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GEOGRAFIA 93 O espaço refere-se ao lugar que as coisas ocupam e onde os fatos ocorrem. Podemos ainda nos referir ao espaço, usando outros termos que servem para medí-lo ou descrevê-lo, como: região, área, localidade, território, distância, etc. Dessa forma, o estudo do espaço terrestre é muito amplo e envolve aspectos os mais diversos. 1.1. ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NO ESPAÇO TERRESTRE. Os homens sempre usaram a observação da natureza para orientar suas atividades. Desde os primeiros tempos, a mudança do Sol no céu e a repetição alternada dos dias e das noites davam o ritmo das atividades diárias. A posição do Sol, da Lua e das noites mostravam localizações e caminhos a seguir. Montanhas, rios, árvores, rochedos e outros elementos da paisagem serviam de ponto de referência. As nuvens, as chuvas, as variações de frio e calor indicavam épocas de preparar a terra, de semear e de colher. Mesmo com todo o progresso atual e com tantos instrumentos para medir o tempo e dar a localização exata de qualquer lugar, a observação da natureza continua sendo importante para todos, mais especialmente para as pessoas que vivem na zona rural. Um dos métodos mais antigos de orientação é aquele em que o elemento utiliza o sol, como referência. Ainda hoje, mesmo com recursos modernos, você poderá utilizar esse método que é bastante simples. Basta localizar o nascente ou o poente. Em seguida, coloque-se de braços abertos, de modo que sua mão direita fique apontando para o nascente e a esquerda para o poente. À sua direita, do lado onde nasce o Sol, fica o Leste; à esquerda do lado onde o Sol se põe, fica o Oeste. À sua frente fica o Norte e atrás de você está o Sul. Experimente fazê-lo, de acordo com a figura abaixo: Esse mesmo processo pode ser aplicado à noite, a partir do movimento aparente da Lua, que se dá exatamente com o do Sol, isto é, a Lua também “anda”de Leste para Oeste. Daí que esticando- se o braço direito para o nascer da Lua temos o Leste, à esquerda o Oeste, à frente o Norte e as costas o Sul. A rosa-dos-ventos – Há milhares de anos que as direções relacionadas com a posição aparente do Sol servem para localização e orientação. Esses pontos chamados Cardeais, são geralmente abreviados pelas letras iniciais de cada um deles. Assim, temos: N (norte), S (Sul), E (Leste), O (Oeste). O Leste é abreviado pela letra E, porque ele também é chamado de Este. Esses pontos serviram para a definição de quatro outras direções intermediárias, que são chamadas de pontos colaterais. Assim temos: NE - Nordeste, entre o Norte e o Leste; NO - Noroeste, entre o Norte e o Oeste; SE - Sudeste, entre o Sul e o Leste; SO - Sudoeste, entre o Sul e o Oeste. Podemos ainda traçar outros pontos de orientação entre esses oito que já estabelecemos. São os pontos subcolaterais: norte-nordeste (NNE), norte-noroeste (NNO), sul-sudeste (SSE), sul-sudoeste (SSO), leste-sudeste (LSE), leste-nordeste (LNE), oeste-sudoeste (OSO) e o oeste-noroeste (ONO). Entre as outras diversas formas de orientação, a bússola foi uma das grandes conquistas, favorecendo principalmente as grandes navegações. A bússola é um aparelho que tem uma agulha imantada, que pode girar livremente e é colocada sobre uma rosa-dos-ventos. Pode-se virar a bússola em qualquer direção, que a agulha estará apontando sempre para o Norte. Se formos girando a bússola até que a agulha fique exatamente em cima do Norte da rosa-dos-ventos, teremos a indicação correta de todos os pontos cardeais. Na verdade, a agulha da bússola não aponta exatamente o pólo norte, mas um ponto perto dele, chamado de pólo magnético, que fica localizado no Canadá. Sabendo-se onde fica o pólo magnético, faz-se a correção para termos exatamente o norte geográfico. AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS E A LOCALIZAÇÃO DA TERRA Da mesma forma que podemos representar num papel uma cidade, ou um país, podemos também representar a Terra. No início era muito difícil, pois tínhamos apenas uma noção vaga daquilo que queríamos localizar. Para facilitar a representação ou o desenho da Terra e a localização dos oceanos, continentes, países e outras partes menores, foram traçadas as linhas imaginárias. Dessa forma, podemos localizar qualquer lugar da superfície da Terra a partir das coordenadas geográficas que são determinadas pelos paralelos e meridianos. As medidas em graus das coordenadas geográficas de um lugar dão sua latitude e longitude. Latitude – É a distância em graus de um lugar qualquer da superfície terrestre até o Equador. Todos os lugares situados num mesmo paralelo têm a mesma latitude. Tendo o Equador como referência, ou seja, o paralelo de 0 grau, a latitude pode ser norte ou sul, variando de 0º a 90º. Longitude – Corresponde à distância em graus de um lugar até o meridiano de Greenwich ou meridiano Principal. Todos os lugares situados sobre o mesmo meridiano têm a mesmo longitude. Como na esfera terrestre o meridiano de Greenwich é o meridiano de 0º, a longitude pode ser leste (oriental) ou oeste (ocidental), variando de 0º a 180º. 1.2. MOVIMENTOS DA TERRA E SUAS CONSEQUÊNCIAS A Terra, com 510 milhões de quilômetros quadrados de superfície e 1 bilhão de quilômetros cúbicos de volume, é na verdade, um minúsculo ponto, dentro da imensidão do Universo. O sistema a que pertencemos, um entre os bilhões existentes na Via-Láctea, é o Sistema Solar, formado por planetas, seus satélites e inúmeros corpos celestes menores, que gravitam em torno do Sol, uma estrela de quinta grandeza.

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GEOGRAFIA

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O espaço refere-se ao lugar que as coisas ocupam e onde os fatos ocorrem.

Podemos ainda nos referir ao espaço, usando outros termos que servem para medí-lo ou descrevê-lo, como: região, área, localidade, território, distância, etc.

Dessa forma, o estudo do espaço terrestre é muito amplo e envolve aspectos os mais diversos.

1.1. ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO NO ESPAÇO TERRESTRE.

Os homens sempre usaram a observação da natureza para orientar suas atividades. Desde os primeiros tempos, a mudança do Sol no céu e a repetição alternada dos dias e das noites davam o ritmo das atividades diárias.

A posição do Sol, da Lua e das noites mostravam localizações e caminhos a seguir. Montanhas, rios, árvores, rochedos e outros elementos da paisagem serviam de ponto de referência. As nuvens, as chuvas, as variações de frio e calor indicavam épocas de preparar a terra, de semear e de colher.

Mesmo com todo o progresso atual e com tantos instrumentos para medir o tempo e dar a localização exata de qualquer lugar, a observação da natureza continua sendo importante para todos, mais especialmente para as pessoas que vivem na zona rural.

Um dos métodos mais antigos de orientação é aquele em que o elemento utiliza o sol, como referência. Ainda hoje, mesmo com recursos modernos, você poderá utilizar esse método que é bastante simples.

Basta localizar o nascente ou o poente. Em seguida, coloque-se de braços abertos, de modo que sua mão direita fique apontando para o nascente e a esquerda para o poente. À sua direita, do lado onde nasce o Sol, fica o Leste; à esquerda do lado onde o Sol se põe, fica o Oeste. À sua frente fica o Norte e atrás de você está o Sul.

Experimente fazê-lo, de acordo com a figura abaixo:

Esse mesmo processo pode ser aplicado à noite, a partir do movimento aparente da Lua, que se dá exatamente com o do Sol, isto é, a Lua também “anda”de Leste para Oeste. Daí que esticando-se o braço direito para o nascer da Lua temos o Leste, à esquerda o Oeste, à frente o Norte e as costas o Sul.

A rosa-dos-ventos – Há milhares de anos que as direções relacionadas com a posição aparente do Sol servem para localização e orientação. Esses pontos chamados Cardeais, são geralmente abreviados pelas letras iniciais de cada um deles. Assim, temos: N (norte), S (Sul), E (Leste), O (Oeste). O Leste é abreviado pela letra E, porque ele também é chamado de Este.

Esses pontos serviram para a definição de quatro outras direções intermediárias, que são chamadas de pontos colaterais. Assim temos:

NE - Nordeste, entre o Norte e o Leste;NO - Noroeste, entre o Norte e o Oeste;SE - Sudeste, entre o Sul e o Leste;SO - Sudoeste, entre o Sul e o Oeste.

Podemos ainda traçar outros pontos de orientação entre esses oito que já estabelecemos. São os pontos subcolaterais: norte-nordeste (NNE), norte-noroeste (NNO), sul-sudeste (SSE), sul-sudoeste (SSO), leste-sudeste (LSE), leste-nordeste (LNE), oeste-sudoeste (OSO) e o oeste-noroeste (ONO).

Entre as outras diversas formas de orientação, a bússola foi uma das grandes conquistas, favorecendo principalmente as grandes navegações.

A bússola é um aparelho que tem uma agulha imantada, que pode girar livremente e é colocada sobre uma rosa-dos-ventos. Pode-se virar a bússola em qualquer direção, que a agulha estará apontando sempre para o Norte. Se formos girando a bússola até que a agulha fique exatamente em cima do Norte da rosa-dos-ventos, teremos a indicação correta de todos os pontos cardeais.

Na verdade, a agulha da bússola não aponta exatamente o pólo norte, mas um ponto perto dele, chamado de pólo magnético, que fica localizado no Canadá. Sabendo-se onde fica o pólo magnético, faz-se a correção para termos exatamente o norte geográfico.

AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS E A LOCALIZAÇÃO DA TERRA

Da mesma forma que podemos representar num papel uma cidade, ou um país, podemos também representar a Terra.

No início era muito difícil, pois tínhamos apenas uma noção vaga daquilo que queríamos localizar.

Para facilitar a representação ou o desenho da Terra e a localização dos oceanos, continentes, países e outras partes menores, foram traçadas as linhas imaginárias.

Dessa forma, podemos localizar qualquer lugar da superfície da Terra a partir das coordenadas geográficas que são determinadas pelos paralelos e meridianos. As medidas em graus das coordenadas geográficas de um lugar dão sua latitude e longitude.

Latitude – É a distância em graus de um lugar qualquer da superfície terrestre até o Equador.

Todos os lugares situados num mesmo paralelo têm a mesma latitude.

Tendo o Equador como referência, ou seja, o paralelo de 0 grau, a latitude pode ser norte ou sul, variando de 0º a 90º.

Longitude – Corresponde à distância em graus de um lugar até o meridiano de Greenwich ou meridiano Principal.

Todos os lugares situados sobre o mesmo meridiano têm a mesmo longitude.

Como na esfera terrestre o meridiano de Greenwich é o meridiano de 0º, a longitude pode ser leste (oriental) ou oeste (ocidental), variando de 0º a 180º.

1.2. MOVIMENTOS DA TERRA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A Terra, com 510 milhões de quilômetros quadrados de superfície e 1 bilhão de quilômetros cúbicos de volume, é na verdade, um minúsculo ponto, dentro da imensidão do Universo.

O sistema a que pertencemos, um entre os bilhões existentes na Via-Láctea, é o Sistema Solar, formado por planetas, seus satélites e inúmeros corpos celestes menores, que gravitam em torno do Sol, uma estrela de quinta grandeza.

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Além da Terra, o Sistema Solar contém mais oito planetas que se movimentam em torno do Sol, descrevendo órbitas elípticas, cujo tamanho aumenta de acordo com a distância que separa cada planeta do Sol.

A Terra é o terceiro planeta em ordem de afastamento do Sol e o quinto em tamanho, sendo cerca de 1,3 milhão de vezes menor que o Sol. Apresenta forma esférica ligeiramente achatada nos pólos, consequência da diferença de velocidade da rotação terrestre, que no Equador é de 1.600 km/h e nos pólos é nula.

Entre os movimentos que a Terra apresenta, destacamos os de Rotação e Translação, pela importância que os dois possuem.

Movimento de Rotação – No movimento de Rotação, a Terra gira como um pião em torno de si mesma, do seu próprio eixo. Uma volta completa da Terra em torno de si mesma dura aproximadamente 24 horas.

Em consequência desse movimento, os dias se alternam com as noites, pois enquanto uma parte do planeta está voltada para o Sol a outra fica sem receber luz solar. Sua rotação se processa de oeste para leste, isto é, na direção oposta àquela na qual o Sol parecer nascer e se pôr a cada dia.

Cada um dos pontos da superfície do nosso planeta recebe o calor e a luz dos raios solares, sendo aquecido e iluminado.

O movimento do Sol é aparente, pois na realidade é a Terra que se movimenta em torno dele. Este movimento aparente do Sol aparece de leste para oeste.

Por isto, os pontos situados no mesmo meridiano do lado da Terra voltado para o Sol têm a mesma hora.

Assim, quando o relógio marca 12 horas em São Paulo, marcará 24 horas em Tóquio, capital do Japão, pois estas cidades estão separadas 180º.

Sabemos que a circunferência da Terra é de 360º. Como o dia tem a duração de 24 horas, devemos dividir 360º por 24, o que dará, exatamente 15º.

Assim, todos os lugares da Terra situados no interior de cada uma dessas partes terão a mesma hora.

Movimento de Translação – É o movimento que a Terra descreve em torno do Sol, percorrendo uma órbita elíptica. Esse movimento tem a duração de 365 dias, 5 horas e 48 minutos. A diferença é acertada a cada 4 anos, com o ano bissexto, que dura 366 dias com a inclusão do dia 29 de fevereiro no calendário.

Em razão da forma elíptica da órbita da Terra, há um momento de afastamento máximo em relação ao Sol, o afélio, nos primeiros dias de junho, que atinge 152 milhões de quilômetros, e um momento de aproximação máxima, o periélio, nos primeiros dias de janeiro, que atinge 149 milhões de quilômetros.

Outro fato a destacar é que o eixo de rotação terrestre tem uma pequena inclinação para leste, que determina a distribuição desigual de luz e calor entre os hemisférios, originando as estações do ano e as zonas térmicas.

Exatamente no dia 21 de dezembro, o Hemisfério Sul, ou Meridional, recebe toda a intensidade de calor solar. É o chamado solstício de dezembro.

De 21 de dezembro a 21 de março os dias são mais longos, e a estação é o verão.

Nas regiões Antárticas, o dia é constante, o Sol não se esconde no horizonte.

No Hemisfério Norte, ou Setentrional, tudo se passa exatamente ao contrário. As noites são mais longas do que os dias, o calor é reduzido e as regiões Árticas permanecem em total escuridão.

É o inverno, e sua duração é a mesma do verão.Chegando o mês de junho, a Terra está na posição oposta àquela

do mês de dezembro.

Esta posição é chamada de solstício de junho.Nesta época, o Hemisfério Norte receberá maior quantidade de

raios solares e nas regiões polares Árticas, os dias serão constantes.É o verão no Hemisfério Norte e inverno no Hemisfério Sul,

onde tudo acontecerá exatamente o contrário.

1.3. FORMAÇÃO, ESTRUTURA E RELEVO TERRESTREA Terra se formou há aproximadamente 4,5 bilhões de anos

e, ao longo desse tempo, sofreu transformações as mais diversas. Essas etapas da história da Terra são estudadas pela geologia, que as denominou de eras geológicas e cada uma dessas eras tiveram a duração de até milhões de anos.

As eras geológicas com suas divisões, duração e principais características podem ser observadas no quadro abaixo:

ERAS GEOLÓGI-

CAS

PERÍO-DOS

DURAÇÃO (ANOS)

CARACTE-RÍSTICAS

Cenozóica Quaternário 60 milhões Origem do homem.

Glaciação no norte do planeta.

Terciário Aparecimento dos mamíferos.Dobramentos

modernos (altas cordilheiras)

Secundária ou Mesozóica

CretáceoJurássicoTriássico

140 milhões Répteis gigantescos.

Erupções vulcânicas.

Primária ou Paleozóica

PermianoCarboníferoDevonianoSiluriano

OrdovicianoCambriano

380 milhões Grande número de fósseis, o que indica o

desenvolvimento de peixes, anfíbios e florestas.

Primitiva ou Proterozóica

ou Pré-Cambriano

Algonquia-no

Arqueano

aproximada-mente

4 bilhões

Desde a solidificação da crosta terrestre até os primeiros sinais de vida.

AS CAMADAS DA TERRA Encontramos na Terra três camadas superpostas que são:- Crosta Terrestre ou Litosfera – Camada superficial, com uma

espessura de aproximadamente trinta a cinquenta quilômetros. Dentre os minerais que a compõem, destacamos o silício e o alumínio, sendo por esse motivo também conhecida como sial.

- Manto ou Sima – Constituída basicamente de silicatos de magnésio, possuindo uma espessura um pouco acima de 3 mil quilômetros.

- Nife ou núcleo – Essa é a parte mais inferior da Terra, constituída principalmente por níquel e ferro.

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A litosfera é constituída por solos e rochas, sendo o solo a parte exterior da crosta terrestre, que está em contato direto e indireto com os agentes naturais. As rochas são formações naturais constituídas principalmente por minerais, existindo um número muito grande delas na superfície da Terra. Normalmente essas rochas são agrupadas de acordo com a sua origem e divididas em três grupos:

- Rochas Ígneas ou Magmáticas – Esse tipo de rochas pode resultar da solidificação do magma, que vai esfriando lentamente no interior da Terra, tanto nos continentes quanto nos oceanos, até endurecer e transformar-se em rochas.

Quando o magma se solidifica no interior da crosta terrestre, formam-se rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas. Quando é expelido pelos vulcões, as lavas solidificadas transformam-se em rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas.

Entre as rochas intrusivas, uma das mais conhecidas é o granito, que é encontrado em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, especialmente na Serra do Mar e Serra da Mantiqueira.

Rochas Sedimentares – É o resultado do desgaste que as rochas de outros tipos sofrem ao longo do tempo. Esse material resultante da erosão vai ser transportado pela água ou pelo vento e se acumula em algumas regiões, sendo chamadas de sedimentação.

Essas rochas aparecem em camadas, uma acima da outra, sendo as mais baixas, as mais antigas e as de cima, as mais recentes.

O arenito, o calcário, o carvão mineral, aparecem entre as mais conhecidas.

Rochas Metamórficas – Resultam da transformação que as rochas magmáticas e sedimentares sofrem, em razão de vários fatores, como a temperatura e a pressão. Como exemplo, podemos lembrar do mármore, do gnaisse e muitas outras.

PRINCIPAIS FORMAS DE RELEVO O relevo é resultante da atuação de dois fatores: os agentes

internos, que podem ser em forma de abalos sísmicos ou vulcânicos, e os agentes externos, que aparecem em forma de erosão e intemperismo.

As principais formas de relevo são as seguintes:Montanhas – São grandes elevações que se destacam por

apresentar altitudes bem superiores às das áreas vizinhas. As mais elevadas são resultantes de dobramentos, isto é, de forças internas que resultaram ou provocaram grandes dobras nas rochas, dando origem a cadeias montanhosas que podem aparecer tanto nos continentes, como no fundo dos oceanos.

Podemos citar como exemplos de montanhas de dobramentos as seguintes:

- os Alpes, na Europa;- a cadeia dos Andes, na América do Sul;- as montanhas Rochosas, na América do Norte;- o Himalaia, na Ásia.Planaltos – Apresentam-se mais ou menos acidentados, com

elevações menores do que as montanhas. Podem se originar de pressões vindas do interior da Terra, em áreas sedimentares; podem surgir em áreas de vulcanismo, que se tornaram mais elevadas que as terras vizinhas; ou também de antigas montanhas que sofreram um intenso desgaste.

Planícies – São áreas baixas e planas, onde ocorreu o processo de acumulação. Aparecem geralmente ao lado e abaixo dos planaltos e das montanhas. Esses sedimentos podem ser trazidos pelas águas ou pelo vento.

Depressões – São áreas que estão abaixo do nível do mar, do das terras vizinhas. Quando a depressão é uma área que está abaixo do nível do mar, dizemos que ela é absoluta e quando a depressão é mais baixa que as terras próximas, podemos afirmar que ela é relativa.

O Mar Morto, que está a 396 metros abaixo do nível do mar é o maior exemplo de depressão absoluta em todo o mundo.

TRANSFORMAÇÕES SOFRIDAS PELA CROSTA TERRESTRE

A crosta terrestre está em constante movimentação, ocorrendo perto de mil abalos sísmicos das mais diferentes intensidades. Muitos desses abalos não chegam a ser percebidos, porém outros causam alterações muito fortes e são conhecidos como terremotos. Esses abalos ocorrem por razões diferentes:

Desmoronamentos internos superficiais – Causados pela dissolução de rochas subterrênas, quando ocorre infiltração de águas. São abalos fracos e ocorrem no Brasil.

Atividades Vulcânicas – Isto ocorre quando os vulcões colocam para fora o magma, deixando espaços vazios na crosta terrestre. As rochas ao se acomodarem nesses vazios provocam terremotos. No Brasil não temos nenhum vulcão ativo, devido a sua idade geológica muito antiga.

Movimentos Tectônicos – A litosfera, que é a camada superficial da Terra, está dividida em placas, chamadas de placas tectônicas, que se deslocam frequentemente, em razão das forças que atuam no interior da Terra.

Essas forças provocam um movimento lateral, que causa os terremotos.

1.4. AS GRANDES PAISAGENS CLIMATO-BOTÂNICAS

Dentre os fatores que exercem influência na caracterização e distribuição geográfica das formações vegetais destacam-se o clima, o solo e o relevo.

De todos, o que se acha mais intimamente relacionado e que maior influência exerce na distribuição das diferentes formações vegetais é o clima. Sua influência sobre a vegetação é exercida através de seus elementos fundamentais que são: umidade, calor, luminosidade e ventos.

AS PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETAIS Considerando-se que a vegetação acompanha o clima, e

levando-se em conta a existência das zonas climáticas, podemos reconhecer as seguintes formações climato-botânicas a partir do Equador em direção aos pólos.

Florestas Equatoriais e Tropicais – São encontradas ao longo da faixa equatorial e proximidades, constituindo-se nas mais imponentes formações vegetais do globo.

O calor e a umidade são permanentes e elevados, criando condições para a existência de uma grande variedade de espécies. São florestas que permitem intensa atividade de coleta, embora a proximidade das árvores entre si, dificulte a exploração.

A Floresta Amazônica (América do Sul) e a Floresta do Congo (África Central), são as duas maiores selvas equatoriais do mundo.

Savanas – São encontradas ao norte e ao sul das florestas equatoriais, em regiões de clima subúmido ou semi-árido com chuvas mais concentradas no verão.

As savanas são formadas pela associação de vegetação herbácea (rasteira) com árvores e arbustos esparsos na paisagem.

Os cerrados e as caatingas (Brasil), os ilhanos (Venezuela), o chaco (Argentina), o jângal (Índia) e o chaparral (Estados Unidos) são formações vegetais correspondentes às savanas africanas.

Vegetação Desértica – É a vegetação das regiões quentes e secas com amplitudes térmicas diárias e bem acentuadas. Quando a vegetação existe, é do tipo herbácea e de vida curta. Apenas nos oásis é que a vegetação apresenta melhor aspecto e maior importância.

Destacam-se duas faixas de desertos: uma no hemisfério norte com os desertos da Califórnia (EUA), Saara (África), Arábia e Thor (Ásia) e outra no hermisfério sul com os desertos da Atacama (Chile), Kalaari (África) e o Grande Deserto Australiano.

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Florestas Temperadas e Subtropicais – Caracterizam as regiões temperadas onde as estações do ano são mais distintas e as chuvas bem distribuídas durante o ano.

Por ocuparem regiões que sofreram grande ocupação populacional e forte urbanização, essas áreas foram amplamente destruídas.

A Europa Central e Ocidental, as porções oriental e ocidental dos Estados Unidos, o Japão, o Chile e a Nova Zelândia são as principais áreas de ocorrência dessas florestas.

Estepes e Pradarias – São formações herbáceas que chegam a ocupar grandes extensões em todos os continentes. São próprias para criação do gado.

Aparecem na porção central da América do Norte, na Europa Central, na Rússia, na Argentina, na África, na Austrália e no Brasil, com o nome de campos.

Floresta Boreal ou de Coníferas – Esse tipo de floresta é encontrada nas áreas de altas latitudes e com invernos muito frios. Seu aspecto homogêneo e a facilidade de penetração são alguns dos fatores que a tornaram uma das mais exploradas economicamente.

As coníferas cobrem grandes extensões do norte canadense, europeu e asiático.

Tundras – Essa vegetação se encontra no norte das coníferas, ocupando as regiões geladas do extremo norte canadense, da Europa e da Ásia. A Tundra permanece boa parte do ano coberta de gelo, só aparecendo durante o curto período de verão.

1.5. AS ÁGUAS CORRENTES E AS SUPERFÍCIES LÍQUIDAS

Os rios e os lagos desempenham importante papel na vida do homem, tanto como fonte de alimento, como fornecendo energia, ou ainda permitindo a navegação.

As civilizações antigas desenvolveram-se sempre ao longo de algum rio, como o Egito ao longo do rio Nilo, a Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, a Palestina, ao longo do rio Jordão.

BACIAS HIDROGRÁFICAS E SUA UTILIZAÇÃORios são correntes de água doce que se formam a partir de uma

precipitação, que pode ser em forma de chuva ou neve, ou de fontes, que são conhecidas como “olhos-de-água”. As fontes são bicas de água que surgem quando as águas se infiltram no subsolo e voltam novamente a superfície.

A nascente de um rio sempre se localiza em um ponto elevado do terreno. Da nascente até a foz, os rios aumentam o volume de suas águas, pois recebem águas de chuvas e afluentes.

Há vários termos usados para indicar os menores cursos de água: riacho, arroio, ribeirão, córrego, etc. O rio principal, que recebe os afluentes e subafluentes, forma um conjunto ao qual damos o nome de Bacia Hidrográfica. Por exemplo: a Bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica do mundo, é formada pelo rio Amazonas e um grande número de afluentes e subafluentes.

AS PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO MUNDO

Bacia do Mississipi-Missouri – É a maior bacia hidrográfica da América do Norte e uma das mais extensas do mundo.

O rio Mississipi, com uma extensão de 4.800 quilômetros, atravessa os Estados Unidos de norte a sul, desaguando no Golfo do México.

Sendo um rio de planície e desfrutando de uma localização geográfica bastante favorável, o Mississipi vem desempenhando desde há muito tempo um importante papel como meio de transporte e comunicações.

Bacia Amazônica – É a maior bacia hidrográfica do mundo, drenando uma área de 6.500.000 km2, sendo que cerca de 4.780.000 km2 estão localizados em território brasileiro.

Bacia de planície com rios muito extensos e caudalosos, a Bacia Amazônica tem se constituído no mais importante meio de transporte da Amazônia, sendo que seus rios desempenham ainda um importante papel como fonte de alimentação de boa parte das populações ribeirinhas através da pesca.

Bacia Platina – É a segunda maior bacia hidrográfica do mundo, drenando uma área total de 4.000.000 km2 em terras do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Essa bacia tem como principais formadores os rios Paraná, Paraguai e Uruguai.

O rio Paraná é predominantemente de planalto, apresentando inúmeras cachoeiras e um elevado potencial hidráulico, sendo o rio de maior aproveitamento hidrelétrico no Brasil.

O rio Paraguai é essencialmente de planície, o que torna navegável e de grande importância econômica no escoamento de produtos do Centro-Oeste brasileiro. O rio Paraguai nasce na porção central do Mato Grosso e, em seguida, penetra na planície matogrossense, onde a navegação é relativamente intensa. O principal porto da região é Corumbá. Em seguida, penetra no Paraguai e, posteriormente, vai juntar-se às águas do rio Paraná.

O rio Uruguai resulta da fusão dos rios Canoas e Pelotas, separa os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, separa a Argentina do Uruguai e deságua no Atlântico.

OS RIOS EUROPEUS Os rios da Europa são, em geral, de pequena extensão;

entretanto, desempenham um papel de grande importância na vida humana e econômica das regiões por onde circulam. Os principais rios são:

Volga – situado em território russo, nasce no planalto de Valdaí e após atravessar a planície russa em direção ao sul, vai desaguar no Mar Cáspio. É o mais extenso rio europeu e muito navegado.

Danúbio – rio internacional por excelência, o Danúbio banha terras de sete países e inclusive três capitais internacionais: Viena, Budapeste e Belgrado. O Danúbio nasce na Floresta Negra e deságua no Mar Negro.

Reno – apesar da pequena extensão que apresenta, 1.300 km apenas, o Reno é, sem dúvida, o rio mais intensamente navegado da Europa. Sua importância econômica, política e estratégica é muito grande. Ao longo dele, transportam-se cereais, máquinas e diversos outros produtos de grande valor.

Rios que banham Capitais Européias:Rios BanhaTâmisa - LondresSena - ParisTibre - RomaTejo - LisboaDanúbio - Viena, Budapeste e Belgrado.Vístula - Varsóvia

OS RIOS ASIÁTICOS O continente asiático apresenta uma hidrografia bastante

diversificada, indo desde os rios que permanecem parte do ano congelados, até aqueles do tipo temporários e ainda os extensos e caudalosos rios do sul e do leste do continente. Os principais são:

Yenissei, Obi e Lena – esses rios atravessam a Sibéria e vão desaguar no ártico.

Indo, Ganges e Bramaputra – são extensos e importantes nos aspectos econômicos e religioso e se originam na região do Himalaia e, após banharem a península indiana, vão desaguar no Índico.

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Azul (Yang-Tsé-Kiang) – possui uma extensão de 5.550.000 Km, sendo o maior rio asiático, que junto com o rio Amarelo (Hoang-Ho), constituem importante área de cultivo de arroz.

OS RIOS AFRICANOS No continente africano encontram-se o 1º rio mais extenso da

Terra (o Nilo) e o 2º em volume de água ( o Congo ou Zaire).Rio Nilo – nasce no lago Vitória e deságua no mar Mediterrâneo,

formando um amplo delta.Do lago Vitória onde nasce, ele sai com o nome de Nilo Branco

e dirige-se para o norte penetrando no Sudão, onde recebe o rio das Gazelas. Posteriormente é reforçado por afluentes vindos do maciço da Etiópia, sendo o principal o Nilo Azul. Isso permite que o rio Nilo possa atravessar 2.000 Km de deserto do Saara sem receber nenhum afluente, até alcançar o Mediterrâneo.

Rio Congo – com 4.600 Km de extensão é o segundo maior rio da África e o segundo do mundo em volume de água, estando a sua foz no Oceano Atlântico. Sendo um rio de planalto com inúmeras quedas d’água, apresenta elevado potencial hidráulico.

BACIAS LACUSTRES Da mesma forma que os rios, os lagos desempenham, muitas

vezes, papel importante nas atividades humanas e econômicas. A sua utilidade pode variar desde o transporte de produtos diversos e a prática da pesca com fins comerciais até atividades esportivas, recreativas e turísticas.

De acordo com a origem, existem diversos tipos de lagos, sendo os seguintes os principais: tectônicos, vulcânicos, residuais, de erosão, de barragem e mistos.

As dimensões dos lagos são as mais diferentes e não há um critério preciso para se diferenciar, por exemplo, um lago de uma lagoa. Devido à grande extensão, alguns lagos são chamados de mar ( mar Cáspio, mar de Aral, etc.); outros, por serem muito pequenos são chamados de lagoas.

ALGUNS DOS MAIORES LAGOS DO MUNDO

LAGOS LOCAL ÁREA (Km2)Cáspio Rússia - Irã 440.000Superior EUA - Canadá 82.500Vitória África Oriental 67.000Aral Rússia 66.000Huron EUA - Canadá 59.600Michigan EUA 58.000Baikal Rússia 33.000Tanganica África 32.500

1.6. OS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAISDesde a década de 70 a humanidade vem tomando consciência

de que existe uma crise ambiental no planeta. Não se trata apenas da poluição de determinadas áreas, mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres vivos. O notável acúmulo de armamentos nucleares ocasiona um sério risco de extermínio da humanidade.

Muitos outros problemas ambientais podem ser lembrados. Um deles é a contaminação de alimentos por produtos químicos nocivos à saúde humana, como agrotóxicos, adubos químicos, etc.

O rápido crescimento demográfico verificado nas últimas décadas, nas áreas subdesenvolvidas, exige consumo de recursos em escala cada vez maior.

Em vista disso, a tecnologia se desenvolve cada vez mais, diferenciando as sociedades e as classes sociais com relação à capacidade de usufruir os recursos naturais.

Mas acontece que o crescimento econômico é limitado por fatores de ordem econômica e material, isto é, pela disponibilidade de recursos naturais. Assim o crescimento da produção só é possível na medida em que diversos ecossistemas forneçam recursos materiais suficientes e transformáveis em riquezas, através da intermediação do trabalho.

O ritmo atual de exploração levará muitos dos recursos ao esgotamento, pelo simples fato de eles não serem ilimitados ou renováveis.

Por outro lado, esse “modelo” de sociedade está acarretando acentuada agressão ao meio ambiente, e os mecanismos auto-reguladores dos ecossistemas não conseguem atuar de forma satisfatória provocando desequilíbrios perigosos à vida em geral.

O homem é o principal elemento do espaço, pois ele é que o contrói, utilizando a natureza e operando em sociedade. Nessa medida, não apenas faz parte do espaço, como sobretudo é fundamental agente geográfico. Como essa ação é muito mais social que individual, a participação do homem refere-se à sua condição coletiva, ou seja, sua participação dentro da sociedade.

2.1. CRESCIMENTO, DISTRIBUIÇÃO E MOVIMENTO DA POPULAÇÃO

A população, objeto de estudo da demografia, é o conjunto dos homens. Daí a necessidade de conhecermos os principais fenômenos demográficos, estudando os aspectos mais importantes relativos à organização social e econômica, distribuição, crescimento, estrutura interna e mobilidade da população.

Distribuição Espacial - Tentativas de Explicação – O total de habitantes de um lugar constitui a sua população absoluta. A população absoluta da Terra é superior a 5.800.000.000 de habitantes.

Para avaliarmos concretamente a presença dos homens em determinado lugar, não basta apenas sabermos a população absoluta do lugar. É preciso que relacionemos o total de habitantes com a área ocupada, o que nos indica a população relativa do lugar.

A extensão total das terras emersas, que constituem os continentes, não é totalmente habitada pelo homem, pelo menos de modo permanente. Assim, a Antártida, continente gelado, onde está o Pólo Sul, e algumas ilhas próximas ao Pólo Norte são desabitadas.

O deslocamento de pessoas pelo planeta pressupõe causas estruturais geradoras do movimento. Muitos se deslocam por motivos religiosos, outros por problemas naturais, ou ainda por motivos políticos ou guerras. Mas o principal motivo dos grandes deslocamentos, é o econômico. Nas áreas de repulsão populacional, observa-se crescente desemprego, subemprego e baixos salários, enquanto nas áreas de atração populacional são oferecidas melhores perspectivas de emprego e salário, portanto, melhores condições de vida.

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR CONTINENTES

Há tipos diferenciados de movimentos populacionais: espontâneos, quando o movimento é livre; forçados, no caso de escravidão, e controlados, quando o Estado controla a entrada de imigrantes.

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O continente asiático, conforme observamos no quadro anterior, possui uma população muito grande, e alguns dos países mais populosos do mundo estão nesse continente, conforme mostra o quadro abaixo:

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR CONTINENTES

PAÍSES MAIS POPULOSOS DO MUNDO - 2012Países PopulaçãoChina 1.336.718.015Índia 1.189.172.906

Estados Unidos 313.232.044

Indonésia 245.613.043Brasil 203.429.773Paquistão 187.342.721Bangladesh 158.570.535Nigéria 155.215.573Rússia 138.739.892Japão 126.475.664

Fonte: U.S. Census Bureau, International Data BasePopulação mundial em 03 de maio de 2011

(aproximadamente): 6.916.103.120

A EVOLUÇÃO POPULACIONALOs historiadores calculam que no ano I da Era Cristã o número

de habitantes do nosso planeta estava por volta dos 250 milhões. A cifra de 500 milhões só foi atingida em 1650; de 1 bilhão, em 1850; de 2,5 bilhões, no anos de 1950. Em 1990 a população da Terras tinha pulado para cerca de 5,2 bilhões. Para o ano 2000 é prevista uma população superior a 6 bilhões.

Como se vê, o ritmo de crescimento demográfico intensificou-se com o tempo. Assim, a população mundial, que chegou a levar 1.650 anos para duplicar, mais do que o dobrou em apenas 40 anos – de 1950 a 1990. Alguns autores chamam esse crescimento recente de “explosão demográfica”.

Esse crescimento demográfico, contudo, não é o mesmo para todos os países. Em geral, é bem maior nas áreas de fraca industrialização e grande população rural e menor nas áreas bastante industrializadas e de grande população urbana.

A população de um país cresce através de dois processos: a diferença entre o número de pessoas que nascem e as que morrem. Esse crescimento é chamado de crescimento vegetativo.

A outra forma é o crescimento por imigração, ou seja, o número de pessoas que entram no país, oriundos de um outro.

A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO: IDADE, ATIVIDADE, RESIDÊNCIA

Para entendermos melhor a população de uma determinada área, é importante conhecermos sua distribuição nos diversos aspectos. Entre esses aspectos, alguns são de importância maior, tais como:

Distribuição por Idade – A estrutura etária de uma população consiste na sua distribuição por grupos de idades, principalmente em três faixas, a saber:

- jovens ( do nascimento até 19 anos)- adultos ( de 20 a 59 anos)- velhos ( de 60 anos em diante)

Nos países subdesenvolvidos, a grande maioria da população é formada por jovens, devido à alta natalidade e também à baixa expectativa de vida.

O contrário ocorre nos países desenvolvidos, que apresentam baixa natalidade e uma expectativa de vida bem elevada.

QUADRO COMPARATIVO DA SITUAÇÃO DEMOGRÁFICA EM ALGUNS PAÍSES

PaísNatalidade (por mil)

Mortalidade (por mil)

Crescimento Vegetativo

(%)

Expectativa de vida ao nascer

Noruega 12 9 0,94 81,0

Estados Unidos

14 8 0,90 79,6

Brasil 16 6 0,70 72,9

Índia 22 8 0,52 64,4

Somália 44 16Não disponível

50,4

Afeganistão 46 19 0,35 44,6

Fonte: IBGE, Países@, 2012

Se a estrutura etária da população é, por um lado, o reflexo imediato das condições sócio-econômicas, por outro, indica a situação geral de vida do país ou região, num circuito intimamente ligado.

Assim, os países considerados jovens, se pretendem libertar-se do subdesenvolvimento, têm que, entre outras medidas, destinar altas parcelas do seu orçamento para investimentos em saúde e educação, a fim de atenderem à maior parte da sua população.

No quadro abaixo podemos observar as diferenças etárias entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Distribuição por Sexo – Existe normalmente um equilíbrio de proporções entre o número de pessoas do sexo masculino e do sexo feminino. Apenas os países ou áreas de imigração possuem maior população masculina, enquanto as áreas ou países de emigração possuem maioria de mulheres. A diferença, contudo, raramente ultrapassa os 5 ou 6%. Em geral a taxa de mortalidade masculina é um pouco superior à feminina. Todavia, nas taxas de natalidade o equilíbrio se restabelece: a feminina é ligeiramente inferior à masculina.

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PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA POPULAÇÃO ATIVA 2012

Países PercentualDinamarca 59,65%

Hungria 43,84%Suécia 59,48%

Estados Unidos 57,44%Japão 49,20%China 67,46%Egito 23,90%

Rússia 56,53%Brasil 59,70%

Somália 37,73%Argélia 15,25%Índia 28,93%

Fonte: IBGE, Países@, 2012

Apesar de constituírem metade da população de cada país, as mulheres não desfrutam de condições iguais às dos homens. Em relação ao trabalho, por exemplo, a porcentagem de mulheres sobre o total da população economicamente ativa é sempre minoritária.

Os Setores de Atividade – A população ativa distribui-se em três setores de atividades econômicas:

- Primário – todas as pessoas que trabalham no campo ( agricultura, pecuária ou extrativismo)

- Secundário – todas as pessoas que trabalham nas indústrias- Terciário – todas as pessoas que trabalham em serviços, isto

é, no comércio, em bancos, no serviço público, em seguros, na educação, etc.

Devido à mecanização do campo e à urbanização, a porcentagem da população ocupada no setor primário tende a diminuir no mundo inteiro, até atingir uma média de 6 a 9% da população ativa.

O setor terciário é muito amplo e engloba tanto serviços importantes, como também atividades sem grande importância e às vezes até desnecessárias.

2.2. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO INDUSTRIALA indústria representou um marco importante na transformação

do meio e a organização de um novo espaço geográfico, consequência natural das transformações e inovações que a indústria vai trazer.

Entendendo-se que a indústria atravessou alguns estágios diferentes, que vão desde o artesanato, passando pela manufatura, até chegar numa indústria moderna, é fácil verificar que todo um meio natural sofreu as consequências diretas e indiretas dessas diversas fases.

Dessa forma, podemos afirmar que o mundo pós-indústria permitiu um espaço geográfico diferente do anterior.

RELAÇÃO ENTRE AS GRANDES CONCENTRAÇÕES URBANAS E INDUSTRIAIS.

Nos países mais industrializados da Europa, as taxas de população urbana cresceram a ritmos acelerados durante o século XIX.

O surto urbano-industrial do século XIX só foi possível graças a um conjunto de transformações que levaram ao aumento da produção agrícola. A cidade não produz alimentos, e depende do trabalho no campo para se abastecer. Esse conjunto de transformações, que se iniciou no noroeste da Europa, um século antes da Revolução Industrial, constituiu a Revolução Agrícola.

A introdução das culturas alternadas foi a mais importante dessas inovações. Durante a Idade Média, os campos de cultivo eram divididos em três partes, e a todo ano uma dessas partes ficava em repouso para evitar o esgotamento do solo. As novas culturas eliminaram a necessidade do repouso, possibilitando a utilização permanente de todas as terras cultiváveis.

De uma forma ou de outra, a urbanização se vincula à industrialização. Mas é preciso distinguir as interligações. Nos países industrializados a urbanização é decorrente da industrialização, enquanto nos países subdesenvolvidos a industrialização é uma necessidade da urbanização anômala.

Nos países industriais, a industrialização, de um lado libera mão-de-obra rural pela mecanização e, de outro, oferece condições de empregos urbanos. Isso provoca a migração campo-cidade, com o consequente aumento da população urbana, o que, por sua vez, vem agregar novas indústrias de consumo, comércio e serviços gerais.

Nos países subdesenvolvidos, a pressão demográfica no campo e, em alguns casos, a modernização agrícola, bem como o fascínio exercido pelas cidades provocam o êxodo rural nesses países. Esse aumento acelerado da população urbana ocasiona em grande parte, o subemprego e, ao mesmo tempo, exige o surgimento de indústrias de consumo, destinadas ao abastecimento da crescente população das cidades.

Por outro lado, as indústrias de consumo estimulam o surgimento de indústrias que lhes forneçam os equipamentos necessários; com isso, as atividades terciárias também são estimuladas.

PRINCIPAIS FATORES GEOGRÁFICOS DA LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL

O processo de transição do feudalismo ao capitalismo, no qual a Revolução Industrial é o acontecimento mais importante, representou também o surgimento de uma nova maneira de organizar os espaços geográficos.

No plano mundial, a localização dos grandes conjuntos industriais se explica por fatores históricos. Isto é, esses conjuntos existem ou deixam de existir conforme tenha ocorrido ou não a revolução industrial.

No âmbito regional e nacional, a localização das indústrias depende dos fatores de produção, cuja influência varia conforme o sistema sócio-econômico.

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Apesar de esses fatores citados serem de enorme importância, não podemos negar a importância da localização geográfica favorável para o desenvolvimento industrial. Cidades próximas ao litoral terão muito mais facilidade para escoar ou receber produtos. Além disso o próprio clima, relevo, hidrografia, ou outro fator geográfico poderá facilitar ou dificultar a instalação de uma atividade industrial.

A INDUSTRIALIZAÇÃO NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS E SUBDESENVOLVIDOS

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos surgiram como a grande potência capitalista, uma espécie de líder do “mundo ocidental”. Isso ocorreu devido às grandes perdas sofridas na guerra pelas antigas potências, Alemanha e especialmente a Inglaterra. Nas décadas que se seguiram, os Estados Unidos impuseram ao mundo capitalista um tipo de economia no qual o dólar era a moeda-padrão e aceita internacionalmente e a indústria automobilística o carro-chefe do crescimento econômico.

A Europa, após superar a grande destruição da Segunda Guerra Mundial, vai alcançar um grande desenvolvimento industrial, onde hoje, a Alemanha, a França, a Inglaterra e a Itália aparecem num plano de grande destaque.

Na Ásia, o Japão também superou a destruição, sendo hoje uma das maiores potências econômicas do mundo. Surgem também novas e fortes economias, como a Coréia, Cingapura e Taiwan.

A Indústria do Terceiro Mundo – Apesar de serem tradicionalmente nações voltadas para a produção de matérias-primas, os países subdesenvolvidos vêm experimentando, desde a Segunda Guerra Mundial, um processo de industrialização. Existem até alguns países do Terceiro Mundo que já podemos considerar industrializados, como o Brasil, a África do Sul, o México, a Argentina e outros.

A industrialização do mundo subdesenvolvido é do tipo substitutivo, ou seja, é um processo de criação de indústrias destinado a produzir internamente certos bens que eram importados.

Até mais ou menos o final da década de 40, a industrialização dos países subdesenvolvidos tinha como base capitais nacionais, ganhos nas exportações. A maior parte das nascentes indústrias de bens de consumo era de propriedade privada e nacional, ao passo que as poucas indústrias de base que foram surgindo eram de propriedade estatal.

A partir de 1949 ou 1950, as grandes empresas dos países capitalistas desenvolvidos começam a se expandir por todo o mundo capitalista, a abrir filiais em outros países desenvolvidos ou nos subdesenvolvidos. Elas passam as ser empresas multinacionais e, no Terceiro Mundo, compram ou provocam a falência de um grande número de empresas particulares, passando a dominar o mercado consumidor desses países.

2.3. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO AGRÁRIOO conjunto formado pela combinação dos diversos elementos

que envolvem qualquer atividade agrária constitui um fato agrário. Tais elementos variam no tempo e no espaço e, em consequência, os fatos agrários também ocorrem de maneira diferenciada ao longo da superfície terrestre. Entre eles, os principais são os fatores naturais, os sistemas agrícolas, os tipos de cultivos e a estrutura social agrária.

Dessa maneira, o homem organizou um espaço geográfico ligado muito fortemente a essas atividades, sendo que a agricultura é praticada em todos os países do mundo. Mesmo utilizando técnicas e métodos diferentes, ela contribui para alterar o meio natural, permitindo a fixação do homem nas diversas áreas do globo.

A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA ATIVIDADE AGRÍCOLA (LAVOURA E PECUÁRIA). SISTEMAS AGRÍCOLAS.

A agricultura é a atividade fundamental do meio rural e a sua função principal é fornecer alimentos e matérias-primas para o consumo mundial.

Como atividade agrícola, está na dependência dos fatores naturais, como o clima, o solo e o relevo; assim como dos fatores histórico-culturais e das técnicas empregadas pelas diferentes coletividades humanas, as formas de produção agrícola são bastante variadas.

Dos fatores naturais, destaca-se o clima como elemento de maior importância no comportamento das plantas. Sua influência é exercida tanto em relação às variações da temperatura como da umidade.

SISTEMAS AGRÍCOLAS O conjunto de técnicas empregadas pelo homem para obter

do solo produtos vegetais chama-se sistema agrícola. Este varia de acordo com a evolução histórico-social dos grupos humanos, cada qual nas condições naturais próprias do seu território.

Entre os sistemas agrícolas destacamos os seguintes:Sistema Extensivo – ocorre quando o solo é cultivado

ocupando-se grandes áreas, sem emprego de máquinas, adubos, ou outras técnicas. Corresponde ao sistema de roça no Brasil. A grande maioria dos países subdesenvolvidos empregam esse tipo de agricultura.

Sistema Intensivo – praticado em áreas onde o solo é cultivado intensamente. Praticado especialmente na Europa Ocidental, onde prevalece a mecanização.

Sistema de “Plantation” – foi introduzido nos países tropicais da América, Ásia e África a partir do século XVI pelos colonizadores europeus. O objetivo era o fornecimento de gêneros alimentícios e matérias-primas para as metrópoles européias. As principais características do “plantation” são: utilização de grandes propriedades, monocultura agroindustrial, mão-de-obra a baixo custo, podendo ser nativa ou escrava.

Sistema de Jardinagem – Esse tipo de agricultura é responsável pela utilização de pequenas porções de terra, onde existe grande subdivisão das propriedades. Nela encontramos uma mão-de-obra numerosa e a irrigação e adubação do solo são bastante difundidas.

Os cuidados até mesmo manuais do solo e das culturas em propriedades tão pequenas parecem justificar o uso comum de expressões como agricultura de “jardinagem” ou de “quintal”.

A PECUÁRIA A criação de animais reveste-se atualmente de uma importância

fundamental como fonte fornecedora de alimentos ricos em proteínas e de matérias-primas para a humanidade.

As formas de criação e as técnicas empregadas vão desde as mais primitivas até aquelas onde a especialização alcança níveis extremos.

Os fatores que mais contribuíram para o desenvolvimento e a modernização da pecuária foram os seguintes:

- O aumento gradual do consumo nos centros urbanos e a difusão dos produtos animais tanto nas cidades como nas zonas rurais, incentivando assim o desenvolvimento da pecuária como atividade econômica.

- O desenvolvimento dos meios de transporte e a difusão dos matadouros, frigoríficos e indústrias de conservas alimentícias.

- A modernização dos processos de frigorificação e de conservação da carne e do leite.

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- O desenvolvimento da Zootecnia, ciência ligada ao aprimoramento dos animais úteis ao homem.

Os Sistemas de Criação – Assim como a agricultura, podemos encontrar também na pecuárias formas diferente de criação:

Pecuária Extensiva – sistema de criação em que o gado é criado à solta, ocupando áreas extensivas e recebendo menores cuidados por parte dos criadores.

A pecuária extensiva comercial apresenta duas características dominantes quanto à finalidade: o aumento dos rebanhos e a produção de carne.

Pecuária Intensiva – sistema de criação em que o gado é criado em espaços mais reduzidos, recebendo melhores cuidados por parte dos criadores. As demais características são: grandes investimentos de capitais, emprego de técnicas modernas, cuidados médicos e alimentação adequada.

DIFERENCIAÇÃO ENTRE OS PRODUTOS AGRÍCOLAS DAS PAISAGENS TROPICAIS E TEMPERADAS

De acordo com a localização geográfica, destacamos dois grandes conjuntos de plantas: as plantas tropicais e as plantas temperadas. Observe o quadro abaixo:

PLANTAS ALIMENTARES

CLIMAS TROPICAIS

CLIMAS TEMPERADOS

Cereais Arroz, Milho, Sorgo, Milhete

Trigo, Centeio, Cevada, Aveia

Feculentas Batata-doce, Mandioca, Inhame Batatinha

Sacaríferas Cana-de-açucar BeterrabaBebidas Café, Chá, Cacau Vinho

Frutas Banana, Abacaxi Maçã, Uva, Pêssego

Leguminosas Feijões Ervilhas

PLANTAS INDUSTRIAIS

CLIMAS TROPICAIS

CLIMAS TEMPERADOS

Têxteis algodão, juta linhoBorracha seringueira, caucho -

Madeiras jacarandá, mogno, cedro pinho, carvalho

Oleaginosasamendoin,

castanha, babaçu, carnaúba, soja

oliveira, girassol, colza

Fumo tabaco, papoula -

Todavia, a distinção não é rígida, pois há plantas que possuem ampla capacidade de adaptação, ou seja, mesmo em regiões de clima não correspondente, podem ser cultivadas durante as estações favoráveis.

Além disso, com a ciência e a tecnologia modernas têm-se conseguido grandes conquistas em matéria de adaptação de plantas, especialmente com a obtenção de produtos hídricos e, sobretudo de variedades selecionadas.

A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS EO ABASTECIMENTO ALIMENTAR DAS POPULAÇÕES

Os cultivos comerciais consistem nas atividades que visam a um mercado de consumo, cujas exigências comandam a escolha dos produtos cultivados. São típicos da economia capitalista e dominam amplamente o espaço agrário da América Anglo-Saxônica e da Europa Ocidental. Nessas grandes regiões, as atividades agrícolas são feitas com técnicas modernas, que incluem a rotação de terras e policultura.

Por outro lado, a maior parte da agricultura ainda é praticada visando o auto-sustento de um grupo pequeno ou grande. Nessas áreas as técnicas agrícolas não aparecem e muitas vezes se pratica até a queimada para limpar o solo.

Nos últimos tempos, porém, os interesses capitalistas vão aos poucos conquistando novas áreas e, em consequência, os cultivos de subsistência tendem a desaparecer, ou pelo menos se modificar.

Assim, por exemplo, a antiga roça no Brasil era um sistema voltado para o autoconsumo. Mas hoje em dia isso quase não acontece mais, pois os pequenos agricultores, mesmo empregando a técnica da queimada, dão preferência a um ou mais produtos destinados à venda. Todavia, é muito comum manterem, paralelamente um ou outro cultivo para subsistência, geralmente feito nas terras mais pobres ou solos já cansados pela agricultura principal.

O continente africano também se especializa numa agricultura não de consumo interno, mais voltada para a exportação, aparecendo grandes plantations de cacau, café, amendoim e outros produtos tropicais.

Nos arredores dos centros urbanos, as atividades hortigranjeiras, caracterizam o chamado cinturão verde, onde o produto visa o consumo imediato do morador da cidade.

2.4. A URBANIZAÇÃO MUNDIALUrbanização é o processo de crescimento da população urbana

em ritmo mais acelerado que o crescimento da população rural. Ou seja, é o processo de transferência da população rural para o meio urbano.

Sob o ponto de vista qualitativo, urbanização é mais do que isso: é a transição de um padrão de vida econômica apoiado na produção agrícola para outro, baseado na indústria, no comércio e nos serviços.

Distribuição Rural-Urbana – quando se fala em população urbana e rural, pensa-se logo em cidade e campo. Existe uma divisão de trabalho entre o meio urbano (cidade) e o meio rural (campo). O meio rural fornece à cidade alimentação e matérias-primas para as indústrias e recebe dela os produtos manufaturados e os serviços urbanos (bancário, escolar, comercial, etc.).

Historicamente, o campo precedeu a cidade, ou seja, é bem mais antigo que ela. O campo poderia até viver sem a cidade, mas esta não sobreviveria sem ele, a não ser que já tivesse um tal grau de desenvolvimento tecnológico que produzisse os alimentos em laboratórios.

Após o século XIX, vem ocorrendo um contínuo crescimento do meio urbano à custa do meio rural, isto é, grande quantidade de pessoas transfere-se do campo para as cidades, processo esse, chamado de êxodo rural. Esse processo traz como consequência a urbanização.

Mas a urbanização não consiste simplesmente no crescimento das cidades. Para que ocorra, é necessário que o crescimento da cidade seja maior que a do campo, isto é, que a porcentagem da população urbana aumente em relação à população total do país ou da região. Assim, pode ocorrer um crescimento das cidades sem haver urbanização, desde que a população rural cresça em proporção igual à urbana. O crescimento das cidades não tem limites, podendo continuar indefinidamente. A urbanização, no entanto, tem limites. Em alguns países, naqueles em que a população urbana ultrapassa os 85% do total, parece que já os encontrou.

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AS DEZ MAIORES AGLOMERAÇÕES URBANAS DO MUNDO (milhões de habitantes)1950 1990 2000 2012

Nova York 12,3 Cidade do México 19,6 Tóquio 34,2 Tóquio 32,4Londres 10,3 Tóquio 18,1 Nova York 19,7 Seul (Coréia do Sul) 20,5Tóquio 6,8 Nova York 16,2 Seul (Coréia do Sul) 19,5 Cidade do México 20,4Xangai (China) 5,8 São Paulo 16,0 Jacarta 18,2 São Paulo 19,8Paris 5,4 Xangai 12,7 Cidade do México 18,1 Nova York 19,7Chicago 5,0 Pequim 10,8 São Paulo 17,8 Mumbai (Índia) 19,2Moscou 4,9 Buenos Aires 10,7 Kyoto (Japão) 17,2 Jacarta 18,9Buenos Aires 4,5 Seul (Coréia do Sul) 10,5 Mumbai (Índia) 17,0 Nova Délia (Índia) 18,6Calcutá (Índia) 4,4 Rio de Janeiro 10,0 Manila (Filipinas) 16,7 Osaka-Kobe-Kyoto 17,3Los Angeles 4,0 Los Angeles 9,3 Cairo 15,7 Xangai 16,6Osaka (Japão) 3,8 Bombaim (Índia) 9,0 Nova Déli (Índia) 15,2 Grande Manila 16,3Milão (Itália) 3,6 Calcutá 8,5 Moscou 14,0 Hong Kong-Shenzhen 15,8

2.5. A GLOBALIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS GRANDES BLOCOS ECONÔMICOS

OS DIFERENTES NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOA economia em dimensões mundiais sempre existiu. Quando da época das Grandes Navegações, diferentes povos se aventuravam em

busca de novos mercados, ou a procura de novas riquezas, isto já representava um contato em termos mundiais entre os homens.Porém, as mudanças que o mundo sofreu ao longo dos séculos, especialmente nesse final de século XX, nas ciências, nas tecnologias de

desenvolvimento de produção, nas atividades financeiras e comerciais, nota-se um rápido crescimento e adequação ao processo de globalização.Nesse processo de globalização, os países ricos e desenvolvidos possuem grande vantagem pois detêm uma moderna produção e uma

alta tecnologia e o comando da informação e consequentemente o poder de decisões.Dessa forma, a globalização tem servido para um domínio ainda maior dos países desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos e permitindo

em muitas situações um distanciamento maior entre os ricos e os pobres.Hoje, não temos mais a disputa entre capitalismo e socialismo, porém essa disputa ocorre dentro do próprio bloco capitalista entre as

grandes potências econômicas.O mundo continua dividido de uma maneira muito clara entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

O MUNDO DESENVOLVIDO E O SUBDESENVOLVIDOOs países desenvolvidos estão localizados quase todos no hemisfério norte e a maioria pertence ao continente europeu.Pertencem a ele os povos que têm melhores condições de vida do mundo: melhor alimentação, maior consumo de eletrodomésticos,

automóveis, roupas, maior acesso à habitação, mais oportunidade de empregos.São em geral chamados de “sociedade de consumo”, nas quais a moda tem um papel muito importante e as mercadorias se renovam

bastante, o que leva a um consumo cada vez maior.Entre os países desenvolvidos, a vida política também é diferente: a Constituição representa a vontade da população, os governantes são

eleitos pelo povo, há direito de greve e liberdade de imprensa.É evidente que isso é relativo. A democracia nunca é perfeita e acabada, nem poderia ser, pois ela consiste num conjunto de direitos e

reivindicações, que se aperfeiçoam com o passar do tempo.Sabemos que ainda existem muitas desigualdades e injustiças entre os países desenvolvidos. No entanto, elas são menores do que as

existentes nos países subdesenvolvidos. Com o salário que recebem, um lixeiro ou uma empregada doméstica nos Estados Unidos podem comprar uma casa, alimentar-se bem todos os dias, ter um carro modesto, vestir bem os filhos e mantê-los na escola. Um trabalhador norte-americano ou inglês recebe em média dez vezes mais que um trabalhador brasileiro ou mexicano para executar as mesmas tarefas.

Isso talvez ajude a explicar a estabilidade política nos países desenvolvidos, ou seja, a existência de uma diferença social não tão violenta entre ricos e pobres, como a existência nos países subdesenvolvidos.

Outras pessoas, no entanto, atribuem o elevado padrão de vida nos países desenvolvidos à tradição de organização e de luta dos trabalhadores.

Na realidade, as duas explicações se completam e juntas nos ajudam a entender o elevado nível existente nesses países.A maioria dos países subdesenvolvidos têm passado colonial, isto é, foram dominados economicamente, politicamente e culturalmente

por metrópoles europeias que a eles impuseram o colonialismo e o imperialismo.

Como exemplo podemos citar:- o Brasil, explorado pelos portugueses;- a maior parte dos países da América Latina, foram explorados pelos espanhóis;- os países africanos, foram explorados pela França, Inglaterra, Bélgica, Portugal e outros:- muitos países asiáticos também foram explorados pelos países europeus, Japão e Estados Unidos.Os países subdesenvolvidos abrangem bem mais da metade da população mundial, possuindo em geral fraca industrialização e uma

economia voltada para o setor agropecuário. Mas há exceções: alguns países subdesenvolvidos são bastante industrializados, exportando mais bens manufaturados do que matérias-primas. É o caso do Brasil, do México, da Argentina, da África do Sul, da Coréia do Sul e de Formosa, entre outros.

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Uma característica marcante entre os subdesenvolvidos é a dependência em relação aos países centrais ou desenvolvidos. Essa dependência vem desde a época colonial e ela é de ordem estrutural, comercial, financeira, cultural e tecnológica. A dependência estrutural refere-se à economia interna dos países subdesenvolvidos, fortemente influenciada, ou até comandada pelo interesses estrangeiros. Nesses países é marcante a presença de filiais de empresas estrangeiras, que enviam seus lucros à matriz, localizada em países desenvolvidos. Os melhores solos agrícolas dos países pobres são usados na produção de gêneros para exportação e não para alimentar o povo. A dependência comercial caracteriza-se pelas trocas, importações e exportações, desfavoráveis: as nações subdesenvolvidas vendem, por baixo preço, mercadorias produzidas com muito trabalho e mão-de-obra mal remunerada, e compram bens industrializados por preços elevados. A dependência financeira refere-se às dívidas dos países subdesenvolvidos. São os empréstimos contraídos com bancos e empresas financeiras internacionais. O pagamento dessas dívidas sacrifica muito a economia dessas nações. A dependência cultural e tecnológica refere-se a importação, pelos países subdesenvolvidos, de tecnologia e padrões culturais elaborados no exterior e que muitas vezes são inadequados para a realidade dos países subdesenvolvidos.

A nova ordem mundial já não se caracteriza pela competição ou disputa ideológica entre capitalismo e socialismo, como foi na época da Guerra Fria. A nova ordem que se estrutura atualmente tem como característica principal a competição econômica entre países e blocos de países. Surgem hoje no mundo, países poderosos no aspecto econômico, influenciando fortemente aqueles de menor desenvolvimento.

No continente americano, Estados Unidos e Canadá são as duas forças maiores; na Europa, os países ocidentais, especialmente a Alemanha; na Ásia, o Japão continua sendo a grande potência econômica.

3.1. ESTADOS UNIDOS E CANADÁ LOCALIZAÇÃOOs Estados Unidos e o Canadá fazem parte da chamada América Anglo-Saxônica e estão localizados inteiramente nos hemisférios norte

e ocidental. A América Anglo-Saxônica estende-se de forma alongada desde o pólo norte, além dos oitenta graus de latitude norte até quase o Trópico de Câncer, a 25 graus de latitude norte; longitudinalmente, fica entre 10 e 180 graus de latitude oeste. Essa disposição coloca os EUA e o Canadá nas zonas climáticas temperadas e nas áreas polares. Nos limites territoriais temos ao norte, o Oceano Glacial Ártico; ao sul, o México; ao leste, o Oceano Atlântico; ao oeste, o Oceano Pacífico. A América Anglo-Saxônica tem 6 fusos horários. Sabemos que esses países tiveram uma ocupação bem diferente dos países que formam a América Latina e que foram colonizados por portugueses e espanhóis. Os ingleses, que ocuparam essa parte da América, vieram com seus bens e famílias e desde cedo começaram a ocupar a área de uma maneira que lhes permitissem retirar dela condição dignas de sobrevivência. Dessa maneira, Estados Unidos e depois o Canadá se tornaram em grandes potenciais industriais. Indústria no Estados Unidos – Enormes recursos naturais, mais variados e abundantes que os da Europa, constituíram fator importante para o grande desenvolvimento norte-americano. Após a guerra de 1914/1918, os Estados Unidos conquistaram o primeiro lugar entre as nações industriais. Uma concorrência acirrada entre as empresas industriais provocou, simultaneamente, o aperfeiçoamento tecnológico e a diminuição de custos. A indústria norte-americana se concentra no chamado Nordeste, a região da megalópole, e junto aos Grandes Lagos (siderurgia, metalurgia, máquinas e veículos). As grandes cidades norte-americanas constituem também grandes centros industriais.

3.2. EUROPA OCIDENTALAs fronteiras políticas dos países europeus, já passaram por várias modificações, principalmente após as duas Guerras Mundiais. Hoje,

novas mudanças ainda ocorrem motivadas principalmente pela queda do socialismo soviético.

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Porém, a parte ocidental não sofreu as mudanças ocorridas na parte oriental e que era dominada pelo sistema socialista. Dessa maneira os países da Europa Ocidental continuam sendo os mais desenvolvidos.

Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa Ocidental tem passado por grandes mudanças numa conjuntura internacional complexa, transformando-se num dos mais importantes blocos do poder econômico.

A União Européia reúne países que estão dentre os de maior concentração de riquezas do mundo. Entre esses países destacamos a Alemanha, a França, a Inglaterra e a Itália. Além desses, encontramos vários países com grande desenvolvimento especialmente no campo social.

Indústria na Alemanha – Apesar de ficar destroçada após a Segunda Guerra Mundial, esse país se reconstruiu através do Plano Marshall, que foi uma ajuda direta dos Estados Unidos aos países destruídos pela guerra.

Hoje, é a economia mais importante da Europa Ocidental e junto com a França, Inglaterra e Itália, formam as quatro maiores forças industriais da Europa.

As indústrias de base continuam sendo de fundamental importância para a Alemanha, tanto que as poderosas empresas siderúrgicas instaladas próximas de suas grandes jazidas de carvão, principalmente no vale do Ruhr, constituem algumas de suas multinacionais mais notáveis.

A unificação das duas Alemanhas, formalizada em 1990, representou na realidade uma anexação da parte oriental pela parte ocidental. A partir daí começou a ocorrer uma verdadeira desmontagem do parque industrial da ex-Alemanha Oriental, para adaptar essas empresas às normas de produção e tecnologia da ex-Alemanha Ocidental.

Indústria na Inglaterra – O processo de industrialização começou na Inglaterra, onde o mercantilismo se aliou com as primeiras invenções técnicas do século XVIII.

A Inglaterra foi a primeira nação industrial do mundo e manteve esse hegemonia até a Primeira Guerra Mundial.

A Indústria se apoiou em uma base geográfica favorável: o extrativismo mineral do carvão, a partir do qual se desenvolveram as indústrias siderúrgicas, mecânicas, etc. Aliado à energia e a química do carvão, o processo industrial inglês foi consequência do avanço tecnológico da indústria têxtil.

Essa por sua vez era acompanhado por uma ampla infra-estrutura de transporte, de comércio e de controle de áreas de abastecimento à indústria local, carente de outras matérias-primas fundamentais.

Indústria na França – A França vem desenvolvendo um crescente esforço de modernização e diversificação de seu parque industrial, ocupando posição de vanguarda na Europa, em tecnologias avançadas, como indústria nuclear, informática e aviação, entre outras.

As áreas que apresentam uma maior concentração são as seguintes:

Norte – Favorecido pelas facilidades de importação de matérias-primas e exportação de produtos industriais pelo porto de Dunquerque.

Lorena – Destaca-se pelas jazidas de minério de ferro e minas de carvão na fronteira com a Alemanha. Também merece um destaque especial a siderurgia e carboquímica.

Paris – Apresenta o parque industrial mais diversificado, concentrando 50% das indústrias mais dinâmicas do país, inclusive automobilística e aeroespacial.

Sul – Nessa área existem recursos energéticos, como carvão, linhita e hidreletricidade, de matérias-primas como bauxita e outros minerais, favorecendo dessa forma a concentração de indústrias siderúrgicas, mecânicas e eletroquímicas.

Indústria na Itália – Na Itália há grandes contrastes regionais quanto à estrutura fundiária. No norte e no centro, regiões mais industrializadas que se destacam por grandes concentrações fabris, como por exemplo, as de Milão, Turim, Gênova e Roma. As propriedades rurais são pequenas e intensamente exploradas, como as da planície do Rio Pó.

No Sul, a estrutura é diferente predominando grandes propriedades rurais, conservando ainda técnicas tradicionais.

3.3. O LESTE EUROPEU E OS PAÍSES DO ANTIGO BLOCO SOVIÉTICO

A Europa Oriental é a porção localizada entre a Europa Ocidental, a oeste e o território abrangido pela Comunidade de Estados Independentes (CEI), a leste. Do ponto de vista físico, em alguns aspectos, possui características do espaço natural da porção ocidental.

Destacamos nessa parte da Europa três regiões naturais distintas:

- planície Germano-Polonesa;

- terras altas e planícies do centro;

- terras altas e planícies meridionais

As florestas temperadas é o tipo de vegetação predominante e o clima é mais rigoroso que o da parte ocidental, devido especialmente à influência da continentalidade.

Implantação do Socialismo – Terminada a Segunda Guerra Mundial, em 1945, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), tornou-se uma grande potência e sua influência se espalhou por toda essa parte européia fazendo com que os países adotassem o regime socialista. Dessa forma, exceção da Albânia e da Iugoslávia, os demais países passaram para a esfera soviética.

Esse momento marca a grande disputa entre Estados Unidos e União Soviética, período chamado de Guerra Fria, ocasião que foram criadas duas grandes organizações, ou alianças militares: a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), formado por países ocidentais, comandados pelo Estados Unidos e o Pacto de Varsóvia, constituído por países socialistas e sob o comando da URSS.

A década de 80 marcou o início das grandes mudanças que iriam ocorrer na Europa, no plano político e econômico, com a desintegração da URSS.

A partir do fim dessa década, os países da Europa Oriental, tiveram de inserir-se numa economia muito diferente, ou seja uma economia de mercado.

No aspecto político tivemos a divisão da URSS; a queda do muro de Berlim, com a unificação das duas Alemanhas; a divisão da Tchecoslováquia e a fragmentação da Iugoslávia, onde a guerra ainda continua até nossos dias.

As mudanças econômicas levaram os países a se submeter às reformas exigidas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), dos quais obtiveram empréstimos.

A República Tcheca, a Eslováquia, a Hungria e os países bálticos ( Estônia, Letônia, e Lituânia), juntamente com a Polônia, têm conseguido alguns avanços no campo econômico, mas os problemas sociais são sérios, com elevada inflação, desemprego e endividamento externo.

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Os países mais industrializados da Europa Oriental são a Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslovênia e Croácia, com parques industriais voltados para as indústrias siderúrgicas, mecânicas, metalúrgicas, químicas, eletrônicas, etc.

A Rússia, que chegou a superar os Estados Unidos em vários setores industriais, é hoje, um país mergulhado numa série crise econômica, com um empobrecimento muito grande da população.

3.4 AMÉRICA LATINA

É a parte do continente localizada no hemisfério ocidental, sendo atravessada pela linha do Equador, o que faz com que tenha terras tanto no hemisfério Norte, como no hemisfério Sul.

Compreende o México, toda a América Central e do Sul. Dessa forma, apenas Estados Unidos e Canadá não estão incluídos na América Latina.

Por estar predominante na faixa tropical, possui clima quente e úmido, florestas equatoriais e tropicais exuberantes.

O relevo da parte ocidental é muito elevado, aparecendo na América do Sul a Cordilheira dos Andes.

Essa parte do continente possui algumas das maiores bacias hidrográficas do mundo: Bacia Amazônica, Bacia platina, Bacia do Orenoco, Bacia do São Francisco.

Formas de Ocupação do Território – Durante a colonização, os países latino-americanos tiveram suas riquezas exploradas para atender aos interesses do comércio europeu. Foram organizados com a finalidade de fornecerem matérias-primas e produtos agrícolas para as metrópoles européias.

A partir do início do século XIX, a influência inglesa foi muito forte em toda a América Latina, influência essa que se manteve forte até a Segunda Guerra Mundial.

Com o tempo cresceu a influência dos Estados Unidos no continente em detrimento da hegemonia da Inglaterra. Através de uma guerra intencionalmente provocada, os Estados Unidos tomaram grande parte do território mexicano.

Apoiaram ditadores, participaram de invasões, enfim, sempre usaram todos os métodos para satisfazer seus interesses.

Outra forma de controle foi a instalação de grandes empresas norte-americanas nos países da América Latina.

Todo esse processo de exploração e essa influência dominadora no presente fizeram com que todos os países latinos-americanos apresentem um estágio de subdesenvolvimento.

O Espaço Agrário da América Latina – Encontramos na América Latina grandes desigualdades na distribuição de terras. A concentração é muito forte nas mãos de poucos proprietários, enquanto a grande maioria não dispõe de nenhum pedaço de terra para cultivar.

De modo geral a atividade agrícola é a principal atividade e a ausência de uma diversificação fragiliza as economias nacionais.

A atuação de empresas multinacionais nos setores agropecuários e agroindustrial é muito grande. Um exemplo, é a empresa norte-americana United Fruit Company, que controlou durante longo tempo praticamente toda a produção agrícola em vários países latinos.

A pecuária também é bastante difundida e a criação extensiva ocupa enormes áreas, enquanto a intensiva é praticada próxima dos grandes centros urbanos e com modernas técnicas.

A exploração de minérios é outra fonte de riquezas, destacando-se o petróleo na Venezuela; o ferro, manganês e bauxita no Brasil; o cobre no Chile, etc.

Atividade Industrial – A América Latina, desde o início de sua ocupação, tornou-se uma área onde se produzia produtos primários voltados para exportação e que sempre teve de importar produtos manufaturados.

Essa situação muda um pouco a partir da Segunda Guerra Mundial, quando os países latino-americanos passam por um processo de desenvolvimento econômico e a indústria passa a ocupar um lugar de destaque em alguns países.

A entrada de multinacionais torna-se forte a partir da década de 50, especialmente empresas norte-americanas, que vão encontrar nesses países mão-de-obra barata, abundância de matéria-prima, mercados compradores e remessa dos lucros para os países de origem.

De um modo geral a grande maioria dos países latinos ainda estão ligados a uma economia agrária, e apenas Brasil, Argentina e México experimentaram um maior desenvolvimento, sendo responsáveis por cerca de 80% da produção industrial dessa parte da América.

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Apesar de dispersa, podemos destacar alguns áreas de grande importância. As principais são:

Brasil – Destaca-se a região de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, considerada a maior área industrial da América Latina. Outras regiões que merecem destaque são Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, etc.

Argentina – Os principais centros industriais são Buenos Aires, Córdoba, Mendonza, Santa Fé. Nesse país a produção mineral, junto com a agropecuária, permitem a existência de um parque industrial diversificado.

México – A Cidade do México, Guadalajara, Puebla e Monterrey são os principais centros industriais do país. A grande produção de petróleo tem sido importante para sustentar a indústria petroquímica.

3.5 JAPÃO E CHINAO Japão é um país de pequenas dimensões territoriais, estando

localizado em território instável, sujeito a terremotos. É um país predominantemente montanhoso e com um subsolo muito pobre.

A origem do povo japonês remonta a milhares de anos antes de Cristo e no início da era Cristã, o Japão estava dividido em numerosos e pequenos territórios independentes, com governos próprios e que sempre faziam guerras ente si.

Hoje sua população é superior a 120 milhões de habitantes, resultando numa densidade demográfica de cerca de 337 hab/km2.

Sua economia é uma das mais dinâmicas do mundo, possuindo uma agropecuária que tem de aproveitar todos os espaços disponíveis e utilizar uma tecnologia avançada para vencer as adversidades naturais.

Indústria no Japão – Terminada a Segunda Guerra Mundial, o Japão estava arrasado, sendo até vítima de duas bombas atômicas. Os Estados Unidos tornavam-se a superpotência do mundo capitalista e passava a investir tanto na Europa, como no Japão.

Diante de problemas surgidos a partir de 1970, o Japão precisou reavaliar sua política de desenvolvimento econômico. As indústrias de tecnologia de ponta passaram a ser priorizadas, realizando-se internamente pesquisas necessárias aos setores de eletrônica, robótica, etc.

Os efeitos dessa mudança de rumo não tardaram a aparecer e atualmente o Japão compete vantajosamente com os Estados Unidos em diversos setores como a eletrônica e a informática.

Apesar de todo esse progresso industrial, o Japão é extremamente carente em matéria-prima e fontes de energia. O país possui reduzidas reservas de combustíveis fósseis e de minérios, que há muito são insuficientes para atender às necessidades de sua indústria.

China – A República Popular da China é o terceiro país mais extenso do mundo, sendo o mais populoso, com mais de 1 bilhão e 200 milhões de habitantes.

O seu território apresenta espaços bem diferentes, onde encontramos desde grandes montanhas, até imensas planícies.

A civilização chinesa é uma das mais antigas do mundo e desde o ano 2.200 a.C., ocupavam o vale do rio Amarelo. Foi uma civilização que resistiu a lutas, dificuldades, ataques, mas nunca desaparecendo.

Atividades Econômicas – Na China, a agricultura é uma atividade milenar, contribuindo com quase 20% do Produto Interno Bruto. Sua produção é grande e variada , porém o arroz, trigo, milho e soja são os principais produtos.

Sua pecuária também é muito importante, possuindo inclusive alguns dos maiores rebanhos do mundo. Uma criação doméstica de porcos, cabras e galinhas, também é muito importante para toda a população.

Indústria Chinesa – Após a revolução comunista o setor industrial foi marcado pela descentralização com inúmeras pequenas indústrias se espalhando por todo o país.

O dinamismo econômico que tomou conta do país atingiu, também, como por exemplo, as pequenas indústrias rurais, transformadas em empresas. Hoje, elas são produtivas, e muitas estão integradas ao setor de exportação.

Com a mão-de-obra abundante e barata, a China tem atraído para o seu território empresas de outros países, que têm transferido capital, tecnologia, experiência administrativa. Estas empresas estão apresentando grande crescimento econômico e estão concentradas, principalmente no setor de brinquedos, roupas, calçados e outros. Multinacionais como a Volkswagem, Motorola e Boeing, possuem grandes investimentos na China.

3.6 SUL E SUDESTE ASIÁTICO E ORIENTE MÉDIOO Sudeste Asiático é formado por inúmeras ilhas e uma parte

continental.

A parte insular compreende ilhas montanhosas e algumas possuem inúmeros vulcões.

É uma região de temperaturas elevadas e grande pluviosidade. As variações na quantidade de chuvas são acentuadas, motivadas principalmente pelas monções, existindo um período muito seco.

A população dessa parte do continente asiático é muito numerosa, chegando perto dos 500 milhões de habitantes.

Sua economia apóia-se na exportação de produtos minerais, destacando-se o petróleo, minério de ferro, alumínio, ouro e muitos outros.

A produção industrial é, ainda, pouco expressiva na maior parte dos países do Sudeste Asiático, resumindo-se aos setores de beneficiamento de produtos agrícolas.

Os Tigres Asiáticos – São os países que nas últimas décadas experimentaram um grande desenvolvimento, especialmente no campo industrial.

Cingapura – Possui uma indústria em que a industrialização do estanho vindo da Malásia é muito importante. Computadores, eletrodomésticos, máquinas, produtos alimentícios e têxteis figuram como os mais importantes do país.

Taiwan – Possui uma área de apenas 36.000 km2, com uma população de mais de 20 milhões de habitantes.

Quando da revolução chinesa, essa ilha separou-se do restante do país, adotando uma economia capitalista.

As atividades industriais constituem o setor mais importante da economia do país. Sua produção está ligada principalmente ao setor de telecomunicações, informações, eletrônica, aeroespacial, entre outros. Mantém intenso comércio com vários países do mundo.

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Coréia do Sul – Corresponde à parte sul da península, que é dividida pelo paralelo 38º N, possuindo uma economia de mercado e um comércio bastante desenvolvido.

As empresas privadas, sendo a grande maioria multinacionais, predominam no setor industrial, que se destaca na produção de máquinas elétricas, motores para veículos, construção naval, aparelhos eletrônicos e muitos outros.

Oriente Médio – É a região em que os continentes europeus, asiático e africano estão mais próximos. É uma região em que diferentes civilizações existiram e que até hoje pode ser observada essa influência.

É uma região marcada por conflitos, especialmente entre árabes e israelenses, muito embora, nos últimos anos vários acordos de paz tenham sido assinados entre as duas partes.

Essa parte da Ásia possui condições naturais desfavoráveis, possuindo um clima muito seco.

Porém é uma região muito rica em petróleo, estando alguns dos seus países entre os maiores produtores do mundo.

3.7. ÁFRICAO Continente africano possui uma área de aproximadamente

30 milhões de quilômetros quadrados, o que representa cerca de 20% das terras emersas. Em seu território identificamos 53 países independentes, tratando-se, portanto, de um continente bastante fragmentado do ponto de vista político.

Com cerca de 27.000 quilômetros de extensão, o litoral africano é pouco recortado, fazendo da África um continente bastante compacto e com raros pontos de portos naturais.

Atravessado pela linha do Equador e pelo meridiano de Greenwich, possui terras nos quatro hemisférios da Terra. Sua área é predominantemente quente, possuindo o maior deserto do mundo: o Saara.

Possui alguns rios importantes, destacando-se o rio Nilo e o rio Congo.

A POPULAÇÃO, AS ETNIAS E A RELIGIÃO

A África possui uma população aproximada de cerca de 600 milhões de pessoas. Os países mais populosos do continente são o Egito, a Nigéria, a Etiópia, a África do Sul e o Congo (ou antigo Zaire). As maiores densidades aparecem na Tunísia, na Argélia, em Marrocos e na África do Norte e os maiores vazios na região do Saara. Na África 70% da população é rural e existem poucos centros urbanos, destacando-se Cairo e Alexandria, no Egito; Lagos, na Nigéria; Casablanca, em Marrocos, Kishasa, no Congo (ou antigo Zaire) e Argel, na Argélia.

Os negros somam 70% da população, e se sobressaem na chamada África Negra, que fica ao Sul do Saara, e os brancos somam 30% na África Branca, que fica principalmente na África do Norte.

Os grupos étnicos dominantes são os bantos, os sudaneses, e os beberes. Na África Branca, a religião predominante é o islamismo, e na África Negra , são numerosas as seitas animistas.

A ECONOMIA AFRICANA

A estrutura econômica montada pelos colonizadores condicionou de tal forma a economia dos países africanos que, mesmo após a independência, a quase totalidade deles continuou dependente de países europeus, principalmente, para a colocação de suas matérias primas vegetais e minerais no mercado mundial.

Após a sua independência, muitos países africanos procuraram o caminho da industrialização, e para isso tiveram que expandir suas estruturas através de financiamentos de países europeus que fizeram aumentar a dívida desses países com a cobrança de juros altíssimos. As guerras civis, a instabilidade política, as secas e as rivalidades étnicas aumentaram a cada dia a má situação econômica da África em geral.

Hoje em dia, a situação dos países da África do Norte ainda é um pouco melhor do que do restante do continente, e as economias do Egito, Argélia e Marrocos têm conseguido uma economia cada vez mais crescente.

As perspectivas de desenvolvimento dos países africanos dependem da solução de inúmeros problemas como déficit de produção alimentar, a enorme dívida externa, o alto índice de crescimento demográfico, os baixos índices de crescimento econômico, o baixo índice de alfabetização, os insuficientes investimentos externos e a grande falta de tecnologia. Todos esses fatores contribuem para que a África continue sempre atrasada economicamente e que a cada dia mais os problemas se acentuem com as diferenças sociais cada vez mais contraditórias.

Nessa segunda parte do nosso estudo vamos caminhar pelo Brasil, conhecendo seus diferentes aspectos físicos, sua complexidade econômica, sua riquezas, suas misérias, seu grande potencial e suas injustiças sociais. Vamos observar que os recursos são imensos e que devem ser transformados em riquezas e essas não fiquem apenas com uma minoria, mas possa ser compartilhada por todos.

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4.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ESPAÇO NATURAL BRASILEIRO

Observando o planisfério acima podemos ver que o Brasil está localizado na parte centro-leste da América do Sul, ocupando cerca de 47% das terras sul-americanas.

Podemos ainda observar que o seu território é atravessado pela linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio e que a maior parte está na zona tropical.

A linha do Equador atravessa o território brasileiro na cidade de Macapá, capital do estado do Amapá. Em consequência disso, o Brasil possui terras nos dois hemisférios: 7% no norte e 93% no sul.

O trópico de Capricórnio passa na altura da cidade de São Paulo. Isso significa que cerca de nove décimos do território brasileiro estão localizados na zona intertropical; apenas a extremidade sul do país faz parte da zona não tropical. A principal característica física do Brasil é, portanto, sua disposição predominante tropical. As consequências disso são muito numerosas e podemos percebê-las facilmente: predomínio de climas quentes e lavouras tropicais, existência de florestas densas e outros aspectos.

Ainda olhando para o planisfério, observamos que o Brasil, assim como todo o continente americano, está localizado no hemisfério ocidental, ou seja, a oeste do Meridiano de Greenwich.

Dessa forma, podemos ainda afirmar que de acordo com a localização geográfica o Brasil está predominantemente no hemisfério sul, parcialmente no norte e totalmente no hemisfério ocidental.

O Brasil é um país atlântico, pois seu litoral de 7.367 km de extensão está totalmente voltado para o oceano Atlântico.

Esse imenso litoral tem influência no clima, permitindo uma pluviosidade bem maior no litoral e limitando o efeito da continentalidade, impedindo mudanças muito bruscas na temperatura.

A forma e a grande extensão territorial do Brasil favorecem as relações do nosso país, com os demais da América do Sul, pois temos fronteiras com todos eles, exceção do Chile e do Equador.

Observando agora o mapa acima, podemos ver com mais clareza que as distâncias entre o norte e o sul e leste e o oeste, são muito parecidas. Dessa maneira podemos destacar como pontos extremos do nosso território os seguintes:

Norte – Serra do Caburaí, no estado de RoraimaSul – Arroio Chuí, no estado do Rio Grande do SulLeste – Ponto do Seixas, no estado da ParaíbaOeste – Serra da Contamana, no estado do Acre

RELEVO BRASILEIRO O território brasileiro é formado por terrenos muito antigos.

Por serem velhos, esses terrenos já foram muito desgastados pelas chuvas, pelos rios, pelos ventos, etc. Por esse motivo, o relevo não apresenta grandes montanhas, nem vales profundos.

Mais da metade do território brasileiro apresenta altitudes entre 200 e 800 metros e somente em alguns trechos, as altitudes são superiores a 800 metros.

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As terras com mais de 200 metros de altitude fazem parte de dois grandes planaltos: Planalto das Guianas e o Planalto Brasileiro.

O Planalto das Guianas está localizado no Norte do Brasil e se estende por terras da Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Nesse Planalto encontramos o ponto mais alto do território brasileiro: o Pico da Neblina, com 3014 metros, situado na divisa com a Venezuela.

Planalto Atlântico – Estende-se pela porção leste ou Oriental do país. No Sudeste ele apresenta grandes escarpas, chamadas de serras. Entre as principais destacamos a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar.

Planalto Meridional – Está localizado no sul do Brasil. Sua parte mais alta fica a leste, onde existem numerosas escarpas.

Planalto Central – Localiza-se no centro do país, ocupando também a porção oeste. Nesse planalto o relevo é geralmente suave, embora apareçam algumas serras e muitas chapadas.

As Planícies Brasileiras – Destacamos no conjunto do relevo brasileiro, três importantes planícies;

Planície Amazônica – É a maior do país e fica entre o Planalto das Guianas, ao norte, e o Planalto Central, ao sul.

Planície do Pantanal – É uma área de terras baixas que fica no sudoeste do Brasil, principalmente no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Planície Costeira – É formada por todo o conjunto de terras baixas junto ao Oceano Atlântico, sendo também conhecida como Planície Litorânea.

OS CLIMAS DO BRASIL

Predominam no Brasil os climas quentes, pois a maior parte do território brasileiro está localizado em áreas tropicais.

Podemos destacar no país 5 tipos de clima:Clima Equatorial – Apresenta temperatura média anual

superior a 25 graus, com chuvas abundantes e pequena amplitude térmica. Ocupa grande área da região Norte.

Clima Tropical – É também um clima do tipo quente e úmido e apresenta duas estações ao longo do ano: uma seca e outra chuvosa. A parte mais úmida, corresponde ao litoral, enquanto a parte menos úmida, é a que está localizada no Centro-Oeste do Brasil.

Clima Tropical de Altitude – Apresenta temperatura média anual mais baixa, devido a influência da altitude. Corresponde à parte elevada do sudeste brasileiro.

Clima Semi-Árido – aparece no sertão nordestino e caracteriza-se por apresentar grande escassez de chuvas, que além de ser pouca, aparece muito mal distribuída.

Clima Subtropical – É o clima do Sul do Brasil, área que está abaixo do Trópico de Capricórnio e apresenta as menores temperaturas do país, além de chuvas bem distribuídas ao longo do ano e a presença das quatro estações.

HIDROGRAFIA BRASILEIRA

O país apresenta uma grande riqueza fluvial, possuindo grandes Bacias Hidrográficas, porém é muito pobre em relação a lagos.

No mapa abaixo, podemos observar as principais bacias brasileiras e o percentual que elas ocupam no nosso território.

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS

Sabemos que a vegetação de uma área é o reflexo direto do clima existente nela. Dessa forma, no Brasil, vamos encontrar diferentes domínios morfoclimáticos, resultado dessa associação. Os principais são:

Domínio Amazônico – Clima quente e úmido, densas florestas e rios de grande volume de água.

Domínio do Cerrado – Clima tropical com verões úmidos, savanas e rios com períodos de estiagem no inverno.

Domínio da Caatinga – Clima semi-árido, vegetação xeromorfa, rios intermitentes e uma estação seca dominando.

Domínio das Florestas Tropicais – Clima tropical úmido, florestas densas e rios caudalosos.

Domínio das Terras Baixas do Interior do Rio Grande do Sul – Clima subtropical, com vegetação de campos e rios perenes.

Domínio da Mata de Araucária – Clima subtropical, verões brandos e inverno frio, domínio das matas de pinheiros.

4.2. A POPULAÇÃO BRASILEIRA

A população brasileira formou-se a partir de três grupos étnicos: o indígena, o branco e o negro. A intensa miscigenação ou cruzamento ocorrida entre esses grupos deu origem aos numerosos mestiços. Sobre essa base vieram juntar-se posteriormente outros grupos, tais como portugueses, italianos, espanhóis, etc. Vieram também um pouco depois, eslavos, germanos e asiáticos.

Assim sendo, podemos afirmar que a nossa população apresenta grande diversidade do ponto de vista étnico.

O Brasil possui hoje cerca de 185 milhões de habitantes. Isso faz da população brasileira a 5ª maior do mundo e 2ª da América.

Entretanto, desde 1960, o ritmo de crescimento da população tem diminuído. Atualmente a população brasileira cresce 1,4% ao ano, enquanto no início dos anos 1980 chegava a 2,5%.

Essa diminuição do ritmo de crescimento da população é consequência da diminuição da taxa de fecundidade. Taxa de fecundidade é o número de filhos que têm em média as mulheres em idade reprodutiva, especialmente entre os 15 e 40 anos.

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Essa mudança no ritmo de crescimento teve início em 1960, quando a população rural começou a migrar com mais frequência para as cidades. Se, por um lado, as mulheres mais pobres passaram a ter maior facilidade de utilização de métodos anticoncepcionais, por outro lado, tiveram de trabalhar fora de casa para contribuir com a renda familiar, devido ao elevado custo de vida.

Como resultado desse processo, a proporção de crianças na faixa etária de 0 a 4 anos, em relação ao total da população, vem diminuindo.

CONFRONTO ENTRE O LITORAL POVOADO E O INTERIOR VAZIO :

No Brasil, não há um extraordinário crescimento demográfico. Mesmo tendo crescido em 28 milhões de habitantes, de 1980 a 1991, em números absolutos, a extensão territorial brasileira ainda pode abrigar um número maior de pessoas.

A população relativa (número de habitantes por quilômetro quadrado) não é alta, pelo contrário, é baixa.

A grande concentração demográfica, cerca de 75% da população brasileira, encontra-se numa faixa de até 150 quilômetros do litoral. Aí estão situadas as áreas metropolitanas do país, exceção a Belo Horizonte.

Nessas áreas metropolitanas como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, verifica-se a existência de uma série de graves problemas sociais, tais como: falta de transporte e de habitação; carência de rede de esgoto, de luz e de água encanada, etc.

A concentração populacional no litoral vem desde a época em que o Brasil era colônia de Portugal. A criação de cidades litorâneas facilitava a comunicação com a Metrópole e, como a produção brasileira era voltada para a exportação, facilitava também o transporte dos produtos aos portos.

Como exemplos disso têm-se o cultivo da cana-de-açúcar no Nordeste e, após a proclamação da independência, o do café no Sudeste, ambas as culturas situavam-se próximas do litoral, dos portos.

No desenrolar da economia nacional, quase todos os seus ciclos econômicos, ou seja, pau-brasil, cana-de-açúcar, pecuária, mineração, algodão, café, foram desenvolvidos próximos do litoral, até culminar com o grande desenvolvimento da indústria, que ocorreu inicialmente no eixo Rio São Paulo.

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS, EVOLUÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS E REGIÕES BRASILEIRAS.

A população brasileira apresenta distribuição geográfica muito irregular, mostrando como já vimos, uma forte concentração no litoral.

A regra geral, no Brasil, é a diminuição progressiva da população absoluta e das densidades demográficas, no sentido litoral-interior do país.

BRASIL: POPULAÇÃO ABSOLUTA E DENSIDADE DEMOGRÁFICA POR REGIÕES

REGIÃO POPULAÇÃO ABSOLUTA

ÁREA (KM²)

DENSIDADE (hab/km²)

CENTRO-OESTE 13.677.475 1.604.852 8,26

NORTE 15.868.678 3.869.637 3,77SUL 27.384.815 575.316 47,59

NORDESTE 53.591.197 1.556.001 32,00SUDESTE 80.779.802 927.286 84,21BRASIL 191.298.967 8.533.092 22,41

Fonte: Anuário Estatístico, IBGE, 2012

Nas duas grandes regiões Norte e Centro-Oeste, estão apenas 12,7% da população brasileira.

As áreas muito povoadas do Brasil são as seguintes:* Litoral do Nordeste – É uma área conhecida como Zona da

Mata nordestina, porque existia a Mata Atlântica. Hoje em dia, a floresta primitiva é quase inexistente, pois vem sendo destruída desde o início do povoamento do Brasil.

* Recôncavo Baiano – É a área que circunda a cidade de Salvador, no Estado da Bahia.

* Sudeste – É a área que engloba as cidades de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, bem como as cidades vizinhas.

O nosso país apresenta uma grande área quase despovoada. De modo geral ela está localizada na Amazônia, ou seja, a área primitivamente coberta pela floresta Amazônica. Dentro dela há lugares totalmente despovoados.

Além disso, temos grandes áreas pouco povoadas. Essas áreas incluem o interior do Nordeste, também conhecido como sertão nordestino, e o Centro-Oeste do Brasil.

Sabemos que os primeiros colonizadores ocuparam primeiro a planície litorânea. Depois, ao avançarem para o interior, encontraram dificuldades par ultrapassar as escarpas do Planalto brasileiro .

Como você já sabe, as escarpas ou encostas são chamadas de serras. Além disso, os solos da Planície litorânea eram muito ricos para a plantação de cana-de-açúcar, feitas pelos colonizadores portugueses. Portanto, a distribuição da população brasileira foi influenciada por fatores históricos.

Qual será a principal explicação de altas densidades demográficas no Recôncavo Baiano desde o início de nossa colonização? E no Sudeste? Recorrendo mais uma vez ao estudo da História, podemos observar que os portugueses plantaram fumo no Recôncavo Baiano, e como o fumo exige muitos trabalhadores para a colheita, existiu um grande número de pessoas que se instalou na região.

Neste século, mais precisamente em 1939, descobriu-se petróleo naquela área. Com isso muitas pessoas foram para lá, a fim de trabalhar em atividades ligadas ao petróleo. Atualmente o fluxo de pessoas para o Recôncavo Baiano volta a ocorrer, por causa da instalação de muitas indústrias na região.

Se você comparar o mapa da distribuição da população com os mapas de clima, de vegetação e de relevo do Brasil, verificará o seguinte:

* as áreas quase despovoadas da Amazônia apresentam um clima rigoroso, muito quente e muito úmido, e uma vegetação impenetrável, abafada e úmida;

* as áreas pouco povoadas do sertão no nordestino também possuem um clima rigoroso: quente e seco.

* As áreas muito povoadas do Sudeste possuem climas menos rigorosos: tropical de altitude ou subtropical;

* A planície litorânea é mais povoada que os planaltos do interior.

Esses fatos demonstram que a distribuição da população está relacionada também com os elementos da natureza.

Antigamente, essas relações eram mais comuns, pois os homens não tinham os conhecimentos e as técnicas que possuem hoje em dia. Na verdade, embora o homem seja capaz de controlar e modificar a natureza, os fatores físicos podem ajudar ou dificultar a presença e a atividade humana. Portanto, a distribuição da população brasileira foi influenciada por fatores naturais, isto é, por elementos da natureza.

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O CRESCIMENTO POPULACIONAL: CRESCIMENTO VEGETATIVO E IMIGRAÇÃO.

Existem duas maneiras de a população de um país crescer numericamente: o movimento vertical e o movimento horizontal.

O movimento vertical é fundamentado na diferença entre quantidade de crianças que nascem anualmente e a quantidade de pessoas que morrem, nesse mesmo ano.

A diferença entre as duas taxas será, então, a taxa de crescimento da população. A esse resultado denominamos crescimento natural ou crescimento vegetativo.

Quando a taxa de natalidade supera a de mortalidade, há um saldo positivo, com o crescimento vegetativo indicando um aumento do número de habitantes. Quando, ao contrário, a taxa de natalidade é inferior à de mortalidade, há um saldo negativo e o crescimento vegetativo indica então uma diminuição do número de habitantes do país.

Já o movimento horizontal corresponde às migrações, que são deslocamentos das pessoas de uma área para outra onde fixam residência. Esse processo afeta diretamente o número de habitantes das duas áreas, a de origem e a de destino.

Quando esses movimentos se realizam dentro de um mesmo país, eles não alteram o total de habitantes desse país e se denominam migrações internas. Quando, ao contrário, esses deslocamentos se fazem de um país para outro, esses alteram o efeito populacional dos dois, aumentando a população no país de destino e diminuindo a de origem. Essas são as migrações externas.

O crescimento vegetativo no Brasil, possui três fases distintas:a) 1872 a 1940 – Período caracterizado por um crescimento

vegetativo relativamente constante, oscilando entre 1,6% e 1,8%. A população brasileira era essencialmente rural, e os filhos eram importantes para o trabalho agrícola, daí a alta taxa de natalidade.A taxa de mortalidade também era alta, em função das péssimas condições de saúde e de assistência médica, sobretudo no meio rural;

b) 1941 a 1980 – período caracterizado por um crescimento vegetativo bastante acelerado, oscilando entre 1,8% e 2,6%, atingindo em 1960 o seu valor máximo, 2,9%. Nessa etapa, o processo de urbanização permitiu uma queda brusca da taxa de mortalidade. Como a natalidade não declinou no mesmo ritmo, pois mesmo na cidade os filhos ainda representavam mão-de-obra e aumento de renda familiar, houve uma fase de explosão demográfica.

c) 1981 ao dias atuais – Período caracterizado por um crescimento vegetativo em fase de desaceleração, declinando rapidamente o índice de 2,6% para 1,8%. A mortalidade permanece no mesmo patamar, pois já havia declinado bastante no período anterior. A natalidade vem declinando em ritmo mais acelerado, em função de vários fatores, como a elevação do custo de criação dos filhos, a dificuldade de empregá-los em virtude da crise econômica, com o aumento do desemprego que atinge o país e a necessidade cada vez maior da participação da mulher no mercado de trabalho.

BRASIL: TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE (1872 – 2011)

PERÍODONATALI-

DADE (POR MIL)

MORTALI-DADE

(POR MIL)

TAXAS DE CRESCI-MENTO

(POR MIL)1872 – 1890 46,50 30,20 16,301891 – 1900 46,00 27,80 18,201901 – 1920 45,00 26,40 18,601921 – 1940 44,00 25,30 18,701941 – 1950 43,00 19,70 23,80

1951 – 1960 44,00 15,00 29,001961 – 1970 37,70 9,40 28,301971 – 1980 33,00 8,10 24,901981 – 1990 28,60 7,90 20,701991 – 2000 22,03 6,52 15,522001 – 2011 18,70 6,50 12,20

Fonte: Anuário Estatístico, IBGE, 2010

O CRESCIMENTO POR IMIGRAÇÃOApesar de o crescimento vegetativo ter sido a principal causa

do grande crescimento populacional, não podemos desprezar a importância de elemento imigrante que, especialmente entre 1872 e 1940, foi responsável por índices expressivos, especialmente entre 1890 e 1900, quando contribuiu com cerca de 40% no total do crescimento populacional.

Principais Grupos de Imigrantes – No ano de 1824 começaram a chegar os alemães ao Rio Grande do Sul, estabelecendo-se com sua economia agrícola nos vales dos rios dos Sinos, Caí e Taquari. Mais tarde ocuparam o Planalto, na região noroeste daquele Estado sulino.

Fundaram vários núcleos, muitos dos quais vieram a ser cidades de hoje, como Novo Hamburgo, Caí, Estrela, Lajeado, etc.

A partir de 1850, os alemães se encaminharam para Santa Catarina, no Vale do Itajaí, principalmente pela iniciativa particular do Barão de Blumenau. A esse fato se deve o surgimento posterior das cidades de Blumenau, Joinvile, Brusque e Itajaí, na região mais próspera daquele Estado.

Após 1871, começaram a chegar ao Brasil os italianos. Inicialmente, estabeleceram-se em São Paulo, onde vieram substituir, na condição de assalariado, o braço escravo, cuja instituição estava já em plena decadência final.

A propósito dos italianos em São Paulo, deve-se ressaltar a sua fundamental contribuição na economia agrícola, pois, da condição de empregados de lavouras cafeeira, muitos deles acabaram por se tornar pequenos e médios proprietários.

Isso porque as crises do café, já no atual século XX, impuseram o parcelamento das grandes propriedades monocultoras em benefício de sítios policultores. Esse fato criou condições para que muitos ex-colonos viessem a ser sitiantes.

Mas, a partir de 1875, começaram os italianos a se dirigirem para o Rio Grande do Sul, ocupando a borda do Planalto, ao contrário dos alemães que preferiam os vales. Essa imigração italiana deu origem a futuras cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, etc.

Ainda em 1875, muitos eslavos (bielo-russos, ucraniansos e poloneses) trouxeram sua contribuição ao povoamento do país, fixando-se principalmente no Paraná.

Em conclusão, de acordo com a nacionalidade, os cinco grupos mais numerosos de imigrantes que entraram no Brasil foram pela ordem: portugueses (31%), italianos (30%), espanhóis (13%), alemães (4,2%) e japoneses (4%).

PARTICIPAÇÃO DA IMIGRAÇÃO NO CRESCIMENTO POPULACIONAL.

O ano de 1908 assinala o início da imigração japonesa, quando os primeiros colonos desembarcaram em São Paulo.

Nesse Estado os japoneses fixaram-se nas redondezas da capital, onde se dedicam até hoje, à horticultura; mas muitos deles ocuparam o Vale do Ribeira, especialmente com fruticultura e a plantação de chá.

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Um contingente bem menor desses imigrantes, apesar de também significativo, foi para a Amazônia, fixando-se principalmente na Zona Bragantina, no Estado do Pará.

Nessa região os japoneses introduziram a cultura da juta e da pimenta do reino.

A imigração continuou sem maiores restrições até 1934, quando também aportaram no Brasil vários outros grupos como portugueses, espanhóis e sírios-libaneses.

Tais movimentos, porém, não chegavam a individualizar regiões de povoamento, visto que se dirigiam em sua maior parte para as cidades.

Em 1934, a imigração foi restringida, com a fixação de cotas pelo presidente Getúlio Vargas. O sistema restritivo estabelecia que de cada nacionalidade só podiam imigrar até 2% do total que já havia entrado no país nos últimos 50 anos.

ESTRUTURA DA POPULAÇÃO: IDADE E ATIVIDADEA estrutura etária é um importante indicador do nível de

desenvolvimento sócio-econômico dos países.Estrutura etária com elevado predomínio de adultos e idosos é

característica de países de maior desenvolvimento socio-econômico.Estrutura etária com predomínio de população jovem caracteriza

países com menor desenvolvimento socio-econômico.Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), a distribuição da população brasileira está dividida pelas seguintes faixas:

Jovens - 0 a 19 anosAdultos - 20 a 59 anosVelhos - a partir dos 60 anos.

Essa distribuição reflete graves problemas sócio-econômicos . A grande parcela de jovens no total da população representa a necessidade de grandes investimentos governamentais no atendimento à infância e a necessidade de se criar novos empregos, a fim de absorver a parcela da população que tem de entrar no mercado de trabalho.

Estrutura por Atividade – Embora na população absoluta a distribuição entre homens e mulheres seja praticamente igual, entre a população economicamente ativa observa-se o predomínio da participação masculina, representando 65% do total

Houve um declínio de forma contínua da população economicamente ativa do setor primário, resultado do intenso processo de urbanização e industrialização iniciado no país após 1940.

O setor secundário apresentou um grande crescimento até início da década de 80. Desde então, sua participação na economia tem declinado. Já o setor terciário, ao contrário, vem apresentando um crescimento acelerado, graças ao processo de urbanização que criou novas necessidades de serviços e o fato de esse setor abranger determinadas atividades urbanas capazes de absorver parcelas de mão-de-obra sem qualificação profissional.

Essa é uma característica dos países subdesenvolvidos, de urbanização recente. Seu setor terciário expandiu-se rapidamente, mas sem elevar a qualificação profissional e a produtividade. Esse fenômeno é conhecido como hipertrofia do setor terciário.

COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃOConforme já vimos, a nossa população é muito miscigenada

desde o início da ocupação e a influência do elemento índio, negro e branco é sentida nas diferentes regiões brasileiras.

O Índio – Estima-se que na época do descobrimento viviam no Brasil entre 3 e 5 milhões de índios.

Em 1920, esse número caiu para cerca de 1 milhão e duzentos mil índios, que se resumem hoje a pouco mais de 150 mil. Nos últimos anos, a ocupação da Amazônia e do Centro-Oeste, com a construção de estradas e outras atividades, vem provocando um verdadeiro extermínio dos poucos indígenas que ainda vivem em território brasileiro. Em virtude do contato com o branco muitos indígenas contraíram uma série de doenças, como o sarampo, gripe e outras, que na maioria dos casos conduzem à morte. Além disso, os constantes conflitos pela posse da terra também contribuem para o extermínio indígena. Apenas em alguns trechos isolados da floresta Amazônica, encontram-se alguns totalmente isolados.

A política indigenista no Brasil está a cargo da Fundação Nacional do Índio, órgão estatal subordinado ao Ministério do Interior e responsável pela aplicação da legislação contida no Estatuto do Índio.

O Negro – Os negros retirados à força da África e trazidos para o Brasil vieram de diferentes grupos africanos: sudaneses e bantos foram os principais.

O tráfico de escravos começou oficialmente em 1559, quando a Coroa portuguesa autorizou o tráfico regular para o Brasil. Inicialmente, cada senhor de engenho teve permissão para importar até 120 escravos por ano.

Os negros trabalharam na lavoura de cana-de-açúcar e posteriormente foram aproveitados na lavoura do algodão, na mineração e, no século XIX, na lavoura do café. Muitos deles executavam também diversas tarefas domésticas.

A extinção oficial do tráfico deu-se em 1850, entretanto, acredita-se que entre 1851 e 1855 ainda tenham entrado cerca de 6.500 africanos.

Apesar de a escravidão ter sido abolida há mais de 100 anos, os 300 anos em que ela foi oficialmente praticada deixaram uma herança difícil de ser destruída.

Efetivamente a população negra continua sendo a mais pobre, visto que 75% dos negros recebem até três salários mínimos, enquanto 52% dos brancos estão nessa situação.

O Branco – O branco, etnia que predominou na formação da população brasileira, pertence a vários grupos, destacando-se os de origem européia, principalmente os portugueses. Os italianos e os espanhóis também tiveram grande participação na composição étnica da população brasileira, porém começaram a vir para o Brasil em grande número, somente a partir da segunda metade do século XIX.

Pelo caráter de dominador a influência do branco foi mais forte que dos demais grupos, pois foi ele que nos transmitiu a língua, a religião da maioria, festas religiosas e muitas outras coisas.

O branco está concentrado de uma maneira mais forte na região Sul do país, onde encontramos cerca de 90%, especialmente no estado de Santa Catarina, considerado o mais europeu dos estados brasileiros, com 95% de população branca.

IMIGRAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS GRUPOS ÉTNICOSConforme já vimos, a imigração para o Brasil ocorreu

principalmente entre os anos de 1870 e 1930. Como a grande maioria dos imigrantes eram brancos,

isso vai contribuir para um aumento significativo desse grupo, principalmente no começo do século XX.

Pela ordem, portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, foram os que vieram em maior quantidade, notadamente os Atlanto-mediterrâneos (portugueses, italianos e espanhóis).

No início do século XX, tivemos a vinda de milhares de imigrantes asiáticos, que vão reforçar esse grupo étnico no país.

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MOVIMENTO INTERNO E O CRESCIMENTO DAS CIDADES

Apesar de as migrações internas terem ocorrido desde a época colonial, elas passaram a ser muito mais significativas a partir de 1930.

O primeiro grande deslocamento populacional interno foi motivado pela descoberta do ouro na região de Minas de Gerais, Goiás e Mato Grosso. Para lá dirigiram-se muitos paulistas e nordestinos, durante o século XVIII.

No século XIX, ocorreram dois grandes movimentos internos da população. Entre 1870 e 1912, o surto da borracha atraiu muitos nordestinos para a Amazônia, ocasião em que houve um forte desenvolvimento da área, especialmente das cidades de Belém e Manaus.

Um outro grande deslocamento de população ocorreu entre 1870 e 1930, época do apogeu do café, quando milhares de pessoas das mais diferentes regiões se dirigiram para São Paulo e o Paraná.

A partir da década de 60 e principalmente de 70, as regiões Norte e Centro-Oeste passaram a ter um crescimento populacional superior às demais regiões brasileiras. A partir da construção de Brasília, da implantação de rodovias, de grandes projetos minerais e agropecuários, da descoberta do ouro, de doação de terras principalmente em Rondônia, das iniciativas empresariais particulares de colonização, essas duas regiões passaram a exercer grande atração populacional sobre as demais regiões.

A região Sudeste foi a que mais recebeu pessoas, embora também tenha perdido uma quantidade grande.

O Nordeste desde o censo de 1890 deixou de ser a região mais populosa, perdendo essa posição para o Sudeste, e desde então passou a ser a área de onde mais pessoas saíram.

Outro aspecto interessante da população é que a partir de 1970, devido às crises econômicas, muita gente tem saído do país.

Não se sabe exatamente, mas acredita-se que cerca de 1 milhão de brasileiros estão vivendo em países desenvolvidos, sendo que mais da metade residem nos Estados Unidos e no Japão.

Um aspecto bastante negativo desse êxodo é que entre eles há muitos cientistas e pesquisadores, profissionais altamente qualificados e extremamente necessários para o desenvolvimento do país, que se viram sem outra alternativa, a não ser ir morar onde há melhores condições de trabalho.

4.3. APROVEITAMENTO ECONÔMICO DO ESPAÇO BRASILEIRO

A organização do espaço brasileiro está relacionado diretamente com as atividades agropecuárias, lembrando que foi a cana-de-açúcar a atividade que deu início a ocupação e estruturação política e administrativa da nova colônia. Essa atividade dominou toda nossa economia por mais de um século, contribuindo também para a formação de uma sociedade fechada, autoritária, onde o senhor de engenho controlava todas as ações.

Somente a partir de 1930 a atividade industrial ganhou atenção que até então tinha sido dada às atividades agrícolas.

Nosso espaço foi organizado também de forma que grandes latifúndios passaram a predominar, fazendo com que até hoje nossa estrutura fundiária apresente uma grande concentração de terras nas mãos de uma pequena minoria.

Grandes propriedades, monocultura e escravidão foram as marcas muito fortes dessa organização inicial.

O CARÁTER AGRÍCOLA DA ECONOMIA BRASILEIRAA agricultura é uma atividade extremamente importante em

função de seus dois principais objetivos : produzir alimento para a população mundial e matéria-prima para a transformação industrial. Com a contínua expansão demográfica do planeta, a questão do alimento torna-se, cada vez mais, objeto de preocupação de toda a humanidade.

Nossa economia teve, conforme já vimos, um caráter essencialmente agrícola e até hoje essa atividade contribui de maneira importante no global da nossa economia.

Embora a maior parte da produção econômica nacional tenha sua origem na atividade industrial, a agricultura ainda ocupa um lugar de destaque, empregando cerca de ¼ de mão-de-obra ativa e produzindo também cerca de ¼ da renda das exportações nacionais.

A importância da agricultura brasileira é observada sob diferentes aspectos, pois fornece alimentos à população e matérias-primas para os mais diferentes setores industriais, como alimentício, o energético, o têxtil, etc.

A agricultura é, ainda, importante geradora de divisas, e também responsável pela geração de empregos na área de transporte, armazenagem e transformação de produtos, comércio, etc.

A agricultura brasileira emprega cerca de 15 milhões de trabalhadores, o equivalente a 24% da população economicamente ativa.

Uma característica dessa mão-de-obra é o elevado grau de subnutrição. O trabalho no campo, sem dúvida, exige muita força física e muita saúde; por isso, a subnutrição dos trabalhadores brasileiros reflete-se diretamente na sua produtividade. Outra particularidade da população rural é o elevado número de analfabetos. Tal situação também ocasiona queda de produtividade no trabalho, pois o serviço tem de ser realizado por indivíduos que não dispõem dos mais elementares níveis de informação.

AS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS: AGRICULTURA MODERNIZADA DO CENTRO – SUL DO BRASIL E A AGRICULTURA TRADICIONAL.

O território brasileiro não apresenta áreas que impedem a prática da agropecuária. Até no sertão nordestino, de clima semi-árido, cultiva-se algodão arbóreo e cria-se gado desde o período colonial. Desde que irrigado, o sertão nordestino poderia ser um grande celeiro de bons produtos agrícolas para o consumo interno e para exportação.

Porém apenas cerca de 28% da superfície do território brasileiro são ocupadas por atividades agropecuárias sendo que desde total, ¾ partes são ocupadas pela pecuária.

Nossa agricultura continua sendo praticada na sua maior parte, de forma extensiva, ou seja, sem utilização de recursos modernos, como máquinas, tratores, seleção de sementes, mão-de-obra especializada e outros recursos que os países desenvolvidos utilizam.

Apenas nas áreas onde a agricultura é voltada para exportação, os recursos modernos são utilizados, mas isso representa ainda uma parcela pequena do nosso território.

Agricultura Moderna – Essa agricultura é praticada utilizando os solos mais férteis e os melhores recursos técnicos de que dispomos e está voltada para a exportação, ou abastecer as indústrias, tais como áreas de cana-de-açúcar, café e soja.

A produção de alimentos para o mercado interno fica em segundo plano. Recentemente foram reduzidas as áreas para o cultivo do feijão e da mandioca, em favor da soja e da laranja, cuja procura aumentou no mercado internacional. Nos anos 80 e 90, a exportação do suco de laranja cresceu muito, principalmente no período em que houve geada na Flórida, Estados Unidos, grande área produtora mundial.

Plantio mecanizado de soja - O incentivo aos produtos de exportação faz parte da política econômica definida pelo governo. Essa política determina que a exportação de produtos agrícolas deve produzir divisas para ajudar no pagamento da dívida externa.

Entre os produtos destinados à exportação, e que têm grande valor econômico, destacamos:

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Café - Desde a segunda metade do século XIX, o café passou a ocupar importante papel na nossa economia. Trazido da Guiana Francesa e plantado inicialmente em Belém onde não se adaptou. Foi em seguida levado para o Vale do Paraíba e sua grande expansão ocorreu quando ocupou o oeste do estado de São Paulo.

Cana-de-Açúcar – Foi o primeiro produto a ser cultivado pelos portugueses e responsável pela ocupação inicial. O clima quente e úmido, assim como, o solo de massapé foram fatores importantes no seu desenvolvimento na Zona da Mata do Nordeste.

Soja – Trazida pelos alemães na metade do século XIX, foi a cultura que mais se expandiu pelos diversos estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, foram os locais onde ela mais se desenvolveu.

Cacau – Produto originário da Amazônia, ganhou importância quando começou a ser plantado no sul da Bahia, estado esse, responsável por cerca de 90% da produção brasileira.

Laranja – Produto direcionado para a exportação para os Estados Unidos, tem no estado de São Paulo cerca de 75% da produção nacional.

Agricultura Tradicional – Esse tipo de agricultura é praticado sem o uso de máquinas e outros recursos técnicos e continua sendo praticada na produção de alimentos para o mercado interno. Feijão, arroz, milho, mandioca, batata, etc.; são aqueles produtos básicos, mas que não recebem quase nenhum incentivo por parte do governo.

A prioridade dada às lavouras de exportação resultou na compra, no exterior, de um número cada vez maior de gêneros alimentícios, incluindo carne, leite em pó, alho, cebola e até feijão e arroz.

ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRAO principal motivo da subnutrição, da fome, das péssimas

condições de vida do homem do campo é, sem dúvida nenhuma, a irregular e absurda distribuição de terras, pois enquanto um pequeno número de grandes proprietários, possuem a maioria das terras, uma quantidade muito grande de pequenos proprietários dividem entre si uma área infinitamente menor.

O problema da estrutura fundiária no Brasil é a grande concentração da terra em mãos de uma minoria de proprietários. Isso se torna mais grave porque essas terras são também as de melhor fertilidade e são ocupadas por cultivos de gêneros destinados à exportação.

A concentração de terras tem se agravado nos últimos 25 anos, principalmente na região Norte.

Grupos de área total (hac)

Proporção do número de

estabelecimentos (%)

Proporção da área dos

estabelecimentos (%)

1985 2010 1985 2010Menos de 100 89,3 85,2 20 20

100 - 1000 9,7 13,2 35 36,2Mais de 1000 1,0 1,6 45 43,8

Fonte: IBGE, 2010; II PNRA, 2011

PECUÁRIA A pecuária é uma atividade econômica muito antiga e tem seu

início na chamada revolução neolítica, quando o homem começa a tornar-se sedentário, com início da agricultura e da criação.

Introduzido no Brasil por volta de 1530 em São Vicente, e logo depois no Nordeste (Recife e Salvador) , o gado bovino espalhou-se com o tempo para as diversas regiões do país.

Os Principais Rebanhos – No Brasil, o mais importante rebanho é o bovino, com mais de 150 milhões de cabeças. A região centro-sul é onde se concentra a maior quantidade desse rebanho, destacando-se Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

O segundo rebanho mais numeroso é de suínos, com cerca de 35 milhões de cabeças, destacando-se os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

O rebanho de ovino, voltado na maior parte para produção de lã, aparece concentrado de maneira muito forte no estado do Rio Grande do Sul.

Um rebanho nitidamente nordestino e muito resistente é o de caprinos, com um total de mais de 10 milhões.

Com mais de 5 milhões de cabeças, o rebanho de equinos tem apresentado uma melhoria de raças, sendo São Paulo e Rio Grande do Sul os estados mais importantes.

Outro rebanho que ganha destaque, principalmente no Pará (Ilha de Marajó) é o rebanho de búfalos. Esse animal muito resistente tem se espalhado por muitos estados, sendo utilizado nos mais diferentes setores desde o fornecimento de leite, para queijos e outros derivados, até como animal de montaria.

REBANHOS BRASILEIROS POR REGIÕESRegião Bovinos Bubalinos Equinos AsininosNorte 39.787.138 705. 726 661.833 43.349

Nordeste 25.966.460 106. 071 1.412.432 1.092.301

Sudeste 39.379.011 109. 045 1.538.934 41.880

Sul 28.211.275 148. 074 1.047.236 5.108

Centro Oeste 71.168.853 64.706 1.126.815 13.686

BRASIL 204.512.737 1.133.622 5.787.250 1.196.324

Região Muares Suínos Ovinos CaprinosNorte 178.207 2.083.318 428.025 148.546

Nordeste 675.461 7.049.043 8.712.287 9.331.460

Sudeste 284.886 5.727.709 543.693 237.416

Sul 64.061 14.457.973 4.515.766 219.455

Centro Oeste 155.804 3.767.256 857.067 110.011

BRASIL 1.358.419 33.085.299 15.056.838 10.046.888Fonte: Anuário Estatístico IBGE, 2005

A produção de aves também é muito importante, sendo o Brasil o maior produtor da América, notadamente na criação de frangos.

AS ATIVIDADES INDUSTRIAISDesde o início da colonização, o Brasil teve uma economia

baseada na agricultura. Os principais produtos cultivados pelos colonizadores eram destinados à venda para países da Europa . Nossos colonizadores ganhavam bastante dinheiro com essa atividade. Com esse dinheiro, compravam dos países da Europa os produtos industriais de que necessitavam. Além disso, Portugal não permitia a instalação de indústrias no Brasil.

Desse modo, as atividades industriais não se desenvolveram e o Brasil permaneceu como um país que vendia produtos agrícolas e comprava produtos industriais.

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No entanto, com o aumento de nossa população, os produtos de maior necessidade começaram a ser fabricados aqui, pois não compensava importá-los. Assim, começou a surgir em nosso país indústria de produtos alimentares e a indústria têxtil.

No período da Primeira Guerra mundial (1914 – 1918) e principalmente durante a Segunda Guerra (1939 – 1945), o Brasil enfrentou dificuldades para importar os produtos industriais a que estava habituado. Em consequência disso, começamos a produzir muitos desses produtos aqui mesmo. Com isso, algumas indústrias de bens duráveis foram instaladas no Brasil.

CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL DO CENTRO-SUL DO BRASIL

O Centro-sul é a região mais industrializada do país. Cerca de 71% das nossas indústrias estão nessa região.

As bases sobre as quais se assentou o processo de industrialização foram, especialmente, as seguintes:

* o café, pois muitos “barões do café”, passaram a aplicar parte do lucro nas indústrias;

* imigração; muitos imigrantes vinham de regiões industrializadas na Europa e já possuíam experiência;

* construção da Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda;

* entrada de capitais estrangeiros;* construção de estradas e hidrelétricas.

Mesmo com a interiorização da indústria, fato relativamente recente, existem regiões que de longa data vêm concentrando elevado número de indústrias. As maiores são : a região do ABCD e São Paulo na Grande São Paulo; Campinas, as regiões do Grande Rio, Grande Belo Horizonte, Grande Porto Alegre, ao lado de Curitiba e o Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

Essas concentrações industriais têm reflexos profundos na vida das populações nelas inseridas.

A maior parte dos habitantes urbanos se dedica às atividades do setor secundário da economia (indústrias) e do setor terciário (serviços), como transportes, comércio, atendimento social, escolas, bancos e serviços públicos.

Devido à grande concentração de indústrias e serviços, as cidades exercem forte atração sobre os habitantes da zona rural, pela maior possibilidade de arrumar trabalho. Daí o crescimento acelerado, porém desordenado dessa área, o que tem gerado inúmeros problemas urbanos, tais como: falta de moradia, falta de saneamento básico, insuficiência de escolas e de transportes coletivos, deficiência dos serviços públicos, falta de segurança, etc.

A expressão mais evidente dos problemas causados pelo rápido crescimento da população urbana é a existência da muitas favelas.

Fatores geográficos da localização industrial – o desenvolvimento industrial é consequência de inúmeros fatores:

- a existência de um mercado consumidor;- a existência de matéria – prima;- a numerosa mão-de-obra;- disponibilidade de fontes de energia;- vasta rede de serviços, incluindo bancos, portos, ferrovias,

aeroportos, rodovias, etc.

Os recursos naturais existentes na região são fatores para o desenvolvimento industrial. As jazidas minerais de Minas Gerais e a potencialidade da bacia do Paraná.

A qualidade dos minérios, a facilidade de extração e a proximidade dos principais centros industriais determinaram que o Quadrilátero Central se transformasse na principal área produtora de minério do país.

A pluviosidade característica e o relevo, predominante planáltico, favoreceram a implantação de inúmeras hidrelétricas na região.

Merece também destaque a crescente produção de petróleo da plataforma continental do Rio de Janeiro, que é hoje a principal área produtora do país.

Fatores históricos da localização industrial: o café – Foi no século XIX, com a cultura do café, que o povoamento do Sudeste mais se expandiu e que a região adquiriu importância econômica sem precedentes. O café foi introduzido no vale do Paraíba e daí se alastrou na direção de Minas Gerais, do Espírito Santo e, sobretudo, de São Paulo.

As lavouras tinham as seguintes características: grandes propriedades, mão-de-obra escrava e monocultura voltada para a exportação. Graças à exportação de café, o porto do Rio de Janeiro e a cidade tiveram grande desenvolvimento. Desse modo, ocorreu uma verdadeira marcha do café, uma espécie de “onda verde” deslocando-se a partir do vale do Paraíba, principalmente em direção ao interior de São Paulo.

Mais tarde, quando o café enfrenta grave crise, muitos fazendeiros passaram a aplicar seu capital na atividade industrial. Também o imigrante, principalmente o italiano, que de início veio trabalhar na cultura do café, vai ser um elemento importante no desenvolvimento industrial dessa região. Portanto, o café foi a base para o grande desenvolvimento econômico de toda a região Centro-Sul e até hoje continua sendo um produto importante dentro das nossas exportações.

Os diferentes estágios da indústria brasileira – O processo de expansão industrial no Brasil se iniciou com as mudanças sociais, políticas e econômicas que caracterizaram as três últimas décadas do século XIX. Entre essas mudanças, destacam-se o desenvolvimento do trabalho assalariado, que criou um mercado de consumo e o fim do trabalho escravo, que permitiu a entrada de mão-de-obra estrangeira.

A EVOLUÇÃO OU DIFERENTES ESTÁGIOS DA NOSSA INDÚSTRIA SÃO OS SEGUINTES:

1ª FASE (1500-1808) – Corresponde ao período colonial, que se caracterizou pela proibição da instalação de indústrias, a não ser em casos específicos, como engenhos de açúcar e pequenas indústrias domésticas, como a de fiação e calçados;

2ª FASE ( 1808 – 1930) – com a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil, em 1808, liberou-se a instalação de indústrias que foram estimuladas por uma série de fatores, como a criação de uma taxa de 15% sobre os produtos importados;

3ª FASE ( 1930 – 1955) – com as mudanças políticas e econômicas ligadas à Revolução de 30, solidificou-se o processo industrial no país. A crise do café liberou capitais e as duas Guerras também foram importantes. Tivemos também a criação da Petrobrás;

4ª FASE (1955 aos dias atuais) – Com a implantação do famoso Plano de Metas por Juscelino Kubitsckek, deu-se a consolidação do desenvolvimento industrial. Houve a abertura das fronteiras para os capitais estrangeiros, criando-se incentivos cambiais, tarifários que atraíram a implantação de indústrias transnacionais.

Distribuição geográfica das indústrias – O parque industrial brasileiro encontra-se fortemente concentrado na região Sudeste, onde encontramos cerca de 73%, particularmente no estado de São Paulo, que detém 53%.

Durante o século XVIII, o eixo econômico do país estava centralizado em Minas Gerais e estruturado na atividade mineradora. Em 1763, a capital foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, que por sua proximidade com Minas Gerais favorecia o escoamento do ouro.

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Com a decadência da mineração e a expansão cafeeira, o eixo econômico permanece no Sudeste, porém vai deslocando-se para o Rio de Janeiro, através do porto e depois para São Paulo, com a expansão da indústria.

A atividade industrial, decorreu fundamental da atividade cafeeira, que gerou recursos que mais tarde foram empregados na atividade industrial.

4.4 A URBANIZAÇÃO E A METROPOLIZAÇÃOPodemos dizer que uma cidade é um conjunto concentrado

de casas, prédios ou edifícios, que se distribuem ao longo de ruas, praças e avenidas. Devido à concentração de prédios, as cidades apresentam grande concentração demográfica. Com isso, os habitantes das cidades encontram-se todos os dias com muitas outras pessoas, conversam entre si, trocam ideias, fazem negócios, divertem-se, etc...

O contato frequente entre as pessoas e a agitação típica da cidade influenciam os hábitos, os costumes e até a maneira de pensar da população urbana. Por exemplo, os habitantes das cidades vestem-se de maneira diferente dos habitantes das zonas rurais. Também as novidades são mais facilmente aceitas pelas pessoas das cidades do que pelas pessoas do campo.

As cidades cresceram baseadas em uma determinada atividade econômica que chamamos de função.

Portanto, função de uma cidade é aquela atividade econômica mais importante, que gera recursos para que outras atividades também se desenvolvam.

À medida que uma cidade se desenvolve bastante e passa a polarizar centros vizinhos, pode atingir a situação de Metrópole.

As métropoles nacionais e regionais cresceram muito nos últimos anos. Isso aconteceu principalmente por causa do êxodo rural, ou seja, do deslocamento de populações do campo para a cidade.

Ao crescer, a área urbana ocupou todo o território municipal e se expandiu pelos municípios vizinhos.

Formaram-se assim grandes aglomerações urbanas, isto é, conjuntos de cidades praticamente emendadas com a metrópole.

Essas aglomerações urbanas são chamadas de áreas ou regiões metropolitanas.

As cidades obedecem a uma certa ordem de importância. Essa ordem de importância começa com os centros regionais, passa pelas metrópoles regionais e atinge o grau máximo com as metrópoles nacionais.

Quanto maior a importância de uma cidade, maior será a área atingida por suas funções.

4.5 A CIRCULAÇÃO E O COMÉRCIOComo praticamente todos os produtos comercializados precisam

ser transportados, isto é, precisam ser retirados dos locais em que foram produzidos para serem distribuídos , um outro importante fator para o desenvolvimento de um país é possuir uma boa rede de transportes e de comunicações.

As condições naturais podem tanto dificultar como favorecer a implantação de certos tipos de transporte. Por exemplo, um país que possua uma boa rede hidrográfica, com vários rios navegáveis terá condições de desenvolver o transporte hidroviário. Num país cujo relevo apresente uma quantidade grande de serras e montanhas, o transporte rodoviário e ferroviário não poderá se desenvolver com facilidade.

Os sistemas de transportes encontram-se divididos em continentais, marítimos e aéreos. Os continentais, se subdividem em ferroviário, rodoviário e hidroviário.

Transporte ferroviário – Apesar de ter um papel de destaque entre os vários meios de transporte, tanto de cargas quanto de passageiros, a ferrovia já teve uma importância maior, quando não existiam os grandes caminhões, nem os aviões que transportam grande quantidade de cargas e passageiros.

No Brasil, foi a partir de 1854 que esse tipo de transporte passou a ser utilizado, sendo que de início estava muito ligado ao transporte do café, tendo as ferrovias do estado de São Paulo, sido construídas com essa finalidade.

A partir de 1930 com a abertura de estradas, o transporte ferroviário foi perdendo espaço para o rodoviário

EVOLUÇÃO DAS FERROVIASAno Extensão (Km)1930 32.4781940 34.2521950 36.6811957 37.4221965 33.8651970 31.8481978 29.9511986 29.8142010 33.332

Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil, Anuário Estatístico 2010, IBGE

As ferrovias foram muito importantes para o Brasil entre 1870 e 1930, época em que a agricultura cafeeira era fundamental à economia do país.

A partir da segunda metade do século XX, não houve nenhum investimento significativo no transporte ferroviário.

Em 1957 as ferrovias atingiam 37.000 Km de extensão. Hoje elas não ultrapassam 30.000 Km.

Transporte rodoviário – Com o desenvolvimento industrial e o movimento de urbanização intenso que o mundo vem conhecendo, as rodovias passaram a ter maior expressão no quadro de transportes.

No Brasil, a partir da instalação da indústria automobilística e do desenvolvimento da indústria de um modo geral, o transporte rodoviário passou a se constituir no mais importante sistema de transporte do país.

EXPANSÃO DAS FERROVIASAno Extensão (Km)1952 302.1471960 476.9381970 1.039.7791975 1.428.7071980 1.360.0002010 1.610.076

Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil, Anuário Estatístico 2010, IBGE

Um dos problemas que as nossas rodovias enfrentam é a sua má conservação. As estradas precárias além de atrasarem o escoamento da produção, encarecem bastante os preços.

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Transporte Aéreo – O avião é um meio de transporte que permite o deslocamento rápido de produtos e pessoas com extrema rapidez.

As redes aéreas cobrem hoje toda a superfície terrestre.No Brasil, o transporte aéreo começou a se desenvolver a partir

de 1927, com o surgimento da Varig (Viação Aérea Riograndense), e mais tarde de outras, como a Vasp e a Transbrasil.

Dos aeroportos brasileiros, os três mais movimentados são: o de Cumbica, em Guarulhos (SP); o do Galeão, no Rio de janeiro (RJ); e o de Brasília, na capital do país.

O COMÉRCIO A venda de produtos, de qualquer setor da economia, depende

do comércio, importante atividade econômica que é responsável pela circulação das riquezas de um país. O comércio pode ser classificado da seguinte maneira:

- Comércio interno – é aquele praticado dentro do próprio país;- Comércio externo – quando é realizado em âmbito

internacional, ou seja, entre países.O intercâmbio comercial entre os centros urbanos e as áreas

rurais do nosso país foi recentemente intensificado graças à construção de inúmeras rodovias, que fazem a integração entre as diversas regiões brasileiras.

Em relação ao comércio externo, o Brasil até há pouco tempo exportava quase que exclusivamente produtos agrícolas e minérios, e importava uma série de produtos industrializados, como máquinas, tratores, automóveis, geladeiras, televisões. Entretanto, com o crescente desenvolvimento industrial do país nos últimos anos esse quadro vem sofrendo mudanças.

No quadro abaixo, observamos alguns dos principais produtos tanto de exportação como de importação.

4.6 A REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO

Não é fácil traçar num mapa os limites das regiões brasileiras.Quais são, por exemplo, os limites geográficos da região

Sudeste? As paisagens do norte do Paraná são semelhantes às do oeste de São Paulo. Portanto, estas paisagens fazem parte da região geográfica chamada Sudeste. Por onde então deveria passar exatamente o limite da região Sudeste, no Estado do Paraná?

A maior parte de Minas Gerais pertence à região Sudeste. Mas o norte desse estado pertence ao Polígono das Secas, pois apresenta as mesmas características do interior do Nordeste. Assim, por onde passaria o limite exato entre o Sudeste e o Nordeste, no Estado de Minas Gerais?

Essas perguntas são difíceis de responder. Como as paisagens não se modificam bruscamente não existem limites precisos entre uma região geográfica e outra.

Vejamos um exemplo muito claro disso – o Maranhão. A parte oeste desse Estado pertence à Amazônia, pois era coberto pela grande floresta equatorial. A parte leste e sul não pertencem nem à Amazônia nem ao Polígono das Secas, pois possui clima tropical semi-úmido e vegetação de cerrado. Em que região devemos incluir essa parte do Maranhão?

Será que podemos colocá-la no Centro-oeste, que é a região do cerrado? Não, porque o Maranhão não está localizado no planalto Central e muito menos na parte Centro-oeste do Brasil.

Apesar das dificuldades de traçar os limites entre as regiões geográficas, o Brasil precisa ser dividido em grandes regiões para facilitar a administração do país.

Mas os Estados não podiam ser divididos em partes, por isso, em vez de facilitar, tornaria mais difícil a administração.

A solução encontrada foi dividir o Brasil com base nos limites das unidades da Federação. Assim, o território brasileiro está dividido em cinco grandes regiões administrativas, também chamadas de macrorregiões.

A REGIÃO NORTE E A IMPORTÂNCIA DA FLORESTA E DOS RIOS NA OCUPAÇÃO HUMANA. AS TENTATIVAS DE INTEGRAÇÃO DA AMAZÔNIA ÀS PRINCIPAIS ÁREAS ECONÔMICAS DO PAÍS.

A região Norte apresenta uma área de 4 milhões de quilômetros quadrados o que corresponde a cerca de 45% da área total do Brasil. Se fosse um país seria o sétimo mais extenso do mundo.

A Região Norte possui um relevo constituído em sua maior parte de terras baixas, como é conhecida a imensa planície Amazônica. Somente no seu extremo norte é que encontramos formações elevadas com a existência do Planalto das Guianas, na divisa com a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Seu clima é do tipo equatorial, apresentando ao longo do ano temperaturas elevadas e uma forte pluviosidade e ainda uma amplitude térmica muito pequena.

A importância dos rios – Os vazios demográficos, a floresta, a falta de estradas e ferrovias transformaram os rios no principal meio de transporte da região.

A bacia Amazônica, a maior do mundo, tem como principal formador o rio Amazonas, que nasce nos Andes peruanos e entra no Brasil com o nome de Solimões. Somente quando se encontra com o rio Negro, nas proximidades de Manaus, é que recebe o nome de Amazonas.

A grande Floresta Amazônica – Equivalendo a cerca de um terço das reservas florestais do mundo, essa Floresta é uma formação tipicamente higrófila, com árvores de folhas grandes e largas. O clima quente e úmido da região permite o crescimento das espécies animais durante todo o ano.

A Floresta Amazônica apresenta algumas variações de tamanho e espécies, conforme o local. Nas partes mais baixas da planície, que permanece sempre alagada, surge a mata de Igapó, com árvores baixas. Caminhando para o interior aparece a mata de várzea e nas áreas mais elevadas aparece a mata de terra firme.

A conquista da amazônia – A conquista dessa região pelos portugueses iniciou-se após a fundação da cidade de Belém, fato ocorrido em 1616. Mas as primeiras ações colonizadoras só foram feitas no século XVII, por missões religiosas, com a finalidade de catequizar os índios. Em seguida, vieram os militares, que fundaram vários fortes com o objetivo de defender o território.

Por isso, muitas das cidades da Amazônia tiveram origem em núcleos de catequese ou em lugares fortificados. Mas de qualquer maneira, os rios sempre foram o caminho para colonização e povoamento da Amazônia.

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No final do século passado, os norte-americanos descobriram a vulcanização da borracha, isto é, um modo de torná-la elástica. Com isso a indústria da borracha desenvolveu-se muito, principalmente nos Estados Unidos.

E qual a fonte da borracha? A seringueira, que só existia nas várzeas amazônicas. Por isso houve uma verdadeira corrida à Amazônia, em busca da tão procurada matéria-prima. Muitos empresários nacionais e estrangeiros estabeleceram-se na região e ao mesmo tempo milhares de brasileiros, especialmente nordestinos migraram para a região, oferecendo mão-de-obra para as atividades extrativas.

A produção era quase toda exportada, especialmente para os Estados Unidos. Estimulados pelas excelentes oportunidades de lucro que a borracha oferecia, os ingleses fizeram plantações de seringueira no Sudeste Asiático, mais com sementes brasileiras. Assim, apareceram grandes seringais em países asiáticos como a Malásia. Graças às modernas técnicas de cultivo empregadas, a produção dessas plantações começaram a ser até muito maiores do que os seringais nativos as Amazônia, onde as árvores estão dispersas pelas florestas e longe uma das outras.

A exploração da borracha na Amazônia começou a entrar em total decadência depois que os seringais da Ásia começaram a produzir. A economia regional, que estava apoiada na borracha, desorganizou-se. A maioria da população ficou em sérias dificuldades pois não havia mais emprego: dos imigrantes nordestinos muitos morreram e outros voltaram para casa.

A maioria dos que ficaram na região foram trabalhar na mineração e na agricultura. Desse modo, o ciclo da borracha contribuiu muito para um efetivo povoamento da Amazônia.

A contribuição japonesa – Depois de 1930, algumas centenas de japoneses se estabeleceram em núcleos coloniais na Amazônia, especialmente no Pará, onde se dedicaram a uma agricultura comercial, cultivando a pimenta-do-reino e a juta.

No Pará, os colonos japoneses fixaram-se na área de Tomé-Açu, entre as cidades de Belém e Bragança. Essa área, conhecida como região Bragantina, possui a agricultura mais desenvolvida e as maiores densidades demográficas rurais de toda a região Amazônica.

Tentativas de integração – Com o objetivo de povoar e integrar a Amazônia, isto é, aumentar suas relações com o resto do país, o governo tem oferecido muitas vantagens às empresas nacionais e estrangeiras dispostas a se estabelecerem na região.

Atraídas pelas facilidades oferecidas, muitos projetos industriais, agropecuários e de exploração florestal e mineral começaram a ser implantados na Amazônia. Em 1966, o governo criou a Sudam (Superintendência da Amazônia), que tem a finalidade de criar e fiscalizar a execução desses projetos.

Em 1968 foi criada a Zona Franca de Manaus, administrada pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), que é uma área onde as importações são livres de impostos. Com isso muitas indústrias se estabeleceram em Manaus.

Com os mesmos objetivos de povoar e integrar, o governo construiu na década de 70 grandes rodovias ligando a Amazônia ao resto do país. Entre elas, destacam-se a Transamazônica, que atravessa o país de leste a oeste, a Cuiabá-Santarém e a Brasília-Acre.

Em 1974 foi asfaltada a rodovia Belém-Brasília, que havia sido aberta em 1962. Em 1984 também a rodovia Cuiabá-Porto Velho foi asfaltada.

Desde então, fortes correntes migratórias têm se dirigido para a Amazônia, atraídas pelas possibilidades de emprego nos novos empreendimentos e facilitadas pela existência das grandes rodovias.

Em consequência disso, essa região é a que apresenta o maior crescimento populacional do Brasil.

Atualmente está em construção a ferrovia Norte-Sul, que vai de Goiânia, capital de Goiás, a Açailândia, no Maranhão. Aí ela se une à ferrovia Carajás – São Luís. É mais um elemento de estímulo à ocupação humana da região, particularmente de Tocantins, pois a estrada de ferro atravessa o território desse Estado.

Com o aumento de população, as paisagens amazônicas se modificam. A mudança visível é o desmatamento, que vem sendo feito em grandes áreas. De 1970 a 1990, calcula-se que 10% da mata tenha sido derrubada para a implantação de projetos agropecuários, de exploração florestal e de mineração e para a construção de hidrelétricas.

É claro que a Amazônia precisa ser povoada. Mas o povoamento deve ser feito de maneira racional, respeitando a natureza. Caso contrário estará em risco o equilíbrio ambiental da região.

A VARIEDADE NATURAL DO NORDESTE: DIFERENTES FORMAS DE OCUPAÇÃO HUMANA.

A área do Nordeste abrange mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados, apresentando paisagens muito diferenciadas entre si. Sua área corresponde a 18% do território brasileiro, sendo a região mais dividida politicamente, possuindo nove estados.

Com uma população absoluta de cerca de 43 milhões de habitantes, o Nordeste é superado somente pela região Sudeste. Sua densidade demográfica é de 29 habitantes por quilômetro quadrado, sendo que nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba, ela aparece bem maior.

O Nordeste é uma região economicamente subdesenvolvida, fato que explica a forte migração a outras partes do país. Essa pobreza ainda é agravada pelas condições difíceis do sertão nordestino.

Seu relevo é muito desgastado, predominando áreas com altitudes inferiores a mil metros, surgindo uma larga planície costeira.

Na divisa da Bahia com Goiás e Tocantins, surge um relevo imponente, formado pelo Espigão Mestre. Destacamos também a serra da Borborema que forma uma barreira entre o litoral úmido e o sertão, impedindo que as chuvas cheguem até o sertão.

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Em razão do clima, a região possui uma hidrografia pobre, com destaque apenas para a grande bacia do São Francisco. Na região encontramos muitos rios de regime temporário, ou seja, que secam durante a fase das estiagens, que são muito comuns por causa do clima semi-árido.

No Nordeste encontramos tipos diferentes de vegetação, com destaque para a Mata Atlântica, que aparece próxima ao litoral, apesar de muito devastada; a mata dos Cocais, onde predomina o Babaçu e a Carnaúba, surgindo nos estados do Piauí e Maranhão; e também a grande área coberta pela Caatinga, que é a vegetação pobre que aparece em toda área do sertão.

Na figura abaixo, podemos observar um exemplo típico da caatinga, onde muitas vezes as plantas não apresentam folhas e sim espinhos, como é comum com os cactos. Muitas plantas possuem raiz profunda que armazenam água para poder sobreviver nas épocas de seca mais intensa.

Economia nordestina – A Zona da Mata nordestina foi a primeira área do Brasil a ser povoada. Isso aconteceu ainda no século XVI e essa ocupação teve por base a monocultura da cana-de-açúcar.

Os portugueses que vinham para o Brasil recebiam do governo da metrópole grandes extensões de terra para serem cultivadas, surgindo daí os latifúndios, que empregavam uma grande quantidade de escravos africanos e mandavam para a Europa toda a produção do açúcar.

A produção e a venda do açúcar davam lucros. No entanto esses lucros não beneficiavam a maioria da população, pois ficavam com os senhores de engenho, que eram os donos de tudo. Assim, desde o início da colonização formaram-se dois grupos sociais bem diferentes; dos ricos senhores de engenho e o da maioria da população.

Por não receberem qualquer pagamento pelo trabalho que faziam, os escravos não tinham dinheiro e, por isso, não podiam comprar nada. Não havendo consumidores, os senhores de engenho não aplicavam seus lucros em outras atividades econômicas, pois não tinham para quem vender os produtos que produziam.

Portanto, a cana-de-açúcar não permitiu o desenvolvimento do Brasil, mas apenas o enriquecimento dos senhores de engenho.

As melhores terras eram destinadas para a cana-de-açúcar e as de qualidade inferior eram destinadas para culturas de importância secundária, como por exemplo a mandioca.

Já o povoamento do Sertão, feito no século XVII, foi realizado com base na criação de gado. Também nessa área a ocupação se apoiou no latifúndio. A principal atividade foi a pecuária e ao lado dela, nas terras menos secas da fazenda, a agricultura de subsistência.

Assim, o latifúndio pastoril do Sertão somou-se ao latifúndio canavieiro do litoral, ambos contribuindo de maneira decisiva na formação da sociedade e do espaço nordestino.

O Agreste foi povoado depois da Zona da Mata e do Sertão, principalmente nos séculos XVII e XVIII, com base na pequena propriedade. No início, seus habitantes se dedicavam principalmente à agricultura de subsistência. Mais tarde, foi sendo introduzida a agricultura comercial e a pecuária, destinadas ao abastecimento da crescente população do litoral.

A Zona da Mata é a principal área do Nordeste, sendo a mais povoada, a mais industrializada e mais urbanizada. Compreende a extensão litorânea que vai do Rio Grande do Norte até a Bahia. No sentido leste-oeste, a Zona da Mata é uma estreita faixa de terras que vai do litoral oriental até o planalto da Borborema.

É nessa faixa de terra que encontramos as regiões metropolitanas de Salvador, Recife e Fortaleza, onde aparecem as maiores concentrações de indústrias.

Na Grande Salvador, destacam-se os municípios de Camaçari, onde, graças a incentivos da Sudene, foi instalado o Pólo Petroquímico do Nordeste e Aratu, importante centro industrial. Na Grande Recife, o primeiro plano fica para os municípios de Jaboatão, Olinda, São Lourenço da Mata, Cabo e Paulista, especialmente por causa das indústrias têxteis e alimentícias. O terceiro pólo industrial nordestino concentra-se nos municípios da Grande Fortaleza, onde também ganham projeção as indústrias têxteis e alimentícias.

Apesar de ficar longe do desenvolvimento da indústria do Sudeste, podemos perceber hoje uma diversificação grande no parque industrial da região.

O problema da seca – Para muitos, principalmente políticos, a seca constitui-se no grande problema da região. É bem verdade, que o clima semi-árido impõe muitas limitações, mas existem também regiões bem mais secas e que são grandes produtoras agrícolas, garantindo fartura para seus habitantes.

A principal causa da miséria do Sertão é a má distribuição das terras e da renda, pois de um lado aparecem grandes fazendas, propriedade de uma minoria e por outro muitos lavradores sem terras que sobrevivem em condições precárias. Essa situação se perpetua e apenas em algumas ocasiões, o problema vem à tona.

Existe também a chamada “indústria da seca”, quando verbas destinadas a combater a seca, são empregadas em propriedades particulares.

Isso provocou ao longo dos anos uma grande saída de pessoas em direção ao Sudeste, ou às capitais do próprio Nordeste. Mas o apego à terra faz com que muitos morram, mas não deixem a região. Nos versos abaixo, podemos ver a triste realidade de pessoas dessa parte do Brasil.

A TRISTEZA PARTIDAEm riba do carro, se junta a famia;Chegou o triste dia,Já vai viajá.A seca terrive, que tudo devora,Lhe bota pra foraDa terra natá.O carro já corre no topo da serra.Oiando pra terra,Seu berço, seu lá,Aquele nortista, partido de pena,De longe inda acena:Adeus, Ceará.E assim vão dexando, com choro e gemido,Do berço querido,O céu lindo e azu.Os pai, pesaroso, nos fios pensando,E o carro rodando,

Na estrada do sul.(Patativa do Assaré. Cante lá que eu canto cá. Petrópolis, Vozes. P.90-1).

O PAPEL DE BRASÍLIA NO POVOAMENTO DO CENTRO-OESTE E A CONQUISTA DO CERRADO.

A Região Centro-Oeste é constituída de três estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e também o Distrito Federal, onde se localiza Brasília. Estas unidades da Federação abrangem 22% do território nacional.

A Região Centro-Oeste é ainda pouco habitada, mas é uma região que vem apresentando um desenvolvimento acelerado em diversos setores da economia, em especial na agricultura.

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Entre os aspectos ou fatores que estão influindo no seu desenvolvimento destacam-se: a presença da capital federal, a influência da Região Sudeste, sobretudo após a abertura e melhoria das estradas que unem as duas regiões, e a situação de base para penetração da Amazônia pelo sul, em especial por agricultores sulistas que se dirigiram para Rondônia.

O Centro-Oeste é a única região do Brasil não banhada pelo mar. Localizada na parte central do país, está situada também no centro geográfico da América do Sul. Limita-se com todas as outras regiões brasileiras e ainda tem fronteiras com a Bolívia e o Paraguai. Essa posição dificultou durante muitos anos o seu povoamento, já que a colonização sempre se iniciava pelo litoral. Além disso, distante do oceano, essa região apresenta as maiores variações anuais de temperatura, caracterizando-se por um verão muito quente e chuvoso e um inverno bastante seco.

Essa região apresenta muitos contrastes em seus diversos aspectos, onde a floresta Amazônica encosta na imensidão dos cerrados; onde os altos e baixos das chapadas do Planalto Central se aplainam na monotonia da planície do Pantanal. Contrastes na distribuição da população, com imensas áreas quase desérticas, e fortes concentrações populacionais. Contrastes sociais e também econômicos.

Aspectos físicos do centro-oeste – As terras altas da Região Centro-Oeste, com altitudes que variam entre 800 e 1000 metros, fazem parte do Planalto Central que é um trecho do grande Planalto Central Brasileiro.

As terras baixas da Região Centro-Oeste formam a grande planície do Pantanal. Ela abrange uma extensa área dos estados de Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, onde fica o maior trecho. A altitude varia em torno dos 100 metros, com alguns maciços isolados, como o de Urucum, com mais ou menos 600 metros. Os trechos mais baixos do terreno apresentam lagoas em forma circular ou oval, típicas da região, denominadas baías. Durante o verão, o Pantanal é parcialmente inundado pelo rio Paraguai e seus afluentes.

Seu clima apresenta-se de duas formas: o tropical quente e úmido, que abrange áreas do extremo norte e está associado à Floresta Amazônica, e o clima tropical quente e semi-úmido, no restante da região, associado basicamente ao Cerrado. No climograma abaixo podemos observar as diferenças de chuva e temperatura na parte norte e sul do Centro-Oeste.

A formação vegetal mais característica da Região Centro-Oeste é o cerrado. Mas há também florestas, campos e o complexo do Pantanal.

O cerrado cobre praticamente todo o planalto Central. É uma vegetação esparsa, sobressaindo num manto de capim alto, como o barba-de-bode. Alguns trechos de cerrado mais denso levam o nome de cerradão. Muito usado para a criação extensiva de gado, o cerrado começa a ser usado também para o cultivo de alguns produtos agrícolas.

A vegetação denominada de Complexo do Pantanal, apresenta uma grande diversidade de espécies tais como: campos, caatinga, cerrado e manchas de matas e bosques.

Os rios da Região Centro-Oeste pertencem, ou estão ligados à Bacia Amazônica, à Tocantins-Araguaia, à do Paraguai e do Pará.

O rio Paraguai e o rio Paraná, que recolhem as águas de inúmeros afluentes, correm para o sul, em direção ao rio da Prata.

Na produção de energia elétrica, destacamos as usinas de Itumbiara, Cachoeira Dourada, São Simão e o complexo de Urubupungá, todas no rio Paranaíba-Paraná.

População – Além de pouco habitada, a Região Centro-Oeste se caracteriza pela distribuição irregular da população. Há algumas áreas relativamente bem povoadas, todas na parte sul ou centro-sul de cada estado; especialmente as áreas em contato direto com o Sudeste e Sul e ao longo da rodovia Belém-Brasília. Mas há sobretudo enormes áreas praticamente desertas, como as do centro-norte de Mato Grosso.

As regiões mais desenvolvidas, especialmente no setor da agricultura e da pecuária e no setor do comércio, são as mais densamente povoadas e apresentam alguns centros urbanos importantes, como Brasília, no Distrito Federal; Goiânia, Anápolis, em Goiás; Campo Grande, Dourado, Três Lagoas e Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

A presença do elemento indígena continua muito viva em quase todo o Centro-Oeste. Comparada com as de outras regiões brasileiras, a população indígena na região Centro-Oeste é bastante significativa. Além das numerosas tribos isoladas espalhadas sobretudo em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, boa parte do contingente indígena se concentra em parques e reservas indígenas sob a assistência de missões religiosas e da Funai.

Entretanto, a extinção do elemento indígena, a começar pela extinção da sua cultura, através do contato com os brancos, torna-se dia a dia mais acelerada. E são frequentes os atritos entre índios e brancos, causados quase sempre por invasões das terras indígenas, por fazendeiros ou garimpeiros, ou por construtores de estradas, de hidrelétricas ou madereiras que nem sempre respeitam as terras pertencentes aos índios.

A construção de Brasília foi um fato importante no aumento da população do Centro-Oeste, em razão das frequentes migrações de habitantes de outras regiões.

Por causa da presença de migrantes vindos das mais diferentes regiões, a população do Centro-Oeste apresenta uma heterogeneidade muito forte, com uma concentração muito grande do elemento mameluco.

A economia do centro-oeste – A pecuária é a atividade econômica tradicional da região. O rebanho bovino da região é superior a 30 milhões de cabeças. A criação é extensiva: as pastagens são naturais, o gado é criado solto nas enormes fazendas e os animais não recebem cuidados especiais.

As zonas pastoris mais importantes são o Pantanal mato-grossense, a área de Campo Grande e o sul de Goiás. Nesta última, já é comum o uso de pastagens cultivadas. No Pantanal, é criado um bovino muito resistente e adaptado às inundações: o gado pantaneiro. Os animais criados nas demais zonas também são resistentes, principalmente à estação seca.

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Devido à insuficiência de estradas e de meios de transportes adequados, muitas vezes os animais percorrem longas distâncias a pé. A tarefa de conduzir o rebanho por estradas empoeiradas é realizada pelo boiadeiro, um tipo humano característico da região.

Até algum tempo atrás, a agricultura era uma atividade bem menos importante no Centro-Oeste. Nas fazendas de criação, contudo, quase sempre se praticou uma agricultura de subsistência, na qual se emprega uma técnica aprendida com os índios: a queimada. Ainda hoje essa prática é encontrada na região. Através dela plantam-se mandioca, milho, feijão e arroz.

O aumento dos mercados de consumo, dentro e fora da região, e a abertura de estradas, estimularam a introdução da agricultura comercial.

Hoje, encontramos áreas de cultivo de arroz e especialmente de soja, sendo essa última voltada para exportação.

Na planície do Pantanal, no Mato Grosso do Sul, existe uma área montanhosa que contrasta com a paisagem vizinha. Ela é formada por um maciço de rochas cristalinas, isto é, um grande bloco de rochas, chamado de Maciço do Urucum e nele existem grandes reservas de minério de ferro e manganês.

No município de Niquelândia, no norte do Estado de Goiás, existem grandes reservas de níquel. Encontramos ainda uma grande produção de cristal de rocha, principalmente em Goiás, que é o maior produtor brasileiro.

A indústria – A atividade industrial é ainda pouco significativa no Centro-Oeste. As indústrias mais expressivas são recentes, atraídas pela energia abundante fornecida pelas usinas do complexo de Urubupungá, no rio Paraná, de São Simão e Itumbiara, no rio Paranaíba.

As áreas mais industrializadas estendem-se de Goiânia a Brasília, englobando a cidade de Anápolis. Têm como destaque as indústrias alimentícias, têxtil, de produtos minerais e bebidas. Outros centros fabris importantes são Campo Grande, Cuiabá e Corumbá.

A REGIÃO SUL E O PAPEL DA IMIGRAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO DO SEU ESPAÇO

A região Sul é formada pelos Estados mais meridionais do Brasil: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apesar de ser a menor em extensão, é a segunda em importância econômica, superada apenas pelo Sudeste.

Com exceção do norte do Paraná, que é geograficamente parecido com o Sudeste, a região Sul apresenta algumas características naturais e humanas diferentes do resto do Brasil, pois é a única região de clima não tropical e teve um modo de ocupação do território diferente das outras regiões. Por isso, o espaço do sul do Brasil apresenta um quadro físico e humano bem diferente das demais regiões.

Aspectos Físicos – A maior parte da região Sul é formada por um planalto, que faz parte do planalto Brasileiro: é o planalto Meridional.

Esse planalto é formado por uma grande bacia sedimentar, coberta por grossas camadas de rochas vulcânicas. Em sua decomposição, as rochas vulcânicas e as rochas sedimentares deram origem a alguns tipos de solo muito bons para a agricultura.

No litoral, encontramos a planície Litorânea, formada por rochas sedimentares recentes. Nos Estados do Paraná e de Santa Catarina, ela é recortada, estreita e descontínua. Aí aparecem muitos cabos e bacias. Na baía de Paranaguá existe um importante porto.

Os rios da região – A serra do Mar é um importante divisor de águas. Ela separa os rios em dois grupos: os que correm para o interior e os que correm diretamente para o mar.

Os rios que correm para o interior pertencem a duas bacias fluviais: a bacia do Paraná e a bacia do Uruguai.

O potencial hidráulico do rio Paraná está sendo aproveitado pelo Paraguai e pelo Brasil que, juntos, constituíram a hidrelétrica de Itaipu, a maior usina do gênero no mundo.

O rio Uruguai separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina e da Argentina. Ele também está sendo aproveitado para a geração de energia elétrica.

O clima – O trópico de Capricórnio atravessa o norte do Estado do Paraná. Portanto, a maior parte da região Sul está localizada fora da zona tropical. Em consequência, apresenta as temperaturas mais baixas do país.

No verão, os ventos alísios de sudeste, quentes e úmidos sopram sobre a região, provocando altas temperaturas e chuvas frequentes. No inverno, é o ar polar vindo do sul que atinge essa parte do Brasil.

A influência da latitude é relativamente grande, pois percebe-se a diminuição da temperatura à medida que nos afastamos para a parte mais meridional.

Vegetação – A paisagem vegetal característica do sul do Brasil era a mata de Araucária ou mata dos Pinhais, formada pelo pinheiro-do-paraná ou pinheiro-brasileiro.

Essa mata aparecia nas áreas elevadas do planalto Meridional, pois os pinheiros são árvores que precisam de temperaturas mais baixas. Essa mata é importante fonte de madeira mole, isto é, o pinho que é muito usado na construção civil e no frabrico de caixas.

Outra vegetação característica da região Sul são os campos.A Campanha Gaúcha é a zona formada pelo sul e pelo oeste

do Rio Grande do Sul. Os campos, chamados de campinas, são o principal elemento da paisagem. Eles constituem as melhores pastagens naturais do Brasil, pois formam um verdadeiro tapete de gramíneas, ou capim, sendo área muito boa para a pecuária.

A ocupação do sul – Historicamente, quase toda a Região Sul era domínio colonial da Espanha; isto porque, pelo tratado de Tordesilhas, firmado entre Espanha e Portugal em 1494, antes portanto do descobrimento do Brasil. Mas todas as terras do Sul, como as demais partes do Brasil, eram habitadas, desde tempos remotos, por inúmeras comunidades indígenas.

Porém a ocupação por parte dos europeus vai ser fruto da vinda de milhares de imigrantes, na sua maioria não portugueses.

Dificuldades econômicas e políticas na Europa facilitaram a vinda de numerosos imigrantes ao Brasil. As condições de clima, solo e relevo, semelhantes às de seus países de origem, facilitaram a adaptação na região sul. Eles contribuíram muito no setor da indústria e no processo de urbanização. Joinville, Itajaí, Brusque, em Santa Catarina e São Leopoldo, Novo Hamburgo e Caxias, no Rio Grande do Sul, são exemplos de antigos núcleos de imigrantes alemães e italianos, que se transformaram em cidades. Os imigrantes eslavos, sobretudo poloneses e ucranianos, fixaram-se em terras do Paraná.

Desta forma, a população do Sul do Brasil possui características que diferenciam seus habitantes dos das demais regiões brasileiras:

* É a região com maior proporção de brancos de origem européia.

* Sua cultura é muito influenciada pelos hábitos e costumes dos imigrantes. Isso aparece sobretudo na alimentação e no modo de falar. Em algumas áreas, os agricultores, em especial os mais velhos, falam habitualmente sua língua de origem, como ocorre na zona rural de Caxias do Sul, com o italiano e no vale do rio Itajaí, com o alemão.

* Grande parte da população vive em cidades de pequeno e médio porte, muito numerosas na região.

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Economia da região sul – A agricultura é a atividade mais importante da região Sul. Em algumas áreas do planalto Meridional, ela conserva as antigas formas do período de colonização, tais como as pequenas propriedades e da policultura.

Os produtos mais destacados dessa agricultura são: milho, trigo, feijão, mandioca, batatinha, fumo e frutas.

Depois de 1970, a cultura da soja desenvolveu-se extraordinariamente no Sul do Brasil, alimentando muitas indústrias de óleos vegetais. Isso aconteceu porque o governo estimula seu plantio, por ser um produto de exportação. Dessa forma, muitos agricultores preferem plantar soja em lugar dos antigos produtos coloniais.

Em geral, a soja é cultivada nas mesmas terras do trigo. É plantada no verão, pois necessita de calor para se desenvolver. Durante o inverno planta-se trigo, que se adapta bem ao frio.

O arroz é outra cultura de grande destaque na região, principalmente no Rio Grande do Sul. Nesse Estado, as lavouras são mecanizadas e irrigadas. Por isso, o arroz é cultivado nas planícies e nos vales de alguns rios, sobretudo no do Jacuí.

No norte do Paraná é praticada a policultura de produtos tropicais, em que se destaca o algodão, o café e a cana-de-açúcar. As terras cansadas são aproveitadas como pastagens para a pecuária.

A pecuária também é muito importante na região. No Rio Grande do Sul, temos o gado bovino de melhor qualidade do Brasil e o rebanho de ovinos mais numeroso. No Paraná destaca-se o rebanho de suínos, que além de ser numeroso possui uma qualidade superior aos demais.

Ainda dentro do campo econômico, podemos destacar na região Sul duas importantes fontes de energia: a energia hidráulica, isto é, dos rios, e o carvão mineral, também chamado de carvão-de-pedra.

O carvão é a principal riqueza do Sul, que é a única região do Brasil a produzi-lo. Ele aparece nos terrenos sedimentares antigos dos três Estados, mas Santa Catarina é o maior produtor nacional.

A atividade industrial – Com relação à atividade industrial, a região Sul, ocupa o segundo lugar entre as regiões mais industrializadas.

Grande parte dessas indústrias permanece estritamente ligada às atividades agropecuárias, transformando ou beneficiando produtos da agricultura e da pecuária, ou às atividades extrativas, como o carvão, madeira, erva-mate, pescados, etc. Suas principais áreas industriais são:

- a área metropolitana de Porto Alegre, destacadamente o maior centro da região Sul, incluindo os municípios vizinhos de Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo;

- a área metropolitana de Curitiba, incluindo sua “Cidade Industrial”, isto é, uma área destinada exclusivamente às indústrias, no município de Campo Largo;

- o vale do Itajaí, compreendendo Joinvile, Blumenau, Itajaí, Rio do Sul, Jaraguá e Brusque, com suas tecelagens, metalúrgica, indústrias de móveis, cerâmica, instrumentos musicais, etc.

- o norte do Paraná, principalmente o eixo Londrina-Maringá, destacando-se as indústrias de produtos alimentícios e beneficiamento do café.

Não só a indústria, mas toda a economia da região Sul é complementar e dependente da região Sudeste, especialmente de São Paulo. Isso porque, enquanto vende gêneros alimentícios e matérias-primas, compra do Sudeste as máquinas e outros equipamentos de produção mais trabalhosa e de preço mais elevado.

A CONCENTRAÇÃO URBANO-INDUSTRIAL NO SUDESTE E A POLARIZAÇÃO DA ECONOMIA NACIONAL

A região Sudeste é a segunda menor de todas, ocupando cerca de 10% do nosso território, mas por outro lado, abriga 40% da nossa população. É uma região muito populosa e povoada, assim como, muito desenvolvida, respondendo por quase 70% do valor da produção brasileira.

Pouco dividida politicamente, possui somente quatro Estados: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Aspectos físicos do Sudeste – As terras do Sudeste estão em uma área de planalto, fazendo parte do grande planalto Brasileiro. Nessa parte encontramos as maiores altitudes e os terrenos mais acidentados desse planalto.

As rochas sedimentares antigas do Estado de São Paulo fazem parte da grande bacia que se prolonga para o sul, até o Rio Grande do Sul. No oeste do estado, elas formam um planalto ondulado, cujas altitudes diminuem na direção do rio Paraná. Os terrenos sedimentares do oeste de São Paulo pertencem ao planalto Meridional, outra das quatro partes que se divide o grande planalto Brasileiro.

Se fizermos um corte sobre o Estado de São Paulo, no sentido oeste-leste, poderemos ver as seguintes formas de relevo:

Os rios do Sudeste são essencialmente rios de planalto, apresentando muitas cachoeiras e corredeiras. Por isso são muito mais favoráveis à construção de hidrelétricas, do que favoráveis à navegação. Esses rios estão distribuídos por três bacias hidrográficas, que são:

Bacia do Paraná – representada pelo rio Paraná, por seus dois formadores, o Paranaíba e o Grande e por alguns importantes afluentes, como é o caso do Tietê, que atravessa o Estado de São Paulo, do litoral para o interior.

Bacia do São Francisco – essa bacia está presente através do rio São Francisco e por seus afluentes, entre os quais se destaca o rio das Velhas, que passa próximo à cidade de Belo Horizonte.

Bacia do Leste – esses rios descem das regiões elevadas e correm diretamente para o oceano Atlântico. Destacamos o rio Doce e o Paraíba do Sul.

O clima do Sudeste sofre diretamente a influência da latitude, da altitude, do relevo e da continentalidade.

Como a região se estende de 15 a 25 graus de latitude sul, esse efeito pode ser sentido, mas a influência maior está relacionada com a altitude, onde as temperaturas diminuem bastante.

Em geral, o Sudeste não apresenta falta de chuvas. Com exceção, é claro, do norte de Minas Gerais, onde as características são semelhantes as do sertão do Nordeste, onde o clima é do tipo semi-árido.

Dessa forma, podemos classificar o clima do Sudeste como tropical de altitude, com chuvas predominando no verão. No litoral, porém, podemos observar aspectos de clima tropical úmido e no interior onde aparecem uma estação chuvosa e outra seca, as características são de clima tropical.

Como a vegetação depende do clima e como vimos encontramos diferenças de clima na região, é lógico que também encontremos diferentes tipos de vegetação.

A mata Atlântica, que é uma floresta tropical, ia do Rio Grande do Norte até o sul, hoje muito devastada. No Sudeste, em razão do relevo, onde ocorrem as chuvas de montanha, essa formação alarga-se bastante, chegando até o Estado de Minas Gerais, faixa desse estado que ficou conhecida como Zona da Mata Mineira.

Quase todo o oeste de Minas Gerais era coberto pelo cerrado, vegetação típica do Centro-Oeste, mas que também está muito destruída pela presença de muitas indústrias, que necessitam da lenha para fazer carvão vegetal.

No norte de Minas Gerais, que conforme já vimos possui aspectos iguais aos do sertão Nordeste, existe uma vegetação do tipo da caatinga.

Ao longo do litoral encontramos grandes formações de mangues, que são plantas adaptadas a solos com bastante salinidade.

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População da Região Sudeste – A região possui a maior população e a maior densidade demográfica, possuindo também os três estados mais populosos (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro).

Desde que a região tornou-se o centro econômico do país, sua população aumentou bastante, recebendo pessoas de todas as demais regiões e também já havia recebido na fase da imigração, uma grande quantidade desses elementos.

Sua população só não é maior porque muitos dos que chegam, depois de permanecerem por algum tempo acabam se dirigindo para outros locais. Além disso, o norte de Minas Gerais é uma área de emigração, isto é, de saída de população.

Sudeste: maior parque industrial do Brasil – A agropecuária apresenta-se muito desenvolvida. O café que foi a força pioneira da ocupação do Estado de São Paulo e de seu grande desenvolvimento econômico, o seu cultivo tem diminuído. Hoje, a soja, a laranja e a cana-de-açúcar ocupam um papel muito importante.

A pecuária também tem grande destaque na região, sendo seu rebanho um dos maiores do país e a carne direcionada aos inúmeros frigoríficos da região. A criação de aves e a produção de ovos são as maiores do país, estando concentradas principalmente no Estado de São Paulo.

Mas é a atividade industrial a que comanda a economia da região Sudeste.

Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte concentram-se os principais complexos industriais da América Latina. Essas áreas urbanas, entretanto, exibem acentuado contraste entre setores altamente desenvolvidos e outros com características de pobreza extrema, com favelas e cortiços. No mapa abaixo podemos observar os diferentes tipos de indústrias e sua distribuição geográfica.

No centro industrial paulista, destacamos o grande número de operários e estabelecimentos industriais, sobretudo têxteis, farmacêuticos e de produtos químicos, além dos alimentícios, metalúrgicos, mecânicos e da indústria automobilística, no ABCD paulista.

No Grande Rio de Janeiro, a maior projeção fica por conta das indústrias têxteis e, em seguida, as de produtos alimentícios, químicos, farmacêuticos e de construção naval. Merecem destaque as refinarias de petróleo de Manguinhos e Duque de Caxias, bem como a Companhia Siderúrgica Nacional, que foi privatizada em 1994.

O centro industrial da Grande Belo Horizonte, mostra uma tendência a se especializar no setor siderúrgico, em função das jazidas de ferro e manganês, existentes na região.

Serras e planaltos do Sudeste correspondem à antiga zona cafeicultora, transformada hoje em importante área de pecuária leiteira e culturas agrícolas diversas. Na cidade de Campos, além da cultura da cana-de-açúcar, a exploração do petróleo na plataforma continental constitui-se na mais importante atividade econômica.

Na região do Sul de Minas, existe importante área de policultura e também de criação de suínos e bovinos, permitindo o surgimento de importante indústria de laticínios.

O Triângulo Mineiro é importante área agropastoril, com destaque para a pecuária. Atualmente cultiva-se também o café, com bastante sucesso.

O Centro-Oeste paulista apresenta uma agricultura bem moderna, sendo a região mais produtiva do país. A pecuária também é praticada com bastante êxito.

A rede de transporte da Região Sudeste – Possuindo quase metade da população brasileira e as cidades mais desenvolvidas economicamente, essa região apresenta a mais alta taxa de urbanização e a melhor infra-estrutura de transportes.

A rede ferroviária se iniciou em função da expansão do café, sendo que as primeiras linhas férreas tinham como finalidade o transporte do café até os locais de embarque.

A região conta com cerca de 30% das rodovias brasileiras, a maior parte concentradas no Estado de São Paulo.

A região é bem servida também por modernos aeroportos internacionais e outros menores que atendem o tráfego aéreo doméstico.

A navegação ainda é pouco utilizada, mas visando utilizar alguns de seus rios, foi criada a hidrovia Tietê-Paraná, obra importante para a economia da região.

A hidrovia vai permitir a navegação em 2,4 mil quilômetros da bacia Platina, servindo alguns estados brasileiros e dando um passo importante na integração dos transportes de toda essa Região.

4.7. OS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DO BRASIL

De modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes cidades que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição atmosférica, as metrópoles apresentam outros grandes e graves problemas. Entre esses problemas alguns são comuns a todas as cidades grandes, mas alguns são típicos de países subdesenvolvidos, onde a precária infra-estrutura concorre para que tudo se torne mais complicado. Destacamos entre os problemas que afetam diretamente o Brasil, os seguintes:

Acúmulo de lixo e de esgotos – Boa parte dos detritos pode ser recuperada para a produção de gás, ou adubos, mas isso dificilmente acontece. Com frequência esses resíduos são despejados nos rios que se tornam imundos e malcheirosos.

Congestionamentos frequentes – Esse problema vem crescente a medida em que o automóvel se desenvolveu mais do que o transporte coletivo, fazendo com que a população de baixa renda tenha que caminhar horas até chegar ao trabalho.

Poluição sonora – É provocado pelo excesso de barulho dos carros e das fábricas. Isso pode ocasionar neuroses e diminuição da capacidade auditiva de boa parte da população.

Carência de áreas verdes – Em decorrência da falta de áreas verdes aumenta a poluição atmosférica, já que as plantas contribuem para a renovação do oxigênio do ar. Isso também diminui as oportunidades de lazer da população, fazendo com que uma grande maioria permaneça em frente de uma televisão.

Poluição visual – Cartazes mal distribuídos, prédios que encobrem a paisagem natural, tornam as cidades feias e sujas.

No Brasil, todos esses exemplos são uma realidade, que se agrava a cada dia. Somente uma conscientização e um desejo de mudança poderão alterar esse quadro.

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