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-OUREANA DE ALÉM-MAR, OURÉM TERRA DE MOURA- ORGANIZAÇÃO E INTRODUÇÃO DE ELEMENTOS NOVOS DA HISTÓRIA DE OURÉM-PARÁ Arlindo Matos (contato: [email protected]) Ourém – Pará - 2007 1 1

-OUREANA DE ALÉM-MAR, OURÉM TERRA DE … Mouros tinham esfacelado o seu valente pai, apelidado de Lutador, durante aquela sangrenta Batalha de Ourique, num golpe de traição. Chorou-o

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-OUREANA DE ALÉM-MAR, OURÉM TERRA DE MOURA-

ORGANIZAÇÃO E INTRODUÇÃO DE ELEMENTOS NOVOS DAHISTÓRIA DE OURÉM-PARÁ

Arlindo Matos(contato: [email protected])

Ourém – Pará - 2007

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INTRODUÇÃO

Contar a história da ocupação européia no mais novo continente é tarefa querequer muitos estudos e pesquisas, recheados de suposições que podem explicarem parte o que queremos entender dos primórdios da nossa civilização. Falar deBrasil e suas complexidades também não é fácil e não se pode afirmar quase nadacom precisão, pois os registros históricos são controversos e dispersos para seremcompilados homogeneamente. Mas o pior é não ter memória, história algumacomo referência para nortear os que têm fascínio pela compreensão do passadopara traduzir as tendências do futuro. Imagine caro leitor, o malabarismo que fazeste que vos escreve para tentar colocar nestas páginas algo que sustente ahistória da trajetória de um Município, que hoje talvez seja somente a milésimaparte de um país continental chamado Brasil. Mas é preciso ousar, é precisocoragem para grafar o que pode ser o perfil de uma terra longínqua incrustadanuma Amazônia misteriosa, que de cara teve seu batismo originado de uma visãofantástica do explorador espanhol Francisco Orellana que na foz do rioNhamundá teria encontrado uma tribo de índias guerreiras, nuas, muito altas ebrancas, com cabelos largos, trançados e revoltos na cabeça, montando cavalos,isto por volta de 1.541 a 1.542, que o fez lembrar das amazonas do Termodonte(rio da Ásia). Até hoje ninguém mais viu coisa igual e a “fantasia” de Orelhana éo que vale e ainda é o emblema deste “Mundo Verde” irrigado pela maior baciahidrográfica do mundo e uma fauna sem igual.

Nosso torrão está inserido nesse contexto amazônico e por issopodemos arriscar em definir com nossa peculiar interpretação do que absorvemosdos atos e fatos que por aqui se desenrolaram desde tenra data, reescrevendo,escrevendo, adaptando e repassando ao leitor, dentro de nossas limitações e sem apretensão de afirmar em verdade o que de improvável pode ter nessa trajetória, aHistória do Município de Ourém. A melhor fonte desse período inicial da históriade Ourém está sintetizada no livro de Palma Muniz, editado em 1.925 e que servede referência principal para a narrativa que passamos a desenvolver nestaprimeira fase.

OURÉM E O PERÍODO COLONIAL

Legalmente estabelecido a 11 de outubro de 1.753 pelo governador eCapitão-General do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier deMendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, que criou e denominou a NovaVila de Ourém, repetindo aqui o nome de uma cidade portuguesa, com a intençãode caracterizar a exemplo de outros municípios paraenses, a sujeição colonialportuguesa. Ourém foi o quarto do Estado criado no período colonial, ficando

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atrás apenas de Cametá (1.635), Belém, a capital, criada em 1.655, e Vigia(1.693).

Como vimos o nome de Ourém foi dado por Mendonça Furtadorepetindo o nome da Vila de Ourém já existente em Portugal, afastando por tantoa brincadeira de domínio público, de que o nome teria sido dado pelo próprioLuiz de Moura, quando seus comandados avistaram a segunda cachoeira no rioGuamá. Da prôa da embarcação um de seus homens teria dito ao ver pedrasreluzentes: “Capitão, aqui tem ouro”, e o Capitão teria respondido: “Ouro, hein?”.

A curiosidade com o enigmático nome Ourém nos remete para ahistória de Ourém, lá de Portugal, criada no início do segundo milênio, cerca dequase quatrocentos anos antes do descobrimento do Brasil, onde uma história deamor com cara de lenda, fez brotar o nome aqui repetido. Para compreendermos ahistória do “Traga-Mouros” Gonçalo Hermigues, transcrevemos aqui algumascrônicas portuguesas:Oureana, Moura amadaRosalina MelroCorria o ano de 1136. Num dos seus ousados e bem sucedidos fossados, D.Afonso Henriques arrebatava a fortaleza de Abdegas, atalaia mouriscaalcandorada em elevado morro, num lugar de difícil acesso que travava oavanço dos Cristãos para a linha do Tejo.Entre os intrépidos guerreiros das hostes do Conquistador encontrava-se olendário Traga-Mouros, filho de Hermígio Gonçalves, companheiro de AfonsoHenriques desde a meninice nas terras galegas do Condado Portucalense. É dosamores desse temível guerreiro que hoje iremos falar. Mais uma lenda apenas.Uma das muitas versões que correm na vila velha de Ourém. Lenda queimortaliza a mais amada de todas as mouras, a doce Fátima, batizada Oureanapelos cristãos, a bela filha de Abu Déniz, capitão da fortaleza de Alcácer do Sal,nas terras de mar e sol que se alongam para o Sul, a Ocidente do antigo Garbe.Creio não errar se disser que de todas as lendas reunidas por Almeida Garrett, amais poética e, também, a mais dramática é esta Lenda de Ourém, onde se contaa história de um amor que se prolonga para além da morte, pois reúne, namesma campa aberta em terra sagrada do adro da igreja do Castelo de Ourém,os corpos de Oureana e de Gonçalo Hermigues, o Traga-Mouros. Mascomecemos a Lenda tal como a ouvimos nas terras que foram de D. Teresa,infanta de Portugal.O galã da "Lenda de Oureana" é dotado de superiores talentos, posto que é oprimeiro de todos os belos Trovadores que iniciam as cantigas em LinguaGalega com o novo modo de trovar trazido pelos Cruzados que, dos longínquoscastelos da doce Bretanha, tinham vindo auxiliar nas lutas contra os Mouros nostempos da reconquista. A sua voz melodiosa, a sua arte sublime de poeta, a suasensibilidade ao dedilhar o alaúde, eram um poder mágico que abria aoguerreiro-trovador as portas de todos os castelos cristãos da Galiza atéCoimbra.

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Os Mouros tinham esfacelado o seu valente pai, apelidado de Lutador, duranteaquela sangrenta Batalha de Ourique, num golpe de traição. Chorou-o como D.Afonso Henriques que, logo em seguida, auxiliado por poderes divinais, degoloucinco reis mouros e desbaratou o poderoso exército da moirama. GonçaloHermigues substitui, então, no lugar de valido do rei, o seu nobre pai. Recebe ahonra de governar o Castelo de Abdegas acompanhado de um valente punhadode nobre guerreiros, todos jovens e bem treinados nas duras lutas contra o infiel.Numa noite de S. Joáo, os moços cavaleiros entretinham-se em jogos de lanças,quando um dos mais ousados propôs um treino mais proveitoso nessa noite deamores e de folgança para cristão e para mouros. Em breve, cavalgavam nosareais, batidos por mansas ondas. Embarcam no batel dos cruzados, ancoradojunto à praia. Rompia a madrugada, de um S. João exaltante, quando o batelchegou à foz do Mira. Atracaram, em silêncio, frente aos campos floridos deAlcácer. Subitamente, vindo do lado do Alcazar, o vozear pipilante de um bandode formosas e jovens mulheres. Destacando-se de todas as outras, a maisgarbosa era Fátima, a filha dileta do governador do castelo. Sobre ela tombaramos olhos de Gonçalo Hermigues. Por ela ficou enfeitiçado o Traga-Mouros.Logo, esquecidos os perigos, ele improvisa uma trova sublime. Desse momentose acham vestígios nos Cancioneiros Medievais.Sem temor, a doce Fátima corria para os braços do Trovador. Tomados deêxtase, cada um dos cavaleiros arrebata uma moirinha. No ar perfumado degiesta e rosmaninho, ouviam-se as trovas, que haveriam de dar o nome aOureana:Oureana! Oureana! Oh! Tem por certo Que esta vida, de viver, Toda a vida se olvidou naquele aperto. E o que em troco eu vim a haver Não há mais para se ver.Ora vos tenho, ora não E um a um eles que chegam Já me apanhaste e já não... D'aqui largam e d'ali pegam, que anda tudo ao repelãoPor mil golvos retoiçando Ai, ai, que vos avistei!... Já sei por que ando lidando, Que em tais terras bem pensei Melhor fruto não verei.Entretanto, aproximava-se uma chusma de mouros, bem armados de alfanges eadagas reluzentes. Corriam a salvar as suas irmãs e noivas. Então, o corajosoGonçalo Hermigues deitou o corpo de Fátima, que entretanto desmaiara, sobreuma pequena duna e ordenou aos companheiros que fossem para o batel e oaguardassem. Sozinho, fez frente aos aguerridos sarracenos e, num repente,

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tomava a amada contra o seu peito e entrava no batel salvador. Alguns diasmais tarde, pela lua cheia de Agosto, grande festa anima a sua herdade, cerca doCastelo de Abdegas. Música e danças e muitos folguedos celebram a alegria daconversão da bela moura. Nesse dia, fora celebrado o batizado e logo emseguida o casamento cristão da filha de Abu Déniz que tomara o nome deOureana. Tanta fama teve a sua beleza e a força do seu amor que o povo trocouo nome de Abdegas pelo de Ourém. Mas o drama da manhã de S. João ferira demorte o coração dividido de Oureana. Saudades da família e das terras do Sulentristeciam-lhe a alma e roubavam-lhe o alento. Numa manhã cinzenta de Abril,começavam a florir as rosas brancas no jardim do Castelo, Oureana caía mortano caminho para a igreja. Inconsolável, o Traga-Mouros encerra a sua dor e asua juventude na branca cela de um Convento. Diz-se que todas as manhãs,quando o sol nascia, ele vinha rezar junto da campa da sua amada, com umarosa branca entre as mãos que nunca mais dedilharam as cordas do alaúde. E,porque de amor também se morre, foi sobre a campa de Oureana que, num tristedia de Novembro, abandonou esta vida de paixões. Os dois ficaram, parasempre, unidos nesse pedaço da terra de Ourém. Terra de ligações profundasentre os homens e os deuses. Terra de fé e de elevados ideais, cultivados degeração em geração, pelos seus filhos, descendentes de Gonçalo Hermigues, oTraga-Mouros.In "Suplemento Cultural de O Mirante" de 3/9/97

Querem saber uma história muito engraçada do meu Conselho!

A fada Oureana

Fátima , jovem e bela Princesa moura , era filha única do emir , que aguardavados olhos dos homens numa torre ricamente mobilada , tendo por companhiaapenas as aias e , entre elas , a sua preferida e confidente Cadija .Apesar de estar prometida a seu primo Abu, o destino quis que Fátima seapaixonasse pelo cristão que seu pai mais odiava, Gonçalo Hermingues, o"Traga-Mouros”, o cavaleiro poeta que nas suas cavalgadas pelos campos via abela princesa à janela da torre.Rapidamente o coração do cavaleiro cristão se encheu daquela imagem esabendo que a princesa iria participar no cortejo da Festa das Luzes , na noiteque mais tarde seria a de S.João , preparou uma cilada de amor.No impressionante cortejo de Mouras e Mouros , montando corcéis lindamenteajaezados , Fátima era vigiada de perto por Abu . De repente os cristãosliderados pelo Traga-Mouros saíram ao caminho e Fátima viu-se raptada porGonçalo .Mas Abu depressa se organizou e partiu com os seus homens em perseguição doscristãos e a luta que se seguiu revelou-se fatal para o rico e poderoso Abu. Comorecompensa pelos prisioneiros mouro, Gonçalo Hermingues pediu a D.

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Henriques licença para se casar com a princesa Fátima, a que o rei acedeu coma condição que esta se convertesse.A região que primeiro acolheu os jovens viria a chamar-se Fátima, mas aprincesa, já com o nome cristão de Oureana, deu também seu nome ao lugaronde se instalaram definitivamente, a Vila de Ourém.Chegamos finalmente a Fátima, pequena povoação cuja origem deu lugar a umalenda. A lenda de Fátima Oureana: em 1158, jovens muçulmanos saíram deAlcácer do Sal para se divertirem nas margens do Rio Sado. Foramsurpreendidos pelos portugueses, comandados por Gonçalo Hermingues, o"traga-mouros", que fez mortos e prisioneiros. Estes foram levados à presença deD. Afonso Henriques que estava em Santarém e que recompensou Gonçalo com amais bela cativa, chamada Fátima. Foi batizada com o nome de Oureana e comodote de casamento D. Afonso Henriques deu a Gonçalo a vila de Abdegas que sepassou a chamar Oureana, donde provém o nome de Ourém. A jovem morrepouco depois e D. Gonçalo vai para o Mosteiro de Alcobaça, sendo mais tardeencarregue de fundar um convento num lugar próximo, para onde mandou vir otúmulo de Oureana. Assim, a povoação formada à volta deste convento e quesubsistiu até ao século XVI, veio a chamar-se Fátima.Fátima é mundialmente conhecida pelas aparições que aí tiveram lugar. Em1916 apareceu N.ª Sr.ª do Rosário de Fátima aos videntes Francisco (1908-1918), Jacinta (1910-1920) e Lúcia (1907-...), sobre uma azinheira em terrenopertencente a família de Jacinta, na Cova da Iria. Em 13 de Maio de 1917, cercadas 12 horas, Lúcia, vê, ouve e fala, Jacinta vê e ouve e Francisco vê. A 13 deJunho, às 12 horas, cerca de 500 pessoas presenciam, a 13 de Julho as 12 horascerca de 5.000 pessoas, a 13 de Agosto as 12 horas cerca de 18.000 pessoas. Ospastorinhos não apareceram pois tinham sido retirados pelo presidente deOurém, Artur Oliveira Santos, que também era o presidente da Loja Maçônicade Ourém.

Agora que entendemos a origem do nome Ourém, retomamos anarrativa do início e da progressão do Município de Ourém do Brasil, o nossoOurém, onde podemos dizer que os antecedentes de Ourém estão relacionadosdiretamente à fundação de Belém, ocorrida em 12/01/1.616, pelo portuguêsCapitão Francisco Caldeira Castelo Branco, que para informar a boa-nova aoCapitão-Mor Jerônimo de Albuquerque Maranhão, em São Luis do Maranhão,incumbiu para empreitada de assim levar tal notícia pelo interior do Estado e nãopelo oceano como era o natural, o então alferes Pedro Teixeira, que depois setornara o Grande Desbravador da Amazônia. Teixeira subiu o rio Guamá saindode Belém a 07 de março do mesmo ano, chegando em navegações até a segundacachoeira do rio Guamá, exatamente onde nasceu a futura Vila de Ourém e daqui,por terra chegou à São Luis do Maranhão. Nesse trinômio Belém-Ourém-SãoLuis, Ourém é o único recheio orgulhoso entre duas capitais, e o que é melhor

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marcando a primeira incursão fluvial de Pedro Teixeira na Amazônia, que anosmais tarde navegou o Amazonas de Belém a Quito, sendo promovido a capitão-mor do Grão-Pará.

Em 04 de maio de 1.720, o ouvidor geral da Capitania do Grão-Pará,Francisco Galvão da Fonseca propôs ao Rei de Portugal D. João V que se abrisseum caminho por terra firme por onde se pudesse fazer a jornada de uma capitaniapara outra, ou seja, Grão Pará e Maranhão, utilizando-se reciprocamente nocomércio. E quase dois anos depois, a carta régia de 31 de março de 1.722,ordenou ao governador que procurasse tal caminho com muito cuidado,mandando acabar o caminho que já tinha dado início Christovão da Costa Freire,que governou de 1.707 a 1.718, quando foi substituído por Bernardo Pereira deBerredo, que em 1.722 passou sua administração a João da Maya da Gama,executor da carta régia acima citada.

Esta cachoeira impediu o navegador Pedro Teixeira de subir ainda mais orio Guamá, em 1.616. Luiz de Moura fez o mesmo percurso e no período de1.725 a 1.727 construiu ao lado direito da dita cachoeira a casa forte queoriginou a vila de Ourém.

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Maya da Gama despendeu o dinheiro necessário e logrou ver aestrada concluída, encontrando em Luiz de Moura, homem prático e conhecedordestas terras, um excelente auxiliar. E Luiz de Moura não só aceitou a missão,como também lhe propôs ainda construir com seus próprios recursos uma CasaForte, junto à segunda cachoeira, em troca de uma patente capitão com soldo desoldado.

A Casa Forte de Luiz de Moura foi construída no período de01/03/1.725 e concluída em 1.727, data esta considerada como fundamental paraa existência do grande Município do rio Guamá, coisa que nem passava pelamente de Luiz de Moura, que de sua Casa Forte pudesse nascer a Vila de Ourém,e que esta conseqüentemente se tornasse Município.

De Luiz de Moura quase nada se sabe, ninguém sabe ao certo seusantecedentes e idade e se teria nascido no Brasil, Portugal ou se era mameluco.Há citações de alguns historiadores que nosso pioneiro era brasileiro da cidade deCatanhede, no Estado Maranhão. O local da construção da casa-forte teria sido napraça da matriz, em terreno levemente alçado sobre o nível das águas do Guamá,à margem direita, junto à cachoeira, construção esta que mereceu as aprovaçõesda Metrópole, ficando incorporada às fortificações do Estado e investindo oCapitão Luiz de Moura do seu comando vitalício.

A Casa Forte de Luiz de Moura e embrião de Ourém era toda emmadeira de lei e aparelhada de armamentos com toda segurança e formosura,reconhecida pelo Governador de então, Maya da Gama, que a considerou amelhor em todo Estado.

Alexandre de Souza Freire, sucessor de Maya da Gama, prestougrande atenção às comunicações entre o Grão-Pará e o Maranhão por via da CasaForte do Guamá, conservando e melhorando a estrada e estabelecendo, em 04 desetembro de 1.729 o Correio Oficial, com uma viagem mensal entre as duasCapitanias, fazendo tal percurso em 15 dias e de forma segura, enquanto pelo mara demora era de três meses com sujeição aos contratempos de ventos contrários,correntes marítimas e outros perigos que o mar oferecia na época, como ataquesde invasores.

A Casa Forte que tinha administração do próprio Luiz de Moura,obedecia a ordens diretas do Rei de Portugal que o fazia através de cartas-régia, eem 1.729 foi fundada a aldeia ao pé da própria casa, desenvolvendo-se muitodepressa, onde o homem branco também já se apresentava.

No governo geral do Maranhão e Grão-Pará, sucederam ao mestre decampo Alexandre de Souza Freire, Antonio Duarte Barros, em 21/03/1.736;comendador João de Abreu Castello Branco, em 18/09/1.737, comendadorFrancisco Pedro de Mendonça Gurjão, em 14/08/1.747; e com o título degovernador e capitão-general, o capitão tenente Francisco Xavier de MendonçaFurtado, em 24/09/1.751, que transferiu a sede do governo de São Luis paraBelém.

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No período pombaliano, Marquês de Pombal, poderoso ministro doRei D.José I e irmão do governador, buscou preparar a Amazônia para receber atransferência do governo do Tejo para cá, e Belém com a presença de seu irmãoMendonça Furtado era o centro nervoso dessa estratégia lusitana, explicando aimplantação colonial forte do governador-parente que denominava lugares,povoados, vilas e municípios com motivos lusitanos.

Conforme narrado anteriormente, Mendonça Furtado criou em 11 deoutubro de 1.753 a vila de Ourém, ajuntando 150 índios e abrindo uma escola,para que os “rapazes” pudessem se criar com civilidade, e possivelmente omesmo governador mandou arruar a vila de forma regular, definindo suas ruascom paralelismo e perpendicularidade entre si, como se comprova até hoje, comorientação para serem bem ventiladas e com uma fraca largura, em tudosemelhante a outros lugares no tempo colonial, projetados e divididos paracentros urbanos. No ano seguinte (1.754) foi criada pelo D.Fr.Miguel de Bulhõese Souza, a Freguesia do Divino Espírito Santo, que paralelamente traçava asações da igreja em cima do território pertencente a nova Vila e o governadorainda enviou para Ourém, vários casais de ilhéus, provindos dos Açores etambém no seu governo viu concluída a estrada de Bragança ao rio Guamá.

À 02/05/1.762 assumiu o governo do Estado, Manoel Bernardo deMello e Castro e em 29/05/1.762 foi instalado o Município com a presença doouvidor geral, Dr. Feliciano Ramos Nobre Mourão, que no mesmo ato criou oslimites do Município.

Tudo que já se havia feito até aqui por Ourém, foi consolidado no atoda instalação do Senado e do Município, realizada pelo Dr. Feliciano RamosNobre Mourão, que podemos dizer assim, lavrou e assinou a certidão denascimento de Ourém, que historicamente escreveu o ato da seguinte forma:

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Aqui transcrevemos:

Aos 29 dias de mayo de Mil Setecentos e sessenta e dois annos, nestavilla de Ourém e na Casa que serve de Câmara em Veriação em que forãopresentes o Dezembargador Feliciano Ramos Nobre Mourão Ouvidor Geral, eCorregedor da Comarca; o Juiz Ordinario, Veriadores, e Procurador daCâmara, e sendo convocados, e junto a Nobreza, e Povo desta Villa propoz o ditoMinistro, que o Illmo. e Exmo. Snr. Manoel Bernardo de Mello e CastroGovernador e Capitão General deste Estado lhe ordenara pela ordem que seacha registrada neste livro a folhas duas que se assignasse Districto competentepara edificarem Cazas de novo, Logradouros publicos, e Terrtório que sirva deTermo, e Districto da Jurisdicção desta Villa, e tomando o dito Ministro asinformaçoens necessarias Nomeou Setecentas Braças em quadro para seedificarem Cazas de Novo, e logradouros publicos, e para Termo e Districtodesta Villa assignou o Territorio declarado na forma seguinte – Principiará oTermo e Districto e Jurisdição desta villa da bocca do Igarapé Jacundaí parasima, o qual Igarapé desemboca no Rio Guamá, e fica mais abaixo, e quasiproximo ao Sítio de Agostinho Domingos de Cerqueira aonde este tem a suahabitação ficando o dito Sítio quasi fronteiro ao dito igarapé; e hindo pelo ditoIgarapé assima pela margem da parte esquerda athe às suas cabeceiras, e destevirando Rumo direito pelo centro do Matto the confinar com o fim daCappitania, e entestar com a Cappitania das Minas ou qualquer outraCappittania; virando Rumo direito athé entestar, e confinar com o Termo deBragança de Caeté; dahí virando para baixo a distancia de cinco legoas athéquatro entre a dita extrema e o Guamá Rumo direito athé o Porto do Igarapé dadita Villa de Caeté onde costumão embarcar a Gente quando vão para a ditaVilla; e do dito Porto continuando Rumo direito athé o lugar que fica fronteiro aboca do dito igarapé Jacundaí, onde principiou o dito Termo e do dito lugarfronteiro virando pelo centro do Matto athé no rio Guamá defronte do ditoIgarapé; e fica pertencente a esta Villa todos os moradores que morarem, eassistirem dentro deste, como fóra, de que o dito Ministro mandou fazer estetermo, que assignarão e eu Manoel Paz de Andrade que o escrevy – O Dr. NobreMourão – (Livro de Actas do Senado da Camara de Ourém. 1762-1774.”Manuscrito do Arquivo Municipal de Ourém).

Em ato contínuo o ouvidor Nobre Mourão empossou o primeiroSenado da Câmara de Ourém, constituído por João da Cunha Corrêa, BelchiorHenrique, Francisco de Mello Coelho, Manoel Furtado e Antonio da Silva, queentraram para a história com a honra de iniciar efetivamente a existência dogrande Município do rio Guamá, sendo vultos de sua primitiva organização,merecendo o culto da história.

Os Senados, no período eram eleitos indiretamente pela nobreza e opovo dos lugares, onde tais habitantes, conforme os respectivos direitos sereconheciam e constituíam a nobreza e o povo, usando-se os sistemas dos

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pilouros*. As reuniões funcionavam com qualquer número de presentes, sob aégide dos Oficiais da Câmara, presididas pelo ouvidor geral, quando presente, oupelo juiz ordinário em exercício.

Na época O Município de Ourém englobava os atuais Municípios deOurém, Irituia, São Miguel do Guamá, Capitão Poço, Santa Luzia do Pará,Bonito, Garrafão do Norte, Nova Esperança do Piriá, Mãe do Rio, Aurora doPará, e grande parte de São Domingos da Boa Vista, hoje, São Domingos doCapim.

O Município de Ourém, que por força do termo de instalação feitopelo Ouvidor Nobre Mourão, referência homologada pelos regimes colonial,imperial e republicano e tido na visão técnica, como o mais bem definido doEstado, considerando-se a dificuldade de elaboração na época, sem a tecnologiade hoje, foi o fator principal para a defesa de seus limites, que até 1.873, limitava-se diretamente com o município da Capital Belém, quando São Miguel do Guamáfoi desmembrado de Ourém. Ourém resistiu às tentativas de Viseu e a maisferrenha de Bragança, que por volta do início da década de 1.920, e desprovido deuma definição mais precisa dos limites de sua comuna, tentou anexar ao seu, boaparte de nosso território. Também se especula ter havido um acordo estapafúrdioentre o intendente que governou Bragança entre 1.897 a 1.908, coronel AntonioPedro da Silva Pereira e o de Ourém, major Pedro Ivo da Cunha (1900 –1.906),que em virtude de uma suposta indenização, teria o Município de Ourém cedidoao de Bragança o território compreendido entre o rio Grande, afluente direito dorio Caeté e o rio Curiy. Como essa pretensão não tinha amparo legal eprincipalmente sem registro algum nas comunas, não se comprovou o episódio,tudo sendo rechaçado graças ao legado de Nobre Mourão.

As composições do Senado da Câmara prosseguiram ano a ano, deacordo com a abertura dos pilouros lacrados quando da instalação e escolhatrienal dos oficiais para os três anos seqüentes e assim por diante. Da vereação de1.763 pouco se sabe, mas das atas de sessões que eram assinadas em rubrica,subscritas pelos oficiais seguintes: Andrade, Siqueira, Medeyros, Furtado, Coelhoe Mello.

Em 1.764, assinaram além dos oficiais da Câmara Andrade eSiqueira, Juizes Ordinários, Furtado, Medeiros e Costa, vereadores e procuradorMello, João Pedro Cordeiro, Ignácio Rodrigues, Manoel Ramos de Sá, ManoelCaetano, Silvério Antonio, Jacob de Moraes, Manoel Correya Picanço, Antonioda Silva, Manoel dos Reis, Manoel Davy Dehiró, Manoel Crrêa D’avilla, AntonioFrancisco e Francisco Antonio de Conde.

Em 1.765, Juizes Ordinários André Corsino Monteiro e Joaquim deMoura, vereadores capitão Manoel da Costa Índio, Antonio Gonçalbes de Souza eManoel Lobo, e procurador Manoel Fernandes.

Em 1.766, Manoel Lobo de Souza e Xavier de Siqueira, Juizesordinários, João Antonio da Silva, Manoel José de Conde, Manoel de Mello,vereadores, e Manoel Antonio de Conde, procurador.

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Em 1.767, Ignácio Xavier de Campos Magno e João da CunhaCorreya, juizes ordinários; sargento-mor Damásio Ferreira e Ventura de Sousa,vereadores; e Manoel Correya Betancur procurador. Houve omissão do terceirovereador.

Em 1.768, Manoel Affonso Pereyra e Manoel da Silva, juizesordinários; ajudante Manoel Davy Dehiró e Antonio José Furtado, vereadores; eMatheus da Cunha, procurador. Também sem o terceiro vereador.

No período entre 1.769 a 1.773 não teve pilouros e os empossados de1.768 serviram até 1.770 e as substituições iam se dando conforme as excusa efalecimentos, com eleição parcial do substituto, em virtude das quais entraramRaymundo de Souza, Eusébio Coelho, Athanásio Pereira e outros.

Em 1.771, presidiu os destinos do Município de Ourém, Manoel dePaiva, juiz pela ordenação, com os oficiais Antonio José Furtado, Raymundo deSouza e Matheus da Cunha, ainda entraram nessa composição Marcelino Gomesda Silva, como juiz ordinário, do principal Coelho e Manoel Correya de Betancur,como oficiais.

Até 15 de julho de 1.772 continuaram em exercício os precedentes,então sob a presidência de Antonio José Furtado como juiz ordinário, que pormotivo de moléstia passou a presidência ao principal Coelho, que índio de PortoGrande e analfabeto em função da falta de Manoel de Paiva, também doente. Masapesar de todas as anormalidades, fecharam o ano com Manoel de Paiva, AntonioJosé Furtado, principal Souza (índio), Manoel Correya de Betancur e ManoelAntonio da Cunha.

Esta mesma formação, mais a presença de Marcelino Gomes da Silvaserviu o Senado em 1.773, que convocou em 17/01/1.774 todos seuscomponentes, Nobreza e Povo para a eleição dos seis eleitores que escolheriam osfuturos dirigentes de Ourém. Nessa reunião compareceram além dos oficiais emexercício, Antonio Pereira de Mello, João José, João Coelho de Siqueira, SilvérioAntonio, Pedro Corrêa da Silva, capitão João Costa, Manoel Francisco do Reis,Manoel Antonio da Cunha, Manoel Caetano da Fonseca, Manoel Correya daSilva, Manoel José de Conde, Manoel de Betancur da Silva, Paulo Marques,Pedro Mendes Fidalgo, Francisco Antonio de Conde, José Francisco e Ventura deJesus.

Não consta da ata da sessão os nomes dos seis eleitores nem dosoficiais por eles escolhidos, no entanto nas atas de sessões seguintes figuramassinaturas de Manoel de Paiva, José Furtado, João Coelho de Siqueira, ManoelCorrêa Betancur, Manoel Davy Dehiró e procurador João Coelho de Siqueira.

Em 1.775, assumiram alferes Xavier de Siqueira e Manoel Caetanoda Fonseca, juizes ordinários; Ventura de Sousa, Manoel D’ávilla e ManoelCorreya de Betancur, vereadores; e João Coelho de siqueira, procurador.

A 12/01/1.776, foi convocada a nobreza e povo para se fazer opilouro do ano, dando assento para Manoel Antonio da Cunha, Manoel Correya

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de Mello, Manoel José Francisco, João Victório, Manoel de Betancur de Melloe Ignácio Rodrigues.

Em 1.777, assumiram Corsino e João Roiz da Silva, juizesordinários; Manoel José de Conde, Paulo Marques e Torres, vereadores; ManoelCaetano da Fonseca, procurador.

No período de 1.777 a 1.779 o livro de atas é muito deficiente deindicações dos nomes dos eleitos que não constam na mesma, porém foiencontrado diversos nomes como Manoel Lobo de Souza e Ventura de Sousa,juizes ordinários; Manoel Correya de Betancur, João Roiz da Silva, ManoelCaetano da Fonseca, Manoel Correya D’avilla, Antonio Thomaz, e Almeida,todos vereadores.

Em 1.780, serviram Ignácio Xavier de Siqueira e Ignácio Xavier deCampos Magno, juizes ordinários; Manoel Correya D’avilla, Francisco JoséVelloso, João Roiz da Silva, vereadores; e Manoel José de Conde, procurador.

Em 1.781, assumem Manoel Correya Betancur e alferes Nicoláo JoséPereira de Castro, juizes ordinários; Antonio de Medeiros, Francisco Antonio deConde e Manoel Correya D’avilla, vereadores; e Antonio José Furtado,procurador.

Em 1.782, governaram alferes Xavier de Siqueira e José Lobo deSouza, juizes ordinários; Manoel de Souza Netto, Francisco Antonio de Conde ePaulo Marques, vereadores; e Manoel dos Reis, procurador.

Em 1.783, foram empossados Marcelino Gomes da Silva e AntonioFernandes, juizes ordinários; Manoel Correya da Silva, Manoel GuilhermeBorsem e Liandro Medeiros, vereadores; Domingos Caetano Furtado, procurador.

Em 1.784, administraram Manoel José de Conde e Thiago Pires daSilva, juizes ordinários; Ignácio Rodrigues D’avilla, José Manoel e ManoelGuilherme Borsem, vereadores; e Francisco José Victor, procurador.

Em 1.785, serviram Francisco Antonio de Conde e Antonio Thomáz,juizes ordinários; Joaquim Espíndola e Laurêncio de Sousa Correia, vereadores; eManoel José Conde, procurador.

Em 1.786, constituíram o Senado: Custódio Paiva, IgnácioRodrigues, João Roiz da Silva, Manoel dos Reis, Joaquim José Espíndola eManoel José de Conde.

Em 1.787, foram eleitos Raymundo de Siqueira e Manoel Correia daSilva, juizes ordinários; Domingos Caetano Furtado, Manoel de Sousa Netto eVentura de Sousa, vereadores, e Francisco Antonio de Conde, procurador.

Em 1.788, serviram: Antonio de Medeyros e Manoel de Souza Netto,juizes ordinários; Ventura de Souza, Manoel Correya de Betancur e Simão deFreitas, vereadores; e Manoel Vellozo da Fonseca, procurador.

Em 1.789, compuseram o Senado: João Travassos de Oliveira eAntonio Fernando, juizes ordinários; João Rodrigues da Silva, Manoel Caetanoda Fonseca e José Cardoso Saldanha, vereadores; e Manoel José de Conde,procurador.

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Em 1.790, governaram: Manoel Antonio Gonçalves Chaves eBartholomeu Lopes Gonçalves, juizes ordinários; Antonio Francisco Viveiros,Manoel José de Conde e Manoel José da Cunha, vereadores; e Manoel dos Reis,procurador.

Em 1.791, assumiram: Raymundo Antonio Gil e José Lobo deSouza, juizes ordinários; Paulo Marques, Francisco Antonio de Conde e JoséFurtado, vereadores; e Antonio de Medeiros, procurador.

É importante dizer que em 26/09/1.791 o Senado em sessão sob apresidência de José Lobo de Souza resolveu adquirir pela quantia de 150$000uma casa de Antonio Fernandes para servir de Casa de Câmara e de cadeia.Antes, o Senado da Câmara funcionava na casa de residência do juiz ordinário emexercício. Também em 23/11/1.791, em reunião na nova casa e sob a presidênciade Raymundo Antonio Gil, foi juramentado o novo escrivão da Câmara João Joséde Conde em substituição a Manoel José Pereira de Campos.

Em 1.792, assumiram: Bartholomeu Lopes Gonçalves e AntonioFernandes, juizes ordinários; Simão de Freitas, Antonio José de Conde e AntonioXavier de Siqueira, vereadores; e Simão de Freitas acumulou o cargo deprocurador.

Em 1.793, assumiram: José Ignácio da Costa e Manoel JoséEspíndola, juizes ordinários; Manoel Antonio de Conde, Manoel José da Cunha eManoel Rodrigues Portella, vereadores; João de Deos da Silva, procurador.

Em 1.794, elegeram-se: Paulo dos Santos Medeiros e Antonio Joséde Mello, juizes ordinários; Domingos Caetano Furtado, Manoel dos Reis eDomingos Correia Picanço, vereadores; e Manoel da Cunha, procurador.

Em 18/01/1.794, pela primeira vez mencionou-se a posse de umtesoureiro, cargo que foi ocupado por Antonio Fernandes.

Em 1.795, compuseram o Senado: José Lobo de Souza e FranciscoXavier de Siqueira; Francisco Antonio de Conde, Antonio Thomaz e Francisco daCunha, vereadores; e Liandro de Medeiros, procurador.

Em 1.796, saíram escolhidos: tenente Thiago Peres e João de Deos eSilvajuizes ordinários; Paulo Marques, José da Silva e João Alves Portella,vereadores; e Joaquim José Espíndola, procurador.

Em 1.797, a falta de folhas nos livros de atas da época, não nospermite informar os nomes dos oficiais daquele ano.

Em 1.798, exerceram: Paulo dos Santos Medeiros e Antonio José deMello, juizes ordinários; Raymundo dos Santos Furtado, José Cardoso Saldanha eManoel Antonio de Conde, vereadores; não sendo identificado o nome doprcurador.

Em 1.799, ocuparam os cargos do Senado: João Pinto Moreira eJerônymo Francisco de Carvalho, juizes ordinários; Francisco Antonio de Conde,Paulo Marques e Domingos Correia Picanço; procurador Liandro dos SantosMedeiros e tesoureiro João de Deos e Silva.

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Findando o século XVIII e desde a instalação do Senado em 1.762,pelo ouvidor Feliciano Ramos Nobre Mourão, temos em 22/12/1.799, o registroda visita de outro ouvidor geral, desta feita, o Dr. Francisco Tavares de Almeida,que no limiar de um novo século, e na condição de presidente nato em sessão damesma data restabeleceu o sistema de pilouro, divulgando a composição doprimeiro escolhido:

Em 1.800, foram escolhidos: Domingos José Gomes e Manoel Joséde Espíndola, juizes ordinários; Manoel Luiz Pestana, João Alves Portella eAntonio José Furtado, vereadores; Antonio Francisco de Viveiros, procurador; eAntonio Thomas tesoureiro.

Em 1.801, exerceram: capitão João de Deus e Silva e DomingosManoel de Sousa, juizes ordinários; Domingos Caetano furtado, José CardosoSaldanha e Marcello Xavier da Costa, vereadores; Manoel dos Reis, procurador; eDomingos Correia Picanço, tesoureiro.

Em 1.802, governaram: José Ignácio da Costa e Bartholomeu LopesGonçalves, juizes ordinários; Manoel Antonio de Conde, Raymundo dos SantosFurtado e José da Silva, vereadores; Joaquim José Espíndola, procurador; eManoel Antonio da Cunha, tesoureiro.

Em virtude de escusas, o juiz Bartholomeu Lopes Gonçalves passousucessivamente para o alferes Félix Joaquim de Campos e Leandro dos SantosMedeiros, que o exerceu definitivamente.

Em 1.803, voltaram as eleições dos oficiais a serem feitasanualmente, quando foram eleitos: Liandro dos Santos de Medeiros e DomingosJosé Gomes, juizes ordinários; Felix José Reis, Manoel Raymundo Roiz eFrancisco de Borges Furtado, vereadores; Manoel Antonio de Quadros,procurador; e Manoel Antonio da Cunha, tesoureiro.

Muitas escusas por motivos fúteis atrapalharam a administraçãodesse ano, indicando a decadência do Município. Liandro Medeiros foisubstituído pelo alferes Paulino dos Santos Medeiros, sucedido depois porClemente de Almeida Pereira e Celso Pinto Moreira. Com a escusa deste último,o ouvidor geral resolveu fazer mais uma eleição para preenchimento de vaga.

Em 1.804, governaram: Paulo dos Santos Medeiros e BartholomeuLopes Gonçalves, juizes ordinários; Paulo Marques, Francisco José de Sousa eJoão Borges da Costa, vereadores; João de Deus de Freitas, procurador; eDomingos Correia Picanço, que faleceu e foi substituído por Manoel Antonio daCunha e no fim do exercício, achavam-se no Senado: Joaquim José Espíndola,Paulo Marques, Raymundo dos Santos Furtado, José da Silva e João de Deus deFreitas.

Em 1.805, exerceram: Manoel dos Reis e Luciano Gomes, juizesordinários; Marcello Xavier da Costa, Manoel Domingos da Trindade eDomingos Antonio Furtado, vereadores; Liandro dos Santos Medeiros,procurador; e Manoel Antonio de Quadros.

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Em 1.806, tomaram posse: Antonio José Furtado e João Ignácio daCosta, juizes ordinários; Manoel Raymundo Rodrigues, Raymundo Antonio Gil eJosé Raymundo dos Santos, vereadores; Marcello Xavier da Costa, procurador; eAntonio Francisco de Viveiros, tesoureiro. Dois vereadores foram excluídos peloouvidor geral desta Comarca, cujos nomes não foram declarados. Substituídos porJosé da Silva e João Caetano Picanço.

Em 1.807, assumiram: capitão João de Deus e Silva e Antonio Lopesda Cunha, juizes ordinários; Marcello Xavier da Costa, Manoel Antonio deConde e João José de Medeiros, vereadores; Raymundo Rodrigues, procurador; eJoão de Deus de Freitas, tesoureiro.

Em 1808, foram eleitos: capitães João de Deus da Silva e Clementeda Silva Pereira, juizes ordinários; Francisco José de Souza, João Borges eAnselmo José Reis, vereadores; Manoel Domingues da Trindade, procurador; eJoão de Deus de Freitas, tesoureiro.

Em 1.809, formaram o Senado: João da Cunha e Celso PintoMoreira, juizes ordinários; João Roiz da Silva, Antonio José e Manoel LuizPestana, vereadores; Antonio Vieira Jardim, procurador; e João de Deus deFreitas, tesoureiro.

Em 1.810, exerceram: João da Silva e Sousa e Celso Pinto Moreira,juizes ordinários; Francisco de Borges Furtado, João Caetano Picanço e FranciscoRoiz da Silva, vereadores; Liandro dos Santos Medeiros, procurador; e João deDeus de Freitas, tesoureiro.

Em 1.811, os escolhidos foram: João Francisco Ribeiro e AntonioLopes da Cunha, juizes ordinários; Felix José Reis, João José de Medeiros eJoaquim Rodrigues da Silva, vereadores; Manoel Antonio de Conde, procurador;e João de Deus de Freitas, tesoureiro.

Em 1.812, serviram o Senado: José Ignácio da Costa e DomingosAntonio Pereira, juizes ordinários; João Borges da Costa, Raymundo Antonio Gile Manoel João Rodrigues, vereadores; Raymundo dos Santos Furtado,procurador; e João de Deus de Freitas, tesoureiro.

Em 1.813, assentaram-se: José Calixto da Cunha e Liandro dosSantos Medeiros, juizes ordinários; Antonio Correia de Mello, Venancio JoséReis e Jeronymo Antonio do Carmo, vereadores; Manoel Domingues daTrindade, procurador; e João de Deus de Freitas, tesoureiro.

Em 1.814, ocuparam o Senado: Celso Pinto Moreira e José da Silva,juizes ordinários; João Pestana, Gil Antonio e Francisco Borges Furtado,vereadores; Manoel Raymundo Rodrigues, procurador; e João de Deus de Freitas,tesoureiro.

Em 1.815, foram escolhidos: Pedro de Alcantara Rodrigues Pendilhae Manoel dos Reis do Amaral, juizes ordinários; João Borges, Manoel LuizPestana e Raymundo da Cunha, vereadores; João Borges da Costa, procurador; eJoão de Deus de Freitas, tesoureiro.

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Em 1.816, serviram: Martinho de Sousa e Albuquerque, Felix Josédos Reis, João José de Medeiros, Antonio Rodrigues, Ignácio Xavier de Souza eJoão de Deus de Freitas.

Verificou-se no Senado o reflexo da decadência do Município, poisas reuniões foram diminuindo, ao ponto de 1.816 não ter havido nenhuma reuniãoe 1.817 apenas 18 sessões, sessões essas que não permitem identificarprecisamente os cargos correspondentes dos oficiais.

Em 1.817, governaram: Domingos Antonio Pereira de Castro, foi umdos juizes ordinários, também marcaram presença: Antonio Resi, Francisco Joséde Medeiros, Domingos José de Souza e Manoel Domingues da Trindade.

Em 1.818, exerceram: Paulo dos Santos Medeiros e José Ignácio daCosta, juizes ordinários; Antonio Rodrigues, Venancia José Reis e RaymundoJosé da Cunha vereadores; Raymundo de Castro Furtado, procurador; e Antonioda Silveira.

Em 1.819, o Município de Ourém se reanimou com a eleição de JoséCalixto da Cunha e Manoel José Espíndola, juizes ordinários; Marcello Xavier daCosta, Simão de Freitas e João José Rodrigues, vereadores; Francisco José dosSantos, procurador; e Manoel Domingues da Trindade, tesoureiro.

Em 1.820, foram eleitos: Liandro dos Santos Medeiros e Pedro deAlcantara Rodrigues Pendilha, juizes ordinários; Nicoláo Tolentino dos Santos,Domingos Manoel Pestana e Francisco da Rosa, vereadores; Manoel RaymundoRodrigues, procurador; e Manoel Raymundo da Cunha, tesoureiro.

Importante dizer que este ano foi marcado pelo falecimento dovigário da freguesia, Pe. Antonio Barriga das Chagas, substituído por Fr.Agostinho do Espírito Santo que no mesmo ano foi sucedido por Fr. Pedro deSanto Angelo Mazzinghi de Pennaforte.

Em 1.821, foram escolhidos: Manoel Domingues da Trindade e Joãode Deus e Silva, juizes ordinários; Domingos Manoel de Souza, Eulério Franciscode Carvalho e Raymundo Antonio Rodrigues, vereadores; Francisco JoséMedeiros, procurador; e Manoel Raymundo de Conde, tesoureiro.

Este Senado em sessão de 10/03/1.821, renovou juramento em nomede todo povo de Ourém, em manter obediência à Constituição das Cortes,inclusive prometendo ao Rei D. João VI, manter a religião Católica Romana noMunicípio.

Em 1.822, ano em que se daria a independência do Brasil,governaram: Eusébio Jacques de Almeida e Joaquim José Espíndola, juizes eordinários; Antonio Albino de Medeiros, Francisco Antonio de Faria e JoãoBorges, vereadores; Antonio da Silveira, vereador.

Em 1.823, juramentaram-se e empossaram-se: capitão Paulo dosSantos Medeiros e João de Deos e Silva, juizes ordinários; Venancio José Reis,Manoel Raymundo da Cunha e João José Roiz, vereadores; Francisco José dosSantos Vianna, procurador; e João da Silva de Souza; Manoel Roque, DomingosManoel de Souza e Manoel Raymundo Rodrigues, que serviram de suplentes de

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vereadores e procurador. Nesse ano, na presidência sucederam-se o alferesLuciano Gomes de Araújo e Venancio José Reis, em março.

Foi um ano de turbulência e incertezas e Ourém que obediente àCorte portuguesa, ainda ignorava oficialmente a independência do Brasil até quea quatro de abril daquele ano foi aberta uma carta vinda da Junta Provisória quegovernava o Pará, que determinava o recrutamento de gente do interior parareforçar os contingentes da Capital, em sessão presidida por Domingos Manoel deSouza, mas nenhuma providência foi tomada sobre assunto em Ourém.

Ocuparam ainda o cargo de presidente do Senado em 1.823: em maioJoão José Rodrigues, e 17 de maio a 11 de agosto, Venancio José Reis, que eraanalfabeto.

Novamente a junta provisória da Província, enviou uma carta em 30de julho, em que entre outros assuntos, e representando a expressão da vontade dePortugal, demonstrava que tinha receio de que forças brasileiras oriundas do sulpudessem entrar em Ourém, para daí chegarem surpreendentemente a Capital daProvíncia, para consumar o que pretendia a campanha da independência. Na cartacontinha a indagação se na vila de Ourém e distritos não havia novidades.

No ato da Adesão do Pará à independência, em 11 e 15 de agosto de1.823, exerceram a presidência do Senado de Ourém, Manoel Roque, analfabeto,e Venancio José dos Reis. Este reassume em a 27 de agosto o cargo,transmitindo-o depois a Joaquim José Espíndola.

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OURÉM E O PERÍODO IMPERIAL

Ourém relutou muito em aceitar a independência do Brasil, custandomuito a acatar o novo regime e a aclamar a soberania “do muito alto e Poderoso”Senhor D. Pedro, Primeiro Imperador do Brasil. Talvez acostumado pelaescravidão a Portugal e duvidando da realidade ou aguardasse uma contra-revolução para repor novamente as instituições lusas. Ourém pode ter sido oúltimo Município do Brasil a se integrar à Independência Nacional, poisraciocinando que o Pará foi o último Estado a aderir em 23/08/1.823, e sabendoque nosso Município após esta data ainda pagava impostos às Côrtes de Lisbôa esó se convencendo da proclamação da Independência em 13/10/1.823, quase ummês e meio depois, logo conclui-se que tal demora em aceitar a valência do“Grito do Ipiranga”, garantiu-lhe até que se prove o contrário, a fama de último ederradeiro a “jogar fora os laços” de Portugal.

Hoje entendemos porque João Gualberto, autor do Hino Oficial deOurém relata em seus versos: “Ergamos nossa bandeira, que a Pátria inteiraliberta está...” ou “acorda povo de Ourém tu tens também que despertar...” .

A verdade é que nossos dirigentes daquele momento no Senado daCâmara se abateram de uma inércia demorada, que só foi cessada com orecebimento de um ofício do governo de Belém, aberto na sessão de 13/10/1823,presidida por Joaquim José Espíndola, contando com a presença dos vereadoresManoel Raymundo Rodrigues, Francisco Antonio de Farias, Antonio Albino deMedeiros, e procurador Raymundo José da Cunha.

Em 1.824, foram eleitos José Ignácio da Costa e Eulério Francisco deCarvalho, juizes ordinários; Anselmo José Reis, Domingos Pestana e PedroMilitão Cunha, vereadores; Nicoláo Tolentino dos Santos, procurador; eRaymundo José da Cunha, tesoureiro.

Importante dizer, que neste governo, na sessão de 03/01/1.825, foilido um Decreto de Sua Majestade Imperial, em que se fazia constar, ter Portugalreconhecido a Independência do Brasil.

Em 1.825, serviram no Senado: Manoel José da Cunha e ManoelDomingues da Trindade, juizes ordinários; João José de Conde, DomingosManoel de Souza e José Lopes da Cunha, vereadores; e Manoel RaymundoRodrigues, procurador.

Em 1.826, assumiram: Joaquim Rodrigues de Lima e José Lopes daCunha, juizes ordinários; Manoel Victorino de Souza, João Francisco Picanço eDomingos Manoel de Souza, vereadores; Manoel Raymundo Rodrigues,procurador.

Em 1.827, governaram: Antonio Manoel Nunes e Joaquim JoséGomes, juizes ordinários; João Victório Pestana, Henrique José Reis e FranciscoEugênio Roiz, vereadores; e Antonio Albino de Medeiros, procurador.

Em 1.828, serviram o Senado: Eulério Francisco de Carvalho, juizordinário; Venancio José Reis, Domingos Pestana e Manoel Antonio de Quadros,

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vereadores; e Manoel Raymundo Rodrigues, procurador. De 1.825 a 1.828,Manoel Raymundo da Cunha ocupou o cargo de tesoureiro do senado da Câmara.

Com o novo regime, mas com dificuldades nas comunicaçõesinternas e desconhecimento do País por parte do Governo, somente nos fins de1.828, adveio a lei orgânica dos municípios, criada pelo Decreto Legislativo de 1ºde outubro, abolindo o antigo processo de escolha dos corpos dirigentesmunicipais, prolongando mais o período de duração de mandato e ampliando aesfera de ação. O Senado da Câmara foi substituído pela denominação CâmaraMunicipal com o dispositivo do artigo 167 da Constituição do Império. Paracumprimento daquela lei, foi baixado pelo governo geral, em 01/12/1.728, asinstruções para as primeiras eleições, agora de vereadores e juizes de paz, emsubstituição aos antigos oficiais da Câmara, juizes de julgado, almotacés, etc.

Em 04/07/1.829, assumiu a presidência do Senado da Câmara,Manoel Raymundo de Macedo, que na sessão de 22 do mesmo mês, mandouafixar editais nas sedes das freguesias de Ourém, Rio Irituia e São Miguel daCachoeira, todos distritos de Ourém, marcando para o dia 09/08/1.729, a primeiraeleição de vereadores e juizes de paz, para governarem no quatriênio 1.829-1.832.

A lei de 1.828 determinava que as Câmaras das cidades tivessemnove membros, e das vilas sete e um secretário nomeado.

A eleição foi realizada na data marcada, sendo apurada em 12/08 ade juizes de paz e 14/08, dos vereadores, quando foram eleitos e tomaram possena última data, o primeiro juiz de paz da freguesia de Ourém, Manoel Dominguesda Trindade e suplente o major João de Deus e Silva; dia 19, o tenente JoaquimJosé Lages e Manoel José da Cunha, juiz de paz e suplente da freguesia de N.S.da Piedade do rio Irituia; e dia 22, o major Clemente de Almeida Pereira eLuciano Gomes de Araújo, juiz de paz e suplente de São Miguel da Cachoeira.

A primeira Câmara Municipal de Ourém foi constituída por IgnácioFelix Guerreiro, Nicoláo Tolentino dos Santos, Joaquim Rodrigues de Lima,Felippe Jacques de Almeida, Antonio Manoel Nunes, João Francisco Picanço eFrancisco Manoel Cordeiro, empossados a 26/08/1.829, juramentando também oprocurador Manoel Raymundo da Cunha (analfabeto), tesoureiro Antonio Luiz deAraújo, o fiscal e suplente Domingos Pestana e Venancio José Reis (analfabeto),e escrivães de juiz de paz, Bernardo Antonio Cordeiro, do rio Irituia e tenenteJosé Calixto da Cunha, de Ourém.

Em 05/10/1.829, foram empossados Joaquim Romano da Costa eSouza para escrivão de paz de São Miguel, João Antonio Pereira Lima e JoaquimJosé da Conceição, fiscal e suplente de São Miguel, e Manoel de Carvalho eFrancisco José Lages, para os mesmos cargos de Irituia.

Assim ficou montada completamente a nova máquina administrativado município, segundo os moldes do Império.

O primeiro Código de Posturas de Ourém continha 12 artigos, criadoem 08/01/1.830.

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A Segunda Câmara para o quatriênio 1.833-1.836, foi eleita em30/09/1.832: Eusébio Jacques de Almeida, presidente; Domingos CasemiroPereira Lima, João Mendes de Conde, Manoel José Gomes, Angelo Ferreira deSouza Sobral, Manoel Victorino de Souza e Joaquimda Costa e Souza, empossados a 07/01/1.833.

Nessa vereação, e sob o governo provinciano de José JoaquimMachado de Oliveira, aconteceram no período de 10 a 17/05/1.833, as celebressessões do Conselho do Governo da Província, que tanto influíram na divisão doEstado do Pará, quanto à sua delimitação municipal, e Ourém ficou incluído naComarca da Capital, mas constituído ainda territorialmente pelas freguesias doDivino Espírito Santo de Ourém, Nossa Senhora da Piedade de Irituia e SãoMiguel da Cachoeira, abrangendo sua extensão territorial a maior parte da baciado rio Guamá, excluindo o rio Capim.

Também vale o registro, de que nesse mandato, em sessão de13/01/1.834, repudiando a abdicação de D. Pedro I, a Câmara convidou oshabitantes do Município para “prestarem juramento de fazer crua guerra aoDuque de Bragança (D. Pedro I)”.

Ourém também manteve atitude hostil ao governo cabano, e emsessão de 14/07/1.835, sob a presidência de Eusébio Jacques de Almeida, recusouterminantemente a dar posse ao professor primário Belizário Rodrigues Martins,que fora nomeado pelo governador cabano Francisco Pedro Vinagre, “declarandoilegal o título exibido”. Em outubro do mesmo ano, registrou-se o falecimento dopresidente Eusébio Jacques de Almeida, assumindo interinamente Pereira Lima,voltando a se reunir somente em 23/06/1.836, sob a presidência de João Mendesde Conde.

Nesse período de silêncio das atas, nota-se um barulho do caosocasionado por seguidas invasões cabanas, que em princípios de 1.836 fizeramdepredações e morticínios na vila, só respeitando os refugiados na igreja matrizdo Divino Espírito Santo. Nessas investidas, a antiga casa forte de Luiz de Moura,que já deteriorada pela ação do tempo e abandono de conservação, foicompletamente arrasada.

O líder cabano que chefiou os invasores da vila de Ourém foiAgostinho Moreira, foragindo-se nos campos do Mururé e depois nas cabeceirasdo Induá, onde foi alcançado e preso pelas forças legais.

Tudo cessou e voltou a calmaria, quando o general Soares de Andréaretomou o governo em 13/05/1.836, ordenando que remontassem a escuna deguerra Fluminense, e que sob o comando do oficial Osório e pilotada por José doO’ de Almeida, subiu o rio Guamá chegando até a localidade de Tupinambá semprecisar entrar em ação, pois todos os bandos cabanos se haviam dispersado.

Em 1.837, foi empossada a nova Câmara para o período 1.837-1.840,constituída por Ignácio Felix Guerreiro, presidente; Pedro Militão da Cunha,Eulério Francisco de Carvalho, Domingos Manoel de Souza, Martinho dos SantosMartyres, Francisco Eugênio Rodrigues e Domingos Manoel Pestana, vereadores.

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Em 1.841, serviram a Câmara no quatriênio 1.841-1.844: IgnácioFelix Guerreiro, Pedro Militão da Cunha, Eulério Francisco de Carvalho, José dosSantos Gomes, Raymundo José da Cunha e Luiz Caetano da Motta. Aindaatuaram à partir de 1.843, Marcello Antonio Roiz, secretário, o professor primáriode Ourém, Felippe Eutychio Xavier, e o procurador Manoel Raymundo da Cunha(analfabeto).

No quatriênio 1.845-1.848, atuaram: Domingos Manoel Pestana,Domingos Manoel Roiz, Manoel Victorino de Souza, Sabino José da Cunha,Feliciano José da Silva e Souza, João Marcellino Pandilha e Martinho dos SantosMartyres.

No quatriênio 1.849-1.852, governaram: Felippe Eutyquio Xavier,João Francisco Picanço, Martinho dos Santos Martyres, Antonio José de Souza,Feliciano José de Lima, Manoel Pedro Rodrigues Pandilha e Marcelo AntonioRoiz. Ainda atuaram no período o procurador da Câmara José Francisco Vianna,em 1.849, e substituído à partir de 1.850 pelo cidadão Raymundo Manoel Leite.Na regência da escola primária de Ourém, em 1.849, em dezembro assumiu opadre Dionysio Roiz Alliança, vigário da freguesia.

No quatriênio 1.853-1.856, constituíram a Câmara: Eulério Franciscode Carvalho, Salvador Francisco Ribeiro, Domingos Antonio Gil de Oliveira,Domingos Manoel Roiz, Domingos Manoel Pestana, Amandio José Reis e JoãoLopes da Cunha.

Em 1.854, a lei provincial 273, de 23/10/1.854, desmembrou oTermo de Ourém da Capital e uniu à de Bragança, compreendendo ainda o nossoTermo, as três freguesias do Divino Espírito Santo de Ourém, Nossa Senhora daPiedade de Irituia e de São Miguel da Cachoeira.

Para o quatriênio 1.857-1.860, foram empossados os vereadores:Antonio Fernandes Ribeiro, João Lopes da Cunha, Antonio Roiz Chaves,Joaquim José Lopes, José da Silva e Souza, Martinho dos Santos Martyres, eClarindo Roiz da Silva, como suplente.

As delimitações de Ourém, segundo Nobre Mourão, de 1.762, foramratificadas pela lei nº 301 de 22/12/1.856, tendo seu cumprimento dado em22/06/1.857, pelo presidente da Província Henrique de Beaurepaire Rohan.

Outro fato que merece registro nesse período de governo foi apersonagem Santa Maria Martyr, incorporada pela escrava Martinha, pertencenteao casal de Antonio José de Souza. Segundo relatos da época, não passou de umafarsa, mas foi suficiente para desassossegar a vila e merecer intervenção dapolícia da Capital.

Teria ela, a escrava Martinha, ou Santa Maria Martyr, a ajuda doaventureiro português conhecido por Elias, que desempenhava o papel do Diabo,sendo apelidado de Diabo de Ourém, nesse episódio teatral.

Depois de se instalar na igreja matriz, passou a predizer o futuro, afazer “milagres”, receber espíritos, exigir preces, arrastada pelo “Diabo”

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influenciando o povo à cometer extravagâncias, dominando as autoridades,exumando mortos, controlando até a entrada e saída da vila.

Entre outras coisas do gênero, o “Diabo” convenceu o povo de queestava mesmo possuído, sofrendo opressões demoníacas e a “santa” mandouaçoitar com varas de São Tomé, o cadáver de uma tal Maria do Nascimento, coma finalidade de sua alma chegar no Céu.

Foi preciso a intervenção enérgica do chefe de polícia, Dr. OlynthoJosé Meira, que motivado pela vinda da Capital, do padre Ismael Manito,prendendo a “santa” e chamando à ordem os fanáticos.

Consta ainda sobre esses fatos, estudos da professora Maria LuizaTucci Carneiro, da Universidade de São Paulo (USP), que revelam a existência deprocessos de exorcismo incriminando o padre José Maria Fernandes, vigário deOurém na época.

A história conta que o padre José Maria Fernandes, pretendia salvar aescrava Martinha, que estaria possuída pelo demônio. Insuflados pelo vigário,cerca de dois mil fiéis lotavam diariamente a paróquia de Ourém, para orarem naintenção de afastar o diabo da escrava. No processo, Martinha foi convocada àdepor, e disse que “sentia o corpo queimar”, e que estava “sendo devorada pelofogo” .

Habitantes de Ourém da época descreveram nos processos, que odiabo era “de cor preta e cheiro de enxofre” tendo “aspecto hediondo e seexprime em grego e latim”. E movidos pelo medo aos feitiços, grupos de fiéischegaram a organizar procissões noturnas aos cemitérios, onde abriam os caixõese oravam pelas almas dos mortos.

No quatriênio 1861-1864, ocuparam a Câmara Municipal: DomingosManoel Pestana, José Francisco Picanço, Raymundo Manoel Leite, João AntonioLopes, Marcello Antonio Roiz, Olímpio Gomes da Rocha e Amandio José Reis.

No final desse mandato, índios Urubus invadiram vários sítios doalto Guamá, roubando e assassinando, motivando uma expedição de 25 guardasnacionais, comandados pelo capitão do mato José dos Santos Brandão, que depoisde encontrar os silvícolas, e com superioridade de armas arrasou-os, tendotambém algumas baixas.

Os índios Urubus ainda voltaram ao local do massacre, com reforços,para buscar os cadáveres de sua tribo. Aproveitaram para desenterrar o cadáver deum expedicionário, tirando-lhe a pele e espichando, servindo-se de suas carnesreduzidas a tiras.

Foi preciso uma nova expedição contra os índios Urubus, ainda em1.864, desta feita organizada pelo chefe de polícia da Província, Dr. José deAraújo Roso Danin, que organizou tal expedição com 150 guardas nacionais,tirados de Ourém, Irituia e São Miguel, e sob o comando do alferes AntonioManoel Nunes e Marcello Antonio Rodrigues, que fizeram penetrações nosaldeamentos, cujos habitantes, antes mesmo de serem atingidos, bateram em

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retirada, abandonando e incendiando suas feitorias, indo se alojar para o ladodas nascentes dos rios Guamá e Gurupi.

No quatriênio 1.865-1.868, Ourém começa a conhecer personagensque num futuro próximo, viriam a se destacar como protagonistas de uma luta deinteresses, no ápice das agitações políticas do período imperial, um deles foi oconservador Pe. Marcello Alves de Menezes, que foi eleito para esse quatriênio,juntamente com Elisiário José de Carvalho, José de Almeida Penniche,Modestino Percio dos Reis, Antonio Manoel Nunes, Domingos Casemiro PereiraLima e Antonio José Cordeiro.

Até 1.867, Ourém ainda compreendia dentro de seu território osatuais Municípios de São Miguel do Guamá e Irituia e na política travavam lutapelo poder os partidários liberais e conservadores.

Padre Marcello, passou então sofrer retaliações de adversáriosliberais, que com a ajuda da Capital, criaram o Município de Irituia, no territórioonde compreendia a Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, conseguindo ointento pela Lei Provincial, nº 534, de 12/10/1.876. Porém o triunfo liberal nãodurou muito, pois a Lei Provincial nº 586 de 23/10/1.868, revogou e anulou aprimeira, atendendo os conservadores.

Os liberais comandados pelo professor Marcolino SuranoDamasceno contra-atacaram reunindo todas as suas forças eleitorais, e numaeleição tumultuada conseguiram eleger seus vereadores e juizes de paz para opróximo quatriênio. Em 1.869, foi empossada a nova Câmara para o período 1.869-1.872,constituída por Domingos Casemiro Pereira Lima, Felix José Rodrigues, José Gilde Oliveira, Lázaro Antão Picanço, José dos Santos Gomes, Sérvulo do Couto eAthayde e João Raymundo Theotonio.

Os conservadores ainda tentaram a anulação das eleições, mas nãolograram êxito e o resultado das apurações foi mantido. Porém em breve tempo osconservadores viriam usar de um expediente já praticado, em 1.868, pelosliberais, quando da criação do Município de Irituia e em 31/10/1.870 com ajudatambém da Capital e por força da Lei Provincial nº 663, criaram o Município SãoMiguel do Guamá, que apesar do protesto do presidente interino da Câmara deOurém, Elisiário José de Carvalho, os conservadores evitaram a revogação da leicriadora, vingando portanto o Município de São Miguel que também conseguiuincorporar em seu território a freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Irituia,golpeando de uma vez só, os liberais e o Município de Ourém.

Mais tarde, os liberais tiveram como consolo uma nova vitória naseleições seguinte, e levaram para a Câmara, a maioria que governou no quatriênio1.873-1.876, composta por Domingos Casemiro Pereira Lima, BoaventuraAntonio da Fonseca, Martinho dos Santos Gil, Vicente Anastácio de Souza,Hipolyto José Pestana, Antonio Joaquim de Oliveira Barqueiro e AmandioRodrigues da Silva.

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Depois de criado o Município de São Miguel do Guamá foiinstalado à 07 de janeiro de 1.874, com juramentação da Câmara eleita, nas mãosdo presidente interino Felix José Rodrigues.

Tais desmembramentos não foram suficientes para diminuir a brigade padre Marcello (conservador) com o professor Surano (liberal), pois oprimeiro sabedor do afastamento da presidência da junta Domingos CasemiroPereira Lima(liberal), por motivo de saúde, e consequentemente em suasubstituição, assumiu o conservador Hipolyto Pestana, foi o combustívelnecessário para atiçar o fogo para retomar o poder de Ourém, nas eleições de1.876.

As manobras de Pe. Marcelo consistia em aproveitar a presidênciainterina de seu discípulo Pestana, para excluir seus adversários e qualificar seussimpatizantes na junta eletiva de 1.876, para em seguida colher os frutos eletivospara o próximo quatriênio.

Para evitar o desastre liberal, professor Surano Damasceno contra-atacou com a volta do presidente efetivo, o gravemente enfermo Pereira Lima. Pe.Marcello então insuflou Pestana a protestar contra o retorno de Lima, alegandoseu precário estado de saúde e a moléstia incurável que o minava, doença essaque já estava em estado adiantado, tornando-o incapaz e inapto para presidir ostrabalhos da Câmara.

Em São Miguel, o fato de Pereira Lima insistir em reassumir o cargoantigo gerou muita confusão entre os simpatizantes das duas correntes, ocasiãoem que foi ameaçado de espancamento em sua própria residência pelospartidários de Pe. Marcello.

O conservador Lázaro Antonio Picanço, que era o único eleitorresidente em Ourém e membro importante da Junta, resolveu criar duplicatas doslivros e demais documentos, para em contraposição a Pereira Lima realizar ostrabalhos eletivos de forma paralela, presidida por Hipolyto Pestana. Nadaadiantou, pois o presidente da Província Dr. João Capistrano Bandeira de MelloFilho, reconheceu a legitimidade dos trabalhos presididos por DomingosCasemiro Pereira Lima (liberal).

Pe. Marcello Menezes, continuou suas investidas a seguir fundandoem Ourém o Partido Catholico, uma espécie de nova versão do PartidoConservador para combater o Liberal, que era contrário à religião, mas a idéia nãodeu frutos e foi então que no quatriênio seguinte(1.877-1.881) surgiu novamentea idéia da criação do Município de Irituia, desta feita sob influência de Pe.Marcello, contra os liberais de São Miguel, pois o território irituiano na ocasiãopertencia aos cachoeirenses. Irituia foi criado pela Lei 934 de 31/07/1.879. Osliberais lutaram muito para impedir a instalação no novo município sóconseguindo em 25/12/1.886, com a Lei 1.286 revogando a antiga de 1.879.

Simultaneamente nesse mesmo período, é bom dizer que a Lei nº1.023 de 01/05/1.880 criou a Comarca do rio Guamá, com sede em São Miguel,mas a Lei Provincial nº 1.027 revogou a precedente na data 11/11/1.885.

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No quatriênio 1.881-1.884, serviram a Câmara Municipal deOurém, José da Silva e Souza, presidente; Marcos José Ribeiro, Pedro AlcântaraRodrigues Pandilha, José de Souza Nobre, Balthazar José de Carvalho e FélixJosé Rodrigues, vereadores.

Em 1.885-1.886 juramentaram-se o presidente Antonio Roberto daSilva; o vice-presidente José de Souza Nobre; e os vereadores José Hildebrandoda Silva, Marcos José Ribeiro, Germano Antonio Pestana e Antonio HilárioRodrigues.

Em 07/09/1.887 tomaram posse Estácio José Picanço, Antonio Lucasda Silva, Sabino de Sousa Nobre e Boaventura Antonio da Fonsêca; que comPedro Alcântara Rodrigues Pandilha e Julião Alves de Menezes formaram a novaCâmara.

O ano de 1.887 foi fatídico para o Município de Ourém, que em facede tantos distúrbios políticos e sem que se vislumbrasse um acordo razoável paraos partidos, foi extinguido juntamente com o Município de Moju.

O 1º vice-presidente da Província do Pará, Coronel FranciscoCardoso Junior, se encarregou de assinar a Lei nº 1.307 de 28/11/1.887, e numúnico artigo apagou os 125 anos de existência de Ourém, anexando-o, comofreguesia, ao Município de São Miguel do Guamá, que passou a sediar ecomandar na totalidade as três freguesias(Divino Espírito Santo de Ourém, NossaSenhora da Piedade de Irituia e São Miguel da Cachoeira) outrora sediada porOurém desde as sessões de 10 a 17 de maio de 1.833.

Mas o ato da extinção só trouxe desvantagens para a zona,instalando-se um clima de ignorância por parte dos moradores de Ourém e Irituiaem relação à São Miguel do Guamá, e o Legislativo Provincial reconsiderouaquele ato, para em 05/10/1.889, o Presidente da Província Dr. Antonio JoséFerreira Braga, sancionar a Lei nº 1.399, reparando a injustiça de 1.887,restituindo à categoria de vila à sua sede e restaurando o Município de Ourémcom os mesmos limites que possuía antes da Lei 1.307 de 28/11/1.887.

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Mapa de Ourém, por Palma Muniz, baseado na definição do ouvidor FelicianoRamos Nobre Mourão no Ato de Instalação do Município, de 29 de maio de 1762

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Área total de Ourém após as emancipações de São Miguel e Irituia, por PalmaMuniz

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O PERÍODO REPUBLICANO EM OURÉM

Com a proclamação da República deflagrada pelo Marechal Deodoroda Fonseca, esta encontrou o Município de Ourém restaurado recentemente, masnão instalado, pois havia apenas 42 dias do ato reparador do Dr. Antonio JoséFerreira Braga, entretanto figuras como Estácio José Picanço, Pedro de AlcântaraRodrigues Pandilha, Bernardino Antonio da Fonseca e Antonio Lucas da Silva,em Ourém já trabalhavam para a nova organização comunal, formando umaComissão Municipal.

Coube ao Dr. Justo Leite Chermont, instituir o Conselho deIntendência, que através do Decreto nº 128 de 07/04/1890 extinguiu a ComissãoMunicipal, para em seguida na mesma data com o Decreto 129 sacramentar aIntendência Municipal, para a qual nomeou como primeiro Intendente JoséHenriques Xavier de Souza, e os vogais pioneiros Veridiano Henriques Reis,Amâncio José Reis e Eusébio José Alves, cuja instalação se deu em solenidade nadata de 26/04/1.890.

Uma vez instalado o novo conselho, começaram os trabalhos paraorganizar o Município, e mesmo sem a promulgação da Constituição e ainda sobo governo provisório, desta feita exercido pelo Dr. Gentil Augusto de MoraesBitencourt, amparado pelo decreto nº 7 de 20/11/1.889, foi feito o primeiroorçamento de receita e despesa do Município, para o exercício 1.892.

De acordo com o ato do Governador de nº 297, a receita foi orçadaem 2:941$500 e a despesa em 2:679$000.

Veio então a primeira Lei Orgânica dos Municípios do RegimeRepublicano, criada pelo Decreto nº 419 de 28/10/1.892, iniciando a vidaconstitucional do Estado, baixado pelo Dr. Lauro Sodré, primeiro Governadoreleito, compondo então os governos municipais de um Intendente Municipal paraas funções executivas e de acordo com a categoria da sede Municipal o ConselhoMunicipal era composto por um número previamente determinado de membros.Ourém, por ter a categoria de Vila, ficou constituído de um intendente e quatrovogais, com a posse ocorrendo sempre em 15 de novembro, data esta escolhidaem alusão a data proclamação da República de 1.889. O primeiro triênio iniciou-se em 15/11/1.891, figurando como Intendente Municipal, Eusébio José Alves, eo Conselho Municipal do qual fizeram parte os vogais Veridiano Henriques Reis,Vicente de Paula Rodrigues e Antonio Roberto Júnior.

À 15/11/1.894 tomaram posse o intendente Marcos Florindo dos Reise os vogais Francsico do Rosário e Souza e José Silvério dos Santos, que com osvogais da turma anterior Veridiano Henriques Reis e Antonio Roberto Junior,compuseram o segundo Conselho Municipal até 15/11/1.897.

De 15/11/1.897-15/11/1.900, assumiram Maximiano FranciscoPereira Alves, intendente e os vogais Manoel Alexandrino de Farias, AntonioSabino de Souza, José Silvério dos Santos e Veridiano Henriques Reis.

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De 15/11/1.900-15/11/1.903, funcionaram o major Pedro Ivo daCunha, intendente e os vogais capitães Joaquim Dionysio da Costa e AgostinhoPereira de Jesus, Antonio Sabino Nobre e Manoel Alexandrino de Farias.

De 15/11/1.903-15/11/1.906, repetiu-se o intendente Pedro Ivo daCunha, e capitães Joaquim Dionysio da Costa e Agostinho Pereira de Jesus daturma antiga, além do capitão Manoel Silvino dos Reis e Francisco José deAlmeida.

Principal ponto de habitação de Ourém na virada do século XIX para o XX.

De 15/11/1.906-15/11/1.909, assumiu o tenente-coronelHermenegildo Lopes dos Santos Alves como intendente e os vogais capitãoManoel Silvino dos Reis, Antonio Janellas de Souza, Francisco de Farias Reis eJosé Benevenuto de Castro.

A Lei nº 770 de 02/03/1.901 alterou o número de vogais de quatropara seis, face já possuir o Município de Ourém uma população superior a dezmil habitantes, e em conseqüência foi necessário eleger mais dois vogais alémdos dois da renovação trienal, um por três anos e o outro por seis, recaindo aescolha para a primeira vaga por três anos no cidadão Francisco José de Almeidae para a Segunda em José Benevenuto de Castro.

De 15/11/1909-15/11/1912, foi reeleito o tenente-coronelHermenegildo Lopes dos Santos Alves, como vogais assumiram os capitãesAgostinho Pereira de Jesus e Francisco de Farias Reis, e o cidadão JoséBenevenuto de Castro, além de Manoel Silvino dos Reis, Francisco José deAlmeida e Antonio Janellas de Souza para a renovação da metade do Conselho.

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“A Alvorada”. Primeiro jornal de Ourém, exemplar de 14/07/1912 já em seuquinto ano de existência.

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De 15/11/1.912-15/11/1.915, assumiu com Intendente MunicipalPaulo Alves da Silva, e vogais Manoel Silvino dos Reis, Francisco José deAlmeida e Antonio Janellas de Souza e mais Athanásio Antonio da Fonseca, ecapitães Agostinho Pereira de Jesus e Francisco de Farias Reis, eleitos para arenovação.

De 15/11/1.915-15/11/1.918, o Intendente foi o tenente-coronelCândido José de Souza, e vogais Athanasio Antonio da Fonseca, capitãesAgostinho Pereira de Jesus e Francisco de Farias Reis, Manoel Basílio da Silva eAmadeu Tavares e Silva e Plácido Barnabé Picanço, os três últimos para arenovação da metade do Conselho Municipal.

Família tradicional ouremense do início do século XXI.

De 15/11/1.918-15/11/1.921, exerceu o cargo de IntendenteMunicipal o major Orlando Guilhon de Oliveira, e o Conselho constituído peloscapitães Amadeu Tavares e Silva, Plácido Barnabé Picanço e Manoel Basílio daSilva da turma antiga, e Manoel Ribeiro do Espírito Santo, Alberto Pereira Limae Athanasio Antonio da Fonseca, da renovação.

De 15/11/1.921-15/11/1.924, foi reeleito para Intendente o majorOrlando Guilhon de Oliveira; e vogais Leoncio Xisto de Carvalho, FranciscoDomingos de Oliveira e Domingos José Pastana, que formaram o conselho comManoel Ribeiro do Espírito Santo, Alberto Pereira Lima e Athanasio Antonio daFonseca. Neste triênio foi registrada a renuncia do Intendente major Orlando

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Guilhon de Oliveira na data de 01/01/1.923, sendo substituído por AthanasiioAntonio da Fonseca.

Após a promulgação da Reforma Constitucional do estado, em26/10/1.922, o governo passou a nomear os intendentes municipais, alterandoassim a organização municipal, consolidada pela Lei nº 2.100 de 03/11/1.922.

No ano de 1.924, para a renovação do Conselho foram consagradosnas urnas os vogais já empossados Manoel Ribeiro do Espírito Santo, AlbertoPereira Lima e Vicente de Paula Rodrigues, que receberam mandatos paraencerrar em 15/11/1.930, com exceção do último, que faleceu. Foi nomeadointendente o major Orlando Guilhon de Oliveira para o mesmo período.

De 1.930 até 1.943, foram registrados os seguintes intendentes:Manoel Araújo Filho (1.930-1.933), Perseverando Corrêa Seixas (assumiu em28/03/1.933), Júlio Tavares da Costa (assumiu em 28/05/1.935), RaimundoOrlando Guilhon Filho, este entre outras obras, edificou o primeiro mercadomunicipal; Wenceslau Xavier Nogueira, Adalberto Chaves de Carvalho, AmadeuTavares e Silva, Jorge Corrêa, Hermancio de Mendonça Alves, este nomeado em22/12/1.943, Antonio Rosa da Cunha(nomeado em 17/11/1.945).

Habitantes de Ourém dos anos 1940(família Souza). Atrás o campo doGuamá que anos mais tarde passou a chamar-se campo do Souza.

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O velho mercado construído por Raimundo Orlando Guilhon Filho.

Em 1.945, Ourém iniciou o período constitucional e durante aadaptação do novo sistema, Hermancio de Mendonça Alves, voltou a sernomeado, desta feita pelo Interventor Federal do Estado Otávio Meira em24/02/1.946. Foi Hermancio quem alojou as primeiras famílias oriundas donordeste brasileiro, na localidade que viria a ser no futuro a sede do Município deCapitão Poço. A partir de 1.948 foi eleito o primeiro prefeito: Humberto Fernandesdos Santos eleito em 11/01/1.948 e empossado em 08/02/1.948 governando até1.951. Fernandes implantou o primeiro sistema de energia elétrica na cidade etrouxe as primeiras mudas de jambeiro para o Município, num total de seis, sendoque quatro delas foram plantadas em alinhamento, em local onde hoje sombreiama praça Magalhães Barata. Uma das mudas restantes foi plantada em frente aosobrado, local onde hoje está edificado o prédio do Forum, e a última, no quintalde uma residência particular.

De 1.951-1.955, foi eleito Alderico Ribeiro Ayres, que aos 21 anosde idade foi o prefeito mais novo do Brasil, tendo inclusive viajado para a capitalfederal, na época a cidade do Rio de Janeiro, sendo homenageado pelo presidenteda República, Getúlio Vargas, trazendo verbas para realizar várias obras. Guardadas as devidas proporções, Alderico Ayres está para a históriade Ourém como Juscelino Kubitschek está para o Brasil. Embora os relatos decontemporâneos digam que o prefeito-rapaz comia pelas mãos do pai, o português

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Manoel Ayres, oficialmente no poder, foi Alderico quem integrou literalmente oMunicípio de Ourém com outras regiões do Estado, rasgando no braço, commachados, facões e enxadas, estradas importantes como boa parte da PA-124, notrecho que liga Ourém à Capitão Poço.

Foi Alderico Ayres em seu mandato, quem construiu a prefeituraatual, reforçou a eletrificação da cidade, inclusive adquirindo um novo motor paraforça e luz, o primeiro posto médico municipal (local onde hoje funciona aSecretaria de Ação Social), mandou forrar o teto da igreja matriz, construiu oprédio que servia de Secretaria de Obras (hoje prédio da Emater), construiu doisgalpões que serviam de garagem (ao lado do escritório da Celpa), e aindaconstruiu a escadinha para facilitar o embarque e desembarque de gêneros eproduções ribeirinhas, escadinha essa, que foi o ponto de referência para aconstrução do atual cais de arrimo que margeia o rio Guamá em toda extensão dacidade entre outras muitas obras que beneficiaram cidade e interior.

O edifício da Prefeitura, ainda hoje imponente e a Usina de Força e Luz,obras grandes de Alderico Aires em época difícil.

De 1.955-1.959, assumiu o Sr. Raimundo Carvalho Siqueira, gestorque deu continuidade ao processo de instalação de famílias oriundas do nordestedo Brasil, iniciado por Hermancio Alves, no local aonde futuramente viria ser asede do Município de Capitão Poço. Siqueira também construiu o prédio doantigo Grupo Escolar “Pe. Antonio Vieira”, hoje Escola Municipal “RubensGuimarães Junior”, implantando também o sistema de balsa para a travessia dorio Guamá e uma usina de beneficiamento de cereais, prédio ainda existente atrásdo armazém da “Sá Ribeiro”.

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A balsa em atividade.

De 1.959-1.963, governou o Município de Ourém, o Sr. AntonioBruno de Souza Nery, prefeito que ficou marcado por uma única obra concreta, ocoreto da praça da matriz. Foi em seu governo, que foi desmembrado eefetivamente instalado o Município de Capitão Poço.

De 1.963-1.967, Dário Zinho de Oliveira assumiu as rédeas doMunicípio, passando pelo poder sem muitas realizações, era o prefeito do “Pois,não!?” uma espécie bordão dito sempre por ele para mostrar que estava sempreaberto ao diálogo. O que mais é lembrado pelos contemporâneos da época, são asfestas religiosas, principalmente a “Festa de São Benedito”, que a partir de 1.965foi marcante na memória de todos. Foi nesse período que os padres Barnabitas,edificaram no meio do mato o Colégio São José, hoje “Escola Estadual de EnsinoFundamental e Médio Pe. Angelo Moretti”. Dário ainda iniciou a construção deuma praça-parque em forma de triângulo no local onde hoje está instalada aTelemar.

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Centro de Ourém dos anos 1960. A balsa ainda fazia a travessia de veículos,como se vê no lado direito da fotografia, indicada pela seta.

De 1.967-1.971, Antenor Fonseca de Oliveira (ARENA) dirige oMunicípio. Nesse período, em parceria com o governo do Estado, no dia03/04/1.967, os padres Barnabitas inauguram o Ginásio Estadual “Pe. AngeloMoretti”(GEPAM) onde seria o colégio São José. Ourém conheceu o primeirosistema de abastecimento de água e esgoto (Serviço Autônomo de Água eEsgoto), o primeiro matadouro municipal e o então Governador do Estado Alacidda Silva Nunes, asfaltou pela primeira vez a estrada PA-124, e precisamente em1.969 inaugurou a primeira ponte de madeira ligando os Municípios de Ourém eCapitão Poço. A Celpa(Centrais Elétricas do Pará) também fincou seus primeirospostes de acapu na zona urbana da cidade, instalando um motor mais possantemovido à óleo diesel e distribuindo uma rede mais equilibrada para os usuários dasede do Município, no período das 18 às 24 horas.

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A construção da primeira ponte, em madeira, ligando os Municípios deOurém e Capitão Poço, em 1.969 pelo governo Alacid Nunes.

Mas Antenor, o “Bararu” tem como seu maior feito, a eleição de seusucessor Haroldo Alencar de Souza numa eleição tumultuada e muito contestadapelos simpatizantes da oposição comandada por Quirino Miguel de Araújo(MDB), popularmente conhecida como MODEBRA.

Haroldo Sousa discursando.

De 1.971-1.973, Haroldo Alencar de Souza (ARENA) assume aprefeitura para um mandato tampão, tendo como vice Francisco Pinto, e apesar docurto mandato alicerçou as bases para retornar na primeira oportunidade.

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Haroldo talvez tenha sido o mais dinâmico dos prefeitos da erarecente, sendo diligente na administração e seu espírito de administradorexcêntrico mudou definitivamente a cara e o resto do corpo da cidade de Ourém.

Nesta primeira gestão, Haroldo Alencar de Souza começoufortalecendo a secretaria de Obras que tinha em sua frota além de caçambasbasculantes, maquinário pesado suficiente para rasgar estradas, ocasião em quemelhorou e aumentou o número de ramais integrando ainda mais o Municípiocom as localidades mais distantes. Também construiu várias escolas na sede e nointerior. A mais polêmica, sem dúvida, foi a doação do terreno do campo do“Souza” para o Estado, onde foi edificada a Escola Estadual “Pe. AntonioVieira”. Ourém ficou por um longo período sem campo de futebol, o que gerouprotestos da juventude da época, que pichou muros e logradouros cobrando umespaço para a prática do esporte mais popular do País. O campo do colégio “Pe.Angelo Moretti”, que nunca teve um gramado bom como o do “Souza”, serviu dequebra-galho por determinado período.

Também foi nesse período em que o antigo mercado municipal,construído pelo intendente Raimundo Orlando Guilhon, no local onde hoje está aprimeira pracinha da travessa Lázaro Picanço, foi demolido impiedosamente, e acadeia de pontos comerciais de barracos que existia nas margens do rio Guamá,de frente para o mercado e com os fundos para rio, enfeando e poluindo asmargens foi removida para a atual praça comercial. Houve resistência de algunscomerciantes, que teimaram em ficar, mas o prefeito ordenou que os entulhos doantigo mercado fossem depositados em frente dessas tabernas, dificultando oacesso de fregueses.

Assim era o fundo das tabernas na beira do rio, enfeando a orla da cidade.

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Haroldo Sousa demoliu o antigo mercado e colocou os entulhos na frente dastabernas de comerciantes que insistiam em ficar no local.

Em contrapartida o prefeito construiu um novo e mais espaçosomercado no terreno em que antes funcionou a “Ação Católica”, que estavaabandonado no coração da cidade, já em ruínas. Hoje, este mercado estádestinado internamente para a comercialização de peixes, e externamente paraexploração comercial diversa. Em volta de toda essa área, terrenos baldios foramdesapropriados e entregues aos comerciantes removidos da beira do rio. Houveincentivo por parte do administrador, no sentido de que os pontos fossem todosconstruídos em alvenaria, como se pode comprovar nos dias de hoje. Novosarruamentos como o alongamento da Rua São Francisco e criação do bairro do“São Paulo”.

Terreno da “Ação Catótlica”, já sem o muro, sendo preparado para o novomercado.

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O prefeito Haroldo também pavimentou a avenida Pe. Ângelo Moretti,trocando árvores centenárias por castanholas e acácias.

Assim ficou a avenida Pe. Ângelo Moretti.

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No mandato de 1.973-1.977, volta a prefeitura com a ajuda de seuantecessor, Antenor Fonseca de Oliveira (ARENA), noutra eleição que jamaisconvenceu a população ouremense, que até hoje não entende a derrota deRoberval Jorge Amorim (MDB). Antenor não realizou muito, porém manteve osserviços essenciais de forma satisfatória, conservando ramais, reformando escolase apoiando a parte de segurança. Foi em seu mandato que o governo do Estadoconstruiu o Hospital de Ourém e também inaugurou o primeiro posto telefônicoem Ourém, a antiga Telepará.

De 1.977-1.983, Haroldo Alencar de Souza, que tinha como viceRaul Mota da Costa, na época representante da então vila de Santa Luzia doquilômetro 47 da Pará-Maranhão, maior reduto eleitoral do município, pelasublegenda (ARENA-2) retorna à prefeitura de forma espetacular, desta feitatendo como adversário principal Antenor Fonseca de Oliveira que havia indicadopara sua sucessão, Wolney Vasconcelos Dias (ARENA-1). Sem a máquina, mascom apoio de classes como, por exemplo, os comerciantes e pecuaristas, venceuas eleições de 1.976 pela diferença 1.135 votos.

Neste mandato o baixinho Haroldo que era chamado de “Potó”, emalusão a um minúsculo besouro que expele um ácido que faz estrago na pelehumana, numa parceria nunca vista com o Governo Estadual, retoma odesenvolvimento administrativo do Município, e em seis anos realiza a seu modo,com muito dinamismo e austeridade o mandato que serve como divisor de águasde todas as outras administrações. Foi nesse período que Ourém ficou conhecidacomo a cidade mais limpa do Estado.

Seu estilo de atuação fugia aos padrões de seus antecessores, pois eravigilante em todas as áreas administrativas, centralizando tudo literalmente ao seucomando, pouco se importando também com o Legislativo. Era um perfeccionistapor excelência, que incorporou o patriotismo por Ourém para acertar e errartentando acertar, chamando toda a responsabilidade para si. Ourém sofreu em seugoverno a metamorfose do saudosismo histórico para a modernidade à base daalvenaria.

A cidade que sempre teve sua célula-núcleo no tripé igreja-prefeitura-mercado, com poucas ruas, a maioria de chão batido margeada porcapim e mato rasteiro, passava agora a vislumbrar novos horizontes. Foi nestesegundo mandato de Haroldo que tivemos as realizações mais radicais do pontode vista de direcionamento da expansão da cidade e do município de Ourém, emdetrimento da tradição histórica da cidade, senão vejamos:

Num misto de parceria com o Estado, entre outras obras de serviçosessenciais, podemos citar a construção do estádio de futebol e quadraspolivalentes; construção do terminal rodoviário em local, na época, periférico eque com o alongamento da travessa “Sete de setembro” e de todas as outrastransversais propiciou a habitação e urbanização do bairro do “Terminal”; aconstrução do primeiro prédio do Fórum e residências de juiz e promotor;

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construção da primeira parte do cais de arrimo que compreende o perímetro da“Escadinha” à ”Barraca da Santa”; levantamento do nível da praça MagalhãesBarata, construção da outra praça ao lado, ainda sem nome, e mais a praçaVitaliano Vari, em frente a “Barraca da Santa” e as pracinhas do “Cruzeiro” e“Luiz de Moura” na saída da cidade, melhoramento da maioria das ruas incluindomeio-fio e banho asfáltico; novos arruamentos, como a ligação da ruaHermenegildo Alves com o antigo bairro da “Forquilha” com todas astransversais e loteamentos; o mesmo procedimento foi feito em relação ao bairrodo “Porão”; a telefonia estendida do posto de serviço para o residencial(inicialmente, os ramais possuíam apenas 3 números e para ligações interurbanasera necessário primeiramente o contato com a telefonista), mas que já era umavanço para a época; sub-estação de energia que passou a ser disponibilizada por24 horas ininterruptamente, aposentando os motores à diesel; abertura de novasestradas vicinais integrando ainda mais o Município, também melhorando econstruindo novas escolas na cidade e interior.

O estádio Municipal, construído no segundo mandato de Haroldo Sousa.

Em contrapartida os “tradicionalistas” que já choravam a demoliçãodo mercado antigo, demolido no primeiro mandato do “Potó”, choravam agoraoutras perdas, como por exemplo, um monumento simples que existia na praça“Magalhães Barata” em forma de pirâmide e que possuía um marco comcoordenadas geográficas em forma de moeda em uma das quatro colunas de 1 m

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de altura, que faziam parte do monumento que foi substituído por um chafarizque nunca funcionou a contento; e a demolição do sobrado, uma das maisimponentes edificações da Ourém antiga, construída à base de pedra e cal, comparedes de grande espessura, com um andar e diversas portas e janelões,construída no início do século XX pela família do intendente Amadeu Tavares eSilva. Este sobrado foi comprado por uma bagatela pelo governador ManoelBarata, que praticamente obrigou a família proprietária a repassar para o governo,e serviu de paço municipal, escola, delegacia e espaço para bailes e festas sociais;mudando também toda a arborização pública, trocando mangueiras centenárias,jasmins e eucaliptos por acácias e castanholas. Ainda hoje muita gente não se conforma com esses desaparecimentos,e Ourém que ao contrário de outras cidades contemporâneas, nunca teve ruasestreitas como se vê até hoje em Belém, Bragança e Vigia, também perdia grandeparte de sua arquitetura antiga e outros motivos de caracterização de povoaçãoque atravessou os três regimes de governo do País. Parece mais uma cidadejovem do que tradicional. Porém é praticamente unanimidade a admissão daimportância do prefeito Haroldo Souza nos outros aspectos, sempre deixando aboa impressão de homem correto e que sempre honrou os compromissosassumidos pelo executivo, principalmente com o funcionalismo, somando-se aisso sua incrível capacidade de cuidar da “cidade dele” como se fora a casa dele.Sua rotina começava ainda de madrugada, inspecionando obras, cuidandodetalhadamente desde uma simples fissura de uma calçada ou meio-fio até a frotade veículos e máquinas, mantendo-os sempre em perfeito estado de uso, epraticamente até conferindo parafuso por parafuso no almoxarifado municipal,numa demonstração de zelo e bem querer pela “terrinha”, sendo por issorespeitado e lembrado até hoje.

De 1.983-1.989, assumiu a prefeitura o professor José Raul de SousaSantos (PMDB) tendo como vice o Sr. Antonino (PMDB) que faleceu poucodepois tragicamente em acidente automobilístico, noutra eleição emocionante.Haroldo Souza indicara como primeira opção o seu vice Raul Mota Costa,representando o maior reduto eleitoral, e pela sublegenda o professor José Raulde Souza Santos como segunda opção para combaterem Antenor Fonseca deOliveira, o “Bararu”, que queria voltar a todo custo.

Na verdade, “Bararu” foi praticamente ignorado nesse pleito e adisputa foi interna entre o farmacêutico Raul Mota com o professor Raul Santos,ambos do PMDB. Na medida em que foram sendo abertas as urnas, Raul Motaganhou à dianteira e esteve com larga vantagem em relação ao segundo colocadoe chegou a comemorar sua eleição antes do término das apurações, dormindo noprimeiro dia de apuração eleito para acordar no outro dia e presenciar umas dasmaiores viradas eleitorais, pois na medida em que se abriam as urnas da sede doMunicípio, numa demonstração clara de amor por seu professor, seus “alunos”viraram o jogo surpreendendo até mesmo o “pai das crianças”, Haroldo Souzaque colocara o professor candidato apenas para “rachar” o eleitorado de “Bararu”

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e abrir caminho para a vitória de Mota. Estava eleito o prefeito mais amado deOurém de todos os tempos, o hoje saudoso, para não confundir, o professor JoséRaul de Sousa Santos, a melhor oratória dos palanques da região.

Raul Santos exerce sua oratória como prefeito. Os presentes ouvem.

Seu governo é sem dúvida alguma, até hoje lembrado pelo povo,como o mais humanitário entre todos os outros, patenteando uma cumplicidadenunca vista entre gestor e povo, motivo pelo qual se perdeu tecnicamente areferência do certo e do errado administrativamente.

Raul Santos alternou bons e maus momentos como administrador echegou a realizar o suficiente para deixar algumas obras relevantes como o novomercado municipal ao lado do outro construído por Haroldo Souza, novomatadouro municipal, conclusão do estádio municipal, calçamento de ruas combloquetes, substituição da antiga encanação de água, diversas escolas na cidade,como a escolas “Mário Mogui” e implantação da “Rubens Guimarães Junior” emuitas outras no interior. Raul nunca abandonou a sala de aula. Foi no seugoverno a criação e primeira edição do Festival da Canção Ouremense, hoje omaior ícone da cultura guamauara. Também foi em seu governo que aconteceu odesmembramento do Município de Garrafão do Norte.

Raul Santos se tornou nesse período um grande líder político eindicou Raul Mota para sucedê-lo num pleito contra Haroldo Souza (PFL) que sealiou novamente ao agora deputado estadual Antenor “Bararu”, e na sua chapa

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colocava como vice o nome do jovem advogado Adamor Oliveira (PTB),sobrinho de “Bararu”. Não deu outra. Vitória de Raul Mota (PMDB), que tinhacomo vice Antonio Alamir Aires, o “Jeca”.

De 1.989-1.992 assumia as rédeas do Município o farmacêutico RaulMota da Costa, um dos maiores fiasco da administração municipal, sem grandesrealizações e levando o município ao caos, principalmente economicamente,deixando para o futuro administrador uma herança de sucateamento semprecedentes, funcionalismo atrasado e outras pendências. Em seu mandato,Ourém sofre mais uma emancipação, fora criado o Município de Santa Luzia doPará, minguando ainda mais nosso município, que passou a ter como referênciade limitações a nordeste, localidades próximas da sede, como Arioré eJacarequara que passou a integrar o novo município. Raul Mota deixou o poder“pelas portas do fundo” e no último dia útil de 1.992, foi impedido literalmentepor alguns funcionários municipais de entrar na agência bancária e utilizar oúltimo repasse do Fundo de Participação Municipal da sua gestão.

Raul Mota(direita) quando vice de Haroldo. Depois se tornou prefeito e nãoinaugurou quase nada.

Raul Mota ainda apoiou para sua sucessão, seu vice Antonio AlamirAires (PMDB) que forçosamente trouxe como vice um Raul Santos (PMDB) comgraves problemas de saúde e sem motivação alguma, quase não subindo aospalanques e diante desse quadro negativo, foi presa fácil para seus adversários.

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De 1.993-1.996, volta providencialmente o “Potó” Haroldo Alencarde Souza (PST), trazendo desta feita como vice, o vereador João Gomes da Silva,seu antigo secretário geral do segundo mandato. Haroldo teve como principalfeito nesse período, o saneamento da máquina administrativa, revitalizando afrota de veículos e maquinário municipal, atualizando pagamentos atrasados erealizando algumas obras de média relevância. Não teve muita sorte nas célebresdobradinhas com o governo do Estado, fazendo uma administração apenasdiscreta em relação às suas duas passagens anteriores, e em obras podemos citarmais uma reforma na praça “Magalhães Barata”, quando foram trocados a gramapor bloquetes, os bancos de marmorite pelos bancos de ferro e madeira e ocontrovertido chafariz pelo “bolo de noiva”; um pequeno lance de arquibancada ea troca do gramado com tentativa de melhoria da drenagem no estádio municipal;e a escolinha “Maria dos Anjos” no bairro do Terminal.

De 1.997-2.000, João Gomes da Silva (PSDB), o “João Secretário”,assume a prefeitura tendo como vice Raimundo Zoé de Jesus Saavedra (PSDB),que venceram Antenor “Bararu” (PTB) e Antonio Alamir Aires (PMDB). Foiuma vitória fácil e João Gomes fez um excelente mandato, recebendo umamáquina enxuta de seu antecessor. Foram muitas as realizações desse prefeitotalhado por Haroldo Souza. Entre muitas obras, destaque para a implantação degalerias nas principais ruas, meio-fio estendido para ruas periféricas; urbanizaçãoda praça dos mercados; construção da segunda parte do cais de arrimo quecompreende o perímetro da “escadinha” rio acima até à boca do igarapé da “pontevelha”, numa obra arrojada que antes de receber o concreto foi cuidadosamenteestruturada com um esqueleto de ferragem, área devidamente urbanizada e querecebeu cinco quiosques que servem como pontos de abastecimento para eventos.É bom frisar que boa parte do aterramento dessa área foi feito com materialretirado do leito do rio, produto de assoreamento de muitos anos; posto de saúde“Édson Santos”, escola “Raul Santos”; eletrificação para comunidadesinterioranas e incentivo à agricultura entre outras.

João Gomes(direita), condecora grandes ouremenses.

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Área de banho, às margens do rio Guamá, antes da concha acústica.

De 2.001-2.004, a dobradinha João Gomes da Silva-Raimundo Zoéde Jesus Saavedra(PSDB) consegue a reeleição para mais um mandato num pleitomuito disputado, face o surgimento de uma nova liderança. Desta feita o políticoemergente era Antonio Elias de Oliveira (PMDB), cria do ex-governador JaderFontenelle Barbalho, cacique do PMDB nacional, que trazia como vice aempresária do ramo da mineração Amenaídes Vieira Siqueira (PMDB). Sem nunca ter tido até então um cargo eletivo, portanto sem desgastepolítico e com uma campanha pesada e abastecida de recursos suficientes parasua eleição, Elias deu muito trabalho, sendo derrotado por uma margem de poucomais de quatrocentos votos, ficando um gosto de quero mais.

João Gomes da Silva depois de “pular a fogueira da eleição” e entrarpara história como primeiro prefeito reeleito, tenta dar seqüência no que vinhafazendo no mandato anterior, porém, apesar de ainda realizar algumas obrasimportantes, como por exemplo, o prédio da Câmara Municipal de Ourém; oCentro de Convivência da Terceira Idade “Antonio Bruno de Souza Nery”; aescola de ensino médio na vila do Arraial do Caeté; asfaltamento de diversas ruase travessas da sede; a concha acústica no Complexo Cultural e Turístico àsmargens do rio Guamá e ainda de ter tido a sorte de em seu mandato, o governodo Estado inaugurar a estrada PA-124 e a imponente ponte de concreto que ligaOurém ao Município de Capitão Poço, um sonho antigo dos ouremenses,incluindo a pracinha do entorno da ponte, que recebeu urbanização moderna,deixou a administração debaixo de muitas críticas, atrasando o funcionalismo edeixando pendências de grande porte. Vale como registro, o início da implantação

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do novo sistema de abastecimento de água pelo “Projeto Alvorada”, que nuncaentrou em funcionamento. Talvez o desgaste de oito anos de mandato tenha sidoum fator determinante para esse final complicado, mas João Gomes, é bomreconhecer, escreveu seu nome na história de Ourém de forma positiva,suplantando no cômputo geral de realizações, a maioria de seus antecessores.

Ourém e parte de sua orla atual(complexo da Matriz).

A nova ponte em concreto. Inaugurada em 2004.

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Para o mandato atual de 2.005-2.008, o vice de João Gomes,Raimundo Zoé de Jesus Saavedra (PSDB) fazendo uma coalizão com o filho de“Bararu”, o vereador Aldenor Sarmento de Oliveira, o “Nôca” (PTB), ganhou aeleição mais apertada da história do Município, e quiçá do Estado do Pará no anode 2.004, por apenas 54 votos.

Antonio Elias de Oliveira (PMDB) chegava mais forte para essepleito trazendo como vice a professora Daniela Aires (PMDB). Elias comestratégia populista, fez uma campanha organizada, porém fragilizada naessência, ou seja, uma assessoria jurídica equivocada e excessos no estilo dequerer ganhar muita coisa no grito, ignorando às vezes os procedimentos naturaisdas instituições, centralizando muito o comando das ações, causandodesconfiança de parte do eleitorado. Em suma, Elias corrigiu poucos os errosantigos, repetindo muitos, que foram cruciais para a sua derrota, derrota essa atédiscutível, considerando a obtenção da metade dos votos do eleitorado doMunicípio, num empate técnico, que o consolida como uma grande liderançapolítica da atualidade.

Quanto ao eleito, o futuro a Deus pertence, porém podemosrecapitular os passos de Zoé nessa escalada até se tornar o primeiro mandatáriodo Município.

Zoé Saavedra conquistou seu espaço com muita habilidade e astúcia,revelando-se um dos maiores estrategistas da política ouremense. Com formaçãoiniciada em colégio de padre, Zoé aprendeu a costurar situações no presente paralhe favorecer no futuro, e fazendo jus ao “Z” de Zagallo, fez a política local lhe“engolir” com suas jogadas de mestre.

Filho de Ourém que fez carreira fora, em empresas diversas, retornaem 1.992 candidato a uma cadeira na Câmara Municipal de Ourém pelo PST deHaroldo Souza. Embora em desvantagem com a concorrência por ter chegado àsvésperas das eleições, apegou-se aos parentes da região do Tupinambá, para fazerseu primeiro reduto. Sua eleição surpreendeu muitos entendidos. Mesmo semcargo na mesa diretora da Câmara, conseguiu se destacar naquela legislatura, epor conta de acordos costurados anteriormente impôs seu nome para a vice-prefeitura de João Gomes da Silva no pleito de 1.996, aspirando sua indicaçãopara prefeito em 2.000. Manobras na convenção evitaram seu intento, maspermanecendo na chapa como vice do próprio João Gomes. Em 2.004concretizou a sua aspiração, e numa “salada” de siglas partidárias chega ao cargode primeiro mandatário do Município. No discurso de posse prometeu muitotrabalho e realizações, na mais absoluta transparência. O mandato ainda está emcurso e esperamos no final termos um balanço positivo de suas ações noexecutivo.

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O rio Guamá banha a frente da cidade(2005).

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Outra vista aérea do centro da Ourém recente(2005)

OS PASSOS DA JUSTIÇA

A justiça jurisdicional de Ourém iniciou os tempos coloniais comcargos de juízes ordinários, obedecendo a normas e orientações da OuvidoriaGeral de Belém até o ano de 1.833, quando por atos do Conselho do Governo daProvíncia foi criado o Termo de Ourém, fazendo parte da Comarca da Capital.Em 22 de outubro de 1.854, a Lei Provincial nº 273 desmembrou da Comarca daCapital o Termo de Ourém anexando-o à Comarca de Bragança, criada em 1839,perdurando até primeiro de dezembro de 1.859, quando a Lei 337 tornou talanexação sem efeito, revertendo o território para a Comarca da Capital, da qualficou fazendo parte até primeiro de maio de 1880, quando a Lei Provincial nº1.023 criou a Comarca do rio Guamá, sediada na vila de São Miguel, constituídapelos termos de São Miguel e Ourém, instalada em 09/08/1.883, sem grandeduração, posto que, em 1885 uma nova Lei Provincial a extinguiu voltando aComarca da Capital. Tal estado prosseguiu até sua restauração, ocorrida em19/04/1.888 pela Lei 1.334, instalando-se novamente em São Miguel do Guamána data de 12/03/1.890, já no período republicano, em tudo determinado peloExecutivo Estadual.

Em 15/10/1.904, a Lei nº 930 veio reformar a organização judiciáriado Estado, classificando a Comarca do rio Guamá em 1ª entrância, compostapelos Distritos de São Miguel, Irituia e Ourém, sendo Ourém o Terceiro Distrito.

Em 05/11/1.907, durante o segundo período administrativo do Dr.Augusto Montenegro, o Legislativo Estadual resolveu transferir para Ourém, asede da Comarca do rio Guamá, que foi instalada no mesmo ano na data dequinze de dezembro, tomando posse o primeiro Juiz de Direito de Ourém, o dr.Francisco Dantas de Araújo Cavalcanti, e o primeiro Promotor de Justça, Dr.Themístocles Machado.

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Em 14/11/1.913 a Lei nº 1.372-A, restabeleceu a Comarca na cidadede São Miguel do Guamá, voltando Ourém a figurar como Terceiro Distrito, destafeita constituído de três circunscrições judiciárias, com as denominações: 1ªOurém, 2ª Tupinambá e 3ª Jacarequara.

Até 1.925 muitos juízes substitutos militaram no Distrito de Ourém,dos quais podemos lembrar os nomes dos Drs. Luiz Velho Barretto de Mendonça,Luiz Euclydes Campos, Jorge Hurly, Pio de Andrade Ramos, Lourival Barretto,Júlio Gouvêa de Andrade e os suplentes que exerceram a Vara: Agostinho Josédas Neves e Leonardo da Silva Nunes. O Juiz de Direito da Comarca do Guamá,naquele momento era o Dr. Licurgo Santiago.

De 1926 a 1945 quando já havia acabado a segunda guerra mundial,atuaram os Drs. Francisco Romano Rodrigues (1926 a 1930), João GualbertoAlves de Campos, este autor do Hino de Ourém, (1930 a 1931), DemétrioMartinho da Costa (1931 a 1932) e Alberto de Chermont Raiol (1932 a 1945).Tendo atuado no mesmo período como suplentes os cidadãos Athanázio Antonioda Fonseca, Manoel Bazílio da Silva, Manoel Ribeiro do Espírito Santo Filho,Augusto Cyríaco de Souza, José Cupertino de Castro e Dionísio Gil de Oliveira.

Em 1946 assume como primeiro Pretor de Ourém o Dr. Oscar Lopesda Silva, este homenageado quando da construção do prédio do fórum em 1981,emprestando seu nome aquela casa de justiça, sendo que em 1949 era pretor emOurém, o Dr. Theóphilo Américo Machado de Carvalho.

Em 1954 assume a pretoria o Dr. Stelio Bruno dos Santos Menezesque permaneceu até o início dos anos 1960, quando assume o judiciário de Ouréma primeira mulher, Dra. Osmarina Onadir Lopes Sampaio. Durante esse períodofuncionaram como juízes suplentes: Demétrio da Rocha Ramos, Menassés Pereirade Oliveira, Raimundo Agostinho Rodrigues, Eduardo da Rocha Ramos e AlbinoEvangelista de Abreu.

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Ata da instalação definitiva da Comarca de Ourém. Em 02/09/1966.

Dra. Osmarina, a 1ª Juíza da Comarca de ourém

No dia 02/09/1966, foi reinstalada a Comarca de Ourém, pelopresidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Osvaldo de BritoFarias, de acordo com o artigo 454 da Lei nº 3.653 da então Organizaçãojudiciária do Estado, na presença de várias autoridades estaduais e municipais esociedade local, sendo efetivada como primeira juíza desta Comarca, a entãoPretora, Dra. Osmarina Onadir Lopes Sampaio que seguiu conduzindo nossojudiciário ininterruptamente até o início de 1.983 quando foi promovida para a11ª Vara da Capital. Nos anos 1970 contraiu matrimônio com o Dr. Antonio

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Junior de Souza Nery, passando a assinar-se: Dra. Osmarina Onadir SampaioNery, sendo que na data de 20/10/1995, foi empossada desembargadora e hoje éCorregedora do TJE.

Tão logo da criação da Comarca, que englobava o Termo Judiciáriode Capitão Poço, e os territórios de Garrafão Norte, Santa Luzia do Pará e NovaEsperança do Piriá, as instalações da nova comarca saiu do prédio onde funcionahoje a Emater para o prédio onde funciona hoje a Secretaria de Educação, emfrente a praça Magalhães Barata, ao lado da prefeitura. No final dos anos 1970 aComarca muda novamente para o prédio onde hoje funciona a Escola “RubensGuimarães Junior” até ficar em definitivo no ano de 1981 no atual prédio doFórum, inaugurado em abril e reformado em 2005 a 2006.

Em 17/04/1968, foi instalada a 41ª Zona Eleitoral, criada peloAcórdão 8.924 de 27/09/1967, em sessão presidida pela Doutora Juíza de Ourém,Dra. Osmarina Onadir Lopes Sampaio, que também assumiu a nova zonaeleitoral.

Em 1982 assume o judiciário de Ourém, a ouremense Dra. Maria deNazaré Saavedra Guimarães, que entregou em 1987 a comarca para a Dra. Odeteda Silva Carvalho, que em 1988 repassou para a Dra. Ana Selma da SilvaTimóteo, tendo esta ficado até o ano 1993, quando assume como titular oprimeiro juiz homem, o Dr. Antonio Raphael de Oliva Brandão, afastado dacomarca em 2004, através de ato da Corregedoria do Tribunal de Justiça doEstado, aguardando julgamento de recurso de sentença para tentar retornar. Desdeseu afastamento, responde pela comarca de Ourém, o juiz substituto, Dr. LauroAlexandrino Santos, que é natural do Ceará.

CARTÓRIO DE REGISTRO CIVILUsando como fonte os próprios livros e papéis ainda existentes no

cartório sede, foi possível presumir que sua criação aconteceu ainda no séculoXIX, e que a prática de registrar os nascimentos é anterior à data da Proclamaçãoda República em 1889. Foi encontrado avulsamente um termo de nascimentodatado de 1876 e outro de 1878, em que era oficial o Sr. Porfírio José deCarvalho, não se sabendo por quanto tempo esteve a frente dessa escrivania. Em1890, assinava como escrivão, o Sr. Raimundo Nonnato Rocha. Em 1891 eraescrivão o Sr. Pedro Ivo da Cunha, atuando até 1893, quando assumiu o Sr.Serafim Juvêncio da Silva, que por sua vez repassou em 1894 para AntonioSabino de Souza até chegar em 1896 nas mãos do Sr. Virgolino Alves deMeneses.

Em 1908, já estava em pleno exercício do cartório de registro civil deOurém, o Sr. Felippe Nery dos Reis atuando até 03/01/1914. Em rápida passagemassumia em 20/06/1914 até 18/02/1915, o senhor Bernardo José de Carvalho.

De 27/03/1915 a 10/09/1923, respondeu o senhor Alfredo NunesPinto; e de 03/12/1923 a 07/06/1944 exerceu o senhor Menassés Pereirad’Oliveira, tendo funcionado como oficial “ad. hoc” num único termo na data de04/07/1944, o senhor Mário Zinho de Oliveira.

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Em 08/07/1944, assume Antonio Bruno de Souza Nery até a datade 18/02/1946. Pedro Almeida e Souza exerce no período de 24/04/1946 a22/02/1950 e Donato de Jesus Sarmento assume interinamente de 16/03/1950 a26/04/1951.

Em 13/05/1951 exerce Leopoldo Ferreira dos Santos até 14/09/1956,quando em 28/09/1956, aparece José da Silva e Sousa até 08/05/1957. LeopoldoFerreira dos Santos volta em 05/05/1957 atuando até 23/12/1961.

A 05/01/1962 surge Antonio Nery de Souza Junior como escreventejuramentado e depois como oficial até a data de 30/09/1964.

Foi em 21/10/1964 que Raimundo Corrêa Matos lavrou o primeiroregistro de nascimento e em 1988, assume interinamente o cargo de escrivão seufilho Amadeu José da Silva Matos, para em 29/06/1989, o outro filho Arlindo deJesus da Silva Matos ser nomeado pela juíza, Dra. Ana Selma da Silva Timóteo,Escrivão Substituto, conduzindo o cartório sede de Ourém até a presente data.

A PRESENÇA RELIGIOSA E SEUS FEITOS

Em 1.754, D. Dr. Miguel de Bulhões e Souza, 3º bispo do Grão-Pará,criou a Freguesia do divino Espírito Santo de Ourém, que também englobava asfuturas Freguesias de São Miguel da Cachoeira e de Nossa senhora da Piedade deIrituia, desmembradas em 1.758.

No período colonial podemos citar alguns vigários que atuaram comdestaque em Ourém: P.P Manoel Rodrigues da Silva(1.787); Domingos da Cunha(1.792); João Victorino Gomes de Araújo e Antonio Barriga das Chagas (1.919);e FFr. Agostinho do espírito Santo e Pedro de Santo Angelo, Mazzinghi dePenaforte, este último atingiu o regime do Império até 1.823.

A seguir tivemos entre outros, os P.P. Luiz Antonio da CunhaOliveira (1.831-1.842; João Carlos de Oliveira Pantoja(1.843 a agosto de 1.845);Domingos Rodrigues Alliança (02 de março de 1.848 a 1.855); LeopoldoFrederico da Costa e Marcello Alves de Menezes (1.857).

A primeira igreja de Ourém foi erguida antes de 1.753, feita de taipae coberta com palha, porém teve a distinção de matriz já no momento da criaçãoda Freguesia em 1.754. Foi nessa igreja que em 05/08/1878, quando das eleiçõesde deputados-gerais, partidários conservadores liderados por Pe. Marcello Alvesde Menezes entraram em choque com os liberais comandados pelo professorMarcolino Antonio Surano Damasceno, dentro da própria matriz, resultandonessa batalha, a morte de um homem e de muitos outros feridos.

A necessidade de ampliação do templo foi manifestada no governode D. Francisco de Sousa Coutinho, que determinou ao Senado da Câmara aconstrução de uma nova igreja, mais ampla com mão de obra indígena, pagando-lhes salários comuns, empreitada esta entregue ao comando do mestre carpinteiroManoel Antonio Raiol, que comandou em tal construção seis índios que vieramde Bragança, e concluindo os trabalhos em 10 de fevereiro de 1.802.

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A relação de simbiose entre governo e igreja foi sempre marcantenas ações de um e de outro até boa parte do regime republicano, o que às vezespode até confundir o leitor na compreensão das atribuições de cada um nocontexto institucional. A igreja matriz construída em 1.802, foi palco de muitosacontecimentos históricos, como por exemplo, em 1.836 serviu de abrigo pararefugiados das perseguições cabanas; em 1.860 serviu de alojamento da escravaMartinha, que se intitulando “Santa Maria Martyr”, de lá agitou a vila com suasmaquinações, compartilhada com o “Diabo de Ourém”, o português Elias.

1ª igreja de Ourém, construída em 1802, depois de algumas reformas, emfoto feita na década de 1900.

O fundo da igreja antiga na década de 1940. A última reforma foi feita pelofrei Lourenço de Alcântara.

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Parede dos fundos da antiga igreja, hoje é a frente do salão paroquial.A igreja que nos reportamos, é onde funciona o Salão Paroquial, e

somente a parede dos fundos ainda é original, contendo detalhes barrocos,servindo hoje, de frente do dito salão, que se dispõe inversamente à antiga matriz.

Foi destaque como sacerdotes na época, o cônego José de AndradePinheiro, que estudou e escreveu bastante sobre a região.

Em seis de maio de 1.906 aportaram em Ourém os missionáriosCapuchinhos Lombardos no Norte do Brasil, tendo à frente seu superior regular,frei João Pedro de Sexto, acompanhado de frei Daniel de Samarate e Querubimde Carpiano, chegando aqui apoiados pelo Governo do Estado, quando eragovernador o Dr. Augusto Montenegro, seguido depois pelo Dr. João AntonioLuiz Coelho, com a missão de fundar o Instituto de Ourém, para assistir o povodestas bandas, educacional e espiritualmente.

Depois de cortes de subsídios do governo estadual, os frades bateramem retirada no ano de 1.914 e Ourém volta ao marasmo e apatia que só foiinterrompida no início da década de trinta com a chegada dos padres Barnabitas,que aqui aportaram em 06/01/1.930, em número de cinco missionários italianos,constituídos pelo Monsenhor Francisco Richard, Administrador Apostólico; padreÂngelo Moretti, vigário de Ourém; padre Eliseu Coroli, vigário de São Miguel doGuamá, Irituia, São Domingos do Capim e Santana do Capim, padre LeopoldoGeroza, vigário de Viseu e padre Roque Carenzzi, coadjuntor de Viseu, todosconfiados pelo Papa Pio XII que criara a Prelazia de Nossa Senhora do Rosáriodo Guamá.

Em 1.932, chega da Itália para integrar a missão Barnabita, o irmãoAntonio Albério, um polivalente estudioso dotado de prática de enfermagem,músico e mestre de obras gabaritado, que encontrou em Ourém um quadroperfeito para desempenhar suas multifunções.

Seus préstimos são de grande relevância para a época, pois Ourémpossuía muitos problemas sanitários, como verminose e outros males, comopessoas com chagas purulentas nas pernas e pés. Junto com o vigário Moretti,conseguiu construir um ambulatório junto à velha igreja, e com ajuda dos

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Barnabitas iniciou a aplicação de vermífugos e outros remédios que trouxeconsigo. Seu empenho foi tão grande à causa ouremense, que às vezes emsituação extremas, decidiu fazer um tratamento nunca visto na medicina por aqui:Ao meio dia, com a maior intensidade do sol, utilizando-se de uma lente deaumento, concentrava raios solares nas feridas, queimando o tecido putrefato,tratamento este que deu resultados surpreendentes.

Dois anos mais tarde surgiu em Ourém uma epidemia de malária epor sua sugestão a igreja Católica adquiriu alguns medicamentos injetáveis(Paludan), conseguindo controlar a situação. Enquanto trabalhava contraiumalária por quatro vezes e mesmo assim não abandonou a guerra, ocasião em queo governo Italiano enviou cem quilos de Cloridrato de Quinino, matéria primaque servia para confeccionar com as próprias mãos cápsulas de amilaceas e pelamanhã saía para distribuí-las à população em companhia de dos padres Moretti eEslisu Coroli, viajando em barquinhos a remo.

Em 1.934, a paróquia de Bragança foi anexada à Prelazia do Guamá,e em função da estrada de ferro que a ligava com a Capital, resolveu o MonsenhorRichard transferir sua sede para lá.

Em 1.936, irmão Albério fundou uma banda de música com umgrupo de vinte e dois rapazes com a ajuda financeira de padre Moretti. IrmãoAlbério com seus conhecimentos era o maestro, que nos finais de semana usava abatuta para depois da ladainha, reger a banda, que tocava na praça em frente aigreja, um repertório variado com hinos religiosos às canções populares, quealegravam as pessoas que por ali passavam.

Em 1.937, Monsenhor Richard regressou a Itália por motivo desaúde, deixando em seu cargo o padre Eliseu Coroli

Em 1.937, a dobradinha padre Moretti-irmão Albério, partem paraseu projeto mais ousado: a construção da nova Igreja Matriz, cuja históriacontaremos de forma romanceada.

“UMA OUSADIA COM FINAL FELIZ” – Texto de Arlindo Matos para a “Folha de Ourém” – edição de 08/07/1.995,

baseado em entrevistas feita com Antonio Albério e Albino Evangelista de Abreu.“Um sonho impossível!” – diziam os mais incrédulos. Ironicamente

os mais abastados daquela Ourém dos anos trinta, infestada por doençastropicais, e diziam mais: “Será uma armadilha para matar os fiéis católicos. Nósnão contribuiremos com essa loucura”.

Em 1.937, a deteriorada e centenária igreja de Ourém, construídaem taipa, dava sinais de ruir. Já estavam na paróquia os padres Barnabitas, aquiliderados por padre Ângelo Moretti, que se entregou de corpo e alma à causasocial e evangélica em favor de seus “macacos” do pequeno lugarejo.

A reforma da antiga igreja com a construção de uma torre, erainviável, em função da estrutura precária da mesma. Com os Barnabitas estava

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irmão Antonio Albério, um polivalente italiano, que dominava técnicasinteressantes para a época, como: compositor e regente de banda musical,dominador de química para fabrico de remédios e bebidas, e um exímio curiosodas artes arquitetônicas dentre outras.

Acionado por padre Ângelo Moretti, irmão Antonio Albérioidealizou uma nova igreja em estilo gótico, que uma vez desenhada no papel,provocou a reprovação imediata das pessoas mais influentes da localidade, tudoporque se tratava de uma construção ousada para os olhos dos nativos, que nãose conformavam que tamanho salão, prescindisse de colunas de sustentação naparte central do futuro templo de orações. Seria uma tragédia já na suainauguração. Irmão Antonio recebeu muitas críticas: “louco”; “esbanjador dodinheiro do povo”; “desvairado”. O influente Amadeu Tavares foi mais diretocom irmão Antonio: “Eu não dou um tostão pra essa droga de igreja”. Mas,padre Ângelo não se intimidou, e depois de escolher o local, no terreno do antigocemitério cabano, já sem uso, e em frente da antiga igreja, com irmão Antoniorelacionou o material necessário para o início da construção: cimento, areia eseixo para o fabrico de blocos. Areia e seixo do próprio Município, o cimentotrazido de Belém, em barris através da embarcação “Rio Moju”, e irmãoAntonio com suas próprias mãos, confeccionou 11.725 blocos de concreto, numamédia de 40 a 50 por dia.

Com o boicote dos mais influentes e sem contar com qualquer ajudada prelazia, da prefeitura ou do governo do Estado. Padre Ângelo iniciou umacampanha direcionada aos colonos, quando após as missas chamava-os um aum, dizendo. “Vem cá “macaco”. Quanto tu tens aí? Sobrou alguma coisa da tuafeira? Então passa pra cá”. E metendo literalmente a mão no bolso de seus“macacos”, padre Moretti conseguiu recursos para construir sua obrafaraônica. Em vinte de setembro de mil novecentos e trinta e oito, aconteceusolenemente o lançamento da pedra fundamental. Irmão Antonio durante oerguimento da parte de alvenaria, contou com a ajuda inseparável do mestreAlbino Evangelista de Abreu e colaboração de seu Raimundo “Chiquedigue”que fazia a argamassa, e seu Clementino Siqueira que fazia o transporte damassa para o ponto de serviço. Vale ressaltar que a própria comunidade ajudouno transporte do material, como seixo, areia e cimento para o local da obra,sendo que as pedras para o alicerce foram trazidas de canoa pelo rio Guamá atéo porto da cidade, e de lá, aos domingos após as missas, eram transportadaspelos próprios fiéis ao seu destino final. Por tal participação da comunidade,irmão Antonio Albério, considera a imponente igreja, patrimônio do povo deOurém.

Uma vez levantada a igreja, já no ponto de receber o telhado, umachuva torrencial alagou a construção a tal ponto, que em seu interior chegou aconter três palmos d’água, temporal este que caiu no início de uma tenebrosanoite. No dia seguinte irmão Albério foi ao local com sua equipe para fazer oescoamento da água, mas deparou com a igreja já esvaziada. Então foi feita uma

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análise para verificar por onde toda aquela água havia se esvaído, e noalicerce foram encontradas diversas rachaduras, provocadas pela existência emseu subsolo de ossadas humanas do antigo cemitério supostamente cabano,rachaduras essas que receberam devidamente injeções de concreto. Porém, umarachadura na base da torre, cuja brecha entrava uma folha de papel, mereceumaior atenção de irmão Albério, motivando-o a consultar em Belém, oengenheiro Cláudio Chaves, que o recomendou a cavar às proximidades dosquatro lados da base da torre, onde no lado esquerdo de quem está de frentepara a igreja, foi descoberta uma bruta sepultura cabana, cuja ossada foidevidamente removida, sendo preenchido o local com concreto para depois sefazer duas espias de sustentação da torre, para que no futuro esta não viesse aruir.

Alvenaria concluída, irmão Antonio Albério muda sua equipe paracarpintaria e marcenaria, e sob sua orientação passam a trabalhar com ele,mestre Basílio e mestre Thomaz Rodrigues, que fizeram a cobertura e tambémportas, janelas e bancos, cabendo a mestre Basílio a feitura da escada emcaracol, que leva até boa parte internamente da torre, no local destinado aocoro.

Assim foi construída essa belíssima igreja, que teve seu piso todorevestido em mosaico, com imagens de santo e sino removidos da antiga igreja.Quanto a torre, esta foi projetada para atingir a altura de vinte e dois metros.Irmão Albério não soube precisar se seu intento foi atingido, mas disse quequando estava afixando a cruz, no topo da torre, ouviu um grito que vinha debaixo. Observou, e reconheceu a figura do polêmico Amadeu Tavares, quebradou: “Irmão Albério! Trago aqui uma garrafa de champanhe pro senhorespatifar aí em cima, e aqui estão duas arrobas de tabaco para leiloar e reportudo que eu deixei de contribuir. Agora dou minha mão à palmatória”.

...E em cinco de julho de mil novecentos e trinta e nove, com apresença de vários convidados, dentre eles os padres de Belém, Pe. Afonso e Pe.Dubois é inaugurada com muito orgulho, a Igreja Matriz de Ourém, quesoberana se destacava em meio às casas humildes de um pequeno povoado, emque ruas eram caminhos e picadas, mas que hoje se adapta ainda com largavantagem ao progresso em seu redor. Padre Ângelo Moretti, irmão AntonioAlbério, seu Albino, Raimundo “Chiquedigue”, Clementino, mestre Thomaz,mestre Basílio, Amadeu Tavares e todos os “macacos” eram um só sorriso eOurém passou a ser mais feliz.

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Pe. Moretti e a obra da nova igreja matriz

A nova igreja construída pelos padres Barnabitas em 1939.

Nossa Matriz sofreu nos anos setenta alterações consideradas em suatorre, quando era vigário, o padre italiano Vitaliano Vari, que modificou o seutopo, que era em forma de pirâmide, modificando-a para a forma de mesassobrepostas e introdução de cacos azulejos. No ano de 2005 iniciou-se umaradical reforma pelo padre Manoel Filho, sem critério algum de preservação, aoscuidados do engenheiro Paulo Motta, que modificou desde a cobertura e torre atéa demolição do altar-mor original e outros atos que comprometem a história desselegítimo patrimônio do povo de Ourém, que assiste impotente a arrogância dastalhadeiras, em detrimento do verbo restaurar.

Voltando a narrativa cronológica da presença da igreja em Ourém,registramos que no ano de 1.940, o padre Eliseu Coroli foi ordenado o primeirobispo da Prelazia do Guamá.

Padre Ângelo Moretti, com uma enfermidade grave veio a falecer nodia 23/11/1.941. Além de Padre Moretti e dom Eliseu, passaram pela paróquiaoutros padres barnabitas que também atuaram, uns com passagens rápidas e

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outros com certa freqüência: Valentim Zappa a partir de 1938; Marino Conti,1940; Mario Polvara, 1940; Roque Carenzi, 1941; Miguel Giambelli, 1950;Leopoldo Gerozza, 1950; Mário Ferrero, 1952 e Vicente Ádamo, 1953.

Em 19/03/1.948 inicia-se experimentalmente em Ourém a“Congregação das Missionárias de Santa Teresinha” composta inicialmente pelasjovens Ângela Rigamontti, italiana e a normalista Edith Almeida de Sousa,ocasião em que era vigário da paróquia de Ourém, o padre Miguel Giambelli,primo da irmã Rigamontti.

As pioneiras com D. Eliseu

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D. Eliseu e suas missionárias já em número maior em Ourém

Em 04/01/1.950, a professora Sancha Augusta de Souza e Silva seintegra ao pequeno grupo de religiosas, que foi aumentando com outrasvocacionadas das paróquias de Ourém e Bragança e mais jovens que vieram dosEstados da Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Minas Gerais, paraoficialmente nascer a congregação idealizada por D. Eliseu, em vinte e cinco demarço de mil novecentos e cinqüenta e quatro, iniciando o primeiro noviciadocanônico. As missionárias passaram a trabalhar em escolas, hospitais, creches,internatos e pastorais, auxiliando sempre os padres na educação e evangelizaçãodos paroquianos. Hoje as “Missionárias de Santa Teresinha” formam umacongregação com direito pontifício (reconhecida oficialmente pela Santa Sé) etem comunidades em várias cidades da Diocese de Bragança (antiga prelazia doGuamá) e Belém; e também em outros Estados do Brasil como Rio de Janeiro,Brasília, Minas Gerais, Bahia, Ceará e ainda na Itália e Malange-Angola. Ourémsempre será lembrada como “Berço das Missionárias de Santa Teresinha”.

Em 1.954 assume a paróquia de Ourém o padre Lourenço Scotti, quepode ter sido o padre que mais tempo ininterruptamente passou em Ourém, até1964. Também tiveram rápidas passagens por aqui o padre Francisco Borsani, apartir de 1958; Luciano Brambilla, 1960; Amos Bertnetti, 1960 e Ângelo Abeni,1961.

Em 1964 assume a paróquia o padre Paulo Brambilla, tambémchamado “Padre Paulino”, ficando por aqui até 1970. Foi na década de 1.960,precisamente em 03/04/1967, que os Barnabitas inauguram em parceria com o

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Estado o ginásio “Padre Ângelo Moretti”, prédio de arquitetura avantajada depropriedade dos padres, dirigido tradicionalmente pelas missionárias de “SantaTeresinha” e utilizado pelo Estado. Hoje é denominado Escola Estadual deEnsino Fundamental e Médio “Padre Ângelo Moretti”.

Foi nesse período que a igreja, à revelia de seus fiéis, vendeu paracolecionadores um dos maiores símbolos históricos da fé ouremense: a coroa doDivino Espírito Santo. A imagem do Cristo Morto foi salva por ser grande, sendodescoberta pela população, que indignada com a atitude do vigário da época,padre Paulino Brambilla, se rebelou contra o pároco, que quase foi jogado naságuas do rio Guamá. Lideraram o movimento a Sra. Maria Cunha e seu irmãoJosé Pinheiro da Cunha, o “Zé Badalo”, num episódio que ficou na memória dosouremenses. Outros padres também atuaram em Ourém no complemento dessadécada: José Castelli, a partir de 1964 e Vitório Granchinni, 1968.

Em 1970 chega para assumir a paróquia o padre Vicente di Schiena,passando também o padre Vitaliano Vari, 1971; Ferdinando Capra, 1972;Morando Leão Marini, 1973 e Paulo Catel, 1973.

Em 1974, assume a paróquia o padre Vitaliano Vari, ocasião em quecriou o círio de Nossa Senhora Nazaré no mês de julho em substituição ao círiode Santo Antonio Maria Zacarias.

Em 1979, chega aqui o padre José Giambelli. Em 29/07/1.982, aos82 anos morre D. Eliseu, bispo emérito da Prelazia do Guamá. D. MiguelGiambelli, também barnabita era o bispo já efetivado, que anos mais tardetransforma a Prelazia do Guamá em Diocese de Bragança, englobando os mesmoslimites de atuação da antiga prelazia. Em 1991 o último barnabita, o brasileiro e não italiano Luiz MariaOliveira segura as rédeas da paróquia até assumir por rápido período, em 2000, opadre Vicente para em seguida entregar em 2001 para o atual pároco, ManoelOliveira Filho, que teve a coragem de reformar a igreja matriz de Ourém.

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A COMUNICAÇÃO EM OURÉM

A necessidade de comunicação entre as autoridades colonizadoras foio ponto de partida para o aparecimento de Ourém. Pois ainda em 1.616 quando dadescoberta de Belém, pelo português Capitão Francisco Caldeira Castelo Branco,que para informar a boa-nova ao Capitão-Mor Jerônimo de AlbuquerqueMaranhão, em São Luis do Maranhão, incumbiu para empreitada de assim levartal notícia pelo interior do Estado e não pelo oceano como era o natural, o entãoalferes Pedro Teixeira, que depois se tornara o Grande Desbravador da Amazônia.Teixeira subiu o rio Guamá saindo de Belém a 07 de março do mesmo ano,chegando em navegações até a segunda cachoeira do rio Guamá, exatamente ondenasceu a futura Vila de Ourém e daqui, por terra chegou à São Luis do Maranhão.

Em 04/09/1724 foi concluído pelo governador Maya da Gama, ocaminho terrestre de Ourém-São Luis do Maranhão para facilitar as relações entrePará e Maranhão, não somente quanto à correspondência oficial, como tambémno desenvolvimento do comércio e exploração das terras intermediárias. Duaslanchas traziam as correspondências pelo rio Guamá até Ourém, e daqui por terrachegavam ao Maranhão e vice-versa.

Também foi por força dessa comunicação interestadual que o Rei dePortugal, D. João V, em carta régia endereçada ao governador Maya da Gama,autorizou a construção da casa-forte de Luiz de Moura.

Alexandre de Souza Freire, governador que sucedeu Maya da Gama,deu mais vida para a comunicação entre Pará e Maranhão via Casa Forte de Luizde Moura, melhorando e conservando o caminho terrestre, que servia para emcomboio levar e trazer papéis do governo. A jornada por aqui era feita em 15dias, enquanto pelo mar gastava-se três meses. O serviço de Correio Oficial eraregular, com uma viagem por mês, feita por um soldado em companhia de doisíndios, que por determinação do Rei, não deveriam os silvícolas receber nada peloauxílio.

Muito depressa e por força dessa comunicação estabelecida aqui, olugar passou a se desenvolver com a aldeia Tembés ao pé da fortificação,aumentada pela presença branca.

Em 1.762, com instalação do Município criado em 1.753 peloGovernador Mendonça Furtado presume-se que a comunicação continuava damesma forma, porém, reforçada pelos registros de atas do Senado da Câmara, quepossivelmente utilizava-se de editais publicados e afixados em locais estratégicospara comunicar-se com a população.

Em 27/10/1.907, surge o primeiro jornal impresso da cidade e região,mantida pelos frades Capuchinhos, que instalaram uma pequena tipografia no“Instituto de Ourém” e apoiados pelo comércio local, denominado “A Alvorada”,um periódico semanal em formato médio que funcionou até a data de29/12/1.912, com notícias e breves artigos formativos, preparados por freiLourenço de Alcântara.

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Segundo dois exemplares publicados em 14/07/1.912 e21/07/1.912, cuja principal matéria era destacada com a seguinte manchete: “UMCRIME BÁRBARO” em ambas as edições, que em seqüência contava a morte doturco Abrahão Daniz, que era deficiente físico, e que fora trucidado cruelmentequando dormia em uma rede. O corpo foi encontrado na casa da vítima, graçasaos alardes de seu cão. Os assassinos foram Januário, Pedro e Manuel, que teriamescondido suas vestes ensangüentadas embaixo de uma pedra submersa no“portinho” do rio Guamá.

O jornal também noticiava assuntos nacionais e internacionais, comopor exemplo: “A morte do grande vulto da história da República, senadorQuintino Bocaiúva, acontecida quase inesperadamente no Rio de Janeiro”; e “ABancarota da Sciência”, que relata o afundamento do “Titanic” ao chocar-se comum iceberg, redação esta com conotação religiosa, falando da afronta do homem eda ciência ao Criador.

O semanário tinha colaboração diversa e naquele momento traziacomo redator principal e gerência a cargo do Sr. Luiz A. Maciel da Silveira,também professor do Instituto. As assinaturas custavam: 8$000; semestral 5$000;e número avulso $200. Publicações: por linha $200; e aos assinantes $150.

A distribuição aos assinantes era sempre feita pela via fluvial, éóbvio, através das embarcações “Mariahy”, que fazia a rota de Irituia; e a“Guamá” que fazia a rota que compreendia as cidades de São Miguel do Guamá,Belém e de lá possivelmente pela estrada de ferro chegava até Bragança.

Em 01/08/1.915 apareceu o segundo periódico denominado:“Repórter”, com curta duração. Em 1920 surgiu a “Folha de Ourém” que tambémnão durou muito e tinha uma redação agressiva politicamente, ressurgindo em08/07/1.995 com uma postura cultural e histórica, comandada por Arlindo Matose Donato Sarmento Filho.

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Em 1.947, o português Manoel Ayres adquiriu a primeiraaparelhagem sonora da cidade, com finalidade política é bem verdade, mas quepossibilitou iniciar o processo de comunicação falada por aparelhos, que na épocatinham amplificadores feitos à base de válvula incandescente e saídas mono, queativavam os velhos projetores (popularmente conhecido como “boca-de-ferro”,sendo que na época tinha formato de um “pinico” grande, acusticamenterecebendo vibrações de um pequeno e tradicional alto falante de membrana).

Essas pequenas aparelhagens passaram a ser a força motriz decampanhas políticas e adotada também pela igreja católica que se utilizando datorre de sua matriz passava avisos aos paroquianos. Além de Manoel Ayres,Raimundo Siqueira também adquiriu uma para utilizar em comícios políticos nadécada de 1.950. Padre Miguel Giambelli foi o religioso que implantou o sistemacatólico.

No início de 1.960 a família Rodrigues, tendo a frente Natalino eAntonio Maria “Douglas” Rodrigues, implantam no “bar Paraense” a “VozParaense” que era ouvida em toda cidade na época por força de um amplificadorexcitado por um motor a óleo diesel e um toca-discos “pick up” que recebiadiscos com rotações de 33, 45 e 78, um microfone aqui conhecido como “cabeça-de-macaco” e três projetores fixados na parte mais alta do bar em posicionamentoestratégico para alimentar toda a cidade. A “Voz Paraense” às vezes era ouvidaaté cinco quilômetros fora da cidade, favorecida pelo silêncio da época e ventosfavoráveis rio abaixo. Foi nesse período que alguns ouremenses ficarammarcados na comunicação, como José Cupertino, o “Dengo”, Dinarte Siqueira,Carlitinho, Irineu Souza, Miguel Cecim, Manoel Siqueira e Jorge “Bragança”,este último encerrando o ciclo no início dos anos 1.980, no endereço da praça“Magalhães Barata”, ocasião em que os alto-falantes ficavam no jambeiro dapraça em frente ao bar, já na rua Hermenegildo Alves próximo ao Banco doBrasil. A “Voz Paraense” foi responsável pelo lançamento de muitos boleros,merengues, forrós, e principalmente o movimento da “jovem guarda”, já imitandoo formato do rádio da época embalando casais enamorados na pracinha. Foiatravés da “Voz Paraense” que o ouremense acompanhou o tricampeonatomundial da Seleção Brasileira de 1.970, que repassava a narração de FioriGigliotti da rádio Bandeirante de São Paulo em cadeia com a PRC-5, Rádio Clubedo Pará. Ainda no mesmo ano a “Voz Paraense” realizou a primeira transmissãoesportiva externa, contando tudo do campo do “Souza” a partida Atlântico e Luizde Moura, com relato de João Damasceno e Pedro Alberto, e comentários de LuisCarlos de Souza e Lourival Damasceno. O som era mandado do campo para oestúdio através de fio elétrico. Ainda nos anos 1.960 o mesmo grupo introduziu aprimeira sala de projeções de cinema, conhecida como “cine Ourém”, no localonde hoje está instalada a secretaria de educação, com sessões periódicas. É bomregistrar o papel das aparelhagens do mesmo período como o “Stéreo ÁudioDragão do Mar” de Nely Ayres; “Super Clássico Santo Antonio” de AntonioBatista e depois “Nixlândia” de Ninito Silva. Por sinal, Ninito Silva que também

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era fotógrafo, foi o que melhor registrou em fotografias a Ourém dos 1960 e1970.

A “Voz Municipal” também acompanhou toda essa geração,funcionando principalmente nas datas cívicas e eleições, tendo empunhado aquelemicrofone, nomes como Rubens Norberto Soares, João Damsceno, Luis Acioli daCosta, Luis Carlos de Souza e Dinarte Siqueira.

Na segunda metade dos anos 1.970, o senhor Benedito Gualberto daSilva, o “seu Ninito” instala nos postes da cidade, com estúdio num ponto doMercado Municipal, a Dipour-som (Divisão de Publicidade Ouremense) que comuma programação diária em formato de rádio animava a cidade comcomunicadores oriundos da “Voz Paraense” provocando a desativação dosantigos sistemas. Na programação já continha blocos comerciais gravados,informações institucionais e notícias da cidade, programas religiosos e muitamúsica, entrando no ar por volta das sete horas da manhã, parando ao meio-dia evoltando às dezesseis até às dezoito horas de segunda à sábado. Nas apurações deeleições a partir de 1.982, era comum a aglomeração de partidários esimpatizantes dos concorrentes em torno dos diversos postes que continhamcaixinhas de som. Comunicaram lá, Dinarte Siqueira, Manoel Siqueira, NatinhoLima, Miguel Cecim, Tony Castro, Jorge Bragança, Valdeci e Wenilson Silva atésua desativação por volta de 1.988.

Em 1.989 a Dipour-som(Divisão de Publicidades Ouremense) écomprada por Arlindo Matos com ajuda do deputado José Diogo, ocasião em quea denominou de “Tembés-publicidades”, em alusão aos primeiros habitantes deOurém, os índios Tembés. Arlindo recrutou comunicadores como PauloBragança, Ismael Reis, Jofrey Gemaque e os veteranos Luis Carlos de Sousa eJoão Damasceno, que eram voluntários e para a técnica contratou Cosme dosSantos, o único remunerado com o compromisso de colocar no ar, a programaçãoque começava com uma crônica diária do próprio diretor no início daprogramação, às oito horas da manhã, seguido de musicais animados pelos outroscomunicadores até o meio-dia voltando às 16:00h até às 18:00h, encerrando coma oração do “Ângelus”. Aos domingos, a programação era preenchida apenas pelaparte matinal com o programa “Forrofiando com Você” de Luis Carlos de Sousa,o “Carlitão” e às vezes, à tarde eram retransmitidos, via rádio Clube do Pará,jogos de clubes paraenses. Apesar de potencial comercial, a “Tembés-publicidades” por opção do diretor não explorou esse filão, também evitouparcerias com igrejas que pregam o evangelho, servindo a cidade com utilidadespúblicas, informações noticiosas, entrevistas de convidados, cultura, esporte eentretenimento, colocando o ouvinte sempre a par dos acontecimentos da cidade.Para as informações do executivo municipal recebia um salário mínimo que eraintegralmente repassado ao operador de áudio Cosme dos Santos, ficando amanutenção de equipamentos, compra de discos de vinil e fitas K-7 por sua conta,esquema que durou dez anos quando em 29/05/ 1.999 fundou com mais dezenoveassociados a Associação dos Amigos Comunicadores de Ourém – Asacom,

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criando o núcleo de rádio que possibilitou funcionar a primeira emissora derádio do Município, em 08/09/1.999, denominada Tembés FM Comunitária, “Arádio nativa de Ourém”.

Antes de falarmos mais detalhadamente sobre a primeira emissora derádio de Ourém, voltamos ao dia 08/07/1.995, quando Arlindo Matos com a ajudafinanceira de Donato Sarmento Filho, lançou o jornal impresso “Folha deOurém”, periódico mensal que resgatou boa parte da história de Ourém,registrando também acontecimentos do momento, contando com colaboradorescomo o próprio Donato Filho, Jofrey Gemaque, o defensor público Marcos Dias,o juiz da Comarca, Dr. Raphael Brandão e outros. Nesse período Arlindoexercitou sua versatilidade, escrevendo os temas mais variados e vocabulários emvelhas máquinas de escrever, fotografando, revisando, editando e definindo oformato do jornal de maneira interessante para quem nunca tinha tido experiênciaigual, produzindo um jornal de agradável leitura, que recebeu elogios deprofissionais do ramo. A falta de suporte financeiro interrompeu sua publicaçãono ano seguinte, ocasião em que Donato Sarmento, de Belém ainda editousozinho mais dois números em formato de tablóide, mas que também não foiavante.

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“Folha de Ourém” em sua versão recente.

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Quanto a emissora de rádio Tembés-FM, após formar a associação,esta recebeu grande ajuda do prefeito Municipal João Gomes da Silva, queatravés da prefeitura, canalizou recursos para a edificação de um pequeno prédiode 16m² no morro da capelinha e de uma torre estaiada de 30m, doando tambémum transmissor de 50w, uma mesa de oito canais, dois toca-cds, dois toca-fitas,dois microfones, que permitiram após protocolo no Ministério das Comunicações,em 08/09/1.999 emitir o primeiro sinal de radiodifusão no Município, e o que émelhor, em freqüência modulada 88,1Mhtz com uma qualidade invejável.Induzidos pelos vendedores do projeto, a Asacom só se deu conta dos equívocosburocráticos, quando em 21/06/2000, a Agência Nacional de Telecomunicações,esteve no local, lacrando a emissora por estar fora das especificações legais.

Arlindo Matos não desistiu de seu intento, e após municiar oMinistério das Comunicações, desta feita com documentação adequada epertinente, praticamente recomeçando do zero, consegue a outorga provisória em13 de novembro de 2002, para operar a Asacom, radiodifusão no canal 285, nafreqüência de 104,9Mhz ocasião em que comprou com recursos próprios, novosequipamentos, agora dentro das especificações legais, como por exemplo umtransmissor de 25w com antena, adquirindo ainda outra mesa de oito canais, doismds, novos microfones e um computador usado, adaptando para o uso de rádio, eainda em novembro inicia provisoriamente com seus companheiros umaprogramação diversificada, independente e agradável.

A programação básica iniciada em 26 novembro de 2002, contavacom João Damasceno, Arlindo Matos, Paulo Bragança, Ismael Reis, EstherCunha, Wilma Costa e Eudis Matos, que comunicavam das 06:00h até as 23:00h,recebendo no mês seguinte o reforço de Elton Fábio, oriundo da Rádio Educativade Capanema.

O diretor-presidente da emissora, inicialmente sempre contou com aajuda de perto de Paulo Bragança, tendo os dois por diversas vezes feito serviçosestruturais, metendo literalmente a mão na massa, medindo terreno, subindo natorre, fazendo instalações elétricas e encanação hidráulica, lavando e pintando oprédio da rádio. Outros nomes se destacaram no apoio, principalmente asintegrantes da associação Wilma Costa e Esther Cunha, na parte da contabilidadee Marquinhos e Eudis Matos na parte de assistência técnica.

Em abril de 2003, a emissora é inaugurada oficialmente com apresença de vários comunitários-ouvintes e autoridades e ininterruptamentefunciona até os dias de hoje, com uma programação agradável que invade eorgulha os lares da região. Nossa emissora já recebeu licença definitiva em24/09/2004, sendo a sétima emissora comunitária do Estado a conseguir tal feito,sendo também a primeira filiada da Rede Cultura de Rádio, primeira rede de rádiovia satélite do norte do Brasil. Presta grande incentivo a cultura popular e grandesserviços de utilidade pública, esportivo e social no Município.

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Ato de inauguração oficial da rádio Tembés FM Comunitária, abril de 2003.

A EDUCAÇÃO DE OURÉM

Para falarmos da Educação Instituída de Ourém temos que voltar notempo, mas precisamente ao ano de 1.753, quando o governador MendonçaFurtado criou uma escola para ensinar aos nativos a língua portuguesa. Aeducação tomou novo impulso no início do século XX, ano 1.906, em 06 de maio,quando aqui aportaram os frades missionários capuchinhos Freis João Pedro deSexto, Querubim de Carpiano e Daniel de Samarate, que em detrimento de Irituia,vilarejo mais próximo da Capital, escolheram Ourém para a fundação de um novoInstituto de Educação.

Ainda no mesmo ano, no começo de setembro, Frei João Pedroinaugurou oficialmente o externato que já contava com 62 alunos e em 15 denovembro de 1.906, sob o comando de frei Lourenço de Alcântara, começava afuncionar o Instituto de Ourém, com dois internatos, masculino e feminino,integrados por uma dupla escola externa, numa parceria com o Governo doEstado, que exercia como Governador, Augusto Montenegro.

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Os primeiros a funcionarem como professores foram o missionárioLucas de Almenno e o Irmão leigo Graziano de Arcisate, e o Instituto de Ourémfoi muito importante como instrumento eficaz de instrução e civilização naregião, servindo também às tribos indígenas, localizadas rio acima e de outraslocalidades como Tupinambá e Tentugal que eram em direção oposta.

As irmãs capuchinhas se encarregaram da seção do colégio feminino,usando nos internatos sistemas de educação com grande influência religiosa. Amaioria dos religiosos era de origem nordestina em função do interligamento comos Estado do Maranhão e Ceará, senão vejamos: as pioneiras foram Irmã Clara deCanindé, superiora; Irmã Verônica de Canindé, vigária; Francisca de Icó;Madalena de Canindé e Margarida de Martins, e decerto parte da culturanordestina também foi absorvida pelos primeiros educandos do Instituto deOurém, que em breve tempo de funcionamento também arrebanhou os filhos deíndios “que se destacaram por aprenderem com maior desenvoltura que os filhosde cristãos”, segundo descreveu frei Hilarião.

O entusiasmo era tão grande pelo advento dos capuchinhos econsequentemente do Instituto de Ourém, que nossa cidade recebeu no dia trintade abril de mil novecentos e sete, a visita do então governador do Estado do Pará,o Dr. Augusto Montenegro, que foi recebido pela população e alunos dos colégiosmasculino e feminino do Instituto de Ourém, que reunidos cantaram em suahomenagem após o almoço, oferecendo-lhe buquês de flores e outros presentes.

É importante destacar os nomes dos religiosos capuchinhos: frei JoãoPedro de Sexto, que foi o mentor, executor e maior incentivador da proezacapuchinha em Ourém, frei Querubim de Carpiano que preparou o caminho paraOurém receber o frei Lourenço de Alcântara, o maranhense que realizou aquiobras maravilhosas, como a recuperação de vários prédios da vila, a criação dojornal “A Alvorada”, fundação do “Apostolado da Oração” e “Confraria doSagrado Coração” entre outras. Era muito educado e de fino trato com as pessoas,sendo também excelente orador.

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A Guarda Nacional faz exercício em frente a antiga matriz -1907.

Vale ressaltar que durante o período em que durou o Instituto deOurém, nele foi criada a escola de “artes e ofícios”, que entre outras atividadesinstalou uma pequena tipografia, onde era impressa A ALVORADA, um jornalperiódico, contendo notícias e breves artigos informativos, preparados por FreiLourenço.

Não sabemos precisar como era a disposição das salas de aulas ou dofardamento escolar, mas é bem provável que as carteiras fossem duplas e a fardaou uniforme continham as inscrições IO - Instituto de Ourém.

A presença dos frades em Ourém, iniciada em 1.906 foi encerradaem 1.914 com o corte de subsídios do Governo Estadual. Em substituição aoInstituto de Ourém, foi criada uma pequena escola primária, que praticava cominfluência religiosa trazida dos frades.

Parte da fachada do Instituto de Ourém. Instalação Provisória-1907.

Na década de trinta, a presença dos padres barnabitas em Ourém étambém marcante, e a presença religiosa volta a se intensificar na educação dos

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ouremenses. O “getulismo” e “baratismo” começam também a entranhar comtimbres institucionais. Foi nessa época que métodos estapafúrdios foramintroduzidos na educação, como por exemplo, a “sabatina”, que consistia em umasaraivada de perguntas feita pelo professor aleatoriamente sobre o assunto dasemana e que deveriam ser respondidas de prontidão, sob pena de sofrerem o quehoje chamamos tortura da palmatória (um instrumento de madeira que seassemelha a um mini-remo, vazado no centro por um orifício, que ao ser batidona palma da mão, não comprimiria o ar). Era muito comum alunos despreparadossofrerem crises nervosas em função da perversa prática deste método.

A prelazia do Guamá instalada nesta cidade prosseguiu dando adevida influência religiosa ao ensino público, com suas parcerias e vários locaisserviram de instalações dos estabelecimentos como, por exemplo, no local ondehoje é a prefeitura, secretaria de educação, casa de Santa Teresinha (colégio SãoJosé), Ação Católica(local onde estão os dois mercados), também no sobradoonde hoje está o edifício do Fórum, e no antigo Grupo Pe. Antonio Vieira, hojeEscola Rubens Guimarães Júnior.

Antigo grupo escolar “Pe. Antonio Vieira”Na década de 60, precisamente em 03/ 04/1.967, foi projetado e

construído pelos barnabitas o Colégio São José, que em sua inauguração recebeuo nome de Ginásio Estadual “Pe. Angelo Moretti” (GEPAM), hoje Escola deEnsino Fundamental e Médio “Pe. Angelo Moretti”, que funciona até hoje emparceria com a SEDUC. Na atualidade este estabelecimento assenta mais de mil equinhentos alunos.

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Ginásio Estadual “Pe. Ângelo Moretti”.

Professores e Educadores que se destacaram entre muitos outrosestão os nomes de Florentina Damasceno, Maria dos Anjos, Irmã SanchaAugusta, Raul Santos, Manoela Matos, Maria dos Anjos Alencar, Socorro Rocha,Nazaré Corpes, Maria Prudência, Domingas Gil e outros mais.

O sistema de ensino atual possui hoje metodologia mais frouxa, queaté agora não conseguiu conciliar de forma eficaz o binômio instrução-disciplina,mostrando fragilidade em ambos, formando anualmente turmas que apresentamresultados heterogêneos, principalmente pela disparidade que existe deassimilação de indivíduo para indivíduo em relação ao estudo programáticoaplicado.

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FESTAS TRADICIONAIS DE OURÉM

As festas tradicionais em Ourém datam desde a criação doMunicípio, em 1.753, quando a presença religiosa ditava com a Coroa Portuguesaas coisas por aqui.

A “festa do Divino Espírito Santo” foi a mais ativa até a década de1.920, arrefecendo com a chegada dos padres Barnabitas em 1.930, que tentaramintroduzir a “festa de Santo Antonio Maria Zacarias”. A “festa do Divino”,consistia em ladainhas em latim e visitação às residências dos fiéis, através decordões ritmados por violas e percussões, cordão esse que conduzia além dabandeira do divino, uma belíssima coroa em ouro e prata, portada numa bandejatoda banhada em ouro (vendida pela igreja, à revelia dos fiéis no final de décadade 1.960).

Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de Ourém, sempre foilembrada no mês de dezembro, porém hoje é timidamente festejada, bem como afesta de Natal vem perdendo força, e outras que desapareceram como NossaSenhora do Rosário e São Tomáz. Ainda se realiza a procissão de Corpus Christi.A “festa de São Benedito”, que até o final dos anos 1960, tinha sua procissão emembarcações pelo rio Guamá, é hoje a mais popular tendo seguramente mais dedois séculos alternando momentos de glória e outros nem tanto.

Chegada de São Benedito pelo rio, no final da década de 1.960.

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As festas natalinas dos anos 1960. A rainha das festividades Regina Matos,posa na frente do conjunto de um certo Pinduca (de paletó mais escuro).

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O Círio, hoje de Nossa Senhora de Nazaré é a festividade maisrecente e em menos de quatro décadas já foi até Círio de Santo Antonio MariaZacarias, que por sugestão do padre Vitaliano Vari, que alegou que nunca tinhavisto círio de santo, e sim de santa, mudou para a virgem de Nazaré na década de1.970, mantida até hoje. Praticamente se perdeu a “folia de Reis”, muito praticadadurante décadas pedindo donativos nas madrugadas, aqui chamada “Tiração deReis” com a toada do “pan-pan-pan”, nos lares ouremenses.

As festas juninas sempre tiveram destaque em Ourém e um dospioneiros marcadores de “quadrilha” foi o Sr. Antonio “Abacate”. Hoje o mêsjunino toma aspecto diferente, com músicas desvirtuadas da tradição, masconsegue lotar as quadras durante todo o mês de junho, com raras apresentaçõesde “quadrilhas”. Figuras como o Sr, Antonio Nery e dona Domingas Siqueirasempre foram incentivadores da “festa na roça”. Ultimamente está se tentandorevitalizar o “boi bumba”, que vem de muito longe passando pelo seu “Bofiá” dacomunidade do Mocambo, seu “Queimado” da comunidade do Furo Novo,“Bode” do Bom Jardim, “Bené Careca” e André Catarino de Oliveira o “Cutia”de Ourém. Os bois que estão ativos na atualidade são: “Flor do Campo” doMocambo, amo “Mestre Julião”; “Pai do Campo” de dona “Miloca”, amo“Mestre Faustino”; “Ouro Fino” do amo “Mestre Cardoso” e “Geringonça” quetem como amo “Mestre Tuíte”, que ressurgem com especial incentivo dopesquisador musical Fabio Cavalcante. Vale registrar o cordão do pássaro“Arajuba” do bairro D. Eliseu.

Hoje o aniversário da emancipação política do Município(29/05/1.762); e o Festival da Canção Ouremense (1.983), são as tradições quemais crescem no Município, mutilado por diversas emancipações.

Boi bumba em processo de revitalização

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HISTÓRIA DA MÚSICA OUREMENSE

As primeiras manifestações musicais no Município de Ourémprovavelmente aconteceram protagonizadas pelos índios Tembés, primeiroshabitantes da nossa terra, que a exemplo do que se sabe hoje do mundo indígena,deveriam adotar em diversas tarefas diárias ou periódicas, cantos que poderiamsimbolizar os rituais silvícolas da época. Sabe-se também que a influênciaportuguesa e africana chegou a nosso torrão por volta do século XVIII, quando daconstrução de um forte pelo navegador português Luiz de Moura às margens dorio Guamá e as proximidades da cachoeira, fortaleza esta que futuramente viriaservir de garantia para a instalação de diversas famílias, oriunda dos Açores dePortugal, que com certeza trouxeram a reboque a criadagem formada pelos negrosafricanos, formando então a partir daí um povoado que veio a se tornar Ourém.Os vestígios desse princípio são notados na atual geração miscigenada, comotambém nos nomes de localidades, pessoas e costumes. Vejamos por exemplo: Éfato comprovado que a cerca de 2 Km da sede do município existe uma pequenalocalidade chamada “Tum-Tum”, ali segundo os antigos era uma espécie dequilombo, onde os negros se reuniam para rituais animados por tambores que aolonge eram ouvidos e identificados por seus tum-tum-tuns.

Sabemos também da participação dos frades, que por aqui militaramcom seu internato até as duas primeiras décadas do século passado, com certezarepassando ensinamentos como os cantos das missas em latim. Reunindo essa química toda, podemos traduzir em uma únicatradição que até bem pouco tempo era verificada pelas ruas de nossa cidade: afolia de Reis com seu “pam-pam-pam”, que basicamente reunia a viola doportuguês, o tambor africano e o reco-reco indígena. Isto é a alquimia sintética emiscigênica do verdadeiro ouremense, como também é para o nordestino abandeira do forró formada por sanfona, triângulo e zabumba.

Irmão Antonio Albério e sua bandinha dos anos 1930.

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Isto deve ter sido a motivação para que o italiano, irmão AntonioAlbério, ainda na década de trinta, arrebanhasse um grupo de jovens para formaruma bandinha de música, como também motivou Raimundo Brasil a fabricar suaprimeira rabeca para tocar nos bailes e embalar os enamorados das décadasquarenta e cinqüenta, como também o carimbó rústico do negro “Verequete” quesacudia e empolgava sua parenta “Piticó”. O toque clássico de violão de seu“Lilito”, os acordes de mestre “Cazuza” até a chegada das aparelhagens sonorasque foram introduzidas pelo jovem Antonio Maria “Douglas” Rodrigues nolendário “Bar Paraense” e sua programação diária. Porque não falar de seuAntonio Batista e Nely Ayres com suas Pick-cups para vinil. De Batista o “SuperClássico Santo Antonio”, de Nely o “Stéreo Áudio Dragão do Mar”. Osbragantinos André Catarino de Oliveira, o “Cutia” e Benedito Gualberto da Silva,o seu “Ninito”, uniram as forças do talento musical com a parafernália eletrônicapara criar na década de setenta o grupo de carimbó, “Os Caipiras Ritmados deOurém”, que numa influência de Verequete e Pinduca, fizeram a trilha sonora dosanos 1970 no Município de Ourém. Vieram as serestas na ponte depois da meianoite, ai que saudade do projeto Rondon que deu um tempero universitário najuventude de então.

Contemporaneamente a chegada de Fernando Piauí naquelemomento, veio trazer o retoque final para definir com o sotaque nordestino aexpressão local de Paulo Augusto, Alderico Aires, Natinho Sarmento, e osemergentes Arlindo Matos e Jorge Bragança. Estava feito o alicerce para oFestival da Canção Ouremense, que com a maestria do Saudoso Tomáz Ruffeil,colaboração de Veloso Neto e Humbertinho Fernandes, foi possível ser idealizadoo projeto “Ourém, um verão quente de amor”, que dentre outras coisas, comocolônia de férias, jogos e gincanas culminariam com o “I Festival da Canção dosMunicípios Irmãos”, fomentado incondicionalmente pelo então prefeito RaulSantos.

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HISTÓRIA DO FESTIVAL DA CANÇÃO OUREMENSE

A história do Festival da Canção Ouremense embrionariamentecomeçou ainda na década de 1.970, por volta de 1.978, quando nossa cidade viviaum momento especial, recebendo elementos que viriam futuramente contribuirpara a criação do Festival da Canção Ouremense. Era um tempo em que o“Projeto Rondon”, ação do governo federal que levava para pequenas cidadesbrasileiras, estudantes universitários, que promoviam várias atividades sociais,dentre as quais, assistência à saúde e judiciária, psicológica, cultural, esportiva eetc.

A integração desses universitários com a população foi imediata,somando-se a isso os filhos de Ourém radicados em Belém e outras cidades, quecoincidentemente gozavam férias na terrinha, e mais a chegada de Teresina-Pi, deuma figura jovem de grande bagagem intelecto-cultural, que passou a serconhecida como Fernando Piauí, foram os principais ingredientes para deflagrar omaior movimento cultural pré-festival, já vivido em Ourém.

As férias de Ourém se resumiam em diversão e diversão. Não se viaaqui nenhuma tendência de violência pela juventude da época. Não havia energia24 horas (meia-noite os geradores eram desligados), carros com sonorizaçãopotente, nem motoqueiros ruidosos, drogas ou micaretas. Era os nossos “AnosDourados”, e a intensidade de diversão só esgotava quando batia o cansaço nasserestas na antiga ponte de madeira ou na praça “Magalhães Barata”.

Lembramos que figuras residentes em Ourém, como Paulo Augusto,Arlindo Matos, Hilton Filho “Guru”, Jorge Bragança, Alamir, Iraçu, Cacá eoutros já apareciam infiltrados nas atividades esportivas e culturais comandadaspelo pessoal do “Projeto Rondon” a exemplo dos veranistas Natinho Sarmento,Tomaz Ruffeil, Humbertinho, Veloso, Alderiquinho, “Dinamite”, Luis Sérgio,Adilson e Hailton Pinheiro, Augusto e Cláudio “Garajau”, Içá, Zeca e EstélioNery, Charles “Guerreiro”, Toninho e Tadeu do “Camarão”, Chico, Tulin,Fernandinho entre muitos outros. Era um movimento quase que totalmentemasculino, mas não podemos esquecer mulheres como a primeira dama, DonaMaria Lúcia, Sueli e Silbene Aires, Concita Souza, Socorro Matos, Bela, Fátima eMônica, Regina Siqueira e outras. Uma geração mais antiga também teveparticipação indireta, como Mundico Matos, Diquinho Maranhense, professorRaul Santos, Antonio Maria Rodrigues, Carlitão e Aristeu.

Era presidente da República o general João Batista Figueyredo,governador do Estado, Alacid da Silva Nunes, prefeito Haroldo Alencar de Souzae juíza da Comarca, a Dra. Osmarina Onadir Sampaio Nery, essas duas últimasautoridades do Município, demonstravam indiferença ao movimento, mas sãocitadas pela importância institucional que representavam nessa época. O processode maturação para surgir o festival da canção em Ourém já estava em andamentoe pelo menos em duas participações do “Projeto Rondon”, as turmas da Bahia em1.978 e de Brasília em 1.979 foram fundamentais para acordar o espírito cultural

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até então adormecido no peito daqueles jovens que verdadeiramente gostavam epassaram a pensar numa Ourém efetivamente como a capital paraense da músicaou canção.

Quem não se lembra de “Fifito”, Rosália, o “João Grandão” Alan,Deolindo entre outros bahianos e brasilienses? Pois é, quanta saudade e quantosensinamentos deixaram para nós. Mas eu queria relevar e dedicar um capítuloespecial para o piauiense Fernando Chaves.

Entendemos que a figura solitária de Fernando “Piauí” foi muitoimportante para esse processo, por que apesar de “ter caído de para-quedas”, foiele quem ficou e “fincou” raízes produtivas na cultura ouremense, principalmentena área da música. Formou por um longo período uma dobradinha com PauloAugusto, agitando e influenciando àquela geração fértil. Fernando tornou-seprofessor na escola “Pe. Angelo Moretti” e lá repassou muito bem seusconhecimentos, não só na sala de aula, mas também no tablado, com introduçãodo teatro e shows, tendo a coragem de criar pontos culturais na cidade, fazendoum intercâmbio Ourém-Teresina, enfim foi muito ousado numa época de poucasopções.

É bem verdade que “Piauí” era um malandro moderno, largado,esperto, mas inteligente e de uma família musical. Através dele conhecemosoutros nomes de sua família, como Álvaro, Rita e Beto “Pirilampo”, quetrouxeram consigo músicos importantes como João “Pimenta”, Garibaldi, ZezéFonteles e Rita “Dedão”.

Esse trânsito de Fernando Piauí ajudou a consolidar algo que pareciaimprovável se sustentar por motivo de incompatibilidade de estilos, juntando-se aAntonio Veloso Neto e Alderiquinho, Humbertinho e Natinho Sarmento, todoscapitaneados por Thomáz Ruffeil, o grande executor do projeto “Ourém, umverão quente de amor”, em 1.983.

Para colocar em prática o projeto que começou com uma cerimôniacom a presença de uma banda da polícia militar, trazida por Tomáz, que já eraoficial militar, foi preciso termos como prefeito, o professor Raul Santos, queatravés da Prefeitura, fomentou boa parte dos acontecimentos daquela primeiraedição, que culminou no último final de semana do mês, no I Festival da CançãoOuremense, ou “Festival de Música e Poesia dos Municípios Irmãos”.Programação essa que começou pela parte da tarde da primeira sexta feira do mêsde julho/83, e que no cerimonial contou com hasteamento de bandeiras e muitosfogos ao lado da pequena maloca, construída para os eventos de julho, abrindoassim, a colônia de férias.

Era a década de 80 e após iniciada essa trajetória musical dosfestivais, eis que surge uma nova equipe de jovens, comandada por JofreyGemaque e Aguinaldo Corrêa dando prosseguimento e glamour ao que hoje édenominado “Festival da Canção Ouremense”, hoje completando 24 anos dejornada, numa seqüência nunca igualada no Estado do Pará, sendo, portanto omais antigo festival de música do Estado, em atividade.

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É preciso dizer que apesar de todas as deficiências que ainda possater, este festival deve e tem que ser olhado com muito carinho, principalmentepelos artistas, pois espaços como este, não se encontra com freqüência naatualidade. Nosso Festival nunca foi um primor de estrutura, mas sempre foi umfestival coerente e honrado. E para finalizar, queremos também alertar a todos,para que observem que este festival sempre foi complexo na sua realização porser franqueado ao público, sem receita própria no evento, dependendo sempre docofre municipal e apoio cultural sempre de difícil capitação, ao contrário dosdiversos outros conhecidos Brasil afora.

Para registro, passamos a descrever o cenário inicial do primeirofestival da canção em Ourém: Uma maloca sextavada de bambu e palha compouco mais de 100m² foi construída nas proximidades da esquina da rua 15 denovembro com a travessa Lázaro Picanço, portanto bem próximo da beira do rioGuamá, local onde termina a primeira praça da “Lázaro Picanço”.

Lembramos que para dar retaguarda às apresentações dos artistas, foicontratada uma banda-base que pertencia ao emergente cantor Diogo, que no finalse apresentou como atração pós-festival e no seu repertório incluiu a música deRaul Seixas “Medo da Chuva”. A sonorização era da própria banda e comparadacom as sonorizações atuais, era precária, com zumbidos, capitadores antigos emuita microfonia. Veloso Neto, que trajava um blusão verde e calça jeans escura,foi o apresentador. O corpo de jurados ficou praticamente na cara do palcoespremido por uma grande massa, que se comprimia com cartazes e faixas,torcendo por suas preferidas.

A vencedora foi “Uma canção para Ourém”, de autoria do próprioapresentador Veloso Neto, mas interpretada por seu primo Alderiquinho Aires. Asegunda colocada foi “Areia Nela”, uma composição sátira do brincalhão“Cuiuca”, que ganhou versos de Arlindo Matos, interpretada pelo folclórico“Guru”. Na verdade tudo não passou de brincadeira e seus autores, jamaisesperaram tal “zebra”. É que todos os demais concorrentes se uniram naquelamúsica, proporcionando um excelente arranjo, contando com o saudoso mestreBrasil no violino, o piauiense Garibaldi numa “escaletta”, Natinho no violão emuita gente no palco fazendo um vocal exaustivamente ensaiado. Some-se aindaa tudo isso o grande foguetório que quase incendiou a maloca, patrocinado pelopernambucano Maurício Maciel. O pipocar dos fogos chegou a coincidir com amarcação da música e a platéia em delírio mostrou que aquele festival merecia serem área maior, em detrimento da pequena maloca. A terceira colocada foi“Restos” de Fernando “Piauí”, com interpretação do próprio, acompanhado detoda turma de Teresina. Ourém via, discutia e passava a viver e respirar a músicade seus festivais.

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Na pequena maloca, o primeiro festival da canção Ouremense. Na fotoNatinho, Jorge Bragança e Paulo Augusto se apresentam e embaixo Antonio

Veloso Neto, o vencedor, observa a reação do público.

Em 1984, o festival não se realizou por causa da indisponibilidade deThomaz Ruffeil, porém em 1985 um novo grupo comandado por JofreyGemaque, Agnaldo Corrêa e “Caíto” abriram um novo projeto para o festival dacanção, que mais uma vez apoiado pela prefeitura através de Raul Santos, veioacontecer nos mesmos moldes do primeiro, desta feita com o nome de “II Festivalda Canção Ouremense”, realizado na “Barraca das Festividades” ou “Barraca daSanta” ambiente da igreja católica. Jofrey ficou sozinho em seu grupo e o festivalsó aconteceu, graças a uma convenção feita na hora do festival pelos própriosconcorrentes, que garantiram sua realização de maneira harmônica. Venceu amúsica “Beijo Quente” de Veloso Neto, interpretada novamente por AlderiquinhoAires, conquistando o bi. “Infânica no Interior” do mesmo autor, mas cantada porPaulo Augusto foi a segunda; e “Amor Perene” de Arlindo Matos e Alderiquinho,cantada pelo último ficou em terceiro.

Em 1986, o festival aconteceu entre as duas praças principais dacidade, exatamente na rua Hermenegildo Alves, e Alderiquinho mais uma vezabiscoitou o primeiro lugar, com o xote “Vem de algum lugar”, composição delee Rildo Medeiros; “Flor do Campo”, do mineiro Élvio Caio e Fernando “Piauí”foi a segunda; e “Ponta de Lua” dos irmãos piauienses Beto, Rita e Fernando,cantada pelo trio foi a terceira.

Em 1987, o local do “festival” foi mudado mais uma vez, pois oprefeito Raul Santos construíra o barracão “Tucunaré”, no local onde estão

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localizados os primeiros quiosques da beira do rio, para servir a eventos deverão. Essa edição foi cuidadosamente planejada, mas serviu mais uma vez paraentender-se que o espaço também era pequeno. Este festival foi marcado por umempate duvidoso entre as músicas “Negra” de Círia de Nazaré e Jorge Bragança,cantada por Jorge e “Rosa Terra” da dupla Rildo Medeiros e Floriano, cantadapor este último. O voto de minerva do engenheiro civil Roosevelt, decidiu pelaprimeira. Em terceiro ficou a composição de Rildo Medeiros e Pita, tambémcantada por este último.

Em 1988, nosso “festival” premiou “Belo Horizonte” de DonatoSarmento Filho e Rildo; “Novo Encontro” de Marcus Vinícius e Pita; e“Brinquedo” de Arlindo Matos, Jorge Bragança e Zeco. Festival que voltou aacontecer na praça, ao lado do Banco do Brasil. Este foi o último evento realizadona administração Raul Santos.

Em 1989, assumia a prefeitura de Ourém o farmacêutico Raul Motada Costa, que conservou na Secretaria de Cultura o nome de Jofrey Gemaque, ede novo na praça, na rua Hermenegildo Alves, Paulo Augusto fez até o júridançar com a música “Curimbó” de Rildo Medeiros e Donato Sarmento Filho,ganhando o primeiro lugar com muita garra, tendo sua interpretação sidofundamental para àquela conquista. “Desabafo Ecológico” de Jofrey Gemaque eZeco Penna, cantada por Zeco foi a segunda; e “Nunca mais quero ouvir da tuaboca” de Veloso Neto a terceira.

Em 1990, “Coisas do cotidiano” de Ferdinando Domingues e GutoPinho arrebatou o primeiro lugar com um arranjo revolucionador no festival deOurém, marcando o início da hegemonia forasteira; acompanhado de “CarinhoNativo” de Eduardo Dias, em segundo lugar, música esta gravada pela renomadaFafá de Belém; e “Aos filhos da nossa Aldeia” de Mário Morais em terceiro.

Em 1991, o festival muda novamente de local e embaixo damangueira do “Beiradão”, na Praça Vitaliano Vari, depois de nova polêmica nosorteio de apresentações e sob muitos protestos dos artistas que se apresentaramreclamando da mudança de última hora da ordem de apresentação, aconteceu oVIII Festival da Canção Ouremense, vencido por Guto Pinho “Amazônia, minhabandeira”, seguido de “Menbenhokrê” de Floriano e Rildo Medeiros, emsegundo; e “Contos de Fada” de Zeco Penna em terceiro.

Em 1.992, novamente na praça, o “Festival da Canção” experimentaum novo formato, introduzindo o sistema de eliminatórias, sendo realizado emtrês noites (duas eliminatórias e a final). Porém o que era para acontecer em trêsnoites acabou em quatro, pois a comprovação de beneficiamento em favor doconcorrente Edilson Moreno, gerou distúrbio de revolta entre os demaisparticipantes, motivo pelo qual a coordenação do evento, ainda sob o comando deJofrey Gemaque, foi obrigada a anular e realizar uma outra final, desta feita em20/08/1992, em Belém na casa noturna “Olé, Olá”, encerrando o mandato doprefeito Raul Mota da Costa.

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Nessa segunda final do mesmo festival, Edilson Moreno aindadefendeu seus trabalhos, porém já marcado pelo episódio de Ourém, não tevenenhuma chance, ocasião em que definitivamente venceu “Rio do desespero” deFloriano; “Pelos campos do Marajó”, de Cíntia e Dam Campos, em segundo; e“Águas pro sertão” de Sílvia Cunha e João Carlos, em terceiro.

Em 1993, assume a prefeitura de Ourém, Haroldo Alencar de Sousa,que chamou para a secretaria de Cultura, o ouremense Arlindo Matos, queprocurou melhorar a estrutura básica do evento cultural principal de Ourém,conservando as coisas boas e melhorando outros pontos deficientes do festival.Para redução de despesa, voltou a realizar o festival numa noite só, sem aseliminatórias introduzidas no ano anterior. Melhorou a sonorização, introduziupela primeira vez, troféu personalizado; ônibus especial com saída de Belém ealojamento com as principais refeições para os concorrentes de fora.

Foi sob o seu comando, que o festival aconteceu pela primeira vezliteralmente na beira do rio, em local aproximado onde hoje está localizada aconcha acústica, ocasião em que se tentou colocar em prática, a sua idéia deurbanização da orla do Guamá, idéia que fora repassada ao governo Raul Motasem sucesso, no molde futuramente realizado pelo prefeito João Gomes. HaroldoSouza e Arlindo Matos ainda chegaram a fazer levantamento no local junto comum engenheiro a serviço da prefeitura, porém não se conseguiu os recursosnecessários. O festival da canção nunca mais saiu do local.

O grande vencedor foi Paulo Uchoa que emplacou o primeiro esegundo lugar com as músicas “Árvore” interpretada pela ouremense CláudiaCunha; e “Piraqueira” interpretada pela belenense Jacely Duarte. O terceiro ficoucom “Bichos soltos” de Veloso Neto.

Após o festival de 1993, Arlindo Matos entrega a secretaria decultura para Graça Serra, mas retorna voluntariamente no ano seguinte paracoordenar o XI Festival da Canção Ouremense.

Em 1994, Pedrinho Callado vence com a música “Nicho que nãosonhei”, interpretada por Olivar Barreto; em segundo “Raízes de um povo” deJoão Lins; e terceiro “Carimbo amuado” de Zeco Penna, Valtinho, Alderico eVeloso Neto.

A décima segunda edição foi vencida novamente por PedrinhoCallado com o trabalho “Canto de casa”; seguido de Ziza Padilha com “Navegador”; e Beto Pinho com “Ave morena”. Esta edição teve coordenação de GraçaSerra e músico Delço Taynara.

No XIII Festival da Canção Ouremense em 1996, agora realizado porGraça Serra e Almino Henrique, registrou como vencedor a canção “Lua nua” deDaniel Bastos; e segundo e terceiro lugar por Pedrinho Callado com os trabalhos“Noite de sombras” e “Tratado de poeta” respectivamente.

Em 1997 assume a prefeitura João Gomes da Silva, que nomeiasecretário de cultura o ex-padre Baltazar Filho, o “Baltinha” que volta a modificaro troféu, desta feita, talhados pelo artista da terra Fabiano Raimundo. O

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regulamento também sofreu modificações, utilizando critérios de avaliaçãodiferenciada dos julgadores, que escolheram como vencedor o consagradoPedrinho Cavallero que interpretou a música “Primeira Canção”; em segundo“Nos tempos dos regatões” de Márcio Dias, Ricardo Aires e Tony.

Em 1998, acontece o XV Festival da Canção Ouremense, vencidopor Pedrinho Callado com a música “Voz de verso de porões”; a segunda foi“Sexo dos anjos” de Maria Lídia e Albinha; e terceiro “Sol” de Adriano Aires.

Em 1999, o XVI festival foi vencido pelo ouremense Paulo Augustocom o trabalho “A voz rouca da crooner”, interpretada e de autoria do próprio emparceria com Márcio Proença e do consagrado Ivor Lancelotti; em segundo“Oferendas nos quintais” de Pedrinho Callado; e terceiro “O limite” de MariaLídia.

Em 2000, aconteceu o XVII Festival da Canção Ouremense, o últimorealizado pelo secretário Baltazar Dias e foi vencido por Pedrinho Cavallero, coma música “Não fosse aquele aguaceiro”; em segundo “Nuvens são nuvens” deFloriano e Andréia Pinheiro; e em terceiro “Blues derradeiros” de Nego Nelson.Vale o registro do desaparecimento de grande parte do acervo do nosso festivalda canção, das dependências da “Casa de Cultura”, principalmente fotografias,fitas K-7 e VHS, e CDs, e nenhuma providência administrativa foi tomada peloexecutivo para elucidar e responsabilizar os culpados ou recuperação do material.

Em 2001, o prefeito João Gomes foi mantido no governo para maisum mandato de quatro anos, porém substituiu o secretário de cultura,promovendo o retorno de Jofrey Gemaque que realizou o XVIII festival vencidopor Pedrinho Callado com a música “Pequena sonata para espantar a tristeza”, emsegundo “Batuque no terreiro” de José Felix; e em terceiro “Paixão atemporal” dePedrinho Cavallero. Nessa edição o “festival” voltou a ter duas eliminatórias efinal.

Em 2002, o XIX Festival da Canção Ouremense foi vencido porLeandro Dias com “Ave madrugada”; em segundo “Data vênia” de AdilsonAlcântara e Alcir Guimarães; e terceiro “Povo milagreiro” de Fabrício dos Anjos.

Em 2003 acontece XX Festival, vencido por Clodoaldo Ferreira com“Plenitude”; em segundo “Senzala Brasil” de Pedrinho Cavallero e Leandro Dias;e “Amor de natureza” de Jaconias Neto, em terceiro.

Em 2004 é pré-inaugurada por João Gomes, a concha acústica“Tomáz Ruffeil” com a realização do XXI Festival da Canção Ouremense,vencido por Ivan Cardoso e Alfred Morais com “Viola e violeiro”; “O pequenoprodutor-opereta de Sérgio Leite e Renato Coral; e “Paracauarí” de Rildomedeiros e Daniel Bastos em terceiro. Neste festival a música “As origens deOurém” do mais velho participante de todos os festivais, Mestre Cardoso de 71anos, foi aplaudida de pé pelo público presente, mas não se classificou para afinal, porém ainda hoje é a música mais executada daquela edição, fazendo partereferencial das músicas alusivas ao nosso Município.

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Em 2005 assume a prefeitura de Ourém, Raimundo Zoe de JesusSaavedra, que nomeou para a secretaria de Cultura, a Sra. Ebe Potiguar querealizou apenas o XXII festival, auxiliada por Pedrinho e Andréia Cavallero, cujaedição contou com transmissão ao vivo das emissoras Cultura para todo oMundo. Esta edição foi considerada operacionalmente, a melhor de todas, comexcelente fluência e sonorização profissional. Venceu “Ode à bailarina” de JorgeAndrade e Floriano, interpretada por Andréia Pinheiro; em segundo “Cantiga deágua doce” de Gonzaga Blantz, que veio de Manaus-AM; e “Capitôa do Mar” deEduardo Dias em terceiro.

Em 2006 foram introduzidas mudanças na organização do festival,graças às sugestões e reivindicações de artistas ouremenses que foram ouvidas eem parte aplicadas nesta edição. Também foi inserido em seu contexto oFEMUPA – Festival de Música do Pará, tornando nosso festival pólo de dezenasde municípios do nordeste paraense. Em primeiro lugar atendendo aos artistasresidentes em Ourém, o regulamento foi reescrito adequando-se ao Femupa eFempo ( Feira de Música e Poesia de Ourém, que serve de acesso para os locais).Também foi exigido que a pé-seleção (triagem) fosse obrigatoriamente em Ouréme tivesse participação de julgamento igualitária de ouremenses, encontrando-secom esse peso uma média teoricamente justa, medida estendida para aseliminatórias e final no corpo de jurados aumentando de quatro para setejulgadores, contando-se com o presidente do júri.

Venceu em 2006, a música “Santa Cecília” de Fabrício dos Anjos.“Guamarina” de Alfredo Reis foi a segunda colocada; e “Ainda depois” de JoséPorto Vieira que também foi escolhida como melhor letra e deu a sua intérpretePatrícia Rabelo o prêmio de melhor interpretação; ficou em terceiro lugar. NoFemupa, o ouremense Ismael Reis venceu com a música “Quero fazer umacasinha” interpretada por Amauri Ramalho; o segundo lugar foi “A voz da razão”(Alyna Araújo, Darley Darlen e Maria José Monteiro B.), seguido de Neto Limade Capitão Poço com “Pro lado de lá”, que também levou os prêmios de MelhorArranjo e Preferida Popular.

Festival da Canção Ouremense, hoje têm grande estrutura.91

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RESULTADOS DE TODAS AS EDIÇÕES DO FESTIVAL DA CANÇÃ OOUREMENSE

AnoVersão 1° Lugar 2° Lugar 3°Lugar

19831° Uma Canção Para Ourém

Veloso Neto

Areia Nela

Cuiuca / Arlindo Matos

Restos

Fernando Piauí

19852° Beijo Quente

Veloso Neto

Infância no Interior

Veloso Neto

Amor Perene

Arlindo Matos / Alderico

19863° Vem de Algum Lugar

Rildo Medeiros / Alderico Aires Flor do Campo

Elvio Caio / Fernando Piauí

Ponta de Lua

Beto, Rita e Fernando Piauí

19874° Negra

Círia de Nazaré/Jorge Bragança

Rosa Terra

Rildo Medeiros / Floriano

Amazônia ,Mistérios e Encantos

Rildo Medeiros / Pita

19885° Belo Horizonte

Donato Sarmento / Rildo Medeiros

Novo Encontro

Marcus Vinícius / Pita

Brinquedo

Arlindo / J. Bragança / Zeco

19896° Curimbó

Rildo Medeiros / Donato Sarmento

Desabafo Ecológico

Jofrey Gemaque / Zeco

Nunca mais quero ouvir da tuaboca

Veloso Neto

19907° Coisas do Cotidiano

Ferdinando Domingues / Guto Pinho

Carinho Nativo

Eduardo Dias

Aos Filhos da Nossa Aldeia

Mário Morais

19918° Amazônia Minha Bandeira

Guto Pinho

Menbenhokrê

Floriano / Rildo Medeiros

Contos de Fada

Zeco Pena

199219° Rio do Desespero

Floriano

Pelos Campos do Marajó

Cíntia e Dam Campos

Águas pro Sertão

Sílvia Cunha / João Carlos

199310° Árvore

Paulo Uchôa

Piraquera

Paulo Uchoa

Bichos Soltos

Veloso Neto

199411° Nicho que não sonhei

Pedrinho Callado

Raízes de um povo

João Lins

Carimbó Amuado

Zeco/Valtinho/Alderico/Veloso

199512° Canto de Casa

Pedrinho Callado

Navega Dor

Ziza Padilha

Ave Morena

Beto Pinho

199613° Lua Nua

Daniel Bastos

Noite de Sombras

Pedrinho Callado

Tratado do Poeta

Pedrinho Callado

199714° Primeira Canção

Pedrinho Cavallero

No Tempo dos Regatões

Márcio Dias/Ricardo Aires/ Tony

Cantiga de Ninar e acordar nossos

filhos – Ziza Padilha / Dedé Bandeira

199815° Voz de Verso de Porões

Pedrinho Callado

O Sexo dos Anjos

Maria Lídia / Albinha

Sol

Adriano Aires

199916° A Voz Rouca da Crooner

Márcio Proença / Ivor Lancelotti /

Paulo Augusto

Oferenda nos Quintais

Pedrinho Callado

O Limite

Maria Lídia

200017° Não fosse aquele aguaceiro

Pedrinho Cavallero

Nuvens são Nuvens

Floriano / Andréa Pinheiro

Blues Derradeiro

Nego Nelson /

200118° Pequena Sonata Para

Espantar a Tristeza

Pedrinho Callado

Batuque no Terreiro

José Felix

Paixão Atemporal

Pedrinho Cavallero

1 Este Festival teve o resultado anulado por suspeita de má-fé dos jurados. Foi realizado novamente emBelém do Pará, no dia 20 de agosto do mesmo ano no OLÊ OLÁ, tradicional Casa Noturna da Capitalparaense.

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AnoVersão 1° Lugar 2° Lugar 3°Lugar

2002

19° Ave Madrugada

Leandro Dias

Data Venha

Adilson Alcântara/Alcyr Guimarães

Povo Milagreiro

Fabrício dos Anjos

200320° Plenitude

Clodoaldo Ferreira

Senzala Brasil

Pedrinho Cavallero /Leandro Dias

Amor de Natureza

Jaconias Neto

200421° Viola e Violeiro

Ivan Cardoso/Alfred Morais

O Pequeno Produtor-Opreta

Sérgio Leite/Renato Coral

Paracaurí

Rildo Medeiros/ Daniel

Bastos

200522° Ode à Bailarina

Jorge Andrade / Floriano

Cantiga de Água Doce

Gonzaga Blantz

Capitoa do Mar

Eduardo Dias

200623° Santa Cecília

Fabrício dos Anjos

Guamarina

Alfredo Reis

Ainda depois

José Porto Vieira

A INTRODUÇÃO DO ESPORTE EM OURÉM

O futebol completou recentemente cem anos de existência e é hoje oesporte coletivo mais praticado no Brasil. Inventado pelos ingleses, por isso étambém chamado de esporte “bretão”, foi trazido para nosso país por Charles

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Müller no início do século XX e em Ourém teve como principais incentivadoreso português Manoel Ayres e o ouremense Domingos Simões da Costa, no final dadécada de 1930 e início de 1940. O primeiro fundou o Ourém Sport Club, comuniforme vermelho e branco; o segundo o Guamá Sport Club.

Para praticarem o futebol, Manoel Ayres fez o campo do “Ourém”em local onde hoje está a escola “Rubens Guimarães Junior”, próximo ao EstádioMunicipal que leva hoje, o nome do português; e Domingos Simões da Costa fezo Campo do “Guamá” no local onde hoje funciona a escola “Pe. Antonio Vieira”. Na época a cidade era praticamente isolada, possibilitando que essasduas equipes se enfrentassem com freqüência, movimentando a cidade com certadose de rivalidade, com torcidas organizadas entoando hinos e marchinhas egritos de guerra característicos de cada agremiação. Alguns atletas fizeramhistória e entre eles lembramos os nomes de “Zequita” e Orlando “Bola”.

“Zequita”- atleta dos anos 1930

A partir dos anos 1.940, surge uma nova agremiação, denominadaSanta Cruz, comandada pelo grande goleiro Raimundo Agostinho, o “DicoBarriga”. O Santa Cruz fez tanto sucesso, ao ponto de ter um de seus atletas,conhecido pelo esquisito nome de “Mané Também Quero” cobiçado e levado porum clube de Capanema, concretizando assim a primeira exportação de craque dahistória do futebol ouremense.

Na década de 1950 foi criado em Belém pelo senhor FrancoFernandes dos Santos, a equipe do “Ourém” que congregava jogadoresouremenses radicados na capital, vindo de vez em quando se apresentar em nossacidade, acompanhado de muita festa. Havia antes das partidas, desfile da equipepelas principais ruas da cidade, ostentando a bandeira do clube o atleta principalde nome Valter Fernandes, que também era do Clube do Remo. Numa dessasapresentações em Ourém, o prefeito da época Alderico Ayres, mandou buscar decaminhão em Belém, pela recém construída estrada, a briosa equipe deconterrâneos para fazer parte dos festejos de Santo Antonio Maria Zacarias.

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Quando tudo estava preparado para a recepção, chega a notícia deque houvera um trágico acidente na estrada, do caminhão com uma máquina deterraplanagem, provocando além de muitos feridos, a morte do craque ValterFernandes. O jogador era irmão do presidente daquela agremiação e por este fatoresolveu sepultar junto com Valter o clube que a partir daí desapareceu.

Valter empunha a bandeira do “Ourém” em desfile pela cidade.

Ainda na mesma década foi fundado pelo desportista Aciole Lobato,o Esporte Clube Jaguaré, que trazia como novidade o promissor goleiro “Ziza”,hoje conhecido como mestre “Zoca”. O Jaguaré perdurou até o início da décadade 1960. Neste período muitos outros craques foram revelados como os irmãosDedê, Dada e Mimi, Darinho, Pombo-Rôxo, Olivar, Beijinho, Pimpão, Gato eoutros. Também existiram na década de 1950, o Guamazinho fundado porVicente “Padeiro” Gomes, o Liderança (que nada tem ver com o outro Liderançacriado em 1978) e o Atlântico Futebol Clube, que entraram na década de 1960movimentando o futebol ouremense até a fundação da Associação Atlética “Luizde Moura”, em 15/09/1966, posteriormente denominada Associação AtléticaBeneficente “Luiz de Moura”.

Treino do Atlântico no campo do “Souza”

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O Atlântico no início dos anos 1960 - Em pé: Eurico, Dadá, Bebé Barros,Gato e Antonico. Agachados: Charanga, Zeca Ladeira, Mário Nery, Beijinhoe Mundicão e ainda Parafuso que não aparece na fotografia.

O fundador do “Luiz de Moura” foi o telegrafista Benedito Miguelda Silva, o “seu Bebé”, que se inspirou no nome do fundador de Ourém paraaumentar a auto-estima da juventude daquela época pelo município de Ourém,tendo ajuda de Zezé Morais, Rubens Norberto Soares, Domício Firmiano eRaimundo Matos. Segundo relatos recentes de seus comandados, “seu Bebé” foipara o “Luiz de Moura” muito mais que um fundador, pois seus ensinamentostranscenderam as regras do futebol, formando cidadãos acima de tudo. Um deleschegou a compará-lo com o inesquecível Telê Santana. “Seu Bebé” foi introdutorde treinamentos revolucionários como o bitoque e foi o primeiro a dar liberdadepara que os laterais apoiassem o ataque, o que taticamente esse papel é feito pelosalas modernos.

“Luiz de Moura”: Joãozinho, Zeca Ladeira, Alderiqui nho, Natal, Célio,Mario Nery e Rubens. Sinval, Pongaya, Carlindo, Simith e Vanginho.

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A partir daí os confrontos com o Atlântico foram inevitáveis, e umdeles ficou para sempre na memória de nosso torcedor, num torneio realizado nasemana da pátria de 1970, quando era prefeito de Ourém, Antenor Fonseca deOliveira, “o Bararú”. Esta partida foi vencida pelo Atlântico de virada, mas osmeninos do “seu Bebé” venderam caro a derrota de 2 a 1. Na verdade o “Luiz deMoura” era um time jovem e caseiro e o Atlântico um time experiente eimportado de várias cidades, principalmente do Santa Rosa de Icoarací, umaverdadeira seleção regional formada por Alfredo Picanço, Pedro Arnour,Sebastião Gomes “Babá”, Antonio Maria “Douglas” Rodrigues e LourivalDamasceno. Além de ter sido narrada a partida através da “Voz Paraense” paratoda cidade, um cinegrafista filmou em película super-8. O jogo começou nervosoe antes dos dez minutos da primeira etapa, o jovem volante Célio, viu clarear asua frente e de fora da área mandou um petardo a meia altura, que estufou a rededa meta defendida por Dinarte, que foi na bola no seu canto esquerdo, nãoachando nada. Mas o Atlântico tinha um inspirado Coquinho, importadojuntamente com seu irmão Luizinho de Icoaraci, que entrou pela esquerda na áreado Luiz de Moura e na saída de Mário Nery tocou inapelavelmente para o fundoda rede. Estava próximo do final do primeiro tempo e o placar persistiu até o finalem 1 a 1. Na segunda etapa o equilíbrio continuava e o arisco ponteiro esquerdoVanginho em jogada pessoal desperdiçou uma grande oportunidade, ao bater parao gol já desequilibrado. Quem não faz leva e o Atlântico tendo um escanteio a seufavor pelo lado esquerdo, incumbiu Flávio para a cobrança e este centrou no meioda pequena área adversária, o zagueiro Zeca Ladeira subiu para o cabeceio, massentindo que não alcançaria a bola, levantou o braço golpeando a bola com a mão,ocasião em que a arbitragem incontinente apontou para a marca da cal. Pênaltyque Coquinho cobrou com categoria definindo placar: 2 a 1. O Atlântico alinhoue venceu com o futebol de: Dinarte, Gato, Getúlio, Moisés e Escurinho. Clemir eCoquinho. Gatinho(Zezinho), Luizinho, Goiás e Flávio. O “Luiz de Moura perdeucom: Mário Nery, Alderiquinho, Zeca Ladeira(Lico), Natal e Joãozinho. Célio eSimith. Sinval, Pongaya, Carlindo e Vanginho. Dias depois o Atlântico decidiu otítulo do torneio contra a equipe do Santa Luzia do Km 47, e num jogotumultuado com arbitragem de Aristides Dias, perdeu para os visitantes peloplacar de 5 a 3 e apesar de ter construído sua sede social, desapareceu do futebolouremense.

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Antes do clássico contra o Alântico em setembro de 1970, atletas do “Luiz deMoura são paparicados na praça “Magalhães Barata”. Na foto aparecemCélio, Carlindo, Simith e Vanginho ladeados pela garotada.

Ainda foram formadas várias equipes menos expressivas a partir daí,como por exemplo, o Volante que teve vida curta, ocasião em que no estádio do“Souza”, antigo campo do Guamá, em 1972, foi construída a escola “Pe. AntonioVieira”, ajudando a paralisar o futebol de Ourém por certo período até queaproveitando a base do Fluminense, comandado por Benedito Siqueira Alves, o“Bené”, “Carlitinho”, Paulo Augusto e Célio reorganizaram o “Luiz de Moura”com a importante ajuda financeira de “Mundico” Matos que assumiu apresidência do clube. Durante a curta existência do Fluminense, também existiu orubro negro Centro Esportivo Ouremense, comandado por Zezé Morais e MimimMatos, clube que logo desapareceu com o ressurgimento do “Luiz de Moura”. Opalco era o estádio do colégio Pe. Ângelo Moretti, cedido pela sua diretora irmãSancha Augusta, momento em que a equipe auri-negra armou um timepraticamente imbatível, que reinou por longos anos representando sozinho onosso município. Vencia em qualquer lugar e aqui em Ourém jamais perdeu,vencendo o Brasil de Irituia por 7 a 1, o América de Peixe Boi por 13 a 0, comsete gols de Everaldo, a Seleção de Salinas por 3 a 1, então vice campeã doIntermunicipal, dentro da estância hidromineral, seleção de Bragança 4 a 0, emOurém e São Miguel, em São Miguel do Guamá, de virada por 3 a 2 entre outrosgrandes resultados. Aracy, Darlindo, Haroldinho Pastana, Paulo Augusto e Içá

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eram os grandes nomes, reforçados pelos veteranos Célio, Escurinho, Sinval eEveraldo.

Em 1.978 e 1.979, o “Luiz de Moura” disputa duas Copa Arizona,em Belém, competição essa realizada pela Companhia “Souza Cruz” com aparticipação de mais de 70 clubes, sendo o “Luiz de Moura” um dos poucos dointerior do Estado, fazendo um belíssimo papel, eliminando vários adversários esó saindo da competição nas oitavas de final. Ainda em 1.979, sob a presidênciado sr. Antonio Caires, a Associação Atlética Beneficente “Luiz de Moura” selegaliza oficialmente perante as entidades esportivas, sendo a primeira da cidade aconseguir tal feito, mesmo sem ter liga esportiva no Município, filiando-sediretamente à Federação Paraense de Futebol (FPF).

No ano de 1978 foi fundado o Liderança Esporte Clube, pelosdesportistas Odilardo “Malaca” da Costa Siqueira, José Benedito “Lico” de Souzae Francisco Alberto Braga, clube que também faria história no futebolOuremense. Antes do Liderança, teve rápida existência o Grêmio Ouremense deZezé Morais e o Internacional de Hilton Filho “Guru”.

O estádio olímpico “Manoel Aires”- atual praça de esporte de Ourém.

Só em 1983 foi fundada pelo desportista João Araújo, conhecido por“Frango Branco”, em Santa Luzia, distrito de Ourém a Liga Esportiva Municipalde Ourém, que contou inicialmente com apenas três clubes legalizados, no caso oSanta Luzia Esporte Clube e Botafogo daquela localidade e “Luiz de Moura” da

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Sede do Município. Foi nesse ano que Ourém formou sua primeira seleçãomunicipal, disputando o Intermunicipal daquela temporada, comandada pelotreinador “Téo”, auxiliado por Sinval. Ourém mais uma vez fez um papel regulare assim seguiu até 1987, quando Amadeu Matos e Valdemar Silva, o “Mazinho”transferiram a liga para a sede do Município e já com estádio municipal emfuncionamento, realizaram o primeiro campeonato municipal de Ourém, vencidopelo Liderança que na estréia bateu o “Luiz de Moura” por 2 a 1, gols deExpedito e Zé Carlos, e Sávio descontando para o “Luiz de Moura”. Essavantagem inicial pró Liderança foi garantida durante toda a competição paradecidir o campeonato com a vantagem do empate contra o próprio “Luiz deMoura”, em partida realizada em 24/10/1987. O “Luiz de Moura” saiu na frentecom um gol de Paulo Augusto, mas no finalzinho do jogo Zé Carlos empatou,dando o primeiro título oficial do campeonato ouremense ao Liderança EsporteClube, de uniforme com cores vinho e branco.

Nesse mesmo campeonato foram criados e legalizados, outros clubesem Ourém, como o União Recreativo Clube do bairro do Porão, o São Sebastiãoda vila do Arraial do Caeté, o Paroquial do Rio Grande e Progresso do Mocambo.

Em 1988, assume a presidência da L.E.M.O. o vice Valdemar dasGraças Figueira da Silva, o “Mazinho” e o “Luiz de Moura” toma a decisão dedisputar o campeonato no vizinho Município de Capanema, onde foi muito bem,conquistando de maneira invicta o primeiro turno, porém sendo eliminado dacompetição no segundo turno por ter tido problemas de viagem em doiscompromissos do campeonato, chegando atrasado, tendo-lhe sido decretado ofamoso W/O.

O Liderança também foi mal no campeonato de Ourém daquelatemporada perdendo a decisão para o Fluminense que disputou o campeonatocom documentação do Santa Luzia Esporte Clube pelo placar de 2 a 1, partidarealizada em janeiro de 1989.

Em 1989 o “Luiz de Moura” volta para Ourém com força total,ocasião em que era presidente da LEMO o sr. Benedito Elias Neves dos Santos ede cara ganha o torneio início goleando na final o Paroquial do Rio Grande emapenas 40 minutos divididos em duas etapas por 7 a 1, mostrando para todos avontade que colocaria em prática no campeonato, ganhando todos os dez jogosque disputou com cem por cento de aproveitamento batendo todos os recordes,marcando 57 gols e sofrendo apenas 08. Venceu o Liderança na final pelo placarde 3 a 0 na tarde de 07/01/1990 com gols de Cosme, Paulo Augusto e Bibill.

Em 1990 o “Luiz de Moura” é bi-campeão invicto, vencendo na finalo Liderança por 3 a 2 de virada, quando perdia ainda no primeiro tempo por 2 a 0,Pelado desconta, e na segunda etapa seu irmão Cural marca duas vezes e decretao bi-campeonato para o “Luiz de Moura”. Essa partida relativa ao campeonato de1990, aconteceu na data de 21/04/1991.

Em 1991 o Liderança volta a conquistar o título máximo do futebolouremense, ganhando na final o “Luiz de Moura” por 1 a 0, gol de Serginho.

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Nessa mesma temporada o “Luiz de Moura” representa Ourém juntamente como Liderança no Interclubes, competição estadual em que chegou a final depois deter eliminado o próprio Liderança em Belém no estádio Evandro Almeida, oBaenão, em 11/09/1991 por 2 a 0, gols de Márcio e Cural, partida que nãocompletou o tempo regulamentar dada a saída de campo do Liderança, no iníciodo segundo tempo. Na final o “Luiz de Moura” perdeu a única partida dacompetição, sucumbindo diante do Cabano de Maracanã, por 4 a 0, ficando com ovice-campeonato, num jogo muito desgastante, ocasião em que os ouremensesviajaram para Belém numa data, mas que foi adiada por duas vezes pelaFederação Paraense de Futebol, permanecendo na capital por cinco dias. Napartida que aconteceu numa noite de setembro no estádio Evandro Almeida, o“Baenão”, a equipe de Ourém sofreu nos primeiros minutos o primeiro gol,originado de uma falta inexistente marcada pelo árbitro Pedro Gilmar Dantas daCunha, e no final da primeira etapa Paulo Augusto sofreu um pênalty,desperdiçado por Adalto, que bateu na trave. No segundo tempo a expulsão dedois jogadores do “Luiz de Moura”, facilitou a ampliação do placar em favor dosmaracanãenses, que nos quinze minutos finais assinalaram os três últimos gols.

Em 01/05/1993 foi fundado o Serrano Futebol Clube que mais tardeviria se chamar Sociedade Esportiva Beneficente Serrano, com as cores verde,vermelho e branco. Nesse ano foi disputado retroativamente o campeonatoversão/92 mais uma vez sem a presença do “Luiz de Moura”. O Serrano que sófoi legalizado em 1993, foi para a final com o União Recreativo Clube numapartida dramática onde o empate de 0 a 0 persistiu no tempo normal e naprorrogação, mas nas cobranças de pênaltys o time do União ficou com o título.

Por falta de calendário o campeonato ouremense de 1993 nãoaconteceu sendo retomado em 1994, ocasião em que o “Luiz de Moura” volta aser campeão desta feita diante do Serrano, num jogo dramático. Depois do empateem 1 a 1 no tempo normal, na prorrogação o Serrano desempata, mas permite nofinal a virada espetacular do “Luiz de Moura” que venceu por 3 a 2 numa partidamemorável do centroavante Cural.

Em 1995 por motivo de troca do gramado do estádio municipal“Manoel Ayres” não aconteceu o campeonato daquela edição, para em 1996 oSerrano vencer na final o “Luiz de Moura”, sagrando-se pela primeira vezcampeão ouremense, pelo placar de 3 a 1, com gols de ex-atletas do “Luiz deMoura, Edu, Cural e Pimpão.

Em 1997 o “Luiz de Moura” não disputa o campeonato e o Liderançavolta ser campeão, desta feita em cima do Souza Clube, vencendo por 1 a 0, golde “Macaco”.

Em 1998 o Liderança conquista seu quarto título de formaespetacular, vencendo seu maior rival, o “Luiz de Moura”, num jogo de muitosgols: 4 a 3, tornando-se bicampeão 97/98 como também o clube que têm maistítulos Municipais em Ourém. Nessa partida o “Luiz de Moura” sai na frente comgol de Cural, mas o Liderança vira para 3 a 1 com gols de Hernande e

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Naldinho(2), Cural ainda marca o segundo do “Luiz de Moura” que jogavacom dez elementos devido a expulsão do zagueiro Bode. Nesta partida o ex-jogador do Clube do Remo Nazareno desperdiçou uma penalidade máxima para o“Luiz de Moura”, contra a meta defendida por Casseb. Nei marca o quarto dotime vinho e branco e Renato desconta no finalzinho encerrando a participação do“Luiz de Moura” nos campeonatos do Município. Em 20 anos de clássico, “Luizde Moura” e Liderança se enfrentaram 26 vezes desde 10/12/1978 até 1998, com12 vitórias do “Luiz de Moura”, 11 empates e 03 vitórias do Liderança. Cural do“Luiz de Moura” que não jogou todas as partidas, é o principal goleador, com 13gols.

Charles “Guerreiro”, Paulo Augusto e Zé Augusto, três craques ouremensesque brilharam profissionalmente. Charles chegou a Seleção Brasileira.

Em 1999, o Progresso da comunidade do Mocambo leva para ointerior o título máximo do futebol ouremense, vencendo o Guamá por 1 a 0, golde Lenivaldo.

Depois de alguns anos parado, em 2004 o desportista Hilton FilhoSiqueira Alves, o “Guru”, reativa a Liga Esportiva Municipal de Ourém,realizando assim o campeonato daquela edição que foi vencido pelo recém-criadopor dissidência do Serrano, o Independente, que venceu na partida final a equipedo Guamá por 1 a 0, gol de “Negão”.

Em 2005, o campeonato só foi realizado até o final do primeiroturno, vencido pela equipe dos Folgados. A suposta falta de recursos prometidospela prefeitura para os clubes teria sido a causa da paralização da competição quenunca mais foi reiniciada.

Em 2006, o campeonato ouremense encerrou-se mais uma vez noano seguinte, na data de 03/02/2007 em final entre Guamá e Independente, que

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depois de ter perdido seu jovem presidente e jogador Gildomar Vasques, noprimeiro dia do ano em acidente automobilístico, chegou para a grande final coma intenção de dedicar o título ao seu fundador desaparecido. O jogo ficou 0 a 0 enos pênaltis, depois de todos os cobradores converterem suas cobranças, na oitavatentativa de empate do Independente, o lateral esquerdo Avu, bateu por sobre ameta defendida por................, o Guamá se torna pela primeira vez campeãoouremense para alegria de seus torcedores.

Vale como registro a boa participação da seleção ouremense noscampeonatos intermunicipais, tendo iniciado em 1979 representada pela equipedo “Luiz de Moura” e a partir de 1983, com a fundação da Liga EsportivaMunicipal de Ourém, em Santa Luzia e depois de tranferida para a sede doMunicípio em 1987, já como seleção participou de algumas edições, tendodestaque em 1990, quando foi eliminado nos penais pelo selecionado de SantoAntonio do Tauá, no “Mangueirão”, depois do empate de 4 a 4 no tempo normal,numa tarde de muita infelicidade do lateral esquerdo Dito. Mesmo assim Ourémficou em 4º lugar na competição.

Em 1998, a seleção ouremense faz sua melhor campanha e tinhaamplas possibilidades de trazer o título inédito para Ourém, pois no triangularfinal eliminou a seleção de Primavera depois do empate no tempo normal,vencendo nos pênaltys, e vencendo em seguida a seleção de Itupiranga por 4 a 1 equando já comemorava o título, o então presidente da Federeção Paraense deFutebol, coronel Antonio Carlos Nunes de Lima comunica nossos dirigentes queOurém teria que fazer nova partida contra a eliminada seleção de Primavera numamanobra sórdida jamais esquecida pelos ouremenses.

Era prefeito de Ourém, o Sr. João Gomes da Silva, vice RaimundoZoe de Jesus Saavedra, Presidente da LEMO Paulo Augusto da Silva Matos evice-presidente Ivaldo Pinheiro. Indignado o primeiro mandatário do Municípiomandou lavrar um ofício para aquela entidade-mãe desistindo da competição, queteria sido assinada pelo vice da LEMO, Sr. Ivaldo Pinheiro, com o seguinte teor:

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LIGA ESPORTIVA MUNICIPAL DE OURÉM

Ofício nº Ourém-Pará, 10 de dezembro de 1.998

Sr. Presidente,

Vimos através deste, comunicar-lhe que o Selecionadode Futebol de Ourém, desiste de continuar na competição Intermunicipal deseleções, que ora está sendo realizada na capital do Estado do Pará.

Os motivos são decepcionantes e de tirar todos osestímulos de qualquer desportista que se preze como tal. Pois é deverasdesestimulante sofrermos as manobras que emanam não dos dribles dosadversários, mas da astúcia camuflada de uma entidade que se diz mãe.

Na verdade senhor Presidente, a sua Federação estámais para madrasta, madrasta que sufoca qualquer esboço de nossa parte,tornando-nos impotente diante de um quadro que há pouco tempo sonhamos queiria mudar.

Lembre-se Senhor Presidente, que nosso Municípiovibrou com a vossa escolha no último pleito, pois nosso voto foi um dos poucosque foram conhecidos pela imprensa, pois figurava entre aqueles unânimes votos“separados” que decidiram sua eleição e nisso o senhor não têm dúvida, poisacreditávamos tanto na sua lisura, que depois de aproximadamente 5 anosvoltamos a nos inscrever nessa pseuda competição. O senhor foi o motivoprincipal da deflagração do soerguimento do nosso futebol. Foi por sua causasenhor presidente, que depois de longos anos, tiramos nosso estádio das mãosdas baratas, reunimos o que de melhor tínhamos no futebol de Ourém, desderoupeiro, passando por preparador físico, treinador e até atletas profissionaiscomo Zé Augusto, Catita e Bilon revertemos para formarmos o que talvez seja amais autêntica seleção do interior em atividade, gastamos uma fortuna emmaterial esportivo de primeira e iniciamos a competição com entusiasmo, epasso a passo construímos nossa brilhante escalada até sermos envolvido numanebulosa, que infelizmente comprometeu toda a idolatria que tínhamos pelosenhor, que decepcionantemente tornou-se nosso algoz.

O senhor, presidente, ainda pode tentar nos ludibriarcom outras manobras, mas vamos parar por aqui. Parar no momento em quenossa seleção honrou seu Município com futebol, passando por tudo e por todoscom futebol, sem apelar (talvez sejamos a equipe mais disciplinada dacompetição). Saímos da competição antes que o senhor nos tirasse, e noshumilhasse ainda mais perante a imprensa paraense.

Mas fique o senhor sabendo que nunca quisemos emtroca de nosso apoio favorecimentos, porém conviver com perseguiçõesinexplicáveis também não dá e não será o latão de um troféu “cala-boca” que

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nos fará demovermos de nossa mais sensata decisão: Sairemos sim dacompetição porque sentimos que nossos adversários estão fora do campo edentro do poder da F.P.F., e o troféu que nos foi ofertado será devolvido porqualquer via. Sairemos invicto, com uma performance invejável e com profundorespeito de nossa torcida.

Obrigado senhor presidente pelos muitos abraços detamanduá e pelos “incentivos” que nos direcionou. O senhor é a síntese da maisprofunda hipocrisia que pode brotar num ser humano e só nos restaagradecermos pela “cortesia” de deferir nosso pedido.

Continue sempre assim, que assim sempre dará ibope ese depender do quadro atual do Município, INTERMUNICIPAL NUNCAMAIS!

Saudações esportivas,

IVALDO PINHEIROPresidente da Liga Esportiva Municipal de Ourém, em exercício

Ao: MD Senhor Presidente da Federação Paraense de Futebol Cel. Antonio Carlos Nunes de Lima.

Obs. Esta carta-ofício foi fartamente copiada pelo vice-prefeito de então, Sr. ZoéSaavedra, que depois de levar em mãos para protocolar na FPF, distribuiu paratoda a imprensa esportiva do Estado, que desdobrou o assunto durante umasemana, mas não conseguindo tirar da boca do presidente da FPF nenhumadeclaração a respeito da desistência de Ourém do Intermunicipal/98. Ourém sóvoltou a participar do intermunicipal no ano de 2004, com participação discreta.

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LENDAS, CAUSOS, ANEDOTAS, CRENDICES E BUSÕES

Na história do município de Ourém, e dentro do município e regiãoque já pertenceu a esta comuna, conseguimos depoimentos diversos,principalmente dos habitantes mais antigos, com histórias, estórias, lendas,“causos”, anedotas, crendices e busões, que a nosso modo, conseguimos catalogaralguns.

MATINTA PEREIRANos contos, a presença da “Matinta Pereira”, ou “Matin Pererê” é

uma constante nos relatos de nossos entrevistados.Na explicação mais comum, a “Matinta Pereira” é uma entidade sem

sexo definido, invisível, que vaga nas noites escuras, atormentando,“sacaneando”, perseguindo e até ajudando àqueles que madrugam, com umassobio “fino e longo”, na maioria das vezes arrepiando e irritandoprincipalmente caçadores e pescadores da noite.

Dizem os entrevistados que os “matins” são transformações deviventes humanos que por algum motivo foram escolhidos para carregar um“fado” ou “encanto”, ou seja, mesmo em vida terrena normal durante o dia,transformam-se no decorrer da noite, nessas criaturas jamais vistasmaterialmente. Presume-se que sejam dotados de asas, dado ao barulho queocasionalmente fazem após o assobio, deslocando-se rapidamente para um lado eoutro, pra cima e pra baixo. Os “encantados” amanhecem rolando na terra,desfazendo a metamorfose. Dizem que como instrumento para provocar oassobio, os “matins” utilizam um pequeno coco de tucumã, com um minúsculoorifício. É fato que a energia elétrica e sua iluminação pública, têm inibido apresença de “matins”. A “matinta pereira” de Ourém, nada tem a ver com ofamoso saci pererê.

LOBISONHO

A versão ouremense do lobisomem, o “lobisonho”, que pode ter essenome como resultado da fusão do clássico lobisomem com algo tambémconsiderado bisonho, é outro conto muito citado como assombração na região. Damesma forma da “matinta pereira”, um ser vivente e não fantasma transforma-segeralmente na figura de um porco ou outro animal equivalente, atacando einfernizando com grunhidos e estalados de dentes, a vida de pessoas de pequenosvilarejos. Os relatos coincidem muito e quase todos os entrevistados falaram desituações parecidas em pontos diferentes da região.

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O DENTE-DE-COLHER

Figura drakulina que assombrou muita gente no início da década de1.970, tinha característica de um homem de boa estatura, dotado de presa dentáriaque se assemelhava a uma colher de prata reluzente ao luar, por isso o nome“Dente-de-colher”. Também possuía um chapéu e uma capa ou lençol branco,que serviam para esconder sua face e só atacava por volta da meia-noite, semprenas imediações da “ladeira grande” na saída da cidade de Ourém. Não se têmnotícias de ter consumado alguma mordida, pois suas possíveis vítimas sedesvencilharam e escaparam para contar e repassar para outros os momentos deaflição diante do temível monstro. O “Dente-de-colher” teve vida curta e rápidocaiu no esquecimento dos ouremenses.

MÃE D’ÁGUA

Muitos são os relatos que dão conta de pessoas que foram“encantadas” por mãe d’água, principalmente crianças atraídas por uma belamulher branca de cabelos longos, que habitava as nascentes de igarapés. Há casosem que os “encantados” passaram vários dias sumidos, e quando foramencontrados, estavam sempre confusos e próximos a alguma nascente de igarapé.Um caso famoso aconteceu a três quilômetros da sede do Município, entre ascomunidades de Mocambo e Furo Novo, com uma senhora sexagenária quepassou 15 dias no mato. Depois desse acontecimento ela passou a ser chamada de“Maria Capoeira”.

A MULHER DO SOBRADO

Existem relatos de pessoas antigas que conviveram com a Ourém dosanos de 1.940 a 1.950, e que sempre despretensiosamente olhavam para oimponente sobrado que existia perto da igreja matriz, avistavam uma mulhercuidando de seus belos cabelos na janela do andar de cima do sobrado. Aodesviar a vista e voltar a fixar o olhar na dita janela, em fração de segundos, amulher desaparecia misteriosamente. Dizem que era comum, as pessoas quehabitavam o sobrado, escutarem durante as noites, muito movimento no soalho ena escada, como se fossem passos de pessoas com insônia. A lenda era para teracabado com sua demolição e construção do atual prédio do fórum da Comarca,mas dizem que no atual Fórum ainda se escuta durante o passar das noites, portassendo fechadas e barulho de máquinas antigas de escrever. Quem se arrisca aconferir?

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CHUPA-CHUPA

Na década de 1.970 a 1.980, um fenômeno foi muito comentado nopaís. A invasão de objetos voadores não identificados, os OVNIs, que em Ourémrecebeu o nome de “chupa-chupa”. Vários relatos foram registrados na época.Algumas vítimas teriam sofrido queimaduras, produzidas por raios lançados pelosextraterrestres.

JIBÓIA PAPA-LEITE

Existe um causo conhecido, contado por “guamauaras”, quemulheres que amamentam recém-nascidos, teriam sido encantadas por umaserpente jibóia que chegava sorrateiramente quando a mãe amamentava o filho narede. A serpente aproveitava o cochilo da mãe, tomava o lugar do bebê no peito,sugando-a e colocando o rabo na boca da criança, que por asfixia morria. Essaestória teria acontecido várias vezes na região.

O MILAGRE DO DIVINO

Contam os mais antigos que a coroa Divino Espírito Santo, quando afesta era forte na freguesia no século XIX, saía de canoa em caravana rio acima erio abaixo para esmolar o mais longe possível. Teria a caravana de Ourémencontrado uma caravana de Cametá, na localidade ribeirinha do baixo Guamádenominada na época Arioré. Após saudações, cantaram ladainhas em latim epara celebrar o encontro idealizaram fazer momentaneamente uma troca decoroas nas embarcações. No momento da passagem, a coroa de Ourém, toda emouro e prata, cai e afunda nas águas. A tristeza abateu a todos. Tiveram então aidéia de tocar caixas e cantando unidas as duas tripulações, e após cerca de trintaminutos, a coroa boiou e voltou à caravana de Ourém para alegria de todos.

AS TRÊS ÁRVORES DO CEMITÉRIO

Em 10/07/1912, na rua hoje denominada coronel Souza em localpróximo onde está a loja “Ourém Modas”, o turco Abrahão Daniz, que eradeficiente físico, foi trucidado a golpes de machado, punhal e navalha pelosindivíduos de nomes Januário, Pedro e Manoel. Seu corpo fora encontrado graçasaos alardes de seu cão fiel e os assassinos esconderam suas vestes ensangüentadasno fundo do rio Guamá. A polícia prendeu os assassinos e os processou conformea manda lei. No túmulo do turco no cemitério de Ourém, nasceram três árvoresdelgadas de pequeno porte. Uma delas morreu quando morreu o primeiroassassino. Da mesma forma morreu a segunda, quando morreu o segundo algoz eaté os anos 1970 a terceira árvore resistia, acreditando-se que o terceiro ainda

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vivia em lugar incerto, possivelmente em São Miguel do Guamá. Nos anos1980 deu-se falta da terceira árvore, presumindo-se também a morte do terceiromatador.

ATENTADO AO GOVERNADOR BARATA

Corriam os anos 1950, e o governador Manoel Joaquim deMagalhães Barata, um governador peregrino que circulava nas ruas de Ourém emseu automóvel oficial, saudando o povo. Teria sido ele alvo de um atentado porum cidadão de Ourém, chamado Zé Pinto, na travessa Lauro Sodré, já próximo daresidência dos padres. Sua segurança que tinha entre eles o famoso Lavareda e ooficial Seabra, teria reagido com rajadas de metralhadora e atingido o supostoatirador na região glútea. Os relatos são divergentes e alguns dizem que Zé Pintonão usou arma de fogo e sim fogos de artifício. O certo é que Barata nunca foiKennedy e muito menos Zé Pinto chegou perto de ser um Lee Oswald.

A cidade de Ourém hoje, vista do satélite

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ASPECTOS GERAIS DE OURÉM

O vasto território de Ourém estabelecido pelo governador colonialManoel Bernardo de Mello e Castro, através do ouvidor geral e corregedor daComarca do Grão Pará, Dr. Feliciano Ramos Nobre Mourão em 29/05/1762 e detão grande que era, se limitava com o Município da Capital Belém, hoje, depoisde muitas emancipações se resume à extensão de 599,80 Km²(SEPLAN/ESTATÍSTICA). Sua população cresceu e diminuiu influenciada deacordo com o progresso da região ou das emancipações ocorridas, tendo seuapogeu no final dos anos 1.980. Temos registros de que quando da sua criação em1.753 por Mendonça Furtado, este governador conseguiu reunir 150 índios,ocasião em que denominou a localidade de Vila de Ourém, aumentando seunúmero no ano seguinte trazendo de Portugal para a pequena vila, vários casais deilhéus, provindos dos Açores. Em 1.920, sua população já sem São Miguel doGuamá e Irituia, contava 7.370 habitantes. Em 1.950, segundo sinopse do IBGE,o senso contava no Município 13.423, sendo apenas 753 habitantes na cidade. Em1.960, ainda incluindo o atual território de Capitão Poço, o município possuía nototal 35.167 habitantes em 6.419 domicílios, sendo 2.132 habitantes na sede doMunicípio. No último recenseamento realizado em 2.000 e sem os Municípios deCapitão Poço, Garrafão do Norte e Santa Luzia do Pará, portanto com a extensãoterritorial atual, o senso do IBGE contou 14.741 habitantes no Município. Oeleitorado é de 12.000 eleitores. A cidade dista da capital em linha reta em 143Km e pela principal estrada de rodagem em 182 Km, pertencendo à MesorregiãoNordeste Paraense e a Microrregião Guamá e na antiga nomenclatura RegiãoGuajarina. Sua sede está localizada nas seguintes coordenadas geográficas: 01°32’ 42” de latitude sul e 47° 07’ 00” de longitude a Oeste de Greenwich. No seusolo predomina o Latossolo Amarelo distrófico, Textura Média; Gley PoucoHúmico distrófico, Textura Argilosa; Podzólico Vermelho Amarelo, TexturaArgilosa; Latossolo Amarelo distrófico, Textura Argilosa e Textura Média, solosAluviais eutróficos e distrófico; e Hidromórfocos indiscriminados. Sua vegetação,depois de séculos de exploração, atualmente só existe apenas em florestasecundária com eventuais testemunhos da mata primária, cujo subtipo pertence àfloresta densa dos baixos platôs e floresta densa em relevo dissecado das áreasmetassedimentares. Nas áreas aluviais, sob influência do rio Guamá, está presentea floresta densa dos terraços aluviais ou floresta de várzea, onde se verifica apresença de espécies ombrófilas (que gostam de água), dicotiledôneas e depalmáceas. Sua topografia é um pouco mais expressiva apenas nas áreascristalinas, onde se apresenta levemente movimentada. Entretanto, apresentaaltitudes bastante modestas, sendo que em sua sede, são constatadas cotas emtorno de 45 metros. A geologia do Município é representada pelas rochas do pré-cambriano do grupo Gurupi, constituído de filitos vermelhos, xistos e micaxistos,cortados por veios de quartzo e pela sedimentação cenozóica representada pelos

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litotipos que constituem a formação barreiras e o quaternário subatual erecente. O relevo apresenta-se um pouco movimentado, comparado ao dos demaismunicípios de sua microrregião, nele verificando-se a presença de colinas baixasdissecadas em áreas cristalinas e de superfícies aplainadas em áreas sedimentares,representadas por relevo tabuliforme, terraços e várzeas. Morfoestruturalmenteinsere-se no Planalto Rebaixado da Amazônia. A hidrografia do Município temcomo principal rio o lendário rio Guamá, para o qual vertem quase todos os riosmenores. Além do “Guamá” uma parte do alto curso do rio Caeté, margeia boaparte do Município desembocando na costa de Bragança. Ourém possui um climamesotérmico e húmico. Sua temperatura anual é elevada, em torno de 25,5°C e astemperaturas mínimas em torno de 20°C. O regime pluviométrico, geralmente,fica próximo de 2.250 mm e a umidade relativa do ar gira em torno de 85%.

ECONOMIA

A economia do Município de Ourém sempre esteve depositada emsuas riquezas naturais, que paulatinamente ao longo de quase três séculos sofre asconseqüências da exploração aleatória do homem, deixando poucas divisas emuita devastação no meio ambiente que sensivelmente padece com suabiodiversidade modificada em níveis preocupantes em toda bacia do rio Guamá.As culturas de subsistência sempre foram verificadas desde a chegada de Luiz deMoura até os dias atuais com grande influência indígena, principalmente nocultivo da mandioca e seus beneficiamentos. Nesses tempos, nossa terra já eravantajosamente aproveitada na agricultura, pois há registros em cartas-régias, queem 1.729 existiam importantes cacoais velhos em exploração, cuja safra daqueleano dava para encher 150 canoas. A insuficiência desse meio de transporte foimotivo da perda de grande parte da dita safra. O milho, arroz e feijão sempreforam cultivados de maneira rústica acompanhando o cardápio do ouremense,mas que por insuficiência para o consumo interno, estes produtos são tambémimportados em grande escala há bastante tempo. O tabaco até a virada do séculoXIX para o século XX era o maior produto local de exportação. O algodãotambém teve seu espaço e a banana reinou com a malva e farinha nos anos 1.960e 1.970. A madeira também foi um produto muito comercializado nos anos 1.970e 1.980, chegando a ter mais de meia dúzia de serrarias operando na cidade,período em que a indústria do seixo também se instalou causando também grandeimpacto ambiental e desgastes nas vias de acesso ao Município. O comércio foiintroduzido possivelmente com a chegada dos primeiros europeus na vila,alternando períodos bons e de marasmo ao longo da nossa história. Há indícios deque o comércio produziu muitas riquezas aos comerciantes dos séculos XVIII eXIX. Em 06/01/2.006 na localidade Furo Novo, cerca de quatro quilômetros dasede, em local ermo do antigo sítio “Engenho”, cerca de 500m longe da margemdo rio Guamá foi encontrado um tesouro contendo mais de mil moedas doperíodo colonial, recunhadas possivelmente pelo governo cabano. Para termos um

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perfil do comércio ouremense no início do século XX, precisamente no ano de1.910, a Intendência Municipal, através de seu procurador tesoureiro, Sr.Raymundo Anastácio de Santiago, fez o registro de quarenta e oito casascomerciais que pagaram impostos para funcionamento, da vila e outraslocalidades ribeirinhas, principalmente no espaço da localidade Igarapé Açu,passando pela sede, Pacuí Açu, Pacuí Mirim, Fortaleza, Tupinambá até aConceição. Além de comércio de gêneros alimentícios, existia comércio debebidas alcoólicas, funilaria e até cartório de tabelionato. Na sede, comércioscomo a “Casa Coração” e “A Vencedora” eram referências. A escravatura negra eindígena também foram fatos em Ourém até sua abolição pela Lei Áurea,assinada pela Princesa Izabel, em 13/05/1888. Existem vários pontos de quilombonas margens do rio Guamá. Há registros de representantes de povos de outrasnações além de Portugal e países africanos. A presença de franceses, turcos esírios-libaneses é patente, principalmente no comércio. Os japoneses tambémtiveram sua representação ainda nos 1920 com a chegada da família Yamada,sendo o patriarca Y. Yamada muito lembrado pelos antigos. O velho Yamadaseria médico, músico e pintor, e teria um fardão militar japonês, com espadaguardados num baú, juntamente com um rádio transmissor, motivo pelo qual sesuspeitava na época de que inicialmente seria ele um espião japonês, e quando doinício da segunda guerra mundial sua permanência em Ourém foi dificultada,ocasião em que ainda teria sido protegido por algumas famílias ouremenses, masfoi preso e depois de solto seguiu para terras de Tomé-Açu e Mosqueirorespectivamente. A família Yamada quando chegou a Ourém, morou emresidência pertencente aos padres, na antiga “Ação Católica”, em local onde hojefunciona o mercado municipal de carne, passando para o sobrado da família deAmadeu Tavares e Silva e depois para a vila de Igarapé Açu, na épocapertencente ao Município de Ourém, indo para o sítio “Engenho”, nasproximidades da vila, onde construiu um engenho para fabrico de cachaça erapadura. O comerciante Arlindo de Deus Matos foi grande comerciante emOurém, nas décadas de 1920 a 1960, principalmente com a produção e exportaçãode tabaco. Nos anos 1.960, Ourém pode não ter percebido, mas viveu o esplendorde produção comercializada, com grandes estabelecimentos comerciais, armazénse indústrias. Foi nessa época que foi implantada pelo japonês Mário Mogui, aCooperativa Mista Agropecuária do Alto Guamá, contando com grande númerode associados e patrimônio considerado, com terrenos agrícolas, dois grandesprédios, caminhões e outros maquinários agrícolas; A família Rodrigues estava atodo vapor com a torrefação e moagem do café “Rio Puro de Ourém”; olaria dospadres; serraria do mestre Paiva; usina de beneficiamento de arroz no Cafeteuados maranhenses Pedro, Raimundo, Benedito e Antonio Mendes Oliveira, sóciosda firma “Oliveira Irmãos” com depósito onde foi o “Morcegão”, hojealmoxarifado municipal, e a “Casa Maranhense”, que negociava de tudo atébicicleta, máquina de costura e geladeira; a firma “Cunha Maia”, que depoispassou a chamar-se CATA (Companhia Amazônia Têxtil de Aniagem), no prédio

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onde hoje está a “Pousada Guamá”; as firmas “Martins Melo” e “Sá Ribeiro”com armazéns as margens do rio Guamá; além do extinto Mercado Municipalcom vários pontos comerciais sortidos, o armarinho “Casa Amarela” e a firma“Aranha Rachel” onde hoje é o Supermercado “Fiel” entre outros como duaspadarias, duas farmácias e etc. Convém citar aqui o progresso da pecuária atual e a apicultura, que jásão produtos de exportação. Em pesquisas recentes na agricultura (principaisculturas, referência dezembro/2002): arroz de sequeiro; arroz de várzea; feijãophaoselus; feijão vigna; malva (fibra seca); milho; abacaxi; mandioca; acerola;banana; côco-da-baía; laranja; maracujá; pimenta-do-reino e mamão-hawaí estãosendo cultivados segundo fontes do IBGE/SAGRI. Na pecuária os rebanhosexistentes até dezembro/2000: bovinos (14.100); vacas ordenhadas (570); suínos(1.900); bubalinos (350); eqüinos (680); muares (420); asininos (130); ovinos(460); caprinos (270) e aves (33.100) segundo fontes do IBGE/SAGRI. Oextrativismo vegetal (principais produtos com referências acumuladas de 1.994 adezembro de 2.000): açaí frutos (180t); madeira em tora (380m³); lenha(18.735m³); carvão vegetal (1.364t) – fonte IBGE/SAGRI. O extrativismomineral, também principais produtos com referências de 1.994 a dezembro/2000:bauxita. Estabelecimentos por setor econômico, referência dezembro/2000:primário (40); indústria (40); comércio atacadista (1); comércio varejista (102);serviços (10). Fonte: SEICOM. Elaboração: SEPLAN.

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ACONTECIMENTOS OUTROS QUE MARCARAM OURÉM

QUINTINO, O “GATILHEIRO”

Quintino foi notícia nacional.

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Na carteira de identidade apresentada na justiça, constava o nomeArmando Oliveira da Silva, mas era mesmo conhecido por Quintino, talvez seuverdadeiro nome, que completo seria Quintino da Silva Lira, que se auto-intitulouo “Gatilheiro”.

A saga de Quintino é digna de virar roteiro de cinema e jamaispoderia deixar de ser citada e até merecer um capítulo especial na memória de umdos diversos municípios do nordeste paraense, onde reinou nas selvas desde 1981até ser morto pela polícia militar do Estado Pará, na data de 04/01/1985.

Teria ele nascido no Município de Bragança, sendo filho deDomingos da Silva Lira e de dona Raimunda da Silva Lira, vivido a infância nalocalidade Jussaral, em Viseu e dentro ainda desse Município, passou pelaslocalidades de São José do Piriá e Baixinhos, às margens do rio Gurupi, onde seseparou de sua primeira mulher e prima de nome Helena, com quem deixou trêsfilhos, um menino e duas meninas, indo para Primavera, fixando-se depois nalocalidade de “Pau-de-Remo”, então Município de Ourém, local onde iniciou suacarreira de “justiceiro” marcando suas trilhas em densa mata, com um rastro desangue que só acabou quando tombou morto a oito quilômetros da Vila NovaPiquiá, solo de Viseu, com um único tiro mortal no peito, em cima do coração,supostamente de fuzil.

Quintino e parte do seu bando exibem-se para populares.

Do personagem que viveu ao lado de seu bando, inicialmentecomposto por “Coruja”, “Mão de Sola”, “Portinho” e “Cabralzinho” e que chegoua ter sob seu comando mais de quarenta homens, e se fosse preciso, segundo opróprio, reuniria até trezentos simpatizantes pela sua causa, podemos dizer que

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lembrava um pouco “Lampião” e seu cangaço pela postura exibicionista earmamento à base de rifles-44, cartucheiras e revólveres de diversos calibres.Era vaidoso em seu visual, cuidando bem do bigode e unhas, vestindo-se deacordo com a ocasião, camisas de tecido com botões e botas de vaqueiros oucamisetas esportivas de algodão com calças jeans e sandálias havayanas, semprecom um inseparável chapéu de massa escuro com abas e cordão que às vezesprendia ao queixo. Quintino que entre outras ousadias chegou até a distribuirterras para os colonos, medidas pelo topógrafo do bando chamado Silvestre,morto em Capitão Poço, perdeu também sua companheira de nome MariaAntonia da Silva e outros comparsas em vários confrontos com a polícia, sendo“Cabralzinho” o primeiro a tombar morto no início dos conflitos. Da primeiraformação de seu bando, “Mão de Sola” ainda estava com ele no final e “Bodão”,que entrou depois era outro de sua confiança que sempre lhe acompanhava nosmomentos difíceis. Quintino matou ou mandou matar muitos, principalmentefazendeiros e policiais em missões. Sempre se gabava que tinha melhor índoleque o lendário “Lampião”, pois jamais matava criança ou colono: “Só mato genterica”, sentenciava.

Quintino ouvindo rádio. Era bem informado e vaidoso(veja suas unhas).116

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No dia de sua morte, estava desacompanhado de seus capangastomando um mingau na casa de seu Florismar, velho amigo que era conhecido naVila Nova Piquiá, por seu “Flor”. “Mão de Sola” e “Bodão” ficaram na vila.Ainda faltavam alguns minutos para as dezenove horas daquela chuvosa noite de04/01/1985, quando avisado por um policial que já estava no interior da casa deque estava cercado pela polícia, em ato-contínuo teria se levantado do tamboreteem que se encontrava sentado, pegado seu revólver em cima de um guarda-roupaque estava atrás de si na cozinha e dito suas últimas palavras aos amigos da casa:“não sai ninguém, que eu vou morrer sozinho”. Saiu pela porta dos fundos e entãose ouviu mais de duzentos tiros por aproximadamente cinco minutos. Só um oatingiu, aquele tiro, supostamente de fuzil, que explodiu seu coração.

Quintino virou mito e em crônica contaremos agora o resumo de seureinado de “Gatilheiro”:

Quintino da Silva Lira ou Armando Oliveira da Silva eram o mesmohomem e até o início dos anos 1980 não passava de um simples agricultor nalocalidade de Pau-de-Remo, então Município de Ourém. Porém, a situaçãoimposta pelos sistemas de governo apresentadas no Brasil, com injustiças sociaisaflorando por toda parte, fez aquele pacato colono tornar-se um dos maistemidos fora-da-lei do norte do país.

As injustiças na distribuição de terras geraram conflitos ao ponto deQuintino perder companheiros de forma covarde, motivando-o a arregaçar asmangas e tomar uma brava atitude de liderar um grupo de colonos rebeladoscontra o injusto sistema, indo literalmente a luta com armas nas mãos.

Quintino que foi comparado à Robin Hood, Zumbi, AntonioConselheiro e “Lampião” desta nova era, quis evitar tais comparações, se auto-intitulando de “Gatilheiro”, uma nova expressão para um novo herói do campo.

Ele na verdade teria matado, revidado, roubado e chantageado,porém não como sua fama mostrou. Sempre houve exageros, e também é verdadeque se criou o mito de que ele teria parte com o diabo, usando técnicas que lhepermitiam desaparecer aos olhos de seus perseguidores, como se transformandonum toco, cão ou outro animal qualquer. Na verdade, Quintino não virava nadae sim sabia se virar nas adversidades com muita sabedoria, mostrando-se umexcelente líder estrategista. Era muito bem informado de todos os passos dapolícia e de qualquer outro perseguidor.

O que ele fez podia até não estar certo, porém mesmoinconscientemente, Quintino conseguiu coisas que nossos governos e nossajustiça nunca ousariam solucionar, como por exemplo, a reforma agrária.

Mesmo procurado nos quatro cantos pelas tropas do coronel PMCleto, comandante das tropas na região, que se embrenharam nas matas tendo afrente o capitão PM Cordovil, época em que era governador do Estado do Pará,Jader Fontenelle Barbalho, Quintino desapropriou terras, assentou “sem-

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terras”, resolveu conflitos como se fora um Juiz de Paz e até casamentosrealizou, causando temor e admiração ao mesmo tempo.

Quem o conheceu na intimidade impressionou-se com aquele mortal,dotado de uma obstinação invejável, em busca de um ideal comum com suagente: a justiça propriamente dita.

Foram aproximadamente quatro anos de reinado em mata fechada,período-referência em que muitas autoridades nada fazem para atenuar osofrimento do povo do campo, e mesmo assim relacionava-se com as mesmas,com fazendeiros e comerciantes na medida em que a regra era ditada. Quem veiopara conversar, teve conversa. Quem foi para guerrear, teve guerra. Quem sechegou para traí-lo, conseguiu, pois o “Gatilheiro” era também um poço deingenuidade, e tombou para sempre no ritmo do pipocar das armas da políciamilitar.

Quintino foi e sempre será o que as pessoas quiserem dele achar,pois de tudo tinha um pouco, e pode ter sido um herói, bandoleiro, justiceiro,cangaceiro, gatilheiro, Robin Hood, Zumbi, Antonio Conselheiro, “Lampião”,um toco ou um cão, o diabo... Dependendo do ângulo ou dimensão que se queiradar ao seu papel na história, porém uma coisa deve ser dita sem pestanejar:Quintino foi uma das figuras mais importante neste final de século e milênio,trazendo para discussão assuntos e temas outrora esquecidos ou engavetadospelas autoridades. Descansa em paz, “Gatilheiro! (crônica de Arlindo Matos,escrita em setembro de 1997 para o jornal “Informativo Popular” de CapitãoPoço, e que por tanto sucesso foi repetida no jornal “Folha do Gurupi”, de Viseu,em novembro do mesmo ano).

Quintino com seu rifle no auge da fama e tempos depois tombado morto.

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A GRANDE ENCHENTE

A canção popular bem que tentou a correção ao referir-se ao globoterrestre de “Planeta Água”. É que o planeta em seu estado físico é ocupado por60% de água e apesar disso é denominado pelo signo de elemento terra, queocupa apenas o percentual restante.

Sabendo disso, é compreensível que no mundo, com relativaconstância, aconteçam verdadeiras invasões de água, em cidades localizadas emimediações de córregos, igarapés, rios e oceanos, principalmente se estas ocupamáreas de nível baixo.

A cidade de Ourém sempre sofreu as conseqüências das enchentes dorio Guamá durante sua existência, porém nunca de forma catastrófica, ao ponto dedesabrigar grande número de famílias ou causar vítimas fatais. No entantoalgumas enchentes ficaram na história, por assustar seus habitantes, que recuavama cada centímetro de avanço gradativo das envolventes águas.

Contam os mais antigos que em 1912 aconteceu uma das maiores eque talvez só tenha sido igualada pela acontecida e fartamente documentada porfotografias de 1974. Nesta, grande parte do centro foi inundada, causandodesconforto a moradores, funcionários, estudantes e órgãos e outrosestabelecimentos concentrados na referida área. Ruas e praças pareciam mais umaVeneza tropical, com considerado número de barcos, canoas, botes percorrendo oinusitado, alegrando a garotada.

Foi aproximadamente uma semana de duração no mês de maiodaquele 1974 inesquecível, onde era comum se observar transeuntes com calçasarregaçadas na tentativa de chegar aos seus locais de trabalho, ou na esperança denão chegarem atrasados nas escolas. As ruas Guamá, 15 de novembro,Hermenegildo Alves e a avenida padre Ângelo Moretti estavam literalmentesubmersas, e as travessas Joaquim Dionísio, Tembés e Lázaro Picanço ficaramparcialmente alagadas, comprovando-se assim a grande extensão da área atingidasó no centro da cidade.

As águas na cidade eram calmas, porém no leito do rio passavamnuma velocidade impressionante, chacoalhando a então ponte de madeira queligava os municípios de Ourém e Capitão Poço. Na verdade as águas passarampor sobre a ponte e grande parte da primeira parte da estrada, antes da curva nosentido Capitão Poço, causando temor aos poucos motoristas que se arriscavamna travessia.

Era comum encontrar em frente às residências, em vez de carros,motos ou bicicletas, embarcações de todos os tamanhos, que ficavam amarradasnos portões como animais fujões. Marquises de casas viraram plataformas paraimprovisados saltos daquela geração de crianças.

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A praça “Magalhães Barata”, também submersa, mas que deixou àmostra seus bancos e os charmosos jambeiros, parecia contemplar abismada oedifício da prefeitura, totalmente ilhado à sua frente. De pontos estratégicospodia-se avistar árvores inteiras que desciam rio abaixo até encontrar-se com abrava ponte, que por sua vez transformou-se numa verdadeira represa, queintercaladamente soltava jatos d’água por entre as frestas de suas pranchetas, queparecia mais um espetáculo pirotécnico em pleno meio-dia, com o sol reluzindocada explosão dos inúmeros sprays. Mesmo assim a ponte resistiu à fúria daságuas, suportando os abusos do “Guamá”.

Frutas silvestres também desciam o rio até encontrar um remanso,ficando à espera de uma mão que evitasse seu desperdício. Era prática comum, osapreciadores de uma boa “pinga” se posicionarem em cima da ponte e colher dorio seu “tira-gosto”, que podia ser um cajuí, taperebá ou até maracujá do mato.

Hoje em vez de frutos por falta de mata marginal do rio, aceleradapelo desmatamento nas grandes fazendas, o assoreamento aumenta e no verãoconstatamos a agonia do nosso rio Guamá que vem arrefecendo sua vida com opassar dos anos. Outras enchentes aconteceram a partir daí, porém nenhuma secomparou com a grande enchente de 1974.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS DO AUTOR

Durante toda sua história e a despeito de sua política sempre frágil, epara entendermos certos direcionamentos e conquistas deste Município,chegamos à conclusão, e ufania à parte, que o torrão ouremense exerce umfascínio naqueles que aqui chegam, transcendendo a compreensão lógica. Tudochegou aqui naturalmente, sem aquela tradicional força político-econômica. O rioGuamá pode ter sido a senha, porém como explicar o descartamento inicial porpontos ribeirinhos interessantes mais próximos da Capital, como São Domingosdo Capim, São Miguel do Guamá e Irituia para sediar o grande Município?Ourém é a mãe de todos e todos se rendem aos seus encantos, senão vejamos:

O desbravador Pedro Teixeira subiu o rio Guamá para levar amensagem da descoberta de Belém para São Luis e aportou aqui na segundacachoeira onde já estavam os Tembés, que o auxiliaram nas trilhas por terra. Luizde Moura fez o mesmo percurso e escolheu nossa cidade para edificar sua CasaForte, que foi incorporada às fortificações do Estado, feita toda em madeira de leie aparelhada de armamentos com toda segurança e formosura, ao ponto de serreconhecida pelo Governador de então, Maya da Gama, como a melhor em todoEstado. O governador Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, foiquem planejou a cidade com arruamento proposital para ter paralelismo eperpendicularidade entre si, facilitando a ventilação estratégica para centrosurbanos, e a batizou com esse laureado nome: Ourém. O Dr. Feliciano RamosNobre Mourão, teve especial inspiração para instalar através de ata o mais bemdemarcado e delimitado município do Estado, não deixando margem de dúvida deseus limites pra ninguém. O frei João Pedro de Sexto escolheu nossa cidade parainstalar a sua missão capuchinha, por encontrar aqui bom clima e boalocalização. O Papa Pio XII determinou a missão Barnabita de MonsenhorFrancisco Richard para fundar a Prelazia do Guamá em Ourém, e Ourém teve ahonra de ver nascer em seu seio as Missionárias de “Santa Teresinha”, idealizadapor D. Eliseu Coroli, homem santo das crianças. Quantas coincidências com aOurém de Portugal, Ourém da princesa moura Fátima, terra das aparições deNossa Senhora aos pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco, Nossa Senhora daConceição de Ourém, terra de Luiz de Moura. Por tudo isso, temos certeza que nossa Ourém é abençoada porDeus, e recebeu de bandeja as benções do Divino Espírito Santo, para se tornar dedireito o quarto município criado legalmente no Estado do Grão Pará. Suasignificância é por isso gigantesca nesse mundão amazônico, orgulhando a todosque daqui nasceram, “oh! Mãe gentil”, e “cantemos como ninguém o hino ànação inteira, dizendo alto: Ourém! Ourém!”.

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Mapa atual da cidade de Ourém.

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HINO OFICIAL DO MUNICÍPIO DE OURÉMAutor: João Gualberto Alves de Campos

Ergamos nossa bandeira Que a Pátria inteira liberta estáLevamos longe a bandeiraQue a natureza deu ao ParáAcorda povo de OurémTu tens também que despertarPara num vôo seguroIr no futuro troféus buscar

II

Do seio ubérrimo da terraOnde se encerra uma riqueza naturalHá de brotar o elementoPara o incremento de um progresso perenalAs nossas forças agregadasE aplicadas nessa obra hão de fazerDe Ourém um nome fulguranteQue lá distante alguma coisa há de valerDe Ourém um nome fulguranteQue lá distante alguma coisa há de valer.

III

Da Pátria o LibertadorNão sabe que nós tambémLhe damos o nosso amorPela redenção deste nosso OurémErguendo nossa bandeiraCantemos como ninguémO hino à nação inteiraDizendo alto: Ourém! Ourém!

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UMA CANÇÃO PARA OURÉM – VELOSO NETO

HÁ MUITO TEMPO QUE EU SOU FRUTO DESSA TERRA

HÁ MUITO TEMPO QUE EU SOU PEIXE DESSE RIO

SOU COMO O GADO, QUE QUANDO A BRASA FERRA

FICA MARCADO POR MUITOS ANOS, À FIO

QUANDO CAMINHO PELAS RUAS DA CIDADE

SINTO NO PEITO UMA VELHA EMOÇÃO

É O REENCONTRO COM A MINHA FELICIDADE

SAUDADE FICA, ONDE SE DEIXA O CORAÇÃO

MINHA CANÔA PERCORRE OS IGARAPÉS

EU SINTO CHEIRO FORTE DA TUA MATA

O CANTO INSPIRADO DE UM CURIÓ

À NOITE EU REPITO EM SERENATA

EM FRENTE A PRACINHA, A IGREJA MATRIZ

DO CORETO EU VEJO O RIO GUAMÁ

ME ENCANTO COM ESSA TUA CACHOEIRA

QUE ME DEIXA FELIZ EM TE PODER CANTAR

AI OURÉM! NÃO ESCONDO DE NINGUÉM

QUE EU GOSTO MUITO E SOU MALUCO POR VOCÊ

QUE EU GOSTO MUITO E SOU MALUCO POR VOCÊ.

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GUAMARINA - ALFREDO REIS

A LUA ESPELHA O RIOCENTELHA NOS PEDRAISE ACENDE UMA SAUDADE QUE TE TRAZ

TÃO LUSA AMOR EM MIMAOS PÉS DA CONCEIÇÃOBEIJO DE MOÇA COM PUPUNHA E MELBANHO COM ESTRELAS NO GOMO DO CÉUDA MINHA ALDEIA

QUE VEJO AÇORIANA FILHA DOS TEMBÉSNAS CORES DO AZULEJO DA JANELACUNHÃ DA MÃE DO RIOSINHÁ MEIGA DONZELADOS VERDES PRADOS DESTA TERRA

ÁGUA DOCE CRISTALINAPEDRA BRANCA PEQUENINACANOA NO QUINTAL DA LUA CHEIAESTALANDO NA FOGUEIRA

FRUTA DO MATO E PEIXE NO JIRAUA DANÇA NO BEIRAL DAS CANARANASREDE EM REMANSO NO ESPINHEL DA CORRENTEZAAOS FUNDOS DE UMA CASA PORTUGUESAAOS FUNDOS DE UMA CASA PORTUGUESA

VAI GUAMARINA FLOR DO RIOOUREANA DE ALÉM-MARPERFUMANDO AS CAHOEIRA AS ÁGUAS DO GUAMÁ

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AS ORÍGENS DE OURÉM – MESTRE CARDOSO

PORTUGUÊS LUIZ MOURAELE EMBARCOU EM BELÉMCOM AS SUAS CARAVELASUMA VIAGEM ALÉMAONDE TEM SÃO MIGUELELES PASSARAM TAMBÉMSUBIRAM NO RIO GUAMÁDESEMBARCARAM EM OURÉM

BEM ALI NA CACHOEIRAALI NÃO TINHA NINGUÉMPERCEBERAM QUE TINHA OURODISSERAM AQUI É OURÉMÉ LINGUAGEM PORTUGUESAQUE NO BRASIL TAMBÉM TEMPOR ISSO A NOSSA CIDADE EU DOU OS MEUS PARABÉNS

LUIZ DE MOURA CHEGOUNÃO TINHA CASA E NEM RUAFEZ O SEU ACAMPAMENTOEM CIMA, NA TERRA CRUAO RIO FAZENDO CURVASIGUAL UM ARCO DE PUAO TIME COM O MESMO NOMELUIZ DE MOURA É A RUA

DISSERAM QUE O OURÉMERA UM MATAGALNÃO TINHA BAIRRO DA FORQUILHANEM BAIRRO DO TERMINALAONDE É SÃO PAULO ERA UM PANTANALO CAFETEUA E PORÃOERA UM SÓ LAMAÇAL

DEPOIS FIZERAM UMA IGREJAA CASA DE ORAÇÃOELES ESTAVAM CONVERSANDO E EU PRESTANDO ATENÇÃOTINHA UM TABELIÃOCADEIA PARA PRISÃOE DISSERAM QUE O OURÉMNÃO COMEÇOU NO PORÃO

VOU FAZER UM INTERVALOTODOS QUEIRAM DESCULPAREU CANTEI ESTA TOADAPORQUE OUVI CONVERSAROUVIDO É PARA OUVIRBOCA É PARA FALARO QUE ME CONTAM DE DIADE NOITE EU VOU ENVERSAR

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