4
'~ , \' IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS PERSPECTIVAS DO REFLORESTAMENTO ANTE AS NECESSIDADES E PROGRAMAS PRIORITARIO DOGOVERNO o aumento da produtividade média dos reflorestamentos brasileiros, hoje em torno de 18 a 22 esteres por hectare/ano, foi apontado por ., Nelson BarbozaLeite como a medida mais viável e prática para os empresários do setor enfrentarem a falta de maiores recursos oficiais. "Se não reflorestarmos a níveis compatíveis com as necessidades dos vários programas governamentais, as matas naturais serão eliminadas e a siderurgia a carvão vegetal sofrerá grandes atrasos, com graves reflexos sobretudo na fabricação de tratores agrícolas e, consequentemente,na produção brasileira de alimentos. Portanto, reflorestar é, antes de mais nada, um problema de estômago" - ponderou. NELSONBARBOZA LEITE Engenheiro agrõnomo. com cursos de especialização em Administração de Empresas. pós-graduação na área de Silvicultura e Economia. Diretor do Departamento de Reflorestamento do IBDF. 102 IV Encontro Nacional de Reflorestadoretl - ANAIS ,\

IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS · '~, \' IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS PERSPECTIVAS DO REFLORESTAMENTO ANTE AS NECESSIDADES E PROGRAMAS PRIORITARIO DOGOVERNO o

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS · '~, \' IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS PERSPECTIVAS DO REFLORESTAMENTO ANTE AS NECESSIDADES E PROGRAMAS PRIORITARIO DOGOVERNO o

'~ , \' IV ENCONTROjNAGON4LDEIREFWRFSTADORFS

PERSPECTIVAS DOREFLORESTAMENTOANTE AS NECESSIDADESE PROGRAMAS PRIORITARIODOGOVERNO

o aumento da produtividade média dos reflorestamentos brasileiros,hoje em torno de 18 a 22 esteres por hectare/ano, foi apontado por .,Nelson BarbozaLeite como a medidamais viável e prática para os empresáriosdo setor enfrentarem a falta de maiores recursos oficiais.

"Se não reflorestarmos a níveis compatíveis com as necessidadesdos vários programas governamentais, as matas naturais serão eliminadase a siderurgia a carvão vegetal sofrerá grandes atrasos, com gravesreflexos sobretudo na fabricação de tratores agrícolas e,consequentemente,na produção brasileira de alimentos. Portanto, reflorestaré, antes de mais nada, um problema de estômago" - ponderou.

NELSONBARBOZALEITE

Engenheiro agrõnomo. com cursos de especialização emAdministração de Empresas. pós-graduação na área deSilvicultura e Economia.Diretor do Departamento de Reflorestamento do IBDF.

102 IV Encontro Nacional de Reflorestadoretl - ANAIS,\

Page 2: IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS · '~, \' IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS PERSPECTIVAS DO REFLORESTAMENTO ANTE AS NECESSIDADES E PROGRAMAS PRIORITARIO DOGOVERNO o

PERSPECTIVAS DOREFLORESTAMENTOANTE AS NECESSIDADESE PROGRAMAS PRIORITÁRIOSDOGOVERNO

Inicialmente, gostaria de agradecer à or-ganização desse IV Encontro dos Refloresta-dores o convite feito ao IBDF no sentido dese encerrar um encontro dessa natureza ondepudéssemos expor a filosofia de trabalho queestá sendo implementada pelo órgão.

Os objetivos do Departamento de Reflo-restamento, os objetivos do IBDF são simples.Devemos conduzir a pol ítica de refloresta-mento para atender aos programas do go-verno: Programa de 'Indústria de Celulose ePapel, Programa de Siderurgia a Carvão Ve-getal, Programa de Madeira Processada Me-canicamente. São planos, estabelecidos pelogoverno, que transcendem, inclusive, a respon-sabilidade do próprio Ministério da Agricul-tura. São metas traçadas pelo governo comoum todo, cabendo apenas ao IBDF conduzirde maneira adequada essa política.

Neste sentido, estamos empreendendo to-dos os esforços para produzir a matéria-primanecessária ao atendimento desses programasgovernamentais.

Eu apontaria aqui algumas justificativasàs críticas repetidas por vários oradores queme antecederam, mas acho mais oportunolevantar aspectos que mostram a certeza comque o governo optou pela pol ítica de reflo-restamento.

Gostaria de lembrar a crescente utiliza-ção de produtos originários da floresta e vin-culados estreitamente com o desenvolvimentode todas as nações. Vejamos, por exemplo,o uso do papel.

Nós, brasileiros, utilizamos hoje, em mé-dia, 20 quilos de papel por ano. Nos Esta-

IV Encontro Nacional de Beflorestadores - ANAIS'

dos Unidos gastam-se 400 quilos. Vejam adiferença existente e o quanto temos de pro-duzir de papel para atingirmos um índice ra-zoável.

Inúmeros trabalhos demonstram a exis-tência de uma estreita correlação entre odesenvolvimento social e cultural, e a utili-zação de papel. Isto significa que se esta-mos em pleno desenvolvimento social e cul-tural, é lógico que teremos uma crescenteutilização de papel.

Só para manter a circulação dos princi-pais jornais brasileiros, seria necessano umreflorestamento da ordem de 8 mil hectarespor ano.

Outro caso bastante interessante diz res-peito à indústria siderúrgica. Não existe, nahistória do desenvolvimento do mundo inteiro,nenhum país que possa prescindir da utiliza-ção do aço no seu desenvolvimento.

Eu apontaria no Brasil um caso que per-mite entender com bastante facilidade a im-portância da Siderurgia: a indústria automo-bilística. Imaginemos que sua produção mé-dia anual seja de 1 milhão de unidades. Te-ríamos, então, necessidade de 1,5 milhão dem' de madeira exclusivamente para atendê-Ia.Isso Significa o seguinte: ou nós refloresta-mos ou vamos acabar com nossas florestasnaturais. Para que tenhamos esse montante,necessário ao atendimento do programa desiderurgia, precisamos de um reflorestamen-to da ordem de 10 mil hectares, ou um des-matamento de 30 mil ha.

No que se refere aos tratores, já quequeremos ser um país produtor e exportador

de alimentos, não podemos nem imaginar amanutenção da agricultura nos níveis de me-canização atuais. E írnpresclndlvel aumentar-mos nosso índice de mecanização agrícola,tanto para competir nos mercados internacio-nais como para podermos lutar contra o pro-blema da fome internamente.

Para manter uma produção de tratoresequivalente à do ano passado - em 77 a fa-bricação de tratores de 4 rodas e de trato-res de esteira esteve por volta, respectiva-mente, de 60 mil e de 2 mil unidades -precisamos de aproximadamente 900 mil m'de madeira que são transformados em car-'vão, entram na composição do aço e conse-quentemente irão produzir os tratores. Issosignifica um plantio de 6 mil ha de euca-Ilptus ou um desmatamento de 18 mil hecta-res de matas naturais. Portanto, fica pro-vado que reflorestamento não é simplesmen-te um problema de fazer floresta. E um pro-blema alimentar. Ou nós reflorestamos, ouacabamos com nossas matas naturais e, as-sim, não teremos condição de intensificarnossa siderurgia e, em consequência, atra-saremos significativamente nossa produção dealimentos. Reflorestar é, antes de mais na-da, um problema de estõmago. Reflorestan-do estam os também combatendo a fome.

Outro aspecto que demonstra com ab-soluta clareza a pol ítica acertada do governodiz respeito à fixação da mão-de-obra no cam-po. Temos hoje, seguramente, 300 mil bra-sileiros trabalhando exclusivamente em fun-ção das atividades de reflorestamento. O se-tor gera, anualmente, 30 mil novos empregos

103"

Page 3: IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS · '~, \' IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS PERSPECTIVAS DO REFLORESTAMENTO ANTE AS NECESSIDADES E PROGRAMAS PRIORITARIO DOGOVERNO o

em função das nossas florestas que estãosendo formadas. Ao mesmo tempo, estamoscriando outros 30 mil empregos na área deexploração das florestas que estão atingindoa maturidade.

Outro dado importantíssimo é a integra-ção daquelas áreas. mais carentes ao proces-so de desenvolvimento que o Brasil está vi-vendo hoje. Os investimentos alocados paraas regiões Norte e Nordeste propiciaram, nosprogramas de 76 e 77 - e imaginando a in-tegração do programa de 78 -, 70 mil novosempregos, além de uma lnfra-estrutura emtermos de escolas, bancos, estradas, etc.

Essa mão-de-obra ociosa está sendo nãosó utilizada, mas desenvolvida socialmente.Há vários casos de reflorestadoras que, quan-do entraram em determinadas regiões, nãoencontraram nem circulação de dinheiro, ehoje nós temos não só circulação de dinhei-ro mas escolas, inclusive a nível de ginásio.

Ainda, é importante frisar que em mo-mento algum a atividade de reflorestamentoestá competindo com a agricultura. Nós es-tamos chegando em regiões onde a agricul-tura jamais chegaria em menos de 20, 30, 40anos. Eu tenho certeza de que nós estamosatraindo a agricultura, pois se a atividade dereflorestamento está desenvolvendo essas re-giões, consequentemente a atividade agrícolairá atrás da atividade de reflorestamento.

Há também a considerar a questão fun-damental da manutenção do equil íbrio eco-lógico. Hoje, 100% dos nossos refloresta-mentos estão situados em regiões prioritáriasdelimitadas a nível estadual e aprovadas pos-teriormente pelo IBDF. A principal condiçãoé a não existência de matas naturais nessasregiões. Nós estamos fazendo reflorestamen-to em áreas degradadas, de vocação flores-tal, mas que não têm florestas. Não estamossubstituindo matas naturais por eucalipto epinus, mas plantando eucallpto e pinus ondeeles não existem. Consequentemente, o fa-to de estarmos fazendo reflorestamento, pro-duzindo madeira para que tenhamos os pro-gramas governamentais atendidos, implicapoupar nossas matas naturais. Estarnos pou,pando porque no caso de uma indústria decelulose, não se pode nem imaginar, em ter-mos de uma produção qualitativa e quanttta.tivamente em condição de competir a nível [n,

ternacional, a utilização de matéria-prima desu-niforme. Daí a necessidade de utilizar flo-restas plantadas, de pinus ou de eucalipto,para atender ao programa governamental decelulose e papel.

Mas no caso da Siderurgia o problema éoutro. A indústria Siderúrgica tanto pode utí ,lizar eucalipto como matas naturais, apesarde estudos mostrarem que a produção decarvão é bastante aumentada quando se em-prega material adequado. No entanto, na fal-ta de matéria-prima uniforme, não temos dú-vida alguma de que entraremos em nossasmatas naturais. Portanto. reflorestar é as-segurar o remanescente de nossas matas na-turais e manter o equilíbrio ecológico.

Outro ítem importante diz respeito à pos-sibilidade de equilibrarmos a balança comer-cial com o produto de nossos reflorestamen-tos. O Brasil tem a seu favor, como já lembra-do anteriormente, a grande luta floresta x agri-cultura enfrentada pelos países tradicional-mente produtores de celulose, que estão subs-tituindo florestas por áreas agricultáveis. Nós,felizmente, temos áreas para expandir sementrar em competição com a agricultura.

1M

Eles, ao contrário, terão de tirar florestaspara fazer agricultura, a menos que optempela importação de alimentos. O País estaráproduzindo artigos necessários ao processode desenvolvimento que o mundo inteiro vi-ve pois não existe desenvolvimento sem celu-lose, papel e, muito menos, sem siderurgiae aço.

Temos a possibilidade de incrementarsensivelmente a pol ítica de aproveitamentode nossas florestas para substituir, talvez,os produtos importados utilizados na gera-ção de energia.

,As condições ecológicas das regiões on-de os refloretamentos brasileiros estão ins-talados são inegavelmente excepcionais, oque complementa a observação do Dr. Her-bert Levy, de que "no País cortamos flores-tas com 5, 6, 7 anos, quando nos paísestradicionais o corte se dá aos 70, 80 anos".Não podemos, de forma alguma, desperdiçaresse fator favorável.

O aspecto ool ítico é também importan-tíssimo. Vivemos num país de estabilidadepolítica. Consequentemente, os nossos gran-des rivais que teriam condições ecológicasidênticas às nossas, como a Africa do Suie Rodésia, enfrentam uma instabilidade po-Iítica que Ihes é francamente desfavorável.

Agora, o que já se fez e o que nós es-peramos do reflorestamento? Já refloresta-mos, até 1977,e incluindo os programas apro-vados em 78, aproximadamente 2 milhões e900 mil hectares, num total aproximado de12.500 projetos. Os investimentos foram daordem de Cr$ 28 bilhões, isto é, dinheirode 77.

Nossas necessidades até o ano 2000 po-dem ser analisadas da seguinte forma: em1975, precisávamos ter em produção, para ga-rantir um equll íbrio entre oferta e demandae atender: os proqramas de celulose ede Siderurgia, sem sacrificarmos nossas ma-tas naturais, aproximadamente 950 mil hec-tares.

Em 1980, precisaremos ter 1 milhão ecem mil hectares de florestas plantadas emprodução. Em 1985, um milhão e duzentosmil ha. Em 1990, 1,35 milhão. No ano 2000,1,8 milhão de ha. de florestas nessas condi-ções.

Vamos imaginar o ano de 1980, que estámais próximo de nós, para não vivermos desaudosismo e dizer o que aconteceu em 1975.Em 1980, necessitaremos de 1,1 milhão deha de florestas em produção. Destes, 38%deverão ser destinados exclusivamente à pro-dução de carvão.

'Isto significa que precisaremos ter emprodução 400 mil hectares de florestas deeucalipto em 1980, para manter o equilíbriOentre oferta e demanda de madeira e carvãovegetal pela indústria Siderúrgica. Ou nósteremos 400 mil ha de eucaliptos em produ-ção, ou iremos desmatar 1 milhão e 400 milhectares de florestas naturais remanescentes.

Em 1977, no orçamento de 78, fizemosuma posição das necessidades em termos deplantio para que pudéssemos, a médio e lon-go prazo, manter o equilíbriO entre oferta edemanda de madeira nesses diferentes seto-res.

Verificamos que deveríamos plantar em1978, para não sacrificar os programas gover-namentais e tampouco nossas florestas natu-rais, cerca de 700 mil ha.lssto equivaleriaa um orçamento de cerca de Cr$ 9 bilhões.Sabe-se perfeitamente que estamos passan-

do por uma série de problemas econômicosconjunturais e que não teremos recursos pa-ra fazer isso. No entanto, pretendemos ta-zer com que sejam plantados, em 78, 350 milhectares. Assim, acumula-se um déficit queprovavelmente repercutirá em termos de des.matamento.

O que fazer, então, para atenuar essedéficit? Infelizmente não dispomos de recur-sos para executar o programa nas dimensõese na intensidade que pretendíamos. Sejamosrealistas: há um orçamento à nossa disposi-ção. Não podemos lamentar se ele é gran-de ou pequeno; é o que está à disposição etemos de trabalhar em cima desse orçamento.Precisamos otimizar nossos recursos e a me.dlda que nos parece mais viável, adequada eprática é o aumento de nossa produtividade.

Temos certeza absoluta de que, em nos-sos reflorestamentos, a média geral tem gira-do em torno de 18/22 esteres por há-ano.Não podemos ser mais realistas que o rei.esta é a verdade.

No entanto, mostramos, até aqui, o po-tencial que existe em termos de produtividade.Vimos a possibilidade, inclusive, de se pro-duzir 72 esteres por há/ano. Não acreditoque possamos passar para essa média a nl-vel nacional, mas podemos aumentar signifi-cativamente a produtividade média atual, dis-so não tenho dúvida. Tenho certeza absolutade que todos que estão trabalhando com re-florestamento já estão conscientes de quepodemos e devemos aumentar a produtivi-dade.

O que entendemos como imprescindívelpara o fortalecimento do setor é a contribui.ção em termos econõmicos ao desenvolvi-mento nacional. Enumeramos algumas medi'das administrativas, técnicas e pol íticas cujaintegração, acreditamos, fará com que tenha.mos um setor fortalecido, que possa de fatoatender aos programas estabelecidos, corres-pondendo aos anseios do governo.

No que diz respeito às medidas adminis.trativas, estam os implementando uma integra-e'ão a nível IBDF - empresa. Não podemos'imaginar que de um lado exista o IBDF e deoutro as empresas. Estarnos lutando no mes-mo setor, em função dos mesmos objetivos.

Não se pode conceber que no refloresta-mento exista, de um lado, um órgão e, de ou·tro, uma série de empresas sem uma inte-gração perfeita. Estamos perfeitamente cons-cientes de que essa integração é imprescin-dível ao nosso setor.

Outro fator que merece destaque é aintegração das empresas entre si, tanto pararesolver problemas primários, existentes den-tro delas, como para que haja de fato umarepresentação setorial, onde as empresas pososam saber individualmente dos seus lnteres-ses e estejam enquadradas no contexto glo.bal do ramo. Isso significa também o forra-lecimento das associações de classe.

Não podemos conceber de forma alguma- e aqui não vai nenhuma crítica - querepresentações de classe defendam interessesindividuais. 'contamos com o apoio das. em-presas e das associações e estas precisamdo apoio de todas as empresas. Precisamosfazer com que elas representem de fato osinteresses do setor. •

" importante também a adequação à rea-lidade da legislação florestal em vigor.

Estamos atentos e sabemos que para osetor florestal e a política de reflorestamen-to, dez anos não é prazo adequado para atin-gir a maturidade. Mas estamos totalmente

IV Encontro Nuional de Beftorestadores - ANAIS,\

Page 4: IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS · '~, \' IV ENCONTRO jNAGON4LDE IREFWRFSTADORFS PERSPECTIVAS DO REFLORESTAMENTO ANTE AS NECESSIDADES E PROGRAMAS PRIORITARIO DOGOVERNO o

abertos ao aperfeiçoamento. Não negamos,em momento algum, ouvir as reivindicaçõesdos reflorestadores. Oueremos que essasreivindicações cheguem ao IBDF. Teremosimenso prazer, se é consenso e interessegeral do setor, de discutir e tentar uma so-lução a curtíssimo prazo.

Em termos de medidas técnicas, preci-samos de qualquer forma melhorar a quali-dade e aumentar a produtividade florestal.

Hecentemente, visitamos cerca de 30 em-presas brasileiras, de maneira aleatória -não houve pré-indicação nenhuma -, que re.presentam, seguramente, o que se vai plan-tar, em 78, ao redor de 120 mil ha. Umaamostra bastante significativa, portanto, sevamos plantar cerca de 350 mil ha no cor-rente ano.

Encontramos uma produtividade variandode 12 até 35 esteres por hectare/ano. Tive-mos o cuidado de considerar 3 aspectos sig-nificativos sob o nosso ponto-de-vista, parafazer um julgamento da situação em termosde práticas silviculturais hoje em uso.

Observamos as técnicas de produção demudas, os recipientes utilizados para sua pro-dução; o preparo e a conservação do solo;as técnicas de plantio; a adubação utilizada;o controle de pragas e formigas;. o controledo replantio e de qualidade das diversas fa-ses do reflorestamento; a estrutura organiza-cional de campo apresentada pelas empresase a formação técnica dos responsáveis docampo. Ao nosso ver, isso reflete com bas-tante segurança o nível dos trabalhos téc-nicos que uma empresa de reflorestamentopode apresentar.

Levamos ainda em consideração a evo-lução tecnológica que pode ser observadadentro da empresa. Para tanto, procuramossaber se a empresa tem conhecimento dasfontes geradoras de informações técnicas, seexiste participação da empresa em trabalhosde pesquisa, se a firma apresenta estruturasou programa de pesquisa, se ela está inte-grada às outras empresas do setor.

Notamos erros prlmárlcs que o simplescontato com outra empresa, temos certezaabsoluta, poderia ter sanado. E observamosas preocupações técnicas que as empresaspuderam demonstrar, em termos de o que fa-zer com ·a floresta futuramente, como mudaras técnicas de manejo ou aperfeiçoar as prá-ticas silviculturais.

Levamos em consideração também o ma-terial genético utilizado. Nesse particular,consideramos a conscientização da empresaquanto à importância da semente. 'Felizmen-te existem companhias que estão utilizandoum bom material, mas por mera sorte. Usa-ram um bom material, como poderiam estarempregando outro sem condição alguma. Ten-tamos ver se a firma que está utilizando umbom material tem consciência de que ele ébom, isto é, se ela utiliza o produto porquesabe que é bom. Verificamos a preocupaçãocom as fontes fornecedoras de sementes, oconhecimento da relação existente entre es-pécies e procedência, o cuidado com a aqui-sição de sementes e o acompanhamento decampo desses trabalhos - enfim, os cuida-dos com o material genético utilizado.

A única forma de avaliação possível doque tem sido feito hoje no campo do reflo-restamento foi dar uma nota para cada umdesses ítens: práticas silviculturais, evoluçãotecnológica que a empresa está apresentandoe material genético utilizado. A partir decritérios subjetivos, chegamos às seguintes

IV Encontro Nacional de Beflorestadores - ANAIS

conclusões: praticamente 50% dos nossosreflorestamentos estão apresentando hoje umnível excelente de trabalho de campo e pro-piciarão uma produtividade média de 30 a 35esteres por há/ano. Cerca de 30% estão numnlveí entre regular e bom, em condições deserem melhorados, e 20% desses refloresta-mentos apresentam produtividade bastantebaixa, precisando ser aprimorados significa-tivamente.

Conclusão desse panorarna.. existe um di-ferencial muito grande, fácil de ser constata-do e justificado no que se refere à qualidadedo trabalho técnico.

Isso, para o IBDF, é importantíssimo,pois vivemos um momento de escassez derecursos e queremos aumentar a produtivi-dade. Não existe alternativa: temos de co-locar recursos onde há certeza de alta pro-dutividade, para que possamos, em funçãodessa defasagem de área plantada, contra-balançar o que não poderemos plantar como aumento da produtividade. Isso indica umapossibilidade muito grande de o IBDF fazeruma seleção em função dos critérios téc-nicos.

O exame mostra também o extraordiná-rio potencial em termos de aumento de pro-dutividade, pois, se esta varia de 12 a 35esteres por ha/ano, um trabalho técnico bemorientado poderá permitir, àqueles que hojefazem 12, atingir amanhã 20 e alcançar nofuturo 35 esteres por ha/ano.

Em algumas empresas, encontramos umtrabalho espetacular de preparo de solo, deadubação, de práticas silviculturais, mas oemprego de material genético horrível. con-denável, sem condição nenhuma. Isto signi-fica que todo o trabalho de preparo de soloe de adubação está perdido.

Encontramos também o reverso da meda-lha. Algumas empresas com material gené-tico de alta qualidade relegam a segundo pia-no as práticas de campo.

Esses fatos evidenciam a necessidade deo IBDF assumir de fato - como vem ocor-rendo - o papel de oríentador té't':nico dasempresas de reflorestamento.

Ficou evidenciado também, com raras ex-ceções, que nenhuma dessas empresas contacom uma estrutura de pesquisas gerando in-formações para o próprio desenvolvimentotecnológico. Isso mostra que o IBDF tem decontinuar apoiando as companhias que estãofazendo pesqúisa, as instituições de pesquisae precisa apoiar, assumir todas essas infor-mações' e repassá-Ias às empresas de reflo-restamento.

Ainda dentro desses objetivos de aumen-tar a produtiVidade, estamos preocupadíssi-mos em treinar os nossos técnicos de cam-po e promover reuniões com as empresas nolocal de trabalho, vivenciar os problemas etentar uma orientação técnica. Isso já faze-mos.

Vamos intensificar nossas visitas técni-cas. Precisamos, e vamos, deixar de ser ape-nas fiscais das nossas reflorestadoras. Esta-mos no mesmo barco, com os mesmos ob-jetivos. Temos consciência disso.

Estamos solicitando, por meio de circula-res a todas as empresas, que vivenciem osproblemas de campo. Se não tivermos con-dição de solucionar a nível de IBDF, tere-mos imenso prazer de, dentro das nossasposslbllldades, contratar técnicos especializa-dos para que essas questões sejam identifi-cadas e as soluções alcançadas no menorprazo.

Estamos normalizando a utilização dassementes florestais, tanto na comercializaçãocomo na produção. Não pretendemos, deforma alguma, impedir que a iniciativa priva-da atue nessa área. Precisamos da iniciativaprivada.

No entanto, é necessário que ela faça umtrabalho bem feito, pois temos certeza deque todo o nosso esforço será colocado emxeque se não tivermos condições de orien-tar um trabalho bem feito nesse sentido.

Deve ser salientado ainda que pretende-mos, até o final deste ano, antes da aprova-ção dos projetos, ter uma noção exata detodas as empresas que estão com cartas-consultas aprovadas. Iremos julgar os pro-jetos e carrearemos recursos às empresasque apresentam um índice de trabalho téc-nico excelente. O IBDF enfrenta escassezde recursos e por isso temos de selecionarempresários que estão fazendo um bom tra-balho.

Medida tmportanttsslrna para que o setorde reflorestamento se fortaleça é a combi-nação dos projetos com áreas de lazer erecreação. Temos certeza absoluta de queisso é viável. Temos exemplos próximos aosgrandes centros, como São Paulo, onde en-contramos reflorestamentos de eucaliptos ede pinus com 15 a 20 anos de idade, ondeé proibldo cortar o eucalipto simplesmenteporque o paulistano tem necessidade daquelaárea como lazer. Acreditamos também queessa consciência possa ser extrapolada ànossa pol ítica de reflorestamento. Estamoscertos de que, próximo aos grandes cen-tros, os nossos reflorestamentos não serãosimplesmente produtores de matéria-prima,Poderão também participar do lazer e da re-creação do indivíduo.

Vimos, com a apresentação do Dr. Ge-raldo Speltz. a variedade de opções para autilização industrial da madeira. Hoje, já te-mos mais de 500 produtos originados da flo-resta. Nós, do 'IBDF, estamos assumindotambém a responsabilidade de implementarestudos, de apoiar pesquisas no sentido deviabilizar a utilização industrial não só paracelulose, carvão ou simplesmente para ser-raria.

Há ainda a questão do fortalecimento daconscientização sobre proteção florestal. Es-se patrimônio que o IBDF e as empresas dereflorestamento estão formando não é obraexclusiva nossa, nem é de responsabilidadeexclusiva do IBDF e das reflorestadoras. Pre-cisamos estender o sentido de proteção atoda a população.

Contamos com um patrimõnio florestalconsiderável e correndo um risco muito gran-de com incêndios e uma série de outros fa-tores. Por isso a comunidade deve partici-par da proteção dessas reservas.

Para o fortalecimento do nosso setor, oIBDF e as empresas de reflorestamento pre-cisam conscientizar-se e integrar-se, com oobjetivo de mostrar à alta cúpula do gover-no que se houver recursos disponíveis alémdas opções do orçamento aprovado pelo CDE,precisamos lutar e fazer todos os esforçospara manter esse adiclonal à nossa disposi-ção no IBDF, para os programas que estamosdesenvolvendo. Teremos aplicação segura pa-ra aqueles recursos dentro do setor de reflo-restamento. E: um trabalho que precisa daintegração do IBDF e das empresas, além deuma conscientização, que esperamos venha omais rápido possível, do nosso comandomaior.

105