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Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
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- O material aqui apresentado consiste na Introdução e no Capítulo 7:
“Alteração do Padrão de Esforços de Inovação das Grandes Empresas
Farmacêuticas no Brasil, 2008-2011” do livro “O Complexo Industrial da
Saúde e seus Desafios de Operação e Desenvolvimento” publicado pela E-
papers em 2016, organizado por Lia Hasenclever, Maria Auxiliadora, Julia
Paranhos, Gabriela Chaves.
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
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O Complexo Industrial da Saúde e seus Desafios de Operação e
Desenvolvimento
Organizadores: Lia Hasenclever, Maria Auxiliadora, Julia Paranhos,
Gabriela Chaves
Este livro é um resultado parcial do Projeto Reflexo das políticas industriais e
tecnológicas de saúde brasileiras na produção local e no fornecimento ao Sistema
Único de Saúde (SUS) apresentado à chamada MCTI/CNPq/CT-
Saúde/MS/SCTIE/Decit N º 41/2013 Rede Nacional de Pesquisas sobre Política de
Saúde. O Projeto é executado pelo Instituto de Economia da Universidade do Rio de
Janeiro (IE/UFRJ), sob a coordenação de Lia Hasenclever, do Grupo de Economia da
Inovação do IE/UFRJ, em parceria com Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF) da
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP)/Fiocruz e Área de Política do
Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (IESC) da UFRJ.
Os objetivos deste Projeto são analisar quais são os contornos institucionais e as
estratégias de política industrial e tecnológica implantadas, entre 2003-2013, no Brasil,
e verificar se elas permitem dar continuidade à política de suprimento do SUS para
garantir a sustentabilidade econômica e o direito à saúde.
O Brasil é considerado um caso de sucesso no estabelecimento de uma política
de saúde voltada para o combate à epidemia de aids na década de 1990, mesmo no
período em que prevaleceu a ausência de políticas industriais e tecnológicas. A partir de
2003, inicia-se um novo marco de atuação do governo e se restabelece uma política para
o setor farmacêutico, capitaneada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). Em 2008, procurou-se estender esta política para todo os setores
envolvidos com suprimentos de saúde - os equipamentos médicos, materiais, reagentes
e dispositivos para diagnósticos, hemoderivados, imunobiológicos, intermediários
químicos e extratos vegetais para fins terapêuticos, princípios ativos e medicamentos
para uso humano e serviços (hospitais, ambulatórios e serviços de diagnóstico e
tratamento) – denominado Complexo Industrial da Saúde (CIS).
Entende-se que a compreensão das diferentes dimensões do CIS e a elaboração
de metodologias de monitoramento são ferramentas chave para a análise da evolução
destas políticas. Seriam essas políticas capazes de responder às mudanças que
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ocorreram no regime internacional de propriedade intelectual e às mudanças que vêm
ocorrendo no setor farmacêutico, na regulamentação sanitária e em outros aspectos
específicos do Complexo sem afetar negativamente o fornecimento do SUS? E a
garantia de acesso, estaria assegurada?
Neste livro apresentamos os primeiros resultados parciais do projeto. O livro
está organizado em duas grandes partes, quais sejam: a primeira, referente a uma
fotografia do CIS e ao mapeamento de seu marco normativo, seja aquele vigente no
âmbito do Poder Executivo, como também algumas propostas de Projeto de Lei
relacionadas em trâmite no Poder Legislativo. A segunda parte contempla quatro
estudos de caso, ilustrativos dos avanços, problemas e desafios identificados na primeira
etapa, abrangendo diferentes subsistemas do CIS.
A primeira parte é composta de seis capítulos. O Capítulo um reúne os
principais indicadores secundários de saúde no Brasil na década entre 2003 e 2013. O
seu principal objetivo é caracterizar a demanda e a oferta dos bens e serviços de saúde.
Pelo lado da demanda apresentam-se alguns indicadores das condições de saúde da
população e, pelo lado da oferta, indicadores de produção local dos bens e serviços de
saúde. A partir da leitura destes indicadores e acompanhamento de sua evolução fica
evidente que se, de um lado, as condições de saúde mudaram para melhor, a oferta local
de bens e serviços não foi capaz de atender a demanda. Em consequência, observa-se
um crescente aumento do déficit da balança comercial relativo à importação de produtos
farmacêuticos, farmoquímicos e equipamentos e materiais médicos e odontológicos. A
partir deste Capítulo pode-se concluir que a questão da vulnerabilidade externa na
importação de bens recoloca-se para o setor saúde, tornando imprescindível a adoção de
políticas industrial e tecnológica que busquem soluções para os problemas estruturais
tais como a dependência externa, a industrialização dependente, o controle sobre a
inovação tecnológica entre outros.
Com o objetivo de entender melhor o problema da dependência estrutural
brasileira no setor saúde, optou-se por fazer um retrospecto na história das conexões
entre as políticas de saúde e de desenvolvimento industrial e tecnológico, com ênfase no
setor farmacêutico. Este é o conteúdo do Capítulo dois que analisa as iniciativas
governamentais para o desenvolvimento da indústria farmacêutica no Brasil e suas
conexões com a política de saúde no período de 1930 a 2000. Na sequência, o Capítulo
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três atualiza e alarga esta discussão para os anos 2003-2014, trazendo uma descrição e
uma avaliação dos atuais esforços do governo para reduzir a dependência estrutural
brasileira. A leitura destes Capítulos deixa claro que as experiências exitosas da Central
de Medicamentos (CEME) e a política de genéricos de fazer com que houvesse uma
conexão satisfatória entre a política de saúde e a política industrial e tecnológica, qual
seja, expandir o acesso, a partir da redução de preços, e reduzir a dependência estrutural,
em um novo contexto, que é o período 2003-2014, não tem obtido os mesmos sucessos.
Fica para o leitor a reflexão sobre a necessidade de uma melhor coordenação entre as
duas políticas.
A partir do Capítulo quatro o livro passa a detalhar aspectos específicos dos
marcos institucionais de operação das políticas de saúde e industrial e tecnológica e em
que medida eles permitem conexões positivas para a superação da dependência
estrutural brasileira. O Capítulo quatro analisa o marco regulatório das compras
públicas de medicamentos no Brasil. Na medida em que este marco regulatório é
responsável por garantir uma situação satisfatória, tanto para o comprador (sistema
público de saúde), quanto para o vendedor (setor fornecedor de bens e serviços de
saúde), o seu bom funcionamento é fundamental para a operação da conexão entre a
política de saúde e as políticas industriais e tecnológicas. A partir de sua leitura, os
leitores poderão acompanhar os avanços feitos nesta direção, com destaque para o uso
de poder de compra do estado para fomento de um desenvolvimento sustentável. O
Capítulo aponta, entretanto, a necessidade de aperfeiçoamento da gestão das compras
públicas de forma que a sociedade possa usufruir dos benefícios resultantes deste marco
regulatório aperfeiçoado.
O Capítulo cinco detalha o arcabouço de leis e normas sanitárias brasileiras
desde o final dos anos noventa até suas evoluções mais recentes. Entende-se que a
regulação da pesquisa e da produção de medicamentos deve ter como objetivo principal
o melhor funcionamento das conexões entre a política de saúde e as políticas industrial e
tecnológica. Sabe-se que esta regulação pode ser um estímulo importante para a
produção local, como foi o caso da política de genéricos, mas também algumas vezes
inibir o desenvolvimento local. O Capítulo analisa documentos, leis, normas e
resoluções, todos relacionados à pesquisa clínica, boas práticas de fabricação, registro
de comercialização, até as diretrizes para as parcerias de desenvolvimento produtivo. O
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resultado é apresentado sob a forma de pontos positivos e negativos para uma melhor
conexão entre as políticas em questão.
O Capítulo seis, último capítulo da primeira parte, se debruça sobre a questão
chave da proteção patentária de medicamentos após a entrada em vigor do Acordo
TRIPS a partir de 1995. A análise realizada considerou tanto seus efeitos na potencial
restrição de oferta de produtos ao SUS e a possibilidade de uma oferta a preços mais
altos, quanto suas implicações para a redução de graus de liberdade no exercício das
iniciativas governamentais de políticas industrial e tecnológica. Seus resultados
mostram que, ainda que a legislação brasileira tenha incorporado as principais
salvaguardas de proteção à saúde pública previstas no Acordo TRIPS, ainda persistem
várias indefinições institucionais relevantes para um melhor funcionamento dessas
salvaguardas que são apontadas ao final do Capítulo.
A partir do Capítulo sete, conforme já informado, são apresentados alguns
resultados parciais de avaliação das políticas industriais e tecnológicas (Capítulos sete,
oito e nove) e uma revisão bibliográfica sobre a difusão de tecnologias nos serviços de
saúde de alta complexidade (Capítulo dez). O Capítulo sete foca na análise dos
esforços de inovação realizados pelas grandes empresas farmacêuticas atuando no Brasil
entre 2008 e 2011 e especula sobre as principais razões para a mudança de tendência
positiva nestes esforços. De fato os resultados mostram uma mudança de tendência
importante no gasto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das grandes empresas
farmoquímicas e farmacêuticas, ainda que seja cedo para concluir para um novo padrão
de gastos desta natureza por parte das empresas localizadas no Brasil. O Capítulo
conclui para a importância do papel do estado para a indução desta mudança, através
das políticas industriais e tecnológicas iniciadas em 2003, como visto no Capítulo três.
Os Capítulos oito e nove analisam a Política de Desenvolvimento Produtivo
(PDP), respectivamente, do ponto de vista dos produtores e dos atores do sistema
brasileiro de produção e inovação do setor farmacêutico. As parcerias de
desenvolvimento produtivo, criadas para estimular a produção local de fármacos e
medicamentos, produtos biotecnológicos e outros insumos médicos, são o principal
instrumento da PDP. O desenvolvimento destas parcerias iniciou-se em 2008 e
encontra-se ainda em curso. Do ponto de vista dos produtores, análise feita no Capítulo
8, as parcerias apresentam-se como as principais estratégias para transferência de
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tecnologia e entrada em um campo tecnológico novo – a biotecnologia – e distinto da
síntese química. O seu maior desafio é a capacidade de absorção tecnológica das
empresas brasileiras. Entre as 24 empresas entrevistadas, incluindo empresas privadas
nacionais, laboratórios públicos e start ups, destaca-se ainda o modesto esforço de
aprendizado tecnológico realizado, refletido nos baixos investimentos em P&D, e a
forte preferência pela transferência de tecnologia industrial externa como forma de
capacitação, ao invés de buscar o desenvolvimento próprio ou conjunto. O Capítulo
conclui que este tipo de posicionamento estratégico deixa as empresas brasileiras
entrevistadas ainda vulneráveis no que diz respeito a sua capacitação tecnológica.
O Capítulo nove, por sua vez, traz uma discussão mais abrangente sobre a
viabilidade do modelo escolhido para a implantação da biotecnologia no país e procura
captar também em que medida a política é acertada para as empresas superarem a
barreira da capacitação tecnológica, apontada como uma vulnerabilidade no Capítulo
oito. Os resultados mostram que as grandes empresas brasileiras produtoras de
genéricos foram as escolhidas da política industrial e tecnológica, capitaneada BNDES,
devido ao alto custo inicial dos investimentos requeridos, importância do fortalecimento
das empresas nacionais e oferecimento de oportunidades de crescimento continuado
para estas empresas que têm capacitação, técnica, organizacional e financeira. Esta
escolha não foi a expensas das empresas multinacionais, que, mais uma vez, estão sendo
chamadas para transferir tecnologia. A entrada no mercado público de medicamentos,
sem ter que participar de licitação, seria, segundo os entrevistados, a garantia de que
essas empresas não pratiquem uma estratégia predatória em relação as parcerias.
Finalmente, o Capítulo registra a necessidade de se fazer um esforço maior para a
incorporação de pequenas empresas de biotecnologia, preteridas pela política, como
fornecedoras das grandes empresas.
O Capítulo dez, último Capítulo deste livro, faz uma revisão da literatura de
como se dá a difusão de tecnologias nos serviços de saúde, em geral, e em específico,
nos serviços de hemodinâmica cardiovascular brasileiro. Sabe-se que nem sempre a
incorporação de tecnologias obedece somente aos objetivos de melhoria das condições
de saúde, sendo muitas vezes fortemente influenciada por razões privadas de
maximização de lucros. Em particular, no caso brasileiro onde a prestação dos serviços
de alta complexidade conta com a forte e crescente participação do setor privado, é
preciso ter em conta que grande parte da demanda adicional de insumos de saúde pode
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estar baseada em decisões privadas de maximização de lucros e não por evidências
empíricas de melhoria da saúde.
Em suma, os resultados parciais do Projeto mostram que a superação da
condição estrutural de dependência a que está submetida à política de saúde é um forte
empecilho para a melhoria das condições de saúde da população brasileira. A sua
superação depende fortemente de uma ação coordenada do estado para alterar
verdadeiramente a dependência externa, a industrialização dependente, e a falta de
controle sobre a inovação tecnológica entre outros. Todavia, fica evidente pela leitura
dos Capítulos ora apresentados que ainda restam muitos desafios a serem vencidos para
avançar de forma harmoniosa entre os objetivos de saúde pública de melhores condições
de vida da população e os objetivos de redução de nossa dependência estrutural
endógena à condição periférica brasileira devido à incapacidade de o país de atender
plenamente às demandas de bens e serviços que a melhoria de condições de saúde
reclama.
Fica para os leitores a reflexão sobre estes desafios, na expectativa de que os
resultados parciais revelados tenham contribuído para o aperfeiçoamento e para o
monitoramento das políticas em curso.
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Alteração do Padrão de Esforços de Inovação das Grandes Empresas
Farmacêuticas no Brasil, 2008-20111
Julia Paranhos
IE/UFRJ
Eduardo Mercadante
Bolsista IE/UFRJ
Lia Hasenclever
IE/UFRJ
Sumário
Introdução ......................................................................................................................... 8
1. Metodologia e dados ................................................................................................... 11
2. Resultados ................................................................................................................... 13
3. Discussão dos resultados ............................................................................................. 25
Conclusão ........................................................................................................................ 29
Referências ...................................................................................................................... 30
Introdução As inovações no setor farmacêutico constituem a principal fonte de
competitividade (Klevorick et al., 1995; Cohen et al., 1998; Mansfield, 1998; Mckelvey
e Orsenigo, 2001). Alcançar a liderança nesse processo, principalmente por empresas
localizadas em países periféricos, entretanto, requer esforços para a construção de
capacidades internas de aprendizado e relacionamentos externos para a criação de novo
1 Especial menção ao parecerista, professor Jorge Britto, pela leitura minuciosa que muito
contribuiu para a melhoria do Capítulo. Também pela sugestão de tratamento dos dados da Pintec por
origem do capital controlador, que levou à ampliação da análise inicialmente feita. Igualmente, pela
identificação de fatores relevantes, como desempenho econômico e estrutura patrimonial, que podem
estar influenciando a ampliação dos esforços e resultados inovativos, e que serão considerados em
pesquisas futuras. Os autores agradecem, ainda, ao IBGE pela disponibilização da tabulação especial dos
dados da Pintec.
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conhecimento (Lall, 1974 e 1992; Figueiredo, 2009). Várias atividades contribuem para
adquirir tais habilidades (OECD, 2005), mas a principal forma de a empresa
desenvolvê-las é por meio da realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) para criação de conhecimento novo e capacidade de absorção de conhecimento
externo (Cohen e Levinthal, 1989; Kale e Little, 2007). Segundo Teece (2010), é
necessária a construção de capacidades dinâmicas a partir da combinação de recursos e
habilidades existentes em cada empresa. Tais capacidades dinâmicas devem ser
construídas internamente com os recursos próprios das empresas, porque dificilmente
estão disponíveis para a compra.
Diversos estudos, no entanto, apontaram para a inexistência desse tipo de
esforços na indústria farmacêutica localizada em países periféricos (Katz, 1984; Selan et
al., 2007). De fato, essa indústria é composta, no Brasil, por empresas farmacêuticas
nacionais, públicas e privadas, e por empresas multinacionais. As primeiras foram
criadas a partir da transferência de tecnologia externa na medida em que, com o advento
da síntese química, as empresas locais – especializadas na produção de extratos vegetais
– não tiveram condições de acompanhar o novo dinamismo da indústria baseada em
síntese química (Fialho, 2005). As empresas multinacionais, por sua vez, tendiam a
concentrar seus esforços tecnológicos na matriz, transferindo para o Brasil somente
inovações já lançadas em suas matrizes (Carlsson, 2006). Dessa maneira, os gastos em
P&D das empresas aqui localizadas sempre foram muito pequenos e dedicados às
adaptações necessárias para a transferência de tecnologia (Selan et al., 2007).
A literatura também mostra – desde Friederich Lizt e mais recentemente através
da abordagem de sistemas nacionais de inovação – que, em países em desenvolvimento,
os esforços inovativos das empresas precisam ser articulados com políticas de apoio e
estímulo à inovação para que seja possível a criação das capacidades internas às
empresas e o desenvolvimento tecnológico tardio. Alguns exemplos, citados como
paradigmáticos da importância desse apoio para o desenvolvimento da indústria
farmacêutica, são a Coréia do Sul e a Índia. Esses países foram capazes de articular suas
políticas para o desenvolvimento do setor farmacêutico nacional a partir da engenharia
reversa, que permitia a “cópia” das tecnologias em uso, e, ao mesmo tempo, apoio e
estímulo à realização de P&D pelas empresas e às parcerias entre empresas e
instituições científicas e tecnológicas (ICTs) para a promoção da busca inovativa (Kim,
1999, e Hasenclever e Paranhos, 2013).
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A indústria farmacêutica localizada no Brasil vem passando por uma série de
transformações desde a década de 1990. Em primeiro lugar, a abertura do mercado
fragilizou principalmente as empresas de capital nacional pelo fato de elas não
apresentarem indicadores de competitividade compatíveis com a nova realidade. É
importante registrar que essas empresas, apesar de o regime das patentes estar suspenso
entre 1965 e 1995, nada fizeram para incrementar sua capacitação tecnológica nesse
período. Igualmente, quando foram realizadas algumas experiências de incentivá-las a
se capacitarem, como as da Central de Medicamentos (CEME) e da Companhia de
Desenvolvimento Tecnológico (CODETEC), as iniciativas foram muito pontuais e
incapazes de trazer competitividade para a indústria como um todo (Chaves, 2015). Por
consequência, várias unidades de fabricação de insumos químicos – os farmoquímicos –
foram fechadas, passando-se a importar a maior parte desses insumos. Posteriormente, a
assinatura do Trade Related Aspects of the Intelectual Property Rights (TRIPS), em
1994, levou o país a reconhecer patentes precocemente na área farmacêutica, o que
inviabilizou uma estratégia de capacitação via engenharia reversa. Ao final da década,
foi criada a indústria de genéricos, estimulando, principalmente, o crescimento da
participação no mercado de empresas nacionais. Todavia, o acirramento da
concorrência, o reconhecimento das patentes e o crescimento das empresas nacionais
produtoras de genéricos não foram fatores suficientes para que as empresas
farmacêuticas nacionais e multinacionais passassem a investir mais em P&D. De fato,
uma consulta feita à Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que os gastos totais em P&D da
indústria farmacêutica eram de respectivamente de 0,97% e de 1,27% da receita líquida
de vendas (RLV) nas edições de 2003 e 2005, o que demonstra uma tendência de baixos
esforços inovativos, conforme confirmado por Hasenclever et al. (2010), Paranhos
(2012) e Radaelli (2012).
Entretanto, a partir de 2008, conforme é apresentado neste Capítulo, percebe-se,
no Brasil, uma inflexão nessa tendência. As principais alterações observadas no padrão
das atividades inovativas realizadas pelas grandes empresas farmoquímicas e
farmacêuticas, no Brasil, apontam claramente para a redução de compra de
conhecimento (incorporado ou não) e ampliação das atividades para criação de
conhecimento e melhoria das capacidades internas de P&D.
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Este Capítulo analisa os esforços de inovação das grandes empresas
farmacêuticas, no Brasil, entre 2008 e 2011 e especula sobre as principais razões para
essa mudança. Ele está estruturado em três seções, além da Introdução e da Conclusão.
Na primeira seção, apresentam-se a Metodologia e os dados. Na segunda seção, são
apresentados os principais resultados, inicialmente para as grandes empresas
farmacêuticas e, em seguida, com foco nas empresas farmacêuticas com capital
controlador nacional. Na terceira seção, é feita uma discussão das possíveis razões para
os resultados encontrados à luz da literatura recente sobre o tema.
1. Metodologia e dados
O método adotado para a análise dos esforços de inovação das grandes empresas
farmacêuticas no Brasil, entre 2008 e 2011, foi descrição e exploração de dados
secundários gerados por tabulação especial da Pintec, editada pelo IBGE.
A Pintec é uma pesquisa amostral realizada a cada três anos com empresas com
10 ou mais pessoas ocupadas. Os dados utilizados neste Capítulo foram fornecidos pelo
IBGE a partir de uma solicitação de tabulação especial dos esforços e resultados
inovativos das empresas com mais de 500 pessoas ocupadas na Classificação Nacional
de Atividades Econômicas (Cnae) 21 – Fabricação de produtos farmoquímicos e
farmacêuticos - para as duas últimas edições da pesquisa, 2008 e 2011, segmentada por
origem do capital controlador2, como pode ser visto na Tabela 1. Na Pintec de 2008,
fizeram parte da amostra 458 empresas e, na tabulação especial, foram incluídas 44
grandes empresas, das quais 21 (47,7%) tinham capital controlador nacional. Já na
Pintec de 2011, fizeram parte da amostra 495 empresas, enquanto na tabulação especial
foram selecionadas 54 grandes empresas, das quais 30 (55,6%) possuíam capital
controlador nacional. A Tabela 1 mostra também o número de grandes empresas
farmacêuticas inovadoras de acordo com a origem do capital controlador. Percebe-se
que, nas duas edições da Pintec, a participação de empresas inovadoras é maior entre as
empresas nacionais.
2 A amostra foi dividida em dois segmentos: as empresas com capital controlador nacional, doravante denominadas empresas nacionais, e as empresas com capital controlador estrangeiro ou nacional e estrangeiro, aqui denominadas multinacionais.
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Tabela 1: Empresas farmoquímicas e farmacêuticas, Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo Grupo de Economia da Inovação do Instituto de Economia da UFRJ (GEI/IE/UFRJ) com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011. Nota: (1) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado.
A escolha pelo foco nas grandes empresas industriais deveu-se à sua maior
importância no processo de inovação. Com efeito, de acordo com dados da última
edição da Pintec de 2011, enquanto a taxa média de inovação da indústria brasileira foi
de 35,6%, a das grandes empresas industriais foi de 55,9%.
Adicionalmente, foram utilizados dados da Sondagem de Inovação da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), referentes ao acompanhamento da
inovação tecnológica nas grandes empresas da indústria brasileira, entre 2011 e 2014, e
gastos de P&D divulgados pelo Grupo Farma Brasil, que inclui nove grandes empresas
do setor farmacêutico – todas de capital nacional e ocupando posições de destaque no
ranking do setor3.
A Sondagem de Inovação é uma pesquisa trimestral, editada pela ABDI desde
2010 que procura acompanhar indicadores conjunturais sobre a inovação e os esforços
das grandes empresas industriais. Das 1.650 grandes empresas que participaram da
amostra da pesquisa, 49 são do setor de fabricação de produtos farmoquímicos e
farmacêuticos. Entre estas, 54% são de capital nacional e 46% de capital estrangeiro.
Entretanto, a divulgação dessa pesquisa não se dá de forma desagregada por setores; são
publicados somente tendências gerais sobre a inovação na indústria brasileira com
destaque apenas de aspectos setoriais particulares. Neste Capítulo, considerou-se
importante o uso dessa pesquisa para: (i) contextualizar a inflexão da tendência da
3Aché, Biolab, Cristália, EMS, Eurofarma, Hebron, Hypermarcas, Libbs, União Química. Entre estas, algumas com joint-venture ou empresa no mesmo grupo com foco em biotecnologia: Bionovis, Orygen, Cristália biotecnologia, Libbs biotecnologia e Hebron biotecnologia.
N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)2008 458 44 9,6 21 47,7 20 95,2 23 52,3 20 87,02011 495 54 10,9 30 55,6 26 86,7 23 42,6 16 69,6∆% 8,1 22,7 42,9 30,0 0,0 -20,0
Total Inovadoras(1)
Total Inovadoras(1)
Total
Capital controlador nacional
Capital controlador estrangeiro ou
nacional e estrangeiro
Origem de capital
Pintec Total
Que possuem mais de 500 pessoas ocupadas
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mudança de padrão das grandes empresas farmoquímicas e farmacêuticas com a
tendência observada na indústria brasileira; e (ii) observar a conjuntura mais recente dos
esforços de inovação realizado pelas grandes empresas, não disponíveis nos dados da
Pintec.
A contribuição desses dados adicionais foi, então, observar a conjuntura mais
recente dos esforços e resultados inovativos da indústria brasileira e permitir que as
tendências observadas na Pintec pudessem ser confirmadas ou não para o período
posterior, que vai de 2012 a 2014. Todos os dados das pesquisas utilizadas foram
coletados utilizando a metodologia e as definições do processo de inovação propostas
pelo Manual de Oslo (OECD, 2005), sendo, portanto, perfeitamente compatíveis para
comparação.
Para a interpretação dos dados, foi utilizada literatura sobre as mudanças
ocorridas no setor farmacêutico local, tais como: a abertura comercial dos anos 1990; o
crescimento do mercado de genéricos; a consolidação do marco regulatório de
inovação; a estratégia de descentralização da P&D das empresas multinacionais; e a
política industrial e tecnológica para o setor (Radaelli, 2008; Hasenclever et al., 2010;
Hasenclever et al., 2013; Gomes, 2014; Kupfer et al., 2013).
2. Resultados
Os principais resultados da tabulação especial da Pintec, entre 2008 e 2011, para
as empresas com mais de 500 pessoas ocupadas do setor farmoquímico e farmacêutico
são bastante positivos em relação aos esforços inovativos realizados e aos resultados de
inovação obtidos. É valido notar que, inicia-se a análise considerando o segmento das
grandes empresas do setor como um todo, para, em seguida, ampliar o foco sobre as
empresas nacionais.
Entre 2008 e 2011, há um aumento de 22,7% no número de grandes empresas
(44 para 54), mas o aumento no número de empresas que implementaram inovação foi
somente de 5% (40 para 42). Sendo assim, pode-se adiantar que o aumento nos esforços
e nos resultados inovativos, relatados a seguir, não parece ter sido causado pelo maior
número de empresas. Além disso, as informações sobre o desempenho econômico
dessas empresas também apresentam uma tendência positiva. Houve expansão da RLV
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de quase 60% no período: de R$ 21 bilhões para R$ 34 bilhões e o total de empregados
passou de 52.530 para 73.250, configurando uma evolução de 39,4%.
Na Tabela 2, apresentam-se resultados que confirmam o crescimento dos
esforços em P&D interna realizados pelas empresas, pois a comparação das duas
edições da pesquisa aponta para um crescimento de 20% no número de empresas (de 35
para 42) que realizam essas atividades inovativas, assim como de 15,1% no valor
despendido e de 24,1% (29 para 36) no número de empresas que realizaram atividades
internas de P&D de caráter contínuo. Ressalta-se a importância do aumento de 82,3%
em valor corrente nos gastos com P&D interna, passando de R$ 377 milhões para R$
686 milhões, entre 2008 e 20114.
Ainda que o percentual dos dispêndios em P&D interna tenha variado apenas de
1,8% para 2% da RLV, o montante despendido cresceu muito, já que, como visto
anteriormente, o desempenho econômico dessas empresas no período foi muito
positivo. Além disso, o total de pessoas com dedicação exclusiva a atividades internas
de P&D cresceu 26,6% e o número de pós-graduados envolvidos, 18,5%.
4 Ainda que os dados aqui apresentados não tenham sido corrigidos pelo valor da inflação, esses valores são ainda significativos em termos reais, pois, no período entre 2008-2011, a inflação acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor por Atacado (IPCA) foi de cerca de 17% (IPEADATA, 2015).
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Tabela 2: Atividades internas e externas de P&D das empresas farmoquímicas e
farmacêuticas com mais de 500 pessoas ocupadas, Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011. Notas: (1) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado. (2) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados da amostra da Pesquisa Industrial Anual – Empresa 2011 e da Pesquisa Anual de Serviços 2011. (3) Porcentagem do volume de dispêndios frente à receita líquida de vendas (1000 R$).
As atividades externas de P&D também ganham importância com aumento de
61,5% no número de grandes empresas que as realizam e de 11,5% nos gastos com
essas atividades. Somados os dispêndios relativos em atividades de P&D interna e
externa, não houve evolução no período, permanecendo em 2,6% da RLV, mas
crescendo 59,2% em valor, de R$ 559 milhões para R$ 890 milhões, conforme pode ser
visto ainda na Tabela 2.
O resultado mais interessante de todos, entretanto, é que o aumento dos esforços
em P&D interna e externa foi acompanhado pela redução dos dispêndios em
conhecimento incorporado em máquinas e equipamentos, uma despesa típica de
empresas que apenas transferem tecnologia já difundida. De fato, a partir dos dados da
tabulação especial, observou-se uma redução de 43,1% nos dispêndios com máquinas e
equipamentos (de R$ 283 milhões para R$ 161 milhões), com decréscimo também do
seu percentual em relação à RLV, que passou de 1,3% para 0,5%. Com isso, ampliou-se
a diferença entre a importância dos gastos com P&D interna e externa e aquisição de
máquinas e equipamentos. Isso demonstra uma significativa mudança de
comportamento das empresas do setor nos seus esforços inovativos: de transferidoras de
tecnologia através da simples adaptação, para uma maior capacitação interna em P&D.
Reforçando esse ponto, o treinamento de pessoal foi a atividade que teve maior
incremento dos gastos: 316,1% (de R$ 9 milhões para R$ 37 milhões), com crescimento
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N Valor (1000 R$)
(%) (3)
2008 44 21.392.826 35 79,5 1.195.574 5,6 30 85,7 376.569 1,8 13 37,1 182.565 0,9 43 559.134 2,62011 54 34.010.531 42 77,8 1.376.182 4,0 36 85,7 686.406 2,0 21 50,0 203.479 0,6 57 889.885 2,6∆% 22,7 59,0 20,0 15,1 20,0 82,3 61,5 11,5 32,6 59,2
Dispêndios realizados nas atividades inovativas (1)
PintecReceita líquida de vendas (1000 R$) (2)
TotalTotal
Atividades internas de Pesquisa e
Desenvolvimento
Aquisição externa de Pesquisa e
Desenvolvimento
Atividades internas e externas de Pesquisa e Desenvolvimento
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
16
de 20% no número de empresas realizando esta atividade. Enquanto aquisição de
conhecimentos externos sofreu a maior redução dos gastos, 56,2% (de R$ 36 milhões
para R$ 16 milhões).
Tabela 3: Treinamento, conhecimentos externos e máquinas e equipamentos nas
empresas farmoquímicas e farmacêuticas com mais de 500 pessoas ocupadas,
Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011. Notas: (1) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado. (2) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados da amostra da Pesquisa Industrial Anual – Empresa 2011 e da Pesquisa Anual de Serviços 2011. (3) Porcentagem do volume de dispêndios frente à receita líquida de vendas (1000 R$).
No que diz respeito aos resultados obtidos com os esforços inovativos
realizados, os dados da tabulação especial mostram uma estabilidade entre os dois
períodos considerados: entre 2006 e 2008, 37 empresas inovaram em produto e 35, em
processo; e, entre 2009 e 2011, 37 empresas inovaram em produto e 31, em processo.
Ressalta-se, porém, entre as inovações de produto e processo, um crescimento das
inovações para o mercado nacional em detrimento de apenas inovações para a empresa.
O número de empresas que introduziu processos novos para o mercado nacional dobrou
entre os períodos analisados, indicando a realização de inovações mais significativas
para a ampliação da competitividade da empresa e de maior efeito sobre a dinâmica de
concorrência do setor. Nesse sentido, os maiores esforços em capacitação interna em
P&D, observados na Tabela 3 acima, realmente reforçaram a posição competitiva das
grandes empresas.
Ainda mais relevante foi a evolução da introdução de produtos e processos
novos para o mercado mundial. Em 2008, duas empresas indicaram ter aprimorado um
produto já existente, e quatro indicaram ter inovado em produtos completamente novos
para a empresa e para o mercado mundial. Em 2011, foram seis empresas que inovaram
em produtos completamente novos para a empresa e novos para o mercado mundial.
Um dado bastante positivo para o setor. Em termos de inovação de processo, em cada
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
2008 44 21.392.826 35 79,5 1.195.574 5,6 20 57,1 8.785 0,0 8 22,9 36.299 0,2 27 77,1 283.295 1,32011 54 34.010.531 42 77,8 1.376.183 4,0 24 57,1 36.554 0,1 11 26,2 15.906 0,0 28 66,7 161.317 0,5∆% 22,7 59,0 20,0 15,1 20,0 316,1 37,5 -56,2 3,7 -43,1
Total
Receita líquida de vendas (1000 R$)
(2)
Dispêndios realizados nas atividades inovativas (1)
Pintec Total TreinamentoAquisição de outros
conhecimentos externosAquisição de máquinas
e equipamentos
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
17
um dos períodos uma empresa introduziu um processo completamente novo para a
empresa e novo para o mercado mundial.
Quanto ao financiamento dos esforços inovativos, ainda que a parcela de
recursos próprios das empresas seja importante nesses investimentos, observa-se na
Tabela 4 também a ampliação de 45,5% das empresas inovadoras que se beneficiaram
do apoio disponibilizado pelo governo para financiamento, 22 em 40, em 2008, e 32 em
42, em 2011. Das 22 em 2008, 13 utilizaram incentivo fiscal para P&D, quatro
receberam subvenção econômica, 11 receberam financiamento a projetos de P&D e
inovação tecnológica, e seis obtiveram financiamento à aquisição de máquinas e
equipamentos. Os dados de 2011 demonstram um crescimento mais significativo nas
duas primeiras formas de financiamento: incentivo fiscal, com crescimento de 100% do
número de empresas, e subvenção econômica, com crescimento de 150%.
Tabela 4: Programas de apoio do governo às empresas farmoquímicas e
farmacêuticas com mais de 500 pessoas ocupadas, Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011. Notas: (1) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado. (2) Incentivo fiscal à Pesquisa e Densenvolvimento (Lei nº 8.661 e Cap. III da Lei nº 11.196). (3) Incentivo fiscal Lei de Informática (Lei nº 10.664 e Lei nº 11.077).
Outro aspecto interessante e que reflete as mudanças do marco regulatório do
sistema nacional de inovação são os projetos de P&D e inovação tecnológica,
financiados pelo governo em parceria com universidades, que cresceram 60%, conforme
pode ser visto ainda na Tabela 4.
As universidades e institutos de pesquisa são os parceiros identificados pelo
maior número de empresas (14) como de média ou alta importância. Em segundo, estão
instituições de testes, ensaios e certificações, identificadas por 10 empresas, na Pintec
de 2011, mas o padrão é bem semelhante na edição de 2008. No entanto, estas mesmas
instituições só aparecem na quinta posição, na Pintec de 2011, entre as fontes de
Sem parceria com universidades
Em parceria com universidades
2008 40 22 13 - 4 6 5 6 52011 42 32 26 - 10 6 8 8 4∆% 5,0 45,5 100,0 - 150,0 0,0 60,0 33,3 -20,0
À Pesquisa e Desenvolvimento
(2)
Lei da Informática
(3)
A projetos de Pesquisa e Desenvolvimento e inovação
tecnológica
À compra de máquinas e equipamentos utilizados para
inovar
Pintec Total(1)
Que receberam apoio do governo, por tipo de programa
Total
Incentivo fiscal
Subvenção econômica
Financiamento
Outros programas de apoio
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
18
informação consideradas por mais empresas como de média e alta relevância. O ranking
das principais fontes de informação classificadas como de média e alta relevância é:
P&D interna (36 empresas); redes de informação informatizadas (34); clientes e
consumidores (29); feiras e exposições (28); e universidades ou centros de ensino
superior e instituições de testes, ensaios e certificações (igualmente identificados por 27
empresas).
No conjunto das grandes empresas, há empresas nacionais e multinacionais,
como informado na seção de Metodologia. A seguir, analisam-se os esforços e
resultados por origem de capital, com foco nas empresas nacionais. Estas empresas
tiveram um forte crescimento nos últimos 15 anos com foco principal na produção de
genéricos (IMS Health apud Sindusfarma, 2015 e PróGenéricos, 2015), mas
demonstram esforços significativos na direção da busca inovativa a partir de 2008. A
participação de empresas nacionais nas amostras estudadas neste Capítulo é bastante
importante, como visto na Tabela 1. Houve um crescimento, entre 2008 e 2011, de
42,9% no total de empresas nacionais, e de 30% no número de empresas nacionais
inovadoras. Esse resultado foi acompanhado de forte ampliação por parte das grandes
empresas farmacêuticas nacionais dos esforços em atividades inovativas, em especial,
em atividades de P&D.
O número de empresas nacionais que realizaram atividades inovativas ampliou-
se em 42,9%5 e em 33,7% em valor despendido (de R$ 641 milhões para R$ 857
milhões) entre 2008 e 2011. Entre essas empresas, as atividades de P&D são as que
mais se destacam, conforme demonstrado na Tabela 5. Ressalta-se que o percentual
investido em cada uma destas atividades, em geral, foi menor em 2011 do que em 2008,
mas é preciso levar em consideração a forte ampliação da RLV dessas empresas6, o que
permitiu um aumento do valor absoluto bastante significativo.
5 A evolução das empresas nacionais que realizaram atividades inovativas (42,9%) é superior à das empresas nacionais inovadoras (30%), porque nem todas as inovadoras da Pintec de 2008 realizavam tais atividades – ao contrário de 2011. 6 Entre 2008 e 2011, a RLV das empresas nacionais respondentes da Pintec foi ampliada em 135,9% (de R$ 6 bilhões para R$ 15 bilhões).
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
19
Tabela 5: Atividades internas e externas de P&D das empresas farmoquímicas e
farmacêuticas nacionais com mais de 500 pessoas ocupadas, Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011. Notas: (1) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado. (2) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados da amostra da Pesquisa Industrial Anual – Empresa 2011 e da Pesquisa Anual de Serviços 2011. (3) Porcentagem do volume de dispêndios frente à receita líquida de vendas (1000 R$).
A aquisição de P&D externa foi a atividade mais ampliada no período,
crescendo 114,3% no número de empresas e 270,3% no valor investido, totalizando
0,8% da RLV (R$ 115 milhões) em 2011. Por outro lado, as atividades internas de P&D
ficaram em segundo lugar com aumento de 38,9% no número de empresas que a
realizaram (e 44,3% as que a realizam de forma contínua) e de 111,3% o valor
investido, mas continuam representando a maior parte dos gastos das atividades
inovativas, com 3,3% da RLV (R$ 497 milhões) em 2011. Houve ainda crescimento de
30,8% no número de pessoas dedicadas a essas atividades, sendo que em 2011, 10,5%
eram pós-graduados (17,7% a menos que em 2008), 54,6% eram graduados (3% a mais
que em 2008).
Ressalta-se que apesar do aumento nos gastos, tanto das atividades internas de
P&D, como na aquisição de atividades externas de P&D, houve uma queda (0,4 pontos
percentuais – p.p.) na participação dos gastos nas atividades internas e um aumento (de
0,3 p.p.) na participação dos gastos nas atividades externas em relação à RLV. Esse
resultado demonstra uma fraqueza das empresas nacionais que ainda se utilizam
fortemente de parcerias externas na substituição de suas atividades internas de P&D na
busca pela redução dos riscos relacionados às atividades inovativas. Nota-se ainda que
essa mudança de composição é contraproducente à transição de uma estratégia de
desenvolvimento tecnológico baseada na transferência de tecnologia, para uma baseada
na capacitação tecnológica interna.
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N Valor (1000 R$)
(%) (3)
2008 21 6.381.483 18 85,7 641.355 10,1 18 100,0 235.240 3,7 7 38,9 31.042 0,5 25 266.282 4,22011 30 15.056.638 26 85,8 857.486 5,7 25 96,2 496.996 3,3 15 57,7 114.945 0,8 40 611.941 4,1∆% 44,3 135,9 44,4 33,7 38,9 111,3 114,3 270,3 60,0 129,8
Pintec Total
Receita líquida de vendas (1000 R$)
(2)
Dispêndios realizados nas atividades inovativas (1)
Atividades internas de Pesquisa e
Desenvolvimento
Aquisição externa de Pesquisa e
Desenvolvimento
Atividades internas e externas de Pesquisa e Desenvolvimento
Total
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
20
As empresas de capital nacional também ampliaram a aquisição de outros
conhecimentos externos7 – que não incluem aquisição de P&D externa –, com
crescimento de 233,3% no número de empresas, e treinamento, 100% de empresas a
mais – que ampliaram o investimento em 77%. Novamente, chama atenção a redução
dos gastos com aquisição de máquinas e equipamentos, 44,7% menor do que em 2008, e
a queda da sua importância na participação dos gastos com essa atividade de 3% para
0,7% entre o período analisado. Esse resultado demonstra uma mudança significativa de
estratégia das empresas farmacêuticas nacionais, que, historicamente, tinham a
aquisição de máquinas e equipamentos como sua principal atividade inovativa.
Tabela 6: Treinamento e conhecimentos externos e máquinas e equipamentos nas
empresas farmoquímicas e farmacêuticas nacionais com mais de 500 pessoas
ocupadas, Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011. Notas: (1) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado. (2) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados da amostra da Pesquisa Industrial Anual – Empresa 2011 e da Pesquisa Anual de Serviços 2011. (3) Porcentagem do volume de dispêndios frente à receita líquida de vendas (1000 R$).
Esses esforços começam a gerar resultados, conforme mostrado acima, para o
setor. Destacam-se os resultados das empresas nacionais, que tiveram bastante
participação na ampliação dos esforços inovativos e também nos resultados, conforme
visto na Tabela 6. O número de empresas nacionais que inovaram em produto cresceu
em 25% (de 20 para 25), em 22,2% (18 para 22) as que inovaram em processo, e em
16,7% (de 18 para 21) as que inovaram em produto e processo, entre as Pintec de 2008
e 2011. Na Pintec de 2011, como pode ser visto na Tabela 7, entre as 13 empresas que
implementaram inovações de produto completamente novo para a empresa e para
mercado nacional, cinco foram empresas nacionais. Ademais, cinco empresas nacionais
figuraram entre as seis empresas que implementaram inovação de produto
completamente novo para a empresa e para o mercado mundial. Na Pintec de 2008,
7 O valor investido não pôde ser divulgado para a amostra segmentada por origem do capital controlador.
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
N (%) Valor (1000 R$)
(%) (3)
2008 21 6.381.483 18 85,7 641.355 10,1 8 44,4 1.710 0,0 3 16,7 3.604 0,1 15 83,3 189.805 3,02011 30 15.056.638 26 85,8 857.486 5,7 16 61,5 3.027 0,0 10 38,5 - - 19 73,1 104.903 0,7∆% 44,3 135,9 44,4 33,7 100,0 77,0 233,3 - 26,7 -44,7
Dispêndios realizados nas atividades inovativas (1)Aquisição de máquinas e
equipamentosTotal TreinamentoAquisição de outros
conhecimentos externosPintec Total
Receita líquida de vendas
(1000 R$) (2)
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
21
eram duas no primeiro caso e uma no segundo, o que mostra um aumento muito
importante de 150% e 400%, respectivamente.
Tabela 7: Grau de novidade da principal inovação das empresas farmoquímicas e
farmacêuticas nacionais com mais de 500 pessoas ocupadas, Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011.
No que diz respeito às inovações de processo, na Pintec de 2011, quatro
empresas nacionais implementaram inovação de processo completamente novo para o
mercado nacional. Nenhuma implementou inovação de processo nova para o mercado
mundial, mas cinco empresas nacionais implementaram inovações de processo
complemente novas para a empresa e 14 empresas implementaram aprimoramentos de
processos, todos já existentes no mercado nacional. Na Pintec de 2008, oito empresas
implementaram processos novos para a empresa, mas existentes no mercado nacional, e
sete estabeleceram aprimoramentos de processos. Duas empresas nacionais
implementaram inovações de processo para o mercado nacional e uma empresa
implementou um processo completamente novo para o mercado mundial. Nesse caso, só
houve crescimento do número de empresas que implementaram inovações de processo
para a própria empresa (20%) e para o mercado nacional (100%), no período analisado.
Em relação às fontes de financiamento da Pintec 2011, a participação das
empresas nacionais foi bem significativa e sofreu importante ampliação: 76,9% (20) das
grandes empresas farmacêuticas nacionais que implementaram inovações utilizaram
incentivos fiscais para atividades de P&D, 34,6% (9) utilizaram o programa de
Subvenção Econômica, 30,8% (8) receberam financiamento para projetos de P&D e
inovação em parceria com universidades e também 30,8% (8) para aquisição de
máquinas e equipamentos. Quase todos os programas pelo menos dobraram o número
de empresas beneficiadas – com destaque para o crescimento de 166,7% do
financiamento a projetos de P&D e inovação tecnológica com universidades. A exceção
TotalAprimoramento de um já existente
Completamente novo para a empresa
TotalAprimoramento de um já existente
Completamente novo para a empresa
TotalAprimoramento de um já existente
Completamente novo para a empresa
2008 14 5 9 3 1 2 3 2 12011 14 6 8 6 1 5 5 - 5∆% 0,0 20,0 -11,1 100,0 0,0 150,0 66,7 -100,0 400,02008 15 7 8 2 - 2 1 - 12011 18 14 5 4 - 4 - - -∆% 20,0 100,0 -37,5 100,0 - 100,0 -100,0 - -100,0
Processo
Novo para o mercado mundialTipo de inovação
Produto
Pintec
Novo para a empresa, mas jáexistente no mercado nacional
Novo para o mercado nacional, mas jáexistente no mercado mundial
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
22
foram os que mantiveram o número de empresas financiadas: projetos de P&D e
inovação tecnológica sem parcerias com universidades (6) e outros programas de apoio
(4).
Tabela 8: Programas de apoio do governo às empresas farmoquímicas e
farmacêuticas nacionais com mais de 500 pessoas ocupadas, Brasil, 2008 e 2011
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base na Tabulação Especial fornecida pelo IBGE da Pesquisa de Inovação 2008 e 2011. Notas: (1) Foram consideradas as empresas que implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado. (2) Incentivo fiscal à Pesquisa e Densenvolvimento (Lei nº 8.661 e Cap. III da Lei nº 11.196). (3) Incentivo fiscal Lei de Informática (Lei nº 10.664 e Lei nº 11.077).
Quando analisadas somente as empresas nacionais, o padrão de importância das
parcerias com as universidades e institutos de pesquisa e as instituições de testes,
ensaios e certificações das grandes empresas do setor se mantém. Igualmente, o padrão
das principais fontes de informação é estável, ficando as universidades e instituições de
ensino em sexto lugar.
Com o objetivo de compreender melhor os dados da Pintec referentes às
empresas com controle de capital nacional, consultou-se o Grupo Farma Brasil,
representativo de grandes empresas nacionais do setor para realizar uma análise
comparativa desse grupo frente os resultados das Pintecs na indústria brasileira8. A
Figura 1 abaixo traz as comparações de percentual da RLV investida em atividades
internas e externas de P&D para as Pintec 2008 e 2011 e o Grupo Farma Brasil.
Tomando-se o conjunto das empresas que participaram das Pintec de 2008 e 2011 com
o objetivo de saber se os esforços inovativos das grandes empresas farmoquímicas e
farmacêuticas, relatados acima, são significativos, pode-se concluir que sim. Os gastos
em atividades de P&D interna e externa da indústria brasileira como um todo cresceram
de 0,90% para 0,96% entre 2008 e 2011. Já os gastos da indústria farmoquímica e
8 Essa análise é subestimada porque os dados dessas grandes empresas não puderam ser excluídos das comparações realizadas. Em outras palavras se isso tivesse sido possível, as diferenças observadas seriam ainda maiores, já que esse grupo de empresas gasta mais do que a média.
Sem parceria com universidades
Em parceria com universidades
2008 20 15 10 - 4 6 3 4 42011 26 26 20 - 9 6 8 8 4∆% 30,0 73,3 100,0 - 125,0 0,0 166,7 100,0 0,0
Lei da Informática
(3)
A projetos de Pesquisa e Desenvolvimento e inovação
tecnológica
À compra de máquinas e equipamentos utilizados para
inovar
Pintec Total(1)
Que receberam apoio do governo, por tipo de programa
Total
Incentivo fiscal
Subvenção econômica
Financiamento
Outros programas de apoio
À Pesquisa e Desenvolvimento
(2)
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
23
farmacêutica, além de serem bastante superiores ao da indústria brasileira, cresceram
bem mais: de 2,10% para 2,96% no período.
Figura 1: Percentual da receita líquida de vendas investida em atividades internas e
aquisições externas de P&D
Fonte: Elaborado pelo GEI/IE/UFRJ com base nas Pesquisas de Inovação do IBGE de 2008 e 2011 (IBGE, 2010 e 2013), e nos dados apresentados pelo Grupo Farma Brasil (2013).
Como pode ser visto, as empresas do Grupo Farma Brasil9 investiam cerca de
6% em atividades internas e aquisições externas de P&D em 2008, valor
significativamente maior do que todos os valores dos demais segmentos apresentados na
Figura 1. É relevante observar que os valores investidos pelas empresas farmoquímicas
e farmacêuticas da amostra da Pintec são os mais elevados, quando comparados aos
demais setores e ao total do Brasil. Os valores investidos em P&D pelas empresas do
Grupo Farma Brasil são mais elevados também que os das grandes empresas
farmacêuticas (2,7% da RLV em P&D interna e externa, conforme Tabela 2) e das
grandes empresas farmacêuticas nacionais (4,3% da RLV em P&D interna e externa,
conforme Tabela 4), grupo ao qual pertencem.
9 Além da ampliação dos investimentos em esforços inovativos no Brasil, algumas das empresas do Grupo estão investindo também internacionalmente por meio da abertura de centros de P&D em outros países, como é o caso da Biolab no Canadá (Fontes, 2015).
Projeto “Inovação e Produção Local no SUS” (financiado pelo CNPq)
24
A Sondagem de Inovação da ABDI (ABDI, 2014), como explicado acima, não
divulga informações segmentadas sobre os gastos em esforços inovativos das grandes
empresas do setor farmoquímico e farmacêutico, apenas para a indústria em geral.
Nesse sentido, pode-se inferir que os esforços em P&D interna e externa das grandes
empresas industriais, entre 2011 e 2014, permanecem com tendência de alta mesmo
frente a um cenário de desaceleração da economia e menores receitas paras as empresas.
Esse mesmo comportamento pode também ser observado para o pessoal ocupado em
P&D: o quadro de relativa redução da atividade econômica não parece alterar os
percentuais de empresas com doutores, mestres, pós-graduados e graduados alocados
exclusivamente em atividades de P&D. Todavia, os resultados obtidos em produtos e
processos parecem ter declinado devido à possibilidade de as empresas retardarem os
investimentos na conclusão dos projetos frente ao cenário de incerteza que a
desaceleração da economia traz para o processo de tomada decisão.
A Sondagem de Inovação traz ainda algumas informações específicas sobre os
esforços das grandes empresas do setor farmoquímico e farmacêutico. O relatório do
terceiro trimestre (ABDI, 2010c) mostra que essas empresas destacaram-se entre as
principais investidoras em tecnologia da informação e da comunicação (TICs),
incluindo investimentos em equipamentos de comunicação (exceto computadores
pessoais e telefones), serviços de TI e softwares entre 2008 e 2010.
No entanto, em relação a investimentos em tecnologias com mais aplicações
específicas no setor, as empresas farmoquímicas e farmacêuticas que participaram da
pesquisa não se destacaram. Nos relatórios do segundo e do quarto trimestre de 2010
(ABDI, 2010b e 2011), as empresas do setor farmacêutico não indicaram utilizar
biotecnologia ou nanotecnologia em algum projeto, ou usar biotecnologia ou
nanotecnologia em algum produto ou processo. As empresas participantes informaram
apenas conhecer outras empresas no setor que utilizam biotecnologia e/ou
nanotecnologia. Essa informação é confirmada pelos dados tabulação especial da Pintec
2011, que mostram que 14 empresas (da amostra de 54 grandes empresas) realizaram
atividades em biotecnologia, e destas, 12 inovaram. Por outro lado, 8 realizaram
atividades em nanotecnologia, das quais 7 inovaram.
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3. Discussão dos resultados
De acordo com Cohen e Levinthal (1989), as atividades de P&D são essenciais
não só na criação de conhecimento novo – que garantiria à empresa um duradouro
diferencial competitivo –, mas também para o desenvolvimento da capacidade de
absorção de conhecimento externo. Os autores afirmam que, quanto mais P&D
realizada internamente, maior a habilidade da empresa de identificar, assimilar e
explorar o conhecimento existente no ambiente em que ela está inserida. Ressaltam
ainda que esses investimentos devem ser contínuos, para que não se criem defasagens
entre o nível de conhecimento interno e o externo. A empresa deve acompanhar a
criação de conhecimento do ambiente em que está inserida e, ao mesmo tempo, investir
em P&D. São decisões complementares e não excludentes. Nesse sentido, parece que a
indústria farmoquímica e farmacêutica localizada no Brasil tem considerado a
importância estratégica desses gastos, pois realizou gastos crescentes e contínuos em
P&D entre 2008 e 2011 e o departamento de P&D foi a única fonte de informação
indicada como de alta importância por todas as grandes empresas farmacêuticas na
edição da Pintec de 2011. Da mesma maneira, essa tendência de inflexão positiva nos
gastos de P&D é verdadeira para a indústria brasileira desde 2010 e não foi afetada pela
desaceleração da atividade econômica nacional a partir de 2011. Vale ressaltar, porém,
que esses resultados estão sujeitos ao acompanhamento de um período mais longo na
evolução das atividades inovativas dessas grandes empresas.
Entre as várias razões para explicar essa nova importância das atividades de
P&D, uma é a maior intensidade na globalização dos mercados e o consequente
aumento da concorrência, a partir da década de 1990 – que levaram à necessidade ainda
maior de ampliação dos esforços das empresas na busca pela geração de inovação.
Quando o foco de análise é o setor farmoquímico e farmacêutico a importância
das atividades de P&D torna-se ainda mais destacada. A literatura mostra também que a
construção do setor nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, como apontado na
Introdução, foi bastante distinta devido ao momento histórico de criação e consolidação
das empresas em cada bloco de tipo de países.
Em relação aos países desenvolvidos, historicamente, as atividades foram
verticalizadas na empresa desde o seu nascimento. Um fato emblemático – que
estimulou essa forma de organização no setor – foi a contratação do cientista Felix
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Hoffmann pela empresa farmacêutica Bayer e a descoberta do ácido acetilsalicílico, em
1897 (Bayer, 2010). Essa forma de organização das atividades de P&D rendeu muitos
frutos para empresa, já que, desse modo, garantia a apropriabilidade dos resultados de
seus esforços inovativos. Segundo resenha elaborada por Carlsson (2006), essa era a
principal razão para não haver descentralização da P&D por parte das empresas
multinacionais, ainda que houvesse descentralização da produção.
Entretanto, desde 1980, o surgimento da biotecnologia, o desenvolvimento de
capacidades biotecnológicas fora da indústria e o aumento da exigência regulatória
direcionada às atividades de P&D – principalmente, relativa aos estudos de pesquisa
clínica – levaram a uma crescente transformação da forma de organização dessas
atividades nas empresas multinacionais. Crescentemente, elas têm sido realizadas por
meio de parcerias externas com atores especializados em competências biotecnológicas
e em regulação: respectivamente, as ICTs e as empresas prestadoras de serviços
tecnológicos ou contract research organisations (CROs), conforme Radaelli (2008).
Segundo Carlsson (2006), esses eventos adicionalmente têm contribuído também para a
internacionalização dos sistemas de inovação, ainda que a literatura tenha estudado
pouco esse aspecto.
Em relação aos países em desenvolvimento, historicamente as atividades de
P&D, não eram desenvolvidas pelas empresas neles localizadas, ou porque eram
multinacionais e não descentralizavam essas atividades, ou porque eram nacionais e
usavam tecnologia transferida das empresas multinacionais. Vários eventos a partir da
década de 1990 têm contribuído para alterar este quadro.
O primeiro foi a assinatura do TRIPS, em 1994, que instituiu a não
discriminação setorial de patentes – estabelecendo o reconhecimento de patentes na área
farmacêutica – e definiu o período de 20 anos para duração da patente em todos os
países signatários. Com isso, o TRIPS ampliou o nível de proteção intelectual
independentemente do nível de desenvolvimento desses países. Nesse sentido, o nível
de concentração de mercado em termos mundiais foi ampliado e as possibilidades de
concorrência através da cópia e de tentativa de capacitação local foram reduzidas. No
Brasil, os efeitos foram ainda mais fortes visto que no país não eram concedidas
patentes farmacêuticas antes de 1996, quando é estabelecida antecipadamente a Lei de
Propriedade Industrial (9.279) e criado o mecanismo pipeline (Hasenclever e Paranhos,
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2013). Esse processo, em conjunto com a abertura comercial de 1990, foi devastador
para a indústria farmoquímica e farmacêutica nacional e ampliou fortemente a
participação das empresas multinacionais no mercado local, assim como a dependência
externa no setor. 10
O segundo foi a criação do mercado de genéricos, que contribuiu para o
crescimento do tamanho das empresas nacionais produtoras de genéricos. Em 1999, a
Lei 9.787 – conhecida como a Lei de Genéricos – estabeleceu a necessidade de testes de
bioequivalência e biodisponibilidade a serem realizados na Rede Brasileira de
Laboratórios Analíticos em Saúde para registro de medicamentos cópia de
medicamentos sem patente, instituindo no Brasil o segmento de medicamentos
genéricos. Essa mudança institucional serviu como alternativa e estímulo ao
desenvolvimento das empresas nacionais. Desde então, a participação destas e o
crescimento do mercado é constante. Em abril de 2014, o mercado de genéricos
alcançou 28% em volume do mercado farmacêutico nacional, sendo que as empresas
brasileiras são tradicionalmente responsáveis por cerca de 90% dos medicamentos
genéricos consumidos no país (Prógenéricos, 2015). Com o fortalecimento desse
segmento, as empresas nacionais ganharam porte e recursos para novos investimentos,
que parecem cada vez mais estar sendo direcionados a atividades inovativas, como visto
nos dados analisados acima. Esse era um resultado esperado, pois as empresas maiores
são mais propensas a investir em P&D devido ao elevado custo fixo desse investimento.
O terceiro foi o retorno da política industrial e tecnológica em 2003 com a
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce), que estabeleceu a
inovação como foco e o setor de fármacos e medicamentos como um dos prioritários.
Na Pitce, foi forte também o estímulo à parceria universidade-empresa como importante
mecanismo na busca por inovação. Para viabilizar esse estímulo, em 2004 foi
promulgada a Lei de Inovação (10.973), a fim de criar e autorizar novos mecanismos –
como o compartilhamento de laboratórios e equipamentos entre universidades e
empresas e a destinação de recursos públicos não reembolsáveis, através da subvenção
econômica, às empresas para compartilhamento dos custos e riscos das atividades
inovativas pela primeira vez no país. Dando continuidade a esse processo, em 2005, foi
estabelecida a Lei do Bem (11.196), que estabelece a entrada automática de incentivos
10 Para detalhes sobre o processo de implementação do Acordo TRIPS no Brasil ver Capítulo 5 deste livro.
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fiscais para empresas que invistam em atividades de P&D (Hasenclever et al., 2013;
Paranhos, 2012; Kupfer et al., 2013). Os resultados desses mecanismos puderam ser
observados na Tabela 3, que apresentou a utilização e o grande crescimento do uso dos
incentivos fiscais e da subvenção econômica por parte das grandes empresas
farmacêuticas. Ressalta-se a maior importância dos incentivos fiscais à P&D para as
grandes empresas, pois o automatismo previsto na Lei do Bem pode ser utilizado
somente para empresas que declaram imposto de renda sobre o lucro real – ou seja, na
maioria, grandes empresas.
O quarto evento aconteceu em 2008 e foi o estabelecimento da Política de
Desenvolvimento Produtivo. Entre vários aspectos importantes dessa Política, destaca-
se o conceito do Complexo Industrial da Saúde (CIS), com intuito de unir a política
econômica e a política de saúde para o desenvolvimento econômico e social,
estabelecendo uma visão sistêmica entre a oferta e a demanda por insumos tecnológicos
voltados para a área de saúde. Com essa visão, foi inicialmente estabelecida uma lista de
insumos estratégicos para a área, que oneravam fortemente a balança comercial
brasileira, e lançados editais oferecendo a garantia do poder de compra do governo para
os interessados na produção local desses produtos. Foram estabelecidas parcerias
público-privadas, denominadas parcerias de desenvolvimento produtivo (PDPs), para
transferência de tecnologia e desenvolvimento de capacitação produtiva local – em
especial, nos laboratórios públicos. Nessa estratégia, havia ainda o objetivo de
reestruturação das empresas farmoquímicas e fortalecimento das empresas
farmacêuticas nacionais (Hasenclever et al., 2013; Paranhos, 2012).
Finalmente, em 2011, é apresentada uma nova política industrial e tecnológica, o
Plano Brasil Maior, que mantém o CIS como segmento estratégico de apoio do governo
e amplia a lista das PDPs (Portaria 2.531/2014), com ampliação do número de produtos
a serem transferidos para os laboratórios públicos e das empresas participantes. Essa
estratégia tem importância, principalmente, no estímulo e direcionamento das empresas
farmacêuticas nacionais para a biotecnologia (Gomes, 2014).
A retomada da política industrial a partir de 2003 (Kupfer et al., 2013) e a sua
continuidade no que diz respeito ao setor farmoquímico e farmacêutico, como visto
acima, foi muito importante por permitir que houvesse uma convergência entre as
estratégias empresariais e a política industrial. Considera-se que, em grande parte, a
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inflexão da tendência nos gastos em atividades internas e externas de P&D foi reflexo
dessas políticas.
Conclusão
Os principais resultados apontam para um crescimento no número de grandes
empresas farmacêuticas, que se localizam no Brasil e realizam atividades inovativas,
assim como no valor alocado nessas atividades. Foi significativo o aumento nos gastos
com P&D interna, bem como o aumento de empresas que realizam essa atividade de
forma contínua. O total de pessoas com dedicação exclusiva à atividade também
cresceu, assim como o número de pós-graduados envolvidos. Treinamento de pessoal
foi a atividade que teve maior incremento dos gastos; enquanto aquisição de
conhecimentos externos sofreu a maior redução. Além disso, houve redução nos
dispêndios com máquinas e equipamentos.
Assim, pode-se concluir que, de fato, o ano de 2008 representa uma inflexão da
tendência observada nos esforços inovativos até então. Se essa inflexão vai confirmar-se
como uma mudança de tendência, somente estudos futuros poderão responder.
Entretanto, o padrão das atividades inovativas realizadas pelas grandes empresas
farmacêuticas no Brasil alterou-se no sentido de redução de compra de conhecimento
(incorporado ou não) e ampliação das atividades para criação de conhecimento e
melhoria das capacidades internas (P&D e treinamento de pessoal). Dessa maneira, as
empresas estão mais preparadas para ter uma posição competitiva melhor, no sentido de
introduzir inovações com um maior grau de sustentabilidade competitiva do que a
simples transferência de tecnologia, que as coloca somente no patamar da concorrência.
Entre os vários fatores analisados para explicar a razão dessas mudanças, a nova
política industrial e tecnológica iniciada em 2003 e a ênfase colocada no setor
farmacêutico mostram que ela foi decisiva para os resultados dos esforços inovativos
das grandes empresas farmacêuticas. Essa conclusão decorre da incapacidade de os
fatores elencados anteriormente, tais como a abertura dos mercados, o reconhecimento
de patentes e a criação do mercado de genéricos por si só não terem sido capazes de
estimular a produção local e a inovação.
A contribuição principal deste Capítulo é sinalizar uma mudança de tendência
importante no gasto de P&D das grandes empresas farmoquímicas e farmacêuticas, e
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concluir que o simples aumento da concorrência é incapaz de estimular por si só a
inovação em países periféricos, sendo necessário um estímulo governamental forte e
continuado. No entanto, reconhece-se que pesquisas futuras podem avançar na
discussão do tema, confirmando ou não a sinalização dessa mudança e, em especial, os
efeitos do desempenho econômico e da estrutura patrimonial das empresas
farmacêuticas sobre sua propensão a investir em atividades inovativas.
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