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À minha mãe. - USP · À minha mãe. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. PAULO CELSO ISOLANI pela dedicação, amizade e conhecimento científico oferecido durante a sua orien tação

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À minha mãe.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. PAULO CELSO ISOLANI pela dedicação,

amizade e conhecimento científico oferecido durante a sua orien

tação.

A "maninha" Ediane Mansani e aos Profs. José Ma­

nuel Riveros e Peter TÍedemann pela amizade, incentivos, alegrias

e tri s tezas compartilhadas.

Ao amigo Walter Kaiser, conselheiro e incentiva-

dor.

Aos colegas Keiko Takashima, Sonia Maria José, -

Sergio Galembeck, Sergio R.A. Leite, Hidetake Imasato, José BartQ

lomeu C. de Melo, Ourides Santini Filho, Paschoal Bronzo, váska­

ra Barrilli, Esther Sbampato, Rosana C.L. Pereira, Maria José Ro

drigues de Almeida pelo convívio agradável e amistoso.

Ao Srs. Geraldo Ayrosa, Waldemar Perin e Mário -

Otsuka, pela assistência dedicada e eficiente na manutenção da

aparelhagem do laboratório.

Ao Prof. Osvaldo Sala, pelo uso do espectrômetro

infravermelho e de sua oficina mecânica.

A FAPESP, pela concessão da bolsa de mestrado.

Ao CNPq, como à FAPESP também, pelos equipam~n­

tos fornecidos ao laboratório.

62 b) Estudo em função da quantidade

de energia do laser • • •••• _~." ~ ... ~ . ... ,,, .... 41

6 2 c) Dependência do rendimento da dissociação

com relação ao comprimento de

onda da irradiação ~ . _ .... " ...... " ... , • .. .., ....... 41

6 2 d) Cinética de decomposição do éter

dietilico • • ,. .. ft. . v Ci' • ~ .... . ., ~ ~ . • c. o l' • • c; .... 45

6 2 e) Verificação da lei de Beer-Lambert . .. .. ' ...... 11 50

6 . 3 Estudo da variação do rendimento

individual dos produtos •••• ~ • • ••• 5 O

6 . 3 a) Variação do rendimento individual dos

produtos em função da

quantidade de energia

por pulso ~ . ' .-o .. " •• • • ., ••• - o

6 . 3 . b) Variação do rendimento individual

dos produtos em função da

..... o I t ' O"' # ....

pressão de éter dietílico c . ' .. c ,. ...... ., .... .. . .

64 Estudos com adição de gases

52

57

inertes \Ôr •• .., • • tio .... ~ 62

6 4 , 1 Influência de um gás inerte no

rendimento dos produtos de uma reação

fotoquímica o • ,, ' • • • CJ o .... o . - •• 62

642 Experimentos com éter

dietílico e

gases inertes O .~ - •• O •• · CJct.o •••••• _ ••••• 63

6 5 Estudos em misturas de

éter dietílico

com óxido

nítrico. .. ·"·· ........ ,, .... .. -•...... 0. • 68

6 5 A ação de captadores de

radicais livres t'l opc e • ., o~ ,. .~ o ., \J' • •• ' • • . ' • • • • 68

652 Irradiação de amostras éter/NO •••• 11 . ... . " ••• 69

6 6 Estudo do sistema éter/oxigênio • • o ,. •••• 11 ••• 71

6 6 Combustões • • •••••••• .... . .... ~ ... 7 1

66 2

6 6 . 3

Rendimentos dos produtos na

irradiação do

sistema éter/oxigênio ... ., . ., ...... ., ~ .,. .. ... . Estudo cinético do sistema

74

éter/oxigênio .. O.fi..II.« • ••••• Ct~ .. O • •••• ." 78

o fenômeno de quebra dielétrica " ... . ' ........ . 78

A quebra dielétrica no sistema

éter/oxigênio ••.• •• •.••• ' •. ~ •. ~_ •••• • • 83

Considerações sobre a combustão

do éter dietilico ............ .

7 Conclusões, ••.•••••

. . .... " ... 83

87

Referências bibliográficas . .•.. • • ~ •. ~, < . .. ... 97

I

RESUMO

Foi estudada a dissociaçã o multifotônica do éter dietí­

l i co i nd uz id a por ab s or ção de luz i nfr avermelha, prov enien te de um

l aser de CO 2 , tipo TEA .

Na irradiação com a linha P(2 0) da banda 00 0 1_0 20 0

(1046 cm- 1) , os produto s observado s por análi se espec t roscópica in­

fraver mel ha e cromatografia em fa se gasos a f or am: H2 ' CO, CH 4 , C2H2,

C2H4 , C2H6 , CH3CHO e C2H50H.

A e fi c i ê nc i a de di ssoc i ação f oi proporc i ona l à s pre s -

sões in i cia i s de ét e r a uma potên c i a f i xa e cresc ente em função da

pot ên cia do l a ser a uma pressão fi xa . A eficiência com relação ao

co mpr ime nto de onda do la s er seguiu aprox imad amente o espectro de

absorção I .V. do ét e r, s ugerindo qu e a dis s oc iação seja iniciada

por um pr oces so de ab s orção multifo t ôni c a ressonante .

o estudo da variação do rendimento individual dos prod~

tos em f un ç ão da potência apresentou um comportamento crescente pa­

ra to dos os produto s , enquanto que a variação do rendimento indivi­

du a l dos mes mos em fun ção da pres s ão inicial de éter para CO e CH 4

fo r am cre scentes e para C2H6 , CH 3CH O e C2H50H foram decrescentes; o

c om po rtament o do C2H4 foi linear e quase constante, o que sugere

que ele se f orme por dissociação unimolecular do éter, enquanto que

a f or maç ão de CO, CH 4 e C2H6 deve envolver processos colisionais.

Na irradiação de mistura s de éter com argônio, neônio,

hidrogênio, hélio e N20, os rendimentos individuais absolutos cai­

ram, poss ivelmente porque tais ga s es agem como desativadores de mo­

léculas de éter excitadas pelo laser, por transferência de energia

V-To

Adicionando-se ao éter um captador de radicais, no caso

NO, f oi verificado apenas um pequeno aumento no rendimento relativ o

de CH 4 em detrime nto do C2H6 .

Na irradiação do sistema éter/oxigênio foi observada a

quebra di elétrica do sistema, tratando-se este fenô me no de uma ver­

dadeira comb ustão , uma vez que o processo todo é desencadeado com

apenas um pulso do lase r para pre ssões aci ma de 40,0 Torr de 02,se~

do CO 2 o produto principal. Entret an to, abaixo do limiar de quebra

dielétrica o rendimento indiv idu al dos produtos foi crescente c om o

aumento do número de pul s os e também em função do aumento da pres são

de 02 ' exce t o o etano l que ne s te último es tudo de c re sc eu. Ne s te ca

so, os prod utos obse rvado s f oram os me s mos qu e no éter pur o , exceto

pequ en a quant idade de CO 2 .

Em s ínt ese , o C2H4 e C2HSOH de vem se form a r da dis soc i~

ção unimole cular do é ter, ao passo que H2 ' CO, CH 4 , C2H2 , C2H6 e

CH 3CHO são obtidos , em su a maior parte, através de rea ções qu~ en­

volvem processos colisionais, radicalares ou não.

ABSTRACT

The photodissociation of diethy l et her induced by

infrared multiphoton absorption from focuse d radiation of a

TEA CO 2 laser wa s inve s tigated.

111

After i rra diating with the P(20) line of the 00 0 1_02 0 0

band (1 046 cm - 1) the decomposition products were a nalyzed by IR

s pe ctroscop y and gas chro matography. Hydrogen, carbon monoxi de,

methane, ethylene , acetyl ene, e than e, acetaldehy de and ethanol wer e

detected .

The overall decomposition efficiency wa s proportional

to the init ial pressure for a fixed irradiation energy, and increases

with pulse e ,l ergy at constant sa mpl e pres s ure.

The decomposition efficiency was also obser ved to be

wavelength dependent and followed, roughly , the IR abso rp tion

spectrum pro file suggesting a reson an t multiphoton ab so rpt io n

initiated reaction.

Indi vidual product yi e ld s were found to inc re ase by

increasing pu l se energies.

The var iati on of the initial ether pressure showed

increasing yields for CO and CH 4 , and de creas ing yields for C2H6 ,

CH 3CHO and C2HSOH. The C2H4 yield was almost constant with sa mpl e

pressure, s uggesting that it i s f or me d through unimol ecu la r

decomposition , wh ile the formation of CO, CH 4 and C2H6 must inv olve

collisional processes.

The us e of argon, helium, neon , hydrogen, and nitrous

oxide as buffer gases decreases the absolute product yields,

probably due to the deactivation of excited molecules via collisional

V-T energy transfer.

The use of a free radical scavenger, nitric oxide,

indicated a small increase for CH 4 yield and a decrease for C2H6 .

When irradiating ether/ ox ygen mixtures, a strong

reaction initiated by dielectric breakdown was observed . This

phenomenon occurs with one la se r pulse when the oxygen pressure

is abo ve 40 Torr, and i s practic a lly a true combustion, resulting

in the formation of CO 2 as the maj or pr od uct and traces of co .

However, under the threshold for dielectric breakdown the products

yields in crease when increasing the number of pulses an d 02

pre ss ure. In this case the products are the same as in neat ether,

exc ep t for small quantities of CO 2 .

1. INTRODUÇÃO

A fotoquí mi ca infravermelha realça um novo tipo de

fotoquímica, onde as reações ocorrem no estado eletrônico fund~

mental. Isto oferece elevada especificidade pois a radiação i~

fravermelha proveniente de um la ser é monocromática e pode ser

ajustada a freqüências iguais ou combinações das freqüências de

ab s orção das moléculas gasosas a serem excitadas . Isto requer

o us o de multi freqüências de radiação infravermelha para obten­

ção da fotoexcitação até o limite de dissociação, desde que as

séries de transição vibracionais-rotacionais não sejam muito

afastadas. Uma rica estrut ur a de transições vibracionais-rota­

cionais nas moléculas poli atômicas permite a abso r ção de um ele

vado número de fóto ns infravermelhos se a radiação do laser for

suficientemente intensa. Tal processo de absorção é tão seleti

vo que po de induzir até separações isotópicas.

Os químicos têm um interesse especial na - química

dos lasers co m potências da ordem de megawatts. A irradiação -

pulsada com estas potências favorece determinadas reações de ele

vadas temperaturas vibracionais ( > 1000K) que são forçados a

ocorrer à temperatura amb iente. A temperatura efetiva é facil­

mente variável em um amplo intervalo, modificando a energia ra­

diante por área (fluência) . Resulta disto, portanto, a pos~ibl

lidade de um estudo detalhado de reações que eram antes inaces­

síveis devido à elevada energia de ativação.

Assim , rea ções induzid as por lasers apresentam

maior "limpeza" do que as r eações realizadas em aparelhagem tér

mica clássica por diversas razões:

2.

a) o reage nte é exposto a elevada temperatura por um curto inter

valo de tempo . A velocidade de aq uec imento é da ordem de 106

- 10 11 K/s; b ) a s ub seqüente velocidade de re s friamento oco rre

num inter valo de 103 - 106 K/s; c) se o feixe do laser for me-

nor que a seção de ch oque da cela de reação, efei tos de parede -

são praticamente desprez ívei s ; e d ) se o feixe do la ser irradiar

não some nte o gás ma s ta mb ém a cela, as reações que ocorrem nas

paredes da ce la são acentuadas.

Na maioria dos ca s os, a e tap a primária das rea ções

induzidas por lasers são reações de decomposição . Contudo,ex i s-

tem exemplos em que oco rr em isomerizaçõe s ou combinações bimole-

culares produzindo novas molécula s [1, 2 J .

Uma vez descoberto o fenô meno de absorçã o de ene ~ia

I.V. o interesse gera l passo u a se r em c omo analisar os div ersos

tip os de reações ind uz i das por la sers .

Dive r sos método s ex pe rimen ta i s têm si do utili za do s

no es tudo das r eaç ões multif otônica s . Entre os métod os emprega-

dos, alé m da anál i se dos produtos por espectrometria infraver me­

lha, cromatografia em fase ga s osa e espec tr ometria de massa, são

destacados os segu intes:

a) espectroscopi a de intermediári os [3J; b ) ionização multifotQ

nica seguida de análise de massa [4J ; c ) dis s ociação nã o coli­

sional pela intersecção de um feixe molecular com um f ei xe prov~

niente de um laser [5J; expe rim ent os co m pul sos c urtos e a ba i­

xas pres sões ; d) análise do s produto s po r exc i tação ressonan te

fluores cent e por mei o de um l ase r de co rant e [6J, onde é verifi­

cada a distribuiç ão energé tica populacional vibracional dos frag

mentos ori undos da di sso ciaçã o ; e) estudo de luminescência visí

velou ultravioleta de radica is excitado s a estados eletrôn icos

3.

elevados [7J; f) luminescência infravermelha de produtos de re a

ções bimoleculares entre os frag mentos da dissociação e amostras

de gases inertes [8J; g) distribuição do centro de massa da ener­

gia cinética dos fragmentos obtidos em dissociações c om feixes -

moleculares [9J; h) razão is ot ópi ca intramolecular [10J ; e i)

detec ção optoacústica, baseada na medida da intensidade de uma -

onda acústica num gás absorvente onde ocorre a conversão de ener

gia vibracional das moléculas em movimento translacional [11,12J.

Essas reações podem ser estudadas por dupla ou múl­

tiplas freqüências e em função do comprimento de onda e in te nsi­

dade do l aser , duração do pul so , pre s são da amostra e ret ard amen

to do intervalo de tempo entre os pulsos .

Uma análise geral do fenômeno de di ss oc iação por ra

diação infravermelha é oferecida na referência 13 .

1.1 Objetivo desta dissertação

o objetivo des ta di ssertação foi o de estudar a di s

sociação da molécula de éter di etílico induzida por luz infrave~

melha, proveniente de um laser de CO 2 tipo TEA. O suprimento de

grandes quantidades de energia a freqüências determinadas ou se­

letivas, correspondendo a um modo vibracional particular da mol~

cuIa de éter dietílico, proporcionou um estudo à parte da piróll

se e fotólise no ultravioleta da mesma .

Portant o, serão abordados, neste trabalho, al€m do

modelo teórico discutido na literatura e de algumas considerações

gerais , os seguintes tópicos no que concerne à molécula de éter

dietílico:

a) observação do fenômeno de dissociação e análise dos produtos;

b) comportamento da amostra e dos produtos observados com rela-

4.

ção aos segui nt es parâmetros variáveis : qu ant idade de energia

por pulso, comprimento de onda da irr adiação e pre ssão da amos

tra;

c) com portamento do r endimento dos produtos na irradiação da

amostra em mistura co m outr os gases (inertes à irradiação)fo~

necendo s ub sídios para a interpretação do mecanism o de disso -

ciação ;

d) prop osição de um poss ív el mecanismo de formação dos produtos.

2 . Modelo Básico do Processo de Absorção

Multifotônica e Dissociação de

Moléculas Poliatômicas num

Campo Infravermel ho

Os aut or es de a l guns modelos teóricos , qu e tentam -

explicar o processo de absorção e dissociação mul t ifot ônica en-

contram uma relativa dificuldade em explicar como as moléculas -

so brepõem a "barreira anarmôn ica " a intensidades de luz moderada

mente inten s as « 10 12w/ cm 2). A "barreira anarmônica" é exp lic~

da em virt ud e da a nar monicidade eletro - óptica , onde os nív eis vi

braciona i s vão se aproxi mando com o aumento do número quân tic o -

vibracional, o que resulta numa perda paulatina de res so nância -

entre as t ransições e a radi ação do l ase r.

Assi m, foi propos t o inicialmente que num intenso ca~

po resso na nte infr avermelho o alargame nt o por potência da transl

ção devido ao efeito s tark dinâmico compe nsari a a anarmonicidade

[14J. Neste caso a intensidade da ra di ação infrave rm elha deve

ser extremame nte e l evada (acima de 1010W/cm2) . No estudo reali -

zado com a molécula de 8C1 3 [11J foi calcu l ado qu e a intensidade

reque r ida para a dis soc ia ção da mesma ser ia da ordem de 10 11 W/ 2

/cm . Porém, a inten sidade expe riment al ob se rvada para a ocor -

5.

rência da reação foi da ordem de 109W/cm 2 [15J. Além disto, foi

observ ada também uma forte excitação e dissociação de moléculas

de SF6

[11 J a potências relativamente moderadas (de 106 a 107

W/cm 2 ), de maneira que este efeito por alargamento da s transições

não exp lica a facilidade com que as moléculas sobrepõem a "barrei

ra anarmô nica" a intensidades de luz moderadamente intensas.

Outro modelo, o do "qu ase -contínuo vibracional", on

de um intenso cam po I.V. estaria interagindo com o contínuo for-

mado pela sob repo s i ção dos nívei s vibraci onais de modo qu e um

elevado número de vibraçõe s norm a i s se riam excitadas s imultanea-

mente [6,16 ,17J, e xplica em part e po rqu e a energia a bs orvida por

uma molécu la excede consideravelmente a energia de di s sociação -

da ligação molecular em ressonãncia com a radiação I.V.. Porém,

este modelo falha na explicação da excitação isotópica seletiva

dos mais bai xos níveis vibracion a i s di sc retos das moléculas já

estudadas .

Uma combinação dos dois modelos citados, a compens~

ção da anarmonicidad e para as primeir as transições através do

alargamento por potência e o quase-contínuo vibracional, seria -

uma possível interpretação dô ocorrência de dissociação por pro-

c essas nã o colisionais [16J. Entretanto, isto não esclarece a

excitação e dissociação mole cular a baixas int e ns idad es (10 6_10 7

W/ cm 2 ) .

O modelo aceito a t ualm ente é o do mecani smo que com

pensa a anarmonicidade para as primeiras transições pela vari~ão

da energia ro ta cional molecular. Esta teoria surgiu a partir dos

resultados experimentais do rendimento da dissocia ção da molécu-

la de SF 6 em função da freqüência de irradiação [11J. Existem­

evidências de que as t r ans i çõ e s vibracionais se dão entre níveis

essencialment e discretos até v=3, enquan to que para v ~ 4 a densi

dade de níveis rotacionais-vibracionais torna-se tão grande que

forma um "quase-contínuo". Esta elevada densidade de níveis a

elevadas energias resulta do fato de qu e existem diversas manei

ras pela qual uma certa quantidade de energia pode ser distribuí

da entre os vários modos vibracionais, combinações e harmônicos

da molécula . A implicação prática deste modelo é que uma vez

efetuada a excitação a v ~ 4, ocorre excitação suplementar no

quase-contínuo, aonde praticamente qualquer freqüência pode ser

absorvida com grande eficiência, já qu e haverá r essonâ ncia qua­

se perfeita co m algum nível desta região. O s egredo da obten ­

ção de uma absorção eficiente é a de ultrapassar o gargalo en­

tre v=O e v=4 . É neste contexto que está inserido o modelo PQ~

parte do modelo P/Q/R/Contínuo [18,19J, válido para moléculas -

poliatômicas que apresentam uma banda vibracional com ramos P,

Q e R correspondentes às varia ções rotacionais 6J= -1, O, +1 ,

para transições rotac ionais-vibraci onais. Se o laser estiver

sintonizado no ramo P da transição vibracional O --->1, o deslo

camento da freqüência anarmônicas em etapas progressivas da ex­

citação fará com que a freqüência do laser ressoe com as regiões

do ramo Q(2º fóton) e posteriormente R (na 3ª absorção), devido

à estrutura rotacional. Entretanto para a obtenção de melhores

resultados, é sugerido que a freqüência do laser co incida com o

ramo Q da transição vibracional 1 -->2. Isto ocorrerá quando a

freqüência do laser for igual à diferença entre a freqüência do

primeiro harmônico e da freqüência fundamental da vibração ·con­

siderada.

Por outro lado, para que ocorra uma eficiente exci

tação de todas as moléculas, é necessário que aquelas que não

se encontram no estado rotacional excitado ressonante com o la­

ser, sejam levada s a tal, de modo a absorver a radiaçã o. Isto

6.

7.

pode ser conseguido por repopulação rotacional causada por coli­

sões inelá stic as com outras moléculas . Além disso, na ma i or pa~

te dos casos, ess as colisões alargam a estrutura fina das bandas

vibracionais , o que facilita o "casamento" com a freqüênci a emi-

tida pelo laser.

Um outro mecanismo ba se ad o numa divisão anarmônica

( " anharmon i c spl i tti ng") dos nívei s vibracionais excitados dege-

n e r a dos, em p a r t i c u I a r p a r a a m o I é c u I a de S F 6' f o i s u g e r i d o [2 O J.

Nas moléculas em que o limite infer ior do quase-contínuo vibraci~

nal está acima do nível v= 4 ( moléculas pequenas), as tran siçõe s

oco r re m entre v=3 e os nív eis do mesmo. Neste c aso não é neces -

sário que o alar gam ento por potência co mpe nse a fal ta de s i nto­

nia da freqüência do laser c om o nível interme di ár io, v=4. A p~

quenos alargamen to s por potência a velocidade de transição de

dois fótons, v=3 - > v=5 , permi t e a existência de um "vazamento"

a partir dos níveis infer iores ( v=0 ,1,2 e 3) para o quase-contí­

-7 nuo vibracional ao longo de um pulso de laser da ordem de 10 -

segundos [21 J .

A c ombin ação do quase-contínuo vibracional com a com

pensação anarmôn ica r otac ional e o "vazamen to " nas t r a nsições

subsequentes formam a ba se de interpretação teórica da excitação

multifot ônica e di ssociação de mol éculas po l iatômicas . Com rela

ção aos trabalhos teóricos é dado cert o ênfase ao s seguintes tó-

picos:

a) o mo del o do osci lador anarmônico e da excitação multifotônica

ressonante de s eus níveis; b) o modelo do oscilador anarmônico

rotaciona l com respei to à compensação anarmônica r otacional de

diversas transi çõ es inferiores; e c) a combinação dos níveis vi

bracionais inferiores co m os do qu ase - con tí nuo vibr ac ion al [22-

-25J. Estes modelos básicos são considerados também co m maiores

8.

detalhes na referência 11 .

Deve ser levado em conta ainda no processo de excit~ .

ção e dissociação multifotônica, qu e o requisito fundamental des­

te processo não é exi stir somente uma ressonância entre a freqüê~

cia do laser e as transições rota cionais-vibraciona is da moléc ul~

mas que também existe uma dependênc ia da cinética de todo o pro-

cesso com a intensidade e a fluência do laser, notadame nt e na ex-

citação acima do limite de dissociação molecular, assunto este

tratado no capítulo 3.

3. Terminologia e considerações gerais sobre

fotoquímica com lasers

Dentre algumas das de signações referentes aos parâm~

tros do laser , são encontrados frequentemente, na literatura os

termos: intensidade e fluência. No s processos fotoquímicos a ve-

locidade de fotoativação é basicamente proporcional à densidade -

de energia radiante . Entretanto, é exposto simplesmente como se~

do proporcional à intensidade, em c ujo cont exto está s ituada a de

finição de intensidade do feixe do laser,

Intensidade do feixe (W/cm 2 ) = velocidade da

luz (cm/s) x densida-

de de energia radian­

te (J/~m 3).

= nº de f ót ons/uni dade

de área x unidade de

tempo .

Quanto à fluência (ou dose), é ca r acter i zada como a

quantidade de energia radiante que atravessa uma área unitária nor

mal à direção do feixe do la ser, cuja unidade é J/c m2 .

Tanto a fluência co mo a intensidade do laser sã o pa-

9.

râmetros importantes no controle do nível final de excitaç ão da mo

lécula, no momento em que a dissociaç ão ocorre [12,26-28J. A exci­

tação de moléculas através dos níveis discret os é fun ção da inten­

sidade do laser , enquanto a excitação s ubseqüente dentro do quase­

-contínuo depende da fluência [28J. A por çã o principal do pulso

do laser (como o laser de CO 2 tipo TEA) deve ser intensa o suficien

te para excitar a molécula através dos níveis discretos até o qua­

se - contínuo e o restante do pulso deve conter fluência suficiente

para leva r a mol éc ula no qu ase -contínuo vibracional até o limite

de dissociação. Se a intensidade luminosa r equerida para a excita

ção na regi ão dos níveis discretos for menor do que a intensidade

do pico do pulso do laser, então o rendimento da dissociação será

fun ção somente da fluência do feixe e não da intensidade. No caso

de molécul a s pequenas e leves, o qua s e-contínuo se inicia a nívei s

rel a tivamente mais alto s de energia, de modo que a int e ns idade do

laser é c rítica na determinação do rend i mento da decomposição [28J.

Po r outro lado, a excitação acima do limite de disso­

ciação depende ta nto da intensidade como da fluência, pois quanto

maior a fluência , ma i or o nível energético a que as moléculas po­

dem ser levadas . Contu do a exci t ação ac ima do limite de diss oci a­

çã o com pet e com a velocidade de de com posição, de modo que a inten­

s id ade do laser pass a a ser preponderante nesta região, considera~

do- se a i mportâ nci a novamente do aspecto cinético . O nível final

de ex ci ta ção deve se r mais alto quanto maior for a intensidade do

laser, consequentemente um maior nível de excitação leva a uma dis

tribuição de energia translacional aos fragmentos da decomposição,

energia es ta em excesso, pois, normalmente, a energia de excitação

fo rn ec id a é sempre superior à energia de dissocia çã o da amostra em

es tudo [29J .

Outras denominações comun s são os termos "reação tér-

energia do laser e transferem-na ao reagente por meio de colisões

[31J, indicam se um determinado tipo de reação é térmica ou não;

já o efeito da adição de certa quantidade de gás inerte à amostra

irradiada deve reduzir a conversão dos produtos por pulso, caso

se trate de uma reação térmica [32J; e o efeito da pressão do rea

gente [33J onde, no caso do rendimento de uma reação te nd er sem ­

pre a aumenta r com o aumento da pressão da amostra indica se o

processo em estudo é colisional, são alguns dos métod os expe rime~

tais que têm sido utilizado s na distinção entre processos térm i­

cos e fotoquímicos.

As distribuiçõe s dos produtos em amostras que sofre­

ram decomposição térmica e decomposi ção fotoquímica verdadeira,po

dem ser comparadas de modo a fornecer es clarecimento s a respeito

do processo de dissociação [34J. Analogamente, a espectroscopia

em função do tempo pode indicar o tem po de surgimento dos produ­

tos de uma reação, como também auxiliar na diferenciação entre

reações t érmicas ou radicalares [35J.

o termo "processos colisionais", empregado com rela­

tiva freqüência neste trabalho, está relacionado principalmente a

processos de transferência de energia ' intermolecular, nos quais

moléculas excitadas tanto pelo processo térmi co como fotoquímico

são ativadas ou desativadas por colisõe s com outras moléculas, ex

citadas ou não, onde estas adquirem energia s uficien te para se

dissociarem ou iniciar determinada reação, de natu rez a radicalar

ou não. É certo que nestes casos a largura do pul so do laser e a

pressão do sistema influem decisivam ent e na dinâmica destes pro­

cessos [36J.

Uma observação deve ser feita ainda quanto à a prese~

tação da energia de ativação ou calor de forma ção, relacionado às

reações indicadas. Na maioria das vezes (salvo indicação dos au-

11.

tores) os valores destacados foram obtidos de reações térmicas pu

blicadas na literatura, facilitando portanto a comparação e inter

pretação da reação em estudo no mecanismo global.

4. A molécula de éter dietílico e outros éteres

4.1 A fotodissociação do Éter dietílico: pirólise,

fotólise no ultravioleta e o presente

trabalho

o interesse particular no estudo da fotodissociação

do éter dietílico por meio da radiação infravermelha, está rela­

cionado com os comportamentos peculiares observáveis das reações

químicas induzidas por um laser, já mencionadas anteriormente .

o simples fato de se depositar determinada quantida­

de de energia em um modo vibracional particular da molécula, leva

a crer que a dissociação da mesma ao longo de certa via de rea-

ção irá possivelmente diferir da reação de decompo sição térmica.

Freeman, Hinshelwood e Danby [37,38J, combinaram a

análise de espectrometria de ma ssa e de cromatografia de fase de

vapor para observar os produtos formados da decomposição térmica

do éter dietílico, a pre ssões iniciais de 80 a 1000 mmHg e a tem ­

peratura de 525 0 C, em vário s e s tá gio s da r eaç ão ( co m ou se m inibi

ção ) .

Os produtos observados da decomposição foram: acetal

deído, etano, monóxido de carbono, metano, etileno , hidrogênio e

etanol, sendo a origem dos mesmos explicado pelas seguintes rea­

ções :

C2H50C 2H5 ---- > CH3CHO + C2H6

C2H50C 2H5 ---- > CH 3CHO + C2H4 + H2

12.

- - -~--------~--__ .-J

CH 3CHO ---- > CH 4 + CO

C2H50C 2H5 ---- > C2H50H + C2H4

e possivelmente

13 .

Analogamente, Laidler e McKenney [39,40J, estudaram a

pirólise do éter dietílico entre 560 a 620 °c e a pressões varian­

do de 15 a 320 mmHg .

Dados analíticos e cin éticos comprovaram uma quebra -

molecular do éter em etanol e etileno, confirmando o trabalho de

Danby e Fre eman , onde a componente de reação de primeira ordem co n

siste na formaçã o de etano 1 e et ileno e em reações envolvendo ra­

dic ais livres, o que explicaria a f ormaçã o de acetaldeído e e tano.

Postularam um mecanismo envo lv endo uma iniciação de primeira ord em

e uma etapa de terminação de cadeia entre C2H5 e éH 2CH 20C 2H5 . Es­

te mecanismo insere um estado estacionário cuj a equaç ão de veloci ­

dade apresenta uma cinética de primeira ordem a baixas pressões de

éter e uma cinética de ordem 3/2 a e levad as press ões de éter. ° me

canismo proposto, com alguma simp lifi cação , foi o seguinte :

[ 1 m J C2H5OC 2H5 > C2H50H + C2H4

[1] C2H5OC 2H5 > C2H5O + é 2H5

[2 J C2H5 + C2H5OC 2H5 ---- > C2H6 + CH 2CH 2OC 2H5

[3 J C2H5 + C2H5OC 2H5 - -- > C2H6 + CH 3CHOC 2H5

[4 J C2H5O ---- > CH 3 + CH 20

[5J CH 3 + C2H5OC 2H5 --- > CH 4 + CH 2CH2OC 2H5

[6 ] éH 3 + C2H5OC 2H5 ---> CH 4 + CH 3CHOC 2H5

[7 ] CH 2CH 20C 2H5 + C2H5OC 2H5 --- > CH 3CHOC 2H5 + C2H5OC 2H5

[8 J

[9 J

C· H CH OC H --> C2H4 + C2H50 2 2 2 5

CH3

CHO C2H5 --> CH 3CHO + C2H5

[ 10 J C2H 5 + CH 2CH 20C 2H 5 ---> C 4 H90C 2H 5

14.

Recent emen te , Mikuni e Takahasi publicaram os result~

dos da fotólise do éter dietílico na fase de vapor, irradiado em

184,9nm na região do ultr avi oleta [41J. OS produtos obtidos fo­

ram: metano, etano, etileno, propano, n-butan o, etanol, acetal deí-

do, 2-etox ibutano, 2 , 3-di etox ibut a no e formaldeído. Os possíveis

processos apresentados foram os seguintes:

--- >

sendo as duas últimas v ias po uc o prováveis, de acordo com o re ndi -

mento quântico observado pelos autores.

A fotoq uími ca do éter dietílico realizada na região

do infra vermelh o durante o presente estudo, além de c omplementa r -

mais um estudo utilizando uma outra fonte de energ ia, no cas~ um

laser de CO 2 , apres en to u também alguns aspectos diferentes compar~

da aos dois tipos de estudo já de scr i tos . De maneira geral, os

produtos da dissociação do ét er observados em nosso estudo for am

praticamente os me s mos: monó xi do de carbono, met ano, etileno, ace-

tileno, etano , acetaldeído, eta nol e hidrogênio.

° comportamento observado foi semelhante especialmen-

15.

te no tocante à dissociação unimolecular dando como produto s eta­

nol e etileno, assim c omo na form ação de monóxido de carbono e me

ta no que são produtos de reações de caráter colisi onal, de radi­

cais livres ou não . Entretanto, a forma ção de CO , CH 4 e H2 deve

ser decorrente, também, da decomposição do etanol e acetal deído ,

assim como a formação de etano pode se r explicada pela recombina ­

ção de dois radicais CH 3 .

Assim , o processo primário deve envol ver uma quebra

molecular do éter em etileno e eta nol - ou mesmo em etano e ace­

taldeído em menor proporção - co mo uma via predom i na nte , enquanto

que a formação dos outros produtos é decorrente de um processo cQ

lisional . As ev i dências expe ri me ntais que apoiam esta hipótese -

serão apresentadas nos capítulos 6 e seguintes.

Considerados os três diferentes tipos de dissociação

apresenta dos, sucede que do fato de se depositar determinada qua~

tidade de energi a em um modo vi bracional particular da molécula -

por absorção multifotônica origi na-se um proces so global de dissQ

ciação que di fere da decomposi ção pirolítica como da dissociaçã o

provocada no ultravioleta, não obstante o fato de alguns dos pro­

duto s majoritários form ados ser em os mesmos .

4.2 O e s pect r o de abso r ç ão do éter dietí l i c o

na r egi ão de in t ere s se

Quanto ao estudo espectral na região do infravermàho

do éter dietílico em fase de vapor [42J, este apresentou a co~xi~

tência de dois confôrm eros, TG e TT, à tem peratu r a ambiente, pre­

dominando em tais con dições a forma TT de simetria C2v :

TT (C 2v ) TG (C ) 1

16.

Os 39 modos normais de vibração, co m relação ao con-

fôrmero TT são reduzidos pela teoria de grupo a 12 modo s de s ime-

tri a da espécie Al' 8 da A2' 11 da 81 e 8 da 8r Dessas, SA1 ,4A2'

58 1 e 48 2 (total de 18 ) são vibrações do grupo metila, 3 de c ad a

espécie (total de 12) são vibrações do grupo metileno e 4Al' lA 2'

38 1 e 18 1 (total de 9) correspondem a vi br ações do esqueleto da -

molécula, desde que sej a assumido que todas as vibrações são es-

tritamente independ entes. Com exceção do modo normal de vibração

do grupo COC, todas as vibrações podem ser consideradas como com-

binações em fase ou fora de fase das correspondente s vibrações

dos dois grupos etila separados. As vibrações no plano combinam

em fase originando os modos A1 e as fora de fase originam os mo­

dos 81. As combinações da s vibrações fora do plano em fase cor­

respondem às espécies simétricas 82 e as fora de fase são combina

ções A2 . Somente as espécies correspondentes a Al' 81 e 82 são

ativas no infravermelho.

Os 39 modos normais do confôrmero TG pertencem à mes

ma classe de simetria e são ativas no infravermelho. As freqüên-

cias de absorção do grupo etila T são essencialmente idêntica s as

do confôrmero TT, enquanto que as freqüências de absorção do gru­

po etila G diferem enormemente a bai xas freqüências.

A absorção do éter dietílico na faixa de trabalho do

17.

laser de CO 2 (9,6 ~ m) é devida aos modos vibracionais de deformação

angular (rocking) dos grupos metila e metileno. No entanto, devido

ao elevado grau de interpretação entre as band as de absorção são ob

- 1 ) se rvadas, por exem plo, duas absorções combinadas A1(1153 cm e

8 1(1045 cm- 1) que consistem numa deformação de um grupo metila aco­

plado a um estiramento c-c.

Assim , a absorção por parte da amostra de éter dietíli

co não segue um pr ocesso res sonante puro com relação a um determina

do modo vibracional , podendo ser de scrito par a o confôrmero TT como

sendo predominantemente uma deforma ção (rocking) do grupo metila, -

CH 3-C, com alguma participação de balanço(wagging) do metileno,

C-CH 2- O, e estiramento C-C . Em contrapartida, a absorção por parte

do confôrmero TG deve ocorrer por me io de um estiramento c-c

do esqueleto da mo lécu la .

4.3 Resenha de alguns processos fotoquímicos com

laser de CO 2 realizados com outros

éteres

puro

Dentre as amostras de éteres, relacionadas na literatu-

r a, f o r a m e n c o n t r a dos o s e s t u dos d o é t e r e til v i n í 1 i c o (E V E) [43 - 46 J,

o éter n- butil vinílico [47J e do éter dimetílico [48J, irradiados -

co m um laser de CO 2 .

o primeiro despertou um relativo interesse devido à com

petição observada ent re as duas vias de dissociação de menor- energ i~

. . ( 1) E V E --> C H 3 C H O + C 2 H 4' e (2) E V E - > C H 2 C H O + C 2 H 5 . R o s e n f e 1 d

et aI. [43J estudaram a dissociação multifotônica do EVE a pressões

de 5 a 440 Torr, reação esta de natureza colisional. Tra balhand o

com um feixe de laser nã o focalizado, so mente aceta l deído e eti leno

foram observados, mas com o feixe focalizado quantidades compa rá veis

de ceteno, etano e butano também f ora m observadas, indica ção de um

ERRATA: Onde se lê int erpreta~ão l ei a- se interpenetra~ão.

18.

processo competitivo de radicais livres. Brenner, por sua vez, es

tudou a dissociaç ão do EVE usando pulsos do laser de diferentes du

rações (0 . 2 a 2 jJs) mantendo constante a fluência [44]. Com pulsos

de 2 JJ S de duração, somente a reação (1) foi observada, e nquanto

que na irradiação com pulsos de 200 ns o processo radicalar foi

preponderante. Est e re s ultado foi interpretado como se ndo uma po~

s ív el evidência de uma distr ibui ção não estatística da energia na s

molé culas precedendo a decomposição. Finalmente, a deco mpo siç ão -

infravermelha mu lt i fo tônica do EVE roi investigada pel a téc nica de

um feixe molecular cruzados com o do laser. Os produt os das rea-

çõ es (1 ) e (2) s ão f ormado s com a energia translacional de 31 e 5

kc al/mol , r espe c tivamente [46J. Com o aumento da inten s id ade do

l as er e da fluência a via correspondente a maior energia radicalar

foi fa vorecida, de acordo com a predi ção estatística da t eoria da

velocidade de reações unimoleculare s RRKM, na qual é assumida uma

dis tribuição estatística da energia entre todos os gr aus de liber-

da de da molécula [49J.

A irradiação de amostras de éter n-butil vinílico,com

as ba ndas de comprimento de onda de 9,6 a 10,6 um, apresentou uma

distint a diferença na distribui ção dos produt os nestes dois comprl

mentos de onda, destacando-se a produ ção de acetileno somente na

amostra irradiada a 9,6 jJ m [47J. Ou t ros produtos observados foram

aldeídos , ce t enos, cetonas e etileno; as espécies e concentrações

rela tiva s dos produtos da dissociação não apresentaram variações _

em f unçãd d~ pressão na faixa de a 40 Torr.

Nó que diz respeito à decomposição do é ter dimetílico

[48J, fêl v~r ifi ca dá á decomposição preferencial de (13 CH3 )2 0 ou

(CD~'~ê êffi ffi i§ tU f t § ~ffl a ~tet dimetí l ico comum, quando da irradia­

~~§ e§ ªfflê~tiá têm é li~h a P(1 6) e cer ca de 0,25 J/pulso na região

dê ~·4 , Monóxido de carbono enriquecido _

19.

com metano, etano e metanol foram alguns dos produtos obser-

vados. Foi observada, também, uma pequena seletividade isotópica

13 - 180 . . b - d t · t para o C em comparaçao com , pOIS a VI r açao e es Iramen o

assimé trico do grupo C-O-C apresent a um largo deslocamento para o

átomo central, ma s pequenos deslo camentos para os átom os termina~

da molécula. Assim a excitação na extremidade de maior comprime~

to de onda da banda de absorção do éter dimetílico favo rec eu sele

tivamente a f orma ção de C180 ao invé s do 13 CO , já que o CO forma -

d t .. t 180 f ~ . .. o apresen ou um enrIquecImen o em de pr e e r enC I a a enr I quec~

mento em 13C.

Durante o transcorrer do presente trabalho foi veri-

ficado ta mbém o comportamento do éter dimetílico sob a ação da ra

diação infravermelha proveniente do laser de CO 2 . Foram detec ta ­

dos os produtos : CO, CH 4 , C2H6 e também H2 e C2H4 , isto irr ad ian­

do a amostra tanto com a linha P(20) emitida pela banda vibracio-

nal centrada em 9,6 ~m como em 10 ,6 ~m. Tais resultados es tão de

acordo com os dados obtidos na referência 48.

5. Parte Experimental

A radi açã o monocr omáti ca in fraver melh a, uti l izada ne~

te trabalho , foi obtida de um laser de CO 2 ti po TE A (excitação

trans versal a pressão atmosféric a) , pul s ado, modelo 215 G da Ta-

chisto I nc., Needham, MA, USA. Este laser em it e c omp ri mentos de

onda discretos correspondendo às tran siçõ es 00 0 1 - 02 00 (ban da

centra da em 9 ,6 ~ m) e 00 0 1 - 1000 (banda centrada em 10,6 ~m ) da

molécula de CO 2 [50J .

° meio ativo deste laser é constituído de um f lu xo -

d 1 ° I . -1 dI· -1 I .-1 e , .mIn e He,0,8 mIn de CO 2 e 0,6 .mIn de N2 atra-

vés de um tubo que contém doi ~ eletrodo s int e rn os, pelos quais é

descarregada a energia armazenada de um banco de cap acitore s , que

por sua vez recebem uma tensão de até 30 kV.

São permitidas, pelas regras de seleção, variações

do nú mero quântico ro t acion al de mai s ou meno s doi s para cada

uma das transições mencionadas, caracterizadas por duas bandas

rotacionais- vi br ac ionais, as quai s são de s ign adas pela s letras

R(6 J = +2) e P( 6 J = - 2) em e s pectro scop ia de ab so r ção [ 5 1J.

As linhas de emissão do laser cor respondem portan-

to às bandas de diferen ç a observada s em um espec tro normal de

absor ção no i nfravermelh o do gás carbônico.

Por parte da molécula de éter dietíl i co, esta ab­

s orve os comprimentos de onda das linhas da banda do laser de -

CO2 correspo nden tes à tran s i ç ão 00 0 1 - 02 0 0 (9 , 6 ]J m) . A abs or­

ção ocorr e co m o laser sintonizado tanto nas linhas r otacionais

do ra mo R como do ramo P, desta ba nda de emissão do laser [52,

53 J.

o l aser de CO 2 , da Tachisto Inc., é constituído de

um t ubo para os gas es, situado entre dois ref let ores formando a

cavidade óptica . Um destes, 100% r ef letor, é uma rede de difra

ção, en quanto ·qu e o outro, 90% refletor, é um semi-espelho de

germânio .

Uma vez selecionada a linha de emissão pe la posi­

ção da rede, a mesma foi identificada por um analisador de es­

pectro de CO 2 , mod e lo 16 A, da Optical Engineering, Inc., Santa

Rosa, CA, USA .

Qua nto à quantidade de energia incidente na amos­

tra por pulso, esta foi medida com um medidor de potência, mod~

lo 2 10, da Coherent Radiation, PaIo Alto, CA, USA, que possui -

se ns or tipo ca lorímetro de disco. A quantidade máxima de ener­

gia por pulso , nas linhas de ma ior intensidade de emissão, foi

20.

21.

de 1,2 J, e a freqüência de irradiação foi fixada em 30 pulsos por

mi uto (0,5 Hz).

Oois tipos de celas de vidro foram util izadas para a

irradiação da amostra de éter dietílico, dotadas de janela s de ma­

terial transparente à radiação infravermelha, (NaCI), dispostas pe~

pendicularmente ao eixo cilíndrico. Uma delas, um tubo de vidro

em f orma de T, de 12 cm de comprimento e diâmetro interno de 2 cm,

provida de uma torneira e junta cônica fêmea 14/35, foi utilizada

na anál i se es pectrométrica infr avermelha dos produtos da di ssoc ia­

ção e nas experiências acompanhadas por medida de pressão (Fig . 1 ).

A outra cela , com 22 cm de comprimento e diâmetro interno de 2 cm,

comporta duas torneiras de teflon isolando o corpo principal da ce

la por intermédio de um "O ring". Uma dessas torneiras possib!

litou a ligação do tubo central a um reservatório c om a finalidade

de armazenar uma amostra gaso sa , que foi usa da co mo padrão para a

análise cromatog ráfica, resguardada ' do feixe do la s er; a outra fi­

ca interposta entre a cela e a linha de vácuo (F ig. 2).

Uma vez irradiad a a s ub s tância, o co nteúd o armazenado

no reservatório lateral era misturado aos produtos da dissociação­

por um intervalo de 20 minutos - e em seguida efetuada a análise -

uo s mesm os.

Durante a conexão das celas na linha de vácuo foi uti

lizada graxa de silicone para alto vácuo, inerte em relaçã o à amo~

tra irradiada e aos produtos da dissocia ção , apenas na junta ' côni­

ca 14/35.

As ligações entre as celas e a linha de vácuo foram

as mais curtas possíveis, de modo a minimizar a perda do s p~odutos

formados, tanto por diluição como por adsorção dos mesmos na linh~

nos experimen tos em que foi acompanhada a eficiência de dissocia-

2

12 em

I~

FIGURA 1:

Corpo da Cela

2 - Janelas de NaCl selando o tubo com

o auxilio de um "O Ring"

3 - Junta 14/35 para conexão com a linha

de vácuo

22.

\.

2

3

4

FIGURA 2

- Corpo da cela 22 em d e c omp = 2 c~

2 - Janelas de NaCI selando o tub o com o auxilio

de um "O Ring"

3 Torneiras d e te fl on

4 Reservatório para a a mostra do padrão

cromatográfico

5 - Junta 14/35 para conexão co~ a l i nha de vácuo

23.

24.

ção pelo aumento da pressão na cela. No restante do s ex pe r im e nt os,

após a introdução dos reagentes na cela, a mesma era descon ectada -

da linha de vácuo, sendo irradiada e t r a ns ferida, para a análise

dos produtos, a outro sistema de vácuo, l i gad o ao cr omatógr afo de

gás.

A inserção dos reag e nte s na cela de irradiação foi po~

sí vel por i nte r méd io de uma linha de vác uo metálica , de cobre, man-

tida por um a bomba mecânica rotativa e outra de difusão refrigerada

a água, capaz de fornecer pressão mínima de cer ca de 1 x 10- 5 Torr

e com uma velocidade de degaseament o i nf e rior a lmTorr/hora, após

aquecimento . Por out r o l ado, os tubo s contendo as amostras líqui -

das e gasosas foram conectad os à linha de vácuo por mei o de uniões

"Caj on " prov i da s de anéi s de borra c ha ( "O-Ring s " ), t end o si do dega -

seificada a amo s tra líquida, no iníci o de cada ex periên c i a, pelo

c ongelamento da mesma co m ni t rogêni o líq ui do e bomb ea men to su bs eque.!2

te.

Uma fita de aqueciment o envolvendo a lin ha de vác uo as

segu rou maior rapidez e ef iciência na limpeza da mes ma, acelera ndo

a dessorção de ' impurezas das par edes .

As medidas de pressão foram feit as com um manômetro de

capacitância MKS 8aratron, da MKS In st rum ents, Inc., Burlingto n,M A,

USA, empregado no intervalo até 10,000 ~ 0,0 0 1 Torr , e com um manô -

metr o tipo Bo urdon, da Wallace e Tiernan, Belleville, NJ, US A, de

+ 0,0 a 100,0 - 0,2 Torr.

Todas as experiências foram realizadas à te mperatu ra -o ambiente de 24,5 C, sendo o laborató ri o term os tatizado durante o ve

rão em 24,~ ! 0,5 oCo

o feixe do laser ·foi focalizado no centro da cela de

irradiação por meio de uma lente convergente de telureto de c ádmio,

25.

de distância focal de 25,4 cm, sendo o valor da quantidade de ener­

gia por pulso incidente na cela medido logo após a lente. Tanto a

lente como o suporte para a ce l a foram ajustados sobre um banco óp-

tico. Por fim , o conjunto terminava com um anteparo de grafite, lo

calizado após a cela, com a finalidade de interceptar o feixe do la

ser (F ig. 3) .

A partir deste arranjo óptico a fluência medida no pon

to fo ca l foi de 10 J/c m2 para uma quantidade de energia por pulso

de 1 Jou le . Tal medida foi obtida pelo registro da forma do fei xe

do l ase r num papel térmico, medindo-se a área do me smo para uma de­

terminada quantidade de energia por pulso.

o modo de oscilação transversal do laser, em que as

experiências foram realizadas, foi o TEM 70 , correspondendo o número

7 ao modo vertical de oscilação do laser na cavidade, o qual se re­

flete na estrutura do feixe, cuja se ção transversal contêm tantas -

regiões quantos forem os ventres das ondas estacionárias na cavi da­

de; o número ze ro corresponde ao modo de oscilação horizontal fund~

mental do laser na cavidade, constituíndo-se portanto em um feixe -

gaussiano nesta di mensão. Tal modo de oscilação foi obtido atr avés

do reg is tr o do f e ixe num papel térmico e posterior contagem do núm e

r o de fai xas horizontais correspondente s às regiões ven trais .

Quanto à identifi cação dos produto s , a análi se espec ­

trométrica infravermelha foi reali za da num espectro fotômetro infra­

vermelho Perkin Elmer modelo IR-180, Norwalk, USA, na região "de

4000 a 600 cm -1

A ident ifica ção e dosagem dos produto s por cromatogra­

fia em fase gasosa foi realizada em um cromatógrafo de gás CG-20D ,

com um detector de condutividade térmica , da Instrumentos Científi-

cos CG ktda. , Sã o Paulo, SP, Bras il. Uma válvula de amostragem es-

27.

pecial, com um "loop" permitiu a introdução da amostra, diretamente

da cela de irradiação, nas colunas cromatográficas, através de um

sistema de vácuo mantido por uma bomba me câ ni ca rotativa e de difu­

são adaptada ao s istema . Uma fit a de aq uecimento envolvendo o

"loop " gara ntiu a de ssorção rápida e eficiente de substâncias du­

rante a limpeza, sen do a pressão do sis tema medida por intermédio -

de um sensor t ipo Pirani.

Na identificação do s produtos por cromatografia em fa ­

se gasosa foram empre gad a s as seguintes co luna s: Porapak-S , Porapa~

-T, Apiezo n L a 10%, Carbowax - 20M e Peneira Molecular PM-13X . Na

dos age m de CO, CH 4 , C2H4 e C2H6 foi ut iliz ada a coluna Porapak -S,te~

do sido empreg ado CO 2 ( Matheson, 99 , 9% de pure za) co mo padrão crom~

tográfico, enquanto que na dosagem de CH 3CHO e C2HSOH a coluna usa­

da foi a Carbo wax- 20 M e o propanol (Merck, grau espectroscópico)co ­

mo padrão. No que concerne aos estudo s dos sistemas éter/argôn i o e

éter/0 2 a coluna usada foi a Peneira Molecular PM-13X na dosagem de

CO e CH4 , pois nas outras colunas os tempos de retenção do CO e CH 4 coincidiram com os tempos de reten ção do oxigênio e do argônio, res

pectivamente. Tanto o oxigênio como o argônio serviram, nesta dos~

gem, como padrões, por estarem em excesso na ce la. Nestas experiê~

cias, o tempo de mistura entre a amostra e os gases foi fixado em

20 minutos, tempo após o qual as análises cromatográficas qua ntita­

tivas indicaram a co mpleta homogeneização da mistura.

o gás de arraste usado em todas as ex pe riê ncias. com o

cromatógrafo foi hélio, motivo pelo qual não fo i possível rea l izar

a dosagem de hidrogênio, po r este apresentar uma d i ferenç a muito p~

quena no valor da condutividade térmica.

As colunas cromatográficas foram condicionadas a 200 0 C,

no início de cada experiência, pelo período de duas horas, tendo si

28.

do assegu r ada a ausência de impureza s que por ventu ra prejudicassem

as dosage ns.

As áreas e as pre ssões das s ubstância s dos ada s e do

padrão fo r am r elaci onados pela seguinte expressão,

P.= P 1 P

A. lC

r : pre ss ão do pGd r Go ; p

ond e ,

P. : pressão da s ubstância i (a se r dosada); 1

A: $rea do pad rão ; p

A. lC

fi :

área da

correção

fator de

substânc ia

( f i ) ;

correção,

i co rrigid a, isto é ,

A dado f .= ~ por x

1 A. 1

A.x fator 1

P . 1 --

P P

de

on de o fator de c or re çã o é a rela ção en tr e as áreas do pad rão uti

lizado e a amostra a se r dosada [ 54J .

As áreas fora m determ inadas às vezes por triangula-

ção, po r ém na maioria da s experiências por um integrador eletrôn i-

co co ns truído na oficina de e l et r ôni ca do In s tituto de Química da

USP.

Os reagentes gasosos foram da Matheson Gas Products,

E. Rutherfo rd, NJ, USA, se m purificação prévia no laboratório, en-

quanto que o éter dietíl ico, proveniente do laboratório de Ou ímic a

Orgâni ca do In s tituto de Qu ími ca da USP , isento de al coó is e a l deí

dos . To do s os re agentes fo ram anali sad os por cromatografia em fa-

se gasosa para as se gurar s ua pureza.

29.

6. Resultados e Discussão

6.1 Identificação dos produtos obtidos da

irradiação do éter dietílico

A amostra de éter diet ílico , 5,00 Torr, foi irradia­

da com a linha P(20) da banda 00 0 1-0 20 0 do la ser de CO 2 , a 1046,8

cm- 1 , freqüência esta que correspond e ao centro da band a de absor

ção do éter dietílico na fai xa de trabalho do laser de CO 2 (908 -

-1092 cm- 1)[18 , 53 J. O número de pul sos foi fixado e m 200 e a qua~

tid ade de energia por pulso em 1, 0 J .

Uma vez irr adiada a amostra, fo i realizada a ide nti-

ficação dos produtos por dua s técni cas :

a) Espe c tr osco pia no infravermelho:

A co mp aração do espectro infravermelho da amostra ir

radiada apresen tou três bandas signifi ca tivas como produ tos da

dissociação (Fig. 4), identificado s pelas se guint es característi-

cas :

a . 1 ) - 1 Uma banda pequena a 1745 cm de carbonila

(C=O) , proven i en te de aceta ldeíd o, c uja absor çã o é devid a a vi br a

ções de estirament o axial [55J.

a . 2) Uma banda fina e intensa em 948 cm- 1 (lit. 949

cm - 1) correspon dend o à vibra ç ão de defor mação angular da molécula

de C2H4 (etileno) co mo um todo, designada por v 7 (b 1u) , cujo ~ome~

to de dipolo oscila perpendicularm en t e ao ei xo C=C e ao plan o da

molécu la [ 55 - 57 J. Este modo norm al de vibra çã o v7

da mo lécu la -

pode ser representado como,

v 7 !

'\ 8

/~ ~ ( I I

\ I I

o

H C - C 3

H

9 , ,

El 8 8 u u u u O O LI'\ O O O ..:t O O O ,....

LI'\ M N

FIGURA 4

Em cima: espectro infravermelh o do éter dietilico não irradiado

Emba ixo: espectro da amostra irradiada com os respectivos produtos ­

de dissociação -1 -1

Resolução: 2 cm (a 4000 cm )

H2

C=CH2

, , 9 6 u u

O 00 O ..:t O 0"1

HC=CH

I..N o

'9 u

00 N ,....

31.

a.3) Uma ba nd a fina e de relativa intensidade em 728

-1 ( . -1 ) d d b d d b - f cm llt . 729, 1 cm correspon en o a uma an a e a sorçao un-

damental perpendicula r de flexã o C-H da molécula de C2H2 (ace tile­

no) [55-58J, caracterizada por v5 e representada como,

A presença dos produtos, C2H2 , C2H4 e CH 3CHO foi tam­

bém co nfirmada por cromatografia em fase gasosa.

b) Cromatografia em fase gasosa:

Os produtos da dissociação da amostra de éter dietíli

co foram identificados por cromatografia em fase gaso sa pela comp~

ra ção do s tempos de retenção dos mesmos com os tempos de retenção

de cada produto puro ins e rido na co lun a cromatográfic a , mantendo -

as mesmas condições experimentais. Foram utilizada s na identifica

ção de cada produto, pelo meno s , dois tipos de colunas, comprovan-

do os mesmos como produ t os da disso ci ação.

Assim, os produtos: hidrogênio, monóxido de carbono,

metano, etileno, acetileno e etano fora m identificados em colunas

de Porapak-S, Porapak-T e Peneira Molecular PM-13X (figs. 5,6,7)

acetaldeído e etanol foram identificados em colunas de Apiezo n-L -

10% e Carbowax 20M ( Figs. 8,9). A tabela apresenta os tempos de

retenção do s produtos identificados.

Foi observado, também , que a am ostra de éter dietíli -

co ( 4, 90 Torr) quando irradiada com a linha P(20) e R(30) (944,2 e

982,1 cm- 1 , respectivamente) com energia de 0,5 J/pulso e 200 pul­

sos, da banda 00 0 1_10 0 0 (a 10,6 wm), apresentou os mesmos pr odutos

de dissociação já detectado s por cromatografia em fase gasosa, em

coluna Porapak-S, excetuando-se some nte o acetileno. Este produto

Tabela 1

Coluna de Po rapak-T (50 °C )

Fluxo do gás de arra s te ( He): 26,0 ml/min

Pr od ut os verificados Tempo de r etenção e m se gundos

(TR

)

39 , 4

48,7

129 ,9

146,2

Colun a de Porapak - S (50°C)

Fluxo de gás de ar ras te (He) : 25 , 5 ml / min

Pr odutos verificados

H2

CO

CH 4

C2H4

C2 H2

C2

H6

TR (seg)

37 , 1

49 , 9

51 , O

126 ,4

145,0

158 , 9

32.

Coluna de 10% Apiezon-L (50 oC)

Flu xo do gá s de arraste ( He ) : 31,3 ml/min

Produto Ve ri fica do

aceta ldeído (C H3CHO)

T R(seg)

91 , 6

Coluna de Carbow ax-20M (50°C)

Fluxo do gás de arraste (He) : 25 , 0 ml/min

Produ tos veri fi cados T R(seg)

143 , 8

4 17, 6

Coluna de Pene ir a Molec ul ar -1 3X (35 0 C)

Fluxo do gás de arraste (H e ) : 30 ml / min.

Produtos verificados T R(seg)

32,5

254

289

33.

co

FIGURA 5

Produtos da dissociação da amostra d e éter dietilico

Coluna - Porapak-S - 2,0 m, 1/8 - T= 50°C - He= 25,5 ml/min .

34.

-4 __________ ~~ __________________ . _______ __

FIGURA 7

Produtos da dissociação da amostra do éter dietilico

Coluna - Peneira Molecular 13X, T= 3S o C - He= 30 ml/min

Comp _ 2,0 m - 1/8 de diâmetro

co

FIGURA 6

Produtos da dissociação da amostra de éter dietilico

Coluna - Porapak-T - 1,8 m, · 1/8, T= 50 o C, He= 26,0 ml/min

38.

também não foi observado no trabalho de Hofmann, Kl~pffer e Sc h~­

fe r [47J, quando da irradiaçã o do éter n-buti l vinílico, apr e se n­

tando portanto as amostra s uma dep en dên cia na di s tribui ção dos

produto s de dissociação com o comprime nto de onda emitido pelo la

ser, isto é, o acetileno som ente f oi observado na amost r a irradia

da a 9 , 6 wm. est e r es ult ado não just if ica um pro cesso de disso­

cia ção selet ivo, de s de qu e o acetil eno pode ser fo rmado pela dis­

sociaçã o s ec undária de alg um produto oriundo da dissociação ini­

cial do éte r dietílico. Ta l produt o pode ser estáve l ou instável

ou mesmo ser excitado internament e , porém deve apresenta r uma di­

feren ça de absor ção a 9,6 wm e a 10, 6 ~ m em nosso caso, o que ex­

pli ca ria o fato observado. Um forte candidato é o etileno, o que

s e rá discutido posteriormente.

6.2 Estudo da dependência do rendimento

da dissociação

Após a id enti f ica ção dos produtos f oi estudada a de­

pend ênc ia du ren dime nt o da dissoci aç ão com relação a algumas va­

riáveis experi mentais, que fo r am: a) pre ssão ini cial de éter di­

et íl i co, b) energi a por pul so do l as er e c) comprimento de onda

da irradiação .

Nesta primeira parte do e s t udo foi observado o rendi

ment o global dos produtos (efic i ência de dissoc i ação) e a medida

experimental usa da para se guir este processo fo i o aumento de

pre ssã o na cela de ir rad iação, por s er o p8râmetro mais fáci l de

se r medido ne s te caso . O tipo de cela usado nestes expe rimento s

está ilustrado na f i gura 1 .

39 .

6.2.a) Estudo do rendimento da dissociação relacio-

nada com a pressão inicial de éter dietílico

Neste estudo foi observada a variação da pressão ini

cial do éter dietílico em função do número de pulsos previamente

determina do numa va r iação de 50 até completar o númer o de 200 . A

quantidade de energia de 0,8 J/pulso e a linha de em i ssão P(20) a

9,6 wm foram os parâmetros fixos utilizados na experiência. A ta

bela 2 contém os dados obtidos .

De imediato é comprovad o um aumento da eficiência de

dissociação em relação a um va lor inicial de pressão do éter cres

cente . Entretanto a porcentagem de di ssociação obtida a uma pre~

são inicial de éter de 1,00 Torr para 50 e 200 pulsos foi, 13% e

27% respectivamente , que comparada à porcentagem ob t ida quando da

irradiação de 3,00 Torr (11,3% e 28%), 5,00 Torr ( 13,6% e 33,2%),

e 8, 00 Torr (14,6 % e 35,8%) de éter dietílico não apresenta uma

variação muito significativa , talvez devido à des a tiv ação das mo -

léculas de éter exci tadas pelo laser, po is com um aument o da pre~

são inicial no sis tema o número de col i sõ es por unidade de tempo

que ocorrem passa a ser bastante significativo, principalmente a

uma pressão acima de 10 , 00 To rr.

Uma estimativa da fr eqüência de colisões neste siste

ma pode ser calculada através da fórmula :

Para um diâmetro de colisão méd io, 7 a = 0 ,7 5nm , R= 8,31 x 10 e r g/

/grau moI, T= 298 K e M= 74, o número de colisões calcu lado foi

- 1 -1 de 0,024 Torr ns Sendo o pul so do laser da ordem de 40 ns

(largura a meia altura) e a pres s ão de éter na maioria das expe­

riências de 5 , 00 Torr , o núm~ro de colisões durante o pico inici­

al do pulso é de aproximadamente 5. Portanto , duran te cada pulso

Pressão inicia l

de éter (To rr)

0,50

1 ,00

2,00

3,00

4,00

5 , 00

6,00

7,00

8,00

9 ,00

40.

Tabe la 2

Pressão em Torr . (média) após irradiar

50 100 150 200 pulsos

0,57 0,6 3 0,69 0 , 73

1 , 1 3 1 , 1 7 1 ,23 1 , 27

2 ,23 2 , 38 2 ,48 2,56

3,34 3,54 3,70 3 ,84

4 , 44 4 , 7 1 4 , 95 5 , 10

5 , 68 6, 10 6 , 41 6,66

6,92 7,4 3 7,83 8 , 12

8 , 30 8, 66 9, 10 9,43

9 , 17 9,90 10 , 45 10 , 86

10,30 11 ,04 ----

41.

do la s er existe a probabilidade de oco rrerem de zero a cinco coli­

sões.

6.2.b) Estudo em função da quantidade de energia do

laser.

Nesta experiência foi verificada a eficiência de dis­

sociação, em intervalos de 50 puls os perfazendo um tot al de 200 , a

uma pressão in icial fixa de éter dietílico de 3,00 Torr, variando

a quantidade de energia por pulso. a linha de emissão do laser

foi P(2 0) a 9,6 ~ m. Os resultados são ap r esen tado s na tabela 3.

Neste caso a quantidade de energia incidente na amos­

tra tem grande influência no proce sso de dissocia ção da molécula -

de éter dietílico. Tanto a int e nsidade como a fluência foram alte

radas, porém a largura do pulso foi mantida constante durante o

transcorrer da experiência.

6.2 .c ) Dependência do rendimento da dissociação com

re lação ao comprimento de onda da irradiação

Neste estudo , a amostra de éter dietílico (3,00 Torr)

foi irradiada com os comprimentos de onda correspondentes às li­

nhas da banda do laser de CO 2 , centrada em 9 , 6 ~ m, tendo sido acom

panhado o número de pul sos necessários pa r a atingir uma vari ação -

de pr es s ão determinada, 0,5 Torr, c om uma quantidade de energia

por pulso constante (1,0 J) .

Tal rendimento seguiu aproximadamente o perfil do es­

pectro de absorção infravermelho da amostra de éter não i r rad iada,

indicação de um provável processo de abso r ção ressonante (F ig. 10 ).

Os dados apresentados na tabela 4 representa m a média de quatro ex

perimentos no mínimo .

Uma análise geral de ste resultado indica uma ausência

de seletividade no processo de absorção, pois o rendimento é pratl

Quanti dade de energia

por pulso (J)

1 , O

0 ,9

0 , 8

0 , 7

0,6

0,5

0 ,4

0,3

0,2

42 .

Tabela 3

Pressão em Torr. (média) após irradiar

50 100 150 2 00 pu lso ~

3,47 3,74 3 , 96 4,1 0

3 , 37 3 , 62 3 , 87 3 ,94

3, 40 3 , 65 3 , 84 3,97

3 , 34 3 , 56 3 , 71 3 , 86

3, 2 3 3 , 40 3,51 3,67

3 , 13 3 , 26 3 , 37 3 , 47

3 , 09 3 , 13 3 , 20 3 , 26

3,03 3,07 3 , 10 3, 11

3,01 3 , 01 3 , 03 3 , 05

Linha Rot ac ional

P ( 12)

P ( 14)

P ( 16)

P ( 18)

P(20)

P(22)

P(24)

P(26)

R (8)

R ( 10)

R ( 12)

R ( 14)

R ( 16 )

R ( 18)

R(20)

R(22)

Tabela 4

Comprimento de o nda

( ]J m)

9 ,4 8 8

9,5 0 4

9 , 519

9 ,53 6

9 , 552

9 , 56 9

9 , 58 6

9,603

9 , 3 42

9 , 329

9,3 17

9 ,3 05

9 , 29 3

9 , 28 2

9 , 2 71

9 , 26 0

Mé d ia do nú mero de

pulsos

51

47

44

5 1

55

58

6 3

64

44

37

36

38

4 1

42

42

4 3

43 .

~ • .-1 u ~

(~

,t:J H O CIl

,t:J

-<

o o o

o

o o

L-____ ----L-. __ ---=--'I---,,---, 1080 1070

-.L _ ____ -1 ._,----=-_---=..;,....,.-=--_----=-J".."..~-1060 1050 1040 1030

-1 Número de onda(cm )

FIGURA 10

Rendimento da dissociação com o comprimento de

onda do laser

Em c~ma : "Re ndimento" em função do número de

onda da radiação

Emba ixo: Espectro in fr averme lho do éter

dietil i co

44.

o

10

20

30

40 2: c, S

50 (1)

t1 o

60 o. (t)

"O

70 c ~

CIl O

80 CIl

90

100

1 10

45.

camente o mesmo quer se trabalhe no ramo R ou P da mesma banda de

t ransição do la s er. Contudo é necessário levar em consideração a

elev ada quantidade de graus de liberdade vibracionais que a molé-

cuIa de éter apresenta favorecendo provavelmente este tipo de com

portamento.

Experimentos s emelhant es for am real i zados com a mol~

c uIa de SF 6 [60J , evidenciando que com o aumento da intensidade -

(W/cm 2 ) do lase r o proce sso resson an t e pode ser mascarado devido ao alar

gamento por pot ênc ia [6 1J. Por s ua ve z, o máximo de dis soc iação

depende esse ncia lmente da pressão , sen do de s locado para a região

de compri ment o de onda maior com o aumento da mesma [61J . Certa-

mente o númer o de colisões con tribui para o mascaramento do pro-

cesso de absorção de fótons por parte da amostra , deslocando o má

ximo de cu rv a de dissociação para a região de comprimento de onda

maior, onde a seç ão de choque da ab so rção multifotônica é maior.

En tretanto, mesmo trab alhando com 3,00 Torr de éter

dietílico e s em verifi ca r para qual valor da quantidade de ener-

gi a do laser um proce s so de absorção de fótons ocorreria de for-

ma mais eficiente, foi observada uma razoável se melhan ça entre o

espec t ro de absorção linear e a dep endência do número de fóto ns -

absorv id as pela amo s tra.

6 2.d) Cinética de decomposição do éter dietílico

Co m o intuito de obter mais uma evidência para o prQ

cesso de dis soc i ação do é ter dietílico, foi realizado um tratamen

to c inético da de com posição da amos tra , tendo sido observada a va

riação da pressão do éte r remanescente em função do número de pul

so s. Os valores obtidos e as co nd ições experimentais estão regi~

trados na tabela 5, enquanto que na figura 11 está o gráfico log~

rítmico corre s pond ente. O comportamento observado é linear até -

45 pul s os, exib indo no início da irradiaçã o um pro cesso de primel

nº de pulsos

o

15

30

45

60

75

90

105

120

135

150

165

180

195

210

225

Tabe l a 5

Quantidade de energia por pul so : 1,0 J

Linha P(20) a 9,6 wm

Pressão inicial de éter: 3,04 Torr

Pressão total de éter

e pro du tos

Pressão do éter

remanescente

3,04 3 ,04

3,25 2,83

3,46 2,62

3,60 2,48

3 , 71 2 , 37

3,82 2,26

3,91 2 ,17

4,00 2,08

4 , 06 2,02

4 , 1 1 1 ,97

4,17 1 ,91

4,23 1 ,85

4,29 1 , 79

4,34 1 ,74

4, 38 1 ,7O

4,42 1 ,66

46.

,-... i-I Q)

~

' Q)

1,100

Q) 0 , 900 "O

o 110 til til Q)

i-I p.. '-"

0,700

0,500 O 15

47.

o

o

o

o

o

o

o

o

o

I 1 I I 1 I I 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195

Número de pulsos

FIGURA 1 1

Cinéti ca da d ec ompos ição do éte r dietilico

Logaritmo da pressão residual de éter em

função do número d e pul s os do la ser

48.

ra ordem global.

Um outro tratamento numérico foi tentado através das

su postas vias de decomposição, semelhante ao realizado por Leite

[6 2J em sua tese de doutoramento.

Admitindo as seguinte s via s de decompo siçã o para o

éter di etílico:

1 . (C 2HS)2 0 k 1 --> C2H4 + C2HSOH

P o

- x x x

2. ( C2HS )2 0 k

2 > CH 3CHO + C2H6

P o - Y Y Y

onde P = pressão inicial de éter o

Pt = pr essã o total no tempo t,

segue - se que :

2P + x + y o

com x y- (pa ra P = 3,00 ou P = 5,0 0 Torr), o o 3

x + -

3 = 2P o

4 + - x

3

Portanto a pressão de éter no

P P = ( C2HS)2 0 o - x - y =

p(C H ) O = 3P - Pt 252

o

Diferenciando com rela çã o a t ,

dP (C H ) O 252

kP = dt (C 2HS) 20

x=

tempo t será:

P x 3Po - x - - = o 3

(k = k 1

+ k 2)

- Pt

dP (C H ) O 2 52

In

=

49.

- kdt , que integr ando fornece

In Po - kt .

Uma vez que todos os pul sos têm a mesma duração , o número destes PQ

de substituir o tem po t na fórmula acima. O co mpo rtamento de

In P (C 2H5 )2 0 em função de s(nº de pulsos) calculado desta maneira

apresentou uma linearidade que foi obedecida até os primeiros 45

pul s os do la s er, concordando com o apre se nt ado no tratamento ante-

rior.

Um outro método para a verifica ção da decomposição do

reagente foi apres entado por Kramer [63], e Keefer, Allen Jr. e Per

son [ 6 4J, onde foi proposta uma equa ç ão análoga a uma equação ciné-

tica para a obtenção da possíve l ordem de decompo sição da amostra -

irradiada, partindo da diferencial que relaciona o desaparecime nt o

do reagente em função do número de pulsos ( s),

-d P amostra

ds

Integ r ando resulta:

ex:

[p ]n-l amostra

[ Jn-l Pamostra o

ex: (n - l)s .

O gráfico CP )n - l

em função de s deve se r uma reta; portan -amostra

to por tentativas é determinado n-l, de modo que o gráfico

n-l l/CP t) em função de s seja linear . amos ra'

50.

utilizando os dados da tabela 5, o valor de n calc ulado

para o experimento com a molécula de éter dietílico foi de 0,92. A~

sim, neste caso, para os primeiros 60 pulsos do laser foi verifica­

do que a decomposição do éter segue quase uma dissociação de primei

ra orde m global, co rroborand o os re s ultados dos dois modelos cinéti

cos utilizados previamente.

6.2.e) Verificação da lei de Beer-Lambert

Outro experimento realizado foi a verificação da obediência

à lei de Beer-Lambert para este provável pr ocess o de absorção r essQ

nante, mesmo sabendo que a absorção multifotônica apresenta uma fe­

nomeno logia comp le xa que não segue geralmente esta lei [65, 66J . Na

figura 12, está representado o comportamento do sistema na absorçã o

da energia do laser, para pres s ões de éter inferiores a 30,0 Torr.

As c ondições exp erimentais com relação à parte óptica foram idênti­

cas aos estudos anteriores, com o feixe focalizado, pois foi obser­

vado que irradiando a amost ra sem focalizaç ão do me smo não oc orria

a di ssoc iação do éter, mesmo trabalhand o a uma quantid ade de ener­

gia de 1 , 2 J/puls o. O valor do coeficiente de absor ção foi idênti­

co nas duas janelas de NaCI e a qu an tidade de energia transmitida -

com a presença de amostra na ce l a conti nuava a mesma, apó s 200 pul­

sos, dentro de um erro expe riment al de 1%.

6.3 . Estudo da variação do rendimento individual dos

produtos

Uma vez realizadas as experiências acompanhando a efi ci

ência de dissociação (re ndimento global) pela varia ção da pressão -

no s i st ema, foi analisada a variação do rendimento individual dos

produtos provenientes da dissociação da amostra de éter, por análi-

51.

0,900

0,800

0,700

0,600 C'J .... U c:: <ca 0,500 ..o

'"' o t/J 0,400 ..o ~

0,300

0,200

O, 100

o

0,000 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00

Pressão de éter dietilico (Torr)

FIGURA 12

Absorbância da amostra de éter díetilíco

em função da pressão

52.

se cromatográfica quantitativa em fase ga sosa .

Est as experiências visavam estudar a vari ação destes -

rendimentos co m os se guintes parâmetros experimentais:

a) quant idad e de energia por pulso e

b) pressão inicial da amostra de éter dietíli co.

6.3.a) Variação do rendimento individual dos produtos

em função da quantidade de energia por pulso

Neste estudo foi observada a influência da intensidade

e da fluência na formação dos produtos, pois ambos estes parâmetros

estão relacionados com a quantidade de energia por pulso provenie~

te do laser . Nas figura s 13 e14 estão representados os comporta-

mentos destes ren dimento s e os dados experimentais na tabela 6 .

Dentre os produtos apresentados, o etano segue um com-

portamento linear crescente somente a energias inferiores a 0 ,6 J/

/pulso, tendendo acima de tal valor a apresentar um rend i mento qu~

se que constante .

Dentre as hipóteses para explicar o processo de disso -

ciação é conhecida a importância da intens id ade, já que ocorre uma

competição entre a velocidade de bombeamento ao quase - contínuo ou

até mesmo ao contínuo com as col i sões moleculares causan do relaxa-

ção rota cional e vibracional [1 2 J, con tribuindo a f l uê ncia pa ra ,

que seja alcançado o li mite de dissociação onde novamente a inten-

sidade é impo rta nt e, já que a quantidade de energia ac ima do limi-

te de dissociação vai depen der da relaç ão entre a cinética de de-

composição e a velocidade de bombeamento [28J. Contudo, não é po~

sível se saber a partir de qu e valor para a intensidade o processo

é favorecido, assim co mo para que valores de fluê ncia a molécula -

passa do quase-contínuo ao limite de dissociação, com os dados ex-

Quant idade de

energia por pulso (J)

0,2

0,4

0,6

0,8

1 , °

Tabela 6

Pressão de éter dietílico: 5 , 00 Torr,

Lin ha P(20) a 9 ,6 -w m,

número de pulsos: 200 .

Pressão dos Produtos/Pressão inicial de éter dietílico

co CH 4 C2

H4

C2H2 C2

H6

CH 3CHO

0,00 97 0,0071 0 ,0217 0,0122

0,414 0,0440 0 ,0912 0 , 0351 0 ,01 43

0,0764 0,0741 0, 1421 0,0512 0,0237

0,1101 0,0978 0, 1764 0,0085 0,0597 0,0285

0,1383 0, 1231 0 ,2114 0 , 017 4 0,0663

C2H5 0H

0, 00 75

0,0142

0,0248

0,07.77

V1 VJ .

o u ,,..

,..., .,.. .oJ

0,220

0,200

0,180

Q) O, 160 ,,.. '1:l

o 1('0 (/)

(/)

0,140

Q) O, 120 I-<

p.; ........

(/)

o .oJ

=' '1:l o ~

p.;

(/)

o '1:l

o 1('0 (/)

(/)

Q)

I-< p.;

O, 100

0,080

0,060

0,040

0,020

0,000

Quantidade de Energia (J)

FIGURA 13

Rendimento dos produtos da dissociação do

éter dietilico em função da quantidade

de energia por pulso

54.

0,030 ~

ra .~

u . ~

c:: .~ 0, 025

1-1 ~ ~

~

~ "O

0,020 o

Ira (/)

(/)

~ 1-1

Il.. 0,015 -(/)

o ~

:l "O o ~

0 , 010 c..

(/)

o "O

o Ira

0,005 (/)

(/)

~ ~

Il..

0,000

6 ~

, 9

~ O CH)CHO

• C2

H5

OH

L- .--I

0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Quantidade de energ1a (J)

FIGURA 14

Rendimento dos produtos da dissociação em função

da quantidade d e energia por pulso .

55 .

61.

dominando sob re o processo de absor ção multifotônica no caso do

etano 1 formado neste estudo, de mod o a se explicar o decrés ci mo -

do rendimento de etanol e o aumento do rendimento de CH 4 e CO no

estudo em função da pressão de éter dietílico irradiad o .

o mesmo deve ocorrer com o acetaldeído, o qual se de­

com põe em CO e CH 4 , envo lvendo colisões ou re açõe s de radicais li

vres [69]. Laidler [39] verificou que a temperaturas em tôrno de

600 0 C o acetal deído se decompõe em CH 4 e co. Tal temperatura vi­

bracional, em noss as condições experimentais, é seguramente ob ti­

da na região focal durante o proces so de irradiação da am ostra, de

forma que uma fração de acetaldeído f orm ado da decompo s iç ão do

éter tem possivelmente energia inter na s uficiente para se di s so-

cia r em co e CH4 , sendo uma provável explicação para o rendimento

crescente obtido no estudo em função da pressão da amostra para

estes produtos. Po r outro lado, foi obser vado que o processo de

dissociação de acetaldeído pela irr adiação da linha P(20) a 9 , 6 -

~ m é ineficiente [70], es perando-se uma mínima di ssociação des

te produto por absorção multifotônica nas no ssas con di ções ex perl

mentais , j á que os e xperimentos e nv olveram irrad iações com 200

pulsos.

o comportamento observad o para o acetileno, crescente

co m o aumento da pressão inicial de é ter suge re, que o mesmo se

or ig ina de um proce sso colisional. ' Neste caso o a umento da pres ­

são do sistema favorece um maior número de co lisõ e s por un i dade -

de tempo , de modo que o etileno formado da dissociação do éter ad

quire energia para se decompor em H2 e C2H2 , por transferência de

energia vi br acional, colidindo com as moléculas de éter exc itadas

pelo laser. No entanto, deve ser cons id e rado também que o etile­

no formado é bombeado durante a cauda do pulso do laser de CO2

[7 1], podendo ser decomposto poster i ormente de forma a contribuir

1 1

62.

para a formação de C2H2 , embora com um rendimento relativamente bai

xo, conforme observado, também, na referência 67.

6.4 Estudos com adição de gases inertes

6.4.1. Influência de um gás inerte no rendimento dos

produtos de uma reação fotoquímica

A adição de um gás inerte a um reagente que absorve luz

infravermelha eleva a capacidade calorífica da fase gasosa de modo

a reduzir a magnitude do salto de temperatura produzido por uma de­

terminada ener gia absoluta [18J. Devido à dependência exponencial

da velocidade de reação co m 1/T, tal adição deve acarretar um decrés

cimo na conversão de produtos de qu alq uer reação térmi ca . Uma vez

conhecendo os parâmetros de ativação, a magnitude do decréscimo da

velocidade térmica pode se r prevista.

Se por um lado a adição de um gás inerte acarreta uma

diminuição no rendimento de uma reação fotoquímica em decorrência -

de relaxação V-T/R[30,63,72-81J, por outro lado, a adição de um gás

inerte à amost r a a ser irradiada pode elevar o rendimento da reação

[82,83J.

Os parâmetros controláveis com relação ao laser são : in

tensidade [12J , baixa fluência (supressão [84J) ou elevada fluência

(relaxação rotacional resultando em repopulação dos níveis da molé-

cuIa de modo a prosseguir no processo de absorção [85J) e a forma

do pulso do laser (quanto mais longo o pulso do laser maior a prob~

bilidade de ocorrer desativação por colisões a uma pressão de gás

inerte constante). Todos estes fatores podem influir, ora ele vando

ora diminuindo o rendimento de certas reações fotoquímicas que con­

tenham gás inerte no sistema [12,83-87J .

Nestes sistemas o efeito colisional é pr eponderante . Co

63.

lisões entre moléculas e xc itadas com outras não excitadas podem ser

classificadas em dois tipos: transf erência de energia de uma moléc~

la excitada a outra não excitada (ou vice-versa) ou distribuição da

energia de excitação entre os diversos modos internos da molécula -

excitada (transferência de energia V-V ) . Como a energia interna de

uma molécula devido à sua intera ção com o campo de r adiação é acumu

lada num determinado modo para pequ ena energia total absorvida,a re

distribuição desta mesma energia a outros modos deve influenciar a

probabilidade da molécula se dissociar e de promover reações quími­

cas [88J. Portanto, aparte o controle do processo de difusão e do

processo térmico, são esperados a partir de colisões entre molécu­

las de gases inertes e da espécie absorvente, relaxação ro taci onal,

defasagem do processo de absorção coerente e uma redistribuição ou

supressão da energia vibracional [83J.

6.4.2 - Experimentos com éter dietílico e gases inertes

No que toca ao éter die tílico, foi realizada a irradia­

ção da mesma em presença de argônio, hidrogênio, hélio, neônio e

óxido nitroso, verificando-se quanti ta tivamente a variação do rendi

mento dos prod utos por cromatografia em fase gasosa. Um estudo mais

rigoroso foi realizado com argônio, variando a pressão do mesmo pa­

ra uma pressão constante de éter, conforme apresentado na tabela 8.

Quando da irradiação da amostra de éter em mistura com

pressões de argônio variando de zero a 3,00 Torr, o rendimento dos

produtos não foi significativamente afetado, porém a pressões de a~

gônio de 5,00 a 60,0 Torr ocorreu um decréscimo marcante nos mesmos

(Fig . 16 ) .

De um modo geral, o argônio agiu como um desativador

das moléculas de éter dietílico excitadas pelo laser, o que explica

os rendimentos absolutos inferiores obtidos em todos os experimen-

-I

-• ...

Tabe la 8

Po tência Pressão de Pressã o dos Produtos/Pressão i nic ial de éter dietílico

(J/ p ) Argônio (To rr) CO CH4

C2H4 C2H6

0 , 5 0,00 (* ) 0,0448 0 , 1005 0,0305

0,5 1 ,0O 0 , 0666 0,1244 0 , 0399

0,5 2,00 0 , 0483 0,0945 0,0309

0 , 5 3,00 0,0575 0, 108 O 0,0329

0,6 5,00 0 , 0260 0,0194 0,1241 0,0466

0,6 20 , 0 0,0505 0 ,0 485 0 , 1084 0 ,04 04

0,6 40 , 0 0,0782 0,0554 0,0954 0 ,030 8

0,6 60,0 0,1118 0,0875 0,0954 0,0293

0,6 0,00(**) 0,0764 0,0741 0,1 42 1 0,0512

(*) ° argôni o apresenta mesmo tempo de reten ç ão (Porapak - S) .

(**) Valores obtidos do estudo em função da potência.

Lin h a P(20) a 9, 6 jJ m.

CH 3 CHO C2H5

OH

0 , 0202 0,0168

0,0192 0,0 16 7

0 ,0 183 0,0 122

0,0163 0 , 011 1

0,0237 0,0 248

0\ +:- .

I-< Q) ~

~

Q)

"O

"""" co

'''" u

'''" c ',,"

o IC'Il CIl CIl Q)

I-< p.. -CIl o ~

::l "O o I-< ~

CIl o

"O

o IC'Il CIl CIl Q)

I-< p..

O, 150

O, 100

0 , 050

0,000

65.

~

/~ C2H6

/~

10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Pressão de argônio (Torr)

FIGURA 16

Influência de um gás inerte (argônio) no rendimento

dos produtos da dissociação do éter dietílico

T IlI l ll

66.

tos, quando comparados aos da irradiação do éter puro, apesar de os

rendimentos relativos se comportarem de maneira bem diversa. Neste

sistema a transferência de energia V-T, R durante colisões entre as

moléculas de éter excitadas com moléculas de argônio deve predomi-

nar.

° decréscimo do rendimento de etileno, etanol, acetal­

deído e etano pode ser explicado pelo que foi mencionado. Isto po­

deria sugerir, talvez, a existência de duas vias de dissociação uni

molecular do éter dietílico: a dissociação em etileno e etanol e a

outra, acetaldeído e etano. É certo que a primeira via deve predo­

minar, visto que o rendimento do etileno é sig nificativamente maior

em relação aos outros produto s . A se gunda via (formação de eta no)­

ocorre quase com certeza por via radicalar (recombinação de 2C H3 ),e

o comportamento apresentado estaria relacionado com a dificuldade -

de colisão entre dois radicais CH 3 , pela diluição, favorecendo a

formação de CH 4 por colisão com qualquer mol éc ula hidrogenad a, con­

forme já discutido anteriormente. Laidler[39J verificou que o eta­

no se decompõe em etileno e hidrogênio a temperaturas pró ximas de

600 oC o Este processo seria viáve l, caso o re ndiment o de etileno -

não fosse decrescente em função da pressão de arg ônio, pois certa­

mente temperaturas vibracionais superiores a esta são obtidas na re

gião focal [18J.

Qua nto ao rendimento crescente do CO e CH 4 com o aumen­

to da pressão de argônio, está relacionado, provavelmente, ao com­

portamento decrescente do etanol e acetaldeído envolvidos em proce~

sos colisionais de dissociação, originando H2' CO e CH 4 .

Na Tabela 9, por sua vez, estão os dados referentes aos

estudos dos sistema s éter/H 2 , He, Ne e N20.

Foi observado que para o sistema éter/gases nobres,He e

111 '1

:; ..I

Tabela 9

Gá s mi s tura do Potência Pressão dos Produtos/P r essão i nicial de éter dietílico

(T orr ) (J/p) CO CH 4 C2 H4

He

5,00 0,6 0,050 8 0,0474 0,0979

20,00 0,6 0,0333 0,0269 0 , 064 3

Ne

20 ,0 0 0,6 0,0927 0, 06 50 0 , 1078

NO

26 , 5 0 , 6 (**) 0 ,091 8 O, 1003

H2 20,0 0,6 0,0622 0,0427 0 ,0708

N2 0

20,0 0 , 6 0 , 0190 0,0193 0 , 0658

nenhum gás

misturado (*) 0 , 6 0,0764 0,0741 O, 1421

(*) Valor obtid o do estudo em funç ão da potência.

(**) ° tempo de reten ção d o NO é igual ao de CO.

Linha P(20) a 9,6 ~ m.

C2H6 CH3

CHO C2H5 OH

0,0346

0,0263

0,0361

0,0229

0,0254

0 ,0 192 0,0 15 1 0 ,01 35

0 , 0512 0,0237 0 ,0248

0\ -....J

68.

Ne, o rendimento dos produtos foi menor, comparado com os valores

de referência (éter puro), somente o CO na mistura éter/Ne destoa

desta afirmação. ° baixo rendimento dos produto s dev e estar rel~

cionado, ta mbém, com a desativação de moléculas de éter excitadas

pe lo laser, por transferência de energia V-T, do mesmo modo que

no estudo do sistema éter/argônio. ° mesmo foi verificado para

o sistema éter/H 2 , aonde nem mesmo foi observado um aumento no ren

dimento de C2H6 o que seria esperad o , caso a rea ção

ocorresse de maneira significativa.

A tentativa de irradiar o éter misturado com N20 , foi

a de observar um possível processo de combu s tão, poi s o óxido ni­

troso é um comburente conhecido [89J. Nada ocorreu a tais pres­

sões, a não ser um va lor inferior no re ndim ento dos produtos de

dissociação do éter, como no experimento com os gases nobr es . Nem

mesmo um novo pro duto foi detectado como no estudo da reação en­

tre átomos de boro em presença de óxido nitroso [90J.

6.5 - Estudos em misturas de éter dietílico com óxido

nítrico

6.5.1 - A ação de captadores de radicais livres

o estudo da ação de captadores de radicai s livres no

processo de formação dos produtos de uma reação química em fase -

gasosa auxilia a proposição do mecanismo da mesma . Os métodos

utilizados para tais estudos são diversos, inclu i ndo a de tecção -

de radicais livres pelo estudo espectroscópicos dos estados exci ­

tados dos radicais [3J, assim como análise dos produtos finais ob

69.

servando reação dos radicais formados com o captador ou a inibição

da cinética de formação dos pr odutos detectados [67,91-94J.

Nem sempre a adição de captadores inibe uma reação de­

pendendo da reatividade dos radicais formados como é o caso do sis

tema CH 30CH 3/NO ou propileno [95J, ou no estudo da eficiência da

reação de decomposição do etanol no processo de absorção multifotô

nica do sistema CH 3CH 20H/NO, apresentando um aumento da eficiên-

cia global da reação até pressões de 3,00 Torr de NO, decaindo a

pressões mais elevadas deste último [62J.

6.5.2 - Irradiação de amostras éter/NO

No estudo da irradiação do sistema éter/NO, foi verifi

cada um aumento do rendimento de CH 4 em detrimento de um menor va­

lor para C2H6 , de acordo com os resultados da tabela 10. As con­

dições e xperimentais foram as seguintes:

Pressão de éter dietíli co: 5,00 Torr

Número de pulsos: 200

Quanti dade de energia por pulso: 0,6 J

Lin ha do laser: P(20) a 9,6 ~ m

Coluna cromatográfica: Porapak-S (35 0 C)

Este resultado não permite uma conclusão objetiva,pri~

cipalmente por não ter sido detectado por cromatografia em fase

gasosa a formaçã o de HNO e nem tão pouco CH 3NO, C2HSNO, HCN ou

CH 3CN, produtos observados na piróli se inibida por NO do próprio -

éter dietílico [38,40J. Uma explicação seria a de que na região

focal- onde provavelmente todo o processo acontece- deve ocorrer -

uma rápida recomb inação dos radicais formados, através de reações

com energia de ativação muito próxima de zero, fato este que torna

praticamente ineficiente a ação de captad or es de radicais livres.

Pressão de

NO

(Torr)

26,5

Éter puro

(Torr)

5,00

Tabe l a 10

Pressão dos Produtos/Pressão inicial de éter

dietílico

co

0,0 9 18 0,1003 0 ,0 229

0,0764 0,0741 0,1421 0,0512

(*) Apresent a mesmo tempo de retenção que o NO.

70.

71.

Uma solução seria a de irradiar uma pequena quantidade de éter

( < 1 ,00 Torr) em excesso de NO. Contudo, a sensibilidade da apa­

relhagem na detecção dos produtos finais foi o fator limitante em

nosso trabalho.

A ineficiência do NO como captador de radicais livres,

foi verificada também na referência 63, com relação ao radical CH~

em que reações deste radical compet em com a rápida reação de recom

binação, levando à formação de C2H6 . Todavia, o rendimento supe­

rior de CH 4 , no sis tema éter/NO, deve estar relacionado também com

a eficiência de colisão dos radicai s CH 3 forma dos com uma molécula

hidrogenada qualquer, de mod o a hidr oge nar o radic al ao invés de

permitir recombinação do mesmo, como c itado no c aso acima [63J.

6.6 - Estudo do sistema éter/oxigênio

6.6.1 - Combustões

Os estudos de queima s de co mpostos outro s que não pe­

que nos hidrocarbonetos, têm contrib uído muito pouco para o enriqu~

cimento deste tema, provavelmente devido aos comple xos mec an ismo s .

que envo lvem a combustão destes sistemas. O estudo do sis te ma

éter/0 2 não foge à regra. Porém, é de se esperar que ele deva se

comportar de maneira semelhante às reações de oxidação dos hidro­

carbonetos maiores que o metano estudados até o momento [96,97J.

A forma çã o de radicais livres, pelo craqueamento térml

co dos compostos orgânicos, certamente contribui para as etapas de

iniciação de uma reação de combustão, gerando material altamente -

reat ivo para sustentar o processo. Co ntudo é aceito que a combus­

tã o s e inicia pela reação

---->

cuja end otermicidade está em torno de 40 a 50 kcal / mol [9 8J . Desde

72.

que o oxigênio, por si só, é considerado um di-radical livre e es­

tando em abundância nos processos de combustão, ele reage com vá-

rios dos radicais formados, produzindo espécies instáveis que se

decompõem pr omovendo material reativo:

R· + O2 ----> RO . 2

o processo em cadeia pode terminar por recombinação dos vários ra-

dic a i s formados ou desativação na s parede s . Certamente, em alguns

dos pro dutos resultantes que apresentem uma ligação fraca esta po-

derá ser rompida, mesmo a temperaturas relativamente bai xas , como

por exemplo as reações:

ROOH ----> RO· + OH ·

que apresentam energia de ativação próximas a 40 kcal/mol.

Para hidrocarbonetos maiores que o metano, a in ic iação

envolve a remoção de um hidrogênio (secundário ou terciário), de

modo que o radical formado é atacado por uma molécul a de oxigênio :

Ambas as reações são exotérmicas e envolvem uma baixa energia de

ativação, portanto são rápidas .

Pouca informação é encontrada na literatura de siste-

mas de substâncias orgânicas em mistura com oxigênio perfazendo a

combustão induzida por radiação infravermelha. Em muitas das ex-

periências o oxigênio age como um gás inerte estimulador, inibidor,

73.

captador de radicais livres, ocasionador de transfer ência de ener­

gia vibracional intramolecular ou mesmo responsável por um enriqu~

cimento isotópico [6 2 ,85,91,94,99-1 06 ] resultados diversos ao de

uma combustão .

Entretanto, Riveros et al e irradiaram amostra de eta­

nol em presença de oxigênio com o intuito de verificar o comp orta­

mento do mesmo através da irradiação com laser infravermelho. Ao

ser i rradiada a mistura de etanol com oxigênio, foi observada uma

lum i nescência azulada em torno da região focal, sendo observadas -

re açõe s quimi luminescentes que perduram por tempos muito maiores -

do que o pulso do laser [107J.

OS produtos da irradiação do etanol com oxigênio, iden

ti ficados por cromatogra f ia em fase gasosa em c oluna de Porapak-S,

for am: metano, etileno, acetileno, eta no e dió xido de carbono . O

dió xi do de carbono foi formado em quantidade relativamente pequena

Leit e observou que o aumento da pre ssão de oxigênio na mistura, de

5 ,00 para 15,0 Torr, resultou em aumento da produção de dióxido de

car bono, metano e acetileno, mas não modificou a do etileno e do

etano. Explico u este efeito admitindo uma redistribuição int ermo­

lecular de energia por meio de colisões com moléculas de oxig êni o ,

mais freqüentes na experiência com ma io r pressão deste; as vias

que levaram à formação de etileno e etan o não ser iam se nsíveis a

tal efeito .

Final mente, aventou a hip ótese para a pequena extensão

em que oc orreu a combustã o : no vol ume de reação a co ncentraçã o de

radicais intermediários seria tão grande que a probabilidade de re

combinação predom inaria, ao invés da colisã o e reaçã o subseqüente

com moléculas de oxigênio. Também devido ao curto t empo de vida

das moléculas de etanol superexcitadas, a probabilid ade de colisões

74.

com moléculas de oxigênio antes de se decomporem ser i a pequena.

6.6.2 - Rendimentos dos produtos na irradiação do

sistema éter/oxigênio

Na irradiação da amostra de éter dietílico (5 ,0 0 Torr )

em mistu ra com oxi gênio (5,00-35,00 Torr), foi detect ada apenas

uma pequena quantidade de CO 2 , juntament e c om os dema is pro dut os -

já observados devendo-se isto, prov a velm ente, a reações rápidas e~

tre radicais formados na região foc al, ao invés de col isões e rea­

ções subseqüentes dos mesmos com molé cula s de oxigênio, poi s as

rea çõ e s entre dois radicais apresent am energia de ativação

pró ximas de zero [ 108J .

muito

Em seguida, foi verificad o se por ventura algum dos prQ

duto s da dissoci ação do éter era con su mido priori tari amente, ini­

ciando assim o pro ce sso de combu stão, de modo que foi realizado o

estudo do rendimento individual dos produtos em fun ção da pres-

são de O2 misturada ao éter dietíli co . Os dados e as condições ex

perimentais es tão indicados na tabela 11.

A figura 17 ilustra o cresc iment o dos r endiment os de

CO, CH4 , C2H4 , C2H6 e CH 3CHO até pres s ões de 25 , 0 Torr de oxigê ni o,

decaindo com pressões maiores, isto é, próximas ao limite de que­

bra dielétrica (fenômeno discutido na secção 6.6.5 ) . este c ompor­

tamento crescente deve estar relacion ado com a ativa ç ão de molécu­

las de éter por colisões com molécul as de O2 ou repopulação rota­

cional . Nes te último caso, deve ocorrer uma redistr i buição inter­

mo l ecula r de energia por meio de co l isões com moléculas de oxigê­

nio, onde o efeito de repopulação rota c i on al nas moléculas de éter

aumenta a eficiência de absorção de energia, e xplicando o aum ento

do ren di mento de C2H4 . Ao mesmo tempo, deve ocorrer o efeito de -

77.

banho térmico, pois durante colisões de moléculas de éter excitadas

pelo laser com moléculas de 02 existe transferência de energia vi­

bracional para o volume de reação do sistema. Esta energia cedida

ao sist ema, por sua vez, pode favorecer processos de reações coli ­

sionais radicalares ou não, o que explica, por exemplo, o aumento -

dos ren dimentos de CO, CH 4 e C2H6 . No entanto, a pressões de 02

acima de 25 ,0 Torr, havendo maior di l uiç ão na região focal, a recom

binação dos radicais formados é em parte dificultada. Em toda a

fai xa estud ada, certamente ocorre um a competi ção entre o pro cesso -

de repopulação rotacional e o de tran sferê ncia de energia. A pres­

sões maiores, é possível que o proc esso de de sa tivação semelhante -

ao do sistema éter/gases inertes, pr edomine, diminuindo o rendimen­

to dos produtos [86J.

A propósito, a partir de pressões de oxigênio ac i ma de

20 , 0 To rr , o rendimento de CH 4 foi s uperior ao de CO, resultado

opo s to ao ver ifi ca do na irradiação do éte r pur o . I s to se deve , po~

sivelmente, a reações que consomem CO originando CO 2 ' pois pequena

quant idade deste último foi detectada por cromatografia em fase ga­

sosa .

Ao mesmo tempo, o C2H50H aprese nto u um rendimento decre~

cente, pois com o aumento da pressão de oxigênio deve a umentar o nú

mero de colisõ es, obtendo o mesmo, através de banho térmico, ener­

gia suficiente para se dissociar em H2' CO, CH 4 e CH 3CHO, o que po ­

de explicar em parte o rendimento crescente destes pr odutos. Uma

supressão da via responsável pela formaçã o de etan ol impli car ia fa­

talmente num rendimento decrescente para o etileno (j á que ambos d~

vem ser formados pela dissociação unimolecular do éter), hipótese -

es ta descartada pelos resultados experimentais obtido s .

78.

6.6.3 - Estudo cinético do sistema éter/oxigênio

Outro estudo realizado, abaixo do limite de quebra dielé

trica, foi o estudo cinético do sistema éter (5,00 Torr)/02(10,OTor~

que indicou um rendimento crescente para todos os produtos de disso­

ciação do éter em função do aumento do número de pulsos a uma mesma

quantidade de energia. O comportamento dos rendimentos dos produtos

está reproduzido na Figura 18, e os resultados obtidos estão na Tabe

la 12.

O comportamento apresentado, rendimento crescente para -

todos os produtos, foi análogo ao da irradiação da amostra de éter

puro. Contudo, era esperada também uma indicação de que algum dos

produtos formados apresentasse um comportamento decrescente, indican

do uma possivel contribuição para a pequena formação de CO 2 , ou trou

xesse algum esclarecimento quanto às vias de dissociação propostas -

anteriormente. Com relação a este último item, o estudo deste siste

ma permite afirma r que o ox igênio age como um estimulador, pois os

rendimentos abso lut os observados com 200 pulsos nesta mistura são su

periores aos valores obtidos na amostra pura. Entre tanto, simulta­

neamente à dissociação unimolecular do éter, devem ocorrer também

processos colisionais, pela própria natureza dos produtos forma do s:

CO, CH 4 , C2H6 e mesmo CH 3CHO. Portanto, não ocorre um estimulo ou

inibição de determinada via de dissociação, mas sim a participação -

de alguns produtos formados, como por exemplo o etanol, favorecendo

a formação de CO, CH 4 e H2 pela própria dissociação em processos co­

lisionais.

6 , 6.4 - O fenômeno de quebra di elétrica

Uma proposta para o complexo mecanismo em que ocor re a

quebra dielétrica de um gá s i~duzid a por um laser, seria a de que

81.

uma ionização inicial causada pela absorção de fótons pelo gás, re­

sultaria num plasma de íons a uma elevada temperatura (s uperior a

10 4K). A expansão deste plasma, no entanto, resultaria numa onda

de choque . Entretanto, é possível com o auxílio da espectroscopia

por resolução de tempo determinara que intervalo ou a que temperat~

ra do plasma em expansão são formados os produtos estáveis. Além

disto, não é possível com base nos produtos formados estabelecer se

os mesmos s ão formados por combina ções entre reações íon-molécula,

radical-radical ou radical-átomo.

Deve ser considerado ainda que o fenômeno de quebra di­

elétrica induzida por lasers não está restrito a uma interação res­

sonante entre a radiação e a matéria absorvente, de modo que não re

quer um "c asa mento" entre a linha de absorção da amostra e a freqLE.Q

cia do laser [109J . No entanto, a quebra dielétrica induzida por -

laser de CO 2 envolve um mecanismo de rea ção em ca deia co nhecido co­

mo avalanch e de ionização. ° mecanismo requer a presença de uma p~

quena quantida de de elétrons, os quais acelerado s pelo campo do la­

ser, ocasionam uma avalanche, culminando num plasma ionizado. Os

elétrons iniciais podem ter origem a partir de partícula s de poeira,

raios cós mi cos ou mesmo das janelas da cela de reação [110J.

Miknis e Biscar [llJ relataram um estudo de reações do

t iacic lobutano e tiaciclopentano em mistura com 02 induzidas por um

laser de r ubi. Os produtos gasosos identificados foram: CO 2 , 50 2 '

H25, H20, C05 , C5 2 e C2H2 . Nem tod os esses produtos f oram observa­

dos para cada pressão de 02 adicionada, e nem tão pou co observados

para am bo s os compostos . Nenhuma r eaç ão foi observada em tiociclo­

pentano na ausência de 02' ou com pre s são parcial de 02 de 50 Torr.

A uma pre ssão de 02 de 100 Torr, CO 2 , 502 e H20 foram detectados co

mo produtos de reação para ambos os compostos e somente a pressões

82.

de O2

acima de 150 Torr os demais produtos foram detectados. Por ou

tro lado, observaram que a pressões de cerca de 1500 Torr de O2 a

reação foi suprimi da. Sugeriram, também, que a distribuição dos pr~

dutos é provavelmente afetada pela temperatura do plasma, assim como

as reações químicas que ocorrem durante a quebra dielétrica do gás

dependem da potência do laser, a qual por sua vez pode ser relaciona

da c om a temperatura máxima do plasma. Opinaram ainda que em suas -

experiências, devido à elevada temperatura obtida, tiociclobutano e

tiociclopentano alcançam uma "nã o existência" e somente íons, átomos

e radicais livres de elevada energia são formados, os quais reagem -

ao longo da frente de choque produzindo produtos estáveis.

Aldeman [112J observou a emissão de C2 como a única emis

são poliatômica na quebra dielétrica induzida por laser em tetraclo­

reto de carbono, clorofórmio, acetona, meta nol e hex a no. Outras

emissões observa das foram de espécies atômicas ionizadas incluindo -

C2+ . Analoga mente, outros autore s estudaram os diver s os radicais li

vres originados pela fotólise atravé s de um laser infravermelho

[113-116J, responsáveis ou não por emissão na região do visível.

Ronn e Langsam [109J, por sua ve z, estudaram a quebra di

elétrica de metais carbonílicos, de SF 6 e OCS. Observaram que o fe­

nômeno da quebra di elétrica depende da pressão da amostra gasosa em

estudo, da pressão do captador utilizado no experimento e da potên­

cia e duração do pulso, parâmetros estes que variam de acordo com a

amostra em estudo . Quanto à pressão da amostra, para este fe nômeno,

está intimamente relacionada à sua polarizabilidade e momento de di­

polo, de tal forma que um decréscimo da polarizabilidade da amostra

gasosa está condicio nada a um aumento do momento de dipolo da mesma.

Verificaram que moléculas de elevad o momento de dipolo apresentam

quebra di elétrica a pressões relativamente baixas, por exemplo, de

83.

22 Torr para OCS.

6.6.5 - A quebra dielétrica no sistema éter/oxigênio

No que concerne à amostra de éter dietílic o , ocorreu um a

forte luminescênci a em todo o volume da ce la logo no s primeiros pul-

sos de irradiação. O si s tema constituído de 5,00 Torr de é ter e

pressões entre 35 , 0 e 50,0 Torr de ox igênio fo i irradiado co m a li-

nha P(20) a 9,6 ~ m, com uma quantid ade de energia fi xa da em 0 ,6 J/ pul

so . A anál ise dos produtos em coluna Porapak-S (3S oC), por cromato-

grafia em fase gasosa, revelou traços de hidrogênio e uma área gran-

de correspo ndente a dió xi do de carbono. Nesta coluna o oxigênio

ap re sentou mesmo tempo de retenção qu e o monóxido de carbono, sendo

necessário anal isar os produtos da co mbu s tão em coluna PM-13X (3S oC),

quando foi observado também CO com o produto da combu s tão. Os rendi-

mento s obti dos e s tão na tabela 13. Es ta é uma indica çã o de que não

se trata de uma c ombustão completa, ma s si m de um fenômeno explosivo,

conforme mencio nado por Pilcher et aI [117J, que obtiveram a combus-

tão co mp leta do éter obtendo o va l or de + 6 H= - 657,52 - 0,18 kcal/mol

para o pro ces so , mostrando trat a r- se de um proce ss o altamente exotér

mico.

Outro resultado relev ante é o de que a pressões de oxig~

nio acima de 40,0 To rr a combustão semp re ocor r eu apenas com o pri-

meiro pulso prove niente do la ser de CO 2 , Es te fato está com certez a

re la cionado com o próprio processo de quebra dielétrica do gás: nes-

tas condições, forma-s e um plasma na região focal e os radicais ou

íons, formado s em grande qu antidad e, podem propagar a reação por to-

da a ma ssa gasosa [99,111, 118-1 20J.

6.6.6 - Considerações sobre a combustão do éter dietíli-

co

De acordo com alguns do s resultados divul gad os na litera

Pressão de

°2(Torr)

40,0

84.

Tabela 13

Pressão do s produtos/Pressão de éter dietíli co

H2 CO CO 2

0 , 0900 0,6200

85.

tura, pode ser aventada, em parte, que a combustão do éter dietíli-

co, observada neste trabalho, deva ocorrer de maneira semelhante ao

observado para o n-heptano. Coats e Williams [121] relataram um es

tudo da combustão do n-heptano pela técnica de tubo de choque onde

verificaram o desaparecimento do hep tano mesmo antes da ignição de

modo a dividir o processo em três r egiões: degradação do n-heptano

produzindo C2H4 e CO; desaparecimento de C2H4 e produ ção de C2H2 ; e

consumo de C2H2 e O2 com formação de CO 2 .

Assim, no si s tema éter/0 2 é possível que o éter se de­

componha inicialmente nos produtos detectados, os quais reagiriam -

numa rápida seqüência formando CO e H2' que por sua vez pode r iam

reagir com um excesso de oxigênio presente originando CO 2 e H20.

Com base nos resultados e modelos apresentados para as

etapas de oxidação de pequenos hidrocarbonetos [96,122], é aventado

o seguinte esquema simplificado para a combustão do éter dietílico :

I I I I CO CH 4 C2~ C2H4 C2H2

!l~l~ 1 1 .

êH30/r~r C3H3 C2H

1 ~ CH20 ~CH3CHO /

1 t CHO CH3CO CH 2CO 1 ~ .v ~ co co CH 2

H·, O·, OH·, H2' H20 e C2H50H foram omitidos por que stões de simpll

ficação, assim como etapas que envolvem C2H3 · , C2H· , :CH 2 , CH·, C2 e

co

86.

outras espécies intermediários .

Com relação ao mecanismo da oxidação do CO, este pode

envolver átomos de oxigênio, poré m a mane ir a exata da reação ocor

rer é duvidosa [97J . Le wi s e von Elbe [1 23J suge riram qu e a rami

ficação da cade ia ocorre através da oz onaj a ss im,

-->

03 + CO --> CO 2 + 20

Contudo, 03 apresenta pouca reativid ade com CO abaixo de 523 K.Ou

tro es qu ema proposto seria :

O + CO ---> CO 2*

--- > CO 2 + 20

um pr ocesso exotérm ic o e possível de oco rrer. Certament e, em sis

temas contendo hidr ogênio, o pr opagado r de cadeia mais eficiente

é o radical OH · , co mo no caso da combu s tão de CO contendo traç os

de água [124J :

CO + OH· ---> CO 2 + H·

H· + O2 ---> OH· + O·

( E = 0.6 kcal/mol), a

( E = 16 . 8 kcal/mol ) a

mais outras reações envolvendo oxigênio atômi co [125- 127J .

Outra hipóte se , porém remota, seria a de que estando

o é ter dietílico misturado com oxigênio e sendo irradiado c om uma

quantid a de suficiente de energia, seja convertido ini c ialmente em

peró xi dos in st áveis, os quais propag a riam o processo por toda a -

fase gasosa .

Não estendendo em demasi a o as s unto, é apresentada a

seguir uma lista de algumas rea ções possíve i s no sistema éterl 02

[92,94 ,1 24,128, 129-132J.

8 7 .

Reações O Ho E a

( kca l/mol) (kcal/mol)

H· + O2 --> OH' + O 16,8 17

CO + OH · - > CO 2 + H· -24,4 0,60

H' + OH· --> H2 + ° - 1 , ° 7,0

CH· + O· -->CO + H· - 177 6,5

CH· + °2 - > CO + OH' -159

CH · + O2 - > CO

2 + H· -1 84

OH· + H2 - > H· + H20 -1 5 ,0 5,3

OH' + C2H6 - > H20 + C2H5 - 21 ,2

H· + CO 2 --> OH' + CO 24,9

OH · + CH4 - > H2 0 + CH 3 -15,2 6,5

°3 + C2H6 --> (CO, H2O,H 2 ,C0 2 , CH 4 ) 13,9 a 14,7

7 . Conc lusões

De uma ma neira gera l a absorção de um fóton infra v erm~

lho nã o ind uz uma drástica transforma çã o nas propriedades químicas

dos reage nte s , como os fótons visíveis e ultravioleta s . Contudo,

um a intensa radiação i nfravermelha de determinada freqüência pode

seletivamente e eficientemente depositar vários fótons em molécu­

las isoladas causando a dissociação das mesmas. Neste conte xto es

tá in s erido este trabalho com a amostra de éter di etílico.

De acordo com os resultados obtidos, foram notadas cer

tas particularidades no pr ocesso de dissocia çã o infravermelha do

éter dietílico no que di z r espeito aos pro dutos f or mados e ao com

po rtamento dos mesmos . Por exe mplo: a formação de acetile no e o

rendimento decrescente de e tano, álcool etílico e acetaldeído com

88.

o aum ento da pressão da amostra irradiada a presentaram um comport~

mento diferente do observado na pirólise do éter dietílico [37J, -

não obst ante o fato de os produto s majorit á rios serem os mesmos.

Quanto à fotólise do éter no ultravioleta [ 41J, a formação por

via molecular do etileno é a via que menos contribui para a forma-

ção do mesmo, predominando a via radicalar como um todo na origem

dos prod uto s formado s .

Entretanto, a decomposição do é ter dietíli c o pela ab-

sorção multifotônica no infravermelho, observada nes te trabalho,e~

tá relacio nada, muito pr ovavelemente, a um proces s o de rearranjo -

molecula r c ujos pr odutos são obtido s a partir de um estado de tran

sição de quatro centros, semelhante ao que apresentou Freeman [133J

par a a sua pirólise:

* H H I I

-----> H - C C - H ( I ) I I H----O - C2H5

Tal processo foi sugerido para explicar a diferença da dependência

de pressão nos dois modos de decompo s ição do éter. O modo que fo~

ma acetaldeído envolve energia de ativação provavelmente superior

à da reação de formação de etanol. A formação de etano 1 (I), en-

volve uma nova ligação no oxigênio e a clivagem simultânea da lig~

ç ão SC-H, sendo uma reação de primeira ordem. Além disso, levando

-se em conta o elevado rendimento de etileno em relação aos demais

produt os (34,6%, irradiando a amostra com 200 pulsos a 1 J), prati

89.

camente constante com o aumento da pressão de éter irradiado, assim

como a linearidade apresentada pela soma dos rendimentos do etileno

e etano 1 em função da pressão da amo st ra, é muito provável que a

formação destes produtos ocorra quase que exclusivamente pela dissQ

ciação uni molecular já citada como processo (I), envolvendo uma

energia de ativação de aproximadamente 84 kcal/mol [39J, e o .6. H =16 , 6

kcal/mol.

Não é de sc art ada a po ssibi lidade de ocorrência da rea-

ção (11) ; es ta provavelmente deve ocorre r na di ssociaçã o da amostra

de éter irrad i ada devido à s altas energ i as int er nas que podem ser

atingidas (t alvez por transferênci a colisio na l de energia vibracio-

nal de molécu las de éter excitada s for ne cen do mai s energia a moléc~

las de éter j á excitadas internamen te; de modo que a f or mação de

etano não deve ocorrer so mente de vido à r eco mbina çã o de dois radi­

cais livres CH 3 . Não foi encontrado, na literatura, um valor da

energia de ativação para a rea ção (1 1 ) , que entretanto dev e ser su-

perio r à do processo ( I) .

Analogamente, a soma do s rendimentos de acetaldeído e

etano apresentou uma constância em f unção do aumento da pressão da

amost ra irradiada, podendo ser isto um indício de se originarem de

uma mesma vi a de dissociação a partir do éter dietílico.

Por outro lado, o rendimento decrescente apresentado p~

lo etanol e acetaldeído em função do aumento da pressão de éter po-

de ser interpretado como provindo da dissociação dos mesmos, atra-

vés de col isões, de modo a contribuírem para o rendimento crescente

de CO e CH 4 , fato este observado também no si s tema éter/argônio. No

entanto, seria esperado um rendimento crescente, também, para o eta

no em função da pressão da amostra irra diada, conforme ocorreu com

o CO e CH 4 , caso seja considerado que estes produtos se originam a

90.

partir de reações de colisões entre as moléculas do sistema. Uma

possível explicação para o rendimento decrescente do etano com o

aumento da pressão de éter, seria a de que o mesmo (ou parte do

mesmo) é orioinado a partir da recombinação de radicais CH 3 ; as­

sim, com o aumento da pressão de éter au menta o número de colisões

por unidade de tempo, favorecendo reações radicalares outras -com

qualquer espécie hidrogenada - inclusive o próprio éter -, que

contribuam para a formação de CH 4 , o que pode ajudar a explicar o

seu rendimento crescente.

Outra possibilidade a ser considerada seria a reação

de dissociação do etano a qual Rice e Her zfe ld [1 34J , Lin e Back

[135J e Loucks e Laidler [136J, mostraram ser de elevada endot er-

micidade;

----- > 2CH 3 e ----- > C2H5 + H

E ~ 80 a 86 kcal/mol a o 6 H ( 00 ) = 98,1 kcal/mol.

Apesar de a temperatura vibracional em nosso sistema ser muito al

ta, nem propano nem butano foram observados como produtos, de mo-

do que esta disso ciação não deve ocorrer de maneira significativa •

neste sistema.

Por conseguinte, a formaç ão de CO, CH 4 e H2 deve es­

tar relacionada com o rendimento decrescente do acetaldeído, en-

volvido em colisõ es ou reações de radicais livres [69J. Laidler

[39J, verificou que a temperaturas em torno de 600 °c o acetaldeí

do se decompõe em CH 4 e CO. Tal temperatura vibracional é segur~

mente obtida na região focal durante o processo de irradiação da

amostra, de sorte que uma fração do acetaldeído formado da decom­

posição do éter contém, possivelmente, energia interna suficiente

para se dissociar em CO e CH 4", sendo isto uma provável explicação

para o rendimento crescente destes produtos no estudo em função -

92.

de iniciação da decomposição do éter podem ser:

(1) e

. . ( 2 ) ----- > C2H5 + OC 2H5

Rebbert e Laidler [139J, assim como McKenney [39J deram preferência

à quebra da ligação C-O, para explicar o mecanismo da pirólise do

é t er dietílico, justificando apresentar uma menor energia de ativa-

çã o , em vez do mecanismo proposto por Rice e Herzfeld, e Smith e

Hinshelwood [140J, isto é, a quebra da ligação C-C . Todavia, Gowen

l ock [ 141J mostrou que os argumentos de Rebbert e Laidler não eram

conclusivos e que a energia de ativação para ambos os processos é

praticamente idêntica (77,5 a 78,0 kcal/mol). Portanto, o mecanis-

mo proposto para essas duas possíveis vias de dissociação do éter ,

podem ser apresentadas como :

1 ) (C 2H5 )20 + nhv ----> OH 3 + CH 2OC 2H5

* CH 2OC 2H5 ---> CH 3 + CH 3CHO

2CH 3 ---> C2H6

* 6 HO= CH 3CHO ----> CH 4 + CO -4,6 kcal/mol

ou ainda

CH 3 + parede ----> remoção (término de cadeia).

o Ó H = 78,0 kcal/mol

6 HO= 14,5 kcal/mol . * > CH 3 + HCHO

E = 10 kcal/mol a

* HCHO -----> 6 HO= 1 ,6 kcal/mol

6 HO= -88,2 kcal/mol

96.

condições em que foi irradiada a amostra de éter dietílico apresen-

tou alguma indicação [70J, é provável que a formação de acetileno -

seja mesmo decorrente de reações de dissocia ç ão por proces sos coli-

sionais dos produtos primários provenientes do éter dietílico.

Em síntese, as prováv eis via s mais importantes para a

dissociação do éter dietílico indu zid a pelo laser de CO 2 são as se­

guintes:

L (C 2HS) 20 + nh v > C2H4 + C2HSOH

* * C2HSOH > CH 3CHO + H2

* * C2HSOH > CH 4 + HC HO

* HCHO :> H2 + CO

* CH 3CHO > CO + CH4

* C2H4 > C2H2 + H2

2. (C 2HS)20 + nh v > CH 3CHO + C2H6

* CH 3CHO > CO + CH 4

3. (C 2HS)20 + nh v " CH 3 + CH 2OC 2HS

CH 2OC 2HS > CH 3 + CH 3CHO

. 2CH 3 > C2H6

CH 3CHO > CO + CH 4

CH 3 + ( C2HS)2 0 > C2H6 + CH 2OC 2HS

4 . (C 2HS)20 + nh v > 2C 2H4 + H2O, (possivelmente).