( Espiritismo) - # - Diversos - Entendendo O Espiritismo

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AMA, TRABALHA, ESPERA E PERDOA

ENTENDENDO O ESPIRITISMOPgina 32 de 80

NDICE

Capa - Frente3Orelha - Frente4Capa - Verso5Orelha - Verso6Ficha Tcnica7Agradecimentos7Dados Bibliograficos7Ficha Catalogrfica8Apresentao9Captulo 1 - O Que O Espiritismo? Quando Surgiu, Em Que Lugar E Em Que Circunstncias?121.1 Espiritismo121.2 Revelaes Espirituais Na Histria Da Humanidade121.3 O Paracleto (O Consolador Prometido Por Jesus)131.4 As Irms Fox (Hydesville, E U A 1848)191.5 As Mesas Girantes Na Frana261.6 Bibliografia29Captulo 2 - Como Se Criou O Corpo Da Doutrina Esprita E quem O Criou? Sucinta Biografia De Allan Kardec312.1 Como se Criou o Corpo da Doutrina Espirita e Quem o Criou?31Captulo 9 -359.5 Bibliografia36Captulo 10 - Discrio Do Mundo Material E Do Mundo Espiritual. O Intercmbio Atravs Da Mediunidade3710.1 Descrio Do Mundo Material E Do Mundo Espiritual3710.2 O Intercmbio Atravs Da Mediunidade5410.3 Bibliografia55Captulo 11 - Esboo Do Livro A Gnese / Os Milagres E As Predies segundo o Espiritismo5711.1 O Ser Humano Frente Ao Universo5711.2 - Da Evoluo Das Espcies E Dos Mundos5811.3 - A Gnese Mosaica5911.4 - Os Milagres E As Predies6411.5 - Bibliografia65Captulo 12 - As Leis Da Reencarnao E Do Carma. A Evoluo Do Esprito6712.1 As Leis Da Reencarnao E Do Carma6712.2 A Evoluo Do Esprito7512.3 Bibliografia79

Capa - Frente

Orelha - Frente

Entendendo o Espiritismo um livro de acesso livre aos leitores interessados em aperfeioar seus conhecimentos de Espiritismo, no que diz respeito sua evoluo histrica e conceitos bsicos que norteiam seus ensinamentos.

Sua linguagem clara e objetiva facilita o entendimento dos principais fatos histricos que tomaram a Doutrina Esprita, hoje, respeitada e difundida entre as massas. Tambm apresenta os pontos fundamentais do Espiritismo:

O princpio da reencarnao, o perisprito, a lei de Ao e Reao aplicada vida moral e a prevalncia do Evangelho como diretriz para a vida, entre outros.

O livro vem ainda enriquecido de fotos e uma curta biografia das principais personagens que escreveram as bases doutrinrias e impulsionaram o Espiritismo e movimento esprita.

Alm disso, constitui-se no livro-texto utilizado pelos alunos que se inscrevem no Curso Bsico de Espiritismo, adotado pelos centros espritas que seguem o programa da Aliana Esprita Evanglica, no Brasil e no exterior.

Capa - Verso

Orelha - Verso

A Editora Aliana tem como finalidade editar obras de valor doutrinrio que divulguem o Espiritismo em seu trplice aspecto (filosfico, cientfico e religioso).

Dentre as obras editadas destacam-se as de natureza didtica (muitas delas destinadas s Escolas de Aprendizes do Evangelho), como Iniciao Esprita, Mediunidade, Passes e Radiaes (...); as crnicas e comentrios histricos e filosficos, como Relembrando o Passado, Religies e Filosofias, Os Exilados da Capela (...); os romances, como Almas Afins, Na Cortina do Tempo, A Dupla Personalidade (...); os livros de mensagens, como Diferenas no Separam, Comentrios Evanglicos (...) e livros infantis, como A Histria do Quadradinho, A Fbrica de Pensamentos, Planeta Azul (...), alm de vdeos didticos e CDs de msica.

A Editora Aliana publica tambm, mensalmente, o jornal O Trevo, que mantm acesa a chama da comunicao entre os Grupos Integrados Aliana Esprita Evanglica.

Ficha Tcnica

Agradecimentos

Nossos agradecimentos ao Museu Esprita do Rio de Janeiro, que, gentilmente, cedeu as fotos das personalidades espritas que ilustram este livro.

Dados Bibliograficos

Direitos reservados: Editora Aliana

(edio anterior, sob o ttulo Curso Bsico de Espiritismo: 1 edio. 14 reimpresso = 46 milheiro)

2a edio, 3a reimpresso, maro/2005, do 67 ao 76 milheiro

TtuloENTENDENDO O ESPIRITISMO - Copyright 2001 - Autores Diversos

Reviso Gramatical e OrtogrficaMaria Aparecida Amaral

EditoraoMMS

CapaElifas Alves

ImpressoCromosele Grfica e Editora Ltda.

Ficha Catalogrfica

Diversos, Autores,

D763c - Entendendo o Espiritismo / Autores Diversos 2 edio - So Paulo: Editora Aliana - 2001 192 pginas.

1. Espiritismo - 2. Espiritismo - I. Ttulo

CDD-133.9

Editora Aliana

Rua Francisca Miquelina, 259 - Bela Vista - So Paulo - SP CEP 01316-000 - Fone: (11) 3105.5894 - Fax: (11)3107.9704 www.alianca.org.br - e-mail: [email protected]

Apresentao

Podemos classificar a Escola de Aprendizes do Evangelho como um dos mais importantes eventos registrados na histria do Espiritismo. Iniciada em 1950, sob a orientao do comandante Edgard Armond, notabilizou-se ao longo de dcadas pela sua capacidade de orientar os alunos no difcil terreno da reforma interior.

Com a Escola de Aprendizes, hoje desenvolvida por centenas de Grupos Espritas, sediados no Brasil e no Exterior, enfatizou-se o Espiritismo em seu carter verdadeiro[footnoteRef:1], o religioso, cumprindo-se, dessa forma, a misso precpua da Terceira Revelao: redimir o homem pelo Evangelho! [1: Opinio tendenciosa? Opinio de Quem? Opinio de Autores Diversos (sem assinatura)?]

Extirpar os vcios e controlar os defeitos, conquistar as virtudes exemplificadas por Jesus, atentar para a constante renovao moral nos trs aspectos: ntimo, familiar e social, so algumas das maravilhas que a Escola oferece aos seus alunos. No dizer de muitos, aqueles que ingressam na Escola de Aprendizes encontram diante de si a estrada de Damasco.

No obstante os excelentes resultados alcanados nas Escolas, notava-se a necessidade de um Curso Bsico de Espiritismo que, a guisa de estgio preliminar, ou antessala da Escola de Aprendizes, oferecesse aos alunos o conhecimento dos pontos fundamentais da Doutrina. No incio de 1974, j fundada a ALIANA ESPRITA EVANGLICA, sua diretoria trocou ideias com o comandante Armond sobre o assunto e recebeu dele a aprovao e o incentivo para o estabelecimento do programa.

A elaborao do currculo, que se deveria limitar a 12 aulas, coube a Valentim Lorenzetti que, com sua viso de jornalista, apresentou um trabalho excelente. Aps algumas emendas e comentrios do comandante Armond, o programa foi oficializado em 1 de maio de 1974.

Atendendo a insistentes solicitaes dos Centros Espritas, foram gravadas em udio as 12 aulas em tom de um bate-papo informal. Em 1976/77 as gravaes foram adaptadas linguagem radiofnica e levadas ao ar pela Rdio Boa Nova, de Guarulhos, So Paulo.

A tarefa de transmudar o esquema radiofnico para a linguagem literria foi confiada a Flvio Focssio e a Valentim Lorenzetti.

Para a presente edio o texto foi ampliado, pela equipe de reviso da Editora Aliana, para 17 aulas, recebendo o ttulo de Entendendo o Espiritismo e ficando de acordo com o previsto no programa estabelecido para os Grupos da Aliana, conforme consta no livro Vivncia do Espiritismo Religioso.

No esperem os prezados leitores um curso completo de Espiritismo, pois sua finalidade ministrar conhecimentos bsicos e, em consequncia, abrir as portas aos desejos de aprofundamentos maiores.

So Paulo, dezembro de 2000.

Editora Aliana

Captulo 1 - O Que O Espiritismo? Quando Surgiu, Em Que Lugar E Em Que Circunstncias?

1.1 Espiritismo

Espiritismo uma doutrina religiosa revelada por Espritos Superiores, atravs de mdiuns, codificada por Allan Kardec, educador francs, em Paris, em meados do sculo XIX e composta de princpios filosficos, cientficos e religiosos.

1.2 Revelaes Espirituais Na Histria Da Humanidade

Revelar significa tirar o vu, mostrar, tomar conhecido o que secreto. As leis divinas so reveladas s criaturas humanas de acordo com o seu grau de entendimento e capacidade de compreenso das verdades reveladas.

Periodicamente, a Espiritualidade Maior revela aos homens os princpios que norteiam os caminhos do bem, embora nem todos os aceitem ou deles se apercebam. Isso porque tm livre-arbtrio.

As revelaes acontecem em pocas variadas, e povos, os mais diversos, as recebem, atravs do ensino de profetas inspirados e de instrutores espirituais capacitados. A vivncia e a prtica desses ensinamentos promovem a evoluo espiritual das criaturas.

No Oriente, desde remotas eras, verificaram-se um grande nmero de revelaes. Aqui nos referimos a trs grandes Revelaes Divinas:

A 1 Revelao, com Moiss, no Monte Sinai, quando foram recebidos os Dez Mandamentos. Aprendemos a Lei da Justia.

A 2 Revelao, com Jesus, quando recebemos ensinamentos do Evangelho. Aprendemos a Lei do Amor.

A 3 Revelao, com o Espiritismo, quando recebemos a Doutrina Esprita que nos mostra a existncia de outro mundo, mais real que o nosso o mundo espiritual explicando a origem e a natureza dos seres que o habitam.

So trs grandes Revelaes sucessivas e complementares, pois a segunda engloba a primeira, tanto quanto a terceira enfeixa a segunda e no se encerra.

1.3 O Paracleto (O Consolador Prometido Por Jesus)

Encontramos no Evangelho de Joo 14:16-26 a alvissareira notcia que Jesus transmitira aos seus discpulos: E eu rodarei ao Pai, Ele vos dar outro Consolador (...) No vos deixarei rfos, voltarei para vs outros, prosseguiu o Mestre, informando que em tempo oportuno a humanidade seria, mais uma vez, agraciada pelas lies redentoras do seu Evangelho de Amor. Mas o Consolador (o Paracleto), o Esprito Santo, a quem o Pai enviar em meu nome, esse vos ensinar todas as coisas e vos far lembrar de tudo que vos tenho dito."

O termo Paracleto cujas razes gregas (parakletus) o traduzem como consolador, confortador ou intercessor, em linguagem teolgica, ganhou o significado de Esprito Santo, conforme o pargrafo anterior.

Quando Jesus, ao se referir ao Paracleto[footnoteRef:2], afirmou: A fim de que esteja para sempre convosco, deixou claro que o prometido advento do Esprito da Verdade, que o mundo no pode receber, porque no o v nem o conhece, no estaria representado num corpo material. Seria eterno e com os alicerces pousados na espiritualidade. [2: Paracleto = () [Do gr. Parkletos, pelo lat. tard. Paracletu.] Substantivo masculino. Designativo aplicado a Cristo ao Esprito Santo. Defensor, protetor, mentor.]

Registram-se na Histria Universal ilustres personalidades que resumiram as leis universais em ensinamentos significativos, gerando escolas" que perduraram por sculos, sem, entretanto, se terem enraizado no seio da humanidade: fazer aos outros o que queremos que nos faam, disse Confcio; abolir o egosmo e o desejo foi lio de Buda; o saber gera as virtudes o legado de Scrates. Deus justia, ensinou Moiss ao homem recm-sado da animalidade; Deus amor exemplificou Jesus aos olhos da humanidade que no O via nem O conhecia". Todas essas lies no resistiram ao poder abrasivo dos sculos, foram vtimas do esquecimento e das adulteraes.

O Espiritismo, proclamando altamente que Deus liberdade com Cristo. O seu advento obra de uma pliade de Espritos Superiores, presidida pelo Esprito da Verdade. Conclama os homens observncia da Lei, fala-lhes sem figuras nem alegorias, levantando o vu propositadamente deixado sobre certos mistrios, e o concita prtica do bem e consolao pela f e esperana.

Fora da caridade no h salvao! a sntese dos ensinamentos metodicamente organizados que compem a Doutrina Esprita.

Prometendo a consolao pela f, ensina-nos que esta a Divina inspirao de Deus que desperta as virtudes e conduz o homem ao bem: a base da regenerao. Conclumos, portanto, que as consolaes esperadas so decorrentes da redeno: redimimos-nos e seremos consolados.

A Doutrina Esprita, que, conforme exposto, tem por finalidade precpua a redeno do homem pelo Evangelho, surgiu na I rana, em Paris, no sculo XIX. Foi em 18 de abril de 1857 que Allan Kardec, o insigne codificador, apresentou aos homens O Livro dos Espritos, que a pedra angular do Espiritismo.

Convm ressaltar que Kardec, cuja biografia ser estudada na aula seguinte, no foi o autor do Espiritismo. Confirmando o carter impessoal da Terceira Revelao, ele foi o codificador, ou, em outras palavras, devemos ao professor lions a compilao e coordenao das grandes indagaes, que, transformadas em perguntas objetivas, foram submetidas aos Espritos Superiores. O conjunto de perguntas e respostas compe O Livro dos Espritos.

Kardec, homem de viso ampla e dotado de profunda sabedoria, dedicou-se a um trabalho diuturno de pesquisas avanadas no infindvel campo do conhecimento, sendo capaz de reunir, ao longo de dois exaustivos anos, as questes que resumiam a inquietude dos homens.

O Espiritismo surgiu numa poca em que, conforme nos relata o professor Carlos Imbassahy, em A Misso de Allan Kardec, a palavra de Deus estava esquecida. Os processos de investigao iam ganhando vulto e tudo passava ao imprio da lei. Era o completo desbarato das religies que se tomavam impotentes diante do progresso material. Corruptores e corrompidos, para todos a virtude era motivo de irriso. Imperava o sentimento blico; a bandeira do Cristo, nas mos de catlicos e protestantes, trouxe Europa, durante vrios sculos, a inquietao, a runa, a devastao, o sangue, o luto e a morte.

Em nome de Jesus cometeram-se as maiores perfdias, como a da noite de So Bartolomeu; as maiores insnias, como a das Cruzadas; as maiores crueldades, como o extermnio dos ctaros ou albigenses; a maior infmia, como a Inquisio, e as maiores espoliaes, como o confisco dos bens das vtimas.

Foi aps esse perodo crtico para a humanidade que surgiu o Espiritismo: manh de claridade e de luz, aurora de um mundo novo!Antes de finalizarmos este item, desejamos ressaltar a habilidade de Allan Kardec ao apresentar o Espiritismo como uma doutrina filosfico moral. Claro est que, se fosse rotulada como religio, estaria fadada ao descrdito e ao desinteresse da parte da humanidade j cansada de religies e vtima das arbitrariedades cometidas em nome das mesmas. Competia ao Codificador reorganizar o edifcio desmoronado da crena, reconduzindo a civilizao s suas profundas bases religiosas (Emmanuel A Caminho da Luz).

Em seu discurso proferido em 1 de novembro de 1868, diz Kardec com clareza:

Se assim , perguntaro, ento, o Espiritismo uma religio? Ora, sim, sem dvida, senhores. No sentido filosfico, o Espiritismo uma religio, e ns nos glorificamos por isso, porque a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunho de pensamentos, no sobre uma simples conveno, mas sobre bases mais slidas: as mesmas leis da natureza.Por que, ento, declaramos que o Espiritismo no uma religio? Porque no h uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinio geral, a palavra religio inseparvel da de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo no tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religio, o pblico no veria a seno uma nova edio, uma variante, se se quiser dos princpios absolutos em matria de f; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimnias e de privilgios. No o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinio pblica.No tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religio, na acepo usual do vocbulo, no podia nem devia enfeitar-se com um ttulo sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosfica e moral.

1.4 As Irms Fox (Hydesville, E U A 1848)

Quando a Doutrina Esprita estava para surgir, distinguimos nitidamente uma fase preliminar, preparatria, na qual fenmenos medinicos espetaculosos afloravam em todas as partes. Segundo Emmanuel (Seara dos Mdiuns), a mediunidade serviu para atender aos misteres brilhantes da observao cientfica, projetando inquiries do homem para a Esfera Espiritual.

Ilustres personalidades, entre as quais identificamos Wallace, Zllner, Crookes e Lodge, mobilizaram mdiuns notveis e efetuaram experincias de valor inconteste. Era a espiritualidade a se manifestar de forma irrefutvel diante do homem, abalando fortemente os alicerces do materialismo enraizado em suas concepes.

No livro A Caminho da Luz, Captulo XXIII, Emmanuel esclarece o porqu da ecloso dos fenmenos de Hydesville:

"A tarefa de AIlan Kardec era difcil e complexa. Atento misso de concrdia e fraternidade da Amrica, o plano invisvel localizou a as primeiras manifestaes tangveis do mundo espiritual, no famoso lugarejo de Hydesville. provocando os mais largos movimentos de opinio. A fagulha partira das plagas americanas, como partira igualmente delas a consolidao das conquistas democrticas.

Tambm o notvel mdium americano Andrew Jackson Davies (1826-1910), cognominado o Allan Kardec norte-americano, que produziu cerca de trinta obras medinicas de grande profundidade filosfica, e cujos mentores eram os Espritos de Galeno e Swedenborg, disse em uma de suas notas, datada de 31 de maro de 1848: Esta madrugada um sopro passou pelo meu rosto, e ouvi uma voz. suave e firme, dizer-me: 'Irmo, foi dado incio a um bom trabalho; contempla a demonstrao viva que surge. Pus-me a cismar no significado de tal mensagem.De fato, nesta mesma data, citada por Andrew, deram-se as famosas ocorrncias de Hydesville, que foram levadas rapidamente ao conhecimento de todos os estados americanos, tendo chegado com a mesma presteza aos ouvidos dos pesquisadores da Frana, da Inglaterra, da Alemanha e de muitos outros pases europeus, os quais se mostraram to aturdidos e emocionados quanto os prprios habitantes de Hydesville.

Hydesville era um vilarejo tpico do Estado de Nova York, com uma populao certamente semi educada, mas, como os demais pequenos centros de vida americanos, mais livres de preconceitos e mais receptivos s novas ideias que qualquer povo da poca.

Situada a cerca de 40 quilmetros da nascente cidade de Rochester, consistia de um grupo de casas de madeira, de aspecto muito humilde. Foi numa dessas simples residncias que se iniciou o desenvolvimento daquilo que, na opinio de muitos, a coisa mais importante que a Amrica deu para o bem-estar do mundo. Era habitada por uma famlia honesta de fazendeiros, os Fox, de religio metodista: alm do pai e da me havia duas li lhas morando na casa, ao tempo em que as manifestaes atingiram tal ponto de intensidade que atraram a ateno geral. Eram as filhas Margaret, de 14 anos, e Kate, de 11.

Foi em 1848 que os misteriosos rudos registrados pelos antigos inquilinos voltaram a ser ouvidos. Eram sons de arranhaduras que, embora desconhecidos pelos fazendeiros iletrados, tinham ocorrido na Inglaterra, em 1661, e em Oppenheim, Alemanha, em 1520.

Manifestavam-se na porta da frente, tal como se algum do lado de fora tentasse desesperadamente adentrar a porta da vida. Segundo consta (A. Conan Doyle A Histria do Espiritismo), at meados de maro de 1848 no incomodaram a famlia Fox, porm, dessa data em diante cresceram continuamente em intensidade. s vezes eram simples batidas; outras vezes soavam como arrastar de mveis. As meninas ficavam to alarmadas que se recusavam a dormir separadas e iam para o quarto dos pais. To vibrantes eram os sons que as camas tremiam e se moviam.

Em 31 de maro de 1848, com a irrupo de sons altos e continuados a jovem Kate desafiou a fora invisvel. Eis o depoimento da Sra. Fox, que consta do livro de Conan Doyle, j citado: 'Minha filha menor, Kate, disse, batendo palmas: Sr. Perneta, faa o que eu fao. Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo nmero de palmas.

Nessa data memorvel, naquele quarto rstico, congregando gente simples do vilarejo, ansiosa e expectante, num crculo iluminado por velas, inaugurou-se a linha telegrfica entre os dois planos da vida. A pequena Kate, em sua ingenuidade, j havia apelidado o comunicante de perneta, em decorrncia do barulho tpico que ele fazia no seu andar misterioso.

A Sra. Fox perguntou:

Quantos filhos eu tenho?

Sete pancadas foram ouvidas. Mas... Ela tinha apenas seis filhos! Contudo, imediatamente se lembrou de que tivera um, cujo desencarne ocorrera em tenra idade!A partir dessa data a evoluo foi muito rpida. Improvisaram um alfabeto atravs das pancadas (tiptologia[footnoteRef:3]) convencionando- se tambm que uma pancada significaria sim, e duas no. [3: Tiptologia = [De tipto- + -logia.] Substantivo feminino. Experincia a que procedem os espritas, com mesas giradoras, chapus, etc. 2.Comunicao dos espritos por meio de pancadas.]

Com o auxlio do alfabeto rudimentar estabeleceu-se uma linha contnua de comunicaes. Ele, o comunicante, chamava-se Charles B. Rosma, fora assassinado naquela casa, cinco anos antes, com golpes de faca. Seu corpo tinha sido levado para a adega e ali enterrado trs metros abaixo do solo. Tambm fora constatado que o mvel do crime fora roubo de dinheiro.

No vero (julho a setembro) de 1848, David Fox, outro filho do casal, auxiliado por Mr. Henry Bush e Mr. Lyman Granger, entre outros, escavaram a adega. A uma profundidade de um metro e meio encontraram uma tbua; aprofundando a escavao, identificaram carvo e cal e, finalmente, cabelos e ossos que foram testemunhados por um mdico como pertencentes a um esqueleto humano.

Vrios artigos foram publicados nos jornais da poca, dando ampla difuso ao relatrio dos fatos misteriosos ocorridos na residncia dos Fox.

Com Hydesville surge uma nova fase no tortuoso curso da civilizao: o homem, rendendo-se evidncia dos fatos, comeava a aceitar um outro plano de vida, invisvel, mas nem por isso menos real.

Kate e Margaret foram posteriormente submetidas s mais complexas experincias, sob a direo de sbios pesquisadores europeus, entre eles Crookes, na Inglaterra. Unanimemente, reconheceram as faculdades medinicas das irms e confirmaram a existncia dos Espritos.

Aps Hydesville, a mediunidade eclodiu com admirvel intensidade em vrias partes do mundo, ganhando lugar de destaque entre os estudiosos que, destitudos de preconceitos, buscavam a verdade. As pesquisas prosseguiram em rpidos passos, preparando o terreno para a semeadura amorosa da Terceira Revelao.

Antes de estudarmos o ltimo item desta aula, torna-se oportuno lembrar que o mediunismo sempre existiu, havendo provas documentadas de intercmbio medinico h 5.000 anos. O que ocorreu s vsperas do advento do Paracleto foi uma intensificao que, conforme nos esclarece Irmo X (Crnicas de Alm-Tmulo), na parbola intitulada A Ordem do Mestre, representou o desencadeamento do alvissareiro plano dirigido diretamente por Jesus.

No vos deixarei rfos, voltarei para vs outros... - (Joo. 14:18)

1.5 As Mesas Girantes Na Frana

As manifestaes ocorridas na cidade de Hydesville, Estados Unidos da Amrica do Norte, misteriosamente surgidas na residncia das irms Fox, em meados do sculo XIX, rapidamente foram tomando terreno e em pouco tempo todo o Velho Continente estava a par dos rappings (ao da batida na madeira), das mesas girantes e danantes e de outros fenmenos inabituais. A grande novidade da Amrica chegou Alemanha, Frana, Inglaterra, Espanha, a todas as classes sociais, da choupana ao palcio. Verdadeira poca de loucura comentavam os jornais da poca. Revoluo inacreditvel nas leis fsicas. Os objetos repentinamente pareciam ter adquirido movimento autnomo nos pontos mais diferentes do mundo.

A mesinha que graciosamente bailava no ar, desafiando as leis da fsica, manifestava uma ao inteligente ao responder perguntas com suaves pancadas. Aos poucos sedimentava- se nos curiosos que a observavam a ideia de uma fora espiritual, ou, em outras palavras, a existncia do Esprito.

O fenmeno das mesas girantes foi observado primeiramente na Amrica, no obstante a histria provar que o mesmo remonta antiguidade. Alastrou-se pela Europa, sendo motivo de diverses para alguns e de pesquisa para outros.

Foi em fins de 1850 que os prprios Espritos sugeriram a nova maneira de se comunicarem, em substituio ao processo moroso das pancadas. Os presentes se colocavam ao redor da mesa, sobre a qual deveriam pr as mos. A mesa se erguia suavemente, adquirindo movimento circular e, enquanto se recitava o alfabeto, ela dava uma pancada com os ps, toda vez que fosse proferida a letra que integrasse a palavra em formao. Conquanto possamos considerar o processo ainda moroso, apresentou resultados muito bons relativamente sistemtica anterior.

O movimento no era sempre circular; frequentemente se mostrava brusco, desordenado e violento; outras vezes era suave como um bailado.

Aos poucos as teorias do fluido oculto, que seria o responsvel pelo interessante fenmeno, desmoronavam ao se evidenciar nas comunicaes a presena de uma ao inteligente. Aqueles que a princpio buscavam as reunies guisa de entretenimento ou curiosidade comeavam a formular as mais srias inquiries.

Alm de exibir inteligncia, se verificava que cm certas ocasies a mesa se mostrava calma e todos os seus movimentos eram suaves; em outras, se apresentava irritadia e seu deslocamento era brusco e agitado. Esses fatos, somados diante dos olhos de pesquisadores honestos, desejosos de encontrar a verdade, sugeriam de forma drstica e inquestionvel a existncia do Esprito.

Com o passar do tempo, o mtodo sofreu aprimoramentos, como, por exemplo, a sofisticada mesa da sra. (iirnrdin, em cujo tampo havia, dispostas em forma circular, as letras do alfabeto, e um grande ponteiro metlico girava selecionando as letras.

Em 1853, em Paris, quando pessoas bem-intencionadas observavam os movimentos da mesa, um Esprito comunicante sugeriu que buscassem na sala vizinha uma cestinha de vime, na qual fosse fixado um lpis e, em seguida, a cestinha deveria ser colocada sobre uma folha de papel. Um dos presentes foi convidado a colocar suavemente a mo sobre ela. Desenvolveu-se assim a comunicao escrita; surgiram as pranchetas, um meio mais eficiente, que consistia em uma lmina de madeira, provida de trs apoios, um dos quais era o lpis. Entendemos, assim, que o atrito entre a prancheta (trs apoios) e a mesa, era consideravelmente menor que o observado ao se empregar a cestinha.

Era o nascimento da psicografia; podemos interpretar a cestinha ou a prancheta como simples apndice das mos, e a ddiva celestial do intercmbio entre os dois mundos chegava Terra cm inexprimveis ondas de claridade. Como nos diz Emmanuel,

Consolador da Humanidade, segundo as promessas do Cristo, o Espiritismo vinha esclarecer os homens, preparando-lhes o corao para o perfeito aproveitamento de tantas riquezas do Cu.

1.6 Bibliografia

A Caminho da LuzEmmanuel - FEBCaptulo XXIII

A Histria do EspiritismoArthur Conan Doyle - Editora PensamentoCaptulos IV e V

A Misso de Allan KardecCarlos Imbassahy - Editora FEPA Imperiosa Necessidade do Advento Espiritual

Crnicas de Alm-TmuloIrmo XCaptulo A Ordem do Mestre

O Evangelho segundo o EspiritismoAllan KardecCaptulos VI e XIX

O Livro dos EspritosAllan KardecIntroduo

O Novo TestamentoJoo14:16-26

ReligioCarlos Imbassahy - FEBCaptulo O Paracleto

Revista EspritaAllan KardecNovembro de 1868

Seara dos MdiunsEmmanuel - FEBCaptulo 1

Captulo 2 - Como Se Criou O Corpo Da Doutrina Esprita E quem O Criou? Sucinta Biografia De Allan Kardec

2.1 Como Se Criou O Corpo Da Doutrina Espirita E Quem O Criou?

Antes de iniciarmos a abordagem deste tpico, seria de toda convenincia definirmos o que vem a ser doutrina. Consultando os dicionrios, deparamo-nos com uma definio simples que satisfaz integralmente nossos objetivos: "Conjunto de princpios fundamentais nos quais se baseia uma religio, uma filosofia ou mesmo uma escola poltica".

De acordo com o exposto acima, doutrina esprita o conjunto de princpios bsicos, fundamentais, sobre os quais se alicera a religio esprita.

Vejamos, agora, como foi criado o corpo doutrinrio do Espiritismo, e quem o criou.

Recordando a aula anterior, vimos que Jesus prometera um Consolador: E eu rogarei ao Pai, e ele vos dar outro Consolador". Aclarou-se, tambm, que o Consolador no viria na pessoa de um representante encarnado, a fim de que esteja sempre convosco" (Joo 14:16). Ento, conclumos que a imorredoura revelao seria um conjunto de ensinamentos enfeixados naquilo que denominamos doutrina.

Lembremo-nos, igualmente, que Jesus se reportara ao Esprito da Verdade: "O Esprito da Verdade, que o mundo no pode receber, porque no o v nem o conhece" (...) "vos ensinar todas as coisas e vos far lembrar de tudo o que vos tenho dito" - (Joo, 14:17. 26).x

Captulo 9 -

Homens fracos, que compreendeis as trevas de vossas inteligncias, no afasteis o facho que a clemncia divina coloca entre vossas mos para iluminar vosso caminho e vos conduza, filhos perdidos, ao regao de vosso Pai.

Estou muito tocado de compaixo pelas vossas misrias, pela vossa imensa fraqueza, para no estender mo segura aos infelizes transviados que, vendo o cu, tombam no abismo do erro. Crede, amai, meditai as coisas que vos so reveladas; no mistureis o joio ao bom gro, as utopias s verdades.

Espritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instru-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram so de origem humana, e eis que, alm do tmulo, que acreditveis o nada, vozes vos clamam: Irmos! Nada perece; Jesus Cristo o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade. (O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Cap. VI, item 5).

9.5 Bibliografia

O Livro dos MdiunsAllan Kardec

Iniciao EspritaAutores diversos - Editora Aliana

MediunidadeEdgard Armond - Editora Aliana

Captulo 10 - Discrio Do Mundo Material E Do Mundo Espiritual. O Intercmbio Atravs Da Mediunidade

10.1 Descrio Do Mundo Material E Do Mundo Espiritual

A princpio este assunto parece muito complexo, principalmente para quem se est iniciando nos conhecimentos da Doutrina Esprita. Portanto, neste captulo procuraremos nos expressar de modo bastante simples, pois, mais tarde, na Escola de Aprendizes do Evangelho, o assunto ser tratado com mais profundidade, em diversas aulas.

Para ajudar na compreenso da matria deste captulo, gostaramos que o leitor comeasse a raciocinar que tudo faz parte da natureza, tanto o nosso mundo, isto , o mundo fsico e visvel, quanto o mundo espiritual e invisvel aos olhos do corpo fsico. Nada h de sobrenatural. E, mais ainda: poderemos at dizer que o mundo material o nosso mundo uma cpia bastante plida do mundo espiritual. Isto quer dizer que a matriz do mundo material est no mundo espiritual. O mundo espiritual existe h mais tempo, o mundo primitivo em termos cronolgicos.

Na realidade, no existem diferenas marcantes, acentuadas, entre o mundo espiritual e o mundo material. Numa linguagem figurada, poderamos at dizer que o mundo material uma coagulao, um adensamento, do mundo espiritual. De outra parte, o mundo espiritual a quintessncia, a sublimao, do mundo material.

O ser humano um Esprito encarnado. O corpo fsico templo do Esprito encarnado passa pelas fases normais da vida orgnica: infncia, adolescncia, juventude, maturidade e velhice.

O corpo desgasta-se pelo tempo, pelos vcios, e pode, inclusive, ser destrudo pelo prprio indivduo pelas vias do suicdio. Tanto o suicdio quanto o cultivo de vcios, que encurtam a durao de vida do corpo fsico, so transgresses s leis naturais, pelas quais ter de responder o Esprito quando desencarnar.

Assim, entramos num assunto que interessa a todos ns: a desencamao, a passagem do Esprito para o Plano Espiritual.

Segundo velhas crenas, quando uma pessoa desencarna, ao chegar ao Plano Espiritual passa a ter uma srie de virtudes, que jamais possuiu quando esteve aqui entre ns.

A Doutrina Esprita, porm, ensina que a morte do corpo fsico a desencamao no eleva ningum categoria de santo, dando-lhe poderes que no conquistou com trabalho e dedicao ao prximo quando encarnado.

Ensina que quando desencarnamos continuamos os mesmos, do ponto de vista moral, j que do ponto de vista fsico (ricos e pobres) todos nos igualamos no Plano Espiritual. O indivduo maldoso continuar um Esprito maldoso; o bom ser um bom Esprito.

Existe, entretanto, muita gente que, quando encarnada, consegue disfarar sua verdadeira estatura espiritual. Muitas vezes apresenta-se como indivduo bom s claras, porm perverso s escondidas. Quando um indivduo desses retornar ao Plano Espiritual, apresentar-se- sem nenhum disfarce e sofrer todas as consequncias do mal que cometeu e da falsidade que cultivou.

A alma, aps a morte do corpo fsico, conserva a individualidade, isto , continuamos nos identificando. E essa individualidade sem o corpo fsico facilitada pelo perisprito, que o corpo espiritual, o envoltrio fludico do Esprito desencarnado.

H um exemplo clssico para facilitar o entendimento sobre a individualidade do Esprito aps a morte do corpo: tomemos uma tela de um pintor clebre. Coloquemos nessa tela uma moldura da poca; alguns anos mais tarde troquemos a moldura.

Perguntamos ao leitor: a troca de molduras modificou a tela? No, claro, a tela continua a mesma. Assim ocorre conosco; corpo moldura do Esprito. Temos muitas molduras pela eternidade afora, na busca natural da perfeio.

O Esprito evolui, pois a Evoluo uma lei natural. Logo, um maldoso, assim que desencarna, continua o mesmo indivduo maldoso, porm, com o tempo, no Plano Espiritual lhe proporcionada oportunidade de aprendizado para aprimoramento, podendo ele mudar suas disposies e inclinar-se para a prtica do bem.

Tomemos, como exemplo, um Esprito que se encontre num estado bastante primitivo, um Esprito bastante inferior, consequentemente muito apegado matria, ligado ainda por laos firmes ao mundo material.

Esse Esprito desencarna. E, desencarnado, chega ao mundo espiritual sem saber que desencarnou. Na realidade, ele nem sabe o que est se passando com ele pois continua vivo e com toda sua individualidade. No percebe a transio do mundo material para o mundo espiritual.

Esse Esprito permanece muito prximo da superfcie terrestre, naquela regio a que chamamos Crosta. uma regio interdependente com a crosta fsica do planeta. Espritos assim ficam ali apegados, presos, e sofrem muito pois tm todas as sensaes materiais e, contudo, j no possuem mais o corpo fsico para satisfazer s necessidades produzidas por essas sensaes. s vezes, encontram-se com outros Espritos dos quais foram inimigos na vida terrena; travam com eles violentas lutas, como verdadeiros animais disputando preciosas presas.

Esses indivduos tm uma vida mesquinha e materializada, mesmo estando no Plano Espiritual. Ficam s tontas, vagando no espao. Muitas vezes so conduzidos logo reencarnao. E continuam nada sabendo do que se passou entre a desencarnao e a nova encarnao. Esto praticamente equiparados aos animais.

Tomemos, agora, outro exemplo. Um homem mais evoludo, que j se aproxima um pouco dos ensinamentos de Jesus. Embora em estgio bem mais avanado que aquele do exemplo anterior, est, contudo, muito longe da perfeio. Pratica alguns dos ensinamentos do Evangelho, todavia seu apego aos bens terrenos, aos gozos materiais, ainda muito grande.

Esse indivduo desencarna e vai passar por uma experincia muito interessante. Essa experincia lhe ser dolorosa, representar uma fase muito dura no caminho de sua evoluo. Embora se sabendo desencarnado, ele se sente preso matria. Sente vontade de praticar os vcios que alimentou. Se era um fumante inveterado, um bebedor contumaz, vai sofrer muito com a falta do fumo e da bebida. Vai sentir falta do prazer material a que estava habituado.

Espritos dessa categoria permanecem muitos anos naquela regio chamada Umbral do Plano Espiritual, onde purgaro suas dependncias para com o mundo fsico. O Umbral, para esses indivduos, uma espcie de cmara de sofrimentos, provocados pela distncia em que o Esprito se encontra da matria e dos prazeres que lhe eram to importantes quando encarnado. Da falta desses prazeres que advm o sofrimento.

Se for um Esprito de certo equilbrio, chegando a um tempo em que j se tenha despojado de suas vinculaes mais grosseiras com a matria, ser recolhido a uma Colnia Espiritual. Se no, pode reencarnar na sequncia.

Nessa Colnia, o Esprito ter acesso a assuntos que, at ento, lhe eram inteiramente desconhecidos. Atravs de cursos ministrados por Espritos mais evoludos, aprender novas verdades, enriquecer seu cabedal de conhecimentos, ampliar seus horizontes.

Os sofrimentos do Umbral e o aprendizado numa dessas Colnias esto muito bem relatados no livro Nosso Lar, de autoria do Esprito Andr Luiz, psicografado por Francisco Cndido Xavier.

Andr Luiz era um indivduo bom quando encarnado. Um homem correto, bom pai, bom esposo, bom profissional. Mas adorava os prazeres da mesa. A gula era um de seus vcios. Depois de desencarnado, passou oito anos no Umbral. Nesse perodo foi obrigado, pelo sofrimento, a desvincular-se da mesa lauta. Depois desse estgio depurador, foi recolhido Colnia Espiritual Nosso Lar, onde comeou um processo de reeducao e aprendizado.

No mundo espiritual aprendemos, assumimos novas disposies. Mas a prtica, o testemunho, aplicado no plano fsico, isto , quando estamos reencamados. E no corpo fsico, nesta abenoada morada que o nosso corpo fsico, que aplicamos aquilo que aprendemos no Plano Espiritual, demonstrando se fomos alunos aplicados ou se temos de repetir o aprendizado.

Segundo O Livro dos Espritos, o Universo compe-se de trs elementos bsicos: Deus, esprito e matria.

Deus, criador de todas as coisas. O esprito o princpio inteligente do Universo, criado por Deus e que tem como misso chegar um dia at o Criador. O princpio inteligente (esprito) com o seu corpo perispiritual, denominamos Esprito. E como poder o Esprito cumprir essa misso? Atravs da matria. A matria o instrumento de evoluo do Esprito. na matria que demonstramos o nvel de aprendizado espiritual que conquistamos.

Da podermos concluir que a vida no mundo material no a verdadeira vida para a qual fomos criados; apenas um estgio evolutivo, onde nos preparamos para a meta final. Contudo, a vida material de Esprito encarnado deve ser vivida com naturalidade, dentro do ambiente de luta e trabalho que a caracteriza, nada justificando ao Esprito dela desertar por conta prpria. Se assim o fizer, seu sofrimento ser muitas vezes maior do que aquele que motivou sua desero.

A partir de certo grau de equilbrio, para cada 60 a 70 anos de encarnado o Esprito fica de 200 a 300 desencarnado. E a tendncia dilatar o tempo em que permanece desencarnado, na medida em que vai evoluindo, at chegar quele ponto em que a reencarnao seja totalmente dispensada.

Nesse ponto, o indivduo tem vida somente espiritual, podendo reencamar voluntariamente para o cumprimento de grandes misses.

Portanto, a encarnao apenas um acidente na vida do Esprito, uma passagem rpida e efmera, atravs da qual ele chega grandeza da vida espiritual plena. Nos parmetros humanos como se fizssemos a uma pessoa a seguinte proposta: trabalhar por um minuto e por esse minuto receber um salrio por toda a vida. Pois esta a proposta que nos colocada: uma vida espiritual para sempre em troca, apenas, de um minuto de trabalho. O minuto de nossas encarnaes bem aproveitadas.

Por isso, precisamos entender que todo o trabalho que estamos fazendo agora, que todo sofrimento que nos atinge, so um beneficio para a nossa vida espiritual. Tudo o que aqui fizermos, o que aqui passarmos, ter um reflexo profundo em nossa vida espiritual. E que h um roteiro seguro para a construo de nossa felicidade: a vivncia do Evangelho de Jesus.

No Plano Espiritual, quando detentores de algum equilbrio, somos levados a refletir sobre as atividades que desenvolvemos durante nossa ltima encarnao. Se praticarmos o mal e temos conscincia desse mal; se roubamos, por exemplo e avaliamos o dano causado por esse roubo , o remorso e o arrependimento comeam a nos atormentar. Ento nos preparamos para corrigir os erros cometidos, preparamo-nos para uma nova encarnao. E, nesta nova encarnao, voltamos espiritualmente preparados para reparar a falta cometida, pois s o arrependimento no suficiente. Necessrio se faz reparar o mal, reconstruir o que foi destrudo, unir aquilo que desunimos.

Contudo, na maioria das vezes ns erramos e no temos a conscincia exata das consequncias daquilo que fizemos. No temos uma ideia precisa do mal que causamos. Neste caso, de nada adiantaria, quando regressssemos ao Plano Espiritual, o nosso mentor nos dizer das falhas que cometemos, pois em nosso ntimo tudo fora feito dentro do nosso padro de conduta.

Logo, para os inconscientes poderem compreender a extenso do mal praticado, necessrio que passem por experincia semelhante quela que impuseram ao seu prximo. lei de Ao e Reao. Nossa ao do passado voltando-se hoje, em nova encarnao, contra ns mesmos, ensinando-nos a no repeti-la contra nosso prximo.

Assim, numa nova encarnao, passando pelas mesmas vicissitudes que infligiu a seu semelhante, o agressor levado a sentir, a sofrer, e assim entender o mal praticado em toda a sua extenso. Dessa compreenso nasce o remorso, do remorso nasce o arrependimento, o primeiro passo, bastante positivo, para pagar a dvida contrada com o outro.

Gravemos bem: remorso e arrependimento no pagam dvidas. S pagamos nossas dvidas quando reconstrumos aquilo que destrumos.

Analisando com maior profundidade esse assunto, percebemos que h duas situaes diferentes; do indivduo consciente do mal praticado, e daquele que no tem conscincia desse mal.

Talvez essas duas situaes possam ser mais bem esclarecidas atravs do seguinte exemplo: um indivduo trabalha numa firma e, num momento de fraqueza, comete um desfalque. Consciente de seu erro, nem chega a usar o dinheiro. Confessa o desfalque ao patro, reconhece o quanto estava errado, e devolve-lhe o dinheiro. O patro compreende o seu gesto, recebe o dinheiro de volta e procura orient-lo para que isso no se repita. O devedor pagou a sua dvida.

Agora a outra situao.

O desfalque foi cometido e o indivduo no se conscientizou do erro, gastou o dinheiro. Tempos depois, esse indivduo roubado. A ele sente o quanto duro ser roubado. Lembra-se, ento, do roubo cometido, do mal que fez ao patro. Reflete sobre o caso e, da reflexo, surge o arrependimento. Ele fez, sofreu, arrependeu-se. E a dvida? Foi paga? No. A dvida s ser paga quando ele devolver integralmente, ao patro, a quantia roubada, isto , quando ele reconstruir aquilo que destruiu.

E bom que isso fique bem claro. Pois muita gente acha que o arrependimento puro e simples suficiente, para pagar nossas dvidas. Nem o arrependimento nem o sofrimento nos livram de nossas dvidas; impelem-nos ao ressarcimento, mas o pagamento mesmo s o fazemos atravs das reencarnaes, construindo aquilo que destrumos.

A reencarnao em que o Esprito volta para pagar uma dvida chama-se encarnao expiatria. Difere daquela encarnao em que o Esprito vem, por escolha de seus mentores, para desempenhar uma tarefa especfica; neste caso trata-se de uma encarnao de prova.

Muitas vezes, nessas encarnaes de prova, Espritos sem dbitos so submetidos a sofrimentos atrozes, e suas reaes so observadas atentamente pelo Plano Espiritual Superior, para que se verifique se esto ou no em condies de receber uma promoo ou as responsabilidades de uma tarefa mais elevada. Assemelha-se a uma escola como as que conhecemos por aqui, onde os alunos periodicamente so obrigados a fazer provas de avaliao.

As provas nos so impostas para que, sobrepujando-as, possamos demonstrar que estamos aptos para receber novas tarefas. Quando o Plano Espiritual deseja dar novas atribuies a um indivduo, lgico que antes o submeta a uma prova. Ento acontece o que vemos com frequncia: est a pessoa muito bem e, de repente, comeam a aparecer-lhe inmeros problemas. A pessoa luta, sofre, trabalha, enfrenta tudo e no se entrega. O Plano Espiritual v que se trata de um lutador, de um indivduo de fibra, e resolve entregar-lhe a nova misso.

Por trs de todas essas provas, em maior ou menor escala, est sempre presente a dor. Ento, a dor uma bno, pois atravs dela podemos mostrar o nosso preparo. Atravs dela nos conscientizamos de nossos erros e, por meio dessa conscientizao, nos aproximamos mais do Criador.

Apenas para fixar melhor aquilo que j foi dito at aqui nesta aula: estamos nos encaminhando para uma vivncia espiritual pura, sem a necessidade de reencarnaes. Os Espritos que habitam planetas mais evoludos que o nosso tm suas experincias carnais em corpos menos densos que os nossos, e assim vo evoluindo at que sejam dispensados de reencarnar. Chegaro, a um estgio em que sua evoluo se processar unicamente atravs das experincias que vo travar no mundo espiritual.

Achamos importante, agora, abordarmos rapidamente a gradao dos Espritos, j que falamos em Espritos ignorantes, equilibrados, superiores etc.

Allan Kardec, em O Livro dos Espritos, classifica os Espritos em trs ordens, que se subdividem em 10 classes.

So as seguintes essas classes:

10) Espritos impuros; 9) levianos; 8) pseudossbios; 7) neutros; 6) batedores/perturbadores; 5) benvolos; 4) sbios; 3) prudentes; 2) superiores; 1) puros.

Na realidade, essa classificao pretende demonstrar que no Plano Espiritual existem indivduos de todas as espcies. Assim fica mais clara a recomendao da Doutrina Esprita de que no devemos aceitar cegamente tudo aquilo que os Espritos nos dizem, pois nem todos so sbios, superiores ou puros.

Essa classificao pode ser simplificada da seguinte forma: Espritos inferiores, bons, superiores e crsticos, ou da Esfera Criativa.

Por esta ltima classificao, Espritos inferiores so aqueles que ainda se encontram em estgio de profunda ignorncia; so os chamados Espritos maus, isto , maus pela ignorncia do Bem. So os Espritos que normalmente assediam as criaturas, obsidiando-as; so os vingadores, aqueles que vm em busca de desforra.

Espritos bons so aqueles cooperadores, os guias, protetores, aqueles que nos acompanham durante a vida e nos auxiliam na execuo dos trabalhos espirituais. Cooperam na assistncia aos doentes. Na ortodoxia catlica seriam equivalentes aos anjos.

Espritos superiores so os responsveis pela vida dos povos, so os grandes guias, aqueles que desenvolvem tarefas de grande alcance no plano coletivo, responsveis pela gravao da histria dos povos no grande livro do Universo. Quanto a esta ltima tarefa, pode-se esclarecer que tudo o que se passa no Universo fica registrado, gravado. Os hindus, por exemplo, nos falam dos Arquivos Aksicos. Logo, esses Espritos superiores podem, com facilidade, consultar no ter a histria de um povo j desaparecido h milnios, e essa histria se lhes aparecer to viva, to presente, como se os fatos estivessem acontecendo naquele instante.

O mdium Francisco Cndido Xavier conta que, ao psicografar o livro H 2.000 Anos, foi-lhe dado viver as cenas que estava escrevendo. Chico estava presente, praticamente participando de todos os fatos descritos naquele livro. A mdium Yvonne Pereira diz que, em seus romances, ela chega a viver com os prprios personagens, como se estivesse presenciando uma cena num teatro, s que ao invs de estar na plateia ela est no palco.

Esses relatos confirmam o fato de que os mdiuns so transportados para o Plano Espiritual, onde tm acesso a esses Arquivos Aksicos, para que possam melhor descrever as cenas do passado.

Cabe tambm a esses Espritos superiores a direo das provaes coletivas. Indivduos ligados entre si pelas mesmas reaes (Carma) so reunidos numa determinada situao e sofrem um acidente em conjunto. Assim explicam-se as grandes tragdias, onde centenas de pessoas perdem a vida ao mesmo tempo e de modo idntico. So grupos de indivduos que precisam conscientizar-se do erro cometido em conjunto no passado e, por luso, passam pela mesma provao.

A Histria est repleta de provaes coletivas: o desaparecimento da Lemria, o afundamento da Atlntida, os (.'cindes terremotos e maremotos, a destruio de Pompia, os grandes desastres areos da atualidade etc. Todos esses acontecimentos so, sem dvida, controlados por Espritos Superiores.

Cabe ainda aos Espritos Superiores cooperar na construo dos mundos e na destruio dos globos apagados, que so corpos celestes j sem condies de vida.

Finalmente, algumas referncias sobre os Espritos da Esfera Criativa. So entidades extremamente elevadas. Espritos que tm por delegao divina a tarefa de criar formas e tipos. Mas tm, sobretudo, a capacidade da abnegao.

Em seu livro A Caminho da Luz, Emmanuel fala do trabalho gigantesco de Jesus na direo da equipe que criou as novas formas de vida e organizou as condies apropriadas para que a vida pudesse expandir-se na Terra.

Entretanto, tais Espritos tm, acima de tudo, a nobre misso de salvar humanidades. Graas ao seu elevado grau de abnegao, eles voluntariamente se sacrificam para mudar o curso de toda a histria. Jesus de Nazar, o nosso Cristo Planetrio, exemplo dessa abnegao.

10.2 O Intercmbio Atravs Da Mediunidade

Para encerrar esta aula, j que falamos tanto em mundo material e mundo espiritual, importante lembrar que livre o intercmbio entre esses dois mundos. E esse intercmbio feito atravs dos mdiuns.

Mdiuns so criaturas de sensibilidade aguada, que podem registrar a presena de Espritos e podem, tambm, transportar-se para o Plano Espiritual e descrever cenas e fatos. Podem ouvir Espritos e emprestar seu corpo fsico para servir de veculo de manifestao temporria de Espritos desencarnados.

E preciso deixar registrado, contudo, que o fato de o indivduo ser mdium no lhe confere, necessariamente, a coroa de santificao. Mdium apenas um trabalhador da verdade que, quanto mais moralizado e evangelizado for, melhor ter condies de servir ao prximo e de ser veculo de Espritos superiores. Mdiuns existem no Espiritismo e fora dele. O Espiritismo no inventou os mdiuns; a Doutrina Esprita procura educar, orientar, ajudar o mdium a cumprir fielmente o preceito cristo de dar de graa o que de graa recebemos.

10.3 Bibliografia

O Livro dos MdiunsAllan KardecCaptulo VIII

Iniciao EspritaAutores diversos - Editora Aliana

MediunidadeEdgard Armond - Editora Aliana

O Livro dos EspritosAllan KardecLivro Segundo

Nosso LarAndr Luiz / Francisco Cndido Xavier, FEB

E a Vida ContinuaAndr Luiz / Francisco Cndido Xavier, FEB

Captulo 11 - Esboo Do Livro A Gnese / Os Milagres E As Predies segundo o Espiritismo

11.1 O Ser Humano Frente Ao Universo

ltimo livro do codificador, editado em janeiro de 1868, pouco mais de um ano antes do desencarne de Allan Kardec, A Gnese , acima de tudo, um livro cientfico. Um texto em que patente a preocupao de Kardec em fortalecer o lastro cientfico da Doutrina Esprita, to necessrio para que o aspecto religioso o mais importante dos trs componentes pudesse subsistir enfrentando a verdade face a face.

O livro comea abordando as caractersticas da revelao esprita, para legitimar o processo pelo qual foi recebido. Em seguida, fala sobre Deus e Sua existncia. Depois se estende sobre o Bem e o Mal. Discorre sobre o desempenho da Cincia, sobre os antigos e modernos sistemas cientficos.

No prefcio de A Gnese, Kardec afirma que no Espiritismo no se encerram mistrios nem teorias secretas. Tudo nele tem de estar patente a fim de que todos o possam avaliar com conhecimento de causa; e que no uma obra transmitida por um nico Esprito, mas resultante do ensino coletivo e simultneo.

Nos primeiros captulos de A Gnese h consideraes a respeito da existncia de Deus, dos instintos dos seres vivos e da inteligncia. Do captulo 4 ao 9 h uma sntese sobre a formao do Universo, dos sistemas solares, o ter espacial, a matria, os diferentes mundos, a Terra e seus perodos, o tempo e a sua relatividade. Se a houvesse apenas a descrio desses fenmenos, se estaria diante de uma obra de Astronomia ou de Geografia. Contudo, a cada relato, h a anlise do porqu de tal fenmeno, com o desenvolvimento filosfico do pensamento humano perante tais grandezas.

11.2 - Da Evoluo Das Espcies E Dos Mundos

A partir do captulo 10, h revelaes da gnese orgnica, em que Kardec questiona a gerao espontnea, tese pela qual oi seres surgiriam do nada. Kardec delineia a escala dos seres vivos. Utiliza argumentos irrefutveis ao tratar da condio humana com< > mais um elo na cadeia evolutiva. A descrio est no item 28:

Acompanhando-se passo a passo a srie dos seres, dir-se-ia que cada espcie um aperfeioamento, uma transformao da espcie inferior

E tambm no item 29:

Ainda que isso lhe fira o orgulho, tem o homem que se resignar a no ser no seu corpo material mais do que o ltimo anel da animalidade na Terra.

Em seu captulo 11 (Gnese Espiritual), explicada a diferena entre o princpio espiritual e o princpio vital, a Lei do Progresso Espiritual, e a condio do perisprito.

Do item 18 ao 22 h a descrio fabulosa de como o Esprito vai estreitando os laos reencamatrios com o novo corpo. Do item 28 ao 32 tem-se a origem do ser humano na Terra, como e por que houve o aparecimento do homem, com suas raas, em pontos to distantes do planeta (e com culturas to similares) e outros com to diferentes graus de evoluo.

Particularmente nos itens que tratam da doutrina dos anjos decados se encontra a justificao da raa admica, melhor provida intelectualmente, e sua misso de progresso junto aos que j habitavam a Terra.

11.3 - A Gnese Mosaica

No captulo 12, sobre o esboo geolgico da Terra, em que apresenta de forma cientfica, com os conhecimentos da poca, os seis dias da Criao da Gnese de Moiss. Na realidade conclui Kardec - cada dia destes seis corresponde a um perodo geolgico de milhes de anos. So os perodos geolgicos pelos quais passou o nosso planeta at chegar ao estgio atual, que tambm no o definitivo, pois tudo evolui no Universo..

Segundo a gnese mosaica: Tudo era trevas e Deus fez a In a luz. Criou o cu e a terra, a noite e o dia, e o firmamento.A palavra firmamento usada em decorrncia da crena antiga de que a Terra era plana e de que o cu fazia uma curva. Tudo que estivesse acima de nossas cabeas no cairia, estaria firme.

Segundo a cincia: Houve uma concentrao imensa de tomos em um nico ponto. Essa condensao gerou um grande potencial de energia, elevando a temperatura a bilhes de graus.Esse aumento de temperatura causou uma grande exploso, o Big Bang, h 20 bilhes de anos.Decorrentes de uma exploso, tm-se luz e fragmentos. Esses fragmentos so atualmente as nebulosas, com suas constelaes e sistemas planetrios, que se afastam de um ponto central. Entre os sistemas planetrios formados, h o nosso Sol e seus nove planetas.

Segundo a gnese: Houve a formao e separao das guas superiores e inferiores.Seria difcil entender, ao tempo de Moiss, explicaes das mudanas de estados fsicos da gua.

Segundo a cincia: Da exploso surgiram muitos gases. O mais abundante no espao o hidrognio. Os choques de partculas (prtons, eltrons, nutrons) formaram os elementos qumicos. A princpio a Terra estava muito aquecida. Aps milhes de anos houve um pequeno resfriamento de sua crosta. A sua volta se formaram gotculas de chuva, ocupando vales e reentrncias, formando mares e oceanos.

Segundo a gnese: As guas inferiores juntam-se em um s lugar e aparece o elemento rido terra. E produza a terra a erva verde e que d sementes segundo sua espcie e rvores que do frutos

Segundo a cincia: Estando a Terra ainda morna, e sendo tambm aquecida pela luz do Sol, as guas, compondo uma sopa orgnica, em que molculas, compostos nitrogenados e gases interagiram e formaram as primeiras sequncias de protenas. Estas, por ao de radiaes, foram ficando cada vez mais complexas, at conseguirem se autoduplicar e se fechar em si mesmas. Surgiram as primeiras clulas. Contudo, no eram vegetais, pois para realizar fotossntese, se exige muita complexidade de reaes e tais organismos eram extremamente simples. E o que seriam? Bactrias, protozorios e depois, bem depois, as primeiras algas.

Prossegue o estudo da gnese mosaica e seu paralelo com a cincia.

Segundo a gnese: Surjam luzeiros no firmamento, e separe-se o dia e a noite e sirvam os sinais para distinguir os dias e os anos.

Segundo a cincia: Atmosfera se purificando de gases nocivos, pois, com as algas, se inicia a produo de oxignio. A vida toma-se mais complexa, surgindo plantas mais desenvolvidas. Na sequncia animal aparecem os primeiros seres multicelulares, que vo sofrendo inmeras mutaes, por causa da incidncia das radiaes csmicas e solares na Terra.

Segundo a gnese: Produzam as guas, peixes e rpteis animados e viventes, e aves que voam e se reproduzam e povoem a terra.H, aqui, a observar a fidelidade na sequncia mosaica. No surge a vida sem que se tenha criado a gua. Surgem primeiro os peixes, depois os rpteis e, a partir destes, as aves.

Segundo a cincia: Aps a multiplicao dos seres invertebrados aquticos e terrestres, surgem os primeiros vertebrados (ainda aquticos). Aps novas mutaes alguns peixes conseguiram respirar fora da gua. Abriu-se ento a oportunidade dos seres terrestres, os anfbios. Com o aparecimento das cascas dos ovos, os rpteis, que dominaram a Terra no Perodo Mesozoico. Estes, aps mutaes genticas, deram origem s aves.

Segundo a gnese: Produza a terra animais selvticos e animais domsticos, vivendo segundo a sua espcie. Faamos o homem segundo nossa imagem e semelhana. E Deus criou o homem segundo sua imagem e semelhana, criou-os varo e fmea. Abenoou-os e disse: Crescei e multiplicai-vos e povoai toda a terraEm todas as edies bblicas, quando da criao do ser humano, o verbo est no plural (faamos...). O que leva reflexo de que Deus tenha consultado seus auxiliares celestes na criao do homem.Ao analisar a frase sua imagem e semelhana , preciso considerar que Deus quer que o ser humano reflita Sua imagem de bondade, de justia, de misericrdia, de amor. Como semelhana existe a capacidade de discernir o bem do mal, o certo do errado, pela faculdade, que Ele nos deu, de raciocnio.

Segundo a gnese: E o Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra e inspirou no seu rosto um sopro de vida.Todos os elementos qumicos presentes na terra, como o carbono, substncias nitrogenadas, sdio, potssio, ferro etc. esto em nosso corpo. Nossos corpos so formados de compostos qumicos orgnicos e inorgnicos. Fazemos parte de uma cadeia alimentar, pois quando nossa matria no tem mais vida, o corpo se decompe e esses elementos retomam ao solo, para que os vegetais os absorvam e possam alimentar outros seres, cumprindo a reciclagem dos elementos.

11.4 - Os Milagres E As Predies

Finalmente, em A Gnese, Kardec fala das ocorrncias que so descritas como milagres no Evangelho.

Assunto muito controvertido, pois o milagre, em conceito, se trata de uma ocorrncia em que derrogada uma lei natural. Ora, sendo lei natural, uma lei de Deus. Se Deus fizesse a lei e, em determinadas ocasies, a derrogasse, a lei no seria perfeita. Logo, milagre, como derrogao da lei, no existe. Na realidade, o que se entende por milagre pura e simplesmente a manipulao de uma lei natural ainda desconhecida dos homens em geral. Assim, os chamados milagres do Evangelho seriam a ao sbia de Jesus manipulando foras, na poca (e ainda hoje, a maioria delas), desconhecidas da humanidade.

Todos esses fatos esto cientificamente explicados em A Gnese, demonstrando que o Espiritismo procura sempre compreender os acontecimentos dentro da ordem natural e nunca na rbita do chamado sobrenatural ou milagroso.

A mesma trajetria percorre o codificador, ao tratar das profecias. Kardec apresenta teorias a respeito da faculdade de prever acontecimentos futuros, demonstrando que, quanto mais evoludo o Esprito, maior sua capacidade de compreender a marcha dos fatos, sem com isso derrogar o livre-arbtrio, que atributo indelvel conferido por Deus s criaturas.

11.5 - Bibliografia

O Livro dos MdiunsAllan Kardec

A Gnese, os Milagres e as Predies segundo o EspiritismoAllan Kardec

A Caminho da LuzEmmanuel / Francisco Cndido Xavier, FEB.

Evoluo em Dois MundosAndr Luiz / Francisco Cndido Xavier, FEB.

Evoluo para o Terceiro MilnioCarlos Toledo Rizzini, Edicel.

Os Exilados da CapelaEdgard Armond, Editora Aliana.

Captulo 12 - As Leis Da Reencarnao E Do Carma. A Evoluo Do Esprito

12.1 As Leis Da Reencarnao E Do Carma

Ensina a Doutrina Esprita que o Esprito criado simples e ignorante. Deus o Criador, que cria incessantemente Espritos destinados perfeio. Assim, o Esprito sai das mos do Criador e comea uma srie de experincias ligadas matria. Aprendendo com o esforo prprio, cada qual colhendo os resultados das prprias experincias, e assim formando sua prpria personalidade.

Na pergunta 166 de O Livro dos Espritos, encontramos as bases da pluralidade das existncias, ou das reencarnaes. Comea o captulo com Kardec perguntando:

Como pode a alma, que no atingiu a perfeio durante a vida corprea, acabar de se depurar?

Respondem os Espritos:

Submetendo-se prova de uma nova existncia.

E, assim, o assunto vai se desenrolando de forma lgica, ensinando-nos que a matria o corpo fsico o instrumento essencial da evoluo do Esprito em nosso plano. Mostra tambm que a reencarnao a mais alta expresso da Justia Divina, que no condena ningum a sofrimentos eternos por causa dos erros muitas vezes cometidos em momentos de desequilbrio ou fraqueza.

Demonstra que a reencarnao a oportunidade que temos de nos aperfeioar mediante nossos erros e acertos, segundo a nossa prpria experincia, construindo nosso prprio destino.

A reencarnao isto , os inmeros corpos de que se serve um mesmo Esprito em sua caminhada pela eternidade explica melhor a diversidade de destinos e de aptides que vemos aqui na Terra. Existem os doentes e os sos; os ricos e os pobres; os deficientes e os perfeitos; os inteligentes e os retardados. Sero todos os sofredores seres castigados pelo Criador? E os felizes, por sua vez, seres premiados pelo Pai? Logo, o Criador castigaria e premiaria a seu bel-prazer, como o mais imperfeito dos mortais?

Excluindo-se a reencarnao das hipteses da origem e do destino humano, temos de admitir a existncia de um Deus irascvel e castigador; a vida deixa de ter explicaes lgicas. Teramos de admitir que o doente incurvel, por exemplo, est sendo castigado. Mas, por qu? Se muitas vezes esse mesmo doente uma pessoa boa, honesta, e tem sido sempre devotada ao bem de seu prximo, ao conforto de seus familiares? justo, ento, castigar uma pessoa assim? Se levarmos em considerao a unicidade da existncia, isto , se levarmos em conta que vivemos uma nica vez, ento essa doena representa um castigo terrvel, um capricho de Deus, que nada servir para o ser em prova.

Por sua vez, a reencarnao explica tais fatos e demonstra que Deus apenas o Justo e o Misericordioso; ns, os seres por Ele criados, que muitas vezes transgredimos Suas leis e, por isso mesmo, somos forados a sofrer as consequncias dessas transgresses. Entramos, assim, na Lei de Ao e Reao, ou Lei do Carma, que funciona tambm no campo fsico. Como lei fsica (a 3 Lei de Newton), ela enunciada da seguinte forma:

A toda ao corresponde um reao de igual intensidade e direo, mas em sentido contrrio.

No plano moral, ou espiritual, a Lei de Ao e Reao pode ser enunciada de forma essencialmente evanglica:

E livre a semeadura, porm obrigatria a colheita. Isto , somos livres para agir, porm obrigados a nos submeter reao dessa mesma ao. Uma ao boa ter uma boa reao; uma ao m trar, sem dvida, uma reao m, ensinando-nos a no mais repeti-la. Isso sempre no plano da eternidade: a ao pode ser cometida hoje, porm a reao pode ser desencadeada muitos sculos frente, em outra encarnao.

A Lei de Ao e Reao, ou Carma, ensina que somos herdeiros de ns mesmos. No h injustia do Criador. Somos responsveis pelo nosso sofrimento ou pela nossa felicidade. A causa de nossa infelicidade ou de nossa felicidade deve ser buscada dentro de ns, e no fora. Os outros no so responsveis pelo nosso destino. Procuremos em ns mesmos as causas e, se no as encontrarmos na vida presente, sem dvida elas esto radicadas em vidas anteriores, em outras encarnaes. Aquele que hoje sofre sem causa aparente est, com certeza, resgatando uma ao do passado em que fez algum sofrer com a mesma intensidade com que est sofrendo hoje. A Pedagogia Divina nos ensina, pela experincia, a sofrer em ns o mal que infligimos a outrem. Assim, com as reencarnaes sucessivas, vamos aprendendo que s devemos fazer o bem, pois o mal cometido contra algum um dia retomar contra ns mesmos, causando-nos a mesma dor que a vtima do passado sentiu.

A reencarnao vai levando, portanto, o Esprito conscientizao no Bem. Vamos nos convencendo de que fazer o Bem melhor do que fazer o Mal. Embora, em termos de uma nica vida, o Mal muitas vezes parea um negcio muito melhor da o grande nmero de gozadores irresponsveis da vida, despreocupados da imortalidade.

J vimos, em captulos anteriores, como se processa essa conscientizao pela dor e pelo remorso. Feito o Mal e reconhecido ele por ns, aps nossa desencarnao o remorso nos bate porta e pedimos uma nova encarnao para o resgate da falta cometida. Essa nova encarnao trar sofrimento e s nos quitar perante as Leis Divinas se realmente resgatarmos a falta, reconstruindo aquilo que destrumos.

A no aceitao do erro, por sua vez, nos trar o sofrimento pela reao natural. Essa dor nos levar ao remorso, pois estamos sentindo a dor que o outro (a vtima do passado) sentiu e logo o remorso de haver feito esse Mal nos invade o Esprito. Com o remorso temos vontade de reparar a falta. A reencarnao nos trar a oportunidade da reparao.

Isto no significa que sempre cumprimos bem o encargo de reparao que assumimos ao reencarnar. Muitos de ns nos acomodamos, quando voltamos a novo corpo, e acabamos at nos revoltando quando a oportunidade de resgate nos bate porta. Com isso apenas adiamos o pagamento da dvida; voltamos ao Plano Espiritual com uma dvida acumulada.

Porm, a Misericrdia Divina no exige o pagamento de uma s vez. Em novas encarnaes vamos pagando em prestaes. Se os Espritos Superiores perceberem que numa nova existncia estamos demonstrando capacidade de pagar uma parcela maior da dvida, eles cuidaro de liberar essa parcela maior a fim de quitar mais rapidamente o dbito por ns livremente contrado. A ningum pedido pagar parcela maior do que aquela que estamos capacitados a pagar. Da a sabedoria do refro popular em termos de reencarnao: Deus d o frio conforme o cobertor.

Por isso ouvimos com frequncia afirmaes desse tipo: Depois que entrei para o Espiritismo minha vida at piorou. A explicao bastante lgica: enquanto estamos despreocupados das verdades espirituais, no temos condies de pagar os dbitos do passado e, assim, vamos adiando o resgate.

Quando, porm, iluminados pelas verdades sublimes que o Espiritismo nos traz, teremos condies de comear os pagamentos, pois a compreenso de que nos revestimos admitir, sem revoltas, os sofrimentos e provaes normais aos resgates de dvidas. Assim, estaremos caminhando mais rapidamente para a felicidade, pois, quites com dbitos, seremos livres para entrar em planos espirituais onde o bem sobrepuja o mal.

Por isso o Esprito Emmanuel nos ensina: Aflio sem revolta paz que nos redime. Redime-nos perante o nosso passado delituoso. A revolta sofrimento desperdiado. Sofrer com revolta exige a repetio do sofrimento. Vejamos um exemplo muito simples: uma pessoa deve uma determinada quantia a outra. Para pagar essa dvida precisa, muitas vezes, privar-se de uma srie de benefcios e de conforto; mas, quitada a dvida, ela poder voltar a esses benefcios. Contudo, se obrigada a pagar a dvida, comea a revoltar-se, acaba perdendo inclusive as condies de amealhar dinheiro para resgatar o dbito. Assim, esse dbito ser acrescido de juros e o indivduo ter de pagar com o acrscimo de sua prpria revolta.

Por isso muita gente acha que s o fato de sofrer j suficiente para o pagamento de uma dvida. No verdade, depende de como sofremos. Sofrimento com revolta dvida aumentada, significa devedor rebelde, desonesto, que no tem satisfao de pagar dvida livremente contrada por ele mesmo. Assim, a dor moral ou fsica - deve sempre ser assumida por ns. Significa que chegado o momento de resgate, que estamos recebendo a reao de aes por ns mesmos desencadeadas. E claro que devemos procurar todos os meios para atenuar nosso sofrimento bem como para atenuar o sofrimento do prximo porm, se depois de toda nossa luta a situao no se modifica, devemos aceitar serenamente a dor, sem desespero nem revolta.

Dor serenamente aceita resgate bem absorvido, degrau conquistado pelo Esprito rumo felicidade superior.

por isso que se destaca o ensinamento do perdo que Jesus testemunhou em toda sua trajetria entre ns. Quando perdoamos, a revolta se desvanece e entramos em sintonia com Espritos Superiores que nos sustentam na paz necessria para vencermos as tribulaes.

Quando falamos da necessidade de fazer o Bem, para colhermos o Bem pela Lei de Ao e Reao, possvel que muita gente argumente acerca do desconhecimento do que seja o Bem para o prximo. Mais uma vez, Jesus o roteiro. Ensinou ele que todos os mandamentos da Lei de Deus podem se resumir apenas neste: Ama a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a li mesmo. Aqui est o roteiro de nossa felicidade. E s seremos felizes construindo a felicidade de nosso prximo. Poderamos concluir dizendo que devemos fazer ao prximo aquilo que desejamos faam a ns.

12.2 A Evoluo Do Esprito

Se Deus perfeito e se somos criados por Deus, logo poderamos j ter sido criados perfeitos. Por que o Pai j no nos cria assim? Ao contrrio, Ele nos cria simples e ignorantes, para que trabalhemos pela nossa prpria evoluo rumo perfeio.

Na realidade, no nos cabe ensinar ao Pai o que fazer, mas temos o direito de perguntar, de expor nossas dvidas. Na Doutrina Esprita no h dogmas, no h imposies, podemos sempre questionar, no aceitar cegamente tudo aquilo que nos ensinado. Os Espritos Superiores no nos abandonam se nos mostrarmos sempre ansiosos de mais aprender; pelo contrrio, apoiam todas as iniciativas que visam fazer o homem melhor compreender o Criador. Alis, todos ns gostaramos de entender a natureza de Deus; contudo, Jesus, no Sermo da Montanha, ensina que os puros de corao vero a Deus. Logo, o Mestre explica que quanto mais nos moralizarmos, mais purificarmos nossos sentimentos, melhores condies teremos de entender e ver Deus.

Mas, voltemos ao problema da Criao. A lgica nos diz que ningum chega a general sem comear pelas patentes menores, a partir do grau de aspirante a oficial. Logo, se Deus nos criasse perfeitos, que mrito teramos?Como poderamos ter valor, se j tivssemos recebido tudo de presente, sem esforo, sem passar pelas experincias do aprendizado que formou a nossa personalidade? Deus quer que o ser, a sua criatura, participe da obra da Criao. Ele nos d oportunidade de sermos co-criadores da Sua obra. E, na medida em que mais participarmos dessa obra, mais perto do Criador estaremos.

Poderamos at dizer, na linguagem mais acessvel ao nosso entendimento, que Deus no egosta: Ele oferece participao a todos seus filhos na construo da monumental obra da Criao.

Assim, pelas reencarnaes sucessivas vamos evoluindo. Inicialmente fazendo longas experincias nos reinos mineral, vegetal e animal, vamos conquistando vivncia. Depois, j como seres humanos, agindo livremente, construindo e destruindo, amando e odiando, vamos acumulando experincias e recebendo as reaes que nos ensinam o caminho da perfeio. Neste e em outros mundos vamos conquistando aprendizado at chegarmos ao ponto de pureza espiritual, em que no h mais necessidade de encarnarmos. Mas, mesmo a, o trabalho continua, e agora com mais aproveitamento, pois quanto mais puros formos, mais entenderemos a vontade de Deus e faremos a Sua vontade por todo o Universo.

Na caminhada evolutiva, vamos acumulando dbitos e crditos. Vamos aprendendo, enfim. Como indivduos ou como coletividades, comunidades, povos, vamos adquirindo dbitos e crditos. Uma nao, por exemplo, a soma de dbitos e crditos (o carma) de cada um de seus integrantes. Diz-se, portanto, que os povos e comunidades tm seu carma coletivo.

Emmanuel, no livro O Consolador, item 250, explica como se processa a provao coletiva:

Na provao coletiva verifica-se a convocao de Espritos encarnados participantes do mesmo dbito, com referncia ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da Justia, na lei das compensaes, funciona ento espontaneamente, atravs dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dvida do pretrito para os resgates em comum, razo por que, muitas vezes, intitulais doloroso acaso as circunstncias que renem as criaturas mais dspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo fsico ou as mais variadas mutilaes, no quadro de seus compromissos individuais.

Nada est subordinado ao acaso. Tudo tem algum relacionamento com a Lei de Evoluo. Nosso presente reflete o nosso passado. O futuro ser exatamente o resultado de nosso trabalho no presente. Esprito e matria evoluem. Todos tendem para a desmaterializao. O Esprito evolui deixando para trs seu apego aos bens transitrios da matria; a matria evolui tomando-se cada vez mais fludica, retomando ao plano da energia. A Terra, como planeta, evolui e, neste incio de Terceiro Milnio, ela passar por transformaes mais acentuadas, a fim de cumprir mais uma etapa em sua caminhada evolutiva no concerto dos mundos.

Entretanto, quando falamos em evoluo do Esprito pelas vias da reencarnao, preciso lanar mais um esclarecimento. Reencarnao instrumento da Evoluo, pela qual o Esprito jamais regride; pode estacionar, mas no voltar para trs. A reencarnao diferente da metempsicose. Esta, a metempsicose, adotada por povos da antiguidade, diz que o Esprito pode reencamar em corpos que no sejam os do gnero humano. Isto , que podemos reencamar no corpo de um animal. Essa teoria da metempsicose no tem fundamento nas observaes e estudos levados a efeito pela Doutrina Esprita. Desde que atingimos o estgio humano, no mais regredimos, e a reencarnao se dar sempre na linhagem humana.

Atualmente, a reencarnao vem sendo novamente estudada sob critrios cientficos. Muitos homens de cincia esto se dedicando ao estudo para comprovar a volta do Esprito a um novo corpo. J existem muitas provas cientficas sobre o assunto, estando a Cincia, atravs de seus representantes mais honestos, caminhando para comprovar de forma insofismvel a ocorrncia da reencarnao, que vem sendo defendida desde a mais remota antiguidade, fazendo parte dos ensinamentos das religies mais antigas da Humanidade.

12.3 Bibliografia

Ao e ReaoAndr Luiz / Francisco Cndido Xavier, FEB

Livro dos EspritosAllan KardecCapitulo IV

Justia DivinaEmmanuel / Francisco Cndido Xavier, FEB

A ReencarnaoGabriel Del lane, FEB

Vinte Casos Sugestivos de ReencarnaoIan Stevenson, EDICEL

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