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PENTAGRAMA LECTORIUM ROSICRUCIANUM Ano vinte e dois Março/Abril Revista bimestral do 2000 O CORPO, INSTRUMENTO DA ALMA A CLARIVIDÊNCIA É A VISÃO ESPIRITUAL? O HOMEM É O QUE ELE COME A AUDIÇÃO, ABERTURA PARA A VISÃO INTERIOR A CÉLULA E O CORPO NÚMERO 2 O CORAÇÃO, SOL ESPIRITUAL A PORTA DA PERSONALIDADE O MISTÉRIO DO SANGUE OITENTA POR CENTO DA CAPACIDADE CEREBRAL ESTÃO INUTILIZADOS “TU SONDAS O CORAÇÃO E OS RINS

PENTAGRAMA · O corpo é o alicerce de uma nova fase da evolução em que o novo corpo mental e o corpo etérico da alma consciente irradiarão no microcosmo com uma luz magnífica,

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PENTAGRAMAL E C T O R I U M R O S I C R U C I A N U M

A n o v i n t e e d o i s — M a r ç o / A b r i l

R e v i s t a b i m e s t r a l d o

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O CORPO, INSTRUMENTO DA

ALMA

A CLARIVIDÊNCIA É A

VISÃO ESPIRITUAL?

O HOMEM É O

QUE ELE COME

A AUDIÇÃO, ABERTURA PARA

A VISÃO INTERIOR

A CÉLULA E O

CORPO

NÚMERO 2

O CORAÇÃO, SOL

ESPIRITUAL

A PORTA DA

PERSONALIDADE

O MISTÉRIO

DO SANGUE

OITENTA POR CENTO

DA CAPACIDADE

CEREBRAL ESTÃO

INUTILIZADOS

“TU SONDAS O

CORAÇÃO E OS RINS”

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ÍNDICE

3 O CORPO, INSTRUMENTO

DA ALMA

7 A CLARIVIDÊNCIA É A

VISÃO ESPIRITUAL?

12 O HOMEM É O QUE

ELE COME

16 A AUDIÇÃO, ABERTURA

PARA A VISÃO INTERIOR

19 A CÉLULA E O CORPO

21 O CORAÇÃO, SOL

ESPIRITUAL

28 A PORTA DA

PERSONALIDADE

30 O MISTÉRIO DO SANGUE

36 OITENTA POR CENTO DA

CAPACIDADE CEREBRAL

ESTÃO INUTILIZADOS

44 “TU SONDAS O CORAÇÃO

E OS RINS”

2000

ANO VINTE E DOIS

NÚMERO 2

TEMA DESTE NÚMERO:

O CORPO É O INSTRUMENTO DA ALMA

____________

O corpo é o alicerce de uma

nova fase da evolução em que

o novo corpo mental e o corpo etérico

da alma consciente

irradiarão no microcosmo com

uma luz magnífica, como um

pentagrama de ouro.

(A Redação)

PENTAGRAMA

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A maneira pela qual a medicina

moderna e a Doutrina Universal –

gnóstica – encaram o corpo humano é

paradoxal: suas abordagens tão dife-

rentes fazem pensar que às vezes não

se trata do mesmo corpo, enquanto

que, em alguns aspectos, estas concep-

ções são paralelas.

Exemplo: todos os especialistas moder-nos ressaltam a importância do movimen-to e do exercício para a manutenção docorpo. Esta mesma idéia pode ser encon-trada na doutrina esotérica dos VersosÁureos atribuídos a Pitágoras, doutrinaque também é válida para quem tem opropósito de fazer uma alimentação ade-quada. De fato, o sábio de Samos reco-menda não privar o corpo do alimento, dabebida, nem do movimento do qual eletem necessidade. Mas, quando se trata dotratamento de um simples resfriado, osespíritos se abalam. Quanto a um assuntotão fundamental como a prevenção dedoenças infantis graves, as opiniõespodem ser diametralmente opostas.

Nesses últimos anos, a imprensa emgeral e a imprensa científica em particularconsideraram extravagantes certas tesescomo as de homeopatia, medicinas alter-nativas, a instinto-terapia. Por outro lado,as revistas que tratam de medicina global eparalela expõem opiniões contundentescontra os tratamentos alopáticos. Todasestas teorias diferentes são imperfeitas,apesar de terem o seu valor. Não há quemtrate de uma fratura complicada simples-mente com plantas. Ao mesmo tempo,com relação a alergias persistentes, para as

quais parece não haver tratamento reco-nhecidamente eficaz, uma terapia floral dáresultados surpreendentes.

AUSÊNCIA DE DIFERENÇA

FUNDAMENTAL

Quer estejamos com boa saúde ou con-sultemos um médico mais ou menos regu-larmente, parece que existe uma doençafundamental para a qual não há nenhumremédio: esta doença está ligada ao fato deque “o corpo é composto por elementosque estão sujeitos à ruína e que ele estáinexoravelmente destinado a morrer”.

As diversas terapias parecem contradi-zer-se e combater-se, mas, quanto aoessencial, não há nenhuma diferença entreelas. Todas elas tentam aliviar a dor, e seusadeptos afirmam que, baseando-se nossintomas reais ou imaginários, se esforçampara manter o corpo intacto pelo maiortempo possível.

“Mas será que existem corpos que nãosão compostos?” Esta é a pergunta for-mulada por Jan van Rijckenborgh, autorgnóstico transfigurístico, no quarto tomode Arquignosis Egípcia. “Sim!”, respondeele, feliz. Hermes Trismegisto fala docorpo que nasce da Alma-espírito, quenasce da Sophia, da união entre Alma eespírito. Ora, este é o fundamento de umaterceira abordagem, na qual o olhar não sedeve limitar à forma material. A ciência,por sua vez, considera o ser humano uni-camente como o produto de um esperma-tozóide e de um óvulo, como uma formaque sempre está mudando, mostrandoseus matizes entre o que é “inato e adqui-rido”. O resultado é um ser que age, pensae sente com uma certa consciência.

O CORPO, INSTRUMENTO DA ALMA

Uma das primeirasrepresentações exatas do feto noútero (Leonardo da Vinci).

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SERÁ QUE A VERDADEIRA NATUREZA

HUMANA É DESCONHECIDA?

A visão holística coloca em evidênciatemas como, por exemplo, o da reencarna-ção. A este tema também estão ligados cer-tos processos do corpo astral, do veículoetérico e da consciência. Mas as duas esco-las de pensamento citadas anteriormente(medicina alopática e medicina paralela)são semelhantes quanto a este ponto, pois,por mais que tenham abordagens e análiseseruditas, os pesquisadores científicos dosdois extremos não se ocupam nem umpouco com o princípio imortal que estádepositado no ser humano.

A terceira abordagem procede, portan-to, de um ponto de vista completamentediferente. Para ela, o Corpo físico não éum fim em si: é o instrumento, a forma,dependendo das circunstâncias e de umconjunto sublime e sempre mutante, vivo,flamejante, composto de três partes. Aqui,o Corpo físico é comparado a um só ladodo triângulo, sendo que as outras duaspartes são a Alma e o Espírito. Quando ostrês lados formam um triângulo eqüiláte-ro, pode-se dizer que o Corpo tornou-seum canal perfeito, o instrumento infalívelda Vida original.

No início do século XXI, quase não setrata a respeito deste assunto e a função daAlma, sobre a qual falamos, raramente éabordada. Uma ligação direta entre ohomem e o Espírito é uma ilusão paraquase toda a humanidade da era do mate-rialismo. O resultado é que o corpo físicocontinua sendo uma estrutura completa-mente diferente da estrutura original,aérea e transparente, que representa acombinação do Corpo etérico e do Corpofísico. É por essa razão que escolhemoseste tema: “O corpo, instrumento daAlma”. Um ser cujo Corpo, Alma e Es-pírito formassem um triângulo eqüilátero,que viveria no perfeito equilíbrio de Almae de Espírito, é realmente raro em nossosdias, e a consciência comum nem podeimaginá-lo. É que o Corpo do homem dehoje está submetido a outras leis, comple-tamente diferentes das leis originais.

O leitor que tiver a coragem de ler estaslinhas com atenção chegará à conclusãoperturbadora de que o Corpo está unica-mente a serviço dele mesmo e que o serhumano parece ser apenas uma máquinaque garante e fabrica infinitamente apenasmaterial genético. Mas esta “máquina”,com suas atividades e suas experiências,vai desenvolvendo uma consciência, umasensibilidade natural, que, em um certosentido, faz com que ele se abra tambémpara as influências sutis. Esta consciênciadispõe de um órgão de comando, que é o cérebro, por meio do qual o homemtenta compreender as causas e os efeitos.É esta função cerebral que faz do ser hu-mano um “pensador”. Entretanto, diga-mos que, muito antes de seguir este cami-nho, o pensamento era uma atividade queemanava da colaboração entre a Alma e oEspírito.

A ORIGEM IMORTAL

Para o materialista, a “alma” e o “espí-rito” têm um sentido completamente dife-rente daquele que é dado pela DoutrinaUniversal. A ciência tradicional tem razãoem dizer que não há alma autônoma.Quando o corpo desaparece, a alma natu-ral começa a se dissolver e o foco de cons-ciência, que fica por detrás do osso fron-tal, acaba se extinguindo. A partir desteponto de vista, é impossível considerar oCorpo físico como um instrumento daVida Original, pois senão sua característi-ca principal seria a imortalidade!

Mas a ciência também se engana por-que o Corpo representa uma possibilida-de. Ele não responde a nenhum critério deimortalidade, entretanto, certos órgãosainda estão logicamente bastante ligados àfunção de instrumento da Vida Original.De fato, no decorrer de um processo detransformação, eles podem mudar a pontode poder servir com maior ou menorintensidade para a volta à Vida Original.O corpo, a alma e o mental naturais ter-restres não são capazes de entrar nocampo de vida sublime e sereno da trípli-

A busca sem fim(René Magritte,1993).

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ce unidade original do Espírito, da Alma edo Corpo; contudo, eles constituem umapossibilidade de volta a esta Unidade: eiso que o homem possui dentro de si!Mesmo que o Corpo não esteja conscien-te de sua tarefa quanto ao plano original,nem por isso ele deixa de representar umaimensa oportunidade de “pôr um pé” nacurva da verdadeira evolução espiritual.

Esta oportunidade reside realmente nadualidade da existência humana. Sobreeste assunto, Jan van Rijckenborgh diz:“A consciência desta realidade deve provirda atividade da irradiação emitida pelomicrocosmo, que capta e preenche o con-junto dos veículos”.

UMA CENTELHA MOSTRA

A FINALIDADE

A consciência deste processo de desen-volvimento provém da irradiação damônada, que sempre está atravessando o homem cristalizado e impulsionando-o a buscar o caminho de retorno a sua ori-gem. A sensibilidade a esta centelha lu-minosa faz toda a diferença entre um Cor-po devotado a morrer e um Corpo queestá a caminho do renascimento. Nodecorrer da viagem de volta à VidaOriginal, tal como esta viagem é mostradanos diversos artigos desta revista Penta-grama, o Corpo é levado progressivamen-te a desempenhar um novo papel, muitoimportante:• Primeiro, como portador de uma cen-

telha-do-Espírito;• Segundo, no início do caminho, como

receptáculo portador e protetor donovo e delicado princípio da Alma emcrescimento;

• Terceiro, como pedra de toque, comoalicerce dos diferentes elementos danova Alma, que vão manifestandosuas atividades;

• Quarto, como instrumento que coo-pera com um trabalho que foi sendoconduzido através dos séculos, e queainda hoje é conduzido por mensagei-ros e servidores da humanidade.

Assim, o valor e a verdade do “quadra-do de construção” vão aparecendo maisuma vez, como base da completa renova-ção da vida humana, de uma nova fase deevolução em que o novo Corpo mental eo Corpo etérico da Alma consciente farãoirradiar no microcosmo uma luz magnífi-ca, como um pentagrama de ouro.

Assim, tentamos dar uma descriçãocompleta dos órgãos e estruturas que po-dem desempenhar um papel no cresci-mento espiritual do ser humano. Esta éuma tarefa difícil em um quadro tão res-trito! Mas esperamos ter chegado a mos-trar, pelo menos um pouco, a enorme im-portância do Corpo como o próprio fun-damento deste processo de regeneraçãototal.

A Redação

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A primeira coisa que nos vem à mente

quando falamos sobre a “visão” é a

necessidade da existência dos olhos e da

luz. Contudo, na linguagem cotidiana,

“ver” abrange significados diferentes.

Vemos com os olhos, mas também épossível “ver” com o nariz. Quando esta-mos fazendo compras com outra pessoa, éimpressionante como não vemos as mes-mas coisas. Ver é uma percepção; e estapercepção é determinada pelo interesse.Ora, perceber não é somente ver: tambémé ouvir, saborear, cheirar, tocar, registrar.Se alguém está escutando música e ouveuma nota desafinada, registra. É possívelperceber se o músico está tocando comalma. Portanto, a percepção é um senti-mento. Também podemos contemplaralguma coisa, ou seja, podemos sondá-laem profundidade, penetrar nela. O profe-ta contempla o futuro. Geralmente a con-templação está relacionada com assuntosreligiosos ou místicos.

A observação também é uma forma depercepção, mas não se trata simplesmentede olhar. A pessoa que observa uma outra“vê” ou percebe, por exemplo, como estase comporta em uma determinada situa-ção. Será que ela está suportando o estres-se de seu trabalho? Como ela está se com-portando na empresa? Será que ela estáqualificada para as funções que ocupa?Ela sabe dirigir bem?

Parece, portanto, que existem inúmerasmaneiras de interpretar a palavra “ver”.Além disso, olhar e ver dependem dodesenvolvimento do cérebro e do coração.A experiência e a compreensão fazem comque o olhar do adulto não seja o mesmoque o de uma criança. Além disso, a inge-

nuidade da criança permite, muitas vezes,que ela possa compreender mais profun-damente (e mais claramente) do que oadulto.

UMA PERCEPÇÃO QUE É AO MESMO

TEMPO INTERIOR E EXTERIOR

Uma enciclopédia descreverá ampla-mente a maneira como funcionam osolhos. Mas, além dos olhos, também háórgãos capazes de observar nas esferasqualificadas como sendo sutis. A visãoetérica permite perceber os processosvitais que se desenvolvem no interior e aoredor do corpo físico. O corpo etérico éum veículo sutil que penetra e envolve aforma física da terra, dos homens, dos ani-mais e das plantas. A pessoa dotada devisão etérica verá, por exemplo, a seivaque vai subindo em uma planta para ali-mentá-la e depois descer por suas raízes.Neste momento, surge uma imagem glo-bal da planta que mostra ao mesmo tempoo primeiro e o segundo plano, o interior eo exterior.

A “clarividência” trata do corpo astralda terra, dos homens e dos animais. Estecorpo é maior que o corpo etérico: ele oenvolve e o penetra completamente. Ascorrentes energéticas e o processo destecorpo nem sempre são percebidas pelo“vidente”, que tem de se concentrar; ouentão a visão é imediata. Ele não consegueter a mesma opinião de um outro “viden-te” sobre o que ele está vendo. Geral-mente as profecias acontecem assim. Mui-tas vezes a visão é compreendida apenasem parte, ou nem sequer é compreendida.

Na esfera astral tudo é movimento. A“forma” é constituída por irradiações que

A CLARIVIDÊNCIA, OU VISÃO ETÉRICA, É A

VISÃO ESPIRITUAL?

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“O homem conhece três dimensões: aaltura, o comprimento e a largura, pelasquais ele percebe um espaço vital. Maspor mais que ele estenda este espaço tri-dimensional ou que ele o imagine, estesempre terá um limite, uma fronteira: éuma prisão. Vemos que em nossa épocaeste aprisionamento é experimentado deum modo inconsciente: de fato, comonosso globo terrestre está sendo explora-do do ponto de vista tridimensional, osastrofísicos tentam atingir outros corposcelestes. Sob o impulso desenfreado quea evolução está exercendo atualmente, ahumanidade se sente constrangida, elase sente sufocada nas três dimensões. E aciência reage de maneira tridimensio-nal, tentando fazer o possível paraaumentar e ampliar este espaço!

Está claro que as dificuldades atuaisdesapareceriam logo que existisse umaquarta dimensão da qual a ciênciapudesse reconhecer a realidade. Ora,essa quarta dimensão é o que chama-mos de onipresença absoluta, ou ubiqüi-dade. Gostaríamos de chamá-la de“realidade onipresente”. Essa é a di-mensão em que tempo, distância, passa-do, presente, futuro, agora e depois sãoabolidos.

Se a humanidade possuísse essaquarta dimensão, já não seria necessá-rio tentar atingir Marte, Vênus, a Luaou Mercúrio, por exemplo, pois, pensarna Lua, de acordo com a quarta di-mensão, significaria estar lá. Logo, pos-suir a quarta dimensão é possuir a onipresença.

É difícil, para o ser humano, cujavisão é tridimensional, imaginar umpoder como esse que chega a ser mila-gre. Entretanto, essa quarta dimensão éapenas a porta para a quinta, a sexta e asétima dimensões. Essas sete dimensõestambém formam a base do átomo, que

por sua vez possui sete aspectos. Emprincípio, e fundamentalmente, como ohomem é constituído existencialmentede átomos, ele é onipresente, mas nãotem consciência disso, pois sua consciên-cia e suas capacidades atuais são tridi-mensionais.

A consciência onipresente dá o poderde estar em toda parte que se deseje, en-quanto se permanece no mesmo lugar,portanto, sem deslocar-se. A intuição é asua porta. A nova visão é a primeirarealização da quarta dimensão”.

Texto extraído do livro Verbo Vivente, deCatharose de Petri, Rozekruis Pers,Haarlem, Holanda, 1989.

*A imagem holística da criação estabelecidacientificamente de acordo com as novasdescobertas supõe um grande número dedimensões ainda desconhecidas. Assim, ateoria dos quanta implica em nada menosdo que 10 milhões de dimensões! Podemospensar que essas dimensões fazem parte doque é definido acima como a terceiradimensão.A Redação.

A QUARTA DIMENSÃO JÁ ESTÁ PRESENTE*

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estão em constante mutação: portanto, ésem dúvida difícil estabelecer um diagnós-tico claro no que diz respeito a processosmicrocósmicos, cósmicos e macrocósmi-cos e não a fatos da vida cotidiana e pes-soais. Somente um iniciado é capaz de verclaro nestas regiões, mas como ele tam-bém sabe que a possibilidade de errar nãoestá excluída, ele vai ser muito prudenteno que diz respeito a suas conclusões. Ge-ralmente, ele acompanha suas constata-ções com uma proposição restritiva como:“de acordo com a revelação que me foifeita”.

LER PENSAMENTOS E

SENTIMENTOS

O clarividente comum não pode utili-zar seu poder deliberadamente. Ou ele“vê”, ou “não vê”. Geralmente, as crian-ças são muito clarividentes durante seusprimeiros anos de vida, mas quais são os pais que compreendem isso? Muitos a-nimais percebem os movimentos doastral: o cão pode latir para uma “apari-ção” que ninguém vê ao seu redor; eletambém “lê” os pensamentos e sentimen-tos de seu dono.

Constatamos esta visão etérica em mui-tos povos que estão próximos da nature-za, mas geralmente ela vai desaparecendono homem individualizado e materialista.Na maioria das vezes, esse poder é oresultado de processos que aconteceramnas encarnações anteriores do microcos-mo e, na Doutrina Universal é dito quepoderes como esses são concedidos aohomem por intervenção divina para queele possa determinar melhor a tarefa quedeve cumprir em um dado momento.

É importante compreender que a visãoetérica e a clarividência continuam noslimites da vida natural. A verdadeira visãoespiritual somente poderá se desenvolverquando o céu magnético do microcosmofor renovado. A sabedoria hermética fala arespeito disso como “consciência pimân-drica”, consciência que já não é alimenta-da pela sétima região cósmica, mas pelasforças regeneradoras e salvadoras da sextaregião cósmica.

Representaçãochinesa da circula-ção da luz nocorpo. Os centrosou orifícios docorpo estão sim-bolizados porhomens e animais(Kunsthalle,Brême).

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A visão verdadeiramente espiritual éuniversal e é concedida àqueles que que-rem percorrer o caminho da transmutaçãoe da transfiguração. Fala-se muito poucosobre ela. Na verdade, ela se situa fora dapercepção sensorial comum e a consciên-cia terrestre é incapaz de captá-la. Elasurge quando a alma atinge o nível quepermite ao espírito divino aproximar-se,fundir-se com ela, iluminá-la e ensiná-la.

A partir daí a alma põe-se a “ver” osimpulsos espirituais, a percebê-los inte-riormente.

Essa visão é chamada de “contempla-ção a partir do terceiro olho”. Nas ima-gens de Buda, esse poder geralmente ésimbolizado por uma semi- esfera sobre acabeça: trata-se do chacra coronário, queestá relacionado com a pineal, e quasesempre é enfeitado com olhos que simbo-lizam a visão universal. O chacra tem aforma de um funil, mas ele é representadoaqui por uma semi-esfera no topo da qualhá uma chama para significar que essepoder aparece no momento em que acon-tece a fusão entre a alma e o espírito napineal. Essa chama é denominada Pi-mandro, na sabedoria hermética. Essanova compreensão ou visão espiritual vaicrescendo à medida que o processo detransfiguração vai progredindo.

A CONTEMPLAÇÃO DA

QUARTA DIMENSÃO

A visão espiritual é qualificada de“consciência onipresente”, porque perce-be tudo sob todos os aspectos e a expe-riência que a pessoa sente é como que per-feita. A visão através da vida microcósmi-ca e macrocósmica é chamada de “con-templação da quarta dimensão”: é a visãopenetrante universal e absoluta. A grandedificuldade para um vidente desse nível éque ele percebe imediatamente o significa-do do conjunto de tudo o que ele estávendo e, como vão sendo apresentadosinúmeros aspectos, ele não sabe por ondecomeçar sua interpretação.

Sem dúvida, esta é a razão pela qualmuitos grandes espíritos tiveram dificul-dade em expressar claramente o quetinham visto: eles não conseguiam ver aimagem completa. Jacob Boehme diz: “ALuz divina morre na palavra”. Alémdisso, como os leitores ou ouvintes geral-mente não têm o mesmo nível de percep-ção, os que têm de divulgar a mensagemdivina geralmente ficam tristes ou desilu-didos se não estão preparados paraexpressar esta verdade de modo que pos-sam dissipar os enganos dos pesquisado-res da verdade. Portanto, é preciso queeles estejam sempre tentando ativar acompreensão deles empregando termosdiferentes para descrever o que estãovendo tão claramente.

O dom da “consciência onipresente” échamado de “retorno do Cristo” no No-vo Testamento. “Então, se alguém vos dis-ser: ‘Olha o Cristo aqui!’ ou ‘ali!’, nãocreiais ” e “Se portanto vos disserem: ‘Ei-lo no deserto’,não vades até lá; ‘Ei-lo emlugares retirados’ não creiais.” (Mateus,

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O olho e a lente do centro do globoocular. Esta con-cepção apareceem Fábrica deVésale (1572) eÓptica deWitelo.

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24: 23 e 26). O Cristo “que está voltando”não deve, portanto, ser buscado lá fora,mas no interior de si mesmo. A força crís-tica é, portanto, uma força-luz que ageindividualmente no céu microcósmico e,quando for o tempo, agirá também nocosmo, que é a nossa terra.

DIFERENÇA ENTRE LUZ

E TREVAS

O ser humano oscila entre dois cami-nhos. De um lado ele é um deus que aindaestá para nascer: portanto ele se senteimpulsionado a buscar sua origem divina.Por outro lado, ele é uma personalidadenascida da natureza terrestre e alimentadapor ela. Essas duas tendências o induzema erro: às vezes ele se sente atraído peloEspírito divino; às vezes, ele se sente atraí-do para baixo pela matéria. Entre os dois,há um caminho para aqueles que fazem adiferença entre a luz e as trevas. Essecaminho é aberto para eles e, se eles entra-rem por ele, serão conduzidos para a“consciência onipresente”, e para a clari-vidência que corresponde a ela. Em umfuturo próximo, muitas pessoas poderãosem dúvida adquirir realmente essa novavisão espiritual.

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O alimento fornece os materiais

de construção do corpo e determina es-

pecialmente a qualidade do sangue.

Sabemos que este é o portador da

alma. Existe, portanto, uma relação

direta entre o homem e o que ele come.

Muitos produtos alimentares devem serpreparados para serem assimilados. O sis-tema digestivo, depois de ter esmagado osalimentos, separa os elementos obtidos:ele guarda o que é útil para o corpo e eli-mina o que não é.

O metabolismo funciona, portanto, apartir do princípio da dualidade dos con-trários (aliás, como todos os processosque acontecem na Terra). O ser humanofoi admitido no processo alquímico dometabolismo, que deve finalmente condu-zi-lo até o ponto em que ele abandonou acriação divina e criou seu próprio mundo,o mundo dialético que está submetido àalternância dos contrários. Na Bíblia estáescrito que ele “comeu da árvore doconhecimento do bem e do mal” e que,em conseqüência disso, teve de deixar oparaíso.

Esta narrativa refere-se ao momentoem que a unidade entre o microcosmo e aconsciência divina foi rompida. O homemfoi então precipitado em um campo devida em que ele deve estar sempre esco-lhendo entre o que é divino e o que não é.As perturbações eletromagnéticas ocasio-nadas por essa bipolaridade de seu sistemavital fazem com que seja cada vez mais

difícil receber as altas freqüências vibrató-rias da vida divina: os alimentos santos.Esse mergulho no mundo da dualidadeestá durando milênios: todos os processosde seu corpo e de seu ambiente estão sub-metidos à dualidade dos contrários, entreos quais ele sempre precisa escolher.

UM EQUILÍBRIO PERTURBADO

No decorrer desse processo de identifi-cação com a natureza, o homem se pôs abrincar de criador. Ele quis dirigir a natu-reza a partir da sua própria vontade e hojechegou até mesmo a querer modificar oprograma genético dos vegetais, dos ani-mais e o seu próprio programa genético,para transformar sua raça ou a dos outros,para melhorá-la e afastá-la o mais possíveldas influências nocivas. Por causa disso,por exemplo, ele retira alguns constituin-tes dos alimentos e adiciona outros, paraserem mais digeríveis e menos nocivospara a saúde, para que sejam mais bonitosde serem vistos, melhores para o paladar epara que se conservem por mais tempo.Essas práticas, tão antigas quanto a huma-nidade, estão no auge, a ponto de se ex-pandirem por todo o mundo materialistaatual – freqüentemente por causa da ar-madilha do lucro – e estão poluindo a na-tureza em toda a sua extensão, perturban-do cada vez mais seu equilíbrio.

Toda ação traz uma reação. O corpoatingiu um ponto em que ele se pôs a rejeitar esse alimento modificado e ma-nipulado. No começo, ele luta contra esse alimento empobrecido, mas no final ele é obrigado a aceitá-lo. O açúcarbranco, por exemplo, dissolve o cálcio dosossos. E qual é o preço que o corpo paga

O HOMEM É O QUE ELE COME

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para ingerir esse açúcar? Decadência edegenerescência.

O METABOLISMO É TOCADO

Na primeira metade do século XIX, omédico E.X. Mayr afirmou que o sistemadigestivo da maioria dos homens não fun-ciona satisfatoriamente. Esta constataçãoo levou a sempre começar a cuidar de seuspacientes pelo intestino. Ele concluiu queo alimento mal digerido que permanecianos intestinos era uma fonte de envenena-mento. Ele afirmou também que a diges-tão é influenciada pelos pensamentos esentimentos; que o medo e o estresse agi-am não somente sobre o psiquismo, mastambém sobre o estômago e a digestão.De acordo com ele, o fato de um alimentoser refinado ou poluído era secundário.

Além disso, a mentalidade se expressapelo modo que comemos. No turbilhãoda vida moderna, concedemos muitopouco tempo para tomar nossas refeiçõestranqüilamente. Na hora da comida, dis-cutimos, telefonamos, lemos jornal ou acorrespondência. Mas uma boa digestãopressupõe uma boa mastigação. Assim,não é difícil compreender que a pessoaextremamente ativa violenta seu sistemadigestivo e já não escolhe mais intuitiva-mente o alimento que lhe seria necessário.Os processos digestivos devem, portanto,seguir suas horas e seu ritmo. E não ésempre inteligente deixar-se guiar sim-plesmente pelos impulsos de suas papilasgustativas. O que chamamos de fast food éum alimento sem elementos nutritivos,geralmente pré-cozido e aquecido em for-no de microondas. E, como sempre acon-tece, os especialistas nem sempre estão de

acordo quanto ao fato de serem ou nãobons para a saúde!

O CORAÇÃO E A CABEÇA DIRIGIDOS

PELOS DESEJOS INFERIORES

A maneira de viver atual, com estresse,com trabalho excessivo, mostra quesomos governados pelo estômago. O serhumano é influenciado por desejos enecessidades da consciência da bacia, pre-judicando o equilíbrio entre bacia, cabeçae coração. Isso mostra que a cabeça e ocoração são dirigidos pela bacia e, nestecírculo vicioso, a condição do corpo sedeteriora. Jan van Rijckenborgh escreveem Dei Gloria Intacta*: “Este círculo

Equilíbrio entrecabeça, coraçãoe mãos dohomem perfeito(UtriusqueCosmi Historia,Robert Fludd,1619).

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degenerativo tem, desde o princípio, oca-sionado uma modificação dos órgãos euma mudança total do ser, um declíniocontínuo que se demonstra diariamente nomundo como um afastamento cada vezmais funesto em relação ao verdadeiroEspírito, e que é mantido por uma ativida-de automático-subconsciente do corpo.”

Em sua origem, o coração ocupava olugar central, e coincidia com o núcleodivino do microcosmo. Esta consciênciainspirava o desejo de ter um alimento di-vino para a alma. Quando este desejo to-

ma forma no homem e transforma seuestado a ponto de poder receber este ali-mento da alma, ele compreende tambémque o alimento da alma e o alimento natu-ral não são os mesmos; o melhor dos regi-mes não pode fazer com que ele alcance océu! Não obstante, ele se mostrará críticoe escolherá cuidadosamente o alimento deque tem necessidade a fim de manter umasaúde excelente.

Para começar, ele purificará a consciên-cia do coração. No Evangelho de Marcos,Jesus diz: “O que sai do homem, é isso

“Refleti no bem conhecido fenômenode trocas vitais através do qual cadacélula do nosso corpo é renovada nodecorrer dos anos. Sabemos com certe-za que no espaço de 7 anos o nossocorpo se renova assim por esse processo,depois ele recomeça uma nova trans-mutação até que o processo de trocasvitais vai enfraquecendo no decorrerdos anos e cessa com o declínio da vita-lidade; a arteriosclerose e outros fatoresde decrepitude, tendo feito a sua obra,o fim inevitável sobrevém. O resultado desse processo é nada, ab-solutamente nada; não se trata aqui deuma morte que conduz a uma vitória.Quão diferente é a endura pela transfi-guração! Este processo consiste, eletambém, em troca vitais, mas que tro-cas! Todos os átomos, todas as célulasda personalidade são modificadas pelatransfiguração e carregadas de energiamercuriana: a força do vir-a-ser huma-no imortal. Por esse metabolismo apersonalidade dialética perde seu cará-ter natural de ser nascido da naturezae sua total transformação se efetuagradativamente. A energia mercuriana

que se concentra principalmente nosantuário da cabeça transforma quasetodos os órgãos cerebrais, fazendo nascer uma nova faculdade, a novaconsciência.Essa transformação continua até atin-gir os extremos limites de extraordiná-ria potência, até o ponto em que todasas propriedades típicas do ser dialéticodesapareçam. Então, o ego dialéticoperde todo seu domínio sobre o micro-cosmo e já não poderá fazer triunfarsua natureza. Ele é neutralizado.E, simultaneamente, como que impeli-do por um fogo magistral, o corpoígneo do homem-alma é libertado ”.

Trecho extraído do livro Transfiguração, de Catharose de Petri, capítulo I, página 4,Série das Rosas no. 1, 1983, 2a. edição brasileira, Lectorium Rosicrucianum, São Paulo, Brasil.

O METABOLISMO IDEAL É A TRANSFIGURAÇÃO

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que o torna impuro. Com efeito, é de den-tro, do coração dos homens que saem as intenções malignas”. (Marcos, 7:20-21).A filosofia hermética acrescenta que o mundo terrestre não pode prover oÚnico Bem. Ou, segundo a expressão deJesus: “Ninguém é bom, senão só Deus”(Marcos, 10:18).

Como a consciência e o comportamen-to que dela decorre influenciam especial-mente a produção de hormônios, a dege-nerescência acontece, portanto, no san-gue, no sistema digestivo e, finalmente, nometabolismo como um todo. A partir des-te ponto de vista, a purificação da cons-ciência favorece uma boa assimilação doalimento e permite que possamos extrairdele as melhores energias, pois os alimen-tos não são compostos somente de ele-mentos materiais, mas também de éteresnecessários para a construção e manuten-ção do corpo. As crianças pequenas po-dem muito bem desenvolver-se sem co-mer muito porque seu sistema assimila o alimento ao máximo e porque elas sãoalimentadas em grande parte pelos éteresda mãe.

“TENHO UM ALIMENTO QUE

VÓS NÃO CONHECEIS”

“Quando os discípulos o apressavampara comer, Jesus disse: “Tenho paracomer um alimento que não conheceis”(João, 4:32). Este alimento santo, a essên-cia espiritual que emana do espírito, servepara fazer crescer a alma que se reveste deimortalidade. O homem biológico nãopode simplesmente consumir este alimen-to: ele tem de começar fazendo com quesua consciência se volte para o coração. Épreciso tirá-la para fora dos instintos infe-riores por meio de um comportamento

dinâmico e perseverante, pois somente ocoração está preparado para atrair para si“os alimentos santos”. No Evangelho deJoão (4:34), Jesus continua: “Meu alimen-to é fazer a vontade d’Aquele que meenviou e consumar sua obra”. Ora, parafazer a vontade do Pai, o coração deve sepurificar do instinto egocêntrico de con-servação, pois assim ele atrai para si o ali-mento da alma.

O CORPO É O TEMPLO DO ESPÍRITO

Quando começamos a compreenderque o corpo físico faz parte de um conjun-to maior, refletimos a respeito de nossoalimento cotidiano e de sua assimilação.Quando a nova consciência está ativa, os alimentos santos também são necessá-rios para nutrir o novo Corpo da nova Al-ma. Se este novo Corpo-Alma for porta-dor de um espírito santificante, isto é,santo, ele estará diretamente re-ligado aoEspírito divino.

Esta luz devolve ao corpo o seu verda-deiro significado de templo de Deus. Apessoa que assim estiver alimentada já nãose deixará dominar pelos cuidados do cor-po, e seu alimento e a assimilação dele es-tarão a serviço da vida eterna, pois estapessoa compreendeu que seu corpo setornou a morada, o templo de Deus.

*Dei Gloria Intacta, Jan van Rijckenborgh, capítulo III, p. 55, 1982, 2a. edição brasileira,Lectorium Rosicrucianum, São Paulo, Brasil.

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O ouvido é um meio de ligação impor-

tante entre o mundo que nos envolve e

nossa vida interior. A partir dos sons

que penetram no ouvido, o sentido da

audição constrói uma imagem: uma

imagem que situa a pessoa no espaço

ambiente.

Um poeta desconhecido escreveu:“Tenho o tamanho daquilo que meusouvidos podem ouvir; tenho a profundida-de daquilo que meus olhos podem ver.”Seus ouvidos estavam abertos para o exte-rior e seus olhos voltados para o interior.Seus ouvidos se abriam para escutar osilêncio natural de seu ambiente e seusolhos viam o que seus ouvidos haviamescutado.

O ouvido já existe antes do olho. Ascrianças, dentro de sua mãe, já ouvemtudo o que é dito a sua volta, e o registramtão precisamente que algumas palavrascaptadas deixam traços profundos em suaconsciência.

A audição é, na realidade, o começo detoda compreensão. Onde quer que umamensagem seja transmitida, é preciso quehaja ouvidos para ouvi-la, recebê-la ecompreendê-la. É por isso que o profetaIsaías exclama: “Ouvi ó céus, presta aten-ção, ó terra, porque Iahweh está falando”(Isaías 1:2). No Salmo 78:1 “Povo meu,escuta minha lei, dá ouvido às palavras deminha boca” E João escreve no Apo-calipse: “Quem tem ouvidos ouça o que oespírito diz às igrejas” (Apocalipse 2:7).Aqui, não se trata de escutar sem refletir,obedecendo contra suas próprias convic-ções, mas de prestar atenção com “ouvi-

dos abertos”, receptivos, cheios de espe-rança, como uma criança a quem tudomaravilha.

AS PALAVRAS SÃO PORTADORAS

DE ENERGIA

A audição está na base das relaçõescotidianas, mas ela é sobretudo necessáriapara ouvir a linguagem da voz do silêncioem seu próprio imo, no mais profundo doser. Em um passado longínquo, os inicia-dos transmitiam sua mensagem à humani-dade sob a forma de narrativas, que per-duram nos mitos, nas lendas e nos contos.Os ouvintes captavam a mensagem namedida de sua capacidade, e tentavamcomportar-se como os heróis dessas his-tórias nas quais acreditavam, a fim dealcançar essa nobreza e elevação.

As palavras são portadoras de energia.São formas por meio das quais a energia semanifesta. Pela palavra, a energia, que éinformação, penetra na consciência eassim faz surgir imagens. A demagogiaestá baseada sobre esse princípio: os polí-ticos projetam sua imagem mental sobreum público receptivo por meio de méto-dos cuidadosamente calculados; e o públi-co reage de acordo com os ideais que es-colhem, ou de acordo com aqueles ideaisem que os políticos os fazem acreditar!Os dirigentes políticos podem assim tor-nar-se perigosos condutores de homens,incitando seus ouvintes a atos que todoser bem intencionado jamais teria cometi-do individualmente.

A música também faz nascer imagensna consciência. Alguns põem-se a sonharescutando frases melódicas de um trechobrilhantemente executado, enquanto ou-

A AUDIÇÃO, ABERTURA PARA A VISÃO INTERIOR

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tros ficam se mexendo no ritmo primitivodo jazz. E quem não se sente tocado pelascanções populares quase esquecidas?

Freqüentemente, escutando uma con-ferência, surge uma imagem em nós. Éuma imagem que retém nossa atenção elogo vai ganhando vida própria: então,nos perdemos em nossos pensamentos evemos a imagem se ramificar em todos ostipos de associação de idéias. Então, nosesquecemos de ouvir porque nossos pen-samentos e nosso poder de imaginaçãonos ocupam inteiramente. Nossos pensa-mentos seguem seu próprio caminho enos arrastam em ondas sucessivas paralonge do orador, que já não consegue maistransmitir nada, ou quase nada, a nossaconsciência. A imagem que surgiu em pri-meiro lugar se fixa como idéia pré-estabe-lecida e já não pode ser modificada. Por

outro lado, o desenvolvimento de umaprofunda convicção interior é capaz defazer cessar a obediência cega a qualquerautoridade exterior. Então, o eu escolhe eafirma suas preferências.

O mesmo acontece com a Palavra doCriador. “No princípio era o Verbo”. Umacorrente de força divina toca a consciênciado homem e aí evoca imagens, representa-ções da vida ideal, de imortalidade, de ummundo sublime onde não existe nemdoença nem morte. São imagens de umahumanidade que já não é “um odor nau-seabundo para as narinas de Deus” e que,sem luta, vai tomando seu lugar na criaçãoe avançando “de magnificência em magni-ficência”. Mas ainda nessa hora é o “eu”quem escolhe, não escutando a palavraque lhe convém e se fechando a qualqueroutra possibilidade. Será que isso é real-

“Pela visão, ohomem se colocano mundo; peloouvido, o mundopenetra nele”.

O médico e teóso-fo inglês RobertFludd representao ouvido comouma torre comduas entradas. Àesquerda, a voz daorigem; à direita,as sonoridadessedutoras da natu-reza terrestre(Tratactus secun-dus de naturaesimia seu technicamacrocosmi histo-ria, 1618).

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mente “escutar” ou apenas “ouvir”? Nãoserá apenas entrar por um ouvido e sairpelo outro? O materialista ainda pode en-tender isso?

O OLHO JÁ NÃO É O ESPELHO

DA ALMA

A vida moderna está oferecendo cadavez mais elementos visuais. O olho já nãoé o espelho da alma, mas a lupa através daqual o “eu” deforma tudo. Dizem que amídia (como a televisão e a internet) tiraos olhos de seu ambiente e amplia a visão.Certamente isso é em parte verdade, maspaga-se o preço das funções sutis do ouvi-do, que fica surdo com os fundos sonoros,como a música tocada em algumas lojas eque é agradável e agressiva ao mesmo tem-po. Há ruídos monótonos como o do arcondicionado, as surdas explosões dosmotores a combustão, as trepidações dotrem etc. Muitas pessoas tentam se isolardo mundo com um walkman: ora, sabe-mos que este hábito traz uma séria degra-dação do ouvido, desde a juventude.

A AUDIÇÃO COMO FORMA

DE RESPEITO

O silêncio virou uma coisa rara. Es-cutar é uma forma de respeito. É escutan-do que aprendemos a falar, em nossos pri-meiros anos de vida. As crianças registramo vocabulário, as entonações, a pronúnciade sua língua materna escutando as pes-soas de sua casa. Muitas sociedades assi-nam embaixo do princípio pedagógico se-gundo o qual “quem não quiser ouvir so-

frerá as conseqüências”. Em um passadorecente, supunha-se que as crianças deve-riam obedecer cegamente a seus pais eeducadores – e ainda se pensa assim eminúmeros países.

O provérbio: “Quem não quiser ouvirsofrerá as conseqüências” não se aplicaapenas à educação das crianças. Quemquiser adquirir a compreensão das carac-terísticas e do objetivo da Criação e dascriaturas terá de passar também pelocaminho das duras experiências na maté-ria. No início, nossos olhos ainda nãoestão abertos (ou estão semi-abertos).Mas, depois de muitas experiências,aprendemos a perceber a voz interior enossa cegueira vai acabando: começamos acompreender o processo da renovação davida. A lei de causa e efeito terá então aca-bado de nos ensinar a escutar em nossocoração a voz do silêncio.

Quem escuta esta voz, quem se liga aesta voz, sente que sua compreensão vaiamadurecendo e se renovando cada vezmais. Esta pessoa assinará embaixo daspalavras de Jacob Boehme: “Quem temouvidos para ouvir, vê!”

Escuto para Viver.Escuto, não importa o quê,A vida me sussurra.Escuto. Logo, posso doar!

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O homem moderno sempre tem de

estar se afirmando como individuali-

dade no grupo do qual ele faz parte. É

por essa razão que ele se esforça por

desenvolver suas capacidades pessoais

e cultiva suas qualidades e seus talen-

tos a fim de se realizar completamente.

Fazendo isso, muitos deixam o grupo

do qual fazem parte e podem até

mesmo questionar se, de fato, devem

ligar-se a um grupo.

O ser humano, entretanto, dá uma ima-gem do funcionamento e da utilidade dogrupo. De fato, ele é constituído por célulase órgãos, é um ser pluricelular em que cadacélula desempenha uma tarefa especial.

A célula é a menor unidade funcionalviva do corpo. Para a Fisiologia, um orga-nismo é “vivo” quando ele se mantém porprocessos bioquímicos e se adapta às cir-cunstâncias exteriores. Esta definição, quesomente considera a atividade biológica,está incompleta do ponto de vista esotéri-co. Alguns pensam que o ser pluricelular écomposto por um conjunto de elementosunicelulares. Segundo esta teoria, o pluri-celular seria proveniente do unicelular.

As células, no interior de um organis-mo pluricelular, estão em grande depen-dência umas das outras, direta ou indireta-mente, e cada uma tem uma tarefa especí-fica para a qual elas foram se adaptandono decorrer da evolução da vida biológica.Entretanto, elas não adquiriram nenhumafunção nova no decorrer dessa evolução.Elas somente desenvolveram mais forte-mente certas propriedades ou algumasdestas propriedades ficaram praticamentelatentes.

Nestas condições, pode-se dizer que ohomem é um ser pluricelular e que o con-junto de milhares de células deve ter umsentido muito particular. O homem é umorganismo cujas células não desenvolve-ram novas qualidades, mas sim especiali-dades. O elemento unicelular serve aoconjunto por meio da especialização.

Por que o elemento unicelular renuncioua sua autonomia e tornou-se dependente?

É que a unidade pluricelular tem mais emaiores possibilidades, mais meios que oser unicelular.*

Apesar de existirem propriedades ad-quiridas por especialização, alguns aspec-tos das células não mudaram. Assim, cadacélula conservou seu próprio núcleo e suamembrana, que marca seus limites. O nú-cleo traz dentro de si seu plano de desen-volvimento específico sob a forma de cro-mossomos. Todas as células, entretanto,têm o mesmo citoplasma. Trata-se de umamassa gelatinosa que contém diferentes

O coração é oprincípio centraldo corpo (Grandsymbols of theMysteries, ManlyP. Hall).

A CÉLULA E O CORPO

Muitas capacidades, um só Espírito, todos elementos de um só corpo

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Campo magnéticode um dedo (em-baixo) e um ímã(NeuropsychiatricInstitute, na Uni-versidade da Cali-fórnia, EstadosUnidos).

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estruturas. Pensa-se que a composiçãodeste citoplasma não sofreu mudança du-rante milênios.

Um grupo de seres humanos se conduzexatamente como as células de uma enti-dade pluricelular. Sua colaboração fazcom que eles estejam aptos para fazergrandes coisas – boas ou más. Em um gru-po que se aventura a empreender o cami-nho da salvação transfigurística a separa-ção entre cada célula desaparece. Lá ondeestas células queriam conservar-se no in-terior de seus próprios limites, elas colo-cam voluntariamente à disposição dogrupo suas características específicas esuas qualidades. Elas renunciam a seu en-capsulamento, e isto acontece sem cons-trangimento: é completamente voluntário.É que elas têm o mesmo alicerce, o mesmo

substrato, o mesmo citoplasma: a com-preensão liberada pelo Amor divino.

A vida sobre a terra pode se desenvol-ver graças à composição muito especial docitoplasma. Da mesma forma, a vida nointerior de um grupo gnóstico transfigu-rístico deve desenvolver-se sobre uma ba-se de substância específica. Se esse grupoquer verdadeiramente servir à humanida-de, é preciso que as células desse grupo sedesenvolvam sobre as bases do Amordivino, com toda a liberdade interior. Estavai ser a terra que vai alimentar este grupoe este será seu campo de manifestação. Overdadeiro amor surge porque o elementounicelular – que é o indivíduo – renunciadeliberadamente a seus próprios limites,sem renunciar a suas responsabilidadesdiante do ambiente que o circunda. Então,todas as capacidades ficam a serviço de umsó espírito, e o conjunto forma um só cor-po. Graças às relações e ao intercâmbiomútuo entre todas as células desse corpo,vão-se desenvolvendo propriedades espe-cíficas por meio das quais o conjunto po-de trabalhar pela humanidade do melhormodo possível.

Nos anos 70s um pesquisador francês observouque os filhotes de salmão que querem passar do rio Loire para o Oceano Atlântico se juntamformando uma bola, a ponto de formar como se fosse “um só animal” de mais ou menos 1 mde diâmetro, forte o bastante para enfrentar apassagem encapelada onde o rio se lança ao mar.Logo que chegam ao mar, os filhotes de salmãose separam e seguem, cada um para o seu lado.

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Há novas descobertas que dizem res-

peito às relações entre o cérebro e o

coração. Os cientistas pensavam que

era o cérebro que comandava o corpo,

mas as pesquisas atuais demonstram

que o coração também envia sinais –

não somente para o cérebro, mas para

o corpo inteiro.

A ciência atual reconhece que o coraçãonão é somente um músculo destinado abombear o sangue. Os problemas cardía-cos não são unicamente mecânicos, comoafirmam os antigos manuais. A partir deum ponto de vista puramente técnico, afunção do coração é realmente a de umabomba cujas peças se desgastam e podemser substituídas, mas já se sabe que certasoperações e transplantes de coração tive-ram como resultado uma transformaçãoinexplicável e dramática do caráter dopaciente. Isto foi razão de uma revisão dasantigas crenças e de novas pesquisas, e oresultado foi uma visão mais ampla dacomplexidade do coração e, sobretudo, desuas qualidades sobre o plano psíquico eespiritual, quase sempre confirmando astradições espirituais do Oriente e doOcidente, sistemas esotéricos, a literaturamística e elementos sempre vivos da lin-guagem popular.

Na Bíblia foram encontradas 340 refe-rências à palavra coração. Um dicionárioconsagra algumas páginas às palavras,expressões e provérbios relativos a estapalavra, o que faz parecer que o coraçãopode bater, palpitar, martelar, fremir, sus-pirar, jubilar, parar de bater, inflamar-se,marcar uma pausa, perturbar-se e partir-

se. Também é possível que ele seja quente,sensível, fiel, triste, frio, mesquinho, durocomo pedra, generoso ou orgulhoso. Asemoções e os estados patológicos estãorelacionados ao coração.

Este órgão, que é o músculo mais po-deroso do corpo, não envelhece como osoutros. Quer ele fique doente, enfraqueci-do ou em mau estado, o tecido muscularnão envelhece. Ele é feito para cumprirsua função excepcional, do primeiro diaaté o último alento do ser humano.

O PODER DO LADO ESQUERDO

O coração é constituído por duas par-tes separadas que têm sua própria energiae sua própria função. Cada parte compre-ende uma câmara superior na qual o san-gue é coletado, e uma parte inferior de on-de o sangue é enviado novamente. Doponto de vista físico, o lado esquerdo émais poderoso do que o lado direito. Eleenvia o sangue novamente através de umaenorme rede de vasos sangüíneos que me-de, em toda a sua extensão, milhares dequilômetros. Ele faz pressão sobre o san-gue com tal força através do sistema vas-cular que esta mesma pressão seria capazde projetar água a 2 m de altura. O lado direito regula a circulação atravésdos pulmões com uma pressão que fariaesta mesma água jorrar a apenas 30 cm dealtura.

Em uma série incessante e maravilhosa-mente rítmica de tensões e distensões, ocoração preenche o corpo de energiadurante a vida toda. Energia: esta é a pala-vra chave de nossa época. Tudo é traduzi-do em energia. A forma mais compacta e amais sólida é, de fato, pura energia.

O CORAÇÃO, SOL ESPIRITUAL

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ENERGIA É INFORMAÇÃO

Na parte mais profunda do átomoencontram-se unidades de energia queconhecem exatamente a sua função e amaneira de cooperar com as outras unida-des, independentemente do tempo e dadistância. Hoje, também se diz que ener-gia é informação, e que é graças a estainformação que vão surgindo entidades,objetos, processos: do simples átomo atéos elementos unicelulares e até organis-mos pluricelulares e às milhares de galá-xias, isto é verdadeiro ao que diz respeitoà criação visível.

Todas as partes do corpo, todas as célu-las do coração são informadas do que elasfazem umas às outras. Trocam informa-ções sem intermediário material, indepen-dentemente do tempo e do espaço. Elasfuncionam como energia que anima a al-ma-espírito, para quem o tempo e a dis-tância já não contam.

Graças à natureza extraordinária desuas células, o coração também é uma es-pécie de gerador onde as energias de altafreqüência são levadas a freqüências maisbaixas, por exemplo, em energia elétrica,física ou mecânica. Esta energia ou infor-mação é continuamente enviada para to-das as células, órgãos e partes do corpo.

Cada célula do corpo – e existem cercade 75 bilhões em nosso corpo – banha-se,por assim dizer, na energia do coração. Ecada célula do coração – que são muitosmilhões de células – tem seu próprio bati-mento cardíaco, o que não acontece comas outras. É verdade que todas as célulasvibram, pois tudo é energia, mas o bati-mento cardíaco das células do coração émuito especial. Elas batem todas no mes-mo ritmo, em comunicação incessante esutil umas com as outras, como se umaorquestra de muitos milhões de executan-tes, com uma precisão incrível, tocasseuma sinfonia e fizesse-nos ouvir o própriomistério da vida.

“ESCUTEM, PORTANTO, OS

BATIMENTOS CARDÍACOS DURANTE

AS SUAS INSÔNIAS!”

Cada batimento cardíaco é infinitamen-te mais do que uma simples pulsação. É ummistério para o plano material, é um misté-rio para o plano da alma, é uma energia

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“O coração é asemente domicrocosmo”(Paracelso, emAs FigurasSecretas dosRosa-Cruzes).

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misteriosa que elabora os milagres do Espí-rito. Livre do espaço e do tempo, o coraçãoé o mensageiro silencioso e sutil, mas extre-mamente poderoso, do Ser divino.

O homem carrega dentro dele um prin-cípio central em que está inscrito o planode desenvolvimento do homem-Deus. Oprofessor A . H. de Hartog (1869-1938)diz em seu livro De Openbaring vanJohannes, 1935,(“O Apocalipse de João”):

“A cada batimento do coração, Ele, oEterno, bate à porta do coração, na câma-ra do coração, até mesmo do coração dosindiferentes! Também dentro deles acon-tecem, a cada ano, milhões de batimentoscardíacos que provêm do impulso do Amoreterno. Vocês, que são mornos e indiferen-tes, que lêem isto, escutem portanto osbatimentos de seus corações durante suasinsônias, pois cada vez que o coração bateé um chamado de Deus que quer se fazerouvir”.

A força de vida divina também é cha-mada de “prana” ou “prana original”. Na

linguagem poética e na linguagem espiri-tual, é “o ouro universal”. Poderíamos di-zer que o coração está muito próximo doprana, que é a força divina, em razão dapropriedade de suas células, e que, de to-dos os órgãos, é ele que mais pode sercomparado à energia da Vida original.

A LUZ DE CINCO MIL SÓIS

Diz-se que, se o campo eletromagnéti-co do cérebro fosse visível, seria seme-lhante ao sol em um céu sem nuvens. Ocampo eletromagnético do coração, porsua vez, é cinco mil vezes mais poderosoque o do cérebro de acordo com as medi-das e com os mais aperfeiçoados equipa-mentos de que a ciência médica dispõeatualmente. O coração oculta mistériossobre os quais o mental ainda é incapaz deter a mínima idéia.

Portanto, o coração é um mistério quevibra energia e luz. Suas células estão sin-tonizadas com uma energia que transcen-de o espaço e o tempo. A cada batimentodo coração, a força cósmica crística nasceem nós, e a sinfonia maravilhosa que cadabatimento faz ouvir é uma mensagem quenos chega das profundezas da serena epoderosa vida cósmica. Definitivamente, éesta força-luz, ou energia intercósmicaque faz bater nosso coração, este órgãotão particular.

Este mistério se torna profundo se ima-ginarmos que recebemos um pouco destaenergia da luz divina em nosso própriocoração! Logo, é possível localizar a luzdivina, una e indivisível, onipresente efora dos limites do espaço e do tempo,quando ela se manifesta no espaço e notempo! Mas a consciência terrestre perce-

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O tecido do coração se torce na parte de cimaem duas espirais desentido contrário(Sensitive chaos,Theodor Schwenk,Londres, 1965).

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be apenas um clarão, uma centelha dessaenergia da luz original: é Cristo que estánascendo no coração humano.

Por volta do vigésimo-quinto dia degravidez, o coração é formado e começa abater. Ele bate mais ou menos cem milvezes por dia e quarenta milhões de vezespor ano; em setenta anos, são quase trêsbilhões de vezes. Será que não podemosperceber, ao menos uma vez em nossavida, o chamado de nosso coração? Deouvir ao menos uma vez a batida misteri-osa de nosso coração na porta de nossaexistência?

Contrariamente aos outros órgãos, ocoração pode ser ouvido continuamente:ele emite um som, sua maravilhosa sinfo-nia, seu pulsar, que pode ser percebidoquase que no corpo inteiro. Os outrosórgãos só são percebidos quando têm al-gum problema. O coração, por sua vez, es-tá sempre se manifestando e sua mensagemé importante: ele está sempre testemunhan-do a presença da luz dentro de nós.

O EQUILÍBRIO É UMA EXIGÊNCIA

O coração está relacionado com a iden-tidade da pessoa. De fato, carregamosnossos sentimentos no coração. Expres-sões do tipo: “meu coração me diz que”mostram que o coração é dotado de umaconsciência. Deste modo, se o coração e acabeça estiverem em equilíbrio, os senti-mentos e os pensamentos irão inspirar àvontade decisões e atos que estão em sin-tonia. Quando alguém age “com todo oseu coração”, esta pessoa está claramenteconsciente do sentimento que a está fa-zendo agir, e segue este sentimento, trans-formando-o em ação. Um equilíbrio co-mo este é a condição para uma excelentesaúde. Ele favorece a circulação de ener-gias no organismo como um todo. Senti-mentos, pensamentos e ações vão se enca-deando de maneira correta.

Como órgão que aspira e expira o san-gue, o coração é ativo. Mas, como órgãode consciência acontece justamente o con-trário: é passivo, um espaço “vazio”. Oconceito de “músculo oco” ou de “cavida-de cardíaca” aplicada ao coração represen-ta muito bem este princípio que é, ao mes-mo tempo, ativo e passivo.

“A ESTRELA EM QUE VIVEMOS”

Para os budistas, o coração é a gruta deBuda e para os cristãos, é o estábulo deBelém. É por essa razão que o místico An-gelus Silesius diz: “Se Cristo nascesse milvezes em Belém, mas não em teu coração,estarias perdido”.

Para nos aprofundar na análise destaidéia do coração considerado como um

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Todas essas relações vêm sendo de-monstradas há séculos por pesquisado-res como Paracelso, H. P. Blavatsky,Rudolf Steiner e Max Heindel,queapresentaram uma visão global do sol.Mas muitos na época consideraramessa teoria como puro “inútil.” Jan vanRijckenborgh e Catharose de Petri,tendo como base a Gnosis, expuseramas mesmas idéias, mas as pessoas repro-varam o fato de não serem “científi-cos”. Hoje, quando a ciência está che-gando às fronteiras da vida, muitospesquisadores aprofundam-se em anti-gos conceitos esotéricos e gnósticos paradaí beber os dados que devem ser ava-liados. Na realidade, não há nada denovo sob o sol!

NÃO HÁ NADA DE NOVOSOB O SOL

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“oco” ou uma “cavidade”, examinemos osol. O sol é o centro energético de luz, decalor e de vida do sistema solar, razão pelaqual ele é freqüentemente comparado aum coração. Físicos como o americanoEugene Parker e o russo AlexanderTschishewiski, e muitos outros antes deleschegaram a concluir que o sol é “a estrelaem que vivemos”. Suas pesquisas sobre ainteração entre o ritmo do sol e o proces-so da terra criam uma nova imagem domundo. Da terra, vemos o sol como umdisco limitado de uma estrela longínqua.Mas, na realidade, o sol é uma fonte deenergia animada por uma pulsação rítmi-ca, uma fonte irradiante de calor e de luzcujos raios atingem os confins do sistemasolar, penetrando todos os corpos destesistema. Logo, na realidade, vivemos den-tro do sol.

Desta imagem do sol que engloba omundo inteiro nasceu um ramo da ciênciaque estuda as relações que existem entretodos os processos vitais da natureza e ogrande organismo que é o sol.

Atualmente, os especialistas mostramde forma científica o que já havia sidotransmitido à humanidade por esotéricoscomo, por exemplo, Rudolf Steiner,Helena Petrovna Blavatsky, Max Heindele Jan van Rijckenborgh. Sem o sol, a vidasobre a terra é impossível.

A energia do sol determina os fenôme-nos atmosféricos, o crescimento dos vege-tais, o comportamento dos animais e, emparticular, a atividade do sistema nervoso,o coração e o sangue dos seres humanos.Estas relações entre o centro e a periferiaoperam em duas direções, pois o sol, en-quanto organismo vivo, também é influ-enciado pelos impulsos provenientes daperiferia.

Assim, o coração é um órgão dotado de

um batimento rítmico que se liga a todasas células do corpo. O poeta ChristianMorgenstern resume tudo isso em uma sófrase: “O sangue é o sol”. As pesquisas deTschishewiski combinam duas áreas: o sole a circulação do sangue no homem.Segundo ele, o sol não é um corpo celesteesférico, mas um “espaço oco” que englo-ba todos os processos vitais da terra. Nocentro dessa cavidade, acontecem cons-tantes explosões de energia: o plasma solarvai correndo em ondas poderosas no es-paço interplanetário e depois volta ao co-

A forma do coraçãohumano pare-ce muito comum átomo(Principles oflight andcolour,Babbitt).

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ração do sol logo que sua tarefa estejacumprida. O coração seria, assim, o “sol”do homem. No sol acontecem enormestempestades energéticas, semelhantes aerupções de fogo. Não é verdade que, damesma forma, o coração humano apresen-ta um fenômeno parecido? Não está sem-pre como um vulcão em erupção, de ondejorram violentas emoções, sentimentos epaixões tempestuosas?

Ora, não há somente um corpo solarperceptível de onde emanam raios e ener-gias que podem ser medidos, mas tambémum sol espiritual chamado Vulcano. Nestepoderoso corpo solar se encontra umcampo de vida: não na periferia, mas nocentro. Este sol espiritual engloba tudo,

portanto também envolve o coração hu-mano! Ora, no coração do homem existeum núcleo deste sol espiritual. Da mesmaforma que a vida visível é mantida pelasradiações do sol visível, também o centrodo coração humano, que é a centelha doEspírito, é alimentado pela energia espiri-tual que emana de Vulcano. Da mesmaforma que Vulcano é o coração espiritualdo mundo espiritual, a centelha do Espíri-to é o coração do homem espiritual.

Em seu aspecto superior, o coração é oportador da consciência. A consciência éuma atividade negativa, ao menos em suaforma superior, que é sua forma original.A consciência é mais vasta e mais transpa-rente quando ela está neutra, aberta, re-ceptiva. A consciência apresenta a caracte-rística inata de querer estender-se. Aomesmo tempo, ela tem um núcleo: a auto-consciência. O pulsar da consciênciaacontece entre estes dois pólos: seu centroe seu desejo de expandir-se.

O coração não é um órgão isolado: eleenvolve o corpo inteiro. A respeito daconsciência, também podemos dizer queela engloba o homem como um todo: cadacélula do corpo contém uma parcela daconsciência total, mas a sede da vida e daconsciência é o coração. No corpo, ele é oprimeiro elemento que vive e o últimoque morre.

UMA VIDA VOLTADA PARA O INTERIOR

Quando adquirimos uma outra visãoda vida, adaptamo-nos a ela. Na prática,isto pode significar que aspiramos a umavida que não se volta mais para o exterior,mas sim para o interior. A autoconsciênciajá não é o ponto de partida para os pensa-

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“Assim cresce overdadeiro cris-tão: como umcepo na vinhade Cristo” (Ja-cob Boehme,em Theoso-phische Wercke,Amsterdam,1682).

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mentos, sentimentos e atos, mas vai desa-parecendo para dar lugar a uma consciên-cia que deverá servir de puro e claro espe-lho ao espírito. A importância é então da-da a um comportamento dirigido do inte-rior. A natureza nos dá um exemplo disso:a atividade do sol não pára nos limites dodisco solar, mas brilha para todos; o cora-ção não é um mecanismo fechado sobre simesmo.

O que chamamos de “novo coração” éinato em cada pessoa. Todos os sereshumanos possuem este princípio interior.Somente é pedido que cada um se abra aeste coração espiritual oculto, extinguin-do o fogo do eu e aceitando o processo desua renovação, para que se eleve dentro desi o sol espiritual que o transformará emum homem verdadeiro, o homem “à ima-gem de Deus”.

As erupções solares que acontecemtodos os anos e são visíveis sob a for-ma de manchas negras na superfíciedo sol são comparáveis à circulação dosangue no homem. A cada onze anosaconteceria um batimento cardíacosolar, enquanto que o coração huma-no bate cerca de um milhão de vezespor ano. E assim como o sangue hu-mano retorna para o coração, o san-gue solar retorna para o sol depois dehaver cumprido sua tarefa, a fim derecarregar-se de nova energia antesde partir novamente.

A CIRCULAÇÃO SANGÜÍNEADO SISTEMA SOLAR

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“A pineal, em sua parte exterior, é

recoberta por uma camada granulosa

areniforme. Esses grânulos são tão mi-

núsculos que mesmo uma pineal pe-

quena - esse órgão não é maior que

uma ervilha – seguramente possui vá-

rias centenas desses grânulos em sua

superfície externa.

O interior da pineal consiste em uma

substância brilhante amarela ou dou-

rada, cujos grânulos areniformes são

maiores que os da parte exterior.

Em crianças pequenas, esses grânulos

areniformes não são encontrados, po-

rém o são em grande número em jo-

vens na flor da idade. Durante o cres-

cimento de um ser humano, portanto

entre infância e maioridade, o número

dos grânulos cresce constantemente até

determinada idade, após o que eles

paulatinamente desaparecem.

Fisiólogos descobriram, mediante toda aespécie de experimentos, que os esotéricostinham e têm razão quando afirmam quetodos esses grânulos areniformes têm umafunção muito importante no sistema dapineal. Eles estão relacionados com a ativi-dade do pensamento de um ser humano etambém com sua memória e com sua inte-ligência.

Sobretudo nos últimos anos foram feitaspesquisas nessa área. Podeis sem dúvidaaprender algo interessante na literaturaconcernente a isso. A falta desses pequenos

grânulos por exemplo, na superfície da pi-neal, dificulta seriamente a atividade dopensamento, podendo mesmo fazer queela esteja totalmente ausente.

Agora que sabeis disso, queremos tentarexplicar-vos o que As Núpcias Alquímicastenciona dizer com o trecho mencionado eo que a Doutrina Universal diz sobre isso.

Os grânulos aurifulgentes no interior eno exterior da pineal podem ser compara-dos com minúsculas pedras preciosas oucom cristais. Eles têm uma faculdade pro-digiosa.

Se uma atividade do pensamento serealiza no cérebro por algum aconteci-mento, por uma percepção, por uma expe-riência ou algo semelhante, essa atividadeé captada, retida e refletida para o interiorpor um desses cristais externos da pineal.Contudo, o cristal também reflete a ativi-dade captada, a imagem-pensamento, emdiversas direções. A pineal, portanto, estácomo que coberta por incontáveis olhosque captam, retêm, refletem e irradiam ospensamentos. Esse pequeno órgão tem, porisso, grande raio de ação. Os grânulos napineal são cristais que estão ligados com oestado hereditário e cármico do ser huma-no. Por um lado, portanto, é exercidainfluência na pineal através dos pais eantepassados, ou seja, via fatores hereditá-rios, e, por outro lado, através da esferaaural do microcosmo, os fatores cármicos.Todos eles juntos determinam a qualidadeda pineal como órgão de percepção e assi-milação.

[...] A parte superior da pineal é a portade acesso ao inteiro sistema da personal-diade para o Espírito Sétuplo, e a parteinferior é a porta de acesso para a alma.

A PORTA DA PERSONALIDADE

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Ela tem de abranger a realeza completa,dupla, bipolar – o rei e a rainha – caso asnúpcias alquímicas devam manifestar-seem perfeição. Se Espírito e alma quiseremrealmente fazer morada na pineal, então asemente, os princípios do fruto, têm deestar presentes. O primeiro fruto é a se-mente da vida animada pela Luz median-te nova atitude de vida. O segundo fruto éa semente do Espírito, a qual foi enviada

para o globo de ouro pela poderosa radia-ção aquecedora da lípika”.

*As Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreuz, Jan van Rijckenborgh,Tomo 2, pp. 61-63 e 239, 1a. edição brasileira, 1996, LectoriumRosicrucianum, São Paulo, Brasil.

A pineal ésemelhante aoalambique doalquimista, ondeo Espírito divi-no desce logoque sejam con-sumidas asimpurezas dapersonalidade.(foto LennartNilsson, 1974).

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Van Helmont, alquimista do século

XVI, escreve que considera o sangue

um espelho do microcosmo, o depositá-

rio de tudo o que o microcosmo con-

tém. Neste sentido, pode-se dizer que

no sangue vermelho está inscrita toda

a história do microcosmo: o passado, o

presente e até mesmo o futuro.

O fluido sangüíneo tem diferentesaspectos. O mais conhecido é o sangue, osangue no sentido físico que, no estadoatual da ciência médica, não passa de um“mistério”.

A substância portadora das células dosangue é um líquido amarelado; o plasma,que, segundo a ciência, é composto prin-cipalmente de água e contém proteínas,sais, hormônios, enzimas, gorduras, áci-dos aminados, e resíduos. Em um únicomilímetro cúbico de sangue há cerca de 5milhões de glóbulos vermelhos, entre 5 e10.000 leucócitos, ou glóbulos brancos, e200 a 300.000 plaquetas. Um corpo emboa saúde contém entre 5 e 6 litros de san-gue. Os glóbulos vermelhos transportamoxigênio e toxinas. Os glóbulos brancossão como soldados que combatem e ex-pulsam o que é estranho ao corpo. Diz-setambém que o sangue é o portador dometabolismo.

A linguagem popular possui expressõese ditados que mostram que o sangue não ésomente um líquido material, mas que eletambém é portador de qualidades e de tra-ços de caráter. Por isso existem expressõescomo: “está no sangue”, “é o sanguequem está falando”,“é a voz do sangue”,“sangue-frio”, “sangue-azul”, “consan-güinidade”, “irmãos de sangue”, “laços desangue”...

É claro que a natureza do sanguedesempenhou um grande papel na históriada humanidade. Os faraós praticavamcasamentos entre irmãos e irmãs para con-servar as qualidades da dinastia. A mesmacoisa acontecia em certas casas principes-cas ou em famílias nobres, para conservaras qualidades hereditárias. Em um casteloda Escócia encontra-se uma série de retra-tos de família que cobre o período decerca de 10 séculos. É espantoso como osrostos das personagens em linha diretatêm os mesmos traços. As característicasdo sangue dos ancestrais se conservarammuito bem.

Cada um, dentro de sua própria famí-lia, pode dizer: tal pessoa se parece demaiscom seu pai, ou fulana tem os mesmos tra-ços de sua avó. O sangue fala!

AS PROIBIÇÕES DESAPARECEM MAS

A BASE CONTINUA A MESMA

O mistério do sangue apresenta, por-tanto, diferentes aspectos.

Atualmente, podemos nos perguntarpor que era tão importante conservarintacta a herança do sangue. Atualmenteisto perdeu a importância, os casamentosentre membros mais próximos de umamesma família são até mesmo proibidos ea união de pessoas de raça diferente é tole-rada em certas sociedades, mesmo que sejamalvista por algumas comunidades reli-giosas. Estas proibições parecem estardesaparecendo onde a ortodoxia foi ven-cida depois que se abriu uma brecha. Mas,que ninguém se engane: os pais, sejam elesmodernos ou não, sempre ficam orgulho-sos quando seus filhos parecem ter herda-do claramente as qualidades da família!

O MISTÉRIO DO SANGUE

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Vesálio fez o mapada circulação dosangue para seusalunos de Pádua(Tabulae anatomi-cae, Veneza, 1538.Biblioteca daUniversidade deBasiléia, na Suíça).

O sangue reveste ainda um terceiroaspecto. O grande médico Paracelso di-zia: “Quem possui o sangue (segundo ele“a quarta alma”) mantém a humanidadesob o seu poder”. Quem conhece os segre-dos do sangue e sabe utilizá-los podefazer o que quiser de seus semelhantes.Hitler tentou realizar esta idéia com suateoria, e sua aplicação, “Blut und Boden”(Sangue e território): ele queria que umapopulação de raça pura garantisse o futu-ro da Alemanha nazista.

O sangue tem, portanto, um aspectobiológico, um aspecto histórico, umaspecto moral e, em segundo plano destesaspectos menos visíveis, um aspecto maisoculto, um aspecto esotérico. Para quemquiser compreender a origem e a finalida-de da vida, este quarto aspecto é, semnenhuma dúvida, o mais importante.

O SANGUE, VEÍCULO DO

ALENTO DIVINO

Em um tratado de anatomia, o esotéri-co G.R.S. Mead diz que duas árvores sãoplantadas no corpo humano: uma nocoração e outra na cabeça. A árvore docoração é representada pelo sistema dacirculação sangüínea que veicula a forçavital. A árvore da cabeça é o sistema ner-voso, canal do éter nervoso. Ora, a forçavital é a mesma que circula no universo.

No livro “Zohar ou Midrash”, O Livrodo Esplendor, que é um texto importanteda cabala, diz-se que o sangue humano é oveículo do Alento divino, enquanto que oalento humano é o veículo do movimento.O Alento divino, Nephesh, conduz ohomem ao seu verdadeiro destino. Comojá dissemos, toda a história do microcos-

mo está inscrita no sangue, segundo VanHelmont, pois o Alento divino que eletransmite, o princípio que dá vida, ou o“prana”, revela a missão que está designa-da ao homem na criação. Neste sentido,podemos dizer que os “deuses” vivem nosangue dos humanos e que os humanosestão portanto ligados ao passado, mastambém ao futuro.

Se o sangue continuar em seu estadonatural, ou seja, se durante toda uma vidanão houver uma transformação radical dosangue constituído pelo carma individuale coletivo, a ligação com o passado conti-nuará. Mas, se o sangue se transformar,não a partir de alguma manipulação gené-tica, mas pela transformação espiritual,então haverá a ruptura com o passado e aabertura de um novo caminho evolutivo.

Eliphas Levi (Alphonse Louis Cons-tant) escreve em seu livro Codex Magiae:“O sangue é a primeira encarnação dofluido universal. É a Luz materializada”.

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INFLUÊNCIA DA IRRADIAÇÃO

SOBRE O SANGUE

A composição do sangue pode se trans-formar a partir de diversas influências. Aalimentação, os medicamentos, os prepa-rados hormonais, as injeções e semelhan-tes podem provocar mudanças temporá-rias, mas também a longo prazo e atémesmo provocar dependências.

A irradiação exerce uma influênciaespecífica. Quando Marie Curie, a físicapolonesa (1867-1934) descobriu o rádio esuas irradiações ela nem imaginava quais

seriam seus efeitos. As impressões digitaisde suas cartas ainda são perigosamenteradiativas. Fotos de suas experiênciasmostram pessoas diante de pratos fluores-centes, vacas que lambem jarras de leiteluminescentes etc.. Madame Curie mor-reu de câncer em 1934.

No decorrer da fabricação da primeirabomba atômica, soldados e civis foramsubmetidos às irradiações sem proteção.A influência dessas irradiações sobre osangue ainda era desconhecida e logo foiprovada por meio de experiências. Atu-almente, as pessoas tentam se proteger omelhor possível das irradiações ionizantes(raios X), mas todos os meios ainda sãoinsuficientes.

Apesar de todos os meios de proteção,as centrais nucleares emitem irradiaçõesmortais. Uma pesquisa recente mostraque os franceses não se importam tantocom a radiatividade quanto os alemães ouos holandeses. Quando houve o acidenteem Tchernobil, o presidente Mitterandgarantiu que as nuvens atômicas não atra-vessariam a fronteira francesa. Agorasabemos que isto aconteceu!

OS PROCESSOS CÓSMICOS FICAM

REGISTRADOS NO SANGUE

A radiatividade, ou seja, os raios emiti-dos no momento da desintegração damatéria, permite a abordagem de um dosmaiores mistérios do sangue. Tudo nouniverso está sujeito a mudanças. Os ele-mentos vão se formando e se decompon-do, os mundos se desenvolvem e se disso-ciam emitindo energia. Campos de irra-diação vão surgindo, se transformando ese desintegrando para constituir novoscampos.

Este processo carrega com ele tudo o

O primeiro Adão,pai da humanidade.Forças da fonteoriginal descem no“Ancião” paracriar o mundo(KabbalaDenudata).

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que tem uma forma. O conjunto do que ohomem percebe por meio dos mais sofis-ticados equipamentos se manifesta no seioda eternidade, para desaparecer em segui-da depois de ter cumprido uma tarefaespecífica e de ter servido de base paranovos processos de desenvolvimento.

No livro Zohar é dito que o sangue é oveículo do princípio doador da vida e VanHelmont afirma que o sangue é o espelhodo microcosmo. O sangue é, portanto, odepositário dos processos macrocósmi-cos, cósmicos e microcósmicos, a expres-são do processo de transformação ao qualele está sujeito. Ele apresenta, portanto,três importantes características:• Ele contém a imagem macrocósmica

total do futuro de toda a criação;• Ele contém a imagem da evolução cós-

mica da humanidade;• Ele contém a imagem do desenvolvi-

mento microcósmico do indivíduo.

“CENTELHAS ELÉTRICAS INFLAMAM

A VIDA SUPERIOR”

O Plano original e universal do Criadordirige o futuro macrocósmico. A evoluçãocósmica é a da humanidade há milhares emilhares de anos. O desenvolvimento mi-crocósmico compreende estes dois pro-cessos, que devem impulsionar a realiza-ção da tarefa que todos os seres humanostêm de cumprir.

Segundo a Doutrina Universal, o passa-do é expresso pelos glóbulos brancos, e osglóbulos vermelhos são centelhas elétricasque devem inflamar a vida superior nosseres humanos. O que quer dizer tambémque o passado da humanidade inteira, dacriação como um todo, está inscrito nosangue.

Portanto, é evidente que o sangue que

foi conservado sem mistura e que nãosofreu nenhuma transformação expressabem o passado coletivo, enquanto que osangue que passou por uma transforma-ção expressa uma experiência pessoal.

A partir desta elucidação, a mistura dasraças e dos povos oferece uma perspectivainteressante. As tentativas terrestres deconservar a herança sangüínea e culturalbloqueariam o surgimento de novas possi-bilidades, enquanto que renunciar ao pas-sado para se abrir a algo novo daria aoportunidade de realizar uma renovaçãointerior, pois o sangue carrega a consciên-cia e a consciência é a soma das experiên-cias. Se as experiências coletivas foremprevistas e programadas, a consciênciatambém o será. Mas, se estas experiênciasforem individuais, livres e principalmentevoltadas para um objetivo superior, aconsciência também o será.

Imaginem que existam acontecimentosque estão registrados no macrocosmo quevisem elevar a humanidade a um planoespiritual superior; estes acontecimentostambém serão inscritos no sangue de cadaser humano. E, se estes acontecimentos

Marie Curie e seu marido emseu laboratóriodescobrem o elemento radiati-vo conhecidocomo rádio, em1898.

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estiveram igualmente presentes no cosmo,a impressão será reforçada no sangue.Finalmente estes acontecimentos serãoinscritos no microcosmo e falarão no san-gue (portanto, também na consciência). Aconseqüência lógica é que o ser humanoserá impulsionado a seguir interiormenteo Plano divino, pois terá de segui-lo!

O SANGUE É A MANUTENÇÃO DO

ESTADO DE EXISTÊNCIA

A partir deste ponto de vista, com-preende-se porque tantas pessoas empre-gam todos os tipos de métodos ou de sis-temas para colocar seu sangue em umdeterminado estado. Há regimes que tor-nam a pessoa tão inerte que já não é possí-vel nenhuma reação. Há diversos métodos

ocultistas que podem ser tão duros quechegam até a impedir qualquer passo no-vo. Drogas e calmantes tornam a pessoapermeável às forças e a pensamentos opos-tos ao objetivo da Criação. Assim, é possí-vel exercer influência sobre o sangue parase manter no estado presente, ou voltar aopassado, ou até projetar-se no futuro.

Desde o início do século XX, a huma-nidade se viu obrigada a reagir a um novoimpulso intercósmico. Estamos vendo oresultado disso nas grandes transforma-ções humanas deste século.

A Luz despertou o princípio da almano microcosmo e este princípio, estaconsciência, tem de se manifestar. A vozdo sangue fala. Ou o homem continua aviver da natureza mortal, ou ele respondeà natureza imortal, que o toca em seu san-gue preparando-o para a renovação.

O OBSCURECIMENTO SISTEMÁTICO

DA CONSCIÊNCIA

O sangue expressa o estado de umhomem, e cada célula de seu corpo corres-ponde a este estado. Se ele não se transfor-mar a ponto de conseguir transformar seusangue, sua consciência irá continuar a serobscurecida pelo passado e pelo presente.O sangue que atinge sua cabeça passandopelo coração obscurecerá sistematicamen-te seu mental, fazendo com que ele sigauma linha degenerativa e impedirá toda equalquer renovação da personalidade.

Esta é a razão pela qual a sabedoria her-mética diz que chegará uma hora em quejá não teremos que suportar “as palavrasda ignorância” nem aceitaremos continuarna confusão se quisermos chegar à verda-deira Vida.

Estas idéias novas já podem esclarecer aconsciência, elevá-la e ensiná-la a ver a

Papiro mos-trando umarepresentaçãodo coração eda circulaçãosangüínea.

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vida a partir de uma nova perspectiva, masa vida cotidiana o faz mergulhar nova-mente, de maneira sistemática, no obscu-recimento veiculado pelo sangue. O pas-sado e o presente marcados no sangue,assim como as preocupações cotidianassempre têm força, pelo menos assim pare-ce, para obscurecer a visão de um futuroluminoso.

Neste contexto, os rosacruzes dizemque a consciência do sangue cria trevas naconsciência da alma; ora, a consciência dosangue determina o pensamento, o senti-mento, a vontade e a ação. Como a almaoriginal fala um pouquinho nesta consci-ência, isto faz nascer a consciência da Al-ma, ou seja, a nova consciência, que devecrescer para ligar-se ao Espírito divino.

Mas o homem mortal vive do sangue –não do Espírito. É por isso que Hermesdiz: “O homem deve rasgar o hábito quecarrega, este tecido de ignorância, funda-mento do mal que está dentro dele”.O homem que possui a verdadeira almavive na terra como se estivesse em um paísinimigo. Como diz o escritor dinamar-quês Anker Larsen: “Há um outro álbumde família!” Sua história e seu futuro são descritos no Evangelho de Buda, noNovo Testamento, no Tao Te King, nolivro As Núpcias Alquímicas de ChristianRosenkreuz.

Sua origem determina seus princípios e seus atos, dá-lhe visões que são incom-preensíveis para aqueles que seguem ocaminho do sangue não-transforma-do. Sua origem lhe indica o caminho que o sangue perturbado do homem moder-no dissimula e nega. Ela liberta-o de sua“embriaguez”, oferece-lhe os olhos docoração, faz com que ele “vomite as pa-lavras da ignorância” a fim de abrir seu ser para a Luz. O homem que possui a alma original é o protótipo do NovoHomem.

Este é o processo de purificação dosangue, que cura o ser humano das ilusõesde seu eu, e o prepara para o desenvolvi-mento de uma vida absolutamente nova.

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Pesquisadores atuais desenharam um

mapa bastante detalhado do cérebro,

onde se localizam: as funções da fala, o

talento para a matemática, o espírito

criativo etc. No entanto, o funciona-

mento do cérebro ainda é relativa-

mente pouco conhecido no ano 2000.

É espantoso que cerca de 80% da capaci-dade cerebral não sejam utilizadas. Então,podemos questionar: para que ela deveservir? Será que ela serve para o desenvol-vimento de um aspecto superior do serhumano? A Doutrina Universal nos ensi-na que um novo poder mental ainda estápara surgir.

O cérebro é, sem dúvida, a parte maisexplorada do corpo. É ele quem dirige asfunções vitais e motoras, mas que lhe dátambém a possibilidade de se expressar.Pensamos com nosso cérebro e é nossacabeça que diz “sim” porque ela é a parteconsciente de nossa personalidade.

No cérebro encontram-se os setores dopensamento, da palavra, da audição, davisão, do olfato e do paladar. Até já deramum lugarzinho no cérebro para coisasmenos palpáveis como a intuição, o espí-rito e a consciência, que aliás é uma divi-são subjetiva, como pode ser demonstra-do por uma conversa entre o psicólogoJung e um índio da tribo pueblo daAmérica do Sul, que afirma: “Nós, osíndios, ficamos muito espantados quandoas pessoas que vieram do oeste disseramque nós pensamos com a cabeça, pois nóspensamos com o coração...”

O INTERCÂMBIO ENTRE ESPÍRITO E

MATÉRIA AINDA É POUCO

EXPLORADO

Trata-se de saber se há identificaçãoentre o homem e seu cérebro e se existetambém uma entidade psíquica que seexpressa através do corpo – entidade queteria seu ponto de ligação na cabeça ou nocoração. Esta interrogação é muito antigae data da época em que o cérebro estavacomeçando a fazer perguntas sobre simesmo.

O filósofo grego Aristóteles (384-322a.C., usando de observação e dedução,chegou à conclusão de que o pensamentonão está ligado à matéria. Descartes (1596-1660) pensava que a epífise (ou pineal) erao lugar em que o espírito e o corpo se liga-vam. A ciência geralmente separa os pro-cessos fisiológicos e psíquicos. O inter-câmbio entre Espírito e matéria ainda épouco explorado.

O cérebro comporta três partes: oshemisférios cerebrais, o cerebelo e o tron-co cerebral ou bulbo raquidiano. O cére-bro é a base da inteligência e do podermental. O cerebelo regula o equilíbrio e apostura do corpo. O bulbo raquidianoregula as funções involuntárias, como arespiração. Os impulsos elétricos dobulbo raquidiano estão ligados ao corpopelo tálamo. O bulbo raquidiano não ésomente a sede de funções como a respira-ção, a pressão arterial e o ritmo cardíaco,mas também da motricidade ocular, dovômito e de outros reflexos.

Supõe-se que o cérebro foi-se desen-volvendo de acordo com diferentes fasesevolutivas. Os especialistas são unânimesquanto ao fato de que o bulbo raquidianodeve ser a parte mais antiga e que o cére-

OITENTA POR CENTO DA CAPACIDADE CEREBRAL

ESTÃO INUTILIZADOS

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bro foi desenvolvido há um tempo relati-vamente recente. Todos os animais têmum bulbo raquidiano. Todos os mamífe-ros têm um sistema cerebral límbico.Somente o homem dispõe de um cérebrobastante desenvolvido.

A EXPLORAÇÃO DO CÉREBRO

TRAZ MUITOS ENIGMAS

Como acabamos de dizer, certas fun-ções, como a fala, por exemplo, estãolocalizadas com bastante precisão noshemisférios cerebrais. O processo do pen-samento já é mais difícil de ser situado,mas é provável que ele tenha como sede olobo frontal. Também é aí que são tratadasas informações provenientes dos sentidos.A atividade cerebral pode ser medida pormeio de correntes elétricas que passampor células cerebrais. Estas correntes pro-duzem campos magnéticos que irradiamno exterior do corpo.

As pesquisas sobre o cérebro trazemmuitos enigmas. Geralmente são conheci-das as partes ativas que dirigem certastarefas no homem sadio, mas há outroscasos que apresentam uma imagem com-

pletamente diferente. Por exemplo: hápessoas que foram atacadas pela hidroce-falia em tenra idade e que, depois que seucrânio endureceu, geralmente se tornaramgraves deficientes mentais, mas tambémhá outros que seguiram cursos universitá-rios. Fazendo um rastreamento, vemosque 75% a 90% de seu crânio está cheiode líquido e de tecido conjuntivo, enquan-to que as células cerebrais disponíveis, queocupam muito pouco espaço, assumemtodas as funções de modo contínuo emaximizado.

COMPORTAMENTO NA BUSCA DO

SENTIMENTO MORAL

Resta saber como funciona o cérebrona vida cotidiana. Atualmente uma pessoacom boa saúde, gosta de se ver como um

No serviço psiquiátrico do hospitalde Utrecht, descobriu-se que entreos gêmeos univitelinos as funçõesda linguagem às vezes estão locali-zadas inversamente, por exemplo àesquerda em um e à direita emoutro. As cavidades cerebrais,

moradas da alma(Alberto o Grande).

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ser consciente e racional que sabe se servirde seu cérebro. Seu modo de agir, entre-tanto, não confirma esta imagem. Seusatos não se baseiam na lógica, nem naintuição pura, nem na sabedoria, mas emseus medos, preocupações e angústias.

Em situações críticas, esta pessoa nãose comporta de modo algum como gosta-ria de parecer. Ou seja: como alguém quefosse coerente e que segue uma linha reta.Um mesmo cérebro pode gerar pensa-mentos e atos completamente diferentesem certas circunstâncias. Conhecemosmuitos exemplos disso. A atitude diária deuma pessoa “normal” na sociedade geral-mente não passa de uma fachada e mudacompletamente quando ela está com suafamília. Relacionamento em família,álcool ou droga, estresse, informações nojornal ou na televisão, assim como catás-trofes naturais e atividades políticas oumilitares podem provocar transformaçõesde comportamento. A psicologia constataque o homem curva-se diante da autorida-de e se deixa facilmente levar a atos imo-rais contrários a seus próprios princípios eideais.

O BULBO RAQUIDIANO É O ELEMENTO

MAIS ANTIGO DO CORPO?

O psicólogo holandês Piet Vroom(1939-1994) esclarece de uma maneira in-teressante a complexidade do cérebro

Em 1983, Woody Allen produziu um filme (“Zelig”) que mostrava umhomem dotado de uma consciênciacamaleônica. Quando entrava emcontato com os outros, ele adotavarapidamente os traços de personalida-de destes, seus pensamentos e atémesmo sua aparência. Se ele falassecom um rabino, logo crescia umabarba em seu rosto. Se entrasse comodoente em um hospital ele saía discu-tindo ardorosamente com os médicosdos quais ele havia se tornado umcolega.

Corte longitudi-nal do cérebromostrando apineal, sede daalma, de acordocom Descartes.

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quando afirma que suas diferentes divi-sões exercem influência sobre o compor-tamento, e também que os impulsos pro-venientes de certas partes do cérebro cor-respondem às fases evolutivas em que elasforam formadas. De acordo com ele, aspartes mais antigas seriam o bulbo raqui-diano e o cerebelo, e este seria a sede deuma consciência que poderia ser compa-rada à consciência de um réptil. A cons-ciência da serpente e do crocodilo seria deum nível extremamente baixo e seriadeterminada unicamente pelo instinto desobrevivência.

Os mamíferos e os homens mantiveramestes elementos de consciência dos répteis,e são eles que os dirigem quando queremsatisfazer a qualquer custo seus instintosprimários. A consciência reptiliana estárelacionada com o grande nervo simpáti-co, que age de modo reflexo e sobre o qualo homem médio não tem nenhuma possi-bilidade de ação. O grande simpático re-gula o ritmo cardíaco, a respiração e a di-gestão e determina as reações reflexas.Quando recebemos um golpe, levantamoso braço ou a mão sem refletir, para nosproteger. Portanto, estamos seguindo im-pulsos naturais depois de termos adquiri-do experiência. A criança ainda precisaaprender a se defender. Por outro lado,um iogue é capaz de controlar sua respira-ção e sua digestão depois de um treina-mento com exercícios ocultistas.

A parte cerebral seguinte é formada poraquilo que chamamos de “sistema límbi-co” entre os mamíferos superiores e nohomem. A consciência desta parte podeser comparada à de um cavalo ou à de umcão. Os mamíferos superiores, que sãodirigidos por esta consciência, seguemmodelos de comportamento, têm emo-ções e sentimentos. A Doutrina Universaldiz que os estímulos exteriores são capta-dos pelo corpo astral e traduzidos pelocorpo físico. Os homens e os animais sãodotados de um corpo astral ao qual elesestão submetidos. Este corpo não é, demodo algum, um poder mental. Alémdisso, o homem possui um cérebro muitodesenvolvido, mas utiliza apenas 20% desua capacidade.

O PODER MENTAL HUMANO

EM DESENVOLVIMENTO

De acordo com a Doutrina Universal,o corpo mental está desenvolvido apenasem parte. É o cérebro que permite quetenhamos consciência de nós mesmos, quepossamos nos observar e nos conhecer.Ele é o principal agente das maiores proe-zas técnicas e artísticas. Mas, se pensar-mos que ele utiliza apenas 20% de suacapacidade, imaginaremos como é imensoo seu poder potencial. Infelizmente, o sis-tema cerebral quase sempre está longe deser perfeito, pois, se o intelecto realmenteestiver sediado nos hemisférios cerebrais,na maioria das pessoas a consciência con-tinua sempre ligada ao bulbo raquidiano eao sistema límbico. Portanto, estas pes-soas estão sujeitas a seguir os impulsosprimitivos destas duas consciências primi-tivas. Por isso a terrível combinação deum intelecto superior com os instintosbaixos faz do homem o animal mais peri-goso da terra. O animal “dotado de ra-zão”, como o qualifica Hermes Trisme-gisto, é muito mais perigoso do que umafera selvagem.

A “moderna” psicologia com seus con-ceitos de “consciente” e de “subconscien-

Os centros dossentimentos seencontram nocérebro(MargaritaPhilosophica,Reisch, séculoXV).

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te” data aproximadamente de uns cemanos, porém não fez ainda nenhuma des-coberta essencial, que já não fosse conhe-cida há muitos séculos. Cada época temseus próprios conceitos, sua própria ter-minologia, suas próprias explicações que,se olharmos bem, tratam das mesmas coi-sas. “Antes que possas entrar para essecaminho, tens de destruir o teu corpolunar, e limpar o teu corpo mental, assimcomo o teu coração.” Assim é dito no livroA Voz do Silêncio.1 No livro sagrado AyurVeda trata-se do caminho da libertação,em que o cérebro desempenha o papelprincipal.

RESTABELECIMENTO DA LIGAÇÃO

COM O ESPÍRITO

Portanto, o homem mal tem consciên-cia de suas possibilidades, pois ele utiliza,como foi dito, somente 20% de seu cére-bro. Uma destas possibilidades é a consti-tuição de um novo corpo mental, que per-mite entrar em ligação com o espíritodivino. Aliás, este é o objetivo de toda equalquer religião autêntica. (A palavra“religio” quer dizer “re-ligar”, “restabele-cer a ligação”).

Quando alguém quer empreender se-riamente o restabelecimento desta ligação,

deve ultrapassar os impulsos traiçoeirosdo mundo astral (o subconsciente). Omodo de fazer isso já de há muito é co-nhecido. É preciso compreender o proces-so e, a partir desta compreensão, preparar-se para a purificação. Esta compreensão éo autoconhecimento, e a purificação é ob-tida principalmente por meio do cuidadocom o pensamento.

Este comportamento totalmente novopara o homem comum provoca uma ten-são na personalidade, uma luta internaque gera uma nova compreensão. O mate-rialista vai-se tornando pouco a pouco umconstrutor espiritual. Ele já não se ocupacom seu bem estar exterior, mas com suaconstrução espiritual: o novo corpo men-tal ou nova alma. Cada pensamento de-sempenha um papel primordial no pro-cesso de renovação. Se ele conseguir reali-zar esta construção, então alcançará o ob-jetivo da vida.

DESCOBERTAS FEITAS A PARTIR DE

INICIATIVA PRÓPRIA

Antigamente, o processo de transfor-mação interior, de regeneração e de trans-figuração era conhecido apenas por inicia-dos. Nesta passagem para o século XXI,muitos seres são tão desenvolvidos e indi-vidualizados que podem descobrir estasenda por iniciativa própria. Atualmente,os seres humanos agem por sua própriaautoridade e se informam por si mesmos.Eles querem, por exemplo, ter explicaçõessobre o significado da vida e da morteantes de fazer a escolha de um certo rumo.É por isso que as escolas espirituais trans-mitem aos pesquisadores-buscadores ho-nestos a “antiga sabedoria” no que dizrespeito, principalmente, ao processo derenovação. “Antes de dar um passo sequerna senda” diz A Voz do Silêncio, é precisolibertar-se dos perigosos impulsos animaisque surgem no subconsciente. Somenteassim limparemos a área para que o novopoder mental possa se instalar.

Os diferentes níveis de consciência quejá descrevemos mostram claramente que,

Este mapa-múndido tempo de He-ródoto ofereceuma grande seme-lhança com aestrutura do cére-bro humano. ALíbia correspon-deria ao cerebelo,a Europa aoshemisférios cere-brais, os mares àscavidades cere-brais (GrandSymbols of theMysteries, ManlyP. Hall).

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se não renunciarmos aos níveis inferioresque correspondem às primeiras fases daevolução, o desenvolvimento da alma e doespírito torna-se impossível. Se os baixosinstintos de um ser extremamente inteli-gente, como um gênio, não se transforma-rem, seu subconsciente vai lhe pregarpeças.

A questão crucial é, então: “Como sairdo círculo vicioso dos pensamentos, ins-tintos e ações? Como limpar a área paradar lugar ao novo pensamento e ao corpo-alma? O ser humano é da terra, é terrestre.Ele possui uma consciência e uma razão,mas elas não estão capacitadas para fazê-lo atravessar o oceano dos instintos primi-tivos do subconsciente. O gnóstico trans-figurístico Jan van Rijckenborgh, no ter-ceiro tomo de seu livro ArquignosisEgípcia faz uma descrição clara do proces-so de transformação:

“Quando, em concordância com vossavocação, pensais de maneira pura, nomesmo momento, inflama-se vosso corpoastral em sintonia com vossa mentalidade.O corpo astral reage em questão de segun-do a cada um de vossos pensamentos.Como relâmpago, cada pensamento pro-voca um fogo imenso em vosso corpoastral. Por meio de vosso corpo astral, ocorpo etérico é colocado em determinadoestado, em sintonia com a qualidade docorpo astral. Os éteres são liberados epenetram todo o vosso organismo mate-rial, todos os órgãos, todos os fluidos, até osangue; e quando vosso sangue se encontracarregado com os resultados de vossosrelâmpagos mentais o sangue flui nova-mente por meio de todas as células dos ner-vos cerebrais e transporta, de novo, aquiloque vós mesmos desencadeastes em vossocérebro-racional”.2

A IMPOTÊNCIA DA CONSCIÊNCIA

E DA FÉ IMPOSTA

Este processo é complexo e há váriosobstáculos exteriores que também seopõem a ele. A impotência e a limitaçãoda consciência têm como causa, em parte,

aquilo que gerações e gerações impuseramcomo “fé” e que inspirou um certo medoda vida, tanto aqui embaixo quanto noalém. E este medo provoca um forte ins-tinto de conservação do grupo. A preser-vação da pessoa torna-se o objetivo davida, enquanto que deveria ser o contrá-rio: o abandono de todos os laços com anatureza material. Por isso as igrejas e sei-tas dão tão grande valor ao fato de seusfiéis vivificarem a idéia coletiva, tanto noplano espiritual como no plano material.

Jan van Rijckenborgh formula esteprincípio da seguinte maneira: “ Porventu-ra ainda não reconhecestes que nesta natu-reza está presente um poder, um inimigoabsoluto, que desde o começo vos levou aesta impotência, a esta completa limitaçãoda consciência no decorrer dos incontáveisgiros da roda? Não reconhecestes que este

O cérebro com a forma de umembrião (GrandSymbols of theMysteries, ManlyP. Hall). As cavidades cere-brais segundoLeonardo daVinci.

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inimigo, numa sucessão infindável de imi-tações, lança mão de tudo para vos prenderpara sempre? Aqueles que servem a umadessas imitações geralmente fazem-no emabsoluta boa fé, o que torna as coisas aindamais complicadas e desesperadoras. A ver-dade, o mistério divino é uno e indivisível,e nada existe entre vós e a Gnosis, nenhumintermediário!”3

Trata-se de se libertar dos medos, preo-cupações e angústias. O homem paga pelasoma de suas experiências limitadas, desua própria consciência limitada. Entre-tanto, se ele enxergar claramente o esta-do de seu antigo mental e purificá-lo omais possível, logo se abrirá à nova cons-ciência, que é capaz de ultrapassar todosos aspectos contrários e todas as limita-ções. E, neste caso, quem sabe, os 80% decapacidade cerebral ainda não utilizadaspoderão começar a ser aproveitados!

A CONSCIÊNCIA QUE TRANSCENDE

TODAS AS OPOSIÇÕES E LIMITAÇÕES

Que isto fala à imaginação podemosver no filme “Powder”, em que um meni-no pode, por um acaso da natureza, utili-zar 100% de seu cérebro. Ora, seus gran-des poderes e sua compreensão interior

quanto a si mesmo e aos outros fazemcom que ele seja um estrangeiro, um estra-nho neste mundo.

A consciência do homem comum équalificada de “dialética” porque ela dis-tingue o bem do mal, o interior do exte-rior, o quente do frio, o “eu” do “você”etc. A nova consciência, por sua vez,engloba tudo. Ela é una com o universo;ela transcende, assim, todos os aspectoscontrários da dualidade em que vive ahumanidade.

A pessoa amadurecida pelas experiên-cias “que destrói o seu corpo lunar, o cor-po astral, o corpo do desejo, e purifica seucorpo mental pode entrar para o cami-nho”. Mas é preciso que esta pessoa coo-pere com a edificação da nova consciência.É preciso, sobretudo, que ela cuide pa-ra que os aspectos contrários do mundodialético não a limitem. “ Cada um de vóshá de compreender que essa nova constru-ção depende de certas exigências, tal co-mo se dá, também, com a demolição! Issoé perfeitamente lógico. Devemos conside-rar, antes de tudo, que não se trata dedemolição de algo morto ou arruinado,mas o que devemos demolir é vivo, dinâ-mico e possui vida psíquica, abriga um seranímico, um “eu” que se rebela. Devemosdemolir, às vezes, o que no curso das gera-ções tem sido objeto de formidável cultura,

Dos dois lados da medula espinalpartem nervos que transmitemestímulos. ParaBell, a medulaespinal é umasegunda alma (AnExposition of theNatural System ofthe Nerves,Charles Bell,Londres, 1924,British Museum)

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freqüentemente mesmo de cultura esotéri-ca. Quando uma pessoa caída na sargeta échamada a regenerar-se, todos compreen-dem a necessidade disso. Mas uma pessoaculta, no sentido usual ou esotérico dapalavra, sem dúvida se insurgirá violenta-mente se lhe for feita tal exigência, vistoencontrar-se na ilusão de que seu esforçocultural já é uma regeneração,” escreveJan van Rijckenborgh em Introdução àFilosofia da Rosacruz Áurea.4

Não há nada de novo sob o sol! Lao Tsé, fundador do taoísmo original,declara, no capítulo 10 do Tao Te King:“Aquele que submete o eu animal ao espi-ritual mantém sua vontade voltada para oTao. Ele não se divide. Ele domina e ames-tra sua força vital até torná-la dócil comoa de um recém-nascido. Ele torna clara epura a sua visão interior, portanto ele éisento de erros morais. Ele governa o reinocom amor e pratica totalmente o wu-wei(não agir). Ele está em perfeita quietudeenquanto as portas vão-se abrindo oufechando. Enquanto sua luz vai penetran-do em tudo, ele pode parecer ignorante.Ele gera coisas e as alimenta. Ele as gerasem possuí-las. Ele acrescenta e multiplicasem visar recompensa. Ele reina e não seconsidera um mestre. É isto que se chamamisteriosa virtude”. 5

1 H. Blavatsky, A Voz do Silêncio.2 Jan van Rijckenborgh, A Arquignosis

Egípcia, Tomo 3, Cap. XIX, p. 161, 1ª.Ed. Brasileira, 1989, LectoriumRosicrucianum, São Paulo, Brasil.

3 Jan van Rijckenborgh e Catharose dePetri, A Gnosis Universal, cap. XIV, pági-nas 152-153 1a. ed. Brasileira, 1985,Lectorium Rosicrucianum, São Paulo,Brasil.

4 Jan van Rijckenborgh, Introdução àFilosofia Elementar da Rosacruz Áurea,4a. edição brasileira, 1988, LectoriumRosicrucianum, São Paulo, Brasil.

5 Jan van Rijckenborgh, A Gnosis Chinesa,Rozekruis Pers, Haarlem, Holanda.

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Os rins têm a função de purificar o

corpo. No plano psicológico, eles ga-

rantem uma vida sã e relações abertas,

em pé de igualdade com os outros. Mas

o que foi feito do aspecto espiritual e

libertador dos rins?

Quem não ficou impressionado vendoum computador que pôde vencer umcampeão de xadrez? Mas não é tambémincrível que este mesmo computadorpode também perder? Pois isto significaque o cérebro humano é capaz de fazercálculos ainda mais complexos que umdos mais aperfeiçoados computadoresatuais.

O ser humano tem a capacidade deandar, de saltar, jogar uma bola na rede,captar o que dizem a ele, compreender amúsica etc. Todas estas funções tipica-mente humanas são elementares e naturaispara qualquer pessoa que esteja com boasaúde, mas para os especialistas em infor-mática elas são mais complexas do que ojogo de xadrez. Se acrescentarmos que oser humano também tem o poder de sen-tir, desejar, amar e criar, isto supõe que eleé capaz de performances infinitamentemais complexas do que as de um compu-tador, por mais sofisticado que ele seja.

Não temos nenhuma idéia do grandemilagre que isto representa, nem de queimensas possibilidades ainda insondáveiseste instrumento extraordinário que é onosso corpo pode nos oferecer.

O homem tem dois rins, situados dosdois lados da coluna vertebral, atrás doabdome e à direita do baço, órgãos ricos

em sangue e de grande importância para osistema imunológico. Recobrindo os doisrins encontram-se as glândulas supra-renais que segregam hormônios – entreoutros, a adrenalina.

ESTÁ NA HORA DE PURIFICAR

O SANGUE

Os rins só funcionam bem quandorecebem sangue o suficiente. É com estafinalidade que eles são ligados por grandesvasos sangüíneos e diretamente à veia docoração (veia cava). Nos rins encontra-seo bacinete, pequeno reservatório para aurina ligado à bexiga pelo ureter. O líqui-do recolhido através dos intestinos é leva-do pelo sangue para os rins, onde ele épurificado e depois eliminado pela urina.Neste processo, os rins funcionam comofiltros muito finos. Sob uma grande pres-são o sangue passa através desses filtrosque extraem a água e os resíduos. Os gló-bulos vermelhos e brancos e outras partí-culas muito grandes, como as proteínas,por exemplo, continuam no sangue. Estesistema é tão eficaz que em menos de umahora o sangue fica completamente purifi-cado. Há até mesmo uma supercapacida-de, pois um “meio-rim” funcionando bemjá é suficiente. Enquanto o sangue correatravés dos rins, ele tem o controle da ten-são arterial. Se esta baixar muito, os rinssegregam um hormônio que estimula aprodução sangüínea. Se os rins parassemde funcionar, rapidamente haveria o enve-nenamento do corpo todo.

O processo do metabolismo garante a

“TU SONDAS O CORAÇÃO E OS RINS” (SALMOS 7 E 26)

A consciência conduz ao autoconhecimento,

O autoconhecimento desmascara.

Ser desmascarado conduz à Verdade.

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separação das substâncias alimentíciasúteis ou não. Os alimentos são dissocia-dos e as menores partículas “vivas” são re-colhidas como materiais de construçãopara o corpo, o que não é o caso das maté-rias “mortas”. Ora, o alimento, no mundoindustrializado de hoje, não consiste so-mente de matérias vivas, mas compreendemuitas matérias mortas. O estado no qualse encontram estas substâncias no mo-mento de sua assimilação pelo corpo éimportante. O alimento cozido muitotempo, ou requentado, ou passado noforno de microondas, ou muito manipula-do pode encher a barriga, mas quase nãocontém materiais vivos de construção.

A CAPACIDADE DE RESERVA

O equilíbrio é o elemento essencial dometabolismo. Os órgãos podem recebermuito pouco de material de construção,ou até um excesso, e os filtros, neste últi-mo caso, se entopem. Quando a capacida-de é freqüentemente ultrapassada porqueos órgãos ficam sobrecarregados peloálcool, pelas gorduras, açúcar e doces,café, chá etc, os rins podem já não ser sufi-cientes para tanto. Mas, graças à sua capa-cidade de reserva, eles ainda podem apre-sentar por muito tempo uma aparêncianormal.

Árvore da Vidaegípcia (Tumba de Panesi, em Tebas, séculos XVI-XVII a C.)

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O homem come para manter-se: este éum processo natural. Mas o homem muitoeducado, que tem a tendência de querer semanter cada vez mais fortemente, comemais do que o seu corpo tem necessidade.O resultado é contrário ao desejo que eletem de uma vida longa e sã: obesidade,colesterol, açúcar e ácidos em excessoprovocam doenças e colocam sua vida emperigo. Ora, os excessos não são somentealimentares. Para se manter vivo, o serhumano se põe a trabalhar cada vez maisexageradamente, a comprar cada vez maiscoisas das quais ele nem tem verdadeiranecessidade, a juntar mais “informações”que ele já nem pode suportar.

Inúmeros escritores e filósofos trata-ram dos aspectos psíquicos e espirituaisdo ser humano em relação ao corpo.Pitágoras, por exemplo, observa que asimplicidade e a sobriedade são necessá-rias para empreender um caminho espiri-tual. Outros demonstram a relação queexiste entre os rins e a vida sentimental, osconflitos conjugais e familiares. De acor-do com certos pesquisadores, a críticadanificaria os rins. Isto não é tão ilógicoquando pensamos em sua função de puri-ficação do sangue. De fato a crítica (posi-tiva ou negativa) é poluidora.

Pelo estudo dos aspectos fisiológicos, aciência chegou a uma imagem um poucoglobal do ser humano. Mas ela está longede resolver os problemas de nossa civili-zação “adiantada”. Paracelso já demons-trou em seu tempo que o ser humano vivede substâncias alimentícias bem diferentesdas que ele encontra em sua mesa. A sabe-doria de Paracelso, com a qual podemosconcordar, é sempre atual, mas ela geral-mente é pouco estudada porque o homemé considerado e tratado quase que unica-mente como um ser puramente biológico.

Quem quiser se aprofundar nesta sabedo-ria até agora deixada de lado deve apren-der a representar o ser humano como um“microcosmo” muito complexo. Masquem ousa questionar sua vida diária?

Coração e rins estão estreitamente liga-dos pela circulação sangüínea, e de umacerta maneira, poderíamos dizer que osrins controlam o coração. Esta relaçãotem um aspecto já mais psíquico e éconhecida pela sabedoria popular há tem-pos imemoriais. Para todo o mundo ocoração é o centro dos sentimentos, en-quanto que os rins são o símbolo de doispólos diferentes, como, por exemplo, o

A cruz entre duas árvores devida. Painel cen-tral do trípcticode Harbaville(Marfim bizanti-no, século X-XI,Museu doLouvre, Paris).

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feminino e o masculino, o que é útil ouinútil, a purificação e a intoxicação. Espe-cialmente quando os rins funcionammenos bem, eles podem falhar e eliminarsubstâncias úteis.

O MERCADO DE EMOÇÕES

Como já foi dito, os rins não podempassar sem o coração e o coração não podefuncionar sem o auxílio dos rins. Estespurificam o sangue e influenciam a tensãoarterial, e as cápsulas supra-renais produ-zem a adrenalina. Poderíamos dizer que ocoração segue cega e fielmente os sinaisenviados pelos rins. Se o sangue estiverpurificado e não veicular “estresse”, ocoração receberá o que for preciso parafuncionar harmoniosamente. Em contra-partida, se o coração tiver experimentadosubstâncias tóxicas ou adrenalina, estenúcleo de sentimentos torna-se um centrode tensões e desarmonias cada vez maiscrescentes. É um mercado de emoções,um verdadeiro campo de batalha.

A cada respiração, aspiramos o mun-do à nossa volta. A cada bocado, a cadagole, mantemos este maravilhoso metabo-lismo do qual estamos pouco conscientes.Ora, mesmo que nossa alimentação se-ja saudável, ingerimos muitas substân-cias inúteis e até mesmo tóxicas. Estes sãoelementos que compõem a natureza dialé-tica, portanto são as “forças do bem” e “asforças do mal”. O metabolismo é um pro-cesso que transforma a energia de to-dos estes elementos e de todas estas forçasem pedras de construção, materiais e em energia superior para o corpo. A ener-gia produzida constrói e mantém o siste-ma corporal e acaba se expressando sob

a forma de sentimentos, pensamentos, pa-lavras e ações.

A pessoa que está buscando a Fonte detoda a vida e aspira a se libertar das forçasda natureza dialética deve preparar-separa entrar em contato com as energias deuma alta freqüência vibratória. Se elaainda não tiver o poder de reagir bem aestas energias, sentirá perturbações em seuequilíbrio físico. Jan van Rijckenborgh eCatharose de Petri escrevem no livro AGnosis Universal: “O círculo do plexo doestômago capacita o aluno a conduzir osnovos elementos nutritivos dos alimentossantos e do fogo da consciência para a cor-rente sangüínea. Por essa cooperação e suainfluência sobre os rins serão segregados eeliminados do sangue, através de nova ati-vidade desses círculos plexiais, os detritos eforças cristalizadoras que nos seres dialéti-cos comuns indubitavelmente seriamabsorvidos no sangue e que são responsá-veis pela formação do famoso glúten [...]Se o círculo do plexo do estômago estiverativo de maneira correta, a energia vitalserá ao mesmo tempo distribuída e aplica-da convenientemente. Esgotamentos econsumo excessivo de energia poderão serassim evitados.”

Quem quer ligar-se conscientemente aesta força libertadora superior (chamadade “alimentos santos”, que em princípio

O cérebro tambémé chamado de“árvore da vida”.

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são estranhos para o homem comum), esteser humano que “na inocência lava suasmãos para rodear o altar do Senhor”, deacordo com a expressão do Salmo 26, devepreparar-se. “ Quando todo o sistema es-tômago-rins, as cápsulas supra-renais e oseu correspondente transformador de forçanervosa não estiverem devidamente estru-turados, resultará a cada toque da forçasupranatural uma falsa ação, aumentandoo glúten no sangue.”

RESTABELECIMENTO DO

PERFEITO EQUILÍBRIO

O autor explica em seguida que, comoeste sistema está estreitamente ligado aosistema cabeça-coração, as emoções exces-sivas da vida comum podem ser a causa dediversas doenças crônicas. Mas aquele quesempre mata a sua sede na Fonte de todavida e que a “força do altar” quebra e re-genera pode dizer sem medo: “Examina-me, Eterno, coloca-me à prova. Depurameus rins e meu coração.” (Salmo 26).Assim, o fluido da consciência, a secreçãointerna e o sangue, todos em perfeitoequilíbrio garantem um comportamentonovo e libertador.

O pesquisador que se dirige para estaforça libertadora desenvolve, portanto,um equilíbrio completamente novo.

Os rins, além de sua função biológica epsicológica, confirmam assim seu papelimportante no processo espiritual delibertação da alma.

Apesar de, em muitos, ser a cabeçaquem conduz o jogo, o estado interior docoração e dos rins determina os atos dapersonalidade. Trata-se verdadeiramentede uma escolha decisiva: o intelecto, por

mais polido que seja cede diante dasinfluências do coração e dos rins. É porisso que é muito importante ter um com-portamento inteligente aliado a um realdirecionamento espiritual. Se o sistemacoração-rins estiver preparado para suatarefa espiritual, a escolha correta estarágarantida, pois Deus não sonda nossointelecto, ou nossas riquezas, mas “nossoscorações e nossos rins”.

*Jan van Rijckenborgh e Catharose de Petri,A Gnosis Universal

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“A vida moderna está oferecendo cada vez mais

elementos visuais. O olho já não é o espelho da alma,

mas a lupa através da qual o eu deforma tudo. Dizem

que a mídia (como a televisão e a internet) tira os olhos

de seu ambiente e amplia a visão. Certamente isso é em

parte verdade, mas paga-se o preço das funções sutis

do ouvido”.

(A audição, abertura para a visão interior, p.18).