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Direito Administrativo facebook.com/professoratatianamarcello facebook.com/tatiana.marcello.7 @tatianamarcello

Programação

• Noções de Direito Administrativo:

1 Noções de organização administrativa. 1.1 Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. 1.2 Administração direta e indireta. 1.3 Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.

2 Ato administrativo. 2.1 Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies.

3 Agentes públicos. 3.1 Legislação pertinente. 3.1.1 Lei nº 8.112/1990 e suas alterações. 3.1.2 Disposições constitucionais aplicáveis. 3.2 Disposições doutrinárias. 3.2.1 Conceito. 3.2.2 Espécies. 3.2.3 Cargo, emprego e função pública.

4 Poderes administrativos. 4.1 Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. 4.2 Uso e abuso do poder.

5 Licitação. 5.1 Princípios. 5.2 Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. 5.3 Modalidades. 5.4 Tipos. 5.5 Procedimento.

Programação

6 Controle da Administração Pública. 6.1 Controle exercido pela Administração Pública. 6.2 Controle judicial. 6.3 Controle legislativo.

7 Responsabilidade civil do Estado. 7.1 Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. 7.1.1 Responsabilidade por ato comissivo do Estado. 7.1.2 Responsabilidade por omissão do Estado. 7.2 Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado. 7.3 Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado.

8 Regime jurídico-administrativo. 8.1 Conceito. 8.2 Princípios expressos e implícitos da Administração Pública.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO

Conceitos

• “É o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico” (Maria Sylvia Di Pietro)

• “O conjunto de instrumentos que o ordenamento jurídico estabelece a fim de que a própria administração pública, os Poderes Judiciário e Legislativo, e ainda o povo, diretamente ou por meio de órgãos especializados, possam exercer o poder de fiscalização, orientação e revisão da atuação administrativa de todos os órgãos, entidades e agentes públicos, em todas as esferas de Poder” (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo)

Classificação e espécies de controle

Quanto ao ÓRGÃO controlador:

Controle Administrativo ou Executivo - A própria administração controlando a

atuação dos seus agentes Controle Legislativo ou Parlamentar - O Legislativo controlando os atos e agentes

do Poder Executivo Controle Judiciário ou Judicial - Realizado pelo poder Judiciário quando se tratar de

atos ilegais

Quanto a ORIGEM:

• Controle Interno - Realizado dentro de um mesmo Poder em relação aos seus próprios atos, seja através de órgãos específicos de controle ou mesmo o controle que a administração direta exerce sobre a administração indireta do mesmo Poder (Ex.: o controle exercido pelas chefias sobre seus subordinados dentro de um órgão).

• Controle Externo - É o controle exercido por um dos Poderes sobre os atos administrativos praticados por outro Poder (Ex.: quando o judiciário anula um ato ilegal do Executivo).

• Controle Popular - É o controle realizado pelo povo, diretamente ou através de órgãos com essa função. Pelo princípio da indisponibilidade do interesse público, a CF prevê diversos mecanismos para que o administrado possa verificar a regularidade da atuação da administração (Ex.: CF, art. 74, § 2º - qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União).

Quanto ao MOMENTO que o controle é realizado:

• Controle Prévio (ou Preventivo) - Praticado antes da prática do ato (Ex.: a aprovação, pelo Senado Federal, da escolha dos Ministros de tribunais superiores).

• Controle Concomitante - Praticado durante a realização do ato (Ex.: fiscalização, pelos agente públicos, de obras públicas em execução).

• Controle Posterior (ou Subsequente) - É o controle após a prática do ato, com o objetivo de confirmá-lo ou corrigi-lo (Ex.: aprovação, revogação, anulação ou convalidação de uma ato).

Quanto ao ASPECTO controlado :

• Controle de Legalidade ou Legitimidade - Verifica-se se o ato foi praticado em conformidade com o ordenamento jurídico. Tal controle pode ser feito pelo Poder Judiciário ou pela própria Administração, em razão do princípio da autotutela. (Ex.: quando o Judiciário anula um ato administrativo através de um mandado de segurança);

• Controle de Mérito - Praticado apenas pela própria Administração em relação aos seus próprios atos. Trata-se de caso de revogação por inconveniência ou inoportunidade (Ex.: desativação de um equipamento obsoleto).

• Controle ADMINISTRATIVO x JUDICIÁRIO x LEGISLATIVO

• Muito embora os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário sejam independentes entre si (art. 2º, CF), existe o chamado sistema de freios e contrapesos, onde um pode exercer controle sobre a atividade do outro, nas hipóteses permitidas constitucionalmente.

• Em relação ao controle exercido sobre as entidades da administração indireta, fala-se em supervisão ou tutela, pois é um controle é de caráter essencialmente finalístico (verificação do atendimento dos fins), já que elas não estão sujeitas à subordinação hierárquica, embora tenham de se enquadrar nas políticas governamentais.

Onde temos Administração Pública?

Controle Administrativo

• Trata-se do controle que a própria Administração faz em relação aos seus atos, derivado do seu poder de autotutela. Lembrando que esse controle ocorre também dentro dos Poderes Judiciário e Legislativo, em relação aos seus próprios atos administrativos. Pode ocorrer de oficio!

• “Controle administrativo é o controle interno, fundado no poder de autotutela, exercido pelo Poder Executivo e pelos órgãos administrativos dos Poderes Legislativo e judiciário sobre suas próprias condutas, tendo em vista aspectos de legalidade e de mérito administrativo” (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo).

• Anulação e revogação: decorrem do “Princípio da Autotutela”.

Revogação - é a invalidação de ato legal e eficaz, que pode ser realizado apenas pela Administração, quando entender que o mesmo é inconveniente ou inoportuno (mérito), com efeitos não retroativos (ex nunc). Anulação é a invalidação de um ato ilegítimo, que poderá se dar pela

Administração ou pelo Poder Judiciário (efeitos retroativos – ex tunc).

• Desses dispositivos conclui-se que, em relação aos atos, a Administração pode ANULAR ou REVOGAR, porém, o Poder Judiciário pode apenas ANULAR.

• ANULAR quando ILEGAIS • REVOGAR quando INCONVENIENTES OU INOPORTUNOS ADMINISTRAÇÃO

• ANULAR quando ILEGAIS PODER

JUDICIÁRIO

Controle Legislativo (=Político=Parlamentar)

• Trata-se do controle que o Poder Legislativo exerce sobre todos os demais Poderes.

• Entretanto, se o Poder Legislativo exerce o controle sobre seus próprios atos administrativos, trata-se de controle interno (neste caso há o controle administrativo); se exercer controle em face dos atos dos Poderes Executivo ou Judiciário, trata-se de controle externo.

• Portanto, por Controle Legislativo, entende-se aquele externo, que o poder Legislativo exerce sobre o Poder Executivo e Judiciário (em relação às funções administrativas).

• O Controle Legislativo é limitado às hipóteses expressamente autorizadas pela

Constituição Federal e está pautado em dois critérios:

• Controle político – que é exercido pessoalmente pelos parlamentares, nas hipóteses expressamente previstas na CF (ex.: quando um ato do Executivo depende da aprovação do Senado; ou quando o Congresso susta um ato normativo do Executivo por exorbitar o poder Regulamentar);

• Controle financeiro – fiscalização contábil, financeira e orçamentária exercida com o auxilio dos Tribunais de Contas: Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Contas dos Estados (TCEs), Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) e Tribunais de Contas dos Municípios (TCMs). Art. 71, CF.

Controle Judicial

• É o controle realizado pelos órgãos do Poder Judiciário, no desempenho de sua atividade jurisdicional, sobre os atos administrativos do Poder Executivo, bem como sobre os atos administrativos do Poder Legislativo e do próprio Poder Judiciário.

• Trata-se de um controle judicial sobre atos administrativos de quaisquer dos Poderes.

• O Controle Judicial precisa ser provocado!

• O controle judicial analisa exclusivamente controle de legalidade, não sendo permitido que faça juízo de mérito sobre atos administrativos.

• Obs.: Excepcionalmente, o Poder Judiciário pode revogar ato administrativo em razão de mérito (conveniência ou oportunidade) – quando se tratar de revogação de seus próprios atos (controle administrativo)!

• ANULAR quando ILEGAIS • REVOGAR quando INCONVENIENTES OU INOPORTUNOS ADMINISTRAÇÃO

• ANULAR quando ILEGAIS PODER

JUDICIÁRIO

• Vejamos as ações judiciais mais importantes no controle judicial:

Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII, CF);

Mandado de Segurança (individual ou coletivo – art. 5º, LXIX e LFF, CF e Lei nº 12.019/2009);

Habeas Data (art. 5º, LXXII, CF);

Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI, CF);

Ação Popular (art. 5º, LXXIII, CF);

Ação Civil Pública (art. 129, III, CF e Lei nº 7.347/1985);

Ação Direta de Inconstitucionalidade (art. 102, I, a e art. 103, CF, e Lei 9.868/1999).

• (CESPE – 2018 - AUDITOR) O controle destinado a investigar a atividade administrativa bem como o resultado alcançado pelo ato praticado de acordo com a conveniência e oportunidade da administração é denominado controle

• A) administrativo. • B) legislativo. • C) de legalidade. • D) de mérito. • E) interno.

• (CESPE – 2018 - AUDITOR) O controle jurisdicional da administração pública • A) ocorre apenas em relação aos atos e contratos realizados pela própria

administração. • B) reavalia os critérios de conveniência e oportunidade dos atos que sejam

privativos do administrador público. • C) pode ser realizado de forma ampla e irrestrita. • D) desencadeia-se por provocação e é realizado por juízes dotados de

independência. • E) acompanha a realização do ato para verificar a regularidade da formação

deste.

• (CESPE - 2018) No que se refere a tipos e formas de controle, julgue o item a seguir. Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser administrativo, legislativo ou judicial.

• ( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos, tipos e formas de controle na administração pública. Quanto ao aspecto controlado, o controle classifica-se em controle de legalidade ou de correção.

• ( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos, tipos e formas de controle na administração pública.

• A administração pública, no exercício de suas funções, controla seus próprios atos e se sujeita ao controle dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2018) Acerca dos controles externo e interno na administração pública, julgue o item subsequente.

• O controle externo é efetivado por órgão pertencente à estrutura do órgão responsável pela atividade controlada e abrange a fiscalização e a correção de atos ilegais.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2018) Com relação aos conceitos, aos tipos e às formas de controle, julgue o item a seguir.

• O controle interno é exercido pela administração pública sobre seus próprios atos e sobre as atividades de seus órgãos e das entidades descentralizadas a ela vinculadas.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2017) A respeito de controle na administração pública, julgue o item a seguir.

• O controle externo é exercido pelo Poder Legislativo com auxílio dos tribunais de contas.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2017) No que se refere ao controle administrativo, julgue o item que se segue.

• O controle exercido pela administração sobre seus próprios atos pode ser realizado de ofício quando a autoridade competente constatar ilegalidade.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE – 2017 - DIPLOMATA) Com relação à classificação da Constituição Federal de 1988, ao controle de constitucionalidade e à atividade administrativa do Estado brasileiro, julgue (C ou E) o item que se segue.

• O controle de legalidade dos atos administrativos, que verifica a compatibilidade formal do ato com a legislação infraconstitucional, pode ser exercido tanto no âmbito interno, por meio da autotutela administrativa, quanto externo, pelos órgãos do Poder Judiciário.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2017) Assinale a opção correta a respeito do controle da administração pública.

• As ações judiciais que tenham por objeto atos administrativos praticados por órgãos do Poder Judiciário constituem exemplos de controle externo.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2017) No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o item seguinte.

• O poder de fiscalização que a Secretaria de Estado de Educação do DF exerce sobre fundação a ela vinculada configura controle administrativo por subordinação.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2017) No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue o item seguinte.

• É garantido ao Poder Judiciário o controle de mérito administrativo dos atos administrativos, pois lesão ou ameaça a direito não podem ser excluídas da apreciação de juiz.

( ) certo ( ) errado

• (CESPE - 2017) Acerca do regime jurídico-administrativo e do controle da administração pública, julgue o próximo item.

• O controle judicial pode incidir sobre atividades administrativas realizadas em todos os poderes do Estado.

( ) certo ( ) errado

Direito Administrativo

LICITAÇÃO

Profª. Tatiana Marcello

Publicação instrumento Convocatório

Habilitação

D

P

Ab Docs

Ab Prop

Julg

Class

Hom

Adj CONTRATO

Introdução e Fundamentos Constitucionais da Licitação

• O art. 37, XXI da CF prevê o preceito mais genérico existente em nosso ordenamento jurídico sobre a obrigatoriedade de a Administração Pública realizar licitações para suas contratações:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

• Desse dispositivo, constata-se que a própria CF admite a possibilidade de a lei estabelecer hipóteses excepcionais de contratações de obras, serviços, compras e alienações sem licitações – chamada contratação direta.

• Entretanto, ao prever os contratos de concessão e permissão de serviços públicos, a CF não deixou margem para exceções, sendo necessária sempre a realização de licitação:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Normas Nacionais sobre Licitações

a) Lei nº 8.666/1993 – é a lei mais abrangente sobre normas gerais de licitações e contratos administrativos.

• Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

• Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

• Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.

b) Lei nº 10.520/2002 – é a lei que instituiu mais uma modalidade de licitação: pregão.

• Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

Decreto nº 3.555/2000 – regulamenta o pregão presencial no âmbito Federal. Decreto nº. 5.450/2005 – regulamenta o pregão eletrônico no âmbito Federal.

c) Lei nº 13.303/2016 – dispõe sobre o Estatuto Jurídico das EP e SEM.

d) Lei nº 8.987/1995 – dispõe sobre as concessões e permissões de serviços públicos.

e) Lei nº 11.079/2004 – traz norma gerais sobe Parcerias Público-Privadas (PPP), com peculiares contratos de concessão, regidos por essa lei própria.

f) Lei nº 12.232/2010 – prevê normas gerais de licitação e contratação de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda.

g) Lei nº 12.462/2011 – estabelece o chamado Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável a licitações e contratos como: Copa do mundo 2014; Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016; obras e serviços de engenharia no âmbito do SUS e dos sistemas públicos de ensino e pesquisa, ciência e tecnologia; ações integrantes do PAC, dentre outros.

Conceito de Licitações

• Maria Sylvia Zanella Di Pietro conceitua a licitação como sendo “o procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato”.

• Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, licitação pode ser conceituada como “um procedimento administrativo, de observância obrigatória pelas entidades governamentais, em que, observada a igualdade entre os participantes, deve ser selecionada a melhor proposta dentre as apresentadas pelos interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, uma vez preenchidos os requisitos mínimos necessários ao bom cumprimento das obrigações a que eles se propõem”.

Princípios Orientadores das Licitações

• O Art. 3º da Lei 8.666/93 prevê que “A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.”

Princípios explícitos no art. 3º: Legalidade

Impessoalidade

Moralidade

Igualdade/Isonomia

Publicidade

Probidade administrativa

Vinculação ao instrumento convocatório

Julgamento objetivo

• Princípios implícitos apontados pela doutrina:

Competitividade

Procedimento Formal

Sigilo das Propostas

Adjudicação Compulsória

Princípio da Publicidade

• Art. 3º, § 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

• Objetivos da publicidade: permitir o acompanhamento e a fiscalização do procedimento pelos licitantes, pelos órgãos de controle interno e externo e pelos administrados em geral.

• Art. 4o estabelece que qualquer cidadão pode acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.

Princípio da Igualdade/Isonomia • O Princípio da Igualdade ou da Isonomia (tidos como sinônimos pela lei) tem

natureza constitucional e é elencado como o mais importante em se tratando de licitação.

• CF, Art. 37, XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes...”.

• Lei 8.666/93 - Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

• Quando se trata de licitação, vem a ideia de isonomia/igualdade entre os participantes no procedimento licitatório, o que é expresso, inclusive na CF.

• Lei 12.349/2010 veio alterar a Lei 8.666/1993, a fim de relativizar essa ideia de isonomia, trazendo uma interpretação elástica ao termo, ao conferir vantagens competitivas (chamada margem de preferência) a empresas produtoras de bens manufaturados nacionais ou prestadoras de serviços nacionais.

• Além disso, a Lei 12.349/10 veio favorecer os setores de pesquisa e inovações tecnológicas nacionais.

• Já a Lei Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), trouxe favorecimento e margem de preferência a empresas que comprovem cumprimento de reservas de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da previdência social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

• Tal alteração foi tanta que o legislador entendeu por alterar também o art. 3º da Lei 8.666/93 a fim de constar que “A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável...”

• O Brasil passa a utilizar das contratações governamentais (que geralmente têm enorme peso econômico) como instrumento apto a promover o desenvolvimento nacional sustentável, fortalecendo empresas que venham a gerar empregos e rendas domésticos e que se preocupem com as pesquisas e criação de tecnologias nacionais, bem como as que adotam práticas de sustentabilidade, preservando o meio-ambiente e recursos naturais.

• (vantagens) Art. 3º, § 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:

II - produzidos no País;

III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras;

IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País;

V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

• Art. 3º, § 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para:

I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; e

II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de

desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido margem de preferência adicional àquela prevista no § 5o.

Princípio da Legalidade e da Impessoalidade

• O procedimento licitatório, assim como todos os atos da administração, deve estar pautado no que a lei autoriza ou determina. A atuação do administrador deve estar pautada nos preceitos da lei e do Direito.

• Ademais a licitação deve atentar para o princípio da impessoalidade, permitindo que a contratação com a Administração se de com o vencedor da licitação, conforme os critérios estabelecidos em lei e não de acordo com a preferência pessoal do administrador.

Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório

• O edital ou a carta-convite são os instrumentos convocatórios da licitação, estando a Administração vinculada aos mesmos.

• Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. (regra que vale também para a carta-convite, instrumento da modalidade convite)

• Segundo Hely Lopes Meirelles, o edital (ou a carta-convite) é a lei interna da licitação, que vincula aos seus termos tanto os licitantes quanto a administração que o expediu.

Princípio do Julgamento Objetivo

• Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos por esta Lei.

• A aplicação desse princípio está relacionada aos tipos de licitação: a) menor preço; b) melhor técnica; c) técnica e preço; d) maior lance ou oferta.

• O critério objetivo pode ser absoluto quando se tratar do tipo menor preço ou maior lance ou oferta; porém, o que se relaciona a técnica, certamente que há um resquício de subjetividade.

Princípio da Probidade e da Moralidade Administrativa

• O princípio da moralidade é norteador de toda atuação da Administração, inclusive no processo licitatório. Trata-se da exigência de conduta ética dos agentes da administração em todas as etapas da licitação.

• Quanto à improbidade, a CF prevê no art. 37, § 4º as consequencias dos atos de improbidade.

• A Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) traz um rol exemplificativo de atos de improbidade, alguns atinentes à licitação.

Princípio do Sigilo na Apresentação das Propostas • Princípio decorrente da lógica da licitação.

• Art. 3º, § 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os

atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

• O sigilo na das propostas até a abertura é tão importante que configura-se crime sua violação (art. 94 da Lei 8.666).

• A violação do sigilo colocaria o concorrente em vantagem, já que este poderia, no caso de uma licitação por menor preço, formular um valor um pouco abaixo e vencer.

Princípio da Adjudicação Obrigatória ao Vencedor

• Tratando-se de licitação, o termo “adjudicar” significa atribuir o objeto do certame ao vencedor.

• Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade.

• Esse princípio veda que a Administração celebre o contrato com outro que não seja o vencedor. Veda também que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior.

Princípio da Competitividade

• A competitividade é da essência da licitação.

• É a efetiva competitividade, evitando-se a manipulação de preços, que vai garantir a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração.

• Segundo a Lei, configura-se crime: Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.

Princípio do Formalismo • O procedimento de licitação será sempre um procedimento formal.

• Art. 4º, Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato

administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública.

• (CESPE – 2018 – SUPERIOR) Considerando as disposições da Lei n.º 9.784/1999, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, e da Lei n.º 8.666/1993, Lei de Licitações e Contratos, julgue o item a seguir.

• Conforme o princípio da publicidade, a licitação não pode ser sigilosa, devendo ser públicos todos os atos de seu procedimento, em todas as suas fases, incluído o conteúdo das propostas apresentadas antes da respectiva abertura.

• ( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018 – ANALISTA) A respeito de finalidades e princípios norteadores da licitação, julgue o item a seguir.

• O objetivo da licitação é selecionar, para a administração pública, a

proposta de menor valor, em observância ao princípio da isonomia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018 – ANALISTA) A respeito de finalidades e princípios norteadores da licitação, julgue o item a seguir.

• Em razão do princípio da isonomia, é vedada qualquer diferenciação entre particulares para a contratação com a administração pública.

( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018 – ANALISTA) A respeito de finalidades e princípios norteadores da licitação, julgue o item a seguir.

• A Lei de Licitações e Contratos da administração pública estabelece que a licitação seja processada e julgada em conformidade com os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade e da publicidade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018 – ANALISTA) A respeito de finalidades e princípios norteadores da licitação, julgue o item a seguir.

• No curso de uma licitação, é vedado alterar os critérios e as exigências fixadas no instrumento convocatório.

( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018 – ENGENHEIRO) Acerca dos princípios do processo licitatório, julgue o item que se segue.

• Ao conceder uma dilação do prazo de execução sem justificativa prevista em lei, a fiscalização contraria, entre outros, o princípio da isonomia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018 – STJ - ANALISTA) Considerando a legislação pertinente a licitação e contratos administrativos, julgue o item subsequente.

• A garantia da observância do princípio da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável são objetivos da licitação.

( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018 – ENGENHEIRO) Acerca dos princípios do processo licitatório, julgue o item que se segue.

• Durante a fase de julgamento das propostas no processo licitatório, fere o princípio do julgamento objetivo a adoção de critérios de análise não previstos no edital, mesmo que embasados na experiência da comissão de licitações e com objetivos claros de garantir a proposta mais vantajosa para a administração.

( ) CERTO ( ) ERRADO

• (CESPE – 2018) Nas licitações públicas, de acordo com o princípio do julgamento objetivo,

A) comprovado o melhor interesse da administração, os critérios de julgamento poderão incluir fatores subjetivos. B) concluído o procedimento, a administração estará impedida de atribuir o objeto da licitação a outrem que não o licitante vencedor. C) o julgamento do certame deve nortear-se pelo critério previamente fixado no instrumento convocatório, observadas todas as normas a seu respeito. D) a administração poderá cobrar do licitante qualquer qualificação, ainda que não inserida no edital, desde que a exigência tenha nexo relacional com o objeto da contratação. E)o julgamento do certame deve realizar-se segundo razões de conveniência e oportunidade do gestor.