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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície pantaneira de Mato Grosso 3. Resultados 3.1. Caracterização

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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

1. Introdução

O estado de Mato Grosso possui o maior rebanho bovino

do país, com 30,53 milhões de cabeças (Indea-MT, 2019), o

que representa em torno de 14,0% do rebanho nacional. A

pecuária de corte está presente em todos os municípios do

estado, e, portanto, é desenvolvida nos biomas Amazônico,

Cerrado e Pantanal.

Em relação ao Pantanal, sua extensão territorial em Mato

Grosso é de 6,10 milhões de hectares, o equivalente a 6,74%

da área do estado. A produção de gado de corte nos

municípios inseridos nesse bioma chama atenção, devido às

dificuldades que os pecuaristas de lá enfrentam.

Isso porque, cerca de 90,7% de sua área de pastejo é

alagável (Imea, 2019) o que leva a reduzir a oferta de

pastagem durante o período chuvoso, quando normalmente

ocorre o contrário. Além disso, a baixa fertilidade do solo, as

longas distâncias e dificuldades de transportes tornam difícil

o manejo dos animais.

Ademais, o sistema de produção na região é focado na cria

de bezerros de forma extensiva e as fazendas geralmente são

extensas.

Diante do exposto, o presente estudo pretende analisar os

dados produtivos e resultados econômicos da pecuária de

corte, especificamente da cria de bezerros no baixo Pantanal

mato-grossense em 2019. Além disso, buscou-se identificar os

principais gargalos enfrentados pelos criadores, tendo em

vista que, devido as particularidades daquela região, os

bovinocultores possuem demandas que se diferenciam dos

demais pecuaristas do estado.

Esse trabalho é embasado na importância da pecuária de

corte no Pantanal, sendo uma das principais atividades que

geram empregos naquela localidade, e, como os dados

apontam, tem ocorrido a redução do rebanho bovino nesse

bioma, sendo preciso buscar alternativas a fim de que a

criação de bezerros seja intensificada.

2. Metodologia

O presente estudo foi divido em duas partes, sendo a

primeira parte relacionada a caracterização da região do

Pantanal tendo como foco analisar o perfil da pecuária de cria

e a segunda parte visando expor os dados econômicos e

financeiros dos produtores de cria dessa região.

No que tange à caracterização do Pantanal esse bloco foi

dividido em análise dos aspectos sociais e econômicos e

análise dos aspectos produtivos.

A análise dos aspectos sociais e econômicos foi composta

por dados populacionais, atividades desenvolvidas na região,

Valor Bruto da Produção e empregos gerados pelas atividades

agropecuárias.

Os dados utilizados nesta primeira parte foram: o número

de habitantes presentes nos municípios que englobam o

bioma Pantanal do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), sendo eles: Barão de Melgaço, Cáceres,

Poconé, Curvelândia, Santo Antônio do Leverger, Porto

Esperidião, Nossa Senhora do Livramento, Itiquira, Mirassol

d’Oeste, Glória d’Oeste, Cuiabá, Figueirópolis d’Oeste, Várzea

Grande, Juscimeira e Lambari d’Oeste.

Quanto ao método utilizado para o cálculo do Valor Bruto

da Produção das atividades desta região, para a agricultura foi

coletado os dados de produção, preço e comercialização para

soja, milho e algodão (pluma e caroço) através dos números

do Imea, realizando a seguinte equação:

(1) 𝑉𝐵𝑃 = 𝑃𝑟𝑜𝑑. ∗ 𝑃 ∗ (𝐶2 − 𝐶1)

Em que:

VBP = Valor Bruto da Produção

P = Preço

𝐶2 − 𝐶1 = Comercialização do mês atual menos a do mês

anterior

Já para a pecuária, foram coletadas as informações de

abate através dos dados do Indea-MT, peso de carcaça do

E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da

planície pantaneira de Mato Grosso

INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA

IMEA

Março 2020

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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

IBGE e preço médio mensal do Imea, para as cadeias da

bovinocultura de corte, suinocultura e avicultura.

Para tanto, foi realizado a seguinte equação:

(2) 𝑉𝐵𝑃 = (𝐴 ∗ 𝑃𝑚𝑐) ∗ 𝑃

Em que:

VBP = Valor Bruto da Produção

A = Abate

Pmc = Peso médio das carcaças

P = Preço

No tocante aos aspectos econômicos, foi analisado onde

se concentra a produção agrícola e pecuária da região para

compreender as principais atividades desenvolvidas na área

da planície pantaneira e os empregos gerados a partir destas

atividades.

No caso da produção de soja, milho, algodão e

bovinocultura os dados utilizados foram do Imea e para a

produção de cana de açúcar foi baseado no IBGE.

A respeito dos empregos gerados na região através destas

atividades, buscou-se os dados da Relação Anual de

Informações Sociais (RAIS) disponíveis na plataforma online

da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia.

A partir dos números de emprego obtidos, estimou-se a

quantidade de empregos indiretos e induzidos gerados a cada

emprego direto desenvolvido nas atividades agropecuárias,

com foco, sobretudo, na pecuária.

Para obter esses dados, utilizou-se a matriz insumo-

produto inter-regional Mato Grosso e resto do Brasil – 2007,

sendo esse basicamente um instrumento de contabilidade

social que permite conhecer os fluxos de bens e serviços

produzidos em cada setor da economia (Figueiredo et al.,

2007).

No que se diz respeito aos empregos indiretos e induzidos,

utilizou-se a seguinte equação:

(3) 𝐸𝑖 = 𝐸𝑑 ∗ 𝐶𝑚𝑒

Em que:

Ei = Emprego indireto ou induzido

Ed = Emprego direto

Cme = Coeficiente multiplicador de emprego

A segunda parte dentro da caracterização do Pantanal,

aborda os aspectos produtivos da região, com o objetivo de

demonstrar o perfil do pecuarista pantaneiro, para

posteriormente apresentar os resultados financeiros da

atividade.

Desta forma, na seção dos resultados financeiros, essa

parte também foi dividida em duas, sendo a primeira uma

caracterização dos custos produtivos e a segunda parte

aborda os resultados financeiros da pecuária de cria no baixo

Pantanal em 2019.

Para tanto, os dados foram coletados por meio do projeto

Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), que é realizado pelo

Sistema Famato em parceria com a Associação dos Criadores

de Mato Grosso (Acrimat) e a Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (Embrapa Pantanal).

Além disso, para fins de comparação entre os resultados

das fazendas no Pantanal e em Mato Grosso, foram utilizados

os dados dos painéis realizados pelo Imea em cada região do

estado.

Em linhas gerais, o método utilizado pelo projeto (FPS) foi

o levantamento de dados em painel em 15 propriedades

espalhadas entre os municípios de Barão de Melgaço,

Cáceres, Itiquira, Poconé, Santo Antônio do Leverger, sendo

cada propriedade estudada de forma individualizada.

Semelhantemente, os dados de custos de produção do

Imea referente as macrorregiões de Mato Grosso são

levantados por meio de aplicação de painel. Todavia, ao invés

de coletar dados de um produtor específico, o painel do

instituto reúne entre 8 e 10 pecuaristas em municípios com

forte aptidão para pecuária de corte, para juntos formularem

o custo de produção modal das propriedades de cada região

do estado. Posteriormente, foi feito a média dos dados a fim

de encontrar o custo médio de Mato Grosso.

A ferramenta de coleta de dados por meio de painel,

permite tirar uma “foto” da propriedade, visando obter os

índices zootécnicos e resultados econômicos, seja de um

produtor específico, que é o caso do FPS, ou da moda da

região, como é o caso dos painéis desenvolvidos pelo Imea.

Em relação a periodicidade da coleta dos dados, o

levantamento das despesas do produtor é mensal, o que

permite no final de cada ano avaliar o desempenho da

atividade.

Ademais, com os indicadores zootécnicos, custos de

produção, produtividade, preço, entre outros, é possível

calcular a receita por arroba vendida e/ou por hectare.

Dessa forma, foi possível realizar a Demonstração do

Resultado do Exercício (DRE) a fim de fazer a comparação dos

resultados econômicos das fazendas pantaneiras com a média

de Mato Grosso.

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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

3. Resultados

3.1. Caracterização da região do Pantanal

3.1.1. Aspectos sociais e econômicos

Em Mato Grosso, 15 municípios são abrangidos pelo

Pantanal. Se considerada a área total desses municípios (9,8

milhões de hectares), a área do Pantanal representa 62,5%,

totalizando 6,10 milhões de hectares (tabela 1).

Tabela 1 – Área total e área do Pantanal dos municípios que possuem o bioma Pantanal em Mato Grosso.

Porém, a região apresenta 10 municípios mais

representativos no quesito de área pantaneira. Sendo assim,

as próximas análises foram realizadas somente com o foco

nesses municípios.

De acordo com as estimativas do IBGE para 2019, a

população dos 10 municípios mais representativos do

Pantanal em Mato Grosso é de 226,9 mil habitantes,

representando 6,5% da população total do Estado (3,8

milhões de habitantes), conforme tabela 2.

Tabela 2 – Estimado de habitantes nos municípios mais representantes do Pantanal mato-grossense em 2019.

O Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades

agropecuárias presentes nos municípios pantaneiros

(produção de algodão, soja, milho, bovinos, suínos e aves) em

2019 totalizou R$ 1,8 bilhão, o equivalente a 2,27% do VBP

total.

Gráfico 1. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades agropecuárias desenvolvidas na região do Pantanal.

Ao comparar com o VBP de Mato Grosso nota-se que o

desempenho econômico das atividades agropecuárias no

Pantanal não apresentou o mesmo ritmo. Isso porque no

comparativo anual, enquanto Mato Grosso obteve um

incremento de 16,80%, no Pantanal o acréscimo foi de

14,18%, ou seja, 2,62 p.p menor (gráficos 1 e 2).

Gráfico 2. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) de Mato Grosso.

Em relação à estratificação do VBP no Pantanal, o maior

destaque está na bovinocultura de corte, com valor nominal

de R$ 1,5 bilhão e representatividade de 81,7% do total da

região. Isso ocorre devido a bovinocultura de corte ser a

Município Área total (ha) Área de

Pantanal (ha)

Participação

(%)

Barão de Melgaço 1.136.960,2 1.136.960,2 100,0% Cáceres 2.458.672,9 2.084.820,9 84,8%

Poconé 1.723.357,2 1.447.714,9 84,0%

Curvelândia 35.688,5 24.285,5 68,0%

Santo Ant. do Lever.

1.197.826,3 712.649,1 59,5%

Porto Esperidião 590.102,0 239.608,0 40,6%

Nossa Senh. do Livr. 548.168,7 202.422,5 36,9% Itiquira 963.819,2 195.804,2 20,3%

Mirassol D'Oeste 107.165,3 22.465,2 21,0%

Glória D'Oeste 84.184,6 11.342,4 13,5%

Cuiabá 315.746,4 14.791,6 4,7%

Figueiró. D’Oeste 91.034,3 3.701,4 4,1%

Várzea Grande 88.922,3 1.800,4 2,0%

Juscimeira 235.004,3 2.019,7 0,9% Lambari D'Oeste 177.796,9 155,9 0,1%

Total 9.754.449,10 6.100.541,9 62,5%

Fonte: Imea

Municípios População (hab.)

Cáceres 94.376,0 Curvelândia 5.219,0

Glória D'Oeste 3.026,0 Itiquira 13.345,0

Mirassol D'Oeste 27.739,0 Nossa Senhora Do Livramento 13.216,0

Poconé 32.843 Porto Esperidião 12.017

Santo Antônio Do Leverger 16.628 Barão de Melgaço 8.564

Total 226.973

MT 3.484.466 Share 6,5%

Fonte: IBGE

Fonte: Imea

R$ 69,3

R$ 80,9

R$ 62,0

R$ 64,0

R$ 66,0

R$ 68,0

R$ 70,0

R$ 72,0

R$ 74,0

R$ 76,0

R$ 78,0

R$ 80,0

R$ 82,0

2018 2019

Bilh

ões

Fonte: Imea

R$ 1,6

R$ 1,8

R$ 1,5

R$ 1,5

R$ 1,6

R$ 1,6

R$ 1,7

R$ 1,7

R$ 1,8

R$ 1,8

R$ 1,9

R$ 1,9

2018 2019

Bilh

ões

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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

principal atividade econômica daqueles municípios, contando

com abate total de 464,4 mil cabeças em 2019.

Apesar da cultura da soja não ser muito presente nos

municípios pantaneiros, seu alto valor agregado resulta em

um VBP de R$ 211,1 milhões, ocupando assim o segundo lugar

entre as atividades avaliadas (gráfico 3).

Gráfico 3. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades agropecuárias desenvolvidas na região do Pantanal em 2019 (milhões de R$).

Diferente do cenário do Pantanal, a atividade de destaque

do VBP em Mato Grosso é a produção de soja, com valor

nominal de R$ 35,4 bilhões, enquanto a bovinocultura de

corte (principal produção do Pantanal) ocupa a quarta posição

das principais atividades do estado (gráfico 4).

Gráfico 4. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades agropecuárias desenvolvidas em Mato Grosso em 2019 (milhões de R$).

Quanto à geração de empregos diretos, indiretos e

induzidos, estima-se que a região do Pantanal registrou em

2019 cerca de 10,7 mil postos de trabalhos, conforme

demonstrado na tabela 1 do Anexo. A bovinocultura de corte

representa 91,7% do total de empregos diretos, indiretos e

induzidos da região do Pantanal (gráfico 5).

Vale lembrar que, o multiplicador de emprego da matriz

insumo-produto, permite auferir quantos empregos são

gerados na economia a partir dos empregos diretos em cada

setor. Com isso, há um impacto nos empregos indiretos de

acordo com a variação da demanda e posteriormente nos

empregos induzidos, através do consumo das famílias.

Gráfico 5. Empregos diretos e estimativas de empregos indiretos e induzidos gerados na região do Pantanal em 2019.

Em Mato Grosso, por sua vez, estima-se que a

agropecuária contabilizou em 2019 cerca de 559,7 mil postos

de trabalhos. Nesse caso, a soja é a atividade que mais gera

empregos diretos, indiretos e induzidos no estado,

representando 67,7% do total, enquanto a bovinocultura de

corte representa 24,8% (gráfico 6).

Gráfico 6. Empregos diretos e estimativas de empregos indiretos e induzidos gerados em Mato Grosso em 2019.

Fonte: Imea

35.451,2

11.747,5

12.778,4

14.952,7

1.441,6

1.937,01.349,7

Soja

Milho

Algodão

Bovinos

Cana de açúcar

Aves

Suínos

Fonte: Matriz Insumo-produto (2007)/MTE. Elaborado por Imea

56,1 40,4

84,151,3

238,4

47,2

378,6

138,8

14,4 10,0 9,3 8,50,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

Soja

Bo

vino

s

Alg

od

ão

Can

a-d

e-aç

úcar

Ave

s

Suín

os

Diretos Indiretos Induzidos

Fonte: Imea

1.499,3

211,1

64,0

39,2 20,20,3

Bovinos

Soja

Milho

Algodão

Suínos

Aves

Nota: Os empregos demonstrados no gráfico se referem aos valores totais dos 10 principais municípios que possuem o bioma do Pantanal. Fonte: Matriz Insumo-produto (2007)/MTE. Elaborado por Imea

5,8

1,6

3,3

10,7

0,70,1 0,0 0,1 0,1

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

Bo

vino

s

Soja

Can

a-d

e-aç

úca

r

Alg

od

ão

Suín

os

Ave

s

Mil

emp

rego

s Diretos Indiretos Induzidos

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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

3.1.2. Aspectos produtivos

Como visto, a principal atividade econômica desenvolvida

na região pantaneira é a pecuária, com predominância da

bovinocultura de corte. O rebanho de bovinos nas principais

cidades da região do Pantanal contou em 2019 com 3,7

milhões cabeças, representando 12,3% do rebanho mato-

grossense (tabela 3).

Tabela 3. Comparativo entre o rebanho de bovinos total do município e o rebanho de bovinos na área do Pantanal em Mato Grosso em 2019*.

O rebanho bovino na região do Pantanal tem um maior

percentual de animais com idade acima de 36 meses,

representando 51,2% da manada bovina (gráfico 7).

Gráfico 7. Perfil do rebanho de bovinos da região do Pantanal

em Mato Grosso em 2019.

Da mesma forma, em Mato Grosso a maior parte do

rebanho é acima de 36 meses, contudo, a representatividade

é menor se comparada à da região pantaneira (36,2%). Isso

indica que o Pantanal não possui o mesmo perfil de produção

que o restante do estado e há menos animais de faixa etária

mais jovem.

Isso está atrelado às particularidades da região que é

focada em cria. Com isso, as propriedades obtêm maior

número de matrizes. Por outro lado, isso também reflete a

dificuldade da região em engordar animais pecoces, em

virtude de que o pasto fica alagado em determinados

períodos e as técnicas de suplementação ainda não é bem

difundida.

Gráfico 8. Perfil do rebanho de bovinos em Mato Grosso em

2019.

Em relação aos índices zootécnicos do rebanho, a média

de produtividade de alguns indicadores nas propriedades de

corte no Pantanal é relativamente baixa quando comparado

com o média dos indicadores a nível estadual.

Nesse sentido, a mortalidade pós-desmama no Pantanal é

elevada, e isto reflete, entre outros fatores, os casos de morte

de bezerros por ataque de onças.

Tabela 4. Índices zootécnicos da produção pecuária da região do Pantanal e em Mato Grosso em 2019.

Outro fator a ser destacado é a taxa de desfrute do

rebanho pantaneiro, que é de 23,0%, sendo, portanto, um dos

principais gargalos no âmbito reprodutivo dentro das

Fonte: Indea-MT

51,2%

15,1%

13,9%

10,8%

9,0% Acima de 36 meses

25 a 36 meses

13 a 24 meses

05 a 12 meses

00 a 04 meses

Resultados Média Pantanal Média MT

Tx de mortalidade pré-desmama (%) 7% 7%

Tx de mortalidade pós-desmama (%) 4% 1%

Intervalo entre partos (meses) 19 19

Idade da primeira cria (meses) 33 35

Tx de prenhez em 12 meses (%) 43% 45%

Tx de desfrute (%) 23% 31%

Produtividade (@/ha) 3,01 3,56

Lotação do pasto (UA/ha) 0,90 0,92

Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

Municípios Rebanho total do

município

Cáceres 1.082.333

Curvelândia 65.354

Glória D'Oeste 99.674

Itiquira 357.151

Mirassol D'Oeste 164.381

Nossa Senhora Do Livramento 192.252

Poconé 492.299

Porto Esperidião 556.079

Santo Antônio Do Leverger 542.758

Barão de Melgaço 172.395

Total Pantanal 3.724.676

Total MT 30.336.370

(%) 12,3%

Fonte: Indea-MT. *Maio/19

Fonte: Indea-MT

36,2%

21,0%

18,7%

17,4%

6,7%

Acima de 36meses

13 a 24 meses

25 a 36 meses

05 a 12 meses

00 a 4 meses

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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

propriedades. Isso porque, a rentabilidade do sistema de cria

é fortemente influenciada pelo número de bezerros

produzidos. Da mesma forma, a produtividade em @/ha é

menor do que a de Mato Grosso e indica que em média os

terneiros são entregues mais leves para a recria.

Gráfico 9. Perfil das propriedades de bovinos de corte em

Mato Grosso em 2019.

De acordo com os dados do Indea-MT, 80,5% das

propriedades que atuam com a bovinocultura de corte em

Mato Grosso possuem até 250 cabeças. Na região do Pantanal

esse cenário também se repete, sendo que 79,7% das

propriedades de bovinos de corte se encontram nessa

categoria (gráfico 10).

Gráfico 10. Perfil das propriedades de bovinos de corte dos

municípios que possuem o bioma Pantanal em 2019.

Ao analisar a área de pastagem, verifica-se direções

divergentes entre Mato Grosso e o Pantanal. Isso porque

enquanto a área de pastagem total do estado está em

decréscimo, a da região pantaneira está em relativa

estabilidade.

Esses movimentos podem ser explicados por dois fatores:

a área de pastagem do estado está em queda devido à

necessidade do aumento da produtividade do produtor mato-

grossense, ou seja, mais produção em menos área para

diluição dos custos que estão cada vez mais altos.

Gráfico 11. Evolução da pastagem e rebanho em Mato Grosso.

Com isso, observa-se arrendamento dessas terras para a

agricultura, que aumentam a fertilidade do solo, favorecido

pelo potencial de aptidão agrícola. Estima-se que há 14,20

milhões de hectares com aptidão agrícola no estado (Imea,

2019.

Outro fator atrelado à estabilidade na área de pastagem verificado no Pantanal, é a exigência da conservação de pastagem nativa, o que configura a manutenção das áreas de pasto na região.

Gráfico 12. Evolução da pastagem e rebanho dos municípios que possuem o bioma do Pantanal em Mato Grosso.

Fonte: Indea-MT

80,5%

9,3%

5,3%2,8% 1,0%

1,2%Entre 1 a 250

Entre 251 a 500

Entre 501 a 1.000

Entre 1.001 a2.000

Entre 2.001 a3.000

Acima de 3.000

Fonte: Imea/Indea-MT

25,5 24,4

25,9

30,1

1,0

1,2

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

15,0

17,0

19,0

21,0

23,0

25,0

27,0

29,0

31,0

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

20

16

20

17

20

18

Pastagem (milhões de hectares)Rebanho (milhões de cabeças)Cabeças/hectare

Fonte: Indea-MT

79,7%

8,4%

5,8%

3,2%

1,2%1,7% Entre 1 a 250

Entre 251 a 500

Entre 501 a 1.000

Entre 1.001 a2.000

Entre 2.001 a3.000

Acima de 3.000

Fonte: Imea/Indea-MT

2,0 2,0

2,9

3,8

1,4

1,9

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

20

08

2009

20

10

20

11

20

12

20

13

2014

20

15

20

16

20

17

20

18

Pastagem (milhões de hectares)

Rebanho (milhões de cabeças)

Cabeças/hectare

Page 22: Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície pantaneira de Mato Grosso 3. Resultados 3.1. Caracterização

Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

Assim, nota-se que a ocupação de animais por hectare nos

municípios que possuem o bioma do Pantanal é 51,7% maior

que a média de Mato Grosso (gráficos 11 e 12).

Vale destacar que esta característica não está relacionada

ao aumento do rebanho na região pantaneira, pois desde

2016 o movimento de incremento de cabeças na região

parou. Desta forma, isso está pautado na menor área de

pastagem na região ante a de Mato Grosso.

3.2. Análise financeira na planície pantaneira

3.2.1. Caracterização do custo de produção

A produção de gado de corte no Pantanal é marcada pelo

regime de inundações e secas sazonais. Nesse sentido, é

comum ocorrer o alagamento das pastagens, o que dificulta o

manejo dos animais, reduz a oferta de pasto, bem como afeta

a sanidade do rebanho, principalmente dos bezerros.

Além disso, a legislação ambiental, restringe total ou

parcialmente a depender do município, o uso de aditivos na

pastagem. Desta forma, os pecuaristas da região precisam

tocar sua atividade conciliando a legislação vigente com as

peculiaridades que o meio ambiente impõe.

Essas barreiras, muitas vezes, se refletem em aumentos de

custos para o pecuarista e dificultam o aumento na

produtividade dentro das propriedades no Pantanal.

Para exemplificar esse cenário, o gráfico 13 demonstra o

COE por arroba vendida na etapa de cria de bezerros na região

do Pantanal e na média em Mato Grosso. O motivo de ter sido

feita a análise sobre o COE por arroba vendida está atrelado a

maior facilidade de constatação de eficiência produtiva.

Gráfico 13. Comparativo do custo operacional efetivo (COE) da arroba vendida na fase de cria do projeto FPS no Pantanal e a média em Mato Grosso em 2019.

Nesse sentido, o produtor que obtém maior produtividade, consegue diluir os custos de produção, obtendo, portanto, um custo por arroba mais baixo, ao contrário do que apresenta baixa eficiência produtiva.

De acordo com os dados do Imea e do projeto Fazenda

Pantaneira Sustentável (FPS) realizado em parceria entre o

Sistema Famato, Acrimat e a Embrapa Pantanal, o custo

operacional efetivo (COE) da arroba vendida na fase de cria no

Pantanal é de R$ 148,37/@, enquanto que na média de Mato

Grosso, o custo é de R$ 79,18/@, o que denota que o COE no

bioma pantaneiro é 77,70% superior à média do estado de

Mato Grosso.

Isto porque, em razão da pecuária de corte no Pantanal ser

desenvolvida em sua maioria de forma extensiva, ou seja, a

criação dos animais ocorre em grandes áreas à pasto, os

produtores necessitam de maior quantidade de mão-de-obra.

Além disso, devido aos problemas ocasionados pelos

alagamentos nos meses de chuva, os produtores da região

precisam despender recursos para arrendar terras a fim de

alocar os animais, algo que não é comum nas demais

propriedades do estado.

Segundo os dados do Imea, o principal custo de produção

dos criadores de bezerros no estado é a suplementação

animal, seguido pela mão de obra.

Gráfico 14. Composição do custo operacional efetivo por arroba vendida na média do estado de Mato Grosso em 2019.

Já no Pantanal o cenário é diferente, uma vez que o

pecuarista dispende maior quantidade de recursos com o

quadro de funcionários (29,0%). Esse resultado fica em linha

com o que foi exposto no gráfico 5, que demonstra que a

pecuária é a atividade que mais gera emprego no agro na

região do Pantanal.

Na sequência, outros custos – assistência técnica,

combustível e despesas gerais – (15,0%) e a suplementação

Fonte: Imea

35%

15%

13%

10%

8%

6%6% 4%

3%

Suplementação

Mão de Obra

Aquisição de Animais

Outros Custos

Impostos e Taxas

Manutenção

ManejoSanitário/ReprodutivoDespesas Financeiras

Pastagem

Nota: A média MT foi calculada com base nos painéis realizados pelo Imea em todas as regiões do estado, enquanto a média Pantanal é o resultado do projeto FPS. Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

79,18

148,37

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

Média MT Média Pantanal

R$/

@

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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

animal (14%) representam partes relevantes dos custos dos

pecuaristas de cria na região do Pantanal.

Gráfico 15. Composição do custo operacional efetivo por arroba vendida do projeto FPS no Pantanal em 2019.

Vale salientar, que as despesas financeiras representam

11,0% do custeio dos criadores no Pantanal, em razão dos

financiamentos que foram tomados pelos pecuaristas, sendo

mais uma peculiaridade dos produtores desse bioma, dado

que, as despesas financeiras não se configuram como um dos

principais custos dos demais produtores do estado.

Em outras palavras, as despesas financeiras por parte dos

produtores no Pantanal (11,0%) são quase três vezes

superiores aos dos demais pecuaristas no estado (4,0%). Com

isso, constata-se que os pecuaristas inseridos nesse bioma

necessitam de uma atenção diferenciada nesse quesito,

porquanto, ainda que a taxas de juros tem retraído nos

últimos anos, o prazo dos financiamentos nem sempre se

adequa ao fluxo de caixa dos bovinocultores.

Ainda mais, devido às dificuldades de acesso naquelas

propriedades, a assistência técnica é pouco acessível, o que

pode afetar no cumprimento dos cronogramas estipulados

nos projetos de financiamentos.

3.2.2. Resultados financeiros

Os resultados financeiros do projeto FPS indicam que as

margens dos produtores de cria no Pantanal estão apertadas,

dado que em média, a atividade tem obtido apenas lucro

operacional, representado pelo Lajida*, de R$ 125,00/ha

(gráfico 16).

Já na média do estado de Mato Grosso, o Lajida em 2019

foi de R$ 371,92/ha, valor quase duas vezes superior ao do

produtor pantaneiro. Esse resultado já era esperado, em

razão de que os custos para os pecuaristas no Pantanal são

maiores, enquanto a produtividade é menor. Nesse sentido,

tais fatores pressionam a margem da atividade, no entanto,

no curto prazo o pecuarista pantaneiro consegue se manter

na atividade.

Gráfico 16. Resultados econômicos da cria de bezerros do projeto FPS do Pantanal e em Mato Grosso em 2019.

Por outro lado, ao considerar as despesas com

depreciação, custo da terra e demais obrigações que não

compõem os custos operacionais, o criador no Pantanal fica

no vermelho (-R$ 82,04/@), enquanto o produtor mato-

grossense continua com saldo positivo (R$ 211,33/ha).

Ainda que os dados representem a média dos resultados

financeiros da pecuária de cria no Pantanal que foram

mensurados pelo projeto FPS, é preciso considerar uma

ressalva. Duas propriedades não registraram comercialização

de animais para gerar caixa em 2019.

Sendo assim, ao desconsiderar esses dois casos da média,

o cenário é suavizado, mas ainda assim a atividade no

Pantanal não cobre os custos totais.

Em outros termos, o quadro abaixo visa ilustrar a variação

no lucro líquido do pecuarista pantaneiro em R$/ha, de

acordo com o custo por hectare e o número de rebanho em

sua propriedade.

Quadro 1. Tabela de sensibilidade de análise do lucro líquido.

Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

29%

15%

14%

11%

11%

5% 5% 5%4%

1%

Mão de Obra

Outros Custos

Suplementação

Pastagem

Despesas Financeiras

ManejoSanitário/ReprodutivoAquisição de Animais

Manutenção

Nota: A média MT foi calculada com base nos painéis realizados pelo Imea em todas as regiões do estado, enquanto a média Pantanal é o resultado do projeto FPS. *Lucros Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

125,00

371,92

-82,04

211,33

-200,00

-100,00

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

Média Pantanal Média MT

R$/

ha

Lajida Lucro líquido

Análise de lucro líquido

(R$/ha)

Nº de cabeças na propriedade

449 505 561 617 673

Cu

sto

do

bo

i ven

did

o (

R$/

ha)

R$ 75,74 -40,08 -12,46 15,02 39,14 60,06

R$ 100,98 -65,33 -37,71 -10,23 13,89 34,81

R$ 113,61 -77,95 -50,33 -22,85 1,27 22,19

R$ 126,23 -76,79 -62,96 -35,47 -11,35 9,57

R$ 138,85 -90,57 -75,58 -48,09 -23,98 -3,06

R$ 151,48 -115,82 -88,20 -60,72 -36,60 -15,68

R$ 176,72 -141,07 -113,45 -85,96 -61,84 -40,93

Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

Page 24: Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície pantaneira de Mato Grosso 3. Resultados 3.1. Caracterização

Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

Primeiramente, cabe destacar que os valores expostos

acima são de uma fazenda específica. Isto porque, no que

tange ao custeio, índices zootécnicos e ao número de

rebanho, os dados dessa propriedade são mais próximos da

faixa de produtores que mais necessitam de auxílio. Além

disso, a fazenda se encontra no baixo Pantanal, onde não

pode utilizar defensivos e ocorre alagamentos no período

chuvoso.

Desta forma, a propriedade em questão registrou em 2019

um custo de R$ 126,33/ha e um rebanho de 561 cabeças. Com

esses indicadores, o lucro líquido é negativo em R$ 35,47/ha.

Para que esse produtor não fique no vermelho, seria preciso

aumentar seu plantel sem alterações no custo.

Nesse sentido, torna-se necessário financiamentos que

tenham o foco de levar o produtor a aumentar seu rebanho

naquela região, bem como linhas de crédito que fomentem

investimentos na pastagem obedecendo a legislação

ambiental, a fim de que a oferta de forragem seja suficiente

para suportar o aumento de lotação no pasto.

Além do mais, é preciso incentivar os pecuaristas a

melhorar a produtividade, tendo em vista que isso levaria a

diluição dos custos, e consequentemente um lucro líquido

maior. Esse cenário exige uma linha de financiamento

específica que fomente a inserção tecnológica na atividade,

visando melhorar, por exemplo, os indicadores de

reprodução, a fim de aumentar a geração de receita nas

propriedades.

4. Conclusão

Os dados apontam que uma das principais dificuldade dos

criadores de bovinos no Pantanal mato-grossense é o custo de

produção elevado se comparado aos demais produtores do

estado, sendo as principais despesas com a mão-de-obra,

outros custos que envolvem assistência técnica, combustível,

bem como suplementação animal e financiamentos.

Esse panorama pode ser explicado pelas peculiaridades

produtivas que a região exige, reforçada pelo perfil do

pecuarista do Pantanal, o qual a maior parte se encaixa em

rebanhos até 250 cabeças.

As receitas oriundas da atividade cobrem apenas os

custos operacionais, enquanto o lucro líquido é negativo, o

que pode ter levado a tendência de queda no rebanho do

Pantanal desde 2016. Esse cenário é preocupante para a

planície pantaneira, tendo em vista que, a pecuária de corte é

a principal atividade rural que gera empregos naquela região,

bem como possui uma participação de 81,7% sobre o Valor

Bruto da Produção.

Considerando a atual conjuntura da atividade, que é de

custos cada vez mais elevados, o setor precisa buscar maior

eficiência por meio de incrementos na produtividade. Isto

pode ser incentivado com linhas de financiamentos

específicas à esses produtores, dado que o perfil dos

pecuaristas pantaneiros se diferencia dos demais produtores

do estado.

Dentre as necessidades dos produtores que as novas

linhas de financiamentos podem contemplar estão a

assistência técnica, taxa de juros acessíveis e prazos

diferenciados de acordo com a possibilidade de pagamento,

uma vez que, como ficou constatado as despesas financeiras

dos pecuaristas pantaneiros são praticamente duas vezes

maiores do que dos demais produtores no estado de Mato

Grosso.

Além disso, devido as peculiaridades da região, pode ser

incentivada a aquisição de animais vinculada com melhorias

na pastagem.

Ademais, o suporte aos pecuaristas pode se manifestar

por meio da redução de prejuízo causado pelas mortes de

animais por causa de ataques de predadores, como é

recorrente naquela realidade.

Portanto, sem a mudança da vigente caracterização

exposta do Pantanal a sustentabilidade do setor pode ficar

prejudicada e influenciar negativamente toda a sociedade que

depende da atividade.

5. Referências Bibliográficas

FIGUEIREDO, M. G., et. al. Construção da matriz insumo-

produto interregional Mato Grosso e resto do Brasil – 2007.

Estado de Mato Grosso, 2010.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativa

populacionais para os municípios brasileiros, 2014.

Disponível em: <

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estima

tiva2014/estimativa_dou.shtm>.

INDEA-MT. Relatórios: Trânsito de animais. Disponível em: <

http://www.indea.mt.gov.br/-/8523220-relatorios?ciclo=>.

MTE, Ministério do Trabalho e Emprego. Programa de

Disseminação de Estatísticas do Trabalho. Disponível em:<

http://acesso.mte.gov.br/portal-pdet/home/>.

Page 25: Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície pantaneira de Mato Grosso 3. Resultados 3.1. Caracterização

Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície

pantaneira de Mato Grosso

PRESIDENTE Normando Corral

SUPERINTENDENTE Daniel Latorraca Ferreira

ELABORAÇÃO Marianne Tufani e Ricardo Silva

EQUIPE TÉCNICA

Analistas: Cleiton Gauer, Emanuel Salgado, Francielle Lima, Iury Rodrigues, Jéssica Brandão, Marianne Tufani, Marcel Durigon, Miqueias Michetti, Milena Barbosa, Monique Kempa, Ricardo Pereira, Rondiny Carneiro, Sâmyla Sousa, Tainá Heinzmann,

Talita Takahashi, Tiago Assis e Vanessa Gasch.

Estagiários: Adriano Ferreira, Adriele Barros, Ana Paula Oliveira, Daniele Ajala, Emily Assis, Fernando Félix, Gabriel Thompson,

Hygor Camacho, Layanne da Silva, Luana Santana, Lucas Mendonça, Luiza Roesler, Max Gomes, Milena Habeck, Pedro

Sorrillo e Rafaela Pereira.

ANEXO 1

Tabela 5 – Empregos diretos, indiretos e induzidos por cultura gerados nos municípios pertencentes ao Pantanal em 2019.

Indicadores Bovinos Soja Cana-de-

açúcar Algodão Suínos Aves Total

Diretos 5.830 366 41 3 50 13 6.303

Indiretos 1.574 183 2 0 19 37 1.815

Induzidos 3.339 153 18 2 76 18 3.606

Total 10.743 702 61 5 145 68 11.719 Fonte: Imea/Matriz Insumo-produto (2007)/MTE.

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1. Introdução

O estado de Mato Grosso possui o maior rebanho bovino

do país, contabilizando 30,53 milhões de cabeças em 2019 e

produziu 1,5 milhão de toneladas de carne bovina no mesmo

período, o que representa 18,65% da produção nacional.

A maior parte de produção de gado de corte no estado é

de forma extensiva, sendo o pasto a principal fonte de

alimento dos animais. Com isso, a sazonalidade é uma das

características da produção de gado no estado, havendo

maior oferta de animais para abate no período das chuvas,

quando há maior volume de forragem, ao passo que há menor

disponibilidade de animais no período de seca, quando reduz

a quantidade de pastagem.

Todavia, nos municípios abrangidos pelo bioma Pantanal o

período das chuvas, que ocorre entre outubro e março,

dificulta o manejo dos animais. Isso porque, 90,7% da área de

pastejo no Pantanal é alagável (Imea, 2019), o que leva a

reduzir a oferta de pasto nesse bioma no período chuvoso.

Além disso, de acordo com o Projeto Fazenda Pantaneira

Sustentável (FPS), realizado pelo Sistema Famato, Associação

dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Embrapa Pantanal

o custo de produção nos municípios pantaneiros são maiores

do que na média estadual.

Portanto, este estudo objetiva analisar as principais linhas

de crédito que podem ser utilizadas para aquisição de

matrizes no Pantanal, visto que o principal sistema de

produção desenvolvido naquele local é a cria de bezerros. As

linhas de crédito que serão estudadas são o Programa

Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e o

Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).

Ademais, será realizado a viabilidade econômica a fim de

encontrar as características de financiamento que melhor se

adeque à situação financeira dos produtores pantaneiros.

A importância desse estudo é baseada no cenário de

queda no rebanho bovino no Pantanal, sendo uma situação

cautelosa para aquela região, tendo em vista que a

bovinocultura de corte é a atividade rural que mais gera

empregos no Pantanal.

2. Metodologia

A pesquisa que o presente estudo se propõe pode ser

considerada exploratória, visto que tem o intuito de

aprofundar o conhecimento acerca da evolução dos recursos

do crédito rural na aquisição de matrizes, assim como,

objetiva analisar a viabilidade econômica da pecuária de cria

no Pantanal, sendo um estudo de caso.

Além disso, foram utilizados dados primários e

secundários, em que os dados primários são os custos de

produção da criação de bezerros no Pantanal extraídos por

meio do projeto FPS, sabendo-se que o custo de produção é

fundamental para a elaboração do fluxo de caixa.

Já os dados secundários foram extraídos através da Matriz

de Dados do Crédito Rural no site do Banco Central do Brasil

(BCB), que são os recursos aplicados do Pronamp e do FCO

para aquisição de bovinos, enquanto as taxas de juros foram

coletadas no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa).

Por fim, o estudo possui abordagem quantitativa, visto

que foram utilizadas ferramentas estatísticas para

interpretação dos resultados e os dados serão expressos por

meio de gráficos e tabelas.

2.1. Recursos para aquisição de matrizes

Destaca-se que, o site do Banco Central não tem

especificado os recursos que são aplicados para aquisição de

matrizes, apenas é especificado aquisição de animais bovinos.

Nesse sentido, o Banco Central disponibiliza o montante

destinado para aquisição de animais tanto para investimento

quanto para custeio. No caso deste estudo, os dados

coletados para aquisição de animais são sob a ótica do

investimento, que abrange os animais para reprodução,

sendo as matrizes e os touros reprodutores.

Assim, como um touro pode ser utilizado para cruzamento

com até 40 vacas a depender da propriedade, os recursos

destinados para investimentos em aquisição de animais são

em maior parte para aquisição de matrizes. Portanto, este

estudo parte da premissa que o montante de recursos de

aquisição de animais é focado em matrizes de bovinos.

2.2. Viabilidade econômica

Para o cálculo da viabilidade econômica da cria de

bezerros no Pantanal, o CAPEX (despesas de capital) e o OPEX

(despesas operacionais) foram levantados por meio do

Projeto FPS, realizado em parceria entre o Sistema Famato,

Acrimat e Embrapa Pantanal.

E19_20 – Análise do PRONAMP e do FCO e a viabilidade econômica para

aquisição de matrizes no Pantanal de MT

INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA

IMEA Abril/2020

Page 27: Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície pantaneira de Mato Grosso 3. Resultados 3.1. Caracterização

Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT

Após a definição do CAPEX e OPEX foi considerado o Custo

de Oportunidade de Capital (WACC, sigla em inglês),

correspondente a taxa de juros do Pronamp e do FCO. Em

seguida, foi projetado o Fluxo de Caixa, sendo a

movimentação das receitas e custos ao longo do tempo do

projeto.

Por fim, através dessas informações foi calculado o Valor

Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o

Payback, importantes indicadores para avaliar a viabilidade

econômica do projeto. Vale destacar, que após a elaboração

da viabilidade com os dados descritos acima, buscou-se

identificar as características de uma linha de financiamento

que melhor se adeque a situação econômica dos produtores

no Pantanal.

3. Resultados

3.1. Análise do FCO

O Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-

Oeste (FCO) tem o objetivo de contribuir para o

desenvolvimento econômico e social da região Centro-Oeste,

mediante a execução de programas de financiamento aos

setores rural e empresarial (BRASIL, 1989).

O Fundo é formado pela arrecadação de 3% do Imposto de

Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Além disso, o recurso provém dos pagamentos efetuados

pelas pessoas físicas e jurídicas que pegaram financiamentos.

No tocante ao mercado pecuário, o FCO é fundamental

para os pecuaristas de Mato Grosso, tendo em vista que, na

safra 18/19 o estado foi responsável por 37,80% do volume de

recursos aplicados para investimentos totais em aquisição de

animais (matrizes), totalizando R$ 617,79 milhões em MT.

Gráfico 1 – Evolução dos recursos aplicados para aquisição

de animais (matrizes) pelo FCO em Mato Grosso.

*Dados acumulados entre jul/19 e mar/20. Fonte: BCB

Quando comparado com a safra 2017/18, quando houve o

maior montante aplicado da história (R$ 913,39 milhões em

MT), nota-se que houve uma queda de 32,36% no volume de

recursos tomados pelos produtores mato-grossenses.

Esse cenário pode estar atrelado, entre outros fatores, as

incertezas que vigoraram no mercado naquele período,

mediante a lenta recuperação econômica no país. Além disso,

o preço da arroba do boi gordo estava pressionado, refletindo

em desestímulo dos pecuaristas para investir na atividade.

Na safra atual (19/20) até mar/20, o valor dos recursos do

FCO tomados pelos produtores para aquisição de matrizes em

Mato Grosso se encontra em R$ 324,78 milhões. Ao comparar

com o mesmo período da temporada anterior, o montante do

FCO aplicado (R$ 477,42 milhões) para a compra de matrizes

no estado reduziu 31,97%.

De acordo com o levantamento do Imea com agentes do

setor financeiro, esse cenário está atrelado, entre outros

fatores, à estagnação de recursos alocados no FCO diante da

atual situação econômica delicada do país, bem como a

preferência do setor em aplicar recursos no mercado agrícola.

Aliado a isso, destaca-se que parte significativa das

propriedades que atuam na pecuária de corte em Mato

Grosso possui problemas com a regularização fundiária, o que

dificulta o acesso ao crédito. Ainda assim, Mato Grosso tende

a continuar sendo o responsável por mais de um terço da

aplicação dos recursos do FCO.

3.2. Análise do Pronamp

O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural

(Pronamp), diferente do FCO, possui abrangência nacional e

visa promover o desenvolvimento das atividades dos médios

produtores rurais, proporcionando o aumento da renda e da

geração de empregos no campo.

Contudo, apesar de sua função econômico-social, a

relevância do programa nos negócios de aquisição de matrizes

no país está sendo limitada em razão da queda brusca no

montante aplicado para esse fim, o que mais uma vez denota

a restrição orçamentária da União, por causa do ajuste fiscal

nos últimos anos, que levou a redução do crédito destinado

ao Pronamp.

Gráfico 2 – Evolução dos recursos aplicados para aquisição

de animais (matrizes) pelo Pronamp no Brasil.

*Dados acumulados entre jul/19 e mar/20. Fonte: BCB

0,39 0,56 0,701,08 0,99 0,84

0,45

0,33

0,600,62

0,85 0,91

0,62

0,320,11

0,240,20

0,21 0,28

0,18

0,08

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

20

13

/14

20

14

/15

20

15

/16

20

16

/17

20

17

/18

20

18

/19

20

19

/20

*

Bilh

ões

de

R$

GO MT MS DF

0,8 0,60,3 0,3 0,4

0,001

0,4

0,30,2 0,2 0,2

1,7

1,2

0,5 0,60,8

0,20,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

20

13

/14

20

14

/15

20

15

/16

20

16

/17

20

17

/18

20

18

/19

20

19

/20

*

Bilh

ões

de

R$

MG PR PA SP MT Outros

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Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT

Nesse sentido, enquanto na safra 2013/14, o volume

aplicado para a compra de matrizes bovinas foi de R$ 3,75

bilhões no Brasil, na safra 2018/19 o montante foi de R$ 1,68

milhão, representando uma queda de 99,96%.

Em relação a Mato Grosso, o estado não era um dos

principais estados tomadores dos recursos do Pronamp para

aquisição de matrizes até a safra 2018/19, cenário que foi

revertido na temporada atual (2019/20).

Desta forma, na safra 2019/20 até março/20, os recursos

aplicados do Pronamp para aquisição e matrizes em Mato

Grosso totalizou R$ 30,33 milhões, fincando o estado em

segundo no ranking em escala nacional, ficando atrás

somente de Minas Gerais (R$ 39,16 milhões). Vale observar,

que o volume de recursos continua em patamar bem abaixo

do que já foi registrado anteriormente.

Esse cenário não deve se alterar, tendo em vista que de

acordo com o BNDES, os pedidos de financiamentos pelo

Pronamp para investimentos estão suspensos, devido ao

comprometimento total dos recursos disponíveis para o ano

safa 2019/20.

Em linhas gerais, apesar das dificuldades orçamentárias, o

crédito rural pode servir de instrumento para aquecer a

economia, pois auxilia na geração de empregos. No caso do

Pantanal mato-grossense, o Imea estima que a pecuária de

corte foi responsável por 10,70 mil empregos diretos,

indiretos e induzidos em 2019, o equivalente a 91,7% dos

empregos gerados pela agropecuária naquela região.

3.3. Viabilidade econômica para aquisição de

matrizes no Pantanal

O rebanho bovino no Pantanal apresenta tendência de

queda desde 2016, e com o intuito de incentivar a criação de

bezerros nas fazendas pantaneiras mediante a importância da

bovinocultura de corte para a região, foi elaborado dois

cenários de financiamento para aquisição de matrizes a fim de

identificar se há viabilidade econômica, um considerando o

investimento através da aquisição do crédito pelo FCO e outro

através do Pronamp. Ademais, buscou-se identificar critérios

para a criação de uma linha de financiamento compatível com

a realidade da região do Pantanal.

Tabela 1 – Indicadores utilizados no projeto de viabilidade

econômica para aquisição de matrizes no Pantanal.

- FCO Pronamp

Nº de matrizes 254 254

Valor financiado R$ 381.000,00 R$ 381.000,00

Taxa de juros (%) 6,75% 7,00%

Prazo (anos) 5 6

Carência (anos) 1 2

Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

No projeto considerou-se uma propriedade no município

de Poconé com extensão de 1000 hectares, área de pasto de

699 hectares, sendo a área de reserva de 301 hectares. O

sistema de produção é a cria de bezerros e foi considerado a

aquisição de 254 matrizes da raça Nelore, totalizando um

investimento de R$ 381.000,00. Vale destacar, que a

propriedade já detém de 296 matrizes da mesma raça,

portanto, presume-se que a lotação em UA/ha avance de 0,56

para 1,00 UA/ha na propriedade.

As simulações dos financiamentos foram realizadas com

base no FCO e no Pronamp. Além disso, foi considerado os

custos de produção da propriedade com base no projeto

Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), para então elaborar os

fluxos de caixa dos empreendimentos, ambos com duração de

20 anos.

Porquanto, ao simular um financiamento pelo FCO, o

projeto apresentou viabilidade econômica com o payback do

investimento sendo no oitavo ano e a taxa interna de retorno

(TIR) de 17,37%.

Tabela 1: Resultado dos indicadores financeiros do projeto

de financiamento de aquisição de matrizes pelo FCO no

Pantanal.

Indicadores Valor

Taxa Interna de Retorno (TIR) 17,37%

Valor Presente Líquido (R$/ha/ano) R$ 36,81

Valor Presente Líquido (VPL) - milhões R$ 398.006,21

Payback (anos) 8

Índice de Lucratividade 2,04

Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

Contudo, destaca-se que o FCO possui um prazo de

pagamento de cinco anos com mais um ano de carência.

Diante disso, sob a ótica do Payback esse tipo de investimento

necessitaria de um prazo de pagamento maior para a região

do Pantanal.

Tabela 2: Resultado dos indicadores financeiros do projeto

de financiamento de aquisição de matrizes pelo Pronamp no

Pantanal.

Indicadores Valor

Taxa Interna de Retorno (TIR) 17,37%

Valor Presente Líquido (R$/ha/ano) R$ 36,02

Valor Presente Líquido (VPL) - milhões R$ 381.943,62

Payback (anos) 8

Índice de Lucratividade 2,00 Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

Semelhantemente, o financiamento pelo Pronamp

registrou viabilidade econômica, com o retorno (payback)

sobre o investimento ocorrendo também no oitavo ano. A TIR

obteve valor similar à do projeto anterior (17,37%) mesmo

com a taxa de juros sendo 0,25 p.p. acima do FCO, ou seja de

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Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT

7% a.a., em virtude de que no Pronamp o prazo de pagamento

é maior.

Ainda assim, como o prazo de pagamento do programa é

de seis anos com mais dois anos de carência, esse

investimento é de alto risco ao considerar a possibilidade de

pagamento para os produtores do Pantanal.

Portanto, como pôde ser observado, considerando o fluxo

de caixa, os projetos registraram viabilidade econômica com

o retorno do investimento ocorrendo no oitavo ano. Todavia,

pôde-se constatar, diante os dados produtivos e econômicos

dos produtores no Pantanal, que o prazo de pagamento das

linhas de financiamentos atuais é estreito.

Com base nesse cenário, torna-se necessário a criação de

linhas de financiamentos específicas aos produtores da região

do pantanal com o prazo de pagamento sendo no mínimo de

oito anos com acréscimo de carência de dois anos.

Ademais, com o intuito de demonstrar a importância

desse financiamento ao resultado econômico da propriedade,

o gráfico abaixo apresenta a Demonstração do Resultado de

Exercício (DRE), com e sem o impacto do investimento em

matrizes. A ilustração desse cenário foi possível por causa do

Projeto FPS, que dispõe de dados de propriedades que

desenvolvem a pecuária de cria no Pantanal.

Gráfico 3: Resultados econômicos da cria de bezerros no

Pantanal em 2019.

Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)

Sendo assim, o resultado real da propriedade pantaneira

em 2019, sem o investimento em compra de registrou um

Lajida positivo (R$ 44,05), ou seja, esse produtor consegue se

manter na atividade no curto prazo. Porém, ao considerar as

despesas com depreciação, custo da terra, entre outros, o

lucro líquido ficou em -R$ 36,06/ha o que denota um alto risco

das propriedades pantaneiras se manterem na atividade

pecuária a longo prazo.

Ao considerar o financiamento, o cenário é diferente, visto

que houve aumento na produção de bezerros na propriedade,

o que refletiu em aumentos na receita. Dessa forma, o lucro

líquido passou a ser positivo estabelecendo-se em R$

97,27/ha.

4. Considerações finais

Diante do exposto, os recursos aplicados para aquisição de

matrizes bovinas no Brasil e em Mato Grosso estão em queda.

O Pronamp tem perdido relevância nesse mercado nos

últimos anos, podendo ser reflexo do ajuste fiscal que o Brasil

tem passado, que reduz o crédito subsidiado.

Similarmente, o FCO tem registrado sucessivas quedas no

volume aplicado em aquisição de matrizes. Mesmo assim, o

volume desse fundo é expressivo, registrando na safra 18/19

no Brasil R$ 1,63 bilhão e o estado de Mato Grosso é o

segundo em âmbito nacional a utilizar desse crédito, obtendo

participação de 37,80% no mesmo período. Esse cenário

tende a se manter na temporada atual (2019/20).

De acordo com as simulações desse estudo, o

financiamento para aquisição de matrizes no Pantanal

apresenta viabilidade econômica, tanto pelo FCO quanto pelo

Pronamp, sendo o gargalo para a realidade da região o prazo

de pagamento.

Nesse sentido, como o Pantanal apresenta dificuldades no

manejo diferente das demais regiões do estado, devido aos

alagamentos, bem como apresenta maiores custos

produtivos, torna-se necessário a criação de linhas de

financiamentos com recursos exclusivos aos produtores

pantaneiros, com o prazo de pagamento mínimo de oito anos

mais dois anos de carência.

Além disso, diante das necessidades de investimentos aos

pecuaristas pantaneiros para se manter competitivo na

atividade, sob o âmbito do crédito rural é necessário a

alocação de mais recursos em programas com características

que atendam a realidade do Pantanal.

Da mesma forma, ajustes sob a ótica de prazo de

pagamento podem ser feitos nos programas já existentes

como o FCO e Pronamp, assim como elevar o volume de

recursos destes programas, uma vez que foi constatado

redução expressiva no montante aplicado em aquisição de

matrizes nos últimos anos.

Essa demanda para o Pantanal mato-grossense é baseada

no fato de que a bovinocultura de corte é a atividade rural que

mais gera empregos na região, porém, tem ocorrido a redução

no rebanho desde 2016. Além disso, o impacto do

financiamento no resultado financeiro da atividade é positivo,

dado que auxilia os produtores com margens negativas,

aumentar sua produção e consequentemente obterem lucro

líquido.

44,05

225,41

-36,06

97,27

-50,00

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

Sem financiamento Com financiamento

R$

/ha

Lajida Lucro líquido

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Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT

5. Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO. Disponível

em: <https://acrimat.org.br/portal/>. Acessado em: 15 abr.

2020.

BRASIL. Lei n° 7.827, de 27 e setembro de 1989. Regulamenta

o art. 159, inciso I, alínea c, da Constituição Federal e dá outras

providências. Brasília, DF 27 set. 1989. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7827.htm>.

Acessado em: 15 abr. 2020.

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E

SOCIAL. Pronamp. Disponível em:

<https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financia

mento/produto/pronamp-investimento>. Acessado em: 14

abr. 2020.

BANCO DO BRASIL. Fundo Constitucional de Financiamento

do Centro-Oeste. Disponível em:

<https://www.bb.com.br/docs/pub/gov/dwn/CartilhaFCO.pd

f>. Acessado em: 14 abr. 2020.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA.

Disponível em: <https://www.embrapa.br/pantanal>.

Acessado em: 15 abr. 2020.

INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA

AGROPECUÁRIA. Disponível em:

<http://www.imea.com.br/imea-site/#>. Acessado em: 13

abr. 2020.

PRESIDENTE Normando Corral

SUPERINTENDENTE Daniel Latorraca Ferreira

ELABORAÇÃO Ricardo Pereira

EQUIPE TÉCNICA

Analistas: Cleiton Gauer, Emanuel Salgado, Francielle Lima, Iury Rodrigues, Jéssica Brandão, Marcel Durigon, Marianne Tufani, Miqueias Michetti, Milena Aragão, Monique Kempa, Ricardo Pereira, Rondiny Carneiro, Sâmyla Sousa, Tainá Heinzmann,

Talita Takahashi, Tiago Assis e Vanessa Gasch.

Estagiários: Adriele Barros, Emily Assis, Fernando Félix, Gabriel Thompson, Isabela Flanofa, Luana Santana, Lucas Ferreira,

Lucas Mendonça, Luiza Roesler, Máysa Ágata C. Santos, Max Gomes, Milena Habeck, Pedro Sorrillo, Stephany Balieiro e

Victor Beghini.