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Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br Página1 Curso/Disciplina: Improbidade Administrativa Aula: Sanções dos Atos de Improbidade Administrativa. Professor (a): Guilherme Hartmann Monitor (a): Lívia Cardoso Leite Aula 03 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Patrimônio público: direito difuso. Ação civil de improbidade administrativa: ação coletiva do microssistema de tutela coletiva. - Sanções dos Atos de Improbidade Administrativa LIA, art. 12 - Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato : I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos ; II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos ; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos ; IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido . (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente . A LIA, com a ação de improbidade administrativa que segue o seu rito, a típica, tem prisma principal, ênfase, nítida função, segundo a visão do STJ em REsps repetitivos, punitiva, sancionadora,

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Curso/Disciplina: Improbidade Administrativa

Aula: Sanções dos Atos de Improbidade Administrativa.

Professor (a): Guilherme Hartmann

Monitor (a): Lívia Cardoso Leite

Aula 03

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Patrimônio público: direito difuso.

Ação civil de improbidade administrativa: ação coletiva do microssistema de tutela coletiva.

- Sanções dos Atos de Improbidade Administrativa

LIA, art. 12 - Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação

específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas

isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,

ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a

dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o

Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos

ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos

de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o

Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública,

suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da

remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou

incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja

sócio majoritário, pelo prazo de três anos;

IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5

(cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano

causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

A LIA, com a ação de improbidade administrativa que segue o seu rito, a típica, tem prisma

principal, ênfase, nítida função, segundo a visão do STJ em REsps repetitivos, punitiva, sancionadora,

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diferente da AP e da ACP, que também podem visar à proteção do patrimônio público e da moralidade

administrativa. As sanções possuem previsão no art. 12 da LIA.

CF, art. 37, §4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos,

a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas

em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

As sanções são respostas à violação, consequências jurídicas do descumprimento de normas

jurídicas. São reprimendas pela violação à norma jurídica. Na LIA há enfoque diferenciado. O art. 12 dela

prevê as sanções, pegando carona na CF de 1988 – art. 37, §4º.

A LIA prevê outras punições, sanções. Assim, é constitucional o art. 12 da LIA, que prevê outras

sanções, além das previstas no art. 37, §4º, da CF, que está no coração da questão da improbidade

administrativa em seio constitucional?

STF: em julgado, previu que há sintonia com os princípios constitucionais que regem a

Administração Pública. É constitucional o art. 12 da LIA.

Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves: o ato ímprobo deve ser analisado de forma ampla.

Norma programática do texto constitucional não pode ser reduzida pela lei. A lógica é a de que o art. 37, §4º

da CF, segundo a classificação do prof. José Afonso da Silva, constitucionalista, é norma constitucional de

eficácia limitada, não tendo aplicabilidade imediata e exigindo regulamentação. A LIA veio regulamentar,

não podendo reduzir a norma programática e o respeito ao princípio setorial da Administração Pública da

moralidade administrativa.

CF, art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

O art. 12 da LIA fala em pena. A natureza das sanções por ato de improbidade administrativa é

penal, cível ou administrativa?

A doutrina, em posição majoritária, vai no sentido de que as sanções por ato de improbidade

administrativa têm natureza extrapenal, afastando a natureza penal. Também não têm natureza

administrativa, pois quem impõe as sanções é o Poder Judiciário. As sanções de improbidade

administrativa são impostas dentro de ação de improbidade administrativa, tendo natureza jurisdicional.

O raciocínio é de que a natureza é cível. A LIA, embora o texto utilize o termo pena no art. 12, prevê

sanções de natureza cível, oriundas de ação cível de improbidade administrativa.

O art. 37, §4º da CF fala “sem prejuízo da ação penal cabível”. Isso reconhece que são esferas

distintas.

LIA, art. 22 - Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a

requerimento de autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art.

14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.

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O art. dita que, analisados elementos dentro de IC para ajuizamento de ação de improbidade

administrativa ou em ação de improbidade administrativa, pode o MP atuar de ofício ou a requerimento

para requisitar a instauração de IP, que serve para reunir elementos para o ajuizamento de ação penal. A

LIA deixa clara a diferença entre sanções de natureza cível e penal.

Quanto à legitimidade, as sanções de natureza cível, previstas no art. 12 da LIA, são impostas na

esfera jurisdicional após ajuizada ação de improbidade administrativa.

LIA, art. 17 - A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela

pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

§1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.

§2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à complementação do

ressarcimento do patrimônio público.

§3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o

disposto no §3º do art. 6º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965.

§4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal

da lei, sob pena de nulidade.

§5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente

intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

§6º A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da

existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer

dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de

Processo Civil.

§7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido,

para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de

quinze dias.

§8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a

ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via

eleita.

§9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.

§10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.

§11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz

extinguirá o processo sem julgamento do mérito.

§12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto

no art. 221, caput e §1º, do Código de Processo Penal.

§13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídica interessada o ente tributante

que figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o §4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº

116, de 31 de julho de 2003.

Legitimados: MP e a PJ lesada podem ajuizar ação de improbidade administrativa. O ente

público que foi vítima do ato de improbidade administrativa também tem legitimidade ativa para ajuizar a

ação de improbidade administrativa. Isso enfatiza a separação das esferas. No âmbito penal o MP tem

legitimidade privativa para a ação penal pública.

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CF, art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

A PJ lesada não pode ajuizar ação penal pública, que é privativa do MP. Já na esfera cível, pode

ajuizar ação cível de improbidade administrativa.

Princípios da órbita penal: muitas vezes servem de auxílio para algumas conclusões na esfera da

imposição de sanções por improbidade administrativa. Porém, há um princípio que se choca. No âmbito

penal, criminal, há o princípio da estrita legalidade.

CF, art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Para a verificação de crime tem de ter prévia previsão legal da situação.

No âmbito da improbidade administrativa, os caputs dos arts. 9º a 11 da LIA têm expressões

como “qualquer” e “notadamente”, que traduzem que os róis são exemplificativos.

LIA - CAPÍTULO II - Dos Atos de Improbidade Administrativa

Seção I - Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer

tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas

entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem

econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse,

direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente

público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de

bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor

de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de

bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer

natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o

trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou

a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade

ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa

sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,

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qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º

desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens

de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa

física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das

atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de

qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de

ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do

acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das

entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

Seção II - Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou

omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos

bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa

física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas

no art. 1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou

valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das

formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos

ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º

desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer

das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de

mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de

mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar

garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou

regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com

entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à

conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma

para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

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XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou

material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1°

desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos

por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou

sem observar as formalidades previstas na lei;

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de

pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a

entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares

aplicáveis à espécie;

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou

valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a

observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das

formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias

firmadas pela administração pública com entidades privadas;

XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a

estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a

estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.

Seção II-A (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) - Dos Atos de Improbidade Administrativa

Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder,

aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o §1º do art. 8º-A da Lei

Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

Seção III - Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração

Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração

pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às

instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de

competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer

em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação

oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço;

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias

firmadas pela administração pública com entidades privadas;

IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

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As condutas dos arts., que geram improbidade administrativa, são exemplificativas,

diferentemente da esfera penal, que tem estrita legalidade dos atos, tipicidade dos atos que podem ser

punidos.

A LIA trata de ação cível, com sanções de caráter cível.

Competência da ação de improbidade administrativa: na esfera criminal existem regras de

prerrogativa de função. Determinados agentes públicos, políticos muitas vezes, possuem prerrogativa de

função. A ação é ajuizada originariamente perante tribunal, o que acaba se tornando um privilégio.

Na esfera cível prevalece que não há prerrogativa de foro aplicável à ação de improbidade

administrativa. As sanções têm natureza cível, grande argumento para o afastamento da ideia de

prerrogativa de função e sua restrição à esfera criminal.

CPP, art. 84 - A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior

Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,

relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.

Inexiste prerrogativa de função para as ações de improbidade administrativa. A ação tem

natureza cível e sanções cíveis.

Não são necessariamente impostas todas as sanções, dependendo da gravidade do fato. LIA,

art. 12. O texto legal prevê a variação das sanções. O juiz fixa a dosimetria da pena com razoabilidade,

analisando, levando em consideração, o proveito patrimonial, a lesividade e a extensão do dano. As sanções

possuem margem, certa discricionariedade do juiz, de acordo com o previsto em lei e com a razoabilidade.

É possível a fixação isolada ou cumulativa das sanções.

LIA, art. 21 - A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:

I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento;

II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de

Contas.

A imposição das sanções pelo cometimento de ato de improbidade administrativa não exige,

necessariamente, dano. Se houver prejuízo ao erário, a ideia da pena de ressarcimento é a de que o

patrimônio seja recomposto, ressarcido. Porém, não necessariamente, para a aplicação das sanções de

improbidade administrativa, tem de haver dano, prejuízo aos cofres públicos. O art. 11 da LIA traz norma

de encerramento, que diz que se for violado princípio administrativo, como o da publicidade, por exemplo,

já há prática de ato de improbidade, possivelmente. Aplicar-se-ão as sanções correlatas ao art. 11 da LIA.

O art. 9º da LIA fala da hipótese de enriquecimento ilícito do agente. Pode ser que ele

enriqueça ilicitamente sem que o Poder Público sofra qualquer dano. Ex: agente público recebe grana para

agilizar procedimento que já iria fazer. Porém, o acelerou. Não gerou dano aos cofres públicos. É ato de

improbidade administrativa sancionável.

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Tribunal de Contas: existem os de âmbitos federal, estadual e municipal. É órgão fiscalizador.

Ele aprova ou rejeita contas. Isso gera influência para o ajuizamento da ação de improbidade administrativa?

LIA, art. 21, II. A decisão do Tribunal de Contas não é jurisdicional, não gerando coisa julgada

administrativa a impedir que o Judiciário analise de forma diversa. Não há dependência do acolhimento

ou da rejeição de contas. Pode ser que o TC acolha as contas e, ainda assim, o MP ajuíze ação de

improbidade administrativa. Pode ser que o TC rejeite. O órgão ministerial não fica vinculado. Há

independência funcional.

Também há a indisponibilidade. O direito não pertence ao membro do MP. Tudo tem de ser

objeto de análise casuística. Uma vez rejeitadas as contas, devido à independência funcional, o MP pode

abrir IC para a apuração de elementos para ajuizamento de ação e verificar, ao final, que não há tais

elementos. Nesse caso será feita promoção de arquivamento.

CF, art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,

incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais

indisponíveis.

§1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência

funcional.

Há indisponibilidade do direito, que é coletivo. Tudo deve ser analisado.

LIA, art. 9º - hipótese de enriquecimento ilícito do agente. LIA, art. 12, I.

LIA, art. 10 – hipótese de dano, prejuízo ao erário. LIA, art. 12, II.

LIA, art. 11 – hipótese de violação, de atos que atentam contra princípios da Administração

Pública. LIA, art. 12, III.

LIA, art. 10-A – hipótese específica que entrou em vigor recentemente, ao final do ano de 2017.

A lei era anterior, mas havia vacatio legis. LIA, art. 12, IV.

Há sanções que se repetem - perda de bens e valores, ressarcimento integral do dano (ideia de

recomposição dos cofres públicos), perda da função pública (aplicável a agente público), suspensão dos

direitos políticos (para que o agente tenha suspensão temporária da possibilidade de, por exemplo, se

candidatar em eleição), pagamento de multa (está em todos os incisos, com variação do patamar,

dependendo da lesividade, gravidade da conduta) e proibição de contratar com o Poder Público (a proibição

é de que o punido, que pode ser terceiro, fora da esfera pública, que enriquece ilicitamente, por exemplo,

ou agente público, os sujeitos ativos dos atos de improbidade administrativa, quem os pratica, contrate com

o Poder Público ou receba benefícios ou incentivos fiscais, com variação do prazo a depender da conduta).

A lesão mais grave é a do art. 9º da LIA – art. 12, I, LIA. Há enriquecimento ilícito do agente. O

legislador elaborou as sanções de acordo com o grau de lesividade. As mais graves são as decorrentes de

enriquecimento ilícito.

No outro extremo, as menos graves são as decorrentes de violação de princípios da

Administração Pública. O julgador, ao analisar o caso concreto de improbidade administrativa, deve sempre

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iniciar vendo se há violação a princípio da Administração Pública. Assim, no mínimo, já há aplicação do art.

11, com as sanções do art. 12, III, ambos da LIA. Se houver dano, prejuízo aos cofres públicos, vai-se ao art.

10, com as sanções do art. 12, II, ambos da LIA. Por sua vez, se houver violação que gerou enriquecimento

ilícito, compatibiliza-se com o art. 9º e as sanções do art. 12, I, ambos da LIA.

Obs: art. 10-A da LIA – sanções do art. 12, IV, da LIA. Estas são específicas porque a conduta é

plenamente tipificada. O rol não é exemplificativo.

O MP ou o ente público lesado são legitimados ativos, na forma do art. 17 da LIA, para a ação

de improbidade administrativa. São possíveis pedidos cumulados, subsidiários, no âmbito da ação de

improbidade administrativa. O direito é difuso. A proteção ao interesse, ao patrimônio público, ao

adequado gerenciamento da coisa pública, a noção de moralidade administrativa do art. 37 da CF, devem

ser buscados. A linha de acesso à justiça é para proteção do patrimônio público.

O juiz fica adstrito, restrito, aos fatos narrados, à causa de pedir remota. Ele não é acusador.

Não podem ser confundidas as funções de acusador ou de postulante com a de julgador. Quanto à aplicação

das normas ele tem certa maleabilidade.

Correlação entre o pedido e a sentença: há pedido formulado na ação de improbidade

administrativa decorrente da descrição fática da prática de ato de improbidade administrativa. Pode o juiz

condenar, considerando a descrição fática, em outra tipologia, como na norma de encerramento de violação

a princípios da Administração Pública, ou isso feriria o princípio da congruência ou da correlação?

Questão de Direito Processual. Trata da congruência entre pedido e sentença. Esta tem de ser

correlata, congruente ao pedido. Também é conhecido como princípio da adstrição.

CPC, art. 141 - O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer

de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

Art. 492 - É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte

em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.

Pelo princípio da congruência o pedido delimita a prestação jurisdicional. O juiz julga de

acordo com o que foi pedido. Isso é aplicável à ação de improbidade administrativa?

Há exceção ao princípio da correlação entre o pedido e a sentença. É buscado o resguardo do

patrimônio público. Os direitos são difusos, não pertencendo a uma pessoa só, mas à coletividade. O

patrimônio é público. O juiz não altera os fatos, a causa de pedir remota. A ideia é de que o pedido é

amplo. É interessante que haja pedidos subsidiários para que o juiz possa amoldar as sanções dos atos de

improbidade.

Caso haja ação de improbidade em que se alega a hipótese do art. 10 da LIA, dano ao erário,

prejuízo, caso este não seja verificado, não significa dizer que não pode ter ocorrido violação dos princípios

setoriais da Administração Pública. Pode ser imposta sanção.

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LIA, art. 12 – Há maleabilidade nas fixações. Ex: 8 a 10 anos, até 3 vezes o valor – art. 12, I, da

LIA.

Se é feito na ação civil de improbidade administrativa pedido de suspensão dos direitos políticos

por 8 anos, não se afasta a possibilidade de o juiz fixar pena superior até o limite previsto na lei. Posição de

Emerson Garcia. A linha de raciocínio é a de que a dosimetria é posta na lei, para o juiz. Não se pode chegar

à conclusão de que o juiz fica adstrito a eventual pedido restrito de sanções, eis que a própria lei prevê

discricionariedade.

Se não houver previsão legal de determinada sanção não se pode cogitar de o juiz aplicá-la.

Tem de haver previsão legal sob pena de violação à legalidade. Dentro dos contornos legais, da

indisponibilidade, e levando em consideração o bem jurídico tutelado, pode haver sempre interpretação

mais ampla.

Independência entre sanções cível e criminal, entre as respectivas esferas: há normas no

ordenamento jurídico prevendo isso. As sanções de improbidade administrativa podem ser cominadas

independentemente das penais.

Há algum elo, dependência?

Parte-se da ideia de interdependência das esferas penal e cível.

CPC, art. 315 - Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o

juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal.

§1º Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de

suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia.

§2º Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do

qual aplicar-se-á o disposto na parte final do §1º.

É possível ao juiz cível suspender a ação cível, como a de improbidade administrativa, e

aguardar a solução criminal. Porém, caso demore muito tempo, a esfera cível pode voltar a correr. Se o

mesmo fato tiver repercussão cível e penal, o juiz cível pode suspender o processo. A ideia é a de evitar

julgamentos contraditórios. No entanto, se passar muito tempo, nada impede que a esfera cível continue a

correr.

CC, art. 935 - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais

sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo

criminal.

O art. fala de quando há influência entre as esferas penal e cível. Ex: decisão que exclui o crime.

Quando na esfera criminal se entende pela exclusão, pela não ocorrência do crime, inexistência material

dele.

CPP, art. 386 - O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

II - não haver prova da existência do fato;

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III - não constituir o fato infração penal;

IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22,

23, 26 e §1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;

VII – não existir prova suficiente para a condenação.

Há casos em que há vinculação do que foi decidido no crime na ação de improbidade

administrativa.

Ação penal em curso – o juiz cível pode suspender a ação cível para aguardar a solução da

criminal.

De outra forma, hipóteses também previstas no art. 386 do CPP como de absolvição do crime, a

ausência de provas, por exemplo, não vinculam a esfera cível.

Se verificado na esfera criminal que não há fato típico, em decorrência da estrita legalidade do

Direito Penal, não se impede seja a ação cível julgada procedente em razão do cometimento de violação a

princípio da Administração Pública. São esferas distintas.

Sanções por improbidade administrativa: algumas não são tecnicamente sanções.

- Ressarcimento integral do dano: não há previsão no art. 10-A da LIA. Porém, entende-se

possível sua aplicação em razão do art. 5º da LIA.

Não há, tecnicamente, uma sanção. O ressarcimento integral do dano, a recomposição dos

cofres públicos, é, na verdade, consequência da prática de ato de retirada de valores ou de causação de

prejuízo ao erário. Portanto, é merecida a recomposição. É uma consequência buscada em razão da prática

de ato ilícito ou abusivo. É verdadeiro princípio aplicável às ações de improbidade administrativa, não só

pelo art. 5º da LIA, mas também porque o patrimônio público é o foco. Sua proteção é o foco da LIA.

CC, art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e

causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente

os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos

especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua

natureza, risco para os direitos de outrem.

Esses arts. também servem de embasamento, de respaldo. Aquele que causa um dano deve

ressarci-lo.

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LIA, art. 10-A: fala de hipótese específica de improbidade administrativa. No art. 12, IV da LIA

não é previsto o ressarcimento integral. No entanto, isso não impede a imposição por se tratar de princípio,

de regra geral, sendo aplicável o art. 5º da LIA.

STJ, S. 43 - INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE DÍVIDA POR ATO ILÍCITO A PARTIR DA DATA DO

EFETIVO PREJUÍZO.

Trata da atualização monetária do dano, do prejuízo causado.

A noção de patrimônio público é ampla, não sendo só o financeiro. Há também o moral, o

histórico etc. O ressarcimento integral também abarca esses aspectos. É possível o dano moral coletivo. O

STF reconhece a ideia de patrimônio moral.

Lei nº 7347/85, art. 1º - Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações

de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;

V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística;

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;

VIII – ao patrimônio público e social.

Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos,

contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza

institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados.

Esse art. é um dos argumentos da existência de patrimônio moral.

STJ, S. 227 - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

A noção de ressarcimento do dano é ampla, incluindo o aspecto moral.

- Perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio:

LIA, art. 6º - No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os

bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

LIA, art. 3º - As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo

agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma

direta ou indireta.

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O terceiro também pode ser sujeito ativo da prática de ato de improbidade administrativa.

Portanto, também pode perder o patrimônio que recebeu ilicitamente.

CF, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

Dentro do Direito Sancionador é prevista a perda de bens ou valores como consequência.

LIA, art. 18 - A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos

bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa

jurídica prejudicada pelo ilícito.

A situação de perda de bens não se confunde com a hipótese de ressarcimento do dano. Se o

agente se apropriou de algum valor e o devolveu de alguma maneira, já foi recomposto o patrimônio

público. Assim, não se fala em perda de bens ou valores que o agente público obteve. Só se fala nisso para o

atingimento da “sanção”, da consequência de recomposição dos cofres públicos.

LIA, art. 7º - Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar

enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério

Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que

assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

Sobra a perda de bens, o art. acima é importante para a garantia do ressarcimento integral dos

cofres públicos. Ele prevê a possibilidade de determinação judicial de indisponibilidade de bens. O art. 37,

§4º da CF coloca isso como sanção. Porém, não é, tecnicamente. É, na verdade, medida, tutela provisória,

que a doutrina vem tratando como tutela de evidência.

CPC, art. 311 - A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo

de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em

julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de

depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do

autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

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A ideia é a de garantir o ressarcimento integral e que os bens locupletados pelo agente púbico

sejam perdidos. Para isso é possível que no início da ação de improbidade administrativa haja medida

cautelar de indisponibilidade para a proteção dos bens. A medida de indisponibilidade de bens não é,

tecnicamente, sanção, mas cautelar para a garantia do ressarcimento dos bens.

- Perda da função pública: punição restrita ao agente público. O sujeito ativo dos atos de

improbidade pode ser agente público ou terceiro. LIA, art. 12. Não é possível, cautelarmente, o juiz

determinar a perda da função pública. No máximo é possível o afastamento das funções.

LIA, art. 20 - A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o

trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento

do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se

fizer necessária à instrução processual.

A perda da função pública não impede que, futuramente, se o agente estiver com os direitos

políticos em dia, seja eleito, em processo eletivo, e assuma outra função. Ele perde a função pública que

tinha. Analisa-se a questão dos direitos políticos para futuras situações.

CF, art. 5º, XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

A pena não tem caráter perpétuo. Isso é para a esfera criminal, mas vale para o Direito

Sancionador.

- Suspensão dos direitos políticos: LIA, art. 12. Tem a ver com a participação do cidadão na vida

política do Estado.

CF, art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou

diretamente, nos termos desta Constituição.

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O art. fala do princípio da soberania popular – todo o poder emana do povo. Isso engloba

vários direitos – de votar, de ser votado, de ajuizar AP (só o cidadão, quem está com os direitos eleitorais em

dia, pode fazê-lo), de iniciativa popular de PL. Vários direitos decorrem da ideia de direitos políticos.

CF, art. 15 - É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4º.

Perda dos direitos políticos: tem caráter definitivo – cancelamento da naturalização por

sentença transitada em julgado.

Suspensão dos direitos políticos: sanção de improbidade administrativa. É temporária. LIA,

art. 12. Varia a questão temporal, os anos de suspensão dos direitos políticos, dependendo da lesividade da

conduta.

Medida provisória de afastamento do cargo, emprego ou função: pode servir para facilitar a

produção de provas, para evitar a prática de mais atos ilícitos etc. Prazo de afastamento máximo de 180

dias, segundo alguns julgados. Na sequência, o agente público volta ao cargo público. Há julgados que

colocam prazos diversos. Não pode ser perpétuo. A medida é provisória. É possível o afastamento do cargo

para evitar iniquidades e que o patrimônio público seja lesado.

A ação de improbidade administrativa gera comunicação à Justiça Eleitoral para

cancelamento de registro.

- Pagamento de multa civil: LIA, art. 12. Os valores variam a depender do ato de improbidade

administrativa causado. O valor, o produto, da multa e o do ressarcimento integral do dano ou de outras

situações específicas, a recuperação do patrimônio público lesado, embora a ação civil de improbidade

administrativa seja coletiva, não são destinados a fundo coletivo. Não se aplica o art. 13 da LACP.

LACP, art. 13 - Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um

fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério

Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

§1º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial

de crédito, em conta com correção monetária.

§2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação

étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que

trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional

de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade

Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.

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A ideia é de recomposição do patrimônio lesado, inclusive com a multa. Os valores são

destinados ao ente público lesado. LIA, art. 18.

A medida provisória de indisponibilidade dos bens, para possibilitar o ressarcimento integral

do patrimônio público, engloba o valor da possível multa pleiteada pelo autor da ação de improbidade.

STJ - REsp 1529688/SP – 1ª Turma – Min. Benedito Gonçalves – Julgamento em 09.08.2016.

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

RECURSO ESPECIAL DA UNIÃO. A) OFENSA AO ART. 535 DO CPC/1973 NÃO OCORRENTE; B) MULTA PREVISTA NO

ART. 538 DO CPC/1973. AFASTAMENTO; C) ARTS. 5º E 12, II, DA LEI N. 8.429/1992 E 942 DO CC. VIOLAÇÃO

CONFIGURADA; D) ARTS. 20 E 475 DO CPC/1973. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.

1. Nos termos do que decidido pelo Plenário do STJ, "[a]os recursos interpostos com fundamento no

CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de

admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2).

2. A) Constatado que a Corte de origem empregou fundamentação adequada e suficiente para dirimir

a controvérsia, é de se afastar a alegada violação do art. 535 do CPC/1973; B) Embargos de declaração manifestados

com propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório, nos termos da Súmula 98/STJ; C)

Caracterizado o prejuízo ao erário, o ressarcimento não pode ser considerado propriamente uma sanção, mas

consequência de reparação do ato ímprobo; D) Os arts. 20 e 475 do CPC/1973 não foram apreciados pela Corte de

origem, carecendo o recurso especial do requisito do prequestionamento (Súmula 211/STJ).

3. Recurso Especial da União parcialmente conhecido e provido com relação aos itens B e C. RECURSO

ESPECIAL DE WILSON SPAOLONZI. A) VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/1973. DESISTÊNCIA HOMOLOGADA; B) ART.

538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/1973. MULTA DEVIDA. NATUREZA PROTELATÓRIA; C) LEI N. 8.429/1992.

POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO CUMULATIVA DE PENALIDADES; D) PENALIDADE APLICADA. PROPORCIONALIDADE.

REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ; E) ARTS. 7º DA LEI

N. 8.429/1992 E 1.228 DO CC. VIOLAÇÃO CONFIGURADA.

1. A) Conforme já decidido por esta Corte Superior de Justiça, é possível a desistência parcial do

recurso especial. Nesse sentido: REsp 617.002/PR, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 29/06/2007; REsp

720.665/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 16/12/2009; B) A pretensão de rediscussão

da lide pela via dos embargos declaratórios, sem a demonstração de quaisquer dos vícios de sua norma de regência,

é sabidamente inadequada, o que os torna protelatórios (art. 538, parágrafo único, do CPC/1973); C) A

jurisprudência do STJ é no sentido de possibilidade de aplicação cumulativa das sanções previstas no art. 12 da LIA,

observados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Precedentes; D) É firme a jurisprudência desta

Corte de que a revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ação de improbidade administrativa implica reexame

do conjunto fático-probatório dos autos, encontrando óbice na Súmula 7/STJ, salvo se da leitura do acórdão

recorrido exsurge a desproporcionalidade na aplicação da penalidade. Precedentes; E) A indisponibilidade de bens

deve recair sobre o patrimônio dos réus em ação de improbidade administrativa de modo suficiente a garantir o

integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração, ainda, o valor de possível multa

civil como sanção autônoma.

2. Na espécie, o Ministério Público Federal quantifica inicialmente o prejuízo ao erário na esfera de R$

28.014,53 (vinte e oito mil, quatorze reais e cinquenta e três centavos), valor a título de tributo incidente sobre

os bens importados sem declaração, não incluído o ICMS e demais multas específicas que poderiam ser

cobradas pela fiscalização em caso de real registro de Declaração de Importação. Portanto, essa quantia,

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devidamente atualizada, é que deve ser levada em conta na decretação de indisponibilidade dos bens, não

esquecendo o valor do pedido de condenação em multa civil (vedação de excesso), do ICMS e demais multas

específicas. Nesse sentido: REsp 1.319.515/ES, Rel. Min. Napoleão Nunes Mais Filho, Relator(a) p/ Acórdão Min.

Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 21/09/2012; AgRg no AgRg no AREsp 100.445/BA, Rel. Min. Mauro

Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 23/05/2012.

3. Recurso Especial de Wilson Spaolonzi parcialmente conhecido e provido com referência ao item E.

RECURSO ESPECIAL DE LUIZ CARLOS ASSOLA E ALESSANDRO MATIAS ASSOLA A) VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO

CPC/1973 NÃO OCORRENTE; B) ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/1973. MULTA DEVIDA. NATUREZA

PROTELATÓRIA; C) PROVA EMPRESTADA. ESFERA PENAL. POSSIBILIDADE. D) PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO

SOCIETATE. FUNDAMENTO AUTÔNOMO INATACADO. SÚMULA 283/STF; E) INÉPCIA DA INICIAL. NÃO CONFIGURADA.

PRETENSÃO QUE ENCONTRA ÓBICE NA SÚMULA 7/STJ; F) LIA. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO CUMULATIVA DE

PENALIDADES; G) CONFIGURAÇÃO DE ATO ÍMPROBO. PRESENÇA DE DOLO E PREJUÍZO AO ERÁRIO. PRETENSÃO QUE

ENCONTRA ÓBICE NA SÚMULA 7/STJ.

1. A) Constatado que a Corte de origem empregou fundamentação adequada e suficiente para dirimir

a controvérsia, é de se afastar a alegada violação do art. 535 do CPC/1973; B) A pretensão de rediscussão da lide

pela via dos embargos declaratórios, sem a demonstração de quaisquer dos vícios de sua norma de regência, é

sabidamente inadequada, o que os torna protelatórios; C) É possível a utilização da prova colhida em persecução

penal no processo em que se imputa a prática de ato de improbidade administrativa, desde que assegurado o

contraditório e a ampla defesa no processo em que for utilizada. Precedentes; D) A argumentação do recurso

especial não atacou o fundamento autônomo do acórdão recorrido de aplicação do princípio do in dubio pro

societate. Incide, no ponto, a Súmula n. 283/STF; E) A convicção a que chegou o acórdão a quo de que a petição

inicial não é inepta, pois encontra-se instruída com vasta documentação indiciária, decorreu da análise do

conjunto fático-probatório, de forma que o acolhimento da pretensão recursal demandaria o reexame do

mencionado suporte, obstando a admissibilidade do especial à luz da Súmula 7/STJ; F) A jurisprudência do

STJ é no sentido de possibilidade de aplicação cumulativa das sanções previstas no art. 12 da LIA, observados os

princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Precedentes: REsp 1.091.420/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina,

Primeira Turma, DJe 05/11/2014; REsp 1.416.406/CE, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe

24/10/2014; G) A revisão da conclusão a que chegou o Tribunal de origem acerca da presença do dolo e do efetivo

dano ao erário para a configuração do ato ímprobo em comento demanda o reexame dos fatos e provas

constantes dos autos, o que é vedado no âmbito do recurso especial, nos termos da Súmula n. 7/STJ.

2. Recurso Especial de Luiz Carlos Assola e Alessandro Matias Assola parcialmente conhecido e nesta

parte não provido. DISPOSITIVOS:

1. Recurso Especial da União parcialmente conhecido e provido com relação ao itens B e C.

2. Recurso Especial de Wilson Spaolonzi parcialmente conhecido e provido com referência ao item E.

3. Recurso Especial de Luiz Carlos Assola e Alessandro Matias Assola parcialmente conhecido e nesta

parte não provido.

A medida de indisponibilidade de bens abarca todo o possível dano causado ao patrimônio

público, incluindo a multa, que vai além, não tendo caráter indenizatório.

- Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou

creditícios, ainda que por intermédio de PJ da qual seja sócio majoritário: LIA, art. 12.

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O terceiro pode praticar ato de improbidade administrativa. LIA, art. 3º. Pode sofrer essa

sanção, que pode ser até para o futuro. É tida como uma sanção pecuniária indireta, pois a repercussão é o

terceiro não poder receber valores futuramente.