime militar; se menos grave, como contravenção ou transgressão disciplinar. Não há,portanto, uma distinção ontológica entre crime militar e transgressão disciplinar55,tendo sido adotado, com critério legal diferenciador, o mesmo utilizado para distinguircrime comum de contravenção penal, ou seja, a imposição de sanções mais graves àscondutas que acarretem maior lesão ao bem jurídico tutelado.

Não é por outro motivo que, no “concurso” de crime militar e contravenção outransgressão disciplinar, quando forem da mesma natureza, será aplicada somente apena relativa ao crime (art. 42, § 2.º, da Lei 6.880/1980)56. O ilícito penal absorverá oadministrativo. Portanto, na esfera militar, não prevalece a independência dasinstâncias penal e administrativa.

Posta a questão dessa forma, é de se dizer que, nos casos de concurso de crimemilitar e transgressão disciplinar, esta somente será apreciada, para efeito de punição,quando do trânsito em julgado da decisão judicial que declarou a absolvição57 doacusado, a rejeição da denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar da União ouconsiderou a infração como disciplinar, nos casos descritos no CPM58. Logo, se ummilitar da Aeronáutica se refere ou se dirige a um superior hierárquico de mododesrespeitoso, haverá, em tese, “concurso” de crime militar59 e transgressão

Page 342: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

disciplinar60. Contudo, por força do art. 42, § 2.º, da Lei 6.880/1980, o militar nãopoderá sofrer dupla punição. Só será apenado pelo crime ou pela transgressãodisciplinar. Se condenado pela Justiça Militar, não poderá ser punido, seja de formaostensiva ou velada, na esfera disciplinar61. Vedou-se, deste jeito, a dupla punição(penal militar e disciplinar) quando o ato configure ao mesmo tempo crime militar etransgressão disciplinar62.

Entretanto, se, no exemplo acima, o militar da Força Aérea Brasileira, além dedesrespeitar o superior hierárquico, estiver com o uniforme em desalinho, poderá serresponsabilizado, desde logo, pela segunda conduta (transgressão disciplinar descritano art. 10, n. 55, do RDAer), após regular procedimento administrativo,independentemente do resultado do processo penal referente ao crime militartipificado no art. 160 do CPM (desrespeitar superior hierárquico diante de outromilitar), por inexistir, neste caso, “concurso” de crime militar e contravençãodisciplinar.

Por outro lado, o entendimento aqui esposado não se aplica às hipóteses em queo militar pratica ato capitulado simultaneamente como crime comum e transgressãodisciplinar. Neste caso, a punição administrativa e a criminal terão fundamentosdistintos, tal como ocorre com os servidores públicos civis. A diferença entre elas seráde substância, não de grau. Por conseguinte, prevalecerá a autonomia das instânciaspenal e administrativa. É o caso, por exemplo, do militar da Aeronáutica que ingressaem Organização Militar da Força Aérea com arma de fogo de uso permitido, semautorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. A aludidaconduta configura, a um só tempo, crime comum (art. 14 da Lei 10.826/2003) etransgressão disciplinar (art. 10, n. 92, do Decreto 76.322/1975). Em assim sendo, omilitar poderá ser punido disciplinar e criminalmente, cabendo ressaltar que aAdministração Militar poderá exercer o direito de punir antes mesmo do desfecho doprocesso criminal.

II – Outra característica do poder disciplinar é seu discricionarismo, no sentidode que não está vinculado à prévia definição da lei sobre a infração funcionale respectiva sanção. Não se aplica ao poder disciplinar o princípio da penaespecífica que domina inteiramente o Direito Criminal comum, ao afirmar ainexistência da infração penal sem prévia lei que a defina e apene: nullumcrimen, nulla poena sine lege. Esse princípio não vigora em matériadisciplinar. O administrador, no seu prudente critério, tendo em vista osdeveres do infrator em relação ao serviço e verificando a falta, aplicará asanção que julgar cabível, oportuna e conveniente, dentre as que estiveremenumeradas em lei ou regulamento para a generalidade das infrações

Page 343: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

administrativas63.

O ensinamento em voga é aplicável aos militares. No entanto, há de se fazer umaressalva: por força do art. 5.º, LXI, da CF/1988, as transgressões disciplinaresapenadas com restrição de liberdade devem ser definidas, previamente, por lei emsentido estrito. Não se quer dizer com isso que, na esfera disciplinar militar, se exijauma correlação estrita entre a contravenção disciplinar e a respectiva pena, mas,unicamente, que a lei deve definir, em abstrato, as transgressões disciplinares passíveisde sanções restritivas de liberdade. Assim, uma vez praticada conduta descrita em leicomo transgressão disciplinar punível com pena privativa de liberdade (prisão,detenção, impedimento disciplinar, etc.), a autoridade militar, discricionariamente,poderá aplicar a que melhor se adequar ao caso concreto.

14.8. PUNIÇÕES DISCIPLINARES MILITARES NAS FORÇAS ARMADAS

14.8.1. Aspectos iniciais

A infração da disciplina, longe de constituir, como no serviço civil, episódioindividual, tende, pelos reflexos sobre o conjunto que o ambiente do enquadramentomilitar propicia, a influir nocivamente sobre o todo. A existência de meios eficazes eprontos para reprimi-las é então essencial. Com eles se garante a obediência às regrasdo serviço pela certeza infundida em cada um de não lhe ser dado violá-las sempunição (medidas preventivas) e pela imposição de sanções aos que as infrinjam(medidas de repressão)64. Certamente, um destes meios é a aplicação de penasrestritivas de liberdade ao militar infrator. Não é por outro motivo que a Constituiçãoas referendou, expressamente, nos casos de transgressão disciplinar militar definidaem lei.

14.8.2. Finalidade

A punição disciplinar tem dupla finalidade. Objetiva a reeducação do militarinfrator e o fortalecimento da disciplina e da justiça no âmbito das Forças Armadas.

14.8.3. Espécies

Cada Força, em razão de suas peculiaridades, dispõe de regulamentos próprios,nos quais estão descritas as punições aplicáveis. Dentre as principais espécies de

Page 344: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sanção disciplinar, destacam-se:

I – repreensão. Consiste na declaração formal de que o militar cometeudeterminada transgressão disciplinar. Poderá ser verbal ou escrita;

II – detenção, impedimento e prisão. São penas privativas de liberdade que, porforça do art. 47, § 1.º, da Lei 6.880/1980, não podem ultrapassar 30 (trinta)dias;

III – licenciamento e exclusão a bem da disciplina. São as penas máximasaplicáveis às praças da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Consistem naexclusão do serviço ativo do militar cuja permanência nas fileiras das ForçasArmadas se torna inconveniente. O licenciamento ex officio a bem dadisciplina é aplicável, exclusivamente, às praças sem estabilidadeassegurada65; a exclusão a bem da disciplina, aos aspirantes a oficial, guardas-marinhas e às praças com estabilidade assegurada, nos casos descritos no art.125, I, II e II, da Lei 6.880/1980.

Por fim, impõe-se frisar a impossibilidade de se aplicar aos militares penasdisciplinares que acarretem a execução de trabalhos forçados, tratamento degradante,humilhante, infame, cruel, castigos corporais66, em função do princípio da dignidadeda pessoa humana67 e do art. 5.º, XLVII, alíneas c e d, da CF/1988.

14.8.4. Competência para aplicar punição disciplinar

A competência para aplicar punição disciplinar decorre do cargo ocupado pelomilitar e não do seu grau hierárquico68. Por esta razão, somente as autoridadesinvestidas nos cargos descritos, taxativamente, nos regulamentos disciplinaresmilitares69, poderão aplicar punições disciplinares70.

Inegavelmente, quanto mais elevado for o cargo na estrutura hierarquizada dasForças Armadas maior será o universo de militares sujeitos ao poder disciplinarexercido por seu titular. Em virtude disso, o Presidente da República, titular do cargode Comandante Supremo das Forças Armadas, poderá aplicar punições disciplinares atodos os militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, independentemente deseus postos ou graduações. Os Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica, por sua vez, podem aplicar sanções disciplinares, no âmbito de suasrespectivas Forças, a todos os militares. De outro giro, quanto mais o cargo seaproxima da base da estrutura hierárquica das Forças Armadas, menor será aamplitude de militares sujeitos ao poder disciplinar dele decorrente.

Page 345: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Convém recordar que decorre do poder hierárquico o dever de controlar os atosdos subordinados, aferindo-lhes a legalidade, conveniência e oportunidade. Logo, aautoridade que ocupa cargo superior na cadeia de comando poderá cancelar, agravar,desde que motivadamente71, ou, ainda, atenuar a punição disciplinar imposta por seussubordinados, quando for ilegal, insuficiente, injusta ou excessiva, respectivamente.Poderá, também, relevar o cumprimento da sanção imposta. Exemplificando: numaBase da Força Aérea, em regra, estão sediadas Unidades Aéreas (Esquadrões de Voo)subordinadas administrativamente àquela. Se o Comandante do Esquadrão de Vooaplicar punição disciplinar a um militar que esteja sob seu comando direto, oComandante da Base Aérea, titular de cargo superior e a quem o infrator também estávinculado funcionalmente, poderá cancelar, agravar, atenuar ou relevar a sançãooriginalmente imposta.

Os regulamentos disciplinares indicam, ainda, as autoridades competentes paraaplicar punições disciplinares aos militares da reserva e reformados72.

14.8.5. Proibição de dupla punição por uma mesma transgressão disciplinar

É defesa a aplicação de duas punições por uma única infração disciplinar73, nummesmo processo administrativo, sob pena de se incorrer em bis in idem. Esta,inclusive, é a orientação contida na Súmula 19 do STF74. Destarte, se o militar praticauma determinada transgressão ou contravenção disciplinar, caberá à autoridadecompetente, no exercício do poder disciplinar, aplicar-lhe, discricionariamente, umadas penas previstas nos regulamentos disciplinares, sendo vedada a dupla punição.Por isso, se o militar, e.g., foi punido, primeiramente, com pena de prisão oudetenção, não poderá, pela mesma falta, ser, também, licenciado a bem da disciplina,por força da proibição da dupla punição75.

14.8.6. Relevação do cumprimento da punição disciplinar

A relevação consiste na suspensão do cumprimento da sanção disciplinarimposta, nos casos descritos, taxativamente, nos regulamentos disciplinares. Visa,exclusivamente, à suspensão do cumprimento da pena. Por conseguinte, não tem ocondão de suspender ou eliminar os demais efeitos da reprimenda aplicada, tais comoalteração de comportamento militar, assentamento em registro funcional, etc. Paraestes fins, a punição será considerada como se integralmente cumprida fosse.

14.8.7. Cancelamento de punição disciplinar

Page 346: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

É aplicável à punição efetivamente cumprida ou relevada. Visa cancelar o registroe demais anotações dela decorrentes, lançados nos assentamentos funcionais domilitar. O cancelamento será concedido, ex officio ou mediante requerimento dointeressado, desde que satisfeitas as condições descritas nos regulamentosdisciplinares. O cancelamento da punição disciplinar produz efeitos ex nunc, nãoretroagindo para quaisquer fins.

14.8.8. A incomunicabilidade do transgressor para interrogatório

Nos termos do art. 34, n. 5, do RDAer, os detidos para averiguações podem sermantidos incomunicáveis para interrogatório. A cessação da incomunicabilidadedepende da ultimação das averiguações procedidas com a máxima urgência, nãopodendo, de qualquer forma, o período de incomunicabilidade ser superior a quatrodias.

Cumpre examinar se o dispositivo em questão foi recepcionado pela nova ordemconstitucional. Entendemos que não.

De acordo com a doutrina majoritária, o art. 21 do CPP, que prevê aincomunicabilidade do indiciado, não foi recepcionado pela Carta Política de 1988. Omaior defensor desta tese, sem dúvidas, tem sido Fernando da Costa Tourinho Filho,ao sustentar que, se durante o estado de defesa, quando o Governo deve tomarmedidas enérgicas para preservar a ordem pública ou a paz social, ameaçadas porgrave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandesproporções na natureza, podendo as autoridades determinar medidas coercitivas,destacando-se restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio dasassociações, ao sigilo da correspondência e ao sigilo de comunicação telegráfica etelefônica, havendo até prisão sem determinação judicial, tal como disciplinado no art.136 da CF, se, malgrado todas essas medidas severíssimas, não se pode decretar aincomunicabilidade do preso, com muito mais razão não há que se falar emincomunicabilidade na fase do inquérito policial76.

No mesmo sentido, leciona Júlio Fabbrini Mirabete, ao afirmar que o art. 21 estárevogado pela nova Constituição Federal que, no capítulo destinado ao “Estado deDefesa e Estado de Sítio”, proclama que é “vedada a incomunicabilidade do preso”(art. 136, § 3.º, IV). E continua o autor: além disso, a nova Carta Política asseguraainda ao preso a “assistência da família e do advogado” (art. 5.º, LXIII), determinandoque sua prisão seja comunicada imediatamente ao juiz competente e à “família dopreso ou à pessoa por ele indicada” (art. 5.º, LXII)77.

Ora, se nem mesmo na fase do inquérito policial, nos casos de crime comum ou

Page 347: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

militar, é possível a manutenção do preso incomunicável78 – de acordo com oentendimento doutrinário predominante, ao qual nos filiamos –, muito menos o serádurante as averiguações de simples transgressão disciplinar, que, como já sustentado,se difere do crime militar, por ser ofensa menos grave à obrigação e ao dever militar.Por tais motivos, entendemos que o art. 34, n. 5, do Decreto 76.322/1975, não foirecepcionado pela Constituição de 1988.

14.8.9. Prescrição

De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, costuma-se falar em prescriçãoadministrativa em diferentes sentidos: ela designa, de um lado, a perda do prazo pararecorrer de decisão administrativa; de outro, significa a perda do prazo para que aAdministração reveja os próprios atos; finalmente, indica a perda do prazo para aaplicação de penalidades administrativas79.

Qualquer que seja o sentido adotado, a prescrição administrativa incide,necessariamente, sobre as relações existentes entre a Administração e administrado eentre aquela e seus servidores, estabilizando-as após o decurso do prazo fixado emnorma legal. Consequentemente, a Administração, o administrado e o servidor nãomais poderão praticar o ato prescrito.

Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas não estabelecem prazos paraaplicação de punição disciplinar. Para Jorge César de Assis80, essa ausência confere àssanções disciplinares militares caráter de absoluta imprescritibilidade81.

Não adotamos este entendimento. Como já salientado, não há uma distinçãoontológica entre crime militar e transgressão disciplinar, tendo sido adotado, comcritério legal diferenciador, o mesmo utilizado para distinguir crime comum decontravenção penal, ou seja, a imposição de sanções mais graves às condutas queacarretem maior lesão ao bem jurídico tutelado. Ora, se, no âmbito do Direito PenalMilitar – no qual a ofensa ao dever militar é mais intensa –, há perda do direito depunir do Estado pelo decurso de tempo82, parece-nos inexistir razão para que, naesfera disciplinar, a transgressão ou contravenção disciplinar, cuja ofensa ao devermilitar é menos intensa, seja imprescritível. Ademais, consoante já decidiu o PretórioExcelso83, em matéria de prescrição em nosso sistema jurídico, inclusive no terreno dodireito disciplinar, não há que se falar em jus singulare, uma vez que a regra é a daprescritibilidade84. No mesmo diapasão, é a lição de Hely Lopes Meirelles85. Para ofestejado jurista, mesmo na falta de lei fixadora do prazo prescricional, não pode oservidor público ou o particular ficar perpetuamente sujeito a sanção administrativapor ato ou fato praticado há muito tempo. Por fim, a imprescritibilidade acarretaria a

Page 348: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

completa inutilidade do art. 322 do CPM86.Qual seria, então, o prazo prescricional para a aplicação das punições previstas

nos regulamentos disciplinares das Forças Armadas?Não obstante o silêncio destes regulamentos, entendemos que a matéria em

questão foi disciplinada pela Lei 5.836/1972 e pelo Decreto 71.500/1972, que regem,respectivamente, o Conselho de Justificação e o Conselho de Disciplina87. É queambas as normas88 possibilitam a aplicação de pena disciplinar ao militar infrator, se aautoridade competente considerar contravenção ou transgressão disciplinar o motivoque ensejou a instauração do Conselho, desde que não tenham transcorrido seis anos,computados da data em que foram praticados. Por este motivo, entendemos que oprazo prescricional para a aplicação de punição disciplinar aos militares federais é deseis anos.

Registra-se, por oportuno, que os prazos descritos nos parágrafos únicos do art.18 da Lei 5.836/1972 e do art. 17 do Decreto 71.500/1972 não são aplicáveis àstransgressões ou contravenções disciplinares pelos motivos aduzidos a seguir.

De acordo com estes dispositivos, quando a infração administrativa forcapitulada também como crime militar, o prazo prescricional será o estabelecido noCódigo Penal Militar. Todavia, como já dito, por força do art. 42, § 2.º, da Lei6.880/1980, “no concurso” de crime militar e de transgressão disciplinar, quandoforem da mesma natureza, será aplicada somente a pena relativa ao crime.Consequentemente, se o ato praticado pelo miliciano for crime militar, ele não poderáser punido disciplinarmente. De outro lado, se for absolvido, o ilícito que antes era,em tese, administrativo e crime militar, passará a ser, tão somente, disciplinar, ou seja,infração administrativa pura. Por isso, o prazo prescricional será sempre de seis anos.

Impõe-se frisar que, em razão de expressa previsão legal89, o prazo prescricionalé computado da data em que os atos foram praticados, ainda que só se tornempúblicos em momento posterior. Por conseguinte, nem mesmo por analogia aplica-seaos militares o art. 142, § 1.º, da Lei 8.112/199090.

Por derradeiro, a Lei 5.836/1972 e o Decreto 71.500/1972 não contemplam causasde suspensão e interrupção da prescrição para as infrações administrativas puras.Logo, uma vez transgredidos os regulamentos disciplinares das Forças Armadas, olapso prescricional fluirá sem pausas. Assim, se um militar da Aeronáutica desrespeitaum superior hierárquico, em tese, terá cometido crime militar (art. 160 do CPM) etransgressão disciplinar (art. 10, n. 21, do RDAer). Contudo, em razão do art. 42, §2.º, da Lei 6.880/1980, a ele só poderá ser aplicada a pena relativa ao crime. Se, aofinal do processo penal, o miliciano é absolvido, e.g., por ter sido comprovado nos

Page 349: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

autos que o ato desrespeitoso não foi presenciado por outro militar, mas, apenas, porcivis, o ilícito passa a ser infração administrativa pura. Logo, o militar poderá serpunido disciplinarmente, após o trânsito em julgado da decisão absolutória, desde quenão tenham transcorrido seis anos da data em que os atos foram praticados, nãoestando este prazo sujeito a suspensões ou interrupções.

14.8.10. Habeas corpus e punição disciplinar

Foi a Constituição Federal de 1934 (art. 113, n. 23) que, pela primeira vez,proclamou, expressamente, o não cabimento de habeas corpus em relação atransgressões disciplinares. Desde então, essa vedação vem sendo mantida pelasdemais Cartas Políticas. Seguindo a tradição, a Constituição Federal de 1988 tambémvedou o cabimento de habeas corpus em relação a punições disciplinares (art. 142, §2.º)91. Tal restrição, no entanto, não é absoluta. Como salienta Alexandre de Moraes92,essa previsão constitucional deve ser interpretada no sentido de que não haveráhabeas corpus em relação ao mérito das punições disciplinares.

Portanto, é perfeitamente cabível a impetração do writ, visando aferir a legalidadedo ato administrativo (punição disciplinar) que implique privação do direito delocomoção do infrator93, em casos como: a) aplicação de pena privativa de liberdadenão prevista nos regulamentos disciplinares94 ou para reprimir conduta não descritacomo transgressão disciplinar nos citados regulamentos95; b) punição fixada fora doslimites descritos no Estatuto dos Militares96 e nos regulamentos militares97; c) puniçãoimposta ou agravada por autoridade incompetente; d) inobservância do devidoprocesso legal (art. 5.º, LIV, da CF/1988); e) quando não forem assegurados aoinfrator o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art.5.º, LV, da CF/1988), etc.

Por não implicar perda do direito de locomoção, não é cabível a impetração dehabeas corpus contra: a) pena de exclusão de militar ou perda de patente ou funçãopública (Súmula 694 do STF); b) punições de advertência, repreensão, licenciamentoa bem da disciplina, etc.

14.8.11. Alterações no comportamento militar

Os regulamentos disciplinares do Exército e da Aeronáutica atribuem eclassificam o comportamento militar das praças98. Em ambas as Forças, ocomportamento militar varia em ordem decrescente, de excelente a mau, passandopelo ótimo, bom e insuficiente. O comportamento varia em função da quantidade de

Page 350: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

punição sofrida num determinado lapso temporal.Todo cidadão, ao ser incorporado na Força de Terra ou de Ar, ingressa no bom

comportamento. Preenchidos os requisitos descritos nos respectivos regulamentosdisciplinares, passam para o ótimo e, finalmente, para o excepcional ou excelente.Contudo, se forem punidos disciplinarmente, poderão seguir o caminho inverso,regredindo para o insuficiente e, na sequência, para o mau comportamento.

Imaginemos a seguinte situação: um soldado, em abril de 2008, é incorporado àForça Aérea Brasileira, ingressando no bom comportamento a partir desta data. Emoutubro de 2008, comete transgressão disciplinar grave, sendo punido com 15(quinze) dias de prisão comum. Em fevereiro de 2009, pratica outra infração, tendosido punido com seis dias de prisão. Por força do art. 40, n. 4, a, do RDAer99, omilitar ingressará no insuficiente comportamento. Se, em maço de 2009, transgridenovamente a disciplina castrense, sendo apenado com 10 (dez) dias de prisão, migrarápara o mau comportamento, ante ao exposto no art. 40, n. 5, do RDAer100.

Para efeito da classificação de comportamento, os regulamentos disciplinarespreveem a conversão de determinadas penas em prisão comum. Para a Aeronáutica,duas repreensões transcritas em boletim equivalem a um dia de detenção e dois diasde detenção a um de prisão comum. Um dia de prisão sem fazer serviço corresponde adois dias de prisão comum. No Exército, uma prisão equipara-se a duas detenções, euma detenção, a duas repreensões.

14.9. RESUMO DA MATÉRIA

Obrigações e deveres militares

As obrigações militares são compostas pelo valor militar e ética militar.

Valor militar

O valor militar é externado, essencialmente, por meio de manifestações de: a) patriotismo;b) civismo e culto das tradições históricas; c) fé na missão elevada das Forças Armadas; d)espírito de corpo; e) amor à profissão das armas; f) constante aprimoramento técnico-profissional, etc.

Ética militar

Ética militar consiste no sentimento do dever, no pundonor militar, no decoro da classe.Vedou-se ao militar da ativa, em nome da ética miliciana, comerciar ou tomar parte na

Page 351: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto comoacionista ou quotista, em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. Ooficial da ativa que descumprir a proibição em tela cometerá, em tese, crime militartipificado no art. 204 do Código Penal Militar (CPM). Trata-se de crime próprio, uma vezque só pode ser cometidos por oficiais da ativa. Se a praça não observar a proibição emvoga, não cometerá o ilícito penal acima tipificado, mas, tão somente, contravenção outransgressão disciplinar.

Dever de obediência

O dever de obediência imposto constitucionalmente aos militares não tem o condão deimpeli-los à prática de atos manifestamente ilegais ou criminosos, pois ninguém possui odever de cometer ilegalidades e ilicitudes. Todavia, se a ordem não for manifestamenteilegal ou criminosa, o subordinado tem o dever de cumpri-la rigorosamente, não só emfunção da hierarquia e da disciplina, mas, também, do princípio da presunção relativa delegitimidade dos atos administrativos.

A violação das obrigações ou dos deveres militares

A violação das obrigações ou dos deveres militares constituirá crime, contravenção outransgressão disciplinar.

A violação dos preceitos da ética militar será tão mais grave quanto mais elevado for ograu hierárquico de quem a praticar.

Contravenção ou transgressão disciplinar

Contravenção ou transgressão disciplinar é toda ação ou omissão que, embora nãoconstitua crime militar, é ofensiva à ética, às obrigações ou aos deveres militares, ou, ainda,que afete a honra pessoal, o pundonor militar, o decoro da classe, e, como tal, é classificadapelos regulamentos disciplinares das Forças Armadas.

As transgressões ou contravenções disciplinares são classificadas, nos regulamentosdisciplinares do Exército e da Aeronáutica, em graves, médias e leves.

Os regulamentos disciplinares de cada Força descrevem, taxativamente, as circunstânciasatenuantes, agravantes e justificativas da transgressão disciplinar. Em havendo concurso detransgressões disciplinares relacionadas entre si ou cometidas simultaneamente, ouseguidamente, as de menor potencial ofensivo serão consideradas circunstâncias agravantesdaquela de maior potencial ofensivo.

Nos termos dos regulamentos disciplinares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, osmilitares da ativa, da reserva remunerada e os reformados estão sujeitos às penalidadesdisciplinares neles descritas.

A infração disciplinar militar deverá ser apurada mediante regular processoadministrativo, assegurando-se ao acusado o contraditório e a ampla defesa, com os meios erecursos a ela inerentes, nos termos do art. 5.º, LV, da CF/1988, sob pena de nulidade da

Page 352: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sanção aplicada.Por força do art. 5.º, LXI, da CF/1988, as transgressões disciplinares apenadas com

restrição de liberdade devem ser definidas, previamente, por lei em sentido estrito.O crime militar e a transgressão disciplinar se distinguem, apenas, em função do grau da

ofensa às obrigações e aos deveres militares, competindo ao legislador tipificar determinadaconduta como crime militar ou enquadrá-la como transgressão disciplinar. Por tais motivos,no “concurso” de crime militar e contravenção ou transgressão disciplinar, quando forem damesma natureza, será aplicada somente a pena relativa ao crime (art. 42, § 2.º, da Lei6880/1980). O ilícito penal absorverá o administrativo, o que não ocorre no âmbito civil.

Punições disciplinares militares nas Forças Armadas

A punição disciplinar tem dupla finalidade: objetiva a reeducação do militar infrator e ofortalecimento da disciplina e da justiça no âmbito das Forças Armadas.

Cada Força, em razão de suas peculiaridades, dispõe de regulamentos próprios, nos quaisestão descritas as punições aplicáveis. Dentre elas estão: a) repreensão verbal ou escrita; b)detenção, impedimento e prisão, penas privativas de liberdade que, por força do art. 47, §1.º, da Lei 6.880/1980, não podem ultrapassar 30 (trinta) dias; c) licenciamento e exclusão abem da disciplina. O primeiro é aplicável, exclusivamente, às praças sem estabilidadeassegurada; o segundo, aos aspirantes a oficial, guardas-marinhas e às praças comestabilidade assegurada.

A competência para aplicar punição disciplinar decorre do cargo ocupado pelo militar enão do seu grau hierárquico. Por esta razão, somente as autoridades investidas nos cargosdescritos, taxativamente, nos regulamentos disciplinares militares, poderão aplicar puniçõesdisciplinares.

O Presidente da República, titular do cargo de Comandante Supremo das Forças Armadas,poderá aplicar punições disciplinares a todos os militares da Marinha, do Exército e daAeronáutica, independentemente de seus postos ou graduações.

É defesa a aplicação de duas punições por uma única infração disciplinar, num mesmoprocesso administrativo, sob pena de se incorrer em bis in idem (Súmula 19 do STF).

A relevação consiste na suspensão do cumprimento da sanção disciplinar imposta, noscasos descritos, taxativamente, nos regulamentos disciplinares.

Cancelamento de punição disciplinar é aplicável à punição efetivamente cumprida ourelevada. Visa cancelar o registro e demais anotações dela decorrentes, lançados nosassentamentos funcionais do militar.

Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas não estabelecem prazos paraaplicação de punição disciplinar, o que foi feito pela Lei 5.836/1972 e pelo Decreto71.500/1972. De acordo com as aludidas normas, o prazo prescricional é de seis anos.

É cabível a impetração de habeas corpus, visando aferir a legalidade do atoadministrativo (punição disciplinar) que implique privação de locomoção do infrator.

Page 353: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Os regulamentos disciplinares do Exército e da Aeronáutica atribuem e classificam ocomportamento militar de suas praças. Em ambas as Forças, o comportamento militar varia,em ordem decrescente, de excelente a mau, passando pelo ótimo, bom e insuficiente, emfunção da quantidade de punição sofrida num determinado lapso temporal. Todo cidadão, aoser incorporado na Força de Terra ou de Ar, ingressa no bom comportamento.

14.10. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar daMarinha T/2006. Direito) – Assinale a opção que NÃO representa umdever militar:a) O culto aos Símbolos Nacionais.b) A probidade e a lealdade em todas as circunstâncias.c) A dedicação e a fidelidade ao Comandante, ainda que com o sacrifício da própria

vida.d) A obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.e) O rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens.

2. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar daMarinha T/2008. Direito)- Conforme dispõe o Estatuto dos Militares,são, respectivamente, expressões do valor militar, da ética militar e dodever militar:a) o aprimoramento técnico-profissional; zelar pelo preparo próprio; a probidade em

todas as circunstâncias.b) a probidade em todas as circunstâncias; zelar pelo preparo próprio; o aprimoramento

técnico-profissional.c) a probidade em todas as circunstâncias; o aprimoramento técnico-profissional; zelar

pelo preparo próprio.d) o aprimoramento técnico-profissional; a probidade em todas as circunstâncias; zelar

pelo preparo próprio.e) zelar pelo preparo próprio; a probidade em todas as circunstâncias; o aprimoramento

técnico-profissional.

3. (Comando Exército – admissão 2006 ao QCO/QC 2007) – Transgressão

Page 354: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

disciplinar é toda a ação praticada, pelo militar, contrária à ética, aosdeveres e às obrigações militares, por consequência, há necessidadede imediata repressão para preservar os princípios da hierarquia e dadisciplina, sendo as responsabilidades nas esferas cível, criminal eadministrativa independentes entre si, consoante previsto noRegulamento Disciplinar do Exército (RDE). Dessa forma, quando emum inquérito policial militar verificar-se que há o concurso de crime etransgressão disciplinar de mesma natureza, deve-se adotar aseguinte providência:a) a autoridade militar competente para aplicar a pena disciplinar deve imediatamente

aplicar a sanção disciplinar julgada cabível, conforme o RDE.b) a autoridade militar competente para aplicar a pena disciplinar deve aguardar o

pronunciamento da Justiça Militar, para posterior avaliação da questão no âmbitoadministrativo.

c) a autoridade militar competente para aplicar a sanção disciplinar deve convocar otransgressor para apresentar defesa e, se for o caso, punir conforme o RDE.

d) a autoridade militar competente para aplicar a pena disciplinar deve instaurarsindicância para apurar a transgressão disciplinar e, se for o caso, punir conforme oRDE.

e) a autoridade militar competente para aplicar a pena disciplinar deve considerar aquestão encerrada no âmbito administrativo ao remeter o inquérito à Auditoria Militar.

Esta questão deve ser respondida com base no Decreto 4.346, de 26 de agosto de2002.

4. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar daMarinha T/2008. Direito) – Considerando as normas previstas noRegulamento Disciplinar para a Marinha, aprovado pelo Decreto88.545/1983, é correto afirmar que:a) o recurso que vise modificar pena disciplinar imposta pela autoridade competente

poderá ser impetrado dentro do prazo de oito dias da data da aplicação.b) são penas disciplinares aplicáveis a sargentos: a repreensão, o impedimento, o

serviço extraordinário, a prisão simples e a prisão rigorosa.c) são circunstâncias agravantes da contravenção disciplinar: o acúmulo de

contravenções na carreira, a reincidência, a premeditação e os maus antecedentesmilitares.

d) são circunstâncias atenuantes da contravenção disciplinar: os bons antecedentes, aordem de superior hierárquico, o tempo de serviço militar menor de seis meses.

e) toda pena disciplinar, exceto a repreensão verbal, será imposta a suboficiais mediante

Page 355: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Ordem de Serviço.

5. De acordo com os regulamentos disciplinares da Marinha, do Exércitoe da Aeronáutica, estão sujeitos às penalidades disciplinares nelesdescritas:a) os militares da ativa, apenas.b) os militares da ativa e da reserva remunerada.c) os militares da ativa, da reserva remunerada, da reserva não remunerada e os

reformados.d) os militares da ativa e reformados.e) os militares da ativa, da reserva remunerada e os reformados.

6. As contravenções disciplinares descritas no regulamento disciplinarpara a Marinha (Decreto 88.545/1983) são classificadas em:a) graves e médias.b) médias e leves.c) graves, médias e leves.d) graves e leves.e) graves, médias, leves e levíssimas.

7. (AGU 2002. Adaptada) – Julgue os itens abaixo.O habeas corpus é remédio jurídico adequado para analisar o aspecto da legalidade do

ato da punição por transgressão militar.

8. (MPM – Promotor 2005) – segundo o Regulamento Disciplinar doExército, a punição disciplinar consistente em admoestação verbaldenomina-se:a) Censura.b) Advertência.c) Repreensão.d) Detenção.

9. (STM – Juiz-Auditor 1996) – Os regulamentos disciplinares

Page 356: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

especificam e classificam as contravenções ou transgressõesdisciplinares e estabelecem normas relativas à amplitude deaplicação das penas disciplinares, à classificação do comportamentoe à interposição de recursos contra as penas disciplinares. As penasdisciplinares de impedimentos, detenção e de prisão não podemultrapassar:a) 15 dias.b) 20 dias.c) 30 dias.d) 40 dias.

10. STM – Juiz-Auditor 1996) – O Regulamento Disciplinar para aMarinha estabelece que as contravenções disciplinares serãopunidas com punições disciplinares. Os Oficiais da ativa poderão serpunidos com:a) dispensa de funções de atividade.b) exclusão do serviço ativo.c) impedimento de até 30 (trinta) dias.d) prisão rigorosa de até 10 (dez) dias.

11. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliarda Marinha T/2006. Direito) – De acordo com o RegulamentoDisciplinar da Marinha, a admoestação que o superior fizer aosubalterno, mostrando-lhe irregularidade praticada no serviço ouchamando sua atenção para fato que possa trazer comoconsequência uma contravenção,a) considera-se censura.b) considera-se advertência.c) considera-se repreensão.d) considera-se detenção.e) não é considerada como pena.

12. (MPAM – Promotor de Justiça 2007. Adaptada) – A respeito dasnormas constitucionais que regem os órgãos de defesa do Estado edas instituições democráticas, julgue os itens que se seguem.

Page 357: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

I – Como regra, não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.Contudo, admite-se a veiculação desse instrumento contra punição disciplinar militarquando a discussão se referir a quatro pressupostos de legalidade, quais sejam: ahierarquia, o poder disciplinar, o ato ligado à função e a pena suscetível de seraplicada disciplinarmente.

13. (STM – Juiz-Auditor 2005) – O Regulamento Disciplinar para aMarinha (Decreto 88.545, de 26 de julho de 1983), em vigor, estabeleceque as contravenções disciplinares serão punidas com penasdisciplinares. A pena disciplinar máxima passível de aplicação a umMarinheiro em tempo de paz é:a) morte.b) prisão simples de até 180 dias.c) prisão rigorosa de até 30 dias.d) licenciamento ou exclusão do serviço ativo, a bem da disciplina.

14. (STM – Juiz-Auditor 2005) – O Regulamento Disciplinar do Exército(Decreto 4.346, de 26 de agosto de 2002), em vigor, estabelece que acompetência para aplicar punições disciplinares é definida pelo cargoe não pelo grau hierárquico. Assim sendo, a única autoridade comcompetência para punir disciplinarmente qualquer militar do Exército,da ativa, da reserva ou reformado é:a) o Presidente da República.b) o Ministro da Defesa.c) o Comandante do Exército.d) o Chefe do Estado-Maior do Exército.

15. (STM – Juiz-Auditor 2005) – De Acordo com o RegulamentoDisciplinar da Aeronáutica (Decreto 76.322, de 22 de setembro de1975), em vigor, o militar da Aeronáutica que se considerar punidoinjustamente, poderá usar o seguinte recurso disciplinar:a) Pedido de reabilitação.b) Pedido de anulação de punição.c) Pedido de cancelamento de punição.d) Pedido de reconsideração de ato ou representação.

Page 358: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Gabarito

1. c 2. a 3. b

4. e 5. e 6. d

7. Certo 8. b 9. c

10. d 11. e 12. Certo

13. d 14. c 15. d

1 Capítulo IV da Portaria 156, de 23 de abril de 2002, que aprova o Vade-Mécum de CerimonialMilitar do Exército – Valores, Deveres e Ética Militares (VM 10). Disponível no seguinteendereço eletrônico:<http://www.sgex.eb.mil.br/vade_mecum/valores_etica_militares/vade_mecum.htm>.

2 O espírito de corpo reflete o nível de coesão e de camaradagem existente entre os integrantes dasForças Armadas.

3 O pundonor militar impõe ao militar o dever e a obrigação de ser um profissional exemplar ecorreto em suas atitudes, estando ou não no exercício de funções militares.

4 A autoridade, que decorre da hierarquia militar, não se confunde com arbitrariedade, devendo serexercida em conformidade com a lei.

5 Art. 29 da Lei 6.880/1980.6 De acordo com o item 121 do anexo I do Decreto 90.608, de 4 de dezembro de 1984, constitui

transgressão disciplinar o exercício qualquer atividade comercial ou industrial, ressalvada aspermitidas pelo Estatuto dos Militares.

7 O Decreto 6.806, de 25 de março de 2009, delegou competência ao Ministro de Estado daDefesa para aprovar o Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e CerimonialMilitar das Forças Armadas. Foi, então, editada a Portaria Normativa 660/MD, de 19 de maio de2009, que, atualmente, aprova o Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito eCerimonial Militar das Forças Armadas.

8 A Probidade, cujo significado está relacionado à ideia de honestidade, integridade, justiça,retidão, equidade, observância de princípios éticos, de boa-fé, etc., decorre dos preceitos da éticamilitar, em especial, daqueles que impõe aos militares proceder de maneira ilibada na vidapública e na particular (art. 28, XIII, da Lei 6.880/1980).

9 Acaso a ordem pareça obscura, caberá ao subalterno solicitar à autoridade que a expediu os

Page 359: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

esclarecimentos necessários para o fiel cumprimento da mesma.10 SARASETE. Paulo. A Constituição ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Livraria Freitas

Bastos, 1967, p. 415.11 Como salientado anteriormente (item 14.4), entendemos que o Decreto 90.608/1984 foi

recepcionado pela CF/1988 como lei ordinária. Em consequência, não pode ser revogado por umato administrativo normativo (Decreto 4.346/2002).

12 Portaria 1275/GC3, de 9 de dezembro de 2007.13 Art. 120 do Decreto 98.820, de 12 de janeiro de 1990. “Todo responsável pelo cumprimento de

ordens que no seu entendimento, impliquem prejuízo para a União, ou contrariem a legislaçãovigente, deve ponderar sobre o assunto, destacando as consequências de sua execução. Parágrafoúnico. Quando, não obstante a ponderação, a autoridade confirmar a ordem, por escrito, osubordinado a cumprirá. Após a execução da ordem, participará por escrito que a determinaçãofoi efetivada de acordo com este artigo, ficando, por consequência isento de responsabilidade.”

14 Como já salientou o STF, a Administração Militar, nem mesmo em nome da hierarquia e dadisciplina, está isenta do dever de obediência ao princípio da legalidade. De acordo com aSuprema Corte, os princípios gerais regentes da Administração Pública, previstos no art. 37,caput, da Constituição, são invocáveis de referência à administração de pessoal militar federal ouestadual, salvo no que tenha explícita disciplina em atenção às peculiaridades do serviço militar(ADI 1.694-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 30/10/1997, DJ de 15/12/2000).

15 Em sentido assemelhado: a) “para que a ordem deva ser cumprida, deve o subordinadoconstatar se não há ilegalidade clara, sob pena de cumprir a ordem e responder pela sua ação emconcurso de agentes. Conforme ensina Themístocles Brandão Cavalcanti, o funcionário é sempreobrigado a cumprir as ordens dos seus superiores nas questões atinentes ao serviço, salvo ocaso em que o cumprimento da ordem possa causar dano ou seja manifestamente ilegal”(COSTA, Alexandre Henrique da et alii. Direito administrativo disciplinar militar. Regulamentodisciplinar da polícia militar do Estado de São Paulo anotado e comentado. São Paulo: Supremacultura, 2006, p. 77); b) “a disciplina exigida pela Constituição não é cega. Não há de levar aocumprimento de ordem manifestamente ilegal. Importa em recusar obediência à ilegalidade. Nisto,não há entorse à hierarquia. O poder de superior hierárquico provém da lei. Na medida em que elecomanda contra a lei, renega a fonte de sua autoridade e consequentemente dela se despe”(FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. Comentários à constituição brasileira: EmendaConstitucional 1, de 17 de outubro de 1969. São Paulo, Saraiva, 1974, 3v, p. 180); c) asdeterminações superiores devem ser cumpridas fielmente, sem ampliação ou restrição, a menosque sejam manifestamente ilegais. No tocante a essa questão, a doutrina não é uniforme, mas onosso sistema constitucional, com o declarar de que ‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar defazer alguma coisa, senão em virtude de lei’ (art. 5.º, II), torna claro que o subordinado não podeser compelido, pelo superior, a praticar ato evidentemente ilegal. O respeito hierárquico não vaiao ponto de suprimir, no subalterno, o senso do legal e do ilegal, do lícito e do ilícito, do bem e domal” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. Ed. Malheiros, 1997,p. 106).

16 O art. 5.º, III, da CF/1988 proíbe, expressamente, a prática de tortura. A Lei 9.445, de 7 de abril

Page 360: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de 1997, define o crime de tortura.17 Este, inclusive, é o entendimento firmado no Superior Tribunal Militar (STM), conforme se

depreende do seguinte aresto: “Recusa de obediência. O crime tipificado no artigo 163 do CPMimpõe a existência de ordem legal a ser obedecida. ‘In casu’, não houve nem voz de prisão, dadapelo superior, nem a indicação de dever imposto em lei, regulamento ou instrução a que osubordinado estivesse obrigado a cumprir. Negado provimento ao apelo do MPM. Decisãounânime.” (Apelfo – Apelação (FO): 1990.01.046046-2 UF: DF. Ministro Relator: Aldo da SilvaFagundes. Ministro Revisor: Wilberto Luiz Lima).

18 Em sentido semelhante: “Não se comprehende um exercito deliberante. Salvo em casosexcepcionalíssimos, de illegalidade evidente e de effeitos irreparáveis, prevalece para o soldadoa regra de obedecer, primeiro, e representar, depois, contra a ordem, pelos meios regulares”(SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos. Comentários à Constituição Brasileira de 1891.Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. Ed. fac-similar, p. 244).

19 “Apelação. Recusa de obediência (CPM, art 163). Exercício regular de direito. Excludente nãocaracterizada. Não cabe ao subordinado invocar o parágrafo único do art. 2.º do RDAER paradescumprir ordem legal de seu superior, a qual se revelou clara e objetiva, sem apresentarexcesso. Ao invés de seguir os trâmites legais impostos no Regulamento Disciplinar, optou oAcusado por injustificável quebra dos laços da obediência hierárquica e da disciplina militares,incidindo, assim, no tipo penal previsto no art. 163 do CPM. Improvido o apelo defensivo.Decisão unânime.” (STM. Processo 2006.01.050473-7 UF: AM Decisão: 17/04/2007. Proc:Apelfo – Apelação (FO) Cód. 40). Publicação: 31/05/2007. Ministro Relator: Valdesio Guilhermede Figueiredo).

20 A Marinha, tradicionalmente, tem adotado a expressão “contravenção disciplinar” para indicaros atos contrários à disciplina castrense. Por outro lado, tem sido tradição no Exército e naAeronáutica adotar a expressão “transgressão disciplinar”.

21 Art. 42, § 1.º, da Lei 6.880/1980.22 Art. 204 do CPM.23 Constitui transgressão disciplinar;exercer o militar da ativa qualquer atividade comercial ou

industrial, ressalvadas as permitidas pelo Estatuto dos Militares (Item 121 do anexo I do Decreto90.608/1984).

24 Art. 9.º do CPM.25 Acantonamento de mobilização é o local onde, inicialmente, ficam instalados os recursos

humanos depois de mobilizados.26 Art. 10 do CPM.27 O crime militar se distingue da transgressão disciplinar, basicamente, em razão do grau de

ofensa ao dever militar. Naquele, a ofensa é mais grave ao passo que nesta, a ofensa é menosgrave.

28 As Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares possuem, igualmente, RegulamentosDisciplinares que definem as transgressões disciplinares e as punições aplicáveis.

Page 361: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

29 Art. 20 do Decreto 90.608/1984 – RDE.30 Art. 12, parágrafo único, do Decreto 76.322/1975 – RDAer.31 Art. 10, n. 55, do RDAer.32 Art. 10, n. 21, do RDAer.33 A Súmula 55 do STF que assim dispões: “militar da reserva está sujeito a pena disciplinar”.34 Entendemos que os militares reformados não estão sujeitos à punição disciplinar, por estarem

dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa (art. 3.º, § 1.º, b, II, da Lei6.880/1980). Esta, inclusive, é a previsão contida na Súmula 56 do STF, que veda a aplicação depena disciplinar aos militares reformados.

35 “Militar (da reserva). Advocacia (atividade). Disciplina (militar). Inviolabilidade (advogado).Habeas corpus (cabimento). 1. Os membros das Forças Armadas estão sujeitos, é claro, àhierarquia e à disciplina militares. 2. Todavia o militar da reserva remunerada no exercício daprofissão de advogado há de estar protegido pela inviolabilidade a que se referem os arts. 133 daConstituição e 2.º, §§ 2.º e 3.º, do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906, de 1994). 3. A imunidade, ébem verdade, não é ampla nem é absoluta. Protege, isto sim, os razoáveis atos e as razoáveismanifestações no salutar exercício da profissão. 4. Há ilegalidade ou abuso de poder ao sepretender punir administrativamente o militar que, no exercício da profissão de advogado, praticouatos e fez manifestações, num e noutro caso, sem excesso de linguagem nas petições por eleassinadas. 5. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, bem como o advogadoé inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão. 6. Habeas corpus deferido afim de se determinar o trancamento da sindicância.” (HC 44.085/RJ, Rel. Ministro Nilson Naves,Sexta Turma, julgado em 18/10/2005, DJ 15/05/2006 p. 293).

36 “No mérito, determinou-se o arquivamento dos autos. Salientou-se que o indiciado, embora noexercício de mandato de Deputado Federal, submeter-se-ia à aplicação da lei penal militar por sermilitar da reserva remunerada (CPM, art. 9.º, III e 13), estando presentes, em tese, os elementosconstitutivos do tipo penal militar apontado. Entretanto, entendeu-se haver incidência, na espécie,da imunidade material parlamentar, haja vista que os fatos narrados guardariam relação deconexão com a condição de parlamentar do investigado, eis que ele fora eleito com votos deoutros membros da corporação militar a que pertence e, ao publicar a referida notícia, teria agidono legítimo exercício do mandato representativo de que estava investido.” (Inq. 2.295/MG, rel.orig. Min. Sepúlveda Pertence, rel.p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 23/10/2008. Informativo525 do STF, de 20 a 24 de outubro de 2008).

37 Cada Força singular possui regulamento disciplinar próprio, definindo, ainda que sucintamente,o processo administrativo de apuração de transgressão disciplinar. Importante salientar que a Lei9.784/1999 deve ser aplicada subsidiariamente aos processos administrativos disciplinares dasForças Armadas, em razão do que dispõe seu art. 69. Portanto, agiu bem o Comando daAeronáutica, ao editar a Portaria 967/GC3, de 9 de outubro de 2009 (art. 5.º), que preconiza,expressamente, a aplicação subsidiária do CPPM e da Lei 9.784/1999 na apuração dos ilícitosdisciplinares. Em sentido contrário, entendendo que a Lei 9.784/1999 não deve ser aplicada aosprocessos administrativos militar, Jorge César Assis in Curso de direito disciplinar militar – Da

Page 362: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

simples transgressão ao processo administrativo. Curitiba: Juruá, 2008.38 Não obstante a necessária celeridade na apuração e aplicação da punição disciplinar no âmbito

das instituições militares, em respeito ao art. 5.º, LV, da CF/1988, que assegura a todos oscidadãos o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, a autoridade militar responsávelpela apuração da falta disciplinar, obrigatoriamente, deve oportunizar ao acusado, levando-se emconsideração a complexidade da causa, prazo razoável para a apresentação de sua defesa eprodução das provas necessárias à efetiva elucidação dos fatos.

39 “Contraditório e ampla defesa (CF, art. 5.º, LV). A Constituição Federal assegura aos litigantesem geral, sem distinção entre civis ou militares, o contraditório e a ampla defesa, em processojudicial ou administrativo: precedentes.” (AI 402.493 AgR, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence,Primeira Turma, julgado em 22/06/2004, DJ 6/08/2004).

40 “Agravo regimental em recurso extraordinário. Estado de Rondônia. Policiais militares.Processo administrativo disciplinar. Ex officio. Ofensa aos princípios do contraditório e da ampladefesa. A jurisprudência da corte tem se firmado no sentido de que a ausência de processoadministrativo ou a inobservância aos princípios do contraditório e da ampla defesa torna nulo oato de demissão de servidor público, seja ele civil ou militar, estável ou não. Agravo regimental aque se nega provimento” (STF. RE-AgR;196.554/RO – Rondônia Relator(a): Min. Eros Grau.Órgão Julgador: Primeira Turma, DJ 13/05/2005).

“Contraditório e ampla defesa (CF, art. 5.º, LV): aplicação aos processos administrativosdisciplinares, descabida a exclusão dos militares do âmbito da garantia constitucional, à qualevidentemente não atende – seja qual for o status do servidor, civil ou militar – a confusão entre aexigência elementar da ciência da imputação e a do motivo da punição, mediante a publicação doato punitivo.” (STF. RE;199.260/SE – Sergipe Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence ÓrgãoJulgador: Primeira Turma, DJ 24/09/1999).

41 “Processual penal. Recurso de habeas corpus. Prisão disciplinar militar. Controle judicial.Constitucionalidade. 1. Tem entendido a jurisprudência, interpretando o § 2.º do art. 142 da CF(‘Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares’), que o controlejudicial da punição disciplinar militar na via do habeas corpus restringe-se à sua legalidade(competência, forma, devido processo legal etc.), não se estendendo ao segmento de mérito,radicado na conveniência e na oportunidade da punição. 2. Não padece de inconstitucionalidade adetenção disciplinar prevista no Regulamento Disciplinar do Exército, editado pelo Decreto4.346/2002, segundo a previsão do art. 47 da Lei 6.880/1990 (Estatuto dos Militares), restando,portanto, satisfeito o requisito ‘definidos em lei’, alusivo ao tema – transgressão militar –,constante do art. 5.º, inciso LXI da Constituição. ‘Ninguém será preso senão em flagrante delito oupor ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente’ (CF – art. 5.º, LXI), excetonos casos de transgressão militar. 3. Provimento do recurso.” (REOHC 2004.36.00.010090-7/MT,Rel. Desembargador Federal Olindo Menezes, Rel. Des. Federal Olindo Menezes, Terceira Turma,DJ2 de 16/12/2005, p. 23).“Processo penal. Recurso em habeas corpus. Punição disciplinar de militar. Inconstitucionalidadeformal do Decreto 4.346/2002 afastada. Recurso de ofício provido. Sentença reformada. 1 – Opróprio Estatuto dos Militares (lei em sentido estrito) remete a especificação e classificação das

Page 363: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

transgressões militares a regulamentos disciplinares, não havendo que se falar eminconstitucionalidade do Decreto 4.346/2002, porquanto se trata de regulamento disciplinarfundado em autorização legal. 2 – Não há ilegalidade formal da punição disciplinar em comentocom supedâneo no Decreto 4.346/2002, porquanto, segundo entendimento do STF (AgRegAg402.493-1/SE), o ato normativo é perfeitamente constitucional. 3 – Recurso de ofício provido,sentença reformada.” (TRF1. RCHC 2005.30.00.000690-0/AC, Rel. Desembargador FederalHilton Queiroz, Quarta Turma, DJ2 de 13/10/2005, p. 56).

No mesmo sentido: 1– Parecer CONJUR/MD 193/2004, veiculado na Revista Jurídica doMinistério da Defesa. Brasília: Ministério da Defesa, Consultoria Jurídica. Ano 1, n. 2, mar.2005. p. 23-26; 2- A Constitucionalidade do RDE, artigo veiculado na Revista Jurídica doMinistério da Defesa. Brasília: Ministério da Defesa, Consultoria Jurídica. Ano 1, n. 2, mar.2005. p. 85 a 91.

42 SILVA, Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 26. ed. São Paulo: Malheiros,2006, p. 423-424.

43 Seguindo entendimento semelhante, Paulo Roberto de Figueiredo Dantas, ao diferenciarprincípio da legalidade e reserva de lei, assim dispõe: “Legalidade e reserva de lei são conceitosque não se confundem. Como já vimos, o princípio da legalidade é aquele que, amparado pelo art.5.º, inciso II, da Constituição, dispõe que somente a lei pode, legitimamente, criar obrigações ourestringir direitos. Já o princípio da reserva legal, também conhecido por princípio da legalidadeespecífica, decorre de cláusula constitucional que indica as matérias que, pela sua natureza, sópodem ser tratadas por lei formal (ou ato normativo equiparado) e, não por ato infralegal. Trata-se, portanto, de uma reserva de conteúdo específico, caso a caso. A reserva será absoluta quando adisciplina da matéria é reservada à lei, com a exclusão de qualquer fonte infralegal (ou seja,vedada a ingerência normativa do Poder Executivo). Citemos como exemplo a norma fixada peloart. 7.º, XIX, da Carta Magna, que concede o direito à licença-paternidade, nos termos fixados emlei. Será relativa, por outro lado, quando a matéria, muito embora reservada à lei, permite aingerência normativa do Poder Executivo, na forma e nas condições fixadas pela própria lei. Éimportante ressaltar que somente caberá reserva relativa quando houver expressa autorizaçãolegal” (DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito constitucional. Série leituras jurídicas:provas e concursos. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2006, v.1, p. 66).Ainda sobre o tema, oportuno se faz trazer à colação a seguinte lição de J. J. Canotilho: “Deespecial importância é o princípio da reserva de lei. De acordo com a Constituição, certasmatérias só podem ser reguladas por via de lei e não por acto normativo infralegislativo, nãopodendo a lei abster-se de regular a matéria mediante reenvio para regulamento ou outroinstrumento normativo equiparado.” (CANOTILHO, J. J. Fundamentos da Constituição. Coimbra:Ed. Coimbra, 1991, p. 64).

44 “Penal e processo penal. Habeas corpus. União. Ilegitimidade recursal. Sanção disciplinarmilitar. CF, art. 142, § 2.º. Cabimento do writ para a análise da legalidade da puniçãoadministrativa. Definição das hipóteses de prisão e detenção disciplinares. Reserva legal. CF, art.5.º, XLI. Não recepção do art. 47 da Lei 6.880/1980. Ilegalidade do art. 24, IV e V, do Decreto4.346/2002. 1. A União carece de legitimidade para interpor recurso contra sentença concessiva

Page 364: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de ordem de habeas corpus, porquanto, em matéria penal e processual penal, o interesse público éresguardado através da atuação do Ministério Público Federal. Precedentes. 2. As sanções dedetenção e prisão disciplinares, por restringirem o direito de locomoção do militar, somentepodem ser validamente definidas através de lei stricto sensu (CF, art. 5.º, LXI), consistindo aadoção da reserva legal em uma garantia para o castrense, na medida em que impede o abuso e oarbítrio da Administração Pública na imposição de tais reprimendas. 3. Ao possibilitar adefinição dos casos de prisão e detenção disciplinares por transgressão militar através de decretoregulamentar a ser expedido pelo Chefe do Poder Executivo, o art. 47 da Lei 6.880/1980 restourevogado pelo novo ordenamento constitucional, pois que incompatível com o disposto no art. 5.º,LXI. Consequentemente, o fato de o Presidente da República ter promulgado o Decreto4.346/2002 (Regulamento Disciplinar do Exército) com fundamento em norma legal não-recepcionada pela Carta Cidadã viciou o plano da validade de toda e qualquer disposiçãoregulamentar contida no mesmo pertinente à aplicação das referidas penalidades, notadamente osincisos IV e V de seu art. 24. Inocorrência de repristinação dos preceitos do Decreto 90.604/1984(ADCT, art. 25).” (TRF4, RSE 2004.71.02.008512-4, Oitava Turma, Relator Paulo Afonso BrumVaz, publicado em 23/08/2006).Em sentido semelhante: a) Celso Ribeiro de Bastos afirma: “É bom notar, todavia, que, tanto noque diz respeito à transgressão militar, como ao crime propriamente militar, exige-se a definiçãoem lei dos casos que comportam a medida restritiva.” (BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários àConstituição o Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 1988-1989, v.2,p. 292); b) João Rodrigues Arruda, com precisão, ensina: “É de se atentar para o fato de quetransgressão militar e crime propriamente militar, aparecem no singular, devendo ambos – atransgressão militar e o crime propriamente militar – serem definidos (no plural) em lei. Sabendo-se que ‘as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata’ (§ 1.º,do art. 5.º da CRO, é indiscutível que a partir da promulgação da Constituição da República de 5de outubro de 1988, incorrendo flagrante a ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciáriacompetente só é dispensável quando se tratar de transgressão militar ou crime propriamentemilitar, definidos em lei” (ARRUDA, João Rodrigues. Os crimes propriamente militares e oprincípio da reserva legal. 11.º Congresso Nacional do Ministério Público, Livro de Teses, TomoI, 1996, p. 108); c) Paulo Tadeu Rosa, citando Eliezer Pereira Martins, afirma: “Em outraspalavras, impõe a Constituição Federal que a transgressão e o crime propriamente militar, estejamdefinidos, ou seja, capitulados em lei, para ensejarem a decretação da medida restritiva daliberdade individual” (ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Processo administrativo militar. Espécies easpectos constitucionais. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 61, jan. 2003. Disponível em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3611>. Acesso em: 20 jun. 2007).Alguns Estados, em atenção ao princípio da reserva legal, têm instituído os RegulamentosDisciplinares das Polícias Militares por meio de lei. Como exemplo, citamos a Lei Complementar893, de 9 de março de 2001, do Estado de São Paulo e a Lei 6.833, de 13 de fevereiro de 2006, doEstado do Pará.

45 Art. 25, I, do ADCT. “Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação daConstituição, sujeito este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam oudeleguem a órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso

Page 365: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Nacional, especialmente no que tange a: I – ação normativa.”46 “Penal. Habeas corpus. Prisão disciplinar militar. Não-recepção pela Magna Carta do art. 47

da Lei 6.880/1980. Precedentes. Consoante recente jurisprudência desta Corte, o art. 47 da Lei6.880/1980 não foi recepcionado pela Constituição Federal, mostrando-se com ela incompatível,pois quando delegou competência ao regulamento para estabelecer as transgressões disciplinares erespectivas penas privativas de liberdade (prisão e detenção) incidiu em manifesta contrariedadeao inciso LXI do art. 5.º da CF.” (TRF4, RSE 2004.71.02.005966-6/RS, Oitava Turma, Relator:Élcio Pinheiro de Castro. Publicado em 4/10/2006).

47 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 45.48 Não há em nosso ordenamento jurídico norma que imponha à Administração Militar a

obrigatoriedade de incluir, no rol de punições disciplinares, penas privativas de liberdade. Logo,perfeitamente viável e possível a veiculação, mediante decreto, de regulamentos disciplinares quedisponham apenas de penalidades como advertência, repreensão verbal ou escrita, licenciamento eexclusão a bem da disciplina, ou seja, sanções que não impliquem a perda da liberdade dotransgressor.

49 “Recepção consiste no acolhimento que uma nova constituição posta em vigor dá às leis e atosnormativos editados sob a égide da Carta anterior, desde que compatíveis consigo. O fenômeno darecepção, além de receber materialmente as leis e atos normativos compatíveis com a nova Carta,também garante a sua adequação à nova sistemática legal. Por exemplo: apesar de inexistir sob avigência da Constituição de 1988 a espécie normativa Decreto-lei, o Código Penal continua emvigor, uma vez que foi material e formalmente recepcionado, sob a nova roupagem de leiordinária. Outro exemplo é lembrado por Michel Temer: ‘O Dec. 24.643, de 1934, é o Código deÁguas. Foi introduzido ao tempo em que os decretos do Poder Executivo tinham força de lei. Foirecebido por todas as ordens constitucionais posteriores. Hoje a disciplina dessa matéria éfornecida pela lei; daí sua natureza legal’” (MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 526).

50 TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p.38.

51 No mesmo sentido: a) “A respeito da previsão das transgressões disciplinares em lei, MárcioLuís Chila Freyesleben ensina que, ‘À guisa de especulações, o Decreto 88.545/1983, RDM,sofreu alterações de alguns de seus dispositivos, provocadas pelo Decreto 1.011, de 22 dedezembro de 1993. Com efeito, após a CF/1988 o RDM passou a ter força e natureza de leiordinária, não sendo admissível que uma lei venha a ser modificada por um decreto. Éinconstitucional’.” ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Processo administrativo militar. Espécies easpectos constitucionais. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 61, jan. 2003. Disponível em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3611>. Acesso em: 20 jun. 2007; b) “Todavia, osrequisitos formais acerca da elaboração das normas que tratam das punições disciplinares forammodificados com o advento da CF/1988, conforme o art. 5.º, inc. LXI:’ ninguém será preso senãoem flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.’ Dareferida norma, extraí-se que em ambos os casos (transgressão militar e crime propriamente

Page 366: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

militar) exige-se a elaboração de lei ordinária para a garantia da legalidade das referidas prisões.Logo, pelas regras de recepção das leis, os decretos que instituíram os regulamentos disciplinaresforam recepcionados pela nova Constituição Federal como lei ordinária, naquilo que não for comela incompatível.” CARVALHO, Alexandre Reis de. A tutela jurídica da hierarquia e da disciplinamilitar: aspectos relevantes. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 806, 17 set. 2005. Disponível em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7301>. Acesso em: 20 fev. 2007.

52 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,1997, p. 109.

53 Importante salientar que, em razão das peculiaridades da carreira militar, os membros dasForças Armadas se sujeitam a legislações específicas e a um regime disciplinar diferenciado,completamente distinto dos demais agentes públicos.

54 Art. 8.º do RDAer: “Transgressão disciplinar é toda ação ou omissão contrária ao dever militar,e como tal classificada nos termos do presente regulamento. Distingue-se do crime militar, que éofensa mais grave a esse mesmo dever, segundo o preceituado na legislação penal militar.”

55 Sobre distinção entre crime militar e transgressão disciplinar, preciso o voto proferido peloExmo. Sr. Min. Carlos Alberto Marques Soares, do Superior Tribunal Militar, a seguir transcrito:“O exame da matéria sob essa perspectiva sugere uma perquirição sobre um tema pouco exploradona doutrina, e até mesmo na jurisprudência: a diferença entre crime e transgressão disciplinar. Damesma forma que não existe distinção ontológica entre crime e contravenção penal, no direitopenal comum, o mesmo sucede no direito penal militar, com relação ao crime militar e atransgressão disciplinar. A intensidade da lesão ao bem jurídico tutelado no direito penal comum,a partir da cominação de pena de maior gravidade, é o critério legal diferenciador (art. Dec. Lei3.914, de 9 de dezembro de 1941, art. 1.º. Lei de Introdução ao Código Penal). No direito penalmilitar adota-se idêntico critério, todavia, a diferença se apresenta de forma mais sutil, em razãoda existência de uma zona cinzenta entre crime e a transgressão disciplinar.” (STM – Proc. Apelfo– Apelação n. 2000.01.048571-6. Rel. Min. Carlos Alberto Marques Soares. Data da Publicação:27/02/2001).Em sentido assemelhado: “Hoje, a matéria não pode oferecer mais dúvidas. A Constituição daRepública, de 1988, colocou no mesmo patamar o crime propriamente militar e a transgressãodisciplinar, para efeito de prisão em flagrante delito (art. 5.º, LXI). Crime propriamente militar é ocrime que não pode ter como autor senão um militar; da mesma forma é a transgressão militar. Ocrime propriamente militar e a transgressão militar foram equiparados; é dispensada ordem escritae fundamentada de autoridade judiciária para a prisão do agente. CARPENTER (1914, p. 59-60)já postulava que: “o crime propriamente militar não iria além de uma transgressão militar em graumais elevado”. Verifica-se, assim, que a única diferença entre crime militar e transgressão militaré apenas de quantidade ou de grau. Não existe diferença ontológica entre eles.” (SOARES,Waldyr. Crime militar e transgressão disciplinar militar. Revista de Estudos & Informações, n. 8,novembro de 2001, p. 33, Belo Horizonte, Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais).

56 A impossibilidade de dupla punição foi frisada pelo legislador ao estabelecer que ainobservância dos deveres militares acarretará para o militar responsabilidade funcional,pecuniária, disciplinar ou penal (art. 43 da Lei 6.880/1980). Importante destacar que a proibição

Page 367: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

em questão tem sido enfatizada, tradicionalmente, pelos diversos Estatutos dos Militares,conforme se depreende do art. 61, parágrafo único, do Decreto-Lei 3.864, de 24 de novembro de1941, do art. 28, parágrafo único, Decreto-Lei 9698, de 2 de setembro de 1946, do art. 46, § 2.º,da Lei 5.774, de 23 de dezembro de 1971.

57 “A absolvição no âmbito penal só afasta a condenação civil e a administrativa se decorrente dainexistência do ato imputado ao servidor público ou negativa de sua autoria (RDA, 51:183, 57:201e 94:281). Destarte, se para fins criminais o fato não aconteceu ou se não foi o servidor públicoseu autor, não se pode pretender, em processo de apuração mais simples e menos exigentes, que ofato tenha ocorrido ou que o servidor seja seu autor. Portanto, absolvido o servidor público, porestas razões, no âmbito penal, será ele fatalmente absolvido nas esferas civil e administrativa, emface do que dispõe o artigo 935 do Código Civil. Se a absolvição se der na esfera penal, porinexistência ou insuficiência de provas ou pela ausência de culpa ou dolo, não está assegurada aabsolvição automática nos demais campos da responsabilidade. A absolvição penal por falta deprovas não exclui o ilícito administrativo (RDA, 134:145), não impede a subsistência dapenalidade disciplinar (RDA, 138:215), nem serve de fundamentos para a revisão do ato dedemissão (RDA, 138:274). O servidor público, nessas condições, poderá ser punido civil eadministrativamente, dada a independência das três jurisdições.” (GASPARINI, Diógenes. Direitoadministrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 239).

58 Art. 209, § 6.º, do CPM, por exemplo.59 Art. 160 do CPM.60 Art. 10, n. 21 do art. 10 do RDAer.61 “Administrativo. Licenciamento de militar. Alegada conveniência do serviço destituída de

motivação. Ilegitimidade do ato por desvio de finalidade. 1. Frente à obrigatoriedade de os atosadministrativos serem motivados, impõe-se que a conveniência do serviço, invocada paraexclusão do militar, seja devidamente revelada, eis que há respeito controle judicial dessamotivação e da verdade dessa conveniência. Intimamente relacionada com o conceito docomportamento no qual se viu classificado o recorrente, por força de sua autuação em flagrante,pela pratica de delito culposo decorrente do disparo acidental de arma de fogo, a alegadaconveniência do serviço, sem uma causa seria e idônea que a justifique, para o licenciamento doservidor militar, traduz ação abusiva da administração a tornar invalido o ato praticado por desviode finalidade. A formulação do art. 42, § 2.º, da Lei 6.880, de 9/12/1980 (Estatuto dos Militares),repugna qualquer medida, no âmbito da administração, que, de forma ostensiva ou velada, revelecaráter sancionador de eventual resíduo emergente de conduta delituosa ou contravencionalpraticada em concurso com transgressão disciplinar da mesma natureza. 2. Recurso provido.”(STJ. REsp 34.749/CE, Rel. Ministro Anselmo Santiago, Sexta Turma, julgado em 12/02/1996, DJ13/05/1996 p. 15576).

62 No mesmo sentido: “os princípios fundamentais que informam a transgressão militar e o crimemilitar são os mesmos. Ambos são da mesma natureza e dizem respeito à ofensa ao mesmo devermilitar. É que vigora no Direito punitivo militar brasileiro o princípio informativo do non bis inidem, que veda a atuação simultânea das jurisdições criminal e administrativa, cumulandopunições por um mesmo fato. A regra que prevalece é a de que a instauração de inquérito ou ação

Page 368: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

criminal impede a imposição, na esfera administrativa, da penalidade disciplinar. Na verdade, étradição do Direito Militar brasileiro que, no concurso de crime militar e transgressão militardisciplinar, será aplicada somente a pena relativa ao crime” (SOARES, Waldyr. Crime militar etransgressão disciplinar militar. Revista de Estudos & Informações, n. 8, novembro de 2001, p.33, Belo Horizonte, Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais).

63 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,1997, p. 109.

64 FAGUNDES, M. Seabra. As Fôrças Armadas na Constituição. Revista de DireitoAdministrativo. vol. X, out.-dez. 1947, p. 8.

65 As praças das Forças Armadas adquirem estabilidade com 10 (dez) ou mais anos de tempo deefetivo serviço (Art. 50, IV, alínea a da Lei 6.880/1980). Como já salientou o STJ, “Este SuperiorTribunal de Justiça tem entendimento pacificado no sentido de que, nos casos de licenciamento exofficio de militar não estável, a bem da disciplina, não é necessária a instauração de processoadministrativo, bastando a cientificação do militar para que exerça o seu direito defesa.” (RMS16.946/PE, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 28/04/2009,DJE 18/05/2009).

66 O Decreto 3, de 16 de novembro de 1889, aboliu a pena de castigo corporal da Armada(Marinha).

67 Art. 1.º, III, da CF/1988.68 Um coronel aviador, Comandante da Base Aérea do Recife, não poderá aplicar punição

disciplinar a um soldado pertencente ao efetivo da Base Aérea de Natal, não obstante aprecedência hierárquica daquele sobre este. Caberá à aludida autoridade comunicar o fato aoComandante desta base, a quem caberá aplicar a punição que entender cabível ao militar infrator.

69 Art. 19 do RDM, art. 9.º do Decreto 90.680/1984 (RDE) ou art. 10 do Decreto 4.346/2002, paraaqueles que entendem que este revogou aquele, e art. 42 do RDAer.

70 Desde que haja expressa autorização em lei ou nos regulamentos disciplinares, a exemplo doart. 19, § 1.º, do Decreto 88.545/1983, a autoridade competente poderá delegar esta atribuição, notodo ou em parte, a oficiais subordinados, mediante ato formal, devidamente publicado nos meiosde comunicação utilizados pela Administração Militar.

71 A motivação, elemento do ato administrativo, constitui garantia de sua legalidade e veracidade.A motivação viabiliza ao interessado o exercício do contraditório e da ampla defesa e garante ocontrole judicial do ato. Por conseguinte, a ausência de motivação do ato administrativo queagrava a punição disciplinar originalmente imposta ao militar o invalida. Nesse sentido: “Aoagravar a sanção aplicada ao recorrido, sem declinar as razões por que operava a alteração dapena disciplinar originalmente imposta (de 2 dias de detenção), a autoridade militar descurou daobservância de um dos requisitos do ato administrativo, qual seja, a motivação. Tal circunstânciatornou a punição, e, por consequência, o cerceamento à liberdade de ir e vir do recorrido, ilegal.”(TRF4, RSE 2001.71.02.000271-0, Segunda Turma, Relator Vilson Darós, publicado em13/06/2001).

72 Como já dito, para nós, os militares reformados não estão sujeitos a sanções disciplinares.

Page 369: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

73 Na Marinha, por uma única contravenção não pode ser aplicada mais de uma punição (art. 17 doDecreto 88.545/1983, Regulamento Disciplinar da Marinha). No mesmo sentido, o art. 35, n. 4, doDecreto 90.608/1984, Regulamento Disciplinar do Exército. Na Aeronáutica, de acordo com o art.37, n. 5, do Decreto 76.322/1975, Regulamento Disciplinar da Aeronáutica, salvo a suspensão dopagamento de indenização de compensação orgânica prevista no art. 17, que é imposta comopunição acessória, a qualquer transgressão não será aplicada mais de uma punição. Entendemosque a exceção contida no art. 37, n. 5, do RDAer, por permitir dupla punição por uma únicatransgressão disciplinar, não se coaduna com a atual ordem constitucional, além de afrontar aSúmula 19 do STF.

74 É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que sefundou a primeira (Súmula 19 do STF).

75 “Administrativo. Militar. Prisão disciplinar. Licenciamento. Dupla sanção. Bis in idem. – Poruma única infração disciplinar, o militar não pode sofrer dupla sanção, sob pena de ocorrer bis inidem. – tendo sido o militar punido com 30 dias de prisão disciplinar, a sua posterior exclusão dosquadros da corporação a bem da disciplina, em razão do mesmo fato, atenta contra o devidoprocesso legal, por configurar dupla sanção. – Recurso ordinário provido. Segurança concedida.”(RMS 5.802/RJ, Rel. Ministro Adhemar Maciel, Rel. p/ Acórdão Ministro Vicente Leal, SextaTurma, julgado em 19/11/1996, DJ 22/04/1997, p. 14451). Ainda sobre o tema, conferir osseguintes precedentes do STJ: ROMS 14.626. Processo 200200433203/GO. Relator: Min. PauloMedina. Sexta Turma. DJ 2/08/2004. ROMS 3.688. Processo 199300280856/RJ. Relator: Min.Gilson Dipp. Quinta Turma. DJ 21/02/2000.

76 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de processo penal comentado (arts. 1.º a393), vol. 1, 9. ed. rev., aum. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 82-83.

77 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código de processo penal interpretado. 11. ed. São Paulo: Atlas,2006, p. 130-131.

78 Em sentido contrário, admitindo a incomunicabilidade do preso: “Entendemos que o art. 21 doCPP não foi revogado pelo art. 136, § 3.º, IV, da CF. Em primeiro lugar, a proibição diz respeitoao período em que ocorrer a decretação do estado de defesa (art. 136, caput, da CF), aplicável à“prisão por crime contra o Estado” (§ 3.º, I), infração de natureza política. Em segundo lugar, olegislador constituinte, se quisesse elevar tal proibição à categoria de princípio geral, certamentea teria inserido no art. 5.º, ao lado de outros mandamentos que procuram resguardar os direitos dopreso. Não o fez, relacionando a medida com os delitos políticos. Daí porque, segundo nossoentendimento, o art. 21 do CPP continua em vigor.” (JESUS, Damásio E. Código de processopenal anotado. 22. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 25).

79 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.633.

80 ASSIS, Jorge César. Curso de direito disciplinar militar – Da simples transgressão aoprocesso administrativo. Curitiba: Juruá, 2008, p. 226.

81 Este é, também, o entendimento de José Armando da Costa (Prescrição Disciplinar. BeloHorizonte: Fórum, 2006, p. 85). De acordo com o ilustre autor, “Todos os regimes disciplinares

Page 370: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) são silentes a respeito da prescrição depunições, o que significa dizer que são absolutamente imprescritíveis as penas disciplinaresdesses regulamentos.”

82 Art. 125 do CPM.83 STF, MS 20.069, Relator: Min. Moreira Alves, Pleno, DJU 2/09/1977.84 No mesmo sentido, conferir: BARROSO, Luis Roberto. A prescrição administrativa no direito

brasileiro antes e depois da Lei 9.873/1999. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro deAtualização Jurídica, v. 1, n. 4, 2001. Disponível em <http://www.direitopublico.com.br>. Acessoem: 28 jun. 2008.

85 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,1997, p. 590.

86 Art. 322. do CPM. “Deixar de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício docargo, ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridadecompetente: Pena – se o fato foi praticado por indulgência, detenção até seis meses; se pornegligência, detenção até três meses.”

87 Os Conselhos de Justificação e de Disciplina serão abordados com maior profundidade nocapítulo XV deste livro.

88 Art. 13, II, c/c art. 18 da Lei 5.836/1972 e art. 13, II, c/c art. 17 do Decreto 71.500/1972.89 Art. 18 da Lei n. 5.836/1972 e art. 17 do Decreto 71.500/1972.90 Art. 142, § 1.º, da Lei 8.112/1990. “O prazo de prescrição começa a correr da data em que o

fato se tornou público.”91 Tramita no Congresso Nacional a PEC 180/2007, objetivando a revogação do art. 142, § 2.º, da

CF/1988, cuja justificativa, em suma, se baseia nos seguintes argumentos: “É inconcebível ao bomentendimento, aceitar que não haja sequer a possibilidade de habeas corpus à prisão militar,muitas vezes motivada por situações banais, que no meio civil sequer encontraria formas detipificação.” Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/516154.pdf>. Acesso em:30 maio 2009.

92 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 152.93 “STF – ‘Habeas corpus’. O sentido da restrição dele quanto às punições disciplinares militares

(art. 142, § 2.º, da Constituição Federal). Não tendo sido interposto o recurso ordinário cabívelcontra o indeferimento liminar do ‘habeas corpus’ impetrado perante o Superior Tribunal deJustiça (art. 102, II, a, da Constituição Federal), conhece-se do presente ‘writ’ como substitutivodesse recurso. O entendimento relativo ao § 20 do art. 153 da Emenda Constitucional 1/1969,segundo o qual o princípio, de que nas transgressões disciplinares não cabia ‘habeas corpus’, nãoimpedia que se examinasse, nele, a ocorrência dos quatro pressupostos de legalidade dessastransgressões (a hierarquia, o poder disciplinar, o ato ligado a função e a pena susceptível de seraplicada disciplinarmente), continua válido para o disposto no par. 2. do art. 142 da atualConstituição que é apenas mais restritivo quanto ao âmbito dessas transgressões disciplinares,pois a limita as de natureza militar. ‘Habeas corpus’ deferido para que o STJ julgue o ‘writ’ que

Page 371: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

foi impetrado perante ele, afastada a preliminar do seu não-cabimento. Manutenção da liminardeferida no presente ‘hábeas corpus’ até que o relator daquele possa apreciá-la, para mantê-la ounão.” (HC;70.648/RJ – Rio de Janeiro Relator (a): Min. Moreira Alves. Órgão Julgador: PrimeiraTurma. DJ 4/03/1994).

94 Costuma-se deixar o militar de “pernoite”, ou seja, impedido de sair do quartel até umadetermina hora da noite, em razão de pequenas faltas disciplinares cometidas durante o expediente.Trata-se, na realidade, de punição disciplinar restritiva de liberdade não prevista nosregulamentos disciplinares, razão pela qual padece de vício quanto à legalidade.

95 “Habeas corpus. Militar. Retenção no quartel. Tratamento médico. I – Inexistente contravençãoou transgressão disciplinar por parte do paciente, não se apresenta regular sua retenção em quartelfora do honorário normal de serviço, à guisa de melhor proteger sua incolumidade. II – Existindona unidade militar a que serve o paciente hospital militar em condições de atendê-lo, incabível semostra o atendimento em outra cidade. III – Remessa parcialmente provida.” (RCHC1999.01.00.015304-4/MG, Rel. Juiz Cândido Ribeiro, Terceira Turma, DJ 29/06/2001, p. 684).

96 As penas disciplinares de impedimento, detenção ou prisão não podem ultrapassar 30 (trinta)dias (art. 47, § 1.º, da Lei 6.880/1980).

97 O Decreto 76.322/1975, Regulamento Disciplinar da Aeronáutica, estabelece o quadro depunições máximas aplicáveis. Um oficial, p. ex., em função de capitão, não poderá aplicar pena deprisão superior a oito dias a um cabo. Se extrapolar este limite, será cabível a impetração domandamus, pois o ato administrativo é manifestamente ilegal.

98 Os regulamentos disciplinares não classificam o comportamento militar dos oficiais e aspirantesa oficiais.

99 Art. 40, n. 4, a, do RDAer: “Quanto ao comportamento militar, a praça, excetuando o aspirante aoficial, é considerada de insuficiente comportamento quando, no período de um ano de serviço,tenha sido punido com um total superior a 20 (vinte) e até 30 (trinta) dias de prisão comum.”

100 Art. 40, n. 5, do RDAer: “Quanto ao comportamento militar, a praça, excetuando o aspirante aoficial, é considerada de mau comportamento, quando no período de um ano, haja sido punido comum total superior a 30 (trinta) dias de prisão comum.”

Page 372: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15.1. CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO

É o processo administrativo especial, disciplinado pela Lei 5.836/1972, no qual,assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes,julga-se a incapacidade de o oficial da ativa, da reserva remunerada1 ou reformadopermanecer, respectivamente, na ativa ou na situação de inatividade em que seencontra2.

Enfim, o Conselho visa constatar a incapacidade moral ou profissional do oficial,em decorrência da prática de atos que, transcendendo a esfera das merascontravenções ou transgressões disciplinares descritas no RDM, RDE e RDAer,impossibilitam, diante da gravidade, sua permanência na condição em que seencontra. Por isso, em sendo considerada exclusivamente transgressão disciplinar arazão pela qual o oficial é julgado culpado, aplicar-se-á ao mesmo apenas uma dassanções disciplinares previstas nos regulamentos militares, como preconiza o art. 13,II, da Lei n. 5.836/723. De outro lado, constatada a incapacidade, o oficial será julgadoculpado, estando sujeito a uma das seguintes sanções: a) transferência para a reservaremunerada; b) reforma; c) demissão ex officio em função da perda do posto e dapatente, quando declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisãodo STM.

15.1.1. Fato gerador

O oficial das Forças Armadas é submetido a Conselho de Justificação, a pedidoou ex officio, quando4:

I – acusado, oficialmente ou por qualquer meio lícito de comunicação social5, deter: a) procedido incorretamente no desempenho do cargo; b) tido conduta

Page 373: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

irregular; c) praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonor militar ou odecoro da classe;

II – considerado não habilitado para o acesso, em caráter provisório6, nomomento em que venha a ser objeto de apreciação para ingresso em quadrode acesso ou lista de escolha;

III – afastado do cargo, na forma do Estatuto dos Militares, por se tornarincompatível com o mesmo ou demonstrar incapacidade no exercício defunções militares a ele inerentes, salvo se o afastamento é decorrência defatos que motivem sua submissão a processo;

IV – condenado por crime de natureza dolosa, não previsto na legislação especialconcernente à segurança do Estado, em tribunal civil ou militar, a pena restritade liberdade individual até dois anos, tão logo transite em julgado a sentença.Convém salientar que uma leitura isolada e desatenta deste dispositivopoderia induzir o intérprete a concluir que, nas hipóteses de crime dolosocomum ou militar, o processo administrativo especial só poderia serinstaurado após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Este,no entanto, não parece ser o melhor entendimento, pois, nestes casos, ainstauração poderá ser feita com base no número I supra. Na realidade, ahipótese aqui descrita, além de enfatizar a possibilidade da dupla punição(administrativa e penal) pela mesma falta7, funciona como verdadeiromecanismo de defesa e conservação das instituições militares, na medida emque coíbe ou ao menos dificulta a impunidade na esfera militar, já que, com otrânsito em julgado da sentença condenatória, a submissão ao Conselho passaa ser ex officio, ou seja, obrigatória, refugindo, destarte, do âmbito do poderdiscricionário da autoridade competente. Exemplificando: um capitão (oficial)é acusado oficialmente ou por qualquer meio lícito de comunicação social deter tido conduta irregular ou de ter praticado ato que afete a honra pessoal, opundonor militar ou o decoro da classe. Com base nos antecedentes domilitar, a autoridade competente poderá, discricionariamente, indeferir opedido de nomeação do Conselho8, ainda que o fato imputado ao oficial, emtese, também constitua crime doloso comum ou militar. Tal decisão, noentanto, não acarretará a imediata isenção de responsabilidade administrativado agente, pois, em havendo sentença penal condenatória transitada emjulgado à pena de até dois anos, o miliciano será submetido ex officio aoConselho. Neste caso, a atuação da autoridade passa a ser vinculada;

V – pertencente a partido político ou associação, suspensos ou dissolvidos porforça de disposição legal ou decisão judicial, ou que exerçam atividades

Page 374: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

prejudiciais ou perigosas à segurança nacional.

15.1.2. Nomeação

A nomeação do Conselho de Justificação é da competência do:

a) Comandante da Força Armada a que pertencer o oficial a ser julgado9. Trata-se de competência conferida por lei, com exclusividade, aos Comandantes daMarinha, do Exército e da Aeronáutica, motivo pelo qual não comportadelegação. Destarte, padecerá de vício quanto à competência a nomeação deConselho de Justificação por autoridades distintas das acima citadas10;

b) Comandante do Teatro de Operações ou de Zona de Defesa ou dos mais altoscomandantes das Forças Singulares isoladas, para os oficiais sob seucomando e no caso de fatos ocorridos na área de sua jurisdição, quando emcampanha no país ou no exterior.

A autoridade competente para a nomeação, levando em consideração osantecedentes do oficial acusado e a natureza ou a falta de consistência dos fatosarguidos, poderá considerar, de logo, improcedente a acusação e,fundamentadamente, indeferir o pedido de nomeação do Conselho de Justificação.

15.1.3. Composição

O Conselho de Justificação é um órgão colegiado, composto por três oficiais daativa da Força singular a que o justificante pertença. O membro mais antigo doconselho será, no mínimo, um oficial superior, que assume a posição de Presidente. Ooficial, que lhe segue em antiguidade, será o interrogante e o relator do processo. Ooficial mais moderno será o escrivão.

É lícito a quaisquer dos membros do conselho, durante os interrogatórios,reperguntar ao justificante e às testemunhas, bem como propor diligências.

Se o justificante é oficial-general, cujo posto não permite a nomeação demembros de hierarquia superior a sua, serão nomeados oficiais da ativa ou nainatividade do mesmo posto do justificante, desde que mais antigos do que aquele. Seo justificante for oficial da reserva remunerada ou reformado, um dos membrospoderá ser da reserva remunerada.

Page 375: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15.1.4. Impedimentos

Estão impedidos de integrar o Conselho de Justificação: a) o oficial que formuloua acusação; b) os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado,parentesco consanguíneo ou afim, na linha reta ou até quarto grau de consanguinidadecolateral; c) os oficiais subalternos.

15.1.5. Prazo para conclusão

Os membros do conselho dispõem de 30 (trinta) dias, a contar da data danomeação, para concluí-lo. Em casos excepcionais, a autoridade nomeante, arequerimento do presidente, poderá prorrogar o prazo inicial por mais 20 (vinte)dias11. Eventual atraso na conclusão do processo administrativo não acarreta suanulidade.

15.1.6. Procedimento12

Nomeado o Conselho de Justificação, compete ao presidente promover aconvocação dos membros e a intimação do justificante para, em local, dia e horadesignados, serem realizadas a leitura do libelo acusatório e do ato de nomeação, aqualificação e o interrogatório do defendente, sendo tudo reduzido a termo. Deveráser, ainda, oportunizada ao acusado a juntada de documentos.

Quando o justificante, oficial da reserva ou reformado, não for localizado oudeixar de atender à intimação para comparecer à audiência inaugural, o chamamentodeverá ser feito mediante publicação em órgão de divulgação na área de seudomicílio. Se o justificante não comparecer à nova audiência na data designada, oprocesso correrá à revelia.

Por força dos arts. 1.º e 9.º da Lei 5.836/1972 e do art. 5.º, LV, da CF/1988, aojustificante são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursosa ela inerentes, sob pena de nulidade do processo administrativo13. Para viabilizar oexercício desses direitos fundamentais, o acusado deverá: a) ter acesso amplo eirrestrito aos autos do processo, podendo, inclusive, retirar cópias do mesmo; b) serintimado para comparecer aos interrogatórios, como, também, para, querendo, semanifestar sobre todas as provas produzidas ao longo do processo administrativo14; c)fazer-se acompanhar de advogado, se quiser, etc.

A defesa deverá ser feita por escrito e apresentada ao conselho, no prazo de cincodias, a contar do interrogatório inicial. É facultado ao justificante requer, em suadefesa, a produção de todas as provas permitidas no Código de Processo Penal

Page 376: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Militar15. O Conselho ouvirá as testemunhas de acusação e de defesa, se arroladas,podendo inquirir, ainda, o acusador ou receber, por escrito, seus esclarecimentos. Aojustificante deverá ser oportunizada a presença em todas as sessões que visem àinstrução do feito, facultando-lhe, ainda, posterior manifestação escrita sobre osdepoimentos.

Realizadas as diligências necessárias à completa elucidação dos fatos, o Conselhode Justificação julgará16, em sessão secreta17, se o acusado: a) é ou não culpado daacusação que lhe foi feita; b) no caso do inciso II, do art. 2.º, da Lei 5.836/1972, seestá ou não sem habilitação para o acesso, em caráter definitivo; c) no caso do incisoIV do art. 2.º da Lei 5.836/1972, levados em consideração os preceitos de aplicação dapena previstos no Código Penal Militar, se é ou não incapaz de permanecer na ativa ouna situação em que se encontra na inatividade.

Não obstante a omissão da Lei 5.836/1972, entendemos ser cabível, com base noart. 51 da Lei 6.880/1980, a interposição de pedido de reconsideração contra a decisãoproferida pelo Conselho, quando o justificante for declarado culpado. Tal pedidodeverá ser endereçado ao seu presidente.

Encerrado o julgamento, os autos serão remetidos ao Comandante da respectivaForça, a quem compete, no prazo de 20 (vinte) dias18, homologar ou não o julgamentoproferido, determinando: I – o arquivamento do processo, se considerar procedente ajustificação (defesa) do acusado; II – a aplicação de pena disciplinar, se considerarcontravenção ou transgressão disciplinar a conduta do oficial julgado culpado; III – naforma do Estatuto dos Militares, e conforme o caso, a transferência para a reservaremunerada ou os atos necessários a sua efetivação pelo Presidente da República, se ooficial foi considerado não habilitado para o acesso em caráter definitivo19; IV – aremessa do processo ao juiz-auditor competente, se considerar crime militar a condutapela qual o oficial foi considerado culpado; V – a remessa do processo ao SuperiorTribunal Militar20 se: a) a razão pela qual o oficial foi julgado culpado está previstanos incisos I, III e V, do art. 2.º da Lei 5.836/1972; b) pelo crime cometido, nahipótese do inciso IV do art. 2.º, da Lei 5.836/1972, o oficial foi julgado incapaz depermanecer na ativa ou na inatividade.

Entendemos ser cabível, por força do art. 51 da Lei 6.880/1980, a interposição depedido de reconsideração contra a decisão proferida pelo Comandante da Força, noscasos descritos nos itens II, III e V.

Remetidos os autos ao Superior Tribunal Militar, competirá a este órgão do PoderJudiciário julgar o feito em única instância. Após a distribuição a um dos MinistrosMilitares do STM21, abrir-se-ão vistas ao justificante para, querendo, no prazo decinco dias, manifestar-se, por escrito, sobre os fatos que lhe são imputados e sobre a

Page 377: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

decisão do Conselho. Findo o prazo, com manifestação do justificante, o relator,depois de ouvido o Procurador-Geral da Justiça Militar, encaminhará os autos aorevisor e, posteriormente, incluirá o feito em pauta para julgamento. Em não havendomanifestação do justificante, o relator solicitará a designação de Defensor Público paraque, no prazo de dez dias, apresente defesa por escrito. Em seguida, ouvido oProcurador-Geral da Justiça Militar, os autos serão encaminhados ao revisor.Posteriormente, o feito será incluído em pauta para julgamento.

Caso exista ação penal pendente de julgamento, no foro militar ou comum, emque a imputação corresponda inteiramente às acusações imputadas ao militar noConselho de Justificação, será ele sobrestado até o trânsito em julgado da decisão doforo criminal22.

De outro lado, se o objeto da ação penal proposta no foro criminal corresponderapenas a uma parte do libelo de acusação do Conselho, o Plenário poderá,preliminarmente, decidir pelo sobrestamento ou pelo julgamento do justificante pelosfatos não pendentes de apreciação judicial23.

Na data do julgamento, após a leitura do relatório, será facultada sustentação oralpor vinte minutos. Em seguida, conceder-se-á a palavra ao representante do MinistérioPúblico Militar que, em igual prazo, poderá sustentar o respectivo parecer24. Discutidaa matéria, será proferida, nos termos do art. 4º, II, f, do Regimento Interno do STM,decisão pelo plenário do STM25.

Caso o tribunal julgue provado que o oficial é culpado de ato ou fato descrito noart. 2º, I, III e V, da Lei 5.836/1972, ou que, pelo crime cometido, na hipótese do art.2.º, IV, da Lei 5.836/1972, é incapaz de permanecer na ativa ou na inatividade, deverá,conforme o caso, declará-lo indigno do oficialato ou com ele incompatível,determinando, por consequência, a perda do posto e da patente ou a reforma no postoque possuía na ativa, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.

A reforma ou a demissão ex officio do oficial será efetuada pelo Comandante daForça singular a que pertencer o justificante, ou encaminhada ao Presidente daRepública26, tão logo seja publicado o acórdão proferido pelo Superior TribunalMilitar.

15.1.7. Natureza jurídica da decisão proferida pelo STM

Pacificou-se, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, que a decisão proferidapelo STM, em sede de Conselho de Justificação, é de natureza administrativa27. Logo,contra ela não cabe a interposição de Recurso Extraordinário28.

Page 378: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15.1.8. Prescrição

Nos casos em que a infração administrativa que gerou a instauração do Conselhode Justificação não é capitulada também como crime militar, ou seja, na chamadainfração administrativa pura, o prazo prescricional será de seis anos, computado dadata em que os fatos foram praticados (art. 18 da Lei 5.836/1972)29, ainda que sótenham se tornado público em data posterior. Não se aplica, aqui, o art. 142, § 1.º, daLei 8.112/199030, nem mesmo por analogia, por inexistir lacuna na lei que rege oConselho. É de se registrar, ainda, que a Lei 5.836/1972 não contempla hipóteses desuspensão e interrupção da prescrição para infrações administrativas puras. Logo,uma vez praticado ato que enseje a instauração do Conselho, o lapso prescricionalfluirá sem pausas. Findo o prazo legal, incidirá a prescrição.

Por outro lado, se a infração administrativa também for capitulada como crimemilitar31, o prazo prescricional passa a ser regido pelo Código Penal Militar32, estandosujeito, por conseguinte, às causas de suspensão e interrupção nele previstas33.

É importante assinalar que, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, temprevalecido a tese de que “a mera existência de indícios da prática de crime, sem a suaefetiva apuração ou oferecimento de denúncia afasta a aplicação da legislação penalpara fins de prescrição, devendo esta ser regulada pela legislação administrativa”34.Salienta, ainda, o STJ que, ao se adotar na instância administrativa o modelo do prazoprescricional vigente na instância penal, deve se aplicar os prazos prescricionais aoprocesso administrativo disciplinar nos mesmos moldes que aplicados no processocriminal, vale dizer, prescreve o poder disciplinar contra o servidor com base na penacominada em abstrato, nos prazos do art. 109 do Código Penal, enquanto não houversentença penal condenatória com trânsito em julgado para acusação, e, após o referidotrânsito ou improvimento do recurso da acusação, com base na pena aplicada emconcreto (art. 110, § 1.º, combinado com o art. 109 do Código Penal)35.

Este entendimento jurisprudencial foi firmado a partir da interpretação do art.142, § 2.º, da Lei 8.112/1990, cujo texto reproduz o comando normativo descrito noparágrafo único do art. 18 da Lei 5.836/1972. Por esta razão, entendemos que estasconsiderações devem ser aplicáveis ao Conselho de Justificação, feitas as devidasadaptações.

Deste modo, quando a conduta do justificante configurar, também, crime militar,a prescrição será regida pelo caput do art. 18 da Lei 5.836/1972, enquanto não houverefetiva apuração do crime ou oferecimento de denúncia.

No entanto, se houver apuração efetiva do delito, ou o oferecimento da denúncia,ou condenação transitada em julgado, a prescrição passará a ser regida pelo parágrafo

Page 379: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

único do citado art. 18. Assim, enquanto não houver condenação, o prazoprescricional será aferido pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada aocrime militar36. Sobrevindo sentença condenatória, a prescrição será regulada pelapena efetivamente imposta, na forma descrita no art. 125, § 1.º, e 126 do CPM,observadas as causas de suspensão e interrupção contidas no art. 125, §§ 4.º e 5.º.

Por fim, há de se registrar a hipótese em que o réu é absolvido na esfera penalmilitar. Neste caso, qual será o prazo prescricional? Estaria este prazo sujeito às causasde suspensão e interrupção descritas no CPM? Entendemos que a absolvição do réuafasta a hipótese de dupla capitulação. Em outras palavras, a conduta do oficial que,inicialmente, configurava ilícito administrativo e crime militar, com a absolvição,passa a ser tão somente infração administrativa pura, desde que, obviamente, asentença absolutória não tenha sido baseada na inexistência do ato imputado ao militarou negativa de sua autoria. Logo, em sendo a infração apenas administrativa, o prazoprescricional será de seis anos, não estando sujeito a suspensões, nem interrupções,nem mesmo com o sobrestamento o curso do feito no STM, nas hipóteses descritas noart. 160, §§ 1º e 2º, do RI/STM37.

15.1.9. Aplicação subsidiária do Código de Processo Penal Militar

Ao Conselho de Justificação se aplicam, subsidiariamente, as normas do Códigode Processo Penal Militar38.

15.2. CONSELHO DE DISCIPLINA39

15.2.1. Conceito

O Conselho de Disciplina é o processo administrativo especial, disciplinado peloDecreto 71.500, de 5 de dezembro de 1972, no qual, assegurados o contraditório e aampla defesa, julga-se a incapacidade do guarda-marinha, aspirante a oficial e demaispraças da ativa com estabilidade assegurada40 e da reserva remunerada ou reformadas,de permanecerem, respectivamente, em atividade ou na situação de inatividade emque se encontram41.

Em outras palavras, o Conselho visa constatar a incapacidade moral ouprofissional em decorrência da prática de atos que, transcendendo a esfera das merascontravenções ou transgressões disciplinares descritas no RDM, RDE e RDAer,impossibilitam, em virtude de sua gravidade, a permanência do guarda-marinha, doaspirante a oficial e das demais praças com estabilidade assegurada na condição em

Page 380: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

que se encontra. Por isso, em sendo considerada exclusivamente transgressãodisciplinar a razão pela qual estes militares forem julgados culpados, aplicar-se-á aosmesmos apenas uma das penas disciplinares previstas nos regulamentos militares,como preconiza o art. 13, II, do Decreto 71.500/1972. De outro lado, constatada aincapacidade, a praça será julgada culpada, estando sujeito a uma das seguintessanções: a) reforma; b) exclusão a bem da disciplina.

15.2.2. Fato gerador

São submetidos ex officio ao Conselho de Disciplina quando42:

I – acusados, oficialmente ou por qualquer meio lícito de comunicação social43,de terem: a) procedido incorretamente no desempenho do cargo; b) tidoconduta irregular; c) praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonormilitar ou o decoro da classe;

II – afastados do cargo, na forma estabelecida no Estatuto dos Militares, por setornarem incompatíveis com o mesmo ou demonstrarem incapacidade noexercício de funções militares a ele inerentes, salvo se o afastamento decorrerde fatos que motivem sua submissão a processo;

III – condenados por crimes de natureza dolosa, não previstos na legislaçãoespecial concernente à segurança do Estado, em tribunal civil ou militar, apena restrita de liberdade individual de até dois anos, tão logo transite emjulgado a sentença. Também são aplicáveis, aqui, as considerações feitas noitem 15.1.1., supra, referentes ao Conselho de Justificação;

IV – pertencentes a partido político ou associação suspensos ou dissolvidos porforça de disposição legal ou decisão judicial, ou que exerçam atividadesprejudiciais ou perigosas à segurança nacional.

No âmbito do Comando da Aeronáutica, de acordo com o art. 45, § 1.º, doDecreto 881, de 23 de julho de 1993 – que aprova o Regulamento de Promoções deGraduados da Aeronáutica (REPROGAer) –, o graduado com estabilidade asseguradaque for considerado inabilitado para o ingresso, em caráter provisório, no quadro deacesso à promoção pela Comissão de Promoção de Graduados – CPG, por nãoatender a qualquer dos requisitos estabelecidos em seu art. 15, II e III, será submetidoa Conselho de Disciplina ex officio.

A nosso sentir, este dispositivo é ilegal, por criar fato gerador de instauração deConselho de Disciplina destinado, unicamente, aos militares da Aeronáutica, sem

Page 381: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

abarcar os da Marinha e do Exército, o que contraria o art. 49, § 1.º, da Lei6.880/1980, que determina, expressamente, que o conselho obedeça a normas comunsàs três Forças Armadas.

15.2.3. Nomeação

A nomeação do Conselho, por deliberação própria ou por ordem superior, é dacompetência das seguintes autoridades: a) do oficial-general, em função de comando,direção ou chefia mais próxima, na linha de subordinação direta, ao guarda-marinha,aspirante a oficial, suboficial ou subtenente, da ativa, a ser julgado; b) do Comandantede Distrito Naval, Região Militar ou Zona Aérea44 a que estiver vinculada a praça dareserva remunerada ou reformado, a ser julgada; c) do Comandante, Diretor, Chefe ouautoridade com atribuições disciplinares equivalentes, no caso das demais praças comestabilidade assegurada.

15.2.4. Composição

O Conselho de Disciplina é um órgão colegiado, composto por três oficiais daativa da Força Armada da praça a ser julgada. O membro mais antigo será, nomínimo, um oficial intermediário45 que assume a função de Presidente. O que lhesegue em antiguidade será o interrogante e relator do processo. O oficial maismoderno será o escrivão. É lícito a quaisquer dos membros reperguntar ao acusado eàs testemunhas, bem como propor diligências.

15.2.5. Impedimentos

Estão impedidos de compor o Conselho: a) o oficial que formulou a acusação; b)os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado, parentescoconsanguíneo ou afim, na linha reta ou até quarto grau de consanguinidade colateral;c) os oficiais que tenham particular interesse na decisão do Conselho.

15.2.6. Prazo para a conclusão

Os membros do Conselho dispõem de 30 (trinta) dias, a contar da data de suanomeação, para a conclusão dos trabalhos. Em casos excepcionais, a autoridadenomeante, a requerimento do presidente, poderá prorrogar o prazo inicial por mais 20(vinte) dias46. Eventual atraso na conclusão dos trabalhos não acarreta a nulidade doprocesso administrativo47.

Page 382: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

15.2.7. Procedimento

Nomeado o Conselho, compete ao presidente promover a convocação dosmembros e a intimação do acusado para, em local, dia e hora designados, seremrealizadas a leitura do libelo acusatório e do ato de nomeação, a qualificação e ointerrogatório do defendente, sendo tudo reduzido a termo. Ao acusado deverá seroportunizada a juntada de documentos.

Quando o acusado, praça da reserva remunerada ou reformado, não forlocalizado ou deixar de atender à intimação para comparecer à audiência inaugural, ochamamento deverá ser feito mediante publicação em órgão de divulgação na área deseu domicílio. Se, ainda assim, não comparecer à nova audiência na data designada, oprocesso correrá à revelia.

Por força dos arts. 1.º e 9.º do Decreto 71.500/1972 e do art. 5.º, LV, da CF/1988,ao acusado são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursosa ela inerentes, sob pena de nulidade do processo administrativo. Para viabilizar oexercício desses direitos fundamentais, o acusado deverá: a) ter acesso amplo eirrestrito aos autos do processo, podendo, inclusive, retirar cópias que julgarnecessárias; b) ser intimado para comparecer aos interrogatórios e para se manifestarsobre todas as provas produzidas ao longo do processo administrativo48; c) fazer-seacompanhar de advogado, se assim o quiser, etc.

A defesa deverá ser feita por escrito e apresentada ao Conselho, no prazo decinco dias, a contar do interrogatório inicial. É facultado ao acusado requerer aprodução de todas as provas permitidas no Código de Processo Penal Militar49. OConselho ouvirá as testemunhas de acusação e de defesa, se arroladas, podendoinquirir, ainda, o acusador ou receber, por escrito, seus esclarecimentos. Deverá seroportunizada ao defendente a presença em todas as sessões que visem à instrução dofeito, facultando-lhe, ainda, posteriormente, manifestação escrita sobre osdepoimentos colhidos.

Realizadas as diligências necessárias à elucidação dos fatos, o Conselho julgará50,em sessão secreta51, se a praça: a) é ou não culpada da acusação que lhe foi feita; b) nocaso do inciso III, do art. 2.º do Decreto 71.500/1972, levados em consideração ospreceitos de aplicação da pena previstos no Código Penal Militar, é ou não incapaz depermanecer na ativa ou na situação em que se encontra na inatividade.

Encerrado o julgamento, o Conselho remeterá os autos à autoridade nomeante aquem compete, no prazo de 20 (vinte) dias52, homologar ou não o julgamentoproferido, determinando: a) o arquivamento do processo, se não julgar a praçaculpada ou incapaz de permanecer na ativa ou na inatividade; b) a aplicação de pena

Page 383: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

disciplinar, se considerar contravenção ou transgressão disciplinar a razão pela qual apraça foi julgada culpada; c) a remessa do processo ao auditor competente, seconsiderar crime militar a conduta pela qual a praça foi julgada culpada; d) a remessado processo ao Comandante da Força a que pertença o acusado ou à autoridade aquem tenha sido delegada competência para efetivar reforma53 ou exclusão a bem dadisciplina, com a indicação de uma destas medidas, se a razão pela qual a praça foijulgada culpada estiver prevista nos incisos I, II ou IV, do art. 2.º do Decreto71.500/1972 ou se, pelo crime cometido, previsto no inciso III do art. 2.º do referidodecreto, a praça foi julgada incapaz de permanecer na ativa ou na inatividade.

15.2.8. Oficial curador

O processo administrativo será acompanhado por um oficial designado pelaautoridade que nomeou o Conselho, nos casos de revelia, ou quando solicitado peloacusado, a fim de orientar sua defesa.

15.2.9. Recurso

No prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da decisão, o acusado ou, no casode revelia, o oficial curador poderá interpor recurso da decisão do Conselho ou dasolução posterior da autoridade nomeante54. Compete ao Comandante da respectivaForça julgar, em última instância, no prazo de 20 (vinte) dias, os recursos por venturainterpostos.

É cabível, também, pedido de reconsideração, nos termos do art. 51 da Lei6.880/1980, das decisões acima aludidas.

15.2.10. Aplicação subsidiária do Código de Processo Penal Militar

Ao Conselho de Disciplina se aplicam, subsidiariamente, as normas do Código deProcesso Penal Militar55.

15.2.11. Prescrição

Nos casos de infrações administrativas pura, ou seja, que não sejam capituladastambém como crime militar, o prazo prescricional é de seis anos, computados da dataem que foram praticados, não estando sujeito a pausas. Em casos de duplacapitulação, a prescrição passa a ser regida pelo CPM, estando, portanto, submetida àscausas de suspensão e interrupção previstas no diploma penal castrense.

Page 384: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Remetemos o leitor às considerações feitas no item 15.1.8, supra, referentes aoConselho de Justificação, por serem inteiramente aplicáveis ao Conselho deDisciplina.

15.3. RESUMO DA MATÉRIA

Conselho de Justificação

Conselho de Justificação nas Forças Armadas é o processo administrativo especial,disciplinado pela Lei 5.836/1972, no qual, assegurados o contraditório e a ampla defesa,com os meios e recursos a ela inerentes, julga-se a incapacidade de o oficial da ativa, dareserva remunerada ou reformado permanecer, respectivamente, na ativa ou na situação deinatividade em que se encontra.

A nomeação do Conselho será feita a pedido ou ex officio, sendo da competência do: a)Comandante da Força Armada a que pertencer o oficial a ser julgado pedido ou ex officio; b)Comandante do Teatro de Operações ou de Zona de Defesa ou dos mais altos comandantesdas Forças Singulares isoladas, para os oficiais sob seu comando e no caso de fatosocorridos na área de sua jurisdição, quando em campanha no país ou no exterior.

O Conselho de Justificação é um órgão colegiado, composto por três oficiais da ativa daForça singular a que o justificante pertença.

Estão impedidos de integrar o Conselho de Justificação: a) o oficial que formulou aacusação; b) os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado, parentescoconsanguíneo ou afim, na linha reta ou até quarto grau de consanguinidade colateral; c) osoficiais subalternos.

Os membros do Conselho dispõem de 30 (trinta) dias, a contar da data da nomeação, paraconcluí-lo. Em casos excepcionais, a autoridade nomeante, a requerimento do presidente,poderá prorrogar o prazo inicial por mais 20 (vinte) dias.

Realizadas as diligências necessárias à completa elucidação dos fatos, o Conselho deJustificação julgará, em sessão secreta. Encerrado o julgamento, os autos serão remetidos aoComandante da respectiva Força, a quem compete, no prazo de 20 (vinte) dias, homologar ounão o julgamento proferido. Em sendo o caso de remessa dos autos ao Superior TribunalMilitar, competirá a esse julgá-lo em única instância. Acaso o tribunal julgue provado que ooficial é culpado, deverá, conforme o caso, declará-lo indigno do oficialato ou com eleincompatível, determinando, por consequência, a perda do posto e da patente ou a reforma noposto que possuía na ativa, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.

Pacificou-se, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, que a decisão proferida pelo STM,em sede de Conselho de Justificação, é de natureza administrativa. Logo, contra ela não cabea interposição de Recurso Extraordinário.

Page 385: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O prazo prescricional é de seis anos, computado a partir da data em que os atos forampraticados. Quando a infração for capitulada, da mesma forma, como crime militar, aplicar-se-á o prazo prescricional descrito no Código Penal Militar e as causas de interrupção esuspensão nele previstas.

Ao Conselho de Justificação se aplicam, subsidiariamente, as normas do Código deProcesso Penal Militar.

Conselho de Disciplina

Conselho de Disciplina é o processo administrativo especial, no qual, assegurados ocontraditório e a ampla defesa, julga-se a incapacidade do guarda-marinha, aspirante aoficial e demais praças da ativa com estabilidade assegurada e da reserva remunerada oureformados, de permanecerem, respectivamente, em atividade ou na situação de inatividadeem que se encontram.

A nomeação do Conselho, por deliberação própria ou por ordem superior, é dacompetência das seguintes autoridades: a) do oficial-general, em função de comando,direção ou chefia mais próxima, na linha de subordinação direta, ao guarda-marinha,aspirante a oficial, suboficial ou subtenente, da ativa, a ser julgado; b) do Comandante deDistrito Naval, Região Militar ou do Comando Aéreo Regional a que estiver vinculada apraça da reserva remunerada ou reformado, a ser julgada; c) do Comandante, Diretor, Chefeou autoridade com atribuições disciplinares equivalentes, no caso das demais praças comestabilidade assegurada.

O Conselho de Disciplina é um órgão colegiado, composto por três oficiais da ativa daForça Armada da praça a ser julgada. Estão impedidos de compor o Conselho: a) o oficialque formulou a acusação; b) os oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com oacusado, parentesco consanguíneo ou afim, na linha reta ou até quarto grau deconsanguinidade colateral; c) os oficiais que tenham particular interesse na decisão doConselho.

O prazo para conclusão do processo administrativo é de 30 (trinta) dias, a contar da datade sua nomeação. Em casos excepcionais, a autoridade nomeante, a requerimento dopresidente, poderá prorrogar o prazo inicial por mais 20 (vinte) dias. Eventual atraso naconclusão dos trabalhos não acarreta a nulidade do processo administrativo.

Realizadas as diligências necessárias à elucidação dos fatos, o Conselho julgará, emsessão secreta, se a praça: a) é ou não culpada da acusação que lhe foi feita; b) no caso doinciso III do art. 2.º do Decreto 71.500/1972, levados em consideração os preceitos deaplicação da pena previstos no Código Penal Militar, é ou não incapaz de permanecer naativa, ou na situação em que se encontra na inatividade.

Encerrado o julgamento, o Conselho remeterá os autos à autoridade nomeante a quemcompete, no prazo de 20 (vinte) dias, homologar ou não o julgamento proferido.

O processo administrativo será acompanhado por um oficial designado pela autoridadeque nomeou o Conselho, nos casos de revelia, ou quando solicitado pelo acusado, a fim de

Page 386: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

orientar sua defesa.O acusado ou, no caso de revelia, o oficial curador poderá interpor recurso da decisão do

Conselho ou da solução posterior da autoridade nomeante no prazo de 10 (dez) dias.Compete ao Comandante da respectiva Força julgar, em última instância, no prazo de 20(vinte) dias, os recursos por ventura interpostos. É cabível, também, pedido dereconsideração, nos termos do art. 51 da Lei 6.880/1980, das decisões acima aludidas.

Ao Conselho de Disciplina se aplicam, subsidiariamente, as normas do Código deProcesso Penal Militar.

15.4. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (MPM – Promotor 2005) – Fica sujeito a processo para declaração deindignidade para o oficialato ou de incompatibilidade com o mesmo ooficial das Forças Armadas que:a) For condenado por tribunal militar à pena privativa de liberdade por dois anos.b) Houver adquirido dupla nacionalidade, ainda que mantendo a nacionalidade brasileira.c) For considerado culpado em julgamento por Conselho de Justificação, nos casos

previstos na legislação específica.d) For considerado extraviado.

2. (STM – Juiz-Auditor 1996) – A Lei 6.880/1980, de 3 de dezembro de1980, Estatuto dos Militares, estabelece que o oficial presumivelmenteincapaz de permanecer como militar da ativa, por ter comprometido asobrigações e deveres militares, será submetido a:a) Conselho de Disciplina.b) Conselho de Justificação.c) Conselho Permanente de Justiça.d) Conselho Especial de Justiça.

3. (STM – Juiz-Auditor 1996) – O Oficial, em tempo de paz, perderá oposto e a patente se for declarado indigno do oficialato ou com eleincompatível, em decorrência de julgamento a que for submetido e pordecisão:a) Conselho Especial de Justiça.

Page 387: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) Superior Tribunal Militar.c) Tribunal Especial.d) Conselho de Justificação.

4. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar daMarinha T/2006. Direito) – Assinale a opção que apresenta quem nãoestá sujeito a Conselho de Disciplina:a) o guarda-marinha que tinha exercido atividades prejudiciais ou perigosas à segurança

nacional.b) as praças sem estabilidade assegurada, condenadas por crime de natureza dolosa

até dois anos, tão logo transite em julgado a sentença.c) o aspirante a oficial pertencente a partido político ou associação, suspenso ou

dissolvido por força de disposição legal ou decisão judicial.d) as praças reformadas ou na reserva remunerada que acusadas oficialmente ou por

qualquer meio lícito de comunicação social, tenha tido conduta irregular.e) o guarda-marinha afastado do cargo, na forma do Estatuto dos Militares, por se

tornar incompatível com ele ou demonstrar incapacidade no exercício de funçõesmilitares inerentes ao cargo.

5. (MPM – Promotor 1999) – Qual ou quais são os processos legais parao perdimento do posto e da patente do oficial das Forças Armadas, deacordo com a legislação vigente para o tempo de paz?a) Processo do Conselho de Justificação, de competência originária do Superior Tribunal

Militar.b) Processo do Conselho de Justificação e processo-crime, no caso de aplicação de

pena acessória.c) Processo de Representação de Indignidade ou incompatibilidade para o Oficialato e

processo do Conselho de Justificação.d) Processo administrativo e processo de disciplina, instaurados no âmbito do respectivo

Ministério Militar.

Gabarito

Page 388: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

1. c 2. b 3. b

4. b 5. c

1 Os oficiais da reserva não remunerada, como já dito (capítulo XII, item 12.2.9.6.2), não obstantesejam titulares de postos e patentes militares, não se sujeitam ao Conselho de Justificação, ante aosilêncio eloquente da norma de regência (Lei 5.836/1972) que faz menção, apenas, aos oficiais daativa, da reserva remunerada e aos reformados.

2 Os oficiais das polícias militares e corpos de bombeiros serão submetidos ao Conselho deJustificação, na forma preconizada na legislação estadual específica que, em regra, reproduz anorma federal.

3 “Conselho de Justificação. Inexistência de indícios de crimes no processado. A conduta dolibelado não provocou prejuízos contra terceiros. O justificante conseguiu destruir todas asacusações constantes do libelo acusatório. O comportamento do postulado não ultrapassou oslimites administrativos impostos pelos regulamentos militares. O acusado já foi punidodisciplinarmente pelas infrações regulamentares. O Tribunal considerou o justificante não culpadodas acusações contidas contra ele no libelo acusatório e, portanto, justificado. Decisão pormaioria.” (STM Proc: CJUST – Conselho de Justificação 1988.02.000122-1 UF: DF. DJU24/04/1989. Relator: Jorge José de Carvalho).“Conselho de Justificação – Oficial de marinha submetido a Conselho de Justificação, fundando-seo libelo acusatório no artigo segundo, inciso I, letra b, da Lei 5.836/1972. Conduta irregularimputada ao justificante defluindo de punições disciplinares. Embora, altamente, censurável, doponto de vista disciplinar, a conduta irregular imputada não chega a comprometer a carreira militare nem incompatibiliza o justificante para com o exercício do seu posto. Arguição de nulidade dadecisão do conselho de justificação, por inobservância do princípio da ampla defesa, formuladaperante o STM, pelo defensor constituído. Por unanimidade de votos, rejeitada a preliminarsuscitada pela defesa, e no mérito, julgado não culpado o justificante, sendo determinado oarquivamento do processo.” (STM. CJUST – Conselho de Justificação 1988.01.000132-9 UF: DF.DJU 6/04/1989. Relator: George Belham da Motta).

4 Art. 2.º da Lei 5.836/1972.5 A acusação deve conter, além da descrição dos fatos imputados ao oficial justificante, a

identificação do denunciante a fim de preservar o acusado contra denúncias vazias, infundadas,irresponsáveis, que, muitas vezes, acobertadas pelo anonimato, visam, tão somente, macular ahonra e carreira profissional do denunciado. Este, inclusive, tem sido o entendimento adotado peloComando da Aeronáutica que, ao definir meio lícito de comunicação social, para fins deinstauração de Conselho de Disciplina, assim dispõe: “O que é ‘meio lícito de comunicaçãosocial’ para que o militar acusado se enquadre no estipulado pelo art. 1.º do Decreto 71.500/72?

Page 389: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

R.: É a condição exigida pela lei para que a acusação seja concreta, ou seja: deve ser assinada oupublicada em órgão idôneo, com origem perfeitamente identificável, que possa ser chamada,quando necessário, para coonestar aquilo que alega em documento próprio, não podendoenquadrar-se na hipótese de uma carta anônima, ou num panfleto de origem não identificada, ounuma acusação verbal que possa ser destruída pela mesma palavra de quem formulou a acusação”(item 4.6.2 da Portaria DIRAP 1.658/DIR, de 14 de maio de 2004 – FCA 30-3, Interpretando aLegislação de Pessoal). Por estes motivos, entendemos ser aplicável aos militares, por analogia, aprevisão contida no art. 144 da Lei 8.112/1990, que condiciona a apuração de denúncias deirregularidades à identificação do denunciante. Não é ocioso lembrar, ainda, que a ConstituiçãoFederal de 1988 veda o anonimato (art. 5.º, IV) e que, sem a identificação do denunciante, odenunciado estará impossibilitado de exercer o direito de resposta ao agravo, bem como deperquirir indenização pelos danos morais suportados (art. 5.º, V e X, da CF/1988), no caso dedenúncias desprovidas de veracidade. Salienta-se, no entanto, que o Superior Tribunal de Justiçajá admitiu a instauração de processo administrativo disciplinar a partir de carta anônima, como sedepreende do seguinte aresto: “Administrativo. Servidor Público. Militar. Demissão. ProcessoAdministrativo Disciplinar. Carta Anônima. Licitude. Dilação Probatória. Writ. Via Inadequada. I– A carta anônima é meio hábil para a instauração de processo administrativo disciplinar, cabendoa Administração a apuração dos fatos narrados na denúncia, ainda que apócrifa. II – Questões cujasolução demandaria, necessariamente, revisão do material fático apurado no processo disciplinar,ou a incursão sobre o mérito do julgamento administrativo, não podem ser apreciadas em sede demandamus. Recurso desprovido.” (RMS 19.224/MT, Rel. Ministro Félix Fischer, Quinta Turma,julgado em 19/04/2005, DJ 1/07/2005, p. 570).

6 Compete ao Alto Comando ou às Comissões de Promoção de Oficiais (CPO) declarar, emcaráter provisório, o oficial não habilitado para o acesso, por presumível incapacidade de atenderaos requisitos de conceito profissional e moral, indispensáveis ao ingresso em quadro de acessoou lista de escolha.

7 Sobre a possibilidade de dupla punição, conferir o seguinte julgado: “Administrativo.Disciplinar. Policial militar. Exclusão da corporação. Conduta tipificada também como crime.Ilegalidade. Não ocorrência. Independência das instâncias. 1. A jurisprudência firmada por estaCorte é no sentido de que há independência entre as esferas administrativa e penal. 2. O artigo 40,§ 2.º, da Lei Estadual 8.033/1975 não pode ser interpretado de modo a afastar a responsabilidadeadministrativa do militar que tenha praticado falta disciplinar também tipificada como crime. 3.Recurso ordinário a que se nega provimento.” (ROMS 200501581482, Haroldo Rodrigues(Desembargador convocado do TJ/CE), STJ – Sexta Turma, 23/11/2009).

8 Art. 4.º, §§ 1.º e 2.º, da Lei 5.836/1972.9 Art. 4.º, I, da Lei 5.836/1972.10 Nesse sentido, conferir: “Conselho de Justificação. Oficial de marinha. Subdelegação de

competência. Nomeação pelo Diretor do Pessoal Militar da Marinha. Incompetência de autoridadenomeante. Nulidade do processo ‘ab initio’. 1. Nos termos do art. 4.º, inciso I da Lei 5.836/1972compete, privativamente, ao Ministro da Força Armada a que pertence o oficial a ser julgado, anomeação do respectivo Conselho de Justificação. 2. Inexistindo autorização legal advinda de

Page 390: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

norma de mesma hierarquia que a Lei 5.836/1972, o deslocamento da competência a outraautoridade administrativa, subordinada ao Ministro de Estado, para a nomeação de conselho dejustificação, seja por delegação e/ou subdelegação, resulta em ato nulo de pleno direito, portanto,inexistente, ineficaz e impossível de produzir qualquer efeito jurídico. Acolhida a preliminarsuscitada pela Procuradoria-Geral da Justiça Militar, declarando nulo o processo, ‘ab initio’, porfalta de competência de autoridade que nomeou os membros do conselho de justificação,ressalvada a possibilidade de renovação, a juízo de conveniência e oportunidade do Exmo. Sr.Ministro de Estado da Marinha.” (STM. Proc: CJUST – Conselho de Justificação1997.01.000171-0. UF: DF. Data da Publicação: DJU 18/12/1997. Ministro Relator Sérgio XavierFerolla. Decisão unânime).

11 O requerimento deverá ser fundamentado, expondo os motivos do pedido de prorrogação, eentregue à autoridade nomeante antes de findar o prazo original.

12 O Conselho de Justificação é regido por lei própria (Lei 5.836/1972). Todavia, a ele seaplicam, subsidiariamente, os dispositivos da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (art. 69), queregula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

13 “Conselho de Justificação. Vício insanável. Preliminar de nulidade Suscitada pelos advogadosdo justificante, visando a nulidade do feito, em razão de manifesto cerceamento da defesa,afrontando a Constituição Federal (art. 5.º, LV) e a lei do Conselho de Justificação, (Lei 5.836, de1972), contrariando, ainda, assentes julgados desta corte. Acolhida, à unanimidade, anulando-se oprocesso, ab initio, ressalvada a possibilidade de renovação.” (STM. CJUST Conselho deJustificação. Processo 1997.01.000172-8. DJU 18/12/1997, Relator: Domingos Alfredo Silva).

14 “Administrativo. Oficial da polícia militar. Reforma com proventos proporcionais ao tempo deserviço. Alegada ofensa ao art. 5.º, LV, da Constituição Federal. A Carta Magna, no dispositivoindicado, assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geralo contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Caso em que a normafoi inobservada, havendo o Conselho de Justificação colhido provas sobre as quais não semanifestou a defesa; e o Tribunal de Justiça, no exercício de jurisdição militar, proferido ojulgamento sem prévia e regular intimação ao acusado. Recurso provido.” (STF. RE;209.350/MT– Mato Grosso. Relator: Min. Ilmar Galvão. Órgão Julgador: Primeira Turma. DJ 13/08/1999).

15 O presidente do conselho, de forma fundamentada, poderá indeferir a produção de provasimpertinentes, protelatórias, desnecessárias, ilícitas, etc.

16 O julgamento se dará pela maioria dos votos de seus membros.17 É vedado o acesso do justificante à sessão secreta de julgamento (art. 9.º, § 1.º, da Lei

5.836/1972). O Superior Tribunal Militar firmou entendimento de que a sessão secreta de que tratao caput do art. 12 da Lei 5.836/1972 é legítima, motivo pelo qual não acarreta nulidade doprocesso administrativo. Nesse sentido, conferir voto proferido nos autos do Conselho deJustificação 2003.01.00192-2 – Distrito Federal. Cumpre ressaltar, no entanto, que a possibilidadede realização de sessão velada em processo administrativo disciplinar não é matéria pacificada noâmbito do Superior Tribunal de Justiça.Admitindo a deliberação do Conselho de Justificação, em sessão secreta, nos termos do caput do

Page 391: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

art. 12 da Lei 5.836/1972, colaciona-se trecho do voto proferido no MS 8.315/DF (Rel. MinistroJorge Scartezzini, Terceira Seção, julgado em 11/12/2002, DJ 17/02/2003, p. 220), acolhido àunanimidade: “Quanto à primeira questão, realização de sessão secreta do Conselho deJustificação, verifico que a Lei 5.836⁄1972, expressamente, em seu art. 12, assim dispõe: ‘Art. 12– Realizadas todas as diligências, o Conselho de Justificação passa a deliberar, em sessãosecreta, sobre o relatório a ser redigido. § 1.º O relatório, elaborado pelo escrivão e assinado portodos os membros do Conselho de Justificação, deve julgar se o justificante: a) é, ou não, culpadoda acusação que lhe foi feita; ou b) no caso de item II, do art. 2.º está ou não, sem habilitação parao acesso, em caráter definitivo; ou c) no caso do item IV, do art. 2.º, levados em consideração ospreceitos de aplicação da pena previstos no Código Penal Militar, está, ou não, incapaz depermanecer na ativa ou na situação em que se encontra na inatividade. § 2.º A deliberação doConselho de Justificação é tomada por maioria de votos de seus membros. § 3.º Quando houvervoto vencido é facultada sua justificação por escrito. § 4.º Elaborado o relatório, com um termo deencerramento, o Conselho de Justificação remete o processo ao Ministro Militar respectivo,através da autoridade nomeante, se for o caso.’ – grifei. Logo, a própria lei prevê talprocedimento. O fato do impetrante e seu advogado não terem participado desta sessão, não anulao julgamento, porquanto a defesa foi fartamente produzida em etapas anteriores. Neste sentido, oprecedente, aplicado por analogia, assim ementado: ‘Administrativo. Mandado de Segurança. Juizde Direito. Processo Administrativo. Instauração. Sindicância. Procedimentos Sumários.Cerceamento de Defesa. Inocorrência. Oferecimento de Representação. Sessão de Deliberação.Nulidades. Ausência. Aposentadoria. – A sindicância administrativa é meio sumário deinvestigação de irregularidades funcionais cometidas, sendo desprovida de procedimento formal edo contraditório, dispensando a defesa do indiciado e a publicação do procedimento. – Não hácerceamento de defesa, nem violação ao devido processo legal em razão da inexistência desustentação oral na sessão de julgamento do processo administrativo, dispondo, neste particular, aLei Complementar 35⁄1979 – LOMAN – que o julgamento de processo administrativo pode serrealizado em sessão fechada, na qual não tenham acesso os indiciados (art. 27). – ‘omissis’. –Recurso ordinário desprovido.’ (RMS 2.530⁄PI, Rel. Ministro Vicente Leal, DJU 25/06/2001) –negritei.”Em sentido contrário, não admitindo a realização de sessão secreta em processo administrativodisciplinar, mesmo nos casos em que há expressa previsão legal, por materializar ofensa ao art.5.º, LIV e LV, da CF/1988: RMS 15.168/BA, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em7/10/2003, DJ 28/10/2003, p. 303; RMS 13.358/PB, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma,julgado em 15/05/2003, DJ 2/06/2003, p. 306; RMS 1932/PR, Rel. Ministro Jesus Costa Lima,Quinta Turma, julgado em 10/03/1993, DJ 12/04/1993, p. 6074, etc.

18 Como já decidiu o STF, tratando-se de procedimento administrativo disciplinar, o julgamentofora do prazo legal não implica nulidade (Lei 8.112/1990, art. 169, § 1.º). Com esse entendimento,a Turma negou provimento a recurso em mandado de segurança em que se sustentava a nulidade dadecisão que declarou o impetrante indigno do oficialato, em razão da alegada inobservância doprazo de 20 dias para a remessa do processo do Conselho de Justificação ao Superior TribunalMilitar (Lei 5.836/1972, art. 13). Precedentes citados: MS 22.827-MT (RTJ 168/192); MS22.055-RS (DJU 18/10/1996). RMS 22.450-DF, rel. Min. Maurício Corrêa, 24/08/1999. No

Page 392: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

mesmo sentido, tem decidido o STM, afirmando que o descumprimento do prazo descrito no art.13 da Lei 5.836/1972 não acarreta nulidade do Conselho de Justificação. Quando muito, a demorapoderá dar causa à prescrição, se alcançados os prazos previstos no art. 18 da referida lei; videCJUST – Conselho de Justificação 1994.01.000158-2, DJU 28/08/1995.

19 Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica não detêm competência parapromover a transferência para a reserva remunerada de oficiais-generais (art. 1.º, I, do Decreto2.790/1998). Logo, se o justificante for oficial-general, competirá ao Presidente da Repúblicaefetivar sua transferência para a reserva remunerada.

20 Nos termos do art. 6.º, II, f, da Lei 8.457/1992, compete ao STM julgar os feitos originários dosConselhos de Justificação. Importante registrar que, nos casos em que o justificante é oficial dapolícia militar ou do corpo de bombeiro militar, o julgamento do feito será realizado pelo Tribunalde Justiça da unidade da federação a que pertença, com exceção daquele que pertencer aosefetivos dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que possuem Tribunal deJustiça Militar Estadual.

21 Nos termos do art. 37, II, c, do RI/STM, o relator do Conselho de Justificação será MinistroMilitar.

22 Art. 160, § 1.º, do Regimento Interno do STM.23 Art. 160, § 2.º, do RI/STM.24 Art. 160 do RI/STM.25 Contra decisão não unânime em processo oriundo de Conselho de Justificação, cabem Embargos

de Nulidade e Infringentes do Julgado (art. 119, II, do Regimento Interno do STM).26 O Presidente da República delegou aos Comandantes das Forças singulares competência para

promoverem a reforma de oficiais da ativa e da reserva e a demissão ex officio de oficiaissuperiores, subalternos e intermediários (art. 1.º, II e III, do Decreto 2.790/1998). Tal delegação,como já dito, não alcança os oficiais-generais que serão reformados ou demitidos ex officio porato do Presidente da República.

27 Cumpre observar que a Corte Suprema já adotou entendimento contrário, a nosso entender,acertadamente. Trata-se do seguinte julgado: “Recurso extraordinário. Também os oficiais dasPolícias Militares só perdem o posto e a patente se forem julgados indignos do oficialato ou comele incompatíveis por decisão do Tribunal competente em tempo de paz. Esse processo não temnatureza de procedimento ‘para-jurisdicional’, mas, sim, natureza de processo judicial,caracterizando, assim, causa que pode dar margem à interposição de recurso extraordinário. –Inexistência, no caso, de ofensa ao art. 5.º, LVII, da Constituição. Recurso extraordinário nãoconhecido.” (RE 186.116, Relator(a): Min. Moreira Alves, Primeira Turma, julgado em25/08/1998, DJ 3/09/1999).

28 “Recurso extraordinário. Descabimento. Natureza administrativa da decisão do STM que, emConselho de Justificação, decreta a perda de posto e de patente, por indignidade eincompatibilidade com o oficialato (L. 5.836/72, art. 16, I): precedentes da Corte.” (STF.RE;318.469/DF – Distrito Federal. Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence. Primeira Turma. DJ5/04/2002).

Page 393: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Ainda sobre o tema, colaciona-se, dada a pertinência, trecho do voto proferido pelo EminenteMinistro Celso de Mello relator do EDiv. no RE 318.469-5⁄DF: “Não é, pois, qualquer atodecisório do Poder Judiciário que se expõe, na via do recurso extraordinário, ao controlejurisdicional do Supremo Tribunal Federal. Acham-se excluídos da esfera de abrangência doapelo extremo todos os pronunciamentos, que, embora formalmente oriundos do Poder Judiciário(critério subjetivo-orgânico), não se ajustam à noção de ato jurisdicional (critério material). Aexpressão causa, na realidade, designa qualquer procedimento em que o Poder Judiciário,desempenhando a sua função institucional típica, resolve ou previne controvérsias mediante atosestatais providos de ‘final enforcing power’. É-lhe ínsita – enquanto estrutura formal em cujoâmbito se dirimem, com carga de definitividade, os conflitos suscitados – a presença de um atodecisório proferido em sede jurisdicional. (...) Os atos decisório do Poder Judiciário, que venhama ser proferidos em sede meramente administrativa, não encerram, por isso mesmo, conteúdojurisdicional, deixando de veicular, em consequência, a nota da definitividade que se reclama aospronunciamentos suscetíveis de impugnação na via recursal extraordinária. Sendo assim, ainda quejudiciária a autoridade de que emanou o pronunciamento impugnado, não terá pertinência o recursoextraordinário, se a decisão houver sido proferida em sede estritamente administrativa, comoocorre, por exemplo, com os atos judiciais praticados em procedimento destinado a viabilizar adecretação da perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças, por razão deindignidade (como se registra na espécie dos autos) ou de incompatibilidade de seucomportamento com o exercício da função militar ou com o desempenho da atividade policial-militar (...).” (EDiv. no RE 318.469-5⁄DF, Tribunal Pleno, rel. Min. Celso de Mello, DJ11⁄10⁄2002).

29 “Conselho de Justificação. Prescrição. Legislação especial. A Lei 5.836, de 5 de dezembro de1972, que dispõe sobre Conselho de Justificação e dá outras providências, estabelece em seuartigo 18 que os casos ali previstos prescrevem em 6 (seis) anos, contados da data em que os fatosforam praticados. Conselho de Justificação instaurado em 16 de junho de 2000, visando apurarfatos ocorridos no período de outubro de 1984 a dezembro de 1992 e de janeiro a abril de 1994,que levaram a não inclusão do Justificante no Quadro de Acesso, quando estes fatos já estavamfulminados pela prescrição. O instituto da prescrição objetiva consolidar a estabilidade e aharmonia das relações sociais. Se ao Estado é assegurado o ‘jus puniendi’ por lapso temporalrazoável, do mesmo modo ao infrator é assegurado o direito de não mais ser punido, após odecurso desse mesmo prazo. Preliminar acolhida. Prescrição declarada.” (STM. CJUST –Conselho de Justificação processo n. 2000.01.000186-8. DJU 28/06/2001. Decisão unânime).

30 Art. 142, § 1.º, da Lei 8.112/1990. O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fatose tornou conhecido.

31 Se a infração administrativa for definida, também, como crime comum, o prazo prescricionalserá o previsto no caput do art. 18 da Lei 5.836/1972. Não se aplica, portanto, o parágrafo únicodo referido art. 18, que se refere, apenas, aos crimes militares. Assim, se um oficial é denunciadona justiça comum pela suposta prática de crime de estupro, eventual instauração do Conselho deJustificação, com base no art. 2.º, I, da Lei. 5.836/1972, deverá ser feita no prazo máximo de seisanos, computados da data em que o ato foi praticado, não obstante o prazo prescricional do ilícitona esfera penal comum seja de 16 (dezesseis) anos.

Page 394: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

32 Art. 18, parágrafo único, da Lei 5.836/1972.33 Como acentua Ronaldo João Roth, a questão da incidência da prescrição da legislação penal ao

Conselho de Justificação implica, ainda, nas causas de interrupção e de suspensãocorrespondentes, contrariamente ao que ocorre com as infrações administrativas puras, previstasna lei que rege aquele processo (ROTH, Ronaldo João. A prescrição, os recursos e a atuação doMinistério Público no Conselho de Justificação. Revista Direito Militar, AMAJME, n. 42,julho/agosto 2003, p. 15).

34 Trecho do voto proferido pelo Min. Vicente Leal no processo RMS 14420/RS (Sexta Turma,julgado em 15/08/2002, DJ 30/09/2002, p. 291). Ainda sobre o tema, colhe-se o seguinte aresto:“Agravo regimental no recurso ordinário em mandado de segurança. Ação disciplinar daadministração pública. Prazo prescricional. Inexistência de apuração da prática de crime.Inaplicabilidade da lei penal. Incidência do prazo da norma administrativa de regência.Reconhecimento da prescrição. Decisão mantida por seus próprios fundamentos. 1. À infraçãodisciplinar também capitulada como crime, aplica-se o prazo de prescrição previsto na lei penal,desde que haja a regular apuração criminal, o que, in casu, não ocorreu. Portanto, deve seraplicado à hipótese o prazo prescricional da norma administrativa de regência, qual seja, a LeiEstadual 10.460/1988. Precedentes. 2. Inexistindo qualquer fundamento relevante que justifique ainterposição de agravo regimental ou que venha infirmar as razões consideradas no julgadoagravado, deve ser mantida a decisão por seus próprios fundamentos. 3. Agravo regimentaldesprovido.” (AgRg no RMS 17.766/GO, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em12/12/2006, DJ 12/02/2007 p. 273).

35 Trecho do voto proferido pelo Min. Hamilton Carvalhido no processo RMS 13.395/RS, SextaTurma, julgado em 26/05/2004, DJ 2/08/2004, p. 569, cuja ementa do acórdão passa a sertranscrita a seguir: “Recurso ordinário em mandado de segurança. Processo disciplinar. Ilícitoadministrativo e penal. Prescrição regulada pela lei penal. Sentença penal condenatória.Aplicação do prazo prescricional pela pena em concreto. 1. É firme o constructo doutrinário ejurisprudencial no sentido da autonomia e independência das esferas penal e administrativa, assimreconhecidas, contudo, não de forma absoluta, eis que sofrem restrições relativas à repercussão,na esfera administrativa, do reconhecimento, na esfera penal, da inexistência da materialidade docrime ou de que o funcionário não foi o seu autor e à prevalência do regime penal sobre o regimeadministrativo, em sede de prazo prescricional, de modo que, em caracterizando o mesmo fato,crime e ilícito administrativo, o prazo de extinção da punibilidade do delito se aplica à de faltafuncional. 2. Ao se adotar na instância administrativa o modelo do prazo prescricional vigente nainstância penal, deve-se aplicar os prazos prescricionais ao processo administrativo disciplinarnos mesmos moldes que aplicados no processo criminal, vale dizer, prescreve o poder disciplinarcontra o servidor com base na pena cominada em abstrato, nos prazos do art. 109 do CódigoPenal, enquanto não houver sentença penal condenatória com trânsito em julgado para acusação, e,após o referido trânsito ou improvimento do recurso da acusação, com base na pena aplicada emconcreto (art. 110, § 1.º, combinado com o art. 109 do Código Penal). 3. Recurso provido.” (RMS13.395/RS, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, julgado em 26/05/2004, DJ2/08/2004 p. 569).

36 Conferir art. 125 do CPM.

Page 395: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

37 Na mesma linha, Ronaldo João Roth assim dispõe: “não estabelece a referida Lei causas deinterrupção ou suspensão da prescrição. Logo, se ocorrida a infração administrativa pura e aAdministração ficar inerte, sem instaurar o Conselho de Justificação ou, ainda que instaurado este,deixe o tempo superar 6 (seis) anos, o fato estará prescrito, não mais podendo ser punido o seuautor e nem mesmo instaurado o referido processo.” E continua o autor: “O sobrestamento doConselho de Justificação, quando o fato gerador também for crime, aguardando a solução doprocesso deste último, é medida que certamente evitará distintas decisões judiciais, como sefalou. No entanto, quer me parecer que tal prática não tem o condão de suspender a prescrição,quando não advier condenação, por falta de previsão legal. Nesse sentido, se o réu estiver sendoprocessado pelo Conselho de Justificação, que por sua vez foi sobrestado aguardando solução doprocesso-crime, havendo absolvição, é certo que, se o fato não é crime, a prescrição é a relativaà infração administrativa pura, ou seja, 6 (seis) anos, contados da data do fato, sem interrupção.”(ROTH, Ronaldo João. A prescrição, os recursos e a atuação do Ministério Público no Conselhode Justificação. Revista Direito Militar, AMAJME, n. 42, julho/agosto 2003, p. 14 e 15).Em sentido assemelhado, o STM já decidiu: “Conselho de justificação. Sobrestamento.Prescrição. Oficial do Exército submetido a Conselho de Justificação visando apurar fatosocorridos entre o final de 1999 até abril de 2000, constituindo violação dos preceitos da ética edos deveres militares. Sobrestado o curso do Conselho de Justificação por estar o Justificanterespondendo a ação penal perante a Justiça Criminal Estadual. Certificado, em 1.º de outubro de2006, o cumprimento integral das condições impostas pelo sursis processual, com fulcro na Lei9.099/1995. Configurado estarem os fatos apontados alcançados pelo instituto da prescrição,devido ao transcurso de tempo superior a seis anos, conforme art. 18, da Lei 5.838/1972.Declarada, preliminarmente, de ofício, a prescrição dos fatos que originaram o Conselho deJustificação, determinando-se o arquivamento dos autos. Decisão unânime.” (Conselho deJustificação 2001.01.000188-4 – DF. Relator: Marcus Herndl, Data da Publicação: 16/04/2007).

38 Art. 17 da Lei 5.836/1972.39 O Conselho de Disciplina é regido por norma própria (Decreto 71.500/1972). Todavia, a ele se

aplicam, subsidiariamente, os dispositivos da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (art. 69), queregula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

40 A praça adquire a estabilidade com 10 (dez) ou mais anos de tempo de efetivo serviço (art. 50,IV, a, da Lei 6.880/1980).

41 As praças das polícias militares e corpos de bombeiros serão submetidas ao Conselho deDisciplina, na forma preconizada na legislação estadual que, em regra, reproduz a norma federal.

42 Art. 2.º do Decreto 71.500/1972.43 Como salientado anteriormente, no item referente ao Conselho de Justificação, a acusação deve

conter, além da descrição dos fatos imputados à praça, a identificação do denunciante.44 Atualmente, são os Comandantes dos Comandos Aéreos Regionais.45 Capitão-Tenente na Marinha ou Capitão no Exército e na Aeronáutica.46 O requerimento deverá ser fundamentado, expondo os motivos do pedido de prorrogação, e

entregue à autoridade nomeante antes de se findar o prazo original.

Page 396: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

47 “Administrativo. Militar. Legitimidade do ato de exclusão da aeronáutica. Ampla defesaassegurada. Argüição de nulidade rejeitada. 1 – Ao impetrante foi assegurada ampla defesa,inclusive com realização de perícia, pelo que não se acolhe a tese de cerceamento de defesa.Igualmente, o atraso na conclusão dos trabalhos do Conselho de Disciplina não acarreta nulidadedo processo administrativo, principalmente porque tal atraso decorreu da prática de atosrequeridos pela defesa do impetrante. 2 – Sentença mantida. 3 – Apelação a que se negaprovimento. 4 – Peças liberadas pelo Relator em 16/04/1999 para publicação do acórdão.”(TRF1. AMS 95.01.22627-1/DF, Rel. Juiz Ricardo Machado Rabelo, Primeira Turma, DJ3/05/1999, p. 21).

48 “Administrativo. Oficial da polícia militar. Reforma com proventos proporcionais ao tempo deserviço. Alegada ofensa ao art. 5.º, LV, da Constituição Federal. A Carta Magna, no dispositivoindicado, assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geralo contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Caso em que a normafoi inobservada, havendo o Conselho de Justificação colhido provas sobre as quais não semanifestou a defesa; e o Tribunal de Justiça, no exercício de jurisdição militar, proferido ojulgamento sem prévia e regular intimação ao acusado. Recurso provido.” (STF. RE;209350/MT –Mato Grosso. Relator: Min. Ilmar Galvão. Órgão Julgador: Primeira Turma. DJ 13/08/1999).

49 O presidente do conselho poderá, de forma fundamentada, indeferir a produção de provasimpertinentes, protelatórias, desnecessárias, ilícitas, etc.

50 O julgamento se dá pela maioria dos votos de seus membros.51 É vedada a participação do acusado na sessão secreta (art. 9.º, § 1.º, do Decreto 71.500/1972).

Ainda sobre o tema, conferir entendimentos jurisprudenciais colacionados nos comentáriosreferentes ao Conselho de Justificação.

52 Como já decidiu o STF, tratando-se de procedimento administrativo disciplinar, o julgamentofora do prazo legal não implica nulidade (Lei 8.112/1990, art. 169, § 1.º). Com esse entendimento,a Turma negou provimento a recurso em mandado de segurança em que se sustentava a nulidade dadecisão que declarou o impetrante indigno do oficialato, em razão da alegada inobservância doprazo de 20 dias para a remessa do processo do Conselho de Justificação ao Superior TribunalMilitar (Lei 5.836/1972, art. 13). Precedentes citados: MS 22.827-MT (RTJ 168/192); MS22.055-RS (DJU de 18/10/1996). RMS 22.450-DF, rel. Min. Maurício Corrêa, 24/08/1999. Nomesmo sentido, tem decidido o STM, afirmando que o descumprimento do prazo descrito no art.13 da Lei 5.836/1972 não acarreta nulidade do Conselho de Justificação. Quando muito, a demorapoderá dar causa à prescrição, se alcançados os prazos previstos no art. 18 da referida lei, videCJUST – Conselho de Justificação 1994.01.000158-2, DJU 28/08/1995.

53 A reforma da praça é efetuada no grau hierárquico que possui na ativa, com proventosproporcionais ao tempo de serviço.

54 Art. 14, parágrafo único, do Decreto 71.500/1972.55 Art. 16 do Decreto 71.500/1972.

Page 397: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Dentre outros, são direitos dos militares das Forças Armadas1:

16.1. PERCEPÇÃO DE REMUNERAÇÃO, QUANDO EM ATIVIDADE, E DEPROVENTOS, NA INATIVIDADE

16.1.1. Remuneração

16.1.1.1. Considerações iniciais

Compete, privativamente, ao Presidente da República, a iniciativa de lei que fixea remuneração dos militares das Forças Armadas, nos termos do art. 61, § 1.º, II, f, daCF/1988, com redação dada pela EC 18/1998.

O direito do militar da ativa à remuneração tem início na data: a) do ato dapromoção, da apresentação atendendo convocação ou designação2 para o serviçoativo, para o oficial; b) do ato da designação ou declaração, da apresentaçãoatendendo convocação para o serviço ativo, para o guarda-marinha ou o aspirante aoficial; c);do ato da nomeação ou promoção a oficial, para suboficial ou subtenente;d);do ato da promoção, classificação ou engajamento, para as demais praças; e);daincorporação às Forças Armadas, para convocados e voluntários; f);da apresentação àorganização competente do Ministério da Defesa ou Comando, quando da nomeaçãoinicial para qualquer posto ou graduação das Forças Armadas; g) do ato da matrícula,para os alunos das escolas, centros ou núcleos de formação de oficiais e de praças edas escolas preparatórias e congêneres.

A remuneração dos militares, com exceção das praças prestadoras de serviçomilitar inicial3 e das praças especiais (excluídos o guarda-marinha e o aspirante a

Page 398: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

oficial), não poderá ser inferior ao salário-mínimo vigente4, nem está sujeita àpenhora, sequestro ou arresto, exceto nos casos especificamente previstos em lei5.

Registra-se, ainda, que o servidor público federal, estadual ou municipal, quandoconvocado ou mobilizado, poderá optar pela remuneração que percebia antes damobilização ou convocação para o serviço militar6.

Por fim, os militares da ativa, quando nomeados Ministros de Estado ou doSuperior Tribunal Militar, têm remuneração estabelecida em legislação própria,assegurado o direito de opção.

16.1.1.2. Hipóteses de suspensão e de cessação

Suspende-se, temporariamente, o direito à percepção de remuneração quando omilitar estiver: a) em gozo de licença para tratar de interesse particular; b);na situaçãode desertor; c) agregado, para exercer atividades estranhas às Forças Armadas emcargo, emprego ou função pública temporária não eletiva, ainda que na AdministraçãoPública Federal indireta, respeitado o direito de opção pela remuneraçãocorrespondente ao posto ou graduação. Nesse último caso, o militar que optar pelaremuneração, fará jus à representação mensal do cargo, emprego ou função públicatemporária.

O direito à remuneração cessa quando o militar for desligado do serviço ativodas Forças Armadas por um dos seguintes motivos: a) anulação de incorporação,desincorporação, licenciamento ou demissão; b);exclusão a bem da disciplina ouperda do posto e patente; c);transferência para a reserva, remunerada ou não, oureforma7; d);falecimento. O militar, enquanto não for desligado8, continuará aperceber remuneração na ativa até a publicação de seu desligamento, que não poderáultrapassar 45 (quarenta e cinco) dias da data da primeira publicação oficial dorespectivo ato.

Importante se faz destacar que o militar da ativa das Forças Armadas preso àdisposição da Justiça ou por decisão judicial transitada em julgado, enquantopermanecer nessa situação, continuará a perceber remuneração, nos termos daPortaria 4314/SC-5, de 30 de outubro de 1997.

16.1.1.3. Composição

Em tempo de paz, a remuneração dos militares é composta pelo soldo, adicionaise gratificações.

Page 399: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.1.1.3.1. Soldo;É a parcela básica mensal da remuneração e dos proventos, fixada por lei para

cada posto e graduação militar. O soldo é irredutível e, como já dito, não está sujeito àpenhora, sequestro ou arresto, exceto nos casos previstos em lei9.

16.1.1.3.2. Adicionais

Adicionais são vantagens pecuniárias pessoais pagas mensalmente aos militaresque atenderem aos requisitos previstos na legislação. Os valores são calculados apartir da incidência de um percentual específico sobre o soldo. Estão incluídos nestacategoria os adicionais militar, de habilitação, de tempo de serviço, de compensaçãoorgânica e de permanência.

16.1.1.3.2.1. Adicional militarRefere-se a cada círculo hierárquico da carreira militar. É calculado a partir da

incidência sobre o soldo dos percentuais descritos no anexo II, tabelas I e II, da MP2.215-10/2001.

16.1.1.3.2.2. Adicional de HabilitaçãoFará jus ao adicional em questão o militar que concluir com aproveitamento os

cursos definidos pelo Ministro da Defesa, ouvidos os Comandantes de Força10. Se,por ventura, não os concluir com aproveitamento, não terá direito ao adicional emtela. É o caso, p.ex., do aluno de escola de formação de sargentos que, antes dotérmino do curso de formação, é reformado por motivos de saúde. Neste caso, porforça do art. 114, IV, da Lei 6.880/80, será considerado terceiro-sargento. Todavia, nãofará jus ao adicional de habilitação correspondente ao curso de formação desargentos, uma vez que não o concluiu com aproveitamento.

Os percentuais incidentes sobre o soldo, para fins de cálculo do adicional, estãodefinidos no anexo II, tabela III, da MP 2.215-10/2001. Convém salientar que estespercentuais não são cumulativos. Por conseguinte, o militar terá direito, apenas, aopercentual de maior valor, caso tenha concluído mais de um curso.

16.1.1.3.2.3. Adicional de tempo de serviçoEste adicional foi extinto pela Medida Provisória 2.215-10/2001. Entretanto, a

Page 400: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

norma em tela assegurou aos militares que ingressam nas Forças Armadas antes desua publicação o direito ao adicional correspondente aos anos de serviço completadosaté o dia 29 de dezembro de 2000 (art. 30). Para cada ano, o militar fará jus aoadicional mensal equivalente a 1% incidente sobre o soldo.

16.1.1.3.2.4. Adicional de compensação orgânicaVisa compensar o militar pelo desgaste orgânico resultante do desempenho

continuado das seguintes atividades especiais11: a) voo em aeronave militar, comotripulante orgânico, observador meteorológico, observador aéreo e observadorfotogramétrico; b) salto em paraquedas, cumprindo missão militar; c);imersão, noexercício de funções regulamentares, a bordo de submarino; d) mergulho comescafandro ou com aparelho, cumprindo missão militar; e) controle de tráfego aéreo;f) trabalho com Raios X ou substâncias radioativas12. Ao militar que exercer mais deuma atividade especial, será atribuído somente o adicional de maior valor.

O adicional será incorporado à remuneração do militar por quotascorrespondentes ao período de efetivo desempenho da atividade considerada especial,na forma preconizada pelo art. 6.º do Decreto 4.307/2002. Os percentuais incidentessobre o soldo estão descritos, taxativamente, no anexo II, tabela V, da MP 2.215-10/2001, sendo defesa a extensão aos militares dos índices aplicáveis aos servidorespúblicos civis, ainda que ambos exerçam atividades afins, salvo se houver lei emsentido contrário13.

16.1.1.3.2.5. Adicional de permanênciaÉ a parcela remuneratória mensalmente devida ao militar, referente ao período

em que continuar servindo, após ter completado o tempo mínimo de permanência noserviço ativo14.

Será concedido nas seguintes situações e percentuais incidentes sobre o soldo: a)cinco por cento para o militar que, em atividade, a partir de 29 de dezembro de 2000,tenha completado ou venha a completar 720 (setecentos e vinte) dias a mais do que otempo requerido para a transferência para a inatividade remunerada; b);cinco porcento a cada promoção a posto ou graduação superior quando o militar que tenhacompletado ou venha a completar 720 (setecentos e vinte) dias a mais do que o temporequerido para a transferência para a inatividade remunerada. Estes percentuais sãoacumuláveis entre si.

Page 401: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.1.1.3.3. GratificaçõesSão vantagens pecuniárias devidas mensalmente aos militares, calculadas a partir

da incidência de um percentual específico sobre o soldo. Estão incluídas nestacategoria as gratificações de localidade especial e de representação15.

16.1.1.3.3.1. Gratificação de localidade especial

É devida ao militar enquanto estiver servindo em regiões inóspitas. O direito àpercepção da gratificação começa no dia da sua apresentação à organização militar16

(OM) de destino e cessa com o seu desligamento17 da mesma. Eventuais afastamentos,sem desligamento da organização militar, não suspendem o direito à gratificação delocalidade especial18.

Fará também jus ao pagamento da gratificação o militar em comissão, operação,exercício ou destaque no período compreendido entre a data de sua apresentação e ade partida da localidade considerada como especial19.

Compete ao Ministro de Estado da Defesa, ouvidos os Comandantes de Força,especificar as localidades consideradas inóspitas, classificando-as em categorias, parafins de concessão da gratificação de localidade especial20.

Salvo em situações excepcionais, a localidade definida como inóspita peloministro deve ser comum às três Forças, sob pena de violação dos princípios daisonomia e da razoabilidade21.

Nas localidades classificadas como categoria “A”, a gratificação corresponderá aum percentual de 20% incidente sobre o soldo. Nas consideradas como categoria “B”,o percentual será de 10% sobre o soldo22.

16.1.1.3.3.2. Gratificação de representaçãoFazem jus à gratificação em questão: a) os oficiais-generais e demais oficiais em

cargo de comando, direção e chefia de organização militar, em percentual correspondea 10% incidentes sobre o soldo23; b);os militares, praças ou oficiais, que participaremde viagem de representação24, instrução25, emprego operacional26 ou por estar àsordens de autoridade estrangeira no País.

Neste último caso, a gratificação somente é devida quando o militar forautorizado a participar de tais eventos, em ato próprio, pelo Ministro de Estado daDefesa, no caso da administração central, ou pelo Comandante, nos respectivosComandos de Força. O valor da gratificação corresponde a 2% por dia27 sobre o

Page 402: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

soldo28.Os percentuais da gratificação de representação são acumuláveis entre si.

Consequentemente, um oficial em cargo de comando de organização militar queparticipar de viagem de representação, com duração de um dia, fará jus, a título degratificação de representação, a uma parcela remuneratória correspondente a 12%sobre o soldo, a ser paga no exercício financeiro subsequente.

16.1.1.3.3.3. Gratificação de exercício de cargo de confiança e gratificação derepresentação pelo exercício de função29

São concedidas apenas aos militares em serviço na administração central doMinistério da Defesa. Estas gratificações não são acumuláveis entre si. As hipóteses deextinção e de suspensão do pagamento estão descritas na Portaria 852/MD, de 01 dejulho de 200530.

16.1.1.3.4. Outros direitos e vantagens remuneratóriosOs militares em atividade fazem jus, ainda, às vantagens pecuniárias expostas a

seguir.

16.1.1.3.4.1. Diária

É devida ao militar que se afastar de sua sede31, em serviço de caráter eventual outransitório, para outro ponto do território nacional. Destina-se a cobrir despesas depousada, alimentação e locomoção urbana.

Convém ressaltar que, se forem fornecidas alimentação, pousada e locomoçãopela União, pelos Estados, pelos Municípios ou por instituições públicas ou privadas,o militar não terá direito ao pagamento de diárias.

Não serão concedidas diárias cumulativamente com ajuda de custo ou com agratificação de representação. Nestes casos, o militar deverá perceber o direitopecuniário de menor valor.

As diárias são calculadas com base no horário local da sede do militar. Os valoressão estabelecidos e atualizados em ato do Poder Executivo32 que fixará valoresdiferenciados em função dos círculos hierárquicos33.

A diária será integral quando o militar pernoitar fora de sua sede,independentemente do período de afastamento, desde que não tenha sido fornecido

Page 403: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

alojamento em organização militar ou concedida, sem ônus, pousada pela União, pelosEstados, pelos Municípios ou por instituições públicas ou privadas.

Por outro lado, será pago a metade do valor nos seguintes casos: a) quando oafastamento não exigir pernoite fora de sua sede; b) for fornecido alojamento emorganização militar ou concedida, sem ônus, outra pousada pela União, pelos Estados,pelos Municípios ou por instituições públicas ou privadas; c) no dia do retorno à suasede.

Nos afastamentos com direito à percepção de diária, será concedido, ainda, aomilitar um acréscimo pecuniário, destinado a cobrir as despesas de deslocamento até olocal de embarque e do desembarque ao local de trabalho ou de hospedagem e vice-versa, na forma disposta em ato do Poder Executivo34. Este acréscimo não serádevido, se o militar utilizar veículo oficial para efetuar tais deslocamentos.

O militar deverá restituir, em sua integralidade, as diárias recebidas quando, porqualquer motivo, não se afastar da sede. Se o retorno se der em prazo menor do que oinicialmente previsto, a parcela recebida a maior deverá ser devolvida. A devoluçãoserá efetivada no prazo máximo de cinco dias úteis, a contar da data fixada para oafastamento, quando esse for frustrado, ou do dia do retorno à sede, nos casos deantecipação do regresso.

A concessão de diárias e passagens no País e no exterior aos militares em serviçona administração central do Ministério da Defesa está disciplinada na InstruçãoNormativa 01/SEORI/MD, de 21 de março de 200735.

16.1.1.3.4.2. TransporteÉ devido ao militar da ativa quando o transporte não for realizado por conta da

União. Visa custear despesas nas movimentações por interesse do serviço, nelascompreendidas as passagens e a translação de bagagem36 para si, para seusdependentes e empregado doméstico37, da localidade que resida para outra, dentro doterritório nacional, onde fixará residência.

No caso de movimentação de militares cônjuges ou companheiros estáveis, porinteresse do serviço ou ex officio, para outra sede, caberá a ambos o transporte de umautomóvel e de uma motocicleta. No entanto, o transporte pessoal e de bagagem serápago somente ao militar de maior remuneração, sendo o outro considerado seudependente.

Se o militar for obrigado a mudar de residência na mesma sede, por interesse doserviço ou ex officio, terá direito ao transporte da bagagem, exceto o do automóvel e

Page 404: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

da motocicleta.O militar da ativa, movimentado em decorrência de comissão de duração

superior a seis meses cuja natureza não lhe permita fazer-se acompanhar de seusdependentes e que implique mudança de sede, terá direito a transporte pessoal e debagagem para o local, dentro do território nacional, onde for realizar a comissão efixar sua residência. Fará jus, também, ao transporte pessoal e de bagagens para seusdependentes e um empregado doméstico para a localidade onde fixarem novaresidência. Todavia, o transporte de bagagem não poderá ultrapassar o limite dacubagem38 a que tiver direito o militar, tomando como base para cálculo a localidadede sua comissão.

Terá, também, direito a transporte pessoal o militar da ativa que efetuardeslocamentos fora da sede de sua organização militar, nos seguintes casos: a) porinteresse da justiça ou da disciplina, quando o assunto for do proveito da ForçaArmada a que pertença ou quando a União for autora, litisconsorte ou ré; b);realizaçãode provas em concurso para ingresso em escolas, cursos ou centros de formação,especialização, aperfeiçoamento ou atualização, de interesse da respectiva Força;c);por motivo de serviço decorrente do desempenho da sua atividade; d);baixa àorganização hospitalar ou alta desta, em virtude de prescrição médica ou de realizaçãode inspeção de saúde39; e);consulta ou exame de saúde por recomendação médica;f);designação para curso ou estágio sem obrigatoriedade de mudança de sede ou deresidência.

Os dependentes do militar da ativa, por ocasião das hipóteses descritas nas letrasd e e supra, terão direito a transporte pessoal. Em sendo necessário acompanhantepara o militar ou para o seu dependente, este terá direito a transporte pessoal por contada União.

O militar terá direito, ainda, a transporte pessoal para si, cônjuge ouacompanhante, dentro do território nacional, quando: a) for obrigado a se afastar doseu domicílio, para ser submetido à inspeção de saúde, para efeito de recebimento doauxílio-invalidez; b) da sua promoção aos postos de oficial-general, para a solenidadede apresentação ao Presidente da República.

O militar da ativa, licenciado ex officio por conclusão do tempo de serviço ou deestágio e por conveniência do serviço, nos termos do art. 121, § 3.º, a e b, da Lei6.880/80, terá, por força do art. 29 do Decreto 4.307/2002, direito a transporte para si eseus dependentes40 até a localidade, dentro do território nacional, na qual tinha suaresidência antes de ser convocado, ou para outra localidade, cujo valor do transportepessoal e de bagagem seja menor ou equivalente.

Page 405: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Insta aclarar que o Decreto 4.307/2002 é silente em relação ao militar da ativalicenciado ex officio do serviço militar por interesse particular e transferido, com baseno art. 122 da Lei 6.880/1980, para a reserva não remunerada. Logo, não fará jus àindenização de transporte, ante a ausência de previsão legal41. O mesmo ocorre com ooficial demitido a pedido ou ex officio por ter tomado posse em cargo ou empregopúblico civil permanente.

O miliciano, prestando serviço militar inicial, quando desligado do serviço ativo,terá direito, nas condições da legislação específica42, ao transporte pessoal até alocalidade, dentro do território nacional, onde tinha sua residência ao ser convocado,ou para outra localidade cujo valor da passagem seja menor ou equivalente43.

16.1.1.3.4.3. Ajuda de custoÉ o direito pecuniário pago adiantadamente ao militar para custeio das despesas

de locomoção e instalação, exceto as de transporte, nas movimentações com mudançade sede, e por ocasião de transferência para a inatividade remunerada.

Para efeito de cálculo do valor44, determinação do exercício financeiro econstatação de dependentes45, tomar-se-á como base a data do ajuste de contas domilitar beneficiado com a verba em questão.

Não terá direito à ajuda de custo o militar: a) movimentado por interesse próprio;b) em operação de guerra ou de manutenção da ordem pública; c) por ocasião doregresso à OM de origem, quando desligado de curso ou escola por falta deaproveitamento ou trancamento voluntário de matrícula.

O militar restituirá o valor recebido quando deixar de seguir destino: a) emcumprimento de ordem superior; b) por motivo outro independente de sua vontade,acatado pela autoridade competente; c) por interesse próprio.

Nos casos de movimentação de militares cônjuges ou companheiros estáveis, porinteresse do serviço ou ex officio, para uma mesma sede, será devida ajuda de custosomente a um deles, com base na maior remuneração, sendo o outro considerado seudependente.

16.1.1.3.4.4. Auxílio-fardamentoDestina-se a custear gastos com fardamento. As hipóteses em que o auxílio é

devido e os valores correspondentes estão descritos no anexo IV, tabela II, da MP2.215-10/2001.

Page 406: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.1.1.3.4.5. Auxílio-alimentaçãoDestina-se a custear gastos com alimentação quando o militar da ativa:

I – não puder receber alimentação por sua organização ou por outra nasproximidades do local de serviço ou expediente, ou quando, por imposiçãodo horário de trabalho e distância de sua residência, seja obrigado a fazerrefeições fora dela, tendo, em razão disto, despesas extraordinárias46;

II – servir em organização militar que não tenha serviço de rancho organizado enão possa ser arranchado por outra organização nas proximidades47.

Também faz jus ao auxílio, no valor correspondente a uma vez a etapa comumfixada para a localidade, a praça de graduação inferior a terceiro-sargento quando: a)em férias regulamentares e não for alimentada pela União; b) estiver servindo emlocalidade especial de categoria “A”, desde que acompanhada de dependente.

É vedada a concessão de auxílio-alimentação ao militar que tenha sidoarranchado pela organização à qual esteja servindo, ou por outra nas proximidades,em quaisquer refeições durante o período de efetivo serviço.

Por terem o mesmo objeto, ou seja, custeio de gastos com alimentação, é defesa aacumulação do auxílio-alimentação com o pagamento de diárias, salvo para a praça degraduação inferior a terceiro-sargento, servindo em localidade especial de categoria“A”, quando acompanhada de dependente.

16.1.1.3.4.6. Auxílio-natalidade;É devido ao militar em atividade ou na inatividade remunerada, por motivo de

nascimento de filho. Importante ressaltar que a atual Constituição equiparou o filhoadotivo ao natural, assegurando àquele os mesmos direitos e qualificaçõesresguardados a este (art. 227, § 6.º, da CF/1988). Em sendo este auxílio uma vantagempecuniária destinada a custear as despesas geradas por filhos, entendemos, em razãoda equiparação acima, que tanto o nascimento do filho natural como a adoção sãofatos geradores do benefício em tela48.

O valor do auxílio corresponde a uma vez o soldo do posto ou graduação. Emhavendo parto múltiplo, o auxílio será acrescido de cinquenta por cento por recém-nascido. O militar, pai ou mãe do natimorto, faz jus ao auxílio-natalidade e ao auxílio-funeral, mediante apresentação do atestado de óbito.

Na hipótese de ambos os genitores serem militares, o auxílio será pago apenas à

Page 407: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

parturiente, com base no soldo daquele que possuir a maior remuneração ouprovento.

16.1.1.3.4.7. Auxílio-invalidezTem direito ao auxílio em questão o militar reformado como inválido, por

incapacidade para o serviço ativo49, quando: a) necessitar de internação especializada,em estabelecimento militar ou não, ou assistência, ou cuidados permanentes deenfermagem, devidamente constatados por junta militar de saúde; b) por prescriçãomédica, também homologada por junta militar de saúde, necessite receber tratamentona própria residência e assistência ou cuidados permanentes de enfermagem.

O auxílio-invalidez será pago no valor de 7,5 (sete e meia) cotas de soldo ou naquantia mínima de R$ 1.089,00 (mil e oitenta e nove reais)50.

O beneficiário apresentará, anualmente, declaração de que não exerce nenhumaatividade remunerada, pública ou privada. A constatação do exercício de atividaderemunerada ou a não apresentação da declaração na forma preconizada, acarretará asuspensão do pagamento do benefício.

A critério da administração, o militar será periodicamente submetido à inspeçãode saúde e, se constatado que não se encontra nas condições de saúde previstas naTabela V do Anexo IV da Medida Provisória 2.215-10, de 2001, o auxílio-invalidezserá suspenso.

16.1.1.3.4.8. Auxílio-funeralÉ devido ao militar, por morte do cônjuge, companheiro, companheira ou

dependente, ao viúvo ou à viúva de militar, por morte de dependente, obedecido odisposto no art. 50, § 2.º, VII, da Lei n. 6.880/1980, ou ao beneficiário da pensãomilitar, obedecida a respectiva ordem de habilitação, no caso de falecimento domilitar.

O pagamento será feito em espécie, no valor correspondente a uma vez aremuneração percebida, não podendo ser inferior ao soldo de suboficial. Deverá serefetivado no prazo máximo de quarenta e oito horas seguintes à comunicação do óbitoà OM, desde que o funeral não tenha sido custeado pela União. Se custeado porterceiro, este será indenizado pelos gastos realizados, não podendo a indenização sersuperior ao valor do benefício. As despesas de preparação e do translado do corponão são abrangidas pelo auxílio-funeral51.

Page 408: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.1.1.3.4.9. Adicional natalino52

Corresponderá a um doze avos da remuneração a que o militar fizer jus no mêsde dezembro, por mês de serviço, no respectivo ano. A fração igual ou superior aquinze dias será considerada como mês integral.

O adicional será pago ao militares ativos, inativos e ao beneficiário de pensãomilitar, em duas parcelas. A primeira, em junho, no valor correspondente à metade daremuneração, dos proventos ou da pensão percebidos no mês anterior. A segunda, atéo dia vinte de dezembro de cada ano, descontado o adiantamento da primeira parcela.

Ao militar da ativa, por ocasião do gozo de férias, caso requeira, será paga aprimeira parcela do adicional natalino, correspondente à metade da remuneraçãopercebida no mês anterior ao das férias.

O militar excluído do serviço ativo e desligado da OM a que estiver vinculadopor motivo de demissão, licenciamento ou desincorporação, receberá o adicional deforma proporcional, calculado sobre a remuneração do mês do desligamento.

16.1.1.3.4.10. Salário-famíliaTrata-se de direito social constitucionalmente assegurado aos militares53.Por força do art. 13 da EC 20, de 15 de dezembro de 1998, enquanto não

houvesse lei disciplinando o acesso ao salário-família, o benefício seria concedidoapenas àqueles que tinham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentose sessenta reais). Tais valores, até a publicação da lei de regência, seriam corrigidospelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social.

Atualmente, como inexiste lei específica regulamento a concessão do benefícioaos militares, a eles deve ser aplicada a Lei 10.888, de 24 de junho de 2004, que fixaos valores da cota por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 (quatorze)anos de idade ou inválido de qualquer idade, em função da remuneração mensalpercebida pelo beneficiário.

16.1.1.3.4.11. Adicional de fériasÉ pago, antecipadamente, ao militar, no valor correspondente a um terço da

remuneração do mês de início das férias. O miliciano excluído do serviço ativo emrazão de transferência para a reserva remunerada, reforma, demissão, licenciamento,retorno à inatividade após a convocação ou designação para o serviço ativo, perceberáo valor relativo ao período de férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção

Page 409: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de um doze avos por mês de efetivo serviço ou fração superior a quinze dias.Os membros das Forças Armadas que têm direito a férias de vinte dias

consecutivos por semestre de atividade, por operarem direta e permanentemente RaiosX ou substâncias radioativas, fazem jus ao adicional de férias proporcional referenteao período de afastamento.

16.1.1.3.4.12. Auxílio-transporte e assistência pré-escolarOs militares fazem jus, ainda, por força do art. 2.º, II, alíneas a e b, da MP 2.215-

10/2001, ao auxílio-transporte54 e à assistência pré-escolar55.

16.1.2. Proventos

São constituídos pelo soldo ou quotas de soldo56 e pelas seguintes vantagens aque o militar fazia jus quando em atividade: a);adicional militar; b);adicional dehabilitação; c);adicional de tempo de serviço; d);adicional de compensação orgânica;e);adicional de permanência.

O militar na inatividade remunerada tem direito, ainda, ao;adicional natalino,auxílio-invalidez, salário-família, auxílio-natalidade, auxílio-funeral e à assistênciapré-escolar.

Os milicianos inativos não poderão perceber proventos superiores à remuneraçãopercebida pelo militar da ativa de igual posto ou graduação, salvo nos casos previstosem lei57.

Os proventos de inatividade serão revistos sempre que, por motivo de alteraçãodo poder aquisitivo da moeda, se modificarem os vencimentos dos militares da ativa.

16.1.2.1. Hipóteses de suspensão e de cessação

O direito à percepção de proventos é suspenso, a contar da data de apresentaçãoà organização militar competente, quando o militar, transferido para a inatividaderemunerada, retorna à ativa, por força de convocação ou designação, na forma da lei,para o desempenho de cargo ou comissão nas Forças Armadas58.

Cessa o direito aos proventos na data do falecimento do militar, do ato que priveo oficial do posto e da patente ou do ato da exclusão a bem da disciplina da praça dasForças Armadas59.

Page 410: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.1.3. Teto da remuneração e dos proventos

Nenhum militar, na ativa ou na inatividade, pode perceber, mensalmente, a títulode remuneração ou proventos, importância superior à remuneração bruta dorespectivo Comandante de Força60. Não estão incluídos no cômputo deste teto osadicionais de tempo de serviço, de compensação orgânica, de permanência, de férias,natalino, as gratificações de localidade especial, de representação, os auxíliosfardamento, alimentação, natalidade, invalidez, funeral, transporte, a;diária, a ajuda decusto, a assistência pré-escolar e o salário-família.

16.1.4. Descontos

São abatimentos incidentes sobre a remuneração ou proventos do militardecorrentes de obrigações assumidas ou a ele impostas em virtude de disposição de leiou regulamento. Os descontos podem ser obrigatórios ou autorizados (facultativos).

São descontos obrigatórios: a) contribuição para a pensão militar61; b)contribuição para a assistência médico-hospitalar e social do militar62; c);indenizaçãopela prestação de assistência médico-hospitalar, por intermédio de organização militar;d);impostos incidentes sobre a remuneração ou proventos; e);indenização à FazendaNacional em decorrência de dívida; f);pensão alimentícia ou judicial; g);taxa de usopor ocupação de próprio nacional residencial (PNR)63; h);multa por ocupaçãoirregular de próprio nacional residencial64. Os descontos obrigatórios têm prioridadesobre os autorizados.

Descontos autorizados ou facultativos são os efetuados em favor de entidadesconsignatárias ou de terceiros, conforme regulamentação de cada Força.

De acordo com o art. 14, § 3.º, da MP 2.215-10/2001, na aplicação dos descontos,o militar não pode receber quantia inferior a trinta por cento da sua remuneração ouproventos. Entendemos que a aludida MP, ao se referir ao gênero “descontos”,abarcou, indistintamente, as duas espécies, ou seja, os obrigatórios65 e autorizados,prestigiando, assim, princípios constitucionais como o da proteção ao salário e dafamília.

16.1.5. Remuneração e indenizações dos militares no exterior

A Lei 10.937, de 12 de agosto de 2004, e a Portaria Normativa 1.288/MD, de 27de outubro de 2004, dispõem sobre a remuneração e a indenização de militares detropa brasileira no exterior, integrantes de força multinacional, empregada emoperações de paz.

Page 411: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.2. PROVENTOS INTEGRAIS DO MILITAR COM MAIS DE TRINTA ANOS DESERVIÇO

O militar, ao ser transferido para a reserva remunerada, terá direito a proventosintegrais, calculados com base no soldo integral do posto ou graduação que possuíana ativa, se contar com mais de 30 (trinta) anos de serviço.

16.3. PROVENTOS INTEGRAIS DO MILITAR COM MENOS DE TRINTA ANOS DESERVIÇO

O militar transferido para a reserva remunerada, ex officio, por ter atingido aidade-limite de permanência em atividade no posto ou na graduação, ou por nãohaver preenchido as condições de escolha para acesso ao generalato, ou, ainda, por tersido abrangido pela quota compulsória66, fará jus aos proventos calculados com baseno soldo integral do posto ou graduação que possuía na ativa, ainda que, no ato dainativação, não possua trinta anos de serviço.

16.4. ESTABILIDADE QUANDO PRAÇA

As praças adquirem estabilidade com 10 (dez) ou mais anos, ininterruptos ounão, de tempo de efetivo serviço prestados às Forças Armadas67, ainda que parte deleem Forças distintas68.

Por não serem contabilizados como tempo de efetivo serviço69, não sãocomputados para a aquisição de estabilidade: a) o tempo de serviço público federal,estadual, municipal, prestado como servidor público civil70; b) o tempo de serviçoprestado na iniciativa privada; c) o tempo de serviço prestado nas polícias e corpos debombeiros militares71; d) tempo de férias e licenças não gozadas72.

Em remate, o art. 50, IV, a, da Lei 6.880/1980, por se referir, expressamente, àspraças, não alcança os oficiais dos quadros temporários das Forças Armadas73.

16.5. USO DAS DESIGNAÇÕES HIERÁRQUICAS

Em regra, tanto os militares da ativa como os inativos podem fazer uso dasdesignações hierárquicas. No entanto, devem abster-se de usá-las em atividadespolítico-partidárias74, comerciais, industriais, para discutir ou provocar discussões pelaimprensa a respeito de assuntos políticos ou militares, excetuando-se os de naturezaexclusivamente técnica, se devidamente autorizado, e no exercício de cargo ou função

Page 412: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de natureza civil, ainda que na Administração Pública.

16.6. OCUPAÇÃO DE CARGO CORRESPONDENTE AO POSTO OU À GRADUAÇÃO

De regra, em respeito à hierarquia castrense, é defesa a nomeação ou designaçãoefetiva de militar a cargo cuja titularidade seja atribuída, na forma da lei, a milicianode grau hierárquico inferior ao seu.

Todavia, admite-se excepcionalmente, em nome do interesse público e daconveniência para o serviço, que o militar recém-promovido permaneça,temporariamente, no exercício do cargo que ocupava antes da promoção, ainda queesse seja privativo do posto ou da graduação anterior. É o que acontece nos casosdescritos no art. 1.º, § 3.º, do Decreto 5.724/2006 e no art. 4.º do Decreto 5.926/200675.

Por outro lado, é possível, em situações extraordinárias, a ocorrência de situaçãoinversa. Um militar de posto ou graduação inferior à exigida para um determinadocargo poderá ocupá-lo, interinamente ou não, enquanto não houver outro que possuao grau hierárquico exigido para o seu preenchimento. Exemplificando: um coronelaviador da Aeronáutica poderá ser nomeado ou designado para o cargo de Chefe deEstado-Maior de um dos Comandos Aéreos Regionais, cargo este privativo de oficial-general, no caso brigadeiro do ar76, enquanto não houver outro oficial deste postodisponível para ocupá-lo.

Em consequência, o militar designado para cargo vinculado a posto superior aoseu estará sujeito aos deveres a ele inerentes e fará jus às prerrogativas e aos direitosdeles decorrentes, como, por exemplo, as honras, dignidades, distinções devidas emrazão do cargo assumido, e a percepção de gratificação de representação, se o cargofor de comando, direção ou chefia.

16.7. ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR PARA SI E SEUS DEPENDENTES77

Consiste no conjunto de atividades relacionadas com a prevenção, conservaçãoou recuperação da saúde, abrangendo serviços profissionais médicos, farmacêuticos eodontológicos, bem como o fornecimento, a aplicação de meios, os cuidados e demaisatos médicos e paramédicos necessários à higidez física e mental dos militares, aindaque temporários78, e de seus dependentes.

A assistência médico-hospitalar, prestada aos militares e a seus dependentes pelosComandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, é custeada por recursosfinanceiros oriundos de: a) dotações orçamentárias, consignadas no orçamento daUnião, por meio de propostas anuais do Ministério da Defesa; b) receitas

Page 413: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

extraorçamentárias provenientes de contribuições mensais dos militares e depensionistas para os fundos de saúde79, de indenizações de atos médicos, paramédicose serviços afins, de receitas oriundas da prestação de serviços médico-hospitalares pormeio de convênios e/ou contratos e de receitas resultantes de outras fontes.

A assistência será prestada pelas organizações de saúde dos Comandos daMarinha, do Exército e da Aeronáutica, do Hospital das Forças Armadas, dasorganizações de assistência social daqueles Comandos, quando existentes, dasorganizações de saúde do meio civil, especializadas ou não, oficiais ou particulares,mediante convênio ou contrato, e por organizações de saúde do exterior,especializadas ou não.

As normas gerais, as condições de atendimento e as indenizações para aassistência médico-hospitalar ao militar e seus dependentes estão descritas no Decreto92.152, de 02 de abril de 1986.

16.8. FUNERAL PARA SI E SEUS DEPENDENTES

Engloba o conjunto de medidas adotadas pelo Estado, a partir do óbito do militarou de seus dependentes, visando ao sepultamento condigno do falecido, desde querequerido pelo interessado. Se o funeral for custeado diretamente pela União, não serápago auxílio-funeral.

16.9. ALIMENTAÇÃO

São refeições, em regra, café da manhã, almoço, jantar e ceia, fornecidas pelaUnião aos militares em atividade. Na impossibilidade de seu fornecimento, o milicianofará jus, nas hipóteses descritas na tabela III do anexo IV da Medida Provisória 2.215-10/2001, ao auxílio-alimentação.

16.10. FARDAMENTO

Consiste no conjunto de uniformes, roupa branca, roupa de cama, fornecidospela União aos seguintes militares da ativa: a) aspirante da Escola Naval; b) cadete doExército e da Aeronáutica; c) aluno do Colégio Naval ou das Escolas Preparatórias deCadetes; d) praças de graduação inferior a terceiro-sargento80. Também faz jus aofardamento o aluno gratuito ou órfão do Colégio Militar81.

Os demais militares têm direito ao auxílio-fardamento, na forma prevista noanexo IV, tabela II, da MP 2.215-10/2001.

Page 414: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.11. MORADIA PARA MILITAR EM ATIVIDADE

Compreende alojamento em organização militar, quando aquartelado ouembarcado, e habitação para si e seus dependentes, em imóvel sob a responsabilidadeda União (PNR), de acordo com a disponibilidade existente.

16.12. CONSTITUIÇÃO DE PENSÃO MILITAR

A pensão militar destina-se a amparar os beneficiários82 do militar falecido ouextraviado. Todos os membros das Forças Armadas, inclusive os que se encontram nainatividade remunerada, são contribuintes obrigatórios da pensão militar, mediantedesconto mensal em folha de pagamento, salvo o aspirante da Marinha, o cadete doExército e da Aeronáutica, o aluno das escolas, centros ou núcleos de formação deoficiais e de praças e das escolas preparatórias e congêneres, e os cabos, soldados,marinheiros e taifeiros, com menos de dois anos de efetivo serviço.

Ao oficial, demitido a pedido, e à praça licenciada ou excluída que, até 29 dedezembro de 2000, contribuíam para a pensão militar foi assegurada a manutenção dacondição de contribuinte83.

16.13. PROMOÇÃO

16.13.1. Conceito

É o ato administrativo que, fundamentado em valores morais e profissionais, visapreencher, de forma seletiva, gradual e sucessiva, as vagas disponíveis em grauhierárquico superior, de acordo com os efetivos fixados em lei para os diferentescorpos, quadros, armas ou serviços de cada uma das Forças singulares, propiciando,assim, um fluxo regular e equilibrado de carreira para os militares84.

16.13.2. Critérios de promoção

As promoções são efetuadas pelos seguintes critérios: a) antiguidade; b)merecimento; c) escolha;;d) por bravura; e) post mortem.

16.13.2.1. Antiguidade

Baseado na precedência hierárquica de um oficial sobre os demais de igual posto,

Page 415: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

dentro do mesmo corpo, quadro, arma ou serviço, ou de um graduado sobre osdemais de igual graduação, dentro de um mesmo quadro ou qualificação militar.

A antiguidade no posto ou na graduação é contada a partir da data do ato depromoção, ressalvados os casos de desconto de tempo não computável85 e depromoção post mortem, por bravura e em ressarcimento de preterição, quando poderáser estabelecida outra data.

A promoção para as vagas de oficiais subalternos e intermediários se dá pelocritério de antiguidade; para as de oficiais superiores, pelos critérios de antiguidade ede merecimento cuja proporcionalidade é estabelecida em legislação específica paracada Força86.

16.13.2.2. Merecimento

Fundamenta-se no conjunto de qualidades e atributos que distinguem e realçam ovalor do oficial ou do graduado entre seus pares, avaliados ao longo da carreira e nodesempenho de funções, cargos e comissões exercidos, em particular, no posto ou nagraduação que ocupa, ao ser cogitado para a promoção.

16.13.2.3. Escolha

É aquele em que se defere ao Presidente da República, Comandante Supremo dasForças Armadas, a escolha do oficial, dentre os mais credenciados, para odesempenho dos altos cargos de comando, chefia ou direção. Este critério é aplicado,apenas, às promoções aos postos de oficiais-generais.

16.13.2.4. Por bravura

É a que resulta de ato ou atos não comuns de coragem, ousadia, audácia, que,ultrapassando os limites normais do cumprimento de dever, representem feitosindispensáveis ou úteis às operações militares pelos resultados alcançados ou peloexemplo positivo deles emanados.

Efetiva-se somente em operações de guerra, por ato do Presidente da República,do Comando do Teatro de Operações, das Zonas de Defesa, ou dos mais altoscomandos das Forças Singulares isoladas87.

O ato de bravura será apurado em investigação sumária procedida por umconselho especial para esse fim, designado por quaisquer das autoridades acimareferidas.

Page 416: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

16.13.2.5. Post mortem

Visa expressar o reconhecimento da Pátria ao militar falecido no cumprimento dodever, ou em consequência desse, ou ainda reconhecer o direito do oficial ougraduado a quem cabia a promoção, mas que não foi efetivada em razão de seu óbito.

Sendo assim, pode-se afirmar que a promoção post mortem ocorrerá nasseguintes hipóteses: a) falecimento em ação de combate ou de manutenção da ordempública; b) falecimento em consequência de ferimento recebido em campanha ou namanutenção da ordem pública, ou doença, moléstia ou enfermidade contraídas nessassituações, ou que nelas tenham sua causa eficiente; c) falecimento em acidente emserviço, definido pelo Poder Executivo88, ou em consequência de doença, moléstia ouenfermidade que nele tenham sua causa eficiente; d) se o militar, ao falecer, jásatisfazia as condições de acesso e integrava a faixa dos que concorreram à promoçãopelos critérios de antiguidade ou merecimento.

16.13.3. Ingresso no quadro de acesso e lista de escolha

Para ser promovido pelos critérios de antiguidade, merecimento ou escolha, éimprescindível que o militar esteja incluído, respectivamente, em quadro de acesso oulista de escolha. Para neles ingressar, deverá preencher requisitos essenciais,estabelecidos para cada posto ou graduação89 pela norma de regência90, a saber:;a)condição de acesso: I – interstício; II – aptidão física; III – peculiaridades de cadaposto dos diferentes corpos, quadros, armas ou serviços, no caso de oficiais, ou decada graduação, para os graduados; b) conceito profissional; c) conceito moral.

16.13.3.1. Interstício

É o período mínimo necessário de serviço em cada posto ou graduação para queo militar adquira os conhecimentos e a experiência desejáveis para o desempenho defunções de cargos militares inerentes ao posto ou graduação superior.

16.13.3.2. Aptidão física

É a expressão de estado de sanidade física e mental que habilita o militar aoexercício das atividades funcionais decorrentes dos cargos afetos ao posto, graduação,quadro e categoria a que pertence.

16.13.3.3. Condições peculiares

Page 417: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Para a promoção a cada posto dos diferentes corpos, quadros, armas ou serviçose graduações são exigidas condições específicas, tais como a realização de cursos eserviços, o exercício de determinadas funções, etc. Visam conferir ao militar osconhecimentos e a experiência desejáveis para o exercício das atividades funcionaisdos cargos militares inerentes ao posto ou à graduação superior91.

16.13.3.4. Conceito profissional

É a soma dos atributos referentes à aptidão para o exercício da função militar,avaliada pela Comissão de Promoções de Oficiais (CPO) ou pela Comissão dePromoções de Graduados (CPG), à vista das obrigações e deveres constantes noEstatuto dos Militares.

16.13.3.5. Conceito moral

Resulta da avaliação do caráter do oficial ou do graduado das Forças Armadas,bem como da sua conduta como militar e cidadão, à luz das obrigações e deveresdescritos no Estatuto dos Militares. Compete, respectivamente, à CPO ou CPG efetuá-la.

16.13.4. Promoção em ressarcimento de preterição

O militar será promovido em ressarcimento de preterição quando: a) tiversolução favorável a recurso interposto contra decisão que o excluiu de quadro deacesso92; b) cessar sua situação de prisioneiro de guerra, desaparecido ou extraviado;c) for absolvido ou impronunciado no processo a que estiver respondendo, seja nojuízo penal comum, seja no penal militar93; d) for justificado em Conselho deJustificação ou de Disciplina; e) tiver sido prejudicado por comprovado erroadministrativo94.

Reconhecido o direito à promoção em ressarcimento de preterição, o militar serápromovido independentemente do número de vagas disponíveis, seguindo os critériosde antiguidade ou de merecimento. O promovido receberá o número que lhe competiana escala hierárquica, como se houvesse sido promovido na época devida. Terádireito, ainda, ao pagamento dos atrasados devidamente corrigido e atualizado95.

16.13.5. Promoção por ocasião de transferência para a inatividade remunerada

Não haverá promoção por ocasião de transferência para a reserva remunerada ou

Page 418: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

reforma. É possível, no entanto, que o militar que se encontre na inatividaderemunerada seja promovido em ressarcimento de preterição, se comprovar que,quando em atividade, teve seu direito à promoção indevidamente preterido96.

16.13.6. Ato de promoção de oficiais

É efetivado por meio de: a) decreto, para os postos de oficial-general e de oficialsuperior97; b) por portaria dos Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica, para os postos de oficial intermediário e subalterno. O ato de promoçãode graduados é realizado na forma descrita em legislação específica98.

16.14. TRANSFERÊNCIA A PEDIDO PARA A RESERVA REMUNERADA

O militar que completar, no mínimo, 30 (trinta) anos de serviço99, poderárequerer sua transferência para a reserva remunerada.

Há de se ressaltar que a passagem voluntária para a inatividade remunerada nãoserá deferida se o militar estiver respondendo a inquérito ou processo em qualquerjurisdição penal, comum ou militar100, ou cumprindo pena de qualquer natureza101.

16.15. FÉRIAS, AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS DO SERVIÇO E LICENÇAS

16.15.1. Férias

Consiste no afastamento total do serviço, sem prejuízo da remuneração,computado como tempo de efetivo serviço para todos os efeitos legais, concedidoanual e obrigatoriamente aos militares para descanso, a partir do último mês do ano aque se refere, e durante todo o ano seguinte.

A concessão de férias não pode ser prejudicada, isto é, negada ou suprimida: a)pelo gozo anterior de licença para tratamento de saúde102; b) por punição anteriordecorrente de contravenção ou transgressão disciplinar; c) pelo estado de guerra; d)para que sejam cumpridos atos em serviço.

Por outro lado, o militar terá suas férias interrompidas ou deixará de gozá-las naépoca prevista, nos seguintes casos: a) interesse da segurança nacional; b) manutençãoda ordem; c) extrema necessidade do serviço; d) transferência para a inatividade; e)para cumprimento de punição decorrente de contravenção ou de transgressãodisciplinar de natureza grave103; f) em caso de baixa a hospital.

Page 419: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Os períodos de férias não gozadas, desde que adquiridas até 29 de dezembro de2000, poderão ser contados em dobro para efeito de concessão de inatividaderemunerada. Todavia, a contagem deve ser efetivada, apenas, no momento de suapassagem para a inatividade e, exclusivamente, para esse fim104.

16.15.2. Afastamentos temporários do serviço

Os militares fazem jus aos seguintes períodos de afastamento total do serviço: a)núpcias: oito dias; b) luto: oito dias; c) instalação105: até dez dias; d) trânsito106: até 30(trinta) dias; e) licença gestante com duração de 120 (cento e vinte) dias107; f) licençapaternidade: cinco dias108.

Estes afastamentos são concedidos sem prejuízo da remuneração e computadoscomo tempo de efetivo serviço para todos os efeitos legais. As férias, instalação etrânsito dos militares que se encontrem a serviço no estrangeiro devem terregulamentação idêntica para as três Forças Armadas109.

16.15.3. Licença

16.15.2.1. Conceito

É a autorização concedida ao militar para afastamento total do serviço, em carátertemporário110.

16.15.2.2. Espécies

A licença pode ser para: a) tratar de interesse particular; b) tratamento de saúde depessoa da família; c) tratamento de saúde própria; d) acompanhar cônjuge oucompanheiro.

O militar fazia jus, ainda, nos termos do art. 68 da Lei 6.880/1980, à licençaespecial, que consistia na autorização para o afastamento total do serviço, relativa acada decênio de tempo de efetivo serviço prestado, concedida ao miliciano, sem queimplicasse qualquer restrição em sua carreira. Todavia, este dispositivo está com suaeficácia suspensa, por força do art. 33 da MP 2.215-10/2001.

A referida medida provisória assegurou, no entanto, aos militares que possuíamperíodos de licença especial, adquiridos até 29 de dezembro de 2000, o direito degozá-los ou contá-los em dobro para efeito de inatividade, e, nessa situação, para

Page 420: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

todos os efeitos legais, convertê-los em pecúnia no caso de falecimento de militar111.

16.15.2.2.1. Licença para tratar de interesse particularA licença para tratar de interesse particular é concedida ao militar com mais de 10

(dez) anos de efetivo serviço, contínuos ou não112, que a requeira com aquelafinalidade. Será conferida sempre com prejuízo da remuneração e da contagem detempo de efetivo serviço, exceto, quanto a este último, para fins de indicação para aquota compulsória.

16.15.2.2.2. Licença para tratamento de saúde de pessoa da família

Cabe ao Comandante de cada Força regulamentar sua concessão113. A licençapoderá ser interrompida para o cumprimento de pena disciplinar privativa deliberdade, conforme regulamentação específica de cada Força singular.

16.15.2.2.3. Licença para tratamento de saúde própriaVisa permitir o afastamento das atividades militares para o tratamento de saúde.

Sua concessão é regulamentada por ato do Comandante de cada Força singular114.

16.15.2.2.4. Licença para acompanhar cônjuge ou companheiro(a)Consiste na autorização para o afastamento total do serviço, concedida ao militar

com mais de 10 (dez) anos de efetivo serviço115, contínuos ou não116, que a requeirapara acompanhar cônjuge ou companheiro(a)117, servidor público da União ou militardas Forças Armadas, que, de ofício, for exercer atividade em órgão público federalsituado em outro ponto do território nacional ou no exterior, diverso da localização daorganização militar do requerente.

A licença será concedida pelo prazo máximo de 36 (trinta e seis) meses, de formacontínua ou fracionada, sempre com prejuízo da remuneração e da contagem detempo de efetivo serviço, exceto, quanto a este último, para fins de indicação para aquota compulsória.

Se o militar acompanhante puder ser passado à disposição ou à situação deadido118, ou ser classificado, ou lotado em organização militar das Forças Armadaspara o desempenho de funções compatíveis com o seu nível hierárquico, não fará jusa licença em questão. A passagem do militar para uma das situações acima descritas

Page 421: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

será efetivada sem ônus para a União e mediante aquiescência das Forças singularesenvolvidas.

16.15.2.3. Hipóteses de interrupção das licenças especial, para tratar de interesseparticular e para acompanhar cônjuge ou companheiro(a)

Estas licenças podem ser interrompidas a pedido ou nos seguintes casos: a)mobilização e estado de guerra; b) decretação de estado de emergência ou de estado desítio; c) para cumprimento de sentença que importe em restrição da liberdadeindividual119; d);para cumprimento de punição disciplinar, conforme regulamentaçãode cada Força; e) denúncia ou pronúncia em processo criminal ou indiciamento eminquérito policial militar, a juízo da autoridade que efetivou a denúncia, a pronúnciaou o indiciamento. Finalizando, serão interrompidas definitivamente quando o militarfor reformado ou transferido para a reserva remunerada.

16.16. DEMISSÃO E LICENCIAMENTO VOLUNTÁRIOS

A demissão a pedido é aplicada, exclusivamente, aos oficiais; o licenciamento,aos oficiais da reserva, após prestação do serviço ativo para o qual foram convocados,e às praças engajadas ou reengajadas120, desde que tenham cumprido, no mínimo, ametade do tempo a que se obrigaram.

16.17. PORTE DE ARMA

Os militares, em razão do desempenho de suas funções institucionais, têm odireito de portar armas de fogo fornecidas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, aindaque fora do serviço, na forma estabelecida por cada Força121.

Ao oficial das Forças Armadas em serviço ativo ou na inatividade remuneradafoi assegurado o porte de arma de fogo particular (PAF), por força do art. 50, IV, q, daLei 6.880/1980, cabendo a cada Força emiti-lo122. O PAF terá abrangência em todo oterritório nacional.

O porte de arma das praças das Forças Armadas e dos Policiais e Corpos deBombeiros Militares é regulado em norma específica, por atos dos Comandantes dasForças Singulares e dos Comandantes-Gerais das Corporações123.

Os militares transferidos para a reserva remunerada, inclusive os oficiais, paraconservarem a autorização de porte de arma de fogo de sua propriedade, deverãosubmeter-se, a cada três anos, aos testes de avaliação da aptidão psicológica descritos

Page 422: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

no art. 4.º, III, da Lei 10.826/2003.

16.18. RECURSO, PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO, QUEIXA OU REPRESENTAÇÃO

16.18.1. Considerações iniciais

A Lei 6.880/1980 (art. 51) assegurou aos militares o direito à interposição derecurso hierárquico, pedido de reconsideração, queixa ou representação contraqualquer ato administrativo ou disciplinar praticado por superior hierárquico. Vige,portanto, no âmbito da Administração Pública Militar, o princípio do duplo grau dejurisdição administrativa ou da pluralidade de instâncias.

16.18.2. Recurso

O recurso hierárquico garante ao militar o pleno exercício do contraditório e daampla defesa, direitos constitucionalmente assegurados a todos os brasileiros124,inibindo a prática de atos ilegais, imorais, arbitrários e de perseguição. Importantesalientar que a interposição de recurso contra decisão administrativa, nem de longe,afronta os princípios da hierarquia e da disciplina castrense125.

De outra parte, não se pode olvidar que, em razão dos princípios acima referidos,é vedado ao recorrente externar sua contrariedade por meio de palavras chulas,ofensivas, injuriosas, desrespeitosas, bem como se valer do apelo, tão somente, paracensurar ou desacreditar o superior hierárquico, sob pena de violação de preceitos daética e dos deveres militares e, consequentemente, de prática de crime militar outransgressão ou contravenção disciplinar.

Para viabilizar a interposição de recurso administrativo, o militar deverá teracesso a todos os meios necessários para elaboração do apelo, sendo defeso àAdministração Pública Militar, por exemplo, obstacularizar ou impedir a obtenção deinformações de seu interesse – ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível àsegurança da sociedade e do Estado –, de certidões126, de documentos, etc., sob penade afronta aos incisos XXXIII, XXXIV, b e LV, do art. 5.º da CF/1988.

Nos termos do Estatuto dos Militares, o direito de recorrer na esferaadministrativa prescreverá: a) em 15 (quinze) dias corridos, a contar do recebimentoda comunicação oficial do ato de inclusão em quota compulsória ou de composiçãode quadro de acesso à promoção; b) em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos,salvo se houver disposição legal específica em sentido contrário127.

Page 423: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A autoridade competente, ao apreciar o recurso, poderá confirmar, modificar,anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida. Em havendopossibilidade de gravame à situação do recorrente, este, em nome da ampla defesa edo contraditório, deverá ser notificado para, querendo, formular novas alegaçõesantes da decisão final128, sob pena de nulidade do agravamento129.

16.18.3. Pedido de reconsideração

Consiste no pedido de reexame de decisão administrativa que o militar reputeinjusta ou contrária à lei ou aos regulamentos militares. É dirigido à autoridade que aproferiu, visando à reapreciação da matéria. Em princípio, a reconsideração é umafaculdade tanto de quem pede quanto de quem decide. Mesmo na ausência dedisposição normativa expressa pode ser formulado um pedido de reconsideração, quepode ou não ser aceito130.

16.18.4. Queixa e representação

O militar poderá oferecer queixa ou representação131 contra ato de superior queconsidere injusto ou contrário à lei ou regulamentos militares. A queixa, arepresentação e o pedido de reconsideração não podem ser feitos coletivamente,devendo ser individuais.

16.18.5. Efeito suspensivo

No magistério de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o efeito suspensivo, como opróprio nome diz, suspende os efeitos do ato até a decisão do recurso; ele só existequando a lei o preveja expressamente. Por outras palavras, no silêncio da lei, orecurso tem apenas efeito devolutivo132. No mesmo sentido é a previsão contida nocaput do art. 61 da Lei 9.784/1999.

Entendemos, no entanto, que a ausência de previsão legal não impede que aautoridade, em situações especiais, conceda efeito suspensivo ao recursoadministrativo interposto. Esta, inclusive, é a regra descrita, expressamente, noparágrafo único do art. 61 da Lei 9.784/1999, que assim dispõe: “Havendo justo receiode prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridaderecorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeitosuspensivo ao recurso.” Na mesma linha, Hely Lopes Meirelles ensina que, no silêncioda lei ou do regulamento, o efeito presumível é o devolutivo, mas nada impede que,nessa omissão, diante do caso concreto, a autoridade receba expressamente o recurso

Page 424: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

com efeito suspensivo para evitar possíveis lesões ao direito do recorrente ousalvaguardar interesses superiores da Administração133.

O Estatuto dos Militares e os regulamentos disciplinares das Forças Armadas sãosilentes quanto à concessão de efeito suspensivo aos recursos administrativos134.Sendo assim, em regra, os apelos administrativos na esfera da Administração PúblicaMilitar são recebidos pelas autoridades militares apenas no efeito devolutivo.Contudo, se, diante do caso concreto, houver justo receio de prejuízo de difícil ouincerta reparação decorrente da execução da medida, a autoridade competente poderá,de ofício ou a pedido, conceder-lhe efeito suspensivo, com base no falado art. 61,parágrafo único, da Lei n. 9.784/1999. É o que se passa, por exemplo, com as decisõesque impõem aos militares punições disciplinares privativas de liberdade que acarretama imediata segregação do punido por até 30 (trinta) dias. Nestes casos, uma vezinterposto recurso, torna-se imperiosa e prudente a atribuição de efeito suspensivo aomesmo e o sobrestamento da punição até a apreciação final apelo135. De toda forma, seisto não for feito, caberá ao interessado buscar tutela jurisdicional, para conferir efeitosuspensivo ao recurso administrativo interposto136 ou para questionar, de logo, alegalidade da punição.

Por outro lado, se a Administração Militar conceder efeito suspensivo ao recurso,deverá, em prol da manutenção da hierarquia e da disciplina, promover o julgamentodo apelo com a maior presteza possível e, no caso de não provimento do mesmo,aplicar, imediatamente, a reprimenda imposta, a fim de desestimular a prática de novasinfrações disciplinares e afastar do seio da tropa a sensação de impunidade.

16.19. LIVRE ACESSO AO PODER JUDICIÁRIO INDEPENDENTEMENTE DOPRÉVIO EXAURIMENTO DAS VIAS ADMINISTRATIVAS

Ao dispor sobre os direitos e as garantias individuais, o art. 153, § 4.º, daConstituição Federal de 1969, com redação dada pela Emenda Constitucional 7/1977,previa que a lei não poderia excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesãode direito individual. Contudo, o ingresso em juízo poderia ser condicionado aoprévio exaurimento das vias administrativas, desde que não fosse exigida garantia deinstância nem ultrapassado o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para a decisão sobre opedido.

Amparado na ordem constitucional então vigente, o legislador condicionou oacesso dos militares ao Poder Judiciário ao prévio esgotamento das viasadministrativas137. Impôs-se, desse modo, no âmbito castrense, a jurisdiçãocondicionada ou instância administrativa de curso forçado. A inobservância do

Page 425: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

preceito em tela possibilitava, inclusive, a aplicação de punição disciplinar aosmilitares das Forças Armadas138.

Todavia, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a jurisdiçãocondicionada foi praticamente abolida do ordenamento jurídico pátrio139, por força doart. 5.º, XXXV, que assegurou aos brasileiros e estrangeiros residentes do País o livreacesso ao Poder Judiciário independentemente do prévio exaurimento das viasadministrativas. Desse modo, o art. 51, § 3.º, da Lei 6.880/1980, passou a ser,materialmente, incompatível com a atual Carta Política, motivo pelo qual não foi porela recepcionado140.

Por isso, os militares podem buscar, livremente, no Poder Judiciário, a tutelajurisdicional de seus interesses, sem que seja necessário o prévio exaurimento das viasadministrativas. Eventual punição disciplinar aplicada com base, exclusivamente, nainobservância do art. 51, § 3.º, da Lei 6.880/1980 será manifestamente ilegal, devendoser declarada nula pelo Poder Judiciário, após provocação do interessado141. Há, noentanto, entendimento contrário na jurisprudência142.

Atualmente, a questão se encontra pacificada por força do Parecer 121/CONJUR-2005, de 21 de outubro de 2005143, aprovado pelo Ministro de Estado da Defesa, razãopela qual, de acordo com art. 17 do Anexo do Ato Regimental 6/AGU, de 19 de junhode 2002, Regimento Interno da CONJUR/MD144, adquiriu caráter normativo no âmbitodeste Ministério, dos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, bem comodos demais órgãos subordinados e entidades vinculadas ao Ministério da Defesa.

De acordo com o aludido parecer, não tem amparo constitucional, hoje, assanções disciplinares decorrentes da combinação do art. 51, § 3.º, do Estatuto dosMilitares com os respectivos Estatutos Disciplinares das Forças. Nessa concepção, areferida norma não foi recepcionada, não mais encontrando fundamento de validadena atual Constituição da República.

16.20. PRERROGATIVAS DOS MILITARES

16.20.1. Conceito

São as honras, as dignidades e distinções deferidas aos militares em razão dograu hierárquico e do cargo militar por eles ocupados.

16.20.2. Espécies

Page 426: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

São, dentre outras, prerrogativas dos militares:

16.20.2.1. O uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas militares

Os militares têm a prerrogativa de usar títulos, uniformes, distintivos e emblemasmilitares correspondentes ao respectivo posto ou graduação, corpo, quadro, arma,serviço ou cargo145.

16.20.2.1.1. Título

É a denominação indicativa do cargo ocupado pelo militar. São exemplos detítulos militares: C,omandante da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, Comandantede Unidade Aérea, Chefe do Estado-Maior, Chefe do Departamento Geral de Pessoaldo Exército, Diretor da Diretoria de Pessoal da Aeronáutica, Subcomandante de BaseAérea, etc.

O título militar não é designativo de posto, patente ou graduação, e com eles nãose confundem146.

16.20.2.1.2. Uniforme

Visa caracterizar os militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,permitindo-se, à primeira vista, distinguir seus postos ou graduações, como, também,os corpos ou quadros a que pertencem.

Os uniformes das Forças Armadas, com seus distintivos, insígnias e emblemas,são privativos dos militares147 e simbolizam sua autoridade, assegurando prerrogativase impondo deveres que lhes são inerentes. O uso desses, bem como a definição dosmodelos, a descrição, a composição, as peças acessórias e outras disposições sãoestabelecidos na regulamentação específica de cada Força singular148.

É proibido ao militar o uso de uniformes nas seguintes situações: a) emmanifestação de caráter político-partidária149; b) em atividade não militar noestrangeiro, salvo quando expressamente determinado ou autorizado; c) nainatividade150, salvo para comparecer a solenidades militares, a cerimônias cívicascomemorativas de datas nacionais ou a atos sociais solenes de caráter particular, desdeque autorizado151.

É vedado às Forças Auxiliares, aos cidadãos civis e às organizações civis usaruniformes ou ostentar distintivos, insígnias ou emblemas que possam ser confundidoscom os adotados pelas Forças Armadas.

Page 427: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O desrespeito aos uniformes, distintivos, insígnias e emblemas militares, bemcomo o uso por quem a eles não tiver direito, constituem crimes militares152.

16.20.2.1.3. DistintivosSão símbolos que, colocados sobre os uniformes militares, em locais

previamente definidos nos regulamentos de cada Força, indicam a arma, serviço ouquadro, o cargo militar (comando, chefia, direção de organização militar, p. ex.),curso ou estágio militar, etc.

16.20.2.1.4. Insígnia

Indica o posto ou a graduação do militar. Sua composição, uso e descriçãoobedecem aos preceitos descritos nos regulamentos de cada Força.

16.20.2.1.5. Emblemas militaresRepresentam uma organização militar, uma unidade aérea, etc.

16.20.2.2. Deferências tipicamente militares

São as honras, os tratamentos e sinais de respeito estabelecidos em leis eregulamentos.

16.20.2.3. Cumprimento de pena de prisão ou detenção em organização militar darespectiva Força

As penas privativas de liberdade, tanto nos crimes comuns153 como nos militares,somente poderão ser cumpridas em organização militar da respectiva Força, cujocomandante, chefe ou diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou, naimpossibilidade, em organização militar de outra Força, em que seu comandante,chefe ou diretor tenha a necessária precedência. No entanto, se o militar, emdecorrência da condenação, for excluído das Forças Armadas, na forma preconizadaem lei, perderá a condição jurídica de militar. Por conseguinte, não mais fará jus àprerrogativa em questão.

Resumindo: enquanto o militar condenado à pena privativa de liberdade não forexcluído, terá a prerrogativa de cumpri-la em organização da instituição militar a que

Page 428: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

estiver vinculado154. Todavia, se for excluído, cumprirá a pena ou o restante dela emestabelecimento prisional comum.

16.20.2.4. Julgamento em foro especial

Tradicionalmente, as Constituições têm atribuído competência à Justiça Militar155

para processar e julgar milicianos nos crimes militares156, o que foi mantido pela atualCarta Política157.

16.20.2.5. Ser encaminhado à autoridade militar nos casos de prisão em flagrante delito

No caso de prisão em flagrante delito por autoridade civil, o miliciano deve serentregue, imediatamente, à autoridade militar mais próxima, só podendo permanecerretido na delegacia ou posto policial durante o tempo necessário à lavratura doflagrante.

Cabe à autoridade militar adotar as medidas cabíveis a fim de responsabilizar aautoridade policial que não observar a prerrogativa em questão ou que maltratar, ouconsentir que seja maltratado qualquer preso militar, ou que não lhe dê o tratamentodevido em razão de seu posto ou graduação.

16.20.2.6. Dispensa dos serviços de jurado e na Justiça Eleitoral

O militar, quando na ativa, no exercício de suas funções158, está dispensado deprestar serviço de jurado em tribunais do júri, como, também, na Justiça Eleitoral.

16.21. RESUMO DA MATÉRIA

São direitos dos militares das Forças Armadas:I – Percepção de remuneração, quando em atividade, e de proventos, na inatividade.

O direito do militar da ativa à remuneração tem início na data: a) do ato da promoção, daapresentação atendendo convocação ou designação para o serviço ativo, para o oficial; b);doato da designação ou declaração, da apresentação atendendo convocação para o serviçoativo, para o guarda-marinha ou o aspirante a oficial; c);do ato da nomeação ou promoção aoficial, para suboficial ou subtenente; d);do ato da promoção, classificação ou engajamento,para as demais praças; e);da incorporação às Forças Armadas, para convocados evoluntários; f);da apresentação à organização competente do Ministério da Defesa ouComando, quando da nomeação inicial para qualquer posto ou graduação das Forças

Page 429: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Armadas; g) do ato da matrícula, para os alunos das escolas, centros ou núcleos de formaçãode oficiais e de praças e das escolas preparatórias e congêneres.

Suspende-se, temporariamente, o direito à percepção de remuneração quando o militarestiver: a) em gozo de licença para tratar de interesse particular; b);na situação de desertor;c) agregado, para exercer atividades estranhas às Forças Armadas em cargo, emprego oufunção pública temporária não eletiva, ainda que na Administração Pública Federal indireta,respeitado o direito de opção pela remuneração correspondente ao posto ou graduação.

O direito à remuneração cessa quando o militar for desligado do serviço ativo das ForçasArmadas por um dos seguintes motivos: a) anulação de incorporação, desincorporação,licenciamento ou demissão; b);exclusão a bem da disciplina ou perda do posto e patente;c);transferência para a reserva remunerada ou reforma; d);falecimento.

Em tempo de paz, a remuneração dos militares é composta pelo soldo, adicionais egratificações.

Gratificações: de localidade especial e de representação. Os adicionais são os seguintes:militar, de habilitação, de tempo de serviço, de compensação orgânica e de permanência.

Outros direitos e vantagens remuneratórios: diária, transporte, ajuda de custo, auxílio-fardamento, auxílio-alimentação, auxílio-natalidade, auxílio-invalidez, auxílio-funeral,adicional natalino, salário-família, adicional de férias, auxílio-transporte e assistência pré-escolar.

Proventos. São constituídos pelo soldo ou quotas de soldo e pelas seguintes vantagens aque o militar fazia jus quando em atividade: a);adicional militar; b);adicional de habilitação;c);adicional de tempo de serviço; d);adicional de compensação orgânica; e);adicional depermanência. O militar na inatividade remunerada tem direito, ainda, ao;adicional natalino,auxílio-invalidez, salário-família, auxílio-natalidade, auxílio-funeral e à assistência pré-escolar.

Hipóteses de suspensão e de cessação de proventos. O direito à percepção de proventos ésuspenso, a contar da data de apresentação à organização militar competente, quando omilitar, transferido para a inatividade remunerada, retorna à ativa, por força de convocaçãoou designação para o desempenho de cargo ou comissão nas Forças Armadas.

Nenhum militar, na ativa ou na inatividade, pode perceber, mensalmente, a título deremuneração ou proventos, importância superior à remuneração bruta do Comandante deForça.

II – Proventos integrais do militar com mais de 30 (trinta) anos de serviço. O militar, aoser transferido para a reserva remunerada, terá direito a proventos integrais, calculadoscom base no soldo integral do posto ou graduação que possuía na ativa, se contar commais de 30 (trinta) anos de serviço.

III – Proventos integrais do militar com menos de 30 (trinta) anos de serviço. O militartransferido para a reserva remunerada, ex officio, por ter atingido a idade-limite depermanência em atividade no posto ou na graduação, ou por não haver preenchido ascondições de escolha para acesso ao generalato, ou, ainda, por ter sido abrangido pela

Page 430: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

quota compulsória, fará jus aos proventos calculados com base no soldo integral do postoou graduação que possuía na ativa, ainda que, no ato da inativação, não possua trinta anosde serviço.

IV – Estabilidade quando praça. As praças adquirem estabilidade com 10 (dez) ou maisanos, ininterruptos ou não, de tempo de efetivo serviço prestado às Forças Armadas, aindaque parte dele em Forças distintas.

V – Uso das designações hierárquicas.VI – Ocupação de cargo correspondente ao posto ou à graduação.VII – Assistência médico-hospitalar para si e seus dependentes.VIII – Funeral para si e seus dependentes.IX – Alimentação.X – Fardamento.XI – Moradia para militar em atividade.XII – Constituição de pensão militar.XIII – Promoção. É o ato administrativo que, fundamentado em valores morais e

profissionais, visa preencher, de forma seletiva, gradual e sucessiva, as vagas disponíveisem grau hierárquico superior, de acordo com os efetivos fixados em lei para os diferentescorpos, quadros, armas ou serviços de cada uma das Forças singulares, propiciando umfluxo regular e equilibrado de carreira para os militares. As promoções são efetuadaspelos seguintes critérios: a) antiguidade; b) merecimento; c) escolha;;d) por bravura; e)post mortem.

XIV – Transferência a pedido para a reserva remunerada. O militar que completar, nomínimo, 30 (trinta) anos de serviço, poderá requerer sua transferência para a reservaremunerada.

XVI – Férias, afastamentos temporários do serviço e licenças. A licença pode ser para:a) tratar de interesse particular; b) tratamento de saúde de pessoa da família; c) tratamentode saúde própria; d) acompanhar cônjuge ou companheiro.

XVII – Demissão e licenciamento voluntários.XVIII – Porte de arma. Os militares, em razão do desempenho de suas funções

institucionais, têm o direito de portar de armas de fogo fornecidas pela Marinha, Exércitoe Aeronáutica, ainda que fora do serviço, na forma estabelecida por cada Força.

XIX – Recurso, pedido de reconsideração, queixa ou representação.O recurso hierárquico garante ao militar o pleno exercício do contraditório e da ampla

defesa, direitos constitucionalmente assegurados a todos os brasileiros, inibindo a prática deatos ilegais, imorais, arbitrários e de perseguição.

Pedido de reconsideração consiste no pedido de reexame de decisão administrativa que omilitar repute injusta ou contrária à lei ou aos regulamentos militares. É dirigido à autoridadeque a proferiu, visando à reapreciação da matéria.

Page 431: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A queixa e representação serão apresentadas pelo interessado contra ato de superior queconsidere injusto ou contrário à lei ou regulamentos militares.

XX – Livre acesso ao Poder Judiciário.Prerrogativas dos militares. São as honras, as dignidades e distinções deferidas aos

militares em razão do grau hierárquico e do cargo militar por eles ocupados.São, dentre outras, prerrogativas dos militares: a) uso de títulos, uniformes, distintivos,

insígnias e emblemas militares; b) deferências tipicamente militares; c) prisão especial; d)julgamento em foro especial nos casos de crimes militares; e) ser encaminhado à autoridademilitar nos casos de prisão em flagrante delito; f) dispensa dos serviços de jurado e naJustiça Eleitoral.

16.22. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar daMarinha T/2008. Direito) – Candidato ao Quadro Técnico da Marinhavem a ser aprovado com êxito em todo o processo seletivo, sendonomeado Primeiro-Tenente (T) em 25 de dezembro de 2007. Antes doseu ingresso na Marinha, o referido candidato era servidor públicofederal, sujeito ao regime estatutário, possuindo 5 (cinco) anos deefetivo serviço, ininterruptos e imediatamente anteriores ao ingressona Marinha, bem como mais 5 (cinco) anos em atividade vinculada aoRegime Geral de Previdência Social, não concomitantes, os quaisforam averbados em seus assentamentos na Marinha. Considerandoexclusivamente os dados informados no caso hipotético e o queprevê a Medida Provisória 2.215-10/2001 (dispõe sobre areestruturação da remuneração dos militares das Forças Armadas ealtera as Leis 3.765/1960 e 6.880/1980), com a redação vigente até 1.ºde janeiro de 2008, é correto afirmar quea) o oficial terá direito a receber a gratificação de tempo de serviço, no valor de 5%

(cinco por cento) sobre o soldo.b) o oficial terá direito ao adicional de permanência ao completar mais de 22 (vinte e

dois) anos de efetivo serviço.c) ao ser transferido para a reserva remunerada, o militar em questão fará jus ao soldo

do posto superior.d) por motivo de nascimento de filho, o oficial fará jus ao adicional de natalidade.e) ao ser transferido para a inatividade remunerada, o oficial fará jus ao valor relativo ao

Page 432: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

período integral das férias a que tiver direito e, ao incompleto, na proporção de umtreze avos por mês de efetivo serviço.

2. Assinale a alternativa correta:a) compete, privativamente, ao Presidente da República a iniciativa de lei que fixe a

remuneração dos militares das Forças Armadas.b) a remuneração dos militares, por força do art. 7.º, IV, da CF/1988, não poderá ser

inferior ao do salário-mínimo vigente.c) suspende-se, temporariamente, o direito à percepção de remuneração quando o

militar é transferência para a reserva remunerada ou reforma.d) em tempo de paz, a remuneração dos militares é composta apenas pelo soldo e

gratificações.

3. No que se refere aos adicionais, é correto afirmar que:a) fará jus ao adicional militar o miliciano que, ao longo da carreira, concluir com

aproveitamento determinados cursos, definidos pelo Ministro da Defesa, ouvidos osComandantes de Força.

b) o adicional de habilitação refere-se a cada círculo hierárquico da carreira militar.c) adicional de permanência é a parcela remuneratória mensalmente devida ao militar,

referente ao período em que continuou servindo, após ter completado o tempo mínimode permanência no serviço ativo.

d) a contar de dezembro de 2000, os militares, para cada ano, farão jus ao adicionalmensal equivalente a 1% incidente sobre o soldo.

4. Assinale a alternativa incorreta:a) a diária é devida ao militar que se afastar de sua sede, em serviço de caráter

eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional.b) ajuda de custo é o direito pecuniário pago adiantadamente ao militar para custeio das

despesas de locomoção e instalação, exceto as de transporte, nas movimentaçõescom mudança de sede e por ocasião de transferência para a inatividade remunerada.

c) o auxílio-invalidez será pago no valor de 6,5 (seis e meia) cotas de soldo.d) o adicional de férias é pago, antecipadamente, ao militar, no valor correspondente a

um terço da remuneração do mês de início das férias.

5. Os proventos dos militares:a) são constituídos pelo soldo ou quotas de soldo e pelas seguintes vantagens a que o

Page 433: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

militar fazia jus quando em atividade: a);adicional militar; b);adicional de habilitação;c);adicional de tempo de serviço; d);adicional de compensação orgânica; e);adicionalde permanência.

b) o direito à percepção de proventos é suspenso, a contar da data de apresentação àorganização militar competente, quando o militar, transferido para a inatividaderemunerada, retorna à ativa, por força de convocação ou designação para odesempenho de cargo ou comissão nas Forças Armadas.

c) nenhum militar na inatividade pode perceber, mensalmente, a título de proventos,importância superior à remuneração bruta do Comandante de Força.

d) todas as alternativas anteriores estão corretas.

6. Julgue os itens abaixo:I – As promoções são efetuadas pelos seguintes critérios: a) antiguidade; b)

merecimento; c) escolha; d) por bravura; e) post mortem.II – Todos os membros das Forças Armadas, exceto os que se encontram na inatividade

remunerada, são contribuintes obrigatórios da pensão militar, mediante descontomensal em folha de pagamento, salvo o aspirante da Marinha, o cadete do Exército eda Aeronáutica, o aluno das escolas, centros ou núcleos de formação de oficiais e depraças e das escolas preparatórias e congêneres, e os cabos, soldados, marinheirose taifeiros, com menos de dois anos de efetivo serviço.

III – Em regra, tanto o militar da ativa como o inativo podem fazer uso das designaçõeshierárquicas.

IV – As praças adquirem estabilidade com 10 (dez) ou mais anos, ininterruptos ou não,de tempo de efetivo serviço prestados às Forças Armadas, ainda que parte dele emForças distintas.

V – O militar transferido para a reserva remunerada, ex officio, por ter atingido a idade-limite de permanência em atividade no posto ou na graduação, ou por não haverpreenchido as condições de escolha para acesso ao generalato, ou, ainda, por tersido abrangido pela quota compulsória, fará jus aos proventos proporcionais ao tempode serviço se, no ato da inativação, não possuía trinta anos de serviço.

7. No que se refere às prerrogativas dos militares, assinale a alternativaincorreta:a) são as honras, as dignidades e distinções deferidas aos militares em razão do grau

hierárquico e do cargo militar por eles ocupados.b) as penas de prisão e detenção, tanto nos crimes comuns como nos militares, somente

poderão ser cumpridas em organização militar da respectiva Força.c) o militar em inatividade está dispensado de prestar serviço de jurado em tribunais do

Page 434: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

júri, como, também, na Justiça Eleitoral.d) título é a denominação indicativa do cargo ocupado pelo militar.

Gabarito

1. d 2. a 3. c

4. c 5. d

6. i - Certo;ii - Errado;iii - Certo;iv - Certo;v - Errado.

7. c

1 Os direitos dos militares dos Estados e do Distrito Federal estão definidos em legislaçõesespecíficas.

2 Designação significa convocação à incorporação ou matrícula, ou seja, o ato pelo qual osbrasileiros, após julgados aptos em seleção, são designados para incorporação ou matrícula, a fimde prestar o serviço militar, quer inicial, quer sob outra forma ou fase (art. 3.º, n. 6, do Decreto57.654/1966).

3 Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário-mínimo para aspraças prestadoras de serviço militar inicial (Súmula vinculante 6 do STF).

4 “A garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo foi conferida aos militares pela MP2215-10/2001 (art. 18). Não se trata de garantia constitucional, mas legal. Isto porque, conformeentendimento consolidado no STF, a Constituição Federal (art. 142, § 3.º, VIII) não estendeu aosmilitares os direitos sociais descritos nos incisos IV e VI do art. 7.º. Nesse sentido, colhe-se oseguinte aresto: Constitucional. Serviço militar obrigatório. Soldo. Valor inferior ao saláriomínimo. Violação aos arts. 1.º, III, 5.º, caput, e 7.º, IV, da CF. Inocorrência. RE desprovido. I – AConstituição Federal não estendeu aos militares a garantia de remuneração não inferior ao saláriomínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. II – O regime a que submetem osmilitares não se confunde com aquele aplicável aos servidores civis, visto que têm direitos,garantias, prerrogativas e impedimentos próprios. III – Os cidadãos que prestam serviço militarobrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da soberania da pátria. IV – Aobrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para aadequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. V – Recursoextraordinário desprovido.” (RE;551.453/MG, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, Órgão

Page 435: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Julgador: Tribunal Pleno, Publicação DJE 117 27/06/2008).5 Art. 4.º da MP 2.215-10/2001.6 Art. 19, parágrafo único, da MP 2.215-10/2001.7 Nesses casos, o militar deixa de perceber remuneração, para receber proventos de inatividade.8 Desligamento é o ato pelo qual o militar é desvinculado completamente de uma organização

militar.9 Art. 54 da Lei 6.880/1980.10 Art. 30 do Decreto 4.307, de 18 de julho de 2002.11 Trata-se de rol taxativo.12 Como já salientou o TRF4, o militar fará jus ao adicional de compensação orgânica mesmo que

a exposição a estes agentes agressivos à saúde seja por períodos intermitentes, mas de formahabitual. Nesse sentido, conferir: “Administrativo. Militar. Gratificação de compensação orgânica.Raios X. Intermitência. Habitualidade. 1. A exposição do autor a radiações ionizantes, ainda queapenas em parte da sua jornada diária, não caracteriza eventualidade, mas sim intermitência, o quepretexta o seu direito à percepção da gratificação correspondente. 2. In casu, verificado no laudopericial (fls.126/132 e 144) que as atividades exercidas pelo autor permitiam sua exposição aagentes agressivos à saúde, mesmo que em períodos intermitentes, mas de forma habitual, tem oautor direito ao Adicional de Compensação Orgânica no percentual de 10% sobre o soldo, de 24de julho de 1999 até fevereiro de 2004. 3. Apelação e remessa oficial improvidas.” (TRF4,APELREEX 2004.71.00.031003-5, Terceira Turma, Relator Carlos Eduardo Thompson FloresLenz, DE 14/01/2009).Em sentido assemelhado, o TRF1 assim tem entendido: “Administrativo. Militar. Gratificação decompensação orgânica. Dentista. Exposição constante e reiterada a raios X. Pedido procedente.Preliminar de prescrição do fundo de direito rejeitada. 1. Nas relações jurídicas de trato sucessivoem que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direitoreclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior apropositura da ação. (Súmula 85 do STJ). 2. A Gratificação de Compensação Orgânica é devidano percentual de 10% do soldo ao militar que exercer suas atividades com exposição direta econstante a Raios X. 3. O autor, no exercício da sua profissão de dentista, operou com frequência oaparelho de Raio X. Assim, estando o autor em constante exposição a substâncias radioativas, fazjus à percepção da Gratificação de Compensação Orgânica. 4. Precedentes. 5. Apelação da Uniãoa que se nega provimento e apelação do autor a que se dá provimento.” (AC 2001.34.00.010407-3/DF, Rel. Juiz Federal Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes (conv), Primeira Turma, DJ10/12/2007, p. 12).

13 “Administrativo. Militar. Compensação Orgânica. Radiação. Continuidade e habitualidade.Extensão do pagamento do adicional na forma em que é pago aos servidores civis.Impossibilidade” (Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais do Rio de Janeiro. REC –Recurso/Sentença Cível/RJ. Processo 20065151040432701. Primeira Turma Recursal. Relatora:Daniela Milanez. Data da decisão: 12/09/2008).

Page 436: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

14 O tempo mínimo de permanência no serviço ativo para fazer jus a proventos integrais é de 30anos de serviço (art. 50, II, da Lei 6.880/1980).

15 Salienta-se, no entanto, que, aos militares que participarem da construção de estradas,aeródromos e obras públicas, mapeamento e levantamento cartográfico e hidrográfico, construçãoe instalação de rede de proteção ao voo, serviços de sinalização náutica e reboque, poderão serconferidas gratificações na forma estabelecida em convênio com órgãos públicos ou privadosinteressados no referido trabalho, à conta dos recursos a estes destinados.

16 Organização militar é a denominação genérica dada a corpo de tropa, repartição,estabelecimento, navio, base, arsenal ou a qualquer outra unidade tática, operativa ouadministrativa das Forças Armadas.

17 “Desligamento é o ato pelo qual o militar é desvinculado completamente de uma organizaçãopara seguir destino” (art. 169 do Decreto 76.780, de 11 de dezembro de 1975).

18 Exemplificando: um militar que esteja servindo em uma determinada região inóspita continuaráa perceber a gratificação, ainda que seja designado para participar de um curso de especializaçãonuma organização militar ou estabelecimento civil localizados em um dos grandes centros urbanosdo país, desde que não seja desligado de sua OM de origem.

19 Art. 1.º, § 3.º, da Portaria Normativa 13/MD, de 5 de janeiro de 2006.20 Portaria Normativa 13/MD, de 5 de janeiro de 2006 – Classifica as localidades e guarnições

para efeito de pagamento da Gratificação de Localidade Especial, a que se refere a MP 2.215-10,de 31/08/2001, e trata do acréscimo de tempo de serviço, constante na Lei 6.880, de 09/12/1980.Portaria Normativa 66/MD, de 19 de janeiro de 2007 – Altera a classificação das localidades eguarnições para efeitos de pagamento da Gratificação de Localidade Especial a que se refere aMedida Provisória 2.215-10, de 31 de agosto de 2001, e de acréscimo de tempo de serviço,constante da Lei 6.880, de 9 de dezembro de 1980. Portaria Normativa 972/MD, de 23 de junho de2008 – Altera a classificação das localidades e guarnições para efeito de pagamento daGratificação de Localidade Especial a que se refere à Medida Provisória 2215-10, de 31 deagosto de 2001. Estas portarias estão disponíveis no seguinte endereço eletrônico:<https://www.defesa.gov.br/bdlegis/index.php?page=lista_pesquisa>.

21 Em sentido assemelhado: “Administrativo. Militares. Gratificação especial de localidade. RioGrande/RS. Juros de mora. 1. A concessão de gratificação especial de localidade (GEL) tão-somente aos militares da Marinha sediados em Rio Grande, em detrimento dos membros doExército, por disciplinar de forma diversa situações idênticas, afronta o princípio constitucionalda isonomia. 2. Às verbas remuneratórias devidas a servidores ou empregados públicos pelaUnião serão acrescidas de juros de mora no percentual a ser determinado pela data de ajuizamentoda ação, se anterior ou posteriormente à vigência da MP 2.180-35/2001, que acrescentou o art. 1.º-F à Lei 9.494/1997.” (TRF4, APELREEX 2005.71.01.001605-5, Terceira Turma, Relatora MariaLúcia Luz Leiria, DE 03/12/2008).

22 Anexo III, tabela I, da MP 2.215-10/2001.23 Anexo III, tabela II, da MP 2.215-10/2001.24 Viagem de representação é o deslocamento realizado por militar da ativa para fora de sua sede,

Page 437: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

na condição de representante do Ministério da Defesa ou dos Comandos de Força, em eventos deinteresse da instituição.

25 Viagem de instrução é o deslocamento realizado por militar da ativa para fora de sua sede,integrando o efetivo de um estabelecimento de ensino militar ou de parte dele, para a participaçãoem evento cujo objetivo esteja relacionado com a atividade de ensino, excluído o exercícioescolar.

26 Viagem para emprego operacional é o deslocamento realizado por militar da ativa para fora desua sede, integrando o efetivo de uma organização militar ou de parte dela, quando empregado naexecução de ações militares que visem o cumprimento de missão constitucional.

27 Será computado como um dia o período igual ou superior a oito horas e inferior a 24 (vinte equatro) horas.

28 Anexo III, tabela II, da MP 2.215-10/2001, c/c art. 14, parágrafo único, do Decreto 4.307/2002.29 Aprovadas pelo Decreto 6.223, de 4 de outubro de 2007. A Portaria Normativa 852/MD, de 1

de julho de 2005, disciplina a concessão da gratificação de exercício em cargo de confiança e dagratificação de representação pelo exercício de função dos militares em serviço na administraçãocentral do Ministério da Defesa.

30 Disponível no seguinte endereço eletrônico: <https://www.defesa.gov.br/bdlegis/index.php?page=lista_pesquisa>.

31 Sede é todo o território do município e dos municípios vizinhos, quando ligados por frequentesmeios de transporte, dentro do qual se localizam as instalações de uma organização, militar ounão, onde são desempenhadas as atribuições, missões, tarefas ou atividades cometidas ao militar,podendo abranger uma ou mais OM ou guarnições.

32 Ver anexo II do Decreto 3.643, de 26 de outubro de 2000, com nova redação dada pelo Decreto5.554, de 4 de outubro de 2005.

33 Impõe-se registrar que o militar, ao se afastar de sua sede para acompanhar autoridade superior,fará jus à diária da respectiva autoridade, desde que designado em ato próprio, no qual conste aobrigatoriedade de sua hospedagem no mesmo local daquela autoridade (art. 22 do Decreto n.4.307/2002). É o que pode ocorrer, por exemplo, com o ajudante de ordem de oficial-general que,na prática, assume funções semelhantes às de um assessor. Às vezes, por necessidade do serviço,torna-se imperiosa a sua hospedagem no mesmo local daquela autoridade. Se houver designação,em ato próprio, neste sentido, o ajudante de ordem perceberá diária no valor pago ao oficial-general.

34 A Portaria Normativa 543/MD, de 26 de setembro de 2002, determina, para fins de cálculo doacréscimo pecuniário em questão, a aplicação do disposto no art. 9.º do Decreto 343, de 19 denovembro de 1991. Ressalta-se, no entanto, que o decreto em tela foi revogado pelo Decreto5.992, de 19 de dezembro de 2006.

35 Disponível no seguinte endereço eletrônico: <https://www.defesa.gov.br/bdlegis/index.php?page=lista_pesquisa>.

36 O conceito de bagagem engloba o conjunto de objetos de uso pessoal do militar e de seus

Page 438: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

dependentes, correspondente a móveis, aparelhos e utensílios de uso doméstico, um automóvel euma motocicleta, registrados em órgão de trânsito, inclusive sob a forma de arrendamentomercantil – leasing, em seu nome ou em nome de um de seus dependentes. Para o cálculo daindenização do transporte da bagagem do militar, por via rodoviária, dentro do território nacional,ver tabela descrita no anexo II do Decreto 4.307/2002.

37 Pessoa que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa ao militar e aosseus dependentes, no âmbito residencial, estando inscrita no órgão de seguridade socialcompetente e portadora de carteira de trabalho, anotada e assinada pelo empregador.

38 Cubagem é o volume da bagagem a ser transportada, medido em metros cúbicos. A tabela delimites de cubagem a ser utilizada no transporte de bagagens está descrita no anexo I do Decreto4.307/2002.

39 O militar na inatividade também fará jus a transporte pessoal nos casos de baixa à organizaçãohospitalar ou alta desta, em virtude de prescrição médica competente ou realização de inspeção desaúde e para a realização de consulta ou exame de saúde por recomendação médica. Caso sejanecessário acompanhante para o militar na inatividade ou seu dependente, por baixa ou alta deorganização hospitalar, em razão de prescrição médica competente, este terá, também, direito aotransporte pessoal por conta da União.

40 “Administrativo. Militar. Licenciamento ex officio do serviço militar ativo. Retorno aodomicílio de origem. Recebimento de indenização de transporte. Direito líquido e certo. LeiFederal 6.880/1980 Regulamentada pelo Decreto 986/1993. 1. A jurisprudência do STJ asseguraao militar da ativa licenciado por conclusão de tempo de serviço ou de estágio e por conveniênciado serviço o pagamento de transporte, nos termos do art. 121, § 3.º, alíneas a e b da Lei6.880/1980 regulamentada pelo Decreto 986/93. 2. Embargos de declaração da União rejeitados”(STJ. EDcl no REsp 639.147/RJ, Rel. Ministra Jane Silva (Desembargadora convocada doTJ/MG), Quinta Turma, julgado em 29/11/2007, DJ 17/12/2007, p. 287). Registra-se, poroportuno, que o referido Decreto 986/1993 foi revogado pelo Decreto 4.307/2002, que, noentanto, reproduziu, literalmente, o disposto no art. 7.º do decreto revogado.

41 ;“Administrativo. Militar. Transferência para a reserva não remunerada em razão de interesseparticular. Licença ex officio. Indenização de transporte. Impossibilidade. Recurso ordinário emmandado de segurança. Negado provimento. 1. Pretensão de receber indenização de transporte porlicenciamento ex officio e transferência para a reserva não remunerada em virtude de aprovaçãoem concurso público para cargo efetivo na Advocacia-Geral da União. 2. Ausência de previsãolegal. 3. Recurso ordinário a que se nega provimento.” (STF. RMS;24.636/DF, Distrito Federal.Relator(a): Min. Joaquim Barbosa. Órgão Julgador: Primeira Turma. DJ 24/09/2004).No mesmo sentido: “Administrativo. Militar. Transferência para reserva não remunerada.Licenciamento ex officio do serviço militar ativo. Posse em cargo público. Art. 122 da Lei6.880/1980. Recebimento da indenização de transporte. Impossibilidade. Decreto 986/1993.Ordem denegada. I – Nos termos do art. 7.º do Decreto 986/1993, o militar da ativa, quandolicenciado, por conclusão de tempo de serviço ou de estágio e por conveniência do serviço, farájus à indenização de transporte para si e seus dependentes, até a localidade, dentro do territórionacional, onde tinha a sua residência. II – Na hipótese dos autos, o militar foi licenciado ex

Page 439: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

officio, ingressando na reserva não remunerada, nos termos do art. 122 da Lei 6.880/1980, emrazão de sua nomeação para o cargo de Advogado da União. Assim, seu deslocamento daguarnição de Tefé/AM para Brasília/DF foi realizado por interesse pessoal, não guardandoqualquer relação com a carreira militar, motivo pelo qual, não é devida a indenização detransporte. III – Ordem denegada.” (STJ. MS 8.596/DF, Rel. Ministro Gilson Dipp, TerceiraSeção, julgado em 14/05/2003, DJ 9/06/2003, p. 169).

42 Lei 4.375, de 17 de agosto de 1964, e Decreto 57.654, de 20 de janeiro de 1966.43 Art. 30 do Decreto 4.307/2002.44 Os valores a serem pagos a título de ajuda de custo estão descritos no anexo IV, da tabela I, da

MP 2.215-10/2001.45 Via de regra, os valores a serem pagos a título de ajuda de custo variam em função de o militar

estar ou não efetivamente acompanhado de dependentes nas movimentações descritas no anexo IV,da tabela I, da MP 2.215-10/2001. No primeiro caso, fará jus ao valor integral. No segundo, àmetade do valor (letra e, do anexo IV, da tabela I, da MP 2215-10/2001). Neste sentido, aliás, temsido o entendimento jurisprudencial: “Administrativo. Servidor público militar. Ajuda de custo.Dependentes. Ausência de deslocamento dos dependentes. Impossibilidade de pagamento daindenização de forma integral. Recurso improvido”;(Processo 2006.35.00.727140-0. Relator: JuizFederal Leonardo Buíssa Freitas. Juizado Especial Federal. Primeira Turma – GO. DJ-GO;2/05/2007). ;

46 O auxílio-alimentação a ser pago, por dia em que o militar cumprir integralmente o expediente,corresponderá a dez vezes o valor da etapa comum fixada para a localidade, quando em serviço deescala de duração de vinte e quatro horas, ou a cinco vezes o valor da etapa comum fixada para alocalidade, quando em serviço ou expediente de duração superior a oitos horas de efetivo trabalhoe inferior a vinte e quatro horas. Em ambos os casos, isolada ou alternativamente, o auxílio nãopoderá exceder a dez dias por mês, por militar. Por conseguinte, no primeiro caso, o militarperceberá, no máximo, 100 (cem) etapas, ao passo que, no segundo, 50 (cinquenta).

47 Neste caso, por cada dia que cumprir expediente diário integral, o militar fará jus ao auxílio-alimentação correspondente a uma vez a etapa comum fixada para a localidade. Para fins depagamento da etapa, o mês integral será considerado como trinta dias (art. 71, § 3.º, do Decreto4.307/2002). O militar que se encontrar nesta situação perceberá, no máximo, 30 (trinta) etapaspor mês.

48 Nesse sentido, inclusive, o TRF4 assim já decidiu: “Administrativo. Militar. Auxílio-natalidade. Filho adotivo. Equiparação entre filhos adotados e naturais. Direito ao auxílio. –Apelação e remessa oficial desprovidas.” (TRF4, AC 2003.71.00.052454-7, Terceira Turma,Relator Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, DJ 20/04/2005).

49 Por força do art. 3.º, XV, da MP 2.215-10/2001, para a concessão do benefício em tela não seexige que a incapacidade do militar o impossibilite total e permanente para qualquer trabalho,bastando que o incapacite para o serviço militar. Neste sentido, há, inclusive, decisão proferidapelo TRF2 na AC 1993.51.01.010316-0, da relatoria do Des. Fed. Raldênio Bonifácio Costa,julgada em 28/06/2006.

Page 440: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

50 Lei 11.421, de 21 de dezembro de 2006.51 Cabe à União o custeio das despesas com o translado do corpo do militar da ativa falecido para

a localidade, dentro do território nacional, solicitado pela família, incluindo despesasindispensáveis à efetivação desse transporte, conforme disposto na alínea f do inciso IV do art. 50da Lei 6.880, de 1980. Compete, também, à União custear as despesas com o translado do corpodo militar inativo ou de seu dependente falecido em organização hospitalar situada fora dalocalidade onde residia, para a qual tenha sido removido por determinação médica competente darespectiva Força Armada.

52 Conferir Portaria Normativa 930/MD, de 01 de agosto de 2005, que dispõe sobre diretrizes,critérios e procedimentos específicos para o pagamento do adicional natalino aos militares dasForças Armadas.

53 Art. 142, § 3.º, VIII, da CF/1988, que faz expressa menção ao art. 7.º, XII.54 A Medida Provisória 2165-36, de 23 de agosto de 2001, institui o auxílio-transporte e dispõe

sobre o pagamento dos militares e dos servidores do Poder Executivo Federal, inclusive de suasautarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. O Decreto 2.963, de 24de fevereiro de 1999, regulamenta o auxílio-transporte dos militares federais. Importante salientarque as normas acima, ao disciplinarem o pagamento do auxílio-transporte, não condicionaram suaconcessão à distância entre a residência do militar e o local de trabalho. Assim, eventuaisrestrições neste sentido, fixadas por meio de atos normativos administrativos, são ilegais. Este,inclusive, foi o entendimento adotado pelo TRF4, como se depreende do seguinte arresto:“Administrativo. Servidor militar. Auxílio-transporte. Medida Provisória 2.165-36. Limitação dadistância entre casa-trabalho em 75 km. Impossibilidade. 1. O auxílio-transporte, instituído pelaMedida Provisória 2.165/2001, é destinado ao custeio de despesas realizadas com transportecoletivo, objetivando o reembolso ao servidor das despesas realizadas com o deslocamento para otrabalho. 2. A teor da legislação, não se depreende qualquer restrição à distância entre aresidência e o local de trabalho, motivo pelo qual o servidor que reside em outro município faz jusao benefício. 3. O fato de o veículo que transporta passageiros na linha intermunicipal ser maisequipado do que aqueles que circulam no município, por si só, não o caracteriza como seletivo. 4.O valor a ser indenizado, todavia, deverá equivaler às despesas que seriam realizadas caso fosseutilizado o transporte coletivo existente para a localidade, ou o menos dispendioso. 3. Remessaoficial improvida.” (TRF4, REOMS – Remessa ex officio em mandado de segurança. Processo:200671000359793/RS. Relator: Jairo Gilberto Schafer. Quarta Turma. DE 19/12/2007).Conferir, ainda, a Recomendação Conjunta 1/2007, de 27 de Novembro de 2007, do MinistérioPúblico Militar, que assim dispõe: “Resolvem RECOMENDAR ao Chefe do Departamento-Geraldo Pessoal do Exército que: 1. que revogue toda e qualquer referência existente nas normaseditadas pelo DGP que definam determinada distância entre a residência do militar e seu local detrabalho como fator limitador à concessão do benefício do auxílio-transporte; 2. que divulgue atodas as Organizações Militares no âmbito do Exército a revogação expressa da distância entre aresidência do militar e seu local de trabalho como fator limitador à concessão do benefício doauxílio-transporte.” Disponível em: <http://www.mpm.gov.br/site/mpm/servicos/assessoria-de-comunicacao/atuacao-do-mpm/documentos/SM%20-%20Rec%20Aux%20Transp.pdf>. Acesso

Page 441: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

em 30 maio 2009.55 Ver Decreto 977, de 10 de setembro de 1993, Portaria 2.405/SC-5, de 27 de abril de 1995, e

Portaria 1.265/SC-5, de 27 de abril de 1994, ambas expedidas pelo extinto EMFA (Estado-Maiordas Forças Armadas). O inteiro teor destas portarias está disponível no seguinte endereçoeletrônico: <https://www.defesa.gov.br/bdlegis/index.php?page=lista_pesquisa>.No âmbito do Comando do Exército, a Portaria 566, de 23 de agosto de 2006, aprova as normaspara aplicação do plano de assistência pré-escolar do Exército (PAPEEX), para os militares. Anorma em questão encontra-se disponível no seguinte endereço eletrônico:<http://dapnet.dgp.eb.mil.br/download/sas/Por_566_PAPEEx.pdf>.

56 Para efeitos de cálculo, os proventos são: a) integrais, calculados com base no soldo referenteao posto ou graduação do militar transferido para a inatividade remunerada; b);proporcionais,calculados com base em quotas do soldo referente ao posto ou graduação do militar transferidopara a inatividade remunerada, correspondentes a um trinta avos do valor do soldo, por ano deserviço. Para efeito de contagem das quotas, a fração de tempo igual ou superior a 180 (cento eoitenta) dias será considerada um ano.

57 É o que ocorre, p.ex., com um capitão do Exército transferido para a reserva remunerada no dia15 de dezembro de 2000. Por força do art. 34 da MP 2.215-10/2001, a este militar foi asseguradoo direito à percepção de remuneração correspondente ao grau hierárquico superior, ou seja, ao demajor. Por conseguinte, percebe, atualmente, proventos superiores à remuneração de um capitão daativa.

58 Neste caso, o militar passará a perceber remuneração e não mais proventos de inatividade. É ocaso, e.g, do militar da reserva remunerada designado para o cargo de Comandante da Marinha, doExército ou da Aeronáutica (art. 5.º, §§ 2.º e 3.º, da LC 97/1999).

59 Estas duas últimas hipóteses ocorrem, por exemplo, nos casos em que o oficial ou a praça dareserva remunerada ou reformada das Forças Armadas são julgados culpados, respectivamente,pelos Conselhos de Justificação ou de Disciplina, sendo, no primeiro caso, imposta a pena deperda do posto e da patente pelo STM, e, no segundo, a exclusão a bem da disciplina peloComandante de Força ou pela autoridade a quem tenha sido delegada competência para efetivar aexclusão.

60 A remuneração do Comandante de Força, assim como dos militares em geral, está submetida aoteto descrito no art. 37, XI, da CF/1988, por força do art. 142, § 3.º, VIII.

61 A alíquota de contribuição para a Pensão Militar corresponde a 7,5% (sete e meio por cento)das parcelas que compõem a remuneração ou os proventos.

62 A Contribuição para a assistência médico-hospitalar e social é de até 3,5% (três e meio porcento) ao mês e incide sobre as parcelas que compõem a pensão ou os proventos na inatividade.Por ser uma prestação pecuniária compulsória (desconto obrigatório em folha), em moeda, que nãoconstitui sanção de ato ilícito e, instituída em lei, assume natureza jurídica de tributo, por força doart. 3.º do CTN. Assim, sujeita-se às limitações do poder de tributar descritos na ConstituiçãoFederal. Sobre o tema, conferir: “Tributário. Contribuição para o FUSEX. Discussão sobre apossibilidade de instituição por ato infralegal. Vedação. Natureza tributária. I – Custeia-se a

Page 442: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

assistência médico-hospitalar fornecida aos servidores militares da União por meio decontribuição ao Fundo de Saúde do Exército – FUSEX. Fosse a referida contribuição facultativa, apossibilidade de aderir ou não ao plano de assistência médico-hospitalar daria natureza contratualà contribuição, fazendo prevalecer o princípio da autonomia da vontade das partes. Ocorre que aadesão é obrigatória para todos os integrantes do exército – com exceção dos conscritos – quesuportam o desconto em folha de pagamento. Verifica-se, portanto, tratar-se de prestaçãopecuniária compulsória em moeda, que, cobrada mediante atividade administrativa plenamentevinculada e por não constituir sanção de ato ilícito, reúne os elementos necessários para acaracterização do tributo. Assim, haveria de ser instituída por lei, em obediência à regra do art. 97do Código Tributário Nacional. II – Recurso especial improvido.” (STJ. REsp 789.260/PR, Rel.Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 23/05/2006, DJ 19/06/2006).

63 A taxa de uso é o valor mensal devido pelo ocupante de PNR, descontado, preferencialmente,em folha de pagamento, até o limite de dez por cento do valor do soldo do posto ou da graduaçãodo militar.

64 A multa, que equivale a dez vezes o valor da taxa de uso, é aplicada a cada período de trintadias de retenção do imóvel, após a perda do direito à ocupação (art. 15, I, e, da Lei 8.025, de 12de abril de 1990). Poderá ser cobrada mediante desconto em folha de pagamento, após o trânsitoem julgado da ação possessória, observado o limite descrito no art. 14, § 3.º, da MP 2.215-10/2001. Em sentido assemelhado: “Administrativo. Recurso especial. Imóvel funcional. Multapor ocupação irregular. Desconto em folha. Cabimento. 1. A aplicação da multa prevista no art. 15,inciso I, e, da Lei 8.025/1990, em razão de ocupação irregular de imóvel por servidor militar,vinha sendo julgada tanto pela Terceira quanto pela Primeira Seção deste Tribunal. 2. No Conflitode Competência 32.607/DF, ficou assentado pela Corte Especial que a aplicação da referida multaseria julgada por esta Primeira Seção. 3. Jurisprudência pacífica no sentido de ser aplicável odesconto em folha de pagamento da multa prevista no art. 15, I, e, da Lei 8.025/1990 quandoirregular a ocupação de imóvel funcional, sempre com a ressalva de que os descontos nãoultrapassem o limite de 30% (trinta por cento) da remuneração ou soldo e de dez vezes o valor dataxa de ocupação, observando-se, ainda, o trânsito em julgado da ação possessória. 4. Recursoespecial provido.” (STJ. REsp 553.854/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgadoem 18/08/2005, DJ 12/09/2005, p. 272).“Administrativo. Imóvel funcional. Ocupação irregular. Militar. Multa. Validade. 1. É válida acobrança da multa por ocupação irregular de imóvel funcional prevista no art. 15, inciso I, e, daLei 8.025⁄1990, mesmo para as permissões outorgadas antes da entrada em vigor desse diplomalegislativo. 2. Todavia, somente é aplicável após o trânsito em julgado da ação possessória e estálimitada a dez vezes o valor da taxa de ocupação e a trinta por cento do valor do soldo do militar.3. Recurso especial provido.” (REsp 434.064⁄DF, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma,julgado em 17/03/2005, DJ 16/05/2005, p. 287).

65 Em sentido contrário, entendendo que o teto máximo previsto no art. 14, § 3.º, da MP 2215-10/2001 refere-se, exclusivamente, aos descontos facultativos: “Indenização. Militar. Descontosem contracheques. Teto máximo. Art. 14, § 3.º, da MP 2.215-10/2001. Teto para descontosfacultativos. Não-alcance a descontos obrigatórios. Recurso Desprovido. 1. Age licitamente aAdministração ao proceder descontos nos contracheques de servidor militar, se assumidos por ele.

Page 443: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

2. O limite constante do art. 14, § 3.º, da Medida Provisória 2.215-10/01 impede que, em razão dedescontos facultativos, o militar perceba menos de 30% da sua remuneração. Não abrange,portanto, descontos obrigatórios, tais como imposto de renda, pensão alimentícia e contribuiçãopara a assistência médica dos militares. 3. Indenização negada. Recurso desprovido.” (JEF – 1.ªTurma Recursal – PA. Recurso Cível. Processo: 200239007041334. Relator: Gláucio FerreiraMaciel Gonçalves. Data da decisão: 18/12/2002).

66 Se o militar requerer, voluntariamente, sua inclusão na quota compulsória, só terá direito aproventos integrais se possuir mais de 30 (trinta) anos de serviço.

67 De acordo com o art. 136 da Lei 6.880/1980, tempo de efetivo serviço é o espaço de tempocomputado dia a dia entre a data de ingresso e a data-limite estabelecida para a contagem ou a datado desligamento em consequência da exclusão do serviço ativo, mesmo que tal espaço de temposeja parcelado. Por isso, o tempo de serviço necessário à aquisição de estabilidade pode serparcelado. Este, aliás, foi o entendimento adotado pelo TRF2 no AMS 64522 (Processo:200551010034798/RJ. Órgão Julgador: Sétima Turma Especializada. Relator: DesembargadorFederal Theophilo Miguel. DJU 07/12/2006). Cabe salientar que, de acordo com o STJ, o tempode efetivo serviço prestado por força de decisão judicial deve ser computado para fins deestabilidade. Neste sentido, conferir: “Embargos de divergência. Militares temporários.Aeronáutica. Reintegração. Direito à estabilidade. Decênio legal. Prazo ultrapassado.Reconhecimento. Precedentes do STJ. É assegurada à praça militar temporário a estabilidadeprofissional quando ultrapassar o decênio legal de efetivo serviço castrense, ainda que por forçade decisão judicial, comprovado nos autos o lapso temporal exigido, a teor do disposto no art. 50,inc. IV, a, da Lei 6.880/1980. Embargos de Divergência rejeitados.” (EREsp 565.638/RJ, Rel.Ministro Hamilton Carvalhido, Rel. p/ Acórdão Ministro Felix Fischer, Terceira Seção, julgadoem 28/06/2006, DJ 18/09/2006, p. 264).

68 “Administrativo. Militar. Cabo fuzileiro naval licenciado por conclusão de Tempo de serviço.Reintegração. Estabilidade. Cômputo do tempo serviço militar Inicial prestado a outra forçamilitar. Possibilidade. I – A Lei 6.880/80 (Estatuto dos Militares) fixa que a praça adquire aestabilidade com 10 (dez) ou mais anos de ‘tempo de efetivo serviço’; indicando que secaracteriza esse ‘tempo de efetivo serviço’ como o espaço de tempo computado dia a dia entre adata de ingresso e a data do desligamento pela exclusão do serviço ativo; ainda que esse espaçode tempo seja parcelado. Esclarece, outrossim, que o militar começa a contar tempo de serviçonas Forças Armadas a partir da data de seu ingresso em qualquer organização militar da Marinha,do Exército ou da Aeronáutica; e que se considera como data de ingresso a data do ato em que oconvocado é incorporado a uma organização militar. II – Destarte, há que se reconhecer o direito àreintegração e consequente estabilidade do ex-Cabo, a teor do disposto no art. 50, IV, ‘a’ dareferida Lei 6.880/1980, eis que, somando-se o tempo de serviço prestado ao Exército ao tempoprestado à Marinha, computou o militar, ainda que de forma parcelada, mais de 10 anos de efetivoserviço. III – Note-se, por esclarecedor, que um exame atento da Lei do Serviço Militar (Lei4.375/1964), permite concluir que as disposições do seu art. 63 – preconizando deva computar-seo tempo de serviço ativo prestado pelos brasileiros nas Forças Armadas, para efeito deaposentadoria, – não se destinam, em realidade, aos convocados que permaneceram no serviçoativo das Forças Armadas após a prestação do Serviço Militar Inicial, mas, sim, aos reservistas e

Page 444: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

aos funcionários públicos federais, estaduais ou municipais, bem como aos empregados operáriosou trabalhadores que foram forçados a abandonarem o cargo, função ou emprego, para ocumprimento daquela obrigação. IV – Apelação provida. Sentença reformada.” (TRF2. AMS64522. Processo: 200551010034798/RJ. Órgão Julgador: Sétima Turma Especializada. Relator:Desembargador Federal Theophilo Miguel. DJU 07/12/2006).

69 Arts. 136 e 137, §§ 1.º e 2.º, da Lei 6.880/1980.70 “Administrativo. Militar. Somente o tempo efetivo de serviço militar conta para aquisição de

estabilidade do praça. Tempo de serviço público civil que não tem relevância para esse fim.Apelação Improvida” (TRF5. AC 121127/RN. Processo 9705269815. Segunda Turma. Relator:Desembargador Federal Lázaro Guimarães. Data da Decisão: 14/10/1997. DJ 14/11/1997).

71 Ao contrário do que ocorre no âmbito federal, no Estado de Pernambuco, p. ex., o tempo deserviço prestado nas Forças Armadas é considerado como tempo de efetivo serviço, inclusivepara fins de aquisição de estabilidade na Polícia Militar (art. 121, § 1.º, II, da Lei Estadual6.783/1974, com redação dada pela Lei Estadual 10.455/1990).

72 O tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo computado dia a dia entre a data de ingresso ea data limite estabelecida para a contagem ou data de desligamento em consequência da exclusãodo serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado (art. 136 da Lei 6.880/1980).Logo, no seu cômputo não serão incluídos tempos fictos, como os decorrentes de férias e licençasnão gozadas que, por força do art. 137, V, da Lei 6.880/1980, c/c os arts. 33 e 36 da MP 2.215-10/2001, serão contadas em dobro, desde que adquiridas até o dia 29/12/2000, apenas nomomento da passagem para a inatividade e para esse fim, como preceitua textualmente o art. 137, §2.º, da Lei 6.880/1980. Sendo assim, férias e licenças não gozadas não se prestam para aquisiçãode estabilidade. Este é o entendimento consolidado no STJ que, inclusive, editou a Súmula 346que assim dispõe: “É vedada aos militares temporários, para aquisição de estabilidade, acontagem em dobro de férias e licenças não gozadas.”

73 “Processual civil. Administrativo. Servidor militar temporário. Oficial. Estabilidade.Impossibilidade. Lei 6.880/1980. Precedentes. Agravo interno desprovido. I – O SuperiorTribunal de Justiça possui jurisprudência uniforme no sentido de que a estabilidade prevista na Lei6.880/1980 se aplica, tão-somente, aos praças e não aos oficiais. Precedentes. II – Agravo internodesprovido.” (AgRg no REsp 875.555/RJ, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em10/05/2007, DJ 25/06/2007).

74 Convém registrar que, de acordo com os arts. 1.º e 2.º do Decreto 90.092, de 09 de dezembro de1985, os militares da reserva remunerada, os reformados e os agregados, nos termos do art. 82,inciso XIV, da Lei 6.880/1980, podem participar, no meio civil, de atividades político-partidáriase expressar manifestações sobre quaisquer assuntos, inclusive sob a forma de crítica, excetuadosos de natureza militar de caráter sigiloso. Todavia, deverão observar os preceitos da ética militare do valor militar em suas manifestações essenciais, dentre os quais a vedação ao uso dasdesignações hierárquicas, quando participarem destas atividades (art. 28, XVIII, a, da Lei6.880/1980).

75 Em casos especiais de conveniência para o serviço, a critério dos Comandantes do Exército eda Aeronáutica, o oficial-general recém-promovido poderá permanecer no exercício de cargo

Page 445: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

privativo do posto anterior por período não superior a oito meses (art. 1.º, § 3.º, do Decreto5.724/2006 e art. 4.º do Decreto 5.926/2006).

76 Art. 1.º, I, e, n. 2, do Decreto 5.926/2006.77 Sobre dependentes do militar, ver o art. 50, § 2.º, da Lei 6.880/1980.78 “Os militares do serviço ativo das Forças Armadas, mesmo os pertencentes ao Quadro de

Oficiais Temporários, têm direito a tratamento médico adequado para prevenção, conservação ourecuperação de sua saúde, ainda que, para tanto, necessitem ser afastados de suas atividadesnormais. Inteligência dos arts. 50, IV, e, c/c. 67, § 1.º, d, 80, 82, I, § 1.º, e 84 da Lei 6.880/1980.”(STJ. REsp 972.559/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em05/02/2009, DJE 09/03/2009).

79 A contribuição para a assistência médico-hospitalar e social, a ser estabelecida pelo respectivoComandante de Força, será de até 3,5% (três e meio por cento) ao mês e incidirá sobre as parcelasque compõem a pensão ou os proventos na inatividade (art. 25 da MP 2215-10/2001). Constituirãoum Fundo de Saúde para cada Força Armada. Na Marinha, o referido fundo é denominado Fundode saúde da Marinha – FUSMA, no Exército – FUSEx, na Aeronáutica – FUNSA.

80 O Ministério Público Militar, por meio da Procuradoria de Justiça Militar do Recife/PE,expediu, com base no art. 6.º, XX, da Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1973, e no art. 50,IV, h, do Estatuto dos Militares, o Ofício 337-Circular/2003/PJM/Recife/PE Recife/PE, de 26 demaio de 2003, veiculando recomendação nos seguintes termos: “O Ministério Público Militarrecomenda, na forma do art. 6.º, inciso XX da Lei Complementar 75 que a Lei não permite que seexija que praças de graduação inferior a terceiro sargento adquiram uniformes, roupa branca ouroupa de cama, às próprias expensas, ou tenham que pagar taxa, emolumento, ou cobrança dequalquer natureza para recebê-las. Também não pode ser exigido o uso de fardamento que nãotenha sido fornecido pela Administração Militar.” Disponível em:<http://www.mpm.gov.br/site/mpm/servicos/assessoria-de-comunicacao/atuacao-dompm/documentos/RE%20-%20Rec%20Unif%20Praca.pdf>. Acesso em 30 maio 2009.

81 Ver anexo IV, tabela II, a, da MP 2.215-10/2001.82 Ver art. 7.º da Lei 3.765, de 4 de maio de 1960, com nova redação dada pela MP 2.215-

10/2001.83 Art. 35 da MP 2.215-10/2001.84 O planejamento da carreira dos oficiais e das praças é atribuição dos Comandantes da Marinha,

do Exército e da Aeronáutica. Dependendo das peculiaridades de cada Força, seu comandante,visando assegurar um fluxo regular e equilibrado de carreira, poderá alterar, por exemplo, ointerstício necessário para a promoção, ou seja, o período mínimo de permanência em cada postoou graduação, antecipando ou retardando o curso das promoções.

85 O art. 137, § 4.º, e, da Lei 6.880/1980, enumera as hipóteses em que o tempo não serácomputado para efeito algum, salvo para indicação de quota compulsória.

86 Marinha – art. 16 do Decreto 107/1991, Exército – art. 37 do Decreto 3.998/2001 e Aeronáutica– art. 3.º, § 3.º, do Decreto 1.319/1994.

Page 446: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

87 Os graduados também poderão ser promovidos por bravura pelos respectivos Comandantes daMarinha, do Exército ou da Aeronáutica, ou por autoridades por eles delegadas.

88 Decreto 57.272, de 16 de novembro de 1965, que define a conceituação de acidente em serviço,e as respectivas alterações promovidas pelo Decreto 64.517, de 15 de maio de 1969, e peloDecreto 90.900, de 05 de fevereiro de 1985.

89 O não preenchimento de todos os requisitos legais impede o ingresso no quadro de acesso e, porconseguinte, a promoção ao posto ou graduação superior. Nesse sentido, o STJ assim já decidiu:“Mandado de segurança. Administrativo. Militar. Promoção. Requisitos. Para que o militar tenhadireito à promoção, deve preencher os requisitos necessários, estipulados na legislação especial.O impetrante não cumpriu, nas duas ocasiões, todos os requisitos para que fosse possível ingressarno Quadro de Acesso. Ausência de direito líquido e certo. Segurança denegada, com ressalva dasvias ordinárias.” (MS 5.885/DF, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, Terceira Seção, julgadoem 10/02/1999, DJ 15/03/1999, p. 90).

90 Oficiais (art. 15 da Lei 5.821/1972). Graduados da Marinha (art. 15 do Decreto 4.034/2001),do Exército (art. 17 do Decreto 4.853/2003) e da Aeronáutica (art. 15 do Decreto 881/1993).

91 No caso dos oficiais, conferir: Marinha (art. 9.º do Decreto 107, de 29 de abril de 1991),Exército (art. 8.º e seguintes do Decreto 3.998, de 05 de outubro de 2001), Aeronáutica (art. 54 doDecreto 1.319, de 29 de novembro de 1994).

92 O oficial que se julgar prejudicado em consequência de composição de quadro de acesso, emseu direito de promoção, poderá interpor recurso ao Comandante da respectiva Força, comoúltima instância na esfera administrativa. O prazo para a interposição do recurso é de 15 (quinze)dias corridos, a contar do recebimento da notificação do ato que julga prejudicá-lo ou dapublicação oficial a respeito na organização militar em que serve. O recurso referente àcomposição de quadro de acesso e à promoção deverá ser solucionado no prazo de 60 (sessenta)dias, contados a partir da data de seu recebimento (art. 17 da Lei 5.821/1972). Para as praças daMarinha, do Exército e da Aeronáutica, conferir, respectivamente, art. 31 do Decreto 4.034/2001,art. 36 e s/s do Decreto 4.853/2002 e art. 54 e s/s do Decreto 881/1993.

93 A hipótese em questão não abarca a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensãopunitiva. Nesse sentido: “Administrativo. Militar. Promoção por ressarcimento de preterição.Impossibilidade diante da extinção da punibilidade em decorrência da prescrição da pretensãopunitiva do Estado. Lei 5.821/1972. 1. A extinção da punibilidade criminal, em decorrência daprescrição da pretensão punitiva do Estado, não se equipara à impronúncia ou absolvição domilitar para efeito de conceder-lhe direito à promoção por ressarcimento de preterição, previstano art. 18 da Lei 5.821/1972. Precedentes do STJ. 2. Apelação improvida.” (AC1999.01.00.099715-4/BA, Rel. Juiz Federal Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes (conv), SegundaTurma Suplementar, DJ 03/03/2005, p. 34).

94 “Processo civil e administrativo. Recurso especial. Normas legais apontadas como violadas nãodebatidas na instância de origem. Falta de prequestionamento. Não conhecimento. Militar.Promoção ao posto de Brigadeiro-engenheiro. Preterição por erro da administração. Promoção‘em ressarcimento de preterição’ devida. Art. 18 da Lei 5.821/1972. 1 – Não enseja interposiçãode Recurso Especial matéria que não foi ventilada no julgado atacado e sobre a qual a parte não

Page 447: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

opôs os embargos declaratórios competentes, restando, portanto, sem o devido prequestionamento(arts. 18 e 21 a 24 da Lei Federal 5.821/1972; arts. 14, § 3.º, 17, §§ 1.º e 2.º, e 60, §§ 1.º e 2.º, daLei Federal 6.880/1980; arts. 21 a 24 do Decreto Federal 91.725/1985; e art. 293 do CPC).Aplica-se, à espécie, a Súmula 356 do Pretório Excelso. 2 – É incontroverso que o recorrente, aoser transferido para a reserva remunerada por equívoco da Administração Pública, foi impedidode concorrer à promoção ao posto de Brigadeiro-Engenheiro, oportunidade em que foi promovidooficial mais moderno. Ressalte-se que o próprio Ministro de Estado da Aeronáutica tornouinsubsistente o ato da transferência supracitada. Restou demonstrado nos autos, ainda, ter sido omesmo prejudicado, porquanto, à época de sua transferência para a reserva, já se encontrava emlista de escolha para a pretendida promoção, sendo que, em menos de um ano após o seu retorno àatividade, foi transferido, de ofício, para a inatividade. Assim, tendo o recorrente sido preteridoem concorrer ao generalato, por comprovado erro da Administração, tem direito à reparação de talprejuízo por meio de sua promoção ‘em ressarcimento de preterição’, de acordo com o art. 18 daLei Federal 5.821/72. 3 – Recurso conhecido, nos termos acima expostos e, neste aspecto, providopara, reformando o v. aresto recorrido, julgar improcedente a ação rescisória, restabelecendo o v.acórdão rescindendo, e inverter o ônus da sucumbência.” (REsp 620.640/DF, Rel. Ministro JorgeScartezzini, Quinta Turma, julgado em 1/06/2004, DJ 2/08/2004, p. 554).

95 Em se tratando de preterição decorrente de comprovado erro administrativo, o militarindevidamente preterido poderá pleitear indenização por danos morais, desde que não tenhaconcorrido para o erro. Neste sentido, conferir: “Administrativo. Militar. 1.º sargento da Marinha.Promoção a suboficial. Ressarcimento de preterição. Erro administrativo. Cabimento. Danosmateriais e morais. I – Hipótese em que 1.º Sargento da Marinha depois de ter publicada suapromoção a Suboficial e haver permanecido por três meses na nova graduação, foi aquela tornadasem efeito, ao argumento de que o militar, à época da referida promoção, encontrava-se apto comrestrições definitivas para o Serviço Ativo daquela Força, não satisfazendo o requisito de ‘aptidãofísica’ exigido nos arts. 99, VI e 105, V, do então Regulamento para o Corpo de Praças da Armada(Decreto 87.179/1982). II – Ora, o indigitado Decreto 87.179/1982, em seu art. 106, II, a, deixaexpresso que o impedimento definitivo não se aplica à Praça que tenha problemas de saúdedecorrentes de moléstia adquirida em serviço, sendo bastante apenas que aquela observaçãoconste do Termo de Inspeção de Saúde, notando-se, inclusive, que dita ressalva já havia sidosatisfeita há quase três anos antes, quando a Junta de Inspeção de Saúde da Marinha lavrou Termo,certificando que o militar estava apto para o serviço ativo, com restrições definitivas por doençacom relação de causa e efeito com o serviço. III – Aliás, a corroborar a ilação de aptidão física,pode-se extrair de seus assentamentos funcionais que o militar, após o acidente em serviço,prosseguiu normalmente na carreira, sendo certo que as restrições definitivas deixadas pelosinistro não o impediram nem mesmo de ser promovido às graduações de 2.º e 1.º Sargento, semfalar que foi julgado apto em duas ‘Inspeções de Saúde para Controle Trienal’, nelas estandoincluído o ano da promoção revogada. Daí, não se mostra aceitável a Administração considerar omilitar, sem ter havido alteração em suas restrições físicas, incapacitado tão apenas parapromoção a Suboficial, até porque, repita-se, as restrições de saúde decorrentes de moléstiaadquirida em serviço, não se prestam a impedir o acesso da Praça, por expressa previsãoregulamentar (art. 106, II, a do Decreto 87.179/1982). IV – Nem se olvide que, ao final, depois detrês requerimentos administrativos, o próprio Ministério da Marinha reconheceu o erro cometido,

Page 448: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ainda que de forma parcial, concedendo a promoção, em ressarcimento de preterição, à graduaçãode Suboficial. V – Logo, evidenciada a ilegalidade praticada pela Administração Naval, procede apretendida promoção por ressarcimento de preterição à graduação de Suboficial, como havia sidodeferida na Portaria revogada, com amparo no art. 60, §§ 1.º e 2.º, da Lei 6.880/1980 (Estatuto dosMilitares) c/c arts. 4.º, parágrafo único, e 9o do Decreto 684/1992 e arts. 105 e 106, II, a doDecreto 87.179/1982; deduzidas as parcelas eventualmente já pagas. VI – Nesse contexto,relativamente aos danos material e moral, é certo que, comprovado o fato e o nexo causal entre ofato lesivo imputável ao ente público e o dano, sem que o militar tivesse colaborado com aprovocação desse dano, exsurge para a Ré o dever de indenizar, ressaltando-se a responsabilidadeobjetiva do Estado, a qual dispensa a prova de culpa pelo lesado, a teor do art. 37, § 6.º, daConstituição Federal. VII – Apelação provida. Sentença reformada.” (TRF2. AC 251511,Processo 2000.02.01.064246-4, Relator: Sérgio Schwaitzer. Sétima Turma Especializada. DJU13/10/2006).

96 “Administrativo. Militar. Inativação. Promoção em ressarcimento de preterição. Possibilidade.Art. 62 da Lei 6.880/1980. Inaplicabilidade. I – Não é possível a promoção de militar por ocasiãode sua reforma ou passagem para a reserva remunerada, quando esta tem como fundamento tão-somente a inativação do militar. Precedentes. II – In casu, entretanto, consoante consignou ainstância ordinária, a ascensão dos recorridos, embora tenha ocorrido na reforma, se deu emressarcimento de preterição. Nesse contexto, as promoções ocorreram em razão doreconhecimento de um direito adquirido durante a atividade castrense, e não como um prêmio emrazão da passagem para a inatividade, motivo porque não tem aplicação o art. 62 da Lei6.880/1980. Recurso não conhecido.” (REsp 509.117/PR, Rel. Ministro Felix Fischer, QuintaTurma, julgado em 17/06/2004, DJ 2/08/2004, p. 491).

97 O Presidente da República delegou competência aos Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica, para editar ato de promoção aos postos de oficiais superiores (art. 1.º, IV, do Decreto2.790/1998).

98 Na Marinha, conferir o Decreto 4.034/2001, no Exército, o Decreto 4.853/2003, naAeronáutica, o Decreto 881/1993.

99 Art. 137 da Lei 6.880/1980 conceitua a expressão anos de serviço.100 “Administrativo. Militar. Praça com estabilidade, respondendo a processo penal na jurisdição

comum. Transferência para a reserva a remunerada, a pedido. Concessão. Descabimento. I – Note-se que, enquanto a substituição de uma constituição por outra implica na perda de eficácia da Cartaanterior, o mesmo já não ocorre com as demais leis e atos normativos, que, geralmente,permanecem válidos, desde que sejam compatíveis com a nova ordem constitucional; sendo certoque tal compatibilidade com a nova Constituição será resolvida pelo fenômeno da ‘recepção’. II –Nesse sentido, o diploma infraconstitucional que dispõe sobre as condições de transferência domilitar para a inatividade nas Forças Armadas (reserva remunerada e reforma), preconizado noart. 142, § 3.º, X, da Constituição Federal é o preexistente Estatuto dos Militares – a Lei6.880/1980, o qual impõe óbice legal à transferência para a reserva remunerada, a pedido, se omilitar que conta, no mínimo, 30 anos de serviço, estiver respondendo a inquérito ou processo emqualquer jurisdição. III – Ademais, o citado Estatuto prevê que a Praça com estabilidade

Page 449: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

assegurada será licenciada ex officio a bem da disciplina, caso tenha sido condenada, por sentençade Tribunal civil transitada em julgado, à pena restritiva de liberdade superior a 2 (dois) anos. Eque, nessa hipótese de licenciamento, o militar não tem direito a qualquer remuneração e tem porconsequência a perda do seu grau hierárquico e o recebimento de Certificado de Isenção doServiço Militar. IV – Destarte, deflui que há efeitos diretos da decisão proferida na jurisdiçãopenal comum sobre a condição do militar; sendo certo que eventual condenação da Praça comestabilidade assegurada (como é o caso do Apelante) a pena restritiva de liberdade superior a 2(dois) anos opera graves consequências no plano administrativo e pode, inclusive, determinar o‘licenciamento ex officio a bem da disciplina’, com a perda do grau hierárquico. V – Nesse passo,tendo por inconteste que o militar responde a processo penal perante o Juízo da 4.ª Vara Penal daComarca de Belém, como incurso nas penas do art. 171 do Código Penal, para o qual é previstapena de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de reclusão; salta aos olhos que, embora implementado o lapsotemporal, não há reconhecer direito líquido e certo de sua transferência para a reservaremunerada, a pedido, vez que, in casu, configurou-se óbice legal impeditivo ou suspensivo aoexercício de tal direito. VI – Nem se alegue incompetência do Diretor da Organização Militar,principalmente porque aquela Diretoria não indeferiu o requerimento administrativo; mas, diantedo evidente óbice legal, tão somente determinou o seu arquivamento, amparado pelo permissivoda Portaria 132/GM3, de 08/02/1995 – que aprova a reedição da ‘Instrução sobreCorrespondência e Atos Oficiais do Ministério da Aeronáutica (IMA 10-01)’ –, a qual estabeleceque se ‘o requerimento for desprovido de fundamento [...] cumpre à autoridade informantedeterminar o seu arquivamento’. VII – Apelação desprovida.” (TRF2. Apelação em mandado desegurança – 54432. Processo: 200351010101304/RJ, Relator: Desembargador Federal SergioSchwaitzer. Sétima Turma Especializada, DJU 20/06/2007).

101 Art. 97, § 4.º, alíneas a e b, da Lei 6.880/1980.102 Importante ressaltar que a concessão de férias não anula o direito à licença para tratamento de

saúde.103 A punição disciplinar decorrente de transgressão ou contravenção disciplinar de natureza leve

ou média não acarretará a interrupção das férias, nem obstará seu gozo na época prevista. Nestescasos, findas as férias, o militar cumprirá a sanção disciplinar a ele imposta.

104 Art. 36 da MP 2.215-10/2001 c/c art. 137, § 2.º, da Lei 6.880/1980.105 Instalação é o afastamento total do serviço, concedido ao militar para atender às necessidades

decorrentes de sua instalação, no destino, quando movimentados de uma localidade para outra (art.270 do Decreto 76.789, de 11 de dezembro de 1975).

106 Trânsito é o afastamento total do serviço, concedido ao militar quando movimentado de umalocalidade para outra (art. 268 do Decreto 76.789, de 11 de dezembro de 1975).

107 Arts. 7.º, XVIII, e 142, § 3.º, VIII, da CF/1988. Todavia, a Portaria Normativa 520/MD, de 16de abril de 2009, com base no Decreto 6.690, de 11 de dezembro de 2008, que criou o Programade Prorrogação de Licença à Gestante e à Adotante, prorrogou a licença à gestante e à adotante pormais e sessenta dias, perfazendo um total de 180 (cento e oitenta) dias.

108 Arts. 7.º, XIX, e 142, § 3.º, VIII, da CF/1988, c/c art. 10, § 1.º, do ADCT.

Page 450: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

109 Art. 66 da Lei 6.880/1980.110 A concessão da licença é regulada pelos Comandantes de cada Força (art. 67, § 3.º, da Lei

6.880/1960, com redação dada pela MP 2.215-10/2001).111 O TRF2 decidiu que o militar da reserva não remunerada tem direito à indenização

correspondente ao período de licença especial adquirido, mas não gozado, por ocasião de posseem cargo público civil. Nesse sentido, conferir: “Administrativo. Servidor público militartransferido para a reserva para posse em cargo público civil. Licença especial não gozada.Indenização. Cabimento. Precedentes do STF e STJ. Apelação provida e agravo retido julgadoprejudicado. Servidor militar da reserva não remunerada tem direito à indenização correspondenteaos períodos de licença especial de seis meses adquiridos e não usufruídos, já que, quando do seuafastamento para assumir cargo como servidor civil, embora tivesse o seu direito reconhecidopela Administração, não tinha perspectiva de quando o exerceria, não havendo mais possibilidadede gozá-la nem de computar esse tempo em dobro. Lacuna na Lei 6.880/1980 que exigeinterpretação analógica. Ato da Administração que põe óbice ao gozo da licença a que faz jus oservidor, em virtude de necessidade de serviço ou de impossibilidade de concessão a todos osmilitares ao mesmo tempo, configura dano, que deve ser indenizado pela Administração (art. 37, §6.º, da CF/1988), sob pena de enriquecimento ilícito. Precedentes do STF e STJ. Recurso providoe agravo retido julgado prejudicado.” (TRF2. AC 296.062. Processo: 200051010196867/RJ.Sexta Turma Especializada. Desembargador Federal Benedito Gonçalves. Data da decisão:05/10/2005. DJU 03/11/2005).

112 O art. 136 da Lei 6.880/1980, ao definir tempo de efetivo serviço, englobou, também, aprestação de forma parcelada. Por isso, na contagem do decênio legal, há de se computar tambémo tempo prestado de forma descontínua.

113 No Exército, a licença em apreço é concedida ao militar, mediante requerimento e posteriorparecer da junta de inspeção de saúde (JIS), quando a permanência junto à pessoa da família sejaconsiderada imprescindível em sindicância mandada instaurar pelo comandante, chefe ou diretorde organização militar (art. 426 da Portaria 816, de 19 de dezembro de 2003). Na Aeronáutica, alicença é concedida, pelo prazo máximo de seis meses, mediante requerimento do interessado, aoqual deve ser anexado parecer de junta de saúde da aeronáutica, declarando ser necessário oacompanhamento do militar junto à pessoa doente (art. 277 e art. 278, § 2.º, da Portaria1.270/GC3, de 3 de novembro de 2005).

114 No Exército, esta licença é concedida ex officio pela autoridade competente depois de o militarter sido julgado “incapaz temporariamente” por junta de inspeção de saúde ou médico perito. Omilitar nessa situação: a) permanece no quartel, acompanhado por um médico da unidade, e este,conforme os cuidados que o caso requer, pode baixá-lo à enfermaria da organização militar ou ahospital ou encaminhá-lo a tratamento específico; b);pode, ainda, de acordo com prescriçãomédica e a critério do comandante da unidade, realizar o tratamento em sua residência, cabendo aomédico da unidade realizar as visitas de rotina (art. 425 da Portaria 816, de 19 de dezembro de2003). Na Aeronáutica, a licença, cuja duração mínima é de 15 (quinze) dias e a máxima de seismeses, prorrogáveis por períodos de iguais limites, é concedida mediante parecer de junta desaúde da Aeronáutica (art. 270 e art. 271 da Portaria 1.270/GC3, de 3 de novembro de 2005).

Page 451: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

115 Art. 69 da Lei 6.880/1980.116 Vide nota referente ao item 16.15.3.2.4. supra.117 Nos termos do art. 69-A, § 3.º, da Lei 6.880/1980, com redação dada pela Lei 10.447/2007,

para a concessão da licença em apreço, há necessidade de que seja reconhecida a união estávelentre o homem e a mulher como entidade familiar, de acordo com a legislação civil que rege amatéria.

118 Militar adido é aquele que, não pertencendo ao efetivo da organização militar, está a elavinculado, para determinado fim.

119 A hipótese em questão abarca tanto as sentenças penais condenatórias proferidas pela JustiçaComum como pela Militar.

120 O reengajamento ocorre quando a Administração Militar, com base em critérios deoportunidade e conveniência, concede uma ou mais prorrogações de tempo de serviço aosincorporados para o serviço militar obrigatório, desde que requerido por eles.

121 Art. 6.º, I e § 1.º, da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003, c/c arts. 33 e 34 do Decreto6.146/2007.

122 O PAF é documento obrigatório para a condução de arma de fogo, sendo específico para cadamilitar que o requerer.

123 Art. 50, IV, r, da Lei 6.880/1980 e art. 33, § 1.º, do Decreto 5.123, de 1.º de julho de 2004.124 Art. 5.º, LV, da CF/1988.125 Como ensinam, com muita propriedade, Sérgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari, quem recorre,

obviamente, não o faz por antipatia a quem decidiu originariamente, mas, sim, por entenderinconsistentes ou inconvenientes os fundamentos e a motivação da decisão proferida. Quemrecorre não ofende nem lesa quem quer que seja (Qui jure suo utitur neminem laedit), quem usa oseu direito não lesa ninguém. E continuam os insignes autores: “a possibilidade de um reexame dadecisão retira o arbítrio de quem decide e obriga a que a decisão proferida seja devidamentefundamentada e motivada, abrindo ensejo à possibilidade de controle, inclusive judicial, sem oqual não existe o chamado Estado de Direito” (FERRAZ, Sérgio; DALLARI, Adilson Abreu.Processo administrativo. Malheiros. 2003, p. 89 e 172).

126 As certidões para a defesa de direito e esclarecimentos de situações, requeridas aos órgãos daAdministração centralizada, deverão ser expedidas no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias,contado do registro do pedido no órgão expedidor (art. 1.º da Lei 9.051/1995).

127 A título de exemplo, cita-se a interposição de recurso contra decisão do Conselho deDisciplina ou da solução posterior da autoridade nomeante, cujo prazo é de 10 (dez) dias (art. 14,parágrafo único, do Decreto 71.500/1972).

128 Art. 64, parágrafo único, da Lei 9.784/1999.129 Neste sentido, Sérgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari assim dispõem: “o Estado-julgador,

divisando a possibilidade, em razão do princípio da legalidade e da obrigação da busca daverdade material, de ser agravada a situação do recorrente, disso haverá de cientificá-lo, para que

Page 452: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

formule suas alegações. E isso terá de ser feito, sob pena de nulidade, com indicação clara eprecisa dos pontos de possível agravamento, com a pertinente fundamentação” (FERRAZ, Sérgio;DALLARI, Adilson Abreu. Processo administrativo. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 155-156).

130 FERRAZ, Sérgio; DALLARI, Adilson Abreu. Processo administrativo. São Paulo: Malheiros,2003, p. 174.

131 Ver arts. 62 a 66 do RDAer.132 DI PIETRO. Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.

626.133 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. Ed. Malheiros, 1997, p.

583.134 Dissociando-se da tradição perpetuada pelas Forças Armadas, o Código Disciplinar dos

Militares do Estado de Pernambuco (Lei estadual 11.817, de 24 de julho de 2000), a nosso ver,acertadamente, prevê, expressamente, que todos os recursos disciplinares tem efeito suspensivo,ficando sobrestado o recolhimento do militar até que sejam julgados, em última instânciaadministrativa, todos os recursos ao seu alcance (art. 51, § 1.º).

135 Em sentido contrário, Jorge César Assis. De acordo com o referido autor: “Uma puniçãoaplicada e que não possa ser imediatamente aplicada, v.g., em razão de interposição de recursosde efeitos suspensivo, irá equivaler a uma punição inexistente, ou seja, o Comandante não podeexercer seu Comando.” E continua o autor: “O efeito suspensivo dos recursos, tão importante noprocesso penal, não pode ser transportado para a simples apuração da falta disciplinar, sob penade descaracterizar o direito disciplinar militar” (ASSIS, Jorge César. Curso de direito disciplinarmilitar – Da simples transgressão ao processo administrativo. Curitiba: Juruá, 2008, p. 150 e154). Discordamos do ilustre autor. Como já dito em capítulo anterior, o crime militar e atransgressão disciplinar se distinguem, apenas, em função do grau da ofensa às obrigações e aosdeveres militares, competindo ao legislador tipificar determinada conduta como crime militar ouenquadrá-la como transgressão disciplinar. Se a ofensa for considerada mais grave, será tipificadacomo crime militar; se menos grave, como contravenção ou transgressão disciplinar. Não há,portanto, uma distinção ontológica entre crime militar e transgressão disciplinar. Ora, se no crimemilitar, no qual a violação às obrigações e aos deveres militares se apresenta de forma maisintensa, é permitida, em alguns casos, a concessão de efeito suspensivo ao recurso (apelação)interposto contra sentença condenatória (art. 533 do CPPM), não nos parece razoável afastá-la doâmbito disciplinar militar.

136 Sobre o tema conferir o seguinte julgado: “Recurso em habeas corpus. Transgressão militar.Punição disciplinar. Representação. Efeito suspensivo. Possibilidade. I – Razoável admitir-se, nostermos do parágrafo único do art. 61 da Lei 9.748/99, o efeito suspensivo à representaçãointerposta contra punição disciplinar, sob pena de prejuízo advindo da prévia execução dareprimenda. II – Recurso desprovido.” (RSE 2007.35.02.005070-7/GO, Rel. DesembargadorFederal Cândido Ribeiro, Terceira Turma, e-DJF1 p. 106 de 12/12/2008).Dada a pertinência, passa-se a transcrever trecho do voto proferido no acórdão acimacolacionado: “Passando ao exame da impetração, vê-se, como bem ressaltou o Ministério Público

Page 453: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Federal em seu parecer, que agiu acertadamente o Juízo de primeiro grau ao conceder efeitosuspensivo a recurso interposto por militar contra sua punição disciplinar: (...) uma vez que ocumprimento da sanção antes da interposição do recurso implicaria na perda do objeto da própriaimpugnação, sem contar o prejuízo de difícil (ou impossível) advindo da prévia execução dareprimenda. É certo que o regulamento disciplinar não prevê expressamente a concessão de efeitosuspensivo à representação, mas também não a veda. E havendo omissão na legislação específica,deve-se recorrer à Lei 9.748/99, que disciplina os processos administrativos no âmbito daAdministração Pública Federal: Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não temefeito suspensivo. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incertareparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, deofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. (...) É evidente que este efeito não pode serconcedido ad aeternum, visto que são inúmeras as autoridades hierarquicamente superiores a quese pode recorrer, mas ao menos quanto à primeira (Comando Aéreo Regional), é razoável admitir-se, sobretudo porque o primeiro meio de impugnação previsto é o pedido de reconsideração, que édirigido à própria autoridade que impôs a penalidade. (Fls. 170/174). Diante do exposto, negoprovimento ao recurso. É como voto.”

137 Art. 51, § 3.º, da Lei 6.880/1980.138 É o que prevê, expressamente, o item n. 15, do anexo I, do Decreto 90.608/1994 – RDE. De

acordo com o referido item 15, constitui transgressão disciplinar recorrer ao judiciário sem antesesgotar todos os recursos administrativos.

139 Exceção à regra em questão se encontra na própria Constituição Federal, como a exigência deprévio esgotamento das instâncias da justiça desportiva para o acesso ao Poder Judiciário (art.217, § 1.º).

140 “Mandado de segurança. Militar. Esgotamento da via administrativa. 1 – O art. 51, § 3.º da Lei6.880/1980 não foi recepcionado pela CF/1988 porque incompatível com o art. 5.º, XXXV. 2 – Osprincípios da subordinação e da hierarquia militar não superam o princípio da inafastabilidade daprovocação do Poder Judiciário. Logo, não há que se esgotar a via administrativa para que omilitar ajuíze ação.” (TRF4, AMS 2003.71.01.005290-7, Terceira Turma, Relatora Maria LúciaLuz Leiria, DE. 16/01/2008).

141 “Direito administrativo. Anulação de ato administrativo disciplinar. Militar punido com penade prisão por ter impetrado mandando de segurança para defesa de seus direitos. 1. O Decreto90.608/1984, item 15 do Anexo 1, ao estabelecer que caracteriza infração disciplinar ‘recorrer aojudiciário sem antes esgotar todos os recursos administrativos’ e o art. 51, § 3.º, do Estatuto dosMilitares (Lei 6.880/1980 ), ao enunciar que ‘o militar só poderá recorrer ao judiciário apósesgotados todos os recursos administrativos e deverá participar esta iniciativa, antecipadamente, àautoridade à qual estiver subordinado’, não foram recepcionados pela Magna Carta de 1988, ondeé assegurado o direito de acesso ao judiciário, sem a necessidade de esgotar previamente a viaadministrativa.” (TRF4, REO 94.04.39311-8, Terceira Turma, Relatora Luiza Dias Cassales, DJ30/09/1998).

142 “Constitucional. Transgressão disciplinar militar. Uso da via judicial sem prévia exaustão dosrecursos administrativos. Prisão. Habeas corpus. Concessão na origem. Remessa ex officio.

Page 454: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Reforma da sentença. 1 – A norma do art. 51, § 3.º, da Lei 6.880/1980, não é incompatível com ado art. 5.º, XXXV, da vigente Carta Republicana, porque não veda ao militar o acesso à proteçãojurisdicional, apenas a condiciona à prévia exaustão da via administrativa, além da antecipadaparticipação da iniciativa a seu comandante. 2 – É que, estando o militar sujeito à disciplina e àhierarquia, comprometido estará esse vínculo se, antes da possibilidade de reexame de seu pleitopor seus superiores, de logo buscar a decisão judicial, a pretexto de uma açodada proteção adireito supostamente violado, que pode servir à desmoralização do comando. 3. No caso, ainfração do art. 51, § 3.º, da Lei 6.880/1980, foi erigida como transgressão disciplinar militar,sujeita a punição própria, que, aplicada como o foi, no caso em apreço, não padece de vício queadministrativamente a inquine quanto à competência, forma, objeto, finalidade e motivo, estandoconforme ao art. 142, § 3.º, da Constituição Federal, daí não representar ato ilegal e abusivo emdetrimento da liberdade do paciente. 4. Remessa provida. Improcedência do pedido. Cassação daordem.” (TF1. RCHC 1997.01.00.033848-7/AM, Rel. Juiz Hilton Queiroz, Quarta Turma, DJ25/06/1998, p. 168).

143 Disponível, na íntegra, na Revista Jurídica do Ministério da Defesa, n. 5, 31 mar. 2006, p. 25a 30.

144 Publicado no DOU de 21 de junho de 2002.145 Insta ressaltar que é vedado o uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas

militares das Forças Armadas, correspondentes ao posto ou graduação, corpo, quadro, arma,serviço ou cargo e de designações que possam sugerir vinculação às Forças Armadas, pororganizações civis e seus integrantes, exceto clubes, círculos e outras organizações quecongreguem membros das Forças Armadas e que se destinem, exclusivamente, a promoverintercâmbio social e assistencial entre os militares e suas famílias e entre esses e a sociedadecivil.

146 Em sentido assemelhado, é o entendimento de José Afonso da Silva (SILVA, José Afonso da.Curso de direito constitucional positivo. 27. ed. revista e atualizada. São Paulo: Malheiros, 2006,p. 703).

147 Por ser privativo dos militares, é defeso seu uso por qualquer civil. Nem mesmo o ComandanteSupremo das Forças Armadas – Presidente da República –, nem o Ministro da Defesa, que exercea direção superior das Forças Armadas, quando civis, podem utilizar uniformes militares, sobpena de ofensa ao disposto no art. 142, § 2.º, I, in fine, da CF/1988, no art. 76 da Lei 6.880/1980 eno art. 172 do CPM. Em sentido assemelhado, Ives Gandra da Silva Martins (MARTINS, IvesGandra da Silva. Revista IOB de Direito Administrativo. Ano I, n. 11, novembro de 2006, p.13).Preconiza este jurista que, apesar de o Presidente da República ser o chefe das Forças Armadas eo Ministro da Defesa dirigir os comandantes militares, se não forem oficiais, não poderão usarnem os uniformes nem se auto-outorgarem títulos e postos que são conquistados nas AcademiasMilitares.

148 Compete aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, por força do Decreto88.161, de 10 de março de 1983, aprovar os regulamentos de uniformes das respectivas Forças.

149 “Registra-se, por derradeiro, que o § 1.º, do art. 77, da Lei 6.880/1980 (Estatuto dos Militares)proíbe aos militares o uso de seus uniformes, em quaisquer manifestações de caráter político-

Page 455: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

partidário. Quando comparecem à convenção partidária que decida pelas suas candidaturas equando participarem de quaisquer atos de propaganda eleitoral ou partidária, não podem, portanto,ostentar seus uniformes. Não se pode olvidar, contudo, que a proibição é de cunho disciplinar, enão eleitoral. Se a transgridem, não podem sofrer sanção eleitoral, mas apenas as sançõesdisciplinares previstas para o caso. Essa proibição atinge também o militar agregado, por força denorma expressa, contida no art. 83 do Estatuto dos Militares” (DECOMAIN, Pedro Roberto.Elegibilidade e inelegibilidade. 2. Ed. São Paulo: Dialética, 2004, p. 106).

150 O oficial na inatividade, quando no cargo de Comandante da Marinha, do Exército ou daAeronáutica, poderá usar os mesmos uniformes dos militares na ativa, uma vez que a eles foramasseguradas todas as prerrogativas, direitos e deveres do serviço ativo (art. 5.º, § 3.º, da LC97/1999).

151 Se o militar na inatividade costuma praticar condutas ofensivas à dignidade da classe, oComandante da respectiva Força poderá proibi-lo, definitivamente, de usar uniformes militares.

152 Arts. 162, 171 e 172 do CPM.153 “Direito Constitucional, Penal e Processual Penal Militar. Crime comum. Cumprimento de pena

em presídio comum. Impossibilidade. Inocorrência de perda do posto e patente. Exigência deprocedimento próprio. Ordem concedida. 1. Oficial da Polícia Militar tem o direito de cumprirpena privativa de liberdade em presídio militar, enquanto não excluído das fileiras da Corporaçãoatravés de procedimento próprio, ainda que se trate de crime comum. 2. A perda de posto e depatente só se dá por decisão de Tribunal Militar, não podendo, o policial, ‘abrir mão’ de suaprerrogativa, pois esta é irrenunciável, eis que inerente ao posto que ocupa. 3. Ordem concedidapara determinar a remoção do paciente para estabelecimento penal militar, enquanto não vir a serefetivamente excluído da Corporação.” (HC 7.848/DF, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma,julgado em 24/11/1998, DJ 18/12/1998, p. 369).

154 “Habeas Corpus. Praça da polícia militar do Estado da Paraíba. Condenação a pena de dozeanos de reclusão, em regime fechado, como incurso no art. 205, § 2.º, incisos I e IV, do CódigoPenal Militar. Recolhimento a presídio civil para cumprimento da pena. 2. Constituição Federal,art. 125, par. 4. ‘in fine’. Perda de graduação das praças: subordina-se a decisão do tribunalcompetente, mediante procedimento específico, não subsistindo, em consequência, em relação aosgraduados, o art. 102 do CPM, que a impunha como pena acessória da condenação criminal aprisão superior a dois anos. Trata-se de garantia constitucional. 3. Em decorrência disso, enquantonão excluído da força pública, não pode o graduado, embora a condenação, ser recolhido apresídio civil para cumprimento da pena. Lei 6.880/1980, art. 73, parágrafo único, alínea “c”,aplicável a espécie, não obstante omisso o estatuto da policia militar do Estado. 4. Habeas corpusdeferido, a fim de que o paciente não seja recolhido ao presídio do Roger, em João Pessoa, paracumprimento da pena imposta, enquanto não for excluído da força pública do Estado, na forma dedireito, devendo, entretanto, permanecer recolhido ao xadrez do 1. BPM, a disposição daautoridade judiciária competente” (STF. HC 72.785/PB. Relator: Min. Néri da Silveira. SegundaTurma. DJ 08/03/1996).“Incidente da execução. Condenação de militar a pena superior a dois anos. Exclusão das ForçasArmadas. Competência. Tratando-se de pena superior a dois anos, imposta a militar, conquanto

Page 456: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

transitada em julgado a decisão condenatória, somente apos a definitiva exclusão do réu dasForças Armadas cessa a competência do juízo de conhecimento (militar) para dirimir os eventuaisincidentes da execução. Enquanto não excluído o sentenciado do efetivo das Forças Armadas, nãopode a autoridade judiciária castrense ordenar a expedição de carta de guia para o cumprimentoda pena em estabelecimento prisional civil, eis que, ostentando a qualidade de militar, lhe éassegurada a prerrogativa prevista no art. 73, parag. único, alínea c, da Lei 6.880/1980 (Estatutodos Militares). Embora o artigo quarto do Decreto número 953/93 contenha previsão de soma daspenas que correspondam a infrações diversas, depreende-se...” (STM. Recurso Criminal –Rcrimfo n. 1993.01.006125-3/AM. DJ 09/05/1994. Relator: Min. Eduardo pires Gonçalves).

155 A Justiça Militar brasileira foi criada pelo Príncipe-Regente D. João, por meio de Alvará comforça de lei, no dia 01 de abril de 1808, com a denominação de Conselho Supremo Militar e deJustiça.

156 Art. 84 da CF/1934, art. 111 da CF/1937, art. 108 da CF/1946, art. 122 da CF/1967.157 Art. 124 da CF/1988.158 O militar agregado, quando afastado do serviço ativo por um dos motivos descritos no art. 82

da Lei 6.880/1980, não estará dispensado dos serviços de jurado e na Justiça Eleitoral, pois,nestes casos, não estará no exercício de funções militares.

Page 457: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

17.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os membros das Forças Armadas, em razão das peculiaridades da carreiramilitar, estão submetidos a institutos próprios, sem correspondentes no âmbito civil.Dentre eles, destacam-se a agregação, a reversão, o excedente, ausência, deserção,desaparecimento, extravio e comissionado.

17.1.1. Agregação

17.1.1.1. Conceito

É a situação transitória, na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escalahierárquica de seu corpo, quadro, arma ou serviço, nela permanecendo sem número.

17.1.1.2. Casos de agregação

O militar será agregado e considerado, para todos os efeitos legais, como emserviço ativo, quando:

a) for nomeado, no País ou no estrangeiro1, para cargo militar ou de naturezamilitar2, estabelecido em lei ou decreto, não previsto nos quadros deorganização ou tabelas de lotação da respectiva Força Armada, exceção feitaaos membros das comissões de estudo ou de aquisição de material, aosobservadores de guerra e aos estagiários para aperfeiçoamento deconhecimentos militares em organizações militares ou industriais noestrangeiro;

Page 458: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

b) for posto à disposição exclusiva do Ministério da Defesa ou de ForçaArmada diversa daquela a que pertença, para ocupar cargo militar ou denatureza militar3;

c) aguardar transferência ex officio para reserva, por ter sido enquadrado emquaisquer dos requisitos que a motivaram;

d) o órgão competente para formalizar o respectivo processo tiverconhecimento oficial do pedido de transferência do militar para a reserva;

e) houver ultrapassado seis meses contínuos na situação de convocado parafuncionar como Ministro do Superior Tribunal Militar.

Nos casos descritos nas letras a e b, a agregação é contada da data da posse nonovo cargo e perdurará até o regresso à Força Armada a que pertença ou àtransferência ex officio para a reserva. Na hipótese delineada na letra c, conta-se dadata indicada no ato que tornar público o respectivo evento. Nos casos de pedido detransferência para a reserva, a agregação é computada a partir da comunicação oficialdo interessado ao setor competente, perdurando até a efetivação da transferência.Quando o militar for convocado para funcionar como Ministro do STM, a agregaçãoserá contada a partir do primeiro dia após o prazo de seis meses da convocação,mantendo-se enquanto o militar permanecer no referido cargo.

O militar também será agregado quando for afastado temporariamente do serviçoativo, por: a) ter sido julgado incapaz temporariamente, por junta de saúde, após umano contínuo de tratamento de saúde4; b) haver ultrapassado um ano contínuo emlicença para tratamento de saúde própria; c) haver ultrapassado seis meses contínuosem licença para tratar de interesse particular ou para acompanhar cônjuge oucompanheiro(a); d) haver ultrapassado seis meses contínuos em licença para tratar desaúde de pessoa da família; e) ter sido julgado incapaz definitivamente, enquantotramitava o processo de reforma; f) ter sido considerado oficialmente extraviado; g)ter se esgotado o prazo que caracteriza o crime de deserção previsto no Código PenalMilitar, se oficial ou praça com estabilidade assegurada5; h) ter-se apresentadovoluntariamente ou ter sido capturado e reincluído a fim de se ver processar, quandodesertor6; i) se ver processar, após ficar exclusivamente à disposição da JustiçaComum; j) ter sido condenado à pena privativa de liberdade superior a seis meses, emsentença transitada em julgado, enquanto durar a execução, excluído o período dasuspensão condicional, se concedida, ou até ser declarado indigno de pertencer àsForças Armadas ou com elas incompatível; k) ter sido condenado à pena de suspensãodo exercício do posto, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Militar; l)ter passado à disposição de Ministério Civil, de órgão do Governo Federal, de

Page 459: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Governo Estadual, de Território ou Distrito Federal, para exercer função de naturezacivil; m) tomar posse7 em cargo, emprego ou função pública civil temporária, nãoeletiva, ainda que da administração indireta8; n) ter se candidatado a cargo eletivo,desde que conte mais de 10 (dez) anos de serviço9.

A agregação, nos casos descritos nas letras a, b, c e d, é contada a partir doprimeiro dia após os respectivos prazos e perdurará enquanto durar o evento. Nashipóteses contidas nas letras e, f, g, h, i, j e l, da data indicada no ato que tornarpúblico cada evento. Quando a agregação se der por força das letras m e n, serácontada a partir da data de posse no novo cargo até o regresso à Força Armada a quepertence ou a transferência ex officio para a reserva. Nos casos de candidatura a cargoeletivo, na forma descrita na letra o, a agregação é contada da data do registro até adiplomação ou regresso à Força, se não for eleito.

17.1.1.3. Competência para promover agregação

A agregação se dá por ato do Presidente da República ou da autoridade à qualtenha sido delegada competência. Aos Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica foi delegada competência pelo Comandante Supremo das ForçasArmadas para, na forma da lei, promoverem a agregação de oficiais e praças darespectiva Força10.

17.1.1.4. Condição jurídica do agregado

O militar agregado ficará adido11, para efeito de alterações12 e remuneração, àorganização militar que lhe for designada, continuando a figurar no respectivoregistro, sem número, no lugar que até então ocupava. O militar nesta condiçãocontinua sujeito às obrigações disciplinares no trato com outros militares e autoridadescivis, salvo quando for titular de cargo que lhe dê precedência funcional.

Quando o militar passa à condição de agregado, por ter tomado posse em cargo,emprego ou função pública temporária não eletiva, ainda que na AdministraçãoPública Federal indireta, o direito à remuneração é suspenso temporariamente, salvose optar pela remuneração correspondente ao posto ou graduação. Neste caso, fará jusà representação mensal do cargo, emprego ou função pública temporária. Enquantopermanecer nesta situação, só poderá ser promovido por antiguidade e o tempo deserviço prestado será computado apenas para a promoção por antiguidade e para atransferência para a reserva. Passados dois anos de afastamento, contínuos ou não, oagregado será transferido para a reserva.

Page 460: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Nos casos em que a agregação se der em razão de deserção, o direito àremuneração será suspenso enquanto o militar se encontrar na situação de desertor.

17.1.2. Reversão

17.1.2.1. Conceito

É o ato pelo qual o militar retorna ao respectivo corpo, quadro, arma ou serviço,após a cessação do motivo que determinou sua agregação. Com a reversão, volta aocupar o lugar que lhe competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga queocorrer13.

17.1.2.2. Competência para efetuar a reversão

A reversão será efetuada mediante ato do Presidente da República ou daautoridade à qual tenha sido delegada competência. Cabe ressaltar que o Chefe doPoder Executivo Federal delegou aos Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica competência para, na forma da lei, efetuar a reversão de oficiais e praçasda respectiva Força14.

17.1.2.3. Hipóteses de reversão a qualquer tempo

A reversão do agregado, por se ver processar, após ficar exclusivamente àdisposição da Justiça Militar, por ter passado à disposição de Ministério Civil, deórgão do Governo Federal, de Governo Estadual, de Território ou Distrito Federal,para exercer função de natureza civil, ou por ter tomado posse em cargo, emprego oufunção pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta,poderá ser determinada, a qualquer tempo, pelo Presidente da República ou pelosComandantes da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.

17.1.3. Excedente

17.1.3.1. Conceito

É a situação especial e transitória a que, automaticamente, passa o militar que: a)tendo cessado o motivo que determinou sua agregação, reverta ao respectivo corpo,quadro, arma ou serviço, estando qualquer destes com seu efetivo completo; b)

Page 461: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

aguarda a colocação a que faz jus na escala hierárquica, após haver sido transferido decorpo ou quadro, estando os mesmos com seu efetivo completo; c) é promovido porbravura, sem haver vaga; d) é promovido indevidamente; e) sendo o mais moderno darespectiva escala hierárquica, ultrapasse o efetivo de seu corpo, quadro, arma ouserviço, em virtude de promoção de outro militar em ressarcimento de preterição; f)tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por incapacidade definitiva,retorne ao respectivo corpo, quadro, arma ou serviço, estando qualquer destes comseu efetivo completo.

17.1.3.2. Condição jurídica do excedente

O excedente é considerado, para todos os fins, militar da ativa, em efetivoserviço, concorrendo em igualdades de condições e sem nenhuma restrição, aqualquer cargo militar, bem como à promoção e à inclusão na quota compulsória,desde que preencha os requisitos legais para tanto.

O militar excedente ocupará a mesma posição relativa, em antiguidade, que lhecabe na escala hierárquica e receberá o número que lhe competir, em consequência daprimeira vaga que se verificar, salvo o promovido indevidamente. Neste caso, sócontará antiguidade e receberá o número que lhe competir na escala hierárquicaquando a vaga que vier a preencher corresponder ao critério pelo qual deveria ter sidopromovido, desde que satisfaça aos requisitos para a promoção.

O militar que passou à situação de excedente, por ter sido promovido porbravura sem haver vaga, ocupará a primeira que vier a ser aberta, observado odisposto no art. 100, § 3.º, da Lei 6.880/1980, deslocando o critério de promoção a serseguido para a vaga seguinte.

17.1.4. Ausente

É considerado ausente o militar que, por mais de 24 (vinte e quatro) horasconsecutivas, deixar de comparecer à sua organização militar sem comunicar àautoridade competente o motivo do impedimento, ou ausentar-se, sem licença, daorganização militar na qual sirva ou local onde deva permanecer.

17.1.5. Deserção

17.1.5.1. Conceito

Page 462: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

É a ausência não autorizada ou o abandono clandestino e voluntário de ummilitar do corpo ou da unidade a que pertence, com o firme propósito de não maisretornar15. O militar é considerado desertor quando a ausência se perdura por mais deoito dias.

17.1.5.2. Contagem do prazo de graça

O octídio acima referido é denominado prazo de graça. A contagem dos dias deausência, para efeito da lavratura do termo de deserção16, iniciar-se-á à zero hora dodia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do militar17, sendo estedia útil ou não.

Assim, se um militar, por exemplo, deixa de comparecer sem justo motivo aoexpediente do dia 22/06/2009 (segunda-feira), a contagem do tempo de graça só seinicia à zero hora do dia 23/06/2009 (terça-feira), desprezando-se o primeiro dia daausência, e termina no dia 30/06/2009 (terça-feira). A deserção estará consumada apartir da zero hora do dia 1/07/2009 (quarta-feira). Se, durante o período de graça, omiliciano retorna à organização militar, não será considerado desertor.

Importante salientar que a incorreta contagem do prazo, especialmente quando setratar de praça sem estabilidade assegurada e de praça especial, poderá acarretarreflexos na área penal militar. No exemplo acima, se a Administração Militar excluir apraça sem estabilidade assegurada, no dia 30/06/2009, por ter incluído erroneamentena contagem do período de graça o primeiro dia de ausência (22/06/2009), o crime dedeserção não se consumará. Isto porque, com a prematura exclusão das fileirasmilitares, a praça acaba por perder a condição jurídica de “militar”, uma daselementares do crime de deserção, antes do transcurso do período de graça. Logo, aoex-militar não poderá ser imputada a prática de crime militar de deserção, vez que aexclusão das Forças Armadas se deu em momento anterior à consumação do crime18.

17.1.5.3. Interrupção do tempo de serviço

A deserção acarreta a interrupção do serviço militar19. Consequentemente, otempo passado como desertor não será computado para efeito algum, salvo para finsde indicação para quota compulsória20.

17.1.5.4. Suspensão temporária do direito à remuneração

Suspende-se temporariamente o direito à remuneração quando o militar se

Page 463: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

encontrar na situação de desertor.

17.1.5.5. Agregação do oficial declarado desertor

Por força do art. 128, § 1.º, da Lei 6.880/1980, o oficial declarado desertor serádemitido ex officio, após um ano de agregação, se não houver captura ou apresentaçãovoluntária antes deste prazo. Se for capturado ou se apresentar voluntariamente depoisde demitido, será reincluído no serviço ativo e, a seguir, agregado para se verprocessar.

O art. 454, § 1.º, do CPPM21, no entanto, dispõe em sentido contrário. De acordocom o referido artigo, o oficial desertor será agregado, permanecendo nessa condiçãoao apresentar-se ou ser capturado, até a decisão transitada em julgado22. Ao assimdeterminar, o dispositivo em questão acabou por derrogar o art. 128, caput, e §§ 1.º e3.º, da Lei 6.880/1980. Inaplicáveis, portanto, ao oficial desertor a demissão ex officioe a posterior reinclusão no serviço ativo e agregação para se ver processar, como,aliás, já decidiu o STF, no HC 76.098-123.

17.1.5.6. Agregação da praça desertora com estabilidade assegurada

De acordo com o art. 128, § 1.º, da Lei 6.880/1980, a praça com estabilidadeassegurada, quando desertora, será excluída do serviço ativo, após um ano deagregação, se não houver captura ou apresentação voluntária antes deste prazo. Se forcapturada ou se apresentar voluntariamente depois de excluída, será reincluída noserviço ativo e, em seguida, agregada para se ver processar (art. 128, § 3.º, da Lei6.880/1980).

Contudo, o art. 456, § 4.º, do CPPM24, dispõe em sentido oposto. Reza este artigoque, uma vez consumada a deserção, a praça com estabilidade assegurada deverá seragregada. No caso de apresentação voluntária ou de captura, a Administração Militardeverá promover sua reversão para o serviço ativo. Ao assim dispor, o dispositivo emquestão acabou por derrogar o art. 128, caput e §§ 1.º e 3.º, da Lei 6.880/1980.Inaplicáveis, portanto, à praça desertora com estabilidade assegurada a exclusão doserviço ativo e a posterior reinclusão e agregação para se ver processar.

17.1.5.7. Exclusão e reinclusão no serviço ativo das praças especiais e sem estabilidadedeclaradas desertoras

A praça especial e sem estabilidade assegurada será automaticamente excluída do

Page 464: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

serviço ativo depois de declarada oficialmente desertora25.O desertor sem estabilidade que, voluntariamente, se apresentar ou for capturado

deverá ser submetido à inspeção de saúde e, quando julgado apto para o serviçomilitar, será reincluído nas fileiras das Forças Armadas. A reinclusão se faz necessáriaa fim de que a praça sem estabilidade readquira o status de militar, que, como jásalientou o STM, é condição de procedibilidade para a persecutio criminis26. Se forjulgado pela junta de saúde incapaz definitivamente para o serviço ativo, ficará isentoda reinclusão e do processo penal, após pronunciamento do Ministério Público Militar(art. 457, § 2.º, do CPPM).

17.1.6. Desaparecido e extraviado

17.1.6.1. Desaparecido

Considera-se desaparecido o militar que, no desempenho de qualquer serviço,em viagem, em campanha ou em caso de calamidade pública, tiver seu paradeiroignorado por mais de oito dias, desde que não haja indícios de deserção.

17.1.6.2. Extraviado

É considerado extraviado o militar que permanecer desaparecido por mais de 30(trinta) dias.

17.1.6.3. A remuneração e os proventos do militar desaparecido ou extraviado

Quando o militar for considerado desaparecido ou extraviado, sua remuneraçãoou proventos serão pagos aos beneficiários que teriam direito à sua pensão militar27.

17.1.6.4. Interrupção do serviço militar

O extravio do militar da ativa acarreta a interrupção do serviço militar e oafastamento temporário do serviço ativo, a partir da data em que o mesmo forconsiderado oficialmente extraviado.

17.1.6.5. A agregação

O militar considerado oficialmente extraviado será agregado, em razão do

Page 465: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

afastamento temporário do serviço ativo.

17.1.6.6. Exclusão do serviço ativo

Seis meses após a agregação por motivo de extravio, o militar será excluído doserviço ativo.

17.1.6.7. Processo de habilitação à pensão militar

Efetivada a exclusão do serviço ativo, iniciar-se-á o processo de habilitação dosbeneficiários à pensão militar28. Concluída a habilitação, os beneficiários passam aperceber pensão militar, cessando, por conseguinte, o direito à percepção daremuneração ou dos proventos do militar extraviado.

17.1.6.8. Reaparecimento do militar

Reaparecido o extraviado, se já excluído do serviço ativo, será nele reincluído enovamente agregado enquanto se apuram as causas que deram origem ao seuafastamento. Se necessário, o Comandante da respectiva Força poderá determinar anomeação de Conselho de Justificação ou Conselho de Disciplina. Caberá ao militarextraviado, se for o caso, o pagamento da diferença entre a remuneração ou osproventos a que faria jus e a pensão paga a seus beneficiários29.

17.1.7. Comissionado

Após a declaração de estado de guerra, os militares em serviço ativo poderão sercomissionados, temporariamente, em postos ou graduações superiores aos queefetivamente possuam. Com a cessação do comissionamento, retornam ao posto ou àgraduação efetivo.

17.2. RESUMO DA MATÉRIA

Agregação é a situação transitória na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga naescala hierárquica de seu corpo, quadro, arma ou serviço, nela permanecendo sem número.

A agregação se dá por ato do Presidente da República ou da autoridade à qual tenha sidodelegada competência. Aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica foidelegada competência pelo Comandante Supremo das Forças Armadas para, na forma da lei,

Page 466: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

promover a agregação de oficiais e praças da respectiva Força.O militar agregado ficará adido, para efeito de alterações e remuneração, à organização

militar que lhe for designada, continuando a figurar no respectivo registro, sem número, nolugar que até então ocupava.

Reversão é o ato pelo qual o militar retorna ao respectivo corpo, quadro, arma ou serviço,após a cessação do motivo que determinou sua agregação.

É considerado ausente o militar que, por mais de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas,deixar de comparecer à sua organização militar sem comunicar à autoridade competente omotivo do impedimento, ou ausentar-se, sem licença, da organização militar onde sirva oulocal onde deva permanecer.

Deserção é a ausência não autorizada ou o abandono clandestino e voluntário de ummilitar do corpo ou da unidade a que pertence, com o firme propósito de não mais retornar,por mais de oito dias. O oficial e a praça com estabilidade assegurada, quando declaradosdesertores, serão agregados, permanecendo nessa condição ao apresentar-se ou sercapturado, até a decisão transitada em julgado. A praça sem estabilidade assegurada seráautomaticamente excluída depois de declarada oficialmente desertora.

Considera-se desaparecido o militar que, no desempenho de qualquer serviço, em viagem,em campanha ou em caso de calamidade pública, tiver seu paradeiro ignorado por mais deoito dias, desde que não haja indícios de deserção.

É considerado extraviado o militar que permanecer desaparecido por mais de 30 (trinta)dias.

Após a declaração de estado de guerra, os militares em serviço ativo poderão sercomissionados, temporariamente, em postos ou graduações superiores aos que efetivamentepossuam.

17.3. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (MPM – Promotor 2005) – Na agregação, o militar da ativa deixa deocupar vaga na escala hierárquica de seu corpo, quadro, arma ouserviço. Esta situação ocorre na hipótese de:a) O militar sem estabilidade ausentar-se sem autorização pelo prazo que caracteriza o

crime de deserção previsto no Código Penal Militar.b) O militar ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do posto, graduação,

cargo ou função prevista no Código Penal Militar.c) O militar ser preso por transgressão disciplinar.d) O militar passar 3 (três) meses contínuos em licença para tratamento de saúde

Page 467: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

própria.

2. (Comando Aeronáutica – EAOT 2002) – Configura-se o crime dedeserção a ausência do militar sem licença pora) até 8 dias.b) mais de 8 diasc) até 6 dias.d) mais de 6 dias.

3. (Comando Marinha – ingresso no quadro técnico do corpo auxiliar daMarinha T/2006. Direito) – De acordo com o Estatuto dos Militares, aagregação é a situação por meio da qual o militar da ativa deixa deocupar vaga na escala hierárquica de seu cargo, quadro, arma ouserviço, e ocorre quando o militara) for nomeado para qualquer cargo público civil permanente, não eletivo, inclusive da

administração indireta.b) tiver sido condenado à pena restritiva de liberdade até seis meses, em sentença

transitada em julgado, enquanto durar a execução.c) tiver sido indiciado em Inquérito Policial Militar.d) tiver sido julgado incapaz temporariamente, enquanto tramita o processo de reforma.e) houver ultrapassado seis meses contínuos em licença para tratar de interesse

particular.

4. (STM – Juiz-Auditor 1996) – É considerado ausente o militar quedeixar de comparecer a sua Organização Militar sem comunicarqualquer motivo de impedimento e ausentar-se, sem licença, daOrganização Militar onde serve ou local onde deva permanecer, pormais de:a) 12 horas.b) 24 horas.c) 36 horas.d) 8 dias.

5. (STM – Juiz-Auditor 1996) – A situação especial na qual o militar da

Page 468: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Cargo,Quadro, Arma ou Serviço, nela permanecendo sem número é a de:a) Excedente.b) Agregado.c) Ausente.d) Desaparecido.

Gabarito

1. b 2. b 3. e

4. b 5. b

1 No estrangeiro, são considerados de natureza militar os cargos ocupados por militares da ativadas Forças Armadas em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere,que assuma o encargo de remuneração mensal do militar. Neste caso, a agregação acarretará asuspensão temporária do direito à remuneração mensal e aos demais direitos remuneratóriosdevidos pela União (art. 10, parágrafo único, da Lei 10.937/2004).

2 O oficial agregado, quando no desempenho de cargo militar ou considerado de natureza militar,concorrerá à promoção por qualquer dos critérios, sem prejuízo do número de concorrentesregularmente estipulados. Tratando-se de promoção por escolha, se houver incompatibilidadehierárquica do novo posto com o cargo que exerce, deverá o oficial reverter ao respectivo corpo,quadro, arma ou serviço na data da promoção, para que possa ser promovido (art. 16, parágrafoúnico, da Lei 5.871/1972).

3 Os cargos de natureza militar estão descritos, taxativamente, no Decreto 3.629, de 11 de outubrode 2000. Por conseguinte, é defeso ao intérprete ampliar o rol descrito na referida norma. Emsentido contrário, a nosso sentir, violando o Decreto 3.629/2000, o art. 2.º da CF/1988 e os arts.81, I, e 121, § 2.º, da Lei 6.880/1980, o TRF5, em nome do princípio da razoabilidade, conferiu aum militar o direito à agregação, por ter sido nomeado para cargo militar não descrito no Decreto3.629/2000, conforme se depreende do seguinte aresto: “Administrativo. Ex-militar daAeronáutica. Licenciamento. Agregação. Curso de formação. Polícia Militar estadual. Corpo debombeiros. Lei 6.880/1980. Razoabilidade. O Estatuto dos Militares (L 6.880/1980) prevê aagregação do servidor que tenha sido nomeado para cargo militar ou de natureza militar. Militarlicenciado da Aeronáutica, em virtude de haver sido matriculado no curso de formação de soldadodo corpo de bombeiros da polícia militar do Rio Grande do Norte. Direito à agregação de ex-militar, para efeito de pagamento da diferença entre soldo respectivo e a bolsa auferida pela

Page 469: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

participação no referido curso de formação. Apelação e remessa improvidas.” (TRF5, AC399341/RN, Processo 2005.84.00.010320-2, Terceira Turma, Relator: Des. Ridalvo Costa, DJ13/06/2007).

4 Em não sendo contínuo o afastamento, o militar não será agregado. Neste sentido:“Administrativo. Militar. Agregação. Reforma. Impossibilidade. O fato de o militar ser afastadodo serviço ativo do Exército, várias vezes, para tratamento médico, cujo afastamento não éininterrupto pelo prazo mínimo de 1 (um) ano, não se enquadra na hipótese de agregação apossibilitar eventual reforma com base no art. 82, I, combinado com o art. 106, III, da Lei6.880/1980. – Apelação improvida.” (TRF5. AC 382775/CE, Processo 2002.81.00.005381-1,Relator: Des. Edílson Nobre (substituto), Quarta Turma, DJ 30/05/2007).

5 Conferir arts. 454, § 1.º, e 456, § 4.º, in fine, do CPPM, que derrogaram o art. 128, § 1.º, da Lei6.880/1980. A praça sem estabilidade não será agregada, mas, sim, excluída, automaticamente, doserviço ativo (art. 128, § 2.º, da Lei 6.880/1980, c/c art. 456, § 4.º, do CPPM).

6 A hipótese em questão não mais se aplica aos oficiais e às praças com estabilidade assegurada.Isto porque, nos termos do art. 454, § 1.º, e 456, § 4.º, in fine, ambos do CPPM, o oficial e a praçacom estabilidade assegurada, quando declarados desertores, serão agregados, permanecendo nessacondição ao se apresentarem ou serem capturados, até decisão transitada em julgado. Em outraspalavras, estes militares permanecerão agregados até o trânsito em julgado da sentença proferidapelo juízo criminal militar, não mais se aplicando a eles, respectivamente, a demissão ex officio ea exclusão das Forças Armadas após um ano de agregação, contado da data da lavratura do termode deserção, como previa o art. 128, § 1.º, da Lei 6.880/1980. Sendo assim, a hipótese em análisese restringe, apenas, às praças sem estabilidade assegurada, a elas se aplicando o disposto no art.128, § 3.º, da Lei 6.880/1980.

7 O art. 82, XIII, da Lei 6.880/1990 fala em nomeação. Todavia, por força do inciso III, § 3.º, doart. 142 da CF/1988, acrescentado pela Emenda Constitucional 18/1998, a agregação se dará coma posse no cargo, emprego ou função pública civil temporária e não mais com a nomeação.

8 A posse em cargo ou emprego público civil temporário, não eletivo, e a consequente agregação,dependerão: a) para o oficial, de autorização do Presidente da República (art. 98, § 3.º, a, da Lei6.880/1980). Há, no entanto, delegação de competência aos Comandantes de Força para, nestescasos, efetuá-la (art. 1.º, VI, do Decreto 2.790/1998); b) para a praça, de a autorização conferidapelo Comandante da Força singular a que servir, por força do art. 142, § 3.º, III, da CF/1988 c/cart. 98, § 3.º, da Lei 6.880/1980. Neste sentido: “Mandado de segurança. Art. 42, § 4.º, CF.Agregação. Nos termos do art. 42, § 4.º, da CF, e Lei 6.880/1980, a autorização da Administração,por intermédio do Ministro de Estado responsável pela respectiva arma, é indispensável para queo militar seja agregado ao quadro quando aceitar cargo, emprego ou função pública temporária,não eletiva. Precedentes. Segurança denegada” (STJ. MS 5.894/DF, Rel. Ministro Felix Fischer,Terceira Seção, julgado em 16/12/1998, DJ 22/03/1999, p. 46). Na mesma linha: RMS 3.560/RO,Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Sexta Turma, julgado em 18/11/1996, DJ 16/12/1996, p.50950. A decisão em questão foi proferida antes da criação do Ministério da Defesa, quando aindaexistiam os Ministérios Militares. Atualmente, a autorização aludida no acórdão em questão será,nos casos das praças, concedida pelo respectivo Comandante de Força.

Page 470: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

9 O prazo fixado no art. 52, parágrafo único, e no art. 82, XIV, da Lei 6.880/1980, que era de cincoanos, foi ampliado para dez, por força do art. 14, § 8.º, da CF/1988.

10 Art. 1.º, VI, do Decreto 2.790, de 29 de setembro de 1998.11 Adido é a situação especial e transitória do militar que, sem integrar o efetivo de uma OM, está

a ela vinculado por ato de autoridade competente.12 São informações referentes ao militar, lançadas, periodicamente, em folhas de alterações, que

irão compor seu histórico profissional, à semelhança do registro funcional dos servidores públicoscivis.

13 Por força do art. 100, § 3.º, da Lei 6.880/1980, as vagas decorrentes da aplicação direta daquota compulsória e as resultantes das promoções efetivadas nos diversos postos, em face daquelaaplicação, não serão preenchidas por oficiais excedentes ou agregados que reverterem em virtudede haverem cessado as causas da agregação.

14 Art. 1.º, VI, do Decreto 2.790, de 29 de setembro de 1998.15 DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 95.16 O termo deserção tem o caráter de instrução provisória e destina-se a fornecer os elementos

necessários à propositura da ação penal, sujeitando-se, desde logo, o desertor à prisão (art. 452do CPPM).

17 Art. 451, § 1.º, do CPPM.18 “Habeas corpus – deserção. Trancamento da instrução provisória de deserção. Fato que não

constitui crime militar. Exclusão do paciente das fileiras do Exército anterior à consumação dadeserção. 1. A impetração busca o trancamento da Instrução Provisória de Deserção sob oargumento de que se apura fato que não constitui crime militar. 2. A exclusão do paciente dasfileiras do Exército ocorreu antes de consumado o crime de deserção, suprimindo uma elementardo crime de deserção. 3. A consumação da deserção antecede o ato administrativo de exclusão doserviço ativo. 4. A condição de militar é elementar normativa do crime de deserção, de forma quea sua suspensão, antes da consumação do delito, torna atípica a conduta. 5. Concedida a ordem.Decisão unânime.” (STM. HC 2005.01.034011-4. Relator: Flavio Flores da Cunha Bierrenbach.DJ 31/05/2005).“Arquivamento de IPD. I – A controvérsia cinge-se à data da exclusão do ex-militar, que faltou àRevista do Recolher de 09/01/2004, completando, na Revista do Recolher de 10/01/2004, 24(vinte e quatro) horas de ausência. II – A 11/01/2004 começou a fluir o prazo de graça para que seconsumasse o delito de deserção, cujo término se deu a 18/01/2004. III – A exclusão teria que serefetuada a 19/01/2004 e não a 18/01/2004, como ocorreu in casu, isto porque a data de18/01/2004 estava inserida no prazo de graça, o ex-militar completaria, naquele dia, os 08 (oito)dias de ausência, quando lhe foi retirada, por exclusão, a condição de militar, inviabilizando-lheque consumasse o delito de deserção. IV – Preliminar, de não-conhecimento da Correição,rejeitada por maioria. V – No mérito, indeferida a Correição Parcial, ressalvada à AdministraçãoMilitar a possibilidade de renovar a Instrução Provisória de Deserção, por decisão uniforme.”(STM. Correição Parcial 2004.01.001873-0. Relator: Expedito Hermes Rego Miranda. Data daPublicação: 27/08/2004).

Page 471: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

19 Art. 128 da Lei 6.880/1980, art. 31, d, da Lei 4.375/1964 e art. 138, n. 4, do Decreto57.654/1966.

20 Art. 137, § 4.º, c, da Lei 6.880/1980.21 Artigo com redação determinada pela Lei 8.236/1991.22 Como salientam Cláudio Amin Miguel e Nelson Coldibelli, na hipótese de deserção de oficial,

dispõe o § 1.º que este ficará agregado, significando dizer que não perde a condição de militar, ouseja, continua a ser considerado militar da ativa, embora seja afastado temporariamente do serviçoativo. (MIGUEL, Cláudio Amin; COLDIBELLI, Nelson. Elementos de direito processual penalmilitar. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 160). Esta, inclusive, era a previsão contidano art. 9.º, b, da Lei 4.902, de 16 de dezembro de 1965.

23 “Recurso de Habeas Corpus. 2. Lei 6.880/1980, Estatuto dos Militares, arts. 82, VIII e 128. Erao militar demitido, com a deserção, e reincluído e agregado para se ver processar, se seapresentasse voluntariamente ou fosse capturado. 3. Após a Constituição de 1988, veio a Lei8.236/1991, alterando o art. 454, § 1.º, do Código de Processo Penal Militar. 4. Não há mais afigura da demissão ex officio da Lei n. 6.880/1980, com posterior reinclusão. Logo, não seria maispossível conferir, de novo, nesse regime legal, a condição de militar ao paciente. Este inclusiveobtivera, segundo se alega, Certificado de Reservista, após sua demissão ex officio. 5. Acórdãodo Superior Tribunal Militar que, anulando o processo, a partir da denúncia, inclusive, porpreterição de formalidade essencial, ressalvou a possibilidade de oferecimento de nova denúncia.6. Recurso de Habeas Corpus provido para determinar a exclusão da cláusula final do acórdão –‘ressalvada a possibilidade de oferecimento de nova denúncia’.” (HC 76.098-1/PA, SegundaTurma, Relator: Min. Néri da Silveira, DJ 24/03/2000, Ementário 1984-1).

24 Artigo com redação determinada pela Lei 8.236/1991.25 Art. 128, § 2.º, da Lei 6.880/1980, c/c art. 456, § 4.º, do CPPM.26 “A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção sem ter readquirido o status

de militar, condição de procedibilidade para a persecutio criminis, através da reinclusão. Para apraça estável, a condição de procedibilidade é a reversão ao serviço ativo” (Súmula 12 do STM).

27 Art. 7.º da Lei 3.765, de 04 de maio de 1960, com redação dada pela MP 2.215-10/2001.28 Ver Lei 3.765/1960.29 Exemplificando: se um militar extraviado, após seu reaparecimento é promovido em

ressarcimento de preterição, terá direito à aludida diferença.

Page 472: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

18.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O militar excluído do serviço ativo será desligado da organização militar a queestiver vinculado e incluído na reserva das Forças Armadas, salvos nos casos em quea lei veda a inclusão1.

18.1.1. Desligamento

É o ato pelo qual o militar é desvinculado da organização militar em que servia.Nos casos de exclusão do serviço ativo por transferência para a reserva remunerada,reforma2, licenciamento, desincorporação ou demissão a pedido3, o milicianopermanecerá no exercício de suas funções enquanto não for desligado da organizaçãomilitar.

O desligamento deverá ser efetivado após a publicação em Diário Oficial, emboletim ou em ordem de serviço de sua organização militar, do ato oficialcorrespondente, e não poderá exceder 45 (quarenta e cinco) dias da data da primeirapublicação oficial. Ultrapassado este prazo, o militar será considerado desligado,deixando de contar tempo de serviço para fins de transferência para a inatividade.

18.1.2. Inclusão na reserva das Forças Armadas

O excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estiver vinculadopassará a integrar a reserva das Forças Armadas, exceto se a exclusão se der pormotivo de reforma, perda de posto e patente, anulação de incorporação, exclusão oulicenciamento ex officio a bem da disciplina, deserção, falecimento ou de extravio.Nos casos de exclusão por reforma, perda de posto e patente, anulação deincorporação, exclusão ou licenciamento ex officio a bem da disciplina e deserção, o

Page 473: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

militar receberá certificado de isenção do serviço militar.

18.2. CASOS DE EXCLUSÃO

O militar será excluído do serviço ativo das Forças Armadas nos seguintes casos:a) transferência para a reserva remunerada; b) reforma; c) demissão; d) perda de postoe patente; e) licenciamento; f) anulação de incorporação; g) desincorporação; h) a bemda disciplina; i) deserção4; j) falecimento; l) extravio.

18.2.1. Transferência para a reserva remunerada

18.2.1.1. Conceito

É a passagem do militar da ativa à situação de inatividade remunerada, estando,porém, sujeito à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização,enquanto permanecer nesta condição.

18.2.1.2. Modalidades

A transferência para a reserva remunerada será efetivada a pedido ou ex officio.

18.2.1.2.1. A pedido

Será concedida ao militar que, voluntariamente, a requeira, desde que conte, nomínimo, com 30 (trinta) anos de serviço5 ou a pleiteie mediante inclusão voluntáriaem quota compulsória6.

No caso de o requerente ter realizado curso ou estágio de duração superior a seismeses, no estrangeiro, por conta da União, sem haver decorridos três anos de seutérmino, a transferência para a reserva remunerada estará condicionada à préviaindenização de todas as despesas deles decorrentes, inclusive as diferenças devencimentos, cujo montante será apurado pelo Comando da Força a que o militarestiver vinculado7. Esta restrição não se aplica ao oficial não incluído em lista deescolha, quando nela tenha ingressado outro oficial mais moderno do seu respectivocorpo, quadro, arma ou serviço, e que, por este motivo, requeira transferência para areserva remunerada.

Não será concedida transferência a pedido para a reserva remunerada ao militar

Page 474: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

que estiver respondendo a inquérito policial ou processo em qualquer jurisdição8 oucumprindo pena de qualquer natureza9. A restrição em questão, de naturezaacautelatória, visa assegurar, basicamente, a instrução criminal, a persecução penal e adisciplina no âmbito das Forças Armadas, desestimulando a prática de delitos poraquele que já se encontra prestes a ingressar na inatividade remunerada. Há de seressaltar que a vedação em tela não obsta a transferência ex officio para a reservaremunerada quando o militar atinge a idade-limite de permanência na ativa10 nem aexclusão voluntária do serviço ativo mediante demissão ou licenciamento a pedido,vez que, nesse caso, o militar ingressará na reserva não remunerada, hipótese nãoabarcada pelo art. 97, § 4.º, da Lei 6.880/1980.

18.2.1.2.2. Ex officioÉ a inativação compulsória do militar em atividade que incidir em um dos casos

seguintes:

I – Atingir idade-limite de permanência no serviço ativo, descrita no art. 98, I, a,b e c, da Lei 6.880/1980. Neste caso, há presunção legal de que a praça e ooficial, ao atingi-las, tornam-se incapazes, física e mentalmente, de exercerema atividade militar.

II – Completar o oficial-general, em tempo de paz, quatro anos no último postoda hierarquia prevista para cada corpo ou quadro da respectiva Força. Ainativação compulsada, neste caso, visa assegurar o fluxo na carreiramediante progressão profissional dos militares de postos inferiores, além deviabilizar a renovação dos contingentes militares, por meio do ingresso denovos milicianos nos postos iniciais da carreira. Esta hipótese de inativaçãoforçada não se aplica aos Comandantes da Marinha, do Exército e daAeronáutica, uma vez que, necessariamente, já se encontram na reservaremunerada, por força do art. 5.º, § 2.º, da LC 97/1999. Ademais, estes cargosse assemelham aos cargos em comissão, razão pela qual compete aoPresidente da República promover a exoneração ad nutum quando, pormotivos de quebra de fidúcia, julgar necessário.

III – Completar os seguintes tempos de serviço como oficial-general: a) noscorpos ou quadros que possuam como posto máximo os de almirante deesquadra, general de exército e tenente-brigadeiro, 12 (doze) anos; b) noscorpos ou quadros que possuam como posto máximo os de vice-almirante,general de divisão e major-brigadeiro, oito anos; c) nos corpos ou quadros

Page 475: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

que possuírem apenas o posto de contra-almirante, general de brigada ebrigadeiro, quatro anos. A inativação compulsória nestes casos visa permitir ofluxo na carreira e a renovação do contingente militar.

IV – Ultrapassar o oficial cinco anos de permanência no último posto dahierarquia de seu corpo, quadro, arma ou serviço; para o capitão de mar eguerra ou de coronel, este prazo será acrescido de quatro anos se, aocompletar os primeiros cinco anos no posto, já possuir o curso exigido para apromoção ao primeiro posto de oficial-general ou nele estiver matriculado evier a concluí-lo com aproveitamento.

V – For o oficial abrangido pela quota compulsória. Esta é destinada a assegurara renovação, o equilíbrio, a regularidade de acesso e a adequação dos efetivosde cada Força singular. O oficial por ela abrangido será excluído do serviçoativo, mediante transferência para a reserva remunerada, abrindo vaga paraque outro que se encontre no posto imediatamente inferior possa preencher avaga disponibilizada. Em sendo este o objetivo da quota compulsória, omilitar só poderá ser abrangido por ela quando houver, no postoimediatamente abaixo, oficial que satisfaça as condições de acesso ao postosuperior.

A inclusão na quota compulsória poderá ser feita a pedido ou ex officio.A pedido, mediante requerimento do interessado que contar com mais de 20

(vinte) anos de serviço11. Caberá à Administração Militar, observados os critérios deoportunidade e de conveniência, incluir ou não o interessado na lista de oficiais aserem por ela abrangidos12.

Ex officio, por meio de inclusão forçada, quando não houver oficiais voluntáriosem quantidade suficiente para preencher o número total de vagas da quota fixadaspara cada posto. Neste caso, as vagas restantes serão completadas ex officio pelosoficiais que satisfaçam os requisitos descritos no art. 101, II, da Lei 6.880/1980.Também poderão ser abrangidos ex officio pela quota compulsória, para assegurar aadequação dos efetivos à necessidade de cada corpo, quadro, arma ou serviço, oscapitães de mar e guerra e coronéis não numerados que não possuam o curso exigidopara ascender ao primeiro posto de oficial-general13.

Os oficiais indicados para integrar a quota compulsória anual serão notificadosimediatamente. Desta decisão, caberá recurso no prazo de 15 (quinze) dias, a contardo recebimento da notificação oficial14.

Não integrarão a quota compulsória os oficiais que estiverem agregados, por

Page 476: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

terem sido declarados extraviados ou desertores15.

VI – For a praça abrangida pela quota compulsória, na forma regulada emdecreto, para cada Força Singular16.

VII – For o oficial considerado não habilitado para o acesso, em caráterdefinitivo, para ingresso em quadro de acesso ou lista de escolha.

VIII – Deixar o oficial-general de integrar, no posto, por uma única vez, a lista deescolha quando nela tenha sido incluído oficial-general mais moderno dorespectivo corpo, quadro ou serviço.

IX – Deixar o capitão de mar e guerra ou coronel de integrar, por duas vezesconsecutivas ou não, a lista de escolha quando nela tenha sido incluído oficialmais moderno do respectivo corpo, quadro, arma ou serviço.

X – For o capitão de mar e guerra ou o coronel inabilitado para o acesso, porestar definitivamente impedido de realizar o curso exigido, ultrapassado duasvezes, consecutivas ou não, por oficial mais moderno do respectivo corpo,quadro, arma ou serviço, que tenha sido incluído em lista de escolha.

XI – na Marinha e na Aeronáutica, deixar o oficial do penúltimo posto de quadrocujo último posto seja de oficial superior, de ingressar em quadro de acessopor merecimento pelo número de vezes fixado pela Lei de Promoções deOficiais da Ativa das Forças Armadas17, quando nele tenha entrado oficialmais moderno do respectivo quadro.

XII – Ingressar o oficial no magistério militar, se assim o determinar a legislaçãoespecífica18.

XIII – Ultrapassar dois anos, contínuos ou não, em licença para tratar de interesseparticular.

XIV – Ultrapassar dois anos contínuos em licença para tratamento de saúde depessoa de sua família.

XV – Ultrapassar dois anos de afastamento, contínuos ou não, agregado, emvirtude de ter passado a exercer cargo ou emprego público civil temporário,não eletivo, inclusive da administração indireta.

XVI – Ser diplomado em cargo eletivo o militar que contar mais de 10 (dez) anosde serviço19.

18.2.1.3. Suspensão

Page 477: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A transferência para a reserva remunerada poderá ser suspensa na vigência doestado de guerra, estado de sítio, estado de emergência ou em caso de mobilização.

18.2.1.4. Proventos

O militar, ao ser transferido para a reserva remunerada, fará jus a proventosintegrais ou proporcionais.

18.2.1.4.1. Integrais

Calculados com base no soldo integral do posto ou graduação que possuíaquando da transferência para a inatividade, se o militar: a) contar com mais de 30(trinta) anos de serviço20; b) for transferido para a reserva remunerada ex officio, porhaver atingido a idade-limite de permanência em atividade no respectivo posto ougraduação; c) não haver preenchido as condições de escolha para o acesso aogeneralato; d) tiver sido abrangido pela quota compulsória21, desde que não tenha sidoa pedido, independentemente do número de anos de serviço22.

18.2.1.4.2. ProporcionaisCalculados com base em quotas do soldo, correspondentes a um trinta avos do

valor deste, por ano de serviço23. Com exceção das hipóteses descritas no itemanterior, os militares transferidos ex officio para a reserva remunerada perceberãoproventos proporcionais, se, no momento da inativação compulsada, contarem commenos de 30 (trinta) anos de serviço. Como exemplo, cita-se o oficial abrangido apedido pela quota compulsória e que possua menos de 30 (trinta) anos de serviço.

18.2.1.5. Outros direitos pecuniários

O militar, ao ser transferido para a reserva remunerada, fará jus à ajuda de custo24

e ao valor relativo ao período integral das férias a que tiver direito e ao incompleto, naproporção de um doze avos por mês de efetivo serviço. Para fins de cálculo de férias,a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias é considerada como mês integral.

18.2.2. Reforma

18.2.2.1. Conceito

Page 478: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

É a passagem do militar à situação de inatividade remunerada, caracterizada peladispensa definitiva da prestação de serviço na ativa.

18.2.2.2. Modalidades

A reforma é efetivada a pedido ou ex officio.

18.2.2.2.1. A pedidoAplicável, exclusivamente, aos membros do magistério militar, será concedida

aos que possuírem mais de 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 10 (dez), no mínimo,de tempo de magistério militar, desde que haja previsão neste sentido na legislaçãoespecífica de cada Força singular25.

18.2.2.2.2. Ex officioA reforma ex officio é aplicada, compulsoriamente, ao militar nas hipóteses

seguintes.

I – Atingir as seguintes idades-limites de permanência na reserva26: a) oficial-general, 68 (sessenta e oito) anos; b) oficial superior, inclusive membros domagistério militar, 64 (sessenta e quatro) anos; c) capitão-tenente, capitão eoficial subalterno, 60 (sessenta) anos; d) praças, 56 (cinquenta e seis) anos.

II – For julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das ForçasArmadas. O art. 108 da Lei 6.880/1980 enumera alguns dos fatos geradores deincapacidade definitiva para o serviço ativo, a saber:

a) ferimento recebido em campanha ou na manutenção da ordem pública;b) enfermidade contraída em campanha ou na manutenção da ordem

pública, ou cuja causa eficiente decorra de uma dessas situações;c) acidente em serviço ocorrido com o militar da ativa, nos casos descritos

no art. 1.º do Decreto 57.272, de 16 de novembro de 196527, ainda queeste não seja a causa única e exclusiva da eventual morte, perda ouredução da capacidade laborativa, desde que entre eles haja relação decausa e efeito. Não será considerado acidente em serviço o decorrente daprática de crime, transgressão disciplinar, imprudência ou desídia domilitar acidentado28 ou de subordinado seu, com sua aquiescência, bem

Page 479: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

como o ocorrido durante o período de férias, pois, neste caso, o militarestará afastado totalmente do serviço29, não ocorrendo, destarte, acidenteem serviço30;

d) doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz, comrelação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço;

e) tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra,paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson,pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e demaismoléstias que a lei indicar com base nas conclusões da medicinaespecializada, ainda que assintomáticas. É o que se dá, p. ex., com aSíndrome da Imunodeficiência Adquirida – SIDA/AIDS, descrita no art.1.º, inciso I, c, da Lei 7.670/198831. Os militares julgados incapazes porum dos motivos acima só poderão ser reformados após a homologação,por junta superior de saúde, da inspeção de saúde que os declarouincapazes definitivamente para o serviço ativo;

f) acidente, doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeitocom o serviço.

III – Estiver agregado por mais de dois anos, por ter sido julgado incapaz,temporariamente, mediante homologação de junta superior de saúde, aindaque se trate de moléstia curável.

IV – For condenado à pena de reforma prevista no Código Penal Militar, porsentença transitada em julgado32.

V – For o oficial julgado culpado e determinada sua reforma pelo SuperiorTribunal Militar em consequência de Conselho de Justificação a que tenhasido submetido, nos termos do art. 16, II, da Lei 5.836/197233.

V – For reformado pelo Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,quando guarda-marinha, aspirante a oficial ou praça com estabilidadeassegurada, por indicação do Conselho de Disciplina, na forma prescrita noart. 13, IV, do Decreto 71.500/1972. Estes militares poderão readquirir asituação anterior (ativa ou reserva remunerada) por decisão do Comandanteda Força a que estiver vinculado34.

18.2.2.3. Tempo de serviço necessário à reforma por incapacidade definitiva para oserviço ativo das Forças Armadas

O militar da ativa, inclusive o que estiver prestando serviço militar inicial

Page 480: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

obrigatório35, quando julgado incapaz definitivamente para o serviço ativo das ForçasArmadas, será reformado, independentemente do tempo de serviço prestado àMarinha, ao Exército e à Aeronáutica, desde que a incapacidade decorra de um dosmotivos descritos no número II, letras a a e, do item acima36.

Por outro lado, em razão do art. 111, I, da Lei 6.880/1980, somente os oficiais e aspraças com estabilidade assegurada terão direito à reforma, se a incapacidadedefinitiva para o serviço militar for consequência de acidente, doença, moléstia ouenfermidade, sem relação de causa e efeito com o serviço. Por conseguinte, a praçasem estabilidade não poderá ser reformada nestes casos37. Todavia, se a “doença,moléstia ou enfermidade” for uma daquelas descritas no número II, letra e, do itemsupra, o militar, estável ou não, fará jus à reforma, ainda que não exista relação decausa e efeito com o serviço ativo, por força dos arts. 108, V, § 2.º, 109, 110, § 1.º, daLei 6.880/198038.

18.2.2.4. Tempo de serviço necessário à reforma do militar considerado inválido

O militar da ativa que for considerado inválido, i.e., impossibilitado total epermanentemente para qualquer trabalho em decorrência de um dos motivos descritosno número II do item 18.2.2.2.2, ainda que sem relação de causa de efeito com oserviço, mesmo aquele que estiver prestando o serviço militar obrigatório, seráreformado, independentemente do tempo de serviço prestado às Forças Armadas, emrazão dos arts. 110, § 1.º, e 111, II, da Lei 6.880/1980.

18.2.2.5. Proventos

Os proventos de inatividade decorrentes da reforma podem ser proporcionais ouintegrais.

18.2.2.5.1. Proporcionais

São calculados com base em quotas do soldo, correspondentes a um trinta avosdo valor deste, por ano de serviço, nos casos descritos nos números V e VI, do item18.2.2.2.2, e, quando o oficial ou a praça com estabilidade assegurada, for julgadoincapaz definitivamente apenas para o serviço ativo, por força de uma das causasdescritas no número II, letra f, do item 18.2.2.2.2.

Na hipótese descrita no número IV do item 18.2.2.2.2, o condenado à pena dereforma, por força do art. 65 do CPM, não poderá perceber, a título de proventos de

Page 481: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

inatividade, mais de um vinte e cinco avos do soldo por ano de serviço, nem receberimportância superior à do soldo39.

18.2.2.5.2. IntegraisSão calculados com base no soldo correspondente ao:

a) grau hierárquico imediato40 ao que possuía na ativa quando: 1 – aincapacidade definitiva decorrer de uma das hipóteses descritas número II,letras a e b, do item 18.2.2.2.2; 2 – verificada a incapacidade definitiva, fordeclarado inválido, ou seja, impossibilitado para qualquer serviço em razãode uma das causas descritas no número II, letras c a e, do item 18.2.2.2.2; 3 –o militar for portador do vírus HIV, independentemente do grau dedesenvolvimento da doença, conforme entendimento consolidado no âmbitoda Terceira Seção do STJ41;

b) grau hierárquico que possuía na ativa: 1 – nos casos descritos no número II,letras c a e42, desde que o militar não seja declarado inválido, e no númeroIII, do item 18.2.2.2.2; 2 – na hipótese delineada no número II, letra f, doitem 18.2.2.2.2, se o militar, oficial ou praça, com ou sem estabilidade, forconsiderado inválido, ou seja, impossibilitado total e permanentemente paraqualquer trabalho.

18.2.2.5.3. Proventos dos militares reformados ex officio por atingirem idades limitesde permanência na reserva

O militar, reformado por motivo de idade, necessariamente, já se encontra nareserva remunerada. Logo, continuará a perceber os proventos na forma calculada porocasião de seu ingresso na reserva remunerada.

18.2.2.6. Retorno ao serviço ativo ou transferência para a reserva remunerada do militarreformado

O militar reformado por incapacidade definitiva para o serviço militar que forjulgado apto em inspeção de saúde por junta superior, em grau de recurso ou revisão,poderá retornar ao serviço ativo ou ser transferido para a reserva remunerada.

Todavia, a volta à atividade só ocorrerá se o tempo em que permaneceureformado não ultrapassar dois anos. Extrapolado este prazo, o militar deixará de

Page 482: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ostentar a condição de reformado, sendo transferido para a reserva remunerada, seainda não tiver atingido a idade-limite descrita no art. 106 da Lei 6.880/1980. Se já ativer atingido, manterá a condição de reformado.

18.2.2.7. Situação das praças especiais reformadas

As praças especiais, quando reformadas ex officio, serão consideradas: a)segundo-tenente: os guardas-marinha, aspirantes a oficial; b) guarda-marinha ouaspirante a oficial: os aspirantes, os cadetes, os alunos da Escola de OficiaisEspecialistas da Aeronáutica, conforme o caso específico; c) segundo-sargento: osalunos do Colégio Naval, da Escola Preparatória de Cadetes do Exército e da EscolaPreparatória de Cadetes do Ar; d) terceiro-sargento: os alunos de órgão de formaçãode oficiais da reserva e de escola ou centro de formação de sargentos; e) cabos: osaprendizes-marinheiros e os demais alunos de órgãos de formação de praças, da ativae da reserva.

18.2.2.8. Incapacidade definitiva para a atividade aérea militar

Os militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica que, por enfermidade,acidente ou deficiência psicofisiológica, verificada em inspeção de saúde, foremconsiderados definitivamente incapacitados para o exercício da atividade aérea, sóserão reformados, se a incapacidade também o for para todo o serviço militar.

18.2.2.9. Reforma dos conscritos43

Os conscritos, ao serem incorporados, passam à condição jurídica de militares daativa44, razão pela qual a eles se aplica a legislação empregada aos milicianos ematividade. Por isso, serão reformados nos casos e condições acima descritas.

Por outro lado, enquanto não forem incorporados, não serão consideradosmilitares. Contudo, de acordo com a Portaria 42/EMFA, de 21 de fevereiro de 1990, aeles será aplicada, se acidentados, invalidados ou atacados de doença, moléstia ouenfermidade com relação de causa e efeito com as condições inerentes ao serviço, nointerior de estabelecimentos militares ou durante o deslocamento a que estejamsujeitos, por força de prestação do serviço militar, nos termos da Lei 3.282, de 10 deoutubro de 1957, a mesma legislação que couber aos militares já incorporados, ouseja, serão reformados nas condições expostas ao longo deste capítulo. Ainda deacordo com a aludida portaria, se o conscrito não incorporado for julgado, por juntasuperior de saúde, incapaz definitivamente para o serviço militar, em virtude de uma

Page 483: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

das situações acima, será reformado com remuneração calculada com base no soldode soldado. Se for julgado inválido, ou seja, impossibilitado total e permanentementepara qualquer trabalho, será reformado com remuneração calculada com base nosoldo correspondente à graduação de terceiro-sargento45.

18.2.3. Demissão

18.2.3.1. Conceito

É o ato de exclusão do serviço ativo das Forças Armadas aplicável, apenas, aosoficiais.

18.2.3.2. Tipos

A demissão será efetivada a pedido ou ex officio.

18.2.3.2.1. A pedidoConcedida mediante requerimento do interessado, com ou sem indenização aos

cofres públicos. O oficial demitido a pedido ingressará na reserva não remunerada, nomesmo posto que possuía na ativa, tendo sua situação, inclusive promoções, reguladapelo Regulamento do Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força.

18.2.3.2.2. Ex officioÉ imposta ao oficial que tomar posse em cargo ou emprego público civil

permanente ou perder o posto e a patente, por ter sido julgado indigno do oficialatoou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, emtempo de paz, ou de tribunal especial em tempo de guerra.

No primeiro caso, o oficial será imediatamente46 demitido ex officio e transferidopara a reserva não remunerada, na qual ingressará no posto que possuía na ativa,sendo incluído no Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força.

Na segunda hipótese, a demissão ex officio configura verdadeira puniçãoadministrativa, acarretando a perda do posto e da patente e o completodesvinculamento das Forças Armadas. Por isso, o ex-oficial, como preceitua o art. 94,§ 1.º, da Lei 6.880/1980, não será incluído na reserva das Forças Armadas e receberá,como comprovante de regularidade com o serviço militar, o certificado de isenção.

Page 484: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

18.2.3.3. Indenizações47

Visam ressarcir os cofres públicos com despesas feitas pela União com cursos deformação e preparação para o oficialato, como, também, com cursos e estágios deaperfeiçoamento profissional, aprimoramento, etc., realizados ao longo da carreiramilitar.

São devidas quando o oficial das Forças Armadas48 é demitido a pedido ou exofficio, neste último caso, por ter tomado posse em cargo ou emprego público civilpermanente, desde que materializadas uma das hipóteses seguintes.

a) Contar com menos de cinco anos de oficialato49;b) Tiver realizado curso ou estágio, no País ou no exterior, e não tenham

decorrido os seguintes prazos, a contar da conclusão dos mesmos: 1 – doisanos, para curso e estágio de duração igual ou superior a dois meses einferior a seis meses; 2 – três anos, para curso ou estágio de duração igual ousuperior a seis meses e igual ou inferior a 18 (dezoito) meses; 3 – cinco anos,para curso ou estágio de duração superior a 18 (dezoito) meses.

De acordo com o art. 116, § 1.º, da Lei 6.880/1980, nos casos em que aindenização for devida, a demissão a pedido só será concedida mediante o pagamentoda mesma. Neste sentido, inclusive, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu50.

Divergimos, no entanto, da posição adotada pelo STJ. A nosso sentir, a expressão“só será concedida mediante indenização” não foi recepcionada pela Constituição de1988, por contrariar o princípio da razoabilidade e o art. 5.º, XIII, da Magna Carta,segundo o qual é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidasas qualificações profissionais que a lei estabelecer. Ora, ao condicionar a demissãovoluntária ao pagamento de indenização, a norma de regência, na realidade, estáobrigando o oficial, que em regra presta serviço militar voluntário, a permanecer noserviço ativo contra sua vontade, afastando, desta maneira, o direito fundamental aolivre exercício de profissão. E o pior, para se desvincular da vida militar, o oficialestaria compelido a primeiramente pagar a indenização no montante arbitradounilateralmente pela Administração Militar, para só então questioná-lo perante o PoderJudiciário, o que não nos parece razoável. Diante de tais considerações, entendemosque a demissão a pedido deve ser concedida independente do prévio pagamento deindenização – tal como ocorre nos casos de demissão ex officio, quando o oficial tomaposse em cargo ou emprego público civil permanente –, cabendo à União Federalvaler-se das medidas judiciais adequadas para a cobrança da indenização devida51,caso não haja adimplemento voluntário.

Page 485: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O valor da indenização, em atenção aos princípios da isonomia e darazoabilidade, deverá ser proporcional ao tempo de serviço prestado pelo militar apósa conclusão do curso ou do estágio. Afinal, não seria razoável, isonômico nem justoexigir-se de um oficial que conte com quatro anos e 10 (dez) meses de oficialato, combase no art. 116, I, da Lei 6.880/1980, o mesmo valor indenizatório exigido de outrooficial que conte com apenas um mês de oficialato52.

18.2.3.4. Situação jurídica do oficial demitido

A situação jurídica do oficial variará em função do tipo de demissão a que tenhasido submetido.

18.2.3.4.1. Demissão ex officio decorrente da perda do posto e da patente

Neste caso, o cidadão perderá a condição jurídica de oficial, sendo excluído doserviço ativo. Por força do art. 94, § 1.º, da Lei 6.880/1980, não será incluído nareserva das Forças Armadas, recebendo certificado de isenção do serviço militar porincapacidade moral. O ex-oficial só poderá readquirir a situação militar anterior poroutra sentença proferida pelo Superior Tribunal Militar, em tempo de paz, ou detribunal especial, em tempo de guerra53.

18.2.3.4.2. Demissão a pedido ou ex officio em razão de posse em cargo ou empregopúblico civil permanente

Efetivada a demissão a pedido ou em razão de posse em cargo ou empregopúblico civil permanente, o oficial: a) será transferido para a reserva não remunerada,no mesmo posto que possuía na ativa, passando a integrar a reserva das ForçasArmadas; b) será incluído no Corpo de Oficiais da Reserva, tendo sua situaçãoregulada pelo Regulamento do Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força; c)será excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estava vinculado.

Portanto, a demissão a pedido ou a ex officio decorrente de posse em cargo ouemprego público civil permanente não acarreta o afastamento definitivo da Força emque serviu54, razão pela qual o militar, agora na reserva não remunerada, continua aostentar a condição jurídica de oficiais das Forças Armadas.

18.2.4. Licenciamento

Page 486: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

18.2.4.1. Conceito

É o ato de exclusão do serviço ativo aplicado aos oficiais da reserva convocados,aos guardas-marinhas, aspirantes a oficial e às praças.

18.2.4.2. Tipos

O licenciamento do serviço ativo pode ser a pedido (voluntário) ou ex officio.

18.2.4.2.1. Licenciamento a pedido ou voluntárioÉ um direito55 concedido56 ao oficial da reserva convocado, após prestação do

serviço ativo durante seis meses, e à praça com estabilidade assegurada, e à engajada57

ou reengajada58, desde que conte, no mínimo, com a metade do tempo de serviço aque se obrigou.

18.2.4.2.2. Licenciamento ex officioO licenciamento ex officio será efetivado nos seguintes casos: a) por conclusão de

tempo de serviço ou de estágio; b) por conveniência do serviço; c) a bem dadisciplina; d) por posse em cargo ou emprego público civil permanente.

O licenciamento por conclusão de tempo de serviço ou de estágio, quando nãomais cabíveis prorrogações59, ou em virtude de posse em cargo ou emprego públicocivil permanente decorrem de imposição legal. Trata-se, portanto, de ato plenamentevinculado, não podendo a autoridade deixar de praticá-lo por razões de oportunidadee conveniência.

Por outro lado, o licenciamento por conveniência do serviço se insere no âmbitodo poder discricionário. Quando motivado, a Administração Militar fica adstrita àmotivação por ela indicada por conta da teoria dos motivos determinantes. De acordocom esta teoria, a validade do ato, ainda que discricionário, se vincula aos motivosindicados como seu fundamento, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, acarretama sua nulidade. Por outras palavras, quando a Administração motiva o ato, mesmoque a lei não exija a motivação, ele só será válido se os motivos forem verdadeiros60.Por isso, o licenciamento por conveniência do serviço estará passível de anulação pelopoder judiciário quando eivado de vícios quanto à motivação61.

Por fim, o licenciamento a bem da disciplina consiste na exclusão compulsóriado serviço ativo da praça sem estabilidade assegurada, nos casos descritos nalegislação militar62. Deve ser precedido, necessariamente, de procedimento

Page 487: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

administrativo, ainda que de forma simplificada, no qual sejam garantidos ocontraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5.º, LV, daCF/1988), sob pena de nulidade do ato de licenciamento63.

18.2.4.3. Reinclusão na Força de origem da praça licenciada para fins de matrícula emestabelecimento de ensino de formação ou preparatório de outra Força singularou auxiliar

A praça com estabilidade assegurada, quando licenciada para fins de matrículaem estabelecimento de ensino de formação ou preparatório de outra Força singular ouauxiliar, caso não conclua o curso no qual foi matriculada, poderá ser reincluída,mediante requerimento endereçado ao Comandante da Força de origem. Trata-se deato discricionário.

18.2.4.4. Indenizações

Os militares licenciados a pedido ou ex officio, exceto os guardas-marinhas e osaspirantes a oficial64, não estão obrigados a indenizar os cofres públicos pelasdespesas com sua formação, preparação e aperfeiçoamento, ante a ausência deprevisão legal neste sentido.

18.2.4.5. Situação do militar licenciado

O militar licenciado não tem direito a qualquer remuneração, devendo serincluído ou reincluído na reserva das Forças Armadas, salvo se licenciado ex officio abem da disciplina. Neste último caso, o ex-militar perde sua graduação,desvinculando-se por completo da Força em que serviu, motivo pelo qual não seráincluído na reserva. Receberá, para fins de comprovação de quitação com o serviçomilitar, o certificado de isenção.

Salienta-se, entretanto, que a praça ou o oficial temporário, quando licenciado exofficio por conclusão de tempo de serviço, fará jus à compensação pecuniáriaequivalente a uma remuneração mensal65, correspondente ao posto ou à graduaçãoque detinha na ativa, por ano de efetivo serviço militar prestado66, nos termos da Lei7.963, de 21 de dezembro de 1989, e do Decreto 99.425, de 30 de julho de 1990. Obenefício em questão não se aplica ao período correspondente ao serviço militarobrigatório67. O pagamento deverá ser feito no prazo de 30 (trinta) dias, a contar dolicenciamento.

Page 488: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Não tem direito à aludida compensação a praça ou oficial licenciado ex officio abem da disciplina ou por ter tomado posse em cargo ou emprego público civilpermanente68.

Os militares licenciados ex officio por conclusão do tempo de serviço ou deestágio e por conveniência do serviço têm direito ao transporte para si e seusdependentes até a localidade, dentro do território nacional, onde tinham suasresidências, ao serem convocados, ou para outra localidade, cujo valor do transportede pessoal e de bagagem seja menor ou equivalente69. Nestes casos, conformeentendimento pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o militar poderáoptar pelo direito ao transporte ou pela respectiva indenização70.

As praças que prestaram serviço militar obrigatório, quando licenciadas ex officiopor conclusão do mesmo, terão direito, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar dolicenciamento, ao transporte e alimentação, por conta da União, até o lugar ondetinham residência ao serem convocados71.

18.2.4.6. Hipóteses de suspensão do licenciamento

Excepcionalmente, o licenciamento poderá ser suspenso na vigência de estado deguerra, estado de emergência, estado de sítio ou em caso de mobilização72.

18.2.4.7. Licenciamento do militar temporário que estiver respondendo a inquéritopolicial militar ou a processo penal militar

Por força do art. 31, § 5.º, da Lei 4.375/1964, o militar incorporado, por ocasiãoda prestação do serviço militar, permanecerá na sua unidade, mesmo como excedente,enquanto estiver respondendo a processo criminal militar.

Convém ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça fixou entendimento de queeste dispositivo não veda o licenciamento ex officio ou a pedido da praça que tenhaconcluído seu tempo de serviço73.

18.2.5. Anulação de incorporação e desincorporação da praça

18.2.5.1. Anulação da incorporação

A anulação da incorporação será efetivada em qualquer época, nos casos em quetenham sido verificadas irregularidades no recrutamento, inclusive as relacionadas

Page 489: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

com a seleção, apuradas por meio de sindicância ou de Inquérito Policial Militar. É oque se passa, p. ex., quando se constata, após o ato de incorporação, doença pré-existente que incapacite o cidadão para o serviço militar. Neste caso, a autoridadecompetente, por força do art. 31, § 1.º, da Lei 4.375/1964 e do art. 139, § 2.º, doDecreto 57.654/1966, deverá promover a anulação da incorporação74. Trata-se de atovinculado.

18.2.5.2. Desincorporação

É o ato de exclusão da praça do serviço ativo das Forças Armadas motivado poruma das seguintes razões: a) moléstia em consequência da qual o incorporado venha afaltar ao serviço durante 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, hipótese em que seráexcluído do serviço ativo; b) aquisição das condições de arrimo, após a incorporação;c) moléstia ou acidente que torne o incorporado definitivamente incapaz para oserviço militar75; d) condenação irrecorrível, resultante da prática de crime comum decaráter culposo.

18.2.6. Exclusão a bem da disciplina

18.2.6.1. Conceito

É o ato de exclusão do serviço ativo das Forças Armadas aplicado,exclusivamente, ao guarda-marinha, ao aspirante a oficial e às praças com estabilidadeassegurada.

18.2.6.2. Fato gerador

O art. 125 da Lei 6.880/1980 descreve, taxativamente, as hipóteses em que a penade exclusão a bem da disciplina pode ser aplicada. São elas: a) quando assim sepronunciar o Conselho Permanente de Justiça, em tempo de paz, ou tribunal especial,em tempo de guerra, ou tribunal civil, após terem sido condenados, em sentençatransitada em julgado, à pena restritiva de liberdade individual superior a dois anos76

ou, nos crimes previstos na legislação especial concernente à segurança do Estado, apena de qualquer duração; b) quando assim se pronunciar o Conselho Permanente deJustiça, em tempo de paz, ou tribunal especial, em tempo de guerra, por terem perdidoa nacionalidade brasileira; c) quando submetidos a Conselho de Disciplina e julgadosculpados, assim o determinar o Comandante da Força a que estiverem vinculados ou a

Page 490: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

autoridade a quem tenha sido delegada competência para efetivá-la.

18.2.6.3. Ampla defesa e contraditório

A exclusão a bem da disciplina só poderá ser efetivada mediante regular processoadministrativo, no qual sejam assegurados a ampla defesa e o contraditório, com osmeios e recursos a ela inerentes (art. 5.º, LIV e LV, da CF/1988), sob pena de nulidadedo ato77.

18.2.6.4. Retorno à situação militar anterior

Os militares excluídos a bem da disciplina poderão readquirir a situação militaranterior nos seguintes casos: a) por outra sentença do Conselho Permanente deJustiça, em tempo de paz, ou tribunal especial, em tempo de guerra, e nas condiçõesnela estabelecidas, se a exclusão tiver sido consequência de sentença de um daquelestribunais; b) por decisão do Comandante da respectiva Força, se a exclusão se deu emrazão de culpa apurada em Conselho de Disciplina.

18.2.6.5. Competência

Compete aos Comandantes de cada Força ou autoridades às quais tenha sidodelegada competência, efetivar o ato de exclusão a bem da disciplina.

18.2.6.6. Situação da praça excluída

A praça excluída a bem da disciplina não tem direito a qualquer remuneração ouindenização. Perde seu grau hierárquico, desvinculando-se, por completo, da Forçaem que serviu, razão pela qual não poderá integrar a reserva das Forças Armadas.Como comprovante de quitação do serviço militar, recebe o certificado de isenção porincapacidade moral. O militar excluído não fica isento das indenizações decorrentesdos prejuízos por ventura causados à Fazenda Pública.

18.2.7. Falecimento

O militar da ativa que vier a falecer, será excluído do serviço ativo e desligado daorganização a que estava vinculado, a partir da data da ocorrência do óbito.

Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, calamidade pública ou outros

Page 491: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

acidentes oficialmente reconhecidos, o extravio ou desaparecimento de militar da ativaserá considerado, para fim do Estatuto dos Militares, como falecimento, tão logosejam esgotados os prazos máximos de possível sobrevivência ou quando se deem porencerradas as providências de salvamento.

18.2.8. Perda do posto e da patente, deserção e extravio

Estes temas já foram analisados anteriormente nos Capítulos XII, XV e XVII.

18.3. RESUMO DA MATÉRIA

A exclusão do serviço ativo das Forças Armadas e o consequente desligamento daorganização a que estiver vinculado o militar decorrem dos seguintes motivos: a)transferência para a reserva remunerada; b) reforma; c) demissão; d) perda do posto epatente; e) licenciamento; f) anulação de incorporação; g) desincorporação; h) a bem dadisciplina; i) deserção; j) falecimento; l) extravio.

Desligamento é o ato pelo qual o militar é completamente desvinculado da organizaçãomilitar que servia.

O excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estiver vinculado passará aintegrar a reserva das Forças Armadas, exceto se a exclusão se der por motivo de reforma,perda de posto e patente, anulação de incorporação, exclusão ou licenciamento ex officio abem da disciplina, deserção, falecimento ou de extravio.

Transferência para a reserva remunerada é a passagem do militar da ativa à situação deinatividade remunerada, estando, porém, sujeito à prestação de serviço na ativa, medianteconvocação ou mobilização, enquanto permanecer nesta condição. Será efetivada a pedidoou ex officio. O militar, ao ser transferido para a reserva remunerada, fará jus a proventosintegrais ou proporcionais. A transferência para a reserva remunerada poderá ser suspensana vigência do estado de guerra, estado de sítio, estado de emergência ou em caso demobilização.

Reforma é a passagem do militar à situação de inatividade remunerada, caracterizada peladispensa definitiva da prestação de serviço na ativa. Será efetivada a pedido ou ex officio.Os proventos de inatividade decorrentes da reforma podem ser proporcionais ou integrais.As praças especiais, quando reformadas ex officio, serão consideradas: a) segundo-tenente:os guarda-marinha, aspirantes a oficial; b) guarda-marinha ou aspirante a oficial: osaspirantes, os cadetes, os alunos da Escola de Oficiais Especialistas da Aeronáutica,conforme o caso específico; c) segundo-sargento: os alunos do Colégio Naval, da EscolaPreparatória de Cadetes do Exército e da Escola Preparatória de Cadetes do Ar; d) terceiro-sargento: os alunos de órgão de formação de oficiais da reserva e de escola ou centro deformação de sargentos; e) cabos: os aprendizes-marinheiros e os demais alunos de órgãos de

Page 492: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

formação de praças, da ativa e da reserva.Demissão é o ato de exclusão do serviço ativo das Forças Armadas aplicável,

exclusivamente, aos oficiais. Será efetivada a pedido ou ex officio. O oficial demissionário,nos casos previstos em lei, estará sujeito ao pagamento de indenização que visa ressarcir oscofres públicos com despesas feitas pela União com cursos de formação e preparação para ooficialato, como, também, com cursos e estágios de aperfeiçoamento profissional,aprimoramento, etc., realizados ao longo da carreira militar. A demissão ex officiodecorrente da perda do posto e da patente acarreta a perda da condição jurídica de oficial ea exclusão do serviço ativo. Nos casos de demissão a pedido ou ex officio em razão deposse em cargo ou emprego público civil permanente, o oficial: a) será transferido para areserva não remunerada, no mesmo posto que possuía na ativa, mantendo a condição jurídicade oficial das Forças Armadas; b) será incluído no Corpo de Oficiais da Reserva, tendo suasituação regulada pelo Regulamento do Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força;c) será excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estava vinculado; d)passará a integrar a reserva das Forças Armadas.

Licenciamento é o ato de exclusão do serviço ativo aplicado aos oficiais da reservaconvocados, aos guardas-marinhas, aspirantes a oficial e às praças. Será efetivado a pedidoou ex officio. Os militares licenciados a pedido ou ex officio, exceto os guardas-marinhas eos aspirantes a oficial, não estão obrigados a indenizar os cofres públicos pelas despesascom sua formação, preparação e aperfeiçoamento, ante a ausência de previsão legal nestesentido. O militar licenciado não tem direito a qualquer remuneração, devendo ser incluídoou reincluído na reserva das Forças Armadas, salvo se licenciado ex officio a bem dadisciplina. As praças que prestaram serviço militar obrigatório, quando licenciadas exofficio por conclusão do mesmo, terão direito, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar dolicenciamento, ao transporte e alimentação, por conta da União, até o lugar onde tinhamresidência ao serem convocados. Excepcionalmente, o licenciamento poderá ser suspenso navigência de estado de guerra, estado de emergência, estado de sítio ou em caso demobilização.

A anulação da incorporação será efetivada em qualquer época, nos casos em que tenhamsido verificadas irregularidades no recrutamento, inclusive as relacionadas com a seleção,apuradas por meio de sindicância ou de Inquérito Policial Militar.

Desincorporação é o ato de exclusão da praça do serviço ativo das Forças Armadas pormotivos de doença, aquisição da condição de arrimo e condenação penal, nos termosdescritos na Lei do Serviço Militar.

Exclusão a bem da disciplina é o ato de exclusão do serviço ativo das Forças Armadasaplicado, exclusivamente, ao guarda-marinha, ao aspirante a oficial e às praças comestabilidade assegurada. Compete aos Comandantes de cada Força ou autoridades às quaistenha sido delegada competência, efetivar o ato de exclusão a bem da disciplina. A praçaexcluída a bem da disciplina não tem direito a qualquer remuneração ou indenização. Perdeseu grau hierárquico, desvinculando-se, por completo, da Força em que serviu, razão pelaqual não poderá integrar a reserva das Forças Armadas.

Page 493: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O militar da ativa, que vier a falecer, será excluído do serviço ativo e desligado daorganização a que estava vinculado, a partir da data da ocorrência do óbito.

18.4. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Comando Exército – admissão 2008 ao QCO/QC 2009) – Acondenação da praça na Justiça Militar da União a pena superior adois anos importa na:a) sua agregação.b) perda de sua função militar.c) exclusão das Forças Armadas.d) suspensão temporária de sua atividade militar na Organização Militar (OM).e) inabilitação para atividade militar.

2. A transferência para a reserva remunerada:a) será concedida ao militar que, voluntariamente, a requeira, desde que conte, no

mínimo, com 60 (sessenta) anos de idade e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição,se for homem.

b) será concedida ao militar que, voluntariamente, a requeira, desde que conte, nomínimo, com 55 (cinquenta e cinco) anos de idade e 30 (trinta) anos de contribuição,se mulher.

c) será concedida ao militar que, voluntariamente, a requeira, desde que conte, nomínimo, com 30 (trinta) anos de serviço.

d) será concedida a pedido, desde que o militar conte, no mínimo com 30 (trinta) anosde serviço, ainda que esteja respondendo a inquérito ou processo em qualquerjurisdição ou cumprindo pena de qualquer natureza.

3. A reforma a pedido será conferida:a) a todos os militares que possuam mais de 30 (trinta) anos de serviço.b) Aplicável, exclusivamente, aos membros do magistério militar, será concedida aos que

possuírem mais de 30 (trinta) anos de contribuição, dos quais 15 (quinze), no mínimo,de tempo de magistério militar, desde que haja previsão neste sentido na legislaçãoespecífica de cada Força singular.

c) Aplicável, exclusivamente, aos membros do magistério militar da Marinha, será

Page 494: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

concedida aos que possuírem mais de 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 10 (dez),no mínimo, de tempo de magistério militar, desde que haja previsão neste sentido nalegislação específica de cada Força singular.

d) Aplicável, exclusivamente, aos membros do magistério militar, será concedida aos quepossuírem mais de 35 (trinta e cinco) anos de serviço, dos quais 10 (dez), no mínimo,de tempo de magistério militar, desde que haja previsão neste sentido na legislaçãoespecífica de cada Força singular.

e) Aplicável, exclusivamente, aos membros do magistério militar, será concedida aos quepossuírem mais de 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 10 (dez), no mínimo, detempo de magistério militar, desde que haja previsão neste sentido na legislaçãoespecífica de cada Força singular.

4. A demissão é o ato exclusão do serviço ativo das Forças Armadasaplicável:a) as praças sem estabilidade.b) as praças com estabilidade.c) as praças e oficiais com estabilidade.d) apenas aos oficiais.e) aos oficiais e praças especiais.

5. Licenciamento é o ato de exclusão do serviço ativo aplicado aosoficiais da reserva convocados, aos guardas-marinhas, aspirantes aoficial e às praças. Assinale a alternativa correta:a) todos os militares licenciados a pedido ou ex officio estão obrigados a indenizar os

cofres públicos pelas despesas com sua formação, preparação e aperfeiçoamento,ante a ausência de previsão legal neste sentido.

b) o licenciamento é um direito concedido ao oficial da reserva convocado, apósprestação do serviço ativo durante seis meses, e à praça engajada ou reengajada,desde que conte, no mínimo, com a metade do tempo de serviço a que se obrigou.

c) o licenciamento a bem da disciplina consiste na exclusão compulsória do serviço ativoda praça com estabilidade assegurada, nos casos descritos nos regulamentosdisciplinares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

d) o licenciamento voluntário, por ser um direito subjetivo, deverá ser concedido aqualquer tempo, após o cumprimento do tempo de serviço que o militar se obrigou,mesmo durante a vigência de estado de sítio.

6. Estão sujeitos à pena de exclusão a bem da disciplina:

Page 495: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

a) apenas a praça com estabilidade assegurada.b) apenas o guarda-marinha e ao aspirante a oficial.c) apenas o guarda-marinha, ao aspirante a oficial e às praças especiais.d) apenas o guarda-marinha, ao aspirante a oficial e às praças sem estabilidade

assegurada.e) apenas o guarda-marinha, ao aspirante a oficial e às praças com estabilidade

assegurada.

Gabarito

1. c 2. c 3. e

4. d 5. b 6. e

1 Conferir art. 94, § 1.º, in fine, da Lei 6.880/1980.2 Salienta-se, no entanto, que, nos casos de reforma ex officio decorrente de incapacidade

definitiva para o serviço ativo, o militar não poderá ser compelido a continuar no exercício desuas funções. Todavia, se a reforma se der a pedido ou ex officio, neste último caso, em razão desentença penal condenatória proferida pelo juízo penal militar (art. 55, g, do CPM) ou de Conselhode Justificação ou de Disciplina, o militar será compelido a continuar no exercício de suasatribuições até ser desligado da OM.

3 O oficial aprovado em concurso público, por vezes, antes de tomar posse em cargo ou empregopúblico civil permanente, pede demissão das Forças Armadas. Nestes casos, o militar serácompelido a continuar no exercício de suas funções até ser desligado da OM que serve. Noentanto, se, durante o processo de desligamento, tomar posse no cargo ou no emprego público civilpermanente, deverá ser imediatamente transferido para a reserva (art. 142, § 3.º, II, da CF/1988,c/c art. 117 da Lei 6.880/1980). Ou seja, na data da posse, deixará de imediato o serviço ativo.

4 Como ressaltado anteriormente, o oficial e a praça com estabilidade assegurada, quandodeclarados desertores, não mais serão excluídos do serviço ativo das Forças Armadas, comopreconizava o art. 128, § 1.º, da Lei 6.880/1980, por força, respectivamente, dos arts. 454, § 1.º, e456, § 4.º, do CPPM. Estes militares serão agregados. A exclusão só será imposta à praça especiale à praça sem estabilidade assegurada (art. 456, § 4.º, 1.ª parte, do CPPM).

5 O conceito de anos de serviço está descrito no capítulo XIX do livro.6 Nos casos em que a inclusão em quota compulsória decorre de pedido do interessado, a

transferência para a reserva remunerada é considera voluntária, razão pela qual o militar só terá

Page 496: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

direito a proventos integrais se contar com mais de 30 (trinta) anos de serviço. Se ainda não tiveratingido 30 (trinta) anos de serviço, fará jus a proventos proporcionais. Em sentido semelhante,conferir acórdão proferido pelo TRF1 na Apelação Cível 1997.39.00.003521-1/PA. Por outrolado, se a inclusão na quota compulsória for involuntária, ou seja, imposta pela Administração, ainativação remunerada será considerada ex officio.

7 O montante da indenização deverá ser proporcional ao tempo de serviço prestado após aconclusão do curso ou estágio. Assim, quanto maior for este menor será aquele. Sobre o tema,remetemos o leitor ao item 18.2.3.3 do presente capítulo.

8 “Processo civil. Servidor público. Oficial da Aeronáutica. Transferência para os quadros dareserva remunerada. Denúncia em processo crime. Art. 97, § 4.º, alínea a, da Lei 6.880/1980.Princípio constitucional da presunção da inocência. Inaplicabilidade. Antecipação dos efeitos datutela. Ausência dos requisitos previstos no artigo 273 do CPC. Agravo regimental prejudicado –Agravo de instrumento provido. 1. omissis. 2. omissis. 3. O agravado foi denunciado por processocrime e por esta razão teve indeferido, administrativamente, o seu pedido de transferência parareserva remunerada, com fundamento no artigo 97, § 4.º, alínea ‘a’ da Lei 6.880/1980, o qual nãofere o princípio constitucional da presunção de inocência, vez que tal princípio é circunscrito aoâmbito penal, consoante entendimento jurisprudencial consolidado pelo E. Supremo TribunalFederal. 4. O § 4.º, alínea a do art. 97 da Lei 6.880/1980, ao impedir a transferência do militar aosquadros da reserva remunerada, quando este estiver respondendo a inquérito ou processo emqualquer jurisdição, reveste-se de natureza acautelatória, pois visa assegurar a persecução penal,assim como evitar eventual prejuízo a Administração, caso, futuramente, venha a ser condenadopelos delitos que lhe foram imputados. 5. Não constitui penalidade, mas sim requisito legal aimposição de trinta anos de serviço militar como condição de transferência para reservaremunerada, assim como é requisito autorizador da concessão do benefício não estar o requerenterespondendo a inquérito policial ou ação penal (artigo 97, § 4.º, alínea a da Lei 6.880/1980). 6.Não visualizado o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, vez que,desaparecido o impedimento temporário ao exercício de seu direito, poderá o agravado pleitearsua transferência para a reserva remunerada, como pretende. 7. Ausente o intuito protelatório oudo abuso do direito de defesa, já que o feito sequer foi contestado pela União Federal. 8. Agravoprovido.” (TRF3. Agravo de Instrumento 211165. Processo: 200403000366484/SP. ÓrgãoJulgador: Quinta Turma. Relatora: Juíza Ramza Tartuce. Data da decisão: 8/11/200. DJU18/02/2005). Confira, ainda, sobre o tema, o art. 393 do CPPM que proíbe, expressamente, atransferência para a reserva do oficial processado ou sujeito a inquérito policial militar.

9 O sursis, na lição de Pedro Henrique Demercian e Jorge Assaf Maluly (Curso de processopenal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 623), tem caráter de pena. No mesmo sentido, Guilhermede Souza Nucci (Manual de direito penal: parte geral: parte especial. 2. ed. rev., atual. e ampl.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 482), para quem o sursis é medida alternativa decumprimento da pena privativa de liberdade. Por conseguinte, ainda que o militar seja beneficiadopela concessão de sursis, não poderá ser transferido a pedido para a reserva remunerada. Este,inclusive, foi o entendimento adotado pelo STF, conforme se depreende do seguinte aresto: “I –Sursis: denegação fundada nos antecedentes do condenado, que elidiriam a presunção de que nãovoltaria a delinquir: impossibilidade de rever em habeas corpus esse prognóstico. II – Sursis:

Page 497: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sendo forma de execução penal, posto sem privação da liberdade, impede, enquanto não extinta apena, a transferência para a reserva remunerada (L. 6.880/1980 – Est. dos Militares –, art. 97, §4.º).” (STF, HC 80.203-6/RJ, Primeira Turma, Relator: Min. Sepúlveda Pertence. DJ 13/10/2000,Ementário 2008-3).

10 Art. 98, I, a, b e c, da Lei 6.880/1980.11 Art. 97, § 1.º, e 101, I, da Lei 6.880/1980.12 “Administrativo. Militar. Pugna por inclusão na quota compulsória. Discricionariedade da

Administração Militar. I – É cediço que a carreira militar tem como alicerce os fundamentos dahierarquia e disciplina, nos termos do art. 142 da CRFB/1988. Outrossim, não se pode admitir queo interesse particular do militar em obter sua imediata passagem para a reserva remunerada sesobreponha ao interesse da Administração Militar, que vem decidindo por mantê-lo em serviçopor mais tempo. II – Reconhece-se, assim, que o ato omissivo questionado nos autos insere-se noâmbito do poder discricionário da Administração Militar, não sendo lícito ao Judiciário imiscuir-se em tal questão. III – Apelação improvida.” (TRF2. AMS 69788. Processo: 2007.51.01.007090-8/RJ. Relator: Desembargador Federal Theophilo Miguel. Órgão Julgador: Sétima TurmaEspecializada. Data decisão: 13/02/2008. DJU 19/02/2008).

13 Art. 103 da Lei 6.880/1980.14 Art. 51, § 1.º, a, da Lei 6.880/1980.15 Art. 102, § 2.º, da Lei 6.880/1980.16 Para as praças da Marinha, conferir Decreto 4.304, de 26 de novembro de 2001. Para as do

Exército e da Aeronáutica, verificar, respectivamente, Decreto 4.853, de 6 de outubro de 2006, e oDecreto 881, de 23 de julho de 1993.

17 Conferir o art. 37 da Lei 5.821/1972.18 Art. 10, parágrafo único, da Lei 6.498, de 7 de dezembro de 1977, que dispõe sobre o

magistério na Marinha.19 O prazo descrito no art. 52, parágrafo único, b, da Lei 6.880/1980, foi ampliado de cinco para

10 (dez) anos, por força do art. 14, § 8.º, II, da CF/1988.20 Art. 50, II, da Lei 6.880/1980.21 Se a inclusão na quota compulsória for voluntária, ou seja, a pedido, os proventos de

inatividade serão proporcionais. Somente os abrangidos involuntariamente pela quota farão jus aproventos integrais. Este, inclusive, foi o entendimento firmado pelo STF no seguinte julgado:“Direito Constitucional, Previdenciário e Administrativo. Militar da Reserva remunerada daAeronáutica. Proventos. Quota Compulsória. Transferência a pedido. Indenizações de habilitaçãomilitar e de compensação orgânica e adicional de inatividade. Direito adquirido. Irredutibilidadede proventos. 1. Havendo o autor, no posto de Tenente Coronel Aviador, com 26 anos de serviçomilitar, requerido sua inclusão na quota compulsória de passagem para a Reserva remunerada daAeronáutica – inclusão voluntária, portanto, e não ‘ex officio’ –, não faz jus a proventos integrais,mas, sim, proporcionais. 2. Interpretação dos arts. 5.º, III, 56, 98, V, 96, II, 97, § 1.º, 98, V, 101, I,II, da Lei 6.880, 9/12/1980. 3. Quanto às indenizações de habilitação militar, de compensação

Page 498: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

orgânica, e adicional de inatividade, é de se observar a Lei 8.237, de 30/09/1991, como decidiu oacórdão recorrido, que não ofende os princípios constitucionais do direito adquirido e dairredutibilidade de vencimentos, soldos e proventos, porque não há direito adquirido a regimejurídico (percentuais de vantagens), nem se verifica redução dos valores percebidosanteriormente. Precedente: RTJ 99/1267. 4. Mandado de Segurança indeferido pelo STJ 5.Recurso Ordinário improvido pelo STF.” (RMS 21789, Relator(a): Min. Sydney Sanches,Primeira Turma, julgado em 2/04/1996, DJ 31/05/1996). No mesmo sentido, conferir, ainda,acórdão proferido pelo TRF1 na Apelação Cível 1997.39.00.003521-1/PA.

22 Art. 50, III, da Lei 6.880/1980, c/c art. 10, § 3.º, da MP 2.215-10/2001.23 Art. 10, § 1.º, II, da MP 2.215-10/2001.24 Para o oficial, no montante de quatro vezes o valor da remuneração, calculado com base no

soldo do último posto do círculo hierárquico a que pertencer. Para a praça, a quantiacorrespondente a quatro vezes o valor da remuneração, calculada com base no soldo de suboficial(Tabela I do Anexo IV da MP 2.215-10/2001).

25 Conferir art. 28 da Lei 6.498, de 7 de dezembro de 1977, que dispõe sobre o magistério naMarinha.

26 Trata-se de presunção legal de que o militar, ao atingir as idades-limites acima, torna-se,terminantemente, inapto ao exercício da atividade militar.

27 Art. 1.º do Decreto 57.272/1965: “Considera-se acidente em serviço, para os efeitos previstosna legislação em vigor relativa às Forças Armadas, aquele que ocorra com militar da ativa,quando: a) no exercício dos deveres previstos no art. 25 do Decreto-Lei 9.698, de 2 de setembrode 1946 (Estatuto dos Militares); b) no exercício de suas atribuições funcionais, durante oexpediente normal, ou, quando determinado por autoridade competente, em sua prorrogação ouantecipação; c) no cumprimento de ordem emanada de autoridade militar competente; d) nodecurso de viagens em objeto de serviço, previstas em regulamentos ou autorizados por autoridademilitar competente; e) no decurso de viagens impostas por motivo de movimentação efetuada nointeresse do serviço ou a pedido; f) no deslocamento entre a sua residência e a organização em queserve ou o local de trabalho, ou naquele em que sua missão deva ter início ou prosseguimento, evice-versa.” O art. 25 do revogado Decreto-Lei 9.698/1946, mencionado na letra a supra,corresponde, atualmente, aos arts. 27 a 31 da Lei 6.880/1980.

28 “Administrativo. Militar. Reforma. Acidente em serviço. Caracterização. Art. 108, inciso III, daLei 6.880/1980. Regulamentação pelo Decreto 57.272/1965. Culpa do militar. Acidente emserviço afastado. 1. Não extrapola os limites fixados pela Lei 6.880/1980, considerada norma decaráter geral, a definição de ‘acidente em serviço’, prevista no art. 1.º, § 2.º, do Decreto57.272/1965, por constituir norma específica. Precedente. 2. Sendo incontroverso nos autos que omilitar agiu com imprudência e negligência no manuseio da arma, descumprindo as normas deserviço e segurança, resta descaracterizado o ‘acidente em serviço’, capaz de determinar a suareforma com base nos arts. 108, inciso III, c.c art. 109, ambos da Lei 6.880/1980. 3. Recursoespecial conhecido e provido.” (STJ. REsp 616.356/RJ, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma,julgado em 22/05/2007, DJ 29/06/2007, p. 692).

Page 499: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

29 Art. 63 da Lei 6.880/1980.30 “Administrativo. Militar. Reforma. Acidente rodoviário em retorno de Férias. Acidente de

serviço não caracterizado. Inexistência de Incapacidade permanente para os atos da vida civil. Lei6.880/1980. I. As férias são o afastamento total do militar do serviço, nos termos do art. 63, da Lei6.880/1980. Destarte, o sinistro rodoviário em auto particular ocorrido no período de férias domilitar, a caminho da base naval onde servia, não caracteriza acidente de serviço para efeito dereforma por invalidez. II. Caso, ademais, em que os laudos militares afirmam inexistirincapacidade para a prática de atos da vida civil e o autor, no curso da lide, não se desincumbiude produzir prova pericial que desconstituísse tal conclusão. III. Apelação a que se negaprovimento.” (AC 93.01.34935-3/DF, Rel. Juiz Aldir Passarinho Junior, Primeira Turma, DJ17/02/1997, p. 6609).

31 “Agravo regimental. Agravo de instrumento. Processo civil e administrativo. Militar.Incapacidade definitiva. Reforma ex officio. Desenvolvimento da doença. Portador assintomático.Distinção não delineada pelo legislador. Remuneração. Soldo correspondente ao grau hierárquicoimediato ao que possuía na ativa. I – É incapaz definitivamente para o serviço ativo das ForçasArmadas, para efeitos de reforma ex officio (art. 106, II, da Lei 6.880/1980), o militar que éportador de síndrome definida no art. 1.º, inciso I, alínea c, da Lei 7.670/1988. Precedente. II – Areforma ex officio de militar, baseada nos arts. 106, II, 108, V, e 109, da Lei 6.880/1980 e art. 1.º,inciso I, alínea c, da Lei 7.670/1988, não comporta discussão acerca do desenvolvimento dadoença, mesmo que o portador seja assintomático, pois tal distinção não foi delineada pelolegislador. Precedente. III – O militar reformado ex officio com base no art. 110, § 1.º, da Lei6.880/1980, tem direito à remuneração calculada com base no soldo correspondente ao grauhierárquico imediato ao que o autor possuía na ativa. Agravo regimental desprovido.” (AgRg noAg 915.540/PR, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 28/02/2008, DJE22/04/2008).

32 Conferir arts. 55, g, e 65 do CPM.33 A reforma do oficial é efetuada no posto que possuía na ativa, com proventos proporcionais ao

tempo de serviço (art. 16, § 1.º, da Lei 5.836/1972).34 A reforma da praça é efetuada no grau hierárquico que possuía na ativa, com proventos

proporcionais ao tempo de serviço (art. 13, § 2.º, do Decreto 71.500/1972).35 Entendemos que a expressão “militar da ativa”, utilizada no art. 109 da Lei 6.880/1980, engloba

também os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial, durante osprazos previstos na legislação que trata do serviço militar, ou durante as prorrogações daquelesprazos, já que estes, por força do art. 3.º, § 1.º, a, II, da Lei 6.880/1980, são consideradosmilitares na ativa.

36 Art. 109 da Lei 6.880/1980.37 “Administrativo. Militar. Diagnóstico de epilepsia. Incapacidade apenas para a vida militar.

Reforma ex officio. Impossibilidade. Praça sem estabilidade assegurada. Art. 111, I e II, da Lei6.880/1980 (Estatuto dos Militares). Recurso especial provido. 1. Hipótese em que cabo doExército, acometido de epilepsia, doença sem relação de causa e efeito com o serviço militar, foi

Page 500: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

desincorporado das fileiras das Forças Armadas, porquanto constatada a sua incapacidadedefinitiva apenas para a vida castrense. 2. Pedido de reforma ex officio, com fundamento no art.111, I e II, da Lei 6.880/1980 (Estatuto dos Militares). Inviável a sua concessão, pois o autor não épraça com estabilidade assegurada, tampouco a enfermidade de que padece o incapacita paraqualquer trabalho. Situação que, portanto, não se ajusta a qualquer das hipóteses autorizadoras detais dispositivos legais. 3. Recurso especial conhecido e provido.” (REsp 242.443/RS, Rel.Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 24/05/2007, DJ 11/06/2007, p.380).

38 É o que ocorre, p. ex., com o militar que, durante o serviço ativo, vem a ser acometido dealienação mental. Neste caso, por força dos arts. 108, V, § 2.º, 109, 110, § 1.º, da Lei 6.880/1980,não se exige relação de causa e efeito com o serviço. Este, aliás, é o entendimento consolidado noâmbito do STJ, conforme se depreende do seguinte julgado: “Direito administrativo. Militar.Doença mental. Incapacidade para qualquer trabalho. Reforma. Possibilidade. Relação de causa eefeito com o serviço. Desnecessidade. Lei 6.880/1980. Recurso especial conhecido e provido. 1.É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o militar incapacitadototal e permanentemente para o serviço, em decorrência de alienação mental, faz jus à reforma coma remuneração calculada com base no soldo correspondente ao grau hierárquico imediato ao quepossuir na ativa, independentemente da existência de relação de causa e efeito entre a doença e aatividade desenvolvida. Inteligência dos arts. 108, V, § 2.º, c/c o 109 e 110, caput, parte final, e §1.º, da Lei 6.880/1980. 2. Recurso especial conhecido e provido.” (REsp 783.680/MG, Rel.Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em 26/06/2007, DJ 20/08/2007, p. 302).

39 Entendemos que o art. 10, § 1.º, II, da MP 2215-10/2001, que prevê o cálculo de proventosproporcionais com base em quotas do soldo correspondentes a um trinta avos do valor do soldopor ano de serviço, não derrogou o art. 65 do CPM, vez que lei geral não revoga lei especial (art.2.º, § 2.º, da LICC).

40 Considera-se, para efeito de cálculo de proventos de reforma, grau hierárquico imediato: a) ode primeiro-tenente, para guarda-marinha, aspirante a oficial e suboficial ou subtenente; b) o desegundo-tenente, para primeiro-sargento, segundo-sargento e terceiro-sargento; c) o de terceiro-sargento, para cabo e demais praças constantes do quadro a que se refere o art. 16 da Lei6.880/1980.

41 “Administrativo. Militar. Portador do vírus HIV. Incapacidade definitiva. Grau dedesenvolvimento. Irrelevância. Direito à reforma com a remuneração calculada com base no grauhierarquicamente imediato. Reexame fático-probatório. Impossibilidade (Súmula 7/STJ). 1.‘Segundo o entendimento firmado pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, o militarportador do vírus HIV tem o direito à reforma ex officio por incapacidade definitiva, com aremuneração calculada com base no posto hierarquicamente imediato, independentemente do graude desenvolvimento da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida – AIDS.’ (AgRg no Ag771007/RJ, Rel. Min. Paulo Gallotti, DJ 5/05/2008) 2. A verificação da incapacidade definitivado servidor militar enseja o reexame fático-probatório contido nos autos, o que esbarra no óbiceda Súmula 7 desta Corte. 2. Agravo interno ao qual se nega provimento.” (AgRg no Ag1041342/RS, Rel. Ministra Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG), Sexta Turma,julgado em 25/09/2008, DJE 13/10/2008).

Page 501: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

42 “Administrativo. Processual civil. Recurso especial. Militar. Incapacidade definitiva para oserviço das Forças Armadas. Reforma no mesmo grau hierárquico. Reexame de matéria fático-probatória. Impossibilidade. Recurso especial conhecido e improvido. 1. Tendo a Corte deorigem, com base no conjunto probatório dos autos, firmado a compreensão de que a perda davisão do olho direito do recorrido deu-se em razão de acidente sofrido durante o serviço militar,que resultou em sua inaptidão para o serviço castrense, rever tal entendimento implicaria reexamede matéria fático-probatória. Incidência da Súmula 7/STJ. 2. Nos termos da Lei 6.880/80,reconhecida a incapacidade do recorrido para a vida militar, em razão de acidente de serviço, suareforma se dará no mesmo grau hierárquico que ocupava enquanto na ativa, independentemente deseu tempo de serviço, sendo despiciendo, em tal situação, que a incapacidade seja para todo equalquer trabalho. 3. Recurso especial conhecido e improvido.” (REsp 692.246/RJ, Rel. MinistroArnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em 10/05/2007, DJ 28/05/2007, p. 390).

“Processual civil. Administrativo. Servidor militar. Acidente em serviço. incapacidade para oserviço nas Forças Armadas. Lei n. 6.880/1980. Reforma ex officio. Remuneração calculada combase no soldo da mesma graduação. Decisão ultra petita. Não-ocorrência. Agravo RegimentalImprovido. 1. Segundo orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, o servidorconsiderado definitivamente incapaz para a atividade militar deve ser reformado ex officio no grauhierárquico em que se encontrava no momento do acidente em serviço, recebendo o soldocorrespondente. 2. Não obstante tenha sido requerida a improcedência do pedido de reforma exofficio no recurso especial interposto pela União, o Superior Tribunal de Justiça pode dar-lheparcial provimento para manter a reforma concedida pelo Tribunal de origem, todavia comobservância da remuneração correspondente ao posto que o militar ocupava na ativa, e não a dosuperior hierárquico, conforme pleiteado, sem que isso caracterize julgamento ultra petita,porquanto a tutela jurisdicional se mostra prestada dentro do conteúdo abrangente do pedidoinicial. 3. Agravo regimental improvido.” (AgRg no Ag 453.549/SC, Rel. Ministro ArnaldoEsteves Lima, Quinta Turma, julgado em 24/05/2005, DJ 1/07/2005, p. 591).

43 Conscritos são os brasileiros que compõem a classe chamada para a seleção, tendo em vista aprestação do Serviço Militar inicial (art. 3.º, n. 5, do Decreto 57.654/1966).

44 Art. 3.º, § 1.º, II, da Lei 6.880/1980.45 Art. 2.º, parágrafo único, da Portaria 422/EMFA, de 21 de fevereiro de 1990, c/c Lei

3.282/1957.46 A transferência para a reserva não remunerada, neste caso, é um imperativo legal (art. 117 da

Lei 6.880/1980) e constitucional (art. 142, § 3.º, II, da CF/1988), razão pela qual o oficial, aotomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, deve ser transferido, imediatamente,para a reserva, independentemente de prévia indenização aos cofres públicos, ainda que essa sejaefetivamente definida. É, portanto, defeso à autoridade militar, nesta hipótese, condicionar ademissão ex officio ao prévio pagamento da indenização prevista no art. 116, I e II, da Lei6.880/1980. Este, inclusive, foi o entendimento adotado pelo TRF3, no seguinte julgado:“Administrativo. Militar. Demissão ex officio. Indenização. Cabimento. Ação de cobrança I – Édevida a indenização à Força Aérea pelo custo em formação pelo ITA ao militar que foi demitidoex officio por assumir novo cargo no serviço público. II – Cabe à Administração Pública valer-se

Page 502: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

de instrumento jurídico próprio para a cobrança do devido, não podendo elevá-lo a pressupostodo desligamento. III – Apelação e remessa oficial parcialmente providas.” (TRF3. AMS 190345.Processo: 199903990427814/SP. Relator: Juiz Fausto de Sanctis. Primeira Turma, DJU5/09/2007).No mesmo sentido: “Administrativo. Militar. Admissão em emprego público. Transferência para areserva não remunerada. Obrigatoriedade, sob pena de restar configurada a sua deserção.Imposição legal e constitucional. 1. Se não for imediatamente transferido para a reserva nãoremunerada, vez que já passou a exercer o emprego público para o qual foi contratado, será oautor considerado desertor pelas leis penais e militares. O direito à contratação, neste caso,encontra-se pacificado pelo Supremo Tribunal Federal através da Súmula n. 16, e a posteriortransferência para a reserva não remunerada configura-se imposição legal e constitucional. 2.Apelação da União Federal e remessa oficial improvidas. Sentença monocrática mantida.” (TRF5.AC 281.506/RN. Processo 2008.84.00.003253-2. Segunda Turma. Relator: DesembargadorFederal convocado Élio Wanderley de Siqueira Filho. DJ 27/01/2003). No mesmo sentido: TRF 2.AI 96.02.37766-6/RJ (Quarta Turma, Rel. Juiz Frederico Gueiros. DJ 13/10/1998).

47 A Suprema Corte sinalizou pela constitucionalidade da Lei 9.297/1996, que, dando novaredação ao art. 117 da Lei 6.880/1980, estabeleceu o pagamento de indenização pelo oficialdemitido ex officio que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ao indeferirpedido de liminar na ADI 1.626 MC, nos seguintes termos: “I. Ação direta deinconstitucionalidade: partidos políticos: legitimação ativa que não depende do requisito dapertinência temática: precedentes. II. Militar: demissão ex officio por investidura em cargo ouemprego público permanente estranho à carreira: indenização das despesas com a formação epreparação do oficial, sem que hajam transcorrido, até a demissão e transferência para a reserva,os prazos estabelecidos em lei (art. 117 do Estatuto dos Militares, cf. redação da L. 9.297);arguição de inconstitucionalidade à qual não se reconhece a plausibilidade bastante a justificar asuspensão liminar da norma.” (ADI 1626 MC, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, TribunalPleno, julgado em 14/08/1997, DJ 26/09/1997).

48 O guarda-marinha e o aspirante a oficial são equiparados aos oficiais, tanto é assim quefrequentam o círculo de oficiais subalternos, por força do art. 15 da Lei 6.880/1980 e do quadroanexo a que se refere o art. 16 desta lei. Por isso, também estão sujeitos ao pagamento deindenização prevista nos arts. 116 e 117 do Estatuto dos Militares. Em sentido semelhante, o STJassim já se manifestou: “Mandado de segurança. Preliminar de incompetência. Desacolhimento.Militares. Praças especiais. Demissão a pedido logo após a conclusão da Escola Naval.Indenização. Cabimento. 1. É competente este Superior Tribunal de Justiça para processar e julgarmandado de segurança impetrado contra o Comandante da Marinha que, ao prestar as informações,defende o ato atacado, encampando-o e investindo-se na condição de autoridade coatora. 2. Odever de indenizar as despesas do Estado com a preparação e a formação dos oficiais, tantoquanto as despesas dos cursos que fizerem no país ou no exterior, é induvidoso, à luz, sobretudo,da letra do artigo 116, inciso II e § 1.º do Estatuto dos Militares, fazendo a lei os militares sujeitosdo dever de indenizar que, de resto, positiva autêntico imperativo ético, ante a renúncia a umavocação pressuposta nos que aspiram ao oficialato nas Forças Armadas e galgam os degraus daascensão às Escolas Militares. 3. Certamente equiparados aos Oficiais no curto espaço de tempo

Page 503: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

entre a conclusão do Ciclo Pós-Escolar dos Cursos de Graduação da Escola Naval e a nomeaçãocomo Segundos-Tenentes, aos Praças Especiais aplica-se a disciplina da indenização inserta noart. 15 da Lei 6.880/1980, sendo secundária e desinfluente a questão terminológica dolicenciamento ou demissão. 4. Ordem denegada.” (STJ. MS 10.789. Processo 200501110084/DF.Terceira Seção. Relator: Hamilton Carvalho. DJ 6/08/2007).Em sentido contrário: “Constitucional. Militar. Licenciamento a pedido. Ressarcimento dedespesas relativas a curso de formação. Impossibilidade. Honorários advocatícios. 1.Constatando-se que o réu, segundo previsão do art. 16, parágrafo 4.º, da Lei n.º 6.880/80, não eraoficial, mas praça especial, inexiste, para a concessão de licenciamento, obrigação deressarcimento ao erário das despesas relativas a cursos de formação realizados em períodoinferior a 05 anos, nos termos dos arts. 115 e 116, II e parágrafo 1.º do mesmo diploma legal; 2.Honorários advocatícios reduzidos para o importe de R$ 1.000,00, (um mil reais), pois, sendovencida a Fazenda Pública, a condenação é de ser estipulada conforme os princípios da equidadee da razoabilidade (nos termos do parágrafo 4.º, do art. 20, do CPC); 3. Apelação provida eremessa oficial parcialmente provida.” (APELREEX 200583000070670, Desembargador FederalPaulo Roberto de Oliveira Lima, TRF5 – Terceira Turma, 18/09/2009).

49 Em decorrência do exposto na nota acima e do princípio da isonomia, entendemos que o prazode cinco anos, descrito no art. 116, II, da Lei 6.880/1980, começa a contar do ato em que sãodeclarados guardas-marinhas ou aspirantes a oficial, pois, nesta condição, prestam serviço militarde forma equiparada aos oficiais, assumindo, na prática, as mesmas responsabilidades e deveresdestes.

50 “Administrativo. Servidor público. Militar. Demissão a pedido. Prazo. Indenização. O oficialque faz curso às expensas da Administração com duração superior a dezoito meses, somente podeobter a demissão a pedido após pagar indenização pelas despesas correspondentes ao curso querealizou. Segurança denegada.” (MS 7.728/DF, Rel. Ministro Félix Fischer, Terceira Seção,julgado em 22/05/2002, DJ 17/06/2002, p. 186).

51 Em sentido semelhante: “Administrativo. Militar. Curso de formação e graduação IME.Vinculação do desligamento do serviço ativo à indenização por não cumprimento de período deserviço obrigatório. I – O art. 116, II, § 1.º, determina que a demissão do militar a pedido seráconcedida com indenização das despesas feitas pela União, com sua preparação e formação,quando contar menos de 5 (cinco) anos de oficialato. II – Não se pode negar, assim, que éobrigação do militar demitido, a seu pedido, indenizar os cofres públicos pelas despesasdecorrentes de sua preparação profissional, face à expressa previsão legal. III – Há de se destacar,todavia, que embora o Estatuto dos Militares exija indenização prévia das despesas feitas pelaUnião Federal com a preparação do oficial para que se efetue o ato demissório, não é razoávelexigir do militar o pagamento prévio do referido valor sem poder ser desligado da carreira militar.IV – Tem-se, desta forma, o direito à imediata exoneração do cargo público, independentemente dopagamento prévio de qualquer tipo de indenização. V – Remessa Necessária e Apelação da UniãoFederal improvidas.” (TRF2. AMS 71.052. Processo 2007.51.01.018870-1/RJ. Sétima TurmaEspecializada. Relator: Desembargador Federal Reis Friede. DJ 13/02/2008).

52 Em sentido análogo: “Administrativo. Militar. Demissão ex officio em razão de nomeação para

Page 504: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

cargo público civil permanente. Ressarcimento por despesas feitas pela União com preparação eformação do militar. Possibilidade. Redução do Valor da indenização proporcionalmente ao tempode serviço prestado como Oficial. Existência de direito. Arts. 50, 115, 116, II e 117 da Lei6.880/1980. I – Até o advento da Lei 9.297/1996 o oficial demitido ex officio não estava obrigadoa indenizar a União pelas despesas com a sua preparação e formação, o que somente ocorria noscasos de demissão ‘a pedido’. A partir de 25/07/1996, entretanto, tal indenização passou a serdevida em todos os casos de demissão. II – O autor, que frequentou o Curso da Escola Naval noperíodo de 1999 a 2003, tem o dever de reembolsar a União pelos gastos com a sua qualificação.III – O ressarcimento das despesas com o estudo do militar não constitui afronta à garantia deensino público gratuito, inserida no art. 206, IV, da Constituição Federal, pois este conta com agarantia de emprego no final do curso, sendo declarado oficial das Forças Armadas, com patente eremuneração assegurados. IV – A fixação do valor da indenização deve obedecer ao princípio daisonomia, ou seja, deve ser proporcional ao tempo em que permaneceu o indivíduo na atividademilitar, após o período dedicado à sua formação profissional. V – O autor foi nomeado para ocargo de Técnico da Receita Federal, não se enquadrando, portanto, naqueles casos em que ooficial, premeditadamente, aufere conhecimentos técnicos para aproveitar uma boa oportunidadena iniciativa privada. VI – Apelação parcialmente provida.” (TRF2. AC 414.336/RJ. Processo200665101023289-8. Quinta Turma Especializada. Relator: Desembargador Federal Antônio CruzNeto. DJU 8/08/2008). No mesmo sentido, os seguintes precedentes do TRF2: AC 305.307/RJ,Processo 19985101021575-0, Sétima Turma Especializada. Relator: Desembargador FederalSérgio Schwaitzer. DJU 31/07/2008 e AC 347.002/RJ, Processo 1999510162491-5, TurmaEspecializada. Relator: Desembargador Federal Sérgio Schwaitzer. DJU 6/03/2008. Conferir,ainda, TRF1, AC 2000.01.00.061800-8/BA, Rel. Desembargador Federal José Amilcar Machado,Primeira Turma, e-DJF1 27/01/2009, p. 6.

53 Art. 118, parágrafo único, da Lei 6.880/1980.54 Neste sentido, colaciona-se trecho do voto proferido pelo Exmo. Sr. Min. do STF Marco

Aurélio, no MS 23.138-9/DF, que assim dispôs: “O contexto é conducente a concluir-se que areferência a civis envolve o conceito vernacular estrito, não se podendo, assim agasalhar acandidatura de quem, muito embora inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, detém ainda apatente de tenente-coronel. Nem se diga que a assunção do cargo de Ministro do Superior TribunalMilitar ocasionará o afastamento, em definitivo, das Forças Armadas. (...) Em segundo lugar, oinciso II do § 3.º do art. 142 da Constituição Federal não contempla o afastamento definitivodas Forças Armadas ao dispor sobre a situação do militar em atividade que tome posse emcargo ou emprego público civil permanente. A consequência jurídica constitucional é a passagempara a reserva. Destarte, continuará o litisconsorte, ainda que empossado no Superior TribunalMilitar, a ostentar a qualificação de militar da reserva e, assim, terá situação, em vaga destinada acivil, que nem mesmo foi preservada relativamente aos militares. (...) A não ser assim, ombreandocom oficiais-generais da ativa e quatro estrelas, estará tenente-coronel da reserva, diminuindo-se acota destinada aos civis, e aumentando-se, de forma discrepante das balizas constitucionais, arelativa aos oficiais militares. A composição mesclada, prevista constitucionalmente, outroobjetivo não tem senão contar, como já ressaltado, com a experiência militar e a experiência civilde forma separada e, portanto, individualizada.”

Page 505: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Em sentido assemelhado, reconhecendo a condição de militar da reserva aos oficiais demitidosnos termos acima expostos: “Administrativo e processo civil. Militar demissionário – Pensãomilitar – MP 2.215-10/2001. Contribuição específica de 1,5%. 1 – O militar demissionário,conquanto não perceba qualquer remuneração, ingressa na reserva no mesmo que posto que tinhano serviço ativo, tendo a sua situação regida pelo Regulamento do Corpo de Oficiais da Reservada respectiva Força (art. 116, § 3.º, da Lei 6.880/1980); razão pela qual se infere que o mesmoconserva a condição de militar, podendo ser beneficiado pelo art. 31 da MP 2.215-10/2001, quelhe assegura a possibilidade de continuar contribuindo para a pensão militar isolada, de acordocom o que antes previa o art. 2.º da Lei 3.765/1960. 2 – A utilidade da contribuição em testilha,por certo, reside na possibilidade de assegurar pensionamento às filhas maiores de ex-militar –que não mais são previstas como dependentes –. Ressalte-se que o art. 31 da MP 2.215-10/2001expressamente ressalva os benefícios da redação original da Lei 3.675/1960, dentre os quais seinsere o rol de dependentes do militar, o qual, por sua vez, excluía apenas os filhos do sexomasculino, maiores de vinte e um anos (art. 7.º). 3 – Apelação e remessa necessária desprovidas.”(Tribunal – Segunda Região. AMS – Apelação em Mandado de Segurança – 54642. Processo:2001.51.01.017865-1. UF: RJ. Órgão Julgador: Sexta Turma. Data Decisão: 19/10/2004. DJU27/10/2004).

55 Art. 50, IV, p, da Lei 6.880/1980.56 O art. 121, § 1.º, da Lei 6.880/1980 utiliza a expressão “poderá ser concedido” o pedido de

licenciamento nos casos nela listados. Entendemos, no entanto, que, em tempo de paz, uma vezpreenchidos os requisitos legais, o pedido de licenciamento voluntário deve ser deferido. É quenestes casos a concessão não se insere no âmbito da discricionariedade, mas, sim, da vinculação.Trata-se de um direito conferido aos militares (art. 50, IV, p, da Lei 6.880/1980). Assim, sóexcepcionalmente, nos casos previamente definidos em lei, o direito ao licenciamento voluntáriopoderá suspenso, como nas hipóteses descritas no art. 123 da Lei 6.880/1980. Eventualindeferimento do pedido, a margem dos casos legais de suspensão do licenciamento, materializaráofensa ao art. 5.º, II e XIII, da CF/1988.

57 Praça engajada é a incorporada que solicita, voluntariamente, a prorrogação do tempo deserviço militar.

58 Praça reengajada é a que solicita prorrogação do tempo de serviço, uma vez terminado oengajamento.

59 Exemplificando: os oficiais temporários que não sejam egressos de OFOR poderão atingir otempo máximo de oito anos de serviço, computando-se uma convocação e prorrogações sucessivasde doze meses (art. 25 do Decreto 4.502/2002, com redação dada pelo Decreto 6.790/2009).Sendo assim, uma vez atingido o tempo máximo de oito anos, a autoridade competente deverápromover o licenciamento do oficial temporário do Exército.

60 DI PIETRO. Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.204.

61 “Recurso especial. Administrativo. Militar temporário. Licenciamento. Ato discricionário.Razões. Teoria dos motivos determinantes. Vinculação. Vício. Anulação. Moléstia. Incapacidadedefinitiva. Reforma ex officio. I – Apesar de o ato de licenciamento de militar temporário se

Page 506: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

sujeitar à discricionariedade da Administração, é possível a sua anulação quando o motivo que oconsubstancia está eivado de vício. A vinculação do ato discricionário às suas razões baseia-se naTeoria dos Motivos Determinantes. II – É incapaz definitivamente para o serviço ativo das ForçasArmadas, para efeitos de reforma ex officio (art. 106, II, da Lei 6.880/1980), o militar que éportador de síndrome definida no art. 1.º, inciso I, c, da Lei 7.670/1988. Recurso conhecido edesprovido.” (REsp 725.537/RS, Rel. Ministro Félix Fischer, Quinta Turma, julgado em19/05/2005, DJ 1/07/2005, p. 621).

62 Conferir, por exemplo, o art. 27 do RDAer.63 “Agravo regimental em recurso extraordinário. Policial militar. Licenciamento ‘ex officio’, sem

que fosse instaurado o procedimento administrativo disciplinar. Inobservância ao princípio docontraditório e da ampla defesa. 1. A Constituição Federal assegura aos litigantes, em processojudicial ou administrativo, e aos acusados em geral, o contraditório e a ampla defesa, com osmeios e recursos a eles inerentes. 2. Alegação de que o policial militar está vinculado aregulamento próprio, que permite a aplicação da penalidade de licenciamento ‘ex officio’, e, porisso, inaplicáveis as Súmulas 20 e 21, desta Corte. Argumentação insubsistente. O preceitoconstitucional inserto no art. 5.º, LV, não fez qualquer distinção entre civis e militares. Aocontrário, aos litigantes em geral assegurou o contraditório e a ampla defesa, em processo judicialou administrativo. Agravo regimental não provido.” (RE 206.775 AgR, Relator(a): Min. MaurícioCorrêa, Segunda Turma, julgado em 14/04/1997, DJ 29/08/1997).“Administrativo. Militar temporário. Licenciamento a bem da disciplina. Ato motivado.Sindicância. Necessidade do contraditório e da ampla defesa. 1 – O militar temporário pode serlicenciado sem motivação. Se o licenciamento deu-se a bem da disciplina, ato motivado,vinculado, sujeita-se à apuração da veracidade, obedecido o devido processo legal – due processof law. 2 – Precedentes (REsp. 260181/RJ, Min. José Arnaldo da Fonseca e ROMS 11.194/PE,Min. Fernando Gonçalves). 2 – Recurso que se conhece, nos termos acima expostos, porémdesprovido.” (REsp 250.566/RS, Rel. Ministro Jorge Scartezzini, Quinta Turma, julgado em25/06/2004, DJ 2/08/2004).

64 Para fins de indenização, o guarda-marinha e o aspirante a oficial são equiparados a oficiais,como exposto no item 18.2.3.3. supra.

65 De acordo com o art. 1.º, III, do Decreto 99.425/1990, para fins de pagamento do pecúlio, nãointegram a remuneração as parcelas percebidas a título de: a) diárias; b) ajuda de custo; c)indenização de transporte; d) auxílio ou adiantamento para aquisição de uniformes; e) indenizaçãode etapas; f) décimo terceiro salário (gratificação de natal); g) adicional de férias. O STJ firmouentendimento pela legalidade do referido artigo, como se depreende do seguinte aresto: “Recursoespecial. Administrativo. Militar. Licenciamento. Compensação pecuniária. Base de cálculo.Adicional de férias e gratificação natalina. Exclusão. Lei 7.963/1989 e Decreto 99.425/1990.Recurso especial conhecido e provido. 1. É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiçano sentido de ser válido o Decreto 99.425/1990, que, ao regulamentar a Lei 7.963/1989, excluiuda base de cálculo da compensação pecuniária devida aos militares quando de seu licenciamentoas parcelas correspondentes a adicional de férias e a gratificação natalina. Precedentes. 2.Recurso conhecido e provido.” (REsp 353.316/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta

Page 507: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Turma, julgado em 6/06/2006, DJ 26/06/2006, p. 184).66 Para efeito de apuração dos anos de efetivo serviço, a fração de tempo igual ou superior a cento

e oitenta dias será considerada um ano.67 “Administrativo. Militares temporários. Compensação pecuniária da Lei 7.963/1989. Inclusão

do tempo de serviço militar obrigatório. Improcedência. 1. O comando normativo do § 2.º do art.1.º da Lei 7.963/1989 expressamente exclui o tempo de serviço militar obrigatório do cálculo dacompensação pecuniária devida ao militar temporário, portanto incabível a pretensão decomputar-se tal período, devendo a verba ser paga em relação ao restante do período de serviçomilitar. 2. Apelações conhecidas e improvidas.” (TRF4, AC 2002.70.02.006994-6, TerceiraTurma, Relator Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, DJ 9/03/2005).

68 Também não fazem jus à compensação a praça licenciada ex officio por condenação transitadaem julgado (art. 3.º da Lei 7.963/1989).

69 Art. 29 do Decreto 4.307/2002.70 “Administrativo. Recurso especial. Militar. Licenciamento ex officio. Direito à opção de

modalidade de indenização de transporte. Decreto 986/1993. 1. O militar licenciado ex officio temdireito a optar pelo direito ao transporte ou pela respectiva indenização, nos termos do art. 7.º doDecreto 986/1993. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” (AgRg no REsp 793.634/RJ,Rel. Ministra Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG), Sexta Turma, julgado em25/09/2008, DJE 13/10/2008).O Decreto 986/1993, mencionado no acórdão acima, foi revogado, por força do art. 101 doDecreto 4.307/2002. Todavia, a previsão normativa contida no art. 7.º do decreto revogado foireproduzida, literalmente, pelo art. 29 do Decreto 4.307/2002, razão pela qual o entendimento doSTJ continua válido.

71 Art. 34, parágrafo único, da Lei 4.375/1964 c/c art. 30 do Decreto 4.307/2002.72 Art. 123 da Lei 6.880/1980.73 “Recurso especial. Administrativo. Militar – Praça. Licenciamento. Impossibilidade. Processo

criminal na jurisdição militar. Art. 31, § 5.º da Lei 4.375/1964. Interpretação. Da leitura doreferido dispositivo não se extrai que a praça que tenha concluído seu tempo de serviço, masesteja respondendo a um processo criminal junto ao Foro Militar, não possa licenciar-se.Interpretação equivocada da recorrente. Recurso desprovido.” (REsp 328.907/SC, Rel. MinistroJosé Arnaldo da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 18/02/2003, DJ 24/03/2003).“Administrativo. Serviço público. Militar temporário. Pedido de licenciamento. Indeferimento.Inquérito policial militar. Ilegalidade. Concluído o período de engajamento, não há amparo legalpara indeferimento de pedido de licenciamento, ainda que o militar esteja respondendo a inquéritopolicial no foro militar. Precedentes. Recurso improvido.” (REsp 359.894/PR, Rel. MinistroPaulo Gallotti, Sexta Turma, julgado em 2/09/2003, DJ 27/03/2006).

74 “Administrativo. Servidor público militar. Anulação do ato da incorporação e consequenteexclusão dos quadros do Exército. Legalidade. Comprovação de doença pré-existente. Laudopericial e prova testemunhal desfavoráveis à pretensão autoral. Incapacidade somente para o

Page 508: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

serviço militar e não para atividades civis. Ausência dos requisitos dos art. 111, inc. II, da Lei6.880/1980. Retorno ao labor na condição de celetista. Isenção de custas. Assistência judiciáriagratuita. Praça não estável não faz jus à reforma ex officio por moléstia pré-existente à suaincorporação e sem relação de causa e efeito com o serviço militar. 2. Designação de períciajudicial comprovou ser o autor portador de doença pré-existente à sua incorporação às fileiras doExército, bem como, que a moléstia diagnosticada causa incapacidade somente para as atividadesmilitares. 3. Ausência de comprovação do acidente em serviço ou nexo de causalidade com adoença adquirida. 4. Após a anulação de seu ato de ingresso, o autor laborou em atividades civis.5. Praticada a dispensa em observância ao disposto nas Leis 6.880/1980, 4.375/1964 e Decreto57.654/1966, que preveem a hipótese de anulação de incorporação de militar se verificadasirregularidades no procedimento administrativo próprio, ressaltando a prevalência do interesse dainstituição militar, inexiste amparo à pretensão de anulação do ato impugnado. 6. Isenção de custase honorários, tendo em vista que o autor encontra-se sob o pálio da assistência judiciária gratuita.7. Apelação e remessa oficial providas. Sentença reformada.” (TRF1. AC 2002.38.00.009622-9/MG, Rel. Juíza Federal Kátia Balbino de Carvalho Ferreira (conv.), Segunda Turma, DJ14/06/2007, p. 28).

75 Todavia, se a incapacidade definitiva para o serviço militar sobrevir em consequência de umadas hipóteses descritas no art. 108, I, II, III, IV e V, da Lei 6.880/1980, ocorridas durante aprestação do serviço militar, o cidadão que o estiver prestando, por ser considerado militar daativa para todos os efeitos legais (art. 3.º, § 1.º, a, II, da Lei 6.880/1980), não poderá serdesincorporado. Deverá ser reformado, independentemente do tempo de serviço que possuir, tendoseus proventos de inatividade calculados na forma prevista no Estatuto dos Militares (arts. 109 e110, § 1.º, da Lei 6.880/1980). Desse modo, a praça que estiver prestando serviço militarobrigatório somente será desincorporada quando for julgada incapaz definitivamente para oserviço militar por força acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem causa e efeito com oserviço, pois, neste caso, o direito à reforma é reconhecido apenas aos militares com estabilidadeassegurada (art. 111, I, da Lei 6.880/1980).

76 Art. 102 do CPM.77 “Policial militar. Exclusão. Direito de defesa. A partir do momento em que a exclusão se faz

considerados certos fatos, a macularem a conduta do policial militar, indispensável e aobservância do devido processo legal, estabelecendo-se o contraditório e viabilizando-se oexercício do lídimo direito de defesa. Na dicção sempre oportuna de José Cretella Júnior, a regrada ampla defesa abrange a do contraditório, completando-se os princípios que as informam e quese resumem no postulado da liberdade integral do homem diante da prepotência do Estado(Comentários a Constituição de 1988, p. 534). Sentença e acórdão prolatados em homenagem agarantia constitucional do inciso LV do art. 5.º da Carta de 1988 no que culminaram na declaraçãode insubsistência do ato de licenciamento e reintegração do servidor público militar com oressarcimento de prejuízos havidos.” (RE 191.480, Relator(a): Min. Marco Aurélio, SegundaTurma, julgado em 7/03/1996, DJ 26/04/1996). No mesmo sentido: RE 362.274 AgR (Relator(a):Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado em 18/10/2005, DJ 11/11/2005).

Page 509: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

19.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na apuração do tempo de serviço militar, o Estatuto dos Militares determina queseja feita distinção entre o tempo de efetivo serviço e os anos de serviço1. De fato, adiferenciação se faz necessária, uma vez que um ou outro, por vezes, são fatosgeradores de direitos estabelecidos na legislação castrense, como, por exemplo, aestabilidade, que é assegurada à praça com 10 (dez) ou mais anos de tempo de efetivoserviço, o direito à inatividade remunerada com proventos integrais, se contar commais de trinta anos de serviço, etc.

19.2. TEMPO DE EFETIVO SERVIÇO

19.2.1. Conceito

É o espaço de tempo computado dia a dia entre a data de ingresso e a data limiteestabelecida para a contagem ou a data do desligamento em consequência da exclusãodo serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado.

19.2.2. Cômputo

Inicia-se a contagem de tempo de serviço nas Forças Armadas a partir da data deingresso em qualquer organização militar da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.Considera-se data de ingresso, para fins de contagem de tempo de efetivo serviço: a) ado ato em que o convocado ou voluntário é incorporado em uma organização militar;b) a de matrícula como praça especial; c) a do ato de nomeação.

No caso de reinclusão às hostes militares, a contagem do tempo de serviço será

Page 510: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

reiniciada a partir da data da sua efetivação.O tempo de serviço como aluno de órgão de formação da reserva é computado,

apenas, para fins de inatividade, na base de um dia para cada período de oito horas deinstrução, desde que concluída com aproveitamento a formação militar2. Entendemosque a fixação do limite mínimo de horas diárias para o cômputo de tempo de serviçoviola os princípios da razoabilidade e da isonomia, pois, enquanto alunos de órgão deformação, estes cidadãos são considerados militares da ativa (art. 3.º, IV, da Lei6.880/1980), estando sujeitos ao ordenamento jurídico castrense, inclusive aosregulamentos disciplinares, como qualquer outro militar. Logo, não há razão para lhesimprimir a restrição em comento3.

Quando, por motivo de força maior, oficialmente reconhecido, decorrente deincêndio, inundação, naufrágio, sinistro aéreo e outras calamidades, faltarem dadospara contagem de tempo de serviço, caberá ao Comandante da Marinha, do Exército eda Aeronáutica arbitrá-lo, caso a caso, baseando-se nos elementos disponíveis.

No período em que o militar estiver em operações de guerra, o tempo de serviçoem campanha será computado em dobro como tempo de efetivo serviço, para todosos efeitos, exceto indicação para a quota compulsória.

Será, também, computado como efetivo serviço o tempo passado dia a dia nasorganizações militares, pelo militar da reserva convocado ou mobilizado, no exercíciode funções militares.

O tempo que o militar passou ou vier a passar afastado do exercício de suasfunções, em consequência de ferimentos recebidos em acidente quando em serviço,combate, na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constituídos, da lei e da ordem,ou em virtude de moléstia adquirida no exercício de qualquer função militar, serácomputado como se o tivesse passado no exercício efetivo daquelas funções.

No cômputo do tempo de efetivo serviço, não serão deduzidos os afastamentospor motivos de núpcias, luto, instalação, trânsito, férias e gozo de licença especial4.

Por força do art. 137, § 4.º, da Lei 6.880/1980, não será computável para efeitoalgum, salvo para fins de indicação para a quota compulsória, o tempo: a) queultrapassar um ano, contínuo ou não, em licença para tratamento de saúde de pessoada família; b) passado em licença para tratar de interesse particular ou paraacompanhar cônjuge ou companheiro(a); c) passado como desertor; d) decorrido emcumprimento de pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo oufunção por sentença transitada em julgado5; e) decorrido em cumprimento de penarestritiva da liberdade, por sentença transitada em julgado, desde que não tenha sidoconcedida suspensão condicional de pena, quando, então, o tempo correspondente ao

Page 511: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

período da pena será computado apenas para fins de indicação para a quotacompulsória e o que dele exceder, para todos os efeitos, caso as condições estipuladasna sentença não o impeçam6.

19.3. ANOS DE SERVIÇO

19.3.1. Conceito

Anos de serviço é a expressão que designa o tempo de efetivo serviço, com osacréscimos legais, transformados em anos, por meio da divisão do total em dias por365 (trezentos e sessenta e cinco).

19.3.2. Acréscimos

São acréscimos legais ao tempo de efetivo serviço, para fins de cálculo de anosde serviço7: a) tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, prestado pelomilitar anteriormente à sua incorporação, matrícula, nomeação ou reinclusão emqualquer organização militar; b) um ano para cada cinco anos de tempo de efetivoserviço prestado pelo oficial dos diversos corpos, quadros e serviços que possuircurso universitário, reconhecido oficialmente, desde que esse curso tenha sidorequisito essencial para a sua admissão nas Forças Armadas, até que este acréscimocomplete o total de anos de duração normal do respectivo curso, sem superposição aqualquer tempo de serviço militar ou público eventualmente prestado durante arealização do curso8; c) tempo de serviço computável durante o período matriculadocomo aluno de órgão de formação da reserva; d) o tempo de serviço relativo a cadalicença especial não gozada, contada em dobro9; e) tempo relativo a férias nãogozadas, contado em dobro10; f) 1/3 (um terço) para cada período consecutivo ou nãode dois anos de efetivo serviço passados pelo militar nas guarnições especiais daCategoria “A”, a partir da vigência da Lei 5.774, de 23 de dezembro de 197111.

Estes acréscimos serão computados somente no momento da passagem do militarpara a inatividade remunerada, razão pela qual não podem ser contabilizados para finsde aquisição de estabilidade de militar temporário12.

Na contagem dos anos de serviço, não poderá ser computada qualquersuperposição dos tempos de serviço público federal, estadual e municipal ou passadoem administração indireta, entre si, nem com os acréscimos de tempo, para ospossuidores de curso universitário (vide letra b supra), e nem com o tempo de serviçocomputável após a incorporação em organização militar, matrícula em órgão de

Page 512: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

formação de militares ou nomeação para posto ou graduação nas Forças Armadas13.

19.4. RESUMO DA MATÉRIA

Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo computado dia a dia entre a data deingresso e a data limite estabelecida para a contagem ou a data do desligamento emconsequência da exclusão do serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado.Inicia-se a contagem de tempo de serviço nas Forças Armadas a partir da data de ingressoem qualquer organização militar da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica. No período emque o militar estiver em operações de guerra, o tempo de serviço em campanha serácomputado em dobro como tempo de efetivo serviço, para todos os efeitos, exceto indicaçãopara a quota compulsória.

Anos de serviço é a expressão que designa o tempo de efetivo serviço, com os acréscimoslegais, transformados em anos, por meio da divisão do total em dias por 365 (trezentos esessenta e cinco). Estes acréscimos serão computados somente no momento da passagem domilitar para a inatividade remunerada.

19.5. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (MPM – Promotor 1999) – Quanto ao tempo de serviço de militar preso,cumprindo execução de , aplicada pela Justiça Militar, podemosafirmar que:a) Não será computado como tempo de serviço, nem produzirá a remissão da pena.b) Será computado como tempo de serviço, importando os dias trabalhados na remissão

da pena, tal qual na Lei de Execução Penal.c) Será computado apenas para fins previdenciários, se a prisão permitir o exercício

laboral.d) Não será computado como tempo de serviço somente se a condenação for superior a

dois anos, quando a pena será executada em prisão civil.

2. Assinale a alternativa incorreta:a) O tempo de serviço como aluno de órgão de formação da reserva é computado,

apenas, para fins de inatividade, na base de um dia para cada período de oito horasde instrução, desde que concluída com aproveitamento a formação militar.

b) No período em que o militar estiver em operações de guerra, o tempo de serviço em

Page 513: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

campanha será computado em dobro como tempo de efetivo serviço, para todos osefeitos, inclusive indicação para a quota compulsória.

c) No cômputo do tempo de efetivo serviço, não serão deduzidos os afastamentos pormotivos de núpcias, luto, instalação, trânsito, férias e gozo de licença especial.

d) Anos de serviço é a expressão que designa o tempo de efetivo serviço, com osacréscimos legais, transformados em anos, por meio da divisão do total em dias por365 (trezentos e sessenta e cinco).

Gabarito

1. a 2. b

1 Art. 135 da Lei 6.880/1980.2 Art. 134, § 2.º, da Lei 6.880/1980, e art. 198, § 1.º, do Decreto 57.654/1966.3 Em sentido assemelhado, o TRF4, na AMS 2004.71.00.014358-1/RS (relator: Des. Federal

Edgar Lippmann Jr., DJU de 19/04/2006), ao nosso sentir, acertadamente, reconheceu o direito àaverbação de tempo de serviço de militar a aluno do Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva– NPOR que teve, apenas, quatro horas diárias de instrução. O voto do relator acolheu o parecerministerial que assim dispunha: “(...) não se mostra correta a decisão da Administração emreconhecer, como tempo de serviço, apenas a metade do período (260) dias postulado peloimpetrante, época em que foi aluno do Curso de Artilharia do Núcleo de Oficiais da Reserva(NPOR) de Santa Maria/RS. O fato de ter o referido curso apenas 4 (quatro) horas diárias deinstrução, e o art. 134, § 2.º, da Lei 6.880/1980, determinar que o tempo de serviço como aluno deórgão de formação da reserva seja computado para fins de inatividade à razão de 1 (um) dia paracada período de 8 horas de instrução, não podem ser o adotado como parâmetro no caso em tela,sob pena de violação ao princípio da isonomia. Não é plausível que a atividade desempenhadapor um militar cursista, que está plenamente disponível ao Exército Brasileiro, sendo regido portodas as disposições estatutárias e disciplinares da carreira dos militares, venha a ser tratada deforma diferente, especialmente no que tange à averbação de tempo de serviço, das tarefasrealizadas pelos demais integrantes da Forças Armadas. O art. 136, da Lei 6.880/1980, de dispõesobre a contagem do tempo de serviço para fins de inatividade deve ser interpretado de maneiraisonômica, de forma a englobar aqueles militares que, em prol do aperfeiçoamento da defesanacional, prestaram cursos preparatórios e estiveram sujeitos às mesmas regras e normatizaçõesdisciplinares impostas aos seus ‘colegas’, ficando também à disposição dos serviços militares.Outrossim, tratando-se de prova negativa a pertinente à carga horária do Curso de Artilharia doNúcleo de Oficiais da Reserva (NPOR) de Santa Maria/RS, cumpria à apelante desta se

Page 514: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

desincumbir – não o fez. Desta forma, deve ser mantida a sentença (...) de forma a garantir aoimpetrante a averbação integral do tempo de serviço prestado como aluno do Curso de Artilhariado núcleo de Oficiais da Reserva (NPOR) de Santa Maria/RS.”

4 Atualmente, por força do art. 33 da MP 2.215-10/2001, somente os períodos de licença especialadquiridos até 29 de dezembro de 2000 poderão ser gozados.

5 Trata-se de pena principal descrita no art. 55, f, do CPM. A pena de suspensão do exercício doposto, graduação, cargo ou função, consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou nadisponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seucomparecimento regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, paraqualquer efeito, o do cumprimento da pena (art. 64 do CPM).

6 Neste caso, se o militar for condenado, por exemplo, à pena de um ano de reclusão, masbeneficiado com sursis de seis anos, período máximo de prova, nos termos do art. 84 do CPM, otempo correspondente à pena, ou seja, o período de um ano, não será computado para efeito algum,salvo indicação para a quota compulsória. Todavia, o período que dela (pena) exceder, i.e., oscinco anos restantes do sursis, será computado para todos os efeitos legais (interstício parapromoção, melhoria de comportamento, aquisição de férias, transferência para a reserva, etc.),salvo se as condições impostas na sentença impedirem o cumprimento regular das atividadesmilitares. Em sentido assemelhado, o TRF5 assim decidiu: “Administrativo. Agravo deinstrumento. Militar. Lei 6.880/1980. Tempo de serviço. Reconhecimento. 1. A concessão de tutelaantecipada deve ser deferida quando o direito do requerente se mostre verossímil e a demora dadecisão venha a provocar dano irreparável ou de difícil reparação. Presença dos pressupostos. 2.Concedida a suspensão condicional de pena imposta por sentença penal militar transitada emjulgado, o tempo correspondente ao período da reprimenda será computado apenas para fins deindicação para a quota compulsória. O intervalo que exceder, entretanto, há de ser consideradopara todos os efeitos. Inteligência do art. 137, § 4.º, e, da Lei 6.880/1980. 3. Agravo deinstrumento parcialmente provido. Pedido de reconsideração prejudicado.” (TRF5. AGTR 80035-PE (2007.05.00.061201-4), Rel. Des. Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria, Segunda Turma).

7 Art. 137, I a VI, da Lei 6.880/1980.8 Por força do art. 37 da MP 2.215-10/2001, o acréscimo em questão foi assegurado apenas para

os militares que tenham prestado efetivo serviço nas condições aqui descritas, até o dia 29 dedezembro de 2000.

9 Por força do art. 33 da MP 2.215-10/2001, a licença especial prevista no art. 68 da Lei6.880/1980 está suspensa. Assegurou-se, no entanto, aos militares que adquiriram períodos delicença especial até 29 de dezembro de 2000, seu usufruto ou a contagem em dobro para efeito deinatividade.

10 Em razão do art. 36 da MP 2.215-10/2001, o acréscimo em questão está suspenso. Garantiu-se,no entanto, aos militares que tinham períodos de férias não gozadas, adquiridos até 29 dedezembro de 2000, a contagem em dobro para efeito de inatividade.

11 “Recurso especial. Administrativo. Militar. Antecipação da tutela. Requisitos. Reexame deprova. Inatividade. Cômputo do tempo de serviço. Localidade especial. Acréscimo permitido. Art.

Page 515: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

137, VI, Lei 6.880/1980. I – Não se conhece do recurso especial por ofensa ao art. 273, do CPC,pois a constatação dos requisitos legais para a concessão da tutela antecipada demanda reexamede provas (Súmula 7/STJ). II – A teor do disposto no art. 137, inciso VI e § 1.º, da Lei6.880/1980, afigura-se legítimo o acréscimo de 2 (dois) anos, correspondente ao período passadoem localidade especial, no tempo de serviço do militar. Com isso, a totalização do tempo deefetivo serviço alcançou o lapso temporal necessário ao ingresso do militar na inatividade.Recurso não-conhecido.” (REsp 443.234/RS, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgadoem 14/10/2003, DJ 17/11/2003, p. 357).

12 Súmula 346 do STJ: “É vedada aos militares temporários, para aquisição de estabilidade, acontagem em dobro de férias e licenças não-gozadas.”

13 “Processual civil. Administrativo. Militar. Contagem do tempo de Serviço. Averbação.Superposição comprovada. Art. 143 da Lei 6.880/1980 e art. 37 da Medida Provisória2.215/2001. Ação objetivando condenar a União Federal a proceder a averbação do acréscimo dotempo de serviço prestado junto ao Ministério da Aeronáutica, referente ao período acadêmico,bem como, em consequência, obter aumento em sua remuneração. Depreende-se pelos documentosjuntados que o militar, durante o período em que frequentava o curso de cirurgião dentista,prestava serviço como Terceiro Sargento, vedando o art. 143 da Lei 6.880/1980 a superposição detempo de serviço, razão por que não pode prosperar a pretensão do Impetrante. O referidoacréscimo era permitido, sem a superposição do período de curso acadêmico com o de serviçoativo, isto é, mesmo com a redação do art. 37 da MP 2.115/2001, permanece a proibição desuperposição de tempo de serviço, se combinarmos a referida Medida Provisória com o art. 143do Estatuto dos Militares.” (TRF2. AMS 51.668. Processo: 200251010124439/RJ. Relator:Desembargador Federal Paulo Espírito Santo. Quinta Turma Especializada. DJU 5/11/2007).

Page 516: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

CÍRCULOS E ESCALA HIERÁRQUICA NA FORÇAS ARMADAS

Hierarquização Marinha Exército Aeronáutica

Círculo deoficiais –Postos

Círculo de oficiais-generais

Almirante Marechal Marechal do Ar

Almirante deEsquadra

General deExército Tenente-Brigadeiro

Vice-Almirante General deDivisão Major-Brigadeiro

Contra-Almirante

General deBrigada Brigadeiro

Círculo deoficiais –Postos

Círculo de OficiaisSuperiores

Capitão de Mare Guerra Coronel Coronel

Capitão deFragata

Tenente-Coronel Tenente-Coronel

Capitão deCorveta Major Major

Círculo deoficiais –Postos

Círculo de OficiaisIntermediários

Capitão-Tenente Capitão Capitão

Círculo deoficiais –Postos

Círculo de OficiaisSubalternos

Primeiro-Tenente

Primeiro-Tenente Primeiro-Tenente

Segundo-Tenente

Segundo-Tenente Segundo-Tenente

Suboficial Subtenente Suboficial

Page 517: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Círculo dePraças –Graduações

Círculo de Suboficiais,Subtenentes eSargentos

Primeiro-Sargento

Primeiro-Sargento Primeiro-Sargento

Segundo-Sargento

Segundo-Sargento Segundo-Sargento

Terceiro-Sargento

Terceiro-Sargento Terceiro-Sargento

Círculo dePraças –Graduações

Círculo de Cabos eSoldados

Cabo Cabo eTaifeiro-Mor Cabo e Taifeiro-Mor

MarinheiroEspecializadoSoldadoEspecializadoMarinheiro eSoldadoMarinheiro-RecrutaRecruta

SoldadoTaifeiro dePrimeira-ClasseSoldado-RecrutaTaifeiro deSegunda-Classe

Soldado dePrimeira-ClasseTaifeiro de Primeira-ClasseSoldado deSegunda-ClasseTaifeiro de Segunda-Classe

PraçasEspeciais

Frequentam o Círculode Oficiais Subalternos

Guarda-Marinha

Aspirante aOficial Aspirante a Oficial

PraçasEspeciais

Excepcionalmente ouem reuniões sociaistêm acesso ao Círculode Oficiais

Aspirante(Aluno daEscola Naval)

Cadete(Aluno daAcademiaMilitar)

Cadete (Aluno daAcademia da ForçaAérea e Aluno daEscola de Oficiais-Especialistas daAeronáutica)

Aluno doColégio Naval

Aluno daEscolaPreparatóriade Cadetesdo Exército

Aluno da EscolaPreparatória deCadetes do Ar

Aluno de Órgãode Formaçãode Oficiais daReserva

Aluno deÓrgão deFormaçãode Oficiaisda Reserva

Aluno de Órgão deFormação deOficiais da Reserva

PraçasEspeciais

Excepcionalmente ouem reuniões sociaistêm acesso ao Círculode Suboficiais,Subtenentes eSargentos

Aluno deEscola ouCentro deFormação deSargentos

Aluno deEscola ouCentro deFormaçãodeSargentos

Aluno de Escola ouCentro de Formaçãode Sargentos

Aprendiz-Marinheiro eAluno de Órgão

Aluno deÓrgão de

Page 518: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

PraçasEspeciais

Frequentam o Círculode Cabos e Soldados

de Formaçãode Praças daReserva

Formaçãode Praçasda Reserva

___________

Page 519: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

SÚMULAS SELECIONADAS

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Súmula Vinculante 3

Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se ocontraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ourevogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciaçãoda legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Súmula Vinculante 4

Salvo nos casos previstos na constituição, o salário mínimo não pode ser usadocomo indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou deempregado, nem ser substituído por decisão judicial.

Súmula Vinculante 5

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinarnão ofende a constituição.

Súmula Vinculante 6

Não viola a constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao saláriomínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

Súmula Vinculante 11

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga

Page 520: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processuala que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Súmula Vinculante 13

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou porafinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor damesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, parao exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada naadministração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da união, dosestados, do distrito federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediantedesignações recíprocas, viola a Constituição Federal.

Súmula Vinculante 14

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aoselementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizadopor órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício dodireito de defesa.

Súmula 10

O tempo de serviço militar conta-se para efeito de disponibilidade eaposentadoria do servidor público estadual.

Súmula 51

Militar não tem direito a mais de duas promoções na passagem para a inatividade,ainda que por motivos diversos.

Súmula 52

A promoção de militar, vinculada à inatividade, pode ser feita, quando couber, aposto inexistente no quadro.

Súmula 53

A promoção de professor militar, vinculada à sua reforma, pode ser feita, quandocouber, a posto inexistente no quadro.

Page 521: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Súmula 54

A reserva ativa do magistério militar não confere vantagens vinculadas à efetivapassagem para a inatividade.

Súmula 55

Militar da reserva está sujeito à pena disciplinar.

Súmula 56

Militar reformado não está sujeito à pena disciplinar.

Súmula 57

Militar inativo não tem direito ao uso do uniforme fora dos casos previstos em leiou regulamento.

Súmula 359

Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pelalei vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitosnecessários (alterada).

Súmula 407

Não tem direito ao terço de campanha o militar que não participou de operaçõesde guerra, embora servisse na “zona de guerra”.

Súmula 441

O militar, que passa à inatividade com proventos integrais, não tem direito àscotas trigésimas a que se refere o código de vencimentos e vantagens dos militares.

Súmula 463

Para efeito de indenização e estabilidade, conta-se o tempo em que o empregadoesteve afastado, em serviço militar obrigatório, mesmo anteriormente à Lei 4072, de1/6/1962.

Súmula 647

Compete privativamente à união legislar sobre vencimentos dos membros daspolícias civil e militar do Distrito Federal.

Page 522: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Súmula 672

O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas leis 8.622/1993 e8.627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas aseventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelosmesmos diplomas legais.

Súmula 673

O art. 125, § 4.º, da Constituição não impede a perda da graduação de militarmediante procedimento administrativo.

Súmula 674

A anistia prevista no art. 8.º do ato das disposições constitucionais transitóriasnão alcança os militares expulsos com base em legislação disciplinar ordinária, aindaque em razão de atos praticados por motivação política.

Súmula 694

Não cabe “habeas corpus” contra a imposição da pena de exclusão de militar oude perda de patente ou de função pública.

SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

Súmula 7

O crime de insubmissão, capitulado no artigo 183 do CPM caracteriza-se quandoprovado de maneira inconteste o conhecimento pelo conscrito da data e local de suaapresentação para incorporação, através de documento hábil constante dos autos. Aconfissão do indigitado insubmisso deverá ser considerada no quadro do conjuntoprobatório.

Súmula 8

O desertor sem estabilidade e o insubmisso que, por apresentação voluntária ouem razão de captura, forem julgados em inspeção de saúde, para fins de reinclusão ouincorporação, incapazes para o Serviço Militar, podem ser isentos do processo, após opronunciamento do representante; do Ministério Público Militar.

Súmula 12

Page 523: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção sem terreadquirido o status de; militar, condição de procebilidade para a persecutio criminis,através da reinclusão. Para a praça estável, a condição de procedibilidade é a reversãoao serviço ativo.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Súmula;103

Incluem-se entre os imóveis funcionais que podem ser vendidos osadministrados pelas Forças Armadas e ocupados pelos servidores civis.

Súmula;346

É vedada aos militares temporários, para aquisição de estabilidade,a contagem em dobro de férias e licenças não-gozadas.

TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS

Súmula 120

A decisão proferida em processo de retificação do registro civil, a fim de fazerprova junto à administração militar, não faz coisa julgada relativamente à União, seesta não houver sido citada para o feito.

Súmula 253

A companheira tem direito a concorrer com outros dependentes à pensão militar,sem observância da ordem de precedência.

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

Súmula 24

O reajuste concedido pela Lei 8.237/91 aos militares das Forças Armadas não éextensivo aos servidores civis.

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2.ª REGIÃO

Page 524: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Súmula 13

Os servidores públicos federais civis e militares ainda não haviam implementadoa condição temporal para a incorporação à sua remuneração do índice de reajuste de84,32%, correspondente ao IPC de março de 1990, quando sobreveio a MedidaProvisória n.º 154, de 15 de março de 1990, que incidiu imediatamente.

Súmula 16

O aumento da remuneração dos militares decorrente da aplicação da Lei n.º8237/91 não é extensivo aos servidores civis.

Súmula 21

A diária de asilado concedida ao militar pode ser substituída pelo auxílio-invalidez, desde que não resulte em redução do montante global de seus proventos.;

Súmula 22

A diária de asilado concedida ao militar inativo é devida à esposa e dependentesdo servidor falecido.

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Súmula 16

O reajuste dos servidores militares estabelecido na Lei n.º 8.237/91 não temaplicação aos servidores civis.

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA

Súmula 13

O reajuste concedido pelas Leis n. 8.622/93 e 8.627/93 (28,86%) constituiurevisão geral dos vencimentos e, por isso, é devido também aos militares que não oreceberam em sua integralidade, compensado o índice então concedido, sendo limitetemporal desse reajuste o advento da MP 2.131 de 28/12/2000.

ENUNCIADOS DAS TURMAS RECURSAIS DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAISDA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO

Page 525: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Enunciado 15

A Gratificação de Condição Especial de Trabalho (GCET), criada pela Lei n.9.442/97, deve ser calculada com observância da hierarquização entre os diversospostos e graduações da carreira militar.

Enunciado 16

O reajuste concedido pelas Leis 8.622/93 e 8.627/93 (28,86%) constituiu revisãogeral dos vencimentos, sendo devido também aos militares que não o receberam emsua integralidade, compensado o índice então concedido, sendo limite temporal dessereajuste o advento da MP 2.131 de 28/12/2000.

Enunciado 42

É indevida a contribuição dos militares e pensionistas para os fundos de saúdedas Forças Armadas, desde o início da vigência da Lei 8.237/91 até fevereiro de 2001.

Enunciado 55

Os integrantes da polícia militar e do corpo de bombeiros militar do antigo DF erespectivos pensionistas não têm direito à vantagem pecuniária especial prevista noart. 1.º da Lei 11.134/2005.

SÚMULAS DA TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIADAS TURMAS RECURSAIS DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS DA 2ªREGIÃO

Súmula 5

Aos militares não é devido o pagamento de “adicional de compensaçãoorgânica”, por risco potencial de exposição à radiação, ante a ausência de expressadisposição legal.

TURMAS; RECURSAIS; DOS; JUIZADOS; ESPECIAIS;FEDERAIS DO TRF1:

TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA

Enunciado 5

Page 526: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

É constitucional o teor do art. 18, § 2.º, da Medida Provisória 2.215-10/2001, quepossibilita o pagamento do soldo inferior a um salário mínimo ao recruta prestador deserviço militar obrigatório, não se lhe aplicando a garantia do art. 7.º, IV, daConstituição.

TURMAS RECURSAIS – MG (ENUNCIADOS UNIFICADOS)

Enunciado 7

O recruta, prestador de serviço militar obrigatório, pode receber menos do que osalário mínimo, por força do art. 18, § 2.º, da Medida Provisória 2.215-10/2001, nãose lhe aplicando a garantia do art. 7.º, VII, da Constituição.

PRIMEIRA TURMA – DF

Enunciado 14

Os fatores de escalonamento da GCET, instituída pela MP 1.112/95 e convertidana Lei 9.442/97, não ofendem o princípio constitucional da isonomia (CF, art. 5.º,“caput”), pois sendo o fundamento da organização militar a hierarquia – princípio esteincorporado à Constituição Federal – existe um critério razoável e apto a justificar oescalonamento estabelecido.

Enunciado 15

As bolsas de estudo pagas aos professores de 1.º e 2.º graus do Sistema Federalde Ensino (PAP) pela União Federal possuem natureza remuneratória (Lei 8.112, de11/12/90, art. 41) e não são devidas aos professores das instituições de ensino militar.

Enunciado 41

Os Juizados Especiais Federais são incompetentes para processar e julgar açãoproposta por Policial Militar ou Bombeiro do Distrito Federal visando à concessão dereajuste salarial, tendo em vista a ilegitimidade da União para figurar no pólo passivoda demanda.

PRIMEIRA TURMA – MG

Enunciado 21

Page 527: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

O recruta, prestador de serviço militar obrigatório, pode receber menos do que osalário mínimo, por força do art. 18, § 2.º, da Medida Provisória 2.215-10/01, não selhe aplicando a garantia do art. 7.º, VII, da Constituição.

SEGUNDA TURMA – MG

Enunciado 35

É constitucional o teor do art. 18, § 2.º, da Medida Provisória 2.215-10/2001, oqual possibilita o pagamento de soldo inferior a um salário mínimo à praça prestadorado servidor militar inicial obrigatório.

PRIMEIRA TURMA – AM/RR

Enunciado 7

A Gratificação por Condição Especial de Trabalho – GCET foi instituída combase na hierarquia, critério este ínsito à carreira militar, não havendo, portanto, ofensaao princípio da isonomia (art. 5.º, CF).

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Súmula 106

O julgamento, pela ilegalidade, das concessões de reforma, aposentadoria epensão, não implica por si só a obrigatoriedade da reposição das importâncias járecebidas de boa-fé, até a data do conhecimento da decisão pelo órgão competente.

Súmula 108

É computável, como tempo de serviço público, para aposentadoria edisponibilidade, o período de Tiro de Guerra. E, para todos os efeitos legais, operíodo de Centro de Preparação de Oficiais da Reserva e de outros órgãos análogos,reconhecidos na forma da lei e das normas emanadas das autoridades militarescompetentes.

Súmula 183

Se devidamente comprovada a falsidade de documentos que serviram de base ao

Page 528: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

deferimento de aposentadoria, reforma ou pensão, torna-se nulo, de pleno direito, oato concessório, cancelando-se, em conseqüência, a juízo do Tribunal de Contas, oregistro por ele determinado.

Súmula 199

Salvo por sua determinação, não podem ser cancelados pela autoridadeadministrativa concedente, os atos originários ou de alterações, relativos aaposentadoria, reformas e pensões, já registrados pelo Tribunal de Contas, aoapreciar-lhes a legalidade, no uso da sua competência constitucional.

Page 529: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

AGRA, Walber de Moura. Curso de direito constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.AMARAL, Antônio Carlos Cintra do. O princípio da eficiência no direito administrativo. Revista

Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro de Atualização Jurídica, n. 14, jun.-ago. 2002.Disponível na Internet: <http://www.direitopublico.com.br>. Acesso em: 14/03/2009.

AMARAL, Fábio Sérgio. A Perda do Posto e da Patente do Oficial PM Inativo e a Cessação dePagamento de Proventos de Inatividade. Revista de Estudos & Informações, n. 18, dez. 2006, p.19-20, Belo Horizonte, Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais.

ARAÚJO, Luiz Alberto David; NEVES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional.11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.

ARRUDA, João Rodrigues. Os crimes propriamente militares e o princípio da reserva legal. 11.ºCongresso Nacional do Ministério Público, Livro de Teses, Tomo I, 1996.

ASSIS, Jorge César de. Curso de direito disciplinar militar – Da simples transgressão ao processoadministrativo. Curitiba: Juruá, 2008.

—————. Considerações sobre aspectos essenciais do direito militar. Âmbito Jurídico, RioGrande, 36, 2 jan. 2007 [Internet]. Disponível em<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1440>. Acesso em: 17 mar. 2009.

—————; NEVES, Cícero Robson Coimbra; CUNHA, Fernando Luiz. Lições de direito paraatividade das polícias militares e das forças armadas. 6. ed. Curitiba: Juruá, 2008.

BARBOSA, João. Constituição Federal brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Briguiet, 1924.BARROSO, Luis Roberto. A prescrição administrativa no direito brasileiro antes e depois da Lei n.

9.873/99. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro de Atualização Jurídica, v. 1, n. 4,2001. Disponível em <http://www.direitopublico.com.br>. Acesso em: 28 jun. 2008.

—————. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional brasileiro (Pós-modernidade, teoria crítica e pós-positivismo). Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centrode Atualização Jurídica, v. I, n. 6, set. 2001. Disponível em: <http://www.direitopublico.com.br>.Acesso em: 19 jan. 2009.

Page 530: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição o Brasil: promulgada em 5 de outubro de1988. São Paulo: Saraiva, 1988-1989.

CANOTILHO, J. J. Fundamentos da Constituição. Coimbra: Coimbra editora, 1991.CANOTILHO, J. J. Gomes; MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituição. Coimbra: Coimbra

editora, 1991.CARVALHO, Alexandre Reis de. A tutela jurídica da hierarquia e da disciplina militar: aspectos

relevantes. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 806, 17 set. 2005. Disponível em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7301>. Acesso em: 20 fev. 2007.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 6. ed. rev. e atual. Rio deJaneiro: Lumen Juris, 2000.

—————. Personalidade Judiciária de Órgãos Públicos. Revista Eletrônica de Direito do Estado(REDE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público, n. 11, jul.-set. 2007. Disponível em:<http://www.direitodoestado.com.br/rede.asp>. Acesso em: 29 mar. 2009.

CAVALCANTI. Temístocles Brandão. A Constituição Federal comentada. 2. ed. vol. IV, Rio deJaneiro: José Konfino, 1949.

COSTA, Alexandre Henrique da et alii. Direito administrativo disciplinar militar. Regulamentodisciplinar da polícia militar do Estado de São Paulo anotado e comentado. São Paulo: Supremacultura, 2006.

COUTO, Luiz Carlos. As prisões a que se submetem os oficiais da reserva não remunerada.Disponível em: <http://www.cesdim.org.br/temp.aspx?PaginaID=85>. Acesso em: 15 dez. 2008.

COUTO E SILVA, Almiro do. O Princípio da Segurança Jurídica (Proteção à Confiança) no DireitoPúblico Brasileiro e o Direito da Administração Pública de Anular seus Próprios AtosAdministrativos: o prazo decadencial do art. 54 da lei do processo administrativo da União (Lei n.9.784/99). Revista Eletrônica de Direito do Estado, Salvador: Instituto de Direito Público daBahia, n. 2, abr.-jun. 2005. Disponível na Internet: <http://www.direitodoestado.com.br>. Acessoem: 29 jan. 2009.

CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição brasileira de 1988. vol. V, arts. 38 a 91. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.

—————. Direito administrativo brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2000.CRUZ, Ione de Souza; MIGUEL, Cláudio Amin. Elementos de direito penal militar. Parte geral. 2.

ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.CUNHA, Leonardo José da. A Fazenda Pública em Juízo. 2. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo:

Dialética, 2005.CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. 3. ed. Salvador: Juspodivm, 2009.D’ANDREA, Giovanni Duarte. Competência do Superior Tribunal Militar para julgamento de ações

relativas às transgressões disciplinares. Âmbito Jurídico, Rio Grande, 60, 31 dez. 2008 [Internet].Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4587>.

Page 531: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito constitucional. Série leituras jurídicas: provas econcursos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

DECOMAIN, Pedro Roberto. Elegibilidade e inelegibilidade. 2. ed. São Paulo: Dialética, 2004.DEMERECIAN, Pedro Henrique; MALULY, Jorge Assaf. Curso de processo penal. 2. ed. São

Paulo: Atlas, 2001.DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004.DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998.DUARTE, Antônio Pereira. Direito administrativo militar. Rio de Janeiro: Forense, 1998.ESCOLA Superior de Guerra. Manual Básico, volume II, Assuntos específicos. Rio de Janeiro,

2008.FAGUNDES, M. Seabra. As Fôrças Armadas na Constituição. Revista de Direito Administrativo,

Vol. IX, jul.-set. 1947.FERRAZ, Sérgio; DALLARI, Adilson Abreu. Processo administrativo. Malheiros. 2003.FERREIRA, Pinto. Comentários à constituição brasileira. São Paulo: Saraiva, 1989.FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 8. ed. Malheiros, 2006.FIGUEIREDO, Lúcia Valle. O devido processo legal e a responsabilidade do Estado por dano

decorrente do planejamento. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro de AtualizaçãoJurídica, n. 13, abr.-maio, 2002. Disponível na Internet: <http://www.direitopublico.com.br>.Acesso em: 1 maio 2009.

FURTADO, Lucas Rocha. Curso de direito administrativo. Belo Horizonte: Fórum, 2007.GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.HEUSELER, Elbert da Cruz. Processo administrativo disciplinar militar à luz dos princípios

constitucionais e da Lei n. 9.784 de 1999. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.JESUS, Damásio E. Código de processo penal anotado. 22. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2005.JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,

2009.LAZZARINI, Álvaro. Estudos de Direito Administrativo. 2. ed. Revista dos Tribunais, 1999.—————. Temas de direito administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.—————. A defesa do Estado e das instituições democráticas na Constituição de 1988. In:

MARTINS, Ives Gandra Martins; RESEK, Francisco (Coords.). Constituição Federal: avanços,contribuições e modificações no processo democrático brasileiro. São Paulo: Revista dosTribunais: CEU. Centro de Extensão Universitária, 2008.

LEAL, José Alberto. Serviço militar obrigatório – a alternativa adequada. Disponível em:<http://dsm.dgp.eb.mil.br/Diversos/Servi%E7o%20militar%20obrigatorio.pdf>. Acesso em: 04abr. 2009.

MAIA, Márcio; QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro de. O regime jurídico do concurso público e o seucontrole jurisdicional. São Paulo: Saraiva, 2007.

Page 532: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

MAGALHÃES, Roberto Barcellos de. A Constituição Federal de 1967 comentada. Tomo I (arts. 1 a106). Rio de Janeiro: José Konfiro, 1967.

MARTINS, Eliezer Pereira. Da Impossibilidade Jurídica de Instauração de Conselho de Justificaçãopara Apuração de Conduta de Oficial da Reserva Não Remunerada. Jus Navigandi, Teresina, ano7, n. 63, mar. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3853>.

MARTINS. Ives Gandra da Silva. Revista IOB de Direito Administrativo, Ano I, n. 11, nov. 2006.—————. Regime geral dos servidores públicos e especial dos militares: imposição

constitucional para adoção de regime próprio aos militares estaduais: inteligência dos artigos 40,20, 42 e 142, 3.º, inciso X, do texto supremo: parecer. Revista do Instituto de Pesquisas eEstudos, Bauru, n. 44, p. 307-338, set./dez. 2005. Disponível em:<http://www.ite.edu.br/ripe/ripe_arquivos/ripe44.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2009.

MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2002.MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10. ed. São Paulo: RT, 2006.MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. Malheiros, 1997.MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. rev. e atual. São

Paulo: Malheiros, 2004.—————. Curso de direito administrativo. 21. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2006.—————. Discricionariedade e controle jurisdicional. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15. ed. (rev. e aum.).

Rio de Janeiro: Renovar, 2004.MIGUEL, Cláudio Amin; COLDIBELLI, Nelson. Elementos de direito processual penal militar. 3.

ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1.º a 120 do CP.

24. ed. São Paulo: Atlas, 2007.MIRANDA, Pontes de. Comentários à Constituição de 1967. Tomo III (arts. 34 a 112). Revista dos

Tribunais, 1967.MODESTO, Paulo. Responsabilidade do Estado pela demora na prestação jurisdicional. Revista

Eletrônica sobre a Reforma do Estado (RERE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Público,n. 13, março/abril/maio, 2008. Disponível na Internet:<http://www.direitodoestado.com.br/redae.asp>. Acesso em: 30 abr. 2009.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003.MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte

geral e parte especial. Rio de Janeiro: Forense, 2005.MOTTA, Carlos Pinto Coelho (Coord.). Curso prático de direito administrativo. 2. ed. rev., atual. e

ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral: parte especial. 2. ed. rev. e

ampl. São Paulo: RT, 2006.

Page 533: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

OLIVEIRA, Farlei Martins de. Sanção disciplinar militar e controle jurisdicional. Revista Jurídicado Ministério da Defesa. Brasília: Ministério da Defesa, Consultoria Jurídica. Ano 2, n. 4, nov.2005.

OLIVEIRA, Marcel Peres de. Análise constitucional da medida de destruição. Disponível em:<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/view/15664/15228>. Acessoem: 08 jun. 2009.

POLETTI, Ronaldo. Constituição anotada. Rio de Janeiro: Forense, 2009.REVISTA Verde-Oliva. Brasília. Ano XXXV, n. 198. jul.-set. 2008.RIGOLIN, Ivan Barbosa. O servidor público na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1989.—————. O servidor público nas reformas nas reformas constitucionais. 2. ed. ampl. e

atualizada. Belo Horizonte: Fórum, 2006.ROCHA, Adriana de Lacerda. Disponível em: <http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-

justica/news/106073/>. Acesso em: 08 jun. 2009.ROMEIRO, Jorge Alberto. Curso de Direito Penal Militar, Parte Geral. Saraiva, 1994.ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito administrativo, volume 19, (coleção sinopses jurídicas). 8.

ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva.ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Direito Administrativo Militar. Teoria e Prática. Rio de Janeiro:

Lumen juris, 2005.—————. Processo administrativo militar. Espécies e aspectos constitucionais. Jus Navigandi,

Teresina, ano 7, n. 61, jan. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3611>. Acesso em: 20 jun. 2007.

ROTH, Ronaldo João. Os limites da perda do posto e da patente. Revista Direito Militar, AMAJME,n. 31, set.-out. 2001.

—————. Temas de direito militar. São Paulo: Suprema Cultura, 2004.SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos. Comentários à constituição brasileira de 1891.

Brasília: fac-similar, 2005.SARASATE, Paulo. A Constituição ao alcance de todos. Livraria Freitas Bastos, Rio de Janeiro,

1967.SILVA, Afonso da. Comentário contextualizado da Constituição. 5. ed. Malheiros, 2008.SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 27. ed. revista e atualizada.

Malheiros, 2006.SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32. ed. Malheiros, 2009.SOARES, Waldyr. Crime militar e transgressão disciplinar militar. Revista de Estudos &

Informações, n. 8, novembro de 2001, p. 33, Belo Horizonte, Tribunal de Justiça Militar de MinasGerais.

TEIXEIRA, Flávio Germano de Sena. O Novo Código Civil e o prazo prescricional das pretensõesde reparação de dano contra a Fazenda Pública. Disponível em: <http://www.pge.pe.gov.br/>.

Page 534: © EDITORA MÉTODO - forumdeconcursos.com · 10/04/2002 · metodo@grupogen.com.br Capa: Rafael Molotievschi Produção: TypoDigital ... FHE Fundação Habitacional do Exército FUNSA

Acesso em: 1 jun. 2009.TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 8. ed. Malheiros, 2002.TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de processo penal comentado (arts. 1.º a 393), vol.

1, 9. ed. rev., aum. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005.VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.