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- Projeto de poesia Disponível em http://tcc-poesiavisual.blogspot.com.br/2011/09/poesia-visual.html com acesso em fev. 2014 A Poesia Visual Prezado(a) professor(a), Este projeto, voltado para o 9º ano do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, tem como objetivo uma apresentação de um dos principais recursos da poesia moderna e contemporânea: a visualidade. Busca-se, assim, reforçar a presença da poesia em sala de aula, desenvolvendo habilidades de leitura e escrita de textos poéticos que apresentem apelo visual. Há anos, os poemas visuais de Arnaldo Antunes, José Paulo Paes, Augusto de Campos e outros autores são explorados no ENEM e demais vestibulares pelo país. A importância do desenvolvimento da sensibilidade e da reflexão sobre o imbricamento entre palavra e imagem faz-se, assim, de imensa relevância para os estudos de Língua Portuguesa, Literatura e Artes. Considera-se importante, a título de apresentação da poesia visual, seguir diversas propostas de trabalho, ampliando o entendimento e o reconhecimento da poesia visual. Para isso, o projeto foi dividido em quatro partes principais. São elas: 1 Contextualização, 2 Provocações iniciais, 3 Interpretação e sistematização (atividades), 4 Avaliação (produção de textos). Estas propostas de trabalho, porém, podem ser adaptadas, selecionadas, expandidas, de acordo com os interesses e necessidades do professor e de sua turma. IMPORTANTE: Antes de começar, sugere-se que o professor leia e se informe sobre os fundamentos teóricos que envolvem o trabalho com a poesia visual, a fim de otimizar as suas aulas. Bom trabalho!

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- Projeto de poesia –

Disponível em http://tcc-poesiavisual.blogspot.com.br/2011/09/poesia-visual.html com acesso em fev. 2014

A Poesia Visual

Prezado(a) professor(a),

Este projeto, voltado para o 9º ano do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, tem como objetivo uma apresentação de um

dos principais recursos da poesia moderna e contemporânea: a visualidade. Busca-se, assim, reforçar a presença da poesia em

sala de aula, desenvolvendo habilidades de leitura e escrita de textos poéticos que apresentem apelo visual.

Há anos, os poemas visuais de Arnaldo Antunes, José Paulo Paes, Augusto de Campos e outros autores são explorados no

ENEM e demais vestibulares pelo país. A importância do desenvolvimento da sensibilidade e da reflexão sobre o imbricamento

entre palavra e imagem faz-se, assim, de imensa relevância para os estudos de Língua Portuguesa, Literatura e Artes.

Considera-se importante, a título de apresentação da poesia visual, seguir diversas propostas de trabalho, ampliando o

entendimento e o reconhecimento da poesia visual. Para isso, o projeto foi dividido em quatro partes principais. São elas: 1 –

Contextualização, 2 – Provocações iniciais, 3 – Interpretação e sistematização (atividades), 4 – Avaliação (produção de textos).

Estas propostas de trabalho, porém, podem ser adaptadas, selecionadas, expandidas, de acordo com os interesses e

necessidades do professor e de sua turma.

IMPORTANTE:

Antes de começar, sugere-se que o professor leia e se informe sobre os fundamentos teóricos que envolvem o trabalho com a

poesia visual, a fim de otimizar as suas aulas.

Bom trabalho!

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Como o professor pode se instrumentalizar para o trabalho com a poesia visual

Propõe-se, aqui, excelentes dicas de livros, disponíveis no mercado, que podem auxiliá-lo na instrumentalização intelectual para o

trabalho com poesias. Como se sabe, a profissão de professor exige sempre um estudo constante. Livros:

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica In: Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura

e história da cultura. Obras escolhidas. Vol. 1. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo, Brasiliense, 1985. pp. 165-196. BRANDÃO, Luis Alberto. Literatura e Espaço. Pausa, número sete, Belo Horizonte, set. 2008. p. 6-9. DUARTE, Eduardo Assis. Literatura e outros sistemas semióticos. In: VASCONCELOS, Maurício Salles; COELHO, Haydée Ribeiro. 1000 rastros rápidos: cultura e milênio. Belo Horizonte, Autêntica, 1999. ECO, Umberto. Obra aberta. Forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas. São Paulo, Perspectiva, 1969.

MENEZES, Philadelpho. Poética e Visualidade. Uma trajetória da poesia brasileira contemporânea. Campinas, Ed. Da Unicamp, 1991. OTTE, Georg. Linha, choque e mônada: tempo e espaço na obra tardia de Walter Benjamin. Tese (doutorado), Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 1994. PIGNATARI, Décio. Semiótica & Literatura. São Paulo, Cultrix, 1987.

AGUILAR, Gonzalo. Poesia concreta brasileira: As vanguardas na encruzilhada modernista. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2005. ANDRADE. Antônio Francisco de. Júnior. Galáxias neobarrocas, poesia e visualidade em Haroldo de Campos. (Dissertação). Niterói, Universidade Federal Fluminense, 2006. NUNES, Benedito. Xadrez de estrelas, Percurso textual, 1949-74. In: CAMPOS, Haroldo de. Signantia Quase Coelum/ Signância

Quase Céu, São Paulo, Perspectiva, 1979. p. 117-125. SARDUY, Severo. Rumo à concretude. In: CAMPOS, Haroldo de. Signantia Quase Coelum/ Signância Quase Céu, São Paulo, Perspectiva, 1979. p. 117-125. SCHÜLLER, Donaldo. Um lance de nadas na épica de Haroldo. Donaldo Schüler Copyright, 1998, p1-11. Disponível em: http://schulers.com/donaldo/haroldo/index.htm, acessado em 23/08/2008. CAMPOS, Haroldo. A arte no horizonte do provável e outros ensaios. São Paulo: 1977. CAMPOS, Haroldo. Haroldo de Campos: do barroco à poesia concreta. Entrevista a Laís Corrêa de Araújo. In: Suplemento Literário do Minas Gerais, Belo Horizonte, n. 140, maio 1969. p 1-2. CAMPOS, Haroldo. Ideograma: lógica, poesia e linguagem (org. e ensaio introdutório). São Paulo, Cultrix, 1977. CAMPOS, Haroldo. Mallarmé. (com A. de Campos e D. Pignatari) São Paulo, Perspectiva/ Ed. da Universidade de São Paulo, 1974. CAMPOS, Haroldo. Metalinguagem e outras metas. São Paulo, Perspectiva, 1992. CAMPOS, Haroldo. Poesia e modernidade: Da morte da arte à constelação. O poema pós-utópico. In: O arco-íris branco: ensaios

de literatura e cultura. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

Artigos científicos:

http://www3.uma.pt/dmfe/DONDIS_Sintaxe_da_Linguagem_Visual.pdf

http://www.bocc.ubi.pt/pag/bacelar-jorge-poesia-visual.pdf

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Destaca-se, agora, um dos livros mais importantes para esse trabalho, que pode contribuir em muito com o trabalho do professor

para o desenvolvimento deste projeto de poesia.

Indicação específica para o professor

O livro Teoria da Poesia Concreta, de autoria de Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de

Campos, constitui um material de consulta essencial para quem deseja trabalhar com a

poesia visual. Os autores do livro, além de poetas e tradutores de excelência, foram, na

década de 50, os críticos responsáveis pela criação e disseminação do movimento

conhecido como Poesia Concreta. Reclamando uma escrita menos verborrágica e

menos sentimentalista, lançaram, sobretudo no texto “Plano-piloto para a poesia

concreta” (presente no livro em questão), novos modos de fazer e de reconhecer a

poesia. Trata-se de uma poesia econômica, substantiva e visual.

Referência:

CAMPOS, A; CAMPOS, H.; PIGNATARI, D. Teoria da poesia concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006.

Sinopse:

“O concretismo alterou profundamente a realidade da poesia brasileira. Revisou o passado literário do país e retomou o diálogo

com o modernismo de 1922; pôs ideias em circulação e colocou à arte novos desafios. Hoje, está presente também na linguagem

da propaganda, nos slogans da televisão, na diagramação de livros, nas letras de bossa nova. Este volume reúne os textos

inaugurais do movimento concreto e recupera uma história que andava obscurecida pelos preconceitos de seus opositores.”

Disponível em http://www.atelie.com.br/shop/detalhe.php?id=358, com acesso em fev. 2014

Procedimentos para o trabalho

Importante

Contextualizando, para relembrar o lugar em que este projeto propõe como ponto de partida para o trabalho com a visualidade

do poema.

Na primeira metade do século XX, Walter Benjamin avaliou a chegada de uma escrita cada vez mais figurativa, que não mais se

abrigava exclusivamente no livro impresso: ela era lançada à rua. Esse processo relaciona-se de modo muito claro às novas

formas de comunicação, ao crescimento da publicidade, à multiplicação dos cartazes e, mais tarde, ao desenvolvimento do

design. A dinâmica do ambiente urbano moderno, para Benjamin, arrasta a escrita para fora do livro.

Influenciaram os novos modos de fazer poesia o desenvolvimento da grande imprensa, a mobilidade das páginas de jornal, a

tipografia variada nele estampada e as implicações desses aspectos nas práticas de leitura. O crescimento da imprensa

jornalística ocorre simultaneamente aos desvios sofridos pelo caminho da literatura, tal como vinha sendo traçado, sobretudo, nos

fins do século XIX.

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Mallarmé seria, então, o poeta a protagonizar o novo jogo que se estabelece entre a escrita e o espaço da escrita nos fins do

século XIX. O poema “Um lance de dados” (1897) funcionou, nesse sentido, como um grande momento de desvio, em que a

literatura passa a se valer de um novo elemento de linguagem; isto é, a literatura passa a se valer do espaço da página como

princípio na estruturação do texto, como unidade de criação.

De modo mais claro, a variedade dos caracteres tipográficos, as diferenças no tamanho das letras, o uso de outros elementos

visuais - traços, pontos, desenhos – e os espaços em branco tornam-se elementos operacionais da escrita literária, marcam uma

nova sensibilidade estética que, sem tratar o escrito, o poema, como fenômeno exclusivamente sonoro-semântico, toma-o, agora,

também como um conjunto de múltiplas relações espaciais.

A visualidade, conforme explorada em inúmeras obras modernas desde Mallarmé, habilitou o espaço, a página, a se tornar

elemento ativo de criação. O espaço é tomado como agenciador autônomo da composição. Quando invade o corpo verbal do

texto, o espaço, o espaço como unidade composicional – truncando a marcha das palavras, as frases, os versos -, aliado aos

recursos da tipografia jornalística (e até mesmo da emergente publicidade dos cartazes, reclames, e outras espécies de

propagandas) e à sensibilidade oriental expressa no ideograma, vai de encontro à conexão subordinativa entre termos e orações.

Daí a ausência de conectivos e a constante permuta de seus elementos. Nasce, pois, uma nova sensibilidade poética, que não

mais se fia por noções de sucessão e de consequência. O elemento visual propõe, assim, uma outra prática de leitura.

Os chamados “poetas concretistas” brasileiros, já na segunda metade do século XX, buscaram construir os sentidos do poema

pela associação de palavras e pela disposição das palavras na página, retomando os preceitos lançados por Mallarmé. Os

principais poetas concretos foram Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari. O movimento influenciou vários autores

contemporâneos, como Arnaldo Antunes.

Provocações iniciais

Se o jornal influenciou imensamente os modos de escrita, desde o fim do século XIX, proponha aos alunos que reflitam sobre

como a internet pode, atualmente, transformar a relação com a escrita (e com a leitura) e também interferir nos modos de

composição poética.

Você pode propor um debate sobre a questão. Para o debate, sugere-se convidar o professor de História de suas turmas,

alargando a compreensão e o aprofundamento das discussões em torno da relação entre processos midiáticos, desenvolvimento

técnico e escrita poética.

Para estimular a discussão, recomenda-se que o docente comece apresentando aos alunos poemas visuais que trabalhem sobre

a exploração do espaço da página. Seguem duas sugestões:

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E. M. de Melo e Castro (http://arteonline.arq.br/museu/ensaios/ensaiosantigos/jlantonio.htm, com acesso em fev. 2014)

(http://concretismo.arteblog.com.br/233822/Velocidade-Ronaldo-Azeredo/, com acesso em fev. 2-14)

Feito isso, exiba esses mesmos poemas que, juntos a outros poemas concretos, foram transpostos para o vídeo: já não têm mais

como suporte a página. O vídeo pode ser encontrado no seguinte link:

http://www.youtube.com/watch?v=yC3e7rmSYM4

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Registro

Para suscitar o debate, você pode propor as seguintes perguntas:

Como o caráter imediato da internet e seu funcionamento em rede podem influenciar a poesia?

Como os diferentes suportes para a poesia visual (o vídeo, a página, a tela do computador) interferem nos modos de leitura dos poemas visuais?

A fim de aprofundar a questão da „intermidialidade‟, você pode também exibir, em sala de aula, os sites dos poetas visuais

contemporâneos - Augusto de Campos e Arnaldo Antunes, ou pedir aos alunos que pesquisem em casa. Ambos os poetas

trabalham a poesia na interseção com várias linguagens:

Augusto de Campos:

http://www2.uol.com.br/augustodecampos/clippoemas.htm

Arnaldo Antunes:

http://www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_artes_obras.php?id_type=4

Atividades de interpretação e sistematização.

Agora, peça aos alunos que, sozinhos, tentem fazer as atividades abaixo, a fim de desenvolver a habilidade de interpretação de

poemas visuais. Em seguida, recomenda-se ao docente propor uma correção coletiva das questões. (Perceba que o grau de

dificuldade do exercício aumentará gradualmente).

TEXTO 1

o v o

n o v e l o

novo no velho

o filho em folhos

na jaula dos joelhos

infante em fonte

f e t o f e i t o

dentro do

centro

Augusto de Campos, “ovonovelo” (1956), primeira estrofe

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Indique a forma que a disposição das palavras do poema acima assume e explique como essa forma se relaciona à grafia da

palavra ovo.

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Explique como essa forma se relaciona às palavras usadas no poema: ovo, novelo, centro.

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Explique um efeito de sentido da expressão “infante em fonte”, considerando toda a leitura da estrofe de Augusto de Campos.

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TEXTO 2

Considerando, agora, a leitura integral do poema, indique outras palavras que remetem à imagem que o poema ganha na página.

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TEXTO 3

caviar o prazer

prazer o porvir

porvir o torpor

contemporalizar

Décio Pignatari, Invenção – 1960

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Explique como ocorre o processo de criação de palavras no poema.

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Procure analisar a visualidade desse poema. O que é possível perceber?

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TEXTO 4

um

movi

mento

compondo

além

da

nuvem

um

campo

de

combate

mira

gem

ira

de

um

horizonte

puro

num

mo

mento

vivo

(Décio Pignatari)

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O que a disposição das palavras na página sugere? Explique a imagem formada. considerando a sua interpretação do poema

como um todo.

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TEXTO 5

“Com a Revolução Industrial, a palavra começou a deslocar-se do objeto a que se referia, alienou-se, tornou-se objeto

qualitativamente diferente, quis ser a palavra flor sem a flor. (...) A poesia concreta realiza a síntese crítica, isomórfica: jarro é a

palavra jarro e também jarro mesmo enquanto conteúdo, isto é, enquanto objeto designado. A palavra jarro é a coisa da coisa, o

jarro do jarro (...)”.

Fragmento do texto “arte concreta: objeto e objetivo”, de Décio Pignatari. Teoria da Poesia Concreta, 2006

Décio Pignatari refere-se, no texto, aos poemas que, após a Revolução Industrial, são compostos de objetos de palavras, ou

palavras-objetos. Procure desenvolver essa ideia a partir da afirmação: “a palavra começou a deslocar-se do objeto a que se

referia, alienou-se, tornou-se objeto qualitativamente diferente, quis ser a palavra flor sem a flor.”

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Relacione o primeiro poema dado nesta atividade (primeira estrofe de “ovonovelo”, de Augusto de Campos) com a seguinte frase.

presente no Texto 5: “A poesia concreta realiza a síntese crítica, isomórfica: jarro é a palavra jarro e também jarro mesmo.

enquanto conteúdo, isto é, enquanto objeto designado.”

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Mais atividades e aprofundamento

A próxima atividade deverá ser realizada em casa.

Leia, com atenção, o texto abaixo:

AUGUSTO DE CAMPOS LANÇA CD DE POEMAS

DA REPORTAGEM LOCAL

Augusto de Campos lança CD de poemas

Disco: Poesia E Risco

Poesia: Augusto de Campos

Música: Cid Campos

Lançamento: Polygram

Preço: R$ 20 (versão k7, R$ 10)

O trio dos poetas concretos paulistas chega ao CD. Décio Pignatari e Haroldo de Campos já haviam lançado um cada. Agora é a vez de Augusto de Campos, 63. A Polygram acaba de enviar às lojas de discos e livrarias o CD que reúne poesias e traduções suas. São 28 textos, lidos por ele e musicados por seu filho, Cid. Há dois anos o lançamento é anunciado. Foi o cantor e compositor Caetano Veloso, depois de ter ouvido e elogiado o CD, quem deu o apoio decisivo para que a Polygram o lançasse. Segundo Augusto, só depois que Cid montou um estúdio é que foi possível tornar realidade o projeto. O CD foi todo produzido por eles e entregue pronto a Polygram. Augusto se encarregou inclusive da parte gráfica do disco, que traz um encarte sanfonado contendo os textos e, no miolo do CD, a impressão de um deles, o "Poema Bomba". Augusto criou tudo em seu Macintosh caseiro. Outro fato que influenciou a realização do projeto foi a criação, no ano passado, de uma coleção de áudiolivros pela gravadora. A Polygram já lançou fitas com poemas de Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira lidos por eles. O CD de Augusto também tem uma versão em cassete, dentro dessa coleção. Augusto acha que são poucas as iniciativas de leitura poética no país e espera que o lançamento de CDs como o seu possam ser estímulo contra isso. "A tradição de leitura é muito fraca no Brasil", diz, "ao contrário do que ocorre entre os poetas de língua inglesa. Uma exceção à regra, que Augusto cita, foi o selo Festa, nos anos 50, que lançou discos com os poetas brasileiros lendo seus textos. "Depois, fora algumas tentativas isoladas, a coisa sumiu." Ele lembra que a poesia concreta, embora seja mais associada à sua apresentação visual, sempre tentou estabelecer essa tradição. "Como se lê nos textos que lançaram o movimento, a poesia concreta se pretendia 'verbivocovisual'; tinha uma preocupação sonora muito forte." Recorda, por exemplo, uma apresentação das poesias de seu "Poetamenos", sob direção do maestro Diogo Pacheco, em 1965. Embora apresentações públicas como essa tenham escasseado, salvo algumas recentes de Décio e Haroldo, diz que ainda existe muito interesse por elas, sobretudo no exterior. Em 1994, esteve em Miami, no Center for Fine Arts, onde fez leituras, com Cid, num festival de música contemporânea. E, no próximo dia 5, volta aos EUA para um encontro de poesia experimental em Yale, onde também fará leituras. No retorno, em São Paulo, provavelmente em maio, organizará uma apresentação de lançamento do disco. Sobre a parte musical do CD, Augusto comenta que está a meio caminho entre a música erudita e a popular. "Eu sempre transitei entre as duas: sempre escrevi sobre MPB, como no livro 'O Balanço da Bossa', e sobre a música de Weber, Cage e outros." Seu filho, Cid, ex-membro de um grupo de música instrumental, se encarregou de promover a transição entre os repertórios. Usou samplers, sintetizadores e sequenciadores para modular fonemas de por Augusto. "Foi uma experiência que espero que se repita muitas vezes", diz o poeta, que anseia pela ocasião de fazer um CD-ROM.

Folha de S. Paulo. Ilustrada. São Paulo, 30 de março de 1995. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/3/30/ilustrada/21.html, com acesso em fev. 2014

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Vimos que a poesia visual, como o próprio nome indica, caracteriza-se por uma exploração do espaço, dos efeitos visuais das

palavras, das letras e do suporte que recebem (a página, a tela, o vídeo). No entanto, o texto acima esclarece que a poesia

concreta brasileira, embora sempre preocupada em chamar atenção para as potencialidades visuais do poema, não deixou de

lado os aspectos sonoros da língua. Os poetas concretos, grupo no qual se inclui Augusto de Campos, exploraram a sonoridade

da língua e, não raro, liam seus poemas em voz alta – aproximando-se da música e intensificando o jogo intermidiático que

sempre foi marcante para o grupo. Diante do exposto e a partir,, sobretudo, das partes em negrito no texto, faça uma pesquisa

sobre as relações mantidas entre a Poesia Concreta Brasileira e a Música Popular Brasileira. Lembre-se que o movimento da

Poesia Concreta, um pouco anterior ao Tropicalismo, influenciou gerações, não só de poetas, como de músicos (ou de artistas

que trabalham na interface entre os dois campos: música e poesia, como o já mencionado Arnaldo Antunes). Após a leitura do

material pesquisado, em uma página, produza um pequeno texto, com suas palavras, sobre as principais informações

encontradas, e indique, no fim, as fontes pesquisadas.

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AVALIAÇÃO

Produção de poemas visuais

A partir de uma afirmação de Décio Pignatari – “o poeta é o designer da linguagem” – e dos exemplos que vimos em sala, crie

poemas (pelo menos 2) que explorem a disposição das palavras na página, a grafia e a organização das letras, relacionando as

palavras aos seus sentidos. Para isso, utilize como ponto de partida uma página em branco, sem pauta. Além disso, procure

considerar as seguintes características da poesia visual:

I – Simplicidade

II – Estrutura altamente econômica e reduzida.

III – Brevidade, objetividade.

IV – “A definição da estrutura que redundará no poema será o momento exato da opção criativa”.

V – Palavras são objetos que podem e devem ser modelados, segundo o desejo de cada poeta.

VI – A palavra é imagem.

VII – Predomínio de substantivos e verbos.

VIII – Ausência de conectivos e rara presença de adjetivos.

Os poemas devem abordar, de alguma maneira, o tema juventude, portanto, procure, antes de dar início à escrita, fazer um

levantamento de palavras que digam respeito a um campo semântico próximo ao tema.

Exemplos:

Subst. Abstratos:

Juventude, infância, memória, saudade, medo, surpresa, dor, angústia, alegria, diversão, tédio, paixão, impaciência, etc...

Subst. Concretos:

Beijos, mochila, internet, festa, escola, amigos, músicas, provas, livros, espinhas, cinema, tv, etc...

Verbos:

Ficar, namorar, estudar, conversar, divertir-se, celebrar, crescer, amadurecer, conquistar, aprender, deslumbrar-se, apaixonar-se,

chocar-se, etc...

Espera-se que o projeto tenha contribuído em muito para a sua prática.