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MENSAGEIRO DO CORAÇÃO DE JESUS JANEIRO | 2015 AS RELIGIÕES E A PAZ CRISTãOS: DA DIVISãO à UNIDADE POSSíVEL pág. 13 “NINGUéM AMA O QUE NãO CONHECE...” pág. 8

MENSAGEIRO · nos dias de hoje são colocados novos desafios aos cristãos e, consequentemente, ao Apostolado da oração. A situação eclesial, marcada por um contexto cultural

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MENSAGEIRODO CORAÇÃO DE JESUS

JANEIRO | 2015

AS RELIGIÕES E A PAZ

CRIStãoS: dA dIvISão à

unIdAdE PoSSívEL

pág. 13

“nInGuém AmA o quE não

ConhECE...” pág. 8

uma história

riquíssima

neste ano de 2015, a Revista Mensageiro do Cora-ção de Jesus entra no seu 140º ano de publicação. olhando para trás, ficamos impressionados com o percurso desta revista, que foi atravessando a história deste quase século e meio. o Mensageiro teve leitores que assistiram ao fim da monarquia e à instauração da República, viveram o presente das aparições de Fátima, passaram por duas Guerras mundiais, assistiram ao tempo do Concí-lio vaticano II, da guerra colonial e da revolução de 1974 e às grandes mudanças culturais e técni-cas das últimas décadas.

Em cada uma destas épocas, fez o esforço de ir adaptando as suas propostas ao que seriam as questões fundamentais de cada tempo, num desejo de manter vivo e activo o Apostolado da oração, mesmo em circunstâncias adversas. A longevidade desta publicação atesta o seu êxito e o interesse que foi mantendo e continua a manter.

nos dias de hoje são colocados novos desafios aos cristãos e, consequentemente, ao Apostolado da oração. A situação eclesial, marcada por um contexto cultural em que a religião parece perder impacto na sociedade; a existência de novos esti-los de vida, marcados por ritmos exigentes de tra-balho; as inseguranças próprias de uma época de crise económica e social; os novos habitats das pes-soas, em particular o grande continente digital...

tudo isto fez com que a Equipa do Secretariado nacional do Apostolado da oração tomasse a decisão de, como é sua tradição, adaptar as pro-postas do Mensageiro às inquietações e questões dos seus leitores. Esperamos, assim, que este Mensageiro renovado seja uma ajuda para viver a fé nos fascinantes desafios do nosso tempo.

P. António Valério, s.j.sumÁriOAbERtuRA ....................................................................... 1uma história riquíssima - P. António valério, s.j.

IntEnçÕES do PAPA ...................................................... 2António Coelho, s.j.

dEStAquE ....................................................................... 4“Se mudamos o homem, podemos mudar o mundo”Entrevista a Andrea Riccardi

tIRAR A bíbLIA dA EStAntE ........................................ 7A bíblia: que história é esta?miguel Gonçalves Ferreira, s.j.

Informar ........................................................................... 8“ninguém ama o que não conhece...” - Paulo nogueira

Ano dA vIdA ConSAGRAdA ...................................... 10A ordem beneditina - Paulino L. de Castro, osb

oPInIão .......................................................................... 12num bairro antigo de Lisboa - Isabel Figueiredo

doSSIER .......................................................................... 13Cristãos: da divisão à unidade possível João duque / Elias Couto

vIvER o Ao ..................................................................... 22A actualidade do Apostolado da oração António valério, s.j.

REunIão dE GRuPo ...................................................... 23Esquema da reunião de grupo - manuel morujão, s.j.

1ª SExtA-FEIRA .............................................................. 24oração pela Paz - dário Pedroso, s.j.

notíCIAS ....................................................................... 26Elisabete Carvalho

à ConvERSA Com... .................................................... 32david dinis, director do Observador

FotosCapa: © Lusa/EPA/Jim Hollander; págs. 4 a 6: © Comunidade de Santo Egídio; pág. 9: © Lusa/EPA/Peter Schneider; págs. 10-11: © Abadia de Montserrat; pág. 19: © Lusa/EPA/Ben Gershon/Israeli Government Press; pág. 28: © Lusa/EPA/Alessandro Di Meo; pág. 29: © Lusa/EPA/Alessandro Di Meo; pág. 31 © Dollar Photo Club; Arquivos A.O.

Janeiro 2015 Ano CxL n.º 1

DirectorAntónio valério, s.j.

AdministraçãoRua S. barnabé, 324710-309 bRAGA (Portugal)

Telefones:Geral: 253 689 440Revistas: 253 689 442Fax: 253 689 441E-mail: [email protected]: www.apostoladodaoracao.pt

ArteFrancisca Cardoso (projecto gráfico)

PaginaçãoEditorial A. o.

Impressão e acabamentosEmpresa diário do minho, Lda. Rua de Santa margarida, 4 4710-306 bRAGA Contr. nº 504 443 135

Redacção, Edição e PropriedadeSecretariado nacional do Apostolado da oração Província Portuguesa da Companhia de Jesus (Pessoa Colectiva Religiosa – n. I. F. 500 825 343)

Depósito Legal 11.762/86ISSN 0874-4955Isento de Registo na ERC, ao abrigo do Decre to Regulamentar 8/99 de 9/6, artigo 12º, nº 1 aTiragem: 9.000 exemplares

ASSInAtuRA PARA 2015

Portugal(incluindo as Regiões Autónomas): 14,00€

Portugal (2 anos): 27,00€Europa: 20,00€ 25,00 Fr. SuíçosFora da Europa: 26,00€ 40,00 uSd 40,00 CAdPreço por exemplar: 1,30€

Para pagar a sua assinatura por transferência bancária: de Portugal: nIb – 0033 0000 0000 5717 13255 (millennium.bCP – braga);do Estrangeiro: IbAn – Pt50 – 0033 0000 0000 5717 13255 Swift/bic: bComPtPL (millennium.bCP – braga).

mENsaGEirODO CORAÇÃO DE JESUS

ELIAS COUTOuma selecção das introduções às orações dos

primeiros três anos do Passo-a-Rezar. uma proposta

que pode ajudar o leitor a crescer no desejo de se

deixar encontrar por deus, na oração, e começar a

rezar. o que virá depois, só deus sabe e cada um

poderá dizer.

Formato: 9x14 cm; Páginas: 416;

Preço: 10,00€; Portugal: 10,70€; Europa: 13,00€; Fora da

Europa: 15,40€ (Portes de Correio incluídos nos preços).

CARLO mARIA mARTINIuma síntese editada das perguntas colocadas pelos

leitores do jornal italiano Corriere della Sera, às quais

o Cardeal Carlo maria martini respondeu ao longo de

três anos. As suas respostas revelam-no

profundamente atento aos outros, disponível para

escutar e responder, mesmo quando o interlocutor é

impertinente, provocador ou desagradável.

Formato: 13,5x21 cm; Páginas: 136;

Preço: 10,00€; Portugal: 10,70€; Europa: 13,00€; Fora da

Europa: 15,40€ (Portes de Correio incluídos nos preços).

Evangelho Diário 2015

Começa assim a tua oração

Falar com o coração

um livro que permite a leitura diária do Evangelho,

seguindo o ritmo do calendário litúrgico. Propõe-se,

para cada dia do ano, a passagem do Evangelho lida

na Eucaristia desse dia, acompanhada de uma breve

meditação/oração. São ainda indicadas as outras

leituras bíblicas proclamadas na Eucaristia, bem

como os santos celebrados ao longo do ano.

Formato: 10,5x14,8 cm; Páginas: 344;

Preço: 3,50€; Portugal: 4,20€; Europa: 6,50€; Fora da

Pedidos: www.livraria.apostoladodaoracao.pt/; [email protected]; Secretariado Nacional do A.O. – Rua S. Barnabé, 32 – 4710-309 Braga

AbERtuRA

Janeiro 2015 | 54 | Mensageiro

POR ANtóNIO COELHO, S.J.

juNtOs pEla paz

A paz só poderá ser uma realidade quando os membros das várias confissões religiosas e todos os homens de boa vontade trabalharem por alcançá-la.

uma primeira dificuldade surge pelo facto de muitas religiões não reconhecerem nem aceitarem a pluralidade, arrogando-se o direito de possuírem a única verdade, em vez de aceitar e reconhecer a verdade que se dá também nas outras religiões. temos que acreditar que as diferenças vêm de deus. é Ele quem cria a singularidade que nos faz diferentes uns dos outros. As diferenças são, por-tanto, um facto com o qual devemos aprender a conviver. A colaboração para alcançar a paz, den-tro das diferenças de que falamos, faz recordar a todos esta realidade que nos fala da imensidão de deus que o entendimento humano nunca poderá compreender totalmente.

Contudo, a experiência ensina-nos que pode-mos e devemos ultrapassar, a pouco e pouco, a rigidez dentro da própria realidade e trabalhar em projectos concretos, em vez de ocupar-se em diá-logos intelectuais e debates de nível teológico. na verdade, verificamos que, em muitas partes, grupos de pessoas de diferentes religiões traba-lham juntas para ajudar as vítimas da violência,

deixando de lado aquilo que as divide. unem-se também para se opor à violência, independente-mente das suas crenças. Isto porque sabem que combater a violência é um dever de todas as pes-soas das diversas religiões.

A Igreja foi enviada ao mundo com o propósito de estar aberta à colaboração com outras reli-giões e tradições religiosas, trabalhando juntas pela paz.

é nisto que devemos meditar este mês, num mundo marcado pela violência e por guerras, tantas delas esquecidas, mas que nem por isso são menos reais. As guerras e a violência, em vez de diminuírem, aumentam cada dia, de novas maneiras, cada vez mais sofisticadas. Compete a todos nós trabalhar pela paz, por todos os meios que estiverem nas nossas mãos.

INTENÇÃO UNIvERSAL PARA quE AS PESSoAS dE dIFEREntES

tRAdIçÕES RELIGIoSAS E todoS

oS homEnS dE boA vontAdE

CoLAboREm nA PRomoção dA PAZ

INTENÇÃO PELA EvANgELIzAÇÃO PARA quE, nEStE Ano dEdICAdo à

vIdA ConSAGRAdA, AS ConSAGRAdAS

E oS ConSAGRAdoS dESCubRAm A

ALEGRIA dE SEGuIR A CRISto E SE

dEdIquEm ZELoSAmEntE Ao SERvIço

doS PobRES

Os cONsaGradOs aO sErviçO dOs OutrOs

A Igreja Católica está a viver o Ano da vida Con-sagrada, convocado pelo Papa Francisco. Come-çou a 30 de novembro e termina a 2 de Fevereiro de 2016. o objectivo desta iniciativa é ajudar todos os fiéis a tomar consciência da importância da vida consagrada na missão da Igreja.

A entrega aos outros deve ser realizada por todos os baptizados, porque estamos consagrados a deus, precisamente pelo baptismo. todos esta-mos chamados a oferecer-nos ao Pai com Jesus e como Jesus, fazendo da nossa vida um dom gene-roso na família, no trabalho, no serviço da Igreja e nas obras de misericórdia.

Mas esta entrega deve ser levada a cabo de um modo particular pelos religiosos e leigos consagrados que, com a profissão dos votos, pertencem a deus de um modo pleno e exclusivo. Esta pertença única ao Senhor permite a quem a vive de uma maneira autêntica dar um testemunho especial do Evan-gelho do Reino de deus. totalmente entregues a deus, estão também totalmente entregues aos irmãos, para levar a luz de Cristo onde as trevas são mais densas e para difundir a esperança nos corações desanimados.

As pessoas consagradas são sinais de Deus nos diversos ambientes de vida, são fermento para o

crescimento de uma sociedade mais justa e fra-terna, são profecia da partilha com os pequenos e os pobres.

A vida consagrada, assim vivida e entendida, apresenta-se como um dom de Deus, um dom de Deus à sua Igreja, um dom de Deus ao seu povo. Existe uma grande necessidade desta presença, que reforça e renova o compromisso na difusão do Evangelho, da educação cristã, da caridade para com os mais necessitados. os consagrados são o testemunho de que Deus é bom e misericordioso.

neste mês, tomemos muito a sério o apelo do Papa, a fim de que este primeiro impulso se pro-longue por todo este ano.

IntEnçÕES do PAPA

Janeiro 2015 | 76 | Mensageiro

Entrevista a Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio

“se mudamos o homem, podemos mudar o mundo”

Há 46 anos, Andrea Riccardi, na altura um jovem estudante, decidiu, juntamente com alguns ami-gos, levar o Evangelho à prática e desenvolver acções concretas a favor dos mais desfavoreci-dos. O que o levou a tomar esta iniciativa?

A comunidade de Santo Egídio nasceu em 1968, entre os estudantes de um liceu romano. 1968 foi um ano particular. no mundo juvenil respirava-se um ar de mudança, entrevia-se a possibilidade de mudar o mundo e, junto a isto, havia um outro ambiente que se respirava, o do Concílio vaticano II, do renovamento em curso na Igreja Católica. neste clima nasceu a Comu-nidade. mas o incentivo à mudança poderia ter sucesso apenas se partisse da mudança pessoal. Com simplicidade, mas com convicção, pen-sava: se mudamos o homem, podemos mudar o mundo. Apenas homens novos poderão criar um mundo novo. Por isso, confiámo-nos à Palavra de deus e começámos a segui-la, tentando pô-la em prática, frequentando o mundo da periferia de Roma, entre os pobres. Assim, os pobres foram, desde o início, os nossos companheiros, os nos-sos amigos, parte da nossa família.

Foram sempre bem aceites pela sociedade e pela Igreja?

o encontro com os pobres e o desejo de comu-nicar o Evangelho fez-nos sempre viver uma dimensão ampla, uma visão alargada, aberta ao mundo. Encontrar os outros, falar, dialogar, a amizade são traços decisivos do nosso modo de ser. Em maio de 1986, o Pontifício Conselho dos Leigos reconheceu a Comunidade de Santo Egídio como uma «Associação Pública de Leigos». um reconhecimento que deu carácter oficial a uma presença de já quase 20 anos dentro da Igreja.

SobreAndrea Riccardi

• Nasceu em Roma, em 1950.

• Em 1968, fundou a Comunidade de Santo Egídio, que dirigiu até 1990.

• É formado em História Moderna. É historiador e académico. A sua investigação incide sobre a Igreja Moderna e Contemporânea e o fenómeno religioso.

• Entre 16 de Novembro de 2011 e 27 Abril de 2013, fez parte do governo italiano, enquanto ministro para a Cooperação Internacional e Integração.

• Recebeu vários doutoramentos Honoris Causa de universidades de diversos países.

• Recebeu o prémio Carlos Magno, atribuído a pessoas que se destacam na promoção da uni-dade da Europa e na difusão da cultura da paz e do diálogo.

dEStAquE

Nos anos 70 e 80, a Comunidade expandiu-se consideravelmente. Primeiro para outras cidades italianas, depois um pouco por todo o mundo. O que determinou o crescimento e a internaciona-lização de um pequeno projecto que nasceu num bairro italiano e hoje tem 50 mil leigos em mais de 70 países?

no início da nossa história não pensávamos em criar comunidades fora de Roma: a nossa escolha era edificar a Comunidade na Igreja local de Roma. diria que foram a vontade de anunciar o Evange-lho e a amizade com os pobres que nos levaram a olhar para além da nossa cidade, para a Itália e para o mundo. As nossas Comunidades fora de Roma nasceram sempre de um encontro pessoal com alguém que queria viver no espírito da nossa Comunidade, a centralidade do Evangelho e o ser-viço aos pobres. Assim, com o passar dos anos, nasceram comunidades fora de Roma, primeiro em Itália e depois em todo o mundo. hoje, esta-mos presentes em mais de 70 países, em todos os

continentes. Formamos assim uma fraternidade de Comunidades que em Roma tem o seu ponto de unidade. Sejam grandes ou pequenas, todas as nossas Comunidades rezam e servem os pobres, sentindo-se parte de uma família sem fronteiras.

Para além do serviço aos mais desfavorecidos (pobres, doentes, imigrantes, presidiários, etc.), uma das principais vertentes da Comunidade é a defesa da paz e dignidade humana e a promoção do diálogo inter-religioso. Que projectos têm sido desenvolvidos neste âmbito? Em que países?

A escuta do Evangelho e o encontro com os homens fizeram amadurecer em nós a vocação para o diálogo, para a paz. o trabalho pela paz e o diálogo é certamente uma componente essencial do espírito de Santo Egídio. Graças à mediação da Comunidade, a 4 de outubro de 1992, é assi-nado em Roma o acordo de paz entre o governo moçambicano e a guerrilha, que punha fim a uma guerra que durou 16 anos, com um milhão e meio

Ceia de Natal na igreja de Santa Maria in trastevere.

Janeiro 2015 | 98 | Mensageiro

Igreja de Santo Egídio.

de mortos. às vezes, perguntam-nos, como então fez uma jornalista do Washington Post: «quando é que deixastes a assistência aos pobres e vos lançastes na diplomacia?». mas o trabalho pela paz não é diferente do trabalho pelos pobres, pelo contrário, nasce precisamente do empenho pelos pobres porque a guerra é a mãe de todas as pobrezas. o nosso trabalho pela paz não criou um Santo Egídio «diplomático», o trabalho pela paz começou ajudando os pobres em moçambique, onde tudo estava bloqueado pela guerra. o caso de moçambique fez-nos intuir que os cristãos têm uma grande força de paz. Pode dizer-se que, depois de 1989, todos podem fazer a guerra, qual-quer grupo, etnia, máfia pode pegar nas armas e fazer a guerra. mas também é verdade que todos podem fazer mais pela paz e trabalhar mais pela paz. A nossa experiência fez-nos descobrir que tínhamos recursos de paz.

De que forma as diferentes religiões podem dar um contributo para a paz?

o tema da paz hoje é central e sê-lo-á cada vez mais na vida das comunidades cristãs e dos cren-tes de todas as religiões. A guerra voltou ao terri-tório europeu, entre a Rússia e a ucrânia. A Síria é afectada por uma guerra dilacerante e desumana. o Papa Francisco falou dos conflitos contemporâ-neos quase como uma terceira guerra mundial, mas aos bocados ou por capítulos. neste cenário, é lícito perguntar-se: a paz representa o nosso futuro? o que podemos fazer pela paz? Acredita-mos que as religiões podem trabalhar pela paz e pela convivência. o diálogo entre as religiões é uma resposta adequada para viver juntos em regiões e cidades, cada vez mais complexas, etnicamente e religiosamente. é uma prática quotidiana, que se torna proposta e cultura. é o caminho do «Espí-rito de Assis», do primeiro grande encontro entre as religiões, convocado em 1986, na cidade de São Francisco, por João Paulo II, ainda no tempo da Guerra Fria. A Comunidade de Santo Egídio conti-nuou este caminho desde 1986, ano após ano, reu-nindo pessoas das várias religiões, e pessoas sem religião, para trabalhar nesta delicada fronteira, espiritual, mas concreta.

Como se lida com uma guerra alicerçada em fundamentalismos religiosos?

As religiões, por vezes, são atraídas pelo culto da violência, capazes de solicitar um fanatismo simplificador e desumano. diante disto, não só

as religiões devem resistir, mas devem voltar à sua profunda força de paz. A força do «Espírito de Assis» está em confirmar que não existe guerra e violência em nome de deus: dizemo-lo dentro das próprias tradições religiosas, advertindo que a violência em nome de deus é uma blasfémia.

O nome Comunidade de Santo Egídio, mesmo fazendo referência a uma localidade italiana, funciona como marca fora de portas?

o Papa Francisco, visitando a nossa comunidade em Junho passado, disse-nos que oração, Pobres e Paz são os traços fundamentais da vocação da Comunidade. é uma bela definição daquilo que somos e queremos ser. mas não é um traço ape-nas romano ou italiano, é um traço universal.

a Bíblia: que história é esta?Miguel Gonçalves Ferreira, s.j.

Conhecemos decerto pessoas que num momento de generosidade decidiram começar a ler a bíblia... a maioria não durou muito neste propósito, por não entender o que estava a ler! Pressentimos que a leitura bíblica é essencial, mas sentimo-nos muito longe desta história... Contudo, sabemos mais sobre a bíblia e suas his-tórias do que pensamos! A Escritura está omni-presente no nosso modo de falar e de entender o mundo. quando dizemos de um amigo que teve uma “paciência de Job” ao ter sido feito “bode expiatório” de uma injustiça, mesmo estando em “ano sabático” - ou quando nos queixamos das chuvas “diluvianas” de ontem - citámos quatro vezes o Antigo testamento sem dar conta disso. não é por isso estranho que alguém se tenha referido à bíblia como o “Grande Código” a partir do qual se pode entender a cultura ocidental.

há algum modo simples de entender o essencial da Sagrada Escritura? Antes de mais, há que ter a noção que a bíblia não é um livro, mas uma biblio-teca cujos livros focam os diferentes aspectos da relação entre deus e o seu povo, ao longo de uma “história de Salvação”. Comecemos pelo Antigo testamento, confiando que se todas as histórias têm uma lógica, o mesmo acontecerá com estas! Ao arrumar estes 46 livros em “prateleiras” cha-madas géneros literários, vamos encontrando um fio condutor que nos ajuda a entender esta história. no entanto, só conseguiremos entender a lógica desta história se acolhermos a sua razão teo-lógica: há coisas essenciais sobre a vida que

o deus-Amor nos quer revelar, pois escapam à nossa capacidade de intuir, investigar ou decidir!

no pentateuco (os cinco primeiros livros) Israel, reconhece deus como o seu criador e como aquele que lhe propõe uma aliança. deus está atento à sorte do seu povo e manifesta-Se como liberta-dor. A aliança especifica-se então numa lei e na promessa de uma terra de abundância. os livros “históricos” e proféticos falam-nos da entrada na terra prometida: o sinal da realização da promessa divina. Israel começa a sua história como povo, uma história narrada ao longo de vários livros. Sucedem-se líderes carismáticos e reis que vão conduzindo o povo na fidelidade – ou infidelidade – à lei de deus e à sua aliança. vão surgindo também profetas: homens e mulheres que, através de gestos e palavras, anunciam a Palavra de deus denunciam as injustiças e infidelidades do povo e dos seus líderes. A história da relação entre deus e o seu povo dá origem a uma série de orações (os salmos), máximas, poemas e narrativas (a litera-tura sapiencial) que condensam a espiritualidade de Israel, a sua sabedoria de vida. neste ponto da história estamos já muito próximos de um acon-tecimento que dará pleno sentido – e uma nova luz – a todo este caminho: o nascimento de Jesus.

tIRAR A bíbLIA dA EStAntE

Janeiro 2015 | 1110 | Mensageiro

Paulo Nogueira

“NiNGuém ama O quE NãO cONhEcE...”

A humanidade vive submersa num mundo que a afoga em informação. nunca na história do homem esteve disponível tanta informação, ao alcance de tantas pessoas e de forma tão acessí-vel e barata. é uma verdadeira overdose informa-tiva, de todos os tipos e conteúdos, que inunda as mentes mas sem um contexto, uma lógica, um fio condutor, que confunde mais do que esclarece e deseduca mais do que educa.

neste cenário de abundância de informação, o conhecimento esclarecido da fé é, cada vez mais, um imperativo.

deus pede-me que transforme o mundo num mundo melhor. Como? Em que terrenos, den-tro de mim, vou enraizar esse desígnio de deus? deus dá-me, no Evangelho, o testemunho do seu Filho para que eu possa seguir os caminhos da salvação. mas como posso amar e viver esses caminhos se, muitas vezes, nem os conheço? E se não os conheço, não os compreendo na sua dimensão maior.

Só posso mudar o mundo se conhecer as suas luzes e as suas sombras, se estiver inserido na sua cultura e na sua história. Para ser a presença de Cristo nesse mundo, ser a presença da Igreja na sociedade é preciso muito mais do que apre-sentar apenas o título de cristão. A fé é um tes-temunho de vida capaz de transformar, mesmo que de forma singela, o que acontece ao nosso redor. Ser Igreja no mundo é viver intensamente o Evangelho, é seguir a Cristo e ser capaz de anun-ciá-Lo. é ter convicção, demonstrá-la com a vida.

Por isso, a formação e o conhecimento vão muito além de estudar, ler ou ouvir. A formação e o conhecimento pressupõem experiência de vida, experiência comunitária, experiência de amor a deus e ao próximo, experiência de Igreja. o ver-dadeiro sentido dessas vivências é obra, em pri-meiro lugar, da nossa fé, mas solidificada por um conhecimento das realidades de deus. Por isso, o cristão leigo, mais do que nunca, precisa de ter também conhecimentos pastorais, bíblicos, teo-lógicos, filosóficos e éticos. ou seja, tem que saber qual é a sua espiritualidade cristã. Caso contrário, corre o risco de ter uma prática de vida incoerente com os valores da verdade evangélica. ninguém ama aquilo que não conhece.

é verdade que não se nasce cristão. A iniciação ao Cristianismo supõe que tenha havido algum contacto com a proposta cristã e com Jesus e que esse contacto tenha despertado não só um inte-resse por conhecê-Lo melhor, mas também uma fé inicial.

o despertar dessa fé inicial em Jesus Cristo parte, em muitos casos, do ambiente familiar.

A formação da fé deve levar a transformar essa fé inicial numa fé adulta, mais madura e cons-ciente, que compromete e se torna consequente na vida de cada um.

A catequese é a forma por excelência para iniciar esse caminho de maturidade religiosa mas, infe-lizmente, um processo de iniciação torna-se, em muitos casos, um processo de conclusão. ou seja, o sacramento da confirmação marca também

para muitos jovens o fim da prática religiosa e, talvez também, da fé cristã.

A fé alimenta-se com a vivência do Evangelho mas de forma esclarecida, conhecedora dos valo-res e dos princípios que Jesus pediu que seguísse-mos. A procura do saber, a procura da formação é um caminho comunitário de fé que reforça o nosso amor a Jesus. Investir em cursos, palestras ou encontros proporciona que se vá construindo a formação, despertando em nós o desejo de conti-nuar inserido na vida da Igreja e de levar o anún-cio do Evangelho. Para além do mais, não somos tão ricos que não tenhamos nada a receber dos outros. Aproximo-me mais de Cristo à medida que melhor o conheço.

Para dar uma reposta aos questionamentos com que me defronto diariamente, faz-se necessário ser adulto na fé.

E ser adulto na fé é ir ao encontro do crescimento e amadurecimento de uma visão de fé, de Igreja, de religião e até mesmo de mundo. Caso contrá-rio, estou a viver uma fé meramente emocional, epidérmica, ritual. uma fé que tanto poderia ser esta como outra qualquer. mas no pólo oposto, também não posso transformar-me num tecno-crata da fé. A sabedoria está no equilíbrio do que sentimos e do que sabemos e na simbiose entre

essas duas realidades. Só sentimento é pouco… Jesus também conhecia as leis do seu povo. quan-tas vezes o encontraram a falar sobre a palavra do Pai e a deslumbrar quem o ouvia pelos conheci-mentos que demonstrava? mas também chamou hipócritas aos doutores da Lei e aos fariseus, à fé sem obras.

Para aliviar um pouco o discurso, conto aqui o episódio da mãe ignorante, mas amorosa: ela alimentava os filhos com uma dieta baseada em carne, porque acreditava que carne era o melhor tipo de alimento. um dia, depois de ler um guia de nutrição, começa a comprar uma mistura de todos os tipos de comida para os seus filhos. Como resultado, os filhos tornam-se mais sau-dáveis. Pergunta: esta mãe amava mais os seus filhos antes ou depois de ter adquirido esse conhecimento? não terão dificuldade em dizer que os amava da mesma forma, contudo, até adquirir o conhecimento, o seu amor era infrutí-fero, até mesmo contra-produtivo. Conhecimento que é verdadeiro permite que o amor desabroche em bons frutos.

na procura de uma fé vivida com verdade, a for-mação e o investimento pessoal no conhecimento de deus e da dimensão religiosa são decisivos, até porque ninguém ama aquilo que não conhece.

Informar

Janeiro 2015 | 1312 | Mensageiro

Paulino L. de Castro, osb

a OrdEm BENEditiNa

o monAquISmo bEnEdItIno não é mAIS do quE A

SImPLES vIdA CRIStã, PoRém vIvIdA Em CondIçÕES quE

FAvoRECEm A ExPERIênCIA dE dEuS.

A mISSão FundAmEntAL do monGE quE SE REFuGIA

no moStEIRo é A buSCA dE dEuS, vIvER PARA ELE E dAR

tEStEmunho dA SuA tRAnSCEndênCIA.

muito poucos são os homens, conscientemente instrumentalizados por deus, que, na sua humil-dade, se dão conta do papel a que são chamados, para desempenharem acções de relevo. bento de núrsia foi um dos que deus escolheu e cha-mou para fazer no monaquismo a síntese que a experiência e doutrinação de séculos lentamente haviam preparado. Fê-lo através de um código escrito, regulador da vida dos monges, nos mos-teiros, a que chamamos Regra dos monges.

na regra que escreveu, bento encara a ascese cristã como uma luta. Admite o duelo da vida eremítica, mas prefere a batalha da vida cenobí-tica. Embora pessoalmente tenha começado pelo ermo e terminado no cenóbio, acha que a ordem inversa é que está certa.

o monaquismo beneditino é, pois, um mona-quismo cenobítico, isto é, vivido em mosteiro, e a Regra que S. bento escreveu para ele não é um regulamento elaborado em gabinete; é o fruto de uma experiência em que se ordena a vida do mos-teiro e o relacionamento dos monges, entre si, no seio da família espiritual que constituem. E de tal modo foi a codificação de uma experiência vivida,

que o Papa S. Gregório magno, referindo-se nos seus “diálogos” à vida do Patriarca, pôde dizer: “Bento não soube ensinar diferente do que viveu”.

o monaquismo beneditino não é mais do que a simples vida cristã, porém vivida em condi-ções que favorecem a experiência de deus. A missão fundamental do monge que se refugia no mosteiro é a busca de deus, viver para Ele e dar testemunho da sua transcendência. E esta busca de deus realiza-se através de três formas de vida, actividades fundamentais na vida do monge: “Opus Dei”, “Lectio Divina” e trabalho Manual.

o axioma Ora et Labora (reza e trabalha), atri-buído a Pascásio Radbert, abade beneditino do século x, exprime uma verdade fundamental sobre a forma do monaquismo que leva o nome de bento. há um equilíbrio entre a oração e o tra-balho, entre actividades propriamente espirituais e as tarefas ordinárias que fazem parte da vida quotidiana, entre o interior e o exterior, a con-templação e a acção. o ofício divino (Opus Dei), bem como a Lectio Divina, estão associados de tal maneira às restantes actividades da vida do mos-teiro que, no dia a dia do monge, resulta um total e perfeito equilíbrio.

As linhas fundamentais da espiritualidade bene-ditina são, necessariamente, baseadas na “Regula monachorum”, regra que S. bento escreveu para regular a vida dos seus monges. E é dessa espi-ritualidade vivida nos mosteiros e que, desde os alvores da Idade média, irradiou por toda a Europa, que o Papa Pio xII nos dá conta, quando, em 1947 e através da encíclica “Fulgens radiatur”, declara, pública e oficialmente, que S. bento é o Pai da Europa.

Para o Sumo Pontífice, bento de núrsia resplan-dece como um astro na cerração da noite euro-peia do seu tempo, sendo, duplamente, Bento de graça e de nome (no dizer de S. Gregório magno). Pode assim afirmar-se, não traindo a história dos homens, que, ao desmoronar-se o Império Romano e ao surgirem as invasões dos bárbaros, foi providencial a aparição da ordem beneditina e de seus florentíssimos mosteiros, levando às populações pacíficas a luz da verdade e da moral cristã. Podemos realmente dizer que nenhum povo há que se não orgulhe do apostolado dos monges, os não considere como glória nacional e como os ilustres iniciadores da sua cultura.

Abadia de Montserrat (Espanha).

Ano dA vIdA ConSAGRAdA

Janeiro 2015 | 1514 | Mensageiro

num bairro aNtiGO dE lisBOa

Isabel Figueiredo

PoRquE Em CAdA nomE quE SE

ESCREvE é umA AmIZAdE quE SE

vISItA. Em CAdA dAtA, umA mEmóRIA.

E EStA REPEtIção CAdEnCIAdA, FEItA

Com o CuIdAdo dA ESCRItA, é PARA

mIm umA LIção dE vIdA.

tenho uma amiga que vive num bairro antigo de Lisboa. o prédio tem azulejos na fachada e uma porta estreita, que durante muitos anos foi de madeira maciça mas agora tem a lim-peza e o brilho das imitações. na penumbra de uma pequena entrada, vê-se uma escada, ainda encerada, com um corrimão que ajuda a subir os degraus já gastos. há um certo silêncio naquela escada e a campainha é estridente, mesmo que tocada por breves segundos.

quando nos abre a porta, entra-se numa sala cheia de luz, com sofás fora de moda mas con-fortáveis. mesas e mesinhas, muitas fotografias, livros espalhados por todo o lado. uma televisão enorme lembra outros tempos, quando viam as notícias em casal e conversavam sobre poetas e filhos e viagens e amigos e desconhecidos.

vive sozinha. mas mantém alguns hábitos que lhe permitem continuar activa, presente no meio de tantas ausências. um dos hábitos que perma-nece, no início de cada ano, é o de passar a limpo as datas de aniversário de todos os amigos. Sen-ta-se no sofá, puxa para si uma pequena mesa e vai escrevendo, lentamente, nomes e datas, num caderno de páginas em branco.

mas se as datas são as mesmas e os amigos tam-bém… porque não manter a mesma agenda de ano para ano? Pressinto que esta é a pergunta da superficialidade, de todos os que gastamos a vida a tentar rentabilizar o tempo. Porque em cada nome que se escreve é uma amizade que se visita. Em cada data, uma memória. E esta

repetição cadenciada, feita com o cuidado da escrita, é para mim uma lição de vida. Porque me lembra a importância de recomeçar, refazer, reconstruir. Porque me lembra a importância dos afectos e das memórias. Porque me lembra a solidão de tantos.

neste mês de Janeiro, sinto-me sempre agra-decida por esta amiga, que naquela sala gasta tempo a escrever nomes e datas. Para não esquecer uma palavra, um sorriso ou uma gar-galhada que irão certamente tornar mais felizes tantos dias de tantas vidas. Lembrei-me desta história, quando me sentei ao computador para escrever este primeiro texto, num Mensageiro renovado e cheio de memórias. um Mensageiro refeito e cheio de afectos, de quem escreve e de quem lê. Reconstruído sobre a firmeza do pas-sado, mas capaz do alcance desconhecido do futuro. E também me sinto agradecida por fazer parte deste presente.

CRIStãoS: dA dIvISão à

unIdAdE PoSSívEL

MENSAGEIRO | doSSIER 1

João Duque / Elias Couto

oPInIão

Janeiro 2015 | 1716 | Mensageiro

Ecumenismo é um termo que adquiriu, no último século, o significado de processo de aproxima-ção entre as diversas Igrejas cristãs separadas, numa relação que pode ir de um convívio muito ténue até à consciência viva e prática de pertença a uma única Igreja. Nesse processo, há tradi-ções cristãs mais envolvidas e mais entusiastas e outras menos. A Igreja Católica Romana – ou seja, o conjunto das Igrejas locais em explícita e assumida comunhão com o bispo de Roma – tendo inicialmente uma posição céptica e depois moderada, em relação a este processo, assu-miu-o plenamente como seu e é uma das tradi-ções cristãs mais envolvida.

as divisõEsNos primeiros séculos

durante os séculos Iv e v, algumas Igrejas locais não aceitaram certas definições dogmáticas, sobretudo as formuladas nos Concílios de éfeso e Calcedónia, a propósito do modo como convivem, em Jesus Cristo, as naturezas humana e divina, seja porque defendiam a separação dessas natu-rezas (nestorianismo), seja porque defendiam a existência de uma só natureza em Cristo, nem divina nem humana (monofisismo).

Estas Igrejas iniciaram então um percurso histó-rico separado do resto das Igrejas. denominadas genericamente orientais antigas, ainda continuam vivas, com mais de 20 milhões de fiéis, distribuídos pelas Igrejas (ortodoxas) Arménia, Síria (Patriar-cado de Antioquia), Copta (Patriarcado de Alexan-dria) e da Etiópia. Esta última é a mais numerosa. Por seu turno, a Igreja Síria estendeu a sua influên-cia à índia, sobretudo sobre a denominada Igreja malabar, que os portugueses viriam a encontrar quando chegaram à índia, nos séculos xv-xvI. Actualmente, apesar de não haver comunhão plena, estas Igrejas estão muito próximas entre si e em relação à Igreja Católica Romana.

Ocidente e Oriente

Entre meados do séc. xI e inícios do séc. xIII, teve lugar a grande ruptura entre o oriente e o ocidente cristãos. os diferentes contextos cultu-rais entre oriente e ocidente – agravados com o peso do império Romano – que originaram tam-bém leituras teológicas diversas e que, muitas vezes, estiveram acompanhados por tensões de supremacia política, criaram conflitos entre as Igrejas orientais, com sede em Constantinopla, e a Igreja ocidental, com sede em Roma.

Esses conflitos tiveram o seu desfecho em 1204, quando a Igreja de Constantinopla – então saqueada por cruzados – declarou herege a Igreja de Roma, por discordâncias relacionadas com a formulação do credo cristão. mas já antes, em 1054, Roma tinha excomungado o Patriarca miguel Cerulário, de Constantinopla, devido a

desentendimentos mais culturais e políticos do que religiosos entre as autoridades religiosas de Constantinopla e as de Roma.

Estas duas metades do Cristianismo seguiram caminhos autónomos durante todo o segundo milénio. E as actuais aproximações (nomeada-mente com a anulação da excomunhão e declara-ção de heresia), estão ainda muito marcadas por profundas tensões culturais, políticas e históricas.

O protestantismo

os vários movimentos que ficaram conhecidos como Reforma protestante e dividiram a cristan-dade do ocidente europeu tiveram a sua origem no séc. xvI. também neste caso, os factores são muito diversificados e complexos. Em primeiro lugar, o peso centralista da Igreja de Roma era notório. Isso reflectia-se não apenas sobre a vida religiosa do fiéis, mas também sobre a vida polí-tica dos povos. ora, estando a desenvolver-se movimentos de autonomia nacional de alguns povos – sobretudo no centro da Europa – é fácil compreender em que medida os factores religio-sos podem ajudar os desejos políticos. A par disto tudo, acentuava-se a consciência de um ambiente corrupto à volta do poder romano, que despertou movimentos reformadores da Igreja.

As legítimas propostas de reforma surgidas no séc. xvI poderiam ter-se mantido no interior da mesma Igreja, não fossem razões políticas (como no caso claro de henrique vIII, na Inglaterra) e razões culturais e nacionais (como no caso das Igrejas Luteranas, na Alemanha). o certo é que, na

De tradição Católica Romana

De tradição Anglicana

De tradição Luterana

De tradição Calvinista

De tradição Ortodoxa

Países de maioria Muçulmana

conjugação de todos esses factores e no início de uma época que iria colocar fortemente em questão o estatuto da Igreja na Europa – a época denominada modernidade ou iluminismo – a separação foi inevitável, com os conflitos daí resultantes e que tão fortemente marcaram a história europeia. Esses conflitos – denominados guerras de religião – viriam mesmo a descredibili-zar socialmente o Cristianismo, a ponto de se chegar a conceber que o único caminho para a paz na Europa seria a supressão das religiões – o que, aliás, se veio a revelar falso, como provaram a duas grandes guerras do séc. xx e as ditaduras do Leste.

As Igrejas saídas da Reforma protestante

A separação da Inglaterra, originando uma Igreja nacional, diri-gida pelo monarca (precisamente a Igreja de Inglaterra), foi tal-vez a que mais claramente manifestou a tensão entre o poder nacional e o poder romano. As suas aplicações teológicas ou dis-ciplinares – como no caso do direito matrimonial – são manifes-tações dessa tensão de fundo. Com esta separação deu-se um primeiro grande golpe no interior da Igreja do ocidente.

O mapa das divisões

1999

Janeiro 2015 | 1918 | Mensageiro

CRISTIANISmO

COPTAS

ORTODOxOS gREgOSCATóLICOS ROmANOS

PROTESTANTES

LUTERANOS

EvANgÉLICOS mETODISTAS PRESbITERIANOS ....

ANgLICANOS CALvINISTAS

ARmÉNIOS ETíOPES

séc. Iv

1054

1517 1534 1541

no mundo germânico, a questão é mais com-plexa. Juntando vontades crescentes de autono-mia nacional e cultural com certos extremos da imposição romana e certas formas equívocas de interpretação teológica, o movimento reforma-dor impulsionado por Lutero – e que teve outros focos, para além dele – ganhou corpo consistente e conseguiu grande apoio político e da popula-ção. Iniciou-se, assim, uma das mais significati-vas divisões do ocidente cristão, que acarretou consigo não apenas a construção de estruturas diferentes, mas mesmo modos de interpretação

AS DIvISõES ENTRE OS CRISTÃOS, DESDE O SÉC. Iv ATÉ AO SÉC. xIx, DERAm ORIgEm A UmA gRANDE DIvERSIDADE DE IgREJAS E COmUNIDADES ECLESIAIS, COmO O ESQUEmA ACImA TESTEmUNHA DE mODO mUITO PARCIAL.

teológica significativamente diversos e mes- mo controversos.

Algo semelhante aconteceu com o impulso dado por Calvino, em Genebra, através da pregação e sobretudo da publicação do livro A Instituição Cristã. Se Lutero estava muito ligado ao mundo germânico, transformando a sua reforma num fenómeno essencialmente alemão, estendido para norte, Calvino tem pretensões mais univer-sais, mais fortemente teológicas, pelo que terá maior eco pelo mundo fora, para além dos limites da Suíça francófona.

Calvinismo: movimento de reforma da dou-trina cristã iniciado por João Calvino, que teria a sua base na cidade de Genebra, Suíça. A par-tir de 1541, Calvino estabeleceu-se nesta cidade e promoveu a sua visão da reforma da Igreja, que ganharia seguidores em vários países.

Concílio de Calcedónia: reunião dos bispos cristãos, no ano 451, na cidade de Calcedónia, situada na região da Bítinia, perto de Constanti-nopla (Istambul, na actual Turquia).

Igreja anglicana: é a Igreja de Inglaterra, sepa-rada de Roma em 1534 por decisão do rei Henri-que VIII. A Igreja anglicana está sob a autoridade última do monarca inglês.

Igrejas evangélicas: o movimento evangélico surgiu no seio do protestantismo, mas não se iden-tifica com as Igrejas tradicionais da Reforma. As comunidades evangélicas, profundamente autó-nomas, tiveram um grande desenvolvimento nos Estados Unidos da América, nos séculos XVIII e XIX. Hoje, constituem uma influência poderosa no panorama religioso do Estados Unidos e aumentam continuamente os seus fiéis, sobretudo na América Latina, de tradição católica, na África e na Ásia.

Igrejas luteranas: resultam do movimento de reforma da Igreja Católica iniciado pelo monge alemão Martinho Lutero. Como data de referência desta separação pode indicar-se 1517, ano em que Lutero publicou as suas 95 teses contra a doutrina católica das indulgências.

Monofisismo: palavra de origem grega que signi-fica “uma só natureza”.

Nestorianismo: doutrina defendida pelo presbí-tero cristão Nestório, segundo o qual Jesus tinha duas naturezas, totalmente distintas: a divina e a humana.

Patriarca: bispo que preside a uma Igreja, habi-tualmente de tipo nacional, na tradição ortodoxa.

vOCAbULÁRIO

Janeiro 2015 | 2120 | Mensageiro

vOCAbULÁRIO

O Conselho Ecuménico das Igrejas

nos finais do séc. xIx começaram as movimen-tações mais significativas na tentativa de trazer as várias Igrejas cristãs à unidade. Foram sobre-tudo certos movimentos juvenis que deram ori-gem a este novo espírito, entre confissões não católicas, com preponderância das originadas ou pertencentes à comunhão anglicana. Para além disso, em 1867 iniciaram-se as conferên-cias dos bispos de comunhão Anglicana; em 1905, criou-se a Aliança baptista mundial; em 1908, iniciou-se a semana de oração pela uni-dade dos cristãos. mas foi sobretudo a consciên-cia missionária que despoletou o movimento ecuménico propriamente dito. Foi precisa-mente com a conferência missionária mundial em Edimburgo, em 1910, que se iniciou o que pode considerar-se ecumenismo moderno.Em 1948, teve lugar em Amesterdão (holanda)

uma assembleia mundial de Igrejas protestan-tes que deu origem ao Conselho Ecuménico (ou mundial) das Igrejas. Este Conselho não é uma Super-Igreja, mas é constituído por uma comunhão de Igrejas, ou «associação fraterna de Igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como deus e Salvador segundo as Escrituras, e procuram responder juntas à sua comum vocação, apenas para glória de deus Pai, Filho e Espírito Santo» (Constituição do CEI, I).A Igreja Católica nunca pertenceu ao CEI. Ini-

cialmente, porque não aderiu oficialmente ao movimento ecuménico; mais tarde, por consi-derar que a compreensão que tem de si mesma, como Igreja universal (não necessariamente a única verdadeira) não é compaginável com a pertença a um grupo de Igrejas «parciais»; por último, por razões práticas, pois iria, com os seus quase mil milhões de membros, desequilibrar os 400 milhões de membros das outras Igrejas.

Ecumenismo: termo com origem na língua grega (oikouméne = toda a terra habitada). no contexto do Cristianismo, designa o empenho de várias Igrejas em progredirem na superação das causas que levaram à separação das mesmas.

movimento ecuménico: tem a sua origem nos ambientes protestantes. A Igreja Católica não se envolveu nas iniciativas ecuménicas, de modo oficial, senão em 1960, data da criação, pelo Papa João xxIII, do Secretariado para a unidade dos Cristãos. o Concílio vaticano II, com o decreto sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, apro-vado em 1964, marcou o compromisso definitivo da Igreja Católica com o ecumenismo.

Oitavário de oração pela unidade dos cris-tãos: surgiu em 1908, por iniciativa de thomas Watson, um convertido do anglicanismo ao cato-licismo, que propôs a vários grupos de cristãos rezar pela unidade, entre os dias 18 de Janeiro (Festa da Cátedra de S. Pedro) e 25 de Janeiro (Festa da Conversão de S. Paulo). A partir dos anos 60 do séc. xx, passou a haver um subsídio comum para este oitavário, elaborado com a colaboração da Comissão Fé e Constituição do Conselho mun-dial das Igrejas e do Pontifício Conselho para a Promoção da unidade dos Cristãos. nas palavras do P. Paul Couturier (1881-1953), esta semana de oração não pretende antecipar uma unidade ins-titucional, mas antes rezar pela unidade plena, que ultrapassa as limitações históricas e eclesiais e que «será como deus quer, quando Ele quiser e através dos meios que Ele escolher».

O mOvimENtO EcuméNicO

A Igreja Católica e o ecumenismo

A primeira metade do séc. xx foi palco de for-tes transformações e iniciativas, no interior da Igreja Católica romana, o que conduziu ao Concí-lio vaticano II. o papa João xxIII criou, em 1960, o Secretariado para a unidade dos Cristãos (mais tarde Conselho Pontifício para a Promoção da unidade), que está na origem do documento con-ciliar Unitatis redintegratio, o qual pode ser consi-derado a magna Carta do ecumenismo, em pers-pectiva católica. Estes documento começa com a definição

dos princípios católicos do ecumenismo, para depois referir várias práticas, para aplicação dos

mesmos. depois, aborda especificamente a rela-ção com as Igrejas do oriente e as do ocidente. o Conselho Pontifício encarregou-se, posterior-mente, de levar a efeito importantes iniciativas, como a publicação do directório Ecuménico, a elaboração de vários documentos conjuntos com outras confissões, a participação, como observa-dores, no Conselho Ecuménico das Igrejas, etc. A Encíclica de João Paulo II Ut Unum sint veio con-firmar e reforçar o empenho da Igreja Católica neste movimento, que busca a unidade de todos os cristãos.

O Papa Francisco com o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I.

Janeiro 2015 | 2322 | Mensageiro

Do entusiasmo à crise

na transição do séc. xIx para o séc. xx, para muitas Igrejas não católi-cas, e com o Concílio vaticano II, para a Igreja Católica, manifestou-se um especial entusiasmo pelo movimento ecuménico, acompanhado muitas vezes pela convicção de que estaria para breve a real unidade de todos os cristãos. Embora correspondendo a visões diversas dessa unidade, ela era perseguida como alvo próximo.Com o desenrolar das décadas, verificou-se que a unidade plena não se

atingia, como se esperava; e foi-se ganhando consciência de fortes dificul-dades nesse caminho. Essas dificuldades são de ordem prática, histórica e cultural (como sobretudo acontece na relação com as Igrejas do oriente) ou de ordem disciplinar (como acontece na relação com muitas Igrejas protestantes) ou mesmo de ordem teológica (sobretudo em relação a gru-pos cristãos menos organizados).

modelos de unidade

A unidade possível entre todos os cristãos terá que ser uma unidade na diversidade – como acontece, aliás, já no interior de cada Igreja cristã. Par-tindo de uma profissão de fé comum, no que toca ao essencial – mesmo que aí já possam ser aceitáveis algumas diversidades de formulação – há que avaliar até onde vai a possibilidade de diversidade, que não afecte a possibilidade de todos se sentirem membros da mesma Igreja. Em cer-tos aspectos – como os que respeitam às tradições rituais ou às diversas práticas disciplinares – essa unidade na diversidade parece ser possível, embora não seja fácil (pensemos em ritos litúrgicos diferentes, ou na prá-tica do celibato para os ministérios ordenados, por exemplo).nas perspectivas teológicas de fundo – como relativamente àquilo que

constitui uma Igreja verdadeira – ou em certas aplicações éticas, a diver-sidade implicará sempre tensão, impossibilitando muitas vezes a realiza-ção concreta da unidade. Até que ponto são aceitáveis essas diversidades, é assunto que precisa de ser ainda muito desenvolvido. Para já, há um princípio indiscutível: mesmo no desacordo quanto ao conteúdo, o res-peito mútuo é algo que não pode ser colocado em causa.

O serviço à unidade

Em todo este processo, ressalta a questão da referência visível, histórica e encarnada desta unidade na diversidade. Cada vez se manifesta mais a necessidade de um ministério da unidade, para evitar que essa unidade seja mera teoria ou mero ente espiritual, e para evitar a fragmentação – que não pode ser confundida com a verdadeira unidade na diferença, pois esta pressupõe relação. o ministério da unidade terá que ser, preci-samente, o ministério da relação, para possibilitar a unidade, sem a trans-formar em anulação uniforme das diferenças. Poderá o bispo de Roma vir a desempenhar essa tarefa, para todos? talvez uma parte do futuro do ecumenismo passe por esta questão difícil, mas inevitável.

O prEsENtEE O futurO

LIvRARIA

NASCEmOS E JAmAIS mORREREmOS

Chiara Corbella Petrillo morreu com 28 anos, em Junho de 2012, vítima de cancro, por ter posto a vida da criança que trazia no ventre à frente da sua. Antes do nascimento deste filho, Francesco, em Maio de 2011, já Chiara e o seu marido Enrico tinham acompanhado no seu nascimento para o Céu os seus dois primeiros filhos, Maria Grazia Letizia, nascida em 2009, e Davide Giovanni, em 2010.

Nascemos e Jamais Morreremos é a narrativa emocionada desta vida desconcertante, feita por dois amigos íntimos do casal Petrillo. uma narrativa que coloca em primeiro plano o tes-temunho dos Petrillo, um tes-temunho de alegria, paz e sere-nidade no meio dos maiores sofrimentos, fruto de uma ina-balável confiança em deus e nos caminhos que é possível percor-rer a seu lado. Caminhos feitos de “pequenos passos possíveis”, nas palavras de Chiara, passos quotidianos, um de cada vez, mas que levam longe.

Formato: 14,8x22 cm; Páginas: 176; Preço: 12,00€; Portugal: 12,70€;Europa: 15,00€; Fora da Europa: 17,40€(Portes de Correio incluídos nos preços).Pedidos: www.livraria.apostoladodaoracao.pt/; [email protected]; Secretariado Nacional do A.O. – Rua S. Barnabé, 32 – 4710-309 Braga

Janeiro 2015 | 2524 | Mensageiro

a actualidade do apostolado da Oração

António Valério, s.j.

nesta secção, apresentamos este espaço dedi-cado ao aprofundamento de aspectos relaciona-dos com o Apostolado da oração e a sua proposta. é pensada para as pessoas que pertencem aos grupos do Ao, mas também para os interessa-dos em conhecer melhor esta proposta e as suas linhas de fundo.

Este artigo pretende dar uma contextualização daquilo que se seguirá nos próximos números da Revista. Como foi sendo referido, o Apostolado da oração está em pleno andamento da sua fase de Recriação. Ao longo dos seus quase 170 anos, esta obra da Santa Sé, confiada à Companhia de Jesus, que tem como principal missão a promo-ção da oração e da vida espiritual dos cristãos, foi adaptando as suas propostas aos vários contextos, para ajudar as pessoas a ter com deus uma rela-ção simples e quotidiana, que implicasse a vida, nas decisões de cada dia, e mantendo um vínculo especial com o Santo Padre, o qual confia ao Ao, mensalmente, as suas intenções de oração.

Face às dificuldades sentidas em todo o mundo em actualizar a sua proposta de acordo com as sensibilidades e inquietações dos dias de hoje, o máximo responsável do Ao, o Padre Geral dos

Jesuítas, Adolfo nicolás, pediu aos Secretariados nacionais de todo o mundo que pusessem em marcha o processo de recriação. Foram quatro anos de intenso trabalho e diálogo, que resul-taram no documento de Recriação, entregue ao Santo Padre e finalmente aprovado por ele no verão de 2014.

o Papa Francisco mostrou um grande interesse por todo este processo, acompanhando-o pes-soalmente e fazendo ainda algumas observações muito concretas ao documento apresentado. o fim deste processo foi marcado, assim, por uma experiência de grande união com o Santo Padre, fazendo crescer ainda mais o desejo de servir a Igreja através desta proposta.

nos próximos artigos daremos início, então, à explicitação de alguns temas próprios do Ao, como a sua definição, a sua prática, as intenções do Papa e suas implicações na vida, as bases da sua espiritualidade, etc. Convidamos os nossos lei-tores a acompanharem com atenção esta secção, fundamental para animar o nosso coração neste modo de vida em Igreja, aberto às grandes ques-tões do mundo.

Esquema de reunião de grupoManuel Morujão, s.j.

Para além da vivência pessoal do espírito do Apostolado da oração, muito ajuda participar na habitual reunião mensal. Esta serve como:

– estímulo mútuo para viver a vocação cristã no concreto do dia-a-dia;

– aprofundamento de um tema, normalmente as intenções do Papa, sucessor do apóstolo Pedro, para cada mês: «tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18);

– partilha de vivências e experiências de quem procura pôr em prática o seu seguimento de Cristo na vida quotidiana: «Sereis minhas teste-munhas… até aos confins do mundo» (Act 1, 8);

– oração em comum: «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles» (Mt 18, 20).

oração inicial – oração do oferecimento(com a fórmula tradicional ou com outra)

1ª ParteIntenções do Papa para o mês de Janeiro

o Responsável, ou outra pessoa do grupo, poderá fazer uma apresentação de uma ou das duas intenções do Papa Francisco. A intenção universal fala da promoção da paz: «Para que as pessoas de

diferentes tradições religiosas e todos os homens de boa vontade colaborem na promoção da paz». A intenção pela evangelização recorda-nos a vida consagrada: «Para que, neste ano dedicado à vida consagrada, as consagradas e os consagrados des-cubram a alegria de seguir a Cristo e se dediquem zelosamente ao serviço dos pobres».

2ª Parteos grupos do Ao são grupos de oração e de acção

Reservar um tempo para partilhar o que os mem-bros do Ao poderão fazer na linha do que pede o Papa Francisco para serem promotores da paz, por exemplo, respondendo a estas perguntas:

– que poderemos fazer para que nas nossas famí-lias, comunidades, paróquias, se viva sempre mais em clima de paz e concórdia?

– Como ultrapassar os naturais conflitos para viver a felicidade da paz: «bem-aventurados os construtores da paz porque serão chamados filhos de deus»?

3ª ParteAssuntos práticos do grupo do Ao

Terminar com uma leitura da Palavra de Deus (por exemplo, o Evangelho do domingo seguinte à reunião) e com uma oração.

REunIão dE GRuPovIvER o Ao

Janeiro 2015 | 2726 | Mensageiro

Oração pela pazDário Pedroso, s.j.

Ainda a celebrar o tempo do natal, dando particular importância ao dia mundial da Paz, tendo presente Jesus como Príncipe da Paz, vamos orar, em comunhão com o Papa Francisco, celebrando em comum a nossa oração. Com maria, a Senhora e Rainha da Paz, vamos passar as contas do nosso terço, meditando e rezando, em comunhão de Igreja, com milhões de cris-tãos que rezam unidos ao Papa e pelas suas intenções.

1 – Jesus, Príncipe da Paz

Fixemos o olhar em Jesus, o menino que nos nasceu e veio para estabe-lecer a Paz, para ser a nossa Paz, Aquele a quem o profeta chamou o Prín-cipe da Paz. o mundo precisa d’Ele, precisa que Ele entre nos corações, nas famílias, nas estruturas da sociedade, para que haja menos guerra, menos ódio, menos vingança, menos sangue derramado, menos vidas ceifadas e famílias desfeitas. que Ele nos alcance a verdadeira Paz. Rezemos o pri-meiro mistério...

2 – Paz, construção dos homens

A paz é dom de deus, dom do Coração de Cristo, Rei do universo. mas o Evangelho proclama «bem-aventurados» os que a constroem, por isso ela tem de ser também construção dos homens. A Intenção do Santo Padre pede que as pessoas de diferentes tradições religiosas e todos os homens de boa vontade colaborem, construam caminhos de paz e de comunhão para que o mundo viva em mais concórdia e unidade. oxalá este desejo se realize. Rezemos o segundo mistério...

3 – mundo em destruição

Parece que não há canto do mundo onde não exista falta de paz e de har-monia, desde a violência doméstica, aos crimes, aos atentados, às bombas, aos desertos sem amor, sem pão, sem carinho, sem paz. o mundo vive em conflito destruidor e homicida. Esta situação gera fome, injustiça e morte. quanto sofrimento e quanto sangue derramado! que maria, a mãe da Paz, a mãe da humanidade nos alcance a graça de vivermos em paz e colaborar-mos na sua construção. Rezemos o terceiro mistério...

4 – Promoção activa

todos podemos fazer muito pela Paz. todos temos que colaborar com o dom de deus para construir paz. E tudo começa no nosso coração. é no santuário do nosso coração que tem de haver paz que depois se semeia à nossa volta. Jesus, cujo Coração é a fonte da paz e da comunhão, quer transformar os nossos corações e fazer-nos promotores da paz. metamo--nos no seu Coração e sejamos fonte de paz para os outros. Rezemos o quarto mistério...

5 – Unidos ao Papa

Somos milhões de pessoas a rezar, cada mês, unidas ao Papa e pelas suas intenções. temos aqui um pilar magnífico da vida e da espiritualidade do Apostolado da oração. Este mês foi a promoção da paz que nos juntou em oração. Estar em comunhão com o Papa e rezar pelas suas intenções é sen-tir-se cada vez mais Igreja, mais comprometidos com a nossa mãe Igreja e com o Papa que, em nome de Jesus, a governa. Rezemos o quinto mistério...

1ª SExtA-FEIRA

Janeiro 2015 | 2928 | Mensageiro

nas primeiras 24 horas de utilização, mil 800 pessoas descarregaram a aplicação para Android e 2 mil 100 para IoS (Iphone) do Click to Pray. o site teve 40 mil acessos e mais de 11 mil visitantes únicos. Entretanto, a página de facebook registou quase 1300 gostos. o público principal alcançado, que acedeu a estas plataformas, está entre os 18 e os 34 anos.

os downloads e visitas ao site e facebook têm-se multiplicado de forma espantosa nestes primei-ros dois meses, fazendo desta nova plataforma do Apostolado da oração um verdadeiro sucesso de vivência da fé nos meios digitais.

A apresentação do Click to Pray aconteceu no dia 21 de novembro, na Capela do Carmelo de São José, em Fátima, no âmbito das Jornadas Prá-ticas sobre Comunicação digital. o evento mere-ceu a participação de mais de cem pessoas, entre

estudantes, profissionais de comunicação social, sacerdotes e leigos ligados a projectos nesta área.

E o que é o Click to Pray? é uma plataforma multicanal que disponibiliza propostas de ora-ção simples e breves, para três momentos do dia, durante os 365 dias do ano. Apresenta também as intenções que o Papa Francisco confia mensal-mente ao Ao e a todos os cristãos.

o objectivo é utilizar as novas tecnologias para levar a oração aos espaços quotidianos, enqua-drá-la no ritmo de vida de cada um e, desta forma, criar uma atitude de disponibilidade para fazer aquilo que deus pede a cada dia, tendo em conta que “cada dia é diferente”.

o Click to Pray é também uma rede social de oração, que permite colocar num mural as inten-ções de oração de cada um e rezar pelas inten-ções dos outros utilizadores.

Milhares descarregam app Click to Pray

aO é NOtÍcia

Paróquia de S. Francisco Xavier impulsiona grupo do AO

A paróquia de S. Francisco xavier, em Setúbal, promoveu, no dia 8 de novembro, por inicia-tiva do pároco, Padre hermínio vitorino, s.j., um encontro para tentar renovar e impulsionar o Apostolado da oração.

o encontro, que contou com uma boa presença de leigos, foi orientado pelo P. dário Pedroso, s.j., agora a viver na Charneca da Caparica, na Comunidade

da Companhia de Jesus que tem a seu cargo qua-tro paróquias na vigararia de Almada.

Esta reunião foi determinante para ajudar os lei-gos a entrar mais na espiritualidade e na organi-zação do Apostolado da oração. Foi uma pequena semente da qual se espera, pela graça do Coração de Jesus e pelo dinamismo do pároco e dos leigos empenhados, um maior crescimento.

Encontro Diocesano no Porto reuniu 350 pessoas

Curso de Introdução à Oração decorreu em Fátima

Cerca de 350 pessoas de várias paróquias da dio-cese do Porto participaram no Encontro diocesano do Apostolado da oração, que decorreu no dia 15 de novembro, na Casa diocesana do vilar.

o encontro foi organizado pelo director dio-cesano, Cónego João da Silva Peixoto, e pela sua Equipa diocesana, que tem como responsável a Irmã Alexandrina dutra, da Comunidade do bom Pastor, em Ermesinde, onde estão os restos mor-tais da beata maria do divino Coração.

Integrado no programa do bispo diocesano para a diocese do Porto, o encontro, cujas conferências

estiveram a cargo do P. dário Pedroso, s.j., teve como tema a Exortação Apostólica «A Alegria do Evangelho», como missão do Apostolado da oração.

depois da palavra introdutória do director dio-cesano, o P. dário fez duas exposições durante a manhã, seguidas de um tempo forte e longo de Adoração a Jesus Eucaristia. Pelas 14h30, depois da bênção do Santíssimo, houve uma terceira palestra, encerrando-se o Encontro com a celebra-ção da Eucaristia vespertina.

Apresentar ferramentas muito práticas para a oração quotidiana, fazendo com que as pessoas, nos seus contextos e ritmos diários, possam encontrar sempre modos de rezar foi o objectivo do Curso de Introdução à oração, que decorreu de 7 a 9 de novembro, em Fátima, na domus Carmeli.

o curso, orientado pelo P. António valério, s.j., destinou-se a pessoas que pertencem ao Aposto-lado da oração, mas aberto a outros interessados.

Para além de abordagens mais «teóricas» sobre a oração, o curso incidiu sobre os diversos modos de orar, o que se pode fazer durante um tempo de oração, para além de exercícios práticos de ora-ção individual e em grupo. o facto de não ser um grupo muito numeroso ajudou a que se pudesse dar muito tempo a questões práticas, partilhas e trocas de opiniões, o que tornou esta experiência muito enriquecedora.

no final, a alegria e o desejo de encontrar Jesus no dia-a-dia foram os sentimentos comuns a todos os participantes, que afirmavam que este tipo de iniciativas deveria acontecer mais vezes.

notíCIAS

Janeiro 2015 | 3130 | Mensageiro

o Papa não se cansa de apelar e envidar esfor-ços a favor da paz, do diálogo e da tolerância. na viagem de três dias – 28, 29 e 30 de novembro – que realizou à turquia, Francisco mostrou-se preocupado com o diálogo inter-cultural e inter--religioso e com a «situação verdadeiramente trágica» no médio oriente, sobretudo no Iraque e na Síria.

Logo no primeiro dia, 28 de novembro, em Ancara, no encontro com as autoridades locais, entre as quais o presidente Erdogan, o Santo Padre condenou o fanatismo e o fundamentalismo

Papa foi à turquia insistir na paz e diálogo inter-religioso

iGrEja é NOtÍcia

religiosos. «Ao fanatismo e ao fundamentalismo, às fobias irracionais que incentivam incompreen-sões e discriminações é preciso contrapor a soli-dariedade de todos os crentes – que tenha como pilares o respeito pela vida humana, pela liber-dade religiosa, que é liberdade do culto e liber-dade de viver segundo a ética religiosa», susten-tou, lembrando que «têm necessidade disto, com particular urgência, os povos e os Estados do médio oriente».

no encontro com o responsável pelos Assun-tos Religiosos, o Papa voltou a falar do médio

Celebração da Missa na Catedral Católica do Espírito Santo, em Istambul.

Católica não tem intenção de impor qualquer exi-gência, excepto a da profissão da fé comum».

Enquanto líder da Igreja Católica, Francisco garantiu que está disposto a encontrar, «à luz do ensinamento da Escritura e da experiência do pri-meiro milénio, as modalidades pelas quais garantir a necessária unidade nas circunstâncias actuais».

Em seu entender, católicos e ortodoxos têm de estar juntos para superar as «causas estruturais da pobreza, desigualdade, falta de um trabalho digno, de terra e de casa, a negação dos direitos sociais e laborais», entre tantos outros males que afligem o mundo.

o Papa aproveitou para elogiar o «riquíssimo património das Igrejas do oriente», observando que o restabelecimento da plena comunhão «não significa submissão de um ao outro nem absorção, mas sim acolhimento de todos os dons que deus deu a cada um».

oriente, onde a «situação humanitária é angus-tiante». Francisco lembrou particularmente as crianças, o sofrimento de tantas mães, os idosos e os deslocados e refugiados que sofrem «violên-cias de todo o género» por causa «de um grupo extremista e fundamentalista».

o bispo de Roma defendeu que «a denúncia deve ser acompanhada pelo trabalho comum para se encontrarem soluções adequadas», o que «requer a colaboração de todas as partes: gover-nos, líderes políticos e religiosos, representantes da sociedade civil e todos os homens e mulheres de boa vontade».

Ainda em Ancara, Francisco visitou o mausoléu de Ataturk, fundador da República da turquia. no dia seguinte, 29 de novembro, o Sumo Pontífice da Igreja Católica voou para Istambul, cumprindo assim a agenda oficial que contemplava passa-gens pelo museu de Santa Sofia e a mesquita Azul, onde, tal como bento xvI, em 2006, se descalçou e se manteve em adoração silenciosa, virado para meca. A seguir, Francisco celebrou missa na Cate-dral Católica do Espírito Santo, participou numa oração ecuménica na Igreja Patriarcal de São Jorge e, no final, manteve um encontro privado com o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, bartolomeu I.

Comunhão «plena» entre católicos e ortodoxos

o último dia de viagem, 30 de novembro, come-çou com a divina Liturgia na Igreja Patriarcal de São Jorge, na memória do Apóstolo Santo André, irmão de São Pedro, patrono do Patriarcado Ecu-ménico. durante a celebração e perante o Patriarca bartolomeu I, o Papa condenou o «pecado gravís-simo» da guerra, lembrando as vítimas da «guerra atroz e desumana» nos países vizinhos, e a impor-tância de um caminho de comunhão plena entre católicos e ortodoxos que favoreça a paz.

«A voz das vítimas dos conflitos impele-nos a avançar apressadamente no caminho de recon-ciliação e comunhão entre católicos e ortodoxos», sublinhou, depois de ter adiantado que católicos e ortodoxos se encontram a «caminho para a plena comunhão», após 960 anos de separação.

A este respeito, o Pontífice disse ainda que «há sinais eloquentes» de uma unidade «real, embora ainda parcial». Francisco referiu que a «Igreja

Papa quer comunhão plena entre católicos e ortodoxos.

notíCIAS

Janeiro 2015 | 3332 | Mensageiro

o discurso do Patriarca Ecuménico realçou, por sua vez, os desafios levantados às Igrejas cristãs pelas guerras, «muitas vezes até em nome de deus», da distribuição injusta dos recursos e da crise ecológica. no final da divina Liturgia, teve lugar uma bênção ecuménica e a assinatura de uma declaração Conjunta.

Antes do regresso a Roma, o Pontífice reuniu-se com jovens refugiados assistidos pela Comuni-dade Salesiana na turquia e lamentou as «con-dições intoleráveis» em que estas populações vivem. Francisco apelou, por isso, a uma «maior convergência internacional» para resolver os conflitos que atingem as terras de origem destes jovens, maioritariamente sírios e iraquianos, mas também de outros países, incluindo africanos.

«Encorajo quantos estão a trabalhar generosa e lealmente pela justiça e a paz que não desani-mem. Faço um apelo aos líderes políticos para terem em conta que a grande maioria das suas

populações aspira pela paz, embora às vezes já não tenha força nem voz para a pedir», prosse-guiu o Papa, que terminou o último discurso desta viagem com uma palavra de esperança aos jovens, desejando que continuem a acreditar num «futuro melhor».

Já no avião de regresso a Itália, Francisco con-fessou que gostava muito de ir ao Iraque e que falou a este propósito com o Patriarca Sako. no entanto, as questões de segurança sobrepõem-se à sua vontade pessoal. Se, «neste momento, fosse lá, criaria um problema de segurança bastante sério às autoridades», declarou.

na habitual conversa com os jornalistas a bordo, o Papa revelou que, no encontro com o presi-dente turco, sugeriu que todos os líderes políti-cos, intelectuais e religiosos muçulmanos conde-nem o terrorismo e expliquem que o Corão não é sinónimo de guerra e terror.

Dificuldades e indefinições afectam famílias

o presidente da Conferência Episcopal Portu-guesa (CEP) considera que há uma «indefini-ção cultural e até legal» que afecta as famílias. d. manuel Clemente, que participou no recente Sínodo extraordinário dos bispos sobre a família, no vaticano (5-19 de outubro de 2014), diz que, «se, por um lado, as dificuldades económicas e até a indefinição cultural atingem hoje as famí-lias, fragilizando a sua constituição e manuten-ção, por outro, elas revelam-se em muitos casos como único sustentáculo de tantas existências e subsistências pessoais que não encontram outro ponto de apoio material e afectivo».

o Patriarca de Lisboa pronunciou-se sobre o assunto na sessão de abertura da última Assem-bleia Plenária da CEP, que decorreu em Fátima. d. manuel Clemente sustentou que, apesar das dificuldades, a família tem «uma inegável força intrínseca que só espera o reconhecimento público equivalente», em «benefício de todos».

A família, «idêntica no essencial da complemen-taridade homem-mulher, geradora de vida; e no actual contexto, que a torna mais nuclear, urbana, móvel e dispersa», evidencia-se como base inultra-passável da solidariedade geral», referiu ainda.

Segundo d. manuel Clemente, a questão dos «divorciados recasados e a respectiva relação com os sacramentos» foi tratada pelos media «com alguma desproporção» em relação ao lugar que este ponto «realmente teve no decurso do sínodo» de outubro. Este é um ponto que continuará a ser reflectido até ao sínodo que acontece este ano.

o Patriarca de Lisboa revelou que, durante o Sínodo, «insistiu-se sobretudo no reconheci-mento do lugar que [os divorciados recasados], sendo baptizados, continuam a ter na Igreja e no acompanhamento que merecem». E, neste con-texto, d. manuel Clemente afirmou que, da parte da CEP, a disponibilidade para reforçar a atenção à família «é total e demonstrada».

A reflexão sobre a realidade familiar foi um dos principais temas em análise ao longo dos três dias desta assembleia plenária e será um dos temas de reflexão e debate nos próximos encontros, dada a necessidade de se fazer um estudo «muito aprofundado e continuado» sobre a temática, tal como o Papa pediu, referiu d. manuel Clemente, no final dos trabalhos.

o presidente da CEP notou que «há uma enorme constelação de problemáticas, antigas e

Ismael José mendes marta é o novo director do Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). «uma dupla novidade, por ser leigo e ser jovem», e «uma vantagem», dado o seu «dinamismo, competência e discrição», diz o secretário da CEP, padre manuel barbosa.

o padre manuel barbosa explica que habitual-mente a escolha do director do Secretariado Geral da CEP «tem sido um padre», mas nem o «regulamento» nem os «estatutos» indicam essa obrigação.

houve uma proposta para ser uma pessoa «qua-lificada neste tipo de trabalho» e coincidiu em ser um leigo «com experiência» para «coadjuvar o secretário da CEP», adiantou ainda o sacerdote.

Segundo Ismael José mendes marta, as suas funções, para além da «coordenação» inerente

Ismael Marta é novo director do Secretariado da CEP

ao «serviço do Secretariado Geral», incluem tam-bém, sempre que «for útil e necessário», a asses-soria do secretário-geral da CEP.

Para Ismael marta, é «uma realidade nova», «uma oportunidade de crescimento e sobretudo de fascínio por estar tão perto e trabalhar num serviço da Igreja».

A escolha de um leigo para director do Secreta-riado Geral da CEP, na opinião do próprio, é «sem-pre muito bom», no sentido de aproximar os lei-gos da realidade da Igreja.

Elisabete CarvalhoFontes: Ecclesia / Renascença / www.vatican.va

modernas», em relação à família, nomeadamente «uma indefinição prática sobre o que cada um entende como família».

d. manuel Clemente entende que a Igreja é cha-mada a dar atenção aos casos que «contradizem a proposta cristã sobre a família» e que o discurso da Igreja Católica precisa de ser «esclarecido,

aprofundado» e «afirmado em constraste com outras vivências familiares e parafamiliares».

Segundo o Patriarca de Lisboa, «na prática ecle-sial, tem-se caminhado muito no sentido de uma maior atenção e na resolução possível dos proble-mas que se põem», como, por exemplo, no caso dos processos de nulidade do matrimónio.

Janeiro 2015 | 3534 | Mensageiro

David DinisDirector do Observador

David Dinis, jornalista, editor de política, grande repórter e editor executivo, é agora um dos principais rostos de uma nova marca de informação, diferenciadora e que já se tornou uma referência – o Observador. Este era o desafio que faltava na sua carreira?os desafios faltam sempre, mas têm de estar dentro de nós. o Observador é o pro-jecto mais aliciante que já abracei, isso posso dizer-lhe. Pelo risco de entrar num mercado difícil, pelas múltiplas possibilidades de inovar e trazer algo de novo, pela aprendizagem contínua que me (que nos) dá. também pela hipótese única de diri-gir uma equipa maravilhosa e um projecto que tem um contacto muito próximo – e muito singular – com os nossos leitores. é um prazer muitas vezes superior ao esforço que exige.

É co-autor de “Resgatados – os bastidores da ajuda financeira a Portugal”. O que o levou a escrever este livro?A percepção de que aqueles dias do resgate financeiro (os que o antecederam e os que se lhe seguiram) precisavam de ficar escritos para que alguém no futuro tivesse um registo. E a percepção também de que nestes dias muito complexos as pessoas precisam de ter contexto para saber o que pensar sobre o que se passa. Independen-temente do seu posicionamento político.

Neste início de ano, o que perspectiva para os media em Portugal?uma evolução, no sentido de aproximação ao leitor, de aprofundamento dos temas, de estabilização de um sector que precisa de outra tranquilidade para fazer bem o seu papel. Estamos a entrar num ano muito importante, com várias eleições. E nestes dias é ainda mais importante o papel dos media, para que todos tenham os instrumentos para decidir pela sua própria cabeça.

Quem é David Dinis, o homem para além do jornalista?Pai de duas filhas lindas, casado e feliz com uma mulher que me apoia, que me acompanha, e a quem tento dar o que merecem. Serei, talvez, persistente, con-fiante. Amável, espero, porque isso deve ser o que junta a civilização. Assim creio.

A fé tem importância na sua vida? muita. Em deus e no que Ele nos deu para sermos felizes e fazermos os outros felizes.

ACtIVIDADES INACIANAS Janeiro / FevereiroEm Soutelo (vila verde): CEC – Casa da Torre Av. dos viscondes da torre, 80 – 4730-570 SoutELo – tel. 253 310 400; Fax: 253 310 401; E-mail: [email protected]

No Porto: CREU – Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de LoyolaR. oliveira monteiro, 562 – 4050-440 PoRto– tel.: 226 061 410; E-mail: [email protected]

NO RODízIO – Casa de Exercícios de Santo InácioEstrada do Rodízio, 124 – 2705-335 CoLARES – tel. 219 289 020; Fax: 219 289 026; E-mail: [email protected]

05-13 Jan. Exercícios Espirituais – P. Luís Maria da Providência05 Jan.-05 Fev. Exercícios Espirituais – P. Gonçalo Eiró08-11 Jan. Exercícios Espirituais – “Ao 3º dia... para ver mais claro, mais fundo” – Mariana Abranches Pinto08-11 Jan. Exercícios Espirituais – P. José Frazão Correia11 Jan. Exercícios Espirituais na “vida corrente” (em colaboração com Cvx e ACI)15-18 Jan. Exercícios Espirituais – P. José Eduardo Lima [Inscrições no CREU-IL]22-25 Jan. Exercícios Espirituais – P. José Carlos Belchior

02-10 Fev. Exercícios Espirituais – P. Dário Pedroso05-08 Fev. Exercícios Espirituais – P. Miguel Almeida08 Fev. Exercícios Espirituais na “vida corrente” (em colaboração com Cvx e ACI)11-18 Fev. Exercícios Espirituais – P. António Vaz Pinto12-15 Fev. Exercícios Espirituais temáticos: “Conhecer” – P. Sérgio Diz Nunes13-18 Fev. Exercícios Espirituais – Alzira Fernandes19-22 Fev. Exercícios Espirituais “pé-descalço” (Leigos para o desenvolvimento) – P. José Eduardo Lima [Inscrições no CREU-IL]20-22 Fev. Relações humanas – Comunicação Interpessoal – P. Alberto Brito26 Fev.-01 mar. Exercícios Espirituais (para Cvx) – P. Vasco Pinto de Magalhães [Inscrições no CREU-IL]27 Fev.-01 mar. “vivàmissa” – Para compreender e poder viver melhor a missa – P. Gonçalo Eiró28 Fev.-01 mar. Fim-de-Semana para noivos – P. Miguel Almeida e grupo de casais

15-18 Jan. Exercícios Espirituais – P. José Eduardo23-25 Jan. CaFé – Curso de Aprofundamento da Fé – P. Filipe e P. Carlos

14 Fev. Linha vermelha – Encontro/bênção dos namorados18 Fev. Plano Espiritual de quaresma I24 Fev. Plano Espiritual de quaresma II27 Fev.-01 mar. Fim-de-Semana Animadores

Em Lisboa: CUPAv – Centro Universitário Padre António vieiraEstrada da torre, 26 – 1769-014 LISboA – tel. 217 590 516; E-mail: [email protected]

23-25 Jan. CaFé – P. Carlos Azevedo Mendes e P. Nuno tovar de Lemos24 Jan. Reciclagem de casais (até 10 anos de casados) 30 Jan.-01 Fev. Curso de eneagrama para casais e/ou namorados (dos 22 aos 40 anos) – Clara e João Pedro tavares

06-08 Fev. Fim-de-Semana para noivos – P. Carlos Azevedo Mendes e grupo de casais12-18 Fev. Exercícios Espirituais (em Palmela) – P. Carlos Azevedo Mendes 25 Fev. Plano Espiritual de quaresma I

26 Dez.-01 Jan. Exercícios Espirituais – P. Hermínio Rico10 Jan. Educação da Interioridade das Crianças (dos 6 aos 10 anos) – Ir. Maria Emília Nabuco, RSD15-18 Jan. Exercícios Espirituais – P. António Júlio trigueiros15-18 Jan. Exercícios Espirituais – P. António Vaz Pinto [Inscrições no CUPAV]15-18 Jan. Exercícios Espirituais – P. Mário Garcia15-18 Jan. Exercícios Espirituais temáticos: “Conhecer” – P. Sérgio Diz Nunes30 Jan.-01 Fev. Curso Intensivo de Fé – P. Hermínio Rico31 Jan.-01 Fev. Fim-de-Semana para noivos – P. Carlos Azevedo Mendes e grupo de casais

13-17 Fev. Exercícios Espirituais – P. Mário Garcia13-20 Fev. Exercícios Espirituais – P. José Carlos Belchior20-22 Fev. desafio do meio da vida – P. Vasco Pinto de Magalhães21 Fev. Retiro de quaresma – P. Nuno tovar de Lemos e P. João Goulão22 Fev. Retiro de quaresma – P. Nuno tovar de Lemos e P. João Goulão

Em Coimbra: CUmN – Centro Universitário manuel da NóbregaR. José Falcão, 4 – 3000-233 CoImbRA – tel. 239 829 712; E-mail: [email protected]

13 Jan. orar, comer e gostar (com Círculo Loyola)27 Jan. Rezar com os ícones – P. José Carlos Belchior29 Jan.-01 Fev. Exercícios Espírituais (na Costa nova) – P. Nuno Branco

07-14 Fev. missões universitárias (com a missão País)10 Fev. orar, comer e gostar (com Círculo Loyola)27 Fev.-01 mar. Eneagrama – Clara e João Pedro tavares

à ConvERSA Com...

PAPA FRAnCISCo,

no EnContRo IntERnACIonAL PARA A PAZ,

oRGAnIZAdo PELA ComunIdAdE dE SAnto EGídIo,

No mundo e nas sociedades existe pouca paz, também porque falta diálogo e há dificuldade de sair do horizonte limitado dos próprios interesses, para se abrir a um confronto verdadeiro e sincero. Para que haja paz é preciso um diálogo persistente, paciente, forte e inteligente, com o qual nada está perdido. O diálogo pode vencer a guerra. O diálogo faz viver juntas pes-soas de diferentes gerações, que muitas vezes se ignoram umas às outras; faz viver juntos cidadãos de diversas proveniências étnicas, de várias convicções. O diálogo é o caminho da paz, porque favorece o entendimento, a harmonia, a concórdia e a paz. Por isso, é vital que cresça, que se dilate no meio de pes-soas de todas as condições e convicções, como uma rede que protege o mundo e os mais frágeis.